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A pesca de emalhe e de espinhel-de-superfície na Região Sudeste-Sul do Brasil SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL Jorge Eduardo Kotas Miguel Petrere Júnior Venâncio Guedes de Azevedo Silvio dos Santos

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PROGRAMA REVIZEE

A análise de informações sobre a frota pesqueira de emalhe e espinhel-de-superfície e

também sobre os recursos por ela capturados (principalmente peixes cartilaginosos) é

apresentada mostrando a situação crítica de tais recursos.

Alvo do processo de extração de barbatanas (finning), destinadas, principalmente, ao mercado

externo, em que alcançam preços elevados, os tubarões sofrem intensa captura, constatando-

se severa queda em suas populações na região sudeste-sul.

Métodos para diminuir o esforço sobre esses recursos são apresentados, acreditando-se que

devam ser implantados com urgência.

PROGRAMA REVIZEE

A pesca de emalhe e de espinhel-de-superfície na Região Sudeste-Sul do Brasil

SÉRI

E DO

CUM

ENTO

S RE

VIZE

E–

SCOR

E SU

L

I nformações sobre as frotas que atuam comemalhe e espinhel-de-fundo (características

dos barcos, petrechos de pesca, operações depesca, espécies capturadas (peixes ósseos, peixescartilaginosos, tartarugas, aves e cetáceos), e osrendimentos foram analisadas e são apresenta-dos neste volume da Série REVIZEE-Score-Sul.Especial ênfase é dada à captura de tubarões, quesão alvo da prática de extração de barbatanas(finning), as quais têm, no mercado externo, pre-ços elevados.A situação desses recursos é analisada detalha-damente, mostrando que o esforço que sobreeles incide é muito elevado, levando à quedaacentuada nos rendimentos.Medidas de gestão são apresentadas como for-ma de atenuar e corrigir os defeitos dessas pesca-rias em relação aos estoques pesqueiros emquestão.

Jorge Eduardo KotasCEPSUL – [email protected]

Miguel Petrere JrInstituto de Biociências de Rio Claro – [email protected]

Venâncio Guedes de AzevedoInstituto de PESCA/APTA/SAA/[email protected]

Silvio dos SantosBolsista DTI/CNPq – [email protected]

Ministério do Meio Ambiente

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Jorge Eduardo Kotas

Miguel Petrere Júnior

Venâncio Guedes de Azevedo

Silvio dos Santos

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A pesca de emalhe e de espinhel-de-superfície na Região Sudeste-Sul do Brasil

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Jorge Eduardo Kotas

Miguel Petrere Júnior

Venâncio Guedes de Azevedo

Silvio dos Santos

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SÉRIE REVIZEE SUL

Comitê Executivo do Programa REVIZEE

Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM

Ministério do Meio Ambiente – MMA

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Ministério de Minas e Energia - MME

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA

Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT

Marinha do Brasil – MB

Ministério da Educação – MEC

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP

Ministério das Relações Exteriores – MRE

Programa REVIZEE – Score Sul

Coordenador: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski - IOUSP

Vice Coordenador: Lauro Saint Pastous Madureira – FURG

Série Documentos REVIZEE – Score Sul

Responsável – Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski

Comissão Editorial

Jorge Pablo Castello – FURG

Paulo de Tarso Cunha Chaves – UFPR

Sílvio Jablonski – UERJ

Impresso no Brasil – Printed in Brazil 2005

A pesca de emalhe e de espinhel de superfície na RegiãoSudeste-Sul do Brasil / Jorge Eduardo Kotas...[et al.]. —São Paulo : Instituto Oceanográfico - USP, 2005. —(Série documentos Revizee : Score Sul / responsávelCarmem Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski)

Outros autores: Miguel Petrere Júnior, Venâncio Guedesde Azevedo, Silvio dos SantosBibliografia.ISBN 85-98729-14-0

1. Capturas acidentais (Pescarias) 2. Elasmobrânqios(Peixes) 3. Pescarias de emalhe-de-superfície 4. Pescarias deespinhel de superfície 5. Tubarões-martelo 6. Zona EconômicaExclusiva (Direito do mar) — Brasil I. Kotas, Jorge Eduardo. II.Petrere Júnior III. Azevedo, Venáncio Guedes de. IV. Santos,Silvio dos. V. Rossi- Wongtschowski, Carmen Lúcia Del Bianco.VI. Série.

04-8751 CDD-551.460709162

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Pesca de emalhe e de espinhel de superfície : Região

Sudeste-Sul : Zona Econômica Exclusiva : Direito do mar : Brasil551.460709162

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SUMÁRIO

Apresentação do Programa Revizee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

PARTE 1 – A pesca de emalhe-de-superfície no Sudeste e Sul do Brasil . . . . . .11

Resumo, Abstract e Palavras-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Material e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12Embarques na frota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12Amostragens nos desembarques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14Avaliação das estatísticas mais recentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15Frota de Itajaí e Navegantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15Frota de Ubatuba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

PARTE 2 – A pesca de espinhel-de-superfície no Sul do Brasil . . . . . . . . . . . . . .31

Resumo, Abstract e Palavras-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

Material e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48

PARTE 3 – Análise dos dados de captura e esforço de pesca dostubarões-martelo, na pesca de espinhel-de-superfície no Sul do Brasil . . . . . .51

Resumo, Abstract e Palavras-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52

Material e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53Modelo 1 (Relação entre a captura e o esforço) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56Modelo 2 (Fator trimestre) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58Modelo 3 (Fator área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60

Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

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APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA REVIZEE

5SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Rudolf de NoronhaDiretor do Programa deGerenciamento AmbientalTerritorial – SQA/MMA

Os ambientes costeiros e oceânicos contêm a maior parte da biodiversi-dade disponível no planeta. Não obstante, grande parte desses sistemas vem pas-sando por algum tipo de pressão antrópica, levando populações de importantesrecursos pesqueiros, antes numerosas, a níveis reduzidos de abundância e, emalguns casos, à ameaça de extinção. Observam-se, em conseqüência, ecossis-temas em desequilíbrio, com a dominância de espécies de menor valor comercial,ocupando os nichos liberados pelas espécies sobreexplotadas, o que representauma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável.

Tal situação levou a comunidade internacional a efetuar esforços e a pactuarnormas para a conservação e exploração racional das regiões costeiras, mares eoceanos, plataformas continentais e grandes fundos marinhos, destacando-se aConvenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o Capítulo 17 da Agenda21 (Proteção dos Oceanos, de Todos os Tipos de Mares e das Zonas Costeiras, eProteção, Uso Racional e Desenvolvimento de seus Recursos Vivos), além da Con-venção da ONU sobre Diversidade Biológica. O Brasil é parte desses instrumentos,tendo participado ativamente da elaboração de todos eles, revelando seu grandeinteresse e preocupação na matéria.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, ratifica-da por mais de 100 países, é um dos maiores empreendimentos da história nor-mativa das relações internacionais, dispondo sobre todos os usos, de todos os es-paços marítimos e oceânicos, que ocupam mais de 70% da superfície da Terra. OBrasil assinou a CNUDM em 1982 e a ratificou em 1988, além de ter incorporadoseus conceitos sobre os espaços marítimos à Constituição Federal de 1988 (art. 20,incisos V e VI), os quais foram internalizados na legislação ordinária pela Lei No- 8.617, de 4 de janeiro de 1993. A Convenção encontra-se em vigor desde 16 denovembro de 1994.

A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) constitui um novo conceito de espaçomarítimo introduzido pela Convenção, sendo definida como uma área que se es-tende desde o limite exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200milhas náuticas da costa, no caso do nosso país. O Brasil tem, na sua ZEE de cercade 3,5 milhões de km2, direitos exclusivos de soberania para fins de exploração eaproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos,das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito e seu subsolo, bem como para aprodução de energia a partir da água, marés, correntes e ventos.

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6 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Ao lado dos direitos concedidos, a CNUDM também demanda compromis-sos aos Estados-partes. No caso dos recursos vivos (englobando os estoques pes-queiros e os demais recursos vivos marinhos, incluindo os biotecnológicos), a Con-venção (artigos 61 e 62) estabelece que deve ser avaliado o potencial sustentáveldesses recursos, tendo em conta os melhores dados científicos disponíveis, demodo que fique assegurado, por meio de medidas apropriadas de conservação egestão, que tais recursos não sejam ameaçados por um excesso de captura oucoleta. Essas medidas devem ter, também, a finalidade de restabelecer os estoquesdas espécies ameaçadas por sobreexploração e promover a otimização do esforçode captura, de modo que se produza o rendimento máximo sustentável dos re-cursos vivos marinhos, sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.

Para atender a esses dispositivos da CNUDM e a uma forte motivação inter-na, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM aprovou, em 1994,o Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zo-na Econômica Exclusiva), destinado a fornecer dados técnico-científicos consis-tentes e atualizados, essenciais para subsidiar o ordenamento do setor pesqueironacional.

Iniciado em 1995, o Programa adotou como estratégia básica o envolvi-mento da comunidade científica nacional, especializada em pesquisa oceanográ-fica e pesqueira, atuando de forma multidisciplinar e integrada, por meio de Subcomitês Regionais de Pesquisa (SCOREs). Em razão dessas características, oREVIZEE pode ser visto como um dos programas mais amplos e com objetivosmais complexos já desenvolvidos no País, entre aqueles voltados para as ciênciasdo mar, determinando um esforço sem precedentes, em termos da provisão de re-cursos materiais e da contribuição de pessoal especializado.

Essa estratégia está alicerçada na subdivisão da ZEE em quatro grandes re-giões, de acordo com suas características oceanográficas, biológicas e tipo desubstrato dominante:

1. Região Norte – da foz do rio Oiapoque à foz do rio Parnaíba;2. Região Nordeste – da foz do rio Parnaíba até Salvador, incluindo o arquipélago

de Fernando de Noronha, o atol das Rocas e o arquipélago de São Pedro e SãoPaulo;

3. Região Central – de Salvador ao cabo de São Tomé, incluindo as ilhas de Trin-dade e Martin Vaz;

4. Região Sul – do cabo de São Tomé ao Chuí.

Em cada uma dessas regiões, a responsabilidade pela coordenação e execu-ção do Programa ficou a cargo de um SCORE, formado por representantes das insti-tuições de pesquisa locais e contando, ainda, com a participação de membros dosetor pesqueiro regional.

O processo de supervisão do REVIZEE está orientado para a garantia, emâmbito nacional, da unidade e coerência do Programa e para a alavancagem demeios e recursos, em conformidade com os princípios cooperativos (formação deparcerias) da CIRM, por meio da Subcomissão para o Plano Setorial para os Recur-sos do Mar – PSRM e do Comitê Executivo para o Programa. Coordenado pelo Mi-nistério do Meio Ambiente, esse fórum é composto pelos seguintes representan-tes: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Secretaria Especial de Aqüicultura ePesca (SEAP), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT), Marinha do Brasil (MB/MD), Secretaria da Comissão Interministerial para os

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Recursos do Mar (SECIRM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq), Bahia Pesca S.A. (empresa vinculada à Secretaria de Agricul-tura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia) e Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, coordenador operacionaldo REVIZEE.

A presente edição integra uma série que traduz, de forma sistematizada, osresultados do Programa REVIZEE para as suas diversas áreas temáticas e regiões,obedecendo às seguintes grandes linhas: caracterização ambiental (climatologia,circulação e massas d’água, produtividade, geologia e biodiversidade); estoquespesqueiros (abundância, sazonalidade, biologia e dinâmica); avaliação de esto-ques e análise das pescarias comerciais; relatórios regionais, com a síntese do co-nhecimento sobre os recursos vivos; e, finalmente, o Sumário Executivo Nacional,com a avaliação integrada do potencial sustentável de recursos vivos na ZonaEconômica Exclusiva.

A série, contudo, não esgota o conjunto de contribuições do Programa parao conhecimento dos recursos vivos da ZEE e das suas condições de ocorrência.Com base no esforço de pesquisa realizado, foram, e ainda vêm sendo produzi-dos, um número significativo de teses, trabalhos científicos, relatórios, apresenta-ções em congressos e contribuições em reuniões técnicas voltadas para a gestãoda atividade pesqueira no país, comprovando a relevância do Programa na pro-dução e difusão de conhecimento essencial para a ocupação ordenada e o apro-veitamento sustentável dos recursos vivos da ZEE brasileira.

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PREFÁCIO

Carmen Lúcia Del BiancoRossi-WongtschowskiCoordenadora do Score Sul – IOUSP

Jorge Eduardo Kotas, Venâncio Guedes de Azevedo e Silvio dos Santos fo-ram os responsáveis, dentro do Programa REVIZEE pela obtenção das informa-ções relativas à pesca de emalhe e de espinhel-de-superfície na Região Sudeste-Sul do Brasil, tendo realizado excepcional pesquisa de campo a bordo de váriasembarcações, passado semanas em alto-mar, enfrentado bravamento mau tempoe precárias condições de trabalho.

O assunto, detalhadamente analisado, sob a orientação do Prof. Miguel Pe-trere Jr., fez parte da tese de doutoramento de Jorge Eduardo Kotas e é, agora, re-sumidamente apresentado nesta publicação, em três partes:

A primeira, relativa à pesca de emalhe-de-superfície, traz informações sobrecaracterísticas da frota, das embarcações, dos petrechos utilizados, das operações depesca, as espécies capturadas (peixes ósseos, peixes cartilaginosos, tartarugas, avese cetáceos), os rendimentos e a prática da extração de barbatanas (finning).

A segunda apresenta a análise da pesca de espinhel-de-superfície enfocan-do as capturas, as características físicas das embarcações e dos petrechos, as opera-ções de pesca, as áreas, espécies e volumes capturados, a sazonalidade das captu-ras e sua relação com as condições oceanográficas.

A terceira analisa a dinâmica das capturas dos tubarões-martelo atravésde modelos de Análise de Covariância.

O estudo aponta, inquestionavelmente, para a situação crítica dos elasmo-brânquios capturados por essas pescarias, e apresenta soluções para minimizarseus efeitos sobre esses recursos.

Levando em conta a preocupação mundial sobre a conservação dos elasmo-brânquios e a sustentabilidade de suas pescarias, este trabalho se torna referênciamundial, tornando disponível preciosas informações brasileiras sobre o assunto.

Esperamos que os órgãos responsáveis pela gestão pesqueira no Brasil fa-çam adequado proveito das informações aqui contidas! Elas são preocupantes!

Só me resta parabenizar os autores e desejar que continuem trabalhandocom tanta perseverança e entusiasmo!

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A PESCA DE EMALHE-DE-SUPERFÍCIE NOSUDESTE E SUL DO BRASIL

11SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Resumo

Pescarias de emalhe-de-superfície, direcionadas aos elasmobrânquios ebaseadas nos portos de Itajaí, Navegantes (SC) e Ubatuba (SP), ocorreram entre osanos de 1993 a 1997. 144 embarcações operaram nesse período. As redes utiliza-vam tamanhos de malha (entre nós opostos esticada) de 12 a 40 cm sendo oscomprimentos totais entre 1.130 e 7.560 m. Os tubarões-martelo (principalmenteSphyrna lewini, Griffith & Smith, 1834), devido ao elevado valor de suas barbata-nas no mercado internacional, foram as espécies-alvo, representando 77,8% e28,5% das capturas totais em peso de elasmobrânquios para as frotas de Itajaí-Navegantes e Ubatuba, respectivamente. O elevado esforço de pesca sobre o es-toque adulto nos meses de primavera-verão (estimado em 72.216 km de redes,no ano de 1995 para a frota sediada em Itajaí e Navegantes), aliado à distribuiçãoagrupada do estoque durante a sua fase reprodutiva, levou à queda acentuadanos rendimentos nos anos seguintes.

Palavras-Chave

Emalhe-de-superfície, tubarões-martelo, capturas acidentais.

Abstract

Driftnet activities in southern Brazil, targeting sharks, are presented. 144drifters operated from Itajaí-Navegantes (Santa Catarina State) and Ubatuba (SãoPaulo State),between 1993 and 1997 years.Panel mesh size ranged from 12 to 40 cm(opposite knots, streched) and net length from 1.130 m to 7.560 m. Hammerheads(mainly Sphyrna lewini, Griffith & Smith, 1834) were the target species , due to itshighly valuable fins in the international market. They represented 77,8% and28,5% of the total driftnet landings in Itajaí-Navegantes and Ubatuba respectively.In 1995, the high fishing effort applied by drifters from Itajaí and Navegantes(72 .216 km of net length estimated), plus the patchy distribution of the adulthammerheads during the reproductive season, led to a steep yield decline the following years.

Key-words

Driftnets, hammerheads, by-catch.

PARTE 1

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INTRODUÇÃO

MATERIAL E MÉTODOS

12 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Há preocupação mundial sobre a conservação dos elasmobrânquios, e asustentabilidade dessas pescarias (Holden, 1977; Hoenig & Gruber, 1990; Pratt et al.,1990; Walker, 1998; Smith et al., 1998). A maioria dos dados disponíveis são insufi-cientes para avaliações dos estoques, embora já existam sinais de sobrepesca pa-ra várias espécies (Bonfil, 1994; Anônimo, 1995). No Atlântico Noroeste, os índicesde abundância relativa (CPUE), entre 1986 – 2000, indicaram redução em mais de75% para os tubarões-martelo, Sphyrna lewini, tubarões-branco, Carcharodoncarcharias, tubarões-raposa, Alopias vulpinus e Alopias superciliosus (Lowe, 1839)(Baum et al., 2003). São registrados casos de extinção biológica de espécies captu-radas como fauna acompanhante em pescarias de arrasto direcionadas a peixesdemersais, no caso de Raja batis (Brander, 1981) e Raja laevis (Casey & Myers,1998). A maioria dos países que têm pescarias direcionadas aos tubarões operasem nenhum tipo de controle, e há carência de informações sobre as quantidadescapturadas em peso e número e a proporção de carcaças descartadas no mar.

Ao longo da costa brasileira foram estimadas, pelo menos, 600 embarcaçõesde emalhe operando sem nenhum tipo de controle (Anônimo, 1995). As primeirasdescrições sobre as atividades do emalhe-de-superfície no sudeste e sul do Brasilforam feitas por Santos & Ditt (1994), Kotas et al.(1995) e por Zerbini & Kotas (1998).

Este estudo descreve as pescarias semi-industriais de emalhe-de-superfíciesediadas em Itajaí-Navegantes (SC) e Ubatuba (SP) e que atuaram ao longo daZona Econômica Exclusiva do sudeste e sul do Brasil, de 1993 a 1997. Poste-riormente, as mesmas sofreram acentuado declínio, devido aos baixos índices decaptura de tubarões-martelo, tornando-se uma atividade improdutiva. Tambémadicionaram-se informações recentes sobre a sazonalidade dessa pescaria no Es-tado de Santa Catarina para o período 2000-2002.

