projeto de pesquisa mhtx - cap 4 - o processo de análise de assunto

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    Projeto de Pesquisa MHTX

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    CAP. 3 SUMRIO ESTRUTURA FACETADA MAPACONCEITUAL CAP. 5

    4 O PROCESSO DE ANLISE DE ASSUNTO

    Este captulo d nfase primeira etapa da indexao,considerada por muitos como a etapa intelectual dotrabalho do indexador, mostra a diviso do processo emfases e sua interdisciplinaridade com outras reas doconhecimento.

    O processo de ler um documento para extrair conceitosque traduzam a sua essncia conhecido como "Anlisede assunto", para alguns, como anlise temtica, paraoutros, ou, ainda, como anlise documentria, anliseconceitual ou, mesmo, anlise de contedo. Como sepode ver, trata-se tambm de um processo em que huma certa confuso conceitual e para o qual aparecemdiferentes concepes.

    Segundo CESARINO & PINTO (1980), a Anlise de assunto... a operao base para todo o procedimento derecuperao de informaes. Para as autoras,normalmente so duas as situaes nas quais osbibliotecrios fazem Anlise de assunto: (a) quandorecebem um documento e devem dar entrada deste num

    sistema de informaes. Fazem uma anlise com oobjetivo de determinar o contedo informativo dodocumento, tendo em vista o objetivo do sistema e asnecessidades dos usurios (b) ao receberem um pedidode informao, quando, ento, devem fazer uma anlisedeste com o objetivo de compreender a necessidade deinformao transmitida pelo usurio, identificar osconceitos existentes no pedido e traduzi-los para alinguagem adotada pelo sistema. Ambas as situaes tmpor objetivo identificar a necessidade de informao dousurio. No se justifica a adoo de procedimentossofisticados que no atinjam esse objetivo. O sistema de

    recuperao que no tiver como base uma eficienteAnlise de assunto certamente no conseguir atingi-lo.

    O propsito de LANGRIDGE (1989), em seu trabalho, distinguir Anlise de assunto de outros processos, emclassificao e indexao. De acordo com seu ponto devista, o termo tem aparecido com significados diferentes,citando-se o caso, por exemplo, de um trabalho editadopor Mai Chan et al., que diz respeito construo delinguagens e seu uso. Langridge afirma ser o assuntoamplo, para o qual poderia ser mais apropriado usar-se otermo geral "indexao", ou uma longa fraseexplanatria. Afirma ainda que o termo "Anlise deassunto" necessita de um sentido preciso, o qual, paraele, o conhecimento do contedo dos documentos e adeterminao das suas caractersticas significantes.Considera, alm disso, no ser este um termo

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    completamente satisfatrio, uma vez que a palavraassunto ambgua.

    interessante a observao de que o termo "Anlise deassunto" aparea na literatura com diversos sentidos. Huma confuso com relao ao real significado do termo,verificando-se que essa situao acarreta dificuldadesgeneralizadas, tanto para os indexadores, quanto para osprofessores que ministram disciplinas na rea, no

    momento de transmitir aos alunos conhecimentos sobreesse tema. Conseqentemente, tambm o usurio podeser vtima dessa situao, no momento de buscar ainformao de que necessita (NAVES, 1996).

    Durante o Programa Cranfield Indexing Research (1957),a expresso "Anlise de assunto" foi usada como a maissatisfatria alternativa. Levanta-se aqui a seguinteindagao: qual o termo mais adequado para nomear talatividade? Para respond-la, seria necessrio um estudomais profundo sobre o tema, junto a especialistas,

    procurando-se conhecer as justificativas que os levam aadotar esse ou aquele termo.

    Segundo HARRIS (1970), Anlise de assunto pararecuperao uma rea que sempre pareceenganadoramente simples para aqueles sem prviaexperincia nisso. Essa falsa idia ocorre por absolutodesconhecimento da complexidade do processo, queexige esforos por parte do profissional, no caso oindexador, no sentido de seguir uma metodologiaadequada para obter resultados satisfatrios em seutrabalho, e sabe-se que uma das formas de avaliar a

    eficcia desse pode ser atravs dos resultados obtidos nomomento da recuperao da informao.

    TODD (1992) concorda com essa opinio. Segundo ele, aliteratura de indexao declara que a eficcia darecuperao da informao atribuda maneira pelaqual documentos so representados atravs daindexao.

    Trs diferentes conceitos, ou pontos de vista, sopropostos sobre Anlise de assunto:

    a. Concepo simplista considera os assuntoscomo entidades simplistas absolutas, que podemderivar de uma abstrao lingstica do documento,ou de dados que podem ser somados. Lida com ainformao explcita que extrada do documento.b. Concepo orientada para o contedo envolveuma interpretao adicional do contedo, que vaialm dos limites da estrutura lxica e gramatical,com o estabelecimento de assuntos que no estoexplicitamente colocados no texto, mas que sofacilmente identificados pelo indexador,envolvendo, portanto, uma abstrao mais indiretado documentoc. Concepo orientada pela demanda considera oassunto numa perspectiva de transferncia doconhecimento. Segundo esta concepo, osdocumentos so criados e deveriam ser tratados

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    como instrumentos para transmisso deinformaes s pessoas interessadas. Ao analisarum documento, o indexador no deve limitar-se arepresentar ou resumir apenas a informaoexplcita no documento mais do que isso, deveperguntar-se: Como eu poderia tornar essecontedo, ou parte dele, visvel para o usuriopotencial? Que termos deverei utilizar para levaresse conhecimento at o leitor interessado?

    (ALBRECHTSEN, 1993).

    Os trs conceitos, ou pontos de vista, citados soimportantes e pode-se afirmar que (b) e (c) secomplementam. No entanto, a concepo orientada pelademanda j pode ser vista como uma fase posterior Anlise de assunto propriamente dita, considerando seressa a etapa em que a preocupao traduzir osconceitos extrados do documento para os termos de umalinguagem de indexao.

    O autor acima citado prope uma definio de Anlise deassunto: ...pode ser definida como o processo intelectual

    pelo qual os assuntos de um documento so analisadospara subseqente expresso na forma de dados deassunto (p.219).

    So vrias as questes levantadas com relao determinao do contedo do documento e uma delas ade FOSKETT (1973), que indaga:

    Como podemos determinar o assunto deum documento de modo a especific-lo?

    A resposta bvia seria: ...ler odocumento, porm nem sempre isso to til quanto parece. No dispomos detempo para ler na ntegra todo itemacrescentado ao acervo e, mesmo quedele dispusssemos, talvez nocompreendssemos o seu contedo(p.23).

    O autor sugere alguns atalhos a tomar: ler o sumrio, oprefcio ou a introduo, o comentrio do editor naorelha da obra, o resumo, dentre outros. Salienta sobre a

    necessidade de se atentar para os ttulos que, muitasvezes, so escolhidos para chamar a ateno e no paraindicar o assunto abordado.

    A viso simplista de Foskett, acima, pode ser comparada concepo simplista de Albrechtsen, citadaanteriormente, segundo a qual lida-se com a informaoexplcita que extrada do prprio documento. Valeressaltar a preocupao do primeiro com relao aosttulos dos documentos. A indexao baseada nos ttulosdos documentos, ao mesmo tempo em que pode serconsiderada rpida e fcil, por outro lado pode tornar-se

    uma armadilha para indexadores e usurios, na medidaem que as palavras de ttulos muitas vezes fogem aoverdadeiro contedo do documento.

    LANGRIDGE (1989) afirma que os contedos de um livrodeveriam ser o que eles so, mesmo se no tivesse

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    classificao ou cabealho de assunto. De acordo com seuponto de vista, ...anlise de assunto sempre a mesma

    porque ela se relaciona ao documento, e no ao sistema.Nesse sentido, confirma-se a opinio de que, quando aAnlise de assunto relaciona-se ao sistema, ela j nodeve ser considerada "Anlise de assunto", e sim umaetapa de traduo para uma linguagem de indexao. Oindexador, quando preocupado e influenciado pelostermos do vocabulrio do sistema, deixa de exercer a

    atividade livremente, correndo o risco de perder termosem que seu conhecimento prvio, experincia, enfim,todos os seus processos cognitivos envolvidos, poderiamauxili-lo. Para LANCASTER (1993), essa etapa no deveser influenciada pelas caractersticas do vocabulrio a serutilizado na etapa de traduo, isto , o indexador devedecidir, primeiramente, quais os tpicos que precisam serrepresentados, para s depois verificar se o vocabulriopermite ou no representar esses tpicosadequadamente. O indexador no deve ignorar um tpicoporque sabe, ou desconfia, que ele no pode ser expresso

    adequadamente.Verifica-se, no exame da literatura especializada emBiblioteconomia e Cincia da Informao, que o termo"Anlise de assunto" o mais comumente utilizado, masque grande parte dos autores que tratam do tema oconsideram ou como a etapa de traduo dos conceitosextrados dos documentos para um vocabulriocontrolado, ou at mesmo do processo de indexaocomo um todo. MOELLER (1981), por exemplo, determinacomo ttulo para seu artigo, Subject analysis in theLibrary: a comparative study. Trata-se, no entanto, de

    um estudo comparativo de dois sistemas de classificaousados na State Library (AAHUS) a CDD (ClassificaoDecimal de Dewey) e a SLC ( Sistema desenvolvido pelaprpria biblioteca). Outra publicao que lida com aAnlise de assunto num sentido diverso a renomadaARIST (Annual Review of Information Science andTechnology), que tratou do tema em vrios de seusnmeros. Mas, na verdade, trata-se aqui do processo deindexao no sentido mais amplo. Diferente enfoque deAnlise de assunto tambm foi concedido na reviso deliteratura de TRAVIS & FIDEL (1982), e grande espao foidado ao controle terminolgico, tendo sido abordadosvocabulrios controlados e no controlados. Esses autoresdescrevem problemas ocorridos na rea de padronizaoe escolha do melhor termo para representar o conceito.Alm desses, vrios outros exemplos de empregosdiversos do termo "Anlise de assunto", poderiam sercitados.

