proposta de modelo e de plano de qualidade total · ... no tocante à saúde pública, segurança e...
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PROPOSTA DE MODELO E DE PLANO DE QUALIDADE TOTAL
1 O MODELO
O modelo Sistêmico de gestão da qualidade proposto tem como estrutura
básica a mesma que serve como referencial de avaliação do Prêmio Nacional da
Qualidade – PNQ. Ele segue as orientações contidas no documento Gestão da
Qualidade – Primeiros Passos Para a Excelência.
A diferença entre este modelo e aquele do PNQ está no grau de
complexidade (profundidade e extensão) do sistema de gestão de uma empresa que
já esteja razoavelmente além das práticas incipientes. O estágio desse modelo
corresponde à faixa intermediária do PNQ.
2 FUNDAMENTOS DO MODELO SISTÊMICO
O modelo foi construído com base nos mesmos fundamentos dos Critérios de
Excelência do Prêmio Nacional de Qualidade, ou seja:
- Qualidade centrada no cliente;
- Foco nos resultados;
- Comprometimento da alta Direção;
- Visão de futuro de longo alcance;
- Valorização das pessoas;
- Responsabilidade social;
- Gestão baseada em fatos e processos;
- Ação pró-ativa e resposta rápida;
- Aprendizado contínuo.
Conforme a Fundação Para o Prêmio Nacional da Qualidade – Primeiros
Passos Para a Excelência (p. 6 a 9), a descrição de cada um dos fundamentos do
modelo está descrita a seguir:
a) Qualidade centrada no cliente
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A qualidade é julgada pelo cliente a partir de sua própria percepção. A
qualidade compreende as características e atributos dos produtos que adicionam
valor ao cliente, intensificam sua satisfação, determinam sua preferência e o tornam
fiel à marca, ao produto ou à organização. A qualidade centrada no cliente é, pois,
um conceito estratégico, voltado para a retenção e conquista de clientes.
O conhecimento das necessidades do cliente, atuais e futuras, é o ponto de
partida na busca da excelência do desempenho da organização. Assim, a qualidade
está centrada no cliente quando essas necessidades estão claras a toda a
organização. As estratégias, planos e processos orientam-se em função da
promoção da satisfação e da conquista da fidelidade dos clientes.
b) Foco nos resultados
O sucesso de uma organização é avaliado por meio de seus resultados, que
devem ser medidos por um conjunto de indicadores que reflitam as necessidades e
interesses de todas as partes interessadas de forma balanceada, harmônica e
sustentada. Para que estas necessidades sejam atendidas, a organização deve
centrar suas estratégias, objetivos e metas de forma explícita e alinhada aos
aspectos detectados.
Um processo de comunicação eficaz deve ser implementado para que as
pessoas envolvidas possam entender, de maneira clara, os objetivos e as metas da
organização, e assim poderem atuar em consonância com os resultados objetivados.
Adicionalmente, enfatiza-se o acompanhamento dos resultados obtidos e o
monitoramento da satisfação das partes interessadas.
c) Comprometimento da alta direção
A força propulsora da excelência organizacional está baseada na capacidade
e no comprometimento da alta direção em desenvolver um sistema de gestão eficaz,
que estimule as pessoas a um propósito comum, considerando valores, diretrizes e
estratégias das organizações e comprometendo-os com resultados.
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Espera-se da alta direção, e dos demais líderes, o equilíbrio no atendimento
das necessidades de todas as partes interessadas, promovendo o desenvolvimento
da organização de forma harmônica e sustentada.
É fundamental que a alta direção participe ativa e pessoalmente no
desenvolvimento da identidade organizacional com visão de longo prazo, bem como
na busca de oportunidades que estimulem a organização no processo da excelência
do desempenho.
