breve diagnóstico da fiscalização de fortaleza e propostas para a cidade
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Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade.TRANSCRIPT
ASSOCIAÇÃO DOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – AFIM
SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – AGOSTO DE 2012
FISCAIS MUNICIPAIS DE FORTALEZA
BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO DE FORTALEZA E
PROPOSTAS PARA A NOVA GESTÃO DA CIDADE - 2012
FORTALEZA
NOVEMBRO - 2012
ASSOCIAÇÃO DOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – AFIM
SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – AGOSTO DE 2012
FISCAIS MUNICIPAIS DE FORTALEZA
BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO DE FORTALEZA E
PROPOSTAS PARA A NOVA GESTÃO DA CIDADE – 2012
Este trabalho foi realizado pela Diretoria da AFIM (2012 a 2015) com base na experiência de causa e nas informações obtidas no Seminário de
Planejamento Estratégico, realizado pela então Diretoria, no dia 25 de
agosto de 2012, sábado, no Marina Park Hotel, das 08h às 18h. O presente
trabalho pretende ser um ponto de partida para futuros trabalhos que
pretendam se aprofundar em temas específicos da fiscalização, portanto
traz informações em linhas gerais que demonstram o estado atual da
categoria, fatos ocorridos ao longo de, aproximadamente, três décadas,
bem como algumas melhorias obtidas e outras que pretendemos alcançar,
inclusive para a cidade de Fortaleza.
FORTALEZA
NOVEMBRO – 2012
DEDICATÓRIA
Dedicamos este estudo para a categoria dos Fiscais Municipais de Fortaleza como uma
forma de expressão dos seus anseios e reivindicações e à cidade de Fortaleza que, por muito
tempo, esteve esquecida pelo Poder Público Municipal já que os investimentos na fiscalização
têm sido irrelevantes.
AGRADECIMENTOS
À Diretoria da AFIM, empossada em 2012, por seu empenho e dedicação na realização do
Seminário de Planejamento Estratégico;
Aos fiscais que enviaram textos para comporem este trabalho, trazendo, dessa forma,
informações mais técnicas e particularizadas de determinados assuntos;
A todos os Fiscais Municipais de Fortaleza por demonstrarem apoio e confiança na atual
gestão da AFIM, bem como aos fiscais associados e aos que vêm se filiando por comprovarem a
seriedade do trabalho realizado por nossa Diretoria que é digno desse reconhecimento;
Aos fiscais associados que puderam estar presentes no Seminário de Planejamento
Estratégico dos Fiscais Municipais de Fortaleza, realizado no dia 25 de agosto de 2012, sábado,
no Marina Park, pois sem isso não seria possível a elaboração de um documento fielmente
pautado no sentimento da categoria e
Aos convidados, comissão representativa do cadastro de reserva do concurso de Fiscal
Municipal realizado em 2010, por se fazerem presentes no seminário mencionado, demonstrando
interesse em conhecer os problemas do futuro local de trabalho e engajamento para ajudar no que
for preciso.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7
2 BREVE HISTÓRICO DA AFIM ........................................................................................... 10
3 DELIBERAÇÕES DO SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............ 12
4 BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO ................................................................. 14
5 NEGOCIAÇÕES DE 2011 ...................................................................................................... 24
6 GRÁFICOS DE NOTIFICAÇÕES DA SEMAM (2011 e 2012) ......................................... 26
7 PLANTÕES FISCAIS ............................................................................................................. 29
8 SEGURANÇA NO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO .................................................... 29
9 SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS E PLANEJAMENTO DE FORTALEZA -
GRPFOR ..................................................................................................................................... 30
10 HISTÓRICO DO CARGO DE FISCAL MUNICIPAL .................................................... 33
11 LEGISLAÇÃO UTILIZADA PELA FISCALIZAÇÃO .................................................... 35
11.1 Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza ................................................. 37
11.2 Lei de Uso e Ocupação do Solo .......................................................................................... 39
12 LEIS MUNICIPAIS REFERENTES A QUESTÕES AMBIENTAIS .............................. 40
12.1 Lei 8707, de 19 de maio de 2003 – criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente
....................................................................................................................................................... 43
12.2 Lei 8097, de 02 de dezembro de 1997 ............................................................................... 43
12.3 Lei 8738, de 10 de julho de 2003 ........................................................................................ 43
12.4 Lei n°. 8.230, de 29 de dezembro de 1998 - DOM n° 11.505, de 29 de dezembro de 1998
....................................................................................................................................................... 44
12.5 Lei 8221/98 - dispõe sobre a publicidade e propaganda em Fortaleza .......................... 45
13 A PROPOSTA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE FORTALEZA ............ 46
14 LEIS DE CONTROLE URBANO A NÍVEL FEDERAL .................................................. 46
14.1 Constituição Federal de 1988 ............................................................................................. 46
14.2 Estatuto da Cidade ............................................................................................................. 47
15 SUGESTÕES PARA INCLUSÃO DE PROPOSTAS EM NOVAS LEIS ....................... 48
16 PROPOSTAS PARA A NOVA ADMINISTRAÇÃO ........................................................ 49
16.1 Sugestões para a nova gestão pública de Fortaleza ......................................................... 49
16.2 Reivindicações para categoria dos Fiscais Municipais .................................................... 50
17 CRIAÇÃO DO FUNDAFISCO ............................................................................................ 55
18 IMPLEMENTAR METODOLOGIA DE COACHING ..................................................... 56
19 IMPLANTAÇÃO DE UMA SALA TÉCNICA PARA A FISCALIZAÇÃO ................... 56
20 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 58
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1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo traçar um breve diagnóstico da situação atual da
fiscalização de Fortaleza no que diz respeito à legislaçao, à gestão pública municipal e às
condições de trabalho no âmbito da fiscalização de saúde, de controle urbano e meio ambiente, de
transportes e serviços urbanos.
Ressaltamos que o presente trabalho é fruto da experiência e do conhecimento dos fiscais
municipais adquirido durante os 27 (vinte e sete) anos de existência da nossa associação, que tem
realizado pesquisas, estudos e diagnósticos sobre a problemática da fiscalização urbana e da
saúde sanitária na cidade de Fortaleza.
A fiscalização geral (obras, posturas, meio ambiente, controle urbano, defesa dos direitos
do consumidor, transportes) e a vigilância sanitária, no município de Fortaleza, é feita,
atualmente, por apenas 308 (trezentos e oito) e 97 (noventa e sete) fiscais municipais
respectivamente. O número está aquém dos padrões urbanos estabelecidos. O último concurso foi
realizado em 2010, mas aproximadamente 140 (cento e quarenta) fiscais aprovados que ficaram
no cadastro de reserva ainda estão em processo de efetivação.
No Diário Oficial do Município (DOM), nº 14.903, de 24 de outubro de 2012, saiu o
Edital de Convocação nº 35/2012 dos fiscais aprovados, conforme mencionado acima, estando
marcada a posse deles para o dia 03 de dezembro de 2012. Conforme o referido DOM, são os
fiscais aprovados no concurso público de acordo com o resultado final constante no Edital de
Divulgação nº 53/2010, homologado através do Ato 4884/2010, publicados no DOM nº 14.335,
de 01 de julho de 2010, destinado ao provimento de cargos no Poder Executivo com atuação nas
áreas de Fiscal Municipal Geral e Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.
Dessa maneira, a gestão municipal de 2008 a 2012 trouxe grandes avanços para a
fiscalização de Fortaleza, pois não só abriu concurso público que há quase três décadas não era
realizado, como também convocou todos os aprovados, incluindo o cadastro de reserva. Tivemos
avanços importantes, mas ainda há muito a ser realizado, principalmente em relação à estrutura
de trabalho e à auto-estima dos fiscais, pois temos capitais próximas como Natal e Salvador onde
o Fiscal Municipal é muito mais valorizado.
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Atualmente, não existem procedimentos padrões de fiscalização. Os fiscais são
distribuídos pelas Secretarias Executivas Regionais e Temáticas - SER's I, II, III, IV, V e VI,
Semam, Cevisa, SEINF, Procon, ACFOR e Sercefor -, que, por sua vez, atendem a demanda da
população e de outros órgãos por meio das ordens de serviços. O fiscal também pode exercer sua
função de ofício, mas diante da grande demanda são raros os casos em que isso acontece.
Não há veículos suficientes à disposição da fiscalização em nenhuma das Regionais ou
Temáticas, não raramente, os poucos veículos são utilizados para outras finalidades, havendo
rodízio dos carros que estiverem disponíveis para os fiscais, o que acarreta atraso nos
procedimentos fiscalizatórios. Em todas as situações, não existe suporte operacional
administrativo para dar vazão ao trabalho da fiscalização.
Todas as notificações feitas pelos fiscais que atuam nas SER's deveriam ser digitalizadas
para inclusão no banco de dados, que, após 05 (cinco) dias úteis, deveriam ser emitidos Autos de
Infração correspondentes, caso não haja a regularização da infração. Acontece que, devido à
interferência política, muitas vezes, a notificação não é digitalizada, ou sequer digitada, gerando
uma perda de receita para a Prefeitura e uma frustração para o fiscal que vê seu trabalho realizado
em vão.
No que se refere às Regionais, uma maneira que os cidadãos notificados encontram de
evitar a emissão dos Autos de Infração é entrar com pedido de cancelamento do auto, o que
ocasiona, automaticamente, a suspensão da emissão do mesmo por tempo indeterminado. Uma
vez que não se tenha interesse em resolver a questão, por motivos escusos, basta que escondam
ou desapareçam com o processo de pedido de cancelamento para que o respectivo auto jamais
seja emitido.
Isso ocorre porque não existe um procedimento legal obrigatório a ser seguido, senão
vejamos: caso uma obra fosse notificada e seu embargo fosse um procedimento consecutivo
estabelecido, ou mesmo a interdição de um estabelecimento comercial que esteja funcionando em
desacordo com a legislação, não adiantaria a simples preocupação com a emissão do auto, uma
vez que a obra poderia não ser embargada, ou, no caso de estabelecimento comercial, não ser
interditado.
Aparece como possível resolução para esses meios escusos de interferir no processo
consecutivo das notificações dos fiscais o sistema Grpfor. Nele, o próprio fiscal irá cadastrar seus
autos, o que não gera abertura para interferência de terceiros, além de ter propensão a servir como
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um banco de dados para a fiscalização que hoje não existe nada sequer parecido. Serviria, dessa
maneira, para o fiscal pesquisar sua ordem de serviço antes de ir a campo, verificando, em todas
as Unidades de Fiscalização (UF’s), se o local a ser vistoriado já foi alvo de fiscalização e quais
as medidas foram adotadas.
A criação de um processo contencioso para a análise dos pedidos de cancelamento a nível
geral de Prefeitura, e não apenas em cada SER, temática ou VISA, é medida necessária e urgente
uma vez que, em muitos casos atualmente, embora tenha um parecer do Fiscal Municipal, a
decisão pelo cancelamento é exclusiva do Chefe/Coordenador de Fiscalização com a
aquiescência do Secretário da Regional.
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2 BREVE HISTÓRICO DA AFIM
A AFIM - Associação dos Fiscais do Município de Fortaleza - foi fundada em 17 de
setembro de 1985, data da assembleia que elegeu seu primeiro Presidente, o Fiscal Municipal
Luiz Gonzaga Pinto Neto.
A AFIM possui mais de 300 associados, sendo que 92% (noventa e dois por cento) possui
curso superior, 62% (sessenta e dois por cento) possui cursos de Pós-Graduação e 22% (vinte e
dois por cento) possui Mestrado e/ou Doutorado nas áreas de Gestão Ambiental, Saneamento
Ambiental e outras áreas afins.
A AFIM possui um site oficial, no qual são divulgadas informações de suas ações
importantes para a sociedade e para a categoria: www.afim-fortaleza.com; possui um perfil
social, no qual são publicadas ações que objetivam promover mais interação, prioritariamente,
entre a categoria: https://www.facebook.com/ssociacaoFiscaisFortaleza; possui, também, um
perfil de informes rápidos e objetivos: https://twitter.com/AfimFiscaisFort.
Além de todos esses meios de comunicação, a AFIM possui um e-mail, dando a
possibilidade inclusive do anonimato, disponível para quem quiser expor alguma ideia de forma
mais discreta ([email protected]) e uma conta onde será possível publicar vídeos realizados
pela própria categoria (http://www.youtube.com/user/afimfortaleza).
A Associação possui uma sede própria, está localizada no Centro de Fortaleza, na Rua
Pedro Borges, 33, sala 820 - Edifício Palácio Progresso. O telefone para contato é 3253-4291 e
está disponível para contato das 08 às 18h, de segunda à sexta, respeitando o horário de almoço
de meio-dia às 13h.
Além de suas ações funcionais, declaradas em seu Estatuto, a AFIM participa de outras
ações de cunho social. Dentro de sua organização administrativa, a AFIM possui um código de
ética que se baseia na integridade, no respeito, na ética, na transparência e na responsabilidade
social, princípios que norteiam a entidade.
Hoje, estando à frente desta associação a Fiscal Municipal Ana Lúcia Oliveira Viana tem
empenhado esforços, juntamente com os demais membros da diretoria, para motivar os
associados a participarem com maior empenho das atividades, não só administrativas, mas
também políticas. Presidir uma associação é sobremaneira difícil, não só por considerarem que o
Presidente tem o poder para resolver tudo (talvez resquícios dos anos de ditadura ou pelo
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processo de acomodação), como também por confundi-la com um sindicato, no qual os dirigentes
são liberados de suas funções para dirigi-lo.
O fato é que, embora lentamente, temos conseguido alguns progressos, apesar de muitos
desses, mediante amparo de tutela jurisdicional. Aliás, isso é também decorrência de um processo
nacional de desmantelamento dos sindicatos e associações de trabalhadores impostos pelos
governos neoliberais, que viam nessas instituições uma ameaça a essa política, além do
enfraquecimento do papel do servidor público.
