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MODULAÇÃO DA TOXICIDADE DE INJETÁVEIS DE ANTIMONIATO DE MEGLUMINA ATRAVÉS DO ESTUDO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVAS FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS VANIA NEVES MOREIRA JULIANO Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde Fundação Oswaldo Cruz Orientadores: Prof. Dr. Lúcio Mendes Cabral Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli Rio de Janeiro 2004

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  • MODULAO DA TOXICIDADE DE INJETVEIS DE

    ANTIMONIATO DE MEGLUMINA ATRAVS DO ESTUDO DE

    DESENVOLVIMENTO DE NOVAS FORMULAES

    FARMACUTICAS

    VANIA NEVES MOREIRA JULIANO

    Programa de Ps-Graduao em Vigilncia Sanitria

    Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Sade

    Fundao Oswaldo Cruz

    Orientadores: Prof. Dr. Lcio Mendes Cabral

    Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli

    Rio de Janeiro

    2004

  • ii

    MODULAO DA TOXICIDADE DE INJETVEIS DE ANTIMONIATO

    DE MEGLUMINA ATRAVS DO ESTUDO DE DESENVOLVIMENTO

    DE NOVAS FORMULAES FARMACUTICAS

    VANIA NEVES MOREIRA JULIANO

    Dissertao apresentada Comisso Examinadora composta pelo corpo docente do

    Programa de Ps-Graduao em Vigilncia Sanitria do Instituto Nacional de Controle de

    Qualidade em Sade da Fundao Oswaldo Cruz e por professores convidados de outras

    instituies, como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre.

    Aprovado:

    Prof.______________________________________(UFF)

    Dr. Ricardo Jorgensen Cassella

    Prof.______________________________________(UFRJ)

    Dra. Valria Pereira de Souza

    Prof.______________________________________(FIOCRUZ)

    Dr. Lcio Mendes Cabral

    Prof.______________________________________(FIOCRUZ) - suplente

    Dra. Maria Helena Simes Villas Boas

    Orientadores: Prof. Dr. Lcio Mendes Cabral e Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli

    Rio de Janeiro

    2004

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    Juliano, Vania Neves Moreira

    Modulao da toxicidade de injetveis de antimoniato de meglumina atravs

    do estudo de desenvolvimento de novas formulaes farmacuticas./ Vania Neves

    Moreira Juliano. Rio de Janeiro: INCQS/ FIOCRUZ, 2004.

    xvi, 72 p., il., tab.

    Dissertao em Vigilncia Sanitria, Programa Ps-Graduao em Vigilncia

    Sanitria / INCQS, 2004. Orientadores: Lcio Mendes Cabral e Ricardo

    Erthal Santelli.

    1. Meglumina antimoniato. 2. Especiao. ICP-OES. 3.Estabilidade. 4. Validao.

    I. Ttulo.

  • iv

    As dificuldades so superadas quando

    lembramos que Deus nos abenoa a cada

    instante, a mim, na forma de quatro

    vidas: Marcelo, Ana Carolina, Alexandre

    e Victor, meus filhos, aos quais dedico

    este trabalho.

  • v

    No se pode ensinar coisa alguma a

    algum; pode-se apenas auxili-la a

    descobrir por si mesmo.

    Galileu

    http://www.citador.pt/view_quotes_collection.php?author=1020&firstrec=0

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por todas as coisas;

    Ao meu esposo Alexandre pela ajuda e compreenso;

    Aos meus filhos pelo carinho e compreenso;

    Aos meus pais pelo incentivo;

    A minha irm Sueli pela dedicao aos meus filhos;

    Ao professor Lcio Mendes Cabral pela orientao e ensinamentos;

    Ao professor Ricardo Erthal Santelli do Departamento de Geoqumica da UFF pela

    orientao, ensinamentos e pela cesso de espao, equipamentos e materiais no

    Laboratrio de Espectroanaltica, Automao e Ambiental da UFF;

    Ao professor Ricardo Cassella do Departamento de Qumica analtica da UFF

    pelos ensinamentos;

    Aos professores rico Flores, Eliane Pereira e Celso Bittencourt da UFSM pela

    colaborao;

    Farmcia do HUAP pela gentil contribuio de materiais;

    Ao Cel Haroldo e ao Laboratrio Qumico Farmacutico do Exrcito pelo incentivo

    e ajuda financeira para aquisio de materiais respectivamente;

    Ao Capito Aldair Falco do Laboratrio Qumico Farmacutico do Exrcito pelo

    incentivo e empenho na compra de materiais;

    Aos amigos Eliane, Fabiana, Mariana, Bruno e Silvinha do laboratrio de

    espectroanaltica da UFF pelo incentivo e ajuda.

    As amigas Salete Vellasco do Nascimento, Carla Cristina Velasco do Nascimento

    Freixo e Cristiane Campos pela ajuda no idioma ingls.

    Ao Instituto Vital Brazil pela gentil colaborao no envase das ampolas.

    A SCHOTT pela gentil contribuio no fornecimento das ampolas.

  • vii

    RESUMO

    Neste trabalho foram realizados estudos referentes ao desenvolvimento de oito

    formulaes de medicamentos injetveis de antimoniato de meglumina, assim como, da

    metodologia analtica utilizada para determinao de Sb(III) e Sb total por HG-ICP-OES e

    ICP-OES respectivamente, deste ativo. O principal objetivo deste esforo visou posterior

    implantao da produo deste medicamento em Laboratrio da Rede Oficial, visto sua

    relevncia estratgica para sade pblica e a negligncia do setor produtivo privado em

    termos de sua produo e comercializao. Para este fim, foram utilizados excipientes com

    funo antioxidante/estabilizante como metabissulfito de sdio e Na2EDTA, ao mesmo

    tempo em que se avaliou o uso de tampo fosfato pH 6,5 a fim de verificar seu impacto na

    estabilidade da formulao. O efeito da autoclavao e da presena de veculos contendo

    propilenoglicol em propores de 20:80 e 50:50 em gua frente a veculos aquosos, foi

    tambm verificado com o propsito de avaliar a estabilidade dos processos de oxi-reduo

    atravs da reduo da constante dieltrica do meio ou degradao do ativo. As formulaes

    foram mantidas em estufa a 40 C por 90 dias e amostras foram retiradas a cada 30 dias

    para que os parmetros de pH, densidade, teor de Sb(III) e Sb total fossem medidos.

    Paralelamente foram realizados o desenvolvimento e validao de metodologia analtica

    utilizando HG-ICP-OES como tcnica alternativa preconizada pela Farmacopia

    Brasileira 4 edio. Os resultados obtidos apontaram como formulaes mais adequadas,

    para posterior implantao em escala industrial, as formulaes cujos veculos

    apresentavam propilenoglicol/gua na proporo 20:80, pois a mesma apresentou menores

    valores de Sb(III) mostrando que a reduo da constante dieltrica do meio capaz de

    diminuir as reaes tipo redox no sistema. Essas formulaes tambm mostraram menor

    variao com relao aos teores de Sb(III) durante o tempo de estudo. A utilizao de

    tampo se mostrou desnecessria para estabilizar a formulao, bem como no se verificou

    influncia da autoclavao na qualidade do produto, indicando ser seu processo futuro de

    fabricao mais robusto. Quanto metodologia analtica os resultados apontaram para o

    mtodo proposto como alternativa eficiente para determinao de Sb(III) na presena de

    grandes quantidades de Sb(V) em solues injetveis de antimoniato de meglumina, de

    forma seletiva, linear, exata e precisa, alm de apresentar baixo limite de quantificao,

    menor interferncia de matriz e maior robustez com relao s tcnicas em batelada,

    atualmente proposta na Farmacopia Brasileira.

  • viii

    ABSTRACT

    This dissertation was based on the studies of the development of eight injectable

    medication of Meglumine Antimoniate as well as the analytical methodology used to

    determine the Sb(III) and total Sb of this active principle by HG-ICP-OES and ICP OES,

    respectively. The research aimed at a post- implementation of the production of this drug at

    a state laboratory, due to its strategic importance to public health and the negligence of

    private health care industries in relation to its production and commercialization. In order

    to achieve that objective, excipients with anti-oxidation/ stabilizing functions such as

    sodium metabissulfite and EDTA were used. At the same time, the use of phosphate buffer

    pH 6,5 was evaluated so as to verify its impact in the stability of the formulation. The

    effect of the autoclavation and the presence of vehicles containing propylene glycol in

    proportions of 20:80 and 50:50 in water, as compared to watery vehicles, were also

    observed with the aim of evaluating the stability of the oxi-reduction processes through the

    reduction of the dielectric constant of the environment or the degradation of the active

    substance. The formulations were kept in a heater at 40C for 90 days and samples were

    withdrawn every 30 days so that the parameters of pH, density, Sb(III) and total Sb dosage

    were measured. Parallel to this, the development and the validation of the analytical

    methodology were assessed using HG-ICP-OES as alternative techniques to the one

    recommended by the 4th edition of the Brazilian Pharmacopeia. The obtained results

    pointed to the formulations whose vehicles showed propylene glycol/water in the

    proportion 20:80 as the most adequate to a later implementation in industrial scale since

    they showed inferior quantities of Sb(III). This revealed that the reduction of the dielectric

    constant can diminish redox reactions in the system. These formulations also showed

    minor variation in relation to the dosage of Sb(III) during the study time. Not only did the

    use of the buffer show to be useless to stabilize the formulation but the influence of the

    autoclavation in the product quality was not registered as well, indicating that its future

    process of production is more robust. In relation to the analytical methodology, the results

    pointed to the proposed method as an efficient alternative to the determination of Sb(III) in

    the presence of great quantities of Sb(V) in injectable solutions of Meglumine

    Antimoniate, in a selective, linear, exact and accurate way. In addition to that, it showed a

    low limit of quantification, less interference of the matrix and a higher robustness in

    relation to the techniques in batch, currently proposed by the Brazilian Pharmacopeia.

  • ix

    LISTA DE TABELAS Tabela 1- Formulaes propostas para o produto Antimoniato de meglumina ............... 23

    Tabela 2- Parmetros operacionais instrumentais relevantes do ICP-OES e HG-ICP-

    OES...................................................................................................................................

    25

    Tabela 3- Frmula do placebo utilizado na preparao da amostra para teste de

    exatido.............................................................................................................................

    28

    Tabela 4- Percentual e concentrao de padro utilizada para construo da curva para

    linearidade de Sb total.....................................................................................

