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PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA GUSTAVO JUSTO SCHULZ

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PROTOCOLO DE CIRURGIA

SEGURA

GUSTAVO JUSTO SCHULZ

• 11 colaboradores

• grupo multiprofissional ligado ao Diretor Técnico

• Início das atividades 10/03/2010

• aprimorar normas, fluxos e processos

• eficácia assistencial com foco no usuário.

Ações primordiais para melhorar o Sistema de Saúde:

• Eficácia: prover serviço baseado no melhor conhecimento científico

aqueles que possam se beneficiar e evitar oferecer recursos aqueles

pacientes que não vão se favorecer.

• Foco no Paciente: atenção ao respeito, preferências individuais,

valores, compartilhamento de decisões.

• Oportunidade: reduzir esperas e demoras para os que recebem

tratamento e para os que fornecem o cuidado.

• Eficiência: evitar desperdício, de equipamentos, suprimentos, idéias e

energia.

• Equidade: a qualidade não pode variar em função do sexo, etinia,

status socioeconômico, religião, etc.

• Segurança: Primum Non Nocere

"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças: auxilie e não prejudique o paciente". Hipócrates 430 aC

http://www.iom.edu/Object.File/Master/27/184/Chasm-8pager.pdf

QU

AL

IDA

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ÇA

1.QUALIDADE

O serviço de saúde deve atender as necessidades das pessoas e ser

baseado no melhor conhecimento científico vigente.

http://www.iom.edu/Object.File/Master/27/184/Chasm-8pager.pdf

Mas entre a atenção a saúde que temos e a que deveríamos ter

não há apenas uma brecha, repousa um verdadeiro abismo!

LENTA difusão de conhecimento

Em média 17 anos para que novas práticas

façam parte do dia-a-dia.

INOVAÇÃO

Balas and Boren 2000, Coye et al 2003

Underuse (Sub-tratamento)

• 50% dos idosos não recebem vacina antipneumocóccica

• 56% das vítimas de infarto não recebem beta-bloqueador

• 54% dos diabéticos não recebem o tratamento recomendado

http://www.cbo.gov/ftpdocs/95xx/doc9567/07-17-HealthCare_Testimony.pdf

Os melhores prestadores são geralmente mais eficientes.

Boa qualidade é menos onerosa em razão de diagnóstico

mais preciso, menos erros no tratamento, menos taxas de

complicação, recuperação mais rápida, tratamentos

menos invasivos.

Saúde melhor é mais barata do que doença.

Porter, M. E. & Teisberg, E. O. in Redefining Health Care: Creating Value-Based Competition on Results

Novas visões, novas correntes

Overuse (“Super-tratar”)

30% das crianças recebem antibiótico para otite sem

necessidade

20% a 50% das cirurgias são desnecessárias

50% das radiografias de coluna em pacientes com dor

lombar são desnecessárias.

http://www.cbo.gov/ftpdocs/95xx/doc9567/07-17-HealthCare_Testimony.pdf

2. SEGURANÇA

Conceitos

Erro - desvio em relação ao que é correto ou direito, em

relação a uma norma. Erros fazem referência ao processo.

Eventos que poderiam ter sido evitados utilizando-se

medidas. Ocorre quando uma ação ou omissão se desvia do

processo normal levando a um resultado adverso

(CASSIANI, 2006).

Evento sentinela - ocorrência inesperada ou variação do

processo envolvendo óbito, lesão física ou psicológica sérias,

ou o risco potencial do mesmo (CASSIANI, 2006).

Evento adverso potencial - quando um erro que poderia

ter resultado em dano é detectado e corrigido antes de

ocorrer (CASSIANI, 2006).

Pense: Você é a prova de erros?

Pense de novo...

Erros acontecem mesmo com as pessoas mais dedicadas, em qualquer lugar ou

momento.

Felizmente a maioria dos erros não causam danos, mas,

alguns podem levar a resultados catastróficos.

O evento adverso (EA) ocorre em cerca de 10% das

intervenções cirúrgicas, ou seja, 23,4 milhões de casos

por ano (FERRAZ, 2009)

2005 e 2006 OMS e a Universidade de Harvard

“World Alliance for Patient Safety” “Safe Surgery Saves Lives”

• lançados oficialmente na sede da OPAS em

Washington D.C. em 30 de junho de 2008

Por que esse movimento pela Segurança em Cirurgias é tão importante?

Os dados sobre incidentes em pacientes cirúrgicos são preocupantes!

• Para cada 4 pacientes cirúrgicos internados, pelo menos 1 sofre alguma complicação no pós-operatório.

• Quase 50% de todos os eventos adversos em pacientes hospitalizados estão relacionados à assistência cirúrgica.

• A taxa de mortalidade relatada após cirurgia varia de 0,4 a 0,8% em países desenvolvidos e de 5 a 10% em países em desenvolvimento.

