publicação do centro de memória-unicamp - campinas ... em foco - edicao... · rio de janeiro...

10
Centro de Memória recebe acervo com 48 mil fotos Arquivo Imagens produzidas pelo fotógrafo Haroldo Pazinatto, doadas pela família ao CMU, registram as transformações de Valinhos por quase seis décadas CMU FOCO em Publicação do Centro de Memória-Unicamp - Campinas, novembro de 2012 - Ano II - N o . 7 N o período de 1945 a 2000 a cidade de Va- linhos passou por transformações que mar- caram um processo de urbanização típico das pequenas cidades situadas nas regiões metropo- litanas de São Paulo. São municípios que, apesar de se notabili- zarem pela atividade agrícola, principal- mente pela produção de frutas, não ficaram à margem do desen- volvimento imposto por uma economia capitalista, em que o novo, a qualquer preço, sobrepõe o ve- lho. Essas mudanças vivenciadas durante quase seis décadas pela “Terra do figo” foram documentadas pelas lentes do fotógrafo Haroldo Pazinatto, que pro- duziu nesse período aproximadamente 48.000 fotografias, recentemente doadas ao Centro de Memória-Unicamp. Haroldo Pazinatto ficou conhecido como “os olhos de Valinhos” por ter registrado os principais acontecimentos da cidade, constituindo uma rica documentação, capaz de revelar aspectos inéditos da sua história. Através de sua produção fotográ- fica é possível constatar a transformação urbana ocorrida na cidade. Filho de imigrantes italianos, Haroldo Ângelo Pazinatto (1925-2001) começou a fotografar ainda jovem, aos dezessete anos. Sua primeira máquina fotográfica foi uma Rolleiflex emprestada do tio, José Ungaretti. O primeiro tema registrado foi a missa da Matriz de São Se- bastião. Mas foi com o fotógrafo e colecio- nador de fotografias, Aristides Pedro da Sil- va (1921-2012), o V-8, que Haroldo aprendeu as técnicas fotográficas e deu início a uma lon- ga carreira. Antes de se esta- belecer como profis- sional, trabalhou na Companhia Gessy In- dustrial desde 1945 até 1962, quando deixou a empresa para investir no Stúdio Foto Tic, no centro de Valinhos. Nas décadas de 1950 e 1960 atuou como correspon- dente no Correio Popular de Campinas, e na Ga- zeta Esportiva. Em 1968, foi convidado para tra- balhar no semanário Folha de Valinhos. Também foi fotógrafo da Prefeitura Municipal entre 1970 e 1980, voltando a assumir o cargo em 1997. Para a responsável pelo Arquivo Fotográfico do CMU, Cássia Denise Gonçalves, “as fotogra- fias que compõem o fundo de Haroldo Pazinatto apresentam interesse para distintas áreas do co- nhecimento que utilizam a imagem como fonte de informação e pesquisa”. Portal da Festa do Figo na Rua 13 de Maio. Foto revela aspecto do Centro de Valinhos, em 1962.

Upload: truongquynh

Post on 08-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Centro de Memória recebeacervo com 48 mil fotos

Arquivo

Imagens produzidas pelo fotógrafo Haroldo Pazinatto, doadas pela família ao CMU, registram as transformações de Valinhos por quase seis décadas

CMU FOCOemPublicação do Centro de Memória-Unicamp - Campinas, novembro de 2012 - Ano II - No. 7

No período de 1945 a 2000 a cidade de Va-linhos passou por transformações que mar-

caram um processo de urbanização típico das pequenas cidades situadas nas regiões metropo-litanas de São Paulo. São municípios que, apesar de se notabili-zarem pela atividade agrícola, principal-mente pela produção de frutas, não ficaram à margem do desen-volvimento imposto por uma economia capitalista, em que o novo, a qualquer preço, sobrepõe o ve-lho. Essas mudanças vivenciadas durante quase seis décadas pela “Terra do figo” foram documentadas pelas lentes do fotógrafo Haroldo Pazinatto, que pro-duziu nesse período aproximadamente 48.000 fotografias, recentemente doadas ao Centro de Memória-Unicamp.

