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Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde Volume 47 N° 11 - 2016 ISSN 2358-9450 Introdução A partir de 2011, o Ministério da Saúde, em consonância com as proposições da Organização Mundial da Saúde (OMS), começou a propor novas estratégias voltadas às doenças negligencia- das. Trata-se de mudança na abordagem de ação tradicional centrada na doença, para um modelo de intervenção integrada, baseada nas ferramentas disponíveis e nas melhores evidências. Buscaram- se estratégias que respondessem efetivamente às necessidades de saúde de comunidades social- mente vulneráveis que vinham sendo acometidas por um grupo de doenças tropicais negligen- ciadas. 1,3 Por esta razão, naquele mesmo ano, o Ministério da Saúde lançou o Plano Integrado de Ações Estratégicas para Eliminação da Hanseníase, Filariose, Esquistossomose e Oncocercose como Problema de Saúde Pública, Tracoma como Causa de Cegueira e Controle das Geo-helmintíases, e assumiu o compromisso político de enfrentamento dessas doenças que acometem, em sua maioria, grupos mais vulneráveis da população brasileira. 1,2 O plano propõe uma abordagem de atuação integrada que se refere à otimização de recursos humanos, financeiros e materiais, utilizando as ferramentas e estratégias disponíveis nos serviços de saúde, com vistas à ampliação do diagnóstico oportuno e a oferta de tratamento quimioprofi- lático, quando disponível. 1,3 Em conformidade com a estratégia apresen- tada no Plano Integrado, realizou-se, em 2013, a primeira Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, para a descoberta de casos novos de hanseníase e de tracoma, assim como tratamento quimioprofilático coletivo para geo- helmintíases em escolares de 5 a 14 anos de idade das escolas públicas de municípios selecionados. Neste Boletim Epidemiológico, são apresenta- dos os objetivos, estratégias e metas da campanha integrada realizada nos anos de 2013 e 2014, bem como os principais resultados desta inovadora ex- periência voltada para o enfrentamento de doen- ças negligenciadas no Brasil. Hanseníase, verminoses e tracoma têm cura: a experiência de uma campanha integrada Uma estratégia integrada para diferentes problemas de saúde A Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma foi concebida como uma estratégia para se atuar no combate a doenças que possuem diferentes características clínicas e epidemiológicas, mas de ocorrência comum em vários municípios brasileiros. Sabe-se que a redução da prevalência da hanseníase depende da capacidade dos serviços de saúde para diagnosticar os casos na fase inicial da doença e realizar tratamento oportuno, objetivando a cura e a eliminação das fontes de infecção, e assim serem minimizados os sofrimentos causados pelas sequelas resultantes do diagnóstico tardio ou da falta de acompanhamento adequado. Nesta ação específica, a proposta foi identificar casos novos de hanseníase em menores de 15 anos, uma vez que a existência de casos nesta faixa etária pode sinalizar focos de transmissão ativos e infecção recente. 4,5 Para alcançar este objetivo, a estratégia adotada baseou-se na busca ativa de casos suspei- tos de hanseníase com a utilização do “método do espelho”, que consiste no preenchimento da ficha de autoimagem. Esta ficha, depois de preenchida pelos pais ou responsáveis, é devolvida à escola em data agendada. As fichas foram triadas e os casos com lesões suspeitas da doença foram encaminhados às unidades de saúde, para confirmação diagnóstica e tratamento. A meta estabelecida para essa ação foi a de investigar sinais e sintomas de hanseníase em 70% dos escolares nos municípios participantes das campanhas em 2013 e 2014. Com o objetivo de reduzir a carga parasitária dos geo-helmintos (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiuria, Ancylostoma duodenale e Necator americanus) nos escolares, foi implantada a quimioprofilaxia, mediante o tratamento coletivo preventivo com a administração de dose única anual de albendazol (comprimido de 400mg), sob a supervisão das equipes locais de saúde. Esse medicamento é eficaz, não tóxico, e já foi utilizado em milhões de indivíduos em diversos países, sendo os efeitos colaterais raros e sem gravidade. 6-9 O tratamento preventivo periódico em esco- lares, recomendado pela OMS, é uma medida efetiva para redução da carga parasitária dos geo-helmintos e das suas complicações. 9,10 A meta proposta para a campanha foi a de tratar 75% dos

