proteççao e segu

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  • 8/7/2019 Proteao e segu

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    UNIVERSIDADE DO ALGARVE

    ESCOLA SUPERIOR DE SADE DA UNIVERSIDADE DOALGARVE

    LICENCIATURA EM RADIOLOGIA

    Integrao s Cincias Radiolgicas

    Histria e Evoluo das Normas de Proteco e SeguranaRadiolgicas

    Adriana Gisela Caseiro Duarte n. 39918Cindy Renda Alexandre n. 40812

    Diogo Manuel Guerreiro Baio n. 39926Elodie Bernardino n. 38115

    Scrates Feliciano Santos n. 39936

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    Faro, 2 de Novembro de 2009

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    UNIVERSIDADE DO ALGARVE

    ESCOLA SUPERIOR DE SADE DA UNIVERSIDADE DO

    ALGARVE

    LICENCIATURA EM RADIOLOGIA

    Integrao s Cincias Radiolgicas

    Histria e Evoluo das Normas de Proteco e SeguranaRadiolgicas

    Docentes:Rui AlmeidaAntnio AbrantesLnis Carvalho

    Discentes:

    Adriana Gisela Caseiro Duarte n. 39918Cindy Renda Alexandre n. 40812Diogo Manuel Guerreiro Baio n. 39926Elodie Bernardino n. 38115Scrates Feliciano Santos n. 39936

    Faro, 2 de Novembro de 2009

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    ndicendice de Quadros ........................................................................................... ii

    ndice de Figuras ........................................................................................... ii

    Lista de Siglas e Abreviaturas ........................................................................ iv

    Resumo .......................................................................................................... v

    1.Introduo ................................................................................................... 1

    Radiaes ....................................................................................................... 1

    Radiaes Ionizantes ...................................................................................... 3

    Riscos da Exposio Radiao Ionizante ..................................................... 4

    Radiao No Ionizante .................................................................................. 6

    Descoberta dos Raios x .................................................................................. 7

    Evoluo dos Raios x em Portugal .................................................................. 8

    Proteco Radiolgica .................................................................................. 10

    Proteco Contra Radiaes ......................................................................... 11

    Instituies de Proteco Radiolgica .......................................................... 15

    International Commission on Radiological Protection ................................... 16

    Legislao Portuguesa .................................................................................. 19

    Legislao 1961 ........................................................................................... 19

    Legislao 1989 ........................................................................................... 22

    Legislao 1990 ........................................................................................... 22

    Legislao 1993 ........................................................................................... 25

    Legislao 2002 ........................................................................................... 26

    Legislao 2008 ........................................................................................... 33

    Concluso ..................................................................................................... 35

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................... 36

    Decreto-Lei n. 348/89 de 12 de Outubro. Dirio da Repblica n 235/89 - ISrie. Lisboa: Ministrio da Sade. ............................................................... 37

    ICRP (2006). Draft recommendations of the internacional commission onradiological protection. Acedido em 12 de Dezembro, 2009. ....................... 37

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    ndice de QuadrosQuadro I. Limites de dose, requisitos de recrutamento, tipos de intervenoe diferenciao de categorias......................................................................29

    ndice de FigurasFigura 1: Espectro da EnergiaFonte: U.S. Environmental Protection Agency, 2009......................................3

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    Figura 2: Origem e Dosagem de Radiao Ionizante a que estamosexpostos.Fonte: U.S. Environmental Protection Agency, 2009......................................6

    Figura 3: As primeiras experincias com raios x no Gabinete de Fsica.

    Fonte: Martins, 2003......................................................................................9Figura 4: Algumas das primeiras imagens obtidas com raios x, em 1896, noGabinete de Fsica Experimental da Universidade de Coimbra.Fonte: Martins, 2003......................................................................................9

    Figura 5: Triflio.Fonte: Agncia Portuguesa do Ambiente, 2009............................................25

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    Lista de Siglas e AbreviaturasDNA (cido desoxirribonucleico)EURATOM (The European Atomic Energy Community)

    IRPA (International Radiation Protection Association)ICRP (International Commission on Radiological Protection)

    ICRU (International Committee on Radiological Units)

    PCR (Proteco Contra Radiao)

    UPSR (Unidade de Proteco e Segurana Radiolgica)

    UV (Ultravioleta)

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    ResumoO presente trabalho explica brevemente as radiaes, distinguindo-as

    tambm em ionizantes e no ionizantes, e abordando especialmente as

    radiaes x de forma a iniciar a compreenso da temtica da protecoradiolgica.

    O objectivo deste trabalho dar a conhecer primeiramente anecessidade de proteco radiolgica por parte do tcnico de radiologia, ebaseando-nos na legislao portuguesa enunciar algumas das normas quevisam a segurana tanto dos tcnicos de sade, como dos pacientes.

    Por fim, fazemos uma concluso da evoluo das normas de

    proteco radiolgicas.

    Palavras chave: Proteco Radiolgica, Radiaes, Tcnicos de Sade.

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    1. IntroduoAo longo do tempo foram-se desenvolvendo tcnicas de diagnstico e

    tratamento medicinal que envolvem radiao. Como os primeiros a usar estas

    prticas desconheciam os malefcios que este uso descuidado provoca,observaram-se vrias mortes e leses nestes primeiros tcnicos que levaram criao, e continuada melhoria, de regras de segurana para a protecoradiolgica.

    As normas de proteco radiolgicas so fundamentais para proteger no s todos os tcnicos de sade que utilizem radiao como parte da suaprofisso, mas tambm todos os pacientes envolvidos nestes processos de

    diagnstico ou tratamento.No sentido de entender melhor a necessidade de nos protegermoscontra a exposio excessiva radiao, damos noes bsicas sobre amesma e abordamos especialmente a radiao x, uma vez que a mais usadapelos profissionais de sade, sobretudo pelos tcnicos de radiologia.

    Descrevemos neste trabalho algumas instituies que se especificaramna proteco radiolgica, desenvolvendo consideravelmente os conhecimentosnesta rea.

    Como o principal objectivo deste trabalho perceber e dar a conhecer aevoluo das normas e proteco radiolgicas, exploramos a legislao donosso pas ao longo dos anos, evidenciando o desenvolvimento doconhecimento sobre esta rea, e a crescente preocupao perante o bem-estar de todos.

    RadiaesFSICA - forma de transferncia de energia electromagntica, incluindo

    raios gama, raios X, raios ultravioleta, raios visveis, raios infravermelhos e

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    rdio, que se propagam todos, no vazio, com a mesma velocidade (Dicionriode Lngua Portuguesa, 2010).

    A radiao natural e envolve-nos, pode ser irradiada do solo, atravs

    da atmosfera ou mesmo a partir dos nossos prprios corpos. No entanto,tambm pode ser produzida artificialmente pelo Homem. A possibilidade destaproduo ocorreu menos de 40 anos depois de se terem explorado asradiaes naturais. Foi apenas ao fim de uma dcada desta descoberta queos cientistas conseguiram dividir o tomo. Estas investigaes foramfundamentais para o uso benfico do material radioactivo com fins energticosou de diagnstico e tratamento de algumas doenas. Apesar dos excelentesbenefcios da radiao, a exposio excessiva mesma pode ameaar tanto anossa sade quanto o meio ambiente (U.S. Environmental Protection Agency,2009).

    Sendo parte envolvente do ambiente, no podemos eliminar asradiaes, mas podemos de certa forma diminuir estes riscos ao controlar anossa exposio a esta matria (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

    A radiao que tem energia suficiente para mover tomos de umamolcula ou para os fazer vibrar, mas que no tem energia suficiente pararemover electres referida como radiao no ionizante, so exemplosdesta radiao as ondas sonoras, a luz visvel e as microondas U.S.Environmental Protection Agency, 2009).

    As radiaes ionizantes so aquelas que possuem energia suficientepara remover electres dos tomos, criando ies. Este o tipo de radiao aque as pessoas se referem casualmente. Usamos esta radiao em processosenergticos, no tratamento para a cancro, eliminando as clulas cancergenas

    e tambm em muitos outros processos de manufactura (U.S. EnvironmentalProtection Agency, 2009).

    O quadro seguinte mostra o espectro de energia que aumenta daesquerda para a direita, conforme a frequncia aumenta.

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    Figura 1: Espectro da EnergiaFonte: U.S. Environmental Protection Agency, 2009.

