prÁtico de direito previdenciÁrio€¦ · ao estudar os princípios constitucionais da seguridade...

18
2020 Curso PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO 18ª edição revista ampliada atualizada Ivan Kertzman

Upload: others

Post on 31-May-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

2020

CursoPRÁTICO de

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

18ª edição

revista ampliada atualizada

Ivan Kertzman

Page 2: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

23

Roteiro de estudos

Caros leitores,

Desde a primeira edição desta obra, disponibilizamos o nosso e-mail para uma maior aproximação com o público, respondendo às dúvidas e “ouvindo” todas as críticas, sugestões e elogios sobre a obra.

Este canal tem ajudado bastante na evolução deste livro, que a cada edição é al-terado de forma a atender às solicitações encaminhadas.

Percebemos, ao longo das 17 edições anteriores, que um dos questionamentos mais recorrentes é o relativo aos capítulos do livro que devem ser estudados na preparação para cada um dos concursos públicos.

Pensando, então, em atender previamente futuras demandas, a editora nos solicitou que fizéssemos um link entre os programas de Direito Previdenciário dos principais concursos com os capítulos do livro, objetivando orientar o estudo dos nossos leitores.

Segue, assim, um roteiro completo de estudo deste livro, para a melhor preparação dos candidatos às vagas no serviço público.

Esperamos que seja útil.

Ivan Kertzman

Itens do Edital Tópico do livro

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – Edital 1/2015 – INSS, de 22 de dezembro de 2015• Analista do Seguro Social – CESPE

Noções de Direito Previdenciário – Todos os Cargos, Exceto Direito

1. Finalidade e princípios básicos da Previdência Social. 2 Regime Geral de Previ-dência Social.

Capítulos 1 e 3

2.1. Segurados obrigatórios. 2.2 Filiação e inscrição. 2.3 Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalha-dor avulso e segurado especial. 2.4 Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. 2.5 Trabalhadores excluídos do Regime Geral.

Capítulo 5

3. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário. Capítulo 6

4. Financiamento da Seguridade Social. 4.1 Receitas da União. 4.2 Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico e do produtor rural.

Capítulos 8 e 9

4.3. Salário de contribuição. 4.3.1 Conceito. 4.3.2 Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. 4.3.3 Limites mínimos e máximos.

Capítulo 7

4.4. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal. Capítulo 14

Page 3: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

24

Itens do Edital Tópico do livro

5. Parcelamento de contribuições e demais importâncias devidas à seguridade social. Capítulo 16

6. Restituição e compensação de contribuições. Capítulo 12

7. Infrações à legislação previdenciária. Capítulo 15

8. Recurso das decisões administrativas. Capítulo 17

9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, benefícios, Serviço Social, Reabilitação Profissional, Justificação Administrativa, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário de benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. 10 Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado.

Capítulos 19 a 23

11. Lei 8.212/1991 e alterações posteriores. 12 Lei 8.213/1991 e alterações posteriores. 13 Decreto 3.048/1999 e alterações posteriores.

Texto da Norma

14. Plano Simplificado de Previdência Social. Capítulo 8

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – Edital 1/2015 – INSS, de 22 de dezembro de 2015• Técnico do Seguro Social – CESPES

1. Seguridade Social. Capítulo 1

1.1. Origem e evolução legislativa no Brasil. Capítulo 2

1.2. Conceituação. 1.3 Organização e princípios constitucionais. Capítulos 1 e 3

2. Legislação Previdenciária. 2.1 Conteúdo, fontes, autonomia. 2.3 Aplicação das normas previdenciárias. 2.3.1 Vigência, hierarquia, interpretação e integração.

Capítulo 4

3. Regime Geral de Previdência Social. 3.1 Segurados obrigatórios, 3.2 Filiação e inscrição. 3.3 Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. 3.4 Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. 3.5 Trabalhadores excluídos do Regime Geral.

Capítulo 5

4. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário. Capítulo 6

5. Financiamento da Seguridade Social. 5.1 Receitas da União. 5.2 Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos, receitas de outras fontes. 5.4 Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social.

Capítulos 8, 9 e 10

5.3. Salário de contribuição. 5.3.1 Conceito. 5.3.2 Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. 5.3.3 Limites mínimo e máximo. 5.3.4 Proporcionalidade. 5.3.5 Reajustamento.

