projeto de intervenção ergonômica em carros esteiras para mecânicos da oficina visconde rodas da...
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O conteúdo desse trabalho consiste em apresentar uma intervenção ergonômica para carros esteiras para mecânicos tendo como estudo de caso a oficina Visconde Rodas situada na cidade de Caruaru-PE. Buscando, assim, resolver problemas relacionados à execução do trabalho no cotidiano e a segurança do público por meio de um redesign para o produto em questão.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CAMPUS AGRESTE
CURSO DE DESIGN - ERGÔNOMIA DO PRODUTO – PROFESSOR/ORIENTADOR- BRUNO
BARROS
PROJETO DE INTERVENÇÃO ERGONÔMICA
Amaro Junior, Claudio Galvão, Jeiel Silva, Maíra Fernando.
Caruaru, maio de 2012.
Projeto de intervenção ergonômica em carros esteiras para mecânicos da oficina Visconde
Rodas da cidade de Caruaru – PE.
Fernando, Maí[email protected]
Galvão, Cláudio;[email protected]
Junior, Amaro; [email protected]
Silva, Jeiel;[email protected]
Resumo:
O conteúdo desse trabalho consiste em apresentar uma intervenção ergonômica para
carros esteiras para mecânicos tendo como estudo de caso a oficina Visconde Rodas situada na
cidade de Caruaru-PE. Buscando, assim, resolver problemas relacionados à execução do
trabalho no cotidiano e a segurança do público por meio de um redesign para o produto em
questão.
Palavras Chave: ergonomia, carrinho esteira, redesign.
1. Introdução
É sabido que após a Revolução Industrial houve um avanço tecnológico responsável por
novas formas de trabalhar. O ambiente de trabalho, agora, cercado por “maravilhas”
tecnológicas, obrigou o trabalhador a se adequar a esse novo meio para atender as novas
necessidades humanas e, consequentemente, tais novidades, trouxeram consigo também,
problemáticas para o mesmo, geralmente ligadas a sua saúde e ao seu bem estar, por conta das
posturas adotas no ambiente de trabalho modificado. Para tentar amenizar esses problemas,
como as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), conhecidas atualmente, como Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), engenheiros, fisiologistas e psicólogos
deram inicio a ergonomia, a ciência do conforto. (GRANDJEAN, 1998).
A ergonomia ocupacional tem ajudado a prevenir ou amenizar vários acidentes e lesões
relacionados aos esforços causados no trabalho. Acidentes que podem ser resolvidos com um
simples encosto para as costas, por exemplo, ou um apoio para os pés, entre outras possíveis
soluções.
Evidenciados após a Segunda Guerra Mundial, quando o número de veículos
automobilísticos ganharam grande escala de produção, os mecânicos, são profissionais que
trabalham acima de 8 horas diárias na maioria das vezes, sofre uma tensão muito grande, por
estar lidando na maior parte do tempo com produtos químicos, posturas inadequadas e
movimentos repetitivos em posições estáticas. Os mesmos estão sujeitos a, inclusive, adquirir
doenças graves como, por exemplo, intoxicação crônica e dermatites ocupacionais, devido à
limpeza dos componentes e uso inadequado dos produtos químicos. Além do mais dor
muscular é rotineira. Tais dores oscilam entre a coluna vertebral, ombros, braços e antebraços,
nuca e pescoço pela postura imprópria e, muitas vezes, por falta de um carro esteira confortável
e apropriado para que eles possam realizar o trabalho de forma cômoda.
Percebendo a dificuldade desses profissionais em trabalhar sem o devido apoio necessário,
este trabalho tem o objetivo de realizar um redesign do carro esteira utilizado na atividade de
concertos, e troca de peças pelos mecânicos. Para tanto, realizamos uma entrevista
exploratório-descritiva (GIL, 2008) com os mecânicos da oficina Visconde Rodas, visando
conhecer os principais problemas causados pelo mobiliário adotado por eles na realização dos
trabalhos diários. Baseado na tabela de desconforto postural de Corllet, e através de uma
análise de imagens das fotografias tiradas dos profissionais na própria oficina durante a
execução das tarefas, desenvolveu-se um carro esteira de mecânico elaborado para atender as
necessidades aliando ao máximo praticidade e conforto.
