breve diagnóstico da fiscalização de fortaleza e propostas para a cidade

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ASSOCIAÇÃO DOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA AFIM SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AGOSTO DE 2012 FISCAIS MUNICIPAIS DE FORTALEZA BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO DE FORTALEZA E PROPOSTAS PARA A NOVA GESTÃO DA CIDADE - 2012 FORTALEZA NOVEMBRO - 2012

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Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade.

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Page 1: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

ASSOCIAÇÃO DOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – AFIM

SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – AGOSTO DE 2012

FISCAIS MUNICIPAIS DE FORTALEZA

BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO DE FORTALEZA E

PROPOSTAS PARA A NOVA GESTÃO DA CIDADE - 2012

FORTALEZA

NOVEMBRO - 2012

Page 2: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

ASSOCIAÇÃO DOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – AFIM

SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – AGOSTO DE 2012

FISCAIS MUNICIPAIS DE FORTALEZA

BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO DE FORTALEZA E

PROPOSTAS PARA A NOVA GESTÃO DA CIDADE – 2012

Este trabalho foi realizado pela Diretoria da AFIM (2012 a 2015) com base na experiência de causa e nas informações obtidas no Seminário de

Planejamento Estratégico, realizado pela então Diretoria, no dia 25 de

agosto de 2012, sábado, no Marina Park Hotel, das 08h às 18h. O presente

trabalho pretende ser um ponto de partida para futuros trabalhos que

pretendam se aprofundar em temas específicos da fiscalização, portanto

traz informações em linhas gerais que demonstram o estado atual da

categoria, fatos ocorridos ao longo de, aproximadamente, três décadas,

bem como algumas melhorias obtidas e outras que pretendemos alcançar,

inclusive para a cidade de Fortaleza.

FORTALEZA

NOVEMBRO – 2012

Page 3: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

DEDICATÓRIA

Dedicamos este estudo para a categoria dos Fiscais Municipais de Fortaleza como uma

forma de expressão dos seus anseios e reivindicações e à cidade de Fortaleza que, por muito

tempo, esteve esquecida pelo Poder Público Municipal já que os investimentos na fiscalização

têm sido irrelevantes.

Page 4: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

AGRADECIMENTOS

À Diretoria da AFIM, empossada em 2012, por seu empenho e dedicação na realização do

Seminário de Planejamento Estratégico;

Aos fiscais que enviaram textos para comporem este trabalho, trazendo, dessa forma,

informações mais técnicas e particularizadas de determinados assuntos;

A todos os Fiscais Municipais de Fortaleza por demonstrarem apoio e confiança na atual

gestão da AFIM, bem como aos fiscais associados e aos que vêm se filiando por comprovarem a

seriedade do trabalho realizado por nossa Diretoria que é digno desse reconhecimento;

Aos fiscais associados que puderam estar presentes no Seminário de Planejamento

Estratégico dos Fiscais Municipais de Fortaleza, realizado no dia 25 de agosto de 2012, sábado,

no Marina Park, pois sem isso não seria possível a elaboração de um documento fielmente

pautado no sentimento da categoria e

Aos convidados, comissão representativa do cadastro de reserva do concurso de Fiscal

Municipal realizado em 2010, por se fazerem presentes no seminário mencionado, demonstrando

interesse em conhecer os problemas do futuro local de trabalho e engajamento para ajudar no que

for preciso.

Page 5: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7

2 BREVE HISTÓRICO DA AFIM ........................................................................................... 10

3 DELIBERAÇÕES DO SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............ 12

4 BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO ................................................................. 14

5 NEGOCIAÇÕES DE 2011 ...................................................................................................... 24

6 GRÁFICOS DE NOTIFICAÇÕES DA SEMAM (2011 e 2012) ......................................... 26

7 PLANTÕES FISCAIS ............................................................................................................. 29

8 SEGURANÇA NO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO .................................................... 29

9 SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS E PLANEJAMENTO DE FORTALEZA -

GRPFOR ..................................................................................................................................... 30

10 HISTÓRICO DO CARGO DE FISCAL MUNICIPAL .................................................... 33

11 LEGISLAÇÃO UTILIZADA PELA FISCALIZAÇÃO .................................................... 35

11.1 Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza ................................................. 37

11.2 Lei de Uso e Ocupação do Solo .......................................................................................... 39

12 LEIS MUNICIPAIS REFERENTES A QUESTÕES AMBIENTAIS .............................. 40

12.1 Lei 8707, de 19 de maio de 2003 – criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente

....................................................................................................................................................... 43

Page 6: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

12.2 Lei 8097, de 02 de dezembro de 1997 ............................................................................... 43

12.3 Lei 8738, de 10 de julho de 2003 ........................................................................................ 43

12.4 Lei n°. 8.230, de 29 de dezembro de 1998 - DOM n° 11.505, de 29 de dezembro de 1998

....................................................................................................................................................... 44

12.5 Lei 8221/98 - dispõe sobre a publicidade e propaganda em Fortaleza .......................... 45

13 A PROPOSTA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE FORTALEZA ............ 46

14 LEIS DE CONTROLE URBANO A NÍVEL FEDERAL .................................................. 46

14.1 Constituição Federal de 1988 ............................................................................................. 46

14.2 Estatuto da Cidade ............................................................................................................. 47

15 SUGESTÕES PARA INCLUSÃO DE PROPOSTAS EM NOVAS LEIS ....................... 48

16 PROPOSTAS PARA A NOVA ADMINISTRAÇÃO ........................................................ 49

16.1 Sugestões para a nova gestão pública de Fortaleza ......................................................... 49

16.2 Reivindicações para categoria dos Fiscais Municipais .................................................... 50

17 CRIAÇÃO DO FUNDAFISCO ............................................................................................ 55

18 IMPLEMENTAR METODOLOGIA DE COACHING ..................................................... 56

19 IMPLANTAÇÃO DE UMA SALA TÉCNICA PARA A FISCALIZAÇÃO ................... 56

20 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 58

Page 7: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo traçar um breve diagnóstico da situação atual da

fiscalização de Fortaleza no que diz respeito à legislaçao, à gestão pública municipal e às

condições de trabalho no âmbito da fiscalização de saúde, de controle urbano e meio ambiente, de

transportes e serviços urbanos.

Ressaltamos que o presente trabalho é fruto da experiência e do conhecimento dos fiscais

municipais adquirido durante os 27 (vinte e sete) anos de existência da nossa associação, que tem

realizado pesquisas, estudos e diagnósticos sobre a problemática da fiscalização urbana e da

saúde sanitária na cidade de Fortaleza.

A fiscalização geral (obras, posturas, meio ambiente, controle urbano, defesa dos direitos

do consumidor, transportes) e a vigilância sanitária, no município de Fortaleza, é feita,

atualmente, por apenas 308 (trezentos e oito) e 97 (noventa e sete) fiscais municipais

respectivamente. O número está aquém dos padrões urbanos estabelecidos. O último concurso foi

realizado em 2010, mas aproximadamente 140 (cento e quarenta) fiscais aprovados que ficaram

no cadastro de reserva ainda estão em processo de efetivação.

No Diário Oficial do Município (DOM), nº 14.903, de 24 de outubro de 2012, saiu o

Edital de Convocação nº 35/2012 dos fiscais aprovados, conforme mencionado acima, estando

marcada a posse deles para o dia 03 de dezembro de 2012. Conforme o referido DOM, são os

fiscais aprovados no concurso público de acordo com o resultado final constante no Edital de

Divulgação nº 53/2010, homologado através do Ato 4884/2010, publicados no DOM nº 14.335,

de 01 de julho de 2010, destinado ao provimento de cargos no Poder Executivo com atuação nas

áreas de Fiscal Municipal Geral e Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.

Dessa maneira, a gestão municipal de 2008 a 2012 trouxe grandes avanços para a

fiscalização de Fortaleza, pois não só abriu concurso público que há quase três décadas não era

realizado, como também convocou todos os aprovados, incluindo o cadastro de reserva. Tivemos

avanços importantes, mas ainda há muito a ser realizado, principalmente em relação à estrutura

de trabalho e à auto-estima dos fiscais, pois temos capitais próximas como Natal e Salvador onde

o Fiscal Municipal é muito mais valorizado.

Page 8: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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Atualmente, não existem procedimentos padrões de fiscalização. Os fiscais são

distribuídos pelas Secretarias Executivas Regionais e Temáticas - SER's I, II, III, IV, V e VI,

Semam, Cevisa, SEINF, Procon, ACFOR e Sercefor -, que, por sua vez, atendem a demanda da

população e de outros órgãos por meio das ordens de serviços. O fiscal também pode exercer sua

função de ofício, mas diante da grande demanda são raros os casos em que isso acontece.

Não há veículos suficientes à disposição da fiscalização em nenhuma das Regionais ou

Temáticas, não raramente, os poucos veículos são utilizados para outras finalidades, havendo

rodízio dos carros que estiverem disponíveis para os fiscais, o que acarreta atraso nos

procedimentos fiscalizatórios. Em todas as situações, não existe suporte operacional

administrativo para dar vazão ao trabalho da fiscalização.

Todas as notificações feitas pelos fiscais que atuam nas SER's deveriam ser digitalizadas

para inclusão no banco de dados, que, após 05 (cinco) dias úteis, deveriam ser emitidos Autos de

Infração correspondentes, caso não haja a regularização da infração. Acontece que, devido à

interferência política, muitas vezes, a notificação não é digitalizada, ou sequer digitada, gerando

uma perda de receita para a Prefeitura e uma frustração para o fiscal que vê seu trabalho realizado

em vão.

No que se refere às Regionais, uma maneira que os cidadãos notificados encontram de

evitar a emissão dos Autos de Infração é entrar com pedido de cancelamento do auto, o que

ocasiona, automaticamente, a suspensão da emissão do mesmo por tempo indeterminado. Uma

vez que não se tenha interesse em resolver a questão, por motivos escusos, basta que escondam

ou desapareçam com o processo de pedido de cancelamento para que o respectivo auto jamais

seja emitido.

Isso ocorre porque não existe um procedimento legal obrigatório a ser seguido, senão

vejamos: caso uma obra fosse notificada e seu embargo fosse um procedimento consecutivo

estabelecido, ou mesmo a interdição de um estabelecimento comercial que esteja funcionando em

desacordo com a legislação, não adiantaria a simples preocupação com a emissão do auto, uma

vez que a obra poderia não ser embargada, ou, no caso de estabelecimento comercial, não ser

interditado.

Aparece como possível resolução para esses meios escusos de interferir no processo

consecutivo das notificações dos fiscais o sistema Grpfor. Nele, o próprio fiscal irá cadastrar seus

autos, o que não gera abertura para interferência de terceiros, além de ter propensão a servir como

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um banco de dados para a fiscalização que hoje não existe nada sequer parecido. Serviria, dessa

maneira, para o fiscal pesquisar sua ordem de serviço antes de ir a campo, verificando, em todas

as Unidades de Fiscalização (UF’s), se o local a ser vistoriado já foi alvo de fiscalização e quais

as medidas foram adotadas.

A criação de um processo contencioso para a análise dos pedidos de cancelamento a nível

geral de Prefeitura, e não apenas em cada SER, temática ou VISA, é medida necessária e urgente

uma vez que, em muitos casos atualmente, embora tenha um parecer do Fiscal Municipal, a

decisão pelo cancelamento é exclusiva do Chefe/Coordenador de Fiscalização com a

aquiescência do Secretário da Regional.

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2 BREVE HISTÓRICO DA AFIM

A AFIM - Associação dos Fiscais do Município de Fortaleza - foi fundada em 17 de

setembro de 1985, data da assembleia que elegeu seu primeiro Presidente, o Fiscal Municipal

Luiz Gonzaga Pinto Neto.

A AFIM possui mais de 300 associados, sendo que 92% (noventa e dois por cento) possui

curso superior, 62% (sessenta e dois por cento) possui cursos de Pós-Graduação e 22% (vinte e

dois por cento) possui Mestrado e/ou Doutorado nas áreas de Gestão Ambiental, Saneamento

Ambiental e outras áreas afins.

A AFIM possui um site oficial, no qual são divulgadas informações de suas ações

importantes para a sociedade e para a categoria: www.afim-fortaleza.com; possui um perfil

social, no qual são publicadas ações que objetivam promover mais interação, prioritariamente,

entre a categoria: https://www.facebook.com/ssociacaoFiscaisFortaleza; possui, também, um

perfil de informes rápidos e objetivos: https://twitter.com/AfimFiscaisFort.

Além de todos esses meios de comunicação, a AFIM possui um e-mail, dando a

possibilidade inclusive do anonimato, disponível para quem quiser expor alguma ideia de forma

mais discreta ([email protected]) e uma conta onde será possível publicar vídeos realizados

pela própria categoria (http://www.youtube.com/user/afimfortaleza).

A Associação possui uma sede própria, está localizada no Centro de Fortaleza, na Rua

Pedro Borges, 33, sala 820 - Edifício Palácio Progresso. O telefone para contato é 3253-4291 e

está disponível para contato das 08 às 18h, de segunda à sexta, respeitando o horário de almoço

de meio-dia às 13h.

Além de suas ações funcionais, declaradas em seu Estatuto, a AFIM participa de outras

ações de cunho social. Dentro de sua organização administrativa, a AFIM possui um código de

ética que se baseia na integridade, no respeito, na ética, na transparência e na responsabilidade

social, princípios que norteiam a entidade.

Hoje, estando à frente desta associação a Fiscal Municipal Ana Lúcia Oliveira Viana tem

empenhado esforços, juntamente com os demais membros da diretoria, para motivar os

associados a participarem com maior empenho das atividades, não só administrativas, mas

também políticas. Presidir uma associação é sobremaneira difícil, não só por considerarem que o

Presidente tem o poder para resolver tudo (talvez resquícios dos anos de ditadura ou pelo

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processo de acomodação), como também por confundi-la com um sindicato, no qual os dirigentes

são liberados de suas funções para dirigi-lo.

