programa travessia 2013

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Somos o maior curso da USP, onde coexistem diferentes realidades e perfis de mais de cinco mil alunos. Somos mães e pais, temos de conciliar traba- lho com estudos, precisamos de auxílio da Universidade para desenvolver nossa graduação, temos muitas dificuldades para cumprir tantos créditos e garantir nossa formação e gostaríamos de poder desenvolver produção aca- dêmica com mais garantia. Diariamente vivemos a contradição de fazer Letras e estudar na melhor Universidade do país. A USP tem um orçamento de mais de quatro bilhões de reais, aparece em diversos rankings que me- dem a qualidade das Universidades, mas passamos por diversos problemas na Letras que não condizem com tais índices de excelência. Faltam-nos pro- fessores, disciplinas, infraestrutura e vagas nas habilitações. Todas as Letras, todas as caras, todas as cores Chapa Travessia CAELL 2013 “Há um tempo em que é preciso (...) esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da Travessia...” Fernando Pessoa Faço Letras, sim, e daí? Em defesa do curso de Letras! Enquanto avança na USP um projeto que forma profissionais para o mercado e produz pesquisa para grandes empresas, nossa batalha é pelo pensamento crítico e a reflexão. Por isso somos o maior curso da USP, mas recebemos o segundo me- nor investimento. Somente uma Universidade que não se baseia em uma lógica mercadológica pode investir num curso cuja importância social é incalculável! Para que a Letras e seus estudantes sejam valorizados, a USP precisa inverter essa lógica elitista, fechada e autoritária. Queremos mais recursos para um curso de qualidade, com disciplinas e professores disponíveis para todos e políticas de permanência estudantil. Reescrevendo as Letras É uma grande batalha conseguir fazer dupla habilitação, iniciação científica, cursar tantos créditos e disciplinas, e ainda encarar toda Licenciatura e suas muitas horas de estágio, principalmente porque a maioria de nós precisa trabalhar além de estudar. Não à toa há um grande índice de desistência, alunos trancados e jubilamento. É preciso que o currículo e a estrutura do curso sejam debatidos. Além disso, a reitoria anuncia, através do projeto de Reforma da Graduação, a disposição de “modernizar” os cursos da USP, tornando-os bem aceitos mercadologicamente, através da mudança de seus currículos ou de corte de verbas daqueles que têm “baixo impacto social”. Nos formamos como professores, tradutores e pesquisadores de língua e literatura, e negamos a ideia de que somos estu- dantes e profissionais pouco importantes para sociedade! Mudanças no currículo são bem-vindas, mas devem respeitar o debate que o conjunto dos estudantes de Letras faz sobre eles. É preciso democracia nas decisões a respeito de como o cur- so se estrutura. Por isso, propomos: # Semana das habilitações; # Grupos de trabalho sobre o currículo das habilitações; # Semana da Letras temática para pensar o curso; # Articulação com os Rds para que os departamentos rece- bam as deliberações dos estudantes em seus fóruns; # Plenárias departamentais; O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da Travessia Todos nós no mesmo barco, não há nada a temer! Em 2013, o CAELL deve estar ao lado de estudantes e profes- sores, construindo um movimento amplo, discutindo as neces- sidades e mudanças que queremos na Letras e na USP e de- fendendo a FFLCH enquanto unidade e perfil de formação críti- ca e reflexiva. Também deve seguir como protagonista na luta por eleições diretas pra reitor! Com a cara do estudante de Letras, através de um movimento amplo, o CAELL deve estar em defesa da qualidade do curso de Letras e da unidade da FFLCH!

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O CAELL com a cara do estudante.

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Page 1: Programa Travessia 2013

Somos o maior curso da USP, onde coexistem diferentes realidades e perfis

de mais de cinco mil alunos. Somos mães e pais, temos de conciliar traba-

lho com estudos, precisamos de auxílio da Universidade para desenvolver

nossa graduação, temos muitas dificuldades para cumprir tantos créditos e

garantir nossa formação e gostaríamos de poder desenvolver produção aca-

dêmica com mais garantia. Diariamente vivemos a contradição de fazer

Letras e estudar na melhor Universidade do país. A USP tem um orçamento

de mais de quatro bilhões de reais, aparece em diversos rankings que me-

dem a qualidade das Universidades, mas passamos por diversos problemas

na Letras que não condizem com tais índices de excelência. Faltam-nos pro-

fessores, disciplinas, infraestrutura e vagas nas habilitações.

