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    INDICADORES ECONMICO-FINANCEIROS:Os impactos da alterao normativa em Portugal

    Carina Fabola Gonalves da Encarnao

    Projecto de Mestrado em Finanas

    e Controlo Empresarial

    rea Cientfica: Contabilidade

    Orientadora:

    Dra. Ana Isabel Morais

    Dezembro 2009

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    ii

    Resumo

    Num cenrio de intensa globalizao de mercados e economias, as dicotomias existentes

    entre os pases em termos de relato econmico-financeiro tendem a atenuar-se

    suportado pela crescente necessidade de harmonizao contabilstica.

    Em Portugal, o processo de harmonizao deu um passo importante em 2005 aquando

    da obrigatoriedade de aplicao das IAS/IFRS por um determinado grupo de

    sociedades. Com a aprovao do SNC em 2009, que entra em vigor aps 1 de Janeiro de

    2010, aproximamo-nos das normas de relato aplicadas na maioria dos pases europeus.

    Pretende-se verificar se as alteraes resultantes da aplicao de um novo normativo

    contabilstico resultam em oscilaes relevantes nos indicadores econmico-financeiros

    cujos dados so suportados na informao de relato apresentada pela sociedade e de

    outros dados relevantes do mercado ou de entidades externas.

    Na amostra considerada, procuramos analisar os impactos nos resultados obtidos no

    clculo dos rcios econmico-financeiros de uma sociedade portuguesa ao longo dos

    ltimos 4 anos, de acordo com as demonstraes financeiras elaboradas segundo o POC

    e as IAS/IFRS.

    Do estudo concluiu-se que a aplicao dos normativos contabilsticos POC e IAS/IFRS

    (base de referncia considerada no SNC) origina resultados distintos nos valores dos

    rcios, permitindo aferir que o relato financeiro preparado atravs de POC apresenta

    limitaes de comparabilidade face aos pases europeus integrados no processo de

    harmonizao contabilstica desenvolvido pelo IASB e adaptado pela Unio Europeia.

    Palavras chave: Globalizao, Harmonizao Contabilstica, Rcios, Anlise financeira

    JEL Classification:D82, M21, M41

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    iv

    Lista de abreviaes

    ABDR Anexo ao Balano e Demonstrao dos Resultados

    CANSNC Comisso de Acompanhamento do Novo Sistema de Normalizao

    Contabilstica

    CNC Comisso de Normalizao Contabilstica

    CSC Cdigo das Sociedades Comerciais

    DACP Demonstrao de Alteraes no Capital Prprio

    DC Directriz Contabilstica

    GAAP Generally Accepted Accounting Principles (Princpios Contabilsticos

    Geralmente Aceites)

    IAS International Accounting Standards (NIC Normas internacionais de

    contabilidade)

    IASB International Accounting Standards Board

    IFRS International Financial Reporting Standards (Normas internacionais de relato

    financeiro)

    MEP Mtodo de Equivalncia Patrimonial

    NCFR Norma Contabilstica e de Relato Financeiro

    PCGA Princpios Contabilsticos Geralmente Aceites

    POC Plano Oficial de Contabilidade

    SNC Sistema de Normalizao Contabilstica

    UE Unio Europeia

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    v

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1 Qualidade de informao financeira prestada pelas entidades comIAS/IFRS ......................................................................................................................18

    Quadro 2 Impactos nas demonstraes financeiras das entidades com valorescotados na Euronext que adoptaram pela primeira vez as IAS/IFRS em 2005............19

    Quadro 3 Classe de contas POC versus SNC.........................................................21 Quadro 4 Demonstraes Financeiras POC versus SNC .......................................21 Quadro 5 Balano: Composio do Activo e do Passivo.......................................23 Quadro 6 Custos e Perdas Versus Gastos e Perdas ................................................25 Quadro 7 Proveitos e Ganhos Versus Rendimentos e Ganhos...............................26 Quadro 8 Estrutura de Negcio da sociedade Jernimo Martins, SGPS, SA.........47 Quadro 9 Demonstrao de alteraes no capital prprio 2005: Primeira aplicaodas IAS/IFRS na sociedade Jernimo Martins, SGPS, S.A. ........................................50

    Quadro 10 Balano: valores POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a 2008 ................51 Quadro 11 Balano: variao POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a 2008 ..............52 Quadro 12 Demonstrao dos resultados: valores POC versus IAS/IFRS, anos2005 a 2008...................................................................................................................53

    Quadro 13 Demonstrao dos resultados: variao POC versus IAS/IFRS, anos2005 a 2008...................................................................................................................54

    Quadro 14 Rcios de rendibilidade: valores POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a2008 ..............................................................................................................................55

    Quadro 15 Rcios de rendibilidade: variao POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a2008 ..............................................................................................................................55

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    vi

    Quadro 16 Rcios de solvabilidade e autonomia financeira: valores POC versusIAS/IFRS, anos 2005 a 2008 ........................................................................................56

    Quadro 17 Rcios de solvabilidade e autonomia financeira: variao POC versusIAS/IFRS, anos 2005 a 2008 ........................................................................................57

    Quadro 18 Rcios de endividamento: valores POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a2008 ..............................................................................................................................58

    Quadro 19 Rcios de endividamento: variao POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a2008 ..............................................................................................................................59

    Quadro 20 Rcios de liquidez: valores POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a

    2008 ..............................................................................................................................59

    Quadro 21 Rcios de liquidez: variao POC versus IAS/IFRS, anos 2005 a2008 ..............................................................................................................................60

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    vii

    NDICE

    Sumrio Executivo.......................................................................................................... 2

    1. Introduo ................................................................................................................ 5

    2. Reviso da literatura relativa ao tema .................................................................. 9

    3. Anlise das diferenas e alteraes entre os normativos contabilsticos: POC,IAS/IFRS e SNC ........................................................................................................... 20

    3.1. As Demonstraes Financeiras....................................................................... 20

    3.2. Principais efeitos nas demonstraes financeiras ........................................... 26

    3.3. Quadro sntese das principais diferenas e alteraes entre POC SNC

    IAS/IFRS .................................................................................................................... 274. Indicadores econmico-financeiros ..................................................................... 34

    4.1. Enquadramento ............................................................................................... 34

    4.2. Descrio dos indicadores a analisar .............................................................. 36

    4.2.1. Rcios de Rendibilidade ............................................................................. 37

    4.2.2. Rcios de estrutura de capital e de cobertura............................................ 39

    4.2.3. Rcios de Endividamento ........................................................................... 41

    4.2.4. Rcios de liquidez ou de situao financeira ............................................. 435. Estudo Emprico .................................................................................................... 47

    5.1. Caracterizao da Empresa de anlise............................................................ 47

    5.2. Objectivo do Estudo e mtodo de recolha de dados ....................................... 49

    5.3. Anlise de informao .................................................................................... 49

    5.3.1 Balano........................................................................................................... 51

    5.3.2 Demonstraes dos Resultados ...................................................................... 52

    5.3.3 Rcios de Rendibilidade ................................................................................. 545.3.4 Rcios de Solvabilidade e Autonomia Financeira ......................................... 56

    5.3.4 Rcios de Endividamento ............................................................................... 57

    5.3.5 Rcios de Liquidez ......................................................................................... 59

    5.4. Concluses do estudo ..................................................................................... 61

    6. Concluses e Contributos do Projecto................................................................. 65

    ANEXOS ....................................................................................................................... 71

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    Sumrio Executivo

    Nos ltimos anos temos vindo a assistir a uma aproximao do normativo contabilstico

    aplicado em Portugal com o aplicado pelos restantes membros da Unio Europeia,

    devido intensa globalizao de mercados e economias e de forma a atenuar as

    dicotomias existentes com outros pases em termos de relato econmico-financeiro,

    nomeadamente na informao sobre a evoluo da situao financeira e do desempenho.

    A harmonizao contabilstica surgiu com a necessidade de criar um relato financeiro de

    cariz econmico; de reduzir o risco da informao, atravs da transparncia obtida

    atravs de polticas de divulgao mais detalhadas; de melhorar a organizao interna e

    de eliminar diferenas na linguagem internacional potenciando os negcios.

    Em 2005, atravs da transposio da directiva 2003/51/CE para o normativo nacional

    atravs do Decreto-Lei n. 35/2005, passou a ser obrigatria a elaborao de

    demonstraes financeiras de acordo com as IAS/IFRS para determinados grupos de

    entidades, nomeadamente para sociedades com valores mobilirios admitidos

    negociao em mercado regulamentado.

    No decorrer de 2009, com a publicao do Decreto-Lei n. 158/2009. D.R. n. 133, Srie

    I de 2009-07-13, revogado o actual normativo contabilstico vigente, o POC, a partir

    de 1 de Janeiro de 2010, sendo substitudo pelo SNC cuja concepo assenta nas normas

    IAS/IFRS e altera a forma de pensar, fazer e ler a contabilidade em Portugal.

    O objectivo do presente projecto de mestrado consiste na anlise dos impactos da

    alterao do normativo contabilstico adoptado na elaborao do relato financeiro daentidade nas suas demonstraes financeiras e, mais concretamente, nos indicadores

    econmico-financeiros de rendibilidade, de estrutura de capital e de cobertura, de

    endividamento e de liquidez ou da situao financeira.

    Com este estudo pretendemos alertar os preparadores e utentes da informao de relato

    para as diferenas existentes, relevados em anlise financeira, em projeces, na

    comparabilidade de entidades e sectores e ainda no auxlio da tomada de deciso de

    investimento e de gesto.

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    Indicadores Econmico-financeiros: Os impactos da alterao normativa em Portugal

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    Para alcanar os objectivos a que nos propomos analismos as principais diferenas e

    alteraes face aplicao de normativos contabilsticos distintos, o POC, a IAS/IFRS e

    o SNC na apresentao do relato financeiro e nas principais rubricas das demonstraes

    financeiras.