O fato é que, embora lentamente, temos conseguido alguns progressos, apesar de muitos

desses, mediante amparo de tutela jurisdicional. Aliás, isso é também decorrência de um processo

nacional de desmantelamento dos sindicatos e associações de trabalhadores impostos pelos

governos neoliberais, que viam nessas instituições uma ameaça a essa política, além do

enfraquecimento do papel do servidor público.

A Associação dos Fiscais tem procurado participar dos debates acerca da questão Urbana

e do Meio Ambiente, bem como da Saúde Pública e da Vigilância Sanitária, por entender que os

Fiscais Municipais das diversas áreas de atuação (Controle Urbano e Meio Ambiente, Vigilância

Sanitária, Transporte, Limpeza Urbana, Direito do Consumidor etc) podem dar uma importante

contribuição ao assunto em função da convivência com a realidade da cidade, ao mesmo tempo

em que, do ponto de vista da administração pública, têm papel determinante a cumprir, cabendo a

estes a tarefa de elevar a consciência da gestão pública e da população para o entendimento da

valorização e da imperiosa necessidade de uma fiscalização de qualidade.

Fortaleza vem acumulando problemas no que diz respeito à preservação dos espaços

públicos, principalmente em função da ausência de ordenamento e de controle do comércio

ambulante, o fato é que a legislação é burlada, cotidianamente, em todos os aspectos ambientais,

da vigilância sanitária e do controle urbano porque os órgãos não estão devidamente

instrumentalizados para garantir-lhe o cumprimento, não existe planejamento operacional da

fiscalização, estabelecimento de metas e tampouco procedimentos eficazes. Além disso, algumas

leis estão arcaicas, precisando ser reformuladas pelo Legislativo Municipal. Exemplo disso é a

Legislação de Transporte Público de Fortaleza, Lei 7163, datada de 30 de junho de 1992.

Os servidores públicos municipais formam um contingente dos mais penalizados, pois

suas funções profissionais foram desarticuladas e, à medida que a administração não tem ação,

estes têm sua utilidade questionável. Por exemplo: a continuidade do ato do fiscal, que

poderíamos citar a notificação, não depende apenas dele para ser executada, é responsabilidade

de outros setores, ficando desmoralizado muitas vezes.

Na administração que se encerra em 31 de dezembro de 2012, foi realizado o concurso

para a fiscalização depois de quase três décadas de esquecimento, foi um passo importante e uma

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12

conquista histórica da AFIM que pleiteou o mesmo, formalmente, em 2007. Porém, ainda há

muitos problemas a serem enfrentados pela Associação e pelos fiscais municipais.

Conclamamos, assim, toda a categoria, a relevarem as diferenças, a não se pautarem pelo

individualismo, incentivado pela lógica neoliberal. Reconhecemos nossas limitações e

acreditamos que nossa união é a principal arma para garantir nossos direitos e, mais ainda,

contribuir para a ampliação destes e a conquista de melhores dias para a sociedade.

Nossa gestão está aberta à participação de todos, não só com ideias, mas também se

colocando à disposição para realização destas e para que juntos possamos lutar pelos nossos

interesses. Estamos propondo através deste estudo: compromisso com a cidade, com o meio

ambiente e com a categoria dos Fiscais Municipais de Fortaleza.

3 DELIBERAÇÕES DO SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

No Seminário de Planejamento Estratégico dos Fiscais Municipais de Fortaleza, realizado

no dia 25 de agosto de 2012, no Marina Park Hotel, foram tomadas algumas decisões como a

definição da Visão, Missão, Valores e identificação dos Fatores Críticos de Sucesso da AFIM.

O resultado que segue abaixo foi obtido por meio de uma dinâmica de grupo que contou

com a opinião de todos fiscais presentes no seminário. Houve um debate nas equipes que lá se

formaram, depois cada uma foi à frente apresentar a conclusão de seu trabalho. Em seguida, cada

tópico (Visão, Missão, Valores e Fatores Críticos de Sucesso) foi debatido com todos os fiscais,

chegando às seguintes deliberações:

MISSÃO

Defesa dos interesses dos associados, garantindo seus direitos legais, buscando melhorias

nas condições de trabalho e promovendo diálogos com a categoria, representando-a junto aos

poderes constituídos, almejando o crescimento profissional do associado e, consequentemente, a

melhoria dos serviços para a cidade.

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VISÃO

Ser referência para a cidade e para os munícipes de uma associação em defesa dos

interesses de seus associados, com reconhecimento da sua credibilidade e profissionalismo,

participando, ativamente, dos fóruns e decisões relacionadas às atividades de seus associados.

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

1 – Planejar e avaliar as ações de forma contínua;

2 – Celeridade na execução das atividades;

3 – Primar pela capacitação profissional para os associados;

4 – Possuir assessoria jurídica forte e atuante;

5 – Promover eventos visando à integração dos seus membros;

6 – Divulgações de suas atividades para a sociedade;

7 – Envolvimento no processo de formulação de políticas públicas.

VALORES

1. Ética;

2. Credibilidade;

3. Transparência;

4. Articulação com a sociedade;

5. Autonomia;

6. Defesa do Serviço Público.

Page 14: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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4 BREVE DIAGNÓSTICO DA FISCALIZAÇÃO

Este capítulo apresenta um breve estudo de caso de cada área de atuação dos fiscais

municipas de Fortaleza, abordando alguns problemas específicos de cada local de lotação,

observando como eles incidem sobre a cidade e os cidadãos fortalezenses.

A Fiscalização do Meio Ambiente está dividida entre a Secretaria de Meio Ambiente e

Controle Urbano - Semam - e as Secretarias Executivas Regionais – SER’s -, ocorrendo, na

verdade, um verdadeiro jogo de responsabilidade, ficando a população sem saber a quem recorrer

quando necessita dos serviços públicos.

Podemos observar a seguir o 1Organograma da Semam, conforme publicado em seu site

oficial:

1 http://www.fortaleza.ce.gov.br/semam/organograma

Page 15: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

15

Muito embora a Semam tenha, juntamente com as Secretarias Executivas Regionais, a

responsabilidade da fiscalização de meio ambiente, aquela precisa ser equipada e estruturada para

comandar e instrumentalizar a fiscalização ambiental e de controle urbano como um todo,

incluindo o trabalho realizado nas SER's por meio dos Distritos de Meio Ambiente - DMA’s -

devendo estes fazerem parte do organograma dela.

De acordo com o Decreto nº 11377, de 24 de março de 2003, artigo 1º, a Semam tem por

finalidade promover e executar a política municipal de meio ambiente, bem como implementar o

controle urbano para o racional desenvolvimento do município, responsabilizando-se pelo

planejamento e articulação intersetorial com as demais Secretarias Municipais.

Também podemos citar a Lei 8692, de 31 de dezembro de 2002, publicada no DOM n°

12.506, publicado em 21 de janeiro de 2003 que, em seu artigo 8º, estabelece, dentre outras, as

seguintes competências para a Semam:

Art. 8° - Fica alterado o art. 17 da Lei n° 8.608, de 26 de dezembro de 2001, que passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 17 - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano

(SEMAM) tem as seguintes competências:

II - formular políticas e diretrizes de desenvolvimento ambiental, objetivando

garantir a qualidade de vida e o equilíbrio ecológico;

III - regulamentar, em articulação com a SEINF e a SEPLA, os instrumentos da

política urbana de que trata o art. 4° inciso III da Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho

de 2001, que institui o Estatuto dá Cidade, na área de desenvolvimento urbano,

ambiental e de Infra-Estrutura, em especial o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

e Ambiental (PDDUA) e o Código Municipal de Meio Ambiente;

IV - planejar, em articulação com a SEPLA, coordenar, avaliar e controlar

atividades que visem à proteção, conservação e melhoria do meio ambiente e do

controle urbano;

VI - desenvolver atividades de educação ambiental e atuar no sentido de

promover a pesquisa científica e a conscientização da população sobre a necessidade de

proteger, melhorar e conservar o meio ambiente;

XII - elaborar normas e orientações técnicas sobre controle e fiscalização

de obras e edificações e sobre licenciamento de atividades, zelando pelo

cumprimento da legislação urbana;

XIII - prestar assessoria técnica às Secretarias Executivas Regionais,

quanto às atribuições referentes ao meio ambiente e ao controle urbano, quando

solicitado;

Page 16: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

16

XIV - formular políticas de proteção à fauna e à flora, vedadas, na forma

da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque extinção

de espécie ou submeta os animais à crueldade;

XV - exercer o controle, o monitoramento, a avaliação e a fiscalização da

emissão de sons e ruídos e gases poluentes de toda espécie, produzidos por qualquer

meio, considerando sempre os locais, horários e a natureza das atividades

emissoras, visando a compatibilizar o exercício da atividade com a preservação da

saúde, da segurança e do sossego público;

XVI - propor a formação de consórcio intermunicipal, objetivando a

preservação da vida ambiental das bacias hidrográficas que ultrapassem os limites do

Município;

XVII - proceder ao licenciamento ambiental dos empreendimentos, obras e

atividades de impacto local, em conformidade com o que estabelece a Lei Orgânica

do Município e a Legislação Municipal,

XIX - exercer o poder de polícia nos casos de infração da legislação

ambiental de proteção, conservação, preservação e melhoria do meio ambiente e de

inobservância de norma ou padrão técnico estabelecido;

XX - determinar as penalidades disciplinares e compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação e/ou correção de degradação

ambiental causada por pessoa física ou jurídica, pública ou privada;

XXII - estabelecer padrões de efluentes industriais e as normas para transporte,

disposição e destino final de qualquer resíduo resultante de atividades industriais e

comerciais passíveis de degradação ambiental;

XXVII - disciplinar, no âmbito de sua competência, a instalação, a

fiscalização e o monitoramento de antenas de transmissão de rádio, televisão,

telefonia fixa e telefonia móvel (celular), e equipamentos de telecomunicações em

geral;

XXX - exercer, funcionalmente, a supervisão e o controle das atividades

concernentes ao Distrito de Meio Ambiente das Secretarias Executivas Regionais;

XXXI - desenvolver estudo de localização, editar normas de utilização e definir critérios para instalação, funcionamento e manutenção de engenhos de propaganda e

publicidade;

XXXII - exercer o controle, a fiscalização, o licenciamento ou autorização

da atividade de propaganda e publicidade de engenhos especiais;

XXXV - planejar, coordenar, controlar e monitorar as atividades de

serviços urbanos do Município;

XXXVI - definir políticas e diretrizes de construção, ocupação e funcionamento

de mercados públicos, cemitérios, estádios e ginásios esportivos, bem como a

localização e o funcionamento de feiras-livres, bancas de revistas e funerárias;

XXXVII - editar normas sobre o funcionamento do comércio ambulante na

cidade de Fortaleza;

Page 17: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

17

XLII - coordenar ações integradas relacionadas ao meio ambiente, quando

envolver a participação de mais de uma Secretaria e fornecer diretrizes técnicas aos

órgãos que compõem a estrutura administrativa municipal, visando à integração de

suas atividades;

XLIII - planejar, orientar e apoiar, juntamente com a Secretaria

Municipal de Saúde (SMS), as ações de saneamento básico;

XLV - proceder à inscrição dos autos de infração e multas administrativas

relacionados às atividades de controle urbano e meio ambiente, no Cadastro da

Dívida Ativa do Município;

XLVI - subsidiar o COPAM e o CPE no desempenho das atividades de

competência da SEMAM;

XLVII - exercer o controle e a fiscalização das atividades dos órgãos da

administração municipal indireta, vinculados à SEMAM; (grifo nosso)

Acabamos de ver as competências da Semam, expostas em Lei, aprovada pela Câmara

Municipal de Fortaleza, podendo ser revogada apenas por outra lei. Estão em negrito as

competências relacionadas à fiscalização como atribuição da Semam, sendo obrigação desta a

orientação e o monitoramento da fiscalização de Fortaleza. Logo, há a previsão legal, mas não a

prática. O que ocorre, na verdade, é que cada SER fica com suas próprias decisões e

procedimentos no que concerne à fiscalização, não havendo padronização dos procedimentos

fiscalizatórios.

Podemos afirmar, diante disso, que seria sensato que todos os fiscais atuantes na área de

Meio Ambiente e Controle Urbano fossem lotados na Semam. Hoje, cada fiscal é lotado em uma

SER ou temática, gerando certa desorganização, inclusive para a Prefeitura que não tem um

gestor específico para se reportar no que se refere aos assuntos da fiscalização de Fortaleza. A

descentralização é importante, principalmente para o cidadão que tem um local próximo de sua

casa para recorrer, mas há a necessidade de ter um responsável geral para que haja padronização,

transparência, uniformidade e legalidade nos atos da fiscalização.

Houve um procedimento questionável devido à falta de fiscais, antes do concurso de

2010, que foi o artifício ilegal do laudo de constatação, emitido por técnicos que não possuíam fé

pública para notificar ou autuar infrações, conforme consta na Lei Orgânica do Município de

Fortaleza. Determinada Secretaria, em certo período, criou comissões para efetuar Laudos

Técnicos que, na verdade, funcionaram como cabides de emprego de vereadores, onerando a

folha de pagamento da Prefeitura.

Page 18: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

18

A Fiscalização de Propaganda e Publicidade está dividida entre a Semam e as SER’s,

ficando com a primeira a responsabilidade pelos engenhos complexos e, com a segunda, os

engenhos simples. Com a ausência de planejamento e de instrumentalização dos órgãos

responsáveis pelo trabalho, assistimos ao índice crescente de poluição visual, com os

cruzamentos ocupados por out-doors, faixas etc.

A “organização administrativa” vigente pode incorrer na duplicidade de notificações, pois

não houve orientação para os fiscais recém-empossados do que seria “papel da Semam e o que

seria papel das SER’s”, podendo haver, se é que já não houve, um caso em que a fiscalização da

Semam vá “fazer o seu papel” e, chegando lá, a fiscalização da SER já tenha feito, sendo esta

notificação entendida como sem efeito já que não seria o “papel da SER”, além de, dependendo

do tempo, o responsável não poder receber outra notificação. Portanto, temos uma “organização”

administrativa que gera conflito de competência e confunde os cidadãos fortalezenses.

