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PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM GESTÃO DE PROJETOS MARINGÁ-PR 2011 Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque ISBN 978-85-8084-195-4

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PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS

PÓS-GRADUAÇÃO

MBA EM GESTÃO DE PROJETOS

MARINGÁ-PR2011

Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

ISBN 978-85-8084-195-4

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.brNEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - [email protected] - www.ead.cesumar.br

Reitor: Wilson de Matos SilvaVice-Reitor: Wilson de Matos Silva FilhoPró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva FilhoPresidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

NEAD - Núcleo de Educação a DistânciaDiretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos SilvaCoordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino RaymundoCoordenação de Polos: Diego Figueiredo DiasCoordenação Comercial: Helder MachadoCoordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo LazilhaCoordenação de Curso: Silvio Silvestre BarczszAssessor Pedagógico: Marcelo Cristian VieiraCoordenação de Produção de Materiais: Ionah Beatriz Beraldo MateusSupervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa MouraCapa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Renata SguissardiSupervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi e Jaquelina Kutsunugui

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Projetos para captação de recursos públicos/ Ricardo Azenha L. Albuquerque. Maringá - PR, 2011. 79 p.

“Pós-Graduação MBA em Gestão de Projetos- EaD”. 1. Recursos públicos 2.Terceiro setor. 3. EaD. I.Título.

ISBN 978-85-8084-195-4 CDD - 22 ed. 658.404 CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR

PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS

Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

5PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

APRESENTAÇÃOViver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.

Professor Wilson de Matos SilvaReitor

6 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

7PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

APRESENTAÇÃOLivro: PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS

Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

Prezado acadêmico, iremos tratar, neste material, dos conceitos teóricos necessários para trabalharmos com CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS para atuarmos nesta área que, atualmente no Brasil, passa por um período de profissionalização. Atualmente, modelos padronizados de projetos para captação de recursos públicos passaram a ser adotados em nível nacional e internacional fazendo com que, captar recursos tenha deixado de ser, ao longo dos anos, um simples processo de arrecadação de fundos financeiros que proporcionasse a realização de projetos.

Ao iniciarmos nossos estudos nesta disciplina, antes de entrarmos especificamente na elaboração dos projetos, devemos entender conceitos como Filantropia, Responsabilidade Social, Setores Socioeconômicos e Terceiro Setor, assuntos estes que serão tratados na Unidade I de maneira a proporcionar um panorama geral sobre esse tema uma vez que, grande parte dos recursos públicos estão disponíveis para entidades que atuam, justamente, com o Terceiro Setor, seja na área social, cultural ou esportiva.

Na Unidade II, deste material, trataremos da importância de se entender o que vem a ser Captação de recursos, apresentando a figura do captador de recursos, mostrando quem vem a ser esta pessoa, como agir e como se profissionalizar nesta nova função. Continuaremos nesta unidade mostrando quem pode pleitear os recursos disponíveis, disponibilizando a você as principais fontes de recursos públicos.

Finalmente, na Unidade III, iremos tratar da elaboração de projetos para captação de recursos, sugerindo um modelo que tem sido utilizado com sucesso por profissionais consagrados desta área, focando todos os itens que, obrigatoriamente precisam fazer parte de qualquer projeto voltado à captação de recursos.

Bom Estudo!

Prof. Me. Ricardo Azenha L Albuquerque

SUMÁRIO

UNIDADE I

O SOCIAL

FILANTROPIA, AMOR PELA HUMANIDADE .........................................................................................13

RESPONSABILIDADE SOCIAL ..............................................................................................................17

SETORES SOCIOECONÔMICOS ......................................................................................................... 21

O TERCEIRO SETOR ............................................................................................................................ 22

UNIDADE II

CAPTANDO RECURSOS PÚBLICOS

CAPTAÇÃO DE RECURSOS ................................................................................................................. 36

INFORMAÇÕES SOBRE TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PÚBLICOS DO GOVERNO FEDERAL 45

UNIDADE III

ELABORAÇÃO DE PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS

O PLANO DE CAPTAÇÃO ..................................................................................................................... 61

INSTITUIÇÃO ......................................................................................................................................... 63

JUSTIFICATIVA DO PROJETO .............................................................................................................. 65

ESTRUTURA DO PROJETO ................................................................................................................. 66

ORÇAMENTO ........................................................................................................................................ 70

CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 77

UNIDADE I

O SOCIALProfessor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

Objetivos de Aprendizagem

• DefinirotermoFilantropiaesuaimportâncianocontextodenossasociedade.

• EntenderoquevemaserResponsabilidadeSocialeResponsabilidadeSocialcorporativa.

• ConheceroTerceiroSetor.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Filantropia,AmorpelaHumanidade

• ResponsabilidadeSocial

• SetoresSocioeconômicos

• OTerceiroSetor

13PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

INTRODUÇÃO

Prezado leitor, nesta unidade iremos tratar da Filantropia e suas consequências, como o surgimento da Responsabilidade Social e a criação do que se chama Terceiro Setor. Apresentaremos uma breve definição histórica desses assuntos de suma importância e sua relevância em nossa sociedade atual, estabelecendo uma relação com a necessidade de captação de recursos públicos e as demandas sociais.

O Brasil parece ter acordado para o voluntariado e uma das consequências disso é o crescimento demasiado de entidades atuantes no terceiro setor. Infelizmente, e não se é de hoje, muitas dessas entidades são utilizadas por políticos corruptos como maneira de se apropriar do erário e com isso acabam prejudicando entidades sérias que desempenham um papel importantíssimo diante da incompetência administrativa desses mesmos governantes.

Nosso país é riquíssimo, o que nos falta é gestão e pessoas à frente de nossa administração realmente preocupadas e interessadas em solucionar as mazelas de nosso país, pois o Terceiro Setor deve ser transitório enquanto o governo se organiza para cumprir seu verdadeiro papel de garantir a liberdade das pessoas, liberdade esta que está diretamente relacionada ao direito de vivenciar plenamente a cidadania tendo acesso à educação, saúde e cultura.

FILANTROPIA,AMORPELAHUMANIDADE

Acredito que você, amigo leitor, irá concordar que nos dias de hoje vivemos tempos muito difíceis para a humanidade. A sensação que paira no ar é a de completa desumanização da sociedade. Mazelas assolam regiões de todo o planeta. Os noticiários estão repletos de manchetes sensacionalistas que exploram a violência, a miséria, a desigualdade social e, parecem com isso, nos remeter a um mundo de caos onde a vida humana deixou de ser valorizada. Entretanto, se levarmos em consideração que atualmente somamos sete bilhões de pessoas no mundo, é difícil esperar que a convivência seja diferente:

Sete bilhões de pessoas precisam de alimentos. Energia. Ofertas interessantes em termos de empregos e educação. Direitos e liberdade. Liberdade de expressão. Liberdade de poder educar seus filhos em paz e segurança, insistiu Ban Ki-moon. Fonte: <http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/

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mundo-supera-os-7-bilhoes-de-habitantes>. Acesso em: 05 nov. 2011.

Perceba, caro amigo, que somos sete bilhões de seres humanos lutando pela sobrevivência, em uma sociedade predominantemente capitalista que incentiva e inflama a competição exacerbada e a necessidade de consumo desenfreada. Ou seja, nós fazemos parte de um grupo social que só se realiza por meio do ter, assim, é de se esperar que as pessoas vivam com seu nível de stress muito elevado, tendo em vista que muitas pessoas só conseguem se sentir parte do grupo social sendo abastadas financeiramente.

Mas, será que sempre não foi assim? Nossos ancestrais sempre lutaram pela vida, a grande diferença estava na recompensa final que evoluiu do alimento, passando pela necessidade de posse de terras para o acúmulo de capital. A vida de hoje, com exceção dos avanços tecnológicos que nos trouxeram maior conforto para o dia a dia, não difere em nada. O ser humano sempre foi violento, desumano e explorador dos mais fracos. Lembra-se de um período terrível da história da humanidade, a era da escravidão? Pois bem, Eric Willians (1944 apud BLACKBURN, 2002, p.39) desenvolveu o argumento de que:

a escravidão pertencia ao velho mundo do mercantilismo colonial e se tornou redundante com o surgimento do trabalho assalariado na metrópole e [...] propõem uma explicação do abolicionismo segundo a qual os capitalistas industriais desfizeram-se do comércio negreiro e da escravidão colonial por motivos essencialmente econômicos.

Willians consegue ser polêmico com esta afirmação, mas pensando racionalmente, vivemos hoje em uma sociedade predominantemente capitalista que incentiva e inflama a competição exacerbada e a necessidade de consumo desenfreada e, naquele tempo, pensar em escravos como assalariados, é mais capital girando no mercado.

E, então, devemos perder a esperança para com a humanidade? Claro que não. Em meio a tantas maçãs podres é possível encontrar frutas não contaminadas, ou seja, algumas pessoas conseguem se sensibilizar com o sofrimento alheio e são capazes de dedicar sua vida para ajudando-los, conhecidos como filantropos. Se você nunca ouviu falar desta palavra, entenda que, filantropo, segundo o dicionário online Aulete:

1. Diz-se de quem tem amor pela humanidade.2. Que pratica a filantropia.3. Indivíduo filantropo.[F.: Do lat. Philanthrope].Fonte: <http://aulete.uol.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2011.

Ou seja, filantropo é o indivíduo que pratica a filantropia e, conforme o dicionário online Aulete:1. Amor e dedicação ao ser humano2. Bondade, generosidade para com o próximo3. Ação ou prática de contribuir financeira, material ou moralmente (ou através da prestação de algum serviço) para o bem estar alheio[F.: Do gr. philanthropía, as, pelo fr. philanthropie.].Fonte: <http://aulete.uol.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2011.

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Sabendo disso, o importante é perguntar: você é uma pessoa que possui qualidades filantrópicas?

Muito bem, agora que conseguimos definir o termo filantropia, perguntamos como se pratica a filantropia? Normalmente, esta prática ocorre por meio da doação de tempo, de bens materiais, de dinheiro ou doando-se todas essas coisas em conjunto.

Filantropia

BillGatesjádoou28bilhõesdedólaresàsuafundação,Bill&MelindaGates,quefinanciaescolaspúblicasepesquisasparaacuradedoenças,delongeamaiorentidadefilantrópi-caquejáexistiu.Gateséomaiorinspiradordo“filantrocapitalismo”,quevisausarasfortu-nas pessoais para melhorar as vidas das pessoas desfavorecidas. O fundador da Microsoft é claro em suas intenções: deseja reduzir drasticamente a pobreza no mundo.

WarrenBuffettéoautordamaiordoaçãofilantrópicadetodosostempos:foram10milhõesde ações da Berkshire Hathaway entregues à fundação Bill & Melinda Gates. Quando a doação foi feita (2006) os papéis valiam 30 bilhões de dólares.Fonte: < http://veja.abril.com.br/quem/buffett-gates.shtml>. Acesso em: 03 dez. 2011.

O que se verifica com maior frequência são pessoas que praticam a filantropia destinando parte do seu dinheiro para entidades assistenciais. Se você não sabe como ajudar a humanidade doando seu tempo em atividades voluntárias assistenciais, pode fazer como a maioria dos empresários americanos que contribuem com doações financeiras substanciais.

Para você que tem o desejo de se tornar uma pessoa filantropa, Stephen Kanitz recomenda:Se você nunca doou um tostão a uma associação beneficente, comece já com um donativo, por menor que seja. Faz parte do processo de aprendizado. As estatísticas mostram que a filantropia segue o ciclo de vida:

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1. Quando jovem se é voluntário.

2. No início da carreira, o tempo escasseia, o dinheiro é curto e não se faz mais nada para o social.

3. Com a primeira promoção, começa o primeiro donativo, ainda pequeno, para a entidade da qual você deixou de ser voluntário.

4. As doações aumentam com os bônus e a ascensão na carreira.

5. Com a aposentadoria, volta-se ao trabalho voluntário, com mais responsabilidade.

6. Com a morte, vem a maior parte dos donativos, entre 5% e 10% do patrimônio como herança.

Disponível em: <http://veja.abril.com.br/especiais/filantropia/p_023.htm>. Acesso em: 05 nov. 2011.

Vejam que a filantropia pode ser considerada uma filosofia de vida, você não precisa ser como Madre Tereza de Calcutá que doou a vida para ajudar aos necessitados, mas pode fazer sua parte, por menor que seja.

Principais campanhas nacionais de Filantropia• CriançaEsperança,promovidopelaRedeGloboemparceriacomoUNICEF.

• Teleton,realizadopelaAssociaçãodeAssistênciaàCriançaDeficiente(AACD)comapoiodoSBT.

• McDiaFeliz,açãodalanchoneteMcDonald´squedestinapartedarendadavendadoBigMacparaorganiza-çõessemfinslucrativosquecombatemocânceremcrianças.

• NatalsemFome,promovidopelaAçãodaCidadaniacontraaFome,aMisériaepelavida.

Disponívelem:<http://veja.abril.com.br/especiais/filantropia/p_056.html>.Acessoem:05nov.2011.

PARA CONFERIR<http://redeglobo.globo.com/criancaesperanca/>.<http://teleton.org.br/>.<http://www.instituto-ronald.org.br/index.php/mc-dia-feliz>.<http://www.acaodacidadania.com.br/templates/acao/novo/index.asp>.

17PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

O jovem rapaz e a estrela do mar (uma história inspirada em Loren Eiseley)Um homem estava à beira da praia, estava lançando estrelas do mar que com a força das ondas eram trazidas até à areia, então aproximou-se um homem e perguntou:- O que está fazendo meu rapaz?Respondeu o rapaz: - lançando estas estrelas de volta ao mar.Replicou-lhe o homem : - mas são muitas e você não conseguirá lançar todas elas.Disse o Rapaz : - mas almenos algumas delas eu lançarei de volta.Então o homem disse : - rapazinho, não vai fazer diferença algumas, pois não vai levar todas ao mar.Então o rapaz pegou uma estrela na areia apontou para o mar e a lançou e disse:- Para essa fez diferença!Então o homem compreendeu o que o rapaz queria dizer e tomou uma estrela do chão e ajudando ao rapaz lançava as estrelas ao mar.Com isso aprendemos que não podemos deixar de fazer coisas boas apenas porque não a faremos “completa-mente” mas, com certeza faremos a diferença para algumas pessoas.Fonte: RESENDE, Ênio J. Cidadania: O remédio para as doenças culturais brasileiras. São Paulo: Summus Editorial, p. 73, 1992.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Como vimos, muitas pessoas praticam a filantropia e, esta é tão antiga quanto nossa civilização.

Revolução Industrial

James Watt – criador da máquina a vapor

A industrialização da sociedade a partir da Revolução Industrial na Inglaterra do século XVIII, com a

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implantação da máquina a vapor no processo de produção, a sociedade da época passou um momento de transição, partindo de uma sociedade agrária em direção a uma sociedade industrial. É a partir deste período que se inicia o surgimento das grandes corporações industriais no século XIX, fato este que contribui significativamente para a diminuição da produção artesanal de tal maneira que isto levou as pessoas da zona rural para as cidades, povoando demasiadamente as áreas urbanas daquela época, gerando profundas mazelas sociais.

Segundo Ribeiro (1998, p. 197):Nos seus primeiros passos o processo de industrialização é principalmente dissociativo e extremamente conflitivo. Internamente, agravava ainda mais os efeitos deletérios da reordenação capitalista, aprofundando a diferenciação social, destruindo os remanescentes dos antigos sistemas ocupacionais de base agrário-artesanal e incrementando o ascenso demográfico sem ser capaz de absorver nas fábricas e nos serviços os contingentes de mão-de-obra que produz e libera. Provoca uma intensificação do êxodo rural-urbano, acumulando nas cidades enormes massas marginalizadas. Quando estas ameaçam desencadear uma pressão irresistível de reordenação do sistema, intensificam-se os movimentos migratórios induzidos pelas autoridades governamentais, a fim de se livrarem dos “excedentes” populacionais que, não podendo ser incorporado ao sistema produtivo, ameaçam entrar na anomia ou engrossar as camadas virtualmente insurgentes. Essas transladações humanas e o consumo de gente em guerras sucessivas devem ter retirado do último século e meio, propiciando a indispensável distensão consolidadora do sistema capitalista industrial.

Veja que, com toda a tecnologia que proporcionou grandes avanços sociais, o processo de industrialização mundial também trouxe grandes desarranjos sociais, mantendo-as até hoje.

Tenório (2006) mostra que Adam Smith consegue antecipar o que seria essa nova sociedade que surge pela Revolução Industrial:

Adam Simith (1723-90) será o maior teórico dessa nova economia impregnada de iluminismo e da nascente sociedade industrial marcada pela mecanização. A riqueza das nações (1776) decretará definitivamente a superioridade da indústria sobre a agricultura, do lucro e da mais-valia sobre a renda, da moeda sobre a troca, do egoísmo sobre a caridade: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso almoço, mas do interesse que têm no próprio lucro pessoal”. Liberalizando e pondo em concorrência esses interesses, segundo Smith, a indústria floresce e as trocas frutificam (DE MASI, 2000 apud TENÓRIO, 2006, p.14).

Perceba que Adam Smith está afirmando que nesta nova sociedade não devemos esperar a benevolência das pessoas para que possamos sobreviver. A vida passa a ser de uma luta diária em busca do sustento que será conseguido por meio do trabalho nas empresas. Entretanto, trabalhar nas empresas no começo do século XX era totalmente insalubre. Tenório (2006) lembra que os problemas trabalhistas naquela época referiam-se às longas jornadas de trabalho – que chegavam a durar até 12 horas diárias -, aos baixos salários, à ausência de legislação trabalhista e previdenciária e à mecanização do ser humano:

A filosofia do taylorismo, destinada a estabelecer a harmonia industrial ao invés da discórdia, encontrou forte oposição desde 1910 entre os trabalhadores e sindicatos. Muitos trabalhadores não conseguiam trabalhar dentro do ritmo de tempo padrão preestabelecido e passaram a se queixar de uma nova forma de exploração sutil do empregado: a fixação de padrões elevados de desempenho favoráveis à empresa e desfavoráveis aos trabalhadores. O trabalho qualificado e superespecializado passou a ser considerado degradante e humilhante pelos trabalhadores, seja pela monotonia, pelo automatismo, pela diminuição da exigência de raciocínio ou pela destituição completa de qualquer significado psicológico do trabalho (CHIAVENATO, 1999 apud TENÓRIO, 2006, p. 17).

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É neste período que os trabalhadores começam a se unir em busca de melhores condições de trabalho, criando movimentos trabalhistas e sindicatos que contribuíram, inclusive, para o surgimento dos ideais socialistas.

Livro: GerminalAutor: Emile ZolaEditora: Companhia das LetrasEmileZolaescreveuGerminal,umromancequeretratamuitobemestaépocaequeficouimortalizadonofilme,demesmonome,tendoGerardDepardieucomoprincipalprotagonista,e direção de Claude Berri. É possível acompanhar na obra o processo de gestação e matura-ção de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação à exploração de seus patrões.