    De seguida falaremos das radiaes mais energticas, das quais fazemparte as partculas e , neutres e as radiaes de pequeno comprimento deonda como as , X e UV ( raios ultravioleta).

    Radiaes Ionizantes

    A matria composta por tomos, e alguns destes so instveis. Aosofrerem mudanas que os tornam mais estveis, os tomos libertam ondas deenergia, ou partculas chamadas de radiao. Existem vrios tipos de radiao,uns mais energticos do que outros, os mais energticos so conhecidos comoradiao ionizante. Estas radiaes so capazes de remover electres,deteriorando clulas vivas e as cadeias de ADN (cido desoxirribonucleico)destas clulas (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

    Nos Estados Unidos da Amrica os nveis de radiao ionizante somedidos em unidades chamadas rem, no sistema mtrico a exposio medida por sievert, um sievert igual a 100 rem. Os cientistas estimam que umamericano esteja exposto a 360 milirem de radiao ionizante por ano, 80 %dessa radiao provm de fontes naturais como gs rado, corpo humano,espao, pedras e solo. Apenas 20 % da exposio deriva de radiaoproduzida pelo Homem, maioritariamente atravs de processos mdicos queincluam o raio x (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

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    Sendo esta radiao to energtica, compreensvel que provoquedanos no s aos humanos, como aos animais e tambm ao meio ambiente.

    Riscos da Exposio Radiao IonizanteOs primeiros danos biolgicos relatados datam do inicio da descoberta

    dos raio x, so vrios como dermatites, perda de cabelo e anemia. No entanto,foi apenas a seguir Segunda Guerra Mundial que os estudiosos se dedicaram anlise mais detalhada dos efeitos da exposio repetida radiao, umavez que foi nesta guerra que se deram as primeiras exploses nucleares, emHiroshima e Nagazaki (Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares, 2002).

    As radiaes ionizantes provocam no organismo humano interacescom os seus tomos e molculas, primeiramente ionizando e excitando ostomos, que resulta na troca de energia entre a radiao e a matria. Deseguida h uma ruptura das ligaes qumicas nas molculas. Com o decorrer das alteraes bioqumicas e fisiolgicas, tornam-se observveis as lesesquer celulares, quer no organismo. Na parte mais significativa das vezes, nose chegam a observar quaisquer leses, uma vez que o organismo consegue

    recuperar a tempo. Um dos processos mais frequentes de interaco daradiao com o corpo humano denominado radilise da gua e processa-seentre a radiao e as molculas de gua, devido evidentemente quantidadede gua presente no corpo, neste, a radiao quebra as molculas de guaformando vrios produtos prejudiciais para o organismo como radicais livres egua oxigenada (Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares, 2002).

    O tempo de latncia da exposio radiao indirectamenteproporcional dose, ou seja, o tempo que decorre entre o momento deirradiao e o aparecimento de algum dano biolgico visvel tanto menor quanto maior for a dose, desta forma, se a exposio for crnica e empequenas doses, o tempo de latncia poder ser da ordem das dezenas deanos. Alguns efeitos biolgicos de irradiao so reversveis, dependendo dotipo de clula e da possibilidade de recuperao desta, sendo irreversveiscasos como cancro ou necrose (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

    Caso o dano causado seja nas clulas dos ovrios ou testculos, aalterao pode ser transmitida para os descendentes, caso contrrio estes

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    desarranjos no so transmitidos a outras clulas ou organismos que no osafectados directamente (Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares, 2002).

    O risco mais discutido o da proliferao do cancro em humanos, mas

    no o nico inconveniente. Foram relatados outros malefcios relacionadoscom a radiao, embora ocorram em nmero muito menor, como defeitosgenticos em crianas cujos pais tenham sido demasiado expostos ou dficecognitivo em crianas expostas durante a gravidez (U.S. EnvironmentalProtection Agency, 2009).

    O grfico seguinte, mostra a origem e quantidades de radiao a queestamos expostos (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

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    Figura 2: Origem e Dosagem de Radiao Ionizante a que estamos expostos.Fonte: U.S. Environmental Protection Agency, 2009.

    O conhecimento dos resultados prejudiciais da exposio s radiaes

    deve-se ao estudo de mais de 100 000 sobreviventes dos supramencionadosataques a Hiroshima e Nagazaki, e das pessoas que recebem tratamentosmdicos continuados sujeitos a radiao ionizante. Assim, os cientistaschegaram a algumas concluses, bastante lgicas: quanto maior a dose deradiao a que a pessoa exposta, maior a probabilidade da mesmadesenvolver cancro; a hiptese da pessoa contrair cancro que aumentaconforme a dose a que irradiada e no a severidade deste mesmo cancro; oscancros induzidos pela radiao s se desenvolvem aps anos de exposio;os riscos de exposio vo naturalmente variar conforme os indivduos.

    Actualmente acredita-se que qualquer exposio seja um potencialperigo, mas ainda no se chegou a um consenso no que toca exposiomuito baixa e uma vez que a radiao produzida pelo homem mnima e anatural a maior componente da radiao a que estamos sujeitos, podemosproteger-nos mas nunca estaremos totalmente livres de radiao (Instituto dePesquisas Energticas e Nucleares, 2002).

    Sendo expostos de forma excessiva a esta radiao, podemos sofrer danos, no entanto, somos diariamente expostos a radiao que dificilmente nosafecta, a radiao no ionizante.

    Radiao No IonizanteTomamos partido deste tipo de radiaes para tarefas relativamente

    mundanas, como telecomunicaes e aquecimento de comida (microondas),

    lmpadas para manter a comida aquecida em restaurantes (infra-vermelha),emisses radiofnicas (ondas rdio). A frequncia destas radiaes muitopequena (U.S. Environmental Protection Agency, 2009).

    A Comisso Internacional de Proteco s Radiaes No Ionizantes(ICNIRP), apoiada pela OMS (Organizao Mundial de Sade) estabelecerestries bsicas para campos elctricos e magnticos de acordo com afrequncia da radiao. Esta mesma comisso estabelece que nenhuma torre-

    antena deve emitir radiao superior a 435W/cm2.

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    De acordo com a nossa rea, iremos explorar agora os raios x, usadoscom grande frequncia em meio hospitalar.

    Descoberta dos Raios xNo dia 8 de Novembro de 1895, enquanto estudava o fenmeno da

    luminescncia produzida por raios catdicos num tubo de Crookes, o fsicoalemo Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923) apercebeu-se que mesmotapando os tubos era possvel provocar fluorescncia numa placa coberta por platinocianuro de brio, que por acaso se encontrava prximo destes. Concluiuento que tal fenmeno se devia a uma forma de radiao, ate ento

    desconhecida, com um grande poder de penetrao. Tinha descobertoacidentalmente os raios x (Wilson Denis Martins, 2005).

    Aps vrias experiencias com objectos inanimados, no dia 22 deDezembro de 1895, conseguiu a primeira radiografia da histria ao fazer aradiao atravessar a mo da sua esposa (Wilson Denis Martins, 2005).

    A sua notvel descoberta valeu-lhe o premio Nobel da fsica em 1901,visto que foi extremamente importante para a cincia, e principalmente para a

    medicina uma vez que permitiu, pela primeira vez, observar o interior do corpohumano mantendo-o intacto (Roberto de Andrade Martins, 1997).

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    Evoluo dos Raios x em PortugalA cincia radiolgica tem sido um dos campos da medicina que mais

    evoluo tem registado desde a sua descoberta em 1895. Os ltimos trintaanos foram de uma importncia capital com o desenvolvimento das tcnicastomogrficas seccionais. A notvel evoluo das cincias computacionais,associada a estas tcnicas de imagem mdica, conduziu a um novo conceitoque determinou o actual paradigma que consiste na anlise volumtrica. Esta,conjugada com a moderna imagem digital, permite estudos sem precedentes

    (Martins, 2003).Desde muito cedo que a escola portuguesa se interessou, integrando-se

    nesta nova realidade. Decorrido apenas um ano aps a descoberta dos raios X,(1896), j Coimbra conhecia o seu primeiro laboratrio radiolgico pela mo doprofessor de Fsica e mdico Henrique Teixeira Bastos. Nesta data publicou umartigo na revista cientfica O Instituto , onde anunciava as mais recentesdescobertas relativas aos raios de Roentgen. O Gabinete de Fsica

    Experimental de Coimbra acompanhou desde o incio a evoluo das recentesdescobertas. Em Fevereiro de 1896, pouco mais de um ms depois dadescoberta dos raios X, fizeram-se as primeiras experincias no Gabinete deFsica. No dia 1 de Maro de 1896, o jornal O Sculo publicou na primeirapgina um extenso artigo intituladoA Photographia atravs dos corpos opacos(Figura 3), onde se dava uma notcia das primeiras experincias feitas emPortugal. Iniciativas semelhantes ocorreram em Lisboa, com Augusto Bobone,

    Virglio Machado e Carlos Santos, e no Porto, com Emlio Biel e Arajo eCastro (Filipe Alves, s.d.).

