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Centro de Estudos Gerais Curso de Mestrado em Matemática Coordenação de Pós Graduação em Matemática Átila Arueira Jones Propriedades Espectrais dos Grafos P 4 -esparsos Orientador: Renata Raposo Del-Vecchio NITERÓI Julho/2014

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Page 1: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

Centro de Estudos Gerais Curso de Mestrado em Matemática Coordenação de Pós Graduação em Matemática

Átila Arueira Jones

Propriedades Espectrais

dos Grafos P4-esparsos

Orientador: Renata Raposo Del-Vecchio

NITERÓI Julho/2014

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Átila Arueira Jones

PROPRIEDADES ESPECTRAIS DOS GRAFOS P4-ESPARSOS Dissertação apresentada por Átila Arueira Jones ao Curso de Mestrado em Matemática - Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Linha de Pesquisa: Matemática Aplicada.

Orientador: Renata Raposo Del-Vecchio

Niterói 2014

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca de Pós-graduação em Matemática da UFF

J762

Jones, Átila Arueira. Propriedades espectrais dos grafos P4-esparsos / Átila Arueira Jones. – Niterói, RJ : [s.n.], 2014.

76 f. Orientador: Profa. Dra. Renata Raposo Del-Vecchio. Dissertação (Mestrado acadêmico) – Universidade Federal Fluminense, 2014. 1. Teoria dos grafos. 2. Análise espectral. 3. Grafo L-integral. 4. Grafo P4-Esparso I. Título.

CDD 515.53

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Átila Arueira Jones

PROPRIEDADES ESPECTRAIS DOS GRAFOS P4-ESPARSOS Dissertação apresentada por Átila Arueira Jones ao Curso de Mestrado em Matemática - da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Linha de Pesquisa: Matemática Aplicada.

Banca Examinadora

_______________________________________________

Profª. Renata Raposo Del-Vecchio - Orientadora

Doutor – Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________

Prof. Fábio Protti - Membro

Doutor – Universidade Federal Fluminense _______________________________________________

Profª. Simone Dantas de Souza - Membro

Doutor – Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________

Prof. Vilmar Trevisan - Membro

Doutor – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

NITERÓI

2014

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À minha amada companheira Allana.

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo quero agradecer imensamente a minha orientadora

professora Renata Del-Vecchio não somente pela sua incansável dedicação ao

guiar esse trabalho, mas também pela sua disposição ao me ajudar e orientar

minha carreira acadêmica. Espero poder levar adiante o seu exemplo, seja como

orientadora, pesquisadora ou professora.

À minha namorada Allana, agradeço primeiramente pelo carinho e

paciência fornecida a cada dia e por sempre acreditar e me incentivar a seguir

carreira acadêmica. Mas também agradeço por além de namorada, ser a melhor

amiga de estudo, afinal está ao meu lado desde quando participamos do trote de

calouros na graduação, e desde então continuamos seguindo nosso caminho

juntos, o que é uma experiência única e motiva cada tarde de estudo e cada

demonstração matemática. A sua contribuição na elaboração desse trabalho é

imensurável.

Agradeço aos meus pais, por estarem ao meu lado por todos esses anos

de muito amor e incentivo nos estudos. Também quero fazer um agradecimento

especial a minha segunda família: meus sogros e minha cunhada.

Felizmente pude contar com amigos, que todos de forma direta ou indireta

contribuíram na elaboração deste trabalho. Mas direciono um agradecimento

especial ao Marcos e Robert, amigos únicos de infância e que aliviam as tensões

das semanas de estudo.

Finalmente agradeço a CAPES pelo apoio financeiro a este trabalho.

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RESUMO

Seja G um grafo simples e L(G), a Matriz Laplaciana de G. Um grafo G é chamado laplaciano integral quando todos os autovalores de L(G) são números inteiros.

É conhecido que todo cografo é Laplaciano Integral. Cografos são grafos livres de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos.

Uma questão naturalmente colocada nesse contexto é se os grafos P4-esparsos são Laplacianos integrais. Nesse trabalho respondemos negativamente essa questão, provando que não existe grafo P4-esparso, com autovalor laplaciano inteiro, a menos de um cografo.

Nós obtemos resultados análogos relativos a classe dos grafos P4-extensíveis, outra generalização dos cografos.

Além disso, nós investigamos algumas relações entre o número b-cromático de um grafo e seu índice, dentro dos grafos P4-esparsos e outras classes.

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ABSTRACT

Let G be a simple graph and L(G), the Laplacian matrix of G. A graph G is called Laplacian integral when all eigenvalues of L(G) are integer numbers.

It is well known that every cograph is Laplacian integral. Cographs are graphs free of P4 and a generalization of this class is the class of P4-sparse graphs, containing the cographs.

A question naturally posed in this context is if P4-sparse graphs are Laplacian integral. In this work we answer negatively to this question, proving that there is no P4-sparse graph, with integer Laplacian eigenvalues, unless it is a cograph.

We obtain analogous results regarding the class of P4-extensible graphs, another generalization of cographs.

Furthermore, we investigate some relations between the b-chromatic number of a graph and its index, within the P4-sparse graphs and other classes.

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Lista de Figuras

2.1 Exemplo de um grafo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.2 Join de dois grafos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.3 Grafo e seu complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.4 Exemplo de subgrafos de H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.5 Grafo conexo e grafo desconexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.6 Grafo 3-regular e grafo K6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.7 Grafo C7 e uma arvore. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.8 Grafo P6 e grafo S6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.1 Grafos Sm[G,4,4] e Sg[G,4,4] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2 Sm[G,4, j] e Sm[G,4, j] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.3 Sm[G,5, j]⊂ Sg[G,5, j] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.1 Cografos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.2 P4-esparsos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.3 Grafos nao P4-esparsos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.4 Conjunto F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.5 Processo aplicado na demonstracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.6 Processo aplicado na demonstracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.7 Diagrama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.8 Exemplos de grafos nao P4-esparsos, onde um e L-integral e outro nao . . . 44

4.9 P4-redutıveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.10 Exemplo de P4-esparso nao P4-redutıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.11 Exemplo de W ⊂V (G) e o conjunto S(W ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.12 P4-extensıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4.13 Diagrama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.14 Exemplo de conjunto de extensao nao separavel . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.15 Exemplo de conjunto de extensao separavel . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4.16 Classificacao dos grafos de F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.17 P4-extensıvel que satisfaz (iv) do teorema 4.2.1 . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.18 Diagrama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5.1 Exemplo de uma coloracao propria e uma b-coloracao . . . . . . . . . . . . 60

5.2 Grafo nao b-contınuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

5.3 Grafo M nao b-monotonico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

5.4 Grafo M− v . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

5.5 Grafps 3P3, 2D e P4 ∪P3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5.6 Grafo antirregular com graus 5,4,3,3,2,1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5.7 Grafo quase regular com ∆ = 5 e δ = 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5.8 P4-esparsos desconexos que satisfazem a conjectura 5.1.1 . . . . . . . . . . 70

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5.9 P4-esparso desconexo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1 . . . . . . . . . . 70

5.10 Grafo P4-esparso desconexo que satisfaz (i) . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.11 Grafo b-contınuo e conexo que nao satisfaz (i) . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.12 Grafo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1 mas satisfaz a 5.1.2 . . . . . . . . 72

5.13 Grafo 2D∨{v} . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.14 Grafo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1 mas satisfaz a 5.1.2 . . . . . . . . 72

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Sumario

1 Introducao 1

2 Nocoes basicas e notacoes 3

2.1 Teoria dos Grafos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.1.1 Grafos Especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Alguns resultados da teoria de matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3 Teoria Espectral dos Grafos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.3.1 Matriz de Adjacencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.3.2 Matriz Laplaciana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.3.3 Alguns espectros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Grafo Aranha e seu espectro 16

3.1 Espectro do grafo Aranha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.1.1 Espectro de adjacencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.1.2 Espectro laplaciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.2 Integralidade em grafo aranha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.1 Matriz de adjacencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.2 Matriz Laplaciana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4 Propriedades Espectrais em generalizacoes dos cografos 36

4.1 P4-esparso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.1.1 Definicoes e resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.1.2 L-integralidade dos P4-esparsos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.2 P4-extensıveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.2.1 Definicoes e resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.2.2 L-integralidade dos P4-extensıveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5 b-coloracao 59

5.1 Alguns resultados espectrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.1.1 Uma outra desigualdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

5.1.2 Problemas em aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

6 Conclusao 73

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Capıtulo 1

Introducao

Um grafo e uma estrutura G=G(V,E) formada por um conjunto de vertices V e um conjunto

de arestas E que representam ligacoes entre os vertices. Qualquer situacao real que trate de

elementos e relacoes entre eles pode ser modelada por um grafo, dentre muitas podemos citar

a situacao de estacoes de metro e os trilhos que as unem, relacao de amizade entre pessoas

numa rede social ou ate redes de abastecimento de agua. Alem da representacao geometrica,

um grafo pode ser representado matricialmente. Neste trabalho trataremos das matrizes de

Adjacencia e Laplaciana. O estudo dos autovalores dessas matrizes e suas relacoes com a

estrutura do grafo e chamada Teoria Espectral de Grafos, que teve inıcio em 1931 na area

da Quımica Quantica. Dentre as investigacoes nesta area, temos estudos acerca de energia,

conectividade, diametro, cotas, arvores geradoras, busca por grafos integrais (ou laplaciano

integrais), entre outras.

Uma classe de grafos importante, por suas varias aplicacoes, e a classe dos cografos, que

sao grafos livres de P4 (ou seja, nao admitem o caminho de quatro vetices como subgrafo

induzido). Muitas propriedades interessantes valem nesse contexto. Em particular, Merris

[26] provou que, se G e um cografo, entao todos os seus autovalores laplacianos sao numeros

inteiros. A busca por grafos A-integrais (todos os autovalores da matriz de adjacencia sao in-

teiros) iniciou em 1974, quando Harary e Schwenk colocaram a questao ”Which graphs have

integral spectra?”em [14]. Em seguida esta linha de pesquisa avancou para outras matrizes

associadas a grafos, como a matriz laplaciana. Fixado um numero de vertices, a proporcao de

grafos A-integrais e L-integrais (todos os autovalores laplacianos inteiros) e pequena, com-

parada a quantidade total de grafos. Esta pesquisa tem sido realizada em famılias especiais

de grafos. Como afirmamos acima, os cografos sao L-integrais.

Hoang, em sua tese de doutorado [15], estendeu a definicao dos cografos para uma

famılia que e ”quase” livre de P4, os P4-esparsos, que contem a classe dos cografos. Esta

nova classe despertou grande interesse em problemas de grafos, gerando estudos em varios

aspectos, como pode ser visto em [5], [6] e [21]. Nao encontramos porem nenhum resultado

do ponto de vista espectral para esse grafos. Surge entao a questao: que condicoes seriam

necessarias para que um grafo P4-esparso seja L-integral?

Responderemos a esta questao no capıtulo 4, provando que, para um grafo P4-esparso G

temos a equivalencia G e L-integral se, e somente se, G e um cografo. Para chegarmos a tal

resultado foi necessario obtermos antes a caracterizacao espectral de certos grafos aranha, e

um resultado sobre o espectro de qualquer aranha, pois estes grafos formam uma importante

subclasse dos P4-esparsos.

1

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Outras generalizacoes de cografos foram introduzidas por Jamison e Olariu em [22] e

[23], os chamados grafos P4-extensıveis e P4-redutıveis. Tambem em relacao a estes grafos,

estudamos seu espectro laplaciano, analisando se e formado exclusivamente por inteiros ou

nao.

Um fato que chamou a atencao e que a classe dos grafos P4-esparsos aparece frequente-

mente em estudos de coloracao, mais especificamente relacionada ao numero b-cromatico,

uma variante do numero cromatico. Sao bem conhecidas as relacoes entre o numero cromatico

de um grafo e os autovalores de sua matriz de adjacencia [8], mas nao encontramos nenhuma

abordagem espectral para o numero b-cromatico. Nesta dissertacao investigamos algumas

possıveis relacoes, mais especificamente entre numero b-cromatico e ındice do grafo (maior

autovalor da matriz de adjacencia). Estamos interessados em cotas superiores para o numero

b-cromatico, baseadas no ındice. Conseguimos provar que para algumas classes de grafos

temos a mesma cota valida para numero cromatico. Conseguimos ainda, uma outra cota

tambem relacionando ındice do grafo com o numero b-cromatico para certas famılias de

grafos.

Esta dissertacao esta estruturada da seguinte forma, alem desta introducao:

No capıtulo 2 apresentamos conceitos basicos, necessarios a compreensao do texto.

No capıtulo 3 estudamos os grafos aranha, que serao essenciais para a caracterizacao dos

grafos P4-esparsos.

No capıtulo 4 estendemos o resultado de Merris provando que nenhum grafo P4-esparso,

a menos dos cografos, e laplaciano integral. Provamos ainda resultados analogos para os

P4-extensıveis e P4-redutıveis.

No capıtulo 5 obtemos cotas para o numero b-cromatico em funcao do ındice do grafo

em classes especiais de grafos.

Finalmente, no capıtulo 6, apresentamos as conclusoes.

2

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Capıtulo 2

Nocoes basicas e notacoes

Nesta secao veremos definicoes e resultados da literatura que usaremos no desenvolvimento

do trabalho.

2.1 Teoria dos Grafos

Um grafo G = G(V (G),E(G)) e uma estrutura formada por dois conjuntos finitos chamados

vertices e arestas, denotados respectivamente por V (G) e E(G), onde este e formado por

pares nao ordenados {u,v} ∈ E(G) de vertices distintos, ou simplesmente uv; neste caso

dizemos que os vertices u e v sao adjacentes. Com um abuso de notacao, salvo em casos de

ambiguidade, diremos que um vertice v pertence ao grafo G, quando v ∈ V (G). O grau de

v ∈V (G), denotado por d(v), e o numero de vertices adjacentes a v; o menor grau dentre os

vertices e chamado grau mınimo, denotado por δ(G) = min{d(v);v ∈ V} e analogamente

grau maximo ∆(G) = max{d(v),v ∈V} e o grau medio do grafo e d(G) = ∑v∈V d(v)|V (G)| . E facil

verificar que d(G) =2|E(G)||V (G)| .

EXEMPLO 2.1.1. Considere o grafo H, ilustrado na figura 2.1, onde:

V (H) = {v1,v2,v3,v4,v5,v6,v7} e

E(H) = {v1v2,v1v6,v2v6,v2v5,v2v4,v2v3,v5v6,v6v7}

Figura 2.1: Exemplo de um grafo

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Dois grafos G1 e G2 sao isomorfos (denotado por G1 ≈G2) quando podemos obter um do

outro somente por uma permutacao de vertices, ou melhor, existe uma aplicacao biunıvoca

f : V (G1)→ V (G2) de modo que as adjacencia sejam preservadas, isto e, vu ∈ E(G1) se, e

somente se, f (v) f (u) ∈ E(G2).Podemos tambem definir algumas operacoes entre grafos, entre elas a uniao de G1 e G2,

denotada por G1 ∪G2 cujo conjunto de vertices e V (G1)∪V (G2) e arestas E(G1)∪E(G2).Naturalmente estende-se esta definicao para k grafos quaisquer, em particular a uniao de k

grafos G e chamada k copias de G e denotado por kG. O join de dois grafos G1 e G2 e o grafo,

denotado G1 ∨G2, com conjunto vertices formado por V (G1)∪V (G2) onde permanecem

todas as arestas ja existentes e adicionamos todas as arestas possıveis entre os vertices de

V (G1) e de V (G2), ou seja, E(G1 ∨G2) = E(G1)∪E(G2)∪{uv;u ∈ V (G1) e v ∈ V (G2)},

como exemplo observe a figura abaixo.

Figura 2.2: Join de dois grafos

O grafo complementar de G e o grafo G com o mesmo conjunto de vertices do original

G, porem vu ∈ E(G) se, e somente se, vu 6∈ E(G); na figura 2.3 temos o complementar do

grafo do exemplo 2.1.1. E claro que G = G.

Figura 2.3: Grafo e seu complementar

Vale ressaltar que tomar o complementar do join de dois grafos e equivalente a tomar

a uniao dos complementares, ou seja, G1 ∨G2 = G1 ∪G2. Outra forma de obter um grafo

a partir de outro e retirando vertices e arestas do inicial, mais precisamente dizemos que

G′(V ′,E ′) e um subgrafo de G(V,E) quando V ′ ⊆ V e E ′ ⊆ E, e neste caso escrevemos

G′ ⊂ G. No caso em que G′ e subgrafo de G tal que dois vertices em V (G′) sao adjacentes

4

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em G′ se, e somente se, eles sao adjacentes em G, dizemos que G′ e subgrafo induzido de

G e escrevemos G′ como G(V ′), pois trata-se do grafo original G restrito a um conjunto de

vertices. Ambos os grafos da figura 2.4 sao subgrafos de H (do exemplo 2.1.1), onde apenas

o da direita e subgrafo induzido, isto e, H({v1,v2,v3,v5,v6}). Se o grafo G nao possui H

como subgrafo induzido dizemos que G e livre de H. Em particular o grafo G−u denota o

subgrafo induzido pelos vertices de V −{u}, onde u e um vertice de V .

Figura 2.4: Exemplo de subgrafos de H

Um subconjunto X ⊂ V (G) e dito conjunto independente de vertices se nao ha par de

vertices adjacentes no conjunto, ou seja, ∀v,u ∈ X , vu /∈ E(G). Por outro lado, se vu ∈ E(G)para todo u,v ∈ X entao o conjunto e uma clique. Uma sequencia finita de vertices distintos

vi1vi2 . . .vik de um grafo e chamado caminho que liga vi1 a vik se vil vil+1e uma aresta do grafo

e nas mesmas condicoes a sequencia vi1vi2 . . .vikvi1 e chamada de ciclo. O comprimento de

um caminho ou ciclo e o numero de arestas que neles ocorrem.