    Um dos estudos sobre indexao que abordam, de fato, oque neste estudo se entende por Anlise de assunto ode CHU & O`BRIEN (1993). Para as autoras, muitosestudos sobre indexao so sobre ndices e uma parte

    desse processo tem sido negligenciada a Anlise deassunto e pouca nfase dada ao exame de como otexto analisado. Esse trabalho procura entender oprocesso de Anlise de assunto nos nveis macro e micro:quais as decises a serem tomadas a esse respeito, oque guia essas decises e o que auxilia ou dificulta o

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    processo.

    Uma definio de Anlise de assunto dada por VICKERY(citado por CHU & O`BRIEN, 1993):

    Anlise de informao` aqui significaderivar de um documento um jogo de

    palavras que serve como umarepresentao condensada do mesmo.

    Essa representao pode ser usada paraidentificar o documento, fornecer

    pontos de acesso na pesquisa liter ria,indicar seu contedo, ou como umsubstituto para o documento. (p.439)

    Esse mesmo autor acredita que a Anlise de assuntopossa ser feita de acordo com interesses diferentes, oque pode ocorrer principalmente em textos nocientficos. Por exemplo, cita o texto Prefaces de GeorgeBernard Shaw, valioso por sua informao autobiogrfica,que pode ser analisado por sua crtica social, ou pelos

    diferentes comentrios dos autores. Cada interesserepresenta um ponto de vista pelo qual uma Anlise deassunto deve ser feita.

    GARDIN (1973), de acordo com a abordagem francesa,utiliza o termo anlise documentria e, segundo ele, esta entendida como a extrao do significado dedocumentos, no caso em estudo, documentos escritos. Ainfluncia francesa observada nos trabalhos deKOBASHI (1996) e, para ela, a elaborao de informaesdocumentrias de natureza textual supe a transformaode um objeto (documento) em outros objetos que possamrepresent-lo. Trata-se de uma modalidade especfica deanlise de textos, em que esses ltimos sodesestruturados, sintetizados e transformados em novostextos (resumos documentrios e termos de indexao),com base na distino entre informao essencial eacessria.

    A anlise documentria definida como um conjunto deprocedimentos efetuados com o fim de expressar ocontedo de documentos, sob formas destinadas afacilitar a recuperao da informao. Essa passagem de

    um texto original para um tipo de representao umaoperao semntica, mesmo que no obedea a nenhumaregra precisa e varie em funo de cada organismo e doanalista, que seleciona as palavras-chave, normalmentede forma intuitiva, em funo de sua ocorrncia e do seuinteresse para a instituio.

    Como se v, no estudo do processo de Anlise deassunto, necessrio que se fique atento confusoconceitual que gira em torno do tema, tendo-se verificadoque tanto ocorre que diferentes termos so atribuidos aomesmo processo, quanto o fato de que o mesmo termo

    seja dado a diferentes processos. Uma vez estabelecidoexatamente o que estudado nesta pesquisa, passa-se descrio das fases do processo de Anlise de assunto.

    4.1 Fases do processo de Anlise de assunto

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    O processo de Anlise de assunto, do ponto de vista doindexador, iniciado com a fase de leitura do texto. Paraisso, necessrio que se conheam tipos e estruturas detextos para iniciar-se a sua leitura com fins especficos.Aps essa leitura, passa-se fase da extrao deconceitos que possam representar o contedo temtico dotexto, para se chegar ao momento da fase derepresentao da atinncia, em que so definidos ostermos em linguagem natural que, depois de traduzidos

    para uma linguagem de indexao, passam a serchamados de descritores de assunto, cabealhos deassunto, palavras-chave, termos de indexao ouenunciados. Todas as fases do processo sofreminterferncia de fatores lingsticos, cognitivos e lgicos,o que d ao processo de Anlise de assunto um carterinterdisciplinar.

    4.1.1 A leitura do texto pelo indexador

    Esta pesquisa estuda a Anlise de assunto que se realizaem textos escritos e, para index-los, preciso que sejafeita uma leitura, no uma leitura na ntegra, mas umaleitura que possibilite a extrao de conceitos quesintetizem o contedo desses textos. Este item mostra aimportncia do texto como matria prima para a Anlisede assunto, de estruturas e de tipos de textos, bem comoa forma especfica da leitura que deve ser feita peloindexador.

    Neste estudo, texto considerado como o meio, oveculo que permite a comunicao de idias entre osujeito que cria e dissemina informao (emissor, no

    caso, o autor) e o sujeito que necessita e adquireinformao (receptor, no caso, o leitor). o objeto quepermite a transmisso das informaes contidas emdocumentos, sendo tambm visto como uma coleo desmbolos, os quais so intencionalmente estruturadospelo emissor para mudar a estrutura de imagem doreceptor. Existem textos orais mas, no caso em estudo, aateno fica restrita a textos escritos, maioriaesmagadora na produo cientfica de documentospublicados.

    A palavra texto , muitas vezes, confundida com

    documento, discurso, informao, dado, conhecimento ouat mesmo como literatura, que adotado por KAISER,citado por SVENONIUS (1978). Nas escolas francesa eanglosaxnica, muitas vezes os termos texto e discursoso usados como sinnimos. Van Dijk afirma que texto um conceito abstrato que se manifesta ou realiza emdiscursos concretos (BRNARDEZ, 1982).

    O texto considerado a unidade da anlise do discurso eo que caracteriza a relao entre discurso e texto, paraORLANDI (1987), o seguinte: eles se eqivalem, mas

    em nveis conceituais diferentes, ou seja, o discurso tomado como conceito terico e metodolgico, e o texto,em contrapartida, como o conceito analticocorrespondente, sendo o texto considerado uma unidadecomplexa de significao, tendo em vista as condies desua realizao. Pode ter qualquer extenso, desde uma

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    simples palavra, at um conjunto de frases.

    A esse respeito, GINEZ DE LARA (1993) considera que,para a anlise do discurso, o discurso um objetoconcreto e se prope invariavelmante como expresso dasubjetividade. Analis-lo implica extrapolar os aspectosque alguns tericos consideram puramente lingsticos dotexto. Cada discurso nico e a anlise tem como objetodiscursos individuais ou corpus bastante restrito. Essa

    uma viso estruturalista do discurso, tendo-se uma visomais atual em SANTOS (1996):

    A anlise do discurso tem sido, nosltimos anos, uma das reas de estudoda linguagem que mais tem recebidoateno de profissionais de diversossegmentos, devido ao seu carterinterdisciplinar. Consideram o processocomunicativo inerente s formas deexpresso, observando, por exemplo, ainteno do emissor, sua interao com

    o receptor, a adequao de mensagem,enfim, toda a mise-em-scne` docontrato comunicativo.(p.3)

    O texto um objeto material tomado fora do contexto desua produo, passvel, portanto, de ser analisado em simesmo. Enquanto no discurso se expressa o sentido-apropriado individual da significao articulada pelossistemas, no texto manifesta-se a significao comoveculo de informao (BENEVISTE, citado por GINEZ DELARA, 1993).

    Tomado num sentido mais cientfico, o termo texto nocorresponde ao seu uso comum. Refere-se ...a grupo deunidades lingsticas ligadas num conglomerado total deinteno comunicativa (PETFI & GARCIA BERRIO, citadospor PINTO MOLINA, 1995, p.226). A dificuldade de umadescrio cientfica do texto deriva do fato de que ele um sinal open ended, tendo um significado dinmico eaberto, sobre o que o documentalista deveria pensar emgrande profundidade. O estudo de macro smbolosdemanda a integrao interdisciplinar de variveissemiticas da linguagem: sintaxe, semntica e

    pragmtica. Segundo RENKEMA (1993), essas trs reasfazem parte, ento, da Semitica, que o estudo desinais, sendo: a sintaxe relao entre sinais e o sistemade sinal, a semntica relao entre sinais e os objetos aque eles se referem e a pragmtica relao entre sinais eas pessoas que os usam, lidando, portanto, com questessobre como os sinais funcionam.

    Conforme PINTO MOLINA (1994), o texto o ponto departida necessrio para operaes analtico-documentrias. Considera a perspectiva de contemplar,no texto, a presena dos elementos contedo e forma,

    como partes essenciais do mesmo. No seu estudo deanlise documentria, GINEZ DE LARA (1993) afirma queos textos veiculam informaes de diversas naturezas e,para a documentao, tradicionalmente, eles constituemos documentos, que so a matria prima da anlise

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    documentria.

    Para facilitar seu trabalho, necessrio que o indexadorconhea estruturas e tipos de textos. O sentido geral dotexto baseado na seguinte trilogia estrutural:microestrutura(estrutura superficial, que corresponde realidade fsica do texto e seus smbolos de significao,as palavras), macroestrutura (concebida como umtpico representativo hierrquico e coerente da unidade

    textual, envolvendo mnima estrutura da representaotextual sinttica-semntica), e asuperestrutura(estrutura retrica-esquemtica, um tipode esquema de produo convencional para o qual o texto adaptado, podendo ser considerado como transioentre estruturas de superfcie e de profundidade). ParaCINTRA (1987), os constituintes bsicos de umdeterminado tipo de texto que definem a suasuperestrutura. Ela afirma que pesquisas tmdemonstrado que leitores com conhecimento prvioespecfico sobre superestruturas textuais executam a

    tarefa de ler de forma mais fcil que leitores que novm essa superestrutura e, por isso, so obrigados a ummaior apoio na leitura palavra por palavra, dificultando aintegrao das informaes no texto como um todo. Oleitor que domina as superestruturas textuais capta commais facilidade as idias centrais do texto, pois tem comoparmetro a identificao dos constituintes bsicos.