Haroldo Pazinatto ficou conhecido como “os olhos de Valinhos” por ter registrado os principais acontecimentos da cidade, constituindo uma rica documentação, capaz de revelar aspectos inéditos da sua história. Através de sua produção fotográ-fica é possível constatar a transformação urbana ocorrida na cidade. Filho de imigrantes italianos, Haroldo Ângelo Pazinatto (1925-2001) começou

a fotografar ainda jovem, aos dezessete anos. Sua primeira máquina fotográfica foi uma Rolleiflex emprestada do tio, José Ungaretti. O primeiro tema registrado foi a missa da Matriz de São Se-

bastião. Mas foi com o fotógrafo e colecio-nador de fotografias, Aristides Pedro da Sil-va (1921-2012), o V-8, que Haroldo aprendeu as técnicas fotográficas e deu início a uma lon-ga carreira.

Antes de se esta-belecer como profis-sional, trabalhou na Companhia Gessy In-dustrial desde 1945 até 1962, quando deixou a empresa para investir

no Stúdio Foto Tic, no centro de Valinhos. Nas décadas de 1950 e 1960 atuou como correspon-dente no Correio Popular de Campinas, e na Ga-zeta Esportiva. Em 1968, foi convidado para tra-balhar no semanário Folha de Valinhos. Também foi fotógrafo da Prefeitura Municipal entre 1970 e 1980, voltando a assumir o cargo em 1997.

Para a responsável pelo Arquivo Fotográfico do CMU, Cássia Denise Gonçalves, “as fotogra-fias que compõem o fundo de Haroldo Pazinatto apresentam interesse para distintas áreas do co-nhecimento que utilizam a imagem como fonte de informação e pesquisa”.

Portal da Festa do Figo na Rua 13 de Maio. Foto revela aspecto do Centro de Valinhos, em 1962.

Centro de Memória - Unicamp

Diretora Maria Carolina Bovério Galzerani Diretora-associada Ma-ria Elena Bernardes Assessor de Pesquisa Marcos Tognon Chefias de setores técnicos: Amarildo Carnicel (Publicações) Fernando A. Abrahão (Arquivos Históricos) Carlos R. Pereira de Souza (Lab. História Oral) Cássia Denise Gonçalves (Arquivo Fotográfico) Mirdza Sichmann (Lab. de Conservação e Restauração) Rosaelena Scarpeline (Biblioteca)

Elaborado pela Área de Publicações do Cen-tro de Memória-Unicamp. Edição, Projeto Gráfico e Diagramação Amarildo Carni-cel (MTb 11.519) Periodicidade mensal Contatos e sugestões [email protected]

CMU FOCOem

Expediente

2 Novembro - 2012CMU FOCOem

Fóruns Permanentes

Evento promove reflexão sobre arelação entre fotografia e memória

Encontro realizado na Unicamp reuniu especialistas que discutiram a imagem fotográfica como fonte de pesquisa nas ciências humanas

Foto: Antônio Scarpinetti/Ascom

Evento discutiu a fotografia de arquivo enquanto instrumento de história e de memória

A fotografia esteve no cen-tro das reflexões de espe-

cialistas das áreas das huma-nidades que participaram no dia 23 de agosto de mais uma edição dos Fóruns Permanen-tes Arte, Cultura e Educação. O evento, realizado no Centro de Convenções, foi organiza-do pela diretora-associada do CMU, Maria Elena Bernar-des, pela responsável pelo Arquivo Fotográfico Cássia Denise Gonçalves e pela técnica Marli Marcondes.

O objetivo foi aprofundar o de-bate acerca da importância da foto-grafia como documento/monumen-to, bem como o lugar que ocupa hoje nas instituições de memória.

O evento foi dividido em duas mesas-redondas, que discutiram as seguintes temáticas: “Fotografia como fonte de pesquisa nas ciên-cias humanas” e “A fotografia nas instituições-memória”. Como pa-lestrantes convidados, estiveram presentes Maria Luiza Tucci Car-neiro (FFLCH/USP), Ana Maria Mauad (UFF/RJ), Iara Lis Schia-vinatto (IA/Unicamp), Henrique Siqueira (Casa da Imagem - SEC,

Prefeitura Municipal de São Pau-lo), Solange Ferraz de Lima (Mu-seu Paulista/USP) e Telma Carva-lho (Unesp-Marília).

De acordo com a diretora do CMU, professora Maria Caroli-na Bovério Galzerani, reflexões como estas são muito importantes, principalmente no momento atual, marcado pela instabilidade das imagens.