Capítulo 7

5.4.1. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Capítulo 14

5.4.2. Obrigações da empresa e demais contribuintes. 5.4.3 Prazo de recolhimento. 5.4.4 Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária.

Capítulo 15

6. Decadência e prescrição. Capítulo 24

7. Crimes contra a seguridade social. Capítulo 18

8. Recurso das decisões administrativas. Capítulo 17

9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de presta-ções, benefícios, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário de benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. 10 Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado.

Capítulos 19, 20, 21 e 23

Page 4: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

59

Capítulo 3

A Seguridade Social na Constituição Federal

3.1. APRESENTAÇÃO

A seguridade social mereceu especial destaque, constando no texto constitucional uma série de dispositivos que regulam o funcionamento e estrutura da proteção social no país. Alguns destes dispositivos já foram mencionados ao tratarmos da definição da seguridade social, no primeiro capítulo desta obra.

Neste capítulo, estudaremos os dispositivos trazidos pela Carta Maior sem perder-mos o foco no direcionamento desta obra para concursos públicos.

Dividimos, então, com fins meramente didáticos, o estudo constitucional da segu-ridade social em duas partes: princípios constitucionais e dispositivos constitucionais.

Os princípios constitucionais são ideias matrizes orientadoras de todo o conjunto de normas e versam, basicamente, sobre a essência e estrutura da proteção social. São normas programáticas que devem orientar o poder legislativo, quando da elaboração das leis que tratam sobre o regime protetivo, assim como o executivo e o judiciário, na aplicação destas.

Os dispositivos constitucionais são regras que o constituinte achou por bem inserir no texto constitucional para dar forma à seguridade social brasileira.

3.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três ramos: saúde, previdência social e assistência social. Determinados princípios podem melhor se adequar a alguma área específica da seguridade, como demonstraremos ao tratar de cada um deles.

A doutrina tradicionalista classifica a previdência social como um direito humano de 2ª geração, devido à proteção individual que proporciona aos beneficiários, atendendo às condições mínimas de igualdade.

Na evolução dos direitos sociais, ao longo dos anos, novos direitos vão se agregan-do ao rol das garantias existentes. A doutrina moderna, então, vem classificando os direitos sociais na categoria de direitos fundamentais de 3ª geração ou de 3ª dimensão, como hoje se prefere chamar. De fato, o foco dos direitos sociais não está na proteção

Page 5: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

60

individual, mas na solidariedade. A previdência, por exemplo, tem como razão de existir a proteção da sociedade, garantida por meio de um sistema solidário, sendo, então, melhor classificada como direito de 3ª geração.

O texto constitucional define os princípios constitucionais como objetivos da segu-ridade social que devem ser observados pelo Poder Público na organização do sistema.

Obviamente, além dos princípios específicos da seguridade social, previstos no art. 194, parágrafo único, da Constituição Federal, diversos outros princípios gerais são aplicáveis à seguridade social.

O princípio da solidariedade (art. 3º, I, CF/1988), apesar de não ser específico da seguridade, merece destaque por estruturar todo o sistema nacional de seguridade social, por isso será estudado, em seguida, em tópico específico.

A “dignidade da pessoa humana” (art. 1º, III, CF/1988) também é bastante relacio-nada à seguridade social, principalmente nas decisões de nossos tribunais. De fato, ao analisar um litígio em que o segurado busca um benefício assistencial ou previdenciário mínimo para a sua sobrevivência ou um serviço de saúde que vai lhe dar uma vida digna, o Judiciário deve ponderar este princípio com os demais dispositivos específicos.

Outro princípio geral que deve sempre ser analisado em matérias relacionadas à seguridade social é o “princípio do não retrocesso social”. Veja que o próprio texto constitucional veda a reforma constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais (art. 60, § 4º, IV, CF/1988). Apesar de polêmico, parte considerável da dou-trina entende que tal vedação é extensiva aos direitos sociais, não sendo possível a apreciação de Emendas Constitucionais redutoras dos direitos sociais.

De fato, ao garantir o não retrocesso da dignidade da pessoa humana, sem dúvida, a Constituição eleva ao “status” de cláusula pétrea também os direitos sociais garan-tidores do bem-estar individual.

