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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Ernani Luiz Barbosa Aplicação de métodos alternativos à refrigeração convencional no processo de retificação sem centros São João del-Rei, 2015

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Ernani Luiz Barbosa

Aplicação de métodos alternativos à refrigeração

convencional no processo de retificação sem

centros

São João del-Rei, 2015

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Ernani Barbosa

Aplicação de métodos alternativos à refrigeração

convencional no processo de retificação sem

centros

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

da Universidade Federal de São Joao del-Rei,

como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Materiais e Processos de

Fabricação

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão

São João del-Rei, 2015

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110f.; il.

f.105-110

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aplicação de métodos alternativos à refrigeração

convencional no processo de retificação sem

centros

Autor: Ernani Luiz Barbosa

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

São João del-Rei, 20 de fevereiro de 2015

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Dedico este trabalho à minha amada e

querida esposa Vânia, aos meus pais José

Felipe e Maria Liberata e à minha irmã

Fernanda.

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho especialmente a Deus, que me concedeu saúde e capacidade para concluir esta jornada. Sem Ele, este projeto não se tornaria uma realidade.

Presto minha homenagem especial às pessoas sem as quais este trabalho

não poderia ser terminado: Aos meus pais José Felipe Barbosa e Maria Liberata Vieira Barbosa, pelo

incentivo em todos os momentos da minha vida. Eles não mediram esforços para a minha educação.

À minha querida e amada esposa Vânia, principalmente pela compreensão

nas minhas ausências frente a este grande objetivo. Obrigado por ter sonhado comigo, pois em nenhum momento faltaram carinho e incentivo, especialmente nos momentos difíceis.

À minha irmã Fernanda, meu cunhado Gilvane e meus amados sobrinhos

Zaira, Matheus e Samuel, pelo carinho e apoio. À minha cunhada Raquel, que sempre se colocou à disposição auxiliando-me

com os seus vastos conhecimentos na área acadêmica. À minha família lavrense: Sr. Vander, D. Diva, Eliane, Alexandre, Gabriel e

Pedro, que me apoiaram dando-me todo o apoio necessário. Ao meu amigo Flávio Meira Borém, que sempre me auxiliou dando-me

conselhos e preparando-me para este grande momento. Ao meu orientador prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão, pela compreensão

frente às várias dificuldades que nos foram apresentadas, mas comigo sempre acreditou e me mostrou os caminhos a serem seguidos. Obrigado por todo o aprendizado obtido neste trajeto.

Aos professores e colegas do Mestrado, pelo aprendizado e pela feliz

convivência. À Mônica Maria Jaques, secretária do PPMEC, pela organização do

Programa de Mestrado. Ao Davi Carlos Tavares, pela ajuda e apoio constantes na execução dos

experimentos. Aos meus colegas Tiago, Rafael, Maxmiller, Giovane, Leandro e Alfredo, pelo

apoio e ajuda na execução dos experimentos. Ao meu colega Felipe, pelo detalhamento dos projetos.

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À empresa em que trabalho, principalmente ao gerente geral Noé Magalhães e ao gerente de RH Sílvio Gonçalves, pelo incentivo e total apoio nesta pesquisa.

A todos os amigos e profissionais, que ajudaram de forma direta e indireta para a conclusão deste trabalho.

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Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.

Aristóteles

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RESUMO

Barbosa, E. L. (2015). Aplicação de métodos alternativos à refrigeração

convencional no processo de retificação sem centros. Dissertação (Mestrado) –

Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei, 2015.