2. Fundamentação teórica
O lucro é a alma do sistema capitalista no qual estamos inseridos, e isso significa que muitas
vezes o mais importante para os fabricantes é vender bem do que atender as devidas
necessidades dos consumidores. Tal fato gera produtos de design com deficiências, e por sua
vez, esses maus projetos circulando no mercado significa que mais pessoas cestão correndo
riscos de futuros problemas de saúde. Essa realidade contradiz os fundamentos de Kreifeldt
(1992) onde defende o design como processo de redução de riscos combatendo as possíveis
falhas dos produtos tendo como ponto de partida as devidas necessidades do consumidor.
Contudo, como todos os problemas da sociedade exigem soluções, temos a ergonomia como
um caminho pelo qual se faz preciso seguir quando o desejo real é a confecção de um produto
que além de vender bem no mercado comporte as normas de segurança visando o bem estar de
quem os utiliza. Norman (1988) evidencia que os bons projetos deixam claras as interpretações
entre forma e função e isso inclui o aspecto de novas tecnologias que normalmente são
produzidas com o passar dos anos.
“Se o design de produtos de uso diário for direcionado pela estética, a vida pode ser mais prazerosa para os olhos, mas menos confortável; se direcionada pela usabilidade, ela pode ser mais confortável, mas mais feia. Se os custos ou facilidade de fabricação dominar, os produtos podem não ser atrativos ou funcionais. Claramente, cada consideração tem o seu lugar. Os problemas ocorrem quando uma tende a dominar as outras.” (Norman, 1988p. 151).
Nesse contexto, é perceptível que se faz preciso um determinado e minucioso equilíbrio entre
os atributos de design que envolve função, estética e prática para um projeto de sucesso. Nesse
sentido cabe ao designer ministrar com eficácia os conflitos de interesses para que todas as
partes sejam usadas de forma satisfatória e sem exageros.
Conforme Dul e Weerdmeester (1998) a ergonomia é aplicada a equipamentos e sistemas no
intuito de aperfeiçoar e garantir a segurança no trabalho exercido com os mesmos. Cabe a ela o
papel fundamental de melhoria nos aspectos usabilidade, conforto, segurança, facilidade de
uso, aprendizado e etc. Tais abordagens nos levam a definir a ergonomia como via que deixa
possível a análise e interpretação entre os homens e os seus artefatos construídos das mais
variadas formas para atender os diversos fins. (SOARES, 1998).
A partir do momento que o mercado toma para si a preocupação de criar os seus produtos tendo
como bases a qualidade e a funcionalidade, apoiadas sobre os pilares da ergonomia, torna-se
óbvio o pensamento que os mesmos tendem apenas a ganhar com essa atitude. Pois como já
disseram Griffin e Hauser (1993) quanto melhor for à qualidade mais ganha à empresa.
Tendo como ponto de partida os artefatos, esse pensamento rege todos os produtos
comercializados que nos cercam. Desde os mais simples para execução de tarefas corriqueiras
como os mais complexos como os tantos automóveis que circulam pelos grandes centros
urbanos.
“O automóvel, mais do que qualquer outro objeto de consumo de massa, moldou a construção da modernidade no século XX. (...) Ele constitui o centro
narcísico de todo universo social da mobilidade, e Como um potente espelho refletor de um conceito de sociedade tecnocentrada e promotora de ideais individualistas” (RAMOS, 2003: 05).
Se por um lado os automóveis são responsáveis pela locomoção dos seus donos pelo mundo e
isso lhes confere certo poder, por outro, eles, como todos os produtos, não são imunes a
possíveis falhas no seu sistema, nesse caso, entra em cena o profissional responsável pela
manutenção e correção de defeitos dos mesmos: Os mecânicos. Com tanta importância quanto
os veículos, numa situação de dependência para ambos existirem, o mecânico é um profissional
que está exposto a vários riscos de lesões no trabalho, por executar afazeres com os membros
superiores elevados, e com as costas curvadas ou torcidas, causando fadiga ou até mesmo
afastamento em casos mais extremos. A postura não é tudo que envolve os problemas dos
mecânicos no cumprimento das suas tarefas no dia-a-dia.
Os aparelhos, como ferramentas e carrinhos são responsáveis também pelos mesmos
enfrentarem dificuldades quando muitos deles não têm os equipamentos corretos para
promover o trabalho. Tais questões envolvem os assuntos que abordam o universo da
ergonomia fazendo-se necessária para solucionar tais problemas.
Tomando como base o mecânico automotivo, a profissão é formada em sua maioria por
trabalhadores autônomos ou de micro e pequenas empresas. A demanda deste mercado tem
crescido consideravelmente pelo aumento da frota de carros em circulação, e exigências de
melhores serviços pelo consumidor, fazem-se necessárias melhorias dentro desse setor, já que é
rotineiro encontrar os mecânicos envolvidos por dificuldades quanto aos equipamentos usados.
