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F A C U L D A D E MEDICINA E SAÚDE v. 1, n. 1, jan./jul. 2018 Revista Científica do Claretiano – Faculdade ISSN: 2595-3516

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F A C U L D A D E

MEDICINAE SAÚDE

v. 1, n. 1, jan./jul. 2018

Revista Cientí�ca do Claretiano – Faculdade

ISSN: 2595-3516

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Revista Científica do Claretiano – Faculdade

MEDICINA E SAÚDE

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Reitoria / RectorateDiretor Geral: Pe. Luiz Claudemir BotteonDiretor Administrativo: Prof. Esp. Osvaldo CelottiDiretor Acadêmico: Prof. Esp. Leandro Henrique da Silva PaulettiDiretor Comunitário e de Extensão: Prof. Esp. Ângelo Aparecido Zadra

Conselho Editorial / Publish CommitteeProf. Dr. Cesar Augusto Buneno Zanella (CLARETIANO – FACULDADE)Profa. Dra. Maria Cecilia Lieth Bonaceli (CLARETIANO – FACULDADE)Profa. Ma. Monica Cristina Lopes do Carmo (CLARETIANO – FACULDADE)Profa. Dra. Beatriz Martins Manzano (CLARETIANO – FACULDADE)Prof. Dr. Fabrizzio Magaldi Messeti (CLARETIANO – FACULDADE)Prof. Dr. Marco Aurelio Mestrinel (CLARETIANO – FACULDADE)Prof. Esp. Jair Virgilio Junior (CLARETIANO – FACULDADE)

Informações Gerais / General InformationCirculação: AnualNúmero de páginas: 86 páginasNúmero de artigos: 6 artigos neste volumeMancha/Formato: 20 x 28cm

Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

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Revista Científica do Claretiano – Faculdade

MEDICINA E SAÚDE

Medicina e Saúde Rio Claro v. 1 n. 1 p. 1-86 jan./dez. 2018

ISSN 2595-3516

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© 2018 Ação Educacional Claretiana

Equipe editorial / Editorial teamEditores responsáveis: Prof. Me. Rafael Menari Archanjo e Prof. Me. Pablo Rodrigo Gonçalves

Equipe técnica / Technical staff Normatização: Dandara Louise Vieira Matavelli, Inaiê Cordeiro e Rafael Antonio MorottiRevisão: Juliana BiggiProjeto gráfico e Capa: Bruno do Carmo Bulgarelli

Direitos autorais / CopyrightTodos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Permuta / ExchangeOs pedidos de permuta devem ser encaminhados à Biblioteca da instituição:[email protected]

Bibliotecária / LibrarianGabriela Leandro Fontana – CRB 8/9748

610 M442

Medicina e Saúde - Revista Científica do Claretiano - Faculdade v.1, n.1, jan./dez. 2018 - Rio Claro, SP: Claretiano, 2018. 86 p.

Anual.

1. Medicina - Periódicos. 2. Saúde - Periódicos. I. Medicina e Saúde - Revista Científica do Claretiano - Faculdade.

CDD 610

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Sumário / Contents

Editorial / Editor’s note

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL PAPER

Benefícios da musculação e hidroginástica na qualidade de vida do idosoBenefits of bodybuilding and hydrogymnastic in the quality of life of the elderly

A percepção de saúde e qualidade de vida do idoso praticante de atividades aquáticasThe perception of health and quality of life of the old practicer of aquatic activities

REVISÃO DE LITERATURA / LITERATURE REVIEW

Ingresso de idosos com doença de Alzheimer em programa de atividade física de uma instituição públicaAdmission of elderly people with Alzheimer’s disease in a public institution’s physical activity program

A atuação da cafeína biovetorizada e do ultrassom no tratamento da lipodistrofia localizada na região abdominal: revisão literáriaThe performance of biovetorized caffeine and ultrasound in the treatment of lipodystrophy located in the abdominal region: literary review

O uso da oliva em formulações cosméticas The use of olive on cosmetic formulations

Síndrome de Burnout em profissionais de saúde: revisão da literaturaBurnout Syndrome in Health Professionals: literature review

Política Editorial / Editorial Policy

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Editorial / Editor’s note

Prezado leitor,Motivo de júbilo para toda a Comunidade Educativa Claretiana, a Revista Medicina e Saúde lan-

ça sua primeira edição, apresentando as primeiras nuances da identidade que almejamos alcançar: a interdisciplinaridade. A partir de 2018, o curso de graduação em Medicina passou a integrar a oferta do Claretiano – Faculdade, unidade que ostenta a marca reveladora de mais de 30 anos de excelência dedicados ao campo da saúde. Tal feito reafirma o compromisso institucional de “[...] capacitar a pessoa humana para o exercício profissional e o compromisso com a vida” (MISSÃO E PROJETO EDUCATI-VO CLARETIANO, 2007, p. 11). É justamente pela celebração do lançamento do curso de Medicina e da primeira edição de mais um veículo de promoção da ciência que tomo a liberdade de abordar o atual contexto do ensino médico, tendo em vista sua relação indissociável com a pesquisa e a extensão.

Atualmente, o ensino médico é discutido em todo o mundo, seja pelos seus resultados seja pelas variações das metodologias a serem aplicadas e qual o perfil de competência que se espera do formando ao final de sua graduação. Dentro dos novos modelos de ensino e com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Medicina, a busca tem sido por um perfil mais humanitário, com responsabili-dade ética. Assim, visa-se a formação de um pensamento reflexivo e com base na gestão para uma plena interação com o contexto onde estiver exercendo seu papel profissional como médico.

As novas instituições de ensino médico têm apresentado currículos baseados em metodologias ativas, mas ainda precisamos de dados mais robustos para avaliar o ganho real na formação médica com essas mudanças e a relevância da produção científica, integrada de modo efetivo a esses modelos.

Dentro da publicação das novas Diretrizes Curriculares de 2014, com a divisão em áreas de Aten-ção à Saúde, Gestão em Saúde e Educação em Saúde, parece salutar o incentivo à pesquisa científica como parte na busca dessa integração e formação reflexiva dos estudantes, mas essa prática dentro do ensino médico ainda é pouco utilizada, conforme dados dos questionários aplicados aos formandos, como já realizado no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

As novas escolas médicas teriam como avaliar melhor esses resultados aplicando desde o início dos seus cursos a iniciação científica de modo curricular, por meio de um corpo docente capacitado e destinado a esse fim e com o estímulo institucional à pesquisa de qualidade e impacto. É necessário pro-mover critérios de avalições dessa evolução e estabelecer qual seria o resultado no perfil de competência dos egressos.

No contexto desta reflexão, esta primeira edição da Revista Medicina e Saúde apresenta trabalhos de professores-pesquisadores que formam o corpo docente do Claretiano. Suas contribuições estimu-larão novos debates, além do engajamento e participação de alunos, que, por intermédio das ações de Iniciação Científica, poderão amadurecer intelectual e humanamente para a prática profissional mais consciente e crítica, capaz de um retorno qualitativo à sociedade e à saúde pública.

Boa leitura!

Prof. Jair Virgilio JuniorCoordenador do Curso de Medicina

Claretiano – Faculdade

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Benefícios da musculação e da hidroginástica na qualidade de vida do idoso

Mailza da SILVA1

Andréia Nadai CARBINATTO2

Resumo: O aumento da população idosa no Brasil e no mundo nos instiga a pesquisar e estudar possibilidades de envelhecer com qualidade de vida, sendo o exercício físico indicado como importante estratégia para isso. Atualmente, várias moda-lidades de exercício físico são indicadas para os idosos, como hidroginástica, musculação, ginástica, yoga, entre outras. O objetivo do presente estudo foi avaliar os benefícios da hidroginástica e da musculação na qualidade de vida de idosos e compará-los com a visão dos próprios. Para tanto, foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref em 53 idosos, sendo excluídos 19 e avaliados os 34 restantes (17 praticantes de hidroginástica e 17 de musculação). Pela análise dos resultados, foi possível verificar que ambos os grupos classificam os diferentes domínios da qualidade de vida como regula-res e bons. Conclui-se que a prática de exercício físico regular, hidroginástica ou musculação, no grupo estudado, possibilitou a manutenção da qualidade de vida.

Palavras-chave: Envelhecimento. Qualidade de Vida. Hidroginástica. Musculação. Treinamento Físico.

1 Mailza da Silva. Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Bacharel em Educação Física pelo Claretiano – Faculdade. E-mail: <[email protected]>.2 Andréia Nadai Carbinatto. Mestra em Motricidade Humana pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Especialista em Metodologia do Ensino a Distância pelo Claretiano – Centro Universitário. Bacharel em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). E-mail: <[email protected]>.

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Benefits of bodybuilding and hydrogymnastic in the quality of life of the elderly

Mailza da SILVAAndréia Nadai CARBINATTO

Abstract: The growth of the elderly population in Brazil and in the world instigates us to investigate and study the possibi-lities of aging with quality of life, being the physical exercise indicated as an important strategy for this. Nowadays, several physical exercise modalities are indicated for the elderly people, such as: hydrogymnastics, bodybuilding, gymnastics, yoga, among others. The purpose of the present study is to evaluate the benefits of hydrogymnastics and bodybuilding in the quality of life of the elderly people and compare these benefits with the vision of them. For that, the WHOQOL-Bref Quality of Life Questionnaire was applied to 53 elderly people. We excluded 19 answers and studied 34 practitioners (17 of hydrogymnas-tics, 17 of bodybuilding). By analyzing the results it was possible to verify that both groups classify the different domains of quality of life as regular and good. We concluded that the practice of regular physical exercise, like hydrogymnastics or bodybuilding, in the group allowed the maintenance of quality of life.

Keywords: Aging. Quality of Life. Hydrogymnastic. Bodybuilding. Physical Training.

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1. INTRODUÇÃO

As pesquisas demográficas indicam que haverá um aumento expressivo de idosos no Brasil nas próximas décadas (FRONTERA, 1997; KÜCHEMANN, 2012). Diante de tal afirmação, é necessário entender o que ocorre com tal grupo e quais os fatores que atuam positivamente na qualidade de vida dele.

Os exercícios de hidroginástica e musculação são modalidades ambíguas. Se praticados com segu-rança, ambos atuam positivamente na qualidade de vida dos idosos e, em alguns aspectos, proporcionam os mesmos benefícios (ELIAS et al., 2012).

O processo de envelhecimento depende de vários fatores, podendo variar de acordo com cada indivíduo, sua percepção em relação a si próprio e seu modo de vida (SHEPHARD, 2003; LEVET--GAUTRAT; FONTAINE apud FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013). O envelhecimento pode provocar perdas fisiológicas, psicológicas, cognitivas e sociais, o que muitas vezes reduz a mobilidade e independência. O idoso muitas vezes não consegue mais conviver na sociedade em que antes parecia ser tão necessário. O meio interno passa não se adaptar mais ao meio externo (NOBREGA et al., 1999; SPIRDUSO, 2005; CIPRIANI et al., 2010; COELHO et al., 2013).

Os exercícios físicos promovem melhora de todos os aspectos corrompidos pelo tempo; parece haver desaceleração da senescência, proporcionando aos idosos uma vida satisfatória e independente. A qualidade de vida determina se o avançar da idade e os processos decorrentes destes afetarão de maneira significante a vida dos idosos, principalmente no que se refere à independência (NÓBREGA et al. 1999; FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013).

Relacionada a vários fatores, dependendo de onde se vive e de condições financeiras, culturais e emocionais, ao se obter qualidade de vida, com exercícios físicos regulares, qualidade na alimentação, contatos sociais gratificantes entre outros, os idosos podem usufruir dos plenos benefícios que a boa qualidade de vida pode proporcionar, principalmente no que se refere à saúde física e psicológica. No decorrer do texto, entenderemos os processos do envelhecimento, o que envolve qualidade de vida e os benefícios da musculação e hidroginástica. O estudo objetivou comprovar os benefícios da hidroginás-tica e da musculação na qualidade de vida dos idosos.

2. DESENVOLVIMENTO

Envelhecimento: definições e conceitos

A população idosa tem aumentado no Brasil, por decorrência da queda da natalidade e mortalidade registrada nas últimas décadas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, o Brasil possuía cerca de 21 milhões de idosos e, estima-se que, até o ano de 2050, essa população atinja aproximadamente 64 milhões de idosos, correspondendo a cerca de 30% da população brasileira (IBGE apud UENO et al., 2012). A longevidade tem aumentado em decorrência de avanço da medicina, de medidas de higiene, controle de epidemias, curas para diversas doenças e a conscientização da popu-lação em relação a um estilo de vida saudável (MARTINS; DASCAL; MARQUES, 2013; MENDES et al., 2005).

Segundo Spirduso (2005, p. 6), o processo de envelhecimento é definido como: “[...] processo ou conjunto de processos que ocorrem em organismos vivos e que, com a passagem do tempo, levam à perda da adaptabilidade, à deficiência funcional e, finalmente, à morte”.

Para Frontera (1997) e Farinatti (2008), é difícil definir envelhecimento analisando algo cronoló-gico; para os autores, o envelhecimento depende de fatores somados e de cada indivíduo, sendo difícil a determinação do envelhecer generalizado.

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Cada indivíduo reage diferentemente ao envelhecimento, o que independe dos modelos norma-tivos adotados (SHEPHARD, 2003; LEVET-GAUTRAT; FONTAINE, 1987 apud FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013; COELHO et al., 2014).

Segundo Cipriani et al. (2010, p. 107), “[...] o envelhecimento é um processo progressivo, contí-nuo, natural e irreversível, que provoca desgastes e alterações em vários sistemas funcionais e se dife-rencia de um indivíduo para o outro”.

Com o passar do tempo, ocorrem mudanças e adaptações biológicas no organismo. O meio in-terno, com o tempo, perde a capacidade de se adaptar ao meio externo, caracterizando-se tal falta de adaptação como o processo de envelhecer. O idoso se torna um ser mais vulnerável ao meio em que vive (SPIRDUSO, 2005; CIPRIANI et al., 2010; COELHO et al., 2013). “Sob esse ponto de vista, a senes-cência pode ser entendida como uma perda progressiva do poder da homeostase” (BELLAMY, 1991 apud FARINATTI, 2008, p. 23).

Ocorre “uma falha” no sistema na reparação de células defeituosas, levando à perda de funções, tornando o idoso, com o avanço da idade, um ser degenerativo. Auxiliam nesse processo fatores como a falta de qualidade de vida, envolvendo qualidade da alimentação, prática de atividade física e meio ambiente, que atuam de maneira significativa (FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013).

Alterações decorrentes do processo de envelhecimento

As alterações decorrentes do processo de envelhecimento podem ser percebidas nos diversos sis-temas corporais. A capacidade cardiorrespiratória está diretamente associada a uma vida independente. Com o envelhecer, as atividades, antes praticadas ou encaradas como simples, como subir escadas e carregar sacolas, podem fazer com que o idoso fique no máximo do seu volume de oxigênio (VO2máx) (FRONTERA, 1997; FARINATTI, 2008).

A fraqueza muscular interfere diretamente nas atividades diárias e na independência do idoso. Isso pode tornar o que antes era considerado um esforço mínimo como máximo agora (FRONTERA, 1997; PEDRINELLI; GARCEZ-LEME; NOBRE, 2009; FLECK; KRAEMER, 2006; COELHO et al., 2013).

Katzel, Sorkin e Fleg et al. (2001 apud FARINATTI, 2008) mostraram que a capacidade aeróbia de idosos pode diminuir progressivamente; isso ocorre cerca de 10% a cada dez anos, dos 44 aos 75 anos.

Spirduso (2005), Fleck e Kraemer (2006) e Barros, Caldas e Batista (2013) afirmam que a manu-tenção da massa muscular preserva a autonomia, aumentando a capacidade de locomoção, manuseio de objetos e equilíbrio, e diminuindo o risco de osteoporose e a incidência de quedas.

Segundo Nóbrega et al. (1999) e Farinatti (2008), o envelhecer está associado à perda da função neuromuscular, ocorrendo redução no número de fibras musculares, de motoneurônios e da proporção das fibras tipo I em relação às do tipo II. Há redução da área de seção transversa do músculo, da ve-locidade na contração das fibras, redução muscular e redução da capacidade enzimática do músculo, principalmente anaeróbia.

As alterações neuromusculares provocam aumento do tempo de movimento e de reação, tornando o idoso mais lento (FARINATTI, 2008; BARROS; CALDAS; BATISTA, 2013; COELHO et al., 2013). De acordo com Coelho et al. (2013), a diminuição no tempo de reação é causada pela queda na capaci-dade do sistema neuromotor.

De acordo com Martins, Dascal e Marques (2013), entre os aspectos que envolvem o envelheci-mento, a perda de equilíbrio é a mais notável, pois aumenta o risco de quedas, gerando perda da auto-nomia. Esta tem sido citada como fator potencializador do envelhecimento, pois atua desmotivando o idoso para as atividades diárias e para a prática de exercício físico regular.

Segundo Cabrera e Jacob Filho (2001), o excesso de peso ocorre mais entre as mulheres, principal-mente e de forma acentuada entre 45 e 64 anos. McArdle, Katch, Katch et al. (1998 apud FARINATTI, 2008) associam o aumento da gordura corporal com a idade ao desenvolvimento de certas doenças,

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como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, disfunções renais, osteoartri-te, câncer, além de problemas psicológicos e de autoestima.

Um dos fatores que contribui para o aumento da gordura corporal é a queda na massa magra, pois atua de maneira a desacelerar o metabolismo, havendo tendência ao menor gasto energético e metabó-lico (FARINATTI, 2008).

A flexibilidade com o passar dos anos também sofre declínio, dificultando a amplitude de movi-mento, reduzindo a capacidade de autonomia e aumentando o risco de lesões. Existem diversos fatores que contribuem para a perda da mobilidade articular, e os principais estão relacionados ao envelheci-mento da estrutura das articulações, com menor vascularização e lubrificação das cápsulas articulares, menor quantidade de colágeno, maior fragilidade ligamentar e dos tendões, entre outros (FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013).

Em decorrência das alterações fisiológicas provocadas pelo envelhecimento, este é visto ou im-posto como algo negativo, relacionada a doenças, dependências emocionais e sociais. Como decorrên-cia, discriminações e conceitos errôneos estão diretamente e constantemente voltados para os idosos, principalmente entre os familiares, que, muitas vezes, não entendem o processo de envelhecimento. (FARINATTI, 2008; COELHO et al., 2013).

Antigamente, pensava-se que a prática regular de exercícios ou de atividade física não fazia bem para pessoas idosas, e estas, por sua vez, cediam às pressões, não a adotando. Para a sociedade, o idoso torna-se ultrapassado e dependente, e essa perda de autonomia na tomada das próprias decisões atua de maneira negativa no processo de envelhecer, tanto psicológica como fisiologicamente (FARINATTI, 2008).

Farinatti (2008) sugere que o que faz a velhice ser encarada de forma positiva são autonomia, saúde, prática de exercício, qualidade de vida e, principalmente, preservação do ato de livre escolha.

Com o envelhecimento, o indivíduo sofre alterações fisiológicas, psicológicas e sociais. Com as mudanças fisiológicas aparentes, tende a gerar negação própria, resignação, insatisfação. Com o passar do tempo, tende a se sentir sozinho, solitário e tem constantes alterações no humor. Apresenta queda na atenção, energia, perspectiva e iniciativa. Por estar mais sensível ao estresse, tende a se expor menos e a diminuir o contato social, aumentando ainda mais a solidão e a depressão (COELHO et al., 2013).

Qualidade de vida no envelhecimento

A qualidade de vida pode ser definida como a percepção que o indivíduo tem sobre a sua vida e posição no contexto social e cultural, ressaltando seus ideais e expectativas. A avaliação de todos os fatores, critérios pessoais e sociais, determina como o indivíduo encara os outros e a si próprio. A qua-lidade de vida contribui para o envelhecimento bem-sucedido (SHEPHARD, 2003; THE WHOQOL GROUP, 1998 apud IRIGARAY; SCHNEIDER; GOMES, 2011).

A morte ou o fim da vida é um fato irrevogável, fato de que todos têm conhecimento; principal-mente diante do processo de envelhecimento, muitos se veem mais próximos de tal fato a ser consuma-do. Antigamente, incentivava-se a qualidade de vida apenas no contexto do prolongamento de anos de vida, ou seja, proporcionar mais anos de vida aos indivíduos, o que para muitos não era interessante, principalmente para os mórbidos (SHEPHARD, 2003).

Com o passar dos anos, constatou-se que tal incentivo não contribuía para a real qualidade de vida, então a Organização Mundial da Saúde decidiu promover o conceito de qualidade de vida relacionado ao ser integral. A qualidade de vida passou a considerar um estado de equilíbrio em todos os aspectos, o bem-estar físico, mental e social, envolvendo todas as capacidades humanas e o equilíbrio entre estas. Ao viver, todos têm ou podem adquirir, na medida de cada individualidade, o viver independente, sau-dável, revestido de alegria, felicidade e satisfação (FLECK et al., 1999; SHEPHARD, 2003).

O que determina a qualidade de vida dos idosos é a maneira como vivem, principalmente em seus últimos anos de vida. A maneira pela qual escolhem viver influencia diretamente o seu estado no geral.

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Ao se relacionar o avançar da idade com morbidade, o idoso é relacionado às questões de saúde pública, pois pode gerar custos milionários para população e governos (FRONTERA, 1997; SHEPHARD, 2003; SPIRDUSO, 2005).

[...] é importante que as pessoas se sintam bem psicologicamente, possuam boas condições físicas e se sintam socialmente integradas e funcionalmente competentes (BULLINGER; ANDERSON; CELLA apud FLECK et al., 1999, p. 20).

Spirduso (2005) conclui que a qualidade de vida pode ser determinada por alguns fatores, entre eles: funções cognitivas e emocionais, satisfação em viver e estar vivo, independência financeira (embo-ra não essencial), exercício de funções sociais, recreativas e sexuais, preservação da qualidade da saúde e função física. O autor destaca que esses fatores auxiliam no bem-estar e na execução de tarefas diárias, muito importantes e valorizadas pelos idosos. A capacidade física está relacionada à independência e à produtividade, pois auxilia e determina as totais atividades do dia a dia, desde tomar banho sozinho a ir ao supermercado e fazer compras.

Benefícios da musculação e da hidroginástica na qualidade de vida do idoso

Segundo Elias et al. (2012, p. 80), “[...] o exercício é um importante fator de promoção da saúde, imprescindível para um envelhecimento saudável”. Ainda de acordo com o autor. os exercícios físicos programados podem proporcionar aos idosos manutenção e melhora das funções e da qualidade de vida, promovendo a independência (ELIAS et al., 2012).

A atividade física regular atua de maneira positiva no bem-estar físico, psicológico, cognitivo e social dos idosos (REJESKI; BRAWLEY; SHUMAKER, 1996 apud SHEPHARD, 2003).

O exercício tem um efeito estimulante imediato, de modo que a saúde do participante é usualmente melhorada: o praticante de exercícios “sente-se melhor”. Isso tende a diminuir a ansiedade, a insônia e a depressão [...] (MORGAN; GOLDSTONE 1987 apud SHEPHARD, 2003, p. 27).

Segundo Shephard (2003), o exercício físico regular pode aumentar o convívio social do idoso, pois normalmente é praticado em grupos ou perto de pessoas. Pode melhorar a saúde física e emocional, reduzir risco de doenças e promover a independência, consequência da manutenção das funções.

De acordo com Pereira et al. (2009), idosos praticantes de exercícios físicos regulares têm melhor concepção e aceitação em relação às imagens corporal, psicológica e social quando comparados a idosos sedentários.

O exercício físico regular promove: “[...] aumento da força, melhora do condicionamento car-diorrespiratório, redução de gordura, aumento da densidade óssea, melhora do humor e da autoestima e redução da ansiedade e da depressão” (ZAITTUNE et al., 2007, p. 1329).

De modo preventivo, o exercício atua como um contrapeso ao desenvolvimento de doença cardiovas-cular; de modo curativo, serve para reverter os sintomas e melhorar a qualidade de vida para aqueles indivíduos que desenvolveram a doença (SPIRDUSO, 2005, p. 124-125).

De acordo com Nóbrega et al. (1999) e Coelho et al. (2013), o exercício físico previne obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Promove minimização da redução muscular, melhora na função musculoesquelética, melhora no suprimento sanguíneo muscular e aumento na deposição de sais e cál-cio, ocorrendo melhora no equilíbrio, na postura e na resistência óssea.

O exercício é considerado um tratamento não medicamentoso para as doenças cardiovasculares, pois promove aumento do VO2máx, melhora na resposta da frequência cardíaca de repouso e em exercí-cio, da pressão arterial, da flexibilidade e força muscular (SPIRDUSO, 2005; CUNHA et al. 2012).

Para Coelho et al. (2014), a hidroginástica proporciona melhora do condicionamento físico e sig-nificativa diminuição no impacto articular. Já a musculação proporciona aumento da síntese de proteí-nas, retardando o processo de perda muscular, consequente do avanço da idade.

O exercício de musculação ou com pesos para idosos é recomendado pela American College of Sports Medicine (ACSM) desde 1998, pois, entre os inúmeros benefícios comprovados, reduz a gordu-

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ra corporal, aumenta a densidade mineral óssea, a flexibilidade, a força, o condicionamento e a massa muscular (ACSM, 1998 apud ELIAS et al., 2012).

O treinamento de força é benéfico tanto para homens como para mulheres, diferentemente do que se acreditava antigamente, que só os homens se beneficiariam dele (FLECK; KRAEMER, 2006).

De acordo com Frontera (1997), o exercício físico programado de força e endurance traz benefí-cios fisiológicos e psicológicos ao idoso. Estudos apontados pelo autor mostram melhora na condição muscular, capacidade de equilíbrio, prevenção de quedas e atenuação da pressão arterial. O treinamento de força mostra que os idosos, assim como os jovens, não alcançam um platô em se tratando de adapta-ção muscular e neural; mostra ainda que as adaptações neurais ocorrem de maneira mais acentuada do que as morfológicas, havendo maior ganho de força e potência para o idoso.

Segundo Fleck e Kraemer (2006) e Barros, Caldas e Batista (2011), o programa individual de trei-namento de força (musculação) diminui a queda da força e da massa muscular dos indivíduos idosos, o que resulta na melhora da qualidade de vida deles. Quanto mais cedo tem início o treinamento de força, maiores serão os benefícios ao longo dos anos e no processo de envelhecimento.

Frontera (1997) salienta a importância do treino de endurance e de peso para a melhora do VO2máx, sendo importante a associação entre os tipos de treinamento (peso e endurance). Mesmo os idosos com debilitações e fragilidades devem, de maneira segura, praticar atividades com peso e endurance. Esses treinamentos, além de promoverem mais segurança, também atuam na melhoria da saúde, sendo de re-levante significância para a vida independente do idoso.

De acordo com Nóbrega et al. (1999) e Coelho et al. (2013), o treinamento com pesos diminui ou mantém as pressões arteriais diastólica e sistólica em repouso. Também preserva ou aumenta a vas-cularização e o estoque energético, melhora a capacidade de perfusão e consumo máximo de oxigênio; aumenta a sensibilidade à insulina, diminui ou mantém os níveis de LDL, colesterol e triglicérides, aumenta ou preserva os níveis de HDL; aumenta a massa e a força óssea, preserva a absorção do cálcio, diminui a densidade mineral óssea, melhora a capacidade de lubrificação das articulações, a flexibili-dade, a mobilidade articular e diminui o risco de quedas; diminui as porcentagens de gordura corporal e intra-abdominal e gordura dos tecidos musculares, ocorrência do aumento na oxidação de gorduras.