A metodologia aplicada foi a mesma tanto para o emalhe como para oespinhel-de-superfície. A avaliação das capturas nas frotas de emalhe-de-superfí-cie sediadas em Ubatuba (SP), Itajaí e Navegantes (SC), foi realizada entre 1995 e1997. Por sua vez, a frota de espinhel-de-superfície de Itajaí e Navegantes (SC), foiacompanhada no ano de 1998. Utilizaram-se as seguintes estratégias de trabalho:

1 - Embarques na frota

Foram efetuados os seguintes cruzeiros com observadores científicos:

Nome do barco Localidade Modalidade Número de Períodoobservadores

Verde Vale VI Itajaí Emalhe-de-superfície 1 Julho – Agosto/1995Cmte. Custódio I Ubatuba Emalhe-de-superfície 1 Janeiro/1997Cmte. Everton Ubatuba Emalhe-de-superfície 2 Junho – Julho/1997Rei David 2º- Ubatuba Emalhe-de-superfície 1 Setembro/1997Yamaya III Itajaí Espinhel 2 Março – Abril 1998Yamaya III Itajaí Espinhel 2 Junho – Julho 1998Basco Itajaí Espinhel 2 Setembro – Outubro 1998

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13SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

A bordo foram obtidas as seguintes informações biológicas e pesqueiras:

Barco de emalhe e de espinhel

Foram anotados dados de comprimento total (m), potência do motor prin-cipal (HP), capacidade de armazenamento do porão (t), tonelagem bruta de ar-queação, tonelagem líquida, capacidade de gelo (t), quantidade de combustível,consumo de diesel/hora, ano de fabricação do barco, tipo de casco, número de tri-pulantes, equipamentos eletrônicos disponíveis e porto de registro.

Rede de emalhe

Tipo de fio, construção e diâmetro das tralhas, malha da rede e das arcalas1;tamanho da malha e arcalas; tipo, comprimento e diâmetro das bóias; distânciaentre bóias; disposição do chumbo na tralha inferior; disposição das malhas às ar-calas; altura e comprimento do pano, bem como os seus respectivos números demalhas; número total de panos a bordo; comprimentos totais das redes foram osdados obtidos para o emalhe-de-superfície.

Para as redes,o “coeficiente de emalhe”(E) (Nédelec,1975) foi calculado como:E � (comprimento da tralha superior em cm)/[(número de malhas na tralha

superior)*(tamanho da malha em cm)]

Espinhel

Número total de anzóis no espinhel; comprimento da linha principal e se-cundária; diâmetro e material da linha principal; espaço entre as linhas secundá-rias; numeração do anzol; comprimento, diâmetro e material do cabo das bóias;número de bóias-cegas, sinalizadoras e rádio-bóias foram as informações coleta-das. Era também feito um esquema da distribuição das bóias e linhas secundáriasno espinhel, e detalhamento da linha secundária.

Operações de pesca com emalhe

Mediante mapas de bordo específicos, foram levantadas no lançamento erecolhimento as seguintes informações: data, hora, número de panos, profundida-de , latitude, longitude e nome do pesqueiro. Quando da disponibilidade de refra-tômetro e termômetro, foram medidas a salinidade e a temperatura da água, nasuperfície .

Operações de pesca com espinhel

No lançamento e recolhimento as seguintes informações foram registra-das: data, hora, latitude, longitude, duração média da operação, velocidade da em-barcação, velocidade do “line-setter”, profundidade de atuação do espinhel (esti-mada), freqüência temporal na instalação da linha secundária à principal atravésdo “snap” e tempo de imersão do espinhel. Quando da disponibilidade de re-fratômetro e termômetro, eram medidas a salinidade e a temperatura.

Amostragem das capturas

De acordo com a metodologia estabelecida pela ICCAT (1996), aplicaram-se os seguintes procedimentos:1) Identificação da espécie, conforme chaves sistemáticas disponíveis (Garrick,

1982; Compagno, 1984,1994; Figueiredo & Menezes, 1978).

1 Arcalas: pequenos cabos de poliamida (trançada), dispostos em “U” e que conectam a tralha de bóia à panagem da rede na sua parte superior e a tra-lha de chumbo à panagem da rede na sua parte inferior. A função das arcalas seria a de amortecer a tensão sobre o pano da rede de emalhe provocadapelas capturas de peixes, principalmente de grande porte. Os pescadores costumam utilizar como comprimento de arcala o tamanho da malha de rede(entre-nós opostos esticada), ou seja para uma malha de 40 cm, arcala de 40 cm. Nos desenhos das plantas de redes é possivel visualizar as “arcalas”(“amortecedores de rede”).

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2) Obtenção de dados de peso inteiro, peso eviscerado, comprimento total, com-primento furcal, comprimento da carcaça, comprimento da distância entre a 1a- nadadeira dorsal e a caudal e sexo. No caso das raias, foi utilizada a largurado disco.

3) Informações adicionais, ou seja, se o animal era aproveitado ou descartado, ti-po de produto desembarcado (carcaça, fígado, nadadeira), se estava vivo oumorto na captura, número e tipo de barbatanas aproveitadas.

4) Coleta de material biológico, como estômagos, gônadas e vértebras, sendo omaterial acondicionado a bordo em formol 10% e posteriormente, em labora-tório, as vértebras e gônadas em álcool 70%.

2) Amostragens nos desembarques

Nos portos de Ubatuba, Itajaí e Navegantes, semanalmente foram levanta-das as seguintes informações:• Características dos barcos e artes de pesca conforme explicado no item anterior.• Entrevistas com os mestres dos barcos de pesca para obtenção de informações

sobre as áreas de pesca, profundidade, duração da viagem e pescaria, númerode panos, anzóis utilizados e quantidades desembarcadas.

• Realização de amostragens de peso e comprimento das carcaças dos elasmo-brânquios desembarcados e determinação de sexo. Nesse caso, as medidas decomprimento obtidas foram o comprimento da carcaça (medida a partir do cor-te na região dorsal da cabeça à altura da primeira vértebra, até o corte no sulcopré-caudal) e a distância entre a origem da 1a- nadadeira dorsal até o sulco pré-caudal.

Os dados foram armazenados em banco de dados ACCESS, e processadosatravés do programa EXCEL.

3) Avaliação das estatísticas mais recentes

Adicionalmente, para o período 2000 a 2002, analisaram-se as composiçõesdos desembarques do emalhe-de-superfície no Estado de Santa Catarina (Univali,2001, 2002 e 2003), distribuídas em categorias:

• Agulhões: Agulhão-azul, Makaira nigricans, agulhão-vela, Istiophorus platypteruse outras espécies da família Istiophoridae.

• Atuns: Albacora-laje, Thunnus albacares, bonito-listrado, Katsuwonus pelamis eoutras espécies da família Scombridae.

• Outros tubarões: Anequim, Isurus oxyrinchus, cação-anjo (Squatina spp.), tuba-rão-azul, Prionace glauca, cação-bagre (Squalus spp.), tubarões-cabeça-chata,Carcharhinus obscurus e Carcharhinus leucas, mangona, Carcharias taurus, tu-barão-tigre, Galeocerdo cuvieri, machote, Carcharhinus signatus, cação-baía,Hexanchus griseus.

• Tubarões-martelo: Cambeva-branca, Sphyrna lewini e cambeva-preta, Sphyrnazygaena.

• Espadartes: Meka, Xiphias gladius.• Outros peixes: Dourado, Coryphaena hippurus, peixe-lua, Mola mola.

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ano de comp. total potência do tonelagem tonelagemEstatística construção barco (m) motor (HP) bruta líquida

Tabela 1 – Características físicas das embarcações e redes de emalhe-de-superfície. Frota sedia-da em Itajaí e Navegantes (SC) no ano de 1995.

Média 1981 17,2 196,2 37,5 19,0Amplitude 46,0 14,1 294,0 118,2 50,4Mínimo 1949 12,9 66,0 10,3 3,1Máximo 1995 27,0 360,0 128,5 53,5

N 30 37 36 35 29

malha altura do pano comp. total nº- de panos comp. total área total coef. deEstatística (cm) (m) do pano (m) a bordo rede (m) da rede (m2) emalhe (E)

Média 35,6 13,5 56,6 59,0 3.411,0 46.384,8 0,525Amplitude 26,0 22,6 93,8 85,0 6.310,0 77.299,5 0,310Mínimo 14,0 4,4 25,0 35,0 1.250,0 16.012,5 0,390Máximo 40,0 27,0 118,8 120,0 7.560,0 93.312,0 0,700

N 43 41 41 37 36 36 13

Entre 1995 e 1997, pelo menos 112 embarcações operaram com redes deemalhar de superfície, a partir dos portos de Ubatuba (SP), Itajaí e Navegantes (SC)(Zerbini & Kotas, 1998).

Frota de Itajaí e NavegantesA frota de Itajaí e Navegantes utilizava redes de emalhar de superfície de

grande extensão (tabela 1). O comprimento médio era de 3,4 km e a amplitudeentre 1,3 a 7,6 km, dependendo do tamanho da embarcação. Essas redes, interna-cionalmente conhecidas como “driftnets”, são compostas de unidades menoresdenominadas “panos”. Na maioria dos casos, a altura é de 14 m e o comprimentototal de 50 m. O tamanho das malhas na panagem é normalmente de 40 cm (ma-lha esticada, entre-nós opostos), adequado para a captura de tubarões-marteloadultos acima de 2 m de comprimento total, sendo confeccionada com fios tran-çados de poliamida (PA) (multifilamento) de 2 mm de diâmetro. Há casos onde otamanho das malhas é menor, ou seja, de 15 a 18 cm, sendo confeccionadas de fiosde poliamida (PA) ou náilon monofilamento, com diâmetros entre 0,7 e 1,47 mm.Os pescadores reclamam dessas malhas menores, que capturam grandes quan-tidades de juvenis de Sphyrna lewini e Sphyrna zygaena. O número de panos quea embarcação leva a bordo é proporcional ao seu tamanho, sendo em média 60(aproximadamente 3 000 m de rede). Um barco pode levar no máximo 120 panospor cruzeiro. A altura das redes faz com que elas operem desde a superfície até 30 mde profundidade, valor que, em média, é de 14 m.

Para a frota sediada em Itajaí e Navegantes, (figuras 1 a3), as malhas das re-des apresentam um coeficiente de emalhe (E) entre 0,39 e 0,70 (tabela 1). Essa relação é importante, pois permite que a panagem da rede trabalhe menos ten-sionada e mais ondulada, aumentando a capturabilidade dos grandes pelágicos.Dessa forma, os tubarões-martelo podem ser emalhados pela cabeça, primeiranadadeira dorsal e nadadeiras peitorais, auxiliados por seus movimentos de fugaem forma de “saca-rolha”.

RESULTADOS

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380mm

262E = 0,51

torcido50 m PE

PA trançado380 mm

50 m PE

PA 210/120

3,8 m poliuretano0,588 Kgf

16 mm

2 mm

nylon0,1 Kgf

268E = 0,51

16 mmtrançado50 m PE

PA trançado370 mm

2 m

16 mmPE trançado

PA trançado2,5 mm

50 m

PE trançado 16mm c/ Pb +_ 350 g/m

280mm

2 mm

Poliuretano1,318 Kgf

484E = 0,61

16 mmtrançado50 m PE

PA 210/30170 mm

50 m PE

2,8 m310mm

16 mmtrançado

PE trançado 16mm c/ Pb +_ 240 g/m

PA trançado2 mm

Figura 1 – Modelo de rede de emalhe-de-superfície utilizada para capturar tubarões-martelo. Frotasediada em Itajaí e Navegantes (SC). Ano 1995. Desenho de autoria de Manoel da Rocha Gamba. PE � polietileno, PA � poliamida, E � coeficiente de emalhe.

Figura 2 – Modelo de rede de emalhe-de-superfície utilizada para capturar tubarões-martelo. Frotasediada em Itajaí e Navegantes (SC). Ano 1995. Desenho de autoria de Manoel da Rocha Gamba.PE � polietileno, PA � poliamida, E � coeficiente de emalhe, Pb � chumbo.

Figura 3 – Modelo de rede de emalhe-de-superfície utilizada para capturar tubarões-martelo. Frotasediada em Itajaí e Navegantes (SC). Ano 1995. Desenho de autoria de Manoel da Rocha Gamba.PE � polietileno, PA � poliamida, E � coeficiente de emalhe, Pb � chumbo.

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Frota de Ubatuba

A maioria das redes utilizadas pela frota de Ubatuba (SP) era de poliamidatrançada, material comumente utilizado para malhas entre 38 e 40 cm de ta-manho. Com menor freqüência eram utilizados o náilon (monofilamento) e a po-liamida torcida, para malhas entre 12 e 16 cm. As redes operavam da superfícieaté 16 m de profundidade (tabela 2). Os panos mediam entre 50 e 100 m, emboraa maioria da frota utilize 54 m. O número de panos a bordo variou entre 18 e 80,em função do tamanho do barco. Normalmente 50 panos eram utilizados. O com-primento total das redes variou entre 1,1 e 5,2 km. Em relação ao coeficiente deemalhe (E), foi observado que redes maiores, com tamanhos de malha entre 38 e40 cm apresentavam valores de (E) entre 0,4 e 0,8. Por sua vez, redes menores, comtamanhos de malha entre 12 e 16 cm apresentavam valores de (E) entre 0,2 e 0,6(figura 4). Tiago et al. (1995) relatam que o número de panos e o tamanho das ma-lhas variam sazonalmente.

malha altura do pano comp. total nº- de panos comp. total área total coef. deEstatística (cm) (m) do pano (m) a bordo rede (m) da rede (m2) emalhe (E)

Média 27,8 11,9 63,9 49,4 3.077,3 37.751,6 0,533Amplitude 27,9 7,2 50,0 62,0 4.050,0 64.266,0 0,590Mínimo 12,0 9,0 50,0 18,0 1.130,0 11.880,0 0,200Máximo 39,9 16,2 100,0 80,0 5.180,0 76.146,0 0,790

N 11 11 11 11 11 11 8

comp. total potência do tripulação capacidade doEstatísticas barco (m) motor (HP) porão (toneladas)

Tabela 2 – Características físicas das embarcações e redes de emalhe-de-superfície. Frota sedia-da em Ubatuba (SP) no ano de 1997.

Média 12,0 92,1 5,0 5,8Amplitude 5,0 105,0 7,0 7,2Mínimo 9,0 45,0 3,0 2,8Máximo 14,0 150,0 10,0 10,0

N 10 10 10 8

Embora a pesca de emalhe-de-superfície seja direcionada ao tubarão-mar-telo, Sphyrna lewini, há capturas acidentais de outras espécies de elasmobrân-quios, teleósteos, cetáceos e tartarugas (tabela 3).Entre os elasmobrânquios,3 famílias são as mais importantes: Carcharhinidae, Lamnidae e Sphyrnidae. OsCarcharhinideos são representados pelos gêneros Carcharhinus, Rhizoprionodone Prionace. Há capturas de tubarões-galha-preta, Carcharhinus brevipinna eCarcharhinus limbatus e de tubarões-frango, Rhizoprionodon porosus, principal-mente sobre a plataforma continental até os 200 m de profundidade. No talude eárea oceânica adjacente (entre 100 e 4 000 m de profundidade), ocorrem capturasdos tubarões-cabeça-chata, Carcharhinus obscurus, tubarões-machote, Carcharhinus

Coeficiente de Emalhe (E)

0,67 0,50 0,401,00 0,800,90

Figura 4 – Formatos da malha nas redes de emalhe-de-superfície com diferentes valores de coe-ficientes de emalhe. Fonte: Karlsen & Bjarnasson, 1986; Sparre et al., 1989.

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18 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

signatus, tubarões-galha-branca, Carcharhinus longimanus e tubarões-azuis,Prionace glauca. Os lamniformes são representados pelo tubarão-anequim, Isurusoxyrinchus, e, mais raramente, pelo tubarão-golfinho, Lamna nasus, espécie maisassociada a temperaturas abaixo de 18° C. Os esfirnídeos se distribuem sobre aplataforma continental e o ambiente oceânico epipelágico, e as capturas incidemsobre os adultos de Sphyrna lewini e de Sphyrna zygaena, esta última associada aáguas temperadas e zonas de convergência (Gilbert, 1967; Compagno, 1984;Vooren & Brito, 1997; 1998). As maiores capturas de Sphyrna lewini ocorrem du-rante o verão, quando a temperatura da água de superfície está acima de 21° C,temperatura esta associada com a massa de água tropical (Corrente do Brasil). Noverão, o grande tubarão-martelo, Sphyrna mokarran, algumas vezes é capturado,mas não é uma espécie freqüente. Nos meses de verão, outono e inverno, há im-portantes capturas de raias-mantas, Mobula hypostoma, sobre a plataforma e oambiente oceânico. No momento, essa espécie não é comercializada, sendo,portanto, descartada. Os mobulídeos são animais difíceis de retirar das redes. Emcruzeiros realizados no verão – outono em Ubatuba (SP), foram capturadas fêmeas

Nomenclatura da Família Espécies Descritores M.O. - Itajaí/ M.O.FAO Navegantes Ubatuba

Tabela 3 – Espécies capturadas na pesca de emalhe-de-superfície sediada em Itajaí-Navegantes(SC) e Ubatuba (SP) em 1995 e 1997 respectivamente (M.O.� Meses de ocorrência).