Nas palavras da docente, trata--se de um instante no qual, muitas vezes, as pessoas se reportam às memórias com tamanha ansiedade que não conseguem obter efeitos de sentido mais afirmadores da sua própria humanidade. “Quando nos aproximamos da fotografia como

memória, potencializamos co-nhecimentos capazes de trazer relações entre vida e morte, fixidez e instabilidade, memó-ria e esquecimento”, afirmou.Ainda segundo Maria Caroli-na, “nós vivemos atualmente na sociedade do espetáculo, na qual a força do visual é mui-to grande. Então, temos uma oportunidade fundamental para nos firmamos na relação com pequenos fragmentos memo-

rialísticos, fotográficos, de modo a relacionar os significados da nossa vida no presente com outras cama-das de tempo. Isso nos fortalece em termos de pertencimento em relação à vida, historicamente si-tuada”, analisou.

Os Fóruns Permanentes são uma iniciativa da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), que tem por objetivo propiciar o inter-câmbio de experiências e pesquisas feitas por profissionais e estudantes da Unicamp e profissionais de ou-tras instituições da sociedade. Os eventos são transmitidos via web e os slides, resumos ou textos estão sendo organizados em uma biblio-teca virtual.

3 Novembro - 2012CMU FOCOem

Mídia Cidadã

Projeto do CMU desembarca no

Satélite Íris ITrabalho realizado em parceria entre o Progen e escolas públicas

cria jornal comunitário produzido por alunos e adolescentes de ONG

O Projeto “O jornal comunitário como ins-trumento de aproximação intergeracio-

nal”, realizado há quase 10 anos pelo Centro de Memória-Unicamp na Vila Castelo Branco, em Campinas, atravessou a Rodovia dos Ban-deirantes e instalou-se no Satélite Íris I, Com base na experiência do Conexão Jovem, jornal comunitário que acaba de publicar a edição 35, CMU, Progen e escolas públicas unem-se para a criação do Satélite Hoje, veículo que surge para dar voz e visibilidade às ações da comunidade.

O veículo é uma das fren-tes do Projeto Peça por Peça, iniciativa do Instituto Robert Bosch em conjunto com o Pro-gen (Projeto Gente Nova) e as escolas estaduais São Judas Tadeu e Rosina Frazatto dos Santos.

Desta maneira, crianças e adolescentes do Satélite Íris I passam a integrar um univer-so composto por mais de 32 mil pessoas que são beneficiadas direta ou indiretamente com as ações do Projeto Peça por Peça em diferentes cidades do país. O trabalho focaliza a educação continuada e o desenvolvimento social susten-tável tendo como principal aliada a escola pú-blica. Assim, grupos de alunos das escolas São Judas Tadeu e Profª. Rosina Frazatto passam a ser repórteres, fotógrafos e ilustradores.

Para a professora Kelci Ribeiro Ferreira dos Santos, a interlocutora do projeto na Es-

cola São Judas Tadeu, o jornal constitui-se num instrumento capaz de mostrar à comuni-dade talentos e potencialidades, quase sempre desconhecidas: “Sinto uma satisfação imensa em colaborar com um jornal como esse. Em sala de aula meus alunos realizam trabalhos magníficos, porém me faltava uma maneira de valorização a essas crianças que trazem em seu histórico de vida uma infância sofrida, sem estímulo e às vezes sem perspectiva de futuro. Agora, tendo acesso a esse veículo de comuni-

cação, posso tornar público a toda comunidade o potencial dessas crianças, o que me faz uma profissional realizada e uma pessoa melhor a cada dia por saber que faço parte da vida delas. Tenho a oportuni-dade de mostrar que são ca-pazes de mudar suas histórias, permitindo realizar sonhos que, aparentemente, pareciam impossíveis”. Nessa linha de pensamento, cabe salientar que o jornal Conexão Jovem tem como jornalista responsável o ex-adolescente do Progen, Ro-niel Felipe, com o apoio da jor-nalista Elaine Oliveira, ambos

oriundos de escolas públicas da região Noroes-te de Campinas.

Esse trabalho de jornal comunitário é um desdobramento da tese de doutorado “O jor-nal comunitário como estratégia de educação não-formal”, desenvolvido pelo jornalista e pesquisador do CMU, Amarildo Carnicel.

