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PROPOSTAA exemplo do Concurso de Produção de Texto de 2011, os alu-nos participantes deste ano, divididos de acordo com cada nível de ensino, produzirão textos que atendam às exigências especí-ficas dos gêneros solicitados. Para os três níveis, dois do Ensino Fundamental e um do Ensino Médio, são apresentadas propos-tas de produção textual típicas da grade curricular tradicional de cada nível. Os critérios de seleção dos textos deste concurso respeitaram essa grade-padrão, cujo conteúdo é trabalhado no material do curso de Língua Portuguesa concebido pelo Sistema de Ensino SER.

Os três níveis de ensino (6º ano, 9º ano, e 3ª série do Ensino Médio) foram denominados grupos 1, 2 e 3, respectivamente. Para cada grupo foram solicitadas duas produções textuais de gêneros distintos (A e B), e o aluno tem a opção de escolher uma delas.

O Grupo 1 (6º ano) poderá elaborar um Conto ou uma Notícia. Já o Grupo 2 (9º ano) terá duas opções, Editorial ou Crônica. Os participantes do Grupo 3 (3º série do Ensino Médio), por sua vez, poderão escolher entre um texto Dissertativo-argumentati-vo (a Redação de Vestibular) e uma Resenha.

Cada proposta vem acompanhada de instruções, breve apresen-tação teórica das características de cada gênero e textos moti-vadores. A correção das produções poderá ser feita a partir de critérios selecionados apresentados a seguir.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO• Adequação à proposta*: respeito ao tema proposto e ao gênero solicitado.

• Coerência: um texto coerente é um texto que pode ser in-terpretado. Deve fazer sentido para o leitor. Aqui é importante observar propriedades como continuidade, não contradição, pro-gressão, relação com fatos observáveis – nesse último caso é preciso maior tolerância quanto à correção dos textos do gênero narrativo, como contos e crônicas, etc.

• Coesão: articulação entre frases e parágrafos; relações entre ideias claramente estabelecidas no plano linguístico.

• Informatividade/Recursos expressivos que desenca-deiam efeitos de sentido: o texto deve oferecer informações relevantes que acrescentem ideias à discussão proposta. Con-teúdos previsíveis, repetitivos ou que revelam certa fragilidade ou superficialidade comprometem a qualidade do texto. Nesse critério, também se avalia o uso criativo dos recursos linguísticos e discursivos, como ironia, humor, metáforas, exploração cons-ciente, intencional e criativa da pontuação, ortografia, sintaxe, etc.

• Uso do padrão culto da língua: correção gramatical - acen-tuação, pontuação, concordância, regência, etc.

CRITÉRIOS/NOTA 0 0,5 1,0 1,5 2,0

Adequação à proposta*

Coerência

Coesão

Informatividade/Recursos Expressivos que desencadeiam efeitos de sentido

Uso do padrão culto da língua

* Caso aconteça fuga de proposta ou não atendimento ao gênero solicitado, a nota será zerada, mesmo que os outros critérios apresentem desempenho satisfatório.

GRUPO 1Propostas de produção de texto para o 6° ano do Ensino Fun-damental

A. ContoObserve a imagem abaixo. Você será convidado a criar uma história a partir da cena de duas pessoas que praticam o para-pente, esporte que utiliza um aparelho que mistura asa-delta e paraquedas. O parapente é uma modalidade de voo livre em que as pessoas podem apenas se divertir ou organizar com-petições. Nesse último caso, trata-se de um esporte repleto de manobras radicais.

Imagem disponível em: <www.glowimages.com.br/imagedetails/36162144/image_of_nat89191.Two%20people%20paragliding.html>. Acesso em: 05 jul.

2012.

1. O que está acontecendo na foto? A aterrissagem dessas duas pessoas foi tranquila ou turbulenta? Essas pessoas são amigas ou não se conhecem? Elas estão competindo entre si ou apenas se divertindo? Houve alguma mudança nas condições do tempo que provocou alterações no voo? Todas as providências quanto à segurança foram tomadas?

2. Antes de começar a redigir seu conto, uma dica: elabore uma sinopse de seu texto, um resumo do conflito da história, com no máximo 2 a 3 linhas. Mas isso só pode ser feito se você já tem definida uma ideia sobre a história. Segundo o professor Antônio Suarez Abreu (2008)¹, a sinopse ajuda a manter o foco na condução da narrativa e na caracterização das personagens.

