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PROJETO DE PESQUISA
LEVANTAMENTO DE HÁBITOS DE HIGIENE ORAL DE USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Adrianne Moura Carvalho
Aluna do Curso de Graduação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/ USP.
Helena de Freitas Oliveira Paranhos
Professora Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da
FORP- USP
2018
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Andrezza Cristina Moura e Millena Mangueira Rocha, pós-graduandas do Curso de Pós-Graduação em Reabilitação Oral da
FORP/USP, pela ajuda com a aplicação dos questionários.
Agradeço ao Dr. Régis de Souza Assunção, cirugião-dentista especialista da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, por ter me acolhido e
possibilitado a aplicação dos questionários aos pacientes do Serviço
Especializado de Prótese do Centro Saúde Escola da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto (Universidade de São Paulo).
Agradeço à Viviane de Cássia Oliveira, técnica especializada do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da FORP/USP, pela ajuda com
a documentação junto ao Comitê de Ética e Pesquisa da FORP/USP.
Agradeço à Ana Paula Macedo, técnica especializada do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da FORP/USP, pela ajuda com a análise
estatística.
Agradeço aos professores: Cláudia Helena Lovato da Silva , Valdir Antônio Muglia e Takami Hirono Hotta, por possibilitarem a aplicação do questionário aos pacientes participantes das Disciplinas de Prótese Total II e III
da FORP/USP.
Agradeço à minha orientadora professora Helena de Freitas Oliveira Paranhos, por toda paciência e auxílio durante toda esta pesquisa.
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SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................1 INTRODUÇÃO....................................................................................................2
OBJETIVOS........................................................................................................5
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................5
RESULTADOS...................................................................................................7
DISCUSSÃO......................................................................................................14
CONCLUSÃO....................................................................................................17
REFERÊNCIAS.................................................................................................18
APÊNDICE.........................................................................................................23
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RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar os hábitos de higienização de
usuários de próteses totais e fornecer instruções a respeito dos métodos de
controle e manutenção dos aparelhos protéticos e da saúde bucal. O estudo foi
realizado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (USP) e Centro
Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), por meio de
entrevista e aplicação de um questionário específico a 127 usuários de
próteses totais, abordando hábitos de higienização e manutenção do aparelho
protético. Após as entrevistas, os voluntários receberam instruções verbais
sobre métodos de higiene do aparelho protético e cavidade bucal, bem como
de manutenção da saúde bucal. Os resultados mostraram que a amostra
consistiu da maioria da raça branca (61,4%) e de mulheres (67,5%), sendo a
idade média de 66,6 anos para as mulheres e 70 anos para os homens. Os
participantes tornaram-se totalmente edêntulos, em média, há 31 anos (arcada
superior) e 18,5 anos (arcada inferior) e utilizavam próteses totais superiores
há 30,4 anos e inferiores há 16 anos. A média de troca das próteses totais foi
de 1,91 vezes para a superior e de uma vez para a inferior. Quanto aos
métodos de higiene, 85,8% utilizavam escova dental, dentifrício e água e
46,5% imergiam as próteses em alguma solução, sendo o hipoclorito de sódio
a mais comum (62,7%). A higiene de alguma parte da cavidade bucal era
realizada por 82,7% dos entrevistados. O uso do aparelho protético durante o
período do sono era praticado por 68,3% dos entrevistados. Apenas 33,1%
apresentaram alguma lesão na cavidade bucal após ainstalação do aparelho
protético e 75,6% não tinham uma frequência definida de retorno ao consultório
do cirurgião-dentista. A maioria dos entrevistados não havia recebido
instruções a respeito dos cuidados necessários para a manutenção do
aparelho protético e da saúde bucal. Foi possível concluir que os usuários de
próteses totais não são adequadamente instruídos e apresentam hábitos
inadequados de higiene oral e de manutenção do aparelho protético.
Palavras-chave: prótese total, higiene, higienizadores de dentadura, hábitos.
Frederico Gomes1
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INTRODUÇÃO A perda dentária reflete o cuidado com a saúde bucal no curso da vida
de um indivíduo. A prótese dentária é uma forma de recuperar ou
substituir dentes extremamente lesados ou perdidos, sendo, seu principal objetivo, a reabilitação bucal. A alta incidência de perdas dentárias é uma
realidade que a população brasileira enfrenta, em que pese todo o progresso
da Odontologia (SB Brasil, 2010).