Partindo da observação de que normalmente nas oficinas os mecânicos utilizam carros esteiras
no desempenho de suas capacidades profissionais, focamos nossa pesquisa nesse objeto em
especifico. O componente é uma espécie de “cama” com rodas, apropriada para que o mecânico
possa efetuar com precisão trabalhos na parte inferior dos veículos onde eles precisam deitar-se
em baixo dos carros para consertos. Disponíveis no mercado em materiais sintéticos e em
aglomerados possuem também uma infinidade de marcas que os produzem com preços
diversos.
Tivemos como local para estudo de caso a oficina Visconde Rodas situada na cidade de
Caruaru-PE, precisamente na Rua Silva Jardim, número 99. Como pode ser observado abaixo:
Imagem 01. Retirada do Google Maps.
Imagem 02. Fachada da empresa analisada.
A oficina é uma empresa de pequeno porte que atua com autonomia no mercado regional e
dispõe no seu quadro de funcionários dois mecânicos. Os funcionários utilizam o carro esteira
da marca Vonder, modelo 3579645400. A esteira é dobrável para facilitar no armazenamento
visando ganhar espaço. Tem uma estrutura metálica com uma base de aglomerado, forrado com
espuma e revestido com material sintético além da cor preta na sua composição. Possui também
um apoio para cabeça, seis rodízios giratórios com rodas de plástico e dimensões variáveis
entre 46 cm x 42,5 cm x 20 cm, quando fechada e 91 cm x 42,5 cm x 10 cm aberta. Para
melhor entendimento pode ser conferida uma imagem da mesma abaixo:
Imagem 03. Carro
esteira Vonder da oficina Visconde Rodas.
Os mecânicos entrevistados para realização da pesquisa enfrentam uma jornada de trabalho de
oito horas semanais que podem variar conforme a quantidade de trabalho ou nível de
dificuldade dos mesmos. Mas invariavelmente usando o carro esteira Vonder. As pausas para
descanso acontecem exclusivamente quando os mesmos não têm mais carros para serem
concertados.
3. Procedimentos metodológicos adotados.
3.1 Aplicação do questionário
De acordo com o método de pesquisa de Gil (2008) iniciamos a pesquisa na Visconde
Rodas, Caruaru-PE, através de uma simples e prática entrevista exploratório-descritiva. Por
meio desta, abordamos os funcionários da oficina com um questionário a ser respondido e uma
tabela de desconforto postural para as devidas anotações e análises. O questionário de
perguntas objetivas fechadas visou tanto conhecer as devidas condições físicas do posto de
trabalho, como avaliar a relação conforto/desconforto que os empregados enfrentam todos os
dias na utilização do carro esteira. O foco da pesquisa são os problemas de caráter físicos,
cognitivos e organizacionais, tomando como objeto de estudo para o problema o uso ou desuso
do carro esteira utilizados pelos mecânicos da oficina.
3.2 Aplicação do mapa de desconforto postural de Corllet
Tendo como base a análise postural de Corllet (1995) o intuito foi identificar quais são os
pontos de dor e desconforto do corpo em relação ao carro esteira, e desenvolver a partir daí,
dentro das medidas antropométricas de cada indivíduo, um redesign para que o produto se
adapte ao tamanho, largura e peso do usuário sobre os preceitos ergonômicos vigentes.
As imagens abaixo foram tiradas na oficina junto com a entrevista para que se possa fazer uma
análise ergonômica mais profunda dos equipamentos e posturas adotadas para maior como
conforto.
Imagem 04. Carro esteira do estudo de caso.
Imagem 05. Um dos entrevistados no ambiente de trabalho.
Imagem 06. O funcionário enfrenta dificuldades
para manter-se deitado com o corpo e cabeça apoiados.
3.3 Análise dos resultados e problematizações ergonômicas
De acordo com o levantamento de dados da pesquisa, através do questionário e das imagens
acima, é possível perceber o desconforto dos mecânicos em relação ao carro esteira utilizado.
Nossos entrevistados, Jorge e Rafael, tinham 22 e 29 anos de idade com pesos respectivamente
de 74 e 82 kg, ambos casados, e medindo 1.66m de altura, sendo que um deles trabalha na
empresa há seis meses (Rafael) e o outro há quatro anos (Jorge), com uma carga horária de 8
horas semanais. Os dois residem em Caruaru-PE fato que facilita o acesso ao trabalho.