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3. Insira seu conto em uma categoria: será drama ou comédia, será uma aventura científica ou será uma mistura de romance, ficção científica e aventura?

Só para lembrar, repare no esquema abaixo. Seu conto deve ter os seguintes elementos:

A partir do esquema acima, procure pensar:

1. Onde os parapentistas estão? Quando acontece a história? 2. Algo acontece de repente? Isso ajuda os personagens ou complica a situação? 3. Tudo termina bem? Qual o clímax, o ponto mais crítico e de-cisivo da história?

Observação: Não deixe de confrontar seu texto com os ele-mentos do esquema acima. Ele será seu guia para confirmar se seu conto preenche todos os requisitos necessários ao gênero solicitado. Seu conto deverá ter, no mínino, 15 linhas.

¹ABREU, Antônio Suarez. O Design da Escrita: Redigindo com Criatividade e Beleza, inclusive Ficção. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008.

B. NotíciaObserve atentamente a foto abaixo. Imagine que você é o re-pórter do jornal de sua cidade e é responsável por escrever uma notícia a respeito das informações sugeridas por ela. Faça seu texto com no mínimo 15 linhas.

Tempestade com tornado atinge meio-oeste americano.

CRÉDITO: INDIANA NATIONAL GUARD/SGT. JOHN CROSBY/DIVULGAÇÃO/REUTERS. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/album/120229_tornado_eua_al-bum.htm?abrefoto=23#fotoNav=23>. Acesso em: 05 jul. 2012.

Atenção: lembre-se de que a notícia é um gênero textual que segue um padrão determinado. Segundo Nilson Lage (1987)², a notícia é “o relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante.”

Tenha especial atenção ao lead da notícia, ou seja, ao primeiro parágrafo de seu texto. Ele é o mais importante e deve conter, com raras exceções, as seguintes informações, resumidas no esquema Q, Q, Q, O, C, PQ, ou seja:

Quem fez o que, a quem, quando, onde, como e por quê.

Preste bastante atenção em alguns detalhes da foto para redigir seu texto. Por exemplo: quem poderia ser a menina que cami-nha ao lado do ônibus escolar destruído pelo tornado? Quais os tipos de estragos que a passagem de um tornado pode causar a uma cidade? Houve vítimas fatais? Como ficou a situação das pessoas após o fato? Tornados são comuns na região? O tornado passou por mais de uma cidade? Leve tudo isso em considera-ção no momento de elaborar sua notícia.

²LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1982.

GRUPO 2Propostas de produção de texto para o 9º ano do Ensino Fun-damental

A. EditorialO editorial a seguir foi retirado do jornal O Estado de S. Paulo. Tomando esse texto como exemplo, você escreverá o seu edi-torial. Imagine que o seu texto será publicado em algum veícu-lo de imprensa da sua cidade. Assim como o artigo de opinião, o editorial também faz parte da argumentação, ou seja, sua estrutura apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. Só que, ao contrário do artigo, o editorial não vem assinado pela pessoa que o escreveu. Na verdade, o editorial expressa o ponto de vista do veículo de comunicação que serve como seu suporte. Segundo o Dicionário de gêneros textuais, de autoria do professor Sérgio Roberto Costa³, o editorial é “um artigo de opinião em que se discute uma questão ou assunto, apresen-tando-se o ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe, da emissora de rádio ou televisão ou do responsável pelo programa. Não vem assinado, diferentemente dos artigos de opinião.”.

Preste bastante atenção na linguagem do seu editorial. Ela deve ser objetiva, séria e utilizar as normas urbanas de prestígio, a conhecida norma padrão culta. Evite informalidades, como gírias ou ironias.

³COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica: 2008.

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A Rio+20 na hora errada

Sobrou ambição e faltou realismo ao governo brasilei-ro, ao insistir na realização da Conferência Rio+20 num dos piores momentos da maior crise econômica desde a Grande Depressão dos anos 30 do século passado. Nem a anfitriã do encontro, a presidente Dilma Rousseff, pôde concentrar-se tanto quanto deveria nas negociações so-bre os grandes temas ambientais. Teve de ir ao México para uma dramática reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20), na segunda e na terça-feira, e de lá voltar às pressas para abrir oficialmente os trabalhos no Riocen-tro, onde negociadores de dezenas de países tentavam esquecer as questões mais urgentes da economia global para discutir compromissos de longo prazo de política ambiental.