Todas as Letras, todas as caras, todas as cores

Chapa Travessia CAELL 2013

“Há um tempo em que é preciso (...) esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da Travessia...” Fernando Pessoa

Faço Letras, sim, e daí? Em defesa do curso de Letras!

Enquanto avança na USP um projeto que forma profissionais para o mercado e produz pesquisa para grandes empresas,

nossa batalha é pelo pensamento crítico e a reflexão. Por isso somos o maior curso da USP, mas recebemos o segundo me-

nor investimento. Somente uma Universidade que não se baseia em uma lógica mercadológica pode investir num curso cuja

importância social é incalculável! Para que a Letras e seus estudantes sejam valorizados, a USP precisa inverter essa lógica

elitista, fechada e autoritária. Queremos mais recursos para um curso de qualidade, com disciplinas e professores

disponíveis para todos e políticas de permanência estudantil.

Reescrevendo as Letras

É uma grande batalha conseguir fazer dupla habilitação, iniciação científica,

cursar tantos créditos e disciplinas, e ainda encarar toda Licenciatura e suas

muitas horas de estágio, principalmente porque a maioria de nós precisa

trabalhar além de estudar. Não à toa há um grande índice de desistência,

alunos trancados e jubilamento. É preciso que o currículo e a estrutura do

curso sejam debatidos. Além disso, a reitoria anuncia, através do projeto de

Reforma da Graduação, a disposição de “modernizar” os cursos da USP,

tornando-os bem aceitos mercadologicamente, através da mudança de seus

currículos ou de corte de verbas daqueles que têm “baixo impacto social”.

Nos formamos como professores, tradutores e pesquisadores de língua e literatura, e negamos a ideia de que somos estu-

dantes e profissionais pouco importantes para sociedade! Mudanças no currículo são bem-vindas, mas devem respeitar o

debate que o conjunto dos estudantes de Letras faz sobre eles. É preciso democracia nas decisões a respeito de como o cur-

so se estrutura. Por isso, propomos:

# Semana das habilitações;

# Grupos de trabalho sobre o currículo das habilitações;

# Semana da Letras temática para pensar o curso;

# Articulação com os Rds para que os departamentos rece-

bam as deliberações dos estudantes em seus fóruns;

# Plenárias departamentais;

O real não está nem na saída nem na

chegada: ele se dispõe

para a gente é no meio da Travessia

Todos nós no mesmo barco, não há nada a temer! Em 2013, o CAELL deve estar ao lado de estudantes e profes-

sores, construindo um movimento amplo, discutindo as neces-

sidades e mudanças que queremos na Letras e na USP e de-

fendendo a FFLCH enquanto unidade e perfil de formação críti-

ca e reflexiva. Também deve seguir como protagonista na luta

por eleições diretas pra reitor! Com a cara do estudante de

Letras, através de um movimento amplo, o CAELL deve estar

em defesa da qualidade do curso de Letras e da unidade da

FFLCH!

Page 2: Programa Travessia 2013

Desde o início de seu mandato, João Grandino Rodas vem

mostrando para a USP inteira, a razão de ter sido declarado

como persona non grata pela Congregação da Faculdade de

Direito, após ter sido diretor desta unidade. Com poucos anos

de mandato, já conseguiu alcançar um número de processa-

dos políticos que não se via desde a ditadura, fazer um

(ineficiente) programa de segurança baseado na truculência

policial, proibir festas e o consumo de bebidas nos campi,

além de várias outras ações, que deixam clara sua intenção de

mudar a USP

e seu estatuto

como melhor lhe aprouver.

Rodas não foi escolhido pela Comunidade Universitária, foi

indicado por membros do CO junto a mais dois outros nomes

ao governador do estado, José Serra. Em vista disso, o CAELL

se organiza desde o início da gestão Travessia na luta por De-

mocracia na Universidade: as vozes que discordam da política

da reitoria devem ser ouvidas e devem ser centrais na decisão

dos rumos da USP, não reprimidas, como faz o reitor, que se

utiliza do regimento disciplinar de 72, do caldo político da dita-

dura militar, para expulsar estudantes que se organizaram

politicamente.

As movimentações que fizemos nas eleições para o novo diretor da FFLCH

fizeram emergir o debate sobre a divisão da FFLCH. Sérgio Adorno, o diretor

eleito, além de publicamente admitir estar alinhado à política de Rodas, de-

fende há muitos anos a divisão da FFLCH. Nos anos 90, era figura pública

nos debates em defesa da divisão, contra nomes como Marilena Chauí e

Milton Santos.