    Em seguida, identificmos os rcios econmico-financeiros de rendibilidade,

    solvabilidade, autonomia financeira, endividamento e liquidez, de acordo com a sua

    composio e entendimento dos resultados segundo os analistas financeiros.

    Para a elaborao do estudo emprico, considermos as demonstraes financeiras

    individuais da sociedade Jernimo Martins, SGPS, S.A., dos anos de 2005, 2006, 2007

    e 2008, apresentadas segundo o normativo POC (obtidas atravs da certido de

    prestao de contas) e as IAS/IFRS (relatrios e contas publicados no site

    http://www.jeronimomartins.pt). Com base nesta informao calculmos os indicadores

    econmico-financeiros identificados anteriormente.

    Analismos as variaes globais nas demonstraes financeiras apresentadas de acordo

    com os dois normativos, nomeadamente o balano e a demonstrao dos resultados, e

    nos indicadores econmico-financeiros.

    Do estudo concluiu-se que, com a utilizao de diferentes normativos contabilsticos

    POC e IAS/IFRS (base considerada na concepo do SNC) na preparao do relato

    financeiro obtemos algumas variaes nas rubricas das demonstraes financeiras e nos

    valores dos rcios.

    Nas demonstraes financeiras consideradas, balano e demonstrao de resultados,verificmos que as variaes no se relevaram significativas em balano, ao invs das

    rubricas de resultados operacionais e os resultados correntes na demonstrao de

    resultados, proveniente, entre outras razes, da incorporao dos denominados itens

    extraordinrios previsto em POC e excludo da terminologia IAS/IFRS e SNC e que se

    encontra incluso nos resultados de acordo com a sua natureza.

    Nos indicadores econmico-financeiros verificmos que estes apresentam resultados

    diferentes de acordo com o normativo contabilstico adoptado, principalmente no

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    indicador de rendibilidade do activo (ROI), nos rcios de cobertura do investimento

    (imobilizado) e de encargos financeiros, na capacidade de endividamento e de liquidez.

    As divergncias identificadas derivam de critrios de reconhecimento,

    desreconhecimento e de mensurao distinto entre os normativos, no existindo uma

    variao linear nos indicadores deste estudo.

    Alm disso, o regulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008 transpe a

    ltima alterao introduzida pelo IASB na IAS 1 Apresentao de Demonstraes

    Financeiras, evidenciando novas divergncias para o SNC que entra em vigor a partir de

    1 de Janeiro de 2009.

    O relato financeiro preparado atravs de POC apresenta limitaes de comparabilidade

    face aos pases europeus integrados no processo de harmonizao contabilstica

    desenvolvido pelo IASB, tendo em considerao que existem diferenas na

    apresentao, divulgao e em valor nas demonstraes financeiras. O SNC que foi

    preparado tendo em considerao as normas IAS/IFRS em vigor em 2007, apresenta j

    algumas divergncias face ao normativo adoptado na Unio Europeia.

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    1. IntroduoCom a alterao do sistema normativo contabilstico em Portugal, torne-se premente

    reflectirmos sobre os impactos da aplicao desse normativo, que podero advir na

    anlise econmica e financeira de uma entidade, quer seja interna, quer externa.

    Num cenrio de contraco econmica, de maior exigibilidade e de restrio na

    concesso de crdito, importante avaliarmos que alteraes, positivas ou negativas, da

    reorganizao e revalorizao dos elementos de suporte para o clculo de determinados

    indicadores econmico-financeiros.

    Um dos aspectos, cada vez mais, tidos em considerao pelas entidades prende-se com agesto dos riscos associados ao seu negcio (de negcio, de mercado, de liquidez e de

    crdito), sendo primordial a capacidade de negociao perante e com terceiros, de forma

    a obter as melhores condies e ao mesmo tempo proteger os interesses que permitam

    gerar sustentabilidade entidade.

    Numa gesto eficaz necessrio um sistema de relato financeiro apropriado baseado no

    sistema de contabilidade financeira, que permita aos detentores de capital, bem como apotenciais investidores, obter informao fidedigna sobre a situao econmico-

    financeira das entidades.

    A introduo de um novo normativo, por analogia s International Accounting

    Standards e s International Financial Reporting Standards (IAS/IFRS) pretende

    transmitir uma maior confiana na qualidade da informao sobre a posio financeira,

    performance e as suas alteraes, sendo til na tomada de deciso.

    A tcnica mais utilizada pela anlise financeira consiste em estabelecer relaes entre

    conta e agrupamento de contas de Balano, da Demonstrao dos Resultados e da

    Demonstrao de Fluxos de Caixa, ou de outras grandezas econmico-financeiras,

    designado como rcio, ndice, coeficiente ou indicador.

    expectvel que no processo de transio de normativos, as primeiras demonstraes

    apresentadas, no sejam directamente comparveis com perodos anteriores sendo

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    necessria a consciencializao e apreenso das suas implicaes na leitura,

    compreenso e comparabilidade das mesmas.

    Assentando em princpios e polticas distintas, poder no ser possvel a

    comparabilidade de rcios histricos baseados em critrios de mensurao e PCGA

    anteriores, originando valores dspares.

    Podero ser identificados activos e passivos que passaro a ser reconhecidos nas

    demonstraes financeiras, como o caso de activos intangveis adquiridos; activos e

    passivos relacionados com locaes financeiras; activos biolgicos; provises para

    garantias a clientes, reestruturao e matrias ambientais; instrumentos financeiros e

    benefcios dos empregados.

    Por outro lado, com o novo normativo, podero deixar de ser reconhecidos como

    activos e passivos alguns itens, nomeadamente activos intangveis gerados

    internamente, despesas de investigao e contratos de construo.

    As alteraes a introduzir poder conduzir a reclassificaes de activos e passivos em

    activos detidos para venda; unidades operacionais descontinuadas; investimentos em

    subsidirias, associadas e empreendimentos conjuntos; activos biolgicos e subsdios; e

    subsdios e apoios do governo.

    Os critrios de valorizao actuais assentam, em larga maioria, no custo histrico o que

    distorce o verdadeiro e apropriado valor que seria relevado.

    Segundo o novo normativo, e tambm de acordo com as IAS/IFRS, o custo histricodeixa de ser regra e passa a ser excepo, devendo ser aplicados outros critrios como

    o caso do custo considerado, do custo corrente, do valor realizvel, do valor presente e

    do justo valor.

    As rubricas que podero revelar maiores impactos com a alterao do critrio de

    mensurao so o goodwill; os activos e passivos relacionados com locaes

    financeiras; as propriedades de investimentos, as imparidades de activos; os activosbiolgicos; os contratos de construo; as provises para garantias a clientes,

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    reestruturao e matrias ambientais; os instrumentos financeiros e os benefcios dos

    empregados.

    O trabalho desenvolvido de anlise e de apuramento dos valores dos indicadores poder

    incidir sobre as demonstraes financeiras e divulgaes de uma ou vrias sociedades,

    que poder ser complementada com a informao externa do sector e do mercado em

    que se inserem.

    Os analistas financeiros geralmente utilizam indicadores que possibilitam averiguar qual

    a situao e posio financeira presente das sociedades, bem como fazer projeces

    futuras. Os indicadores mais utilizados so os de rendibilidade, solvabilidade,

    autonomia financeira, endividamento e liquidez, sobre os quais recai este estudo.

    Neste contexto, revela-se de extrema importncia percepcionar os eventuais impactos na

    informao financeira de uma sociedade.

    Devido impossibilidade de trabalharmos com demonstraes financeiras preparadas

    de acordo com o SNC, que apenas entra em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2010,

    seleccionmos uma sociedade portuguesa que se encontra cotada na Euronext Lisboa, e

    como tal obrigada a apresentar as suas demonstraes financeiras de acordo com as

    IAS/IFRS, que serviram de base na concepo do SNC (IAS/IFRS em vigor em 2007).

    Sendo assim, a metodologia a adoptar nesta anlise assenta em:

    Reviso da literatura relativa ao tema; Analisar as novas demonstraes financeiras (Balano e Demonstrao dos

    resultados) segundo o SNC face ao POC; Identificar, atravs de quadro sntese, as principais diferenas e alteraes

    decorrentes da revogao do actual normativo contabilstico POC e da

    implementao do SNC e, em determinadas sociedades, das IAS/IFRS;

    Enquadrar, identificar e caracterizar os indicadores financeiros a analisar; Elaborar um estudo emprico, sobre a sociedade Jernimo Martins, SGPS,

    S.A., onde se testa e analisa os impactos nos indicadores financeiros

    resultantes da alterao de normativo contabilstico; Concluses sobre o estudo desenvolvido.

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    Tendo em considerao a amostra, importa alertar que o sector e o mercado onde se

    insere, as polticas de gesto adoptadas, a composio dos seus activos e passivos e a

    actividade que desenvolve poder originar impactos distintos nos resultados obtidos

    pela aplicao de sistemas de normalizao contabilstica como o caso do POC, das

    IAS/IFRS e do futuro SNC.

    O presente projecto de mestrado encontra-se estruturado em 4 partes: (i) a reviso da

    literatura, (ii) Anlise das principais diferenas e alteraes entre os normativos

    contabilsticos, (iii) Indicadores econmico-financeiros e (iv) Estudo emprico.

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    2. Reviso da literatura relativa ao temaAo longo dos tempos, a informao de relato financeiro tem assumido uma importncia

    cada vez maior, reflectindo-se na influncia exercida na tomada de deciso de gesto,

    no posicionamento da entidade no mercado e na credibilidade junto das entidades

    credoras.

