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Projeto Criança e Adolescente 4Introdução 4Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral 4Contexto 4Metodologia 4Ações 4Resultados 4Desafios e oportunidades 4Desdobramentos 4Caminho das pedras 4Expediente

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Projeto Criança e Adolescente

Espaço Real Práticas de Sustentabilidade

Espaço Real Práticas deSustentabilidade

4Introdução

4Projeto Criança e Adolescente:

Garantia de Proteção Integral

4Contexto

4Metodologia

4Ações

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4Desafios e oportunidades

4Desdobramentos

4Caminho das pedras

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4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

Dar certo, fazendo as coisas certas, do jeito certo. Inspirado

por esse mote, o BANCO REAL tem posto em prática, em

compasso crescente, sua maneira de entender sustentabilidade:

um modelo de negócio em que todos ganham – a empresa, as

pessoas, a sociedade e o meio ambiente.

Princípio de uma sociedade que mantém as características

necessárias para um sistema social justo, ambientalmente

equilibrado e economicamente próspero, a sustentabilidade

orienta as ações do Banco em suas diversas áreas.

No campo do investimento social, o BANCO REAL busca

contribuir para que o Brasil atinja elevados níveis de

desenvolvimento sustentável, favorecendo uma cultura de

participação e co-responsabilidade, em favor das comunidades e

de causas relevantes para o país.

A Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco

responde pela gestão do investimento social, e sua atuação é

fundamentada na crença de que os indivíduos são agentes de

seu próprio desenvolvimento, na necessária sintonia com os

interesses legítimos da sociedade e na certeza de que alianças e

parcerias potencializam o alcance de resultados. A

sistematização do Projeto Criança e Adolescente: Garantia de

Proteção Integral, que é desenvolvido pela Secretaria Municipal

do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Novo Lino (AL),

com o apoio do Programa Amigo Real, materializa bem

esses valores.

O Programa Amigo Real foi criado pelo BANCO REAL em

2002 para facilitar aos seus clientes, funcionários e fornecedores

o direcionamento de recursos dedutíveis do Imposto de Renda

aos Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente,

que os destinam a ações como o projeto de Novo Lino, que

Introdução

recebeu apoio do Amigo Real em 2004, 2005 e 2006.

Submetido a um processo de avaliação qualitativa pelo

método de estudo de caso, o projeto se distinguiu em critérios

como maturidade de resultados e da gestão, foco de atuação,

região geográfica e potencial de disseminação.

O principal objetivo desta publicação é justamente

contribuir para o desenvolvimento socioeconômico por meio

da sistematização e disseminação de práticas bem-sucedidas.

Também é intenção do BANCO REAL gerar reflexão e

aprendizado para o aprimoramento dos projetos e da gestão

de investimento social do Banco.

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4Introdução

4Projeto Criança e Adolescente:

Garantia de Proteção Integral

4Contexto

4Metodologia

4Ações

4Resultados

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4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

A realidade de algumas crianças e adolescentes do município de Novo Lino (AL), situado a 83 quilômetros de Maceió, era per-versa em 2001. A falta de recursos para garantir o suprimento de necessidades básicas levava-os à vivência deliberada nas ruas, à prática de pequenos furtos, à realização de trabalho ilegal insalu-bre e degradante, incluindo a mendicância para a sobrevivência e a exploração sexual comercial.

O principal cenário dessa história de horror era o trecho da Rodovia BR-101 que corta Novo Lino, já quase na divisa com o Estado de Pernambuco. No posto de gasolina ou no restaurante local, era corriqueiro meninas de 9 anos oferecerem-se a cami-nhoneiros, por orientação de suas próprias mães, para a prática de sexo a troco de R$ 1 ou R$ 0,50.

Novo Lino é uma das 932 localidades mapeadas pela Matriz Intersetorial de Enfrentamento da Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes no Brasil1. Faz parte, também, do grupo de 16 cidades críticas em que o governo federal implementou pio-neiramente, em 2001, o Programa Sentinela2 de combate ao abu-so e à exploração sexual entre a população menor de 18 anos.

O fato é que, por estar centrado no atendimento psicossocial de crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexu-al, o Programa Sentinela tinha seus limites e previa, desde o iní-cio, a participação dos Estados e municípios para a resolução do problema. De nada adiantaria o atendimento psicossocial se os atendidos não tivessem melhores alternativas de sobrevivência.

Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

Um basta à violação de direitos

1. Amplo estudo concluído em 2005 por uma parceria entre a Secretaria Especial de Direitos Humanos, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Comissão Intersetorial de En-frentamento do Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e o Violes – Grupo de Pesquisa sobre Violência e Exploração Comercial de Mulheres, Crianças e Adolescentes, ligado ao Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB).2. Em 2007, o Programa Sentinela passou a se chamar Serviço de Enfrentamento à Violência, ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, sendo desenvolvido no âmbito do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). A iniciativa está ligada ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

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4Expediente

Foi a propósito do Programa Sentinela que o poder público em Novo Lino decidiu executar ações mais contundentes em relação à situação da criança e do adolescente.

A primeira tentativa de ativação do Conselho Municipal dos Di-reitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) aconteceu em 2001, em resposta a um pedido da Promotoria local. O Conselho tinha sido criado em 1997, mas permanecia inoperante. Os conselhei-ros, então, realizaram a eleição e posse do Conselho Tutelar, mas o grupo se desarticulou novamente.

Num movimento paralelo, notícias que chegavam pela televi-são sobre iniciativas apoiadas por empresas começavam a incutir nas lideranças da cidade – sobretudo aquelas ligadas à administra-ção pública e à Igreja Católica – a noção de que se podia conseguir apoio externo para o desenvolvimento de projetos sociais. As infor-mações recebidas confirmavam a importância da estruturação do CMDCA, principal via de destinação de recursos por empresas à área social.

Assim, em 2003, foi a vez de a Secretaria Municipal do Traba-lho, Habitação e Assistência Social da cidade convocar o CMDCA. Foram mobilizados os conselheiros e, a partir de uma discussão inicial acerca da situação precária de várias crianças e adolescen-tes de Novo Lino, submetidos a toda sorte de violação de direitos à beira da BR-101, o CMDCA local foi finalmente ativado.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8069/90) declara-se, no Art. 1º, uma lei que dispõe sobre a proteção integral da criança e do adolescente. A doutrina da proteção integral é a concepção sustentadora da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, normativa aprovada por unanimidade pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1989.

A doutrina da proteção integral preconiza que crianças e adolescentes são sujeitos especiais de direitos, gozando de todos os direitos fundamentais e sociais, principalmente de proteção, em decorrência de se encontrarem em fase de desenvolvimento.