Ausências notáveis confirmariam, se isso fosse neces-sário, a má escolha do momento. Faltaram, entre ou-tros, o presidente americano, Barack Obama, a chance-ler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e a diretora-gerente do Fundo Monetá-rio Internacional (FMI), Christine Lagarde. A diretora do FMI havia prometido comparecer e divulgou o discurso preparado, mas desmarcou o compromisso, afinal, para participar de uma reunião na Europa, onde as atenções se voltavam para a formação do novo governo grego e para os problemas fiscais e bancários de duas das maio-res economias da região, a espanhola e a italiana.

Pelo menos um funcionário brasileiro, o diplomata Carlos Augusto Cozendey, assessor internacional do Ministério da Fazenda, mostrou ter os pés no chão ao comentar um dos aspectos mais frustrantes da conferência. “Eu não participei diretamente das negociações”, disse o diplomata, “mas é evidente que toda a discussão de fi-nanciamento internacional – no sentido de financiamen-to concessional ou de ajuda ao desenvolvimento – está contaminada pela crise.”

Países tradicionalmente envolvidos na cooperação in-ternacional “estão hoje com uma situação fiscal muito difícil”, lembrou o funcionário, chamando a atenção para mais um detalhe aparentemente esquecido, apesar de evidente, por vários negociadores. Políticas ambientais têm custos e muitos países carecem de recursos para sustentá-las. O presidente do Equador, Rafael Correa, declarou-se disposto a suspender parcialmente a ex-ploração de petróleo, se o seu país for pago para isso. Quem estaria disposto a custear essa e outras políticas, neste momento?

A presidente Dilma Rousseff criticou a tendência de vá-rios governantes de concentrar a atenção nos desafios de curto prazo, agora, deixando para mais tarde com-promissos de longo alcance para a preservação da na-tureza e para a mitigação de graves problemas sociais. É politicamente correto aplaudir essa retórica, atribuindo visão curta a esses políticos. Mas os problemas sociais

mais graves, hoje, são vinculados a questões muito mais prosaicas e urgentes que os desafios ambientais.O desemprego está em torno de 10% na União Euro-peia e supera 22% na Espanha e na Grécia. A fome agravou-se nos países pobres importadores de alimen-tos, porque os preços, apesar de algum recuo nos últi-mos 12 meses, permanecem elevados. A estagnação na Europa, a perda de impulso nos Estados Unidos e o arrefecimento da atividade chinesa afetam o comércio mundial e podem contaminar os países exportadores de matérias-primas, como o Brasil e vários sul-americanos.Diante desses dados, é perda de tempo discutir se o documento resultante da Rio+20 é ambicioso, mo-derado ou tímido. Um pouco de bom senso resolve o problema: saiu a declaração conjunta possível nestas circunstâncias. Poderia ser um pouco melhor ou pior, mas não muito diferente. Ongueiros podem protestar, bater bumbo e desfilar seminus, gritando slogans sobre o ambiente, a sexualidade, a legalização das drogas, a reforma das regras contábeis e a popularização do cricket na América do Sul. Pessoas com mandato e com responsabilidade pública não têm essa liberdade. Ne-nhum político sério pode exigir da Rio+20 mais do que foi produzido. Mas pode lamentar a escolha do momen-to para sua realização.

O Estado de S. Paulo, São Paulo, 24 de junho de 2012. Disponível em: <www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-rio20-na-hora-

-errada-,890806,0.htm>. Acesso em: 24 jul. 2012.

Proposta: Escreva seu editorial com base em algum assunto recente que você tenha considerado relevante. Procure assun-tos que tenham gerado algum tipo de polêmica. Não deixe de colocar título em seu editorial. Faça seu texto com no mínimo 15 linhas. Se quiser, você pode criar um nome fictício para o órgão de imprensa que escolheu para veicular seu editorial. Lembre-se de que jornal, rádio ou televisão podem servir de suporte para seu editorial.

Atenção: Como todo texto do gênero, não há uma tese correta ou incorreta para a confecção de seu editorial. O que conta é a qualidade e relevância dos argumentos apresentados. Portanto, defenda seu ponto de vista com argumentos convincentes.

