panorama da pesca

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Panorama da Pesca e Aquicultura no Brasil

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Page 1: Panorama da Pesca
Page 2: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 20142

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Page 3: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 3

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Armação do Itapocorói, em Penha (SC)

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editorial

A produção brasileira de pescados, especialmente a proveniente da aquicultura, vem crescendo graças às estratégias implemen-tadas pelo setor público e à determinação dos empreendedores do ramo. e a tendência é a continuidade da expansão, pois a ampliação da atividade da aquicultura, inclusive com a conces-

são de águas da União ainda está em fase inicial, assim como a pesca industrial em águas profundas de nossa Zona econômica exclusiva (Zee). ou seja, crescemos e temos a crescer com base no aumento da área uti-lizada.

a estratégia é válida e deve ser continuada. Mas já é hora de melhorar também a produtividade do setor. a produção média por pescador ou fazenda aquícola na américa latina e no Caribe é de 6,6 toneladas ao ano, bem aquém das 24,7 toneladas obtidas na europa, de acordo com dados da organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura (Fao). Melhores taxas podem ser atingidas com o uso de técnicas mais modernas e eficientes, como sistemas de produção com reutilização da água (que também agrega valor por ser sustentável), rações mais apropriadas a certas espécies e embarcações equipadas adequadamente à pesca oceânica.

otimizar o uso da área de cultivo é outra forma de aumentar a produtividade. a criação de uma ou mais espécies no mesmo criatório, além de resultar no aumento direto da produção total, gera uma relação simbiótica que diminui os seus custos. da mesma forma, é possível conjugar a aquicultura com outras atividades agropecuárias. Por exemplo, a água utilizada nos criatórios pode ser usada na hidroponia, e os detritos retirados de alguns sistemas fechados podem ser aplicados como adubo orgânico.

também é possível – e recomendado – potencializar os ganhos do setor associando-o ao turismo. É o caso da pesca desportiva; o Brasil ainda não explora seu imenso potencial, tanto de sua extensa malha hidrográfica quanto de seu litoral, que apresenta excelentes pontos para captura de marlin azul, a espécie mais cobiçada dessa prática. No caso da aquicultura, a atividade pode ser um atrativo a mais para as propriedades que exploram o turismo rural, seja de forma recreativa, seja na culinária. Se bem trabalhados gastronomicamente, alguns produtos viram iguarias que se tornam quase indispensáveis no roteiro de algumas cidades, como ostras em Florianópolis (SC) e caranguejos em Fortaleza (Ce).

Nossa revista existe para valorizar o setor da pesca e aquicultura no Brasil. a publicação tem como principal objetivo divulgar informações sobre a atividade, visando contribuir com o desenvolvimento do segmento, em plena perspectiva de crescimento.

um segmento em plena perspectiva de crescimento

Panorama da Pesca e Aquicultura no Brasil

Editora Union

Coordenador geralvictor emmanuel carlson

Editor-executivoalexsandro vanin

Editora Assistenteana letícia da rosa

Editora de Artecatia Herreiro

Reportagemadão pinheiro, camila stähelin, daniele

martins, Fabiana Henrique, Flávio cardoso Jr., leda malysz, leo laps, marco túlio Bruning, mariana rosa,

mateus Boing, sandro Waltrich e Wendel martins

Infografiarogério moreira Jr.

Fotografiaarquivo do ministério da pesca e aquicultura e shutterstock.com

Capaarquivo do ministério da pesca

e aquicultura e eugene sergeev/shutterstock.com

Revisãoelisângela liberatti

Traduçãoalissander Balemberg e marcos castro Júnior (inglês) e noemi teles (espanhol)

Circulação20.000 exemplares

Distribuiçãomarcello acelino dos santos /

organiza eventos

GráficaFloriprint

rua rosendo Joaquim sagas, 3350 palmas – gov. celso ramos

cep 88190-000

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editorialeditorial

Brazil’s fish production, especially aquacul-ture, has been growing thanks to strategies implemented by the public sector and to the industry entrepreneurs’ determination. And the trend is the to continue this expansion,

taking into consideration the increase of aquaculture activity, including the granting of governmental control-led water areas is still in early stages, as well as indus-trial fishing in deep waters of the Brazilian Exclusive Economic Zone (EEZ).

However, it is time to change the productivity of the sector. The average production per fisherman or aquaculture farm in Latin America and the Caribbean is 6.6 tons per year, falling far short of the 24.7 tons obtained in Europe, according to data provided by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Best rates can be achieved with the use of more modern and efficient techniques.

Another way to increase productivity would be op-timize the area under cultivation. The breeding of one or more species in the same facility creates a symbiotic re-lationship that lowers their costs. Likewise, it is possible to combine aquaculture with other agricultural activities. Also, it is possible – and recommended as well – to enhance the sector gains by linking it to tourism. That is the case of sport fishing; Brazil still does not explore its huge potential, both extensive hydrographic basin and coastline, that features great spots for the catching of blue marlin, the most coveted species in this practice. When it comes to aquaculture, this activity may be the most attractive one for properties that explore rural tou-rism, whether recreationally or as a gastronomy option. In addition, if well explored gastronomically some pro-ducts may become delicacies that are almost indispen-sable in the roadmap of some cities, such as oysters in Florianópolis (SC) and crabs in Fortaleza (CE).

Our magazine exists to value the fishery and aqua-culture sector in Brazil. The publishing aims to dissemi-nate information on the activities and to contribute to the development of the segment in full growth potential.

L a producción brasileña de peces, en especial la que proviene de la acuicultura, ha crecido gracias a las estrategias implementadas por el sector público y a la determinación de los empresarios del sector. La tendencia es la

continua expansión, dada la expansión de la actividad de la acuicultura, incluida la concesión de aguas del Gobierno Federal se encuentra todavía en las prime-ras etapas, así como la pesca industrial en las aguas profundas de nuestra Zona Económica Exclusiva (ZEE).

Pero también es el momento de mejorar la produc-tividad del sector. Mejores tasas se pueden lograr con el uso de las técnicas más modernas y eficientes, como los sistemas de producción con reutilización de agua (que también añade valor por ser sostenible), raciones más adecuadas a determinadas especies y embarcaciones debidamente equipadas para la pesca en el océano.

Optimizar el uso del área del cultivo es otra ma-nera de aumentar la productividad. La creación de una o más especies en el mismo creadero genera una re-lación simbiótica que reduce sus costos. Asimismo, es posible combinar la acuicultura con otras actividades agrícolas, por ejemplo: el agua utilizada en los criade-ros se puede aprovechar en la hidroponía, y los residu-os retirados de algunos sistemas cerrados puede ser utilizados como fertilizante orgánico.

También es posible potencializar las ganancias del sector vinculándolo al turismo. Es el caso de la pesca deportiva. En el caso de la acuicultura, la actividad pue-de ser un atractivo para las propiedades que exploran el turismo rural, sea de forma recreativa o en la culinaria. Si bien explotados gastronómicamente, algunos productos se transforman en manjares que se convierten casi in-dispensable en el turismo de algunas ciudades, como las ostras en Florianópolis (SC) y cangrejos en Fortaleza (CE).Nuestra revista existe para valorar el sector de la pesca y la acuicultura en Brasil. La publicación tiene como principal objetivo difundir informaciones sobre la activi-dad, con vistas a contribuir al desarrollo del segmento, en plena perspectiva de crecimiento.

a segment in Full groWtH potential

un segmento en plena perspectiva de crecimiento

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FL 0017-13 TURISMO FLORIANÓPOLIS anúncio - ANUARIO BRASILEIRO DE PESCA - 210x275mm - CURVAS.pdf 1 13/12/13 15:10

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Itajaí (SC)

| PANORAMA DA PEsCA E AquICulTuRA NO BRAsIl 201410

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sumário

eNtRevistAO ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo

Lopes, fala das estratégias para o setor atingir todo

seu potencial

cAsOs De sucessO

Exemplos de empresas de diferentes partes da cadeia produtiva que se destacam por seus

diferenciais competitivos

iNteRviewThe Minister Eduardo Lopes talks about the

industry strategies for achieving its full

potential

success stORiesExamples of

companies that stand out for their competitive edge

eNtRevistAEl ministro de Pesca y

Acuicultura, Eduardo Lopes, habla de las

estrategias para que el sector alcance su

pleno potencial

éxitOsEjemplos de empresas

de diferentes que se destacan por

sus diferenciales competitivos

58 Presente da ciência

59 Cultura em expansão

60 Pequenos robustos

61 Comida típica

62 Água boa

64 Peixe atraente

66 Rede cheia

68 Quitute mineiro

70 Mexilhões longa vida

72 Nobre das conchas

74 Persistência premiada

76 Algo a mais

82 Superação premiada

83 Descoberta ao acaso

PANORAMAO cenário do setor no mundo e no Brasil, e a situação da cadeia produtiva nacional

OveRviewThe world’s

and Brazil’s industry background, and

the current situation of Brazil’s

production chain

PANORAMAEl escenario del sector

en el mundo y en Brasil, y la situación

de la cadena de producción nacional

16 Multiplicação dos peixes

28 Made in Brazil

30 Passos curtos

48 Seleção nacional

54 Elos fortes

78 Desafios dentro e fora d’água

112 Hora de fisgar

116 O valor da beleza

16OPiNiãO

Especialistas de diversas áreas expõem o que

pensam sobre o setor

OPiNiONExperts from

different areas express their thoughts

on the industry

OPiNióNExpertos de diversas

áreas exponen lo que piensan sobre el sector

14 Uma janela para o segmento que mais

cresce no mundo

26 A Revolução Azul

46 Aquicultura: uma nova fronteira para

a proteína animal

50 Roraima: a revolução silenciosa da piscicultura na melhor

água do Brasil

102 Pesca e aquicultura:

construindo o conhecimento

108 Em defesa dos oceanos para alimentar

o mundo

14 38

58

Page 13: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 13

iNOvAçãOQuais são os desafios para

o setor agregar valor aos seus produtos e exemplos

de empresas que já atingiram esse objetivo

cRéDitOOnde buscar recursos para investir no setor

cONtROle sANitáRiO

As medidas implementadas para

assegurar a qualidade e a sanidade dos organismos

aquáticos na mesa dos consumidores

Benefícios do consumo de

pescados

catálogo da indústria do

pescado

legislação

encontro Marcado

Agenda

HeAltH cONtROl

The measures implemented to ensure aquatic

organisms quality

iNNOvAtiONThe challenges faced by the industry when

adding value to its products and examples of companies that have

already added

cReDitWhere to find resources to invest in the industry

cONtROl sANitARiO

Medidas implementadas para garantizar la

calidad y la salud de los organismos acuáticos

iNNOvAcióNDesafíos para agregar valor a los productos y ejemplos de empresas que ya han alcanzado

esta meta

cRéDitODónde buscar recursos

para invertir en el sector

84 Menos é mais

86 Salto de produtividade

88 Novo destino

90 Na mesa de casa e do shopping

84

92 Base científica

94 Ponto certo

96 Espécie promissora

98 Em busca de mutações

100 Dose ideal

PesquisAA infraestrutura

científica brasileira voltada para o setor e

exemplos de projetos em desenvolvimento

ReseARcHBrazil’s scientific

infrastructure focused on the industry and

examples of projects under development

iNvestigAcióNInfraestructura cien-

tífica brasileña direc-cionada al sector y

ejemplos de proyectos en desarrollo

92

104

110

52

118

129

125

susteNtABiliDADeOs cuidados necessários

para garantir a biodiversidade aquática

brasileira

sustAiNABilityThe necessary

precautions to ensure the Brazilian aquatic

biodiversity

sOsteNiBiliDADPrecauciones

necesarias para garantizar la

biodiversidad acuática brasileña

106

Divulg

ação

126

Page 14: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201414

opinião

Uma janela para o segmento que mais cresce no mundo

A conjuntura internacional, e mais particu-larmente a brasileira, nunca foi tão favorável à produção de pescado. O mercado exportador de pei-xes e frutos do mar é o maior de proteína animal do mundo em termos de valor, e contribui com aproxima-damente 60% das exportações mundiais de proteína. O consumo cresce em grande velocidade. As pessoas, hoje, buscam alimentos saudáveis e qualidade de vida. Inclusive no Brasil, onde a população aumentou o consumo de pescado em mais de 100% em uma déca-da (2003-2013).

Porém, essa expansão ocorre em um momento em que os rios e oceanos já não podem oferecer o pescado demandado, para não colocar em risco a sobrevivência das espécies. A solução, além do aumento de produ-tividade da pesca sustentável, é a aquicultura, ou seja, o cultivo de pescado.

Diante desse quadro, com a atividade pesqueira o Brasil tem extraordinária oportunidade para impul-sionar sua economia. Assim, poderemos atender à de-manda interna e aumentar a participação do pescado brasileiro no mercado internacional. Poucos países pos-suem condições de aumentar a produção como o nosso: temos grandes reservatórios, açudes e rios, bem como litoral extenso e milhares de propriedades rurais. Somos, em realidade, a maior nação em termos de disponibili-dade de água doce no mundo.

Com o crescimento no setor, vamos gerar emprego e renda em toda a cadeia produtiva do pescado, desde a produção de alevinos até sua comercialização, passando pela fábrica de ração, pela conservação e pelo benefi-ciamento. O espaço para crescer é enorme. Apenas em

2013, a quantidade de pescado produzido no mundo cresceu o equivalente a toda a produção brasileira.

A qualidade e a diversidade serão diferenciais do Brasil. Além da tilápia, podemos criar espécies nativas como o tambaqui, o pintado e o pirarucu. E ainda pro-duzir peixes ornamentais da Amazônia e do Pantanal, que possuem alto valor agregado e um mercado bastante diferenciado.

Nada melhor, portanto, para o leitor do que contar com esta publicação, Panorama da Pesca e Aquicultura no Brasil, para melhor compreender a situação do pes-cado no mundo, acompanhar as políticas públicas que preparam o País para se tornar uma potência em pes-cado e tomar conhecimento de avanços tecnológicos e temas básicos para o segmento. São ações que envolvem pesquisa, crédito, infraestrutura, desburocratização de processos, lançamento de parques aquícolas, assistência técnica, modernização de frota e sanidade pesqueira.

Kened

y Banray

eduardo lopes Ministro da Pesca e Aquicultura

A qualidade e a diversidade serão diferenciais do Brasil. Além da tilápia, podemos criar espécies nativas como o tambaqui, o pintado e o pirarucu. E ainda produzir peixes ornamentais.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 15

the segment with the largest growth in the world

The international situation, particularly in Brazil, has never been more favorable to the production of fish. The export market for fish and seafood is the largest one in animal protein in the world in terms of value, and con-tributes about with 60% of the world exports of protein. Consumption increases at a high speed. People today seek healthy food and quality of life, including in Bra-zil, where the population increased fish consumption by more than 100% within a decade (2003-2013).

And this expansion occurs in a moment when rivers and oceans can no longer offer the necessary amount of fish in order not to put in danger the survival of the species. The solution, besides the increase of productivity in fisheries in a sustainably way, is aqua-culture, or, in other words, fish farming.

In this context, Brazil has a tremendous opportu-nity to boost its economy with the fishing activity. Few countries have conditions to increase production like Brazil does: we have large reservoirs, ponds and rivers, as well as a long coastline and thousands of rural pro-perties. We are, in fact, the greatest nation in terms of availability of fresh water in the world.

With the growth in the industry, we will create jobs and income in the entire production chain of fish, starting from the juvenile fish production to the market, passing through feed mill, conservation and improvement. In 2013, only the growth of the fish production worldwide is equivalent to the entire fish production in Brazil.

Therefore, there is no better option for the reader than relying on this publication of Overview of Fisheries and Aquaculture in Brazil for a better understanding of the situation of fish in the world, monitoring public po-licies that prepare the country to become a fish power and be aware of technological advances and basic is-sues of the area. Furthermore, the reader learns about actions involving research, credit, infrastructure, bure-aucracy processes, the launching aquaculture parks, technical assistance, and modernization of the fishing sanitary issues.

Eduardo LopesMInIsTEr OF FIshErIEs And AquACuLTurE

El seguimiento que más crece en el mundo

La situación internacional y en particular en Bra-sil, nunca ha sido tan favorable para la producción de peces. El mercado de exportación de pescados y ma-riscos es el más grande de proteína animal del mundo en términos de valor y aporta aproximadamente 60% de las exportaciones mundiales de proteína. El con-sumo aumenta a gran velocidad. La gente hoy en día busca alimentos saludables y calidad de vida, inclu-so en Brasil, donde la población aumentó el consumo de pescado en más del 100% en una década (2003-2013).

Y esta expansión se produce en un momento en que los ríos y los océanos ya no pueden ofrecer pescado de acuerdo con la demanda, para no poner en peligro la supervivencia de la especie. La solu- ción, además de aumentar la productividad en la pes-ca sostenible es la acuicultura, o sea, el cultivo de pescado.

Teniendo en cuenta este contexto, Brasil tiene una gran oportunidad para impulsar su economía con la actividad pesquera. De esa forma, podremos satis-facer la demanda interna y aumentar la participación del pescado brasileño en el mercado internacional. Pocos países tienen las condiciones para aumentar la producción como Brasil: tenemos grandes embalses, estanques y ríos, así como una larga costa y miles de propiedades rurales. Somos, de hecho, la nación más grande en términos de disponibilidad de agua dulce en el mundo.

Nada mejor, por lo tanto, para el lector, que contar con esta publicación, Panorama de Pesca y Acuicultu-ra en Brasil, para comprender mejor la situación de los peces en el mundo, acompañar las políticas públicas que preparan el país para convertirse en una potencia en pescado y tomar conciencia de los avances tecno-lógicos y temas básicos para el sector. Acciones que implican investigación, crédito, infraestructura, proce-sos para disminuir la burocracia, creación de parques acuícolas, asistencia técnica, modernización de flota y sanidad pesquera.

Eduardo Lopes MInIsTrO dE PEsCA y ACuICuLTurA

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panorama

MUltiPlicAção dos PEixEsO futuro da produção de pescados está na aquicultura, que já atende a mais da metade do consumo mundial de animais aquáticos

A té 2030, aproximadamente dois terços do consumo de pescado no mundo virão da aquicultura, o que o torna um método crucial para reduzir a pobreza e assegurar a segurança alimentar e nutricional. Em no máximo oito

anos, segundo as projeções mais recentes, a aquicultura mundial vai superar a pesca extrativista. Em 2012, úl-tima estatística oficial divulgada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a produção pesqueira atingiu um máximo histórico de 157 milhões de toneladas (em 2013, a produção estima-da pela instituição foi de 160 milhões de toneladas), das quais a aquicultura contribuiu com 43%.

Atualmente, mais de 200 milhões de pessoas no mundo têm o peixe como principal fonte de proteína. Em média, a proteína do peixe contribui com 17% do consumo proteico mundial. Embora a pesca destine

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201416

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 17

MUltiPlicAção dos PEixEs

O cultivo de algas marinhas em Rio do Fogo (RN) substitui a extração predatória

Pescados X PoPulação: crEsciMEnto MUndiAl nAs últiMAs 5 décAdAs

população: 1,6% ao ano

produção de pescados:

3,2% ao ano

Consumo de pescados: 1,3% ao ano

Fonte: Fao

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 17

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Page 18: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201418

pelo menos 18% da produção para a elaboração da fari-nha de peixe, a aquicultura destina 100% para consumo direto humano. Portanto, atualmente, mais de 50% do consumo mundial de pescado se origina da aquicultura.

De acordo com Alejandro Flores Nava, oficial su-perior de Pesca e Aquicultura do Escritório Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, a demanda vai continuar aumentando devido ao crescimento da popu-lação e, também, à maior conscientização sobre a neces-sidade de uma alimentação mais saudável, geralmente

Pesca X aquicultura: crEsciMEnto MUndiAl

nos últiMos 6 Anos

pesca: 0,09% ao ano

aquicultura:

4,93% ao ano Fonte: (Fao)

associada ao consumo de peixes. “Portanto, a aquicultu-ra poderá produzir a quantidade suficiente para atingir a demanda futura”, diz.

A FAO contabilizou mais de 560 espécies cultiva-das no mundo em 2012, mas aproximadamente 70% da produção aquícola global se concentra em menos de 10 grupos taxonômicos: salmonídeos, camarões mari-nhos, tilápias, carpas, mexilhões e ostras. No entanto, as pesquisas sobre o aumento de espécies com potencial de cultivo para diversificar a atividade aquícola mun-dial continuam. “Creio que, como em outras atividades zootécnicas existentes, o espectro das espécies aquícolas do mundo não será muito maior, embora na região da América Latina e do Caribe algumas espécies amazôni-cas como o pacu, o tambaqui e o surubim terão uma maior participação nos cultivos e nos mercados regio-nais”, explica Nava.

No mundo, o principal produtor aquícola é a Chi-na, que contribui com mais de 60% da produção glo-bal. Em seguida, no ranking, estão a Índia (6,3%), o Vietnã (4,6%) e a Indonésia (4,6%). Fora do continente asiático, o país com a maior produção é a Noruega (2% do total). Na América Latina, o Chile aparece na oitava posição mundial (1,6%) e, pela primeira vez, o Brasil atinge uma produção aquícola que o coloca na segun-da posição das Américas e na 12ª posição no ranking mundial (1,1%). Mesmo assim, a produção de toda a América Latina e do Caribe só contribui com menos de 4% do total mundial.

Produção aquícola mundial (em milhões de toneladas)

2012 2013** variação

Pescado 66,6 70,5 5,85%

Algas 23,8 26,1 9,66%

Fonte: Fao ** estimativa

Pesca marinha X continental mundial (em milhões de toneladas)

2007 2012 variação

Marinha 80,7 79,7 -1,24%

continental 10,1 11,6 14,85%

Fonte: Fao

panorama

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Page 19: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 19

Produção mundial de Pescados (em milhões de toneladas)

2007 2012 variação 2022**

Pesca 90,8 91,3 0,55% 95,5

Aquicultura 49,9 66,6 33,47% 99,3

total 140,7 158 12,29% 194,8

Fonte: Fao ** estimativa (Fao Fish model)

EvolUção dA PArticiPAção dA

aquicultura nA ProdUção totAl

dE PEscAdos

1990 13,4%

2000

25,7%

2012 42,2%

Fonte: Fao

aquicultura mundial Por tiPos e gruPos de esPécies (em milhões de toneladas)

continental maricultura subtotal participação

Peixes 38,6 5,5 44,1 66,3%

crustáceos 2,5 3,9 6,4 9,7%

Moluscos 0,3 14,9 15,2 22,8%

Fonte: Fao

Por causa dos limites naturais da pesca, a aquicultura é a saída para atender ao aumento da demanda mundial por pescados

Arq

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Page 20: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201420

De acordo com a FAO, hoje, aproximadamente 38% de todo o pescado produzido no mundo é ex-portado e, em termos de valor, mais de dois terços das exportações da pesca são direcionados de países em de-senvolvimento para países desenvolvidos. Nesse con-texto, a China é um mercado crescente no setor e, em 2030, deve consumir em torno de 38% da produção de peixes. O sul e o sudeste da Ásia, a China e o Japão sozinhos devem responder por 70% do consumo de peixes daqui a 16 anos. Por causa disso, esses países estão investindo na aquicultura para ajudar a atender a crescente demanda.

Para Alejandro Flores Nava, o aumento do con-sumo pode ser bem aproveitado pelos países em de-senvolvimento por meio da produção sustentável de peixes. Ele adverte, no entanto, que as medidas devem ser cuidadosamente pensadas, para garantir que o re-curso seja gerido de forma sustentável. “A pesca e a aquicultura são fontes vitais de empregos, são alimen-tos nutritivos e oferecem boas oportunidades econô-micas, especialmente para as pequenas comunidades de pescadores. No entanto, as grandes ameaças de sur-tos de doenças e os impactos relacionados à mudança climática podem alterar dramaticamente esse cenário”, afirma Nava.

Por Adão Pinheiro

Fish multiplication

More than 50% of the global fish production will come from aquaculture, resulting in a crucial method to reduce poverty and tackle food security issues. According to latest projections, in a maxi-mum of eight years global aquaculture will overco-me the extractive fishery. In 2012, according to the latest official statistic data published by the Food and Agriculture Organization of the united nations (FAO), fishery production has reached the historical mark of 156 million tons, whereas aquaculture ac-counted for 43% of it. Fishing has stagnated in 90 million tons.

According to Alejandro Flores nava, Fisheries and Aquaculture Officer at FAO regional Office for Latin America and the Caribbean, the demand will continue to increase due to population growth and also a greater awareness of healthy eating by so-ciety, usually associated with fish consumption. “Therefore, aquaculture could produce enough food to meet the future quantity demand,” he said.

Multiplicación de los pescadosMás del 50% de la producción pesquera en el

mundo provendrá de la acuicultura, razón por la cual este método será crucial para reducir la pobreza y combatir la inseguridad alimentaria. Según proyeccio-nes recientes, en un máximo de 8 años, la acuicultura mundial superará la pesca extractiva. En 2012, las úl-timas estadísticas oficiales publicadas por la Organi-zación de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO), la producción de pescado alcanzó un máximo histórico de 156 millones de toneladas de las cuales la acuicultura contribuyó con el 43%. La pesca se estancó en el nivel de 90 millones de to-neladas capturadas. Según Alejandro Flores Nava, oficial Superior de Pesca y Acuicultura de la Oficina Regional de la FAO para América Latina y el Caribe, la demanda seguirá aumentando debido al crecimien-to de la población y también a una mayor conciencia de la necesidad de una alimentación saludable, por lo general asociado al consumo de pescado. “Por lo tanto, la acuicultura podrá producir lo suficiente para satisfacer la futura demanda”, dice.

aquicultura marinha X continental no mundo

(em milhões de toneladas)

2007 2012 variação

Marinha 20 24,7 23,5%

continental 29,9 41,9 40,1%

Fonte: Fao

panorama

Tanques de criação de tilápia na Barragem do Castanhão, em Nova Jaguaribara (CE)

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Sistemas de reutilização de água proporcionam uma produtividade bem maior e são sustentáveis

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Noruega

Maior produtor de piscicultura marinha, na maior parte salmão (1,3 milhão de toneladas)

segundo maior exportador de pescados (US$ 10,4 bilhões em 2013)

euA

terceiro maior pescador de peixes em águas marinhas (5,1 milhões de toneladas)

Maior importador de pescados (US$ 19 bilhões em 2013)

Brasil

Décimo maior pescador em águas continentais (266 mil toneladas)

12º maior produtor aquícola (707 mil toneladas)

Oitavo maior produtor de piscicultura de água doce (611 mil toneladas)

Índia

segundo maior pescador em águas continentais (1,5 milhão de toneladas)

segundo maior produtor aquícola (4,2 milhões de toneladas)

Peru

quarto maior pescador de peixes em águas marinhas (4,8 milhões de toneladas – basicamente “anchoíta”)

chile

Oitavo maior pescador em águas marinhas (2,6 milhões de toneladas)

Oitavo maior produtor aquícola (1 milhão de toneladas)

terceiro maior produtor de piscicultura marinha (758 mil toneladas)

sexto maior exportador de pescados (US$ 4,4 bilhões)

Mapa mundi da pesca e aquicultura

Fonte: FAo

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 23

china

Maior pescador em águas marinhas (13,9 milhões de toneladas)

Maior pescador em águas continentais (2,3 milhões de toneladas)

Maior produtor aquícola (41,1 milhões de toneladas)

Maior produtor de algas (12,9 milhões de toneladas)

Maior exportador de peixes e produtos da pesca (US$ 19,6 bilhões em 2013)

terceiro maior importador de pescados (US$ 8 bilhões em 2013)

consumo per capita anual de 35,1 kg em 2010

legenda

Pesca em águas marinhas

Pesca em águas continentais

Piscicultura marinha

Piscicultura de água doce

Aquicultura

Algicultura

Exportação de peixes e

produtos da pesca

Importação de pescados

Exportador de pescados

Consumo per capita anual

coréia do sul

quarto maior produtor de algas (1 milhão de toneladas)

Japão

segundo maior importador de pescados (US$ 15,3 bilhões)

quinto maior produtor de algas (440 mil toneladas)

Rússia

quinto maior pescador de peixes em águas marinhas (4 milhões de toneladas)

camboja

quinto maior pescador em águas continentais (449 mil toneladas)

tailândia

terceiro maior exportador de pescados (US$ 7 bilhões em 2013)

Bangladesh

quarto maior pescador em águas continentais (957 mil toneladas)

quinto maior produtor aquícola (1,7 milhão de toneladas)

Myanmar (Birmânia)

terceiro maior pescador em águas continentais (1,2 milhão de toneladas)

Vietnam

terceiro maior produtor aquícola (3,1 milhões de toneladas)

Filipinas

terceiro maior produtor de algas (1,7 milhão de toneladas)

indonésia

segundo maior pescador em águas marinhas (5,4 milhões de toneladas)

quarto maior produtor aquícola (3,1 milhões de toneladas)

segundo maior produtor de algas (6,5 milhões de toneladas)

Mapa mundi da pesca e aquicultura

Fonte: FAo

Page 24: Panorama da Pesca

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Page 25: Panorama da Pesca

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Page 26: Panorama da Pesca

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A Revolução AzulA produção mundial de pescado em 2012 foi

de 156 milhões de toneladas, das quais 136,2 mi-lhões de toneladas se destinaram ao consumo huma-no. Desse total, a aquicultura contribuiu com 66,6 milhões de toneladas, ou 48,9% do total (FAO, 2014). Na década de 70, a aquicultura era respon-sável por menos de 1% da produção de pescado no mundo. No trabalho intitulado FISH TO 2030, a FAO estima que a produção de pescado em 2030 será de 151,7 milhões de toneladas, das quais a aqui-cultura será responsável por produzir 93,6 milhões de toneladas, ou 61,7% do total. Diante desse novo cenário, quais seriam as tendências e as perspectivas para um futuro próximo?

Atualmente, há um fato peculiar e de bastante relevância em nível mundial: o aumento do número de pessoas incluídas na classe média (na China, esti-ma se que em 2030 serão 600 milhões de pessoas, o que equivale à população de dois Estados Unidos), que proporciona aumentos nos consumos de bens e serviços, dentre os quais se incluem os alimentos e, particularmente, o pescado. O consumo mundial de pescado em 2012 foi o maior da história, tendo atingido 19,2 kg/habitante (FAO, 2014). Como não haverá estoques pesqueiros disponíveis para atender a essa nova demanda, certamente a aquicultura terá que suprir essa oferta. A questão é: de que forma fazer isso?

Certamente, deveria ser por meio de: (a) siste-mas aquícolas mais sustentáveis (multitróficos, aqua-ponia, utilização de águas subterrâneas); (b) novas tecnologias que melhorem a qualidade da água e a produtividade desses sistemas (bioflocos, probióticos, etc.); (c) sistemas de pouco uso de água e reutiliza-ção de água; (d) rações mais eficientes e utilização de

fontes proteicas alternativas para a composição dessas rações; entre outros.

Assim, a aquicultura – A Revolução Azul – pode-rá continuar a cumprir com seu papel de ser um dos melhores agronegócios do mundo – US$ 144 bilhões em 2012 (FAO, 2014) – e de contribuir com a di-minuição da fome e da pobreza no mundo de forma sustentável.

Felipe Matias Secretário-executivo da Rede de Aquicultura das Américas (RAA)

A aquicultura poderá continuar a cumprir com seu papel de ser um dos melhores agronegócios do mundo – US$ 144 bilhões em 2012.

opiniãoD

ivulgação

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the Blue Revolution

World production of fish in 2012 reached 156 million tons, of which 136.2 million tons were desti-ned for human consumption. Of this total, aquacul-ture contributed with 66.6 million tons, or 48.9% of the total (FAO, 2014). In the 70’s, aquaculture was responsible for less than 1% of the production of fish in the world. In the study entitled FISH TO 2030, the FAO estimates that fish production will reach 151.7 million tons in 2030, of which aquaculture will be responsible for producing 93.6 million tons, or 61.7% of the total. In this new scenario, what are the trends and expectations for the near future?