ELASMOBRÂNQUIOSBlacktip shark Carcharhinidae Carcharhinus limbatus VALENCIENNES, 1839 - 1Spinner shark Carcharhinidae Carcharhinus brevipinna MÜLLER & HENLE, 1839 - 6, 9Oceanic whitetip shark Carcharhinidae Carcharhinus longimanus POEY, 1861 1, 3, 4, 5Dusky shark Carcharhinidae Carcharhinus obscurus LESUEUR, 1818 3, 6 1, 6Night shark Carcharhinidae Carcharhinus signatus POEY, 1868 - 1Caribbean sharpnose shark Carcharhinidae Rhizoprionodon porosus POEY, 1861 - 6Requiem sharks Carcharhinidae Carcharhinus spp. BLAINVILLE, 1816 3, 4 6Shortfin mako Lamnidae Isurus oxyrinchus RAFINESQUE, 1809 3, 4, 5, 6, 7, 8 6, 9Porbeagle Lamnidae Lamna nasus BONNATERRE, 1788 8 -Lesser devil ray Mobulidae Mobula hypostoma BANCROFT, 1834 8 1, 6, 9Eagle ray Myliobatidae Myliobatis spp. - 6Sandtiger shark Odontaspididae Carcharias taurus RAFINESQUE, 1810 7 9Blue shark Carcharhinidae Prionace glauca LINNAEUS, 1758 3, 4, 5, 7, 8 1, 6, 9Scalloped hammerhead Sphyrnidae Sphyrna lewini GRIFFITH & SMITH, 1834 3, 4, 5, 6, 7, 8 1, 6, 9Great hammerhead Sphyrnidae Sphyrna mokarran RÜPPELL, 1837 - 1Smooth hammerhead Sphyrnidae Sphyrna zygaena LINNAEUS, 1758 7 6, 9

TELEÓSTEOSFrigate tuna Scombridae Auxis thazard LACEPÈDE, 1800 8 6Pomfret Bramidae Brama brama BONNATERRE, 1788 7, 8 -Leatherjack Carangidae Oligoplites spp. - 6Greater amberjack Carangidae Seriola lalandi VALENCIENNES, 1833 - 6Dolphinfish Coryphaenidae Coryphaena hippurus LINNAEUS, 1758 7, 8 1Atlantic sailfish Istiophoridae Istiophorus platypterus SHAW, 1792 8 1Skipjack Scombridae Katsuwonus pelamis LINNAEUS, 1758 7, 8 1, 6Atlantic blue marlin Istiophoridae Makaira nigricans LACEPÈDE, 1802 4 1Atlantic bonito Scombridae Sarda sarda BLOCH, 1793 8 -Atlantic white marlin Istiophoridae Tetrapturus albidus POEY, 1860 3, 4, 7 1Yellowfin tuna Scombridae Thunnus albacares BONNATERRE, 1788 7 6Swordfish Xiphiidae Xiphias gladius LINNAEUS, 1758 7 -

CETÁCEOSCommon dolphin Delphinidae Delphinus spp. 8 -Long-finned pilot whale Delphinidae Globicephala melas TRAILL, 1809 8 -Dolphin Delphinidae Stenella spp. - 1Clymene dolphin Delphinidae Stenella clymene GRAY, 1850 8 -Striped dolphin Delphinidae Stenella coeruleoalba MEYEN, 1833 8 -Atlantic spotted dolphin Delphinidae Stenella frontalis CUVIER, 1829 8 1, 9

TARTARUGASGreen turtle Chelonidae Chelonia mydas LINNAEUS, 1758 - 1Leatherback Dermochelidae Dermochelys coriacea VANDELLI, 1761 - 1, 9

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grávidas com embriões no termo (figura 5) e machos com cláspers calcificados. Osbarcos que usam emalhe-de-superfície quando operam em águas abaixo dos 100 m,às vezes, capturam o tubarão-mangona, Carcharias taurus (Rafinesque, 1810). Ascapturas de cardumes desses odontaspidídeos na área de Ubatuba tambémestão associadas às atividades reprodutivas de cópula, sendo que durante o mêsde setembro de 1997 foram observados desembarques dessa espécie com a maio-ria dos machos apresentando cláspers congestionados e hemorrágicos (figura 6).

Figura 5 - Raia-manta grávida, Mobula hypostoma (Bancroft, 1831) capturada em janeiro/1997, poruma embarcação de emalhe-de-superfície sediada em Ubatuba (SP). Detalhe do embrião. Tamanho damalha da rede 39 cm (entre-nós opostos, com a malha esticada).

Figura 6 - Detalhe do clásper calcificado em um macho de tubarão-mangona Carcharias taurus(Rafinesque, 1810). Observa-se o estado hemorrágico do mesmo, indicativo de cópula. Captura reali-zada pelo emalhe-de-superfície sediado em Ubatuba (SP). Período: setembro de 1997.

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Os teleósteos são considerados capturas acidentais nessa modalidade pes-queira. Os peixes de bico são os mais importantes, especialmente o agulhão-vela,Istiophorus platypterus, o agulhão-branco, Tetrapturus albidus, e o espadarte, Xiphiasgladius. O marlin-azul, Makaira nigricans é raro, sendo capturado no verão e outo-no. Há também capturas de escombrídeos, particularmente de bonito-cachorro,Auxis thazard, albacora-laje, Thunnus albacares, bonito-do-atlântico, Sarda sarda edo bonito-listrado, Katsuwonus pelamis. Outros peixes que também ocorrem nes-sa pescaria são os dourados (Coryphaenidae), estes em todos os meses do ano, eos peixes da família Bramidae, Brama brama. Os barcos de emalhe sediados emUbatuba (SP) ocasionalmente capturam peixes da família Carangidae, quandooperando sobre a plataforma continental.

Ocorrem capturas acidentais de cetáceos, principalmente da subordemOdontoceti. Zerbini & Kotas(1998) reportaram 10 espécies no emalhe-de-super-fície das Regiões Sudeste e Sul, mas a lista pode ser expandida para 22 espécies.

Tartarugas marinhas também são capturadas, sendo as famílias Chelonidaee Dermochelidae as mais representativas. As espécies capturadas são a tartaruga-verde, Chelonia mydas, a tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta, e a tartaruga-de-couro, Dermochelys coriacea. A de couro é principalmente capturada no verão, as-sociada a manchas de hidromedusas na borda da plataforma continental. Algunspescadores chegam a capturar entre 10 e 30 tartarugas-de-couro em um únicolance, havendo grande dificuldade para retirá-las das redes.

A participação dos elasmobrânquios nos desembarques do emalhe-de-superfície durante o período de 1993-94, no Estado de Santa Catarina (Branco &Rebelo, 1995, 1997) é apresentada na tabela 4. Os tubarões-martelo, principalmenteSphyrna lewini, representaram 76% do total das capturas em peso; vários carcharhi-nídeos, 7,3%; o anequim, Isurus oxyrinchus, 3,4% e o tubarão-azul, Prionace glauca,0,3%, constatando-se que essa modalidade pesqueira é direcionada aos tubarões. Otubarão-mangona, Carcharias taurus, representou 10,8 % do total capturado.

Os teleósteos representam apenas 2% do total da captura em peso, sendo oagulhão-vela, 1,2% do total capturado; o bonito-cachorro, 0,4% ; o dourado, 0,2%; oespadarte e a albacora-laje, 0,1% cada um.

Nome vulgar Espécies de elasmobrânquios 1993 1994 Média % do total % do total dedesembarcado elasmobránquios

Tabela 4 – Composição por espécies de elasmobrânquios e teleósteos nos desembarques doemalhe-de-superfície, Estado de Santa Catarina, durante os anos de 1993 e 1994. Desembarquesem toneladas.

Tubarões-martelo Sphyrna lewini, S. zygaena 422,40 538,43 480,42 76,25 77,76Mangona Carcharias taurus 49,38 87,00 68,19 10,82 11,04Tubarão-cabeça-chata Carcharhinus obscurus 47,94 39,18 43,56 6,91 7,05Anequim Isurus oxyrinchus 13,76 28,61 21,19 3,36 3,43Tubarões Carcharhinus spp. 1,98 3,16 2,57 0,41 0,42Mole-mole, azul Prionace glauca 0,33 3,41 1,87 0,30 0,30

Total elasmobrânquios 535,79 699,79 617,79 98,05 100,00

Nome vulgar Espécies de teleósteos 1993 1994 Média % do total % do total dedesembarcado teleósteos

Agulhão-vela Istiophorus platypterus 2,53 12,49 7,51 1,19 61,23Bonito-cachorro Auxis thazard 2,00 2,41 2,21 0,35 17,98Dourado Coryphaena hippurus 1,31 0,66 0,99 0,16 8,03Espadarte Xiphias gladius 0,56 1,15 0,86 0,14 6,97Albacora-laje Thunnus albacares 0,13 1,02 0,58 0,09 4,69Serrinha Sarda sarda - 0,27 0,27 0,04 2,20Bonito-listrado Katsuwonus pelamis 0,22 0,21 0,22 0,03 1,75

Total teleósteos 6,53 18,00 12,27 1,95 100,00

Total elasm. + teleósteos 542,32 717,79 630,06 100,00

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21SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

A análise das composições desembarcadas do emalhe-de-superfície no Es-tado de Santa Catarina, para o período 2000 a 2002 (Univali, 2001, 2002 e 2003),mostrou que os tubarões foram as espécies-alvo , totalizando 93,1% do total cap-turado em peso (considerando-se as barbatanas também), seguidos em ordemdecrescente pelos agulhões (3,5%), outros peixes (2,9%), espadartes (0,4%) eatuns (0,1%) (tabela 5). Do total capturado de tubarões, os esfirnídeos correspon-deram a 59,5%. O volume total de pescado desembarcado por essa modalidadede pesca, no período considerado, foi de 411 toneladas.

Tabela 5 – Composição por grupos de espécies (kg) nos desembarques do emalhe-de-superfície,Estado de Santa Catarina. Período de 2000 a 2002. Fonte: UNIVALI, 2001, 2002 e 2003.

Espécie total (kg) % do totalem peso

Agulhões 14.345 3,5Atuns 249 0,1Tubarões 379.902 92,4Espadartes 1.818 0,4Galha de cação 2.930 0,7Outros 12.097 2,9

Total 411.341 100,0

Espécie total (kg) % do totalde tubarões

Tubarões-martelo 226.035 59,5Tubarões 379.902

A evolução anual dessas categorias no período considerado (tabela 6),mostra como o direcionamento aos tubarões aumentou, chegando, em 2002, a269 toneladas. Esse aumento foi devido ao maior volume de tubarões-martelodesembarcados, que em 2002 atingiu 159 toneladas (figura 7). Pode-se afirmarque o tubarão-martelo continua sendo a espécie-alvo dessa modalidade de pes-ca, porém em menor quantidade se comparado aos anos de 1993 e 94, quandoforam desembarcadas respectivamente 422 e 538 toneladas, em Santa Catarina.

Tabela 6 – Composição por grupos de espécies (kg) nos desembarques do emalhe-de-superfície,Estado de Santa Catarina. Período de 2000 a 2002. Fonte: UNIVALI, 2001, 2002 e 2003.

ESPÉCIES (kg) por ano TOTAL (kg)2000 2001 2002

Agulhões 1.923 3.942 8.480 14.345Atuns 49 200 249Tubarões 46.916 63.600 269.386 379.902Espadartes 180 1.638 1.818Outros 1.000 7.784 3.313 12.097

02000

120.000

140.000

160.000

2001 2002

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

Des

emba

rque

s (K

g)

23 09943 668

159 268

Figura 7 – Evolução anual dos desembarques de tubarões-martelo, frota de emalhe-de-superfície,Estado de Santa Catarina. Período 2000 a 2002. Fonte: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

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22 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

A evolução mensal das categorias “tubarões-martelo” e “outras espécies detubarões”, em Santa Catarina, para o período 2000 a 2002, é apresentada na tabela 7e figuras 8 e 9. As capturas de tubarões-martelo foram mais elevadas na primave-ra-verão e outono e as das outras categorias de tubarões no final do inverno e pri-mavera. O pico do mês de setembro de 2000 é relativo ao grande volume desem-barcado de mangona, Carcharias taurus, que foi de 21,5 toneladas.

Em Ubatuba (SP), a composição de elasmobrânquios em 3 cruzeiros de pesca(Kotas et al., 1998) mostraram que as capturas de raias-manta, Mobula hypostoma,representaram 52,5% do total desse grupo, embora a espécie seja totalmentedescartada. O peso médio individual dessas raias foi de 65 kg, o que representauma quantidade considerável de proteína animal desperdiçada (para os 3 cruzei-ros considerados, 5,5 t de raias-manta foram descartadas). A segunda espécie maiscapturada foi o tubarão-martelo, Sphyrna lewini, espécie-alvo que representou28,5% das capturas de elasmobrânquios, seguida pelo tubarão-anequim, Isurusoxyrinchus, com 4,4%. Em ordem decrescente de valor, os 14,9% restantes, forampreenchidos pelos tubarões-cabeça-chata, Carcharhinus obscurus, e Carcharhinusleucas, pelo grande tubarão-martelo, Sphyrna mokarran, pela cambeva-preta,Sphyrna zygaena, por tubarões-galha-preta, Carcharhinus limbatus e Carcharhinusbrevipinna, por tubarões-azuis, Prionace glauca, tubarões-machote, Carcharhinussignatus, tubarões-de-lombo-preto, Carcharhinus falciformis, outros carcharhinídeos(0,1%), raias-sapo, Myliobatis spp. e pelos tubarões-frango, Carcharhinus porosus eRhizoprionodon porosus.

Tabela 7 – Desembarques mensais (kg), por grupo de espécies na pesca de emalhe-de-superfície,Estado de Santa Catarina. Período 2000 a 2002. Fonte: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

ESPÉCIE ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

Agulhões (1) 2000 899 1.024 1.923

Agulhões (1) 2001 400 2.392 650 500 3.942

Agulhões (1) 2002 984 300 100 1.760 50 320 142 904 680 3.240 8.480

Atuns (2) 2000 30 30

Atuns (2) 2001 19 19

Atuns (2) 2002 100 100 200

Outros tubarões (3) 2000 11.182 12.635 23.817

Outros tubarões (3) 2001 2.250 5.002 2.380 1.800 8500 19.932

Outros tubarões (3) 2002 5.734 3.190 6.690 1.630 3.040 550 1.140 1.800 26.280 12.866 33.120 14.078 110.118

Cação-martelo (4) 2000 8.143 14.956 23.099

Cação-martelo (4) 2001 4.760 22.258 8.500 1.400 6.750 43.668

Cação-martelo (4) 2002 15.590 23.480 23.610 33.787 6.000 4.000 1.000 6.931 14.737 12.131 18.002 159.268

Meka (5) 2001 100 80 180

Meka (5) 2002 185 160 280 342 100 50 461 60 1.638

Outros peixes (6) 2000 1.000 1.000

Outros peixes (6) 2001 1.000 5.484 1.300 7.784

Outros peixes (6) 2002 2.294 65 100 46 620 188 3.313

Barbatanas de 2002 830 100 500 510 990 2.930

tubarões

1 Agulhões: Agulhão-azul (Markaira nigricans), agulhão-vela (Istiophorus albicans) e outras espécies da família Istiophoridae.2 Atuns: Albacora-laje (Thunnus albacares), bonito-listrado (Katsuwonus pelamis) e outras espécies da família Scombridae.3 Outros tubarões: Anequim (Isurus oxyrinchus), cação-anjo (Squatina spp.), tubarão-azul (Prionace glauca), cação-bagre (Squalus spp.),

tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus obscurus e Carcharhinus signatus), cação-baia (Hexanchus griseus).4 Cação-martelo: Cambeva-branca (Sphyrna lewini), cambeva-preta (Sphyrna zygaena).5 Meka: Espadarte (Xiphias gladius).6 Outros peixes: Dourado (Coryphaena hippurus), peixe-lua (Mola mola).

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23SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Em 1995 a frota de Itajaí e Navegantes operou na área localizada entre aslatitudes de 24° S (Santos) e 33°45´S (Chuí) e profundidades de 47 a 3.600 m. Al-gumas embarcações operaram até Vitória (20° S) (figura 10). Por sua vez, em 1997,a frota de Ubatuba operou numa área menor e mais próxima à costa, limitadapelas latitudes 23° S (Cabo Frio) e 26° S (divisa dos Estados do Paraná e Santa Ca-tarina) em profundidades de 30 a 417 m (figura 11). Os barcos de Itajaí e Navegan-tes, às vezes, operam fora dos limites da Zona Econômica Exclusiva, enquanto asembarcações sediadas em Ubatuba sempre operam dentro dela.

Um resumo das operações de pesca é apresentado na tabela 8. Para a fro-ta de Itajaí e Navegantes, os cruzeiros tiveram duração de 8 a 27 dias, em funçãoda disponibilidade de espécies-alvo, consumo de óleo diesel e água potável abordo. A média foi de 17 dias. Os dias de pesca estiveram entre 5 e 18 dias, com

33.200

29.880

26.560

23.240

19.920

16.600

13.280

9.960

6.640

3.320

0

dese

mba

rque

s (K

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13meses

35.000

31.500

28.000

24.500

21.000

17.500

14.000

10.500

7.000

3.500

00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

dese

mba

rque

s (K

g)meses

Figura 8 – Desembarques médios mensais (kg) de tubarões-martelo capturados pela pesca deemalhe-de-superfície em Santa Catarina. Período: 2000 a 2002. Barras verticais são erros-padrão.Fonte: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

Figura 9 – Desembarques médios mensais (kg) de outros tubarões capturados pela pesca de ema-lhe-de-superfície em Santa Catarina. Período: 2000 a 2002. Barras verticais são erros padrão.Fonte: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

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24 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

média em 12. A diferença entre os dias de mar e os de pesca foi devido ao tempode navegação e ao mau tempo. O lançamento das redes ocorria entre 15h00 e18h00, com duração média de 3 horas, dependendo da força do vento e do com-primento da rede. Ventos fortes auxiliam na operação de lançamento sendo obarco posicionado de través ao vento, enquanto a rede é liberada manualmentepela borda oposta. Em condições de calmaria, a rede é lançada lateralmente coma embarcação navegando entre 2 e 3 nós, operação perigosa devido ao risco deenganche da rede na hélice. O tempo de imersão da rede é em média 12 horas. Éconsiderada uma pescaria noturna, com os melhores rendimentos durante a Luanova, quando as redes ficam menos visíveis aos tubarões e outras espécies de peixes pelágicos. O recolhimento ocorre no dia seguinte, entre as 4h30 e 6h30 damanhã. O tempo médio de recolhimento é de 4 horas, também dependente docomprimento da rede e das condições do mar.

Oceano Atlântico

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

33˚

31˚

30˚

28˚

27˚

26˚

25˚

35˚

34˚

32˚

29˚

24˚

23˚

22˚

54˚ 52˚ 50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚53˚ 51˚ 49˚ 47˚ 45˚ 43˚ 41˚

Oceano Atlântico

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

33˚

31˚

30˚

28˚

27˚

26˚

25˚

35˚

34˚

32˚

29˚

24˚

23˚

22˚

54˚ 52˚ 50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚53˚ 51˚ 49˚ 47˚ 45˚ 43˚ 41˚

Figura 10 – Áreas de pesca da frota de emalhe-de-superfície sediada em Itajaí e Navegantes (SC),durante o ano de 1995. A linha afastada da costa indica o limite da Zona Econômica Exclusivabrasileira (ZEE).

Figura 11 – Áreas de pesca da frota de emalhe-de-superfície sediada em Ubatuba (SP), durante oano de 1997. A linha afastada da costa indica o limite da Zona Econômica Exclusiva brasileira(ZEE).

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25SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

profundidade dias de dias de início de início de tempo deEstatística (m) mar pesca lançamento (h) recolhimento (h) imersão (h)

Frota - Itajaí e Navegantes (SC)

Frota - Ubatuba (SP)

Tabela 8 – Resumo das operações de pesca para as frotas de emalhe-de-superfície sediadas nosportos de Itajaí-Navegantes (SC) e Ubatuba (SP), durante os anos de 1995 e 1997, respectivamente.