Em matéria previdenciária, no entanto, entendemos que é possível a reforma que venha a alterar a regra de um benefício, sem que represente, necessariamente, retrocesso social, mas ajuste dos riscos sociais ao tempo presente. Explico: se uma emenda constitucional pretende fixar a idade mínima para a aposentadoria em 62 anos, ela não ferirá o princípio do não retrocesso, se ficar demonstrado que, ao longo dos anos, houve um envelhecimento da população que alterou o risco social da idade avançada.

3.2.1. Solidariedade

XX Art. 3º, I, CF/1988

O princípio da solidariedade é o pilar de sustentação do regime previden ciário. Não é possível a compreensão do sistema sem que o conceito de solidariedade esteja consolidado. Observe-se, contudo, que este princípio não é específico da seguridade social, não estando esculpido do parágrafo único do art. 194 da Constituição, no qual

Page 6: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

85

A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

dos Segurados, de minha autoria, em parceria com o Professor Sinésio Cyrino, que me honra com o prefácio da presente obra:

Imposto

COFINS, PIS-PASEP, CSLL, Concurso de Prognósticos, PIS e COFINS Importação e CPMF (quando

vigente)

Taxa

Contribuição Previdenciária

Contribuições sociais em

sentido amplo

Uso da Compe-tência Residual (art. 195, §4º c/c art. 154,

I, CF/88)

Empréstimo compulsório

SESC, SENAC, Salário-Edu-cação, SESI,

SENAI, SENAR, SEST, SENAT, DPC, Fundo

Aeroviário etc.

Contribuição de melhoria

Tributo

Contribuições para

a seguridade

Contribuições sociais gerais

Outras contribuições

para a seguridade

Contribuições de intervenção

no domínio econômico

Contribuição de interesse

das categorias profissionais

Contribuição para ilumina-ção púbica

Contribuições sociais em

sentido estrito

Outro ponto alterado foi a redação do § 11 do art. 195 da CF/1988. Vejamos o com-parativo:

Antes da Reforma de 2019

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.

Após Reforma de 2019

§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a sessenta meses e, na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput.

A alteração teve o claro objetivo de acabar com os inúmeros parcelamentos espe-ciais de longo prazo, que superam o prazo de 60 meses do parcelamento convencional, chegando a 180 ou até 240 meses. Os parcelamentos, sem dúvida, beneficiavam a prática da sonegação fiscal, permitindo que os débitos, mesmo que identificados em

Page 7: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

102

regime geral de previdência social e pelo setor privado”. Este dispositivo jamais foi regulamentado, mesmo necessitando apenas de lei ordinária para isso, e o SAT ainda é gerido exclusivamente pelo Poder Público.

A EC 103/2019 alterou a redação deste parágrafo, dispondo que “lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive os decorren-tes de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado”.

Percebemos duas modificações na redação:

• Necessidade de Lei Complementar – antes só era necessária lei ordinária para efetivar a alteração, fazendo com que o SAT passasse a ser administrado con-correntemente pela iniciativa privada.

• Ampliação para benefícios não programados – o novo texto permite que todos os benefícios não programados possam ser atendidos pelo setor privado e não só os decorrentes de acidente do trabalho. Assim, qualquer tipo de acidente, seja de origem trabalhista ou não, pode ser administrado pela iniciativa privada, assim como os benefícios por incapacidade em geral.

3.4. PRINCÍPIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

De acordo com o art. 2º da Lei 8.213/1991, a Previdência Social rege-se pelos se-guintes princípios e objetivos:

I – universalidade de participação nos planos previdenciários;

II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;

IV – cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribuição corrigidos monetariamente;

V – irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo;

VI – valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo;

VII – previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;

VIII – caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados.

Notem que há grande semelhança entre alguns dos princípios da previdência so-cial, trazidos pela Lei 8.213/1991, e os princípios constitucionais da seguridade social estudados no início deste capítulo.

Page 8: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

103

Capítulo 4

Legislação Previdenciária

4.1. DEFINIÇÃO

Legislação Previdenciária é o conjunto de normas que visam organizar a seguridade social e o sistema protetivo.

O Direito Previdenciário objetiva a análise das regras gerais que tratam do custeio da seguridade social e do estudo aprofundado das normas de financiamento da previ-dência social e de prestações oferecidas por este ramo da seguridade.