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BoletimEpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde

Volume 47N° 11 - 2016

ISSN 2358-9450

IntroduçãoA partir de 2011, o Ministério da Saúde, em

consonância com as proposições da Organização Mundial da Saúde (OMS), começou a propor novas estratégias voltadas às doenças negligencia-das. Trata-se de mudança na abordagem de ação tradicional centrada na doença, para um modelo de intervenção integrada, baseada nas ferramentas disponíveis e nas melhores evidências. Buscaram-se estratégias que respondessem efetivamente às necessidades de saúde de comunidades social-mente vulneráveis que vinham sendo acometidas por um grupo de doenças tropicais negligen-ciadas.1,3 Por esta razão, naquele mesmo ano, o Ministério da Saúde lançou o Plano Integrado de Ações Estratégicas para Eliminação da Hanseníase, Filariose, Esquistossomose e Oncocercose como Problema de Saúde Pública, Tracoma como Causa de Cegueira e Controle das Geo-helmintíases, e assumiu o compromisso político de enfrentamento dessas doenças que acometem, em sua maioria, grupos mais vulneráveis da população brasileira.1,2

O plano propõe uma abordagem de atuação integrada que se refere à otimização de recursos humanos, financeiros e materiais, utilizando as ferramentas e estratégias disponíveis nos serviços de saúde, com vistas à ampliação do diagnóstico oportuno e a oferta de tratamento quimioprofi-lático, quando disponível.1,3

Em conformidade com a estratégia apresen-tada no Plano Integrado, realizou-se, em 2013, a primeira Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, para a descoberta de casos novos de hanseníase e de tracoma, assim como tratamento quimioprofilático coletivo para geo-helmintíases em escolares de 5 a 14 anos de idade das escolas públicas de municípios selecionados.

Neste Boletim Epidemiológico, são apresenta-dos os objetivos, estratégias e metas da campanha integrada realizada nos anos de 2013 e 2014, bem como os principais resultados desta inovadora ex-periência voltada para o enfrentamento de doen-ças negligenciadas no Brasil.

Hanseníase, verminoses e tracoma têm cura: a experiência de uma campanha integrada

Uma estratégia integrada para diferentes problemas de saúde

A Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma foi concebida como uma estratégia para se atuar no combate a doenças que possuem diferentes características clínicas e epidemiológicas, mas de ocorrência comum em vários municípios brasileiros.

Sabe-se que a redução da prevalência da hanseníase depende da capacidade dos serviços de saúde para diagnosticar os casos na fase inicial da doença e realizar tratamento oportuno, objetivando a cura e a eliminação das fontes de infecção, e assim serem minimizados os sofrimentos causados pelas sequelas resultantes do diagnóstico tardio ou da falta de acompanhamento adequado. Nesta ação específica, a proposta foi identificar casos novos de hanseníase em menores de 15 anos, uma vez que a existência de casos nesta faixa etária pode sinalizar focos de transmissão ativos e infecção recente.4,5 Para alcançar este objetivo, a estratégia adotada baseou-se na busca ativa de casos suspei-tos de hanseníase com a utilização do “método do espelho”, que consiste no preenchimento da ficha de autoimagem. Esta ficha, depois de preenchida pelos pais ou responsáveis, é devolvida à escola em data agendada. As fichas foram triadas e os casos com lesões suspeitas da doença foram encaminhados às unidades de saúde, para confirmação diagnóstica e tratamento. A meta estabelecida para essa ação foi a de investigar sinais e sintomas de hanseníase em 70% dos escolares nos municípios participantes das campanhas em 2013 e 2014.

Com o objetivo de reduzir a carga parasitária dos geo-helmintos (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiuria, Ancylostoma duodenale e Necator americanus) nos escolares, foi implantada a quimioprofilaxia, mediante o tratamento coletivo preventivo com a administração de dose única anual de albendazol (comprimido de 400mg), sob a supervisão das equipes locais de saúde. Esse medicamento é eficaz, não tóxico, e já foi utilizado em milhões de indivíduos em diversos países, sendo os efeitos colaterais raros e sem gravidade.6-9

O tratamento preventivo periódico em esco-lares, recomendado pela OMS, é uma medida efetiva para redução da carga parasitária dos geo-helmintos e das suas complicações.9,10 A meta proposta para a campanha foi a de tratar 75% dos