4 Novembro - 2012CMU FOCOem

Pesquisadores do CMU participam de eventos científicos na Argentina e no Brasil

Encontros

Comunicações apresentadas em congressos e simpósios mostram produção do Centro de Memória nas áreas de História e Educação

O Centro de Memória--Unicamp (CMU) esteve

bem representado na 17ª. Confe-rência Internacional de História Oral, realizada no período de 3 a 7 de julho, em Buenos Aires, na Argentina. Durante o even-to, intitulado “Los Retos de la Historia Oral en el Siglo XXI: Diversidades, Desigualdades y la Construcción de Identidades” cinco pesquisadores vinculados ao órgão apresentaram trabalhos extraídos de projetos de pesquisa sediados no CMU.

A historiadora e diretora-as-sociada do Centro de Memória--Unicamp, Maria Elena Ber-nardes, apresentou o trabalho “História e memória: narrativas e identidadades”. Esta comunica-ção teve por objetivo problema-tizar as relações entre os antigos e novos moradores do distrito de Barão Geraldo (Campinas), um núcleo de tradição agrária que sofreu grandes transformações com a instalação da Unicamp, na década de 60, do século XX.

O historiador Carlos Roberto Perereira de Souza, responsá-vel pelo Laboratório de História Oral do CMU, apresentou o tra-balho “As vozes dos educandos do Projeto Educativo de Integra-ção Social/PEIS (2005-2010)”. Segundo ele, o objetivo foi re-construir a trajetória educacional de alunos que frequentavam, ao mesmo tempo, diferentes cursos no ensino superior.

A socióloga Olga Rodrigues

de Moraes von Simson apresen-tou o trabalho “Samba paulista: experiências, estórias e memórias de uma estratégica saga negra”. A presente pesquisa relaciona-se a investigações anteriores que re-construíram a trajetória do carna-val popular paulistano.

A pesquisadora Batistina Ma-ria de Sousa Corgozinho, pós--doutoranda do CMU, apresen-tou o trabalho “Enfeitar a cruz: expressão artística de uma cren-ça religiosa-popular e transmis-são oral”. Trata-se de um estudo fundamentado na história oral sobre os adereços que enfeitam a cruz durante a Festa de Santa Cruz, típica da religiosiodade ca-tólica. O estudo focaliza eventos realizados em áreas rurais e bair-ros periféricos de cidades que têm cruzeiros ao lado de peque-nas igrejas. Docente da Funedi/UEMG, Batistina desenvolve a pesquisa com apoio da Fapemig.

A pesquisadora Lívia Morais Garcia Lima apresentou o traba-lho “História oral e patrimônio cultural: o contexto de fazen-das históricas no Estado de São Paulo-Brasil”. A questão central da pesquisa é analisar as ações de educação patrimonial não--formal realizadas no âmbito do meio rural paulista.

UFRJ – Maria Elena Bernardes participou do XI Encontro Na-cional de História Oral “Memó-ria, Democracia e Justiça”, rea-lizado no período de 10 a 13 de

julho na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela apre-sentou o trabalho “Memorias da e na cidade – relato de algumas experiências”.

Durante o encontro, a pesqui-sadora do Centro de Memória foi eleita a nova diretora da região sudeste da Associação Brasilei-ra de História Oral. A principal atribuição da nova direção é a organização do Encontro Regio-nal Sudeste de História Oral, que será realizado na Unicamp no período de 10 a 13 de setembro de 2013.

ORganizaçãO de TRabalhOs – A Unicamp sediou no perío-do de 3 a 6 de setembro o XXI Encontro Estadual de História (ANPUH-SP) que teve como tema “Trabalho, Cultura e Me-mória”. Durante o evento, Maria Carolina Bovério Galzerani, jun-tamente com Helenice Ciampi (PUC-SP), organizou o simpósio temático “Memória, História e Ensino de História: Diálogo en-tre Diferentes Saberes”.

Maria Elena Bernardes inte-grou a Comissao Organizadora do VII Encontro Nacional “Pers-pectivas do Ensino de História e II Encontro Internacional de Ensino de História”, realizado na Unicamp no período de 1 a 5 de junho. Na oportunidade, a histo-riadora coordenou o Grupo de Trabalho “ Diversidade de Lin-guagens e Práticas em Sala de Aula”.

5 Novembro - 2012CMU FOCOem

Exposição

OFÍCIO & MEMÓRIAGrupo de Pesquisa Memória e Fotografia exibe 33 painéis com fotos e depoimentos de profissionais cujas atividades persistem no tempo

O Grupo de Pesquisa Memória e Fotografia (GPMeF) do Cen-

tro de Memória – Unicamp reali-za até o dia 31 de janeiro de 2013, no Parque das Águas, a exposição fotográfica “Ofício e Memória”. A abertura ocorreu dia 20 de outubro no CIS-Guanabara.