    Segundo Van Dijk (citado por KOBASHI, 1996), asuperestrutura considerada um elemento fundamentalpara a apreenso do significado do texto. Ela permite aoleitor monitorar a leitura, de modo a integrar as vrias

    informaes textuais. A superestrutura , por definio,uma estrutura convencional, uma organizaoparadigmtica, e o processo de compreenso supe atransferncia das unidades semnticas identificadas notexto para esse esqueleto conceitual.

    A estrutura textual reflete o arranjo utilizado pelo autorpara a apresentao das informaes. Tais arranjosapresentam-se como esquemas formais de organizaode textos, a partir dos quais podem-se identificar traosbsicos que os caracterizam. O reconhecimento datipologia dessas organizaes pode conduzir, com maioreficcia, identificao das partes mais significativas deum texto (GINEZ DE LARA ,1993).

    Sabe-se, ento, que todo texto se constri segundoalguns princpios tipolgicos. Existe grande diversidade detipos de textos, e alguns tipos podem ser citados como ode E.Werlich, que desenvolve um modelo tipolgicotextual que leva em conta dois tipos de critriosfundamentais: os dados do contexto extralingstico,basicamente social, e as estruturas das oraes queformam a chamada "base textual". Seu modelo

    compreende os seguintes tipos: descritiva, narrativa,expositiva (sinttica e analtica), argumentativa einstrutiva. Outro tipo o de Grosse, que apresenta umatipologia baseada no conceito de funo textual,assinalando as seguintes funes: normativa, de contato,de indicao de grupo, potica, de automanifestao, de

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    ordem/exigncia, de transferncia de informao, e dasfunes que atuam simultaneamente. A cada uma dessasfunes corresponde um tipo de texto (BRNARDEZ,1982).

    A tipologia mais comumente utilizada divide os textos emnarrativos e informativos. Os textos narrativos secaracterizam pela marcao temporal cronolgica (no usodos diversos tempos para sinalizar diversos momentos

    narrativos, havendo referncias a diversos momentos notempo real da histria, uma vez que o momento em quese d a ao importante para o desenrolar da mesma)e pela causalidade (o porqu do fato, sua motivao, soimportantes tambm para desenvolver a estria). Para ostextos informativos, a classificao mais conhecida,segundo GIASSON (1993) a de Meyer, e compreende:descrio (d informaes de um sujeito e especificaalguns de seus atributos e caractersticas), enumerao(o texto apresenta uma lista de elementos ligados entresi por um ponto comum), comparao (texto que serve

    para comparar objetos, pessoas ou acontecimentos entres, tendo em conta suas semelhanas e diferenas),causa-efeito ( possvel identificar no texto uma relaocausal entre as idias) e problema-soluo(pergunta/resposta o problema antecede soluo).

    Dentre os textos informativos, pode-se reconhecer otexto cientfico e, nesse tipo de texto, o contedo quaseinteiramente determinado pelo autor geralmente,relatrios de pesquisa so altamente informativos e osautores os constroem numa estrutura convencional comintroduo, metodologia, resultados e discusso, o

    chamado modelo clssico. Para TIBBO (1992), esse no, entretanto, o formato tipicamente usado no campo dasHumanidades, que raramente incluem os tipos de seesmencionados, faltando-lhe qualquer tipo de padronizao.

    PINTO MOLINA (1994) faz tambm uma diferenciaoentre textos produzidos no campo das Cincias Naturaisdaqueles produzidos pelas Cincias Sociais eHumanidades, afirmando que h diferenas na retricaentre elas, acima de tudo quanto metodologia e importncia dada produo textual como um canal deexpresso.

    Uma vez identificadas a estrutura e a tipologiainformacional do texto, esse submetido a vriasoperaes documentrias, tais como anlise econdensao (resumos, enunciados, palavras-chave),representao, utilizando-se como instrumento comutadora linguagem documentria, que o transforma emmensagens de natureza diferente daquela que o originou.Por isso se afirma que a anlise documentria tem comoobjetivo recuperar e disseminar informao, e no textos,discursos ou documentos suportes materiais da

    informao. GINEZ DE LARA (1993) afirma... preciso entender tambm que nose recupera qualquer tipo deinformao (a expressiva, porexemplo), mas apenas informao

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    documentria. Esta se apresenta comoproduto especfico obtido atravs deprocedimentos documentri os a partirda informao original presente notexto, operada por instrumentosdocumentrios (p.41).

    O texto visto muito mais do que como a simples somadas frases e das palavras que o compem, e, para KOCK

    (1991), a diferena entre frase e texto no meramentede ordem quantitativa, e sim qualitativa. Passou-se entoa pesquisar o que faz com que um texto seja um texto,isto , quais os elementos ou fatores so responsveispela textualidade. BEAUGRANDE & DRESSLER (citados porCOSTA VAL, 1991) apontam sete fatores responsveispela textualidade: a coerncia e a coeso, que serelacionam com o material conceitual e lingstico dotexto, e a intencionalidade, a aceitabilidade, asituacionalidade, a informatividade e a intertextualidade,que tm a ver com os fatores pragmticos envolvidos noprocesso sociocomunicativo.

    Embora muitos autores desconsiderem a distino entrecoeso e coerncia, hoje em dia j se tornoupraticamente um consenso de que se tratam de noesdiferentes.

    O conceito de coeso textual apresentado porHALLIDAY & HASAN (citados por KOCK, 1991) como umconceito semntico, que se refere s relaes de sentidoexistentes no interior do texto e que o definem como umtexto. Segundo eles

    ...a coeso ocorre quando ainterpretao de algum elemento nodiscurso dependente da de outro. Um

    pressupe o outro, no sentido de queno pode ser efetivamente decodificadoa no ser por recurso ao outro (p.17).

    A coeso uma relao semntica entre um elemento dotexto e algum outro elemento crucial para suainterpretao e, por estabelecer relaes de sentido, dizrespeito ao conjunto de recursos semnticos por meio dos

    quais uma sentena se liga com a que veio antes, aosrecursos semnticos mobilizados com o propsito de criartextos. A coeso manifesta-se no nvel microtextual,referindo-se aos modos como os componentes douniverso textual, isto , as palavras que ouvimos ouvemos, esto ligados entre si dentro de uma sequncia.

    J a coerncia,segundo BEAUGRANDE & DRESSLER(citados por KOCK, 1991)

    ... diz respeito ao modo como oscomponentes do universo textual, ou

    seja, os conceitos e relaessubjacentes ao texto de superfcie somutuamente acessveis e relevantesentre si, entrando numa configuraoveiculadora de sentidos (p.18).

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    A coerncia vista como responsvel pela continuidadedos sentidos no texto, no se apresentando como merotrao do texto, mas como o resultado de uma complexarede de fatores de ordem lingstica, cognitiva einteracional. Manifesta-se, em grande parte,macrotextualmente, referindo-se aos modos como oscomponentes do universo textual, isto , os conceitos eas relaes subjacentes ao texto de superfcie, se unemnuma configurao, de maneira reciprocamente acessvel

    e relevante. Assim, a coerncia o resultado deprocessos cognitivos operantes entre os usurios.

    Para KOCH & TRAVAGLIA (1990), a coerncia que fazcom que o texto faa sentido para os usurios, devendoser entendida como um princpio de interpretabilidade,ligada inteligibilidade do texto, numa situao decomunicao e capacidade que o receptor tem paracalcular o sentido desse texto. Esse sentido deve ser dotodo, pois ...a coerncia global.

    Fazendo uma relao entre coeso e coerncia, FVERO(1993) afirma que os fatores de coeso so os que doconta da estruturao da seqncia superficial do texto, eos de coerncia os que do conta do processamentocognitivo do texto e permitem uma anlise mais profundado mesmo. Diante disso, pode-se afirmar que, para aAnlise de assunto de textos, interessa mais o estudo dacoerncia textual, j que se lida com a macroestrutura dotexto e a estruturao do sentido. Em resumo, tem-seque

    Todo falante de uma lngua tem a

    capacidade de distinguir um textocoerente de um aglomerado incoerentede enunciados e esta competncia lingstica. (...)Qualquer falante tambm capaz de parafrasear um texto,de resumi-lo, de atribuir-lhe um ttulo,de produzir um texto a partir de umttulo dado e de distinguir um textosegundo os vrios tipos de texto. Todasessas habilidades explicitamcompetncia textual (FVERO, 1993,p.6).

    Entre os fatores pragmticos de textualizao, aindasegundo Beaugrande e Dressler, citados por COSTA VAL(1991), a intencionalidade e a aceitabilidade se referemao ato da comunicao. A intencionalidade concerne aoempenho do produtor em construir um discurso coerente,coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem emmente, numa determinada situao comunicativa. Dizrespeito ao valor ilocutrio do discurso. A aceitabilidadeconcerne expectativa do recebedor de que o conjuntode ocorrncias com que se defronta seja um textocoerente, coeso, til e relevante. O terceiro fator a

    situacionalidade, que diz respeito aos elementosresponsveis pela pertinncia e relevncia do textoquanto ao contexto em que ocorre. a adequao dotexto situao sociocomunicativa. O quarto fator ainformatividade, que diz respeito medida na qual as

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    ocorrncias de um texto so esperadas ou no,conhecidas ou no, no plano conceitual e no formal. E oltimo componente definido pelos autores acima aintertextualidade, que concerne aos fatores que fazem autilizao de um texto dependente do conhecimento deoutro(s) texto(s).

    BEGHTOL (1986) discute a relao existente entre o textoe os outros textos derivados desse, que tambm tem sido

    chamada de intertextualidade e que, segundo a autora... o princpio por meio do qual a textualidade dequalquer texto surge da interao com outros textos(p.94). Para KOCH & TRAVAGLIA (1990) aintertextualidade pode ser de forma ou de contedo: (a)de forma: ocorre quando o produtor de um texto repeteexpresses, enunciados ou trechos de outros textos, ouento o estilo de determinado autor ou de determinadostipos de discurso (b) de contedo: pode-se dizer que,quanto ao contedo, a intertextualidade uma constante,pois os textos de uma mesma poca, de uma mesma

    rea do conhecimento, de uma mesma cultura dialogamuns com os outros.