B. CrônicaLeia a seguir algumas considerações a respeito do gênero Crô-nica:

O princípio básico da Crônica é o registro do circunstan-cial [...]. Os acontecimentos são extremamente rápidos, e o cronista precisa de um ritmo ágil para acompanhá--los. Por isso a sua sintaxe lembra alguma coisa deses-truturada, solta, mais próxima da conversa entre dois amigos do que propriamente um texto escrito. Dessa forma, há uma proximidade maior entre as normas da língua escrita e da oralidade, sem que o narrador caia no equívoco de compor frases frouxas, sem a magicida-de da elaboração, pois ele não perde de vista o fato de que o real não é meramente copiado, mas recriado. O

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coloquialismo, portanto, deixa de ser a transcrição exata de uma frase ouvida na rua, para ser a elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor, a partir do qual a aparência simplória ganha sua dimensão exata.

Essencialmente cronista, Rubem Braga afirma: “A verda-de não é o tempo que passa, a verdade é o instante”. Brevíssimo instante, onde se oculta a complexidade das nossas dores e alegrias, protegidas pela máscara da ba-nalidade.

SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1999.

Tendo em vista que a crônica é, sobretudo, o registro lírico do instante, em uma linguagem que se aproxima da informalidade, convidamos você a ler a crônica “O dia em que a caça consolou o caçador no Pacaembu”, do jornalista Juca Kfouri.

O dia em que a caça consolouo caçador no Pacaembu

Dois alvinegros, Santos e Botafogo, faziam os grandes jogos dos anos 60. Pelé x Garrincha, fora outros gigantes dos dois timaços.

Num desses jogos, em São Paulo, os cariocas fizeram uma exibição inesquecível e, estranhamente, pouco ba-dalada nos embates entre os dois melhores times do país naquela época. Aliás, sempre que se fazem referên-cias aos jogos entre Botafogo e Santos daqueles tem-pos, só são lembradas as vitórias santistas, as goleadas de Pelé & Cia. Pois o Pacaembu estava lotado para ver mais uma.

Pelé e Mané estavam em campo, mas o diabo esta-va era no corpo que vestia a camisa sete, não a dez. O lateral-esquerdo Dalmo, do Santos, viveu uma tarde de terror. Garrincha pegava a bola e, andando, levava Dalmo até dentro da grande área, onde o zagueiro não podia fazer falta. O Pacaembu não acreditava no que via: um ponta an-dar desde a intermediária até a área sem que o lateral tentasse tirar a bola, temeroso do drible desmoralizan-te. Até que Dalmo percebeu que tinha virado motivo de chacota dos torcedores, muitos dos quais nem santistas eram, mas que iam ao campo na certeza do espetáculo. E Dalmo resolveu bater antes de chegar à grande área. Bateu uma vez, Garrincha caiu, o árbitro marcou a falta e repreendeu o paulista. Bateu outra vez, Garrincha vol-tou ao chão, o árbitro marcou a falta e ameaçou Dalmo de expulsão, porque naquele tempo o cartão amarelo não existia.

A terceira falta de Dalmo foi a mais violenta, como se ele estivesse pensando: “Arrebento essa peste, sou ex-pulso, mas ele não joga mais”.

Pensado e feito. Enquanto o gênio das pernas tortas es-tava estirado no bico direito da área dos portões prin-cipais do Pacaembu, o árbitro determinava a expulsão de Dalmo, cercado por botafoguenses justamente irados

com seu gesto.

Eis que, como um acrobata, Garrincha levanta-se, afas-ta seus companheiros, bota o braço esquerdo no ombro de Dalmo e o acompanha até a descida da escada para o vestiário, que, então, ficava daquele lado.

Saíram conversando, como se Garrincha justificasse a atitude, entendesse que, para pará-lo, não havia mes-mo outro jeito.

O Botafogo ganhou de 3 a 0 e saiu aplaudido do es-tádio. Tinha visto uma autêntica exibição do Carlitos do futebol, digna mesmo de Charles Chaplin, divertida, anárquica, humana, sensível, solidária.

KFOURI, Juca. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/fun-damental-2/dia-caca-consolou-cacador-pacaembu-634358.shtml>.

Acesso em: 05 jul. 2012.

Considerando a crônica acima apenas como texto motivador, escreva a sua crônica. Procure escrever uma crônica em que você registre um acontecimento cotidiano, aparentemente ba-nal, como fez Juca Kfouri. Seu texto deverá ter, no mínimo, 15 linhas.