A Fiscalização de Poluição Sonora foi instituída por meio da Comissão de Controle da

Poluição Sonora, através do Decreto 11265, de 10 de outubro de 2002, publicado no DOM nº

12.444, de 18 de outubro de 2002, apesar de não existir mais nos moldes previsto no referido

decreto, é o único serviço de fiscalização de funcionamento sistemático nos finais de semana,

feriados e em atividade 24h por dia, tem avançado, mas não o suficiente para dar conta da

demanda dos municípes, mesmo com o aumento do número de fiscais.

Um dos problemas que colabora para que essa fiscalização não produza ainda mais é a

incapacidade da gestão em cumprir a legislação no que diz respeito ao pagamento do adicional

noturno e/ou gratificação por serviços extraordinários, tornando difícil o funcionamento desse

serviço durante 24h por dia.

Outro problema que pode ser apontado é que, atualmente, só há o apoio policial para

apenas uma equipe noturna, não havendo possibilidade de apreender “paredões”, maior alvo de

denúncias de poluição sonora, durante o dia, nem mesmo aos feriados ou fim de semana, pois

esse tipo de fiscalização não tem como ser realizado sem o acompanhamento policial.

Além disso, sempre há a falta de carros para a fiscalização, ficando a critério da boa

vontade e empenho da chefia da fiscalização ou dos próprios fiscais estarem sempre brigando

para que haja carros disponíveis, principalmente no período noturno, enquanto isso deveria ser

prioridade para o atual Secretário, assim como foi na gestão anterior.

Page 19: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

19

A Fiscalização de Poluição Atmosférica e das Águas é de competência da Semam,

atualmente fica sob a responsabilidade do setor de Equipe de Controle Ambiental, antes era um

procedimento praticamente inexistente, mas tem avançado muito desde a entrada dos

concursados de 2010. Porém, não há equipamentos nem treinamento dos fiscais para tal

atividade.

Com relação à poluição das águas, é realizado um serviço de fiscalização no que diz

respeito à emissão de esgotos para os recursos hídricos e às residências ou estabelecimentos com

ligação ao esgoto. A Semam, em 2011, realizou 1198 (mil, cento e noventa e oito) notificações de

estabelecimentos sem ligação com a rede pública de esgoto, fiscalização antes inexistente. Vale

acrescentar que a fiscalização das Estações de Tratamento de Esgoto-ETE é mínima.

A Fiscalização de Obras também está confusa. A aprovação de projetos de construção,

que era de competência das SER’S e funcionava com muita celeridade, pois a demanda para

aprovação de projetos era diluida nas Regionais, foi transferida para a Semam, trazendo

morosidade ao trabalho e descaracterizando o objetivo da criação das Regionais que buscava a

descentralização do sistema e facilidade de acesso aos serviços da Prefeitura próximo dos locais

onde moram os geradores das demandas.

Há, também, um verdadeiro desentendimento entre a aprovação do projeto para Alvará

de Construção e a fiscalização dos empreendimentos, pois o construtor pode, ao arbítrio da lei,

iniciar a construção antes de obter a sua aprovação, sendo notificado pela fiscalização das SER's

sem que a informação chegue à Semam, pois a uma cabe fiscalizar e a outra, analisar o projeto.

Assim, pode ocorrer, e ocorre, de a Semam estar analisando um projeto fictício.

Essa transferência de atribuição das SER’s para a Semam trouxe grandes prejuízos para a

população e para a fiscalização de controle urbano. O problema se agrava ainda mais devido à

demora para aprovação dos projetos, trazendo prejuízos para a iniciativa privada, para a

população e para a imagem do município. Durante essa demora, desrespeitando a lei, o

interessado pode adiantar bastante a obra, podendo a mesma ser concluída com graves erros, não

havendo mais tempo para corrigi-los.

O Habite-se, saliente-se aqui como uma das incongruências da atual administração, pois a

atribuição de exame e aprovação de projetos arquitetônicos, como já foi dito, é da Semam, mas a

do habite-se é das SER’s. Ora, o habite-se nada mais é do que a confirmação de que a execução

Page 20: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

20

da obra foi realizada completamente de acordo com o projeto aprovado, no entanto o responsável

pelo exame e aprovação não é o mesmo que faz a checagem final.

A Fiscalização de Obras Públicas foi, estrategicamente, retirada dos fiscais de Controle

Urbano e Meio Ambiente e colocada sob a responsabilidade de engenheiros terceirizados ligados

à SEINF através de cargos comissionados, tanto que, quando houve a efetivação dos novos

fiscais (2010), não foi previsto contingente para o CCO – Conselho Coordenador de Obras.

De qualquer maneira, esse problema foi contornado e, hoje, tem uma equipe de fiscais à

disposição da SEINF, compondo a equipe de fiscalização de obras públicas, o que significa um

pequeno avanço já que são apenas 4 (quatro) fiscais nessa atividade para toda a cidade de

Fortaleza.

A Fiscalização de Posturas Municipais é de competência das SER’s, estando

prejudicada pela total inexistência de programas de informação à população, bem como pela

ausência de fiscalização nos horários noturnos, feriados e finais de semana.

A insuficiência na quantidade de fiscais tende a ser amenizada com o efetivo exercício

dos fiscais convocados pelo Edital nº 35/2012, publicado no DOM nº 14.903, de 24 de outubro de

2012. Essa é a última convocação do concurso realizado em 2010, tendo sido chamado todo o

cadastro de reserva.

Embora exista, em algumas Regionais, a fiscalização durante esses períodos, mesmo não

sendo com a frequência devida, há um problema maior que é a falta de acompanhamento policial,

o que muitas vezes dificulta ou até impossibilita a execução dos trabalhos da fiscalização, como

apreensão de mesas e cadeiras, fechamento de estabelecimentos dentre outros.

A Fiscalização de Elevadores, escadas rolantes e monta-cargas existe em cada SER

por meio de um setor responsável, porém essa fiscalização estava inoperante, haja vista, a

pequena quantidade de fiscais e a grande variedade de atribuições dos mesmos. Esperamos que,

com a entrada de todos fiscais do concurso realizado em 2010, esse problema seja resolvido.

Há, por exemplo, na SER II, um departamento de posturas com 5 (cinco) engenheiros que

não são do quadro da fiscalização e todos com cargos de comissão, ou seja, são 5 (cinco) chefes

para não fazer nada já que não há ninguém para executar as ordens.

A Fiscalização de Vigilância Sanitária (VISA), de acordo com a Portaria nº 186/2012,

publicada no DOM nº 14.815, de 19 de junho de 2012, que dispõe sobre a classificação quanto ao

risco sanitário das atividades codificadas conforme a Classificação Nacional de Atividade

Page 21: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

21

Econômica - CNAE - cuja licença sanitária é obrigatória para o funcionamento no município de

Fortaleza, apresenta, em seu artigo 2º, o entendimento sobre Vigilância Sanitária:

Art. 2º - Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,

diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do

meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse

da saúde, abrangendo: I – o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se

relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; II – o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou

indiretamente com a saúde.

A VISA possui um quadro de fiscais insuficiente, pois, apesar do concurso de 2010, que

efetivou todos os classificados no concurso e convocou todos do cadastro de reserva, por meio do

Edital de Convocação 017-A/2010, publicado no DOM 14.373, de 25 de agosto de 2010; Edital

de Convocação nº 35/2012, publicado no DOM 14.903, de 24 de outubro de 2012; temos, hoje,

por exemplo, em efetivo exercício, apenas 98 (noventa e oito) fiscais dessa área, sendo, por

exemplo, dois médicos, três odontólogos, dez enfermeiros e quatro veterinários para atender toda

a cidade.

Por meio do Ato 13003/2011, publicado no DOM 14697, de 22 de dezembro de 2011,

convocando todos os aprovados que ainda estavam no cadastro de reserva, a fiscalização deverá

ficar com 42 (quarenta e dois) fiscais a mais na área da Vigilância Sanitária.

A proporção entre a quantidade de fiscais da área de Vigilância Sanitária e de habitantes,

atualmente, está em, aproximadamente, um fiscal para 25.500 (vinte e cinco mil e quinhentos)

habitantes. Com o efetivo exercício dos que entrarão, conforme dito acima, deverá ficar um fiscal

para, aproximadamente, 17.800 (dezessete mil e oitocentos) habitantes.

Mesmo com a convocação de todos fiscais da Área da Vigilância Sanitária, o número é

insuficiente para atender a demanda de toda Fortaleza que, segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), está com 2,5 milhões de habitantes2. Vale ressaltar que, para essa

área, o concurso foi realizado exigindo formações profissionais específicas: Medicina,

Enfermagem, Medicina Veterinária, Odontologia, Química/Química Industrial ou Engenharia

Química, Farmácia, Nutrição e Engenharia de Alimentos.

Podemos ver, de acordo com o Ato de Nomeação nº 9726/2010, publicado no DOM nº

14.422, de 09 de novembro de 2010, que foram nomeados dez enfermeiros, dez farmacêuticos,

2 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/08/fortaleza-chega-25-milhoes-de-habitantes-segundo-ibge.html

Page 22: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

22

quinze nutricionistas ou engenheiros de alimentos, quatro médicos veterinários, quatro

odontólogos, três químicos e quatro médicos. Desse efetivo, alguns servidores já se desligaram

do quadro, dentre eles estão dois médicos, um dentista, um enfermeiro e um químico.

Devido a essa insuficiência, temos, por exemplo, fiscal especialista que presta serviço em

três Regionais, estando às segundas e quartas-feiras em uma, às terças e sextas-feiras em outra e

às quintas-feiras em outra. Logo, a cidade fica sem determinados especialistas de área específica

por três ou quatro dias por semana em cada SER - Distrito de Saúde.

Também, há contradição entre a fiscalização realizada pelas SER's (Distrito de

Saúde) e a Cevisa pelo mesmo motivo das demais fiscalizações: ausência de procedimentos

padrões. Embora a Anvisa mantenha atualizadas as Resoluções e todos os fiscais sejam lotados

na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o que dá mais organização e uniformidade se

comparado à fiscalização de Meio Ambiente e Controle Urbano já que nesta cada fiscal é lotado

em uma SER diferente e não há resoluções ou normas orientado os procedimentos de trabalho.

Contudo, em relação à VISA, há divergências quanto à atuação dos fiscais lotados na

Cevisa, uns são contra a permanência de fiscais lá, porém a maioria deseja que a Cevisa funcione

como uma célula de coordenação e instrumentalização da fiscalização geral da Vigilância

Sanitária, padronizando os procedimentos das SER’s – Distritos de Saúde – dentre outas ações.

Logo, o desejo é que a Cevisa seja reestruturada e equipada para comandar e

instrumentalizar a fiscalização da Vigilância Sanitária no nosso município, inclusive com o

aumento do número de fiscais e realização de concurso para técnicos.

Algo que gera desconforto na fiscalização da Vigilância Sanitária, por exemplo, é o fato

de os novos fiscais, do concurso de 2010, que foram efetivados há quase dois anos, até hoje, não

receberam um dia sequer de insalubridade que é garantida na legislação já que, além de

realizarem função insalubre, todos os fiscais antigos da VISA recebem.

A Fiscalização de Transporte sofreu um grande golpe, foi extinta a Secretaria de

Transportes do Município, e, conforme Lei 7481, de 23 de dezembro de 1993, foi autorizada a

criação da Empresa Técnica de Transporte Urbano SA - ETTUSA - ficando um núcleo de

transportes na SEINF.

A ETTUSA foi registrada na Junta Comercial do Estado do Ceará sob NIRE

23300019482, sendo a ata da 14ª assembleia geral extraordinária, realizada em 08 de junho de

2006, lavrada em forma de sumário, às 10h, a responsável pela alteração da razão social da

Page 23: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

23

Empresa de Trânsito e Transporte Urbano SA para Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza

SA – Etufor.

A ata citada no parágrafo anterior alterou a redação do artigo 1º, do Estatuto Social, para a

seguinte redação: A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza SA, sucessora da Empresa de

Trânsito e Transporte Urbano de Fortaleza SA, criada pela Lei 7481, de 23 de dezembro de 1993,

pessoa jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, organizada sob a forma de sociedade

anônima de economia mista fechada, rege-se, além da lei que a criou e demais normas legais e

regulamentares aplicáveis, pelo disposto neste Estatuto.

O quadro de Técnicos Fiscais de Transportes Urbanos foi distribuído em várias secretarias

sem função definida, estando, portanto, alguns servidores experientes na área de fiscalização de

transportes, sem serventia ou mal-aproveitados conforme a situação abaixo:

o Na SEINF - 11 fiscais

o Na SAÚDE entre relotados e à disposição - 17 fiscais

o Na SEMAM - 05 fiscais

o Na ETUFOR - 12 fiscais

Total: 45 (quarenta e cinco) Técnicos Fiscais de Transportes

Urbanos.

Depois da criação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários - PCCS -, em 2007, esses

quarenta e cinco técnicos fiscais passaram a compor o quadro geral do cargo de Fiscal Municipal

da área geral, mas não houve treinamento para que eles se sentissem, efetivamente, compondo

esse quadro.

A Fiscalização da Etufor conta com apenas doze Fiscais Municipais, são eles as pessoas

competentes para cumprir a legislação de transporte, que é bem arcaica (1971), e mais de cem

cargos comissionados que deveriam dar apoio ao trabalho realizado pelos fiscais municipais, no

entanto são orientados a agir como os concursados. Vale ressaltar que o ocupante de cargo

comissionado deve desempenhar funções de assessoria, chefia ou direção, nunca a função fim.

O trabalho da fiscalização de transportes é bem operacional, sendo impossível ser

consumado apenas pelos fiscais municipais, sendo necessária a participação de terceirizados ou

concursados para o assessoramento. Para isso, deve haver critérios claros de contratação, com

exigência mínima do Segundo Grau completo, já que o serviço realiza abordagens de cidadãos e

Page 24: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

24

não de criminosos, devendo, portanto, ser efetuado com toda a cautela, educação e respeito aos

limites legais.