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Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

2 | Volume 47 − 2016 |

© 1969. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. Comitê EditorialAntônio Carlos Figueiredo Nardi, Sônia Maria Feitosa Brito, Alexandre Fonseca Santos, Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, Elisete Duarte, Fábio Caldas de Mesquita, Geraldo da Silva Ferreira, Gilberto Alfredo Pucca Jr., Márcia Beatriz Dieckmann Turcato, Marcos da Silveira Franco, Maria de Fátima Marinho de Souza. Equipe EditorialCoordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço/SVS/MS: Rosa Castália França Ribeiro Soares, Eliane Ignotti (Editoras Científicas), Izabel Lucena Gadioli (Editora Assistente). ColaboradoresCoordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação/DEVIT/SVS/MS: Andreia de Pádua Careli Dantas, Daniela Vaz Ferreira Gomez, Danielle Bandeira Costa Sousa Freire, Elaine da Ros Oliveira, Elaine Faria Morelo, Estefânia Caires de Almeida, Jeann Marie Marcelino, Julia Siquara da Rocha Villalba, Jurema Guerrieri Brandão, Karina Silva Fiorillo, Larissa Lopes Silva Scholte, Luciléia Aguiar da Silva, Magda Levantezi, Marcos Antônio Dias, Margarida Cristiana Napoleão Rocha, Maria de Fátima Costa Lopes, Ronaldo Guilherme Carvalho Scholte, Trícia Anita Arruda da Mota, Vera Lúcia Gomes de Andrade.

Secretaria ExecutivaRaíssa Christófaro (CGDEP/SVS) Projeto gráfico e distribuição eletrônicaNúcleo de Comunicação/SVS DiagramaçãoThaisa Abreu Oliveira (CGDEP/SVS)

Revisão de textoMaria Irene Lima Mariano (CGDEP/SVS)

escolares em 2013 e 80% em 2014, nos municípios que aderiram à ação.

Os escolares receberam um termo de recusa para que, caso o pai e/ou responsável não estivesse de acordo com o tratamento da criança na escola, pudesse informar a recusa mediante a assinatura desse documento.

No que se refere ao tracoma, uma das princi-pais ações de vigilância epidemiológica é a busca ativa de casos e o tratamento com antibióticos (azitromicina), inclusive dos contatos domiciliares; quando a positividade encontrada for acima de 10%, deve-se realizar tratamento coletivo de toda a comunidade. O objetivo do tratamento, em nível populacional, é interromper a cadeia de transmis-são da doença e diminuir a circulação do agente etiológico na comunidade, o que leva à redução da frequência de reinfecções e da gravidade dos casos, pois o tracoma pode levar à cegueira.11

Desta forma, para identificar casos de tracoma durante a campanha, os escolares foram submetidos ao exame ocular externo, com eversão de pálpebra, realizado por profissionais capacitados, fazendo-se posterior encaminhamento dos positivos e de seus contatos domiciliares para tratamento nas unidades de saúde local. A meta proposta foi tratar, no míni-mo, 80% dos casos detectados.

O alcance dos objetivos e a sustentabilidade dos resultados da campanha dependem de diversos

fatores, entre eles, da realização de atividades de educação em saúde, bem como da mobilização da comunidade e dos profissionais de saúde. As ações educativas contribuem para uma maior difusão de conhecimentos sobre sinais e sintomas, suspeição e formas de prevenção dessas doenças. Tais ações também têm o potencial de influenciar as atitudes dos indivíduos e da comunidade para a promoção de hábitos de higiene adequados.

População-alvoA população-alvo foi constituída pelos escolares

da faixa etária de 5 a 14 anos, matriculados no ensino fundamental de escolas da rede pública dos municípios que aderiram à campanha.

