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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Economia, Administração, Atuárias e Contabilidade. Departamento de Administração Curso de Administração de Empresas Projeto Teórico – Prático A TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO E A DINÂMICA ORGANIZACIONAL: FOCO NA EMPRESA LUBNOR (PETROBRAS) Pedro Recamonde Bruna Mesquita Eugênia Vale Jaqueline Martins Laane Queiroz Mariana Antunes

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Page 1: projeto-teorico-pratico-1

Universidade Federal do Ceará

Faculdade de Economia, Administração, Atuárias e Contabilidade.

Departamento de Administração

Curso de Administração de Empresas

Projeto Teórico – Prático

A TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO E A DINÂMICA ORGANIZACIONAL:

FOCO NA EMPRESA LUBNOR (PETROBRAS)

Pedro Recamonde

Bruna Mesquita

Eugênia Vale

Jaqueline Martins

Laane Queiroz

Mariana Antunes

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01:Variáveis básicas da TGA....................................................................................10

Figura 02: Habilidades Administrativas...............................................................................11

Figura 03: Três momentos da Administração Científica......................................................13

Figura 04:Plano de incentivo Salarial...................................................................................18

Figura 05: A abordagem microscópica e mecanicista da administração científica..............20

Figura 06: Funções da empresa, segundo Fayol...................................................................25

Figura 07: A Proporcionalidade das funções administrativas..............................................25

Figura 08: Os princípios da administração de Fayol............................................................27

Figura 09: 16 deveres dos gerentes segundo Fayol..............................................................28

Figura 10:Conclusões do experimento de Hawthorne..........................................................36

Figura 11:Períodos de Experimento de Hawthorne..............................................................37

Figura 12: As dimensões da Burocracia...............................................................................46

Figura 13: Características e Disfunções da Burocracia........................................................48

Figura 14: Os níveis organizacionais...................................................................................52

Figura 15: Tipologia de poder, obediência e organização, segundo Etzioni.......................55

Figura 16: O comportamento dos participantes...................................................................56

Figura 17: Ilustração das fontes de conflito.........................................................................59

Figura 18: Divergências entre as duas teorias......................................................................61

Figura 19: Os principais expoentes da Teoria Comportamental da Administração............63

Figura 20: Hierarquia das necessidades humanas, segundo Maslow..................................64

Figura 21: Etapas do processo decisorial.............................................................................68

Figura 22: Modelo de um sistema aberto.............................................................................76

Figura 23: Representação dos parâmetros de um sistema ..................................................78

Figura 24: Representação da influência do meio externo na organização..........................78

Figura 25: Representação do Modelo Sociotécnico............................................................82

Figura 26: Visão sistêmica do processo de mudança dentro de uma organização pública.82

Figura 27: Cadeia causal inferida por Lawrence e Lorsch..................................................90

Figura 28: A Abordagem Contingencial: A busca do equilíbrio ........................................92

Figura 29: Comparação entre os ambientes estáveis e instáveis.........................................94

Figura 30: Vantagens e Desvantagens da Terceirização.................................................... 102

Figura 31: Os 14 Pontos de Deming...................................................................................108

Figura 32: Aspectos positivos e negativos do downsizing.................................................110

Figura 33: Vantagens e Desvantagens do Benchmarking...................................................111

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3

Figura 34: Capacidade e Volume de produção da LUBNOR.............................................124

Figura 35: Divisão por sexo................................................................................................125

Figura36: Numero de Funcionário da Petrobras.................................................................126

Figura 37: História da LUBNOR........................................................................................128

Figura 38: Organograma Geral da PETROBRAS..............................................................134

Figura 39: Organograma da empresa LUBNOR................................................................135

Figura 40: Gráfico de Produção de Derivados....................................................................138

Figura 41: Capacidade e utilização das refinarias...............................................................139

Figura 42: Mercado da LUBNOR em 2007........................................................................140

Figura 43: Capital de Relacionamentos da Petrobras.........................................................150

Figura 44: Metas Sociais da Petrobras................................................................................155

Page 4: projeto-teorico-pratico-1

4

1 INTRODUÇÃO

O projeto teórico-prático de Teoria Geral da Administração (TGA), disciplina

ministrada pelo professor doutor Augusto Cabral, na Universidade Federal do Ceará, tem

como finalidades: fazer um amplo levantamento da literatura a cerca da TGA; investigar a

dinâmica empresarial no atual contexto da internacionalização, criando uma visão geral da

realidade administrativa; fazer analogia entre o conteúdo visto em sala e a realidade

empresarial; além de ser uma oportunidade de aprendizagem (crescimento pessoal e

profissional) e de constituir um pré-requisito parcial da disciplina de TGA do curso de

Administração da FEEAACS.

Quanto à natureza da pesquisa tem-se caráter descritivo e exploratório. A metodologia

utilizada está dividida em duas etapas principais, na primeira, é feito um levantamento dos

fundamentos teóricos de administração através de pesquisas bibliográficas junto a livros,

revista e “sites”. Na segunda etapa, é escolhida e visitada uma empresa, fazendo um estudo da

mesma, através da análise de documentos e da coleta de dados primários por meio de

aplicação de questionários e realização de entrevistas com os principais gestores da empresa;

observando, questionando e analisando todas as informações.

A pesquisa de campo será complementada por informações gerais, analisando sua

posição diante o mercado e influência socioeconômica. Pode concluir que, dessa forma, o

projeto apresenta, quanto aos meios, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e estudo de

caso na empresa em foco. E quanto aos fins, pretendia-se conhecer o funcionamento da

empresa, saber se as teorias administrativas se aplicam à empresa, qual o seu posicionamento

diante da globalização e novas práticas administrativas.

A estrutura do projeto está dividida em sete capítulos. O capítulo inicial, a Introdução,

sintetiza todos os conteúdos a serem trabalhados posteriormente e apresenta o projeto como

um todo. O segundo, A Evolução do Pensamento Administrativo, trata dos fundamentos

teóricos da disciplina de TGA, e está subdividido em três partes, são elas: Os Pilares da TGA,

As Perspectivas Modernas da TGA e o Novo Contexto Organizacional. No capítulo três, A

Dinâmica Organizacional da Empresa LUBNOR, é feita uma análise dos aspectos

mercadológicos, sociais e estruturais da organização. Por fim, os quatro últimos capítulos

tratam respectivamente da conclusão, fontes bibliográficas, apêndices e anexos.

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5

Como foi mencionado anteriormente, será apresentado a seguir um resumo do conteúdo

teórico da disciplina de TGA. Em relação ao Pilares da TGA, serão abordados os seguintes

temas: Administração Científica, Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria

Burocrática.

A primeira teoria abordada é a da Administração Científica que foi criada pelo

engenheiro americano Frederick Taylor e tem sua ênfase colocada nas tarefas. Segundo

Maximiano (2007, p. 52), Taylor e seus seguidores compartilhavam esforços para desenvolver

princípios e técnicas de eficiência que possibilitassem resolver os grandes problemas

enfrentados pelas empresas industriais no século XX. Segundo Chiavenato (2002, p. 41), a

administração científica afirmava que a eficiência das organizações seria alcançada através da

racionalização do trabalho do operário e do somatório da eficiência individual.

A segunda a ser abordada é a Teoria Clássica desenvolvida pelo engenheiro francês

Henry Fayol. Ela tem sua ênfase voltada para a estrutura da organização. Segundo Maximiano

(2007, p. 72), Fayol afirmava que a administração compreende cinco funções básicas:

planejamento, organização, comando, coordenação e controle.

A terceira teoria é a das Relações Humanas que foi criada por Mayo e tem sua ênfase

voltada para a relação psico-social entre todos os trabalhadores da empresa. Segundo

Maximiano (2007, p. 213), em essência Mayo diz que o desempenho das pessoas depende

muito menos dos métodos de trabalho, do que dos fatores emocionais e comportamentais.

Para ele, a fábrica deveria ser vista como sistema social, não apenas econômico ou industrial,

para melhor compreensão de seu funcionamento e de sua eficácia.

A quarta e última teoria é a Burocrática que de acordo com Lacombe e Heilborn (2006,

p. 473), tem como ênfases, segundo Max Weber, a formalização (obediência, as normas,

rotinas, regras, regulamentos); divisão do trabalho; hierarquia; impessoalidade;

profissionalização e competência técnica dos funcionários. Segundo Maximiano (2007, p. 99),

Weber afirmava que as organizações formais modernas baseiam-se em leis que as pessoas

aceitam por acreditarem que são racionais, isto é, definidas em função do interesse das

próprias pessoas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de um dirigente. A burocracia

baseia-se na racionalidade, isto é, na adequação dos meios (recursos) aos objetivos (fins), para

que se obtenham o máximo de eficiência.

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6

Já em relação ao capítulo sobre as Perspectivas Modernas da TGA, serão apresentados

os seguintes temas: Teoria Estruturalista, Teoria Comportamental, Teoria Sistêmica e Teoria

Contingencial. O primeiro a ser explicado é a Teoria Estruturalista que segundo Chiavenato

(2004, p. 289), está voltada para o relacionamento das partes na constituição do todo. A

totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma

das partes são algumas das características básicas do estruturalismo.

O segundo é a Teoria Comportamental que de acordo com Chiavenato (2004, p. 328),

significou o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores e a adoção

de posições explicativas e descritivas. Tem sua ênfase voltada para as pessoas, num contexto

organizacional mais amplo.

O terceiro tema a ser abordado é a Teoria Sistêmica, essa foi desenvolvida pelo cientista

alemão Ludwig Von Bertalanffy. Segundo Chiavenato (2004, p. 477), as entradas (inputs),

processo de transformação, saídas (output), “feedback” e os ambientes são os seus principais

componentes desse estudo.

A última teoria a ser apresentada é a Contingencial para a qual não existe uma forma

única e melhor de organizar os meios para alcançarem objetivos, pois o processo é

influenciado por imprevistos internos e externos. Com o desenvolvimento da Teoria

Contingencial há o deslocamento da visualização de dentro para fora da organização.

O capítulo denominado O Novo Contexto Organizacional está dividido em três temas:

Globalização, Programas/Estratégias de Mudança e Responsabilidade Social e Corporativa. O

primeiro, Globalização trata de uma tendência que surgiu a partir da década de 80 do século

XX e abrangem os contextos econômicos, social, cultura, político e etc. A globalização não é

um processo singular, mas um conjunto complexo de processos. Apesar dos benefícios que a

globalização, ela pode provocar a homogeneização da cultura, extinguindo particularidades de

outros países.

No segundo tema Programas/Estratégias de Mudança serão abordadas as tendências

atuais da administração. Suas inovações estão sendo incorporadas às práticas administrativas.

Dentro do conjunto de mudanças de uma organização estão fundamentadas a terceirização, a

reengenharia, as jornadas variáveis, a gestão ambiental, entre outras.

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No terceiro e último tema temos destacada a Responsabilidade Social e Corporativa que

abrange questões éticas e ambientais. Uma organização socialmente responsável une objetivos

sociais no seu planejamento, utilizando relatórios sobre os progressos. Conforme o instituto

Ethos, há uma avaliação da responsabilidade social por meio da auto-regulação

organizacional, de relações transparentes com a sociedade.

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2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Esse capítulo tem como objetivos desenvolver o referencial teórico que serve de

embasamento para o projeto como um todo. Seus principais elementos são: definição do

termo Administração e de suas diferentes atividades; compreensão de todo o contexto da

Administração, o qual mostra os maiores influenciadores das formas de organização; análise

da busca da eficiência para uma maior produção; na Administração Científica, será verificada

uma ênfase nas tarefas; na Administração Clássica, será ressaltada a importância na estrutura

da organização para execução de um trabalho mais qualificado; na teoria das Relações

Humanas destaca-se a ênfase nas pessoas e no modelo burocrático a ênfase na hierarquia e

estruturação.

A administração existe desde o surgimento do homem, mas é a partir da Idade Média

que o seu conhecimento começa a se consolidar. Referindo-se aos contextos históricos,

conforme Chiavenato (2004, p. 30), devem-se ressaltar algumas contribuições, a saber:

influência dos filósofos, influência religiosa, influência militar, influência da Revolução

Industrial e influência dos economistas liberais. A seguir cada uma delas será apresentada.

• Influência dos Filósofos: Platão, que se preocupou com os problemas políticos e

sociais; Aristóteles estudou a organização do estado e suas formas de administração

pública; René Descartes, que desenvolveu importantes preceitos baseados na lógica;

Thomas Hobbes, que desenvolveu a teoria contratualista do Estado, afirmando que

o homem passou da primitividade à sociedade através de um processo lento e de um

pacto entre todos; Jean-Jacques Rousseau, que desenvolveu a teoria do Contrato

Social;

• Influência Religiosa: a estrutura organizacional da Igreja (hierarquia de autoridade)

serviu de modelo para muitas organizações, como também a unidade de objetivos e

a coordenação funcional.

• Influência Militar: contribuiu com o Princípio de unidade de Comando, escala

hierárquica e princípio de direção.

Page 9: projeto-teorico-pratico-1

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• Influência da Revolução Industrial: passou por dois grandes momentos na história,

sendo o primeiro de 1780 a 1860 e o segundo de 1860 a 1914, provocou

modificações na estrutura empresarial. A primeira Revolução Industrial teve início

na Inglaterra, desenvolveu a administração em virtude de necessidade de mão-de-

obra especializada em grande quantidade, pois a mão-de-obra reinante vinha dos

agricultores e dos trabalhadores rurais expulsos dos campos por estes estarem

mecanizados. É importante lembrar também que foi do avanço tecnológico da época

que surgiu conflitos entre trabalhadores e empresários. Iniciou-se com a

mecanização industrial e agrícola, o desenvolvimento das operações fabris

conjuntamente com o avanço tecnológico. Na segunda fase da Revolução Industrial,

evidenciou-se a fusão de empresas, desenvolvimento de novas formas de

organização capitalista e maquinização das oficinas formando fábricas.

• Influência dos Economistas Liberais: Adam Smith, que enfatizou a necessidade de

especialização dos operários, da racionalização da produção e da divisão do

trabalho; James Mill que, por sua vez, sugeriu medidas para o Estudo do Tempo e

dos Movimentos para o aumento da produção, sendo executados depois por Taylor;

David Ricardo enfocou o capital, o salário, a produção, os preços e os mercados

como itens de custos e, assinalou as funções administrativas – planejamento,

arranjo, condução dos diferentes processos de produção – afirmando que a

racionalização é a melhor forma de utilizar os recursos. Karl Marx e Frederick

Engels analisaram os regimes econômicos e sociais, estudaram o conceito de mais-

valia, em que o trabalho recebe mais do que produz. Segundo Karl Marx, o valor de

toda a mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente

necessário para produzi-la (o trabalho tem que ser valorizado de acordo com que

produz).

De acordo com Chiavenato (2004, p. 21), a história do pensamento administrativo

proporciona uma perspectiva das contribuições e dos problemas com que se defrontou ao

longo do tempo. A evolução de algumas escolas administrativas conduz à idéia de novas

configurações organizacionais, onde o foco está no conhecimento.

A Teoria Geral da Administração iniciou-se com a Administração Científica de Taylor,

com uma grande preocupação com a execução das tarefas. A seguir, verificou-se a Teoria

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Clássica de Fayol e, posteriormente, foi desenvolvida a Teoria das Relações Humanas por

Mayo. Mais tarde, surgiu a Teoria Burocrática dando ênfase no controle total de tudo. Essas

teorias foram criadas à medida que foram aparecendo problemas empresariais, apresentando

soluções específicas para cada época. As quatro teorias citadas têm em comum uma visão

mecanicista da organização. Gradativamente, outras teorias foram surgindo, de acordo com a

necessidade e os problemas apresentados.

Assim, hoje, vive-se a Era do Conhecimento, onde a mudança passou a ser a única

certeza e firmação necessária para a sobrevivência das organizações, demandando por

inovações com inteligência, as atividades produtivas, de marketing, financeiras, entre outras,

gerando um melhor condicionamento econômico nas organizações.

Segundo Chiavenato (2004, p. 12), todas as teorias são aplicáveis às situações de hoje.

O estado atual da TGA é bastante complexo, uma vez que possibilita muitas abordagens e

abrange diversas variáveis que devem ser consideradas, como: tarefa, estrutura, pessoas,

tecnologia e ambiente. Vale ressaltar que o estudo desses elementos é inter-relacionado, como

mostra a figura abaixo.

Figura 01:Variáveis básicas da TGA.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 13).

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A Administração possui caráter eminentemente universal, pois cada empresa necessita

não apenas de um administrador, mas de uma equipe trabalhando harmoniosamente em

direção às metas empresariais. O administrador tem uma formação muito ampla e

diversificada, precisando lidar com pessoas e eventos internos e externos. È um agente de

mudança, programando novas metas, estratégias e tecnologias. É um agente educador, uma

vez que orienta no comportamento e atitudes das pessoas. É um agente cultural na medida em

que, modifica a cultura organizacional da empresa.

As habilidades de um administrador pode ser técnica, humana ou conceitual. A primeira

consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para

realização de tarefas específicas, sendo obtida através da instrução ou da experiência. A

segunda caracteriza-se na capacidade e discernimento para trabalhar com

pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. E, a última

compreende a complexidade da organização global e o ajustamento do comportamento das

pessoas dentro da organização. Esta habilidade permite que o administrador se comporte de

acordo com os objetivos da organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as

necessidades de seu grupo.

Figura 02: Habilidades Administrativas.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 04).

Enfim, a Administração é um meio de fazer as coisas serem feitas da melhor forma,

com um menor tempo e custo e com a maior eficiência e eficácia.

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2.1. OS PILARES DA TGA

Este subcapítulo tem como finalidade apontar as primeiras teorias da administração, a

saber: Administração Científica, Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria

Burocrática; analisar a evolução de cada uma e destacar as principais contribuições das

mesmas na atualidade. Essas teorias são caracterizadas como prescritivas e normativas. Elas

têm sua lógica voltada para o sistema fechado e possuem uma visão determinista (causa e

efeito), além de apresentarem a metáfora mecanicista do sistema.

2.1.1. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

Este assunto tem como objetivos descrever a corrente iniciada pelo engenheiro

americano Frederick Winslow Taylor e destacar suas principais contribuições na atualidade.

A Administração Científica, ou Taylorismo tem como objetivos principais a maximização da

produtividade e a redução de custos. A padronização, a organização racional do trabalho e

especialização de tarefas são algumas de suas características.

2.1.1.1 Informações Gerais sobre Taylor

Segundo Maximiano (2007, p. 52-53), Frederick Winslow Taylor, apesar de ser de uma

família rica e de ter sido aprovado no exame de admissão da Escola de Direito de Harvard,

tornou-se um trabalhador manual. Entre 1874 e 1878, enquanto trabalhava numa empresa de

bombas hidráulicas, começou a observar o funcionamento da empresa. Foi então que

percebeu alguns problemas como: a vadiagem sistemática; a falta de uniformidade das

técnicas e dos métodos de trabalho; o desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho

e de tempo necessário para sua realização e a falta de incentivos para melhorar o desempenho

do trabalhador.

Para resolver esses e outros problemas, Taylor começou a desenvolver seu sistema de

administração de tarefas, mais tarde conhecido como sistema Taylor, Taylorismo e,

finalmente, Administração Cientifica. O movimento desenvolveu-se em três fases como

mostra a figura 2. Em 1910, foi criada a Sociedade para Promoção da Administração

Científica, a qual mai tarde tornou-se a Sociedade Taylor.

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Figura 03: Três momentos da Administração Científica.

Fonte: Maximiano (2007 p. 54).

De acordo com Lacombe e Heilborn (2006, p. 43), a grande preocupação de Taylor

sempre foi com a eficiência. Seu objetivo era produzir com alta qualidade, em grandes

volumes e com pequenos custos, sendo à base da sua administração a divisão do trabalho em

pequenas tarefas, a especialização das pessoas e o estímulo para que produzissem mais,

remunerando-as de acordo com a produção alcançada.

2.1.1.2 Primeira fase da Administração Científica

A primeira fase da Administração Cientifica dedicou-se, quase que exclusivamente, ao

“problema dos salários”. Segundo Maximiano (2007, p. 54), os sistemas de pagamento da

época (pagamento por dia trabalhado e pagamento por peça produzida) tinham o efeito de

fazer o trabalhador acreditar que seu esforço beneficiava apenas o patrão. Assim, como regra

geral, os trabalhadores não se empenhavam como os engenheiros e empregadores achavam

que seria adequado. No sistema de pagamento por dia de trabalho, o salário era fixo, e os

trabalhadores não viam nenhuma vantagem em produzir além do que eles próprios achavam

adequado. No sistema de pagamento por peça produzida, quando a produção aumentava

muito, os administradores diminuíam o valor pago por peça. E assim, os trabalhadores,

sabendo o que esperar, mantinham a produção num nível propositadamente baixo.

A fim de solucionar esse problema, Taylor propunha descobrir, de maneira científica e

exata, qual a velocidade máxima em que o trabalho poderia ser feito, o que ele chamou de

“estudo sistemático do tempo”. Para definir o valor dos salários, as tarefas seriam dividas em

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14

seus elementos básicos e em seguida cronometradas e registradas. Depois disso, eram

definidos tempos-padrão para os elementos básicos. Ainda segundo Maximiano (2007, p. 55),

percebeu-se que o estudo de tempos (e, em seguida, de tempos e movimentos) era um

processo que tinha um valor intrínseco de permitir o aprimoramento do trabalho operacional,

através da racionalização dos movimentos.

2.1.1.3 Segunda fase da Administração Científica

Segundo Maximiano (2007, p. 56-57), essa fase teve como foco principal o

aprimoramento dos métodos de trabalho. Taylor, a partir da publicação de Shop Management

(Administração de Oficinas), em 1903, se preocupa intensamente em propor técnicas de

aumento de produção. Para reduzir os custos de produção, ele sugeria que a Administração

aplicasse métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e

estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris. Taylor

tratou ainda de outros aspectos nesse segundo trabalho. Entre eles: padronização de

ferramentas e equipamentos, seqüenciamento e programação de operações e estudo de

movimentos.

2.1.1.4 Terceira fase da administração científica

Maximiano (2007, p. 57) relata que no livro Princípios da Administração, Taylor

sintetiza os objetivos da administração científica:

• Desenvolver uma ciência para cada elemento do trabalho, para substituir o velho

método empírico.

• Selecionar cientificamente e depois treinar, instruir e desenvolver o trabalhador,

que, no passado, escolhia seu próprio trabalho e treinava-se o melhor que podia.

• Cooperar sinceramente com os trabalhadores, de modo a garantir que o trabalho seja

feito de acordo com princípios da ciência que foi desenvolvida.

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15

• Existe uma divisão quase igual de trabalho e de responsabilidade entre a

administração e os trabalhadores. A administração incumbe-se de todo o trabalho

para o qual esteja mais bem preparada que os trabalhadores, enquanto no passado

quase todo o trabalho e a maior parte do trabalho recaíam sobre a mão-de-obra.

Nesta fase, a principal mudança recomendada era a criação de um departamento de

planejamento, ao qual caberia o trabalho, eminentemente intelectual, de estudar e propor os

aprimoramentos no chão-de-fábrica. A segunda mudança era a ampliação de supervisores

funcionais, cada um cuidando de um aspecto do trabalho operacional.

2.1.1.5 Integrantes do movimento

Segundo Maximiano (2007, p. 58-62), vários colaboradores e seguidores reuniram-se

em torno das idéias da administração científica. Os que ficaram mais conhecidos foram: Frank

e Lillian Gilbreth, Henry Gantt e Hugo Munsterberg, a seguir as principais colaborações de

cada serão comentadas.

• Frank Gilbreth: foi o inventor dos andaimes móveis e de muitos outros dispositivos

de construção (inclusive misturados de concreto, correias transportadoras e barras

de reforço). No entanto, sua principal contribuição foi o estudo dos movimentos, os

quais foram foco de seu livro (Sistema de Construção) de 1909. Frank disse em seu

livro que o trabalhador precisa conhecer seu ofício, deve ser rápido e deve fazer o

mínimo de movimentos para alcançar o resultado desejado.

• Lillian Gilbreth: era esposa de Frank e decidiu estudar psicologia aplicada à

administração, a fim de acompanhar o trabalho do marido. Preocupou-se com o

aprimoramento dos métodos de trabalho.

• Henry Gantt: sua principal contribuição foi o método gráfico de acompanhar fluxos

de produção conhecida como o gráfico de Gantt. Foi um dos responsáveis pelos

primeiros treinamentos profissionalizantes e é considerado um idealista, pois

pregava que a cooperação entre patrões e empregados deveria prevalecer, em lugar

do autoritarismo dos patrões.

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16

• Hugo Munsterberg: criador da psicologia experimental, fez contribuições em quase

todos os campos da psicologia. Foi ele, também, que desenvolveu alguns dos

primeiros testes de seleção de pessoal.

2.1.1.6 Organização Racional do Trabalho

Segundo Chiavenato (2004, p. 56-63), como há sempre um método mais rápido e um

instrumento mais adequado que os demais, esses métodos e instrumentos melhores podem ser

encontrados e aperfeiçoados por meio de uma análise científica e um apurado estudo de

tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operário. Essa tentativa de

substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de

Organização Racional do Trabalho.

Essa organização está fundamentada nos seguintes aspectos: análise do trabalho e do

estudo dos tempos e movimentos; estudo da fadiga humana; divisão do trabalho e

especialização do operário; desenho de cargos e tarefas; incentivos salariais e prêmios de

produção; conceito de homo economicus; condições ambientais de trabalho, como

iluminação, conforto; padronização de métodos e máquinas e supervisão funcional. Os

mesmos serão detalhados a seguir.

• Análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos

Como já foi dito, o instrumento básico para se racionalizar o trabalho dos

operários era o estudo de tempos e movimentos. Os movimentos inúteis eram

eliminados enquanto os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou

fundidos com outros movimentos para proporcionar economia de tempo e de esforço ao

operário, o que resultaria no que chamamos de tempo padrão. As vantagens dessa

análise eram:

1. Eliminação do desperdício de esforço humano e dos movimentos inúteis.

2. Racionalização da seleção e adaptação dos operários à tarefa.

3. Facilidade no treinamento dos operários e melhoria da eficiência e rendimento

da produção pela especialização das atividades.

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17

4. Distribuição uniforme do trabalho para que não haja períodos de falta ou

excesso de trabalho.

5. Definição de métodos e estabelecimento de normas para a execução do

trabalho.

6. Estabelecer uma base uniforme para salários eqüitativos e prêmios de produção.

• Estudo da fadiga humana

Esse estudo baseia-se na anatomia e na fisiologia humanas. Verificou-se que a

fadiga predispõe o trabalhador para: diminuição da produtividade e qualidade do

trabalho, perda de tempo, aumento da rotatividade de pessoal, doenças e acidentes e

diminuição da capacidade de esforço. Em suma, a fadiga é um redutor da eficiência.

• Divisão do trabalho e especialização do operário

Uma das decorrências do estudo dos tempos e movimentos foi a divisão do

trabalho e a especialização do operário a fim de elevar a sua produtividade. Com isso,

cada operário passou a ser especializado na execução de uma única tarefa para ajustar-

se aos padrões descritos e às normas de desempenho definidas pelo método. A divisão

do trabalho e especialização do operário, parte do princípio de que quanto mais limitado

a uma única e simples tarefa um operário estiver, melhor será o resultado final do

trabalho. Com isso, o trabalhador perdeu a liberdade de inovar ou efetuar, da maneira

que acha melhor, uma tarefa padronizada.

• Desenho de cargos e tarefas

A simplificação no desenho dos cargos e tarefas permitem as seguintes

vantagens:

1. Minimização dos custos de treinamento.

2. Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeições.

3. Facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número

maior de subordinados.

4. Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade.

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18

5. Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores,

reduzindo os custos de produção.

• Incentivos salariais e prêmio de produção

Visando a colaboração dos operários com a empresa e para que eles trabalhassem

dentro dos padrões de tempo previstos, Taylor e seus seguidores desenvolveram planos

de incentivos salariais e prêmios de produção. A idéia básica era a de que a

remuneração baseada no tempo não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser

substituída por remuneração baseada na produção de cada operário. Através do plano de

incentivo salarial, Taylor tentava uma conciliação entre os interesses empresariais de

redução de custos na produção e os interesses dos operários de salários maiores.

Figura 04:Plano de incentivo Salarial.

Fonte: Chiavenato( 1999, p. 71).

• Conceito de homo economicus

Esse conceito afirma que toda pessoa é concebida como influenciada

exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. O homem procura

trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do

salário que o trabalho proporciona. Essa visão da natureza humana tratava o operário da

época como um ser mesquinho e apático, culpado pelos males empresariais e que

Page 19: projeto-teorico-pratico-1

19

precisava ser controlado constantemente pela gerência, através do trabalho

racionalizado e do tempo-padrão.

• Condições de trabalho

O trabalhador, para aumentar a produção, além de salários e um método de

trabalho definido, necessita de condições favoráveis que garantam a diminuição da

fadiga. Pensando nisso, Taylor e os demais engenheiros adeptos da administração

científica citaram um conjunto de condições de trabalho preocupantes:

1. Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de

produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução

da tarefa.

2. Arranjo físico das maquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de

produção.

3. Melhoria do ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a

iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a eficiência do trabalhador.

4. Projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores,

seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos inúteis.

O conforto do operário e a melhoria do ambiente físico passam a ser valorizado,

não porque as pessoas o merecessem, mas porque são essenciais para a melhoria da

eficiência do trabalhador.

• Padronização de métodos e máquinas

A organização racional do trabalho passou a se preocupar também com a

padronização dos métodos e processos de trabalho, com a padronização das maquinas e

equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes,

no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e, daí,

eliminar o desperdício e aumentar a eficiência.

Page 20: projeto-teorico-pratico-1

20

• Supervisão funcional

A especialização do operário deve ser acompanhada da especialização do

supervisor. Taylor era contrário à centralização da autoridade e propunha a chamada

supervisão funcional, que nada mais é do que a existência de diversos supervisores,

cada qual especializado em determinada área e que tem autoridade funcional (relativa

somente a sua especialidade) sobre os mesmo subordinados. A autoridade funcional é

relativa e parcial.

2.1.1.7 Abordagem microscópica e mecanicista da Administração Científica

De acordo com Chiavenato (1994, p. 09), a ênfase nas tarefas é uma abordagem

microscópica feita em nível do operário e não em nível da totalidade da empresa. É uma

abordagem mecanicista por envolver um conjunto de fatores como se cada um deles

contribuísse deterministicamente para a maximização da eficiência, como se fossem dentes de

uma grande engrenagem, como demonstra a figura seguinte.

Figura 05: A abordagem microscópica e mecanicista da administração científica.

Fonte: Chiavenato (1980, p. 52.)

2.1.1.8 Apreciação Crítica da Administração Científica

Segundo Maximiano (2007, p. 62), as idéias de Taylor tiveram altos e baixos. Boa parte

das mentes pensantes da época manteve-se contra suas idéias. Seus principais argumentos

fundamentavam-se em dois receios: o aumento da eficiência provocaria o desemprego e a

Page 21: projeto-teorico-pratico-1

21

afirmação de que a administração científica nada mais era do que uma técnica para fazer o

operário trabalhar mais e ganhar menos.

2.1.1.9 Fordismo e suas características

Segundo Maximiano (2007, p. 64-65), Ford introduziu o marketing como nunca antes

na história; aumentou os salários a padrões desconhecidos; reduziu a jornada de trabalho para

8 horas; criou a verticalização; o "Just in time" e linha de montagem móvel, a qual elevou ao

mais alto grau os princípios da produção em massa. Os dois princípios da produção em massa

são: peças padronizadas e intercambiáveis e especialização do trabalhador, esses serão

comentados a seguir.

• Peças padronizadas e intercambiáveis: cada peça ou componente pode ser montado

em qualquer sistema ou produto final. Para alcançar essa padronização Ford passou

a utilizar o mesmo sistema de calibragem para todas as peças. Esse princípio deu

origem ao controle de qualidade.

• Especialização do trabalhador: na produção massificada, o produto é dividido em

partes e o processo de produção é dividido em etapas. Cada trabalhador ou grupo de

trabalhadores é responsável por uma parte do sistema de produção, ou seja, tem

tarefa fixa dentro de um sistema predefinido.

2.1.1. 10 A linha de Montagem de Ford

Segundo Maximiano (2007, p. 65), no começo, a Ford trabalhava artesanalmente, o

tempo médio de ciclo de um montador chagava a 541 minutos. Nesse sistema cada

trabalhador ficava sempre na mesma área de montagem e fazia uma parte importante de um

carro. No entanto, era de obrigação do trabalhador apanhar as peças no estoque, o que o fazia

perder bastante tempo.

Segundo Keith Sward (apud BRAVERMAN, 1987, p. 130), em 1908 já não era mais

necessário ao montador deixar seu lugar de trabalho. Um almoxarife já havia sido designado

para essa função. O serviço foi dividido em muitas partes e agora havia vários montadores

que trabalhavam lado a lado, cada um responsável por operações um tanto limitadas.

Page 22: projeto-teorico-pratico-1

22

2.1.1.11 A linha de montagem móvel

Segundo Maximiano (2007, p. 66), a linha de montagem móvel consistia em fazer o

produto em processo desloca-se ao longo de um percurso enquanto os trabalhadores ficam

parados. As conseqüências dessa novidade foram espantosas. O tempo médio de ciclo foi

reduzido para 1,19 minutos. A velocidade maior de produção reduzia também os custos dos

estoques de peças à espera da montagem, o que provocou uma redução nos preços dos carros.