Nos anos 90, houve uma série de deba-

tes para discussão da proposta de divisão e

um plebiscito para aferir a opinião da

FFLCH sobre a divisão. Em 2012, a propos-

ta estava sendo debatida por alguns pro-

fessores e departamentos da FFLCH e se

não fosse a organização do CAELL, do DCE,

e de uma série de estudantes e professo-

res, o processo poderia estar em andamen-

to. A plenária de estudantes, funcionários e

professores da FFLCH que impulsionamos

tirou importantes resoluções sobre a neces-

sidade de que a voz da FFLCH seja ouvida

diante de qualquer decisão que se tome

sobre isso. Os Rds que foram eleitos na

Congregação depois de muitos anos atra-

vés da articulação dos CA’s da FFLCH con-

seguiram adiar essa discussão para o ano

que vem. É preciso que nenhuma decisão

sobre a divisão da FFLCH seja feita antes de um amplo debate, em que todas

as opiniões sejam levadas em conta. Milton Santos, em um debate nos anos 90

com Adorno, dizia ser contra a divisão porque ela sintomática da fragmenta-

ção do pensamento crítico na USP. Somos contra a divisão da FFLCH, pois

ela visa enfraquecer um dos principais pólos políticos e críticos da Universi-

dade e enfraqueceria uma formação mais ampla e interdisciplinar. Pelo

contrário: é necessário maior unidade pedagógica, política e acadêmica. É

necessário que os cursos de Humanas sejam encarados como cen-

trais para a principal Universidade do país. Em 2013, é preciso afirmar a

defesa da FFLCH, seu perfil crítico e reflexivo. Queremos mais união, mais

reflexão, não à divisão!

2013: Fim da gestão Rodas. Mas o que vem depois?

Por um movimento amplo e democrático!

Queremos votar para reitor!

Em 2012, a Letras foi protagonista na

construção do XI Congresso, que reor-

ganizou o movimento estudantil da USP

e apontou a luta por eleições diretas

como central para o próximo período. A

Letras é um dos cursos que mais so-

frem com uma reitoria como a de Ro-

das. Devemos dizer que queremos vo-

tar para reitor, que não aceitamos que

Geraldo Alckmin nos diga e precisamos

seguir como protagonistas na luta por

Democracia na USP e eleições direta.

O movimento estudantil da USP precisa

se adiantar em relação à reitoria. De-

vemos, desde a Calourada, construir

um movimento propositivo: fazer valer

a nossa voz e mostrar que os

estudantes querem eleições

diretas, indicar um candidato

próprio do movimento dos

professores, estudantes e

funcionários e apresentar a

nossa própria plataforma polí-

tica para gerir a Universidade.

Diante desta realidade, da pluralidade da Letras e dos desafios que temos para o próximo ano, o modelo a partir do qual a

gestão do CAELL deve atuar deve ser amplo e agregador. Devemos seguir avançando na desconstrução da ideia de que o Movi-

mento Estudantil é de poucos. Mesmo nos momentos de menor efervescência, deve ser papel do CAELL se esforçar para susci-

tar importantes debates e construir atividades que possam abranger centenas de estudantes, fazer o debate que muitas vezes

fica restrito a alguns grupos e estudantes parte do cotidiano de tod@s.

Era necessário que o Movimento Estudantil da Letras se reorganizasse depois do fim da greve de 2011. Assumimos a gestão

no meio deste ano como resposta dos estudantes a um CAELL que estava distante da realidade do curso, que servia para auto-

construção de um grupo e que via o Movimento Estudantil como espaço para atuação de pouc@s.

Pela unidade da FFLCH!

Page 3: Programa Travessia 2013

O CAELL com a cara do estudante

Tod@s as Letras contra o racismo, o machismo e a homofobia!

Contra o racismo! Apenas 2,1% dos ingressantes em primeira chamada na

Fuvest 2012 declararam ter sua pela negra. Rodas se recusa a debater cotas,

estando na contramão da decisão do STF que reconheceu a

adoção do sistema de cotas sociais e raciais nas universidades federais. Co-

tas sim!

Contra o machismo! Na FUVEST 2011, 93.6% d@s calour@s inscrit@s na

primeira chamada da Letras/USP eram mulheres, ao passo que o número total

de mulheres matriculadas no primeiro semestre de 2011 era de apenas 64.4%

º. Isso mostra um número infinitamente maior de mulheres ingressam na le-

tras, enquanto um número significativamente menor se forma e ainda imensa-

mente menor chega ao mestrado e doutorado. Queremos vagas para estu-

dantes mães no CRUSP e vagas para seus filhos nas creches, bolsas de permanência estudantil. O CAELL deve

manter seu apoio ao Coletivo Marias Baderna em 2013.