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal realizada pelo Ministério
da Saúde (2010), na faixa etária de 35 a 44 anos, há, no Brasil, 9,1% usuários
de prótese total superior e 2,3% usuários de prótese total inferior. Na região
Sudeste, 6,6% dos entrevistados fazem uso de prótese total superior e 1,7% da
inferior. Na faixa etária de 65 a 74 anos, esta porcentagem aumenta
drasticamente, sendo de 63,1% de usuários de prótese total superior e de
37,5% da inferior em todo o país. Na região Sudeste, esta porcentagem passa
a 63,7% (prótese total superior) e 38% (prótese total inferior); além disso,
nesta faixa etária e região, há dados que relatam a ocorrência de idosos sem
reabilitação protética, sendo 17,9% necessitando de prótese total superior ou
inferior e 16,9% de ambas as próteses (superior e inferior) (SB Brasil, 2010).
Sendo assim, ainda somos um país de desdentados.
A perda dos dentes afeta o indivíduo psicologicamente, socialmente,
biologicamente e fisiologicamente. Os mais afetados, emocionalmente, são
mulheres e jovens. Alguns alegam medo do tratamento odontológico,
dificuldade no acesso ao tratamento, falta de orientação a respeito da
higienização, bem como esclarecimento das causas das perdas dentárias e
alternativas de tratamento (Silva et al., 2006; Miranzi et al., 2015; Probst et al.,
2016).
Segundo o Glossário de Termos Protéticos, a prótese dental removível é
um substituto artificial para dentes naturais ausentes e tecidos adjacentes
(Glossário de Termos Protéticos, 1999). Quando o aparelho protético é
entregue ao paciente, faz parte do tratamento a orientação quanto à correta
higienização, tanto da prótese total, quanto da cavidade bucal, pois sem a
adequada higiene poderão ocorrer pigmentações, acúmulo de biofilme e
cálculo, bem como a halitose, os quais provocam lesões, tais como: úlceras,
hiperplasias, estomatites e candidíase (Silva et al., 2009; Gonçalves et al.,
2011;Barbosa et al., 2011; Carli et al., 2013). Um fator importante a ser
Frederico Gomes2
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destacado é que a precariedade da higiene oral contribui também para a
ocorrência de patologias sistêmicas (Petersen; Yamamoto, 2005). Além disso,
uma boa higiene aumenta a percepção do gosto salgado ou doce (Quirynem, et
al., 2001; Zarb et al., 2013).
A literatura evidencia que, basicamente, há quatro métodos para limpeza
das próteses totais: o mecânico, físico, químico e o combinado. O mecânico é o
mais utilizado, por ser de menor custo e de maior facilidade para o paciente
(Paranhos et al., 2006; Peracini et al., 2010). Ele consiste no uso de uma
escova (dental ou específica para a prótese) associado ao sabão ou dentifrício
(convencional ou específico para próteses totais). Como método mecânico,
pode ser citado também o uso do ultrassom (Silva et al., 2006; Peracini et al.,
2010; Gonçalves et al., 2011; Polyzois; Papadiochou, 2017).
O método físico consiste no uso de irradiação, por meio do micro-ondas,
sendo que, fatores como tempo de exposição e temperatura, são importantes
para a efetividade. Há também a terapia fotodinâmica realizada pelo cirurgião-
dentista (Polyzois; Papadiochou, 2017).
O método químico compreende o uso de substâncias químicas para a
higiene da prótese total. A solução química mais empregada é hipoclorito de
sódio, por ser mais acessível, o qual possui ação adstringente ao dissolver
mucinas e outras substâncias orgânicas presentes na matriz do biofilme,
inibindo sua formação; é fungicida e bactericida (Arruda et al., 2017). Sua
desvantagem principal é a possibilidade de causar clareamento da resina
acrílica, dependendo de sua concentração e tempo de imersão (Arruda et al.,
2015).