2.1.1.12 A visão inovadora de Ford

De acordo com Chiavenato (1993, p. 80), para perceber, inicialmente, como Ford foi um

homem inovador para sua época, deve-se citar que ele adotou três princípios básicos:

princípio da intensificação, princípio da economicidade e princípio de produtividade,

comentados a seguir:

• Princípio da intensificação: consiste em diminuir o tempo de duração com o

emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do

produto no mercado.

• Princípio da economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da

matéria prima em transformação. Por meio desse princípio, conseguiu fazer com

que o trator ou o automóvel fossem pagos à sua empresa antes de vencido o prazo

de pagamento da matéria-prima adquirida, bem como do pagamento de salários. A

velocidade de produção deve ser rápida.

• Princípio de produtividade: consiste em aumenta a capacidade de produção do

homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de

montagem. Assim, o operário pode ganhar mais, um mesmo período de tempo, e o

empresário ter maior produção.

Segundo Maximiano (2007, p. 66), Ford inovou também em outros aspectos. Duplicou

o salário para cinco dólares por dia e adotou o dia de trabalho de oito horas. E quem comprava

o Ford Modelo T, recebia um manual com perguntas e respostas que explicavam como usar

Page 23: projeto-teorico-pratico-1

23

ferramentas simples para resolver problemas que poderiam ocorrer. O Modelo Ford tornou-se

o padrão de organização nas empresas industriais americanas.

2.1.2. TEORIA CLÁSSICA

Este subcapítulo tem como objetivo descrever a Teoria Clássica da administração

iniciada pelo engenheiro francês Henry Fayol, mostrando suas principais abordagens e

contribuições para a Administração atual. A Teoria Clássica tem sua ênfase voltada para a

estrutura organizacional. A categorização, o desenvolvimento de organogramas, a hierarquia e

a ordem são algumas de suas características.

2.1.2.1 Informações gerais sobre Henry Fayol

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 61-62), Henry Fayol nasceu em

1841, de família abastada e, ainda jovem, empregou-se na empresa S.A. Commentry-

Fourchambault alcançando a posição de diretor-geral em pouco tempo. Diferentemente de

Taylor, cuja perspectiva era o chão da fábrica, Fayol encarava os problemas organizacionais a

partir da ótica do nível diretivo.

Em 1916, publica o livro Administração industrial e geral. Em 1929, é publicado em

inglês, porém torna-se conhecido nessa língua apenas em 1949, com o titulo General and

Industrial management. Fayol teve sua vida profissional vinculada à empresa Commentry-

Fourchambault, visto que se graduou em Engenharia aos 19 anos de idade e lá começou a

trabalhar em 1860. Permaneceu no grupo diretivo até 1925, ano de sua morte, resultando em

65 anos dedicados à empresa. Os últimos anos de sua vida foram dedicados, como explica

Maximiano (2007, p. 71), a divulgar princípios de administração, que se baseavam em sua

experiência. Fundou o Centre d’Etudes Administratives (Centro de Estudos Administrativos)

para difundir suas idéias e coordenou reuniões semanais com a participação de importantes

industriais, funcionários do governo, escritores, filósofos e militares.

Segundo Maximiano (2007, p. 71), em 1926, o Centro de Estudos administrativos

fundiu-se com a Conferência da Organização Francesa originando o Comitê Nacional da

Organização Francesa, a mais importante associação francesa dedicada ao estudo da

Administração.

Page 24: projeto-teorico-pratico-1

24

Segundo Maximiano (2007, p. 71), o personagem mais importante que sistematizou e

divulgou as idéias da Teoria Clássica da administração foi o engenheiro francês Henry Fayol

(1841-1925).

2.1.2.2 Algumas abordagens sobre a Teoria Clássica

Para Maximiano (2007, p. 72), Fayol afirmava que a administração é uma atividade

comum a todos os empreendimentos humanos (família, negócios, governo), que sempre

exigem algum grau de planejamento, comando, coordenação e controle. Portanto, todos

deveriam estudá-la, o que exigiria uma teoria geral da administração que pudesse ser

ensinada. Para responder a essa necessidade, Fayol criou e divulgou sua própria teoria.

De acordo com Chiavenato (2004, p. 79-80), a Teoria Clássica se caracterizava pela

ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. A Teoria Clássica, ao

contrário Teoria Científica, partia-se de todo organizacional e da sua estrutura para garantir

eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos, etc.)

ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas).

2.1.2.3 Funções básicas da empresa

De acordo com Maximiano (2007, p. 72), Fayol criou e divulgou sua própria teoria, a

qual começa por dividir a empresa em seis atividade ou funções distintas como técnica

(produção manufatura), comercial (compra, venda troca), financeira (procura e utilização de

capital), segurança (proteção da propriedade e das pessoas), contabilidade (registro de

estoques, balanços, custos, estatísticas) e administração (planejamento, organização,

comando, coordenação e controle).

A Administração engloba também suas funções universais, asseguradas pela direção.

Segundo Chiavenato (1936, p. 105), apresenta-se como inicial um planejamento que envolve

a avaliação do futuro, a organização e o comando que, ambos, proporcionam o funcionamento

da empresa, a coordenação e, por fim, o controle, como mostra a figura a seguir.

.

Page 25: projeto-teorico-pratico-1

25

Figura 06: Funções da empresa, segundo Fayol.

Fonte: Maximiano (2007, p.72).

Contudo, as funções administrativas não são restritas a alta gerência, mas é distribuída

proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos. Quanto menor o nível hierárquico maior é a

proporção das outras funções da empresa e, quanto maior o nível hierárquico, maior a

extensão e o volume das funções administrativas corrobora Chiavenato (1936, p. 105) na

figura abaixo.

Figura 07: A Proporcionalidade das funções administrativas.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 105).

Page 26: projeto-teorico-pratico-1

26

2.1.2.4 Conceito de Administração

De acordo com Chiavenato (2004, p. 81), Fayol define o ato de administrar como:

prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os

elementos da Administração, isto é, as funções do administrador, a saber:

• Prever. Visualizar o futuro e traçar o programa de ação.

• Organizar. Constituir o duplo organismo material e social da empresa.

• Comandar. Dirigir e orientar pessoal.

• Coordenar. Ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos.

• Controlar. Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as

ordens dadas.

Esses são os elementos da Administração que constituem o chamado processo

administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de

atividade da empresa. Em outros termos, tanto o diretor, o gerente, o chefe, como o supervisor

cada qual em seu respectivo nível - desempenha atividades de previsão, organização,

comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais.

Vale também ressaltar a diferença entre Administração e Organização, uma vez que a

Administração é um todo em que a organização é uma das partes. A última apenas abrange o

estabelecimento de estrutura e de forma, sendo, portanto, estática e limitada.

2.1.2.5 Papel dos gerentes

Segundo Maximiano (2007, p. 73), o trabalho do dirigente consiste em tomar decisões,

estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos integrantes da

organização, de modo que as atividades de planejar, organizar, comandar, coordenar e

controlar estejam numa seqüência lógica.

Fayol completa sua teoria com a proposição de 14 princípios que devem ser seguidos

para que a administração seja eficaz. Estes princípios estão listados da figura seguinte:

Page 27: projeto-teorico-pratico-1

27

I DIVISÃO DO

TRABALHO

Designação de tarefas específicas para cada pessoa,

resultando na especialização das funções e separação dos

poderes.

II AUTORIDADE E

RESPONSABILIDADE

A primeira é o direito de mandar e o poder de fazer-se

obedecer. A segunda, a sanção – recompensa ou

penalidade – que acompanha o exercício do poder.

III DISCIPLINA Respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e os

seus agentes.

IV UNIDADE DE

COMANDO

De forma que cada pessoa tenha apenas um superior.

V UNIDADE DE DIREÇÃO Um só chefe e um só programa para um conjunto de

operações que visam ao mesmo objetivo.

VI INTERESSE GERAL Subordinação do interesse individual ao interesse geral.

VII REMUNERAÇÃO DO

PESSOAL

De forma eqüitativa, e com base em fatores internos quanto

externos.

VIII CENTRALIZAÇÃO Equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no

chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidade e

iniciativa dos subordinados.

IX CADEIA ESCALAR

(LINHA DE COMANDO)

Hierarquia – a série de chefes do primeiro ao último

escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a

autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de

Fayol).

X ORDEM Um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar.

XI EQÜIDADE Tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não

excluindo a energia e o rigor quando necessários.

XII ESTABILIDADE

PESSOAL

Manutenção das equipes como forma de promover seu

desenvolvimento.

XIII INICIATIVA Faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes.

XIV ESPÍRITO DE EQUIPE Desenvolvimento e manutenção da harmonia dentro da

força de trabalho.

Figura 08: Os princípios da administração de Fayol.

Fonte: Maximiano (2007, p. 74).

Page 28: projeto-teorico-pratico-1

28

2.1.2.6 Os 16 deveres dos gerentes

Segundo Fayol (1968, p. 94-95), citado em Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 63-64),

são deveres dos gerentes:

Figura 09: 16 deveres dos gerentes segundo Fayol.

Fonte: Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 63-64).

2.1.2.7 Teoria da Administração

Conforme Chiavenato (2004, p. 84), os autores clássicos pretendem criar uma teoria da

administração baseada em divisão do trabalho, especialização, coordenação e atividades de

linha e de staff.

Page 29: projeto-teorico-pratico-1

29

• Divisão do trabalho e especialização

Para Chiavenato (2004, p. 85), a organização se caracteriza por uma divisão do

trabalho claramente definida. “A divisão do trabalho constitui a base da organização; na

verdade, é a própria razão da organização”. A divisão do trabalho conduz à

especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, à heterogeneidade. A idéia era de

que as organizações com maior divisão do trabalho seriam mais eficientes do que

aquelas com pouca divisão do trabalho.

Enquanto a Administração Científica se preocupava com a divisão no nível do

operário, fragmentando as tarefas desse, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão

no nível dos órgãos que compõem a organização, isto é, departamentos, divisões,

seções, unidades etc. Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas

direções, a saber:

Vertical, segundo níveis de autoridade e responsabilidade (como na escala

hierárquica de Fayol ou no princípio escalar de Mooney), definindo os escalões da

organização que detêm diferentes níveis de autoridade. A autoridade aumenta na medida

em que se sobe na hierarquia da organização. A hierarquia define a graduação das

responsabilidades conforme os graus de autoridade. Em toda organização há uma escala

hierárquica de autoridade (princípio escalar ou cadeia escalar). Daí a denominação

autoridade de linha para significar a autoridade de comando de um superior sobre o

subordinado.

Horizontal, segundo os diferentes tipos de atividades da organização (como na

especialização de Fayol ou no princípio de homogeneidade de Gulick). No mesmo nível

hierárquico cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade

específica e própria.

A divisão do trabalho no sentido horizontal que assegura homogeneidade e

equilíbrio é chamada departamentalização: refere-se à especialização horizontal da

organização. A homogeneidade na organização é obtida quando são reunidos, na mesma

unidade, todos os que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo,

para a mesma clientela, no mesmo lugar.

Page 30: projeto-teorico-pratico-1

30

Qualquer um destes fatores –função, processo, clientela, localização- proporciona

respectivamente departamentalização por função, por processo, por clientela ou por

localização geográfica. A idéia básica era de que quanto mais departamentalizada a

organização tanto mais ela será eficiente.

• Coordenação

Ainda de acordo com Chiavenato (2004, p. 85-86), Fayol incluíra a coordenação

como um dos elementos da Administração, enquanto outros autores clássicos a incluem

nos princípios de Administração. Para Fayol, a coordenação é a união, a unificação, a

harmonização de toda atividade e esforço, enquanto pra Gulick, se a subdivisão do

trabalho é indispensável, a coordenação é obrigatória. Para Mooney, a “coordenação é a

distribuição ordenada do esforço do grupo, a fim de obter unidade de ação na

consecução de um fio comum”. A coordenação indica que há um alvo ou objetivo a

alcançar e que deve guiar os atos de todos. A pressuposição básica era de que quanto

maior a organização e quanto maior a divisão do trabalho, tanto maior a necessidade de

coordenação, para assegurar a eficiência da organização como um todo.

• Modelos de estrutura organizacional

1. Conceito de linha e de staff

Chiavenato (2004, p. 86), ressalta que Fayol dava preferência a organização

linear, um dos tipos mais simples de organização. Esta se baseia nos princípios de:

v Unidade de comando ou supervisão única: Cada pessoa tem apenas um

único e exclusivo chefe.

v Unidade de direção: Todos os planos devem se integrar aos planos maiores

que conduzem ao objetivo da organização.

v Centralização da autoridade: Toda autoridade máxima de uma organização

deve estar concentrada em seu topo.

v Cadeia escalar: A autoridade deve estar disposta em hierarquia de maneira

que todo nível hierárquico esteja subordinado ao nível hierárquico superior

(autoridade de comando)

2. Organização Linear

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31

Segundo Chiavenato (2004, p. 86), a organização linear é um tipo de estrutura

organizacional que apresenta uma forma piramidal. Nela ocorre a supervisão linear

(autoridade linear), baseada na unidade de comando e que é o oposto da supervisão

funcional proposta pela administração cientifica.

Na organização linear, os órgãos de linha seguem rigidamente o principio

escalar. Para que os órgãos de linha possam dedicar exclusivamente a suas funções

especializadas, torna-se necessários outros órgãos prestadores de serviços

especializados. Esses órgãos prestadores de serviços – denominados órgãos de staff

ou acessória – fornecem aos órgãos de linha serviços, conselhos, recomendações,

acessória e consultoria. Como os serviços são oferecidos pelos órgãos de staff, não

podemos afirmar que estes possuem autoridade de comando em relação aos órgãos

de linha.

2.1.2.8 Herdeiros de Fayol

Segundo Maximiano (2007, p. 75), depois de Fayol muitos outros autores se

propuseram a refletir, pesquisar e escrever sobre o processo de administração e o papel dos

gerentes. Alguns dos autores que desenvolveram a idéia do processo administrativo estão

listados posteriormente:

• Gulick e Urwick

Em 1937, Luther Gulick e Lyndall Urwick publicaram uma coletânea intitulada

Pepers on the Science of Administration (New York: Institute of Public Administration,

Columbia University, 1937). Nessa coletânea, Gulick apresentou sua versão das funções

do gerente, ampliando a idéia de Fayol, sendo planejamento, organização, pessoas,

direção, coordenação, informação, controle e orçamento, corrobora Maximiano (2007,

p. 75);

Page 32: projeto-teorico-pratico-1

32

• Ralph C.Davis

Davis, em 1927, foi convidado a estabelecer um departamento de administração

no Instituto General Motors, onde tomou contato com textos de Fayol. Em 1934,

desenvolveu sua noção dos princípios orgânicos da administração-planejamento,

organização e controle. Em seu primeiro livro, Princípios de organização e

administração da fábrica, Davis declarou que as funções e princípios fundamentais da

administração das fábricas eram universais, reiterando uma idéia de Fayol.

2.1.2.9 Apreciação Crítica da Teoria Clássica

De acordo com Chiavenato (2004, p. 88-90), as críticas à Teoria Clássica são

numerosas. Todas as teorias posteriores da Administração se preocuparam em apontar falhas,

distorções e omissões nessa abordagem que representou durante várias décadas o figurino que

serviu de modelo para as organizações. As principais críticas à Teoria Clássica são:

• Abordagem simplificada da organização formal:

Os autores clássicos concebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos

e abstratos, sem considerar seu conteúdo psicológico e social com a devida importância.

Limitam-se à organização formal, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecidos,

segundo os quais as organizações devem ser construídas e governadas.

• Extremo racionalismo na concepção da Administração

Os autores clássicos se preocupam com a apresentação racional e lógica das suas

proposições sacrificando a clareza das suas idéias. O abstracionismo e o formalismo são

criticados por levarem a análise da Administração à superficialidade, à

supersimplificação e à falta de realismo.

Page 33: projeto-teorico-pratico-1

33

• “Teoria da Máquina”

A Teoria Clássica recebe a denominação de teoria da máquina pelo fato de

considerar a organização sob o prisma do comportamento mecânico de uma máquina.

As abordagens mecânicas, lógicas e determinística da organização foi o fator que

conduziu erradamente os clássicos à busca de uma ciência da Administração.

• Abordagem incompleta da organização

Tal como aconteceu com a Administração Científica, a Teoria Clássica

preocupou-se apenas com a organização forma descuidando-se da organização informal.

O foco na forma e a ênfase na estrutura levaram a exageros.

• Abordagem do sistema fechado

A Teoria Clássica trata a organização como se ela fosse um sistema fechado,

composto de algumas variáveis perfeitamente conhecidas e previsíveis e de alguns

aspectos que são manipulados por meio de princípios gerais e universais.

• Ausência de trabalhos experimentais:

A Teoria Clássica pretendeu elaborar uma Ciência de Administração para estudar

para estudar e tratar a Administração substituindo o empirismo e a improvisação por

técnicas científicas. Porém, os autores clássicos fundamentam seus conceitos na

observação e no senso comum. Seu método é empírico e concreto, baseado na

experiência direta e no pragmatismo e não confrontam a teoria com elementos de prova.

Suas afirmações se dissolvem quando postas em experimentação.

2.1.2.10 Similitudes e Divergências nas teorias de Fayol e Taylor

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 62) podem traçar diversas

comparações entre Fayol e Taylor. Algumas das semelhanças são:

Page 34: projeto-teorico-pratico-1

34

• Ambos geraram sua experiência a partir da indústria pesada;

• Tanto um como o outro se distinguiu por suas pesquisas técnicas e experimentação antes

de desenvolver suas teorias gerenciais.

• Ambos foram tipificados pelos estudiosos da Administração – e Taylor em especial –

como cultivando uma visão mecanicista das organizações, o que é uma super-

simplificação da realidade.

• As regras por eles propostas pretendiam funcionar como diretrizes, limitando as

incertezas, mas jamais com a pretensão de eliminá-las totalmente.

2.1.3 TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS

Esse subcapítulo tem por objetivo apresentar a Teoria das Relações Humanas, que tem

sua ênfase na relação psico-social nos trabalhadores da empresa e tem como principal figura

Elton Mayo. Segundo Maximiano (2007, p. 214), O tema central da escola das relações

humanas no trabalho é o comportamento coletivo nas organizações, ou seja, o entendimento e

administração das pessoas como integrantes de grupos de trabalho. A teoria das relações

humanas foi um movimento de oposição e reação à Teoria Clássica.

2.1.3.1 Informações gerais sobre Elton Mayo

Elton Mayo nasceu em 1880 na Austrália. Lecionou Filosofia na Universidade de

Queensland, posteriormente estudou Medicina em Edimburgo, Escócia, onde iniciou seus

estudos de psicopatologia. Mudou-se para os Estados Unidos e ingressou na Wharton School

da Universidade da Pensilvânia e, em 1926, entrou na Universidade de Harvard como

pesquisador industrial. Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 80), Mayo é

conhecido como “o pai das relações humanas”, por causa de sua liderança na condução da

pesquisa de Hawthorne e outras investigações no campo do comportamento humano. O ponto

essencial de suas descobertas foi a identificação da relevância de fatores não econômicos –

especialmente os sociais – na motivação dos trabalhadores.

2.1.3.2 Antecedentes do experimento de Hawthorne

Como explica Daft (1999, p. 28-29), aproximadamente em 1895 começou uma forte

disputa pela liderança do mercado residencial e industrial entre fabricantes de iluminação a

Page 35: projeto-teorico-pratico-1

35

gás e elétrica. Em 1909, ganhava a disputa a iluminação elétrica, porém este crescente e

eficiente mercado de eletricidade operava com capacidade ociosa. Então, o setor elétrico

iniciou uma campanha promocional para persuadir os industriais de que era necessária uma

maior iluminação para alcançar uma maior produtividade. Com o fracasso das promoções, as

companhias elétricas realizaram testes experimentais para tentar comprovar seus argumentos.

O Comitê de Iluminação Industrial (CII) foi escolhido para conduzir os testes e, para

aumentar a credibilidade, Thomas Edison foi nomeado presidente de honra. Um dos locais de

teste foi a fábrica da Western Eletric Company, no bairro de Hawthorne, Chicago.

2.1.3.3 Experimento de Hawthorne

Segundo Daft (1999, p. 30), o experimento realizou-se com quatro grupos

experimentais e três grupos de controle. O primeiro grupo foi o da Sala de Montagem e Testes

de Relés (Relay Assembly Test Room - RATR), o segundo o Grupo de Montagem de Relés

(Relay Assembly Group), o Grupo de Separação de Mica (Mica Splitting Group), o Grupo de

Datilografia (Typewriting Group) e a Sala de Observação de Instalações Elétricas (Bank

Wiring Observation Room).

Sob a condução de Elton Mayo e Fritz Roethlisberger, os estudos da Sala de Montagem

de Relés consumiram aproximadamente seis anos e envolveram 24 diferentes períodos

experimentais. Para Maximiano (2007, p. 213), um dos eventos mais importantes na história

do enfoque comportamental na administração é o chamado experimento de Hawthorne, que

revelou a importância do grupo sobre o desempenho dos indivíduos e deu partida para os

estudos sistemáticos sobre o desempenho dos indivíduos e deu partida para os estudos

sistemáticos sobre a organização informal.

• Primeira Fase da Experiência de Hawthorne

Dois grupos de operários que desenvolviam o mesmo trabalho e em condições

idênticas foram escolhidos, um dos grupos de observação trabalhava sobre intensidade

de luz variável enquanto o outro trabalhava sobre intensidade constante de luz, com isso

visavam estudar o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários.

Page 36: projeto-teorico-pratico-1

36

Não foi encontrada uma correlação direta entre as variáveis pelos observadores,

porém atentaram para uma variável difícil de ser isolada, o fator psicológico. Chiavenato

(2004, p. 103) afirma que os operários reagiam à experiência de acordo com suas

suposições pessoais, ou seja, quando a intensidade luminosa aumentava os operários se

julgavam na obrigação de produzir mais, o oposto acontecia quando diminuía a

intensidade. Provou-se a preponderância do fator psicológico sobre o fator fisiológico.

• Segunda Fase da Experiência de Hawthorne

Começou em 1927. Foi criado um grupo de observação: Experiência da sala de

montagem de relés. Foi separado um grupo experimental com seis operarias a fim de

observar a sua produção á medida que mudanças nas condições de trabalho ocorriam, a

pesquisa foi desenvolvida em 12 períodos, Chiavenato (2004, p. 102 e 103).

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o aumento da produção estava

ligado ao ambiente amistoso e a falta de pressão em que trabalhavam, onde a supervisão

era branda e o supervisor funcionava como orientador, sendo possível o

desenvolvimento social, no qual as operárias tornaram-se uma equipe que traçou

objetivos comuns, como o aumento do ritmo de trabalho, embora fosse solicitado para

trabalhar normalmente. Dessa forma, resume na conclusão abaixo:

Figura 10: Conclusões do experimento de Hawthorne.

Fonte: Chiavenato ( 1999, p. 138).

CONCLUSÕES DO SEGUNDO EXPERIMENTO DE HAWTHORNE

As moças gostavam de trabalhar na sala de provas porque era divertido e a supervisão branda (ao contrário da supervisão

de controle rígido na sala de montagem) permitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade;

Havia um ambiente amistoso e sem pressões, na qual a conversa era permitida, o que aumentava a satisfação no trabalho;

Não havia temor ao supervisor, pois este funcionava como orientador;

Houve um desenvolvimento social do grupo experimental. As moças faziam amizades entre si e tornaram-se uma equipe;

O grupo desenvolveu objetivos comuns, como o de aumentar o ritmo de produção, embora fosse solicitado trabalhar

normalmente.

Page 37: projeto-teorico-pratico-1

37

Abaixo mostra a cerca dos períodos desse experimento então relatado.

Figura 11:Períodos de Experimento de Hawthorne.

Fonte: Chiavenato (2004, p. 102 e 103).

Page 38: projeto-teorico-pratico-1

38

• Terceira Fase da Experiência de Hawthorne

Os pesquisadores fixaram-se nos estudos das relações humanas a fim de

encontrarem respostas concretas sobre os resultados das experiências, eles pouco sabiam

acerca dos fatores determinantes das atitudes dos operários em relação à supervisão, aos

equipamentos e à própria organização.

Chiavenato (2004, p. 104) ressalta que em 1928, iniciou-se o Programa de

Entrevistas com os empregados a fim de se conhecer suas atitudes e sentimentos, ouvir

suas opiniões quanto ao trabalho e tratamento que recebiam, bem como ouvir sugestões

a respeito do treinamento dos supervisores. Devido à boa aceitação deste programa entre

os operários e supervisores, foi criada a Divisão de Pesquisas Industriais para ampliá-lo

e entrevistar anualmente todos os empregados. Lodi (1979, p. 73) conclui afirmando que

esse programa tinha como objetivo melhorar as relações com os empregados.

O programa revelou a existência de uma organização informal dos operários, que

trazia conflito com os objetivos da empresa.

• Quarta Fase da Experiência de Hawthorne

Com a finalidade de estudar o fenômeno da organização informal, foi escolhido

um grupo experimental mais numeroso para trabalhar em uma sala especial com

condições de trabalho idênticas às do departamento, na qual um observador ficava dento

da sala e um entrevistador do lado de fora entrevistava o grupo.

O sistema de pagamento era baseado na produção do grupo, o salário só podia ser

maior se a produção total aumentasse. O observador percebeu que os operários assim

que atingiam o que julgavam ser sua produção reduziam seu ritmo de trabalho, essa

produção não era ultrapassada por nenhum deles, eram unidos por um laço de lealdade

apresentando certa uniformidade de sentimento e solidariedade grupal, no qual quem

desobedecesse às regras seria considerado como traidor e sofreria práticas não-

formalizadas de punição social pelos demais trabalhadores, alguns operários se

destacam como lideres dessa organização informal, esses mantêm o grupo unido e

asseguram o respeito pelas regras de conduta.

Page 39: projeto-teorico-pratico-1

39

• Resultados da experiência de Hawthorne

Como explica Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 80-81), o resultado inicial,

surpreendente, mostrou não haver relação entre as duas variáveis, produção e

iluminação. Contrariando as expectativas das companhias elétricas.

Foi concluído também que outros fatores – e não meramente uma reação de causa

e efeito de caráter mecânico – estavam em jogo. E esses outros fatores estavam ligados

ao homem, à sua motivação, a seu envolvimento maior ou menor com a tarefa. A isso

chamamos de Efeito Hawthorne. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 81), o

grande mérito da Escola de Relações Humanas foi desvendar ao mundo que o homem, o

grupo e suas inter-relações eram vitais para os resultados buscados pelas organizações.

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 81), o que Mayo e seu grupo

efetivamente fizeram foi colocar em cheque os pressupostos da Teoria Clássica,

estabelecendo as seguintes proposições:

1. O incentivo econômico não é a única força motivadora a que o trabalhador

responde; sua produção é fortemente influenciada tanto por suas relações com

os outros companheiros de trabalho como por seus problemas pessoais, tanto

dentro como fora da fábrica.

2. O trabalhador não se comporta como um ser isolado, mas sim como um membro

do grupo. Essas inter-relações criam aquilo que chamamos de organização

informal.

3. A especialização funcional não cria, necessariamente, a organização mais

eficiente. Tanto que a rotação de cargos, em que o individuo alterna tarefas a

serem executadas, contribui para seu melhor desempenho.

Page 40: projeto-teorico-pratico-1

40

2.1.3.4 Outros autores

Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 81-82), a abordagem das Relações

Humanas não surgiu repentinamente nem de modo completo. Ela teve inicio com os estudos

de Hawthorne, mas ganhou fóruns mundiais com a publicação do livro Management and the

worker (A gerencia e o trabalhador), de Roethlisberger e Dickson, em 1939.

• Roethlisberger e Dickson

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 82), Roethlisberger graduou-se

no MIT, em 1922. Trabalhou em uma indústria como engenheiro químico e em 1925,

ingressou na Universidade de Harvard para fazer Mestrado e participo do grupo de

pesquisa envolvida na pesquisa de Hawthorne. William Dickson era chefe do Grupo de

Pesquisa de Relações com os empregados, em Hawthorne.

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 82), de acordo com ambos os

pesquisadores, o aspecto técnico da necessidade de maior eficiência e retorno

econômico deveria ser visto como inter-relacionado com a preocupação pelos aspectos

humanos de todas as organizações. Ou seja, os empregados têm necessidades físicas,

mas também possuem necessidades sociais.

Uma das conclusões dos pesquisadores é que, se as pessoas não são motivadas por

fatos e lógica, então sentimentos sobre coisas de valor social tornam-se de extrema

importância no trato com as pessoas no mundo organizacional. Como explica

Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 82), visualizar as organizações como sistemas

sociais foi um avanço, pois permitiu à gerência lidar com o conflito entre a “lógica da

eficiência”, exigida pela organização formal, e a “lógica dos sentimentos”, da

organização informal.

2.1.3.5 Conclusões

Como explica Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 82), os estudos de Hawthorne

concluíram que:

Page 41: projeto-teorico-pratico-1

41

• A colaboração nos grupos não ocorre acidentalmente; ela precisa ser planejada e

desenvolvida. Se a colaboração grupal é alcançada, as relações no ambiente de

trabalho podem alcançar um nível de coesão capaz de resistir aos distúrbios de uma

sociedade turbulenta em busca de adaptar-se.

• O trabalhador é uma pessoa cujas atitudes e eficácia são condicionadas pelas

demandas sociais tanto internas quanto externas à organização.

• Os grupos informais internos à organização exercem fortes controles sociais sobre

os hábitos de trabalho e atitudes dos trabalhadores.

• A mudança de uma sociedade estabelecida e estável para uma sociedade adaptativa

ou em mudança tende em base continuar a perturbar a organização social de uma

empresa ou indústria.

• O trabalho é uma atividade de grupo.

• O mundo social de um adulto é primariamente estruturado pela atividade de

trabalho.

• A necessidade de reconhecimento, segurança e senso de pertencimento é mais

importante na determinação da moral do trabalhador e de sua produtividade do que

as condições físicas que lhe são oferecidas.

• Uma queixa não corresponde necessariamente a uma relação objetiva de fatos; ela é

usualmente um sintoma, manifestando uma perturbação na posição de status do

reclamante.

Para Maximiano (2007, p. 213), a nova concepção proposta por Mayo e seus

colaboradores não alterou a estrutura do modelo construído por Ford e Taylor. Porém,

contribuiu para alterar as atitudes dos administradores em relação aos trabalhadores,

exercendo efeito importante no sentido de modificar as concepções a respeito das

organizações, dos trabalhadores e do papel dos administradores.

2.1.4. TEORIA DA BUROCRACIA

Este capítulo terá como objetivos mostrar as origens que proporcionaram a inclusão da

Teoria Burocrática na teoria administrativa; definir burocracia, entendendo suas

características e conseqüências segundo Max Weber. A Teoria burocrática tem a

racionalidade, a organização formal e a eficiência como algumas de suas características. A sua

Page 42: projeto-teorico-pratico-1

42

ênfase está voltada para a organização formal.

2.1.4.1 Informações Gerais sobre Max Weber

Segundo Chiavenato (2004, p. 258), Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, foi o

criador da sociologia da burocracia. Foi professor das Universidades de Friburgo e de

Heidelberg e ficou famoso pelas teorias das estruturas de autoridade. Weber nunca produziu

uma obra completa e mesmo Economia e Sociedade, seu livro mais famoso, foi feito a partir

de fragmentos.

De acordo com Weber, as organizações formais modernas baseiam-se em leis, que as

pessoas aceitam por acreditarem que são racionais, ou seja, definidas em função do interesse

das próprias pessoas e não para satisfazer os caprichos arbitrários de um dirigente.

2.1.4.2 Origens da Teoria da Burocracia

De acordo com Chiavenato (1994, p. 12), a teoria da burocracia foi formalizada por

Max Weber que, partindo da premissa de que o traço mais relevante da sociedade ocidental,

no século XX, era o agrupamento social em organizações, procurou fazer um mapeamento de

como se estabelece o poder nessas entidades. Construiu um modelo ideal, no qual as

organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica

com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas.

2.1.4.3 Origens da Burocracia

Segundo Chiavenato (2004, p. 258), a burocracia é uma forma de organização humana

que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins)

pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. As

origens da burocracia remontam à época da Antigüidade.

2.1.4.4 Tipos de Autoridade

Segundo Chiavenato (2004, p. 260-262), Weber aponta três tipos de autoridade, a saber:

tradicional, carismática e legal, essas serão apresentadas a seguir.

Page 43: projeto-teorico-pratico-1

43

• Autoridade tradicional

Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas,

porque essa sempre foi à maneira pela qual as coisas foram feitas. O domínio patriarcal

do pai de família, do chefe clã, o despotismo real representa apenas o tipo mais puro de

autoridade tradicional.

A dominação tradicional – típica da sociedade patriarcal- quando envolve grande

número de pessoas e um vasto território, pode assumir duas formas de aparato

administrativo para garantir sobrevivência:

Forma patrimonial, na qual os funcionários que preservam a dominação

tradicional são só servidores pessoais do senhor - parentes, favoritos, empregados etc. E

são geralmente dependentes economicamente dele.

Forma feudal, na qual o aparato administrativo apresenta maior grau de autonomia

em relação ao senhor. Os funcionários –vassalos ou suseranos- são aliados do senhor e

lhe prestam juramento de fidelidade.

• Autoridade carismática

Quando os subordinados aceitam as ordens do superior como justificadas, por

causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se

identificam. Carisma é um termo usado anteriormente com sentido religioso,

significando o dom gratuito de Deus, estado de graça etc. Weber e outros usaram o

termo como o sentido de uma qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa.

A legitimação da autoridade carismática provém das características pessoais

carismáticas do líder e da devoção e arrebatamento que impõe aos seguidores. O aparato

administrativo na dominação carismática envolve um grande número de seguidores,

discípulos e subordinados leais e devotados, para desempenharem o papel de

intermediários entre o líder carismático e a massa.