A Associação dos Fiscais tem procurado participar dos debates acerca da questão Urbana
e do Meio Ambiente, bem como da Saúde Pública e da Vigilância Sanitária, por entender que os
Fiscais Municipais das diversas áreas de atuação (Controle Urbano e Meio Ambiente, Vigilância
Sanitária, Transporte, Limpeza Urbana, Direito do Consumidor etc) podem dar uma importante
contribuição ao assunto em função da convivência com a realidade da cidade, ao mesmo tempo
em que, do ponto de vista da administração pública, têm papel determinante a cumprir, cabendo a
estes a tarefa de elevar a consciência da gestão pública e da população para o entendimento da
valorização e da imperiosa necessidade de uma fiscalização de qualidade.
Fortaleza vem acumulando problemas no que diz respeito à preservação dos espaços
públicos, principalmente em função da ausência de ordenamento e de controle do comércio
ambulante, o fato é que a legislação é burlada, cotidianamente, em todos os aspectos ambientais,
da vigilância sanitária e do controle urbano porque os órgãos não estão devidamente
instrumentalizados para garantir-lhe o cumprimento, não existe planejamento operacional da
fiscalização, estabelecimento de metas e tampouco procedimentos eficazes. Além disso, algumas
leis estão arcaicas, precisando ser reformuladas pelo Legislativo Municipal. Exemplo disso é a
Legislação de Transporte Público de Fortaleza, Lei 7163, datada de 30 de junho de 1992.
Os servidores públicos municipais formam um contingente dos mais penalizados, pois
suas funções profissionais foram desarticuladas e, à medida que a administração não tem ação,
estes têm sua utilidade questionável. Por exemplo: a continuidade do ato do fiscal, que
poderíamos citar a notificação, não depende apenas dele para ser executada, é responsabilidade
de outros setores, ficando desmoralizado muitas vezes.
Na administração que se encerra em 31 de dezembro de 2012, foi realizado o concurso
para a fiscalização depois de quase três décadas de esquecimento, foi um passo importante e uma
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conquista histórica da AFIM que pleiteou o mesmo, formalmente, em 2007. Porém, ainda há
muitos problemas a serem enfrentados pela Associação e pelos fiscais municipais.
Conclamamos, assim, toda a categoria, a relevarem as diferenças, a não se pautarem pelo
individualismo, incentivado pela lógica neoliberal. Reconhecemos nossas limitações e
acreditamos que nossa união é a principal arma para garantir nossos direitos e, mais ainda,
contribuir para a ampliação destes e a conquista de melhores dias para a sociedade.
Nossa gestão está aberta à participação de todos, não só com ideias, mas também se
colocando à disposição para realização destas e para que juntos possamos lutar pelos nossos
interesses. Estamos propondo através deste estudo: compromisso com a cidade, com o meio
ambiente e com a categoria dos Fiscais Municipais de Fortaleza.
3 DELIBERAÇÕES DO SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
No Seminário de Planejamento Estratégico dos Fiscais Municipais de Fortaleza, realizado
no dia 25 de agosto de 2012, no Marina Park Hotel, foram tomadas algumas decisões como a
definição da Visão, Missão, Valores e identificação dos Fatores Críticos de Sucesso da AFIM.
O resultado que segue abaixo foi obtido por meio de uma dinâmica de grupo que contou
com a opinião de todos fiscais presentes no seminário. Houve um debate nas equipes que lá se
formaram, depois cada uma foi à frente apresentar a conclusão de seu trabalho. Em seguida, cada
tópico (Visão, Missão, Valores e Fatores Críticos de Sucesso) foi debatido com todos os fiscais,
chegando às seguintes deliberações:
MISSÃO
Defesa dos interesses dos associados, garantindo seus direitos legais, buscando melhorias
nas condições de trabalho e promovendo diálogos com a categoria, representando-a junto aos
poderes constituídos, almejando o crescimento profissional do associado e, consequentemente, a
melhoria dos serviços para a cidade.
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VISÃO
Ser referência para a cidade e para os munícipes de uma associação em defesa dos
interesses de seus associados, com reconhecimento da sua credibilidade e profissionalismo,
participando, ativamente, dos fóruns e decisões relacionadas às atividades de seus associados.
FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
1 – Planejar e avaliar as ações de forma contínua;
2 – Celeridade na execução das atividades;
3 – Primar pela capacitação profissional para os associados;
4 – Possuir assessoria jurídica forte e atuante;
5 – Promover eventos visando à integração dos seus membros;
6 – Divulgações de suas atividades para a sociedade;
7 – Envolvimento no processo de formulação de políticas públicas.
VALORES
1. Ética;
2. Credibilidade;
3. Transparência;
4. Articulação com a sociedade;
5. Autonomia;
6. Defesa do Serviço Público.
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4 BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO
Este capítulo apresenta um breve estudo de caso de cada área de atuação dos fiscais
municipas de Fortaleza, abordando alguns problemas específicos de cada local de lotação,
observando como eles incidem sobre a cidade e os cidadãos fortalezenses.
A Fiscalização do Meio Ambiente está dividida entre a Secretaria de Meio Ambiente e
Controle Urbano - Semam - e as Secretarias Executivas Regionais – SER’s -, ocorrendo, na
verdade, um verdadeiro jogo de responsabilidade, ficando a população sem saber a quem recorrer
quando necessita dos serviços públicos.
Podemos observar a seguir o 1Organograma da Semam, conforme publicado em seu site
oficial:
1 http://www.fortaleza.ce.gov.br/semam/organograma
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Muito embora a Semam tenha, juntamente com as Secretarias Executivas Regionais, a
responsabilidade da fiscalização de meio ambiente, aquela precisa ser equipada e estruturada para
comandar e instrumentalizar a fiscalização ambiental e de controle urbano como um todo,
incluindo o trabalho realizado nas SER's por meio dos Distritos de Meio Ambiente - DMA’s -
devendo estes fazerem parte do organograma dela.
De acordo com o Decreto nº 11377, de 24 de março de 2003, artigo 1º, a Semam tem por
finalidade promover e executar a política municipal de meio ambiente, bem como implementar o
controle urbano para o racional desenvolvimento do município, responsabilizando-se pelo
planejamento e articulação intersetorial com as demais Secretarias Municipais.
Também podemos citar a Lei 8692, de 31 de dezembro de 2002, publicada no DOM n°
12.506, publicado em 21 de janeiro de 2003 que, em seu artigo 8º, estabelece, dentre outras, as
seguintes competências para a Semam:
Art. 8° - Fica alterado o art. 17 da Lei n° 8.608, de 26 de dezembro de 2001, que passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 17 - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano
(SEMAM) tem as seguintes competências:
II - formular políticas e diretrizes de desenvolvimento ambiental, objetivando
garantir a qualidade de vida e o equilíbrio ecológico;
III - regulamentar, em articulação com a SEINF e a SEPLA, os instrumentos da
política urbana de que trata o art. 4° inciso III da Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho
de 2001, que institui o Estatuto dá Cidade, na área de desenvolvimento urbano,
ambiental e de Infra-Estrutura, em especial o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
e Ambiental (PDDUA) e o Código Municipal de Meio Ambiente;
IV - planejar, em articulação com a SEPLA, coordenar, avaliar e controlar
atividades que visem à proteção, conservação e melhoria do meio ambiente e do
controle urbano;
VI - desenvolver atividades de educação ambiental e atuar no sentido de
promover a pesquisa científica e a conscientização da população sobre a necessidade de
proteger, melhorar e conservar o meio ambiente;
XII - elaborar normas e orientações técnicas sobre controle e fiscalização
de obras e edificações e sobre licenciamento de atividades, zelando pelo
cumprimento da legislação urbana;
XIII - prestar assessoria técnica às Secretarias Executivas Regionais,
quanto às atribuições referentes ao meio ambiente e ao controle urbano, quando
solicitado;
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XIV - formular políticas de proteção à fauna e à flora, vedadas, na forma
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque extinção
de espécie ou submeta os animais à crueldade;
XV - exercer o controle, o monitoramento, a avaliação e a fiscalização da
emissão de sons e ruídos e gases poluentes de toda espécie, produzidos por qualquer
meio, considerando sempre os locais, horários e a natureza das atividades
emissoras, visando a compatibilizar o exercício da atividade com a preservação da
saúde, da segurança e do sossego público;
XVI - propor a formação de consórcio intermunicipal, objetivando a
preservação da vida ambiental das bacias hidrográficas que ultrapassem os limites do
Município;
XVII - proceder ao licenciamento ambiental dos empreendimentos, obras e
atividades de impacto local, em conformidade com o que estabelece a Lei Orgânica
do Município e a Legislação Municipal,
XIX - exercer o poder de polícia nos casos de infração da legislação
ambiental de proteção, conservação, preservação e melhoria do meio ambiente e de
inobservância de norma ou padrão técnico estabelecido;
XX - determinar as penalidades disciplinares e compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação e/ou correção de degradação
ambiental causada por pessoa física ou jurídica, pública ou privada;
XXII - estabelecer padrões de efluentes industriais e as normas para transporte,
disposição e destino final de qualquer resíduo resultante de atividades industriais e
comerciais passíveis de degradação ambiental;
XXVII - disciplinar, no âmbito de sua competência, a instalação, a
fiscalização e o monitoramento de antenas de transmissão de rádio, televisão,
telefonia fixa e telefonia móvel (celular), e equipamentos de telecomunicações em
geral;
XXX - exercer, funcionalmente, a supervisão e o controle das atividades
concernentes ao Distrito de Meio Ambiente das Secretarias Executivas Regionais;
XXXI - desenvolver estudo de localização, editar normas de utilização e definir critérios para instalação, funcionamento e manutenção de engenhos de propaganda e
publicidade;
XXXII - exercer o controle, a fiscalização, o licenciamento ou autorização
da atividade de propaganda e publicidade de engenhos especiais;
XXXV - planejar, coordenar, controlar e monitorar as atividades de
serviços urbanos do Município;
XXXVI - definir políticas e diretrizes de construção, ocupação e funcionamento
de mercados públicos, cemitérios, estádios e ginásios esportivos, bem como a
localização e o funcionamento de feiras-livres, bancas de revistas e funerárias;
XXXVII - editar normas sobre o funcionamento do comércio ambulante na
cidade de Fortaleza;
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XLII - coordenar ações integradas relacionadas ao meio ambiente, quando
envolver a participação de mais de uma Secretaria e fornecer diretrizes técnicas aos
órgãos que compõem a estrutura administrativa municipal, visando à integração de
suas atividades;
XLIII - planejar, orientar e apoiar, juntamente com a Secretaria
Municipal de Saúde (SMS), as ações de saneamento básico;
XLV - proceder à inscrição dos autos de infração e multas administrativas
relacionados às atividades de controle urbano e meio ambiente, no Cadastro da
Dívida Ativa do Município;
XLVI - subsidiar o COPAM e o CPE no desempenho das atividades de
competência da SEMAM;
XLVII - exercer o controle e a fiscalização das atividades dos órgãos da
administração municipal indireta, vinculados à SEMAM; (grifo nosso)
Acabamos de ver as competências da Semam, expostas em Lei, aprovada pela Câmara
Municipal de Fortaleza, podendo ser revogada apenas por outra lei. Estão em negrito as
competências relacionadas à fiscalização como atribuição da Semam, sendo obrigação desta a
orientação e o monitoramento da fiscalização de Fortaleza. Logo, há a previsão legal, mas não a
prática. O que ocorre, na verdade, é que cada SER fica com suas próprias decisões e
procedimentos no que concerne à fiscalização, não havendo padronização dos procedimentos
fiscalizatórios.
Podemos afirmar, diante disso, que seria sensato que todos os fiscais atuantes na área de
Meio Ambiente e Controle Urbano fossem lotados na Semam. Hoje, cada fiscal é lotado em uma
SER ou temática, gerando certa desorganização, inclusive para a Prefeitura que não tem um
gestor específico para se reportar no que se refere aos assuntos da fiscalização de Fortaleza. A
descentralização é importante, principalmente para o cidadão que tem um local próximo de sua
casa para recorrer, mas há a necessidade de ter um responsável geral para que haja padronização,
transparência, uniformidade e legalidade nos atos da fiscalização.
Houve um procedimento questionável devido à falta de fiscais, antes do concurso de
2010, que foi o artifício ilegal do laudo de constatação, emitido por técnicos que não possuíam fé
pública para notificar ou autuar infrações, conforme consta na Lei Orgânica do Município de
Fortaleza. Determinada Secretaria, em certo período, criou comissões para efetuar Laudos
Técnicos que, na verdade, funcionaram como cabides de emprego de vereadores, onerando a
folha de pagamento da Prefeitura.
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A Fiscalização de Propaganda e Publicidade está dividida entre a Semam e as SER’s,
ficando com a primeira a responsabilidade pelos engenhos complexos e, com a segunda, os
engenhos simples. Com a ausência de planejamento e de instrumentalização dos órgãos
responsáveis pelo trabalho, assistimos ao índice crescente de poluição visual, com os
cruzamentos ocupados por out-doors, faixas etc.
A “organização administrativa” vigente pode incorrer na duplicidade de notificações, pois
não houve orientação para os fiscais recém-empossados do que seria “papel da Semam e o que
seria papel das SER’s”, podendo haver, se é que já não houve, um caso em que a fiscalização da
Semam vá “fazer o seu papel” e, chegando lá, a fiscalização da SER já tenha feito, sendo esta
notificação entendida como sem efeito já que não seria o “papel da SER”, além de, dependendo
do tempo, o responsável não poder receber outra notificação. Portanto, temos uma “organização”
administrativa que gera conflito de competência e confunde os cidadãos fortalezenses.
