prova portugues brasil

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO 020. PROVA OBJETIVA PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA II – LÍNGUA PORTUGUESA Você recebeu sua folha de respostas e este caderno contendo 80 questões objetivas. Confira seu nome e número de inscrição impressos na capa deste caderno e na folha de respostas. Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala. Leia cuidadosamente todas as questões e escolha a resposta que você considera correta. Marque, na folha de respostas, com caneta de tinta azul ou preta, a letra correspondente à alternativa que você escolheu. A duração da prova é de 4 horas, já incluído o tempo para o preenchimento da folha de respostas. Só será permitida a saída definitiva da sala e do prédio após transcorridos 75% do tempo de duração da prova. Ao sair, você entregará ao fiscal a folha de respostas e este caderno, podendo levar apenas o rascunho de gabarito, localizado em sua carteira, para futura conferência. Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas. AGUARDE A ORDEM DO FISCAL PARA ABRIR ESTE CADERNO DE QUESTÕES. 20.10.2013 (manhã)

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Processo seletivo simPlificado

020. PROVA ObjetiVA

Professor de educação Básica ii – língua Portuguesa

� Você recebeu sua folha de respostas e este caderno contendo 80 questões objetivas.

� Confira seu nome e número de inscrição impressos na capa deste caderno e na folha de respostas.

� Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala.

� Leia cuidadosamente todas as questões e escolha a resposta que você considera correta.

� Marque, na folha de respostas, com caneta de tinta azul ou preta, a letra correspondente à alternativa que você escolheu.

� A duração da prova é de 4 horas, já incluído o tempo para o preenchimento da folha de respostas.

� Só será permitida a saída definitiva da sala e do prédio após transcorridos 75% do tempo de duração da prova.

� Ao sair, você entregará ao fiscal a folha de respostas e este caderno, podendo levar apenas o rascunho de gabarito, localizado em sua carteira, para futura conferência.

� Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas.

aguarde a ordem do fiscal Para aBrir este caderno de questões.

20.10.2013 (manhã)

3 SEED1303/020-PEB-II-LínguaPortuguesa-Manhã

Formação Pedagógica

01. Em uma reunião do conselho de escola, alguns profes-sores solicitaram ao diretor da unidade escolar que to-masse medidas mais “enérgicas” com os alunos, a fim de eliminar completamente qualquer forma de conflito entre docentes e discentes. Segundo eles, o conflito é algo ruim e deve ser extirpado.

Analisando o ponto de vista desses professores, é correto afirmar que, segundo Chrispino (2007), eles

(A) têm razão ao propor medidas mais “enérgicas”, des-de que essas medidas estejam amparadas pela legis-lação vigente.

(B) deveriam recorrer a instâncias superiores, a fim de que sua demanda fosse atendida e os alunos fossem disciplinados adequadamente.

(C) poderiam ter explicitado com maior exatidão quais os tipos de medidas cabíveis para a eliminação do conflito na escola.

(D) estão equivocados, pois o conflito é parte integrante da vida e da atividade social, quer contemporânea, quer antiga.

(E) esqueceram-se de mencionar que o conflito é tam-bém a causa de atos violentos, por isso urge sua eli-minação do ambiente escolar.

02. Após ter feito algumas avaliações de uma turma do 8.º ano do ensino fundamental, o professor Adriano che-gou à conclusão de que apenas um de seus alunos não apresentava rendimento escolar satisfatório. Assim, con-cluiu consigo mesmo que o problema certamente estava no próprio aluno, o qual deveria ser transferido para ou-tra unidade escolar a que pudesse se “adaptar” melhor.

Analisando a postura desse professor, no que diz respeito ao fato de ele atribuir unicamente ao aluno a responsabi-lidade por seu “fracasso escolar”, é corretor afirmar que, segundo Vasconcellos (2008), ele comete um equívoco no(a)

(A) Referencial da Avaliação (Referente).

(B) Conteúdo solicitado na Avaliação.

(C) Articulação da Avaliação.

(D) Forma da Avaliação.

(E) Objeto de Avaliação (Referido).

03. Para Libâneo et alii (2003), a cultura organizacional da escola aparece de duas formas: como cultura instituída e como cultura instituinte. Segundo o autor, a cultura

(A) instituinte refere-se à grade curricular, aos horários, às normas disciplinares etc.

(B) instituinte é aquela que os membros da escola criam e recriam, em suas relações e na vivência cotidiana.

(C) instituída refere-se ao regime próprio de produção e gestão de símbolos que a escola desenvolve, bem como seu imaginário.

(D) instituída é aquela imposta, sutilmente, por meio de um processo de massificação decorrente do neolibe-ralismo.

(E) instituinte refere-se às normas legais, à estrutura organizacional definida pelos órgãos oficiais.

04. Em uma determinada escola pública, durante o horário de trabalho pedagógico, os professores, sob orientação do coor denador pedagógico, estudam textos críticos so-bre os documentos legais, em detrimento do estudo dos textos legais e/ou documentos oficiais publicados pelo respectivo sistema de ensino. Nesses estudos, percebe-se uma postura parcial e partidária dos professores ao ana-lisarem a realidade da escola e da comunidade na qual a unidade escolar está inserida.

De acordo com Libâneo et alii (2003), é correto afir-mar que esses professores estudam os textos legais e/ou documentos oficiais a partir de uma abordagem predo-minantemente

(A) ontológica.

(B) legalista e formal.

(C) político-ideológica.

(D) sociológica.

(E) epistemológica.

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07. Em seu tempo livre, a professora Edna costuma se inteirar dos problemas sociais da comunidade na qual reside a maioria de seus alunos. E, em sala de aula, discute com seus alunos questões que dizem respeito à construção coletiva da sociedade e ao exercício de direitos e deveres.

Segundo Rios (2005), essa preocupação da professora Edna caracteriza-se como um trabalho na dimensão

(A) ética.

(B) política.

(C) estética.

(D) técnica.

(E) epistemológica.

08. Para Rios (2005), a “tarefa fundamental da educação, da escola, ao construir, reconstruir e socializar o conhe-cimento, é

(A) formar cidadãos, portanto contribuir para que as pessoas possam atuar criativamente no contexto social de que fazem parte...”

(B) capacitar os educandos para o acesso aos níveis mais elevados da pesquisa e da ciência...”

(C) instrumentalizar o indivíduo com as ferramentas necessárias para a superação dos desafios que se lhe impõem em um mundo globalizado.”

(D) desenvolver a autonomia em seus educandos, de modo que se tornem capazes de ‘aprender a aprender’ ao concluírem seus estudos.”

(E) suprir as necessidades concretas do mercado de tra-balho, garantindo recursos humanos indispensáveis ao crescimento das indústrias.”

09. Saviani (2010) faz menção a um momento na história das ideias pedagógicas no Brasil em que o ensino médio pas-sou a ter “como objetivo a preparação dos profissionais necessários ao desenvolvimento econômico e social do país, de acordo com um diagnóstico da demanda efetiva de mão de obra qualificada”.

Nesse trecho, o autor está referindo-se à pedagogia

(A) behaviorista.

(B) do oprimido.

(C) escolanovista.

(D) tecnicista.

(E) da libertação.

05. Na obra Professores do Brasil: impasses e desafios, há alguns comentários acerca das licenciaturas, analisadas em seu currículo, em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológicas, que respondem pela formação inicial de professores que irão lecionar do 6.º ao 9.º ano do ensino fundamental e no ensino médio. Com relação a esses comentários, analise as seguintes afirmações, classificando-as em V (verdadeira) ou F (falsa).

( ) Predomina nos currículos a formação disciplinar espe-cífica, em detrimento da formação de professores para essas áreas do conhecimento.

( ) Raras instituições especificam em que consistem os estágios e sob que forma de orientação são realizados, se há convênio com escolas das redes, entre outros aspectos.

( ) Saberes relacionados a tecnologias no ensino estão praticamente presentes em todos os cursos.

Assinale a alternativa que, de acordo com essa obra, apresenta a classificação correta das afirmações, de cima para baixo.

(A) V; F; F.

(B) F; V; V.

(C) V; V; F.

(D) F; F; V.

(E) V; V; V.

