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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: RENOVÁVEIS JULHO DE 2012 Nivalde J. de Castro Maria Saboia

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE

O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:

RENOVÁVEIS JULHO DE 2012

Nivalde J. de Castro

Maria Saboia

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ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO....................................................................................................................................3

1- ENERGIA A PARTIR DA BIOMASSA..............................................................................................................5

2-ENERGIA EÓLICA ........................................................................................................................................5

3-ENERGIA SOLAR .........................................................................................................................................9

4-PEQUENAS CENTREIS HIDRELÉTRICAS (PCH’S) ..........................................................................................13

5-QUESTÕES GERAIS....................................................................................................................................14

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SUMÁRIO EXECUTIVO Este relatório tem como objetivo apresentar os principais fatos, dados, informações e ações

sobre energias renováveis do Setor elétrico brasileiro do mês de Julho de 2012.

A estrutura do relatório está dividida em 5 partes: energia a partir de Biomassa, energia eólica,

energia solar, Pequenas Centrais Hidrelétricas e questões gerais sobre energias renováveis.

Uma das principais notícias sobre energia a partir da Biomassa é sobre a redução no número de

usinas de açúcar e álcool no Brasil. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica),

além das 41 unidades paralisadas desde 2008, há ainda um grupo de 37 usinas que estão com pedido

de recuperação judicial devido a dificuldades financeiras. Segundo o representante da Unica Sérgio

Prado, a crise econômica é diretamente responsável pelas paralisações.

Já no setor de energia eólica, a decisão do BNDES de retirar cinco fabricantes eólicos do Finame,

levou a imprensa a divulgar que os equipamentos eólicos estavam encarecendo em até 50%. Porém,

dias depois, o setor desmentiu tal “supervalorização”. De acordo com a presidente-executiva da

Abeeólica, Élbia Melo, a lógica de que os custos subiriam naturalmente devido à dinâmica entre oferta e

demanda se aplica apenas no longo prazo, o que não é o caso. Com toda essa indefinição, Élbia calcula

que dos mais de 6,5GW em parques eólicos contratados nos leilões de energia promovidos pelo

governo desde 2009, cerca de 2GW estão com o futuro em suspenso.

Quanto à energia solar, o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, informou que

embora o Brasil ainda demore um pouco para incluir a energia solar na sua matriz energética,

para estimular seu uso, o governo poderá incluir usinas movidas com esse tipo de energia em

futuros leilões. A entrada da energia solar no país foi alvo de um estudo da EPE que analisa

cenários possíveis para sua instalação, que conclui que o país tem uma grande vocação, mas os

preços ainda são proibitivos.

Em relação à questão de PCH’s, uma usina em construção no Tietê, na cidade de

Pirapora do Bom Jesus (SP) vai ajudar a camuflar a forte poluição do rio. A mudança é um

efeito indireto, já que o principal objetivo da construção é gerar energia elétrica. Mas, depois

que a usina estiver pronta, em 2014, a espuma nociva à saúde, que tanto incomoda os

moradores da cidade, vai diminuir.

Por fim, na seção de questões gerais, de acordo com o 4º balanço do PAC apresentado

pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior, dos 3.886 MW somados à capacidade

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instalada do sistema nos primeiros 18 meses do PAC 2, 84% são relativos à instalação de

empreendimentos de fonte limpa e renovável. Miriam Belchior destacou a energia de fonte

hídrica, que representou 58% do total.

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1- ENERGIA A PARTIR DA BIOMASSA Desde 2008, quando começou a crise financeira mundial, 41 usinas de açúcar e álcool já

deixaram de moer cana no Brasil. Somente em 2011 e 2012 foram 30 unidades paralisadas.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), há ainda um grupo de 37 usinas que

estão com pedido de recuperação judicial devido a dificuldades financeiras. As usinas

desativadas, diz a Unica, têm uma capacidade de moagem de cerca de 32 milhões de toneladas,

ou 5% do potencial brasileiro. Porém, segundo o representante da Unica Sérgio Prado, essa

queda no poder de moagem não representa impacto para o setor porque a cana é processada

por outras empresas. Apesar disso, a produção de etanol não tem sido suficiente para o

consumidor. Com previsão de 550 milhões toneladas de cana para a safra atual, o país tem

capacidade para moer 640 milhões. De acordo com Prado, a crise econômica é diretamente

responsável pelas paralisações.