Além do ECA, a doutrina da proteção integral também é objeto do Art. 227 da Constituição Brasileira: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

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Criou-se uma agenda de reuniões sistemáticas que tinham como foco a busca da garantia de direitos das crianças e dos adolescentes da cidade. Nesse clima de renovação de forças, o CMDCA elaborou uma pro-posta de trabalho, que foi encaminhada, em meados de 2003, ao processo de seleção de projetos do Programa Amigo Real.

Ela visava, basicamente, impulsionar um serviço de educação complementar à escola que funcionava ancora-do em ações voluntárias desde 2001, junto ao Programa Sentinela. Pretendia-se qualificar e ampliar o atendimen-to, de modo a beneficiar 100 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Novo Lino. A Secre-taria Municipal do Trabalho, Habitação e Assistência So-cial seria o agente executor.

A proposta encaminhada chamava-se Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral. Ela teve apoio do Programa Amigo Real em 2004, 2005 e 2006, tornando-se conhecida na cidade como “Proteção Inte-gral” ou, simplesmente, “Amigo Real”.

“Antes não, a gente pensava que só tinha que executar. Tinha que fazer o projeto e executar, tinha que pegar as crianças que

estavam na rua, tinha que fazer uma festa para arrecadar dinheiro e doar para fulano que estava necessitado, esse tipo

de coisa. Hoje a gente sabe que o papel nosso é formular a política, é sentar com o prefeito, com os vereadores, para

formular melhor a política da criança e adolescente.”Representante do CMDCA

Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

Projeto Criança e Adolescente

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Garantia de Proteção Integral

4Contexto

4Metodologia

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4Resultados

4Desafios e oportunidades

4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

Criado em 2002, o Programa Amigo Real facilita aos

funcionários, fornecedores e clientes do BANCO REAL o

direcionamento de recursos dedutíveis do Imposto de Renda

aos Fundos Municipais dos Direitos da Criança

e do Adolescente.

Tais fundos foram instituídos em 1990 pelo Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA). Os montantes ali depositados

são geridos pelos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança

e do Adolescente (CMDCAs) e empregados em projetos de

defesa dos direitos da população com idade de 0 a 18 anos, que

são operados por instituições públicas ou ONGs.

Os recursos alavancados pelo Programa Amigo Real

destinam-se a apoiar e aprimorar projetos que priorizem o

acesso a uma boa educação e combatam a violação de direitos.

São beneficiadas as cidades que apresentam situação crítica no

Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), aferido pelo Fundo das

Nações Unidas para a Infância (Unicef), e no Índice de Exclusão

Social (IES), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento

da cidadania, o acesso a uma boa educação é compreendido

pelo Programa Amigo Real como condição de proteção da

população infanto-juvenil contra os perigos da pobreza, da

exploração sexual, do trabalho ilegal e degradante.

As ações sociais apoiadas pelo Programa Amigo Real são

selecionadas de um conjunto de projetos candidatos, que são

encaminhados pelos CMDCAs mediante um edital de convocação

do Programa Amigo Real. O edital é enviado a cada dois anos a

municípios com indicadores sociais críticos no Brasil.

O processo de seleção de projetos tem a participação direta dos

funcionários do BANCO REAL. Capacitados para uma atuação

estratégica na área social, eles integram os grupos de trabalho do

programa, efetuando, também, o acompanhamento dos projetos

apoiados.

O Programa Amigo Real atua, ainda, no fortalecimento dos

CMDCAs e dos Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do

Adolescente, e age no fomento à participação cidadã dos

funcionários, clientes e fornecedores do BANCO REAL, em uma

relação em que todos ganham.

Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

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4Introdução

4Projeto Criança e Adolescente:

Garantia de Proteção Integral

4Contexto

4Metodologia

4Ações

4Resultados

4Desafios e oportunidades

4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

O município alagoano de Novo Lino possui cerca de 10,4 mil habitantes (IBGE/Censo Demográfico 2000) e ocupa as últimas colocações entre os principais indicadores sociais brasileiros.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), elaborado por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fundação João Pinheiro, situa Novo Lino na 5.401ª posição entre os 5.507 municípios avaliados. O IDH-M foi calculado com base no Censo Demográfico 2000, considerando três dimensões: PIB per capita, expectativa de vida ao nascer, índice de analfabetismo e taxas de matrícula em todos os níveis de ensino.

Outro indicador que demonstra a situação de vulnerabilida-de dos habitantes de Novo Lino é o Índice de Exclusão Social (IES), divulgado nacionalmente em 2003. O indicador classificou

Um cidade à minguá

“Antigamente eu falava e as pessoas não me ouviam. (...) Quando eu falava que a exclusão escolar em Novo Lino era ‘x’, não tinha resultado. Hoje não, eu levo isso aqui (documento). Eu vou e digo: tem crianças nessa área que precisam urgente de escola. Aí eu vou na Saúde e digo: a mortalidade infantil aumentou. (Com isso) melhorou muito o município.”

Profissional do projeto

Contexto

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4Caminho das pedras

4Expediente

Novo Lino em 5.095º lugar entre todos os municípios brasilei-ros. Além das dimensões aferidas pelo IDH-M, o IES considera parâmetros como taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes, proporção de jovens na população total, nível de emprego for-mal e desigualdade nos níveis de renda.

Novo Lino é, também, um dos municípios brasileiros com pior pontuação no Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI/Unicef):

0,356 em 2004, contra a média nacional de 0,667 naquele ano3, e classificação 5.334 entre cerca de 5.560 municípios avaliados. O IDI incorpora variáveis relacionadas à cobertura de vacinação para crianças até 6 anos, escolaridade de mães e pais, percentual de gestantes com atendimento pré-natal adequado e escolarização bruta na educação infantil. Quanto mais perto de zero estiver o IDI de um município, pior a situação da infância.

O baixo desenvolvimento social de Novo Lino revela-se, ain-da, na análise das taxas de mortalidade infantil e de meninas que se tornam mães na faixa etária entre 10 e 19 anos. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Siste-ma de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) em 2003 indi-cam taxa de mortalidade infantil em Novo Lino de 62,7 crianças a cada 1.000 nascidos vivos, contra 24,1 em nível de Brasil. A porcentagem de mães na faixa etária entre 10 e 19 anos, em re-lação ao número total de mães de nascidos vivos, é de 28,7%, perante a média nacional de 22,2% (Datasus – Cadernos de In-formações em Saúde).