    A existncia de vrias formas de intertextualidade inquestionvel e tem sido consistentemente reconhecidanas prticas tradicionais de catalogao e classificao.Existem relaes entre um trabalho e seus vriosmetatextos derivativos, como sumrio, resumo e suaexpresso numa linguagem documentria. O textooriginal chamado texto primrio, um sumrio ouresumo, texto secundrio, e a expresso do textoprimrio numa linguagem documentria,texto tercirio.

    So considerados textos independentes.

    Um novo texto surge na atualidade, o chamado textocontemporneo, que LEVY (1996) considera um textodinmico, ...correndo em redes, fluido,desterritorializado, mergulhado no meio ocenico dociberespao. o hipertexto, uma matriz de textospotenciais que se encontra num suporte digital e, porisso, permite novos tipos de leituras, nas quais osleitores podem criar, atravs de elos de ligao, seusprprios textos, modificando e acrescentando novostextos, imagens. O texto no definido, mas compe-sede dados atualizados em tempo real. Como se v, a novaconcepo de texto deixa confuso o indexador,responsvel pela organizao e tratamento dasinformaes que nele esto contidas.

    Para ter uma competncia textual preciso que, alm deconhecer o texto que tem em mos para anlise sobtodos os aspectos at aqui abordados, o indexador faadele uma leitura adequada, e sabe-se que um texto podegerar muitas leituras, interessando mais, neste estudo, aleitura para fins documentrios.

    A leitura um tema muito explorado na literatura eexistem diversos estudos sobre o tema em vrias reasdo conhecimento, abordados sob diferentes enfoques.Para que os contedos dos textos sejam assimilados ecompreendidos, preciso que as informaes sejam

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    processadas na mente do leitor. No estudo ligado squestes da recepo da informao, a leitura aparececomo um termo que ...no se apresenta como umconceito preciso e rigoroso(BIRMAN, 1994).

    Ao se considerar a leitura como uma prtica de darsentido perceptivo e intelectual a um texto, est sendoinserido, nesse contexto, o sujeito e toda a suacapacidade subjetiva de interpretar. Como conseqncia

    disso, o estudo da leitura torna-se interdisciplinar, porconect-la s Cincias Cognitivas e Semntica,principalmente.

    BARTHES & COMPAGNON, citados por BIRMAN (1994),sugerem que a leitura pode ser uma tcnica, uma prticasocial, uma gestualidade, uma forma de sabedoria, ummtodo e uma atividade voluntria. No aprofundamentode uma concepo de leitura, uma questo levantada: arelao do sujeito com o texto.

    Pode-se verificar que o conceito de leitura sofretransformaes ao longo da histria ocidental, econsidera-se que a constituio do leitor como intrpreteseja uma concepo de leitura bastante tardia, tendo sefundado na passagem de uma concepo semiolgica dosigno para uma concepo hermenutica.

    Na Semiologia, procura-se estabelecer a origem e areferncia da representao, enquanto na Hermenutica ainterpretao no se refere mais a uma suposta origem ea um objeto absolutos, mas remete a uma cadeia infinitade interpretaes (BIRMAN, 1994).

    Os avanos progressivos da leitura so abordados numacronologia feita por CHARTIER (1994), desde a leiturasilenciosa na Idade Mdia entrada no mundo da leituraextensiva do fim do sculo XVIII. Numa de suasreflexes, Chartier coloca a leitura como articulao detrs sries de transformaes: as tecnolgicas(revolues nas tcnicas de reproduo de textos), asformais (mutaes nas formas especficas do livro) e asculturais (mudanas em larga escala, tanto dascompetncias quanto dos modos de leitura).

    Esse autor cita um texto de Michel de Certeau, quecontrasta o escrito conservador, fixo, durvel com asleituras sempre na ordem do efmero. Para CHARTIER,a leitura no est, ainda, inscrita no texto. O sentido lhe imposto posteriormente e a interpretao feita porseus leitores. Em outras palavras, o texto em si no temsignificao, a no ser atravs de seus leitores. Citaainda Paul Ricoeur, que analisa a maneira como se d oencontro entre o "mundo do texto" e o "mundo do leitor".Esse processo de atualizao de textos exige considerarque as suas significaes sejam dependentes das formas

    pelas quais eles so recebidos e apropriados por seusleitores. Na anlise semntica do texto, esto presentes acrtica estruturalista, bem como as teorias literrias quereconstroem a recepo das obras.

    A leitura pressupe uma prtica de gestos, espaos e

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    hbitos. As vrias maneiras de ler distinguemcomunidades de leitores e tradies de leitura. Nessecontexto, a dimenso social do processo de leitura podeser identificada no abismo que surge entre alfabetizadose analfabetos, intensificando as desigualdades sociais. Noentanto, pode-se afirmar que ...o escrito est instaladono corao da cultura do analfabeto (CHARTIER, 1994),ou seja, estando presente nos rituais, nos espaospblicos, nos espaos de trabalho, o escrito se torna

    acessvel mesmo queles incapazes de ler, ou que tmapenas uma compreenso rudimentar, graas palavraque o decifra ou imagem que o desdobra.

    Outros fatores sociais tambm interferem nesseprocesso, como, por exemplo, as caractersticas dosleitores (sexo, gerao, adeses religiosas, gruposcomunitrios, tradies educativas e corporativas), poisinfluenciam na forma como ocorre a recepo dainformao nos mais diversos nveis.

    Na concepo moderna de leitura, ressaltado o papel doleitor como produtor do sentido, numa dinmica de forasque perpassa a relao do sujeito com o texto. ParaWIDDOWSON, citado por DELLISOLA (1999), ler umprocesso que envolve a combinao entre a informaotextual e a informao que o leitor traz para o texto. Huma espcie de "dilogo" entre o texto e o leitor.

    Um texto s existe se houver um leitor para lhe dar umsignificado... (CHARTIER, 1994). Uma reflexo sobre essaafirmativa pe em evidncia os dois componentesprincipais atuantes no processo de leitura: o texto e o

    leitor, numa alternncia de papis, ora de ativos, ora depassivos. Com relao ao valor do significado no texto,este estudo d-lhe destaque no item 4.1.3)

    Ao tomar a leitura como um processo interativoleitor/texto, trs fatores bsicos so apontados por KATO(1985) como suporte para a legibilidade: a qualidade dotexto, o conhecimento prvio do leitor e o tipo deestratgias que o texto exige. O carter interativo daleitura pode ser garantido pelo comprometimento dosaspectos cultural e ideolgico da linguagem tanto naproduo do texto quanto na recepo (CINTRA, 1987).

    Atualmente, parece ser consenso entre os especialistasem leitura que o processamento do ato de ler se dinterativamente, dependendo dessa interao a nocompreenso ou a compreenso de um texto. Essas duaspossibilidades no podem ser inteiramente atribudas aotexto, pois a legibilidade envolve outros elementos, almda boa formao de sentenas, da coeso e da coernciatextuais, ocorrendo que, mesmo apresentando todosesses elementos, o texto pode no ser compreendido(ORLANDI, 1987).

    A recepo da informao obtida do texto atravs daleitura d-se de forma diferenciada de leitor para leitor,pela maneira de cada um atribuir sentido a seu contedo.CANCLINI (1995) fala em "esttica da percepo",relativa experincia que os leitores absorvem das

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    obras, ...uma relao pura e imediata entre os sinais`emitidos pelo texto (...) e o horizonte de expectativa`do pblico para o qual dirigido.

    A leitura considerada por PINTO MOLINA (1995) como anica maneira de se ter acesso ao contedo de umdocumento, sendo um processo simultneo e nosimplesmente simtrico escrita. H uma naturezainterativa que depende tanto do texto, quanto do leitor,

    consistindo em uma srie de procedimentos coordenadosque incluem operaes perceptivas, lingsticas ecognitivas.

    Podem-se distinguir dois grupos de estratgias noprocesso de leitura: as cognitivas, que socomportamentos automticos e inconscientes, e asmetacognitivas, que supem comportamentos noautomticos, em que o leitor tem conscincia de comoest lendo. Essa distino feita por KATO (1985) e elaacredita que o texto legvel aquele que exige uma

    aplicao eqilibrada das duas estratgias. A autora duma abordagem psicolingstica ao processo de leitura.Na sua opinio,

    ...as pesquisas em leitura,principalmente na rea da psicologia eda psicolingstica, so unnimes emafirmar que, na leitura proficiente, as

    palavras so lidas no letra por letra,mas como um todo no analisado, isto, por reconhecimento instantneo eno por processamento analtico-

    sinttico (p.25).Para a autora citada, a leitura eficiente produto de trsprocessos distintos. Num primeiro processo, cada bloco(segmentos maiores que as palavras) seria analisado emcategorias correspondentes a palavras, atravs doconhecimento de regras lxico-sintticas, atuando estascomo unidades mnimas nesse processo, h um papelativo da memria superficial ou de curto prazo (Ver item4.2.3). O segundo processo seria o entendimento porrespostas instantneas do bloco, por poder ele serextrado, no de um lxico mental, mas de um glossrio

    mental. O terceiro processo seria o reconhecimento dossintagmas, feito atravs da leitura de um sintagmarecorrente no texto, que pode ser considerado como umtpico ou como um sub-tpico.

    Ainda seguindo o raciocnio de KATO, tem-se que a leiturade palavras e blocos pode se dar de trs maneiras:

    a. atravs da resposta instantnea diante doestmulo, devido existncia do item no acervo depalavras e blocos do armazm da memriapermanente, em sua forma e contedo

    b. atravs da resposta instantnea ao estmulodesse item no estado de conscincia, ou memria amdio prazo, do leitor, em sua forma e/oucontedoc. atravs da anlise e sntese dos componentes dobloco, reconhecidos por um dos trs processos aqui

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    hipotetizados.