Não fazem parte do campo do Direito Previdenciário as normas específicas que tratam da saúde e assistência social.

4.2. AUTONOMIA DIDÁTICA

Devido à grande dimensão do emaranhado de normas jurídicas, o Direito é dividido com o escopo de facilitar o estudo das normas correlatas.

Assim, a Doutrina tradicionalista divide o ordenamento jurídico em dois grandes grupos: Direito Público e Direito Privado.

O Direito Público é o que regula a relação jurídica do Estado com os particulares. O Estado exerce o seu Poder de Império, fixando regras e comandos jurídicos. É o que ocorre no Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Constitucional etc. O particular, por exemplo, é compelido a pagar os tributos, independentemente de manifestação de vontade.

O Direito Privado é o que marca a relação entre os particulares que optem por firmar um vínculo jurídico. É o que ocorre com o Direito do Trabalho, Direito Comercial, Direito Civil etc. Ninguém está obrigado a firmar contrato de trabalho ou comercial. Os particulares optam pela relação jurídica e a partir daí sujeitam-se às normas pré--definidas pelo Estado.

Nessa ótica, o Direito Previdenciário é considerado ramo do Direito Público, pois o vínculo jurídico se dá obrigatoriamente com o Estado.

Registre-se com atenção que a corrente mais moderna, entretanto, rechaça essa divisão dualista do Direito. Fala-se atualmente da existência do chamado Direito Social, que englobaria os ramos trabalhista e previdenciário. Essa posição é sustentada pela maioria dos especialistas do ramo previdenciário.

Page 9: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

104

Há quem defenda que o Direito Previdenciário faz parte do Direito do Trabalho, entretanto este posicionamento é minoritário. A doutrina majoritária prega a autonomia didática do Direito Previdenciário, sendo este considerado ramo próprio de estudo.

Quanto ao surgimento da disciplina previdenciária não há, também, consenso dou-trinário. Parte dos estudiosos afirma ter essa matéria derivado do Direito do Trabalho, sendo que, com a expansão da proteção social, esse ramo do Direito tornar-se-ia cada vez mais complexo, ganhando autonomia didática em relação aos outros ramos do Direito. Outros, ainda, mencionam que o Direito Previdenciário precedeu ao Direito do Trabalho, possuindo, desde sua formação, autonomia.

4.3. FONTES DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Fonte do Direito Previdenciário é todo fato social gerador de normas jurídicas previ-denciárias. Dividem-se em materiais e formais. As primeiras são as fontes potenciais do Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos etc. que influem no surgimento de normas jurídicas.

Já as fontes formais são manifestações do Direito formadoras do próprio Direito Previdenciário, podendo subdividir-se em estatais e não estatais.

São fontes não estatais a doutrina e o costume. Doutrina é o conjunto de produções científicas dos estudiosos da matéria. O costume é a prática reiterada de determinadas condutas, com a convicção de necessidade jurídica (elemento objetivo e subjetivo). Observe que é necessária à configuração do costume a consciência coletiva de que certos atos da comunidade devem servir de parâmetro de comportamento. A prática de emissão de cheque “pré-datado”, por exemplo, realizada, uniformemente, na convicção de se tratar de norma jurídica.

As fontes formais estatais englobam a Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do senado. Englobam, também, decretos regulamentares do poder executivo, instruções ministeriais, circulares, portarias, ordem de serviço e normas individuais.

O esquema seguinte sistematiza essa classificação das fontes:

FONTES

FORMAIS

NÃO ESTATAIS (DOUTRINA E COSTUMES)

ESTATAIS (LEGISLAÇÃO EM SENTIDO AMPLO

MATERIAIS (FATORES SOCIAIS, ECONÔMICOS E POLÍTICOS)

Page 10: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

105

LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

As fontes do direito também são divididas em fontes primárias e secundárias. As fontes primárias são as que poderão inovar no mundo jurídico, desde que respei-tada a Constituição Federal, criando direito e obrigações. São fontes primárias: leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas e medidas provisórias. Já as fontes secundárias não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas regu-lamentar as fontes primárias para o seu fiel cumprimento. São fontes secundárias: decretos, instruções normativas, resoluções, portarias, memorandos, orientações internas e outras.