Grupo 3Propostas de produção de texto para a 3ª série do Ensino Médio

A. Texto Dissertativo-ArgumentativoLeia os textos selecionados abaixo. Em seguida, atente para as instruções.

Texto I

Valorizamos demais a felicidade?Tristeza é um estado de espírito necessário e saudável que deve ser vivido, dizem cada vez mais especialistas. Preste atenção nos comerciais de televisão. Só há pes-soas sorrindo, passeando com a família, confraterni-zando com os amigos. Elas são felizes, um estado de espírito diretamente relacionado ao sucesso. Mas será que não estão mascarando um sentimento necessário e saudável? Cada vez mais especialistas alertam para a importância das emoções negativas.

Acham que SIMO padrão de felicidade começou a ser questionado nos anos 1990 com o surgimento da chamada psicologia positiva, uma vertente de estudos sobre o bem-estar que leva em conta os processos de superação de adver-sidades e a capacidade de adaptação a situações ruins. Para essa modalidade de psicologia a busca incessan-te pela felicidade pode ser uma patologia tão grave quanto estados profundos de depressão, diz a revista Newsweek.

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De lá para cá surgiram cada vez mais obras sobre o tema. O livro The Loss of Sadness: How Psychiatry Trans-formed Normal Sorrow into Depressive Disorder (A Per-da da Tristeza: Como a Psiquiatria Transformou um Senti-mento Normal em Distúrbio Depressivo), best-seller nos Estados Unidos, oferece um exemplo afeito a todo mun-do: depois de uma decepção amorosa a pessoa deve, sim, curtir uma fossa, e não apelar para remédios como o Prozac.

“Emoções negativas ajudam a organizar os pensamen-tos”, disse Ed Diener, psicólogo da Universidade de Illi-nois, nos Estados Unidos, à revista Time. A tristeza torna as pessoas mais analíticas, críticas e inovadoras. Em es-tudo sobre o tema publicado na revista Perspectives on Psychological Science, Diener analisou o comportamen-to de 193 voluntários. Os profissionais que se conside-ravam mais felizes estavam acomodados. A felicidade também era proporcional ao baixo desempenho entre os estudantes. Ou seja: a felicidade pode anestesiar.

Um derradeiro argumento: o que seria de gênios como Beethoven, Van Gogh e Emily Dickinson sem um bocado de desilusões? E Vinicius de Moraes e Tom Jobim, para quem “tristeza não tem fim, felicidade sim”? “Por que todas as eminências em filosofia, política, poesia e artes carregam tanta melancolia?”, diz um clássico texto gre-go atribuído a Aristóteles.

Acham que NÃOQuem não quer ser feliz? Até os monges budistas, que enfrentam suplícios com placidez, querem um sorriso a mais. Com a meditação eles conseguem mudar as conexões dos neurotransmissores e, assim, enxergar o mundo sob um prisma positivo. A felicidade é tão es-sencial que virou campo de estudo científico. Na década de 1950 os psicólogos canadenses James Olds e Peter Milner descobriram a ação da dopamina, substância que auxilia na transmissão de sensações agradáveis no cé-rebro, diz a BBC. Os estudos mais recentes estão focados no córtex obifrontal, região do cérebro relacionada ao prazer.

Mesmo com a profusão de livros com novo enfoque so-bre o humor do ser humano, os critérios científicos ainda consideram a tristeza profunda uma patologia. Apresen-tar insônia, dificuldade de concentração e tristeza por mais de duas semanas é considerado sinal de desordem mental (DSM, na sigla em inglês), de acordo com a As-sociação Americana de Psiquiatria.

A felicidade pode ser medida. O psicólogo Adrian White, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, organizou o primeiro mapa da felicidade do mundo. Para isso utilizou respostas de 80 mil pessoas de 178 países. O primeiro colocado foi Dinamarca, seguido de Suíça e Áustria. O Brasil ficou em 81º. Conclusão: saúde, riqueza e edu-cação são determinantes para a felicidade – nunca é demais tê-la, não há exagero.

A felicidade tem até preço. Uma pesquisa do Instituto de Educação da Universidade de Londres, na Inglaterra, calculou quanto valem atos cotidianos que determinam a felicidade. Casar-se é tão prazeroso quanto ganhar cinco vezes a média da renda anual dos entrevistados – R$ 200 mil no total. Já uma separação tem um gosto tão amargo quanto perder 14 vezes a renda do ano, ou R$ 550 mil. O estudo saiu no Journal of Socio-Economics.