A partir dessas manifestações trabalhistas e, sobretudo, de direitos humanos, alguns proprietários de grandes empresas antecipam-se em tomar medidas para melhorar as condições de seus trabalhadores. Tenório (2006) lembra que Ford foi um dos primeiros a entender a natureza dessas transformações, instituindo salário mínimo e jornada de trabalho máxima de oito horas diárias para seus empregados:

“Com sua filosofia de produção em massa, preços baixos, altos salários e organização eficiente do trabalho, destacando-se aí a rapidez de fabricação, Henry Ford apresentou ao mundo o maior exemplo de administração eficiente individual que a história conhece” (SILVA, 2008, p. 121).

Estes pequenos ajustes na maneira de conduzir seu negócio, Ford mostra que é possível dar condições dignas de trabalho, pagando bons salários sem ter prejuízo. O ganho de produção que a empresa alcançou foi significativo, diminuindo o tempo de produção de um automóvel de 12 horas para 90 minutos e sua jornada de trabalho de 8 horas possibilitou que a indústria funcionasse em 3 turnos, a consequência direta dessa política administrativa é o aumento de produção, de qualidade de vida e a queda dos preços do produto final, fazendo com que ocorresse o aumento significativo das vendas.

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O Surgimento da Responsabilidade Social empresarial

Outro empresário da época a demonstrar preocupação com questões sociais, conforme Maximiano (2007), foi Andrew Carnegie, fundador da U.S. Steel, que em 1899 publicou O Evangelho da Riqueza, livro no qual estabeleceu os princípios da responsabilidade social corporativa: Caridade e zelo. Para Carnegie esses princípios baseavam-se em uma visão paternalista do papel do empresário em relação aos empregados e aos clientes.

Segundo (CARNEGIE apud MAXIMIANO, 2007, p. 426): O Princípio da caridade diz que os indivíduos mais afortunados da sociedade devem cuidar dos menos afortunados, compreendendo desempregados, doentes, pobres, pessoas com deficiências físicas. Esses desafortunados podem ser auxiliados diretamente por meio de instituições como igrejas, associações de caridade ou movimentos de auxílio. A obrigação é do indivíduo, não de sua empresa, e o indivíduo decide qual o valor da caridade que pretende praticar. O Princípio do zelo, derivado da Bíblia, estabelece que as empresas e indivíduos ricos deveriam enxergar-se como depositários de sua propriedade. Os ricos têm sem dinheiro com confiança do resto da sociedade e podem usá-lo para qualquer finalidade que a sociedade julgar legítima. O papel da empresa é também aumentar a riqueza da sociedade, por meio de investimentos prudentes e uso cauteloso dos recursos sob sua responsabilidade.

A responsabilidade social passa a fazer parte da realidade das organizações com o passar dos anos, e o aumento das desigualdades sociais em conjunto com a deterioração do meio ambiente, provocada pela poluição. Esses fatores trazem à tona o debate sobre os benefícios e malefícios da sociedade industrial. Maximiano (2007) aponta que essas consequências indesejáveis da industrialização aguçaram a consciência ecológica de certos segmentos sociais e motivaram o surgimento de grupos ativistas que se propuseram a combater o comportamento socialmente irresponsável de certas empresas ou ramos de negócios. A incompetência do governo para tratar dessas questões, também contribui para o surgimento dessas entidades, ocupando o que ficou conhecido como Terceiro Setor.

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Andrew CarnegieFonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Andrew_Carnegie>

Segundo Maximiano (2007, p.426), Carnegie é considerado um dos principais representantes da doutrina da responsabilidade social.Em 1874, Carnegie faz sua primeira grande doação no valor de vinte e cinco mil Libras Esterlinas para construir banheiros públicos em Dunfermline, Escócia, sua terra natal. Entretanto, foram as Bibliotecas sua maior contri-buição, doou mais de 56 milhões de dólares para a construção e aquisição do acervo de 2.500 bibliotecas ao redor do mundo (SCOTT, 2009, p. 71).

SETORES SOCIOECONÔMICOS

Em via de regra, entidades do Terceiro Setor são as que mais se beneficiam de recursos financeiros públicos disponíveis para a realização de projetos.

Conforme Rafael (1997, p.26), para melhor entender o que significa o Terceiro Setor é preciso lembrar que um país possui três Setores socioeconômicos distintos, sendo:

a) Primeiro Setor – constituído pelo governo, dividido em: União, Estados, Municípios e Distrito Federal.b) Segundo Setor – constituído pelo setor produtivo com finalidade lucrativa, divido em: indústrias, entidades agrícolas, empresas comerciais e empresas prestadoras de serviços.c) Terceiro Setor – constituído por entidades não governamentais sem fins lucrativos.

O mesmo autor (1997, pp.40-44) complementa esta informação apresentando o que seria o Quarto e o Quinto Setor onde: o Quarto Setor é aquele composto pela economia informal e o Quinto Setor formado por todas as pessoas excluídas da sociedade em decorrência da miséria absoluta.

22 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

O TERCEIRO SETOR

Não é de hoje que entidades sociais atuam em prol da sociedade, agindo em instâncias onde o governo parece ter se esquecido. Conforme Voltolini (2004, p. 17), as instituições que hoje pertencem ao Terceiro Setor foram criadas durante os primeiros séculos no Brasil, existindo basicamente no espaço da Igreja Católica, permeadas pelos valores da caridade cristã, e de suas relações com o Estado.

Borges (2001, p. 13) complementa informando que o início das ações filantrópicas no Brasil, data do século XVI, com o surgimento das santas casas de misericórdia, atuantes no país até hoje. Institucionalizou-se, a partir daí, o atendimento às pessoas carentes.

Essas entidades foram sustentadas por ricos filantropos durante mais de três séculos, no entanto, a partir do início do século XX, estas instituições de assistência e amparo à população carente passaram por mudanças na sua forma de organização e administração, coincidindo com o mesmo período de maior intensificação do Estado na área social aumentando, inclusive, a intervenção dos governos na gestão administrativa das organizações assistenciais.

É também neste período, mais precisamente nas décadas de 1920 e 1930, com o aumento da industrialização e a crescente urbanização do Brasil, que tem-se uma proliferação de organizações sem fins lucrativos que, atreladas ao Estado, procuravam soluções para o aumento das mazelas sociais atreladas ao desenvolvimento econômico como os crescentes problemas de pobreza e exclusão social.

Na década de 1970 e 1980, inúmeras organizações são criadas para defender os direitos políticos, civis e humanos, ameaçados pelos longos períodos de ditadura militar na América Latina e no Brasil. De acordo com Borges (2001, p.14), tais organizações autodenominaram-se “não governamentais”, marcando uma postura de distinção quanto às ações governamentais. Foi daí que surgiu o termo ONG (organização não governamental), utilizado, hoje, para designar qualquer tipo de organização sem fins lucrativos.

Vale destacar que, nesta época, as ONGs têm surgido com um novo modelo de organização e de gerenciamento de recursos tendo um maior vínculo com agências e instituições financiadoras internacionais.

É a partir dos anos 1990 que o termo “Terceiro Setor” passa a ser utilizado no Brasil para designar as organizações da sociedade civil – OSC -, sem fins lucrativos que têm como ênfase, na maioria das vezes,

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atuar na área social visando à solução de problemas sociais. Estas sociedades são, em via de regra, entidades criadas e mantidas por voluntários.

Conforme Borges (2001, p.15), estima-se que existam cerca de 250 mil organizações do terceiro setor no Brasil, movimentando cerca de 1,5% do PIB brasileiro. Acredita-se que no futuro, tais organizações movimentem até 5% do PIB, equiparando-se à média de outros países.

Tendo em vista que o Terceiro Setor atua em atividades sociais à margem do Estado, estes dados mostram a força deste setor na sociedade. Este crescimento está relacionado diretamente com o aumento da Responsabilidade Social por parte das empresas do segundo setor. Borges (2001, p.15) nos coloca que:

Alguns fatores são fundamentais para entender essa expansão. Um deles é o engajamento crescente do setor privado nas questões sociais. A partir da década de 1990, empresas brasileiras e multinacionais iniciaram um processo de atuação na área social. A princípio, as empresas buscaram parcerias com as organizações da sociedade civil para, juntas, atuar com maior eficiência e melhorar os resultados sociais. À medida que as empresas foram ganhando experiência e contato com a realidade social do país e com os projetos sociais, passaram a constituir suas próprias fundações empresariais, além de continuarem a atuar em parcerias.

A partir de então, as empresas privadas começam a criar suas próprias fundações sem fins lucrativos que vêm somar as demais entidades sociais já existentes. Uma característica desta nova realidade, ou seja, o Segundo Setor, atuando no Terceiro Setor, trouxe uma necessidade latente de se profissionalizar, ou seja, o fato de as empresas, por meio de suas fundações passarem a desenvolver projetos sociais, contribuiu para que algumas organizações sem fins lucrativos buscassem profissionalizar mais rapidamente seus quadros de pessoal e atingir a excelência administrativa.

Outro motivo que pode ser considerado precursor dessa necessidade de profissionalismo, segundo Borges (2001, p. 16), é o fato de se tornar mais presente o conceito de sustentabilidade, ou seja, a condição das organizações sociais serem capazes de manter suas operações sem depender totalmente da doação de recursos por parte de pessoas físicas ou jurídicas. Isso mostra que estas entidades sempre tiveram uma fonte ou outra de recursos, seja o governo ou organizações internacionais.

Mediante esta nova realidade do Terceiro Setor, as entidades sociais, de acordo com Voltolini (2004, p. 20), (re)surgem no âmbito das ciências da administração, tendo como ponto central a gestão, e operando segundo a lógica e a racionalidade do setor privado, que tem o lucro como objetivo, ou seja, apesar das ONGs terem característica jurídica sem fins lucrativos, elas devem, obrigatoriamente, alcançar o lucro para que possam realizar suas ações sociais.

E é aqui, acadêmico, que algumas confusões costumam acontecer. Como é possível uma entidade sem fins lucrativos visar o lucro para o seu funcionamento? Explicando de uma maneira simples e direta:

Uma empresa sem fins lucrativos é aquela em que o lucro da organização é reinvestido na própria entidade sem a repartição deste entre seus colaboradores e fundadores.

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Figura 1 - Empresa sem fins lucrativos

Fonte: Borges (2001, p.19)

Uma empresa com fins lucrativos, o lucro poderá ser reintegrado à empresa e/ou para o patrimônio pessoal dos proprietários, acionistas e, em algumas situações, colaboradores.

Figura 2 – Empresa com fins lucrativos

Fonte: Borges (2001, p.19)

25PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Assim, podemos considerar as empresas do Terceiro Setor, na visão de Voltolini (2004, p. 28), organizações de natureza privada e finalidade pública, portanto sem finalidade de lucro, cujas ações estão voltadas para questões como cidadania e direitos da população em geral.

Conceito de organizações do terceiro setor

O Código Civil Brasileiro - LEI N. 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 - rege juridicamente as Organizações não governamentais, especificamente no artigo 44.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:I - as associações;II - as sociedades;III - as fundações;IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003);V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003);§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003).§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003).§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003).

Como se pode verificar, os incisos I, II, III, IV e V tratam especificamente das organizações não governamentais, entretanto, enquadram-se como entes do Terceiro Setor, as associações, fundações, organizações religiosas e partidos políticos.

A Constituição Federal do Brasil também prevê como participante do Terceiro Setor os sindicatos e as cooperativas.

Quaissãoasdiferençasentrefundações,associaçõescivis,OSC,OSCIP,ONG,etc.?A legislação brasileira prevê que as organizações não-lucrativas podem constituir-se das seguintes formas:• Fundaçõespúblicasouprivadas;

• Associaçõesousociedadescivis;

• Cooperativas;

• Cooperativassociais;

Assim, toda organização não-lucrativa é classificada sob umadas formas anteriores.É o que se chamadeconstituição.Uma vez constituídas sob uma dessas formas, algumas entidades, observados os requisitos de lei, podem reque-reradeterminadosórgãosdopoderpúblicotítulosecertificadosquepermitemqueasorganizaçõesqualificadasusufruamdecertosbenefíciosfiscais.Essestítulosoucertificadossãochamadosdequalificação,epodemser:• Títulodeutilidadepública–podendoserfederal,estadualoumunicipal(Lei91/35edecreto50.517/61);

• RegistronoconselhoNacionaldeAssistênciaSocial(Resolução31/99doCNAS);

• Certificadodeentidadedefinsfilantrópicos(Resolução177doCNAS);

26 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

• Organizaçõesdasociedadecivildeinteressepúblico–OSCIP(Lei9.790/99edecreto3.100/99);

• Organizaçõessociais(Lei9.637/98).

O requerimento para a obtenção de qualquer dos títulos mencionados deve ser submetido aos órgãos estatais competentes, nos quais também se pode encontrar o procedimento para obtenção dos títulos, além dos bene-fícios que podem ser conseguidos em cada caso. Assim, por exemplo, quando se fala em uma OSCIP, está se referindoaumaorganizaçãonão-lucrativaqueobteveessaqualificação.Por último, existem termos como ONG (organização não-governamental), OSC (organização da sociedade civil), etc., que são de uso geral e passaram a ser empregados como sinônimos de organizações que atuam no terceiro setor.Emboraamplamenteutilizados,essestermosnãopossuemumadefiniçãolegalenãodevemserconfun-didoscomasformasdeconstituiçãoequalificaçãodeorganizaçõesnão-lucrativas.Fonte: Borges (2001, p. 22).

TERCEIRO SETOR: IDENTIFICANDO SUAS ORGANIZAÇÕES E PROPONDO UM NOVO CONCEITOAutor: Rodrigo Mendes Pereira (2)07/03/2006

I – INTRODUÇÃOO Terceiro Setor é um campo e um conceito recentes, que vêm sendo objeto de inúmeras discussões. Como es-tamos no início do processo de conhecimento das características, dos elementos e da própria essência e lógica do Terceiro Setor, não existe unanimidade no tocante a seu conceito e abrangência, e isto inclusive porque os conceitos variam conforme a ênfase dada a um dos elementos ou características do Terceiro Setor, tais como: di-ferenciaçãodos“outrossetores”,abrangência,finalidadeounaturezajurídicadasorganizaçõesqueocompõem.TalvezadificuldadeemconceituaroTerceiroSetordeva-seàheterogeneidadedasorganizaçõesqueocom-põem e, conseqüentemente, às divergências e contradições que o envolvem. Maria da Glória Marcondes Gohn (3) retrata de forma perspicaz essa situação ao elaborar a seguinte caracterização do Terceiro Setor:“o terceiro setor é um tipo de ‘Frankenstein’: grande, heterogêneo, construído de pedaços, desajeitado, com múl-tiplas facetas. É contraditório, pois inclui tanto entidades progressistas como conservadoras. Abrange programas e projetos sociais que objetivam tanto a emancipação dos setores populares e a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, com justiça social, como programas meramente assistenciais, compensatórios, estrutura-dos segundo ações estratégico-racionais, pautadas pela lógica de mercado. Um ponto em comum: todos falam em nome da cidadania.[...] O novo associativismo do terceiro setor tem estabelecido relações contraditórias com o ‘antigo’ associativismo advindo dos movimentos sociais populares (na maioria urbanos) dos anos 70 e 80. (2000, p. 60, 74).”Nessecontexto,pretende-se,numprimeiromomento, trazerao leitor informaçõesqueo leveaumareflexãosobre o tema, ou melhor, que o leve a chegar as suas próprias conclusões. Para tanto, serão destacados os seguintes aspectos:metodologias e critérios para a identificação e classificação das organizações sem finslucrativos,bemcomoamaneirapelaqualaConstituiçãoFederaleoCódigoCivilidentificamedenominamasorganizaçõessemfinslucrativosoueconômicos.Jánasconclusões,serãonoticiadosalgunspontosdeconsensoedesacordonaidentificaçãodasorganizaçõesque integram o Terceiro Setor, assim como o autor ofertará seu próprio conceito de Terceiro Setor.

II – METODOLOGIA PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: CRITÉRIOS PARA A INCLUSÃO OU EXCLUSÃO.Paradefinire identificarquaissãoasorganizaçõesouentidadessemfins lucrativosque integramoTerceiro

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Setor,vemsendoutilizadasmetodologiasbaseadasemcritérioseclassificaçõesinternacionais,eistoinclusiveparaquesejapossívelacomparaçãodosdadosemperspectivanacionaleinternacional.Maisespecificamentenotocanteàdefiniçãoeidentificaçãodasorganizações,utiliza-seametodologiabaseadano“ManualsobreasInstituições sem Fins Lucrativos no Sistema de Contas Nacionais” recomendado pela ONU (4). Segundo essa metodologia,parasercaracterizadacomosemfinslucrativoseintegrar,assim,oTerceiroSetor,aorganizaçãoouentidadedevepreencher,simultaneamente,cincocritérios,quaissejam:privadas,semfinslucrativos,institu-cionalizadas, auto-administradas e voluntárias.Os critérios acima respaldam dois estudos e pesquisas nacionais, que objetivaram dimensionar – mensurar e classificar–oTerceiroSetornoBrasil,quaissejam:(a) As Fundações Privadas e as Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil: 2002, designada FASFIL, realizado pelo IBGE e pelo IPEA, em parceria com a ABONG e o GIFE (5).(b) Mapa do Terceiro Setor, realizado pelo Centro de Estudos do Terceiro Setor – CETS – da Fundação Getúlio Vargas – FGV, com o apoio de outras organizações (6). Destaca-se, também, que embora ambos os estudos tenham utilizado a mesma metodologia na primeira eta-pa–preenchimentosimultâneodoscincocritériosparaadefiniçãoeidentificação–elesdiscordamemalgunsaspectos, e isto devido à divergência na interpretação e aplicação dos cinco critérios. Um bom exemplo é o fato dos sindicatos terem sido excluídos no FASFIL e incluídos no MAPA. Outro aspecto que merece ser ressaltado, é o fato de que ambos os estudos incluíram um grupo denominado religião, elucidando, entretanto, que nesse grupoforamincluídasapenasasorganizaçõesquetêmcomofinalidadecultivarcrençasreligiosas;ficandocer-to, assim, que as instituições de origem religiosa que desenvolvem outras atividades e que têm personalidade jurídicaprópria,como,porexemplo,escolas,hospitais,crechesetc, foramclassificadaslevandoemcontaasatividades que exercem. O FASFIL, que segundo nossa opinião é mais adequado à realidade brasileira por utilizar as informações do CadastroCentraldeEmpresa–CEMPRE-doIBGE,excluiudouniversodasorganizações“semfinslucrativos”que integram o Terceiro Setor, em síntese, as seguintes entidades pelos motivos abaixo sintetizados: (a) Cooperativas, previamente excluídas, por terem um objetivo de caráter econômico, visando à partilha dos resultadosaosmembroscooperados.Observe-se,ainda,queelasestãoclassificadasnoCEMPREcomo“Enti-dades Empresariais” (código de natureza jurídica iniciada por 2);(b) Entidades de Mediação e Arbitragem, que são essencialmente de cunho mercantil.(c) Caixas Escolares e Similares, cemitérios, cartório, conselhos, consórcios, e fundos municipais, que são re-guladas pelo governo.(d)Partidospolíticos,sindicatoseentidadesdosistema“S”,quesãogerenciadasefinanciadasapartirdeumarcabouçojurídicoespecífico,nãosendo,portanto,facultadalivrementeaqualquerorganizaçãoodesempenhodessas atividades.Para evitar uma compreensão equivocada, elucida-se que as entidades excluídas citadas no item “d” acima –partidospolíticos,sindicatoseentidadesdosistema“S”-nãodeixamdeserentidadessemfins lucrativos.Deixam, sim, de integrar o Terceiro Setor, e isto levando em conta o critério adotado. OFASFILconcluiquepreenchemsimultaneamenteoscincocritérios,trêsfigurasjurídicasdentrodonovoCódi-go Civil: associações, fundações e organizações religiosas.

III – IDENTIFICAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E PELO CÓDIGO CIVIL.OutropontoquemerecedestaqueéaformacomoaConstituiçãoFederal(7)eoCódigoCivil(8)identificamedenominamaspessoasjurídicasdedireitoprivadosemfinseconômicosoulucrativos.AConstituiçãoFederal,determinandoaliberdadedeassociaçãoparafinslícitos(art.5º,XVII),inclusivealiber-dadedeassociaçãosindicaleprofissional(art.8º,caput),e,ainda,aliberdadedecrençaedeexercíciodecultosreligiosos(art.5º,VI),identificaedenominadeformaespecíficaasseguintesorganizaçõessemfinslucrativos:(a) Associações (art. 5º, XVIII e XIX).(b) Fundações privadas (art. 150, VI, “c”).(c) Sindicatos (art. 8º, incisos I à VIII, e art. 150, VI, “c”).

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(d) Partidos Políticos (art. 17 e art. 150, VI, “c”).(e) Cultos Religiosos e Igrejas (art. 19, I, e art. 150, VI, “b”). (f) Serviço Social Autônomo (art. 240, e art. 62 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias).Por sua vez, quando a Constituição Federal dispõe sobre a imunidade de impostos (art. 150, VI), que é um tema relevanteparaasorganizaçõessemfins lucrativos,umavezqueseprocuroubeneficiarcoma imunidadeasorganizaçõesdeinteressepúblico,emlinhasgerais,elatratadeformaespecíficaostemplosdequalquerculto,ospartidospolíticos,inclusivesuasfundações,easentidadessindicais.Jáasdemaisorganizaçõessãoidentifi-cadaspelaexpressão“instituições”deeducaçãoedeassistênciasocial,“semfinslucrativos”.Segundo José Eduardo Sabo Paes (9), citando Ives Gandra Martins (10), à expressão “assistência social” deve--se dar um sentido amplo, envolvendo a previdência, a saúde, a assistência social propriamente dita e, ainda, os demais direitos sociais explicitados no artigo 6º da Constituição Federal. Continua o autor, agora citando SachaCalmonNavarroCoelho(11),queemboraapalavra“instituição”sejadestituídadeconceitojurídico-fiscal,adoutrinavementendendoquedentrodaexpressão“instituiçõessemfins lucrativos”estãoenquadradasasassociações, as fundações e os serviços sociais autônomos. JáoCódigoCivil,queéleiaquemcompeteadefiniçãodasespéciesdepessoasjurídicas,deixandoclaroqueas“sociedades”sãopessoasjurídicasdedireitoprivadocomofinseconômicosoulucrativos(arts.44e981),assimcomoqueas“cooperativas”são“sociedadescooperativas”(arts.1093a1.096), identificaecaracterizacomo“semfinslucrativosoueconômicos”asseguintesorganizações:(a)Associações(arts.44e53):Uniãodepessoasqueseorganizamparafinsnãoeconômicos.(b) Fundações(arts.44e62):Dotaçãoespecialdebenslivresdestinadoaofimespecificadopeloinstituidor,quepoderá, inclusive, declarar a maneira que a fundação será administrada. A fundação apenas poderá constituir-se parafinsreligiosos,morais,culturaisoudeassistência.(c) Organizações Religiosas (art. 44, § 1º): Liberdade de criação, organização, estruturação interna e o funcio-namento, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e neces-sários ao seu funcionamento.(d)PartidosPolíticos(art.44,§3º):Sãoorganizadosefuncionarãoconformeodispostoemleiespecífica.

IV-IDENTIDADEDASORGANIZAÇÕESDOTERCEIROSETOR:INTERESSESOCIAL,INTERESSEPÚBLI-CO E AUTO-AJUDA.Alexandre Ciconello (12) traz contribuições valiosas para o delineamento, sob o prisma jurídico, das organiza-ções que integram o Terceiro Setor, ao explicitar que:(a)Asentidadesdoterceirosetornãonecessariamenteobjetivamfinalidadepública.(b)Aidéiadefinalidadepúblicanãoestávinculadaaoformatojurídicodeumaassociaçãooufundação.(c)ÉumadistorçãorelacionaroconceitodeTerceiroSetoraentidadesprivadassemfinslucrativoscomfinalida-de pública, uma vez que isto induz a uma interpretação equivocada de que entidades que compõem o Terceiro Setor têm uma natural vocação pública. Outro aspecto que corrobora a desvinculação entre o interesse público e o conceito de Terceiro Setor é destaca-do por Maria Nazaré Lins Barbosa (13), no sentido de que, sob a ótica do Banco Mundial e levando em conta a finalidade,existemdoistiposfundamentaisdeorganizaçõesqueintegramoTerceiroSetor,quaissejam:organi-zações de Benefícios Mútuo e de Interesse Público. Observe-se, que a distinção entre os dois tipos fundamentais é extremamente relevante, uma vez que está relacionada com a própria identidade do terceiro setor – quem é quemnesteuniverso–erepercutenaprópriarelaçãofinanceiraentreasorganizaçõeseopoderpúblico,namedidaemquedáparâmetrosparaumagraduaçãoclaradebenefíciose incentivosfiscaiseacessoaosre-cursos público, isto é, maiores benefícios, incentivos e acesso aos recursos públicos devem ser concedidos às entidades de interesse público. Pelo exposto, percebe-se que a distorção de se relacionar o conceito de Terceiro Setor às entidades privadas semfinslucrativoscomfinalidadepública,deva-seaofatodeseconfundir–tratando-oscomosefossemames-ma coisa – o interesse público com o interesse social. ConstanoDicionárioAurélioBásicodaLínguaPortuguesa(14),asseguintesdefinições:(a) “Social: ... 1. Da sociedade ..., ou relativo a ela [...]. 3. Que interessa à sociedade ...”.

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(b) “Público: [...] 1. Do, ou relativo, ou pertencente ou destinado ao povo, à coletividade. 2. Relativo ou pertencen-te ao governo de um país. 3. Que é do uso de todos; comum. 4. Aberto a quaisquer pessoas ...”. (c) “Interesse: [...] 3. Vantagem, proveito; benefício. 4. Aquilo que convém, que importa, seja em que domínio for...”.Desta forma, pode-se concluir que “interesse social” é o gênero, no qual estão incluídas duas espécies: “interes-sepúblico”e“ajudamútua”.Maisespecificamente,sãodeinteressesocial,ouseja,sãoconvenientesàsocie-dade, tanto as entidade de interesse (ou caráter) público, que são aquelas que objetivam o benefício de toda a sociedadeoudesegmentosdoconjuntodasociedade(entidadesassistenciais,beneficentes,filantrópicas,dedefesa de direitos, de origem empresarial – “braço social” -, etc.), quanto as organizações de ajuda mútua ou deauto-ajuda,queobjetivamdefenderinteressescoletivos,masnumcírculorestrito,específico,depessoas,ouseja, o benefício mútuo ou interno de um determinado grupo (associações de classe, associações de moradores, associações comerciais, clubes sociais, recreativos e esportivos etc.).

V – CONCLUSÕES.Pretende-se,nasconclusões,destacaralgunspontosdeconsensoedesacordonaidentificaçãodasorganiza-ções que integram o Terceiro Setor, assim como apresentar um conceito de Terceiro Setor. (1) Consensos e Desacordos, sob o Prisma Jurídico.Destaca-se, sob o prisma jurídico, alguns pontos de consenso e desacordo: (a)ExisteconsensoqueasfigurasjurídicasbásicasdosistemalegalbrasileiroqueintegramoTerceiroSetorsãoas associações e as fundações; assim como que essas entidades, desde que desenvolvam atividades de interes-sepúblico,podemserdetentorasdetítulosecertificadosquelhepossibilitamogozodebenefícioseincentivosfiscaiseoacessoaosrecursospúblicos.(b)Caminha-seaoconsensodequeaidéiadefinalidadepúblicanãoestávinculadaaoformatojurídicodeumaassociação ou fundação, assim como que é uma distorção relacionar o conceito de Terceiro Setor a entidades privadassemfinslucrativoscomfinalidadepública.Destaforma,caminha-separaaconclusãodequeseriamde interesse social, ou seja, seriam convenientes à sociedade e, assim, integrariam ao Terceiro Setor, tanto as entidades de interesse (ou caráter) público, quanto as organizações de ajuda mútua ou de auto-ajuda. (c) Caminha-se ao consenso de que as sociedades cooperativas não integram o Terceiro Setor, e isto em virtude delas se organizarem como um objetivo de caráter econômico, visando a partilha dos resultados dessa atividade entre seus membros cooperados.(d)Caminha-seaoconsensodeque,porseremidentificadas,tratadasereguladasporlegislaçãoespecífica,as-simcomoporteremfinalidadesparticulares,nãointegramoTerceiroSetor:ossindicatoseospartidospolíticos.(e) Ainda não existe um posicionamento claro sobre o enquadramento ou não no Terceiro Setor das organizações religiosas e dos serviços sociais autônomos (entidades dos sistema “S”). (2) Conceito de Terceiro Setor Proposto pelo Autor.TerceiroSetoréoespaçoocupadopelasorganizaçõesdasociedadecivil,semfinslucrativosoueco-nômicos,deinteressesocial,equenãopossuemfinalidade,naturezaoulegislaçãoespecíficas;assimcomopelosprojetos,açõeseatividadesdeinteressesocialdesenvolvidosporindivíduos,empresasegoverno,normalmentepormeiodegrupos,movimentosoualianças (parcerias) intersetoriais, comoobjetivodefomentar,apoiaroucomplementaraatuaçãodasorganizaçõesformalmenteconstituídaseacima caracterizadas.Para melhor compreensão do conceito acima formulado, alguns pontos e elementos merecem ser destacados:(a) NãointegramoTerceiroSetorasorganizaçõesestatais(PrimeiroSetor)easorganizaçõescomfinslucrativosoucarátereconômico(SegundoSetor).Porteremcarátereconômico,ficamexcluídasassociedadescoopera-tivas.(b)Emborasejamorganizaçõesdasociedadecivilsemfinslucrativosoueconômicose,inclusive,deinteressesocial, não são abrangidas pelo conceito formulado os partidos políticos, os sindicatos, os serviços sociais autô-nomoseasorganizaçõesreligiosas,eistoporqueelaspossuemfinalidade,naturezaoulegislaçãoespecíficas.Ressalta-sequeasorganizaçõesreligiosassãoaquelasquetêmcomofinalidadecultivarcrençasreligiosaseadministrar serviços religiosos e rituais.

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(c) Pela atual legislação de nosso país, estariam incluídas no Terceiro Setor, segundo o conceito proposto, as organizações constituídas sob a modalidade de associações ou fundações.(d) Pelo conceito formulado, caracterizam-se como organizações de interesse social, ou seja, convenientes à sociedade, tanto as organizações de interesse ou caráter público, que são aquelas que objetivam o benefício detodaasociedadeoudesegmentosdoconjuntodasociedade(entidadesassistenciais,beneficentes,filan-trópicas, de defesa de direitos, de origem empresarial - ”braço social” -, etc.), quanto as organizações de ajuda mútuaoudeauto-ajuda,queobjetivamdefenderinteressescoletivos,masnumcírculorestrito,específico,depessoas, ou seja, o benefício mútuo ou interno de um determinado grupo (associações de classe, associações de moradores, associações comerciais, clubes sociais, recreativos e esportivos etc.).(e) O conceito proposto levou em conta dois aspectos. O primeiro, jurídico-formal, quando explicita as organi-zaçõesdasociedadecivil,semfins lucrativosoueconômicos(associaçõese fundações),de interessesocial(caráter público e ajuda mútua). E o segundo, não-jurídico e informal, quando explicita os projetos e ações de fomento, apoio e complementação das atividades desenvolvidas pelas associações e fundações de caráter pú-blico e ajuda mútua.NOTAS:(1)Opresenteartigoéumasíntesedoartigodenominado“ConsensoseDesacordosnaIdentificaçãodasOrga-nizações do Terceiro Setor: Conceitos e Características”, que deverá ser publicado em Livro de Coletânea de Ar-tigos da Comissão de Direito do Terceiro Setor da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo – OAB/SP.(2) Rodrigo Mendes Pereira: Coordenador do Núcleo de Estudos Legislativos e Doutrinários da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB/SP, bacharel em Direito pela USP, pós-graduado pela FIA/FEA/USP (MBA - Gestão e Empreendedorismo Social) e com especializações nas áreas de Direito e de Administração do Terceiro Setor pela EAESP/FGV. Advogado e Assessor Jurídico e Técnico em Projetos Sociais. E-mail: [email protected].(3) GOHN, Maria da Glória. Mídia, terceiro setor e MST: impacto sobre o futuro das cidades e do campo. Petrópo-lis, Vozes, 2000. Citado in: CARVALHO, Denise Gomide. Mulheres na coordenação de organizações do terceiro setor no município de São Paulo (1990-2000): construção de sujeitos coletivos e de propostas socioeducativas / Denise Gomide Carvalho. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educa-ção. – Campinas, SP: s.n., 2002, p. 44.(4) Manual sobre Organizações Não Lucrativas no Sistema de Contas Nacionais. Johns Hopkins University em cooperação com a United Nations Statistics Division. Tradução e Revisão: Georgina Esteves e Ofélia Lopes. In: Mapa do Terceiro Setor, op. cit..(5)AsFundaçõesprivadaseasassociaçõessemfinslucrativosnoBrasil:2002/IBGE,GerênciadoCadastroCentral de Empresas. – Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 148 p. – (Estudos e pesquisas. Informações econômicas, ISSN 1679-480x; n. 4). ISBN 85-240-3774-1.(6) Mapa do Terceiro Setor: “Sobre o Mapa do Terceiro Setor” e “Metodologia”. Itens constantes no site deno-minado MAPA DO TERCEIRO SETOR da Centro de Estudos do Terceiro Setor – CETS – da Fundação Getúlio Vargas – FGV (www.mapa.org.br). Pesquisa realizada em 10 de janeiro de 2005.(7) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Pesquisa realizada no site www.planalto.gov.br, em 01 de março de 2005.(8) Código Civil – Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Pesquisa realizada no site www.planalto.gov.br, em 01 de março de 2005.(9) PAES, José Eduardo Sabo. Fundações e entidades de interesse social: aspectos jurídicos, administrativos, contábeis e tributários. 5. ed. rev., atual. e ampl. de acordo com a Lei nº 10.406, de 10.1.2002 (Novo Código Civil brasileiro). Brasília: Brasília Jurídica, 2004, p. 98/99. ISBN 85-7469-228-X.(10) MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil”, Ed. Saraiva, 6º v., tomo 1, 1990, p. 181/183. Citado in: PAES, José Eduardo Sabo, op.cit., p. 492.(11) COELHO, Sacha Calmon Navarro. “O Controle da Constitucionalidade das Leis e do Poder de tributar na Constituição de 1988”. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 1992. p. 403.. Citado in: PAES, José Eduardo Sabo, op. cit., p. 491.(12) CICONELLO, Alexandre. O conceito legal de público no terceiro setor. In: Terceiro setor/textos de Alexandre

31PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Ciconello ... [et al.]; Eduardo Szazi, (org.)., et al. Terceiro setor: temas polêmicos 1. São Paulo: Peirópolis, 2004 – (Temas polêmicos; 1), p. 46/47 e 54/55 .ISBN 85-7596-034-2.(13) BARBOSA, Maria Nazaré Lins Barbosa. Terceiro setor no panorama internacional: aspectos jurídicos. Artigo publicado em material didático do curso de Direito do Terceiro Setor, GVpec, da EAESP-FGV. São Paulo, 2º semestre de 2001.(14) Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e J.E.M.M. Editores, Ltda. – 1988. Folha de São Paulo e Editora Nova Fronteira. Obra em 19 fascículos semanais encartados na Folha de São Paulo, de outubro de 1994 a fevereiro de 1995. Artigo escrito em junho de 2005.Fonte: <http://www2.oabsp.org.br/asp/esa/comunicacao/esa1.2.3.1.asp?id_noticias=4>. Acesso em: 30 nov. 2011.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos que o desenvolvimento tecnológico proporcionado pela Revolução Industrial impulsionou o desenvolvimento da sociedade capitalista. Uma sociedade na qual o consumo passa a ser uma necessidade presente na vida das pessoas, necessidade essa gerada pelas indústrias que implementam processos de produção em massa e, na maioria das vezes, de produtos descartáveis.

Esse modelo socioeconômico gerou grandiosas riquezas contribuindo para a concentração de renda, fazendo com que pessoas, por meio de suas empresas, alcançassem poder econômico, muitas vezes, superior a diversas nações. Esta situação aumentou também a desigualdade social, uma vez que, como já dito, o capital passou a permanecer na mão de poucos indivíduos. Mesmo assim, alguns empresários percebendo essa problemática social, buscaram mecanismos para reverter à sociedade, benfeitorias e assistência aos mais necessitados, uma maneira de tentar devolver para a sociedade parte da riqueza que esta, de certa forma, contribuiu com essas corporações. Some a isso a incompetência do Estado em atender as necessidades sociais da população contribuindo para o surgimento de entidades que tomaram para si a responsabilidade de proporcionar uma melhor qualidade de vida para aquelas pessoas mais necessitadas.

Tudo isso só acontece, por que, apesar de vivermos em um mundo extremamente competitivo, algumas pessoas detêm características filantropas que, como vimos, significa o amor pela humanidade. Em resumo, é esse amor que movimenta o ser humano em buscar ajudar o seu semelhante em diversas partes do globo.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO1. Procure, a partir da leitura desta primeira unidade, produzir um texto discursivo de modo a extrair

aessênciadoque foidiscutidoexplicitandoaorigemdapalavrafilantropiaeseucontextoatual no que diz respeito à Responsabilidade Social.

2. Comofoiditonotexto,Borges(2001,p.15)afirmaque“àmedidaqueasempresasforamganhando

32 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

experiência e contato com a realidade social do país e com os projetos sociais, passaram a constituir suas próprias fundações empresariais”. Reflitaarespeitodessaafirmaçãoeindiquequaispossí-veisdesafiosparaestasorganizaçõesnoâmbitoatual.