    O processo de leitura depende da competnciacomunicativa do leitor, competncia essa que sofreinfluncia de vrios fatores e, dentre esses fatores,destacam-se : (1) a ao da memria que,incessantemente, relaciona o no conhecido ao conhecidoe (2) a participao da razo e suas atividadescomplementares de induo e deduo, anlise e sntese.

    CAVALCANTI (1989) v a leitura como um processo emdois estgios: reduo e mudana. A reduo refere-se traduo nas prprias idias do autor, implicando umasimplificao conceitual. Esse estgio caracterizadopela inter-relao entre o conhecimento prvio eacumulado do leitor e sua atribuio de relevncia spartes do texto. O leitor no passa por esse estgio semrealizar elaboraes que levam simplificaoconceitual. A mudana refere-se utilizao dainformao, isto , avaliao da informao processadana leitura de textos acadmicos, ou seja, na leituraanaltica. Esse estgio relacionado ao efeito que o textopossa ter nas estruturas de conhecimento e sistemas devalores do leitor, que so as reaes do leitor face aotexto. Para a autora, uma vez que o texto potencialmenterepresenta uma tentativa de mudar a viso de mundo doleitor, possvel identificar reaes diferentes emdiferentes leitores interagindo com um mesmo texto.

    Segundo essa autora, podem surgir problemas durantetodo um processo de leitura, como os apontados aseguir:

    problemas contingentes: so ligados, por exemplo,ao significado de uma palavra desconhecidaproblemas tticos: so relacionados organizaodo texto, por exemplo, a confuso entre os planosprincipal e secundrio do discurso, devido a falhado leitor ou do escritorproblemas modais devem ser resolvidos peloprprio leitor. Sua soluo, s vezes, depende dacompreenso de um conceito ou de uma teoriaproblemas ontolgicos so provenientes dascrenas ideolgicas do leitor, so construdos pelo

    leitor e geralmente resultam em comentrioscrticos sobre o texto.

    A interferncia desses vrios fatores torna a leitura umato subjetivo e individual, posto que o sentido dado aotexto lido sempre vai variar de leitor para leitor. Diantedisso, o que poderia ser afirmado com relao leiturapara fins documentrios? Existe algum modelo a serseguido? E com relao ao leitor/indexador?

    Sabe-se que um documento, inserido num Sistema deRecuperao da Informao, antes de ser lido pelo leitor,

    usurio final do sistema, lido por um leitor tcnico, oindexador, aquele que faz a leitura para finsdocumentrios. Esse tipo de leitura, conhecido comoleitura documentria ou leitura do indexador, tem certascaractersticas, no sendo realizada para lazer ouaprendizagem, nem prazerosa, muito pelo contrrio. O

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    alto grau de incerteza, ansiedade e responsabilidadecontido na atividade j mostra que a mesma traz poucasatisfao. um tipo de leitura bem racional e rpido,em que o leitor tcnico no tem chances de aproveitar aleitura, j que seu propsito o de extrair o contedoinformativo do texto, tendo em vista a sua posteriorrecuperao por um leitor interessado.

    Outro aspecto que merece ser ressaltado que o autor

    do texto, ao escrev-lo, tem em mente um determinadoleitor alvo para o qual direciona suas idias suasintenes no so dirigidas para o leitor/indexador e nolhe interessa se esse vai ter capacidade para interpretaras informaes que aquele texto est veiculando. CINTRA(1987) concorda com esse ponto de vista ao afirmar que,na leitura para fins documentrios, rompido o princpiode cooperao autor/leitor, j que o autor no previu odocumentalista como leitor, e que esse fator deve seracrescido complexidade natural do processo.

    As respostas quelas questes propostas na pginaanterior j podem ser previstas. Obviamente que,considerando o fator subjetividade, tudo o que for ditopode ser correto ou no, dependendo da interpretaoque as pessoas fazem a esse respeito. So vrias astentativas de se estabelecerem alguns critrios e desistematizar o processo, mas no h um consenso quanto forma mais adequada de se fazer essa leitura, visando extrao e ao posterior tratamento das informaescontidas no texto.

    PINTO MOLINA (1995) estabelece alguns passos.

    Inicialmente, o indexador deve fazer uma leitura rpidapara reconhecer as caractersticas fundamentais comoforma, classe e estrutura da informao. Nessa primeiraleitura, embora superficial, devem ser anotadasinformaes relevantes. Uma segunda leitura necessria, devendo-se concentrar nos cabealhos dodocumento, sees (objetivos, metodologia, resultados econcluses, no caso do texto cientfico), pois essascontm as estruturas do texto.

    A leitura do texto , ento, a primeira fase do processode Anlise de assunto e, a partir dela, o indexador partepara a prxima fase, que a da extrao, do texto, deconceitos que representem seu contedo. Os fatoreslingsticos, lgicos e cognitivos que interferem noprocesso de leitura so abordados no item sobreinterdisciplinaridade em Anlise de assunto.

    4.1.2 Extrao de conceitos

    Para definir em termos adequados o assunto de um texto necessrio que primeiro se extraiam os conceitos quenele esto contidos. Se, para fazer uma anlise

    conceitual, devem-se extrair conceitos, pergunta-se: oque um conceito? Como identific-lo? Qual a suaimportncia no processo de Anlise de assunto? Pararesponder a essas questes, so feitas, a seguir, algumasconsideraes sobre conceito, assunto e contexto, todoseles termos constantes no processo em estudo.

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    A base de todo o campo da cincia o seu corpoconceitual, constitudo e desenvolvido com muita reflexoe anlise crtica por parte de seus pesquisadores. Suarepresentao vem a formar o conjunto de termosrelativo a determinado campo, conjunto esse denominadoterminologia, utilizada, assim, para representar essecorpo conceitual (Ver item 5.2).

    importante a clareza no entendimento do que possasignificar o termo conceito, que tambm, muitas vezes, empregado com impreciso.

    Conceito a representao dum objetopelo pensamento, por meio de suascaractersticas gerais. Ao de formularuma idia por meio de palavrasdefinio caracterizao(AURLIO).

    Conceitos so unidades doconhecimento identificadas atravs de

    enunciados verdadeiros sobre um itemde referncia e representados por umaforma verbal (termo ou palavra)(MEDEIROS, 1986).

    ...um conceito realiza uma capturasobre o mundo real, uma operao quesepara de um todo fenomnico caticoum grupo de elementos (elementos soas coisas que encontramos no mundo e

    podem ser concretas ou abstratas).

    Distingue-os, empresta-lhes sentido.Faz vir a existncia o que antes eradesconhecido (embora existisse), revelasuas caractersticas, meio deconhecimento de referentes (oreferente surge com a conceituao doselementos, quer dizer, os elementos oucoisas se tornam apenas quando surgeum conceito que a eles se refere)(FERNANDES, 1993).

    ...unidade de pensamento, geralmente

    expressa por um termo ou letras comosmbolos, ou qualquer outro tipo desmbolos (ISO/1087)...construomental que serve para classificarobjetos individuais ou abstraes(ISO/704)...unidade de conhecimentoque d origem a uma unidade de

    pensamento, portanto arepresentao da verdade, verificvel e

    justificvel (Shuji Czehi)... (CURRS,1995).

    O conceito uma representao mentalabstrata (porque no representanenhum objeto concreto em particular)que nos permite categorizar os objetos(aqui, o termo inclui igualmente as

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    pessoas) (Fortin et Rouseau, citado porMONDAY, 1996).

    Um conceito definido, tambm, como um conjunto decaractersticas, que so os elementos dos conceitos etraduzem os atributos das coisas designadas. Acaracterstica mais geral chamada categoria, que oconceito na sua mais ampla extenso. Um dos nomes quemais se destacam na literatura ligada ao estudo da teoria

    do conceito o da alem Ingetraut Dahlberg. Segundoela, ...um conceito uma unidade de conhecimento,compreendendo afirmativas verificveis sobre um itemselecionado de referncia representado por uma formaverbal (DAHLBERG, 1987, p.125).

    Os conceitos so essenciais vida dos indivduos, poiseles simplificam sua percepo do ambiente e permitema identificao dos objetos que se encontram no seuambiente e o acrscimo de novos elementos aosesquemas individuais de cada um. Definir um conceito uma operao verbal e lgica bem clara, na qual se usauma srie de idias logicamente subordinadas parachegar a uma concluso geral.

    Alguns autores tratam do processo de formao deconceitos. SEVERINO (1980) descreve esse caminho e,para ele,

    ...o conhecimento humano inicia-se coma formao de conceitos. Conceito aimagem mental por meio da qual serepresenta um objeto, sinal imediato doobjeto representado. O conceito garanteuma referncia direta ao objeto real.Esta referncia dita intencional nosentido em que o conceito adquirido por

    processos especi ais de apreenso dascoisas pelo intelecto (...) se refere scoisas, a objetos, a seres, a idias, deuma maneira representativa esubstitutiva. Este objeto passa ento aexistir para a inteligncia. Mas, por suavez, o conceito simbolizado pelotermo ou palavra, ao nvel da

    expresso lingstica... (p.114).J para OLIVEIRA (1997), conceito visto como umaimagem subjetiva do mundo objetivo e revela aspectosessenciais, universais do objeto, abstraindo-se dosaspectos secundrios. Para formar o conceito de algo,faz-se uso de vrios processos mentais, como anlise,sntese, abstrao e generalizao.

    Anlise: operao mental que consiste em separarem partes, decompor, fragmentar um todo (objetoou fenmeno) em seus elementos constituintes

    Sntese: operao mental que, ao contrrio daanlise, consiste em recompor um todo a partir deseus elementos constituintes, a fim de compreend-lo em sua totalidadeAbstrao: operao mental que consiste emisolar ou separar, para consider-lo parte, um

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    elemento ou parte de um todo que no separvelna realidade, a fim de distinguir o particular(acidental) do geral (essencial)Generalizao: operao mental que consiste emestender a toda uma classe de objetos oufenmenos os elementos essenciais, gerais,universais, constatados num certo nmero deobjetos ou fenmenos da mesma classe.