Se dados quaisquer dois vertices u,v ∈V (G), existe um caminho de u a v, entao dizemos

que o grafo G e conexo, caso contrario o grafo e desconexo. Se G e um grafo desconexo,

dizemos que G′ ⊂ G e uma componente conexa de G quando G′ e conexo e nao existe um

grafo conexo H ⊂ G tal que G′ ⊂ H e G′ 6= H. Na figura 2.5 ilustramos a esquerda um

grafo conexo e a direita um desconexo com duas componentes conexas. No caso de grafo

conexo, definimos a distancia entre os vertices v e u, denotada por d(u,v), como o mınimo

dos comprimentos dos caminhos entre os vertices u e v. O maximo das distancias entre dois

vertices quaisquer de G e o diametro do grafo, e denotado por diam(G).

Figura 2.5: Grafo conexo e grafo desconexo

2.1.1 Grafos Especiais

Aqui definiremos alguns grafos que serao utilizados no decorrer do trabalho.

5

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• Grafo k-regular: e qualquer grafo onde todos os vertices possuem grau k. (figura

2.6)

• Grafo completo (Kn): e o grafo de n vertices no qual quaisquer dois vertices distintos

sao adjacentes (figura 2.6);

Figura 2.6: Grafo 3-regular e grafo K6

E importante ressaltar que existem diferentes grafos k-regulares nao isomorfos e com o

mesmo numero de vertices.

• Ciclo Cn: grafo de n vertices, onde todas suas arestas e vertices fazem parte de um

unico ciclo (figura 2.7).;

• Arvore: sao grafos conexos que nao possuem ciclos (figura 2.7).;

Figura 2.7: Grafo C7 e uma arvore.

• Grafo trivial: e composto por apenas um vertice, ou seja V (G) = {v} e E(G) = /0, tal

grafo e denotado simplesmente por {v} ou K1.

• Caminho (Pn) e um grafo de n vertices formado por apenas um caminho de vertices

(figura 2.8), se o caminho e formado pela sequencia de vertices v1,v2, . . . ,vk entao

v1 e vk sao as extremidades do caminho, e os demais sao vertices intermediarios (ou

internos);

• Estrela (Sn): e formado por um vertice central v e n vertices adjacentes a ele tambem

visto como o join entre o grafo trivial e um conjunto independente de n vertices (figura

2.8);

6

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Figura 2.8: Grafo P6 e grafo S6

Note que o grafo trivial, Kn e Cn sao tambem exemplos de grafos 0-regular, (n− 1)-regular e 2-regular, nesta ordem.

A arvore tem um grande valor na teoria de grafos, uma vez que possui o menor numero

de arestas de forma que seja conexo. Mais precisamente se uma arvore tem n vertices, entao

seu numero de arestas e n−1 e qualquer aresta adicionada fechara um ciclo e o grafo deixara

de ser uma arvore. Observe que os grafos Sn, Pn e trivial sao arvores.

2.2 Alguns resultados da teoria de matrizes

Nesta secao trataremos de resultados e definicoes que serao uteis no decorrer do presente

texto.

DEFINICAO 2.2.1. Seja M uma matriz real quadrada de ordem n, se existe um vetor v ∈Rn

nao nulo e um escalar λ tal que Mv = λ.v entao λ e dito um autovalor da matriz M e v um

autovetor de M associado ao autovalor λ.

Os autovalores de uma matriz M sao as raızes do polinomio p(λ) = det(M−λ.I), cha-

mado polinomio caracterıstico de M. A multiplicidade algebrica (ou simplesmente mul-

tiplicidade) de λ e a sua multiplicidade no polinomio caracterıstico. Ja a dimensao do

subespaco vetorial Vλ = {v ∈ Rn;M.v = λ.v} fornece a sua multiplicidade geometrica,

que por sua vez e menor ou igual a multiplicidade do autovalor. O espectro da matriz M e o

conjunto de seus autovalores e suas respectivas multiplicidades.

O resultado a seguir e conhecido como Quociente de Rayleigh que reescrevemos aqui

sua forma aplicada no caso de matriz real simetrica.

TEOREMA 2.2.1. [18] Seja M uma matriz real simetrica de ordem n cujos autovalores sao

λ1 ≥ λ2 ≥ . . .≥ λn. Entao:

• λ1 = sup{ut .M.uut .u ;u ∈Rn −{~0}}, sendo atingido quando M.u = λ1.u

• λn = in f{ut .M.uut .u ;u ∈Rn −{~0}}, atingido em M.v = λn.v

Dizemos que uma matriz real e nao negativa (respectivamente positiva) se todas suas

entradas sao nao negativas (respectivamente positivas). E definimos o traco de uma matriz

como a soma dos valores da sua diagonal principal Atraves do teorema acima podemos

concluir o seguinte resultado:

7

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OBSERVACAO 2.2.1. Seja M matriz real simetrica nao negativa e com maior autovalor λ,

entao λ ≥ 0 e existe um autovetor nao negativo associado a ele.

De fato, primeiramente observe que o traco de M e nao negativa, entao da teoria de Algebra

Linear temos que a soma dos autovalores e nao negativa, ou seja, λ(G)≥ 0.

Considere agora v =[

x1 x2 . . . xn

]t

autovetor de comprimento 1 associado a λ,

entao pelo teorema 2.2.1

λ =vt .M.v

||v||2 =n

∑i=1

n

∑j=1

ai jxix j ≤n

∑i=1

n

∑j=1

ai j|xi|.|x j|= v’t .M.v’ ≤ λ(G),

onde v’ =[

|x1| |x2| . . . |xn|]t

. Ou seja λ = v’t .M.v’ e v′ e um autovetor nao negativo

associado a λ.

Outro resultado importante na teoria de Algebra Linear e o conhecido Teorema de Perron-

Frobenius [18], reescrito abaixo.

TEOREMA 2.2.2. [18] Seja M uma matriz real quadrada de ordem n irredutıvel com entra-

das nao negativas e autovalores de λ1 ≥ . . .≥ λn, entao:

• λ1 e positivo e tem multiplicidade 1;

• existe um autovetor positivo associado a λ1;

• |λi| ≤ λ1, para todo i ∈ {2,3, . . . ,n}.

Vale lembrar que uma matriz M e dita irredutıvel se nao existe uma matriz P, obtida

atraves de permutacoes na matriz I, tal que PMPt esteja na forma

(B C

Θ D

)

.

Uma estrategia para encontrar parte do espectro de uma matriz e o resultado abaixo.

LEMA 2.2.1. [1]

Seja M uma matriz quadrada de ordem n que possa ser escrita da forma

M =

M1,1 M1,2 . . . M1,k

M2,1 M2,2 . . . M2,k

......

...

Mk,1 Mk,2 . . . Mk,k

,

onde Mi, j, 1 ≤ i, j ≤ k, e uma matriz de ni × n j tal que suas linhas tem somas constantes

iguais a ci j. Se M′ = [ci j]k×k, entao seus os autovalores tambem sao autovalores de M.

8

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Demonstracao. Considere v =[

x1 x2 . . . xk

]t

autovetor de M′ associado a um autova-

lor λ, daı temos as igualdades:

c11 c12 . . . c1k

c21 c22 . . . c2k

......

...

ck1 ck2 . . . ckk

.

x1

x2

...

xk

=

x1.c11 + x2.c12 + . . .+ xk.c1k

x1.c21 + x2.c22 + . . .+ xk.c2k

...

x1.ck1 + x2.ck2 + . . .+ xk.ckk

=

λ.x1

λ.x2

...

λ.xk

.

Com isso podemos escrever

M1,1 M1,2 . . . M1,k

M2,1 M2,2 . . . M2,k

......

...

Mk,1 Mk,2 . . . Mk,k

.

x1.−→1 n1

x2.−→1 n2

...

xk.−→1 nk

=

(x1c11 + x2c12 + . . .+ xkc1k)−→1 n1

(x1c21 + x2c22 + . . .+ xkc2k)−→1 n2

...

(x1ck1 + x2ck2 + . . .+ xkckk)−→1 nk

= λ

x1.−→1 n1

x2.−→1 n2

...

xk.−→1 nk

Logo λ tambem e autovalor de M.

2.3 Teoria Espectral dos Grafos

Essa teoria consiste em estudar as propriedades estruturais de grafos atraves de suas representacoes

matriciais e seus respectivos espectros (conjunto de autovalores). Seu ponto de partida foi

em 1931 com o trabalho de Huckel em quımica quantica, mas seu grande desenvolvimento

teve inıcio somente em 1971 atraves da tese de doutorado de Cvetkovic. Nesta dissertacao

estudaremos algumas propriedades das matrizes de Adjacencia e Laplaciana.

2.3.1 Matriz de Adjacencia

A representacao matricial mais comum de um grafo e por meio da matriz de adjacencia,

formada por zeros e uns que indicam, naturalmente, se dois vertices sao adjacentes ou nao.

Mais especificamente, dado um grafo G com V (G) = {v1, . . . ,vn} definimos a sua matriz de

adjacencia A(G) como:

A(G) = [ai j] =

{1, se viv j ∈ E(G);0, caso contrario.

Podemos definir os autovalores do grafo G como os autovalores da matriz A(G), dados

pelas raızes do polinomio caracterıstico pG(x) = det(A(G)− xI). O espectro do grafo e o

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conjunto formado pelos seus autovalores e suas respectivas multiplicidades e e denotado por:

σ(G) =

(λ1 λ2 . . . λs

r1 r2 . . . rs

)

,

onde λi e autovalor de G com multiplicidade ri, i ∈ {1, . . . ,s}. Se todos os autovalores sao

numeros inteiros entao G e dito A-integral, ou simplesmente integral

EXEMPLO 2.3.1. A matriz de adjacencia do grafo H do exemplo 2.1.1:

A(H) =

0 1 0 0 0 1 0

1 0 1 1 1 1 0

0 1 0 0 0 0 0

0 1 0 0 0 0 0

0 1 0 0 0 1 0

1 1 0 0 1 0 1

0 0 0 0 0 1 0

E os autovalores de H sao, aproximadamente:

σ(H) =

2,90 0,806 0 −1,709 −2

1 1 3 1 1

O maior autovalor do grafo G e chamado de ındice, denotado simplesmente por λ(G).Algumas propriedades podemos obter direto da definicao da matriz.

OBSERVACAO 2.3.1. A matriz de adjacencia e real e simetrica, entao todos seus autovalores

sao reais e admite uma base de autovetores.

OBSERVACAO 2.3.2. Os autovalores sao numeros irracionais ou inteiros.

Pela observacao anterior ja sabemos que os autovalores nao sao complexos, resta provar

que nao podem ser numeros racionais nao inteiros. De fato, como todas as entradas da

matriz sao numeros inteiros trata-se de um polinomio caracterıstico da forma p(x) = xn +

an−1xn−1 . . .+a1x+a0 ∈Z[x], considere cd∈Q (fracao irredutıvel) raiz do polinomio, assim

(c

d)n +an−1(

c

d)n−1 . . .+a1

c

d+a0 = 0, donde

cn =−(an−1cn−1.d+an−2cn−2.d2+ . . .+a1.c.dn−1 +a0.d

n).

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Como d divide o segundo membro da igualdade entao d|cn, mas c e d sao primos entre si,

entao a unica opcao e d = 1, ou seja, a raiz cd∈ Z.

OBSERVACAO 2.3.3. O espectro de um grafo e bem definido.

Dado um grafo G, podemos corresponde-lo a matrizes de adjacencia distintas, uma vez que

a definicao depende da rotulacao atribuıda aos vertices. Seja A matriz de adjacencia do

grafo G e apos uma permutacao de vertices obtemos a matriz de adjacencia B do mesmo

grafo, tal matriz nada mais e que permutacoes de linhas e colunas da matriz A, isto e, existe

uma matriz de permutacao P tal que B = P.A.P−1, entao

pB(x) = |B− xI|= |P.A.P−1− xI|= |P.(A− xI).P−1|= |A− xI|= pA(x).

Logo as matrizes B e A tem o mesmo espectro. Em contrapartida e facil ver que dada uma

matriz de adjacencia esta e associada a um unico grafo.

OBSERVACAO 2.3.4. Cada linha (ou coluna) da matriz se refere a um unico vertice e a soma

dos elementos de cada linha (ou coluna) resulta no grau do vertice correspondente.

A fim de fixar a notacao, daqui em diante Jnxn denotara a matriz cujas entradas ai j valem

1, para qualquer 1 ≤ i, j ≤ n, ja a matriz nula sera simbolizada por Θnxn e a identidade por

Inxn. O vetor cujas entradas sao 1 sera denotado por~1n ∈Rn e o vetor nulo por~0n ∈Rn. Em

casos livres de ambiguidade a dimensao da matriz ou do vetor sera omitido.

Dentre diversos resultados que relacionam o espectro de um grafo com a sua estrutura,

trataremos aqui de alguns que serao uteis para a compreensao do trabalho.

PROPOSIC AO 2.3.1. [1] Se G1,G2, . . . ,Gr sao as componentes conexas de um grafo G entao

pG(x) = pG1(x).pG2

(x) . . . pGr(x) e o seu polinomio caracterıstico.

Demonstracao. Para o caso r = 2 tome A1 e A2 as matrizes de adjacencia de G1 e G2,

respectivamente, e podemos escrever:

A(G) =

A1 Θ

Θ A2

e, por resultado de Algebra Linear, temos que

pG(x) = det(A(G)− xI) = det(A1 − xI).det(A2− xI) = pG1(x).pG2

(x).

Indutivamente e facil ver que o resultado vale para r > 2.

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Segue daı que o espectro da uniao de grafos pode ser visto como a ”uniao dos espec-

tros”das componentes conexas, e portanto, se G tem componentes conexas G1,G2, . . . ,Gr o

seu ındice e λ(G) = max{λ(Gi);1 ≤ i ≤ r}.

A matriz de Adjacencia de um grafo conexo, satisfaz as hipoteses do Teorema de Perron-

Frobenius portanto o ındice de um grafo conexo satisfaz as tres condicoes do teorema de

2.2.2, daı e pelo quociente de Rayleigh 2.2.1 podemos concluir a proposicao abaixo.

PROPOSIC AO 2.3.2. [18] Se G e um grafo conexo e H um subgrafo proprio de G, entao

λ(H)< λ(G).

Demonstracao. Considere G um grafo conexo e H subgrafo proprio, sem perda de gene-

ralidade podemos obter H atraves da remocao de um numero finito de arestas de G, uma

vez que vertices isolados nao interferem no valor do ındice, pela proposicao 2.3.1. Entao

a matriz A(H) e obtida pela substituicao do valor 1 pelo 0 em algumas entradas de A(G).

Pela observacao 2.2.1 podemos tomar v autovetor nao negativo de A(H) associado ao ındice

λ(H).

Entao, pelo quociente de Rayleigh 2.2.1, temos

λ(H) =vt .A(H).v

||v||2 ≤ vt .A(G).v

||v||2 ≤ sup{xt .A(G).x

||x||2 ; x 6=~0}= λ(G).

Como G e conexo, entao pelo teorema 2.2.2 temos que o autovetor associado a λ(G) e

positivo, implicando que a primeira desigualdade e estrita.

O resultado acima afirma que dado um grafo G, se tomarmos um subgrafo proprio qual-

quer de G entao o ındice do grafo tera que diminuir. Mas no caso de subgrafo induzido de G

(ou seja, obtido da retirada de um numero finito de vertices de G) o teorema abaixo garante

todos os autovalores destes grafos se entrelacam. Este teorema e bem conhecido e segue

como consequencia do Teorema do Entrelacamento de Cauchy aplicado repetidas vezes.

TEOREMA 2.3.1. [11] Se H e subgrafo induzido de G, com |V (H)| = r e |V (G)| = n ≥ r,

entao A(H) e submatriz principal de A(G) de ordem r e os autovalores de H se intercalam

com os de G, ou seja:

λn−r+k(G)≤ λk(H)≤ λk(G),para cada 1 ≤ k ≤ r

O ındice do grafo k-regular e o proprio valor k, como escrito abaixo:

PROPOSIC AO 2.3.3. [1] Se G e um grafo k-regular, entao k e autovalor de G e G e conexo

se, e somente se, a multiplicidade de k e 1.

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2.3.2 Matriz Laplaciana

A matriz diagonal D de um grafo G e definida por D(G) = diag(d(v1), . . . ,d(vn)) e defini-

mos a matriz Laplaciana de G por L(G) = D(G)−A(G), ou de forma equivalente:

L(G) = [li j] =

−1, se viv j ∈ E(G);d(vi), se i = j

0, se viv j /∈ E(G).

Os autovalores laplacianos de G sao obtidos de L(G), denotados por µi e seu espectro lapla-

ciano denotado por σL. No caso de todos os autovalores laplacianos serem inteiros, dizemos

que o grafo e laplaciano integral ou simplesmente L-integral. O estudo da L-integralidade

e o foco do capıtulo 4 deste trabalho.

EXEMPLO 2.3.2. A matriz laplaciana do grafo H do exemplo 2.1.1 e seu espectro aproxi-

mado e:

L(H) =

2 −1 0 0 0 −1 0

−1 5 −1 −1 −1 −1 0

0 −1 1 0 0 0 0

0 −1 0 1 0 0 0

0 −1 0 0 2 −1 0

−1 −1 0 0 −1 4 −1

0 0 0 0 0 −1 1

σL(H) =

6,072 4,881 2 1,342 1 0,703 0

1 1 1 1 1 1 1

As observacoes 2.3.1, 2.3.2 e 2.3.3 tambem se aplicam a matriz Laplaciana, ja a observacao

2.3.4 deve ser adaptado, ja que a soma das linhas e colunas sempre resultam em zero, donde

ja podemos concluir que o vetor[

1 . . . 1]t

e autovetor de L(G) associado ao autovalor

0 de qualquer grafo G.

