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PSICOLOGIA E DIREITO CIVIL

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PSICOLOGIA

E

DIREITO CIVIL

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NO MOMENTO DO “SANEAMENTO DO

PROCESSO”

Art. 331 CPC - Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 (trinta) dias, à qual deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir.

§ 1º - Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.

§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

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INÍCIO DA PERÍCIA

Surgiu a partir do advento do Decreto - lei 1.608,

de 18-9-1939.

Foi instituída pela Lei nº. 5869, CPC, de 11-1-1973. No

campo da Prova Pericial a matéria é abordada no

Livro I, Título VIII – do pronunciamento Ordinário,

Capítulo VI – Das Provas, e mais especificamente, na

Seção VII – da prova pericial, arts. 420 a 439.

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Art. 145 CPC - Quando a prova do fato depender de

conhecimento técnico ou científico, o juiz será

assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

§ 1º - Os peritos serão escolhidos entre

profissionais de nível universitário, devidamente

inscritos no órgão de classe competente, respeitado o

disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código.

§ 2º - Os peritos comprovarão sua especialidade

na matéria sobre que deverão opinar, mediante

certidão do órgão profissional em que estiverem

inscritos.

§ 3º - Nas localidades onde não houver

profissionais qualificados que preencham os

requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos

peritos será de livre escolha do juiz

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Art. 421 CPC - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1º - Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

II - apresentar quesitos.

§ 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.

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PERÍCIA E ASSISTENCIA TÉCNICA

NOMEAÇÃO DO PERITO: Ocorre no despacho saneador do juiz nos autos do processo. O ato significa receber do juiz um voto de confiança ampla e reflete o reconhecimento da capacidade técnica do perito e de sua honorabilidade.

NPPJ: “Perito Judicial é o profissional habilitado e nomeado pelo juiz de um feito para opinar sobre questões técnicas de sua especialidade”. (MAGALHÃES [et al], 2006, p.13)

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EM QUE MOMENTO O JUIZ IRÁ

DECIDIR SOBRE A NECESSIDADE DA

PROVA PERICIAL ?

Art. 130 do CPC - Caberá ao juiz, de ofício

ou a requerimento da parte, determinar as

provas necessárias à instrução do

processo, indeferindo as diligências

inúteis ou meramente protelatórias.

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QUEM DEVE ESPECIFICAR AS PROVAS

QUE PRETENDEM PRODUZIR?

Art. 282 CPC - A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão,

domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido, com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende

demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

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Art. 300 - Compete ao réu alegar, na

contestação, toda a matéria de defesa,

expondo as razões de fato e de direito, com

que impugna o pedido do autor e

especificando as provas que pretende

produzir.

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EM QUE CONSISTE A PROVA PERICIAL ?

Art. 420 - A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

Parágrafo único - O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

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QUAIS SÃO AS OUTRAS MODALIDADES DE

PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL QUE SURGEM NA

FASE DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA ?

Art. 606 - Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Art. 607 - Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.

Parágrafo único - Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença ou designará audiência de instrução e julgamento, se necessário

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PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL

Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1º - Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

II - apresentar quesitos.

§ 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.

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FAMÍLIA, CASAMENTO E SEPARAÇÃO

• Hoje, a noção de família é plural, uma vez

que se percebe a constituição de distintas

configurações familiares.

• A igualdade de direitos entre homens e

mulheres é assegurada constitucionalmente.

• O homem e a mulher possuem os mesmos

direitos e obrigações perante a família e os

filhos.

• Outro ponto que cabe destacar é a não

discriminação relativa à filiação.

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CASAMENTO

O casamento, instituto jurídico que faz a abertura do Livro

IV do Código Civil relacionado ao direito de família,

demonstra em sua primeira aparição preceitual que o

matrimônio constitui-se em plena comunhão de vida.

Diniz (2007, p. 35) ensina que “O casamento é o vínculo

jurídico entre o homem e a mulher que visa o auxílio

mútuo material e espiritual, de modo que haja uma

integração fisiopsíquica e a constituição de uma família”.