O peróxido alcalino também é utilizado, sendo disponível como pó ou
tablete, que, quando em contato com a quantidade de água indicada pelo
fabricante, gera efervescência originada pela liberação de oxigênio, realizando
uma limpeza mecânica da prótese (Coimbra et al., 2016); tem ação
antimicrobiana, mas, assim como o hipoclorito de sódio, pode provocar o
clareamento da resina acrílica (Paranhos et al., 2007; Arruda et al., 2015).
Há também os agentes desinfetantes como: salicilato, ácido acético,
formalina, clorofórmio e digluconato de clorexidina, sendo este último o mais
utilizado, pois promove melhora na mucosa de indivíduos com estomatite
protética e tem boa ação bactericida (em maior concentração) e bacteriostática
(em menores concentrações); sua desvantagem é a possibilidade de
Frederico Gomes3
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ocorrência de manchamento da resina acrílica. Os ácidos são substâncias
químicas usadas pelo cirurgião-dentista (Paranhos et al., 2006; Silva et al.,
2006, Peracini et al., 2010; Felton et al., 2011; Gonçalves et al., 2011; Polyzois;
Papadiochou, 2017). O método combinado associa dois métodos, geralmente o
mecânico e químico ou o físico com o químico, sendo considerado o mais
efetivo (Silva et al., 2006; Gonçalves et al., 2011; Polyzois; Papadiochou, 2017,
Baba et al., 2018).
Além da higienização, fatores como tempo de desdentamento e de uso
do aparelho protético, uso noturno do mesmo e visita periódica ao cirugião-
dentista devem ser considerados para uma adequada manutenção da saúde
oral de usuários de próteses totais (Shay, 2000; Souza et al., 2009; Felton et
al., 2011; Polyzois; Papadiochou, 2017).
Estudos mostraram que em alguns países, como Brasil, Austrália e
Índia, usuários de próteses apresentam saúde oral precária e desconhecem os
meios adequados para a manutenção dos aparelhos protéticos em bom estado
de higiene e conservação (Peracini et al., 2010; ; Arora et al., 2017; Kosuru et
al., 2017; Kundra et al., 2017; Shankar et al., 2017). Isto tem reflexo direto na
saúde do indivíduo, causando patologias orais e sistêmicas, diminuindo a vida
útil do aparelho protético, e consequentemente, influenciando sua qualidade de
vida.
Considerando o exposto acima, este estudo pretendeu avaliar os hábitos
e instruções recebidas a respeito da higiene oral e manutenção do aparelho
protético, em uma população de usários de próteses totais residentes em
Ribeirão Preto e região, aperfeiçoando e reforçando instruções pertinentes aos
cuidados de controle e manutenção da saúde bucal.
Frederico Gomes4
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OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi avaliar os hábitos de higiene oral e de
conservação do aparelho protético de usuários de próteses totais, bem como
fornecer instruções a respeito de condutas adequadas para o controle e
manutenção da saúde bucal.
MATERIAIS E MÉTODO Este projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa
da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Universidade de São Paulo) e
à Comissão de Avaliação de Projeto de Pesquisa de Ribeirão Preto do Centro
Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Universidade de
São Paulo) (CAAE:78665617.9.0000.5419).
Após submissão e aprovação pelo Comitê de Ética, 127 indivíduos de
ambos gêneros e de qualquer idade, usuários de próteses totais, e
participantes das Disciplinas de Prótese Total I e II (FORP/USP) e de Estágios
em Serviços de Saúde (CSE-FMRP/USP) receberam informações sobre a
pesquisa. Não havendo nenhuma dúvida, estes foram recrutados para o estudo
e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1). Os
pacientes responderam a um questionário específico a respeito do uso das
próteses totais e hábitos de higiene (Quadro 1).
Frederico Gomes5
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Quadro 1 - Questionário de avaliação.
Após a entrevista para preenchimento do questionário, cada paciente
recebeu instruções verbais sobre os métodos adequados de controle e
manutenção da saúde oral e do aparelho protético.
A análise dos dados foi feita por meio do programa estatístico (SPSS
17.0 for Windows; SPSS Inc, Chicago, Ill, USA) em microcomputador (Intel -
S775 P4 511 2.8 1M/533hz).
Frederico Gomes6
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RESULTADOS
A tabela 1 mostra a distribuição dos voluntários (n = 127) quanto ao
gênero e raça, e a tabela 2, quanto ao tipo de prótese em uso.
Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo o gênero e a raça.