Média 91,1 10,2 7,4 17h23 5h41 12,4Amplitude 387,0 9,0 7,0 5h10 3h20 5,7Mínimo 30,0 4,0 3,0 14h50 3h30 9,6Máximo 417,0 13,0 10,0 20h00 6h50 15,3N 40 37 36 25 24 24

profundidade dias de dias de início de duração do início do duração do tempo deEstatística (m) mar pesca lançamento(h) lançamento(h) recolhimento(h) recolhimento(h) imersão (h)

Média 1.548,5 17,1 12,2 16h18 2,7 5h26 4,0 12,0Amplitude 3.553,0 19,0 13,0 3h00 4,0 2h00 4,8 0,2Mínimo 47,0 8,0 5,0 16h00 1,0 4h30 2,2 12,0Máximo 3.600,0 27,0 18,0 16h00 5,0 6h30 7,0 12,2N 23 20 20 19 12 19 15 18

A frota sediada em Ubatuba, possuindo menor autonomia, permanece nomar entre 4 e 13 dias e pesca,em média,7 dias.As redes são lançadas,entre as 14h50e 20h00. O recolhimento ocorre no dia seguinte entre as 3h00 e 6h50. O tempomédio de imersão das redes foi semelhante à frota de Itajaí, ou seja, 12 horas.

A distribuição horizontal da CPUE de Sphyrna lewini (tubarões/km de rede)durante o período de 1995 a 1997 foi mapeada, constatando-se que a pescaria es-teve concentrada entre 28° S – 33° S e 44° W de longitude (figuras 12 e 13). Os me-lhores rendimentos, entre 20 e 25 tubarões/km de rede, foram obtidos na prima-vera-verão sobre o talude, no ambiente epipelágico, região com profundidadesde 1 000 a 3 000 m, e temperatura da água de superfície acima de 21° C, associa-da à massa de água tropical (Gama et al., 1998). A pesca de emalhe-de-superfíciesegue o comportamento migratório dos subadultos e adultos, desde a zona nerí-tica até o ambiente oceânico e vice-versa. A distribuição da CPUE de Sphyrnalewini, portanto, apresentou o seguinte padrão sazonal (Figuras 12a,b e 13a,b):

• Primavera-verão: a espécie ocorreu entre 24° e 33° S e 51° e 43° W. No verão, adistribuição horizontal foi bem ampla, ou seja, desde a zona litorânea até o ta-lude, fato explicado pelo comportamento migratório das fêmeas maduras, des-locando-se das áreas oceânicas para as zonas neríticas na época de parto. Du-rante a primavera, a espécie se concentrou mais ao sul, entre 30° e 33° S de la-titude; no verão, se deslocou mais ao norte, entre 31° e 28° S de latitude.

• Outono-inverno: a espécie esteve concentrada sobre o talude, entre as latitudes28° e 31° S e longitudes de 47° a 46° W,em profundidades de 2.300 a 3.500 m.Nes-sa região, adultos de Sphyrna lewini permanecem no ambiente epipelágico àprocura de presas como as lulas e pequenos peixes.

A distribuição espaço-temporal dos rendimentos de Sphyrna lewini noemalhe-de-superfície evidencia seu comportamento migratório, o qual é regidopor seus hábitos alimentares e reprodutivos.

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26 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

0 a 5 peixes/km5 a 10 peixes/km

10 a 15 peixes/km

15 a 20 peixes/km

20 a 25 peixes/km

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

Oceano Atlântico

50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚ 38˚ 36˚

28˚

24˚

22˚

32˚

20˚

18˚

26˚

30˚

0 a 2 peixes/km2 a 4 peixes/km4 a 6 peixes/km

6 a 8 peixes/km

8 a 10 peixes/km

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

Oceano Atlântico

50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚ 38˚ 36˚

28˚

24˚

22˚

32˚

20˚

18˚

26˚

30˚

Figura 12b – Distribuição sazonal da CPUE (tubarões/km) de Sphyrna lewini, no sudeste e sul doBrasil, capturada pelo emalhe-de-superfície. Período: 1995 a 1997. INVERNO. Na legenda, médiassazonais de CPUE para o período considerado.

Figura 12a – Distribuição sazonal da CPUE (tubarões/km) de Sphyrna lewini, no sudeste e sul doBrasil, capturada pelo emalhe-de-superfície. Período: 1995 a 1997. OUTONO. Na legenda, médiassazonais de CPUE para o período considerado.

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27SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

0 a 5 peixes/km5 a 10 peixes/km

10 a 15 peixes/km

15 a 20 peixes/km

20 a 25 peixes/km

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

Oceano Atlântico

50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚ 38˚ 36˚

28˚

24˚

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20˚

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30˚

0 a 5 peixes/km5 a 10 peixes/km

10 a 15 peixes/km

15 a 20 peixes/km

20 a 25 peixes/km

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

Oceano Atlântico

50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚ 38˚ 36˚

28˚

24˚

22˚

32˚

20˚

18˚

26˚

30˚

Figura 13b – Distribuição sazonal da CPUE (tubarões/km) de Sphyrna lewini, no sudeste e sul doBrasil, capturada pelo emalhe-de-superfície. Período: 1995 a 1997. VERÃO. Na legenda, médiassazonais de CPUE para o período considerado.

Figura 13a – Distribuição sazonal da CPUE (tubarões/km) de Sphyrna lewini, no sudeste e sul doBrasil, capturada pelo emalhe-de-superfície. Período: 1995 a 1997. PRIMAVERA. Na legenda, mé-dias sazonais de CPUE para o período considerado.

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28 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

DISCUSSÃO

Na maioria das pescarias de emalhe direcionadas aos tubarões, é constata-da rápida ascensão nas capturas durante os primeiros anos, seguida, posterior-mente por uma vertiginosa queda. Esse efeito é indicativo de níveis de explotaçãobem acima do ponto de equilíbrio (Walker, 1998).

Para a maioria das pescarias de emalhe-de-superfície, há carência de infor-mações sobre o impacto ecológico causado sobre as espécies-alvo e as capturasacidentais. Freqüentemente são espécies de pouca importância comercial, bemcomo espécies “protegidas” (cetáceos e quelônios) as quais, normalmente, nãosão registradas nos mapas de bordo (Zerbini & Kotas, 1998). Por esse motivo, aONU, através da resolução A/Res/44/225 de 1989, proibiu o uso de redes de ema-lhe-de-superfície em larga escala, a partir de 30 de junho de 1992 (Bonfil, 1994). AUnião Européia limita o comprimento total das redes de emalhe-de-superfície em2,5 km, sendo que elas devem ficar permanentemente conectadas à embarcação(ICCAT, 1994). Embora existam restrições em todo o mundo ao uso dessas redes,vários países ainda continuam a utilizar esse tipo de aparelho de pesca, sendo oBrasil um exemplo. Na Austrália, o comprimento máximo permitido para redes deemalhe-de-superfície é de 2,5 km (Stevens & Davenport, 1987), semelhante aoprevisto na legislação brasileira (IBAMA, 1998). Portanto, as maiores redes utiliza-das em Ubatuba estavam até 108% acima do tamanho regulamentado. Já em Ita-jaí e Navegantes (SC), as maiores chegaram a 204% acima do tamanho máximopermitido (IBAMA, 1998).

Um dos problemas existentes no desenho dessas redes se deve ao fato datralha de bóia operar desde a linha de superfície, capturando pequenos cetáceose quelônios. Estudos mostram que esse problema poderia ser minimizado se atralha de bóia operasse pelo menos 2 m abaixo da superfície (FAO, 1990).

Com os dados relativos ao número de barcos, comprimento total médiodas redes e dias de pesca, foi realizada uma estimativa do esforço total (em quilô-metros de rede) aplicado durante um ano pela frota de emalhe-de-superfície se-diada em Itajaí e Navegantes. Foram considerados:

• (A) � Número médio de dias de pesca por viagem � número de lances realiza-dos durante um cruzeiro � 12,

• (B) � Número máximo de barcos de emalhe-de-superfície operando durante ooutono e inverno = 47,

• (C) � Número máximo de barcos de emalhe-de-superfície operando durante aprimavera-verão = 130,

• (D) � Comprimento total médio das redes � 3,4 km,• (E) � Número médio de cruzeiros que uma embarcação pode realizar por

época do ano (ou seja outono-inverno ou primavera-verão).

O esforço total aplicado durante um ano foi calculado da seguinte maneira:• Esforço de pesca estimado (km de rede/ano) � (A�B�D�E) � (A�C�D�E)• Esforço de pesca estimado � 19.176 km/ano (outono-inverno) � 53.040 km/ano

(primavera-verão), obtendo-se 72.216 km/ano.

Considerando o ano de 1995,quando foi feita a avaliação do tamanho da fro-ta, conclui-se que houve um grande esforço de pesca sobre os tubarões-martelo.

Se a frota naquela época tivesse utilizado o comprimento máximo derede permitido por lei (portaria do IBAMA, no- 121, de 24 de agosto de 1998), ouseja, de 2,5 km, o esforço total estimado seria de 53.100 km/ano, ou seja, haveria

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29SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

uma redução no esforço de 26,5%. Além disso, o fato de os adultos de Sphyrnalewini estarem muitas vezes agrupados no ambiente epipelágico (Klimley, 1987;Klimley et al., 1993; Klimley, 1993), aumenta sensivelmente sua vulnerabilidadeàs redes de emalhe.

Outro aspecto negativo foi o fato de o esforço de pesca ter sido mais in-tenso na primavera-verão, justamente quando os adultos se concentram parafins reprodutivos. Kotas et al. (1998) observaram para a região de Ubatuba, cap-turas de adultos em fase reprodutiva no mês de janeiro (verão), ou seja, quandoos exemplares de Sphyrna lewini apresentavam comprimentos totais médiosentre 190 e 196 cm para machos e fêmeas respectivamente. Amorim et al. (1994),através do desenvolvimento embrionário, identificaram a época de parto paraSphyrna lewini na primavera.

Possivelmente, todos os fatores anteriores, aliados ao esforço de pescaintensivo exercido pelo emalhe de fundo sobre os neonatos e juvenis deSphyrna lewini, conduziram o recurso a um dramático declínio nas capturas dosanos seguintes.

As barbatanas de tubarões são um dos mais caros “frutos do mar” da atua-lidade e costumam ser exportados quase que em sua totalidade para os princi-pais mercados compradores de Hong Kong e Cingapura (Vannuccini, 1999). EmHong Kong, em 2004, os valores médios das barbatanas processadas de tuba-rões-martelo oscilaram entre 100 e 700 dólares por kg (Clarke, comunicaçãopessoal). Essa demanda internacional por barbatanas aumentou considera-velmente no final dos anos 80 e ao longo da década de 90, como conseqüênciada abertura do mercado chinês.

O tubarão-martelo, Sphyrna lewini, é considerado uma espécie-alvo napescaria de emalhe-de-superfície no sudeste e sul do Brasil, devido ao elevadopreço que as suas barbatanas alcançam no mercado asiático (Taiwan, HongKong, Coréia do Sul e Japão).

Em 1995, eram comumente pagos 50 dólares por kg aos pescadores deItajaí e Navegantes pelas nadadeiras de tubarão-martelo (nadadeiras frescas,sem processamento). Por sua vez, o preço pago pelas carcaças era de apenasUS$ 0,10 – 0,12/ kg, fato que estimulava a prática do descarte das carcaças, prin-cipalmente durante os períodos de pico dessa pescaria (Kotas, comunicaçãopessoal).

“Finning” é o nome dado à prática de capturar tubarões, extrair suas bar-batanas e devolver o restante do animal mutilado, normalmente vivo, ao mar(Vannuccini, 1999). O controle dessa atividade é difícil, pois envolve questõeséticas e econômicas (Anônimo, 1999).

Em 1998, o Ministério do Meio Ambiente e sua Agência Ambiental, o Ins-tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)editaram a portaria de no- 121, de 24 de agosto de 1998, proibindo essa atividadedanosa, por embarcações licenciadas para operar em águas brasileiras, e proi-bindo um volume de desembarques de barbatanas superior a 5% do peso totaldas carcaças.

Para a Sociedade Brasileira envolvida com o Estudo e Conservação dosElasmobrânquios (SBEEL) (Anônimo, 1998; Anônimo, 1999), o “finning” é aindarotineiramente realizado a bordo de muitas embarcações nacionais e arren-dadas.

Mais recentemente, em 2005, nos portos de Itajaí e Navegantes (SC), tem-se observado para a pesca de emalhe-de-superfície o desembarque de tuba-rões eviscerados com as barbatanas ainda inseridas às carcaças, sendo a retiradadas mesmas, para algumas espécies, inclusive o tubarão-martelo, efetuada noporto (Kotas, comunicação pessoal).

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30 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Embora a pesca de emalhe-de-superfície atue até a profundidade máxi-ma de 30 m, isso não implica que o gênero Sphyrna e outras espécies de tuba-rões não possam ocorrer além dessa faixa. Estudos mostram que os tubarões-martelo podem mergulhar até 560 m de profundidade (Klimley & Nelson, 1984;Klimley & Butler, 1988; Klimley et al., 1993). Assim, a pesca com emalhe-de-super-fície explora o estrato mais superficial, visitado à noite por várias espécies de tu-barões em busca de alimento.

Notarbartolo-di-Sciara (1988), observou que Mobula thurstoni era abun-dante em águas rasas, até 100 m de profundidade. Isso significa que as raias-manta são extremamente vulneráveis ao emalhe-de-superfície. As raias-mantaapresentam um comportamento solitário ou formam pequenos agrupamentoscontendo de 2 a 6 indivíduos.

Durante um cruzeiro de pesca no mês de janeiro (verão), os autores ob-servaram uma captura de 30 raias-manta em um único lance. Essas capturas ele-vadas nessa época do ano estão associadas com o comportamento reprodutivoda espécie, ou seja, quando formam agrupamentos para fins de cópula e parto.Bancroft (1829); Coles (1910); Coles (1916) também observaram o comporta-mento de cardume em Mobula hypostoma.

Embora as capturas de cetáceos e quelônios sejam acidentais no emalhe-de-superfície, capturas intencionais são proibidas por lei federal. Esse fato con-tribui para que os animais (vivos ou mortos) capturados sejam descartados, ha-vendo, conseqüentemente, perda desses registros que certamente contribuí-riam para se conhecer melhor a distribuição, abundância, identidade dos esto-ques e parâmetros de seu ciclo de vida no sudeste e sul do Brasil.

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31SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Resumo

A pesca de espinhel-de-superfície (monofilamento) sediada nos portos deItajaí e Navegantes (SC), tem como enfoque as capturas de tubarões e a extraçãodas barbatanas. São apresentadas as principais áreas, as características físicas dasembarcações e dos espinhéis, bem como toda a operação de pesca. A análise dacomposição das capturas para o Estado de Santa Catarina entre 2000 e 2002 mos-tra que os tubarões representaram acima de 50% do volume desembarcado nes-sa pescaria, em função da demanda de carne para o mercado interno e da expor-tação de barbatanas para a Ásia. O uso do estropo de aço nas linhas secundáriasdo espinhel é o grande responsável pelas elevadas capturas de tubarões. O tuba-rão-azul, Prionace glauca, (Linnaeus, 1758) é a principal espécie capturada. A sazo-nalidade nas capturas é apresentada para os agulhões, atuns, espadartes, tuba-rões-azuis e tubarões-martelo. A taxa de sobrevivência para várias espécies de tu-barões no espinhel é elevada (acima de 50%). As maiores capturas de tubarões-martelo ocorrem no segundo semestre, sendo estas acidentais.

Palavras-chave

Espinhel-de-superfície, tubarões, capturas acidentais.

Abstract

The monofilament longline fishery, based in Itajaí and Navegantes (SantaCatarina State, Brazil) was described, focusing on sharks and finning. Between2000 and 2002 years, sharks represented more than 50% of the total longlinelandings in Santa Catarina State, being the carcasses for domestic market and finsexported to Asia. Steel wires used at the gangions are the main responsible for thehigh shark rate capture. The blue shark (Prionace glauca), is the most importantspecies. A seasonal pattern was presented for blue sharks, hammerheads,billfish, albacores and swordfish catches. Longline survival was high for sharks(more than 50%) and most of them are sacrificed aboard. Higher hammerheadcatches used to happen in the second quarter of the year.

Key-words

Longline, sharks, bycatch.

A PESCA DE ESPINHEL-DE-SUPERFÍCIE NOSUL DO BRASILPARTE 2

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32 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

A pesca de espinhel-de-superfície sediada nos portos de Itajaí e Navegantes(SC) e que ocorre ao longo de toda a região sudeste-sul do Brasil é descrita tendocomo enfoque as capturas de tubarões e a atividade de extração de barbatanas.

No ano de 1998, três cruzeiros do qual participaram observadores foramefetuados a bordo de espinheleiros sediados em Itajaí (SC), durante os períodosde março-abril, junho-julho e setembro-outubro, com o objetivo de conhecer apescaria e as respectivas capturas de tubarões. Esses cruzeiros fizeram parte doPrograma REVIZEE-Score Sul, que objetiva avaliar os recursos vivos na Zona Eco-nômica Exclusiva brasileira, especificamente nas latitudes compreendidas pelasRegiões Sudeste e Sul.

Os atuneiros sediados nos municípios de Itajaí e Navegantes (SC) utilizamo espinhel de monofilamento, sendo o anzol iscado com o calamar-argentinodescongelado, Illex argentinus. A esse conjunto também é inserido, em cada linhasecundária, um atrator luminoso (“lightstick”), aumentando a capturabilidade dopetrecho.

A área de pesca, delimitada pelas latitudes de 27°30´S e 34°30´S e pelas longi-tudes de 52°00´e 36°00´W, situa-se na região da Convergência Subtropical (figura 14).Mudanças climáticas sazonais ocasionam deslocamentos latitudinais dessa zona demistura, onde são também encontradas ressurgências de borda de plataforma, quedão suporte aos estoques de peixes pelágicos, como os atuns (Castello & Habiaga,1988; Brandini, 1990; Weidner & Arocha, 1999; Brandini et al., 1989; Matsuura, 1990;Pires-Vanin et al., 1993; Mesquita et al., 1983; Matsuura, 1982; Matsuura, 1990). Nessaregião, a morfologia do fundo é basicamente composta pelo talude, planícies, ba-cias abissais e elevações oceânicas. Sobre esse ambiente oceânico-epipelágico sãocapturados, ao longo do ano, pela frota espinheleira sediada nos portos de Itajaí-

Limite da ZEEbrasileira(200 milhas)

Oceano Atlântico

Santos

RioGrande

Rio de Janeiro

54˚ 52˚ 50˚ 48˚ 46˚ 44˚ 42˚ 40˚53˚ 51˚ 49˚ 47˚ 45˚ 43˚ 41˚ 39˚ 37˚ 35˚38˚ 36˚

33˚

31˚

30˚

28˚

27˚

26˚

25˚

35˚

34˚

32˚

29˚

24˚

23˚

22˚

Figura 14 – Áreas de pesca onde foram realizados 3 cruzeiros de observadores de bordo, duranteos períodos de março-abril, junho-julho e setembro-outubro de 1998 na costa sul-brasileira, paraa modalidade de espinhel-de-superfície. As áreas de pesca estão sinalizadas pelos blocos pretos.