Page 44: projeto-teorico-pratico-1

44

• Autoridades legais, racionais ou burocráticas.

Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas,

porque concordam com certos preceitos ou normas que consideram legítimos e dos

quais deriva o comando. É o tipo de autoridade técnica, meritocrática e administrada.

Baseia-se na promulgação. A idéia básica fundamenta-se no fato de que as leis podem

ser promulgadas e regulamentadas através de procedimentos formais e corretos.

Na dominação legal, a crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O

aparato administrativo na dominação legal é a burocracia. Tem seu fundamento nas leis

e na ordem legal. A posição dos funcionários (burocratas) e suas relações com o

governante, os governadores, os governados e os colegas burocratas são definidas por

regras impessoais e escritas, que delineiam de forma racional a hierarquia do aparato

administrativo, direitos e deveres inerentes a cada posição, métodos de recrutamento e

seleção etc. A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das

grandes empresas e existe na moderna estrutura do Estado, nas organizações não-estatais

e nas grandes empresas.

Ainda segundo Chiavenato (2004, p.262), Weber identifica três fatores para o

desenvolvimento da burocracia: desenvolvimento da economia monetária, crescimento

quantitativo e qualitativo e superioridade técnica, os mesmos serão abordados adiante.

Desenvolvimento da economia monetária: a moeda não apenas facilita, mas racionaliza

as transações econômicas. Na burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em

espécie para os funcionários.

Crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado

Moderno: apenas um tipo burocrático de organização poderia arcar com a enorme

complexidade e tamanho tais tarefas. A superioridade técnica do modelo burocrático -

em termos de eficiência: serviu como a força autônoma interna para impor prevalência.

2.1.4.5 Principais características da burocracia

Segundo Martins (1998), os problemas organizacionais da burocracia situam-se em

torno da busca pela eficiência e pela efetividade. Resumidamente, trata-se da sua capacidade

Page 45: projeto-teorico-pratico-1

45

operacional em maximizar resultados, minimizar recursos e orientar-se para resultados úteis,

em conformidade qualitativa e quantitativa com as necessidades dos beneficiários de sua ação.

As normas passam a ser o principal foco dos burocratas e há um excesso de papéis em

forma de documentos, isso leva o leigo a pensar na burocracia de forma negativa. Ocorre

também uma resistência a mudanças, uma vez que pode ser interpretada como algo

desconhecido pela sociedade, levando a reclamações, tumultos e greves.

De acordo com Chiavenato (1998, p. 13), o tipo de burocracia “ideal” desenvolvida por

Max Weber, deve ter como principais dimensões: a formalidade, a impessoalidade, a

profissionalização do funcionário, a divisão do trabalho, o princípio da hierarquia,

competência técnica, separação entre propriedade e administração, essas dimensões serão

explicadas a seguir.

• Formalidade: todas as atividades da organização são definidas por escrito (rotinas e

obrigações) e a organização opera de acordo com um conjunto de leis ou regras que

são aplicáveis a todos os casos individuais, sem exceção. Violar essas leis é

comportamento passível de punição, que também está prevista e regulamentada.

• Impessoalidade: o funcionário ideal desempenha com impessoalidade no

relacionamento com outros ocupantes de cargos. A burocracia enfatiza os cargos e

não as pessoas que os ocupam, pois as pessoas entram e saem da organização, mas

os cargos permanecem para garantir sua continuidade e perpetuação.

• Profissionalização do funcionário: os funcionários da burocracia são profissionais,

pois são especialistas face à divisão do trabalho, são assalariados de acordo com as

funções ou posições hierárquicas, seus cargos constituem a sua principal atividade

dentro da organização, são nomeados pelo superior imediato, seus mandatos são por

tempo indeterminado, seguem carreiras dentro da organização e não possuem a

propriedade dos meios de produção da organização.

A escolha para ocupar o cargo, em geral, deve-se as qualificações (meritocracia), que

são aprimoradas por meio de treinamento especializado.

Page 46: projeto-teorico-pratico-1

46

Dentro de um ponto de vista estritamente técnico, a burocracia atinge o mais alto grau

de eficiência no alcance dos objetivos organizacionais. Em outros termos, a burocracia

significa o tipo de organização humana em que a racionalidade atinge o seu mais elevado

grau, segundo mostra a figura abaixo.

Figura 12 :As dimensões da Burocracia.

Fonte: Chiavenato (1998, p. 14).

2.1.4.6 Racionalidade burocrática

Segundo Chiavenato (2004, p. 267), um conceito muito ligado à burocracia é o de

racionalidade. No sentido weberiano, a racionalidade implica adequação dos meios aos fins.

No contexto burocrático, isso significa eficiência. Uma organização é racional se os meios

mais eficientes são escolhidos para implementação de metas.

No entanto, são as metas coletivas da organização e não as de seus membros individuais

que são levadas em consideração. Quanto mais racional e burocrática torna-se a organização,

tanto mais as pessoas tornam-se engrenagens de uma máquina, ignorando o propósito e o

significado de seu comportamento. Esse é o tipo de racionalidade que Mannheim denomina

racionalidade funcional.

2.1.4.7 Dilemas da burocracia

Segundo Chiavenato (2004, p. 267), Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática,

Page 47: projeto-teorico-pratico-1

47

que enfrenta um dilema típico: de um lado, existem pressões de forças exteriores para

encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da organização e, de outro lado, o

compromisso dos subordinados com as regras burocráticas tende a se enfraquecer

gradativamente. A organização, para ser eficiente, exige um tipo especial de legitimidade,

racionalidade, disciplina e limitação de alcance.

A capacidade para aceitar ordens e regras como legítimas exige um nível de renúncia

que é difícil de manter. As organizações burocráticas apresentam uma tendência a se

desfazerem, seja na direção carismática, seja na tradicional, onde as relações disciplinares são

mais “naturais” e “afetuosas”. Assim a racionalidade da estrutura é frágil e precisa ser

protegida contra pressões externas, a fim de poder ser dirigida para os seus objetivos e não

para outros.

2.1.4.8 Disfunções da Burocracia

De acordo com Chiavenato (1999, p. 16), Merton notou algumas conseqüências

imprevistas da burocracia de Max, as quais chamou de disfunções da burocracia, são elas:

internalização das normas, despersonalização do relacionamento, categorização, excesso de

formalismo e papelatório, exibição de sinais de autoridade, superconformidade, dificuldade

com clientes, resistência a mudanças, as quais serão apresentadas a seguir. Observe, também,

a figura abaixo.

• Internalização das normas: normas e regulamentos, inicialmente, elaborados para

melhor se atingirem os objetivos organizacionais adquirem valor próprio, de meios

se transformam em objetivos e passam a ser absolutos. O funcionário passa a se

preocupar mais com as regras da organização do que o seu próprio trabalho dentro

dela.

• Despersonalização do relacionamento: entre os participantes pelo fato de os

ocupantes de cargos se tratarem como tal e não como pessoas.

• Categorização: os funcionários são visto como meros ocupantes de cargo.

Page 48: projeto-teorico-pratico-1

48

• Excesso de formalismo e papelatório: a tendência de documentar e formalizar todas

as comunicações chega a um ponto que pode prejudicar o funcionamento da

organização.

• Exibição de sinais de autoridade: como a burocracia enfatiza enormemente a

hierarquia como meio de controle do desempenho dos participantes, surge a

necessidade de utilização de indicadores que destaquem a autoridade e o poder.

• Superconformidade: quando as regras passam a ser uma importância fundamental

para os funcionários, esses passam a ter verdadeira devoção e obsessão por eles,

bitolando seu desempenho em função dos regulamentos e deixando de lado os

deveres inerentes ao cargo.

• Dificuldade com clientes: como a organização burocrática recebe pressões externas

no sentido de mudanças, o funcionário passa a percebê-las como ameaças à posição

que desfruta dentro da organização, daí a tendência de se defender contra qualquer

tipo de influência externa, o que leva fatalmente à dificuldades no atendimento aos

clientes.

• Resistência a mudanças: as mudanças representam ameaças igualmente para sua

posição e estabilidade dentro da organização. O funcionário se sente mais seguro e

protegido com a rotina que domina. Para preservar e garantir seu esquema de

trabalho atual passa a resistir a qualquer forma de mudança.

Figura 13: Características e Disfunções da Burocracia.

Fonte: Chiavenato (1983, p. 294).

Page 49: projeto-teorico-pratico-1

49

2.1.4.9 Modelo Burocrático de Merton

Segundo Chiavenato (2004, p. 271-272), Merton representa a burocracia por meio de

um modelo que se baseia nas conseqüências não previstas, isto é nas disfunções da burocracia

de organizar dentro dos princípios da máquina (sistema fechado).

A rigidez do sistema reduz a eficácia organizacional e põe em risco o apoio a clientela.

Apesar da pressão externa, o funcionário atende às regras externas da organização e não se

preocupa com o problema do cliente, mas com a defesa e a justificação de seu próprio

comportamento na organização, pois é a ela que deve prestar contas. No fundo, para Merton, a

burocracia não era tão eficiente como salientava Weber, mas apresentava na prática uma série

de distorções que prejudicam seu funcionamento e a levam a ineficiência.

2.2. PERSPECTIVAS MODERNAS DA TGA

Esse subcapítulo tem como finalidade destacar as teorias Estruturalista,

Comportamental, Sistêmica e Contingencial, as quais abandonaram o caráter prescritivo e

normativo das teorias anteriores e assumiram um caráter descritivo e explicativo. Essa

mudança deu-se graças à necessidade de administradores e métodos administrativos mais

eficazes.

2.2.1 O QUESTIONAMENTO DO MODELO BUROCRÁTICO: TEORIA ESTRUTURALISTA

Esse assunto tem como objetivo destacar a Teoria Estruturalista, a qual considera as

organizações como sistemas heterogêneos, cheios de colisões de interesses. Os autores

estruturalistas vêem as organizações como sistemas abertos, e diz que quanto mais

organização tiver, menor será a liberdade individual.

2.2.1.1 Origens

De acordo com Chiavenato (2004, p. 321), a Teoria estruturalista tem suas origens na

oposição entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas; na necessidade de

visualizar a organização como um todo, analisando os influenciadores internos e externos; na

influencia da abordagem estruturalista nas ciências sociais.

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50

2.2.1.2 O homem organizacional

Segundo Chiavenato (2004, p. 326), o homem organizacional desempenha papéis em

diferentes organizações. Na sociedade moderna e industrializada, esse mesmo homem para ser

bem-sucedido precisa ter as seguintes características:

• Flexibilidade: para adaptarem-se as constantes mudanças que ocorrem no mundo

moderno.

• Tolerância às frustrações: para evitar desgastes emocionais desnecessários, os quais

podem prejudicar seu desempenho nas organizações.

• Capacidade de adiar as recompensas: poder compensar o trabalho rotineiro dentro da

organização, em detrimento das preferências e vocações pessoais por outros tipos de

atividades profissionais.

• Permanente desejo de realização: para garantir a conformidade e cooperação com as

normas.

2.2.1.3 Análise das organizações

De acordo com Chiavenato (2004, p. 327–334), na teoria Estruturalista a análise

organizacional é feita através de uma abordagem múltipla que leva em conta os fundamentos

da Teoria Clássica, os da Teoria das Relações Humanas e os da Teoria da Burocracia ao

mesmo tempo.

Essa abordagem múltipla envolve a organização formal e informal; as recompensas

salariais, materiais, sociais e simbólicas; os diferentes níveis hierárquicos de uma

organização; os diferentes tipos de organização; a análise intra-organizacional e a análise

inter-organizacional. A seguir cada um desses tópicos serão analisados:

• Organização Formal e Informal: os estruturalistas estudam a organização formal e

informal numa abordagem múltipla. Eles vêem a organização como uma grande e

complexa unidade social. Os estruturalistas não alteram os conceitos de organização

formal e informal. Para eles a organização formal refere-se ao padrão de

organização determinado pela administração: o esquema de divisão do trabalho,

Page 51: projeto-teorico-pratico-1

51

regras, regulamentos, controle de qualidade, etc. Já a organização informal refere-se

às relações sociais que se desenvolvem espontaneamente entre todos que compõem

a organização.

• Recompensas Materiais e Sociais: concluíram que é grande a significação tanto das

recompensas materiais como sociais. Entretanto, destacam que para que as

recompensas sociais e simbólicas sejam eficientes é necessário que quem receba

esteja identificado com a organização que as concede.

• Diferentes enfoques da Organização: para os estruturalistas as organizações podem

ser concebidas segundo duas concepções: modelo racional e modelo do sistema

natural. O modelo racional caracteriza a organizado como um meio deliberado e

racional de alcançar metas conhecidas. Os objetivos organizacionais são

explicitados ou apenas considerados evidentes. Por isso, o modelo racional destaca

a importância do controle e do planejamento. Já o modelo do sistema natural

caracteriza a organização como um conjunto de partes interdependentes que, juntas,

constitui um todo. O modelo do sistema natural procura tornar tudo equilibrado e

funcional. Os estruturalistas enxergam nas organizações elementos de ambos os

sistemas, que se opõem entre si.

• Diferentes Níveis da Organização: Parson salienta que existem três níveis de

organização, a saber: organizacional, gerencial e técnico. Esses serão analisados

abaixo:

1. Nível organizacional: é o mais elevado, composto pelos dirigentes e altos

funcionários. Responsável pela elaboração dos principais objetivos e estratégias

da organização.

2. Nível Gerencial: é o nível intermediário, que cuida da integração e do

relacionamento entre os níveis extremos. Responsável pela transformação em

planos para serem executados pelo técnico.

3. Nível Técnico: é o mais baixo da organização, responsável pela execução das

tarefas, pelo desenvolvimento de programas.

Page 52: projeto-teorico-pratico-1

52

• Diversidade de Organizações: para os estruturalistas as organizações são muito mais

que as fábricas, elas podem ser grandes, médias ou pequenas; privadas ou públicas,

de comerciais, prestadoras de serviços, agrícolas, religiosas, militares, etc.

• Análise interorganizacional e Análise intra-organizacional: todas as teorias

anteriores ao estruturalismo, só se preocupavam em estudar as relações internas das

organizações. O estruturalismo ampliou grandemente essa visão, preocupando-se

também com os influenciadores externos, que influenciam intensamente os

fenômenos internos. A análise interorganizacional parte do pressuposto de que

todas as organizações interagem entre si.

Figura 14: Os níveis organizacionais.

Fonte: Chiavenato (1983, p. 331).

2.2.1.4 Estruturas Organizacionais

Segundo Feuerschütter (1997), entende-se que a estrutura organizacional é estabelecida

por meio de padrões interativos, cujos fundamentos se baseiam em significados

compartilhados pelos indivíduos.

Assim, a estrutura organizacional reflete a articulação entre os padrões culturais, como

os valores, e os padrões políticos, relativos aos interesses. Ao constituir-se como o foco da

Decisões

Planos

Operações

Diretores Nível institucional

Gerentes e Chefes Nível gerencial

Page 53: projeto-teorico-pratico-1

53

mudança, o arcabouço estrutural, representando os componentes formalizados da estrutura

organizacional, possibilita uma transformação significativa nos padrões simbólico-culturais da

organização, assim como nas dependências de poder, à medida que interfere nos padrões

normativos, nos valores e nos interesses institucionalizados.

De acordo com Lacombe e Heilborn (2006, p. 383), há presença de diferentes estruturas

numa mesma organização, entre elas estão: estruturas funcionais, divisionais e matriciais.

• Estrutura Funcional

São estruturas de organização departamentalizadas no nível da produção,

comercialização, finanças e administração. Costuma-se ser mais eficiente em ambientes

mais estáveis, típicas de empresas. Sua utilização é adequada quando a organização

deseja focalizar a tecnologia e a produção industrial. Assim, a estrutura funcional facilita

a especialização profissional, favorece a redução de custos e proporciona flexibilidade

para aumento e redução de pessoal. Mas, por sua vez, dificulta a avaliação dos

resultados de cada unidade e também a visão sistêmica dos negócios da organização.

• Estrutura Divisional

São estruturas departamentalizadas por área geográfica ou produto,

caracterizando-se pela autonomia dos pelos órgãos administrativos de primeiro nível.

Vale ressaltar que sua forma de administração é descentralizada. Sua utilização é mais

adequada com empresas de porte muito grande.

• Estrutura Matricial

É uma forma de organização na qual existem dois tipos de órgão principais.

Caracterizam-se na transitoriedade das relações organizacionais, atuação dos órgãos

permanentes, de apoio funcional e o princípio de unidade de comando. Seu uso é melhor

quando realizados projetos de magnitude e em projetos interdisciplinares.

Segundo Lacombe e Heilborn (2006, p. 410), as vantagens da estrutura matricial advém

do máximo aproveitamento dos funcionários com conseqüente redução de custos, controle de

Page 54: projeto-teorico-pratico-1

54

prazos e custos por projetos e facilidade de avaliação dos resultados. Entretanto, suas

limitações são a falta de contato entre funcionários do mesmo cargo e, principalmente há

conflitos de autoridade entre os gerentes.

2.2.1.5 Tipologia Organizacional

De acordo com Chiavenato (2000, p. 333), as diferenças entre as organizações fizeram

surgir classificações que permitem uma comparação entre elas. Conforme a Tipologia de

Etzioni, as organizações apresentam atribuição de poder e responsabilidade para realização de

metas específicas. Há também fácil substituição dos funcionários, dependendo de seu

desempenho no cargo. Assim, pode-se dizer que a organização exige uma distribuição

estruturada de recompensas para garantir a obediência às normas e ordens.

Para Etzioni, os meios de controle podem ter controle físico, material e normativo.

Assim, pode-se controlar impondo-se tratamento severo ou baseando-se nas recompensas

salariais ou ainda pelos valores sociais. A utilização dessa tipologia advém dos sistemas

psicossociais das organizações.

Contudo, segundo Chiavenato (2000, p. 335), é desconsidera a tecnologia, estrutura e

ambiente externo. Desse modo, trata-se de uma tipologia simples e unidimensional, baseada

exclusivamente nos tipos de controle.

Existe também a Tipologia de Peter M. Blau e W. Richard Scott que classificam as

organizações baseando-se nas características e considerações dos beneficiários principais, ou

seja, os que se beneficiam da existência da organização (participantes, mandatários, clientes e

o público em geral).

De acordo com Chiavenato (2000, p. 336), quatro categorias de beneficiário principal

que a organização visa atender as organizações normativas (o poder baseia-se no consenso

sobre objetivos), de benefícios mútuos (são os próprios membros da organização), de

interesse comercial (proprietários, ou acionistas) e de serviços (os clientes da organização). Organizações de Estado – o público em geral

Page 55: projeto-teorico-pratico-1

55

Desse modo, essa tipologia tem a vantagem de focalizar o poder e a influência do

beneficiário sobre as organizações, proporcionando também uma melhor integração de

organizações com objetivos semelhantes.

• O modelo de Etzioni

De acordo com Maximiano (2007, p. 101), para Etzioni as organizações são diferentes

umas das outras, assim nem todas as organizações se encaixam no modelo universal de

Weber. Segundo Etzioni há três tipos ou categorias de organizações, que são diferenciadas

através da diferença de poder exercida sobre as pessoas. Na figura seguinte será apresentado

cada um desses tipos e algumas de suas características.

Figura 15: Tipologia de poder, obediência e organização, segundo Etzioni.

Fonte: Maximiano (2007, p. 102).

Segundo Chiavenato (2003), Etzioni afirma que as organizações acreditam que as

maiorias de seus participantes não cumprem suas obrigações sem outros incentivos,

voluntariamente. Dessa forma, as organizações distribuem recompensas e sanções

voluntariamente. Essas recompensas e sanções também chamadas de meios de controle.

Amitai Etzioni classifica esses meios de controle como: controle físico, controle material e

controle normativo, os mesmos serão explicados a seguir.

1. Controle Físico: as pessoas obedecem através de sanções físicas, imposições e

medos das conseqüências também chamadas de poder coercitivo;

2. Controle Material: são dadas recompensas materiais constituídas de bens e

Page 56: projeto-teorico-pratico-1

56

serviços recebidos. Baseada no interesse, na vantagem pretendida. Chamado

também de poder remunerativo;

3. Controle Normativo: são utilizados controles normativo-sociais para fazer os

participantes de a organização cumprirem suas tarefas.

A partir desses métodos de controle, segundo Chiavenato (1999, p. 487), surgem três

tipos de interesse dos participantes:

1. Alienatório: o participante não está psicologicamente interessado em participar,

mas é coagido a permanecer na organização;

2. Calculista: o participante atua na organização por interesses meramente

econômicos;

3. Moral: a pessoa interpreta sua participação na organização como uma missão

pessoal de valor.

Figura 16: O comportamento dos participantes.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 488).

• O modelo de Peter Blau e Richard Scott

Segundo Maximiano (2007, p. 104), Blau e Scott não criticaram Weber, como Etzioni,

mas criaram um modelo alternativo ao dele. Esse compreende quatro categorias ou tipos de

organização. Para eles, as organizações devem ser agrupadas em categorias estruturadas de

Page 57: projeto-teorico-pratico-1

57

acordo com o beneficiário principal da organização.

Para eles existem as organizações que beneficiam os próprios membros da organização,

as que beneficiam os proprietários ou dirigentes, outras que beneficiam os clientes da

organização e por último as que beneficiam o público em geral, cada uma delas será

apresentada a seguir.

1. Associações de Beneficiários Mútuos: onde os beneficiários são os próprios

membros da organização;

2. Organizações de Interesses Comerciais: como na maior parte das empresas

privadas, os proprietários ou acionistas de empresa são os principais

beneficiários;

3. Organizações de Serviços: um grupo de clientes é o maior beneficiário;

4. Organizações do Estado: o público em geral é o beneficiário.

2.2.1.6 Objetivos Organizacionais

Os objetivos organizacionais constituem um campo de estudos explorado pelos autores

neoclássicos e estruturalistas. As organizações são unidades sociais que procuram atingir

objetivos específicos: a sua ração de ser é servir a esses objetivos. Um objetivo organizacional

é uma situação desejada que a organização tenta atingir. É uma imagem que a organização

pretende para o seu futuro. Se o objetivo é atingido, ele deixa de ser a imagem orientadora da

organização e é incorporado a ela como algo real e atual, corrobora Chiavenato (2000 p. 337).

Muitas organizações possuem um órgão formal destinado a estabelecer os objetivos

organizacionais e suas modificações. As organizações podem ter simultânea e legitimamente,

dois ou mais objetivos. Algumas acrescentam novos objetivos aos originais. Tais objetivos

visam orientar a situação da organização, servindo também como padrão para avaliar a sua

eficiência e o seu rendimento. Segundo Perrow apud Chiavenato (1987, p. 82), existem cinco

categorias de objetivos organizacionais:

• Objetivos da sociedade: Buscam atender às necessidades sociais. Exemplo:

manutenção da ordem pública.

Page 58: projeto-teorico-pratico-1

58

• Objetivos de produção: Trata-se de tipos de produção definidos de acordo com as

funções do consumidor. Exemplo: serviços a empresas.

• Objetivos de produtos: Refere-se às características dos produtos e serviços

produzidos. Exemplo: inspeção sobre a qualidade, estilo, disponibilidade dos

produtos.

• Objetivos de sistemas: Trata-se da forma como funciona o sistema e o que este traz,

independentemente dos produtos ou serviços que produz e que pode tornar-se o

objetivo para os participantes da organização. Exemplo: ênfase nos lucros, no

crescimento e na estabilidade da organização.

Para os estruturalistas, o ambiente é constituído pelas outras organizações que formam a

sociedade. Nenhuma organização é autônoma ou auto-suficiente. Conforme Chiavenato

(2000, p. 338), Existe uma interdependência das organizações com a sociedade em geral em

função das complexas interações entre elas. As conseqüências dessa interdependência são:

mudanças freqüentes nos objetivos organizacionais, na medida em que ocorrem mudanças no

ambiente externo, e um certo controle ambiental sobre a organização que limita sua

liberdade de agir.

Segundo Feuerschütter (Agosto, 1997), as circunstâncias ambientais, por sua vez,

desencadeiam mudanças nas organizações, que podem encaminhar os indivíduos e os grupos

no sentido de alterarem determinadas dimensões da estrutura organizacional.

2.2.1.7 Conflitos Organizacionais

Os estruturalistas discordam de que haja harmonia de interesse entre patrão e

empregado. Assim, os conflitos são elementos que contribuem para eventuais mudanças e

desenvolvimento da organização. De acordo com Chiavenato (2000, p. 300), a obtenção da

congruência interoperacional e interdepartamental e a prevenção de uma futura incongruência

e disparidade constituem problemas organizacionais.

• O conhecimento provoca conflitos com a hierarquia. Podendo ser especializada,

não-especializada e de serviços.

Page 59: projeto-teorico-pratico-1

59

• Incompatibilidade de interesses entre ocupantes de cargo de diferentes hierarquias

também causa conflitos na organização.

A figura abaixo mostra os eventuais conflitos de uma organização, mostrando seus

motivos. Para Blau e Scott, enquanto o conflito representa um choque de interesses

antagônicos, o dilema representa uma situação frente a dois interesses inconciliáveis entre si:

o alcance de um deles impede o alcance do outro.

Figura 17: Ilustração das fontes de conflito.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 498).

Eles apresentaram três dilemas: entre coordenação e comunicação livre, entre disciplina

burocrática e especialização profissional e entre a necessidade de um planejamento

centralizado e a necessidade de uma iniciativa individual.

• Dilema entre coordenação e comunicação livre: em que embora a comunicação seja

bastante importante para a tomada de decisões administrativas, ele dificulta a

coordenação.

A diferenciação hierárquica, por outro lado, pode ser altamente eficiente para

promover a coordenação, mas é disfuncional para a tomada de decisões porque

interfere no livre fluxo de comunicação.

• Dilema entre disciplina burocrática e especialização profissional: Há uma oposição

entre os princípios de comportamento burocrático e os que governam o

Page 60: projeto-teorico-pratico-1

60

comportamento profissional. Os princípios burocráticos estão ligados aos interesses

da organização, enquanto os princípios profissionais se referem a normas técnicas e

códigos de ética da profissão. O especialista profissional atende aos interesses de

sua profissão, enquanto o burocrata atende aos da organização. Enquanto o

profissional decide com base em padrões profissionais e universais, o burocrata

decide com base em regras da organização. Daí o dilema entre a orientação

cosmopolita do profissional e a orientação local e paroquial do burocrata.

• Dilema entre a necessidade de um planejamento centralizado e a necessidade de

uma iniciativa individual: segundo Chiavenato (1936, p. 505), as organizações

enfrentam as mudanças através de um esforço criador para crescer e sobreviver. A

necessidade de planejamento e controle é vital para a organização, de um lado,

embora tenda a inibir a iniciativa e a criatividade individual, por outro. Quanto

maior o planejamento centralizado, tanto menor a iniciativa e a criatividade

individual e vice-versa.

Esses três dilemas organizacionais são manifestações do dilema maior entre ordem e

liberdade, e são responsáveis pelo desenvolvimento das organizações: para resolver

problemas antigos, novos problemas são criados, e a experiência obtida na decisão contribui

para a busca de soluções de novos problemas, tornando o desenvolvimento

organizacional um processo contínuo e dialético.Há também conflitos entre a linha e a

acessória, corrobora Chiavenato (1999, p. 506). A estrutura linha-staff é caracterizada por

confrontos entre o pessoal de linha, que detém autoridade linear, e o pessoal de assessoria que

possui autoridade de staff. Como precisam conviver entre si em uma mútua dependência

surgem conflitos entre linha e assessoria.

Conforme Feuerschütter (Agosto, 1997), a diversidade, de riqueza de situações,

geralmente se revela um transtorno para os que realizamos pesquisas empíricas. Quando se

utiliza o processo indutivo, partindo dos dados particulares e, por meio de uma seqüência de

operações cognitivas, procura-se chegar a conceitos mais gerais, indo dos efeitos à causa, das

conseqüências ao princípio, da experiência à teoria.

Por outro lado, quando optamos por analisar os dados e informações a partir de alguma

premissa teórica, somos constrangidos a deixar de lado a originalidade e a diversidade das

Page 61: projeto-teorico-pratico-1

61

particularidades reveladas pela investigação. Todavia, o conflito pode apresentar

potencialidades positivas, permitindo o fortalecimento da coesão grupal e da organização

informal, bem como o sentimento de pertencer à organização.

2.2.1.8 Comparação com a Teoria da Burocracia

Aspectos Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista

Ênfase Na estrutura organizacional

somente.

Na estrutura organizacional, nas

pessoas e no ambiente.

Abordagem Organização formal. Organização formal e informal.

Enfoque Sistema mecânico (sistema

fechado). Teoria da Máquina.

Sistema natural ou orgânico

(sistema aberto).

Conceito de Organização

Sistema social como um conjunto

de funções oficiais.

Sistema social intencionalmente

construído e reconstruído para

atingir objetivos.

Caráter da Administração

Sociologia da Burocracia.

Abordagem Simplista.

Sociologia Organizacional.

Sociedade de Organizações e

Abordagem Múltipla.

Comportamento Humano

Ser isolado que reage como

ocupante de cargo ou de posição

hierárquica.

Ser social que desempenha papéis

dentro de várias organizações.

Concepção do Homem Homem organizacional. Homem organizacional.

Relações entre Objetivos

Prevalência dos objetivos

organizacionais. Não há conflito

perceptível entre objetivos

organizacionais e individuais.

Balanço entre objetivos

organizacionais e individuais.

Conflitos inevitáveis e até

desejáveis, pois conduzem à

mudança e à inovação.

Figura 18: Divergências entre as duas teorias.

Fonte: Chiavenato (1999, p. 524).

Assim, avaliam-se as diferenças entre a Teoria da Burocracia e da Teoria Estruturalista.

Page 62: projeto-teorico-pratico-1

62

2.2.1.9 Análise Crítica da Teoria Estruturalista

• Convergências de diferentes abordagens: O estruturalismo é a convergência de

várias abordagens - Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanística e Teoria da

Burocracia - em uma tentativa de integração e ampliação dos conceitos dessas

teorias. Tem, assim, uma abordagem múltipla na análise das organizações.

• Ampliação das Abordagens: Segundo Chiavenato (1936, p. 520), o estruturalismo

muda o foco de atenção no indivíduo (Teoria Clássica) e no grupo (Relações

Humanas) para a estrutura da organização como um todo. A Teoria Estruturalista se

interessa pela organização total como um sistema social e cuja estrutura deve ser

estudada em si mesma. A ênfase desloca-se para a organização, que se torna o foco

de atenção do analista. A visão é mais ampla. Com o neoestruturalismo - um

movimento mais recente – surge a preocupação com o ambiente.

• Dupla tendência teórica: Há também duas abordagens - a integrativa e a de conflito

– que podem ser combinadas, pois não há contradição inerente entre ambas. O

estruturalismo conduz a uma ampla visão de que os conflitos e antagonismos não

podem ser relegados à esfera de atritos interpessoais: sua compreensão exige uma

atenção à estrutura organizacional.

• Análise Organizacional: A Teoria Estruturalista estimulou o estudo de organizações

não-industriais e de organizações não-lucrativas, como escolas, universidades,

hospitais, sindicatos, penitenciárias etc.

• Teoria da Transição e de Mudança: Alguns autores acham que existem áreas como

o ambiente e as relações interorganizacionais que precisam de estudos mais

aprofundados.

• Inadequação das tipologias organizacionais: São limitadas na sua aplicação prática.

Os que as criticam, partem do princípio de que elas desenvolveram apenas uma

taxonomia organizacional, sem se preocupar com as reais características de cada

organização.

Page 63: projeto-teorico-pratico-1

63

• Teoria da Crise: Analisa mais as patologias das organizações complexas do que sua

própria normalidade. Segundo Chiavenato (2000, p. 354), os estruturalistas são

críticos e procuram, através de análises profundas, a fonte dos problemas

organizacionais.

2.2.2 OS PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO, MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA: TEORIA

COMPORTAMENTAL

Este segmento tem por objetivo caracterizar uma das mais democráticas teorias

administrativas e sua fundamentação sobre a natureza humana e a realização humana acima

de tudo, definir os estilos de administração (os sistemas administrativos e suas

características), caracterizar as organizações como sistemas sociais e as relações entre

participantes e organizações (seus conflitos e suas interações) e estabelecer um balanço critico

da contribuição behaviorista da administração.

2.2.2.1 Origens

Segundo Chiavenato (2004, p. 329), a Teoria Comportamental surge no final da década

de 1940 com uma redefinição total de conceitos administrativos. Seus principais

influenciadores estão designados na figura a seguir.

Figura 19: Os principais expoentes da Teoria Comportamental da Administração.

Fonte: Chiavenato (2004, p. 329).

Page 64: projeto-teorico-pratico-1

64

2.2.2.2 Motivação Humana

De acordo com Chiavenato (2004, p. 329), a Teoria Comportamental fundamenta-se no

comportamento individual das pessoas. Para poder explicar como as pessoas se comportam,

torna-se necessário o estudo da motivação humana.Assim, um dos temas fundamentais da

Teoria Comportamental da Administração é a motivação humana, campo na qual a teoria

recebeu volumosa contribuição.

2.2.2.3 Hierarquia das necessidades de Maslow

Segundo Maximiano (2007, p. 262), Abraham Maslow (1908-1970) é o autor da mais

conhecida teoria que se baseia na idéia das necessidades humanas. Após formar-se em

Psicologia, Maslow dedicou-se a essa área do conhecimento até o fim de sua vida.

Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas dispõem-se numa

hierarquia mais complexa que a simples divisão em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as

necessidades humanas dividem-se em cinco grupos, como mostra a figura abaixo:

Figura 20: Hierarquia das necessidades humanas, segundo Maslow.

Fonte: Maximiano (2007, p. 263).