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    Figura 3: As primeiras experincias com raios x no Gabinete de Fsica.Fonte: Martins, 2003

    Desde o princpio da dcada de 1850 que a experimentao emdescargas elctricas em gases e o estudo de espectros de emissointeressava os professores de Fsicas Experimental de Coimbra. Este factopermitiu a existncia dos recursos tcnicos necessrios para a realizaoimediata das experincias. A quase totalidade do equipamento utilizado nasprimeiras experincias dos raios X em Fevereiro de 1896 tinha sido adquiridaem 1872, isto , 24 anos antes. Nos primeiros ensaios foram utilizados umdedo de um cadver (o primeiro ensaio), uma mo viva, uma caixa de pesos euma sardinha. Ainda durante o ms de Maio foram feitos ensaios de utilizaodos raios X no diagnstico clnico (Figura 4) (Martins, 2003).

    Figura 4: Algumas das primeiras imagens obtidas com raios x, em 1896, no Gabinete de FsicaExperimental da Universidade de Coimbra.

    Fonte: Martins, 2003

    Nos anos de 1896 e 1897 intensificaram-se os estudos sobre os raios Xno Gabinete de Fsica de Coimbra. Em Maio de 1897 o licenciado em

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    Philosophia Natural lvaro Jos da Silva Basto submeteu a dissertaoinaugural para o acto de concluses magnas na Faculdade de Philosophia daUniversidade de Coimbra intitulada Os raios cathdicos e Os raios X de

    Roentgen (Martins, 2003).Silva Basto comeava por referir-se aos estudos experimentais dedescargas em diversas condies e os mtodos de preparao das descargas,seguindo-se o estudo experimental dos raios catdicos e a descrio do estadoelctrico dos tubos de descarga. Sobre as propriedades dos raios catdicos,referia-se s suas aces luminescentes, aces qumicas e fotogrficas,mecnicas, calorficas e aces elctricas. Estudou a aco de um campomagntico e de um campo electrosttico sobre os raios catdicos. Estudossobre a propagao no interior do tubo, determinao da velocidade, reflexo etransparncia, propagao no exterior do tubo (experincias de Lenard)tambm eram contemplados na sua dissertao. A respeito da naturezamaterial dos raios catdicos, entre outros (Martins, 2003).

    A parte referente aos raios de Roentgen iniciava-se com um estudosobre as suas propriedades pticas, seguindo-se experincias sobre acesluminescentes e fotogrficas, aces elctricas e o estudo comparativo comoutras radiaes novas como os raios de Becquerel. Depois de um captulodedicado aos modelos tericos explicativos da natureza dos raios X,desenvolveu o estudo das tcnicas de produo e de aplicao. Nestadissertao mostrou um conhecimento profundo da evoluo terica e tcnicado assunto. Entre a extensa bibliografia publicada na Europa e nos EstadosUnidos, e referenciada na tese defendida em Coimbra, merecem destaqueespecial pela sua actualidade as comunicaes apresentadas na Academia

    das Cincias de Paris por Perrigot, no dia 20 de Abril de 1897, publicada noCompte Rendus , por Gustav Le Bom em 26 de Abril (Martins, 2003).

    Sendo assim, a descoberta dos raios X e a exposio do ser humano ssuas radiaes ionizantes na sua utilizao, cria a necessidade de um novoconceito, a proteco radiolgica.

    Proteco RadiolgicaDurante toda a vida, os seres humanos esto expostos diariamente aos

    efeitos das radiaes ionizantes. A radioactividade e as radiaes ionizantes

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    no so percebidas naturalmente pelos rgos dos sentidos do ser humano,diferenciando-se da luz e do calor. H muitos anos verificou-se que asradiaes ionizantes produziam danos biolgicos nos seres vivos. Estas

    radiaes podem ser de origem natural ou artificial. Quanto protecoradiolgica, pouco podemos fazer para reduzir os efeitos das radiaes deorigem natural. No entanto, no que diz respeito s fontes artificiais, todo esforodeve ser direccionado a fim de controlar os seus efeitos nocivos. nesteaspecto, que a proteco radiolgica pode ter um papel importante.

    Proteco Radiolgica consiste em minimizar a exposio do paciente radiao, garantir a proteco necessria aos trabalhadores das instalaescom equipamento ou fontes emissoras de radiao ionizante e assegurar adequada proteco ao pblico em reas prximas ao local da instalao.Segundo a norma da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN)proteco radiolgica o conjunto de medidas que visam proteger o homem,os seus descendentes e o meio ambiente contra possveis efeitos indesejadoscausados por radiao ionizante proveniente de fontes produzidas pelo homeme de fontes naturais modificadas tecnologicamente. Essas medidas estofundamentadas em trs princpios bsicos:

    - Justificao: Nenhuma prtica deve ser autorizada a no ser que sejasuficientemente benfico para o indivduo exposto ou para a sociedade.

    - Optimizao: O princpio da optimizao implica que as exposiesdevem manter o nvel de radiao o mais baixo possvel.

    - Limitao de doses individuais: As doses de radiao no devem ser superiores aos limites estabelecidos pelas normas de radioproteco de cadapas.

    Proteco Contra RadiaesPosteriormente descoberta de 1895 dos raios x por William Roetgen,

    descoberta a radioactividade por parte de Henry Becquerel e so isolados osprimeiros istopos radioactivos, o polnio e o rdio, por Pierre e Marie Curie(Filho, Ferreira, Pontedeiro & Xavier, 2004).

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    Antes da primeira guerra mundial, acreditava-se que os efeitosprejudiciais da exposio radiao eram determinsticos, assim, careciam deum limiar para acontecerem (Filho et al., 2001).

    Os primeiros acidentes verificados resumiam-se a queimaduras de peleque em casos extremos poderiam resultar na necessidade de amputao dosmembros, deveram-se ao pequeno poder de penetrao das primeiras fontesde radiao ou pelo facto de serem apenas perigosos a pequenas distncias.Os mdicos ainda ignorantes nas questes de radioactividade, usavam aradiao indiscriminadamente como mtodos de diagnstico, o que causouleses gravssimas nos prprios e nos pacientes pois as mos e os braos deambos ficavam expostos ao feixe primrio, para aumentar ainda mais o dano,acrescia a radiao difundida pelos pacientes. (Filho e al., 2004).

    As primeiras noes de proteco radiolgica foram publicadas no jornalamerican Western Electricity a 12 de Dezembro de 1896 da autoria deWolfram Fuchs, e as recomendaes passavam por encurtar ao mnimopossvel a exposio aos aparelhos de raios x, que se mantivessem os tubosdesta radiao a pelo menos 30 cm de distncia do corpo humano, e que sepassasse uma camada de vaselina na zona que seria o alvo da radiografia(Filho e al., 2004).

    Em 1907 foi estipulado na Dinamarca a necessidade de uma licenapara os operadores de aparelhos de raios X (Filho e al., 2004).

    Se algumas das normas declaradas pelo Instituto "Deutsche RontgenGessellschaft" em 1913, tivessem sido seguidas quanto a utilizao deaparelhos de raios X, teriam-se prevenido muitas mortes e manifestaesnocivas da exposio a esta radiao (Filho e al., 2004).

    Finalmente no perodo de 1914 a 1939, sentiu-se necessidade de seestudarem os efeitos prejudiciais da radiao, verificou-se uma intensificaode estudos sobre esta matria (Filho e al., 2004).

    A Sociedade Britnica Roentgen no ano de 1915 pronunciou-se sobre osriscos relacionados com a utilizao de aparelhos de raios X. E mais tarde em1921, a mesma Sociedade estabeleceu um Comite para proteco do uso deaparelhos de raios X e de rdio, que publicou dois relatrios (Filho e al., 2004).