PROPOSIC AO 2.3.4. [1] Dado um grafo G com n vertices, a matriz Laplaciana do seu grafo

complementar e L(G) = nI−J−L(G).

Demonstracao. De fato, L(G)+L(G) = D(G)−A(G)+D(G)−A(G) =

= D(G)+D(G)− (A(G)+A(G)). Observe que se k e o grau de um vertice em G, no grafo

complementar seu grau e n− (k+1), entao

D(G)+D(G) = diag(d(v1)+n− (d(v1)+1), . . . ,d(vn)+n− (d(vn)+1)) = diag(n−1, . . . ,n−1).

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E e claro que A(G)+A(G) = J− I, pela propria definicao de grafo complementar.

Entao L(G)+L(G) = diag(n−1, . . . ,n−1)− (J− I) = diag(n, . . . ,n)−J= n.I−J.

Com uso desta ultima proposicao podemos obter todo o espectro laplaciano de G em

funcao de G, conforme enunciado abaixo.

PROPOSIC AO 2.3.5. [1] Seja G um grafo com n vertices e µ1,µ2, . . . ,µn−1,0 seus autovalo-

res laplacianos. Entao n−µn−1, . . . ,n−µ2,n−µ1,0 sao os autovalores de G.

Demonstracao. Como L e uma matriz simetrica entao admite uma base ortogonal de autove-

tores, o que nos permite tomar w1, . . . ,wn−1 autovetores associados a µ1, . . . ,µn−1, de forma

que wi seja ortogonal a~1, para cada 1 ≤ i≤ n−1, uma vez que~1 e autovetor (associado ao 0)

de L. Entao para cada i ∈ {1, . . . ,n−1} temos <~1,wi >= 0, e por outro lado <~1,wi >=<

wi,e1 >+ . . .+< wi,en >, donde segue que 0 =<~1,wi >=< wi,e1 >+ . . .+< wi,en >.

Pela observacao feita anteriormente temos L(G) = nI−J−L(G), entao

L(G)wi = nIwi−Jwi−L(G)wi = nwi−0−µiwi = (n−µi)wi, para cada 1≤ i ≤ n−1. Entao

wi e autovetor de L(G) associado ao autovalor n−µi.

Atraves desta proposicao podemos concluir que G e um grafo L-integral se, e somente

se, G e L-integral, uma vez que seus autovalores diferem por um inteiro. Vale ressaltar que

essa relacao nao vale no caso da matriz de Adjacencia.

2.3.3 Alguns espectros

Nesta secao vamos exibir o espectro de alguns grafos ja conhecidas na literatura, cujas provas

podem ser vistas em [12].

O grafo completo tambem tem seu espectro bem determinado, a saber

σ(Kn) =

(n−1 −1

1 n−1

)

De fato, primeiramente observe que o grafo Kn e (n−1)-regular e do resultado anterior

temos que n− 1 e autovalor. Os demais autovalores sao obtidos da seguinte forma: como

todos vertices sao adjacentes entre si, A(Kn) = J− I, entao observe que todo vetor u ∈ Rn

ortogonal a ~1n e autovetor de A(Kn), pois se escrevemos u =[

u1 . . . un

]tentao u1 +

. . .+ un = 0, donde podemos escrever ui = −(u1 + . . .+ ui−1 + ui+1 + . . .+ un) e concluir

que A(G).u = −u, entao -1 e autovalor associado ao vetor u, como existem n− 1 vetores

ortogonais a~1n, −1 tem multiplicidade n−1. Logo temos o espectro do grafo completo todo

determinado.

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Tambem temos o L-espectro do Kn bem determinado, basta observar que L(Kn) = nI−J

e seguir o mesmo raciocınio analogo ao feito acima, obtendo σL(Kn) =

(n−1 0

n−1 1

)

.

Os espectros do ciclo sao:

σ(Cn) =

(

2 2cos(2πn) . . . 2cos(

(n−2)πn

) −2

1 2 . . . 2 1

)

, para n ımpar

σ(Cn) =

(

2 2cos(2πn) . . . 2cos( (n−1)π

n) −2

1 2 . . . 2 1

)

, para n par

σL(Cn) = {2−2cos(2π j

n);0 ≤ k ≤ n−1}

O espectro grafo caminho Pn e obtido de forma recursiva:

σ(Pn) = {2cos(πk

n+1);1 ≤ k ≤ n}

σL(Pn) = {2−2cos(πk

n);0 ≤ k ≤ n−1}

O calculo dos autovalores (da matriz de adjacencia ou laplaciana) de forma direta, utili-

zando o polinomio caracterıstico do grafo, nao e um trabalho trivial pois ao nos depararmos

com um grafo com mais de 4 vertices estamos diante do problema de calcular raızes de

um polinomio caracterıstico de grau maior do que 4. Em casos particulares existem alguns

softwares que calculam o espectro do grafo, um deles e o NewGraph1(Dragan Stevanovic)

usado para calcular o espectro dos exemplos acima e de outros grafos particulares que vere-

mos no decorrer do texto. Em geral, o calculo dos autovalores do grafo e um trabalho arduo e

para tal recorremos a resultados da Teoria de Matrizes. Outras estrategias atraves de algumas

operacoes como complementar, join, uniao, produto, grafo-linha, produto forte, entre outros,

tambem sao usadas.

1Disponıvel em Spectral Graph Theory Home Page no link http://www,sgt.pep.ufrj.br/index.php

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Capıtulo 3

Grafo Aranha e seu espectro

O grafo aranha, estudado neste capıtulo, e parte importante para uma melhor compreensao

do capıtulo seguinte onde estudaremos os P4-esparsos. Tal classe foi introduzida por Jamison

e Olariu [21]. Veremos aqui o espectro e o L-espectro desta famılia.

DEFINICAO 3.0.1. Um grafo G(V,E) e uma aranha se V (G) pode ser particionado em

conjuntos S,K e R tais que:

• |S|= |K|> 2

• S = {s1, . . . ,sk} e um conjunto independente;

• K = {c1, . . . ,ck} uma clique;

• Todos os vertices de K sao adjacentes aos de R e nao ha arestas entre os vertices de R

e S.

• Entre S e K temos que si e adjacente a c j no caso, e somente um dos casos, abaixo:

(i) i = j, o grafo e denominado aranha magra; ou

(ii) i 6= j , chamado de aranha gorda.

Os conjuntos S,K e R sao chamados respectivamente de pernas, corpo e cabeca da aranha.

Em alguns casos chamaremos, por um abuso de linguagem, de cabeca da aranha o proprio

subgrafo induzido pelos vertices da cabeca. Se R = Ø entao a aranha e dita aranha magra

(ou gorda) sem cabeca.

Um grafo do tipo aranha magra sera denotado por Sm[G,k, j], onde suas pernas e seu

corpo possuem, cada, k vertices, a cabeca j vertices, e G e o subgrafo induzido pela cabeca

R. Analogamente Sg[G,k, j] representa a aranha gorda. No caso de R formar um conjunto

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independente, isto e, o subgrafo induzido pela cabeca nao tem arestas, denotaremos por

Sm[k, j] ou Sg[k, j] e no caso sem cabeca denotaremos simplesmente por Sm[k] ou Sg[k].Para facilitar a compreensao da definicao de Aranha Magra e Gorda observe o exemplo

abaixo.

EXEMPLO 3.0.3. Na figura 3.1 temos a esquerda a aranha magra Sm[G,4,4] cuja cabeca e

um grafo G (com quatro vertices) e a direita a aranha gorda Sg[G,4,4] com o mesmo grafo

induzido pela cabeca.

Figura 3.1: Grafos Sm[G,4,4] e Sg[G,4,4]

Veremos agora algumas propriedades estruturais desta famılia de grafos, algumas delas

podem ser encontradas em [21]. Primeiramente podemos concluir direto da definicao que

todo grafo aranha G(V,E) satisfaz um, e somente um, dos casos abaixo:

• d(c) = |V |− |S| e d(s) = 1, para todo c ∈ K e s ∈ S se G e aranha magra; ou

• d(c) = |V |−2 e d(s) = |K|−1, para todo c ∈ K e s ∈ S se G e aranha gorda.

OBSERVACAO 3.0.5. Todo grafo aranha e conexo, independente do grafo induzido pela

cabeca;

De fato, dados dois vertices u e v quaisquer temos 3 casos a considerar: se ambos perten-

cerem ao corpo entao sao adjacentes; se u pertence ao corpo e v nao, entao por definicao v

e adjacente a pelo menos um vertice do corpo que por sua vez e adjacente a u; e no ultimo

caso se ambos nao estiverem no corpo, cada um tem ao menos um vertice v1 adjacente a

v e u1 adjacente a u, com u1,v1 ∈ K, donde temos adjacencia entre estes. Logo, em todos

os casos existe um caminho entre u e v cujo comprimento e no maximo 3, e o diametro de

qualquer aranha e 3.

OBSERVACAO 3.0.6. Sm[G,k, j] = Sg[G,k, j] e Sg[G,k, j] = Sm[G,k, j].

De fato, considere a aranha magra com vertices particionados em S (pernas), K (corpo) e

R (cabeca), cuja cabeca induz o grafo G, entao observando as definicoes da aranha magra

temos que Sm[G,k, j] satisfaz as propriedades:

17

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• S = {s1, . . . ,sk} e uma clique em Sm[G,k, j];

• K = {c1, . . . ,ck} e um conjunto independente em Sm[G,k, j];

• Nao ha adjacencia entre K e R e ha todas adjacencias possıveis entre os vertices de R

e S em Sm[G,k, j];

• Entre S e K vale si ∼ c j ⇔ i 6= j em Sm[G,k, j];

• dois vertices em R sao adjacentes se nao havia adjacencia entre eles em Sm[G,k, j].

Ou seja, trata-se de uma nova aranha cujo corpo e o conjunto S, pernas K e cabeca R,

satisfazendo as condicoes da aranha gorda e as adjacencias entre os vertices da cabeca

e dada pelas nao-adjacencias de Sm[G,k, j], logo Sm[G,k, j] = Sg[G,k, j] (figura 3.2). O

segundo caso segue de forma completamente analoga.

Figura 3.2: Sm[G,4, j] e Sm[G,4, j]

OBSERVACAO 3.0.7. Toda aranha magra e subgrafo de uma aranha gorda, com mesmo

numero de vertices nas pernas, cabeca e corpo. Mais especificamente Sm[G,k, j]⊂ Sg[G,k, j],

para qualquer k ≥ 2 e j ≥ 0.

De fato, considere Sg[G,k, j] com vertices particionados em S,K,R e rotulados de acordo

com a notacao da definicao. Entao para cada i ∈ {1, . . . ,k} temos si adjacente aos vertices

de {c1,c2, . . . ,ck}\{ci} e em particular X = {s1c2,s2c3,s3c4, . . . ,sk−1ck,skc1}⊂E(Sg[G,k, j]).

Considere o subgrafo H de Sg[G,k, j] obtido pela retirada de todas as arestas entre S e K

que nao estao em A, ou seja, o grafo H tambem tem particao de vertices em S,K,R que

satisfaz todas as exigencias da definicao de um grafo aranha tal que si e adjacente a c j se,

e somente se, sic j ∈ X, (figura 3.3) entao atraves de uma nova rotulacao dos vertices de S

concluımos que H isomorfo a Sm[G,k, j].

18

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Figura 3.3: Sm[G,5, j]⊂ Sg[G,5, j]

Jamison e Olariu verificaram que os P4’s induzidos em uma aranha nao podem ”atravessar” o

corpo e a cabeca, conforme provado abaixo.

OBSERVACAO 3.0.8. Seja G uma aranha com vertices particionados em S,K,R conforme a

definicao. Todo P4 induzido em G tem vertices em K ∪S ou em R. Alem disso, se um P4 tem

vertices em K ∪S, entao os vertices intermediarios estao em K e os extremos em S.

Seja G({u,v,w,z}) um P4 cujos vertices pertencem a ambos os conjuntos K ∪R e S. Inici-

almente observe que se dois vertices estao em R entao algum outro deve estar em K, uma

vez que nao ha adjacencia entre S e R. Com isso estes tres vertices induzem um triangulo

impossibilitando de induzir um P4 junto a um quarto vertice; portanto no maximo um vertice

deve pertencer a R, digamos entao u. Com raciocınio analogo so podemos ter no maximo

um vertice em K, mas como nao podemos ter os outros tres em S, pois este nao tem ad-

jacencia alguma com R, podemos afirmar que v ∈ K. Entao os vertices w e z restantes

devem pertencer a S, que por sua vez e um conjunto independente de vertices e portanto im-

possibilita a inducao do P4, o que e contradicao. Logo os vertices u,v,w,z devem pertencer,

exclusivamente, a K ∪R ou S. Alem disso, no caso de pertencerem a K ∪R observe pela

definicao da aranha que os vertices intermediarios devem estar em K e os extremos em S,

como querıamos demonstrar.

3.1 Espectro do grafo Aranha

Nesta secao estudaremos as Aranhas sobre o ponto de vista espectral. Nao encontramos

na literatura nenhum estudo sobre o espectro dessa famılia nem com relacao a matriz de

19

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adjacencia nem em relacao a laplaciana. Nos obtemos o espectro completo para ambas as

matrizes, no caso em que a aranha nao tem arestas no subgrafo induzido pela cabeca, e

posteriormente conseguimos estudar a integralidade de toda a classe.

3.1.1 Espectro de adjacencia

Parte desta subsecao foi desenvolvida na nossa monografia [24].

PROPOSIC AO 3.1.1. Seja Sm[k, j] aranha magra cuja cabeca e formada por um conjunto

independente. Entao seu espectro esta bem determinado:

σ(Sm[k, j]) =

k−1±√

(k−1)2+4k j+4

2−1±

√5

2 0

1,1 k−1,k−1 j

, no caso de aranha com cabeca;

σ(Sm[k]) =

k−1±√

(k−1)2+4

2−1±

√5

2

1,1 k−1,k−1

, se a aranha e sem cabeca;

OBS: A notacao utilizada na exibicao do espectro acima simboliza que o autovalork−1+

√(k−1)2+4k j+4

2 tem multiplicidade 1, bem comok−1−

√(k−1)2+4k j+4

2 . Ao escrever ”k−1,k−1”tambem simbolizamos de forma reduzida que −1+

√5

2 e −1−√

52 tem cada um multi-

plicidade k − 1. Esta notacao sera utilizada daqui em diante, a fim de reduzir a escrita do

espectro.

Demonstracao. Seja Sm[k, j] um grafo do tipo aranha magra, cuja cabeca tem ao menos um

vertice ( j ≥ 1) e forma um conjunto independente. A fim de nao sobrecarregar a notacao es-

creveremos somente Sm quando nos referimos ao grafo Sm[k, j]. Podemos rotular os vertices

da aranha de forma que a matriz A(Sm) seja escrita em blocos que expressem as seguintes

adjacencias:

corpo x corpo corpo x perna corpo x cabeca

perna x corpo perna x perna perna x cabeca

cabeca x corpo cabeca x perna cabeca x cabeca

Assim sua matriz de adjacencia A(Sm) e:

20

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0 1 . . . 1 | 1 0 . . . 0 | 1 1 . . . 1

1 0 . . . 1 | 0 1 . . . 0 | 1 1 . . . 1...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 0 | 0 0 . . . 1 | 1 1 . . . 1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−1 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

0 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

0 0 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

Que pode ser reescrita em blocos:

A(Sm) =

(J− I)kxk Ikxk Jkx j

Ikxk Θkxk Θkx j

J jxk Θ jxk Θ jx j

Note que todas as matrizes blocos que compoem a matriz A(Sm) somam, em suas linhas,

o mesmo valor para cada matriz. Entao podemos considerar a matriz A′3x3 cujas entradas sao

tais somas, ou melhor:

A′ =

k−1 1 j

1 0 0

k 0 0

Entao pelo Lema 2.2.1, garantimos que os autovalores de A′ tambem sao autovalores de Sm,

que podem ser obtidos facilmente:

21

Page 33: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

p(x) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

k−1− x 1 j

1 −x 0

k 0 −x

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

= x(−x2 + x(k−1)+ k j+1) = 0 ⇔

⇔ x = 0 ou x =k−1±

(k−1)2+4k j+4

2(∗1)

Se a cabeca possuir ao menos dois vertices ( j ≥ 2) podemos tomar u ∈ R j ortogonal a

~1 j e considerar o vetor v =

~0k

~0k

u

∈ R2k+ j. E facil ver que [A(Sm)].v =~0 = 0.v, ou seja,

0 e autovalor da matriz A(Sm) correspondente ao autovetor v ∈ R2k+ j. Como existem j−1

vetores linearmente independentes do R j perpendiculares a ~1 j, entao 0 e autovalor de Sm

com multiplicidade pelo menos j−1 (∗2).

Se a cabeca possui um unico vertice, nao existe vetor ortogonal a~1 j ∈R j e nao podemos

executar o processo acima, o que implica que o autovalor 0 decorre somente de ∗1.

Provaremos agora que −1±√

52 sao autovalores do grafo Sm. Para isso, de forma analoga

ao feito acima, para cada vetor u ∈Rk ortogonal a~1 considere o vetor w =

u

−−1+√

52 u

~0 j

R2k+ j.

Vale observar que se escrevermos u =[

x1 x2 . . . xk

]t

entao ao efetuarmos o pro-

duto interno entre u e o vetor ~1 − ei =[

1 . . . 1 0 1 . . . 1

]t

(onde ei e o vetor

canonico do Rk) obtemos < u,~1− ei >= −xi, para cada i ∈ {1, . . . ,k}(∗3). Dito isso po-

demos efetuar a operacao:

[A(Sm)].w =

−u− −1+√

52 u

u

~0 j

=

−1−√

52 u

u

~0 j

= −1−

√5

2

u

−−1+√

52 u

~0 j

= −1−

√5

2 .w.

Onde na primeira igualdade usamos o fato ∗3 observado acima.