Currently there is a single fact with a lot of worl-dwide relevance: the increase in the number of peo-ple included in middle class (in China it is estimated that in 2030 it will include 600 million people, equi-valent to the population of two United States), and they provide increases in consumption of goods and services, among them is food, particularly fish. The world consumption of fish in 2012 was the biggest in history and has reached 19.2 kilograms per inha-bitant (FAO, 2014). As there will be no fishing stocks available to meet this new demand, certainly aqua-culture will have to supply this offer. The question is how to do that?

Certainly should be through (i) more sustainable aquaculture systems (multitrophic systems, aquapo-nic, use of groundwater); (ii) new technologies that improve both water quality and productivity of these systems (bio flakes, probiotics, etc.); (iii) systems using low level of water and water reuse; (iv) more efficient rations and use of alternative protein sour-ces for the composition of these rations, etc.

Thus, aquaculture – the Blue Revolution – will be able to continue to fulfill its role of being one of the best agribusiness in the world – it generated $144 billion in 2012 (FAO, 2014) – and also continue to contribute to the reduction of hunger and poverty in the world in a sustainable way.

Felipe MatiasExECUTIvE SECRETARy OF THE AqUACUlTURE NETWORk OF THE AMERICAS

La Revolución Azul

La producción mundial de pescado en 2012 fue de 156 millones de toneladas, de las cuales 136,2 millo-nes de toneladas se destinan al consumo humano. De este total, la acuicultura contribuyó con 66,6 millones de toneladas, o el 48,9% del total (FAO, 2014). En los años 70 la acuicultura representó menos de 1% de la producción de pescado en el mundo. En la obra titulada FISH TO 2030, la FAO estima que la producción de pes-cado en 2030 será de 151,7 millones de toneladas, de las cuales la acuicultura será responsable por producir 93,6 millones de toneladas, o el 61,7% del total. Ante este nuevo escenario, ¿cuáles son las tendencias y las perspectivas para el futuro cercano?

Actualmente hay un hecho peculiar y muy impor-tante en todo el mundo: el creciente número de per-sonas en la clase media (en China se estima que en 2030 serán 600 millones de personas, lo que equivale a la población de los dos Estados Unidos), y que propor-ciona incremento en el consumo de bienes y servicios, entre los que se incluyen los alimentos y sobre todo el pescado. El consumo mundial de pescado en 2012 fue el mayor de la historia con 19,2 kg por persona (FAO, 2014). Como no habrá peces disponibles para satisfa-cer esta nueva demanda, sin duda la acuicultura tendrá que suplir esta oferta. La pregunta es cómo hacerlo.

Ciertamente debería ser a través de (a) los siste-mas de acuicultura más sostenibles (multitróficos, acu-aponia, utilización de aguas subterráneas); (b) de las nuevas tecnologías que mejoran la calidad del agua y la productividad de estos sistemas; (c) de sistemas de poco uso de agua y reutilización de agua; (d) de racio-nes más eficientes y de la utilización de fuentes de pro-teínas alternativas para la composición de la alimenta-ción animal de estas raciones, etc.

De esa forma, la acuicultura - La Revolución Azul – podrá seguir cumpliendo su papel de ser uno de los mejores agronegocios del mundo – US$ 144 mil millones en 2012 (FAO, 2014) y de contribuir a la reducción del hambre y de la pobreza en el mundo de forma sostenible.

Felipe MatiasSECRETARIO EjECUTIvO DE LA RED DE ACUICULTURA DE LAS AméRICAS

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MAdE In BRAzIl

Estados Unidos, Península Ibérica e Países Baixos são compradores do camarão brasileiro

Crustáceos, tilápias e peixes amazônicos são as grandes promessas de comércio exterior do Brasil no segmento

O Brasil tem uma perspectiva positiva quan-do se fala na exportação de pescado no mundo. Nos últimos anos, criou-se no País uma cultura que incentiva a aquicul-tura, ou seja, a produção de peixes em tan-

ques ou criadores. Hoje, o Brasil produz em torno de 2,5 milhões de toneladas de pescado, segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para o ano de 2013, enquanto a produção mundial é da ordem de 160 milhões de toneladas anuais. Mas o País pretende pro-duzir cerca de 20 milhões de toneladas por ano dentro de aproximadamente duas décadas.

De acordo com Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o setor é pro-vavelmente a indústria mais globalizada e dinâmica na produção mundial de alimentos: quase 38% do pesca-do produzido no mundo é exportado. E o Brasil, as-sim como outros países emergentes (Rússia, México e Egito), vem ganhando relevância no mercado interna-

cional. Segundo dados de 2011 do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), entre as categorias de pescado, os congelados respondem por 63% do total vendido e apresentam preço médio de US$ 3,4 o quilo, gerando US$ 91 milhões em vendas. Os crustáceos vêm em se-gundo lugar, com preço médio de US$ 25,1 o quilo e receita de US$ 86 milhões. A terceira posição é dos óle-os e sucos, com faturamento de US$ 29 milhões e preço médio de US$ 15,5 o quilo.

A grande aposta brasileira é na tilápia, que, con-forme o MPA, é a espécie com o maior potencial de exportação. De acordo com João Donato Scorvo Fi-lho, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, além da tilápia, outras espécies com potencial exportador são o pacu, o tambaqui, o pintado, o pirarucu e o camarão vanna-mei. “O foco estaria na demanda internacional. Gran-des consumidores de pescado podem estar interessados

pAnorAmA

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 29

A lagosta pescada no Nordeste é um dos principais itens de exportação do setor no Brasil

As tilápias estão entre os peixes de maior circulação no comércio internacional de pescados

em espécies conhecidas, como a tilápia, mas também no camarão e na lagosta. Outra opção são espécies ainda não muito conhecidas no mercado global, como bagres, surubins e peixes redondos em geral, mas que tenham preço competitivo”, aponta o pesquisador.

Segundo João Donato, para diminuir o déficit na balança comercial é necessário estruturar a cadeia pro-dutiva brasileira e tornar os produtos brasileiros mais competitivos. Um caminho é a desoneração dos insu-mos estratégicos como ração e material genético, além da diminuição da burocracia ambiental. O pesquisador científico também salienta que é necessário que o Brasil participe de feiras de âmbito internacional, promoven-do campanhas de degustação em outros países e outras ações de divulgação de nossa aquicultura. “Espécies ex-cêntricas com apelo à selva amazônica são o grande dife-rencial do País”, afirma. É o caso do pirarucu.

Por Wendel Martins

Made in Brazil

Domestic production generates around 2.5 million tons, according to the Ministry of Fishery and Aquaculture (MPA), but it is intended to reach 20 million tons per year within about two decades. According to the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), the sector is probably the most globalized and dynamic of global food pro-duction: nearly 38% of the fish produced are expor-ted worldwide. The Brazilian big bet is on tilapia, but other species with export potential are pacu, tamba-qui, pintado, piracuru and shrimp.

Producido en Brasil La producción nacional es de alrededor de 2,5

millones de toneladas, según el ministerio de Pesca y Acuicultura (mPA), pero se pretende llegar a los 20 millones de toneladas por año, dentro de unas dos décadas. De acuerdo con la FAO, el sector es probablemente el más globalizado y dinámico en la producción mundial de alimentos: se exportan casi el 38% de los peces producidos en todo el mun-do. La gran apuesta brasileña es en la tilapia, pero otras especies con potencial de exportación son el pacu, tambaqui, pintado, pirarucu y el camarón.

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Destaques no mercaDo internacional*

Alto valor: camarão e moluscos

Fonte: FAo * (espécies cultivAdAs no BrAsil)

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pAnorAmA

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201430

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 31

Passos curtos

A cessão de águas da União, como as do Lago

de Itaipu, é o trunfo brasileiro para aumentar

a produção aquícola

O Brasil ainda está longe de aproveitar seu potencial aquícola mundial; suprir o mercado interno ainda é um desafio, mas também uma oportunidade

R ecente e promissora, a aquicultura, que pre-cisa de grandes investimentos no Brasil, en-gatinha para dar passos maiores. De acordo com o pesquisador João Donato Scorvo Fi-lho, do Polo Regional de Monte Alegre do

Sul da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), o País praticamente ainda não começou a pro-duzir pescados em cativeiro, se levado em consideração seu potencial aquícola. “O Brasil seria capaz de produzir mais de 30 milhões de toneladas”, afirma. De acordo com o pesquisador, a expectativa dos aquicultores – e daqueles que têm muita vontade de investir na atividade – é que possam se legalizar e tirar proveito de programas como o Plano Safra para poderem incrementar a produ-ção de pescado no Brasil.

A demanda por peixes e frutos do mar no Brasil cresce ano após ano. Somente no período de 2010-2011, a média foi de 23,7%, segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). De acordo com estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), entre 2008 e 2009, o consumo de peixe per capita no Brasil aumentou 30%, ao passo que o da carne bovina subiu 10%. Hoje, os brasileiros con-somem, em média, 14,5 quilos de pescado por habitan-

Caio

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ronel / Itaip

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te por ano. Há dez anos, a população consumia menos da metade disso, conforme o MPA.

O aquecimento da demanda motivou a indústria do pescado a incrementar sua produção, sobretudo a da aquicultura, modalidade com mais espaço para atender ao crescimento do consumo. Em 2013, segundo dados do MPA, a produção nacional alcançou pouco mais de 2,5 milhões de toneladas, volume que estava estabele-cido como meta do Plano Safra da Pesca e Aquicultura para o final de 2014.

O Brasil é um mercado cobiçado no mundo por seu potencial de consumo interno: mais de 200 milhões de habitantes. Isso torna mais vantajoso vender peixe no mercado interno do que exportar. “Não estamos conse-guindo atender o mercado interno, mas se conseguirmos produzir em maior escala e a preços competitivos, o mer-cado mundial está ávido por pescado”, lembra Donato.

Panorama

o valor da pesca e aquicultura no brasil

Produto Interno Bruto (PIB) pesqueiro nacional:

r$ 5 bilhões

Empregos no setor: 3,5 milhões de pessoas

Produção total: 2,5 milhões de toneladas

FontE: mPa

O Lago de Itaipu, sozinho, tem potencial

de produção equivalente à metade da produção

aquícola nacional atual

Caio

Co

ronel / Itaip

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Page 33: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 33

VocaçãoO Brasil tem grande potencial para a aquicultura,

devido a suas condições naturais, seu clima favorável e sua matriz energética. Esse potencial está relacionado à sua extensão costeira de mais de 8 mil quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km2

e à sua dimensão territorial, que concentra, aproxima-damente, quase 13% da água doce renovável do plane-ta. Em relação às águas continentais, fazem parte desse volume as áreas alagadas artificialmente pela construção de barragens, contidas em reservatórios de usinas hidre-létricas, bem como as áreas particulares para produção em viveiros de terra escavados. Entre elas, destaca-se a possibilidade de utilização das águas da União, tanto as de reservatórios de hidrelétricas como as de estuários, para a instalação de parques aquícolas. O marco legal que autoriza a utilização das águas da União para fins de aquicultura foi estabelecido em até 1% da área ou da capacidade de suporte do rio, lago ou estuário (o menor dos dois critérios). Para Donato, é a forma organizada

evolução da aquicultura Por regiões

África 11,7% ao ano

2000-2012

américa Latina e Caribe 10% ao ano

2000-2012

Ásia* 4,8% ao ano

1990-2000

8,2% ao ano2000-2012

China 12,7% ao ano

1990-2000

5,5%ao ano2000-2012

mundo 9,5% ao ano

1990-2000

6,2% ao ano2000-2012

* ExCEto ChInaoBs.: na amérICa do nortE, houvE quEda

na Produção EntrE 2000 E 2012FontE: Fao

Consumo de peixes no Brasil cresce acima de

10% ao ano

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uivo M

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de explorar um rico potencial de que dispomos – 5 mi-lhões de hectares de áreas alagadas.

Em 2013, o MPA ofertou 900 hectares de lâmi-na d’água em represas e no litoral para a produção de pescados. Esses novos parques aquícolas, implantados em 13 estados, permitirão a produção de mais de 210 mil toneladas de pescado por ano, entre peixes, ostras e mexilhões. Mais de 92% das áreas são “não onerosas” (sem pagamento pelo uso) e beneficiam aquicultores familiares ou moradores de comunidades tradicionais e ribeirinhas. Foi um dos maiores avanços que o se-tor viveu, segundo Maria Fernanda Nince, secretária nacional de Planejamento e Ordenamento da Aqui-cultura, do MPA. “A expectativa é de que a cessão dessas áreas resulte na criação de aproximadamente 10 mil empregos nos próximos anos”, afirma. Ainda assim, há muito a fazer na atividade, diante de uma produção brasileira que não alcança 10% dos 20 mi-lhões de toneladas previstos pela FAO em 2030. “O que está atrapalhando é a falta de conhecimento dos órgãos ambientais sobre a atividade, o que dificulta a emissão das licenças ambientais”, afirma Donato.

Panorama

Produção aquícola brasileira

(em toneladas)

Peixes 611,3 mil

Crustáceos 74,4 mil

moluscos 20,7 mil

outras espécies 1 mil

total 707,5 mil

FontE: Fao

Cultivo de ostras em Florianópolis (SC),

o maior produtor da espécie no Brasil

Arq

uivo M

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 35

NorteNordeste

Sul

Maior produtor de pescados

(454,2 mil toneladas)

Maior produção de pesca extrativa

(142,9 mil toneladas)Maior produção de pesca extrativa

continental(137,1 mil toneladas)

Maior produção aquícola continental (153,7 mil toneladas)

Maior produção de pesca extrativa

(248,5 mil toneladas)

Maior produção de pesca extrativa marinha

(186 mil toneladas)

Maior produção aquícola

(199,5 mil toneladas)

Maior produção aquícola marinha(65,2 mil toneladas)

Pará

Amazonas

Santa Catarina

maior produção nacional

de pescados (194,9 mil toneladas)maior produção

aquícola(74 mil toneladas)

maior produção aquícola marinha(29,1 mil toneladas)

maior produção de

pesca extrativa continental

(63,7 mil toneladas)

maior produção de pesca extrativa

(142,9 mil toneladas)

maior produção aquícola continental

(73,8 mil toneladas)

maior produção de pesca extrativa

marinha (122 mil toneladas)

Ceará

Paraná

Mapa do brasil da pesca e aquicultura

Por regiões

FontE: Fao

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201436

De acordo com o pesquisador da APTA, além da tilápia, que é uma espécie exótica, o Brasil é rico em diversidade piscícola. Entre as espécies nativas, que po-dem ser produzidas em cativeiro, o pesquisador desta-ca o pirarucu, cobiçado em várias partes do mundo, e os peixes redondos (pacu, tambaqui, pirapitinga e seus híbridos), que são bastante apreciados no Brasil e têm muitas chances de se tornarem peixes gourmet na Eu-ropa e na Ásia.

Outra alavanca importante para a aquicultura, con-forme o pesquisador, é investir na produção de crustá-ceos. Segundo João Donato, as espécies com maior po-tencial são o camarão rosa e o branco (espécies nativas), que possuem sabor e aparência muito melhores que o vannamei – espécie exótica, a única produzida no Bra-sil. “Entre os moluscos, ainda não estamos explorando várias conchas (berbigão e vieira, entre outras) e nem polvos, todos muito apreciados pelos consumidores”, aponta Donato.

Por Adão Pinheiro

Short steps

The recent and promising aquaculture in Bra-zil, which needs large investments, takes baby steps towards bigger ones. According to researcher João Donato Scorvo Filho, from the Agency of Agribusi-ness Technology (APTA) in São Paulo, the country has not yet started to fish farm if taken into considera-tion its aquaculture potential. “Brazil would be able to produce over 30 million tons,” he said. According to him, the expectation of farmers is that they can legalize and take advantage of the aid provided by programs like Plano Safra.

Brazil has a coastline longer than 8,000 kilo-meters, 3.5 million km² of Exclusive Economic Zone (EEZ) and a territory that concentrates almost 13% of renewable freshwater of the planet. Among them, there is the possibility of using Union waters, both of hydroelectric and reservoirs, such as water estuaries for the installation of fish farms. The legal framework that authorizes the use of the Union waters for aqua-culture was established in up to 1% of the area or on the supporting capacity of the river, lake, or estuary (the smaller of the two criteria).

Pasos cortos Reciente y prometedora, la acuicultura, la cual

necesita grandes inversiones en Brasil, crece poco a poco y pretende dar pasos más grandes. Según el investigador João Donato Scorvo Filho, de la Agencia Paulista de Tecnología de los Agronegocios (APTA), el país aún no ha comenzado a producir peces en cau-tiverio, si se toma en cuenta su potencial acuícola. “Brasil sería capaz de producir más de 30 millones de toneladas”, dice. De acuerdo con el investigador, la expectativa de los acuicultores es que puedan legalizarse y usufruir de programas como el Plano Safra (Plan cosecha).

Brasil cuenta con más de 8 mil kilómetros de costa, 3,5 millones de km2 de Zona Económica Ex-clusiva (ZEE) y un territorio que concentra casi el 13% del agua dulce renovable del planeta. Entre ellas, está la posibilidad de utilizar aguas del gobier-no federal, tanto los embalses hidroeléctricos, como los de los estuarios para la instalación de parques acuícolas. El uso de aguas del gobierno federal para la acuicultura está permitido en hasta el 1% del área o a la capacidad de soporte del río, laguna o estuario (el menor de los dos criterios).

Panorama

Maricultura em Florianópolis

(SC) começou na década de 1990

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Page 37: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 37

As ostras se tornaram um atrativo indispensável no roteiro

turístico de Florianópolis (SC), como no restaurante Porto do

Contrato, no Ribeirão da Ilha

Victo

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PANORAMA DA PeScA e AquicultuRA NO BRASil 2014 | 37

Page 38: Panorama da Pesca

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Hora de armar a rede

Quais são as perspectivas para a pesca e a aquicultura no Brasil nos próximos anos?

Eduardo Lopes O Brasil, por sua extensão terri-torial, possui características únicas que permitem o desen-volvimento de uma atividade de pesca sustentável ao lon-go de sua costa. Além disso, sua variedade climática e sua disponibilidade de água doce favorecem esse cenário, com grande e real potencial para o desenvolvimento de ativi-dades de cultivo de organismos aquáticos, especialmente a criação de peixes. A atividade de pesca e aquicultura possui ainda uma característica única frente a outras atividades de produção de proteína animal: a elevada importância social e econômica para um enorme contingente de traba-lhadores nas regiões, permitindo inclusão social, melhoria da renda da população, entre outros aspectos econômico e sócio integradores.

No caso da pesca extrativa, o aumento da produ-ção está associado à melhoria da produtividade, atrela-

da à sustentabilidade dos recursos ao longo dos anos. Isso ocorre por meio da implantação de melhorias em toda a cadeia produtiva, incluindo ações que visem à redução do desperdício do pescado, política ativa de arrendamento de embarcações estrangeiras para suprir deficiências internas, capacitação de pessoal, disponi-bilização de linhas de crédito, investimento em “pes-quisa e desenvolvimento”, gerenciamento dos recursos existentes, prospecção de novos recursos e renovação da frota pesqueira nacional. De forma a obter medidas de ordenamento eficientes e consensuais para o setor, o Mi-nistério da Pesca e Aquicultura (MPA) adotou o sistema de “comitês permanentes de gestão de recursos”, em que participam representantes da sociedade civil (inclusive empresários), da academia e da área governamental.

Entretanto, considerando-se a alta migração dos estoques pesqueiros de muitas espécies, que atravessam diversos países, e o perfil de explotação desses recursos nas últimas décadas, é inegável que, embora ainda te-

entrevista

Características naturais favorecem a atividade aquícola no Brasil e ainda permitem o avanço sustentável da pesca industrial em águas profundas

O ministro da Pesca e aquicultura, eduardo Lopes, destaca na entrevista a seguir as estratégias para que o País aumente significativamente sua produção de pescados, tanto na pesca extrativa artesanal e industrial, quanto na aquicultura. Mas é no cultivo de organismos aquáticos, ressalta Lopes, que reside o grande potencial do Brasil, e as espécies nativas constituem o trunfo brasileiro para competir no mercado internacional com produtos de maior valor agregado.

Page 39: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 39

Tânia Rêg

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Ministro da Pesca e

Aquicultura, Eduardo Lopes

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 39

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nhamos possibilidade de crescer de forma sustentável na pesca extrativa no Brasil, o grande salto quantitativo da produção brasileira está associado à aquicultura. Ainda sobre a questão da pesca extrativa, em termos mundiais estima-se que exista, hoje, cerca de 250% a mais da ca-pacidade, em termos de embarcações, do que os mares podem prover de pescado de forma sustentável. A ques-tão da sobrecapacidade e da sobrepesca é um problema global que precisa ser enfrentado por todas as nações, sendo motivo de debates constantes nas organizações in-ternacionais como a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a Organização Mun-dial do Comércio (OMC) e a Organização para Coopera-ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para o caso dos subsídios pesqueiros e de outras políticas públicas que resultem em crescimento no esforço de pesca.

Já no caso do Brasil, a aquicultura cresce em ritmo acelerado e continuado nos últimos anos. A aquicultura já responde por aproximadamente 40% da produção nacio-nal, e estima-se que a produção aquícola nacional chegue, em 2014, a 1,3 milhão de toneladas, um crescimento de aproximadamente 30%. De 2010 até 2013, a produção de pescado mais que dobrou no país, saltando de 480 mil toneladas para aproximadamente 1 milhão de toneladas. O Brasil tem enorme potencial na aquicultura. Se utilizarmos 0,5% da lâmina d´água disponível somente em nossos re-servatórios, temos capacidade de produzir 20 milhões de toneladas de pescado/ano. Dez vezes mais que toda a pro-dução atual em todo o País, incluindo a pesca extrativa.

Esse crescimento está diretamente associado a diver-sas políticas públicas desenvolvidas para o segmento, que

incluem ações continuadas de estruturação da cadeira produtiva, capacitação técnica dos produtores, pesquisas, repasse de tecnologias e linhas de financiamento para a atividade. Uma das principais políticas públicas desenvol-vidas para o segmento da aquicultura tem sido a conces-são de uso de águas públicas. A estimativa é que a ces-são dessas áreas resulte no crescimento da produção em 210 mil toneladas de pescado por ano e na criação de aproximadamente 10 mil empregos.

Além disso, com o objetivo de prover celeridade à implementação de investimentos aquícolas, foi aprovada, em setembro de 2013, resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que torna o licencia-mento ambiental para empreendimentos aquícolas unifi-cado, simplificado e com maior agilidade, sem perder as devidas análises de sustentabilidade, que sempre estarão presentes.

Com o objetivo de aumentar a qualidade e a segu-rança do pescado brasileiro, o País se engajou em diferen-tes formas de cooperações com outros países para o inter-câmbio de conhecimentos e também para a incorporação de novas tecnologias no setor aquícola.

O País vem registrando um aumento no consumo de pescado. Em sua opinião, qual a explicação para esse aumento?

Eduardo Lopes Durante muitos anos, o consu-mo de pescado no Brasil sofreu com duas questões prin-cipais – o elevado custo do pescado para a maioria da po-pulação e a “marginalização” que o consumo de pescado sofria em função de problemas associados à sua salubri-dade. Entretanto, nos últimos anos, com a melhoria da renda de grande parte da população brasileira, um novo contingente de consumidores passou a poder acessar o produto “pescado”. Assim, sendo reconhecida pela Orga-nização Mundial da Saúde – OMS – como a proteína ani-mal mais saudável de todas as proteínas animais, passou a frequentar, de forma relativamente rotineira, o cardápio das famílias brasileiras e o consumo em bares e restauran-tes por todo o Brasil.

Entretanto, o mercado de comercialização do pes-cado apresenta uma característica bastante diferenciada em relação aos mercados de outras proteínas animais, como de porco, o de frango e o de gado – a abundância de espécies existentes, com ampla variedade de gostos completamente diferentes entre si. Assim, grandes na-

entrevista

O Brasil conta com mais de 250 reservatórios aptos para o desenvolvimento da aquicultura.

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ções produtoras de pescado no mundo, apesar de pro-duzirem uma quantidade substancial do produto e, em alguns casos, uma grande variedade, nunca serão capa-zes de satisfazer seu mercado consumidor em relação a espécies que simplesmente não podem ser produzidas ou capturadas em seu território. No caso do Brasil, a importação tradicional de bacalhau e de salmão exem-plifica bem essa nuance bastante especial do setor de proteína de peixe frente às outras proteínas animais.

No que se refere à sanidade pesqueira, muito se evo-luiu nos últimos anos, principalmente por meio de ações conjuntas entre o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A atuação mais eficaz em relação à fiscalização sanitária, em coordenação com órgãos estaduais, propiciou elevação significativa nas condições de higiene, manuseio e apre-sentação do pescado nos diversos pontos do Brasil.

Iniciativas como o caminhão do peixe podem ajudar a melhorar o consumo de pescados?

Eduardo Lopes A comercialização de pescado no Brasil sofre muito com os processos intermediários, que aumentam o preço do produto final, reduzem o valor re-passado ao produtor e também afetam sua qualidade e forma de apresentação. O “caminhão do peixe” é uma im-portante ferramenta na cadeia de comercialização do pes-cado oriundo da pesca artesanal e da aquicultura familiar.

Como o pescado é uma proteína sensível e de rá-pida decomposição, é necessária uma série de cuidados, desde a captura ou despesca até a aquisição do produto pelo consumidor final. O caminhão do peixe evita que a cadeia de frio seja interrompida, prolongando a vida útil do produto, contribuindo para ofertar um produto com mais qualidade ao consumidor final e associando um preço mais baixo para a venda a uma melhor remu-neração do produtor.

A pesca e a aquicultura podem ser alterna-tivas para garantir a segurança alimentar?

Eduardo Lopes Quando se fala em “segurança alimentar e nutricional” é inegável que estamos falando também, e principalmente, do pescado. Um estudo do Comitê das Nações Unidas para a Segurança Alimentar Global (CSA/FAO) aponta que os pescados são fonte pri-mária de proteína e nutrientes essenciais, sendo considera-

dos um alimento de alta qualidade nutricional e que pro-move saúde. Os pescados, quando incluídos nas dietas das populações de baixa renda (incluindo gestantes e crian-ças), contribuem para a redução da fome e da má nutrição e para a promoção de modos de vida mais saudáveis.

No âmbito desse comitê, foi recomendado tornar a pesca elemento integrante das políticas e dos progra-mas nacionais intersetoriais, com atenção especial para a promoção da produção de pequena escala e para os ar-ranjos locais. No caso particular do Brasil, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que, no ano de 2013, atingiu o montante de R$ 58 mi-lhões, a inclusão do pescado na alimentação escolar é um exemplo concreto da associação do pescado à segu-rança alimentar e nutricional.

Como o ministério está trabalhando a inte-riorização da produção de pescados?

Eduardo Lopes A interiorização da produção de pescados se dá basicamente por meio da “Política Na-cional de Implementação de Parques Aquícolas Conti-nentais”. Essa implementação ocorre em reservatórios de usinas hidrelétricas. O Brasil conta com mais de 250 reservatórios aptos para o desenvolvimento da aquicul-tura. Em 2013, novos parques aquícolas foram imple-mentados em 13 estados de todas as regiões do País. Por meio de licitação ou concorrência pública, o governo fe-deral ampliou o acesso dos aquicultores a águas públicas a partir da oferta de 900 hectares de áreas aquícolas. Até meados de 2014, foram lançados novos editais para a oferta de mais 226 áreas destinadas à criação de pescado.

Além disso, é incentivada a implementação de vivei-ros escavados para o cultivo de pescado. Esses incentivos incluem o fornecimento de máquinas para a escavação dos tanques (cedidas às prefeituras ou aos consórcios de municípios), o fomento à capacitação técnica e o forne-cimento de apoio aos produtores para facilitar o acesso a créditos com juros mais baixos.

Como funciona esse processo de cessão das águas públicas?

Eduardo Lopes O Ministério da Pesca e Aqui-cultura autoriza a implantação de projetos aquícolas em águas públicas mediante a cessão dessas águas, por meio de licitações ou concorrências públicas, com o objetivo de

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aproveitá-las para a produção de pescado (aquicultura). Em termos legais, o instrumento de cessão se faz necessá-rio na medida em que as águas são um recurso natural de domínio público, de valor econômico, essencial à vida. A regulação do uso desse bem cabe ao governo federal.

Existem basicamente duas possibilidades de utiliza-ção de águas públicas – de forma onerosa ou de forma não onerosa. As licitações estão associadas à cessão das chamadas “Áreas Aquícolas Onerosas”, ou seja, em que há custos de aquisição para o produtor interessado. Es-sas áreas são destinadas à produção econômica em média ou grande escala. As “Áreas Aquícolas Não Onerosas” são oferecidas por meio de concorrência pública e cedidas, sem custos, para a produção de pescado em pequena es-cala ou para fins de aquicultura familiar. Vale ressaltar que mais de 92% das áreas cedidas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura são não onerosas, ou seja, sem custos e destinadas a aquicultores familiares ou a moradores de comunidades tradicionais e ribeirinhas.

A indústria pesqueira nacional reclama da entrada de pescados de outros países a preços mais baixos que o produzido no Bra-sil. Como o ministério pode ajudar a reverter essa situação?

Eduardo Lopes Competitividade é a palavra--chave tanto para um fluxo salutar de produtos pesquei-ros brasileiros no mercado doméstico quanto para sua exportação. Nesse sentido, diversas ações vêm sendo implementadas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura

com o objetivo de aumentar a competitividade do pesca-do produzido no Brasil, principalmente no que diz res-peito à sua equivalência tributária em relação às outras proteínas animais.

No âmbito do “Plano Brasil Maior”, o governo fede-ral tem buscado a inovação e o adensamento produtivo do parque industrial, objetivando ganhos sustentados da produtividade do trabalho, inclusive no segmento dos organismos aquáticos. Na área creditícia, temos o lan-çamento do “Plano Safra da Pesca e Aquicultura”, que organizou as políticas econômicas voltadas à cadeia pro-dutiva, com o objetivo de ampliar a efetividade das ações governamentais e o desenvolvimento por meio de me-didas de estímulo à competitividade e ao empreendedo-rismo. Esse plano prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões para expandir a aquicultura, modernizar a pesca e forta-lecer a indústria e o comércio pesqueiros. Temos ainda o “Programa de Subvenção ao Preço do Óleo Diesel”, que oferece combustível mais barato ao pescador profissio-nal que seja proprietário ou arrendatário de embarcações pesqueiras. Com o benefício, o pescador pode adquirir o óleo diesel livre de ICMS e com auxílio pecuniário do governo federal, que chega a até 25%, para equalizar a diferença de preço do nacional frente ao internacional.

O Brasil tem potencial para alavancar a ex-portação de pescados. Quais seriam as al-ternativas para aumentar o volume de negó-cios com o mercado externo?

Eduardo Lopes A exportação de pescado passa obrigatoriamente pela competitividade do produto na-cional para atingir os mercados externos. Além disso, o MPA tem procurado participar, de forma rotineira, das principais feiras internacionais, com o objetivo de prover um espaço negociador a empresários brasileiros, para que possam divulgar seus produtos. Segundo os empresários que vêm participando rotineiramente desses eventos in-ternacionais, as espécies com constante demanda negocia-dora têm sido: atum, dourado, meca, ova de voador, peixe sapo (tamboril), peixe-galo, arraia, corvina, castanha, ca-valinha, pargo, pitu, peixe-espada, ariacó, pescada, tilá-pia, lagosta, rã e camarão. Nesse processo de divulgação do pescado brasileiro no exterior, é importante ressaltar o diferencial que as espécies nativas possuem em termos de colocação no mercado internacional, bem como seu elevado valor frente a outros pescados tradicionais. Por Adão Pinheiro

entrevista

Competitividade é a palavra-chave tanto para um fluxo salutar de pescados brasileiros no mercado doméstico quanto sua exportação.