Outra modalidade de exercício físico que é recomendada para idosos é a hidroginástica. Esta atua como treinamento aeróbio e traz consigo benefícios particulares da modalidade. Além de oferecer pou-co risco ao idoso, a hidroginástica é vista como indicativa para aqueles com problemas de mobilidade, devido às propriedades físicas da água e à estabilidade promovida, aumentando o rendimento e apro-veitamento nos exercícios. Isso resulta em melhora da aptidão física dos idosos (ALVES et al., 2004).

Alguns dos benefícios proporcionados pela musculação também podem ser igualmente propor-cionados pela hidroginástica; “[...] na população idosa, a hidroginástica tem efeitos semelhantes a exer-cícios de resistência de força muscular, muitas vezes realizados em academias” (ELIAS et al., 2012, p. 83). Segundo o autor, isso foi comprovado em estudo com idosas acima dos 60 anos, praticantes de hidroginástica (aulas com aquecimento, exercícios aeróbios, exercícios localizados e relaxamento), que verificou aumento significativo da força nos membros superiores, resultado encontrado também nos treinos de musculação.

De acordo com Helrigle et al. (2013), a hidroginástica contribui para a melhora do equilíbrio em idosos, diminuindo a incidência de quedas. Martins, Dascal e Marques (2013) citaram que a hidroginás-tica para idosos atua no desempenho do equilíbrio de maneira tão significativa que os resultados indicam desenvolvimento de equilíbrio semelhante ao de adultos jovens.

De acordo com Paula e Paula (1998), a hidroginástica proporciona aos indivíduos idosos melhora da capacidade cardiovascular, da força muscular, da flexibilidade, do equilíbrio e da coordenação. O ambiente aquático oferece relaxamento, e as aulas em grupo proporcionam gratificante contato social, melhora da autoestima e combate ao estresse e depressão. A força hidrostática exercida pela água auxilia no retorno venoso, ocorrendo aumento no fluxo sanguíneo. Proporciona melhora da percepção corporal e melhora no aspecto do andar (marcha) e da postura corporal.

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Há a diminuição da frequência cardíaca em repouso e durante a prática do exercício, provavel-mente por haver recondução do sangue corporal que vai das áreas periféricas para as áreas centrais, a fim de controlar a temperatura corporal ao se entrar em contato com a água, que deve ser termoneutra (GRAEF; KRUEL, 2006).

Segundo Paula e Paula (1998), a hidroginástica é um dos exercícios físicos mais praticados por idosos, pois proporciona menor risco de lesões, pela estabilidade e pelo menor impacto, maior conforto, pela temperatura da água, e menor exposição, pois a maior parte do corpo está submersa em água. A hidroginástica, de maneira efetiva e significativa, oferece aos idosos bem-estar físico e psicológico.

O presente estudo teve como objetivo analisar na bibliografia os benefícios da hidroginástica e da musculação na qualidade de vida dos idosos, e, para comparar esses resultados com a visão dos idosos, foi aplicado um questionário de qualidade de vida em praticantes dessas modalidades.

3. METODOLOGIA

Para o presente estudo, foram avaliados 53 indivíduos idosos (acima de 60 anos de idade), prati-cantes de exercício físico regular há, no mínimo, três meses, nas modalidades hidroginástica ou muscu-lação. Os locais de prática de exercícios e os praticantes foram escolhidos de forma aleatória, na cidade de Rio Claro (SP). Todos os respondentes foram esclarecidos sobre o estudo e optaram livremente pela participação.

Os seguintes critérios de exclusão foram utilizados: pessoas com idade inferior a 60 anos; ques-tionários não respondidos por completo; indivíduos com prática de exercícios inferior a três meses; pra-ticantes das duas modalidades (hidroginástica e musculação) concomitantemente; prática de exercício físico inferior a, no mínimo, duas vezes por semana, por 45 ou mais minutos por sessão.

A qualidade de vida foi avaliada pelo instrumento proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para adultos, o Word Health Organization Quality of Life Instrument Bref (WHOQOL-Bref). Esse questionário é uma versão abreviada do WHOQOL-100 (com 100 questões), apresentando 26 questões, sendo duas delas gerais sobre qualidade de vida e as demais representando as 24 facetas que compõem o instrumento original.

A versão brasileira foi traduzida e validada pelo grupo de estudos em qualidade de vida da OMS do Brasil (PEREIRA et al., 2006). O WHOQOL-Bref é composto por quatro domínios da qualidade de vida, a saber: capacidade física, bem-estar psicológico, relações sociais e meio ambiente. Além disso, há também um domínio que avalia a qualidade de vida global. Cada domínio é composto por questões cujas pontuações das respostas variam de 1 a 5.

• No domínio físico, foram avaliadas questões sobre: dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; mobilidade; atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou de tratamen-tos; capacidade de trabalho.

• No domínio psicológico, foram avaliados: sentimentos positivos; pensar, aprender, memória e concentração; autoestima; imagem corporal e aparência; sentimentos negativos; espiritualida-de/religião/crenças pessoais.

• No domínio das relações sociais, foram avaliados os seguintes itens: relações pessoais; suporte (apoio) social; atividade sexual.

• No domínio meio ambiente, foram avaliados: segurança física e proteção; ambiente no lar; recursos financeiros; cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade; oportunidades de adquirir novas informações e habilidades; participação em oportunidade de recreação/lazer; ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima); transporte.

Os questionários foram entregues aos idosos, que responderam sozinhos ou com o auxílio da pes-quisadora no momento, ou levaram para casa, podendo ou não ser auxiliados por terceiros.

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Os resultados dos domínios foram calculados na forma de média e classificados, de acordo com Fleck et al. (2000), em: necessita melhorar (quando a média foi de 1 até 2,9); regular (3 até 3,9); boa (4 até 4,9) e muito boa (5).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 53 idosos avaliados, somente 34 foram incluídos no estudo, sendo 17 questionários referentes a indivíduos que praticavam musculação e outras modalidades e 17 de indivíduos que praticavam hidro-ginástica e outras modalidades. Não foram excluídos os indivíduos que praticavam outra modalidade de exercício físico além da hidroginástica ou musculação, somente os que praticavam as duas concomitan-temente.

Os demais indivíduos foram excluídos pelos seguintes motivos: 10, por praticarem hidroginástica e musculação; um, por praticar exercício com tempo inferior a três meses; um, por apresentar questio-nário incompleto (falta de respostas); um, por não apresentar identificação (nome); e seis, por critério de idade inferior a 60 anos.

Para a análise dos resultados, não foram considerados os seguintes fatores: quantidade de horas trabalhadas em casa ou fora; tipo ou quantidade de horas praticadas em outras modalidades de exercício além de hidroginástica ou musculação; sexo, cor ou condição socioeconômica.

Seguem abaixo os resultados obtidos na análise dos questionários:

Tabela 1. Resultado das médias dos questionários WHOQOL-Bref, por domínios, em idosos praticantes de hidroginástica e musculação.

VARIÁVEIS HIDROGINÁSTICA MUSCULAÇÃOQualidade de vida 3,9 (regular) 4,2 (boa)Satisfação com saúde 3,8 (regular) 4,1 (boa)Domínio físico 4,0 (boa) 4,0 (boa)Domínio psicológico 4,0 (boa) 3,8 (regular)Relações sociais 3,8 (regular) 3,9 (regular)Meio Ambiente 3,7 (regular) 3,7 (regular)

Fonte: elaborado pelas autoras.

Analisando os dados obtidos, percebe-se que os idosos avaliados consideram de maneira geral sua qualidade de vida como regular ou boa. Não houve diferença significativa entre os praticantes de hidroginástica ou musculação, sugerindo que os dois tipos de exercício físico podem contribuir na ma-nutenção da qualidade de vida.

Os resultados mostraram que, na percepção da qualidade de vida, satisfação com a saúde, domínio físico, psicológico, relações sociais e o meio ambiente, os idosos, tanto os praticantes de musculação como os de hidroginástica, apresentaram resultados satisfatórios. Esses resultados concordam com Fa-rinatti (2008) e Coelho et al. (2013) no que se refere aos benefícios significativos proporcionados pela musculação e pela hidroginástica.

Os resultados também estão de acordo com Paula e Paula (1998), os quais citam que os idosos praticantes de hidroginástica têm benefícios tanto psicológicos como físicos. Nesse aspecto, o grupo de hidroginástica mostrou discreta superioridade com relação ao convívio social em comparação ao grupo musculação, provavelmente por se tratar de exercício praticado em grupo, possibilitando o convívio social por meio das atividades em conjunto.

Apesar de a musculação ser uma modalidade individualizada, os praticantes podem se entrosar e se relacionar na sala de musculação, mantendo relativo convívio social, como indicado pelos resultados (como regular no domínio psicológico) e como citado por Frontera (1997).

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Embora os praticantes de musculação tenham apresentado melhores resultados do que os dos pra-ticantes de hidroginástica nas avaliações relacionadas ao domínio físico, no que se refere às relações so-ciais, os últimos mostraram melhores resultados quando as perguntas foram analisadas individualmente. Considera-se que não houve resultados negativos, apenas regulares e bons. As diferenças entre os grupos não parecem ser significativas, mostrando que ambas as modalidades de exercícios físicos interferem positivamente na qualidade de vida dos idosos.

Costa (2004) mostra que os exercícios de musculação proporcionam, além de melhora na estética, melhora da saúde, alívio do estresse e aumento do convívio social, concordando com os resultados le-vantados pela pesquisa aplicada.

De acordo com Alves et al. (2004), a hidroginástica melhora a aptidão física dos idosos em todos os aspectos.

Ambas as modalidades devem ser praticadas por todos os idosos, pois proporcionam benefícios que promovem qualidade de vida. A hidroginástica e a musculação, de acordo com os resultados obtidos, se praticadas regularmente, interferem positiva e significativamente na qualidade de vida dos idosos. O fato de o presente estudo ser conduzido com uma pequena parcela, não representativa, da população idosa da cidade de Rio Claro (SP) nos faz ser cautelosos quanto à afirmação generalizada dos benefícios dessas modalidades de exercício físico.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivos analisar e confirmar que a prática regular de exercício físi-co é importante na manutenção da qualidade de vida no envelhecimento.

A associação de ambas as modalidades de exercício físico pode completar e ampliar os benefícios para os idosos, como indicam alguns estudos (FARINATTI, 2008; CIPRIANI et al., 2010; GONZAGA et al., 2011; ELIAS et al., 2012; COELHO et al., 2013).

Por meio deste estudo, também se pode inferir sobre a responsabilidade da atuação do profissional de Educação Física, auxiliando na qualidade de vida dos idosos. Para tanto, faz-se necessário ter co-nhecimento sobre o processo de envelhecimento, os efeitos do exercício físico e as formas de aplicação individualizada, de acordo com as características de cada aluno.

Por se tratar de um grupo específico da cidade de Rio Claro, os valores anteriormente citados não servem como referência para generalizar sobre a qualidade de vida dos idosos da cidade. Há a necessi-dade de novos estudos e com grupos mais abrangentes para avaliar a qualidade de vida dos idosos da ci-dade. No entanto, embora se trate de apenas uma pequena parcela da população idosa de Rio Claro (SP), é possível verificar que os idosos parecem compreender e aplicar princípios relacionados à qualidade de vida. Os idosos usufruem de maneira efetiva dos benefícios físicos, psicológicos, cognitivos e sociais proporcionados pelos exercícios de musculação (anaeróbio) e hidroginástica (aeróbio).

Como profissionais de Educação Física, com este estudo, podemos compreender melhor como obter qualidade de vida e conhecer a percepção dos idosos em relação a esta. Com este estudo, é possível melhor adequar os princípios aprendidos em sala de aula para contribuir, com excelência, no tratamento desse grupo, que se mostra essencial na sociedade moderna.

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A percepção de saúde e a qualidade de vida do idoso praticante de atividades aquáticas

José Pereira da SILVA1

Marcos BOCATO2

Gustavo Lima ISLER3

Resumo: As atividades aquáticas como a hidroginástica e a natação são algumas das modalidades de exercício físico que vêm se destacando na contribuição para um envelhecimento mais saudável, pois são atividades realizadas em meio líquido, cujas propriedades influenciam na execução do exercício, inclusive reduzindo o seu impacto. Diante disso, torna-se importante investir em hidroginástica e natação para a população, principalmente idosa, que busca melhoras em sua saúde e em outros aspectos que influem em sua qualidade de vida. Nesse âmbito, este estudo teve por objetivo identificar as percepções de idosos praticantes de hidroginástica e de natação com relação à sua saúde e à sua qualidade de vida. A amostra foi composta por 20 idosos, sendo 10 alunos de hidroginástica e 10 atletas de natação da cidade de Rio Claro. Para integrar a amostra, os indivíduos deveriam ter mais de 55 anos e praticar hidroginástica ou natação. Foram aplicados dois questionários, um elaborado pelos pesquisadores e o outro foi o questionário WHOQOL-bref. A análise dos resultados demonstrou que os ido-sos perceberam melhoras em sua qualidade de vida. Observou-se também que as queixas de dores articulares e musculares ficaram menos frequentes, as noites de sono melhoraram, houve maior facilidade em aceitar mudanças e se adaptar ao meio, e, consequentemente, as atividades da vida diária também melhoraram significativamente, favorecendo a percepção de os idosos se sentirem mais ativos, menos dependentes e com autoestima mais elevada.

Palavras-chave: Hidroginástica. Natação. Idoso. Qualidade de Vida. Educação Física.

1 José Pereira da Silva. Bacharel em Educação Física pelo Claretiano – Faculdade. E-mail: <[email protected]>.2 Marcos Bocato. Bacharel em Educação Física pelo Claretiano – Faculdade. E-mail: <[email protected]>.3 Gustavo Lima Isler. Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Rio Claro/SP. Mestre em Estados Emocionais e Movimento pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Rio Claro/SP. Licenciado em Educação Física pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

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The perception of health and quality of life of the old practicer of aquatic activities

José Pereira da SILVAMarcos BOCATO

Gustavo Lima ISLER

Abstract: Aquatic activities such as water aerobics and swimming are some of the physical exercise modalities that have been highlighted in the contribution to a healthier aging, since they are activities carried out in a liquid environment, whose properties influence your execution, including reducing the impact. Therefore, it is important to invest to promote water aerobics and swimming practices for the population, especially the elderly, who seek improvements in their health and some aspects of their quality of life. In this context, the objective of this study was to identify the perceptions of elderly people practicing water aerobics and swimming in relation to their health and quality of life. The sample consisted of 20 elders, 10 water aerobics practitioners and 10 swimming athletes from Rio Claro-SP. To integrate the sample, individuals should be over 55 years old and practice one of the physical activities. Two questionnaires were applied, one questionnaire prepared by the researchers and the other one was the WHOQOL-bref. The analysis of the results showed that the participants perceived improvements in their quality of life. It was also observed that the complaints of joint and muscular pain were less frequent, the nights of sleep improved, there was greater ease in accepting changes and adapting to the environment, consequently the activities of daily living also improved significantly, favoring the perception of feeling- more active, less dependent and with higher self-esteem.

Keywords: Water Aerobics. Swimming. Elderly. Quality of Life. Physical Education.

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1. INTRODUÇÃO

O avanço da idade populacional mundial tornou-se um grande desafio no século XXI, gerado tanto pela diminuição na mortalidade e na fecundidade como pela tendência no prolongamento da expectativa da vida. Com o passar do tempo, a expectativa de vida da população do Brasil aumenta gradativamente. De acordo com um conceito elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento cronológico se classifica em quatros estágios: meia-idade (45 a 59 anos), o idoso (60 a 74 anos), o velho (75 a 90 anos) e o muito velho (acima de 90 anos). (GONÇALVES et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2017; CARVALHO; GARCIA, 2003; SHEPHARD, 2003).

A síntese de indicadores sociais (SIS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) mostra um crescimento da população de idosos, principalmente no Sudeste, e indica que em 2018 a população brasileira é de aproximadamente 208.704.078 habitantes, sendo estimado que, destes, 8,77% são idosos, com predominância do sexo feminino. Segundo a mesma fonte, a previsão para 2030 é de que 13,44% da população brasileira tenha 65 anos ou mais.

Dados de 2009 apontavam que a expectativa média de vida era de 73,5 anos. Por estimativa, em 2050, essa expectativa poderá chegar aos 81,3 anos de idade. Juntamente com esse crescimento, progri-de também a preocupação com essa faixa da população, uma vez que o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, caracterizado por alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, psicológi-cas e físicas que podem agravar as condições de vida da pessoa idosa (GAIER, 2011).

Para Nascimento (2009, p. 55), o termo idoso:[...] pode incluir adultos de 55 até 90 anos, criando uma grande variabilidade de idade e capacidade. A idade funcional é medida pela capacidade de manter as atividades diárias. A idade cronológica se refere à idade física medida em anos. Muitos idosos podem ter a idade cronológica avançada, mas uma idade funcional mais jovem. O contrário também pode acontecer, o indivíduo deve sempre estar em movimento para que seu corpo mantenha-se em equilíbrio.

O ato de viver pode ser considerado um processo que acompanha o homem ao longo de sua exis-tência, ou seja, viver necessita de adaptação à diversidade de eventos naturalmente impostos pela vida. O envelhecimento é um processo natural que atinge os seres vivos e provoca inúmeras alterações, que podem repercutir em diferentes âmbitos da vida, influenciando diretamente no modo como o indivíduo passará a conduzi-la (GERARDI; SILVA; SCARTON, 2010).

Scarabel e Pinho (2013 apud MEIRELLES 2000, p. 28) define velhice como sendo: [...] um processo dinâmico e progressivo em que há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do indiví-duo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que culminam por levá-lo à morte.

Scarabel e Pinho (2013) citam que o envelhecimento é um processo inflexível que conduz a uma perda progressiva das tarefas funcionais do organismo, havendo um aumento no risco do sedentarismo, o que coloca em risco a qualidade de vida do idoso.

A perda da saúde e da qualidade de vida muito se deve à incapacidade de um indivíduo realizar atividades da vida diária (AVD) como pentear o cabelo, tomar banho, carregar uma sacola de compras ou caminhar livremente. Tais incapacidades estão diretamente relacionadas às alterações que acometem os sistemas orgânicos durante o envelhecimento natural. “É importante destacar que [...] a velhice possui diversas faces, sobretudo, resultantes da desigualdade social do país” (SILVA et al., 2010, p. 1).

Em razão do aumento da população idosa, tanto no Brasil quanto no mundo, é fundamental garan-tir as oportunidades para que o envelhecimento seja um processo bem-sucedido, favorecendo ao idoso a participação social, o gerenciamento da saúde e a promoção de um envelhecimento mais saudável, prin-cipalmente no que tange aos domínios comportamentais, econômicos e sociais (HORNBY-TURNER; PEEL; HUBBARD, 2017).

A Política Nacional do Idoso é regida pela Lei 8842/94, que procura garantir a autonomia, integra-ção e participação dos idosos na sociedade. Nessa normativa, criou-se o Conselho Nacional do Idoso, o

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qual se responsabiliza pelo convívio, pela integração e pela ocupação do idoso na sociedade, incluindo sua participação na criação das políticas destinadas aos idosos. A política nacional busca pesquisar, no âmbito geriátrico, a normatização ao atendimento geriátrico por meio da inserção do idoso na educação, inclusive a disponibilizada à distância (EaD), garantindo programas educacionais que visam reduzir o preconceito com relação ao idoso. Vale salientar que a velhice não diferencia os idosos dos demais cida-dãos, porém a falta de respeito aos direitos humanos e sociais no Brasil colocam os idosos numa posição crítica (SILVA et al., 2010).

Alterações biopsicossociais do envelhecimento

Como descrito anteriormente, o envelhecimento pode ser considerado um fenômeno fisiológico e progressivo, não evoluindo paralelamente à idade cronológica a todos os seres vivos; por isso, esse processo não deve ser considerado totalmente patológico. É importante notar que há várias formas de envelhecimento, podendo este ser harmonioso, com o indivíduo envelhecendo com qualidade de vida, ou podendo acontecer de forma desastrosa, com o indivíduo perdendo o prazer de viver durante sua vida. A velhice compreende a última fase do ciclo vital, podendo ser delimitada por perdas motoras, afasta-mento social, entre outros (SCARABEL; PINHO, 2013).

Alguns aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos contribuem para o envelhecimento da população, sendo que os principais aspectos são: redução da quantidade de células de funcionamento normal; aumento da quantidade de gordura; diminuição da força muscular; perda óssea de sais de cál-cio; diminuição da atividade elétrica do cérebro; capacidade vital diminuída; diabetes, hipertireoidismo, obesidade marcante; entre outras (SCARABEL; PINHO, 2013; GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Nascimento (2009) e Gallahue e Ozmun (2005) salientam que a percepção sensorial diminui com a idade, havendo algumas mudanças na visão, com a diminuição do campo visual e da capacidade de acompanhar objetos em movimento, dependendo de sua velocidade dos objetos; com a idade, aparecem também as dificuldades na audição, prejudicando a captação e a discriminação dos sons.

Para os mesmos autores, algumas das alterações descritas acima são provocadas por alterações no sistema nervoso central. Nele, há uma diminuição na quantidade das células nervosas, acarretando lentidão na transmissão de dados, no tempo de resposta e na coordenação motora em âmbito geral.

Quanto a alterações físicas, as pessoas idosas observam algumas mudanças com a chegada da idade, como uma diminuição na altura devido à compressão da coluna, assim como o aumento da cir-cunferência corporal. A composição corporal se modifica de maneira geral com o aumento na gordura e uma diminuição no tecido muscular.

A parte respiratória apresenta certa deficiência devido à deformação da coluna, ajudando na perda da elasticidade pulmonar. A locomoção se torna prejudicada pela diminuição na densidade dos ossos, tendões e ligamentos (GALLAHUE; OZMUN, 2005; MAZO; LOPES; BENDETTI, 2004).

Acerca da parte cardiovascular, os mesmos autores mencionam que o coração aumenta seu tama-nho com o avanço da idade, pois há uma substituição do músculo cardíaco por gordura e tecido conec-tivo, resultando em perdas na capacidade de contração e de bombeamento. Ocorre uma diminuição da frequência cardíaca máxima, acompanhada pelo aumento da pressão sanguínea, provocada pela redução da flexibilidade e pelo estreitamento das paredes do sistema vascular.

Para além das alterações físicas, alguns artigos mostram que as pessoas idosas vivem em estados de depressão, ansiedade, insônia, entre outras alterações psicológicas (MAZO; LOPES; BENDETTI, 2004).

Gerardi e Silva (2011) e Weinberg e Gould (2017) relacionaram o envelhecimento biológico com outras esferas, como a psicológica e a sociológica. Segundo esses autores, a redução da quantidade de água presente no corpo humano, o aumento do tecido adiposo e a diminuição da massa muscular, apesar de serem biológicas, influem em alterações psicológicas e sociais no idoso, influenciando, por exem-plo, sua autoestima. No aspecto sociológico, que mostra a capacidade de socialização, da sua ocupação

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na sociedade e os aspectos psicológicos, faz-se referência ao estado comportamental do ser humano, havendo uma estreita ligação com a inteligência. Há alguns efeitos sociológicos que ocasionam o iso-lamento social, o afastamento das pessoas e o estado de saúde insatisfatório. Com o avanço da idade, o indivíduo tende a reclamar mais de dores e doenças, deixando de lado a vida profissional e tornando-se, em alguns casos e proporções, mais dependente de indivíduos mais próximos que possam auxiliá-lo em suas tarefas diárias, incluindo o sustento financeiro. O idoso sente a falta de poder escolher, ou rejeitar, o lazer, optando por uma aposentadoria mais ativa ou passiva (SCARABEL; PINHO, 2013).

Scarabel e Pinho (2013 apud AMARAL; POMATI; FORTES, 2007, p. 19) afirmam que: No fenômeno do envelhecer, não se pode pensar somente em deixar de ser produtivo, em restringir-se às privações ou às dependências. É preciso pensar também em plenitude, sabedoria e renascimento para uma nova etapa da existência. É aprender a conviver e aceitar algumas dificuldades que surgem nesse processo do envelhecimento e procurar compensá-las com o conhecimento adquirido nos anos vividos, até porque não é possível negar essa fase, que é progressiva e própria do ser humano.

O envelhecimento pode ser considerado um processo complexo, que envolve muitas situações que interagem entre si e influenciam o modo como se alcançam determinadas idades. Os idosos estão pen-sando em uma nova possibilidade e maneira de envelhecer, com uma preocupação maior com a saúde, o que é determinante para o melhor estilo de vida e aumenta, assim, a expectativa de vida (SCARABEL; PINHO, 2013).

Atividades físicas regulares e o indivíduo idoso: evidenciando os benefícios das atividades aquáti-cas

Em virtude dos diversos aspectos apontados anteriormente, acredita-se que a participação do idoso em programas de exercícios físicos regulares poderá influenciar no processo de envelhecimento, com impacto sobre a qualidade e expectativa de vida e a prevenção de doenças. Porém, não se pode esquecer que a velhice é uma etapa vital que, atualmente, vem sendo prolongada, chegando a durar longos anos; ela traz consigo limitações que influem na qualidade de vida dos idosos e em sua capacidade de agir frente a alguns desafios da rotina diária (GONÇALVES et al., 2014). Finalizando a revisão, serão abor-dados temas referentes à prática de atividades e de exercícios físicos aquáticos e a alguns efeitos destes sobre a vida do idoso.

Nobre, Alves e Souza (2009, p. 6) descrevem a atividade física como: “[...] qualquer movimento corporal decorrente de contração muscular, com dispêndio energético maior que o de repouso, exem-plificada por esportes, exercícios físicos e determinadas experiências de lazer e atividades utilitárias diárias”. Os objetivos da atividade física são manutenção e/ou recuperação da saúde, motivação da so-ciabilização e lazer, tornando-se, assim, de enorme importância para uma vida saudável.

Contudo, é importante ressaltar que atividade física não se restringe a uma série de exercícios semelhantes aos das academias ou à prática de atividades esportivas. Também são consideradas as ativi-dades de lazer, como dançar e andar de bicicleta; as atividades laborais, como jardinagem, passeio com cachorro, ir a pé até a padaria; dentre outras. Portanto, tem-se um amplo leque de possibilidades que podem ser inseridas na vida diária do idoso (NOBRE; ALVES; SOUZA, 2009).

Envolver-se com a prática de algum exercício físico diário é extremamente importante, como já mencionado anteriormente, tanto para os aspectos fisiológicos, no controle de doenças crônicas, quanto para os aspectos cognitivos, psicossociais e de convivência. Atentando-se aos aspectos que precedem a prática de exercícios físicos, no caso dos idosos, deve-se respeitar a idade, seu nível de condicionamento físico e suas condições de saúde, sendo recomendada, em muitos casos, a realização de exercícios físicos de intensidade moderada e com baixo impacto sobre as estruturas corporais (MEURER; BENEDETTI; MAZO, 2012; PELARINI, 2013; SHEPHARD, 2003).