Em 33 painéis, pesquisado-res do grupo mostram em fotos e depoimentos a diversidade que caracteriza atividades profissio-nais que persistem no tempo, seja pelo processo, seja por práticas culturais; são ofícios que, apesar da atualização dos processos, con-servam traços do antigo de forma ressignificada. São registros que evidenciam a memória de ofícios que ainda permanecem como fo-tógrafo lambe-lambe, maquinista, alfaiate, barbeiro, sapateiro, borra-cheiro, luthier, peixeiro, jardineiro, cesteiro e vidreiro.

Integram a coletiva Alex Na-kaóka, Amarildo Carnicel, Batisi-tina Corgozinho, Daniela Alvisi, Iara Rolim, Ciça Monteiro, Nelson Chinalia, Olga von Simson, Rita Prando, Suzana Barretto e Taís Franciscon. A mostra é itineran-te e, depois de Campinas, seguirá para as cidades onde os profissio-nais foram fotografados.

O Parque das Águas fica à rua Visc. de Congonhas do Campo, 567, Parque São Martinho, Cam-pinas. Horário: de segunda a sexta--feira, das 8h00 às 17h00.

Fé, Festa & MemóriaA exposição fotográfica

“Fé, Festa & Memória”, or-ganizada pelo GPMeF no ano passado para o Festival Her-cules Florence de Fotogra-fia chegou a Minas Gerais. A mostra foi apresentrada em setembro no Espaço GTO, na Câmara Municipal de Divi-

nópolis. Em outubro, as fotos foram exibidas na Bibliote-ca Prof. Nicolaas Gerardus Plasschaert, no campus uni-versitário da Funedi/UEMG. O evento foi promovido pelo GPMeF e pelo Centro de Me-mória da Fundação Educa-cional de Divinópolis.

O pesquisador Alex Nakaóka retratou o trabalho do peixeiro paulistano em feira livre de Campinas: não basta vender peixe, é preciso inventar receitas e ser bom de prosa

O pesquisador Nelson Chinalia foi a Aparecida rever

fotógrafos lambe-lambe, atualmente, na era digital:

o trabalho continua, porém sem tripé e caixa de madeira

6 Novembro - 2012CMU FOCOem

Impossível pensar em fotogra-fias da Campinas da metade do

século XX sem mencionar o fo-tógrafo Aristides Pedro da Silva (1921-2012), mais conhecido por V-8. A demolição da Igreja Nos-sa Senhora do Rosário e do Tea-tro Municipal “Carlos Gomes”, a construção do “Estádio Brinco de Ouro da Princesa” e aspectos do movimento urbano de impor-tantes ruas do centro comercial de Campinas não passaram desper-cebidos pelas lentes do fotógrafo. Parte desse material pode ser vis-ta em 70 fotografias em branco e preto e coloridas (50 cm x 70 cm) durante a exposição fotográfica “Aristides Pedro da Silva – V8: O Colecionador de Memórias”, aberta no dia 19 de outubro, no Museu de Arte Contemporânea “José Pancetti”. A mostra, com curadoria de Cássia Denise Gon-çalves, Iara Rolim, Marli Mar-condes e Ricardo Lima, integra o VI Festival Hercule Florence de Fotografia e pode ser vista até o dia 25 de novembro.

A Coleção V-8, mantida pelo

Colecionador de MemóriasExposição

Exposição organizada pelo Arquivo Fotográfico do CMU mostra aspectos de uma Campinas que restou somente nas fotos de V-8

Arquivo Fotográfico do Centro de Memória-Unicamp, foi adquirida pela Universidade em dezembro de 2001. Com 4.500 fotografias, com registros que contemplam o período de 1870-1995, a Coleção V-8 cobre um importante período da história de Campinas. É quan-do a cidade, na primeira metade do século XX, começa a se mo-dernizar. Assim, iluminação pú-blica, bondes elétricos, automó-veis, principais ruas de comércio, praças e jardins tornam-se foco do fotógrafo, um autodidata que

começou em 1947 fotogra-fando partidas

de futebol, passando a atuar como fotógrafo profissional por volta de 1952.