Processos de usinagem podem ser considerados como um conjunto de movimentos,

destinados à remoção de sobremetal em um determinado material mediante o

emprego de uma determinada ferramenta. Entre esses processos, devido à

considerável taxa de produtividade, destaca-se o processo de retificação sem

centros de passagem. Devido às altas taxas de produtividade, precisão geométrica e

qualidade no acabamento, faz-se necessária a aplicação de um fluido lubri-

refrigerante de forma eficaz em processos de retificação. Questões ambientais,

saúde e segurança do operador e principalmente o alto custo dos fluidos

refrigerantes vêm gerando dúvidas sobre a sua aplicação em processos de

usinagem. Este trabalho apresenta os resultados da aplicação da técnica de Mínima

Quantidade de Líquido Lubrificante (MQL) na retificação sem centro de um aço

ABNT 1025. Foi desenvolvido um Dispositivo Direcionador do Sistema MQL (DDS-

MQL) específico. Esse dispositivo utilizou bicos direcionadores do fluido de

refrigeração na zona de retificação, onde foram alternados o número de bicos e a

altura do dispositivo no vão de retificação. O desempenho desse dispositivo foi

verificado mediante a análise das informações de rugosidade de profundidade média

(Rz). Por meio dos resultados obtidos nos experimentos, foi possível identificar, de

forma satisfatória, a melhor configuração para a otimização da aplicação de fluido

utilizando a técnica de MQL. A aplicação de MQL, a variação do número de bicos e

da distância dos bicos em relação à peça no vão de retificação e suas interações

influenciaram significativamente no resultado da rugosidade. Esse resultado tornou

possíveis ganhos tecnológicos e ambientais. Dessa forma, este trabalho contribuiu

significativamente para a redução do consumo de fluido e, consequentemente, o

custo de transformação das empresas que utilizam o processo de retificação com a

aplicação de fluido refrigerante emulsionável em abundância.

Palavras-chave: retificação sem centro, MQL, refrigeração, rugosidade.

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ABSTRACT

Barbosa, E. L. (2015). Application of alternative method to conventional cooling

system in a through-feed centerless grinding. M.Sc. Thesis (Thesis) – Federal

University of São João del-Rei, São João del-Rei, 2015.

Machining can be considered as a process in which a tool removes material from the

surface of a less resistant body, through an application of a tool. Between this

process the through-feed centerless grinding has been highlighted because his high

performance. A great level of productivity and geometric precision can be achieved

with this process. However, the advantages caused by the use of cutting fluids in

machining processes have been questioned lately, due to several negative effects

they cause. For the companies, the costs related to cutting fluids represent a large

amount of the total transformation costs. This work presents results about the

implementation of Minimum Quantity of Lubrication (MQL) in a through-feed

centerless grinding using a steel ABNT 1025. A specific device, called DDS-MQL

(Drive Device System-MQL) was developed using nozzles that drive the coolant

emulsion exactly on the grinding zone. The performance of this device was

measured through the surface roughness Rz analysis. Afterwards the results showed

that is possible to provide the better configuration for optimization the cooling

application method. The MQL application, the number of nozzles and distance

between nozzles variation were significant. The significance was checked for each

level and their interaction improved the surface roughness and the reduction of

consumption of cooling. This reduction can generate a significant decrease in the

costs with emulsion and specifically in the handling, storage and regeneration

process. It results being possible technological and environmental development.

Thus, this work contributed significantly to reduce the industrial manufacturing costs

with a use of DDS-MQL system.

Key words: centerless grinding, MQL system, coolant, surface roughness.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Relação entre dados de entrada e resultados no processo de

retificação ....................................................................................................... 6

Figura 2. Formação de cavaco na retificação ................................................... 7

Figura 3. Distribuição de energia térmica na retificação .................................... 9

Figura 4. Esquema de uma retificadora sem centro ........................................ 10

Figura 5. Grandezas do processo de retificação sem centro de passagem ...... 11

Figura 6. Posicionamento da peça sobre a régua de apoio ............................. 12

Figura 7. Representação esquemática de uma retifica sem centro de passagem

..................................................................................................................... 12

Figura 8. Vão de retificação ........................................................................... 13

Figura 9. Elementos de uma retificadora sem centro de passagem ................. 15

Figura 10. Formas das réguas de apoio ......................................................... 16

Figura 11. Formato hiperbólico do rebolo de arraste após dressagem ............. 18

Figura 12. Identificação de rebolos convencionais .......................................... 21