    Conforme OLIVEIRA, dessa maneira que se formam osconceitos e quanto mais abstrato for o conceito maisgeral ele ser. Todos os quatro acima so processosmentais inseparveis.

    A construo de conceitos pode ser afetada por algunsfatores, como:

    a. percepo: esta que inicia o trabalho mental, a matria prima para o pensamentob. emoo e atitude toda emoo inclui pelomenos trs aspectos inter-relacionados:

    sentimentos, alteraes orgnicas e impulsos paraa ao. O termo atitude designa tipos depredisposio para a ao, como opinies,preconceitos e nvel de abstraoc. linguagem um sistema de smbolos verbais,palavras, elaborado e utilizado por umacomunidade humana para exprimir e comunicarsentimentos e pensamentos.

    Nas bases da Lgica, DAHLBERG (1992) afirma que osfilsofos alemes Immanuel Kant e Gottieb Fregeinferiram, j, a gerao do conceito pela predicao. Para

    a autora,

    ...um conceito criado pela predicaosobre um objeto de concernncia, ochamado referente`, originado nosescritos desses filsofos. Qualquer

    predicao sobre esse referente produzuma caracterstica do conceito dessereferente. A soma total dascaractersticas dessas predicaes

    possveis iro compor a soma total dascaractersticas de um conceito e assimdeterminar os contedos de umconceito (p.65).

    Os itens que entram na elaborao final completa doconceito so representados pelas relaes entre o objetode referncia, o prprio conceito e sua expressolingstica, incluindo: (a) a referncia de um item (darealidade) (b) as afirmativas sobre o item de referncia,produzindo os elementos ou caractersticas da unidade doconceito e a necessria verificabilidade (oucontrolabilidade) por outras dessas afirmativas e (c) adesignao por um termo representando a sntese doselementos do conhecimento. Esses itens so derivados dochamado "Tringulo do Conceito", verso do "TringuloSemntico", criado por Ogden & Richards em 1936, e queserve como modelo para as partes formais de umconceito.

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    No campo de Cincias Sociais, um Projeto Piloto daUnesco, de 1977, mencionado por DAHLBERG (1981), odenominado INTERCONCEPT, o qual estabelece critriosde seleo de termos (utilizando procedimentos indutivoe dedutivo), identificao de definies relevantes erepresentao de dados de conceitos concernentes a essarea.

    FARRADANE (1980), em seu estudo do escopo da Cinciada Informao, faz uma distino entre conceitos epalavras individuais, e acha que conceitos individuais soelementos de pensamentos e palavras individuais sosomente rtulos para os conceitos tratados na mente.Conceitos so conectados na mente por regras depensamento, mas essas regras no devem serconfundidas com gramtica e sintaxe, ou as regras dalinguagem, que variam de uma linguagem para outra.

    J FUGMANN (1985) distingue os conceitos como

    individuais ou gerais. Para ele, os individuais sorepresentados por nomes de coisas individuais, emlinguagem simples e sucinta, freqentemente por umasimples linha de caracteres alfanumricos, somente porexpresses lexicais. E os gerais so representados pornomes de classes de coisas e podem ser expressos emuma multiplicidade de expresses lexicais e no lexicais.

    LURIA (1994) cita VIGOTSKY, que explora dois tipos deconceitos: cientficos e cotidianos. Os conceitos cientficospodem ser aprendidos na vida acadmica e, depois, soestabelecidas conexes entre eles e os eventos da vida

    diria. So abstraes inculcadas pelo sistema social(cooperativa, liberdade). Os conceitos cotidianos soobjetos usados normalmente (rvore, sol, automvel).

    Essas consideraes sobre conceitos permitem que seintroduza a noo de "anlise conceitual", que nada mais do que a identificao dos tpicos estudados numdocumento e, para LANCASTER (1993), o processo dereconhecer o "de que trata" um documento se reveste deinteresse para uma determinada comunidade, pelo fatode contribuir para nossa compreenso de tpicos. Cita aabordagem prtica de Preschel e, para este, "conceito"significa "matria indexvel", e "anlise conceitual" apercepo, pelo indexador, de matria indexvel.

    A extrao de conceitos tem como produto um assunto,que representa o contedo informacional de um texto.Parece uma coisa bvia explicar o que assunto. Noentanto, para muitos, esse termo considerado ambguo. um conceito impreciso e difcil de definir e ensinar. Aessncia do tema e sobre o que o autor escreveu sooutras formas de designar "assunto". Uma pessoa pode,usualmente, selecionar um assunto de um item que ela

    compreende, pode parafrase-lo e registr-lo. Mas nopode estar apto a dizer como (por qual processo) elaseleciona e parafraseia o assunto. Essa idia deBERNIER (1965), e, para ele, as pessoas podem fazer ascoisas sem estar aptas a dizer precisamente como. Arespeito da questo, esse autor afirma que

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    ...identificao de assunto difcil de ensinar e aplicar,especialmente quando os assuntos so complexos ouimplcitos. A pessoa sem conhecimento no campoindexado acha impossvel a identificao consciente deassuntos.

    METCALFE (1977) acredita que h conflito e confuso nouso da palavra tanto para quem compila quanto paraquem consulta catlogos e ndices de assunto. H

    ambigidade no seu uso geral e especfico, bem como noseu uso por objetos de informao, geral e especial,concreto e abstrato, real e imaginrio. O autor concluique "assunto" no um termo satisfatrio narecuperao da informao, por causa dessaambigidade. No entanto, apesar da complexidade e faltade consenso entre os estudiosos, esse o termo maisutilizado na literatura.

    Segundo TODD (1992), nesse campo h uma considervelconfuso terminolgica. Ele cita autores como Cutter (que

    define assunto como tema ou tpico, podendo ou noestar no ttulo do documento), Kaiser (que toma"assuntos" como "coisas em geral", reais ou imaginrias,e as condies para design-las, que so chamadas"concretos e processo"), Ranganathan (que fala sobre opensamento contido no documento), Coates (queidentifica assunto como abstrao da idia globalcorporificada no contedo de uma unidade literria dada),e Vickery (que se refere ao tema a partir do qual livros,parte de livros, artigos ou parte de artigos so escritos).TODD acrescenta que, na literatura mais recente, apareceo uso do termo aboutness (neste trabalho, traduzido

    como atinncia, e tratado no item 4.1.3), como sinnimodo termo subject (assunto) de um documento.

    Talvez essa confuso terminolgica existente em torno dotermo "assunto" possa ser responsvel pela complexidadeque envolve a representao dos assuntos dosdocumentos. Sobre essa questo, merece destaque oartigo de HJORLAND (1992), que mostra o termo"assunto" como uma idia, ou num sentido objetivo(platnico), ou num sentido mais subjetivo. Considera oconceito de "assunto" como subjetivo-idealstico e comoobjetivo-idealstico. O primeiro, o autor acredita que sejaa expresso das percepes ou vises de um ou maisindivduos conceitos e assuntos so aquilo que subjetivamente compreendido ou entendido por eles.Portanto, a chave do conceito de assunto est no estudoda mente de algumas pessoas. J com relao aoconceito objetivo-idealstico, o autor pensa que esse noconsidera o assunto como subjetivo e, sim, tende aenfatizar aspectos da anlise terica e os torna absolutose, para ele, as idias existem independentemente daconscincia humana. Em sntese, a seguinte a suateoria sobre o que "assuntos" so: as potencialidades de

    documentos para o avano do conhecimento.A noo de "assunto" de um documento indeterminada,pois h casos em que impossvel, em princpio, decidirqual de duas diferentes e igualmente precisas descries, a descrio do assunto, ou se o documento tem dois

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    assuntos ao invs de um. De duas descries, que noso descries de uma mesma coisa, pode ser impossveldizer qual precisamente descreve o assunto. Quanto maisvaga e geral nossa representao de assunto de umdocumento, menos ela aberta a questes, e quantomais exatos e precisos tentamos ser, mais provvel que vrias descries igualmente exatas, de diferentescoisas, sero formuladas, dentre as quais no se podeescolher uma, exceto agindo arbitrariamente (HJORLAND,

    1992). Isso significa que h srias dificuldades na escolhade um assunto que seja considerado o principal de umdocumento, deixando outros, que ele inclua, em planosecundrio.

    O autor acima citado afirma ainda que temos umainclinao a dizer que o que verdade sobre as coisasdeve ser verdade dos escritos "sobre" as coisas, mas quese deve resistir a isso, bem como afirmao de quedeve haver um assunto definido para um documento, eque existiro algumas descries do assunto que so

    absolutamente precisas e exatas, sendo todas as outrasimprecisas ou inexatas. Na sua opinio, deve-se evitardizer "a" descrio "do" assunto. Ele oferece um novoconceito de assunto como a totalidade dos potenciaisepistemolgicos de documentos.

    A atividade de identificar a(s) idia(s) principal(ais) dotexto exige a capacidade de compreenso de seucontedo, o que est ligado a processos cognitivos (Veritem 4.2.3). Para MONDAY (1996) ...o domnio dessaatitude feito base de uma leitura crtica e de umafacilidade de sntese. A questo levantada pela autora

    quanto idia principal de um texto e de como se podedefinir essa noo. Como um leitor analisa o contedo deum texto para extrair a mensagem principal? Ela afirmaque os tipos de textos so ignorados e que importantedistinguirem-se gneros literrios. Pode-se dizer quecada gnero possui sua prpria definio de idiaprincipal.