Por meio de seu comportamento ático e das suas habilidades de
planejamento, comunicação, análise crítica de desempenho e motivação, a alta
direção deve servir de exemplo, procurando desenvolver a liderança em toda a
organização.
a) Visão de futuro de longo alcance
A busca da excelência do desempenho requer uma forte orientação para o
futuro e a disposição de assumir compromissos de longo prazo com todas as partes
interessadas, alem de antecipar-se às novas tendências de mercado, aos novos
cenários e às novas necessidades dos clientes, de modo a permitir o
posicionamento adequado frente aos desafios de alcançar e manter a liderança nos
mercados.
É necessário que as estratégias das organizações estejam alinhadas com os
compromissos assumidos e que reflitam as mudanças esperadas. A organização
deve Ter agilidade e flexibilidade para responder rapidamente às mudanças de
cenários e às necessidades das partes interessadas, as quais devem ser
monitoradas permanentemente. A organização deve planejar e aprender
estrategicamente.
e) Valorização das pessoas
O sucesso de uma organização depende cada vez mais do conhecimento,
habilidades, criatividade e motivação de sua força de trabalho. O sucesso das
pessoas, por sua vez, depende cada vez mais de oportunidades para aprender e de
um ambiente favorável ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades.
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Neste contexto, a promoção da participação das pessoas em todos os
aspectos do trabalho destaca-se como um elemento fundamental para a obtenção
de sinergia entre equipes. Pessoas com habilidades e competências distintas
formam equipes de alto desempenho quando lhes é dada autonomia para alcançar
objetivos bem definidos. A valorização das pessoas pressupõe, acima de tudo, o
reconhecimento de que elas são seres humanos e têm necessidade e anseios
específicos, que precisam claramente entendidos e utilizados no desenvolvimento
das estratégias, planos e práticas organizacionais, promovendo o alinhamento
necessário para o sucesso da organização.
f) Responsabilidade social
A responsabilidade social pressupõe o reconhecimento da comunidade e da
sociedade como partes interessadas da organização, com necessidades que
precisam ser entendidas. Significa, ainda, a responsabilidade pública, ou seja, o
cumprimento e a superação das obrigações legais decorrentes das próprias
atividades e produtos da organização.
Por outro lado, é também o exercício da sua consciência moral e cívica,
advinda da ampla compreensão do seu papel no desenvolvimento da sociedade.
Trata-se, portanto, do conceito de cidadania aplicado às organizações.
O planejamento – no tocante à saúde pública, segurança e proteção
ambiental – deve prever os impactos adversos que podem decorrer das instalações,
produção, distribuição, transporte, uso, descarte ou reciclagem final de produtos.
O exercício da cidadania pressupõe a liderança e o apoio de interesses sociais. Tais
objetivos podem incluir a melhoria na educação, assistência médica, proteção
ambiental conservação dos recursos naturais, serviços comunitários, promoção da
cultura, do esporte, do lazer e ainda do desenvolvimento nacional, regional ou
setorial.
A liderança na cidadania implica em influenciar outras organizações públicas
e privadas, a tornarem-se parceiras nestes propósitos e também em estimular as
pessoas de sua própria força de trabalho no engajamento em atividades sociais.
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A postura da organização deve ser proativa às demandas e aos fatos e não de mero
cumprimento das leis e no atendimento das solicitações da comunidade e da
sociedade.
g) Gestão baseada em fatos e processos
O desenvolvimento de um sistema de gestão voltado para o alto desempenho
requer a identificação e o mapeamento de todos os seus processos. A análise de
processos leva ao melhor entendimento do funcionamento da organização e permite
a definição de responsabilidades, a prevenção e soluções de problemas, a
eliminação de atividades redundantes e a identificação clara dos clientes e
fornecedores. A constante análise do sistema de gestão, dos processos e da
interdependência entre eles ajuda a desenvolver o pensamento sistêmico na
organização.
A base para a tomada de decisão, em todos os níveis da organização é o
acesso às informações. Elas devem estar relacionadas a todos os aspectos
importantes e a todas as partes interessadas do negócio, sejam clientes, mercados,
pessoas, produtos, processos, fornecedores, sociedade ou aspectos financeiros.
O conhecimento adquirido deve ser retido pela organização para que esta
possa funcionar sem dependência de especialistas e profissionais mais experientes.