Considerando-se principalmente a redução de impacto, a água contribui por ser um meio que reduz a pressão nas articulações e a força da gravidade. Muitos participantes que não podem exercitar-se em condições que favoreçam o impacto sobre as estruturas corporais realizam tranquilamente a atividade

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em água. Além disso, a pressão hidrostática ajuda a reduzir o inchaço nas articulações inflamadas, pro-piciando maior percepção tátil e estimulando o funcionamento dos sentidos (OLIVEIRA et al., 2017).

As propriedades físicas da água, como relembra Aboarrage Jr. (1997), classificam-se em: pressão hidrostática, flutuação, densidade, resistência, viscosidade e temperatura. A temperatura recomendada da água é entre 28 °C e 30 °C para exercícios variando de moderado a intenso. Temperaturas entre 30 °C e 31 °C são recomendadas para exercícios de baixa intensidade.

Nesse cenário, a hidroginástica e a natação são úteis para a prevenção e recuperação de lesões dos músculos esqueléticos. Além disso, têm sido destaques enquanto modalidades oferecidas em academias, clubes e outros espaços de lazer. Estima-se que mais de quatro milhões de pessoas busquem praticar essas modalidades (SCARABEL; PINHO, 2013; OLIVEIRA et al., 2017).

Exercícios na água atraem pessoas de terceira idade por diversas razões, permitindo o atingimento de seus objetivos na promoção à saúde. Nessa etapa da vida, a hidroginástica e a natação passam a ser importantíssimas, devido ao empuxo e à flutuação, que diminuem o impacto nos exercícios de solo e facilitam os movimentos envolvidos (NOBRE; ALVES; SOUZA, 2009).

As atividades aquáticas oferecem algumas vantagens ao participante, auxiliando no tratamento de problemas articulares e/ou musculares durante os exercícios, fazendo com que os idosos ganhem amplitude articular, diminuam o risco de lesão e melhorem a circulação sanguínea (NOBRE; ALVES; SOUZA, 2009).

Uma hora de atividade física na água pode eliminar mais de 400 kcal, dependendo da intensidade do exercício. A prática desse tipo de atividade pode gerar perda de peso, melhora da flexibilidade, me-lhora do equilíbrio e da coordenação, podendo diminuir o estresse e melhorando a frequência cardíaca e o volume de oxigênio máximo, deixando a musculatura mais forte, desintoxicando as vias respiratórias e melhorando a agilidade e o equilíbrio (NOBRE; ALVES; SOUZA, 2009).

Mais especificamente, o condicionamento aquático pode ajudar a preservar o funcionamento das funções físicas e psicológicas. A adesão a programas de treinamento tem trazido muitos benefícios aos praticantes com mais de 90 anos, os quais têm obtido consideráveis ganhos de força, fato que os tornou mais ativos (PELARINI, 2013).

Essas atividades lhes causam prazer e bem-estar, evitando, assim, desconfortos ou lesões, permi-tindo a continuidade do exercício, o que, consequentemente, aumenta a sua eficácia. Após a avaliação e análise do condicionamento físico do idoso, realizada pelo profissional de Educação Física, a possibili-dade de dar seguimento aos exercícios gera uma grande motivação, a qual deve ser encarada como um dos principais fundamentos para a obtenção do sucesso na execução da atividade (SILVA et al., 2010).

O ambiente da aula ajuda a combater a solidão, a depressão e a ansiedade, favorecendo a sociali-zação entre pessoas que estão na mesma situação e faixa etária. As aulas podem ser divertidas e cheias de motivação, como também fonte para diversos benefícios físicos. O condicionamento aquático pode ajudar as pessoas idosas a melhorar a autoestima e a qualidade de vida, além de implementar melhor visão geral de vida (OLIVEIRA et al., 2017).

Uma modalidade de exercício físico na água indicada para idosos é a hidroginástica. Algumas características dessa modalidade fazem com que ela se destaque dentre as possibilidades de exercícios para os idosos; o fato de muitos gostarem do contato com a água auxilia a promoção desse ambiente diferenciado. Além disso, a hidroginástica é uma atividade que possibilita o trabalho de grandes grupos musculares ao mesmo tempo, conciliando exercícios aeróbicos, sem os riscos de quedas. Sobressai também a força de empuxo que atua de baixo para cima, elevando o corpo na água, auxiliando na flu-tuabilidade reduzindo, assim, os impactos durante os exercícios. Estes, por serem realizados em grupo, promovem uma fácil sociabilização, usufruindo-se da música como incremento para motivação e ritmos adequados para as aulas (SOVA, 1998).

Segundo Caetano e Gonzalez (2011), a hidroginástica surgiu na Alemanha para atender a um gru-po de pessoas com mais idade que precisava praticar uma atividade física segura, sem riscos de lesões às articulações e que lhe proporcionasse bem-estar físico e mental. No Brasil, a hidroginástica apareceu

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há cerca de vinte anos. Desde então, teve um crescimento extraordinário e, atualmente, é bem diferente daquela praticada por seus pioneiros, sendo mais dinâmica; ganhou espaço na mídia e é praticada por um público heterogêneo, sendo, hoje, uma das atividades mais procuradas em academias, clubes, con-domínios etc. As atividades na água têm demonstrado ser uma opção de exercício aeróbio, com vários benefícios fisiológicos.

A prática regular da natação desenvolve todos os músculos do corpo, braços e tronco, bastante solicitados durante as braçadas e pernadas, que trabalham os músculos dos membros inferiores assim como abdome, coluna lombar e quadril. Mudanças percebidas por praticantes de natação indicaram que estes se sentiram mais ativos, destacando melhora nas atividades de vida diária como subir escadas e realizar caminhadas, cuja execução foi mais eficiente, além de aspectos relacionados à qualidade do sono. É possível notar que praticantes de natação se mostram muito mais eficientes quanto a aspectos relacionados à manutenção e à firmeza da massa corporal em comparação com pessoas praticantes de outras atividades físicas regulares (CAVALCANTI et al., 2011).

Na categoria máster de natação, competem indivíduos a partir de 20 anos, porém é comum a presença de participantes com idades de 60 a 75 anos, havendo até competidores de 50 anos com de-sempenho semelhante ao de pessoas com 30. O significado de competir na natação é fundamental para a autoestima, socialização e motivação, além da melhoria da motricidade, o que significa, na fase do envelhecimento, o alcance do objetivo do participante do esporte não preocupado com rendimento. Além disso, gerontoatletas saudáveis podem ter altos níveis de desempenho em domínios de tarefas específicas com o envolvimento regular na prática de atividades físicas. Evidências sugerem que idosos que se mantêm fisicamente ativos, além de se adaptarem às modificações da idade, inibem o declínio mais efetivamente do que os adultos sedentários. (CAVALCANTI et al., 2011).

Verifica-se, também, que a aprendizagem da natação, atrelada à sua complexidade, é muito impor-tante para as pessoas idosas, pois conduz estas a desenvolver uma nova percepção de vida, em diversos aspectos: físico, psicológico e social. O aprendizado se torna prazeroso à medida que os indivíduos vão se aperfeiçoando e conhecendo seus limites no meio líquido.

A hidroginástica e a natação são atividades que utilizam a água para melhorar os cinco componen-tes da capacidade física: condição aeróbica, força muscular, resistência muscular, flexibilidade e com-posição corporal. A melhora destes componentes vai contribuir de forma significativa com a realização das atividades da vida diária. É importante destacar que a atividade aquática ajudará não somente os as-pectos físicos, mas, principalmente, os aspectos sociais e psicológicos do indivíduo idoso. “O exercício aumenta o seu bem-estar emocional, a aparência, o prazer de viver e a autoestima” (SOVA, 1998, p. 10).

As atividades aquáticas têm sido apontadas como alternativa para a inserção dos idosos nas práti-cas corporais e para a promoção de estilo de vida mais ativo e saudável, embora ainda haja necessidade de mais investigações acerca de seus reais efeitos sobre a saúde e a qualidade de vida dessa população e, principalmente, metodologias e pesquisas para esse fim.

Diante dos fatos apresentados, o objetivo do presente estudo foi descrever os benefícios das ativi-dades aquáticas, hidroginástica e natação, para a saúde e qualidade de vida de idosos. O trabalho ainda teve como objetivo específico verificar e comparar as percepções a respeito da saúde e qualidade de vida dos idosos praticantes de hidroginástica e natação na cidade de Rio Claro (SP).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 20 pessoas com média de idade de 60,3 anos. Os participantes foram selecionados por conveniência, sendo 10 praticantes de hidroginástica e 10 de natação, na cidade de Rio Claro, São Paulo. Desses participantes, 15 são do sexo feminino e 5, do sexo masculino. Para integrar a amostra, os indivíduos deveriam ter idade acima de 55 anos e praticar hidroginástica ou natação no mínimo duas vezes na semana.

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No processo de coleta de dados, foi utilizado um questionário sociodemográfico elaborado pelos pesquisadores, composto por questões, abertas e de múltipla escolha, com o objetivo de traçar o perfil dos entrevistados.

Outro instrumento utilizado foi o WHOQOL-bref, o qual tem o objetivo de avaliar a qualidade de vida dos participantes. Ele é constituído por 26 questões, como uma forma geral e reduzida das 100 questões originais. Entre estas, 24 abrangem 4 domínios para a avaliação da QV, nomeadamente, os do-mínios físico, psicológico, o das relações sociais e o do meio ambiente. As outras duas questões avaliam de forma mais geral a QV global e a percepção de saúde.

A aplicação e a análise dos questionários seguiram os padrões da OMS. Os dados abaixo foram descritos, analisados e discutidos segundo uma metodologia qualitativa de acordo com Thomas e Nelson (2002).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a percepção dos participantes sobre as mudanças provocadas pelo exercício físico em sua saúde, todos foram unânimes em afirmar que a saúde apresentou melhoras. Esse dado pode ser confirmado por Milagres et al. (2009), que relacionam a melhora na saúde física e mental a hábitos de vida saudáveis, como prática de exercícios físicos, alimentação adequada e bom relacionamento com as pessoas; como consequência, tudo fica mais agradável, fazendo com que o indivíduo tenha boa dispo-sição para o dia a dia.

Gráfico 1. Quais foram as mudanças na sua vida decorrentes da prática de natação?

Fonte: elaborado pelos autores.

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Gráfico 2. Quais foram as mudanças na sua vida decorrentes da prática de hidroginástica?

Fonte: elaborado pelos autores.

Como se pode observar nos Gráficos 1 e 2, todos os participantes têm opiniões em comum: eles perceberam que a prática de atividades aquáticas aumentou sua disposição, como citado anteriormente. Esses dados são comuns, pois a atividade física em geral promove mudanças no organismo em diversos aspectos, gerando sensação de bem-estar. Outro ponto também observado no gráfico da natação foi que os atletas amadores ampliaram o círculo de amizade, sendo que, com o passar do tempo, isso ocorre de maneira natural, pois as pessoas viajam para várias cidades em competições, ampliando o convívio so-cial. Para os praticantes de hidroginástica, o segundo item de maior importância foi sobre a diminuição de dores no corpo, devido ao trabalho de exercícios no meio líquido, que reduz os impactos nas articu-lações e devido à força de empuxo, que auxilia na flutuabilidade e promove baixo impacto durante os exercícios (SOVA, 1998).

Gráfico 3. Natação: você se considera uma pessoa saudável? Por quê?

Fonte: elaborado pelos autores.

Gráfico 4. Hidroginástica: você se considera uma pessoa saudável? Por quê?

Fonte: elaborado pelos autores.

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A saúde do idoso é caracterizada como um processo do curso de vida que pode otimizar oportuni-dades para a melhora e a preservação do bem-estar físico, social e mental, para a independência, a quali-dade de vida e para o aumento das transições bem-sucedidas (HORNBY-TURNER; PEEL; HUBBARD, 2017). Sabendo disso, e de acordo com os dados dos Gráficos 3 e 4, destaca-se a relação entre saúde e disposição das pessoas (30% na natação e 50% na hidroginástica), pois os indivíduos podem realizar suas atividades diárias com mais independência, inclusive na prática de atividade física em geral.

No Gráfico 3, a não utilização de medicamentos foi manifestada por 30% dos participantes, sendo considerada importante e mais um sinal de que eles se percebem saudáveis. No Gráfico 4, a ausência de doenças foi sinalizada por 30% dos entrevistados, complementando os dados supracitados, como pre-valência da disposição e a não utilização medicamentos, que são importantes indicadores de saúde e de bem-estar, sejam de maneira física ou mental.

Segundo Hornby-Turner, Peel e Hubbard (2017), durante sua revisão sistemática, a autopercepção de saúde foi considerada um fator fundamental, manifestada pela maioria dos estudos descritos, para a manutenção desse indicador e da qualidade de vida em idosos de diversos países.

Gráfico 5. Natação: quais foram as mudanças que você percebeu no seu corpo conforme foi envelhe-cendo?

Fonte: elaborado pelos autores.

Gráfico 6. Hidroginástica: quais foram as mudanças que você percebeu no seu corpo conforme foi envelhecendo?

Fonte: elaborado pelos autores.

Analisando os dados do Gráfico 5, referente aos praticantes de natação, 40% dos entrevistados mencionou ter percebido perda de massa muscular. Essa percepção pode estar relacionada ao fato da maioria dos participantes terem uma longa vivência nessa modalidade, o que provavelmente contribuiu para o aumento da massa e do tônus muscular. Por estarem acostumados com estas características, cer-tamente nos praticantes de natação elas se tornaram mais evidentes e perceptíveis. A deficiência em tal aspecto físico pode conduzir o indivíduo à diminuição da capacidade funcional. Nogueira (2014, p. 3) assim a descreve:

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[...] a prevalência da incapacidade funcional está intimamente ligada à redução de massa muscular, sendo esse fenômeno (sarcopenia) decorrente de problemas de sinalização das células, dos hormônios, de aumento do perfil inflamatório e até mesmo de problemas na ingesta proteica na dieta.

Quando se compara a perda muscular entre os praticantes de natação (40%) e os de hidroginástica (20%), percebe-se a influência da especificidade da prática e do estilo de vida sobre a estrutura corporal. Enquanto os atletas de natação mantiveram um volume muscular maior durante toda a sua vida devido à pratica constante da natação, os alunos de hidroginástica não tiveram essa mesma percepção, pois muitos destes, antes de praticarem tal atividade física, eram sedentários por opção ou pela falta dela. Em outras situações, durante o processo de envelhecimento, tais praticantes podem ter enfrentado doenças que os incapacitaram à prática de outras atividades que proporcionariam melhor condição física e/ou estética.

De acordo com os dados dos gráficos, 30% (hidroginástica) e 20% (natação) dos participantes alegaram aumento do peso corporal, o qual é definido como acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal no tecido adiposo. Tal alteração pode ser prejudicial à saúde, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), que a considera uma doença crônica e constata uma epidemia dela em nível mundial (PORTAL DO BRASIL, 2012).

Novamente, os hábitos de vida se mostraram presentes, pois o praticante de natação necessita de um período que envolve aprendizagem e/ou treinamento para poder desempenhar tal habilidade motora. Fato que não ocorre com a hidroginástica, a qual, muitas vezes, só é aprendida por necessidade, quando o indivíduo se encontra incapacitado de desempenhar outras atividades que tenham maior impacto ou sobrecarga. Tal condição, provavelmente, tenha induzido às diferenças com relação à percepção dos envolvidos.

A justificativa acima pode ser utilizada também quando se observa a diferença para a perda de flexibilidade. E, se todos os fatores acima mencionados (perda muscular, aumento de peso e perda de flexibilidade) forem considerados, pode-se compreender o último dos fatores, dores nas costas, também mais mencionado pelos praticantes de hidroginástica quando comparados aos da natação.

Gráfico 7. Comparação entre os domínios de qualidade de vida dos praticantes de natação e hidrogi-nástica.

Fonte: elaborado pelos autores.

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Gráfico 8. Comparação entre a percepção de qualidade de vida e a satisfação com a saúde dos pratican-tes de natação e hidroginástica.

Fonte: elaborado pelos autores.

Tendo sido finalizadas as análises dos dados demográficos, será iniciada a análise dos dados re-ferentes à qualidade de vida dos participantes. Nesse sentido, o Gráfico 7 mostra que os participantes demonstraram níveis adequados de qualidade de vida para todos os domínios abrangidos pelo WHO-QOL-bref. Há que se destacar que, na comparação, os domínios físico, social e meio ambiente foram mais bem percebidos quando comparados ao domínio psicológico.

Ao serem comparadas a natação e a hidroginástica, em todos os domínios, com exceção ao psi-cológico, constatou-se que os praticantes de natação apresentaram, mesmo que minimamente, maior percepção de qualidade de vida. Segundo observações e experiências pessoais dos pesquisadores, há justificativas para tais diferenças.

Quanto ao domínio social, o domínio que apresentou maior diferença, deve-se considerar que os praticantes de natação compõem uma equipe de competição, a qual constantemente está reunida para treinar e também para participar de eventos e competições, o que implica momentos de reunião social e de troca de experiências entre seus integrantes (WEINBERG; GOULD, 2017).

Apesar dessa diferença, deve-se considerar que também os praticantes de hidroginástica apresen-taram níveis elevados de percepção com relação ao domínio social, corroborando os dados do estudo de Oliveira et al. (2017).

Quanto ao domínio do meio ambiente, podem-se considerar as facetas “oportunidade de adquirir novas informações e habilidades”, “os cuidados com a saúde e sociais”, “a participação em oportunida-des de recreação e lazer”, além de “segurança física e proteção” como aspectos que fomentam a acirrada disputa entre as percepções de praticantes de hidroginástica e natação. Entende-se, assim, que tais face-tas são estimuladas por ambas as práticas.

De acordo com os dados do Gráfico 8, a satisfação com a saúde foi positiva para os praticantes de natação, mas isso não se refletiu nos praticantes de hidroginástica, pois, normalmente, os motivos que os levaram a praticar hidroginástica estiveram ligados a recomendações médicas devido a problemas de saúde, como dores articulares, sobrepeso, entre outros já mencionados (CERRI; SIMÕES, 2007; OLI-VEIRA et al., 2017).

Apesar de a hidroginástica ser uma atividade física regular e orientada para promover melhorias nos aspectos físicos, sociais e psicológicos do indivíduo idoso, muitos não conseguem se livrar comple-tamente dos fatores que interferem em sua saúde. Situação oposta pode viver os praticantes de natação, os quais, em sua maioria, adotam a prática há vários anos e não necessariamente aderiram a ela por orientação médica.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados descritos e analisados, considera-se que o objetivo deste estudo foi atin-gido, pois os praticantes de hidroginástica e natação perceberam melhora em suas limitações físicas, em seus relacionamentos e em sua relação com o meio ambiente (segurança, independência, locomoção etc.). Destaca-se aqui o efeito do exercício sobre a manutenção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos, para quem a prática de atividade física aquática regular é importante para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento.

Na comparação entre as duas modalidades de atividade física, não foram observadas diferenças expressivas, destacando-se a diferença de percepção relacionada à saúde. No mais, os benefícios pro-porcionados por ambas parecem ser semelhantes; sendo assim, cabe ao praticante, de acordo com sua condição biopsicossocial e econômica, escolher à qual se dedicará.

Entretanto, são apontados aspectos comuns que se referem aos praticantes no início da prática, como o conhecimento dos benefícios trazidos à saúde, ao prazer e à melhora dos aspectos sociais, psi-cológicos e estéticos. Por isso, sugerem-se a divulgação desses benefícios e o reforço acerca dos preju-ízos causados pelo sedentarismo, a fim de que cada vez mais indivíduos se dediquem à prática dessas atividades, incorporando-as, efetivamente, ao seu cotidiano. Levar esses conhecimentos aos alunos é função do profissional de Educação Física, como forma de empoderamento desses praticantes a fim de que eles, individualmente e em comunidade, sejam capazes de manter e promover seu estado de saúde (HORNBY-TURNER; PEEL; HUBBARD, 2017).

Que os dados apresentados sirvam como parâmetro de comparação para futuros estudos, os quais devem ser estimulados devido às alterações biopsicossociais existentes entre os indivíduos. Recomenda--se que os dados desta pesquisa não sejam generalizados, porque o número de investigados foi reduzido. Sendo assim, a realidade, com relação à saúde e à qualidade de vida, de outros grupos pode divergir das apresentadas neste estudo.

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Ingresso de idosos com doença de Alzheimer em programa de atividade física de uma instituição pública

Manoel Marques da SILVA JUNIOR1

Michelle Ariam Binatto THOMAZELLA2

Maria Cecília Lieth Machado BONACELLI3

Resumo: Embora a produção de conhecimento referente à investigação sobre a relação entre atividade física e doença de Alzheimer tenha crescido substancialmente, há ainda muito a se descobrir. A prática regular de atividade física favorece a saúde, de forma que se tornou parte do hábito de vida de muitas pessoas, que correm, nadam, pedalam ou simplesmente caminham visando obter ou manter essas melho-ras orgânicas. Populações consideradas “especiais”, como os idosos, também se beneficiam da prática física, produzindo melhorias tanto físicas quanto psicoafetivas e também favorecendo a autonomia e independência social. Logo, é fato que práticas desenvolvidas em grupos ou vinculadas a estes favorecem a qualidade de vida dessas pessoas. Sabemos que a doença de Alzheimer é um tipo de doença senil, de declínio cognitivo crescente e irreversível, com múltiplos deficit cognitivos; entre esses, o que mais se observa é a perda gradual da memó-ria, suficientemente intensa para causar impacto nas atividades de vida diária. O objetivo deste estudo é observar as práticas das atividades físicas e as avaliações com idosos que possuem a doença de Alzheimer envolvidos em um programa de uma instituição pública, que vem apresentando opções de atividades para essa população especial, especialmente nas atividades socializantes de caráter lúdico-artístico, e também com treinamento resistido, fundamentais para a manutenção da saúde mental dos indivíduos e, possivelmente, contribuindo para uma melhora na qualidade de vida dos participantes.

Palavras-chave: Terceira Idade. Qualidade de Vida. Atividade Física. Doença de Alzheimer.

1 Manoel Marques da Silva Junior. Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Bacharel em Educação Física pelo Claretiano – Faculdade. E-mail: <[email protected]>.2 Michelle Ariam Binatto Thomazella. Bacharel em Educação Física pelo Claretiano – Faculdade. Trabalha no Instituto Bem-Estar Giuliano Esperança em Rio Claro (SP). E-mail: <[email protected]>.3 Maria Cecília Lieth Machado Bonacelli. Doutora em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestra em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Especialista em Ciências do Esporte e em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Licenciada em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Coordenadora e professora do Curso de Educação Física do Claretiano – Faculdade. E-mail: <[email protected]>.

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Admission of elderly people with Alzheimer’s disease in a public institution’s physical activity program

Manoel Marques da SILVA JUNIORMichelle Ariam Binatto THOMAZELLA

Maria Cecília Lieth Machado BONACELLI

Abstract: Although the production of knowledge regarding research on the relationship between physical activity and Al-zheimer’s disease has increased substantially, there is still much to be discovered. The regular practice of physical activity promotes health, so that it has become part of the habit of many people who run, swim, pedal or simply walk in order to obtain or maintain these organic improvements. Populations considered “special”, such as the elderly, also benefit from physical practice, producing both physical and psycho-affective improvements and also favoring autonomy and social independence. Therefore, it is a fact that practices developed in groups or linked to these favor the quality of life of these people. We know that Alzheimer’s disease is a type of senile disease, with increasing and irreversible cognitive decline, with multiple cognitive deficits; among these, what is most observed is the gradual loss of memory, intense enough to impact on activities of daily living. The objective of this study is to observe the practices of physical activities and evaluations with elderly people who have Alzheimer’s disease involved in a program of a public institution, which has been presenting options of activities for this special population, especially in the socializing activities of a ludic- artistic, and also with resistance training, fundamental for the maintenance of the mental health of the individuals and, possibly, contributing to an improvement in the quality of life of the participants.

Keywords: Third Age. Quality of life. Physical activity. Alzheimer’s disease.

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1. INTRODUÇÃO

Os idosos ou pessoas da terceira idade são indivíduos com mais de 60 anos de idade, conceito ins-tituído pelo Estatuto do Idoso. O termo envelhecimento é um fenômeno fisiológico de comportamento social ou cronológico. É um processo de regressão observável em todos os seres vivos, expressando-se na perda de capacidade ao longo da vida devido à influência de diferentes variáveis, como variáveis ge-néticas, danos acumulados e estilo de vida, além de alterações psicoemocionais, psicossociais, doenças infectocontagiosas e crônicas degenerativas.

É extremamente importante observar que o envelhecimento não é uma doença em si, mas um processo pelo qual todo ser vivo passa, desde o momento do seu nascimento até a sua morte, caracteri-zando-se por um amadurecimento biológico e físico que atinge o corpo de todo organismo vivo, sendo um processo lento, gradual e que não acontece repentinamente; no caso dos seres humanos, um processo de anos e anos de vida. Dessa maneira, surge, cada dia mais, a importância de conhecer melhor tudo o que acontece no ambiente dos idosos e, sendo assim, verificar todas as modificações fisiológicas que ocorrem com o decorrer dos anos, ainda no sentido de nos preparar para combater as adversidades que surgem com o decorrer dos anos de vida.

Com o aumento dessa população, há necessidades de mudanças na estrutura social, para que não fique distante do convívio social, não seja vítima de inatividade, incapacidade física, dependência e, consequentemente, não tenha qualidade de vida. Assim, com o prolongamento de suas vidas, recomen-damos cinco fatores para o idoso ter saúde: vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação. Caso falte algum item citado, a qualidade de vida poderá estar comprometida.

Não podemos nos esquecer de que, no nosso dia a dia, independentemente de situações externas ou internas, o corpo físico e biológico vai gradualmente envelhecendo, tornando, assim, todos os pro-cessos fisiológicos mais debilitados para a manutenção do equilíbrio homeostático e, consequentemente, da vida; existe um tempo de vida útil do corpo humano, e esse também é um fator extremamente impor-tante.

Dentro dessa perspectiva, a promoção da saúde apresenta uma proposta de se garantir qualidade de vida na velhice, pois o projeto de promoção da saúde é uma iniciativa de atuação interdisciplinar, como estratégia de envelhecimento bem-sucedido (ASSIS; PACHECO; MENEZES, 2002).

Lembrando que o ser humano participa de grupos durante todas as etapas de sua vida, seja no trabalho, na família ou na comunidade, quando envelhece, tende a romper e se afastar de alguns desses grupos, como seu grupo de trabalho, em função da aposentadoria. Participar de um grupo torna-se, as-sim, uma forma de restabelecer esses vínculos perdidos. Sendo assim, o grupo social permite ao idoso reconstruir vínculos com outros indivíduos da mesma idade e que apresentam um contexto ou uma his-tória de uma mesma época, o que passa a ser um facilitador da interação:

O grupo de promoção à saúde é uma intervenção coletiva e interdisciplinar de saúde [...] e caracteriza--se como um conjunto de pessoas ligadas por constantes de tempo, espaço e limites de funcionamento, que interagem cooperativamente a fim de realizar a tarefa da promoção de saúde (SANTOS et al., 2006, p. 347).