Já na Jurisprudência, a equidade e os princípios gerais do Direito não constituem fontes, mas apenas formas de integração da ordem jurídica, como veremos, muito embora, registre-se, este não seja um ponto pacífico entre os estudiosos do Direito. Há na doutrina quem considere a jurisprudência espécie de fonte formal estatal.

4.4. HIERARQUIA DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

A hierarquia das normas é a ordem de graduação entre elas, de forma que a su-perior é o fundamento de validade da inferior. Temos assim, no ordenamento jurídico vigente, a seguinte pirâmide normativa:

Normas individuais (contrato, sentença, etc.)

Decretos regulamentares, instruções normativas ministeriais, circulares, portarias e ordem de servi-

ço, orientações internas

Leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções

do Senado

Normas Constitucionais

Anote que, no mesmo patamar, encontram-se as leis complementares e ordinárias, havendo, apenas, para elas quórum diferenciado de aprovação. Também, em relação às delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções do senado o que ocorre é distribuição de competência, situadas no mesmo piso normativo.

Page 11: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

185

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO

Parcela paga de acordo com a legislaçãoSalário de contribuição

Sim Não

Férias indenizadas X

Adicional de 1/3 sobre as férias gozadas X

Adicional de 1/3 sobre as férias indenizadas X

Abono de 20 dias pago no gozo das férias X

“Venda” de 10 dias de férias X

13º salário X

13º salário proporcional pago na rescisão X

13º salário referente à 1/12 do aviso prévio indenizado X

Aposentadorias X

Salário-maternidade X

Auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-família X

Periculosidade e insalubridade X

Horas extras X

Adicional noturno X

Diárias de viagem X

Auxílio-creche ou auxílio-babá X

Aviso prévio gozado X

Aviso prévio indenizado X

Participação nos lucros ou resultados X

Distribuição de lucros e dividendos X

“Pró-labore” dos sócios X

Gratificações de desempenho pagas habitualmente X

Gratificações de desempenho pagas eventualmente X

Prêmios e abonos X

Previdência privada complementar X

Aluguéis, condomínios e demais despesas domésticas X

Vale-transporte X

Vale alimentação ou cesta básica X

Pagamento de 40% do FGTS nas despedidas X

Ajuda de custo pós-reforma trabalhista X

Ajuda de custo para mudança paga em única parcela X

Adicional de transferência X

Adicional por tempo de serviço X

Bolsa de estágios X

Bolsas de estudos X

Adicional de quebra de caixa X

Page 12: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

186

Parcela paga de acordo com a legislaçãoSalário de contribuição

Sim Não

Seguro de vida em grupo X

Plano de educação X

Luvas e bichos pagos ao jogador de futebol X

Complemento de auxílio-doença X

Abono do PIS X

Plano de saúde X

Programa de demissão voluntária X

Comissões e percentagens de venda X

Direitos autorais X

Valores despendidos com ministros de confissão religiosa X

Indenização por Supressão de Intervalo Intrajornada X

Vale-cultura X

Compensação Financeira do PPE X

Bolsa-atleta X

Page 13: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

187

Capítulo 8

Contribuições dos Segurados

8.1. INTRODUÇÃO

Como mencionado no Capítulo 3, a participação dos segurados no custeio previdenci-ário está prevista no art. 195, inciso II, da Constituição Federal, que prevê a contribuição do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social.

Neste capítulo, trataremos da participação dos segurados no sistema. Demonstrare-mos aqui o quanto cada categoria de segurado, especificamente, contribui para o RGPS.

Sabemos quais são os grupos de segurados existentes no sistema: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, avulso, segurado especial e segurado facultativo.

Estudamos também que a base de incidência da contribuição desses segurados é o salário de contribuição, respeitando-se os limites mínimos (piso normativo da categoria ou, na falta deste, salário mínimo) e o máximo (atualmente R$ 5.839,45).

Para solucionarmos, pois, a equação do custeio dos segurados é preciso apenas elucidarmos um questionamento: qual o percentual que deve incidir sobre o salário de contribuição de cada classe de trabalhador?

A fim de facilitar o entendimento para o estudo da participação dos segurados, dividiremos, didaticamente, esses contribuintes em quatro grupos:

1) Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico;

2) Contribuinte individual;

3) Segurado facultativo;

4) Segurado especial.