06. Em relação aos projetos escolares de pesquisa, de acordo com a obra Gestão do Currículo na Escola: Caderno do Gestor, volume 3, é correto afirmar que

(A) o que caracteriza o projeto de pesquisa é a transpo-sição didática de um conteúdo específico, por meio de aulas presenciais, nas quais são apreendidos os principais conceitos do componente curricular em questão.

(B) os projetos incluem apenas duas práticas de ensino--aprendizagem: pesquisas e registros individuais ou em grupos. Não são, portanto, necessários para seu desen-volvimento os estudos dirigidos e as aulas expositivas.

(C) a metodologia de trabalho com projetos escolares praticamente não tem relação com a metodologia da pesquisa científica, pois, diferentemente desta, aquela não exige necessariamente a geração de um produto individual ou coletivo.

(D) a aplicação do projeto, diferentemente do que ocorre com a realização de outras atividades, como a produção de um documentário, não demanda um relatório sobre as ações realizadas nem uma reflexão crítica.

(E) o aluno deverá possuir, para se envolver em um projeto, algum conhecimento prévio sobre o tema proposto e esquemas cognitivos possíveis de serem mobilizados, no decorrer do projeto, proporcionando uma aprendizagem significativa.

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13. Em suas aulas, a professora Bernadete exige de seus alunos que copiem trechos de textos que constam no livro didático que utilizam em sala de aula. Segundo ela, ao copiar, os alunos aprendem a ler e a escrever, memorizando palavras e expressões novas.

Analisando essa prática, é correto afirmar que, segundo Lerner (2002), a professora Bernadete

(A) comete um erro, pois essa prática garante apenas a aprendizagem da escrita.

(B) está certa ao propor a aprendizagem da leitura e da escrita por meio da cópia de textos.

(C) deveria propor essa prática aos professores dos demais componentes curriculares, pois ela é bas-tante eficaz.

(D) está errada, pois essa prática garante apenas a apren-dizagem da leitura.

(E) equivoca-se ao supor que copiar de forma mecânica os textos seja garantia de aprendizagem da leitura e da escrita.

14. Com relação aos conteúdos a que se refere a Matriz de Referência para a Avaliação do SARESP, analise as seguintes afirmações, classificando-as em V (verdadeira) ou F (falsa).

( ) A Matriz faz uma varredura de todas as aprendi-zagens que o currículo possibilita.

( ) A Matriz retrata as estruturas conceituais mais gerais das disciplinas e também as competências mais gerais dos alunos (como sujeitos do conhe-cimento), que se traduzem em habilidades especí-ficas, estas sim responsáveis pelas aprendizagens.

( ) A Matriz representa um recorte dos conteúdos do currículo e também privilegia algumas competências e habilidades a eles associadas.

Assinale a alternativa que, de acordo com esse documento, apresenta a classificação correta das afirmações, de cima para baixo.

(A) V; F; V.

(B) V; V; F.

(C) F; V; F.

(D) F; V; V.

(E) F; F; V.

10. Em uma determinada escola, os alunos são avaliados ao final do ano letivo para que a equipe docente e a equi-pe gestora possam “montar” as turmas do ano seguinte, agrupando os alunos de acordo com seu desempenho. Assim, conseguem organizar turmas com alunos fracos, regulares e com bom desempenho.

Analisando essa prática, pode-se afirmar corretamente que, segundo Hoffmann (2001), esse é um exemplo de

(A) avaliação mediadora, com a qual se objetiva o desen-volvimento integral do aluno.

(B) processo avaliativo construtivo, no qual educadores e educandos mobilizam seus conhecimentos.

(C) equívoco na avaliação, pois não constitui uma expe-riência educativa para os educandos.

(D) sondagem diagnóstica imprescindível para o desen-volvimento pleno dos alunos.

(E) avaliação em seu sentido dialético, que possibilita a troca de experiências.

11. Ao se referir às 10 características de uma situação--problema, Perrenoud (2000) afirma que esta funciona como um “debate científico dentro da classe, estimu-lando os conflitos potenciais”.

Assinale a alternativa que, de acordo com o autor, preenche corretamente a lacuna do texto.

(A) violentos

(B) desestruturantes

(C) psíquicos

(D) sociocognitivos

(E) intrapsíquicos

12. Na escola, de acordo com Lerner (2002), a leitura é antes de qualquer coisa um objeto de ensino. Segundo a autora, para que a leitura se transforme também num objeto de aprendizagem, faz-se necessário que

(A) tenha sentido do ponto de vista do aluno, ou seja, que esteja atrelada à realização de um propósito que o aluno conheça e valorize.

(B) seja ensinada de forma fragmentada, começando por textos mais curtos e fáceis de serem assimilados.

(C) esteja desvinculada da versão não escolar, isto é, que não haja vínculo entre a prática escolar e a prá-tica social da leitura.

(D) sejam adaptados os textos escolhidos para a leitura em sala de aula, de modo que possam atender ao nível de desenvolvimento da turma.

(E) seja feita em voz alta com maior frequência em sala de aula, a fim de que os alunos possam ouvir a si mesmos e aprender melhor.

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18. Durante o conselho de classe e série, os professores de uma determinada escola de ensino fundamental impedi-ram a aluna Isabela de participar, pois, segundo eles, a idade mínima para participar do conselho é de 15 (quinze) anos, e Isabela tem apenas 14.

Conforme o Parecer CEE n.º 67/1998, artigo 21, a atitude dos professores foi

(A) acertada, pois a lei realmente determina a idade mínima de 15 (quinze) anos.

(B) equivocada, pois a lei determina a idade mínima de 14 (catorze) anos.

(C) correta, pois os alunos não podem participar, seja qual for sua idade.

(D) incorreta, pois a participação dos alunos independe de sua idade.

(E) rigorosa, pois, embora a lei determine a idade mí-nima de 15 (quinze) anos, um pouco de bom senso resolveria o conflito.

19. Ao término do 9.º ano do ensino fundamental, o aluno Rafael apresentou resultado insatisfatório em dois compo-nentes curriculares.

Segundo o artigo 8.º da Resolução SE n.º 02/2012, ele

(A) pode ser promovido em regime de progressão parcial.

(B) deve cursar novamente o 9.º ano do ensino funda-mental.

(C) pode cursar a 1.ª série do ensino médio, sendo dispensado de frequentar as disciplinas com defa-sagem de aprendizagem.

(D) deve fazer novos exames com os conteúdos das disciplinas com defasagem de aprendizagem.

(E) pode ser reprovado e ter de cursar novamente todas as disciplinas do 9.º ano do ensino fundamental.

20. O professor André, docente titular de cargo em uma escola da rede pública estadual, deseja ampliar sua jornada de trabalho com as classes e as aulas de recu-peração intensiva.

Segundo a Resolução SE n.º 02/2012, artigo 10, isso

(A) pode ser feito depois que essas classes e aulas forem oferecidas aos professores auxiliares.

(B) não pode ser feito, pois essas classes e aulas devem ser atribuídas apenas aos ocupantes de função-atividade.

(C) é possível, desde que não haja docente ocupante de função-atividade interessado por elas.

(D) não pode ser feito, pois tais classes e aulas são geral-mente oferecidas no contraturno.

(E) é perfeitamente possível, observadas as regras do processo regular de atribuição de classes e aulas.

15. Na concepção construtivista da aprendizagem e do ensino, segundo Coll et alii (2006), a escola

(A) preocupa-se unicamente com o desenvolvimento cognitivo dos educandos, daí o trabalho com as com-petências cognitivas.

(B) contribui para o desenvolvimento global dos edu-candos, incluindo as capacidades de equilíbrio pessoal e de inserção social.

(C) desconsidera o caráter social e socializador que alguns teóricos procuram impor a ela, passando a preocupar-se com a instrução dos alunos.

(D) enfatiza o caráter ativo da aprendizagem, aceitando que esta é fruto de uma construção na qual intervém apenas o sujeito que aprende.

(E) contrapõe a aprendizagem ao desenvolvimento, tendo ciência de que é preciso primeiramente que a criança amadureça para que possa aprender.

16. Após um longo período de acompanhamento, ficou comprovado que Ruy, aluno do 9.º ano, em função de suas deficiências, não pode atingir o nível exigido para concluir o ensino fundamental. Diante dessa situação, de acordo com a Lei n.º 9.394/1996, artigo 59, o sistema de ensino deve garantir a ele

(A) aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar.

