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P P r r o o j j e e t t o o E E m m p p r r e e s s a a s s p p e e l l o o C C l l i i m m a a E E s s t t u u d d o o d d o o S S e e t t o o r r F F i i n n a a n n c c e e i i r r o o GVces I Relatório Revisão de Literatura Coordenação Renata Brito Elaboração Renata Loew Weiss São Paulo, 8 de Junho de 2010

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I Relatório Revisão de Literatura

Coordenação Renata Brito Elaboração Renata Loew Weiss São Paulo, 8 de Junho de 2010

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Sumário

1. Introdução.......................................................................................................... 3 2. O Setor Financeiro .............................................................................................. 5 3. Metodologia ....................................................................................................... 6 3.1. Classificação das Iniciativas ............................................................................. 7 3.2. Outras Iniciativas ...........................................................................................10 4. Redes de Finanças Sustentáveis e Mudanças Climáticas ....................................12 4.1. Movimentos da Sociedade Civil .....................................................................12 4.2. Iniciativas Coletivas Empresariais ...................................................................13 4.2.1. Instituições Financeiras e Mudanças Climáticas ..........................................13 4.2.2. Outras Iniciativas Empresariais sobre Mudanças Climáticas .......................14 4.2.3. Iniciativas em Finanças Sustentáveis ..........................................................14 5. Mapeamento ....................................................................................................16 6. Análise Crítica ....................................................................................................21 7. Referências .......................................................................................................22

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1. Introdução Estudos científicos prevêem um futuro difícil imposto pelas mudanças climáticas, uma questão que impacta a forma de vida na terra1. Estudos econômicos também vislumbram perdas de produtividade e crescimento em consequência das mudanças climáticas2. Hoje mudanças climáticas, como uma das maiores externalidades já identificadas, representam uma falha de mercado, um peso para sociedade e uma oportunidade de lucros de curto prazo. Dado o escopo do problema, iniciativas pontuais e isoladas não têm o poder de endereçar as medidas necessárias. As discussões sobre as formas de internalização destas externalidades passam por todos os modelos já conhecidos: comando e controle, instrumentos mercado e regulação privada. Deitada sobre um problema emergente e dispondo de modelos tradicionais, a sociedade é chamada a empreender coletivamente em novas soluções.

Ao tratar do mercado financeiro, nacional e internacional, a postura tem sido de gerenciar as demandas da sociedade com relação a mudanças climáticas, lançando mão de iniciativas ainda tímidas e de baixo impacto. Ou seja, não é identificado entre eles o papel ativo de negar oportunidades de curto prazo a fim de apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.

Uma vez que os bancos têm o importante papel de viabilizar investimentos para a atividade econômica, o impacto em mudanças climáticas é relevante quando contabilizadas as emissões de GEE causadas pelas atividades financiadas investidas (emissões financiadas), além daquelas causadas por seu próprio consumo de energia e insumos (emissões operacionais). Considerando que as emissões financiadas têm impactos de longo prazo, a necessidade de um marco regulatório é urgente para que sejam tomadas decisões de crédito e investimento mais abrangentes no poder de mitigação e redução das emissões. Afinal, os bancos são poderosos canalizadores de mudanças na sociedade.

Frente ao cenário então apresentado, iniciativas da sociedade buscam meios de estimular a mudança para uma economia de baixo carbono. Dentre elas está o Projeto Empresas pelo Clima (EPC), realizado pela Fundação Getulio Vargas – EAESP, que reúne um grupo de empresas do setor financeiro dispostas a contribuir com o desenvolvimento de uma regulamentação para o setor. Tal iniciativa também dialoga com a agenda internacional, ao passo que foi acordado em 2007 na Conferência das Partes (COP) sobre o Clima, em Bali (Indonésia), na qual os países emergentes, incluindo o Brasil, adotariam voluntariamente medidas “mensuráveis, reportáveis e verificáveis” em relação às suas contribuições com o aquecimento global, mesmo sem ter metas obrigatórias.

O objetivo desta pesquisa é apresentar subsídios sólidos de maneira organizada para orientar o trabalho do EPC para o setor financeiro, para que possam ser desenvolvidas medidas “mensuráveis, reportáveis e verificáveis” e relevantes, à altura da importância e do setor na economia.

1 IPCC, 2007 2 Stern, 2007

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O trabalho está organizado em quatro seções que se seguem a esta introdução. A Seção 2 oferece um pano de fundo para a discussão sobre o setor financeiro e as iniciativas voluntárias. A Seção 3 traz descrição da metodologia adotada, isto é, como as iniciativas hoje existentes foram levantadas e sistematizadas de acordo com as demandas à que atendem. Segue na Seção 4 pela apresentação das principais redes sociais e empresariais que envolvem o setor financeiro e tratam direto ou indiretamente de mudanças climáticas. Na Seção 5 são apresentadas as iniciativas hoje existentes mapeadas pelo estudo. Por fim, a Seção 6 traz uma análise crítica dos resultados que deverão ser ainda interpretados pelo grupo com o objetivo de desenhar uma proposta para o setor.

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2. O Setor Financeiro O movimento de adoção de iniciativas voluntárias no mercado financeiro, endereçando aspectos socioambientais é recente, mas forte. Ao longo da década foi cunhado um novo conceito: o de finanças sustentáveis. Este movimento é resultado de uma pressão da sociedade civil que se voltou para bancos privados uma vez que o papel dos recursos oficiais3 se viu diminuído, reconhecendo a importância da intermediação financeira na viabilização macroeconômica4.