As crianças em idade escolar compõem um im-portante grupo de risco para as infecções por geo-helmintos, devido à contínua exposição ao solo e água contaminados, bem como em virtude de hábi-tos de higiene pessoal não adequados.9 O impacto negativo da infecção pode afetar o desenvolvimento e as tarefas cognitivas das crianças.10,12-14

Para estimar o número de escolares dos mu-nicípios participantes e embasar o cálculo dos in-sumos, como medicamentos e materiais gráficos, foram utilizados os dados provenientes do censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministé-rio da Educação.15

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Por que atuar na escola?A realização de ações integradas no ambiente

escolar permite atingir um maior número de alunos em razão da agregação de crianças e ado-lescentes nesse ambiente.10 Esta é uma estratégia utilizada internacionalmente, com evidências de redução dos custos de tratamento e potenciali-zação dos resultados da intervenção.7-9 Além disso, a implementação de ações voltadas para essas en-demias, no âmbito escolar, possibilita a integração de profissionais dos setores de saúde e de edu-cação. Assim, a articulação e atuação conjunta dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família, em especial do Programa Saúde na Escola (PSE), das Unidades Básicas de Saúde e dos profissionais da educação foram fundamentais para o desenvolvi-mento das ações da campanha.

Seleção dos municípios prioritáriosEm 2013, os municípios selecionados para a

intervenção foram definidos conforme os crité-rios estabelecidos na Portaria nº 2.556, de 28 de dezembro de 2011,16 do Ministério da Saúde, que considerou tanto indicadores epidemiológicos, quanto o fato de o município possuir populações em situação de extrema pobreza, com base nos da-dos do Programa Brasil Sem Miséria17 do governo federal e no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M).18

Em 2014, foi criado um índice integrado, com variação de 0 a 1,0, baseado em dados de sanea-mento e condições de vida, com as seguintes variáveis: destino do esgoto, disponibilidade de água tratada, destino do lixo, IDH-M e percentual de população geral e de crianças em condições de pobreza segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).18

Foram selecionados os municípios prioritários, com índices mais próximos de zero, ou seja, aque-les com populações de escolares com risco mais elevado de adoecimento por agravos relacionados à pobreza. Esses municípios, bem como o detal-hamento do método utilizado para a sua seleção, foram dispostos na Portaria nº 1.253, de 6 de junho de 2014, do Ministério da Saúde.19

Incentivo financeiro e materiais de apoioOs municípios prioritários que realizaram a

campanha em 2013 foram orientados a utilizar os recursos repassados pela Portaria nº 2.556, de 2011, do Ministério da Saúde, que regulamentou o

repasse de R$ 21.326.000,00 para ações de vigilân-cia em hanseníase, geo-helmintíases e tracoma.

No ano de 2014, foi realizado repasse financeiro específico, por meio de portaria ministerial, no valor de R$ 11.814.075,83, para apoio aos municí-pios prioritários na execução da campanha.16,19

Foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde, ainda, peças para divulgação da campanha, como cartazes (dois modelos: menino e menina), spot de rádio – para uso junto às mídias difusoras locais –, vídeo educativo com objetivo de alertar, de forma lúdica, sobre os sinais, sintomas e formas de prevenção das doenças, uma página web (Landing page) e um ícone de assinatura eletrônica, para uso em e-mails institucionais. Todas as peças foram disponibilizadas para download no endereço eletrônico www.saude.gov.br/campanhahanseniase.

Também foram disponibilizados aos municípios materiais gráficos, como a ficha de autoimagem para a triagem de casos suspeitos de hanseníase, fôlder de jogos com caça-palavras, termo de recusa, cartão de medicação para registro individual do tratamento, bem como os medicamentos utilizados na campanha.

Coleta e registro dos dados, monitoramento e avaliação da campanha

Para o registro dos dados coletados durante a campanha, foi criado um formulário eletrônico específico no sistema FormSUS, do DATASUS/Ministério da Saúde. Para auxiliar as equipes das secretarias municipais nesse processo, foi disponibi-lizado um “Instrutivo de digitação” e apoio técnico da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE) do Ministério da Saúde.

O monitoramento dos dados foi realizado nos níveis municipal, estadual e federal, sendo este último pela equipe técnica da CGHDE. Todavia, apenas o nível municipal inseriu dados no sistema de monitoramento.

A avaliação da campanha foi realizada por meio da construção de indicadores de avaliação de processo (monitoramento) e de resultados, a partir dos dados coletados e processados no período da campanha.

Os casos de hanseníase e de tracoma detectados foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que é o sistema de informação oficial de dados para a avaliação e o acompanhamento dessas doenças.