    De acordo com Grosu (2009) de extrema importncia a apresentao das

    demonstraes financeiras que permitam aos seus destinatrios uma leitura da estrutura

    da situao financeira, do desempenho e das alteraes na posio financeira.

    No que respeita situao financeira, as informaes apresentadas devero reflectir (i)os recursos econmicos que se encontram sob o controlo da empresa e teis para a

    determinao (i) da capacidade da empresa gerar fluxos monetrios no futuro; (ii) da

    estrutura de financiamento; (iii) da partio dos lucros futuros, dos fluxos de tesouraria,

    de liquidez e solvabilidade da entidade; (iv) e da capacidade de se adaptar s mudanas

    do meio.

    As informaes sobre o desempenho acompanham a avaliao das eventuais alteraesdos recursos econmicos controlveis no futuro e a formulao de hipteses sobre a

    eficincia da utilizao dos novos recursos.

    Por ltimo, as informaes sobre as alteraes da posio financeira devem ter em

    considerao a anlise das actividades de explorao, de financiamento e de

    investimento.

    Estas informaes destinam-se principalmente aos detentores de capital, potenciais

    investidores, gestores da entidade, funcionrios, credores, devedores, o Estado e suas

    instituies.

    A estrutura que melhor caracteriza o conhecimento econmico (as informaes sobre a

    actividade de uma entidade considerada til pelos seus usurios na tomada de deciso)

    a informao contabilstica, representando dados sob o formato de nmeros, smbolos,

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    frmulas, que respeitam situao e variao de activos, passivos e resultados de uma

    entidade.

    A informao contabilstica real, precisa, operativa e complexa, sendo uma das

    principais bases de suporte tomada de decises de gesto, permitindo gerir os seus

    recursos financeiros e a actividade econmica, quer a nvel micro e macroeconmico.

    Para Diaconu (2007) o processo de globalizao torna necessrio e urgente a

    harmonizao dos sistemas contabilsticos, no intuito de ser possvel propor um modelo

    de contabilidade financeira nico. No entanto, o perodo de implementao ser longo,

    mas consistente.

    A harmonizao global permitir uniformizar a elaborao de relato e torn-lo mais

    transparente e comparvel, que ajudar na tomada de deciso.

    Barth, Landsman e Lang (2007), no estudo efectuado, concluram que os valores

    contabilsticos das sociedades que aplicam as IAS/IFRS apresentam melhor qualidade

    na informao financeira, em comparao s que no aplicam estas normas.

    Segundo Ball (2005) a adopo das IAS/IFRS inevitvel e desejvel, no entanto sugere

    cautela devido a no existir dados histricos ou estudos acadmicos significativos que

    suportem o seu sucesso, nomeadamente no que diz respeito contabilizao ao justo

    valor em detrimento do custo histrico. A utilizao de normas internacionais uniformes

    pode reduzir a concorrncia entre os sistemas e a poltica global de longo prazo e poder

    transformar o IASB como o representante politicatizado, polarizado e burocrtico.

    Mates et al (2009), expem a importncia da necessidade de normas contabilsticas a

    nvel mundial, baseadas em princpios fundamentais, que sejam ser aplicados da mesma

    forma, tanto o FASB, bem como IASB ou pelos organismos nacionais de padronizao.

    Para tal contriburam as opinies de quem elabora as demonstraes financeiras, dos

    auditores e dos reguladores de uma legislao, que tornou ainda mais evidente que, de

    acordo com as normas adoptadas, o tratamento da informao e resultado obtidos eramdivergentes entre eles.

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    Alm disso, a evoluo dos mercados financeiros e da globalizao das economias

    tornaram ainda mais evidente a necessidade do balano elaborado e apresentado

    seguindo critrios uniformes.

    O balano de acordo com as IAS / IFRS dever capaz de contribuir para melhorar a

    imagem da empresa e representar de forma mais fivel os dados.

    Assim, as normas IAS / IFRS devem permitir a destacar no balano, juntamente com o

    patrimnio, informao financeira e da receita, a existncia de riscos, que devero se

    correlacionar com a natureza da actividade, as aces a praticar pela gesto da entidade

    para a reduo dos riscos ou para a motivao das decises de assuno de riscos.

    Dargenidou, Mcleay e Raonic (2006) enfocaram o seu estudo na relao entre o custo

    de capital e lucros estimados, quando os princpios contabilsticos divergem de acordo

    com regimes regulamentares, como ocorre com os diferentes GAAP (Generally

    Accepted Accounting Principles) existentes na Unio Europeia (UE), cujo processo de

    harmonizao contabilstica se encontra gradualmente em curso.

    Referem que a existncia de sistemas contabilsticos distintos poder influenciar o

    reconhecimento temporal dos ganhos e perdas, conduzindo a divergncias nos

    resultados obtidos por uma entidade.

    A adopo das IAS/IFRS dever conduzir ao reconhecimento dos valores

    contabilsticos, de acordo com os mesmos princpios e no mesmo espao temporal,

    quando as circunstncias em que as empresas do mesmo sector operam so semelhantes.

    Espera-se, assim, que dado o grau de integrao do mercado financeiro europeu nos

    ltimos anos, a variao dos ganhos entre pases susceptvel de ser impulsionado, em

    grande medida pelas restries impostas pela harmonizao contabilstica, originando

    diferentes taxas de rendimento econmico.

    As expectativas dos investidores no so observveis e as previses dos analistas

    podero ser consideradas tendenciosas e imprecisas, influenciadas pela prtica dealcanar ganhos de gesto, ou melhor, estes esto cientes da natureza conservadora dos

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    lucros divulgados e da sua influncia nos ganhos futuros. As previses so baseadas no

    lucro ajustado relatado, i.e., livre de itens extraordinrios que poderiam contribuir para a

    variao nos lucros, e, como resultado desse ajuste, eles podem no reflectir as

    diferenas existentes na contabilidade internacional.

    As IAS/IFRS impem um maior nvel de divulgao do que geralmente exigido pelos

    outros normativos contabilsticos existentes. Quanto maior a divulgao antes da

    transio, e quanto mais prximas forem as polticas contabilsticas adoptadas, das

    estabelecidas pelas IAS/IFRS ou US GAAP, mais fcil ser para os participantes do

    mercado de ligar o passado com o futuro e, desta forma, serem capaz de apurar os

    impactos contabilsticos sobre os fluxos de caixa futuros.

    A transio para um outro conjunto de normas de contabilidade poder ter

    consequncias econmicas na medida em que a divulgao prvia no suficiente para

    informar os participantes do mercado sobre o impacto das alteraes contabilsticas. No

    entanto, os custos envolvidos so susceptveis de serem temporrios e a dissipar-se

    durante a transio, dependendo dos nveis de divulgao e tambm sobre o conjunto de

    normas que aprovado.

    Para Petreski (2006), os efeitos da adopo das IAS/IFRS nas empresas so mltiplas,

    positivos e digno de destaque. O processo acompanhado por muitos obstculos, mas

    que, respeitados os princpios e regras, torna a informao de relato mais fivel para os

    negcios e, desta forma, contribui para um maior valor da informao.

    O compromisso da empresa para uma melhor divulgao e transparncia financeira que

    permitir reduzir as assimetrias de informao entre os insiders (accionistas ou gerentescontroladores) e outsiders (accionistas minoritrios, credores e outros stakeholders).

    Segundo Haskins (2002), existem diversas razes para que existam variaes nos

    resultados financeiros entre as entidades.

    As caractersticas especficas do sector em que se inserem, poder, entre outras, (i)

    influenciar o montante de investimento a despender; (ii) a poltica de preos instituda

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    poder impor uma margem de lucro muito baixa; e (iii) as condies de crdito

    praticadas.

    A poltica de gesto praticada poder influenciar os resultados obtidos, nomeadamente,

    a opo de financiar aquisio de activos por capitais alheios ou prprios.

    Adicionalmente, o delegar de competncias de gesto em algumas entidades, poder,

    mesmo em entidades com as mesmas caractersticas e polticas de gesto semelhantes,

    originar resultados financeiros diferentes, porque a gesto executada de forma

    diferente.

    As razes identificadas acima encontram-se reflectidas nas demonstraes financeiras, e

    podem ser evidenciadas nos rcios financeiros.

    Cantoni e Silvi (2007) realizaram uma abordagem do desempenho financeiro e da

    avaliao de risco em duas dimenses: a rentabilidade (como lucros, fluxos de caixa e

    crescimento) e responsabilidade financeira (situao, estrutura de capital e liquidez). O

    objectivo desta abordagem analisar e comparar as dificuldades da capacidade

    informativa dos rcios na projeco futura de resultados.

    Na opinio dos autores, no conhecido nenhum sistema de avaliao baseado em

    rcios financeiros inequvocos e de uma teoria robusta subjacente que permita avaliar o

    impacto econmico e o desempenho financeiro.

    Os resultados obtidos no estudo de uma determinada empresa italiana demonstraram

    que a combinao linear das relaes em matria de responsabilidade, liquidez eestrutura de capital e dos ndices relativos ao crescimento, obteno de lucros e fluxo de

    caixa revelam informao significativa para identificar problemas financeiros futuros.

    de referir, que os autores remetem para futura pesquisa a eficcia dos rcios, de

    amostras em diferentes contextos.

    As propriedades dinmicas dos rcios financeiros tm sido objecto de vrios estudosempricos. A simplificao da imobilidade e cointegrao nos rcios financeiros foram

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    discutidos por Whittington e Tippett (1995, 1999), que concluram, atravs de testes

    estatsticos, que os componentes financeiros rcios apresentam estacionariedade que no

    eliminada pelo rcio de transformao. Demonstram tambm que o grau de co-

    integrao entre os componentes proporo varia consideravelmente entre os diferentes

    rcios financeiros.