Logo concluımos que −1−√

52 e autovalor do grafo com multiplicidade ao menos k− 1,

pois este e o numero de autovetores linearmente independentes ortogonais a~0k.

Por procedimento semelhante podemos concluir que −1+√

52 e autovalor com multiplici-

22

Page 34: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

dade k−1, referente ao autovetor

u

−−1−√

52 u

~0 j

.

Logo obtivemos 2+ j−1+k−1+k−1 = 2k+ j−1 autovalores, pois ainda nao temos

garantia que o autovalor 0 encontrado em ∗1 ja esta sendo contado em ∗2. Mas de fato, a

soma dos 2k+ j−1 autovalores encontrados resulta em:

k−1+√

(k−1)2 +4k j+4

2+

k−1−√

(k−1)2 +4k j+4

2+( j−1)0+(k−1)(

−1−√

5

2+−1+

√5

2)= 0

Mas a soma de todos os autovalores deve resultar em 0, pois Tr(A(Sm)) = 0, entao o auto-

valor restante deve ser o zero, logo este tem multiplicidade j. O que completa o espectro do

grafo aranha magra Sm[k, j].

Suponha agora que a aranha magra nao possua cabeca, ou seja, j = 0. Com raciocınio

completamente analogo ao feito acima escrevemos novamente a matriz de Sm[k] na forma:

A(Sm[k]) =

(J− I)kxk Ikxk

Ikxk Θkxk

→ A′ =

k−1 1

1 0

Entaok−1±

√(k−1)2+4

2 e autovalor de Sm[k].

E considerando o vetor w =

u

−−1±√

52 u

∈ R2k para cada u ∈ Rk ortogonal a~1 pro-

vamos que −1∓√

52 sao autovalores de Sm[k],o que conclui a prova.

PROPOSIC AO 3.1.2. Seja Sg[k, j] aranha gorda cuja cabeca e formada por um conjunto

independente. Entao seu espectro esta bem determinado:

σ(Sg[k, j]) =

k−1±√

5(k−1)2+4k j

2−1±

√5

2 0

1,1 k−1,k−1 j

, se a aranha possui cabeca

23

Page 35: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

σ(Sg[k, j]) =

k−1±(k−1)√

52

−1±√

52

1,1 k−1,k−1

, se a aranha nao possui cabeca

Demonstracao. A prova desta proposicao e semelhante a anterior.

Seja Sg[k, j] um grafo do tipo aranha gorda, cuja cabeca e um conjunto independente com

ao menos um vertice. Novamente, escreveremos apenas Sg para denota-lo. A sua matriz de

adjacencia e dada abaixo:

0 1 . . . 1 | 0 1 . . . 1 | 1 1 . . . 1

1 0 . . . 1 | 1 0 . . . 1 | 1 1 . . . 1...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 0 | 1 1 . . . 0 | 1 1 . . . 1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−0 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

1 0 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

que pode ser reescrita em blocos como:

A(Sg) =

(J− I)kxk (J− I)kxk Jkx j

(J− I)kxk Θkxk Θkx j

J jxk Θ jxk Θ jx j

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Page 36: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

Ao substituir cada bloco pela soma de suas respectivas linhas, obtemos a matriz

A′ =

k−1 k−1 j

k−1 0 0

k 0 0

Cujos autovalores sao 0 ek−1±

√5(k−1)2+4k j

2 . (∗1)

Por outro lado, de forma completamente semelhante ao feito no caso da aranha magra

considere para cada u ∈R j tal que u ⊥~1 j, o vetor v =

~0k

~0k

u

∈R2k+ j.

E facil verificar que A(Sg).v = 0.v, donde segue que 0 e autovalor de Sg com multiplici-

dade ao menos j−1. (∗2)

Se a cabeca possui um unico vertice, nao existe vetor ortogonal a~1 j ∈R j e nao podemos

executar o processo acima, o que implica que o autovalor 0 decorre somente de ∗1.

Ainda de forma semelhante ao feito com a aranha magra, como k ≥ 2 por definicao, entao

podemos tomar u ∈Rk com u ⊥~1k, que implica nas igualdades abaixo.

A(Sg).

u√

5−12 .u

~0 j

=

−u−√

5−12 .u

−u

~0 j

=

−1−√

5

2.

u√

5−12 .u

~0 j

e

A(Sg).

u

−√

5−12 .u

~0 j

=

−1+√

5

2.

u

−√

5−12 .u

~0 j

,

garantindo que −1±√

52 sao autovalores do grafo aranha gorda com multiplicidade k−1 cada.

Obtemos 2k+ j−1 autovalores, restando garantir se o 0 obtido em ∗1 esta sendo contado

novamente em ∗2. Seguindo a mesma ideia do feito no caso da aranha magra, observe que a

soma dos autovalores obtidos ate entao (excluindo o zero de ∗1) resulta em 0, logo o ultimo

autovalor e o 0. Exibimos assim todo o espectro do grafo Sg no caso da cabeca sem arestas

possuir algum vertice.

Suponha agora que o grafo aranha gorda nao possua cabeca, entao a sua matriz pode ser

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Page 37: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

escrita em blocos:

A(Sg) =

(J− I)kxk (J− I)kxk

(J− I)kxk Θkxk

→ A′ =

k−1 k−1

k−1 0

Entao garantimos quek−1±(k−1)

√5

2 sao autovalores de Sg[k]. Os demais autovalores sao

obtidos de forma completamente analoga ao feito acima considerando j = 0 quando conve-

niente.

3.1.2 Espectro laplaciano

Obtemos agora o espectro laplaciano de qualquer aranha magra cuja cabeca induz um grafo

sem arestas.

PROPOSIC AO 3.1.3. Seja Sm[k, j], aranha magra cuja cabeca induz um subgrafo sem ares-

tas. Entao seu espectro laplaciano esta bem determinado:

σL(Sm[k, j]) =

k+ j+2±√

(k+ j)2+4

2 kk+ j+2±

√(k+ j)2+4−4k

2 0

k−1,k−1 j−1 1,1 1

, no caso de aranha com cabeca;

σL(Sm[k]) =

k+2±√

k2+42 0 2

k−1,k−1 1 1

, para aranha sem cabeca

Demonstracao. Seja Sm[G,k, j] um grafo do tipo aranha magra, cuja cabeca e um conjunto

independente, ou seja, G e um grafo sem arestas mas com ao menos um vertice ( j ≥ 1). A

fim de nao sobrecarregar a notacao, escreveremos simplesmente Sm quando nos estivermos

referindo ao grafo em questao.

Observe que o grau dos vertices do corpo e k+ j, da cabeca e k e das pernas e 1, entao a

matriz L(Sm) e:

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Page 38: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

k+ j −1 . . . −1 | −1 0 . . . 0 | −1 −1 . . . −1

−1 k+ j . . . −1 | 0 −1 . . . 0 | −1 −1 . . . −1...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

−1 −1 . . . k+ j | 0 0 . . . −1 | −1 −1 . . . −1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−−1 0 . . . 0 | 1 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

0 −1 . . . 0 | 0 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

0 0 . . . −1 | 0 0 . . . 1 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | k 0 . . . 0

−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | 0 k . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . k

Esta matriz pode ser reescrita como uma matriz em blocos:

L(Sm) =

[(k+ j+1)I−J]kxk −Ikxk −Jkx j

−Ikxk Ikxk Θkx j

−J jxk Θ jxk kI jx j

,

onde J e a matriz formada somente por 1’s, I e a identidade e Θ e a matriz nula.

Observe que todas as matrizes blocos que compoem a matriz L := L(Sm) somam, em suas

linhas, o mesmo valor para cada bloco. Assim consideremos a matriz L′3x3 cujas entradas

sao tais somas, ou melhor:

L′ =

j+1 −1 − j

−1 1 0

−k 0 k

.

Entao pelo Lema 2.2.1, garantimos que os autovalores de L tambem sao autovalores da matriz

L(Sm), que podem ser obtidos facilmente:

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Page 39: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

p(x) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

j+1 −1 − j

−1 1 0

−k 0 k

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

=−x(x2 − x(k+2+ j)+2k+ j) = 0 ⇔

⇔ x = 0 ou x =k+2+ j±

(k+ j)2 +4−4k

2(∗)

que sao os autovalores de L′ e, portanto, sao autovalores de L.

Se j ≥ 2 entao podemos tomar u ∈ R j ortogonal a~1 j e construir o vetor v =

~0k

~0k

u

R2k+ j. Observe que L.v = k.v, daı temos que k e autovalor da matriz L correspondente ao

autovetor v ∈R2k+ j. Como existem j−1 vetores linearmente independentes do R j perpen-

diculares a~1 j, entao k e autovalor de Sm com multiplicidade ao menos j−1. Se a cabeca so

tiver um vertice ( j = 1) o vetor u nao existe e consequentemente k nao e autovalor.

Provaremos agora quek+ j+2±

√(k+ j)2+4

2 sao autovalores do grafo. Pela definicao de

aranha, seu corpo deve possuir ao menos dois vertices (ou seja, k ≥ 2) entao podemos tomar

u ∈Rk perpendicular a~1 e considerar o vetor w =

u

k+ j+√

(k+ j)2+4

2 u

~0 j

em R2k+ j.

Para nao sobrecarregar a escrita faremos as substituicoes p = k+ j e q = (k+ j)2 +4.

L.w = L.

u

p+√

q

2 u

~0 j

=

(k+ j+1)u− p+√

q

2 u+~0k

−u+p+

√q

2 u+~0k

~0 j

=

=

p+2−√q

2 u

p−2+√

q

2 u

~0 j

=

p+2−√q

2

u

p+√

q

2 u

~0 j

=

p+2−√q

2.w

Portantop+2−√

q

2 e autovalor do grafo com multiplicidade k−1.

Com procedimento semelhante podemos concluir quep+2+

√q

2 e autovalor com multipli-

cidade k−1, referente ao autovetor w =

u

p−√q

2 u

~0 j

∈R2k+ j.

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Page 40: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

Como obtemos exatamente j+2k autovalores, que e a ordem do grafo Sm, esta provado

o desejado para o caso em que a aranha tem ao menos algum vertice na cabeca.

Se a aranha Sm tem nenhum vertice na cabeca entao a sua matriz laplaciana e dada por:

L(Sm[k]) =

[(k+1)I−J]kxk −Ikxk

−Ikxk Ikxk

. Escrevendo-a como soma dos blocos, obtemos a matriz

1 −1

−1 1

cujos autovalores

sao 0 e 2, que tambem sao autovalores de Sm[k].

Fazendo procedimento analogo ao feito anteriormente, considerando j = 0 quando con-

veniente, concluımos que para cada u⊥~1 j, os vetores

u

k+√

k2+42 u

∈R2k e

u

k−√

k2+42 u

R2k sao autovetores da matriz acima referente ao autovalores k+2−√

k2+42 e k+2+

√k2+4

2 , nesta

ordem.

Analogamente ao feito com a aranha magra podemos obter todo o espectro de um grafo

aranha gorda com cabeca independente:

PROPOSIC AO 3.1.4. Seja Sg[k, j], aranha gorda cuja cabeca e um subgrafo sem arestas,

entao seu espectro laplaciano e dado por:

σL(Sg[k, j]) =

3k+ j−2±√

(k+ j)2+4

2 k3k+ j−2±

√(k+ j)2+4−4k

2 0

k−1,k−1 j−1 1,1 1

, para aranha com cabeca; ou

σL(Sg[k]) =

3k−2±√

k2+42 0 2k−2

k−1,k−1 1 1

, para aranha sem cabeca

Demonstracao. Seja Sg[k, j] um grafo do tipo aranha gorda, cuja cabeca nao tem arestas e

possui ao menos um vertice ( j ≥ 1), denotaremos tal grafo por Sg Observe que o grau dos

vertices do corpo e 2(k−1)+ j, da cabeca e k e das pernas e k−1. Assim, usando a mesma

rotulacao do caso aranha magra, a matriz L := L(Sg) e:

29

Page 41: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

2k− 2+ j −1 . . . −1 | 0 −1 . . . −1 | −1 −1 . . . −1

−1 2k− 2+ j . . . −1 | −1 0 . . . −1 | −1 −1 . . . −1

......

. . .... |

......

. . .... |

......

. . ....

−1 −1 . . . 2k− 2+ j | −1 −1 . . . 0 | −1 −1 . . . −1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−0 −1 . . . −1 | k− 1 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

−1 0 . . . −1 | 0 k− 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0

......

. . .... |

......

. . .... |

......

. . ....

−1 −1 . . . 0 | 0 0 . . . k− 1 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | k 0 . . . 0

−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | 0 k . . . 0

......

. . .... |

......

. . .... |

......

. . ....

−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . k

Em forma de blocos:

L(Sg) =

[(2k−1+ j)I−J]kxk (I−J)kxk −Jkx j

(I−J)kxk (k−1)Ikxk Θkx j

−J jxk Θ jxk kI jx j

,

onde J e a matriz formada somente por 1’s, I e a identidade e Θ e a matriz nula.

Todos blocos que compoem a matriz L(Sg) somam, em suas linhas, o mesmo valor para

cada bloco, entao consideremos a matriz L′3x3 cujas entradas sao tais somas:

L′ =

k+ j−1 −(k−1) − j

−(k−1) k−1 0

−k 0 k

Entao 0 e3k+ j−2±

√(k+ j)2+4−4k

2 sao autovalores da L(Sg), conforme o lema 2.2.1.

Por outro lado, se a cabeca tem ao menos dois vertices ( j ≥ 2) para cada u ∈ R j orto-

gonal a ~1 j tome v =

~0k

~0k

u

∈ R2k+ j. Efetuando o produto L.v vemos que v e autovetor

30

Page 42: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

correspondente ao autovalor k, o que implica que k e autovalor de Sg com multiplicidade

j−1.

Note que o caso da cabeca ter um unico vertice o vetor u nao existe e consequentemente

k nao e autovalor.

E analogo ao feito na prova para a aranha magra pode-se verificar que3k+ j−2±

√(k+ j)2+4

2

e autovalor do grafo referente ao autovetor w =

−u

k+ j∓√

(k+ j)2+4

2 u

~0 j

∈ R2k+ j, para cada

u ∈Rk ortogonal a ~1k.

Obtendo exatamente j+ 2k autovalores, que e a ordem do grafo Sg finalizando a prova

do desejado.

Se a aranha e sem cabeca, entao a sua matriz laplaciana e:

L(Sg[k, j]) =

[(2k−1)I−J]kxk (I−J)kxk

(I−J)kxk (k−1)Ikxk

E podemos fazer todo o procedimento novamente, considerando j = 0 quando conveni-

ente e obtendo, por fim, o resultado desejado.

Considere G grafo sem arestas com j vertices, entao G e o grafo completo K j. Dito

isso, podemos concluir da observacao 3.0.6 que Sm[k, j] = Sg[K j,k, j] e Sg[k, j] = Sm[K j,k, j].Entao fazendo uso dos resultados obtidos acima e da proposicao 2.3.5 podemos concluir a

observacao abaixo.

OBSERVACAO 3.1.1.

σL(Sm[K j,k, j]) =

k+ j+2±√

(k+ j)2+4

2 k+ jk+ j+2±

√(k+ j)2+4−4k

2 0

k−1,k−1 j−1 1,1 1

σL(Sg[K j,k, j]) =

3k+ j−2±√

(k+ j)2+4

2 k+ j3k+ j−2±

√(k+ j)2+4−4k

2 0

k−1,k−1 j−1 1,1 1

31

Page 43: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

3.2 Integralidade em grafo aranha

Nesta secao propomos o estudo sobre a integralidade do grafo aranha, tanto em relacao a

matriz de adjacencia quanto a laplaciana.

3.2.1 Matriz de adjacencia

Observe que na prova da proposicao 3.1.1 e 3.1.2 os autovalores −1±√

52 independem da

cabeca da aranha magra. Conforme enunciamos e provamos abaixo.

PROPOSIC AO 3.2.1. Toda aranha e nao A-integral, independente do grafo G induzido pela

cabeca, caso exista.

Demonstracao. Primeiramente vamos provar que a aranha magra nunca e A-integral. Seja

Sm[G,k, j], cuja cabeca possui ao menos um vertice ( j ≥ 1) e induz o grafo G, entao sua

matriz de adjacencia e

0 1 . . . 1 | 1 0 . . . 0 | 1 1 . . . 1

1 0 . . . 1 | 0 1 . . . 0 | 1 1 . . . 1...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

1 1 . . . 0 | 0 0 . . . 1 | 1 1 . . . 1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−1 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

0 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

0 0 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 |1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 | A(G)...

.... . .

... | ......

. . .... |

1 1 . . . 1 | 0 0 . . . 0 |

32

Page 44: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

E na forma de blocos:

A(Sm[G,k, j]) =

(J− I)kxk Ikxk Jkx j

Ikxk Θkxk Θkx j

J jxk Θ jxk A(G) jx j

Pela definicao de grafo aranha temos k ≥ 2, entao podemos tomar u ∈Rk ortogonal a~1k.

Podemos reproduzir o calculo feito na demonstracao da proposicao 3.1.1, independendo da

matriz A(G) dada pela cabeca, pois tal bloco fara produto com o vetor nulo, como explicitado

abaixo.

[A(Sm[G,k, j])].

u

−−1+√

52 u

~0 j

=

−u− −1+√

52 u

u

A(G).~0 j

=

−1−√

52 u

u

~0 j

=

−1−√

5

2

u

−−1+√

52 u

~0 j

.

No caso da aranha magra sem cabeca ( j = 0) basta utilizar a proposicao 3.1.1 e observar

−1−√

52 e autovalor.

Logo em ambos os casos de aranha magra (com e sem cabeca) −1−√

52 e autovalor do

grafo com multiplicidade k−1 ≥ 1. Como −1−√

52 /∈Z entao Sm[G,k, j] nao e A-integral.

