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1 Governo de Sergipe Secretaria de Estado da Educação PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO DO QUADRO DOCENTE DA REDE PÚBLICA ESTADUAL NO SISTEMA DE GARANTIA E DEFESA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE MAIO DE 2007

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Governo de Sergipe

Secretaria de Estado da Educação

PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO DO QUADRO DOCENTE DA REDE PÚBLICA ESTADUAL NO

SISTEMA DE GARANTIA E DEFESA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

MAIO DE 2007

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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE APLICADOS A EDUCAÇÃO

SISTEMA DE AVISO LEGAL POR VIOLÊNCIA, MAUS TRATOS OU EXPLORAÇÃO CONTRA A CRIANÇA E O

ADOLESCENTE

- SSAALLVVEE -

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA ESCOLA

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Equipe Técnica

Secretaria de Estado da Educação

Danival Lima Falcão - ASPLAN

Josevanda Mendonça Franco - DEA

Maria Júlia Costa Diniz – DED

Elenrose de Paula Paesante- CQP/ DRH

Alexandra Bomfim-CQP/DRH

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ÍNDICE

Introdução 06

Justificativa 08

Marcos Doutrinários 11

Marcos Legais 14

Objetivos 16

Metodologia e Recursos 17

Cronograma 20

Conteúdo Programático 21

Monitoramento e Avaliação 23

Conclusão 24

Referencial Bibliográfico 26

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“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.

Artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

A proposta de qualificação do magistério se transformou na última

década em um indicador qualitativo de melhoria da escola pública e

valorização do professor.

A capacitação de professores vem sendo contemplada como ação

prioritária em programas governamentais, centrada em favor da

construção da democracia, tendo como suporte a garantia do acesso

dos segmentos sociais à educação básica de qualidade.

Neste sentido, qualquer projeto que tenha por princípio básico a

educação como um dos instrumentos de formação da cidadania,

reconhece a escola enquanto espaço privilegiado da transmissão do

saber sistematizado, constituindo-se dessa forma a base comum de

conhecimento e de habilidades necessárias a todos que vivem em uma

sociedade, em um dado momento histórico e deve necessariamente,

primar pela ampliação de um conhecimento técnico assegurador da

melhoria da qualidade de vida dos atores institucionais e a formação de

uma saciedade mais justa.

Dessa forma, a garantia de uma escola pública de qualidade

depende do compromisso dos educadores com a garantia de direitos, de

sua atuação profissional responsável, competente, criativa e também,

das condições efetivas de um trabalho alicerçado no bem comum.

Neste contexto, se insere a capacitação do quadro docente da

rede estadual de Sergipe no Sistema de Garantia e Defesa dos

Direitos da Criança e do Adolescente, pactuada junto ao Ministério

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Público Estadual, e cuja temática distribuída em três módulos focará

Direitos da Criança e do Adolescente aplicados à

EducaçãoSistema de Aviso Legal por Violência, Maus Tratos ou

Exploração Contra a Criança e o Adolescente – SALVE e Mediação

de Conflitos na Escola.

A capacitação atenderá as necessidades concretas do professor de

conhecimento do Sistema de Garantia e Defesa dos Direitos da Criança

e do Adolescente, discutidos com base nos fundamentos doutrinários,

com vistas ao cumprimento dos dispositivos legais e, na perspectiva de

transformar qualitativamente a prática das relações entre atores no

cenário escolar no tocante a violação dos direitos da criança e do

adolescente.

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JJUUSSTTIIFFIICCAATTIIVVAA

A violência contra crianças e adolescentes se apresenta, na

sociedade contemporânea, como a mais devastadora forma de violação

aos direitos de indivíduos em condição peculiar de crescimento e

desenvolvimento.

Manifestada sob diversas formas, violência urbana, institucional e

familiar, tem sido invariavelmente compreendida pelos estudiosos e

pesquisadores como um fenômeno de alta complexidade e de difícil

enfretamento visto que demanda ações articuladas de vários atores e

segmentos e cujo grau de complexidade varia em função da forma,

conteúdo, motivos e público atingido.

No Brasil, o fenômeno começou a ser tratado como uma questão

pública relevante na última década, sendo incluído na agenda da

sociedade civil e do poder público como um tema relacionado à luta

pelos direitos humanos de crianças e adolescentes, preconizados na

Convenção Internacional dos Direitos da Criança, na Constituição

Federal Brasileira, e finalmente no Estatuto da Criança e do Adolescente

- Lei 8069/90 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.