GÊNERO RAÇA
Pacientes Feminino Masculino Branca Parda Negra
n % n % n % n % n %
87 67,5 40 31,5 78 61,4 16 12,6 33 26,0
Tabela 2 – Distribuição da amostra segundo o uso das próteses totais.
Superior Inferior Superior e Inferior
Feminino 33 02 52
Masculino 22 0 18
A idade variou de 41 a 87 anos (média: 66,6 anos; desvio padrão: 8,99)
para o gênero feminino; e de 47 a 92 anos (média: 70; desvio padrão: 10,89)
para o gênero masculino.
A média do tempo de desdentamento foi de 31 anos para o arco
superior (desvio padrão: 16,29) e de 18,5 anos para o arco inferior (desvio
padrão: 18,42). Os voluntários utilizavam próteses totais, em média, há 30,4
anos (superior - desvio padrão:16,55) e 16 anos (inferior - desvio padrão:
18,26), havendo, entre alguns pacientes, diferença de tempo entre a extração e
o uso da prótese total.
As informações quanto ao tempo de uso das próteses totais estão
indicadas nas tabelas 3 e 4.
Frederico Gomes7
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Tabela 3: Distribuição da amostra de acordo com o tempo de uso (em
anos) das próteses totais.
TEMPO DE USO
Próteses Totais Superiores GÊNERO
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A tabela 5 apresenta os resultados relacionados ao uso do método da
imersão.
Tabela 5 – Distribuição da amostra segundo o emprego do método de
higiene da imersão.
Imersão das Próteses em Soluções
SIM NÃO
Pacientes 59 46,5% 68 53,5%
Período
Diurno Noturno
11 18,7% 48 81,3%
A solução mais utilizada para imersão foi o hipoclorito de sódio (n = 37;
62,7%), seguida pela água (n = 10; 17,0%), peróxidos (n = 05; 8,4%),
bicarbonato de sódio e água (n = 02; 3,4%), vinagre e água (n = 02; 3,4%),
sabão e água (n = 01; 1,7%) e antisséptico bucal Listerine e água (n = 01;
1,7%). Um voluntário (1,7%) não se lembrou da solução empregada. Os
tempos de imersão empregados foram 05 minutos (n = 02; 3,4%), 30 minutos
(n = 08; 13,5%), 01 hora (n = 01; 1,7%), 02 horas (n = 05; 8,5%) ou 08 horas
(n = 43; 72,9%).
Quanto a higienização da cavidade bucal, 105 pacientes (82,67%)
higienizavam os tecidos moles. Esta higiene era realizada, em sua maioria,
com escova dental e dentifrício (n = 105; 95,2%); porém, foi relatado também o
emprego de dedo com dentifrício (n = 01; 1,0%) e de bochecho isolado (n = 04;
3,8%). A tabela 6 descreve os resultados quanto às regiões higienizadas.
Tabela 6 – Distribuição da amostra quanto às regiões higienizadas da
cavidade bucal.
Língua, Bochechas,
Palato e Rebordo Língua e Rebordo
Bochechas e Rebordo
Língua Palato
Pacientes n % n % n % n % n %
59 46,5 16 12,6 10 7,9 17 13,4 03 2,4
A realização de bochechos foi relatada por 48 voluntários (37,8%),
Frederico Gomes9
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sendo empregados os antissépticos bucais Listerine (n = 26; 54,1%), Colgate
Plax (n = 17; 35,5%), Cepacol (n = 03; 6,4%) e Oral B (n = 01; 2,0%); bem
como o bicarbonato de sódio com água (n = 01; 2%). O período de utilização
dos antissépticos bucais compreendeu o diurno (n= 16; 33,3%), noturno (n =
16; 33,3%) e diurno/noturno (n = 16; 33,3%).
Quanto ao uso das próteses durante o período do sono (noturno), 81
(63,8%) relataram dormir com ambas as próteses, e apenas 46 (36,2%)
apresentavam o hábito de retirá-las para dormir. Os motivos alegados para tais
condutas estão apresentados nas tabelas 7 e 8.
Tabela 7: Distribuição da amostra quanto aos motivos do uso do
aparelho protético durante o período de sono.