A Fiscalização de Poluição Sonora foi instituída por meio da Comissão de Controle da
Poluição Sonora, através do Decreto 11265, de 10 de outubro de 2002, publicado no DOM nº
12.444, de 18 de outubro de 2002, apesar de não existir mais nos moldes previsto no referido
decreto, é o único serviço de fiscalização de funcionamento sistemático nos finais de semana,
feriados e em atividade 24h por dia, tem avançado, mas não o suficiente para dar conta da
demanda dos municípes, mesmo com o aumento do número de fiscais.
Um dos problemas que colabora para que essa fiscalização não produza ainda mais é a
incapacidade da gestão em cumprir a legislação no que diz respeito ao pagamento do adicional
noturno e/ou gratificação por serviços extraordinários, tornando difícil o funcionamento desse
serviço durante 24h por dia.
Outro problema que pode ser apontado é que, atualmente, só há o apoio policial para
apenas uma equipe noturna, não havendo possibilidade de apreender “paredões”, maior alvo de
denúncias de poluição sonora, durante o dia, nem mesmo aos feriados ou fim de semana, pois
esse tipo de fiscalização não tem como ser realizado sem o acompanhamento policial.
Além disso, sempre há a falta de carros para a fiscalização, ficando a critério da boa
vontade e empenho da chefia da fiscalização ou dos próprios fiscais estarem sempre brigando
para que haja carros disponíveis, principalmente no período noturno, enquanto isso deveria ser
prioridade para o atual Secretário, assim como foi na gestão anterior.
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A Fiscalização de Poluição Atmosférica e das Águas é de competência da Semam,
atualmente fica sob a responsabilidade do setor de Equipe de Controle Ambiental, antes era um
procedimento praticamente inexistente, mas tem avançado muito desde a entrada dos
concursados de 2010. Porém, não há equipamentos nem treinamento dos fiscais para tal
atividade.
Com relação à poluição das águas, é realizado um serviço de fiscalização no que diz
respeito à emissão de esgotos para os recursos hídricos e às residências ou estabelecimentos com
ligação ao esgoto. A Semam, em 2011, realizou 1198 (mil, cento e noventa e oito) notificações de
estabelecimentos sem ligação com a rede pública de esgoto, fiscalização antes inexistente. Vale
acrescentar que a fiscalização das Estações de Tratamento de Esgoto-ETE é mínima.
A Fiscalização de Obras também está confusa. A aprovação de projetos de construção,
que era de competência das SER’S e funcionava com muita celeridade, pois a demanda para
aprovação de projetos era diluida nas Regionais, foi transferida para a Semam, trazendo
morosidade ao trabalho e descaracterizando o objetivo da criação das Regionais que buscava a
descentralização do sistema e facilidade de acesso aos serviços da Prefeitura próximo dos locais
onde moram os geradores das demandas.
Há, também, um verdadeiro desentendimento entre a aprovação do projeto para Alvará
de Construção e a fiscalização dos empreendimentos, pois o construtor pode, ao arbítrio da lei,
iniciar a construção antes de obter a sua aprovação, sendo notificado pela fiscalização das SER's
sem que a informação chegue à Semam, pois a uma cabe fiscalizar e a outra, analisar o projeto.
Assim, pode ocorrer, e ocorre, de a Semam estar analisando um projeto fictício.
Essa transferência de atribuição das SER’s para a Semam trouxe grandes prejuízos para a
população e para a fiscalização de controle urbano. O problema se agrava ainda mais devido à
demora para aprovação dos projetos, trazendo prejuízos para a iniciativa privada, para a
população e para a imagem do município. Durante essa demora, desrespeitando a lei, o
interessado pode adiantar bastante a obra, podendo a mesma ser concluída com graves erros, não
havendo mais tempo para corrigi-los.
O Habite-se, saliente-se aqui como uma das incongruências da atual administração, pois a
atribuição de exame e aprovação de projetos arquitetônicos, como já foi dito, é da Semam, mas a
do habite-se é das SER’s. Ora, o habite-se nada mais é do que a confirmação de que a execução
20
da obra foi realizada completamente de acordo com o projeto aprovado, no entanto o responsável
pelo exame e aprovação não é o mesmo que faz a checagem final.
A Fiscalização de Obras Públicas foi, estrategicamente, retirada dos fiscais de Controle
Urbano e Meio Ambiente e colocada sob a responsabilidade de engenheiros terceirizados ligados
à SEINF através de cargos comissionados, tanto que, quando houve a efetivação dos novos
fiscais (2010), não foi previsto contingente para o CCO – Conselho Coordenador de Obras.
De qualquer maneira, esse problema foi contornado e, hoje, tem uma equipe de fiscais à
disposição da SEINF, compondo a equipe de fiscalização de obras públicas, o que significa um
pequeno avanço já que são apenas 4 (quatro) fiscais nessa atividade para toda a cidade de
Fortaleza.
A Fiscalização de Posturas Municipais é de competência das SER’s, estando
prejudicada pela total inexistência de programas de informação à população, bem como pela
ausência de fiscalização nos horários noturnos, feriados e finais de semana.
A insuficiência na quantidade de fiscais tende a ser amenizada com o efetivo exercício
dos fiscais convocados pelo Edital nº 35/2012, publicado no DOM nº 14.903, de 24 de outubro de
2012. Essa é a última convocação do concurso realizado em 2010, tendo sido chamado todo o
cadastro de reserva.
Embora exista, em algumas Regionais, a fiscalização durante esses períodos, mesmo não
sendo com a frequência devida, há um problema maior que é a falta de acompanhamento policial,
o que muitas vezes dificulta ou até impossibilita a execução dos trabalhos da fiscalização, como
apreensão de mesas e cadeiras, fechamento de estabelecimentos dentre outros.
A Fiscalização de Elevadores, escadas rolantes e monta-cargas existe em cada SER
por meio de um setor responsável, porém essa fiscalização estava inoperante, haja vista, a
pequena quantidade de fiscais e a grande variedade de atribuições dos mesmos. Esperamos que,
com a entrada de todos fiscais do concurso realizado em 2010, esse problema seja resolvido.
Há, por exemplo, na SER II, um departamento de posturas com 5 (cinco) engenheiros que
não são do quadro da fiscalização e todos com cargos de comissão, ou seja, são 5 (cinco) chefes
para não fazer nada já que não há ninguém para executar as ordens.
A Fiscalização de Vigilância Sanitária (VISA), de acordo com a Portaria nº 186/2012,
publicada no DOM nº 14.815, de 19 de junho de 2012, que dispõe sobre a classificação quanto ao
risco sanitário das atividades codificadas conforme a Classificação Nacional de Atividade
21
Econômica - CNAE - cuja licença sanitária é obrigatória para o funcionamento no município de
Fortaleza, apresenta, em seu artigo 2º, o entendimento sobre Vigilância Sanitária:
Art. 2º - Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do
meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse
da saúde, abrangendo: I – o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se
relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; II – o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou
indiretamente com a saúde.
A VISA possui um quadro de fiscais insuficiente, pois, apesar do concurso de 2010, que
efetivou todos os classificados no concurso e convocou todos do cadastro de reserva, por meio do
Edital de Convocação 017-A/2010, publicado no DOM 14.373, de 25 de agosto de 2010; Edital
de Convocação nº 35/2012, publicado no DOM 14.903, de 24 de outubro de 2012; temos, hoje,
por exemplo, em efetivo exercício, apenas 98 (noventa e oito) fiscais dessa área, sendo, por
exemplo, dois médicos, três odontólogos, dez enfermeiros e quatro veterinários para atender toda
a cidade.
Por meio do Ato 13003/2011, publicado no DOM 14697, de 22 de dezembro de 2011,
convocando todos os aprovados que ainda estavam no cadastro de reserva, a fiscalização deverá
ficar com 42 (quarenta e dois) fiscais a mais na área da Vigilância Sanitária.
A proporção entre a quantidade de fiscais da área de Vigilância Sanitária e de habitantes,
atualmente, está em, aproximadamente, um fiscal para 25.500 (vinte e cinco mil e quinhentos)
habitantes. Com o efetivo exercício dos que entrarão, conforme dito acima, deverá ficar um fiscal
para, aproximadamente, 17.800 (dezessete mil e oitocentos) habitantes.
Mesmo com a convocação de todos fiscais da Área da Vigilância Sanitária, o número é
insuficiente para atender a demanda de toda Fortaleza que, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), está com 2,5 milhões de habitantes2. Vale ressaltar que, para essa
área, o concurso foi realizado exigindo formações profissionais específicas: Medicina,
Enfermagem, Medicina Veterinária, Odontologia, Química/Química Industrial ou Engenharia
Química, Farmácia, Nutrição e Engenharia de Alimentos.
Podemos ver, de acordo com o Ato de Nomeação nº 9726/2010, publicado no DOM nº
14.422, de 09 de novembro de 2010, que foram nomeados dez enfermeiros, dez farmacêuticos,
2 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/08/fortaleza-chega-25-milhoes-de-habitantes-segundo-ibge.html
22
quinze nutricionistas ou engenheiros de alimentos, quatro médicos veterinários, quatro
odontólogos, três químicos e quatro médicos. Desse efetivo, alguns servidores já se desligaram
do quadro, dentre eles estão dois médicos, um dentista, um enfermeiro e um químico.
Devido a essa insuficiência, temos, por exemplo, fiscal especialista que presta serviço em
três Regionais, estando às segundas e quartas-feiras em uma, às terças e sextas-feiras em outra e
às quintas-feiras em outra. Logo, a cidade fica sem determinados especialistas de área específica
por três ou quatro dias por semana em cada SER - Distrito de Saúde.
Também, há contradição entre a fiscalização realizada pelas SER's (Distrito de
Saúde) e a Cevisa pelo mesmo motivo das demais fiscalizações: ausência de procedimentos
padrões. Embora a Anvisa mantenha atualizadas as Resoluções e todos os fiscais sejam lotados
na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o que dá mais organização e uniformidade se
comparado à fiscalização de Meio Ambiente e Controle Urbano já que nesta cada fiscal é lotado
em uma SER diferente e não há resoluções ou normas orientado os procedimentos de trabalho.
Contudo, em relação à VISA, há divergências quanto à atuação dos fiscais lotados na
Cevisa, uns são contra a permanência de fiscais lá, porém a maioria deseja que a Cevisa funcione
como uma célula de coordenação e instrumentalização da fiscalização geral da Vigilância
Sanitária, padronizando os procedimentos das SER’s – Distritos de Saúde – dentre outas ações.
Logo, o desejo é que a Cevisa seja reestruturada e equipada para comandar e
instrumentalizar a fiscalização da Vigilância Sanitária no nosso município, inclusive com o
aumento do número de fiscais e realização de concurso para técnicos.
Algo que gera desconforto na fiscalização da Vigilância Sanitária, por exemplo, é o fato
de os novos fiscais, do concurso de 2010, que foram efetivados há quase dois anos, até hoje, não
receberam um dia sequer de insalubridade que é garantida na legislação já que, além de
realizarem função insalubre, todos os fiscais antigos da VISA recebem.
A Fiscalização de Transporte sofreu um grande golpe, foi extinta a Secretaria de
Transportes do Município, e, conforme Lei 7481, de 23 de dezembro de 1993, foi autorizada a
criação da Empresa Técnica de Transporte Urbano SA - ETTUSA - ficando um núcleo de
transportes na SEINF.
A ETTUSA foi registrada na Junta Comercial do Estado do Ceará sob NIRE
23300019482, sendo a ata da 14ª assembleia geral extraordinária, realizada em 08 de junho de
2006, lavrada em forma de sumário, às 10h, a responsável pela alteração da razão social da
23
Empresa de Trânsito e Transporte Urbano SA para Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza
SA – Etufor.
A ata citada no parágrafo anterior alterou a redação do artigo 1º, do Estatuto Social, para a
seguinte redação: A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza SA, sucessora da Empresa de
Trânsito e Transporte Urbano de Fortaleza SA, criada pela Lei 7481, de 23 de dezembro de 1993,
pessoa jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, organizada sob a forma de sociedade
anônima de economia mista fechada, rege-se, além da lei que a criou e demais normas legais e
regulamentares aplicáveis, pelo disposto neste Estatuto.
O quadro de Técnicos Fiscais de Transportes Urbanos foi distribuído em várias secretarias
sem função definida, estando, portanto, alguns servidores experientes na área de fiscalização de
transportes, sem serventia ou mal-aproveitados conforme a situação abaixo:
o Na SEINF - 11 fiscais
o Na SAÚDE entre relotados e à disposição - 17 fiscais
o Na SEMAM - 05 fiscais
o Na ETUFOR - 12 fiscais
Total: 45 (quarenta e cinco) Técnicos Fiscais de Transportes
Urbanos.
Depois da criação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários - PCCS -, em 2007, esses
quarenta e cinco técnicos fiscais passaram a compor o quadro geral do cargo de Fiscal Municipal
da área geral, mas não houve treinamento para que eles se sentissem, efetivamente, compondo
esse quadro.
A Fiscalização da Etufor conta com apenas doze Fiscais Municipais, são eles as pessoas
competentes para cumprir a legislação de transporte, que é bem arcaica (1971), e mais de cem
cargos comissionados que deveriam dar apoio ao trabalho realizado pelos fiscais municipais, no
entanto são orientados a agir como os concursados. Vale ressaltar que o ocupante de cargo
comissionado deve desempenhar funções de assessoria, chefia ou direção, nunca a função fim.
O trabalho da fiscalização de transportes é bem operacional, sendo impossível ser
consumado apenas pelos fiscais municipais, sendo necessária a participação de terceirizados ou
concursados para o assessoramento. Para isso, deve haver critérios claros de contratação, com
exigência mínima do Segundo Grau completo, já que o serviço realiza abordagens de cidadãos e
24
não de criminosos, devendo, portanto, ser efetuado com toda a cautela, educação e respeito aos
limites legais.