    30

    Tabela 5- Percentual em relao s concentraes tericas de de Sb(V) no

    produto..............................................................................................................................

    30

    Tabela 6- Intensidades (CPS) e seus respectivos desvios padro para as diversas

    concentraes de cido ctrico. Concentrao de borohidreto de sdio=1%....................

    36

    Tabela 7- Valor de t calculado para cada par de concentraes de cido ctrico t crtico 0,01,4= 4,604..............................................................................................................

    41

    Tabela 8- Intensidades (CPS) e seus respectivos desvios padro para as diversas

    concentraes de borohidreto de sdio.............................................................................

    42

    Tabela 9- Intensidades de emisso tica (CPS) e seus respectivos desvios padro para

    os diversos tamanhos de reatores helicoidais ..................................................................

    43

    Tabela 10- Intensidades (CPS) e desvios relativos aos pontos da curva de

    calibrao.....................................................................................................................

    44

    Tabela 11- Linearidade na determinao de Sb(III)......................................................... 44

    Tabela 12- Exatido do Mtodo HG-ICP OES para determinao de Sb(III).................. 45

    Tabela 13- Concentraes e desvios encontrados para o teste de repetibilidade para

    Sb(III)...............................................................................................................................

    46

    Tabela 14- Concentraes e desvios padro encontrados para o teste de preciso

    intermediria para Sb(III).................................................................................................

    47

    Tabela 15- Limite de quantificao para Sb(III).............................................................. 48

    Tabela 16- Intensidade (CPS) e os respectivos desvios relativos para cada ponto da

    curva de calibrao...........................................................................................................

    49

    Tabela 17- Parmetros de linearidade para Sb total......................................................... 50

    Tabela 18- Exatido do Mtodo para Sb total.................................................................. 50

  • x

    Tabela 19- Concentraes e desvio encontrados para o teste de repetibilidade de Sb

    total...................................................................................................................................

    51

    Tabela 20- Concentraes e desvios padro encontrados para o teste de preciso

    intermediria para Sb total................................................................................................

    52

    Tabela 21- Limite de quantificao para Sb total............................................................ 54

    Tabela 22 - Valores de pH e os respectivos desvios padro para as 8 formulaes

    40C.................................................................................................................................. 56

    Tabela 23- Valores de t calculado para os seis pares de tempo.t critico 0,01;2 = 9,925 K=

    6 = 95%(0,05) N= 2 ' =0,01........................................................................................

    57

    Tabela 24 - Valores de densidade e os respectivos desvios padro para as 8

    formulaes.......................................................................................................................

    58

    Tabela 25- Valores de t calculado para os seis pares de tempo. t critico 0,01;2 = 9,925;

    K= 6 = 95%(0,05); N= 2; ' =0,01..............................................................................

    59

    Tabela 26- Valores de Sb(III) (mg/mL) encontrados para as 8 formulaes durante os

    90 dias.......................................................................................

    59

    Tabela 27- Valores de t calculados para os quatro pares de formulaes. t crtico 0,05;2=

    4,303. F1 = Formulao 1; F2 = Formulao 2; F3= Formulao 3 e F4 = Formulao

    4 F5 = Formulao 5; F6 = Formulao 6; F7= Formulao 7 e F8 = Formulao 8......

    60

    Tabela 28- Valores de t calculados para os dois pares de formulaes. t crtico 0,05;2=

    4,303. F1= Formulao 1; F2 = Formulao 2; F3 = Formulao 3 e F4 =

    Formulao 4....................................................................................................................

    61

    Tabela 29- Valores de Sb total (mg/mL) e Sb(III) (mg/mL) encontrados para as 8

    formulaes durante os 90 dias......................................................................................... 63

    Tabela 30- Concentrao de metais (mg/L) encontrados nas trs matrias-primas

    analisadas.........................................................................................................................

    65

    Tabela 31- Concentraes de Sb(III) e Sb total encontrados nas trs matrias-primas

    analisadas..........................................................................................................................

    66

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Fmea do Flebotomneo (vetor de transmisso da leishmaniose).................. 01

    Figura 2- (a) Forma lcero-vegetante extensa, acometendo ndegas e membros

    inferiores, (b) Leso lcero custosa localizada na regio frontal, (c) Destruio do

    septo nasal com infiltrao local.....................................................................................

    02

    Figura 3- Paciente com LV (paciente com hepatoesplenomegalia)................................ 03

    Figura 4- Reao entre composto de antimnio e dimercaprol....................................... 05

    Figura 5- Frmula estrutural do antimoniato de meglumina (C7 H18 N 08 Sb), PM:

    365,98..............................................................................................................................

    10

    Figura 6 - ICP-OES modelo ULTIMA-2 (JOBIN YVON)............................................. 20

    Figura 7 - Amostrador automtico modelo AS 421 (JOBIN YVON)............................. 20

    Figura 8- Equao que expressa o limite de quantificao............................................. 29

    Figura 9 - Diagrama dos aparatos utilizados para gerao de hidretos em fluxo

    contnuo...........................................................................................................................

    34

    Figura 10- Efeito da concentrao de cido ctrico no sinal para HG-ICP-OES............ 36

    Figura 11 - Efeito da concentrao do sdio borohidreto na HG-ICP-OES................... 42

    Figura 12- Efeito do comprimento do reator helicoidal no HG-ICP-OES...................... 43

    Figura 13- Curva de calibrao para verificao da linearidade na determinao de

    Sb(III)..............................................................................................................................

    44

    Figura 14- Curva obtida para determinao do limite de quantificao do Sb(III)........ 48

    Figura 15- Curva de calibrao para linearidade de antimnio total... 49

    Figura 16- Curva obtida para determinao do limite de quantificao do Sb total....... 53

    Figura 17- Box Plot das oito formulaes F1= Formulao 1; F2 = Formulao 2;

    F3 = Formulao 3; F4 = Formulao 4; F5= Formulao 5; F6 = Formulao 6; F7=

    Formulao 7; F8 = Formulao 8..................................................................................

    62

  • xii

    LISTA DE ABREVIATURAS, SMBOLOS OU SIGLAS. ANVISA: Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    BPF: Boas prticas de Fabricao

    CE-ICP-MS: Capillary Electrophoresis- Inductively Coupled Plasma- Mass Spectrometry

    Na2EDTA: Etileno Diamino Tetracetato dissdico

    DRX: Difrao de raio- X

    FB: Farmacopia Brasileira

    FIOCRUZ: Fundao Oswaldo Cruz

    FUNASA: Fundao Nacional de Sade

    H0: Hiptese nula

    HG-AAS: Hydride Generation- Atomic Absorption Spectrometry

    HG-AES: Hyidride Generation- Atomic Emission Spectrometry

    HG-AFS: Hydride Generation- Atomic Fluorescence Spectrometry

    HG-ICP-OES: Hydride Generation- Inductively Coupled Plasma- Optical Emission

    Spectrometry

    HG-ICP-MS: Hydride Generation- Inductively Coupled Plasma- Mass Spectrometry

    HPLC: High Performance Liquid Chromatography

    HPLC-HG- AAS: High Performance Liquid Chromatography- Hydride Generation Atomic

    Absorption Spectrometry

    HPLC-HG- AFS: High Performance Liquid Chromatography- Hydride Generation Atomic

    Fluorescence Spectrometry

    IC: Intervalo de confiana

    ICP-OES: Inductively Coupled Plasma- Optical Emission Spectrometry

    INCQS: Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Sade

    LC: Leishmaniose cutnea

    LD: Limite de deteco

    LM : Leishmaniose mucosa

    LQFEx: Laboratrio Qumico Farmacutico do Exrcito

    LTA: Leishmaniose Tegumentar Americana

    LV: Leishmaniose visceral

    nm: nanmetros

    OMS: Organizao Mundial de Sade

    RMN: Ressonncia Magntica Nuclear

    RSD: Relative Standard Deviation

  • xiii

    SD: Standard Deviation

    UFF: Universidade Federal Fluminense

    UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro

    USP: The United States Pharmacopeia

    WFI: gua para injetveis

  • xiv

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS................................................................................................ vi

    RESUMO..................................................................................................................... vii

    ABSTRACT................................................................................................................. viii

    LISTA DE TABELAS................................................................................................ ix

    LISTA DE FIGURAS................................................................................................. xi

    LISTA DE ABREVIATURAS, SMBOLOS OU SIGLAS..................................... xii

    1 INTRODUO..................................................................................................... 01

    1. 1 Generalidades...................................................................................................... 01

    1. 2 Epidemiologia..................................................................................................... 03

    1. 3 Tratamento.......................................................................................................... 04

    1. 4 Farmacologia....................................................................................................... 05

    1.4.1 Dose.................................................................................................................... 06

    1.4.1.1 Leses Cutneas................................................................................................ 06

    1.4.1.2 Leses Mucosas................................................................................................ 07

    1.4.1.3 Visceral............................................................................................................. 07

    1.4.2 Efeitos colaterais................................................................................................. 07

    1.4.3 Reaes Adversas............................................................................................... 07

    1. 5 Formulaes........................................................................................................ 08

    1.5.1 Estabilidade de formulaes............................................................................... 10

    1.5.2 Anlise de formulaes....................................................................................... 12

    1. 6 Justificativa......................................................................................................... 13

    2 OBJETIVOS.......................................................................................................... 17

    3 MATERIAIS E MTODOS................................................................................. 18

    3. 1 Materiais............................................................................................................... 18

    3. 1.1 Formulaes....................................................................................................... 18

    3. 1.2 Metodologia analtica....................................................................................... 19

    3. 1.3 Caracterizao do princpio ativo..................................................................... 21

    3. 1.3.1Solubilidade..................................................................................................... 21

    3. 1.3.2Difrao de raios-x (DRX).............................................................................. 21

    3.1.3.3 Determinao de metais pesados..................................................................... 21

    3. 2 Mtodos................................................................................................................ 22

  • xv

    3. 2.1 Formulaes........................................................................................................ 22

    3. 2.2 Validao da metodologia analtica.................................................................... 24

    3. 2.2.1 Determinao de Sb (III).................................................................................. 25

    3. 2.2.1.1 Determinao da seletividade....................................................................... 26

    3. 2.2.1.2 Determinao da Linearidade....................................................................... 27

    3. 2.2.1.3 Determinao da exatido............................................................................. 28

    3. 2.2.1.4 Determinao da preciso............................................................................. 28