MOTIVOS RELATADOS
Hábito “Esquece
de
retirar”
Orientação
do Cirurgião-
Dentista
Bruxismo Dor “Não
se
sente
bem”
Dificuldade
para
respirar
Máscara
de
apneia
Total
Pacientes 71 1 1 1 2 2 2 1 81
Tabela 8 - Distribuição da amostra quanto aos motivos do não uso do
aparelho protético durante o período de sono.
MOTIVOS RELATADOS Hábito Perdade
retenção
da
prótese
Orientação
do
Cirurgião-
Dentista
Orientação
do Médico
“Para não
encardir”
Dificuldade
para
respirar
Total
Pacientes 17 4 21 2 1 1 46
As próteses que eram retiradas pelos usuários durante o período do
sono eram colocadas em recipiente com: água (n = 23; 50%), água com
hipoclorito de sódio (n = 12; 26,1%), água com vinagre (n = 02; 4,3%), água e
peróxido Corega Tabs (n = 01; 2,2%), água com antisséptico Listerine (n = 01;
2,2%), água e bicarbonato de sódio (n = 01; 2,2%) e meio líquido desconhecido
(voluntário não lembrava da solução de imersão empregada; n = 01; 2,2%); 05
voluntários (10,9%) relataram a colocação dos aparelhos protéticos em meio
seco (pano).
Frederico Gomes10
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Quanto à periodicidade de retorno ao consultório odontológico, as
frequências relatadas foram: menos de uma vez ao ano (n = 01; 0,8%), uma
vez ao ano (n = 20;15,7%), duas vezes ao ano (n = 07; 5,5%), seis vezes ao
ano (n = 02; 1,6%) e sete vezes ao ano (n = 01; 0,8%); sem frequência definida
(n = 96; 75,6%).
Quanto à presença de lesões na cavidade bucal, 42 voluntários (33,1%)
relataram ter apresentado alguma lesão na boca após a instalação das
próteses totais.
As tabelas 09 e 10 mostram os resultados das orientações recebidas
quanto as cuidados de higiene e conservação da cavidade bucal e do aparelho
protético.
Tabela 09 - Distribuição da amostra quanto às orientações recebidas a
respeito dahienização e manutenção do aparelho protético.
HIGIENIZAÇÃODASPRÓTESES
FREQUÊNCIADEHIGIENIZAÇÃODASPRÓTESES
HIGIENIZAÇÃODOSTECIDOS
MOLES
USO
DAIMERSÃO
USODEANTISSÉPTICO
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
n% n% n% n% n% n% n% n% n% n%
4233,1 8534,6 4434,6 8365,4 2822 9978 6853,5 5946,5
11691,3
118,7
As orientações fornecidas sobre os métodos de higienização do
aparelho protético compreenderam: escovação da prótese (n = 29 ; 69%),
escovação e imersão em hipoclorito de sódio (n = 7 ; 16,6%), imersão em
hipoclorito de sódio (n = 5 ; 12%) e higienização escovação com sabão (n = 1 ;
2,4%).
Dos 11 entrevistados que haviam recebido orientação do uso do
antisséptico, 10 (7,9%) foram orientados pelo cirurgião-dentista e 01 (0,8%)
pelo filho.
Frederico Gomes11
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Tabela 10 - Distribuição da amostra quanto às orientações recebidas a
respeito da conservação do aparelho protético.
FREQUÊNCIA DE
RETORNO AO
CONSULTÓRIO
CUIDADOS COM LESÕES
NA CAVIDADE BUCAL
USO DAS PRÓTESES
DURANTE O PERÍODO
DO SONO
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
n % n % n % n % n % n %
18 14,2 109 85,9 21 50 21 50 81 63,8 46 36,2
A tabela 11 descreve os resultados dos testes estatísticos das
comparações para o fator gênero. Os testes estatísticos indicaram não haver
diferenças significantes para as questões avaliadas.
Tabela 11: Resultados da análise estatística para o fator Gênero -
Testes Estatísticos e respectivos valores de p.
Questões Teste Estatístico p
Você recebeu alguma instrução de higiene do seu dentista sobre a prótese?
Teste Exato de Fisher 0,688
Se sim, qual instrução? Qui-Quadrado de Pearson 0,117 Como limpa a prótese? Qui-Quadrado de Pearson 0,128 Com que frequência limpa a prótese?