• Necessidades fisiológicas ou básicas. Alimento, abrigo, repouso, exercício.

• Necessidades de segurança. Necessidades de proteção contra ameaças, como as de

perda do emprego e riscos à integridade física e à sobrevivência.

Page 65: projeto-teorico-pratico-1

65

• Necessidades sociais. Necessidades de amizade, afeto, interação, e aceitação grupal.

• Necessidade de estima. Necessidades de auto-estima e estima por parte dos outros.

• Necessidades de auto-realização. Necessidade de utilizar o potencial de aptidões e

habilidades, autodesenvolvimento e realização pessoal.

2.2.2.4 Teoria dos dois fatores de Herzberg

Para Chiavenato (2004, p. 333), Frederick Herzberg formulou a teoria dos dois fatores

para explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Para ele existem dois

fatores que orientam o comportamento das pessoas:

• Fatores Higiênicos – ou fatores extrínsecos – pois estão localizados no ambiente

que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham

seu trabalho. Como essas condições são administradas e decididas pela empresa, os

fatores higiênicos estão fora do controle das pessoas.

Os principais fatores higiênicos são: salário, benefícios sociais, tipo de chefia ou

supervisão que as pessoas recebem de seus supervisores, condições físicas e

ambientais de trabalho, políticas, diretrizes da empresa, clima de relacionamento

entre a empresa e os funcionários, regulamentos internos e etc.

• Fatores motivacionais, ou fatores intrínsecos, pois estão relacionados com o

conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Os fatores

motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo

que ele faz e desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento individual,

reconhecimento profissional e auto-realização, e dependem das tarefas que o

indivíduo realiza no trabalho.

2.2.2.5 Estilos de administração

Segundo Chiavenato (2004, p. 336), a Teoria Comportamental oferece uma variedade

de estilos de administração à disposição do administrador.

Page 66: projeto-teorico-pratico-1

66

• Teoria X e Teoria Y

1. Teoria X: segundo Chiavenato (2004, p. 337), é a concepção tradicional de

administração e baseia-se em convicções errôneas e incorretas sobre o

comportamento humano. Essas concepções e premissas a respeito da natureza

humana formam a Teoria X, que reflete um estilo de administração duro, rígido

e autocrático que faz as pessoas trabalharem dentro dos esquemas e padrões

planejados e organizados, tendo em vista o alcance dos objetivos da

organização. As pessoas são visualizadas como meros recursos ou meios de

produção.

2. Teoria Y: segundo Chiavenato (2004, p. 338), é a moderna concepção de

administração de acordo com a Teoria Comportamental. A Teoria Y baseia-se

em concepções e premissas atuais e sem preconceitos a respeito da natureza

humana. Em função dessas concepções e premissas a respeito da natureza

humana, a Teoria Y mostra um estilo de administração aberto, dinâmico e

democrático, por meio do qual administrar torna-se um processo de criar

oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento

individual e proporcionar orientação quanto a objetivos.

• Sistemas da Administração

1. Sistemas 1: segundo Chiavenato(2004, p. 340), é um sistema administrativo

autocrático e forte, coercitivo e arbitrário, que controla rigidamente tudo o que

ocorre dentro da organização; é o sistema mais duro e fechado.

2. Sistema 2: segundo Chiavenato(2004, p. 341), é um sistema administrativo

autoritário que constitui uma variação atenuada do Sistema 1.No fundo, é um

Sistema 1 mais condescendente e menos rígido.

3. Sistema 3: segundo Chiavenato(2004, p. 341),trata-se de um sistema que pende

mais para o lado participativo do que para o lado autocrático e impositivo,

como nos dois sistemas anteriores.Representa um gradativo abrandamento da

arbitrariedade organizacional.

Page 67: projeto-teorico-pratico-1

67

4. Sistema 4: segundo Chiavenato(2004, p. 342), é o sistema administrativo

democrático por excelência. É o mais aberto de todos os sistemas.

2.2.2.6 Organização como um sistema Corporativo

Segundo Chiavenato (2004, p. 347), uma organização somente existe quando ocorrem

conjuntamente três condições: Interação entre duas ou mais pessoas, desejo e disposição para

a cooperação e finalidade de alcançar um objetivo comum.

2.2.2.7 Teoria das Decisões

De acordo com Chiavenato (2004, p. 348), decisão é o processo de análise e escolha

entre as alternativas disponíveis de cursos de ação que a pessoa deverá seguir. Toda decisão

envolve seis elementos:

• Tomador de decisão: é a pessoa que faz uma escolha ou opção entre as várias

alternativas futuras de ação.

• Objetivos: são objetivos que o tomador de decisão pretende alcançar com suas

ações.

• Preferências: são critérios que o tomador de decisão usa para fazer sua escolha.

• Estratégia: é o curso de ação que o tomador de decisão escolhe para atingir seus

objetivos.

• Situação: são os aspectos do ambiente que envolve o tomador de decisão, alguns

deles fora de seu controle, conhecimento ou compreensão e que afetam sua escolha.

• Resultado: é a conseqüência ou resultante de uma dada estratégia.

Devido à complexidade do processo decisorial decorrem as seguintes afirmativas. Em

decorrência da grande quantidade de informações necessárias que uma decisão envolve, não

existem decisões perfeitas, pois o tomador de decisões é um ser humano e sua racionalidade

não engloba todas as informações, ele toma as decisões baseadas em suposições tendo que

escolher dentre diversas alternativas, assim algumas decisões podem ter resultados melhores

que outras, mas nunca será perfeita, será apenas satisfatória.

Page 68: projeto-teorico-pratico-1

68

Ainda conforme Chiavenato ( 2004, p. 349), o processo decisorial é complexo e

depende das características pessoais do tomador de decisões, da situação em que está

envolvido e da maneira como percebe a situação, conforme mostra a figura abaixo:

Figura 21: Etapas do processo decisorial.

Fonte: Chiavenato (2004, p. 349).

Devido à complexidade do processo decisorial decorrem as seguintes afirmativas. Em

decorrência da grande quantidade de informações necessárias que uma decisão envolve, não

existem decisões perfeitas, pois o tomador de decisões é um ser humano e sua racionalidade

não engloba todas as informações, ele toma as decisões baseadas em suposições tendo que

escolher dentre diversas alternativas, assim algumas decisões podem ter resultados melhores

que outras, mas nunca será perfeita, será apenas satisfatória.

Há uma relatividade devido ao aglomerado de opções, denominado árvore de decisão

que o tomador de decisões dispõe. Os objetivos tendem a ser colocados em uma hierarquia,

onde em um nível o objetivo é considerado meio para o nível superior e fim para o nível

inferior.

Chiavenato (2004, p. 346), ressalta que toda decisão é ate certo ponto uma acomodação,

pois a alternativa escolhida jamais permite a realização completa ou perfeita dos objetivos

visados, representando apenas a melhor solução encontrada naquelas circunstâncias.

Chiavenato (2004, p. 350), completa afirmando que os processos administrativos são

basicamente processos decisórios.

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69

A organização tende a decidir pelo empregado sobre alguns processos decisórios

próprio da empresa antecipadamente estabelecido e rotinizado, assim os empregados perdem

a capacidade de decisão dentro da empresa. Dentre as decisões impostas pela empresa está a

divisão de tarefas (cargos designados as pessoas), padrões de desempenho, sistema de

autoridade (hierarquia formal e influencias), canais de comunicação (as informações sobre o

processo decisório pessoal vem das organizações através da comunicação), treinamento e

doutrinação.

A visão de homem na teoria Comportamental passa a ser o “homem administrador”

representando o homem que esta dentro da empresa tomando decisões buscando uma maneira

satisfatória de fazer um trabalho, ele não procura o máximo lucro, mas o lucro adequado. Seu

processo decisório tende a seguir as regras, alterando-a apenas em situações de emergências

como em crises e sob pressão, e evitar incertezas. Caso haja uma mudança súbita no ambiente

e surjam novos processos decisórios, a uma tendência a utilizar modelos atuais como forma de

adequar as condições modificadas.

2.2.2.8 Comportamento Organizacional

É o estudo da dinâmica das organizações e do comportamento dos grupos e indivíduos

dentro delas. Por ser sistema cooperativo racional, a organização somente pode alcançar seus

objetivos se as pessoas que as compõem coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo

que individualmente jamais conseguiriam.

Assim, surge uma interação entre pessoas e organização, o que se denomina processo de

reciprocidade: a organização espera que as pessoas realizem suas tarefas e oferece-lhes

incentivos e recompensas, enquanto as pessoas oferecem suas atividades e trabalho esperando

obter certas satisfações pessoais.

• Teoria do equilíbrio organizacional

Essa teoria tem como conceitos básicos: incentivos ou alicientes, utilidade dos

incentivos, contribuições e utilidade de contribuições. De acordo com Chiavenato

(2004, p. 353), os postulados básicos da teoria do equilíbrio organizacional são:

Page 70: projeto-teorico-pratico-1

70

1. A organização é um sistema de comportamentos sociais inter-relacionados de

varias pessoas, que são os participantes da organização.

2. Cada participante e cada grupo de participantes recebe incentivos (recompensas)

em troca dos quais faz contribuições à organização.

3. O participante somente manterá sua participação na organização enquanto os

incentivos (recompensas) que lhe são oferecidos forem iguais ou maiores (em

termos dos valores que representam para o participante) do que as contribuições

que lhe são exigidas.

4. As contribuições trazidas pelos vários participantes constituem a fonte na qual a

organização se alimenta dos incentivos que oferece aos participantes.

5. Donde: a organização será solvente – e continuará existindo somente enquanto

as contribuições forem suficientes para proporcionar incentivos em quantidade

suficiente para induzir os participantes à prestação de contribuições.

O equilíbrio organizacional reflete o êxito da organização em remunerar seus

participantes (com dinheiro ou satisfações não-materiais) e motivá-los a continuarem

fazendo parte da organização, garantindo com isso sua sobrevivência.

• Teoria da aceitação de autoridade

Segundo Chiavenato (2004, p. 354-355), dentro dessa visão, a autoridade é um

fenômeno psicológico por meio do qual as pessoas aceitam as ordens e decisões dos

superiores sob certas condições.

Chester Barnard (apud CHIAVENATO 2004, p. 355) verificou que a autoridade

está relacionada à aceitação do subordinado em relação à ordem. Esse, antes de acatá-la,

reflete se obedecê-la trás vantagens ou se não obedecer lhe traz desvantagens. Essa

visão chocava-se com a autoridade formal proposta pela Teoria Clássica que afirmava

que a autoridade repousa no poder da pessoa.

A autoridade depende não do superior, mas, da decisão do subordinado de aceitá-

la ou não. A decisão sobre a autoridade é da pessoa a quem a ordem é dirigida e não de

quem a emite. É o receptor da comunicação da ordem quem pode decidir se vai encará-

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71

la como uma ordem ou não. A desobediência a uma ordem constitui a própria negação

da autoridade.

2.2.2.9 Objetivos Organizacionais X Objetivos Individuais

Chiavenato (2004, p. 355-356) afirma que o conflito entre objetivos organizacionais e

pessoais é um tema bastante debatido entre os behavioristas. É um problema que se alastra em

muitas organizações. A conciliação dos interesses torna-se complicada, pois as organizações

costumam fazer exigências aos empregados que se enfrentam com as necessidades e

interesses dos empregados.

Chiavenato (2004, p. 356) relata que para Chris Argyris, existe um inevitável conflito

entre o individuo e a organização devido à incompatibilidade entre a realização de ambos. Ele

conclui que:

• É possível a integração das necessidades individuais de auto-expressão com os

requisitos de produção de uma organização.

• As organizações que apresentam alto grau de integração entre objetivos individuais

e organizacionais são mais produtivas do que as demais.

• Em vez de reprimir o desenvolvimento e o potencial do individuo, as organizações

podem contribuir para a sua melhoria e aplicação.

Para Argyris (apud CHIAVENATO 2004, p. 357), a responsabilidade pela integração

entre os objetivos da organização e dos indivíduos recai sobre a administração. A

interdependência entre as necessidades do individuo e da organização é imensa: a vida e os

objetivos de ambos estão inseparavelmente entrelaçados. O importante é que o alcance do

objetivo de umas das partes nunca venha a prejudicar ou a tolher o alcance do objetivo da

outra. Ambas as partes devem contribuir mutuamente para o alcance dos seus respectivos

objetivos.

2.2.2.10 Negociação

A negociação ou barganha faz parte do dia-a-dia do administrador, para ela acontecer é

necessário envolvimento de duas partes que apresentam conflito de interesses sobre

Page 72: projeto-teorico-pratico-1

72

determinados tópicos, essas partes estão unidas temporariamente em um relacionamento

voluntário buscando a divisão ou troca de recursos específicos ou resolução de assuntos entre

elas. Assim uma das partes expõe propostas a fim de se chegar a um acordo que é a aceitação

ou não da outra parte envolvida, caso seja aceito, a negociação termina, caso contrário,

continua até um acordo mutuamente aceitável.

2.2.2.11 Apreciação Critica da Teoria Comportamental

Segundo Chiavenato(2004, p. 359-363), o embasamento teórico da Teoria Comportamental

no que se refere às descrições e explicações sobre as características do comportamento

organizacional é incrivelmente rico, todavia, existe uma dificuldade na aplicação de suas

teorias, devido serem pouco normativas. Em alguns momentos pecam pela tendência a

adquirir um caráter mais prescritivo determinando “o que é que é melhor” ou “a forma

correta” para as organizações.

A escola comportamental representa uma transferência da ênfase, colocada na estrutura

organizacional para as pessoas que constituem o ativo mais importante da organização, com

isso modifica os conceitos de tarefa e estrutura tornando-os mais humanos e democráticos. Os

behavioristas cometem alguns exageros por, devido algumas teorias, utilizarem bastante

psicologia, exageros esses passivos a críticas. Erram também em não considerar as diferenças

individuais de personalidade das pessoas, pois se baseavam na padronização de suas

proposições. Apontam novos conceitos de administração democráticos e humanos como

sendo mais eficientes em uma organização, criticando o antigo conceito com base no esquema

autocrático e coercivo.

Estudos atuais relatam algumas incoerências dentro teorias de motivação, influenciadoras

direta na teoria da administração, propostas por Maslow e Herzberg, assim elas são apenas

relativas e não absolutas. Entretanto, essas teorias tiveram grandes contribuições para a TGA,

determinam que a conciliação dos interesses é resultado de uma comunicação eficiente,

participação das pessoas na tomada de decisões, supervisão expressiva e formação de grupos

de trabalho estáveis e estruturas não burocráticas.

A Teoria Comportamental foi feliz ao abordar dimensões bipolares: como análise teórica x

empírica, análise micro x macro, organização formal x organização informal, e análise

Page 73: projeto-teorico-pratico-1

73

cognitiva x afetiva. Assim, foi possível um estudo mais detalhado a respeito dos temas

anteriormente citados.

De acordo com Chiavenato(2004, p. 359-363), essa teoria mostrou a grande influência do

comportamento humano em relação à Administração, reformulando velhos conceitos e

criando novos. Definiu as organizações como um sistema de decisões, porém preocupava-se

mais em evitar e solucionar problemas para manter o equilíbrio organizacional, assim era,

pois as empresas não podem viver apenas de enfrentar problemas, mais importante é criar e

inovar para assim possibilitar um futuro melhor.

2.2.3 INTERAÇÃO ORGANIZAÇÃO-AMBIENTE: TEORIA DOS SISTEMAS

Esse capítulo faz parte das Perspectivas Modernas da TGA. Esse assunto - Teoria

Sistêmica - é interdisciplinar, baseando-se na interação da Organização com o Ambiente. Será

ressaltado, então, os principais conceitos de Cibernética e suas conseqüências na

Administração; Estudo sobre as Origens da Teoria dos Sistemas; Definição de Sistemas, suas

características e seus parâmetros; Análise da Organização como Sistema Aberto. Será visto

também modelos de organização segundo Katz e Kahn e Tavistock e uma análise crítica da

Abordagem em Estudo.

O objetivo desse capítulo é representar, de forma compreensiva, cada organização;

propiciar um ponto de vista tanto individual (cada organização) quanto coletivo (conjunto);

reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem geral, havendo inter-relação de assuntos

diferentes.

A curiosidade e a necessidade de se verificar a maneira pela qual eram estruturadas as

organizações trouxeram contribuições significativas para a busca da eficiência. A fim de

avaliar de que maneira os sistemas organizacionais e administrativos eram estruturados e

quais mecanismos eram necessários para que funcionassem como o previsto, matemáticos e

sociólogos encontraram um ponto comum na investigação de como as organizações

funcionavam como sistemas.

Page 74: projeto-teorico-pratico-1

74

2.2.3.1 Cibernética

Conforme Apter (1973, p. 199), a Cibernética surgiu como a ciência para estabelecer

relações com as demais ciências. Iniciado por Norbert Wiener, em 1943, matemático,

pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Aprofundou seu interesse pela

manipulação de informações, afirmando que a única forma de conhecer áreas inexploradas

das ciências era unir campos científicos diversos e criar uma só ciência que ajudasse no

desenvolvimento das demais.

Wiener (apud APTER 1973, p. 200) afirma que a cibernética é o estudo da regulação e

controle em sistemas, com ênfase sobre a natureza do feedback. Os Sistemas Cibernéticos são

excessivamente complexos, probabilísticos e auto-regulados. Suas Conseqüências para a

Administração advém, segundo Chiavenato (2004, p. 416), da Revolução Industrial, em que

houve o desenvolvimento da informática e a automação das máquinas, levando à

desvalorização da força humana.

2.2.3.2 Origens da Teoria dos Sistemas

Segundo Lodi (1998, p. 287), iniciou-se a partir de estudos proposto por Ludwig Von

Bertalanffy entre 1950-1960, biólogo alemão. Criticou a visão de que o mundo é dividido em

diferentes áreas. Ao contrário, sugeria que se deve estudar sistemas globalmente, de forma a

envolver todas as suas interdependências, pois cada um dos elementos, ao serem reunidos

para constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem qualidades que não se encontram

em seus componentes isolados.

Bertalanffy (1999, p .17) afirmava que a Teoria dos Sistemas, ao desenvolver princípios

unificadores de universos particulares das diversas ciências envolvidas, há a aproximação do

objetivo da undiade da ciência.

Segundo Chiavenato (2004, p. 417), a aplicação da Teoria dos Sistemas na

Administração advém da necessidade de uma integração maior das teorias que a antecederam.

Afirma que ela não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir

teorias e formulações conceituais para aplicação empírica.

Page 75: projeto-teorico-pratico-1

75

A Teoria dos Sistemas é uma das Partes da Teoria Geral de Sistemas (T.G. S). A T.G.S

afirma que há subdivisões num mesmo sistema. Com isso, se chega à conclusão de que os

sistemas são abertos e caracterizados por um intercâmbio contínuo de informações e energias,

suas funções dependem da sua estrutura, pois cada um possui finalidades e objetivos no

intercâmbio com outros.

Desse modo, a Teoria de Sistemas impulsionou – no nível teórico – o desenvolvimento

de novos conceitos que passaram a integrar o pensamento organizacional e interligar

diferentes disciplinas científicas, de acordo com Chiavenato (2004, p. 418), apresentando um

relacionamento muito próximo entre a teoria e sua aplicação em várias áreas do conhecimento

humano.

2.2.3.3. Definição de sistemas

Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que

interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos

componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o

resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente.

Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que

as relações entre as partes e o comportamento do todo seja o foco de atenção.Os elementos,

relações entre eles e objetivos são aspectos centrais da definição de Sistema, corrobora

Chiavenato (2004 p. 418). Desse modo, pode-se afirmar que Sistema é um conjunto de

elementos dinamicamente relacionados para atingir certas metas, operando sobre entrada de

recursos para fornecer a energia do sistema.

Os Sistemas também seguem importantes conceitos como:

• Sistemas Isomórficos são idênticos entre si, pelo menos na sua forma.

• Sistemas Homomórficos são semelhantes em proporcionalidades de formas.

Page 76: projeto-teorico-pratico-1

76

2.2.3.4 Características dos Sistemas

Segundo Chiavenato (2004, p. 477), os sistemas podem ser classificados segundo sua

constituição (sistemas físicos ou concretos e sistemas abstratos ou conceituais) e segundo sua

natureza (sistemas fechados e sistemas abertos).Quanto à sua natureza pode ser:

• Sistemas Fechados: Não apresentam relação com o ambiente ao seu redor, não

influenciando e nem recebendo influências externas. Alguns autores têm

conceituado sistemas fechados cujo comportamento é determinado e previsível. As

máquinas e equipamentos são exemplo dessa natureza.

• Sistemas Abertos: Apresentam relações com o ambiente, através de entradas e

saídas. Adaptam-se para sobreviverem às condições do meio. Ao contrário da lei

natural de que “o mundo segue em direção a desordem”, os sistemas abertos podem

desenvolver-se para um crescente estado de equilíbrio e ordem, reparando perdas e

sua organização. Como mostra a figura abaixo:

Figura 22: Modelo de um sistema aberto.

Fonte: Chiavenato (2004, p. 488).

Quanto à constituição podem ser:

• Sistemas Físicos ou concretos: Podem ser descritos em termos quantitativos de

desempenho. São compostos de equipamentos (coisas reais).

Page 77: projeto-teorico-pratico-1

77

• Sistemas Abstratos: Representa o pensamento das pessoas. São compostos de idéias

conceitos.

2.2.3.5 Parâmetros dos Sistemas

Segundo Chiavenato (2004, p. 478), o sistema caracteriza-se por determinados

parâmetros que, por sua vez, são constantes arbitrárias que se caracterizam por suas

propriedades, o valor e a descrição de um sistema particular. Esses parâmetros são: entradas

ou insumo, processamento, saída ou resultado, retroação ou realimentação e ambiente.

• Entrada ou insumo: É o início do sistema que fornece energia para o sistema.

• Saída ou produto: São os resultados de um sistema, devendo ser coerente com o

objetivo do sistema.

• Processador ou transformador: Mecanismo de mudanças entre entradas e saídas,

transformando elementos iniciais em resultados.

• Retroação, retroalimentação ou retro-informação: Visa controlar o estado de um

sistema, registrando sua qualidade. Objetiva, assim, manter ou melhorar o

desempenho do processo, fazendo com que o produto esteja adequado ao padrão ou

critério escolhido.

• Ambiente: É o meio externo do sistema. Segundo Chiavenato (2004, p. 479), o

sistema e o ambiente são inter-relacionados e interdependentes. O sistema recebe

influência do ambiente através das entradas e efetua influências através das saídas,

ocorrendo o processo de retroação, que é o retorno do sistema. O ambiente serve de

fonte de energia, materiais e informação para o sistema. Como o ambiente está

continuamente mudando, o processo de adaptação do sistema é um processo

dinâmico.

Page 78: projeto-teorico-pratico-1

78

Figura 23: Representação dos parâmetros de um sistema.

Fonte: Modelo criado através dos conceitos de Chiavenato (2004).

2.2.3.6 A Organização como Sistema Aberto

Segundo Chiavenato (2004, p. 479), uma empresa é um sistema integrado com diversas

partes relacionadas entre si, que trabalham em harmonia uma com as outras, com a finalidade

de alcançar determinados objetivos.

Figura 24: Representação da influência do meio externo na organização.

Fonte: Hall( 1972).

Conforme a ilustração acima, pode-se resumir sistema aberto como um conjunto de

partes em constante interação orientado com propósitos em permanente relação com o meio

externo. Desse modo, as organizações apresentam características dos sistemas abertos,

afetados por mudanças em suas variáveis externas. As organizações têm comportamentos

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79

desconhecidos e imprevisíveis. A organização também pode alcançar a homeostasia (estado

firme) através da constância de direção, mantendo o mesmo fim apesar das mudanças internas

ou externas, e através da relação com o progresso.

A organização como sistema aberto pode unir dois processos que são opostos, mas

complementares: homeostasia e adaptabilidade. Assim, a homeostasia visa à rotina da

empresa, enquanto a adaptabilidade visa à mudança e inovação. As fronteiras diferenciam os

ambientes de trabalho, elas nem sempre são físicas e podem ocorrer sobreposições de

fronteiras. Chiavenato (2004, p. 480) afirma que as fronteiras variam quanto ao seu grau de

permeabilidade: são linhas de demarcação que podem deixar passar maior ou menor

intercâmbio com o ambiente. As transações entre organização e ambiente são feitas pelos

elementos situados nas fronteiras organizacionais, isto é, na periferia da organização.

Segundo Chiavenato (2004, p. 481), além da capacidade das organizações de enfrentar e

superar perturbações externas sem provocar o desaparecimento de seu potencial de auto-

organização, fenômeno denominado resiliência, que determina o grau de defesa ou

vulnerabilidade da organização à pressão externa, o sistema organizacional, diferentemente

dos sistemas biológicos e dos mecânicos, possui as propriedades morfogênicas, que se

constitui na capacidade de se automodificar e modificar sua estrutura básica.

2.2.3.7 Modelo de Katz e Kahn

Daniel Katz e Robert Kahn (apud CHIAVENATO 2004, p, 482) aplicaram a Teoria dos

Sistemas às teorias administrativas, desenvolvendo um modelo de organização com base na

organização ser um sistema aberto. Segundo esses autores, o funcionamento do sistema ocorre

através das entradas, recebendo insumos do ambiente, pois nenhuma estrutura é auto-

suficiente. Segue-se, assim, o ciclo com a transformação, transformando seus insumos em

produtos acabados e, por fim, há as saídas, que são os produtos finais.

Além da entrada de insumos, o sistema organizacional recebe também entradas de

caráter informativo como a retroação negativa que enviam sinais à estrutura sobre o ambiente

e o seu funcionamento em relação a ele, corrigindo seus desvios da linha certa.

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80

Segundo Chiavenato (2004, p. 482), o processo de codificação está presente nesse

sistema e funciona como um sistema de seleção das entradas, aceitando ou rejeitando os

insumos, para aceitar apenas os que estiverem sintonizados com o sistema organizacional.

Outra característica da organização como sistema aberto é a entropia negativa ou

negentropia que contraria a tendência de todos os sistemas à desorganização e é um processo

reativo de obtenção de reserve de energia. Com isso, segundo Chiavenato (2004, p. 483), o

sistema aberto é caracterizado por um estado firme: existe um influxo contínuo de energia do

ambiente exterior e uma exportação contínua dos produtos do sistema, porém o quociente de

intercâmbios de energia e as relações entre as partes continuam os mesmos. A tendência de

manter o estado firme em equilíbrio é a homeostase, outra característica do sistema aberto.

Os sistemas organizacionais são caracterizados também pela eqüifinalidade, em que um

sistema pode alcançar o mesmo fim através de diversos meios. Vale ressaltar que a

organização apresenta limites ou fronteiras, isto é, barreiras entre o sistema e o ambiente. Os

limites ou fronteiras definem a esfera de ação do sistema, bem como o seu grau de abertura

(receptividade de insumos) em relação ao ambiente.

Conforme Chiavenato (2004, p. 484), as organizações apresentam uma classe de

sistemas sociais. Para Kartz e Kahn, os sistemas sociais não têm limites, sendo independente

de qualquer parte e, podendo ser substituída. Segundo esses autores, os sistemas sociais

necessitam de entradas de produção e de manutenção, mantendo o seu funcionamento. Devido

ter grande variabilidade, os sistemas sociais necessitam utilizar forças de controle para reduzir

a variabilidade das ações humanas, situando-as em padrões uniformes e dignos de confiança

por parte do sistema social.

Os principais componentes do sistema social são: funções, normas e valores, afirma

Chiavenato (2004 p. 485). As funções descrevem as formas de comportamento associadas a

determinadas tarefas a partir dos requisitos da tarefa e constituem formas padronizadas de

comportamento, requeridas das pessoas que desempenham as tarefas. As normas são

expectativas gerais com caráter de exigência, atingindo a todos os incumbidos do desempenho

da função.

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81

Valores são as justificações e aspirações ideológicas mais generalizadas. Assim, os

comportamentos de funções dos membros, as normas que prescrevem e sancionam esses

comportamentos e os valores em que as normas se acham implantadas constituem as bases

sócio-psicológicas dos sistemas sociais para garantir sua integração. Segundo Kartz e Kahn,

as organizações utilizam-se da inclusão parcial, usando apenas os conhecimentos das pessoas

que lhe interessam. Assim, os demais aspectos do individuo é ignorado.

Chiavenato (2004, p. 486) afirma que cada organização cria sua própria cultura, seus

costumes. A cultura do sistema reflete as normas e os valores do sistema formal e sua

reinterpretarão pelo sistema informal, bem como decorre das disputas internas e externas das

pessoas que a organização atrai seus processos de trabalho e distribuição física, as

modalidades de comunicação e o exercício da autoridade dentro do sistema.

Quanto ao conceito de eficácia organizacional, para Kartz e Kahn, relaciona-se com a

maximização do rendimento, combinando meios técnicos e econômicos com meios políticos.

Sendo assim, contrário ao conceito de eficiência, que enfatiza os métodos e procedimentos,

relacionando-se com a necessidade de sobrevivência da organização.

2.2.3.8 Modelo Sociotécnico de Tavistock

Esse modelo contribui para a análise organizacional no sentido de que evidencia a

importação que, tanto o subsistema social quanto o técnico fazem do ambiente em termos de

valores e aspirações, e matérias-primas e equipamentos, corrobora Chiavenato (2004, p. 487).

Foi proposto por sociólogos e psicólogos do Instituto de Relações Humanas de Tavistock.

Segundo ele, a organização é considerada um sistema sociotécnico estruturado como

subsistema técnico (abrange tecnologia, espaço e tempo) e social (abrange relações

psicológicas).

Segundo Chiavenato (2004, p. 488), o modelo de um sistema aberto proposto pela

abordagem sociotécnica, afirmando que os fundamentos básicos surgem a partir as

importação, conversão e exportação. Assim, as organizações relacionam-se com a

coordenação do trabalho, identificação da autoridade, mas também se relacionando com as

pessoas para uma melhor eficiência.

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82

Figura 25: Representação do Modelo Sociotécnico.

Fonte: Chiavenato (2004).

2.2.3.9 A Abordagem Sistêmica na Mudança Organizacional

Segundo Seabra (2001), a imagem de uma organização como um sistema advém do

desenvolvimento da teoria de sistemas. A orientação teórica dessa pesquisa está centrada no

conceito de organização desenvolvido pela teoria de sistemas, segundo o qual uma

organização interage externamente com o ambiente, e seus componentes organizacionais

internos (subsistemas) interagem entre si. A figura abaixo propõe mostrar as outras

características modernas de administração para que funcione uma estrutura organizacional

com altas hierarquias.

Figura 26: Visão sistêmica do processo de mudança dentro de uma organização pública.

Fonte: Revista da Administração Pública (RAP)- 04/2001.

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83

Enfim, a importância da teoria sistêmica é não somente no estudo acadêmico, mas

principalmente em suas idéias principais que tem sido, na prática, essenciais no processo de

mudança que ocorrendo no setor público.

Segundo Seabra (2001), do ponto de vista da teoria de sistemas, os reformadores da

NAP vêm procurando adaptar as organizações a seu ambiente, mudando a orientação primária

de inputs e processos para os outputs e os efetivos resultados da organização.

Desse modo, enfatiza-se que decisões e idéias de sistemas, como a administração

científica, penetraram extensivamente os governos e o setor público, bem como o mundo dos

negócios e comércio.

2.2.3.10 Análise Crítica da Teoria dos Sistemas

Segundo Seabra (2001), uma das principais críticas levantadas contra a teoria de

sistemas é que ela proporciona um alto nível de abstração, de pouca aplicabilidade no mundo

real. Tal crítica, entretanto, não enfraquece por completo a utilidade prática da teoria de

sistemas. O enfoque sistêmico facilita o entendimento do processo como um todo e

proporciona o arcabouço geral no qual modelos mais específicos podem ser aplicados.

A Teoria dos Sistemas tentou evitar temas negligenciados pela Teoria Estruturalista,

procurando apenas desenvolver algumas idéias através de um método.

• Houve confronto entre teorias de Sistema Aberto e Sistema Fechado.

• A Teoria dos Sistemas baseia-se no conceito de ‘homem funcional’ contrariando o

conceito de ‘homem econômico’ da Teoria Clássica, do ‘homem social’ da Teoria

das Relações Humanas, do ‘homem organizacional’ da Teoria Estruturalista e do ‘

homem administrativo’ da Teoria Behaviorista.

Conclui-se então que, a Teoria dos Sistemas precisa de um melhor detalhamento, pois

sua implicação prática ainda é incipiente.

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84

2.2.4 AS VARIÁVEIS CONTIGÊNCIAIS: TEORIA CONTIGENCIAL

Esse segmento tem como objetivo destacar a Teoria Contingencial e suas principais

contribuições na atualidade. Essa teoria possibilita uma compreensão mais ampla da estrutura

e do comportamento organizacional. Leva-se em consideração tanto as variáveis endógenas

como as exógenas.

2.2.4.1 Origens da Teoria da Contingência

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166), a Teoria da Contingência é

como um rebento da Teoria de Sistemas. Dois de seus princípios básicos podem ser assim

formulados:

• Não há uma melhor maneira de organizar;

• Uma determinada forma de organizar não será igualmente eficaz em todas as

situações.

Tais postulados contrastam diretamente com as noções de otimização apregoadas e

cultivadas por muitos teóricos organizacionais. A Teoria da Contingência se pauta pela

hipótese geral orientadora de que aquelas organizações cujas características internas melhor se

adequam às demandas de um determinado ambiente são as que conseguirão um melhor nível

de adaptação, garantindo, assim, sua sobrevivência e êxito.