    3. 2.2.1.5 Determinao do Limite de quantificao.................................................... 29

    3. 2.2.2 Determinao de Sb (V)................................................................................... 29

    3. 2.2.2.1 Determinao da Linearidade....................................................................... 30

    3. 2.2.2.2 Determinao da exatido............................................................................. 31

    3. 2.2.2.3 Determinao da preciso............................................................................. 31

    3. 2.2.2.4 Determinao do Limite de quantificao.................................................... 32

    3. 2.3 Caracterizao do princpio ativo........................................................................ 32

    3. 2.3.1 Solubilidade...................................................................................................... 32

    3. 2.3.2 Difrao de raios-x (DRX)............................................................................... 32

    3. 2.3 3 Determinao de metais pesados..................................................................... 32

    3. 2.3 4 Determinao dos teores de Sb (III) e Sb (V).................................................. 33

    4 RESULTADOS E DISCUSSES.......................................................................... 34

    4.1 Validao do Mtodo analtico............................................................................... 34

    4.1.1 determinao de Sb (III)....................................................................................... 34

    4.1.1.1 Seletividade....................................................................................................... 35

    4.1.1.1.1 O efeito da concentrao do cido ctrico...................................................... 35

    4.1.1.1.2 O efeito da concentrao do borohidreto de sdio........................................ 41

    4.1.1.1.3 O efeito do comprimento do reator helicoidal.............................................. 42

    4.1.1.2 Linearidade....................................................................................................... 44

    4.1.1.3 Exatido............................................................................................................ 45

    4.1.1.4 Preciso............................................................................................................. 46

    4.1.1.4.1 Repetibilidade................................................................................................ 46

    4.1.1.4.2 Preciso Intermediria................................................................................... 46

    4.1.1.5 Limite de quantificao................................................................................... 48

    4.1.2 determinao de Sb total.................................................................................... 49

    4.1.2.1 Seletividade....................................................................................................... 49

  • xvi

    4.1.2.2 Linearidade....................................................................................................... 49

    4.1.2.3 Exatido............................................................................................................ 50

    4.1.2.4 Preciso............................................................................................................. 51

    4.1.2.4.1 Repetibilidade................................................................................................ 51

    4.1.2.4.2 Preciso Intermediria................................................................................... 52

    4.1.2.5 Limite de quantificao.................................................................................... 53

    4.2 Formulaes............................................................................................................ 54

    4.2.1 pH......................................................................................................................... 54

    4.2.2 Densidade............................................................................................................. 57

    4.2.3 Teor de Sb (III).................................................................................................... 59

    4.2.4 Teor de Sb total.................................................................................................... 62

    4.3 Caracterizao do princpio ativo........................................................................... 64

    4.3.1 Solubilidade............. 64

    4.3.2 Difrao de raios-x (DRX).................................................................................. 64

    4.3.3 Determinao de metais pesados......................................................................... 64

    4.3.4 Determinao dos teores de Sb (III) e Sb (V)...................................................... 65

    5 CONCLUSES....................................................................................................... 67

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................. 68

  • 1 INTRODUO 1.1 Generalidades

    A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e a Leishmaniose Visceral (Calazar) so doenas infecciosas, no contagiosas, causadas por protozorios do gnero

    Leishmania, que acomete pele, mucosas e vsceras respectivamente. As leishmanioses so

    consideradas primariamente como uma zoonose podendo acometer o homem, quando este

    entra em contato com o ciclo de transmisso do parasito, transformando-se em uma

    antropozoonose. Atualmente, encontra-se entre as seis endemias consideradas prioritrias

    no mundo (BRASIL. Ministrio da Sade, 2000).

    As Leishmanias so transmitidas entre animais silvestres ou de animais silvestres

    para o homem por meio da picada de insetos hematfogos Phlebotominae de diferentes

    gneros (Psychodopygus, Lutzomya) (VIANNA, WILLIAMS & FALCO, 1978) (Figura

    1).

    Figura 1 - Fmea do Flebotomneo (vetor de transmisso da leishmaniose)

    A Leishmania um protozorio que pertence famlia Trypanosomatdae (com

    duas formas principais: uma flagelada ou promastigota, e outra aflagelada ou amastigota, a

    primeira encontrada no tubo digestivo do inseto vetor e em alguns meios de cultura

    artificiais, e a segunda vista nos tecidos dos hospedeiros vertebrados (homem e outros

    animais superiores). No homem o perodo de incubao da doena , em mdia, de 2

    meses, podendo apresentar perodos mais curtos (duas semanas) e mais longos, (2 anos)

    (BRASIL. Ministrio da Sade, 2000).

    A leishmaniose tegumentar americana (LTA), inclui a leishmaniose cutnea (LC) e

    a leishmaniose mucosa (LM) (BRASIL, 2000) (Figura 2).

  • A leishmaniose causa incapacitao e muitas vezes leses mutilativas, podendo

    levar a morte.

    A leishmaniose visceral a forma mais severa da doena e ataca bao, fgado e

    nodos linfticos. (Figura 3)

    2

    (a)

    (b)

    (c)

    Figura 2- (a) Forma lcero-vegetante extensa, acometendo ndegas e membros inferiores, (b) Leso lcero custosa localizada na regio frontal, (c) Destruio do septo nasal com infiltrao local.

  • Figura 3- P (paciente

    com hepatoesplenomegalia)

    1.2 Epi

    crianas.

    Acredita-se e

    de leishmaniose visceral ocorrem em Bangladesh, Brasil,

    sos de leishmaniose mucocutnea ocorrem na Bolvia, no Brasil

    m no Afeganisto, no Brasil,

    as rurais

    o que v

    onfirmados e a LV de notificao obrigatria para casos suspeitos (BRASIL,

    2003).

    aciente com LV

    demiologia

    Atualmente, segundo dados da Organizao Mundial de Sade (OMS), a

    leishmaniose endmica em 88 pases, onde 72 so pases em desenvolvimento, dos cinco

    continentes, ameaando 350 milhes de pessoas entre mulheres, homens e

    qu no mundo inteiro 12 milhes de pessoas sofrem de leishmaniose.

    90% dos casos

    ndia e Sudo;

    90% dos ca

    e no Peru;

    90% dos casos de leishmaniose cutnea ocorre

    no Iran, no Peru, na Arbia saudita e na Sria.

    Nos ltimos dez anos as regies endmicas tm se expandido alm das zon

    em causando um aumento significativo de casos da doena (WHO, 2004).

    Somente em 33 dos 88 pases afetados pela leishmaniose a notificao

    obrigatria. Dos dois milhes de novos casos estimados anualmente, somente 600.000 so

    oficialmente relatados (WHO, 2004). No Brasil a LTA de notificao obrigatria para os

    casos c

    3

    A existncia de animais silvestres como fonte natural de infeces, ainda

    insuficientemente estudada, no explica a totalidade dos casos humanos encontrados. Este

    aspecto leva a supor que outros ciclos, onde o homem e animais domsticos participam,

  • 4

    bilitando o envolvimento de animais domsticos

    (MARZ

    tas, estando relacionadas a aspectos clnico-epidemiolgicos diferentes

    (BRAS

    resenta distribuio mais restrita

    s rea

    bm podem

    apresen

    cursos laboratoriais o diagnstico deve ser clnico e epidemiolgico

    (BRASIL, 2000).

    ente. A OMS recomenda que a

    dose de

    e nos pases de lngua francesa (FIGUEIREDO, COSTA E SILVA &

    BRASI

    estariam sendo instalados com risco de acometer populaes bem mais numerosas do que

    aquelas que eventualmente penetram nas matas. Na regio sudeste do Brasil, apresenta um

    carter de transmisso peri-domiciliar, principalmente pela adaptao do inseto vetor aos

    ambientes naturais modificados possi

    OCHI & MARZOCHI, 1994).

    Em diferentes regies do Brasil (Bahia, Amazonas, Par, Rondnia, Mato Grosso,

    Minas Gerais e So Paulo) variadas espcies de Leishmanias tm sido isoladas de casos

    humanos, caninos, roedores e marsupiais, as quais apresentam caractersticas biolgicas e

    bioqumicas distin

    IL, 2000).

    As leishmanioses se estendem, em nosso pas, por extensas reas das regies Norte,

    Nordeste, Sudeste e Centro Oeste. Enquanto a forma tegumentar mais amplamente

    distribuda por quase todos os estados, a forma visceral ap

    s do Nordeste e sudeste do pas (LUZ et al., 2003).

    O teste intradrmico de Montenegro de grande valia no diagnstico imunolgico

    da LTA. feita a aplicao intradermica do antgeno da Leishmania e aps 48 horas feita

    medida da resposta. Praticamente todos os indivduos com leso apresentam reao

    positiva ao teste, no entanto, pessoas provenientes de regies endmicas tam

    tar reao positiva (LOUREIRO, DADALTI & GUTIERREZ, 1998).

    Sempre que possvel o diagnstico deve ser clnico, epidemiolgico e laboratorial.

    Se no houver re

    1.3 Tratamento

    A droga de primeira escolha o antimonial pentaval

    ste antimonial seja calculada em mg/Sb(V)/Kg/dia.

    O Stibogluconato de sdio e o antimoniato de meglumina so os dois tipos de

    antimoniais pentavalentes que podem ser utilizados na teraputica da leishmaniose, sendo

    que o primeiro utilizado nos pases de lngua inglesa e o segundo na Amrica latina,

    incluindo Brasil,

    L, 1999).

    O antimoniato de meglumina apresenta-se comercialmente em frascos de 5 mL que

    contm 1,5 g do antimoniato bruto, correspondente a 405 mg de Sb(V). Portanto, 1 ampola

    com 5 mL tem 405 mg de Sb(V), e cada mL contm 81 mg de Sb(V). Este antimonial

  • 5

    tas e maior

    possibi

    so a resposta ao antimoniato pentavalente no seja

    satisfatria (MARSDEN, 1999).

    ento por antimnio e arsnio (KOROLKOVAS & BURCKHALTER, 1982)

    (figura 4).

    Figura 4- Reao entre composto de antimnio e dimercaprol

    indicado para o tratamento de todas as formas de leishmaniose tegumentar, embora as

    formas mucosas exijam maior cuidado, podendo apresentar respostas mais len

    lidade de recidivas (ANTIMONIATO DE MEGLUMINA: bula, [s.d.]).