Unimos três classes de segurados no primeiro grupo, em decorrência da semelhança das alíquotas de contribuição para o RGPS.

8.2. EMPREGADO, TRABALHADOR AVULSO E EMPREGADO DOMÉSTICO

XX Art. 33, § 5º, Lei 8.212/1991

XX Art. 198, Decreto 3.048/1999

XX Art. 216, § 5º, Decreto 3.048/1999

Page 14: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman

188

XX EC 103/2019

Esses trabalhadores contribuem com um percentual sobre os seus salários de con-tribuição, respeitados os limites mínimo e máximo.

As alíquotas de contribuição dos trabalhadores mencionados são progressivas, ou seja, quanto maior o salário de contribuição, mais elevado será o percentual inciden-te. A progressividade das alíquotas está alinhada com os princípios constitucionais da equidade na participação do custeio e da solidariedade do sistema previdenciário.

As contribuições dos segurados empregados, empregados domésticos e trabalhado-res avulsos para o Regime Geral de Previdência Social também foram alvo de alterações na Reforma da Previdência de 2019.

Antes da EC 103/2019, esses trabalhadores contribuíam com um percentual sobre os seus salários de contribuição, respeitados os limites mínimo e máximo.

As alíquotas eram fixadas por faixas de salário de contribuição, reajustadas na mesma época e com os mesmos índices que os benefícios de prestação continuada da Previdência Social (art. 20, Lei 8.212/1991). A Portaria ME 09, de 15/01/2019, efetuou a última alteração, conforme segue:

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e traba-lhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2019

Salário de contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento à Previdência (%)

Até 1.751,81  8,00

De 1.751,82 até 2.919,72  9,00

De 2.919,73 até 5.839,45  11,00

A incidência da alíquota era não cumulativa, ou seja, incidia um único percentual sobre o valor total do salário de contribuição. Essa antiga forma de cálculo é bem mais simples que a cumulativa, que aplica percentuais diferenciados, gradualmente, à cada faixa de remuneração.

O método não cumulativo, entretanto, traz uma curiosidade: o segurado pode ter uma remuneração maior e receber um valor líquido um pouco menor. A seguir, exem-plificamos:

Exemplo:

SeguradoSalário de

contribuição (R$)

Alíquota (%)

Contribuição (R$)

Remuneração líquida

(R$)

Anne 2.910,00 9% 261,90 2.648,10

Yuri 2.920,00 11% 321,20 2.598,80

Page 15: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

341

Capítulo 18

Crimes contra a Seguridade Social

18.1. INTRODUÇÃO

Estudamos, no tópico 15, que as empresas possuem obrigações fiscais perante a Previdência Social, que, quando descumpridas, acarretam penalidades administrativas.

Existem, ainda, outras imposições proibitivas de condutas, que, uma vez desres-peitadas, podem acarretar crime contra a “Seguridade Social”. Tais condutas estavam tipificadas na Lei 8.212/1991 e, a partir de 14 de julho de 2000, foram incorporadas ao Código Penal, pela Lei. 9.983/2000.

Mas quais são os atos ilícitos que constituem crimes contra a seguridade social?

Os crimes e a legislação que tipificam a conduta são:

• Apropriação Indébita Previdenciária – art. 168-A do Código Penal;

• Sonegação Fiscal Previdenciária – art. 337-A do Código Penal;

• Falsificação de Documento Público – art. 297 do Código Penal;

• Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações – art. 313-A do Código Penal;

• Modificação ou Alteração não Autorizada em Sistema de Informações – art. 313-B do Código Penal;

• Divulgação de Informações Sigilosas ou Reservadas – art. 153 do Código Penal;

• Estelionato – art. 171 do Código Penal.

Os dois primeiros da lista, apropriação indébita e sonegação fiscal, são, sem dúvida, os mais cobrados em provas de concursos públicos. O nosso estudo, então, priorizará estes tipos penais, devido às suas particularidades, no que diz respeito à legislação previdenciária.

Em 28/02/2018, o STJ julgou o REsp 1.688.878-SP (Tema 157) fixando a tese de que incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00, a teor do disposto no art. 20 da Lei 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.

Page 16: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

797

Capítulo 30

Sinopse para estudo

DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social foi definida no caput do art. 194 da Constituição Federal como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à saúde, à Previdência e à assistência social”.