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The fish’s takeoff

The Minister of Fishery and Aquaculture, Eduardo Lopes, highlights in the interview the strategies for the country to substantially increase its production of fish in extractive, artisanal and industrial fishing as in aqua-culture as well. But it is in the aquatic organisms far-ming, Lopes points out, that lies the great potential of Brazil, and Brazilian native species constitute the asset to compete in the international market with products of higher added value.

“The territorial extension of Brazil has unique cha-racteristics that allow the development of a sustainable fishing activity along its coast as well as the climatic variety and availability of fresh water, a great and true potential for the development of aquatic organisms far-ming. The activity of fishing and aquaculture has also a unique feature compared to other production of animal protein – a high social and economic importance for a huge number of workers, enabling social inclusion and improving income levels.

In the case of capture fishing, the increased pro-duction is associated to an improvement of productivity linked to the sustainability of resources over the ye-ars. In the case of aquaculture, it has been growing at an accelerated and continued rate over the last years. Aquaculture accounts for approximately 40% of natio-nal production and it is estimated that domestic aqua-culture production reaches 1.3 million tons in 2014, an increase of about 30%. From 2010 to 2013, fish production in the country has more than duplicated, passing from 480,000 tons to about 1 million tons. Bra-zil has a huge potential in aquaculture. If we use only 0.5% of the water available only in our reservoirs, we have the capacity to produce 20 million tons of fish per year. It is ten times more than the entire current pro-duction throughout the country, including the capture fishing. One of the major public policies developed for the aquaculture sector has been the granting of the use of public waters. It is estimated that the assignment of these areas will result in an increase of the production in more the 210,000 tons of fish per year and create around 10,000 jobs”.

El crecimiento de los pescados El ministro de Pesca y Acuicultura, Eduardo Lopes,

destaca en la entrevista las estrategias para que el país aumente su producción de pescado de manera expo-nencial, tanto en pesca extractiva, artesanal e indus-trial, cuanto en la acuicultura. Pero, es en el cultivo de organismos acuáticos, dice Lopes, que se encuentra el gran potencial de Brasil, y las especies nativas son el diferencial de Brasil para competir en el mercado inter-nacional con productos de mayor valor agregado.

“Brasil, por su extensión territorial, tiene caracte-rísticas únicas que permiten el desarrollo de una acti-vidad pesquera sostenible a lo largo de su costa; así como la variedad climática y la disponibilidad de agua dulce, un gran y real potencial para el desarrollo del cul-tivo de organismos acuáticos, especialmente, el cultivo de peces. La actividad de la pesca y la acuicultura tam- bién tiene una característica única en comparación con otro tipo de producción de proteínas de origen animal – elevada importancia social y económica para un gran número de trabajadores en las regiones, lo que permite la inclusión social, la mejora de los niveles de ingresos, entre otros aspectos económicos y socio integradores.

En el caso de la pesca extractiva, el aumento de la producción se asocia con una mejora de la producti-vidad vinculada a la sostenibilidad de los recursos a lo largo de los años. Ya en el caso de la acuicultura, crece a un ritmo acelerado y continuo en los últimos años. La acuicultura representa aproximadamente el 40% de la producción nacional y se estima que la producción acuícola nacional alcance, en 2014, 1,3 millones de to-neladas, un aumento de alrededor del 30%. De 2010 a 2013, la producción de pescado en el país ha crecido bastante, pasando de 480 mil toneladas a alrededor de 1 millón de toneladas. Brasil tiene un enorme potencial en la acuicultura. Una de las principales políticas pú-blicas desarrolladas para el sector de la acuicultura ha sido la concesión de uso de aguas públicas. Se estima que la donación de estas áreas resulte en el aumento de la producción en más de 210 mil toneladas de pes-cado al año y en la creación de alrededor de 10 mil puestos de trabajo”.

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Tainhas com ova no Mercado Público de Itajaí (SC)

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Victo

r Carlso

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PANORAMA DA PEscA E AquicuLTuRA NO BRAsiL 2014 | 45

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opinião

Aquicultura: uma nova fronteira para a proteína animal

A aquicultura é uma das atividades zootécnicas que mais tem crescido nos últimos anos. Desempe-nha papel importante para a alimentação humana, com a disponibilidade de proteína de origem animal diferen-ciada, devido à sua alta qualidade nutricional. No cená-rio mundial, pela primeira vez, as estimativas indicam que as pessoas estão consumindo mais peixes provenien-tes das fazendas de criação do que da pesca extrativa. E a produção mundial de proteína animal da aquicul-tura ultrapassou a produção mundial de carne bovina.

Nesse contexto, o Brasil, que detém aproximada-mente 12% da água doce do mundo, uma grande ex-tensão territorial e um litoral de mais de 8 mil quilôme-tros, possui enorme potencial para o desenvolvimento da aquicultura, assim como é responsável pela gestão dessa produção com sustentabilidade social, ambien-tal e econômica. É um dos poucos países que possuem condições de atender, com o aumento da produção, a crescente demanda mundial de alimentos.

Hoje, o País produz aproximadamente 1 milhão de toneladas de pescado (peixes, camarões e moluscos bi-valves) oriundo da aquicultura. No entanto, segundo as perspectivas da FAO, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores de pescado do mundo, alcançando produção aquícola anual de 20 milhões de toneladas até o ano de 2030.

Para isso, o governo federal, por meio do Mi-nistério da Pesca e Aquicultura (MPA), estabeleceu políticas consistentes e sustentáveis para estimular a criação de pescado, seja na aquicultura continental ou marinha, com ações de apoio à organização da ca-deia produtiva, ao desenvolvimento da aquicultura nas propriedades rurais e ao aproveitamento de grandes reservatórios públicos para a atividade. Nesse mesmo sentido, o MPA tem buscado avançar na adequação

de uma legislação específica para o setor, na oferta de programas específicos de assistência técnica e extensão aquícola, no apoio aos arranjos produtivos existentes e na ampliação dos instrumentos e das linhas de créditos junto aos aquicultores. Outro aspecto são os investi-mentos em infraestrutura pesqueira e aquícola em par-ceria com estados e municípios, como a implantação de sistemas de produção, unidades de beneficiamento de pescado e unidades de produção de formas jovens. Dessa forma, a aquicultura abre uma grande fronteira de oportunidades para o Brasil.

Divulg

ação

Adalmyr Morais Borges Diretor de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura (Ministério da Pesca e Aquicultura)

Produção Mundial De 1950 A 2010

(em milhões de toneladas)

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

70

60

50

40

30

20

10

0

Global Production (Million tons)

Producción mundial (en millones de toneladas)

BovinosBovinosCattle

AquiculturaAcuiculturaAquaculture

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 47

Aquaculture: a new frontier for the production of animal protein

Aquaculture is one of the zootechnical activities with the major growth over the past few years, playing a significant role in human consumption, with the avai-lability of a distinguished animal protein due to its high nutritional quality. For the first time in the global scena-rio, estimates indicate that people are consuming more fish from fish farming than from extractive fishery. Fur-thermore, the global production of aquaculture animal protein exceeded the global production of beef.

In this context, Brazil – which holds around 12% of the world’s fresh water and a coastline longer than 4,970 miles –, has high potential for the development of aquaculture, as well as the responsibility to mana-ge this production within the social, environmental and economic sustainability perspective.

Today Brazil produces about 1 million tons of fish (fish, shrimp and bivalve molluscs) from aquaculture. However, according to FAO perspectives, Brazil could become one of the largest fish producers in the world, reaching an annual aquaculture production of 20 million tons by the year of 2030.

For this, the Federal Government, through the Ministry of Fishery and Aquaculture (MPA), establi-shed consistent and sustainable policies to stimulate the creation of fish, along with actions to support the production chain, for the development of aquaculture in rural properties and use of large public reservoirs for the activity. In the same sense, the MPA has been seeking to advance the appropriateness of a specific legislation for that sector, by offering specific progra-ms of technical assistance and aquaculture extension. Another aspect concerns the investment in fishing and aquaculture infrastructure with States and muni-cipalities partnerships, such as the implementation of production systems, fish processing units and units of production of juveniles.

Adalmyr Morais BorgesDIrECTOr OF AquACuLTurE PLAnnInG AnD MAnAGEMEnT

MInISTry OF FISHEry AnD AquACuLTurE

Acuicultura: una nueva frontera para la producción de proteína animal

La acuicultura es una de las actividades zootéc-nicas que más ha crecido en los últimos años, jugan-do un papel importante para la alimentación humana, con la disponibilidad de proteína animal diferenciada por su alta calidad nutricional. En el escenario mun-dial por primera vez estudios indican que la gente está consumiendo más pescados provenientes de granjas que de pesca extractiva. Y la producción mundial de proteína animal de la acuicultura ha superado la pro-ducción mundial de carne vacuna.

En este contexto Brasil tiene un enorme poten-cial para el desarrollo de la acuicultura, así como la responsabilidad de gestión de esta producción con sostenibilidad social, ambiental y económica. Siendo uno de los pocos países que tiene condiciones para atender, con el aumento de la producción, la creciente demanda mundial de alimentos.

Actualmente el país produce cerca de 1 millón de toneladas de productos del mar (pescado, camarones y moluscos bivalvos) provenientes de la acuicultu-ra. Para ello, el Gobierno Federal estableció políticas consistentes y sostenibles para estimular la crea- ción de pescado, ya sea en la acuicultura continental o marina, con acciones de apoyo a la organización de la cadena productiva, al desarrollo de acuicultura en propiedades rurales y al aprovechamiento de gran-des embalses públicos para la actividad. En el mismo sentido, el MPA ha tratado de avanzar en la adecua-ción de una legislación específica para el sector, en la oferta de programas específicos de asistencia téc-nica y extensión de la acuicultura, en el apoyo a los acuerdos de producción existentes y en la ampliación de los instrumentos y líneas de créditos junto a los piscicultores. De esa manera, la acuicultura abre una gran frontera de oportunidades para Brasil.

Adalmyr Morais Borges DIrECTOr DE PLAnIFICACIón y OrDEnACIón DE LA ACuICuLTurA

MInISTErIO DE LA PESCA y ACuICuLTurA

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panoramaU

eslei Marcelino

/ MP

A

SeleçãO nACIOnAl

O pirarucu é uma das espécies nativas com

maior potencial de inserção no mercado

internacional

2014, ou seja, quase 200% de crescimento em relação a 2011, quando foram registradas 253,8 mil toneladas.

Entre as espécies nativas, o campeão de produção – e o segundo no ranking da piscicultura nacional – é o tambaqui, com 111,1 mil toneladas em 2011. Em se-guida vem o tambacu, com 49,8 mil toneladas. O pacu, com 21,7 mil toneladas, só aparece depois de outra es-pécie exótica, a carpa (38,1 mil toneladas). Em relação à piscicultura marinha, de produção ainda incipiente no País, a espécie com maior potencial para desenvolvi-mento é o bijupirá, que, de acordo com o MPA, já tem tecnologia de cultivo estabelecida. Outros exemplos de espécies que vêm sendo sistematicamente estudadas são o robalo- peva e o robalo-flecha, além do linguado.

Por Wendel Martins

A aquicultura no Brasil é secular, mas foi estabelecida a partir de espécies exóticas, como as carpas e o black bass. O desen-volvimento de técnicas e tecnologias para o cultivo de espécies nativas é recente, e

ainda há muito a evoluir, especialmente no que diz respeito à reprodução artificial, ao melhoramento ge-nético e às necessidades nutricionais.

Um dos melhores exemplos dessa cadeia produti-va é o cultivo da tilápia, peixe exótico que é a grande aposta do País para os próximos anos e que responde por metade da produção nacional em tanques. Segun-do dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), essa cultura cresce em média 17% ao ano. E a estima-tiva do órgão é que o cultivo de tilápia alcance uma produção de aproximadamente 700 mil toneladas em

O Brasil ainda carece de tecnologias de cultivo para explorar o potencial de espécies nativas

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National selectionAquaculture in Brazil is secular, but it was crea-

ted from exotic species. The development of techni-ques and technologies for the farming of native spe-cies is recent and still there is a lot to be improved, especially regarding the artificial reproduction, ge-netic improvement, and nutritional needs. The more advanced farming is of the following native fishes: tambaqui, tambacu, pacu, and tambatinga, but there is a large potential market for pirarucu as well.

Selección nacional La acuicultura en Brasil es secular, pero se es-

tableció a partir de especies exóticas. El desarrollo de técnicas y tecnologías para el cultivo de especies nativas es reciente, y todavía hay mucho que mejo-rar, sobre todo en lo que respecta a la reproducción artificial, mejoramiento genético y necesidades nu-tricionales. Las crías más avanzadas de peces nati-vos son de tambaqui, tambacu, pacu y tambatinga.

eSPéCIeS nAtIvAS DA Piscicultura COntInentAl

(em toneladas)

tambaqui 111.084

tambacu 49.818

pacu 21.689

tambatinga 14.326

pirapitinga 9.858

pintado 8.824

Curimatã 7.143

Bagre 7.048

matrinxã 5.702

Fonte: Boletim estatístiCo da

pesCa e aquiCultura 2011/mpa

Amazonas

Roraima

Acre

Rondônia

Amapá

Pará

Tocantins

Mato Grosso

Goiás

Mato Grossodo Sul

Distrito Federal

Rio Grandedo Sul

Bahia

Piauí

Maranhão

LegendaPintadoTambaquiPirarucu

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Roraima: a revolução silenciosa da piscicultura na melhor água do Brasil

Roraima, como um estado novo, com logística de produção muito difícil, com uma única estação de alevinagem, com a ração mais cara do Brasil, sem assistência técnica e mão de obra qualificada, sem es-cala de produção, sem a existência de um programa de biossegurança, se colocaria como última opção saudável para investimento em piscicultura. Todos esses garga-los, ao contrário, serviram de estímulo e motivação para que eu fizesse diferente, desenvolvendo um novo mode-lo de piscicultura para a Amazônia: a criação de peixes em açudes, com baixo custo de implantação, produção e mão de obra. Ao meu lado, está o fato de Roraima ter a melhor água do Brasil, devido a suas características únicas de alcalinidade e dureza, o que gera um efeito tampão para a criação de peixes.

Houve a necessidade de trabalhar toda a cadeia pro-dutiva da piscicultura, com a definição de oito setores estratégicos de atuação: reprodução de alevinos; fábrica de ração; tecnologia e inovação; financiamentos; frigo-rífico; assistência técnica e qualificação de mão de obra; gestão e controle e parcerias com setores públicos.

Atuamos na piscicultura há 14 anos e possuímos aproximadamente 1.400 hectares (ha) de lâmina d’água, com produção estimada de 11 mil toneladas de tamba-qui, matrinchã e pirarucu ao ano. A meta é atingirmos 3.000 ha em 2018.

Foi inaugurada, em 2009, a Fábrica de Rações Cria-ção, com capacidade inicial de 1.200 t/mês, que agora está sendo ampliada para 6.000 t/mês, em um processo 100% automatizado. Para a redução de custos, também foi implantada uma esmagadora de soja, com capacida-de de 1.200 t/mês.

A consolidação de toda a cadeia produtiva virá com a implantação de um frigorífico. O Selo de Inspeção Federal (SIF) já está aprovado. O frigorífico terá insta-

lações modernas, equipamentos de alta tecnologia e rígi-do controle sanitário. A nossa meta é ajudar a consolidar a cadeia produtiva do peixe em Roraima e possibilitar a estruturação dos pequenos produtores no estado, além de alcançar o mercado internacional.

O Centro Tecnológico de Aquicultura (CTA), inaugurado em 2013, com 31 ha para pesquisa e ino-vação nas áreas de melhoramento genético, nutrição, reprodução, sanidade, qualificação de mão de obra e assistência técnica, já está em plena atividade, com parcerias com a Embrapa Pesca e Aquicultura para reprodução de pirarucu e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFERR) para qualificação de mão de obra.

Divulg

ação

Aniceto Wanderley Presidente da Fábrica de Rações “Criação”

O Centro tecnológico de Aquicultura (CtA) trabalha, em parceria com a embrapa Pesca e Aquicultura, na reprodução do pirarucu.

opinião

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Roraima: the silent revolution of fish farming on Brazil’s best waters

Roraima as a new state, counts with a very diffi-cult production logistic, with a single fish fingerlings station, the most expensive ration in Brazil, no techni-cal assistance or skilled labor and lack of a biosecurity program, which means that it would be the last option for investment in fish farming. All these limitations served as encouragement for me to develop a new model for fish farming for the Amazon area, raising fish in ponds with low implementation costs, produc-tion and labor. As a natural help, I had the fact that Ro-raima has the best water in Brazil, because of physical and natural characteristics, creating a fostering effect for fish farming.

It was necessary to work the entire aquacultu-re production chain, setting eight strategic areas of activity: fingerlings reproduction; feed mill; technolo-gy and innovation; financing, cold storage; technical assistance and manpower qualification; management and control; and, partnerships with public sectors.

We have been engaged in fish farming for 14 years and own about 1.400ha water depth with an estimated production of 11 thousand tons per year of tambaqui, matrinchã and arapaima. The goal is to achieve 3.000ha in 2018.

In 2009, Rações Criação ration factory was ope-ned with an initial capacity of 1,200 t/month, which is now being expanded to 6,000 t/month in a 100% au-tomated process. In order to reduce costs, a soybean crusher with the capacity of 1,200 t/month had been also deployed.

The consolidation of the entire supply chain will occur with the implementation of a cold storage. The quality seal from the Federal Inspection Service (SIF) has already been approved. The Aquaculture Techno-logy Center (CTA), inaugurated in 2013, with 31ha is already in fully operating, counting with partnerships with EMBRAPA Fishery and Aquaculture and the Fede-ral Institute of Education, Science and Technology of Roraima (IFRR) in the manpower qualification.

Ancieto WanderleyPRESIdEnT oF PlAnT InduSTRy And TRAdE “RAçõES CRIAção”

Roraima: la revolución silenciosa de la piscicultura

Roraima como una provincia nueva, con una lo-gística de producción muy difícil, con una sola esta-ción de alevinaje, con la ración más cara de Brasil, sin asistencia técnica y mano de obra calificada de producción, sin escala de producción y la ausencia de un programa de bioseguridad, se situaría como la últi-ma opción saludable para la inversión en piscicultura.

Todas estas dificultades sirvieron de estímulo y motivación para que hiciera las cosas de manera dife-rente, desarrollando un nuevo modelo de piscicultura en la Amazonia, la cría de peces en estanques con bajo costo de implementación, producción y mano de obra. Sumando a eso, un factor positivo importante es el hecho de Roraima tener la mejor agua de Brasil, de-bido a características de alcalinidad y dureza únicas, más de 40, creando un efecto de amortiguación a la cría de los peces.

Nos dedicamos a la piscicultura desde hace 14 años y tenemos alrededor de 1.400ha de profundidad del agua con una producción estimada de 11mil to-neladas por año de tambaqui; matrinchã y pirarucu. El objetivo es lograr 3.000ha en 2018. En 2009, se inauguró la fábrica de raciones Criação con una ca-pacidad inicial de 1.200 toneladas al mes, que ahora se está ampliando a 6.000 toneladas al mes en un proceso automatizado al 100%. Para la reducción de costes también se implementó un triturador de sojas con capacidad de 1.200 toneladas al mes.

La consolidación de toda la cadena de produc- ción vendrá con la implementación de un frigorífico. El sello de la Inspección Federal (SIF) ya está aproba-do. El frigorífico contará con instalaciones modernas y equipos de alta tecnología y un rígido control sanitario.

El Centro Tecnológico de Acuicultura (CTA), inaugu-rado en 2013, con 31ha para investigación, ya está en plena actividad con asociaciones con EMBRAPA Pesca y Acuicultura en la reproducción de pirarucu y con el Instituto Federal de Educación, Ciencia y Tecnología Ro-raima (IFERR) en la cualificación de la mano de obra.

Aniceto Wanderley PRESIdEnTE dE lA FABRICA InduSTRIA y CoMERCIo “RAçõES

CRIAção”

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P eixes são ricos em gorduras insaturadas e poli- insaturadas e contêm pouquíssimo colesterol. O consumo dessas gorduras é extremamente importante para a prevenção de doenças como osteoporose e Alzheimer.

O benefício mais conhecido do consumo aparece no sistema cardiovascular. Pescados combatem a hiper-tensão, diminuem o risco de acidente vascular cerebral e baixam o colesterol e os triglicérides, devido à grande quantidade de Ômega-3. Esta substância diminui a agre-gação das plaquetas (evitando a formação de coágulos), tem ação anti-inflamatória e também desacelera a pro-dução do LDL, chamado de “colesterol ruim”. Robalo, namorado, salmão, bacalhau, pintado, truta, atum, sardi-nha e arenque são especialmente ricos em Ômega-3.

Há uma infinidade de outros fatores positivos: for-mação da pele, dos cabelos e das unhas; prevenção da os-teoporose; redução do risco de Alzheimer; melhoria da ansiedade e das alterações do sono, graças à presença de minerais como cálcio, magnésio, e ferro, além da presen-ça de vitaminas, em especial as do grupo B, e, em menor quantidade, as vitaminas A e D; entre outros fatores.

Os crustáceos também são ricos em proteínas, po-rém contêm uma quantidade maior de colesterol quando comparados com os peixes. O camarão tem proprieda-des no combate à artrite e à artrose, graças à glicosamina. Os moluscos contêm pouca gordura e pouco colesterol, boa quantidade de ferro e bastante zinco. Dietas pobres em zinco podem estar relacionadas à redução da força e da coordenação muscular, à baixa motivação e à maior predisposição para depressão. A ostra também tem boa quantidade de cobre, Ômega-3 e Ômega-6. O polvo é rico em vitaminas A e B e taurina (antioxidante).

Além de saboroso, o pescado é extremamente saudável, sendo recomendado seu consumo ao menos duas vezes por semana

Benefits of fish consumption

The most known benefit of consumption appe-ars in the cardiovascular system. Fish fight hyperten-sion, reduce the risk of stroke and lower cholesterol and triglycerides, due to the large amount of omega 3 and other unsaturated and polyunsaturated fats. There are a plenty of other positive factors: formation of skin, hair, and nails, prevention of osteoporosis, decreased risk of Alzheimer’s, decrease of anxiety and sleep disorders, thanks to the presence of mi-nerals and vitamins, especially the B group, and vita-mins A and d, both in smaller quantities.

Beneficios del consumo de pescado

El beneficio más conocido de consumo aparece en el sistema cardiovascular. Comer pescados ayuda a combatir la hipertensión, disminuye el riesgo de accidente cerebrovascular y reduce el colesterol y los triglicéridos, debido a la gran cantidad de Omega 3 y otras grasas insaturadas y poliinsaturadas. Hay muchos otros factores positivos: la formación de la piel, del pelo y de las uñas, la prevención de la oste-oporosis, disminución del riesgo de enfermedad de Alzheimer, la mejora de los trastornos de ansiedad y del sueño, gracias a la presencia de minerales y vitaminas, especialmente del grupo B, y menos can-tidad, vitaminas A y D.

coma peixes e frutos do mar

saúde

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 53

Os peixes possuem todos os aminoácidos essenciais para o crescimento e manutenção de um corpo saudável

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Panorama

elos fortes

A produção nacional de rações, no primeiro

semestre de 2014, foi de 386 mil t para peixes e 44

mil t para camarões

O Brasil apresenta imenso potencial de cresci-mento na pesca e na aquicultura. No entan-to, para que as potencialidades brasileiras sejam, de fato, aproveitadas, é preciso in-tensificar os esforços para que a cadeia pro-

dutiva se torne mais competitiva, integrada e sustentável. Isso significa um aprofundamento das relações entre os di-versos elos que a integram em elevada interdependência. A cadeia é formada pelos segmentos de insumos e ser-viços, sistemas produtivos, setores de transformação, de comercialização e de consumo, além dos ambientes organizacionais e institucionais e da pesquisa científica.

O crescimento da aquicultura e da competitividade do setor depende do fortalecimento e da integração de todas as partes da cadeia produtiva

Pesca de atuns e de outras espécies de águas profundas exige modernização da frota pesqueira nacional

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Na base da estrutura, as rações representam uma questão relevante, antes de tudo por serem responsáveis por cerca de 50% dos custos de produção. Mas não é só isso. A qualidade da alimentação é crucial para o de-senvolvimento de espécimes maiores e mais resistentes às moléstias, assegurando aos produtores uma melhor relação custo/benefício. A melhoria das rações utilizadas no Brasil tem sido substancial, contribuindo inclusive para a redução relativa de seus preços – hoje, em com-paração com uma década atrás, quando representavam quase 70% dos custos totais, estão mais adequadas às exigências nutricionais de cada espécie, o que permite ao produtor estabelecer dietas eficazes para o ganho de peso animal, com utilização de menores quantidades de insumos. A evolução deve-se, em grande medida, à ado-ção de técnicas eficazes de processamento, como no caso das dietas por extrusão, em que há cocção da ração, e à criação de tipos diferenciados de alimentos que podem ser utilizados de modo específico nas diversas fases de desenvolvimento dos peixes.

Entretanto, os ganhos têm sido comprometidos em razão da insuficiente integração da cadeia produtiva – por exemplo, a soja, matéria prima da ração, é priori-tariamente destinada à exportação, e os preços internos sobem ao sabor do câmbio e da demanda internacional (a soja é cotada pela Bolsa de Chicago), não havendo tratamento diferenciado para a aquicultura. Outro fator limitante é a ainda insatisfatória relação entre os gran-des fabricantes e a comunidade acadêmico-científica, cuja produção teórica pode contribuir de forma mais robusta para a produção de novas variedades de ração, mais baratas e eficientes, especialmente em relação às espécies nativas, como a tilápia, ainda pouco exploradas pelos piscicultores se comparando ao uso majoritário de espécies exóticas.

De todo modo, com a expansão da aquicultura bra-sileira, que deverá ficar em torno de 10% em 2014, o segmento estima crescimento de 4,9% para peixes e 5% para camarões, em relação a 2013, quando a produção passou de 730 mil toneladas. No primeiro semestre de 2014, a produção de rações alcançou 430 mil toneladas.

OportunidadesObstáculos ao fortalecimento da aquicultura e da

pesca são diversos, mas, diante do potencial brasilei-ro, significam também oportunidades de crescimento. Essa é a opinião defendida pelos economistas do Ban-co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) Luiza Sidonio, Isabel Cavalcanti e Rafael Mungioli ao analisarem as perspectivas da aquicultura brasileira. Persistem entraves como “demora na obten-ção de licenças, carência de assistência técnica, falta de padronização da produção, manejo inadequado, insu-ficiência de pacotes tecnológicos e grande necessidade de capital de giro por parte da maioria dos estabeleci-mentos produtores”, os quais são, em sua maioria, de pequeno porte. De acordo com o estudo do BNDES, a cadeia produtiva da pesca e aquicultura precisa se es-pelhar nas cadeias que sustentam a produção das carnes mais consumidas pelos brasileiros – bovinas, suínas e de aves –, que já atingiram um padrão invejável de compe-titividade internacional. Grande impulso ao setor será dado se as maiores empresas nacionais que processam proteína animal se interessarem pelo pescado. Para que isso venha a ocorrer, é imprescindível maior profissiona-lização do setor.

A mesma opinião é defendida pelo Comitê da Ca-deia Produtiva da Pesca da Federação das Indústrias de São Paulo (Compesca), coordenado pelo administrador Roberto Imai. Criado em 2011 exatamente para disse-minar a percepção sobre a importância de se ter uma visão sistêmica da cadeia produtiva no setor, o Com-pesca procura, entre outras iniciativas, colaborar para a instituição de políticas setoriais com visão estratégica de longo prazo. E se esforça também para esclarecer pro-dutores a respeito dos instrumentos que lhes podem ser úteis para progredir na atividade.

A falta de uma visão sistêmica tem impedido maio-res progressos em temas vitais para todo o complexo da pesca e aquicultura. É o caso da desoneração tributária. A isenção dos tributos PIS e Cofins, estabelecida em janei-ro de 2013, por exemplo, beneficia apenas parte da ca-

Frigorífico em Porto Velho (RO) é exceção na Região Norte, onde a falta de câmaras frias causa a perda de 30% da produção local

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deia. O segmento de rações segue com alta tributação, o que acarreta impactos sobre os demais elos da produção. E, sem uma política consolidada de longo prazo, que estimule a pesca industrial nacional, o país segue com elevada importação. De acordo com Vanildo Oliveira, engenheiro de pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o país precisa investir pesado na pesca oceânica, ainda mais que quase todos os estoques de plataforma hoje se encontram no perigoso nível de sobrepesca. “Temos um potencial imenso, principal-mente com relação à pesca do atum. O governo tem um bom programa, o Profrota Pesqueira, mas precisa redu-zir a burocracia, para que um número maior de pessoas possa acessá-lo”, explica Vanildo. Para o engenheiro de pesca da UFRPE, uma metodologia de pesca sustentável precisa contemplar, também, a resolução de dois outros obstáculos: a excessiva concentração de entrepostos pes-queiros em poucos locais e as estruturas deficientes e insuficientes de recepção e acondicionamento do pes-cado. “Sem isso, fica difícil fazer com que uma cadeia de produção alcance o País inteiro e seja capaz de atuar com eficiência e rapidez, multiplicando os negócios e evitando o desperdício, que hoje é bem expressivo”, re-lata. Em alguns casos, como na Região Norte do País, a escassez de câmaras frigoríficas chega a provocar a perda de mais de 30% da produção. O Brasil detém recursos para se tornar um grande player mundial na produção de pescado. Aperfeiçoar os elos da cadeia produtiva é o caminho a ser percorrido.

Por Flávio Cardozo Jr.

strong links

Brazil needs to make greater efforts to become more competitive, integrated and sustainable in the supply chain. That means an increase in the relations between the many links that integrates that, in a high interdependence. At the base of the structure, rations are a relevant issue; they represent about 50% of the production costs.

The improvement of rations used in Brazil has been proved substantial, even contributing to the re-lative reduction of their prices – nowadays they are better suited to the nutritional requirements of each species, in comparison to a decade ago, when ac-counted for almost 70% of the total costs.

A limiting factor is still unsatisfactory rela-tionship between the major manufacturers and the scientific community. Another issue is the lack of a systemic view. This is the case of tax exemption. The exemption of PIS and CoFInS, established in 2013, relies only in part of the production chain. The ration segment has a high taxation.

Fuertes vínculos

Brasil necesita intensificar los esfuerzos para que la cadena productiva se vuelva más competitiva, integrada y sostenible. Esto significa una profundiza-ción de las relaciones entre los distintos eslabones que la integran en alta interdependencia. En la base de la estructura, las raciones son muy relevantes, pues representan alrededor del 50% de los costes de producción. Además, la calidad de la alimentación es fundamental para el desarrollo de los especíme-nes más grandes y más resistentes a las enferme-dades, asegurando a los productores una mejor re-lación costo/beneficio. Un factor limitante es todavía la insatisfactoria relación entre los principales fabri-cantes y la comunidad científica, cuyas investiga-ciones pueden contribuir a la producción de nuevas variedades de raciones, más baratas y eficientes, es-pecialmente en relación a las especies nativas. Otro problema es la falta de una visión sistémica. Este es el caso de la reducción de impuestos. La exención de tributos PIS y Cofins, establecida en 2013, beneficia solo una parte de la cadena. El segmento de raciones sigue con altos impuestos, resultando impactos en otros eslabones de la producción.