A fim de apoiar o desenvolvimento de projetos do etanol de segunda geração e projetos

que visem a produção de novas tecnologias industriais destinadas ao processamento da

biomassa proveniente da cana-de-açúcar, o BNDES e a Finep (Financiadora de Estudos e

Projetos) vão oferecer R$ 3 bilhões, nos próximos quatro anos. A ação será implementada de

forma conjunta através do Plano de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores

Sucroenergético e Sucroquímico. De acordo com Laércio de Siqueira, analista de projetos na

área de energia da Finep, vários planos de negócios, inclusive de empresas multinacionais que

adquiriram empresas brasileiras de açúcar e álcool, estão sendo examinados por BNDES e

Finep para concessão do crédito subsidiado.

Além dos R$ 3 bilhões que serão oferecidos em conjunto com a Finep, a diretoria do

BNDES aprovou um financiamento de R$ 210,7 milhões para a construção de uma unidade de

geração de vapor e energia elétrica a partir do cavaco de eucalipto. O projeto da Energia

Renováveis do Brasil (ERB) tem como objetivo atender a demanda por energia de unidades

industriais da Dow do Brasil. Segundo o banco, esse é o primeiro empréstimo aprovado para

esse tipo de biomassa. Dados do BNDES colocam que a unidade terá capacidade de geração

total de 1,148 mil toneladas de vapor industrial e 125,7 MW de energia elétrica por ano. As

operações da planta deverão ter início a partir do primeiro semestre de 2013. Os aportes

permitirão também a plantação de 227,8 mil toneladas de eucalipto ao ano para atender as

necessidades de geração previstas.

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Por outro lado, a See Algae Technology (SAT), empresa austríaca fornecedora de

infraestrutura para produção industrial de algas, anunciou no início do mês a assinatura de

um acordo com o grupo sucroalcooleiro JB, de Pernambuco, para a criação da primeira planta

comercial de produção de biocombustível a partir de microalgas marinhas do país. Com

investimento inicial de € 8 milhões, a SAT iniciará nos primeiros meses do ano que vem a

construção da planta adjacente à usina de Vitória de Santo Antão, no Recife. A expectativa da

companhia é que as operações tenham início já no quarto trimestre de 2013. A unidade terá

capacidade de produção de até 1,2 milhão de litros de biodiesel de algas por ano. Com as novas

tecnologias apresentadas pela empresa austríaca, o preço do biocombustível na usina será

similar ao do etanol de cana.

A inclusão de do biogás no topo da matriz energética renovável brasileira está

dependendo, segundo pesquisadores, de uma sinalização clara do governo para estimular

novos estudos e a produção, em escala, no país. As pesquisas apontam que o combustível tem

potencial para dividir espaço, em grau de importância estratégica para o setor, com o etanol e

o biodiesel. A despeito do otimismo em relação ao potencial do biogás, as pesquisas brasileiras

ainda seguem em um ritmo lento. Apesar da confirmada capacidade do biogás em atender

tanto à demanda por energia elétrica quanto à por térmica ou mecânica, em larga escala, as

iniciativas brasileiras que poderiam garantir essa produção ainda são tímidas.

Outro tipo de energia que atrai investimentos é a geração a partir do lixo. Apesar de os

projetos ainda não terem saído do papel, aportes expressivos estão sendo direcionados a esta

área que poderá gerar uma grande mudança no setor de saneamento, com a transformação de

resíduos em energia, seja em aterros já existentes ou novos. Porém, o custo elevado, apesar de

estar sendo barateado, ainda é um entrave ao desenvolvimento dos projetos.

Por fim, o MPF e o Ibama entraram com ação para impedir a implantação de uma usina

de etanol e plantação de cana-de-açúcar a ser construída pela Biocapital Consultoria

Empresarial em Roraima. O pedido do MPF e do Ibama é para que a Fundação Estadual de

Meio Ambiente e Recursos Hídricos seja condenada a suspender imediatamente o processo de

licenciamento e cancele a licença prévia de instalação da usina. Segundo o procurador Rodrigo

Timoteo da Costa e Silva, o governo federal aprovou o zoneamento agroecológico da cana-de-

açúcar e excluiu as áreas do bioma amazônico da produção. A exclusão de algumas áreas,

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principalmente do bioma amazônico, foi baseada em estudos técnicos e visa proteger esses

biomas da cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

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2-ENERGIA EÓLICA Já no setor de energia eólica, o BNDES, que neste ano já liberou R$ 1,1 bilhão em

financiamentos para projetos de energia eólica, decidiu retirar cinco fabricantes eólicos do