Em um processo de anos, podem ocorrer inúmeras alterações fisiológicas no funcionamento das células nervosas do corpo humano, provocando um declínio do funcionamento do sistema nervoso. Os neurônios são células especializadas pelo recebimento e transporte de informações, que são chamados de sinapse nervosa. Existem os mediadores químicos, os neurotransmissores, que permitem a ocorrên-cia desses impulsos ao se ligarem a proteínas de membrana da célula. Caso ocorra alguma alteração nesse processo químico dos neurônios, podem surgir enfermidades que comprometem o bem-estar e o convívio em sociedade da pessoa idosa, tornando mais árdua a vida da população da terceira idade e da família como um todo.

Entre as enfermidades que ocorrem com os idosos, existem as demências, que se iniciam gradu-almente, não apresentam alterações da consciência, com exceção das fases finais, que danificam a me-

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mória e outras habilidades cognitivas, causando prejuízos no convívio social e no trabalho (PESKIND; RASKIND, 1999). Uma delas é a doença degenerativa mal de Alzheimer.

Uma das enfermidades que mais se destaca entre os idosos é o Alzheimer, mal de Alzheimer ou doença de Alzheimer (DA). Apesar de ser incurável, a doença de Alzheimer (DA) deve ser tratada por-que o paciente apresenta uma melhoria em sua saúde, retardando o declínio cognitivo, suavizando os sintomas, controlando as alterações de comportamento e proporcionando conforto e qualidade de vida para o idoso e também para a família, que sofre também por ver o declínio mental da pessoa portadora dessa doença, apesar de esse fator ocorrer de modos diferentes entre as pessoas portadoras desse mal.

A doença de Alzheimer foi descoberta em 1906 por Alois Alzheimer. É uma doença que conduz à morte dos neurônios do cérebro do idoso. Não há critérios precisos para realizar o diagnóstico em vida, e sua cura ainda não existe. Há apenas drogas que a retardam. Os médicos já conseguem observar se o idoso, quando acometido pela doença, está passando pela primeira fase (estágio suave), segunda fase (estágio moderado) ou terceira fase (estágio avançado). O mal de Alzheimer afeta 35 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, cerca de 6% da população com mais de 60 anos têm a doença (JORNAL FLORIPA, 2011).

Segundo a história, em 1906, na cidade de Tübingen, Alemanha, o neuropatologista Alois Al-zheimer (1864-1915) apresentou, durante um congresso, o tema “Sobre uma enfermidade específica do córtex cerebral”, a respeito de uma patologia neurológica não conhecida, semelhante a uma demência, que ele mesmo diagnosticou em uma de suas pacientes, Auguste Deter (1850-1906). Dando assistência enquanto ela estava com vida, percebeu que a paciente tinha oscilações no comportamento, considerável perda de memória e dificuldade para realizar atividades rotineiras (BRANDT; HANSER, 2004; BOTE-LHO, 2008).

Alois Alzheimer contribuiu na pesquisa de três grandes áreas dessa enfermidade: quadro clínico e progressão dos sintomas, anatomopatologia e correlação entre quadro clínico e patologia cerebral (BO-TELHO, 2008).

Para a Organização Mundial da Saúde – Classificação Internacional de Doenças Mentais (CID-1) (1993, p. 46), a doença de Alzheimer é definida como:

[...] doença cerebral degenerativa primária de etiologia desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos. Instala-se usualmente de modo insidioso e desenvolve-se lenta, mas continuamente por um período de anos; este pode ser tão curto como dois ou três anos, mas ocasional-mente pode ser consideravelmente mais prolongado. O início pode ser na meia-idade ou até mais cedo (início pré-senil), mas a incidência é maior na idade avançada (doença de início senil). Em casos com início antes da idade dos 65-70 anos, existe a probabilidade de uma história familiar de uma demência semelhante, um curso mais rápido e predominância de aspectos de dano do lobo temporal e parietal, incluindo disfasia ou dispraxia. Em casos com início mais tardio, o curso tende a ser mais lento e caracterizado por um comprometimento mais geral de funções corticais superiores. Pacientes com síndrome de Down têm um grande risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

Baseado em estudos, sabemos que a prática regular de exercícios físicos tem sido de suma impor-tância no tratamento da doença de Alzheimer. Conforme Manidi e Michel (2000), a atividade física deve estimular o paciente, trazendo benefícios no sentido de: facilitar a redescoberta do esquema corporal; preservar as capacidades funcionais remanescentes durante o máximo de tempo possível; melhorar o aspecto moral e a confiança; restituir a autoestima e, consequentemente, ajudar a manter certa qualidade de vida. A atividade física, segundo Castilho (2006), tem sido recomendada para doenças como esclero-se múltipla e Alzheimer: por melhorar o equilíbrio e a marcha; trazer menor dependência para realização de atividades diárias; melhorar os sintomas de depressão e os aspectos da função cognitiva; consequen-temente, melhorar a capacidade de trabalho; e diminuir a incapacidade e a necessidade de cuidados de longa duração muito dispendiosos.

O tratamento da doença de Alzheimer se dá com uso de remédios, visando minimizar tais declí-nios, como o cognitivo e o funcional, característicos da doença. Junto a esse tratamento, temos os pro-gramas de intervenção motora, pois existem comprovações científicas de que, a atividade física aliada aos remédios, é capaz de retardar a evolução da doença.

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2. ESTÁGIOS DA DOENÇA DE ALZHEIMER

A doença de Alzheimer, entre as outras doenças relacionadas com a demência, é uma das enfer-midades sobre a qual não existem muito conceitos concretos a seu respeito nos dias atuais. Desse modo, ainda não se pode apontar para um único problema e afirmar que, com absoluta certeza, esse fator é a causa para essa demência; sendo assim, como muitas das enfermidades relacionadas ao processo de en-velhecimento do ser humano, caracteriza-se por ser uma doença multifatorial (QIU et al. 2002).

Por esse motivo, é muito importante determinar os múltiplos fatores que influenciam no surgi-mento desse mal; normalmente, a resposta é a de que são muitos os fatores de risco que surgem com o avançar da idade, principalmente as doenças como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes e proces-sos isquêmicos cerebrais. Dentro de todo esse contexto, a prevenção pode representar uma solução ideal para o desafio colocado por essa condição. Estudos epidemiológicos recentes têm revelado um número de fatores de risco e de proteção que poderiam influenciar a ocorrência de demência, incluindo demência tipo Alzheimer. Relatam ainda Qiu et al. (2002), nesse sentido, que a pressão arterial alta é associada com o aumento do risco de doença de Alzheimer e demência em adultos de idade avançada, o que se dá, provavelmente, devido à rigidez arterial e à aterosclerose grave.

Sendo assim, existe a necessidade de se caracterizarem todos os estágios da doença para determi-nar os problemas causados pelo avanço dos processos degenerativos e os desafios a serem superados; mais precisamente, isso é extremamente importante para que se entendam todas as questões que envol-vem o tratamento da doença de Alzheimer.

O Ministério da Saúde por meio do Caderno de Atenção Básica (BRASIL, 2006, p. 110-111) de-fine a doença de Alzheimer em três estágios:

Fase inicial: é caracterizada por sintomas vagos e difusos, que se desenvolvem insidiosamente, sendo o comprometimento da memória o sintoma mais proeminente e precoce, em especial a memória re-cente. Com frequência, as pessoas acometidas perdem objetos pessoais (chaves, carteira, óculos) e se esquecem dos alimentos em preparo no fogão. Há desorientação progressiva em relação ao tempo e ao espaço. Em alguns casos, podem apresentar perda de concentração, desatenção, perda de iniciativa, retraimento social, abandono dos passatempos, mudanças de humor (depressão), alterações de com-portamento (explosões de raiva, ansiedade, irritabilidade e hiperatividade) e, mais raramente, ideias delirantes.

Fase intermediária: caracteriza-se por deterioração mais acentuada dos deficit de memória e pelo acometimento de outros domínios da cognição, como afasia, agnosia, alterações visuo-espaciais e vi-suo-construtivas e apraxia. Os distúrbios de linguagem, inicialmente caracterizados pela dificuldade de nomeação, progridem, com dificuldade na escrita, empobrecimento de vocabulário, parafasias se-mânticas e fonêmicas, perseverações, perda de conteúdo e dificuldade de compreensão. A capacidade de aprendizado, a memória remota, a capacidade em fazer cálculos e abstrações, resolver problemas, organizar, planejar e realizar tarefas em etapas são seriamente comprometidas. O julgamento é altera-do, perdendo-se a noção de riscos. Essas alterações levam a um progressivo declínio funcional, hierár-quico de AIVD (atividades instrumentais de vida diária) para AVD (atividades de vida diária). Podem ocorrer ainda agitação, perambulação, agressividade, questionamentos repetitivos, reações catastró-ficas, distúrbios do sono e a denominada “síndrome do entardecer”, ou seja, a ocorrência de confusão mental e alterações de comportamento, geralmente, próximos do horário do pôr do sol.

Fase avançada ou estágio terminal: todas as funções cognitivas estão gravemente comprometidas, ha-vendo dificuldades para reconhecer pessoas e espaços familiares. Os pacientes tornam-se totalmente dependentes para as AVDs. Acentuam-se as alterações de linguagem, podendo ocorrer drástica redu-ção da fluência, levando o paciente a comunicar-se por meio de ecolalias, vocalizações inarticuladas, sons incompreensíveis e jargões semânticos, até alcançarem o mutismo. Na fase final, geralmente, estão acamados e incontinentes e normalmente acabam falecendo por alguma complicação da síndro-me da imobilidade.

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3. METODOLOGIA

O estudo se caracterizou como uma pesquisa de levantamento histórico do tipo descritiva, ob-servando as aulas entre junho e agosto de 2013 referentes ao Programa de Cinesioterapia Funcional e Cognitiva em Idosos com Doença de Alzheimer (PRO-CDA), projeto de Extensão do Departamento de Educação Física da UNESP – campus Rio Claro. Os instrumentos utilizados foram: entrevistas infor-mais, registro, fotos, artigos, livros, reportagens, imagens e vídeos disponíveis no projeto.

Além disso, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, a partir de pesquisa em capítulos de livros, artigos científicos, periódicos nacionais e internacionais, revistas especializadas e bases eletrôni-cas de dados como SCIELO, buscando evidências científicas relevantes ao tema estudado.

Os dados foram organizados seguindo uma estrutura e disponibilizados no formato de artigo para um acervo de pesquisa.

4. INGRESSO DOS IDOSOS NO PROGRAMA DE CINESIOTERAPIA FUNCIONAL E COGNITIVA EM IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER (PRO-CDA)

Todos os participantes deste estudo são idosos com a doença de Alzheimer e cuidadores que par-ticipam do Programa de Cinesioterapia Funcional e Cognitiva em Idosos com Doença de Alzheimer (PRO-CDA), projeto de Extensão do Departamento de Educação Física da UNESP – campus Rio Claro. O referido projeto é uma das opções de programas públicos desenvolvidos no município, que oferecem uma possibilidade de tratamento para os idosos e que, possivelmente, contribuem para a melhora da qualidade de vida dos participantes.

É importante ressaltar que o ingresso dos idosos acontece por vários meios, podendo ser por enca-minhamento do médico que conhece o programa de atividades e os encaminha com diagnóstico de D.A. ou pela utilização de outros meios de comunicação disponíveis à população. Desse modo, são informa-dos, por meio de televisão, rádio, jornais, sites de notícia e rede sociais, as palestras e os encontros, que são realizados durante o ano. Todas as informações têm como objetivo principal prestar esclarecimentos aos interessados sobre as atividades do Programa de Cinesioterapia Funcional e Cognitiva em Idosos com Doença de Alzheimer, chamado também de PRO-CDA.

Após o ingresso no PRO-CDA, idosos e cuidadores são obrigados a apresentar o diagnóstico da doença de Alzheimer fornecido pelo médico, lembrando que o projeto é específico para essa população em especial. Logo em seguida, é realizado um primeiro contato com o cuidador e com o idoso, e, nesse contato, o cuidador deve relatar todo o histórico da doença; enquanto isso, o idoso passa por algumas avaliações cognitivas apenas para a verificação do estágio da doença, pois o médico psiquiatra da insti-tuição, com o auxílio de exames complementares como a ressonância magnética, trazida pelos cuidado-res e algumas outras avaliações cognitivas, darão um parecer sobre o estágio de cada indivíduo.

Depois desse primeiro contato, os alunos do projeto entram em contato com o cuidador e marcam um retorno tanto para ele como para o idoso. Nesse retorno, serão realizadas as avaliações cognitivas mais detalhadas, juntamente com as avaliações motoras e de nível de atividade física. Com o cuidador, realizam-se avaliações para verificar estresse, cognição e funcionalidade motora. Todas essas avaliações ocorrem antes de o idoso ser inserido no protocolo de atividade, e, após seis meses, elas se repetem, para se verificar se houve ganho, perda ou manutenção das habilidades.

A respeito das avaliações, Santos (2010) relata que: foram realizadas nas dependências do Depar-tamento de Educação Física em locais tranquilos, sem influência de fatores externos. Idosos e cuidado-res foram instruídos a comparecer no LAFE (Laboratório de Atividade Física e Envelhecimento), com horário marcado para a realização dos testes, desenvolvidos em um só dia. Ao mesmo tempo que o idoso realizou a avaliação cognitiva e motora, o cuidador respondeu a testes sobre seu histórico familiar. To-dos os testes aplicados foram realizados sempre pelo mesmo avaliador, que possui treinamento para tal aplicação, sendo, inclusive, a bateria de testes cognitivos dos pacientes aplicadas por avaliador externo ao projeto de extensão.

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Para a avaliação inicial dos idosos com D.A., utilizam-se dos testes explicados a seguir. O teste abaixo é o mais importante, sendo realizado antes de qualquer outra bateria de análises.

Esta avaliação analisa a classificação da demência, sendo seis categorias com cinco tipos de pontuação.

Avaliação do nível de demência

Escore de Avaliação Clínica de Demência (CDR)O objetivo do teste é analisar em qual o grau de demência que o indivíduo se encontra. A avaliação

é feita a partir de cognição e comportamento, além da influência das perdas cognitivas na capacidade de se realizarem adequadamente as atividades de vida diária. O teste está dividido em seis categorias cognitivo-comportamentais: memória, orientação, julgamento ou solução de problemas, relações co-munitárias, atividades no lar ou de lazer e cuidados pessoais. Em cada categoria, existe uma pontuação: 0 (nenhuma alteração), 0,5 (questionável), 1 (demência leve), 2 (demência moderada) e 3 (demência grave). Como está sendo analisado o grau de demência, esse teste de memória é considerado o principal, enquanto os outros testes são de caráter secundário. Essa classificação final do CDR segue um conjunto de regras elaboradas e validadas por Morris (1993).

Avaliação cognitiva

Miniexame do Estado Mental (MEEM)Segundo Folstein, Folstein e McHugh (1975), o Miniexame do Estado Mental ou, em sigla, MEEM,

é essencial na avaliação psiquiátrica dos pacientes. Afirma ainda que o exame é fácil de administrar e requer apenas 5 ou 10 minutos, sendo, dessa maneira, prático para se usar em série e de forma rotineira. O exame é um instrumento composto por questões agrupadas em categorias, cada qual planejada com o objetivo de se avaliarem o perfil cognitivo global e as funções cognitivas específicas. São elas: orien-tação para tempo, orientação para local, registro de três palavras, atenção e cálculo, recordação das três palavras, linguagem e capacidade visuoconstrutiva. O escore do MEEM varia de 0 a 30 pontos, sendo que valores mais baixos apontam para possível deficit cognitivo.

Avaliação motora

Questionário Baecke Modificado para Idosos (QBMI)Segundo Voorrips et al. (1991), é um instrumento desenvolvido para quantificar o nível de ativi-

dade física do idoso, composto por 10 questões relacionadas com atividades básicas e instrumentais, como cozinhar, locomover-se e subir degraus. Além disso, o QBMI Modificado para Idosos verifica a utilização do tempo livre e da prática de atividade física.

É importante relatar a respeito do QBMI Modificado para Idosos que a pontuação das atividades domésticas é medida por meio da soma dos escores obtidos nas questões dividida pelo número total de questões. Além disso, é relativamente confiável, fácil de ser aplicado e não influencia nas atividades da vida diária.

Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividades de Vida Diária (EAPAVD)Relata Santos (2010) que a escala tem como objetivo avaliar a percepção da capacidade funcional

de idosos, incluindo as atividades básicas e instrumentais de vida diária. Afirma ainda que a escala é composta por 40 questões, classificadas em A, B, C e D, que descre-

vem as Atividades de Vida Diária. As questões de 1 a 15 são atividades básicas, e de 16 a 40, atividades instrumentais. Para a classificação funcional do idoso, devem-se somar os pontos obtidos nas 40 ques-tões, sendo que: o item A corresponde a 0 ponto, classificado como “não consigo realizar a tarefa”; o

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item B corresponde a 1 ponto, sendo classificado como “realizo esta atividade só com ajuda de outras pessoas”; o item C corresponde a 2 pontos, classificado como “realizo esta atividade sozinho, mas com dificuldade”; o item D, a 3 pontos, classificado “como realizo esta atividade sozinho, com um pouco de dificuldade”; já o item E equivalente a 4 pontos e se classifica como “realizo esta atividade sozinho e com facilidade”.

A classificação é feita da seguinte forma: • Idosos com pontuações entre 0 e 31 possuem classificação funcional como muito ruim. Pontu-

ações entre 32 e 64 são consideradas ruins. • As pontuações entre 65 e 97 pontos são consideradas dentro da média. Classificações funcio-

nais boas são aquelas em que se encontram entre 98 e 130 pontos. • Por fim, o idoso que estiver com pontuação entre 131 e 160 é classificado como funcionalmente

muito bom. É importante ressaltar que essa escala é obtido a partir de respostas dadas pelo cuidador do pa-

ciente.

Bateria de Atividades de Vida DiáriaCom o objetivo de avaliar a capacidade funcional de idosos para as atividades de vida diária, é

realizada uma bateria de testes. Os testes consistem em: Caminhar/Correr 800 metros, Sentar e Levan-tar da Cadeira e Locomover-se pela Casa, Habilidades Manuais, Levantar-se do Solo e Calçar Meias (adaptado de ANDREOTTI E OKUMA, 1999). A série de testes de Andreotti e Okuma (1999) continha, originalmente, outro teste (Subir Degraus), todavia, segundo Santos (2010), foi retirado devido ao alto risco de execução encontrado pelos pacientes com D.A.

Os testes adaptados de Andreotti e Okuma (1999) são: Teste Caminhar/Correr 800 metros (CC800)• Objetivo: medir a capacidade do idoso em se locomover com eficiência para realizar atividades

como ir ao mercado, visitar parentes e amigos ou passear em parques.• Procedimentos: o avaliado deve caminhar e/ou correr uma distância de 800 metros no menor

tempo possível. O percurso deve ser construído de forma oval ou retangular, e suas margens de-vem ser delimitadas por cones. O início e o final do percurso devem ser demarcados com linhas no chão. O avaliado deve colocar-se em pé, atrás da linha que demarca o início do percurso e, ao sinal “Atenção! Já!”, iniciar a caminhada e/ou corrida até completar a distância determina-da. O desempenho é medido em tempo (minutos e segundos necessários para a realização do percurso). O cronômetro deve ser acionado ao sinal “Atenção! Já!” e interrompido quando o avaliado ultrapassar com ambos os pés a distância determinada.

Teste Sentar e Levantar da Cadeira e Locomover-se pela Casa (SLCLC)• Objetivo: avaliar a capacidade do idoso para sentar-se, levantar-se e locomover-se com agilida-

de e equilíbrio, em situações da vida como entrar e sair do carro, sentar e levantar de bancos de ônibus, levantar-se rapidamente para atender a campainha.

• Procedimentos: posicionar a cadeira no solo e, 10 cm à sua frente, demarcar um “X” com fita adesiva (a cadeira tende a se mover durante o teste). A partir de tal demarcação, colocar dois cones diagonalmente à cadeira: a uma distância de 4 metros para trás e 3 metros para os lados direito e esquerdo da cadeira. O indivíduo inicia o teste sentado na cadeira, com os pés fora do chão. Ao sinal “Atenção! Já!”, o avaliado se levanta, move-se para a direita, circula o cone, re-torna para a cadeira, senta-se e retira ambos os pés do chão. Sem hesitar, levanta-se novamente, move-se para a esquerda, circula o cone e senta-se novamente, tirando ambos os pés do chão. Imediatamente, realiza um novo circuito (exatamente igual ao primeiro). Assim, o percurso consiste em contornar cada cone duas vezes, alternadamente, para a direita e para a esquerda. Nos momentos em que o avaliado se levantar da cadeira, poderá utilizar-se de seus apoios.

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Iniciar o cronômetro no momento em que o indivíduo colocar os pés no chão e pará-lo quando sentar-se pela quarta vez (sem o apoio dos pés). O avaliado deve ser instruído a realizar o per-curso o mais rápido possível, e o tempo de realização do teste deve ser anotado em segundos. Devem ser realizadas duas tentativas, com 60 segundos ou mais de intervalo entre cada uma, sendo considerada a melhor delas.

• Observações: dar direções verbais durante o teste (Para a esquerda!, Para a direita!), a fim de que o avaliado não se confunda; certificar-se de que o indivíduo realmente senta-se na cadeira e tira os pés do chão; reajustar a posição da cadeira durante o teste caso se desloque da posição original; o avaliador deve posicionar-se centralmente e de frente para a cadeira; a superfície para a realização do teste deve ser iluminada, antiderrapante e sem desníveis; o avaliado pode correr e/ou andar durante a realização do teste.

Teste Subir Escadas (SE)• Objetivo: medir a capacidade do idoso em subir escadas.• Procedimentos: partindo da posição em pé, ao pé da escada e ao sinal “Atenção! Já!”, o avalia-

do deve subir o mais rápido possível uma escada com 15 degraus, podendo utilizar-se ou não de um corrimão. O sujeito deve realizar apenas uma tentativa, ocasião na qual será medido o tempo de subida. O cronômetro deve ser acionado no momento em que o idoso colocar o pé no primeiro degrau e parado quando um dos pés alcançarem o décimo quinto degrau. O avaliador deve posicionar-se no topo da escada.

• Observações: pode subir os degraus caminhando e/ou correndo; um ou mais degraus podem ser transpostos com uma passada.

Teste Levantar-se do Solo (LS)• Objetivo: medir a capacidade do idoso em se levantar do chão.• Procedimentos: posicionar o colchonete no chão e, 40 cm à sua frente, demarcar uma linha de

60 cm de comprimento. Estando no colchonete, em decúbito dorsal, com braços ao longo do corpo e pernas estendidas, o avaliado deverá, no menor tempo possível, levantar-se, de forma a assumir a posição em pé, com membros inferiores unidos e braços estendidos ao longo do corpo, e posicionar-se na linha demarcada. Devem ser realizadas duas tentativas, com intervalo de 60 segundos ou mais entre cada uma. Será computado o tempo necessário para efetuar cada tentativa e considerado o menor tempo. O cronômetro deve ser acionado ao sinal “Atenção! Já!”, e parado quando o sujeito transpuser a linha que demarca os 40 cm.

Teste Habilidade Manuais (HM)• Objetivo: medir a precisão com que o idoso realiza atividades de coordenação motora fina e

oculomanual no cotidiano.• Procedimentos: O painel deve ser pendurado em uma parede de superfície plana, a uma altura

de 1,5 metros do solo (considerar a altura a partir da borda inferior do painel). Em pé, com os membros superiores ao longo do corpo, e posicionando-se ao centro do painel, ao sinal “Atenção! Já!”, o indivíduo deve realizar as seguintes tarefas: encaixar a chave na fechadura, encaixar o plug na tomada, desencaixar a lâmpada do soquete e discar o número 9 do telefone. Os objetos a serem encaixados no painel devem ficar na base do instrumento (localizada per-pendicularmente à parede). O avaliado deve realizar duas tentativas seguidas, sendo conside-rado o menor tempo de realização da tarefa. O cronômetro deve ser parado quando o indivíduo terminar de discar o número 9 do telefone.

• Observações: o avaliado deve realizar o teste com a mão dominante; o uso de lentes corretivas para os olhos é permitido; durante o teste, o avaliador deve dar instruções verbais para a disca-gem dos números de telefone.

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Teste Calçar Meias (CM)• Objetivo: medir a capacidade do idoso em calçar meias.• Procedimentos: sentado em uma cadeira, o avaliado deverá, no menor tempo possível, calçar

uma meia. Com os joelhos flexionados, pés apoiados no chão, braços ao longo do corpo e a meia colocada sobre uma das coxas, ao sinal “Atenção! Já!”, o avaliado deverá colocar a meia o mais rápido possível, no pé de preferência. O cronômetro deve ser acionado ao sinal “Atenção! Já!” e parado quando o indivíduo assumir posição inicial, só que, agora, com os braços repou-sando sobre as coxas. Devem ser realizadas duas tentativas, com intervalo de 60 segundos ou mais entre cada uma, e considerado o menor tempo.

• Observações: o avaliado poderá utilizar-se de diferentes formas para calçar a meia, desde que não levante da cadeira; certificar-se de que a meia foi calçada por completo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Notoriamente, devido aos avanços da medicina e da tecnologia, a humanidade está aumentando a sua expectativa de vida e, com isso, surge a necessidade urgente de amenizar os problemas que surgem com o envelhecimento da população.

Dentro desse aspecto, é importante salientar que os idosos representam uma parcela significativa da população e que uma grande parte dos seres humanos está vivendo em tempos de sedentarismo, obe-sidade e inúmeras doenças crônicas. Conforme vão se passando os anos; as adversidades da vida vão surgindo e, especialmente com a população idosa, esses problemas de saúde são muito mais frequentes. Muitas vezes, quando um idoso toma uma decisão de praticar alguma atividade física, esse fato ocorre por ordem médica ou porque alguma coisa está errada, seja física ou psicologicamente.

Nascemos todos do mesmo modo, vindos do ventre de uma mulher, e todos, um dia, inevitavel-mente, morreremos também. Embora muitas vezes não percebamos, invariavelmente para tudo existe um tempo nessa vida, e isso inclui o nosso declínio físico e mental. Afinal, não podemos nos esquecer de que existe um organismo vivo dentro de cada ser humano e de que dependemos de inúmeros proces-sos biológicos que mantêm a nossa vida. Obviamente, quando atingimos a idade avançada, mais do que nunca, o nosso corpo sofre com todo o processo de degeneração dos anos decorridos de vida, e, mesmo com todos os avanços da medicina e da tecnologia, fatalmente irá se defrontar com o fim derradeiro da vida. De uma maneira geral, se estivermos ignorando algumas regras básicas, tais como atividade física regular e alimentação saudável, dificilmente alcançaremos uma velhice com boa qualidade de vida e autonomia.

Particularmente para os idosos com doença de Alzheimer, a prática da atividade física mostra-se extremamente importante, pois, muitas vezes, eles se defrontam com obstáculos que tiram a sua alegria e, às vezes, abalam o modo de viver de uma família inteira. Sendo assim, para os pacientes, a participa-ção no projeto pode significar muito mais do que apenas um tratamento não farmacológico, representa algo muito maior, pois a velhice não pede compreensão, pede respeito e consideração por parte de toda a sociedade.