A agropecuária é a atividade econômica central do município, com destaque para a produção de cana-de-açúcar, banana, man-dioca e gado bovino. Novo Lino é o segundo maior produtor de banana de Alagoas.

O período de entressafra da cana-de-açúcar se estende de setembro a março e é considerado crítico para as famílias da zona rural, que constituem cerca de 48,5% da população. Nes-ses meses, o trabalhador do campo migra para atuar em outros Estados brasileiros e só retorna na colheita seguinte. Muitas mulheres de Novo Lino – as chamadas “viúvas da safra”– ficam

3. Em 2008, o Unicef lançou um novo levantamento sobre o IDI, utilizando dados de 2006. Todavia, o estudo não se ateve à situação de cada município brasileiro, apenas dos Estados e regiões. O IDI 2006 para o Brasil foi de 0,73. Para Alagoas foi de 0,574, contra 0,473 em 2004.

“Com as capacitações (do Programa Amigo Real), a gente viu que tinha que pensar no que aquela mãe estava pedindo, o que houve de mudança naquela mãe, criar ferramentas para planejar o que perguntar a ela. (...) Criar mecanismos de chegar à comunidade, à mãe. Porque a gente não sabia como chegar a eles – queria resolver o problema, mas não sabia todo o procedimento.”

Profissional do projeto

Contexto

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4Caminho das pedras

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absolutamente desamparadas com seus filhos, na dependência de programas governamentais de apoio que não contemplam todos os necessitados.

Novo Lino adquiriu status de município em 1962, após a emancipação política da cidade vizinha de Colônia Leopoldina. Até o fim de 2006, o município não contava com organizações não-governamentais (ONGs) ou associações sem fins lucrativos de interesse público constituídas por iniciativa da sociedade civil local.

Os habitantes da zona urbana representam 51,5% da popu-lação. Em regra, a população urbana empregada encontra-se ligada à administração municipal e ao comércio. Os órgãos pú-blicos, os principais equipamentos sociais e o comércio estão situados nas imediações da Rodovia BR-101.

“Com as capacitações (do Programa Amigo Real), a gente viu que tinha que pensar no que aquela mãe estava pedindo, o que houve de mudança naquela mãe, criar ferramentas para planejar o que perguntar a ela. (...) Criar mecanismos de chegar à comunidade, à mãe. Porque a gente não sabia como chegar a eles – queria resolver o problema, mas não sabia todo o procedimento.”

Profissional do projeto

Contexto

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Metodologia

Capacitação, educação, mobilização e novas oportunidadesPrograma Amigo Real

A relação de parceria da Secretaria Municipal do Trabalho, Ha-bitação e Assistência Social de Novo Lino com o Programa Amigo Real esteve focada no apoio técnico e financeiro, entre 2004 e 2006, ao projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção In-tegral. A evolução do projeto foi sustentada pela participação das lideranças da instituição e de membros do CMDCA de Novo Lino nas Oficinas de Capacitação do Programa Amigo Real.

As oficinas reúnem simultaneamente representantes das diversas instituições e Conselhos beneficiados pelo Programa Amigo Real em cada ano de implementação. Em média quatro pessoas – dois técnicos do projeto e dois membros do CMDCA de Novo Lino – participaram das oficinas em 2004, 2005 e 2006. Foram oferecidas três oficinas para cada ciclo de apoio, com carga horária variável entre 16 e 24 horas cada.

As oficinas do programa visam auxiliar ONGs e prefeituras a obter sucesso na implementação dos projetos apoiados pelo Programa Amigo Real, por meio do replaneja-mento das ações, da criação de indi-

cadores de resultados e formas de avaliação, e da capacitação em gestão do orçamento. Buscam, também, estimular os parti-cipantes a refletir quanto ao papel dos CMDCAs na elaboração de políticas públicas para a criança e o adolescente e a adquirir uma visão mais integrada dos serviços que compõem a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente (Recad) no município. Outra função destacável das oficinas é ajudar na elaboração de estratégias de captação de recursos e de fortalecimento dos

Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O Programa Amigo Real também comparece com acompanhamento remoto às equipes por meio de con-tato telefônico, troca de e-mails e fornecimento de conteúdos a distân-cia. A implementação e a concepção da metodologia do Programa Amigo Real contam com o apoio técnico da PRATTEIN – Consultoria em Educa-ção e Desenvolvimento Social, com sede em São Paulo (SP).

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Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção IntegralA oferta de atividades complementares à escola, aliada à in-

serção e ao acompanhamento da evolução escolar de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Novo Lino e ao oferecimento de duas refeições diárias a cada um, foram es-tratégias adotadas desde o início pelo projeto para tirar as crianças e os adolescentes da rua. A idéia era bastante simples: ocupar seu dia com ações educativas e garantir-lhes alimentação básica, a fim de que não mais precisassem, ao menos por necessidade própria, se submeter à mendicância e ao trabalho ilegal.

Noutra vertente, o projeto elegeu investir no fortalecimento das famílias, pais e mães das crianças e adolescentes atendidos, uma vez que eram eles mesmos que, por impossibilidade de sus-tentar a si e aos filhos, acabavam incentivando-os a atuar como pedintes ou a se entregar a modalidades de trabalho degradante e insalubre.

Com a intenção de apoiar os adultos a assumir a posição de res-ponsáveis pela proteção dos filhos, os técnicos do projeto investem em dois níveis de abordagem familiar, a saber:

1) O investimento na ampliação da visão de pais e mães acerca de seus direitos e responsabilidades e para que possam assumir uma postura mais ativa em relação a isso.

Inclui a realização de reuniões expli-cativas no projeto sobre as atividades desenvolvidas com crianças e adoles-centes, bem como palestras sobre te-mas como saúde e direitos; a realiza-ção do chamado “grupo de vínculos”, que reúne quinzenalmente cerca de 10 famílias, agrupadas segundo a localiza-ção da sua residência, na casa de uma delas, de modo a criar um clima mais

intimista para que os participantes se sintam à vontade para tratar de seus problemas; a realização do “grupo de mulhe-res”, para o qual são convidadas quinzenalmente algumas mães mais fragilizadas para o desempenho de seu papel como mulher e mãe; a realização de visitas domiciliares e atendimentos individuais a famílias no projeto, de modo a solucionar questões específicas.

2) O esforço de incremento da renda das famílias, por meio da inclusão em programas governamentais de transferência de renda e da oferta de cursos de capacitação profissional.

O projeto também investe, com determinação e em parceria com o CMDCA, na sensibilização da comunidade de Novo Lino para a importância da garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Campanhas, passeatas e apresentações cul-turais são as principais estratégias adotadas.