(B) terminalidade específica de estudos.

(C) aulas de recuperação paralela.

(D) professor auxiliar para recuperação intensiva.

(E) transferência para uma escola especializada.

17. O aluno Walter, adolescente regularmente matriculado no 6.º ano do ensino fundamental de uma determinada escola, apresenta quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.

Segundo a Lei n.º 9.394/1996, artigo 12, compete ao estabelecimento de ensino notificar esse e os demais casos semelhantes

(A) ao Conselho de Pais e Mestres, aos líderes da comuni-dade e à Diretoria de Ensino.

(B) à Diretoria de Ensino, ao Conselho Tutelar do Muni-cípio e ao Conselho Estadual de Educação.

(C) ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz compe-tente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público.

(D) aos pais ou responsáveis, à Diretoria de Ensino e ao respectivo representante do Ministério Público.

(E) ao Supervisor da Unidade Escolar, ao Conselho Tutelar do Município e ao Conselho Estadual de Educação.

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23. Levando em conta as condições de produção do discurso, fica evidente que a fala da personagem recupera traços da oralidade. Desta, uma característica flagrante é

(A) o uso de termos para os quais não é possível estabe-lecer uma referência: gente.

(B) a formulação do pensamento na forma de uma pergunta retórica.

(C) a utilização de adjetivo arcaico com sentido pejo-rativo: gringo.

(D) a seleção lexical, com termos pouco precisos, como tratar.

(E) o emprego da expressão né como forma de marcar a interlocução.

24. Segundo Noll (2008), “no sentido impessoal, existencial, o português brasileiro usa preponderantemente o verbo ter, em contraste com o português europeu”.

O uso do verbo ter referido pelo autor está exemplifi-cado em:

(A) Comparados aos Stones, os Beatles, que tinham nas-cido pouco antes, eram rapazes de família, com seus terninhos sem gola, gravatas com prendedor e bo-tinhas engraxadas. (Folha de S.Paulo, 02.08.2013)

(B) Uma fã de primeira hora de Mick Jagger teria, digamos, 20 anos em 1963. Isso foi há 50 anos, com o que, hoje, ela terá 70. (Folha de S.Paulo, 02.08.2013)

(C) A lista de despesas que temos num restaurante que paga o que tem de pagar e faz o que tem fazer “comme il faut” é interminável. (Folha de S.Paulo, 03.08.2013. Adaptado)

(D) O professor tem razão quanto ao fato de que peque-nos agrupamentos ultramobilizados são capazes de ocupar a cena com ações de impacto, mesmo ten-do representatividade próxima a zero. (Folha de S.Paulo, 03.08.2013)

(E) Um ex-pesquisador suíço com conhecimento de causa afirma que, nesse dia, teve 560 000 pessoas na praia de Copacabana, margem de 30 000 para mais ou para menos. (Folha de S.Paulo, 04.08.2013. Adaptado)

Formação esPecíFica

Leia a charge para responder às questões de números 21 a 23.

EM VEZ DE TRAZERMÉDICOS GRINGOS,

PODIAM MANDARA GENTE SE TRATAR

NA EUROPA, NÉ?

(www.chargeonline.com.br)

21. Segundo Kleiman (2008), a construção do sentido do texto por parte do leitor decorre da interação de diver-sos níveis de conhecimento, tais como o linguístico, o textual e o de mundo. Em relação à charge, este último implica reconhecer as personagens como

(A) pacientes de um hospital com recursos de última geração que prefeririam tratar-se na Europa.

(B) pessoas de uma mesma família que estão discutindo a qualidade da saúde pública no Brasil e na Europa.

(C) agentes da saúde pública de hospital privado que estão criticando a implantação de um programa nessa área.

(D) pacientes de um hospital brasileiro que estão dis-cutindo um programa oficial para a área da saúde pública.

(E) pacientes de um hospital público que não veem dife-rença entre os hospitais brasileiros e os estrangeiros.

22. Koch (2008) observa que, no caso da anáfora associativa semântica, é preciso extrair o referente da forma refe-rencial de modelos armazenados na memória, ou seja, “de conhecimentos que constituem nosso ‘horizonte de consciência’”. Dessa forma, a elipse de sujeito na locu-ção verbal “podiam mandar” é preenchida por

(A) nossos governantes.

(B) nossos familiares.

(C) nossos planos de saúde.

(D) nossos amigos.

(E) nossos enfermeiros.

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Talvez pudéssemos explorar melhor essa faceta de nossas mentes. É possível que, associando desde cedo drogas a valores negativos, consigamos reduzir os casos de dependência sem necessidade de criar custosas e ineficazes máquinas repressivas. Minha impressão é a de que algo assim já está acontecendo com o fumo, que vem perdendo adeptos desde que o “Zeitgeist” lhe atribuiu uma carga moral negativa.

(Hélio Schwartsman, O cérebro farsante. Folha de S.Paulo, 04.08.2013)

Zeitgeist: espírito do tempo intelectual e cultural do mundo

26. O autor inicia o texto referindo-se à nova legislação australiana para os maços de cigarro. Em seguida, refere-se à queixa dos fumantes quanto ao sabor dos cigarros. Mais adiante, usa o exemplo da visão, com a intenção de estabelecer

(A) uma oposição entre o que se vê e o que se degusta, mostrando que a imagem não altera o paladar.

(B) um contraponto com a ideia de que, na verdade, não é possível driblar o cérebro, fugidio aos enganos.

(C) um paralelo entre dois sentidos humanos, para refor-çar a ideia de que, na verdade, não existe o paladar.

(D) uma analogia com o paladar e confirmar a ideia de que o cérebro humano é um grande farsante.

(E) uma comparação entre os diferentes sentidos, con-cluindo que deles, o que se deixa manipular é a visão.

27. Com base em Koch (2008), é correto afirmar que a cons-trução da coerência global do texto está relacionada à ideia de que a mente humana

(A) pode ser mais bem aproveitada para minimizar os problemas das drogas.

(B) precisa ser mais explorada para deixar de ser enga-nada economicamente.

(C) deve empregar melhor sua capacidade para acabar com o vício do cigarro.

(D) pode estar sendo usada além do seu limite, o que leva as pessoas aos vícios.

(E) precisa ser mais bem utilizada na infância, já que no adulto ela não se altera.

28. No período – Como nada foi alterado no processo de fabricação dos cigarros, a resposta para a sensação dos fumantes só pode estar na psicologia. –, a primeira oração expressa, no contexto, ideia de

(A) modo.

(B) causa.

(C) condição.

(D) comparação.

(E) conformidade.

25. Com base em Massaud Moisés (2009), em relação à poesia barroca, é correto afirmar que

(A) consistia numa concepção de arte baseada na imi-tação dos clássicos gregos e latinos, considerados modelos de suma perfeição estética.

(B) pautava-se pelo elogio da vida simples, sobretudo em face da Natureza, no culto permanente das virtudes morais.

(C) valia pelo caráter lúdico, pelo divertimento verbal, expresso no malabarismo das imagens e das corre-lações sintáticas, com ênfase nos aspectos formais.

(D) esteve entranhada numa velha tradição, do que resultou apenas frutos de mediano sabor, já que persistiu o rigorismo clássico, de que raros autores conseguiram subtrair-se.

(E) foram abandonadas as preocupações teológicas e metafísicas por serem consideradas subjetivas, egocêntricas, aderindo-se à ciência como forma de conhecimento objetivo da realidade.

Leia o texto para responder às questões de números 26 a 31.

O cérebro farsante

SÃO PAULO – Deu no “New York Times” que, depois que a Austrália implementou uma nova legislação que tornou os maços de cigarros mais repulsivos, com fotos explícitas das moléstias provocadas pelo tabagismo, fumantes começaram a queixar-se de que o sabor de seus cilindros tóxicos mudara para pior.

Como nada foi alterado no processo de fabricação dos cigarros, a resposta para a sensação dos fumantes só pode estar na psicologia.