Qui-Quadrado de Pearson 0,141
Quem orientou quanto à frequência?
Qui-Quadrado de Pearson 0,480
Você tem alguma dificuldade de limpar a prótese?
Teste Exato de Fisher 0,546
Qual dificuldade? Qui-Quadrado de Pearson 0,208 Você coloca a sua prótese em alguma substância?
Teste Exato de Fisher 0,850
Qual substância? Qui-Quadrado de Pearson 0,773 Em qual período? Qui-Quadrado de Pearson 0,232 Por quanto tempo? Qui-Quadrado de Pearson 0,373 Você escova a boca? Qui-Quadrado de Pearson 0,681 Com o quê? Qui-Quadrado de Pearson 0,345 Quem orientou quanto a isso? Qui-Quadrado de Pearson 0,165 Você usa antisséptico bucal? Teste Exato de Fisher 0,844 Qual antisséptico? Qui-Quadrado de Pearson 0,341 Qual período? Qui-Quadrado de Pearson 0,168 Quem orientou quanto a isto? Qui-Quadrado de Pearson 0,787 Você dorme com a prótese? Teste Exato de Fisher 0,427 Porquê? Qui-Quadrado de Pearson 0,518 Se não dorme, onde a coloca? Qui-Quadrado de Pearson 0,474 Qual frequência vai ao dentista? Qui-Quadrado de Pearson 0,225 Recebeu orientação? Teste Exato de Fisher 0,178 Você já teve alguma lesão na boca, após colocar a prótese?
Teste Exato de Fisher 0,226
Recebeu orientação? Teste Exato de Fisher 0,719
Frederico Gomes12
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Para o fator raça, houve diferenças estatisticamente significantes nas
questões relacionadas à dificuldade de higienização das próteses totais e ao
período de utilização do antisséptico bucal. Os testes indicaram que os
pacientes de raça negra (24,2%) tiveram maior dificuldade de higiene, quando
comparados aos pacientes de raça branca (5,1%) e parda (6,2%) (Teste de
Qui-Quadrado de Pearson; p=0,008); bem como que os pacientes de raça
parda (66,7%) tinham o hábito de uso diurno do antisséptico, e os pacientes de
raça branca, o uso noturno (44,8%) (Teste de Qui-Quadrado de Pearson;
p=0,040).
Para as outras questões, para o fator raça, os testes estatísticos não
indicaram diferença significante (Tabela 12).
Tabela 12: Resultados da análise estatística para o fator Raça - Teste
Qui-Quadrado de Pearson e respectivos valores de p.
Questões Teste Estatístico p
Você recebeu alguma instrução de higiene do seu dentista sobre a prótese?
0,334
Se sim, qual instrução? 0,853 Como limpa a prótese? 0,694 Com que frequência limpa a prótese?
0,866
Quem orientou quanto à frequência?
0,867
Você tem alguma dificuldade de limpar a prótese?
0,008
Qual dificuldade? 0,413 Você coloca a sua prótese em alguma substância?
0,956
Qual substância? 0,841 Em qual período? 0,765 Por quanto tempo? 0,823 Você escova a boca? Qui-Quadrado de Pearson 0,476 Com o quê? 0,787 Quem orientou quanto a isso? 0,778 Você usa antisséptico bucal? 0,976 Qual antisséptico? 0,614 Qual período? 0,040 Quem orientou quanto a isto? 0,695 Você dorme com a prótese? 0,853 Porquê? 0,875 Se não dorme, onde a coloca? 0,265 Qual frequência vai ao dentista? 0,102 Recebeu orientação? 0,623 Você já teve alguma lesão na boca, após colocar a prótese?
0,551
Recebeu orientação? 0,582
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DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que, similarmente a outros estudos (Takamiya
et al., 2009, Peracini et al., 2010, Osmari et al., 2013, Ferruzzi et al., 2015,
Kosuru et al., 2017), houve predominância do gênero feminino. Este fator pode
estar relacionado com a maior disponibilidade de comparecimento ao
tratamento odontológico, bem como maiores cuidados com a saúde bucal
desta parte da população.
Vários fatores relacionados com a ocorrência de patologias orais em
usuários de próteses totais foram abordados no questionário, tais como tempo
de uso das próteses, hábitos de higiene e uso noturno das próteses.