Figura 13. Desgaste do grão abrasivo ............................................................ 22

Figura 14. Grão abrasivo após dressagem ..................................................... 23

Figura 15. Tribologia do processo de usinagem .............................................. 26

Figura 16. Desenvolvimento atual e futuro da aplicação de fluidos nos processos

..................................................................................................................... 31

Figura 17. Bicos ejetores de fluido refrigerante ............................................... 33

Figura 18. Exemplos dos formatos da aplicação de um fluido em função da

geometria do bico .......................................................................................... 34

Figura 19. Ângulo de cobertura ...................................................................... 35

Figura 20. Retificadora Centerless de passagem CINCINNATI RK 350-20 ...... 37

Figura 21. Dispositivo aplicador de MQL ........................................................ 38

Figura 22. Régua de apoio ............................................................................ 40

Figura 23. Cobertura teórica do jato tipo leque ............................................... 43

Figura 24. Geometria dos bicos jato em leque direcionador do fluido sistema

MQL ............................................................................................................. 44

Figura 25. Base do dispositivo simulador do vão de retificação (DSVR) .......... 46

Figura 26. Trave superior do DSVR ............................................................... 47

Figura 27. Cabeceira do DSVR ...................................................................... 48

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Figura 28. Dispositivo simulador de vão de retificação (DSVR) ....................... 49

Figura 29. Conjunto direcionador do fluido no sistema MQL (DDS-MQL) ......... 49

Figura 30. Tipos de DDS-MQL ....................................................................... 52

Figura 31. Haste do amortecedor ................................................................... 53

Figura 32. Refratômetro ATAGO .................................................................... 54

Figura 33. Rugosímetro MAHR ...................................................................... 55

Figura 34. Montagem do aplicador MQL na bancada experimental .................. 57

Figura 35. Calibração do aplicador MQL ........................................................ 58

Figura 36. Montagem do aplicador MQL (calibração da vazão) ....................... 59

Figura 37. 1ª Montagem DDS-MQL (piloto) .................................................... 63

Figura 38. 1ª Montagem DDS-MQL (jato laminar) .......................................... 63

Figura 39. 2ª Montagem DDS-MQL (jato laminar) .......................................... 64

Figura 40. Montagem DDS-MQL (jato em leque) ............................................ 64

Figura 41. 1ª Montagem DDS-MQL (jato laminar)+ aplicador MQL .................. 65

Figura 42. 1ª Montagem DDS-MQL (jato em leque )+ aplicador MQL) ............. 65

Figura 43. 2ª Montagem DDS-MQL (jato laminar) + aplicador de MQL) ........... 66

Figura 44. Esquema de distribuição do fluido MQL x geometria do bico .......... 67

Figura 45. Regulador e gerador de pulsos do aplicador de MQL ..................... 68

Figura 46. Esquema de distribuição do fluido MQL (bico jato leque) ................ 69

Figura 47. Região de medição da rugosidade nos corpos de prova ................. 75

Figura 48. Presença de borra de retificação na régua de apoio ....................... 82

Figura 49. Condição do rebolo de corte após experimento piloto ..................... 84

Figura 50. Volume de fluido utilizando calha (processo convencional) ............. 86

Figura 51. Volume de fluido utilizando dispositivo direcionador (19 bicos) ....... 86

Figura 52. Condições do fluido ao lavar o equipamento .................................. 87

Figura 53. Atmosfera envolvente ao processo de retificação ........................... 89

Figura 54. Gráfico de normalidade ................................................................. 90

Figura 55. Gráfico de dispersão ..................................................................... 91

Figura 56. Pareto dos efeitos para rugosidade ............................................... 93

Figura 57. Gráfico de probabilidade normal .................................................... 94

Figura 58. Relevância individualizada dos níveis da variável de entrada ......... 96

Figura 59. Gráfico da interação entre as variáveis de entrada ......................... 99

Figura 60. Gráfico de superfície (sem aplicação de MQL) ............................... 99