Como explica ainda Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166), o grande mérito da

abordagem contingencial é fazer com que a gerência normalmente concentrada nos problemas

internos da organização e nas tarefas volte seus olhos para o ambiente; deixe de olhar para o

próprio umbigo e olhe a seu redor. E no momento em que ela faz isso, acaba por descobrir os

parâmetros e os elementos-chave para orientar seu desempenho: o competidor, os apoios e,

especialmente, o cliente e os resultados por este esperado.

Segundo Chiavenato (1999, p. 21), com a influência da Teoria de Sistemas, verificou-se

que apenas o estudo das variáveis intra-organizacionais – as variáveis endógenas – não

proporcionava uma compreensão mais ampla da estrutura e comportamento organizacionais.

Page 85: projeto-teorico-pratico-1

85

Tornava-se necessário o estudo das variáveis exógenas, situadas fora dos limites das empresas

e que influenciam profundamente os seus aspectos estruturais e comportamentais.

As relações entre empresas e seus ambientes passaram a explicar com mais

profundidade certos aspectos da estrutura organizacional e dos processos operacionais

utilizados pelas empresas. Essa ênfase no ambiente surgiu com o aparecimento da Teoria da

Contingência, segundo a qual não existe uma única “melhor maneira” (the best way) de

organizar as empresas. Pelo contrario, as características estruturais das empresas dependem

das características ambientais que as circundam. As características estruturais são melhor

explicadas pelas características ambientais que as determinam.

Alguns autores falam em “imperativo ambiental” para explicar o determinismo das

influencias ambientais sobre as empresas: as variáveis ambientais são variáveis independentes

e os aspectos de estrutura organizacional são variáveis dependentes.

• James D. Thompson: Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166),

Thompson afirma que temos duas formas de lidar com as organizações: a

abordagem de sistema fechado e a abordagem de sistema aberto.

Na primeira, tudo que buscam são as certezas. Portanto os esquemas racionais,

lógicos, tão ao gosto da Teoria Clássica, são predominantes, senão os únicos a serem

empregados. A abordagem burocrática, com seu grau de estruturação e previsibilidade,

também se insere nessa primeira abordagem.

Já os sistemas abertos partem da idéia de que “um sistema organizacional contém

mais variáveis do que ele tem condições de abranger simultaneamente ou que algumas

variáveis estão sujeitas a influências que não podemos controlar ou predizer”. A

organização deve necessariamente se tornar uma boa leitora do ambiente, isto é, “capaz

de compreender o contexto, os ambientes culturais, políticos e legais” em que está

operando.

• Burns e Stalker: Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166), a

preocupação centrada mais na situação ou contingência e menos em regras pré-

elaboradas encontra suporte na obra The management of innovation, de Burns e

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86

Stalker, onde os autores desenvolvem as noções de sistemas gerenciais orgânicos e

sistemas gerenciais mecânicos, estando sua diferenciação básica centrada na

percepção de seu relacionamento maior ou menor com o ambiente e, portanto,

variáveis dependentes do maior ou menos ritmo de mudança desse mesmo

ambiente.

Como explica Burns e Stalker apud Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p.

166), se a forma de gerenciar é adequadamente vista como dependente da situação que

se procura equacionar, o que decorre como conseqüência é que não há um único

conjunto de princípios de “boa organização”, um tipo ideal de sistema gerencial que

sirva de modelo para que a prática administrativa imite ou deva mesmo imitar.

O que também decorre é a necessidade, de parte da gerência, de, em primeiro

lugar, interpretar a situação de mercado e tecnológica, em termos de sua instabilidade

ou da velocidade em que as condições externas estão mudando, e só então planejar o

sistema gerencial apropriado às condições e então faze-lo funcionar.

• Joan Woodward: Conforme Chiavenato (1999, p. 23), uma das mais recentes áreas

de estudo da teoria administrativa é o papel da tecnologia na determinação da

estrutura e do comportamento organizacional das empresas. Somente a partir dos

estudos e pesquisas da socióloga Joan Woodward sobre uma amostra de indústrias

do sul da Inglaterra é que se passou – embora tardiamente – a compreender o

importante papel influenciável da tecnologia sobre as empresas que a utiliza como

variável dependente.

A Teoria da Contingência incumbiu-se de absorver rapidamente a preocupação

com a tecnologia ao lado da preocupação com o ambiente para definir uma abordagem

mais ampla a respeito do desenho organizacional – uma maneira mais recente de

visualizar o formato e a estrutura organizacional e o seu funcionamento.

Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166), Joan Woodward e um

grupo de investigadores do Instituto Tavistock analisaram a relação existente entre o

sistema administrativo e a tecnologia de um grupo de empresas na área de South Essex.

O sistema orgânico, flexível, descrito por Burns e Stalker parecia ser mais apropriado

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87

para companhias com um sistema de produção por lotes pequenos ou em processo

contínuo, ao passo que o sistema clássico, mecânico, era mais adequado quando se

utilizava a tecnologia de produção em massa.

• Lawrence e Lorsch: Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 166), o

trabalho de Paul Lawrence e Jay Lorsch é considerado o estudo clássico que liga os

efeitos do ambiente à estrutura.

Os autores partiram em busca de identificação das características estruturais mais

apropriadas para lidar com diferentes condições ambientais, apontando quatro

importantes questões ou hipóteses:

1. As diferentes demandas impostas sobre a organização através do seu

envolvimento estão relacionadas aos modelos estruturais;

2. As organizações com ambientes estáveis fazem um uso maior de padrões de

autoridade centralizados para obter coordenação e controle e, caso afirmativo,

se isto se deve ao fato de que menos decisões integrativas são exigidas ou

porque as decisões podem ser tomadas mais efetivamente por um numero

menor de pessoas de nível superior;

3. As organizações em diferentes ambientes têm os mesmos graus de

especialização de funções;

4. As empresas em diferentes ambientes têm um grau maior de especialização

funcional, dando origem a diferenças, na medida em que as funções

organizacionais são coordenadas ou utilizam diferentes formas de integração

das atividades funcionais.

Para tratar dessas questões, conforme explica Caravantes, Panno e Kloeckner

(2007, p. 169), os autores cunharam três termos que se tornaram, posteriormente, uma

parte importante do vocabulário usado no modelo administrativo. São elas:

Diferenciação, Integração e Ambiente.

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88

• Diferenciação

Segundo Lawrence e Lorsch, o termo vai além do significado normal de

atividades funcionais especializadas. Eles apontam que funções organizacionais

diferentes geralmente lidam com segmentos distintos do ambiente, o que pode significar

que as pessoas em diferentes funções desenvolvem perspectivas e orientações

emocionais impares.

A visão de diferenciação de Lawrence e Lorsch , portanto, examinou algumas

funções:

1. Focalizaram mais nos seus próprios objetivos e metas do que nos dá organização

como um todo;

2. Tiveram horizontes mais distantes devido às diferenças do tempo necessário

para que os resultados de suas decisões se tornassem visíveis com relação

àquela parte do ambiente com a qual lidavam;

3. Eram gerenciadas diferentemente em termos de serem orientadas para a

tarefa ou para as pessoas;

4. Tenderam a ser gerenciadas de forma mais burocrática do que outras.

• Integração

A Integração reflete as formas como as atividades funcionais são coordenadas e

controladas para atingirem as metas da organização.

Lawrence e Lorsch reconheceram que diferentes funções provavelmente possuem

diferentes orientações, mas evitaram a idéia de que integração é apenas uma questão de

minimizar as diferenças para produzir uma perspectiva comum.

O objetivo dos autores foi determinar se haviam sido descobertas formas que

permitiam existir diferenças de orientação ao mesmo tempo em que as funções

focalizavam o alcance dos objetivos organizacionais. Assim a atenção foi dirigida para

dois métodos alternativos de coordenação: “coordenação vertical”, utilizando regras e

procedimentos através da hierarquia para controlar o comportamento funcional; e a

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89

“coordenação horizontal”, utilizando processos laterais criados para encorajar as

funções a se ajustarem mutuamente.

• Ambiente

O Ambiente não é conceitualmente considerado como “tudo o que está lá fora”,

mas como três sub-ambientes específicos, geralmente tratados nas empresas por três

funções principais:

1. O sub-ambiente mercado – tratado pela função de marketing;

2. O sub-ambiente técnico-econômico – tratado pela função produção;

3. O sub-ambiente cientifico – tratado pela pesquisa e desenvolvimento;

Os autores explicam que cada subambiente pode diferir de diversas formas

importantes como no grau de mudança, na certeza quanto às condições prevalentes em

qualquer tempo e no período de tempo do feedback antes que os resultados de uma

decisão com respeito ao ambiente sejam conhecidos.

Essas diferenças determinam que as três funções têm de lidar com diferentes graus

de ambigüidade e incerteza, o que pode resultar no desenvolvimento de seus próprios

processos e subestruturas funcionais, dando origem às três prováveis previsões sobre as

funções:

1. A produção terá um horizonte de curto prazo focado nas demandas do “aqui e

agora”, tal como satisfazer as metas de qualidade e produção. Irá operar em um

ambiente interno razoavelmente estável, com métodos conhecidos, confiando

principalmente em regras e procedimentos.

2. A Pesquisa e Desenvolvimento irá operar com um horizonte mais a longo prazo

e lidar com uma situação continuamente instável, preocupado com a inovação.

Como tal, terá um tipo de estrutura fluente e orgânica.

3. O Marketing tenderá a permanecer em algum ponto entre esses dois extremos.

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Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 170), como conclusão, os

autores explicam que quanto mais incerto o ambiente, maior o grau de diferenciação

entre as empresas, concluindo-se que quanto mais dinâmico e incerto for o ambiente,

maior é a necessidade de subunidades especializadas, cada uma lidando com a dinâmica

de seu próprio subambiente. E que dentro de cada indústria, as empresas mais bem-

sucedidas foram aquelas que também apresentavam os mais altos graus de integração,

mostrando que o sucesso (em termos medidos) está associado a mecanismos que se

preocupam em garantir que todas as subunidades contribuam para o alcance do objetivo

comum.

De certa forma, o trabalho de Lawrence e Lorsch pode ser considerado uma

extensão das idéias de Burns e Stalker. Entretanto, Burns e Stalker tratam a organização

como um todo indiferenciado que é tanto orgânico como mecânico, enquanto as

dimensões de diferenciação e integração de Lawrence e Lorsch vão ao âmago do

modelo organizacional, permitindo que os assuntos sejam considerados de forma mais

sofisticada.

Por exemplo, eles reconhecem que estruturas orgânicas e mecânicas podem existir

lado a lado em diferentes partes da organização. Contudo, existem criticas à teoria, a

mais importante delas com relação ao fato de tratar as organizações como recipientes

passivos da influencia ambiental e postular uma cadeia de causalidade de via única,

conforme mostra a figura a seguir:

Figura 27: Cadeia causal inferida por Lawrence e Lorsch

Fonte: Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 170).

Na figura, o ambiente é mostrado como variável independente e o desempenho

como variável dependente, o que significa que a estrutura é o fator mediador que precisa

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91

ser ajustado para garantir o desempenho excelente. Isso negligencia a importante idéia

de que, ao invés de responder servilmente às mudanças ambientais com reorganizações

estruturais que provocam rupturas, a maioria das organizações tenta exercer alguma

influência sobre seus ambientes.

Explica Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 171), que a proposta de

Lawrence e Lorsch, em que o aspecto situacional adquire relevância, especialmente

aquele voltado à estrutura das organizações, ao maior ou menor grau de

diferenciação/integração a ser por elas cultivado, pode ser considerada um avanço na

concepção da abordagem sistêmica, por nós antes analisada. Tal abordagem contempla

a organização como um todo – o grande sistema –, opta por examinar um dos

subsistemas – o estrutural – e mostra como esse pode e deve adaptar-se às

circunstâncias cambiantes do ambiente onde operam as organizações.

As idéias de Lawrence e Lorsch juntamente com as de Emery e Trist culminaram

no que veio a se chamar enfoque situacional à Teoria da Administração. Lawrence e

Lorsch afirmaram que:

Lorsch e Lawrence (apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2007, p.

171), durante os últimos anos tornou-se evidente uma nova tendência no estudo dos

fenômenos organizacionais. Na base deste novo enfoque está a idéia de que o

funcionamento interno das organizações tem que estar de acordo com as demandas de

sua tarefa, de sua tecnologia, de seu ambiente externo e de acordo com a necessidade de

seus membros para que a empresa seja eficaz. Em lugar de buscar uma panacéia, um

modo único de organizar-se independente de todas as circunstâncias, os investigadores

tendem cada vez mais a examinar o funcionamento das organizações em relação às

necessidades de seus integrantes e das pressões externas a que devem enfrentar.

Basicamente, este enfoque parece que está levando ao desenvolvimento de uma teoria

de “dependência”, segundo a qual os processos e estados internos da organização

dependem dos requisitos externos e das necessidades de seus membros.

1. Emery e Trist: Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 171), Emery

e Trist, do Instituto Tavistock, desenvolveram um estudo no qual fixam quatro

tipos de ideais de ambiente. Cada um desses ambientes se diferencia dos demais

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pelo grau de complexidade, incerteza pertinente, relação e “textura causal”

global que devem ser enfrentados pelas organizações que neles atuam.

A figura a seguir procura estabelecer as três visões assemelhadas e interdependentes: a

visão de sistemas, a visão contingencial e a visão puramente situacional.

Figura 28: A Abordagem Contingencial: A busca do equilíbrio

Fonte: Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 172).

2.4.2 Estudo da Variável: Tecnologia

Conforme Chiavenato (2000, p. 563), a tecnologia é uma importante variável que

condiciona a estrutura e o comportamento organizacional. Para defrontar-se com o ambiente,

a organização utiliza-se de tecnologias para melhorar seu funcionamento. Assim, a partir da

Teoria da Contingência, a tecnologia passou a assumir importante valor na teoria

administrativa.

Todas as organizações dependem de um tipo de tecnologia para alcançarem seus

objetivos, corrobora Chiavenato (2000, p. 564). A tecnologia desenvolve-se através de

conhecimentos acumulados e pelas manifestações físicas decorrentes. Porém, a tecnologia

pode estar ou não associada a bens físicos, uma vez que pode estar relacionada também como

o capital, pessoas como engenheiros e técnicos.

Segundo Chiavenato (2000, p. 565), a tecnologia pode ser usada como uma variável

ambiental, uma vez que é componente do ambiente quando incorporada pela empresa no seu

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93

sistema e, como variável organizacional, à medida que se relaciona com a parte interna da

empresa, influenciando a organização como se fosse seu recurso próprio.

De acordo com a análise administrativa, verifica-se classificação com o estudo de

Thompson, afirmando que a tecnologia é importante para a compreensão das ações das

empresas, produzindo o resultado desejado. Thompson apud Chiavenato (2000, p. 566),

propôs uma tipologia de tecnologias, enfatizando tais pontos que serão relatados abaixo: Elos

em Seqüência, Mediadora e Intensiva.

• Tecnologia em elos de seqüência: fundamenta-se na interdependência das tarefas na

fabricação de um produto, tendo a linha de produção em massa como exemplo.

• Tecnologia Mediadora: baseia-se na mediação da empresa com clientes separados,

porém interdependentes. Tendo como exemplo uma empresa de publicidade, que

relaciona seu tempo e espaço com as demais organizações. De acordo com essa

tipologia, diferentes tarefas padronizadas são distribuídas em diferentes locais. Tem

como característica também, a repetitividade do produto. Vale salientar, segundo

Chiavenato (2000, p. 567), que é uma abordagem típica da Teoria da Burocracia.

• Tecnologia Intensiva: representa a diversidades de tarefas e habilidades sobre cada

clientes individualmente. Tem como exemplo dessa tipologia o hospital.

Caracteriza-se pela heterogeneidade de técnicas que são determinadas pelos

clientes. Segundo Chiavenato (2000, p. 570), é uma abordagem típica da Teoria da

Contingência.

Desse modo, pode-se concluir que a tecnologia exerce grande influência nas

organizações. Assim, a tecnologia determina a estrutura organizacional e o comportamento

das empresas, sendo um impacto na vida, na natureza e no funcionamento das organizações.

A tecnologia, também chamada de racionalidade técnica, tornou-se sinônimo de eficiência. E

por fim, a tecnologia incentiva as empresas a levar seus membros a constante aprimoramento.

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2.2.4.3 Análise Ambiental

De acordo com Chiavenato (2000, p. 557), a Teoria da Contingência buscou a ênfase no

ambiente, envolvendo o segmento de ambiente de tarefa e o ambiente geral, conforme serão

analisados abaixo:

• Ambiente de Tarefas: representa os espaços internos da empresa, sendo formado

por fornecedores, clientes, concorrentes e entidades reguladoras da organização.

• Ambiente Geral: fundamenta-se no macroambiente, constituindo condições

semelhantes a todas as organizações, sendo fenômenos ambientais que interagem

entre si, como por exemplo: condições tecnológicas, políticas, econômicas,

culturais, ecológicas e demográficas.

Conforme Chiavenato (2000, p. 559), há tipologias do ambiente. Quanto a sua estrutura,

o ambiente pode ser homogêneo ou heterogêneo, dependendo ou não da diferenciação de

mercados. O ambiente homogêneo tem reações uniformes da organização, com pouca

segmentação de mercado, já o ambiente heterogêneo tem complexidade ambiental, com

estrutura organizacional diferenciada.

Quanto à sua dinâmica, pode ser estáveis e instáveis, de acordo com as incertezas e as

mudanças. A tabela abaixo mostra mais claramente suas diferenças:

Figura 29: Comparação entre os ambientes estáveis e instáveis.

Fonte: Chiavenato (1999).

AMBIENTE ESTÁVEL Estabilidade e permanência. Pouca mudança. Problemas ambientais rotineiros. Previsibilidade e Certeza. Rotina Manutenção do status quo. Reações padronizadas e rotineiras. Tendência à burocracia. Lógica do sistema fechado. Preocupação com a organização. Intra-orientação para a produção. Ênfase na eficiência.

AMBIENTE INSTÁVEL Instabilidade e Variação. Muita mudança. Problemas ambientais novos. Imprevisibilidade e Incerteza. Ruptura. Inovação e criatividade. Reações variadas e inovadoras. Tendência a adhocracia. Lógica do sistema aberto. Preocupação com o ambiente. Extra-orientação para o mercado. Ênfase na eficácia.

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2.2.4.4 Apreciação Crítica da Teoria da Contingência

Como afirma Kast e Rosenzweig (1973, apud CHIAVENATO 1999, p. 545), a visão

contingencial procura compreender as relações dentro e entre os subsistemas, bem como entre

a organização e seu ambiente e definir os padrões de relações ou configurações variáveis. Ela

enfatiza a natureza multivariada das organizações e tenta compreender como as organizações

operam sob condições variadas e em circunstancias especificas. A visão contingencial é, no

final das contas, orientada para sugerir delineamentos organizacionais e ações gerenciais mais

apropriadas para situações especificas.

Segundo Scoot e Mitchell (1976, p. 69) apud Chiavenato (1999, p. 545), os autores que

defendem a teoria contingencial mostram um impressionante consenso a respeito de temas

comuns como: São unânimes na rejeição dos princípios universais de administração: não

existe uma melhor maneira de administrar ou de organizar. O que os administradores fazem

depende das circunstâncias ou do ambiente. A prática administrativa é eminentemente

situacional e circunstancial. Em outros termos, é contingente;

Como a prática administrativa é situacional, segue-se que o administrador deve

desenvolver suas habilidades de diagnóstico para que tenha a idéia certa no momento certo.

A abordagem contingencial supre a administração de conceitos, instrumentos,

diagnósticos, métodos e técnicas apropriadas para a análise e resolução de problemas

situacionais;

A abordagem contingencial é aplicável a um sem numero de habilidades

administrativas, principalmente aquelas que envolvem componentes comportamentais. Como

explica Scoot e Mitchell (1976, apud CHIAVENATO 1999, p. 546), a visão contingencial

parece ser algo mais do que simplesmente “colocar vinho velho em botijas novas”.

Alguns autores dizem que a abordagem contingencial aceitou as premissas básicas da

teoria dos sistemas a respeito da interdependência e a natureza orgânica da organização, bem

como o caráter aberto e adaptativo das organizações e a necessidade de preservar a sua

flexibilidade face às mudanças ambientais. Porém, como a teoria dos sistemas é bastante

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abstrata e de difícil aplicação em situações gerenciais, a teoria contingencial permite

proporcionar meios de mesclar a teoria com a prática dentro de uma integração sistêmica.

A perspectiva tecnológica é criticada nos seguintes aspectos:

• É extremamente estreita, pois a tecnologia nada explica sobre o comportamento

organizacional. Esses pesquisadores exageraram a importância da variável

tecnologia, não a integram às demais variáveis e nem a colocam num contexto mais

amplo;

• As mensurações operacionais usadas são extremamente simplistas e os

procedimentos usados são crus;

• O ambiente organizacional, exceto como insumo para novas tecnologias, é ignorado;

• A estrutura informal também é ignorada;

• A focalização intensiva sobre uma única variável, alias importante e ausente em

outras perspectivas, deixa de lado a inter-relação com outras variáveis também

importantes.

O trabalho de Thompson (apud CHIAVENATO 1999, p. 548) também é criticado:

• Thompson afirma que o estudo das organizações como um “todo” é mais acurado

que o estudo de uma parte apenas da organização. Thompson não oferece nenhuma

definição conceitual ou operacional para organização “em circulo”;

• Thompson procura apresentar uma integração mais realística do sistema formal e

natural, uma vez que a integração atualmente oferecida favorece o sistema fechado,

a administração tradicional, e o modelo economicamente orientado, que Thompson

rejeita por completo;

• A variável humana parece ser minimamente variável no que tange as diferenças

individuais e minimamente humana quanto aos sentimentos, defesas, necessidades,

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autoconceito, auto-estima, etc., que não estão incluídos em sua teoria. Focaliza mais

como a organização induz conformidade e não como o individuo altera a

organização, o que parece identificar o homem como um sistema fechado;

• A dinâmica de grupo e as relações interpessoais não são incluídas e quando

fenômenos multivariados são explicados, a teoria ignora a influência dos fatores

individuais e grupais;

• Thompson apresenta uma tendência a utilizar explicações econômicas em sentidos

que não representam o atual estágio de sofisticação da microeconomia;

• A idéia básica de uma adequação entre tecnologia, o tipo de interdependência e

estrutura organizacional é um conceito estático. Ele assume que mudanças não estão

ocorrendo ou, se elas ocorrem, a organização é capaz de mudar a estrutura e

comportamento;

• Não existe um aparente meio de generalizar novas formas organizacionais que

dependem profundamente ou parcialmente das propriedades do individuo e do

grupo.

Segundo Chiavenato (1999, p. 546), a abordagem contingencial representa, de fato, a

primeira tentativa séria de responder à questão de como os sistemas intercambiam com seu

ambiente. A abordagem contingencial tenta proporcionar algo mais útil e prático para as

organizações complexas.

A abordagem de Emery e Trist é passível de algumas críticas, a saber:

• Os ambientes costumam conter alguns elementos randômicos, segmentações, e

alguma turbulência, podendo-se distinguir alguma característica mais atuante do

que as demais. Empresas de construção, em alguns países, lidam com ambientes

estáveis – em termos de clientela, tecnologia, financiamento, etc. – mas se

confrontam com problemas de mão-de-obra, materiais, etc;

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98

• Nem sempre a turbulência ambiental é uma desvantagem ou problema para a

organização que pode aproveitar as mudanças ambientais.

Conforme Chiavenato (1999, p. 548), a abordagem contingencial é eminentemente

eclética e integrativa, manifestando uma tendência a absorver conceitos das diversas teorias

administrativas – cada qual criticando as demais – no sentido de alargar horizontes e mostrar

que nada é absoluto.

2.3 O NOVO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

Esse subcapítulo tem como finalidade destacar as novas tendências administrativas,

incorporadas no fim do século XX, e que vem ganhando cada vez mais destaque devido sua

grande importância. Nesse contexto destaca-se a Globalização, Programas/Estratégias de

Mudanças e Responsabilidade Social e Corporativa, que serão abordadas detalhadamente.

2.3.1 GLOBALIZAÇÃO

2.3.1.1 Conceitos, significados e impactos.

Segundo Ianni (1999, p. 11), a globalização do mundo expressa um novo ciclo de

expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance

mundial. Um processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes

políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, econômicas e sociedades, culturas e

civilizações.

Conforme Ianni (1999, p. 184), a globalização é produto e condição de múltiplos

processos sociais, econômicos, políticos e culturais. A globalização é um processo ainda em

andamento de integração dos mercados e economias mundiais. Todavia, a globalização não se

restringe aos aspectos econômicos, influenciando também, os campos sociais e culturas.

Os primeiros resquícios de globalização datam do século XV e XVI, quando ocorreram

as grandes navegações, as quais permitiram a troca de conhecimentos, técnicas, culturas.

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99

Segundo Hofmeister (2005, p. 9), globalização é a palavra-chave que identifica os

tempos modernos, do inicio do século 21. Este termo e o fenômeno que descreve se referem,

em primeiro lugar, a um processo econômico que se caracteriza pela expansão da divisão

internacional do trabalho, ou seja, a formação de mercados internacionais nos quais se

comercializam produtos, capitais e serviços.

De acordo com Vesentini (2005, p. 97), a globalização, porém, só tomou proporções

mundiais a partir de 1990, com a crise do socialismo. Essa crise fez praticamente todos os

Estados a se integrar no mercado capitalista internacional, provocando a abertura das

economias para o sistema financeiro mundial.

2.3.1.2 Características da Globalização

Segundo Ianni (1999, p. 183), a globalização é uma configuração histórico-social

abrangente, convivendo com as mais diversas formas sociais de vida e trabalho, mas também

assinalando condições e possibilidades, impasses e perspectivas, dilemas e horizontes.

De acordo com Vesentini (2005, p. 97-103), a globalização tem como principais

características: a formação de blocos econômicos, concorrência mundial, formação das

multinacionais, uniformização das culturas, importância da língua inglesa e da internet, a

revolução técnico-científica.

• Blocos Econômicos: união de vários países, a qual tem os objetivos de aumentar as

relações comerciais entre os membros e de conseguir força nas relações comerciais

internacionais.

• Concorrência mundial: os países visam constantemente adquirir novos mercados,

para isso melhoram seus produtos, reduzem os preços e facilitam o processo de

compra.

• Uniformização da Cultura: existe atualmente uma forte tendência a padronização de

hábitos, formas de relacionamento e comportamento. Nesse contexto, a cultura

norte-americana vem tendo forte participação mundial.

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100

• Revolução técnico-científica: substitui trabalhadores humanos por robôs ou

máquinas "inteligentes". Os setores mais desenvolvidos dessa revolução são:

informática, biotecnologia, biomedicina, robótica, telemática.

2.3.1.3 Conseqüências da Globalização

Segundo Vesentini (2005, p. 105), a globalização é responsável pelo aumento do

desemprego estrutural, já que as empresas têm que cortar custos para tornarem-se mais

competitivas; pelo crescimento do empobrecimento da maioria da população, enquanto

poucos detêm mais da metade da riqueza mundial; pelas constantes crises financeiras

internacionais e pelo deterioramento do meio ambiente.

Segundo Hofmeister (2005, p. 09), as conseqüências sociais e econômicas do maior

intercâmbio econômico e financeiro suscitam grandes discussões e controvérsias. Enquanto

uns salientam o aumento do bem-estar verificado nos paises participantes da globalização,

como resultado das barreiras comerciais e da maior concorrência, outros argumentam que a

globalização, em sua forma atual, atende sobretudo aos interesses dos donos de capital e dos

grupos multinacionais.

Segundo Hofmeister (2005, p. 12), a eliminação das barreiras entre paises facilita,

sobretudo, às grandes empresas com capital, que procuram reduzir seus custos de produção e

se estabelecer em paises que pagam salários baixos, que têm mínimas exigências ambientais e

sistemas de seguridade social menos sofisticadas. Consequentemente, a população terá que

apresentar um nível de escolaridade cada vez elevado e boa capacidade de inovação para fazer

frente à concorrência da mão-de-obra de outros países industrializados. A produção cada vez

mais freqüente nos paises em que o salário é mais baixo faz com que aumente a pobreza,

causa maior dependência dos grandes grupos econômicos e fazem com que sejam remotas as

chances de desenvolvimento.

2.3.2 PROGRAMAS/ESTRATÉGIAS DE MUDANÇA

Segundo Chiavenato (2004, p. 578), a era da informação trouxe um novo contexto e

uma avalanche de problemas para as organizações. Pegou a maior parte das organizações

totalmente despreparadas para a nova realidade. A velocidade e a intensidade das mudanças

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101

foram além do que se esperava. O diferencial entre o que as organizações estão fazendo e o

que elas deveriam fazer tornaram-se enorme e inultrapassável. A solução? Recorrer a medidas

extremas e rápidas para a busca de sobrevivência. E da excelência. Foi assim que começaram

a surgir modismos na Administração.

Quanto às estratégias que empresas utilizam, serão ressaltados: a terceirização,

teletrabalho, reengenharia, jornadas atípicas, qualidade total, downsizing, benchmarkenting,

gestão do conhecimento, globalização empresarial e gestão ambiental.

2.3.2.1 Terceirização

Para Lacombe e Heilborn (2006, p. 509), terceirizar é transferir para outras empresas,

mediante contrato, atividades não essenciais da empresa. A essência da terceirização consiste

no fato de que a empresa não executa essas atividades com seus empregados, mas com

empregados de empresas contratadas para esse fim. Os contratados podem trabalhar dentro ou

fora das instalações do contratante.

A terceirização pode incluir serviços de transporte, restaurante, limpeza, segurança,

assistência médica, serviços jurídicos e contábeis, entre outros, bem como a compra de peças

e conjuntos de peças para serem incorporadas ao produto final. Se a terceirização for levada

aos extremos, o empresário passa a ser um administrador de contratos e até a administração de

contratos ele pode terceirizar, contratando uma empresa de serviços para administrar as

atividades contratadas. A isso se chama quarteirizar. Apresenta-se a seguir uma síntese,

conforme Lacombe e Heilborn (2006, p. 510), das vantagens e desvantagens da terceirização.

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Figura 30: Vantagens e Desvantagens da Terceirização.

Fonte: Lacombe e Heilborn (2006).

2.3.2.2 Teletrabalho

De acordo com Lacombe e Heilborn (2006, p. 515), o teletrabalho pode ser feito em

casa ou em um escritório próximo da residência, mas longe da organização para a qual se

trabalha. É isso que o teletrabalho propõe: levar o trabalho aos trabalhadores onde eles

estiverem, em vez de levá-los ao trabalho.

O trabalho em casa por pessoas com ou sem vínculo empregadícil foi gradativamente

incrementado pela moderna tecnologia da comunicação e da informação: microcomputador,

impressora, fax, modem, secretária eletrônica, acesso a redes de computadores a partir de

linhas telefônicas digitais, correio eletrônico, correio de voz, telefone celular, identificação de

chamadas, discagem automática e copiadora a preços módicos, entre outros. O profissional, a

partir de sua casa, pode receber e enviar suas contribuições para a empresa por meio de

modems ligados aos micros, participar de vídeos-conferências e chat-rooms, usar serviços

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103

bancários eletrônicos, fazer compras pela internet e enviar mensagens para todas as partes do

mundo.

O teletrabalho não é, porém, uma panacéia. Exige autodiciplina e automotivação e

requer providências para dar certo: reuniões periódicas, metas bem estabelecidas e

responsabilidades bem definidas e compreendidas.

2.3.2.3 Reengenharia

Segundo Chiavenato (2004, p. 585), a reengenharia foi uma reação ao colossal abismo

entre as mudanças ambientais velozes e intensas e a total inabilidade das organizações em

ajustar-se a essas mudanças. Para reduzir a enorme distância entre a velocidade das mudanças

amibientais e a permanência das organizações tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo.

Reengenharia significa fazer uma nova engenharia da estrutura

organizacional.Representa uma reconstrução e não simplesmente uma reforma total ou parcial

da empresa. Não se trata de fazer reparos rápidos ou mudanças cosméticas na engenharia

atual, mas de fazer um desenho organizacional totalmente novo e diferente.

A reengenharia se baseia nos processos empresariais e considera que eles que devem

fundamentar o formato organizacional. Não se pretende melhorar processos já existente, mas

sua total substituição por processos inteiramente novos. Nem se pretende automatizar os

processos já existente. Isso seria o mesmo que sofisticar aquilo que é ineficiente ou buscar

uma forma ineficiente de fazer as coisas erradas.

2.3.2.4 Jornadas atípicas

Para Lacombe e Heilborn (2006, p. 518), a jornada atípica mais comum é o horário

móvel. Nesse tipo de jornada, a empresa fixa um horário central no qual todos têm que estra

presentes e, desde que seja cumprida a carga horária semanal estabelecida, cada empregado

pode escolher seu horário de entrada e saída. A maioria das empresas pede aos empregados

que definam seus horários, não havendo plena liberdade de mudar sem autorização prévia, de

modo que se possa saber em que momentos se pode contar com cada um no escritório.

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104

Algumas têm flexibilidade ainda maior, permitindo aos funcionários que entrem e saiam do

trabalho no momento em que lhe for conveniente, desde que o horário central seja respeitado.

2.3.2.5 Qualidade Total

Segundo Certo (2003, p. 503), a Gestão da Qualidade Total (GQT) iniciou-se nos

Estados Unidos e, hoje, é amplamente creditado aos japoneses.

Conforme suas definições, para alcançar um aprimoramento de qualidade, todos os

membros da organização devem focalizar o desempenho das atividades da empresa. As

operações que merecem ênfase são: pesquisa de mercado, planejamento do produto, design,

produção, gerenciamento dos revendedores, fabricação, inspeção, vendas, atendimento ao

cliente pós-venda, controle financeiro e treinamento de funcionários.