Não por acaso, o legislador acentua o caráter pessoal que

irá revestir de sobremaneira todo o direito de família, com

a exceção de sempre consistente no assunto relacionado

aos regimes de bens do casamento, apontando, portanto,

que “O casamento estabelece comunhão plena de vida,

com base na igualdade de direitos e deveres dos

cônjuges” (Código Civil, art. 1.511)

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UNIÃO ESTÁVEL

O conceito de união estável, retratado no art. 1.723 do novo Código Civil, corresponde a uma entidade familiar entre homem e mulher, exercida contínua e publicamente, semelhante ao casamento.

Reconhecida quando os companheiros convivem de modo duradouro e com intuito de constituição de família. Na verdade, ela nasce do afeto entre os companheiros, sem prazo certo para existir ou terminar.

Porém, a convivência pública não explicita a união familiar, mas somente leva ao conhecimento de todos, já que o casal vive com relacionamento social, apresentando-se como marido e mulher.

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DIVÓRCIO - COMO ERA

De acordo com a Lei do Divórcio, aquele que fosse considerado culpado pela separação não ficaria com a guarda dos filhos. Entendia o legislador que não poderia ser considerado bom pai, ou boa mãe, quem não demonstrou ser bom marido, ou boa esposa. Associava-se, portanto, conjugalidade e parentalidade.

Como naquela época a primazia da guarda era dada à mulher, para o pai permanecer com a guarda dos filhos, havia necessidade de alegar que a guarda materna seria prejudicial às crianças. Nessas circunstâncias, era comum o pedido de realização de perícia, para que se avaliasse a situação.

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DIVÓRCIO - ATUALMENTE

Em 2002, o Código Civil Brasileiro veio dispor, no

artigo 1.584 , a indicação de que a guarda dos filhos

deveria ser atribuída àquele pai ou àquela mãe que

revelasse melhores condições de exercê-la,

alterando-se assim a visão de que a guarda deveria

ser deferida preferencialmente para as mães.

Prevalecia a compreensão de que a guarda deveria

ser monoparental.

Equiparava-se a separação conjugal à parental,

depreendendo-se que, se a primeira ocorresse, a

segunda seria inevitável.

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A disputa pela guarda, fomentada pela legislação,

contribuía por aumentar o enfrentamento entre os

genitores da criança, que buscavam, avidamente,

provas que desqualificassem o outro.

Os filhos eram alçados ao lugar de pomos da

discórdia, por vezes solicitando-se que

descrevessem e avaliassem o comportamento dos

pais.

Atestados e provas de incompetência de ambos os

pais eram buscados.

Esse duelo de virtudes resultava no aumento de

hostilidade e agressividade entre as partes, com

repercussões nos filhos.

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A partir da segunda metade do século XX, estudos

mostraram que a separação pode ocorrer pelo fato

de não existir mais vontade de permanecer junto,

não cabendo a atribuição de culpa a um dos

membros do casal.

Da mesma forma, compreendeu-se que as

crianças podem e devem conviver com o pai e

com a mãe, mesmo que estes não formem um

casal.

Evidenciou-se, também, o quanto as disposições

legais podiam trazer sérias repercussões quanto

ao exercício da parentalidade, inclusive com

prejuízos na preservação dos vínculos de filiação.

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Pesquisas mostraram que após o desenlace conjugal dos pais ocorre, com frequência, acentuado distanciamento daquele que não permaneceu com a guarda.

A partir do disposto na Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989), passa-se a indicar que toda criança tem o direito de ser cuidada e educada por sua mãe e por seu pai, independentemente do fato de estes residirem juntos ou não.

As obrigações de educar e cuidar dos filhos seriam decorrentes do vínculo de filiação e não do casamento.

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LEI DA GUARDA COMPARTILHADA

A Lei Federal nº 11.698/2008 instituiu a guarda compartilhada como modalidade preferencial.