Revisão sistemática Quality & Safety in Health Care, 2008

• oito estudos

• 74.485 pacientes

• Mediana da incidência de eventos adversos foi de 9.2

• eventos evitáveis - 43.5%.

• Mais da metade (56.3%) dos pacientes não

experimentou nenhuma incapacidade ou apresentou

incapacidade leve, e 7.4% dos eventos foram letais.

• A maioria foram eventos relacionados à cirurgia

(39.6%) e eventos relacionados à medicação (15.1%).

• Os eventos adversos durante a internação afetam cerca

de um em cada 10 pacientes.

de VRIES, 2008

How Hazardous Is Health Care? (Leape)

1

10

100

1.000

10.000

100.000

1 10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000 10.000.000

Number of encounters for each fatality

To

tal

liv

es

lo

st

pe

r ye

ar

REGULATEDDANGEROUS

(>1/1000)

ULTRA-SAFE

(<1/100K)HealthCare

Mountain Climbing

Bungee Jumping

Driving

Chemical Manufacturing

Chartered Flights

Scheduled Airlines

European Railroads

Nuclear Power

http://www.hsi.gatech.edu/2008studentsymposium/Symposium08%20_Bornstein_Medical%20Quality.pdf

Cinco grandes desafios quanto à segurança em cirurgia:

1. Assumir que o problema existe e de fato é imenso.

2. Ausência de dados básicos, devido à falta de controles e de padronizações

quanto aos registros, e principalmente quanto à mortalidade ou eventos

adversos atribuíveis às cirurgias.

3. As práticas seguras nos atos cirúrgicos não são realizadas de forma

consistente em nenhum país. E isso não é justificável apenas por falta de

recursos. Há por exemplo, uma vergonhosa realidade quanto ao uso de

antibióticos profiláticos: ( hora/tempo de uso/escolha...).

4. A complexidade da segurança em cirurgia, levando em conta que mesmo

nos procedimentos mais simples há diversas oportunidades para erros serem

cometidos, desde o preparo cirúrgico até as recomendações do pós-operatório

5. A criação do senso de equipe entre cirurgiões, anestesistas e pessoal de

enfermagem, de forma a distribuir as responsabilidades e a vigilância entre

todos para aumentar a garantia de segurança para o paciente

MONZONI, 2006

Segundo a National Academy of Science’s Institute of Medicine, por ano, 44.000 a 98.000 americanos morrem nos hospitais em decorrência de erros*.

8ª causa de morte nos EUA.

* Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS, eds. Committee on Quality of Health Care in America, Institute of Medicine. To Err Is Human: Building a Safer Health System. Washington, DC: National Academy Press; 1999.

“Todo o sistema é perfeitamente desenhado para

atingir, exatamente, os resultados que ele alcança.”

Em 95% das vezes erros resultam de sistemas

defeituosos. Erro puramente humano representa 5%.

Assim a maneira de prevenir erro não é punindo ou

exigindo que as pessoas sejam mais cuidadosas ...

... a única maneira de ter resultados diferentes é mudando-se o sistema.

http://www.ihi.org/ihi

COMO MUDAR O SISTEMA?

DESENHANDO PROCESSOS QUE TORNAM MAIS

FÁCIL PARA AS PESSOAS FAZER A COISA CERTA E

MAIS DIFÍCIL FAZER A COISA ERRADA.

WHO Patient Safety Curriculum Guide for Medical Schools. Geneva,

Switzerland: World Health Organization; 2008:99.

3. CIRURGIA SEGURA

CIRURGIA SEGURA

É META IMPORTANTE PARA SAÚDE PÚBLICA

•234 milhões de cirurgias/ano no mundo

•O,4 a 0,8% de óbitos – 1 milhão

•3-16% de complicações – 7 milhões

CHECK-LIST DE SEGURANÇA

EM CIRURGIA

• Baseado em 3 princípios

1. Simplicidade

2. Ampla aplicabilidade

3. Possibilidade de mensuração

OMS - 2008

CHECK-LIST DE SEGURANÇA

EM CIRURGIA • REDUZ MORBIDADE E MORTALIDADE

• Estudo 7.688 pctes antes e após utilização do

check-list – multicêntrico

– Antes 3733

– Depois 3955

– Grandes complicações 11 para 7% (36%)

– Mortalidade 1 para 0,8% (47%)

New Engl J Med 2009

OMS – SURGICAL SAFETY

CHECKLIST

• Antes da indução anestésica – SIGN IN

• Antes da incisão cirúrgica – TIME OUT

• Antes do paciente sair da S.O. – SIGN OUT

PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA PROPOSTO PARA O HT

ANTES DA ANESTESIA

• Paciente confirma: • Identidade

• Lado a ser operado

• Operação a que vai ser submetido

• Consentimento esclarecido

• Sítio assinalado – se necessário

• Anestesia Check-list realizado

• Oximetria de pulso funcionando

ANTES DA ANESTESIA

• Alergia?