    Ioannides, Peel e Peel (2003) investigaram se a propriedade esttica consistente com o

    processo de reverso dos rcios financeiros, sugerindo que a relao de sries

    financeiras individuais so no-estacionrio, o que implica uma forte persistncia dos

    rcios e coloca a questo quanto sua caracterizao na integrao de processos.

    McLeay e Stevenson (2006) referem que a utilizao dos rcios financeiros por analistas

    para comparar a performance das entidades com os seus concorrentes (nacionais e

    internacionais) e de um perodo para o seguinte tem se demonstrado de importncia

    crescente com a actual e continuada integrao econmica europeia.

    Neste contexto do dia-a-dia financeiro, identificou como relevante perceber se um

    indicador financeiro, que se expressa em unidade mtrica, suficiente para uma anlise

    adequada de comparao de entidades e das tendncias financeiras.

    O estudo desenvolvido assentou em variveis como o capital prprio, activo total,

    passivo total, vendas / volume de negcios e custos totais, consideradas das mais

    relevantes em termos financeiros e em termos de relato. A conjugao de algumas das

    variveis permite construir o indicador financeiro return on Equity, considerado dos

    mais relevantes para os stakeholders.

    McLeay e Stevenson (2006) concluram que os componentes dos rcios financeiros so

    variveis correlacionadas, e quaisquer efeitos de cointegrao ir faz-lo declinar

    rapidamente. Num determinado perodo no tempo, as variveis podem crescer a uma

    taxa superior ou inferior da entidade como um todo, especialmente se estiver em

    processo de alterao da sua estrutura financeira ou operacional. Esta divergncia de

    transio nas tendncias deterministas dentro da mesma entidade pode indiciar um

    desvio na relao entre as duas variveis, quer no nvel de alteraes. No entanto, ogenuno rcio financeiro pode ser definido pela variao moderada em torno de um

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    valor esperado, e que tal relao pode ser representada por um modelo estatistico

    proporcional ao crescimento na empresa.

    Para Brealey e Myers (1999) os rcios financeiros so apenas um instrumento prtico

    para resumir um grande nmero de dados financeiros e para comparar o desempenho

    das empresas. Os rcios ajudam a fazer as perguntas certas; raramente fornecem

    respostas.

    O estudo desenvolvido por Demerjian (2007) analisa o impacto da informao extrada

    de rcios financeiros na determinao do risco de crdito, com base no devedor ou nas

    caractersticas do contrato.

    Um muturio1 com resultados positivos, alta rentabilidade, receitas com baixa

    volatilidade tendem a ter cobertura de dvida medida em cash flows.

    Caso contrrio, os contratos de dvida de muturios com perdas, baixa rentabilidade e

    ganhos altamente volteis so susceptveis de incluir acordos medidos com o valor

    lquido do patrimnio.

    No que respeita a linhas de crdito rotativas possvel que sejam includas condies de

    alavancagem.

    O que permite verificar que os contratos com taxas indexadas a condies so mais

    informativos do risco de crdito subjacente do muturio.

    Um outro elemento relevante neste contexto o aperto, que segundo o autor definido como a distncia entre o valor inicial da taxa e o seu limite mximo. De acordo

    com a pesquisa desenvolvida, mostra que os pactos existentes nos acordos de dvida

    privada se encontram em nveis reduzidos.

    Neste contexto faria sentido alargar a anlise aos dados informativos e s suas

    implicaes nos preos praticados. Caso a anlise da informao obtida atravs dos

    1Pessoa ou entidade que recebe algo por emprstimo

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    rcios financeiros permitir o acordo entre as partes determinado um preo para a taxa

    de juro, que tem impacto importante na aprovao dos contratos de financiamento. A

    taxa de juro da dvida permite reduzir o nmero de clusulas includas no contrato, o

    que sugere, que quanto maior o n de condies maior ser a proteco ao credor.

    Bhattacharya (2007) relembrou que Gilman (1925) j havia criticado a anlise baseada

    em rcios devido aos seguintes pontos:

    As mudanas nas taxas ao longo do tempo podem no ser interpretadocorrectamente, pois tanto o seu numerador como o seu denominador tem

    subjacente uma relao ligada actividade;

    Os rcios tm tendncia para desviar a ateno do analista para determinadosnmeros que se encontram longe de serem considerados valores absolutos,

    que s podem ser considerados como uma viso abrangente do negcio (so

    considerados como medidas artificiais que podem suprimir a realidade).

    Desta forma, no podemos assegurar que os rcios retratam as relaes fundamentais de

    um negcio, podendo na melhor das hipteses dar uma viso superficial de um

    negcio.

    A leitura e anlise da informao dada por um rcio, por si s, devero ser efectuados

    com um olhar crtico e ser enquadrado em toda a sua envolvente micro e

    macroeconmica.

    Cordeiro et al. (2007) efectuaram um estudo sobre os impactos em Portugal da adopodas IAS/IFRS que incidiu sobre as contas consolidadas de 39 empresas inseridas no

    mercado de valores da Euronext Lisboa, que foram obrigados a adoptar o seu relato s

    normas europeias a partir de 2005.

    De acordo com os resultados obtidos da anlise efectuada, a aplicao das IAS/IFRS

    originou algumas variaes importantes, tais como:

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    O balano apresentou um aumento mdio de 7 milhes de euros que correspondea uma variao positiva de 1,50% que resultaram principalmente dos ajustamentos

    para activos fixos financeiros e de dvida:

    a. Os capitais prprios apresentaram, em mdia, uma reduo de 29milhes de euros, representando uma variao negativa de 3,19%;

    b. O passivo aumentou, em mdia, 36 milhes de euros, o equivalente auma variao positiva de 3,42%;

    Os resultados consolidados apresentaram um aumento mdio de 14,66% (1milho de euros), face aplicao do POC:

    a. Nos resultados operacionais verificou-se um aumento mdio de 4milhes de euros que corresponde a 123,13%, devido principalmente

    reduo dos custos operacionais em 2,18% e acompanhado, mas no

    proporcionalmente pela reduo das receitas operacionais;

    b. Os resultados correntes apresentam um aumento de cerca de 3 milhesde euros, equivalente a 31,52%;

    c. Inversamente os resultados financeiros obtiveram uma reduo de29,57%:

    d. Quando aos resultados extraordinrios verificmos, igualmente, umadiminuio de 11,89%;

    e. No que respeita ao imposto sobre o rendimento aferimos uma reduomdia de 1 milho de euros, cerca de 1,94%.

    Segundo os autores no possvel apurar um padro inequvoco de comportamento das

    variaes (absoluto e percentual), quer a nvel do balano quer a nvel da demonstrao

    dos resultados.

    Face s variaes verificadas, ser de assumir que haver impactos nas relaes

    econmicas e financeiras das empresas, nomeadamente, numa distoro do desempenho

    e das condies financeiras das empresas.

    No estudo foram consideradas as variaes de dois rcios vocacionados para a anlise

    accionista, PER (Price Earning Ratio) e EPS (Earnings Per Share). Na pesquisa os

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    resultados obtidos sugerem, tanto com base no PER como com o EPS, uma pequena

    perda para os accionistas.

    O PER variou 50,6 em valor o que representa uma diminuio do potencial das

    empresas de crescimento no mercado de valores e um aumento no nvel de risco. Os

    rcios PER e EPS sugerem depreciao na posio de accionistas com a aplicao das

    IAS/IFRS.

    Em concluso, este estudo no identificou diferenas significativas na forma de adaptar

    a contabilidade para as normas IAS/IFRS entre as empresas, mesmo que inseridas em

    sectores diferentes. Por outro lado, as variaes percentuais de alguns itens do balano e

    da demonstrao dos resultados, no seio de algumas empresas, so similares.

    A PriceWaterCoopers (2009) considera que a adopo do SNC aproxima Portugal dos

    restantes pases europeus, tendo reflexo positivo no acesso ao crdito e no processo de

    internacionalizao. Alm disso poder conduzir a impactos relevantes nos capitais

    prprios, nos resultados e em rcios relevantes.

    A gesto deve incluir o novo enquadramento de valorizao (justo valor) e de relato

    financeiro nos modelos de administrao de negcio. Este mtodo de mensurao

    evidencia a importncia das metodologias e fontes de determinao do justo valor.

    O estudo desenvolvido pelo ICAEW em 2007 pretendeu aferir sobre a qualidade da

    informao financeira prestada pelas entidades com a adopo das IAS/IFRS. Em

    Portugal pensamos que, devido proximidade entre o SNC e as IAS/IFRS, os impactos

    sero semelhantes, i.e., haver uma melhoria generalizada da qualidade da informao.

    Quadro 1 Qualidade de informao financeira prestada pelas entidades com IAS/IFRS

    StakeholderMelhorias de

    qualidadeDecrscimo de

    qualidade

    Investidores 63% 24%Preparadores 60% 14%Auditores 80% 8%

    Fonte: ICAEW EU Implementation of IFRS and Fair Value Directive

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    A Comisso de Acompanhamento do Novo SNC, em analogia adopo das IAS/IFRS

    em 2005 por determinadas sociedades, analisou as variaes verificadas nas

    demonstraes financeiras de entidades que aplicaram as normas pela 1 vez. Deste

    modo, a agregao os valores apurados no apresentaram desvios muito significativos,

    no entanto os impactos podero variar de acordo com a entidade.