Quando a organização dispõe de sistemas estruturados de informação e desenvolve
métodos estruturados de análise, torna-se capaz de introduzir melhorias de forma
mais rápida e tomar decisões mais eficazes.
h) Ação proativa e respostas rápidas
O sucesso em mercados competitivos e com demandas rigorosas de tempo
requer sempre ciclos cada vez menores de introdução de produtos novos, ou
melhorados no mercado. A rápida mudança nas estratégias implicando em sistemas
de trabalho ágeis, flexíveis e em processos simplificados, e o rápido atendimento
das demandas de todas as partes interessadas também são fundamentais.
A pró-atividade possibilita a antecipação no atendimento das demandas do
cliente e de outras partes interessadas, o que é um dos principais elementos de
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alavancagem da satisfação e da promoção da fidelidade, pela capacidade de
surpreendê-los, de forma favorável, ao responder às suas necessidades
emergentes. Por outro lado, a organização planeja melhor suas ações e produtos
quando busca a prevenção de problemas e a eliminação ou minimização dos
impactos sobre os próprios processos e também sobre a sociedade e o meio
ambiente.
A resposta rápida agrega valor ao produto de várias formas, por exemplo,
reduzindo o tempo entre o projeto e a introdução de produtos no mercado. A
resposta rápida significa a busca de processos de produção mais eficazes e com
custos mais reduzidos. Este conceito pode ser estendido aos processos
organizacionais como um todo. Um dos exemplos mais significativos é o
atendimento às reclamações dos clientes. Quando a organização soluciona
eficazmente as reclamações de um cliente, ela consegue reverter as expectativas
inicialmente desfavoráveis, e assim promover a fidelidade do cliente.
i) Aprendizado contínuo
O atingimento de níveis de desempenho excelente requer uma atenção
permanente ao aprendizado. Os mecanismos de avaliação e melhoria de produtos,
processos de gestão são essenciais para o desenvolvimento do sistema de gestão
e, por conseguinte, da própria organização. A incorporação contínua de melhorias
leva aos estágios superiores de excelência, o que pode ser demonstrado através de
produtos e processos inovadores, refinados e exemplares.
Nesta evolução, os resultados alcançados são cada vez mais significativos, o
que permite conduzir a organização à liderança no mercado. As melhorias contínuas
implementadas abrangem ações corretivas, preventivas ou inovadoras, o que
dependerá das necessidades específicas da organização.
O aprendizado precisa ser internalizado e tornar-se um traço da cultura
organizacional.
Esta ocorrência faz parte do trabalho em quaisquer de suas atividades, na
constante busca da eliminação de problemas na origem e na motivação das pessoas
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pela própria satisfação de executarem suas atividades sempre da melhor maneira
possível.
FIGURA 1 - ESTRUTURA DO MODELO SISTÊMICO
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PROPOSTA DE PLANO DE QUALIDADE TOTAL
Para a realização de qualquer atividade, faz-se necessário traçar um
“caminho” um “rumo”, um percurso mental para conseguí-la. O plano deve refletir os
objetivos da organização, suas estratégias e soluções para os problemas detectados
no diagnóstico organizacional ou empresaria, considerando que a mesma atua em
uma economia de mercado e que trabalha com base no princípio do lucro, refletido
em suas estratégias.
A elaboração do plano é uma oportunidade de reflexão e de organizar as
ações a serem realizadas, eliminar as ações improvisadas e reduzir os riscos de
erro.
Para implantação da qualidade total na empresa Missão de Cristianismo
Decidido Propõe-se a elaboração do Planejamento Estratégico.
1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
a) Conceitos
Para TELMA, o Planejamento Estratégico é a “formulação e seleção dos
cursos de ação e comportamentos – Estratégias, com os quais os objetivos
empresariais devem ser atingidos. Ele conduz a uma concretização de metas para o
Planejamento Operacional”.
Estratégia – “Um padrão de objetivos superiores, propósitos, metas e políticas
e planos essenciais para a realização destes objetivos declarados, tal como um
caminho para definir em que negócio a companhia está ou estará e o tipo de
companhia que é ou que será” ANDREWS (19710).