A indústria de beneficiamento é um elo importante para agregar valor à produção nacional de pescados

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O Brasil ainda busca tecnologia para a pesca oceânica de atum, uma das espécies de maior

valor no comércio internacional

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caso de sucesso

F oi graças à experiência com a suinocultura que o empresário Jorge Vieira Barbosa, fundador da AquaPorto Piscicultura, encontrou a respos-ta para qualificar sua produção de matrizes de tilápias às margens do reservatório de Furnas,

em Alfenas (MG). Durante os primeiros anos do negócio, Barbosa trabalhava apenas com a produção de juvenis e ad-quiria alevinos de outros produtores. Porém, o desempenho abaixo do esperado o fez procurar outros fornecedores até chegar a uma conclusão: assim como na criação de suínos, em que ele trocava suas matrizes a cada ano, a solução pas-sava pela produção própria de alevinos, além de investir no melhoramento genético dos reprodutores.

Em 2007, Barbosa foi o primeiro produtor a traba-lhar com a linhagem GIFT (do inglês “criação de tilápia geneticamente qualificada”), em conjunto com o respon-sável pela introdução e pelo melhoramento genético dessa cultura no Brasil, o professor Ricardo Pereira Ribeiro, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Três anos de-pois, foi montado o primeiro laboratório de incubação de ovos, que gerou na safra 2010/2011 os primeiros alevinos provenientes do processo de incubação artificial.

O novo arranjo produtivo fez a empresa decolar. Nos dois primeiros anos, o crescimento chegou a quase 600%, lembra o doutor em Zootecnia Rodrigo de Sousa, diretor técnico da AquaPorto. “No início, os principais clientes da empresa eram da região situada ao redor do Lago de Furnas, principalmente pequenos e médios produtores. Com o cres-cimento do mercado, a empresa continuou investindo no melhoramento genético. Como a demanda é elevada, hoje a AquaPorto cresce pelo menos 50% ao ano”, explica Sousa.

Por Fabiana Henrique

A piscicultura AquaPorto investe no melhoramento de alevinos e cresce em média 50% ao ano

Ovas de tilápia são retiradas para incubação artificial

Gift from scienceIn 2007, Jorge Vieira Barbosa, entrepreneur

from Aquaporto Piscicultura, pioneered the work with the GIFT strain (Genetically Improved Farmed Tilapia) along with the responsible for the introduction and breeding of this cultivation in Brazil, Professor Ricar-do Pereira Ribeiro, from universidade Estadual de Maringá (uEM). Three years later, the first laboratory of eggs incubation was built, as a result, in the har-vest in 2012/2011, it generated fingerlings derived from the artificial incubation process. The company took off with the new production arrangement. In the first two years the growth of the company reached almost 600%. Today, Aquaporto grows at least 50% per year.

Regalo de la cienciaEn 2007, el empresario Jorge Vieira Barbosa, de

Aquaporto Piscicultura, fue pionero en el trabajo con el linaje GIFT, en conjunto con el responsable por la introducción y mejoramiento genético de este culti-vo en Brasil, el profesor Ricardo Pereira Ribeiro. Tres años más tarde, se montó el primer laboratorio de incubación de los huevos, lo que ha generado en la producción de 2010/2011 alevines provenientes del proceso de incubación artificial. El nuevo modelo de producción provocó un crecimiento en la empresa. En los dos primeros años el crecimiento alcanzó casi el 600%. Actualmente crece al menos el 50% por año.

presente da ciência

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caso de sucesso

Ú nica empresa do País que comercializa se-mentes de ostras triploides, a Blue Water está ajudando a expandir a ostreicultura para além das baías norte e sul da llha de Santa Catarina, região que responde sozi-

nha por mais de 90% da produção nacional. “As ostras triploides sobrevivem em águas mais quentes e por isso têm interessado produtores do Sudeste e do Nordeste”, conta o engenheiro de aquicultura Eduardo da Luz.

A Blue Water passou a produzir sementes de ostras triploides há dois anos, após firmar parceria com em-presas chilenas. Na última safra, comercializou perto de quatro milhões de sementes, a R$ 29 o milheiro. Já as sementes da diploide Crassostrea gigas, a variedade mais cultivada na Ilha, têm preço fixado a R$ 11 o milheiro pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), única fornecedora do País.

Os produtores de ostras compram a semente da Blue Water para amenizar um problema comum nos meses de janeiro e fevereiro, período de reprodução da Crassostrea gigas que acarreta na diminuição de seu tamanho, justa-mente quando a cidade está repleta de turistas ávidos pela iguaria. Como as triploides não se reproduzem, não sofrem essa variação de tamanho na vida adulta. Para ampliar a oferta, a Blue Water desenvolveu um processo próprio para preservar as sementes por até seis meses. A preser-vação é obtida pelo controle de nutrientes, mas o que faz a diferença é uma técnica descoberta por tentativa e erro na própria empresa. “É o nosso segredo”, diz o diretor Carlos Rogério Poli, pesquisador aposentado da UFSC, institutição pela qual foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do cultivo de ostras na Ilha.

Por Mateus Boing

A Blue Water é pioneira na produção de sementes de ostras triploides, resistentes a águas mais quentes

expanding farmingBlue Water, the only Brazilian company that pro-

duces triploids oyster’s seeds, is helping to expand the oyster culture beyond Florianopolis, region which accounts for over 90% of national production. “The tri-ploid oysters survive in warmer waters and have pro-ducers interested in the Southeast and northeast of Brazil,” said the aquaculture engineer Eduardo da luz.

Cultura en expansión Blue Water amplia el cultivo de ostras para más

allá de las baías norte y sur de la lsla de Santa Cata-rina, que representa más del 90% de la producción nacional. “Las ostras triploides sobreviven en aguas más calientes y ha interesado a productores del su-deste y nordeste,” según el ingeniero de acuicultura Eduardo da Luz.

As ostras viraram atração turística de Florianópolis (SC)

Diferenças entre as ostras

triploides (três conjuntos de cromossomos)• Maior taxa de sobrevivência• Crescimento duas vezes mais rápido• Mais carne• Por ser híbrida, não varia de tamanho nem afeta o ecossistema local; não se reproduz • Mais resistente a águas acima de 22ºC

Diploides (dois conjuntos de cromossomos)• Menor custo

cultura em expansão

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L ocalizada na Praia de Barreta, no município de Nísia Floresta, a 38 quilômetros de Natal (RN), a Aquasul produz mensalmente 150 milhões de pós-larvas de camarão-cinza (Lito-penaus Vannamei) e 750 milhões de nauplius,

primeiro estágio larval do crustáceo marinho de origem asiática. Há sete anos, a empresa potiguar vem aperfei-çoando seus produtos, comercializados em todo o li-toral do Nordeste, através do melhoramento genético dos animais. “Selecionamos os melhores reprodutores e, com isso, conseguimos oferecer aos clientes um camarão com alta taxa de crescimento e muito resistente a do-enças, o que diminui o tempo de cultivo, aumentando a lucratividade dos produtores”, explica o fundador da Aquasul, Saulo Guedes – que entrou no mercado em 2001 e hoje comanda a empresa de 40 funcionários.

A alimentação é um elemento essencial para com-plementar a melhoria genética dos crustáceos, que atin-gem, quando adultos, peso médio de 10 a 12 gramas. As pós-larvas têm dietas ricas em proteínas, obtidas a partir do consumo de artêmias salinas e microalgas, que são criadas dentro da empresa e também comercializadas em todo o litoral nordestino para larviculturas.

Antes de serem comercializadas, as pós-larvas pas-sam por análises micro e macroscópicas e também são submetidas a testes de estresse com o objetivo de avaliar a resistência dos animais. “Nosso trabalho de melhora-mento genético tem resultado em uma alta taxa de so-brevivência dos camarões”, garante Guedes.

Por Leo Laps

A partir do melhoramento genético, a Aquasul oferece ao mercado produtor larvas de camarão mais resistentes e com alta taxa de crescimento

pequenos robustos

caso de sucesso

A primeira etapa do melhoramento

genético é a classificação de

reprodutores

little sturdy onesAquasul produces 150 million gray-shrimp

post-larvae (Litopenaus Vannamei) and 750 million nauplii a month, which is the larval stage of the Asia-tic marine crustacean. For seven years the company has been improving its products marketed throu-ghout the northeast coast through animal genetic improvement. “We offer customers a shrimp with high growth rate and a great resistance to disease, which shortens the duration of cultivation, thus in-creasing producers’ profitability,” said the owner of Aquasul, Saul Guedes.

Pequeños robustosAquasul produce mensualmente 150 millones

de pos larvas de camarón-gris (Litopenaus Vanna-mei) y 750 millones de nauplios, larvas de crustá-ceos marinos de origen asiático. Hace siete años, la empresa ha estado mejorando sus productos, co-mercializados a lo largo de la costa noreste, a través de la mejora genética de los animales. “Ofrecemos a nuestros clientes un camarón con una alta tasa de crecimiento y muy resistente a las enfermedades”, dice el propietario Saulo Guedes.

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Comida típiCa

C om oito anos de atuação e sede em Rolim de Moura (RO), a Nutrizon já atende a uma boa parcela do mercado da região. Segundo o presidente Savio Franzner, hoje a empresa detém 40% do mercado

de Rondônia e Acre, e atua também no Mato Grosso.A Nutrizon vende rações para aves, bovinos, equi-

nos, cães e gatos, mas a atuação na aquicultura é referen-cial. “Fomos a primeira empresa a produzir rações para peixes nativos da região. Até então, os criadores só po-diam recorrer a fornecedores de outros estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás, que produzem rações para peixes que não temos aqui e não atendem às neces-sidades nutricionais das criações locais”, afirma Franzner.

Entre as inovações criadas por uma equipe técnica formada por engenheiros de pesca e biólogos, está a ração para peixes amazônicos como o tambaqui, que chega a três quilos em um ano de cativeiro, o dobro do que en-gordaria no ambiente natural. Também são pioneiros no estado na produção de rações para peixes carnívoros como o pirarucu e o pintado. “Além de investirmos no desen-volvimento de novos produtos, damos muita atenção ao atendimento e à relação com os integrantes do mercado. Não utilizamos produtos químicos como conservantes, e mesmo os antibióticos são orgânicos. Às vezes, a matéria prima orgânica é mais cara, mas ela é mais eficiente”.

Hoje com 90 funcionários, a Nutrizon apresenta cresci-mento anual de 8%, com produção de 23 toneladas prevista

para o segundo semestre de 2014. As rações para peixes re-presentam 78% das operações comerciais da empresa.

Por Leda Malysz

A Nutrizon se destaca por produzir rações específicas para peixes amazônicos, como o tambaqui e o pirarucu, e para espécies carnívoras, como o pintado

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Caso de suCesso

Rações para peixes nativos são essenciais para o fortalecimento da piscicultura do País

Typical food

With an eight-year experience and based in Rondonia, Nutrizon already supplies a share of 40% of the market of the state of Acre, also reaching Mato Grosso. Among the innovations created by the company is the ration for Amazonian fishes such as tambaqui, which grows up to three kilos over a year when cultivate in a farm, twice than compared to the natural environment. Nutrizon also pioneers in Ron-donia in the ration production for carnivorous fishes.

Comida típica Con ocho años de experiencia y con sede en Ron-

dônia, Nutrizon ya abastece un 40% del mercado de la provincia y de Acre, alcanzando también Mato Grosso. Entre las innovaciones creadas por la empresa está la ración para peces amazónicos como el tambaqui, que llega a tres quilos en un año en cautiverio, el doble de lo que engordaría en el entorno natural. En Rondônia también son pioneros en la producción de raciones para peces carnívoros como el Pirarucu y el Pintado.

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Água boa

Q uando criança, aos quatro anos, Marcelo Shei ganhou um aquário de presente de seu pai e nunca mais se desligou do mundo das criaturas aquáticas. Adolescente, investia em livros sobre aquários e Biologia Marinha.

O hobby virou profissão. Fez graduação em biologia mari-nha em São Paulo e mestrado e doutorado em Aquicultura pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com experiência em manejo, reprodução e larvicultura de peixes marinhos, sistemas de recirculação, produção de alimentos vivos e espécies ornamentais. Já doutor, Shei retorna para São Paulo e funda a Preamar, em 2012, ao lado dos sócios investidores Ademir Ribeiro e Valdir Tenório.

A Preamar produz tanques rotomoldados em ti-tânio, material que suporta as águas doce e salgada, com sistema que aquece e resfria o líquido conforme as necessidades ambientais. Outro produto desenvol-vido é o Skimmer, filtro que retém partículas orgâni-cas finíssimas. “Microbolhas com água são injetadas, e por estarem com a carga elétrica semelhante à das partículas, se ligam em polaridades, formando uma espuma que é posteriormente retirada”. O sistema é autolimpante e tem programação eletrônica con-forme o tempo e o intervalo de limpeza necessários. “Oferecemos assistência e atendimento pós-venda em todo o País”, garante. Em novembro de 2014, Shei

Caso de suCesso

Preamar desenvolve equipamentos e processos para garantir a qualidade dos meios aquáticos para criação

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 63

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ivulgação

apresentou suas soluções ao mercado internacional em feiras de aquicultura.

No atendimento, a equipe da Preamar realiza visitas a centros de produção, aquários públicos ou institutos de pesquisa e aponta o que pode ser melhorado no pro-cesso, oferecendo soluções de transferências de líquido, filtração mecânica ou biológica, controle térmico, ma-nutenção, peças e projetos de criatórios, tudo para man-ter a qualidade da água. Depois da visita, o acompanha-mento. “Muitos criadores montaram construções sem embasamento técnico e isso precisa ser corrigido. Em casos de desinfecção da água, analisamos a patogenia e as formas específicas de aplicações de correções. Anali-samos a nutrição, o manejo, o nível de ozônio, enfim, toda uma gama de soluções”, explica Shei.

por Leda Malysz

Além de empresas, a Preamar atende a universidades e aquários públicos

Good water Preamar produces rotational molded tanks in

titanium, which support both saltwater and freshwa-ter, including a water heating/cooling system based on environmental needs. Another product is Skim-mer, a filter able to retain very fine organic particles. When providing attendance, Preamar team conducts visits to production centers, public aquariums, and research institutes, providing solutions for liquid transfer, mechanical or biological filtration, thermal control, maintenance, parts, and farm projects, all of them aiming to maintain the water quality.

Agua de calidadPreamar produce tanques rotomoldeados en ti-

tanio, que apoyan tanto el agua salada cuanto dulce, con sistema que calienta y enfría el agua de acuerdo con las necesidades ambientales. Otro producto es el Skimmer, filtro que retiene las partículas orgáni-cas muy finas. Preamar realiza visitas a centros de producción, acuarios públicos e institutos de inves-tigación, proporcionando soluciones para la transfe-rencias de líquido, filtración mecánica o biológica, control térmico, mantenimiento, piezas y proyectos de granjas, todo para mantener la calidad del agua.

Entre os diferenciais da Preamar está o desenvolvimento de uma base de dados para os clientes

Base de dados compreende fluxo de água, bombeamento e detalhamentos e datas com as medidas

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Caso de suCesso

A aquicultura desenvolvida de forma sustentá-vel é a grande esperança para a manutenção dos estoques de peixes selvagens nos rios, ma-res e oceanos. Entre 1995 e 2011, a produção mundial de pescados subiu de 116 milhões

de toneladas para 154 milhões, um crescimento suprido pelo setor, cuja participação passou de 21% do merca-do (25 milhões de toneladas), em meados da década de 1990, para 41% em 2011 (63,6 milhões de toneladas), mantendo estável a contribuição da pesca de captura. Os números estão na cabeceira do empresário Tito Livio Capobianco Jr., um dos sócios-fundadores da Geneseas, empresa criada em 2001 e que atua em diversos elos da

A Geneseas aposta suas fichas na tilápia, espécie que agrada ao gosto dos consumidores brasileiros e possui grande mercado nos Estados Unidos

Peixe atraente

Dificuldade em obter licenças

ambientais é um dos entraves do

setor, segundo Capobianco Jr.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 65

cadeia produtiva de tilápia, da produção do alevino a sua engorda, beneficiamento e distribuição.

Além de Capobianco, outros dois sócios (todos exe-cutivos do mercado financeiro) começaram a empresa após vasta pesquisa no setor de aquicultura para identi-ficar qual seria a espécie mais promissora a ser cultivada. A escolha pela tilápia se deu em função do grande po-tencial de consumo desse peixe, que tem as caracterís-ticas mais demandadas pelos consumidores: coloração branca no filé, sem espinhos e com sabor suave. Com sedes nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, a Geneseas tem uma carteira de quase três mil clientes ativos (de supermercados a redes de food service, hotéis e restaurantes), e deve fechar 2014 com o abate de sete mil toneladas de tilápia inteira. A média de crescimento da empresa é de 30%. Cerca de 5% da produção é ex-portada, e o principal mercado são os Estados Unidos.

A Geneseas tem quatro unidades produtoras de ale-vinos e juvenis de tilápia, em tanques escavados, que abastecem quatro fazendas de engorda, em tanques re-des. Essa estratégia de divisão da produção tem como objetivo a diminuição do risco de falta de abastecimen-to. “Caso alguma das fazendas sofra intempéries climá-ticas que afetem sua produção, conseguiremos manter um fornecimento adequado, por meio das outras uni-dades”, explica Capobianco Jr.

Por Fabiana Henrique

Criação de tilápia ao redor do mundo:

135 países de 5 continentes*

* de aCordo Com a Fao, é a espéCie

mais globalizada

produção brasileira

253,8 mil toneladasFonte: boletim estatístiCo da pesCa

e aquiCultura 2011/mpa

Produtores ainda carecem de

fornecedores de produtos e serviços

adequados, diz Capobianco Jr.

An attractive fish The Geneseas operates in various links of the pro-

duction chain of tilapia, from fingerlings production to fattening, processing and distribution. It had been cho-sen due to its great potential for consumption, which has the most desired features by fish consumers: whi-te colored fillet, no thorns, and mild flavor. With offices in São Paulo and Mato Grosso do Sul, Geneseas has a portfolio of nearly 3,000 active customers and should end the year of 2014 with the slaughter of 7,000 tons of whole tilapias. About 5% of the production is expor-ted, and the main market is the United States.

Pescado atractivoGeneseas opera en diferentes eslabones de la

cadena de producción de tilapia, de la producción de alevín al engorde, beneficiamiento y distribución. La elección por la especie se debe al gran potencial de consumo de este pez, que tiene las características más demandadas por los consumidores: coloración blanca en el filete, sin espinas y sabor suave. Con se-des en las provincias de São Paulo y Mato Grosso do Sul, Geneseas cuenta con casi 3 mil clientes activos y debe terminar el año de 2014 con 7 mil toneladas de tilapia entera. Alrededor del 5% de la producción se exporta y el principal mercado es Estados Unidos.

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201466

O estado do Mato Grosso, maior produtor de soja do País, espera ser reconhecido em breve como o líder nacional na pro-dução de pescados. O estado deve pro-duzir, em até três anos, um volume de

700 mil toneladas/ano, o que representaria aproxima-damente 70% da produção nacional atual. Isso se deve à vocação natural da região para a piscicultura – re-cursos hídricos, clima e topografia favoráveis, além da grande oferta de insumos (milho e soja), o que reduz custos de produção.

Mas não são apenas os fatores naturais que alavan-cam a piscicultura no Mato Grosso. O investimento em pesquisa e tecnologia para cultivo de espécies nati-vas tem feito a diferença na produtividade de empresas

rede cheia

Caso de suCesso

A Delicious Fish atua do desenvolvimento

genético à venda de cortes temperados e congelados

Delicious Fish espera crescer 20% ao ano e atingir a produção de 20 mil toneladas em até seis anos, a partir de melhorias genéticas e de tecnologias de cultivo de espécies nativas

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 67

Atualmente, a Gaspar Piscicultura produz 15 milhões de alevinos por anopara criação própria e venda

Full fishnetThe research and technology investment for the

native species cultivation was a differential in the productivity of companies like Delicious Fish, which opened the biggest cold storage and meat market of native fish in Brazil, located in Sorriso (MT), in May, 2014. It was founded in the 1990s by Gaspar Group, who intended to add value to the grain production turning vegetable protein in animal one. Today, Deli-cious Fish accounts for the production of 3.5 tons of tambaqui and 1.5 thousand tons of pintado Amazon fish – their goal is to grow 20% annually and reach the production of 20 thousand tons by 2020.

Red completa La inversión en investigación y tecnología para

cultivar especies nativas ha hecho una diferencia en la productividad de las empresas como Delicious Fish, que inauguró en mayo de este año el mayor frigorífico de peces nativos en Brasil, en la ciudad de Sorriso (Mato Grosso). La empresa fue creada en 1990 por el Grupo Gaspar, que pretendía agregar va-lor a la producción de granos transformando proteí-na vegetal en proteína animal. Hoy, Delicious Fish es responsable por la producción de 3,5 toneladas de tambaqui y 1,5 mil toneladas de pintado amazónico - la meta es crecer un 20% al año y alcanzar una producción de 20 mil toneladas hasta 2020.

como a Delicious Fish, que inaugurou em maio deste ano o maior frigorífico de peixes nativos no Brasil, na cidade de Sorriso. A empresa foi criada na década de 1990 pelo empresário do agronegócio João Pedro da Silva, controlador do Grupo Gaspar, que pretendia agregar valor à produção de grãos transformando pro-teína vegetal em proteína animal.

Em 2010, o Grupo Gaspar passa a investir tam-bém em pesquisa e produção de alevinos de pirarucu em cativeiro, e no ano seguinte foi criada a Genetic Fish Rise, constituída por pesquisadores doutores em piscicultura que já haviam trabalhado em parceria com a Delicious Fish e com a Embrapa em um projeto de melhoramento genético de espécies nativas, como ca-chara e tambaqui. Segundo o zootecnista Darci Carlos Fornari, um dos três sócios da empresa, o principal objetivo é desenvolver tecnologias aplicadas a pisci-cultura, ao melhoramento genético, ao uso de biotec-nologias reprodutivas e à elaboração de projetos para otimizar a produtividade.

Hoje, a Delicious Fish é responsável pela produ-ção de 3,5 toneladas de tambaqui e 1,5 mil toneladas de pintado amazônico – a meta é crescer 20% ao ano e atingir a produção de 20 mil toneladas até 2020. “Os

principais mercados-alvo estão nas regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, resume Fornari. A empresa opera com três sistemas de criação: extensi-vo (para ambientes grandes, com até 100 hectares, e com pouco uso de tecnologia), semi-intensivo (áreas de 1 a 50 hectares) e intensivo raceway (cultivo aden-sado, com criação de até 100 toneladas por hectare). “O grande desafio é a elaboração de projeto eficiente, com adoção de tecnologia e dimensões adequadas para peixes nativos, assistência técnica especializada para cuidar da ração e do manejo da qualidade da água, além do controle de custos e da aquisição de alevinos de qualidade”, ressalta o pesquisador.

Por Fabiana Henrique

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Caso de suCesso

Fazenda centenária de Minas Gerais investe em larvicultura própria para aumentar a produção de camarão-da-malásia

Quitute mineiro

Dependência de fornecedores distantes não é garantia consistência de produção

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M inas Gerais não possui litoral. Mas é no estado que funciona uma empresa que se tornou referência nacional na criação de uma espécie que, para a maioria das pessoas, só combina mesmo com água

salgada: o camarão. A carcinicultura foi introduzida em 1996 na Fazenda São Pedro, no município de Prata, por Maria Aldeide da Costa Borges, descendente de uma fa-mília que há 160 anos administra a propriedade. Com a recente conclusão do seu laboratório de larvicultura, a empresa pretende produzir até 10 toneladas anuais de camarão da malásia (Macrobrachium rosenbergii), uma espécie de água doce que atinge peso médio de 30 gra-mas – podendo chegar a 120 gramas – e com até 30% menos colesterol que o sete barbas.

Atualmente, a empresa Camarão de Prata vem pro-duzindo quatro toneladas anuais do crustáceo, quanti-dade que só dá conta de um restrito mercado formado por restaurantes da Região Sudeste. Com o novo labora-tório, a empresa pretende atingir mais estados brasileiros e exportar para países como Portugal, Espanha e Estados Unidos. “A criação de larvas era o único estágio do nosso processo que ainda dependia de fornecedores distantes, o que não nos garantia consistência na produção. Com a conclusão do laboratório de larvicultura, podemos ter maior controle. Planejamos criar 2,6 milhões de pós--larvas por ano”, afirma Maria Aldeide.

As pesquisas para montar o laboratório de larvicul-tura começaram logo nos primeiros anos de fundação da Camarão de Prata. A parceria com instituições como a Universidade Estadual Paulista (Unesp – Campus Jabo-ticabal), a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e o Centro Universitário do Triângulo Mineiro (Unitri) foi essencial para fazer o projeto avançar.

E todo o conhecimento desenvolvido durante essas pesquisas não fica guardado a sete chaves na Camarão de Prata. Há alguns anos, Maria Aldeide oferece cursos e estágios para quem deseja aprender a cultivar camarão de água doce, recebendo estudantes e empreendedores de todo o mundo. As aulas teóricas e práticas são mi-nistradas pela proprietária, que pretende disseminar a carcinicultura não apenas na região do Triângulo Mi-neiro, mas em outras partes do País. “O Brasil é um país muito rico em água doce, e o camarão da malásia tem alto valor agregado. Isso pode ajudar muitos pequenos produtores a exportarem, juntos, um produto de grande qualidade”, projeta a empresária.

Por Leo Laps

Camarão de água doce tem bom

potencial de exportação

A delicacy from Minas GeraisShrimp farming was introduced in 1996 at Fa-

zenda São Pedro, in Prata (MG), by Maria Aldeide da Costa Borges. Currently, Camarão de Prata produces 4 tons of crustaceans, which is sufficient to attend only the market formed by restaurants in the Southe-ast region. With the recent opening of the laboratory’s own hatchery, with a capacity of 2.6 million post--larvae per year, the company plans to produce up to 10 tons of shrimp from Malaysia (Macrobrachium rosenbergii), and sell it to internal market and coun-tries as Portugal, Spain and the US.

Especialidad de Minas GeraisLa cría de camarones se introdujo en 1996 en

Fazenda São Pedro, en la ciudad de Prata (MG), por Maria Borges. Actualmente, Camarão de Prata pro-duce 4 toneladas anuales del crustáceo, cantidad que abastece un restricto mercado de la región Su-deste del país. Con la finalización del laboratorio de larvicultura propio, con capacidad para 2,6 millones de pos larvas por año, la empresa planea producir hasta 10 toneladas anuales de camarón de Malasia (Macrobrachium rosenbergii), y vender a otras re-giones de Brasil y países como Portugal, Espanã y Estados Unidos.

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Caso de suCesso

mexilhões longa vida

A atmosfera modificada foi o pulo do gato da Cavalo Marinho, maior indústria de mexi-lhões frescos do Brasil. A tecnologia era novi-dade quando o engenheiro de alimentos Ale-xandre Paupitz a conheceu na Fispal de 2006,

a feira internacional de embalagens. Naquele mesmo ano, adaptou para os produtos da empresa a mistura de gases que substitui o ar de dentro da embalagem e au-menta de cinco para vinte dias o prazo de validade do alimento. “Foi fundamental para a consolidação da Ca-valo Marinho no mercado. Nos permitiu quadruplicar o shelf life de itens resfriados como o mexilhão, o polvo, o vôngole, os ingredientes para paella e a carne de siri”, diz o presidente da empresa, Luiz Valle.

Hoje, a Cavalo Marinho opera no mercado na-cional de mexilhões frescos sem concorrentes à altura. Localizada na Enseada do Brito, em Palhoça (SC), a fá-brica processa 400 toneladas de matéria-prima por ano, com o mexilhão como carro-chefe do mix de produtos. O próximo passo é partir para a exportação.

Estão previstas para 2016 a automatização do des-conche e aquisição de novas balsas de plantio, colheita e transporte do mexilhão, com investimento total de R$ 6,5 milhões. “Sairemos de uma capacidade instalada de 480 toneladas de matéria-prima por ano para 4,3 mil toneladas por ano. A meta do grupo é chegar a 2018 com 7,5 tonela-das por ano”, afirma Luiz Valle. O plano de negócios para exportar o mexilhão brasileiro tem o suporte de um player importante do setor de pesca, o Grupo Leardini, que ad-quiriu o controle acionário da Cavalo Marinho em 2011.

Um dos desafios atuais da empresa é ampliar sua área

A Cavalo Marinho agora se prepara para entrar no mercado internacional

long life mussels The modified atmosphere was a distinguishing

approach set out by Cavalo Marinho, the fresh mus-sels’ largest industry in Brazil. The technology, whi-ch extends the expiry date of the food from five to 20 days, allowed the company to be consolidated in the country and pursuit the international market. The factory processes 400 tons of raw materials per year, and aims to reach 7.5 tons per year in 2018.

Mejillones de larga vida La atmósfera modificada fue el gran negocio

de Cavalo Marinho. La tecnología, que aumenta de cinco a 20 días la vida útil del alimento, permitió a la compañía consolidar en el país y aspirar el mercado internacional. La fábrica procesa 400 toneladas de materia prima por año, y su objetivo es llegar a 2018 con 7,5 toneladas por año.

de produção. A Cavalo Marinho está autorizada a cultivar em uma área de 16 hectares, mas tem em tramitação final nos órgãos competentes um pedido de mais 64 ha e quer obter outros 150 ha em 2016.

A clandestinidade no setor também é uma pedra no sa-pato. “Basta ir aos mercados públicos, por exemplo, para ver mexilhão sendo vendido sem rótulo do produtor, sem SIF, em pacotes sem identificação alguma de nada”, diz Valle. Por Mateus Boing

Uso da tecnologia de atmosfera modificada aumenta a validade do alimento e ajuda a Cavalo Marinho a se consolidar no mercado nacional

Mateus B

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Tecnologia que aumenta a validade de mexilhões

frescos facilitará o cesso da iguaria em

restaurantes distantes das áreas de produção

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caso de sucesso

Nobre das coNchas

A região de Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, está se convertendo em um dos mais importantes centros produtores de vieira (Nodipecten nodosus), ou coquille, um molusco nobre muito apreciado pelos afi-

cionados da boa gastronomia. De quebra, a localidade, pertencente ao município de Angra dos Reis, conquista um forte aliado para a divulgação de suas belezas natu-rais: como a vieira exige águas limpas para se reproduzir,

As vieiras têm um sabor diferenciado, mais adocicado em relação aos mexilhões e às ostras

A região de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, vem se consolidando como o principal centro produtor de vieiras do Brasil, molusco muito apreciado na alta gastronomia

isenta de poluentes orgânicos, o sucesso de sua produ-ção constitui um atestado natural de excelência ambien-tal. Desde 1998, a Associação dos Maricultores da Baía da Ilha Grande (AMBIG) vem desenvolvendo o cultivo de coquilles, atendendo hoje a diversos estabelecimen-tos comerciais do Rio e de São Paulo.

O desenvolvimento da maricultura, e, em par-ticular, da vieira em Ilha Grande, é um exemplo de como uma região pode desenvolver de forma susten-

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 73

tável seu potencial econômico. Esta história de sucesso teve início no começo dos anos 1990, quando técnicos chilenos prestaram assistência para os primeiros expe-rimentos com o molusco. Empresários e pesquisado-res da região entusiasmaram-se, criando o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED--BIG) e um laboratório. O tiro foi certeiro. Com a adesão de empresas como Petrobras, Eletronorte e Fur-nas Centrais Elétricas, e com uma parceria estabelecida com a prefeitura de Angra e com a Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro (Fiperj), um laboratório maior foi implantado no município. “Os esforços fo-ram tão bem sucedidos que hoje o carro-chefe de nossa produção é o coquille”, explica André Luiz de Araújo, responsável técnico do Projeto Maricultura na Costa Verde, da Prefeitura de Angra.

Além dos ganhos com a atividade, os associados da AMBIG, em torno de cem pessoas, quase todas ex-pescadores artesanais, conquistaram outra grande vantagem: se antes eram obrigados a ficar longe de suas famílias durante dias, em busca de cardumes, agora trabalham em casa junto com seus familiares – e gas-tando muito menos do que se estivessem embarcados. A comercialização é feita de forma individual, pelos as-sociados, que vendem sua produção para turistas e res-taurantes do Rio e de São Paulo. A produção é de cerca de 25 mil dúzias/ano, e o preço, em torno de R$ 35 a dúzia. O IED-BIG fornece as sementes; o material utilizado (lanternas) é adquirido no mercado nacional.

