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PROTAGONISMO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: ASPECTOS JURÍDICOS
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RENATO BURANELLO
Doutor e mestre em Direito Comercial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1993).
É sócio do Demarest Advogados, com atuação nas áreas do Direito do Agronegócio,
Direito Bancário e do Mercado de Capitais.
Autor de vários artigos acadêmicos em revistas na área, em especial para a Revista de Direito
Mercantil (RDM) e Revista de Direito Empresarial (ReDE) sobre contratos, títulos de crédito,
seguros e recuperação de crédito.
Professor do Insper, da BM&FBovespa e do curso de Direito Empresarial da PUC-SP e membro da
Câmara de Crédito e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA).
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AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: HISTÓRIA DE SUCESSO NOS ÚLTIMOS 40 ANOS
• Até os anos de 1970, o crescimento agrícola era baseado na expansão de áreas no
convívio com baixos índices de produtividade
• Investimentos em ciência e tecnologia e a presença de agricultores dinâmicos e
competitivos mudaram essa realidade
• Entre 1970 e 2013, a produção brasileira de grãos teve uma expansão de quase 8 vezes,
resultante dos ganhos contínuos de produtividade
• Isso devido à incorporação de novas tecnologias ao processo produtivo. O país é, hoje,
um dos maiores produtores mundiais de alimentos, fibras e energias renováveis
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CRESCE O PESO DA ATIVIDADE
• No período de 1994 a 2011, a cadeia agroindustrial respondeu, em média, por cerca de
24% do PIB
• A antiga percepção da agricultura como conservadora e retrógrada, está sendo superada
no reconhecimento da importância econômica e transformações sociais geradas
• Ações de comunicação dos agentes do agronegócio devem aproveitar os pontos de
percepção positiva da população sobre a atividade naquelas regiões
• Ainda existe um grande espaço para melhorar a compreensão das instituições sobre o
agronegócio buscando maior previsibilidade e segurança jurídica
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COMPLEXO AGROINDUSTRIAL E ESTABELECIMENTO RURAL • O que anteriormente era entendido como uma exploração econômica de propriedades
rurais isoladas é parte de um amplo aspecto de inter-relações e interdependências
produtivas, tecnológicas e mercadológicas
• As propriedades rurais agora são entendidas como organizações agroindustriais. A
conotação profissional e de organização dada ao termo agronegócio é responsável por
essa mudança de paradigma
• As exigências impostas pelo mercado de elevados padrões de qualidade e produtividade
têm induzido tal mudança na estrutura produtiva dos negócios rurais
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TEORIA DA ORGANIZAÇÃO AGROINDUSTRIAL E ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO
• Custos de transação são os custos necessários para se colocar o mecanismo
econômico e social em funcionamento
• São custos que vão além daqueles ligados à produção, mas que surgem à medida que
os agentes econômicos se relacionam entre si e os problemas de coordenação de suas
ações emergem
• Frequentemente, não há garantias ao perfeito funcionamento dessas atividades não
diretamente ligadas à produção, nem, tampouco, possibilidade de controle sobre elas.
Consequentemente tornam-se mais relevantes os custos de transação
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ABORDAGEM SISTÊMICA DOS NEGÓCIOS AGROINDUSTRIAIS • Entende-se que um Sistema Agroindustrial (SAG) específico é composto por firmas com
distintos níveis de coordenação vertical
• SAGs compreendem os segmentos antes, dentro e depois da porteira da fazenda,
envolvidos na produção, transformação e comercialização de um produto agrícola básico
até chegar ao consumidor final
• Aqui, convergem os conceitos de filiére na tradição francesa e de ACS (Agribusiness
Commodity System) na tradição americana, dentro de concepções teóricas distintas
• O conceito francês privilegia as relações tecnológicas, enquanto o de ACS enfatiza a
coordenação.