Seja agora Sg[G,k, j] aranha gorda com j ≥ 1, entao tomando novamente u ∈Rk ortogo-

nal a ~1k vemos que

A(Sg[G,k, j]).

u√

5−12 .u

~0 j

=

−u−√

5−12

.u

−u

~0 j

=

−1−√

5

2.

u√

5−12 .u

~0 j

Se a aranha gorda e sem cabeca, entao basta usar a proposicao 3.1.2 e observar que

−1−√

52 e autovalor. Logo a aranha gorda (com ou sem cabeca) nao e A-integral.

33

Page 45: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

3.2.2 Matriz Laplaciana

PROPOSIC AO 3.2.2. Nao existe aranha L-integral, independente do subgrafo induzido pela

cabeca.

Demonstracao. Seja Sm[G,k, j] grafo aranha magra cuja cabeca possui ao menos um vertice

( j ≥ 1) e induz o subgrafo G. Podemos escrever a matriz laplaciana de Sm[G,k, j]:

k+ j −1 . . . −1 | −1 0 . . . 0 | −1 −1 . . . −1

−1 k+ j . . . −1 | 0 −1 . . . 0 | −1 −1 . . . −1...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

−1 −1 . . . k+ j | 0 0 . . . −1 | −1 −1 . . . −1

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−−1 0 . . . 0 | 1 0 . . . 0 | 0 0 . . . 0

0 −1 . . . 0 | 0 1 . . . 0 | 0 0 . . . 0...

.... . .

... | ......

. . .... | ...

.... . .

...

0 0 . . . −1 | 0 0 . . . 1 | 0 0 . . . 0

−− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −− −−−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 |−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 | L(G)+ Ik

......

. . .... | ...

.... . .

... |−1 −1 . . . −1 | 0 0 . . . 0 |

,

onde L(G) e a matriz laplaciana do subgrafo induzido G. A matriz L(Sm[G,k, j]) pode ser

reescrita como uma matriz em blocos:

L(Sm[G,k, j]) =

[(k+ j+1)I−J]kxk −Ikxk −Jkx j

−Ikxk Ikxk Θkx j

−J jxk Θ jxk L(G)+ Ik

.

Pela definicao de grafo aranha temos k ≥ 2, entao podemos tomar u ∈ Rk ortogonal a~1

e considere o vetor w =

u

k+ j√

(k+ j)2+4

2 u

~0 j

∈R2k+ j.

Podemos reproduzir o calculo feito na demonstracao da proposicao 3.1.3, independendo

34

Page 46: Propriedades Espectrais dos Grafos P-esparsostila...de P4 e a generalização dessa classe são os grafos P4-esparsos, contendo propriamente os cografos. Uma questão naturalmente

da matriz L(G) dada pela cabeca, pois o bloco de L(Sm[G,k, j]), referente a cabeca da aranha,

fara produto com o vetor nulo. Fazendo a substituicao p = k+ j e q = (k+ j)2 +4 temos

L(Sm[G,k, j]).w = L(Sm[G,k, j]).

u

p+√

q

2 u

~0 j

=

(k+ j)u+u− p+√

q

2u

−u+p+

√q

2 u

L(G).~0 j

=

p+2−√q

2u

p−2+√

q

2 u

~0 j

=

=p+2−√

q

2

u

p+√

q

2 u

~0 j

=

p+2−√q

2.w

Portantop+2−√

q

2 e autovalor do grafo com multiplicidade ao menos k−1.

Contudo observe que nao existem inteiros a,b positivos tais que a2 = 4+ b2, ou seja,

(a− b)(a+ b) = 4, o que ocorre somente no caso em que a = 0 ou b = 0. Portanto q =

(k + j)2 + 4 nao e quadrado perfeito para nenhum k ≥ 2 e j ≥ 0, donde garantimos que

k+ j+2−√

(k+ j)2+4

2 nao e inteiro e Sm nao e L-integral.

Supondo que a aranha nao possua cabeca, temos pela proposicao 3.1.3 que k+2−√

k2+42

e autovalor de Sm e, com mesma raciocınio, nunca atinge um valor inteiro para nenhum k

positivo.

Seja Sg[G,k, j] uma aranha gorda, entao conforme ja vimos anteriormente o seu com-

plementar e Sm[G,k, j] que por sua vez nao e L-integral pelo provado acima. Entao pela

proposicao 2.3.5 concluımos que Sg[G,k, j] tambem nao e L-integral.

Observe que nesta secao nao precisamos supor nada em relacao a cabeca, entao o teorema

pode ser aplicado em qualquer aranha.

35

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Capıtulo 4

Propriedades Espectrais em

generalizacoes dos cografos

Nesta primeira secao introduziremos as famılias dos P4-esparsos e destacaremos algumas de

suas propriedades. Em 1998, Merris [26] provou que todo cografo e laplaciano integral, ou

seja, qualquer grafo que nao induza P4 tem todos os seus autovalores laplacianos numeros

inteiros. Vale ressaltar que a proibicao dos P4’s e so uma dentre as diversas equivalencias

provadas por Corneil et al. [7], que garantiram que um cografo pode ser caracterizado de ate

oito formas diferentes. A classe dos P4-esparsos contem propriamente os cografos e ainda

nao ha na literatura nenhum estudo espectral envolvendo os P4-esparsos, entao o resultado de

Merris nos motivou a estudar essa famılia sob esse ponto de vista e obtemos assim resultados

satisfatorios. Mais precisamente, neste capıtulo estendemos o resultado de Merris para o

caso dos P4-esparsos obtendo surpreendentemente o oposto: provamos que quando um grafo

e P4-esparso nao cografo entao ele nunca sera L-integral. Ou seja, se o grafo nao tiver P4

induzido entao seu L-espectro e todo formado por numeros inteiros, mas se tiver pelo menos

algum P4 induzido, porem ”poucos” provamos entao que nunca teremos todos os autovalores

laplacianos inteiros. Para alcancar tal resultado, primeiro estudamos o L-espectro da aranha

no capıtulo anterior.

4.1 P4-esparso

4.1.1 Definicoes e resultados

Os cografos foram identificados isoladamente por diferentes pesquisadores, e consequente-

mente diferentes nomenclaturas surgiram para esta famılia, como D∗-grafos, grafos restritos

por P4 ou decomponıvel. Em 1970, Lerchs [25] definiu os cografos de forma recursiva:

• O grafo trivial e cografo;

• A uniao de cografos e cografo;

• O complementar de um cografo tambem e cografo.

36

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Ou seja, em um cografo podemos separar suas componentes conexas e tomar o comple-

mentar em cada uma delas repetidas vezes, e apos um numero finito de operacoes teremos

um conjunto de vertices isolados, isto pode ser visto como a desconstrucao do grafo (por isso

o nome grafos decomponıveis).

Como exemplo de cografo podemos citar a estrela Sn, o completo Kn e os grafos da figura

abaixo.

Figura 4.1: Cografos

Mas qual a relacao disso com os P4 induzidos? A resposta e dada por Corneil et al [7] que

dentre uma lista de caracterizacoes equivalentes, garantiu que um grafo e um cografo se, e

somente se, este e livre de P4. Essa equivalencia despertou grande interesse de pesquisadores,

o que nos permite encontrar publicacoes envolvendo cografos em diversas situacoes, dentre

elas problemas de coloracao e variacoes, particao de vertices, caminhos hamiltonianos1,

isomorfismos, algoritmos executados em tempo polinomial, numero clique2, digrafos 3.

Motivado pelas varias aplicacoes, Hoang, em sua tese de doutorado [15], introduziu uma

generalizacao dos cografos, os P4-esparsos que sao aqueles com poucos P4’s e mostrou que

estes grafos sao perfeitos 4. Mais precisamente:

DEFINICAO 4.1.1. Um grafo G e P4-esparso se qualquer subconjunto de cinco vertices

induz no maximo um subgrafo P4 em G.

1um caminho de vertices e dito hamiltoniano quando percorre todos os vertices do grafo passando somente

uma vez em cada um2e o maior numero de vertices que pode induzir uma clique3sao grafos cujas arestas tem orientacao, isto e, a aresta uv e distinta da aresta vu, se u 6= v4um grafo G e dito perfeito se todo subgrafo induzido H de G, tem numero cromatico igual ao numero

clique

37

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Esta famılia tambem e alvo de pesquisa ate os dias de hoje, abrangendo outras areas e

motivando novas generalizacoes que veremos no decorrer do trabalho. Tambem podemos

encontrar aplicacoes dos P4-esparsos em problemas de coloracoes (e variacoes) e particoes

do conjunto de vertices.

EXEMPLO 4.1.1. Na figura 4.2 podemos ver exemplo de dois grafos P4-esparsos. Ja na

figura 4.3 encontramos grafos que nao sao P4-esparsos.

Figura 4.2: P4-esparsos

Figura 4.3: Grafos nao P4-esparsos

38

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De fato, no grafo da esquerda note que o subconjunto {v1,v2,v3,v4,v5} induz dois P′4s, a

saber {v1,v3,v4,v5} e {v2,v3,v4,v5}. No grafo da direita tome o subconjunto {u1,u2,u3,u4,u5}e note que os subconjuntos {u1,u2,u4,u5} e {u1,u2,u3,u5} induzem P4.

E facil ver que todo cografo e um P4-esparso. Outra observacao imediata e que se um

P4-esparso e desconexo entao suas componentes conexas tambem o sao e a uniao de grafos

desta famılia fornece um grafo dentro da famılia. Ha ainda outros fatos que obtemos como

consequencia da definicao, muitos podem ser vistos em [21].

OBSERVACAO 4.1.1. A famılia dos P4-esparsos e fechada com relacao a operacao comple-

mentar.

De fato, considere G nao P4-esparso, ou seja, existe um conjunto {a,b,c,d,e} ⊂ V (G) tal

que A = {a,b,c,d} e B = {a,b,c,e} induzem P4. Mas observe que o complementar de um P4

e isomorfo a um P4, dito isso podemos afirmar que os conjuntos A e B continuam induzindo

P4 em G e portanto este nao e P4-esparso.

OBSERVACAO 4.1.2. Se G1 e G2 sao P4-esparsos entao G1 ∨G2 e P4-esparso.

Para verificar tal fato, basta supor que G1 ∨G2 nao e P4-esparso, entao G1 ∨G2 = G1 ∪G2

nao e P4-esparso e pela ultima propriedade devemos ter que G1 ou G2 nao e P4-esparso.

Novamente, tomando o complementar, temos que G1 ou G2 nao e P4-esparso, o que prova o

fato acima.

Daqui em diante, fixaremos o conjunto F = {F0,F1,F2,F3,F4,F5,F6} cujos elementos

estao ilustrados na figura 4.4, diremos que G∈F se G e isomorfo a algum grafo do conjunto.

39

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Figura 4.4: Conjunto F

Fazendo uso deste conjunto, Jamison e Olariu em [21] caracterizam os P4-esparsos atraves

de subgrafos induzidos proibidos.

PROPOSIC AO 4.1.1. [21]. Um grafo G e P4-esparso se, e somente se, G nao induz um

subgrafo do conjunto F .

Pelo fato 3.0.8 pode-se concluir que uma aranha e um grafo P4-esparso se, e somente se,

o subgrafo induzido por sua cabeca e um P4-esparso, dito isso podemos ver que os grafos

do exemplo 3.0.3 fazem parte desta classe. Jamison e Olariu [21] estabelecem uma nova

caracterizacao dos P4-esparsos atraves dos grafos aranha.

TEOREMA 4.1.1. [21] Seja G um grafo nao trivial, entao G e um P4-esparso se, e somente

se qualquer subgrafo induzido H de G com ao menos dois vertices satisfaz exatamente uma

das condicoes abaixo:

(i) H e desconexo;

(ii) H e desconexo;

(iii) H e uma aranha cuja cabeca, caso exista, induz um grafo P4-esparso.

Vale ressaltar que o subgrafo induzido H pode ser tomado como o proprio grafo G, entao

em particular se G e P4-esparso deve satisfazer exatamente uma das condicoes acima. Esta

nova caracterizacao sera de grande importancia para o nosso resultado da secao posterior.

40

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4.1.2 L-integralidade dos P4-esparsos

Antes de estudar a L-integralidade dos P4-esparsos listamos abaixo algumas observacoes:

• Da proposicao 2.3.1 garantimos que se G e um grafo nao L-integral entao G ∪ H

tambem e nao L-integral, para qualquer grafo H;

• O complementar do grafo caminho P4 e isomorfo a P4;

• O grafo caminho P4 e um grafo aranha Sm[2,2].

Como visto em secoes anteriores Jamison e Olariu provaram em [21] o teorema 4.1.1,

que mostra a estreita relacao entre os P4-esparsos e as aranhas. Fazendo uso deste teorema e

do nosso resultado sobre a nao L-integralidade das aranhas, nos obtemos o teorema abaixo

que estende o estudo de grafos L-integrais para a classe dos P4-esparsos.

TEOREMA 4.1.2. Todo grafo P4-esparso nao cografo e nao L-integral.

Demonstracao. Seja G um grafo P4-esparso nao cografo, entao pelo teorema 4.1.1 temos

tres casos a considerar:

CASO 1) G e uma aranha: segue pelo teorema 3.2.2 que G nao e um grafo L-integral e esta

provado o desejado.

CASO 2) G e um grafo desconexo: Como G nao e cografo entao possui componente conexa

H que induz um caminho P4, neste caso, P4 ⊂ H ⊂ G. Mas observe que H e P4-esparso

conexo, entao pelo teorema 4.1.1 devemos ter H desconexo ou H aranha. Se o ultimo ocorre

entao H nao e L-integral e G tambem nao, o que finaliza a prova. Caso contrario temos H

desconexo, mas P4 ≈ P4 e subgrafo induzido de H, entao existe uma componente conexa H1

de H que induz um P4 e e P4-esparso, pelo fato 4.1.1.

Novamente pelo teorema 4.1.1 temos dois casos a considerar: H1 e aranha ou H1 e des-

conexo. No primeiro temos H1 nao L-integral donde H tambem nao e, segundo a proposicao

2.3.5, garantimos que G tambem nao e, finalizando a prova; em contrapartida, se temos

H1 desconexo entao existe componente conexa H2 de H1 que P4-esparso conexo e induz

P4. Entao pelo teorema 4.1.1 H2 e aranha ou H2 e desconexo e repetimos o procedimento

analogo.

Como G nao e um cografo, o processo de desconstrucao acima nao finalizara em um

conjunto de vertices isolados e sim em subgrafo aranha, que por sua vez nao e L-integral,

propriedade que sera transmitida para o grafo original G atraves da reconstrucao de G por

complementacao e reuniao das componentes. O que finaliza a prova neste caso (2).

CASO 3) G e desconexo: Pelo fato 4.1.1 temos que G tambem e P4-esparso e, alem disso,

41

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deve induzir P4. Portanto G satisfaz o caso anterior, concluindo que G nao e L-integral e G

tambem nao.

Agora vamos visualizar alguns exemplos de grafos P4-esparsos nao cografos e sofrendo o

processo realizado na demonstracao acima. Dado o grafo G com tais caracterısticas, analisa-

mos se e uma aranha, ou e desconexo ou seu complementar e desconexo. No caso desconexo

analisamos se a sua componente conexa que induz o caminho P4 e uma aranha ou possui

complementar desconexo. Se o segundo ocorrer, entao pegamos a componente conexa do

seu complementar que induz um P4 e novamente analisamos se trata-se de uma aranha ou

complementar desconexo. Repetimos o processo ate encontrar uma componente aranha.

Figura 4.5: Processo aplicado na demonstracao

42

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Figura 4.6: Processo aplicado na demonstracao

Conseguimos ampliar o conhecimento acerca da L-integralidade de grafos para uma

classe maior. Como dito anteriormente os cografos sao todos L-integrais [26] ja os grafos

P4-esparsos nao cografos (com poucos P4’s) conseguimos garantir que nunca sao L-integrais.

Figura 4.7: Diagrama

Grafos (q, t)

E aqueles grafos que possuem ”muitos” P4’s, ou melhor, em grafo onde existem cinco vertices

que podem induzir mais de um subgrafo P4? O que podemos afirmar sobre a L-integralidade

do seu espectro? Observando alguns exemplos, vemos que nao se pode concluir, ou melhor,

existem casos de grafos L-integrais e outros nao.

EXEMPLO 4.1.2. Nos grafos C6 (ciclo) e G (figura 4.8) existe, em cada, um subconjunto de

5 vertices que induz dois subgrafos P4, porem o ciclo e L-integral, ja o segundo grafo nao.

43

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Figura 4.8: Exemplos de grafos nao P4-esparsos, onde um e L-integral e outro nao

σL(C6) =

4 3 1 0

1 2 2 1

σL(G) =

1 −1 −1±

√2 1±

√2

1 1 1,1 1,1

Ha outras famılias caracterizadas por P4 como subgrafo induzido. Na secao anterior

vimos os P4-esparsos e os cografos, mas Babel e Olariu propoem os grafos (q, t), em [3],

como aqueles que a cada q vertices induzem no maximo t P4’s. Uma subclasse e a formada

pelos (q,q−4) que contem como caso particular os P4-esparsos que sao (5,1) e os cografos

que sao (4,0).Um grafo G(V,E) e dito p-conexo se para toda particao de V em dois conjuntos A e

B, existe um P4 induzido com vertices em A e em B. Babel e Olariu provam que no caso

particular em que G e p-conexo vale:

• Se G e (5,1) entao G e uma aranha sem cabeca5;

• Se G e (6,2) entao |V |< 6;

• Se G e (7,3) entao |V |< 7 ou G e uma aranha sem cabeca;

• Se G e (q,q−4) para q ≥ 8, entao |V |< q.

Entao podemos concluir a seguinte observacao:

OBSERVACAO 4.1.3. Se G um grafo (7,3) p-conexo com ao menos 7 vertices, entao G nao

e L-integral.