    As drogas de segunda escolha so a anfotericina B e a pentamidina, que devem ser

    introduzidas na teraputica ca

    1.4 Farmacologia

    Em 1912 se utilizou o tartarato de potssio antimnico (trtaro emtico), um

    antimonial trivalente, na Leishmaniose cutnea com sucesso. Logo aps ele foi utilizado

    tambm no tratamento da leishmaniose visceral (Calazar). Muitos outros antimoniais

    trivalentes, em especial o tartarato de sdio antimnico, foram experimentados.

    Posteriormente, estes foram substitudos pelos antimoniais pentavalentes, que eram to

    eficazes quanto o trtaro emtico e muito menos txicos, permitindo a utilizao de doses

    maiores, reduzindo desta forma o tempo de tratamento. Estudos com antimoniais

    pentavalentes in vitro demostraram pouco efeito sobre os leptomnades que se

    desenvolvem na cultura de tecidos, esta diferena entre a sua atividade in vitro, sugere

    que a reduo do antimnio para a forma trivalente necessria para a atividade. Provas

    nesse sentido so fornecidas pelo fato de que o dimercaprol antdoto para o

    envenenam

    CH2-SH CH2-S

    Sb-R

    CH-SH + Sb-R CH -S

    CH2-OH CH2-OH

    dimercaprol

  • 6

    ros 80 vezes menos sensvel do que as enzimas do parasita fazendo com que ele

    o concentraes muito maiores no plasma do que

    s compostos trivalentes. Conseqentemente so eliminados muito mais rapidamente pelo

    AN & GILMAN, 1983).

    Apr g Sb(V) por mL.

    Dose m

    Adultos: trs ampolas ou 1.215 mg Sb(V).

    os metade da dose mxima de adultos.

    er repetido,

    prolongando-se, desta vez, a durao da srie para 30 dias. Em caso de no resposta,

    tilizar uma das drogas de segunda escolha (BALANA-FOUCE et al., 1998).

    Os compostos antimoniais por serem pouco absorvidos no trato gastro intestinal e

    irritantes para mucosa intestinal, so administrados parenteralmente.

    Estudos indicam que os antimoniais trivalentes inibem a fosfofrutoquinase, esta

    enzima catalisa a converso da frutose-6-fosfato a frutose-1,6-difosfato nas vias

    glicolticas. Agem combinando-se com grupos sulfidrilas (tais como o da cistena)

    presentes na enzima, por meio de ligaes covalentes reversveis exercendo seus efeitos

    txicos nas clulas do parasita e dos mamferos, entretanto a fosfofrutoquinase dos

    mamfe

    exera seus efeitos txicos de forma seletiva (KOROLKOVAS & BURCKHALTER,

    1982).

    Os antimoniais trivalentes possuem alta afinidade pelos eritrcitos, deixando

    rapidamente o plasma. No entanto continuam na circulao ligados de alguma forma aos

    eritrcitos onde interferem com a funo da hemoglobina. A eliminao renal baixa

    provavelmente devido a baixas concentraes plasmticas. Os antimoniais pentavalentes

    no so ligados aos eritrcitos, atingind

    o

    rim (GOODM

    1.4.1. Dose:

    esentao = Frascos com 5 mL, contendo 81 m

    xima diria (BRASIL, 2000):

    Crianas at 12 an

    1.4.1.1 Leses Cutneas

    Para as formas cutnea localizada e disseminada a dose recomendada varia entre 10

    a 20 mg Sb(V)/Kg/dia. Sugere-se 15 mg Sb(V)/Kg/dia, tanto para o adulto quanto para

    crianas, durante 20 dias seguidos. Nunca deve ser utilizada dose superior a trs

    ampolas/dia ou 15 mL/dia para o adulto. Se no houver cicatrizao completa aps trs

    meses (12 semanas) do trmino do tratamento, o esquema dever s

    u

  • 7

    s (12 semanas) do trmino do tratamento, o

    esquem dever ser repetido apenas uma vez. Em caso de no resposta, utilizar uma das

    a escolha (BRASIL, 2000).

    b(V) kg/dia, com aplicao endovenosa ou intramuscular, por no mnimo 20 e no

    ximo 40 dias, utilizando-se o limite mximo de 2 a 3 ampolas/dia do produto (BRASIL,

    atamento.

    Por iss

    ado e com possibilidade de realizar traqueotomia de

    rgncia. Os corticides por via sistmica podem ser utilizados nos quadros de

    IL, 2000).

    as leishmanioses. Este frmaco um produto que requer administrao

    1.4.1.2 Leses Mucosas

    Em todas as formas de acometimento mucoso a dose recomendada de 20

    mg/Sb(V)/Kg/dia, durante 30 dias seguidos, de preferncia em ambiente hospitalar. Se no

    houver cicatrizao completa aps trs mese

    a

    drogas de segund

    1.4.1.3 Visceral

    No Brasil recomenda-se o tratamento da leishmaniose visceral com a dose de 20

    mg de S

    m

    2003).

    1.4.2. Efeitos colaterais possvel que ocorra um ou mais efeitos colaterais, na seguinte ordem de

    frequncia: artralgia, mialgia, inapetncia, nuseas, vmitos, plenitude gstrica,

    epigastralgia, pirose, dor abdominal, prurido, febre, fraqueza, cefalia, tontura, palpitao,

    insnia, nervosismo, choque pirognico, edema e insuficincia renal aguda. Essas queixas

    so, geralmente discretas ou moderadas e raramente exigem a suspenso do tratamento.

    Porm, nas doses de 20 mg/Sb(V)/Kg/dia, o antimonial pode atingir o limiar de toxicidade,

    podendo levar a alteraes cardacas ou renais que obriguem a suspenso do tr

    o, deve-se proceder acompanhamento eletrocardiogrfico semanal e avaliao da

    funo renal, especialmente em pacientes acima de 50 anos (MARSDEN, 1985).

    Em casos de leses de laringe e faringe, podem ocorrer edema e insuficincia

    respiratria aguda. Por isso, aconselhvel que a medicao seja administrada por equipe

    especializada, em paciente hospitaliz

    u

    hipersensibilidade (BRAS

    1.4.3 Reaes Adversas

    O antimoniato de N-metil meglumina o frmaco de primeira escolha para o

    tratamento d

  • 8

    cautelo

    o produzidas mais freqentemente pelos

    po

    stas alteraes esto ligadas

    into

    lnicos tm evidenciado aumento das enzimas hepticas. So observados ainda

    citos, bem como a queda do nvel de hematcrito.

    A conc

    ado a presena do antimnio trivalente nos

    eritrci

    ostraram que parece existir uma correlao entre o aumento da

    osmolalidade do produto e a variao das respostas teraputicas (WILLIAM, WALTER &

    umica bem determinada,

    N-

    tilgl

    sa, sob acompanhamento clnico e laboratorial, por ser cardiotxico, hepatotxico e

    nefrotxico.

    As reaes adversas dos antimoniais s

    com stos trivalentes do que pelos pentavalentes, no entanto so qualitativamente

    semelhantes (GOODMAN & GILMAN, 1983).

    provvel que se desenvolva tosse grave acompanhada de vmitos. A artrite

    aguda geralmente envolvendo articulaes do pulso, joelho e tornozelos, uma reao

    menos comum. Pode ocorrer ocasionalmente bradicardia acentuada, ocorrem alteraes

    significativas no ECG de pacientes tratados com antimoniais. E

    a s mas cardiovasculares que normalmente desaparecem de 30 a 60 dias aps

    interrupo do tratamento (GOODMAN & GILMAN, 1983).

    A funo heptica poder estar deprimida em pacientes fazendo uso de antimoniais.

    Estudos c

    cefalia, desmaios, dispnia, apnia, edema, dor abdominal, colapso vascular e erupes

    brandas.

    J foram evidenciados casos de pneumonia com uso de antimoniais trivalentes,

    porm no foram encontrados com os pentavalentes. Estudos realizados mostraram que

    ocorre reduo da hemoglobina nos eritr

    luso foi que a gravidade deste efeito txico varia com a preparao e a dose

    administrada (ALKHAWAJAH, 1992).

    Estudos in vitro tm demonstr

    tos. Existe a hiptese de que o antimnio possa ser trocado com o ferro trivalente

    da hemoglobina (BERG & KNUT, 1998).

    Estudos m

    PETRIE, 1998).

    1.5 Formulaes

    O antimoniato de meglumina no possui uma estrutura q

    sabe-se que formada pela sntese entre o xido de antimnio V (Sb2O5) e a

    me ucamina, podendo se apresentar na forma de oligmeros.

    solvel em gua, praticamente insolvel em etanol, ter etlico e clorofrmio.

  • 9

    com dois grupos hidroxilas sugerindo que esta estrutura se comporta como um

    rao do Sb(V) (CARRI et

    al., 200

    esponde a forma geral (NMG-Sb)n

    NMG. Esses resultados sugerem que esse agente uma mistura complexa que existe em

    equilbrio na soluo aquosa (WILLIAM, WALTER & PETRIE, 1998). A figura 5 mostra

    a frmula estrutural do antimoniato de meglumina.

    O produto encontrado no mercado Glucantime do Laboratrio Aventis uma

    soluo aquosa que possui 1,5 g de antimoniato de meglumina equivalente a 405 mg de

    antimnio pentavalente por ampola de 5 mL.

    Estudos realizados na estrutura do produto encontrado no mercado sugerem que ela

    consiste numa mistura de componentes com diferentes pesos moleculares, na qual o

    antimnio e a metilmeglumina se alternam, e que cada antimnio se liga de forma

    coordenada

    acetal, e facilmente quebrada em cidos diludos. Em baixos valores de pH as ligaes

    so quebradas, com conseqente hidrlise da estrutura e libe

    0).

    fundamental que a formulao mantenha seu pH na faixa de 5,5 e 7,5, pois o pH

    parece ter grande importncia na estabilidade da preparao.

    A determinao do contedo de antimnio no p de antimoniato de meglumina,

    atravs do estudo da sua estrutura e composio, indicou uma razo molar de 1:1,37 de

    antimnio para N-metil-D-glucamina. Osmolalidade avaliada em solues de antimoniato

    de Meglumina demonstrou uma mdia de 1,43 tomos de antimnio por molcula de

    antimoniato de meglumina. A osmolalidade de uma soluo diluda 1:10 de antimoniato de

    meglumina aumentou cerca de 45% durante 8 dias, sugerindo hidrlise a espcies de

    complexos menores. Foi evidenciada, ainda, a presena de complexos coordenados entre

    antimnio e cada hidroxila do N-metil-D-glucamina. Atravs da utilizao da

    espectrometria de massa, com vrios procedimentos de derivao, ficou evidenciado que

    mais de quatro hidroxilas do N-metil-D-glucamina esto coordenadas com cada antimnio.