O problema mencionado acima foi tratado em 2011, quando ainda estava na Presidência
da AFIM o Fiscal Francisco de Assis Macedo de Oliveira, sendo oficiado e entregue à Etufor, em
24 de fevereiro de 2011, às 09h37min, Processo nº 27099/2011. Porém, foram apenas sanadas
algumas irregularidades mais gritantes, como o respeito à carga horária do fiscal que é de 30
horas semanais e a entrega dos autos de apreensão apenas aos fiscais, pessoas legítimas para
lavratura e assinatura desse termo, assim como pela realização do procedimento que o motivou.
Não existe uma fiscalização do sistema de transporte efetivamente por parte do Poder
Público Municipal em Fortaleza que produza o efeito desejado já que o órgão que realiza essa
atividade é uma sociedade de economia mista, havendo vários trabalhos de autores relevantes
questionando casos como esse por entenderem haver um risco à Impessoalidade, à Legalidade e à
Moralidade, princípios da Administração Pública, previstos no artigo 37 da Constituição Federal
de 1988 (CF/88).
5 NEGOCIAÇÕES DE 2011
A AFIM participou de negociações durante o ano de 2011, tendo como principal
conquista a Gratificação Especial de Fiscalização de Atividades Específicas, prevista desde 2007
na Lei 9334/2007 - Plano de Cargos, Carreiras e Salários do ambiente de especialidade da
fiscalização.
As negociações foram bem difíceis e, muitas vezes, foram interrompidas sem ser dada
nenhuma satisfação aos representantes dos fiscais, sendo retornadas sempre após muita
articulação política.
A GEFAE foi aprovada com valor bem inferior ao pleiteado, dessa forma tanto a gestão
quanto a categoria saíram vencedoras, esta porque conseguiu a valorização funcional e aquela por
ter cumprido a lei por vontade própria, sem a interferência do Judiciário, regulamentando a
gratificação prevista desde 2007.
25
Outra conquista, durante essas negociações, foi o reajuste do abono, pois sobre o mesmo
incidiam todos os descontos, mas nenhum reajuste. Esperamos que os próximos reajustes sejam
independentes de negociações devido à obviedade do direito. O abono passou a ser pago aos
fiscais para amenizar distorções criadas pelo pagamento de verbas indenizatórias. Observem o
que a Lei 9334/2007 diz a respeito do abono:
Art. 47. Fica garantido que a soma da Gratificação de Produtividade (GP), Gratificação
de Exercício (GE), Gratificação Especial de Exercício (GEE), Vantagem Pessoal
Reajustável (VPR), Vantagem Pessoal Autônoma (VPA), Complemento Judicial SUMOV, Remuneração Adicional Variável (RAV), e as demais gratificações, piso
salarial e outras verbas pagas sob força de sentenças judiciais, não poderá ser inferior a
R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais; e de R$
1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais), para o caso dos fiscais municipais.
§ 1º – O disposto no caput acima se aplica aos servidores que não percebem estas
gratificações e ainda para aqueles que percebam uma, parte delas, ou todas as
gratificações, verbas e vantagens supracitadas.
§ 2º - No caso do somatório acima resultar em valor inferior a R$ 848,00 (oitocentos e
quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais; e de R$ 1.696,00 (um mil,
seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos fiscais municipais, fica assegurado o
pagamento de um abono correspondente ao que faltar para atingir aos valores referidos
acima.
§ 3º - Se o valor de uma das parcelas ou do somatório das vantagens referidas no caput for superior a R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos
fiscais; e de R$ 1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos
fiscais municipais, não será devido nenhum abono.
§ 4º - No caso em que o servidor venha a ser beneficiado judicialmente por quaisquer
das verbas citadas no caput deste artigo, fica o Poder Executivo autorizado a reduzir o
abono percebido pelo servidor, consistente na diferença entre R$ 848,00 (oitocentos e
quarenta e oito reais) ou R$ 1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais), conforme o caso, e o valor determinado pelo Poder Judiciário. No caso de a verba
determinada judicialmente ser superior aos valores monetários acima citados, não será
devido mais o abono.
§ 5º - A redução a que se refere o § 4º se aplica tanto para o caso do valor a ser
implantado como para o caso de pagamento dos valores retroativos Neste último caso,
será considerado todo o período em que o servidor recebeu o abono; § 6º - Os processos
judiciais, transitados em julgado, em favor dos servidores públicos constantes desta Lei, ensejarão direitos adquiridos imediatos.
Com as negociações, o artigo 47, da Lei 9334/2007, foi modificado por meio da Lei 9900,
de 04 de abril de 2012, publicada no DOM nº 14.766, de 04 de abril de 2012, mais precisamente
em seu artigo 3º, ficando da seguinte forma:
26
Art. 3° - O art. 47 da Lei nº 9.334, de 28 de dezembro de 2007, que institui o Plano de
Cargos, Carreiras e Salários do ambiente de especialidade Fiscalização, passa a vigorar
com a seguinte redação: “Art. 47 - Fica garantido que a soma da Gratificação de
Produtividade (GP), Gratificação de Exercício (GE), Gratificação Especial de Exercício
(GEE), Vantagem Pessoal Reajustável (VPR), Vantagem Pessoal Autônoma (VPA),
Complemento Judicial SUMOV, Remuneração Adicional Variável (RAV), piso salarial,
e outras verbas pagas sob força de sentenças judiciais, não poderá ser inferior a R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais, e de R$
1.696,00 (mil seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos fiscais municipais.”
Percebemos que a alteração foi a retirada do termo “e as demais gratificações”, ficando
claro que a nova redação do artigo 47, da Lei 9334/2007, refere-se apenas às gratificações obtidas
por força de sentença judicial. Caso não houvesse sido feita essa alteração, alguns fiscais teriam
direito apenas à parte da GEFAE e outros sequer teriam qualquer direito à recebê-la.
Durante essas negociações, também conseguimos que passasse a ser pago Adicional
Noturno para os fiscais que estavam trabalhando à noite e Gratificação por Serviços
Extraordinários aos que trabalhavam além de sua carga horária. No entanto, houve muita
complicação no pagamento desses benefícios, algumas unidades nunca os pagaram e outras os
pagaram com inconstância e imprecisão.
6 GRÁFICOS DE NOTIFICAÇÕES DA SEMAM (2011 e 2012)
Seguem os dados acerca do trabalho dos fiscais que exercem suas funções na Secretaria
de Meio Ambiente e Controle Urbano - Semam - mensurados em 2011, primeiro ano de trabalho
dos recém-empossados (05/11/2010).
2011 Notificações Embargos
Janeiro 111 3
Fevereiro 164 5
Março 154 4
Abril 123 12
Maio 130 6
Junho 125 7
Julho 385 4
27
Agosto 629 3
Setembro 423 8
Outubro 412 5
Novembro 314 11
Dezembro 271 15
TOTAL 3241 83
Foi possível mensurar o trabalho realizado na Semam devido à iniciativa da
Coordenadoria de Fiscalização, nem todas as Regionais fizeram esse levantamento, por isso não
foram citadas.
Segue o gráfico do trabalho realizado pelos fiscais da Semam durante o ano de 2011:
Curva Mensal de Notificações e Embargos
2011
111164 154
123 130 125
385
629
423 412
314271
3 5 4 12 6 7 4 3 8 5 11 150
100
200
300
400
500
600
700
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Notificações Embargos
Seguem os dados acerca do trabalho dos fiscais que exercem suas funções na Semam
referente à 2012.
2012 Notificações Embargo Apreensão
Janeiro 255 12 29
Fevereiro 231 7 61
Março 267 19 15
28
Abril 193 7 3
Maio 295 10 11
Junho 369 4 6
Julho 269 10 9
Agosto 279 6 20
Setembro 215 4 16
Outubro 200 13 15
Novembro 186 17 10
TOTAL 2759 109 195
A seguir, gráfico de 2012 dos tipos de notificações da Semam:
SEMAM – TIPOS DE NOTIFICAÇÕES
É importante salientar que a apuração foi realizada apenas em cima das notificações e
seus tipos, não constando a abordagem educacional, nem a quantidade da demanda atendida, pois
nem sempre é lavrada notificação, somente nos casos constatação de infração à legislação.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Notificação
Embargo
Apreensão
29
7 PLANTÕES FISCAIS
Uma das principais deficiências da fiscalização é a ausência de rotina no período noturno,
finais de semana e feriados. Nesses períodos, a população fica sem proteção contra os que
infringem a legislação municipal e, eles sabendo disso, aproveitam para cometer as
irregularidades já que se sentem livres de qualquer fiscalização.
Excetua-se a Semam, como dito anteriormente, a fiscalização funciona em sistema de
24h, todos os dias. Porém, o efetivo de fiscais disponibilizado para os finais de semana, feriados e
períodos noturnos é pouco para atender a demanda de toda a cidade.
É, pois, mais que urgente a necessidade de criação de plantões ordinários e estruturados,
para que se possa cobrir esta lacuna, prestando à população um serviço não só de qualidade, mas
em horário integral, de forma a impedir que os infratores programem, de maneira mais tranquila,
o desrespeito à legislação.
No entanto, não basta implantar o horário para cumprimento por parte dos fiscais
municipais, há de se pensar na logística, na forma de escala, de se ter um objetivo para que os
plantões não sejam improdutivos, para que não sirvam apenas para aparentar um funcionamento
eficiente, mas que o sejam realmente.
8 SEGURANÇA NO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO
As condições de trabalho oferecidas à fiscalização não oferecem a mínima segurança, em
consequência, vêm se tornando comuns os assaltos, inclusive a mão armada, no dia-a-dia dos
fiscais municipais durante o exercício do trabalho.
Pleiteou-se, durante as negociações de 2011, a implantação de uma gratificação de risco
de vida, porém a gestão não compreendeu esse risco na função da nossa categoria, explicando
que o risco estava na cidade, não sendo característica da nossa atividade. Apresentamos alguns
vídeos de momentos críticos da fiscalização, como o apedrejamento ao carro que conduzia os
fiscais no Centro de Fortaleza, mas, mesmo assim, não comovemos a gestão.Vale ressaltar que
30
outros entes políticos já reconheceram esse pleito, concedendo a gratificação de risco de vida aos
seus fiscais de posturas, podemos citar o Distrito Federal, Taubaté e Cachoeirinhas.
Salientamos, ainda, que o município de Fortaleza reconheceu o risco de vida para os
profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF), garantindo-lhes a devida gratificação,
formalizando essa decisão por meio do Decreto nº 12067, de 21 de julho de 2006. Houve o
reconhecimento de áreas classificadas como perigosas para o exercício desses profissionais que,
assim como os fiscais, trabalham externamente, sendo que estes trabalham aplicando penas para
tentar coibir as infrações às legislações, enquanto os profissionais do PSF prestam um serviço
social.
É certo que não há dinheiro que pague pôr a vida em risco, contudo a gratificação de risco
de vida não teria esse objetivo, seria apenas uma forma de demonstrar reconhecimento, por parte
da gestão, de que desempenhamos uma atividade de risco já que, além de fiscalizarmos em toda a
cidade, inclusive nos locais reconhecidamente perigosos, agimos com o poder de polícia para
impedir ou parar as irregularidades e, até, em crimes cometidos contra o meio ambiente.
Além de atuarmos de forma punitiva, também temos a importante tarefa de realizarmos
um trabalho educacional, tentando conscientizar e educar a sociedade, por exemplo: no respeito
ao próximo, ensinado a não invadir o espaço do outro, a não privatizar os espaços públicos ou
coletivos, demonstrando a importância de se ter uma postura mais higiênica a fim de evitar
doenças, conscientizando os donos de supermercados e abatedouros da importância de conservar
alimentos e manuseá-los, dentre outras ações.
9 SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS E PLANEJAMENTO DE FORTALEZA -
GRPFOR
Por último, queremos observar a importância do novo sistema - GRPFOR -, ainda sem ser
utilizado na sua totalidade, que vem se mostrando simples na operação e eficiente nos resultados,
deve ser potencializado e mantido.
Esse sistema foi posto em prática para mensurar a Gratificação Especial de Fiscalização
de Atividades Específicas (GEFAE), instituída pela Lei 9334 (Plano de Cargos Carreiras e
31
Salários do ambiente de especialidade fiscalização), de 28 de dezembro de 2007, e Lei nº
9898/2012, de 04 de abril de 2012, sendo reconhecida pela PMF a necessidade de regulamentá-la
já que estava prevista desde 2007, fazendo isso por meio do Decreto 12.945, de 09 de abril de
2012, publicado no DOM nº 14.785, de 07 de maio de 2012.
Embora a referida gratificação tenha sido implementada (abril de 2012, mas paga somente
em junho de 2012) pela gestão municipal que se encerra devido às negociações, que pareciam
intermináveis, foi aprovada com valor bem inferior ao pleiteado, estando a fiscalização de
Fortaleza ainda dentre as mais mal remuneradas do país.
O GRPFOR é um sistema informatizado para a gestão da administração tributária e de
controle urbano e meio ambiente da PMF. Possui os seguintes perfis: Atendente – cadastra a
solicitação da população ou de entidades que são as denúncias; Fiscal – responde as Ordens de
Serviço (OS), cadastra a notificação, quando houver; Chefe – analisa Solicitação/Demanda e
converte em OS, cria e responde OS, cadastra normas, cadastra notificação; Diretor – Analisa
solicitação/Demanda e converte em OS, cria OS, cadastra as normas, extrai o relatório de
produtividade.
A Central de Atendimento/Ouvidoria cria as demandas da população no GRPFOR para,
então, serem direcionadas às unidades de acordo com o tipo da fiscalização solicitada. Esse perfil,
também, deve acompanhar as notificações cadastradas.