O problema mencionado acima foi tratado em 2011, quando ainda estava na Presidência

da AFIM o Fiscal Francisco de Assis Macedo de Oliveira, sendo oficiado e entregue à Etufor, em

24 de fevereiro de 2011, às 09h37min, Processo nº 27099/2011. Porém, foram apenas sanadas

algumas irregularidades mais gritantes, como o respeito à carga horária do fiscal que é de 30

horas semanais e a entrega dos autos de apreensão apenas aos fiscais, pessoas legítimas para

lavratura e assinatura desse termo, assim como pela realização do procedimento que o motivou.

Não existe uma fiscalização do sistema de transporte efetivamente por parte do Poder

Público Municipal em Fortaleza que produza o efeito desejado já que o órgão que realiza essa

atividade é uma sociedade de economia mista, havendo vários trabalhos de autores relevantes

questionando casos como esse por entenderem haver um risco à Impessoalidade, à Legalidade e à

Moralidade, princípios da Administração Pública, previstos no artigo 37 da Constituição Federal

de 1988 (CF/88).

5 NEGOCIAÇÕES DE 2011

A AFIM participou de negociações durante o ano de 2011, tendo como principal

conquista a Gratificação Especial de Fiscalização de Atividades Específicas, prevista desde 2007

na Lei 9334/2007 - Plano de Cargos, Carreiras e Salários do ambiente de especialidade da

fiscalização.

As negociações foram bem difíceis e, muitas vezes, foram interrompidas sem ser dada

nenhuma satisfação aos representantes dos fiscais, sendo retornadas sempre após muita

articulação política.

A GEFAE foi aprovada com valor bem inferior ao pleiteado, dessa forma tanto a gestão

quanto a categoria saíram vencedoras, esta porque conseguiu a valorização funcional e aquela por

ter cumprido a lei por vontade própria, sem a interferência do Judiciário, regulamentando a

gratificação prevista desde 2007.

Page 25: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

25

Outra conquista, durante essas negociações, foi o reajuste do abono, pois sobre o mesmo

incidiam todos os descontos, mas nenhum reajuste. Esperamos que os próximos reajustes sejam

independentes de negociações devido à obviedade do direito. O abono passou a ser pago aos

fiscais para amenizar distorções criadas pelo pagamento de verbas indenizatórias. Observem o

que a Lei 9334/2007 diz a respeito do abono:

Art. 47. Fica garantido que a soma da Gratificação de Produtividade (GP), Gratificação

de Exercício (GE), Gratificação Especial de Exercício (GEE), Vantagem Pessoal

Reajustável (VPR), Vantagem Pessoal Autônoma (VPA), Complemento Judicial SUMOV, Remuneração Adicional Variável (RAV), e as demais gratificações, piso

salarial e outras verbas pagas sob força de sentenças judiciais, não poderá ser inferior a

R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais; e de R$

1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais), para o caso dos fiscais municipais.

§ 1º – O disposto no caput acima se aplica aos servidores que não percebem estas

gratificações e ainda para aqueles que percebam uma, parte delas, ou todas as

gratificações, verbas e vantagens supracitadas.

§ 2º - No caso do somatório acima resultar em valor inferior a R$ 848,00 (oitocentos e

quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais; e de R$ 1.696,00 (um mil,

seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos fiscais municipais, fica assegurado o

pagamento de um abono correspondente ao que faltar para atingir aos valores referidos

acima.

§ 3º - Se o valor de uma das parcelas ou do somatório das vantagens referidas no caput for superior a R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos

fiscais; e de R$ 1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos

fiscais municipais, não será devido nenhum abono.

§ 4º - No caso em que o servidor venha a ser beneficiado judicialmente por quaisquer

das verbas citadas no caput deste artigo, fica o Poder Executivo autorizado a reduzir o

abono percebido pelo servidor, consistente na diferença entre R$ 848,00 (oitocentos e

quarenta e oito reais) ou R$ 1.696,00 (um mil, seiscentos e noventa e seis reais), conforme o caso, e o valor determinado pelo Poder Judiciário. No caso de a verba

determinada judicialmente ser superior aos valores monetários acima citados, não será

devido mais o abono.

§ 5º - A redução a que se refere o § 4º se aplica tanto para o caso do valor a ser

implantado como para o caso de pagamento dos valores retroativos Neste último caso,

será considerado todo o período em que o servidor recebeu o abono; § 6º - Os processos

judiciais, transitados em julgado, em favor dos servidores públicos constantes desta Lei, ensejarão direitos adquiridos imediatos.

Com as negociações, o artigo 47, da Lei 9334/2007, foi modificado por meio da Lei 9900,

de 04 de abril de 2012, publicada no DOM nº 14.766, de 04 de abril de 2012, mais precisamente

em seu artigo 3º, ficando da seguinte forma:

Page 26: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

26

Art. 3° - O art. 47 da Lei nº 9.334, de 28 de dezembro de 2007, que institui o Plano de

Cargos, Carreiras e Salários do ambiente de especialidade Fiscalização, passa a vigorar

com a seguinte redação: “Art. 47 - Fica garantido que a soma da Gratificação de

Produtividade (GP), Gratificação de Exercício (GE), Gratificação Especial de Exercício

(GEE), Vantagem Pessoal Reajustável (VPR), Vantagem Pessoal Autônoma (VPA),

Complemento Judicial SUMOV, Remuneração Adicional Variável (RAV), piso salarial,

e outras verbas pagas sob força de sentenças judiciais, não poderá ser inferior a R$ 848,00 (oitocentos e quarenta e oito reais) para o caso dos técnicos fiscais, e de R$

1.696,00 (mil seiscentos e noventa e seis reais) para o caso dos fiscais municipais.”

Percebemos que a alteração foi a retirada do termo “e as demais gratificações”, ficando

claro que a nova redação do artigo 47, da Lei 9334/2007, refere-se apenas às gratificações obtidas

por força de sentença judicial. Caso não houvesse sido feita essa alteração, alguns fiscais teriam

direito apenas à parte da GEFAE e outros sequer teriam qualquer direito à recebê-la.

Durante essas negociações, também conseguimos que passasse a ser pago Adicional

Noturno para os fiscais que estavam trabalhando à noite e Gratificação por Serviços

Extraordinários aos que trabalhavam além de sua carga horária. No entanto, houve muita

complicação no pagamento desses benefícios, algumas unidades nunca os pagaram e outras os

pagaram com inconstância e imprecisão.

6 GRÁFICOS DE NOTIFICAÇÕES DA SEMAM (2011 e 2012)

Seguem os dados acerca do trabalho dos fiscais que exercem suas funções na Secretaria

de Meio Ambiente e Controle Urbano - Semam - mensurados em 2011, primeiro ano de trabalho

dos recém-empossados (05/11/2010).

2011 Notificações Embargos

Janeiro 111 3

Fevereiro 164 5

Março 154 4

Abril 123 12

Maio 130 6

Junho 125 7

Julho 385 4

Page 27: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

27

Agosto 629 3

Setembro 423 8

Outubro 412 5

Novembro 314 11

Dezembro 271 15

TOTAL 3241 83

Foi possível mensurar o trabalho realizado na Semam devido à iniciativa da

Coordenadoria de Fiscalização, nem todas as Regionais fizeram esse levantamento, por isso não

foram citadas.

Segue o gráfico do trabalho realizado pelos fiscais da Semam durante o ano de 2011:

Curva Mensal de Notificações e Embargos

2011

111164 154

123 130 125

385

629

423 412

314271

3 5 4 12 6 7 4 3 8 5 11 150

100

200

300

400

500

600

700

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Notificações Embargos

Seguem os dados acerca do trabalho dos fiscais que exercem suas funções na Semam

referente à 2012.

2012 Notificações Embargo Apreensão

Janeiro 255 12 29

Fevereiro 231 7 61

Março 267 19 15

Page 28: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

28

Abril 193 7 3

Maio 295 10 11

Junho 369 4 6

Julho 269 10 9

Agosto 279 6 20

Setembro 215 4 16

Outubro 200 13 15

Novembro 186 17 10

TOTAL 2759 109 195

A seguir, gráfico de 2012 dos tipos de notificações da Semam:

SEMAM – TIPOS DE NOTIFICAÇÕES

É importante salientar que a apuração foi realizada apenas em cima das notificações e

seus tipos, não constando a abordagem educacional, nem a quantidade da demanda atendida, pois

nem sempre é lavrada notificação, somente nos casos constatação de infração à legislação.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Notificação

Embargo

Apreensão

Page 29: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

29

7 PLANTÕES FISCAIS

Uma das principais deficiências da fiscalização é a ausência de rotina no período noturno,

finais de semana e feriados. Nesses períodos, a população fica sem proteção contra os que

infringem a legislação municipal e, eles sabendo disso, aproveitam para cometer as

irregularidades já que se sentem livres de qualquer fiscalização.

Excetua-se a Semam, como dito anteriormente, a fiscalização funciona em sistema de

24h, todos os dias. Porém, o efetivo de fiscais disponibilizado para os finais de semana, feriados e

períodos noturnos é pouco para atender a demanda de toda a cidade.

É, pois, mais que urgente a necessidade de criação de plantões ordinários e estruturados,

para que se possa cobrir esta lacuna, prestando à população um serviço não só de qualidade, mas

em horário integral, de forma a impedir que os infratores programem, de maneira mais tranquila,

o desrespeito à legislação.

No entanto, não basta implantar o horário para cumprimento por parte dos fiscais

municipais, há de se pensar na logística, na forma de escala, de se ter um objetivo para que os

plantões não sejam improdutivos, para que não sirvam apenas para aparentar um funcionamento

eficiente, mas que o sejam realmente.

8 SEGURANÇA NO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO

As condições de trabalho oferecidas à fiscalização não oferecem a mínima segurança, em

consequência, vêm se tornando comuns os assaltos, inclusive a mão armada, no dia-a-dia dos

fiscais municipais durante o exercício do trabalho.

Pleiteou-se, durante as negociações de 2011, a implantação de uma gratificação de risco

de vida, porém a gestão não compreendeu esse risco na função da nossa categoria, explicando

que o risco estava na cidade, não sendo característica da nossa atividade. Apresentamos alguns

vídeos de momentos críticos da fiscalização, como o apedrejamento ao carro que conduzia os

fiscais no Centro de Fortaleza, mas, mesmo assim, não comovemos a gestão.Vale ressaltar que

Page 30: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

30

outros entes políticos já reconheceram esse pleito, concedendo a gratificação de risco de vida aos

seus fiscais de posturas, podemos citar o Distrito Federal, Taubaté e Cachoeirinhas.

Salientamos, ainda, que o município de Fortaleza reconheceu o risco de vida para os

profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF), garantindo-lhes a devida gratificação,

formalizando essa decisão por meio do Decreto nº 12067, de 21 de julho de 2006. Houve o

reconhecimento de áreas classificadas como perigosas para o exercício desses profissionais que,

assim como os fiscais, trabalham externamente, sendo que estes trabalham aplicando penas para

tentar coibir as infrações às legislações, enquanto os profissionais do PSF prestam um serviço

social.

É certo que não há dinheiro que pague pôr a vida em risco, contudo a gratificação de risco

de vida não teria esse objetivo, seria apenas uma forma de demonstrar reconhecimento, por parte

da gestão, de que desempenhamos uma atividade de risco já que, além de fiscalizarmos em toda a

cidade, inclusive nos locais reconhecidamente perigosos, agimos com o poder de polícia para

impedir ou parar as irregularidades e, até, em crimes cometidos contra o meio ambiente.

Além de atuarmos de forma punitiva, também temos a importante tarefa de realizarmos

um trabalho educacional, tentando conscientizar e educar a sociedade, por exemplo: no respeito

ao próximo, ensinado a não invadir o espaço do outro, a não privatizar os espaços públicos ou

coletivos, demonstrando a importância de se ter uma postura mais higiênica a fim de evitar

doenças, conscientizando os donos de supermercados e abatedouros da importância de conservar

alimentos e manuseá-los, dentre outras ações.

9 SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS E PLANEJAMENTO DE FORTALEZA -

GRPFOR

Por último, queremos observar a importância do novo sistema - GRPFOR -, ainda sem ser

utilizado na sua totalidade, que vem se mostrando simples na operação e eficiente nos resultados,

deve ser potencializado e mantido.

Esse sistema foi posto em prática para mensurar a Gratificação Especial de Fiscalização

de Atividades Específicas (GEFAE), instituída pela Lei 9334 (Plano de Cargos Carreiras e

Page 31: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

31

Salários do ambiente de especialidade fiscalização), de 28 de dezembro de 2007, e Lei nº

9898/2012, de 04 de abril de 2012, sendo reconhecida pela PMF a necessidade de regulamentá-la

já que estava prevista desde 2007, fazendo isso por meio do Decreto 12.945, de 09 de abril de

2012, publicado no DOM nº 14.785, de 07 de maio de 2012.

Embora a referida gratificação tenha sido implementada (abril de 2012, mas paga somente

em junho de 2012) pela gestão municipal que se encerra devido às negociações, que pareciam

intermináveis, foi aprovada com valor bem inferior ao pleiteado, estando a fiscalização de

Fortaleza ainda dentre as mais mal remuneradas do país.

O GRPFOR é um sistema informatizado para a gestão da administração tributária e de

controle urbano e meio ambiente da PMF. Possui os seguintes perfis: Atendente – cadastra a

solicitação da população ou de entidades que são as denúncias; Fiscal – responde as Ordens de

Serviço (OS), cadastra a notificação, quando houver; Chefe – analisa Solicitação/Demanda e

converte em OS, cria e responde OS, cadastra normas, cadastra notificação; Diretor – Analisa

solicitação/Demanda e converte em OS, cria OS, cadastra as normas, extrai o relatório de

produtividade.

A Central de Atendimento/Ouvidoria cria as demandas da população no GRPFOR para,

então, serem direcionadas às unidades de acordo com o tipo da fiscalização solicitada. Esse perfil,

também, deve acompanhar as notificações cadastradas.