    Uma srie de oligmeros foi observada, a maioria com uma massa molecular de 507

    unidades de massa atmica e consiste de NMG-Sb-NMG, onde Sb representa o antimnio

    e NMG representa a N-metil-D-glucamina e corr

  • 10

    lidade de formulaes

    a proteger a droga. Sistemas abertos requerem

    con n

    o do

    meio de forma que ele no possa agir como catalisador. O sal di-sdico do cido

    +

    CH 2 N C H H 3|

    O - H - C OH || |

    .(OH) - Sb O HO C H |

    H - C OH

    | H - C - OH

    | C H2 OH

    Figura 5- Frmula estrutural do antimoniato de meglumina (C7 H18 N 08 Sb), PM: 365,98. 1.5.1 Estabi

    Em estudos realizados com diferentes ampolas do produto encontrado no mercado

    (Glucantime) foram encontrados diferentes percentuais de Sb(III) e Sb(V) (FRANCO et

    al., 1995).

    Esses estudos sugerem grandes variaes entre as formas oxidadas do Sb. Desta

    forma a soluo deve ser estabilizada com coadjuvantes antioxidantes e estabilizadores,

    visando diminuir processos de oxi-reduo no produto. Para aumentar a ao antioxidante

    s vezes necessria a adio de mais de um agente antioxidante. Antioxidantes so

    materiais que agem por serem mais facilmente oxidados que os agentes que eles esto

    protegendo. Desta forma em sistemas fechados como em ampolas eles podem consumir

    todo o oxignio presente e desta form

    ce traes maiores de antioxidantes que sistemas fechados. Antioxidantes tambm

    podem funcionar por serem inibidores de radicais livres, ou seja, eles fornecem H+ ou um

    eltron para quebrar a cadeia de reao.

    Pode-se utilizar a combinao de um antioxidante com agente quelante de metais.

    Metais ionizados e solubilizados na frmula farmacutica podem catalisar as reaes de

    oxidao. Considerando-se que nem todos os antioxidantes so capazes de inibir a

    atividade cataltica dos metais, em vrios casos, necessrio associar ao sistema de

    proteo os agentes quelantes cuja funo especfica de seqestrar o on metlic

  • 11

    etileno

    86).

    elantes mais utilizados para solues aquosas, encontrados na

    lite u CEUTICAL EXCIPIENTS, 1986):

    rico

    inotetracetato di-sdico

    es antioxidantes que podem ser utilizados em solues aquosas:

    o

    o de sdio

    so comumente usados, na sua ao antioxidante os sulfitos podem dar origem a

    sulfato

    es de

    decom

    ropriada de quantidades de antimnio trivalente nos medicamentos estudados

    pode se

    diaminotetracetico (Na2EDTA) tem sido usado como agente quelante em

    formulaes farmacuticas com sucesso (CONNORS, AMIDON & STELLA, 19

    Os agentes qu

    rat ra, so (HANDBOOK OF PHARMA

    cido ct

    etilenodiam

    cistena

    quinosol

    sorbitol

    cido tartrico

    Alguns dos agent

    bissulfito de sdio

    cido ascrbico

    cido isoascrbic

    metabissulfit

    sulfito de sdio

    thioglicerol

    cido tiogliclico

    thiosorbitol

    As concentraes de antioxidantes geralmente utilizadas variam de 0,01% a 1%. Os

    sulfitos

    s cidos que podem causar queda de pH (CONNORS, AMIDON & STELLA,

    1986).

    Outro aspecto importante a escolha do solvente. Os solventes so necessrios para

    a solubilizao de substncias, entretanto, eles podem acelerar ou retardar rea

    posio. Geralmente, polilcoois como polietilenoglicis, propilenoglicol ou glicerol

    funcionam como agentes anti-hidrolticos em formulaes (TURCO; KING, 1997).

    A instabilidade da forma oxidada dos antimoniais foi estudada (MARSDEN, 1986)

    e sabe-se que pode sofrer transformaes importantes, sendo a mais perigosa a reduo a

    Sb trivalente que constitui uma espcie qumica muito mais txica (MARSDEN, 1985). A

    presena inap

    r responsvel em parte pela variabilidade da resposta ao tratamento com compostos

    antimoniais.

  • 12

    bter concluses definitivas devido ao nmero limitado de medies e a

    ariabilidade da osmolaridade entre as ampolas mantidas na mesma condio de

    uivalentes de iodo. O iodo liberado eliminado pelo

    aquecim

    m maior potencial redox com a formao de

    terminaes indiretas, so pouco viveis para serem

    Romero et al. (1996) estudaram as caractersticas fsico-qumicas do antimoniato de

    meglumina em diferentes condies de armazenamento (4 C, 37C e temperatura

    ambiente) e avaliaram os parmetros de pH e osmolaridade, concluram que no foi

    demonstrada variao significativa de pH nas condies estudadas, encontrando, porm

    variaes significativas na osmolaridade das solues. No entanto, os autores no

    conseguiram o

    v

    temperatura.

    1.5.2 Anlise das formulaes

    Diferentes metodologias j foram propostas para dosagem dos antimnios

    trivalentes e pentavalentes em preparaes do antimoniato de meglumina. Nveis de

    antimnio total podem ser determinados pelo mtodo iodomtrico. O mtodo baseado na

    pr-reduo do antimnio pentavalente a antimnio trivalente pelo excesso de iodeto; o

    iodeto exerce uma ao redutora sobre sistemas com maior potencial redox com a

    formao de quantidades eq

    ento da soluo at ebulio. A soluo ento titulada com soluo padronizada

    de I2 (FRANCO et al., 1995).

    O antimnio trivalente pode ser especificamente determinado por mtodos

    polarogrficos (YOUSSEF et al., 1987).

    O Sb(V) pode ser determinado tambm pelo mtodo iodomtrico. O mtodo

    baseado na reduo do antimnio pentavalente a antimnio trivalente pelo iodeto; o iodeto

    exerce uma ao redutora sobre sistemas co

    quantidades equivalentes de iodo. O iodo liberado titulado com soluo padronizada de

    tiosulfato de sdio (FRANCO et al., 1995).

    As tcnicas hifenadas permitem simultaneamente separar e quantificar as espcies

    Sb(III) e Sb(V) e organoantimoniais, onde se destaca entre essas a eletroforese capilar com

    espectrometria de massa com fonte de plasma acoplado indutivamente (CE-ICP-MS),

    cromatografia lquida de alta eficincia com espectrometria de fluorescncia atmica com

    gerao de hidretos (HPLC-HG-AFS) e a cromatografia lquida de alta eficincia com

    espectrometria de absoro atmica e gerao de hidretos (HPLC-HG-AAS) (KRACHLER

    & EMONS, 2001). Embora esses mtodos sejam os mais adequados para anlise de

    especiao do antimnio, pois capaz de separar as espcies e quantific-las, diminuindo

    desta forma o erro introduzido nas de

  • 13

    empreg

    s de doseamento como

    tulom

    pelo mesmo mtodo atravs de gerao de hidreto (WANG

    de anlise, a

    rmao de estibina proveniente da espcie trivalente sem a interferncia do antimnio

    smo este em grandes concentraes (FLORES et al., 2003).

    s e nas articulaes e reaes alrgicas em

    Arsnio (REAES ADVERSAS GRAVES

    ados na rotina do controle de qualidade de medicamentos onde se deseja mtodos

    simples, e de custos mais acessveis.

    Existem ainda descritos na literatura outros mtodo

    ti etria pelo permanganato de potssio, HPLC de fase reversa, espectrofotometria,

    entre outros (BRODERSEN, HASSEN & HASSAUNA, 1997).

    Excelentes resultados tm se conseguido com o mtodo de espectrometria de

    absoro atmica que consiste em submeter soluo de antimoniato de meglumina

    diluda em cido tartrico 0,5% em chama de ar + acetileno, utilizando comprimento de

    onda 217,6 nm. Este mtodo permite a dosagem do antimnio total uma vez que requer a

    reduo das formas oxidadas do antimnio ao seu estado fundamental. O antimnio

    trivalente pode ser determinado

    & CHAO, 2001; FARMACOPIA BRASILEIRA, 2002). Este o mtodo descrito pela

    Farmacopia Brasileira 4 ed.

    Estudos realizados para a determinao de antimnio trivalente e antimnio total

    utilizando espectrometria de absoro atmica por gerao de hidretos em batelada e

    utilizando injeo em fluxo j foram realizados. O mtodo baseado na complexao

    seletiva das espcies de antimnio de forma a permitir, nas condies timas

    fo

    pentavalente, me

    1.6 Justificativa

    A soluo injetvel de antimoniato de meglumina distribuda pelo Ministrio da

    Sade para cerca de 40.000 pacientes por ano.

    Em outubro de 2000 a Fundao Nacional de Sade, FUNASA, por meio do Centro

    Nacional de Epidemiologia, recebeu notificaes de eventos adversos de severidade grave

    (abscessos estreis, intensas dores musculare

    pacientes que se encontravam fazendo uso do antimoniato de meglumina injetvel

    produzido por um Laboratrio Nacional (X).

    Estudos epidemiolgicos mostraram claramente uma associao significativa entre

    o desenvolvimento dessas reaes e o uso do produto fabricado pelo Laboratrio (X).

    Exames laboratoriais mostraram que esse medicamento apresentava altos nveis de

    antimnio, pH abaixo do valor de referncia e se encontrava intrinsecamente contaminado

    com altos nveis de Chumbo e

  • 14

    s medicamentos atravs de programas governamentais, pois a

    ishm

    s no eram descritos em compndios oficiais os limites de

    ontam

    ole sanitrio de produtos se d atravs

    m

    armacopias limita-se a inscrever os insumos autorizados para

    outros produtos para sade, em

    ASSOCIADAS COM O USO DE ATIMONIATO DE MEGLUMINA COTAMINADO

    COM ARSNIO E CHUMBO, 2001).

    Em junho de 2002 a Anvisa divulgou alerta sobre falha teraputica ocorrida com o

    antimoniato de meglumina (Glucantime) devido a possveis erros de posologia.