O tempo de uso das próteses totais encontrado pode ser considerado
alto. Este é um fator importante para a ocorrência de patologias na cavidade
bucal, pois o tempo de troca de uma prótese total convencional é de 05 a 07
anos. A média de troca das próteses foi de apenas 1,91 vezes para a superior
e de uma vez para a inferior.
A escova dental associada ao dentifrício e água foi o método mais
empregado (85,8%). Outros estudos também obtiveram esse resultado, tais
como Takamiya et al. (2009) com 46,87%, Peracini et al. (2010) com 84,5%,
Chowdhary et al. (2010) com 94,26%, Osmari et al. (2013) com 90,09%,
Ercalik-Yalcinkaya et al. (2014) com 85,8%, Ferruzzi et al. (2015) com 84,6%,
e Kosuru et al. (2017) com 61%. O método mecânico de escovação geralmente
é o mais empregado pela facilidade de acesso e o baixo custo.
A frequência de higienização predominante foi três vezes ao dia. Porém,
é importante ressaltar que esta frequência não era praticada por grande parte
dos entrevistados. A escovação três vezes ao dia foi encontrada por Peracini et
al. (2010) em 73,58% e por Osmari et al. (2013) em 71,1% dos entrevistados.
Em contrapartida, estudos também mostraram uma frequência de escovação
de apenas uma vez ao dia com 44,7% (Apratim et al., 2013), 32,3% (Ercalik-
Yalcinkaya et al., 2014) e 80% (Kosuru et al., 2017) dos entrevistados relatando
esta prática. Saarela et al. (2013) indicaram que 89% dos pacientes
entrevistados limpavam a prótese diariamente; Arora et al. (2017) encontraram
que voluntários de idade de 51 a 70 anos limpavam as próteses trêz vezes ao
dia, enquanto aqueles de 71 a 90 anos, apenas uma vez ao dia. Esses
resultados indicam a necessidade da correta instrução a respeito da frequência
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da higienização.
Uma pequena parcela dos entrevistados (10,2%) relataram apresentar
dificuldades de higienização das próteses totais, sendo que a maior dificuldade
a coordenação motora ou visão. Portanto, é importante ressaltar que os
produtos designados para a limpeza de próteses totais devem ser simples e de
fácil manuseio e uso (Shay, 2000; Felton et al., 2011).
A maioria dos entrevistados (53,5%) negou imergir a prótese em alguma
solução, dados também encontrados em Osmari et al. (2013), onde 82,7%
afirmaram não realizar essa conduta. Peracini et al. (2010) demonstraram
que 58,49% dos entrevistados utilizavam alguma solução química para
higienização; por outro lado, Ercalik-Yalcinkaya et al. (2014) mostraram que
apenas 3,3% da amostra imergia o aparelho protético em alguma subtância
química. Em nosso estudo, para os pacientes que imergiam em alguma
substância (46,5%), a solução mais empregada foi o hipoclorito de sódio
(62,7%), resultados também vistos em Osmari et al (2013). Importante
ressaltar que houve relato de períodos extensos de imersão, tais como 01, 02
ou 08 horas. Este é um dado alarmante, uma vez que o hipoclorito de sódio
pode causar efeitos deletérios aos materiais constituintes da prótese (Arruda et
al., 2015), e o período de imersão consiste em um dos fatores a ser observado.
Ferruzzi et al. (2015) incentivam o uso de soluções químicas para a
higienização das próteses totais, porém preconizam a distribuição de
recipientes com hipoclorito de sódio e água já adequadamente dosados.
Quanto a higienização da cavidade bucal, 82,67% dos entrevistados
higienizavam os tecidos moles, porém nem todos de forma abrangente e
adequada. Peracini et al. (2010) mostraram que 72,64% dos entrevistados
limpavam a boca diariamente, sendo a língua a estrutura anatômica mais
frequente. Em nosso estudo, apenas 2,4% limpava apenas a língua. Saarela et
al. (2013) mostraram que apenas 19% dos pacientes realizavam a higiene
bucal diariamente. A higienização dos tecidos moles deve fazer parte da rotina
diaria de higiene do usuário de prótese total, pois previne o acúmulo de restos
alimentares e biofilme, bem como estimula a circulação sanguínea (Zarb et al.,
2013).