Nesta modalidade de guarda busca-se uma divisão mais equilibrada do tempo que cada pai passa com o filho; não há um único responsável pela criança, ao contrário, o que se reafirma é a dupla filiação.

Sendo inviável a guarda compartilhada, uma saída pode ser a indicação de que a criança permaneça com aquele genitor mais permissivo em aceitar a participação do outro junto à criança.

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No Brasil, a lei da guarda compartilhada faz menção

ao trabalho que deve ser realizado pelas equipes

técnicas do Judiciário, ao dispor que: “para

estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os

períodos de convivência sob guarda compartilhada,

o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério

Público, poderá basear-se em orientação técnico-

profissional ou de equipe interdisciplinar”.

Nesse sentido, entende-se que as equipes técnicas

podem auxiliar os pais na estruturação, no

entendimento e no cumprimento da guarda

compartilhada após o rompimento da conjugalidade.

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A preocupação dos profissionais deve estar

centralizada na manutenção do convívio da

criança com cada um dos pais e não na

organização de um calendário de visitas, ou na

procura do pai que reúna melhores condições

para permanecer com a guarda.

Trata-se, assim, de uma política pública que

pode funcionar como apoio às necessidades

das famílias contemporâneas.

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Muitos psicólogos consideram inadequadas as

instalações que lhes foram destinadas no espaço

físico dos diferentes Fóruns, apontando as

condições de trabalho como precárias, limitadoras

da práxis.

É comum que se ouçam reclamações quanto à falta

de privacidade nos atendimentos, o que,

certamente, contraria indicação do Código de Ética

dos psicólogos sobre o sigilo que deve ser mantido.

Devemos insistir para que a instituição judiciária

reconheça as necessidades específicas dessa área

e reconheça a importância da garantia de um

serviço público de qualidade enquanto direito da

população ao acesso ao Judiciário.

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O atendimento psicológico não deve ocorrer quando

outros profissionais exigem permanecer na sala de

atendimento, por terem a incumbência de defender ou

de fiscalizar a pessoa atendida.

No que diz respeito à confecção de relatórios, laudos,

pareceres e informes, o Manual de Elaboração de

Documentos Escritos, elaborado pelo CFP, dispõe que

“sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma

intervenção sobre a própria demanda e a construção

de um projeto de trabalho que aponte para a

reformulação dos condicionantes que provoquem o

sofrimento psíquico, a violação dos direitos humanos

e a manutenção das estruturas de poder que

sustentam condições de dominação e segregação.”

(CFP, 2003).

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O QUE DEVE SER PENSADO ANTES DA

PERÍCIA

Torna-se clara, portanto, a indicação para que o

profissional questione, sempre, qual o objetivo

psicológico do trabalho a ser feito.

Por que sua intervenção está sendo solicitada, ou

seja, como vai interpretar a demanda que lhe

chega?

Não se trata, simplesmente, de perguntar como

fazer ou quais instrumentos deve utilizar, mas,

antes de tudo, para quê?

Quando necessário deve-se reformular,

ressignificar a demanda que chega.

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Nos documentos escritos, deve-se ter cuidado

quanto ao uso de termos, expressões e conceitos

que muitas vezes só têm sentido, ou são próprios

da nossa disciplina.

Não é necessário reproduzir em relatórios, laudos

ou pareceres frases ditas pelos sujeitos visando

provar a veracidade do que está sendo

apresentado

O psicólogo não é um detetive que colhe

depoimentos e elabora relatórios meramente

descritivos – fundados apenas em relatos dos

entrevistados – solicitando à pessoa que assine a

sua declaração.

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A ideia de que os laudos produzidos no trabalho em Varas

de Família devem conter a descrição de todas as

informações que foram colhidas ao longo do atendimento

é equivocada, resultando em exposição excessiva da vida

das pessoas.

“Nos documentos que embasam as atividades em equipe

multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as

informações necessárias para o cumprimento dos

objetivos do trabalho” (artigo 12 do Código de Ética do

Psicólogo, CFP, 2005).