O Fiscal Municipal deve responder as OS's com as informações coletadas em campo,
cadastrar as notificações, quando geradas por OS ou em flagrante. O sistema proporciona ao
fiscal a possibilidade de acompanhar as notificações cadastradas, verificando se foi gerado auto
de infração, concedido prazo para regularização ou se foi feito acordo legal, incluindo pagamento
ou compensatória de notificação. Esse acompanhamento pode ser realizado pelo próprio fiscal
que cadastrou a notificação ou por qualquer fiscal de outra unidade, independente de quem fez o
cadastro, proporcionando total transparência.
O perfil de Chefe analisa as demandas de outras áreas e as converte em OS's para os
fiscais, cria OS's para os fiscais, responde OS, encerra as OS's criadas, cadastra normas,
motivação, acompanha as notificações, podendo conceder prazo, gerar auto de infração cancelar e
regularizar notificação.
O perfil de Diretor analisa as demandas de outras áreas e converte em OS's para os
Fiscais, cria OS's para os fiscais, encerra OS's criadas por qualquer chefe, cadastra normas,
32
motivação, acompanha as notificações, podendo conceder prazo, gerar auto de infração, cancelar
e regularizar notificação e extrai o relatório de produtividade.
O Módulo de OS's possui a possibilidade de criação, exclusão e encerramento de OS's; o
Módulo de Infração dá a possibilidade de cadastrar a notificação, o auto de infração, o
procedimento de embargo, de interdição, de desfazimento, de demolição e de remoção e o termo
de apreensão; o Módulo de Pessoas Física e/ou Jurídica (PF e PJ) é para o cadastramento e
alteração de dados.
Através do GRPFOR já foi possível fazer o primeiro levantamento estatístico, período de
abril a novembro de 2012, vejamos:
2012 OS Cumpridas % Cumpridas
Abril 3173 95,80%
Maio 7775 99,50%
Junho 6209 99,30%
Julho 7184 99,40%
Agosto 7368 99,10%
Setembro 5938 99,80%
Outubro 7144 99,89%
Novembro 5483 99,85%
Total 50274
OS’s Cumpridas – Abril a Novembro de 2012
3173
7775
6209
7184 7368
5938
7144
5491
0
1000 2000 3000
4000 5000
6000 7000 8000
9000
Abril
Maio Junho
Julho Agosto
Setembro Outubro
Novembro
OS’s Cumpridas
33
10 HISTÓRICO DO CARGO DE FISCAL MUNICIPAL
Os Fiscais de Controle Urbano e Meio Ambiente foram divididos em Fiscais de
Edificações e outra parcela, em menor quantidade, em Fiscais de Posturas. Para os primeiros, era
exigido o curso de nível médio em Edificações e, aos Fiscais de Posturas, os cursos de
Eletrotécnica ou Mecânica. Todos esses cursos eram ministrados pela antiga Escola Técnica
Federal do Ceará.
Após o PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) de 2007, a categoria foi unificada na
nomeclatura de Fiscal Municipal e, a partir do concurso de 2010, passou a ser exigido o nível
superior, podendo, agora, o fiscal desempenhar funções relacionadas ao transporte, ao meio
ambiente, a posturas, ao controle urbano e a edificações. Apenas para os fiscais da Vigilância
Sanitária foi exigida formação específica (Medicina, Enfermagem, Medicina Veterinária,
Nutrição, Engenharia de Alimentos, Odontologia, Farmácia, Química, Química Industrial e
Engenharia Química).
Podemos observar, no Ato de Nomeação nº 9726/2010, publicado no DOM nº 14.422, de
09 de novembro de 2010, que não aparece distinção na nomenclatura de cargo, sendo o cargo de
Fiscal Municipal para contemplar todas as áreas. No Ato de Convocação nº 13003/2011,
publicado no DOM nº 14697, de 22 de dezembro de 2011, acontece da mesma forma. O Edital de
% de OS’s Cumpridas – Jan a Nov de 2012
95,80%
99,50% 99,30% 99,40% 99,10%
99,80% 99,89% 99,85%
93,00% 94,00% 95,00% 96,00% 97,00% 98,00% 99,00%
100,00% 101,00%
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
% Cumpridas
34
convocação nº 035/2012, publicado no DOM nº 14.903, de 24 de outubro de 2012, informa que o
preenchimento de cargos é destinato ao Poder Executivo com atuação nas Áreas de Fiscal
Municipal Geral e/ou Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.
Com base na relevante distinção das atividades exercidas na Área de Fiscal Municipal
Geral e Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária, incluindo a diferença para o ingresso no
concurso que exigiu formação específica para esta área, seria oportuno que houvesse
nomenclatura de cargos diferentes para cada área de atuação: Auditor Fiscal Municipal e Auditor
Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.
Sendo mais uma conquista da AFIM, pleiteado desde 2007, foi realizado, em 2010,
concurso para o cargo de Fiscal Municipal, sendo admitidos, em novembro de 2010, por meio do
Edital de Convocação nº 017-A/2010, publicado no DOM nº 14.373, de 25 de agosto de 2010,
cerca de 200 (duzentos) novos fiscais, 150 (cento e cinquenta) para a área Geral - Transportes,
Posturas, Controle Urbano e Meio Ambiente - e 50 (cinquenta) para a área de Saúde e Vigilância
Sanitária, de acordo com resultado final constante no Edital de Divulgação nº 53/2010,
homologado através do Ato nº 4884/2010, publicados no DOM nº 14.335/2010, de 01 de julho de
2010.
De acordo com o Ato nº 13003/2011, publicado no Diário Oficial do Município de nº
14.697, de 22 de dezembro de 2011, foram nomeados 39 (trinta e nove) fiscais da área de Fiscal
Municipal Geral e 10 (dez) para a área de Vigilância de Sanitária. O restante do cadastro de
reserva foi convocado através do Edital de Convocação nº 035/2012, publicado no DOM nº
14.903, de 24 de outubro de 2012.
Atualmente, a fiscalização conta com 401 (quatrocentos e um) fiscais das áreas Geral e da
VISA, incluindo nesse número os que estão aguardando aposentadoria. De acordo com o
Censo/2010, a população de Fortaleza era de 2.315.116 (dois milhões, trezentos e quinze mil,
cento e dezesseis), estando, segundo o IBGE, com 2,5 de habitantes atualmente3, portanto a
quantidade de fiscais para atender uma população tão grande ainda é insuficiente, mas, com a
entrada de todos os aprovados do recente concurso, a fiscalização de Fortaleza terá o melhor
quadro de servidores dentro de quase três décadas.
3 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/08/fortaleza-chega-25-milhoes-de-habitantes-segundo-ibge.html
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A proporção entre a quantidade de fiscais da área Geral, hoje, é de um fiscal para,
aproximadamente, 7.900 (sete mil e novecentos) habitantes, devendo ficar, após o ingresso dos
servidores da última convocação (Edital de Convocação 35/2012) com um fiscal para cerca de
6.090 (seis mil e noventa) habitantes. Para a VISA, temos atualmente um fiscal para 25.500
(vinte e cinco mil e quinhentos) habitantes. Com o efetivo exercício dos que estão no cadastro de
reserva, deverá ficar um fiscal para 17.800 (dezessete mil e oitocentos) habitantes. Mesmo diante
do avanço, podemos ver que há grande disparidade, demonstrando o desprezo com que foi tratada
a fiscalização ao longo de quase três décadas.
Recentemente, através da Lei Complementar nº 118, publicada no DOM nº 14.869, de 28
de agosto de 2012, o número de cargos de Fiscal Municipal foi aumentado de 295 (duzentos e
noventa e cinco) para 445 (quatrocentos e quarenta e cinco) cargos. Essa foi mais uma importante
vitória para a categoria, sendo conseguida através do movimento realizado pelos excedentes,
respaldado pela AFIM e, consequentemente, reconhecido pela gestão.
Através do Ato de nº 3932/2012, publicado no DOM nº 14.799, de 25 de maio de 2012, a
Prefeitura Municipal de Fortaleza resolveu prorrogar a validade do concurso de 2010 por mais
dois anos, a partir de 1º de julho de 2012.
11 LEGISLAÇÃO UTILIZADA PELA FISCALIZAÇÃO
Como foi mencionado anteriormente, existiam duas categorias de fiscais: Fiscais de
Edificações e Fiscais de Posturas. Para ambas as categorias de fiscalização, o instrumento legal
utilizado era o Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza (Lei 5530, de 17 de
dezembro de 1981).
Decorridas quase três décadas, a fiscalização realizada nas SER's continua aplicando,
unicamente, a Lei 5530, de 17 de dezembro de 1981, ou algumas leis e decretos específicos tanto
para Posturas, Edificações e Meio Ambiente. Em 2009, foi aprovado um novo Plano Diretor, mas
suas Leis Complementares não foram aprovadas até o momento como a Lei de Uso e Ocupação
do Solo e os Códigos.
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Podemos destacar alguns fatos marcantes ocorridos ao longo de quase três décadas, que
interferiram direta ou indiretamente na fiscalização.
Redução gradativa do número de fiscais devido à morte de alguns
companheiros (as), aposentadoria de outros, transferência para outros órgãos,
aprovação em outros concursos. Mesmo com a admissao de mais de 200 (duzentos)
novos fiscais, vale salientar que, aproximadamente, 80 (oitenta) fiscais
remanescentes do penúltimo concurso, realizado em 1982, provavelmente estarão
se aposentando nos próximos 5 (cinco) anos;
Aumento vertiginoso da população, saltando de um milhão de
habitantes, no início dos anos 80, para dois milhões e meio de habitantes nos dias
atuais;
No início dos anos 80, tinha-se um fiscal para 8.333 (oito mil,
trezentos e trinta e três habitantes);
Antes da realização do concurso de 2010, tínhamos um fiscal para
12.000 (doze mil) habitantes;
Atualmente, com a posse dos fiscais do concurso de 2010 e com a
chamada do cadastro de reserva, teremos um fiscal para mais de 7.900 (sete mil e
novescentos) habitantes, para a área Geral e um fiscal para cada 25,510 (vinte e
cinco mil, quinhentos e dez) habitantes para a área da Vigilância Sanitária. Isso
demonstra que houve um avanço, mas ainda há uma grande disparidade. Contudo,
sendo chamado o cadastro de reserva, podemos ter uma melhoria na fiscalização
que não houve ao longo de umas três décadas, ficando evidente o quanto a
fiscalização de Fortaleza tem sido desprezada;
Após o efetivo exercício de todos os fiscais, se não for investido na
infraestrutura do trabalho, a cidade não sentirá o aumento de pessoal da
fiscalização. Precisamos que haja carro para que sejam realizadas as fiscalizações,
que haja computadores nas unidades de fiscalização, que sejam entregues câmeras
fotográficas para os fiscais para registrarem a vistoria dentre outros materiais de
trabalho;
Com o crescimento desordenado da cidade, consequência de uma
fiscalização sem investimentos, elevaram-se, em proporções geométricas, as
infrações de saúde, vigilância sanitária, edificações, posturas e meio ambiente;
Além da demanda crescente por serviços de fiscalização, com a
redução correspondente do número de fiscais, o Poder Público Municipal nunca se
preocupou em dar treinamentos, reciclagens ou cursos de atualização para os
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fiscais, com o objetivo de acompanhar a evolução dos tempos, principalmente no
que se refere à fiscalização de meio ambiente e transportes;
Em virtude do bem-estar da cidade de Fortaleza e do grande evento
que será sediado em nossa cidade, a Copa do Mundo de 2014, é preocupante a
inércia do Poder Público Municipal no sentido de exercer o seu Poder de Polícia,
proporcionando desmonte na máquina administrativa, interferência política
negativa, truncamento e/ou frustração do serviço do fiscal com a emissão
ineficiente de multas e cobranças das mesmas, desestímulo no serviço de
fiscalização devido a isso e à falta de investimento em equipamentos de trabalho,
ao aumento da impunidade de infratores, ao aumento de verdadeiros atentados à
Lei de Uso e Ocupação do Solo, ao Código de Obras e Posturas e ao meio ambiente.
Não há uma política de formação continuada para a atualização da fiscalização,
acrescente-se a isso, uma política salarial defasada e ameaças de retirada de ganhos conquistados
na Justiça, faltando, inclusive, material de apoio para o trabalho da fiscalização, tais como trena e
transporte, que são, muitas vezes, custeados pelos próprios fiscais.
Mesmo diante de tudo isso, não houve acomodação dos fiscais em relação à qualificação
individual. Por iniciativa de cada um, a quase totalidade da categoria possui, pelo menos, um
curso de nível superior, outros têm mais de uma Graduação, vários têm especializações e
mestrado. Esperamos que as próximas gestões percebam que investir na fiscalização é investir na
cidade.
11.1 Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza
A Lei nº. 5530, de 17 de Dezembro de 1981, Código de Obras e Posturas do Município de
Fortaleza substitui o antigo Código Urbano, em vigor desde 06 de agosto de 1962. A evolução da
técnica utilizadas nas construções, da Arquitetura e dos materiais, bem como dos próprios
costumes e a adoção de novos índices e padrões de uso e ocupação do solo, previstos no Plano
Diretor de Fortaleza, lançado em 1979, tornaram-se ineficientes e obsoleto o antigo Código
Urbano. De lá para cá, foram aprovados três novos Planos Diretores.
A Lei 5530/81 compõe-se de cinqüenta capítulos, assim divididos:
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Parte I – do Capítulo I ao XI – dispõe sobre obras de uma maneira geral;
Parte II – do Capítulo XII ao XIX – trata da edificação em si, em seus
elementos gerais;
Parte III – do Capítulo XX ao XXXV – trata de normas específicas das
edificações, conforme as atividades nelas desenvolvidas;
Parte IV – do Capítulo XXXVI ao XLVIII – dispõe sobre Posturas
Municipais.