No final da década de 90, Estados Unidos e Europa assistem campanhas populares sobre a responsabilidade do credor no uso e aplicação dos recursos financeiros5. Era a sociedade civil organizada questionando as bases da prática de intermediação financeira, algo que por muito tempo parecia sedimentado e usual.

Desta pressão nasce o tratado dos Princípios do Equador, em 2003, que preconiza uma análise socioambiental, seguindo parâmetros do IFC6, aplicável, porém, apenas a operações de Project Finance. Protagonizado por dez bancos os Princípios do Equador mostraram grande poder de engajamento entre os Bancos no mundo. No Brasil, os Princípios do Equador envolveram os principais bancos de capital nacional Unibanco, Banco Itaú e Bradesco desde 2004, e Banco do Brasil, desde 2005. Seguem à adoção dos Princípios do Equador, várias outras iniciativas voluntárias adotadas individualmente ou por grupos de instituições financeiras no Brasil e no mundo (ver Seção 4).

A adoção de iniciativas voluntárias está ligada a uma busca de legitimação7 pelo setor. Segundo estudo de 20068, bancos apresentam baixa exposição a riscos de mudanças climáticas. No entanto, entre os motivadores estratégicos para práticas voluntárias no setor financeiro estão: a importância do fator reputacional9 e a ação preventiva na tentativa de evitar a regulação10. Ademais, diferentemente da regulação, iniciativas voluntárias sofrem com efeitos do oportunismo e com difícil verificação da veracidade das práticas por parte da sociedade.

Ficam as instituições financeiras no limite entre a adoção de políticas sérias e restritivas e a adoção de práticas mercadológicas para o gerenciamento reputacional. Este é um claro dilema do processo. Desta forma, com base nas experiências passadas e na emergência da questão de mudanças climáticas, este estudo deve buscar soluções abrangentes e que evitem os problemas de oportunismo, baixa prestação de contas e ineficiência.

3 Bancos Públicos e multilaterais. 4 Jeucken e Bouma, 1999 5 Exemplos:Rain Forest Aliance, nos Estados Unidos e Milieudefensie, na Holanda 6 International Finance Corporation membro do Banco Mundial 7 Wright e Rwabizambuga, 2006 8 Ecosecurites e UNEP-FI, 2006 9 Deephouse e Carter, 2005 10 Wright e Rwabizambuga, 2006

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3. Metodologia A partir de uma ampla revisão de literatura, nacional e internacional, sobre mudanças climáticas dentro do escopo de atividades e influência das Instituições Financeiras, buscou-se evidências claras e específicas de exemplos e iniciativas existentes. Foram consideradas como iniciativas fortes para o mercado financeiro: políticas corporativas, políticas de crédito e risco; e produtos financeiros. Há ainda iniciativas mais gerais, como princípios e diretrizes e boas práticas na promoção do equilíbrio climático. Várias iniciativas foram encontradas.

A base para a organização das informações levantadas foi composta pelas demandas da sociedade, tanto para redução de emissões diretas e como para redução de emissões financiadas pelas instituições financeiras. Estas demandas foram identificadas nas principais redes sociais de atuação em finanças sustentáveis e mudanças climáticas. Já as iniciativas vieram das próprias instituições financeiras e de acordos coletivos, sendo que não encontramos evidências regulatórias. De maneira geral, a investigação considerou três categorias de fontes de informação, a saber:

Demandas: Vindas da Sociedade Civil Organizada apresentam uma visão clara sobre o envolvimento das instituições financeiras com mudanças climáticas e o que deve ser feito;

Iniciativas: o Coletivas, resultado de um consenso voluntário entre instituições

financeiras e outras partes interessadas; e o Individuais, assumidas voluntariamente por uma ou mais

instituição financeira, mas sem participação de outros setores da sociedade.

Numa visão mais dinâmica e factual sobre o processo de demandas e iniciativas, as demandas são o principal motivador para a ação do setor financeiro, que responde propostas voluntárias. Assim, as iniciativas foram classificadas em diferentes níveis, de acordo com a demanda à qual está endereçada.

É importante notar que nem todas as iniciativas são consensuais. Ou seja, algumas iniciativas não são consideradas totalmente eficazes no combate a mudanças climáticas e ou são prejudiciais ao meio ambiente de maneira mais ampla. É o caso, por exemplo, do uso de energia nuclear, de transações de crédito de carbono e da instalação de grandes centrais hidrelétricas.

Por fim, uma análise mais substancial das iniciativas vis a vis as demandas, endereça sobreposições e lacunas do processo. Assim, o processo de organização deste estudo é apresentado no esquema abaixo:

Do ponto de vista metodológico, a etapa mais relevante do estudo está no procedimento de classificação das iniciativas, que é detalhado abaixo.

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Figura 2.1: Organização do Estudo

3.1. Classificação das Iniciativas As iniciativas individuais e coletivas foram classificadas em diferentes níveis de acordo com (A) forma e área de atuação das instituições financeiras e (B) com a demanda atendida e a profundidade em que esta foi endereçada. Em seguida, as iniciativas foram alocadas em um mapa de abrangência e profundidade para que pudessem ser analisadas as lacunas. Passamos a explicar o processo de classificação utilizado.

A - Formas e áreas de atuação das instituições financeiras:

As instituições financeiras podem ser vistas como agentes de impacto direto ou como agentes financiadores de emissões de GEE. Nestes diferentes papéis as instituições financeiras apresentam diferentes possibilidades e limites para atuação e alcance em termos de redução de impactos em mudanças climáticas.