5A definicao de aranha dada em [3] tem conjunto de vertices particionado somente em pernas e corpo, no

nosso caso estes grafos sao chamados de aranha sem cabeca

44

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4.2 P4-extensıveis

4.2.1 Definicoes e resultados

Nesta secao veremos mais duas classes de grafos, definidas a partir de P4’s como subgrafos

induzidos, a saber os grafos P4-redutıveis e P4-extensıveis. Em cada um desses casos estuda-

mos o L-espectro buscando decidir sobre a existencia de grafos L-integrais. Jamison e Olariu

introduziram o grafo P4-redutıvel como aquele que todo vertice pertence a no maximo um

P4 induzido. Ou equivalentemente, nenhum vertice pertence a mais de um P4. Os dois grafos

abaixo sao exemplos de P4-redutıveis.

Figura 4.9: P4-redutıveis

E facil ver que todo cografo e um P4-redutıvel, uma vez que cada vertice nao pertence a

P4 algum. Tambem vale que todo P4-redutıvel e um P4-esparso.

De fato, tome G um grafo nao P4-esparso, ou seja, existem cinco vertices {a,b,c,d,e}tais que {a,b,c,d} e {a,b,c,e} induzem P4. Em particular, o vertice a pertence a dois P4

distintos, portanto G nao e P4-redutıvel.

Mas existem P4-esparsos que nao sao P4-redutıveis, como pode ser visto no exemplo a

seguir.

EXEMPLO 4.2.1. A aranha sem cabeca Sm[3] (ilustrada abaixo) e P4-esparso, mas observe

que os conjuntos {s1,c1,c2,s2} e {s1,c1,c3,s3} induzem P4, entao o vertice s1 pertence a

dois P4 induzidos.

45

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Figura 4.10: Exemplo de P4-esparso nao P4-redutıvel

Atraves da observacao feita anteriormente, ja podemos concluir do teorema 4.1.2, que

todo P4-redutıvel nao cografo nao e L-integral.

Entao nos motivamos a estudar as propriedades espectrais da generalizacao do P4-redutıvel,

tambem introduzida por Jamison e Olariu em [23], o chamado P4-extensıvel. Antes de apre-

sentar sua definicao precisamos de alguns conceitos.

Seja G um grafo e W um subconjunto proprio de V (G), definimos o conjunto S(W)formado pelos vertices x tais que x /∈W e x pertence a algum P4 induzido por G que possui

vertices em W . Em outras palavras, diremos que x ∈ S(W ) se existe um conjunto de vertices

U 6= W induzindo P4 em G tal que x ∈ U e U ∩W 6= /0. Para uma melhor compreensao

observe o exemplo a seguir.

EXEMPLO 4.2.2. Considere o grafo G abaixo e W = {v1,v2,v3,v4,v5}. Como o unico P4

induzido por G e o v1v2v6v7, e facil ver que S(W) = {v6,v7}.

Figura 4.11: Exemplo de W ⊂V (G) e o conjunto S(W )

No caso de S(W) conter no maximo um vertice dizemos que W admite uma extensao

propria. Por exemplo, no gafo acima o conjunto H = {v1,v2,v3,v4,v5,v6} tem uma extensao

propria, pois S(H)= {v7}. No caso de W $V induzir um P4 em G, definimos D =W ∪S(W)como conjunto de extensao.

De imediato da definicao podemos escrever a seguinte observacao:

46

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OBSERVACAO 4.2.1. Seja W $ V (G) induzindo P4 e com conjunto extensao propria. Se

v ∈ S(W) entao v junto com outros tres vertices em W induz um P4.

DEFINICAO 4.2.1. Um grafo G e dito P4-extensıvel se qualquer conjunto W induzindo P4

em G tem uma extensao propria.

EXEMPLO 4.2.3. O grafo abaixo e exemplo de P4-extensıvel nao P4-esparsos, bem como os

grafos de F da figura 4.4.

Figura 4.12: P4-extensıvel

De fato, tome por exemplo W = {v1,v2,v3,v4} que induz P4, nao e possıvel formar outro

P4 usando o vertice v6 e alguns de W, mas e possıvel com o v5, por exemplo {v3,v4,v5,v1},

entao para este W tomado temos S(W ) = {v5}. Tomando qualquer outro conjunto W indu-

zindo P4 vemos que S(W ) tem no maximo um elemento (neste caso tera sempre um elemento),

garantindo assim que o grafo acima e P4-extensıvel.

Observe que se G e P4-redutıvel, tome W = {a,b,c,d} ⊂V (G) induzindo P4 e x ∈ S(W ),entao existe um P4 induzido por U ⊂V (G) tal que x ∈U e W ∩U 6= /0, ou seja, existe algum

vertice em W que pertence a dois P4’s, o que e contradicao, portanto S(W ) = /0. Logo todo

P4-redutıvel e P4-extensıvel.

OBSERVACAO 4.2.2. G e P4-redutıvel se, e somente se, G e P4-extensıvel e P4-esparso. (veja

figura 4.13)

Ja vimos no decorrer desta secao que se G e P4-redutıvel entao G e P4-esparso e P4-

extensıvel. Reciprocamente, se G e P4-esparso e P4-extensıvel entao dado um vertice v ∈V (G) se este nao pertence a nenhum P4 entao esta provado o desejado, caso contrario v

pertence a algum P4 induzido por W ⊂V (G), por hipotese temos que S(W) tem no maximo

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um elemento, mas como a cada cinco vertices so podemos ter um P4 induzido, devemos ter

S(W) = /0, entao pelo vertice v so passa o P4 induzido por W, isto e, G e P4-redutıvel.

Figura 4.13: Diagrama

Como exemplo de grafo P4-esparso nao P4-extensıvel considere a aranha Sm[3] (figura

4.10). Para verificar tal fato basta tomar o P4 induzido por W = {s1,c1,c2,s2} e observar que

{s1,c1,c3,s3} tambem induz P4, ou seja, c3,s3 ∈ S(W ), portanto Sm[3] nao e P4-extensıvel.

Jamison e Olariu apresentam, por meio de um teorema, uma nova caracterizacao para os

P4-extensıveis, mas antes veremos uma nova definicao.

Um conjunto de extensao D de um grafo G e dito separavel se nenhum vertice de D e

simultaneamente vertice extremo de algum P4 de G(D) e vertice intermediario do mesmo de

algum outro P4 de G(D). Em outra palavras, dado um P4 induzido em G(D) seus vertices

intermediarios (extremos) sao tambem intermediarios (extremos) para qualquer outro P4 in-

duzido.

EXEMPLO 4.2.4. Considere o grafo ciclo C5 (observe que C5 ≈ F0 ∈ F ) ilustrado abaixo,

V (C5) e um conjunto de extensao onde o vertice v2 e intermediario no P4 induzido por

{v1,v2,v3,v4}, mas e um vertice extremo no P4 induzido por {v2,v3,v4,v5}, logo V (C5) nao

e separavel.

Figura 4.14: Exemplo de conjunto de extensao nao separavel

48

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Considere agora o grafo F5 ∈ F (ilustrado abaixo). Note que para qualquer P4 induzido

temos v2,v3 vertices intermediarios e v1,v5,v4 vertices extremos. Entao V (F5) e um conjunto

de extensao separavel.

Figura 4.15: Exemplo de conjunto de extensao separavel

TEOREMA 4.2.1. [23] Um grafo G e P4-extensıvel se, e somente se, todo subgrafo induzido

H = (VH ,EH) de G satisfaz exatamente uma das condicoes abaixo.

(i) H e desconexo;

(ii) H e desconexo;

(iii) VH e um conjunto de extensao;

(iv) existe um unico conjunto de extensao separavel D ⊂ VH , onde todo vertice em VH \D e

adjacente aos vertices intermediarios e nao adjacente aos extremos de D.

Vale salientar que se G e P4-extensıvel, como G e subgrafo induzido de si mesmo, entao

deve satisfazer exatamente uma das condicoes do teorema.

Dado um grafo P4-extensıvel conexo com complementar conexo, este deve satisfazer a

condicao (iii) ou (iv) do teorema acima. Entao nosso objetivo agora e caracterizar o grafo G

cujos vertices formam um conjunto de extensao, ou seja, D =V (G).Salvo o caso de G(D,E) ser o grafo trivial, sabemos que D =W ∪S(W ), onde W induz

P4 em G. Assim temos dois casos a considerar:

CASO 1) Se |D| = 4 entao G e isomorfo ao P4 e seus vertices formam um conjunto de

extensao separavel.

CASO 2) Se |D| = 5 entao D = W ∪ S(W ), onde W induz P4 e S(W ) 6= /0, portanto G nao

e P4-esparso. Entao pela proposicao 4.1.1 G ∈ F , pois |D| = 5. Observe que dentre os

elementos de F os grafos F0, F1 e F2 nao formam um conjunto extensao separavel (figura

4.16). Portanto supondo que os vertices de G formam um conjunto de extensao separavel,

devemos ter G ∈ {F3,F4,F5,F6}.

49

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Figura 4.16: Classificacao dos grafos de F

Logo se G e um grafo nao trivial tal que V (G) e um conjunto de extensao entao G ∈{P4,F3,F4,F5,F6}. Entao podemos reescrever o teorema 4.2.1 de uma forma adaptada.

TEOREMA 4.2.2. [23] Se G P4-extensıvel com mais de um vertice, entao deve satisfazer

exatamente uma das condicoes abaixo.

(i) G e desconexo;

(ii) G e desconexo;

(iii) G ∈ F ∪{P4};

(iv) existe um conjunto D ⊂ V que induz um grafo do conjunto {P4,F3,F4,F5,F6}, e alem

disso todo vertice em V (G)\D e adjacente aos vertices intermediarios e nao adjacente aos

vertices extremos de D.

Do teorema acima, concluımos que se G e P4-extensıvel conexo cujo complementar

tambem e conexo, entao G ∈ F ∪{P4} (caso iii) ou G e da forma ilustrada na figura abaixo.

50

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Figura 4.17: P4-extensıvel que satisfaz (iv) do teorema 4.2.1

4.2.2 L-integralidade dos P4-extensıveis

Nesta secao nosso objetivo e estudar a L-integralidade dos P4-extensıveis, ou seja, queremos

uma nova extensao do resultado de Merris, que afirma que todo cografo e L-integral. Ja

obtivemos, em secoes anteriores, que nenhum P4-esparso, salvo os cografos, sao L-integrais.

Mas e os P4-extensıveis nao P4-esparsos?

Primeiramente vamos estudar a L-integralidade dos grafos que satisfazem o caso (iii) do

teorema 4.2.2 (figura 4.16).

LEMA 4.2.1. Os grafos de F ∪{P4} nao sao L-integrais.

Demonstracao. O grafo P4 e uma aranha sem cabeca Sm[2] que nao e L-integral pelo teorema

3.2.2.Observe que F0 = F0, F1 = F2, F3 = F6, F5 = F4. Entao pela proposicao 2.3.5 basta

provar que F0, F1, F3 e F5 nao sao L-integrais. Separemos a prova em quatro casos:

CASO 1) Para o grafo F0 exibimos de forma explıcita um autovalor laplaciano nao inteiro.

L(F0).

1

0

−1√

5+12

−√

5+12

=

2 −1 0 0 −1

−1 2 −1 0 0

0 −1 2 −1 0

0 0 −1 2 −1

−1 0 0 −1 2

1

0

−1√

5+12

−√

5+12

=

√5+5

2

1

0

−1√

5+12

−√

5+12

.

51

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CASO 2) Semelhante ao caso anterior, exibimos um autovalor laplaciano nao inteiro para

F1:

L(F1).

0

1

−√

5−12√

5−12

−1

=

2 −1 0 0 −1

−1 3 −1 0 −1

0 −1 2 −1 0

0 0 −1 2 −1

−1 −1 0 −1 3

0

1

−√

5−12√

5−12

−1

=

√5+7

2

0

1

−√

5−12√

5−12

−1

.

CASO 3) Neste caso exibiremos por meio de um sistema um autovalor laplaciano irracional

para o grafo F3.

Vamos determinar x,y,z ∈ R de forma que o vetor w =[

x y 1 1 z

]t

∈ R5 seja

autovetor de L(G), para tal precisamos determinar λ tal que

L(F3).w =

3 −1 −1 −1 0

−1 2 0 0 −1

−1 0 1 0 0

−1 0 0 1 0

0 −1 0 0 1

.

x

y

1

1

z

= λ.

x

y

1

1

z

Que pode ser reescrito como sistema:

λ.x = 3x− y−2

λ.y =−x+2y− z

λ =−x+1

λ =−x+1

λ.z = z− y

(1− x).x = 3x− y−2 (1)

(1− x).y =−x+2y− z (2)

λ = 1− x (3)

(1− x).z = z− y (4)

Observe que x 6= 0, pois caso contrario teremos valores contraditorios para y. Entao de

(4) podemos escrever z = yx

que ao substituir em (2) obtemos y(1− x− x2) = −x2. Como

x 6= 0, entao (1− x− x2) 6= 0 e podemos escrever:

y =x2

x2 + x−1(∗)

E por (1) temos a equacao y= x2+2x−2. Desta e (∗) obtemos x4+3x3−2x2−4x+2= 0

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Onde podemos observar que x = 1 e raiz, o que implica em y = z = 1 e λ = 0, ou seja, w =~15

e autovetor, o que ja era esperado pois trata-se de uma matriz laplaciana6. Entao fatorando o

polinomio podemos escreve-lo da forma (x−1).q(x), onde:

q(x) = x3 +4x2 +2x−2

Observe que q(0) = −2 < 0 e q(1) = 5 > 0, entao pelo Teorema do Valor Intermediario

garantimos que existe uma raiz real ε em (0,1), donde garantimos que ε nao e inteiro. Mas

pela equacao (3) temos λ = 1−x, entao pela observacao 2.3.2 (no caso Laplaciano) sabemos

que ε deve ser um numero irracional. Logo y = ε2

ε2+ε−1, z = ε2

ε(ε2+ε−1)e 1− ε e autovalor

laplaciano irracional de F3.

CASO 4) Neste ultimo caso procederemos de forma analoga ao anterior a fim de exibir um

autovalor laplaciano nao inteiro para F5. Novamente queremos determinar x,y,z,w,λ ∈R de

forma que

L(F5).w =

3 −1 −1 −1 0

−1 2 0 0 −1

−1 0 1 0 0

−1 0 0 1 0

0 −1 0 0 1

.

x

y

1

1

z

= λ.

x

y

1

1

z

Que pode ser escrito como sistema

λ.x = 3x− y−2

λ.y =−x+2y− z

λ =−x+2−1

λ =−x−1+2

λ.z = z− y

Que e equivalente ao sistema do caso anterior. Logo podemos concluir que existe um auto-

valor irracional de F5.

Logo os grafos de F ∪{P4} nao sao L-integrais.

Agora estudaremos o caso (iv) do teorema 4.2.2, o qual garante que o grafo P4-extensıvel

deve ter uma ”forma parecida com a da aranha” (figura 4.17), entao estudamos os grafos

dessa forma e concluımos o lema a seguir.

6Lembre-se que 0 e autovalor laplaciano associado ao autovetor~1 de qualquer grafo

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LEMA 4.2.2. Se G e um grafo que satisfaz a afirmacao (iv) do teorema 4.2.2, entao G e nao

L-integral.

Demonstracao. Seja G(V,E) grafo tal que existe um conjunto D ⊂ V que induz um grafo

do conjunto {P4,F3,F4,F5,F6}, e alem disso todo vertice em V \D e adjacente aos vertices

intermediarios e nao adjacente aos vertices extremos de D. Denotaremos por H o subgrafo

induzido por V \D em G e que |V (H)|= n ≥ 1. Temos cinco casos a considerar:

CASO 1) G(D) ≈ P4: neste caso G ≈ Sm[H,4,n], pois os vertices intermediarios de D for-

mam o corpo da aranha e os extremos, as pernas. Entao pelo teorema 3.2.2 podemos concluir

que G nao e L-integral.

CASO 2) G(D) ≈ F3: Podemos rotular os vertices do grafo (veja a figura 4.16) tal que a

matriz laplaciana de G seja da seguinte forma:

L(G)=

3+n −1 −1 −1 0 | −1 −1 . . . −1

−1 2+n 0 0 −1 | −1 −1 . . . −1

−1 0 1 0 0 | 0 0 . . . 0

−1 0 0 1 0 | 0 0 . . . 0

0 −1 0 0 1 | 0 0 . . . 0

−−− −−− −−− −−− −−− | −−− −−− −−−− −−−−−1 −1 0 0 0 |−1 −1 0 0 0 | L(H)+2I

......

......

... |−1 −1 0 0 0 |

Semelhante a prova do lema anterior, queremos determinar x,y,z,w∈R de forma que o vetor

w =[

x y 1 1 z w w . . . w

]t

∈Rn+5 seja autovetor de L(G). Ou seja, determinar

λ que satisfaca a igualdade

54

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3+n −1 −1 −1 0 −1 −1 . . . −1

−1 2+n 0 0 −1 −1 −1 . . . −1

−1 0 1 0 0 0 0 . . . 0

−1 0 0 1 0 0 0 . . . 0

0 −1 0 0 1 0 0 . . . 0

−1 −1 0 0 0

−1 −1 0 0 0 L(H)+2I

......

......

...

−1 −1 0 0 0

x

y

1

1

z

w

w

...

w

= λ.

x

y

1

1

z

w

w

...

w

.

Podemos reescrever o sistema na forma

λx = 3x+nx− y−2−wn

λy =−x+2y+ny− z−wn

λ = 1− x

λz = z− y

λw =−x− y+2w

x− x2 = 3x+nx− y−2−wn (1)

y− xy =−x+2y+ny− z−wn (2)

λ = 1− x (3)

y = xz (4)

w− xw =−x− y+2w (5)

(4.2.1)

Podemos garantir que x 6= 0, pois caso contrario terıamos y = x = 0 e λ = 1 o que gera

valores contraditorios para w. Entao substituindo z = yx

de (4), em (2)− (1) obtemos y(1−2x−nx− x2) =−3x2 −nx2 +2x− x3.