O sabor diferenciado, mais adocicado em relação aos mexilhões e às ostras, assegura uma clientela fiel. No Rio, restaurantes como o Satyricon, o Anriquarius e o Olympe têm nos pratos à base de vieiras seus maio-res atrativos. “Quem aprecia a boa mesa com certeza terá no coquille uma de suas preferências gastronômi-cas”, assegura o empresário, mergulhador e maricultor Carlos Kazuo Tonaki, que comanda a AMBIG.

por Flávio Cardozo Jr.

Noble of shells The region of Ilha Grande in Rio de Janeiro coast

is becoming one of the most important production centers of scallop (Nodipecten nodosus), or coquille, a noble mollusk, highly appreciated by gourmand. Also, the localization in the municipality of Angra dos Reis helps a lot for the dissemination of its na-tural beauty. As the scallop requires clean water for breeding, free of organic pollutants, the success of its production is a natural certificate of environmen-tal excellence. The Aquacultures Association of Ilha Grande Bay (Ambig) produces about 25,000 dozen per year, distributed to retailers in Rio and São Paulo. The price is around BRL 35 per dozen.

Noble de las conchas La región de Ilha Grande, en la costa de Rio de

Janeiro, se está convirtiendo en uno de los centros de producción más importantes de vieira (Nodipecten nodosus). La región pertenece a la ciudad de Angra dos Reis, conquista un fuerte aliado para la difusión de su belleza natural: como la vieira requiere agua limpia para reproducirse, libre de contaminantes or-gánicos, el éxito de su producción es un certificado natural de excelencia ambiental. La Asociación de maricultores de la Baía da Ilha Grande (Ambig) pro-duce alrededor de 25 mil docenas por año. El precio es alrededor de R$ 35,00 la docena.

Em Santa Catarina, o cultivo de vieiras não foi bem-sucedido, pois esse

molusco é sensível às variações de salinidade,

comuns na região

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 73

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U m município de pouco mais de 17 mil ha-bitantes, localizado no litoral norte gaúcho, é palco de uma história de superação. Foi ali em Imbém que, em 1999, surgiu a Ranasul, empresa dedicada à produção e à comercia-

lização de rãs. Os tempos eram difíceis no País, espe-cialmente para quem pretendesse ingressar em um ramo de negócio em que a informação e a assistência técnica eram praticamente inexistentes. Mesmo assim, o empre-sário Jorge Raimundo Zimmer pôs mãos à obra e, com a ajuda da família, conseguiu consolidar um empreen-dimento que hoje é referência no Rio Grande do Sul.

A Ranasul Criação e Comércio de Rãs do Sul so-freu um baque logo de saída. Jorge importou do Canadá 100 matrizes de rã-touro, mas, em razão da dificuldade de adaptação ao clima do Sul do País, 35 delas morre-

PersistêNcia PremiadaA Ranasul conseguiu vencer as adversidades com muita engenhosidade e hoje é referência em ranicultura, fornecendo 500 quilos de carne por mês para mercados e restaurantes do estado

caso de sucesso

O sistema de alimentação dos animais foi desenvolvido pelo próprio proprietário, ex-diretor de metalúrgica

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ram logo nos primeiros dias. “Demorou um pouco para percebermos que criar rãs por aqui é bem diferente de criá-las em outras regiões do Brasil. Não havia técnicos para nos ajudar, e a literatura sobre o assunto também era muito escassa, como, aliás, é ainda hoje”, conta a administradora Ariana Zimmer, filha de Jorge. Uma das dificuldades iniciais foi contornada por Jorge, 67 anos, de forma engenhosa. Ele utilizou os conhecimentos ad-quiridos como diretor industrial em uma metalúrgica para facilitar a alimentação dos animais. Como as rãs não comem nada que esteja parado, o criador construiu recipientes vibratórios para manter a ração em suspen-são. Funcionou. Mais tarde, a instalação de um filtro biológico assegurou não só uma melhor qualidade da água utilizada, mas a racionalização de seu uso. Antes, eram consumidos 15 mil litros de água por dia; hoje, ela pode ser reutilizada, representando uma redução de 30% nos gastos com energia.

Como os processos de produção são automatiza-dos, a empresa necessita de apenas dois funcionários nesta área e de outros dois na administração. O abate-douro e a criação são inspecionados pelos órgãos com-petentes. Agora, a empresa prepara-se para receber um selo de certificação que permitirá à Ranasul ingressar em outros mercados do Brasil. É o que falta para elevar sua produção, hoje em torno dos 500 quilos de carne por mês, direcionada em sua maior parte a supermercados e restaurantes de Porto Alegre.

Para Ariana, um grande incentivo ao setor poderia

Rewarded persistenceRanasul faced many challenges when it was

created due to the lack of available knowledge. But the difficulties were overcome with a lot of creativity by the owner Jorge Zimmer. He used the knowledge acquired as a metallurgical industrial director to fa-cilitate the feeding of animals. Later, the installation of a biological filter assured not only a higher qua-lity of water used, but the rationalization of its use, which decreased the energy costs in 30%. Once the production processes are automated, the company needs only two employees in this area. The current production generates around 500 kilos of meat per month, distributed mostly to supermarkets and res-taurants of Porto Alegre.

Persistencia premiadaRanasul enfrentó muchos desafíos cuando fue

creada, debido a la falta de conocimientos disponi-bles. Por otro lado, el propietario Jorge Zimmer ha superado con mucha creatividad las dificuldades. Él utilizó los conocimientos adquiridos como direc-tor industrial metalúrgico para facilitar la alimenta- ción de los animales. Más tarde, la instalación de un filtro biológico aseguró no sólo una mayor calidad del agua utilizada, pero también la racionalización de su uso, lo que garantizó una reducción del 30% en costos de energía. Como los procesos de produc-ción son automatizados, la empresa necesita sólo dos empleados en esta área. La producción actual es de alrededor de 500 kilos de carne al mes, di-reccionadas principalmente a los supermercados y restaurantes de Porto Alegre.Automatização do sistema de produção torna necessário o

trabalho de apenas dois funcionários

ser uma maior divulgação dos benefícios que a carne de rã oferece – tem pouco colesterol, baixo índice de calorias, alta digestibilidade e excelente sabor, sendo especialmente indicada para quem apresenta alergia a proteínas. “Nosso consumidor padrão é de classe média alta, mas uma boa divulgação certamente auxiliará na popularização deste produto, que é excelente para a saúde”, diz Ariana.

Por Flávio Cardoso Jr.

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201476

caso de sucesso

A Claeff desenvolve tecnologias de cultivo e aproveitamento energético de microalgas

algo a mais O cultivo de microalgas é considerado por

pesquisadores uma importante alternativa de alimento e energia limpa para as próxi-mas décadas. Tradicionalmente utilizadas como aditivo para nutrição de processos

fermentativos de bactérias e leveduras, as microalgas já são fonte também para biodiesel e para produção de ali-mentos e cosméticos, graças ao avanço de técnicas ino-vadoras empregadas na área.

Um exemplo de empresa que vem concentrando es-forços em pesquisa e desenvolvimento para novos pro-dutos e abertura a outros mercados no Brasil é a Claeff Engenharia, localizada no município de Paudalho (PE). Há 16 anos em atividade, a empresa começou atuando na desinfecção de águas para consumo humano, e hoje desenvolve soluções técnicas nas áreas de energia reno-

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 77

vável, tratamento de resíduos, controle biológico e culti-vo de microalgas. A empresa produz em média 40 quilos de massa seca de microalgas por mês e já tem patentes para cultivo em grandes represas, “da maneira como se criam tilápias em tanques flutuantes”, compara Cláudio Truchlaeff, diretor de pesquisa e desenvolvimento. A Claeff conta com quatro laboratórios nas áreas de culti-vo, produção, análise de contaminantes e produção de nutrientes. Nos últimos cinco anos, o foco foi o desen-volvimento de tecnologias e depósitos de propriedade intelectual para buscar novos mercados – a empresa já venceu diversos projetos de inovação (Finep em 2007, 2009 e 2012; CNPQ) e firmou parceria com o Senai de Pernambuco e com universidades federais do estado. “Ainda somos uma microempresa, mas dobramos o fa-turamento do ano passado para cá. Nosso foco atual é

O uso de microalgas para obtenção de

energia vem sendo pesquisado por

vários países

Going the extra mile The micro-algae cultivation is considered an

important food and clean energy alternative for the coming decades. Traditionally used as a nutritional feed additive in the fermentation process of bacteria and yeast, micro-algae are also used as a source for biodiesel, and food and cosmetic production. Claeff Engenharia is an example of company that has been focusing on research and development for new pro-ducts and opening other markets in Brazil, producing an average of 40 kilos (105 pounds) of micro-algae dry mass per month and already having patents for cultivation in large dams.

Algo más El cultivo de microalga es considerado una al-

ternativa de alimento y energía limpia. Tradicional-mente utilizadas como un aditivo para nutrición de procesos de fermentaciones de bacterias y levadu-ras, las microalgas también ya son fuente para bio-diesel y para la producción de alimentos y cosméti-cos. Un ejemplo de una empresa que se ha centrado en la investigación y desarrollo de nuevos productos y apertura a otros mercados en Brasil es Claeff In-geniería, que produce un promedio de 40 quilos de masa seca de microalgas por mes y ya cuenta con patentes para el cultivo en grandes represas.

a introdução de produtos no mercado e a obtenção de investimentos para os vários processos produtivos de-senvolvidos”, afirma Truchlaeff.

A favor desse mercado, considera o diretor, estão a procura de instituições internacionais para parcerias e a alta taxa de crescimento no cultivo da empresa, em virtu-de de o Nordeste estar muito próximo da linha do Equa-dor e ter água salobra em abundância. “Não consegui-mos ainda olhar para fora do País”, justifica. Em relação à produção de biogás, Truchlaeff acredita que ainda não é o momento. “Apesar de os números mostrarem a viabi-lidade, temos que ter muito investimento em pesquisas e altos investimentos para cultivo em maior porte. O bio-diesel com microalgas será uma realidade quando sentir-mos o grande aperto do aquecimento global e tivermos que pagar preços mais altos pelo combustível”.

Por Fabiana Henrique

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201478

A pesca industrial representa um importante elemento do desenvolvimento socioeconô-mico do Brasil. Reconhecida como indús-tria de base desde 1966, a atividade engloba a captura de espécies de peixes, crustáceos e

moluscos e se diferencia da pesca artesanal pelos tipos de embarcações utilizadas, que são maiores, e também pelas vinculações trabalhistas que envolvem pescado-res e empresas. Apesar de registrar bom desempenho,

o setor apresenta gargalos que comprometem o incre-mento da produção. Entre eles, estão a dificuldade de mão de obra especializada, a concorrência com produ-tos importados, a adaptação à legislação de inspeção sanitária e de trabalho nos barcos e a falta de subsídios para renovação da frota e dos equipamentos.

Para o empresário Evaldo Kowalsky, diretor da In-dústria de Pescados Kowalsky, de Itajaí (SC), o grande entrave para o setor, atualmente, está nas relações co-

Aumento da produção da pesca extrativa exige investimentos na renovaçãoe modernização da frota e um maior equilíbrio nas relações de comércio exterior

desafios deNtro e fora d’água

Panorama

A pesca de atuns e outros peixes de

águas profundas é o atual desafio no Brasil

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 79

merciais de importação e exportação e na valorização da moeda americana. “Entre os anos de 1990 e 2003, chegamos a ter 65% do nosso faturamento vinculado à exportação. Hoje, com o aumento do dólar e a falta de uma política clara de incentivo federal, esses números representam cerca de 25%. E, nesse mesmo contexto, nosso mercado interno foi tomado por produtos impor-tados, que recebem subsídios e entram com preços que prejudicam e tornam a competitividade desigual”, relata o empresário. O setor pesqueiro pleiteia que a alíquota sobre a entrada no País de produtos processados – que deve representar 50% das importações em 2014 – passe de 10% para 35%.

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) tem participado da busca por melhorias e de-senvolvimento do setor por meio da Câmara de Desen-volvimento da Indústria da Pesca. Entre os esforços está o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC) para a economia do mar e para o relacionamen-to direto com os vários representantes do setor em esca-la estadual e nacional. Para o presidente da Câmara da Pesca, Dario Luiz Vitali, apesar do crescimento, o setor ainda está distante de países mais desenvolvidos nessa atividade. “Podemos, sim, melhorar muito ao longo dos próximos anos, se definitivamente investirmos em

tecnologia e aprimorarmos em toda a cadeia produti-va. O primeiro dos grandes desafios é fazer com que a atividade seja de fato equiparada aos demais segmentos do agronegócio, buscando também essa equivalência no cenário mundial”.

ExpoenteSanta Catarina é um dos destaques nacionais na

produção de pescado de origem marinha, de acordo com o último Boletim Estatístico da Pesca Industrial no estado, divulgado em março de 2014 e com período de estudos relativos ao ano de 2012. Igualmente, pos-sui o maior parque pesqueiro industrial. Os números apresentados são realmente animadores. O volume de pescados desembarcado na costa catarinense ultrapassou as 157 mil toneladas (15% do total da produção brasi-leira), o que representa um recorde nacional nos últimos 22 anos e um acréscimo de quase 30% em relação ao ano anterior das análises.

Para o secretário de Estado da Agricultura e da Pes-ca, Airton Spies, a relevante participação decorre de al-guns diferenciais. “Santa Catarina corresponde a 7,2% de toda a extensão da costa brasileira e é privilegiada com cinco portos, com destaque para Navegantes e Itajaí, facilitando a logística para as indústrias de pes-

A modernização das embarcações é outra carência da indústria pesqueira brasileira para atuar na captura em águas oceânicas

Ranking da pesca extRativa

estado marinha (t) continental (t) total (t)

Pará 87.509,3 55.402,7 142.912,0

santa catarina 121.960,0 643,3 122.603,3

rio de Janeiro 78.933,0 1.366,9 80.299,9

bahia 59.293,0 17.508,4 70.620,4

maranhão 44.599,0 25.743,5 70.342,5

amazonas 0,0 63.743,3 63.743,3

Fonte: Boletim estatístico da Pesca e aquicultura, 2011.

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201480

ca. Além disso, temos um litoral favorável à captura do pescado, rico em espécies presentes nos mares da costa brasileira. O estado tem ainda uma tradição na indús-tria pesqueira com um alto grau de profissionalização e tecnologia”, destaca o secretário.

A maior concentração de empresas e produção da pesca industrial de Santa Catarina está na região que compreende os municípios de Itajaí, Navegantes e Porto Belo, respondendo por mais de 20% do volume nacio-nal de pescados. É o maior polo pesqueiro do Brasil, responsável por mais de 90% dos postos de trabalho do setor, com 10 empresas de processamento e gerando cer-ca de 3 mil empregos diretos e 1,5 mil indiretos. Além disso, a cadeia produtiva da pesca impacta a economia com empregos nas áreas de construção naval, reparos de embarcações, insumos e produtos. No estado todo, o setor é responsável por 8,5 mil trabalhadores.

Por Sandro Waltrich

Panorama

pRincipais espécies da pesca maRinha (em toneladas)

Peixes 482,3 mil

sardinha-verdadeira 75,1 mil

corvina 43,4 mil

Bonito listrado 30,6 mil crustáceos 57,3 mil camarão-sete-barbas 15,4 mil camarão-rosa 10,3 mil

caranguejo-uçá 6,9 mil moluscos 14 mil mexilhão 3,8 mil

sururu 2,1 mil

Polvo 2,1 mil Fonte: Boletim estatístico da Pesca e aquicultura, 2011.

pRincipais espécies da pesca continental (em toneladas)

curimatã 28,6 mil

Piramutaba 24,8 mil

Jaraqui 16,6 mil

dourada 14,5 mil Pescada 13,1 mil Pacu 11,1 mil camarão 5,8 mil

Fonte: Boletim estatístico da Pesca e aquicultura, 2011.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 81

Challenges in and out of water

The fish industry is an important element of socio-economic development in Brazil, but faces limitation that compromise the increase in production. Among them is the difficulty of skilled labor, competition with imported products, adaptation to sanitary and work legislation on the boats, and the lack of subsidies for fleet and equipment renewal. For the entrepreneur Evaldo Kowalsky, director of the Kowalsky Fish Indus-try, of Itajaí (SC), the currently major obstacle for the industry lies in the import and export trade and the US currency appreciation. The industry claims that the tax rate for the imported processed product in the country may rise from 10% to 35%.

For the president of Federation of Industries of the State of Santa Catarina (FIESC), Dario Luiz Vitali, des-pite recording growth, the industry is still far from the most developed countries in this activity: “Yes, we can improve a lot over the next few years if we definitely invest in technology and improvements in the entire production chain. The first of the main challenges is to make the activity become in fact equivalent to other agribusiness segments.”

Desafíos dentro y fuera del aguaLa pesca industrial es un elemento importante

del desarrollo socioeconómico de Brasil, pero enfrenta dificultades que comprometen el aumento de la pro-ducción. Entre ellos, la dificultad de mano de obra ca-lificada, la competencia con productos importados, la adaptación a la legislación de inspección sanitaria y de trabajo en los barcos y la falta de subsidios para la re-novación de la flota y equipamiento. Para el empresario Evaldo Kowalsky, director de la Industria de Pescados Kowalsky, de la ciudad de Itajaí (Santa Catarina), el principal obstáculo para el sector se encuentra actu-almente en el comercio de importación y exportación y en la valoración de la moneda estadounidense. El sec-tor espera que la tasa sobre la entrada de productos procesados en el país suba del 10% al 35% .

Para el presidente de la Cámara de la Pesca de la Federación de Industrias de Santa Catarina (FIESC), Dario Luiz Vitali, apesar de registrar crecimiento, el sec-tor aún está lejos de los países más desarrollados en esta actividad. “Podemos mejorar mucho en los próxi-mos años invirtiendo en tecnología y mejoras en toda la cadena productiva. El primer gran reto es hacer que la actividad sea de hecho equivalente a los otros segmen-tos de la agroindustria.

Apesar de crescente, a produção pesqueira do

Brasil não está entre as 20 maiores do mundo

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A peixaria São Pedro, em São Francisco do Sul (SC), foi o cenário do primeiro ato de uma ins-tigante jornada. Após a demissão causada pela falência da empresa em que trabalhava, David Kowalsky resolveu aproveitar uma área ao lado

da casa onde residia com a família para abrir uma modesta peixaria. No final da década de 1970, a Indústria de Pesca-dos Kowalsky passou a funcionar no município de Itajaí, de tradição portuária e pesqueira. Em 1989, os filhos Evaldo e José Francisco Kowalsky assumiram o comando dos negó-cios, entrando nos anos 1990 em franca expansão.

Hoje, a Indústria de Pescados Kowalsky destaca-se como uma das mais expressivas do País, sendo a única empresa da Região Sul credenciada para exportar pesca-do fresco por via aérea. A Kowalsky conta com frota de 10 barcos, um deles com 38 metros e capacidade para até 200 toneladas congeladas a bordo, além de cami-nhões específicos, estrutura de armazenagem e logística. “Quando meu pai começou, eram 200 quilos de pesca-do por dia, e hoje já atingimos por volta de 8 mil tone-ladas por ano, com destaque para a sardinha e o atum”, ressalta Evaldo Kowalsky. Por Sandro Waltrich

The awarded overcomeAfter the firing caused by the bankruptcy of the

company where he worked for 50 years, David Ko-walsky decided to take advantage of the area next to his home and open a modest fishmonger with the aid of his family. Nowadays called Today Kowalsky Fish Industry, the company has a fleet of 10 boats, trucks, warehouse and logistics structure. It creates 200 di-rect jobs, attending the Brazilian market and other countries. The annual production is around 8000 tons per year, mainly of sardines and tuna.

Superación premiadaTras la dimisión provocada por la quiebra de la

empresa donde trabajó, hace 50 años, David Kowal-sky decidió aprovechar un pequeño espacio al lado de su casa para abrir una modesta pescadería. Hoy la Industria de Pescados Kowalsky cuenta con una flota de 10 barcos, atiende al mercado brasileño y mantie-ne negocios de exportación con países de América del Sur y Europa, además de Estados Unidos. La produc-ción anual es alrededor de 8 mil toneladas.

Após perder o emprego, há 50 anos, David abriu uma peixaria que se tornou a Indústria de Pescados Kowalsky

Superação valorizada

caso de sucessoD

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 83

T udo começou com a pesca da lagosta em For-taleza (CE). Era 1965 e o jovem Gil Bezerra, bancário e apreciador da pesca, resolveu apli-car na captura da lagosta o pouco dinheiro de que dispunha. Para facilitar a atividade, Gil

construiu um barco de madeira. A embarcação chamou a atenção e logo foi comprada. Marcava-se ali uma mu-dança de rumo, e o jovem empreendedor percebeu o sinal. O foco passou a ser a construção de barcos, negó-cio que rapidamente prosperou em um período em que a pesca iniciava vertiginoso crescimento. Em 1969 era inaugurada a Indústria Naval do Ceará – INACE.

O estaleiro é precursor de inúmeras técnicas de construção naval na iniciativa privada do Brasil, entre elas o uso de alumínio. Ao longo das décadas, a empresa não parou de prosperar. Instalada em mais de 118 mil m², a INACE conta com um cais de atracação com mais de 350 metros e possui capacidade de processamento mensal de 200 toneladas de aço ou 70 toneladas de alu-mínio, gerando mais de 650 empregos diretos.

A empresa também tem até um hotel 5 estrelas, ao lado do estaleiro e de frente para a Praia de Iracema, permitindo a hospedagem de clientes de todo o mundo.

Por Sandro Waltrich

EntrepreneurshipIt all started with lobster fishing in Fortaleza.

In 1965, the young Gil Bezerra, banking and lover of fishing, decided to invest his own little money in catching lobster. In order to facilitate the activity Bezerra decided to build a wooden boat. His boat drew attention and was soon purchased. That mo-ment Bezerra shifted the focus to boatbuilding, at the same time that fishing had started to be deve-loped at a fast pace. In 1969, the Naval Industry of Ceará State (INACE) was opened.

Emprender e innovar Todo comenzó con la pesca de la langosta en

Fortaleza. Era el año de 1965 y el joven Gil Bezerra, bancario y aficionado a la pesca, se decidió aplicar el poco dinero que tenía en la captura de langosta. Para facilitar la actividad, Bezerra decidió construir un barco de madera. La embarcación llamó la atención y pronto la compraron. Comenzaba entonces un nue-vo negocio, cuyo foco se convirtió en la construcción de barcos, en un período en que la pesca presentaba un rápido crecimiento. En 1969, inauguró la Industria Naval de Ceará – INACE.

A INACE, um dos maiores estaleiros do Brasil, começou quando o jovem Gil Bezerra construiu um barco de madeira para pescar lagosta

descoberta ao acaso

caso de sucessoD

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PANORAMA DA PEscA E AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 83

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Menos é MaisSistemas produtivos com reutilização de água geram menos custos e agregam valor ao pescado por serem sustentáveis

inovação

O s processos e produtos de aquicultura no Brasil enfrentam a dificuldade de uma cul-tura relativamente nova e a falta de forma-ção técnica e de parâmetros para a explo-ração da atividade. Atualmente, entre os

principais gargalos do setor estão a produção de ração e o licenciamento ambiental, áreas que têm recebido o apoio de pesquisas de instituições como a Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (AQUA-BIO). Mas, assim como em outros países, o uso da água é um dos principais entraves e tem exigido a experimen-tação de novas tecnologias de cultivo e processamento.

A incoerência na legislação é um dos complicadores para a questão do licenciamento ambiental, segundo Katt Lapa, pesquisadora responsável pela comunicação da AQUABIO. “Muitas vezes, fomenta-se a produção sem que se saiba que tipo de efluente ela vai gerar.” A profes-sora avalia que, apesar de alguns esforços do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), como a simplificação do ca-dastro no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), ainda é necessária muita mão de obra para alcançar a for-malização. “Há muita movimentação neste sentido, mas ainda é algo bastante polêmico”, afirma Katt, que coor-dena um projeto de extensão de fomento à legalização de produtores no Departamento de Aquicultura da Univer-sidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Uma padronização da quantidade mínima de água para o processamento de alguns tipos de pescado deve ser concluída até dezembro de 2015 pela pesquisa “Ge-renciamento hídrico aplicado a entrepostos de pescado”, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-brapa). Coordenado pela unidade de Pesca e Aquicultu-ra, em Tocantins, o projeto é realizado em parceria com mais duas unidades da Embrapa e com cinco universi-dades. O objetivo é validar um modelo que sirva como balizamento para a indústria e possa ser utilizado futu-ramente pelo MPA para normatização e fiscalização do setor. Participam do estudo quatro empresas de diferen-

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ação

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 85

tes País e diferentes nichos de atuação, como conserva e processamento de tilápia, tambaqui e pintado. Segundo o pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Giova-ni Bergamin, a proposta é que seja empregada a menor quantidade de água possível com a reutilização do recur-so, hoje feita por poucas empresas. Além de diminuir o custo, a alternativa pode agregar valor ao pescado. “A tendência é que o produto seja valorizado também pela questão da sustentabilidade”, destaca Bergamin.

Fora o aspecto sustentável, a diminuição das trocas de água pode reduzir o risco de proliferação de doenças que afetam determinadas espécies e melhorar significa-tivamente sua produtividade, como tem sido compro-vado por algumas tecnologias de cultivo de camarão desenvolvidas por empresas especializadas da Região Nordeste. “O sistema de produção com renovação de água é extremamente arriscado porque pode estar con-taminado”, afirma o engenheiro de aquicultura Bruno Scopel, que trabalha na MCR Aquicultura e na Acqua-zul Soluções para Aquicultura, focada em produtos es-pecializados. A partir de produtos naturais, muitos deles importados, é possível construir um sistema de baixa troca de água, ecologicamente equilibrado e mais pro-dutivo, adequado para produções de alta densidade. O sistema possibilita a interiorização do cultivo, demanda crescente devido ao preço elevado das áreas no litoral brasileiro e ao licenciamento ambiental complicado. A alternativa também pode ser utilizada com tilápia e há pesquisas em andamento para a tainha. Segundo Sco-pel, as dificuldades para a disseminação da tecnologia, que foi desenvolvida nos Estados Unidos, são a falta de mão de obra especializada no Brasil e o investimento, que costuma ser inviável para produtores menores.

Principalmente para esse grupo, o acesso a crédito é também um obstáculo. “Como o setor é muito pulve-rizado, muitas vezes as empresas não conseguem finan-ciamento devido ao seu porte”, explica Luis Felipe de Souza, gerente do Departamento de Agronegócios e Ali-mentos da Finep. Além do programa Inova Agro, que em 2013 contemplou algumas empresas de piscicultu-ra, a Finep não possui uma linha voltada para o setor. Segundo Souza, a instituição deve continuar lançando programas de integração de instrumentos semelhantes, mas ainda não há definição de tema ou data para os próximos editais. Atualmente, a opção para os pequenos e médios produtores é o Finep 30 dias, que contempla projetos de até R$ 10 milhões para empresas com fatu-ramento máximo de R$ 90 milhões.

por Mariana Rosa

Less is more

Both processes and products of aquaculture in Brazil face the difficulties of a relatively new culture, lack of training, and technical parameters to explore the activity. Among the major limitations in industry today is the production of ration and environmental licensing, but, as in other countries, water use is a major constraint and has been requiring experimen-tation with new cultivation and processing techno-logies. A standardization of the minimum amount of water for processing some types of fish has been defined by a piece of research called “Water Mana-gement Applied to Fish Warehouses”, carried out by Embrapa. The proposal is to use the least possible amount of water by reusing it, a process that has been adopted by a few companies. Besides lowe-ring the costs, this alternative can add value to the fish based on the issue of sustainability. Also, decre-ase of the exchange of water can reduce the risk of spreading diseases that affect certain species and significantly improve productivity, as has been sho-wn, as has been proven by some of shrimp farming technologies developed by specialized companies in Northeast Brazil.

Menos es más

La acuicultura en Brasil enfrenta la dificultad de una cultura relativamente reciente, la falta de forma-ción técnica y de parámetros para la exploración de la actividad. Entre los principales desafíos del sector están la producción de ración y la licencia ambien-tal. Pero, así como en otros países, el uso del agua es uno de los principales obstáculos. La propuesta consiste en utilizar la menor cantidad de agua po-sible con la reutilización del recurso, procedimiento adoptado por pocas empresas. Además de reducir el costo, la alternativa puede agregar valor al pescado por la cuestión de sostenibilidad. Por otro aspecto, la reducción de cambios de agua puede reducir el ries-go de propagación de enfermedades. que afectan a determinadas especies y mejorar significativamente su productividad.

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Salto de produtividadeFazenda aquícola Squilla conseguiu aumentar a produção em 10 vezes na última década com uso de sistema mixotrófico

INOVAÇÃO

C om as dificuldades que envolvem a pro-dução no litoral, a interiorização dos cul-tivos tem se mostrado boa aposta mesmo para aquicultores de espécies tipicamente marinhas, como o camarão-branco-do-

-pacífico (Litopenaeus vannamei). É o caso de Diego Nobre, que experimentou variados sistemas de baixa troca de água e alta densidade e já conseguiu duplicar a capacidade da sua produção, localizada na Cidade de Aperibé (RJ). Pioneiro na produção do crustáceo no estado, atualmente o empreendedor se dedica a um projeto em parceria com o governo estadual do Rio para incentivar o modelo de cultivo na cidade, com fornecimento de linhas de crédito de até R$ 60 mil, cujo lançamento está previsto para o início de 2015. O objetivo é melhorar a economia local e atender ao consumo de aproximadamente de 1,4 mil toneladas de camarão por mês, volume que hoje é suprido pela pro-dução da Região Nordeste.

Trabalhando com aquicultura há aproximdamente 14 anos, Nobre teve sua primeira experiência com baixa troca de água em 2005, com o sistema floco bacteriano, obtendo produção máxima de 40 unidades de camarão por metro cúbico. Em 2008, adotou o sistema hete-rotrófico e alcançou a produção de 200 unidades por metro cúbico. Há aproximadamente seis meses, utiliza o sistema mixotrófico na Fazenda Squilla, em Aperibé, e tem produzido em média 400 unidades por metro cúbico. Controlado com produtos naturais, como fitô-planctons e probióticos, o sistema possui 0% de troca

Animais sofrem menos estresse com o sistema de produção utilizado na Fazenda Aquícola Squilla, de Aperibé (RJ)

de água, sendo necessário complemento de 5% de água devido à evaporação. “Até então, eu não conhecia os produtos com bactérias nitrificantes, era tudo muito caro, muito difícil”. Nobre ressalta que, além dos pro-bióticos, para alcançar o crescimento é fundamental o uso da larva HB12 fornecida pela Aquatec, uma larva híbrida própria para altas densidades. “Hoje, posso di-

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ação

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 87

Atual sistema de produção adotado por Diego Nobre exige apenas reposição de água perdida por evaporação

A surge in productivity The cultivation internalization has been proven

being worthy for those who farms typical marine species, such as the Pacific white shrimp (Litope-naeus vannamei). Diego Nobre tested different sys-tems with low water exchange and high density and has already doubled the capacity of its production. For the last six months he has been using the mixotrophic system on the Squilla farm, producing an average of 400 units per cubic meter. Controlled by natural pro-ducts, the system has 0% of water exchange, being necessary an addition of 5% water due to evaporation. Furthermore, it requires less manpower.