Um resultado interessante foi a realização de bochechos com
antissépticos bucais por 48 voluntários (37,8%). Esse número pode ser
considerado alto, tendo em vista o custo desses produtos no mercado nacional.
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Um resultado alarmante diz respeito ao uso das próteses durante o
período do sono (noturno) por 81 (63,8%) participantes. Essa conduta também
foi encontrada por Peracini et al. (2010) em 58,49%, Osmari et al. (2013) em
72,8% e por Ercalik-Yalcinkaya et al. (2014) em 64,5% dos casos. Outros
estudos evidenciam a retirada da prótese durante o período do sono por
43,5%(Takamiya et al., 2009), 74,3% (Apratim et al., 2013) e 67% (Arora et al.,
2017) da amostra. O uso noturno do aparelho protético é um hábito nocivo,
pois impede o descanso dos tecidos bucais e favorece o acúmulo de biofilme,
predispondo o paciente a patologias orais (Zarb et al., 2013). Os resultados
encontrados a respeito dos motivos alegados, sugerem que com a devida
orientação e acompanhamento, o paciente pode passar a não dormir com o
aparelho protético. Um resultado interessante foi que a maior parte dos
voluntários que não utilizavam a prótese para dormir, afirmaram ter recebido
instruções do cirurgião-dentista (45,65%). Um resultado também de destaque
foi o local de armazenagem das próteses quando retiradas. Embora, à
semelhança de estudos prévios (Osmariet al., 2013; Arora et al., 2017), grande
parte da amostra relatar o uso de recipiente com água, também foram
relatados substâncias e locais inadequados.
Os resultados mostraram que usuários de próteses totais não têm o
hábito de retornar ao consultório odontológico. Muitos voluntários (75,6%) não
tinham frequência definida para ir ao consultório do cirurgião-dentista. O
usuário de prótese total deve realizar retorno periódico anual ao consultório
odontológico para avaliação das condições bucais e do aparelho protético
(Zarb et al., 2013). O paciente deve ser orientado e motivado para o retorno
periódico necessário.
Quanto à presença de lesões na cavidade bucal, apenas 42 voluntários
(33,1%) relataram ter apresentado alguma lesão na boca após a instalação das
próteses totais; porém, esses números podem ser maiores, uma vez que os
pacientes não tinham o hábito de retornar ao consultório para os exames de
controle e manutenção. Lesões bucais são comuns após a instalação das
próteses e devem ser adequadamente tratadas (Chowdhary et al., 2010).
Os resultados das orientações recebidas confirmam estudos prévios,
onde foi constatado que usuários de próteses totais não recebem as
informações adequadas quanto a higienização e manutenção do aparelho
protético, bem como da conservação do aparelho protético. Este é um dado
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importante, pois os pacientes necessitam dessas instruções para a obtenção
de uma higiene correta e adequada manutenção do aparelho protético.
Apesar de muitos pacientes serem idosos, eles têm capacidade de
aprender a conservar suas próteses totais; logo, cabe ao cirurgião-dentista
motivá-los e ensiná-los a respeito da higienização correta e cuidados de
manutenção do aparelho protético (Peracini et al., 2010; Arora et al., 2017;
Kosuru et al., 2017; Kundra et al., 2017; Shankar et al., 2017; Polyzois;
Papadiochou, 2017 ).
A comparação para os fatores avaliados indicou que esses resultados,
analisados de uma forma abrangente, independem do gênero e da raça.
Uma limitação deste estudo foi o tamanho da amostra. Sendo assim,
estudos futuros são necessários, compreendendo amostra e população mais
abrangente.
CONCLUSÕES
Considerando as limitações deste estudo, conclui-se que:
• O método de higiene mais ultilizado foi a escovação com escova dental,
dentifrício e água.
• A maioria dos pacientes apresentava condutas inadequadas quanto a
higienização do aparelho protético e da cavidade bucal, período de uso
e de troca da prótese total, frequência de retorno ao cirurgião-dentista e
uso do aparelho protético durante o período do sono.
• Os pacientes não foram adequadamente instruídos e apresentaram
hábitos inadequados de higiene oral e de manutenção do aparelho
protético.
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APÊNDICE
Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
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