Nosso cérebro, apesar da aparência de seriedade, é um grande farsante. Sobretudo nas faixas que operam abaixo do radar da consciência, que correspondem a algo como 98% dos processos, ele preenche os espaços para os quais não há informação com invencionices. Isso vale para tudo. Um caso emblemático é a visão. As “imagens” que chegam da retina não passam de um borrão desfocado com um grande buraco no meio. As áreas corticais destinadas à visão, valendo-se principalmente de nossa experiência passada, é que vão pacientemente reconstruindo tudo de modo a criar uma interpretação coerente para o que vemos.

As coisas não são diferentes com o gosto. Ao contrário até, por ser um sentido relativamente pobre, está sujeito a todo tipo de interferência olfativa, tátil e se deixa facilmente levar pelo contexto. Uma boa apresentação e um serviço eficiente melhoram o gosto da comida servida no restaurante. Psicólogos já provaram que um vinho ordinário de R$ 20 fica bem mais saboroso quando etiquetado como uma garrafa de R$ 90.

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31. O vocabulário de um texto está relacionado à constitui-ção da língua e à sua representação simbólica, nas quais os sentidos se estabelecem. Dessa forma, entende-se que, na oração “Deu no “New York Times”, o verbo “dar” assume o sentido de

(A) reportar.

(B) noticiar.

(C) consignar.

(D) conceder.

(E) convencer.

32. Leia a charge.

ESCREVER É TÃOCOMPLICADO QUE, ÀS

VEZES, VOCÊ TROMBA COMO TAL DE ANACOLUTO...

(Gazeta do Povo, 29.10.2012)

Com base em Nilce Sant’Anna Martins (2008), a situação linguística a que a personagem se refere é exemplificada com o enunciado:

(A) Daí, caminhou-se primeiro até de costas, fugiu-se, entrou outra vez no mato. (Guimarães Rosa)

(B) Que horror dos horrorosos horrores! estou com a cara no chão... (Mário de Andrade)

(C) A passada injúria a vossos conselheiros a atribuí sempre, que não a vós. (Alexandre Herculano)

(D) D. Mundinha, criados os filhos, sozinha em casa com o seu velho, davam-lhe nostalgias da materni-dade, de crianças pequenas. (Rachel de Queiroz)

(E) Sara aceitava com opressivo silêncio estas delibera-ções e não ousava perguntar a Jorge qual seria o seu destino dela. (Camilo Castelo Branco)

29. Tomado como objeto de ensino, o texto do articulista da Folha, na perspectiva de Schneuwly & Dolz (2004), é levado para leitura em sala de aula, enfatizando-se que ele se organiza na capacidade de linguagem do

(A) narrar, pois existe a mimese da ação por meio da criação de intriga, decorrente da reação do cére-bro das pessoas à nova legislação para os maços de cigarro na Austrália.

(B) relatar, pois o autor representa em seu discurso a experiência pessoal vivida, tendo por base fato da vida das pessoas da Austrália com a nova legisla-ção para os maços de cigarro.

(C) argumentar, pois o autor sustenta seu ponto de vista categoricamente contrário ao uso do cigarro, pejora-tivamente “cilindro tóxico”, aprovando a legislação da Austrália.

(D) expor, pois se apresenta, transmite e constrói-se o saber a respeito do uso de cigarros, com a reação do cérebro das pessoas à nova legislação para maços de cigarro na Austrália.

(E) descrever ações, pois existe a intenção clara do autor de regular o comportamento do leitor, para que este também aprove a nova legislação para maços de cigarro na Austrália.

30. Assinale a alternativa em que a reescrita do texto implica alteração do sentido original.

(A) Deu no “New York Times” que, depois que a Austrália...= No “New York Times” deu que, depois que a Austrália...

(B) ... com fotos explícitas das moléstias provocadas pelo tabagismo...= com fotos explícitas das moléstias que o tabagismo provoca...

(C) Nosso cérebro, apesar da aparência de seriedade, é um grande farsante.= Nosso cérebro, apesar da aparente seriedade, é um grande farsante.

(D) ... que correspondem a algo como 98% dos processos...= ... que correspondem a aproximadamente 98% dos processos...

(E) As “imagens” que chegam da retina não passam de um borrão desfocado...= As “imagens” que chegam à retina não passam de um borrão desfocado...

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36. Alfredo Bosi observa que, ao lado da entrega lírica às matrizes pré-conscientes da linguagem, no “Prefácio” de Pauliceia Desvairada, Mário de Andrade rompe os moldes pseudoclássicos da arte acadêmica. Nesse sentido, o trecho transcrito do “Prefácio”

(A) abala os alicerces da tradição artística, a saber, o “bom senso” e a imitação da natureza.

(B) condena a expressão que não se atenha a um modelo previamente elaborado.

(C) sugere a ressignificação do belo, destituindo-o de traços da subjetividade do artista.

(D) recupera, ainda que de forma não explícita, valores da cultura clássica.

(E) reafirma que o papel da arte é expressar a natureza, harmonizando-a com o belo natural.

37. Tomado como objeto de estudo no Ensino Médio, o texto de Mário de Andrade está adequadamente previsto na

(A) 1.ª série, relacionado a “Comunicações e relações sociais”.

(B) 2.ª série, relacionado a “Valores e atitudes cultu-rais no texto literário”.

(C) 3.ª série, relacionado a “A literatura e a construção da modernidade e do moderno”.

(D) 2.ª série, relacionado a “Jornalismo, literatura e mídia”.

(E) 3.ª série, relacionado a “Trabalho, linguagem e realidade brasileira”.

Leia o texto para responder às questões de números 38 e 39.

O conhecimento tomado como instrumento, mobiliza-do em competências, reforça o sentido cultural da aprendi-zagem. Tomado como valor de conteúdo lúdico, de caráter ético ou de fruição estética, numa escola com vida cultural ativa, o conhecimento torna-se um prazer que pode ser apren-dido, ao se aprender a aprender.

(Proposta Curricular do Estado de São Paulo, 2008)

Leia o texto para responder às questões de números 33 a 35.

Olinda ninguém mora (Ø)... ninguém diz é lá que eu moro... não... diz é lá que eu pernoito (NURC/REC – D2 05:1094-1096)

(Koch, 2008)

33. No texto falado transcrito, tem-se como tema a expressão

(A) Olinda.

(B) ninguém.

(C) mora.

(D) lá.

(E) eu.

34. Com base em Marcuschi (2007), o texto retextualizado assume a seguinte redação:

(A) Olinda: ninguém pernoita ou mora.

(B) Ninguém mora em Olinda. Ninguém diz que mora em Olinda. Ninguém diz que pernoita em Olinda.

(C) Ninguém diz que mora em Olinda, mas que per-noita lá.

(D) É em Olinda que ninguém diz que mora lá ou per-noita lá, em Olinda.

(E) Em Olinda ninguém diz que mora lá ou que per-noita lá.

35. O termo “lá” é exemplo de retomada textual por

(A) pronome.

(B) advérbio.

(C) adjetivo.

(D) substantivo.

(E) verbo.

Leia o texto para responder às questões de números 36 e 37.

Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora consciente (Rafael das Madonas, Rodin do Balzac, Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Brás Cubas), ora inconscientemente (a grande maioria) foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será um tanto mais artístico, tanto mais subje-tivo, quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me importa.

(Mário de Andrade, apud Bosi, 2006)

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Para responder às questões de números 41 a 44, leia o cordel de Zé da Luz.

Ai! Se sêsse!...

Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dois se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulice? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?... Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge tôdas fugisse!!!

(Academia Brasileira de Literatura de Cordel, www.ablc.com.br)

41. Para o trabalho com gêneros textuais, torna-se necessário compreender tanto as características estruturais de deter-minado texto (ou seja, como ele é organizado) como as condições sociais de produção e recepção, para refletir sobre sua adequação e funcionalidade.

(Proposta Curricular do Estado de São Paulo, 2008)

Considerando a Proposta Curricular, justifica-se a in-clusão do gênero cordel no ensino de língua portuguesa como forma de

(A) priorizar a verdadeira língua brasileira, falada pela maioria dos habitantes, a qual, quase sempre, está fora da escola.

(B) legitimar os usos não padrão da língua, dando-se prioridade a esse tipo de registro linguístico nas aulas.

(C) encaminhar discussões sobre variação linguística, ressaltando-se o valor e a elegância da norma culta.