Os indicadores considerados para avaliação da campanha foram: proporção de escolares que

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responderam à ficha de autoimagem em relação ao total de escolares que receberam a ficha; número de escolares encaminhados para as unidades de saúde; número de casos de hanseníase confir-mados; proporção de crianças tratadas para geo-helmintíases em relação ao total de crianças ma-triculadas; número de escolares examinados para tracoma e proporção de escolares que receberam tratamento para o tracoma.

Nas duas campanhas, foram realizados even-tos organizados pelo Ministério da Saúde, como oficinas preparatórias e reuniões de avaliação, para auxiliar os representantes estaduais e de alguns municípios no planejamento, organização e aval-iação dessa ação.

Resultados e discussãoA primeira campanha teve início com a semana

de mobilização ocorrida no período de 18 a 22 de março de 2013. Inicialmente, o foco foi a re-alização de estratégias integradas para busca de casos de hanseníase e tratamento das verminoses. Entretanto, realizou-se um piloto para a ação de tracoma em 34 municípios.

A campanha envolveu etapas de planejamento, execução e avaliação, com atribuições definidas para os níveis federal, estadual e municipal, algu-mas específicas e outras comuns aos três níveis.

Previamente às atividades da campanha, o Minis-tério da Saúde realizou uma oficina preparatória, com a participação de representantes dos níveis es-tadual e municipal, e disponibilizou o Informe Téc-

nico da Campanha. Foram disponibilizados tam-bém monitores para apoiar as equipes estaduais e dos municípios nas etapas de planejamento e gestão. Realizaram-se visitas técnicas para reuniões interse-toriais com a participação de gestores e equipes de saúde e educação – entre eles, técnicos da Vigilância Epidemiológica, da Atenção Básica e do PSE.

Os municípios organizaram as atividades da cam-panha de acordo com a estrutura local e a capaci-dade operacional disponível. Foram mobilizados na ação os profissionais das equipes de atenção básica, do PSE, dos centros de referência para apoio diag-nóstico e de instituições não governamentais.

Segundo os dados registrados no FormSUS, em 2013 a campanha atingiu 21.745 escolas de 852 municípios (706 prioritários e 146 voluntários) de 25 estados. Em 2014, o número de municípios foi ampliado em 228%, com a adesão de 1.944 mu-nicípios (1.043 prioritários e 115 voluntários) nas 27 Unidades Federadas (Figura 1). O número de escolas participantes passou para 34.616.

Em 2013, 3.743.093 escolares receberam a ficha de autoimagem, com adesão de 65,3%. Uma das dificuldades apontadas quanto à devolução das fichas foi o grau de analfabetismo entre os pais ou responsáveis. Após a triagem das fichas, 242.680 crianças foram encaminhadas às unidades de saúde para confirmação diagnóstica e 291 casos de hanseníase foram confirmados (Tabela 1).

Foi relatado pelos profissionais que participaram da reunião de avaliação da campanha que os alu-nos foram muito receptivos à ação e que as ativi-

Figura 1 – Distribuição dos municípios que participaram da Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, Brasil, 2013-2014

201427 estados1.944 municípios

201325 estados852 municípios

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Tabela 1 – Indicadores operacionais da Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, Brasil, 2013

Unidade da Federação

Hanseníase Geo-helmintíases

Escolaresque receberam

ficha deautoimagem

(n)

Escolaresque

responderam à ficha de

autoimagem (n)

Escolares que ponderam à ficha detoimagem

(%)

Escolares encaminhados para unidade

de saúde (n)

Escolares comdiagnósticoconfirmado

(n)

Escolarestratados

(n)

Escolarestratados

(%)