Figura 61. Gráfico de contorno (sem aplicação de MQL) ................................ 100

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Figura 62. Gráfico de cubo ........................................................................... 101

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características técnicas do rebolo de corte e arraste ...................... 39

Tabela 2. Especificações técnicas óleo LB-1000 ............................................ 41

Tabela 3. Especificações técnicas óleo ECOCOOL P-1978 ............................ 42

Tabela 4. DDS-MQL utilizado nos experimentos ............................................. 51

Tabela 5. Teste “F” – análise de variância ...................................................... 92

Tabela 6. Teste “T” – análise de variância ...................................................... 92

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Características técnicas dos bicos de refrigeração ......................... 45

Quadro 2. Caracteristicas dos ensaios experimentais realizados na retificadora

..................................................................................................................... 72

Quadro 3. Terceiro Planejamento de Experimento .......................................... 74

Quadro 4. Planejamento de Experimento completo com as variaveis e seus

niveis ............................................................................................................ 74

Quadro 5. Resultados da vazão individualizada de cada bico aplicador .......... 77

Quadro 6. Comportamento dos experimentos ................................................. 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Letras Latinas

Al2O3 – Óxido de alumínio

AN – Rebolo tipo anel

bd – largura de corte efetiva [mm]

CBN – Nitreto de boro cúbico

CR – Rebolo de copo reto

Dr – Diâmetro do rebolo de arraste [mm]

Ds – Diâmetro do rebolo de corte [mm]

Dw – Diâmetro da peça [mm]

EA – Emissão acústica

ELID – Electrolytic in process dressing

F – força de usinagem [N]

Fc – força de corte [N]

Fd – avanço [N]

Ff – força de avanço [N]

Fp – força passiva [N]

G – relação entre o volume de material retificado e o desgaste volumétrico do rebolo

hw– altura do centro da peça [mm]

Mn – manganês

P – fósforo

Rd – Raio de ponta do diamante dressador [mm]

Rz – Rugosidade [µm]

R1, R2, R3, R4 – resistência dos strain gages

S – enxofre

Sd – avanço do dressador por revolução do rebolo

Si – silício

SiC – Carboneto de silício

SG – Seeded gel

TiO2 – Óxido de titânio

V – Tensão de alimentação [V]

Vfd – velocidade de avanço de dressagem axial [mm/min]

Vs – velocidade do rebolo [m/s]

Vw – velocidade da peça [m/s]

Ud – grau de recobrimento

∆v – leitura de Tensão [V]

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Letras Gregas

R – ângulo de tangência do rebolo de arraste

S – ângulo de tangência do rebolo de corte

– ângulo de tangência da peça entre o rebolo de corte e arraste

β – ângulo de topo da régua de apoio

α – nível de significância

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................. vErro! Indicador não definido.

ABSTRACT .......................................................................................... iErro! Indicador não definido.

LISTA DE FIGURAS ............................................................................ Erro! Indicador não definido.

LISTA DE TABELAS ............................................................................ Erro! Indicador não definido.

LISTA DE QUADROS .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................ Erro! Indicador não definido.

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... Erro! Indicador não definido.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 5

2.1 O processo de retificação ......................................................................................................... 5

2.1.1 Mecanismo de formação do cavaco ................................................................................ 7

2.1.2 Distribuição da energia no processo de retificação ...................................................... 8

2.2 O processo de retificação sem centro de passagem ......................................................... 10

2.2.1 Vantagens do processo de retificação sem centro ..................................................... 14

2.2.2 Elementos de uma retificadora sem centro de passagem ......................................... 14

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 36

3.1 Equipamentos utilizados ......................................................................................................... 36

3.1.1 Retificadora ....................................................................................................................... 36

3.1.2 Aplicador de MQL ............................................................................................................. 37

3.2 Ferramentas utilizadas ............................................................................................................ 38

3.2.1 Rebolos de corte e de arraste ........................................................................................ 39

3.2.2 Dressadores ...................................................................................................................... 39

3.2.3 Régua de apoio ................................................................................................................. 39