(D) dar espaço à cultura popular, ainda que ela careça de qualidade linguística e aborde precariamente os temas.

(E) valorizar a expressão literária popular, estabelecendo, quando possível, diálogos com os cânones literários.

38. Em uma escola, os professores organizaram as ativida-des de produção textual alinhando-as aos pressupostos da Proposta Curricular. Para eles, então, a produção textual(A) precisa contemplar, obrigatoriamente, textos literá-

rios de autores consagrados, a serem tomados como modelo de língua.

(B) compõe, juntamente com a descrição da língua, o eixo da expressão linguística, devendo configurar--se em norma-padrão.

(C) corresponde a um exercício de importância secun-dária, pois o ensino de português deve priorizar a descrição gramatical.

(D) está relacionada aos usos sociais da língua, em situa-ções significativas e com interlocutores definidos.

(E) é uma atividade livre, podendo o aluno escrever o que tiver vontade, usando a expressão linguística que lhe convier.

39. Nessa mesma escola, os professores resolveram garantir o aspecto de fruição estética do conhecimento em lite-ratura. Tendo por base a Proposta Curricular, isso foi adequadamente proposto com(A) a leitura de um resumo de uma obra literária, a vista

de um programa de humor na televisão, a escrita e correção das falas das personagens.

(B) a leitura de uma obra literária, o preenchimento de uma ficha de leitura, a correção do material e os comentá-rios do professor sobre as respostas dos alunos.

(C) a ida ao teatro para assistir a uma adaptação de uma obra literária, a busca na internet pelo resumo dessa obra, a elaboração de um resumo para o professor.

(D) a escrita de uma peça teatral pelos alunos, a corre-ção do texto pelo professor, a reescrita do texto pelos alunos.

(E) a leitura de uma obra literária, a ida ao teatro para ver a adaptação dessa obra em outra linguagem, o debate na escola sobre a produção de sentido no livro e na peça.

40. Ao se desenvolverem projetos de leitura na escola, é re-levante definir estratégias para garantir habilidades em vários níveis de compreensão. De acordo com Colomer e Camps (2002), a leitura é um processo no qual se busca entender o texto. Nesse processo, o significado corres-ponde(A) à soma dos significados implícitos das palavras e

frases que compõem o texto.(B) à relação entre o texto e o leitor, com seus conheci-

mentos prévios.(C) aos sentidos literais propostos pelo autor e ativados

pelo leitor.(D) ao sentido básico do texto, sem as inferências feitas

pelo leitor.(E) à relação entre palavras e sentido único do texto

para todos os leitores.

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Leia o texto para responder às questões de números 45 e 46.

Estas considerações mostram por que não há no Brasil literatura verdadeiramente requintada no sentido favorável da palavra, inacessível aos públicos disponíveis. A literatura considerada de elite na tradição ocidental, sendo hermética em relação ao leitor de cultura mediana, exprime quase sempre a autoconsciência extrema de um grupo, reagindo à opinião cristalizada da maioria, que se tornou pesada e sufocadora. Entre nós, nunca tendo havido consolidação da opinião literária, o grupo literário nunca se especializou a ponto de diferenciar-se demasiadamente do teor comum de vida e de opinião. Quase sempre produziu literatura como a produziriam leigos inteligentes, pois quase sempre a sua atividade se elaborou à margem de outras, com as quais a sociedade o retribuía. Papel social reconhecido ao escritor, mas pouca remuneração para o seu exercício específico; público receptivo, mas restrito e pouco refinado. Consequência: literatura acessível, mas pouco difundida; consciência grupal do artista, mas pouco refinamento artesanal.

(Antonio Candido, 2010)

45. Para Antonio Candido, a literatura na tradição ocidental

(A) reforça o teor comum de vida e de opinião.

(B) é acessível ao grande público e por ele admirada.

(C) ganha força com a especialização dos grupos lite-rários.

(D) é de difícil compreensão para o leitor de cultura mediana.

(E) é fruto da consolidação da opinião literária.

42. A graça do título do cordel decorre

(A) da utilização de uma conjunção condicional no lugar de uma temporal.

(B) do emprego de um neologismo bastante sonoro, mas sem sentido.

(C) da sonoridade decorrente da percepção de “ser” como verbo regular.

(D) do enunciado em forma de hipótese, com o verbo “ser” no futuro do pretérito.

(E) da ambivalência semântica assumida pelo verbo “ser”, em razão da conjunção.

43. Observe os versos:

– Se juntinho nós dois vivesse!

– Se juntinho nós dois drumisse;

– e o céu furado arriasse.

Nas palavras em destaque, a variação linguística mani-festa-se, respectivamente,

(A) na morfologia, na fonética e no léxico.

(B) no léxico, na sintaxe e na fonética.

(C) na fonética, na fonética e no léxico.

(D) no léxico, na morfologia e na fonética.

(E) na fonética, no léxico e na morfologia.

44. No cordel de Zé da Luz, predomina

(A) a preferência pelas formas do português padrão.

(B) a recorrência aos traços da oralidade.

(C) o distanciamento da linguagem cotidiana.

(D) a limitação de uso de traços da fala.

(E) a formulação técnica e objetiva da linguagem.

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48. Em uma escola, os professores organizaram as atividades de produção textual escrita da seguinte forma: 1. Apresentação do projeto de produção de determinado gênero textual, proposto de maneira bastante explícita aos alunos, para o qual há preparação dos conteúdos a serem produzidos, considerada a sua importância; 2. Elaboração da primeira produção; 3. Constituição de módulos contemplando várias atividades ou exercícios; e 4. Produção final. De acordo com Schneuwly & Dolz (2004), essas atividades correspondem ao trabalho com

(A) os exercícios estruturais, cujo fundamento está na descrição do sistema da língua.

(B) a interdisciplinaridade, cujo diálogo com outras disciplinas enriquece o ensino.

(C) a sequência didática, cujo caráter modular permite uma diferenciação do ensino.

(D) a liberdade de criação, cujo foco é a escolha de gênero do cotidiano para o ensino.

(E) as tipologias textuais, cujo enfoque são as marcas linguísticas de cada gênero.

49. Somos herdeiros de um longo processo acumulativo que constantemente se amplia e renova sem anular a sua história, refletindo, dessa forma, o conhecimento e a experiência adquiridos pelas gerações anteriores. É a manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural que possibilita as inovações e as invenções humanas e o contínuo caminhar da sociedade.

(Proposta Curricular do Estado de São Paulo, 2008)

Considerando-se as condições de produção do discurso, atividades que permitem a manipulação criativa da lingua-gem verbal no campo artístico envolvem, por exemplo, os textos

(A) poéticos e publicitários.

(B) científicos e acadêmicos.

(C) jurídicos e jornalísticos.

(D) religiosos e empresariais.

(E) políticos e escolares.

46. No ensino de literatura, um dos entraves a uma leitura plena dos autores clássicos reside na linguagem destes, já relativamente distante dos padrões de leitura mediana do jovem contemporâneo.

Com base nessas considerações, é correto afirmar que os versos:

De onde ela vem?! De que matéria brutaVem essa luz que sobre as nebulosas Cai de incógnitas criptas misteriosasComo as estalactites duma gruta?!Vem da psicogenética e alta lutaDo feixe de moléculas nervosas,Que, em desintegrações maravilhosas,Delibera, e depois, quer e executa!Vem do encéfalo absconso que a constringe,Chega em seguida às cordas do laringe,Tísica, tênue, mínima, raquítica...Quebra a força centrípeta que a amarra,Mas, de repente, e quase morta, esbarraNo mulambo da língua paralítica.

(Augusto dos Anjos)

exemplificam

(A) leitura para um público pouco refinado.

(B) literatura acessível e bem aceita pelos jovens.

(C) poesia popular para a sociedade em geral.

(D) texto poético de difícel leitura para os jovens.

(E) compreensão refinada já no ensino fundamental.

47. Analise os quadrinhos.

(Gazeta do Povo, 07.07.2011)

Se o conteúdo da história for transposto para a linguagem verbal, a intencionalidade da tira, que deverá ser contem-plada pelas palavras, conterá termos no campo semântico

(A) do ódio.

(B) do humor.

(C) do tédio.

(D) da pressa.

(E) do medo.

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Para responder às questões de números 51 e 52, tome como referência o trecho de Antonio Candido.