A fiscalização referente a Edificações, geralmente, aplica apenas a Parte I da Lei 5530/81,
enquanto que a fiscalização de Posturas aplica, somente, a Parte IV. Nessa parte que se refere a
Posturas Municipais, estão incluída as questões ambientais.
Em particular, o Capítulo XLI versa sobre a Poluição do Meio Ambiente,
especificamente, poluição sonora, poluição do ar e poluição das águas. A questão da poluição,
através de resíduos sólidos, é tratada simplesmente como limpeza pública, no Capítulo XXXVI, e
não como poluição ambiental, como é vista atualmente. Já o Capítulo XXXVIII, trata da
arborização da cidade e sua conservação. O Capítulo XLII versa sobre a poluição visual,
regulamentando a propaganda e a publicidade.
É importante ressaltar que o Código de Obras e Posturas já possui várias normas
revogadas ou modificadas por diversas leis esparsas e específicas que foram editadas durante
esses trinta e um anos de sua vigência, como forma de se moldar aos novos anseios sociais e à
nova realidade social. Como exemplo tem-se a nova lei de Publicidade e Propaganda (Lei nº
8221, de 28 de dezembro de 1998), A lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 7.987, de 23 de
dezembro de 1996), a nova Lei da Poluição Sonora, conhecida popularmente com o a Lei do
Paredão (Lei nº 9756, de 04 de março de 2011), bem como o Próprio Plano Diretor Participativo
de 2009 (Lei Complementar nº 062, de 02 de fevereiro de 2009 – publicado no DOM nº 14.020,
de 13 de março de 2009) que nos seus artigos 323 e 326, por exemplo, revogam expressamente
partes do Código de Obras e Posturas). Observemos:
Art. 323 - Fica vedada a aprovação de projetos de forma tácita, por decurso de prazo ou
por qualquer outro meio, que não pela expressa análise e aprovação do Município.
Parágrafo Único - É nula toda e qualquer licença anteriormente concedida com bases nos
§§ 3º, 6º, 7º e 8º do art. 20 da Lei 5.530, de 17 de dezembro de 1981.
Art. 326 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial os parâmetros e
indicadores estabelecidos no Anexo 5, Indicadores Urbanos da Ocupação, da Lei de Uso
e Ocupação do Solo - Lei nº 7.987, de 1996; e os §§ 3º, 6º, 7º e 8º do art. 20, o parágrafo único do art. 728, e o art. 729, todos da Lei Municipal 5.530, de 17 de dezembro de
1981. (LEI COMPLEMENTAR nº 062/2009).
39
O crescente número de leis específicas que, apesar de publicadas, não têm a publicização
devida, aliado à ausência de um trabalho de permanente atualização dos servidores envolvidos
com a fiscalização ambiental e urbanística, dificulta, e muito, o exercício da fiscalização, além
de confundir os munícipes.
Tanto os munícipes como os servidores públicos são, de certa forma, prejudicados,
inclusive no que se refere às competência dos órgãos administrativos, já que existem diversas
leis, decretos, portarias, que delimitam novas competências, algumas vezes até conflitantes, ficam
estes sem saber como exercer sua função sem adentrar no que não seria de sua competência e
aqueles sem saber a qual órgão/secretaria se dirigir para recorrer de notificações ou para se
legalizarem.
Vale ressaltar que o concurso de 2010 foi realizado para Fiscal Municipal, havendo duas
áreas: Geral e Vigilância Sanitária. Portanto, os fiscais da área geral têm competência para
exercer todas as funções, sendo limitados apenas por uma questão de “organização
administrativa”. Também ressaltmos que, quanto à confusão que são expostos os munícipes, eles
podem ser notificados por uma secretaria/órgão e terem que se regularizar em outra
secretaria/órgão.
Com isso, várias leis, juridicamente vigentes, acabam se tornando ineficazes, já que têm
sua aplicabilidade mitigada ou mesmo inexistente. Um bom exemplo de confusão causada pela
ausência de atualização dos gestores e profissionais envolvidos com a fiscalização é a vistoria
realizada por denúncias de criação de animais (cachorros, gatos, porcos, galinhas, etc) que,
geralmente, são repassadas aos fiscais das SER’s, mas na verdade competem ao Centro de
Controle de Zoonoses - CCZ -, havendo, inclusive, previsão legal expressa e específica para tais
infrações e competências (Lei 8966, de 14 de setembro de 2005, especialmente os artigos 27, 32,
34 e 36).
11.2 Lei de Uso e Ocupação do Solo
Lei nº. 7987, de 20 de Dezembro de 1996, ou Lei de Uso e Ocupação do Solo,
diretamente, não é aplicada pela fiscalização, mas sim de forma indireta, pois, para a aprovação
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de projetos de edificações e demais obras, ela é analisada, utilizando-se, também o Código de
Obras e Posturas do Município de Fortaleza.
Seria adequado o conhecimento desta Lei por parte da fiscalização porque, em obras sem
projeto aprovado, ao fiscal que fosse vistoriá-la, teria uma visão prévia se a obra seria ou não
passível de aprovação. Em caso afirmativo, o infrator seria notificado e orientado a aprovar o
projeto; em caso negativo, seria dado outro encaminhamento, com adaptações, de modo a ser
aprovado o projeto ou realizado o embargo da obra.
Salientamos que já até expirou o prazo para a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo,
conforme o Plano Diretor de 2009:
Art. 305 - O Poder Executivo, assegurada a participação popular, encaminhará à Câmara
Municipal, a partir da entrada em vigor desta Lei, os seguintes instrumentos normativos:
I - Lei de Parcelamento do Solo, no prazo de até 2 (dois) anos;
II - Lei de Uso e Ocupação do Solo, no prazo de até 2 (dois) anos
12 LEIS MUNICIPAIS REFERENTES A QUESTÕES AMBIENTAIS
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) tem por
finalidade promover e executar a política municipal de meio ambiente, bem como implementar o
controle urbano para o racional desenvolvimento do município, responsabilizando-se pelo
planejamento e articulação intersetorial com as demais secretarias municipais.
Criada em 26 de dezembro de 2001, pela Lei nº. 8.609, que dispõe sobre a organização
administrativa da Prefeitura Municipal de Fortaleza e alterações procedidas por meio da Lei nº
8.692, de 31 de dezembro de 2002, a Semam foi regulamentada pelos decretos de número 11.115,
de 23 de janeiro de 2002 e 11.377, de 24 de março de 2003.
Hoje, cerca de 90 % dos recursos humanos da Semam são terceirizados, diante desses
fatos, torna-se urgente uma auditoria completa nas contas da Semam, para citar um exemplo, a
taxa de compensação ambiental, cobrada dos infratores, não tem seu destino regulamentado,
sendo atualmente uma caixa preta, o que provocou uma representação do Sinduscon junto ao
41
Ministerio Público para que a Semam informe e de publicidade ao destino dessa taxa, que tem
destino específico.
A Compensação Ambiental é um mecanismo financeiro de compensação pelos efeitos de
impactos não mitigáveis identificados quando da implantação de empreendimentos no processo
de licenciamento ambiental. Também é utilizada nas notificações de infrações. Esses recursos
devem ser destinados às Unidades de Conservação para a consolidação do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação – SNUC.
O instrumento da Compensação está contido no Art. 36 da Lei nº. 9.985, de 18 Julho de
2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e é regulamentada pelo
Decreto nº. 4.340, de 22 de agosto 2002, alterado pelo Decreto nº 5.566/05.
De acordo com o art. 33, da Lei nº 9.985, que instituiu a taxa de compensação ambiental,
a aplicação dos recursos dessa compensação se dará nas Unidades de Conservação existentes ou a
serem criadas e deve obedecer à seguinte ordem de prioridade:
I - regularização fundiária e demarcação das terras;
II - elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;
III - aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,
monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de
amortecimento;
IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de
conservação; e
V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de
conservação e área de amortecimento.
Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular do Patrimônio Natural,
Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse Ecológico e
Área de Proteção Ambiental, quando a posse e o domínio não sejam do Poder Público,
os recursos da compensação somente poderão ser aplicados para custear as seguintes atividades:
I - elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de proteção da unidade;
II - realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sendo
vedada a aquisição de bens e equipamentos permanentes;
III - implantação de programas de educação ambiental; e
IV - financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sustentável
dos recursos naturais da unidade afetada.
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O Fundo de Defesa do Meio Ambiente (Fundema), criado pelo art. 205, da Lei Orgânica
do Município de Fortaleza, regulamentado pela Lei 8.287, de 07 de Julho de 1999, está vinculado
à Secretária de Meio Ambiente e Controle Urbano - Semam - e tem como finalidade o apoio ao
desenvolvimento de programas de educação ambiental. Hoje, é uma caixa preta, pois não existe
uma conta única para o fundo e os recursos que são arrecadados advindos das taxas e dos
licenciamentos vão para o caixa único da Prefeitura.
O Conselho Municipal de Meio Ambiente - Comam - foi criado pela Lei nº 8.048, de 24
de Julho de 1997, e integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama -, como órgão
colegiado local, deliberativo, consultivo e de assessoramento ao Chefe do Poder Executivo
Municipal em questões relativas à política do meio ambiente em Fortaleza. A presidência do
Comam, nos termos do inciso XXXIX, do artigo 17, da Lei nº 8.692, de 31 de dezembro de 2002,
compete ao titular da Semam.
Dentre os objetivos do Comam, destacam-se: deliberar sobre as diretrizes gerais da
política ambiental no município; aprovar previamente o licenciamento ambiental do
parcelamento do solo, localizados ou vizinhos a áreas de proteção de recursos hídricos; manterem
intercâmbio com órgãos congêneres municipais, estaduais e federais, objetivando a troca de
subsídios técnicos e informações à defesa do meio ambiente.
Conselho paritário, composto atualmente pelos seguintes órgãos: Secretária Municipal de
Meio Ambiente e Controle Urbano, Secretaria de Planejamento e Orçamento, Secretaria
Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Infraestrutura, Secretaria de Educação e Ação
Social do Município, Secretarias Executivas Regionais (I a VI), Procuradoria Geral do
Município, Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização, Comissão de Habitação do Município
de Fortaleza, Fundação Cearense de Cultura Esporte e Turismo, Empresa Técnica de Transporte
Urbano S/A, Federação de Entidades de Bairros e Favelas de Fortaleza, Superintendência
Estadual de Meio Ambiente, Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura,
Federação Indústrias do Estado do Ceará, Universidade Federal do Ceará, Instituto de Arquitetura
do Brasil, Universidade Estadual do Ceará, Câmara Municipal de Fortaleza, Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Procuradoria Geral de Justiça – Ministério
Público, Associação Cearense de Engenheiros Civis, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis, Associação dos Geógrafos do Brasil, Associação Comercial do
Ceará, Sociedade Cearense de Defesa da Cultura e Meio Ambiente, Autarquia Municipal de
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Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania, Assecom e Sindicato das Indústrias da Construção Civil
do Ceará.
A AFIM reivindica uma vaga no Comam para que possamos dar nossa contribuição e
visão do atual estágio do meio ambiente na cidade, contamos com fiscais com Mestrado e
Especialização em Gestão Ambiental e de reconhecida capacidade técnica.
12.1 Lei 8707, de 19 de maio de 2003 – criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente
Esta Lei altera a Lei nº. 8.048, de 24 de julho de 1997, que cria o Conselho Municipal de
Meio Ambiente (Comam) e dá outras providências. Por exemplo, o artigo 2º, da Lei 8.048/97,
passa a ter a seguinte redação: “O COMAM, como órgão colegiado diretamente vinculado ao
Prefeito Municipal, atuará em nível consultivo e deliberativo, em questões relativas à política
municipal de meio ambiente”.
12.2 Lei 8097, de 02 de dezembro de 1997
Esta Lei dispõe sobre medidas de combate à poluição sonora e dá outras providências,
atualizando ou revogando algumas disposições contrárias à mesma, do Capítulo XLI, seção II, da
Lei 5530/81 (Código de Obras e Posturas), que trata de poluição sonora.
12.3 Lei 8738, de 10 de julho de 2003
Altera as Leis nº. 8.230, de 20 de dezembro de 1998, que institui a taxa de licenciamento
ambiental, e Lei nº. 8.497, de 18 de dezembro de 2000, que introduz novas atividades
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licenciáveis, dá nova redação ao inciso XXIX, do art. 17, e ao art. 10, da Lei nº 8.692, de 31 de
dezembro de 2001.
12.4 Lei n°. 8.230, de 29 de dezembro de 1998 - DOM n° 11.505, de 29 de dezembro de 1998
Instituiu a Taxa de Licenciamento Ambiental que, na prática, é mais um procedimento
burocrático criado pela Prefeitura de Fortaleza, pois não há nenhuma fiscalização antes ou depois
de ser licenciado o empreendimento.
A própria Lei relata, no seu art. 2º, que a fiscalização de obras, empreendimentos e demais
atividades impactantes, localizadas no município de Fortaleza, seguirá as normas e
procedimentos constantes da Lei n°. 8.000/97, de 27 de janeiro de 1997, e legislação
complementar.
Porém, não existe nenhum monitoramento dos licenciamentos concedidos, a não ser que
haja alguma denúncia por parte da população, ficando a fiscalização sem saber que procedimento
adotar já que não dispõe de equipamentos para medir poluição atmosféria, hídrica ou do solo,
além de não haver treinamento para isso. A fiscalização, neste caso, exige mais cautela porque se
trata de um local já licenciado.
A AFIM propõe que sejam revogados todos os Licenciamentos Ambientais concedidos na
Administração Juraci Magalhães, pois a maioria é uma fraude, até as próprias obras públicas
foram realizadas em desconformidade com a Legislação Ambiental.