Filho de um administrador de fazendas e de uma serviçal que trabalhava para as famílias da eli-te local, V-8 era o caçula de oito filhos. Além da fotografia, outra paixão de Aristides foi o futebol campineiro: jogou como amador e foi técnico do juvenil do Gua-rani Futebol Clube, entre 1950 e 1960. A produção fotográfica de V-8, aliada ao trabalho de coleta de fotografias a partir de doações de famílias e instituições da ci-dade, faz de sua coleção o mais completo conjunto fotográfico da história de Campinas.

A mostra fotográfica pode ser visitada nos seguintes horários: de terça a sexta-feira, das 9h00 às 17h00; sábados, das 9h00 às 16h00 e domingos e feriados, das 9h00 às 13h00. O MACC fica à rua Rua Benjamin Constant, 1633 (térreo), em Campinas.

O fotógrafo V-8 em atividade entre 1947 e 1955.

A Câmara Municipal de Cam-pinas concedeu no último dia

28 de setembro a duas servidoras do Centro de Memória-Unicamp a Medalha de Mérito Fotográfico “Hercule Florence”. A responsável pelo Arquivo Fotográfico Cássia Denise Gonçalves e a conserva-

Servidoras recebem Medalha Hercule Florencedora Marli Marcondes receberam o prêmio como reconhecimento pela atuação na preservação do patrimô-nio cultural da cidade de Campinas.

As homenageadas atuam no se-tor do CMU responsável pelo tra-tamento de fundos e coleções de fotografias que apresentam interes-

se para distintas áreas do conheci-mento.

A solenidade de entrega das medalhas ocorreu no Plenário José Maria Matosinho, na Câmara Mu-nicipal de Campinas, e integrou a programação do 6º. Festival Her-cule Florence de Fotografia.

Reconhecimento

7 Novembro - 2012CMU FOCOem

Projeto Fapeso

CMU inicia nova etapa do projeto sobrePatrimônio Cultural Rural Paulista

Evento realizado em São Carlos reuniu gestores de fazendas históricas,pesquisadores e professores da Unicamp, UFSCar e USP

O Centro de Memória--Unicamp (CMU), o

Centro de Educação e Ciên-cias Humanas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e o Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (IAU-USP) pro-moveram nos dias 18 e 19 de setembro, na UFSCar, o evento, “Conhecendo e Re-gistrando o Patrimônio Cul-tural Rural Paulista: II En-contro de Pesquisadores e Representantes de Fazendas Históricas”. Este evento mar-cou o encerramento do proje-to Patrimônio Cultural Rural Paulista: Espaço Privilegiado para Pesquisa, Educação e Turismo, bem como a cons-tituição de um novo projeto, ao primeiro associado, vol-tado para elaboração de uma metodologia para inventariar adequadamente o patrimônio histórico rural paulista, am-bos financiados pela Fapesp. O primeiro deles, sediado no CMU, teve início em 2009, sob a coordenação de Mar-cos Tognon, docente do Ins-tituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH-Unicamp) e assessor de Pesquisa do CMU. O segundo, sediado no Centro de Educação e Ciên-cias Humanas da UFSCar, é coordenado por Luzia Sigoli Fernandes Costa, docente do

Departamento de Ciências da Informação (UFSCar).

Durante dois dias pesqui-sadores e gestores de fazen-das, participantes de cin-co mesas redondas, fizeram uma avaliação dos projetos ora focalizados (concluído e em andamento), apresentan-do resultados implementados em fazendas parceiras, bem como em projetos de pesqui-sa acadêmica, relativos aos patrimônios rurais analisados. Dentre as contribuições destes projetos destacam-se, além da preservação de bens patrimo-niais edificados, móveis, na-turais e imateriais, a produção de conhecimentos históricos, o fortalecimento de políticas públicas, locais e estaduais, voltadas à preservação, com potencialidades educacionais e turísticas.

Da mesa de abertura fize-ram parte, além de professor Marcos Tognon, e da profes-sora Luzia Sigoli Fernandes Costa, a diretora do CMU e docente da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Carolina Bovério Galzerani, e o presidente da Associação das Fazendas Históricas Pau-listas, Jan Rais. A professora Olga R. M. von Simson, pes-quisadora articulada a estes projetos, também docente da FE-Unicamp, apresentou o re-

latório sobre a Educação Pa-trimonial e Turismo, área sob sua coordenação. Rosaelena Scarpeline, responsável pela Biblioteca do CMU e tam-bém integrante destes pro-jetos, atuou como coordena-dora de uma mesa redonda, voltada para a discussão de projetos de pesquisa acadê-mica.