Entre os deveres fundamentais do psicólogo está o de:

“informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da

prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente

o que for necessário para a tomada de decisões que

afetem o usuário ou beneficiário” (art. 12, item g, Código

de Ética do Psicólogo, CFP, 2005).

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Se no decorrer do trabalho, eventualmente, há determinação para que no parecer sejam abordadas questões que soam como alheias às atribuições de psicólogos, ou que porventura possam implicar quebra da ética profissional, cabe ao profissional explicar, no documento, o motivo pelo qual não respondeu ao que lhe fora solicitado, embasando suas razões com explicações éticas e/ou teóricas.

Como indicado no sétimo Princípio Fundamental do Código de Ética: “O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código”.

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O psicólogo não tem o direito de colher

informações do cliente e depois se negar a

conversar com a pessoa atendida sobre as

conclusões a que chegou.

Entrevistas de devolução fazem parte das tarefas

e obrigações dos psicólogos, independentemente

da instituição na qual estejam atuando.

Nos pareceres e trabalhos elaborados, as

referências feitas a textos escritos por outros

autores devem seguir as normas para citações

bibliográficas.

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As conclusões dos escritos produzidos por psicólogos

devem ater-se ao âmbito da Psicologia; são conclusões

psicológicas e não jurídicas, não sendo atribuição de

psicólogos proferir sentenças ou soluções jurídicas, como,

por exemplo, decidir disputas de guarda, fixar visitas, etc.

Nesses casos, o que se poderia relatar é se há

contraindicações psicológicas para que um dos pais

detenha a guarda ou visite o filho.

Num caso de guarda, por exemplo, podemos até dizer que

a alternativa mais viável para aquela criança é permanecer

no núcleo familiar onde ela se encontra, por tais razões

psicológicas.

Não cabe ao psicólogo indicar qualidades e defeitos das

partes, pois este procedimento se aproximaria de um

julgamento moral. O psicólogo de estar alertas para não

recair no lugar de um “pequeno juiz”, prontos para proferir

uma decisão no processo.

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O trabalho desenvolvido pelos psicólogos não

deve excluir a possibilidade de o juiz manter

suas dúvidas, sua capacidade de julgar.

Até porque, como se sabe, o parecer

psicológico é apenas mais uma informação

entre as muitas que compõem o processo,

cabendo ao juiz, a partir da avaliação de todos

os dados disponíveis na peça processual,

julgar.

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Necessária a leitura do processo judicial para se ter

conhecimento da demanda encaminhada ao Poder Judiciário.

Importante tratar com as partes como as informações obtidas

sobre o caso serão dispostas no relatório psicológico.

Na elaboração de documentos, o psicólogo pode fazer referência

a argumentos e situações descritas no processo, mas o

profissional deve explicar como tais informações foram utilizadas

na sua intervenção.

Não se considera adequado que o psicólogo apoie suas

conclusões exclusivamente em argumentos e situações descritas

no processo por profissionais de outra área de conhecimento.

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Não é pertinente que psicólogos realizem o

acompanhamento de diligências para a busca e

apreensão de crianças, tarefa que se distancia de

suas funções profissionais.

Crescem as queixas de laudos que envolvem a

guarda de filhos em caso de separação de casais e

avaliações que versam sobre a indicação de abuso

sexual de adultos contra crianças.

Destacam-se as denúncias contra psicólogos que

atuam em outras instituições, que não os Tribunais

de Justiça, e que recebem solicitações da Justiça

para efetuar avaliações, bem como contra

psicólogos clínicos, que recebem pedidos de seus

pacientes ou dos responsáveis por estes, para

encaminhamento de laudos ao Poder Judiciário.

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ALIENAÇÃO PARENTAL

A Alienação Parental acontece quando pai,

mãe ou quem é responsável pela criança ou

adolescente tenta, de forma abusiva, afastar o

filho do relacionamento com o outro genitor e

sua família. Ou seja, quando um dos genitores

tenta de várias formas destruir ou impedir a

relação da criança e do adolescente com o

outro e sua família.