Saúde“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.

O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estrangeiros que não residem no País. Até as pessoas ricas podem utilizar o serviço público de saúde, não sendo necessário efetuar quaisquer contribuições para ter direito a este atendimento.

A saúde é administrada pelo SUS, vinculado ao Ministério da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a Previdência Social.

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (art. 199 da CF 88). As instituições privadas poderão participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

É proibida, no entanto, a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

As empresas ou capitais estrangeiros não podem participar da assistência à saúde, salvo nos casos previstos em lei.

Assistência social

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri-buição. Aqui, o requisito básico é a necessidade do assistido.

A assistência social objetiva a proteção à família, maternidade, infância, adolescência e velhice, o amparo às crianças e adolescentes carentes e a promoção e integração ao mercado

Page 17: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

861

Capítulo 31

Questões Comentadas

31.1. HISTÓRICO E LEGISLAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL – CAPÍTULOS 2 E 4

01. CESPE – Analista Legislativo – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados/2014 Com relação à evolução histórica e à organização institucional da Previdência Social, julgue

o item a seguir: Embora a Lei Eloy Chaves, de 1923, seja considerada na doutrina majoritária o marco da

Previdência Social no Brasil, apenas em 1960, com a aprovação da Lei Orgânica da Previ-dência Social, houve a uniformização do regramento de concessão dos benefícios pelos diversos institutos de aposentadoria e pensão então existentes.

RESOLUÇÃO:

Em 1960 foi aprovada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que marca a unificação dos critérios estabelecidos nos diversos IAP’s até então existentes para concessão de be-nefícios dos diversos Institutos, persistindo ainda a estrutura dos IAP’s. Os trabalhadores rurais e os domésticos continuavam excluídos da Previdência Social.

Resposta: Certa

02. CESPE – Analista Legislativo – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados/2014 Com relação à evolução histórica e à organização institucional da Previdência Social, julgue

o item a seguir: A Constituição de Weimar, de 1919, foi o primeiro diploma legal de magnitude constitucional

em que se tratou de tema previdenciário.

RESOLUÇÃO:

Atenção! As primeiras leis previdenciárias surgiram na Alemanha, entretanto a primeira Constituição a tratar do tema foi a Carta Mexicana, de 1917, seguida pela Constituição Alemã de Weimar, em 1919.

Resposta: Errada

03. CESPE – Analista Legislativo – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados/2014 Entre os principais marcos legislativos referentes à seguridade social incluem-se a edição

do Poor Relief Act (Lei dos Pobres), em 1601, na Inglaterra, e a criação do seguro-doença, em 1883, na Alemanha.

RESOLUÇÃO:

A seguridade social, como regime protetivo, surgiu a partir da luta dos trabalhadores por melhores condições de vida. As primeiras normas protetivas editadas tiveram caráter eminentemente assistencial. Em 1601, foi editado na Inglaterra o Poor Relief Act (Lei dos Pobres), que instituiu auxílios e socorros públicos aos necessitados.

Page 18: PRÁTICO de DIREITO PREVIDENCIÁRIO€¦ · Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem todos os princípios são aplicáveis aos seus três

909

Capítulo 32

Súmulas Previdenciárias

32.1. SÚMULAS VINCULANTES – STF8. São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do decreto-Lei 1.569/1977 e os arts. 45 e 46 da Lei

8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admis-sibilidade de recurso administrativo.

28. É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

33. Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.

50. Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

53. A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

32.2. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL217. Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o aposen-

tado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.

219. A indenização acidentaria não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do em-pregador.

230. A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-se do exame pericial que comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade.

235. É competente para a ação de acidente do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda instancia, ainda que seja parte autarquia seguradora.

241. A contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado ao salário.

359. Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários, inclusive a apresentação do requerimento, quando a inatividade for voluntária.

371. Ferroviário, que foi admitido como servidor autárquico, não tem direito a dupla aposentadoria.

372. A Lei 2.752, de 10/04/1956, sobre dupla aposentadoria, aproveita, quando couber, a servidores apo-sentados antes de sua publicação.

382. A vida em comum sob o mesmo teto “more uxorio”, não é indispensável a caracterização do concu-binato.

439. Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.

466. Não é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de firmas individuais como contribuintes obrigatórios da Previdência Social.