Revista de Semana. Disponível no Portal Dedoc: http://www.abrilnet.com.br/portaldedoc/pesquisaTextoGoogle.asp. Acesso em:

05 jul. 2012.

Texto II

O lado B da FelicidadeNão há dúvida de que ser feliz é bom, mas em excesso pode ser um veneno. E, quanto mais procuramos a feli-cidade, menos somos felizes

Ser feliz é uma das maiores preocupações de nossa so-ciedade hoje. Ela se manifesta na cultura popular, em livros de autoajuda, terapias e palestras de motivação. Não é para menos. Há fortes evidências sobre os bene-fícios de ter mais emoções positivas, menos emoções negativas e de estar satisfeito com a vida – os 3 pilares da felicidade. No entanto, essa história também tem dois lados. Se for vivida em excesso, na hora errada e no lugar errado, a felicidade pode levar a resultados indesejados. E, inclusive, não ser saudável. É o que indicam estudos recentes. Níveis moderados de emoções positivas favorecem a criatividade, mas níveis altos não. Crianças altamente alegres estão associadas com o maior risco de mortalidade na idade adulta por seu envolvimento em comportamentos arriscados. Isso porque uma pessoa muito feliz teria menos probabilida-de de discernir as ameaças iminentes. Aqui, na Universi-dade de Yale, nos Estados Unidos, fizemos uma pesqui-sa com 20 mil participantes saudáveis de 16 países. E encontramos os maiores níveis de bem-estar naqueles que tinham uma relação moderada entre emoções po-sitivas e negativas em sua vida diária. Também vimos que níveis moderados (não extremos) de sentimentos positivos estão ligados à redução de sintomas de de-pressão e ansiedade, além do aumento da satisfação pessoal.

Como você pode perceber, felicidade não é uma só. Ela vem em diferentes sabores. Varia, por exemplo, segun-do a dimensão do estímulo (excitação x calma) ou do engajamento social (compaixão x orgulho). Certos tipos de felicidade são muito autofocados e, por isso, acabam sendo mal-adaptados. É o caso do orgulho, geralmente ligado às conquistas e ao status social. O orgulho pode ser bom em certos contextos, mas também tem sido associado à agressividade e ao risco de desenvolver transtornos de humor, como a mania.

A própria busca por ser feliz também pode ser contra-producente. Muitas vezes, aliás, quanto mais as pesso-as procuram a felicidade, menos parecem capazes de

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obtê-la. A razão é simples: elas concentram tanta ener-gia e expectativa nesse esforço que os eventos felizes, como festas e encontros com amigos, acabam sendo decepcionantes.

Em adultos jovens e saudáveis, essa busca incessante pela felicidade tem sido ligada ao maior risco de mania e depressão.

O que fazer então? É impossível ser feliz o tempo todo ou em todo lugar. Não vale a pena nem tentar. Pense na situação em que você deseja (ou é mais relevante para você) ser feliz. E não se esqueça: não desmereça os sentimentos negativos. A tristeza, por exemplo, é parte da experiência humana e não necessariamente é ruim. Ela até nos ajuda a manter os pés no chão.

Tentar maximizar emoções positivas e minimizar as ne-gativas, portanto, nem sempre é uma boa. O equilíbrio é fundamental.

*June Gruber é professora de psicologia na Universidade de Yale, nos EUA. Revista Superinteressante. <www.abrilnet.com.br/portaldedoc/

pesquisaTextoGoogle.asp>. Acesso em: 05 jul. 2012.

E você, como vê sua relação com a felicidade? Você valoriza de-mais a felicidade ou reconhece que felicidade em excesso pode ser um problema?

Instruções: Você vai desenvolver sua dissertação a partir dos textos lidos acima. Lembre-se de que o texto dissertativo deve apresentar uma tese, ou seja, uma opinião que deverá ser sus-tentada com argumentos convincentes. Seu texto deve ter no mínimo 15 linhas.

A estrutura desse tipo de texto é bem conhecida: introdução, desenvolvimento e conclusão. O tema comum aos textos, e que deverá nortear sua produção, é: “À procura da Felicidade: suas vantagens e seus limites”.