O encontro foi marcado, também, pela abertura da ex-posição “Fazendas Paulistas – Patrimônio Cultural Rural”, a partir de trabalhos fotográ-ficos de Haroldo Palo Jr.

Portanto, hoje, quando se fala tanto sobre o direito e de-ver da memória, e quando se tem claro que a produção da memória no presente detém o poder sobre o futuro, a orga-nização de fóruns como este, voltados reflexivamente para as memórias rurais paulistas, é uma experiência significa-tiva. Isto, sobretudo, quando se considera que o trabalho vem disponibilizando um conjunto de instrumentos e de metodologias de gestão, de conservação e de difusão para os responsáveis pelo pa-trimônio cultural rural pau-lista, tanto os proprietários quanto as respectivas instân-cias públicas pertinentes às áreas da cultura, da educação e do turismo.

8 Novembro - 2012CMU FOCOem

Portas Abertas

UPA

Alunos de Campinas e do interior do Estado visitam instalações do CMU durante a Universidade de Portas Abertas, realizada em setembro

Alunos de escolas públicas e privadas de Campinas e do

interior do estado de São Paulo visitaram diferentes setores do Centro de Memória-Unicamp (CMU) durante a edição da UPA (Universidade de Portas Abertas), realizada no dia 1º. de setembro, na Unicamp.

Setenta e cinco estudantes, pais e professores de esco-las de Campinas, Indaiatuba, Americana, Cotia, Monte Mor,

Paulínia, Atibaia, Embu-Guaçu, Santa Barbara do Oeste, Limei-ra, Matão e Jaguariúna conhece-ram as instalações e o trabalho desenvolvido no Laboratório de História Oral, na Biblioteca José Roberto do Amaral Lapa, nos Arquivos Históricos, no La-boratório de Restauração e Con-servação de Documentos e no Arquivo Fotográfico. O even-to possibilitou aos visitantes a oportunidade de se aproxima-

rem de um centro de documen-tação voltado para a história de Campinas e região e de se esti-mularem para o contato com a produção de conhecimento.

A exposição sobre o Movi-mento Constitucionalista de 32 "Memória e lembranças, ves-tígios do evento" e a mostra fotográfica “Haroldo Pazinatto - Os olhos de Valinhos" tam-bém despertaram a atenção dos visitantes.

A exposição “Os olhos de Valinhos”, organizada pelo Arquivo Fotográfico,

também foi ponto de parada.

Fotos: Eliana Camargo Corrêa/CMU

A Área de Arquivos Históricos despertou bastante interesse nos alunos que visitaram o CMU

9 Novembro - 2012CMU FOCOem

Tombamento

Condepacc inicia estudos para tombamento de muro da Ponte Preta

Solicitação foi feita há um ano, quando clube completou 111o aniversário

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de

Campinas (Condepacc) acatou a solicitação feita por pesqui-sadores do Centro de Memória--Unicamp e começa a iniciar estudos visan-do avaliar a possibilidade de tornar pa-trimônio his-tórico o muro remanescente do primeiro centro polies-portivo da Ponte Preta, em Campinas.

S e g u n d o a diretora do CMU, Maria Carolina Bo-vério Galzera-ni, este pedido de tombamen-to, ocorrido em agosto de 2011, quando a Associação Atlética Ponte Preta com-pletou 111 anos de exis-tência, vai muito além da preservação de um monu-mento histórico da cidade. “Constitui oportunidade ímpar de problematizar a atrofia da experiência tem-poral, vivida nesta metró-pole contemporânea, via sinalização da existência de indícios do passado, no caso da Associação Atlética Ponte Preta. Oportunidade de produção de memórias, histórias, narrativas, capa-

zes de articular imagens des-te passado, na relação com o presente e com perspectivas de construção de outros futuros”.