“Planos da alta administração com o propósito de obter resultados
consistentes com a missão e os objetivos da organização” WRIGHT et al. (1992).
“A forma que você escolhe para competir por Meio da combinação de um
grande número de decisões em áreas funcionais”. AAKER (1992).
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“Estratégia é a criação de uma posição unívoca e valiosa envolvendo um
conjunto diferente de atividades”. PORTER (1996).
b) Formulação de estratégia
A formulação de estratégia é um dos aspectos mais interessantes e
desafiantes do planejamento estratégico. O fundamento é relacionar a empresa com
seu ambiente. Esforços neste sentido concentram-se em “onde” a empresa quer
chegar e “o que” quer realizar. Precisa-se criar estratégias adequadas para atingir a
missão os objetivos e as metas.
Estrutura Estratégica básica
Existem várias estratégias básicas de empresas que podem ser utilizadas. A
melhor estratégia para qualquer empresa depende de sua própria circunstância.
Nenhuma estratégia simples será igualmente boa para todas as empresas, devendo
ser adaptada para suprir as capacidades internas e ambientais competitivas.
O professor Michael Porter agrupou várias abordagens em três categorias
genéricas a saber:
- Liderança em Custos;
- Diferenciação;
- Focalização.
Entretanto, PORTER afirma que raramente uma empresa pode seguir com
sucesso mais do que uma das estratégias simultaneamente porque cada uma requer
um compromisso organizacional total.
Estratégia de Liderança de Custos - é uma tentativa de ser o produtor com os
menores custos do mercado. É utilizada principalmente para produtos não
diferenciados como é o caso das commodities. Será a estratégia a ser utilizada pela
empresa Missão de Cristianismo Decidido.
Estratégia de Diferenciação – tenta criar uma percepção de que a empresa é
única. Tradicionalmente esta diferenciação está entre uma as dimensões de design,
imagem, tecnologia, serviço e rede de distribuição.
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Estratégia de Focalização – sugere que a empresa esteja segmentando um
determinado comprador, cliente, linha de produto ou área geográfica.
c) Plano Estratégico
Organizar um plano estratégico considerando:
- Definir claramente como a empresa irá competir no mercado e as
estratégias que serão adotadas com a participação dos trabalhadores e
gerentes;
- Realizar a análise de cenários (oportunidades e ameaças), envolvendo os
riscos competitivos e as mercadológicos;
- Promover uma análise interna relativa aos aspectos financeiros,
tecnológicos, políticos, legais, econômicos e sociais;
- Organizar um plano de ação de curto prazo (anual) por processo produtivo
(milho e bovinocultura de leite) com o estabelecimento de objetivos,
metas, processo tecnológico e operacional, orçamentos, cronograma de
execução e responsabilidade;
- Definir indicadores de controle e de verificação para que se faça o
acompanha-mento em tempo real e proceda-se as correções necessárias;
- Estabelecer momentos para avaliação dos resultados comparando-os com
os objetivos.
1.1 Liderança
- Definir diretrizes anuais (curto prazo) e plurianuais (longo prazo) visando
melhorar o desempenho da organização, com a participação da equipe de
trabalho deixando claro suas responsabilidades sociais e quanto ao
exercício da cidadania;
- Reconhecer o papel da empresa na sociedade e assumir responsabilidade
de sua contribuição com a mesma;
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- Estabelecer a cada semestre momentos para avaliar o sistema de
lideranças e as práticas de responsabilidade pública e cidadania;
- Formalizar as diretrizes e discuti-las com todos os envolvidos.