3. Com base no que foi estudado nesta unidade responda, elaborandoumtextoargumentativo, se existem diferenças entre fundações, associações civis, OSC, OSCIP, ONG.

Livro: Os vencedores jogam limpoAutor: Jon M. HuntsmanEditora: ArtmedBilionário americano que construiu um império a partir do zero conta sua experiência de trabalhar de forma honesta e sem ceder ao suborno ou à trapaça para vencer na vida e promoverafilantropia.HUNTSMAN, Jon M. Os vencedores jogam limpo. São Paulo: Artmed, 2005.

UNIDADE II

CAPTANDO RECURSOS PÚBLICOSProfessor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

Objetivos de Aprendizagem

• Definircaptaçãoderecursos.

• ApresentaralgumasdasprincipaisfontesderecursospúblicosdisponíveisnoBrasil.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• CaptaçãodeRecursos

• FontesdeRecursosFinanceiros

• LeisdeIncentivoFiscal

• Convênios

• InformaçõesSobreTransferênciadeRecursosPúblicosdoGovernoFederal

35PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

INTRODUÇÃO

Olá, Aluno! Depois de termos estudado a respeito dos conceitos de Filantropia, Responsabilidade Social e o consequente surgimento do Terceiro Setor, agora iremos entender como funciona a captação de recursos públicos que basicamente são oferecidos a qualquer organização que atue diretamente no Terceiro Setor. E isso é um dado importante, uma vez que, diferente de outras linhas de crédito disponíveis para as empresas privadas como, por exemplo: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, BANCO DO BRASIL, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF, os recursos públicos destinados às empresas do Terceiro Setor são, em sua maioria, repasses de verba do governo e suas instâncias, e de fundações sem fins lucrativos, nacionais e internacionais, mantidas por empresas privadas. Esses repasses são realizados mediante aprovação de projetos escritos especificamente para o fim de captar estes recursos. Sendo assim, o que iremos estudar agora será, exatamente, quais são as principais fontes de recursos disponíveis e como captá-los.

Faz parte da cultura brasileira a impressão errônea de que fazemos parte de um país pobre, que não tem dinheiro. Isso é uma falácia. Somos um país rico, nosso maior problema está na péssima administração pública exercida por aquelas pessoas que nós, povo brasileiro, colocamos no governo. Garanto a você que nosso principal problema é a má gestão pública, característica de uma cultura remanescente dos tempos do Brasil colônia e que tem, como consequência, uma profunda desigualdade social e, claro, uma terrível distribuição de renda.

Esta crença contribui no fato de muitas pessoas acreditarem que o principal empecilho na realização de projetos sociais seja a questão financeira, ou melhor, a falta de dinheiro disponível para tal. Nosso país possui uma grande quantidade de recursos financeiros disponíveis para serem captados. O maior problema atualmente não é a falta de dinheiro, mas a escassez na elaboração de bons projetos que tenham condições técnicas de usufruir do capital que está disponível, muitas vezes, diga-se de passagem, a fundo perdido.

Sendo assim, iremos apresentar a você, quais são os caminhos que devem ser percorridos na tentativa de captar esses recursos financeiros.

Antes, um esclarecimento: dentre as diversas modalidades de captação de recursos, existe as Parcerias Público-Privadas – PPP.

Parceria público-privada - PPP - é, conforme a Lei n. 11.079/2004 Art. 2º: um contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa; ou seja, as empresas privadas irão realizar implementação de infraestrutura e/ou serviços públicos para o Estado, ou seja, o governo passa a ser o comprador, no todo ou em parte, do serviço prestado. Entretanto, esta modalidade não faz parte do nosso escopo nesta disciplina.

Assim sendo, vamos dar início ao estudo das maneiras de como captar recursos públicos.

36 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Aristóteles

“Distribuir dinheiro é algo fácil e quase todos os homens têm este poder. Porém, decidir a quem dar, quanto, quando, para que objetivo e como, não está dentro do poder de muitos e nem tampouco é tarefa fácil”.

Aristóteles 384 a 322 a.C.

Captar recursos é a busca de dinheiro público ou privado disponível para fins sociais. Sim, não é apenas o governo que financia as empresas do Terceiro Setor. Diversas empresas privadas também exercem este papel de financiador.

Captação ou mobilização de recursos, segundo Speak (2002), descreve um leque de atividades de geração de recursos realizadas por organizações sem fins lucrativos em apoio a sua finalidade principal, independente da fonte ou do método utilizado para gerá-los. Martins (2005 apud TENÓRIO, 2008) complementa esta definição afirmando que captar recursos é um processo de venda de uma ideia onde, vender uma ideia acaba sendo muito mais que simplesmente conseguir fundos, é conquistar um parceiro, por isso, a necessidade de incorporar a definição de captação de recursos, conceitos de marketing. Outra definição importante e, mais abrangente, é a mobilização de recursos, onde, Tenório (2008) define como algo além da simples captação de recursos, ou seja, além de assegurar o recurso necessário para a realização do projeto, também inclui aí a habilidade para melhor utilizar os recursos existentes, buscando atrair e construir novas parcerias.

Font

e: S

HUTT

ERST

OCK.

COM

37PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Nos últimos anos, vem ganhando força a expressão “mobilização de recursos”, que tem um sentido mais amplo do que “captação de recursos”. “Mobilizar recursos” não diz respeito apenas a assegurar recursos novos ou adicionais,mastambémàotimização(comofazermelhoruso)dosrecursosexistentes(aumentodaeficáciaeeficiênciadosplanos);àconquistadenovasparceriaseàobtençãodefontesalternativasderecursosfinancei-ros.Éimportantelembrarqueotermo“recursos”refere-searecursosfinanceirosou“fundos”,mastambémapessoas (recursos humanos), materiais e serviços.Fonte: SPEAK, Ann; MCBRIDE, Boyd; SHIPLEY, Ken. Captação de recursos – da teoria a prática. Projeto Gets - United Way do Canadá. São Paulo. 2002, p.12.

O Captador de Recursos

Com tantas fontes de recursos disponíveis é possível que uma dúvida se apresente: quem deve captar esses recursos disponíveis?

Apesar de estar aumentando bastante a quantidade de entidades e pessoas atuando com captação de recursos, o Brasil ainda trata deste assunto de maneira amadorística:

Nos Estados Unidos, por exemplo, para a promoção do desenvolvimento social, existe um vasto universo de profissionais treinados e instituições capacitadas em captação de recursos. As técnicas utilizadas para esta atividade, que no idioma inglês denomina-se “fund raising”, foram desenvolvidas desde o início do século XX. Já em 1920, os Estados Unidos começaram a ter cursos superiores de administração neste campo. Anualmente, é realizado neste país um congresso internacional de captadores de recursos, evento que permite a troca de experiências, informações e a difusão de novas tecnologias. Este encontro, que reúne gente de todo o mundo, é organizado pela Association of Fundraising Professionals - AFP, instituição norte-americana fundada em 1935 (MATOS, 2011). Fonte: <http://www.portaldomeioambiente.org.br/pma/Onde-obter-recursos/captacao-de-recursos.html>. Acesso em: 13 nov. 2011.

Isso comprova que países desenvolvidos como os Estados Unidos estão muito mais avançados e preparados para atuar neste segmento.

Atualmente, tem-se difundido no Brasil, a figura do captador de recursos profissional. Este papel pode ser desempenhado por: empresas, entidades, pessoas e consultores. Um bom captador de recursos deve:

Um técnico, com no mínimo 5 anos de experiência, atualizado em técnicas modernas de projetos, conhecedor do histórico da entidade para a qual presta serviços, e também, das diversas fontes de

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e: S

HUTT

ERST

OCK.

COM

38 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

captação de recursos locais, nacionais e internacionais. Deve ser um bom articulista e exercitar o marketing de relacionamento. Um profissional experiente em captar recursos com este perfil, é raro no mercado.Fonte: <http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/539c419282fa9e2b03256d50006891ad/c58006d176a65ba403256ef200082302/$FILE/NT0008F352.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2011.

O importante é encontrar um profissional que, além dessas características, seja ético, competente e, que acima de tudo, acredite na causa pela qual está buscando o recurso necessário.

Existe no Brasil uma entidade conhecida como Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR - <http://captacao.org/recursos/>):

A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) é uma organização sem fins lucrativos composta por captadores de recursos que tem como principal objetivo estabelecer uma ampla representação nacional, fortalecendo os laços entre os captadores de recursos e propiciando condições para o intercâmbio técnico, a troca de experiências e o desenvolvimento comum da profissão.Criada em 1999, a ABCR tem como missão de promover, desenvolver e regulamentar a atividade de captação de recursos, vista hoje como um dos grandes desafios do Terceiro Setor. Entre suas principais metas, destacam-se a de trabalhar para assegurar a credibilidade e representatividade da profissão e a de apoiar organizações sociais na importante tarefa de construir uma sociedade mais justa.Com o propósito de se tornar um órgão de orientação e disseminação de informações na área, a ABCR propõe-se ainda a realizar cursos de capacitação e a disponibilizar literatura específica e apoio jurídico aos seus associados. Embora tenha surgido por iniciativa de um grupo de profissionais de São Paulo, a associação já conta com núcleos informais em alguns estados do País e com diretorias regionais no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.Fonte: <http://captacao.org/recursos/institucional/o-que-e-a-abcr>. Acesso em: 13 nov. 2011.

CódigodeÉticaePadrõesdaPráticaProfissionalPara cumprir sua missão de promover e desenvolver a atividade de captação de recursos no Brasil, apoiando o Terceiro Setor na construção de uma sociedade melhor, a ABCR - Associação Brasileira de Captadores de Recursosestabeleceuumcódigodeéticaquedisciplinaapráticaprofissional,ressaltaprincípiosdeatuaçãores-ponsável e propõe condutas éticas elevadas a serem seguidas pelos seus associados e servir como referência para todos aqueles que desejam captar recursos no campo social.PrincípiosevaloresIntegridade, transparência, respeito à informação, honestidade em relação à intenção do doador e compromisso com a missão da organização que solicita fundos são princípios fundamentais na tarefa de captar recursos pri-vados para benefício público. Todos os associados da ABCR devem segui-los incondicionalmente sob pena de comprometeremaquiloquelhesémaisvaliosonoexercíciodesuaprofissão:acredibilidade.Código de Ética1. Sobre a legalidadeO captador de recursos deve respeitar incondicionalmente a legislação vigente no País,• acatandotodasasleisfederais,estaduaisemunicipaisaplicáveisaoexercíciodesuaprofissão;

• cuidandoparaquenãohaja,emnenhumaetapadeseutrabalho,qualqueratoilícitooudeimprobidadedaspartes envolvidas; e

39PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

• defendendoeapoiando,nasorganizaçõesemqueatuaenaquelasjuntoàsquaiscaptarecursos,oabsolutorespeito às leis e regulamentos existentes.

2. Sobre a remuneraçãoO captador de recursos deve receber pelo seu trabalho apenas remuneração pré-estabelecida,• nãoaceitando,sobnenhumajustificativa,ocomissionamentobaseadoemresultadosobtidos;e

• atuandoemtrocadeumsaláriooudehonoráriosfixosdefinidosemcontrato;eventualremuneraçãovariável,a título de premiação por desempenho, poderá ser aceita em forma de bônus, desde que tal prática seja uma política de remuneração da organização para a qual trabalha e estenda-se a funcionários de diferentes áreas.

3.SobreaconfidencialidadeelealdadeaosdoadoresO captador de recursos deve respeitar o sigilo das informações sobre os doadores obtidas em nome da organi-zação em que trabalha,• acatandooprincípiodequetodainformaçãosobredoadores,obtidapelaorganizaçãoouemnomedela,per-

tence à mesma e não deverá ser transferida para terceiros nem subtraída;assegurando aos doadores o direito de não integrarem listas vendidas, alugadas ou cedidas para outras organizações; e

• nãorevelandonenhumtipodeinformaçãoprivilegiadasobredoadoresefetivosoupotenciaisapessoasnãoautorizadas, a não ser mediante concordância de ambas as partes (receptor e doador).

4. Sobre a transparência nas informaçõesO captador de recursos deve exigir da organização para a qual trabalha total transparência na gestão dos recur-sos captados,• cuidandoparaqueaspeçasdecomunicaçãoutilizadasnaatividadedecaptaçãoderecursosinformem,com

a máxima exatidão, a missão da organização e o projeto ou ação para os quais os recursos são solicitados;

• assegurandoqueodoadorrecebainformaçõesprecisassobreaadministraçãodosrecursos,edefendendoque qualquer alteração no uso e destinação dos mesmos será feita somente após consentimento por escrito do doador; e

• cobrandoadivulgaçãopúblicadosresultadosobtidospelaorganizaçãocomaaplicaçãodosrecursos,pormeio de documento que contenha informações avalizadas por auditores independentes.

5.SobreconflitosdeinteresseOcaptadorderecursosdevecuidarparaquenãoexistamconflitosde interessenodesenvolvimentodesuaatividade,• nãotrabalhandosimultaneamenteparaorganizaçõescongênerescomomesmotipodecausaouprojetos,

salvo com o consentimento das mesmas;

• informandodoadoressobreaexistênciadedoadorescongêneresatuaisouanterioresdaorganizaçãooudoprojeto, para que possam conscientemente decidir entre doar ou não;

• nãoaceitandoqualquerdoaçãoindiscriminadamente,considerandoquedeterminadosrecursospodemnãocondizer com o propósito da organização e devem ser discutidos - e aprovados ou não -- entre a entidade e o profissional;

• nãoincentivandomudançasemprojetosqueosdesviemdamissãodaorganização,afimdeadequá-losainteresses de eventuais doadores; e

• nãoocultandonenhumtipodeinformaçãoestratégicaquepossainfluirnadecisãodosdoadores.

40 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

6. Sobre os direitos do doadorO captador de recursos deve respeitar e divulgar o Estatuto dos Direitos do Doador.Estatuto dos Direitos do DoadorParaquepessoaseorganizaçõesinteressadasemdoartenhamplenaconfiançanasorganizaçõesdoTerceiroSetor e estabeleçam vínculos e compromisso com as causas a que são chamados a apoiar, a ABCR declara que todo doador tem os seguintes direitos:1. Ser informado sobre a missão da organização, sobre como ela pretende usar os recursos doados e sobre sua

capacidadedeusarasdoações,deformaeficaz,paraosobjetivospretendidos.

2. Receber informações completas sobre os integrantes do Conselho Diretor e da Diretoria da organização que requisita os recursos.

3. Teracessoàmaisrecentedemonstraçãofinanceiraanualdaorganização.

4. Ter assegurado que as doações serão usadas para os propósitos para os quais foram feitas.

5. Receber reconhecimento apropriado.

6. Teragarantiadequequalquerinformaçãosobresuadoaçãoserátratadacomrespeitoeconfidencialidade,não podendo ser divulgada sem prévia aprovação.

7. Serinformadoseaquelesquesolicitamrecursossãomembrosdaorganização,profissionaisautônomoscon-tratados ou voluntários.

8. Poder retirar seu nome, se assim desejar, de qualquer lista de endereços que a organização pretenda compar-tilhar com terceiros.

9. Receberrespostasrápidas,francaseverdadeirasàsperguntasquefizer.

7. Sobre a relação do captador com as organizações para as quais ele mobiliza recursos

O captador de recursos, seja funcionário ou autônomo ou voluntário, deve estar comprometido com o progresso das condições de sustentabilidade da organização,• nãoestimulandoaformaçãodeparceriasqueinterfiramnaautonomiadosprojetosepossamgerardesviosna

missão assumida pela organização;

• preservandoosvaloreseprincípiosqueorientamaatuaçãodaorganização;

• cumprindopapelestratégiconacomunicaçãocomosdoadoresdaorganização;e

• responsabilizando-sepelaelaboraçãoemanutençãodeumbancodedadosbásicoquetornemaiseficazarelação da organização com seus doadores.

8. Sobre sançõesSemprequeacondutadeumassociadodaABCRforobjetodedenúncia identificadade infraçãoàsnormasestabelecidas neste Código de Ética, o caso será avaliado por uma comissão designada pela Diretoria da ABCR, podendo o captador ser punido com mera advertência até desligamento do quadro associativo, conforme a gra-vidade do ato.9.RecomendaçõesfinaisConsiderandooestágioatualdeprofissionalizaçãodasorganizaçõesdoTerceiroSetoreofatodequeelasseencontram em processo de construção de sua sustentabilidade, a ABCR considera aceitável ainda a remunera-

41PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

çãofirmadaemcontratoderiscocomvalorpré-estipuladocombasenaexperiência,naqualificaçãodoprofissio-nal e nas horas de trabalho realizadas.A ABCR estimula o trabalho voluntário na captação de recursos, sugere que todas as condições estejam claras entre as partes e recomenda a formalização desta ação por meio de um contrato de atividade voluntária com a organização.Com relação à qualidade dos projetos, o captador de recursos deve selecionar projetos que, em seu julgamento ounodeespecialistas,tenhamqualidadesuficienteparamotivardoações.A ABCR considera projeto de qualidade aquele que: 1. atende a uma necessidade social efetiva, representando uma solução que desperte o interesse de diferentes

pessoas e organizações;

2. estejaafinadocomamissãodaorganização;e

3. sejaadministradoporumaorganizaçãoidônea,legalmenteconstituídaesuficientementeestruturadaparaaadequada gestão dos recursos.

Fonte: <http://captacao.org/recursos/institucional/codigo-de-etica>. Acesso em: 13 nov. 2011.

Podemos perceber uma movimentação em caminho da profissionalização desta profissão que ainda necessita de regulamentação por parte do governo federal. O importante é saber que existem muitos caminhos para se obter o recurso almejado para a realização do seu projeto, a utilização de um captador “profissional” é apenas um deles. Tenório (2008) complementa informando que a captação de recursos pode ser feita, também, pela comunidade. Quanto maior for o número de pessoas que trabalham no projeto que estiverem envolvidas com a captação de recursos, melhor será o resultado alcançado.

Fontes de recursos financeiros

As fontes de recursos financeiros, segundo SPEAK (2002), podem ser agrupadas entre indivíduos os quais fazem parte pessoas físicas, acima de 18 anos que doam algum tipo de recurso (dinheiro ou bens) e fontes institucionais como:

• Fazem parte de instituições multilaterais de financiamento entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) e suas muitas agências, o Banco Mundial e os Bancos regionais de

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42 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

desenvolvimento.• Agências financiadoras bilaterais como os governos nacionais de países como o Canadá, a

França e os Estados Unidos da América, entre outros.• ONGs do hemisfério norte divididos em dois grupos: as grandes ONGs transnacionais, que têm

programas de captação de recursos e de sensibilização em vários países do norte (por exemplo, Oxfam, CARE, Save the Children, Visão Mundial), e agências nacionais menores estabelecidas em um só país. Exemplos canadenses deste último tipo incluem CODE, CUSO, Match International Centre e Partners in Rural Development.