Quanto à fraude nos licenciamentos ambientais, podemos citar como exemplo o EIA –
Estudo de Impacto Ambiental realizado para a construção do prolongamento da Av. Pe. Antônio
Thomaz não foi cumprido, sendo aterrada a área de recalque da Lagoa do Gengibre, o que vai
ocasionar, em época de chuvas mais intensas, uma das maiores inundações jamais vistas na área
da Cidade 2000, conjunto 2001 e adjacências. Isso aconteceu devido não existir nenhum
monitoramento e análise técnica da Semam para auditar a obra e conceder o licenciamento
ambiental.
Outro caso que podemos exemplificar é o da ponte sobre o Rio Cocó: o EIA – Estudo de
Impacto Ambiental - foi aprovado para um vão de seis metros da pista de rolamento e o que está
45
sendo realizado é um vão de nove metros, ocasionando a construção de doze pilastras sobre o
leito do Rio, o que vai ocasionar um assoreamento da área, com a criação de um dique de areia
natural, ocasionando a destruição do mangue a partir da ponte do rio Cocó.
Diante disso, a AFIM sugere que, para a concessão de licenciamentos ambientais, sejam
necessárias fiscalizações durante o processo, sendo levados em conta os relatórios das vistorias
dos fiscais.
12.5 Lei 8221/98 - dispõe sobre a publicidade e propaganda em Fortaleza
A Lei nº 8221, de 28 de dezembro de 1998, dispõe sobre a propaganda e publicidade no
Município de Fortaleza. É considerada, pela maior parte da fiscalização que atua no controle
urbano e meio ambiente, uma lei confusa e de difícil implementação na prática.
Já houve dois seminários com técnicos da Semam sobre esta lei, mas não foram
produtivos no que diz respeito a um melhor esclarecimento da mesma. Esta lei merece uma maior
discussão, pois alguns dos seus mecanismos suscitam dúbias interpretações, como por exemplo, a
parte relacionada a letreiros, além do mais, outros artigos não estão sendo implementados na
prática.
Portanto, podemos afirmar que a Lei de Propaganda e Publicidade de Fortaleza não
“vingou” e que, à luz das modificações do Código de Obras e Posturas e da legislação ambiental
do município de Fortaleza, a lei 8221/98 deve ser revista.
Outra alternativa para reformulação da lei 8221/98, já que trata de publicidade e
propaganda e é uma matéria intrinsecamente ligada à poluição visual, é levar em conta uma nova
proposta que seria a criação de um Código Ambiental para Fortaleza, com um novo artigo
específico para esse assunto, versando sobre poluição visual e seu controle, regulamentando a
publicidade e a propaganda em Fortaleza.
A Lei 8221/98 também teve normas revogadas ou modificadas por diversas leis esparsas e
específicas, como as leis nº 8899, de 1º de dezembro de 2004, a Lei n° 9912, de 12 de julho de
2012, dentre outras que criaram novas possibilidades, mas não tiveram a publicização devida,
dificultando sua aplicabilidade.
46
13 A PROPOSTA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE FORTALEZA
O Projeto do Plano Diretor Participativo de Fortaleza consiste na revisão e atualização da
Legislação Urbanística de Fortaleza e foi aprovado pela Câmara Municipal em 2010.
Contudo, até o momento, não houve nenhum instrumento para regularizar o Plano
Diretor, nenhuma discussão foi realizada, ou sequer iniciada. São dezesseis instrumentos que
precisam de urgente regularização, pois o atual Plano Diretor só contém as diretrizes gerais para a
regularização urbana.
Mal o Plano Diretor foi aprovado em 2010 e já possui várias alterações modificando as
ZEIS – Zonas de Interesses Social -, contrariando interesses públicos em favor de interesses
privados.
Além do mais, nosso Plano Diretor é extremamente criticado por especialistas da área
ambiental, não só por ter sido realizado por uma equipe de pessoas de outros estados que não
conhecem nossas peculiaridades, mas principalmente, em relação às coordenadas que o mesmo
apresenta.
14 LEIS DE CONTROLE URBANO A NÍVEL FEDERAL
Apresentamos,em seguida, importantes artigos da Constituição Federal de 1988 e uma
síntese crítica a respeito do Estatuto da Cidade.
14.1 Constituição Federal de 1988
A Carta Magna, no Título VII, Capítulo II, com o Título da Política Urbana, nos
artigos 182 e 183 trata da política e controle urbanos, destacando-se os seguintes pontos:
47
É obrigatório Plano Diretor para cidades com mais de 20.000 habitantes.
Compreende-se como Plano Diretor o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana;
É facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei específica para
área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da Lei Federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subtilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente:
I – Parcelamento ou edificação compulsória;
II – Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressiva no
tempo;
III – Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10
anos;
O artigo 183 prevê o Usucapião Urbano. Aquele que possuir área urbana
de até 250m², ininterruptamente e sem oposição, utilizando para moradia ou de sua
família, tem direito ao seu domínio, desde que não tenha outro imóvel;
Imóveis públicos não serão adquiridos por Usucapião.
14.2 Estatuto da Cidade
A Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, conhecida como Estatuto da Cidade, regulamenta
os artigos 182 e 183 da Constituição Federal (CF/88). Esta nova legislação é um importante
instrumento, pois permite ao Poder Público intervir no mercado de terras e nos processos de
urbanização, indo muito além da simples normalização de uso dos territórios. O Estatuto da
Cidade dá respaldo constitucional a uma nova maneira de realizar o planejamento urbano.
Pela primeira vez na história do Brasil, tem-se uma regulamentação Federal para a política
urbana, definindo uma concepção de intervenção no território que se afasta do tradicional caráter
tecnocrático o qual simplesmente aponta os usos ideais ou desejável para cada parte do território
urbano.
O Estatuto da Cidade combate a especulação imobiliária através da regulamentação de
dispositivos que obrigam os proprietários de áreas vazias ou subutilizadas, em regiões dotadas de
infraestrutura, à edificação ou parcelamento compulsório. Após notificação da Prefeitura e
cobrança de imposto predial progressivo, o Poder Público poderá desapropriar a propriedade para
o bem da coletividade e pagar com títulos da dívida pública com vencimento de até dez anos.
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O Estatuto da Cidade prevê, também, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). A lei
municipal definirá os empreendimentos que são passíveis de promover mudanças significativas
no perfil da região aonde vai se instalar. O EIV deverá levar em conta os efeitos positivos e
negativos do empreendimento no que diz respeito à vida dos moradores das áreas próximas,
garantindo-lhes livre acesso à documentação de aprovação do respectivo projeto.
Os artigos 49 e 50, do Estatuto da Cidade, exigem a expedição de termo de verificação e
conclusão de obras (Habite-se) e aprovação de parcelamento e edificação (aprovação de
loteamentos e aprovação de projetos para edificações novas ou reformas).
15 SUGESTÕES PARA INCLUSÃO DE PROPOSTAS EM NOVAS LEIS
A AFIM acha relevante a atualização do Código de Obras e Posturas do Município e a
elaboração de um Código Ambiental para a cidade, mediante a participação de diretores da
entidade em audiências públicas ou seminários de propostas de novas legislações. Aproveitando a
experiência acumulada na área da fiscalização, podemos analisar algumas sugestões.
Realização de cadastro atualizado de proprietários de imóveis com livre acesso aos
dados por parte da fiscalização, pois o cadastro da Sefin, além de desatualizado, torna-se
ineficiente devido à demora, porque depende de trâmites burocráticos para a consulta de qualquer
informação.
Devem-se prever, na legislação, circunstâncias atenuantes para os infratores como: Baixo
grau de instrução e escolaridade dos mesmos; Primariedade; Comunicação prévia do agente de
perigo iminente da degradação, quando se tratar de meio ambiente, e colaboração com os agentes
fiscais.
Previsão, na legislação, de situações agravantes que tornem a infração mais reprovável,
como: Reincidência; Ter o agente cometido a infração à noite; nos finais de semana ou feriados e
Falta de licença, autorização ou alvará.
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16 PROPOSTAS PARA A NOVA ADMINISTRAÇÃO
Observaremos sugestões para a administração da nova gestão de Fortaleza já que,
recentemente, foi decidido novo Prefeito através do sufrágio municipal de 2012. Também,
veremos algumas reivindicações prementes da categoria.
16.1 Sugestões para a nova gestão pública de Fortaleza
1. Criar Unidades de Conservação na cidade de Fortaleza, priorizando a formação de
corredores de fauna e flora com enfoque dirigido à conservação dos ecossistemas, buscando a
preservação de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada ecossistema presente na cidade e o
combate à ocupação nas margens dos rios Maranguapinho, Maceió, Pajeú, Cocó, Rio Ceará etc;
2. Elaborar e aprovar a Lei que define a política de resíduos sólidos em Fortaleza e implantar
a Coleta Seletiva;
3. Implantar o projeto DIESEL VERDE nos veículos da prefeitura para usar de 30 a 50% de
biodiesel ou diesel verde nos veículos oficiais;
4. Elaborar e implantar Programa de Redução da poluição industrial na cidade;
5. Propor lei que obrigue as empresas de elevado potencial poluidor a realizarem auditorias
ambientais anuais, um autêntico raio-x ambiental com custo zero para a Prefeitura, além de lei
que obrigue as grandes indústrias poluidoras a implementar Programa de Redução de Resíduos
Perigosos e a informarem o lixo químico que produzem e o que fazem com ele;
6. Criar, nos primeiros trinta dias de governo, a Comissão pelo Desenvolvimento
Sustentável e de debate sobre a Agenda 21 com a participação paritária dos órgãos da prefeitura,
ONG's e iniciativa Privada, com atuação horizontal, envolvendo todos os órgãos de Governo,
cabendo à área ambiental do Governo revisar e implementar;
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7. Prever, na política habitacional para vilas e favelas, que o reassentamento mantenha as
famílias próximas à comunidade invadida devido à preservação e manutenção do vínculo que eles
criaram com o meio ambiente ocupado, assim como a inclusão social;
8. Elaboração e aprovação das Leis complementares do novo Plano Diretor e
9. Aplicação de materiais filtrantes nas avenidas, ruas etc.
16.2 Reivindicações para categoria dos Fiscais Municipais
1. Realização de novo concurso para a categoria a fim de repor as vacâncias surgidas e
concurso exigindo, desta vez, técnicos com formações específicas para comporem os quadros de
licenciamentos;
2. Realização de concurso para fiscais da área da Vigilância Sanitária, pois o quadro de
servidores ainda é muito pouco diante da demanda da população, haja vista o concurso deles ser
por área específica de formação;
3. Pagamento dos Precatórios vencidos;
4. Criação de uma Secretaria de Transportes: atualmente a fiscalização de transportes vem
sendo realizada pela Etufor, sociedade de economia mista, que tem alguns fiscais a sua
disposição (apenas doze) para atender a demanda de toda a cidade de Fortaleza. Acrescentando-
se ao número irrisório de fiscais atuantes nessa área, temos o fato de essa fiscalização não estar
sendo exercida pela Administração Direta, havendo vários trabalhos publicados e sentenças
judiciais proferidas que, respectivamente, questionam e condenam a legalidade e a ética no que se
refere à realização de serviços de fiscalização por parte de entidades de economia mista;
5. Execução do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários, pois não estão sendo cumpridos
seus objetivos, a progressão da carreira não foi aplicada para os fiscais concursados em 1982,
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além das progressões por tempo de serviço, gratificações por titulação e gratificações por
capacitação, sem falar que os anuênios não estão sendo aplicados anualmente, causando perdas
de benefícios para os fiscais;
6. Implantação do Plantão Fiscalização Fortaleza 24 horas - trata-se de uma fiscalização
extraordinária onde os fiscais trabalhariam 24 horas divididos em turnos diurnos e noturnos
(plantões devidamente remunerados);
7. Concurso para a Semam: somente com homogeneidade nos procedimentos é possível ter
um trabalho eficiente de fiscalização, é por esse motivo que se faz necessário um concurso para
técnicos da Semam e que esta se estruture adequadamente para comandar a fiscalização de
controle urbano e meio ambienete em Fortaleza;
8. Reestruturação da Cevisa para comandar e instrumentalizar a fiscalização de Vigilância
Sanitária;
9. Equipar a Vigilância Sanitária de todos os mecanismos e logística necessária para o fiel
desempenho das atividades
10. Terreno da sede da AFIM: foi solicitado à PMF, e ainda sem resposta, a concessão de uso
e posse de um terreno, área institucional do loteamento Sítio São João, aprovado através do
Processo nº. 2.662/81, situado à Rua Miguel Gurgel, a 31,24 metros da Rua Beatriz Gurgel,
medindo 50,25 metros, com fundos para a Rua Efísio Gurgel, medindo 50,25 metros, tendo de
comprimento 66,00 metros. É objetivo da AFIM construir espaços para a categoria que seriam
utilizados principalmente pelos associados para cursos de formação, reciclagem e treinamentos,
posto serem os mesmos servidores públicos municipais, seria um investimento também para a
PMF. Além do mais, o espaço poderia ser cedido para a PMF em determinadas circunstâncias
como cursos para outros servidores;
11. Pagamento de Curso de Especialização em Gestão Ambiental Urbana que, a cada 2 anos,
é realizado pelo IFCE. Deveria ser realizada uma seleção interna para montar uma turma
específica para os Fiscais Municipais. O curso tem importância direta para o trabalho da
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fiscalização e iria auxiliar a Prefeitura em Projetos de auditorias ambientais, análises de EIA –
Estudos de Impacto Ambientais -, assim como nos demais projetos de licenciamento ambiental;
12. Projeto para nova sistemática de fiscalização - uma nova sistemática de trabalho se faz
necessária e urgente onde as tarefas realizadas pela fiscalização tenham um encaminhamento
legal e correto sem a ocorrência de ingerências de políticos. Poderia ser criada uma JARI - Junta
Administrativa de Recursos de Infração – ligada à Semam para a fiscalização da área geral
(Controle Urbano e Meio Ambiente) e uma JARI para a área de atuação da Vigilância Sanitária,
ligada à Secretaria Municipal de Saúde;
13. Pagamento de Auxílio Combustível para os fiscais que quiserem realizar a fiscalização
em seu carro particular. Há muitos anos, alguns fiscais realizam seu trabalho utilizando veículo
de sua propriedade sem receber auxílio combustível, perdendo com a depreciação do carro. Hoje,
somente os fiscais da Secretaria de Finanças recebem o auxílio combustível no valor de R$
1.000,00 (mil reais). No entanto, essa gratificação não é desejosa de forma unânime na categoria,
pois a vontade maior é que a gestão disponibilize carros suficientes para que a fiscalização possa
trabalhar;
14. O desejo da maior parte da fiscalização é que a PMF disponibilize carros para a
fiscalização e locais para servirem de depósitos para as mercadorias apreendidas (carnes podres,
comidas vencidas, animais dos abatedouros que são proibidos por lei de funcionarem em
Fortaleza, paredões de som etc);
15. Cargos de Coordenadores da Fiscalização específicos para fiscais: a AFIM entende ser
esse cargo estratégico para o bom desempenho do trabalho da fiscalização e considera que o
mesmo deva ser ocupado por fiscais de carreira que possuam aptidão e competência para isso
(nível técnico, desenvoltura, liderança, eficiência dentre outros atributos). É importante informar
que, no quadro de fiscais, há muitos com nivel de mestrado, Especialização ou Pós-Graduação
em Gestão Ambiental Urbana, com qualificada capacidade técnica para desempenharem com
louvor funções de chefias e de coordenadorias;
16. Os coordenadores relacionados à Vigilância Sanitária deverão ser preenchidos por fiscais
municipais, sendo os mesmos conhecedores das ações da Vigilância Sanitária e das
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peculiaridades dos trabalhos da fiscalização, sendo necessário comprovar conhecimento técnico
por meio de títulos (Fundamentação legal – Estatuto dos Servidores Públicos de Fortaleza);
17. GEFAE - aumento do valor para R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) em dois anos
(em 2013 para R$ 3.000,00 e em 2014 para R$ 4.500,00);
18. Aumento do Abono igual ao do Vencimento Base - VB - sendo em 15% para o ano de
2013 (Campanha Salarial Unificada com o SindFort);
19. Criação da GAE (Gratificação de Atividades Extraordinárias) para os fiscais que
realizarem o trabalho noturno, em feriados e finais de semana, blitz e outras atividades fora da
rotina da fiscalização como demolição, desfazimento, grandes festas que tiram a normalidade
cotidiana da cidade como pré-carnavais, fortal, reveillon, etc;
20. Centralização da Fiscalização de Controle Urbano e Meio Ambiente na Semam com a
devida reestruturação dos Distritos de Meio Ambiente das Regionais;
21. Escolha do Secretário da Semam por meio de lista tríplice, composta por pessoas de vasto
conhecimento na área ambiental, pelo Chefe do Poder Executivo Municipal;
22. Criação do Código de Vigilância Sanitária do Município de Fortaleza. (Fundamentação
legal – Lei Orgânica do Município de Fortaleza);
23. Criação do Código de Arrecadação das Taxas de Registro Sanitário e demais ações
tributadas relacionadas à Vigilância Sanitária (Fundamentada pelo Fundo Municipal de Saúde).