Salto de productividad La interiorización de los cultivos ha demostra-

do una buena apuesta incluso para los agricultores de especies típicamente marinas como el camarón blanco del Pacífico (Litopenaeus vannamei). Diego Nobre experimentó diferentes sistemas con bajo intercambio de agua y alta densidad y ya ha logra-do duplicar la capacidad de su producción. Hace seis meses utiliza el sistema mixotrófico en la granja Squilla y ha producido un promedio de 400 unidades por metro cúbico. Controlado con produc-tos naturales, el sistema posee un 0% de cambio de agua, siendo necesario la adición de un 5% de agua debido a la evaporación. Además, requiere menos mano de obra.

zer com segurança que o sistema pode ser utilizado para criar até 500 unidades de camarão por metro cúbico.”

Além do aumento da produção, o sistema mixo-trófico simplifica o processo de controle da amônia, o que diminui a necessidade de mão de obra especiali-zada, e garante o equilíbrio iônico da água, fator que é importante para controlar o estresse dos animais. Outras vantagens em relação ao sistema heterotrófico são que não há risco de contaminação com nitrito e os resíduos podem gerar subprodutos sustentáveis com o uso de um clarificador, que transforma os sólidos em suspensão em adubo orgânico.

Por Mariana Rosa

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201488

Novo destiNoA Pescados Pinhal, em parceria com o SENAI, espera dar um aproveitamento de maior valor agregado à metade dos resíduos gerados na produção de filés de tilápia

INOVAÇÃO

E specializada na produção de filés de tilápia, a cooperativa catarinense Pescados Pinhal, de Chapecó, procurou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da região para encontrar uma destinação ao

alto volume de resíduos gerado na produção, que che-ga a 70% do volume da produção diária de uma tone-lada. Contemplada com um edital interno do Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas de San-ta Catarina, a demanda resultou no desenvolvimento de um presunto defumado de tilápia. O alimento é baseado na norma IN no. 20, que define como fonte para apresuntado o membro superior do animal – no caso do peixe, o filé que se localiza na parte externa –,

Presunto defumado de tilápia preserva todas as propriedades

funcionais do pescado

e ficou em segundo lugar na última edição do prêmio Inova SENAI.

A empresa tinha problema com o resíduo de tilá-pia, precisava agregar valor e não sabia como”, afirma Riveli Brigido, pesquisadora do Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas que coordenou o projeto. A cooperativa utilizava a carcaça e o filé menor para confecção de ração animal e buscava uma alternati-va com valor de mercado mais elevado. Tendo em vista as propriedades funcionais do pescado, os pesquisadores sugeriram a elaboração de um produto para alimenta-ção humana. Segundo Riveli, a composição do presunto mantém as características nutricionais de filés in natura, como a presença de todos os aminoácidos essenciais, vi-

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 89

Evisceração e outras etapas da produção de

filés de tilápia geram resíduos equivalentes a 70% do volume original

Testes de degustação mostraram boa aceitação do presunto de tilápia

New destinationSpecialized in tilapia fish filet production, the co-

operative from the State of Santa Catarina, Pescados Pinhal, contacted SENAI to find a destination for the high volume of residue created, which reaches 70% of a ton in a daily production. The demand resulted in the development of the smoked tilapia filets. The product composition keeps the nutritional characte-ristics of the nature filet, as well as the presence of all essential amino acids, fat-soluble vitamins and B complex, and the high level of unsaturated fatty aci-ds such as omega 3.

Nuevo destino

Especializada en la producción de filetes de ti-lapia, la cooperativa catarinense Pescados Pinhal ha buscado SENAI (Servicio Nacional de Aprendizaje In-dustrial) para encontrar un destino a la gran cantidad de residuos generados, que alcanza el 70% del vo-lumen de la producción diaria de una tonelada. Esta demanda ha resultado en el desarrollo de un jamón ahumado de tilapia. La composición del producto mantiene las características nutricionales de los fi-letes como la presencia de todos los aminoácidos esenciales, vitaminas liposolubles, complejo B y la alta cantidad de ácidos grasos insaturados, como el omega 3.

taminas lipossolúveis e do complexo B e a alta quanti-dade de ácidos graxos insaturados, como o Ômega-3.

“Acreditamos que do resíduo podemos extrair de 40% a 50% de polpa para a produção de presunto”, afirma Lauro Munaretto, gerente da cooperativa, que aguarda a aquisição de uma despolpadora para cálcu-los mais precisos. A fabricação na Pescados Pinhal deve começar em 2015, após a conclusão da construção de instalações próprias para a produção do presunto. Além das obras, custeadas com financiamento de R$ 480 mil junto ao governo estadual e ao SICOOB Crediauc, o novo produto deve demandar a contratação de ao me-nos cinco novos funcionários.

Por Mariana Rosa

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Na mesa de casa e do shoppiNgMais do que um novo canal de vendas, a franquia de restaurantes especializados em pescados, criada pela Colpani, valoriza a produção e aproxima a marca do consumidor

INOVAÇÃOD

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 201490

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 91

U ma vantagem da piscicultura sobre a pesca extrativista é a possibilidade de controle sobre o produto fornecido. A fim de ex-plorar ao máximo este diferencial, a Col-pani Pescados, parte do Grupo Águas Cla-

ras, investiu em um projeto de franquia de restaurantes especializados em frutos do mar, a Colpani Fish Grill. A experiência com a nova modalidade de sistema de vendas começou em 2010, quando o grupo chegou a possuir quatro unidades em operação, utilizadas como base para protocolar o processo e apresentar o proje-to ao franqueado. Duas delas eram churrascarias que já pertenciam ao grupo, onde o peixe foi introduzido como estratégia para agregar valor ao churrasco. “To-dos os modelos atingiram seus objetivos para o grupo no sentido de trazer as informações de gerenciamento que precisávamos captar”, avalia Martinho Colpani, um dos fundadores da empresa, que atualmente possui apenas uma unidade de treinamento, e trabalha com a oferta de dois modelos principais de franqueamento, o de restaurante de rua e o de shopping. Além dos pratos básicos, como a tilápia à milanesa e à parmegiana, há a possibilidade de acrescentar ao cardápio opções regio-nais, de acordo com o local da franquia.

“Estamos em contato com o cliente no supermer-cado e agora também durante seu lazer, no shopping e no restaurante, levando confiabilidade ao consumo de pescado”, afirma Martinho. Mais do que escoar parte da produção de pescados do grupo, que no caso da ti-lápia é de 50 toneladas por mês, o objetivo do sistema de vendas é aproximar a marca do consumidor final e apresentar a ele a cadeia produtiva que garante a qua-lidade do alimento oferecido. “A ideia principal é o si-nergismo da marca”, explica Martinho.

O investimento inicial varia entre R$ 230 mil e R$ 340 mil, de acordo com o modelo, e a previsão de faturamento médio é de R$ 60 mil a R$ 80 mil por mês. A princípio, a ideia é atuar no entorno do esta-do de São Paulo, devido à logística da produção dos pratos, que é realizada em cozinha industrial na sede da empresa, em Mococa (SP), com capacidade para atender até dez franquias. Colpani, no entanto, não descarta propostas de outras regiões: “estamos abertos à avaliação de cada caso”.

Por Mariana Rosa

A Colpani Fish Grill é a única rede brasileira de franquias de restaurantes especializada em peixes

Always with consumers

The Colpani Pescados company, from Grupo Águas Claras, is placing their bets on a new type of sales system, a project of restaurants franchi-se specialized in seafood, the Colpani Fish Grill. Besides the basic dishes such as crunchy tilapia and parmigiana, there is the possibility of adding regional menu options based on the location of the franchise unit. Besides aiding on the distribution of the fish production in the group, which in the case of tilapia is 50 tons per month, the goal of the sales system is to bridge the gap between brand and ul-timate consumer.

Siempre al lado de los consumidores

Colpani Pescados, del Grupo Águas Claras, está apostando por un nueva modalidad de sistema de ventas, un proyecto de franquicia de restauran-tes especializados en pescados y mariscos, la Col-pani Fish Grill. Además de los platos básicos tales como tilapia empanada y a la parmigiana, existe la posibilidad de añadir al menú opciones regiona-les de acuerdo con la ubicación de la unidad. Más que aprovechar parte de la producción de peces del grupo, que en el caso de la tilapia es de 50 tonela-das por mes, el objetivo del sistema de ventas es acercar la marca al consumidor final.

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Base científica

Pesquisas são o caminho para o setor nacional de aquicultura desenvolver todo o seu potencial

pesquisa

O sucesso da agricultura e da pecuária brasi-leira não pode ser dissociado das pesquisas científicas desenvolvidas nos últimos 40 anos por universidades e institutos de pes-quisa, em especial a Embrapa, e da transfe-

rência desses conhecimentos para o setor produtivo. Essa estrutura permitiu a criação de um modelo próprio e ade-quado às condições de solos e as condições climáticas do Brasil, que ao longo desse período passou de importador de alimentos básicos a um dos maiores produtores mun-diais de carnes, grãos e outros itens do agronegócio.

Estratégia semelhante vem sendo aplicada para de-senvolver o setor de aquicultura no País, que nos últimos 10 anos viveu um boom de produtores, mas ainda apre-senta produção bem aquém de seu potencial. De acordo com informações do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA), nos últimos cinco anos o número de bolsas de produtividade concedidas em todo o País aumentou em torno de 25%, passando de 12 mil em 2008 para 15 mil

Futuras instalações da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO)

em 2013. Já o número de pesquisadores subiu de 112, em 2009, para 276, em 2013. “As instituições como a Embrapa e as universidades vêm cada vez mais conse-guindo organizar suas estruturas e seus laboratórios para gerar uma pesquisa de qualidade”, afirma Eric Routledge, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, unidade criada em 2009 em Palmas (TO) justamente com o objetivo de intensificar a geração de novas tecnologias para a aquicultura e a pesca no Brasil.

A prevenção de doenças é uma das grandes preocu-pações, segundo Routledge. “Você pode perder 20 tone-ladas de peixes de um dia para o outro se não houver re-médio para determinada doença, ou se não foi feito um trabalho de diagnóstico e prevenção”, esclarece. As ne-cessidades nutricionais também variam de acordo com a espécie e a idade do peixe. “Muitas espécies não têm requerimento definido e precisamos descobrir isso para que a indústria de ração atenda às necessidades reais”.

Uma enquete entre pesquisadores divulgada em

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 93

2012 pela Sociedade Brasileira de Aquicultura e Bio-logia Aquática (AQUABIO) revelou cinco áreas de pesquisa que deveriam ser contempladas com editais específicos: melhoramento genético, exigências nutri-cionais, sistemas de produção, boas práticas de mane-jo e transferência de tecnologia. Segundo Katt Regina Lapa, editora da AQUABIO, “é importante olhar para as informações levantadas na época e atualizá-las acres-centando como demanda o licenciamento ambiental, que é uma das dificuldades do setor produtivo”.

Para atender às demandas do setor, Routledge ex-plica que “para a aquicultura, necessita-se de labora-tórios para manter os peixes reprodutores e as pesqui-sas nas áreas de biologia e reprodução, tanques para testes de diferentes dietas na nutrição e laboratórios específicos para trabalhar com doenças, além de es-tratégias para fazer a informação chegar ao produtor”. Segundo ele, as questões referentes às boas práticas de manejo, por exemplo, já foram bastante exploradas pelos pesquisadores, mas ainda há dificuldade para os produtores se apropriarem dessas técnicas. “Não se trata apenas de gerar conhecimento, mas tirá-lo das prateleiras das universidades e repassá-lo”, avalia.

Por Daniele Martins

Scientific basis

The success of Brazilian agriculture and animal husbandry cannot be dissociated from scientific re-search carried out in the last 40 years by universities and research institutes, especially Embrapa, and the transfer of this knowledge to the productive sector. This structure enabled the creation of a suitable mo-del for the conditions of soil and climate of Brazil, which over that period has gone from basic importer to one of the largest producers of meats, grains, and other agribusiness food items. A similar strategy has been applied to develop the aquaculture industry in the country, which experienced a boom of producers in the last 10 years, but is still far from achieving its potential. Disease prevention is a major concern, according to Eric Routledge, Head of Research and Development of Embrapa Fishery and Aquaculture. Another concern regards the definition of the nutri-tional needs based on native species in order to cre-ate specific rations.

Base científica El éxito de la agricultura y de la ganadería bra-

sileña no puede disociarse de la investigación cien-tífica llevada a cabo en los últimos 40 años por las universidades e institutos de investigación, en par-ticular, la Embrapa (Empresa brasileña de Pesquisa Agropecuaria), y en la transferencia de estos cono-cimientos al sector productivo. Esta estructura per-mitió la creación de un modelo propio y adecuado a las condiciones de suelo y de clima de Brasil, que a lo largo de este período ha pasado de importador de alimentos básicos a uno de los mayores productores de carnes, granos y otros alimentos de la agroin-dustria . Una estrategia similar se ha aplicado para desarrollar el sector de la acuicultura en el país, que en los últimos 10 años experimentó un auge de pro-ductores, pero todavía tiene una producción muy por debajo de su potencial. La prevención de enferme-dades es una de las grandes preocupaciones, según Eric Routledge, Jefe de Investigación y Desarrollo de Embrapa Pesca y Acuicultura. Otra preocupación está relacionada a las necesidades nutricionales de las especies nativas para la formulación de raciones específicas.

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Ponto certoTrabalhos da UEM sobre farinha de peixe apontam a quantidade ideal a ser inserida nas receitas para que não haja alteração de sabor e odor

pesquisa

O processamento da carne de pescado, cada vez com mais espaço no mercado, gera resíduos altamente nutritivos, que po-dem ser incorporados em alimentos para consumo humano. É o que descobriu a

pesquisadora Maria Luiza Rodrigues de Souza Franco, professora do Curso de Zootecnia da Universidade Es-tadual de Maringá (UEM). Desde 2004, ela vem tra-balhando em pesquisas no preparo de farinha com es-ses resíduos, e agora já apresenta opções que podem ser

Objetivo da pesquisa é aproveitar o máximo possível dos pescados

para alimentação humana

inseridas em vários produtos sem que haja comprome-timento do sabor ou do cheiro original do alimento.

“A tilápia voltada para a industrialização gera de 60% a 70% de resíduos na produção do filé”, explica a pesquisadora. Essa sobra, normalmente reutilizada na fabricação de farinha de peixe para consumo ani-mal, é rica em proteínas e minerais que podem con-tribuir para uma melhoria da qualidade da dieta hu-mana. “Usamos o espinhaço e a cabeça para produzir um concentrado a partir de técnicas de processamen-

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 95

to. Essa farinha tem alto teor de proteínas, minerais e ácidos graxos, e pode substituir a farinha normal em vários alimentos”, esclarece.

Na pizza, por exemplo, é possível utilizar 20% dessa farinha no lugar da farinha normal. Segundo a professora, é essa a quantidade necessária para que se obtenha um bom resultado sem que o gosto ou cheiro do pescado seja percebido. “Além da massa, estamos fazendo inclusão em carne, o que é uma ótima opção para que pessoas que não gostam de peixe tenham acesso aos seus nutrientes”, avalia. A inclusão da fa-rinha de peixe já foi testada em salgados, como no biscoito de polvilho. O resultado foi surpreendente: com 15% de substituição de farinha normal pela fari-nha de peixe, o teor de proteína do produto aumen-

Hitting the jackpotThe processing of fish, with an increasing ma-

rket share, generates highly nutritious waste that can be incorporated into foods for human consump-tion. This is what the researcher the Maria Luiza Ro-drigues de Souza Franco, researcher of the animal husbandry program at Universidade Estadual de Ma-ringá discovered. Since 2004 she has been carrying out research the on preparation of flour with such waste and currently presents options that can be in-serted into various products without compromising the original taste or the original smell either.

Punto justo El procesamiento de la carne de pescado, cada

vez con más espacio en el mercado, genera resi-duos altamente nutritivos que pueden ser incorpo-rados en los alimentos para el consumo humano. Fue lo que descubrió la investigadora Maria Luiza Rodrigues de Souza Franco, profesora del Curso de Zootecnia de la Universidade Estadual de Maringá. Desde 2004 ha estado trabajando en investigacio-nes en la preparación de harina con este tipo de residuos y actualmente ya tiene opciones que se pueden insertar en varios productos sin compro-meter el sabor o el olor original.

Maria Luiza Rodrigues de Souza Franco, da UEM, trabalha desde 2004 na pesquisa

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tou de 1,93% para 10,29%. O desafio foi acertar a mão nas receitas doces.

Para bolachas, a quantidade de farinha substituída depende do sabor. Biscoitos caseiros, que têm sabor mais leve, aceitam apenas 12% de farinha de pescado. Se a receita tiver chocolate, baunilha ou cravo, que são mais acentuados, essa porcentagem pode subir para 30% sem comprometimento do gosto. Como a técnica requer infraestrutura, a inserção dessa farinha de peixe no mercado ainda depende de parcerias com o setor produtivo. “Além de servir para a alimentação humana, o reaproveitamento dos resíduos é um favor para o meio ambiente”, afirma Maria Luiza.

Por Daniele Martins

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esPécie PromissoraUdesc desenvolve tecnologias de cultura de robalo-flecha, peixe marinho de alto valor comercial e ainda não cultivado no mundo

pesquisa

U ma pesquisa realizada pelo Laboratório de Aquicultura da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), pode ser a porta de entrada para o cultivo comercial de robalo--flecha no mundo. Sob o aspecto econômi-

co, a aposta na espécie é certeira porque apre-senta alto valor comercial. A carne, considerada nobre, tem atualmente preço médio de R$ 38 o quilo.

“Se pararmos para pensar, há 20 anos o salmão era comida de rico. Com o desenvolvimento da salmonicultura no Chile, segundo maior produtor mundial da espé-cie, o preço caiu consideravelmen-te, e hoje, inclusive, é comum en-contrar no mercado filés de tilápia mais caros do que filés de salmão”, avalia Giovanni Lemos de Mello, coordenador do Laboratório de Aquicultura. “Atualmente, um sal-mão pode levar apenas dois dias entre a retirada da gaiola no Chile e a mesa do brasileiro”, completa. Para ele, só o cultivo e o aumento da produção do robalo-flecha farão com que o seu preço caia.

Mas, segundo o professor, “para desenvolver o pacote tecnológico de qualquer espécie de peixe, ainda mais de peixe marinho, é necessário muito investimento governamental

em pesquisa”. Outro gargalo apontado é a falta de ra-ções comerciais para o cultivo dos robalos no Brasil. Como o robalo-flecha é um peixe carnívoro, não con-segue aproveitar o alimento natural presente nos siste-mas de produção, como faz a tilápia, por exemplo. Ele depende exclusivamente de ração.

Os estudos foram iniciados pela Rede Catari-nense de Pesquisa em Piscicultura Marinha (UFSC,

Udesc, Epagri e Univali), a partir de sua criação em 2009. A Udesc é responsável pelas pesquisas com o robalo-flecha em fazendas de cultivo de cama-rão, como também em sistemas de recirculação de água em laboratório. “O nosso papel neste processo é desenvolver pesquisas dos sistemas de cultivo para a espécie, focando nas etapas de pré-engorda e engorda, ou seja, desde a produção de peixes juvenis de 3 gramas até espécimes de 500 gramas ou 1 quilo, pesos comerciais de abate”, explica Mello.

Duas espécies de robalo estão entre os 10 peixes marinhos mais cultivados no mundo: o robalo-europeu, cultivado em vários países da Europa, principalmente em gaiolas no Mar Mediterrâneo, e o robalo-asiático, muito pro-duzido também em vários países da Ásia e da

Oceania. Já o robalo-flecha ainda não é culti-vado comercialmente em nenhum país. “Produzir peixes marinhos de alto valor de mercado, em áre-as bem pequenas, dentro de galpões, representa acabar com as fronteiras entre o mar e os princi-

pais centros consumidores do País”.

Por Daniele Martins

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 97

Os estudos do laboratório da UDESC envolvem desde a produção de juvenis de 3 gramas até espécimes com peso de abate, de 500 gramas a 1 quilograma

Pesquisas são desenvolvidas em sistemas de recirculação de água em laboratório e também em fazendas de criação de camarão no litoral sul de Santa Catarina

O trabalho analisa efeitos de salinidade, temperatura e alimentação na sobrevivência, no crescimento e na atividade de enzimas digestivas da espécie, de forma a gerar um pacote tecnológico de criação

A promising speciesA piece of research carried out in Universidade

do Estado de Santa Catarina (UDESC), Laguna cam-pus, can be the starting point to the commercial cul-tivation of “common snook” in the world. Conside-ring the economic aspect, the promising species can be taken for granted based on its high commercial value. Considered a high quality meat, it currently has the average price of BRL 38 per kilo. “Producing marine fish of high market value in very small areas within warehouses represents bridging the gap be-tween sea and the main consuming centers of the country,” said Giovanni Lemos de Mello, the Coordi-nator of the Aquaculture Laboratory.

Especie prósperaUna investigación realizada por la Universidad

del Estado de Santa Catarina (UDESC), en la ciudad de Laguna, puede ser la puerta de entrada al cultivo comercial del pescado robalo blanco en el mundo. Bajo el aspecto económico, la apuesta es exacta porque la especie tiene un alto valor comercial. La carne, considerada noble, cuesta actualmente alre-dedor de R$ 38 el kilo. “Producir peces marinos de alto valor de mercado, en zonas muy pequeñas, en cobertizos, representa acabar con las fronteras en-tre el mar y los principales centros de consumo del país”, dice el coordinador del Laboratorio de Acuicul-tura, Giovanni Lemos de Mello.

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O mapeamento genético do tambaqui, do pacu e do híbrido tambacu está sendo desenvolvido pelo INPA para aprimorar seus cultivos

pesquisa

A nálises cromossômicas de tambaqui (Co-lossoma macropomum), pacu-caranha (Pia-ractus mesopotamicus) e tambacu (resultado do cruzamento entre as duas espécies, am-plamente cultivadas na piscicultura brasi-

leira e com grande semelhança morfológica, princi-palmente em estágios juvenis), foram realizadas para o mapeamento de suas sequências de DNA. Apesar de o tambaqui e o pacu-caranha serem muito cultivados e possuírem forte apelo comercial, ainda há poucos estudos sobre a genética dessas espécies e de seus hí-bridos. O projeto foi desenvolvido pela pesquisadora Leila Braga Ribeiro, do Instituto Nacional de Pesqui-sas da Amazônia (INPA).

A pesquisa permitiu a observação de diferenças im-portantes na organização do genoma desses indivíduos. Embora a hibridação – cruzamento de espécies – seja um procedimento comum na aquicultura, os híbridos apre-sentam riscos biológicos para o meio ambiente, uma vez que, se forem férteis, podem contaminar geneticamente estoques naturais e estoques de criadouro. Estudos de identificação, caracterização e monitoramento genético são necessários para viabilizar o uso sustentável desses re-cursos pesqueiros sem prejuízo para as espécies selvagens e para o ambiente natural.

“O tambacu é a espécie que requer maior atenção

nesse sentido. Estudos já relataram casos de herma-froditismo nesse híbrido, inclusive com presença de gametas bem desenvolvidos em gônadas masculinas e femininas, e o cruzamento do híbrido tambacu com suas espécies parentais já foi relatado em algumas pis-ciculturas”, explica a pesquisadora. Para ela, “o de-senvolvimento de técnicas genéticas que possibilitem a correta manipulação e obtenção de marcadores de estoques é uma área promissora, em plena expansão dentro da piscicultura”.

O diagnóstico é uma forma de identificar os indi-víduos ainda jovens por cultura de sangue para saber

em Busca de mutações

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 99

in pursuit of mutationsChromosome analysis of tambaqui fish (Colos-

soma macropomum), pacu-caranha (Piaractus me-sopotamicus) and tambacu (a cross between the two previous species), widely cultivated in Brazilian fish farming and with great morphological similarity, es-pecially during the juvenile stages, were carried out to map their DNA sequences. Coordinated by the re-searcher Leila Ribeiro Braga of the National Institute of Amazon Researches (INPA), the studies of iden-tification, characterization and genetic monitoring are necessary to make the sustainable use of such fishery feasible without jeopardizing the wildlife and the natural environment.

En búsqueda de mutacionesAnálisis cromosómicos de tambaqui (Colossoma

macropomum), pacu-caranha (Piaractus mesopota-micus) y tambacu (un cruce entre las dos especies), ampliamente cultivados en la piscicultura brasileña y con gran similitud morfológica, se llevaron a cabo para la asignación de sus secuencias de ADN. Coor-dinados por la investigadora Leila Ribeiro, del Instituto Nacional de Investigaciones de la Amazonia (INPA), los estudios de identificación, caracterización y monito-reo genético son necesarios para que posibilite el uso sostenible de estos recursos pesqueros sin perjuicio a las especies silvestres y al ambiente natural.

O mapeamento genético também tem como objetivo a preservação dos biomas

se está se trabalhando com uma espécie parental ou com um híbrido. A partir da pesquisa, com base no padrão detectado pelo mapeamento cromossômico de elementos transponíveis (sequências genéticas móveis responsáveis em parte por gerar variabilidade genética nos genomas de organismos) do tambacu, também foi possível levantar as hipóteses de que a espécie apresenta maior resistência à baixa temperatura e que o cresci-mento mais rápido pode estar associado ao aumento dessas sequências.

Por Daniele Martins

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dose idealPesquisa da FURG revela que restrição de alimentação pode aumentar a saciedade de tainhas e reduzir custos

pesquisa

A alimentação dos peixes representa a maior parte dos custos do seu cultivo. A tainha, por ser onívora e necessitar de menor con-sumo de proteínas, demanda menor uso de farinha de peixe em suas rações e, con-

sequentemente, tem produção mais barata que a dos peixes carnívoros. Para reduzir ainda mais esse custo e aumentar seu potencial de produção, uma pesqui-sa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) revelou que a restrição alimentar a uma taxa

de 80% aumenta o índice de saciedade da tainha. Isso implica uma redução de 20% na quantidade da ração e tem como resultado uma economia de 28% no investi-mento destinado à alimentação.

“O estudo de aspectos ligados à alimentação dos peixes é um fator primordial para o desenvolvimen-to da aquicultura, e a taxa de alimentação adequada é um deles”, avalia o pesquisador Eduardo Martins da Silva. “Este trabalho mostra que não é preciso alimen-tar os peixes à vontade até que parem de comer para

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 101

cré

dito

de

foto

conseguir um desempenho satisfatório dos animais, e que um regime de restrição alimentar pode melhorar a utilização do alimento consumido por eles. Isso dimi-nui o custo de operação da atividade, e propicia maior lucratividade para o produtor”, explica.

O resultado da pesquisa aponta a taxa correta de alimentação que os peixes necessitam para ter bom desempenho, sem ficar com fome, mas sem que haja exposição a um consumo excessivo de alimento, que, além de trazer custos para o produtor, diminui seu

próprio potencial de desenvolvimento. “Muita comida pode provocar diversas alterações no metabolismo dos animais, entre elas, o acumulo de gordura, que pode diminuir o rendimento do pescado e seu tempo de prateleira”, esclarece.

Um ponto que deve ser levado em conta é que a restrição alimentar pode provocar o surgimento de hierarquias, segundo as quais os peixes maiores têm mais acesso ao alimento. Essa é uma condição desfa-vorável à criação, pois pode provocar a ocorrência de canibalismo e agressividade entre os peixes. A taxa de 80% apontada pela pesquisa é o ponto de equilíbrio entre o montante de energia e proteína consumidas e os gastos energéticos para a manutenção metabólica e o crescimento somático.

Por Daniele Martins

A tainha é um dos principais

produtos da pesca no Sul do Brasil

Ideal doseThe feeding of the fish represents the largest

part of the costs of its cultivation. The farming of mul-lets, for being omnivorous and requiring a lower con-sumption of proteins, is cheaper than the farming of the carnivorous ones. To further reduce these costs, a piece of research conducted by Universidade Fede-ral do Rio Grande (FURG) revealed that restricting fe-eding to a rate of 80% increases the mullet’s satiety level. Consequently, feeding reduces in 20%, which results in a saving of 28% in the feeding costs.

La dosis ideal La alimentación de los peces representa la

mayor parte de los costos de su cultivo. La tainha, por ser omnívora y necesitar un menor consumo de proteínas, tiene una producción más barata que los peces carnívoros. Para reducir aún más este costo, una investigación realizada por la Universidade Fe-deral de Rio Grande (FURG) ha revelado que la res-tricción de alimentos de un 80% aumenta el índice de saciedad de la tainha. Esto implica una reducción del 20% de la cantidad de ración y da como resul-tado un ahorro del 28% en gastos con alimentación.

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014102

Pesca e aquicultura: construindo o conhecimento

Muito tem se falado sobre o potencial brasi-leiro em aquicultura: o país possui costa marítima de 8.500 km e 12% da água doce do planeta. São condições favoráveis para as atividades pesqueira e aquícola. Por ser um alimento saudável, o consumo de pescado tem aumentado em todo o mundo. Por consequência, o mercado também está em alta.

O grande desafio da pesquisa, hoje, é gerar co-nhecimento e tecnologia que permitam estruturar a cadeia produtiva das espécies nativas que possuem grande potencial produtivo e econômico. O pira-rucu da Amazônia é um exemplo. A Embrapa Pesca e Aquicultura lidera um projeto de pesquisa que já tem como resultado tecnologias adaptadas e valida-das, como o kit de sexagem pelo sangue dos animais adultos e os experimentos de formação de casais de pirarucu. Além disso, técnicas de manejo genético e tecnologias com base em DNA foram apresentadas para avaliação da qualidade genética dos planteis de reprodutores na região amazônica.

A indústria de processamento de pescado é outro foco da pesquisa. Um projeto coordenado pela uni-dade visa estabelecer a quantidade mínima de água gasta no processamento de determinadas espécies de peixe, garantindo a qualidade sanitária dos produtos e gerando mais economia e sustentabilidade ao setor.

Outros dois importantes projetos em execução na unidade focam na estruturação do banco de ger-moplasma de espécies nativas e no desenvolvimento de metodologias para estimar a capacidade de supor-te para cultivo de peixes em reservatórios. Os quatro projetos juntos somam aproximadamente R$ 6,8 mi-lhões. Ainda temos mais 11 projetos em andamento na área de aquicultura, com ênfase em sistemas de produção, gerenciamento, processamento de pescado

e transferência de tecnologia.A Embrapa Pesca e Aquicultura conta hoje com

92 empregados, sendo que 29 deles são doutores. A sede da unidade está sendo construída em área do-ada pelo governo do estado do Tocantins e a previsão de inauguração é para o segundo semestre de 2015. A estrutura terá 14 laboratórios, sala multiuso equi-pada para realização de capacitações e além de três campos experimentais em fase de implantação.

Com o apoio da Embrapa e das instituições de assistência técnica e extensão rural, nossos produtores vão poder agregar valor aos seus produtos, para que a população consuma um pescado de alta qualidade e alto valor nutritivo.

Carlos Magno Chefe geral da Embrapa Pesca e Aquicultura – Palmas/TO

O grande desafio é gerar conhecimento e tecnologia para estruturar a cadeia produtiva das espécies nativas com grande potencial produtivo.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 103

Fishery and aquaculture: building knowledge

Much has been said about the Brazilian aquacul-ture potential: the country has a coastline 8.500 kilo-meterslong and 12% of the freshwater on the planet. These conditions are favorable for fishing and aqua-culture activities. Since it is a healthy food, fish con-sumption has increased around the world. Therefore, the market is also on the rise.

Today, the great challenge in research is to build the knowledge and create the technology that can make possible the structuring of the productive chain of the native species that possesses great productive and economical potentials. In addition, genetic ma-nagement techniques and DNA-based technologies were presented for the genetic quality evaluation of brood stock routines in the Amazon region.

Another focus of the research is the fish proces-sing industry. Project coordinated by the unit aims to establish the minimum amount of water used in the processing of certain species of fish, ensuring the sanitary quality of the products and generating more savings and sustainability in the sector.