Acre 57.386 44.167 77,0 1.305 0 40.793 71,1

Alagoas 69.368 44.684 64,4 2.823 4 146.792 211,6

Amapá 11.965 5.847 48,9 887 0 7.524 62,9

Amazonas 125.206 67.809 54,2 5.165 9 94.333 75,3

Bahia 576.571 363.711 63,1 44.201 19 458.456 79,5

Ceará 191.138 130.985 68,5 11.815 7 148.344 77,6

Distrito Federal 4.329 2.383 55,0 12 1 2.542 58,7

Espírito Santo 82.399 47.082 57,1 3.861 4 41.211 50,0

Goiás 163.776 70.179 42,9 11.741 8 48.818 29,8

Maranhão 339.677 276.088 81,3 26.353 86 316.249 93,1

Mato Grosso 209.646 126.763 60,5 13.284 29 152.771 72,9

Mato Grosso do Sul 59.398 28.420 47,8 3.947 1 28.032 47,2

Minas Gerais 196.643 130.966 66,6 18.471 7 144.886 73,7

Pará 598.128 426.434 71,3 37.325 76 476.744 79,7

Paraíba 50.323 34.492 68,5 4.106 0 34.793 69,1

Pernambuco 424.537 260.879 61,5 19.447 19 329.902 77,7

Piauí 74.796 46.390 62,0 2.561 10 58.279 77,9

Rio de Janeiro 44.370 24.149 54,4 2.154 1 8.348 18,8

Rio Grande do Norte 10.481 8.365 79,8 571 0 9.424 89,9

Rio Grande do Sul 0 0 0,0 0 0 2.645 0,0

Rondônia 108.895 74.538 68,4 6.369 1 75.201 69,1

Roraima 3.617 2.343 64,8 1.022 0 2.291 63,3

São Paulo 36.640 17.699 48,3 1.820 0 13.365 36,5

Sergipe 223.303 164.555 73,7 17.266 3 185.347 83,0

Tocantins 80.501 45.413 56,4 6.174 6 56.306 69,9

Brasil 3.743.093 2.444.341 65,3 242.680 291 2.883.396 77,0

Fonte: FormSUS/Datasus online.

dades educativas para mobilização e apresentação dos objetivos propostos favoreceram a adesão dos escolares (Figura 2).

A campanha também possibilitou a realização de parcerias com universidades e instituições da sociedade civil para mobilização e auxílio no diag-nóstico de casos.

Durante a campanha de 2013, foram tratados 2.883.396 escolares para as verminoses, o que equivale a 77% da população escolar – alvo da ação. As ocorrências de reações adversas repor-tadas foram raras e leves. Não foram tratadas as crianças que levaram o termo de recusa assinado.

A busca ativa de casos de tracoma foi realizada em 44.446 escolares. Destes, foram diagnosticados 2.307 casos, com prevalência entre examinados de 5,2%, e efetuados 4.532 tratamentos, incluindo os contatos domiciliares. Este número de tratamentos contempla também os tratamentos coletivos no âmbito da escola, de acordo com as normas do Ministério da Saúde. A maior dificuldade para a realização dessa ação foi a ne-cessidade de o município possuir equipe padronizada de examinadores para o diagnóstico de tracoma.

No ano de 2014, a semana de mobilização da cam-panha ocorreu de 11 a 15 de agosto. As ações con-templaram as três doenças – hanseníase, verminoses

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e tracoma – e a atividade de mobilização com os pais foi priorizada em vários municípios para informar sobre os objetivos, atividades a serem realizadas com os escolares e benefícios da campanha (Figura 3).

A busca de casos de hanseníase foi realizada em 5.633.265 escolares que receberam a ficha de

autoimagem. Destes, 74,0% devolveram o formu-lário preenchido.

Após a triagem das fichas, 231.247 escolares foram encaminhados às unidades de saúde, 199.087 foram examinados e 354 casos de hanseníase foram confirmados (Tabela 2). Como

 

Figura 2 – Atividades com as crianças nas escolas, profissionais e tratamento para verminoses, Araguaína/TO e Atalaia/AL, Brasil, 2013

Figura 3 – Palestras com os pais em Araguaína/TO e exames para tracoma no município de Pimenta Bueno/RO, Brasil, 2014

 

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desdobramento dessa ação, a partir da identifi-cação dos casos nos escolares, foram diagnostica-dos mais 73 casos entre os contatos.

O tratamento para verminoses foi realizado em 4.754.092 crianças, o que corresponde a 84,4% dos escolares que participaram da ação. Não receber-am o tratamento aqueles que trouxeram o termo de recusa assinado (Tabela 3).

Quanto às reações adversas ao medicamento al-bendazol, aproximadamente 0,017% das crianças, de 455 escolas, apresentaram algum tipo de reação.

As mais comuns foram mal-estar leve, diarreia, vômito, dor abdominal e cefaleia.