REFERÊNCIAS

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A atuação da cafeína biovetorizada e do ultrassom no tratamento da lipodistrofia localizada na região abdominal: revisão literária

Ana Paula Alves de OLIVEIRA1

Karina da Silva PIRES2

Juliana Aparecida Ramiro MOREIRA3

Resumo: A lipodistrofia localizada é caracterizada como um distúrbio no metabolismo de gordura, influenciado pelos maus hábitos ali-mentares, sedentarismo, alterações hormonais e genética. A supervalorização da imagem corporal tem aumentado a procura de recursos estéticos a fim de retificar as alterações dessa patologia. O mercado estético disponibiliza inúmeros recursos cosméticos e eletroterápicos para o tratamento das disfunções estéticas. A cafeína biovetorizada é um ativo cosmético que associa os benefícios da cafeína pura e do silício orgânico, os quais atuam na inibição da lipogênese, indução da lipólise e reestruturação do tecido lesionado. Esse ativo possui propriedades especiais obtidas por biotecnologia, o que viabiliza sua permeação pelas barreiras biológicas. Já o ultrassom é um aparelho eletroterápico que favorece a lipólise. Este estudo avaliou a atuação da cafeína biovetorizada e do ultrassom no tratamento da lipodistrofia localizada. O levantamento bibliográfico foi realizado em fontes digitais, como Google Acadêmico, SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), ScienceDirect, PUBMED, Elsevier, MEDLINE e também em periódicos publicados entre 2000 e 2017. A utilização do ultrassom possibilita que se provoquem a lipólise e o esvaziamento do conteúdo lipídico. Os efeitos promovidos pelo ultrassom, como o aumento do metabolismo, poderão auxiliar na melhor penetração da cafeína, ainda que esta já envolva alta tecnologia de permeação, valendo-se do efeito da lipólise sobre o adipócito por até 21 horas após a aplicação do ultrassom. O silício entrará como coadjuvante na reconstrução do tecido conjuntivo, na hidratação das células adjacentes, na reconstituição das fibras lesionadas e na biossíntese de elastina e colágeno, além de proporcionar um reforço na membrana celular, deixando-a mais resistente aos ataques dos radicais livres, auxiliando também no processo de lipólise. Desse modo, deduz-se que, unidos, os métodos potencializariam ou auxiliariam a ação do outro.

Palavras-chave: Cafeína. Biotecnologia. Lipodistrofia. Ultrassom.

1 Ana Paula Alves de Oliveira. Bacharelanda em Estética pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Karina da Silva Pires. Bacharelanda em Estética pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Juliana Aparecida Ramiro Moreira. Mestra em Ciências Biomédicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto (UNIARARAS). Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional e Estética e Bacharel em Fisioterapia pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

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The performance of biovetorized caffeine and ultrasound in the treatment of lipodystrophy located in the abdominal region: literary review

Ana Paula Alves de OLIVEIRAKarina da Silva PIRES

Juliana Aparecida Ramiro MOREIRA

Abstract: Localized lipodystrophy is characterized as a disorder in fat metabolism, influenced by poor eating habits, seden-tary lifestyle, hormonal changes and by genetics. The overestimation of body image has increased the demand for aesthetic resources in order to rectify the changes of this pathology. The aesthetic market offers caffeine as a cosmetic active that associates the benefits of pure caffeine and organic silicon, which act to inhibit lipogenesis, induce lipolysis and restructure the injured tissue. This asset has special properties obtained by biotechnology, which allows its permeation through biolo-gical barriers. Ultrasound is an electrotherapeutic device that favors lipolysis. This study evaluated the performance of bio-vetorized caffeine and ultrasound in the treatment of localized lipodystrophy. The literature review was carried out in digital sources, such as Google Scholar, Scientific Electronic Library Online, ScienceDirect, PUBMED, Elsevier, MEDLINE and also in periodicals published between 2000 and 2017. The use of ultrasound allows lipolysis and the lipid content emptying. The effects promoted by ultrasound, such as the metabolism increasement, may help in better caffeine penetration, although this already involves high permeation technology, using lipolysis effects on the adipocyte for up to 21 hours after ultrasoun application. The silicon will enter as a coadjuvant in the reconstruction of the connective tissue, in the hydration of the adja-cent cells, in the reconstitution of injured fibers and in the biosynthesis of elastin and collagen, besides providing a reinfor-cement in the cell membrane, making it more resistant to free radical attacks, also assisting the lipolysis process. In fact, it is possible to deduce that these methods working together, would enhance or aid the action of the other.

Keywords: Caffeine. Biotechnology. Lipodystrophy. Ultrasound.

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1. INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre o conceito de saúde atualmente, que está baseado no tripé do bem-estar físico, psíquico e social. Partindo desse pressuposto, é de conhecimento geral que homens e mulheres, na ânsia de alcançar esse equilíbrio, têm procurado adequar-se aos padrões estéticos pré-determinados em busca de autoaceitação (MATTANA, 2013).

Nos dias atuais, a mídia é o grande ditador do padrão de beleza, contribuindo com uma exposição idealizadora da perfeição da aparência física, que, muitas vezes, não corresponde à realidade do biotipo da maioria das pessoas (MENEZES, 2006).

Observa-se que essa publicidade exacerbada induz à supervalorização da imagem e justifica o au-mento significativo da demanda de tratamentos estéticos tanto masculinos como femininos em clínicas estéticas e dermatológicas (MATTANA, 2013).

O atual mercado estético oferece uma gama de recursos para o tratamento das mais variadas dis-funções corporais e faciais, desde aparelhos até cosméticos com alta tecnologia (SAMPAIO; FERREI-RA, 2009).

Segundo Leonardi (2008), os cosméticos são substâncias que têm como principais objetivos lim-par, perfumar, corrigir, proteger, alterar a aparência e ou mantê-la em bom estado. Eles podem ser clas-sificados como de grau I ou II: os cosméticos de grau I não representam grandes riscos e os cosméticos de grau II apresentam risco potencial, necessitando de comprovação de segurança e eficácia, além de informações e cuidados quanto ao modo e às restrições de uso, sendo indicados para uso em situações específicas.

Nos últimos anos, a indústria cosmética revolucionou o mercado com produtos que vão além da limpeza e do embelezamento, os chamados cosmecêuticos, também conhecidos como dermocosméti-cos, cosméticos funcionais ou cosméticos de desempenho, diferenciando-se dos cosméticos comuns devido à ciência e à tecnologia envolvidas na sua preparação. A nanotecnologia – ciência relacionada à redução do tamanho das partículas à escala nanométrica – aplicada à cosmética visa aumentar o poder de permeação dos ativos (BARIL et al., 2012).

A detentora da patente mundial de silício orgânico hidrossolúvel produz o ativo siloxanetriol al-ginate caffeine (Cafeisilane C® – Siloxanetriol Alginate Caffeine (and) Butylene Glycol (and) Water), que associa a cafeína pura e o ácido algínico com uma molécula de silanol. Os silanóis são estruturas nanométricas derivadas do silício orgânico que apresentam alta afinidade com a membrana biológica, tendo como principal função carrear o ativo até a célula-alvo, atuando como coadjuvantes nos processos de lipólise e de reestruturação do tecido cutâneo (AQIA, 2005).

A cafeína é um alcaloide do grupo das xantinas extraído de folhas e frutos como o chá, cola, guara-ná, mate, café e outras espécies, sendo o café sua principal fonte (TANO, 2003; HERMAN; HERMAN, 2013). Estudos comprovam os efeitos lipolíticos da cafeína devido à eficácia em inibir a fosfodiesterase, aumentando o AMPc, ativando a hidrólise dos triglicerídeos e reduzindo o volume nos adipócitos (GO-MES; DAMAZIO, 2013).

São diversos os fatores que podem contribuir para a lipodistrofia localizada; entre eles, podem-se citar as dietas hipercalóricas, que excedem a capacidade de nosso organismo de armazenar e utilizar proteínas e carboidratos, ocasionando uma estocagem desses produtos metabolizados no tecido adiposo (BORGES, 2006; GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Outro fator adipogênico são os hormônios do crescimento, pois estes vão agir diretamente na expansão dos adipócitos, estimulando seu processo de diferenciação de pré-adipócitos para células ma-duras. Por outro lado, as alterações hormonais com o aumento do estrogênio também exercem um papel importante na lipodistrofia, pois o cruzamento das fibras das células adipócitas são desfeitas por meio da ação desse hormônio, permitindo, assim, seu alargamento (GOMES; DAMAZIO, 2013; BORGES, 2006; GUIRRO; GUIRRO, 2002).

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O conteúdo lipídico no interior dos adipócitos, inicialmente, aparece como pequenas gotas, que se juntam até formarem uma gota só (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Essa alteração se dá por um distúrbio metabólico, podendo ser hiperplásica, a qual ocasiona o aumento do número dessas células, ou hipertró-fica, que pode exceder o volume delas (GOMES; DAMAZIO, 2013; GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A distribuição da lipodistrofia localizada é determinada pelo sexo e pela genética do indivíduo. Nas mulheres, as células podem ser armazenadas principalmente na região abdominal, caracterizando o padrão androide, ou na região glútea ou femoral, denominando o padrão ginecoide (GOMES; CARMO, 2015).

Há diversas opções de tratamentos eletroterápicos, combinados ou não a cosméticos, e outras téc-nicas de modelagem corporal que demonstram eficácia no tratamento de disfunções estéticas (AGNE, 2016).

Entre as técnicas terapêuticas não invasivas, o ultrassom tem demonstrado eficácia no tratamento das adiposidades localizadas, estimulando a quebra dos triglicerídeos dentro dos adipócitos por meio de seu efeito mecânico. O potencial de membrana celular das células reduz-se em função de uma forte agitação delas, provocando, assim, permeabilidade e significativo aumento da atividade metabólica ce-lular; é de se notar também que a absorção das ondas ultrassonoras no tecido tem ação térmica sobre ele. Convém ressaltar que, em doses elevadas, o ultrassom promove cavitação instável, resultando na lesão celular (ARCARI et al., 2017).

Tendo em vista essas considerações, justifica-se a realização desta pesquisa para a verificação da eficácia do ultrassom não focado e de baixa frequência, assim como a eficácia de seu mecanismo de ação no tecido adiposo subcutâneo, que resulta na redução deste. Assim, pretende-se verificar a atuação da cafeína biovetorizada, os benefícios coadjuvantes de seus ativos e o prolongamento desses resultados.

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho consistiu no levantamento de temas re-lacionados à ação da cafeína e do ultrassom não focado e de baixa frequência em sites de pesquisas como Google Acadêmico, SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), ScienceDirect, PUBMED, Elsevier, MEDLINE, em artigos científicos disponibilizados pelas empresas Aqia Química Industrial e KLD Biosistemas e Equipamentos Eletrônicos. Outras pesquisas foram feitas em periódicos de 2000 a 2017 disponibilizados pela biblioteca da Claretiano – Centro Universitário.

3. REVISÃO LITERÁRIA

Primeiramente, é importante compreender as características e funções do tecido adiposo: como o modelamento da superfície da pele diferencia o contorno corporal de homens e mulheres, formando co-xins para a absorção de choques, acumulando-se, principalmente, nas regiões plantar e palmar, fazendo o preenchimento dos espaços entre outros tecidos para acomodação e prevenção de lesões dos órgãos internos e contribuindo com o isolamento térmico corporal, devido à gordura ser um mau condutor de calor (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

O tecido adiposo encontra-se localizado logo abaixo da derme e acima do plano muscular (BOR-GES; SCORZA, 2016). Em algumas regiões, como abdômen e flancos, existem duas camadas adiposas diferenciadas. Os termos hipoderme e tecido adiposo subcutâneo fazem referência a estruturas distintas, independentes e com respostas metabólicas diversas (AGNE, 2016).

O tecido adiposo superficial (TAS), ou hipoderme, é composto por feixes de fibras musculares (trabéculas) de paredes ou membranas anatômicas fibrosas (septos), dispostos perpendicular ou obli-quamente, que desempenham a função de ligar a derme reticular com a fáscia superficial. Os septos fibrosos são compostos por fibras elásticas e colágenas, definindo lóbulos e formando a parede colagê-nica periadipocitária, que tem as funções de sustentação, acomodação e preservação da integridade dos

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adipócitos, com compartimentos bem vascularizados por capilares (AGNE, 2016; CUNHA; CUNHA; MACHADO, 2014).

Nesses septos fibrosos de tecido conjuntivo frouxo, encontram-se a matriz extracelular, fibras colágenas e reticulares, células imunes, tais como leucócitos e macrófagos, fibroblastos, nódulos linfáti-cos, vasos venosos, arteriais e linfáticos, nervos e pré-adipócitos. Esse tecido origina-se das células em-brionárias mesenquimais, as quais podem se diferenciar em lipoblastos e fibroblastos. Dos lipoblastos, terão origem os adipócitos, cuja função, quando jovens, será a de acumular gordura em seu citoplasma, porém, quando maduros, serão preenchidos por material graxo (BORGES; SCORZA, 2016).

O tecido adiposo profundo (TAP), ou tecido adiposo subcutâneo, é separado do TAS pela fáscia superficial. Nele, há adipócitos maiores, achatados e menos definidos, com septos fibrosos menos notó-rios, dispostos obliquamente e conectados à fáscia profunda dos músculos da parede abdominal. O TAP é considerado incompleto, frágil, aderente e pouco vascularizado. Ele é responsável pelas deformidades localizadas, por sua capacidade de aumentar a espessura em relação ao TAS, sendo caracterizado como área de alta deposição lipídica (AGNE, 2016; CUNHA; CUNHA; MACHADO, 2014).

As células adiposas exercem papel energético a partir da reserva de triglicerídeos em seu interior. Essas reservas podem ser mobilizadas conforme a necessidade do organismo, como em atividades fí-sicas intensas, dietas restritivas e jejuns prolongados, e em situações de frio intenso, circunstâncias em que há necessidade de um maior gasto energético (BORGES, 2006; GUIRRO; GUIRRO, 2002). Elas atuam também como secretoras de diversas citocinas e estas acabam por modular várias funções orgâ-nicas, controladas por hormônios e pelo sistema nervoso (FONSECA-ALANIZ et al., 2006; CURI et al., 2003).

O armazenamento de triglicerídeos nos adipócitos ocupa um volume de 80% a 95% sob a forma líquida, pois, para a gordura ser hidrolisada e lançada no interstício, precisa estar em estado líquido (GUYTON; HALL, 2017).

Segundo Gartner e Hiatt (2003), são identificados dois tipos de tecido adiposo: o unilocular, ou gordura branca, e o multilocular, ou gordura parda.

O tecido adiposo unilocular encontra-se em maior parte no indivíduo adulto. Recebe essa nomen-clatura por possuir um espaço que abriga o conteúdo lipídico da célula, comprimindo as organelas e o núcleo desta para a periferia da célula. É envolto por uma lâmina basal, e na membrana plasmática, en-contramos vesículas de pinocitose. Sua coloração pode ser branca ou amarela escura, e as células podem variar de 50 a 150 μm de diâmetro, sendo muito vascularizadas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017). Encontra-se distribuído por quase todo o corpo, localizando-se em todo o tecido subcutâneo, nos órgãos, nas vísceras ocas da cavidade abdominal, na região torácica e em vários grupos musculares (UETA, 2009; MOISAN et al., 2015).

O tecido adiposo unilocular pode ser encontrado tanto no tecido adiposo subcutâneo como no te-cido adiposo visceral. As células adipócitas viscerais possuem atividade mais intensa da ação lipolítica das catecolaminas, culminando em um maior recrutamento dos ácidos graxos livres por meio da lipólise. Esse processo dá-se a partir dos estoques dos adipócitos da região intra-abdominal e se justifica pela grande concentração de receptores β₁ e β₂ adrenérgicos na superfície dessas células e no agrupamento da quantidade de RNAm (FONSECA-ALANIZ et al., 2006).

Já o tecido adiposo multilocular se faz presente nas regiões supraclavicular e cervical (UETA, 2009; MOISAN et al., 2015). Apresenta vários locos, onde são armazenadas as gotículas lipídicas. Essas células são caracterizadas pela grande quantidade de mitocôndrias, responsáveis pela coloração mais escurecida desse tecido, são ricas em citocromos e possuem grande vascularização. O adipócito multi-locular apresenta núcleo central, e as gotículas lipídicas são de tamanhos distintos, estando distribuídas por todo o citoplasma. Seus adipócitos têm tamanho menor, de 30 a 40 μm, e possuem forma poligo-nal. Originam-se das células mesenquimais, as quais se diferenciam em epitelioides, com aspecto de glândula endócrina cordonal, antes de armazenar gordura (BORGES; SCORZA, 2016; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

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A ideia de que não haveria neoformação do tecido adiposo multilocular após o nascimento foi contestada recentemente. As pesquisas comprovam que a gordura e o músculo interagem entre si, e esse processo ocorre por meio de hormônios específicos. Como no mecanismo de homeostase, esses hor-mônios são secretados quando submetidos a baixas temperaturas e transformam adipócitos brancos em adipócitos marrons (responsáveis pela termogênese) (MOISAN et al., 2015).

A lipodistrofia localizada consiste na alteração das células adiposas e é caracterizada como um distúrbio no metabolismo de gordura. Os adipócitos têm capacidade de aumentar (hipertrofia) ou di-minuir de volume (hipotrofia ou atrofia) conforme a quantidade de triglicerídeos reservada em seu citoplasma. Essa reserva não tem estabilidade e renova-se constantemente, influenciada por estímulos nervosos e hormonais (GOMES; CARMO, 2015).

Deve haver homeostase do consumo e do gasto energético. Quando o gasto é menor que o consu-mo, o excesso de triglicerídeos será armazenado, dando origem a distúrbio no metabolismo de gordura, desenvolvimento de hipertrofia dos adipócitos e distribuição de forma irregular, favorecendo a lipodis-trofia (GOMES; DAMAZIO, 2013; SUASTIKA, 2006).

Em algumas fases da vida, o tecido adiposo pode sofrer alterações como a hipertrofia e a hiper-plasia (aumento da quantidade de células), principalmente durante a infância, puberdade e gravidez (GOMES; DAMAZIO, 2013).

Segundo Winter (2001), antes da puberdade, os tecidos adiposos masculino e feminino são seme-lhantes, com fibras entrelaçadas e cruzadas que formam uma trama firme e impedem a migração dos lóbulos adiposos para a derme. Essas características são alteradas sob a influência do hormônio sexual feminino estrógeno, que desfaz essas fibras e permite a expansão da célula, alterando sua estrutura. A suplementação de estrógeno pode ocorrer a partir da alimentação, por meio do consumo de frango ali-mentado com grande quantidade de hormônios e antibióticos, do boi confinado que recebe estrógeno como suplemento, das frutas adubadas com estrógeno e protegidas por agrotóxicos e pela água, que, mesmo purificada nas estações de tratamento, não perde seu conteúdo estrogênico proveniente da urina das mulheres.

A adenosina possui atividade inibitória e estimulatória, e, durante sua síntese, liga-se ao receptor α-adrenérgico, que inibe a enzima adenilato ciclase e impossibilita a cascata de lipólise. A enzima fos-fodiesterase, que degrada o AMPc em fragmentos inativos, é ativada e interrompe o processo de lipólise (MARZZOCO; TORRES, 2007).

Atualmente, a indústria cosmética oferece cosméticos que contêm ativos lipolíticos com ação so-bre a distrofia do adipócito. Entre esses ativos, destaca-se a cafeína (KRUPEK; MAREZE-DA-COSTA, 2012).

A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é um alcaloide lipossolúvel do grupo das xantinas. As metilxan-tinas têm ação no sistema nervoso central e no tecido adiposo, estimulam o metabolismo e contribuem para a remoção de depósitos de toxinas no organismo e são psicoestimulantes. Podem ser encontradas em abundância em alguns tipos de folhas e frutos, como chá, cola, guaraná, mate, castanha, feijão, ca-cau, entre outras fontes, sendo o café (Coffea arabica) a principal fonte de cafeína (HERMAN; HER-MAN, 2013).

Considerada a droga mais consumida no mundo, a cafeína, consumida por via oral, é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e metabolizada no fígado, por meio de ação enzimática, em três me-tabólitos: paraxantina (1,7-dimetilxantina), teofilina (1,3-dimetilxantina) e teobromina (3,7-dimetilxan-tina), sendo a paraxantina o principal metabólito. Devido à sua característica lipossolúvel, a cafeína atravessa livremente a barreira hematocefálica, motivo pelo qual afeta as funções neurais. No cérebro, a cafeína aumenta a excitabilidade do sistema nervoso simpático, componente essencial do sistema ner-voso autônomo, desempenhando um papel importante na homeostase energética por meio de controle hormonal e neural. Ela pode bloquear os receptores de adenosina A₁ e A₂ᴀ, devido à grande similaridade entre as estruturas químicas de ambas, podendo afetar a liberação de neurotransmissores como acetil-colina, noradrenalina, serotonina e outros que melhoram o humor, a concentração e eliminam a fadiga física (VESLASCO et al., 2008; PAGNUSSAT, 2015).

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No tecido adiposo, a cafeína bloqueia os receptores α₂-adrenérgicos localizados na membrana dos adipócitos e inibe a ação da enzima fosfodiesterase, além de atuar na ativação dos receptores β-adrenér-gicos também localizados na membrana dos adipócitos, favorecendo a lipólise e reduzindo o diâmetro destes. De modo geral, a ação da cafeína dá-se pelo antagonismo não seletivo dos receptores de adeno-sina (VESLASCO et al., 2008; HARPAZ et al., 2017).

Complementarmente, a cafeína estimula a atividade das proteínas desacopladoras UCPs, localiza-das nas membranas das mitocôndrias, podendo fazer desses tecidos importantes mediadores da termo-gênese adaptativa. As principais finalidades celulares referentes ao uso de substâncias termogênicas são a ampliação da atividade de catecolaminas, estimulação enzimática, estimulação da β-oxidação mito-condrial e estimulação de proteínas desacopladoras, em especial a UCP-1, exclusiva do tecido adiposo marrom (KOGURE et al., 2002).

Determinados ativos agem em tecidos mais profundos da pele, e sua efetividade está relacionada à capacidade de atingir a célula-alvo. Visto que a passagem pela barreira da pele é complexa, a permeação pode intercorrer através de alguns trajetos, como intracelular, intercelular e apêndices, envolvendo três etapas: dissolução do ingrediente ativo no veículo, difusão do ingrediente ativo solubilizado do veículo para a superfície da pele e penetração do ativo através das camadas da pele (PEREIRA, 2013).

As nanopartículas são estruturas coloidais compostas por vesículas com um fino revestimento bio-degradável e uma concavidade central, local onde a substância será dissolvida (VANZIN; CAMARGO, 2011).

Na cosmetologia, a cafeína é utilizada com finalidade lipolítica, porém a barreira cutânea é um obstáculo para a permeação dessa substância devido à sua estrutura molecular (RAMALHO; CURVE-LO, 2006).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde, recomenda o uso da cafeína em concentração de 8% e concentração de 4% para as demais xantinas, devendo os produtos, em ambos os casos, serem classificados como de grau de risco II (CATEC, 2002).

A efetividade da formulação depende da escolha correta do veículo e da estabilidade do cosmético desde o início até o fim de sua vida útil, mantendo as mesmas características e propriedades. Os siste-mas de liberação controlada de princípios ativos são estratégias utilizadas para otimizar a penetração da substância na pele e carrear o ativo até a célula-alvo, em virtude de seu tamanho, estrutura, biocompati-bilidade e biossolubilidade. Esse sistema em associação com o veículo cosmético garante um tratamento rápido e eficaz (VANZIN; CAMARGO, 2011).

Segundo Pereira (2013), esse sistema de liberação foi planejado para favorecer a permeação cutâ-nea de ativos, tendo como característica a inserção de princípios ativos em partículas de tamanho nano-métrico, atribuindo-lhes propriedades especiais que viabilizam a permeação pelas barreiras biológicas, como liberação controlada do ativo, maior reatividade e mobilidade, redução da toxicidade, solubiliza-ção de ativos lipofílicos, entre outras.

A cafeína biovetorizada siloxanetriol alginate caffeine é um ativo biotecnológico que associa cafeína pura e ácido algínico (ácido manurônico) à molécula do silanol (silício biologicamente ativo), também chamado de silício orgânico, com ação no tecido conjuntivo e capacidade de ativar a lipólise (AQIA, 2005).

Os silanóis são complexos à base de silício, com função de carrear os princípios ativos até seu alvo biológico, favorecendo a permeação devido ao seu alto desempenho e à biocompatibilidade orgânica com a barreira cutânea; um exemplo é a siloxanetriol alginate caffeine (GOMES; DAMAZIO, 2013; AQIA, 2005).

O silício orgânico é um elemento estrutural do tecido conjuntivo presente em inúmeras moléculas biológicas. Tem ação sobre o metabolismo celular, propiciando a biossíntese das fibras de sustentação da pele, como elastina, colágeno e proteoglicanas, estimulando e regulando a proliferação fibroblástica e favorecendo a regeneração de fibras elásticas e colágenas, sendo responsável pela firmeza da pele. Atua ainda no mecanismo de reforço da membrana celular, tornando-a mais resistente aos ataques de radicais

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livres. Além disso, preserva as células cutâneas e regulariza o teor hídrico destas, possui ação anti-infla-matória, auxilia na drenagem dos tecidos e participa do processo de lipólise ativando a enzima adenilato ciclase (SABBAG; OLIVEIRA; LUBI, 2012; KRUPEK; MAREZE-DA-COSTA, 2012).

A cafeína biovetorizada (siloxanetriol alginate caffeine) tem ação dupla no tecido adiposo, age na ativação da lipólise e inibição da lipogênese, exercendo função secundária na reestruturação do tecido. Na lipogênese, a cafeína inibe a lipoproteína lipase, responsável pela cascata de reações que favorece a estocagem de triglicerídeos nos adipócitos. Na lipólise, a cafeína inibe a enzima fosfodiesterase, im-pedindo a degradação dos AMPc; consequentemente, aumenta os níveis de AMPc e favorece a cascata de reações que ocasiona a hidrólise dos triglicerídeos e inibe os receptores α-adrenérgico, por sua se-melhança estrutural com a adenosina, aumentando, assim, a atividade dos receptores β-adrenérgicos (AQIA, 2005).

O estudo histológico realizado por Velasco et al. (2008) em vinte camundongos Wistar analisa os efeitos promovidos pelas formulações em gel e emulsão contendo cafeína, cafeína + benzoato de sódio e siloxanetriol alginate caffeine (SAC) por 21 dias consecutivos, duas vezes por dia, utilizando como parâmetros o número e o diâmetro das células adiposas. Os resultados apontaram que: a emulsão com cafeína apresentou redução de 17% no diâmetro em comparação com o controle; a emulsão com cafeína + benzoato de sódio não apresentou alteração no diâmetro das células; e a emulsão com SAC apresentou redução de 16% no diâmetro e redução de 32% no número de células em comparação com o controle. A emulsão com SAC foi a única que apresentou redução significativa no número de células em comparação com o controle. Não foram observadas alterações significativas nas células tratadas com gel, considerando que este não é veículo adequado para incorporação de substâncias lipolíticas, embora tenha sido notado que o gel com SAC promoveu redução de 26% no número das células. O estudo con-clui que a emulsão com siloxanetriol alginate caffeine é considerada a mais indicada para promover a ação lipolítica no tecido adiposo.