A conseqüente construção de uma resposta para enfrentar o

fenômeno da violência contra crianças e adolescentes deve conter, em

seu arcabouço teórico e metodológico o rompimento com modelos

ultrapassados e carregados de preconceitos, assim como o

reconhecimento imprescindível da necessidade de dotarmos agentes e

instituições integrantes do Sistema de Garantias e Defesa dos Direitos

da Criança e do Adolescente da fundamentação doutrinária e das

estratégias de enfrentamento possíveis e disponibilizadas.

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Neste contexto, é imperioso reconhecer o papel fundamental da

escola na construção da cidadania de crianças e adolescentes,

promovendo ações educativas e preventivas que revertam o atual

quadro de violência a que estão sendo submetidas seja no ambiente

familiar ou comunitário.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF,

estudos recentes apontam como os principais locais onde acontecem a

violência contra crianças: o lar, as escolas e ambientes educacionais,

sistemas assistenciais e de Justiça, locais de trabalho e comunidade. Em

relatório1, produzido a partir de pesquisa realizada em alguns estados

da federação, grande parte da violência continua camuflada em razões

de fatores como medo dos agressores, aceitação por parte da sociedade

e a falta de mecanismos seguros ou confiáveis para denunciá-la, em

algumas partes do mundo.

O estudo também aponta que muitas iniciativas já foram tomadas

por governos e pela sociedade civil para prevenir as diversas formas de

violência contra crianças, mas que ainda há muito para ser feito.

Segundo o estudo, "diversos fatores limitam o impacto das medidas

adotadas ou propostas em relação à violência contra crianças. Entre

eles, podemos citar a falta de conhecimento ou entendimento da

violência e suas questões básicas, que é agravada pela escassez de

dados e estatísticas sobre a questão. Os esforços para atacar a questão

da violência são freqüentemente reativos e concentrados nos seus

sintomas e conseqüências, e não em suas causas".

O eixo da defesa dos direitos da criança e do adolescente,

previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, tem como objetivo a

1 O Trabalho foi realizado sob a coordenação do professor Paulo Sérgio Pinheiro catedrático de ciência política e diretor do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.

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responsabilização do Estado, da sociedade e da família de crianças e

adolescentes que tiveram seus direitos ameaçados ou violados.

Para que se faça cessar a ameaça ou violação, o Estatuto da

Criança e do Adolescente prevê a atuação em conjunto de diversas

entidades do poder público e da sociedade civil, cuja ação

implementada de forma articulada e harmônica, integre um sistema que

garanta o enfrentamento da violação e a responsabilização dos agentes.

Definido pelo Estatuto, o Sistema de Garantias e Defesa engloba

esta ampla articulação distribuindo responsabilidades nas diversas

esferas e em cujas especificidades baseiam-se todo o Programa de

Defesa. Em seus três eixos, da Promoção, do Controle e da Defesa, o

sistema de garantia se concretiza por meio dos diversos fóruns de

defesa da sociedade civil e conselhos multisetoriais como os da área da

educação, saúde e outros. Desta forma, são parceiros naturais os

Governos Estaduais, as Prefeituras, os Conselhos Tutelares e de

Direitos, Centros de Defesa, a Defensoria Pública, o Ministério Público,

as Varas da Infância e da Juventude assim como as Organizações não

Governamentais.

A escola existe na e para a comunidade, é seu centro de

referência, devendo estar sempre preparada para atuar como

integrante do Sistema de Garantias e exercer suas responsabilidades de

forma a assegurar a proteção integral de que trata o Estatuto da

Criança e do Adolescente.

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MARCOS DOUTRINÁRIOS

Para além das marcas físicas, as marcas psicológicas

deixadas na vítima de violência trazem conseqüências

devastadoras e comprometem o desenvolvimento da criança e do

adolescente.

Estudos mostram que o comportamento dos pais influencia

no comportamento que o filho terá quando for adulto; assim,

vítimas de violência na infância tendem a se tornarem agressoras

quando adultas. Para quebrar esse ciclo é preciso que a

intervenção seja feita o quanto antes e os profissionais devem

estar atentos a qualquer sinal que possibilite um diagnóstico de

violência, mesmo que não seja visível, e devem notificar os órgãos

competentes inclusive em caso de suspeita.