Metodologia

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Ações

Movidos pelo compromisso e pelo empenho em qualificaçãoO apoio do Programa Amigo Real ao trabalho desenvolvi-

do pela Secretaria Municipal do Trabalho, Habitação e Assis-tência Social de Novo Lino com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social conferiu grande impulso à ação. Aos poucos, os ganhos do projeto começaram a aparecer, devolvendo a alegria às crianças e aos adolescentes da cidade.

Até 2003, o atendimento era dirigido a cerca de 80 crianças e adolescentes, que se alternavam ao longo da semana entre oficinas ministradas por voluntários de preparo insuficiente e sem o material didático necessário. Em 2004, após a primeira intervenção do Programa Amigo Real, o projeto foi estruturado para a oferta diária de educação complementar à escola a 100 crianças e adolescentes de Novo Lino.

O corpo técnico do projeto também pôde se dedicar mais ao objetivo de garantir a inserção do público atendido na escola formal, de modo a viabilizar um regime de educação em tempo integral aos beneficiários. Outras ações previstas estavam volta-das às famílias: orientações nas áreas de nutrição e saúde, aten-dimento psicossocial, oferta de oportunidades de qualificação profissional e a implantação de uma horta comunitária.

Os recursos alocados pelo Programa Amigo Real em 2004 totalizaram R$ 136.438,00 e destinaram-se à contratação de

pessoal, à compra de materiais para a realização das diferen-tes atividades, ao pagamento de despesas de alimentação das crianças e adolescentes e à capacitação da equipe. Foi contra-tada uma equipe de 12 profissionais composta por assistente social, psicólogo, pedagogo, nutricionista, educadores para ofi-cinas de artes, capoeira e dança, professores de reforço escolar, cozinheira e funcionário para serviços gerais.

O empenho em obter qualificação é uma marca do corpo técnico do projeto, que se esmerou em participar e compartilhar internamente os conhecimentos adquiridos nas Oficinas de Ca-pacitação do Programa Amigo Real. Os recursos repassados pelo programa permitiram, ainda, a contratação de uma assistente so-cial ligada à Universidade Federal de Alagoas, para prover asses-soria técnica e capacitação adicional aos profissionais do projeto.

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Sistema de informações favorece trabalhoEm um movimento paralelo, também os integrantes do

CMDCA de Novo Lino se capacitavam nas oficinas do Programa Amigo Real. Isso favoreceu uma maior articulação entre a Se-cretaria Municipal do Trabalho, Habitação e Assistência Social, executora do projeto com assento no Conselho, o Conselho Tu-telar e o Ministério Público, que passaram a exercer, juntos, um real controle sobre a situação de mendicância e exposição a riscos de crianças e adolescentes da cidade.

Outro trabalho memorável do CMDCA foi a elaboração, em 2005, do “Diagnóstico Social das Condições de Vida e Situação de Crianças e Adolescentes e suas Famílias em Vulnerabilidade no Município de Novo Lino”. O documento buscou sistematizar informações acerca dos problemas que se desejava enfrentar, bem como das estratégias desenvolvidas para tanto.

Nesse mesmo ano, o Programa Amigo Real aportou R$ 134.202,00 ao projeto. O serviço aumentou a faixa de atendi-mento para 162 crianças e adolescentes e os recursos alocados

foram empregados no pagamento de pessoal, na compra de ma-teriais para o desenvolvimento das atividades socioeducativas e em alimentação.

Em 2006, o número de atendimentos do projeto voltou a 100 crianças e adolescentes. A redução de público visou elevar a qualidade dos serviços prestados com as crianças e aprofun-dar o atendimento às famílias. A medida foi possível porque a Secretaria Municipal do Trabalho, Habitação e Assistência Social conseguiu aumentar a quantidade de bolsas concedidas pelo governo federal ao município para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

A argumentação da Secretaria junto ao governo federal fun-damentou-se no diagnóstico elaborado pelo CMDCA. As novas bolsas permitiram que parte das crianças e adolescentes do projeto fosse transferida ao centro de atendimento do Peti na cidade, que opera em local separado, também em regime de educação complementar à escola.

Em 2006, o aporte do Programa Amigo Real ao projeto foi de R$ 216.498,99. Desse total, cerca de R$ 100.000,00 foram alo-cados para a construção da sede própria do projeto, inaugurada em fevereiro de 2007 – entre 2003 e 2006, o projeto funcionou em um imóvel cedido em comodato à Prefeitura local. Os recur-sos restantes apoiaram a continuidade das ações regulares de educação complementar e atendimento às famílias.

Ações

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4Metodologia

4Ações

4Resultados

4Desafios e oportunidades

4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

Trabalho com famílias e mobilização socialO apoio às famílias no projeto de Novo Lino se concretiza

com a realização de vários tipos de reunião nas instalações do projeto – reuniões sobre as atividades desenvolvidas com os filhos, palestras sobre temas diversos, reuniões tipo “grupo de mulheres”, atendimentos individuais para abordar assuntos es-pecíficos – e em reuniões fora dele – em pequenos grupos, nas casas dos familiares, com a finalidade de discutir t emas delica-dos referentes à estruturação familiar. Esta última dinâmica de encontros, em casas de familiares, foi implementada em 2005. O trabalho com as famílias inclui, ainda, visitas domiciliares.

A fim de que pais e mães possam incrementar sua renda e assumir a subsistência de seus filhos, o projeto age em duas vertentes: a oferta de capacitação profissional e o cadastra-

mento das famílias no programa Bolsa Família de transferência de renda. Ligado ao governo federal, o Bolsa Família previa, em 2006, o pagamento mensal de valores entre R$ 15 e R$ 95 por família, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e a quantidade de filhos. Cinqüenta e quatro famílias atendidas pelo projeto receberam o benefício em 2004, 69 em 2005 e 51 em 2006.

Ações

Constituição do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Novo Lino, que permaneceu praticamente inativo até 2001.

Implementação do Programa Sentinela em Novo Lino; primeira tentativa de reativação do CMDCA, com eleição e posse do Conselho Tutelar; início da oferta de atendimento socioeducativo a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade pela Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Novo Lino.

Segunda tentativa de ativação do CMDCA, agora bem-sucedida; elaboração de nova proposta de trabalho com crianças e adolescentes e encaminhamento de solicitação de apoio ao Programa Amigo Real.

Primeiro ano de apoio do Programa Amigo Real; estruturação do projeto para o atendimento a 100 crianças, adolescentes e a suas famílias, contratação e qualificação de pessoal.