O estudo in vitro realizado pela Exsymol® (2005) durante a realização do teste de eficácia, segu-rança e biodisponibilidade exigido para cosméticos de grau II analisou a atividade lipolítica da Cafeisila-ne C® (siloxanetriol alginate caffeine), a biodisponibilidade e a comunicação celular. Nessa experiência, um pedaço de pele (derme e epiderme) foi colocado em uma célula de difusão e 0,1 mL da emulsão a ser testada foi aplicado (não havendo massagem ou associação com outro método terapêutico). O estudo de difusão foi realizado em 24 horas, o que corresponde ao tempo entre duas aplicações de um produto cosmético de aplicação diária. A pesquisa permitiu comparar a difusão entre a cafeína liberada por Ca-feisilane C® e a cafeína pura. A análise estatística dos dados experimentais mostrou que o tempo médio para obter 50% de difusão é significativamente mais curto com Cafeisilane C® em relação à cafeína pura. Portanto, esse experimento mostra que o silanol (Cafeisilane C®) permite uma melhor penetração da cafeína através das camadas superiores da pele; além disso, a quantidade de cafeína que se espalhou, e que poderia ter atuado sobre os adipócitos, 21 horas após a aplicação da emulsão, foi claramente maior com Cafeisilane C® (62%) em comparação com a cafeína pura (55%). Para modelar uma ação indireta de silanol na lipólise, foi elaborado um sistema de cultura celular de dois segundos, e concluiu-se que a indução indireta de lipólise pelos silanóis foi confirmada.

A cafeína biovetorizada (siloxanetriol alginate caffeine) ao ser depositada na pele pode ter parte metabolizada pelas camadas superiores de células vivas (epiderme e derme), portanto a porção utilizada por queratinócitos e fibroblastos não pode participar do efeito lipolítico. Nesse caso, a ação será do sila-nol na reestruturação do tecido, pois se sabe que a invasão lipídica do tecido conjuntivo causa a destrui-ção das fibras elásticas e desorganização das fibras de colágeno; por isso, é fundamental a reorganização do tecido conjuntivo durante a lipólise (AQIA, 2005).

Para potencializar os resultados e a entrega da cafeína, como alternativa eletroterápica, foi utiliza-do o ultrassom não focado e de baixa intensidade. Esse tipo de ultrassom é utilizado amplamente para esculpir o corpo, valendo-se de seu efeito térmico para a redução do tecido adiposo (ZHOUN; LEUNG; SUN, 2017).

O aparelho de ultrassom terapêutico está fixado em um console alimentado por corrente elétrica. Um circuito interno faz o ajuste dessa corrente, transformando-a em oscilações elétricas de alta fre-

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quência, que posteriormente são transferidas para um cabeçote ou transdutor, formado por um cristal piezelétrico que se adapta conforme a frequência recebida dessas oscilações. A partir daí, ocorrem as emissões de ondas ultrassonoras. Se a carga elétrica emitida pelo circuito interno for uma oscilação de forma constante, o ultrassom produzido será contínuo, porém, se esse circuito ativar o modo “desligar” e “ligar” nessas oscilações, o ultrassom será de forma pulsada. As frequências usuais de oscilações desses cristais piezelétricos do ultrassom terapêutico são de 1 MHz e 3 MHz (BORGES, 2010).

A propagação das ondas ultrassônicas nos tecidos se dá de forma mais eficiente quando as molé-culas se encontram mais próximas; com a ação das ondas sobre as moléculas, estas irão se agitar, en-costando-se umas às outras, efetuando, assim, a transferência de energia. Assim sendo, quanto menor o espaço entre as moléculas, mais rapidamente elas irão se encontrar e maior será a velocidade gerada. Já no tecido adiposo, existe um espaçamento maior entre elas do que, por exemplo, no tecido ósseo, sendo este mais compacto. Desse modo, as ondas irão se propagar com menor velocidade no tecido adiposo do que no ósseo, dado o espaçamento de cada um. É importante ressaltar que o calor é produzido de acordo com a velocidade de agitação das moléculas, portanto, quanto maior a velocidade destas, maior a temperatura local produzida (BORGES; SCORZA, 2016).

Para que as ondas sonoras se propaguem de um meio para o outro, é necessário ultrapassar a impe-dância acústica que as divide. Ela também está relacionada com a agregação das moléculas, pois, quanto mais próximas elas se encontrarem, melhor será para atravessar essa impedância acústica. Outros fatores que influencia na passagem dessa barreira são a reflexão e a refração. Quanto maior for a impedância, maior será a reflexão das ondas sonoras. Em relação à refração, é importante entendermos que, quando a onda sonora atravessar de um meio para o outro, ela não o fará em linha reta, pois, ao penetrar em meio distinto, ela mudará sua direção e velocidade. Para minimizar esse desvio, é importante aplicar o feixe ultrassônico sempre perpendicular à superfície da pele (BORGES, 2010; TER HAAR, 2007; GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Como a pele e o ar apresentam impedâncias acústicas diferenciadas, é necessário que haja um bom acoplamento entre o cabeçote do aparelho e a área a ser tratada por este, para reduzir essa barreira. Para minimizar o efeito da reflexão, faz-se necessário o uso do gel neutro (BORGES; SCORZA, 2016).

A transmissão acústica é um dos mecanismos que aumentam a permeabilidade cutânea. Isso ocor-re, pois a atenuação da onda mediante sua permeação e propagação no meio resulta em um fenômeno denominado de microstreaming, o qual ocasiona diretamente a cavitação de bolhas de gás dentro desse meio (SHAHZAD et al., 2015; WEI et al., 2011).

A oscilação constante das bolhas de gás, ocasionada por vários ciclos acústicos das ondas emitidas sobre o meio líquido, é determinada pela frequência do ultrassom. Lembrando que quanto maior a frequ-ência, menor a escala de tempo para o crescimento da bolha e menor o efeito de cavitação. Afirma ainda que a força de radiação acústica pode empurrar através do meio, drogas ou partículas, desde que estes apresentem dimensões comparáveis ou até maiores que o comprimento da onda de ultrassom, aumen-tando, assim, a permeação dessas partículas. No caso das nanopartículas ou micropartículas, para haver efeito sobre elas, essas forças de radiação deverão estar na faixa de MHz (BHATNAGAR; SCHIFFTER; COUSSIOS, 2014).

A cavitação acústica, devido ao seu processo de compressão e expansão das bolhas de gás, pode provocar um colapso na superfície da pele, modificando, assim, a barreira desta e induzindo à formação de dilatação e conexões, para formar regiões que permitam o aumento da permeabilidade cutânea (RICH et al., 2014; TEZEL; MITRAGOTRI, 2003).

Devemos ressaltar que na cavitação estável não ocorre o rompimento da membrana celular (BOR-GES; SCORZA, 2016).

O ultrassom também pode ser emitido em forma de corrente alternada, que é gerada no elemento piezelétrico e propagada em distintas modalidades de insonação, podendo ser emitida em modo contí-nuo ou pulsado (TAGLIOLATTO, 2015; RONZIO et al., 2009).

O modo pulsado se caracteriza por constantes interrupções na transmissão das ondas acústicas (VALENTINI; MACIEL; PARIZOTTO, 2006). Seus efeitos não são térmicos, porém as reações orgâ-

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nicas desencadeadas pela variação de pressão e pela agitação mecânica geram um movimento de mi-cromassagem nas células, aumentando o fluxo sanguíneo, assim como o aporte de oxigênio para estas, melhorando sua nutrição e acelerando a permeabilidade da membrana (SANT’ANA et al., 2007).

O ultrassom de modo contínuo, segundo Low e Reed (2001), produz calor profundo, pois a absor-ção da energia acústica é convertida em energia térmica.

A resposta fisiológica desencadeada, portanto, é a vasodilatação, com aumento do fornecimento de oxigênio para a célula, assim como de nutrientes, ocasionando um incremento do metabolismo celu-lar. Esses efeitos também aumentam a atividade enzimática e a extensibilidade das fibras de colágeno (LOPES et al., 2015).

O efeito térmico do ultrassom de modo contínuo irá agir na extensibilidade do tecido fibroso, restituindo sua maleabilidade, além de promover novas fibras colágenas, estabilizando os adipócitos. Com a reestruturação do tecido conjuntivo, os adipócitos poderão efetuar a lipólise para suprir a hipera-tividade celular; além disso, há a atuação do mecanismo de homeostase do organismo, para restabelecer a temperatura ideal, alterada pelo processo térmico do ultrassom (TAGLIOLATTO, 2015; RONZIO et al., 2009).

Garcia Jr. e Schafer (2013) documentaram a relação entre tempo e temperatura nas alterações ce-lulares após aplicação de ultrassom não focado no abdômen de três suínos, na frequência de 1 MHz, em modo contínuo, com potência de 7 W/cm², e em modo pulsado, com potência de até 5 W/cm², no total de 18 minutos. Os resultados demonstraram, pela análise da biópsia, que os vacúolos dos linfonodos no tecido do lado tratado apresentavam-se livres de gordura, em oposição ao lado controle não tratado. Já a microscopia eletrônica do tecido adiposo tratado revelou a liberação de lipídeos no meio extracelular sem necrose celular. Foi detectado, portanto, um aumento de cinco vezes de triglicerídeos no tecido linfático pós-tratamento. A temperatura durante a aplicação das frequências não excedeu 50 °C e foi distribuída uniformemente no tecido aplicado. Para que ocorresse a necrose celular, seria necessário que a temperatura se elevasse até 65°C. Mediante esses resultados, concluiu-se que a redução do tecido adiposo se deu pela alteração da permeabilidade da membrana graças à presença de triglicerídeos no meio intersticial.

Também em estudos práticos, Liao, Ma e Wu (2013) utilizaram cinco camundongos ICR, dividi-dos em cinco grupos. Durante o procedimento, houve o uso de ultrassom de 1 MHz de potência, com 2 W/cm², por 30 segundos, em uma intervenção de cinco semanas. Em associação com o ultrassom, administrou-se quitosana, dissolvida em solução salina, por agulha, via oral. As reduções da almofada de gordura epidídica e da gordura intra-abdominal foram maiores no grupo de ultrassom com quitosana (5,3%), do que no grupo que apenas recebeu o ultrassom (3,5%). A variação percentual do peso dimi-nuiu continuamente no grupo de terapia combinada (0,6%) em relação ao grupo de ultrassom (0,5%) e de quitosana (0,4%), e manteve-se até o final do período experimental. Os níveis de triglicerídeos tam-bém foram reduzidos no tratamento de ultrassom com quitosana (47,9%); no grupo em que se utilizou apenas quitosana, houve uma redução menor (39,6%). Também foi analisado o tamanho dos adipócitos: no grupo que fez apenas uso de ultrassom, houve redução de 3,98 mm, e no grupo de terapia combinada, houve uma redução de 4,27 mm.

Segundo Miwa et al., (2002), o ultrassom de 0,5 MHz, com intensidade de 0,1 W/cm², no modo pulsado, aplicado no abdômen de camundongos Wistar sob o tecido adiposo branco, desencadeou au-mento da secreção no líquido extracelular de norepinefrina em torno do tecido adiposo, por meio do sistema nervoso simpático e, consequentemente, liberação de ácidos graxos e glicerol, desencadeada pela lipólise no adipócito.

Essa catecolamina é um potente ativador da lipólise, agindo sobre os adrenorreceptores β₁, β₂ e β3, que estimulam a LHS (lipase hormônio sensível) e inibem a LLP (lipase lipoproteica) nos adipócitos (HERMSDORFF; MONTEIRO, 2004).

Segundo Zhou, Leung e Sun (2017), a partir de estudos em onze camundongos Sprague-Dawley, utilizando ultrassom de 1 MHz a 3,2 W/cm², em tratamento de trinta minutos, verificou-se uma redução média na camada de gordura de 15,2% em relação à espessura inicial da região da coxa externa, mantida

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por até três dias após o tratamento, indicando que o ultrassom de baixa intensidade pode apresentar um efeito significativo e durável. Os parâmetros sanguíneos relacionados a triglicerídeos, HDL e colesterol total também se elevaram de modo significativo, em 89,4%, 103,9% e 61,0%, respectivamente, no pós--tratamento. Esses resultados demonstram que a baixa intensidade ultrassônica induziu à liberação do conteúdo lipídico dos adipócitos. Essa redução se manteve após três dias de tratamento, comprovando, assim, o efeito duradouro do ultrassom de baixa intensidade no tecido subcutâneo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas utilizadas atualmente em tratamentos para a lipodistrofia abdominal, disponibilizadas por consultórios médicos, dermatológicos, clínicas de estéticas e dermatofuncionais, têm apresentado eficácia. Porém, o levantamento bibliográfico realizado ao longo desta pesquisa mostrou que a fisiolo-gia do tecido adiposo abdominal é suscetível à ação da cafeína biovetorizada no silício principalmente quando esta é associada ao tratamento com ultrassom não focado de baixa frequência, que, por meio da cavitação estável e de seu efeito térmico, alteram a permeabilidade da membrana dos adipócitos, pro-vocando também um esvaziamento do conteúdo lipídico destes para o meio intersticial, verificado em amostras microscópicas, comprovando a eficácia da tecnologia proposta.

A alteração da permeabilidade da membrana celular poderá auxiliar na melhor penetração da cafe-ína, ainda que esta já envolva alta tecnologia de permeação, valendo-se do efeito da lipólise sobre o adi-pócito por até 21 horas após sua aplicação. O silício entrará como coadjuvante na reconstrução do tecido conjuntivo, na hidratação das células adjacentes, na reconstituição das fibras lesionadas e na biossíntese de elastina e colágeno, além de proporcionar um reforço à membrana celular, deixando-a mais resistente aos ataques dos radicais livres, auxiliando também no processo de lipólise.

A realização desta pesquisa, que poderá servir como tema para futuras discussões, mostrou que não há trabalhos associando essas duas tecnologias. Sugerimos, portanto, estudos práticos para maior comprovação dos resultados esperados, principalmente porque entendemos que o ultrassom não focado de baixa potência e a cafeína biovetorizada promovem a lipólise por mecanismos diferentes. Estudos apresentados no presente trabalho comprovaram que a cafeína biovetorizada tem mais eficácia que a ca-feína pura, e que o ultrassom, quando aliado à um ativo, melhora sua permeação e potencializa seu efei-to. Segundo Ita (2015), o aumento da temperatura provocada pelo ultrassom pode aumentar a difusidade do ativo e, com o aumento da difusidade deste, a permeabilidade será facilitada. A cafeína, portanto, terá um incremento em sua permeação e o silício irá auxiliar na reconstrução, possibilitando que tudo fique “esteticamente” melhor e em equilíbrio.

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O uso da oliva em formulações cosméticas

Priscila da Silva CECCATTO1

Danila Aparecida Buoro SCATOLIN2

Resumo: Os componentes naturais têm sido inseridos em formulações cosméticas ou até mesmo utilizados puros, trazendo benefícios por serem seguros, biocompatíveis com a pele e, além disso, podendo ser aplicados como novo método, pro-porcionando soluções para problemas nas áreas ambientais e econômicas. Por essa razão, o mercado tem buscado utilizar fitoderivados, cosméticos naturais e cosméticos orgânicos, visando à preservação ambiental e ao cuidado pessoal. Entre os diversos fitoderivados, tem-se a oliva como potente ativo antioxidante, fotoprotetor, antimicrobiano, calmante, lubrificante, emoliente e emulsionante. O objetivo desta revisão foi demonstrar o uso da oliva em formulações cosméticas, como compo-nente natural, multifuncional e rico em propriedades, mostrando sua eficácia em protocolos estéticos e também parâmetros relacionados à saúde, preservando o meio ambiente e obtendo resultados satisfatórios. Dessa forma, concluiu-se que a utili-zação da oliva é excelente e extremamente eficaz, proporcionando beleza, saúde, bem-estar e equilíbrio do meio ambiente, meio social e econômico.

Palavras-chave: Oliva. Cosmetologia. Cosmético Orgânico. Sustentabilidade.

1 Priscila da Silva Ceccatto. Bacharelanda em Estética pelo Claretiano – Faculdade, de Rio Claro/SP. E-mail: <[email protected]>.2 Danila Aparecida Buoro Scatolin. Mestra em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Araraquara/SP. Especialista em Farmácia Hospitalar Oncológica pelo Centro Universitário Herminio Ometto de Araras (UNIARARAS). Especialista em MBA Cosmetologia pela Universidade Brasil (UNIVBRASIL). Graduada em Farmácia Industrial pelo Centro Universitário Herminio Ometto de Araras (UNIARARAS). Docente do Claretiano – Faculdade, de Rio Claro/SP. E-mail: <[email protected]>.

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The use of olive on cosmetic formulations

Priscila da Silva CECCATTODanila Aparecida Buoro SCATOLIN

Abstract: The natural components have been inserted in cosmetic formulations or even used pure, bringing benefits by being safe, biocompatible with the skin and in addition, being able to be applied as a new method providing solutions to problems in the environmental and economic areas. For this reason, the market has sought to use phyto-derivatives, natural cosmetics and organic cosmetics, aiming at environmental preservation and personal care. Among the various phyto-derivatives, olive is a potent antioxidant, photoprotective, antimicrobial, soothing, lubricating, emollient and emulsifier. The objective of this review was to demonstrate the use of olive and cosmetic formulations, as a natural, multifunctional and property rich com-ponent, showing its effectiveness in aesthetic protocols as well as health related parameters, preserving the environment and obtaining satisfactory results. In this way, it was concluded that the use of olive is excellent and extremely effective, provi-ding beauty, health, well-being and the balance of the environment, social and economic environment.

Keywords: Olive. Cosmetology. Organic Cosmetic. Sustainability.

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1. INTRODUÇÃO

A inserção de componentes naturais nos cosméticos proporciona mais segurança e compatibili-dade com a pele, tornando-se um benefício tanto para o mercado como para o consumidor, visando aos cuidados básicos com saúde, beleza, meio ambiente e economia (PEREIRA, 2008).

A obtenção de conhecimento cosmetológico voltado para derivados vegetais tem sido muito bus-cada pelos formuladores. As companhias e empresas que trabalham com o desenvolvimento de fitode-rivados têm recebido demandas de fornecimento, apresentando, assim, uma diversidade de derivados vegetais: óleos e gorduras, ativos isolados, gomas e extratos integrais. Outras matérias-primas podem ser extraídas de frutas, flores, vegetais e animais. Tem-se, como exemplo, a oliva, que pode ser usada em óleo, cera e manteiga, rica em antioxidantes, calmantes, hidratantes, fonte de vitaminas A, E e K, beneficiando o corpo humano num todo (BORGES; DARVIL; ROSA, 2013).

O fruto da oliveira é oriundo da Itália e toda região do Mediterrâneo. Para obtenção de seu produ-to, são necessárias baixas temperaturas. Ele se apresenta nas cores verde e amarela, possui propriedades emolientes e antioxidantes, e contém ácidos graxos e esqualeno vegetal (MORSELLI, 2014).

A oliveira é cultivada há muitos anos, e seus derivados são utilizados nos alimentos, oferecendo sabor e aroma. Na medicina, estudos dizem que há atuação importante contra doenças cardiovasculares e cancerígenas, como o câncer de mama. Na cosmetologia, seus derivados são utilizados como ativos em formulações, tendo como ação principal a antioxidante, prevenindo envelhecimento, promovendo ações cicatrizante e antimicrobiana, auxiliando o tratamento e a prevenção da acne e de outras inflamações cutâneas, e, por possuir ações suavizante e emoliente, prevenindo o ressecamento da pele e dos cabelos (GONÇALVES; MARÇO; VALDERRAMA, 2015).

Sua primeira aplicação foi para um tratamento de esclerodermia localizada, considerada uma do-ença autoimune, que causa inflamação crônica do tecido conjuntivo. Existem dois tipos de escleroder-mia, a localizada e a sistêmica. A sistêmica afeta os órgãos internos, enquanto a localizada afeta a pele e, em alguns casos, os músculos. A ação da oliva foi satisfatória; a partir desse fator, foi cogitada a inserção da oliva em cosméticos, visando não só ao antienvelhecimento como também ao tratamento de queima-duras, inflamações superficiais e eczemas (GAMBINI, 2016).

Na área cosmética, a inserção de componentes naturais como a oliva oferece um método diferen-cial para solucionar problemas ambientais e econômicos, de forma sustentável. As empresas do ramo cosmético têm se ajustado às leis ambientais e estudam novos métodos, processos e produtos, atendendo a um público mais diversificado, que visa à preservação ambiental e ao cuidado pessoal. Atualmente, o setor cosmético obteve um crescimento, influenciando de forma positiva na economia global (CARVA-LHO, 2011).

Nesse contexto sustentável, encontram-se os cosméticos orgânicos e naturais, os quais são chama-dos, atualmente, de “verdes”, entre outras denominações. Destaca-se que há diferenças entre cosméticos orgânicos e naturais, e, dessa forma, dar-lhes o mesmo nome seria um equívoco.

Nesse mercado de ativos vegetais, conta-se com a certificação de empresas como Ecocert® (Or-ganismo de Inspeção e Certificação a Serviço do Homem e do Meio Ambiente) ou IBD (Associação de Certificação Instituto Biodinâmico). De acordo com a Ecocert®, os cosméticos naturais devem conter 95% de componentes naturais ou de origem vegetal e os cosméticos orgânicos devem conter 95% de componentes vegetais certificados. De acordo com o IBD, o cosmético orgânico contém 95% de compo-nentes orgânicos; o cosmético produzido com componentes ou matérias-primas orgânicas contém 70% de componentes orgânicos e o cosmético natural apresenta entre 5% a 70% de componentes orgânicos (HIGUCHI, 2013).

Os benefícios proporcionados pela oliva, como as ações antioxidante, antimicrobiana, fotoprote-tora e nutritiva alinham-se ao atual panorama de consumo, no qual a influência sustentável e o interesse de grande parte da população em utilizar componentes naturais em seus cuidados pessoais resultam em um crescimento na busca por cosméticos “verdes”. Desse modo, faz-se importante este estudo, por se tratar de um componente natural, com propriedades excelentes e multifuncionais.

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Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi descrever o uso da oliva para diversos fins em for-mulações cosméticas, como componente natural, multifuncional e rico em propriedades, mostrando sua eficácia em protocolos estéticos e parâmetros de saúde, preservando o meio ambiente e obtendo resul-tados satisfatórios.

2. METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento bibliográfico por meio de artigos científicos, acessados nas bases de dados Google Acadêmico, SCIELO e LILACS, publicados no período de 2003 a 2016, utilizando-se, para a pesquisa, os termos Sustentabilidade, Cosmetologia, Cosméticos Orgânicos e Oliva. Verificaram--se as principais utilizações de ativos naturais ou orgânicos, as diversas ações e a eficácia da oliva nos ramos estético e cosmético.

3. REVISÃO DE LITERATURA

A oliva é um dos elementos mais ricos em significado e tradições, utilizado na área alimentícia, porém foi sendo aplicada em outros ramos, como a medicina e cosmetologia. A oliva também tem um aspecto simbólico e antropológico, sendo utilizada desde os primórdios de diversas formas, especifica-mente por seu poder de combater o estresse oxidativo e tratar a inflamação cutânea (POLISTAMPA, 2008).

Sua inserção foi cogitada por Thiers em 1956, quando houve sua primeira aplicação em casos de esclerodermia localizada, doença na qual ocorre inflamação crônica do tecido conjuntivo e espessamen-to e endurecimento da pele, pela grande quantidade de fibras de colágeno. O colágeno é uma proteína presente na pele, porém seu excesso provoca disfunções, como a esclerodermia localizada. Com a apli-cação da oliva nesses casos, obtiveram-se resultados satisfatórios, com a melhora do ressecamento e da inflamação da pele, declarando-se a oliva como um novo agente terapêutico. Após essas aplicações, vieram outras para disfunções inflamatórias, todas obtendo a mesma eficácia (GAMBINI, 2016).

Sua composição é altamente rica em fenóis, polifenóis, flavonoides, vitaminas A, E e K, pigmen-tos e também em ácidos graxos, como o ácido oleico. Entre os componentes, temos a oleuropeína como o principal fenol da oliva; o hidroxitirosol, derivado da oleuropeína; e o verbacosídeo, que é o polifenol mais potente presente na oliva (MELLO; PINHEIRO, 2012).

A vitamina A possui propriedades regenerativas e atua como antioxidante, auxilia na maciez, elas-ticidade, estabilidade e suavidade. A vitamina E é altamente antioxidante e reduz a irritabilidade dérmi-ca. A vitamina K auxilia na coagulação sanguínea, podendo, assim, atuar em áreas com muitos vasos sanguíneos, propensas a hipercromias, como no caso das olheiras (SILVA, 2007).

A oliva é composta de 70% de ácido oleico, um ácido graxo (ômega 9), que tem propriedades muito importantes, trazendo emoliência, lubricidade e nutrição, utilizado também em protetores solares, bronzeadores e produtos pós-sol, pois tem capacidade de regenerar e proteger a pele de possíveis danos atribuídos aos raios solares. Os ácidos graxos formam uma classe de compostos orgânicos que compõem o lipídeo. Eles estão presentes na membrana celular, na epiderme, camada mais superficial da pele, protegendo, formando uma barreira, evitando a desidratação. Dessa forma, a oliva é um componente biocompatível com a pele, sendo uma grande vantagem sua inserção nos cosméticos (COSTA, 2012).

A oleuropeína e o hidroxitirosol trazem propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-infla-matórias, o que provocou grande interesse no seu uso na área cosmética, podendo ser adicionada em tratamentos de acne, protocolos de antienvelhecimento e também para auxiliar na fotoproteção; porém, não há estudos científicos que demonstrem o uso de ambos em cosméticos, embora isso já tenha sido cogitado no meio cientifico (COPPA, 2016).

O verbacosídeo é o polifenol mais potente da composição da oliva, pois contém ação antioxidante, anti-inflamatória, fotoprotetora e quelante, podendo ser utilizado por via oral ou tópica (VERTUANI, 2011). Porém, suas principais funções são a fotoproteção e a atividade anti-inflamatória, assim sendo

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inserido em formulações fotoprotetoras e podendo até ser utilizado por via oral para tratamentos intes-tinais (ALEO et al., 2005).

Com todas as pesquisas e tratamentos propostos com o uso da oliva, obtém-se o desenvolvimento de cosméticos à base desse componente ou de seus derivados, tais como shampoos, condicionadores, sabonetes, esfoliantes, óleos corporais ou de massagem, loções e matérias-primas como Olivem 1000, Eurol BT, entre outros (BAUMANN, 2007).

A oliva inserida numa formulação pode ser um componente ativo, como antioxidante e nutritivo, componente aditivo, oferecendo fragrância para o produto, componente corretor, trazendo emoliência e estabilidade, e também como veículo, carreando todos os outros componentes. Ao serem analisados todos os fatores descritos sobre a oliva, vê-se como ela pode ser aplicada e quais seus resultados. A utili-zação da oliva como componente nos cosméticos pode ser feita de diversas formas, por meio da extração do óleo, do caroço e da folha (PEREIRA, 2008).

Para obtenção do óleo, ainda é utilizado o método tradicional em algumas regiões, ao picar, amas-sar e esmagar as azeitonas. Nesse processo, ocorrem a separação da pasta da azeitona, óleo e água. Existe um método mais atual, que é o da utilização de centrífugas. Porém, deve-se avaliar o óleo na sua obtenção, pois alguns fatores, nesse contexto, podem reduzir a qualidade benéfica do produto final (OLIVEIRA, 2014).