Em 2014, para o diagnóstico do tracoma, foram realizados exames em 700.129 escolares em 489 municípios (Tabela 3). Houve importante am-pliação no número de municípios (1.338%) em relação ao ano anterior.

Foram diagnosticados 25.173 casos e realizados 50.041 tratamentos (Tabela 3). O número de trata-mentos contempla, além dos escolares, os contatos domiciliares e tratamentos coletivos no âmbito da

Tabela 2 – Indicadores operacionais de hanseníase na Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, Brasil, 2014

Unidade da Federação

Escolares que receberam

ficha de autoimagem

(n)

Escolares que responderam

à ficha de autoimagem

(n)

Escolares que responderam

à ficha de autoimagem

(%)

Escolares encaminhados para avaliação

(n)

Escolares examinados

(n)

Escolares com diagnóstico confirmado

(n)

Contatos inttradomiciliares com diagnóstico

confirmado (n)

Acre 20.690 13.953 67,0 150 341 0 0

Alagoas 295.036 218.260 74,0 9.258 7.258 4 0

Amapá 22.795 12.862 56,0 640 1.255 1 0

Amazonas 200.400 160.197 80,0 5.757 4.479 1 0

Bahia 796.903 576.593 72,0 31.962 26.946 37 8

Ceará 486.903 369.751 76,0 17.091 12.892 9 4

Distrito Federal 55.594 24.840 45,0 2.552 2.538 1 0

Espírito Santo 139.205 100.895 72,0 19.619 11.719 5 0

Goiás 464.890 308.796 66,0 16.415 14.477 3 2

Maranhão 419.264 358.966 86,0 13.221 13.210 33 13

Mato Grosso 245.972 154.224 63,0 9.435 8.179 44 7

Mato Grosso do Sul 71.998 42.353 59,0 2.760 1.746 0 0

Minas Gerais 144.542 105.067 73 5.846 6.110 1 0

Pará 705.039 525.738 75,0 25.879 22.572 146 24

Paraíba 114.526 96.895 85,0 5.345 5.597 0 0

Paraná 73.259 43.508 59,0 3.143 2.703 0 0

Pernambuco 376.021 281.457 75,0 21.156 20.802 41 2

Piauí 126.859 87.991 69,0 7.460 7.386 12 11

Rio de janeiro 66.550 33.659 51,0 2.694 1.559 3 0

Rio Grande do Norte 35.813 22.442 63,0 1.789 904 0 0

Rio Grande do Sul 1.206 911 76,0 50 50 0 0

Rondônia 134.047 97.713 73,0 2.959 2.137 0 0

Roraima 7.755 4.690 60,0 244 124 0 0

Santa Catarina 6.845 4.916 72,0 154 127 0 0

São Paulo 302.954 195.255 64,0 12.332 12.949 7 0

Sergipe 224.578 171.028 76,0 9.678 7.313 3 1

Tocantins 93.621 67.533 72,0 3.658 3.714 3 1

Brasil 5.633.265 4.160.493 74,0 231.247 199.087 354 73

Fonte: FormSUS/Datasus online.

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Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

escola, o que amplia a cobertura e contribui para a diminuição da circulação da bactéria no ambiente.

Considerações finaisA campanha integrada mostrou-se uma estraté-

gia efetiva para atingir os objetivos propostos para a redução da carga das doenças. Como toda ação em saúde pública, requer envolvimento e esforços das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) para superação das dificuldades, como a escassez de recursos humanos e financeiros.

A priorização de áreas com maior vulnera-bilidade e a abordagem da população-alvo no ambiente escolar possibilitou a ampliação das coberturas de 65%, em 2013, para 74% em 2014, na proporção de escolares que foram avaliados para hanseníase; de 77% para 84,4%, na propor-ção de escolares que receberam tratamento de verminoses; e de 44.446 para 700.348 no número de examinados para o tracoma, respectivamente, nos dois anos da campanha. Essa ampliação indica a concordância dos profissionais de saúde com a

Tabela 3 – Indicadores operacionais de geo-helmintíases e tracoma na Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, Brasil, 2014

Unidade da Federação

Escolares na escola

(n)

Geo-helmintíases Tracoma

Escolares tratados

(n)

Escolares tratados

(%)

Municípios que realizaram

a ação (n)

Escolares examinados

(n)

Casos positivos

(n)

Escolares tratados

(n)