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    A Noruega entrou na histria da proteco radiolgica em 1922, ao criar um grupo de trabalho para estabelecer recomendaes quanto a proteco douso de aparelhos de raios X (Filho e al., 2004).

    Em redor de 1922 foram muitos os radiologistas que morreram emconsequncias dos danos causados pelas radiaes (Mazzilli e al., 2002).A dose de segurana foi proposta pelo fsico americano Arthur

    Mutscheller, em 1924, quando este sentiu que se devia estabelecer uma dosede radiao segura, com base em estudos feitos, esta dose aplicava-se a quemtrabalhava com aparelhos de raios X, expressa em dose equivalente (DE).Segundo os seus estudos props 0.01 DE/ms. Um ano mais tarde em 1925,Rolf Sievert um fsico cujas contribuies mais relevantes foram na rea dosefeitos biolgicos da radiao, sugeriu que 0,1 DE/ano seria perigoso (Filho eal., 2004).

    Tambm em 1925, cdigos de prticas foram publicados pela Itlia eRssia e vrios grupos de estudos foram concebidos na Alemanha e EstadosUnidos. No mesmo ano teve lugar em Londres o "1 Congresso Internacionalde Radiologia" cuja principal concluso retirada deste encontro foi a urgnciade incrementar estudos sobre medidas a adoptar. Deste 1 Congresso, vem anascer o ICRU (International Commission on Radiation Units andMeasurements) que sendo concebido em Londres s faria o seu aparecimentointernacional trs anos mais tarde (Filho e al., 2004).

    No ano de 1928 foi estabelecida uma comisso de protecoradiolgica, a International Commission on Radiological Protection (ICRP),comisso esta que deveria sugerir limites de dose, entre outras vriasrecomendaes que visavam o aumento da segurana no trabalho com

    radiaes ionizantes (Mazzilli e al., 2002).A ICRP emite recomendaes actualizadas de estudos que envolvem

    radiaes ionizantes (Gerulis, 2006).Esta comisso (ICRP) ainda hoje em dia um rgo importante na

    elaborao de recomendaes sobre proteco radiolgica (Mazzilli e al.,2002).

    Ainda em 1928, o ICRU recomendou uma unidade para medir a

    quantidade de raios X baseada na ionizao do ar chamada de "R", aps o

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    acordo internacional da utilizao da unidade de exposio "R", esforos foramfeitos no sentido de transformar a DE numa medida de ionizao. Vrioscientistas sugeriram que 1 DE equivaleria a 600 R e, portanto, uma dose de

    tolerncia anual de 0,1 DE equivaleria a 60 R (Filho e al., 2004).No Congresso da Sucia (1928), o ICRP seguindo uma recomendaoinglesa fez o seguinte pronunciamento:

    Os efeitos perigosos da radiao que devem ser evitados so: danos nos tecidos; danos internos em rgos e mudanas no sangue.

    Nenhum limite de dose foi estabelecido pelo Comit e sim

    recomendaes quanto ao tempo de trabalho, frias prolongadas, uso deblindagens e proteco quanto radiao oriunda do elemento rdio utilizando-se blindagens e manuseio remoto (Filho e al., 2004).

    Em 1930, a Dinamarca fez uma lei regulamentando o uso de aparelhosde raios X (Filho e al., 2004).

    Em 1934 a ICRP, recomendou adoptar como limite, o valor de 0,2 R por dia para a exposio ocupacional (isto , a exposio de pessoas quetrabalham com radiaes), valor este que vigorou at 1950 (Filho e al., 2004).

    No ano de 1945 (2 Guerra Mundial), por intermdio das bombasatmicas lanadas sobre Hiroshima e Nagasaki, a humanidade ficou ciente doimenso poder das radiaes ionizantes, visto que o efeito destas bombasatmicas no se restringe exploso nem ao calor por elas libertada, provadisso foi a morte de vrias pessoas devido exposio das radiaeslibertadas pelas bombas. Com o fim da 2 Guerra Mundial e com noo de quea energia nuclear tinha imensa potencialidade, houve uma preocupao emaproveitar essa potencialidade em beneficio da humanidade, assim sendoacresceram os estudos que vieram a utilizar materiais radioactivos com intuitoem melhorar as condies de vida principalmente na rea da sade (Mazzilli eal., 2002).

    Com a liberao da energia atmica para usos pacficos, em 1955, aICRP criou em 1958 um programa de proteco raa humana e ao seuambiente introduzindo recomendaes para se obedecer a um sistema de

    limitao de doses de radiao (Gerulis, 2006).

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    Instituies de Proteco RadiolgicaPara ajudar na radioproteco, ao longo dos anos, tm se desenvolvido

    vrias instituies tais como:ICRU (International Committee on Radiological Units), criada em 1925 eoficializada em 1928, tinha como primeiro objectivo um acordo internacionalsobre as unidades de medida de radiao aplicadas medicina, mas a partir de 1950 abrangeu os seus objectivos para uma escala superior, passando atratar de quase o que tem a ver com radiao.

    ICRP (International Commission on Radiological Protection), fundada em1928 com objectivos direccionados para a proteco contra a radiao namedicina, mas o seu campo de trabalho foi alargado para a proteco contra asradiaes ionizantes em geral. Tem como principal objectivo uma protecouniformizada contra as radiaes ionizantes.

    IRPA (International Radiation Protection Association), criada em 1964atravs de iniciativas para a criao de uma associao internacional quealiasse a fsica e a sade. O principal objectivo desta associao promover acomunicao escala mundial entre as vrias associaes de radioprotecode forma a que esta melhor mais rapidamente, envolvendo conhecimentos dasmais variadas reas, como medicina, cincia, engenharia, direito entre outras.

    EURATOM (The European Atomic Energy Community) foi estabelecidapelo tratado Euratom que inicialmente servia para coordenar iniciativasrelativamente ao uso pacfico de energia nuclear entre os estados membros,hoje em dia trata tambm das questes de segurana que tenham a ver comradiaes e energia nuclear em geral.

    UPSR (Unidade de Proteco e Segurana Radiolgica) a nicaorganizao do pas com administrao pblica que tem como finalidade ocontrolo da contaminao radioactiva em alimentos, a dosimetria dostrabalhadores expostos a radiaes ionizantes, a avaliao e verificao dasegurana de instalaes, equipamentos e fontes radioactivas usadas emmedicina, na indstria e noutras aplicaes, e a monitorizao dacontaminao radioactiva no ambiente e nas regies uranferas. Promove

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    tambm a investigao e a formao no domnio da proteco e seguranaradiolgica.

    International Commission on Radiological ProtectionA International Commission on Radiological Protection (ICRP) umainstituio internacional de proteco radiolgica, fundada em 1928 pelaInternational Society of Radiolog (ISR) com o nome de International X ray andRadium Protection Committee e que foi reestruturada em 1950 ficando entocom o nome actual, que ao longo dos anos tem vindo a lanar conjuntos derecomendaes de proteco radiolgica. (ICRP recommendation,1990)

    Lanou em 1977 uma publicao conhecida como ICRP 26 e nela estcontida o sistema de limitao de doses de radiao.

    Em que define que trabalhadores de radiao atmica so pessoas quepodem estar constantemente a ser expostos a radiaes ionizantes.

    Os efeitos biolgicos das radiaes so classificados em somticos ehereditrios, e a ICRP na publicao 26 classifica os efeitos somticos comoestocsticos e como no estocsticos. Os efeitos estocsticos so aqueles emque a probabilidade de os contrair aumenta consoante a dose a que somosexpostos mas uma vez que tenha contrado, a severidade do problema amesma no importando a quantidade a que foi exposto. Os efeitosdeterministas so aqueles cuja severidade varia conforme a dose a que apessoa foi exposta. Assim a publicao nmero 26 da ICRP diz que o objectivoda radioproteco prevenir os efeitos classificados como no estocsticos ereduzir a probabilidade de os chamados efeitos estocsticos ocorrerem paranveis aceitveis. Isto possvel delimitando limites de doses anuais

    suficientemente baixos.Assim publicado na publicao 26 da ICRP os limites de doses

    aconselhveis que so de 50 mSv por ano para o corpo inteiro para prevenir osefeitos no estocsticos.