Impactos Diretos

Como empresas do setor de serviços, o impacto das atividades operacionais diretas dos bancos é inferior àquele de setores industriais. No entanto, como atores de grande capilaridade apresentam grande potencial de influência sobre seu público direto. Desta forma, os impactos diretos podem se sumarizados em:

Operacional, que inclui iniciativas de eficiência interna e ao longo de sua cadeia de suprimentos; e

Conscientização do público em geral, através de educação, campanhas e eventos com fornecedores, clientes, colaboradores e público geral.

Emissões Financiadas

O poder fiduciário e a capacidade de interação sistêmica fazem do setor financeiro ator crucial no processo de mudança ou manutenção do modelo econômico. A alocação de capital é fundamental para promover, incentivar ou desestimular tecnologias e processos econômicos. Portanto, por emissões financiadas se entende emissões viabilizadas pelo uso dos produtos e serviços oferecidos pelas instituições financeiras, sejam eles empréstimos e financiamentos, seguros ou investimentos.

Para endereçar de forma sistêmica como as emissões diretas e financiadas serão evitadas ou mitigadas, faz-se necessário políticas claras e específicas, sejam elas:

Política Corporativa: intenções e diretrizes gerais relativas aos aspectos da gestão da instituição financeira. Trata-se de uma política que orienta a estrutura organizacional.

Política de Investimento: com critérios para a avaliação de investimento.

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Política de Financiamento: também chamada política de crédito, contém critérios para a avaliação de crédito e risco de clientes e operações financeiras.

Políticas de Seguros: contém critérios para a avaliação de seguros e resseguros.

O setor financeiro abarca ainda diferentes serviços e veículos, que devem ser considerados segundo a abrangência de cada área, conforme sistematizado na tabela abaixo.

Tabela 2.1: Áreas de Atuação Áreas Abrangência Institucional Diz respeito à empresa como um todo e a sua inserção na sociedade,

inserem-se aqui as Políticas Corporativas, operacionais e campanhas institucionais e Políticas de Investimento dos recursos próprios.

Research Activities Atividades de pesquisa conduzidas pelos bancos para uso interno ou consultorias.

Asset Management Gestão de recursos de terceiros para investimentos em renda fixa ou variável, inserem-se aqui as Políticas de Investimento aplicadas a recursos de terceiros.

Banco de varejo Operações com pessoa física e pequenas empresas. Insere-se no escopo do banco comercial com abertura de contas, Políticas de Financiamento e produtos ou serviços financeiros.

Corporate Banking Operações com empresas de médio e grande porte. Insere-se no escopo do banco comercial com abertura de contas, Políticas de Financiamento e produtos ou serviços financeiros.

Project Finance Mais do que uma área ou um veículo especial trata-se de um tipo de operação específica que é hoje tema do acordo voluntário conhecido como Princípios do Equador. Por este motivo, algumas iniciativas versam especificamente Project Finance.

Private Banking Atendimento diferenciado a grandes clientes, pessoas físicas e grandes fortunas.

Investment Banking Consultoria a empresas e governo em operações de aumento de capital, subscrição e emissões de ações assim como fusões e aquisições.

Seguro e Resseguro Transferência de risco total ou parcialmente através da emissão de uma apólice. Aplica-se aqui a Políticas de Seguros.

Fonte: autores

Portanto, ao citar uma iniciativa da Asset Management sabe-se que esta se aplica apenas à gestão de carteiras de investimentos e para tanto a política de investimentos é de suma relevância. No entanto, a iniciativa da Asset Management não se aplica ao banco como um todo. Estes aspectos foram considerados no levantamento e classificação das iniciativas.

B. Demandas da Sociedade

As iniciativas foram analisadas na medida em que endereçam as demandas da sociedade com relação às mudanças climáticas. Para tanto, é imprescindível considerar o que é aconselhado pelo BankTrack, principal organização de acompanhamento das atividades do setor financeiro no mundo. O ponto de partida deu-se pelo relatório A Challenging Climate11 lançado em dezembro de 2009, por ocasião do encontro da Conferência das Partes em Copenhagen, onde

11 BankTrack, 2009

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o BankTrack endereça o que os bancos podem fazer para combater as mudanças climáticas, focando em emissões financiadas. Foi também utilizado o relatório Close the Gap12, lançado em abril de 2010, onde são avaliadas como as políticas dos principais bancos no mundo endereçam mudanças climáticas. Demais demandas foram identificadas em abordagens mais amplas sobre o tema, como foi o caso das “Diretrizes para Formulação de Políticas Públicas Mudanças Climáticas no Brasil”, publicada pelo Observatório do Clima13, e as “Especificações 2009 do Programa Brasileiro GHG Protocol” 14, que visa promover a mensuração e gestão voluntária das emissões de GEE.

Assim, as demandas foram agrupadas em sete perspectivas maiores sobre as mudanças climáticas em Instituições Financeiras:

Demanda 1: Afastar-se de setores e projetos que contribuem substancialmente para mudanças climáticas (aumento de emissões).

Demanda 2: Minimizar o impacto das iniciativas financiadas (ou investidas).

Demanda 3: Aumentar o suporte às atividades de tecnologia limpa e de baixo impacto.

Demanda 4: Não engajar em soluções polêmicas. Algumas iniciativas são descritas como respostas às demandas 1 e 2 acima, apresentando propostas polêmicas como financiamento de energia nuclear, hidroelétricas de larga escala e crédito de carbono.

Demanda 5: Gerenciar riscos das mudanças climáticas oferecendo produtos e alternativas.

Demanda 6: Conscientizar stakeholders sobre o tema. Em geral trata-se de iniciativas mais ampla podendo envolver diferentes públicos.

Demanda 7: Aumentar a eficiência energética operacional. Neste caso, o termo “operacional” inclui emissões diretas e emissões decorrentes de sua cadeia de fornecimento.