B. ResenhaDe acordo com o Dicionário de gêneros textuais (COSTA, 2008), a resenha é um:

Breve comentário crítico ou uma avaliação de uma obra que deve conter o assunto e como ele é abordado e tratado, a organização, a ilustração, se houver, etc. Uma resenha deve ser feita levando-se em consideração os conhecimentos prévios sobre o assunto, se há alguma característica especial, como a obra foi escrita (estilo), se tem alguma utilidade para o leitor, se há similari-dade com outras obras do autor ou de outros autores. Nesse sentido, a resenha implica atividades de leitura, interpretação e resumos prévios e um posicionamento em face de uma questão potencialmente controversa que exige boa sustentação argumentativa em favor do ponto de vista defendido, já que haverá leitores que não comungam da mesma tese4.

A resenha, assim como o texto dissertativo-argumen-tativo, a tese ou o artigo de opinião, pertence ao gê-nero argumentativo. Frequentes em jornais e revistas, as resenhas de filmes ou de livros são muitas vezes decisivas para fazer com que você vá a uma livraria ou ao cinema. Por outro lado, as resenhas também podem ser responsáveis por deixar salas de cinema vazias e prateleiras cheias de livros encalhados. Por esses mo-tivos, a resenha é um gênero bastante delicado e que exige responsabilidade e conhecimento daquele que a escreve.

Algumas características que não podem faltar a nenhu-ma resenha: para resenhar um livro, filme ou CD, é pre-ciso ter lido, visto ou ouvido o objeto em questão. Não é possível resenhar aquilo que não se conhece. Deve-se identificar a obra, falar do autor e do conteúdo, destacar aspectos importantes – ou aquilo que faz com que a obra seja especial, e usar uma linguagem clara, objeti-va e simples, sempre na norma culta padrão da língua.

Leia as duas resenhas abaixo. A primeira é uma rese-nha literária e trata do livro Os Lusíadas, de Luís de Ca-mões. Você vai perceber que ela é bastante profunda e técnica, principalmente por causa do assunto tratado. A outra resenha traz a crítica do filme Os Vingadores. Esta última é mais leve, mas nem por isso superficial. Utili-zando-as como meramente motivadoras, redija uma re-senha de alguma obra que tenha sido significativa para você. Pode ser uma resenha sobre um livro, um filme ou mesmo um CD.4COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizon-

te: Autêntica: 2008.

Texto I

Os Lusíadas – Luís Vaz de CamõesPoema épico busca fundar miticamente Portugal e igua-lá-lo aos grandes impérios da história

Como Homero na Ilíada ou Virgílio na Eneida, Luís Vaz de Camões (1524?-1580) buscou no épico, gênero por excelência dos poemas fundacionais de grandes na-ções, o modelo poético narrativo para contar a história do povo português. Em Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões bebe da fonte clássica literária no auge do clas-sicismo europeu e, usando como mote a descoberta por Vasco da Gama, anos antes, do caminho marítimo para as Índias, traduz em verso toda a história do povo por-tuguês e suas grandes conquistas.

Resultado do extremo apuro técnico típico do classicis-mo, a epopeia portuguesa é composta de 1.102 estrofes de oito versos, ou 8.816 versos decassílabos, divididos em dez cantos e organizados em cinco partes.

Primeiro, seguem uma apresentação com os feitos dos navegadores portugueses, como Vasco da Gama, e uma invocação às musas do rio Tejo – tema clássi-co em qualquer épico fundacional. Uma dedicatória ao

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rei dom Sebastião, bastião das conquistas portuguesas mundo afora, dá logo espaço à narrativa – a viagem de Vasco da Gama.

A frota do grande navegador se dirige para o cabo da Boa Esperança, na África, com o intuito de alcançar, pela primeira vez, a Índia pelo mar. Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e perseguidos por Baco e Netuno, os he-róis lusitanos passam por grandes aventuras. Heroísmo e misticismo se misturam – assim como ocorre aos deu-ses da mitologia grega – e se unem ao mais fervoro-so catolicismo, a serviço de uma narrativa que coloque Portugal no grupo das grandes nações que tiveram sua história cantada por um herói. Completada a viagem, os navegadores são recompensados por Vênus com um momento de descanso e prazer na Ilha dos Amores, um paraíso que não passa longe do imaginário que se tinha do Brasil recém-descoberto. O livro termina com um epí-logo em que o poeta lamenta o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais atenção.