Tanto Jorge quanto Rafael afirmam não possuir nenhuma doença crônica para qual precisem
tomar algum remédio constantemente. Não adoecem com frequência e as últimas anomalias
que tiveram foram gripes e diarreias.
Os locais de desconforto sentidos pelos dois nos últimos trinta dias habitam a região superior
do corpo. Jorge declarou que normalmente sente dores na nuca, no ombro, nas costas e no
joelho. Já Rafael alega sentir muito pouco algum desconforto ou incômodo, mas quando ocorre
são nas costas e nos pés que ele diz ter doído muito nos últimos trintas dias. Os entrevistados
diferem nas opiniões quando o assunto é alguma espécie de alteração nas atividades do dia-a-
dia que tenha sido ocasionada por algum exercício no trabalho. Rafael responde não ter sentido
nada além do cansaço que é normal, entretanto em Jorge as dores de cabeça, foram citadas
como um fator que dificultou suas atividades diárias tanto no trabalho como no lazer.
As relações pessoais com os colegas segundo Jorge é muito ruim e com o patrão é um tanto que
regular. Rafael conta que tem bom relacionamento tanto com os colegas como com o patrão.
Em relação a intensidades de dores mais fortes, a região citada por Jorge foi à costa inferior
com avaliação 1 de dor e joelho com avaliação 2. Para Rafael os pontos de dores mais fortes
foram costas inferior com 1 e pés com 2.
As sensações de desconfortos classificadas como mais intensas por Rafael foram: sempre
acordar cansado, frequentemente tem insônia, raramente fica irritado, mas nunca fica deprimido
ou insatisfeito com o trabalho. Ao passo que seu colega de trabalho, Jorge, declara sempre estar
insatisfeito com o trabalho, frequentemente fica irritado, mas nunca acorda cansado, deprimido
ou tem insônia.
Tendo como centro das atenções o próprio local de trabalho voltado para os aspectos
iluminação, ruído, temperatura, espaço para circulação no ambiente, cores, ventilação e odor os
dois mecânicos classificam como pequeno o espaço para circulação no ambiente de trabalho.
Quanto às cores do lugar dizem gostar. No requisito ruído Jorge faz questão de deixar claro que
muito o incomoda assim como o próprio Rafael. A temperatura foi classificada como muito
quente pelos dois causando quase sempre fadiga. A iluminação foi considerada boa por Rafael,
mas nem tanto para Jorge. O odor do ambiente de trabalho foi classificado por Rafael como não
existente, porém Jorge discorda e diz não gostar do cheio forte de graxa, óleo, gasolina, tinta e
seus derivados. Os dois concordam ao afirmar que a ventilação é péssima.
Foram aplicadas duas tabelas de desconforto postural, Corllet (1995), para identificação
dos locais de dores e escalas de níveis de dor que variam de 1 a 5 como explanadas abaixo:
1. Nenhuma dor;
2. Alguma dor;
3. Dor moderada;
4. Bastante dor;
5. Dor insuportável.
De acordo com os dados obtidos observou-se que os pontos de corporais de dor de Jorge
que trabalha há quatro anos na oficina foram bem diferentes dos pontos de dor citados por
Rafael que trabalha há seis meses.
Para Jorge a escala de desconforto postural se concentrou mais nos pés com escala de
dor 5, nos tornozelos, com escala de dor 5, nas costas inferior com escala de dor 5 e no joelho
direito com dor 4. Enquanto que para Rafael as escalas de dor não passaram de 5 nas costas
inferior e 4 nas panturrilha direita. As demais regiões do corpo não receberam nenhuma
reclamação de dor ou incômodo.
É notável que com o passar dos anos a quantidades de dores posturais advindas da
atividade pode ter um alto crescimento, e que os problemas envolvem as mesmas divisões
corpóreas, localizados nos membros inferiores, pés, panturrilha, tornozelo e joelho e nas costas
inferior.
Reunindo as opiniões dos dois acerca do carro esteira os dois concluem que as medidas dos
equipamentos são impróprias para uma pessoa de estatura com percentil antropométrico acima
de 1,60m. Como eles medem 1.66m, cada um, e precisam ficar nessa posição por certo tempo,
tornam-se então, alvo de sensações de desconforto. As medidas da largura bideltóide (de um
ombro ao outro) são desproporcionais, deixando partes das costas e dos ombros de fora. Nota-
se ainda que o carrinho só alcança até as nádegas, sem ter o apoio para as coxas ele precisa
ficar com as pernas inclinadas para cima, o que aumenta o seu grau de desconforto.