Segundo ano de apoio do Programa Amigo Real; expansão do atendimento a 162 crianças, adolescentes e suas famílias; diagnóstico sobre a situação de crianças, adolescentes e famílias em vulnerabilidade social em Novo Lino; parceria com Sindicato dos Trabalhadores Rurais para capacitação profissional das famílias.

Conquista de 50 bolsas do Peti; transferência de parte dos atendimentos ao Peti, visando qualificação e aprofundamento dos serviços prestados às 100 crianças e adolescentes que permaneceram no projeto; articulações com a Câmara dos Vereadores para a conquista de recursos complementares à construção de uma sede.

Inauguração da sede própria do projeto.

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Garantia de Proteção Integral

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4Desafios e oportunidades

4Desdobramentos

4Caminho das pedras

4Expediente

A oferta de capacitação profissional, por sua vez, ocorre des-de 2005, por meio de uma parceria com o Sindicato dos Tra-balhadores Rurais. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferece cursos ao sindicato e este disponibiliza parte de suas vagas a pais e mães do projeto. Os cursos abarcam as áreas de culinária, fabricação de produtos de higiene e lim-peza, confeitaria, produção de doces e bolos e de artesanato em crochê. Todas as 96 vagas disponibilizadas pelo sindicato nas diversas áreas entre 2005 e 2006 foram ocupadas. Em seis casos, a formação impulsionou o desenvolvimento de ativida-de produtiva autônoma, enquanto outras mães vislumbram a possibilidade de trabalhar em esquema de cooperativa. Trata-se, todavia, de um esforço ainda incipiente.

Uma última frente de ações em que o projeto investe de maneira sistemática é na mobilização da comunidade de Novo Lino para a importância da garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Isso se dá em parceria com o CMDCA, mediante a promoção de ações de visibilidade para o projeto — a exem-plo de apresentações culturais em torno das oficinas realizadas com crianças e adolescentes — e através da organização de campanhas englobando passeatas, mobilização de escolas, dis-tribuição de panfletos e a fixação de cartazes. Entre os momen-tos emblemáticos desse trabalho figuram as passeatas de 18 de maio, Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. No evento realizado em 2006, estima-se que 4 mil pessoas tenham comparecido, entre professores de todas as escolas da cidade, alunos, educadores, profissio-nais do Peti, Programa Sentinela, Prefeitura, CMDCA, Conselho Tutelar e comunidade.

“Já chegamos a ir a Jundiá, Recife com o pastoril. Com a capoeira nós já fomos para União dos Palmares. Fica tudo alegre, porque nós já estamos acostumados. (...) Nós entramos na roda de capoeira como se fosse, assim, entrar em casa... Lá tinha umas mil pessoas e nós jogamos, no meio mesmo.”

Adolescente atendido pelo projeto

Ações

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Articulações e parcerias multiplicam-se em algumas frentesAlgumas articulações com outras áreas do setor público agre-

garam valor ao projeto, a exemplo da parceria com a Secretaria de Saúde, que garantiu o atendimento médico geral para crian-ças e adolescentes e a realização de palestras também para as famílias, bem como a oferta de tratamentos odontológicos curativos e preventivos.

No campo da educação, técnicos do projeto procuram inte-grar as atividades de reforço escolar ao planejamento pedagógi-co das escolas, de modo a não criar “duas escolas”. Na prática, a coordenadora pedagógica do projeto realiza reuniões anuais com professores e coordenadores das escolas locais, enquanto outros educadores do projeto efetuam contatos bimestrais com professores das classes em que estudam os alunos do projeto, a fim de trocar informações e planejar ações conjuntamente.

O projeto atua em parceria com o Conselho Tutelar, acolhen-do todas as crianças e adolescentes encaminhados por esse órgão. O Ministério Público desponta como outro aliado, seja intervindo em casos em que nem os técnicos do projeto nem os integrantes do Conselho Tutelar obtêm sucesso, seja encami-nhando a Maceió crianças e adolescentes que requerem atendi-mento especializado ou abrigamento. “Eu estava na escola ontem, de repente um colega chegou,

rasgou a bandeira do Brasil que estava lá pregada e o outro foi e falou para a professora. Quando foi à noite, ele chegou armado para querer matar o colega. Eu cheguei até ele, porque eu conheço ele, e disse: ‘Rapaz. Não faz isso não, vai cuidar da tua vida, toma conta da tua mulher, que tem tua mulher.’ Ele tomou meu conselho e foi embora.”

Adolescente do projeto

Noutra vertente, a principal liderança do projeto, que é secretá-ria do Trabalho, Habitação e Assistência Social do município, atua no estreitamento de laços com a Câmara dos Vereadores. O es-forço busca convencer o poder público a investir na manutenção do projeto, que em grande medida operou, entre 2003 e 2006, com recursos advindos do Programa Amigo Real.

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Os primeiros resultados dessa ação foram a liberação de R$ 50 mil do Orçamento municipal de 2006 para complementar a verba necessária à construção da sede própria do projeto, bem como a rápida aprovação de um projeto de lei que possibilitou a licitação para contrato da construtora responsável pela obra.

Outra organização local que mantém parceria com o projeto é a Pastoral da Criança, que realiza palestras sobre nutrição no projeto, dá suporte às famílias de crianças pequenas no que se refere à curva de crescimento e as encaminha para tratamento médico, quando necessário.

Os cabeleireiros da cidade são também apoiadores, cortan-do gratuitamente o cabelo de crianças e adolescentes e ofertan-do, de tempos em tempos, sessões de manicure e cabelo às mães dos beneficiários. Em uma espécie de convênio, a Igreja Católica local promove educação religiosa ao público do projeto e o insere em atividades da sua rotina. Vale lembrar, ainda, o já citado apoio do Sindi-cato dos Trabalhadores Rurais na oferta de vagas em cursos de capacitação direcio-nados a pais e mães. O sindicato também possui representação no CMDCA.

Há, por fim, uma articulação importante em compasso de espera. Uma delas é a implementação da horta comunitária que o

projeto previra criar desde o início, como estratégia de geração de renda. A horta não foi implantada em 2004 devido à ausên-cia de infra-estrutura e terreno apropriado; foi criada em 2006, mas desativada em seguida, pois o local disponível não oferecia segurança e era alvo constante de furtos. O deslanche da ação depende da identificação de um local adequado e cedido para uso sem ônus pela instituição.