Oferecer bens e serviços de alta qualidade resulta em uma imagem positiva da empresa,

custos reduzidos de responsabilidade sobre o produto, custos inferiores e maior participação

do mercado, corrobora Certo (2003, p. 504), conforme mostra abaixo:

• A imagem positiva da empresa resulta em recrutamento de bons funcionários,

aceleração de vendas e obtenção de empréstimos a instituições financeiras.

• Os custos reduzidos sobre o produto advêm do fato do aprimoramento de produtos e

melhor desempenho, evitando processos jurídicos por defeitos de serviços.

• Os custos inferiores e maior participação do mercado ou lucro nas vendas são

resultados diretos que o cliente tem da qualidade do produto.

As atividades que contribuem para a qualidade do produto resultam em benefícios como

o aumento da produtividade, custos mais baixos de retrabalho e custos mais baixos de garantia

que, conseqüentemente, resultam em lucros maiores. A Gestão da Qualidade Total (GQT) é o

processo de envolver os funcionários de todos os níveis organizacionais no aprimoramento de

uma experiência de alta qualidade para os clientes.

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Vieira e Misoczky (Junho, 2001) consideram que a qualidade é um construto que se

define de forma diferente em cada organização. Contrastam, portanto, com a abordagem

predominante sobre este tema, ou seja, a visão da qualidade como uma definição universal e

harmônica, cuja implantação traria ganhos de eficiência para toda e qualquer organização,

ignorando, assim, a influência de fatores como os objetivos, o poder, a cultura da sociedade e

da organização e o ambiente institucional, entre outros.

Segundo Pollit e Bouckaert (apud VIEIRA; MISOCZKY 2001) consideram a existência

de diferentes níveis para a conceituação de qualidade:

• Micro-qualidade: conceito de qualidade interna, que se aplica à inter-relação das

partes da organização, onde deve haver harmonia de interesses, o que nunca é

atingível, dada a diversidade de interesses e dos conflitos decorrentes;

• Intermediária: voltada para a qualidade externa, relação entre produtor e

consumidor, ou seja, entre provedor e usuário, havendo a suposição de uma possível

harmonia de interesses entre estes;

• Macro-qualidade de vida na sociedade: que inclui a melhoria da qualidade na

relação entre serviço público e cidadania, ou seja, entre Estado e sociedade civil, e

leva em conta, portanto, no processo de decisão e implementação, a existência de

externalidades a serem evitadas.

• Prêmios de Qualidade Estabelecidos

Segundo Certo (2003, p. 505), diversos prêmios importantes têm sido concedidos nos

estados Unidos e no exterior ao reconhecer aqueles que produzem produtos e serviços de

qualidade excepcional.

O Prêmio Internacional de maior prestígio é Deming Award, estabelecido no Japão em

homenagem a W. Edwards Deming, responsável pela introdução do controle estatístico de

qualidade nas empresas japonesas e nas técnicas de aprimoramento da qualidade após a

Segunda Guerra Mundial. O prêmio mais conhecido nos Estados Unidos é o Malcolm

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106

Baldrige National Quality Award, estabelecido em 1988 e concedido pela American Society

of Quality and Control.

No Brasil, atualmente, destaca-se a Fundação Nacional de Qualidade (FNQ). A FNQ

apóia os prêmios estaduais e setoriais da qualidade com produtos e serviços necessários aos

seus processos de capacitação de examinadores e de avaliação e premiação. Os produtos e

serviços incluem:

• Referencial de avaliação para o prêmio (eletrônicos e impressos): critérios de

Excelência e Critérios Rumo à Excelência - download das versões customizadas;

• Materiais de treinamento para examinadores: estudo à distância, estudos de caso,

manual da banca examinadora, slides e guias do instrutor e fitas de vídeo -

Publicações;

• Sistemas informatizados de apoio ao processo de avaliação: licenças do software

para registros de avaliação - Sideral (Sistema Sideral);

• Transferência de Tecnologia de Premiação para prêmios que iniciam suas

atividades;

• Chancela para prêmios que desejam ter seus processos de avaliação acreditados

pela FNQ.

• Diretrizes para atingir a Qualidade Total

Serão relatados, segundo Certo (2003, p. 506), as diretrizes de Crosby, Deming, Juran,

Shingo e Feigenbaum.

• Diretrizes de Philip B. Crosby: a integridade aos sistemas, às comunicações, às

operações numa organização são componentes significativos para evolução na

qualidade do produto. Assim, há redução de erros por inadvertência, resultados

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107

rápidos e confianças dos funcionários são vantagens desse estudo. Mas, em

contrapartida, o excesso de publicidade leva à saturação.

• Diretrizes de Joseph M. Juran: enfatiza que o aprimoramento e a manutenção da

qualidade exige que os gerentes se envolvam nos problemas de qualidade da

empresa, na sua devida identificação e na solução. Para isso, o planejamento

estratégico para a qualidade deve incluir o estabelecimento de metas de curto e

longo prazo, a comparação de resultados de qualidade e integração de planos de

qualidade com as outras áreas estratégicas da empresa.

• Diretrizes de Shingeo Shingo: reconhecendo o desperdício e os custos de inspeções,

Shingo desenvolveu métodos para garantir que os produtos sejam produzidos

corretamente na primeira vez.

• Diretrizes de Armand V. Feigenbaum: criador da expressão qualidade total. Suas

idéias baseiam-se na aplicação de aprimoramentos da qualidade, em que os defeitos

são inaceitáveis.

• Diretrizes de W.Edward Deming: conforme estudos, a alta gerência é a maior

responsável por atingir a qualidade do produto. Para isso, deve haver um contínuo

aprimoramento no design e processo de fabricação do produto. Abaixo se segue o

modelo chamado Os 14 pontos de Deming, criado para aconselhar a gerência do

modo para atingir o um alto nível no aprimoramento e manutenção na qualidade do

• Diretrizes de W.Edward Deming: conforme estudos, a alta gerência é a maior

responsável por atingir a qualidade do produto. Para isso, deve haver um contínuo

aprimoramento no design e processo de fabricação do produto. Abaixo se segue o

modelo chamado Os 14 pontos de Deming, criado para aconselhar a gerência do

modo para atingir o um alto nível no aprimoramento e manutenção na qualidade do

produto, corrobora Certo (2003, p. 508).

Page 108: projeto-teorico-pratico-1

108

Figura 31: Os 14 Pontos de Deming.

Fonte: Certo (2003).

• Análise Ambiental e Qualidade

Segundo Certo (2003, p. 510), a análise ambiental é a etapa inicial no processo do

gerenciamento estratégico, enfatizando as expectativas dos consumidores e dos

concorrentes sobre a qualidade do produto.Peças defeituosas podem resultar em atraso

na entrega, em vendas reduzidas e em produtividade inferior.

Os 14 pontos de Deming... 1º Ponto – Criar e fazer circular junto de todos os empregados uma declaração dos objetivos e intenções da companhia ou organização. A gestão deve mostrar sempre o seu empenho em cumprir a declaração. 2º Ponto – Aprender a nova filosofia, a gestão de topo e todo o resto do pessoal. 3º Ponto – Perceber os objetivos da inspeção, para a melhoria do processo e redução de custos. 4º Ponto – Acabar com a prática corrente de contratar fornecimentos ou serviços tendo somente como base o preço mais baixo. 5º Ponto – Melhoria contínua do sistema de produção e serviço. 6º Ponto – Estabelecer um programa de formação. 7º Ponto – Ensinar e estabelecer liderança. 8º Ponto – Eliminar o medo. Criar confiança. Criar um clima propício à inovação. 9º Ponto – Otimizar os esforços de equipas, grupos e áreas departamentais tendo em vista os objetivos e intenções da companhia. 10º Ponto – Acabar com as exortações aos trabalhadores. 11º Ponto – (a) Eliminar quotas para produção. Em vez disso, aprender e por em práticos métodos que levem à melhoria. (b) Acabar com a Gestão por Objetivos. Em vez de isso calcular as capacidades dos processos e estudar os métodos que as permitam melhorar. 12º Ponto – Remover as barreiras que retiram às pessoas o seu orgulho no trabalho. 13º Ponto – Encorajar a educação e a automelhoria para todos. 14º Ponto – Agir para conseguir a transformação.

Page 109: projeto-teorico-pratico-1

109

Fazer um estudo de fornecedores durante a análise ambiental permite que os

gerentes identifiquem aqueles fornecedores que ajudarão a aprimorar a qualidade do

produto entregando peças de alta qualidade.

• Planejamento estratégico

Conforme Certo (2003, p.511), é importante a decisão de ações que devem ser

tomadas para lidar melhor com os concorrentes. Várias estratégias gerenciais se

mostram eficientes para manutenção da qualidade. Entre elas estão a Agregação de

Valor, Liderança, Parceria, Coleta de Informações, Inovação e Empowerment.

1. Agregação de Valor ao produto e ao serviço: todas as atividades que não

acrescentam valor diretamente ao produto devem ser eliminados, podendo

representar prejuízos. Assim, muitas empresas estão simplificando suas

estratégias de investimento e colocando maior ênfase nos processos de

produção.

2. Liderança: a gerência estabelece a visão e os valores organizacionais e trabalha

com os funcionários para aperfeiçoar o processo de produção.

3. Parceria: Relação entre fornecedores e clientes, certificando-se da qualidade de

seus serviços.

4. Coleta de Informações: os sistemas de informação fornecem aos gerentes

acesso imediato a informações financeiras e não financeiras essenciais

adequadas às necessidades de cada gerência.

5. Inovação: é importante analisar constantemente possíveis mudanças, adaptando

planejamento estratégico ao mercado competitivo.

6. Empowerment: Os funcionários são divididos em equipes que tem autoridade

para desempenhar suas autoridades e até mesmo mudar os processos de

trabalho se isso contribuir para aprimorar a qualidade do produto.

• Controle estratégico

Concentra-se no monitoramento das atividades da empresa para assegurar a

qualidade do produto, corrobora Certo (2003, p. 513). Ao alcançar o controle estratégico

Page 110: projeto-teorico-pratico-1

110

da qualidade do produto, a gerência deve medir o sucesso que a organização conseguiu

com tal aprimoramento.

De acordo com Crosby (apud CERTO 2003, p. 514), seguem-se os estágios de

maturidade da qualidade à medida que se aproxima do seu nível máximo que,

inicialmente, tem a incerteza como característica, pois a gestão da qualidade não é vista

como ferramenta gerencial. Seguido verifica-se a fase de reconhecimento da gestão da

qualidade. Logo após, a organização implementa etapas necessárias para enfrentar

problemas de maneira ordenada. Em seqüência, a gerência identifica os problemas de

qualidade no início. E, por fim, a gestão da qualidade tem se tornado parte essencial da

organização.

2.3.2.6 Downsizing

Segundo Lacombe e Heilborn (2006, p. 488), downsizing é uma expressão inglesa que

significa redução no tamanho da empresa, especificamente, quanto ao número de empregados

e de níveis hierárquicos na estrutura organizacional. O downsizing desenvolveu-se durante a

década de 80, com o rápido desenvolvimento na tecnologia de microcomputadores, muitas

empresas migraram os seus sistemas e o ambiente de execução, que eram geralmente

baseados em computadores de grande porte para esta plataforma.

Downsizing é um projeto específico para diminuir custos, aumentar a flexibilidade e

agilidade da empresa. A figura abaixo foi montada para uma melhor didática quanto os

aspectos positivos e negativos da estratégia em pauta.

Figura 32: Aspectos positivos e negativos do downsizing.

Fonte: Lacombe e Heilborn (2006).

ASPECTOS NEGATIVOS - cortes substanciais de emprego;

-substituição de trabalhadores;

- avanço nos processos de outsoursing;

- trabalhadores a just-in-time (mal pagos e

sem os benefícios).

ASPECTOS POSITIVOS - significativas economias;

- aumento da flexibilidade;

- aumento da produtividade;

- maior rapidez na tomada de decisões.

Page 111: projeto-teorico-pratico-1

111

Há casos em que o downsizing proporciona economias substanciais, melhora a eficácia

da rede e resulta em sistemas mais capacitados a satisfazer as necessidades do usuário final.

De modo, semelhante, existem aplicações em que a implementação plena ou parcial de um

mainframe proporciona nítida vantagem.

2.3.2.7 Benchmarking

Segundo Lacombe e Heilborn (2006, p. 470) se definem como referência para

comparação entre produtos, serviços e processos, isto é, a implementação de melhores

práticas. Benchmarking surgiu como uma necessidade de informações e desejo de aprender

depressa, como corrigir um problema empresarial.

A competitividade mundial aumentou, acentuadamente nas últimas décadas, obrigando

as empresas a um contínuo aprimoramento de seus processos, produtos e serviços, visando

oferecer alta qualidade com baixo custo e assumir uma posição de liderança no mercado onde

atua. Na maioria das vezes o aprimoramento exigido, sobretudo pelos clientes dos processos,

produtos e serviços, ultrapassa a capacidade das pessoas envolvidas, por estarem elas presas

aos seus próprios paradigmas. A figura abaixo ilustra as vantagens e desvantagens do

benchmarking:

Benchmarking é... Benchmarking não é...

Um processo contínuo Um evento isolado

Uma investigação que fornece informações

valiosas

Uma investigação que fornece respostas

simples e "receitas"

Um processo de aprendizado com outros Cópia, imitação

Um trabalho intensivo, consumidor de tempo,

que requer disciplina

Rápido e fácil

Uma ferramenta viável a qualquer

organização e aplicável a qualquer processo

Mais um modismo da administração

Figura 33: Vantagens e Desvantagens do Benchmarking.

Fonte: Lacombe e Heilborn (2006).

Page 112: projeto-teorico-pratico-1

112

2.3.2.8 Gestão do Conhecimento

Segundo Lacombe e Heilborn (2006, p. 489), a gestão do conhecimento é um conjunto

de esforços sistematizados visando criar em novo conhecimento, difundi-lo na organização

para os que dele precisam e incorporá-los a serviços e sistemas. É atualmente a principal

vantagem competitiva da organização.

A preocupação com estruturas organizacionais simples colaborou para o destaque da

gestão do conhecimento, uma vez que algumas empresas tiveram que readmitir empregados

que haviam sido dispensados em virtude dos conhecimentos que possuíam. Outro fator

importante foi à facilidade de ordenar, armazenar, recuperar e expandir informações

proporcionadas pelas redes de computadores com custos relativamente baixos corrobora

Lacombe e Heilborn (2006, p. 490).

Numa era de aumento constante de informações, torna-se cada vez mais importante

saber onde encontrar o conhecimento de que se precisa isso aumenta a importância da gestão

do conhecimento. No cerne da gestão do conhecimento, estão quarto processos: geração,

organização, desenvolvimento e distribuição do conteúdo. Para implementação da gestão do

conhecimento é preciso estabelecer critérios para escolher o tipo de conhecimento necessário

na organização. Assim, a seleção é crucial, afirma Lacombe e Heilborn (2006, p. 492).

Desse modo, conclui-se que investir em Gestão do Conhecimento só é válido para

aquelas empresas que pretendam ainda estar no negócio daqui a muitos anos. No curto prazo

esse tipo de iniciativa não alcança seu real objetivo (mudar o modelo de negócio e de

organização), nem demonstra seu real beneficio (preparar a empresa para um novo tipo de

economia). Mas, de qualquer forma, os casos de implantação em empresas estão aumentando

em numero e complexidade, e a experiência pratica esta se aprofundando.

2.3.2.9 Globalização Empresarial

Conforme Lacombe e Heilborn (2006, p. 504), caracteriza-se pela integração crescente

de todos os mercados, enfatizando os aspectos econômicos e comerciais. Há quatro tipos de

globalização, entre elas estão: globalização de demanda, oferta, competição e de estratégia.

Page 113: projeto-teorico-pratico-1

113

• Globalização de demanda: proporcionou a uniformização dos padrões de demanda,

uma vez que os mesmos produtos são vendidos no mundo inteiro.

• Globalização da oferta: Facilitada pela concentração de negócios e alianças

estratégicas. As empresas instalam suas fábricas onde poderão obter vantagens mais

competitivas.

• Globalização de competição: uma empresa multinacional maximiza os lucros em

termos globais, em vez de fazê-lo em cada país.

• Globalização de estratégia: Fabricar o produto onde houver maiores possibilidades

de ganho, montando um produto em partes por diversos países.

Conclui-se assim, que as empresas devem ser administradas com uma visão

globalizante, considerando o mercado, a cultura e os valores. As empresas produzem onde

lhes é mais conveniente e vendem onde o mercado é mais atrativo.

Segundo Lacombe e Heilborn (2006, p. 505), quanto os seus aspectos positivos podem-

se citar: produção de riquezas e do consumo, a formação de uma consciência social de um

poder político global, barateamento e a melhoria dos serviços de telefonia e a popularização

da “Internet” e dos canais de televisão por assinatura permitindo a integração entre pontos

distantes do planeta (revolução tecnocientifica), abandono gradativo das barreiras tarifárias,

que protegem a produção dos países da concorrência estrangeira e se abrem ao fluxo

internacional de bens, serviços e capitais.

Quantos os seus aspectos negativos verificam-se que a globalização econômica está

reduzindo drasticamente os empregos em escala global e num ritmo veloz. Dizem os críticos,

que haverá uma crise social de proporções nunca vistas.

Como desvantagem há também a queda dos níveis salariais, perda da capacidade do

Estado de levantar recursos, via tributos e impostos, para atender as demandas cada vez mais

urgentes não somente das massas, mas também das classes médias angustiadas pelo

desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta de segurança e deterioração

Page 114: projeto-teorico-pratico-1

114

generalizada da qualidade de vida. Nos estudos dos economistas, deu-se o nome de

“desemprego estrutural” a esta tendência.

Segundo os críticos, a outra nota ruim da globalização está no desaparecimento das

fronteiras nacionais. Os governos não conseguem mais deter os movimentos do capital

internacional. Por isso, seu controle da política econômica interna está se esgarçando.

2.3.2.10 Melhoria Contínua

De acordo com Chiavenato (2004, p.579-580), “a melhoria contínua teve seu início com

autores vinculados com a teoria matemática”. Ela começou com os primeiros trabalhos de

implantação do controle estatístico de qualidade e é aplicável a nível operacional. Ela é uma

técnica de mudança organizacional suave e contínua, centradas nas atividades em grupos das

pessoas. Visa a qualidade dos produtos e serviços dentro de programas em longo prazo, que

privilegiam a melhoria gradual e o passo-a-passo por meio da intensiva colaboração e

participação das pessoas.

Chiavenato (2004, p. 581) ressalta que a filosofia da melhoria contínua deriva do kaiser,

definindo-se como um processo de gestão e cultura de negócios, que passou a significar

aprimoramento contínuo e graduado, implementando por meio do envolvimento ativo e

comprometido de todos os membros da organização no que ela faz e na maneira de como as

coisas são feitas.

2.3.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

De acordo com Certo (2003, p. 49), a responsabilidade social da empresa é a obrigação

administrativa de tomar atitudes que protejam e promovam tanto o bem-estar da sociedade

como um todo quanto os interesses da empresa. Sendo assim, um gerente deve se empenhar

em alcançar objetivos tanto sociais como empresariais.

De acordo com Maximiano (2007, p. 426), o princípio da responsabilidade social

baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais, que existem com a

autorização da sociedade, utilizam recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da

sociedade. Um dos representantes dessa corrente é Andrew Carnegie que em 1899 publicou o

Page 115: projeto-teorico-pratico-1

115

livro O Evangelho da Riqueza no qual estabeleceu os dois princípios da responsabilidade

social corporativa: caridade e zelo (stewardsehip). Esses princípios baseavam-se numa visão

paternalista do papel do empresário em relação aos empregados e aos clientes.

• Princípio da Caridade: diz que os indivíduos mais afortunados da sociedade devem

cuidar dos menos afortunados, compreendendo desempregados, doentes, pessoas

com deficiências físicas e mentais.

• Princípio do Zelo: derivado da Bíblia estabelece que as empresas e indivíduos ricos

deveriam enxergar-se como depositários de sua propriedade. Segundo Carnegie, o

papel da empresa é, também, aumentar a riqueza da sociedade, por meio de

investimentos prudentes e do uso cauteloso dos recursos sob sua responsabilidade.

2.3.3.3 Compromisso da Responsabilidade Social

De acordo com Certo (2003, p. 51), esse compromisso enfoca várias áreas prioritárias,

sendo as relacionadas a temas urbanos, ambientais, relativos ao consumidor e às práticas de

oportunidades de empregos as mais conhecidas.

2.3.3.4 As empresas e o Meio Ambiente

De acordo com Maximiano (2007, p. 434-435), nos últimos 30 anos tem havido um

crescente interesse no ambiente, nos danos provocados ao ambiente e no futuro da relação

entre sociedade e ambiente. Em todo mundo existe a consciência de que o ambiente é uma

questão sistêmica, que envolve todas as nações e o comportamento de cada pessoa.

Como resultado, muitos governos vêm tentando estabelecer restrições para a atividade

econômica que tenha algum tipo de impacto ambiental. A seguir serão considerados três

tópicos importantes relacionados com o ambiente, sendo eles: desenvolvimento sustentável,

legislação ambiental no Brasil e auditoria ambiental.

• Desenvolvimento Sustentável

Segundo a Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

Page 116: projeto-teorico-pratico-1

116

(CMMAD) da Organização das Nações Unidas, Desenvolvimento Sustentável é aquele

que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as

gerações futuras satisfaçam as suas próprias necessidades.

De acordo com Maximiano (2007, p. 435), o conceito de desenvolvimento

sustentável baseia-se no entendimento de que os problemas do planeta são

interdependentes e sistêmicos.

• Legislação Ambiental no Brasil

Segundo Maximiano (2007, p. 436), na estrutura da administração federal do

Brasil, a legislação criou três órgãos para cuidar do ambiente:

1. Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente): Órgão consultivo e

deliberativo, cuja principal função é assessorar, estudar e propor diretrizes de

políticas ambientais, bem como deliberar sobre normas e padrões de controle

ambiental. (Lei 6.938)

2. Ministério do Meio Ambiente: (Lei 8.490, de 19-11-1992)

3. Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis): é o órgão executivo da PNMA e está vinculado ao Ministério do

Meio Ambiente. É responsável pelos estudos ambientais e pela liberação de

licenças ambientais.

• Auditoria Ambiental

De acordo com Maximiano (2007, p. 437), a auditoria ambiental é um processo

sistemático e periódico, de avaliar o desempenho de uma organização na administração

de suas relações com o ambiente. Tem como objetivos:

1. Avaliar o desempenho dos sistemas de administração ambiental da organização;

2. Verificar se a organização está em conformidade com sua própria política para

o ambiente;

3. Verificar se a organização está em conformidade com a legislaçaõ ambiental de

saúde e de segurança;

Page 117: projeto-teorico-pratico-1

117

4. Desenvolver e implementar procedimentos internos necessários para a

realização de objetivos de proteção do ambiente;

5. Minimizar os riscos ambientais para as pessoas;

6. Identificar e avaliar os riscos resultantes de acidentes ambientais;

7. Avaliar o impacto no ambiente de uma instalação ou processo industrial por

meio da análise do ar, água e solo;

8. Identificar aprimoramentos ambientais que a organização possa implementar.

2.3.3.5 O novo contexto econômico e a responsabilidade social das empresas

De acordo com o Instituto Ethos (2008), um dos traços mais impactantes da recente

evolução da economia mundial tem sido a integração dos mercados e queda das barreiras

comerciais. Para grande parte das empresas, isso significou a inserção, muitas vezes forçada,

na competição em escala planetária. Em curto espaço de tempo, elas viram-se compelidas a

mudar radicalmente suas estratégias de negócio e padrões gerenciais para enfrentar os

desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes da ampliação de seus mercados potenciais,

do surgimento de novos concorrentes e novas demandas da sociedade.

Paralelamente, tiveram que passar a acompanhar a acelerada evolução tecnológica e o

aumento do fluxo de informações, que se tornou exponencial com o avanço da Internet.

Na era da informação, da nova economia, são profundas as mudanças no modo de as

sociedades se organizarem. Alteram-se os papéis dos Estados nacionais, das empresas e das

pessoas. Redefine-se a noção de cidadania e constituem-se modalidades inovadoras de

direitos coletivos. O crescimento vertiginoso do chamado terceiro setor, com a proliferação

das organizações não governamentais, configura uma verdadeira revolução cívica, que o

mundo da Internet e das comunicações vem potencializar.

Esse contexto apresenta como desafio para as empresas a conquista de níveis cada vez

maiores de competitividade e produtividade, e introduz a preocupação crescente com a

legitimidade social de sua atuação.

Como resposta, as empresas passam a investir em qualidade, num aprendizado dinâmico

que se volta inicialmente para os produtos, evolui para a abordagem dos processos, até chegar

Page 118: projeto-teorico-pratico-1

118

ao tratamento abrangente das relações compreendidas na atividade empresarial, com os

empregados, os fornecedores, os consumidores e clientes, a comunidade, a sociedade e o meio

ambiente.

A gestão empresarial que tenha como referência apenas os interesses dos acionistas

(shareholders) revela-se insuficiente no novo contexto. Ele requer uma gestão balizada pelos

interesses e contribuições de um conjunto maior de partes interessadas (stakeholders). A

busca de excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e a

sustentabilidade econômica, social e ambiental.

2.3.3.6 Ética e qualidade nas relações

Conforme o Instituto Ethos (2008), a atuação baseada em princípios éticos e a busca de

qualidade nas relações são manifestações da responsabilidade social empresarial. Numa época

em que os negócios não podem mais se dar em segredo absoluto, a transparência passou ser a

alma do negócio: tornou-se um fator de legitimidade social e um importante atributo positivo

para a imagem pública e reputação das empresas. É uma exigência cada vez mais presente a

adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser humano, a sociedade e o meio

ambiente.

Relações de qualidade constroem-se a partir de valores e condutas capazes de satisfazer

necessidades e interesses dos parceiros, gerando valor para todos. Empresas socialmente

responsáveis estão mais bem preparadas para assegurar a sustentabilidade em longo prazo dos

negócios, por estarem sincronizadas com as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o

mundo empresarial. O necessário envolvimento de toda a organização na prática da

responsabilidade social gera sinergias, precisamente com os públicos dos quais ela tanto

depende, que fortalecem seu desempenho global.

A empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de respeitar as leis,

pagar impostos e observar as condições adequadas de segurança e saúde para os

trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará

contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.

Page 119: projeto-teorico-pratico-1

119

A prática da responsabilidade social revela-se internamente na constituição de um

ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional das pessoas. A empresa,

com isso aumenta sua capacidade de recrutar e manter talentos, fator chave para seu sucesso

numa época em que criatividade e inteligência são recursos cada vez mais valiosos.

A competição acirrada torna vital a fidelização dos consumidores e clientes, que têm

cada vez mais acesso à informação e à educação. A adoção de um comportamento que

ultrapassa as exigências legais agrega valor à imagem da empresa, aumentando o vínculo que

seus consumidores e clientes estabelecem com ela.

A empresa demonstra sua responsabilidade social ao comprometer-se com programas

sociais voltados para o futuro da comunidade e da sociedade. O investimento em processos

produtivos compatíveis com a conservação ambiental e a preocupação com o uso racional dos

recursos naturais também têm importante valor simbólico, por serem de interesse da empresa

e da coletividade.

Com iniciativas desse tipo, a empresa revela sua crença no preceito de que só uma

sociedade saudável pode gerar empresas saudáveis.

2.3.3.7 Responsabilidade social no Brasil

Segundo o Instituto Ethos (2008), no Brasil, o movimento de valorização da

responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de

entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.

O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE na promoção do

Balanço Social é uma de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão.

A obtenção de certificados de padrão de qualidade e de adequação ambiental, como as

normas ISO, por centenas de empresas brasileiras, também é outro símbolo dos avanços que

têm sido obtidos em alguns aspectos importantes da responsabilidade social empresarial. A

atuação incansável da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança pela erradicação do

trabalho infantil e a adoção do selo Empresa Amiga da Criança por número expressivo de

empresas são exemplos vivos do poder transformador da iniciativa privada.

Page 120: projeto-teorico-pratico-1

120

As enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão à

responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que

as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma

nova cultura, sejam atores de mudança social, sejam construtores de uma sociedade melhor.

Page 121: projeto-teorico-pratico-1

121

3 A DINÂMICA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA LUBNOR ( PETRÓBRÁS)

Este capítulo tem por finalidade analisar a dinâmica organizacional da empresa

LUBNOR (Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste), apresentando a sua estrutura,

tendo por embasamento as teorias administrativas e levando em consideração aspectos desde

a caracterização do seu setor, passando pelo perfil profissional dos funcionários, pela sua

estrutura organizacional, pelo seu mercado consumidor até a comparação entre a TGA e suas

variáveis inseridas na empresa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR

Antes de caracterizar-se o setor da empresa em foco, tem-se que fazer um breve

histórico sobre a utilização das diversas energias no Brasil.

Segundo “site” da Petrobras (2008), em 1940, mais de 75% da energia primária

utilizada no Brasil vinha da queima da madeira. Mas após a Segunda Guerra Mundial, o País

começou a se industrializar, as pessoas deixaram o campo e foram para a cidade, rodovias

foram construídas – tudo isso fez com que o consumo de energia crescesse. Hoje,

predominam dois grandes sistemas energéticos, ambos de âmbito nacional: o setor de energia

elétrica e o setor de petróleo. A eletricidade abastece a indústria, as residências, o comércio e

os serviços urbanos. Os derivados de petróleo suprem o setor de transporte e uma significativa

parcela das demais necessidades energéticas.

O Brasil é um País grande (o quinto maior do mundo) e com relevo acidentado e muitos

rios. Isso facilitou na hora de escolher a melhor forma de gerar energia: são muitos os locais

onde se podem instalar usinas hidrelétricas. E o governo brasileiro utilizou bem este

potencial: quase toda a energia que chega na casa dos brasileiros vem das usinas hidrelétricas,

mas é gerada também em termelétricas que utilizam a fissão nuclear, carvão mineral e óleo

combustível.

De acordo com “site” da Petrobras (2008), a energia hidrelétrica passou a ser destaque

no Brasil em 1973, quando o presidente Garrastazu Médici lançou um grande projeto

energético, que resultou na construção da usina Itaipu, no Rio Paraná, na fronteira com o

Paraguai.

Page 122: projeto-teorico-pratico-1

122

Quanto à LUBNOR, segundo Roberto Flávio, gerente de Serviços Compartilhados da

LUBNOR, a refinaria entrou em atividade em 24 de junho de 1966 como Fábrica de Asfalto

de Fortaleza - ASFOR. Com capacidade de até seis mil barris de petróleo por dia. Atualmente,

alguns órgãos estão localizados na LUBNOR, com a finalidade de atender a Petrobrás, são

eles: Serviços Compartilhados, Serviço Jurídico, Telecomunicações, Informática, DIVIN,

Transpetro e Agência Marítima.

3.2 PERFIL DA EMPRESA

Conforme Roberto Flávio, gerente de Serviços Compartilhados, a LUBNOR

(Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste) é uma refinaria da Petrobras que está

localizada no Ceará, Piauí e Maranhão, que tem como responsabilidades a comercialização e

entrega de produtos às Distribuidoras (Diesel, Gasolina, GLP, QAV, Óleo Combustível,

Bunker e Querosene Iluminante). É responsável também, pela produção de asfaltos, óleos

lubrificantes, gás natural, óleo combustível para navios, gás de cozinha, óleo amaciante de

fibras.

Quanto à sua importância no âmbito nacional, é ainda, a única empresa da Petrobras a

produzir lubrificantes naftênicos. Esse tipo de lubrificante serve como isolante térmico para

transformadores de alta voltagem, e podem ser utilizados em compressores, amortecedores, e

ainda como óleo de corte, entre outras funções.

Referindo-se ao cenário regional, ressalta-se a influência na economia cearense, uma

vez que a empresa atua no mercado de energia e é a maior contribuinte de ICMS nos estados

do Ceará (22% do total em 2006).

Segundo “site” da Petrobras (2008), a missão da empresa é atuar de forma segura e

rentável, com responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás e

energia, nos mercados estaduais e regionais, fornecendo produtos e serviços adequados às

necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil. A empresa

LUBNOR também elaborou seu planejamento estratégico para 2020, objetivando ser uma das

cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos

de interesse.

Page 123: projeto-teorico-pratico-1

123

Terá como foco as seguintes propostas:

• A forte presença internacional;

• Referência mundial em biocombustíveis;

• Excelência operacional, em gestão, recursos humanos e tecnologia;

• Rentabilidade;

• Referência em responsabilidade social e ambiental;

• Comprometimento com o desenvolvimento sustentável.

3.2.1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste – LUBNOR.

Avenida Leite Barbosa s/n Mucuripe.

CEP: 60.180-420; Fortaleza - (CE)

TEL. (85) 3266-3179.

3.2.1.1 Apresentação

Segundo “site” da Petrobras (2008), a LUBNOR é uma das refinarias de petróleo da

PETROBRAS, localizada na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, cujo principal produto é

o Cimento Asfáltico Processado - CAP. O CAP se constitui no sub-produto mais denso e

viscoso do petróleo. A principal aplicação do CAP é a pavimentação de rodovias, onde ele é

adicionado a partículas de pedra para formar o concreto asfáltico.

A qualidade de seus produtos e serviços é um dos principais fatores de sucesso da

empresa. Portanto, a LUBNOR busca permanentemente a superação das suas expectativas,

sem esquecer da responsabilidade social e da valorização de seus funcionários. É uma

empresa de grande porte, que contabiliza um faturamento mensal médio de R$ 600 milhões.

A unidade do Ceará teve uma receita total de R$ 6,7 bilhões em 2006, o que representa um

aumento de 21 % sobre o ano anterior.