Finame, devido ao índice de nacionalização de seus equipamentos. Tal ato levou a imprensa

divulgar que os equipamentos eólicos estavam encarecendo em até 50%. Porém, dias depois, o

setor desmentiu tal “supervalorização”. Apesar de todo o impasse, agentes do setor defendem

a iniciativa do banco e dizem que não há objetivo de prejudicar investidores ou a cadeia

produtiva. De acordo com a presidente-executiva da Abeeólica, Élbia Melo, a lógica de que os

custos subiriam naturalmente devido à dinâmica entre oferta e demanda se aplica apenas no

longo prazo, o que não é o caso. Com toda essa indefinição, Élbia calcula que dos mais de

6,5GW em parques eólicos contratados nos leilões de energia promovidos pelo governo desde

2009, cerca de 2GW estão com o futuro em suspenso.

Segundo balanço feito pela Abeeeólica, dos 1.841MW comercializados em 2009, no

primeiro leilão de energia realizado pelo governo exclusivamente para contratação de parques

eólicos, apenas 370MW em usinas já são uma realidade e estão gerando eletricidade para o

sistema. Outros 646 MW estão prontos para operar, mas impedidos de fazê-lo pela ausência de

linhas de transmissão. Essas linhas estão a cargo da Chesf e devem ficar prontas só em 2013.

Ainda há 703,7 MW que estão fora do cronograma original, que previa início de operação em 1

de julho de 2012, sendo o parque eólico de Araras, o que tem a previsão de operação comercial

mais distante (julho de 2013). Segundo a presidente da Abeeólica, Élbia Melo, burocracias e

particularidades dos licenciamentos estão entre os principais motivos causadores de atraso.

Em busca de uma solução para a questão do atraso na entrega das usinas eólicas do

leilão de 2009, foi criado um grupo de trabalho no Ministério do Meio Ambiente (MMA) para

tentar adequar os procedimentos de licenciamento federal e dos estados. Mas, até o momento,

não há sinalizações de mudanças nas regras. Na questão de financiamento, o diretor-executivo

da consultoria da Excelência Energética, Erik Rego, conta que a mudança de foco do Banco do

Nordeste Brasileiro (BNB), fazendo com que muitos investidores precisassem reiniciar o

processo de financiamento junto ao BNDES prejudicou a entrega de eólicas no prazo

estipulado.

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Ainda neste mês, o MME aprovou o enquadramento no Regime Especial de Incentivos

(Reidi) para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura das CGE Ribeirão (CE), Riachão II (RN),

Riachão VII (RN), Carcará 2 (RN), e Verace VII (RS). As eólicas apresentam potência instalada

de 20 MW, 30 MW, 30MW, 28.8MW e 30 MW, respectivamente.

Além disso, o ministério ainda aprovou a inclusão no Reidi da CGH RP I (RS) e com 1

MW de potência instalada e da EOL Campo dos Ventos V (RN), com potência instalada de

26MW. Os projetos de transmissão de energia elétrica, de titularidade da Chesf, também foram

enquadrados no Reidi.

Por fim, a Coppe-Ufrj busca desenvolver alta tecnologia eólica no Brasil. O objetivo é

adaptar a tecnologia adotada pelos maiores players do mundo às condições regionais

brasileiras e, com isso, chegar a um projeto que possibilite até dobrar o nível de

aproveitamento do vento para gerar energia. Mas, para cumprir tal objetivo, são necessários

cerca de R$ 26 milhões e o apoio de companhias brasileiras para deslanchar o projeto. O

produto nacional seguiria as condições de vento de cada região do País e as características da

rede brasileira de transmissão de energia. No caminho para desenvolver a tecnologia, a Coppe

quer reforçar parcerias com o BNDES e com empresas como Petrobras e Furnas. A Abeeólica

também está na mira.

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3-ENERGIA SOLAR Quanto à energia solar, o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, informou que

embora o Brasil ainda vá demorar um pouco para incluir a energia solar na sua matriz

energética, para estimular seu uso, o governo poderá adicionar usinas movidas com esse tipo

de energia em futuros leilões. A entrada da energia solar no país foi alvo de um estudo da EPE

que analisa cenários possíveis para sua instalação, foi concluído que o país tem uma grande

vocação, mas os preços ainda são proibitivos. Segundo Tolmasquim, a inserção de usinas de

energia solar em futuros leilões será um "teste" para o preço e, assim como ocorreu com a

eólica, poderá surpreender.