Diversos são os episódios célebres de Os Lusíadas que inspiraram tantos escritores ao longo dos séculos. Um deles é o da Ilha dos Amores. Nele, os portugueses são apresentados à “máquina do mundo”, repleta de profe-cias, síntese da proposta ousada de Camões ao mesclar o plano mítico, dos deuses que protegem quem desbra-va o mar, com o plano histórico dos feitos humanos dos portugueses ao construir seu império ultramarino. Eles, por alegoria, são alçados à categoria de deuses, pois só estes têm o direito de contemplar a máquina do mundo. Outro episódio que ficaria imortalizado é o do Velho Res-telo, em que uma mãe lamenta ao filho que a deixará sozinha para lançar-se ao mar e virar alimento dos pei-xes. Como a mãe, Portugal inteiro sabia que dos 170 homens da frota de Vasco da Gama apenas 55 retorna-riam vivos. Mas o poema embeleza a morte, servindo de combustível também a Fernando Pessoa, ao admitir que o sofrimento advindo das grandes navegações foi necessário à elevação de Portugal a uma grande nação.

Título: Os LusíadasAutor – Luís Vaz de Camões

Editora – Cultrix – Preço – R$ 37,50 - 342 págs.Revista Bravo!. 100 livros essenciais da Literatura brasileira.

2ª edição. São Paulo: Editora Abril, 2008.

Texto II

Excesso de TitãsApesar dos superpoderes e dos vários astros em cena, há herói de mais e vilão de menos em Os Vingadores

Com tal superávit de super-heróis em ação no cinema, era questão de tempo até que se fizesse uma superpro-moção, por assim dizer: em Os Vingadores (The Aven-gers, Estados Unidos, 2012), desde sexta-feira em cartaz no país, um único ingresso compra a oportunidade de ver seis heróis dos estúdios Marvel – Homem de Ferro, Hulk, Thor, Capitão América, Gavião Arqueiro e Viúva Ne-gra – combinando seus incríveis poderes, impressionan-

te astúcia, avançadas engenhocas tecnológicas e fortes sopapos para, mais uma vez, salvar o planeta das gar-ras de forças alienígenas. E também novamente des-truir Nova York. Só numa frente o diretor Joss Whedon (o criador da série Buffy, a Caça-Vampiros) faz questão de conter o caos: nos efeitos potencialmente devasta-dores de tal colisão de egos.

Baseado numa história em quadrinhos publicada em 1963, o roteiro dosa escrupulosamente as superforças – e os vários astros – em cena. Thor (Chris Hemswor-th) entra com o vilão da história, seu irmão Loki (Tom Hiddleston). O arranha-céu em que o malfeitor se ins-tala pertence ao playboy Tony Stark, o Homem de Fer-ro (Robert Downey Jr.) – e, como nos filmes exclusivos do personagem, são dele as melhores tiradas. A arma capaz de destruir o mundo é o Tesseract, um cubo de energia cósmica vindo diretamente do filme do Capitão América (Chris Evans). Bruce Banner (Mark Ruffalo) é o cientista convidado pelo agente especial que reuniu o grupo, Nick Fury (Samuel L. Jackson), mas entra de fato na briga quando fica verde de raiva e se transfor-ma no Incrível Hulk. Correndo por fora, porém com mira certeira, está o sempre mal-humorado Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). E, cumprindo a política de cotas, com-pletam o time a ninja Viúva Negra (Scarlett Johansson) e a eficiente Pepper (Gwyneth Paltrow), a assistente de Tony Stark. É tudo um pouco confuso, e nada faz muito sentido – o que, não sendo novidade nenhuma no gê-nero, não necessariamente constitui um defeito.

O ponto fraco de Os Vingadores é a falta de um vilão à altura. Excelente em dramas como Cavalo de Guerra e o ainda inédito aqui The Deep Blue Sea, o inglês Tom Hi-ddleston já falhara como Loki em Thor. Aqui, sai-se ain-da pior. Com seu figurino de banda heavy metal e seu exército de robôs sem rosto, Loki em nenhum momento parece ser páreo para essa turma. E ainda tem de ou-vir do Homem de Ferro que age como uma “diva” e que sua briga com Thor parece uma atração do festival “Shakespeare no Central Park”. Os Vingadores funciona como a matinê que se propõe a ser, mas, no todo, não passa da exata soma de suas partes. Mais expectativa merecem os próximos longas do Homem de Ferro e do Capitão América, já em produção: a atividade de super--herói, ao que parece, é mais bem apreciada quando exercida em carreira-solo.

MENDES, Mario. Excesso de Titãs. Revista VEJA. São Paulo: Editora Abril. 02 jul. 2012.