    Quadro 2 Impactos nas demonstraes financeiras das entidades com valores cotados na

    Euronext Lisboa que adoptaram pela primeira vez as IAS/IFRS em 2005

    Rubrica / Rcio Aumentos Diminuies

    Activo 40% 60%

    Passivo 63% 37%

    Capital Prprio 54% 46%

    Resultado do Perodo 77% 23%

    Autonomia Financeira 49% 51%

    Solvabilidade 46% 54%

    Rendibilidade dos Capitais Prprios 71% 29%

    Fonte: Comisso de acompanhamento do novo SNC

    Uma das grandes problemticas identificadas prende-se com o fair value (justo valor),

    tendo o seu uso sido restringido s situaes em que exista mercado regulado para tal,

    de forma a prevenir abusos na sua utilizao.

    Para os intervenientes, o SNC apresenta vantagens face ao POC, no relato financeiro de

    vertente econmica distanciando-se da componente fiscal, na diminuio do risco da

    informao com a divulgao de muita informao detalhada, na potencial melhoria de

    organizao interna e no potencial auxilio nos negcios pela linguagem internacional

    que apresenta.

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    3. Anlise das diferenas e alteraes entre os normativos contabilsticos:POC, IAS/IFRS e SNC

    Neste ponto iremos analisar as principais diferenas e alteraes entre os normativos

    POC, IAS/IFRS e SNC, nas demonstraes financeiras e nas rubricas mais relevantes

    para este estudo.

    3.1.As Demonstraes Financeiras

    O normativo contabilstico nacional actual, o Plano Oficial de Contabilidade (POC),

    estabelece os modelos obrigatrios para a elaborao do balano e da demonstrao dosresultados, as informaes a divulgar em notas anexas. Paralelamente, esta informao

    consta na:

    IAS 1 (Apresentao das demonstraes financeiras); Norma Contabilstica de Relato Financeiro (NCRF) n. 1 do novoSistema de Normalizao Contabilstica (SNC) sobre a estrutura e

    contedo das demonstraes financeiras;

    Portaria n. 986/2009. D.R. n. 173, Srie I de 2009-09-07 que aprovaos modelos de demonstraes financeiras (SNC); e

    Aviso n. 15654/2009. D.R. n. 173, Srie II de 2009-09-07, quecontempla a norma contabilstica e de relato financeiro para pequenas

    entidades (SNC).

    Importa referir que, o novo SNC foi elaborado tendo o base as IAS / IFRS (de 2007),

    adaptadas pela UE, em Regulamento publicado pela Comisso.

    Para a elaborao das demonstraes financeiras devemos ter em considerao a

    estrutura contabilstica existente e das quais retirada a informao, sendo que as

    rubricas que a compem sofreram uma redenominao, reestruturao de valorimetria

    (mensurao) e adaptadas de acordo com a correspondncia entre as actuais classes de

    contas.

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    Quadro 3 Classe de contas POC versus SNC

    POC Classe de contas SNCDisponibilidades 1 Meios financeiros lquidos

    Terceiros 2 Contas a receber e a pagarExistncias 3 Inventrios e activos biolgicos

    Imobilizaes 4 InvestimentosCapital, reservas e resultados transitados 5 Capital, reservas e resultados transitados

    Custos e perdas 6 GastosProveitos e ganhos 7 Rendimentos

    Resultados 8 Resultados

    Fonte: Borges, Antnio; Jos Azevedo Rodrigues, Jos Miguel Rodrigues e Rogrio Rodrigues (2007), As NovasDemonstraes Financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade. reas Editora.

    A partir de 1 de Janeiro de 2010, com a aplicao da SNC em Portugal, um conjunto

    completo de demonstraes financeiras que compreende (i) balano; (ii) demonstrao

    dos resultados; (iii) demonstrao das alteraes na capital prprio; (iv) demonstrao

    dos fluxos de caixa; e (v) Anexo (divulgaes de suporte todas as referidas

    demonstraes)2.

    Em termos de demonstraes financeiras obrigatrias, podemos verificar que o novo

    normativo prev a incluso de uma demonstrao das alteraes no capital prprio, a

    obrigatoriedade da demonstrao dos Fluxos de Caixa pelo mtodo directo e a

    obrigatoriedade de elaborao da demonstrao da demonstrao dos resultados por

    naturezas, sendo opcional a por funes (segundo a IAS possvel optar por uma das

    demonstraes dos resultados, por natureza ou por funes).

    Quadro 4 Demonstraes Financeiras POC versus SNC

    POC SNCBalano Balano

    Demonstrao dos resultados por naturezas Demonstrao dos resultados por naturezas

    Demonstrao dos resultados por funes Demonstrao dos resultados por funes (1)

    Demonstrao dos fluxos de caixa e anexo Demonstrao dos fluxos de caixa e anexo(2)

    Demonstrao das alteraes no capital prprio

    Anexo ao balano e demonstrao dos resultados Notas s Demonstraes Financeiras

    (1)No SNC, a elaborao da Demonstrao de resultados por funes opcional.

    (2)O SNC obriga a que a Demonstrao de fluxos de caixa seja elaborado de acordo com o Mtodo Directo.

    Fonte: Borges, Antnio; Jos Azevedo Rodrigues, Jos Miguel Rodrigues e Rogrio Rodrigues (2007), As NovasDemonstraes Financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade. reas Editora.

    2 SNC, Estrutura Conceptual ( 8)

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    Balano

    O Balano proporciona informao sobre a posio financeira de uma entidade, numa

    determinada data.

    O novo normativo, ao contrrio do POC, apresenta de forma explcita os conceitos de

    activo e passivo. Deste modo, um activo um recurso controlado por uma entidade

    como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam benefcios

    econmicos futuros. Por outro lado, um passivo uma obrigao presente da entidade

    proveniente de acontecimentos passados, cuja liquidao se espera que resulte num

    exfluxo de recursos da entidade que incorporam benefcios econmicos.

    Os activos e passivos distinguem-se em correntes (realizado / liquidado no decurso

    normal do ciclo operacional da entidade e num prazo inferior a 12 meses) e no

    correntes (excludos do ciclo operacional e prazo superior a 12 meses).

    De acordo com o SNC, tal como previsto nas IAS/IFRS, apresenta uma maior

    agregao de contas, ao contrrio do que ocorre com o POC.

    Quadro 5 Balano: Composio do Activo e do Passivo

    POC SNC

    Imobilizado Activo no correnteActivo circulante Activo corrente

    Acrscimos e diferimentos

    Provises Passivo no correnteDvidas a terceiros - M/L Prazo Passivo correnteDvidas a terceiros - Curto prazo

    Acrscimos e diferimentos

    Passivo

    Activo

    Fonte: Borges, Antnio; Jos Azevedo Rodrigues, Jos Miguel Rodrigues e Rogrio Rodrigues (2007), As NovasDemonstraes Financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade. reas Editora.

    A apresentao do Balano far-se- atravs de um modelo vertical e nico, quer para as

    entidades individuais, quer consolidadas. Apresenta um contedo mnimo, que

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    dependendo dos conceitos de materialidade, fiabilidade e relevncia determinados pela

    entidade, podero adicionar-se linhas de itens.

    O activo apresentado por ordem de liquidez crescente e o passivo por ordem de

    exigibilidade crescente.

    Alm disso, os elementos activos so apresentados em valores lquidos, havendo uma

    supresso dos valores brutos, amortizaes, ajustamentos e imparidades, sendo a

    informao remetida, atravs da indicao da nota correspondente (divulgaes) para o

    anexo s demonstraes financeiras.

    Demonstrao dos Resultados

    A demonstrao dos resultados composta pelas componentes positivas e negativas do

    resultado relativo ao intervalo de tempo entre as duas datas de balano e permite avaliar

    o desempenho financeiro da entidade reportado a um determinado perodo.

    O modelo, aprovado pela Portaria n. 986/2009, apresenta uma forma vertical

    interligada (de acordo com a natureza dos rendimentos e gastos) e nico (aplicvel pelas

    empresas individuais e consolidadas) e ordenado em primeiro lugar pelas componentes

    positivas e depois pelas negativas do resultado, havendo alguns componentes que sendo

    de uma determinada natureza acolhem alteraes de natureza contrria. Apresenta um

    contedo mnimo, permitindo, contudo, adicionar linhas de itens de acordo com os

    conceitos de materialidade, fiabilidade e relevncia considerados pela entidade.

    A terminologia de custos e perdas ser substituda por gastos e perdas, com conceitos

    definidos nos normativos contabilsticos.

    Os Gastos so diminuies nos benefcios econmicos durante o perodo contabilstico

    na forma de exfluxos ou deperecimentos de activos ou na incoerncia de passivos que

    resultem em diminuies no capital prprio, que no sejam relacionados com as

    distribuies aos participantes no capital prprio. Resultam do decurso das actividadesordinrias da empresa.

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    25

    Os gastos englobam as perdas que so outros itens que satisfazem a definio de gastos

    e podem, ou no, surgir no decurso das actividades correntes de uma entidade.

    Quadro 6 Custos e Perdas Versus Gastos e Perdas

    POC SNC

    Custos e perdas Gastos e perdas

    Custo das mercadorias vendidas e matrias

    consumidas

    Custo das mercadorias vendidas e matrias

    consumidas

    Fornecimentos e servios externos Fornecimentos e servios externos

    Custos com o pessoal Gastos com o pessoal

    Ajustamentos Ajustamentos de inventrios (perdas/reverses)

    Imparidade das dvidas a receber

    (perdas/reverses)

    Provises Provises (aumentos/diminuies)

    Imparidade dos activos nodepreciveis/amortizveis (perdas/reverses)

    Aumentos/redues de justo valor

    Amorties do imobilizado corpreo e incorpreo Gastos/reverses de depreciao e de amortizao

    Imparidade dos activos depreciveis/amortizveis

    (perdas/reverses)

    Impostos

    Outros custos e perdas operacionais Outros gastos e perdas

    Perdas em empresas do grupo e associadasPerdas imputados de subsidirias, associadas e

    empreendimentos conjuntos

    Juros e outros custos similares Juros e gastos similares suportados

    Amortizaes e ajustamentos de aplicaes e

    investimentos financeiros

    Imposto sobre o rendimento do exerccio

    Fonte: Borges, Antnio; Jos Azevedo Rodrigues, Jos Miguel Rodrigues e Rogrio Rodrigues (2007), As NovasDemonstraes Financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade. reas Editora.