Se (1−2x−nx− x2) = 0 entao −3x2 −nx2 +2x− x3 = 0, daı como x 6= 0 devemos ter

−x2 − (3+ n)x+ 2 = 0 que tem raızes complexas nao reais, daı λ = 1− x e complexo nao

real, contradizendo a observacao 2.3.2 (caso Laplaciano). Entao vale a igualdade

y =−3x2 −nx2 +2x− x3

1−2x−nx− x2(∆).

Por outro lado, se x =−1 temos y = 1, z =−1 e λ = 2 o que gera valores contraditorios

para w. Entao temos x 6= −1, donde por (5) vale w = x+yx+1 , donde por (1) e (4) garantimos

que y(x+1+n) = x3 +3x2 +nx2 −2.

Se x+1+n = 0 temos x =−1−n e x3+3x2 +nx2−2 = 0, donde 2n(n+2) = 0 que por

55

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sua vez possui raızes 0 e −2, o que gera um absurdo, pois n ≥ 1. Portanto podemos escrever

y =x3 +3x2 +nx2 −2

x+1+n(δ).

De (∆) e (δ) obtemos a equacao

x5 +(2n+4)x4 +(n2 +3n+1)x3 +(−n2 −5n−6)x2 −2x+2 = 0

Observe que x = 1 e raiz, donde obtemos y = z = w = 1 e λ = 0, portanto w =~1n+5,

o que ja era esperado no caso da matriz laplaciana. Fatorando o polinomio escrevemos

(x−1)q(x) = 0, onde

q(x) = x4 +(2n+5)x3 +(n2 +5n+6)x2 −2

Como n ≥ 1 temos q(0) = −2 < 0 e q(1) = n2 + 7n+ 10 > 0, entao pelo Teorema do

Valor Intermediario, o polinomio q possui alguma raiz no intervalo (0,1), entao x /∈Z. Como

λ = 1− x entao pela observacao 2.3.2 (caso Laplaciano) sabemos que tal raiz deve ser um

numero irracional, digamos x = ε.

Entao pelo sistema resolvido acima temos a solucao:

x = ε y =ε3 +3ε2 +nε2 −2

ε+1+nz =

ε3 +3ε2 +nε2 −2

ε(ε+1+n)e w =

ε+ ε3+3ε2+nε2−2ε+1+n

ε+1

.

Logo λ = 1− ε e irracional e portanto o grafo G e nao L-integral.

CASO 3) G(D) ≈ F5: novamente podemos rotular os vertices do grafo tal que a matriz

laplaciana de G seja da seguinte forma

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L(G)=

3+n −1 −1 −1 0 | −1 −1 . . . −1

−1 2+n 0 0 −1 | −1 −1 . . . −1

−1 0 2 −1 0 | 0 0 . . . 0

−1 0 −1 2 0 | 0 0 . . . 0

0 −1 0 0 1 | 0 0 . . . 0

−−− −−− −−− −−− −−− | −−− −−− −−−− −−−−−1 −1 0 0 0 |−1 −1 0 0 0 | L(H)+2I

......

......

... |−1 −1 0 0 0 |

De forma analoga queremos determinar x,y,z,w,λ ∈R de forma que o vetor

w =[

x y 1 1 z w . . . w

]t

∈Rn+5 satisfaca L(G).w = λ.w. Mas observe que esta

igualdade resulta novamente no sistema 4.2.1. Logo G nao e L-integral.

CASO 4) G(D) ≈ F4: Como F4 = F5 temos que G e um grafo do caso anterior. Entao pela

proposicao 2.3.5 garantimos que G nao e L-integral.

CASO 5) G(D)≈ F6: de forma analoga ao caso anterior, observe que G e um grafo do caso

2, ja que F6 = F3 e portanto G nao e L-integral.

Ja concluımos que P4-extensıveis que satisfazem a afirmacao (iii) ou (iv) nao sao L-

integrais. Vamos agora verificar qual o comportamento dos P4-extensıveis sobre a operacao

de complementacao e uniao.

OBSERVACAO 4.2.3. Se G e P4-extensıvel entao G tambem o e.

Suponha o contrario, ou seja, existe um P4 em G induzido por W = {x,y,z,w} tal que S(W)

possui mais de um elemento, digamos a e b. Mas como P4 ≈ P4, cada P4 induzido pelos

vertices de W ∪S(W ) tambem e induzido por G = G. Portanto {a,b} ⊂ S(W ) em G, o que e

uma contradicao.

OBSERVACAO 4.2.4. G1 e G2 sao P4-extensıveis se, e somente se, G1 ∪G2 e P4-extensıvel.

Basta observar que cada P4 so pode ser induzido em cada componente conexa individual-

mente

Atraves do lema 4.2.2 e observacoes feitas acima podemos concluir nosso estudo sobre

a L-integralidade dos P4-extensıveis.

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TEOREMA 4.2.3. Se G e P4-extensıvel nao cografo, entao G nao e L-integral.

Demonstracao. A prova e completamente semelhante a do teorema 4.1.2, aplicaremos em

G o teorema 4.2.2 e fazendo uso das duas observacoes acima, procuramos uma componente

conexa com complementar conexa, que por sua vez satisfaz (iii) ou (iv) do teorema 4.2.2, e

portanto nao e L-integral pelo lemas 4.2.2 e 4.2.1.

Entao com o teorema acima conseguimos provar que se um grafo e P4-extensıvel e nao

cografo entao nunca sera L-integral, conforme podemos visualizar no diagrama abaixo.

Figura 4.18: Diagrama

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Capıtulo 5

b-coloracao

Um dos temas mais importantes da teoria de grafos e o problema de coloracao de vertices e

suas variacoes, a ideia consiste em atribuir cores aos vertices seguindo certas condicoes, ou

seja, o problema consiste em particionar o conjunto de vertices usando rotulacoes (cores).

Mais precisamente uma k-coloracao de um grafo G(V,E) nada mais e que uma funcao so-

brejetiva c : V (G)→{1, . . . ,k} e a classe da cor i e o conjunto Ci = {v ∈V (G);c(v) = i}, os

valores 1, . . . ,k sao chamados cores. A restricao mais natural a ser imposta e usar k cores de

forma que vertices adjacentes tenham cores distintas, esse caso e chamado de k-coloracao

propria, isso pode ser feito facilmente atribuindo uma cor para cada vertice, mas o problema

de fato e obter o numero cromatico do grafo, denotado por χ(G), que e o menor inteiro k

tal que G admite uma k-coloracao propria. Geralmente o termo k-coloracao e referido ao

conjunto das classes de cores, ao inves da propria funcao que o define. Utilizando o conceito

de conjuntos independentes, vale observar que encontrar o numero cromatico de um grafo

nada mais e que particionar o conjunto de vertices V (G) no menor numero de subconjuntos

independentes possıvel.

Neste trabalho focamos numa variacao do caso acima: a b-coloracao, introduzida por

Irving e Manlove [20] e tem origem no processo chamado metodo guloso de coloracao,

aplicado em grafos a fim de reduzir o numero de cores usadas numa coloracao propria.

Na busca de propriedades dos grafos P4-esparsos, encontramos varios artigos estudando

b-coloracao nesta classe. Como o numero cromatico e um invariante relacionado a parametros

espectrais, em especial ao ındice da matriz de adjacencia, resolvemos investigar se existe

relacao entre o numero b-cromatico e o ındice de um grafo. Veremos antes algumas definicoes

e exemplos.

Dado um grafo G colorido com k cores, dizemos que um vertice e dominante (ou b-

vertice) se e adjacente a pelo menos um vertice de cada uma das outras cores (diferente da

sua). Entao observe que se v nao e dominante, existe uma cor A 6= c(v) que nao ocorre em

sua vizinhanca e podemos trocar a cor de v para essa nova cor, obtendo uma nova coloracao.

Se existe uma cor X tal que todos os vertices desta cor nao sao dominantes entao podemos

aplicar esse processo e retirar a cor X , reduzindo o numero de cores e se aproximando do

numero cromatico do grafo 1. Repetindo o processo ate que o mesmo nao possa mais ser

aplicado, encontramos o que chamamos de b-coloracao que e o caso onde todas as cores

1E importante ressaltar que mesmo aplicando o processo descrito acima repetidas vezes, ainda assim nao

alcancaremos, necessariamente, o numero cromatico do grafo; pode ser necessaria a aplicacao de outros pro-

cessos

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tem algum vertice dominante com aquela cor.

DEFINICAO 5.0.2. Uma b-coloracao e uma k-coloracao quando ∀i ∈ {1, . . . ,k}, ∃u ∈ Ci

(b-vertice) tal que ∀ j ∈ {1, . . . ,k}\{i}, ∃v ∈ C j com uv ∈ E(G). O numero b-cromatico,

denotado por χb(G), e o maior k (numero de cores) onde o grafo admite uma b-coloracao

com k cores.

Uma das motivacoes para o estudo das b-coloracoes sao suas aplicacoes em problemas

na area de computacao.

EXEMPLO 5.0.5. Na figura 5.1 temos o grafo G a esquerda com uma 3-coloracao e a direita

G b-colorido com 4 cores (b-vertices em destaque). Como nao e possıvel diminuir o 3 na

coloracao propria e nem aumentar o 4 na b-coloracao, entao χ(G) = 3 e χb(G) = 4.

Figura 5.1: Exemplo de uma coloracao propria e uma b-coloracao

Irving e Manlove introduzem o conceito de m-grau de um grafo G, denotado por m(G)como o maior inteiro m tal que o grafo possua m vertices de grau maior ou igual a m− 1.

Formalmente ordenamos os vertices do grafo em v1, . . . ,vn de forma que d(v1)≥ . . .≥ d(vn),assim definimos m(G) = max{i;d(vi)≥ i−11 ≤ i ≤ n}. O grafo do exemplo acima tem m-

grau 4, pois nao ha 5 vertices com grau maior ou igual a 4.

E facil ver que, para qualquer grafo G, temos

χ(G)≤ χb(G)≤ m(G). (5.0.1)

De fato se temos que χb(G) = b e o numeros de cores usadas para b-colorir o grafo G,

entao existem pelo menos b vertices dominantes, ou seja, estes vertices devem ter grau pelo

menos b− 1, entao pela definicao do m-grau temos a segunda desigualdade. A primeira

desigualdade decorre do fato de que uma b-coloracao tambem e uma coloracao propria e o

numero cromatico e o menor numero de cores possıvel.

Observe que toda coloracao propria com χ(G) e uma b-coloracao pois caso contrario

terıamos uma classe de cor sem vertice dominante, entao, como vimos anteriormente, pode-

mos reduzir o numero de cores, o que contradiz a definicao do numero cromatico χ. Portanto

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podemos afirmar que um grafo admite uma b-coloracao com no maximo χb(G) e no mınimo

χ(G) cores, mas e os valores intermediarios? Uma propriedade da b-coloracao e sua des-

continuidade, ou seja, nem todo grafo admite b-coloracao com k cores, para qualquer valor

χ(G)≤ k ≤ χb(G). No caso afirmativo dizemos que o grafo e b-contınuo.

EXEMPLO 5.0.6. O grafo G abaixo satisfaz χ(G) = 2 (colorido a esquerda) e χb(G) = 4

(b-colorido a direita), porem nao admite uma b-coloracao com 3 cores.

Figura 5.2: Grafo nao b-contınuo

Outro conceito que envolve a b-coloracao e a monotonicidade do grafo, ou seja, dado um

grafo G, dizemos que este e b-monotonico se qualquer subgrafo H induzido de G satisfaz

χb(H)≤ χb(G). E classificamos um grafo G como b-perfeito se qualquer subgrafo induzido

H de G satisfaz χ(H) = χb(H) (inclusive o proprio G).

EXEMPLO 5.0.7. O grafo M abaixo tem χb(M) = 3.

Figura 5.3: Grafo M nao b-monotonico

Note que M nao e b-monotonico, pois ao retirarmos o vertice v, obtemos um subgrafo

induzido de M com numero b-cromatico χb(M− v) = 4 > χb(M)

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Figura 5.4: Grafo M− v

O grafo M tambem nao e b-perfeito, pois ainda que χb(M) = χ(M) = 3, temos

χb(M− v) 6= χ(M− v) = 3.

Assim como o problema de k-coloracao, a b-coloracao tambem apresenta uma grande

dificuldade quando se trata de um grafo qualquer, com isso as pesquisas sao feitas restritas

a algumas classes especıficas de grafos: arvores, bipartidos, P4-esparsos, cografos. Devido

as suas propriedades, os grafos P4-esparsos sao alvos de pesquisas na area de b-coloracao.

Nesta famılia podemos encontrar propriedades interessantes em b-coloracao:

TEOREMA 5.0.4. [5] Todo grafo P4-esparso e b-contınuo e b-monotonico.

Encontrar cotas para o numero cromatico envolvendo outros parametros desperta inte-

resse ha mais de 40 anos, como em [10] e [13]. Em [17], Hoffman estabeleceu a seguinte

desigualdade valida para qualquer grafo G:

χ(G)≥ 1+λ(G)

λn(G)

Em seguida Cvetkovic [8] obteve:

χ(G)≥ n

n−λ(G), onde n = |V (G)|

Em [28], Wilf estabeleceu outra desigualdade, enunciada abaixo no teorema 5.0.6, a qual

utilizaremos no desenvolvimento do trabalho. Antes enunciaremos um teorema que fornece

cotas para o ındice de um grafo em funcao dos graus.

TEOREMA 5.0.5. [9] Para todo grafo G vale δ(G) ≤ d(G) ≤ λ(G) ≤ ∆(G). Alem disso a

ocorrencia de uma igualdade implica nas demais e ocorre se, e somente se, G e regular.

TEOREMA 5.0.6. [28] Todo grafo com ındice λ e numero cromatico χ satisfaz χ ≤ λ+1.

Demonstracao. Seja G um grafo com numero cromatico k. Podemos remover um vertice

v∈V (G) e todas as arestas incidentes neste, obtendo o grafo G−v. Claramente esta operacao

satisfaz χ(G− v) ≤ χ(G) = k. Repetimos o processo em G um numero finito de vezes sem

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diminuir o numero cromatico, ou seja, ate obter o grafo G′ tal que χ(G) = χ(G′) = k e a

remocao de qualquer outro vertice de G′ acarreta no decrescimento do seu numero cromatico,

este grafo chamamos de grafo crıtico de G.

Observe que G′ e subgrafo induzido de G, uma vez que a remocao de cada vertice im-

plica na remocao das arestas incidentes, entao pelo teorema 2.3.1 temos que λ(G′) ≤ λ(G).

Afirmamos que δ(G′)≥ k−1.

Entao pela proposicao 5.0.5 temos λ(G′) ≥ δ(G′), donde λ(G)≥ k−1 e demonstramos

o desejado.

A afirmacao acima e valida pois, caso contrario existe u ∈ V (G′) com grau menor que

k−1. Como G′−u e colorıvel com k−1 cores, podemos particionar V (G′−u) nas classes

de cores C1, . . . ,Ck−1, mas d(u)< k−1 em G′ entao temos que u nao e adjacente a nenhum

vertice de classe C j, para algum j ∈ {1, . . . ,k−1}. Entao atribuımos a cor j ao vertice u e,

consequentemente, G′ e colorıvel com k− 1 cores. O que gera uma contradicao, pois G′ e

crıtico.

Tambem ha pesquisas bem recentes estabelecendo cotas para o numero b-cromatico de

um grafo como em [2] e [27]. Mas ainda nao ha estudos envolvendo cotas do numero b-

cromatico e os autovalores de um grafo, este e exatamente o ponto que pretendemos traba-

lhar. No decorrer deste capıtulo nos restringimos a algumas famılias e escrevemos desigual-

dades envolvendo o ındice do grafo, bem como conjecturamos algumas desigualdades.

5.1 Alguns resultados espectrais

Nesta secao nosso interesse e obter uma relacao entre o numero b-cromatico e o ındice de

um grafo P4-esparso. Uma desigualdade imediata e obtida no caso em que G e um grafo

b-perfeito, pois neste caso temos χb(G)≤ λ(G)+1, do teorema 5.0.6. Entao nosso interesse

e obter esta desigualdade para os grafos P4-esparsos nao b-perfeitos.

Hoang e Kouider fornecem uma boa caracterizacao dos grafos P4-esparsos b-perfeitos

atraves de subgrafos induzidos. Antes de enunciar o resultado fixamos o denominado grafo

diamond, denotado por D, obtido pela remocao de uma aresta do grafo completo K4.

TEOREMA 5.1.1. [16] Um grafo P4-esparso e b-perfeito se, e somente se, for livre de 3P3,

2D, e P4 ∪P3 (figura 5.5)

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Figura 5.5: Grafps 3P3, 2D e P4 ∪P3

Bonomo garante que o numero b-cromatico de uma aranha depende exclusivamente dos

vertices do corpo e da estrutura do grafo induzido pela cabeca.

PROPOSIC AO 5.1.1. [5] Seja S um grafo aranha (magra ou gorda) cuja cabeca induz o

grafo G e seu corpo possui k vertices. Entao χb(S) = k+χb(G) e χ(S) = k+χ(G).

Com a proposicao acima podemos concluir os resultados a seguir:

PROPOSIC AO 5.1.2. Toda aranha sem cabeca satisfaz a desigualdade χb < λ+1.

Pela proposicao anterior temos que χb(Sm[k]) = χb(Sg[k]) = k e pela proposicao 3.1.1 temos

que

λ(Sm[k])+1 =k−1+

(k−1)2 +4

2>

k−1+√

(k−1)2

2+1 = k = χb(Sm).

No caso da aranha gorda, temos pela observacao 3.0.7 que Sm[k] e subgrafo de Sg[k], logo

pela proposicao 2.3.2 vale χb(Sg[k, j]) = k+1 < λ(Sm[k, j])+1 < λ(Sg[k, j])+1.