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ABORDAGEM SISTÊMICA DOS NEGÓCIOS AGROINDUSTRIAIS • No início dos anos 1990, o conceito de sistemas ou cadeias de agronegócios difundiu-se
no Brasil. Universidades revisaram os seus departamentos de Economia Agrícola e também
foi alterado o tradicional enfoque das políticas públicas
• Concomitantemente, o Programa de Estudos de Negócios do Sistema Agroindustrial
(PENSA), da USP, buscou inserir o papel das instituições e dos custos de transação nas
cadeias agroprodutivas
• Esta perspectiva gerada pela visão sistêmica tem contribuído para o desenvolvimento do
agronegócio através da organização de arranjos cada vez mais complexos, mas
invariavelmente mais eficientes e cooperativos
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CONCEITO ATUAL DE AGRONEGÓCIO
• Conjunto organizado de atividades econômicas, compreendendo:
• fornecimento de insumos
• produção
• processamento
• armazenamento
• distribuição para consumo interno e internacional
• Objeto: produção agrícola, pecuária, reflorestamento e pesca, compreendendo, assim,
seus subprodutos e resíduos de valor econômico
• Essa definição relaciona-se com o conceito econômico de sistema agroindustrial (SAG)
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SISTEMA E MERCADOS AGRÍCOLAS
- é uma forma de governar as transações econômicas
- é o local onde se relacionam compradores e vendedores
- é um conjunto de institutos jurídicos que garante as trocas
• Sistema agroalimentar: conjunto das atividades que concorrem à formação e a
distribuição dos produtos alimentares e, em consequência, o cumprimento da função de
alimentação
• Sistema agroindustrial não alimentar: é o conjunto das atividades que concorrem à
obtenção de produtos oriundos do agronegócio, não destinados à alimentação mas aos
sistemas energético, madeireiro, couro e calçados, papelão e têxtil
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Mercado
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AGRONEGÓCIO, INVESTIMENTO E CRÉDITO RURAL • O elemento que dá unidade às diversas atividades dos complexos agroindustriais é que
todas elas são investimento e crédito. As ligações entre os agentes não são apenas
técnicas, mas sobretudo financeiras.
• Um conceito-chave por trás desse padrão mais recente de desenvolvimento da
agricultura é o de integração de capitais, isto é, o processo de centralização de capitais
industriais, bancários, agrários, etc
• Este financiamento não será mais feito a partir de agentes isolados, e sim através do
integração efetiva do Mercado Financeiro e de Capitais e que vai muito além do atual
Sistema Nacional de Crédito Rural.
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INVESTIMENTO E CRÉDITO PRIVADO
• Baixo Investimento e perdas que vão além do plantio à colheita (IBGE): o manejo
inadequado do solo, uso de sementes de baixa qualidade, variedades inadequadas ao clima
perda relativa ao grau de maturação da plantação e maior custo de carregamento
• Pequeno produtor: depende muito mais do financiamento oficial, proveniente do governo.
Do total investido, 29% são recursos próprios e 71% vêm do Pronaf, recurso subsidiado pelo
governo, com taxas que ficaram em torno de 1,5% e 2% na safra 14/15. Mesmo que o
subsídio seja mantido, as taxas vão subir e será mais difícil conseguir crédito
• Agroindústria: usa uma parte menor do crédito dos bancos oficiais, 49% em comparação
com o pequeno produtor. O setor busca 22% no mercado de crédito privado - bancos
privados, traders, empresas de insumos. Os 29% que faltam para investir saem do bolso do
produtor. O custo é maior, porém maior possibilidade de financiamento
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OBJETIVOS DA POLÍTICA AGRÍCOLA
Art. 3° da Lei 8.171
I - na forma como dispõe o art. 174 da Constituição, o Estado exercerá função de
planejamento...destinado a promover, regular, fiscalizar, controlar, avaliar atividade e
suprir necessidades, visando assegurar o incremento da produção e da produtividade
agrícolas, a regularidade do abastecimento interno, especialmente alimentar, e a redução
das disparidades regionais;
II - sistematizar a atuação do Estado para que os diversos segmentos intervenientes da
agricultura possam planejar suas ações e investimentos numa perspectiva de médio e
longo prazos, reduzindo as incertezas do setor;
III - eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções econômica e social
da agricultura;
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INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AGRÍCOLA
Art. 4° da Lei 8.171
I - planejamento agrícola;
II - pesquisa agrícola tecnológica;
III - assistência técnica e extensão rural;
IV - proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais;
V - defesa da agropecuária;
VI - informação agrícola;
VII - produção, comercialização, abastecimento e armazenagem;
VIII - associativismo e cooperativismo;
IX - formação profissional e educação rural;
X - investimentos públicos e privados;
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INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AGRÍCOLA
XI - crédito rural;
XII - garantia da atividade agropecuária;
XIII - seguro agrícola;
XIV - tributação e incentivos fiscais;
XV - irrigação e drenagem;
XVI - habitação rural;
XVII - eletrificação rural;
XVIII - mecanização agrícola;
XIX - crédito fundiário.
Parágrafo único. Os instrumentos de política agrícola deverão orientar-se pelos planos
plurianuais.
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REGIME JURÍDICO DO AGRONEGÓCIO O "Direito do Agronegócio" deverá sistematizar o regime de normas que regula
as atividades econômicas dos sistemas agroindustriais e seus mercados
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INDÚSTRIA DE INSUMOS (máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes e outros)
PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
AGROINDÚSTRIA
DISTRIBUIÇÃO
CONSUMIDOR
Bolsas de Mercadorias
e Futuros
Investimento e Crédito
Políticas públicas
específicas