    Existem dois tipos de exposio, a exposio do corpo inteiro e aexposio de uma regio do corpo, porque h certos elementos que seacumulam mais ao nvel de certos rgos. Para aceder dose a que o corpo

    inteiro foi exposto so medidos os nveis de radiao a 1 centmetro de

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    profundidade, a isto chama-se dose de profundidade, depois temos a dose desuperfcie que medido o nvel de radiao ao nvel da pele e ainda temos adose de tecido que a dose de radiao que um certo rgo foi exposto. Cada

    rgo tem um factor de tolerncia de radiao e a ICRP publicou uma tabelacom esses factores. (ICRP recommendation, 1977)A ICRP classifica os tipos de exposio radiao como ocupacional

    que a exposio durante o trabalho, em exposio mdica que durante osdiagnsticos ou tratamentos e a exposio pblica que a que engloba todosos outros tipos de exposio. Na publicao nmero 26 os limites para aexposio ocupacional eram de 50 mSv por ano, e 5 mSv por ano para aexposio pblica e as mulheres grvidas tinham um limite de exposio demenor ou igual a 15 mSv. Segundo a ICRP 26 os trabalhadores tinham umlimite de 500 mSv de dose nos rgos e 300 mSv nas pupilas e a exposiopblica tinha como limite os 50 mSv de dose nos rgos.

    Em 1990 a ICRP publica um novo documento que fica conhecido comoICRP 60 que a renovao do ICRP 26, que vem alterar as doses.

    Neste artigo surgem 3 princpios que so a justificao, a optimizao ea limitao. A justificao diz que nenhum indivduo deve ser sujeito anenhuma prtica se esta no for mais benfica para ele do que prejudicial. Aoptimizao diz que a exposio de ser o mais baixa e breve possvel e que sedeve expor o menor nmero de pessoas possvel. E a limitao diz que aexposio radiao deve se sujeita a limites de radiao, ou seja a exposiodeve ser controlada e respeitar as normas de cada pas.

    A ICRP 60 veio substituir o termo no estocstico por determinista.(ICRP recommendation, 1990)

    Mas a grande diferena desta publicao para a publicao nmero 26 em termos de doses e limites visto que a publicao 60 vem dizer que oslimites agora para um trabalhador so de 20 mSv por ano ou um total de 100mSv em cinco anos mas nunca deixando que num nico ano esse valor chegueaos 50 mSv. Para a exposio pblica delimitou 1 mSv por ano ou seja reduziupara cinco vezes menos. E para as mulheres grvidas reduziu de 15 mSv paraapenas 2 mSv na regio do abdmen. Para a exposio mdica no foi

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    sugerido um valor de radiao mas foram visados 2 dos 3 princpios, ajustificao e a optimizao. (ICRP recommendation, 1990)

    A nvel de exposio dos rgos este artigo veio tambm reduzir alguns

    valores. Os trabalhadores passaram de 300 mSv ao nvel das pupilas para 150mSv, passaram a poder suportar 500 mSv na pele por centmetro quadrado e500 mSv nas mo e nos ps. E a exposio pblica passou a ter como limite50 mSv por centmetro quadrado de pele e 150 mSv ao nvel das pupilas.

    Mais recente em 2007 saiu uma nova publicao dada pela ICRP, apublicao 103.

    Mais uma vez a ICRP volta a fazer referncia aos 3 princpios nestanova publicao.

    Esta publicao veio introduzir valores para a exposio mdica, sendoassim uma pessoa que necessite de tratamento por radiao pode ser sujeitapor sesso a 5 mSv e num total de 20 mSv por ano.

    Veio tambm reduzir para 1 mSv para os fetos. As doses para ostrabalhadores e para o pblico mantiveram-se, incluindo as ao nvel dosrgos.

    A publicao nmero 103 veio tambm introduzir novos factores detolerncia ao nvel dos tecidos, por exemplo introduziu o factor de tolerncia docrebro e das glndulas salivares que no tinha sido referido nas anteriorespublicaes. E veio alterar alguns factores de tolerncia de algumas partes docorpo, como por exemplo baixou o factor de tolerncia das gnadas, eaumentou o factor de tolerncia ao nvel do peito.

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    Legislao PortuguesaCom a ocorrncia cada vez mais frequente de doenas e mortes

    relacionadas com a exposio radiao, houve uma necessidade crescentede se desenvolverem normas de proteco radiolgicas, que foram decretadaspelo governo portugus para que se evitassem mais perdas relacionadas coma radiao.

    Legislao 1961Sbado dia 25 de Novembro de 1961 publicado no Dirio do Governo

    o Decreto-Lei n 44 060, o qual estabelecia os preceitos a que devia obedecer a proteco das pessoas contra as radiaes ionizantes.

    Segundo este decreto, o progressivo incremento do uso das radiaesionizantes e o melhor conhecimento, que havia sido adquirido sobre os perigosdas mesmas, aconselhavam uma urgente adopo de providncias tendentesa assegurar uma proteco eficaz das pessoas expostas a estas radiaes.

    Com base numa iniciativa da Junta de Energia Nuclear com a colaborao da

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    Direco-Geral de Sade e dos centros de estudos de energia nuclear retirou-se a concluso de que a proteco assegurada, em inmeras instalaes deraios X no era satisfatria. Um elevado nmero de pessoas que frequentavam

    estas instalaes, estavam pois, sujeitas a doses de radiaes superiores aosmximos admissveis, quer devido s falhas de proteco das instalaes emsi, quer por inadequado regime de trabalho do pessoal em causa.

    Neste decreto tambm foi estipulado que era obrigatria a declarao detodos os equipamentos, pelos respectivos possuidores, de instalaes equaisquer outras fontes de radiaes ionizantes utilizados no pas com finscientficos, mdicos e industriais. Assim seria possvel avaliar as instalaes deuma forma mais eficaz promovendo uma melhoria no campo da protecoradiolgica.

    Em relao a dosagens este documento estipulava que qualquer pessoaque exercesse a sua actividade profissional em locais onde existissem fontesde radiaes ionizantes, onde fosse possvel ser sujeito a doses superiores a1.5 rem por ano, a dose mxima admissvel D era determinada pela frmula:D=5(N-18), onde D expresso em rem, sendo a dose efectivamente recebidanas gnadas, nos rgos hemato-poticos e nos cristalinos, sendo N a idadeda pessoa expressa em anos. Este dispositivo de proteco baseava-se numadose mdia de 0.1 rem por semana. A dose mxima acumulada durante umperodo qualquer compreendendo 13 semanas consecutivas no deveriaexceder 3 rem nem 12 rem no perodo de um ano. Em relao dosecumulada referia-se que quando a dose anteriormente recebida fosseconhecida e inferior ao mximo dado pela frmula, podia-se tolerar umaacumulao de doses cadncia de 3 rem por perodo de 13 semanas

    enquanto aquele mximo no fosse atingido. Exceptuando os casos em queexistiam mulheres em idade de concepo era possvel admitir trabalhos emcondies especiais em que se atingia uma dose de 12.5 rem. Dose esta ques podia ser submetida uma vez no decorrer da vida. Se por algum motivoacidental uma pessoa recebesse, uma s vez na vida, uma dose compreendidaentre 3 e 25 rem, esta seria acrescida dose acumulada at ao momento doacidente. Se em caso de acidente o valor da dose recebida fosse superior ao

    limite para essas situaes o caso seria entregue as autoridades competentes

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    que tomariam medidas apropriadas quanto exposio profissional do sujeitoem causa.

    Em casos normais as doses mximas, das irradiaes parciais do

    organismo que envolvessem as mos, o antebrao, os ps e os tornozelosseriam de 15 rem por perodo de 13 semanas e 60 rem por ano. Nasirradiaes externas afectando a pele no seu conjunto era de 8 rem por perodode 13 semanas e 30 rem por ano. Por fim irradiaes afectando rgosinternos, salvo gonadas, rgo hematopoticos e os cristalinos, nuncadeveriam exceder 4 rem por perodo de 13 semanas e 15 rem por ano(Decreto-Lei n 44 060, 1961).

    Por intermdio deste decreto ficou estipulado que os materiais eequipamentos produtores de radiaes ionizantes deveriam ser protegidos e asua utilizao seria regulamentada, de maneira a reduzir as doses recebidaspelas pessoas expostas a essas fontes ao menor valor possvel.