O estudo elaborado pelo professor Paulo Sérgio Pinheiro, destacou

pontos fundamentais ao entendimento e ao enfrentamento da Violência

praticada contra crianças e adolescentes:

1. A violência contra crianças não é inevitável. Ela pode e precisa

ser prevenida.

2. Todas as crianças têm o direito a uma vida isenta de violência.

A violência contra as crianças nunca pode ser justificada.

3. As crianças podem oferecer uma valiosa contribuição para nos

ajudar a compreender a violência que enfrentam e os danos que ela

lhes causa. Precisamos ouvir e aprender com elas e envolvê-las na

identificação de soluções.

4. A melhor maneira de lidarmos com a violência contra crianças

é detendo-a antes que ela ocorra, investindo em programas de

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prevenção. Os Estados devem investir em políticas e programas

baseados em provas que ataquem os fatores que originam a violência

contra crianças e tomar as medidas necessárias para garantir que

recursos sejam alocados para atacar suas causas subjacentes.

5. Ao mesmo tempo em que priorizam a prevenção de violência,

os Estados e todos os setores da sociedade devem também cumprir sua

responsabilidades de proteger as crianças e responsabilizar todas as

pessoas que as colocam em situações de risco.

6. A violência ameaça a sobrevivência, o bem-estar e as

perspectivas futuras das crianças. As cicatrizes físicas, emocionais e

psicológicas da violência podem ter sérias implicações para o

desenvolvimento, a saúde e a capacidade de aprender das crianças.

7. A violência contra crianças desconhece fronteiras. Ela ocorre

em todos os países e em todos os grupos sociais, culturais, religiosos e

étnicos.

8. Grande parte da violência contra crianças é camuflada. O abuso

de crianças freqüentemente ocorre a portas fechadas e é praticado por

pessoas em quem a criança deveria confiar -– pais, parentes e

conhecidos. As crianças freqüentemente sofrem em silêncio, temendo

que, se denunciarem atos de violência, sofram alguma vingança ou por

vergonha.

9. Todas as crianças estão expostas ao risco da violência

precisamente por serem crianças. No entanto, algumas crianças – em

função do seu gênero, raça, origem étnica, deficiência ou condição

social – são mais vulneráveis.

10. A violência contra crianças não se restringe unicamente à

violência física. Atos de abuso, negligência e exploração também são

formas de violência. As crianças afirmam que a discriminação e a

humilhação às magoam profundamente e deixam marcas.

11. Agredir uma criança, em qualquer forma, ensina que a

violência é aceitável, perpetuando seu ciclo. Prevenindo a violência

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hoje, ajudamos a construir um futuro no qual ela não será mais

tolerada.

12. A violência perpetua a pobreza, o analfabetismo e a

mortalidade precoce. As cicatrizes físicas, emocionais e psicológicas da

violência privam as crianças de sua oportunidade de realizar seu

potencial. Repetidamente multiplicada, a violência contra crianças priva

a sociedade de seu potencial de desenvolvimento, minando o progresso

que poderia alcançar na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento

do Milênio.

Assim, observados os marcos extraídos a partir do trabalho do

professor Paulo Sérgio Pinheiro é possível compreender a dimensão e o

papel da escola e de seus atores institucionais nesse processo de

resgate da cidadania de crianças e adolescentes cujos direitos foram de

qualquer forma violados, desenvolvendo um papel de protagonista da

defesa dos direitos, além de ao verificar a existência de violações, cabe-

lhe a qualificação da população e a promoção de iniciativas que a

capacite a resolvê-los e a otimizar as condições de enfrentamento à

violência.

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MARCOS LEGAIS

1. Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948:

“Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo

cruel, desumano ou degradante”.

Artigo 5º

2. Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959:

“A criança gozará de proteção especial e ser-lhe-ão

proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios,

a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual

e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e

dignidade. Na instituição de leis visando este objetivo levar-se-ão em

conta sobretudo, os melhores interesses da criança”.

Princípio 2º

“A criança gozará proteção contra quaisquer formas de

negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico,

sob qualquer forma”.