Embora o projeto de Novo Lino não tenha prosperado na ampliação da sua base de mantenedores, suas lideranças participam de frentes diversas de capta-ção de recursos. Os esforços extrapolam a região de Novo Lino, chegando a poten-ciais financiadores na iniciativa privada em Maceió e outras capitais e passando pela qualificação do projeto junto a avalistas de renome, a exemplo do Unicef e da Funda-ção Abrinq pelos Direitos da Criança.

Entre 2004 e 2006, o projeto criou um fundo de reserva, que vem funcionando como “colchão” para manter suas atividades até que o movimento de captação de recursos apresente resulta-dos. Sabe-se, porém, que a inserção definitiva do projeto entre as políticas públicas locais seria o melhor caminho para a obtenção de sustentabilidade.

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2004 2005 2006

Reuniões no projeto 7 19 11

Reuniões em casas de familiares - 8 7

Atendimentos psicossociais

individuais no projeto63 88 998

Visitas domiciliares 77 165 273

Quantidade de atendimentos direcionados às famílias

Apoio do Programa Amigo Real

Valores recebidos pelo CMDCA

2004 R$ 136.438,00 R$ 165.095,13

2005 R$ 134.202,00 R$ 156.482,00

2006 R$ 216.498,99 R$ 216.498,99

Total R$ 487.138,99 R$ 538.076,12

Orçamento do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

100

162

100

2004

2005

2006

Número de crianças e adolescentes atendidos pelo projeto

Faixa etária do público atendido pelo projeto em 2006

72%

28% Crianças (6 a 11 anos) – 72%

Adolescentes (12 a 17 anos) – 28%

FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DO TRABALhO, hABITAçãO E ASSISTêNCIA SOCIAL DE NOvO LINO E PROGRAMA AMIGO REAL.

“A gente tenta construir essa imagem de cidadão de direitos também para a mulher. Aqui em Novo Lino, algumas mulheres se vêem como objetos realmente.”

Profissional do projeto

“Antes ela (mãe) não ligava nada. Se chegasse meia-noite, ela não dizia nada. É melhor ela cuidando. Dormir

cedo, senão corre o risco de levar uma bala aí.”Adolescente atendido pelo projeto

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Resultados

O ganha-ganha do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção IntegralCrianças e adolescentes• As ocorrências de violação de direitos registradas no Conselho

Tutelar de Novo Lino vêm diminuindo ano a ano (ver tabela). O dado sobre exploração e abuso sexual é uma exceção, poden-do denotar a ampliação do grau de consciência da população quanto à inadmissibilidade desse tipo de violação.

• Há consciência, por parte das crianças e adolescentes partici-pantes do projeto, da importância do trabalho ali desenvolvido de busca de proteção integral e de defesa da garantia de seus direitos.

• As atividades do projeto contribuem para o desenvolvimen-to de competências pessoais (auto-estima, respeito a si e ao próprio corpo, equilíbrio emocional, valorização da cultura lo-cal), sociais (relacionamento interpessoal, habilidade de admi-nistrar conflitos, de participar e se expressar) e cognitivas (ha-bilidades de leitura, escrita, cálculo matemático e expressão artística, aproveitamento de conteúdos escolares em geral).

Famílias• Nota-se a superação do momento inicial do projeto em que as

famílias se ressentiam pelo fato de os filhos não estarem mais nas ruas, trazendo dinheiro para casa, dando lugar a outro em que as famílias se colocam como parceiras no trabalho realiza-do com as crianças e os adolescentes.

• O atendimento psicossocial provido é reconhecido pelos fami-liares como um apoio bem-vindo que os tira da solidão para lidar com seus problemas e se configura um canal de comuni-cação e escuta importante.

Ocorrências de violação de direitos registradas no Conselho Tutelar de Novo Lino 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Maus-tratos e abandono 64 58 29 19 7 10

Violência doméstica 29 39 15 15 5 5

Exploração e abuso sexual 20 10 9 20 2 17

Situação de rua 27 12 10 10 3 3

FONTE: CONSELHO TUTELAR DE NOVO LINO.

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• O projeto propiciou a mudança de atitude em questões bási-cas. Os pais passaram a ser mais cuidadosos com a proteção e o bem-estar dos filhos, a não mais estimular ou permitir que ficassem na rua e a encaminhá-los diariamente ao projeto e à escola. Também passaram a acompanhar a evolução educa-cional dos filhos, a ir às reuniões no projeto e com os profes-sores da escola, a ser mais cuidadosos com eles próprios e com suas casas.

• O projeto favoreceu o incremento da renda de parte das famí-lias atendidas, por meio do seu cadastramento no programa Bolsa Família. Em casos isolados, a oferta de capacitação pro-fissional impulsionou o desenvolvimento de atividade produ-tiva autônoma.

Projeto• Os momentos de exposição do projeto nas Oficinas de Capa-

citação do Programa Amigo Real a pessoas que desenvolvem ações sociais em outros municípios, especialistas da área e representantes do BANCO REAL funcionaram, por si sós, como forte estímulo para que a equipe de Novo Lino qualifi-casse seu trabalho.

• O corpo técnico do projeto elaborou ferramentas de planeja-mento do trabalho, monitoramento, avaliação, registro e sis-tematização de resultados. Além do impacto em eficiência, tal medida fundamenta as iniciativas de divulgação do projeto e favorece, conseqüentemente, sua sustentabilidade.

• Por se tratar de uma ação ligada a uma determinada gestão da Prefeitura, existe o receio, entre as lideranças do projeto, de ela deixar de existir no mandato de um novo prefeito. Por per-ceberem sua importância e a fim de perpetuá-la, as lideranças do projeto trabalham com a idéia de institucionalizar o projeto, transformando-o em uma associação civil sem fins lucrativos.

• A elaboração pelos técnicos do projeto do Diagnóstico Social das Condições de Vida e Situação de Crianças e Adolescen-tes e suas Famílias em Vulnerabilidade no Município de Novo Lino favoreceu a conquista, junto ao governo federal, de 50 bolsas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) para crianças e adolescentes da cidade.

Escolas• O percentual de reprovações escolares entre as crianças e

adolescentes matriculados no projeto há pelo menos seis meses caiu de 26% em 2003 para 16% em 2006.

• Comparando-se a freqüência escolar média dos seis partici-pantes que estão há mais tempo no projeto, de quatro faixas etárias entre 7 anos completos e 18 anos incompletos, per-cebe-se que houve uma evolução de 80% no último bimestre de 2004 para quase 100% no último bimestre de 2005.