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ALIENAÇÃO PARENTAL

Os casos mais comuns de alienação parental estão

associados a situações onde deixando os pais de

conviver, um deles, por vingança, mágoa,

inconformismo com o fim do relacionamento,

passa a apegar-se excessivamente à criança,

passa a tratá-la como objeto, um instrumento para

agredir, atingir o outro.

O genitor ou responsável pelo menor passa então

a desqualificar o outro, desacreditando-o,

desmoralizando-o perante o filho, inventando

muitas vezes histórias, ou ainda dando a fatos

realmente ocorridos super ou sub-valorização.

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PORQUE É IMPORTANTE CONHECER,

PREVENIR E LUTAR CONTRA A ALIENAÇÃO

PARENTAL?

A alienação parental é uma das formas mais graves de

violência psicológica contra a criança e o adolescente.

E é contra isso que se tem que lutar.

Aquele que a pratica, normalmente o faz pensando em

atingir o outro, quando na verdade, está prejudicando e

muito o desenvolvimento psicológico saudável de seu

próprio filho, com quem deveria se preocupar e poupar.

Quem é alienado e não toma qualquer atitude para

impedir a alienação, gera no filho sentimento de

rejeição, abandono e priva o filho de com ele conviver, o

que já se sabe, também é fundamental para seu

desenvolvimento saudável.

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A CRIANÇA E O ADOLESCENTE, VÍTIMAS

DA ALIENAÇÃO PARENTAL SÃO MAIS

PROPENSOS A:

Apresentar distúrbios psicológicos como

depressão, ansiedade e pânico;

Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e

culpa;

Cometer suicídio;

Não conseguir uma relação estável quando adulta;

Possuir problemas de gênero em função da

desqualificação do genitor atacado;

Repetir o mesmo comportamento quando tiver

filhos.

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COMO AGE QUEM PRATICA ALIENAÇÃO

PARENTAL?

Não comunica ao outro genitor fatos importantes

relacionados à vida do filho (rendimento escolar,

consultas médicas, doenças etc);

Toma decisões importantes sobre o filho sem prévia

consulta ao outro genitor, como escolha ou mudança

de escola, pediatra etc;

Organiza diversas atividades para o dia de visitas de

modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibi-las;

Controla excessivamente os horários de visita;

Viaja e deixa o filho com terceiros sem comunicar o

outro genitor;

Apresenta novo companheiro (a) à criança como sendo

seu novo pai ou mãe;

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COMO AGE QUEM PRATICA ALIENAÇÃO

PARENTAL?

Faz comentários inconvenientes sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor;

Critica a competência profissional e financeira do outro genitor;

Obriga o filho a optar entre pai ou mãe ameaçando-o das consequências caso a escolha recaia sobre o outro;

Transforma o filho em espião da vida do outro genitor;

Não autoriza o filho a levar para a casa do outro genitor os brinquedos e roupas que mais gosta;

Não permite que o filho esteja com o outro genitor em ocasiões outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas.

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E O JUIZ, O QUE PODE FAZER QUANDO

SE TRATAR DE ALIENAÇÃO PARENTAL?

Desde agosto de 2.010, quando passou a vigorar a

Lei n.º 12.318, em caso de constatação de alienação

parental, o juiz poderá:

Fazer com que o processo tramite prioritariamente;

Determinar medidas para preservação da

integridade psicológica da criança;

Determinar elaboração urgente de laudo de perito

judicial ou equipe multidisciplinar que constate a

alienação parental;

Advertir o alienador;

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E O JUIZ, O QUE PODE FAZER QUANDO

SE TRATAR DE ALIENAÇÃO PARENTAL?

Ampliar a convivência familiar em favor do

genitor prejudicado;

Aplicar multa ao alienador;

Determinar alteração para guarda compartilhada

ou inverter a guarda;

Determinar a fixação do domicílio da criança ou

adolescente