Princípio 9º

3. A Constituição Federal de 1988:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança

e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Artigo 227

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4. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069 de 1990:

“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos

fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção

integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por

outros, meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes

facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em

condições de liberdade e de dignidade”.

Artigo 3°

5. Lei Estadual nº 104 de 14 de abril de 2005, complementar a Lei nº

5.494, de 23 de dezembro de 2004:

"Fica adotado o procedimento para Notificação Compulsória de

Violência contra a Criança e o Adolescente, nos respectivos casos de

violência contra a criança e o adolescente, de acordo com a forma

prevista nesta Lei”.

Art. 9ºA

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OBJETIVO GERAL

Conscientizar os professores da necessidade de uma mudança de

paradigmas em relação a garantia e defesa dos direitos da criança e do

adolescente.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Transformar a escola num centro irradiador de atividades

educativas na e para a comunidade escolar e de entorno, visando o

enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes.

2. Promover a disseminação do Sistema de Aviso Legal por

Violência, Maus Tratos ou Exploração Contra a Criança e o Adolescente

– SALVE.

3. Capacitar os docentes para atuarem como mediadores de

conflitos na escola.

4. Desenvolver processos pedagógicos que superem a

disciplinaridade com a finalidade da formação integral do educando

preparando-o para a participação como protagonista de seus processos.

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METODOLOGIA E RECURSOS

Na promoção da mudança de paradigma de que trata este projeto

no tocante ao desenvolvimento de uma consciência de enfrentamento

da violência contra a criança e o adolescente, os esforços devem ser

concentrados nas pessoas-chave, que são os professores.

Estes devem ser capacitados para a promoção das mudanças,

tornando-se agentes. Capacitar os professores não significa

simplesmente promover treinamentos, mas, sim, conduzir um processo

articulado de mudança de mentalidade perante a educação, uma

mudança de postura ante o problema da violência, além de uma

mudança do instrumental a ser trabalhado.

Assim, o projeto foi desenvolvido na forma de palestras seguida

de dois workshops e de um processo de avaliação, a seguir

apresentados:

1. Na abertura do Programa, será realizada uma palestra sobre

Direitos da Criança e do Adolescente aplicados à Educação

fundamentados em objetivos de apreensão específica relacionados

diretamente com os processos de desenho legal.

2. No primeiro workshop, a ênfase teórica será a apresentação do

SALVE. Definido como um instrumento de prevenção, atendimento e

responsabilização, o SALVE atende a necessidade de noticiamento de

toda e qualquer forma de violação dos direitos da criança e do

adolescente, possível de ser identificada no ambiente escolar,

permitindo o fiel cumprimento dos dispositivos legais.

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3. No segundo workshop, o foco esta na estratégia de construção

de conceitos e elementos a respeito da mediação conflitos no ambiente

escolar, no papel do professor no processo, e nas estratégias possíveis

de serem implementadas.

Com metodologia direta, a proposta de capacitação atuará junto

ao professor para apoiar à construção teórico-metodológica de um

currículo, cujo objeto de conhecimento é a reflexão sobre a realidade,

possibilitando a articulação de diversos saberes, sistematizados,

empíricos, teóricos e práticos, ampliando o grau de percepção e

consciência dos sujeitos do processo, permitindo o fortalecimento de

um dos mais significativos integrantes da rede de defesa e garantia dos

direitos da criança e do adolescente.

Com uma carga horária total de 20 (vinte) horas, distribuídas em

4 (quatro) horas para palestra sobre Direitos da Criança e do

Adolescente Aplicados à Educação, 4 (quatro) horas para o SALVE e 8

(oito) horas para a temática de Mediação de Conflitos na Escola,

complementadas por 4 (quatro) horas de atividade de extensão com a

aplicação de textos informativos sobre as temáticas dos momentos

presenciais. A capacitação atenderá as necessidades concretas do

professor, discutidas com base nos fundamentos teóricos, na

perspectiva de transformar qualitativamente a prática das relações

entre atores no cenário escolar no tocante a violação de direitos da

criança e do adolescente.

Neste contexto, a capacitação é vista enquanto mecanismo de

construção da competência técnica, para buscar por meio de uma ação

dialógica constituir-se em um processo de educação permanente para o

fortalecimento da rede de defesa e garantia dos direitos da criança e do

adolescente.