Profundidade no Acolhimento das Demandas

Para poder diferenciar as iniciativas é preciso identificar a profundidade com que as demandas são endereçadas. Isto por que as demandas acima podem ser detalhadas em subníveis e atendidas parcialmente conforme abaixo descrito.

Demanda 2: Minimizar o impacto das iniciativas financiadas pode ser detalhada em passos seqüenciais de:

a. Acompanhar e relatar as emissões de GEE financiadas; b. Estabelecer metas de redução de emissões de emissões financiadas;

12 BankTrack, 2010 13 Observatório do Clima, 2009 14Programa Brasileiro GHG Protocol, 2009

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c. Desenvolver ferramentas para auxílio à redução de emissões financiadas;

d. Medir o impacto das emissões evitadas.

Demanda 4: Não engajar em soluções polêmicas, podem ser detalhada em: a. Transação de crédito de carbono, consideradas promissoras em

volume de negócios, mas ineficientes na redução de emissões, além de inibirem atitudes de possível impacto no mercado de carbono;15

b. Operações com Energia Nuclear; c. Operações com Hidroelétricas de grande porte.

Demanda 7: Aumentar a eficiência energética operacional, também pode ser desenvolvida em diferentes estágios:

a. Acompanhar e relatar as emissões de GEE operacional; b. Estabelecer metas de redução de emissões operacionais; c. Desenvolver ferramentas para auxílio à redução de emissões

operacionais; d. Desempenhar outras iniciativas para redução de emissões

operacionais. Normalmente servem apenas de apoio às medidas anteriores.

e. Medir o impacto das emissões evitadas.

3.2. Outras Iniciativas A metodologia utilizada buscou apreender o escopo de abrangência das iniciativas e sua relação com as demandas expostas. Conforme mencionado, o foco deve ser claro e específico em mudanças climáticas, sendo que iniciativas mais gerais, sem declarada intenção em mudanças climáticas ou ainda não válidas em abril de 2010 não foram incluídas. Seguem alguns exemplos de iniciativas não incluídas:

Banco do Brasil, Itaú, ABN Amro Real e Bradesco: Bancos fundadores do GHG Protocol no Brasil o Justificativa: o apoio a uma iniciativa não significa que a finalidade desta

foi executada pelas instituições. Banco Crédit Agricole: ferramenta interna que permite gerentes se

informarem sobre classificação da responsabilidade corporativa de empresas e países. o Justificativa: As informações de domínio público sobre a ferramenta não

mencionam mudanças climáticas. Itaú: Metas para 2010 e Posicionamento sobre os impactos das mudanças

climáticas o Justificativa: a iniciativa ainda não foi concretizada.

As fontes de informação, tanto para as demandas como para as iniciativas, estão detalhadas na próxima seção.

15 BankTrack, 2009.

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Tabela 2.2: Quadro Resumo Forma de atuação

Demanda Atendida Nível de Atendimento Palavra-Chave

Emis

sões

Fin

anci

adas

Demanda 1: Afastar-se de setores e projetos que contribuem substancialmente para MC

1. Afastar-se

Demanda 2: Minimizar o impacto das iniciativas financiadas

a. Acompanhar e relatar as emissões de GEE financiadas b. Estabelecer metas de redução de emissões de GEE financiadas c. Desenvolver ferramentas ou produtos para auxílio à redução GEE financiada

2a. Minimizar - Relatar 2b. Minimizar - Metas 2c. Minimizar - Ferramentas 2d. Minimizar - Medir

Demanda 3: Aumentar o suporte às atividades de tecnologia limpa e de baixo impacto.

3. Tecnologia Limpa

Demanda 4: Não engajar em soluções polêmicas

a. Transação de crédito de carbono; b. Operações com Energia Nuclear; c. Operações com Hidroelétricas de grande porte.

4a. Polêmica - Carbono 4b. Polêmica - Nuclear 4c. Polêmica - Hidrelétrica

Demanda 5: Gerenciar riscos das MC oferecendo produtos e alternativas

5. Riscos

Emis

sões

Fi

nanc

iada

s e

Dire

tas

Demanda 6: Conscientizar stakeholders sobre o tema.

a. Iniciativas de conscientização em geral. b. Pesquisas e/ou publicações cujo conhecimento pode vir a ser aplicado em produtos e serviços da instituição financeira (aplicado somente em iniciativas individuais).

6a. Conscientizar - Geral 6b. Conscientizar - Aplicado

Emis

sões

Dir

etas

Demanda 7: Aumentar a eficiência energética operacional.

a. Acompanhar e relatar as emissões operacionais. b. Estabelecer metas de redução de emissões operacionais. c. Desenvolver ferramentas para auxílio à redução de emissões operacionais. d. Desempenhar outras iniciativas para redução de emissões operacionais. Normalmente servem apenas de apoio às medidas anteriores.

7a. Operacional - Relatar 7b. Operacional - Metas 7c. Operacional - Ferramentas 7d. Operacional - Outros 7e. Operacional - Medir

Fonte: autores Legenda: Mudanças Climáticas: MC

12

4. Redes de Finanças Sustentáveis e Mudanças Climáticas

Redes sociais e empresariais são sistemas que reúnem indivíduos e organizações em torno de objetivos ou temáticas comuns. Com papel de destaque nos movimento de sustentabilidade, as redes sociais e empresariais influenciam iniciativas e debates16.

Complementar à metodologia e ao mapeamento, esta seção explora as principais redes que deram subsídios ao estudo e o que estas vêm desenvolvendo. Primeiramente, serão abordados movimentos da sociedade civil, com foco no ativismo. Em seguida, são introduzidas as iniciativas coletivas, que contam com a participação das próprias instituições financeiras, voltadas para o contexto de mudanças climáticas.