INTRODUÇÃO

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33SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

MATERIAL E MÉTODOS

RESULTADOS

Navegantes (SC) e Santos (SP) o espadarte, Xiphias gladius, atuns, Thunnus obesus,Thunnus alalunga, Thunnus albacares e tubarões (em especial o tubarão-azul,Prionaceglauca). Nessa área, elevadas concentrações de espadarte são encontradas, principal-mente nos meses de inverno, devido a sua migração trófica e disponibilidade de pre-sas, no caso, lulas (Haimovici & Perez, 1991; Arfelli, 1996).

O espinhel de monofilamento é utilizado primariamente para a captura doespadarte, Xiphias gladius. Entretanto, outros tubarões pelágicos (principalmentePrionace glauca) e atuns, (Thunnus albacares , Thunnus obesus e Thunnus alalunga)são também capturados. Quando essa modalidade de pesca foi introduzida, em1994, em Santos (SP) e, em 1996, em Itajaí (SC), a frota inicialmente se direcionavapara o espadarte, evitando áreas de grandes concentrações de tubarões. Naqueleperíodo, o anzol era diretamente preso à linha secundária, de náilon, permitindoo escape dos tubarões. Entretanto, com a crescente demanda de barbatanas, es-tropos de aço começaram a ser inseridos entre o anzol e a linha secundária, im-possibilitando o escape dos tubarões. Atualmente, o espinhel de monofilamentocom o estropo de aço é o mais comumente utilizado no sudeste e sul do Brasil,devido à sua facilidade operacional e segurança apresentada, em comparação aosistema tradicional de espinhel de multifilamento (tipo “japonês”).

A metodologia utilizada é apresentada na parte 1, que versa sobre a pescade emalhe-de-superfície.

Durante os três cruzeiros, um esforço total de 33.650 anzóis corresponden-tes a 34 lances foi efetuado, o que representou 1% do esforço médio anual da fro-ta espinheleira nacional no sudeste e sul do Brasil. 24 lances foram efetuados den-tro da Zona Econômica Exclusiva e os 10 restantes em águas internacionais. O nú-mero médio de anzóis utilizados por lance foi de 1.030, 992 e 950 para o primeiro,segundo e terceiro cruzeiros, respectivamente.

Constatou-se que as embarcações podem permanecer no mar por até 30dias, sendo esse período representativo da frota nacional operante ao longo daZona Econômica Exclusiva sul-brasileira. As características físicas dessas embarca-ções são apresentadas na tabela 9.

Tabela 9 – Características físicas das embarcações que utilizam espinhel-de-superfície (monofila-mento), sediados em Itajaí – SC, nos quais foram realizados os cruzeiros com os observadores debordo no ano de 1998.

Nome da embarcação BASCO YAMAYA IIIPorto de origem Itajaí ItajaíComprimento total (m) 24,4 20,7Potência do motor (HP) 330 325Capacidade do porão (t) 70 30Tripulação 11 10Equipamento eletrônico GPS/VHF/SSB/Radiogônio GPS/VHF/SSB/Radiogônio

Plotter/Ecossonda Plotter/EcossondaAno de fabricação 1989 1982Tipo de casco Madeira aço

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34 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

O espinhel de monofilamento é composto por uma linha principal de nái-lon, onde as linhas secundárias são fixadas. Bóias-cegas e rádio-bóias são inseri-das nessa estrutura (tabela 10 e figura 15). A linha principal utilizada tem 4 mm dediâmetro e o seu comprimento total varia entre 47 e 66 km. Bóias são fixadas à li-nha principal por meio de um cabo de náilon com um grampo de aço inoxidávelna sua extremidade livre. A distância entre bóias varia de 200 a 300 m. Entre asbóias, 4 a 5 linhas secundárias são presas à linha principal, eqüidistantes de 60 e40 m, respectivamente.

Tabela 10 – Características físicas dos espinhéis de superfície (monofilamento), sediados em Itajaí -SC, nos quais foram realizados os cruzeiros com os observadores de bordo no ano de 1998.

Nome da embarcação BASCO YAMAYA III - 10- cruz. YAMAYA III - 20-cruz.Número de anzóis 950 1100 1000Comprimento da linha principal (milhas) 25,6 32 - 35 32Comprimento da linha secundária (m) 20 13 13Distância entre bóias-cegas (m) 200 300 300Distância entre linhas secundárias (m) 40 60 50Numeração do anzol 9 9 9Diâmetro do cabo de bóia (mm) 1,75 3,6 3,6Material do cabo de bóia náilon náilon náilonComprimento do cabo de bóia (m) 20 10 15Diâmetro da linha principal (mm) 4 4 4Material da linha principal náilon náilon náilonnúmero de bóias-cegas 260 200 200número de bóias-sinalizadoras 0 1 3número de rádio-bóias 6 6 5

6 - rádio-bóias

5 - bóias-cegas

4 - linha principal ou “linha madre”

3 - linha secundária ou “burã”

2 - espaçamentoentre duas linhas

1 - cabo de bóia

Figura 15 – Esquema de uma seção de espinhel.

A estrutura da linha secundária, ou “burã”, é relativamente simples (figura 16),medindo entre 13 e 20 m de comprimento total. É composta por um cabo de nái-lon monofilamento, com diâmetro de 1,8 mm e comprimento entre 12 a 19 m.A linha secundária é presa à linha principal através de um grampo (“snap”) comdestorcedor (figura 17). Na outra extremidade, um estropo de aço trançado de 1 mde comprimento, com uma proteção plástica e medindo 2 mm de diâmetro fica conectado entre a linha de náilon e o anzol (de número 9/0) (figura 18). Atratores luminosos artificiais (“lightsticks”) de 4 polegadas de comprimento são fixados

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35SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

próximos ao anzol, ou afastados do mesmo cerca de 1 m (figura 19). Quando man-tidos no gelo, podem ser reutilizados em um segundo lance. Um segundo des-torcedor, com um peso de chumbo, é fixado no cabo de náilon 9,40 m abaixo do“snap”, permitindo que dessa forma os tubarões ou outro tipo de peixe possamnadar ou girar livremente sem emaranhar a linha secundária, mantendo-a tam-bém em posição vertical sob a coluna de água (figura 20).

“snap”

destorcedor

“ligthstick”estropo

anzol

G 6

Figura 16 – Estrutura de uma linha secundária, ou “burã”, no espinhel de monofilamento. Modifi-cado de Broadhurst & Hazin, 2001.

Figura 17 – Detalhe de um grampo ("snap”) de 13 cm de comprimento, com destorcedor (veja seta).

13 cm

3,3

cm

4,3 cm

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Figura 18 – Anzol modelo “Swordfish 9/0”, utilizado na pesca de espinhel de monofilamento.

Figura 19 – Atrator luminoso ou “lightstick”, utilizado na linha secundária.

Figura 20 – Destorcedor com chumbo (aproximadamente 75 gramas), utilizado na linha secundáriado espinhel.

7,96 cm

2,96 cm

2,2

cm

1,0

cm

1,6

cm

16,4 cm

7,2 cm

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Figura 21 - Rádio-bóias japonesas, utilizadas para localizar o espinhel de monofilamento.

As bóias-cegas são de plástico rígido, com 30 cm de diâmetro e presas à li-nha principal através de um “snap” com cabo de náilon de 3,6 mm de diâmetro eentre 10 e 20 m de comprimento. Bóias-rádio são colocadas para localizar o espi-nhel por meio do GPS – PLOTTER (figura 21). Em geral, 5 ou 6 bóias-rádio são uti-lizadas por lance, localizadas a cada 40-43 bóias-cegas. Como alerta à navegação,2 bóias-sinalizadoras são também empregadas, uma no meio e outra no final doespinhel.

A linha principal, ou “linha madre”, é acondicionada em um tambor conec-tado a um guincho hidráulico, que serve para a operação de lançamento e reco-lhimento (figura 22). As linhas secundárias vão sendo colocadas na linha principalà medida que esta última é lançada na água, sendo o espaçamento entre as linhassecundárias feito através de um controlador de tempo, que apita a cada 15-18segundos. A profundidade de operação do espinhel é atingida por meio de umlançador hidráulico denominado de “line-setter”(figura 23), que acelera a veloci-dade de lançamento da linha principal (entre 8,4 e 8,2 nós). Nem todos os espi-nheleiros brasileiros possuem o “line-setter”. Nesse caso, é alterado o comprimen-to do cabo de bóia e/ou o número de linhas secundárias entre bóias-cegas.

Considerando-se apenas o comprimento máximo do cabo de bóia mais ocomprimento da linha secundária, o espinhel operaria a uma profundidade teó-rica de 40 m. Entretanto, na prática, essa profundidade possivelmente seja maior,em função da “catenária”formada, ou seja, a profundidade máxima atingida ficariaem torno dos 60 – 100 m (Arfelli, 1996; Amorim et al., 1998; Anônimo, 1998). A fai-xa de profundidade de atuação desse petrecho é menor se comparada ao espi-nhel tradicional japonês que operava entre os 50 e 150 m, na década de 70.

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38 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Figura 22 – Tambor com guincho hidráulico utilizado para lançar e recolher a linha principal doespinhel.

Figura 23 – Guincho hidráulico, ou "line-setter", utilizado para posicionar o espinhel na profundi-dade desejada.

A tabela 11 resume as operações de pesca durante os 3 cruzeiros. Normal-mente, os tubarões são içados até o convés do barco ainda vivos, por meio de fis-gas, arpões ou de um dispositivo denominado de “tesoura” (figura 24). No convés,ou mesmo na borda da embarcação, os animais são sacrificados através de umprofundo corte sobre a cabeça (degola), que produz acentuada hemorragia, sen-do finalmente imobilizados por meio da inserção de um arame de aço através doarco neural. Após a execução, são decapitados, eviscerados e as barbatanas extraí-das (figura 25), sendo as carcaças acondicionadas em urnas com gelo.

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Tabela 11 – Resumo das operações de pesca realizadas durante as 3 viagens dos observadores de bordo nos espinheleiros desuperfície (monofilamento) sediados em Itajaí – SC, durante o ano de 1998. Line-setter � lançador hidráulico (veja figura 23).

Cruzeiros Basco Yamaya III Yamaya IIIset/out 1998 março/abril 1998 junho/julho 1998

Horário médio de lançamento do espinhel 18h39 17h00 17h15Duração média do lançamento 03h42´ 4h45´ 4h42´Velocidade do barco durante o lançamento (nós) 7 7,4 7Profundidade estimada de operação do anzol (m) 40-60 50-70 70Velocidade de lançamento do "line-setter" (nós) - 8,4 8,2Periodicidade na fixação da linha secundária (segundos) 15 16 18Tempo médio de imersão do espinhel 6h48´ 8h25´ 7h54´Duração média do recolhimento do espinhel 6h 8h 7h30´

Figura 24 - Captura de um tubarão-azul, Prionace glauca, no espinhel-de-superfície e detalhe da"tesoura" (seta).

Figura 25 - Barbatanas extraídas de tubarões de diferentes espécies na pesca de espinhel-de-superfície.

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Durante os 3 cruzeiros, constatou-se a captura de 1 247 elasmobrânquios(68,9%) e 563 teleósteos (31,1%). O tubarão-azul, Prionace glauca, representou50,4% do total capturado em número, os tubarões-martelo, Sphyrna spp. 8,2%, otubarão-machote, Carcharhinus signatus, 6,2% e o tubarão-anequim, Isurusoxyrinchus, 4%; outros Carcharhinídeos como o tubarão-fidalgo, Carcharhinusobscurus e o tubarão-galha-branca, Carcharhinus longimanus representaram ape-nas 0,1%. Os principais peixes ósseos capturados foram o espadarte, Xiphias gladius,com 13,5% do total capturado, seguido pela albacora-laje, Thunnus albacares, 9,1%;albacora-branca, Thunnus alalunga, 6,7%; albacora-bandolim, Thunnus obesus,1,6% e o agulhão-branco, Tetrapturus albidus, 0,3%.

Foi também observada a condição que os tubarões apresentavam quandodo recolhimento do espinhel, ou seja, se os indivíduos chegavam vivos ou mortosao convés. O animal era considerado vivo, quando apresentava movimentos docorpo, da mandíbula, maxilas, movimentos na membrana nictitante do olho e nasfendas branquiais. Por outro lado, o tubarão era considerado morto, quando nãose observava qualquer das características mencionadas, mesmo que sob estímu-los externos. A tabela 12 apresenta os resultados dessas observações, sendo quede um total de 508 tubarões de diferentes espécies, 88% chegavam vivos ao con-vés da embarcação. A mais alta taxa de sobrevivência foi a do tubarão-azul, Prionaceglauca (97%) seguido pelo tubarão-anequim, Isurus oxyrinchus, 78%; tubarão-machote,Carcharhinus signatus (69,8%) e o tubarão-martelo,Sphyrna zygaenas (53%).Esse tipo de análise seria um fator-chave para a adoção de medidas de conserva-ção, no caso, a soltura de animais vivos, e ao mesmo tempo fornecer subsídios téc-nicos para estudos de marcação e recaptura.

Número de Número de Número de % %ESPÉCIES tubarões tubarões tubarões VIVOS MORTOS

amostrados vivos mortos

Tabela 12 – Observações sobre a condição dos tubarões capturados pelos espinheleiros de super-fície sediados em Itajaí e que operaram no sul do Brasil. Cruzeiros de março-abril, junho-julho esetembro-outubro de 1998. n � 508.

Carcharhinus obscurus 1 1 0 100 0Carcharhinus longimanus 1 1 0 100 0Carcharhinus signatus 53 37 16 69,8 30,2Isurus oxyrinchus 41 32 9 78 22Prionace glauca 356 346 10 97,2 2,8Sphyrna lewini 20 11 9 55 45Sphyrna zygaena 36 19 17 52,8 47,2

TOTAL 508 447 61 88 12

Dados sobre o aproveitamento das barbatanas constam da tabela 13 e in-dicam que o tipo de barbatana aproveitada está relacionado com a espécie e a tri-pulação. Nos cruzeiros de março-abril e junho-julho, com a mesma tripulação noYamaya III, as nadadeiras dorsais (primeira e segunda), peitorais, pélvicas, anal elobo inferior da caudal foram extraídas de Prionace glauca, Carcharhinus signatus,Sphyrna lewini, Sphyrna zygaena, Carcharhinus longimanus e Carcharhinus obscurus.Para o tubarão-anequim, Isurus oxyrinchus, apenas a primeira dorsal, peitorais, e olobo inferior da nadadeira caudal foram extraídas. A segunda dorsal e nadadeiraspélvicas foram apenas utilizadas quando o peixe era adulto. No cruzeiro de se-tembro-outubro, a bordo do Basco, e com outra tripulação, o padrão de aprovei-tamento das barbatanas foi diferente. Nesse caso, apenas a primeira nadadeiradorsal, peitorais e lobo inferior da caudal foram extraídos de Sphyrna zygaena,Sphyrna lewini, Isurus oxyrinchus, Prionace glauca, Carcharhinus signatus eCarcharhinus obscurus. Os tubarões-azuis, Prionace glauca, perfizeram 76% e 94%

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CRUZEIRO ESPÉCIES Tipos de barbatanas extraídas n %

março-abril/98 Prionace glauca 1,2,3,4,5,6 2.792 76,4Carcharhinus signatus 1,2,3,4,5,6 736 20,1Sphyrna spp. 1,2,3,4,5,6 128 3,5

total 3.656 100

junho-julho/98 Prionace glauca 1,2,3,4,5,6 4.248 94,2Isurus oxyrinchus 1,2,3,6 228 5,1Carcharhinus signatus 1,2,3,4,5,6 24 0,5Carcharhinus longimanus 1,2,3,4,5,6 8 0,2

total 4.508 100

setembro-outubro/98 Sphyrna zygaena 1,3,6 160 38,0Isurus oxyrinchus 1,3,6 97 23,0Prionace glauca 1,3,6 92 21,9Carcharhinus signatus 1,3,6 44 10,5Sphyrna lewini 1,3,6 24 5,7Carcharhinus obscurus 1,3,6 4 1,0

total 421 100,0

Tabela 13 – Observações sobre os tipos de barbatanas extraídas das diferentes espécies detubarões capturadas pelos espinheleiros de superfície sediados em Itajaí e que operaram no sul doBrasil. Cruzeiros de observadores de bordo de março-abril, junho-julho e setembro-outubro de 1998.

1 Primeira nadadeira dorsal2 Segunda nadadeira dorsal3 Nadadeiras peitorais4 Nadadeiras pélvicas5 Nadadeira anal6 Lobo inferior da nadadeira caudal

das nadadeiras extraídas durante o primeiro (março-abril) e segundo (junho-ju-lho) cruzeiros, respectivamente. Um total de 3 656 e 4 508 nadadeiras de diversasespécies de tubarões foram extraídas nessas duas viagens. Para o terceiro cruzeiro(setembro-outubro) as nadadeiras do tubarão-martelo, Sphyrna zygaena, repre-sentaram 38% das nadadeiras aproveitadas, para o total de 421 nadadeiras extraí-das de diferentes espécies.

Em 1998, os tripulantes dos espinheleiros de Itajaí recebiam US$12/kg debarbatanas de tubarão-azul conservadas no porão com gelo. No caso do tubarão-martelo, Sphyrna lewinii o valor chegou a US$ 45/kg. Atualmente 50% dos lucrosobtidos com as barbatanas são do armador. Os barcos da frota nacional sediadosem Itajaí não descartam as carcaças dos tubarões, já que há mercado interno paraesse produto. O mesmo ocorre com a frota de espinheleiros sediada em Santos(Amorim et al., 1998).

As estatísticas de desembarques (kg) para a frota espinheleira de superfícieno Estado de Santa Catarina foram avaliadas para os anos de 2000, 2001 e 2002(Univali, 2001; 2002 e 2003). Inicialmente, os dados foram agrupados em grandesgrupos (Tabela 14). Nesse período, 4 050 toneladas de pescado foram desem-barcadas. Desse total, em ordem decrescente de importância, destacaram-se osseguintes grupos: tubarões (50,7%), atuns (21,4%), espadartes (18,8%), outros(8%) e agulhões (1,1%). Os tubarões-azuis e os tubarões-martelo representaramrespectivamente 37,4% e 5,1% do total desembarcado.

Analisando essas proporções, torna-se necessário questionar se, real-mente, existe direcionamento dessa modalidade de pesca apenas para o espa-darte, Xiphias gladius, e os atuns (principalmente, Thunnus alalunga, Thunnusobesus e Thunnus albacares), pois os tubarões representaram a maior fração empeso nessa pescaria. Há de se notar, também, que as quantidades desembarca-das de barbatanas (em peso e em número) não foram registradas nessas esta-tísticas pesqueiras.

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42 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Tabela 14 – Produção pesqueira desembarcada (kg), dos principais grupos de peixes. Frota indus-trial de espinhel-de-superfície em Santa Catarina nos anos de 2000, 2001 e 2002. Fonte: UNIVALI(2001; 2002 e 2003).