Resultados

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CMDCA• O suporte e o acompanhamento sistemático das ações obtidos

por meio do Programa Amigo Real foram apontados pelos con-selheiros como fundamentais para o ganho de compreensão quanto à situação local da criança e do adolescente e de clareza em relação ao seu papel.

• As reflexões desenvolvidas nas Oficinas de Capacitação do Programa Amigo Real propiciaram o amadurecimento dos conselheiros em relação à necessidade de reunir e sistemati-zar informações sobre os problemas enfrentados, bem como em relação às estratégias a serem adotadas.

Sociedade• O projeto começa a provocar mudanças de paradigma na cida-

de, reforçando a necessidade de garantia de direitos e prote-ção integral para crianças e adolescentes.

• A experiência do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral representa um avanço no desenvolvimento da sociedade civil de Novo Lino, na medida em que caminha para se constituir na primeira ONG local.

Resultados

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Desafios e oportunidades

Caminhos a serem desbravados

• O trabalho infantil e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes deixaram de ser práticas socialmente aceitáveis em Novo Lino. Todavia, ain-da não foram extintas e não se identi-fica uma postura ativa para combater esses problemas por parte de outras instâncias da sociedade que não aque-las vinculadas diretamente ao projeto. O estímulo ao envolvimento de novas lideranças representativas no CMDCA mostra-se essencial para intensificar e perpetuar o trabalho de proteção a crianças e adolescentes na cidade.

• A história de colocação profissional entre egressos do projeto ainda se restringe a casos isolados. É uma vulnerabilidade a ser equacionada. O projeto não oferece aos adolescentes um trabalho focado no protagonismo juvenil, que representaria o desenvolvimento da capacidade de to-mar iniciativas e de competências sociais

• A dificuldade de mobilizar as famílias para que continuem desenvolvendo ativida-des produtivas autônomas após o encer-ramento dos cursos profissionalizantes sugere a necessidade de oferecer-lhes treinamento também no campo do em-preendedorismo, envolvendo uma pre-

• A observação focalizada em grupos de crianças e adolescentes revelou que, em consenso, as crianças não conside-ram o trabalho infantil uma prática preju-dicial. Já os adolescentes foram firmes ao se posicionarem contrariamente.

• A evolução e a continuidade do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Pro-teção Integral dependem, ainda, da am-pliação da sua base de apoio no que se refere à sustentabilidade financeira. Em-bora a necessidade de aumento no leque de apoiadores faça parte do discurso das lideranças do projeto, pouco se evoluiu entre 2003 e 2007 nesse sentido.

que podem ser até mais relevantes na busca pela inserção no mercado de traba-lho do que a aprendizagem de um único ofício, em cursos específicos de capaci-tação profissional. O estímulo à forma-ção de grupos juvenis que se envolvem com questões sociais da comunidade, por meio de estratégias definidas se-gundo a identidade cultural dos próprios jovens (música, cinema, esporte, dança), se coloca como uma alternativa.

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paração do grupo para lidar com temas como trabalho em equipe, associativis-mo, demanda de mercado, precificação, dentre outros.

• As entrevistas com professores das es-colas revelaram que existe, entre esses profissionais, consciência da situação de vulnerabilidade social em que se en-contram as crianças e adolescentes do projeto e, em alguma medida, compre-ensão quanto a eventuais dificuldades de aprendizagem. O discurso dos pro-fessores não revelou, todavia, indícios de que estejam assumindo uma postu-ra mais ativa em relação à situação da infância e da adolescência local.

Desafios e oportunidades

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Desdobramentos

Uma História que continuaAtendimento às crianças e adolescentes• Com 320 metros quadrados de área cons-

truída, a nova sede do projeto criou condi-ções mais favoráveis ao desenvolvimento das atividades com as crianças e adoles-centes atendidos. As instalações anterio-res tinham aproximadamente metade do tamanho das atuais.

• O local onde o projeto funcionava passou a abrigar em melhores condições a Secre-taria Municipal do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Novo Lino e outros programas voltados a crianças e adoles-centes no município.

• A preocupação com o desenvolvimento do empreendedorismo e com a inserção dos adolescentes do projeto no mercado de trabalho move suas lideranças a pen-sar numa ação que articule isso a uma das principais ativida-des econômicas – a produção de banana – e à valorização e preservação das matas remanescentes. A proposta é formar “agentes em meio ambiente” para promover a consciência ambiental, o reflorestamento, a coleta seletiva e criar oportu-nidades de profissionalização com a industrialização da bana-na e do artesanato a partir da sua fibra.

Atendimento às famílias• A atendimento psicossocial às famílias passou a adotar, tam-

bém, a abordagem de temas pontuais – alcoolismo, gravidez

na adolescência, DSTs, o ECA, entre outros – que possam dizer mais respeito à vida e aos problemas das famílias. A intenção é favorecer a mobilização e a mudança de postura das famí-lias. Os primeiros resultados são promissores.• A capacitação das famílias para atividades que possam gerar renda apresentou resultados mais positivos em 2006/2007. Os produtos ar-tesanais elaborados foram expostos em feiras e eventos fora de Novo Lino e o associativismo está sendo considerado um meio para formali-zar e fortalecer os grupos de produtores.

Sustentabilidade financeira• Em 2007, com a conclusão da sede, o projeto novamente ampliou a faixa de atendimento de 100 para 165 crianças e adolescentes, quantida-de próxima ao total de atendidos em 2005. O

fato sinaliza algum avanço nas condições de sustentabilidade do projeto, uma vez que sempre foi altamente dependente do Programa Amigo Real para o custeio de suas atividades.

“Eu não sabia ler, escrever. Agora sei ler, sei mandar carta, sei tudo. Eu aprendi muita coisa.”

Criança atendida pelo projeto

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Caminho das pedras

O caminho das pedras do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral

O QuE FAzER COMO FAzER O ITINERáRIO DE NOVO LINO

PASSO 1: identificar com clareza o perfil das crianças e as famílias a serem atendidas e o contexto em que vivem

Para a definição de objetivos e de uma metodologia adequada de trabalho, é de suma importância realizar um diagnóstico das condições de vida da população que se deseja atingir, explicitando direitos que são garantidos e aqueles que são violados, situando-os no contexto regional

A pesquisa sobre as condições de vida de crianças e adolescentes, realizada por diversos atores-chave de Novo Lino (equipe do Projeto de Proteção Integral, do Conselho Tutelar, da Guarda Civil, da Secretaria de Educação e Saúde, dentre outras), propiciou-lhes conhecimento sobre a realidade local e o engajamento em ações para seu enfrentamento

PASSO 2: formar uma rede de organizações e serviços que se responsabilize pelo sistema de garantia de direitos no município, definindo o papel de cada um deles.