4.1. Movimentos da Sociedade Civil BankTrack

No mundo, a maior notoriedade da sociedade civil com foco no setor financeiro é a BankTrack. Fundada em 2004, é uma rede internacional de organizações da sociedade civil e indivíduos que acompanha impactos na sociedade e no planeta, causados pelas operações de instituições financeiras. Marcados pela objetividade, os relatórios da BankTrack primam pela visão crítica e focada em resultados, analisando as iniciativas do setor financeiro à luz da sua importância econômica. No Brasil, ela é representada pela ONG Amigos da Terra, por meio do programa Eco-Finanças, da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Como introduzido na metodologia, o relatório da BankTrack A Challenging Climate 2.017 traz com clareza aquilo que bancos precisam fazer com relação a mudanças climáticas. Lançado em dezembro de 2009, por ocasião do encontro da Conferência das Partes em Copenhagen, o relatório tem por objetivo incentivar uma resposta mais robusta por parte das instituições financeiras.

Mais recentemente, em abril de 2010, a BankTrack lançou outro relatório, o Close the Gap18, que pontua (0 a 5) as políticas dos banco sobre vários aspectos, entre ele o clima. A pontuação considera também a transparência e a prestação de contas dos procedimentos e práticas adotados pelos bancos. Após avaliar 49 bancos internacionais em relação a mudanças climáticas, mais de 90% pontuou 1. Este nível de pontuação denota que apesar da larga adesão a padrões ou iniciativas voluntárias os compromissos ainda são vagos e sem clareza. As demais instituições pontuaram zero, pois nem sequer se comprometeram com padrões ou iniciativas voluntários. 16 Louette, 2007. 17 BankTrack, 2009 18 BankTrack, 2010. A publicação “Close the Gap” é uma revisão da “Mind the Gap”, publicada pela mesma instituição em 2007.

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A linha de base deste levantamento foi constituída pelas demandas e análises propostas pela BankTrack.

Rainforest Action Network (RAN)

Apresenta em seu histórico fortes campanhas pela responsabilização das instituições financeiras realizadas no final dos anos 90. Quanto a mudanças climáticas, foca em termoelétricas (carvão) e áreas de oil sands, o pior tipo de óleo para o clima, tendo como alvo instituições financiadoras de tais empreendimentos. Entre suas vitórias (auto-declaradas), estão critérios com relação a mudanças climáticas nas políticas de investimentos do JP Morgan e Goldman Sachs, em 2005.

4.2. Iniciativas Coletivas Empresariais Dentre as diversas iniciativas que tangenciam o tema, foram usados como critérios de seleção: relevância e resultados apresentados no mapeamento do estudo. As iniciativas foram agrupadas de acordo com seu foco: Instituições Financeiras e Mudanças Climáticas, Empresas e Mudanças Climáticas e Finanças Sustentáveis.

4.2.1. Instituições Financeiras e Mudanças Climáticas Carbon Principles

A iniciativa é liderada pelos bancos Citibank, JP Morgan Chase, Bank of America e Morgan Stanley. Sua proposta é auxiliar as instituições financeiras e seus clientes, do setor de energia, a compreender e responder a riscos relacionados à emissão de carbono e mudanças climáticas, gerados em parte devido a diferenças de legislação entre os estados americanos.

Os principais instrumentos do Carbon Principles são diretrizes de due dilligence apresentados por meio de questões que as instituições financeiras devem considerar junto aos seus clientes.

Climate Principles

Liderada pelos bancos Crédit Agricole, HSBC, Munich Re, Standard Chartered Bank e Swiss Re, a iniciativa tem um escopo mais amplo que o Carbon Principles: busca estabelecer padrões e melhores práticas para endereçar implicações das mudanças climáticas em todos seus serviços de assessoria, empréstimos, investimentos e seguros.

Em março de 2009, a BankTrack apresentou uma contra-argumentação sobre o Carbon Principles e Climate Principles em um relatório nomeado Meek Principles for

14

a Tough Climate19. Sua principal crítica é que estas iniciativas não tratam mudanças climáticas com o rigor e a urgência que a realidade do planeta requer.

Em janeiro de 2010, o Climate Principles publicou um relatório de revisão de progresso, onde é apresentado o que cada banco tem feito sobre o assunto. A PriceWaterHouseCoopers fez uma avaliação de quão avançados estavam os níveis de implementação de cada princípio em cada banco. Porém a metodologia não é clara e não esclarece a relação entre as evidências de práticas e o programa de reduções. Assim, apesar do relatório mencionar programas maduros, a maioria das práticas levantadas no mapeamento são ações pontuais.

4.2.2. Outras Iniciativas Empresariais sobre Mudanças Climáticas Há ainda outras iniciativas, também apoiadas por instituições financeiras, mas que não endereçam os aspectos específicos do setor, ou o fazem de maneira indireta. Estas iniciativas foram utilizadas na medida em que eram relevantes às instituições financeiras.

CDP - Carbon Disclosure Project: Coalizão de fundos de pensão, com ativos que totalizam 41 trilhões de dólares, possui a maior base de dados sobre a atuação das empresas em mudanças climáticas.

GHG Protocol: Lançado em 1998, tem como missão desenvolver um padrão de contabilização e divulgação de emissões corporativas de Gases de Efeito Estufa (GEE) que seja aceito internacionalmente e promover sua ampla adoção.