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As atividades de capacitação serão desenvolvidas nas sedes das

Diretorias Regionais de Educação. Serão constituídas turmas, tantas

quantas forem necessárias para a capacitação de 100% dos professores

alocados, assim distribuídas:

Diretoria Regional

Ed. Infantil

1ª a 4ª série

5ª a 8ª série

Ensino Médio

Total

DEA Aracaju

65 619 1185 1089 2958

DRE’01 Estância

04 118 259 259 640

DRE’02 Lagarto

40 238 330 252 860

DRE’03 Itabaiana

24 222 450 315 1011

DRE’04 Japaratuba

23 77 208 205 513

DRE’05 N. S. das Dores

- 47 108 83 238

DRE’06 Propriá

47 170 311 268 796

DRE’07 Gararu

03 49 85 87 224

DRE’08 Grande Aracaju

07 394 806 458 1665

DRE’09 N. S. da Glória

13 56 115 131 315

TOTAL 226 1990 3857 3147 9220

A formação das turmas levará em consideração à capacidade dos

espaços destinados a realização dos eventos integrantes do Programa.

Na realização dos atividades serão utilizados recursos técnicos, de

apoio e humanos da própria secretaria de Estado da Educação, assim

como o material pedagógico e de informação a exemplo das cartilhas,

folder e cartaz, além dos exemplares do Estatuto da Criança e do

Adolescente que deverá ser solicitado e disponibilizado pelo Conselho

Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Aos assistentes será fornecido pela Secretaria de Estado da

Educação certificados correspondentes aos conteúdos e carga horária.

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CRONOGRAMA

As ações serão desenvolvidas considerando uma referência temporal assim definida:

MÊS 01

MÊS 02

MÊS 03

MÊS 04

MÊS 05

MÊS 06

MÊS 07

MÊS 08

MÊS 09

MÊS 10

MÊS 11

MÊS 12

MÊS 13

MÊS 14

MÊS 15

MÊS 16

MÊS 17

MÊS 18

jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun ago set out nov dez Elaboração dos documentos

institucionais

Capacitação - DRE 5

Capacitação - DRE 7

Capacitação - DRE 9

Capacitação - DRE 4

Capacitação - DRE 1

Capacitação - DRE 6

Capacitação - DRE 2

Capacitação – DRE 3

Capacitação - DRE 8

Capacitação - DEA

Monitoramento e Avaliação

Considere-se o mês 1 junho

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I. Direitos da Criança e do adolescente aplicados à Educação:

1. Recorte Histórico dos Direitos da Criança e do Adolescente

1.1. Constituição Federal

1.2. Estatuto da Criança e do Adolescente

2. Questões referentes aos direitos fundamentais.

2.1. Do Direito à Vida e a Saúde

2.2. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e a Dignidade

2.3. Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

2.3.1. Elementos Doutrinários

2.3.2. Reflexões da realidade

2.4. Do Direito à Profissionalização e a Proteção no Trabalho

II. Sistema de Aviso Legal por Violência, Maus Tratos ou

Exploração Contra a Criança e o Adolescente – SALVE:

1. Breve Histórico da Mobilização Social

2. Violência contra a Criança e o Adolescente: a complexidade

2.1. Aspectos da Violência

2.2. Conceituando para diferenciar

2.3. A Prevenção

3. A Rede de Proteção

4. Como proceder ao Noticiamento

5. O formulário do SALVE

III. Mediação de Conflitos na Escola:

1. Conflitos:

1.1. Definições.

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1.2. Conflitos reais e irreais, latente e manifesto.

2. Princípios básicos para abordagem.

2.1. Diagnóstico e solução de conflitos interpessoais.

3. Técnicas para lidar com conflitos.

3.1. Métodos adversariais e não adversariais.

4. Mediação

4.1. Conceito.

4.2. Identificação da queixa (posição das partes).

4.3. Técnicas para investigação do problema.

4.4. Resumo e ordenamento do problema.

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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

O Programa terá um acompanhamento contínuo das suas

atividades, realizado pela Equipe Técnica, a partir da análise sistemática

das ações realizadas para este fim e consolidadas em relatórios por

grupo capacitado de acordo com as Diretorias Regionais da Educação.

No processo de avaliação serão levados em consideração

indicadores de caráter quantitativos fundamentados em percentuais:

de evasão dos docentes do Programa;

de número de docentes capacitados;

número de noticiamentos registrados;

redução dos conflitos na Escola.