Segundo Zylberberg (fevereiro, 2006), o refino é um processo de diversas etapas, da

destilação ao tratamento de derivados e, tem como principais processos: destilação, separação

do petróleo com o uso de calor em torres, na qual cada fração é liberada com a temperatura;

Page 124: projeto-teorico-pratico-1

124

craqueamento, quebra de moléculas maiores do óleo em moléculas menores (mais leves);

reforma, processo com uso de catalisadores para transformar nafta com baixo índice de

octananas em outro com índice mais elevado e produção de hidrocarbonetos aromáticos;

tratamento de derivados, processos para melhoria das características e a retirada de

componentes indesejados dos derivados.

Conforme Adriana Thomasi (Agosto, 2004), quanto ao ambiente de negócios, a

LUBNOR-Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste-projeta investir até 2009

recursos da ordem de US$ 60 milhões na construção de uma nova fábrica, em Fortaleza, o que

duplicará a capacidade atual de produção para 350 metros cúbicos por dia.

De acordo com Eduardo Bellaguarda, gerente de comercialização da LUBNOR, mais

do que o aumento da produção a investida tem efeito multiplicador na economia do Ceará e

de estados vizinhos, pois embute a possibilidade de atrair companhias para a região, gerando

um pólo de lubrificantes. A tabela abaixo mostra a capacidade de produção da LUBNOR.

Figura 34: Capacidade e Volume de produção da LUBNOR.

Fonte: “site” Petrobras (2008).

Page 125: projeto-teorico-pratico-1

125

Conforme Bellaguarda, na capital do Ceará, a companhia processa por dia 1,1 mil

metros cúbicos de petróleo 100% nacional, e tem três unidades de produção - uma de vácuo,

que fabrica asfalto e o destilado, matéria-prima para lubrificantes; e as outras de gás natural e

naftênicos, instaladas em área total de 321 mil metros quadrados, no bairro do Mucuripe.

Líder nacional na produção de asfalto, a empresa vendeu 203 mil toneladas no ano passado,

um crescimento da ordem de 35% sobre 2005, quando foram comercializadas 148 mil

toneladas.

Projeções para a unidade do Ceará sinalizam em 2006 receita total de R$ 6,7 bilhões,

representando crescimento de 21% sobre o ano anterior.

3.2.1.2 Funcionários

A companhia gera, aproximadamente, 280 empregos diretos e 500 indiretos. Entre os

funcionários, os homens são mais numerosos que as mulheres. Em termos de porcentagens

seria 80 % homens e 20% mulheres, com uma faixa etária média acima de 40 anos.

Homem Mulher

Quantidade 224 56

Porcentagem 80% 20%

Figura 35: Divisão por sexo.

Fonte: Dados colhidos pela LUBNOR.

Os funcionários diretos são admitidos através de concursos públicos realizados de

acordo com as necessidades e disponibilidades da empresa. Um ponto singular da LUBNOR

refere-se à mobilidade de cargos na empresa. Segundo Roberto Flávio, cada cargo possui seus

níveis de atuação, por exemplo, nível Junior, técnico, etc. Com o tempo de serviço e maior

instrução profissional, atinge-se maiores níveis. Porém, chega um determinado momento que

o funcionário chega ao topo do nível de seu cargo e não terá mais chance de alcançar maiores

cargos. A isso denomina-se de funcionário “topado”.

Assim, um funcionário não poderá ocupar cargos diferentes, mas apenas crescer dentro

do cargo que foi inicialmente ocupado por ele. Antigamente havia concursos internos na

empresa para ocupação de diferentes atividades, dessa forma os funcionários tinham chances

Page 126: projeto-teorico-pratico-1

126

de alcançar maiores cargos e remunerações. Porém, de acordo com o Artigo 37 da

Constituição Federal do país, o ingresso de pessoal na Petrobras está condicionado à

aprovação em Processo Seletivo Público. Desse modo, são realizados concursos externos para

ingressar na PETROBRAS, sendo distribuídos em seus vários segmentos de acordo com a

necessidade, como a LUBNOR. Abaixo mostra a quantidade de funcionários em cada

segmento da Petrobras. Vale ressaltar que a LUBNOR enquadra-se no segmento do

Abastecimento, com 21% de empregados da Petrobras.

Figura36: Numero de Funcionário da Petrobras.

Fonte: Dados colhidos pela empresa.

Os profissionais de nível superior recém-admitido sem exigência de experiência prévia

passam até um ano em sala de aula, na Universidade Petrobras, antes de começarem a

trabalhar efetivamente. Em um dos três campi da Universidade, aprimoram suas competências

técnicas e adquirem conhecimentos organizacionais, contextuais e vivenciais (estágios

práticos) sobre a Petrobras e a indústria de Petróleo. Mesmo assim, existem muitos

funcionários que se encontram estagnados em seus cargos, mesmo tendo competência para

ocupar níveis mais superiores.

Contudo, foi analisada a posição do trabalhador na empresa, uma vez que eles têm a

oportunidade de darem sugestões para eventuais melhoras no sistema. Anualmente, há a

formulação de questionários para todos os funcionários para que possam dar suas opiniões na

empresa. É visível a satisfação que os funcionários tem dentro da empresa. Numa das visitas a

34%

21%1%

11%

2%

3%

13%

17%

1% Suporte à Dir. SuperiorAss. Corp. e ApoioSubsidiáriasANI ExteriorANI BrasilAbastecimentoE&PGás e EnergiaPesquisa

Page 127: projeto-teorico-pratico-1

127

LUBNOR, foi perceptível a boa condição de trabalho das pessoas. Além disso, são oferecidos

diversos programas de auxílios aos trabalhadores.

Segundo “site” da Petrobras (2008), é uma das empresas brasileiras que mais valoriza o

seu capital humano. E faz isso porque sabe que é impossível alcançar seus resultados

financeiros, de produtividade, de tecnologia, sem valorizar as pessoas que nela trabalham. A

missão da política de Recursos Humanos da Companhia tem como foco principal assegurar

um sistema de gestão de RH que valorize o potencial humano e gere ambiência

organizacional favorável à motivação das pessoas, levando-as a contribuírem e se

comprometerem com a excelência do desempenho e dos resultados organizacionais.

É nesse sentido que a área de Recursos Humanos da Companhia atua, sempre

trabalhando para valorizar, desenvolver e reter os seus talentos. A Petrobras oferece

oportunidades de progressão na carreira, remuneração nos padrões do mercado, benefícios

educacionais, planos de saúde, além de ser reconhecida pela qualificação de seu corpo

técnico. Conforme “site” da Petrobras (2008), os principais benefícios oferecidos pela

companhia são:

• AMS - Assistência Multidisciplinar de Saúde: plano de saúde com coberturas

médica, odontológica e psicoterápica;

• PAE - Programa de Assistência Especial: programa para filhos de empregados com

necessidades especiais;

• PASA - Programa de Avaliação da Saúde do Aposentado;

• Auxílio-almoço;

• Benefícios educacionais: auxílios creche, acompanhante, pré-escolar, ensino

fundamental, ensino médio e programa de complementação educacional;

• Benefícios para casos de acidentes fatais com empregados quando a serviço da

companhia.

• Convênio Petrobras com o INSS: agilizam a concessão de benefícios

previdenciários e humaniza o atendimento de quem necessita requerê-los.

• CEPES - Clubes dos Empregados Petrobras: mais de 30 clubes em todo o país com

completa infra-estrutura de lazer espalhada por todo o país.

Page 128: projeto-teorico-pratico-1

128

3.2.1.3 Histórico da Empresa

De acordo com Roberto Flávio, a refinaria entrou em atividade em 24 de junho de 1966

como Fábrica de Asfalto de Fortaleza - ASFOR. Com capacidade de até 6 mil barris de

petróleo por dia.Os principais produtos são: Asfaltos, óleos lubrificantes, gás natural, óleo

combustível para navios, gás de cozinha e óleo amaciante de fibras. A instalação de uma

Refinaria obedece a diversos fatores técnicos, dos quais destacam-se a sua localização nas

proximidades de uma região onde haja grande consumo de derivados e/ou nas proximidades

das áreas produtoras de petróleo.

Conforme a tabela abaixo, será analisado cada passo da história da LUBNOR. A

Petrobras, diante do contexto favorável de expansão sócio-econômica do Estado, decidiu, na

década de 60, investir na implantação de uma fábrica de asfalto no Ceará - ASFOR. Em 24 de

junho de 1966, foi inaugurada a Fábrica de Asfalto de Fortaleza. Inicialmente, a unidade

processava 450m³/dia de petróleo.

Figura 37: História da LUBNOR

Fonte: Dados fornecidos pelo Gerente Geral – LUBNOR em Abril de 2008.

Page 129: projeto-teorico-pratico-1

129

Ao longo dos anos de 1971, 1989, 1996 e 2006, o parque industrial da Lubnor passou

por várias ampliações e instalação de novas unidades, alcançando hoje 1.100 m³/dia e uma

expressiva diversificação de produtos de maior valor agregado.

Em 2000, a LUBNOR alcançou a certificação da ISO 9002. O Certificado ISO 9002 é

uma norma internacional que contém diretrizes para a implantação do Sistema de Qualidade.

Dessa forma, assegura aos clientes a confiabilidade da qualidade dos produtos e serviços; gera

maior credibilidade junto ao cliente e fornecedores, visando expansão de mercado,

competitividade, mantendo sobre equilíbrio os fatores técnicos, administrativos e humanos e

geram qualidade nos serviços, com treinamento, responsabilidade e envolvimento de toda a

equipe.

Posteriormente, em 2002, a LUBNOR adotou a certificação da ISO 14001. É uma

norma internacionalmente aceita que define os requisitos para estabelecer e operar um

Sistema de Gestão Ambiental. A norma reconhece que organizações podem estar preocupadas

tanto com a sua lucratividade quanto com a gestão de impactos ambientais. A ISO 14001

integra estes dois motivos e provê uma metodologia altamente amigável para conseguir um

Sistema de Gestão Ambiental efetivo.

Na prática, o que a norma oferece é a gestão de uso e disposição de recursos. É

reconhecida mundialmente como um meio de controlar custos, reduzir os riscos e melhorar o

desempenho. Não é só uma norma “no papel” – ela requer um comprometimento de toda a

organização. Se os benefícios ambientais e seus lucros aumentam, as partes interessadas verão

os benefícios.

No mesmo ano alcançou a OHSAS 18001, é uma ferramenta que permite a empresa

atingir e sistematicamente controlar e melhorar o nível do desempenho da Saúde e Segurança

do Trabalho por ela mesma estabelecido. É uma ferramenta que permite uma empresa atingir

e sistematicamente controlar e melhorar o nível do desempenho da Saúde e Segurança do

Trabalho por ela mesma estabelecido.

Por fim, verifica-se na história da empresa LUBNOR a certificação da SA 8000, em

2004. SA 8000 é uma norma internacional que define os requisitos referentes às práticas

sociais do emprego por fabricantes e seus fornecedores. A SA 8000 é reconhecida

Page 130: projeto-teorico-pratico-1

130

mundialmente como a norma mais aplicável ao ambiente de trabalho, e pode ser aditada em

qualquer porte de organização, em qualquer localidade geográfica e setor industrial.

Entre as áreas cobertas pela SA 8000 estão: trabalho infantil, trabalho forçado, saúde e

segurança, liberdade de associação e direito a acordos coletivos, discriminação, práticas

disciplinares, horas de trabalho, compensação e sistemas de gestão.

Com essa certificação a LUBNOR conseguiu os seguintes benefícios:

• Aumento da lealdade e preferência do seu cliente e consumidor.

• Ajuda no acesso a novos mercados e na construção da consciência de uma marca

mais forte

• Sustenta sua estratégia de comunicação, reforçando os principais valores da sua

organização, bem como um meio de praticá-los.

• Reforça a motivação e o comprometimento progressivo dos colaboradores,

impactando então positivamente na qualidade do seu serviço e produtos.

• Melhora a gestão e a performance da sua cadeia de fornecimento.

De acordo com “site” portal BR (2008), em decorrência do grande racionamento de

combustíveis imposto por ocasião da 2ª Guerra Mundial - 1939/1945 - da pequena escala dos

investimentos privados na área do petróleo e do direcionamento, no mundo, dos investimentos

das multinacionais para áreas de seu exclusivo interesse, um forte movimento político e

popular tomou conta do País, resultando, em 1953, na instituição do Monopólio Estatal do

Petróleo e na criação da PETROBRÁS, para executá-lo em nome da União.

A indústria do petróleo tinha quase 100 anos. No mundo, constituía-se no maior

negócio, era o ponto nevrálgico de ação de todos os governos e de revoluções e guerras. As

pressões internacionais relacionadas com o petróleo eram marcantes. Com a instalação da

Petrobras, em 10 de maio de 1954, portanto, sete meses após sua criação, o Brasil trilhou um

caminho diferente tendo nas suas próprias mãos o destino da indústria que alimenta o mundo

de energia. O sucesso de tal empreitada se mostra nos resultados obtidos pelo povo brasileiro

através da estatal do petróleo.

Page 131: projeto-teorico-pratico-1

131

3.2.2 PERFIS PROFISSIONAIS DOS PRINCIPAIS DIRETORES/GERENTES

Verificou-se uma grande dificuldade em conseguir dados da diretoria executiva da

empresa em foco.

• Roberto Flávio Almeida

Idade: 42 anos.

Iniciou na empresa como Técnico de Manutenção Sênior.

Cargo: Gerente Setorial - Serviços Compartilhados.

Regional Norte / Nordeste.

Formação: Engenheiro Eletricista

Cursando atualmente MBA em Administração Empresarial.

Tempo de Serviço na empresa: 22 anos.

Roberto Flávio Almeida iniciou sua carreira profissional como técnico da COELCE e

TELECEARÁ, depois ingressou na Petrobras através de concurso, trabalhando no mar

com instalação de plataforma e construção de gasodutos durante 7 anos.

3.2.2.1 Plano de Cargos e Carreiras

Segundo José Gabrielli, presidente da Petrobras, os gastos com pessoal totalizaram R$ 6

bilhões 569 milhões no ano, incluídas as partes fixa e variável da política salarial da empresa.

A fixa engloba remunerações como salários, adicionais, gratificações e progressão na carreira;

a variável, a distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), com vinculação do

desempenho empresarial às metas do Plano Estratégico.

Nos dois acordos coletivos com as entidades sindicais dos empregados de terra, em

setembro, e dos marítimos, em novembro, a PETROBRAS se manteve aberta à negociação,

estando representada também nas reuniões periódicas de acompanhamento. Como nos anos

anteriores, os acordos consolidaram importantes conquistas para os empregados. Entre os

principais resultados estão: reajuste salarial de 6,02% e concessão de um nível de progressão

na carreira para todos os empregados; criação da Gratificação de Campo Terrestre de

Produção.

Page 132: projeto-teorico-pratico-1

132

Ainda segundo José Gabrielli, presidente da Petrobras, a companhia realizou, em âmbito

nacional, um processo seletivo público para a admissão de profissionais em diversos cargos de

nível superior e médio. Ao longo do ano, foram admitidos 1.806 trabalhadores – 835 para

postos de nível superior e 971 para cargos de nível médio.

A Petrobras deu curso à revisão do Plano de Classificação e Avaliação de Cargos

(PCAC), com o objetivo de adequar o plano de cargos aos desafios definidos no plano

estratégico. O estudo – conduzido por um grupo de trabalho composto por representantes de

todas as áreas, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e dos sindicatos – teve a

contribuição de mais de mil empregados na fase de descrição dos cargos. A conclusão do

projeto está prevista para maio de 2006, conforme cláusulas dos acordos coletivos 2004/2005.

A transparência e a participação da força de trabalho vêm sendo valorizadas em todo o

processo de revisão do PCAC. Entre as premissas da revisão estão a adequação da duração das

carreiras à expectativa de permanência na companhia e aos mecanismos de mobilidade; a

análise dos cargos e carreiras à luz do mercado e de sua a importância para a PETROBRAS.

3.2.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA LUBNOR/PETROBRAS

Neste projeto será relatada abaixo a organização da empresa em termos de estrutura,

como organogramas. Verifica-se assim, que a LUBNOR é uma empresa bem-estruturada com

seus cargos e tarefas muitas bem definidas.

3.2.3.1 Organogramas

Inicialmente, analisa-se a hierarquia da PETROBRAS e, em seguida, da LUBNOR.

Conforme José Sergio Gabrielli de Azevedo, presidente da Petrobras, a direção da Petrobras é

exercida por um Conselho de Administração, com função deliberativa, e por uma Diretoria

Executiva. O Conselho é composto por nove membros eleitos pela Assembléia Geral de

Acionistas, responsáveis pela orientação e direção superior da Companhia, enquanto a

Diretoria Executiva é composta pelo presidente e seis diretores eleitos pelo Conselho de

Administração.

Page 133: projeto-teorico-pratico-1

133

Ainda segundo José Sergio Gabrielli de Azevedo, dentre os membros do Conselho,

apenas um, o presidente da Companhia, exerce funções executivas. Desde 1999, a presidência

do Conselho de Administração é exercida por membro sem funções executivas ou quaisquer

outros vínculos na Petrobras.

Além do Conselho de Administração, a Petrobras conta com um Conselho Fiscal de

caráter permanente, composto por cinco membros, também eleitos pela Assembléia Geral,

responsável por fiscalizar os atos dos administradores e examinar demonstrações contábeis,

dentre outras atribuições. Dentro desse organograma, a LUBNOR está enquadrada na

Diretoria de Rede de Postos e Serviços. Vale ressaltar que a Gerência de Comunicação

Institucional dispõe uma assessoria para se responsabilizar pela atualização dos

organogramas.

Segundo “site” da Petrobras (2008), dentro da cultura interna da Companhia, englobam

questões como engajamento das partes interessadas, empreendedorismo e superação de

desafios, busca pela liderança, competitividade e competência tecnológica, além de foco na

obtenção de resultados de excelência. Os princípios abrangem ética nos negócios, trabalho

justo e cooperação, acompanhamento de resultados e transparência.

Estes princípios estão expressos no Código de Ética da Companhia, o documento que

ratifica o compromisso da Petrobras e orienta seu público interno. Entre as políticas

corporativas, estão as de Atuação Corporativa, de Disciplina de Capital, de Desenvolvimento

de Novos Negócios, de Comunicação, de Recursos Humanos, de Segurança, Meio Ambiente

e Saúde (SMS) e de Telecomunicações.

Analisando o organograma geral da Petrobras, verifica-se que a LUBNOR enquadra-se

na Diretoria de Operações e Logística. Quanto à comunicação na empresa, cada refinaria tem

que ter uma assessora de comunicação.

Desse modo, conclui-se que não há política diferenciada, uma vez que é convencionado

um sistema de comunicação uniforme. As informações, no entanto, são secretas, confidenciais

e reservadas, sendo disponíveis apenas aos seus funcionários. De forma centralizada e única,

todos os funcionários têm acesso ao sistema interno da LUBNOR, intranet, chamada

PETRONET.

Page 134: projeto-teorico-pratico-1

134

Figura 38: Organograma Geral da PETROBRAS.

Fonte: Portal BR .

Quanto à remuneração dos executivos, verifica-se que entre os dirigentes da Alta

Administração, a maior remuneração durante o ano de 2006 correspondeu a R$ 45.315,45

(com base no mês de dezembro). Seus membros recebem anualmente, assim como todos os

empregados da Petrobras, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), cujo valor é

negociado com representantes dos empregados e atrelado ao alcance de metas empresariais,

além do salário fixo.

Os resultados registrados reforçam os compromissos com a responsabilidade social e

ambiental, pioneirismo tecnológico e excelência de gestão. Consolidam, ainda, a política de

governança corporativa, garantindo a proteção dos acionistas e demais partes interessadas.

Page 135: projeto-teorico-pratico-1

135

Figura 39: Organograma da empresa LUBNOR

Fonte: Jornal Abastecimento (Fevereiro de 2008).

3.2.3.2 Áreas Funcionais

De acordo com o site da Petrobras (2008), como empresa de energia, atua em várias

áreas desse setor, desde a exploração de gás e petróleo, refino, abastecimento até a

distribuição. Podemos dividir as atividades da Companhia em:

Page 136: projeto-teorico-pratico-1

136

• Abastecimento - A Companhia abastece quase toda a demanda do mercado

brasileiro por derivados de petróleo, e busca sempre aumentar sua capacidade de

produção.

• Exploração e Produção - É o órgão da Petrobras que atua em pesquisa, localização,

identificação, desenvolvimento, produção e incorporação de reservas de óleo e gás

natural dentro do território nacional.

• Gás e Energia - É a área responsável pela comercialização do gás natural nacional e

importado, além da implantação de projetos, em parceria com o setor privado, que

irão garantir a oferta deste combustível e de energia em todo o país.

• Seus segmentos de atuação da LUBNOR são: asfaltos, automotivos, aviação,

grandes consumidores, mercados de conveniências, produtos químicos, soluções

energéticas, Gás Natural.

• No segmento asfáltico, analisa-se a Micro revestimento asfáltico a frio, Tratamentos

superficiais, Reciclagem a frio in situ, Pré-misturado a frio (PMF),Compodur e

Lamas Asfálticas.

• No segmento automotivo, a Companhia tem se preocupado cada vez mais em

garantir a qualidade dos produtos que oferece, com o Programa De Olho no

Combustível; tem investido pesado em tecnologia para desenvolver produtos top de

linha, como a Gasolina Podium, Diesel Podium e o Biodiesel Petrobras; e trazido

esta qualidade nos serviços para além dos postos e laboratórios, com o Cartão

Petrobras, que oferece não só facilidades para pagamento, mas também descontos,

prêmios e uma rede diversificada de vantagens.

• No segmento de aviação, BR Aviation é a líder no mercado brasileiro de

combustíveis de aviação e referência de qualidade internacional. Presente em mais

de 100 aeroportos em todo o território nacional, possui a maior rede de distribuição

de produtos de aviação do País.

Page 137: projeto-teorico-pratico-1

137

• Quanto aos grandes consumidores, O segmento Grandes Consumidores é

naturalmente caracterizado pela compra de elevados volumes de produto, com

destaque para os seguintes setores: Industrial, Transportadores, Empreiteiras

(construção civil e obras públicas), Governo, Minerador, Agropecuário,

Termoelétrico/Hidroelétrico.

• Nos mercados de conveniências foi concebida de modo a permitir que o franqueado

possa ter sua loja a custos compatíveis com o negócio. É uma opção que otimiza o

espaço do ponto de venda, agregando receita ao negócio principal: o fornecimento

de combustível.

• A área de Produtos Químicos é responsável pela industrialização, comercialização e

distribuição de produtos e insumos para a indústria em geral. Voltado para a

industria de petróleo, o Supply House, atua no desenvolvimento, fabricação,

aquisição, gerenciamento e aplicação de produtos químicos.

• O Sistema Petrobras tem promovido alterações no seu portifólio de produtos e

serviços, colocando a disposição do mercado Soluções Energéticas confiáveis,

customizadas e otimizadas, permitindo que nossos clientes se concentrem em suas

atividades fim.

• GCGC - Gerência de Comercialização de Gás Canalizado.

3.2.4 MARKETING E MERCADO

Segundo José Gabrielli, presidente da Petrobras, os investimentos previstos para o

Refino no período 2006-2010 somam US$ 8,0 bilhões. Desse total US$ 3,1 bilhões são

destinados à adaptação das refinarias ao processamento do óleo pesado do País (adequação

metalúrgica e conversão). Esses investimentos têm como objetivo adequar o rendimento de

derivados obtido com óleo nacional pesado ao perfil do mercado consumidor. A companhia

também deu curso, para elevar ainda mais a qualidade do diesel e da gasolina, à instalação de

unidades de hidrotatamento (HDTs), que integram a carteira de projetos com o valor de US$

3,2 bilhões.

Page 138: projeto-teorico-pratico-1

138

3.2.4.1 Produtos e/ou Serviços

Os Principais produtos da LUBNOR são: Asfaltos, óleos lubrificantes, gás natural, óleo

combustível para navios, gás de cozinha e óleo amaciante de fibras. O asfalto é o produto

mais produzido pela empresa. Mas dentre os derivados, o Diesel lidera a produção. Segundo

Iorio; Cerqueira (novembro, 2002), a produção de óleos lubrificantes básicos naftênicos na

Petrobras depende de matéria-prima importada, sendo utilizado, na Lubnor, o petróleo

venezuelano Bachaquero. Uma das principais características de um óleo lubrificante básico

naftênicos é o baixo ponto de fluidez.

O primeiro teste industrial realizado com o petróleo Fazenda Alegre na Lubnor, deu

origem a um produto com ponto de fluidez superior ao obtido no teste de bancada e unidade

piloto. Este fato trouxe dúvidas quanto à qualidade do petróleo: estava ocorrendo alteração no

petróleo produzido ou se havia ocorrido contaminação nas operações de segregação deste da

corrente do petróleo Espírito Santo, ou no transporte até a refinaria.

De acordo com Iorio; Cerqueira (novembro, 2002), a carga utilizada no primeiro teste

industrial continha em torno de 4,5% vol. de petróleo que não correspondia ao petróleo

Fazenda Alegre, e que provavelmente seria do petróleo Espírito Santo. Por isto, julgou-se

importante pesquisar uma metodologia que permitisse identificar contaminações do petróleo

Fazenda Alegre por petróleo Espírito Santo para ser utilizada em caso de nova suspeita de

contaminação.

Figura 40: Gráfico de Produção de Derivados.

Fonte: site PETROBRAS ( 2008).

Page 139: projeto-teorico-pratico-1

139

O crescimento da produção de derivados no País, o aumento do volume de óleo

nacional processado e o salto das vendas no exterior marcou em 2005 as atividades de refino e

de comercialização, vinculadas à área de Abastecimento. A PETROBRAS lançou, também, o

Diesel S500, com menor teor de enxofre em diversas áreas metropolitanas dos estados de SP,

RJ, MG e, com vistas à sustentabilidade da auto-suficiência, iniciou parceria e estudos para a

construção de uma refinaria de petróleo pesado no Nordeste. A tabela abaixo mostra o

processo produtivo, com sua capacidade e importância no cenário nacional.

Figura 41: Capacidade e utilização das refinarias.

Fonte: site PETROBRÁS(2008).

Segundo José Gabrielli, presidente da Petrobras, O desempenho da refinaria foi

conseqüência da elevada confiabilidade operacional e da gestão integrada de toda a cadeia de

suprimentos da PETROBRAS – do escoamento do petróleo nas regiões de produção à entrega

de derivados no Brasil e no exterior. O desenvolvimento de mercados para a exportação de

excedentes também está entre os fatores que levaram ao aumento da carga processada.

A tabela abaixo mostra a atuação da LUBNOR no mercado nacional e internacional,

com sua produção, volume de vendas, importação e exportação. A região portuária concentra

atividades que envolvem diferentes segmentos da cadeia produtiva e comercial do setor

petrolífero, desde o transporte de óleo até as unidades de refino da LUBNOR – Refinaria da

Petrobras, bem como a distribuição e comercialização de combustíveis e derivados de

Page 140: projeto-teorico-pratico-1

140

petróleo das empresas SHELL, TEXACO, ESSO, IPIRANGA, AGIP, SP, NGB, entre outros

produtos.

Figura 42: Mercado da LUBNOR em 2007

Fonte: site PETROBRAS (Acessado em 6 de maio).

De acordo com Zylberberg (fevereiro, 2006), a atividade de refino apresenta baixa

rentabilidade quando comparada aos outros segmentos da cadeia do petróleo. Por outro lado,

os elevados investimentos, com longo prazo de maturação, e o grau de risco nos segmentos de

exploração e produção levam a uma natural tendência a verticalização das atividades na

indústria de petróleo, uma vez que as empresas necessitam de um fluxo contínuo e estável de

receitas para fazer frente aos seus investimentos.

Em função dos requisitos de maior adequação do perfil de produtos ao perfil da

demanda, bem como pela existência de economias de escala no transporte de óleo, as

Page 141: projeto-teorico-pratico-1

141

refinarias são construídas próximas aos centros consumidores. Ainda segundo Zylberberg

(fevereiro, 2006), As regiões Nordeste e Centro-Oeste ficam em terceiro e quarto colocados

no consumo de derivados com 15% e 11%, respectivamente. Enquanto que a região Norte

participa com apenas 8% do consumo de derivados brasileiro.

3.2.4.2 Principais Clientes

Segundo “site” da Petrobras (2008), tanto a Petrobras Controladora quanto a

Petrobras Distribuidora têm Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), nos quais são

oferecidos esclarecimentos mais detalhados aos clientes e consumidores sobre produtos e

serviços. Em 2006, o SAC da Petrobras Controladora atendeu a 123.295 ligações, sendo

apenas cerca de 2% de reclamações. O tempo médio de espera para atendimento foi de 15

segundos. Na Petrobras Distribuidora foram 35.351 ligações, 43.344 e-mails e 634

atendimentos por outras vias. O tempo médio de espera foi de até 20 segundos.

A satisfação dos clientes também é observada em pesquisas. Além da avaliação pelo

Sísmico, a Petrobras Controladora realiza anualmente, desde 1997, a Pesquisa Nacional da

Satisfação do Cliente Petrobras, que avalia todas as Unidades de Negócio e a área de

Abastecimento. A Petrobras também tem práticas de trato responsável na proteção da

privacidade dos clientes.

Para os clientes diretos há um “hotsite” específico, Canal Cliente, por meio do qual são

registradas reclamações e críticas cujo tratamento é comunicado ao cliente em um prazo

preestabelecido. Há ainda outro “hotsite”, específico para o relacionamento com os

fornecedores: os Canais Fornecedores, disponíveis através de “link” pelo site da Companhia.

Segundo José Gabrielli, presidente da Petrobras, o relacionamento com governos e

órgãos fiscalizadores é estabelecido visando atender a legislação vigente nos países onde atua.

Já a imprensa é cotidianamente informada por meio de entrevistas coletivas, “website”

específico, “press releases”, visitas técnicas e cursos de relacionamento, entre outras ações.

Alguns exemplos de relacionamento com o Terceiro Setor são os programas de patrocínio e a

participação em eventos do segmento, por meio dos quais são acolhidas manifestações e

realizadas parcerias.

Page 142: projeto-teorico-pratico-1

142

Através do SAC, é mantido um sistema permanente para o atendimento das dúvidas das

organizações não-governamentais e outras entidades. Durante os períodos em que as seleções

públicas estão com inscrições abertas, são criadas peças específicas para o atendimento desse

público. Também há uma página na “Internet” que disponibiliza informações sobre o

Balanço Social e Ambiental, dados sobre as linhas do Programa Petrobras Fome Zero e

Programa Petrobras Ambiental, iniciativas que estão na Carteira de Projetos, brindes sociais,

entre outros assuntos de interesse.

Segundo “site” da Petrobras (2008), os principais clientes da empresa em foco são:

• Indústrias: (siderurgia, cimenteira, química e petroquímica, bebidas, papel e

celulose, montadoras, etc.)

• Transportadoras: (rodoviário, ferroviário e fluvial);

• Empreiteiras: (construção civil e obras públicas);

• Governo: (federal, estadual e municipal);

• Transportadores Revendedores Retalhistas (TRR);

• Mineradores;

• Agropecuários;

• Termoelétrico/Hidroelétrico.

3.2.4.3 Principais Concorrentes

Conforme “site” Petrobras (2008), estima-se que houve uma participação de mercado de

aproximadamente 98,1% na área brasileira de produção de petróleo em 2006. Não se tem

concorrente significativo na área de produção de petróleo no Brasil.

Na área de exploração de óleo, estima-se que as atividades de exploração representaram

aproximadamente 72% (número de poços de exploração que perfuramos isoladamente

comparados ao número total de poços de exploração perfurados no Brasil em 2006) do

mercado brasileiro de exploração de óleo em 2006, e as atividades de exploração conduzidas

por nós junto a outros parceiros representaram aproximadamente 86% (número de poços de

exploração que houve perfuração isolada e com parceiros comparados ao número de poços de

Page 143: projeto-teorico-pratico-1

143

exploração perfurados no Brasil em 2006) do mercado de exploração de óleo no Brasil em

2005.

Segundo Gerente de Comercialização, Nilo Carvalho, os principais concorrentes na área

de exploração de óleo são a Agip, Devon, Shell, Maersk, Statoil, Chevron Texaco, Encana e

El Paso e BG Group. Espera-se uma concorrência contínua em nossa área de distribuição,

onde atualmente enfrenta-se a concorrência mais significativa de qualquer um das áreas de

negócios. De forma específica, enfrenta-se uma concorrência de pequenos distribuidores,

muitos dos quais foram capazes, e podem continuar a ser capaz, de evitar o pagamento de

impostos sobre vendas e misturar sua gasolina com solventes baratos, possibilitando que eles

vendam gasolina a preços abaixo dos nossos.

Havia uma participação de mercado de aproximadamente 42,6% na área brasileira de

distribuição de derivados de acordo com o Sindicom, uma associação brasileira do setor de

empresas de distribuição de petróleo e gás. Nossos principais concorrentes nesta área são a

Shell, a Esso e a Texaco.

Na área de gás natural e energia, espera-se concorrência de novos participantes que

estão adquirindo participações em empresas de distribuição de gás natural e empresas de

geração de energia a gás, e concorrentes existentes que estão expandindo as operações para

consolidar sua posição no Brasil. Havia uma participação de mercado de aproximadamente

94,3% na área brasileira de gás natural com base nos volumes de 2006 vendidos para as

Empresas Locais de Distribuição e no total do mercado de gás natural, de acordo com a

Associação Brasileira das Empresas de Gás Natural (ou ABEGÁS).