4.2.3. Iniciativas em Finanças Sustentáveis PRI - Principles for Responsible Investment: Iniciativa da força tarefa para

Finanças Sustentáveis do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI, em inglês). Consiste em princípios para alinhar investidores institucionais aos objetivos mais amplos da sociedade. Apesar do foco mais geral, há algumas iniciativas em mudanças climáticas, pontuais, que são apoiadas pelo PRI.

Protocolo Verde: Documento público no qual bancos públicos brasileiros e posteriormente a FEBRABAN20, assumiram o compromisso com princípios de sustentabilidade nos processos de financiamento e gestão. Como um protocolo de intenções, não apresenta medidas claras, inclusive sobre mudanças climáticas.

19 BankTrack, 2009 20 Em Abril de 2009 Ministério do Meio Ambiente e a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) assinaram o protocolo de intenções representando os bancos privados.

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Princípios do Equador: Conjunto de princípios desenvolvidos e adotados voluntariamente por algumas instituições financeiras no mundo todo aplicável somente a grandes projetos de financiamento conhecidos como project finance. Para tanto, aplica os Padrões de Desempenho desenvolvidos pelo IFC – Banco Mundial. Atualmente estes padrões não versam claramente sobre Mudanças Climáticas, mas sobre poluição.

GRI – Global Reporting Initiative: Produz diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade, focando não apenas o conteúdo final, mas também seu processo de elaboração, que deve pautar-se por uma série de princípios relacionados à sustentabilidade, à Responsabilidade Empresarial e às boas práticas de governança. Há quatro indicadores que abordam especificamente mudanças climáticas. Nenhum deles menciona emissões financiadas.

ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa: A metodologia de seleção do índice inclui um questionário ambiental específico para instituições financeiras com perguntas diretamente relacionadas com Mudanças Climáticas (versão 2009).

Força Tarefa de Finanças Sustentáveis do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI, em inglês): Parceria entre a UNEP e o setor financeiro, conta com mais de 190 instituições, incluindo bancos, seguradoras e gestores de fundos. Juntos, buscam entender como considerações ambientais e sociais impactam seu desempenho financeiro.

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5. Mapeamento Nesta seção são apresentadas as iniciativas mapeadas já enquadradas conforme a forma de atuação (emissões direta ou emissões financiadas) e conforme a demanda atendida. As iniciativas coletivas e individuais encontradas estão relatadas nas tabelas 4.2 e 4.3 respectivamente, e resumidas na tabela 4.1 abaixo.

Foram 66 iniciativas mapeadas, 20 (30,3%) de origem coletiva e 46 (69,7%) de origem individual, 11 (16,6%) iniciativas são de entidades brasileiras. Chama a atenção o fato de que para a demanda de afastamento de setores de maior emissão (Demanda 1) não foram encontradas iniciativas correspondentes, assim como para as demandas de mensuração dos impactos gerados (Demandas 2.d e 7.e)21. A maior parte das iniciativas endereça a questão de mudanças climáticas via ações de minimizar emissões (33%), ações de conscientização (33%) dos públicos interno e externo ou em redução de emissões operacionais (17%).

Algumas instituições encabeçam e/ou participam em várias iniciativas como o caso do Crédit Agricole (10), Swiss Re (9) e o Standard Chartered Bank (7), que juntos representam 59% das iniciativas individuais. Em termos de área de atuação, a resseguradora Swiss Re traz sete iniciativas em seguros e mudanças climáticas, seguem iniciativas nas áreas de financiamento (6) e gestão de ativos (7).

Para além das seguradoras, dentre os bancos, há pouca iniciativa de gestão do risco de exposição a setores mais emissores. Dentre as iniciativas coletivas o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA é o que incorpora mais ações (5).

Tabela 4.1 - Quadro Resumo Todas as Iniciativas Iniciativas coletivas Iniciativas Individuais Demandas N % N % N % 1. Afastar-se - 0,00% - 0,0% - 0,00% 2a. Minimizar - Relatar 2 3,03% 1 5,0% 1 2,17% 2b. Minimizar- Metas 3 4,55% 2 10,0% 1 2,17% 2c. Minimizar- Ferramentas 9 13,64% 3 15,0% 6 13,04% 2d. Minimizar- Medir - 0,00% - 0,0% - 0,00% 3. Tecnologia Limpa 7 10,61% - 0,0% 7 15,22% 4a. Polêmica - Carbono 5 7,58% - 0,0% 5 10,87% 4b. Polêmica - nuclear 1 1,52% 1 5,0% - 0,00% 5. Riscos 6 9,09% 2 10,0% 4 8,70% 6a. Conscientizar - Geral 9 13,64% 2 10,0% 7 15,22% 6b. Conscientizar- Aplicado 13 19,70% 4 20,0% 9 19,57% 7a. Operacional - Relatar 5 7,58% 4 20,0% 1 2,17% 7b. Operacional - Metas 1 1,52% - 0,0% 1 2,17% 7c. Operacional - Ferramentas 3 4,55% 1 5,0% 2 4,35% 7d. Operacional - Outros 2 3,03% - 0,0% 2 4,35% 7e. Operacional - Medir - 0,00% - 0,0% - 0,00% Total 66

20

46

Fonte: autores

21 Neste quesito, foi mapeado: uma pergunta no questionário ISE e a decisão de um Banco sobre qual seria o ponto de partida para o monitoramento de emissões financiadas.