    GIASSON (1993) faz uma distino entre assunto e idiaprincipal. Este ltimo conceito encontra-se expresso emdiversos vocbulos tais como mensagem do autor, visode conjunto, elementos importantes, ponto de vistaprincipal, idia central do texto, havendo a respeitodiversidade de concepes. A avaliao do que importante num texto pode variar de um leitor paraoutro, sendo consideradas duas categorias de informaoimportante: a "textualmente importante" (a informao importante porque o autor a apresenta como tal) e a"contextualmente importante" (a informao pode serimportante porque o leitor a considera como tal, devido sua inteno de leitura). Essa informao importantepode variar segundo os tipos de texto: nos textosnarrativos, a idia principal tem a ver com os

    acontecimentos e a sua interpretao, enquanto nostextos informativos o que importante pode ser umconceito, uma generalizao, uma regra. H uma certaconfuso entre assunto e idia principal. O primeiro podeser descoberto quando se pergunta de que trata umartigo, e o segundo quando se pergunta sobre qual a

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    coisa mais importante que o autor nos quer dizer, notexto, esperando-se, a, obter, como resposta, uma idiaprincipal.

    Questes relevantes so levantadas por ALBRECHTSEN(1993), como: De que estamos falando quando falamossobre "assuntos" de livros e outros documentos? Existemdiferentes concepes de assuntos e da, de anlise deassuntos ento, so essas concepes interconcectadas

    com mtodos aplicados pela indexao? Em seu artigo, oautor apresenta um modelo alternativo para discutirAnlise de assunto e indexao, com a inteno de tentarcolocar a indexao num contexto social mais amplo,alm dos mtodos de evoluo mecnica, e apontarnovos desafios para indexadores.

    Alguns autores como Blair, Hjorland, Weinberg e Sorgelapontam novas direes para a indexao, restabelecentoo conceito de "assunto" numa parte principal da prtica eda teoria da indexao. A funo principal que a

    indexao deveria ter de busca por conhecimento.Recomenda-se que o indexador no focalizeexclusivamente o contedo de documentos, mas tenteantecipar o impacto e o valor de um documento para seuuso potencial (ALBRECHTSEN, 1993).

    PINTO MOLINA (1994) prefere utilizar o termo "contedo",afirmando que, em espanhol, difcil estabelecer umadefinio clara para contenido e materia, apontandosimilar fato no ingls, quando se refere a palavras comocontent, aboutness e subject. Tambm no portugus, hajavista a polissemia no vocabulrio da lngua, enfrenta-se

    essa problemtica, pois "anlise de contedo" tambmo termo usado para um procedimento metodolgico naspesquisas qualitativas, adotado nas Cincias Humanaspara analisar as comunicaes, ou melhor, o contedo demensagens a principal diferena entre os dois tipos deanlises que a anlise documentria tem como objetivoa representao condensada da informao, para consultae armazenagem, ao passo que a anlise de contedo temcomo objetivo a manipulao de mensagens. Um fatoragravante do problema de nomenclatura adequada para otratamento da informao que, devido ao atraso naspesquisas e escassez de produo cientfica nessecampo especfico, recorre-se a termos importados queno possuem eqivalente no portugus. Verifica-setambm, nesse sentido, a falta de entrosamento entregrupos de pesquisa, que sofrem influncias diversas, orada documentao, da escola francesa, ora da cincia dainformao, da escola americana.

    O nmero de termos a serem definidos para representarum documento depende da complexidade do assunto.Pela "multi", pela "trans" e pela interdisciplinaridade cadavez maior entre os campos do conhecimento, raros so

    os documentos que tratam de assuntos simples, de umas classe de uma rea, havendo por isso uma tendnciaao aumento da complexidade dos mesmos. As novidadesque se observam em alguns campos de assunto podem,ainda, trazer dificuldades para o indexador que nopossui treinamento na rea.

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    Conforme HAGLER, citado por STONE(1993), identificaode assunto algo confuso e freqentementeindeterminado. Na rea de controle bibliogrfico, quasetudo parece j poder ser programado no computador. Noentanto, essa rea ainda deve permanecer comodependente do domnio do julgamento humano. Hagleracrescenta que relatrios de experimentos em indexaoe classificao executadas pela mquina indicaram que a

    interveno humana necessria para se atingiremresultados aceitveis.

    Concorda-se com essas idias e defende-se anecessidade da presena do indexador humano nesse tipode atividade. Com todos os avanos tecnolgicos que vmsendo realizados na atualidade, acredita-se que aatividade intelectual de definir o assunto de umdocumento no possa ser feita eficazmente pela mquina.

    Outro aspecto a ser considerado que no se pode

    definir um assunto sem que se leve em conta o contextoem que est inserido. Os dois conceitos assunto econtexto - esto sempre juntos nas teorias tradicionais deindexao.

    Na determinao do assunto, preciso que se verifique ocontexto no qual o documento produzido e para o qualele existe, em determinado momento. Descriescontextuais tpicas, para BLAIR (1990) so autor (es) edata de publicao, dentre outras. So aspectosobservados na leitura tcnica que se faz inicialmente, aoanalisar um documento. Informao contextual pode

    tambm incluir informao sobre o ambiente derecuperao no qual o documento existe (por exemplo,um documento, num sistema de recuperaocomputadorizado, poderia ter informao contextualindicando quantas vezes ele foi recuperado, a data emque ele foi includo na base da dados, a data da ltimavez em que foi solicitado, etc.)

    A seguinte questo levantada por METCALFE (1977):Quando um assunto no um assunto? E a compara coma questo: Quando a porta no uma porta? E a respostadeve ser: quando ela est sozinha, no inserida numaparede. Refletindo-se sobre isso, pode-se observarrealmente a importncia do contexto para o significadode um termo, para definir um determinado assunto.

    SHUSTACK, EHRLICH & RAYNER (1987) citam estudos quemostram que o tempo requerido para responder a umapalavra includa num texto contnuo est fortementeinfluenciado pelo contexto que precede essa palavra. Oestudo desses autores levanta a questo da falta declareza, em pesquisas anteriores, quanto influncia dosfatores contextuais que primeiramente identificam a

    palavra, integram-na na representao mental interna dapassagem, ou realizam ambos os processos: so testadosdiferentes tipos de fatores contextuais, que podem serlevados a produzir seus efeitos facilitadores viadiferentes mecanismos. Eles fazem ainda a distinoentre os aspectos "local" ou lexical do contexto, e o mais

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    "global", ou aspecto estrutural do contexto.

    No processo de comunicao da informao, que vaidesde o emissor (no ponto de vista documentrio, oautor) at o receptor (o usurio), a ao de diferentestipos de contextos retira e altera o significado dasmensagens. Essa opinio defendida por PINTO MOLINA(1995) e, segundo ela, aspectos situacionais oucontextuais correspondem perspectiva pragmtica que

    estabelecida como a dimenso prevalecente napesquisa do texto, de forma que uma teoria textualimplica uma teoria do contexto.

    Sob o ponto de vista documentrio, a autora citada fazuma distino entre contexto de produo e contexto dereproduo. O ncleo textual cercado por vriasmembranas, ou "peles contextuais", as quaisrepresentam os contextos cientfico (estabelece a reacaracterstica do conhecimento e sub-linguagem), olingstico (impe uma caracterstica straight jacket

    revestimento contnuo para o qual todos os smbolosusados no texto devem produzir) e o documentrio (semdvida, um dos mais importantes e que define acategoria de usurio e sua demanda possvel).

    Aps essas consideraes sobre conceito, assunto econtexto, pode-se afirmar que esses so aspectosinterdependentes que ocorrem durante todo o processode Anlise de assunto, at o momento de se afirmarsobre o que trata um documento, prxima fase doprocesso a ser tratado.

    4.1.3 Determinao da atinncia

    Terminada a fase de extrao dos conceitos, necessrioque se faa uma seleo daqueles que realmentesintetizem o assunto do documento, partindo-se, assim,para a terceira fase do processo de Anlise de assunto,que a determinao da chamada atinncia, termotraduzido do ingls aboutness, e que carrega toda aproblemtica da utilizao de termos estrangeiros. ParaBARANOV (1983), o primeiro passo na indexao determinar do que trata um determinado documento, e o que se pode chamar de concernncia (do verbo

    concernir adjetivo concernente). Segundo o autor, esse um termo mais adequado ao vernculo do que oesdrxulo angliciscmo sobrecidade. J MEDEIROS (1986),em seu estudo sobre terminologia, sugere que, emportugus, o conceito deva ser representado portemacidade (substantivo ligado ao termo "temtico").Como pode ser observado, no h um consenso entre osespecialistas da rea com relao ao termo maisadequado para traduzir aboutness, tendo sido, nesteestudo, adotado o termo atinncia, usado na traduo dolivro de LANCASTER (1993), por ser o mais utilizado na

    escassa literatura nacional sobre o tema.Ainda em 1969, o ARIST publicou uma reviso deliteratura de FAIRTHORNE (1969) em que o assunto abordado. Aboutness visto como uma propriedade dealguns tipos de discurso. O termo vinha sendo estudado

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    h longo tempo por lgicos e lingstas, pois representaum aspecto do significado. Essa reviso expe

    julgamentos sobre aboutness, considerados importantesem recuperao de informaes.

    Em seu trabalho sobre atinncia, MARON (1977) d umenfoque probabilstico ao estudo do termo e, para ele, oconceito chave da teoria da indexao parece ser oconceito about, porque a deciso chave no procedimento

    de indexao refere-se questo sobre de qual assuntotrata o documento. Acrescenta ser difcil dizerexatamente o que atinncia significa, e reconhece queesta pode ser interpretada sob diferentes pontos de vista.O autor relaciona o termo aos comportamentos lingsticoe no lingstico de solicitao de informao. Ahabilidade em compreender e reconhecer sobre o que osdocumentos tratam vista por Maron como o corao daindexao.