Ainda de acordo com Tolmasquim, o abastecimento residencial a partir da autogeração

de energia solar já é uma opção viável no Brasil e tem potencial para representar até 15%

consumo de energia domiciliar nacional, mesmo que nenhuma política seja feita para

incentivar a fonte. As simulações mostram, entretanto, que se for desenvolvida uma linha de

financiamento especial, além de isenção fiscal de Imposto de Importação, de PIS/Cofins e do

Imposto de Renda, e caso os incentivos sejam feitos todos à mesma época, o efeito cumulativo

reduziria os custos da energia solar e tornaria a fonte viável para 98% do consumo residencial

do país.

Outro estudo divulgado recentemente pela EPE, intitulado "Análise da Inserção da

Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira", analisou o custo de usinas termelétricas movidas

a energia solar. Nesse caso, a tecnologia ainda não é competitiva. De acordo com a EPE, a

energia solar fotovoltaica de uma usina tem custo médio estimado de R$ 405/MWh, valor

muito superior ao preço médio obtido no último leilão de energia, realizado em novembro de

2011, de R$ 100/MWh e da média dos leilões de energia anteriores, de R$ 151/MWh. O estudo

foi detalhado ao MME, e agora o ministério vai analisar quais medidas podem ser adotadas

para estimular o setor de energia solar no Brasil. Entre as alternativas cogitadas, as principais

são a realização de um leilão específico para a energia solar ou permitir que as usinas

participem dos leilões convencionais do setor. Porém, mesmo a tecnologia solar ainda não

sendo competitiva devido a seus altos custos, o estudo aponta que este tipo de energia está

mais barata do que a tarifa aplicada por dez distribuidoras brasileiras, entre elas Cemig (MG),

Ampla (RJ) e Cemar (MA).

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Ainda acerca da inserção da energia solar na matriz elétrica brasileira, no inicio do mês,

a presidente Dilma Rousseff informou que, a partir de 2013, o consumidor residencial que

tiver excedente de geração de energia de fonte própria, como energia solar, vai acumular

créditos para descontar da conta de luz elétrica. Dilma destacou que, recentemente, a ANEEL

publicou a resolução normativa nº 482/2012, que regulariza a questão. A regra da agência diz

que o consumidor poderá acumular créditos em energia, válidos para desconto em até 36

meses.

Além de todos esses incentivos, o BNDES também pretende apoiar a inserção da

energia solar na matriz elétrica brasileira. Segundo o chefe do Departamento de Fontes

Alternativas de Energia do BNDES, Antonio Tovar, é esperado analisar ainda este ano o

primeiro projeto de energia solar no banco de fomento. Segundo Tovar, o mais provável é que

o projeto seja de uma fábrica de placas solares, com a demanda impulsionada pelo modelo de

geração distribuída.

O governo de Tocantins em conjunto com a Alubar, empresa com foco em energia

renováveis, assinaram um termo de cooperação para o desenvolvimento de tecnologias para a

produção de energia solar. O acordo prevê a construção de uma indústria de montagem de

painéis, uma usina de energia solar com capacidade de até 30 MW, além de uma usina

fotovoltaica que abastecerá alguns prédios públicos do estado. Todos os projetos serão

desenvolvidos em Palmas.

Ainda em relação ao Nordeste, a usina solar na arena Pernambuco começará a

funcionar em 2013. A Arena será capaz de receber 46 mil torcedores de forma sustentável,

contando com uma usina solar capaz de gerar 1.450 MWh/ano e com investimentos de R$ 13

milhões. O início da implantação está previsto para o segundo semestre de 2012, com

expectativa para entrar em funcionamento até junho de 2013, quando a arena irá receber três

jogos da Copa das Confederações.

Além dessa usina, a superintendência de concessões e autorizações de geração da

ANEEL registrou o recebimento de um pedido de outorga de uma usina solar para o Estado de

Goiás. A planta fotovoltaica, de 30MW, seria instalada no município de Cristalina, a cerca de

260 km de Goiânia.