    A realidade que a industria farmacutica de capital estrangeiro pouco tem

    investido em pesquisas de desenvolvimento de frmacos e produtos destinados as

    chamadas doenas rfs. No existe por parte das indstrias multinacionais interesse

    comercial na produo de frmacos destinados a pacientes que na sua maioria so de baixa

    renda e recebem esse

    le aniose uma doena endmica tropical que atinge populaes pobres de diversas

    regies de nosso Pas.

    A soluo de injetvel de antimoniato de meglumina apesar de ser utilizada a mais

    de 60 anos, s no ano de 2003 que sua monografia foi publicada na Farmacopia

    Brasileira. At um ano atr

    c inantes permitidos deste produto nem de sua matria-prima, nem metodologias

    analticas para sua deteco.

    A lei 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor), reafirma a responsabilidade do

    produtor pela qualidade do produto e do servio. O Cdigo introduziu a inverso do nus

    da prova, isto , em caso de alegao de impropriedade, cabe ao fabricante provar ser o

    produto bom para o consumo. Por outro lado, o contr

    de vrias aes, entre as quais se inclui a submisso das indstrias a normas estabelecidas

    para registro de produtos destinados ao uso humano.

    No fato ocorrido em outubro de 2000 com a soluo injetvel de antimoniato de

    meglumina, os Laboratrios Oficiais destinados ao controle sanitrio de produtos tivera

    dificuldades em comprovar a impropriedade do medicamento, pois, na ocasio, no

    existiam limites de contaminantes estabelecidos em compndios oficiais para o mesmo.

    As Farmacopias constituem os cdigos mais tradicionais que definem a qualidade

    dos insumos autorizados a serem utilizados na manipulao e produo industrial de

    medicamentos. O papel das f

    uso no pas, estabelecendo os ensaios que permitem controlar as impurezas e avaliar as

    caractersticas dos mesmos.

    Os insumos farmoqumicos includos em farmacopias so homologados por

    rgos responsveis pelo registro de medicamentos e de

  • 15

    o do Ministrio da

    lues do Ministrio da Sade,

    ento das diretrizes estabelecidas pelo "GUIA DE

    BOAS

    tem

    por si

    do documentao pertinente de suas matrias-primas

    ente

    cada pas. No entanto, esses mesmos rgos durante anos, admitiram para uso na

    teraputica, substncias no includas nas Farmacopias.

    A Lei 6360 de 1976 e o decreto 79094 de 1977 so respectivamente a legislao e a

    regulamentao, em vigor no Brasil, que disciplina o registro de frmacos e a autorizao

    de funcionamento das empresas que se dedicam atividade de produo de matrias-

    primas. Na legislao consta como sinonmia os termos, matria-prima, droga, insumo

    ativo, princpio ativo, farmoqumico, dentre outros. A referida legislao determina que a

    as matrias-primas farmacuticas sejam registradas junto a um rg

    Sade, da mesma forma que os medicamentos, correlatos, produtos de higiene, cosmticos,

    perfumes, saneantes domissanitrios e outros definidos nos mesmos.

    No entanto, cabe ressaltar que as Portarias e Reso

    que tem por objetivo implementar o disposto na legislao, liberam a exigncia do registro

    das matrias-primas para todas as categorias de produtos.

    A Portaria n 15, de 4 de abril de 1995 determinou a todos os estabelecimentos

    produtores de farmoqumicos o cumprim

    PRTICAS DE FABRICAO PARA INDSTRIAS FARMOQUMICAS",

    acordado pelo Mercosul.

    No ano passado a ANVISA publicou a RDC n 35, de 25 de fevereiro de 2003, que

    prev as boas prticas de armazenagem e fracionamento para insumos farmacuticos. Esta

    Resoluo, juntamente com a Portaria n 15 vieram da necessidade de regular o mercado

    farmoqumico no sentido de qualific-lo. No entanto, esta recente regulamentao

    abranger apenas parte da cadeia dos insumos farmacuticos, pois as boas prticas de

    fracionamento e armazenamento, bem como as boas prticas de fabricao, no garan

    s a qualidade dos insumos farmacuticos, pois como ocorre para os produtos

    farmacuticos, os farmoqumicos tambm deveriam ser registrados junto a ANVISA.

    Nos Pases Europeus e nos Estados Unidos existe o controle da qualidade dos

    insumos consumidos pela indstria farmacutica instalada. Na Europa os fabricantes

    certificam seus insumos apresentan

    Drug Master File Farmacopia Europia, as quais so analisadas por peritos que as

    certificam quanto a sua qualidade.

    A Leishmaniose Tegumentar Americana encontra-se, segundo a organizao

    mundial de sade (OMS), entre as seis doenas infectoparasitrias de maior importncia.

    Distribui-se amplamente no continente Americano, estendendose do sul dos

    Estados Unidos at o norte da Argentina. No Brasil, tem sido assinalada em praticam

  • 16

    todos o

    (REAES ADVERSAS GRAVES ASSOCIADAS COM O USO DE

    moniais, sob a forma de sais pentavalentes, so as drogas de

    1920, devido alta toxicidade dos compostos

    mo

    l desde a retirada do comrcio do antimoniato de meglumina de

    m

    latam maior nmero de efeitos colaterais

    de

    qualidade, que permitam detectar com alto grau de preciso estas formas. Desta forma,

    seria possvel se modular a toxicidade do produto atravs de formulaes mais estveis.

    s Estados. No Rio de Janeiro foram registrados em 2003 vrios casos da doena na

    rea urbana em Seropdica e em 2004 no municpio de Nova Iguau (NOVIS, 2004).

    O perfil dos pacientes apresenta mudanas, atingindo pessoas de todos os sexos e

    idades

    ATIMONIATO DE MEGLUMINA COTAMINADO COM ARSNIO E CHUMBO,

    2001).

    Os compostos anti

    escolha a mais de 60 anos para o tratamento da Leishmaniose em todo o mundo

    (ALKHAWAJAH, 1992).

    Em 1912 se tratou no Brasil o primeiro caso de Leishmaniose cutnea com

    antiemtico antimonial trivalente. Em

    anti niais trivalentes, eles foram substitudos pelos compostos antimoniais pentavalentes,

    menos txicos (KIRK & SATI, 1947).

    Existem atualmente, somente duas formulaes disponveis comercialmente: o

    estibugluconato de sdio e o antimoniato de meglumina, ambos na forma injetvel por

    serem irritantes da mucosa intestinal e a sua baixa absoro por esta via (GOODMAN &

    GILMAN, 1983). No momento, o Ministrio da Sade adquire o antimoniato de

    meglumina (Glucantime) da Aventis Pharma que se tornou o nico produtor deste

    medicamento no Brasi

    orige nacional pela ANVISA, devido contaminao do mesmo por metais pesados (Pb

    e As) (SILVA, 2001).

    No passado, o Brasil j adquiriu atravs de licitao internacional, o

    estibugluconato de sdio BP88 produzido na China pela Ihandong Xinhua. Existem

    estudos realizados por Saldanha et. al (36), que re

    em grupos tratados com BP88 em relao aos tratados com o antimoniato de meglumina

    ( SALDANHA, ROMERO & GUERRA, 2000).

    Goodwin e Page (1943) sugeriram que os antimoniais pentavalentes tm que se

    converter em trivalentes no interior dos macrfagos para poder exercer sua ao.

    Reconhecendo a importncia do estado de oxidao dos antimoniatos para o

    entendimento dos seus efeitos txicos e da sua ao, vislumbramos a necessidade do

    estudo de tcnicas galnicas que visam estabilizar este produto, bem como um rigoroso

    estudo comparativo das metodologias analticas a serem utilizadas em seu controle

  • 17

    rcito,

    pertenc

    grande importncia

    para o no

    populao, con

    2. ntes

    3.

    duo da constante dieltrica do meio diminuindo desta forma

    4.

    nio como tcnica alternativa

    preconizada pela Famacopia Brasileira 4 ed. para a implementao desta

    tcnica na rotina de controle de qualidade.

    2 OBJETIVOS A proposta do estudo de modulao da toxicidade de injetveis de antimoniato de

    meglumina tomou por base o estudo de desenvolvimento de novas formulaes

    farmacuticas bem como o estudo e validao de mtodo analtico capaz de quantificar as

    diferentes espcies de antimnio presentes no produto, tendo a finalidade de contribuir

    com o desenvolvimento da formulao e controle de qualidade, para posterior produo em

    escala industrial, deste medicamento pelo Laboratrio Qumico Farmacutico do Ex

    ente Rede de Laboratrios Oficiais, o qual produz medicamentos com objetivo de

    apoiar programas governamentais, atravs de convnio com o ministrio da Sade.

    Visando a auto-suficincia na produo de um medicamento de

    sso Pas, levando a melhoria do acesso de medicamentos antiprotozorios

    sideraram-se como principais objetivos deste trabalho:

    1. Caracterizar trs princpios-ativos de origens diferentes a fim estabelecer a

    importncia da origem do frmaco utilizado na qualidade do produto final;

    Ajustar a formulao atravs da experimentao de diferentes excipie

    com funes antioxidante/estabilizante e tamponantes com objetivo de

    evitar a reduo da molcula de antimoniato de meglumina em soluo.

    Ajustar a formulao atravs da experimentao de diferentes veculos

    visando a re

    reaes radicalares que podem contribuir com os processos de oxi-reduo

    no produto.

    Estudar a otimizao e validao de metodologia analtica utilizando ICP-

    OES para anlise de especiao de antim

  • 18

    armacutica da Universidade Federal do Rio de

    ) e no Laboratrio de Espectroanaltica, Automao e Ambiental da

    l Fluminense (UFF).

    farmac dncias:

    ainville France lote

    R 710201;

    cante FARMOS lote 97-9716;

    passo a

    qual n

    polas utilizadas para envase do produto foram fornecidas pela SHOTT glass

    made o

    a FISATOM modelo 713 D.

    AG 200.

    3 MATERIAIS E MTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratrio Qumico Farmacutico do Exrcito (LQFEx), no Laboratrio de Tecnologia F

    Janeiro (UFRJ

    Universidade Federa

    3. 1 Materiais

    3. 1.1 Formulaes

    Toda a matria-prima utilizada na preparao das formulaes foi de grau

    utico das seguintes proce

    N-metil Glucamina antimoniato da Aventis Pharma Rom

    301754 (Glucantime);

    Metabissulfito de sdio do fabricante BASF lote

    Etilenodiaminotetracetato dissdico do fabri

    Metilparabeno (nipagim) USP PROQUMICA;

    Hidrxido de sdio do fabricante MERCK;

    Fosfato monobsico de potssio KH2PO4 do fabricante VETEC;

    Propilenoglicol do fabricante DOW QUMICA S.A.