    Tambm o termo proveitos ser substitudo por rendimentos. De acordo com o

    normativo SNC (assente nas IAS/IFRS), rendimentos so aumentos nos benefcios

    econmicos durante o perodo contabilstico na forma de influxos ou aumentos de

    activos ou diminuies de passivos que resultem em aumentos no capital prprio, que

    no sejam relacionados com as contribuies dos participantes no capital prprio.

    Os rendimentos englobam rditos e ganhos. Os rditos provm do decurso das

    actividades ordinrias de uma empresa, enquanto os ganhos so outros itens que

    satisfazem a definio de rendimentos e podem, ou no, provir de decurso das

    actividades ordinrias de uma entidade.

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    Quadro 7 Proveitos e Ganhos Versus Rendimentos e Ganhos

    POC SNC

    Proveitos e ganhos Rendimentos e ganhos

    Vendas

    Prestaes de serviosVendas e servios prestados

    Subsdios explorao Subsdios explorao

    Ganhos em empresas do grupo e associadasGanhos imputados de subsidirias, associadas e

    empreendimentos conjuntos

    Variao da produo Variao nos inventrios da produo

    Trabalhos para a prpria empresa Trabalhos para a prpria entidade

    Outros rendimentos e ganhos

    Juros e rendimentos similares obtidos

    Reverses de amortizaes e ajustamentos

    Outros proveitos e ganhos operacionais

    Rendimentos de participaes de capital

    Rendimentos de ttulos negociveis e de outras

    aplicaes de tesouraria

    Outros juros e proveitos similares

    Fonte: Borges, Antnio; Jos Azevedo Rodrigues, Jos Miguel Rodrigues e Rogrio Rodrigues (2007), As NovasDemonstraes Financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade. reas Editora.

    O conceito resultado extraordinrio deixar de existir, tal como se encontra definido no

    POC, sendo que todos os movimentos anteriormente considerados devero ser

    reclassificados de acordo natureza.

    3.2.Principais efeitos nas demonstraes financeiras

    As demonstraes financeiras esto vocacionadas para fornecer dados histricos, no

    entanto, os seus utentes necessitam de informao mais abrangente (indicadores

    financeiros, comerciais, ligados inovao, produtivos e outras) que permita prever o

    futuro e, assim, auxiliar na tomada de deciso de gesto, tendo surgido a necessidade de

    harmonizao contabilstica mundial que permita, atravs das suas demonstraes

    financeiras informao ter uma imagem transparente, verdadeira e apropriada do relato

    financeiro.

    No ponto seguinte apresentamos em quadro sntese as principais alteraes e diferenas

    entre os normativos POC, SNC e IAS/IFRS, com impactos no relato financeiro.

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    27

    3.3.Quadro sntese das principais diferenas e alteraes entre POC SNC IAS/IFRS

    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Plano de contas Definido e de aplicao obrigatria. Definido e de aplicao obrigatria. No existe um plano predefinido.

    Polticas contab.,estimativas contab.

    e erros

    O efeito das alteraes das polticas

    contabilsticas so divulgados no ABDR e

    os erros de grande significado so

    considerados em resultados transitados.

    As alteraes das polticas contabilsticas e

    os erros tm aplicao retrospectiva,

    enquanto que as alteraes das estimativas

    contabilsticas so aplicadas

    prospectivamente.

    DemonstraesFinanceirasObrigatrias

    - Balano;

    - Demonstrao dos resultados por

    naturezas e por funes (art. 262 CSC)

    - Demonstrao dos fluxos de caixa, pelo

    mtodo directo ou indirecto (art. 262

    CSC);

    - ABDR

    - Balano;

    - Demonstrao dos resultados por

    naturezas (obrigatria) e por funes

    (opcional);

    - Demonstrao dos fluxos de caixa pelo

    mtodo directo;

    - Demonstrao das alteraes do capital

    prprio;

    - Anexo (divulgaes)

    - Demonstrao da posio financeira no

    final do perodo;

    - Demonstrao do rendimento integral do

    perodo;

    - Demonstrao dos fluxos de caixa do

    perodo;

    - Demonstrao das alteraes do capital

    prprio do perodo;

    - Notas, incluindo um resumo das polticas

    contabilsticas e outras notas explicativas;

    - Demonstrao da posio financeira no

    incio do perodo comparativo mais antigo

    quando uma entidade aplicar uma polticacontabilstica retrospectivamente ou

    elabora uma reexpresso retrospectiva de

    itens nas suas demonstraes financeiras,

    ou quando reclassifica itens nas suas

    demonstraes financeiras.

    (aplicvel a partir de 1 de Janeiro de

    2009)

    Balano:

    - activo apresentado em 3 colunas (valores

    brutos, depreciaes / ajustamentos,

    valores lquidos);

    - activo classificado por ordem crescente

    de liquidez;

    - passivo classificado por ordem

    decrescente de exigibilidade.

    Balano:

    - activo apresentado em termos lquidos;

    - activos e passivos classificados em

    correntes e no correntes.

    Demonstrao da posio financeira:

    - activo apresentado em termos lquidos;

    - activos e passivos classificados em

    correntes e no correntes.

    N/A Evidncia no balano em linhas separadasde propriedades de investimento, activos

    biolgicos e activos no correntes detidos

    para venda.

    Evidncia no demonstrao da posiofinanceira em linhas separadas de

    propriedades de investimento, activos

    biolgicos e activos no correntes detidos

    para venda.

    O capital prprio evidencia o capital

    subscrito, sendo apresentado no activo o

    capital a realizar.

    O capital no realizado compensado com

    o capital subscrito, sendo apresentado no

    capital prprio apenas o capital realizado.

    Demonstrao dos resultados:

    - por naturezas (obrigatria) e por funes

    (caso ultrapasse 2 dos 3 limites previstos

    no art. 262 do CSC);

    - aceita a apresentao de custos e

    proveitos de natureza extraordinria.

    Demonstrao dos resultados:

    - por naturezas (obrigatria) e por funes

    (opcional);

    - no devem ser apresentados rendimentos

    e gastos como elementos extraordinrios.

    Demonstrao do rendimento integral do

    perodo:

    - uma nica demonstrao do rendimento

    integral; ou

    - emduas demonstraes: demonstrao

    dos resultados separada (que mostre os

    componentes dos lucros ou prejuzos) e

    demonstrao do rendimento integral

    (comea com os lucros ou prejuzos e

    mostre componentes de outro rendimentointegral);

    - no devem ser apresentados rendimentos

    e gastos como elementos extraordinrios.

    N/A. Os resultados com operaes

    descontinuadas so apresentados numa

    linha a ttulo informativo.

    N/A. Requer a apresentao separada na

    demonstrao dos resultados dos subsdios

    explorao.

    Permite a apresentao como rendimentos

    ou como deduo de gastos, sendo

    apresentado pelo seu valor lquido.

    Balano / Dem.

    posio financeira

    Demonstrao dosresultados /Demonstrao do

    rendimento integral

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

    N/A - No aplicvel

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Opo pelo mtodo directo ou indirecto. obrigatrio a utilizao do mtododirecto.

    Permite a adopo do mtodo directo e domtodo indirecto, dando p referncia aomtodo directo.

    Os juros pagos devem ser classificadoscomo pagamentos relacionados comactividade de financiamento e os juros edividendos recebidos como recebimentos

    relacionados com a actividade deinvestimento.

    Os juros pagos e os juros e dividendosrecebidos podem ser classificados emfluxos de caixa operacionais, e emalternativa, como pagamentos relacionados

    com a actividade de financiamento e comorecebimentos relacionados com aactividade de investimento.

    Omisso. Divulgao das alteraes dos critrios dedeterminao dos componentes de caixa eseu e uivalentes.

    Omisso. Os fluxos de caixa de uma filial estrangeiradevem ser convertidos taxa de cmbio emvigor data em que tais fluxos foramgerados.

    O Anexo ao Balano e Demonstraes dosResultados (ABDR ) no segue umaestrutura lgica e apresenta algumasomisses

    Divulgaes mais extensas e directamentecorrelacionadas com as demonstraesfinanceiras e outra informao relevante.

    Prev divulgaes ainda mais extensas queo SNC.

    No requerida a apresentao deinformao numrica comparativa emalgumas notas do ABDR.

    Devem ser apresentados comparativos paratoda a informao numrica constante dasdemonstraes financeiras.

    Omisso. Declarao explcita da aplicao emconformidade com o normativo.

    Continuidade:

    princpio contabilstico que se traduz nainteno que a entidade no tem de entrarem liquidao ou de reduzir o volume dassuas operaes.

    Continuidade:

    pressuposto que a entidade continuar a suaactividade num futuro previsvel.

    Continuidade:

    pressuposto que se trata de uma entidadeem continuidade.

    Especializao / Regime do acrscimo:

    princpio atravs do qual os proveitos ecustos so reconhecidos quando obtidos ouincorridos, independente do seurecebimento ou pagamento, devendo serincludo nas demonstraes financeiras dosperodos a que respeitam.

    Especializao / Regime do acrscimo:

    pressuposto de que os efeitos dastransaces ou acontecimentos soreconhecidos quando ocorrem e noquando se verifica o respectivo fluxo decaixa, sendo apresentados nasdemonstraes financeiras dos perodos aque respeitam.