    Relativamente s instalaes que possuam equipamentos capazes deemitir radiao ionizante, passou a ser obrigatrio o uso de sinalizao devidanos acessos, pessoas com menos de 18 anos no poderiam exercer actividadeprofissional que envolva exposio a radiaes ionizantes (Decreto-Lei n 44060, 1960).

    As pessoas que profissionalmente focem expostas s radiaesionizantes, passaram a ser instrudas sobre os perigos a que estavam sujeitos,e as vantagens do cumprimento das regras de proteco implementadas(Decreto-Lei n 44 060, 1961).

    Passou a ser assegurada fiscalizao por mtodos fsicos das doses deradiao recebidas assim como vigilncia mdica. E implementaram-se

    perodos de dispensa de actividade profissional, quando estes fossemdevidamente justificados (nomeadamente referentes a excedentes de recepode doses de radiao) (Decreto-Lei n 44 060, 1961).

    Visto que Portugal havia aderido a uma resoluo referente uniformizao das normas de proteco contra radiaes ionizantes tomadapelos pases membros da ento Organizao Europeia de CooperaoEconmica (actual Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento

    Econmico), foi necessria a oficializao das regras base que este acordo

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    visava e nomear um rgo cuja funo seria assegurar o seu cumprimento,assim sendo foi criada a Comisso de Proteco contra Radiaes Ionizantes(Decreto-Lei n 44 060, 1961).

    Legislao 1989Em 1989 chegou-se concluso que urgia definir competncias e tomar

    aces no que dizia respeito ao licenciamento, inspeco, formao,regulamentao e produo de normas em matria de radiaes ionizantes.Esta concluso foi tomada visto que os meios tcnicos e humanos eraminsuficientes uma vez que se pretendia uma cobertura ao nvel da fiscalizao

    e inspeco uniformizada e eficaz em todo o Pas (Decreto-Lei n. 348/89,1989).Por intermdio do Decreto-Lei n. 348/89 de 12 de Outubro, e sendo o

    patrimnio biolgico do homem uma das reas mais afectadas pela aco dasradiaes ionizantes, atribuiu-se Direco-Geral dos cuidados de sadeprimrios a promoo e a coordenao das medidas destinadas a assegurar em todo o Pas a proteco de pessoas e bens que possam ser condicionadaspelos efeitos da exposio a radiaes.

    O facto das radiaes ionizantes afectarem mais reas para alm dasade, condicionava uma aco conjunta de vrias entidades. Deste modopreviu-se a criao da Comisso Nacional de Proteco contra Radiaes quedetinha a funo de definir polticas e propor directivas a que deveriamobedecer as normas de proteco contra radiaes (Decreto-Lei n. 348/89,1989).

    Legislao 1990Em 1990, por intermdio do Decreto Regulamentar n. 9/90 foi dado a

    conhecer o conceito de Tcnico especialista em proteco e segurana contraradiaes ionizantes, o qual tem a funo de assegurar a aplicao das normasde proteco e segurana contra estas radiaes e de aconselhar em todos osaspectos relacionados com a proteco dos trabalhadores e do pblico.

    Foram estipulados pelo mesmo documento os princpios bsicos de

    proteco e segurana contra radiaes ionizantes onde era expresso que:

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    Qualquer actividade que implique uma exposio a radiaes ionizantesdeveria ser devidamente justificada pela vantagem que a proporciona,sendo que qualquer exposio ou contaminao desnecessria de

    pessoas e do meio ambiente devia ser evitada (Justificao da prtica,Recomendaes de 1990 da ICRP);

    Os nveis de exposio deveriam ser sempre to baixos quanto possvel(As Low As Reasonably Achievable, ALARA) e sempre inferiores aoslimites estabelecidos (Optimizao e Limitao da dose individual,Recomendaes de 1990 da ICRP).

    Nesta poca, nas zonas controladas (zonas que por virtude dascondies de trabalho existentes, era provvel que a exposio a que ostrabalhadores estavam sujeitos durante um ano pudesse ultrapassar trsdcimos dos limites) era obrigatria a dosimetria da exposio individual, naszonas vigiadas (zonas que por virtude das condies de trabalho existentes,era provvel que a exposio a que os trabalhadores estavam sujeitos duranteum ano pudesse ultrapassar um dcimo dos limites de exposio e improvvelque ultrapassasse trs dcimos desses limites), utilizavam-se monitores deradiao de rea de forma a obter-se uma avaliao mais correcta possvel.Ainda em relao s zonas controladas, os trabalhadores no estoautorizados a trabalhar nestes locais sem antes receber uma formaoadequada sobre os riscos e medidas de proteco em vigor referente sfunes que tero de desempenhar, e no caso de existir risco de contaminaoradioactiva, obrigatrio o uso de equipamento pessoal de protecoadequado ao risco especfico existente (Decreto Regulamentar n. 9/90, 1990).

    Neste decreto o grupo das pessoas profissionalmente expostas , por motivos de vigilncia e controlo, dividido em duas categorias, a Categoria A(pessoas que esto susceptveis de receber uma dose superior a trs dcimosde um dos limites anuais) e Categoria B (pessoas que no esto susceptveisde receber uma dose superior a trs dcimos de um dos limites anuais). Noque diz respeito aos limites de dose para as pessoas profissionalmenteexpostas assistiu-se a uma reduo significativa destas mesmas doses. Com a

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    publicao do Decreto Regulamentar n. 9/90 os limites de dose passaram aser os seguintes:

    50 mSv (5 rem) passou a ser o limite anual para o caso de exposio

    total e uniforme do organismo; O limite anual para o caso de exposio parcial passou a ser:

    150 mSv (15 rem) para o cristalino; 500 mSv (50 rem) para a pele; 500 mSv (50rem) para as mos, antebraos, ps e tornozelos; 500 mSv (50 rem) para qualquer outro rgo ou tecido,

    considerado individualmente.

    Para alm dos limites de dose referentes s pessoas profissionalmenteexpostas foram implementados limites de dose especiais, limites esses quecontemplavam:

    Menores de 18 anos, e estudantes ou estagirios entre os 16 e os 18anos passaram a ter um limite de trs dcimos dos limites anuais dedose para as pessoas profissionalmente expostas;

    Mulheres grvidas, cujo equivalente da dose no abdmen passou a no

    poder exceder 13 mSv (1.3 rem) por trimestre. No caso de estasestarem submetidas a radiaes ionizantes no trabalho, a dose total nofeto, desde a concepo at ao final da gestao, passou a no poder exceder 10 mSv (1 rem). Em geral, este limite poder ser respeitadocolocando a mulher grvida no desempenho das suas funes emcondies idnticas s dos trabalhadores includos na categoria B.Por fim os limites de dose para os membros do pblico passaram a ser:

    5 mSv (0.5 rem) passou a ser o limite anual para o caso de exposiototal e uniforme do organismo;

    O limite anual para o caso de exposio parcial passou a ser: 15 mSv (1.5 rem) para o cristalino; 50 mSv (5 rem) para a pele; 50 mSv (5 rem) para as mos, antebraos, ps e

    tornozelos;

    50 mSv (5 rem) para qualquer outro rgo ou tecido,considerado individualmente.

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    Com a inteno de obter uma vigilncia mdica mais eficaz, foidistribuda aos mdicos responsveis pelo controlo mdico uma lista decritrios especialmente concebida para avaliar a aptido do trabalhador

    exposio a radiaes ionizantes (Decreto Regulamentar n. 9/90, 1990).Em relao sinalizao concluiu-se que nas zonas controladas evigiadas era insatisfatria, passou a ser obrigatrio o uso de sinalizaoespecfica como por exemplo o triflio (Figura 1), este smbolo pode tambmaparecer associado ao crculo, triangulo ou rectngulo de modo a transmitir mensagem de proibio, aviso ou informao (Decreto Regulamentar n. 9/90,1990).

    Figura 5: Triflio.Fonte: Agncia Portuguesa do Ambiente, 2009.

    A sinalizao passa a ter uma maior importncia se tivermos em contaque os efeitos nocivos da radiao no so imediatamente perceptveis pelo

    indivduo sujeito radiao ou contaminao (Decreto Regulamentar n. 9/90,1990).

    Legislao 1993No ano de 1993, viria a ser estipulado atravs do Decreto n. 26/93 que

    nenhum trabalhador com menos de 16 anos de idade podia ser incumbido detrabalhos que envolvessem o uso ou exposio de radiaes ionizantes,lembramos assim que em 1961 esta norma era referente a menores de 18anos.