1.2. Foco no cliente e no mercado
Visando garantir mercado para os produtos, elaborar uma política
organizacional de relacionamento com os clientes prevendo:
- Um cadastro de clientes e potenciais clientes;
- Estabelecer uma política de negociação ganha, ganha buscando, sempre,
nas negociações vantagens para ambas as partes;
- Organizar uma marca para os produtos buscando o reconhecimento e a
credibilidade junto aos clientes com o decorrer do tempo;
- Estabelecer uma política de relacionamento com os clientes de forma
transparente, ética e que favoreça o conhecimento mútuo entre as partes;
- Criar mecanismos para monitorar e checar a satisfação dos clientes
através de contatos entrevistas, pesquisas e outros;
- Procurar vender os produtos antecipadamente definindo regras,
responsabilidades, padrões e outros formalizando-os através de contratos;
- Definir momentos para avaliação e busca de melhoria do relacionamento
com os clientes.
1.2 Informações e análise
Estruturar um sistema de informações que atenda:
- A geração de dados para que a gerência tome as decisões
oportunamente, com menor risco de erro, em relação aos aspectos gerais
da organização e aos processos produtivos;
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- Gerar dados para orientar a execução dos trabalhadores e para que façam
as correções necessárias dos processos em execução;
- Identificar empresas semelhantes que servirão de benchimarking para a
organização;
- Gerar dados para compor uma série histórica da organização para que se
possa observar sua evolução ao longo do tempo;
- Organizar um sistema de indicadores dos principais processos e metas
para acompanhamento do desempenho global da organização;
- Buscar no mercado software adequado para atender os objetivos do atual
sistema de informações;
- Informações externas - organizar um sistema de coleta e análise de
informações de mercado (preços de produtos, insumos, serviços, etc.),
dos concorrentes e do ambiente da empresa através das fontes de
informações disponíveis (jornais e revistas especializadas, programas
especializados de rádio e TV, INTERNET - sites especializados) e técnicas
de análise de cenários.
1.3 Gestão de pessoas
As pessoas são as responsáveis pela qualidade, ou melhor, pelos resultados
da empresa, para tanto necessitam estar capacitadas, conhecendo as atividades
que deverão ser feitas, satisfeitas com o que fazem, motivadas e qualidade de vida.
Ações propostas:
- Manter os aspectos positivos observados na avaliação tais como:
- Capacitar os funcionários nos padrões tecnológicos e operacionais
definidos;
- Orientar os operadores para não passar para outros e não aceitar
trabalhos ou produtos que estejam fora dos padrões;
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- Adotar a filosofia de melhoria contínua (hoje melhor que ontem e amanhã
melhor que hoje);
- Buscar o comprometimento das pessoas com os resultados da empresa;
- Adotar uma postura de prevenção e redução de erros;
- Adotar política interna de premiar o desempenho de qualidade de forma
visível e adotá-lo como um pré-requisito para promoções;
1.5 Gestão de processos
A indústria tem utilizado com bastante freqüência o desenvolvimento e a
certificação dos fornecedores visando melhorar a qualidade e a competitividade de
seus produtos. Entretanto na agropecuária, praticamente, nada tem sido feito neste
sentido. Com as ações a seguir pretende-se avançar no sentido de melhor qualificar
os fornecedores:
- Organizar um cadastro de fornecedores potenciais;
- Definir critérios e especificação dos insumos a serem adquiridos;
- Estabelecer uma política de negociação com os fornecedores que
favoreçam ambas as partes, e quando possível realizar parcerias;
- Criar mecanismos para pré-classificação dos fornecedores através de
auditorias;
- Estabelecer contratos prévios de fornecimento de insumos dentro dos
padrões estabelecidos, no prazo e local definidos.
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1.5.1. Ciclo PDCA
A gestão dos processos produtivos examina os principais aspectos de sua
operação. Para PALADINI, a atuação em processo passa pelas etapas: conhecer o
processo; organizar o processo e otimizar o processo.
A etapa de conhecimento do processo já foi efetuada durante o diagnóstico
do presente trabalho. As etapas de organização e otimização do processo serão
realizadas através da elaboração de um plano operacional com a utilização do ciclo
PDCA.
FIGURA 2 – CICLO PDCA
Os termos ciclo PDCA tem o seguinte significado:
Planejar (P) - toda ação deve ser planejada de maneira participativa, de tal
modo que o plano seja um comprometimento de todos. É o processo que
potencializa o uso dos recursos e sua sustentabilidade, produzindo resultados que
atendam às expectativas dos agricultores.