17

Legenda: Mudanças Climáticas: MC Cores e Forma de atuação das instituições financeiras:

Emissões Financiadas Emissões Financiadas e Diretas Emissões Diretas

18

Tabela 4.2 - Iniciativas Coletivas Demanda Iniciativa Atuação em mudanças climáticas

1. Afastar-se Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

2a. Minimizar - Relatar

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre existência de inventário de emissões financiadas (AMB IF-15)

2b. Minimizar- Metas

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos (conforme apresentados na metodologia)

2c. Minimizar- Ferramentas

Carbon Principles Diretrizes para due dilligence

IIGCC Guidelines Guia de MC para investidores

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre incorporação de critérios com relação a MC na política socioambiental de avaliação de crédito/risco (AMB IF-14)

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre existência de metas para redução de emissões financiadas (AMB IF-15)

2d. Minimizar- Medir

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

3. Tecnologia Limpa

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

4b. Polêmica - nuclear

Carbon Principles Apóia energia nuclear

5. Riscos

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre consideração de MC no desenvolvimento de novos produtos e serviços (AMB IF-16)

GRI Indicador econômico de desempenho: relato sobre oportunidades frente a MC para oferecer novos produtos, serviços ou encaminhar desafios (EC2)

6a. Conscientizar - Geral

PRI Pesquisa sobre envolvimento de instituições financeiras em iniciativas MC

Protocolo Verde Carta de intenções assinada por bancos, menciona MC

6b. Conscientizar - Aplicado

CEBDS Avaliação do potencial de estragos e de oportunidades para o sistema financeiro - setor frigorífico.

CDP Fonte de informação para investidores sobre inventários de emissões de GEE

Climate Principles Publicação sobre desempenho dos bancos signatários com relação aos princípios da iniciativa

IIGCC Public Policies Demand

Publicação onde IGCC declara necessidade de políticas públicas para MC

7a. Operacional - Relatar

CDP Consolidação e comunicação de inventário

GHG Protocol Metodologia para inventário de emissões de carbono nas empresas

GRI Comunicação de inventário (EN16-18)

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre cobertura de inventário e resposta ao questionário do CDP (AMB-IF 15)

7b. Operacional - Metas

ISE Bovespa Pergunta para bancos sobre existência de metas para redução de emissões financiadas (AMB IF-15)

7c. Operacional - Ferramentas

CDP Níveis de envolvimento com MC

7d. Operacional - Outros

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

7e. Operacional - Medir

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

Fonte: autores Legenda: Mudanças Climáticas: MC Cores e Forma de atuação das instituições financeiras:

Emissões Financiadas Emissões Financiadas e Diretas Emissões Diretas

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Tabela 4.3 - Iniciativas Individuais Demanda Instituição Financeira Atuação em mudanças climáticas

1. Afastar-se Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

2a. Minimizar - Relatar

Bank of America Ponto de partida para gestão de portfólios: acompanhamento e relato nas emissões de GEE do portfólio de energia e utilidades

2b. Minimizar - Metas

J.P. Morgan Chase Redução de 20% nas emissões financiadas em Real State até 2012

2c. Minimizar - Ferramentas

HSBC Índices de MC: HSBC Low Carbon Index, HSBC Climate Change Index

Standard Chartered Bank Ferramenta de gerenciamento de risco22 instrui gerentes a encorajarem clientes a publicarem suas emissões

Nossa Caixa Linha de Financiamento para projetos da iniciativa privada que proporcionem a redução de emissões de gases de efeito estufa23

Bradesco Linha de crédito destinada a clientes pessoa jurídica que pretendam contratar projetos de redução de emissões de GEE.24

Crédit Agricole Produto: Empréstimos para aumentar a eficiência energética de residências antigas

Bradesco Área de gestão de Crédito de Carbono: apoio para clientes corporativos reduzirem suas emissões

2d. Minimizar- Medir

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

3. Tecnologia Limpa

Crédit Agricole (Grupo) Produto: CAAM Funds Clean Planet. Busca investir 2/3 dos ativos em empresas de energia limpa, eficiência energética e tratamento de lixo

Crédit Agricole Produto: Fundo para energias renováveis (Capenergie)25

J.P. Morgan Chase Investimento em energia renovável: US$2,4 bilhões até o final de 2008.

Swiss Re Produto: Fundo para energias alternativas

Crédit Agricole Produto: pioneiro em seguro para painel solar. Sua provisão é revertida em apoio para o crescimento de energias renováveis

Munich Re Produto: soluções tradicionais, customizadas para energia renováveis. Ex.: cobertura para garantia de performance de módulos fotovoltaicos

Swiss Re Produto: seguro para tecnologia de energia renovável, ex. eólica e solar

4a. Polêmica - Carbono

Crédit Agricole Produto: Fundo para energias renováveis (Capenergie) inclui energia térmica

Standard Chartered Bank Mesa de operações de Dióxido de Carbono (CO2) permite aos clientes acesso ao EU-ETS, CDM, e mercados voluntários

Crédit Agricole Mesa de operações de Dióxido de Carbono (CO2)

Bank of America Joint venture com Climate Exchange plc (CLE) para desenvolver produtos e serviços relacionados a CO2, usando CLE-linked offsets para o varejo e corporate banking

Swiss Re Time específico para estruturação de riscos e transferência de produtos para fundo de CO2, compliance buyers e transações em mercados secundários de carbono.

5. Riscos

Crédit Agricole Produto: financiamento para produtores se precaverem das MC

Swiss Re Produto: seguro para danos naturais influenciados pelas MC

Standard Chartered Bank Avaliação de riscos do portfólio de empréstimos por exposição do setor e geográfica

22 Environmental and Social Risk Assessment Tool 23 Motivada pela política Estadual de Mudanças Climáticas de São Paulo 24 Processos para melhoria da eficiência na utilização/transmissão de energia; desenvolvimento de novas tecnologias energéticas limpas; substituição de combustíveis poluentes; reflorestamentos 25 Energia eólica, solar, termal, fotovoltaica, geotérmica, biomassa e hidrelétrica. Também inclui infra-estrutura para o setor de energia eólica e de biomassa.