O encosto da cabeça não possui uma altura que permita ela ficar numa posição elevada com a
altura do corpo para facilitar o ponto de visão, causando assim dores no pescoço e na vista. As
partes laterais do carro esteira, por serem de metal, também podem ferir já que elas não
possuem nenhuma proteção para evitar os possíveis cortes e arranhões, dos seus parafusos que
ficam à mostra.
Outro aspecto relevante descoberto na entrevista, diz respeito ao que o produto declara como
“inovação”. O fato de ser dobrável. A primeira vista parece algo interessante aos olhos,
contudo na prática acontece que essa novidade causa incômodo, belisca a pele muitas vezes
quando é puxado ou empurrado.
Conforme o site Espectro que observa os problemas de desconforto postural dos mecânicos
encontrados no carro esteira, o produto deve atender a algumas normas básicas, dentre elas
destacam-se duas:
Permitir que seja fácil a realização do trabalho, sem esforços físicos desnecessários para
usar o equipamento.
Permitir apoio para as costas, pois ereto o músculo relaxa e tende proporcionar alivio
das dores na coluna.
Sendo assim torna-se evidente a contradição entre o que são normas e o que acontece na
prática. Analisando as imagens e o resultado do questionário chega-se a informação que os
locais mais propícios a incômodos são às costas e o pescoço, coxas, pernas e pés.
Logo abaixo temos um quadro ilustrado com as problematizações e possíveis soluções
ergonômicas que visa resolver os devidos problemas através dos artifícios da ergonomia.
Problemas Síndrome do Desfiladeiro Torácico Causas: Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço.Sintomas: dor no pescoço e coluna cervical, cansaço.Solução ergonômica: apoiar em altura que deixe ereto com a altura do corpo inclinado para frente com espaço para movimentação.
Problemas: Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Causas: Fazer trabalho manual sobre veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar
vidraças, apoiar telefones entre o ombro e a cabeçaSintomas: Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço.Solução ergonômica: encosto para costas e ombros com alcochoados.Problemas: costas doloridasCausas: Trabalhos ou posições monótonas. Situação de trabalho, não gostar do que está fazendo, falta de motivação. Inatividade e falta de condicionamento físico, que levam à musculatura fraca e postura ruim. Sintomas: Dores nas costas constantes, sem irradiação. Cansaço quando tem que levantar algo pesado ou em posturas estáticas forçadas. Inflexibilidade de manhã quando acorda. Dores mais fortes depois de uma caminhada ou trabalho mais pesado.Solução ergonômica: evitar postura forçada através de apoios para as costas Problemas: lombalgiaCausas: lombalgia é geralmente de origem mecânica, ou seja, ela é causada por esforço, sobrecarga, e desgaste das estruturas anatômicas da região.Sintomas: essas situações são em geral: febre, perda de força nas pernas, emagrecimento, perda do controle dos esfíncteres, dor que não esta melhorando com os remédios, com fisioterapia, RPG etc.
Problemas: dor nas pernasCausas: muito tempo em posição estáticaSintomas: cansaço e dor e formigamento, inchaço.Solução ergonômica: apoio com encosto para alternar a posição.
Problemas: dor nos pésCausas: posição estática e sem apoioSintomas: formigamento dor e câimbrasSolução ergonômica: permitir suprinação e deitar o pé.
Problemas: distensãoCausas: mau posicionamento do péSintomas: dores e inchaço no pé e câimbra Solução ergonômica: possibilitar variações de movimento dos pés de deitado para ereto
Problemas: lesões nos joelhosCausas: inflamação na cartilagemSintomas: fortes dores nos joelhos, inchação Solução ergonômica: possibilitar flexibilidade das pernas.
Imagem 07. Quadro de problemas e possíveis soluções ergonômicas.
4. Redesign
4.1 Diferenciações/Inovações
Neste projeto aumentaremos o comprimento do carro esteira para que a pessoa possa
apoiar as coxas, ela não chegará até a cavidade poplítea para que uma pessoa de estatura menor
sinta-se desconfortável ao usar o carro esteira, já que o comprimento deste não é adequado ao
tamanho dos usuários tanto de menor como de maior estatura, como pode ser observado nas
imagens em que o mecânico de apenas 1,66m disse ter ficado incomodado com o tamanho do
carro, por ele ter que ficar encolhido no objeto para conseguir apoiar a cabeça e as nádegas.