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Planejar é o ato de pensar antecipadamente o que deverá ser feito para obter
os resultados esperados: o que produzir, para que produzir (objetivo), quanto
produzir, onde produzir, quando produzir, que resultado econômico obter (metas),
para quem produzir, que tecnologia usar, a que custos, onde obter os recursos
financeiros para custear o plano (estratégia).
Executar (D)- durante a execução do plano o gerente / empresário deve
organizar-se para estruturar a empresa para que alcance as metas estabelecidas. O
plano será executado por pessoas, por isso o gerente deve ficar atento aos aspectos
de motivação, liderança, comunicação e capacitação.
Nesta fase são monitorados todos os itens de verificação das fases intermediárias
de cada processo.
Verificar, conferir, checar (C) - a partir dos dados coletados, comparam-se
estes dados com o plano. Tem o objetivo de assegurar que os resultados obtidos
correspondam, tanto quanto possível, aos padrões estabelecidos no plano. É
fundamental a oportunidade do acompanhamento nesta fase, pois a agricultura é um
processo biológico que se desenvolve em um determinado período; ao se perder
uma observação em uma determinada fase, ela só se repetirá no próximo ciclo
biológico, significando perda de oportunidade e de tempo.
Fazem-se todos os registros e anotações necessárias, organizando o sistema
de informações, para que se possa comparar os resultados com o plano referente
aos coeficientes técnicos atingidos, bem como para a análise econômica das
explorações e da empresa. Estas informações auxiliarão na tomada de decisão para
a próxima safra, como também para análise, discussão e capacitação dos
operadores.
Atuar corretivamente (A) - as ações corretivas são conduzidas quando algum
problema é localizado durante a fase de checagem. Estas correções, se necessário,
terão que ser oportunas para que possam surtir o efeito desejado no ciclo de
produção em curso.
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No final do ano agrícola fazer uma reflexão sobre os resultados, para que
sirvam de aprimoramento e para tomada de decisão, numa visão de melhoria
continua. Procede-se, também, a elaboração do novo plano para o próximo período,
visando a continuidade do processo, detalhando as ações no ciclo PDCA.
1.5.2. Plano ou proposta de produção
O plano é a materialização da tomada de decisão, com a escolha do melhor
caminho e das melhores alternativas em função das análises anteriores. O aumento
da renda da empresa poderá ocorrer com o aporte de conhecimento e com o aporte
de capital ou de ambos. O aporte de conhecimento melhora a gestão dos processos
produtivos e operacionais, com a melhor gestão dos fatores de produção, redução
dos custos que não agregam valor aos produtos mantendo-se as receitas e com a
melhor combinação de explorações. O aporte de capital impulciona os investimentos
necessários para a produção e o emprego de tecnologias demandadoras de capital.
a) Objetivos do empresário
Objetivo Geral
Tornar mais competitivas as produções sustentáveis de milho, leite e a
prestação de serviços de mecanização, gerando receitas para manutenção do
trabalho social junto à comunidade indígena.
Objetivos específicos:
- Substituir a produção de bovinocultura de corte pela bovinocultura de leite,
visando obter maior renda e especialização na atividade;
- Melhorar a qualidade dos produtos com uma melhor capacitação dos
trabalhadores
- Eliminar do processo produtivo as atividades que não agregam valor ao
produto por meio de ações corretivas no processo;
- Garantir os resultados com o monitoramento dos processos críticos;
- Adotar a filosofia de aprendizagem e melhoria contínua;
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b) Metas
Para atender os objetivos propostos, no curto prazo (1 ano) serão mantidas
as mesmas explorações, com o ajuste do processo tecnológico, operacional e
administrativo e no longo prazo substituir a produção de bovino de corte por bovino
de leite, mantendo o rebanho com aproximadamente o rebanho com o mesmo
número de animais.