O Fiscal Municipal deve responder as OS's com as informações coletadas em campo,

cadastrar as notificações, quando geradas por OS ou em flagrante. O sistema proporciona ao

fiscal a possibilidade de acompanhar as notificações cadastradas, verificando se foi gerado auto

de infração, concedido prazo para regularização ou se foi feito acordo legal, incluindo pagamento

ou compensatória de notificação. Esse acompanhamento pode ser realizado pelo próprio fiscal

que cadastrou a notificação ou por qualquer fiscal de outra unidade, independente de quem fez o

cadastro, proporcionando total transparência.

O perfil de Chefe analisa as demandas de outras áreas e as converte em OS's para os

fiscais, cria OS's para os fiscais, responde OS, encerra as OS's criadas, cadastra normas,

motivação, acompanha as notificações, podendo conceder prazo, gerar auto de infração cancelar e

regularizar notificação.

O perfil de Diretor analisa as demandas de outras áreas e converte em OS's para os

Fiscais, cria OS's para os fiscais, encerra OS's criadas por qualquer chefe, cadastra normas,

Page 32: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

32

motivação, acompanha as notificações, podendo conceder prazo, gerar auto de infração, cancelar

e regularizar notificação e extrai o relatório de produtividade.

O Módulo de OS's possui a possibilidade de criação, exclusão e encerramento de OS's; o

Módulo de Infração dá a possibilidade de cadastrar a notificação, o auto de infração, o

procedimento de embargo, de interdição, de desfazimento, de demolição e de remoção e o termo

de apreensão; o Módulo de Pessoas Física e/ou Jurídica (PF e PJ) é para o cadastramento e

alteração de dados.

Através do GRPFOR já foi possível fazer o primeiro levantamento estatístico, período de

abril a novembro de 2012, vejamos:

2012 OS Cumpridas % Cumpridas

Abril 3173 95,80%

Maio 7775 99,50%

Junho 6209 99,30%

Julho 7184 99,40%

Agosto 7368 99,10%

Setembro 5938 99,80%

Outubro 7144 99,89%

Novembro 5483 99,85%

Total 50274

OS’s Cumpridas – Abril a Novembro de 2012

3173

7775

6209

7184 7368

5938

7144

5491

0

1000 2000 3000

4000 5000

6000 7000 8000

9000

Abril

Maio Junho

Julho Agosto

Setembro Outubro

Novembro

OS’s Cumpridas

Page 33: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

33

10 HISTÓRICO DO CARGO DE FISCAL MUNICIPAL

Os Fiscais de Controle Urbano e Meio Ambiente foram divididos em Fiscais de

Edificações e outra parcela, em menor quantidade, em Fiscais de Posturas. Para os primeiros, era

exigido o curso de nível médio em Edificações e, aos Fiscais de Posturas, os cursos de

Eletrotécnica ou Mecânica. Todos esses cursos eram ministrados pela antiga Escola Técnica

Federal do Ceará.

Após o PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) de 2007, a categoria foi unificada na

nomeclatura de Fiscal Municipal e, a partir do concurso de 2010, passou a ser exigido o nível

superior, podendo, agora, o fiscal desempenhar funções relacionadas ao transporte, ao meio

ambiente, a posturas, ao controle urbano e a edificações. Apenas para os fiscais da Vigilância

Sanitária foi exigida formação específica (Medicina, Enfermagem, Medicina Veterinária,

Nutrição, Engenharia de Alimentos, Odontologia, Farmácia, Química, Química Industrial e

Engenharia Química).

Podemos observar, no Ato de Nomeação nº 9726/2010, publicado no DOM nº 14.422, de

09 de novembro de 2010, que não aparece distinção na nomenclatura de cargo, sendo o cargo de

Fiscal Municipal para contemplar todas as áreas. No Ato de Convocação nº 13003/2011,

publicado no DOM nº 14697, de 22 de dezembro de 2011, acontece da mesma forma. O Edital de

% de OS’s Cumpridas – Jan a Nov de 2012

95,80%

99,50% 99,30% 99,40% 99,10%

99,80% 99,89% 99,85%

93,00% 94,00% 95,00% 96,00% 97,00% 98,00% 99,00%

100,00% 101,00%

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro

% Cumpridas

Page 34: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

34

convocação nº 035/2012, publicado no DOM nº 14.903, de 24 de outubro de 2012, informa que o

preenchimento de cargos é destinato ao Poder Executivo com atuação nas Áreas de Fiscal

Municipal Geral e/ou Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.

Com base na relevante distinção das atividades exercidas na Área de Fiscal Municipal

Geral e Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária, incluindo a diferença para o ingresso no

concurso que exigiu formação específica para esta área, seria oportuno que houvesse

nomenclatura de cargos diferentes para cada área de atuação: Auditor Fiscal Municipal e Auditor

Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária.

Sendo mais uma conquista da AFIM, pleiteado desde 2007, foi realizado, em 2010,

concurso para o cargo de Fiscal Municipal, sendo admitidos, em novembro de 2010, por meio do

Edital de Convocação nº 017-A/2010, publicado no DOM nº 14.373, de 25 de agosto de 2010,

cerca de 200 (duzentos) novos fiscais, 150 (cento e cinquenta) para a área Geral - Transportes,

Posturas, Controle Urbano e Meio Ambiente - e 50 (cinquenta) para a área de Saúde e Vigilância

Sanitária, de acordo com resultado final constante no Edital de Divulgação nº 53/2010,

homologado através do Ato nº 4884/2010, publicados no DOM nº 14.335/2010, de 01 de julho de

2010.

De acordo com o Ato nº 13003/2011, publicado no Diário Oficial do Município de nº

14.697, de 22 de dezembro de 2011, foram nomeados 39 (trinta e nove) fiscais da área de Fiscal

Municipal Geral e 10 (dez) para a área de Vigilância de Sanitária. O restante do cadastro de

reserva foi convocado através do Edital de Convocação nº 035/2012, publicado no DOM nº

14.903, de 24 de outubro de 2012.

Atualmente, a fiscalização conta com 401 (quatrocentos e um) fiscais das áreas Geral e da

VISA, incluindo nesse número os que estão aguardando aposentadoria. De acordo com o

Censo/2010, a população de Fortaleza era de 2.315.116 (dois milhões, trezentos e quinze mil,

cento e dezesseis), estando, segundo o IBGE, com 2,5 de habitantes atualmente3, portanto a

quantidade de fiscais para atender uma população tão grande ainda é insuficiente, mas, com a

entrada de todos os aprovados do recente concurso, a fiscalização de Fortaleza terá o melhor

quadro de servidores dentro de quase três décadas.

3 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/08/fortaleza-chega-25-milhoes-de-habitantes-segundo-ibge.html

Page 35: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

35

A proporção entre a quantidade de fiscais da área Geral, hoje, é de um fiscal para,

aproximadamente, 7.900 (sete mil e novecentos) habitantes, devendo ficar, após o ingresso dos

servidores da última convocação (Edital de Convocação 35/2012) com um fiscal para cerca de

6.090 (seis mil e noventa) habitantes. Para a VISA, temos atualmente um fiscal para 25.500

(vinte e cinco mil e quinhentos) habitantes. Com o efetivo exercício dos que estão no cadastro de

reserva, deverá ficar um fiscal para 17.800 (dezessete mil e oitocentos) habitantes. Mesmo diante

do avanço, podemos ver que há grande disparidade, demonstrando o desprezo com que foi tratada

a fiscalização ao longo de quase três décadas.

Recentemente, através da Lei Complementar nº 118, publicada no DOM nº 14.869, de 28

de agosto de 2012, o número de cargos de Fiscal Municipal foi aumentado de 295 (duzentos e

noventa e cinco) para 445 (quatrocentos e quarenta e cinco) cargos. Essa foi mais uma importante

vitória para a categoria, sendo conseguida através do movimento realizado pelos excedentes,

respaldado pela AFIM e, consequentemente, reconhecido pela gestão.

Através do Ato de nº 3932/2012, publicado no DOM nº 14.799, de 25 de maio de 2012, a

Prefeitura Municipal de Fortaleza resolveu prorrogar a validade do concurso de 2010 por mais

dois anos, a partir de 1º de julho de 2012.

11 LEGISLAÇÃO UTILIZADA PELA FISCALIZAÇÃO

Como foi mencionado anteriormente, existiam duas categorias de fiscais: Fiscais de

Edificações e Fiscais de Posturas. Para ambas as categorias de fiscalização, o instrumento legal

utilizado era o Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza (Lei 5530, de 17 de

dezembro de 1981).

Decorridas quase três décadas, a fiscalização realizada nas SER's continua aplicando,

unicamente, a Lei 5530, de 17 de dezembro de 1981, ou algumas leis e decretos específicos tanto

para Posturas, Edificações e Meio Ambiente. Em 2009, foi aprovado um novo Plano Diretor, mas

suas Leis Complementares não foram aprovadas até o momento como a Lei de Uso e Ocupação

do Solo e os Códigos.

Page 36: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

36

Podemos destacar alguns fatos marcantes ocorridos ao longo de quase três décadas, que

interferiram direta ou indiretamente na fiscalização.

Redução gradativa do número de fiscais devido à morte de alguns

companheiros (as), aposentadoria de outros, transferência para outros órgãos,

aprovação em outros concursos. Mesmo com a admissao de mais de 200 (duzentos)

novos fiscais, vale salientar que, aproximadamente, 80 (oitenta) fiscais

remanescentes do penúltimo concurso, realizado em 1982, provavelmente estarão

se aposentando nos próximos 5 (cinco) anos;

Aumento vertiginoso da população, saltando de um milhão de

habitantes, no início dos anos 80, para dois milhões e meio de habitantes nos dias

atuais;

No início dos anos 80, tinha-se um fiscal para 8.333 (oito mil,

trezentos e trinta e três habitantes);

Antes da realização do concurso de 2010, tínhamos um fiscal para

12.000 (doze mil) habitantes;

Atualmente, com a posse dos fiscais do concurso de 2010 e com a

chamada do cadastro de reserva, teremos um fiscal para mais de 7.900 (sete mil e

novescentos) habitantes, para a área Geral e um fiscal para cada 25,510 (vinte e

cinco mil, quinhentos e dez) habitantes para a área da Vigilância Sanitária. Isso

demonstra que houve um avanço, mas ainda há uma grande disparidade. Contudo,

sendo chamado o cadastro de reserva, podemos ter uma melhoria na fiscalização

que não houve ao longo de umas três décadas, ficando evidente o quanto a

fiscalização de Fortaleza tem sido desprezada;

Após o efetivo exercício de todos os fiscais, se não for investido na

infraestrutura do trabalho, a cidade não sentirá o aumento de pessoal da

fiscalização. Precisamos que haja carro para que sejam realizadas as fiscalizações,

que haja computadores nas unidades de fiscalização, que sejam entregues câmeras

fotográficas para os fiscais para registrarem a vistoria dentre outros materiais de

trabalho;

Com o crescimento desordenado da cidade, consequência de uma

fiscalização sem investimentos, elevaram-se, em proporções geométricas, as

infrações de saúde, vigilância sanitária, edificações, posturas e meio ambiente;

Além da demanda crescente por serviços de fiscalização, com a

redução correspondente do número de fiscais, o Poder Público Municipal nunca se

preocupou em dar treinamentos, reciclagens ou cursos de atualização para os

Page 37: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

37

fiscais, com o objetivo de acompanhar a evolução dos tempos, principalmente no

que se refere à fiscalização de meio ambiente e transportes;

Em virtude do bem-estar da cidade de Fortaleza e do grande evento

que será sediado em nossa cidade, a Copa do Mundo de 2014, é preocupante a

inércia do Poder Público Municipal no sentido de exercer o seu Poder de Polícia,

proporcionando desmonte na máquina administrativa, interferência política

negativa, truncamento e/ou frustração do serviço do fiscal com a emissão

ineficiente de multas e cobranças das mesmas, desestímulo no serviço de

fiscalização devido a isso e à falta de investimento em equipamentos de trabalho,

ao aumento da impunidade de infratores, ao aumento de verdadeiros atentados à

Lei de Uso e Ocupação do Solo, ao Código de Obras e Posturas e ao meio ambiente.

Não há uma política de formação continuada para a atualização da fiscalização,

acrescente-se a isso, uma política salarial defasada e ameaças de retirada de ganhos conquistados

na Justiça, faltando, inclusive, material de apoio para o trabalho da fiscalização, tais como trena e

transporte, que são, muitas vezes, custeados pelos próprios fiscais.

Mesmo diante de tudo isso, não houve acomodação dos fiscais em relação à qualificação

individual. Por iniciativa de cada um, a quase totalidade da categoria possui, pelo menos, um

curso de nível superior, outros têm mais de uma Graduação, vários têm especializações e

mestrado. Esperamos que as próximas gestões percebam que investir na fiscalização é investir na

cidade.

11.1 Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza

A Lei nº. 5530, de 17 de Dezembro de 1981, Código de Obras e Posturas do Município de

Fortaleza substitui o antigo Código Urbano, em vigor desde 06 de agosto de 1962. A evolução da

técnica utilizadas nas construções, da Arquitetura e dos materiais, bem como dos próprios

costumes e a adoção de novos índices e padrões de uso e ocupação do solo, previstos no Plano

Diretor de Fortaleza, lançado em 1979, tornaram-se ineficientes e obsoleto o antigo Código

Urbano. De lá para cá, foram aprovados três novos Planos Diretores.

A Lei 5530/81 compõe-se de cinqüenta capítulos, assim divididos:

Page 38: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

38

Parte I – do Capítulo I ao XI – dispõe sobre obras de uma maneira geral;

Parte II – do Capítulo XII ao XIX – trata da edificação em si, em seus

elementos gerais;

Parte III – do Capítulo XX ao XXXV – trata de normas específicas das

edificações, conforme as atividades nelas desenvolvidas;

Parte IV – do Capítulo XXXVI ao XLVIII – dispõe sobre Posturas

Municipais.