O maior direcionamento para os tubarões é visualizado mais nitidamenteatravés da evolução dos desembarques dos diferentes grupos de peixes entre osperíodos analisados (figura 26). As capturas de tubarões aumentaram de 419 to-neladas, em 2000, para 823 toneladas, em 2002 (aumento de praticamente 100%).

1 Agulhões: Neste grupo estão incluídos o agulhão-azul (Markaira nigricans), agulhão-branco (Tetrapturusalbidus) e o agulhão-vela (Istiophorus albicans).

2 Atuns: Albacora-bandolim (Thunnus obesus), albacora-branca (Thunnus alalunga), albacora-laje (Thunnusalbacares), e o bonito-listrado (Katsuwonus pelamis).

3 Outros tubarões: Cação-anequim (Isurus oxyrinchus), tubarão-azul (Prionace glauca), cação-baía(Hexanchus griseus), cação-cabeça-chata (Carcharhinus leucas, Carcharhinus obscurus e Carcharhinusbrachyurus), cação-mangona (Carcharias taurus), cação-rajado (Carcharhinus longimanus), cações-martelo(Sphyrna lewini, Sphyrna zygaena), cações-machote (Carcharhinus signatus e Carcharhinus spp.), cações-raposa (Alopias vulpinus e Alopias superciliosus), cações-bagre (Squalus acanthias, Squalus megalops),cação-bico-doce (Galeorhinus galeus), cação-tigre (Galeocerdo cuvieri), cação-lombo-preto (Carcharhinusfalciformis), cações-cola-fina (Mustelus spp.) e outras espécies de tubarões da família Lamnidae,Carcharhinidae, Triakidae, Odontaspididae, Sphyrnidae, Alopidae, Squalidae.

4 Espadarte: inclui apenas Xiphias gladius.5 Outros: Batata (Lopholatilus villari), cavalinha (Scomber japonicus), cherne (famílias Serranidae e Polyprionidae),

dourado (Coryphaena hippurus), espada (Trichiurus lepturus), mistura (várias espécies sem valor comercialou quando de valor comercial, desembarcadas em quantidades muito pequenas), namorado (Pseudopercisnumida), olho-de-boi (Seriola dumerili), pargo-rosa (Pagrus pagrus), peixe-lua (Masturus lanceolatus),prego (Lepidocybium flavobrunneum), raia (principalmente Dasyatis violacea), abrótea (Urophycis spp.) ecavala (Scomberomorus cavalla).

AnosEspécies 2000 2001 2002 Total (kg) % do Total

Agulhões1 26.660 11.141 7.612 45.413 1,1Atuns2 213.856 327.079 325.321 866.256 21,4Tubarões3 419.049 812.641 822.969 2.054.659 50,7Espadartes4 196.224 261.820 301.968 760.012 18,8Outros5 14.162 159.416 150.264 323.842 8,0

Total 4.050.182Tubarão-azul 243.471 619.890 650.913 1.514.274 37,4Tubarão-martelo 86.210 64.480 55.687 206.377 5,1

0

dese

mba

rque

s (k

g)

900.000

800.000

700.000

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

2000 2001 2002anos

agulhões

atuns

tubarões

espadartesoutros

Figura 26 - Desembarques (kg), por grupo de espécies, da frota de espinhel-de-superfície emSanta Catarina, período de 2000 a 2002. Fonte: UNIVALI (2001; 2002 e 2003).

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43SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Esse aumento se deu, principalmente, pelo elevado volume de capturas do tuba-rão-azul, que passou de 243 toneladas para 651 toneladas. Os atuns tambémapresentaram um incremento de 214 toneladas para 325 toneladas. O espadarte,por sua vez, também apresentou essa evolução positiva nos desembarques (196,em 2000, para 302 toneladas, em 2002).

Para os desembarques da pesca de espinhel-de-superfície no Estado deSanta Catarina, entre 2000 e 2002, foi possível verificar a sazonalidade entre os di-versos grupos de peixes (figuras 27 a 33):

• Agulhões: As capturas mais intensas foram na primavera e no verão. O invernoe início da primavera foram as épocas mais fracas (figura 27).

• Atuns: As melhores capturas foram nos meses de inverno. O verão foi a estaçãomais fraca (figura 28).

• Tubarões-azuis: Elevadas capturas foram detectadas no verão e outono. Osmenores volumes estiveram entre o final do inverno e a primavera (figura 29).

• Tubarões-martelo: Estes tubarões ocorreram o ano todo, com as maiores capturasa partir do segundo semestre.Um pico de captura foi detectado no inverno,associa-do a Sphyrna zygaena, espécie de águas mais frias (abaixo de 17 °C) (Weidner &Arocha, 1999; Vooren et al., 1999). Por sua vez, o aumento das capturas nos me-ses de primavera estaria relacionado a Sphyrna lewini, esta de águas mais quen-tes e que se desloca com a Corrente do Brasil (entre 20 °C e 24 °C), sendo esta aépoca de parto da espécie (figura 30).

• Todos os tubarões: Existem picos no verão, associados às grandes capturas detubarões-azuis, na elevação do Rio Grande, e no inverno, coincidindo com asmaiores capturas de tubarões-martelo da espécie Sphyrna zygaena (figura 31).

• Espadartes: O pico das capturas foi no inverno, ocorrendo, também, outro picona primavera. As menores capturas foram detectadas no verão (figura 32).

• Outros: Os maiores volumes desembarcados foram nos meses de primavera(figura 33).

4.000

3.200

2.400

1.600

800

0

dese

mba

rque

s (k

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

meses

Figura 27 – Distribuição dos valores médios mensais de desembarques (kg) de agulhões captura-dos pela pesca de espinhel-de-superfície em Santa Catarina. Período – 2000 a 2002. Barras verti-cais são erros-padrão. Fonte: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

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44 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

95.000

76.000

57.000

38.000

19.000

0

dese

mba

rque

s (k

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

meses

Figura 28 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de atuns capturados pela pes-ca de espinhel-de-superfície emSanta Catarina. Período – 2000 a2002. Barras verticais são erros-pa-drão. Fonte: UNIVALI (2001; 2002;2003).

110.000

88.000

66.000

44.000

22.000

0

dese

mba

rque

s (k

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

meses

Figura 29 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de tubarões-azuis capturadospela pesca de espinhel-de-superfí-cie em Santa Catarina. Período –2000 a 2002. Barras verticais sãoerros-padrão. Fonte: UNIVALI (2001;2002; 2003).

248.000

19.840

14.880

99.200

4.960

0

dese

mba

rque

s (k

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

meses

Figura 30 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de tubarões-martelo captura-dos pela pesca de espinhel-de-superfície em Santa Catarina. Perío-do – 2000 a 2002. Barras verticaissão erros-padrão. Fonte: UNIVALI(2001; 2002; 2003).

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45SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

117.000

93.600

70.200

46.800

23.400

0

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s (k

g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13meses

Figura 31 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de tubarões (todas as espé-cies) capturados pela pesca de es-pinhel-de-superfície em Santa Ca-tarina. Período – 2000 a 2002. Bar-ras verticais são erros-padrão. Fon-te: UNIVALI (2001; 2002; 2003).

40.400

32.320

24.240

16.160

8.080

0

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g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13meses

40.400

32.320

24.240

16.160

8.080

0

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g)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13meses

Figura 32 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de espadartes capturados pelapesca de espinhel-de-superfície emSanta Catarina. Período – 2000 a2002. Barras verticais são erros-pa-drão. Fonte: UNIVALI (2001; 2002;2003).

Figura 33 – Distribuição dos valoresmédios mensais de desembarques(kg) de outras espécies capturadaspela pesca de espinhel-de-superfí-cie em Santa Catarina. Período –2000 a 2002. Barras verticais sãoerros-padrão. Fonte: UNIVALI (2001;2002; 2003).

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46 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

1.74 a 13.01

0.53 a 1

1 a 1.74

CPUE (indiv./1000 anzóis)

200 m2000 m

1000 m

3000 m

Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

Salvador

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

10˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W

Figura 34 – Distribuição espacial daCPUE (indivíduos/1.000 anzóis) dos tubarões-martelo capturados pelapesca de espinhel-de-superfície (mo-nofilamento) sediada em Itajaí – SC.VERÃO. Período de 1996 a 2001.

Analisou-se a distribuição espacial e sazonal dos rendimentos do tubarão-mar-telo (CPUE em indivíduos/1000 anzóis) capturado na pesca de espinhel-de-superfíciesediada em Itajaí-SC,durante o período de 1996 a 2001 (Figuras 34 a 37).Como um to-do,observa-se uma grande concentração das capturas de esfirnídeos ao sul de Floria-nópolis (SC), na zona de talude, entre 200 e 3.000 m de profundidade.Essa faixa inclu-sive se estenderia até a costa do Uruguai.Capturas expressivas também foram encon-tradas na elevação do Rio Grande e Cadeia Trindade-Vitória, principalmente no verãoe outono.Durante o verão e outono, as capturas estiveram mais dispersas, com eleva-das CPUE´s (até 100 indivíduos/1.000 anzóis) no talude,entre Florianópolis (SC) e Chuí(RS) e em áreas mais afastadas da costa,como as planícies oceânicas,a elevação do RioGrande e Cadeia Trindade-Vitória (Figuras 34 e 35).Houve inclusive bons rendimentosno verão, sobre o talude, próximo a Salvador (BA).

200 m2000 m

1000 m

3000 m

1.74 a 13.01

0.53 a 1

1 a 1.74

CPUE (indiv./1000 anzóis)

Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

Salvador

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

10˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W

Figura 35 – Distribuição espacial daCPUE (indivíduos/1.000 anzóis) dos tubarões-martelo capturados pelapesca de espinhel-de-superfície (mo-nofilamento) sediada em Itajaí – SC.OUTONO. Período de 1996 a 2001.

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9.09 a 295.1

0 a 1.25

1.25 a 9.09

CPUE (indiv./1000 anzóis)

200 m2000 m

1000 m

3000 m

Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

Salvador

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

10˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W

Figura 36 – Distribuição espacial da CPUE (indivíduos/1.000 anzóis) dos tubarões-martelo captura-dos pela pesca de espinhel-de-superfície (monofilamento) sediada em Itajaí – SC. INVERNO. Pe-ríodo de 1996 a 2001.

No inverno e primavera, os melhores rendimentos (até 295 individuos/1.000 anzóis) se concentraram principalmente no talude, ao sul de Florianópolis,havendo apenas algumas capturas menores entre Cabo Frio (RJ) e Vitória (ES),eem áreas oceânicas no sul da Bahia (figuras 36 e 37).

9.09 a 295.1

0 a 1.25

1.25 a 9.09

CPUE (indiv./1000 anzóis)

200 m2000 m

1000 m

3000 m

Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

Salvador

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

10˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W

Figura 37 – Distribuição espacial da CPUE (indivíduos/1.000 anzóis) dos tubarões-martelo captura-dos pela pesca de espinhel-de-superfície (monofilamento) sediada em Itajaí – SC. PRIMAVERA.Período de 1996 a 2001.

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48 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

DISCUSSÃO

A pesca de espinhel-de-superfície, com “linha madre” de monofilamento,no Estado de Santa Catarina, direciona-se principalmente para os tubarões, atunse espadartes. Semelhante comportamento foi encontrado para a frota espinhe-leira de superfície sediada em Santos (SP), para o período 1971-1997 (Amorim etal., 1998). Segundo estes últimos autores, no período 1983-1994, quando a frotautilizava o espinhel de multifilamento (japonês), parte do tempo era direcionadoaos tubarões. Com o advento do espinhel de monofilamento, sem o estropo deaço, o rendimento dos tubarões caiu em relação ao espadarte. Entretanto, a utili-zação mais recente do estropo de aço nas linhas secundárias mostra o retornodos tubarões ao primeiro lugar nas capturas. Em Santos, o mercado para carne detubarão cresceu após 1977 e os pescadores começaram a trazer todos os tuba-rões capturados.Também o preço das barbatanas aumentou em torno de 6 vezesno período 1983 – 1994. Segundo Amorim et al. (1998), desde 1976, os tubarõesapresentaram valores acima de 50% nas capturas totais no espinhel-de-superfí-cie, sendo que, em média, de 1983 a 1993, somente o tubarão-azul representou30% da captura total dos espinheleiros de Santos.

A sazonalidade das diferentes espécies capturadas no espinhel foram anali-sadas por diversos autores. Vooren et al.(1999) encontraram maior freqüência nu-mérica nas capturas de Istiophorideos durante os cruzeiros de primavera e verão.Silva(1991),constatou que os atuns eram mais abundantes de maio até outubro.Vooren etal. (1999) também encontraram maior freqüência de capturas de albacoras no in-verno.É nessa época do ano que a corrente das Malvinas exerce forte influência sobreo sul do Brasil, e as lulas, principal alimento das albacoras e do espadartes, são maisabundantes (Silva,1992).Amorim et al. (1998) verificaram que,para a frota de espinhe-leiros sediada em Santos (SP),maiores capturas de Prionace glauca ocorreram duranteos meses de inverno, no período de 1971 a 1979, e durante os meses de outono, noperíodo de 1980 a 1990. Vooren et al. (1999) mostraram que essa espécie ocorre aolongo de todo o ano, porém, com maior percentual numérico no mês de julho.

As elevadas capturas da frota sediada em Itajaí,no verão,devem-se à realizaçãode viagens à elevação do Rio Grande, fora da Zona Econômica Exclusiva brasileira,onde ocorrem grandes concentrações de tubarões-azuis, fato constatado por Kotas(com. pessoal) em duas viagens realizadas a essa região oceânica e por Azevedo(2003). Segundo Yamandú et al. (1998), a elevação de Rio Grande (ou “BromleyPlateau”) é uma região de grandes bancos, entre 2.700 a 4.500 m de profundidade,mas com picos chegando entre 380 e 760 m.

Segundo Arfelli & Amorim (1994),para a frota sediada em Santos (SP),60% dascapturas são de Sphyrna lewini e 40% de Sphyrna zygaena, ocorrendo os melhoresrendimentos entre os meses de setembro a novembro. Nesse grupo podem estartambém incluídas capturas ocasionais de Sphyrna mokarran. VOOREN et al. (1999)detectaram maiores capturas de Sphyrna zygaena durante os cruzeiros de inverno ecapturas de espécies tropicais, ou seja, Carcharhinus signatus, Sphyrna lewini,Galeocerdo cuvier, Carcharhinus plumbeus e Alopias superciliousus na primavera everão, coincidindo com os deslocamentos sazonais da convergência subtropical.Segundo Amorim & Arfelli (1979), Neto & Lima (1997), Vooren et al. (1999) o pico nascapturas de espadarte ocorre principalmente nos meses de inverno. É nesse período

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49SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

também que ocorrem as capturas dos maiores exemplares (acima de 2 m de compri-mento). Castello (1996) considera a melhor época de captura para o espadarte entreos meses de outono e inverno.

De maneira geral, a pesca de espinhel-de-superfície em Santa Catarina, ocorredurante o ano todo, havendo alterações sazonais na disponibilidade e/ou direciona-mento por parte da frota às diversas espécies,como é o caso das maiores capturas dealbacoras e espadartes nos meses de inverno; tal fato se deve ao deslocamento latitu-dinal-sazonal da margem ocidental da Convergência Subtropical ao longo da costasul do Brasil e Uruguai,que estabelece os limites de distribuição para as diferentes es-pécies de peixes pelágicos sobre a borda do talude e ambiente oceânico (Mello et. al.,1993; Silva,1994,Seeliger et. al,1997,Weidner & Arocha,1999,Vooren et al.,1999;Vaske& Castello, 1991).

Até 2001,nos meses de verão,os espinheleiros sediados em Itajaí costumavamoperar nas imediações das ilhas de Trindade e Martin Vaz,havendo evidências de quecapturas significativas de espadartes e tubarões azuis nessas localidades estivessemassociadas à reprodução e alimentação (Mazzoneli & Schwingel,2002).Por outro lado,grandes capturas de tubarões-azuis foram obtidas no verão e outono de 1998 e verãode 2002, junto à elevação do Rio Grande, durante a época de escassez de espadartesobre o talude sul-brasileiro. Essas concentrações de tubarões-azuis sobre essa ele-vação possivelmente estão relacionadas à utilização de recursos alimentares (VaskeJr., 2000).

Atualmente,a dinâmica da frota espinheleira sediada em Itajaí (SC) revela duasáreas principais de atuação:a elevação do Rio Grande,nos meses mais quentes (verãoe outono), quando a frota se direciona principalmente para o tubarão-azul; e o taludesul-brasileiro nos meses mais frios (inverno e primavera),quando as capturas de espa-darte são mais elevadas. As viagens às ilhas de Trindade e Martin Vaz raramente sãorealizadas,haja vista os elevados custos operacionais para efetuar as descargas em Vi-tória (ES). Essa dinâmica é bem apresentada no trabalho de Azevedo (2003).

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Resumo

Estudou-se a dinâmica das capturas dos tubarões-martelo (Sphyrna lewinie Sphyrna zygaena), através de modelos de Análise de Covariância (ANCOVA), napescaria com espinhel-de-superfície, da frota sediada em Itajaí e Navegantes (SC).Foram utilizados n � 596 lances de pesca, para o período 1996-2001, sendo ologarítmo neperiano das capturas (em peso, kg) a variável dependente. Os fatoresano, estação e área de pesca foram inseridos no modelo, sendo o logarítmo nepe-riano do esforço de pesca (em número de anzóis) a covariável. As médias ajusta-das indicaram maiores capturas no inverno (associadas com Sphyrna zygaena),primavera e verão (associadas com Sphyrna lewini). Houve pequena variação nascapturas entre 1996 e 2001. A área delimitada pelo talude, entre profundidadesde 200 e 3.000 m e as latitudes de 30° S (Tramandaí, RS) e 35° S (Maldonado, Uru-guai), apresentou as maiores capturas. A relação logaritmizada entre as capturas(em peso, kg) e o esforço de pesca (em número de anzóis) é linear e positiva.

Palavras-chave

ANCOVA, espinhel-de-superfície, tubarões-martelo.

Abstract

The hammerheads catch dynamics (Sphyrna lewini and Sphyrna zygaena)was studied through covariance analysis (ANCOVA) on longline data for the fleetbased in Itajaí and Navegantes (Santa Catarina State, Brasil). Catch and effortobservations (n � 596) were used for the period 1996-2001.Year, season, and areaeffects were tested in the model, being the natural logarithm of the fishing effort(hook number) the covariable. The adjusted means by the model showed higherhammerhead catches during winter (related to Sphyrna zygaena), spring andsummer (related to Sphyrna lewini).There was a low variation in the hammerheadcatches between 1996 and 2001 years. An area over the continental slope,between 200 and 3.000 m depth and limited by 30° – 35° S latitudes, yielded thebest catches. The logarithmic relationship between catch (Kg) and effort (hooknumber) is linear and positive.

Key-words

ANCOVA, longline, hammerheads.