O escritor, numa determinada sociedade, é não apenas o indivíduo capaz de exprimir a sua originalidade, (que o deli-mita e especifica entre todos), mas alguém desempenhando um papel social, ocupando uma posição relativa ao seu grupo profissional e correspondendo a certas expectativas dos leito-res ou auditores. A matéria e a forma da sua obra dependerão em parte da tensão entre as veleidades profundas e a conso-nância ao meio, caracterizando um diálogo mais ou menos vivo entre criador e público.

(Literatura e Sociedade)

51. Pode-se afirmar que os versos do poeta barroco Gregório de Matos:

A cada canto um grande conselheiroQue nos quer governar cabana e vinhaNão sabem governar sua cozinha,E podem governar o mundo inteiro.

ilustram o trecho de Antonio Candido, porque neles o poeta

(A) constrói material artístico com a finalidade de contro-lar manifestações contrárias à ordem estabelecida.

(B) toma a poesia como produto de indivíduos capazes de expressar livremente seu modo de ser.

(C) pactua com o contexto social com o intuito de gran-jear prestígio e reconhecimento públicos.

(D) expressa-se de forma inusitada e procura documentar criticamente a estrutura social.

(E) enfatiza a postura do escritor na sociedade, da qual se aparta para produzir literatura.

50. Leia a tira.

CLASSICOS DA

LITERATURA

COMECEI A PERCEBERQUE MEU FILHO PARECIA

COM O BENTINHO

TINHA OS OLHOS,O NARIZ,

A ORELHA DELE...

E A MESMA OPINIÃOA MEU RESPEITO.MIAU!

(www.custodio.net)

Na história, há um diálogo intertextual explícito com a seguinte obra de Machado de Assis:

(A) Esaú e Jacó, na qual se conta a vida de dois irmãos, Pedro e Paulo, que disputam o amor de Flora. Na releitura, assim como na obra, o bebê constitui o fim dos conflitos entre os irmãos.

(B) Memórias Póstumas de Brás Cubas, na qual o nar-rador defunto relembra a traição de Marcela. Na releitura, assim como na obra, a ideia de traição se reforça com o comportamento do filho.

(C) Quincas Borba, na qual Rubião conhece Cristiano e sua esposa Sofia, apaixonando-se por esta. Na releitura, assim como na obra, o nascimento do bebê sugere o fim do triângulo amoroso.

(D) Helena, na qual o narrador se envolve com a prota-gonista da história, sendo que esta, ao final, morre. Na releitura, assim como na obra, a chegada do bebê compensa a ausência da amada.

(E) Dom Casmurro, na qual o narrador suspeita ter sido traído pela esposa com seu melhor amigo. Na relei-tura, assim como na obra, a ideia de traição aparece na dúvida sobre a paternidade da criança.

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55. Em uma aula sobre o estilo barroco na literatura, o pro-fessor apresentará aos alunos a reprodução da pintura de Rembrandt,

(www.google.com.br)

concebida com a técnica do claro-escuro, isto é, fusão de contrários, procedimento adotado também em textos literários, já que, naquele momento,

(A) as artes plásticas, em especial a arquitetura, privi-legiaram os artifícios geométricos, as construções lineares, a clareza das linhas, atributos encampados pela literatura.

(B) os artistas deixaram-se influenciar pelo espírito con-flitivo da época, em estado permanente de tensão, e procuravam uma síntese entre forças antagônicas.

(C) as manifestações artísticas, que contavam com o apoio da burguesia, perderam o ímpeto criador, em função do declínio econômico dos patrocinadores da arte.

(D) a preferência por estilos rebuscados decorreu de um impasse entre as verdades consolidadas, de cunho religioso, e o início de movimentos iconoclastas.

(E) as estéticas inovadoras contradiziam-se, e os artistas desarmonizaram-se quanto ao propósito de representar criticamente a realidade.

Leia as estrofes de Gregório de Matos, para responder às questões de números 52 a 54.

Goza, goza da flor da mocidadeQue o tempo trata a toda ligeirezaE imprime em toda flor sua pisada.

Oh não aguardes que a madura idadeTe converta essa flor, essa belezaEm terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

52. A expressão “veleidades profundas”, mencionada por An-tonio Candido, pode ser entendida como o conjunto das vontades, das idiossincrasias e das tendências do escritor.

É correto afirmar que Gregório de Matos expressa essas veleidades com a ideia de que

(A) a fugacidade do tempo é irreversível, razão pela qual se deve aproveitá-lo intensamente.

(B) a decadência natural dos seres nivela a existência de todos.

(C) a razão impõe-se aos sentimentos e aos prazeres, por isso a regra é viver comedidamente.

(D) as idades cronológicas se sucedem, mas só na maturi-dade é possível a compreensão da vida.

(E) o desencanto com o mundo começa na juventude e vai se estendendo por todas as idades.

53. Ao apontar aos alunos as características literárias dos textos, o professor afirmará que em – E imprime em toda flor sua pisada. – há ocorrência de linguagem literária porque

(A) os termos expressam referência ao mundo vegetal.

(B) o emprego de palavras abstratas mobiliza os sentidos.

(C) a análise do verso remete a uma dimensão mística.

(D) os significantes revelam emprego da conotação.

(E) a forma prevalece sobre a organização das ideias.

54. No verso – Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. –, observa-se emprego de

(A) elementos da natureza tomados como símbolos da interioridade psíquica do eu-lírico.

(B) seleção lexical em sequência gradativa, expressão de uma metamorfose contínua do mundo.

(C) palavras que refletem a cosmovisão do escritor, ou seja, fuga à problemática humana.

(D) termos ilustrativos de uma realidade imutável à qual os seres humanos devem se submeter.

(E) jogo antitético de ideias para traduzir as angústias de uma existência sem perspectivas.

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Considere o trecho da crônica de Rubem Braga, extraída de A traição das elegantes, para responder às questões de nú-meros 58 a 66.

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E en-tão a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história;

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o mari-do bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresis-tível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!” . E que assim todos tratassem melhor seus emprega-dos, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontâ-nea homenagem à minha história.

(...)E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu

inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doen-te e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

58. Pode-se afirmar que a crônica de Braga traduz-se em uma atividade estética, segundo Bakthin, porque nela

(A) o autor dispõe-se a um pacto fraterno com as pes-soas de seu convívio: o compromisso de retratá-las fielmente.

(B) as personagens criadas prendem-se aos modelos reais e não se apresentam como produtos de uma ficção.

(C) o narrador permanece preso às contingências do meio, que não possibilitam um investimento estético.

(D) a infância, referência do escritor, funciona como um canal que orienta a representação estética da realidade.

(E) o narrador manifesta uma intenção: a de reconfi-gurar uma experiência vivida, a partir dos compo-nentes de sua interioridade.

Considere o trecho de Mikhail Bakhtin para responder às questões de números 56 a 58.

O primeiro momento da atividade estética é a vivência: eu tenho de viver (ver e conhecer) aquilo que está vivendo o outro, tenho de me colocar no seu lugar, como se coincidisse com ele (...) Devo assumir o horizonte vital dessa pessoa tal como ela o vive; dentro desse horizonte, contudo há lacunas que só são visíveis do meu lugar.

A atividade estética começa quando regressamos até nós mesmos e a nosso lugar, fora da pessoa, quando estruturamos e concluímos o material da vivência.

(Estética da criação verbal)

56. De acordo com o trecho, conclui-se que

(A) a atividade estética pressupõe o cruzamento de fatores sociais, psicológicos e culturais, mas pre-valecem sobre eles as emoções do escritor.

(B) a arte, sendo um trabalho que deve primar pela originalidade e pelo ineditismo, tem de manter o artista distante da realidade.

(C) o campo receptivo do público determina os ele-mentos selecionados pelo escritor, mas este assu-me o compromisso de alinhar-se à tradição.

(D) o ambiente em que vive o escritor nem sempre lhe fa-culta as condições necessárias para a criação de uma obra autêntica, singular, de alto valor estético.

(E) o encontro do escritor com o mundo e a sensibilidade ativada por esse contato são necessários para a cons-trução do material estético da obra.