Localizado à rua Guilher-me da Silva, esquina com a

rua Pedro Magalhães, no bairro Cambuí, o muro foi erigido em alvenaria, com medidas aproxi-madas de 65 metros de compri-mento e altura variável de 0,90 metros na sua parte mais baixa

e cinco metros em sua parte mais elevada. Ele era parte do antigo Stadium da Associa-ção Atlética de Campinas, pri-meiro comple-xo poliespor-tivo da cidade de Campinas, constituído por piscina para a prática de pólo aquático e na-tação, rinque de patinação, pista e tanque

de areia para saltos, cam-po de basquete, campo de futebol, e uma pista cir-cular para atletismo. Este Stadium existiu de 1921 até 1927, quando passou para propriedade da Asso-ciação Atlética Ponte Pre-ta (AAPP). Em 1933, foi demolido, cedendo espaço para a construção de um empreendimento imobiliá-rio.Fotografias revelam aspectos do Stadium em dia de evento: CMU trabalha pela preservação dessa memória

10 Novembro - 2012CMU FOCOem

Conferência

A diretora do Centro de Me-mória-Unicamp (CMU),

Maria Carolina Bovério Galze-rani, participou no dia 10 de ou-tubro, na Unesp, em Rio Claro, do Encontro em Comemoração aos Dez anos do Grupo de Pes-quisa História Oral e Educa-ção Matemática (GHOEM). Na oportunidade, a historiadora, que também é docente da Faculdade de Educação da Unicamp (FE), levou sua contribuição em dois momentos: participou de mesa redonda sobre produção de co-nhecimentos históricos e pro-feriu uma palestra sobre Walter Benjamin.

No período da manhã, Maria Carolina apresentou o trabalho “Pressupostos teórico-metodoló-gicos para a produção de conhe-cimentos históricos” durante a mesa redonda “Histórias da Edu-cação Matemática: Outros Olha-res, Outros Saberes”, que teve como objetivo discutir diferentes

pressupostos e métodos utiliza-dos para o desenvolvimento de trabalhos historiográficos.

No período da tarde, a histo-riadora proferiu a palestra “Ima-gens de Narrativa, Memória e História: Contribuições de Wal-ter Benjamin”, que abordou a contribuição original do filósofo e crítico literário judeu berlinen-se para a produção de conheci-mentos históricos e educacio-nais.

Um dos objetivos desse even-to foi debater leituras feitas por pesquisadores de outros grupos acerca das produções desenvol-vidas no interior do GHOEM durante essa breve trajetória. Re-uniram-se professores e pesqui-sadores que ao longo dessa déca-da contribuíram com a produção do conhecimento no interior do grupo, seja na condição de mem-bros de bancas de qualificação, mestrado e doutorado, seja em eventos, discussões e publica-

ções científicas. Coordenado pelo professor

Antonio Vicente Marafioti Gar-nica (Unesp - Bauru e Rio Cla-ro), o GHOEM é um grupo de pesquisa interinstitucional que reúne integrantes de instituições de ensino e pesquisa localizadas em diferentes estados do país (Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro). Duran-te esses dez anos de existência, o GHOEM tem se empenhado, entre outras iniciativas, em cons-tituir um referencial teórico que evidencia as potencialidades da utilização da História Oral como metodologia nas pesquisas em Educação Matemática. A elabo-ração de um mapeamento histó-rico sobre a formação de profes-sores de Matemática no Brasil está entre algumas das realiza-ções do grupo.

Diretora do CMU profere palestraem evento de 10 anos do GHOEMGrupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática reuniu

na Unesp, em Rio Claro, pesquisadores de diferentes instituições do país

Workshop

O Centro de Memória-Unicamp (CMU) realizou no dia 24 de

outubro, às 14 horas, na sala de reu-niões, o workshop: “Entre o Arquivo e o Museu: Práticas de Organização Documental”. O tema foi apresenta-do pelo historiador da Universidade Federal Fluminense (UFF) e diretor geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Knauss.

Paulo Knauss é mestre em Histó-ria pela Universidade Federal do Rio

Arquivologia é tema de encontro no CMUde Janeiro (1990), doutor em Histó-ria pela UFF (1998) e pós-doutorado pela Universidade de Estrasburgo, França (2006). Desenvolve pesquisas na área de História e suas relações entre Memória e Patrimônio Cultu-ral, explorando os campos da arte, imagem, cartografia, oralidade, urba-nismo e historiografia. É professor do departamento de História e do Labo-ratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense.

Este workshop é destinado, exclu-sivamente, aos funcionários do CMU, com o objetivo de contribuir para o avanço das práticas de arquivologia. A programação de workshops do CMU tem novo encontro marcado: a historiadora Vivianne Tessitore mi-nistrará a palestra “Contribuições da Arquivologia para as Práticas Coti-dianas do CMU”. O encontro será no dia 5 de novembro, às 14 horas, na sala de reuniões do CMU.