Two other important projects running on the unit focus on structuring the native species germplam bank and on the development of methodologies to estimate the ability to support cultivation of fish in reservoirs. The four projects together totals about R$ 6.8 million. We still have more 11 projects in progress in the aquaculture field with emphasis on production systems, management, fishing processing, and tech-nology transfer.

The Embrapa Fishery and Aquaculture currently has 92 employees, of these 29 are doctors. The unit headquarters is being built in an area donated by the Government of the State of Tocantins and the inaugu-ration is schedule to the second semester of 2015. The structure has 14 laboratories, equipped multipur-pose room for realization of trainings, as well as three experimental fields under implementation stage.

With the support of Embrapa and institutions of technical assistance and rural extension, our produ-cers will be able to add value to their products so that the population can consume fish of high quality and nutritional value.

Carlos MagnoGENERAl HEAD oF EMBRAPA FISHERy AND AqUACUlTURE – PAlMAS/To

Pesca y acuicultura: construyendo el conocimiento

Se ha hablado mucho en el potencial de Brasil en la acuicultura: el país tiene una costa de 8500 kilómetros y el 12% del agua dulce del planeta. Son condiciones favorables para las actividades de pesca y acuicultura. El hecho de que el pescado sea un alimento saludable, su consumo ha aumentado en todo el mundo y por con-secuencia, el mercado también está creciendo.

Actualmente, el gran desafío de la investigación es generar conocimiento y tecnología para estructu-rar la cadena de suministro de las especies nativas que tienen un gran potencial productivo y económico. Además, técnicas de gestión genético y tecnologías basadas en ADN se presentaron para evaluación de calidad genética de los planteles de reproductores en la región amazónica.

La industria de procesamiento de pescado es otro foco de la investigación. Proyecto coordinado por la uni-dad tiene por objetivo establecer la cantidad mínima de agua gasta en el tratamiento de ciertas especies de pe-ces, lo que garantiza la salud y la calidad de los produc-tos, generando más ahorro y sostenibilidad al sector.

Otros dos proyectos importantes en marcha tienen foco en la estructuración del banco de germoplasma de especies nativas y en el desarrollo de metodologías para estimar la capacidad de carga para el cultivo de peces en los embalses. Los cuatro proyectos conjun-tamente suman alrededor de R$ 6,8 millones. Todavía tenemos más 11 proyectos en curso en el ámbito de la acuicultura con énfasis en sistemas de producción, gestión, procesamiento de pescado y de transferencia de tecnología. Embrapa cuenta actualmente con 92 em-pleados, entre ellos 29 doctores. La sede de la unidad se está construyendo en área donada por el gobierno de la provincia de Tocantins y está programado para inau-gurar en el segundo semestre de 2015. La estructura tendrá 14 laboratorios, sala polivalente equipada para realización de capacitaciones, además de tres campos experimentales en fase de implantación.

Con el apoyo de Embrapa y de las instituciones de asistencia técnica y extensión rural, nuestros produc-tores serán capaces de agregar valor a sus productos para que la gente pueda consumir un pescado de alta calidad y valor nutricional.

Carlo Magno JEFE GENERAl DE EMBRAPA PESCA y ACUICUlTURA (ToCANTINS).

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014104

Pescadores e aquicultores podem recorrer a programas do governo federal e a linhas especiais do BNDES

crédito

Através do Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (BNDES), o governo decidiu apostar na produção de pescados e no crescimento do apetite do brasileiro por frutos do mar, . Caracterizado como um ins-

trumento que organiza as políticas econômicas e sociais do governo federal voltadas à cadeia produtiva da pesca e aquicultura, o Plano Safra prevê investimentos de R$ 4,1 milhões para expandir a aquicultura, modernizar a pesca e fortalecer a indústria e o comércio pesqueiro. O objetivo é ampliar a efetividade das ações governa-mentais e o desenvolvimento sustentável por meio de medidas de estímulo à competitividade e ao empreen-dedorismo. A meta é produzir 2 milhões de toneladas anuais de pescado até o final de 2014.

Para atender às demandas sociais e de fomento das

atividades de pesca artesanal, industrial e esportiva, e ainda da aquicultura continental e marinha, o Minis-tério da Pesca e Aquicultura (MPA) conta com os re-cursos diretos do orçamento da União e com verbas provenientes das emendas parlamentares. Os recursos destas emendas de deputados e senadores são destinados a projetos geridos por prefeituras, órgãos de governos estaduais e entidades sem fins lucrativos.

O pescador artesanal pode acessar as linhas de fi-nanciamento do BNDES como produtor rural, espe-cialmente os programas do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). Dos R$ 156,1 bilhões anunciados para o PAP 2014-2015, o BNDES participa com R$ 13,713 bi-lhões em recursos próprios, com juros equalizados pelo Tesouro Nacional.

Sob gestão da Área Agropecuária e de Inclusão

RECuRsOs PARA CREsCER

Empreendedores do ramo contam com a linha específica

Proaquicultura

Pescadores artesanais são

considerados produtores rurais

Ueslei M

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PA

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uivo M

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 105

Resources to grow The goal of the Federal Government is to produ-

ce 2 million tons of fish a year by the end of 2014, thus making Brazil become self-sufficient. Most of the funds to make the industry take off come from Plano Safra, which foresees investments of R$ 4.1 million to expand the aquaculture industry, moder-nize the fishing industry, and strengthen both fishing industry and commerce. Another important tool is the Proaquicultura program, which aims to support pro-ducers’ and fish processing industry’s investments in the construction, expansion, and modernization of production capacity.

Recursos para crecer La meta del gobierno federal es producir 2

millones de toneladas de pescado hasta el final de 2014, lo que dejaría al país en una situación de au-tosuficiencia. Gran parte de los recursos para im-pulsionar el sector proviene del Plano Safra (Plan de cosecha), que prevé inversiones de R$ 4,1 millones para expandir la acuicultura, modernización y forta-lecimiento de la industria pesquera y el comercio de la pesca. Otra herramienta importante es la Proaqui-cultura, cuyo objetivo es apoyar la inversión de los productores de pescados y de la industria procesa-dora para la construcción, ampliación y moderniza-ción de la capacidad de producción.

Social (AGRIS), o banco tem um orçamento de R$ 11,363 bilhões para os programas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 36,8% a mais que no ano agrícola anterior, e de R$ 2,35 bilhões para o Programa Nacional de Fortaleci-mento da Agricultura Familiar (Pronaf ), do Minis-tério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ao todo são 10 programas, todos já disponíveis.

Algumas alterações foram introduzidas para a safra 2014-2015, como a inclusão de novos itens financiá-veis nos programas ABC, Moderinfra e PCA, além do Moderfrota, que agora voltam a financiar máquinas e equipamentos novos. Outras alterações também mere-cem destaque, como a criação de novas linhas de apoio e o aumento de limite financiável em programas como o Moderinfra e o ProcapAgro.

No Pronaf Mais Alimentos, uma nova linha passa a financiar a aquisição de picapes e motos, com prazo de reembolso específico de seis anos, incluso até um ano de carência. Já o Pronaf Jovem passa a admitir a concessão de até três financiamentos por beneficiário, com a con-tratação do novo crédito condicionada à liquidação do financiamento anterior.

Para fortalecer a aquicultura nacional, o BNDES conta com o Proaquicultura. O programa tem como objetivo apoiar os investimentos dos produtores de pescados e da indústria processadora para a construção, a expansão e a modernização da capacidade produtiva,

além de apoiar o capital de giro associado e não asso-ciado aos projetos de aquicultura. O plano também beneficia iniciativas voltadas para modernização ou implementação de melhorias na estrutura organizacio-nal, administrativa, de gestão, de comercialização, de distribuição e de logística das sociedades atuantes no setor aquícola (produção aquícola, indústria de proces-samento de pescados e fábrica de ração para pescados).

O BNDES Proaquicultura se divide em dois sub-programas, de acordo com o tipo de investimento. O BNDES Proaquicultura Produção é destinado ao aumento de competitividade das empresas do setor aquícola por meio de financiamento da capacidade produtiva (construção, expansão e modernização) e de melhorias organizacionais. Já o BNDES Proaquicultu-ra Giro é um apoio financeiro para capital de giro para as empresas do setor aquícola.

Por Adão Pinheiro

Pronaf financia máquinas e equipamentos

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sustentabilidade

continentais. Aquelas que apresentaram a pesca como uma das principais pressões exigem medidas de gestão e recuperação de suas populações. Essas ações compõem os Planos de Ação Nacional de Conservação, que po-dem ser direcionados a espécies ou a ambientes.

“A gestão dos recursos envolve estratégias, por exemplo, limitar o número de barcos. E colocar a so-ciedade do nosso lado. Não adianta ter 100 mil fiscais se o consumidor comer uma espécie ameaçada, e todo o setor pesqueiro tem que ser sensível a essa causa”, diz a coordenadora do CEPSUL. Roberta cita o exemplo do Projeto Tamar: “Já são mais de 30 anos e agora é que estão aparecendo seus frutos. Antes capturava-se a tarta-ruga como se fosse qualquer peixe. Até entrar na cabeça do pescador que não deve tirar o ovo, que não deve co-

A tualmente, 80% dos principais estoques dis-poníveis encontram-se em exploração plena, em exploração acima de seu nível de susten-tabilidade, em fase de esgotamento ou em fase de recuperação, segundo Roberta Aguiar

dos Santos, coordenadora do Centro de Pesquisa e Con-servação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL), de Itajaí (SC). “Se for mantida a tendência, haverá um colapso da atividade até a metade deste sé-culo.” Para ela, primeiro deve ser avaliado o estado de conservação dessas espécies, ou seja, se suas populações estão em níveis de declínios que levem ao risco de ex-tinção – algumas espécies, por características próprias como maturação tardia, baixa fecundidade e grande sus-cetibilidade ao intenso esforço pesqueiro, não suportam o impacto da pesca. Um exemplo é o peixe-serra, que já não mais existe no Sudeste e no Sul do Brasil, e as po-pulações do Norte estão criticamente em perigo, com a possibilidade de serem extintas a médio prazo.

O CEPSUL está vinculado ao Instituto Chico Men-des de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que, em parceria com inúmeras instituições, fez a avaliação do estado de conservação de mais de 1,3 mil espécies de peixes marinhos e de mais de 3 mil espécies de peixes

EsTOquEs Em RisCOEstimativas indicam que se não forem tomadas medidas de conservação, o segmento da pesca entrará em colapso até a metade do século

Barco Atlântico Sul, utilizado no

levantamento de estoques

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 107

mer tartaruga, demorou. A conscientização demora, e a conversação não pode esperar”.

Carlos Vinicius Ferreira, chefe de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) em Florianópolis (SC), explica que as ações da fiscalização ainda ficam muito em cima do defeso, ou do fechamento de estações de pesca. “Temos um calendário anual em que as operações principais vi-sam fiscalizar a pesca da tainha e o consumo de pescados durante a semana santa”. Ferreira cita a falta de apare-lhamento e de mais recursos humanos como um em-pecilho para o desenvolvimento de melhores estratégias de combate à atividade pesqueira ilícita. No entanto, lembra que a tecnologia pode compensar parte desses fatores: “uma das armas mais eficientes é o sistema de rastreamento das embarcações por satélite, disponibili-zado pela Marinha. Com ele, podemos identificar movi-mentações suspeitas e flagrar embarcações em desacordo com o ordenamento pesqueiro”, destaca Carlos.

“A maior atuação hoje em dia é feita em cima da legalidade da embarcação. Há também operações em cima de petrecho proibido e do tamanho da rede. A pesca ilegal não tem só a ver com o defeso, mas com barcos que operam de forma ilegal, totalmente irregula-res”, diz Roberta sobre a captura, em especial a maríti-ma. Ela destaca ainda alguns limites impostos à pesca de determinadas espécies: em relação ao camarão-rosa e ao camarão-branco, indivíduos com tamanho inferior a 90 mm de comprimento total não podem ser capturados; em relação à sardinha, proibição para as com menos de 17 cm de comprimento; para a anchova, proibição para menores de 40 cm de comprimento total; o bagre deve ter pelo menos 30 cm de comprimento; já o caranguejo--uça, pelo menos 5 cm de carapaça.

A regulamentação da atividade de pesca é feita por meio do programa Gestão Compartilhada dos Recursos Pesqueiros entre o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ministério do Meio Ambiente. Os Comitês Perma-nentes de Gestão, formados pelo governo e por repre-sentantes da sociedade e do setor pesqueiro, orientam as decisões. Roberta explica que as Instruções Normativas estão ligadas não somente à extinção de espécies, mas a vários outros aspectos da atividade. Características de petrecho, tamanho de malha, tamanho de embarcação, captura, pesca incidental (fora da espécie foco), áreas de exclusão, rastreamento da frota pesqueira e outros assuntos também estão envolvidos.

Por Marco Túlio Bruning

stocks at risk Currently, 80% of major stocks have been fully

exploited above their level of sustainability, being now dried up or at a recovery stage, according to Ro-berta Aguiar dos Santos, coordinator of the Fishery Research and Management Center of Southeastern and Southern Brazil (CEPSUl). “Is this trend is con-tinued until the middle of this century the activity is going to collapse.” For her, the conservation status of these species should be the first thing to be asses-sed, if their population is at a declining level that may lead to extinction.

Depósitos en riesgo Actualmente, el 80% de los principales depó-

sitos están en pleno funcionamiento, operando por encima de su nivel de sostenibilidad, en fase de ago-tamiento o de recuperación, según Roberta Aguiar dos Santos, coordinadora del Centro de Investiga- ción y Conservación de la Biodiversidad Marina en el Sudeste y Sur (CEPSUL). “Si la tendencia continúa, habrá un colapso de la actividad hasta mediados de este siglo.” Para ella, primero se debe evaluar el es-tado de conservación de estas especies, si sus po-blaciones están en niveles de disminución que con-ducen al riesgo de extinción.

Roberta dos Santos (à frente, de uniforme laranja), do CEPSUL, e equipe em embarcação para trabalhos de pesquisa

Divulg

ação

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014108

opinião

Em defesa dos oceanos para alimentar o mundo

A Oceana é a maior organização mundial que trabalha exclusivamente em defesa dos oceanos. Os escritórios da América do Norte, da Europa, da América do Sul e da América Central trabalham em campanhas nacionais voltadas ao ordenamen-to da pesca e à conservação marinha, com objetivo principal de manter e recuperar a riqueza e a abun-dância natural dos mares de cada um desses países. Conhecendo as limitações e os impactos ambientais da agricultura e da pecuária, a Oceana entende que os oceanos são a única fonte de alimento capaz de sustentar uma população mundial crescente. Se bem manejados, os oceanos podem produzir mais de 700 milhões de refeições por dia, alimentando o mundo.

A Oceana Brasil, criada recentemente, traba-lhará com uma equipe de profissionais brasileiros qualificados atuando junto ao governo, à socieda-de, ao setor produtivo e a cientistas, para garantir a produtividade natural dos nossos mares e, com isso, manter ou recuperar o rendimento econômico, os empregos, a renda e a segurança alimentar através de pescarias bem manejadas. Para isso, devemos evi-tar a sobrepesca, garantindo que a exploração seja compatível com a abundância dos recursos; deve-mos evitar o desperdício, garantindo que a captura de espécies acompanhantes seja mínima; e devemos proteger berçários, agregações reprodutivas, espécies e ambientes vulneráveis.

Acreditamos especialmente na importância da ciência para identificar problemas e encontrar solu-ções. Essa é a receita que está dando certo em outras regiões do mundo e que deve ser seguida no Brasil

para proteger nossos mares e sustentar nossa pesca e nossa gente. O oceano é fonte da vida e nossa heran-ça global comum. A pesca é uma atividade insubs-tituível e capaz de alimentar o mundo. É possível manejar a pesca.

Divulg

ação

Mônica Peres Representante da Oceana no Brasil

se bem manejados, os oceanos podem produzir mais de 700 milhões de refeições por dia, alimentando o mundo.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 109

In favor of the oceans to feed the world

oceana is the world’s largest organization working exclusively in defense of the oceans. The offices in North America, Europe, South and Central America has been working on national campaigns focused on the management of fisheries and marine conservation, with the main objective of maintaining and restoring the natural wealth and abundance of the seas in each one of those countries. Aware of the limitations and the environmental impacts of agriculture and livestock, oCEANA understands that the oceans are the only food source capable of sustaining a growing world popula-tion. If well managed, the oceans can produce more than 700 million meals a day to feed the world.

The recently created oceana Brazil is going to work with a Brazilian professional and qualified team, along with the Brazilian government, society, the production sector and scientists to ensure the natural productivity of our oceans and, as a result, to maintain or regain the economic output, employment, income and food secu-rity through well-managed fisheries. In order to do this we must avoid overproduction in fishing, thus ensuring that exploitation is compatible with the abundance of resources; we should avoid wastage, ensure that the capture of by-catch species is minimal; and we also must protect nurseries, spawning aggregations, vulne-rable species and environments.

We especially believe in the importance of science to identify problems and find solutions. This is the reci-pe that has been working in other regions of the world and that must be followed to protect our seas and sustain our fisheries and our people. The ocean is the source of life and our common global heritage. Fishing is an irreplaceable activity able to feed the world. It is possible to manage fisheries.

Mônica PeresREPRESENTATIvE oF oCEANA IN BRAzIl

En defensa de los océanos para alimentar el mundo

Oceana es la organización más grande del mundo que trabaja exclusivamente en defensa de los océanos. Las oficinas de América del Norte, Europa, Sudamérica y Cen-troamérica trabajan en campañas nacionales destinadas a la gestión de la pesca y la conservación marina, con el ob-jetivo principal de conservar y recuperar la riqueza natural de los mares de cada uno de estos países. Conociendo las limitaciones y los impactos ambientales de la agricultura y la ganadería, OCEANA entiende que los océanos son la úni-ca fuente de alimento capaz de sostener a una población mundial cada vez mayor. Si se maneja bien, los océanos pueden producir más de 700 millones de comidas al día para alimentar al mundo.

Oceana Brasil, creada recientemente, trabajará con un equipo de profesionales brasileños cualificados actu-ando en conjunto con el gobierno, la sociedad, el sector productivo y los científicos para asegurar la productividad natural de los océanos y por lo tanto mantener o recupe-rar la producción económica, empleos, renta y seguridad alimentaria a través de las pesquerías bien gestionadas. Para eso, hay que evitar el exceso de pesca garantizando que la explotación sea compatible con la abundancia de los recursos; debemos evitar el desperdicio, asegurando que la captura de especies acompañantes sea mínima y; debe-mos proteger los viveros, las agregaciones de desove, las especies y entornos vulnerables.

Sobre todo creemos en la importancia de la ciencia para identificar problemas y encontrar soluciones. Esta es la manera en la cual otras regiones del mundo está traba-jando con buenos resultados, así que se debe seguir con esa idea para proteger nuestros mares y sostener nuestra pesca y nuestra gente. El océano es la fuente de vida y nuestro patrimonio global común. La pesca es una activi-dad insustituible y capaz de alimentar el mundo. Es posible gestionar la pesca.

Mônica Peres REPREsEnTAnTE dE OCEAnA En BRAsil

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014110

controle sanitário

diagnósticos implantados”. Atualmente são quatro unida-des laboratoriais, duas delas em Santa Catarina, uma em Minas Gerais e outra no Maranhão.

Outro destaque, segundo Cunha, é a Instrução Nor-mativa nº 7, de 2012, que instituiu o Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves. Foi o que possibilitou à Companhia Integrada de Desen-volvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) fazer uma parceira com o MPA para o monitoramento da cadeia pro-dutiva – é dos estados a responsabilidade pela execução das políticas públicas sanitárias na origem. “Mas os riscos exis-tentes não são totalmente eliminados pelas práticas deter-minadas pela normativa. Tem a questão da manipulação. A partir do momento em que é retirado do mar, esse produto é muito perecível. Tem que ficar estocado de forma higiê-nica, em compartimentos sempre limpos, com controle da temperatura. Independentemente de estar adequado du-rante a produção, ele pode se tornar inadequado durante a manipulação até chegar ao consumidor”, diz o gerente es-tadual de defesa sanitária animal da Cidasc, Marcos Neves.

A solução está na inspeção sanitária. O selo, que já existe há 60 anos no Brasil, ainda está sendo implantado para os animais aquáticos em nível municipal. “Já existe em esfera estadual e federal, mas são muito poucos produtores que pro-

A té a criação do Ministério da Pesca e Aquicul-tura (MPA), em 2009, a sanidade na cadeia produtiva do setor era uma atribuição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (MAPA). Atualmente, o MPA é

o responsável pela saúde animal de organismos aquáticos, enquanto o MAPA responde pela segurança dos alimentos de origem animal – no caso, o pescado. O acordo de coo-peração técnica favorece o estabelecimento de programas de controle e erradicação de enfermidades de animais aquáti-cos e do monitoramento e controle de resíduos e contami-nantes nos sistemas produtivos.

Conseguir diagnosticar as doenças e contaminações precocemente é fundamental para o desenvolvimento da cadeia aquícola. Por isso, o médico veterinário e coordena-dor-geral de sanidade pesqueira do MPA, Eduardo Cunha, afirma que “um grande passo foi criar uma rede de labora-tórios, chamada Renaqua, que pudessem garantir o diag-nóstico das doenças que ocorrem com os animais aquáticos. Essa rede já consegue responder à demanda de diagnósticos dentro do compromisso internacional do Brasil de relatar a ocorrência ou não de algumas doenças para a Organização Mundial de Saúde Animal. Em um ano após a criação da Renaqua, conseguimos saltar de dois diagnósticos para 40

AlimEnTO sEguRO

O governo federal vem estabelecendo normas

sanitárias para o setor e fortalecendo a estrutura de fiscalização, para garantir a qualidade dos ambientes de

criação e dos produtos

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 111

O Programa Nacional de Controle Higiênico

Sanitário de Moluscos Bivalves é um dos

destaques do controle sanitário brasileiro

curam essa certificação. A inspeção garante a inocuidade e a segurança do produto, se ele está próprio para consumo”. Mas, para Pedro Mansur, médico veterinário da Cidasc, “é preciso ainda a consciência de quem consome, que muitas vezes não está preocupado se aquele produto passou por pro-cesso de inspeção. Esse é o maior fator de risco, seguido pela deficiência de recursos humanos e pela pouca maturação da cadeia de produção”. Segundo ele, a informalidade na cadeia em Santa Catarina ainda é maior do que 50%.

Os próximos passos a serem tomados pelo MPA, segun-do Eduardo Cunha, são as certificações na cadeia da tilápia, que representa a maior fração dos animais produzidos no Brasil, na cadeia dos camarões marinhos, ainda em 2015, e em seguida na cadeia dos peixes nativos brasileiros, de grande importância para o Centro-Oeste e para o Norte do País. Em meados do próximo ano também entra em operação o pro-grama Embarque Nessa, de controle higiênico e sanitário de embarcações e terminais de desembarques de pescados, que define condições mínimas a serem observadas na manipula-ção, no armazenamento e no processamento a bordo.

Está prevista ainda, segundo Cunha, a discussão pública do programa Aquicultura com Sanidade, que servirá para qualquer produção de animal aquático – peixes, crustáceos, anfíbios, moluscos e répteis. O programa regras básicas de manejo, boas práticas e biossegurança na cadeia primária, além de listar doenças de notificação obrigatória e outros procedimentos de cunho técnico-operacional. São normas genéricas, mas que observam as peculiaridades da cadeia produtiva, que precisa ter diretrizes sanitárias.

Por Marco Túlio Bruning

Safe food Being able to diagnose diseases and contamina-

tion at an early stage is essential for the development of the aquaculture chain. Therefore, the veterinarian and general coordinator of Fishery Health in the Mi-nistry of Fisheries and Aquaculture (MPA), Eduardo Cunha, states that “It was a major step to create a network of laboratories that could guarantee the diag-nosis of diseases that affect aquatic animals, called Renaqua.” It is expected the public discussion of the program called “Aquaculture combined with Health”, which establishes basic rules for handling, good prac-tices, and biosecurity in the primary chain, obligatory and notifiable diseases list, and other technical-opera-tional procedures for the aquatic animals production.

Alimento seguro Lograr diagnosticar enfermedades y contami-

naciones de forma precoce es esencial para el de-sarrollo de la cadena. Por eso, el veterinario y coordi-nador general de la sanidad pesquera del Ministerio de Pesca y Acuicultura (MPA), Eduardo Cunha, afirma que “un paso importante fue la creación de una red de laboratorios que pudiera garantizar el diagnóstico de las enfermedades que ocurren con los animales acuáticos, llamado Renaqua”. Está prevista todavía la discusión pública del programa de Acuicultura con Sanidad, que establecerá normas básicas y otros procedimientos técnico operacional.

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panorama

E squeça aquele velho visual do pescador na beira do rio esperando o peixe fisgar a isca. Agora, esse dinâmico mercado é orientado pela inova ção, que abrange, desde varas leves, molinetes e carretilhas com tecnologia japonesa a roupas

de rápida secagem, sonares e GPS. Esse novo cenário tor-na a pesca a maior modalidade esportiva no mundo. Es-tudos recentes mostram que somente nos Estados Unidos existem mais de 45 milhões de praticantes, que geram uma receita anual de US$ 64 bilhões.

A pesca recreativa promove o lazer e desporto e está intimamente relacionada com um dos setores econômicos que mais crescem no mundo: o turismo. Mas, apesar de movimentar ampla cadeia produtiva, a atividade é pouco explorada no Brasil. Estimativas da Associação Nacional de Ecologia e Pesca (ANEPE) mostram que, no País, exis-tem aproximadamente 7 milhões de pescadores; destes, cerca de 410 mil cadastrados no Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). A receita anual é estimada em torno de R$ 2 bilhões.

Para o presidente da ANEPE, Helcio Honda, advo-gado de formação e pescador há trinta anos, o potencial é gigantesco. O Brasil possui a rede hidrográfica mais exten-sa do globo, com 55.457 quilômetros quadrados de rios e afluentes. Também conta com 100 milhas náuticas para exploração. Essas características já fazem do Brasil um im-portante destino para turistas adeptos da pesca recreativa da América do Norte, da América do Sul e da Europa, especialmente de países como França, Espanha e Itália.

Honda é otimista, mas exemplifica a série de desafios que o País precisa enfrentar, como legislação, fiscalização, melhorias na infraestrutura e fomento a esse segmento do turismo. “Somente com a proteção ambiental podemos aumentar os negócios de toda a cadeia, desde o guia que acompanha o pescador, passando por hotéis, lojas especia-lizadas, agências de viagens, enfim, todo o trade”, afirma.

Um exemplo é Costa Rica, onde a pesca esportiva

Hora de fisgarO Brasil tem potencial para se transformar em um dos principais destinos da pesca recreativa, segmento que movimenta ampla cadeia produtiva

gera aproximadamente de US$ 600 milhões por ano e emprega por volta de 73 mil pessoas diretamente. Lá, o mercado da pesca para consumo é estimado em US$ 527 milhões. “Outro exemplo é que 70 mil pescadores brasi-leiros vão anualmente para a Argentina pescar o dourado, espécie que também existe no Brasil. No país vizinho, ela é protegida por lei, aqui sofre com o extrativismo. O gasto médio de uma viagem é de R$ 5 mil por pessoa. Pode-se estimar que os brasileiros deixam por lá cerca de R$ 280 milhões por ano”, diz Honda.

Alison Fontoura, gerente de e-commerce da Sugoi Big Fish, maior rede nacional de lojas do segmento, tam-bém afirma que o incremento do mercado de pesca es-portiva está atrelado à proteção ambiental. Segundo ele, o setor pode aumentar as vendas com os pesqueiros – tam-bém chamados de pesque e pague. “Temos que incentivar a criação em tanques e a cota zero de abate nos rios”, se-gundo Fontoura.

A coordenadora-geral de Acompanhamento e Estru-turação de Produtos, da Diretoria de Produtos e Desti-nos da Embratur, Delma Andrade, lembra que o termo

Dourado, uma das espécies mais procuradas por pescadores esportistas

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 113

It is time to hook Recreational fishing promotes leisure and sport

and is closely related to one of the fastest growing economic sectors in the world: tourism. Recent studies show that only in the US there are over 45 million practitioners, generating annual revenues of US$ 64 billion. The president of the National Associa-tion of Ecology and Fisheries (ANEPE), Helcio Honda, says that Brazil has a great potential in the area, but also a number of challenges to face, such as law enforcement and infrastructure improvements. “Only with environmental protection we can increase the business throughout the chain, from the guide that accompanies fishermen, including attending hotels, specialty shops, travel agencies, in short, all the tra-de”. The fishermen’s preferred native species are the peacock bass, sea bass, and goldfish. The most attractive regions are in Amazonas, Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, as well cities such as Angra dos Reis (RJ), Florianopolis (SC), and Natal (RN).

Tiempo de pescar La pesca recreativa promueve el ocio y el de-

porte y está estrechamente relacionado con uno de los sectores económicos que más crece en el mun-do: el turismo. Estudios recientes muestran que sólo en Estados Unidos hay más de 45 millones de prac-ticantes, lo que genera unos ingresos anuales de US$ 64 mil millones dólares. El presidente de la Aso-ciación Nacional de Ecología y Pesca (Anepe), Hel-cio Honda afirma que Brasil tiene un gran potencial en el área, pero al mismo tiempo una serie de retos que enfrentar, como la legislación, la fiscalización y mejoras en la infraestructura. “Sólo con la protec- ción ambiental podemos incrementar los negocios de toda la cadena, desde el guía que acompaña al pescador pasando por hoteles, tiendas especializa-das, agencias de viajes, en fin, todo el comercio”. Las especies nativas preferidas de los pescadores son el tucunaré, el robalo y el dourado. Ya las regiones más atractivas están en Amazonas, en Mato Grosso y Mato Grosso do Sul, además de ciudades como Angra dos Reis (RJ), Florianópolis (SC) y Natal (RN).

de cooperação entre a instituição e o MPA foi firmado em outubro de 2013, e que as ações de promoção para o segmento ainda são preliminares. O foco principal está no mercado americano, e as ferramentas são a participação em feiras como a Icast Fishing, mundialmente a maior do setor, além de investimentos em marketing digital, como em mídias sociais e em revistas segmentadas.

“Estamos num levantamento para descobrir a organi-zação da oferta, a grade de produtos e os principais destinos da pesca esportiva”, afirma Delma. Segundo Fontoura, as espécies preferidas dos pescadores são o tucunaré, o robalo e o dourado, entre as nativas, e o black bass, peixe de origem americana introduzido com sucesso no País. Já as regiões mais atrativas, de acordo com a coordenadora da Embratur, estão no Amazonas, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, além de em cidades como Angra dos Reis (RJ), Flo-rianópolis (SC) e Natal (RN). “Estamos num processo de qualificação dos destinos para o investimento em promoção internacional. Esse é nosso dever de casa”, aponta Delma.

Por Wendel Martins

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15 quilos mais um exemplar

10 quilos mais um exemplar

10 quilos, um exemplar e cinco piranhas

5 quilos mais um exemplar

5 quilos

ou 5 quilos ou um exemplar

Cotas para pesCa desportiva em águas

Continentais no brasil

panorama

| PANORAMA DA PeScA e AquIcultuRA NO BRASIl 2014114

Fonte: ibama

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 115

peixes esportivos do brasilConheça algumas espécies brasileiras apreciadas pelos pescadores devido à resistência na hora da captura

Dourado Marlin Azul

Jaú Cação

Pintado Bijupirá

Caparari Dourado do mar

Aruanã Garopa

Pirandirá Miraguaia

peixes de água doCe peixes de água salgada

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panorama

P ara crescer no mercado de peixes ornamentais (aquariofilia), o Brasil conta com clima favo-rável, diversidade de espécies e incentivos do governo para desburocratizar a produção e o transporte. Dados do Ministério da Pesca e

Aquicultura (MPA) mostram que o setor movimenta quase US$ 1 bilhão por ano no mundo. No País, existem cerca de 10 mil criadores somente na região amazônica e aproxima-damente15 mil lojas de peixes ornamentais.