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Enquanto diversos órgãos do setor elétrico se esforçam para promover um aumento da

proporção da energia solar na matriz elétrica brasileira, o presidente da Abrace, Paulo

Pedrosa, demonstra preocupação com tal inserção. A principal preocupação da Abrace é com o

custo da energia, considerado alto no Brasil. Ele também aponta que o principal motivador

para o investimento em geração solar em outros países não existe aqui, justamente devido ao

fato de o Brasil ter uma matriz tão limpa.

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4-PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCH’S) Uma PCH em construção no Tietê, na cidade de Pirapora do Bom Jesus (SP) vai ajudar a

camuflar a forte poluição do rio. A mudança é um efeito indireto, já que o principal objetivo da

construção é gerar energia elétrica. Mas, depois que a usina estiver pronta, em 2014, a espuma

nociva à saúde, que tanto incomoda os moradores da cidade, vai diminuir. Ela se forma com

frequência nas águas sujas do rio Tietê. Com a usina, a água será usada para fazer a turbina

girar e, em geral, passará em menor quantidade pelo túnel. Com a espuma diminuindo, os

moradores esperam por medidas que acabem com o forte cheiro que o Tietê tem na região,

que pode causar dores de cabeça e até desmaios.

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5-QUESTÕES GERAIS Em relação a questões gerais, de acordo com o quarto balanço do PAC apresentado no

final do mês, pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior, os recursos aplicados nas áreas

de geração e transmissão de energia elétrica, petróleo e gás e combustíveis renováveis

chegaram a R$ 42,3 bilhões entre janeiro e junho de 2012, com execução de 40% dos R$ 105,6

bilhões previstos. O levantamento da situação dos empreendimentos do setor elétrico mostra

que dos 3.886 MW somados à capacidade instalada do sistema nos primeiros 18 meses do PAC

2, 84% são relativos à instalação de empreendimentos de fonte limpa e renovável. Miriam

Belchior destacou a energia de fonte hídrica, que representou 58% do total e lembrou que

estão previstos empreendimentos que agregarão do sistema mais de 27,4 mil MW de potência,

entre as quais 11 hidrelétricas (18,7 mil MW), 58 eólicas (1,5 mil MW) e oito PCHs (145 MW).

Ainda em julho, através de um protótipo desenvolvido dentro do Programa de P&D da

ANEEL, pela primeira vez no Brasil, foi gerada energia a partir das ondas do mar. A geração

aconteceu durante 10 minutos no dia 24 de junho e alimentou os sistemas auxiliares da

própria usina. As operações e testes continuam, a fim de que a usina seja capaz de gerar por

mais tempo. A usina faz parte do projeto intitulado “Implantação de Protótipo de Conversor de

Ondas Onshore nas Condições de Mar do Nordeste do Brasil”, iniciado em março de 2009. A

iniciativa contou com a Tractebel Energia como empresa proponente e a Coppe/UFRJ como

instituição executora. O projeto tem duração de 36 meses a um custo total de R$ 14,4 milhões.

No mesmo mês, foi divulgado um estudo realizado pela DNV Kema para o Instituto

Abradee. Este prevê que o Brasil terá uma potência instalada de 22 GW de energia proveniente

da geração distribuída em 2030. Para se chegar a esse número, a empresa considerou como

geração distribuída as fontes solar, eólica e à base de biomassa, além dos veículos elétricos e

das baterias, e elaborou três cenários possíveis - conservador, moderado e acelerado -, em um

universo de aproximadamente 67 milhões de clientes residenciais e comerciais, com taxas de

crescimento de 1,78% até o fim do prazo do estudo.

Além disso, projeções indicam que com o início da operação de novos parques e a

entrega da energia contratada, ao final de 2016, o Brasil terá 8 GW de potência instalada de

energia originada do vento. Confirmado esse cenário, a participação da energia eólica na

matriz energética nacional saltará dos atuais 1,2% para 5,5%.

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Com tanto potencial em energia renovável, o Brasil ficou na oitava posição dentre 23

países num ranking de nações que mais adotam políticas de incentivos à geração de energia

renovável. Segundo o relatório “Tributos e incentivos para geração de energia renovável

2012", realizado pela consultoria KPMG International, o país possui quatro das 12 políticas de

incentivo, mais comuns, analisadas pela consultoria, dividas em três categorias: políticas

regulatórias; incentivos fiscais; e financiamento público. O estudo aborda ainda as tendências

globais em energias renováveis e a produção de energia aplicada nos cinco principais países.

Segundo o relatório, o Brasil está entre os cinco maiores produtores de energia renovável e o

sexto maior investidor do setor no mundo.