    Consistncia:

    princpio atravs do qual a entidade no

    altera as suas polticas contabilsticas deum perodo para o outro.Caso seja efectuada alguma alterao, deveser alvo de divulgao e de evidenciao dano comparabilidade da informao.

    Consistncia:

    em regra geral dever-se- manter a

    apresentao e classificao dos elementosdas demonstraes financeiras, excepto sea alterao for exigida por norma ou existauma alterao significativa na natureza dasoperaes ou reviso da forma deapresentao.

    Materialidade e agregao:

    princpio pelo qual as demonstraesfinanceiras devem evidenciar todos oselementos que sejam relevantes e quepossam afectar avaliaes ou decisespelos utilizadores interessados.

    Materialidade e agregao:

    - apresentao dos elementos materiaisseparados de acordo com as suasdemonstraes financeiras;- eventual divulgao em separados dos

    elementos nas notas.

    Materialidade e agregao:

    - apresentao dos elementos materiaisseparados de acordo com as suasdemonstraes financeiras;- no deve ser proporcionada divulgao

    especfica exigida pelas normas caso noseja material.

    Compensao de saldos:

    - omissoCompensao de saldos:

    - regra geral de no compensao, exceptoquando permitido nas NCRF.

    Compensao de saldos:

    - regra geral de no compensao, exceptoquando permitido nas normas.

    Informao comparativa:

    - informao numrica.Informao comparativa:

    - informao numrica e narrativa;

    - reclassificao do comparativo.Identificao de dem. financeiras:

    - no definido.Identificao de dem. financeiras:

    - nome da entidade;- se as demonstraes financeiras

    abrangem a entidade individual ou grupode sociedades;- data do balano ou perodo de relato;- moeda de apresentao;- nvel de arredondamento da moeda

    utilizado.

    Identificao de dem. financeiras:

    - nome da entidade;- se as demonstraes financeiras

    abrangem a entidade individual ou grupode sociedades;- data do fim do perodo de relato ou do

    perodo abrangido pelo relato;- moeda de apresentao;- nvel de arredondamento utilizado.

    Demonstraes financeiras:

    - em formato horizontal;- estrutura definida e rgida.

    Demonstraes financeiras:

    - em formato vertical e de contedomnimo;- universal;- referncia nota do anexo.

    Demonstraes financeiras:

    - em formato vertical, flexvel e contedomnimo;- referncia nota do anexo.

    Apresentao dasdemonstraes

    financeiras

    Demonstrao dosfluxos de caixa

    ABDR / Notas

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Activo Bruto: Activo Bruto:

    (a) N/A: (a) aceita o justo valor como critriovalorimtrico desde que as reavaliaessejam regularmente efectuadas;

    (b) as reavaliaes legais so aceites. (b) as reavaliaes legais no so aceites.

    Depreciaes: Depreciaes:

    (a) calculadas, normalmente, de acordocom critrios fiscais com vida til pr-definida;

    (a) calculadas de acordo com a vida til doem. Na converso aconselhvel verificar

    que vida til remanescente dos principaisbens, de modo a concluir sobre aadequabilidade das taxas que lhes soaplicadas e, caso no o sejam, ajustar asdepreciaes acumuladas;

    (b) de acordo com as regras fiscais, omtodo a seguir o das quotas constantes,sendo permitidaa utilizao do mtodo dasquotas degressivas e outros, sujeitos aprvia autorizao da administrao fiscal;

    (b) as depreciaes devem iniciar-se nadata em que o bem fica disponvel para usoe o mtodo de depreciao deve reflectir omodelo de consumo dos benefcioseconmicos futuros;

    (c) no contempla as depreciaes porcomponente.

    (c) contempla a depreciao porcomponente.

    Imparidade - De aplicao supletiva danorma IAS, no entanto no prtica emPortugal a sua aplicao. Aps a tomada dedeciso de capitalizao de umadeterminada despesa, em caso muitoexcepcionais se procedia a amortizaesextraordinrias por imparidade.

    Imparidade - Na converso de contasdevemos analisar o cadastro dos activosfixos tangveis de forma a identificar os

    ens que tm um valor lquido significativoe que no de qualifiquem como activo(desreconhecimento).

    Activos nocorrentes detidos

    para venda

    Omisso, de aplicao supletiva de normaIAS.

    Apresentados no balano em linhaseparada, sendo mensurados ao mais baixoentre o valor lquido contabilstico e o seuvalor de realizao e deixam de ser alvo dedepreciao.

    Permite incluir nesta rubrica os direitos edespesas de constituio, arranque eexpanso.

    Estes itens so contabilizados, regra geral,em gastos excepto quando dizem respeito aoperaes de capital em que so

    contabilizados como deduo no capitalprprio.

    Capitalizao de despesas com formao ecom publicidade e actividadespromocionais. Sendo que as que respeitama campanhas publicitrias so diferidas portrs anos no mnimo.

    No permitida a capitalizao destasdespesas, devendo ser reconhecidas nomomento da ocorrncia em gastos.

    Permite a capitalizao de despesas na fasede pesquisa, desde que se encontremassegurados a existncia e obteno debenefcios futuros.

    Os gastos com a fase de pesquisa nopodem ser capitalizados.

    Identifica a necessidade de avaliar se existeimparidade do valor do activo tangvel eintangvel, no apresentando os indicadoresde possvel perda de imparidade, sendo oseu teste de recuperabilidade efectuado

    anualmente. A reavaliao dos activosfixos tangveis pode ser efectuada deacordo com o poder aquisitivo da moedae/ou no justo valor.

    Avaliar data de cada balano se hindicaes de imparidade dos activos, quecaso exista, estima-se a quantia recuperveldo activo.O Goodwill sujeito a testes de

    imparidade, independentemente deexistirem indicadores.

    Omisso. Se no for possvel estimar a quantiarecupervel de um activo individual, devedeterminar-se a quantia recupervel aquantia recupervel da unidade geradora decaixa qual o activo pertence.

    Activos intangveis

    Activos fixostangveis

    Imparidade deactivos

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora do

    regulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

    N/A - No aplicvel

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Includa em Investimentos Financeiros Passam a ser apresentadas em linhaseparada do balano.

    N/A. Opo de valorizar as propriedades deinvestimento (PI) pelo seu justo valor,deduzido de perdas por imparidadesubsequente, deixando de ser depreciado.

    Os ganhos so considerados em reservas dereavaliao, sendo as perdas consideradasnesta rubrica at sua concorrncia, sendoposteriormente consideradas no resultadolquido.

    Os ganhos ou perdas provenientes dealteraes no justo valor so includos noresultado lquido do perodo .

    Omisso. Sempre que um activo fixo ocupado peloseu proprietrio se torna um investimentoem imveis e for registado pelo justo valor,devem ser aplicadas as respectivas normasde acordo com o perodo a que respeitam.As diferenas apuradas entre o valorcontabilstico e o justo valor no momentoda transio deve ser tratado comorevalorizao.

    Omisso. Na transferncia de inventrios para PIregistados ao justo valor, a diferenaapurada entre o valor contabilstico e o

    justo valor no momento da transfernciadeve ser reconhecida no resultado lquido.

    Omisso. Com a concluso da construo oudesenvolvimento de uma PI de construoprpria que ser registada ao justo valor, adiferena apurada entre o justo valor nadata da concluso da obra e o valorcontabilstico deve ser reconhecida noresultado lquido.

    Omisso. As PI em curso so activos fixos tangveise mensuradas ao custo de aquisio.

    As PI em curso so consideradas PI,podendo ser mensuradas ao custo ou aojusto valor.

    Divulgaes requeridas em menor nmeroe amplitude.

    Divulgaes requeridas em maior nmero eamplitude.

    Na contabilizao destes itens permite a

    adopo do mtodo da compra ou domtodo da comunho de interesses.

    Na contabilizao destes itens requer a

    utilizao do mtodo da compra. Soacrescidos ao valor do investimentos osgastos com a aquisio.

    Os gastos com a aquisio passam a ser

    levados directamente a gastos do perodo,aps reviso da norma em 2009:

    Omisso. No devem ser reconhecidos passivos paraplanos de reestruturao de execuocondicional.

    Omisso. Os passivos contingentes so reconhecidosna data de aquisio, desde que o seu justovalor possa ser determinado comfiabilidade.

    "Badwill" ou "negative goodwill" - podeser repartido pelos activos no m onetriosadquiridos, na proporo do justo valordestes, ou, em alternativa, ser tratado comorendimento diferido e imputado aosresultados numa base sistemtica, durante

    um perodo inferior a 5 anos, a menos queseja justificado nas demonstraesfinanceiras um perodo mais extenso (at20 anos).

    "Badwill" ou "negative goodwill" - deve-se reapreciar a identificao e mensuraodos activos, passivos e passivoscontingentes identificveis e a mensuraodo custo da concentrao e, posteriormentereconhecer imediatamente este valor como.

    Omisso. Esto definidas regras especficasrelativamente a alteraes subsequentesdos activos e passivos identificveis.

    Omisso. Requer o reconhecimento de activosintangveis identificveis, desde que o seujusto valor possa ser determinado comfiabilidade.

    Divulgaes requeridas em menor nmeroe amplitude.

    Divulgaes requeridas em maior nmero eamplitude.

    Concentrao deactividades

    empresariais

    Propriedades deinvestimento

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Demonstraes financeiras conso lidadas: Demonstraes financeiras consolidadas:

    (a) Uma subsidiria pode ser excluda daconsolidao quando exerce umaactividade muito diferente, que a suaincluso fosse incompatvel com oobjectivo de proporcionar uma imagemverdadeira e apropriada da situaofinanceira e dos resultados do conjunto dasempresas;

    (a) a subsidiria, mesmo que exera umaactividade muito diferente, deve serincluda na consolidao;

    (b) omisso em relao consolidao dasentidades com finalidades especiais.