De acordo com Felipe Mendonça, que coordena um grupo de trabalho sobre o tema no MPA, não existia uma política de fomento, e, com isso, nas últimas décadas o Bra-

o valor da belezaCom clima favorável e diversidade de espécies à mão, criadores agora esperam a desburocratização dos procedimentos para explorar o mercado de peixes ornamentais

sil perdeu relevância no cenário externo. Mendonça explica as novas diretrizes para o segmento: “queremos aumentar a renda do produtor familiar; recuperar as exportações, es-pecialmente para a Ásia; possibilitar que aproximadamente duas mil espécies possam ser cultivadas; diminuir o tráfico internacional das matrizes; além de investir na sustentabi-lidade”.

Uma das ações do MPA foi a publicação de instrução normativa que permite a destinação de matrizes selvagens para cultivo e reprodução. O ministério também simpli-ficou o processo de transporte dos peixes ornamentais. Agora o sistema é online, sendo que a guia de transporte é

20097,1 milhões

20106,8 milhões

20117,3milhões

20129,3 milhões

201310,4 milhões

Fonte: aliceweb/mDic

1º Hong Kong

2º Taiwan

3º Tailândia

4º Japão

5º Estados Unidos

HisTórico das ExporTaçõEs dE

pEixEs ornamEnTais (em US$)

principais dEsTinos

| PANORAMA DA PeScA e AquIcultuRA NO BRASIl 2014116

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 117

the value of beauty

In order to grow in the ornamental fish market, Brazil counts with favorable weather, species diversi-ty, and general incentives from the government. The Ministry of Fishery and Aquaculture (MPA) shows that the industry generates nearly US$ 1 billion per year worldwide. Fish like jaraqui costs R$ 0.30 per kilo for human consumption; as to aquarium, the price rises to US$ 5 per unit. Some species of stingray can cost up to US$ 7,000 a unit. In Brazil there are about 10,000 stingray farmers only in the Amazon area.

El valor de la belleza Para crecer en el mercado de peces ornamenta-

les, Brasil cuenta con un clima favorable, diversidad de especies e incentivos del gobierno para reducir la burocracia de la producción y del transporte. Datos del Ministerio de Pesca y Acuicultura (MPA) muestran que el sector mueve alrededor de US$ 1 mil millones por año en todo el mundo. Pescados como jaraqui cuesta R$ 0,30 el kilo para el consumo humano; en la acuariofilia, el valor se eleva a US$ 5 cada uno. Algunas especies de rayas pueden llegar a costar hasta US$ 7 mil la unidad. En el país, hay cerca de 10 mil creadores sólo en la región amazónica.

a nota fiscal eletrônica. Antes, o trâmite demorava até 30 dias. “O cadastro dos produtores só era realizado na capital de cada estado, em alguns casos fazendo com que esses pro-dutores tivessem que viajar mil quilômetros somente para preencher formulários”, comenta Mendonça.

O engenheiro exemplifica o aumento de renda do aqui-cultor ao investir neste segmento. Peixes como o jaraqui têm preço de R$ 0,30 o quilo para consumo humano. Na aquariofilia, o valor sobe para US$ 5 a unidade. Algumas espécies de arraias podem custar até US$ 7 mil a unidade.

Os principais mercados são Ásia, Europa e Estados Uni-dos. Um dos desafios é o fato de que o transporte aéreo subiu de US$ 0,8 para US$ 8 por unidade em uma década. “O frete ainda é alto, mas vale a pena investir no comércio exterior, sem desabastecer o mercado interno, que ainda importa muito”, afirma Mendonça.

por Wendel Martins

Div

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ação

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inDúStria Do peScaDo

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Bexiga natatória de peixe (grude)

amazônia cuia importação e exportação de Derivados de pescado ltda.

belém/pa www.amazoniacuia.com (91) 9282-9065

Cabeça, cauda e bexiga natatória (grude) de peixe

irmãos braga exportadora ltda. belém/pa – (91) 3242-1111

oriental importação e exportação ltda. belém/pa – (91) 3258-0548

Cabeça, cauda e bexiga natatória (grude) de peixe; preparação de barbatana de tubarão

Koden indústria comércio importação e exportação ltda.

Santos/Sp – (13) 3261-1821

Outros peixes, exceto fígados, ovas e sêmen

brasfish indústria e comércio ltda. cabo Frio/rJ – (22) 2645-1313

Goldfish comércio de pescados ltda. epp

Vigia/pa – (91) 3233-1611

m. e. burle arcoverde-me (omeGa pescados)

recife/pe – (81) 3327-8484

pacífico pesca indústria e comércio ltda. – epp.

belém/pa – (91) 3227-3644

rio & mar produtos da pesca ltda. – me. rio Grande/rS – (53) 3231-3457

Peixe e lagosta congelados

brazex comercial exportadora ltda. Fortaleza/ce – (85) 3265-1201

Peixes congelados, frescos ou refrigerados, secos, salgados ou em salmoura, exceto fígado, ovas e sêmen

ita Fish – Swf importação e exportação ltda.

Santos/Sp www.itafish.com.br (13) 3227-2770

poseidon indústria e comércio de pescados ltda.

penha/Sc (48) 3263-7212

Peixes e frutos do mar congelados, exceto fígado, ovas, sêmen e filés

Água bonita comércio, exportação e Serviços ltda.

São paulo/Sp www.aguabonita.com (11) 3032-6088

Page 119: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 119

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Peixes, fígado, ovas e sêmen congelados

blaze comércio exterior ltda. – me. Águas mornas/Sc www.blazecomex.com (48) 9969-6738

Discefa brasil ltda. São paulo/Sp discefa.com.br (11) 3832-2101

itasul indústria e comércio de pescados S.a.

itajaí/Sc – (47) 3348-0902

Kanemar comércio exterior ltda. São paulo/Sp www.kanemar.com.br (11) 3641-1545

leardini pescados ltda. navegantes/Sc www.leardini.com.br (47) 3342-9900

ms pescados comércio importação e exportação ltda. (allmare alimentos)

acaraú/ce www.allmarealimentos.com.br/pt/ (85) 3472-7602

pesqueira pioneira da costa S.a. porto belo/Sc www.pesqueirapioneira.com.br/ (48) 3248-5688

pesqueira raymi ltda. natal/rn – (84) 3221-0009

Peixes, fígado, ovas e sêmen congelados e conserva de peixes

Femepe indústria e comércio de pescados S.a.

navegantes/Sc www.femepe.com.br (47) 3342-4088

Pescado congelado

amazonas indústrias alimentícias S.a. – ama S.a.

belém/pa www.amaS.a..com.br/Default.htm (91) 3258-6900

brazex comercial exportadora ltda. Fortaleza/ce www.brazex.com.br (85) 3265-1201

camanor produtos marinhos ltda. canguaretama/rn www.camanor.com.br (84) 3221-5954

celm – aquicultura S.a. aracati/ce www.facebook.com/pages/escritório-celm-aquicultura-Sa/491439204222864

(88) 3433-3421

condess. importação exportação ltda. Fortaleza/ce – (11) 3101-4734

Full comex importação e exportação ltda.

itajaí/Sc fullcomex.com (47) 3346-3001

Geneseas aquacultura ltda. promissão/Sp www.geneseas.com.br (11) 3045-2576

ms – pescados ltda. Jaboatão dos Guararapes/pe

– (81) 2123-7000

netuno internacional S.a. recife/pe www.netunopescados.com.br (81) 2121-6868

Page 120: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014120

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

norte pesca S.a. natal/rn www.nortepesca.com.br (84) 3211-3764

potiguar alimentos do mar ltda. São bento do norte/rn

potiguarltDa.ind.br (84) 3212-1852

Queiroz Galvão alimentos S.a. petrolina/pe portal.queirozgalvao.com/web/grupo/alimentos

(81) 3265-9620

Salinas indústria de pesca ltda. areia branca/rn www.salinas.ind.br (84) 3221-0701

waxtrade industrial de ceras ltda. icapuí/ce – (88) 3432-1800

Pescado congelado e em conserva, exceto fígado, ovas, sêmen e filés

empreendimento comercial industrial ecil ltda.

São paulo/Sp www.ecil-trading.com.br (11) 5507-3416

Pescado congelado, exceto fígado, ovas e sêmen

atummar comércio e indústria de pesca ltda.

cabedelo/pb – (83) 3228-3737

cabedelo pesca ltda. João pessoa/pb – (83) 3228-4010

campasa camarões do pará S.a. curuçá/pa – (91) 3722-1515

costa atlântica importação e exportação ltda.

rio Grande/rS – (53) 3293-1963

costa norte comércio de pescados ltda.

belém/pa www.cnpescados.com (91) 3252-0808

costa Sul pescados ltda. navegantes/Sc www.costasul.com.br (47) 3342-4045

crismar pesca captura exportação importação ltda.

belém/pa – (91) 3227-1917

ebp – empresa brasileira de pescados ltda. (bomar pescados)

itarema/ce bomarpescados.com.br (85) 3270-6562

exotic Foods indústria comércio e exportação ltda.

belém/pa – (91) 3258-1736

Fish brasil ltda. Sobral/pb – (88) 3614-3572

Gilvan de p. Silva – G pesca bragança/pa www.facebook.com/pages/Gilvan-de-p-Silva-Gpesca/119654471492581

(91) 3425-1314

ipesca indústria de pesca ltda. Fortaleza/ce – (85) 3219-9055

Krustapeixe comércio importação e exportação de alimentos ltda.

belém/pa – (91) 3258-0060

Page 121: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 121

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Lapesca Pescados Ltda. – Me. São Paulo/SP lapesca.com.br (11) 2476-9897

Li Si Industria Comércio Importação e Exportação Ltda.

Belo Horizonte/MG

– (31) 3497-8998

Nortemar Comércio e Exportação Ltda. Belém/PA www.nortemarpesca.com.br (91) 3229-1947

Ntrade Exportação Importação e Representações Ltda.

Itajaí/SC – (47) 3348-7656

Ocean Indústria Pesqueira, Comércio e Exportação Ltda.

Fortaleza/CE – (85) 3264-8420

Oceanos Importação e Exportação de Alimentos Ltda. Me.

Itapema/SC okpeixe.com.br (47) 3368-1291

Orion Pesca Ltda. Me. Belém/PA – (91) 3258-0577

Pará Alimentos do Mar Ltda. Belém/PA – (91) 3258-2230

Pesca Transoceânica Ltda. Cabedelo/PB – (83) 228-3765

Pesqueira Maguary Ltda. Belém/PA www.pesqueiramaguary.com.br (91) 4005-2100

Salute Importadora e Exportadora Ltda. Caxias do Sul/RS www.salutealimentos.com.br (54) 3026-1466

Vitalmar Comércio e Indústria de Pescados Ltda.

Itajaí/SC www.vitalmar.com.br (47) 3248-6500

Pescado congelado, exceto fígado, ovas, sêmen ou filés

Albano de Oliveira e Cia Ltda. Rio Grande/RS – (53) 3035-3856

Amazon Catfish Ltda. Belém/PA – (91) 3258-2230

Ártico S.A. (GALUS.A. Intercontinental Group Ltda.)

Rio Grande/RS www.galuS.A..com.br (53) 3231-3341

Compex Indústria e Comércio de Pesca e Exportação Ltda.

Fortaleza/CE www.compexpescados.com.br (85) 3454-2133

Ecomar Indústria de Pesca S.A. Vigia/PA www.ecomar.com.br (91) 3731-3500

Incogel Indústria e Comércio de Gelo e Pescado Ltda.

Belém/PA – (91) 3222-6941

Indústria e Comércio de Pescados Dona Rose Ltda.

Itapema/SC www.pescadosdonarose.com.br (47) 3368-2008

Mm Monteiro Pesca e Exportação Ltda. Itarema/CE www.monteiropescados.com.br (88) 3667-1210

Pesqueira Noé do Brasil São Sebastião/SP – (12) 3892-5788

Page 122: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014122

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Tervedi Trading Brasil Ltda. São Paulo/SP www.tvdtrading.com (11) 3062-4187

Pescado congelado, fresco ou refrigerado

Pesqueira Nacional Ltda. Cabedelo/PB – (83) 3228-6768

Pescado congelado, fresco ou refrigerado, exceto fígado, ovas ou sêmen

Cida-Central de Ind. e Distribuição de Alimentos Ltda.

Natal/RN – (84) 4006-2000

Comércio de Pescados Villa Importação e Exportação Ltda.

Santos/SP – (13) 3224-8027

Empresa Pesqueira Barra de São João

Rio de Janeiro/RJ – (22) 2774-5045

Furtado S.A. Comércio e Indústria Rio Grande/RS – (53) 3231-1133

Garcia Indústria e Comércio de Pescados Ltda.

Belém/PA – (91) 3258-2896

Mar & Terra Indústria e Comércio de Pescados Ltda.

Itaporã/MS www.mareterra.com.br (11) 5501-7777

Nativ – Industria Brasileira de Pescados Amazonicos S.A.

Sorriso/MT www.nativpescados.com.br (11) 3234-2200

Rb Alimentos do Mar – Eireli Natal/RN – (84) 3322-1056

Red Fish Comércio de Alimentos Ltda. – Me.

Fortaleza/CE www.redfish.com.br (85) 3248-9593

Riopont Br Indústria e Comércio de Pescado Ltda.

Niterói/RJ – (21) 2620-1916

Torquato Pontes Pescados S.A. Rio Grande/RS www.torquatopescados.com.br/ (53) 3231-1044

Transporte e Comércio de Pescados Magalhães Ltda.

Cabo Frio/RJ – (22) 2647-2728

Pescado congelado, fresco ou refrigerado, exceto fígado, ovas, sêmen ou filés

Acaraú Pesca Distribuidora de Pescado Imp. e Exp.

Acaraú/CE – (88) 3661-1121

Frigepe Frigoríficos, Gelo e Pesca Ltda. Belém/PA – (91) 3258-0946

Frigorífero Calombé Indústria e Comércio Ltda.

Duque de Caxias/RJ

frescatto.com (21) 3527-9393

Guajara Comércio Varejista, Atacadista e Exportação Ltda.

Belém/PA – (91) 3247-8955

Page 123: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 123

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Irmãos Amaral Captura Indústria e Comércio da Pesca Ltda.

Navegantes/SC – (47) 342-1024

Produmar – Exportadora de Produtos do Mar Ltda.

Natal/RN www.produmar.ind.br (84) 4006-2000

Pescado e fabricação de conservas de pescado

Gdc Alimentos S.A (Gomes da Costa) Itajaí/SC www.gomesdacosta.com.br (47) 3341-2600

Natubrás Pescados Ltda. Balneário Piçarras/SC

www.natubras.com.br (47) 3347-4800

Pescado e fabricação de conservas de pescado, exceto fígado, ovas, sêmen e filés

Indústrias Alimentícias Leal Santos Ltda. Rio Grande/RS – (53) 3231-1500

Pescado em conserva

Camil Alimentos S.A. São Paulo/SP www.camil.com.br (11) 3649-1000

Great Food Produtos Alimentícios Ltda. Cotia/SP – (11) 4612-2310

Projeto Arapaima, Importação e Exportação de Aquicultura

Belém/PA – (91) 3258-1808

Smg Industrial Ltda. Navegantes/SC www.nautiquealimentos.com.br (47) 3342-5363

Truta Itamonte Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.

Maricá/RJ www.truta.com.br (21) 9462-4018

Pescado fresco ou refrigerado e congelado

Asiamerica Indústria e Comércio de Pescados Ltda.

Rio Grande/RS www.asiamerica.com.b (53) 3231-0598

Pescado fresco ou refrigerado e congelado, exceto fígado, ovas e sêmen

Comércio e Indústria de Pescados Kowalsky Ltda.

Itajaí/SC www.kowalsky.com.br (47) 3346-1064

Pescado fresco ou refrigerado, exceto fígado, ovas, sêmen e filés

A. A. Couto Transportes Marítimos Ltda. – Epp.

Natal/PA – (84) 3201-9590

Atum do Brasil Captura Indústria e Comércio Ltda.

Itapemirim/ES www.atumdobrasil.com.br (28) 3529-1145

Europesca Indústria e Comércio de Pescado Ltda.

Natal/RN – (84) 3222-0542

Page 124: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014124

Fontes: Diretório Das Empresas Brasileiras Exportadoras www.vitrinedoexportador.gov.br, visitado em outubro de 2014.Site do Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe) www.conepe.org.br, visitado em outubro de 2014.Catálogo de Exportadores Brasileiros, da Confederação Nacional de Indústria (CNI) www.brazil4export.com, visitado em outubro de 2014. Infoplex Informações Cadastrais Ltda. www.infoplex.com.br, visitado em outubro de 2014.

Nome da Empresa Cidade/Estado Homepage Telefone

Junção Indústria e Comércio de Pescados Ltda.

Rio Grande/RS – (53) 3230-2001

Natal Pesca Ltda. Natal/RN – (91) 3247-2938

Norpeixe Indústria e Comércio de Pescado Ltda.

Natal/RN – (84) 3211-7355

Pescado congelado, em conserva, seco, salgado ou em salmoura, exceto fígado, ovas e sêmen

Exportação e Importação Tca Ltda. São Paulo/SP –

Gerbi Pescados Indústria Comércio Importação e Exportação Ltda.

Estiva Gerbi/SP – (19) 3868-9728

Golfo Dorado Importação e Exportação Ltda. Me.

Itajaí/SC – (47) 3249-1059

Newsymbol Comércio e Exportação de Pescados Ltda.

Santos/SP – (13) 3227-7368

Pescado em conserva, congelado, fresco ou refrigerado, exceto fígado, ovas, sêmen e filés

Imaipesca Indústria e Comércio de Pescados Ltda.

Santos/SP – (13) 3227-5845

Unimar Industrail S.A. Fortaleza/CE – (85) 3252-3484

Preparação de alevinos e larvas de peixes

Agropecuária Acordi Ltda. Boa Vista/RR agropecuariaacordi.blogspot.com.br (95) 9113-5852

Preparação de barbatana de tubarão

Kdn Indústria e Comércio de Pescados Ltda. – Epp.

Porto Belo/SC – (47) 3348-5536

Preparação de barbatana de tubarão e bexiga natatória de peixe

Sigel do Brasil – Comércio, Importação e Exportação Ltda.

Belém/PA – (91) 3258-3338

Page 125: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 125

Dispõe sobre o Conselho Diretivo do Ministério da Pesca e Aquicultura – Portaria MPA, n° 1 de 08/01/2014.

Dispõe sobre a realização de reuniões periódicas destinadas ao monitoramento e a avaliação das políticas do Ministério da Pesca e Aquicultura – Portaria MPA, n° 2 de 08/01/2014.

Institui e regulamenta a Política de Monitoramento e Avaliação e dispõe sobre a gestão dos programas constantes do Plano Plurianual 2012-2015 e das ações da Lei Orçamentária Anual – Portaria MPA, n° 3 de 08/01/2014.

Institui grupo de acompanhamento de Acordo MMA-Governo do Paraná – Portaria MMA, n° 22 de 21/01/2014.

Institui o grupo de acompanhamento MMA-Instituto Nacional de Direitos Humanos – Portaria MMA, n° 31 de 27/01/2014.

Dispõe sobre grupo de trabalho sobre gestão da fauna brasileira e dá outras providências – Portaria MMA, n° 37 de 27/01/2014.

Revoga portarias Ibama nº 67 e nº 100, de 2006, e nº 3, de 2009 – Portaria Normativa IBAMA, n° 1 de 08/01/2014.

Retifica Resolução CONAMA n° 460 de 30 de dezembro de 2013 – Resolução MMA-CONAMA, de 02/01/2014.

Institui o calendário de reuniões ordinárias do CONAMA para o ano de 2014 – Resolução MMA-CONAMA, n°461 de 13/01/2014.

Prorroga a redução temporária da descarga mínima defluente em Sobradinho e Xingó, Rio São Francisco – Resolução MMA-ANA, n° 102 de 30/01/2014.

Regulamenta, no período da “andada”, a pesca do caranguejo-uça nos estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia – Instrução Normativa Interministerial MPA- MMA, nº8 de 02/01/2014.

Nova redação da Instrução Normativa nº 5 de 13/06/2012 – Instrução Normativa MPA, nº 1 de 06-02-2014.

Altera Instrução Normativa nº 21 de 30/12/2013 – Instrução Normativa MPA, nº2 de 12/02/2014.

Obrigatoriedade de posse da Autorização de Pesca e do Certificado de Licença de Embarcação – Instrução Normativa MPA, nº3 de 12/02/2014.

Determina aos órgãos e unidades descentralizadas do MPA que emitam carteiras de pescador profissional artesanal – Instrução Normativa MPA, de 25/02/2014.

Altera prazo para embarcações de pesca amadora aderirem ao RGP – Instrução Normativa MPA, nº 1 de 06/02/2014.

Torna obrigatória, a toda embarcação pesqueira autorizada no âmbito do RGP, a posse a bordo das respectivas autorizações de pesca emitidas – Instrução Normativa MPA, nº5 de 27/03/2014.

Estabelece a nota fiscal do pescado como documento de comprovação da sua origem para fins de controle de trânsito de matéria prima – Instrução Normativa MPA-MAPA, nº4 de 02/06/2014.

Altera prazo e documentos para manutenção da licença de pescador profissional – Instrução normativa MPA, nº 15 de 12/08/2014.

Estabelece critérios e procedimentos para concessão de autorização de captura de exemplares selvagens de organismos aquáticos para constituição de plantel de reprodutores em empreendimentos de aquicultura – Instrução normativa MPA, nº 16 de 13/08/2014.

Normas e procedimentos de inscrição e licenciamento no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) – Instrução Normativa MPA, nº 17 de 13/08/2014.

Critérios e procedimentos para preenchimento e entrega de mapas de bordo das embarcações registradas no RGP – Instrução Normativa MPA, nº 18 de 27/08/2014.

Cria o Grupo Técnico de Trabalho de Ciência, Tecnologia e Inovação (GTT Inovação) – Portaria MPA, nº27 de 06/02/2014.

Cria grupo de trabalho para análise de prestação de contas de processos de convênio e de outros instrumentos de transferência voluntária – Portaria MPA, nº65 de 21/03/2014.

Estabelece a cota anual de óleo diesel atribuída aos pescadores profissionais, armadores de pesca e indústrias pesqueiras – Portaria MPA, nº177 de 02/06/2014.

Regulamenta procedimentos de convênios e dá outras providências – Portaria MPA, nº178 de 03/06/2014.

Estabelece a cota anual de óleo diesel atribuída aos pescadores profissionais, armadores de pesca e indústrias pesqueiras – Portaria MPA, nº204 de 16/06/2014.

Cria Grupo Técnico de Trabalho - GTT para instituir o Programa Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Embarcações Pesqueiras e Infraestruturas de Desembarque - Embarque Nessa – Portaria MPA, nº 277 de 12/08/2014.

Institui o Grupo Técnico de Trabalho de Políticas de Pesca e Aquicultura Ornamentais – Portaria MPA, nº 278 de 13/08/2014.

LEGISLAçãO

Ementário de leis e normas da Pesca e Aquicultura no Brasil

A legislação anterior a

2014 pode ser consultada no

e-book

Page 126: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014126

AGENDA

Um dos principais eventos do setor no País será realizado no fim do primeiro semestre de 2015, em Itajaí (SC)

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ENCONtRO MARCADO

P rincipal evento do setor de pesca e aquicultura no País, a Feira Internacional Aquapesca Brasil volta a ocorrer após um intervalo de dois anos. A quarta edição da Feira será realizada de 12 a 14 de junho de 2015, em Itajaí, no litoral

de Santa Catarina. Paralelamente à programação técnica voltada para produtores e empresas do setor, na retomada serão organizadas atrações para o público em geral. Além do workshop gastronômico, sucesso de edições anteriores, haverá um festival gastronômico aberto ao público, com pratos à base de pescado preparados por chefs renomados.

“Teremos um momento mais técnico, de negócios e oportunidades, mas vai ser também um grande evento

Não perca!

4ª Aquapesca Brasil

QuANDO: 12 a 14 de junho de 2015

ONDE: Itajaí (SC)

SItE: www.aquapescabrasil.com.br

Manu D

ias/Seco

m/G

overno

da B

ahia/Divulg

ação

Page 127: Panorama da Pesca

PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 127

para o público em geral”, afirma Marcelo Acelino, da Or-ganiza Eventos, responsável pela organização da Aquapesca. “O visitante vai poder desfrutar de gastronomia e ter um momento de lazer com família, degustar e ouvir uma boa música”. A expectativa é que o público para os três dias de evento seja de 20 mil pessoas.

O debate sobre as tendências para o futuro do setor terá espaço durante o IV Simpósio Internacional de Aqui-cultura e Pesca (SIAP), que levará à Aquapesca palestrantes nacionais e internacionais para discutir projeções para o setor até o ano de 2020. Outro destaque da programação técnica é a realização de rodadas de negócios entre empre-sários brasileiros e estrangeiros. As edições anteriores con-taram com delegações de países que hoje são importantes mercados produtores e consumidores do setor, como Chi-na, Tailândia, Peru e Noruega. A exposição de produtos variados em estandes será também uma oportunidade de negócios – os interessados devem acompanhar o site do evento (www.aquapescabrasil.com.br) que está sendo atu-alizado com informações sobre participação como exposi-tor e inscrições, além da programação completa.

Depois de passar por Salvador (BA) na segunda edi-ção, em 2012, a Feira volta à cidade de origem. Segundo Acelino, o intuito é fortalecer o mercado local, um dos maiores polos de pescado em Santa Catarina. Em 2011 e 2012, foram R$ 25 milhões em negócios gerados durante o evento. Já passaram pela Aquapesca ao todo mais de 100 expositores e 150 mil visitantes.

Por Mariana Rosa

Evento envolve desde palestras, debates

e workshops à feira com estandes de

empresas e institutos de pesquisa

Histórico

Mais de 100 expositores

Participação de 19 países

100 palestras nacionais e internacionais

200 apresentações de projetos de pesquisa

r$ 25 milhões de negócios gerados

PERfIL DO PúBLICOArmadores; empresários e industriais da pesca e aquicultura; empresários e investidores; políticos; entidades financeiras; profissionais e pescadores artesanais; acadêmicos e instituições que atuam no segmento de pesca, aquicultura e seus subprodutos, bem como meio ambiente e sustentabilidade.

Manu D

ias/Seco

m/G

overno

da B

ahia/Divulg

ação

Page 128: Panorama da Pesca

| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014128

Meeting Considered the main event of fish and aquaculture

in Brazil, the Aquapesca Brasil international Fair will be held once more after a 2-year break. The fourth edition of the fair will be held during June 12-14, 2015 in Itajaí, in the coast of Santa Catarina. At the same time of the events focused on producers and industry companies, this edition will also provide attractions for the public. Besides the gastronomic workshop, success of pre-vious editions, there will be a food festival open to the public, with fish-based dishes prepared by renowned chefs.

“We will have a more technical moment, concer-ning business and opportunities, but this event will also be great for the public in general,” says Marcelo Ace-lino, from Organiza Eventos, responsible for organizing the Aquapesca. “The visitors will be able to enjoy food and good music, and also have a leisure time with their families.” Around 20 thousand people are expected du-ring the three-day event.

A debate on the trends for the future of the industry is going to take place during the IV International Sym-posium of Aquaculture and Fishery (SIAP), counting with national and international speakers to discuss projec-tions for the sector by the year 2020. Another highlight of the technical schedule is the conduction of business meetings between Brazilian and foreign businessmen. The previous editions had delegations from countries that are now major market producers and consumers in the sector, such as China, Thailand, Peru and Norway. The exposition of various products in stands will also be a business opportunity – those interested should follow the event website (www.aquapescabrasil.com.br) whi-ch has been updated with information about participa-tion as an exhibitor and registration, besides providing the full schedule.

After the second edition being held in Salvador (BA), in 2012, the Fair comes back to its home town. According to Acelino, the goal is to strengthen the local market, one of the largest zones of fish in Santa Cata-rina. In 2011 and 2012, R$ 25 million were generated in business conducted during the event. More than 100 exhibitors and 150 thousand visitors have attended Aquapesca.

Reunión agendadaPrincipal evento del sector de pesca y acuicultura

en el país, la Feria Internacional de Aquapesca Brasil re-aparece después de un intervalo de dos años. La cuarta edición de la Feria se celebrará del 12 al 14 junio de 2015 en la ciudad de Itajaí, costa de Santa Catarina. Pa-ralelamente a la programación técnica direccionada a productores y a empresas del sector, también se organi-zará atracciones para el público en general. Además del taller gastronómico, que ha sido un éxito en las edicio-nes anteriores, habrá un festival gastronómico abierto al público, con platos a base de pescado preparados por chefs de renombre.

“Vamos a tener un momento más técnico, de nego-cios y oportunidades, pero también será un gran evento para el público en general”, dice Marcelo Acelino, de la Organiza Eventos, responsable por la organización de Aquapesca. “El visitante podrá disfrutar de la comida, tener un tiempo de ocio con la familia y escuchar bue-na música.” La expectativa es que la audiencia para el evento de tres días sea de 20 mil personas.

El debate sobre las tendencias para el futuro del sector tendrá espacio durante el IV Simposio Internacio-nal de Acuicultura y Pesca (SIAP), que llevará a Aquapes-ca ponentes nacionales e internacionales para discutir proyecciones para el sector hasta el año de 2020. Otro destaque de la programación técnica es la realización de reuniones de negocios entre empresarios brasileños y extranjeros. Las ediciones anteriores contaron con de-legaciones de países que son ahora los principales pro-ductores y consumidores del sector, tales como China, Tailandia y Noruega. La exposición de diversos produc-tos en stands también será una oportunidad de negocio - los interesados deberán acompañar el sitio web del evento (www.aquapescabrasil.com.br) que se actualiza con informaciones sobre la participación como expositor e inscripciones, además de la programación completa.

Después de pasar por Salvador (BA) en la segunda edición, en 2012, la Feria vuelve a la ciudad de origen. Según Acelino, el objetivo es fortalecer el mercado local, uno de los mayores centros de peces en Santa Catarina. En 2011 y 2012, fueron R$ 25 millones en negocios ge-nerados durante el evento. Ya pasaron por la Aquapesca más de 100 expositores y 150 mil visitantes.

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PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014 | 129

AGENDA

FEV | 151 a 6 — 21º encontro Brasileiro de ictiologia [sBi]Recife (PE)www.ebi2015.com.br19 a 22 — aquaculture america 2015 [World aquaculture society]Nova Orleans, Louisiana (EuA)www.was.org

MAR | 1515 a 17 — seafood expo North america [Global seafood]Boston (EuA)www.seafoodexpo.com/north-america

ABR | 1521 a 23 — seafood expo Global [Global seafood]Bruxelas (BEL)www.seafoodexpo.com/global

MAI | 1526 a 30 — World aquaculture 2015 [World aquaculture society]Jeju (KOR)www.was.org27 a 29 — 25º congresso Brasileiro de Zootecnia Zootec 2015fortaleza (CE)www.zootec2015.com.br

JUL | 151 a 30 — Busan international seafood & Fisheries expo 2015 [BisFe]Bisan (KOR)www.bisfe.com

SET | 158 a 10 — seafood expo asia [Global seafood]Wanchai (HKG)www.seafoodexpo.com/asia21 a 23 — seafood expo southern europe [Global seafood]Barcelona (ESP)www.seafoodexpo.com/southern-europe

OUT | 156 a 8 — 17ª Feria internacional de productos del Mar congelados [coNXeMar]Vigo (ESP)www.conxemar.com

NOV | 1516 a 19 — 12ª Feira Nacional do camarão FeNacaM [aBcc]fortaleza (CE)www.fenacam.com.br16 a 19 — LacQUa 2015 [World aquaculture society]fortaleza (CE)www.was.org

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| PANORAMA DA PescA e AquicultuRA NO BRAsil 2014130

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