Considerando que, pela legislação federal, os recursos das notificações da Anvisa vão para o
Fundo Nacional de Saúde, acreditamos que nada impede que as da VISA fossem destinadas ao
Fundo Municipal de Saúde;
24. Criação do Código Ambiental de Fortaleza e atualização do Código de Obras e Posturas
do Município;
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25. Elaboração e aprovação de lei proibindo o uso da estufa e obrigando o uso do autoclave
em estabelecimentos de serviços de saúde ou de interesse à saúde onde se faça necessária a
esterilização de artigos;
26. As capacitações, treinamentos, seminários, congressos, simpósios e afins, relacionados
com a Vigilância Sanitária, deverão ser destinados aos fiscais do quadro da Vigilância Sanitária
com prioridade;
27. Aceitação dos cursos de Pós-Graduação nas áreas específicas para os fiscais da Vigilância
Sanitária já que o concurso para eles foi com exigência de formação específica;
28. Criação de uma Assessoria Jurídica Única para a Fiscalização composta de profissionais
do Direito com vasto conhecimento nas diversas áreas da fiscalização de Fortaleza;
29. Corrigir a distorção do atual quadro de fiscalização, ocorrido com a implantação do Plano
de Cargos, Carreiras e Salários, no qual existe, atualmente, o Fiscal e Técnico Fiscal, exercendo
as mesmas atribuições, mas com salários diferenciados;
30. Transformação do atual quadro de fiscais nos seguintes cargos: Auditor Fiscal Municipal
Geral e Auditor Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária;
31. Funcionamento da fiscalização de Vigilância Sanitária, durante 24 horas, com a
implantação de plantões remunerados;
32. Reestruturação da fiscalização do sistema de transporte no município com a criação de
órgão específico - Secretaria de Transportes - já que a Etufor não o cumpre adequadamente o
papel por ser uma sociedade de economia mista;
33. Com a criação da Semam, foi dada importância às questões ambientais da cidade, mas as
questões do meio ambiente da cidade carecem de uma estrutura de auditores ambientais, por isso
sugerimos a criação do cargo de Auditor Fiscal Ambiental no PCCS da fiscalização (Lei
9334/2007) e abertura imediata de concurso com exigência de especialização na área ambiental;
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34. Modificar o PCCS (Lei 9334/97) no artigo que trata da incorporação da GEFAE que
exige cinco anos para incorporação de aposentadoria, reduzindo para três anos especificamente
para os fiscais que já têm tempo de aposentadoria;
35. Implementação e pagamento da gratificação de risco de vida, prevista no estatuto do
servidor, aos fiscais da área geral;
36. Implementação e pagamento da gratificação da gratificação de insalubridade para os
fiscais da Vigilância Sanitária;
37. Manter as incorporações dos servidores públicos municipais desde que observadas as
exigências das legislações;
38. Garantia das causas ganhas na Justiça, devidamente transitado em julgado, como direito.
17 CRIAÇÃO DO FUNDAFISCO
O FUNDAFISCO seria um fundo para capacitar e modernizar a fiscalização na área
operacional e de gestão, o fundo seria criado com um percentual de 3% (três por cento) sobre as
taxas diversas cobradas pela Prefeitura e que incidissem sobre o Código de Obras e Posturas e
sobre o Código Ambiental do Município de Fortaleza.
Este Fundo seria gerenciado em conta específica da Prefeitura e seria gerido por um
conselho com seis membros, sendo dois indicados pela Chefe do Executivo Municipal, dois pela
sociedade civil organizada e conselhos populares e dois pela AFIM – Associação dos Fiscais do
Município de Fortaleza.
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18 IMPLEMENTAR METODOLOGIA DE COACHING
Implementar metodologia de coaching nas unidades onde houverem fiscais municipais
para que possa ajudá-los a atingir suas metas pessoais e na carreira. Através do coaching é
possível aprofundar o aprendizado, melhorando o desempenho e a qualidade de vida, essa faz
com que a pessoa descubra seus sonhos, metas e seu potencial inexplorado, ajuda a pessoa a
transformar esse conjunto em ação e a não perder o foco no caminho da implantação.
Provocar mudanças está no coração do processo do coaching que ajuda as pessoas ou a
organização a criarem, adaptarem-se e aceitarem as mudanças como um desafio e não como um
obstáculo. Portanto, seria um excelente investimento no servidor de carreira.
19 IMPLANTAÇÃO DE UMA SALA TÉCNICA PARA A FISCALIZAÇÃO
A Sala técnica seria um espaço onde se disporia de recursos de pesquisa e técnicos para se
realizar uma fiscalização com mais recursos de informações, eficiente e de forma inteligente, com
logística, acompanhando e gerenciando todo o andamento dos projetos que afetam o meio
ambiente e o controle urbano da cidade.
Os recursos a serem disponíveis na sala técnica seriam:
1. Biblioteca de livros técnicas da área de meio ambiente e
controle urbano;
2. Vinte Computadores com acesso à internet;
3. Banco de dados de informações cadastrais e de projetos da
Prefeitura;
4. Contratação de serviços de informações de imagens de satélites;
5. Informações advindas da parceria com instituições e ONG's;
6. Mesa de reuniões para vinte pessoas;
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7. Vinte Câmeras digitais de última geração;
9. Vinte GPS's portáteis para serem utilizados durante os plantões
ou operações especiais;
10. Vinte decibelímetros para serem utilizados durante os plantões
ou operações especiais;
11. Vinte estacões portáteis medidoras de poluição atmosférica;
12. Projetor multimídia de 2.000 lúmens;
13. Flip Charter;
14. Quadro branco e pincéis.
Tal sala poderia ser criada na Semam para o direcionamento da fiscalização de meio
ambiente e controle urbano ou diretamente ligada ao Gabinete do (a) Chefe Executivo Municipal,
dando dimensão ao mesmo de toda a fiscalização, com suas peculiaridades, contribuindo para o
desenvolvimento operacional, gerenciando os dados e os plantões de todos os tipos de
fiscalização, criando bancos de dados dentre outros.
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20 CONCLUSÃO
Ao longo do presente trabalho, verificamos que houve algumas melhorias na fiscalização,
como: realização de concurso para a categoria em 2010, implementação de gratificação prevista
desde 2007 (sendo em abril de 2012 a implementação e, em junho de 2012, o primeiro
pagamento) e convocação de todo o cadastro de reserva do concurso de 2010.
Foi possível observar, também, que, com a entrada dos aprovados presentes no cadastro
de reserva, Fortaleza terá o melhor quadro dentro de, aproximadamente, três décadas. Pois, no
início dos anos 80, tinha-se um fiscal para 8.333 (oito mil, trezentos e trinta e três habitantes);
antes da realização do concurso de 2010, tínhamos um fiscal para 12.000 (doze mil) habitantes e,
atualmente, estamos com um fiscal da área geral para mais de 7.900 (sete mil e novecentos)
habitantes, demonstrando um avanço. Todavia, ainda há uma disparidade ainda muito grande.
Com a posse de todos os aprovados no concurso de 2010, incluindo os que ainda estão no
cadastro de reserva, recentemente convocados (novembro de 2012), teremos um fiscal para,
aproximadamente, 6.090 (seis mil e noventa) habitantes, demonstrando um avanço e o melhor
quadro de pessoal em quase três décadas.
No entanto, mesmo com o concurso de 2010 e a convocação de todos os aprovados, a
Vigilância Sanitária ainda tem uma quantidade irrisória de fiscais para a demanda da cidade.
Hoje, estão em efetivo exercício noventa e oito fiscais desta área, sendo um fiscal para 25.510
(vinte e cinco mil, quinhentos e dez) habitantes. A perspectiva é que entrem mais quarenta e dois
fiscais com a convocação de todo o cadastro de reserva, então deveremos ficar com um fiscal
para 17.857 (dezesete mil, oitoscentos e cinquenta e sete) habitantes.
Dentro de cinco anos, cerca de oitenta fiscais estarão se aposentando tanto da área do
Geral como da Vigilância Sanitária. A disparidade entre servidores e demanda da VISA que já é
gritante, fica ainda mais alarmante se formos analisar a quantidade de fiscais por área de
formação específica, tendo a cidade de Fortaleza, atualmente, apenas dois médicos, três
odontólogos, dez enfermeiros e quatro veterinários por exemplo. Dessa maneira, fica evidente o
quanto a fiscalização e a cidade de Fortaleza precisam de novo concurso para a categoria.
Não obstante, é indispensável que haja uma adaptação da infraestrutura da fiscalização
para que o atual contingente de pessoal possa dar vazão ao seu trabalho, pois, muitas vezes, os
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fiscais não podem ir a campo por falta de carro, de quilometragem ou de combustível. Alguns
fiscais chegam a utilizar seu carro próprio para poderem dar prosseguimento aos processos.
O apoio policial, em alguns procedimentos fiscalizatórios, é indispensável. Sem ele não é
possível realizar apreensões, algumas interdições ou embargos. Exemplo disso é a fiscalização
atuante na área da poluição sonora no que se refere à apreensão de paredões que não tem como
realizar sua função sem o aparato policial, além do mais, atualmente, conta com apenas uma
dupla de fiscais por noite para atender toda a demanda da cidade.
Vale ressaltar que, cada vez mais, a sociedade denuncia casos de poluição sonora,
principalmente no que diz respeito ao uso abusivo de equipamentos sonoros em veículos
automotores. Geralmente, a população fica muito irritada e transtornada por essa infração que
tem sido muito recorrente e desrespeitosa, ficando quase impossível de coibir em determinados
períodos da cidade, como durante os pré-carnavais.
Vimos, no decorrer do trabalho, que há muita ingerência política na fiscalização,
ocorrendo de indicações políticas para chefias a desaparecimentos de notificações. Diante disso, é
indispensável a criação de uma Junta Administrativa de Recursos de Infração - JARI - para que
haja transparência e legalidade nos procedimentos de questionamento de autos por parte dos
notificados.
O sistema GRPFOR aparece como uma esperança para a fiscalização nesse sentido, pois
os fiscais, a partir de agora, irão cadastrar suas notificações. Além disso, todas as denúncias e
fiscalizações deverão ser cadastradas no mesmo sistema, proporcionando, além de transparência,
organização e capacidade de contabilizar a demanda atendida pela categoria.
Portanto, o presente trabalho atendeu seu objetivo que seria traçar um breve diagnóstico
da fiscalização, apontando erros e acertos para com a categoria, propondo melhorias não só para a
mesma, mas também para a cidade.