• Grupos Religiosos e Seculares que também são considerados ONGs.• Outras entidades como sindicatos com programas internacionais de desenvolvimento, por exemplo,

The Steelworkers Humanities Fund – o fundo dos Siderúrgicos para a Humanidade. Associações profissionais, Clubes como o Rotary, têm abrangência internacional há vários anos. Em quase todos os casos, esses grupos preferem trabalhar com, ou através de, um grupo parceiro local no país em desenvolvimento que os interessa.

• Empresas internacionais, nacionais e locais.• Fundações de empresas. Criadas pelas próprias empresas a fim de poder atender às muitas

solicitações de financiamento recebidas todo ano.• Fundações Familiares. Muitas vezes são uma ampliação dos interesses filantrópicos de uma

só pessoa. São criadas por um indivíduo ou uma família que transfere montantes generosos de dinheiro para um fundo de legado (endowment fund). A fundação faz doações com o rendimento sobre o valor do legado para grupos comunitários.

• Fundações comunitárias. Normalmente distribuem seu rendimento residual para atender as necessidades da comunidade.

• Governos. O acesso a recursos públicos varia de país a país.Fonte: SPEAK (2002, pp.34-37).

Além destas fontes de recursos, Tenório (2008) ressalta a importância de identificar fontes de recursos em todos os âmbitos: local (no quarteirão, no bairro, na cidade), estadual, nacional ou internacional.

Leis de Incentivo Fiscal

É na metade da década de 1980 que, segundo Olivieri (2009), como parte da política neoliberal de governo, surge a primeira lei de incentivos fiscais. Conhecida como Lei Sarney, a Lei nº 7.505/86 foi criada com a intenção de disponibilizar mais verbas para o custeio das produções culturais, prevendo concessão de benefícios fiscais federais para as empresas que investissem em cultura, em uma modalidade denominada mecenato. A autora continua:

A Lei Sarney vigorou pelo período de 1986 a 1990, tendo sido revogada quando da posse do governo Collor (março de 1990), com todos os demais incentivos fiscais federais existentes.A movimentação da classe cultural paulistana conseguiu que fosse elaborada nova lei de incentivos restrita ao município de São Paulo e para tributos municipais, pela criação da Lei n.10.932/90, popularmente conhecida como Lei Mendonça.Posteriormente à edição da Lei Mendonça, e com base na nova forma de aprovação e controle que ela instituiu, foram criadas a Lei Federal de Incentivos Fiscais, ou Lei Rouanet (Lei nº 8.313/91), e a Lei do Audiovisual (Lei nº 8.6985/93). Desde então, a legislação similar apareceu em vários estados e municípios do país (OLIVIERI, 2009, p. 73).

O incentivo fiscal concedido em Lei, normalmente garante a possibilidade de redução de pagamento do Imposto de Renda devido por empresas ou pessoa física. Cabe lembrar que cada Lei tem cláusula

43PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

específica que determina o valor total do percentual do Imposto de Renda devido, que pode ser utilizado em projetos que tenham sido favorecidos. É importante ressaltar que essas leis podem ser de instâncias do governo municipal, estadual ou federal. As leis de incentivo fiscal transitam em:

1. Governo Municipal: a. ISS, IPTU e ITBI – destinados para a cultura; b. Fundo para a Infância e do Adolescente (FIA) – de caráter social.2. Governo Estadual: a. ICMS – destinados para a cultura e esporte; b. Fundo para a Infância e do Adolescente (FIA) – de caráter social.3. Governo Federal: a. Incentivo Cultural: i. Lei Rouanet; ii. Lei do Audiovisual. b. Incentivo Social: i. Fundo para a Infância e do Adolescente (FIA); ii. Doação OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; iii. Doação para Entidades de Ensino e Pesquisa. c. Incentivo ao Esporte: i. Lei do Esporte; ii. FIA Federal.Fonte:<http://www.meioambiente.org.br/documentos/Incentivo_Fiscal_GIRS.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2011.

A República Federativa do Brasil, segundo o censo do IBGE de 2010, é composta por 26 estados mais o Distrito Federal e possui 5.565 municípios. Levando em consideração que cada estado e município possuem suas constituições e leis específicas, dentre estas, leis de incentivo fiscal, precisaríamos de muito tempo para analisar todas essas leis de incentivo fiscal existentes no país. Sendo assim, cabe ressaltar que, por uma questão prática iremos nos ater apenas às leis de incentivo fiscal específicas para projetos do Terceiro Setor, de cunho Federal.

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44 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Algumas das principais leis de incentivo fiscal do governo Federal voltadas ao Terceiro Setor são:Lei 11.472/2007 – Permite a pessoas físicas e jurídicas usufruir de incentivos fiscais ao apoiar diretamente projetos desportivos e paradesportivos previamente aprovados pelo Ministério dos Esportes. A lei deduz 1% do Imposto de Renda de pessoas físicas e 6% de pessoas jurídicas. Lei 8.685/1993 – A Lei do Audiovisual concede incentivos fiscais a pessoas físicas e jurídicas com Certificados de Investimento Audiovisual, títulos representativos de quotas de participação em obras cinematográficas. A dedução está limitada a 3% do Imposto de Renda devido, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas.Lei 8.313/1991 – Conhecida como Lei Rouanet, prevê incentivos fiscais a pessoas físicas e jurídicas que desejam financiar projetos culturais por meio do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Para pessoas físicas, a lei deduz do Imposto de Renda devido 80% do valor das doações, e 60% do valor dos patrocínios. Contudo, os percentuais de dedutibilidade para pessoas jurídicas são de 40% para doações e 30% para patrocínios. O mecanismo legislativo foi atualizado em 2008, por meio da Lei 11.646. Lei 8.069/1990 – Institui o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e permite pessoas físicas e jurídicas destinarem parte de seu Imposto de Renda para os Fundos da Infância e da Adolescência (FIAs). A dedução para pessoas jurídicas, baseada na declaração pelo lucro real, é de 1% do imposto devido. Para pessoas físicas, a dedução é de 6% do imposto devido.Fonte: <http://www.idis.org.br/biblioteca/leis-e-principios/leis-de-incentivo-fiscal/>. Acesso em: 24 out. 2011.

O Governo Federal trabalha com três modalidades de repasse de recursos que, conforme o manual de instruções para captação de recursos federais, publicado pelo Gabinete do Deputado Max Rosemann, são:

Transferências Constitucionais: são os recursos arrecadados pelo Governo Federal e repassados diretamente aos municípios como estabelecido pela Constituição. Dentre estes destacam-se o Fundo de Participação dos Municípios – FPM, o Fundo de Participação dos Estados – FPE e o Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental – FUNDEF.Transferências Legais: são as regulamentadas em legislação específica, que determina os modos de habilitação, transferência, aplicação dos recursos e prestação de contas. Existem duas modalidades desse tipo de transferência: a) cujos recursos repassados não são vinculados a um fim específico, como os royalties do petróleo a que alguns municípios têm direito; e b) cujos recursos repassados são vinculados a um fim específico, como os repasses diretos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, os repasses da Saúde e da Assistência Social (Fundo a Fundo), entre outros.Transferências Voluntárias: conforme definido na Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, referem--se às transferências de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação a título de coo-peração, auxílio ou assistência financeira e que não decorrem de determinação constitucional, legal ou concernente aos recursos destinados ao Sistema Único de Saúde – SUS. Nesta modalidade de transferência está o Convênio, que prevê a transferência de recursos diretamente da União para os municípios, e que é regulamentado por Instruções Normativas da Secretaria do Tesouro Nacional. Vale lembrar que cada Órgão tem legislação específica com os procedimentos de habilitação e elaboração de plano de trabalho, além de exigências próprias para a formalização desses convênios (MANUAL DE INSTRUÇÕES PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS, 2005, p.3).

É preciso salientar que, destas modalidades de repasse de verbas, as empresas ou fundações podem apenas se beneficiar das transferências Voluntárias. Transferências Constitucionais e Legais são repasses de verbas exclusivas para os municípios brasileiros.

45PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Convênios

Conforme o manual para usuários de entidades privadas sem fins lucrativos (2010), a definição de convênio:

É um acordo, ajuste, ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação (MANUAL PARA USUÁRIOS DE ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS, 2010, p.8).

Em suma, é uma modalidade de repasse de verbas públicas mediante convênios formados entre instâncias do governo e entidades privadas sem fins lucrativos.

INFORMAÇÕES SOBRE TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PÚBLICOS DO GOVER-NO FEDERAL

Conforme o manual para usuários de entidades privadas sem fins lucrativos (2010):O Governo Federal executa parte de suas políticas públicas por meio de transferência de recursos para entidades privadas sem fins lucrativos. O marco legal das transferências começa com a constituição federal, a lei 4.320/1964, a lei de responsabilidade fiscal e a LDO.A Lei de Responsabilidade Fiscal delega à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a regulamentação das mais diversas formas de transferência. A LDO é anual, e a cada ano é atualizada. Na LDO de 2009 as informações importantes sobre as transferências para as entidades da sociedade civil encontram-se a seguir:a) Quem pode acessar recursos de transferências voluntárias?Entidades privadas sem fins lucrativos que exerçam atividades de natureza continuada nas áreas de cultura, assistência social, saúde e educação.b) Quais as principais condições para acessar os recursos públicos?Que sejam de atendimento direto ao público, de forma gratuita, e tenham certificação de entidade beneficente de assistência social nas áreas de saúde, educação ou assistência social, expedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, ou por outro órgão competente das demais áreas de atuação governamental;Apresentação, pela entidade, de certidão negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e dívida ativa da União: certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e de regularidade em face do Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – CADIN;Comprovação, pela entidade, da regularidade do mandato de sua diretoria, além da comprovação da atividade regular nos últimos 3 (três) anos, por meio da declaração de funcionamento regular da entidade beneficiária, inclusive com inscrição no CNPJ, emitida no exercício por 3 (três) autoridades públicas locais, sob as penas da lei;Manutenção de escrituração contábil regular;Compromisso da entidade beneficiada de disponibilizar ao cidadão, por meio da internet ou, na sua falta, em sua sede, consulta ao extrato do convênio ou outro instrumento utilizado, contendo, pelo menos, o objeto, a finalidade e o detalhamento da aplicação dos recursos;Identificação do beneficiário e do valor transferido no respectivo convênio;

46 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Apresentação da prestação de contas de recursos anteriormente recebidos, nos prazos e condições fixados na legislação;Cláusula de reversão patrimonial cuja execução ocorrerá quando se verificar desvio de finalidade ou aplicação irregular dos recursos;Manifestação prévia e expressa do setor técnico e da assessoria jurídica do órgão concedente sobre a adequação dos convênios e instrumentos congêneres às normas afetas à matéria;Para regulamentar tais normas o Governo Federal publicou, em 25 de julho de 2007, o Decreto nº 6.170 com o objetivo de regulamentar “os convênios, contratos de repasse e termos de cooperação celebrados pelos órgãos e entidades da administração pública federal com órgãos ou entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, para a execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco que envolva a transferência de recursos oriundos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União”.Os Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda, e a Controladoria Geral da União editaram a Portaria nº 127, que estabelece normas para execução do disposto no Decreto n° 6.170 (MANUAL PARA USUÁRIOS DE ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS, 2010, pp.6-7).

Os convênios não estão disponíveis para todos. Entidades privadas e sem fins lucrativos que tenham como dirigente agente político de Poder ou do Ministério Público, dirigente de órgão ou entidade da administração pública de qualquer esfera governamental, ou respectivo cônjuge ou companheiro, bem como parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau, estão proibidos de firmar convênios com o governo federal.

Para realizar um convênio com alguma instância do Governo Federal, a entidade interessada deve acessar, por meio da Internet, o endereço <www.convenios.gov.br>, o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – SINCOV e realizar seu cadastro.

É por meio desse sistema que os editais de convênios são divulgados, assim, desde o início de suas atividades o portal dos convênios realiza todo o controle entre entidades públicas e entidades do Terceiro Setor.

Sobre a divulgação dos convênios, de acordo com o manual para usuários de entidades privadas sem fins lucrativos (2010), fica estabelecido que:

A celebração de convênio com entidades privadas sem fins lucrativos poderá ser precedida de chamamento público, a critério do órgão ou entidade concedente, visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz o objeto do ajuste.Está previsto que deverá ser dada publicidade ao chamamento público, especialmente por intermédio da divulgação na primeira página do sítio oficial do órgão ou entidade concedente, bem como no Portal dos Convênios.O chamamento público deverá estabelecer critérios objetivos, visando à aferição da qualificação técnica e capacidade operacional do convenente para a gestão do convênio.Constitui cláusula necessária em qualquer convênio um dispositivo que indique a forma pela qual a execução do objeto será acompanhada pela concedente. A forma de acompanhamento deverá ser suficiente para garantir a plena execução física do objeto. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal que pretenderem executar programas, projetos e atividades que envolvam transferências de recursos financeiros deverão divulgar anualmente no SICONV a relação dos programas a serem executados de forma descentralizada e, quando couber, critérios para a seleção do convenente ou contratado. A relação deverá conter:

47PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

I - a descrição dos programas;II - as exigências, padrões, procedimentos, critérios de elegibilidade e de prioridade, estatísticas e outros elementos que possam auxiliar a avaliação das necessidades locais; e III - tipologias e padrões de custo unitário detalhados, de forma a orientar a celebração dos convênios e contratos de repasse.A qualificação técnica e capacidade operacional da entidade privada sem fins lucrativos será aferida segundo critérios técnicos e objetivos a serem definidos pelo concedente ou contratante, bem como por meio de indicadores de eficiência e eficácia estabelecidos a partir do histórico do desempenho na gestão de convênios ou contratos de repasse celebrados a partir de 1º de julho de 2008 (MANUAL PARA USUÁRIOS DE ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS, 2010, pp. 9-10).

Principais programas federais para celebração de convênios

Extraído do Manual de Instruções para Captação de Recursos Federais elaborado pelo gabinete do Deputado Max Rosenmann (2005), apresentamos uma relação dos principais programas federais disponíveis para a celebração de convênios. Cabe lembrar que alguns desses programas podem ter sido cancelados ou substituídos.

1. Ministério da EducaçãoO Ministério da Educação realiza convênios através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE que, anualmente (em meados de março) publica sua sistemática com os novos programas e exigências para habilitação da entidade proponente.Osprojetosprevêemassistênciafinanceirapara:- capacitação de professores;

- aquisição de material didático;

- ações complementares em Educação - visam a superação das desigualdades em Educação, o combate ao trabalho infantil, o abuso sexual de crianças e adolescentes, questões de gênero, raça, condição social ou étnicas, de modo a garantir a permanência na escola desses alunos em situação de risco, envolvendo-os em atividades esportivas, artísticas e culturais; e

- adaptação de escolas (construção de corrimãos, rampas de acesso, adaptação de banheiros etc).

As áreas de atuação dos programas do FNDE são:a) Educação Infantil (creche e pré-escola);

b) Ensino Fundamental (regular);

c) Educação de Jovens e Adultos – EJA, que visa promover a inclusão de adolescentes e adultos não-escolari-zados no processo de ensino;

d) Educação Especial, com o objetivo de promover a inclusão de alunos com necessidades especiais no proces-so de ensino;

e) Educação Escolar Indígena (em municípios pré-selecionados pelo MEC);

f) Cultura Afro-brasileira (em municípios pré-selecionados pelo MEC - áreas remanescentes de Quilombos);

g) Programa Paz nas Escolas (em municípios pré-selecionados pelo MEC); e

h) Programa Nacional de Saúde do Escolar (em municípios pré-selecionados pelo MEC).

48 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Apoio a EntidadesEntidades Filantrópicas, APAEs, Organizações Não-Governamentais – ONGs e OSCIPs podem apresentar pro-jetos educacionais direcionados a Educação Infantil, Fundamental e Especial nos seguintes programas:a) Educação no Campo – capacitação de equipes técnicas municipais para orientar professores visando a me-

lhoria da qualidade da educação rural;

b) Educação de Jovens e Adultos – Capacitação de professores e aquisição e/ou reprodução de material didático específico;

c) Educação Especial – adaptação de escolas (rampas, corrimãos etc), capacitação de professores, equipamen-tos (cadeiras de rodas, computadores, máquinas ou impressoras em Braille etc) e material didático (jogos, livros, software);

d) Transporte Escolar – aquisição de veículos automotores de transporte coletivo destinados exclusivamente ao transporte diário de alunos com necessidades especiais. Destina-se a entidades que nunca participaram do programa ou que não foram contempladas nos últimos três anos; e

e) Ações de Apoio Educacional – semelhante às Ações Complementares em Educação, concede bolsa-auxílio, transporte e material de apoio a monitores e capacitação de professores.

2. Ministério da SaúdeOs convênios do Ministério da Saúde são, via-de-regra, celebrados por intermédio do Fundo Nacional de Saúde –FNS,àexceçãodaquelesqueprevêemaçõesdesaneamento,firmadoscomaFundaçãoNacionaldeSaúde– FUNASA.Exemplos de programas do Ministério da Saúde e seus respectivos objetivos:• Vigilância,PrevençãoeControledasDoençasTransmissíveisporVetoreseZoonoses–reduziramortalidade

por doenças transmitidas por vetores e zoonoses;

• Ciência,TecnologiaeInovaçãoemSaúde–desenvolverefomentarapesquisaeainovaçãotecnológicanosetor de saúde e promover sua absorção pelas indústrias, serviços de saúde e sociedade;

• VigilânciaEpidemiológicaeAmbientalemSaúde–prevenirecontrolardoenças,surtos,epidemias,calamida-des públicas e emergências epidemiológicas de maneira oportuna;

• AtençãoBásicaàSaúde–expandiroProgramaSaúdedaFamília–PSFearedebásicadesaúdemediantea efetivação da política de atenção básica: resolutiva, integral e humanizada;

• AlimentaçãoSaudável-promoveraalimentaçãosaudávelnociclodevidaeprevenirecontrolarosdistúrbiosnutricionais e doenças relacionadas à alimentação e nutrição;

• AtençãoEspecializadaemSaúde–garantiroacessoeaintegralidadedoscuidadosemsaúde,deformahie-rárquicaeregionalizada,pormeiodaredefiniçãodoperfildoserviçodesaúdedemédiaealtacomplexidadee da mudança do modelo de alocação de recursos;

• AtençãoHospitalareAmbulatorialnoSistemaÚnicodeSaúde–SUS–ampliaroacessodapopulaçãoaosserviços ambulatoriais e hospitalares do SUS, na busca da eqüidade, da redução das desigualdades regionais e da humanização de sua prestação;

• AssistênciaFarmacêuticaeInsumosEstratégicos–garantiroacessodapopulaçãoamedicamentoseaosinsumos estratégicos;

• InvestimentoparaHumanizaçãoeAmpliaçãodoAcessoàAtençãoàSaúde–ampliarehumanizaraatençãoá saúde;

• AtençãoàSaúdedaPopulaçãoemSituaçõesdeViolênciaseOutrasCausasExternas–reduziramorbimor-

49PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

talidade por violências e causas externas;

• Vigilância,PrevençãoeAtençãoemHIV/AIDSeOutrasDoençasSexualmenteTransmissíveis– reduziraincidência da infecção pelo vírus da AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis e melhorar a qua-lidade de vida dos pacientes;

• EducaçãoPermanenteeQualificaçãoProfissionaldoSUS–promoveraqualificaçãoeaeducaçãopermanen-tedosprofissionaisdesaúdedoSistemaÚnicodeSaúde–SUS;

• AtençãoàSaúdedasPopulaçõesEstratégicaseemSituaçõesEspeciaisdeAgravos–garantiraatençãoàsaúde de grupos populacionais estratégicos e em situações especiais de agravos de forma eqüitativa, integral, humanizada e de qualidade;

• SaneamentoRural–fomentaraçõesdesaneamentoambientalvoltadasàprevençãoeaocontrolededoen-ças;

• SaneamentoAmbientalUrbano–fomentaraçõesdesaneamentoambientalvoltadasàprevençãoeaocontro-le de doenças;

• ResíduosSólidosUrbanos-fomentaraçõesdesaneamentoambientalvoltadasàprevençãoeaocontrolededoenças;

• DrenagemUrbanaSustentável-fomentaraçõesdesaneamentoambientalvoltadasàprevençãoeaocontrolede doenças;

• IdentidadeÉtnicaePatrimônioCulturaldosPovosIndígenas–garantiraatençãoàsaúdedaspopulaçõesindígenascontemplandoasespecificidadessociais,étnicas,culturaisegeográficas,visandoàreduçãodosagravos aos quais estes grupos estão expostos, numa perspectiva de participação e controle social que con-solide a eqüidade, integralidade e qualidades dos serviços e ações de saúde.