    (b) requer, em determinadascircunstncias, a consolidao dasentidades com finalidades especiais.

    Demonstraes financeiras individuais e

    consolidadas:

    Demonstraes financeiras individuais e

    consolidadas:

    (a) sempre que o investimento emsociedade deixe de ser considerado umasubsidiria, nem se considere associada ouempreendimento conjunto, deve serregistado ao seu custo de aquisio, noentanto, de acordo com uma DC, quando seinterrompe a adopo do MEP, o valorcontabilstico aquele que resultar daadopo do MEP data da interrupo;

    (a) sempre que o investimento emsociedade deixe de ser considerado umasubsidiria, nem se considere associada ouempreendimento conjunto, deve sercontabilizada de acordo com as regrasdefinidas para instrumentos financeiros;

    (b) omisso; (b) os direitos potenciais de votoexercveis ou convertveis devem entrar noclculo da percentagem de controlo ouinfluncia significativa;

    (c) omisso; (c) sempre que exista evidncia de que uminvestimento numa associada possa terperda por imparidade, deve ser aplicada arespectiva norma;

    (d) omisso; (d) os prejuzos adicionais numa associadasero provisionados na medida em que ainvestidora tenha incorrido / comprometidoem obrigaes por conta da associada;

    (e) os interesses minoritrios soapresentados em rubrica autnoma entre ocapital prprio e o passivo.

    (e) os interesses minoritrios soapresentados no capital prprio.

    Relato financeirode participaes em

    entidadesconjuntamente

    controladas

    No prev a adopo do mtodo deconsolidao proporcional em contasindividuais.

    Permite a adopo do mtodo deconsolidao proporcional em contasindividuais de empreendedores que no seencontram obrigados a consolidao decontas.

    Podem ser mensurados pelo custo ou pelojusto valor.

    Omisso. Aplicao supletiva da normaIAS, no entanto no conseguimosdeterminar a amplitude da sua aplicao.

    Os critrios de reconhecimento edesreconhecimento de instrumentosfinanceiros esto definidos.

    Os instrumentos financeiros sovalorizados ao custo, deduzido deeventuais perdas. Existe um DL quepermite a valorizao ao justo valor.

    Identifica quais os instrumentos financeirosque so valorizados ao custo amortizado eoutros que so valorizados ao justo valorpor contrapartida de resultados.

    Exigibilidade de diferimento das despesascom emisso de obrigaes por trs anosno mnimo.

    Nas despesas com emisso de obrigaes utilizado o mtodo do custo amortizado.

    N/A Instrumentos financeiros negociados ecom cotaes divulgadas publicamente -valorizados ao justo valor, sendo que asvariaes so registadas em resultados;Instrumentos financeiros no negociados

    e cujo justo valor no possa ser obtido de

    forma fivel - valorizados ao custo.

    Instrumentos financeiros detidos para

    venda - valorizados ao justo valor, sendoque as variaes so registadas no capitalprprio.

    Divulgao departes relacionadas

    Omisso. Aplicao supletiva da normaIAS, no entanto nem sempre era seguida.

    Divulgao das quantias das operaescom partes relacionadas, das suas relaese dos saldos pendentes.

    Investimentosfinanceiros e

    consolidao decontas

    InstrumentosFinanceiros

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

    N/A - No aplicvel

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    Indicadores Econmico-financeiros: Os impactos da alterao normativa em Portugal

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    Apresenta consideraes genricas deproviso, sujeitas a interpretaoindividual.

    Define de forma clara os critrios paraconstituio de provises.

    Omisso e no usual o clculo do valorpresente da obrigao.

    Prev o desconto da obrigao para o valorpresente, desde que o efeito temporal sejasignificativo.

    Omisso. Indica o tratamento a dispensar aos activoscontingentes.

    No aceita o mtodo do "corredor".Os proveitos e custos actuariais soreconhecidos atravs de resultados.

    Aceita o mtodo do "corredor" nos ganhose perdas actuariais, atravs do qual estes sdevem ser reconhecidos se o seu lquidono reconhecido exceder o maior de 10%do valor presente da obrigao e 10% dojusto valor dos activos do plano. Os ganhose perdas no reconhecidos devem seradicionados ou deduzidos ao valor dopassivo de benefcios definidos. Podem serreconhecidos directamente nos capitaisprprios.

    Requer a apresentao no activo do custodiferido por servios passados.

    Os gastos de servios passados, ainda noreconhecido como gasto, deve ser deduzidoao passivo de benefcios definidos.

    O resultado do perodo deve incluir oretorno real dos activos do plano.

    O resultado do perodo deve incluir oretorno esperado dos activos do plano.

    A taxa de descon to deve basear -se emobrigaes de longo prazo.

    A taxa de desconto deve basear- se emobrigaes de alta qualidade.

    Prev dois tratamento dos custos dosservios passados de empregados noactivo, a amortizao sistemtica ou oreconhecimento imediato como custo.

    Os gastos de servios passados podem seridentificados como benefcios j adquiridosou ainda no adquiridos.

    Omisso. Determina critrios de reconhecimento degastos com benefcios de cessao detrabalho.

    O diferencial apurado entre o passivo detransio e o passivo que teria sidoreconhecido na mesma data segundo a

    anterior poltica contabilstica, considerado em resultados transitados ou acustos diferidos, sem limite de 5 anos.

    O diferencial apurado entre o passivo detransio e o passivo que teria sidoreconhecido na mesma data segundo a

    anterior poltica contabilstica, reconhecido imediatamente ou como gastonuma linha recta e at 5 anos da data daadopo.

    As gratificaes de balano / participaesnos lucros so consideradas uma aplicaode resultados.

    Os prmios, bnus e gratificaes devemser reconhecidos como gasto no perodoem que o empregado prestou o servio.

    Subsdios recebidos

    Os subsdios ao investimento so relevadosem proveitos diferidos.

    Os subsdios relacionados com o activo sorelevados no capital prprio. Caso o activono seja deprecivel ou sendo intangveltem vida til indefinida, o subsdio registado no capital prprio, excepto se fornecessrio compensar uma perda deimparidade ou se ao subsdio tiverassociado o cumprimento de obrigaes,este deve ser reconhecido comorendimento durante o perodo em que temque cumprir essas obrigaes.

    Os subsdios ao investimento podem sercontabilizados: (i) como rendimentodiferido para imputao sistemtica aresultados com base na depreciao doactivo subjacente ou no sendo depreciveldurante o perodo em que sujeito aocumprimento de obrigaes; e (ii) peladeduo directa do valor de aquisio dobem subsidiado.

    As diferenas de cmbio favorveisresultantes de dvidas de M/L prazo devemser diferidas, caso exista expectativarazoveis de que o ganho reversvel.

    As diferenas de cmbio relativas aelementos monetrios so reconhecidascomo rendimentos e gastos do perodo emque surjam.

    Exigibilidade de diferimento por trs anosno mnimo das diferenas de cmbiodesfavorveis relacionadas comimobilizado e correspondentes ao perodoanterior sua entrada em funcionamento.

    As diferenas de cmbio desfavorveis sointegralmente reconhecidas no perodo emque surjam.

    Benefcios dosempregados

    Efeitos dasvariaes em taxas

    de cmbio

    Provises, passivoscontingentes e

    activos contingentes

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

  • 7/31/2019 Projecto de tese_Indicadores economico-financeiros_Carina Encarnao

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    Indicadores Econmico-financeiros: Os impactos da alterao normativa em Portugal

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    Rubrica POC SNC IAS / IFRS (1)

    A capitalizao dos custos comemprstimos obtidos s se aplica nos quese destinam a imobilizaes.

    A capitalizao dos custos comemprstimos permitida quandorelacionados com inventrios einvestimentos.

    A nova verso das IAS/IFRS requer acapitalizao dos custos com emprstimosrelativos a activos qualificveis.

    Omisso. Suspenso da capitalizao durante osperodos extensos em que o

    desenvolvimento seja interrompido.Omisso. Sempre sejam solicitados fundos, os custos

    com os emprstimos obtidos deve serdeterminado pela aplicao de uma taxa decapitalizao s despesas do activoqualificvel.

    Omisso. Deve ser divulgada a poltica contabilsticaadoptada para os custos de emprstimosobtidos.

    Omisso. Deve ser divulgada a taxa de capitalizaousada para determinar o valor dos custosdos emprstimos obtidos elegveis paracapitalizao.

    Acontecimentosaps data do

    balano

    Supletivamente aplica-se o normativo IAS,no entanto admite-se que no est a seraplicado na generalidade dos casos.

    Os acontecimentos aps data de balanopodero dar origem a ajustamentos nasdemonstraes financeiras ou a divulgao

    em anexo de acordo com o tipo deacontecimento e a data de ocorrncia.

    Custos deemprstimos

    obtidos

    Fonte: Elaborao prpria

    Notas:(1) Apenas quando existirem diferenas significativas entre o normativo SNC e IAS / IFRS, inclui a alterao da IAS 1 por fora doregulamento (CE) n 1263/2008 da comisso de 16/12/2008

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    Indicadores Econmico-financeiros: Os impactos da alterao normativa em Portugal

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    4. Indicadores econmico-financeiros

    4.1.Enquadramento

    A anlise financeira pode ser definida como um conjunto de tcnicas destinadas a

    facultar informaes sobre a situao econmica (anlise de resultados e dos factores

    que os condicionam), financeira (anlise de equilbrio financeiro) e monetria (meios

    libertos da actividade) das entidades, tendo por base a informao contabilstica e

    financeira, que reflecte a actividade de uma entidade num ou mais perodos econmicos.

    Podemos inferir que o obj