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    Todos os trabalhadores directamente ocupados de trabalhos sobradiaes devero submeter-se a exame mdico apropriado, antes ou poucodepois da ocupao em tais trabalhos, e submeter-se posteriormente a exames

    mdicos em intervalos apropriados (Decreto n. 26/93, 1993).Nenhum trabalhador que tenha sido submetido a um exame mdicoapropriado, dever trabalhar no caso de este exame exprimir a contradio domesmo (Decreto n. 26/93, 1993).

    Legislao 2002Em 2002 so referidos novamente os princpios gerais de proteco

    contra radiaes ionizantes (Justificao, optimizao e limitao das prticas),os quais foram recomendados em 1990 pela ICRP e posteriormenteapresentados pelo Decreto Regulamentar n. 9/90. A diferena reside no factodo Decreto-Lei n. 165/2002 de 17 de Julho os denominar, visto que no DecretoRegulamentar n. 9/90 apenas se referia o seu contedo.

    No que diz respeito s entidades de prestao de servios na rea daproteco contra radiaes ionizantes, se estas cumprirem todos os requisitoslegais, podem exercer actividades de:

    Avaliao e verificao das condies de proteco radiolgicadas instalaes e dos critrios de aceitabilidade dos equipamentos de medicinadentria, radiodiagnstico, radioterapia, medicina nuclear ou ainda da indstria,investigao ou ensino;

    Assessoria tcnica na rea de radiodiagnstico; Dosimetria individual e de rea; Formao para as reas de actividades includas nos pontos

    anteriores; Inspeco das instalaes e equipamentos para verificao da

    conformidade dos critrios de aceitabilidade, bem como da qualificao daspessoas profissionalmente expostas.

    Para assegurar uma fiscalizao eficaz das dosimetrias individuais, referido no Decreto-Lei n. 167/2002, que o responsvel tcnico do servio dedosimetria da respectiva entidade para alm de satisfazer os requisitos geraisprevistos deve possuir conhecimentos prticos da tcnica de medida utilizada.

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    O sistema de dosimetria tem como objectivo a monitorizao individual e derea e deve obedecer a vrias regras sendo algumas delas:

    A correcta colocao do dosmetro - o dosmetro de corpo inteiro

    deve ser colocado sobre o peito ou sobre o abdmen, com excepo dasmulheres grvidas as quais o devem colocar ao nvel do abdmen;

    O uso de vrios dosmetros - as pessoas que os devem usar esto sujeitas a situaes em que apenas os valores de um dosmetro no sorepresentativos;

    O uso de equipamento suplementar com alarme e dosmetro deextremidades, caso a autoridade de controlo assim o exija. O dosmetro deextremidades deve ser colocado, na medida do possvel, no local onde seespera que a dose seja mais elevada;

    O dosmetro deve ser colocado sob o anteparo de proteco. Aautoridade de controlo deve exigir que dois dosmetros sejam usados sempreque os trabalhadores utilizem doses elevadas sem anteparo de proteco.

    Em relao s grandezas operacionais para radiaes externas, no casoda vigilncia individual, no Decreto-Lei n. 167/2002 de 18 de Julho,recomendou-se, para uma radiao fortemente penetrante, uma profundidadede 10 mm e, para uma radiao fracamente penetrante, uma profundidade de0,007 mm para a pele e de 3 mm para o olho.

    Como nas instalaes de equipamentos produtores de radiaesionizantes existe a possibilidade de ocorrerem situaes de emergncia necessrio que existam medidas de interveno com vista a proteger apopulao e os seus bens. Deste modo foi previsto, no Decreto-Lei n.174/2002 de 25 de Julho, que a execuo de uma interveno (actividadehumana destinada a impedir ou diminuir a exposio dos indivduos aradiaes provenientes de fontes que no faam parte de uma determinadaprtica ou sobre as quais se tenha perdido o controlo) deve ser regida pelosseguintes princpios:

    A interveno s deve efectuar-se quando a reduo dos efeitosnocivos devidos a radiaes for suficiente para justificar os inconvenientes e oscustos incluindo os custos sociais, decorrentes dessa interveno;

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    A forma, a escala e a durao da interveno devem ser optimizadas de modo a maximizar o benefcio correspondente reduo dosprejuzos para a sade, deduzidos os inconvenientes associados interveno;

    Nos casos de exposio prolongada na sequncia de umaemergncia radiolgica ou do exerccio de uma prtica anterior ou antiga, oslimites de dose, estabelecidos na respectiva legislao em vigor para ostrabalhadores expostos, devem, em princpio, ser apropriados para ostrabalhadores envolvidos na interveno. Neste caso os limites de dose emvigor no se aplicam no caso de interveno;

    A exposio dos indivduos que realizem uma interveno estsujeita a controlo para garantir que os nveis de dose de interveno no sejamultrapassados, embora se admita que excepcionalmente aqueles possam ser excedidos para salvar vidas humanas, mas unicamente em voluntrios queestejam informados dos riscos que a sua interveno comporta;

    Existem duas medidas de interveno: o abrigo e a evacuao. Paracada uma destas medidas existe um nvel diferente de interveno, 10 mSvcorresponde ao nvel de interveno recomendado para a medida de abrigo,enquanto que para a medida de evacuao o nvel recomendado 50 mSv.Deste modo a interveno s deve ser tomada se a dose que pode ser evitadapela aco for maior que os valores indicados. Para as pessoas envolvidas emintervenes de emergncia radiolgica existem nveis de dose especficos, naTabela I esto representados os limites de dose, requisitos de recrutamento,tipos de interveno bem como a diferenciao dessas pessoas em diferentescategorias (Decreto-Lei n. 174/2002, 2002).

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    Quadro I. Limites de dose, requisitos de recrutamento, tipos de interveno e diferenciao decategorias.

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    Categoriado pessoal

    Requisitos derecrutamento dopessoal

    Tipo de intervenoNveis de doserecomendados

    1 (a)

    Voluntrios, treinados

    nas aces aexecutar einformados dos ris-cos das operaes aexecutar e daexposio sradiaes.

    1) Intervenes deemergncia com o objectivode salvar vidas humanas ouevitar grandes exposies.

    Apesar de serem em geralamplamente justificadas,deve procurar-se que asdoses do pessoal deinterveno no excedam oslimiares de induo deefeitos determinsticos.2) Noutros casos, a

    justificao deve ser cui-dadosamente ponderada.

    1) 0,3 Sv de doseeficaz ou 5 Sv dedose equivalente paraa pele.

    2) 0,1 Sv de doseeficaz ou 1 Sv dedose equivalente paraa pele.

    2 (b)

    Treinados nasaces a executar einformados dosriscos das radiaes.

    Desde que as exposiespossam ser controladas, asoperaes devem ser justificadas e sujeitas optimizao possvel.Idealmente, as doses no

    devem exceder os limitesestabelecidos.

    0,05 Sv de doseeficaz ou 0,5 Sv dedose equivalente paraa pele.

    3 (c)

    Formao e treinobsico em seguranano trabalho eprotecoradiolgica.

    As aces a empreender devem ser planeadas e asexposies monitorizadas. Opessoal deve ser sujeito aosistema normal de protecoradiolgica para exposio

    profissional.

    0,02 Sv de doseeficaz ou 0,15 Sv dedose equivalente parao cristalino ou 0,5 Svde dose equivalentepara a pele.

    (a) Categoria 1 pessoal que realize aces urgentes no local do acidente ou no localonde ocorre a interveno, com o objectivo de salvar vidas, prevenir a ocorrncia deleses e ferimentos graves ou prevenir a ocorrncia de situaes com efeitoscatastrficos de que possam resultar doses significativas para os membros do pblico.

    (b) Categoria 2 pessoal envolvido em aces de suporte ao pessoal da categoria 1 ouque contribuam para minimizar ou evitar a exposio do pblico. o caso de agentesdas foras de segurana, pessoal mdico, condutores e tripulantes de mquinas eveculos.

    (c) Categoria 3 pessoal que execute operaes de recuperao aps controlo dascausas da situao de emergncia. Estas operaes podem ter longa durao, incluir reparaes de instalaes, descontaminao das reas afectadas e remoo deresduos.

