propostas com base no diagnóstico 2020
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Um retrato rápido do Porto, Grande Porto, Região Norte e Portugal à luz das assimetrias nacionais, regionais e intra-regionaisTRANSCRIPT
Um retrato rápido do Porto, Grande Porto, Região Norte e Portugal à luz
das assimetrias nacionais, regionais e intra-regionais
1. Visão Macro
O sucesso das políticas regionais e das verbas que lhe são afectas mede-se pela efectiva
promoção da competitividade dos territórios, da redução das disparidades económicas e sociais
que existem entre as regiões de Portugal e, no âmbito dos fundos europeus, também dentro da
União Europeia (UE).
O sucesso da política regional deve ser medido pela melhoria dos principais indicadores das
regiões de Portugal face à média da Europa, esperando-se que essas melhorias sejam devidas a
melhorias estruturais, assentes em fatores sustentáveis, de natureza endógena como a
existência de vantagens comparativas regionais baseadas em know-how, desenvolvimento
científico e tecnológico, aspectos histórico-culturais ou recursos naturais, ou então considerada
como virtuosa: formação de mão-de-obra, acessibilidades, redução dos custos de transporte,
economias de escala.
O balanço neste final de período de programação marcado pela crise internacional, foi que entre
2007 e 2013 Portugal divergiu da média europeia.
2. Características de Região Norte
2.1 Retrato rápido
A Região do Norte é a região NUTS II do país com menor PIB per capita, com 62% da média
europeia e 57% da média de Lisboa e registou, ao longo de cerca de uma década e meia, um
duplo processo de divergência: em relação à média nacional (3,9 p.p.) e à média da UE27 (2,8
p.p.);
Este desempenho contrasta com o seu potencial. A Região Norte concentra 1/3 da população
nacional (3,7 milhões habitantes), 38% da população jovem, 50% do número de empresas
portuguesas e 35% do emprego nacional. Empresas essas que sendo essencialmente PME são
responsáveis por 28% do PIB nacional, representando 39% das exportações nacionais.
A Região norte contribui positivamente (ao contrário de Lisboa) para o saldo da balança
comercial, com 5,100 M€ de superavit (2012).
Em termos demográficos, trata-se de uma região relativamente jovem, mas com baixos índices
de fertilidade. Também o rácio de casamentos/divórcios é muito elevado. Não é possível
desligar estes indicadores de alguma destruturação familiar, adiamento da fertilidade e redução
da mesma dos gravíssimos problemas de desemprego e baixo rendimento que tornam esta
região um destaque, pela negativa.
2.2 As assimetrias regionais dentro da Região Norte
A região Norte não é homogénea. São visíveis as assimetrias entre litoral/interior, mas também
as assimetrias entre o grande Porto e as regiões NUTS III vizinhas, em especial as mais
industrializadas a nordeste e que mais estão a sentir com os efeitos da crise global, como é o
caso do Tâmega.
Apesar de as assimetrias regionais serem um facto, a verdade é que na Região Norte as mesmas
se atenuaram, nomeadamente a diferença entre a zona mais rica, o Grande Porto, e todas as
outras. No entanto, esta não foi uma convergência virtuosa uma vez que esta convergência não
foi motivada por um crescimento das zonas menos desenvolvidas, mas num empobrecimento
das zonas como o Grande Porto.
O caso do Grande Porto assume contornos duplamente, gravosos uma vez que não apenas viu o
seu índice decrescer como o fez numa altura de decréscimo da própria região face ao todo
nacional e europeu.
Se há um indicador a destacar como prioritário é o do desemprego, que na região apresenta
níveis muito elevados. Importa sobretudo olhar para o elevadíssimo desemprego feminino da
região, o maior do país e que necessita de respostas específicas (Grande Porto: 15,6% taxa de
desemprego masculina face a 17,31% taxa de desemprego feminina, a maior do país apenas
igualada pela do Tâmega).
Taxa de Desemprego (NUTS III - 2011)
2.3 O Porto na região
Se olharmos para a cidade do Porto no seio da região, percebemos que apesar de debilitado
pelo contexto económico, pela macrocefalia institucional e pela incapacidade de tomar decisões
orçamentais e fiscais de forma autónoma, existem oportunidades que devem ser aproveitadas.
Os habitantes do Porto apresentam índices de rendimento muito positivos, com uma boa
dinâmica de criação e sobrevivência de empresas e com zonas NUTSIII vizinhas com bons índices
de população jovem que podem trazer inovação e dinâmica económica e populacional
mutuamente benéfica. Apresenta um tecido Universitário consolidado e uma densidade de
pessoas e empresas capazes de sustentar crescimento.
No entanto, o Porto apresenta ainda elevados índices de insegurança, baixo investimento em
ambiente per capita e incapacidade em atrair remessas de imigrantes, o que com a saída de
jovens emigrantes qualificados dos últimos anos, é algo a ter em consideração.
3. Conclusão
À luz dos dados que vão sendo conhecidos sobre o impacto dos investimentos do último período
de programação e sem pretender definir uma estratégia de investimento global que já consta
dos documentos preliminares para o país (Portugal2020) e região (Norte 2020), é imperativo
que o PS Porto assuma desde já como suas algumas bandeiras que possam marcar a diferença
no âmbito da implementação concreta do próximo período de fundos comunitários, por forma a
fazer cumprir aquilo que foram as suas propostas eleitorais e aquilo que é a expectativa dos
munícipes do papel do PS na coligação. Pensamos que inicialmente o foco deverá estar nas
mulheres, nos jovens e nas iniciativas inovadoras, tanto no ambiente como nas respostas de
coesão social. Assim, como pistas de análise, o Gabinete de Estudos do PS Porto aconselha o
executivo concelhio a tomar posição sobre os seguintes temas:
Plano de investimento no aumento da
sustentabilidade ambiental (com
incorporação tecnológica),
nomeadamente:
⋅ Programa específico para aumento da
taxa de reciclagem doméstica (sistema
de telemetria com atribuição de pontos);
⋅ Programa de incentivo ao uso de
transportes públicos (transportes com
horários cumpridos, com paragens
adequadas, com wifi, …);
⋅ Programa municipal de aumento da
eficiência energética.
Ambiente
Emprego
Coesão
⋅ Criação de um fundo de inovação social
financiado pelo QREN para financiar
iniciativas de organizações do terceiro
sector;
⋅ Estabelecimento de parcerias com
municípios vizinhos com maior dinâmica
populacional para atribuição de bolsas
de estudo;
⋅ Criação de um observatório do ensino
público por forma a dar garantias da
qualidade do ensino nas escolas do
Porto, geridas municipal ou
estatalmente;
⋅ Melhoria das actividades
extracurriculares no ensino básico que
reflictam a ambição da cidade.
⋅ Respostas específicas de captação de
empresas capazes de absorver a mão de
obra feminina desempregada;
⋅ Criação de um programa de microcrédito
para iniciativas de negócio
(maioritariamente femininas);
⋅ Programa de captação de investimento
de jovens emigrantes em novos
negócios, nomeadamente na
regeneração urbana.