Na área internacional, planeja-se continuar a expandir as operações, apesar de

esperarmos enfrentar uma concorrência contínua nas áreas nas quais já somos ativos,

incluindo o Golfo do México, a África e o Cone Sul. Já tornou-se assim, o principal

participante em alguns dos países nos quais temos operações internacionais. Na Argentina,

estimamos que temos uma participação de mercado de 13,5% para combustível para

automóveis e 12,3% para lubrificantes. Na Bolívia, temos uma participação de mercado de

92% do mercado de refino de óleo, 0,3% do mercado de combustíveis, e 72% de lubrificantes.

Page 144: projeto-teorico-pratico-1

144

3.2.4.4 Estratégias de Propaganda

A Petrobras utiliza-se de campanhas publicitárias para melhor satisfazer seus clientes. O

programa tem atuação em todo o território brasileiro, utilizando procedimentos padronizados

e coletando informações para o monitoramento do sistema de qualidade dos postos Petrobras.

Como esta empresa tem grande influência na economia nacional, utiliza como propaganda a

“Internet”, jornais. Mensalmente, são lançadas publicações como o Jornal do Revendedor BR

e Soluções BR.

Com as comunidades, as ferramentas de comunicação mais usadas são audiências

públicas, reuniões, material impresso no início da operação de empreendimentos, programa

de visitas, participação em feiras e registro de solicitações. O intercâmbio ocorre ainda por

intermédio do Programa De Olho no Ambiente, em que a Companhia apóia 335 comunidades

localizadas em áreas de influência direta ou indireta de suas unidades operacionais.

Segundo o “site” Portal BR (2008), fichas de Informações de Segurança de Produto

Químico (FISPQ) de todos os produtos da Petrobras Controladora são divulgadas na

“Internet”. São fornecidas dicas sobre o manuseio e as medidas a serem adotadas em casos de

acidente, os cuidados que se devem ter com a saúde e o meio ambiente, além dos dados sobre

a composição e as propriedades físicas e químicas. As fichas também indicam os

procedimentos corretos de descarte das embalagens.

A Petrobras Distribuidora também divulga informações sobre as características dos

produtos e serviços no Jornal do Revendedor, distribuído para os clientes da área automotiva,

revendedores e franqueados. Periodicamente, são revisados os rótulos das embalagens de

lubrificantes com o objetivo de antecipar-se às tendências de mercado e atender à

regulamentação definida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP).

Os centros de troca de óleo (Lubrax Center), localizados nos postos de serviço da

Petrobras, recebem a “Tabela Mural Lubrax”, que pode ser consultada por revendedores e

consumidores finais para saber qual o lubrificante automotivo mais indicado para o seu

veículo. Há ainda palestras informativas sobre produtos e suas aplicações, no Programa

Page 145: projeto-teorico-pratico-1

145

Amigo Mecânico. A seguir será relatado também um importante projeto da empresa em foco.

Foi implantando em 1996, o programa “De olho no Combustível”.

• "De Olho no Combustível”

É o mais completo programa de qualidade que inclui 9 (nove) requisitos para a

certificação dos postos de serviços Petrobras. Nos últimos anos, o mercado de

distribuição de combustíveis no Brasil começou a viver momentos bastante

conturbados, corrobora Assessoria de Imprensa da Petrobrás.

A luta por melhores preços provocou o aparecimento de combustíveis adulterados

nos postos, que eram vendidos ao consumidor final por preços abaixo do custo,

causando prejuízos diversos a seus veículos. Para reverter esta situação, a Petrobras

Distribuidora lançou em 1996 o programa "De Olho no Combustível", com o objetivo

de comprovar a qualidade do combustível Petrobras, e sensibilizar tanto o consumidor

final, mostrando o problema da adulteração e seus prejuízos, como o revendedor,

estimulando os parceiros fiéis e promovendo novas adesões.

Ao contrário dos programas de qualidade de outras distribuidoras, o "De Olho no

Combustível" cuida não só da realização em campo de testes na gasolina, óleo

diesel/biodiesel e álcool comercializados nos postos Petrobras, mas também do

treinamento dos responsáveis pelos serviços de armazenagem e recebimento do

combustível, devolução.

Com o intuito de assegurar a qualidade de seus combustíveis, a Petrobras

Distribuidora dispõe de Laboratórios Móveis da Qualidade (LMQ), equipados com

materiais de análise para a realização de testes em campo de produtos, além da limpeza

de tanques e filtros.

O Laboratório para Grandes Eventos (LGE) é conduzido por técnico químico,

treinado nos procedimentos do programa. Por ser equipado também com recursos

audiovisuais, tem como principal missão à divulgação do "De Olho no Combustível"

nas feiras e eventos que tratam de qualidade de combustível. Sua agenda atende

preferencialmente o Rio de Janeiro e São Paulo.

Page 146: projeto-teorico-pratico-1

146

O programa "De Olho no Combustível" teve o seu sucesso de mídia comprovado

através da campanha publicitária "Onda Amarela" de 2002, duplamente contemplada no

21º Prêmio Colunistas Promoção Brasil. O evento aconteceu no dia 27/05/2003, em São

Paulo e rendeu a medalha de ouro à Hartmann Promoções e a de prata para a DPZ

Propaganda (RJ), na categoria "Comercial de Apoio à Promoção de Varejo", com o

filme "Motos-Onda Amarela".

3.2.4.5 Parcerias e Alianças de Negócios

De acordo com o Jornal O Globo (Fevereiro, 2008), Petrobras firmou parceria com a

japonesa Mitsui e a Camargo Correa para a construção do alcoolduto ligando a cidade de

Senador Canedo (GO) a Paulínia (SP). Segundo comunicado da Petrobras, o projeto, cuja

execução ficará sob a responsabilidade da petroleira, inclui ainda um segundo trecho que

interligará a Hidrovia Tietê-Paraná ao Terminal de Paulínia.

Na nota, a Petrobras afirma que o alcoolduto não será exclusivo da estatal, sendo

colocado à disposição do mercado, na forma de um serviço de transporte, "possibilitando,

assim, a chegada eficiente do etanol aos portos de exportação". Alguns produtores temiam

que o projeto ficasse restrito aos projetos na qual a própria Petrobras tem participação.

A Petrobras, por intermédio de sua afiliada Petrobras América Inc., tem obtido

importantes conquistas na parte norte-americana do Golfo do México. Na área de Exploração

e Produção, a empresa atua em quatro diferentes regiões na bacia sedimentar do Golfo. O

projeto Cottonwood (Petrobras 100%), na parte central, iniciou recentemente sua produção

em reservatórios de idade Miocênica fechado contra as paredes de um domo de sal. Situado

em uma área mais madura da bacia, a produção estimada é de 20 mil barris por dia, através de

dois poços em águas profundas.

Já em águas ultraprofundas, onde a companhia realizou quatro descobertas nos últimos

cinco anos, os reservatórios em camadas inferiores das formações do período Terciário

(descobertos pioneiramente pela Petrobras), tiveram sua produtividade comprovada em 2006

por teste de longa duração realizado pela Chevron no projeto Jack. Segundo Renato Tadeu

Bertani, então presidente da Petrobras América, está previsto para 2009 o início de produção

Page 147: projeto-teorico-pratico-1

147

em Cascade e Chinook, onde a Petrobras instalará um FPSO (Floating Production Storage and

Offloading), uma plataforma com tecnologias jamais utilizadas no Golfo do México, cuja

licença já foi obtida junto ao MMS (órgão regulador).

Na região mais próxima à costa, a Petrobras possui prospectos em terra e no mar, em

águas rasas. Apesar da paralisação do projeto Blackbeard, operado pela Exxonmobil

(Petrobras 20%), devido à alta temperatura e pressão no poço em perfuração, outro prospecto

com alto potencial para significativas reservas de gás está sendo perfurado em terra.

Finalmente, na área localizada na parte oeste do Golfo, próxima à fronteira mexicana, a

companhia detém prospectos considerados como uma fronteira exploratória, com padrões

sísmicos bastante similares a projetos que obtiveram grande êxito no Brasil.

No setor de Refino, a Petrobras investe na Refinaria de Pasadena, Texas, para expandir

sua capacidade de processamento de óleo pesado, como o do tipo Marlim, exportado pelo

Brasil. Os investimentos totais, de 2006 a 2009, estão estimados em US$ 2.1 bilhões, sendo

50% de responsabilidade da Petrobras.

Segundo “site” da Petrobras (2008), o Plano de Negócios 2007-2011, aprovado em

junho pelo Conselho de Administração, prevê investimentos totais de US$ 87,1 bilhões – 66%

acima do estabelecido no plano anterior (2006-2010) – o equivalente à média anual de US$

17,4 bilhões. Trata-se de um plano de alta sustentabilidade em longo prazo e extremamente

rentável para os acionistas”, destaca o presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli. Do total

de investimentos, US$ 75 bilhões (86%) serão aplicados no Brasil e US$ 12,1 bilhões no

exterior.

A Petrobras mantém uma política de preços de vendas de seus produtos em linha com o

mercado internacional, o que permite estimar uma geração própria de caixa de US$ 86,7

bilhões no período (líquido de pagamento de dividendos), recursos suficientes para financiar

praticamente a totalidade do Plano de Investimentos. As captações no mercado financeiro

serão de US$ 12,6 bilhões. A amortização das dívidas absorverá US$ 12,2 bilhões.

O Plano de Negócios mantém as metas agressivas de crescimento da Companhia e, pela

primeira vez, estabelece meta de produção de longo prazo, de 4.556 mil barris de petróleo e

gás por dia em 2015, o que mostra uma mudança de escala. ”É um salto absolutamente

Page 148: projeto-teorico-pratico-1

148

fantástico para a Petrobras”, afirma o presidente. A taxa de crescimento de 7,5% ao ano,

prevista até 2011, é a mais alta da indústria de petróleo. Também, pela primeira vez, a

estratégia corporativa da Companhia incorpora metas para energia renovável, incluindo-se aí

plantas de biodiesel, H-Bio, alcooldutos, energia eólica e solar. Os investimentos previstos em

desenvolvimento energético de fontes renováveis e biocombustíveis somam US$ 700

milhões.

Além do expressivo crescimento nos investimentos em Exploração e Produção (63%) e

no Abastecimento (62%), destaca-se ainda a expansão em Gás e Energia (56%), para

atendimento da crescente demanda de gás no País, e em Distribuição (131%) visando

assegurar a liderança e expansão da Companhia neste segmento. Ao ajustar as estratégias e os

objetivos corporativos a Petrobras avança no mercado externo tanto em Exploração e

Produção como na área de Refino, com projetos de aquisição de três refinarias. O valor de

mercado da Companhia, atualmente de US$ 83,4 bilhões, deverá dobrar até 2011.

3.3 A DINÂMICA ORGANIZACIONAL: FOCO NO DIA-A-DIA E NAS MUDANÇAS

A empresa Petrobras, analisada no período de março a junho de 2008, possui um

sistema de gestão complexo. Apresenta uma cultura diversificada e engloba diversos

elementos de diferentes teorias administrativas. Com isso, este subcapítulo tem por objetivo

fazer uma comparação entre a dinâmica organizacional da Petrobras com as diversas teorias

da administração e o novo contexto organizacional (Globalização, programas e estratégias de

mudança e responsabilidade social corporativa), através do referencial teórico apresentado e

do material de estudo levantado sobre a empresa.

3.3.1 A TGA E A GESTÃO CONTEMPORÂNEA

A seguir será relatada uma análise comparativa entre a teoria e as práticas

administrativas da empresa em foco.

• Abordagem Clássica

Pode-se verificar que há preocupação com a especialização do trabalho e presença

de boas condições físicas de trabalho. Há uma clara divisão do trabalho,

Page 149: projeto-teorico-pratico-1

149

especificamente quanto aos profissionais executivos, responsáveis pelo planejamento,

direção e controle, e quanto aos trabalhadores operacionais, responsáveis pela execução

de atividades na empresa. Verifica-se também uma nítida padronização das técnicas e

métodos de trabalho.

Quanto aos estudos de Taylor, pode verificar na LUBNOR: princípio de

planejamento (substituição dos métodos empíricos para o planejamento dos métodos de

trabalho, como vem acontecendo atualmente), princípio de preparo (seleção do

candidato mais apto para ingressar em um cargo na empresa e treinamento mensal para

os trabalhadores a fim de melhorar sua produtividade), princípio de controle e princípio

de execução.

Referindo-se aos postulados clássicos de Fayol, a LUBNOR constitui uma

unidade de comando, uma vez que é notável linha de autoridade que interliga as

posições do cargo e define quem se subordina a quem através de uma hierarquia, isso

pode ser visto também nos organogramas da empresa. Por fim, a LUBNOR utiliza as

seis funções ou operações básicas da administração que, segundo Fayol, são: operações

técnicas, operações comerciais, operações financeiras, operações de segurança,

operações de contabilidade e operações administrativas.

• Abordagem Humanística

Segundo Roberto Flávio Almeida, gerente de Serviços Compartilhados, a

Petrobras se faz muito participante dos princípios das Relações Humanas. Há contínuos

incentivos sociais com programas de saúde aos trabalhadores, projetos de educação a

funcionários e seus familiares. A Petrobras vem desenvolvendo pesquisas de opinião

cada vez mais amplas para aferir como suas práticas e projetos são vistos e avaliados

pelas partes interessadas.

Estas sondagens, que têm dotado a companhia de conhecimentos sobre o ambiente

socioeconômico em que atua, baseia-se em 18 indicadores, que permitem a avaliação

das percepções a respeito de gestão, competitividade, crescimento, atuação no exterior,

visão de futuro, apoio social, ética, responsabilidade social e ambiental.

Page 150: projeto-teorico-pratico-1

150

A média ponderada das pontuações dos indicadores no segmento opinião pública

dá origem a um indicador geral. As informações resultantes das pesquisas são

consolidadas no Sistema de Monitoramento da Imagem Corporativa (Sísmico). Por

meio dessa ferramenta de gestão da reputação da companhia, a administração pode

acompanhar a evolução da imagem da PETROBRAS e ajustar as políticas e ações de

comunicação e as práticas de gestão em diversas áreas.

Figura 43: Capital de Relacionamentos da Petrobras.

Fonte: Dados colhidos pela empresa.

Um exemplo das considerações dessa teoria em relação a LUBNOR é a idéia de

que o sistema social determina o resultado do trabalhador individual. O trabalho em

equipe, o autogoverno e a cooperação são as conseqüências dessa experiência. A

empresa em foco busca constantemente motivar seus trabalhadores, por meio de

treinamentos e palestras. Dessa forma, não se nota nenhuma deficiência da LUBNOR

nesse aspecto.

• Abordagem Estruturalista

Chiavenato (2003, p. 276) afirma que a burocracia organiza as pessoas e

atividades de forma extremamente racional. Algumas características da burocracia: o

caráter legal, a impessoalidade, a hierarquia, a formalidade, a racionalidade e a

Sísmico

Acionistas

Opinião Pública

Poder Público

ONGs Sociais

ONGs Ambientais

Imprensa

Fornecedores

Empregados

Comunidades

Clientes

Sísmico

Acionistas

Opinião Pública

Poder Público

ONGs Sociais

ONGs Ambientais

Imprensa

Fornecedores

Empregados

Comunidades

Clientes

Page 151: projeto-teorico-pratico-1

151

especialização. A LUBNOR, no âmbito burocrático, constitui muito claramente esses

aspectos. A única crítica a se fazer é o fato de a direção executiva da empresa

LUBNOR ser composta majoritariamente por engenheiros e por apenas uma

administradora.

A empresa em foco apresenta normas e cargos muito bem definidos. Segundo

Roberto Flávio, gerente de Serviços Compartilhados, a burocracia presente não é

excessiva e sim suficiente, a necessária para um bom funcionamento da organização.

Quanto à teoria Estruturalista, há abordagem tanto as organizações formais

quanto as informais. Tem ênfase nas pessoas, estrutura e ambiente. Essas

características podem ser observadas no conhecimento e na atenção dada, por parte dos

gestores, aos grupos ou organizações informais criadas a partir de afinidades e amizades

entre os trabalhadores.

• Abordagem Comportamental

Essa teoria estuda as necessidades e comportamentos das pessoas. Para se

entender os comportamentos é necessário um estudo das motivações humanas.

Analisando a Hierarquia de Necessidade segundo Maslow, verifica-se que existe um

departamento de Recursos Humanos na empresa, realizada por uma administradora,

específica para tratar de assuntos humanos, ligados ao trabalho e motivação. Assim,

busca formas de atender às necessidades primárias e até secundárias de seus

funcionários.

A LUBNOR apresenta sistema autoritário benevolente, uma vez que as decisões

devem ser submetidas a aprovação da presidência, embora algumas, quando rotineira e

prescritivas sejam tomadas a nível de gerencia. Possui sistema de comunicação

participativo, com flexibilidade entre gerência e funcionários. Por fim, nota-se também

condições favoráveis ao desenvolvimento de uma organização informal sadia e positiva.

Page 152: projeto-teorico-pratico-1

152

• Abordagem Sistêmica

Segundo Certo (2003, p. 35), utiliza-se dos conhecimentos de diversas áreas

especializadas para que se compreenda melhor o sistema como um todo. Nesse

aspecto assemelha-se a empresa LUBNOR. A empresa também é vista como um

sistema aberto, com forte influência nacional e mundial, uma vez que sua produção e

economia é de grande importância.

• Abordagem Contingencial

A preocupação com o ambiente, muito focada na teoria contingencial, é observada

na LUBNOR quando analisamos a estratégia de vendas da empresa, que tenta

estabelecer um domínio no ambiente tarefa dos seus clientes (no papel de fornecedor,

entradas), pois procura suprir todas as necessidades dos seus clientes para que esses não

se dêem conta da existência dos concorrentes. Há também grande preocupação com a

tecnologia, uma vez que a empresa possui um núcleo de pesquisa para contínuo

aprimoramento de seus equipamentos.

3.3.2 O NOVO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

• Globalização

As empresas, com isso passaram a não mais cumprirem um papel fixo em um

espaço delimitado e restrito, mas sim procuraram ao máximo expandir seus domínios a

fim de sustentarem um relativo conforto no mundo organizacional cada vez mais

competitivo.

De acordo com o Relatório anual de 2007 da Petrobras, a LUBNOR possui mais

de 27 refinarias em todo o mundo. É por meio dos investimentos em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) que a Companhia traduz sua visão de futuro como empresa

integrada de energia, com perspectiva de fortalecer sua presença internacional. Nesta

área, a Companhia quase dobrou os recursos investidos, saltando de R$ 935 milhões em

2005 para R$ 1,58 bilhão em 2006.

Page 153: projeto-teorico-pratico-1

153

A expansão nas atividades internacionais tem sido fator decisivo para o

reconhecimento do alto padrão operacional, domínio tecnológico e excelência de gestão

da Petrobras. Com investimentos, em 2006, de R$ 7,161 bilhões na área internacional, a

Companhia participa de grande parte da cadeia de operações da indústria de petróleo,

gás natural e energia elétrica na América Latina, ao mesmo tempo em que amplia a

participação em empreendimentos na América do Norte, África e Ásia.

Segundo relatório anual de 2007 da Petrobras, nos 18 países onde está presente, a

Petrobras consolida sua posição de empresa integrada de energia com atuação

internacional. As atividades abrangem a exploração e produção de óleo e gás na

Argentina, Angola, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Equador, Guiné Equatorial, Irã,

Líbia, México, Moçambique, Nigéria, Paraguai, Peru, Tanzânia, Turquia, Uruguai

e Venezuela.

As estratégias internacionais incluem a atuação em novas áreas de grande

potencial de Exploração e Produção (E&P), a internacionalização e valorização da

marca Petrobras e a ampliação da atividade de “Downstream” em mercados rentáveis e

com potencial de crescimento. Assim, no âmbito internacional, a meta é expandir a

atuação com investimentos de ampliação e conversão nesta reinaria e a prospecção de

outras no exterior. O objetivo é oferecer uma cesta de produtos mais valorizados no

mercado e de melhor qualidade.

• Responsabilidade Social e Ambiental

De acordo com Roberto Flávio, gerente de Serviços Compartilhados, as medidas

sociais e ambientais que a Petrobras implanta abrange todos os seus órgãos, inclusive a

LUBNOR. A Petrobras tem conduzido sua atuação social e ambiental, baseando-se nos

dez princípios do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2003.

Desde 2003, ano da criação do programa, foram 2.058 projetos e mais de 18 mil

parcerias baseados na multiinstitucionalidade e no protagonismo social dos cidadãos,

sempre nas linhas de educação e qualificação profissional de jovens e adultos, geração

de emprego e renda, e garantia dos direitos da criança e do adolescente.

Page 154: projeto-teorico-pratico-1

154

De acordo com José Sergio Gabrielli de Azevedo, presidente da Petrobras, as

ações ambientais também se desdobraram num efeito cascata. A vasta lista começa pelo

desenvolvimento de combustíveis. Mais limpos, como o diesel Podium, que revelam o

compromisso da Companhia em investir na preservação do meio ambiente. A

realização do Seminário Internacional sobre Seqüestro de Carbono e Mudanças

Climáticas, na sede da Companhia, foi um importante evento que reuniu empresas e a

comunidade científica de 17 países na busca por soluções que minimizem as emissões

atmosféricas dos gases do efeito estufa, como o seqüestro geológico do carbono.

Outra iniciativa que se destacou em 2006 foi o processo de reino H-Bio, testado

com sucesso em escala piloto. Ele consiste na produção de diesel a partir da mistura de

uma parcela de óleo vegetal ou animal aos derivados de petróleo, durante o processo de

reino. Isso resulta em um combustível menos poluente e com menor teor de enxofre.

A principal força-motriz na discussão e deliberação sobre as ações corporativas de

responsabilidade social e ambiental na Petrobras é o Comitê de Gestão de

Responsabilidade Social e Ambiental, criado em 2004 e formado por 12 gerentes

executivos de diferentes áreas da Companhia, além da Ouvidoria Geral, de um consultor

da Presidência e de diretores das subsidiárias.

Ainda segundo Balanço Social e Ambiental de 2006, na busca permanente da

criação e disseminação de uma cultura social e ambientalmente responsável, a Petrobras

deu início ao Projeto de Capacitação Gerencial em Responsabilidade Social

Empresarial. O objetivo da iniciativa é incorporar no seu quadro de gerentes valores e

práticas da responsabilidade social e ambiental alinhados à gestão empresarial. A figura

abaixo mostra as metas da empresa em foco quanto à sociedade e ao ambiente.

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155

Figura 44: Metas Sociais da Petrobras.

Fonte: Balanço Social e Ambiental de 2006.

Assim, conforme o Balanço Social e Ambiental de 2006, a empresa em foco

participa ativamente da disseminação desses valores no meio empresarial, por acreditar

que o desenvolvimento sustentável necessita da contribuição dos diversos segmentos da

sociedade e, claro, da participação das comunidades.

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156

CONCLUSÃO

Este projeto nos possibilitou um conhecimento aprofundado sobre a história da

Administração e seu desenvolvimento com o passar do tempo.

Foi apresentado um estudo teórico da literatura referente a TGA, desde os primórdios

até as concepções modernas das teorias administrativas e uma análise da empresa Lubnor,

segmento da Petrobrás, apresentando o sistema organizacional da empresa e suas

características e disfunções.

Referente a parte teórica, foi possível analisar as diferentes teorias e a época em que

estavam inseridas, fazendo com que fosse estabelecida comparações e críticas aos seus

preceitos. As teorias estudadas apresentam-se como rebento dos pensamentos dos autores,

mostrando que a visão do homem e a sua formação profissional influenciam na formulação de

uma teoria e no modo que ele percebe o trabalho.

É importante salientar que as diversas variáveis existentes em uma organização

influenciam a sua ênfase, utilizando da eficiência, quando a empresa desfruta essencialmente

de recursos como pessoas e tarefas, ou da eficácia, caso ela se apresente melhor nos recursos

tecnológicos, ambientais e estruturais.

Foi constatado que as técnicas modernas como o Benchmarking e a Reengenharia são

reformulações necessárias por parte das empresas com a finalidade de continuarem atuando

no mercado e estarem se superando a cada dia. O estudo e a análise das teorias administrativas

nos possibilitaram a constatação dessas na prática, através de visitas feitas a empresa Lubnor,

que foram retratadas na parte prática deste projeto.

Page 157: projeto-teorico-pratico-1

157

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<Acessado em 03 de junho>

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ANEXOS

ANEXO A- AMPLIAÇÃO GERA EMPREGO

Lubnor: duplicação tem início até o fim do mês

A Lubnor terá sua capacidade de processamento ampliada para 340 metros cúbicos/dia.

Até o fim do mês, a Petrobras inicia a obra de duplicação sua da Unidade de

Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), instalada no bairro Vicente

Pinzon, em Fortaleza. A planta, única no País a produzir óleos especiais, terá sua capacidade

de processamento ampliada de 170 metros cúbicos diários para 340 metros cúbicos/dia.

´Vamos iniciar a parte de infra-estrutura da obra e terraplenagem do local até o fim deste

mês´, confirmou o gerente geral da Lubnor, Eribaldo Fernandes.

Originalmente, o investimento previsto no projeto é de US$ 60 milhões, incluindo a

compra de equipamentos. As obras — que devem envolver, em pleno pico de atividades, 200

trabalhadores — serão tocadas por empresa licitada, segundo Fernandes. Ele preferiu não

informar o nome da companhia contratada. Estamos em via de assinar contrato. Essa empresa

vai tocar a duplicação, justificou.

De acordo com o gerente geral da Lubnor, o principal impacto da duplicação da Unidade de

Naftênicos é a geração de empregos e a atração de novos empreendimentos para o Ceará. Em

operação, a planta ampliada vai gerar entre 600 e mil postos de trabalho. O início das

atividades está previsto para acontecer em 2009 ou, mais tardar, em 2010. ´Também estamos

prevendo elevação do ICMS recolhido, mas ainda não temos os números fechados para

divulgar´, acrescentou. Eribaldo Fernandes explicou ainda que a Lubnor produz hoje o óleo

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especial básico e repassa o produto para outras empresas. Estas, por sua vez, fabricam os

lubrificantes finais. Produtos de alto valor agregado — segundo o gerente da Lubnor, o óleo

básico chega a custar mais que a gasolina e o diesel —, os lubrificantes naftênicos são

utilizados em equipamentos elétricos (óleo isolante de transformadores), óleo interno nos

amortecedores de veículos e graxas para uso industrial, entre outras destinaçooes.

Exportação

O mercado brasileiro é deficitário na produção de naftênicos, precisando importar cerca de

40% do que é consumido por ano. Conforme o gerente geral da Lubnor, hoje, 20% da

produção são consumidos no Ceará.Com a duplicação da nossa capacidade de produção,

vamos poder atrair para o Estado novas empresas produtoras de óleos finais, além de ampliar

nossa exportação´, reforçou o gerente da Lubnor.No ano passado, a refinaria exportou três mil

metros cúbicos de óleo para a Nigéria. Estamos procurando outros clientes no mercado

externo. Quando a planta estiver em pleno funcionamento, já teremos um nicho de

consumidores lá fora´, adiantou Fernandes.

Samira de Castro

Repórter

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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ANEXO B- PRÊMIO CONTRIBUINTES

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Fonte: Diário do Nordeste

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ANEXO C-VISITA À EMPRESA LUBNOR

Equipe com o Gerente de Serviços Compartilhados da Petrobrás (Roberto Flávio

Almeida) e sua Secretária Camila.

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ANEXO D- CARREFAMENTO DE ASFALTO.

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ANEXO E- UNIDADE DE PRODUÇÃO DA LUBNOR

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ANEXO F-PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE 2020

Visão do ambiente de negócios em 2020.

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ANEXO G- INVESTIMENTO NA EXPANSÃO DA LUBNOR

Gazeta Mercantil

Data: 16/08/2004

Petrobras investe na expansão da unidade no Ceará

Fortaleza, 16 de Agosto de 2004 - Recursos da ordem de US$ 9,5 milhões serão

aplicados para aumentar capacidade de produção da Lubnor, em Fortaleza. A Petrobras

definiu programa de investimentos da ordem de US$ 9,5 milhões, recursos próprios, aplicados

na modernização e ampliação de 10% da capacidade de processamento de asfalto e matéria-

prima para os Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), unidade de

negócios baseada no bairro do Mucuripe, região portuária de Fortaleza (CE).

Com esse aporte - o terceiro maior desde a implantação da planta no Estado, em 1966 -

a companhia ganha fôlego para expandir o volume de petróleo refinado de 1000 metros

cúbicos/dia (ou 6 mil de barris/dia) para 1.100 metros cúbicos/dia ( 6,919 mil barris/dia), e

aumentar de 218 mil toneladas de asfalto de para algo em torno 235 mil toneladas/ano,

observa o gerente-geral em exercício da Lubnor, Ivan Coutinho. De acordo com o executivo,

em 1998, a empresa investiu US$ 52 milhões na unidade de lubrificantes. Outros US$ 15

milhões foram destinados à planta de processamento de gás natural, em 1986. A Lubnor

abastece as regiões Norte e Nordeste e gera 170 empregos diretos e 200 indiretos, via

empresas prestadoras de serviço, números que tendem a evoluir nos próximos meses.

Coutinho estima demanda de 500 postos de trabalho temporários diretos na realização

das obras e implantação dos novos equipamentos, que já começam a ser instalado.

"A obra está em andamento e a previsão é de concluir os trabalhos no final do primeiro

semestre de 2005", adianta Coutinho, ao assinalar unidade cearense responde por 13% do

asfalto fabricado pela companhia Brasil, e que corresponde a 62% do volume global da

unidade cearense.

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"O aumento da produção abre perspectivas para ampliar a participação nacional e

prospectar novos mercados no exterior", resume. Com a expansão, o refino de petróleo

pesado, matéria-prima suprida por meio dos campos de terra do Ceará e do Espírito Santo,

com eventual importação da Venezuela, também deverá aumentar de 48 mil para 53 mil

metros cúbicos/ano. Processa ainda cerca de 350 mil de metros cúbicos/dia de gás natural,

além de pequena quantidade de diesel e, como braço logístico e comercial da Petrobras no

estado, atua no abastecimento de combustíveis - gasolinas, diesel, GLP e QAV (Querosene de

Aviação).

Recursos em pesquisa

O projeto para aproveitamento da borracha de pneus velhos na produção de asfalto

desenvolvido desde 2002, com a Universidade Federal do Ceará (UFC), por sua vez, deve

evoluir para a instalação de uma unidade própria. Coutinho ainda não tem previsão de quando

será possível iniciar a produção em escala industrial, mas diz que a solução tecnológica está

desenvolvida e estudos concluídos". Estimativas de mercado indicam que planta equipada

para a moagem de pneu exige investimentos da ordem de US$ 1 milhão.

Os testes incluem duas pistas experimentais de 300 metros, cada, na avenida Abolição, trecho

entre a Desembargador Moreira e a rua Osvaldo Cruz, em Fortaleza, e outro na rodovia CE

350, que liga Pacatuba e Itaitinga, municípios a 19 e 26 quilômetros da Capital,

respectivamente.

Desenvolvido no Arizona, Estados Unidos, na década de 70, esse tipo de asfalto cobre cerca

de 75% das estradas daquele estado e vem sendo utilizado ainda na Califórnia e Flórida, além

de Portugal - um dos líderes nessa tecnologia. Coutinho observa que o asfalto ecológico

agrega vantagens como durabilidade, resistência e aderência, conferindo segurança na

frenagem do veículo, além de diminuir consideravelmente o nível de ruído. "A fase agora é de

avaliação comercial da proposta, entre a Petrobras e os parceiros", adianta o executivo.

O coordenador do Laboratório de Mecânica dos Pavimentos da UFC, professor Jorge Barbosa

Soares, observa que a universidade trabalha na avaliação técnica do asfalto ecológico e se

propõe a ajudar na articulação para concretizar o empreendimento. Estimativas de mercado

indicam que uma planta de moagem de pneu, exigiria investimentos da ordem de US$ 1

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milhão. "A questão principal é saber se a matéria-prima disponível é suficiente", observa ao

apontar a necessidade de um sistema de coleta.

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos já tem alguns pontos para recolher

os pneus inservíveis, mas um projeto dessa ordem precisa de fornecimento regular. "Seria

necessário uma ação conjunta da entidade e governo", acrescenta. A tecnologia de reciclagem,

de acordo com especialistas, possibilita liberar o meio ambiente de cerca de 46 milhões de

pneus inservíveis/ano, jogados nos lixões em todo o País. Além disso, atende a determinação

do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabelece para cada quatro pneus

produzidos, cinco reciclados. A medida começa a valer no próximo ano.

Responsabilidade social

Há cerca de duas semanas, a companhia lançou um novo projeto, que mobiliza as

comunidades do entorno para a venda de produtos artesanais, parceria com empresários nas

lojas de conveniência instaladas em cinco postos da Distribuidora BR.

Na área de responsabilidade social, a Lubnor também atua com as comunidades Dolor

Barreira, Serviluz e Associação dos Empreendedores do Grande Mucuripe (Assegran),

envolvendo cerca de 50 trabalhadores, que fornecem camisetas para a Lubnor e já participam

de concorrências dentro da empresa para o fornecimento de uniformes. Além disso, 120

crianças da região do entorno da refinaria estudam em uma escola mantida pela empresa.

A companhia, maior contribuinte de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS), arrecadou cerca e R$ 571 milhões aos cofres estaduais em 2003. A previsão de

Coutinho para este ano é de R$ 600 milhões. No Maranhão, onde atua com operações na área

comercial, o montante arrecadado deverá alcançar R$ 380 milhões no exercício.

kicker: Obras vão gerar cerca de 500 postos de trabalho temporário

(Gazeta Mercantil/Gazeta do Brasil - Pág. 14)(Adriana Thomasi).

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ANEXO H- ORGANOGRAMA DA PETROBRAS

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ANEXO I- PARCERIA DE NEGÓCIOS