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    O Decreto-Lei n. 180/2002 de 8 de Agosto estabelece as regras relativas proteco da sade das pessoas contra os perigos resultantes das radiaesionizantes em exposies radiolgicas mdicas.

    Mais uma vez so referidos os princpios gerais de proteco contraradiao, neste caso no Decreto-Lei n. 180/2002 e visando a exposio aradiaes para fins mdicos, assim sendo:

    Deve se evitar a utilizao de aparelhos produtores de radiaes oumateriais radioactivos, salvo se essa utilizao for justificada pelasvantagens que proporcionam ao indivduo;

    Deve optimizar-se a proteco e segurana contra radiaes deforma que a exposio do individuo seja to baixa quando o possvelpara a obteno dos resultados esperados.

    A pessoa ou grupo responsvel pela exposio a radiaes para finsmdicos tem o dever de garantir que a informao que se pretende obter nopode ser recolhida com outro mtodo ou exame mdico que envolva riscosmenores ao indivduo. Tendo em conta que as mulheres grvidas necessitamde uma maior ateno na matria da proteco contra as radiaes ionizantes,

    importante referir que deve-se procurar por todos os meios optimizar ousubstituir a utilizao destas radiaes com o fim de evitar ou reduzir aomnimo a exposio (Decreto-Lei n. 180/2002, 2002).

    A responsabilidade da utilizao de radiaes ionizantes em actosmdicos cabe a mdicos ou mdicos dentistas habilitados para tais actos(Decreto-Lei n. 180/2002, 2002).

    Em matria de instalaes radiolgicas, estas devem dispor de um

    regulamento interno definido pelo titular, o qual tem de constar o seguinte: Identificao do director clnico e do seu substituto, bem como dos

    restantes colaboradores; Estrutura organizacional; Deveres gerais dos profissionais: Funes e competncias por grupos profissionais; Normas de funcionamento.

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    As instalaes radiolgicas devem encontrar-se em meios fsicossalubres, com bons acessos e ventilao, e devem de ter infra-estruturassubjacentes de abastecimento de gua, de recolha de guas residuais e de

    resduos. Estas instalaes devem ainda dispor de salas onde decorremtcnicas radiolgicas, um balco de atendimento e apoio administrativo, salasde espera, instalaes sanitrias e vestirios (com excepo da medicinadentria, esta no necessita de vestirios). As paredes, tectos, divisrias,portas e o revestimento das zonas onde se efectuam exames e tratamentosdevem garantira a necessria proteco e segurana radiolgica (Decreto-Lein. 180/2002, 2002).

    Com o intuito de assegurar as condies de segurana radiolgica nasinstalaes elaborado um plano que deve ter em conta a localizao dasinstalaes a configurao, o nmero de salas e as respectivas dimenses,tendo em conta as seguintes condies:

    A proteco dos trabalhadores assegurada fazendo um controloentre a distncia do trabalhador e a fonte de radiao, por intermdiode barreiras de proteco e pela durao das exposies;

    Com base em garantir que a exposio dos trabalhadores emembros do pblico seja o mais baixa possvel, as barreiras deproteco devem ser colocadas tendo em conta a localizaoadequada do equipamento e as possveis direces do feixe deradiao.

    Em relao s barreiras de proteco h que ter em conta os seguinteslimites:

    0.4 mSv/semana, para reas ocupadas por trabalhadroesprofissionalmente expostos;

    0.02 mSv/semana para reas ocupadas por membros do publico.Quanto localizao da instalao esta deve estar situada ao nvel do

    solo ou subsolo quando integrada em prdios, com excepo das instalaesde medicina dentaria (Decreto-Lei n. 180/2002, 2002).

    De modo a efectuar tcnicas de radiodiagnstico em segurana as salasonde so desenvolvidas estas tcnicas devem obedecer aos seguintes critrios

    de proteco:

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    Para uma instalao de radiografia e radioscopia combinadas, ablindagem est dependente do uso radiogrfico da sala;

    Para uma instalao de radioscopia e fotofluoroscopia, a barreira

    primria est incorporada no sistema de imagem, e as barreirassecundrias nas paredes.O clculo das barreiras de proteco em instalaes de

    radiodiagnstico, segundo o Decreto-Lei n. 180/2002, deve ter em conta aenergia da radiao, a carga semanal de funcionamento, direco do feixe tilda radiao e o tipo de ocupao das reas a proteger. Alem disso para adeterminao das espessuras das barreiras de proteco importante ter emconta:

    Classificao da rea a proteger; Tenso mxima a aplicar ampola; Carga semanal ponderada pelo factor de uso da barreira para atenuar o

    feixe til de radiao; No caso das barreiras primrias, a distncia da ampola ao local a

    proteger;

    No caso das barreiras secundrias, a distncia do corpo do paciente.

    Legislao 2008Em 2008, no Decreto-Lei n. 222/2008 de 17 de Novembro, os limites de

    dose em relao aos trabalhadores expostos foram fixados nos 100 mSvdurante um perodo de cinco anos consecutivos, no podendo esse valor ultrapassar os 50 mSv por ano. Se for verificado o cumprimento deste limite oslimites de dose equivalentes so os mesmos que os publicados no DecretoRegulamentar n. 9/90.

    Relativamente aos membros do pblico o limite de dose efectiva, deacordo com o Decreto-Lei n. 222/2008, fixado em 1 mSv por ano. As dosesequivalentes para o cristalino a pele e as extremidades no sofreramalteraes. Quanto aos estudantes ou aprendizes com idades superior a 18anos, os limites de dose efectiva so os mesmos que os limites fixados para ostrabalhadores expostos. No caso dos estudantes ou aprendizes terem entre 16

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    e 18 anos o valor limite de dose efectiva fixado nos 6 mSv anuais. Caso esteslimites sejam respeitados os limites de dose equivalente so:

    50 mSv anuais (5 rem) para o cristalino;

    150 mSv anuais (15 rem) para a pele; 150 mSv anuais (15 rem) para as extremidades.

    Foi publicada uma proteco especial para mulheres grvidas e em fasede amamentao. Essa proteco consistia em garantir que o feto recebe umaproteco equivalente proteco dispensada a qualquer membro do pblicoem geral. A mulher grvida ou lactante no desempenha funes queenvolvam um risco significativo de contaminao radioactiva do organismo.

    importante fazer uma distino entre trabalhadores aprendizes eestudantes, deste modo e com intuito de facilitar a monitorizao e vigilnciados trabalhadores expostos estes dividem-se em duas categorias:

    Categoria A, trabalhadores expostos susceptveis de receber uma doseefectiva superior a 6 mSv por ano;

    Categoria B, todos os restantes trabalhadores expostos noclassificados como sendo de categoria A.

    (Decreto-Lei n. 222/2008, 2008)Em matria da monitorizao das dosimetrias, no caso dostrabalhadores da categoria A a monitorizao individual deve ter umaperiodicidade mensal. Nos trabalhadores de categoria B a monitorizaoindividual deve ser efectuada trimestralmente (Decreto-Lei n. 222/2008, 2008).

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    ConclusoO termo Proteco Radiolgica informa distintamente o seu objectivo,

    reduzir ao mnimo a exposio dos pacientes radiao e proteger osfuncionrios que trabalhem com fontes ou equipamentos emissores deradiao ionizante.

    Conclui-se que as normas estipuladas pelos governos so fundamentaispara que se preserve a sade, e a vida, de todas as pessoas que sejamsubmetidas ao contacto regular com a radiao ionizante.

    Ao explicarmos a natureza da radiao, as suas vertentes e osmalefcios provocados pela radiao ionizante pudemos compreender anecessidade de proteger todos aqueles que lidem com a radiaofrequentemente.

    Os raios x so a radiao mais utilizada durante processos medicinaissendo assim esta a radiao que mais afecta os profissionais de sade e ospacientes. Com o objectivo de se melhorar a proteco para os profissionais desade e pacientes foram criadas instituies especialmente destinadas proteco radiolgica.

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    Decreto-Lei n. 180/2002 de 8 de Agosto. Dirio da Repblica n. 182 - I Srie-A. Lisboa: Ministrio da Sade.

    Decreto-Lei n. 222/2008 de 17 de Novembro. Dirio da Repblica n. 223 - ISrie-A. Lisboa: Ministrio da Sade.

    Decreto n. 26/93 de 18 de Agosto. Dirio da Repblica n. 193, I Srie-A.

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