    A gua utilizada no preparo das formulaes foi a gua para injetveis (WFI) que

    obtida, a partir da gua purificada, por destilao ou osmose reversa com duplo

    o deve conter aditivo (THE UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2000). Esta

    gua foi avaliada previamente quanto presena de metais pesados e antimnio.

    As am

    f ideas de qualidade, vidro tipo I, preconizado para envase de injetveis pela USP

    XXIV.

    As formulaes foram preparadas em recipientes de vidro PIREX e a agitao

    realizada em agitador mecnico da marc

    A balana utilizada para pesar as matrias-primas foi a analtica de quatro casas

    decimais da marca GEHAKA

    Para a filtrao esterilizante realizada em 6 formulaes foi utilizado o cartucho de

    0,22 m da marca Millipore.

  • 19

    rada de acordo

    com as

    polas contendo o produto foram colocadas para estudo acelerado de

    estabilidade em cmara climtica da marca MS-MISTURA modelo MSM 013/RS

    alificada de acordo com normas ISO 17025 (NBR ISO/IEC

    17025,

    C4H4O6 + 0,5 H2O) Merck, titrisol em gua ultra

    pura m

    rivalente e metais pesados, foi

    utilizad

    LS 3 GILSON e para drenar o liquido da

    cmara separadora gs/lquido para o descarte foi da marca LAB CRAFT MOD. HYDRIS

    05, ambas ligadas cmara de separao gslquido, destinada gerao de hidretos,

    atravs de tubos de PVC flexvel.

    A autoclave utilizada para esterilizao das formulaes 1 e 2 foi a horizontal,

    dupla porta da marca SERCOM e estava devidamente qualificada e calib

    normas vigentes de Boas Praticas de Fabricao (BPF).

    A mquina utilizada para envase do produto foi da marca Martinez taboada sem

    utilizao de nitrognio, pois no havia disponibilidade dessas instalaes.

    As am

    devidamente calibrada e qu

    2001).

    3.1.2 Metodologia analtica

    Para otimizao e validao do mtodo analtico as amostras utilizadas foram os

    padres inorgnicos de Sb(III) (K(SbO)

    illi-Q (18.2 M) e de Sb(V) KSb(OH)6 Sigma-Aldrich em gua Milli-Q (18.2 M)

    e ampolas do antimoniato de meglumina do mercado, fornecidas pela Farmcia do

    Hospital Universitrio Antnio Pedro.

    Para a quantificao do antimnio total, antimnio t

    o o espectrmetro de emisso tica usando plasma indutivamente acoplado (ICP-

    OES) modelo ULTIMA-2 (JOBIN YVON) (figura 6), acoplado a um amostrador

    automtico do modelo AS 421 (JOBIN YVON) (figura 7).

    A bomba peristltica utilizada para a introduo das solues de borohidreto de

    sdio e de cido ctrico foi da marca MINIPU

  • Figura 6 - ICP-OES modelo ULTIMA-2 (JOBIN YVON)

    Figura 7 - Amostrador automtico modelo AS 421 (JOBIN YVON)

    20

  • 21

    Reagentes de grau pr-anlise foram utilizados no preparo das solues analticas e

    das amostras. Em todos os procedimentos utilizou-se gua milli-Q (> 16 M cm)

    previamente destilada e deionizada. As solues analticas foram preparadas a partir de

    soluo estoque de 1000 mg/L de antimnio pentavalente KSb(OH)6 Sigma-Aldrich e

    antimnio trivalente (K(SbO)C4H4O6 + 0,5 H2O) Merck, titrisol em gua, uma vez que

    no existe disponvel no mercado materiais de referncia certificados das espcies

    inorgnicas de antimnio, nem to pouco do antimoniato de meglumina.

    A balana analtica utilizada para pesagem, dos padres e reagentes foi da marca

    SARTORIUS BL 210 S que possui preciso de 0,2 mg.

    Para determinao de Sb(III) o agente redutor usado foi NaBH4 2% (P.A.VETEC)

    estabilizado com NaOH 0,01M (P.A. MERCK). Como agente complexante foi utilizado

    cido ctrico a 30% (P.A. MERCK) preparados sempre no dia da anlise.

    Para determinao de Sb total as solues foram diludas em cido tartrico 0,5%

    (MERCK) preparados no dia da anlise.

    A densidade das preparaes foi medida em picnmetro de vidro da marca

    SCHOTT.

    A determinao e controle do pH das formulaes foram feitos em pHmetro da

    marca QUIMIS aparelhos cientficos Ltda, modelo Q 400 M.

    3.1.3 Caracterizao do princpio ativo

    3.1.3.1 Solubilidade

    Para verificao da solubilidade utilizou-se gua destilada, ter etlico, clorofrmio

    e ter etlico todos de grau analtico da marca MERCK.

    3.1.3.2 Difrao de raios-x (DRX)

    As amostras de antimoniato de meglumina provenientes de trs fabricantes

    diferentes foram analisadas em Difratmetro de Raios-X operado a 40KV e 30mA. O

    ngulo de difrao 2 foi registrado de 2 a 10 em temperatura ambiente e a radiao CuK foi utilizada como fonte dos raios-X. Foi utilizado o difratometro de raios-X da marca

    Philips modelo 1970 (manual) da UFRJ.

    3.1.3.3 Determinao de metais pesados

    Os padres utilizados para determinao de metais pesados (Al; As; Bi; Cd; Cr; Cu;

    Mn; Ni; Pb; Hg e Zn) foram todos padres de referncia ASSURANCE Spex Certiprep.

  • 22

    Foi utilizado o banho ultra-snico da marca THORNTON, modelo USC 700 para

    dissoluo dos padres e das amostras.

    3. 2 Mtodos

    3. 2.1 Formulaes

    Para o nosso trabalho optou-se por ajustar a formulao atravs da experimentao

    de diferentes excipientes com funo antioxidante/estabilizante com objetivo de evitar a

    reduo da molcula de antimoniato de meglumina em soluo. Para todas as formulaes

    utilizamos como antioxidante o metabissulfito de sdio na concentrao de 0,05% e o

    Na2EDTA 0,1% como sequestrante auxiliando na reduo do processo de oxidao. Para

    as solues 2, 4, 6 e 8 foram utilizados tampo fosfato pH 6,5 a fim de verificar a

    influncia deste na estabilidade do pH da soluo. Em todas as formulaes foi utilizado o

    nipagim 0,1% como conservante para evitar possveis contaminaes que poderiam

    interferir nos resultados. Como veculo foi utilizada a gua para as formulaes 1, 2, 3, 4 e

    para as formulaes 5 e 6 uma mistura de gua e propilenoglicol na proporo de 20:80 e

    nas formulaes 7 e 8 a mesma mistura nas proporo de 50:50. A escolha do

    propilenoglicol se fez por ser este um veculo com menor constante dieltrica que da gua,

    visando diminuir reaes radicalares que podem contribuir com os processos de oxi-

    reduo no produto.

    Foram preparadas 600 mL de cada oito formulaes sendo seis diferentes de acordo

    com tabela 1.

  • 23

    Tabela 1- Formulaes propostas para o produto Antimoniato de Meglumina

    MATRIA-PRIMA F1

    (%)

    F2

    (%)

    F3

    (%)

    F4

    (%)

    F5

    (%)

    F6

    (%)

    F7

    (%)

    F8

    (%)

    Antimoniato de

    meglumina

    29,78 29,78 29,78 29,78 29,78 29,78 29,78 29,78

    Metabissulfito de

    sdio

    0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

    EDTA 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

    Nipagim 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

    NaOH 0,09 0,09 0,09 0,09

    KH2PO4 1,05 1,05 1,05 1,06

    Propilenoglicol 14,0 13,83 34,83 34,4

    gua 69,97 68,83 69,97 68,83 56,0 55,17 34,83 34,4

    As formulaes 1 e 2 foram feitas em duplicatas. Metade foi submetida a

    autoclavao a 121C por 15 minutos e metade foi submetida filtrao esterilizante para

    que pudssemos avaliar a influncia da autoclavao na estabilidade das preparaes. As

    formulaes foram preparadas em escala farmacotcnica utilizando-se recipiente de vidro a

    fim de minimizar a incorporao de metais pesados que poderia por ventura ser cedido

    pelo recipiente de ao inox.

    Para o preparo das formulaes 1 e 3 aqueceu-se 200 mL de gua para dissoluo

    do nipagim, em outro recipiente foi dissolvido o metabissulfito e o Na2EDTA em 50 mL de

    gua. A soluo do metabissulfito e Na2EDTA foi adicionada soluo de nipagim aps

    a mesma atingir a temperatura ambiente. Logo em seguida foi adicionado, sob agitao, o

    antimoniato de meglumina at completa dissoluo.

    Para o preparo das formulaes 2 e 4 procedimento semelhante ao preparo das

    formulaes 1 e 3 foram tomados, sendo o NaOH e o KH2PO4 foram dissolvidos em 20

    mL de gua e adicionados a soluo de nipagim.

    Para o preparo da formulao 5 procedeu-se da seguinte maneira: dissolveu-se o

    nipagim em parte do propilenoglicol (40 mL). O Na2EDTA e o metabissulfito foram

    dissolvidos em parte da gua (160 mL). Uma mistura propileno/gua foi feita com o

    restante da gua e propilenoglicol (44 mL/176 mL). As solues iniciais foram

  • 24

    adicionadas parte desta mistura. Logo aps o antimoniato de meglumina foi adicionado

    sob constante agitao at completa dissoluo para ento ser avolumado com o restante

    da mistura propilenoglicol/gua.

    A formulao 6 foi preparada de forma semelhante formulao 5, sendo que em

    uma parte da gua (60 mL) foi adicionado o metabisulfito de sdio e o Na2EDTA e em

    outra parte (100 mL) foi adicionado o NaOH e o KH2PO4.

    As formulaes 7 e 8 foram preparadas de forma semelhante s formulaes 5 e 6,

    sendo que a proporo propilenoglicol/gua variou de 20:80 para 50:50.