• Dificuldade respiratória?

• Risco de aspiração?

• Via aérea difícil? Kit disponível

• Risco de sangramento

– > 500ml

– 7ml/Kg (criança)

• Acesso venoso adequado?

• Reposição de líquidos planejada

ANTES DA INCISÃO

• Todos os membros se apresentam

– Nome e função

• Cirurgião – anestesista e enfermagem

– Confirmam verbalmente

• Paciente

• Lado

• procedimento

ANTES DA INCISÃO

• O antibiótico profilático foi administrado nos

últimos 60 minutos?

• É necessária a presença das imagens?

ANTECIPAÇÃO DE

EVENTOS CRÍTICOS

• Cirurgião

– Tempos críticos e eventos inesperados?

– Duração da operação

– Possibilidade de sangramento

• Anestesista

– Quais as preocupações essenciais do caso

• Enfermagem

• Esterilização correta?

• Equipamentos necessários presentes?

ANTES DO PACIENTE

DEIXAR A S.O.

• Tipo de procedimento registrado

• Compressas e gazes conferidas?

• Paciente e peça etiquetados?

• Há problema com algum equipamento?

• Cirurgião, anestesista ou enfermagem:

– Desejam fazer alguma recomendação pata

recuperação do paciente?

COMPETE AO ENFERMEIRO DO SETOR DE ORIGEM

Preparar o paciente adequadamente;

Verificar documentação correta;

Registrar a lateralidade da cirurgia de acordo com as informações do paciente.

Encaminhar o paciente ao CC

COMPETE AO ANESTESIOLOGISTA ( AVALIAÇÃO PRÉ ANESTÉSICA)

Realizar a avaliação pré anestésica e planejar a anestesia;

Aplicar o termo de consentimento anestésico;

Anotar no impresso de avaliação pré anestésica nome do procedimento e lateralidade quando houver;

COMPETE AO CIRURGIÃO

Planejar e indicar o procedimento;

Identificar o local a ser operado

Aplicar o termo de Consentimento Cirúrgico.

COMPETE AO CENTRO CIRÚRGICO Recepcionar TODOS os paciente no pré operatório;

CHECAR DOCUMENTAÇÃO CORRETA

Termo de consentimento cirúrgico;

Termo de consentimento anestésico;

Avaliação pré-anestésica;

Marcação do membro

Benefícios aos Pacientes

Maior escuta, respeito aos seus direitos

Empowerment e envolvimento no auto-cuidado

Maior garantia de segurança nos processos

assistenciais e no ambiente hospitalar

Tratamentos com melhores resultados.

Benefícios aos Profissionais

Maior Segurança e Eficiência no ambiente de

trabalho que gera maior satisfação

Participação na Reestruturação / Implantação de

processo de educação e qualificação profissional

Participação na criação de cultura

aberta a aprender com os erros e

voltada para a segurança

Valorização perante ao mercado de

trabalho nacional e internacional

Benefícios à Instituição

Elevação da confiança na instituição, novos

clientes, fidelização

Aumento do poder de negociação por

recursos frente aos dados comprobatórios de

maior qualidade

Abrangência de serviços próprios e terceiros

Monitoramento clínico e administrativo por

indicadores de desempenho

Otimização dos processos da farmácia, centro

cirúrgico, internação, diagnóstico entre outros

Fator Crítico para o Sucesso

Conhecimento, Motivação e

Comprometimento de todos os

colaboradores internos e terceiros para

que a cultura da qualidade seja

disseminada.

Cirurgias em Partes ou Pacientes Errados

(Jan-1995 – Set-2009)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Cultura Organizacional

Planejamento do Cuidado

Continuidade do Cuidado

Liderança

Segurança do Ambiente

Conformidade com procedimentos

Competências / Qualificação

Disponibilidade da Informação

Equipe

Avaliação do Paciente

Treinamento Inicial

Comunicação

Percentual de 864 eventos

Dificuldades para implantação do

check-list

1. Diminuta tradição de estudos prospectivos

2. Profissionais desmotivados e mal

remunerados

3. Necessidade de equipe completa com retardo

e diminuição no número de procedimentos

4. Profissionais heterogêneos em nível de

decisão e responsabilidades

5. Necessidade de liderança e compromisso

INDICADORES DO PROCESSO

MONITORADOS PELO COLEGIADO

• Conformidade do preenchimento 100%

do protocolo de cirurgia segura

• Marcação da lateralidade 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

jun/12 jul/12

ago/12 set/12

out/12 nov/12

dez/12

50% 50% 50% 50% 50% 50% 50%

14% 14%

41%

82%

%

Taxa de Adesão ao Protocolo de Cirurgia Segura

Meta Nº total pacientes _ (N) amostra auditada