Qualitativamente, o Programa será avaliado a partir da análise

dos indicadores definidos, considerando-se a evolução dos processos de

enfrentamento da violência contra a criança e o adolescente, do trabalho

desenvolvido pelos professores e nas efetivas mudanças promovidas com

foco nas metas e objetivos pretendidos.

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CONCLUSÃO

A Proposta de Capacitação do Quadro Docente da Rede Pública

Estadual no Sistema de Garantia e Defesa de Direitos da Criança e do

Adolescente vai envolver as comunidades escolares e locais,

desfavorecidas e em risco social, num processo educativo visando a sua

inclusão social por meio de novos conhecimentos e procedimentos

voltados à redução da violência e à criação de oportunidades de

melhoria das relações interpessoais no ambiente escolar.

Através de metodologia participativa, considerando os hábitos,

saberes e costumes locais, pretende-se enfrentar a violência na

perspectiva externa e interna ao ambiente escolar, fortalecendo a

cultura da paz e o cumprimento dos dispositivos legais de

enfrentamento a violência contra criança e adolescentes.

Considerando que um projeto tem início, meio e fim e que no

mundo globalizado nada é construído de forma isolada, o projeto busca

parcerias que permitirão a sustentabilidade da continuação da Proposta.

Os impactantes dados na justificativa desta Proposta atestam a

necessidade de adoção de uma postura comprometida com a

preservação dos direitos de criança e adolescentes e suas graves

conseqüências.

A preocupação, portanto, não se limita somente ao enfrentamento

da violência, mas também, existe em relação a valores e atitudes. Na

perspectiva de ampliar a oportunidades de garantia dos direitos, serão

trabalhadas não só as questões ligadas a violência, mas também, as

atitudes e os comportamentos necessários à consolidação do paradigma

de formulação da educação como meio de construção da cidadania.

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A escola aberta como espaço de educação e de confraternização

da comunidade estimula a participação e o comprometimento de todos

com o processo educativo que reverte em qualificação da prática

cotidiana de seus beneficiários, a própria comunidade. Esse

comprometimento aliado às atividades de aprendizagem

disponibilizadas concorre para a diminuição da violência e demais

mazelas sociais enfrentadas pelas populações vulneráveis.

O impacto previsto a partir das transformações positivas é a

melhoria da qualidade de vida, o incremento da autonomia e da

sustentabilidade das comunidades verificados por meio de instrumentos

de pesquisa adequados a este tipo de avaliação. O esperado é que o

modelo construído seja ampliado, aperfeiçoado e replicado em todas as

escolas da Rede Estadual de Sergipe e em suas comunidades de

entorno.

A proposta de Capacitação do Quadro Docente da Rede Pública

Estadual no Sistema de Garantia e Defesa de Direitos da Criança e

do Adolescente entende a educação como promotora da cidadania,

uma vez que dela emergem cidadãos capazes de pensar a sua vida e a

da comunidade como direito inalienável do homem, perpassando pelos

seus deveres de contribuir para uma sociedade mais justa e solidária,

onde cada um possa estabelecer a sua visão de mundo, a partir da

criticidade que somente o processo ensino-aprendizagem é capaz de

fornecer.

Page 26: Proposta de Capacitação do Quadro Docente da Rede Estadual · DOCENTE DA REDE PÚBLICA ESTADUAL NO ... qualquer projeto que tenha por princípio básico a ... Para quebrar esse

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ABRAMOVAY, Miriam et al. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de Violências nas Escolas, Ministério da Educação, 2006. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Gráfica do Congresso Nacional, 1988. Cartilha do SALVE. Secretaria de Estado da Educação. 2007. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal Nº 8.069, de 13 de julho de 1980). Brasília, Gráfica do Congresso Nacional, 1990. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à Prática Educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. _______. A Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967. ORTEGA, Rosario e REY, Rosario del. Estratégias educativas para a prevenção da violência. Brasília: UNESCO, Universidade Católica de Brasília e Observatório de Violências nas Escolas, 2002. VEIGA, Ilma Passos Alencastro e Resende, Lúcia Maria Gonçalves (Org.). ESCOLA: Espaço do Projeto Político – Pedagógico. São Paulo, Papirus, 1998.