    As formulaes 1 e 2 foram autoclavadas a 121C por 15 minutos e as demais

    foram submetidas filtrao esterilizante. Logo aps as formulaes foram envasadas em

    ampolas de vidro incolor do tipo I. No processo de envase houve perda de cerca de 30%

    das ampolas.

    Logo aps as formulaes foram identificadas e colocadas na cmara climtica a

    40 C por 90 dias. A cada 30 dias, amostras de cada formulao foram retiradas e os

    parmetros de pH, densidade e teor de Sb (III) e Sb total foram avaliados. Quatro ampolas

    de cada formulao foram retiradas para cada teste.

    Os teores de Sb (III) e Sb total nas formulaes foram determinados no laboratrio

    de Qumica ambiental da Universidade Federal de Santa Maria. O mtodo utilizado foi o

    HG-AAS e AAS respectivamente descritos na Farmacopia Brasileira 4 ed.

    (FARMACOPIA BRASILEIRA, 2002). A terceirizao foi necessria uma vez que a

    metodologia proposta por este trabalho ainda se encontrava em fase de validao e no se

    dispunha de tempo til para proceder as anlises aps o trmino da validao.

    O programa Microsoft Excel foi utilizado para obteno dos clculos estatsticos

    deste trabalho. O Box Plot foi utilizado como ferramenta auxiliar na avaliao das

    formulaes. Para construo do Box Plot foi utilizado o Softwear Statsoft company.

    3.2.2 Validao da metodologia analtica

    Para validao analtica foi seguido o Guia para validao de metodologia analtica

    segundo RE n 899, 29 de maio de 2003 da ANVISA.

    O instrumento utilizado (ICP-OES), para determinao de Sb (III) e Sb total, possui

    resoluo na ordem de 4 a 6 picmetros o que permite a obteno de seletividade

    espectral e baixos limites de deteco. O equipamento foi otimizado e avaliado quanto

    ao sistema depersivo (medida de resoluo UV e VIS) atravs da relao do sinal das

    linhas Mg II/Mg I; quanto colimao (limpeza da lente) atravs da medida do fundo

  • 25

    nas linhas do Ba 455/233; quanto a nebulizao (medida de eficincia do nebulizador)

    atravs da relao do sinal Mg 285/fundo 285; quanto preciso (medidas de

    repetibilidade e reprodutibilidade) atravs das medidas dos RSD e RSD Mg (I) 285,

    respectivamente, e avaliao do sistema ICP-OES (medida de limite de deteco),

    atravs do LD Ba 233 e Zn 206.

    Os parmetros operacionais instrumentais relevantes so mostrados na tabela 2.

    Tabela 2-Parmetros operacionais instrumentais relevantes do ICP-OES e HG-ICP-OES

    ICP HG-ICP-OES

    (nebulizao convencional)

    Potencia (w) 1200 1200

    Vazo de argnio (L/min)

    Nebulizador: 0,48

    Gs de arraste: 0,2

    Plasma: 15 1,5

    Gs auxiliar: 0 0

    Sheath gas: 0,2 0,4

    Nebulizador Meinhard com cmara ciclnica

    Presso de nebulizao 2,73

    (bar)

    Vazo do cido ctrico

    (mL/min) 0,6

    Vazo do borohidreto de sdio

    (mL/min) 1,7

    Vazo da amostra 1,3

    (mL/min)

    3. 2.2.1 Determinao de Sb(III)

    Para determinao da espcie Sb(III) nas formulaes das solues injetveis de

    antimoniato de meglumina o mtodo escolhido para validao foi o de gerao de hidretos

    por espectrometria de emisso tica usando plasma indutivamente acoplado (HG-ICP-

    OES). Este mtodo consiste, na formao de estibina (SbH3), atravs da reduo do

  • 26

    Sb(III) pelo borohidreto de sdio (NaBH4) em meio cido, o qual por ser voltil

    facilmente transportado pelo argnio para o plasma.

    Thompson, Pahlavanpour e Kierkbright, (1978) relataram o uso da gerao de

    hidretos para a determinao de As, Bi, Se e Te por ICP-OES, tendo sido os hidretos

    continuamente gerados pela reao com o NaBH4, introduzidos diretamente no plasma e os

    elementos detectados simultaneamente. Nesta tcnica, os limites de deteco so melhores

    em pelo menos uma ordem de grandeza em relao a nebulizao convencional.

    Sistemas de fluxo so preferidos aos de batelada no que se refere a estabilizao

    contnua do fundo gerado pelos subprodutos da reao (H2 e H2O) pois esses so

    produzidos em fluxo constante no primeiro, ao contrrio do que ocorre no segundo sistema

    (CMARA & GUNTINAS, 1991).

    Em relao s interferncias na cintica de reduo sabe-se, por exemplo, que o Sb,

    pode existir, em soluo, em dois estados de oxidao: Sb(III) e Sb(V) e que estados de

    oxidao mais altos apresentam velocidade de reduo mais lenta. No caso do grupo 15 da

    tabela peridica (As, Sb e Bi), o estado +5 leva a sinais menores que o estado +3. Estas

    propriedades distintas dos diferentes estados de oxidao so teis na especiao qumica,

    permitindo, por exemplo, determinaes seletivas Sb(III) e Sb(V), por diferena (APTE &

    HOWARD, 1986).

    Como na soluo de antimoniato de meglumina pode ocorrer presena das

    espcies Sb(III) e Sb(V) onde a espcie pentavalente poder est presente em propores

    de at 40 vezes maior que a anterior, testes de seletividade, tiveram que ser realizados a

    fim de verificarmos a interferncia do elemento pentavalente na quantificao do

    trivalente.

    Neste mtodo o cido ctrico foi utilizado para promover a complexao seletiva da

    espcie pentavalente permitindo que o Sb(III) fique livre para formar a estibina de forma

    seletiva (MOHAMMAD et al., 1990).

    Como o tempo de contato entre a amostra e o cido ctrico fundamental para que

    ocorra a complexao, ns utilizamos um reator helicoidal construdo com tubo de

    polietileno.

    3. 2.2.1.1 Determinao da seletividade:

    Inicialmente foram realizadas medidas com solues de cido ctrico nas

    concentraes de 2%; 4%; 10%; 15%; 20%; 25%; e 30% e a mdia das intensidades de

  • 27

    emisso das trs medidas para cada concentrao foram registradas para avaliao da

    influncia das concentraes do cido ctrico no mtodo proposto. Solues de

    borohidreto de sdio nas concentraes de 1%; 2%, 3%; 4%; 5% e 6% foram preparadas a

    fim de avaliarmos a sua influncia nas intensidades de emisso medidas, nesta etapa a

    concentrao de cido ctrico empregada foi mantida em 30%.

    Por ltimo, comprimentos de reatores confeccionados com tubos de polietileno de

    1m; 2m; 5m e 6m, foram testados utilizando-se cido ctrico 30% e borohidreto de sdio

    2% em NaOH 0,01M com a finalidade de avaliarmos a influncia do tempo de contato

    entre a amostra e a soluo de cido ctrico nas intensidades de emisso.

    Para estes testes foram utilizados padres inorgnicos de Sb(III) (tartarato de

    antimnio e potssio) na concentrao de 0,5 mg/L em gua, padro inorgnico de Sb(V)

    (hexamonato de antimnio e potssio) na concentrao de 20 mg/L e uma soluo

    contendo os dois padres de Sb(III) e Sb(V) nas concentraes de 0,5 mg/L e 20 mg/L

    respectivamente.

    Para os testes do comprimento dos reatores foi utilizada alm dos padres

    inorgnicos de Sb(III) 0,5 mg/L e Sb(V) 20 mg/L, amostra comercial diluda 4000 vezes.

    Atravs dos resultados obtidos no teste de seletividade, os parmetros da anlise

    foram estabelecidos. Utilizando estes, foram ento avaliadas a linearidade, exatido

    preciso e limite de quantificao a fim de validarmos o mtodo.

    3. 2.2.1.2 Determinao da Linearidade:

    Foi determinada pela anlise de cinco concentraes diferentes compreendendo

    zero como nvel de Sb(III) esperado at 120% do limite mximo especificado que de

    4000 mg/L, conforme Farmacopia Brasileira 4 edio. Considerando-se a diluio

    utilizada nos trabalhos de 5000 vezes.

    4000 mg/L /5000 = 0,8 mg/L

    0,8 mg/L X 120% = 0,96 mg/L

    As concentraes utilizadas para construo da curva foram: zero; 0,1; 0,25; 0,5 e 1

    mg/L, correspondendo a 0, 12,5%; 31,2%; 62,5% e 125% do valor mximo. Este intervalo

    de concentrao compreende o menor valor esperado de Sb(III) at 120% do valor

    mximo que 0,96 mg/L.

    Os valores das intensidades compreendem a mdia de trs medidas para cada

    concentrao.

  • 28

    Para verificao da linearidade, mtodos estatsticos foram utilizados para

    determinao do coeficiente de correlao, interseo com o eixo Y, coeficiente angular, e

    desvio padro relativo.

    3. 2.2.1.3 Determinao da exatido:

    A exatido foi determinada a partir da adio de quantidade conhecida de Sb(III) na

    forma do padro inorgnico tartarato de antimnio e potssio a uma mistura dos

    componentes do medicamento incluindo a adio de quantidades de Sb(V) na forma do

    padro inorgnico hexahidrxido de antimnio e potssio na proporo de 20 vezes mais a

    quantidade de Sb(III) adicionada, (placebo contaminado). A frmula do placebo encontra-

    se na tabela 3.

    Tabela 3- Frmula do placebo utilizado na preparao da amostra para teste de exatido

    EXCIPIENTE QUANTIDADE

    Metabissulfito de sdio 0,25 g

    Na2EDTA 0,5 g

    Nipagim 0,5 g

    gua para injetveis qsp 500 mL

    A exatido foi calculada como porcentagem de recuperao da quantidade

    conhecida de Sb(III) adicionado ao placebo.

    A exatido do mtodo foi verificada a partir de nove determinaes, ou seja, trs

    concentraes com trs replicatas cada, quais sejam: 3,200mg/mL (80%), 4,000 mg/mL

    (100%) e 4,800 mg/mL (120%) do valor declarado como mximo pela FB 4 ed.

    Aos resultados encontrados foi aplicado o teste t de Student para verificar se as

    concentraes encontradas eram estatisticamente ig