Metas previstas há partir segundo ano (2001):
PRODUTO ÁREA – ha PRODUTIVIDADE
kg/ha
PRODUÇÃO TOTAL
Kg/ha
Milho 40,0 6.000 240.000
Bov. Leite 45,0 (Litros) 4.000 (Litros) 180.000
Serviço Mecanização - - (Horas) 1.375
c) Itens de controle e de verificação
Com a definição dos itens de controle busca-se garantir a conformidade do
produto no final do processo (produto acabado). Os itens de verificação permitem
monitorar os pontos críticos durante a execução do processo.
Definição dos processos críticos e seus itens de controle e de verificação.
c.1) Processo milho
PROCESSO CRÍTICO ITENS DE CONTROLE ITENS DE VERIFICAÇÃO
Escolha da cultivar Potencial produtivo - kg/há Recomendação da pesquisa Época de plantio População de plantas
Fertilidade/nutrição Exigência em kg/ha de nutrientes Análise de solo Exigência da cultivar Época de aplicação Método de aplicação Condições climáticas
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c.2) Processo leite
PROCESSO CRÍTICO ITENS DE CONTROLE ITENS DE VERIFICAÇÃO
Reprodução Uma cria por ano Persistência de lactação
Detecção de cio Confirmação de prenhez Pesagem mensal do leite
Alimentação/nutrição Produtividade por vaca Pesagem mensal do leite Medição escore corporal Quantidade diária de alimento volumoso e concentrado por vaca
Ordenha Qualidade do leite: Prova de alizarol Crioscopia Prova de redutase Células somáticas Teste de antibióticos
Antes da ordenha: Teste de mastite Lavar tetas e mãos do ordenhador Após a ordenha: Desinfecção das tetas Lavagem da ordenhadeira utilizando água quente (40 a 60o) e detergente
Criação da bezerra Medir desenvolvimento: peso e altura x idade conforme padrão da raça
Pesagem individual mensal dos animais Checar calendário sanitário Verificar diariamente o fornecimento de água e de alimento Verificar a higiene das instalações diariamente Distribuir os animais em grupos uniformes de acordo com o seu desenvolvimento
d) Orçamento Financeiro
O orçamento financeiro projetado a partir da estabilização dos resultados
(2001) mostra a previsão de uma margem líquida de R$57.526,00, sendo que no
diagnóstico foi de R$26.689,00, apresentando portanto um acréscimo de 215,54%.
Não houve necessidade de investimento e sim substituição do rebanho do
bovino de corte pelo de leite, com a venda de um e aquisição de outro.
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A Tabela 9 apresenta o orçamento financeiro para os próximos cinco anos,
sendo que no ano 1 foram mantidos os resultados que a empresa teve até o
presente.
TABELA 1 - RESULTADOS PREVISTOS NOS PRÓXIMOS 5 ANOS
ANOS
RESULTADOS
ANO 1
(00/01)
ANO 2
(01/02
ANO 3
(02/03)
ANO 4
(03/04)
ANO 5
(04/05)
Renda Bruta total
(R$) 89.938,00 153.600,00 153.600,00
153.600,00 153.600,00
Custos
Operac. totais 68.449,00 95.774,00 95.774,00
95.774,00 95.774,00
Renda líquida 26.659,00 57.526,00 57.526,00 57.526,00 57.526,00
e) Treinamento dos operadores
Todos os trabalhadores serão trinados serão treinados nos padrões
tecnológicos e nos itens de controle e verificação e para a auditoria interna, com a
seguinte finalidade.
- Conhecer o objetivo de seu trabalho (meta) de tal forma que ele tenha
critério para saber se o produto de seu trabalho está bom ou ruim;
- Conhecer o que é padronização, valor do padrão para o indivíduo e para a
empresa. Saber como estabelecer e melhorar um procedimento
operacional;
- Garantir que todos os procedimentos e padrões da empresa sejam
cumpridos;
- Garantir que os dados utilizados no gerenciamento da empresa coletados
pelos trabalhadores estejam corretos;
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- Garantir que os operadores saibam inspecionar (auditar) o seu próprio
trabalho e saibam separar o bom do ruim,
- Garantir que todas as anomalias percebidas em todos os processos da
empresa sejam relatados à gerência;
- Participar na elaboração de manuais de procedimentos operacionais.
f) Monitoramento e coletar dados
Durante o monitoramento serão coletados dados que irão compor o sistema
de informações.