Pereira (2008) produziu duas nanoemulsões, uma à base de óleo de oliva e outra à base de óleo de semente de uva, adicionando um filtro solar químico, o metoxinamato de octila, em ambas e avaliou qual obteve maior eficácia, levando em conta ações antioxidante e fotoprotetora, e liberação e permea-ção do ativo. Após os estudos, observou-se que a nanoemulsão contendo óleo de oliva obteve resultados mais eficazes, pois o óleo de oliva é considerado um dos óleos mais estáveis, devido à sua rica compo-sição. Desse modo, obteve o melhor resultado como um excelente antioxidante; por conter ácido oleico, apresentou maior retenção do ativo, sendo ele considerado um promotor de permeação e retenção de muitos ativos e fármacos. Por conter verbacosídeo, auxiliou o ativo na fotoproteção.

Um estudo conduzido por Barbizan, Ferreira e Dias (2013) levou em consideração a formulação de um sabonete do segmento “verde”, por ser um cosmético simples e o mais antigo utilizado pelo homem; visando à sustentabilidade, inseriu-se como matéria-prima natural o óleo de oliva. Ele foi es-colhido por seus derivados já citados anteriormente (ácido oleico e polifenóis) e por apresentar uma boa compatibilidade com a pele. Para isso, foram adicionados outros óleos como aditivos de fragrância. Foram três formulações diferentes: as formulações 1 e 2 foram compostas por óleo de oliva como ati-vo e pelos outros óleos como aditivos; a formulação 3 foi composta por óleo de oliva como ativo, sem fragrância, para comparação na avaliação dos sabonetes. Concluiu-se que as formulações passaram no teste de eficácia, obtendo uma boa emoliência, característica incomum nos sabonetes convencionais, proporcionando hidratação e evitando o ressecamento da pele. Apesar do bom desempenho na realiza-ção do produto final, serão necessários os testes de irritação dérmica primária e acumulativa, que podem comprovar e demonstrar a compatibilidade com a pele,

No ramo cosmético, existem outras formulações, como a dos cosméticos para regiões íntimas. Os pesquisadores tinham o objetivo de desenvolver um gel vaginal à base de própolis vermelha, pois, na literatura, sua eficácia para lubrificação da região íntima era comprovada, porém, esperavam que o con-tato com a mucosa vaginal fosse mais prolongado e duradouro. Para isso, precisavam estudar os outros componentes, como os aditivos e outros ativos, corretores e, por fim, a atuação do seu veículo: os óleos mineral e de oliva. O óleo mineral é bastante utilizado na cosmetologia, pois não apresenta toxicidade e irritabilidade dérmica. O óleo de oliva foi escolhido por ser mais indicado para lubrificação vaginal, pois não apresenta irritação dérmica, não é tóxico, possui atividades imunoestimulantes e antimicrobianas, sendo aconselhável principalmente para mulheres na menopausa. O desenvolvimento foi concluído com boa estabilidade do produto, porém serão necessários mais testes e estudos (NUNES et al., 2012).

Foi realizado um estudo para formulações de nanoemulsões, no qual se utilizaram diversos óleos para obter a melhor solubilidade do ativo. O princípio ativo utilizado foi o benzoilmetronidazol, um fár-maco lipossolúvel para tratar amebíase sintomática, infecções bacterianas e algumas doenças genitais.

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Foram testados diversos óleos, como o óleo de oliva, óleo de coco, óleo de amendoim, óleo de gerge-lim, óleo de soja, entre outros. A maior solubilidade do ativo foi alcançada com o óleo de oliva, sendo escolhido como excipiente das nanoemulsões, podendo, assim, aumentar a dosagem do ativo, de forma segura e eficaz (BEDIN, 2011).

Além da utilização do óleo, há a aplicação da cera da oliva em alguns protocolos específicos, como na massagem ayurvédica. Essa massagem faz parte da medicina tradicional e milenar ayurvédica, uma técnica que associa movimentos profundos e vigorosos na massa muscular, realizando-se manobras de alongamento e tração, estimulando órgãos e pontos vitais, e trazendo os equilíbrios psíquico, mental, físico, espiritual e energético. Essa técnica é associada a ativos de origem vegetal, com o uso de ceras, pós e óleos. Foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar a influência da massagem ayuvérdica na revitalização facial e a ação dos princípios ativos de origem vegetal em mulheres com a pele desvi-talizada e envelhecida. Um dos produtos usados foi a cera da oliva, juntamente com outros princípios ativos. Com esses estudos, observou-se que 100% das voluntárias apresentaram um bom clareamento da pele e 80% das voluntárias tiveram melhora nas marcas de expressão, rugas e flacidez. Concluiu-se que a massagem ayurvédica facial obteve um excelente resultado, revitalizando a pele com ativos naturais. Além da melhora no aspecto físico, 100% das voluntárias obtiveram melhora na autoestima, bem-estar, saúde e nos equilíbrios mental, físico, metabólico, entre outros (SOUZA et al., 2008).

O caroço da oliva pode ser adicionado em cosméticos com ação esfoliante, removendo as células mortas, renovando a pele, deixando-a mais jovem, saudável e preparada para receber outros ativos. Segundo Cordeiro et al. (2013), “[...] o uso do caroço de azeitona na área cosmética apresenta caracte-rísticas favoráveis devido à sua qualidade em ajudar na esfoliação da pele”.

O caroço da oliva tem como substâncias principais lignina, celulose e hemicelulose. Assim, é rico em componentes bioativos de uso restrito para combustão. Como resultado, foi desenvolvida a formulação do sabonete esfoliante em barra, com o objetivo de demonstrar os benefícios da inserção dessa matéria-prima sustentável. Os componentes utilizados foram: base glicerinada branca, óleo de oliva, caroço de azeitona moído, BHT (butil-hidroxitolueno), glicerina, propilparabeno, metilparabeno, corante e essência. Após a formulação do cosmético, foram feitos testes físico-químicos de controle de qualidade, e os consumidores também testaram o produto. Concluiu-se que o caroço da oliva pode ser inserido e reaproveitado como ativo esfoliante na formulação do sabonete. A adição do óleo de oliva pode surtir efeito regenerador na camada córnea, deixando a pele saudável e mais nutrida (CORDEIRO et al., 2013).

Como visto, há o uso do óleo, do caroço, da cera e há a utilização da manteiga, que é rica em vitaminas, esteroides e ácidos graxos, destacando-se as ações antioxidante, revitalizante, emoliente e nutritiva, sendo utilizada principalmente na pele (GIMENEZ; DIAS; HIGUCHI, 2013).

Além de os cosméticos convencionais conterem componentes extraídos da oliva, existem os pro-dutos finais patenteados por farmácias, gerados a partir do extrato da polpa da azeitona: emolientes, emulsionantes, detergentes, estabilizadores ou simplesmente ativos. A partir do extrato da polpa da fru-ta, temos o Opextan®, patenteado pela Indena®, companhia italiana líder mundial de desenvolvimento e identificação na produção de princípios ativos derivados de plantas. O Opextan® age na redução da irritabilidade dérmica causada pela exposição solar, por consequência, reduzindo o fotoenvelhecimento. Ele é composto por: 3,85% de verbacosídeo, 0,83% de hidroxitirosol, 0,28% de tirosol, 0,04% de ácido cafeico e 0,01% de oleuropeína (GAMBINI, 2016).

O diferencial do Opextan® está no seu principal componente: o verbacosídeo. Este é extraído da polpa da fruta, sendo o polifenol mais potente da oliva e um excelente anti-inflamatório. Foi realizado um estudo de aplicação por via oral e tópica. Sabe-se que sua utilização traz muitos benefícios, como a proteção solar, reduzindo a irritabilidade dérmica, e o efeito antioxidante, combatendo os radicais livres e possíveis rugas. Foram selecionados seis homens, que lavaram o rosto e aplicaram o produto e, depois de três horas, se expuseram ao sol por 20 minutos e fizeram o uso de cápsulas por via oral durante 4 semanas. Obteve-se um resultado eficaz, no qual os indivíduos apresentavam pele saudável e redução de DEM (Dose Eritematosa Mínima). Portanto, o Opextan® é um suplemento da beleza, podendo ser usado

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pelas duas vias e podendo ser inserido em protocolos que exijam grande proteção ao sol, como pré-laser, rosácea, vitiligo e psoríase (CRISTONI et al., 2009).

Nesse segmento de produtos finais, há os patenteados pela The HallStar Company®, também italiana, com desenvolvimento de uma linha B&T, produzindo materiais tecnológicos superiores deriva-dos da oliva e uma linha completa de PEG – líquido cristal emulsionante –, estabilizadores, emolientes, tensoativos leves e poderosos ativos. Entre os produtos aprovados pela Ecocert® e com certificação orgâ-nica, encontram-se disponíveis: Olivem 300®, Olivem 400®, Olivem 700®, Olivem 800®, Olivem 900®, Olivem 1000®, Oliwax®, Oliwax LC®, Sensolene®, Sensolene Care DD®, Eurol BT®, Eurol BT Organic® e Eurol WT® (GAMBINI, 2016).

O Olivem 300® (INCI: Olive Oil PEG-7 Esters) é um emoliente funcional hidrofílico, utilizado em cosméticos por sua suavidade. É solúvel em alguns óleos de origem vegetal ou sintética e demons-tra muita compatibilidade por sua baixa acidez. Possui diversas funções em aplicações em shampoos, sabonetes, cremes e loções para o corpo e apresenta propriedades emolientes e lubrificantes. No caso dos shampoos ou produtos detergentes, reduz a irritabilidade proporcionada pelos tensoativos conven-cionais, sem alterar sua limpeza (MARTINEZ, 2003).

O Olivem 400® – INCI: Sodium PEG-7 Olive Oil Carboxylate (35% solids) – é um surfactante compatível com a pele, possui tensoativos aniônicos e apresenta propriedade de limpeza suave e uma boa emoliência após seu uso. Desse modo, aplicado em shampoos, sabonetes, loções, óleos e géis de limpeza, contém aspectos favoráveis, equivalendo a um potente higienizante, solubilizante e espessante, e seu poder estabilizante o deixa apropriado ao uso em valores extremos de pH, como 3 a 8 (AMARI; SCHUBERT, 2010).

O Olivem 700® (INCI: PEG–4 Olivate) é um agente estruturante e estabilizante, mantendo agra-dável viscosidade e textura na formulação. Com todas as suas propriedades, impede a oxidação de outros ativos dentro da fórmula, permitindo diminuir a quantidade de conservantes no produto. Pode ser apresentado em cremes para dia e noite, cremes para cabelo, loções pós-sol, creme hipoalergênico, creme para área dos olhos e produtos infantis. Em testes realizados in vitro e em voluntários, não houve irritabilidade dérmica (RUIZ et al., 2004).

O Olivem 800® (INCI: Ceteareth-6 Olivate) é um novo agente emulsionante não iônico, podendo ser aplicado como emulsionante ou cera nos produtos com mais viscosidade. É ideal para cremes leves, de fácil absorção, e emulsões, proporcionando boa emoliência, sem oclusão, retendo a hidratação, e seu uso proporciona sensação agradável. Pode ser utilizado em: loções faciais, condicionadores capilares, hidratantes corporais (CHEN; XIA, 2013).

O Olivem 900® (INCI: Sorbitan Olivate) é um emulsionante natural, contendo uma estrutura mo-lecular diferenciada, sendo compatível com outros emulsionantes, lipídeos e silicones. Para os químicos, é um emulsionante lipofílico não iônico. Pode ser aplicado em: cremes faciais, cremes para o dia e para a noite, produtos infantis, produtos à prova d’água e, além destes, é muito importante nos produtos de maquiagem, como auxiliar na fixação, durabilidade e no pigmento (MARTÍNEZ, 2003).

O Olivem 1000® (INCI: Cetearyl Olivate, Sorbitan Olivate) é um componente multifuncional au-toemulsionante, sua composição química é semelhante à composição lipídica do estrato córneo. Oferece hidratação profunda e boa espalhabilidade. É totalmente seguro, não irritante, hipoalergênico e biocom-patível. Pode ser aplicado em: cremes capilares, loções autobronzeadoras, protetores solares, produtos pós-sol, maquiagem, cremes noturnos e cremes infantis (LEE, et al., 2014).

O Oliwax® é uma cera natural extraída do ultrarrefinamento do azeite, rico em flavonoides e po-lifenol, um potente estabilizante, distribuidor de ativos, hidratante, compatível com todos os tipos de emulsões, selecionado para o uso em cosméticos de alta qualidade, contendo propriedades únicas. Ao contrário das ceras convencionais, não tem o aspecto oleoso. Desse modo, é muito utilizado em cosmé-ticos capilares. Muito se diz sobre o uso da oliva na pele, porém, pouco na área capilar, principalmente por associar o uso de substâncias oleosas, levando ao acúmulo de sebo e obstruindo os folículos pilosos do couro cabeludo. O Oliwax® tem a capacidade de permear através dos folículos capilares e couro ca-beludo, deixando-os limpos, com brilho e maleabilidade (GAMBINI, 2016).

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O Oliwax LC® (INCI: Cetyl Palmitate, Sorbitan Palmitate, Sorbitan Olivate) é uma cera derivada do azeite com a capacidade de aumentar a estabilidade das formulações, organizando até sua estrutura microscópica. Assim como o Oliwax®, é selecionado para compor cosméticos de alta qualidade, por ser altamente hidratante e não oleoso. Seus diferenciais são sua excelente função na estabilidade nas maquiagens e o seu efeito protetor, sendo adicionados em protetores solares (SEIDIGLIN; WENZEL; SERRA, 2014).

O Sensolene® (INCI: Ethylhexyl Olivate) e o Sensolene Care DD (INCI: Lauryl Olivate) são li-pídeos multifuncionais, com propriedades emolientes, compatíveis com a pele, pois suas composições químicas se assemelham ao manto hidrolipídico, funcionando de forma fisiológica. Podem ser encontra-do em produtos higienizantes e emulsões hidratantes (BONDA; ZANG, 2014).

O Eurol BT® (INCI: Olea Europaea (Olive), Leaf Extract, Water), Eurol BT Orgânico (INCI: Gly-cerin, Water, Olea Europaea (Olive) Leaf Extract) e o Eurol WT são compostos por uma mistura natural de fenóis extraídos das folhas da oliveira, como a oleuropeína. Suas funções são mais específicas para tratamentos antiacne, controlando a inflamação e a irritabilidade dérmica, sendo assim, antimicrobianos. Podem agir também para o antienvelhecimento e o clareamento da pele. Podem ser inseridos em cremes faciais e protetores solares (GAMBINI, 2016).

Como visto, existem diversos produtos e formas de uso empregando a oliva, um elemento natural. Foi analisado o segmento mais naturalista, não utilizando só a oliva como também outros ativos naturais ou orgânicos. Com essa visão, várias empresas, companhias, farmácias, clínicas de estética, têm buscado esse segmento, atendendo a pedidos cada dia mais assíduos, preservando a opinião do consumidor e de toda a área comercial. Esse assunto é debatido de forma constante, por seus desafios apresentados, que envolvem economia, ciência, tecnologia, inovação e produtividade industrial em escala internacional. Ao falar de biodiversidade, sabe-se que o Brasil conquista o primeiro lugar mundial, pois é rico em bio-diversidade e recursos naturais que podem ser aproveitados por oferecer uma riqueza natural de grande valia. Uma pesquisa internacional mostra que o mercado natural obteve de 8% a 25% de crescimento médio anual e o mercado convencional de produtos sintéticos obteve de 3% a 10% de crescimento mé-dio anual (MIGUEL, 2012).

Os cosméticos estão cada vez mais atendendo ao público de forma abrangente, pensando no bio-tipo cutâneo, na faixa etária, nas condições econômicas e na cultura em geral. Além dessa forma de demanda, as empresas produzem os cosméticos prometendo não só embelezar, como também tratar, associando, assim, beleza e saúde. São oferecidas propriedades como antienvelhecimento, clareamento de hipercromias e fotoproteção, presentes, inclusive, nas maquiagens, sendo a oliva um excelente com-ponente para tais funções (MIGUEL, 2012).

Atualmente, a beleza é buscada de forma saudável, com cosméticos voltados à proteção solar, à neutralização de hipercromias ou indo além dessas funções, pois podem conter outros ativos, favore-cendo, ainda, outras características do produto. No contexto desta revisão, tem-se a oliva como exemplo de ativo, corretor, veículo, entre outras funções, dentro de cosméticos de categorias diferentes. Por isso, atualmente, os cosméticos abrangem a beleza e o bem-estar, sendo o Brasil o terceiro maior consumidor destes, atrás somente dos Estados Unidos e da China (ABIHPEC, 2010).

O desenvolvimento sustentável e a valorização de recursos naturais visam reduzir o uso de fon-tes não renováveis e os impactos ambientais. Para isso, as companhias que utilizavam matérias-primas sintéticas substituem-nas por matérias-primas naturais, após todo um processo de pesquisas, testes e finalizações.

Na tendência dos produtos ecologicamente corretos, além dos naturais, os mais requisitados são os orgânicos, que são formulados conforme as normas de qualidade e sustentabilidade estabelecidas por agências como Ecocert® ou IBD, garantindo ao consumidor final sua qualidade. Com isso, tem-se a certeza de que não há utilização de agrotóxicos e outros fatores, beneficiando a preservação e a conser-vação dos recursos naturais, bem como a qualidade do trabalho estabelecido para esse fim (BORGES; DARVIL; ROSA, 2013).

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Como já citado anteriormente, a empresa The Hallstar Company® visa à melhoria de produtos e à rentabilidade dos seus clientes, sejam eles empresas ou empresários, apresentando resultados satisfató-rios e eficazes nas práticas de negócios. A empresa oferece a opção de soluções customizadas, criando produtos exclusivos para cada empresa, atendendo as perspectivas e necessidades. Possui profundos conhecimentos científicos, trazendo a melhoria e a excelência dos componentes criados. Com isso, o produto final se torna de excelente qualidade. A The Hallstar Company® visa à sustentabilidade, por meio de uma gestão responsável de resíduos, avaliando funcionários, clientes e a comunidade geral, podendo protege-los de forma saudável e segura. A empresa criou uma linha de componentes cosmé-ticos chamada B&T, na qual é utilizada a oliva para derivação e formulação deles, também já citados anteriormente (GAMBINI, 2016).

De todas as funções da oliva, a que mais se destaca é a função antioxidante e, em seguida, seu auxílio fotoprotetor. Isso se torna de suma importância para cultivadores da oliva e para todo o mercado envolvido com esse componente, sabendo-se que a humanidade busca pela juventude, modificando seu estilo de vida, incluindo alimentação, inspeção da saúde e da beleza. Nesse sentido, há uma busca por cosméticos antioxidantes e fotoprotetores ou, até mesmo, pelas fórmulas da beleza, que vêm sendo a novidade do mercado (MIGUEL, 2012).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oliva é realmente rica em propriedades excelentes, podendo ser utilizada como ativo de forma antioxidante, fotoprotetora e nutritiva ou ser utilizada em outras características cosméticas como lubri-ficante, emoliente, estabilizante e veículo, trazendo alta qualidade e grande eficácia para seus produtos finais.

Sua inserção na cosmetologia mostra o desenvolvimento e o aumento da produção de produtos or-gânicos, altamente almejados pela humanidade, por serem livres de componentes sintéticos, visando ao cuidado desde o início do seu desenvolvimento até o final, conciliando, assim, beleza, saúde e bem-estar da humanidade, proporcionando benefícios e inovações para o meio ambiente, meio econômico e meio social. Entretanto, a produção de produtos orgânicos e a busca por eles tornaram-se um modismo, levan-do à produção e à venda inadequada de cosméticos rotulados com essas informações, sem a certificação e as regras que são realmente necessárias.

REFERÊNCIAS

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Síndrome de Burnout em profissionais de saúde: revisão da literatura

Talita FAVERO1

Letícia FABBRI 2

Marília de Carvalho ALMEIDA3

Resumo: Síndrome de Burnout ou stress ocupacional são características provindas do ambiente de trabalho, mostrando de forma gradual onde a pessoa começa a perder o significado e o encanto pelo trabalho dando lugar aos sintomas psicossomáti-cos, psicológicos Os sintomas típicos são a sensação de esgotamento físico e emocional que se retrata em atitudes negativas, como ausências no trabalho, isolamento social, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, agressividade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima. Produzindo consequências negativas nos níveis individual, profissional, familiar e social de aborrecimento e falta de realização, levando para a vida pessoal. O objetivo do estudo foi verificar a incidência e características da Síndrome de Burnout em profissionais da saúde. Os profis-sionais de saúde dependendo da área enfrentam diariamente com situações de sofrimento, dor e perda ou diretamente exposto a diversos estressores ocupacionais. Contudo se tem um adoecimento físico ou psíquico agravando a vida do trabalhador. Os resultados foram coleta de dados onde compreende que os profissionais têm a Síndrome, mas que não entendem sua dimen-são de problemas que podem acarretar se não tratada.

Palavras-chaves: Síndrome de Burnout. Profissionais da Saúde. Síndrome do Esgotamento. Sintomas. Estresse Ocupacio-nal.

1 Talita Favero. Bacharelanda em Terapia Ocupacional pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Letícia Fabbi. Bacharelanda em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Marília de Carvalho Almeida. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Claretiano – Centro Universitário. Especialista em Ergonomia pelo Centro Universitário Senac. Bacharel em Fisioterapia pelas Faculdades Claretianas de Batatais. Atualmente é supervisora de estágio em Fisioterapia do Claretiano – Centro Universitário. Tutora e docente nos cursos de Pós-graduação do Claretiano – Centro Universitário e docente dos cursos de Graduação presencial. Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com ênfase em Fisioterapia e Terapia Ocupacional, atuando principalmente nos seguintes temas: alterações posturais, fibromialgia, qualidade de vida, análise ergonômica e atletas. E-mail: <[email protected]>.

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Burnout Syndrome in Health Professionals: literature review

Talita FAVEROLetícia FABBRI

Marília de Carvalho ALMEIDA

Abstract: The symptoms acquired at work, where burnout or occupational stress are characteristics of the environment, gradually showing where the person begins to lose meaning and charm by work giving rise to psychosomatic, psychological symptoms. Producing negative consequences at the individual, professional, family and social levels of boredom and lack of fulfillment, passing on to other feelings leading to personal life. The objective of the study was to verify the incidence and characteristics of Burnout Syndrome in health professionals. Health professionals depending on the area they face daily with situations of suffering, pain and loss or directly exposed to several occupational stressors. However, if you have a physical or psychic illness that aggravates the life of the worker.The results were data collection where they understood that the profes-sionals have Syndrome, but they do not understand their dimension of problems that can entail if not treated.

Keywords: Burnout Syndrome. Health Professionals. Depletion Syndrome. Symptoms. Occupational Stress.

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1. INTRODUÇÃO

Com os avanços tecnológicos colocados em produção proporcionaram às empresas um cresci-mento da produção e dos lucros, causando impacto na saúde dos trabalhadores. Esse impacto provém, principalmente, da crescente variabilidade social e econômica, precarização das relações de produção, desemprego crescente, mudanças nos hábitos e estilos de vida dos trabalhadores, portanto o trabalho passou a ser visto como um agente etiológico.

O trabalho, como ação humana social, engloba a capacidade do indivíduo de produzir o meio em que vive, e, neste processo de contato com a natureza, acabando o homem, por sua vez, sendo substituí-do. Essas modificações essas que têm influência sobre o psíquico do trabalhador. O setor da saúde vem sendo atingido por essas transformações no mundo do trabalho, tanto decorrentes da mudança na forma como o trabalho é organizado quanto da evolução tecnológica.

Na atualidade, encontra-se uma grade preocupação com a saúde dos indivíduos que atuam em suas atribuições em organizações de saúde, já que o trabalhador está exposto a diferentes estressores ocupacionais que afetam diretamente o seu bem-estar. Dentre vários exemplos, podemos citar as longas jornadas de trabalho, o número insuficiente de pessoal, a falta de reconhecimento profissional e a alta exposição do profissional a riscos químicos e físicos; desse modo, verifica-se o contato constante com o sofrimento, a dor, e muitas vezes, com a morte. O desempenho destes profissionais envolve uma série de atividades, necessitando, forçadamente, de um controle mental e emocional mais intenso que em outras profissões (BENEVIDES-PEREIRA, 2003).

Desse modo, estressores ocupacionais, quando persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout (SB). Essa síndrome é considerada por França e Rodrigues (1999) como uma resposta emocional a situações de estresse crônico em função de relações intensas em situações de trabalho com outras pes-soas. Segundo Carlotto e Gobbi (1999), a definição de Burnout mais utilizada e aceita na comunidade científica é a fundamentada na perspectiva social psicológica. Gianasi e Borges (2009) explicam que Burnout é uma expressão de origem inglesa e significa “queimar-se” ou “destruir pelo fogo de fora para dentro”, e diz respeito àquilo que parou de funcionar por absoluta falta de energia. Os sintomas típicos são a sensação de esgotamento físico e emocional que se retrata em atitudes negativas, como ausências no trabalho, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, agressividade, dificuldade de con-centração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.

A SB é entendida como um processo constituído por três dimensões: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DE) e Baixa Realização Profissional (BRP) (MASLACH; JACKSON, 1981). A Exaustão Emocional é caracterizada pela falta ou carência de energia, entusiasmo e por sentimento de esgotamento de recursos. Os trabalhadores acreditam não ter condições de despender mais energia para o atendimento de seu cliente ou demais pessoas como faziam antes.

A Despersonalização faz com que o profissional passe a tratar os clientes, colegas e a organiza-ção como objetos, de maneira que pode desenvolver insensibilidade emocional. Já a Baixa Realização Profissional revela-se por uma tendência do trabalhador a uma autoavaliação negativa. As pessoas sen-tem-se infelizes com elas próprias e insatisfeitas com seu desenvolvimento profissional. Estudos têm comprovado que o Burnout recai principalmente sobre os profissionais de ajuda, que prestam assistência ou são responsáveis pelo desenvolvimento ou cuidado de outros (BENEVIDES-PEREIRA, 2003). De acordo com Lautert (1995), algumas possíveis causas no ambiente de trabalho hospitalar seriam o rápi-do desenvolvimento tecnológico e a divisão e expansão das especialidades médicas, que determinam o hospital como um complexo sistema de divisão do trabalho, com elevada hierarquia de autoridade, com canais formais de comunicação e um grande conjunto de regras e normas para seu funcionamento. Dessa maneira, existem, neste contexto, duas linhas paralelas de autoridade: a administrativa e a profissional, sendo frequente o surgimento de conflitos devido a diferentes conjuntos de valores, que se repete con-tinuamente, gerando ansiedade e estresse, podendo contribuir para a baixa motivação profissional em profissionais da saúde.

De acordo com Rodriguez-Marín (1995), uma das causas de Burnout nestes profissionais deve-se ao fato de que grande parte do seu tempo de trabalho é utilizada em contato intenso com outras pessoas,

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pacientes e familiares destes. Esta relação interpessoal geralmente está acompanhada de sentimentos de tensão, ansiedade, medo e até mesmo de hostilidade encoberta.