3. Presidência da RepúblicaA Presidência da República celebra convênios com os municípios através de três Secretarias Especiais:• SecretariaEspecialdosDireitosHumanos;

• SecretariaEspecialdePolíticasparaaMulher;

• SecretariaEspecialdeAqüiculturaePesca.

3.1. Secretaria Especial de Direitos HumanosA Secretaria tem priorizado o atendimento a projetos inovadores que possam ser utilizados como parâmetro para a implementação de outros projetos assemelhados. São alguns exemplos de ações nessa área:• apoioàconstrução,reformaeampliaçãodeUnidadesdeInternaçãoRestritivaeProvisória(adolescentesem

conflitocomaLei);

• apoioaserviçosdeatendimentodeadolescentesemcumprimentodemedidassócio-educativaseegressos;

• apoioaprojetosdeprevençãodaviolêncianasescolas;

• apoioaprojetosdeprevençãodoabusoedaexploraçãosexualdecriançaseadolescentes;

• apoioaserviçosdeassistênciaeproteçãodetestemunhasameaçadas;

• capacitaçãoderecursoshumanosparaadefesadosdireitosdapessoaportadoradedeficiência;

• capacitaçãodetécnicoseagentessociaisemacessibilidade;

• apoioaConselhosEstaduaiseMunicipaisdeDireitosHumanos;e

50 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

• apoioàimplantaçãodeConselhosdeDireitosdasPessoasPortadorasdeDeficiênciasemEstadosemunicí-pios.

3.2.SecretariaEspecialdePolíticasparaaMulherEsta Secretaria operacionaliza a celebração de convênios através de:a) Demandas Induzidas – a Secretaria lança o Termo de Referência, que tem como objetivo orientar as concep-

ções básicas para projetos entendidos como prioritários;

b) Demandas Espontâneas – neste caso o objeto do projeto deve ser concebido pelo município, considerando as ações que podem ser alvo de parcerias.

São exemplos de ações desse órgão:• apoiotécnicoefinanceiroàmanutençãodecasasaseremutilizadascomoabrigosparamulheresemsitua-

ção de risco de vida e de centros de referência destinados a mulheres em situação de violência doméstica e sexual;

• ampliação,implantação,manutençãoecapacitaçãodeprofissionaisdosserviçosespecializadosdeatendi-mento às mulheres em situação de violência;

• apoioàimplantação,ampliaçãoemanutençãodecreches,restaurantes,lavanderias,centroscomunitários,cooperativas e associações, entre outros equipamentos sociais e serviços, visando a inclusão efetiva das mulheres no trabalho, bem como destinados a melhorar as condições de permanência no trabalho e a convi-vência entre as mulheres trabalhadoras;

• capacitaçãodemulheresgestorasnossetoresprodutivosruraleurbano–pormeiodarealizaçãodecursosdecapacitaçãotécnicaegerencialparamulherescomvistasaoaperfeiçoamentodoseupotencialprofissional,no que se refere ao gerenciamento técnico–administrativo, à organização em cooperativas ou outras formas de associação, e à comercialização da produção;

• apoiotécnicoefinanceiroaosórgãosestaduaisemunicipaisquetenhamcomoobjetivoapromoçãodosDi-reitos da Mulher, como Conselhos, Secretarias e Coordenadorias;

• apoioà realizaçãodeseminários,encontroseoutros tiposdeeventosvoltadosparadiscussãoe reflexãosobre questões de gênero; e

• apoiotécnicoefinanceiroàrealizaçãodeestudoselevantamentostemáticos,ediçãoedivulgaçãodeprodutoselaborados que discutam aspectos fundamentais sobre as condições de vida das mulheres.

3.3. Secretaria Especial de Aqüicultura e PescaSão exemplos de programas desta Secretaria e seus respectivos objetivos:• CapacitaçãoeTreinamentodeProfissionaisemAqüiculturaePesca–dotar o país de um maior número

de produtores, técnicos e extencionistas devidamente capacitados em técnicas modernas e adequadas de aqüicultura e pesca, incluindo aquelas de caráter econômico e legal;

• Fomento à Pesquisa em Aqüicultura e Pesca – realização das pesquisas necessárias ao desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas da aqüicultura e da pesca, tais como: dimensionamento dos estoques pes-queiros; dinâmica das espécies; delimitação da vocação e potencialidades de aqüicultura e pesca nos biomas; apoio aos pacotes tecnológicos para o cultivo de espécies nativas; estudos de zoneamento aqüícola; viagens de prospecção de recursos pesqueiros; estudos para o acompanhamento da fauna acompanhante; estudos paraadefiniçãodeparqueseáreasaqüícolas;

• Fomento às Unidades Produtoras de Formas Jovens de Organismos Aquáticos – apoio financeiro etécnico às unidades produtoras de formas jovens de organismos aquáticos já existentes, objetivando uma modernização e ampliação de capacidades produtivas;

51PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

• FomentoàImplantaçãodeRecifesArtificiaiseAtratores – melhoria da produtividade e da produção dos recursospesqueirosetambémdaeficiênciadenossapesca,especialmentenacostadoBrasil,favorecendoos pescadores artesanais;

• Implantação de Unidades Demonstrativas de Aqüicultura – implantação de unidades demonstrativas de engorda ou de produção de formas jovens de organismos aquáticos destinados ao cultivo, objetivando a capacitação de produtores e técnicos, e suprimento regular de sementes (alevinos, larvas, ovos, girinos) aos aqüicultores em regiões carentes desses insumos;

• InstalaçãodeUnidadesdeBeneficiamentodePescado– processamento da produção regional de pesca-do, gerando produtos de maior aceitação e com maior valor agregado, facilitando o escoamento da produção e podendo, também, ser utilizadas para a difusão de tecnologias na área de processamento de pescado;

• Implantação de Terminal Pesqueiro – melhoria da qualidade do pescado desembarcado e do controle geral da atividade pesqueira, facilitando o transbordo, escoamento, comercialização de produtos, o aumento da oferta de pescado às populações nas áreas de abrangência destas unidades e a redução de custos;

• ImplantaçãodeParquesAqüícolas– promoção do zoneamento setorial, organização e ordenamento da atividade de produção aqüícola em águas de domínio da União, proporcionando condições estruturais para a implementação de parques e áreas aqüícolas, estabelecendo a demarcação das áreas propícias à cessão de águasdedomíniodaUniãoparafinsdeaqüicultura,conformeprevistonalegislaçãovigente;

• Apoio às Unidades de Ensino de Aqüicultura e Pesca–formaçãodeprofissionaisparaatuaçãonosetorpesqueiro, aumentando o contingente de pessoal com conhecimento das tecnologias mais modernas e viáveis para a implementação das atividades inerentes à aqüicultura e à pesca;

• Apoio ao Funcionamento de Unidades Integrantes da Cadeia Produtiva e Pesqueira – recuperação, ampliação e/ou manutenção das unidades integrantes da cadeia produtiva e pesqueira, tais como unidades debeneficiamentodepescado,terminaispesqueiroseentrepostosdepescado;e

• ApoioàAdequaçãodeAcessosAquaviáriosMarítimoseInterioresaTerminaisPesqueiros – melhoria e segurança da via navegável com redução de custos das embarcações pesqueiras que utilizam o terminal em suas operações de carga e descarga.

4. Ministério da CulturaO Ministério da Cultura estabelece convênios com Estados, municípios e entidades públicas e privadas sem finslucrativosparaaexecuçãodeprojetosquevisemofomentoeoincentivoàcultura.Destacam-seoapoioàrealização de:• festivaisartísticos/culturaisdeteatro,dança,ópera,música,artesvisuais,artesplásticasefotografia,entre

outras;

• mostras,seminárioseoficinas;

• concursos;

• equipamentosparaespaçosculturais(teatros,salasdeconcerto,salasdedança,escolasdemúsica/dançaetc);

• mostraseoficinasdeartesanato(somenteparadivulgação,nãopodehavercomercialização);e

• equipamentosparasalasdecinema.

5. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à FomeO Ministério vem se restringindo ao pagamento de emendas parlamentares, não havendo, ainda, muitos atendi-mentos a pleitos que não possuam indicação orçamentária.

52 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Os convênios contemplam, entre outras ações, a construção, ampliação, reforma, reaparelhamento e manuten-ção dos seguintes tipos de instituições:• Creches;

• CentrosdeGeraçãodeRenda;

• CentrosdeMúltiploUso;

• CentrosdeConvivênciadoIdoso;

• CentrosdaJuventude;

• CentrosdeAtendimentoàFamília;

• CentrosDiaIdoso;e

• CasasLarIdoso.

6. Ministério da Integração NacionalO Ministério da Integração Nacional celebra convênios através de três Secretarias:• SecretariadeInfra-EstruturaHídrica;

• SecretariadeProgramasRegionais;

• SecretariaNacionaldeDefesaCivil (apenasemmunicípiosondeédecretadasituaçãodeemergênciaouestado de calamidade pública).

6.1.SecretariadeInfra-EstruturaHídricaAtende pleitos nas seguintes modalidades:• construçãodebarragens;

• irrigação;

• construçãodeadutoras;

• perfuraçãodepoços;

• execuçãodesistemasdeabastecimentodeágua;

• fornecimentodeáguaemescolas;

• construçãodemurosdearrimo;

• drenagemecanalizaçãodeáguaspluviais,bemcomodragagemdecursosd’água;

• construçãodecaisdeproteção;e

• pavimentaçãoderuasurbanascomparalelepípedo.

6.2. Secretaria de Programas Regionais

7. Ministério do Meio AmbienteOs convênios do Ministério do Meio Ambiente são celebrados por intermédio do Fundo Nacional de Meio Am-biente – FNMA e contemplam ações que aproveitem o potencial natural de determinada região e que contribuam para solucionar ou minimizar problemas ambientais relevantes nela existentes.Aslinhastemáticasestãoagrupadasemoitoáreasdistintas,cadaqualcontendocaracterísticasespecíficas,asquais deverão ser levadas em consideração na elaboração dos projetos. São elas:• ExtensãoFlorestal;

53PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

• GestãoIntegradadeÁreasProtegidas;

• ManejoSustentáveldaFloraedaFauna;

• UsoSustentáveldosRecursosPesqueiros;

• EducaçãoAmbiental;

• QualidadeAmbiental;e

• GestãoIntegradadeResíduosSólidos.

8. Ministério do EsporteO Ministério do Esporte celebra Convênios com Municípios por meio de dois programas:• EsporteeLazernaCidade;e

• SegundoTempo.

Esporte e Lazer na CidadeEste Programa contempla as seguintes ações:• Núcleos de Esporte Recreativo e de Lazer – implantação, funcionamento e modernização destes Núcle-

os através da ocupação de espaços públicos e privados, presentes em perímetro urbano e rural, mediante construção, reforma e provimento de equipamentos e materiais esportivos e de lazer, tais como quadras esportivas, ginásios, brinquedotecas, salas de recreação, dentre outras instalações. Também prevê a disponi-bilização de recursos materiais didáticos, equipamentos esportivos de lazer, recursos humanos capacitados e recursos para estudos, pesquisas e eventos, bem como pagamento de monitores e estagiários que permitam trabalho contínuo e de qualidade;

• Centro de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer (rede CEDES) - implantação e funcionamento desses CentrosdeDesenvolvimentoemuniversidadespúblicas,provendoosrecursosmateriaisehumanosqualifi-cados necessários ao desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados ao incremento do conhecimento científico;

• PromoçãodeEventosCientíficoseTecnológicosVoltadosaoDesenvolvimentodePolíticasSociaisdoEsporte Recreativo e do Lazer–promoção,apoioerealizaçãodeeventoscientíficosetecnológicosvoltadosao desenvolvimento do esporte recreativo e do lazer tais como congressos, simpósios, seminários, encontros, fóruns, bem como intercâmbio sócio-cultural em âmbito nacional e internacional.

Segundo TempoÉ um programa executado em parceria com o Ministério da Educação e destinado a possibilitar o acesso à prática esportiva aos alunos matriculados no Ensino Fundamental e Médio dos estabelecimentos públicos de educação, principalmente em áreas de vulnerabilidade social.As ações previstas neste programa são:• implantaçãodeNúcleosesportivosvinculadosaescolaspúblicas,considerandoadistribuiçãodemateriales-

portivoespecíficoeadistribuiçãodematerialdidáticoespecializado,alémdacapacitaçãodecoordenadorese estagiários em Educação Física;

• pagamentodeestagiários,monitores,agentescomunitáriosdeesporteeprofessorescoordenadoresdenú-cleo;

• reforçoescolar;

• implantaçãodeatividades complementares tais como: acompanhamentopedagógico; atividadesdeassis-

54 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

tência social aos participantes e familiares; assistência à saúde da criança e do adolescente e atividades culturais; e

• promoçãodeJogosEscolaresNacionaiseRegionais.

9.MinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento

O Ministério da Agricultura realiza convênios através da Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo – SARC nas seguintes áreas:• promoçãodoassociativismoruraledocooperativismo;

• promoçãodaproduçãovegetal;

• promoçãodaproduçãoanimal;e

• infra-estruturarural.

Dentre as áreas elencadas acima, a modalidade “Infra-Estrutura Rural”, reúne as ações de maior interesse para osmunicípios.Sãoelas:construçõesrurais,aquisiçãodepatrulhasmecanizadaseeletrificaçãorural.

Construções RuraisSãoobrasnovasdeengenhariacivil,deinteressecoletivo,reformasouampliaçõesdeedificaçõesexistentes,in-clusive aquisição de máquinas e equipamentos. Para isso, tais obras devem prever os seguintes tipos de ações:• armazenamentoesecagem;

• processamentoagroindustrial;

• refrigeração(inclusiveresfriadoresdeleite);

• comercialização;

• marketing;

• pesquisaedesenvolvimento;

• treinamentoeassistênciatécnica;

• feiras,parquesdeexposiçãoeabatedouros;

• estradasvicinais;

• processosdecapacitação;e

• tratamentoedistribuiçãodeágua.

Aquisição de Patrulhas MecanizadasÉ permitida a aquisição de:• tratoresagrícolasdepneusouesteiras;

• motoniveladoras;

• equipamentoseimplementosagrícolas;e

• maquinárionecessárioparaobrasdeconstrução,recuperaçãooureformadeestradasvicinais.

55PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

EletrificaçãoRuralEntende-secomoeletrificaçãoruraloconjuntodeobrasdesuporteelétricodeâmbitocoletivoquevisaofereceràs famílias dos produtores e trabalhadores rurais a infra-estrutura básica de apoio para o acesso à iluminação, aquecimento, refrigeração, lazer, serviços e força eletromotriz para mecanização de todas as etapas do processo agro-silvopastoril e agroindustrial.É permitida a construção de:• redesdedistribuiçãodeenergiaelétrica;

• pequenascentraisdegeraçãohidrelétricaetermelétrica;

• transformadoresdedistribuição;e

• reguladoresdetensão.

10. Ministério das CidadesOMinistériodasCidadesrealizaseusConvêniosnamaioriadoscasosatravésdefinanciamentospelaCaixaEconômica Federal. Suas principais ações são:

10.1. UrbanizaçãoRealiza Convênios nas seguintes modalidades:• Urbanização de áreas ocupadas por sub-habitações - Contempla, mediante ações integradas, interven-

ções necessárias à segurança, salubridade e habitabilidade de áreas ocupadas por favelas, mocambos, pala-fitasououtrostiposdeaglomeradoshabitacionaisinadequados.

• Urbanização de áreas não ocupadas - Esta modalidade contempla intervenções necessárias à urbanização em áreas não ocupadas, devendo ser adotada, exclusivamente, para casos de assentamento de famílias originárias de áreas que:

a)Configuremsituaçãoderiscoouinsalubridade;

b) Não tenham possibilidade de recuperação para uso habitacional;

c)Sejamobjetodelegislaçãoquedefinaproibiçãodeocupaçãoresidencial.

10.2. HabitaçãoContemplaintervençõesnecessáriasàconstruçãodeunidadeshabitacionaisemparcelaslegalmentedefinidasde uma área que disponham de acesso por via pública e, no seu interior, no mínimo, soluções adequadas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica.

10.3. Saneamento Básico Ações previstas: • Implantaçãoeampliaçãodosserviçosdeabastecimentodeágua(municípiospré-selecionadospeloMinistério) - Contempla intervenções necessárias ao aumento da cobertura dos serviços de abastecimento de água nas áreas selecionadas, compreendendo as seguintes ações: a) sistema de captação de água, inclusive estação elevatória; b) adução (água bruta e/ou água tratada), inclusive estações elevatórias; c) reservação; d) estação de tratamento de água (ETA); e) rede de distribuição; f) ligação domiciliar, incluindo instalação de hidrômetro; g)sistemasimplificadodeabastecimento,incluindoconjuntoconstituídodepoços,reservatóriosecha-farizes. •Implantaçãoeampliaçãodosserviçosdeesgotamentosanitário(municípiospré-selecionadospeloMi-

56 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

nistério) - Contempla intervenções necessárias ao aumento da cobertura dos serviços de esgotamento sanitário nas áreas selecionadas, compreendendo as seguintes ações: a) rede coletora, adotando-se, sempre que possível, o sistema condominial; b) estação elevatória; c) interceptor e emissário; d) estação de tratamento de esgoto (ETE); e) ligação domiciliar e intra-domiciliar; f) instalações hidráulico-sanitárias domiciliares. •Implantaçãoouampliaçãodosserviçosdecoleta,tratamentoe/oudisposiçãofinalderesíduossólidos(municípiospré-selecionadospeloMinistério)- Contempla intervenções necessárias ao aumento da cober-turadosserviçosdecoleta,tratamentoe/oudestinaçãofinalderesíduossólidos,compreendendoasseguintesações: a) acondicionamento, coleta e transporte; b) aterro sanitário ou aterro controlado; c) usinas de reciclagem e compostagem; d) erradicação de “lixões”.