Serão coletados dados relativos aos itens de controle, ao tempo (hora
máquina e hora homem), indicadores técnicos e de resultados, custos.
g) Verificar, conferir, checar
No monitoramento efetua-se as medidas e os registros dos itens de controle,
dos custos e demais itens visando garantir sua execução, conforme o planejado.
h) Atuar corretivamente
Uma vez coletado os resultados efetua-se a comparação, em tempo real, com
os itens de controle planejados. Não estando de acordo, faz-se as correções
necessárias. Estando de acordo, continua a seqüência normal do processo e
procede-se a padronização das ações.
CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DA QUALIDADE TOTAL
Um plano estratégico para o desenvolvimento da Qualidade Total ou
Excelência Empresarial, em uma empresa ou organização, segundo CUNHA, 1998,
passa por quatro fases:
- A primeira visa obter o compromisso da alta direção com o processo da
qualidade total e o seu planejamento estratégico;
- A segunda visa a divulgação desta adesão e compromisso por toda a
empresa, a criação da estrutura gerencial do programa e o detalhamento dos
planos de implantação;
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- A terceira tem por finalidade detalhar os projetos de ações específicas,
o pessoal é capacitado e as ações de melhoria são desenvolvidas;
- Na quarta fase os projetos são consolidados como ações rotineiras,
novos projetos de melhoria são desenvolvidos e a implantação entra numa
fase de consolidação e manutenção.
Diversos autores, entre eles, CAMPOS, TEBOUL, MOLLER, entre outros,
recomendam etapas diferentes de implantação da qualidade total, porém com
objetivos semelhantes.
QUADRO 1 - CRONOGRAMA DE ETAPAS PREVISTAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE QUALIDADE
AÇÕES ATIVIDADES RESPONS. PRAZO INVESTIM. Mobilização Compromisso com a direção
Compromisso com a gerência Wokshop com a direção Workshop com a gerência e trabalhadores Visitas e palestras técnicas Elaborar as diretrizes do programa Lançar o programa Elaborar plano diretor da Qualidade
Direção e Gerência
6 meses R$ 3.000,00
Diagnóstico Diagnosticar a qualidade na empresa Diagnosticar a qualidade e a produtividade Diagnosticar a cultura organizacional, clima, liderança Diagnosticar as relações entre clientes e fornecedores Diagnosticar a estrutura da empresa Diagnosticar os recursos e os resultados da empresa
Direção, Gerência e trabalhadores
3 meses R$ 2.000,00
Qualificação Desenvolver a consciência da qualidade Curso básico em qualidade Curso de liderança para a qualidade Curso de análise e solução de problemas Curso de padronização de processos e gestão da produção Curso de marketing para a qualidade
Direção e Gerência
6 meses R$ 5.000,00
Organização do Programa
Organizar a equipe de qualidade Criar o comitê da qualidade Criar grupos da qualidade Elaborar plano dos principais processos - PDCA
Direção, Gerência e trabalhadores
3 meses R$ 2.000,00
Implantação Processo milho Processo leite Processos de apoio Monitorar resultados Padronizar ações que derem certo Reiniciar o processo - ciclo PDCA e adotar melhoria e aprendizagem contínua.
Gerência e trabalhadores
Após 12 meses
R$ 5.000,00
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Todas as ações de implantação do Programa de Qualidade devem ser monitoradas e os resultados registrados em relatórios, a serem analisados pelo Comitê de Qualidade. Estes resultados devem ser fixados em local visível para todos os trabalhadores. Tais informações devem ser divulgadas em toda a empresa, para que todos se sintam co-responsáveis pelo êxito do plano. A direção e a gerência da empresa devem dar ênfase aos resultados e elogiar a todos pelo sucesso, para que as pessoas se sintam motivadas.
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REFERÊNCIAS
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