Contra a homofobia! É vital a manutenção de atividades como A Todas as Letras, na qual penduramos uma bandeira

enorme da luta LGBT na frente do prédio, expressando nosso orgulho e luta diária contra homofobia, e fizemos um debate

acerca da violência homofóbica no dia 17 de maio, a primeira festa LGBT junina da FFLCH, a Fogayra e a mesa Litera-

tura e Opressão na 1ª Semana da Letras por Democracia.

O CAELL precisava ter a cara do estudante, debater questões e demandas da realidade do curso, construir atividades

amplas e levar informações aos estudantes. Era precisa torná-lo dialogável, amplo e criar espaços onde tod@s se sentis-

sem convidad@s, se sentissem parte das discussões, em horários e espaços que pudessem participar.

De lá para cá, foram muitas iniciativas, debates ao ar livre, passagens em sala, boletins, construção de

atividades e pautas, inclusive ao lado de muitos professores. Todas as Letras no combate à homofobia, Semana da Le-

tras por Democracia e Aulas Públicas com grandes professores encherem nosso cotidiano de debate, vida política e cultu-

ra, em contraposição ao vazio político do ano de 2011.

O apoio e financiamento a outras entidades, iniciativas e coletivos da Letras, como ao coletivo Lacuna, à Copa Fora

Rodas, ao coletivo feminista Marias Baderna, ao DCE, à Frente pró-cotas, à Atlética, ao Biffe, a festas e cervejadas, é parte da

política de apoio e integração que o CA deve cumprir.

Mas ainda é preciso avançar.

#Manter os debates abertos, ao ar livre, em horários em que tod@s possam partici-

par;

#Manter a construção de pautas de debates em conjunto com professores;

#Atividades entre aulas;

#Jornal da Letras: o espaço para as vozes dos estudantes;

#Comissão de cultura, festas e arte;

#Reuniões ordinárias da entidade, para que tod@s que quiserem cons-

truir o CAELL;

“Se muito vale o já feito, mais vale o

que será

E o que foi feito é preciso,

Conhecer para melhor prosseguir

Falo assim sem tristeza,

Falo por acreditar

Que é cobrando o que fomos

Que nós iremos crescer.”

Milton Nascimento

Enquanto a diretoria nos envia e-mails dizendo não autorizar as festas que os estudantes organizam na FFLCH, devemos

estimular, dar apoio e financiamento aos espaços de organização e confraternização.

A Calourada deve ser um momento de apresentação da Universidade e do ME, mas é fundamental que em 2013 ela tam-

bém sirva para integração entre os estudantes da Letras e da FFLCH.

Estudar Letras deve significar ir além do aprendizado de teorias em sala de aula. É preciso transcender as barreiras do co-

nhecimento e organizar espaços para que os estudantes possam cons-

truir atividades culturais.

#Espaços de confraternização na Calourada;

#Criar comissão de arte e cultura para que os estudantes tragam idei-

as e organizem atividades;

#Manter o apoio e financiamento às iniciativas e coletivos, como à

Atlética, ao Biffe, à Copa Fora Rodas e Fora Adorno, ao coletivo Lacu-

na;

#Manter a construção e financiamento do ENEL – Encontro Nacional

dos Estudantes de Letras;

#Manter as aulas públicas com professores e escritores;

#Manter festas temáticas, como a “Fogayra” Junina, a Festa Junina, e

a “Luta pelo direito de festa, festa pelo direito de luta”;

Quem está nessa grande Travessia?

*Barbara Rossi

*Caio Macarrão

*Cauê Rodrigues

*Dandara Aranha

*Felipe Chagas

*Giovana Andrade

*Hellen da Silva

Sabo

*Jacqueline Alberti

*Thais Neves

*Jacqueline Prus-

chinski

*Larissa Pavoni

*Leticia Rosa

*Marcela Mosqueti

*Priscila Freiria

1º ano:

*Anai Montanha

*Barbara (Babi) Grace

*Luiz Valle

*Yu Wen Huang

2º ano: Guilherme de Melo

3º ano:

Beg Filho

Kleber Ribeiro

Sâmia Bomfim

4º ano e demais:

Expressão, integração, arte e cultura