A fiscalização referente a Edificações, geralmente, aplica apenas a Parte I da Lei 5530/81,

enquanto que a fiscalização de Posturas aplica, somente, a Parte IV. Nessa parte que se refere a

Posturas Municipais, estão incluída as questões ambientais.

Em particular, o Capítulo XLI versa sobre a Poluição do Meio Ambiente,

especificamente, poluição sonora, poluição do ar e poluição das águas. A questão da poluição,

através de resíduos sólidos, é tratada simplesmente como limpeza pública, no Capítulo XXXVI, e

não como poluição ambiental, como é vista atualmente. Já o Capítulo XXXVIII, trata da

arborização da cidade e sua conservação. O Capítulo XLII versa sobre a poluição visual,

regulamentando a propaganda e a publicidade.

É importante ressaltar que o Código de Obras e Posturas já possui várias normas

revogadas ou modificadas por diversas leis esparsas e específicas que foram editadas durante

esses trinta e um anos de sua vigência, como forma de se moldar aos novos anseios sociais e à

nova realidade social. Como exemplo tem-se a nova lei de Publicidade e Propaganda (Lei nº

8221, de 28 de dezembro de 1998), A lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 7.987, de 23 de

dezembro de 1996), a nova Lei da Poluição Sonora, conhecida popularmente com o a Lei do

Paredão (Lei nº 9756, de 04 de março de 2011), bem como o Próprio Plano Diretor Participativo

de 2009 (Lei Complementar nº 062, de 02 de fevereiro de 2009 – publicado no DOM nº 14.020,

de 13 de março de 2009) que nos seus artigos 323 e 326, por exemplo, revogam expressamente

partes do Código de Obras e Posturas). Observemos:

Art. 323 - Fica vedada a aprovação de projetos de forma tácita, por decurso de prazo ou

por qualquer outro meio, que não pela expressa análise e aprovação do Município.

Parágrafo Único - É nula toda e qualquer licença anteriormente concedida com bases nos

§§ 3º, 6º, 7º e 8º do art. 20 da Lei 5.530, de 17 de dezembro de 1981.

Art. 326 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial os parâmetros e

indicadores estabelecidos no Anexo 5, Indicadores Urbanos da Ocupação, da Lei de Uso

e Ocupação do Solo - Lei nº 7.987, de 1996; e os §§ 3º, 6º, 7º e 8º do art. 20, o parágrafo único do art. 728, e o art. 729, todos da Lei Municipal 5.530, de 17 de dezembro de

1981. (LEI COMPLEMENTAR nº 062/2009).

Page 39: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

39

O crescente número de leis específicas que, apesar de publicadas, não têm a publicização

devida, aliado à ausência de um trabalho de permanente atualização dos servidores envolvidos

com a fiscalização ambiental e urbanística, dificulta, e muito, o exercício da fiscalização, além

de confundir os munícipes.

Tanto os munícipes como os servidores públicos são, de certa forma, prejudicados,

inclusive no que se refere às competência dos órgãos administrativos, já que existem diversas

leis, decretos, portarias, que delimitam novas competências, algumas vezes até conflitantes, ficam

estes sem saber como exercer sua função sem adentrar no que não seria de sua competência e

aqueles sem saber a qual órgão/secretaria se dirigir para recorrer de notificações ou para se

legalizarem.

Vale ressaltar que o concurso de 2010 foi realizado para Fiscal Municipal, havendo duas

áreas: Geral e Vigilância Sanitária. Portanto, os fiscais da área geral têm competência para

exercer todas as funções, sendo limitados apenas por uma questão de “organização

administrativa”. Também ressaltmos que, quanto à confusão que são expostos os munícipes, eles

podem ser notificados por uma secretaria/órgão e terem que se regularizar em outra

secretaria/órgão.

Com isso, várias leis, juridicamente vigentes, acabam se tornando ineficazes, já que têm

sua aplicabilidade mitigada ou mesmo inexistente. Um bom exemplo de confusão causada pela

ausência de atualização dos gestores e profissionais envolvidos com a fiscalização é a vistoria

realizada por denúncias de criação de animais (cachorros, gatos, porcos, galinhas, etc) que,

geralmente, são repassadas aos fiscais das SER’s, mas na verdade competem ao Centro de

Controle de Zoonoses - CCZ -, havendo, inclusive, previsão legal expressa e específica para tais

infrações e competências (Lei 8966, de 14 de setembro de 2005, especialmente os artigos 27, 32,

34 e 36).

11.2 Lei de Uso e Ocupação do Solo

Lei nº. 7987, de 20 de Dezembro de 1996, ou Lei de Uso e Ocupação do Solo,

diretamente, não é aplicada pela fiscalização, mas sim de forma indireta, pois, para a aprovação

Page 40: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

40

de projetos de edificações e demais obras, ela é analisada, utilizando-se, também o Código de

Obras e Posturas do Município de Fortaleza.

Seria adequado o conhecimento desta Lei por parte da fiscalização porque, em obras sem

projeto aprovado, ao fiscal que fosse vistoriá-la, teria uma visão prévia se a obra seria ou não

passível de aprovação. Em caso afirmativo, o infrator seria notificado e orientado a aprovar o

projeto; em caso negativo, seria dado outro encaminhamento, com adaptações, de modo a ser

aprovado o projeto ou realizado o embargo da obra.

Salientamos que já até expirou o prazo para a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo,

conforme o Plano Diretor de 2009:

Art. 305 - O Poder Executivo, assegurada a participação popular, encaminhará à Câmara

Municipal, a partir da entrada em vigor desta Lei, os seguintes instrumentos normativos:

I - Lei de Parcelamento do Solo, no prazo de até 2 (dois) anos;

II - Lei de Uso e Ocupação do Solo, no prazo de até 2 (dois) anos

12 LEIS MUNICIPAIS REFERENTES A QUESTÕES AMBIENTAIS

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) tem por

finalidade promover e executar a política municipal de meio ambiente, bem como implementar o

controle urbano para o racional desenvolvimento do município, responsabilizando-se pelo

planejamento e articulação intersetorial com as demais secretarias municipais.

Criada em 26 de dezembro de 2001, pela Lei nº. 8.609, que dispõe sobre a organização

administrativa da Prefeitura Municipal de Fortaleza e alterações procedidas por meio da Lei nº

8.692, de 31 de dezembro de 2002, a Semam foi regulamentada pelos decretos de número 11.115,

de 23 de janeiro de 2002 e 11.377, de 24 de março de 2003.

Hoje, cerca de 90 % dos recursos humanos da Semam são terceirizados, diante desses

fatos, torna-se urgente uma auditoria completa nas contas da Semam, para citar um exemplo, a

taxa de compensação ambiental, cobrada dos infratores, não tem seu destino regulamentado,

sendo atualmente uma caixa preta, o que provocou uma representação do Sinduscon junto ao

Page 41: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

41

Ministerio Público para que a Semam informe e de publicidade ao destino dessa taxa, que tem

destino específico.

A Compensação Ambiental é um mecanismo financeiro de compensação pelos efeitos de

impactos não mitigáveis identificados quando da implantação de empreendimentos no processo

de licenciamento ambiental. Também é utilizada nas notificações de infrações. Esses recursos

devem ser destinados às Unidades de Conservação para a consolidação do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação – SNUC.

O instrumento da Compensação está contido no Art. 36 da Lei nº. 9.985, de 18 Julho de

2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e é regulamentada pelo

Decreto nº. 4.340, de 22 de agosto 2002, alterado pelo Decreto nº 5.566/05.

De acordo com o art. 33, da Lei nº 9.985, que instituiu a taxa de compensação ambiental,

a aplicação dos recursos dessa compensação se dará nas Unidades de Conservação existentes ou a

serem criadas e deve obedecer à seguinte ordem de prioridade:

I - regularização fundiária e demarcação das terras;

II - elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;

III - aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,

monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de

amortecimento;

IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de

conservação; e

V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de

conservação e área de amortecimento.

Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular do Patrimônio Natural,

Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse Ecológico e

Área de Proteção Ambiental, quando a posse e o domínio não sejam do Poder Público,

os recursos da compensação somente poderão ser aplicados para custear as seguintes atividades:

I - elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de proteção da unidade;

II - realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sendo

vedada a aquisição de bens e equipamentos permanentes;

III - implantação de programas de educação ambiental; e

IV - financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sustentável

dos recursos naturais da unidade afetada.

Page 42: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

42

O Fundo de Defesa do Meio Ambiente (Fundema), criado pelo art. 205, da Lei Orgânica

do Município de Fortaleza, regulamentado pela Lei 8.287, de 07 de Julho de 1999, está vinculado

à Secretária de Meio Ambiente e Controle Urbano - Semam - e tem como finalidade o apoio ao

desenvolvimento de programas de educação ambiental. Hoje, é uma caixa preta, pois não existe

uma conta única para o fundo e os recursos que são arrecadados advindos das taxas e dos

licenciamentos vão para o caixa único da Prefeitura.

O Conselho Municipal de Meio Ambiente - Comam - foi criado pela Lei nº 8.048, de 24

de Julho de 1997, e integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama -, como órgão

colegiado local, deliberativo, consultivo e de assessoramento ao Chefe do Poder Executivo

Municipal em questões relativas à política do meio ambiente em Fortaleza. A presidência do

Comam, nos termos do inciso XXXIX, do artigo 17, da Lei nº 8.692, de 31 de dezembro de 2002,

compete ao titular da Semam.

Dentre os objetivos do Comam, destacam-se: deliberar sobre as diretrizes gerais da

política ambiental no município; aprovar previamente o licenciamento ambiental do

parcelamento do solo, localizados ou vizinhos a áreas de proteção de recursos hídricos; manterem

intercâmbio com órgãos congêneres municipais, estaduais e federais, objetivando a troca de

subsídios técnicos e informações à defesa do meio ambiente.

Conselho paritário, composto atualmente pelos seguintes órgãos: Secretária Municipal de

Meio Ambiente e Controle Urbano, Secretaria de Planejamento e Orçamento, Secretaria

Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Infraestrutura, Secretaria de Educação e Ação

Social do Município, Secretarias Executivas Regionais (I a VI), Procuradoria Geral do

Município, Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização, Comissão de Habitação do Município

de Fortaleza, Fundação Cearense de Cultura Esporte e Turismo, Empresa Técnica de Transporte

Urbano S/A, Federação de Entidades de Bairros e Favelas de Fortaleza, Superintendência

Estadual de Meio Ambiente, Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura,

Federação Indústrias do Estado do Ceará, Universidade Federal do Ceará, Instituto de Arquitetura

do Brasil, Universidade Estadual do Ceará, Câmara Municipal de Fortaleza, Associação

Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Procuradoria Geral de Justiça – Ministério

Público, Associação Cearense de Engenheiros Civis, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis, Associação dos Geógrafos do Brasil, Associação Comercial do

Ceará, Sociedade Cearense de Defesa da Cultura e Meio Ambiente, Autarquia Municipal de

Page 43: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

43

Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania, Assecom e Sindicato das Indústrias da Construção Civil

do Ceará.

A AFIM reivindica uma vaga no Comam para que possamos dar nossa contribuição e

visão do atual estágio do meio ambiente na cidade, contamos com fiscais com Mestrado e

Especialização em Gestão Ambiental e de reconhecida capacidade técnica.

12.1 Lei 8707, de 19 de maio de 2003 – criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente

Esta Lei altera a Lei nº. 8.048, de 24 de julho de 1997, que cria o Conselho Municipal de

Meio Ambiente (Comam) e dá outras providências. Por exemplo, o artigo 2º, da Lei 8.048/97,

passa a ter a seguinte redação: “O COMAM, como órgão colegiado diretamente vinculado ao

Prefeito Municipal, atuará em nível consultivo e deliberativo, em questões relativas à política

municipal de meio ambiente”.

12.2 Lei 8097, de 02 de dezembro de 1997

Esta Lei dispõe sobre medidas de combate à poluição sonora e dá outras providências,

atualizando ou revogando algumas disposições contrárias à mesma, do Capítulo XLI, seção II, da

Lei 5530/81 (Código de Obras e Posturas), que trata de poluição sonora.

12.3 Lei 8738, de 10 de julho de 2003

Altera as Leis nº. 8.230, de 20 de dezembro de 1998, que institui a taxa de licenciamento

ambiental, e Lei nº. 8.497, de 18 de dezembro de 2000, que introduz novas atividades

Page 44: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

44

licenciáveis, dá nova redação ao inciso XXIX, do art. 17, e ao art. 10, da Lei nº 8.692, de 31 de

dezembro de 2001.

12.4 Lei n°. 8.230, de 29 de dezembro de 1998 - DOM n° 11.505, de 29 de dezembro de 1998

Instituiu a Taxa de Licenciamento Ambiental que, na prática, é mais um procedimento

burocrático criado pela Prefeitura de Fortaleza, pois não há nenhuma fiscalização antes ou depois

de ser licenciado o empreendimento.

A própria Lei relata, no seu art. 2º, que a fiscalização de obras, empreendimentos e demais

atividades impactantes, localizadas no município de Fortaleza, seguirá as normas e

procedimentos constantes da Lei n°. 8.000/97, de 27 de janeiro de 1997, e legislação

complementar.

Porém, não existe nenhum monitoramento dos licenciamentos concedidos, a não ser que

haja alguma denúncia por parte da população, ficando a fiscalização sem saber que procedimento

adotar já que não dispõe de equipamentos para medir poluição atmosféria, hídrica ou do solo,

além de não haver treinamento para isso. A fiscalização, neste caso, exige mais cautela porque se

trata de um local já licenciado.

A AFIM propõe que sejam revogados todos os Licenciamentos Ambientais concedidos na

Administração Juraci Magalhães, pois a maioria é uma fraude, até as próprias obras públicas

foram realizadas em desconformidade com a Legislação Ambiental.