PROPOSIC AO 5.1.3. Toda aranha cuja cabeca e um conjunto independente satisfaz a desi-

gualdade χb < λ+1

De fato, observe que χb(Sm[k, j]) = k + 1, pois o grafo induzido pela cabeca nao possui

arestas. E pela proposicao 3.1.1 temos que

λ(Sm[k, j])+1=k−1+

(k−1)2 +4k j+4

2+1>

k−1+√

(k−1)2 +4k

2+1= k+1= χb(Sm[k, j]).

No caso da aranha gorda, vale

χb(Sg[k, j]) = k+1 < λ(Sm[k, j])+1 < λ(Sg[k, j])+1,

onde a ultima desigualdade decorre da observacao 3.0.7 e proposicao 2.3.2.

Observando a estrutura da aranha podemos concluir que os grafos 2D, P4 ∪P3 e 3P3 so

podem ser induzidos pela cabeca. Daı, pela proposicao 5.1.1, podemos oberservar que uma

aranha e um grafo b-perfeito se, e somente se, o grafo induzido por sua cabeca e b-perfeito.

Com auxılio da proposicao 3.1.1 escrevemos a proposicao abaixo

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PROPOSIC AO 5.1.4. Toda aranha S cujo grafo induzido pela cabeca e o 2D, 3P3 ou P4∪P3,

satisfaz χb < λ+1.

Demonstracao. Podemos ver facilmente que χb(2D) = 4, χb(3P3) = 3 e χb(P4 ∪P3) = 3,

considere entao S aranha magra denotada por Sm[G,k, j].

• Se G = 2D (consequentemente j = 8), temos Sm[k,8] subgrafo de Sm[2D,k,8] entao,

pelo teorema 2.3.2 vale

1+λ(Sm[2D,k,8])> λ(Sm[k,8])+1 =k+1+

(k−1)2 +32k+4

2.

Onde (k − 1)2 + 32k + 4 = k2 + 30k + 5 ≥ k2 + 14k + 49 = (k + 7)2 (pois k ≥ 3).

Entao 1+λ(Sm[2D,k,8])≥ k+1+(k+7)2 = k+4 = χb(Sm[2D,k,8]). A ultima igualdade

decorre da proposicao 5.1.1.

• Considere agora G = 3P3 ( j = 9) e analogamente

1+λ(Sm[3P3,k,9])> λ(Sm[k,9])+1=k+1+

(k−1)2 +36k+4

2≥ k+3= χb(Sm[3P3,k,9]).

Pois (k−1)2+36k+4 = k2 +34k+4 ≥ k2 +10k+25 = (k+5)2

• Por ultimo considere G = P4 ∪P3 ( j = 7), donde

1+λ(Sm[P4∪P3,k,7])> λ(Sm[k,7])+1=k+1+

(k−1)2 +28k+4

2≥ k+3= χb(Sm[P4∪P3,k,7]).

Uma vez que (k−1)2 +28k+4 ≥ k2 +10k+25 = (k+5)2

Se S e uma aranha gorda, denotada por Sg[G,k, j] entao pela proposicao 5.1.1 temos

χb(Sg[G,k, j]) = χb(Sm[G,k, j]) ≤ λ(Sm[G,k, j])+ 1 < λ(Sg[G,k, j])+ 1, onde a ultima de-

sigualdade decorre do fato da aranha Sm[G,k, j] ser subgrafo de Sg[G,k, j] e pela proposicao

2.3.2 tem ındice menor.

A mesma desigualdade podemos obter no caso de aranha (magra ou gorda) com cabeca

induzindo grafo regular, conforme enunciado e provado abaixo:

PROPOSIC AO 5.1.5. Toda aranha cuja cabeca induz um grafo r-regular satisfaz χb ≤ λ+1,

onde λ e o ındice da aranha.

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Demonstracao. Considere G grafo r-regular induzido pela cabeca da aranha, temos m(G) =

r+1, pois nao existem vertices com grau maior ou igual a r+1, entao χb(G)≤ r+1.

• Primeiramente consideremos Sm := Sm[G,k, j], onde G e r-regular, pela proposicao

5.1.1 vale χb(S) = k+χb(G)≤ k+ r+1. Vamos provar que λ(S)> k+ r.

Podemos escrever a matriz de adjacencia do grafo S, em blocos:

A(Sm) =

(J− I)kxk Ikxk Jkx j

Ikxk Θkxk Θkx j

J jxk Θ jxk A(G)

Ao substituir cada bloco pela soma de suas respectivas linhas, obtemos a matriz

A′ =

k−1 1 j

1 0 0

k 0 r

cujo polinomio caracterıstico e p(x) = −(x− r)(x2 + x(1− k)− 1)+ jkx. Pelo lema

2.2.1 os autovalores da A′ sao autovalores de A(Sm).

Como r ≤ j−1, j ≥ 1 e k ≥ 2 vale:

p(k+ r) = k(k+ r)( j− r−1)+ k > 0 e

p(k+ j) = (r− k− j)( jk+ j2+ k+ j−1)+ jk2 + j2k ≤−2 jk+ k− j2 − j+1 ≤ 0,

entao pelo Teorema do Valor Intermediario p(x) tem uma raiz em (k + r,k + j), em

particular λ(S)> k+ r. Logo vale χb(Sm)≤ λ(Sm)+1;

• Seja Sg := Sg[G,k, j] aranha gorda, pela proposicao 5.1.1 temos que χb(Sg)= χb(Sm)=

k+χb(G). E pela proposicao 2.3.2 temos λ(Sm) < λ(Sg), ja que Sm e subgrafo de Sg

(observacao 3.0.7). Logo χb(Sg)≤ λ(Sm)+1 < λ(Sg)+1.

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5.1.1 Uma outra desigualdade

Nesta secao estudamos outra desigualdade que tambem relaciona o numero b-cromatico e o

ındice de um grafo, antes enunciamos o seguinte lema.

LEMA 5.1.1. Para todo grafo G vale a desigualdade λ(G∨{v})≥ λ(G)+1

Demonstracao. Seja G um grafo de n vertices e G′ = G∨{v}. Pela observacao 2.2.1 po-

demos tomar u =[

u1 . . . un

]t

autovetor de λ := λ(G) como nao negativo, tomando

uk =max{ui;1≤ i≤ n} e consideramos v= uuk

, assim as coordenadas de v=[

x1 . . . xn

]t

satisfazem 0 ≤ xi ≤ 1 e xk = 1 (∗), para todo 1 ≤ i ≤ n. Podemos escrever A′ = A(G′) =

A ~1

~1t

0

, onde A := A(G).

Entao se w =

v

1

, vale A′.w =

A.v+~1

~1t.v

=

λ.v+~1

~1t.v

e podemos escrever

wt .A′.wwt .w

=

[

vt 1

]

.

λ.v+~1

~1t.v

[

vt 1

]

.

v

1

=vtλ.v+vt .~1+~1

t.v

vt .v+1=

vtλ.v+~1t.v+~1

t.v

vt .v+1

Observe que de ∗ podemos concluir:

• ~1t.v = ∑xi ≥ ∑(xi)

2 = vt .v

• λ+1 = λ.xk + xk = [A.v]k + xk ≤ (x1 + . . .+ xk−1 + xk+1 + . . .+ xn)+ xk =~1t.v

Entao pelas desigualdades acima e pelo quociente de Rayleigh vale

λ(G′)≥ wt .A′.wwt .w

=vtλ.v+~1

t.v+~1

t.v

vt .v+1≥ vtλ.v+(vt .v)+(λ+1)

vt .v+1=

(λ+1)(vt .v+1)

vt .v+1= λ+1

Pelo lema ja podemos observar que se um grafo G satisfaz a desigualdade proposta na

secao anterior: χb(G)≤ λ(G)+1, entao satisfaz χb(G)≤ λ(G∨{v}). Entao todos os grafos

da ultima secao satisfazem esta segunda desigualdade.

O grafo G regular de grau r, tambem satisfaz ambas as desigualdades, pois seu m-grau

vale no maximo r+1, entao pela proposicao 2.3.3 garantimos:

m(G)≤ r+1 = λ(G)+1 ≤ λ(G∨{v})

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. Se G e o grafo completo, a igualdade e satisfeita.

A seguir exibimos outros grafos, que nao satisfazem necessariamente χb(G)≤ λ(G)+1,

mas ainda assim satisfazem a segunda desigualdade. Um grafo de n vertices e dito antir-

regular se os graus dos seus vertices atingem todos os valores entre 1 e n− 1. Ou seja,

a sequencia de graus deve possuir n− 1 valores distintos. Como exemplo temos o grafo

ilustrado abaixo.

Figura 5.6: Grafo antirregular com graus 5,4,3,3,2,1

TEOREMA 5.1.2. [4] A menos de isomorfismo existe somente um grafo antirregular com n

vertices. Alem disso, o unico grau que se repete e ⌊n2⌋, onde ⌊n

2⌋ e o piso de n2 .

Tambem existem os grafos quase regulares onde a diferenca entre o grau maximo e grau

mınimo e 1, como exemplo temos os grafos Pn e o grafo ilustrado abaixo.

Figura 5.7: Grafo quase regular com ∆ = 5 e δ = 4

PROPOSIC AO 5.1.6. Se G e grafo antirregular ou quase regular, entao a desigualdade

χb(G)< λ(G∨{v}) e satisfeita.

Demonstracao. CASO 1: G grafo antirregular com n vertices.

Pelo teorema 5.1.2 sua sequencia de graus e

n−1,n−2, . . . ,⌊n

2⌋+1,⌊n

2⌋,⌊n

2⌋,⌊n

2⌋−1, . . . ,2,1.

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Suponhamos que n e par entao m(G) = n2 + 1 e a soma dos graus de G e dada pela

expressao n2 +∑

n−11 i = n2

2 e a soma dos graus de G∨{v} e n2

2 +n+n = n2+4n2 e daı:

d(G∨{v}) =n2+4n

2n+1 = n(n+1)+3n

2(n+1) = n2 +

32

nn+1 > n

2 +1 > m(G). Entao pelo teorema 5.0.5

vale λ(G∨{v})> d(G∨{v})> m(G)≥ χb(G).

Suponha agora n ımpar, entao m(G)= n+12 e a soma dos graus de G e dada pela expressao

n−12 +∑

n−11 i = n2−1

2 , e a soma dos graus de G∨{v} e n2−12 +n+n = n2+4n−1

2 . Como n ≥ 3

vale: d(G∨{v}) = n2+4n−12(n+1) > n2+2n+1

2(n+1) = n+12 =m(G). Logo novamente temos λ(G∨{v})>

d(G∨{v})> m(G)≥ χb(G).

CASO 2: G grafo quase regular com n vertices.

Considere ∆(G) = r e δ(G) = r−1 e digamos que existem exatamente p vertices com grau

r, entao a sua sequencia de graus e:

p︷ ︸︸ ︷r,r,r, . . . ,r,

n−p︷ ︸︸ ︷

r−1,r−1, . . . ,r−1 .

Entao podemos calcular o m-grau do grafo: m(G) =

r+1, se p ≥ r+1

r, se p ≤ r

E tambem podemos calcular facilmente o grau medio de G∨{v}:

d(G∨{v}) = p(r+1)+(n− p)r+n

n+1=

p+nr+n

n+1

Se p ≥ r+1 temos que d(G∨{v}) ≥ (r+1)+nr+nn+1 =

r(n+1)+(n+1)n+1 = r+1 = m(G), entao

pelo teorema 5.0.5 vale λ(G∨{v})> m(G), donde λ(G∨{v})> χb(G).

Caso contrario temos p≤ r, donde segue que d(G∨{v})= p+nr+n+r−rn+1 =

p+r(n+1)−r+nn+1 =

r+ p+n−rn+1 > r = m(G). Logo por raciocınio analogo temos λ(G∨{v})> χb(G). Em ambos

os casos a desigualdade e estrita porque G∨{v} nao e regular.

5.1.2 Problemas em aberto

Nas secoes anteriores trabalhamos com duas desigualdades, conforme conjecturadas abaixo:

CONJECTURA 5.1.1. Se G e um grafo P4-esparso conexo, entao χb(G)≤ λ+1.

CONJECTURA 5.1.2. Todo grafo G satisfaz a desigualdade χb(G)≤ λ(G∨{v}).

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Nesta secao exibiremos alguns dos exemplos que nos levou a conjecturar sobre a validade

das desigualdades acima em casos mais gerais. Nos diversos casos testados a desigualdade

da conjectura 5.1.1 foi mantida para qualquer grafo P4-esparso conexo. Conforme ilustrado

no exemplo abaixo.

EXEMPLO 5.1.1. O grafo G1, da esquerda tem ındice λ(G1) ⋍ 3,71 e numero b-cromatico

4, a direita temos λ(G2) ⋍ 3,2 e χb(G2) = 4. Ambos sao P4-esparsos e satisfazem a desi-

gualdade (i).

Figura 5.8: P4-esparsos desconexos que satisfazem a conjectura 5.1.1

E claro que todo grafo P4-esparso desconexo b-perfeito tambem satisfaz a primeira con-

jectura, mas em casos nao b-perfeitos encontramos exemplo que nao satisfaz.

EXEMPLO 5.1.2. O grafo obtido por 4 copias da estrela S3 e P4-esparso desconexo e nao

satisfaz a desigualdade: λ(4S3) =√

3, χb(4S3) = 4 e χb > λ+1

Figura 5.9: P4-esparso desconexo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1

Os grafos 2D, 3P3 e P4∪P3 (figura 5.5) tambem sao exemplos de P4-esparsos desconexos

que nao satisfazem a conjectura 5.1.1, a saber:

λ(2D)⋍ 2,5 e χb(2D) = 4

λ(3P3)⋍ 1,41 e χb(2D) = 3

λ(2D)⋍ 1,61 e χb(2D) = 3

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Mas tambem ha casos onde G e P4-esparso desconexo nao b-perfeito e ainda mantem a

desigualdade da primeira conjectura.

EXEMPLO 5.1.3. O grafo abaixo tem ındice aproximadamente 3,8 e numero b-cromatico 4,

ou seja, χb < λ+1.

Figura 5.10: Grafo P4-esparso desconexo que satisfaz (i)

Vale tambem observar que a conjectura 5.1.1 nao e uma propriedade decorrente da b-

continuidade e conexidade, pois ha exemplos de grafos b-contınuos conexos nao P4-esparsos

e que nao satisfazem a desigualdade proposta.

EXEMPLO 5.1.4. A arvore T e conexa e b-contınua, porem nao satisfaz (i), pois 5= χb(T )>

λ(T )+1 = 3,68.

Figura 5.11: Grafo b-contınuo e conexo que nao satisfaz (i)

Quanto a conjectura 5.1.2 observamos diferentes tipos de grafos que satisfazem a de-

sigualdade, ou melhor, dentre muitos exemplos estudados, nenhum grafo negou a desi-

gualdade proposta. Na secao anterior vimos algumas famılias que satisfazem tal conjec-

tura, bem como concluımos do lema 5.1.1 que todo grafo que satisfaz a desigualdade da

primeira conjectura tambem devem satisfazer a segunda conjectura. Mas tambem temos

exemplos onde χb(G) > λ(G) com uma diferenca razoavel entre ambos, mas ainda assim

χb(G)< λ(G∨{v}), conforme observamos nos exemplos a seguir.

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EXEMPLO 5.1.5. O grafo 5S4 tem numero b-cromatico 5 e ındice 2. Ou seja, χb(5S4) >

λ(5S4), porem observamos que χb(5S4)< λ(5S4∨{v})⋍ 6

Figura 5.12: Grafo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1 mas satisfaz a 5.1.2

Outro exemplo e o grafo 2D que, como ja vimos, χb(2D) = 4 e λ(2D) ⋍ 2,56, mas

χb(2D)< λ(2D∨{v})⋍ 4,4.

Figura 5.13: Grafo 2D∨{v}

O grafo H (figura 5.14) tambem satisfaz a desigualdade da segunda conjectura, pois

χb(H) = 4, λ(H)⋍ 3,4 e λ(H ∨{v})⋍ 5

Figura 5.14: Grafo que nao satisfaz a conjectura 5.1.1 mas satisfaz a 5.1.2

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Capıtulo 6

Conclusao

Nesse trabalho nosso objetivo principal era investigar a validade do resultado de Merris, que

garantia que todo cografo e L-integral, numa classe mais ampla, que continha propriamente

os cografos. Nossos estudos indicavam que primeiro deverıamos trabalhar com o grafo ara-

nha, onde conseguimos obter seu espectro (laplaciano e adjacente) completo no capıtulo 3,

para o caso em que sua cabeca nao possui arestas. Na direcao pretendida, provamos que

nao existe aranha L-integral (e nem A-integral). No capıtulo seguinte provamos que os P4-

esparsos nao cografos sao nao L-integrais.

Continuando nossa pesquisa nos deparamos com outra generalizacao dos cografos, os

chamados P4-extensıveis. Tambem conseguimos provar que os grafos dessa classe (salvo

a subclasse dos cografos) nunca sao L-integrais. Existem ainda outras classes, definidas a

partir de P4, como os P4-tidy e P4-lite.

Estudando diferentes artigos que envolvem os P4-esparsos observamos que muitos tra-

tavam essa famılia sob o ponto de vista da coloracao, mais precisamente, identificando que

os P4-esparsos tem um bom comportamento em problemas de b-coloracao. Sabendo que ja

existem na literatura resultados que envolvem teoria espectral e numero cromatico, decidi-

mos abordar os P4-esparsos e a b-coloracao sob o ponto de vista espectral. E o assunto tratado

no capıtulo 5, onde obtemos alguns pequenos resultados envolvendo duas desigualdades.

Pretendemos dar prosseguimento aos estudos aqui realizados nas duas vertentes apresen-

tadas, a saber:

• Estudar a existencia de grafos L-integrais em outras classes que generalizam os cogra-

fos;

• Tentar provar ou refutar as conjecturas apresentadas sobre b-coloracao.

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