ANÁLISE DOS DADOS DE CAPTURA EESFORÇO DE PESCA DOS TUBARÕES-MARTELO, NA PESCA DE ESPINHEL-DE-SUPERFÍCIE NO SUL DO BRASIL

PARTE 3

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52 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

O sistema de espinhel-de-superfície do tipo raso, com linha principal demonofilamento, é uma modalidade pesqueira importante no sudeste e sul doBrasil (Arfelli, 1996; Amorim et al., 1998). Existem diferenças, entre uma embarca-ção e outra, no comprimento dos cabos de bóia, linhas secundárias e tamanhodos anzóis (tabela 15). Os tubarões-martelo, apesar de suas barbatanas apresen-tarem elevado valor no mercado internacional, seriam capturas acidentais, sendorepresentados em sua maioria por Sphyrna lewini e Sphyrna zygaena. Durante2000, os tubarões-martelo, capturados pelo espinhel-de-superfície no Estado deSanta Catarina, representaram em torno de 10 % do total desembarcado em pesode pescado. Já em 2002, essa representatividade caiu para apenas 3,5% (UNIVALI,2001; 2003).

Tabela 15 – Características físicas dos espinhéis de superfície de monofilamento analisados nopresente estudo. Foram analisados 25 espinhéis.

6 3 5 9410 3 5 4011 9 5 4012 7 5 1212 3 5 3812 12 5 2012 14 5 4812,8 13 5 47,213 13 5 2013 9 5 1013,5 13 5 46,514 14 5 4614 2 5 4614 9 5 2014 2 5 3615,3 9 5 2016 13 5 7618 13 4 3718 14 5 4218 14 5 2018,9 8 4 2020 13 4 2025 9 5 21,630 9 5 3032 9 5 21,6

média 15,8 9 5 34,9desvio-padrão 5,93 4,13 0,33 19,45mínimo 6 2 4 10máximo 32 14 5 94número 25 25 25 25erro-padrão 1,19 0,83 0,07 3,89

linha tamanho número cabosecundária do de da bóia

(m) anzol anzóis/samburá (m)

INTRODUÇÃO

Segundo Quinn & Deriso (1999), a captura (Ct) de um determinado recursopesqueiro, em um determinado período de tempo, pode ser expressa da seguinteforma:

Ct � q · ft · Nt

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53SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Onde,Ct � captura em um determinado período de tempo (t);q � coeficiente de capturabilidade;ft � esforço de pesca (e.g. número de anzóis) aplicado durante o período de

tempo (t);Nt �abundância média do recurso no período de tempo (t) considerado.

As tendências espaço-temporais nas capturas podem refletir mudanças namortalidade por pesca (Ft � q · ft), mudanças na abundância (Nt), ou seus efeitoscombinados. Portanto, há necessidade de um melhor conhecimento da dinâmicadas capturas dos esfirnídeos pelo espinhel-de-superfície,visando a medidas de regu-lamentação pesqueira para a conservação desses elasmobrânquios sobreexplota-dos. Assim, com os dados disponíveis, procurou-se entender quais são as variáveis efatores que atuaram de maneira significativa sobre as capturas de tubarões-martelo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Testou-se a aplicabilidade de um modelo de covariância múltipla (ANCOVA),sobre dados de captura e esforço, para analisar o efeito de possíveis fatores sobre ascapturas totais (em peso) de tubarões-martelo, Sphyrna lewini e Sphyrna zygaena, emuma pescaria de espinhel-de-superfície no sudeste-sul do Brasil (Huitema, 1980; Zar,1999). Foram testados os efeitos dos fatores ano, estação do ano e área de pesca. Ascovariáveis utilizadas foram o esforço de pesca (em número de anzóis) e a tempera-tura de superfície da água do mar (em graus centígrados).

Os dados de captura e esforço, utilizados na análise, foram obtidos dos mapasde bordo dos espinheleiros que operaram principalmente nas latitudes das regiõessudeste e sul do Brasil e que realizaram seus desembarques em Itajaí – SC. Os mapasde bordo foram fornecidos pelo IBAMA/CEPSUL (Centro de Pesquisa e Gestão de Re-cursos Pesqueiros do Sudeste-Sul) e pelo Grupo de Estudos Pesqueiros (Universidadedo Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar), que possui con-vênio com a SEAP (Secretaria Especial da Pesca).O petrecho de pesca utilizado por es-sas embarcações foi o espinhel-de-superfície de monofilamento, com atração lumi-nosa (“lightstick”) e isca de lula, Illex argentinus (Castellanos, 1960).

As capturas de tubarões-martelo (em peso, kg), por lance de pesca, perfize-ram no total 596 observações, que foram associadas a dados sobre esforço depesca (em número de anzóis), temperatura da superfície da água do mar (em °C),ano, mês e área de pesca. A área estudada, segundo a Comissão Internacional pa-ra a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT, 1997), foi a de número 96, quefoi dividida em quadrados de 5 por 5 graus (figura 38). O período analisado foi ode 1996 a 2001.Trabalhou-se apenas com os lances em que houve captura de tu-barões-martelo. As informações obtidas dos mapas de bordo não discriminavamas espécies do gênero Sphyrna (Rafinesque, 1810) e dessa forma foram considera-dos os dados conjuntos de Sphyrna lewini e Sphyrna zygaena, estas as duas espé-cies mais comumente encontradas na área.

Uma Análise de Covariância múltipla, com três fatores: ano, trimestre e áreade captura (Petrere, 1978; Huitema, 1980; Petrere, 1982; Petrere, 1983; Petrere, 1986;

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54 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

200 m2000 m

1000 m

3000 m

321

87654

131211109

1817161514Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W– 60˚ W – 25˚ W

40˚ W

Figura 38 – Divisão da área de estudo em quadrados de 5 por 5 graus . As áreas comparadasforam as de número 9, 14 e 15.

Abuabara, 1996; Petrere & Abuabara, 1997) , ou simplesmente ANCOVA, foi apli-cada com o objetivo de averiguar a influência desses fatores sobre as capturas detubarões-martelo (em peso) na pesca de espinhel-de-superfície. As covariáveisforam o esforço de pesca (em número de anzóis) e a temperatura da água dasuperfície (em °C). Nesse caso, o modelo foi o seguinte:

�ijk � � � �i ��j�k � 1 (�1ijk � �1...) � 2 (�2ijk � �2...)� interações � ijk

Onde,�ijk �captura em peso (kg) no ano i, trimestre j e área k.� � média populacional.�i � efeito do i-ésimo nível do fator ano (i � 1, ..., 6).�j � efeito do j-ésimo nível do fator trimestre (j � 1, 2, 3, 4).k � efeito do k-ésimo nível do fator área (k � 1, 2, 3).1 � coeficiente angular da covariável temperatura.�1ijk � valor da covariável temperatura no ano i, trimestre j e área k.�1...� média da temperatura para todas as observações.2 � coeficiente angular da covariável esforço de pesca.�2ijk � valor da covariável esforço de pesca no ano i, trimestre j e área k.�2...� média do esforço de pesca para todas as observações. ijk � componente de erro aleatório, suposto N (0 ; �2).

Os dados foram agrupados para os diferentes anos, trimestres e áreas con-forme a tabela 16. A partir desse agrupamento de dados (n � 53) foi realizada aanálise de covariância. As áreas consideradas nesse caso foram apenas as de nú-mero 9, 14 e 15, onde o número de dados sobre captura e esforço de tubarões-martelo era maior, havendo amostragens mais representativas.

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55SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

10.000

9.000

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3000.

2.000

1.000

010.000 20.000 30.000 40.000 50.0000

Pes

o (k

g)

Esforço (números de anzóis)

Figura 39 – Capturas totais em peso (kg) vs. esforço (número de anzóis), para os tubarões-marte-lo na pesca de espinhel-de-superfície no sudeste e sul do Brasil, no período de 1996 a 2001. Osdados considerados foram apenas para as áreas 9, 14 e 15, sendo os dados agrupados em subto-tais por ano, trimestre e área (n � 53).

Inicialmente, fez-se o gráfico do peso total da captura (kg) de tubarões-martelo versus o esforço de pesca (em número de anzóis) (figura 39) . Nesse caso,a nuvem de pontos evidenciou uma relação linear positiva entre as duas variáveis,não havendo porém homogeneidade na variância da variável resposta com o au-mento do esforço. Por isso, foi realizada a linearização dos dados através da apli-cação do logarítmo (base e) sobre as variáveis analisadas. (figura 40). Devido àagregação dos dados, ficou a alternativa de fazer três modelos, considerando umfator de cada vez, visto que não é possível testar a interação entre eles, por faltade replicação, conforme descrição a seguir:

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56 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

■ MODELO 1 Relação entre a captura e o esforço

Foi elaborado um modelo de regressão linear simples entre o ln(peso dacaptura) e a covariável ln(anzóis) (figuras 40a, b), ou seja:

ln(peso da captura) � constante � ln(anzóis)

Onde,• ln(peso da captura) � variável dependente, ou seja, o logarítmo (base e) do

peso da captura em kg;• constante � média populacional (na variável dependente) comum para todas

as observações;• ln(anzóis) � covariável relativa ao esforço de pesca , ou seja o logarítmo (base

e) do número de anzóis, tendo sido obtido o seguinte modelo:

ln(peso da captura em kg) � �4,57 � 1,24 · ln(número de anzóis)

Nota-se, nesse modelo, o efeito preponderante do esforço de pesca emnúmero de anzóis sobre as capturas de tubarões-martelo na pesca de espinhel,sendo essa correlação positiva (r2 � 0,73).

4 5 6 7 93

Res

íduo

s st

uden

tizad

os

Estimativa das capturas em peso logaritmizadas

0

1

4

2

3

8

-1

-2

-327 8 9 10 116

4

5

6

7

10

8

9

3

LN (p

eso

em k

g)

LN (número de anzóis)

Figura 40a – Logarítmo neperiano das capturas totais empeso (kg) vs. o logarítmo neperiano do esforço (em númerode anzóis) para os tubarões-martelo na pesca de espinhel-de-superfície no sudeste e sul do Brasil, durante o períodode 1996 a 2001. Neste caso, os dados considerados foramapenas para as áreas 9, 14 e 15 , sendo os dados agrupa-dos em subtotais por ano, trimestre e área (n � 53). A linhade regressão ficou definida como: Y � �4,572 � 1,237 X,sendo Y � ln(peso da captura em kg) e X � ln(número deanzóis) (r2 � 0,732; P � 0,000; n � 53).

Figura 40b – Distribuição dos resíduos padronizados em fun-ção dos valores previstos pelo modelo. LN � logarítmo nepe-riano (base e).

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57SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Tabela 16 – Dados de captura em peso (kg) e esforço de pesca (em número de anzóis) de tuba-rões-martelo, somados por ano, trimestre e área (n � 53). ln � logarítmo neperiano (base e).

Ano Trimestre área temperatura número peso da ln ln ln(graus centígrados) de anzóis captura (kg) (captura) (anzóis) (temperatura)

1996 1 9 20,0 2.200 140 4,94 7,70 3,001996 2 9 24,2 14.500 385 5,95 9,58 3,191996 3 9 21,1 18.100 1.220 7,11 9,80 3,051996 3 15 19,0 800 40 3,69 6,68 2,941996 4 9 21,6 5.400 700 6,55 8,59 3,071996 4 15 19,7 2.100 90 4,50 7,65 2,981997 1 9 26,1 2.400 100 4,61 7,78 3,261997 2 9 25,7 8.420 300 5,70 9,04 3,251997 2 15 23,4 3.600 170 5,14 8,19 3,151997 3 9 21,5 4.560 460 6,13 8,43 3,071997 3 14 17,4 7.200 5.445 8,60 8,88 2,851997 3 15 15,9 5.400 340 5,83 8,59 2,771997 4 9 22,1 7.300 480 6,17 8,90 3,091997 4 14 22,0 7.200 760 6,63 8,88 3,091997 4 15 22,0 11.550 880 6,78 9,35 3,091998 1 9 25,3 3.700 160 5,08 8,22 3,231998 1 14 22,9 1.000 150 5,01 6,91 3,131998 1 15 25,0 2.000 80 4,38 7,60 3,221998 2 9 21,2 3.400 47 3,85 8,13 3,051998 2 14 21,2 2.100 300 5,70 7,65 3,051998 2 15 22,5 6.000 470 6,15 8,70 3,111998 3 9 20,6 2.150 85 4,44 7,67 3,021998 3 14 19,4 26.128 6.672 8,81 10,17 2,971998 3 15 18,9 5.430 253 5,53 8,60 2,941998 4 9 22,1 2.850 162 5,09 7,96 3,101998 4 14 18,6 3.800 474 6,16 8,24 2,921998 4 15 20,3 2.850 753 6,62 7,96 3,011999 2 9 20,6 4.400 280 5,63 8,39 3,031999 2 14 19,5 3.000 106 4,66 8,01 2,971999 2 15 18,7 3.750 143 4,96 8,23 2,931999 3 9 20,2 12.185 1.218 7,10 9,41 3,011999 3 14 16,9 14.010 1.729 7,46 9,55 2,821999 3 15 18,9 1.980 120 4,79 7,59 2,941999 4 9 22,0 2.400 495 6,20 7,78 3,091999 4 14 18,4 2.325 165 5,11 7,75 2,912000 2 15 21,0 1.000 15 2,71 6,91 3,042000 3 9 22,2 9.000 500 6,21 9,10 3,102000 3 14 17,2 17.550 9.399 9,15 9,77 2,852000 3 15 19,3 7.800 1.780 7,48 8,96 2,962000 4 9 23,3 10.000 510 6,23 9,21 3,152000 4 14 20,4 10.000 820 6,71 9,21 3,012000 4 15 23,5 33.900 4.325 8,37 10,43 3,162001 1 14 26,7 1000 150 5,01 6,91 3,292001 1 15 26,5 11.000 590 6,38 9,31 3,282001 2 9 23,2 13.820 775 6,65 9,53 3,152001 2 14 22,6 18.810 2.440 7,80 9,84 3,122001 2 15 24,3 11.080 395 5,98 9,31 3,192001 3 9 22,1 13.190 805 6,69 9,49 3,092001 3 14 19,4 40.690 7.232 8,89 10,61 2,972001 3 15 20,7 45.750 7.341 8,90 10,73 3,032001 4 9 22,6 2.200 270 5,60 7,70 3,122001 4 14 22,7 7.100 1.080 6,98 8,87 3,122001 4 15 23,8 28.000 4.364 8,38 10,24 3,17

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58 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

Tabela 17 – Resultados da análise de covariância de um fator (ANCOVA) aplicados ao modelo: ln(peso)� constante � trimestre � ln(anzóis), para os dados agrupados apenas das áreas 9, 14 e 15. TRIM �trimestre; LNANZ � logarítmo (base e) do número de anzóis.

Valores categorizados encontrados durante o processamento:TRIMESTRE (4 níveis) 1, 2, 3, 4

Variável dependente: LN(PESO) N: 53 R Múltiplo: 0,889 R: 0,791

Análise de Variança

Fonte Soma dos quadrados GL* Quadrado médio razão F P

TRIM 6.323 3 2.108 4.502 0.007LNANZ 60.675 1 60.675 129.592 0.000Erro 22.474 48 0.468

Durbin-Watson D: 2.160Auto correlação da 1ª ordem: – 0.081

* Graus de liberdade

■ MODELO 2 Fator trimestre

Este modelo ANCOVA relacionou as capturas de tubarões-martelo em peso(kg) logaritmizadas, com uma variável discreta referente ao trimestre do ano, sen-do as médias de Y ajustadas através da covariável logarítmo (base e) do númerode anzóis , ou seja:

ln(peso da captura) � constante � trimestre � ln(anzóis)

Onde,• ln(peso da captura) � variável dependente, ou seja, o logarítmo (base e) do

peso da captura em kg;• constante � média populacional (na variável dependente) comum para todas

as observações;• trimestre � efeito do fator trimestre;• ln(anzóis) � covariável relativa ao esforço de pesca , ou seja o logarítmo (base e)

do número de anzóis.

O resultado final dessa análise é apresentado na tabela 17. Nesse caso, omodelo explicou a variação nas capturas, pois o coeficiente de determinação foisignificativo (r2 � 0,79; P < 0,01).Tanto o efeito trimestre, quanto a covariável rela-tiva ao esforço de pesca, o logarítmo (base e) do número de anzóis, foram signifi-cativos (P < 0,05).

Resumindo, o modelo que relaciona as capturas de tubarões-martelo coma estação do ano, sendo o ajuste das médias de captura através da covariávelesforço de pesca, é consistente. O gráfico de comparação das médias trimestrais(figura 41), indicou períodos de maiores capturas de tubarões-martelo nos mesesde verão, inverno e primavera. Possívelmente, as capturas de inverno estejammais associadas à presença de Sphyrna zygaena, que é de águas mais frias.

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59SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

3 4

TrimestreLN

(pes

o)

1 2

8

7

6

5

4

3

Figura 41 – Comparação entre as médias ajustadas trimestrais dos logarítmos neperianos das cap-turas, em peso (kg), de tubarões-martelo, segundo o modelo ANCOVA, ln(peso das captura) � cons-tante � trimestre � ln(número de anzóis). Os dados foram relativos à pesca de espinhel-de-super-fície no sudeste e sul do Brasil, durante o período de 1996 a 2001. Neste caso, os dados consi-derados foram apenas para as áreas 9, 14 e 15, sendo somados em subtotais por ano, trimestre eárea (n � 53). LNPESO � logarítmo (base e) do peso da captura (kg).

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60 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

■ MODELO 3 Fator área

Neste modelo foram relacionadas as capturas de tubarões-martelo em pe-so (kg) logaritmizadas, com uma variável discreta referente à área onde as mes-mas ocorreram. As médias de Y foram ajustadas através da covariável logarítmo(base e) do número de anzóis, ou seja:

ln(peso da captura) � constante � área � ln(anzóis)

Onde,• ln(peso da captura) � variável dependente, ou seja, o logarítmo (base e) do

peso da captura em kg;• constante � média populacional (na variável dependente) comum para todas

as observações;• área � efeito do fator área (áreas de número 9, 14 e 15);• ln(anzóis) � covariável relativa ao esforço de pesca , ou seja, o logarítmo (base e)

do número de anzóis;

Nesse caso,o modelo explicou a maioria da variação nas capturas (tabela 18),pois o coeficiente de determinação foi elevado (r2 � 0,80). Tanto a área , quanto acovariável ln(anzóis) foram significativas (P<0,05). Conclui-se que esse modeloANCOVA consegue explicar a variação nas capturas de maneira bem consistente.A comparação entre as médias ajustadas das capturas (figura 42) indicou que aárea de número 14, que abrange a zona de talude, em frente à costa do Rio Gran-de do Sul, foi o que apresentou as melhores capturas.

Tabela 18 – Resultados da análise de covariância de um fator (ANCOVA) aplicados ao modelo:ln(peso) � constante � área � ln(anzois), para os dados agrupados apenas das áreas 9, 14 e 15.LNANZ � logarítmo (base e) do número de anzóis; AREA � área de pesca.