Quanto à fraude nos licenciamentos ambientais, podemos citar como exemplo o EIA –

Estudo de Impacto Ambiental realizado para a construção do prolongamento da Av. Pe. Antônio

Thomaz não foi cumprido, sendo aterrada a área de recalque da Lagoa do Gengibre, o que vai

ocasionar, em época de chuvas mais intensas, uma das maiores inundações jamais vistas na área

da Cidade 2000, conjunto 2001 e adjacências. Isso aconteceu devido não existir nenhum

monitoramento e análise técnica da Semam para auditar a obra e conceder o licenciamento

ambiental.

Outro caso que podemos exemplificar é o da ponte sobre o Rio Cocó: o EIA – Estudo de

Impacto Ambiental - foi aprovado para um vão de seis metros da pista de rolamento e o que está

Page 45: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

45

sendo realizado é um vão de nove metros, ocasionando a construção de doze pilastras sobre o

leito do Rio, o que vai ocasionar um assoreamento da área, com a criação de um dique de areia

natural, ocasionando a destruição do mangue a partir da ponte do rio Cocó.

Diante disso, a AFIM sugere que, para a concessão de licenciamentos ambientais, sejam

necessárias fiscalizações durante o processo, sendo levados em conta os relatórios das vistorias

dos fiscais.

12.5 Lei 8221/98 - dispõe sobre a publicidade e propaganda em Fortaleza

A Lei nº 8221, de 28 de dezembro de 1998, dispõe sobre a propaganda e publicidade no

Município de Fortaleza. É considerada, pela maior parte da fiscalização que atua no controle

urbano e meio ambiente, uma lei confusa e de difícil implementação na prática.

Já houve dois seminários com técnicos da Semam sobre esta lei, mas não foram

produtivos no que diz respeito a um melhor esclarecimento da mesma. Esta lei merece uma maior

discussão, pois alguns dos seus mecanismos suscitam dúbias interpretações, como por exemplo, a

parte relacionada a letreiros, além do mais, outros artigos não estão sendo implementados na

prática.

Portanto, podemos afirmar que a Lei de Propaganda e Publicidade de Fortaleza não

“vingou” e que, à luz das modificações do Código de Obras e Posturas e da legislação ambiental

do município de Fortaleza, a lei 8221/98 deve ser revista.

Outra alternativa para reformulação da lei 8221/98, já que trata de publicidade e

propaganda e é uma matéria intrinsecamente ligada à poluição visual, é levar em conta uma nova

proposta que seria a criação de um Código Ambiental para Fortaleza, com um novo artigo

específico para esse assunto, versando sobre poluição visual e seu controle, regulamentando a

publicidade e a propaganda em Fortaleza.

A Lei 8221/98 também teve normas revogadas ou modificadas por diversas leis esparsas e

específicas, como as leis nº 8899, de 1º de dezembro de 2004, a Lei n° 9912, de 12 de julho de

2012, dentre outras que criaram novas possibilidades, mas não tiveram a publicização devida,

dificultando sua aplicabilidade.

Page 46: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

46

13 A PROPOSTA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE FORTALEZA

O Projeto do Plano Diretor Participativo de Fortaleza consiste na revisão e atualização da

Legislação Urbanística de Fortaleza e foi aprovado pela Câmara Municipal em 2010.

Contudo, até o momento, não houve nenhum instrumento para regularizar o Plano

Diretor, nenhuma discussão foi realizada, ou sequer iniciada. São dezesseis instrumentos que

precisam de urgente regularização, pois o atual Plano Diretor só contém as diretrizes gerais para a

regularização urbana.

Mal o Plano Diretor foi aprovado em 2010 e já possui várias alterações modificando as

ZEIS – Zonas de Interesses Social -, contrariando interesses públicos em favor de interesses

privados.

Além do mais, nosso Plano Diretor é extremamente criticado por especialistas da área

ambiental, não só por ter sido realizado por uma equipe de pessoas de outros estados que não

conhecem nossas peculiaridades, mas principalmente, em relação às coordenadas que o mesmo

apresenta.

14 LEIS DE CONTROLE URBANO A NÍVEL FEDERAL

Apresentamos,em seguida, importantes artigos da Constituição Federal de 1988 e uma

síntese crítica a respeito do Estatuto da Cidade.

14.1 Constituição Federal de 1988

A Carta Magna, no Título VII, Capítulo II, com o Título da Política Urbana, nos

artigos 182 e 183 trata da política e controle urbanos, destacando-se os seguintes pontos:

Page 47: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

47

É obrigatório Plano Diretor para cidades com mais de 20.000 habitantes.

Compreende-se como Plano Diretor o instrumento básico da política de

desenvolvimento e de expansão urbana;

É facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei específica para

área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da Lei Federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subtilizado ou não utilizado, que promova seu adequado

aproveitamento, sob pena, sucessivamente:

I – Parcelamento ou edificação compulsória;

II – Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressiva no

tempo;

III – Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de

emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10

anos;

O artigo 183 prevê o Usucapião Urbano. Aquele que possuir área urbana

de até 250m², ininterruptamente e sem oposição, utilizando para moradia ou de sua

família, tem direito ao seu domínio, desde que não tenha outro imóvel;

Imóveis públicos não serão adquiridos por Usucapião.

14.2 Estatuto da Cidade

A Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, conhecida como Estatuto da Cidade, regulamenta

os artigos 182 e 183 da Constituição Federal (CF/88). Esta nova legislação é um importante

instrumento, pois permite ao Poder Público intervir no mercado de terras e nos processos de

urbanização, indo muito além da simples normalização de uso dos territórios. O Estatuto da

Cidade dá respaldo constitucional a uma nova maneira de realizar o planejamento urbano.

Pela primeira vez na história do Brasil, tem-se uma regulamentação Federal para a política

urbana, definindo uma concepção de intervenção no território que se afasta do tradicional caráter

tecnocrático o qual simplesmente aponta os usos ideais ou desejável para cada parte do território

urbano.

O Estatuto da Cidade combate a especulação imobiliária através da regulamentação de

dispositivos que obrigam os proprietários de áreas vazias ou subutilizadas, em regiões dotadas de

infraestrutura, à edificação ou parcelamento compulsório. Após notificação da Prefeitura e

cobrança de imposto predial progressivo, o Poder Público poderá desapropriar a propriedade para

o bem da coletividade e pagar com títulos da dívida pública com vencimento de até dez anos.

Page 48: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

48

O Estatuto da Cidade prevê, também, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). A lei

municipal definirá os empreendimentos que são passíveis de promover mudanças significativas

no perfil da região aonde vai se instalar. O EIV deverá levar em conta os efeitos positivos e

negativos do empreendimento no que diz respeito à vida dos moradores das áreas próximas,

garantindo-lhes livre acesso à documentação de aprovação do respectivo projeto.

Os artigos 49 e 50, do Estatuto da Cidade, exigem a expedição de termo de verificação e

conclusão de obras (Habite-se) e aprovação de parcelamento e edificação (aprovação de

loteamentos e aprovação de projetos para edificações novas ou reformas).

15 SUGESTÕES PARA INCLUSÃO DE PROPOSTAS EM NOVAS LEIS

A AFIM acha relevante a atualização do Código de Obras e Posturas do Município e a

elaboração de um Código Ambiental para a cidade, mediante a participação de diretores da

entidade em audiências públicas ou seminários de propostas de novas legislações. Aproveitando a

experiência acumulada na área da fiscalização, podemos analisar algumas sugestões.

Realização de cadastro atualizado de proprietários de imóveis com livre acesso aos

dados por parte da fiscalização, pois o cadastro da Sefin, além de desatualizado, torna-se

ineficiente devido à demora, porque depende de trâmites burocráticos para a consulta de qualquer

informação.

Devem-se prever, na legislação, circunstâncias atenuantes para os infratores como: Baixo

grau de instrução e escolaridade dos mesmos; Primariedade; Comunicação prévia do agente de

perigo iminente da degradação, quando se tratar de meio ambiente, e colaboração com os agentes

fiscais.

Previsão, na legislação, de situações agravantes que tornem a infração mais reprovável,

como: Reincidência; Ter o agente cometido a infração à noite; nos finais de semana ou feriados e

Falta de licença, autorização ou alvará.

Page 49: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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16 PROPOSTAS PARA A NOVA ADMINISTRAÇÃO

Observaremos sugestões para a administração da nova gestão de Fortaleza já que,

recentemente, foi decidido novo Prefeito através do sufrágio municipal de 2012. Também,

veremos algumas reivindicações prementes da categoria.

16.1 Sugestões para a nova gestão pública de Fortaleza

1. Criar Unidades de Conservação na cidade de Fortaleza, priorizando a formação de

corredores de fauna e flora com enfoque dirigido à conservação dos ecossistemas, buscando a

preservação de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada ecossistema presente na cidade e o

combate à ocupação nas margens dos rios Maranguapinho, Maceió, Pajeú, Cocó, Rio Ceará etc;

2. Elaborar e aprovar a Lei que define a política de resíduos sólidos em Fortaleza e implantar

a Coleta Seletiva;

3. Implantar o projeto DIESEL VERDE nos veículos da prefeitura para usar de 30 a 50% de

biodiesel ou diesel verde nos veículos oficiais;

4. Elaborar e implantar Programa de Redução da poluição industrial na cidade;

5. Propor lei que obrigue as empresas de elevado potencial poluidor a realizarem auditorias

ambientais anuais, um autêntico raio-x ambiental com custo zero para a Prefeitura, além de lei

que obrigue as grandes indústrias poluidoras a implementar Programa de Redução de Resíduos

Perigosos e a informarem o lixo químico que produzem e o que fazem com ele;

6. Criar, nos primeiros trinta dias de governo, a Comissão pelo Desenvolvimento

Sustentável e de debate sobre a Agenda 21 com a participação paritária dos órgãos da prefeitura,

ONG's e iniciativa Privada, com atuação horizontal, envolvendo todos os órgãos de Governo,

cabendo à área ambiental do Governo revisar e implementar;

Page 50: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

50

7. Prever, na política habitacional para vilas e favelas, que o reassentamento mantenha as

famílias próximas à comunidade invadida devido à preservação e manutenção do vínculo que eles

criaram com o meio ambiente ocupado, assim como a inclusão social;

8. Elaboração e aprovação das Leis complementares do novo Plano Diretor e

9. Aplicação de materiais filtrantes nas avenidas, ruas etc.

16.2 Reivindicações para categoria dos Fiscais Municipais

1. Realização de novo concurso para a categoria a fim de repor as vacâncias surgidas e

concurso exigindo, desta vez, técnicos com formações específicas para comporem os quadros de

licenciamentos;

2. Realização de concurso para fiscais da área da Vigilância Sanitária, pois o quadro de

servidores ainda é muito pouco diante da demanda da população, haja vista o concurso deles ser

por área específica de formação;

3. Pagamento dos Precatórios vencidos;

4. Criação de uma Secretaria de Transportes: atualmente a fiscalização de transportes vem

sendo realizada pela Etufor, sociedade de economia mista, que tem alguns fiscais a sua

disposição (apenas doze) para atender a demanda de toda a cidade de Fortaleza. Acrescentando-

se ao número irrisório de fiscais atuantes nessa área, temos o fato de essa fiscalização não estar

sendo exercida pela Administração Direta, havendo vários trabalhos publicados e sentenças

judiciais proferidas que, respectivamente, questionam e condenam a legalidade e a ética no que se

refere à realização de serviços de fiscalização por parte de entidades de economia mista;

5. Execução do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários, pois não estão sendo cumpridos

seus objetivos, a progressão da carreira não foi aplicada para os fiscais concursados em 1982,

Page 51: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

51

além das progressões por tempo de serviço, gratificações por titulação e gratificações por

capacitação, sem falar que os anuênios não estão sendo aplicados anualmente, causando perdas

de benefícios para os fiscais;

6. Implantação do Plantão Fiscalização Fortaleza 24 horas - trata-se de uma fiscalização

extraordinária onde os fiscais trabalhariam 24 horas divididos em turnos diurnos e noturnos

(plantões devidamente remunerados);

7. Concurso para a Semam: somente com homogeneidade nos procedimentos é possível ter

um trabalho eficiente de fiscalização, é por esse motivo que se faz necessário um concurso para

técnicos da Semam e que esta se estruture adequadamente para comandar a fiscalização de

controle urbano e meio ambienete em Fortaleza;

8. Reestruturação da Cevisa para comandar e instrumentalizar a fiscalização de Vigilância

Sanitária;

9. Equipar a Vigilância Sanitária de todos os mecanismos e logística necessária para o fiel

desempenho das atividades

10. Terreno da sede da AFIM: foi solicitado à PMF, e ainda sem resposta, a concessão de uso

e posse de um terreno, área institucional do loteamento Sítio São João, aprovado através do

Processo nº. 2.662/81, situado à Rua Miguel Gurgel, a 31,24 metros da Rua Beatriz Gurgel,

medindo 50,25 metros, com fundos para a Rua Efísio Gurgel, medindo 50,25 metros, tendo de

comprimento 66,00 metros. É objetivo da AFIM construir espaços para a categoria que seriam

utilizados principalmente pelos associados para cursos de formação, reciclagem e treinamentos,

posto serem os mesmos servidores públicos municipais, seria um investimento também para a

PMF. Além do mais, o espaço poderia ser cedido para a PMF em determinadas circunstâncias

como cursos para outros servidores;

11. Pagamento de Curso de Especialização em Gestão Ambiental Urbana que, a cada 2 anos,

é realizado pelo IFCE. Deveria ser realizada uma seleção interna para montar uma turma

específica para os Fiscais Municipais. O curso tem importância direta para o trabalho da

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fiscalização e iria auxiliar a Prefeitura em Projetos de auditorias ambientais, análises de EIA –

Estudos de Impacto Ambientais -, assim como nos demais projetos de licenciamento ambiental;

12. Projeto para nova sistemática de fiscalização - uma nova sistemática de trabalho se faz

necessária e urgente onde as tarefas realizadas pela fiscalização tenham um encaminhamento

legal e correto sem a ocorrência de ingerências de políticos. Poderia ser criada uma JARI - Junta

Administrativa de Recursos de Infração – ligada à Semam para a fiscalização da área geral