57. Se o professor tomar como parâmetro as ideias de Bakhtin, para comentar o compromisso do escritor com o contexto em que vive, poderá ilustrá-las com a obra de Graciliano Ramos porque ele

(A) retratou a opressão sofrida pelas classes sociais su-balternas.

(B) criou narrativas exemplares para a superação de traumas.

(C) inovou a ficção com o uso de técnicas originárias das artes plásticas.

(D) norteou sua obra com a valorização do material verbal e visual.

(E) captou a paisagem regional com exotismo para cativar o leitor.

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Leia o trecho para responder às questões de números 63 a 66.

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse –”ai meu Deus, que história mais engraça-da!”. E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história.

63. Assinale a alternativa correta sobre o emprego dos tem-pos verbais em destaque.

(A) Se a frase – Meu ideal seria escrever – fosse alte-rada para – Meu ideal será escrever –, não haveria mudança nos demais verbos.

(B) A fala do enunciador revela a intenção de que os fatos aconteçam, daí o predomínio do modo indica-tivo dos verbos.

(C) O enunciador manifesta certeza diante dos fatos e, por isso, os verbos deveriam estar no subjuntivo.

(D) A repetição dos mesmos tempos verbais a partir de “lesse”, sugere repetição sem progressão de ideias.

(E) Em “seria escrever”, o enunciador expressa a possí-vel ocorrência de um desejo, com desencadeamento de ações no futuro.

64. A inserção da fala da moça indica que a enunciação resulta de

(A) uma relação do enunciador com sua intimidade psíquica.

(B) um processo dialógico fundamental do ato enun-ciativo.

(C) uma sobreposição da voz do enunciador sobre outras vozes.

(D) um aprofundamento das marcas subjetivas do enunciador.

(E) uma lógica enunciativa desprovida de subjetividade.

65. O emprego do pronome “a” em – E então a contasse para a cozinheira... – constitui

(A) referência a termo a ser mencionado na sequência textual.

(B) formalidade da língua escrita prejudicial à coesão textual.

(C) remissão anafórica que garante a consistência da cadeia coesiva.

(D) estratégia de referenciação catafórica selecionada pelo enunciador.

(E) elemento linguístico que provoca ambiguidade referencial.

59. O professor validará a importância do gênero crônica, ao apropriar-se do texto de Braga, porque nela o narrador(A) dimensiona liricamente a realidade incorporando

sentimentos situados na esfera do coletivo.(B) propõe-se a ensinar às pessoas táticas de luta contra

as próprias limitações e os embates externos.(C) interfere na realidade imaginando exercer sobre ela

um poder para o qual está desabilitado.(D) mostra o estado de indiferença em que se inserem as

pessoas, já desencantadas com a vida.(E) ilustra a importância de manter contato com o am-

biente social, para não parecer alienado.

60. Analisando-se a linguagem da crônica de Braga, pode-se concluir que(A) o cronista compromete-se com a informação e utiliza

vocabulário midiático.(B) a frase – ai Meu Deus, que história mais engraçada!

– é incompatível com o texto literário.(C) o cronista, preso ao circunstancial, emprega frases

marcadas pela coloquialidade.(D) a sintaxe desorganizada das frases contribui para

uma impropriedade estilística.(E) a transcrição exata da fala do comissário distrital

indica preferência pelo discurso indireto.

61. Nos trechos:

E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espon-tânea homenagem à minha história.

(...)

E eu esconderia completamente a humilde verdade...

observa-se(A) disparidade rítmica e sintática entre as estruturas

frasais.(B) ênfase em orações intercaladas nos períodos.(C) inversão da ordem direta dos termos oracionais.(D) predomínio da parataxe no encadeamento frasal.(E) agrupamento caótico e incoerente de frases.

62. A conjunção “que”, em destaque no texto, no início das frases, permite concluir que(A) a conexão sintática acionada pelo enunciador não

garantiu a inteligibilidade dos enunciados.(B) o enunciador estruturou períodos de forma não

prevista no sistema linguístico.(C) a quebra da linearidade frasal comprometeu a unidade

sintático-semântica do texto.(D) a combinação dos termos no texto pressupõe com-

plexidade do pensamento.(E) o sistema dispõe ao falante diferentes arranjos sintá-

ticos para estabelecer relações de sentido.

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67. Ao estabelecer relações do texto literário com outros tipos de texto, o professor partirá do pressuposto de que o aluno, como receptor da mensagem, acionará seu repertório e

(A) assimilará mais prontamente os signos inerentes ao discurso literário.

(B) estará apto a se tornar sujeito das percepções desen-cadeadas por diferentes linguagens.

(C) confundirá os signos verbais com os não verbais, por viver em uma sociedade visual.

(D) requisitará as regras gramaticais para comparar os dois códigos de linguagem.

(E) aplicará regras de análise extraídas das teorias da linguística e da literatura.

68. Considerando-se a seleção dos signos feita pelo poeta e pelo fotógrafo, é correto afirmar que

(A) a representação da realidade, por meio de signos verbais e não verbais, atesta intencionalidade crítica dos produtores textuais.

(B) a sintaxe e a linearidade dos signos verbais abrem possibilidades interpretativas mais amplas da textu-alidade.

(C) o arranjo sígnico da foto engendra clareza de leitura, mas inviabiliza-se como denúncia social.

(D) a seleção e a combinação dos signos visuais e verbais denotam uma atividade textual apartada das contin-gências sociais.

(E) o poder expressivo dos signos não verbais, em rela-ção aos verbais, propicia leitura superficial do ima-ginário social.

69. Considerando-se que o poema encerra uma mensagem fraterna, o contrário do que ocorre na foto, depreende--se dos sentidos dos dois textos

(A) uma retratação metonímica do real.

(B) uma construção imagética consensual.

(C) um investimento sígnico sem esteticidade.

(D) uma recriação antitética da realidade.

(E) uma apropriação mecânica da informação.

66. Assinale a alternativa que analisa corretamente a repetição da palavra “história.”

(A) A seleção lexical do termo gera uma informação nova.

(B) A reiteração do termo compromete a coerência textual.

(C) Trata-se de uma reiteração coesiva, de ordem lexical.

(D) A reiteração da palavra acarreta baixa produtividade retórica.

(E) É viável a repetição, mas prejudica o estilo do texto.

Para responder às questões de números 67 a 69, considere o poema de Carlos Drummond de Andrade e a foto de Kevin Carter, detentora, em 1994, do prêmio Pulitzer, na qual uma criança desnutrida está sob a mira de uma ave de rapina.

(www.novotempo.com/noticias)

Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens

presentes,a vida presente.

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72. Considerando os aspectos mencionados no trecho – o vocabulário e o encadeamento das ideias – a alternativa com trecho coerente é:

(A) Não é casual que os melhores desempenhos es-colares ocorram nas escolas de municípios cuja sociedade ainda não foi mutilada por uma moder-nidade individualista, excêntrica e destrutiva.

(B) Que os melhores desempenhos escolares ocorram nas escolas de municípios que a sociedade é casual e ainda não foi mutilada por uma modernidade in-dividualista, excêntrica e destrutiva.

(C) Não é casual que os melhores desempenhos escola-res ocorram nas escolas de municípios, assim sendo a sociedade ainda não foi mutilada por uma moder-nidade individualista, excêntrica e destrutiva.

(D) Nas escolas de municípios cuja sociedade ainda não foi mutilada por uma modernidade individua-lista, excêntrica e destrutiva, onde ocorrem os me-lhores desempenhos nas escolas não é casual.

(E) Não é casual que os melhores desempenhos esco-lares ocorram nas escolas de municípios e assim a sociedade ainda não foi mutilada por uma moder-nidade individualista, excêntrica e destrutiva.

73. O fato de que o jovem não pode falar com o sênior da empresa como fala com os amigos nas redes sociais se justifica porque

(A) o falante apropria-se de um conjunto de mecanis-mos previamente selecionados, para persuadir o interlocutor, reservando-se o direito de dominar o contexto da comunicação.

(B) a situação comunicativa exige que o falante pro-mova seleção linguística adequada para estabele-cer e manter a bom termo uma interação verbal.

(C) as estratégias interacionais determinam que os in-terlocutores se utilizem da modalidade padrão para garantir a continuidade das normas que regulam a comunicação.