A multicausalidade que envolve os problemas sociais exige a soma de esforços de equipamentos de áreas diversas, possibilitando uma abordagem global e efetiva por meio na construção de uma rede de interesses comuns.

A participação de lideranças dos vários serviços e equipamentos no CMDCA de Novo Lino possibilitou uma importante troca de informações entre eles, viabilizando o planejamento das ações, diminuindo sua duplicidade e garantindo um real controle sobre situações extremas de violação de direitos (prostituição, mendicância, trabalho infantil)

PASSO 3: capacitar equipes para o desempenho efetivo de seus papéis

Não é necessário reinventar o "caminho das pedras" a cada nova incursão na realidade. Teorizações e a experiência de outros potencializam em muito os esforços de uma equipe engajada em seus objetivos. Identificar potenciais colaboradores técnicos ajuda a qualificar a intervenção.

A equipe do Projeto de Proteção Integral buscou tanto a capacitação oferecida pelo Programa Amigo Real quanto um estreitamento de vínculos com a Universidade Federal de Alagoas, servindo de campo de pesquisa para trabalhos de pós-graduação, recebendo a supervisão de duas pós-graduandas do Serviço Social para a realização do diagnóstico social, passando a cursar a graduação da Universidade.

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O QuE FAzER COMO FAzER O ITINERáRIO DE NOVO LINO

PASSO 4: desenvolver com criatividade a metodologia de trabalho a ser utilizada em cada equipamento, sempre de forma contextualizada

Partindo de uma capacitação teórica consistente e do conhecimento da realidade local, a equipe pode projetar formas de abordagem adequadas à população com a qual deseja trabalhar. A proposta metodológica deve ser desenvolvida com base nas necessidades específicas do público beneficiário e de seu contexto.

A metodologia de trabalho com famílias desenvolvida por técnicos do Projeto de Proteção Integral é um exemplo que merece destaque. Desembaraçando-se de concepções ligadas a abordagens tradicionais, eles puderam trabalhar com familiares fora do ambiente do projeto, favorecendo tanto a sua desinibição quanto uma maior articulação comunitária. Ressalta-se que foi possível abordar inclusive questões delicadas como a sensibilização para o impedimento do trabalho infantil, cuja renda geralmente contribui para a subsistência da própria família.

PASSO 5: monitorar processos de trabalho e avaliar resultados

A realidade atual é complexa, problemas atuais são complexos. Formas tradicionais de intervenção não trazem mais os resultados esperados. Se é necessário inovar, é também necessário desenvolver o conhecimento sobre processos em desenvolvimento e resultados atingidos, com vistas a aprimorá-los continuamente. O monitoramento e a avaliação são a base da aprendizagem a partir da nossa prática.

As oficinas oferecidas pelo Programa Amigo Real tinham como um de seus objetivos principais o desenvolvimento de capacidades de avaliação entre seus participantes. A equipe de Novo Lino desenvolveu indicadores para a avaliação de processos e resultados, bem como estratégias de coleta de informações específicas para sua realização.

PASSO 6: criar estratégias para o envolvimento da comunidade em ações simples e complexas de garantia de proteção de direitos

Criar não apenas uma rede de equipamentos, mas uma rede de cidadãos que se responsabilizem por garantir os direitos das crianças e adolescentes no município é o objetivo maior daqueles que se dedicam a essa empreitada. Assumir essa tarefa como uma das prioridades do Projeto é fundamental.

Campanhas, passeatas e apresentações culturais, além de uma constante sensibilização "corpo a corpo" de comerciantes locais, donas-de-casa, caminhoneiros, foram algumas das estratégias encontradas pelo conjunto de parceiros de Novo Lino para aos poucos transformar a mentalidade de sua comunidade: trabalho infantil é problema sim, e não apenas um meio de sobrevivência; estimular a prostituição infantil é crime e não um acontecimento normal na cidade.

Caminho das pedras

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Esta é uma publicação da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do BANCO REAL. Ela foi elaborada a partir da avaliação de resultados do projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral, apoiado pelo Programa Amigo Real entre 2004 e 2006.

BANCO REALDiretoria de Desenvolvimento SustentávelMaria Luiza Pinto e Paiva

Superintendência de Ação SocialLaura Oltramare

Coordenação do Programa Amigo RealAndréa MoreiraAndréa Regina

Apoio técnicoPRATTEIN - Consultoria em Educação e Desenvolvimento SocialFabio Barbosa Ribas Jr.Odair Prescivalle

Coordenação do processo de avaliação e sistematizaçãoAndréa ReginaFábio SantiagoKarine BuenoMariana Leitão Brunini

Apoio técnico em avaliaçãoCristiane LocatelliEduardo Marino

www.bancoreal.com.br/sustentabilidade

Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção IntegralCoordenadoria-geralMarileide Maria Macena Santana (secretária do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Novo Lino)

Coordenadoria pedagógicaOriana de Melo Luis

Coordenadoria disciplinarMarta Lúcia Macena dos Santos

Atendimento psicossocialLécia Ricarda de Oliveira

Assistência socialVânia Cristiane da Silva

Professores de Reforço EscolarAntônia Jaílsa da SilvaMaria Rita de Freitas Teixeira Bruno PereiraMônica Monteiro da Silva

Instrutores de Esportes, Dança e CapoeiraErivaldo Geraldo VitalKlebson Gilberto da Silva

Auxiliares administrativosJoana Angélica da SilvaJuliana Cláudia Silva Macena CaldasMaria Salatiane da Silva

Jornalista responsávelSandra Mara Costa (Mc&Pop/Mtb 21.399)

RevisãoAlfredo Iamauti

Projeto gráfico e editoraçãoStudio 113

FotosPaulo Leite

Agradecimentos: A todas as pessoas — especialmente crianças, adolescentes, familiares, educadores, professores, comerciantes, conselheiros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Novo Lino e funcionários da Prefeitura — que participaram do processo de avaliação do Projeto Criança e Adolescente: Garantia de Proteção Integral.

Abril de 2008

Expediente

Todas as informações que constam neste documento refletem a experiência de iniciativas sociais apoiadas ou desenvolvidas pelo Banco Real, em sinto-nia com suas práticas para promoção do desenvolvimento sustentável. Ao replicar esta experiência alguns resultados podem ser diferentes em razão das muitas variáveis presentes em projetos sociais, bem como das diversas soluções aplicáveis a cada projeto. É sempre recomendável o envolvimento de especialistas na área de desenvolvimento sustentável.