Escolares tratados

(%)

Contatos domiciliares

tratados (n)

Acre 20.690 17.519 85,0 1 1.417 23 23 100,0 0

Alagoas 295.036 348.660 118,0 0 0 0 0 - 0

Amapá 22.795 15.927 70,0 1 738 19 19 100,0 0

Amazonas 200.400 183.479 92,0 16 7.226 1.605 1.615 101,0 7

Bahia 796.903 655.660 82,0 35 66.498 3.450 3.083 89,0 1.365

Ceará 486.903 426.565 88,0 77 249.822 8.471 9.566 113,0 10.105

Distrito Federal 55.594 45.355 82,0 0 0 0 0 - 0

Espírito Santo 139.205 97.883 70,0 0 35.753 1.275 1.038 81,0 1.448

Goiás 464.890 361.043 78,0 1 1.986 135 137 101,0 48

Maranhão 419.264 376.510 90,0 6 23.183 236 202 86,0 68

Mato Grosso 245.972 173.003 70,0 9 14.837 787 753 96,0 245

Mato Grosso do Sul 71.998 50.445 70,0 2 8.899 264 191 72,0 35

Minas Gerais 144.542 98.114 68,0 32 28.548 353 970 275,0 645

Pará 705.039 613.202 87,0 17 25.783 1.769 1.752 99,0 707

Paraíba 114.526 97.555 85,0 4 2.766 2 2 100,0 1

Paraná 73.259 45.176 62,0 0 0 0 0 - 0

Pernambuco 376.021 388.632 103,0 0 0 0 0 - 0

Piauí 126.859 108.118 85,0 17 16.697 136 382 281,0 425

Rio de Janeiro 66.550 13.162 20,0 0 0 0 0 - 0

Rio Grande do Norte 35.813 29.127 81,0 13 27.977 272 281 103,0 781

Rio Grande do Sul 1.206 95 8,0 0 0 0 0 - 0

Rondônia 134.047 104.043 78,0 12 29.943 1.805 1.774 98,0 404

Roraima 7.755 5.098 66,0 1 3.184 369 961 260,0 85

Santa Catarina 6.845 6.643 97,0 8 6.749 391 469 120,0 568

São Paulo 302.954 224.253 74,0 178 96.185 2.074 1.748 84,0 4.918

Sergipe 224.578 192.719 86,0 0 0 0 0 - 0

Tocantins 93.621 76.106 81,0 59 51.938 1.737 1.765 102,0 1.455

Brasil 5.633.265 4.754.092 84,4 489 700.129 25.173 26.731 106,0 23.310

Fonte: FormSUS/Datasus online.

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integração das ações voltadas às doenças negligen-ciadas, conforme proposto no Plano Integrado.

Realizar ações de busca ativa, nas práticas de vigilância de doenças crônicas e silenciosas, fa-vorece a intervenção em tempo oportuno, diminui o risco de transmissão e evita a ocorrência das formas severas dessas doenças. A partir da iden-tificação de casos em escolares, pode-se ampliar a assistência aos contatos e, consequentemente, à comunidade nos municípios participantes.

A articulação entre os setores de saúde e de edu-cação foi citada nas reuniões de avaliação como aspecto positivo da campanha, e a atuação das equipes de Saúde da Família mostrou-se funda-mental para a realização das atividades nas escolas em suas áreas de abrangência.

A campanha permitiu, em suas duas edições, a disseminação de informações atualizadas sobre sinais e sintomas da hanseníase, o que possibilitou o aumento do diagnóstico oportuno em crianças, com consequente redução de riscos de incapaci-dades físicas. Possibilitou, também, a redução da carga parasitária de geo-helmintíases em escolares e o tratamento do tracoma nas localidades mais endêmicas do país.

Conclui-se, portanto, que a campanha repre-sentou um marco na saúde pública, alcançando, inclusive, grande repercussão internacional, e chegando a servir de modelo para outros países. Esta ação terá continuidade nos próximos anos, com a perspectiva de ampliação do número de escolares participantes.

AgradecimentosAos profissionais que atuam nos serviços de

saúde e de educação, aos pais e responsáveis, aos colaboradores dos centros de referência, insti-tuições da sociedade civil, pastoral da criança, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros órgãos que contribuíram para o bom desempenho da campanha.

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