(D) os modelos textuais globais, isto é, as superestru-turas, indicam qual a melhor ordenação do pen-samento, compatível com o contexto da comuni-cação.

(E) o falante deve prever os possíveis desencontros interacionais e evitá-los, se quiser manter o con-trole da comunicação.

As questões de números 70 e 71 versam sobre o poema de Drummond.

70. A repetição do advérbio “não”, na segunda estrofe, pode ser analisada como

(A) função retórica, intensificadora dos propósitos esté-ticos do eu-lírico.

(B) estratégia oral, estranha à inventividade do discurso poético.

(C) ênfase ao significante linguístico, mas não à poten-cialidade do significado.

(D) redundância de expressão, procedimento próprio dos gêneros ficcionais.

(E) quebra do paralelismo rítmico e sintático na métrica dos versos.

71. Segundo Nilce Sant’Anna Martins, na metáfora há “uma espécie de resíduo afetivo, que salva a imagem de desfa-zer-se na abstração”, afirmação que permite concluir que as metáforas “ mãos dadas” e “serafins” denotam

(A) desconexão do pensamento lógico.

(B) imprecisão de termos para captar as sensações visuais.

(C) força expressiva concreta, de teor emocional.

(D) apropriação de imagens com sentido hermético.

(E) associação de referentes sem teor simbólico.

Leia o trecho para responder às questões de números 72 a 75.

“Sim, existe uma deficiência quando o assunto é lín-gua portuguesa”, afirma a gerente de recrutamento e sele-ção, ao falar sobre os erros de português cometidos por jo-vens nos testes para o preenchimento de vagas de estágio.

Ela esclarece que a redação e os testes gramaticais aplicados são uma pré-seleção para verificar a escrita, o vocabulário e o encadeamento das ideias. Para ela, o jo-vem está menos preparado de uma maneira geral e não é tão estimulado à leitura. Com isso cometem erros de con-cordância e se perdem na hora de defender uma ideia. Ela lembra que não é somente no teste que o candidato é ava-liado. “Na entrevista, ele é mais avaliado ainda, por isso não basta escrever bem, tem que falar corretamente para conseguir a posição. O jovem precisa saber como falar em cada momento. Ele não pode falar com o sênior da empre-sa como fala com os amigos nas redes sociais, tampouco escrever um e-mail nos mesmos moldes”, acrescenta.

A gerente orienta os jovens a ficar atentos aos vícios de linguagem e aos estrangeirismos. As preocupações com outros requisitos leva o candidato a se esquecer do mais importante: a língua portuguesa.

(O Estado de S. Paulo. 02.06.2013. Adaptado)

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Para responder às questões de números 76 e 77, considere a fala do aluno dirigida ao professor:

– Minha mãe mandô avisá que não vim na escola ontem porque eu... eu, minha mãe levou meu irmão no médico e eu fui com ela.

76. Ao pedir ao aluno que transcreva em modalidade escrita o recado da mãe, o professor está ciente de que

(A) as práticas docentes em língua materna reconhecem a necessidade de aprimorar a variante culta da língua.

(B) a modalidade oral é mais rica, mais pitoresca que a escrita, por isso deve ser trabalhada em sala de aula.

(C) a passagem da fala para a escrita não é a mudança de uma mensagem desorganizada para outra orga-nizada.

(D) o aluno mobiliza uma atividade cognitiva mais com-plexa, quando se comunica pelas regras da escrita.

(E) a modalidade escrita, por basear-se nas regras gra-maticais, apresenta mais eficácia comunicativa.

77. De acordo com Luiz Antônio Marcuschi, a operação de transformar a fala em escrita, desenvolvida pelo aluno, pode ser entendida como

(A) treino da fluência discursiva.

(B) alteração nos dados da enunciação.

(C) mudança do pensamento concreto para o abstrato.

(D) prática de retextualização do discurso.

(E) estratégia de regularização linguística.

74. Quanto ao uso dos estrangeirismos, mencionado no texto, na frase – Vou dar um “upgrade” em minha casa, princi-palmente no “living” e no “closet”. Tudo muito “over”, com muita cor, quero tudo “off-white” agora. – observa--se:

(A) emprego aceitável da língua inglesa, porque o campo lexical do português é limitado quanto ao vocabulário.

(B) uso exacerbado de palavras estrangeiras, já que o português oferece ao falante termos para expressar as mesmas ideias.

(C) vocabulário técnico, empregado por falantes menos escolarizados para designar objetos da área da decoração.

(D) inabilidade linguística do falante em articular frases estruturadas na sintaxe da língua inglesa.

(E) validação do inglês como língua franca e despres-tígio social da língua portuguesa.

75. Em sala de aula, o estímulo à leitura, mencionado pela gerente, demanda a adoção de estratégias, o que, para Teresa Comber e Anna Camps, consiste em reconhecer a leitura como

(A) uma atividade lúdica, destinada a promover no leitor um encantamento com a mensagem do texto.

(B) um trabalho mecânico de decifração de códigos, isto é, a mobilização dos componentes intelectivos do leitor.

(C) um processo de representação humana da realidade, pelo qual o leitor se torna um sujeito crítico.

(D) um procedimento didático, restrito ao universo escolar, com o intuito de avaliar o aluno leitor.

(E) uma mensuração da capacidade leitora do aluno na inferência dos sentidos explícitos do texto.

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79. De acordo com Terry Eagleton, os versos de Manoel de Barros:

Espremida de garças vai a tarde.O dia está celeste de garrinchas.A cor de uma esperança me garrincha.Engastado em seu verbo está seu ninho.(Com a minha fala desnaturo os pássaros?)

ilustram as características do discurso literário, porque o poeta

(A) emprega a linguagem de forma peculiar ativando as virtualidades estéticas dos significantes lin-guísticos.

(B) recupera a linguagem cotidiana condensando-a, com o intuito de abrir ao leitor possibilidades inter-pretativas.

(C) aproxima a linguagem poética da fala utilizada por falantes que se comunicam pelas variantes regionais da língua.

(D) ressalta o pragmatismo do texto poético, marcada-mente referencial, preso à objetividade do senso comum.

(E) atribui à poesia a prerrogativa de ampliar e ques-tionar os juízos de valor com que a crítica avalia as manifestações literárias.

78. Interpretando-se a tirinha, a conclusão do leitor de que o Recruta Zero descumpriu parcialmente a ordem, moti-vado por uma lembrança, uma emoção vivida no passa-do, justifica-se pelo fato de que

Recruta Zero Mort Walker

VÁ EMFRENTE! ELATEM DE SERCORTADA!

AHH! A TETÊ MEDEU UM BEIJO

QUANDO ENTALHEIISTO!

É MELHOR QUEELA ESTEJA

CORTADA QUANDOEU VOLTAR!

ZERO+

TETÊ

ZERO+

TETÊ

(O Estado de São Paulo, julho de 2013)

(A) a identidade da personagem está caracterizada como irreverente no universo sociolinguístico.

(B) o leitor desenvolve uma atividade de desvenda-mento de informações implícitas, ocultas no tecido textual.

(C) o espaço discursivo é pontuado de manifestações da subjetividade, emitidas pelo produtor do texto.

(D) o texto é um produto construído por uma orques-tração de vozes concorrentes e solidárias que se alternam no tecido textual.

(E) os níveis de leitura de um texto refletem a ideologia do produtor textual, mas não a do leitor.

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80. Observe as duas fotos: a primeira é a reprodução da es-cultura Pietá, de Michelangelo, criada em 1499; a se-gunda é uma das cenas do filme Pietá, dirigido pelo sul-coreano Kim Ki-duk, vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2012.

Depreende-se da leitura e interpretação das imagens das duas fotos:

(A) diálogo inconsistente com os símbolos da tradi-ção, reconfiguração do sagrado na arte cinemato-gráfica, experimentalismo técnico desprovido de sentido.

(B) correlação entre códigos diversos; reapresentação de signos deslocados do contexto original e ope-ração estética entre signos visuais.

(C) manipulação de imagem, recriação mítica da reali-dade, desarranjo sintático da organização imagética.

(D) sobreposição de significantes, automatização de lin-guagens, desencontro entre linguagens artísticas.

(E) manifestação estética desprovida de autoria, mono-logismo de linguagens, conciliação implausível de universos estéticos.

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