(Controle Urbano e Meio Ambiente) e uma JARI para a área de atuação da Vigilância Sanitária,

ligada à Secretaria Municipal de Saúde;

13. Pagamento de Auxílio Combustível para os fiscais que quiserem realizar a fiscalização

em seu carro particular. Há muitos anos, alguns fiscais realizam seu trabalho utilizando veículo

de sua propriedade sem receber auxílio combustível, perdendo com a depreciação do carro. Hoje,

somente os fiscais da Secretaria de Finanças recebem o auxílio combustível no valor de R$

1.000,00 (mil reais). No entanto, essa gratificação não é desejosa de forma unânime na categoria,

pois a vontade maior é que a gestão disponibilize carros suficientes para que a fiscalização possa

trabalhar;

14. O desejo da maior parte da fiscalização é que a PMF disponibilize carros para a

fiscalização e locais para servirem de depósitos para as mercadorias apreendidas (carnes podres,

comidas vencidas, animais dos abatedouros que são proibidos por lei de funcionarem em

Fortaleza, paredões de som etc);

15. Cargos de Coordenadores da Fiscalização específicos para fiscais: a AFIM entende ser

esse cargo estratégico para o bom desempenho do trabalho da fiscalização e considera que o

mesmo deva ser ocupado por fiscais de carreira que possuam aptidão e competência para isso

(nível técnico, desenvoltura, liderança, eficiência dentre outros atributos). É importante informar

que, no quadro de fiscais, há muitos com nivel de mestrado, Especialização ou Pós-Graduação

em Gestão Ambiental Urbana, com qualificada capacidade técnica para desempenharem com

louvor funções de chefias e de coordenadorias;

16. Os coordenadores relacionados à Vigilância Sanitária deverão ser preenchidos por fiscais

municipais, sendo os mesmos conhecedores das ações da Vigilância Sanitária e das

Page 53: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

53

peculiaridades dos trabalhos da fiscalização, sendo necessário comprovar conhecimento técnico

por meio de títulos (Fundamentação legal – Estatuto dos Servidores Públicos de Fortaleza);

17. GEFAE - aumento do valor para R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) em dois anos

(em 2013 para R$ 3.000,00 e em 2014 para R$ 4.500,00);

18. Aumento do Abono igual ao do Vencimento Base - VB - sendo em 15% para o ano de

2013 (Campanha Salarial Unificada com o SindFort);

19. Criação da GAE (Gratificação de Atividades Extraordinárias) para os fiscais que

realizarem o trabalho noturno, em feriados e finais de semana, blitz e outras atividades fora da

rotina da fiscalização como demolição, desfazimento, grandes festas que tiram a normalidade

cotidiana da cidade como pré-carnavais, fortal, reveillon, etc;

20. Centralização da Fiscalização de Controle Urbano e Meio Ambiente na Semam com a

devida reestruturação dos Distritos de Meio Ambiente das Regionais;

21. Escolha do Secretário da Semam por meio de lista tríplice, composta por pessoas de vasto

conhecimento na área ambiental, pelo Chefe do Poder Executivo Municipal;

22. Criação do Código de Vigilância Sanitária do Município de Fortaleza. (Fundamentação

legal – Lei Orgânica do Município de Fortaleza);

23. Criação do Código de Arrecadação das Taxas de Registro Sanitário e demais ações

tributadas relacionadas à Vigilância Sanitária (Fundamentada pelo Fundo Municipal de Saúde).

Considerando que, pela legislação federal, os recursos das notificações da Anvisa vão para o

Fundo Nacional de Saúde, acreditamos que nada impede que as da VISA fossem destinadas ao

Fundo Municipal de Saúde;

24. Criação do Código Ambiental de Fortaleza e atualização do Código de Obras e Posturas

do Município;

Page 54: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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25. Elaboração e aprovação de lei proibindo o uso da estufa e obrigando o uso do autoclave

em estabelecimentos de serviços de saúde ou de interesse à saúde onde se faça necessária a

esterilização de artigos;

26. As capacitações, treinamentos, seminários, congressos, simpósios e afins, relacionados

com a Vigilância Sanitária, deverão ser destinados aos fiscais do quadro da Vigilância Sanitária

com prioridade;

27. Aceitação dos cursos de Pós-Graduação nas áreas específicas para os fiscais da Vigilância

Sanitária já que o concurso para eles foi com exigência de formação específica;

28. Criação de uma Assessoria Jurídica Única para a Fiscalização composta de profissionais

do Direito com vasto conhecimento nas diversas áreas da fiscalização de Fortaleza;

29. Corrigir a distorção do atual quadro de fiscalização, ocorrido com a implantação do Plano

de Cargos, Carreiras e Salários, no qual existe, atualmente, o Fiscal e Técnico Fiscal, exercendo

as mesmas atribuições, mas com salários diferenciados;

30. Transformação do atual quadro de fiscais nos seguintes cargos: Auditor Fiscal Municipal

Geral e Auditor Fiscal Municipal em Vigilância Sanitária;

31. Funcionamento da fiscalização de Vigilância Sanitária, durante 24 horas, com a

implantação de plantões remunerados;

32. Reestruturação da fiscalização do sistema de transporte no município com a criação de

órgão específico - Secretaria de Transportes - já que a Etufor não o cumpre adequadamente o

papel por ser uma sociedade de economia mista;

33. Com a criação da Semam, foi dada importância às questões ambientais da cidade, mas as

questões do meio ambiente da cidade carecem de uma estrutura de auditores ambientais, por isso

sugerimos a criação do cargo de Auditor Fiscal Ambiental no PCCS da fiscalização (Lei

9334/2007) e abertura imediata de concurso com exigência de especialização na área ambiental;

Page 55: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

55

34. Modificar o PCCS (Lei 9334/97) no artigo que trata da incorporação da GEFAE que

exige cinco anos para incorporação de aposentadoria, reduzindo para três anos especificamente

para os fiscais que já têm tempo de aposentadoria;

35. Implementação e pagamento da gratificação de risco de vida, prevista no estatuto do

servidor, aos fiscais da área geral;

36. Implementação e pagamento da gratificação da gratificação de insalubridade para os

fiscais da Vigilância Sanitária;

37. Manter as incorporações dos servidores públicos municipais desde que observadas as

exigências das legislações;

38. Garantia das causas ganhas na Justiça, devidamente transitado em julgado, como direito.

17 CRIAÇÃO DO FUNDAFISCO

O FUNDAFISCO seria um fundo para capacitar e modernizar a fiscalização na área

operacional e de gestão, o fundo seria criado com um percentual de 3% (três por cento) sobre as

taxas diversas cobradas pela Prefeitura e que incidissem sobre o Código de Obras e Posturas e

sobre o Código Ambiental do Município de Fortaleza.

Este Fundo seria gerenciado em conta específica da Prefeitura e seria gerido por um

conselho com seis membros, sendo dois indicados pela Chefe do Executivo Municipal, dois pela

sociedade civil organizada e conselhos populares e dois pela AFIM – Associação dos Fiscais do

Município de Fortaleza.

Page 56: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

56

18 IMPLEMENTAR METODOLOGIA DE COACHING

Implementar metodologia de coaching nas unidades onde houverem fiscais municipais

para que possa ajudá-los a atingir suas metas pessoais e na carreira. Através do coaching é

possível aprofundar o aprendizado, melhorando o desempenho e a qualidade de vida, essa faz

com que a pessoa descubra seus sonhos, metas e seu potencial inexplorado, ajuda a pessoa a

transformar esse conjunto em ação e a não perder o foco no caminho da implantação.

Provocar mudanças está no coração do processo do coaching que ajuda as pessoas ou a

organização a criarem, adaptarem-se e aceitarem as mudanças como um desafio e não como um

obstáculo. Portanto, seria um excelente investimento no servidor de carreira.

19 IMPLANTAÇÃO DE UMA SALA TÉCNICA PARA A FISCALIZAÇÃO

A Sala técnica seria um espaço onde se disporia de recursos de pesquisa e técnicos para se

realizar uma fiscalização com mais recursos de informações, eficiente e de forma inteligente, com

logística, acompanhando e gerenciando todo o andamento dos projetos que afetam o meio

ambiente e o controle urbano da cidade.

Os recursos a serem disponíveis na sala técnica seriam:

1. Biblioteca de livros técnicas da área de meio ambiente e

controle urbano;

2. Vinte Computadores com acesso à internet;

3. Banco de dados de informações cadastrais e de projetos da

Prefeitura;

4. Contratação de serviços de informações de imagens de satélites;

5. Informações advindas da parceria com instituições e ONG's;

6. Mesa de reuniões para vinte pessoas;

Page 57: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

57

7. Vinte Câmeras digitais de última geração;

9. Vinte GPS's portáteis para serem utilizados durante os plantões

ou operações especiais;

10. Vinte decibelímetros para serem utilizados durante os plantões

ou operações especiais;

11. Vinte estacões portáteis medidoras de poluição atmosférica;

12. Projetor multimídia de 2.000 lúmens;

13. Flip Charter;

14. Quadro branco e pincéis.

Tal sala poderia ser criada na Semam para o direcionamento da fiscalização de meio

ambiente e controle urbano ou diretamente ligada ao Gabinete do (a) Chefe Executivo Municipal,

dando dimensão ao mesmo de toda a fiscalização, com suas peculiaridades, contribuindo para o

desenvolvimento operacional, gerenciando os dados e os plantões de todos os tipos de

fiscalização, criando bancos de dados dentre outros.

Page 58: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

58

20 CONCLUSÃO

Ao longo do presente trabalho, verificamos que houve algumas melhorias na fiscalização,

como: realização de concurso para a categoria em 2010, implementação de gratificação prevista

desde 2007 (sendo em abril de 2012 a implementação e, em junho de 2012, o primeiro

pagamento) e convocação de todo o cadastro de reserva do concurso de 2010.

Foi possível observar, também, que, com a entrada dos aprovados presentes no cadastro

de reserva, Fortaleza terá o melhor quadro dentro de, aproximadamente, três décadas. Pois, no

início dos anos 80, tinha-se um fiscal para 8.333 (oito mil, trezentos e trinta e três habitantes);

antes da realização do concurso de 2010, tínhamos um fiscal para 12.000 (doze mil) habitantes e,

atualmente, estamos com um fiscal da área geral para mais de 7.900 (sete mil e novecentos)

habitantes, demonstrando um avanço. Todavia, ainda há uma disparidade ainda muito grande.

Com a posse de todos os aprovados no concurso de 2010, incluindo os que ainda estão no

cadastro de reserva, recentemente convocados (novembro de 2012), teremos um fiscal para,

aproximadamente, 6.090 (seis mil e noventa) habitantes, demonstrando um avanço e o melhor

quadro de pessoal em quase três décadas.

No entanto, mesmo com o concurso de 2010 e a convocação de todos os aprovados, a

Vigilância Sanitária ainda tem uma quantidade irrisória de fiscais para a demanda da cidade.

Hoje, estão em efetivo exercício noventa e oito fiscais desta área, sendo um fiscal para 25.510

(vinte e cinco mil, quinhentos e dez) habitantes. A perspectiva é que entrem mais quarenta e dois

fiscais com a convocação de todo o cadastro de reserva, então deveremos ficar com um fiscal

para 17.857 (dezesete mil, oitoscentos e cinquenta e sete) habitantes.

Dentro de cinco anos, cerca de oitenta fiscais estarão se aposentando tanto da área do

Geral como da Vigilância Sanitária. A disparidade entre servidores e demanda da VISA que já é

gritante, fica ainda mais alarmante se formos analisar a quantidade de fiscais por área de

formação específica, tendo a cidade de Fortaleza, atualmente, apenas dois médicos, três

odontólogos, dez enfermeiros e quatro veterinários por exemplo. Dessa maneira, fica evidente o

quanto a fiscalização e a cidade de Fortaleza precisam de novo concurso para a categoria.

Não obstante, é indispensável que haja uma adaptação da infraestrutura da fiscalização

para que o atual contingente de pessoal possa dar vazão ao seu trabalho, pois, muitas vezes, os

Page 59: Breve Diagnóstico da Fiscalização de Fortaleza e Propostas para a Cidade

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fiscais não podem ir a campo por falta de carro, de quilometragem ou de combustível. Alguns

fiscais chegam a utilizar seu carro próprio para poderem dar prosseguimento aos processos.

O apoio policial, em alguns procedimentos fiscalizatórios, é indispensável. Sem ele não é

possível realizar apreensões, algumas interdições ou embargos. Exemplo disso é a fiscalização

atuante na área da poluição sonora no que se refere à apreensão de paredões que não tem como

realizar sua função sem o aparato policial, além do mais, atualmente, conta com apenas uma

dupla de fiscais por noite para atender toda a demanda da cidade.

Vale ressaltar que, cada vez mais, a sociedade denuncia casos de poluição sonora,

principalmente no que diz respeito ao uso abusivo de equipamentos sonoros em veículos

automotores. Geralmente, a população fica muito irritada e transtornada por essa infração que

tem sido muito recorrente e desrespeitosa, ficando quase impossível de coibir em determinados

períodos da cidade, como durante os pré-carnavais.

Vimos, no decorrer do trabalho, que há muita ingerência política na fiscalização,

ocorrendo de indicações políticas para chefias a desaparecimentos de notificações. Diante disso, é

indispensável a criação de uma Junta Administrativa de Recursos de Infração - JARI - para que

haja transparência e legalidade nos procedimentos de questionamento de autos por parte dos

notificados.

O sistema GRPFOR aparece como uma esperança para a fiscalização nesse sentido, pois

os fiscais, a partir de agora, irão cadastrar suas notificações. Além disso, todas as denúncias e

fiscalizações deverão ser cadastradas no mesmo sistema, proporcionando, além de transparência,

organização e capacidade de contabilizar a demanda atendida pela categoria.

Portanto, o presente trabalho atendeu seu objetivo que seria traçar um breve diagnóstico

da fiscalização, apontando erros e acertos para com a categoria, propondo melhorias não só para a

mesma, mas também para a cidade.