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5. Riscos Swiss Re Diretrizes para identificação de riscos emergentes relacionados às MC

6a. Conscientizar- Geral

Swiss Re Subsídio para investimentos de funcionários em projetos de redução de emissões de carbono

HSBC Guia setorial para apoiar gestores do banco no diálogo sobre riscos e oportunidades das MC

Crédit Agricole Guia sobre produtos/serviços do banco que reduzem emissões de CO2

Standard Chartered Bank, Itaú Unibanco

Simulador de carbono com acesso público

Standard Chartered Bank Carta de compromissos para com as MC

Standard Chartered Bank, HSBC

Educação de funcionários sobre MC

Standard Chartered Bank Treinamento de funcionários sobre riscos de MC

6b. Conscientizar- Aplicado

Royal Bank of Scotland Pesquisa sobre riscos de enchente

Munich RE Mapeamento global de desastres naturais

Munich Re, Swiss Re Publicações sobre produtos e setores com relações diretas a underwriting , gestão de riscos e estratégias de hedging

Munich Re Pesquisa sobre os impactos econômicos das MC em todos os aspectos da indústria de seguros e resseguros, em parceria com universidade

Crédit Agricole Pesquisa sobre MC: nexos entre desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e finanças, em parceria com universidade

J.P. Morgan Chase Pesquisa sobre MC: riscos e oportunidades

HSBC Pesquisa sobre expectativas da sociedade sobre as MC - Climate Confidence Monitor

Swiss Re Publicações sobre MC

Itaú Unibanco Produtos: Itaú DI Ecomudança e Itaú RF Ecomudança. Revertem 30% da taxa de administração para o apoio a projetos que reduzem a emissão de gases causadores do efeito estufa26

7a. Operacional - Relatar

Crédit Agricole, HSBC, Munich RE, Standard Chartered Bank, Swiss RE

Relato do inventário

7b. Operacional - Metas

Barklays Meta de redução de 2% das emissões operacionais por funcionário27

7c. Operacional - Ferramentas

Swiss Re Programa de eficiência de energia. Redução de 30% das emissões (2003- 2009)

Crédit Agricole Ferramenta de car-sharing para funcionários

7d. Operacional - Outros

Standard Chartered Bank Campanha para redução de correspondência física

National Australia Bank Group

Parceria com fornecedor para cartões de crédito carbono neutro

7e. Operacional - Medir

Não foram encontradas iniciativas que se enquadrassem nos critérios estabelecidos

Fonte: autores Legenda: Mudanças Climáticas: MC Cores e Forma de atuação das instituições financeiras:

Emissões Financiadas Emissões Financiadas e Diretas Emissões Diretas

26 Eficiência Energética; Energias Renováveis; Manejo de Resíduos 27 Ao invés de reduzir 2% suas emissões por funcionário, o banco terminou o período com aumento de 31%. O Banco justifica que reduziu o se quadro de funcionário e fez novas aquisições neste período.

21

6. Análise Crítica A análise descritiva das demandas atingidas revela claras lacunas na cobertura proposta hoje pelos processos voluntários. A análise qualitativa dos detalhes pode ser ainda mais reveladora. É perceptível que algumas áreas são de mais fácil empreendimento que outras e que políticas restritivas são evitadas. As políticas de crédito e risco, sempre que expressadas de forma clara e objetiva, representam o maior compromisso do setor financeiro com princípios ou diretrizes. Por este motivo, são chamadas aqui de iniciativas fortes, porém estas não foram encontradas entre as iniciativas. Ademais, mudanças climáticas não parecem representar um ameaça (risco latente) para os bancos e, portanto, a restrição traria apenas uma diminuição do mercado, e abertura de espaço para os concorrentes.

Neste ponto, as iniciativas coletivas também falham, pois como são tratados voluntários sempre deixam espaço para os não engajados. As iniciativas coletivas trazem, em sua maioria, o desafio da fiscalização e de prestação de contas. Um desafio que fica claro na ao notarmos a inexistência de mensuração de resultados em termos de emissões evitadas. Portanto, nenhuma das iniciativas aqui levantadas pode ser comprovada na eficiência de seus objetivos e nos seus impactos. Até este momento o processo parece restrito a iniciativas voluntárias e a cerimoniais de intenções28, e não às apurações dos fatos.

Da mesma forma que não se conhece o impacto das medidas para a sociedade, não se conhece a representatividade das mesmas nos respectivos portfólios das instituições financeiras. O número de iniciativas pode impressionar, mas a importância das mesmas advém dos volumes de negócios abrangidos e dos impactos destes em termos de emissões evitadas. O papel do setor financeiro é mandatório tanto na aceleração de novas tecnologias e processos, como na obsolescência dos modelos produtivos intensos em emissões. O apoio ou o abandono dos agentes de financiamento são crucias no desenvolvimento econômico.

A efetividade de medidas passa pelos instrumentos de regulação e controle da atividade financeira, além da disponibilização de recursos financeiros, é preciso uma orientação creditícia para redução de emissões. Isto é, é preciso um sistema onde informações sobre impactos em mudanças climáticas façam parte do processo decisório de crédito e risco. Tal proposta não pode ser deixada à mercê das iniciativas individuais e controles internos, a exemplo de regulações e controles exigidos para a gestão de riscos do sistema bancário, a redução de emissões financiadas também só será efetiva se tratada por marco regulatório. Portanto, o levantamento deverá dar subsídios às discussões dentro do setor e com especialistas, na busca de propostas regulatórias.

28 Brito, 2009

22

7. Referências

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23

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