Segundo Maslach e Leiter (1997) em geral, os fatores organizacionais associados à Burnout Syn-drome (BOS) incluem: (1) aumento da carga de trabalho, (2) falta de controle sobre o ambiente de tra-balho, (3) recompensas insuficientes e (4) uma quebra geral na comunidade de trabalho.

O objetivo deste estudo foi relatar a partir de uma revisão bibliográfica, a incidência da Síndrome de Burnout em profissionais, de diferentes profissões, na área da saúde.

2. METODOLOGIA

A escolha dos materiais que foram incluídos neste estudo deu-se pela busca em livros e bancos de dados eletrônicos. Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório nas bases de dados: Google acadêmico, LILACS, PUBMED, PEDro. Os critérios de inclusão foram baseados ma utilização apenas de artigos publicados no período do ano 2007 a 2017, nas línguas portuguesa e inglesa, que se encon-travam nas bases de dados citadas e que se relacionavam com o tema proposto. Os critérios de exclusão foram: artigos publicados antes de 2007, artigos que não estivessem nas línguas inglesa ou portuguesa, que não estavam integralmente dispostos nas bases de dados citadas e que não se relacionavam com o tema proposto.

3. RESULTADOS

Os estudos apresentavam diferentes formas de intervenções em profissionais de saúde. Diante dos materiais encontrados, verificou-se que, entre eles, estão estudos de revisão de literatura ou experimen-tais, que comprovassem o índice de Burnout, conforme o quadro a seguir:

Quadro 1. Relação de artigos por autor(es), ano de publicação, título, tipo de material e considerações.

AUTORES ANO TÍTULO TIPO DE ESTUDO CONSIDERAÇÕES

NOGUEIRA 2007

Síndrome de Burnout em fisioterapeutas hospitalares

Dissertação

7,3% de prevalência de Burnout em seu mais alto estágio nos fisioterapeutas hospitalares da pesquisa, além de elevado percentual de fisioterapeutas que trabalhavam no hospital, propensos a desenvolverem a síndrome (84%).

FOGAÇA 2008

Fatores que tornam estressante o trabalho de médicos e enfermeiros em terapia intensiva pediátrica e neonatal

Revisão Bibliográfica

Estudos indicam o progresso de trabalhadores da área da saúde afetado pelo adoecimento no trabalho, gerando a necessidade de investimentos para identificar as causas desses danos e de ações que colaborem para a atenuação dessas taxas bem como consequência, mantenha a saúde do trabalhador.

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DIAS 2008

A vivência do sofrimento/prazer na profissão Terapia Ocupacional: um estudo em instituições hospitalares de Belo Horizonte.

Dissertação de Mestrado

O terapeuta ocupacional está exposto a condições potencialmente geradoras de sofrimento e prazer ao executar funções específicas em sua profissão. Na presença das diferentes características da profissão do terapeuta organizacional – pressões do contexto e organização do trabalho –, faz-se expressivo sondar a percepção desse profissional a respeito da vivência do sofrimento e do prazer no exercício de sua profissão em instituições hospitalares.

CARLOTTO 2009

A relação profissional-paciente e a Síndrome de Burnout

Análise Crítico-compreensiva

Os trabalhos de prestação de serviços se mostram pelo contato direto e pela necessidade de centralização das tarefas físicas e mentais.Assim, os profissionais necessitam expressar emoções durante as interações que se realizam face a face, tentando regular suas emoções, ou seja, tentando expressar somente as “apropriadas” para a situação ou para que a imagem não seja ameaçada. (GRACIA et al., 2006).

EZAIAS 2010

Síndrome de Burnout em Trabalhadores de Saúde em um Hospital de Média Complexidade

EstudoDescritivo

Considerações: o estudo demonstrou que, diante deste contexto, observou-se que, entre os trabalhadores envolvidos diretamente com a assistência ao paciente, foram os da enfermagem que demonstraram os maiores índices de exaustão emocional, despersonalização e baixo nível de realização profissional.

CARVALHO; MAGALHÃES 2011

Síndrome de Burnout e suas consequências nos profissionais de enfermagem

Revisão Bibliográfica

No presente estudo indicam trabalhadores da área da saúde que lidam diretamente com o paciente gerando adoecimento no trabalho, e assim a necessidade de investimentos para identificar as causas que desencadeiam resultando na Síndrome de Burnout.

ZANATTA; LUCCA 2015

Prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais dasaúde de um hospital onco-hematológico infantil

Estudo Exploratório

Identificar a prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham em um hospital onco-hematológico infantil no estado de São Paulo.

CRUZ 2016

Qualidade de vida no trabalho, ansiedade e depressão em profissionais da saúde que prestam assistência infantil em unidades hospitalares

Dissertação de Mestrado

O estudo teve como objetivo avaliar a QTV, a prevalência de ansiedade e sintomatologia depressiva entre os profissionais de saúde que atuam em unidades hospitalares de pediatria e neonatologia no município de Natal (RN).

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MOSS et al. 2016

Burnout Syndrome in Critical Care Health-care Professionals: A Call for Action

Declaração colaborativa oficial de cuidados intensivos

Essa síndrome evidencia-se por um comportamento de inquietude emocional repetitivo e constante, gerado em decorrência do contato direto, excessivo e estressante no ambiente de trabalho, acarretando a problemas de saúde físicos e mentais do trabalhador.

GUIDO et al. 2012Estresse e Burnout entre residentes multiprofissionais

Estudo Analítico, transversal e quantitativo.

Realização Profissional sinaliza a baixa satisfação profissional. A distribuição da população segundo a classificação por subescala do MBI, indicando Síndrome de Burnout.

Fonte: elaborado pelas autoras.

4. DISCUSSÃO

Nogueira (2007) em sua dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública da Universidade Estadual do Ceará, teve como objetivo estimar a prevalência de Burnout em fisioterapeutas hospitalares e identificar fatores que facilitam e/ou desencadeiam a síndrome nesses fisioterapeutas. Foi um estudo quantitativo de abordagem descritiva e inferencial, envolvendo os fisio-terapeutas que atuam nos serviços ambulatoriais e do Centro de Terapia Intensiva (CTI) em hospitais da rede pública e privada na cidade de Fortaleza – CE. A amostra foi constituída por todos os fisioterapeu-tas registrados no CREFITO-6, atuantes nestes hospitais e que aceitaram participar da pesquisa, num total de 150 profissionais.

Após a autorização concedida pelo Comitê de Ética, os instrumentos de pesquisa foram um ques-tionário elaborado pela própria pesquisadora, a fim de obter informações sociodemográficas e ocupacio-nais, juntamente com o Maslach Burnout Inventory (MBI).

O MBI é um instrumento composto de 22 itens que medem as dimensões da Síndrome de Burnout. Ele avalia os índices de Burnout de acordo com os escores de cada dimensão, sendo que altos escores em exaustão emocional e despersonalização e baixos escores em realização profissional indicam alto nível de Burnout (MASLACH; JACKSON, 1981). O MBI-HSS é um questionário autoaplicável, com uma escala de cinco pontos, em que se assinala zero para nunca, um para algumas vezes ao ano, dois para algumas vezes ao mês, três para algumas vezes na semana e quatro para diariamente.

Dessa forma, o valor mínimo que pode ser assinalado em cada item é zero e o máximo, quatro, conforme a experiência do indivíduo no trabalho. O instrumento é composto por 22 itens, distribuídos em três subescalas: Desgaste Emocional (DE), formada pelos itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20; Desper-sonalização (DP) pelos itens 5, 10, 11, 15 e 22; e Incompetência Profissional (IP) composta pelos itens 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21. Contudo, por ser mais atual, foi utilizada a seguinte nomenclatura para as subescalas: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP).

Como resultados, obteve-se 7,3% de prevalência de Burnout em seu mais alto estágio (ou seja, baixa realização pessoal, elevada despersonalização e elevado esgotamento emocional). Foi observado também um elevado percentual de fisioterapeutas que trabalhavam no hospital propensos a desenvolve-rem a síndrome (84%).

Na análise de Nogueira (2007), observou-se que os fisioterapeutas diagnosticados com a síndrome tinham uma relação estatisticamente significativa com: idade menor que 30 anos, atendimento a mais de 10 pacientes por dia, menos de 10 anos de profissão, trabalho exclusivo em hospitais públicos e associa-ção com dores osteomusculares.

Guido et. al. (2012) relataram que, na Residência Multiprofissional, além dos estressores comuns da atividade laboral, os residentes vivenciam situações acadêmicas que podem ser estressantes, como trabalhos, provas, monografias, aulas teóricas etc. De acordo com a avaliação feita por meio do ques-

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tionário MBI, observou-se que a média da população para a subescala de Realização Profissional foi de 3,42 (dp = 0,73), para Despersonalização, 2,72 (dp = 0,80) e para Desgaste Emocional, 2,60 (dp=0,71).

Em pesquisa com residentes médicos de uma universidade federal, foi verificada média de 28,6 para Exaustão Emocional, de 10,4 para Despersonalização e 36,0 para Realização Profissional. No es-tudo, que analisou a Síndrome de Burnout em 105 psicólogos, as médias obtidas foram: 18,57 para EE, 5,24 para DE e 38,10 para RP (Realização Profissional). Verifica-se que as médias mais elevadas con-centram-se no domínio da Realização Profissional.

Segundo o estudo de Moss et al. (2016), a capacidade de determinar a relação temporal entre a maioria dos fatores de risco e o desenvolvimento da Síndrome de Burnout é dificultada pelo modelo transversal da maioria dos estudos anteriores. Os fatores de risco associados a essa síndrome podem ser divididos em quatro categorias: (1) características pessoais, (2) fatores organizacionais, (3) qualidade das relações de trabalho e (4) exposição a problemas de fim de vida. As características pessoais asso-ciadas à Burnout incluem ser autocríticas, engajar-se em estratégias de enfrentamento inúteis, privação de sono e desequilíbrio entre o trabalho e a vida. Outros fatores de risco pessoais são o idealismo, o perfeccionismo e a superação.

Essas qualidades geralmente ocorrem nos melhores e mais produtivos funcionários. Certos tipos de personalidade, como os indivíduos neuróticos, também têm taxas mais altas da síndrome. Indivíduos extrovertidos, conscienciosos e agradáveis, ao contrário, são menos propensos a demonstrar sintomas. Para Moss et al. (2016), atualmente, não há grandes ensaios controlados randomizados que examinaram estratégias para prevenir ou tratar a síndrome em profissionais de cuidados intensivos.

As estratégias potenciais que podem prevenir e tratar questões relacionadas ao cuidado crítico po-dem ser divididas em duas categorias: (1) intervenções focadas no aprimoramento do ambiente da UTI, e (2) intervenções focadas em ajudar os indivíduos a lidar com seu ambiente. É improvável que uma úni-ca intervenção seja efetiva na prevenção e tratamento de BOS em profissionais de cuidados intensivos. Em vez disso, as intervenções multidimensionais, que abordam a cultura ambiental da UTI e o nível de praticante individual, são mais propensas a prevenir e tratar com sucesso a Síndrome de Burnout.

O benefício de qualquer intervenção potencial precisa ser comparado com os custos associados à sua manutenção autêntica. Entre os médicos e enfermeiros de cuidados intensivos, discussões inter-disciplinares que encorajam deliberações de equipe ética podem ser úteis na prevenção da Síndrome de Burnout. Outras estratégias potencialmente benéficas que foram efetivamente usadas para prevenir a síndrome em outras configurações incluem grupos de apoio, terapia cognitivo-comportamental e aten-ção plena.

Com base no relatório da Associação Americana de Enfermeiros de Cuidados Críticos, são ne-cessários seis padrões para estabelecer e sustentar um ambiente de trabalho saudável: (1) comunicação qualificada, (2) colaboração verdadeira, (3) tomada de decisão efetiva, (4) pessoal apropriado, (5) reco-nhecimento significativo e (6) liderança autêntica.

O sofrimento surge quando o trabalho é concebido de maneira rígida, sem levar em consideração a relação homem/trabalho, podendo gerar esgotamento e falta de realização profissional. Já o prazer é decorrente da organização do trabalho na qual se consideram as características e individualidade do trabalhador, tornando-o mais ativo, reflexivo e propiciando reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Conforme a perspectiva de sofrimento e prazer no trabalho, foram investigados os contextos de trabalho, as exigências decorrentes desse contexto, as vivências positivas e negativas, bem como os problemas físicos, psicológicos e sociais, causados pelo trabalho.

Os dados quantitativos foram levantados por meio do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoeci-mento – ITRA, respondido por 48 terapeutas ocupacionais, distribuídos em 19 hospitais do município. Os dados qualitativos foram coletados em entrevistas individuais com 13 profissionais de nove hos-pitais. A análise estatística descritiva e analítica dos dados quantitativos foi desenvolvida por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences – SPSS.

Esse instrumento denominado Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA) é com-posto por quatro escalas interdependentes, que avaliam quatro dimensões da inter-relação trabalho e

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riscos de adoecimento: contexto do trabalho (EACT); custo humano no trabalho (ECHT), indicadores de prazer e sofrimento no trabalho (EIPST) e danos relacionados ao trabalho (EADRT). Os resultados apontaram que os terapeutas ocupacionais vivem situações mais críticas no contexto de trabalho, focado no ambiente físico, nas relações com profissionais e na organização do trabalho, em termos de custos emocional e físico.

O prazer do profissional mantido somente na relação terapeuta/paciente/família deve ser um as-pecto mais investigado, já que nenhuma atividade profissional se desenvolve fora de um sistema em constante transformação, com diferentes demandas. Alguns pontos indicam para a necessidade de maio-res investigações e até mudanças, com o objetivo de evitar o adoecimento futuro e realçar o prazer, que consiste no lado saudável do trabalho.

Os terapeutas ocupacionais apontam em seus discursos três fatores principais como geradores de sofrimento no exercício de sua profissão: a falta de reconhecimento da Terapia Ocupacional demonstra-da por parte, principalmente, de alguns colegas da área da saúde; a baixa remuneração; e a dificuldade em lidar com alguns aspectos da clínica, tais como doenças degenerativas e condições clínicas crônicas, sem perspectiva de melhora. Já o prazer advém do reconhecimento do trabalho em si, dos resultados da atuação clínica, na relação entre o profissional, pacientes e familiares.

Pesquisas indicam que os profissionais da área da saúde, responsáveis pela busca do bem-estar biopsicossocial do indivíduo, têm desenvolvido diversos problemas de saúde, como alcoolismo, dis-túrbios psíquicos menores (ansiedade, depressão, entre outros), hipertensão, gastrite, ou têm, ainda, se transformado em indivíduos desmotivados para desempenhar suas funções (RODRIGUES, 2006; SEN-TONE; GONÇALVES, 2002). O sofrimento no trabalho manifesta-se por meio de sentimentos como a indignidade, a vergonha, a inutilidade, o medo e a desqualificação.

Dejours (2001) enumera algumas das causas do sofrimento na relação de trabalho: o medo da in-competência – as falhas que ocorrem na atividade, decorrentes da incompetência do indivíduo ou do sis-tema técnico; a pressão para trabalhar mal – as pressões sociais do trabalho impossibilitam o indivíduo de realizar sua atividade, propiciando constrangimento; a falta de perspectiva de reconhecimento – o esforço aplicado ao empenho de uma atividade passa despercebido em meio à despretensão ou negação dos outros.

Para isso, funcionam as estratégias de defesa: uma proteção à saúde mental contra efeitos negati-vos, riscos, perigos deletérios do sofrimento; uma armadilha que torna o indivíduo desprendido àquilo que o faz sofrer; uma resistência, tornando o trabalho mais aceitável; e um sofrimento ético, definido como sentimento vivenciado pelo trabalhador ao agir contra suas crenças morais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Síndrome de Burnout acomete cada vez mais pessoas devido ao estresse ocupacional, o que nos faz refletir sobre a falta de prevenção, detecção e condutas minimizadoras dessa síndrome em profissio-nais da saúde.

O profissional se vendo com restrições no trabalho, falta de estrutura, de recursos materiais e pessoais acaba por esbarrar nas dificuldades relacionadas à atuação, sofrendo, por sua vez, reações de estresse ocupacional crônicas, atitudes e comportamentos negativos em sua relação como um todo.

O presente estudo mostrou, mediante as avaliações, um alto índice de insatisfação no trabalho por falta de reconhecimento, acarretando na vida pessoal, gerando, assim, a Síndrome de Burnout. O sofrimento começa a surgir quando o trabalho é concebido de maneira rígida, sem levar em considera-ção a relação homem/trabalho, podendo gerar esgotamento e falta de realização profissional. Em todos os artigos apresentados, os profissionais estavam insatisfeitos em relação ao trabalho, acarretando em grande estresse na realização desde.

Foram observadas também características pessoais associadas à Síndrome de Burnout, como: pes-soas autocríticas, engajamento em estratégias de enfrentamento inúteis, privação de sono e desequilíbrio

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entre o trabalho e a vida. Outros fatores de risco pessoais são o idealismo, o perfeccionismo e a supera-ção.

Para prevenir ou tratar a síndrome em profissionais de cuidados intensivos, recomendam-se inter-venções focadas no aprimoramento do ambiente de trabalho e intervenções focadas em ajudar os indi-víduos a lidar com seu ambiente. Muitos sofrem, mas não se dão conta da presença da SB, gerando uma série de consequências, até as mais sérias. Porém, mais pesquisas sobre as formas de evitar o desgaste emocional devem ser realizadas para a aplicação de uma prevenção efetiva da Síndrome de Burnout.

Desta forma, proporcionar qualidade de vida ao trabalhador faz com que eleve sua condição la-boral, trazendo uma satisfação, e bem-estar, diminuindo, assim, os riscos de afastamento do trabalho, o estresse do dia a dia, possibilitando a atuação de grupos como: vigilância em saúde do trabalhador, as-sistência médica, nutricional e assistência social. Além disso, é possível contar com a ginástica laboral, que é uma das atividades que gradualmente mostra uma diminuição de doenças e a melhora na qualidade de vida, tanto na jornada de trabalho quanto na vida pessoal.

REFERÊNCIAS

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Política Editorial / Editorial Policy

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A Revista Medicina e Saúde é uma publicação científica com periodicidade anual, em formato digital, do Claretiano – Faculdade, destinada à divulgação de conhecimento científico na área médica e ciências da saúde, em estudos específicos, interdisciplinares ou multidisciplinares, com destaque para pesquisas nas áreas de atenção à saúde (cuidado às necessidades de saúde individuais e coletivas), gestão em saúde, educação em/na saúde.

O periódico tem como público-alvo os estudantes de graduação do curso de Medicina e dos de-mais cursos da área da Saúde do Claretiano – Faculdade, bem como seus respectivos corpos docentes, além de pesquisadores de outras instituições de âmbito nacional e internacional.

A Revista Medicina e Saúde destina-se à publicação de trabalhos inéditos que apresentem resulta-dos de pesquisas de campo originais e bibliográficas sendo submetidas no formato de artigos originais, revisões da literatura, relatos de caso ou experiência e resenhas.

Os manuscritos devem ser originais e se destinar exclusivamente a esta Revista. Os trabalhos aceitos e publicados são de propriedade da Revista Medicina e Saúde, sendo sua reprodução, total ou parcial, em outras publicações sujeita à autorização do Editor e à menção da fonte. Ao encaminharem os manuscritos, os autores assumem inteira responsabilidade pelos conceitos neles emitidos e pela obser-vância das normas registradas na Política Editorial do periódico.

Idiomas

As línguas aceitas para publicação são o português, o inglês e o espanhol.

Análise dos trabalhos

a) Inicialmente os editores avaliam o texto, que poderá ser desqualificado se não estiver de acordo com as normas da ABNT, apresentar problemas na formatação ou tiver redação inadequada (problemas de coesão e coerência).

b) Em uma segunda etapa, os textos selecionados serão enviados a dois membros do Conselho Editorial, que avaliarão as suas qualidades de escrita e conteúdo. Dois pareceres negativos des-qualificam o trabalho e, havendo discordância, o parecer de um terceiro membro é solicitado.

c) Conflito de interesse: no caso da identificação de conflito de interesse da parte dos revisores, o editor encaminhará o manuscrito a outro revisor ad hoc.

d) O autor será comunicado do recebimento do seu trabalho no prazo de até oito dias; e da avalia-ção do seu trabalho em até 90 dias.

e) O ato de envio de um original para a Revista Medicina e Saúde – Revista Científica do Clare-tiano – Faculdade, automaticamente, na seção dos direitos autorais a ele referentes, devendo a revista ser consultada em caso de republicação. A Revista não se responsabilizará pelo con-teúdo dos textos, sendo eles de responsabilidade dos seus autores, sobre os quais recaem as respectivas responsabilidades legais relativas às informações neles veiculadas. Ademais, não se responsabilizará por textos já publicados em outros periódicos.

f) Cabe ao autor conseguir as devidas autorizações de uso de imagens/fotografias com direito au-toral protegido, devendo estas ser encaminhadas, quando necessário, junto com o trabalho para a avaliação. Também é do autor a responsabilidade jurídica sobre uso indevido de imagens/fotografias.

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g) Trabalhos que envolvam pesquisa direta e/ou indireta com Seres Humanos deverão apresentar número de protocolo e data de aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Huma-nos, do projeto ao qual o trabalho está vinculado, podendo ser este o comitê vigente na institui-ção (CEP/CLARETIANO) ou outro do território nacional, desde que devidamente regularizado junto à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). É dever do pesquisador, bem como da competência editorial do periódico, cumprir as determinações éticas contidas na Resolução do CNS 466/12. Importante: em caso de trabalho que envolva pesquisa direta ou indireta com Seres Humanos, é preciso que o último parágrafo do tópico “Metodologia” apresente clara afirmação desse cumprimento.

h) Pesquisas realizadas em/com Animais deverão apresentar número e protocolo de aprovação do Comitê de Ética para o Uso de Animais (CEUA) da instituição em que o estudo foi realizado. Os procedimentos experimentais aplicados deverão apresentar conformidade com os princí-pios previstos na Lei 11.794 e pelo Conselho Nacional de Cuidado na Experimentação Animal (CONCEA). No tópico referente à descrição metodológica do estudo deve ser apresentado pa-rágrafo que registre essa observação.

Publicação

A Revista aceitará trabalhos para publicação nas seguintes categorias: 1) Artigo científico original e revisões da literatura: mínimo de 06 e máximo de 20 páginas.2) Estudos de caso ou Relato de experiência: mínimo de 05 e máximo de 15 páginas. 3) Resenhas: devem conter todos os dados da obra (editora, ano de publicação, cidade etc.) e estar

acompanhadas de imagem da capa da obra; mínimo de 04 e máximo de 08 páginas.

Submissão de trabalhos

1) os trabalhos deverão ser enviados:a) Em dois arquivos, via e-mail, (attachment), em formato “doc” (Word for Windows). Em um

dos arquivos, na primeira página do trabalho, deverá constar apenas o título, sem os nomes dos autores. O segundo arquivo deverá seguir o padrão descrito no otem 2, incluindo os nomes dos autores.

b) Em caráter de revisão profissional.c) No máximo com oito autores.d) Com termo de responsabilidade devidamente assinado, escaneado de forma legível e enviado

para o e-mail [email protected]

2) O trabalho deve incluir:a) A expressão “TÍTULO”: seguida do título em língua portuguesa, em Times New Roman, corpo

12, negrito.b) A expressão “TITLE”: seguida do título em língua inglesa, em Times New Roman, corpo 12,

normal.c) A expressão “AUTORIA”: seguida do(s) nome(s) do(s) autor(es) e dos dados de sua(s) pro-

cedência(s) – filiação institucional, última titulação, e-mail, telefones para contato. Obs.: os telefones não serão disponibilizados ao público.

d) A expressão “RESUMO”: seguida do respectivo resumo em língua portuguesa (entre 100 e 150 palavras). Sugere-se que no resumo de artigos de pesquisa seja especificada a orientação metodológica.

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e) A expressão “PALAVRAS-CHAVE”: seguida de 3 até 5 palavras-chave em língua portuguesa, no singular.

f) A expressão “ABSTRACT”: seguida do respectivo resumo em língua inglesa (entre 100 e 150 palavras).

g) A expressão “KEYWORDS”: seguida de 3 até 5 palavras-chave, em língua inglesa, no singular.h) O texto do trabalho.

Formatação do trabalho

1) Em Times New Roman, corpo 12, entre linhas 1,5 e sem sinalização de início de parágrafo.2) Para citações longas, usar corpo 10, entre linhas simples, recuo duplo, espaço antes e depois do

texto. Citações curtas, até 3 linhas, devem ser colocadas no interior do texto e entre aspas, no mesmo tamanho de fonte do texto (12).

3) Tabelas, quadros, gráficos, ilustrações, fotos e anexos devem vir no interior do texto com res-pectivas legendas. Para anexos com textos já publicados, deve-se incluir referência bibliográ-fica.

4) As referências no corpo do texto devem ser apresentadas entre parênteses, com nome do autor em letra maiúscula, seguida de vírgula, seguida de espaço, da expressão “p.”, espaço e o res-pectivo número da(s) página(s), quando for o caso. Ex.: (FERNANDES, 1994, p. 74). A norma utilizada para a padronização das referências é a da ABNT em vigência.

5) As seções do texto devem ser numeradas, a começar de 1 (na introdução) e ser digitadas em letra maiúscula; subtítulos devem ser numerados e digitados com inicial maiúscula.

6) As notas de rodapé devem estar numeradas e destinam-se a explicações complementares, não devendo ser utilizadas para referências bibliográficas.

7) As referências bibliográficas devem vir em ordem alfabética no final do artigo, conforme a ABNT.

8) As expressões estrangeiras devem vir em itálico.

Modelos de Referências Bibliográficas – Padrão ABNT:

Livro no todoPONTES, B. R. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005.

Capítulos de Livros BUCII, E.; KEHL, M. Videologias: ensaios sobre televisão. In: KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio de subjetivação. São Paulo: Boitempo, 2004. p. 42-62.

Livro em meio eletrônicoASSIS, M. de. A mão e a luva. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <HTTP://machado.mec.gov.br/imagens/stories/pdf/romance/marm02.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011.

Periódico no todoGESTÃO EMPRESARIAL: Revista Científica do Curso de Administração da Unisul. Tubarão: Ed. Unisul, 2002.

Artigos em periódicos SCHUELTER, C. C. Trabalho voluntário e extensão universitária. Episteme, Tubarão, v. 9, n. 26/27, p. 217-236, mar./out. 2002.

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Artigos de periódico em meio eletrônicoPIZZORNO, A. C. P. et al. Metodologia utilizada pela biblioteca universitária da UNISUL para registro de dados bibliográficos, utilizando o formato MARC 21. Revista ACB, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 143-158, jan./jun. 2007. Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=209&layout=abstract>. Acesso em: 14 dez. 2007.

Artigos de publicação relativos a eventos PASCHOALE, C. Alice no país da geologia e o que ela encontrou lá. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33. 1984. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, SBG, 1984. v. 11, p. 5242-5249.

SiteXAVIER, Depressão: será que eu tenho? Disponível em: <http://www.psicologiaaplicada.com.br/depressao-tristeza-desanimo.htm>. Acesso em: 25 nov. 2007.

EventoCONGRESSO DE SAÚDE PÚBLICA, 14., 2015, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, 2015.