10.4.ResíduosSólidosAções previstas: •Erradicaçãode“lixões”- Esta modalidade de ação é obrigatória e contempla intervenções necessárias à eliminação dos “lixões”, minimizando seus impactos ambientais e removendo as famílias de catadores de suas áreas para locais providos de condições de habitabilidade. •Açõescomplementares– Nessa modalidade ainda podem ser desenvolvidas as seguintes ações:a) aterrosanitárioouaterrocontrolado,quandoomunicípionãopossuirdisposiçãofinaladequada;

b) usinas de reciclagem e compostagem, quando o Município não possuir alternativas de tratamento e recicla-gem, estando condicionada ao estudo prévio de sua viabilidade econômica, assim como servindo como opção de geração de emprego e renda para as famílias de catadores;

c) acondicionamento, coleta e transporte, priorizando coleta seletiva.

10.5. Mobilidade Urbana•Melhorianainfra-estruturadotransportecoletivourbanoa) Melhoria na infra-estrutura viária de acesso e mobilidade dos serviços de transporte coletivo urbano, compre-

endendo, entre outros, drenagem pluvial, pavimentação, pontes, viadutos e segregação de vias;

b)Melhoriae/ouimplantaçãodeequipamentosfixosdeapoioaotransportecoletivourbano,taiscomoabrigospara passageiros, terminais de transbordo de passageiros, sinalizações vertical e horizontal nas vias, entre outras intervenções necessárias para a operação do transporte coletivo urbano.

•Apoioàreduçãodeacidentesnotrânsitoa) melhoria e/ou implantação de vias destinadas ao deslocamento e travessia de pedestres e ciclistas;

b) proteção de vias e implantação de passarelas;

c) sistemas de segurança viária, mediante sinalizações horizontal e/ou vertical;

d) equipamentos de obstáculos para a redução de velocidade de veículos.

11. Ministério do TurismoVisando promover o desenvolvimento, interiorização e a infra-estrutura turística do país, o Ministério do Turismo

57PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

vem desenvolvendo as seguintes ações:a) Centros de eventos (convenções, lazer, exposições, feiras);

b) Praças públicas;

c) Parques de exposições e rodeios;

d) Parques públicos (ecológicos e de lazer) e parques de estâncias climáticas, hidrominerais e termais;

e) Terminais de turismo social e de lazer;

f) Casas de cultura e museus;

g) Centros de comercialização de produtos artesanais;

h) Pórticos e portais de cidades (informações turísticas, souvenires);

i) Centros ou quiosques de informações turísticas e centros de apoio ao turista;

j) Implantação de sinalização turística;

•Intervençõesemsítioshistóricos,ambientais,arqueológicos,religiosos(santuários)egeológicos(grutas).•Recuperaçãodeequipamentoseprédioshistóricosparafinsturísticos.•Urbanizaçãooureurbanizaçãodeorlamarítima/fluvialeáreasturísticas.

Fonte: Manual de Instruções para Captação de Recursos Federais elaborado pelo gabinete do Deputado Max Rosenmann (2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existem diversos programas governamentais e privados que disponibilizam recursos financeiros para apoio de projetos voltados ao Terceiro Setor. A concorrência para captar esses recursos tem aumentado paralelamente ao aumento de entidades do Terceiro Setor e, por este motivo, surge a necessidade de se profissionalizar esta atividade que está em processo de maturação, formando a figura do captador de recursos. É importante entender que este profissional será o responsável pela elaboração dos projetos para captação e, este sim passa a ser o grande diferencial. São os projetos bem elaborados, bem fundamentados que acabam exercendo fator decisório no processo final de repasse das verbas. É interessante lembrar que a maioria dessas verbas não são utilizadas exatamente por falta de projetos bem elaborados, consequência da má formação dos captadores de recursos.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO1. Tenório(2008)defineCaptaçãoderecursoscomoalgoalémdasimplesbuscadedinheiro,ouseja,

além de assegurar o recurso necessário para a realização do projeto, também inclui aí a habilidade para melhor utilizar os recursos existentes, buscando atrair e construir novas parcerias. Discorra a respeitodestaafirmação,justificando-acomargumentosextraídosdestaunidade.

2. PaísesdesenvolvidoscomoosEstadosUnidospossuem,desdeoiníciodoséculoXX,profissionaisespecializados em captar recursos. Sabendo que isso é uma tendência, aponte as características

58 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

necessárias para se ter um bom captador de recursos, levando em consideração o que foi estudado na Unidade II.

3. Expliquequaissãoecomofuncionamastrêsmodalidadesderepassederecursosfinanceirospúbli-cos.

Livro: Empreendedorismo e Responsabilidade SocialAutor: Elaine Cristina Arantes e Zélia HalickiEditora: IBPEXEsta obra visa proporcionar ao leitor uma nova percepção sobre Empreendedoris-mo e Responsabilidade Social, temas muito comentados no quotidiano – mas que ainda são relativamente novos na prática do mercado. Dessa forma, visa esclare-cer interpretações errôneas acerca de seus conceitos e aplicação, a partir de tó-picos como: a importância do empreendedorismo; o que é estratégia empresarial; plano de negócios: o que é?; conceitos de responsabilidade social; responsabilida-de social e planejamento estratégico; gestão de marca e ética empresarial.ARANTES, Elaine Cristina; HALICKI, Zélia. Empreendedorismo e Responsabili-dade Social. Curitiba: IBPEX, 2011

UNIDADE III

ELABORAÇÃO DE PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOSPÚBLICOSProfessor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque

Objetivo de Aprendizagem

• Apresentarummodeloestruturadodeprojetovoltadoàcaptaçãoderecursospúblicos.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• OPlanodeCaptação

• UmModelodeProjetodeCaptaçãodeRecursos

61PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

INTRODUÇÃO

Como vimos na unidade anterior, captar recursos é uma tarefa que exige capacitação técnica, principalmente na elaboração do projeto ou plano de captação. Conforme Speak (2002), o plano é uma ferramenta essencial para o captador de recursos, determinando o caminho a ser seguido. Um projeto ou plano bem elaborado corresponde em cerca de 50% das chances de se alcançar sucesso na aquisição de recursos financeiros, daí a importância de dedicarmos um tempo considerável em sua elaboração. Assim, a partir de agora iremos estudar os conceitos para se elaborar um bom projeto ou plano de captação de recursos.

O PLANO DE CAPTAÇÃO

Existem diversos termos que definem o documento utilizado para buscar recursos financeiros: Projeto de captação, Plano de captação ou Plano de negócios.

De todas essas terminologias, talvez, a mais conhecida seja o plano de negócios. De acordo com Borges (2001, p. 23):

O plano de negócios teve origem nos Estados Unidos, onde era exigido para atrair fundos de financiadores particulares. Hoje vem sendo aplicado como instrumental de análise, estruturação e apresentação da viabilidade e atratividade dos negócios de empresas, sejam elas consolidadas ou novas. Além do objetivo operacional, ou seja, fazer um planejamento estruturado e, portanto, beneficiar o aprimoramento da organização, o desenvolvimento de um plano de negócio permite elaborar um documento que promova o negócio da empresa pra investidores e financiadores potenciais. Sob tal aspecto, adquire um grande peso a forma de apresentação das informações levantadas ao longo de seu processo de elaboração.

Assim, o plano de negócios é um documento que deverá ser apresentado ao financiador com argumentos plausíveis que justifiquem a necessidade de repasse de recursos financeiros a determinado projeto. Sua elaboração é, na maioria das vezes, um processo que demanda tempo e dedicação tamanha a sua importância.

Font

e: S

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Figura 3 - Utilidade do plano de negócios

Fonte: BORGES, Renata Farhat et al. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar plano de negócio para organizações sociais / Ashoka Empreendedores Sociais e McKinsey & Company, Inc. – São Paulo: Peirópolis, 2001.

Apesar da sua complexidade, um bom plano de captação precisa ser elaborado de uma maneira clara e direta, facilitando, assim, o entendimento do leitor. É preciso entender que o plano de captação é a representação da empresa, e conseguir uma boa impressão em sua apresentação é fator que favorece em muito a possibilidade de sucesso em conseguir o recurso necessário. Borges (2001, pp. 27-30) sugere que na elaboração deste documento, a utilização das seguintes diretrizes podem fazer diferença na qualidade final de um plano de negócios:

1. Um bom plano de negócio impressiona pela clareza. O leitor deve ser capaz de achar respostas adequadas às suas perguntas e ter facilidade em encontrar os tópicos nos quais está particularmente interessado. Isso significa que o plano precisa ter uma estrutura clara, que permita ao leitor a flexibilidade de escolher o que gostaria de ler. Além disso, qualquer tópico que interesse ao leitor deve ser abordado de forma completa, porém concisa.2. Um bom plano de negócio convence pela objetividade. Algumas pessoas empolgam-se ao descrever o que, em sua opinião, é uma boa idéia. Embora o entusiasmo tenha suas vantagens, um tom objetivo dá ao leitor a oportunidade de analisar cuidadosamente os argumentos expostos. É também, perigoso ser crítico demais com relação ao projeto, como uma maneira de compensar cálculos equivocados ou erros cometidos anteriormente. Isso levantará dúvidas sobre sua capacidade e motivação. Os pontos fracos devem ser mencionados, mas ao elaborar o plano deve-se pensar em métodos para corrigi-los e expor com clareza as soluções.3. Um bom plano de negócio é redigido num estilo uniforme e tem aparência profissional. Normalmente, o plano de negócio é fruto do trabalho conjunto de várias pessoas. No final, esse trabalho precisa ser integrado para evitar que se transforme numa colcha de retalhos de estilos e análises de diferentes graus de profundidade. Por esse motivo, é melhor que uma só pessoa faça a edição da versão final. Por fim, o plano deve ter um layout uniforme e uma aparência profissional. As fontes, por exemplo, devem ser condizentes com a estrutura e o conteúdo e os gráficos, claramente inseridos no texto, facilitando a leitura do material (BORGES, 2001, pp. 27-30).

Precisamos apenas esclarecer que, apesar do plano de negócios também ser utilizado como documento

63PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

para captação de recursos, ele é utilizado para apresentar os elementos-chave para a montagem de um novo empreendimento. Já o projeto para captação de recursos é um documento utilizado para projetos que tenham começo e fim bem definidos.

Apesar de termos conceituado brevemente plano de negócios, iremos nos ater à elaboração de projetos de captação de recursos.

Diversos modelos de estrutura de projeto de captação de recursos ou plano de negócios, específicos para a captação de recursos públicos, podem ser encontrados na própria Internet. Entretanto, é necessário ressaltar que, de todos estes modelos, algumas informações são essenciais e devem estar presentes em qualquer projeto para captação. Falcão (2008, p. 6) sugere um modelo que, segundo ele, detém e contém a melhor maneira para se elaborar o projeto:

1. Introdução;2. Justificativa do projeto;3. Objetivo Geral;4. Objetivo Específico;5. Etapas;6. Atividades;7. Indicadores;8. Fatores de Risco e Mitigantes;9. Metodologia;10. Cronograma;11. Orçamento;12. Anexos.

INSTITUIÇÃO

A primeira parte do projeto deve ser precedida pela apresentação da organização, ou seja, no item instituição é necessário que se faça uma descrição detalhada que contenha todas as informações pertinentes referente à organização. É nesta etapa que deverá ser inserido a Missão e Visão da organização.

Font

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OCK.

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64 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Missão

A missão é importante por ser uma síntese da razão de existência da entidade dando o direcionamento e linha de atuação da organização.

Borges (2001, p. 38) recomenda a observação das seguintes características na definição da missão:1. Descrever a realidade existente: a descrição da missão deve corresponder à realidade. No decorrer do processo de amadurecimento das organizações, é natural que ocorram mudanças no seu foco de atuação. Neste caso, a missão também deve ser revista para manter uma coerência entre a atuação da organização e sua razão de ser.2. Reflete valores e prioridades: a missão mostra qual é o foco de atuação da organização e deve refletir seus próprios valores. Alguns autores defendem que organizações altamente eficazes devem constantemente rever sua missão [...].3. Não está necessariamente sujeita ao tempo: a validade de uma missão pode não estar sujeita ao tempo, pois isso implicaria afirmar que a organização só teria razão de existir por um tempo determinado. Em geral, a noção de tempo pode ser introduzida quando falamos de visão [...]. É importante salientar que isso não significa que a missão não possa ser revista e sim que ela não deve ter seu “prazo de validade” predeterminado.4. É clara: é essencial que a missão da organização seja expressa de forma clara, com uma linguagem simples que possa ser entendida por qualquer pessoa da organização e de fora dela (BORGES, 2001, p. 38).

Figura 4 – Exemplos de missão

Fonte: BORGES, Renata Farhat et al. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar plano de negócio para organizações sociais / Ashoka Empreendedores Sociais e McKinsey & Company, Inc. – São Paulo: Peirópolis, 2001.

Visão

Entende-se por visão as aspirações futuras da organização, em termos de objetivos que ela pretende atingir. Borges (2001) recomenda, para a elaboração da visão, que ela seja envolvente, ousada, porém

65PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

atingível, ou seja, a visão necessariamente deve ser atingível. Visões fora da realidade podem cair em descrédito tendo efeito contrário desejado.

Figura 5 - Exemplos de visão

Fonte: BORGES, Renata Farhat et al. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar plano de negócio para organizações sociais / Ashoka Empreendedores Sociais e McKinsey & Company, Inc. – São Paulo: Peirópolis, 2001.

JUSTIFICATIVA DO PROJETO

Feita a apresentação da organização, nesta etapa é necessário que justifique a necessidade da realização do projeto, ou seja, deve-se elaborar um resumo para que se tenha uma visão geral do projeto. Falcão (2008, p.11) enfatiza que a justificativa do projeto deve ser escrita pensando em apresentá-lo de uma forma geral, ressaltando suas qualidades e as vantagens para conquistar o parceiro, tudo no máximo em três páginas. O autor recomenda que este resumo contenha:

1. Antecedentes: deve trazer o parceiro para o nosso contexto técnico e geográfico, pois ele pode não conhecer a nossa área de atuação, nem o local onde o projeto será implementado.2. Situação atual: identificar o problema a ser enfrentado.3. Situação final: Apresentar o que será alcançado ao final do projeto.4. Beneficiários: quem serão os beneficiários diretos ou indiretos ou seu público alvo.5. Parceiros: conforme as parcerias vão se concretizando é importante listá-las informando qual a contribuição de cada uma delas para o projeto [...]. Tudo sem entrar em maiores detalhes.6. Duração: tal duração se refere ao financiamento e não exatamente ao projeto. O projeto pode continuar, mas é preciso permitir que o financiador saia do projeto sem ter perda de imagem [...]. se estiver buscando um parceiro pela primeira vez recomendo que a duração do projeto (financiamento) fique por volta de um ano. Conforme esta relação de parceria vai amadurecendo este prazo poderá aumentar.7. Custo: deve-se registrar o custo total e a quantia que está faltando.8. Considerações Especiais: Esta é a parte fundamental da justificativa na conquista do parceiro. Antes de tudo é preciso lembrar que hoje estima-se a existência de 270.000 ONGs no Brasil. Logo,

66 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

a existência de uma outra instituição com um projeto parecido com o nosso é mais do que uma probabilidade, é quase uma certeza. Assim sendo, por que alguém participaria do nosso projeto e não do outro?[...] Descubra o seu diferencial e o descreva (FALCÃO, 2008, p.11).

ESTRUTURA DO PROJETO

Neste momento deve-se preparar a estrutura do projeto. Falcão (2008, p.17) salienta que:

“Projeto bem escrito é aquele que qualquer gerente é capaz de implementá-lo, sem precisar contatar quem o escreveu, então, enquanto a justificativa é escrita pensando no parceiro que se quer conquistar, a estrutura do projeto se escreve pensando no gerente que irá implementá-lo”.

Fazem parte da estrutura do projeto: objetivo geral, objetivo específico, etapas e atividades. Para a apresentação desta parte do projeto, ao invés de realizá-la em texto corrido, pode-se utilizar a forma de organograma que tem como vantagem a possibilidade de se visualizar toda a estrutura em apenas uma página favorecendo uma maior compreensão do conjunto de atividades em relação aos objetivos propostos, como pode ser observado na figura 6.

Figura 6 – Exemplo de estrutura de projeto em formato de organograma

Fonte: Adaptado de Falcão (2008)

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

67PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

É importante ressaltar que todo projeto, obrigatoriamente, tem etapas de infraestrutura, técnico e administrativo/financeiro e, suas atividades referem-se às listagens do que será feito para se atingir as etapas e por consequência o objetivo específico. Falcão (2008) nos lembra ser fundamental o não esquecimento de nenhuma atividade, pois nelas serão baseadas o organograma, o orçamento e sua própria implementação.

Metodologia

Todo projeto possui metodologia que, nada mais é, do que o caminho a ser seguido para se alcançar os objetivos propostos elencados no projeto. Neste momento, deve-se explicar, tecnicamente, como serão realizadas todas as atividades propostas na estrutura do projeto.

Indicadores e Formas de Verificação

Quem nunca perdeu uma amizade por causa de dinheiro? Um ditado popular muito conhecido diz que não devemos nunca misturar amizade e dinheiro. Não são só amizades que se perdem por causa do dinheiro, parcerias são extintas quando uma das partes deixa de cumprir seu papel acordado. Assim, é neste item que deveremos deixar claro, para nosso possível parceiro, de que maneira iremos provar que se fez o que se propôs a fazer no período determinado. Falcão (2008) recomenda a existência de pelo menos um indicador de qualidade e um de quantidade para cada etapa e objetivo específico, e no máximo, o número necessário para provar o que se quer provar. O acordado e registrado não sai caro.

Fatores de risco e Fatores Mitigantes

Toda atividade detém certo grau de risco e é preciso ter consciência disso para que se possa tomar as devidas precauções para minimizá-los. Durante a elaboração do projeto, a etapa Fatores de risco e Fatores Mitigantes será preenchida de maneira a esclarecer ao parceiro quais as medidas estão sendo tomadas para diminuir e, até mesmo, eliminar possíveis situações desagradáveis. Tomemos como exemplo um projeto que esteja pleiteando a aquisição de computadores, nos dias de hoje, há uma grande chance que essas máquinas possam ser roubadas, assim, faz-se necessário a contratação de um seguro. Em um primeiro momento, isto poderá encarecer o projeto, entretanto, a longo prazo este custo tende a ser diluído.