    Um modelo que guia esse processo proposto por

    SWIFT, WINN & BRAMER (1978, p.192), do InformationResearch Group. Para eles, no clara a noo de "tratade" e sugerem o procedimento abaixo:

    1. indexadores rotulam e agrupam documentos deacordo com o contedo desses

    2. pesquisadores formulam suas questes de acordocom o contedo dos documentos

    3. questes relativas pesquisa so cotejadas com oque os documentos do sistema oferecem. Dessaforma, o indexador objetiva possibilitar aopesquisador delinear o material que ele busca.

    importante ressaltar que esse modelo baseado nasuposio de que o contedo do documento uma funodo prprio documento e tambm impe a crena de que o"sobre o que trata" o documento a base da busca. Oartigo discute em profundidade a questo das dificuldadesdos diferentes usos do termo about, quando na forma de"documentos sobre", principalmente no campo dasCincias Sociais. Essas dificuldades se do por motivoscomo diferenas de interpretao, existncia de vriasmaneiras de se pensar sobre os tpicos, sobre osargumentos dos autores ao se basearem em pontos de

    vista diversos, e tornam essa noo de indexao dedocumentos interpretada como "sobre o que eles tratam"difcil de sustentar. Segundo os autores, evidente quenessa rea no h uma maneira simples de caracterizardocumentos e, por esse motivo, propuseram uma"abordagem multi-modal."

    A "abordagem multi-modal" assume uma viso diferentedo processo de busca do modelo anterior. A lgica doargumento sugere que a busca em Cincias Sociais deveser, necessariamente, um processo open-ended. Oprocedimento geral que o indexador tome uma cadeia

    de pontos de vista claramente definidos, em crculo (porexemplo, orientao terica, mtodo de pesquisa) e gereuma lista de palavras-chave para cada documento, cadafrase tomando como seu prprio foco um aspectodiferente do mesmo, mas referindo-se ao todo. As frases

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    associadas a cada dimenso do sistema so apresentadascomo sries separadas (ndices separados), cada umdeles organizado de acordo com sua prpria lista decabealhos, escolhidos pela relevncia do ponto de vistaempregado.

    O modelo acima citado se assemelha idia deCESARINO & PINTO (1980), citada no incio deste captulo,de que h dois momentos em que se faz Anlise de

    assunto: o momento em que se analisa o documento e omomento em que se analisam as questes do usurio.Este um modelo que d maior nfase forma como ousurio vai fazer sua busca de informao.

    Sob a tica da Lingstica, HUTCHINS (1978) examina aquesto, afirmando que a suposio bsica que sejaformulada uma expresso que sumarize o contedo dodocumento e que indexao tradicionalmente vistacomo processo de sumarizao. J para SVENONIUS(1981), surpreendente que as preocupaes com

    atinncia fossem, poca, to recentes. A questo que,indiretamente, estava sendo dada maior ateno a outrocontexto, o de relevncia. A autora d um parecerterico, quando afirma que o termo pode ser consideradocomo um relacionamento entre o signo (termo do ndice)e o que significado (contedo de assunto). Relaciona oestudo de atinncia a estudos de consistncia deindexao.

    Uma distino proposta por FAIRTHORNE mostrada, noartigo de BEGHTOL (1986), entre atinncia extensional eintensional. Extensional, nos termos do primeiro, o

    assunto inerente ao documento e intensional a razo oupropsito pelo qual ele foi adquirido pela biblioteca ourequerido por um usurio. Esses dois tipos de atinnciapodem ser distinguidos mais acentuadamentecontrastando-se atinncia (extensional) com significado(intensional). BEGHTOL cita ainda BOYCE, que faz umadistino usando os termos topicality (atinncia) einformativeness (significado). Os termos de Boyceparecem sugerir que buscas bem sucedidasautomaticamente fornecem nova informao, quando elaspodem, de fato, confirmar informao previamenteconhecida do investigador.

    Na reviso de literatura sobre Anlise de assunto feitapor LANCASTER, ELLIEKER & CONNEL (1989) atinnciatambm vista como um conceito incerto. De acordocom os autores, o contedo de assunto de um documentose refere, algumas vezes, ao que eles chamam deatinncia intrnseca. J as questes de "como" odocumento pode ser usado, por que ele foi adquirido, eoutras variadas consideraes externas, referem-se aoque os autores chamam de atinncia extrnseca.

    Uma longa exposio sobre atinncia feita no trabalhode LANCASTER (1993), que menciona algumasexpresses, para ele talvez no muito precisas, mas queparecem ser aceitveis e compreendidas pela maioria daspessoas. Afirma que ...a expresso de que trata odocumento` era simplesmente um sinnimo para tem

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    por assunto`. Ou seja, usou-se de que trata odocumento` para designar o mesmo que os assuntos deum documento`. No entanto, o autor afirma no ter ainteno de partir para uma discusso filosfica sobre osignificado de "trata de" (about) ou atinncia (aboutness).Cita SWIFT et al., que salientam que a atinncia naindexao talvez no coincida com a atinncia que aspessoas que esto em busca de informaes tm emmente.

    BEGHTOL (1986) afirma que um texto tem uma atinnciarelativamente permanente, mas um nmero variado designificados. H, portanto, uma forte relao entre aatinncia de documento e seu(s) significado(s)identificado(s) pelos indivduos. Isso varia de acordo como uso que a pessoa pode encontrar da atinncia dodocumento numa certa poca, e o mesmo documentopode ter diferentes significados para o mesmo leitor emdiferentes pocas, mas o documento, este, imutvel,possui uma atinncia fundamental.

    Nesta fase da determinao da atinncia para representaros conceitos extrados do texto, inicia-se um processolingstico e o problema de descrever documentos pararecuperao , principalmente, o problema de como alinguagem usada. Assim, qualquer teoria de indexaoou representao de documentos pressupe uma teoriada linguagem e do significado (BLAIR, 1990).

    Na aplicao de consideraes sobre palavras e seussignificados, TINKER (1966) sugere a expanso dadefinio de relevncia. Afirma que estamos cientes de

    como uma dada palavra pode ter um nmero designificados, e como o significado especfico pode seraplicado s palavras isso depende do campo deconhecimento no qual est sendo usado. Prope aseguinte definio para significado: ...pode ser definidocomo a relevncia de uma palavra para o conceito queela rotula (p.97). Acrescenta que a consistncia daindexao serve como uma medida da preciso dosignificado. Na designao de significado esto presentesfatores subjetivos, da ser difcil o consenso de vriaspessoas com referncia a um assunto a ser indexado.

    Considera-se significado como a representao, nalinguagem, de um significante, correspondendo oprimeiro ao conceito ou noo, e o segundo forma. Oprocesso da significao aquele em que um significantee um significado so correlatos, e o produto o sinal. Asignificao impe uma relao transitria entreexpresso (significante) e contedo (significado).

    O contedo , ao mesmo tempo, conhecimento,informao e significado. PINTO MOLINA (1994) citaHIRSCH, para quem o significado aquilo que

    apresentado num texto aquilo que representa umainteno do autor concretizada pelo uso de umaseqncia particular de sinais. o que estes sinaisrepresentam. Significncia, por outro lado, a relaoentre o significado e uma pessoa, ou uma concepo, ouuma situao. O contedo (no caso, o contedo

  • 7/25/2019 Projeto de Pesquisa MHTX - Cap 4 - O Processo de Anlise de Assunto

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    02/02/2016 Pr ojeto de Pesquisa M HT X - C ap 4 - O pr ocesso de anl ise de assunto

    http://www.gercinalima.com/mhtx/pages/prototipo-btdeci/teses/naves-mml/cap-4--o-processo-de-analise-de-assunto.php 30/48

    documentrio) mais prximo ao significado.

    VRON, citado por GINEZ DE LARA (1993), afirma que aquesto da determinao da significao no se reduz investigao do contedo de uma mensagem. Asignificao surge de uma comparao, pois nenhumtexto se esgota em si mesmo.

    No campo da Lingstica, a semntica (j citada no

    item 4.1.1) a responsvel pelo estudo do significado.Como disciplina lingstica, sempre se debateu, de umlado, com as dificuldades de preciso metodolgica, deoutro, com a identificao, especificamente, dosignificado, que ligada a fatores lgicos, antropolgicos,sociolgicos e psicolgicos. A questo do significado,segundo CINTRA (1983), considerada o problema decontorno mais complexo para as linguagensdocumentrias, no trato com termos da linguagemnatural. A reduo dos significados, isto , ...a operaode corte num universo praticamente ilimitado... se vale

    de alguns conceitos correntes em linguagem natural,como polissemia (nome dado pluralidade de sentidos deuma mesma forma), homonmia (correspondente igualdade entre significantes diferentes), sinonmia(coincidncia de significado entre diversas palavras,sendo a utilizao do sinnimo uma grande dificuldadedas linguagens de indexao) e antonmia (decorrentedas significaes contrrias de dois vocbulos, ditosautnomos).

    Apesar da complexidade do estudo do significado e dasua relao direta com a atinncia, acredita-se que

    ambos estejam relacionados exatamente ao momento emque o indexador diz: "O texto X trata de tal assunto".Pode-se afirmar que este um momento muitoimportante pois, aps uma complexa atividade mental,ele finalmente sente-se apto a definir termos, ainda nalinguagem natural, os quais so chamados porFROHMANN (1990) de "frases de indexao". Essestermos devem representar o assunto do texto em anlise,para s depois, numa segunda etapa, serem traduzidospara termos de uma linguagem de indexao. O processode Anlise de assunto termina, ento, nesse exatomomento da determinao da atinncia.

    Em sntese, este captulo mostra o processo em que oindexador faz a leitura de um texto, empreende aextrao de conceitos e determina a sua atinncia. Sabe-se que, como se trata de um processo mental,certamente afetado por fatores diversos como ahabilidade do autor em expressar o assunto, aespecialidade, a experincia e o julgamento do indexador,que traz para o processo seu conhecimento prvio, suavivncia e habilidades. Como afirma STONE(1993),obstculos surgem em cada estgio do processo, e esses