Adotamos também seis rodas giratórias, sendo duas no centro do carrinho para dá mais impulso
e ainda um revestimento com estofado para maior comodidade.
Com apoio para a cabeça mais alto, inclinado e com estofado, visamos proporcionar uma
visão melhor para o mecânico executar com precisão o seu trabalho. Pois, o carro esteira
convencional, não é inclinável e o encosto é baixo, causando dores de cabeça e no pescoço por
ficar com a cabeça encolhida e abaixo da linha da visão.
O desenvolvimento do produto deverá ter uma largura bideltóide do maior para atender a
todos, para que comporte os de estatura alta e baixa.
Sendo assim o novo carro esteira possui 15 cm de altura, largura de 50 cm e 120 cm de
comprimento. Trás como novidade uma viseira para proteção total da face do mecânico, a
mesma é retrátil sendo baixada só após o mecânico deitar. Para distribuir melhor o peso o carro
esteira ainda tem 6 rodízios giratórios para proporcionar melhor segurança ao usuário. Quanto
aos rodízios os mesmos são de carga leve e possuem duas pistas de esferas, pino central, chapas
de aço estampadas e zincadas. Por fim, há também um apoio acolchoado para cabeça, um
estofamento no corpo do carro esteira com leve curvatura para ter o máximo de conforto e no
final do carro outra leve curvatura para evitar pressionar a parte posterior da cocha.
4.2 Materiais
Os materiais utilizados para a confecção o produto serão: polímero injetado de alta
resistência, acolchoado com espuma revestida com material sintético, chapas de aço (rodízios)
e policarbonato (viseira).
4.3 Desenho técnico
Imagem 08. Redesing do carro esteira. Vistas: lateral, superior e inferior.
Imagem 09. Resultado final do objeto em uso.
Imagem10. O projeto tem como base preceitos ergonômicos para aliar praticidade e conforto com
inovação.
5. Conclusão
O presente projeto apresenta como foco, uma intervenção ergonômica em um
carro esteira utilizado pela oficina mecânica Visconde Rodas situada na cidade de
Caruaru-PE. Unindo referências bibliográficas e pesquisa de campo, a intenção foi
encontrar os devidos erros ergonômicos de um produto comumente comercializado para
propor soluções cabíveis através de um redesign útil e agradável.
Tendo como alicerce os dados obtidos com a pesquisa após uma cuidadosa
análise, não só foi possível identificar erros graves no objeto estudado, provocando o
risco da saúde de quem os usa como também foi possível perceber como o mercado
tantas vezes desconsidera aspectos primordiais para que um determinado artefato possa
não só garantir o sustento de uma empresa no mercado, mas garantir, essencialmente,
que os seus utensílios além de serem úteis no dia-a-dia também contribuam para o bem-
estar dos compradores.
Sendo assim, temos uma proposta fincada nos conceitos ergonômicos que
também leva em consideração os custos para ser produzido, um produto que além de ser
viável para comercialização, de um público alvo com forte poder de compra, está
preocupado com a saúde dos mesmos. Para tanto a tarefa é simples: unir e dosar os
conceitos de design estudado ao longo dos anos com a eficiente ciência do conforto.
Faz-se necessário evidenciar também que pela magnitude dos assuntos
abordados o estudo pode ganhar continuidade para ser explorado mais adiante.
Entretanto através do projeto foi possível criar um produto interessante e
inovador, que sugere atender as necessidades carentes presentes no mercado em
questão.
6. Anexos:
Anexo01.
Anexo 02.
7. Referências
DUL, J; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 1998.
CCR – Comércio de Rolamentos e Rodízio LTDA. Disponível em http://www.crr.com.br/rodizio-industrial.php Acesso em 25 de maio de 2012.
Espectro. Disponível em http://www.espectro3d.com.br/ergonomia.php# Acesso em: 20 mai. 2012.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia – Adaptando o trabalho ao homem. 4a Ed., Porto Alegre: Bookman. 1998.
Griffin, A. e Hauser, J. R. The voice of customer. Marketing Science, 1993.
Kreifeldt, J. Ergonomics of product design. In: Salvendy, G. (ed.), Handbook ofindustrial engineering. New York, John Wiley & Sons. 1992.
Norman, D.A. The psychology of everyday things. USA, Basic Books, Versão traduzida, 1988.
SOARES, Marcelo Márcio. Translating user needs into product design for disabled people: a study of wheelchairs. 1998.
WILSON, J. e CORLETT, N. Evaluation of Human Work: A Practical Ergonomics Methodology. London: Taylor e Francis, 1995.