Uma maneira simples de se medir o risco em determinadas situações é utilizando uma matriz de gerenciamento de risco conforme figura 7:

Font

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68 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Figura 7 – Matriz de gerenciamento de Risco

Fonte: Elaborado pelo autor

Falcão (2008) nos lembra que pensar nos fatores de risco e mitigantes obriga o responsável pelo projeto a pensar como um gerente pode planejar suas ações evitando 99% das surpresas pelo caminho.

Na maioria das vezes não estaremos presentes quando o projeto for lido, assim, ao se levantar os riscos e seus fatores mitigantes, estaremos respondendo às perguntas que possam surgir de nossos possíveis parceiros financeiros. Além de mostrar profissionalismo na condução das atividades.

Cronograma

Nesta fase, iremos apresentar as atividades que serão executadas juntamente com o tempo previsto para a sua realização.

Tenório (2005, p. 44) mostra que em termos gerenciais, a utilização do cronograma favorece:1. Identificar as atividades e o tempo necessário para sua execução;2. Estimar o tempo em face dos recursos disponíveis;3. Analisar a possibilidade de superpor atividades, executando-as em paralelo;4. Verificar a dependência entre as atividades.

Talvez, o cronograma mais utilizado seja o cronograma de barras, entretanto é possível realizar uma junção deste com um cronograma físico-financeiro no qual podemos acrescentar o desembolso mensal, conforme a tabela 1:

69PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Tabela1–CronogramaFísico-Financeiro

Cronograma

Físico Financeiro1 2 3 4 5 6 Custo

Etapa 1 (4 meses) 70

Atividade 1.1 (2 meses) 40

Atividade 1.2 (2 meses) 30

Etapa 2 (3 meses) 30

Atividade 2.1 (2 meses) 20

Atividade 2.2 (1 mês) 10

Desembolso 20 20 15 30 10 05 100

Fonte: Falcão (2008)

A utilização do cronograma físico-financeiro facilita o gerenciamento orçamentário do projeto, de maneira que há de se fazer previsões de desembolso financeiro mensal. Em apenas um quadro é possível verificar a quantidade de dinheiro que será gasto por atividade e o valor total do mês.

Outra ferramenta importante que deve ser utilizada é o quadro de fontes, uma vez que esse complementa o cronograma físico-financeiro informando qual será a contrapartida da instituição, o que já está financiado e o que falta financiar.

Tabela2–CronogramaFísico-Financeiro

Usos e Fontes Contrapartida Financiado Falta Financiar Custo

Etapa 1 70

Atividade 1.1 40

Atividade 1.2 30

Etapa 2 30

Atividade 2.1 20

Atividade 2.2 10

Desembolso 40 35 25 100

Fonte: Falcão (2008)

70 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

ORÇAMENTO

Chegou o momento de discriminar o valor orçamentário do projeto, ou seja, quanto irá custar para realizar nossos objetivos propostos.

O orçamento é a descrição e quantificação financeira de todos os recursos que pretendemos pôr em prática, em outras palavras, é aqui que se irá especificar onde será gasto o dinheiro que se está pretendendo.

Segundo Benício (2000 apud FREDER, 2008, p. 8):O orçamento é um instrumento de natureza econômica elaborado com o objetivo de prever determinadas quantias que serão utilizadas para determinados fins. Ele consiste em um resumo sistemático, ordenado e classificado das despesas previstas e das receitas projetadas para cobrir essas despesas.

É preciso que fique claro que o orçamento do projeto, na maioria das vezes, é diferente do orçamento da instituição, uma vez que, no plano de captação o orçamento faz referência, como já foi dito, ao custo de implementação e realização do mesmo.

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71PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

Figura 8 – Modelo de orçamento solicitado pelo ministério da cultura para projetos culturaisFonte: Elaborado pelo autor

72 PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS | Educação a Distância

A Figura 8 apresenta um modelo de orçamento que é utilizado na elaboração de projetos culturais dirigidos à captação de recursos do ministério da cultura.

É importante atentar para a necessidade de o orçamento ser preciso. Nenhum valor pode ficar de fora da planilha, pois isto irá comprometer a realização do projeto. É extremamente necessário que nesta parte do projeto o elaborador tenha o devido cuidado e seja detalhista, uma vez que, caso os valores solicitados não sejam totalmente comprovados e discriminados a chance do financiador rejeitar o projeto é de 100%.

Anexos

Falcão (2008) recomenda um item com anexos que deve ser utilizado para complementar tudo o que foi dito. Segundo o autor, a ideia é dar opções, ou não sobre detalhes do projeto e quais detalhes conhecer. É comum ser solicitado nos anexos a relação de equipamentos e materiais a serem adquiridos, perfil da equipe a ser contratada, plantas, fotos, memória de cálculo entre outras informações.

Os 10 Mandamentos da Responsabilidade Social1. Antes de implantar um projeto social pergunte para umas vinte entidades do Terceiro Setor para saber o que elas realmente precisam. A maioria das empresas começa seu projeto social procurando uma “boa idéia” internamente.Contrariando os preceitos da administração que exige pesquisar primeiro o mercado antes de sair criando novos, na área social estes princípios são jogados fora. A maioria dos projetos começa nos departamentos de marketing das empresas sem consultar as entidades que são do ramo.OespíritodoTerceiroSetoré“servirooutro”,eistosignificaperguntarprimeiro:“Oquevocêsprecisam?”.2. O que as entidades precisam normalmente não é o que sua empresa faz, nem o que a sua empresa quer fazer.O conceito de “sinergia” é muito atraente e poderoso para a maioria dos executivos, mas lembra um pouco aquele escoteiro que atravessa um cego para o outro lado da rua sem perguntar se é isso que o cego queria. Dar aula de inglês para moradores de favelas só porque você tem uma cadeia de escolas de inglês, não é resol-ver o problema do Terceiro Setor. Mas é o que uma escola de inglês tende a fazer.Pode ser uma forma de resolver o seu problema na área social, com o menor esforço. Se toda empresa pensar assim, quem vai resolver o problema da prostituição infantil, abuso sexual, violência, dos órfãos? Ninguém.Por isto, muitas entidades estão começando a ver este movimento de empresas “socialmente responsáveis” commausolhos.“Ondeestavamestasempresasnestesúltimos400anos,quandofizemostudosozinhos?”,éa primeira pergunta que fazem. “Por que muitas estão iniciando projetos iguais ao que fazemos, ao invés de nos ajudar?”3. Toda empresa que assumir uma responsabilidade será mais dia menos dia responsabilizada.Da mesma forma que sua empresa será responsabilizada pelos péssimos produtos que venha a produzir, seu insucesso em reduzir a pobreza ou uma criança que for maltratada no seu projeto social, também será respon-sabilidade da sua empresa. E empresas que tem 10.000 funcionários, 12 dos quais no departamento de responsabilidade social irão fracas-sar no seu intento.

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4. Assumir uma responsabilidade social é coisa séria. Creches não mandam embora órfãos porque a diretoria mudou de idéia. Muitas empresas “socialmente responsáveis” não estão assumindo responsabilidades sociais. Nenhuma empresa está disposta a adotar um órfão, um compromisso de 18 anos. A maioria das empresas “so-cialmente responsável” está no máximo disposta a bancar um projeto por um único ano. E não poderia ser o contrário. Empresas não podem assumir este tipo de responsabilidade, não foram constitu-ídas para tal. As entidades foram instituídas para exatamente prestar serviços sociais, e é triste ver que estão perdendo espaço. Se o projeto não ganhar um destes prêmios de Responsabilidade Social, troca-se de projeto. Hoje, a tendência das empresas é trocar de projeto a cada dois anos se ela não for premiada, por outro que tenha mais chance de vencer no ano seguinte. 5. Todo o dinheiro gasto em anúncios tipo “Minha Empresa É Mais Responsável do que o Concorrente”, poderia ser gasto duplicando as doações de sua empresa. Os líderes sociais do país, que cuidam de 28 milhões de pessoas carentes, não têm recursos para comprar anúncios caríssimos na imprensa. Depois desta onda de responsabilidade social o “Share of Mind” do Terceiro Setor tem caído de 100% para 15%. Cinco anos atrás, o recall espontâneo de instituições responsáveis na mente do público em geral, eram a AACD, as APAES e a Abrinq. Hoje,osnomesmaiscitadossãodeempresasquenofundousaramoTerceiroSetorparaficaremconhecidas.Bomparaasempresaseseusprodutos,péssimoparaaAACDeseusdeficientes.Lembre-se também, que todas as religiões sem exceção recomendam não alardear os atos de responsabilidade social, que deveriam ser discretos e anônimos. Quem alardear sua bondade sofrerá a ira do povo, uma sabedoria milenar em todas as crenças do mundo. Algo para se pensar.6. Entidades têm no social seu “core business”, dedicam 100% do seu tempo, 100% do seu orçamento para o social. Sua empresa pretende ter o mesmo nível de dedicação?IrmãLinaéanossaMadreTerezadeCalcutá.ElaveiodaItáliacuidarde300portadoresdehanseníaseconfina-dos em Guarulhos, e sabia com certeza que iria morrer da doença, o que não a impediu de cumprir a sua missão.Sua empresa estaria disposta a morrer pela sua causa social? A maioria das empresas ao primeiro sinal de recessão corta 30% da propaganda, 50% do treinamento e 90% dos projetos sociais. Justamente quando os problemas sociais tendem a aumentar.As empresas brasileiras estão dedicando em média 1% do lucro ao social, o que corresponde a 0,1% das recei-tas. As entidades sociais dedicam 100% de suas receitas e 100% do seu tempo. Se sua empresa socialmente responsável acredita que poderá competir com as “Irmãs Linas” do país, e que terá coragem de subir num palco e receber um Prêmio de Cidadania Corporativa é acreditar que nossos consumido-res são um bando de idiotas. Se você é um executivo de marketing, por acaso você esteve presente quando a Irmã Lina recebeu o seu Prêmio BemEficiente?Maselanotouasuaausência,eviuoanúnciodesuaempresadizendocomoelasepreocupacom o social. 7. O consumidor não é bobo. O consumidor sabe que o projeto social alardeado pela empresa está embutido no preço do produto. Ninguém dá nada de graça. Isto, todo consumidor sabe de cor. E quem disse que o consumidor comunga com a mesma causa que sua empresa apadrinhou? Sua empresa pode ser “Amiga das Crianças”, mas seu consumidor pode sentir que os velhos são os verdadeiros excluídos.Afirmarqueoprojetosocialécusteadopelolucrodaempresa,enãoentracomodespesa,nãoconvencenin-guém.O lucropertenceaosacionistas,nãoaosexecutivosdaempresa.Namaioriadospaíses,filantropiaé

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feita na pessoa física não na jurídica. Não existe Fundação Microsoft, e sim Fundação Bill Gates. Da Microsoft queremos bons softwares, não bons projetos sociais. 8. Antes de querer criar um Instituto com o nome da sua empresa ou da sua marca favorita, lembre-se que a maioria dos problemas sociais é impalatável. Empresas que criaram institutos com a marca da empresa fogem de problemas sociais complicados como o diabo foge da cruz. Nenhumadelasquerajudararesolverproblemascomohanseníase,abusosexual,prostituiçãoinfantil,deficiên-cia mental, autismo, Aids, discriminação racial, velhice e Alzheimer, doenças terminais, alcoolismo, dependência química, drogados, mães solteiras, pais abusivos, pois são projetos que não se adequam bem à imagem que você quer imprimir para a sua marca.Marcas são penosamente construídas e não dá para discordar desta relutância em apoiar projetos “mercadologi-camente incorretos”. Você terá que decidir o que vem em primeiro lugar, se sua marca ou a sua responsabilidade social, decisão ética de primeira importância. Empresas que criaram institutos ou fundações com a marca da empresa, preferem projetos como educação, adolescentes, esportes ou ecologia, projetos que “não dão problemas”.9. Evite usar critérios empresariais ao escolher seus projetos sociais, como “retorno sobre investimento” ou “en-sinarapescar”.Estaáreaéregidaporcritérioshumanitários,nãocientíficosoueconômicos.Empresáriostendemausarcritériosempresariaisparadefinirquaisprojetosapoiar,emboraestesejaumsetorde critérios humanitários. Um dos “mantras” das empresas socialmente responsáveis é que elas ensinam a pescar em vez de fazer “mero assistencialismo”. Sóque,quandoasentidades fazem “meroassistencialismo”,deficientevisualsaicomóculos,criançascomcâncer saem curadas, órfãos são cuidados, paraplégicos saem com cadeiras de rodas.Nos projetos que “ensinam a pescar”, 90% dos recursos acabam nas mãos dos professores, e 10% ao consultor social idealizador do projeto.10.Aresponsabilidadesocialénofinaldascontas,sempredoindivíduo,dovoluntário,dofuncionário,dodono,do acionista, do cliente, porque requer amor, afeto e compaixão. Na literatura encontramos duas posições bem claras. Uma que a responsabilidade social é do governo, por isto estamos pagando quase 50% da nossa renda em impostos. Sem muito resultado. A segunda posição é que a responsabilidade social é do indivíduo, da comunidade, da congregação, das Ongs organizadas para tal.No Brasil, surgiu uma terceira visão, de extrema direita. Que a responsabilidade social é das empresas e dos empresários, que a agenda social deve ser estabelecida por executivos e empresários, sob critérios empresa-riais de retorno de investimento. Empresas, como o governo, são impessoais. E, ainda corremos o perigo dos poucos indivíduos que achavam que a responsabilidade é do indivíduo acabem lavando as mãos achando que a responsabilidade é do governo e das empresas. Por que então se envolver?E agora, o que fazer ? Empresas estão agora ganhando dinheiro vendendo a imagem de bonzinhos na área social. Virou um grande negócio,existemagorainteressesapreservar,oladovoluntárioefilantrópicosefoiparasempre.Lamentodizerquejoguei10anosdaminhavidafora,tentandoincentivarovoluntariadoindividualeafilantropiapessoalatravésdossiteswww.voluntarios.com.brewww.filantropia.org;eenaltecendoaimagemdasentidadesindependentescomoPrêmioBemEficiente®.Foitudoemvão.

Stephen Kanitz Fonte: <http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/responsabilidade_social.asp>.Acesso em: 19 nov. 2011.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade verificamos que existem dois documentos utilizados para captação de recursos, o plano de negócio que é utilizado para a implementação de novos empreendimentos e o projeto de captação de recurso, utilizado especificamente para atividades que possuam começo e fim bem definido. Entretanto, cabe ressaltar que, quando estamos tratando de projetos voltados para o Terceiro Setor, a maioria desses não terá um fim, afinal, seu propósito é, justamente, atuar onde setores governamentais deixam a desejar.

Foi apresentado um modelo de projeto onde percorremos todas as etapas necessárias quando da sua elaboração, apresentando exemplos de ferramentas que devem ser utilizadas para que se tenha um projeto de qualidade e que possa representar com a máxima realidade a entidade e seus objetivos.

Para finalizar, dificilmente haverá a possibilidade de se apresentar pessoalmente o projeto, principalmente no contexto social atual com a facilidade das ferramentas tecnológicas e redes de comunicação como a Internet. A grande maioria das entidades financiadoras solicita o envio dos documentos por meio digital, assim, é preciso ressaltar, mais uma vez, a importância de se ter um projeto bem escrito.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO1. Nesta Unidade estudamos um modelo de projeto para captação de recursos composto por 12 itens.

Elenque cada um desses itens, explicando-os detalhadamente.

Livro: Guia do Incentivo à CulturaAutor: Fábio de Sá CesnickEditora: ManoleAutilizaçãodoincentivofiscaléfrequenteemnossopaíseéaplicadaemvárioscampos da atividade humana. O incentivo à cultura, porém, sofre de uma carência de publicações que aliem aspectos doutrinários a uma ótica mais técnica. Apresen-tando tópicos importantes como leis federais, estaduais e municipais comentadas ebenefíciosfiscaisparaempresasinvestidoras,esteGuiadoIncentivoàCulturaé uma contribuição àqueles que se lançaram ou querem lançar-se no caminho da construção e da sedimentação responsável do nosso patrimônio artístico e huma-nístico,sendodeinteresseparaempresasqueinvestememcultura,profissionaiscomo artistas, produtores e advogados, além de estudantes de Direito, Comuni-

cação e Marketing. A segunda edição do Guia traz ainda todas as mudanças introduzidas com o novo decreto da Lei Rouanet (de 2006), bem como os detalhes da MP n. 2.228/01, que cria a ANCINE (Agência Nacional do Cinema),alémdosdiversosnovosmecanismosdefinanciamentoaoaudiovisual.Alémdisso,oleitorencontrana publicação as novidades da Lei do ICMS de São Paulo e sugestões precisas relacionadas com a difícil tarefa decaptaçãoderecursos.EstelivrodeFábioCesnikpreencheumalacunanabibliografianacional,tornando-seleituraobrigatóriasobretudoaosprofissionaisdoDireito,aosseusagentes,àquelesquepatrocinamacultura.Traz excelente contribuição na matéria, colaborando, em decorrência, para o desenvolvimento cultural do Brasil.CESNICK, Fábio de Sá. Guia do Incentivo à Cultura. Barueri, SP: Manole, 2007.

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CONCLUSÃO

Caro aluno, chegamos ao final de nosso material sobre captação de recursos públicos. Buscamos apresentar a vocês os conceitos teóricos necessários para alcançar o sucesso em captação de recursos.

Procuramos estabelecer uma trajetória na qual se iniciou com o desejo que algumas pessoas têm em ajudar o próximo e a sociedade em que vive, buscando ajudar a melhorar a qualidade de vida daqueles mais necessitados, com isso definimos o termo Filantropia e Filantropo que acabam direcionando a sociedade para o surgimento daquilo que ficou conhecido como o Terceiro Setor, com isso, apresentei a você que, na falta de adequada assistência do Estado em conduzir questões socioculturais e esportivas, a sociedade se estabelece em entidades que procuram suprir essa carência deixada pelo governo, ou seja, estabelecendo o Terceiro Setor.

Na Unidade II, nosso principal foco foi definir, especificamente, o que vem a ser captação de recursos, mostrando que no Brasil, assim como já acontece em países desenvolvidos, captar recursos deve ser realizado por profissionais com qualidades e características específicas, ou seja, esta é uma função que deve ser conduzida por profissionais da área tendo em vista a demanda crescente por recursos e, consequentemente, com o aumento da disputa por esses entre diversas entidades constituídas no país.

Continuando com nosso trabalho, mostramos que existe uma grande quantidade de recursos disponíveis, mas para se ter acesso a eles é necessário a elaboração de bons projetos e para isso trouxe a você uma sugestão já consolidada de como elaborar um bom projeto para captação de recursos.

Para finalizar é preciso entender que o sucesso na condução do processo de captação de recursos está atrelado à elaboração de projetos sólidos e consistentes. Os recursos estão aí presentes e aguardando para serem utilizados, entretanto, para isso é fundamental que se prove a relevância dos projetos e sua competência em realizá-los.

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