Valores categorizados encontrados durante o processamento:ÁREA (3 níveis) 9, 14, 15

Variável dependente: LN(PESO) N: 53 R Múltiplo: 0,895 R: 0,802

Análise de Variança

Fonte Soma dos quadrados GL* Quadrado médio razão F P

TRIM 7.496 2 3.748 8.623 0.001LNANZ 75.524 1 75.524 173.740 0.000Erro 21.300 49 0.435

Durbin-Watson D: 1.752Auto correlação da 1ª ordem: 0.117

* Graus de liberdade

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61SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

ÁreaLN

(pes

o)

8

7

6

5

4

9 14 15

Figura 42 – Comparação entre as médias ajustadas por área dos logarítmos neperianos das cap-turas, em peso (kg), de tubarões-martelo, segundo o modelo ANCOVA, ln(peso das captura) �constante � área � ln (número de anzóis). Os dados são relativos à pesca de espinhel-de-super-fície no sudeste e sul do Brasil, durante o período de 1996 a 2001. Neste caso, os dados consi-derados foram apenas para as áreas 9, 14 e 15, sendo somados em subtotais por ano, trimestre eárea (n � 53). LNPESO � logarítmo (base e) do peso da captura em kg. Médias obtidas atravésdos mínimos quadrados.

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62 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL

DISCUSSÃO

Segundo Abuabara & Petrere (1997), os dados de captura e esforço de pescapodem apresentar ruído. A CPUE só é uma medida direta de abundância quando oesforço de pesca está aleatoriamente distribuído em relação às espécies-alvo, o quenão ocorre na pesca de espinhel, em que o esforço de pesca costuma se comportarde maneira agrupada e também pelo fato de os tubarões-martelo não serem espé-cies-alvo, mas sim, capturas acidentais. Na maioria das vezes, a CPUE é viciada pordiferenças de capturabilidade. Muitas vezes, a variabilidade na CPUE pode indicardiferenças nas estratégias de pesca,ou seja,maior ou menor direcionamento da fro-ta sobre determinado recurso, do que propriamente variabilidade na abundânciado estoque. Este último fato ocorre freqüentemente na pesca do espinhel, na qualexiste alternância nas espécies-alvo (albacoras, espadartes, tubarões)(Amorim et al.,1998).

Através do agrupamento dos dados das capturas e esforço de pesca porano, trimestre e áreas 9, 14 e 15, e a posterior logaritmização das variáveis, foi pos-sível detectar uma relação linear entre as capturas de tubarões-martelo (em kg) eo esforço de pesca (em número de anzóis) (figura 40), embora a quantidade deanzóis utilizados por lance, durante o período considerado (1997 a 2001), houves-se se comportado dentro de um intervalo de valores relativamente restritos, commédia em 1.088 anzóis e intervalo de confiança de 95% entre 1.072 e 1.105 anzóis(tabela 19).

Em termos de variáveis ambientais, obtidas na pescaria de espinhel, a tem-peratura da superfície da água do mar foi a mais acessível, estando as capturas detubarões-martelo associadas ao valor médio de 22 °C, com um intervalo de con-fiança de 95%, bem restrito entre 21,8 °C e 22,2 °C (tabela 19).

Tabela 19 – Estatística descritiva dos níveis de captura (número de indivíduos), esforço (número deanzóis) e temperaturas da água de superfície (ºC) encontrados para os tubarões- martelo, captura-dos na pesca de espinhel-de-superfície (monofilamento) dos barcos sediados em Itajaí – SC.Período de 1997 a 2001. Desv.pad. = desvio-padrão; int.conf. = intervalo de confiança; min. = mí-nimo; máx. = máximo.

n 624 582 624 624mínimo 120 13 1 0,53máximo 2.000 30 295 295média 1.088,3 22,0 9,8 9,7desvio-padrão 212,6 3,0 24,8 24,9int.conf.(+/-) 16,7 0,2 1,9 2,0

Parâmetros Número de Tempeartura de Número ind./anzóis superf. (ºC) de indivíduos 1.000 anz.

O modelo ANCOVA,ln(peso da captura) � constante � trimestre � ln(anzóis),indicou que os rendimentos pesqueiros dos tubarões-martelo, para o períodoanalisado (1996-2001), foram maiores no verão, inverno e primavera (figura 41).Uma hipótese que poderia explicar esse fenômeno seria a entrada da convergên-cia subtropical no segundo semestre, tornando as águas mais produtivas, favore-cendo a concentração de presas para os tubarões-martelo, bem como o seu com-portamento reprodutivo. S.zygaena apareceria mais no inverno, associada à águasubantártica, seguida posteriormente por S. lewini na primavera-verão, queacompanharia a água tropical (Haimovici & Perez, 1990; Vaske & Castello, 1991;Perez & Haimovici, 1993; Clarke et. al, 1996; Seeliger et al., 1997; Santos, 1999; Perez etal., 2001; Mello et al., 1993; Silva, 1994).

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A história da pesca de espinhel-de-superfície em Itajaí é recente (iniciou-seem 1996) para se chegar a um resultado mais conclusivo; além do mais, trata-sede um recurso pelágico com grande distribuição espacial, tanto horizontal comovertical, sendo que o espinhel de monofilamento opera superficialmente noambiente pelágico (até os primeiros 100 m de profundidade em média), nãocobrindo toda a faixa vertical de distribuição dos tubarões-martelo, como é o casode Sphyrna lewini. Dessa forma, as flutuações nas capturas poderão estar expri-mindo apenas o comportamento da camada mais superficial de distribuição des-sas espécies e não da abundância da população como um todo, não levando emconsideração outros fatores, como migrações tróficas verticais que costumamocorrer em espécies pelágicas, e a estratificação por tamanhos e sexos dentro deuma mesma população.

A área onde ocorreram as maiores capturas de tubarões-martelo (Figura 42)foi a 14 , que é delimitada pelo talude, entre profundidades de 200 e 3.000 m e aslatitudes de 30° (Tramandaí, RS) e 35 °S (Maldonado, Uruguai) (figura 43). Houvetambém capturas dessas espécies nas proximidades de elevações (elevação doRio Grande, longitudes 33° – 39 °W e latitudes 29° e 33 °S), e montes submarinos(cadeia Trindade – Vitória, ES, entre 20° e 21 °S de Latitude), observando-se com-portamento semelhante ao encontrado para os tubarões dessa espécie em ou-tras localidades do globo (Klimley et al., 1993; Klimley, 1993). Pela distribuição dascapturas no mapa, pode-se aventar que os esfirnídeos realizam deslocamentosdas áreas mais afastadas, (elevações e montes submarinos), para o talude e vice-versa, possivelmente em função de seu comportamento reprodutivo e alimentar.A topografia de fundo serviria como marco georreferencial para a migração des-ses animais, sendo os estudos de marcação e recaptura importantes para elucidaresta questão. Um ponto a ser lembrado é que os dados de capturas dos tubarões-martelo apresentados no presente estudo foram baseados apenas nas informa-ções fornecidas pela frota nacional, que opera em uma zona limitada, não sendorepresentativa para toda a área de distribuição do estoque.

O fato de os esfirnídeos serem considerados capturas acidentais (represen-taram 9,9% e 3,5% do total desembarcado na pesca de espinhel-de-superfície emSanta Catarina nos anos de 2000 e 2002, respectivamente) (tabelas 20 e 21), sendoo esforço de pesca mais direcionado para o espadarte, o tubarão-azul e as albaco-ras, dificulta a interpretação dos dados de captura e esforço, bem como a elabo-ração de modelos ANCOVA, para a previsão das capturas desse grupo específicode tubarões. No entanto, os efeitos significativos (P < 0,01) dos fatores época doano e área de pesca geram preocupação quanto ao fato de ocorrerem capturasmais intensas, justamente em períodos e locais em que as espécies S. lewini e S.zygaena se concentram para fins alimentares e reprodutivos, como é o caso dotalude, em frente à costa gaúcha, nos meses de inverno, primavera e verão.

A existência de uma relação linear positiva entre as capturas de tubarões-martelo e o esforço de pesca (figura 43), evidencia que uma das maneiras de seminimizar os efeitos da pesca de espinhel sobre as populações desses tubarõesseria a redução no esforço de pesca, ou seja, a diminuição no número de anzóisutilizados no espinhel. Paralelamente a essa redução no esforço de pesca, a proi-bição do uso do estropo de aço nas linhas secundárias sem dúvida reduziria, sig-nificativamente, as capturas dessas espécies (Kotas et al., 1999).

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Tabela 20 – Produção pesqueira desembarcada por mês pela frota industrial de espinhel-de-superfície em Santa Catarina noano de 2000, discriminada por espécies. Valores em kg. Fonte: UNIVALI (2001).

ESPÉCIE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL %

Agulhão-azul 3.031 4.507 985 727 2.259 2.001 2.542 967 17.019 1,96Agulhão 551 511 301 100 1.077 702 46 41 63 15 502 666 4.575 0,53Agulhão-branco 500 500 0,06Agulhão-maka 113 20 15 8 46 35 386 940 389 532 865 625 3.974 0,46Agulhão-vela 364 364 0,04Albacora-bandolim 1.940 934 1.223 1.369 4.020 2.464 1.900 2.454 1.677 3.590 1.992 3703 27.266 3,13Albacora-branca 2.411 2.952 2.014 2.167 6.236 4.072 5.207 4.193 1.520 1.672 1.448 3210 37.102 4,26Albacora-laje 10.232 7.632 7.694 7.599 22.184 15.705 9.444 10.424 11.154 10.139 21.853 7779 141.839 16,30Atum 633 481 1.174 775 4.031 542 7.636 0,88Bacho 14 5 3 13 8 23 59 17 24 36 26 228 0,03Bonito-listrado 1 5 1 2 2 2 13 0,00Cação-anequim 2.183 784 863 1.152 3.225 1.771 2.879 4.030 3.666 1.849 3.669 4.535 30.606 3,52Cação-azul 30.786 22.450 16.721 17.296 49.259 34.878 10.927 17.498 8.535 5832 14.706 14.583 243.471 27,99Cação-baía 242 1.024 153 140 335 282 83 182 1.840 103 126 83 4.593 0,53Cação-cabeça-chata 410 1.546 1.956 0,22Cação-mangona 94 7 4 17 10 99 110 141 63 146 105 796 0,09Cação-martelo (1) 3.934 2.316 1.563 1.164 4.763 3.381 5.304 11.893 12.570 8.041 15.508 15.773 86.210 9,91Cações (2) 151 131 80 319 194 4.117 430 5.422 0,62Cavala 59 47 32 6 111 72 8 17 6 5 10 9 382 0,04Dourado 12 173 476 103 207 1.552 3.448 5.971 0,69Espadarte 15.600 19.523 9.525 6.910 28.243 20.124 11.929 23.626 11.503 10.571 22.964 15.706 196.224 22,56Machote 1.320 148 162 145 625 347 3.065 7.385 4.872 3.558 5.752 5.522 32.901 3,78Peixe-lua 19 36 80 35 11 22 16 16 18 12 265 0,03Prego 794 865 374 310 1.105 770 298 601 410 301 606 362 6.796 0,78Raia 63 186 30 78 93 68 518 0,06Raposa 962 114 192 250 737 394 1.123 2.531 1.187 1.197 1.937 2.470 13.094 1,51Ratinho 45 145 40 230 0,03

Total peixes 74.429 63.970 41.923 39.379 124.654 87.245 53.647 87.299 60.874 48.610 104.885 83.036 869.951 100,00

Total elasmos 38.710 26.860 19.546 19.897 58.543 40.863 22.420 41.284 31.654 19.524 44.527 42.645 419.567

% elasmos 52,0 42,0 46,6 50,5 47,0 46,8 41,8 47,3 52,0 40,2 42,5 51,4 48,2na captura total

% tubarões-martelo 5,3 3,6 3,7 3,0 3,8 3,9 9,9 13,6 20,6 16,5 14,8 19,0 9,9na captura total

1 Cação-martelo: Várias espécies da família Sphyrnidae, gênero Sphyrna, quando de grande porte.2 Cações: Várias famílias agrupadas nesta denominação (Lamnidae, Carcharhinidae, Triakidae, Odontaspididae, Sphyrnidae, Alopidae, Squalidae).

200 m2000 m

1000 m

3000 m

Rio Grande

Florianópolis

Cabo Frio

Vitória

30˚ W

25˚ W

20˚ W

15˚ W

35˚ W

– 55˚ W – 50˚ W – 45˚ W – 40˚ W – 35˚ W – 30˚ W– 60˚ W – 25˚ W

40˚ W

Figura 43 – Áreas de distribuição das capturas de tubarões-martelo no espinhel-de-superfície.Frota sediada em Itajaí – SC. Período de 1997 a 2001.

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Tabela 21 – Produção pesqueira desembarcada por mês pela frota industrial de espinhel-de-superfície em Santa Catarina noano de 2002, discriminada por espécies. Valores em kg. Fonte: UNIVALI (2003).

ESPÉCIE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL %

Agulhão-azul 621 357 490 230 50 226 319 2.293 0,14Agulhão 120 56 49 22 283 117 647 0,04Agulhão-branco 452 719 310 551 192 92 307 246 134 100 538 460 4.101 0,26Agulhão-vela 150 60 160 86 100 15 571 0,04Albacora-bandolim 40 15 292 3.099 3.103 13.352 9.946 5.352 2.557 10.987 920 5.347 55.010 3,42Albacora-branca 226 267 1.389 1.997 5.185 18.128 16.483 14912 8.207 9.100 2.361 1.331 79.586 4,95Albacora-laje 4.871 1.002 6.772 6.941 3.527 9.056 68.525 11.615 23.698 23.062 18.271 13.008 190.348 11,84Atum 281 10 86 377 0,02Batata 108 108 0,01Bonito-listrado 7 7 0,00Cação-anequim 2.465 1.825 1.381 4.641 2.868 4093 5.942 7.919 4.857 7.126 4.765 3.421 51.303 3,19Cação-azul 64.251 72.867 40.062 83.089 45.460 56.943 66.301 52.760 25.232 42.841 28.938 72.169 650.913 40,48Cação-bagre 30 40 105 125 130 100 530 0,03Cação-bico-doce 121 13 400 534 0,03Cação-baía 0 0,00Cação-cabeça-chata 54 95 86 600 154 156 95 1.240 0,08Cação-lombo-preto 697 959 878 100 331 529 374 362 4.230 0,26Cação-mangona 0 0,00Cação-martelo (1) 2.244 623 3.142 4.521 4.565 2.855 24.710 2.896 1.703 2.726 3.977 1.725 55.687 3,46Cação-rajado 60 60 0,00Cação-tigre 56 159 215 0,01Cação-raposa 711 526 562 1.872 804 1.238 1.470 1.164 650 857 2.580 558 12.992 0,81Cações (2) 19.411 65 130 246 135 1.192 21.179 1,32Caçonete (3) 14.513 14.513 0,90Machote 36 809 2.038 1.934 1.667 440 78 628 802 1141 9.573 0,60Raia 404 126 85 216 79 38 21 969 0,06Cavalinha 60 40 18 18 136 0,01Cherne 940 16 956 0,06Cavala 0 0,00Dourado 3.000 19 20 304 44 287 236 241 545 646 24.514 82.938 112.794 7,01Espada 216 216 0,01Espadarte 11.935 17.874 18.731 32.953 20.964 23.604 39.893 40.315 21.775 38.557 20.578 14.789 301.968 18,78Mistura (4) 30 21.195 4.375 156 25.756 1,60Namorado 19 19 0,00Olho-de-boi 10 10 0,00Pargo-rosa 14 14 0,00Peixe-lua 204 166 861 1.231 0,08Prego 166 161 125 730 1.204 714 580 2099 209 1.322 535 210 8.055 0,50Ratinho 0 0,00

Total peixes 91.866 96.767 92.857 142.108 90.861 135.554 252.386 161.728 95.956 138.637 110.159 199.262 160.8141 100,00

Total elasmos 70.201 76.007 64.612 95.073 56.592 68.839 116.406 65.706 34.173 54.707 42.030 79.592 823.938

% elasmos 76,4 78,5 69,6 66,9 62,3 50,8 46,1 40,6 35,6 39,5 38,2 39,9 51,2na captura total

% tubarões-martelo 2,4 0,6 3,4 3,2 5,0 2,1 9,8 1,8 1,8 2,0 3,6 0,9 3,5na captura total

1 Cação-martelo: Várias espécies da família Sphyrnidae, gênero Sphyrna, quando de grande porte.2 Cações: Várias famílias agrupadas nesta denominação (Lamnidae, Carcharhinidae, Triakidae, Odontaspididae, Sphyrnidae, Alopidae,

Squalidae).3 Caçonete: Cações de pequeno porte de várias famílias (Triakidae, Sphyrnidae, Carcharhinidae, Squalidae)4 Mistura: Várias espécies sem valor comercial ou, quando de valor comercial, desembarcadas em quantidades muito pequenas.

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À Dra. Carmen L. D. B. Rossi-Wongtschowski, à Dra. Maria C. Cergole e ao Dr. Hélio Valentini, pela oportunidade de trabalhar no programa REVIZEE,Score – Sul.

Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-veis (IBAMA) pelo apoio institucional e financeiro à realização deste trabalho. Emespecial gostaríamos de agradecer ao Chefe do Centro de Pesquisa e Gestão deRecursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL) Dr. Luiz F. Rodrigues e a seupredecessor, Dr. Jorge A. de Albuquerque.

Ao CNPq, pelas bolsas concedidas à Venâncio e Silvio.

À Oc.Valéria Cressi Gelli do Instituto de Pesca de São Paulo, bem como a to-do o corpo técnico e aos funcionários da base de Ubatuba (SP) pelo apoio institu-cional e amizade.

À Oc. Berenice M. G. Gallo da Fundação Pró-Tamar e aos funcionários doprojeto TAMAR – IBAMA, base de Ubatuba (SP) pelo apoio institucional e amizade.

Ao setor pesqueiro de Ubatuba (SP), Itajaí e Navegantes (SC), em especial àIndústria e Comércio de Pescados Kowalsky, na pessoa do Sr. José Kowalsky, quesempre nos auxiliou nas pesquisas com os tubarões.

AGRADECIMENTOS

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Editor: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski

Supervisor de editoração: Roberto Ávila Bernardes

Gerenciamento administrativo: Aparecida Martins Vaz dos Santos

Administração Financeira: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo

Patrocinador deste volume: PETROBRAS

Projeto gráfico e editoração: Ulhôa Cintra Comunicação Visual e Arquitetura

Revisão: Cleyde Romano de Ulhôa Cintra

Fotos: Jorge Eduardo Kotas, Venâncio Guedes de Azevedo

Assessoria técnica da Coordenação Geral do Programa REVIZEE (SQA/MMA)

Oneida Freire

Altineu Pires Miguens

Álvaro Roberto Tavares

Carlos Alexander Gomes de Alencar

José Luiz Jeveaux Pereira

Ricardo Castelli Vieira

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