3. Lubri-refrigerante ....................................................................................................................... 40

3.3.1 Óleo LB-1000 .................................................................................................................... 40

3.3.2 Fluido solúvel ECOCOOL P 1978 .................................................................................. 41

3.4 Bicos de refrigeração .............................................................................................................. 42

3.5 Dispositivo simulador do vão de retificação......................................................................... 46

3.6 Dispositivo direcionador do sistema MQL ............................................................................ 49

3.7 Material dos corpos de prova ................................................................................................. 53

3.8 Instrumentos de medição ....................................................................................................... 53

3.8.1 Provetas ............................................................................................................................. 53

3.8.2 Refratômetro...................................................................................................................... 54

3.8.3 Rugosímetro ...................................................................................................................... 54

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3.8.4 Termômetro digital............................................................................................................ 56

3.9 Montagem experimental ......................................................................................................... 56

3.9.1 Montagem do aplicador de MQL na bancada .............................................................. 56

3.9.2 Montagens dos dispositivos na retificadora ................................................................. 59

3.10 Procedimento experimental ................................................................................................. 67

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 76

4.1 Fase de ajustes e regulagens dos dispositivos e equipamentos ..................................... 76

4.2 Monitoramento dos elementos da retificadora .................................................................... 78

4.2.1 Comportamento da régua de apoio ............................................................................... 82

4.2.2 Comportamento dos rebolos durante os testes ........................................................... 83

4.2.3 Comportamento das peças na saída do processo de retificação ............................. 84

4.2.4 Comportamento do fluido durante os testes ................................................................ 86

4.2.5 Comportamento da atmosfera envolvente ao processo de retificação .................... 88

4.3 Análise dos resultados da rugosidade para variáveis de entrada ................................... 89

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 102

6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS ..................................................................... 104

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 105

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1

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

Processos mecânicos de usinagem podem ser considerados como um

conjunto de movimentos, que se destinam à remoção de sobremetal em uma

determinada peça, empregando uma determinada ferramenta. Esses processos

conferem simultaneamente dimensões geométricas e acabamento superficial às

peças que estão sendo processadas.

O processo de usinagem consiste na remoção de material da superfície de

um corpo menos resistente por meio de um movimento relativo e aplicação de força.

Atualmente, existem vários tipos de processos de usinagem, que são denominados

de acordo com as suas características. Dentre estes, podem se destacar os

principais processos de usinagem, que são: torneamento, serramento, fresamento,

furação, aplainamento, brunimento e retificação.

Entre os vários processos de usinagem, o de retificação tem tido grande

notoriedade. Completamente diferente de processos como o de torneamento e

fresamento, ele consiste de um processo de remoção de material por abrasão.

Acabamento superficial e circularidade com baixa rugosidade aliados a uma alta

capacidade produtiva são características do processo de retificação, sendo

condições dificilmente obtidas por outros tipos de processo como torneamento,

fresamento ou furação (HITCHINER; McSPADDEN, 2005).

O processo de retificação tem seis elementos básicos que influenciam na

qualidade do produto retificado: a máquina retificadora, o rebolo ou ferramenta de

corte, a peça a ser retificada, o fluido de corte, a atmosfera do processo de

retificação e o centelhamento provocado durante o processo de retificação

(MARINESCU et al., 2007).

Esse processo tem grande utilização na execução de peças com dimensões e

formas rigorosas, peças com dureza elevada (acima de 40 HRC) ou ainda

rugosidade superficial muito baixa. Caracteriza-se também por não ter uniformidade

das arestas de corte que atuam de forma diferenciada sobre a peça retificada

(KWAK; SIM; JEONG, 2006).

A concorrência entre as indústrias de transformação metal-mecânica em um

mercado globalizado, obriga as organizações a terem o foco sempre na eficiência de

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2

seus processos. A melhor relação custo/benefício é imprescindível para garantir a

participação das indústrias neste mercado competitivo. Neste contexto, destaca-se o

processo de retificação do tipo sem centro (HAFENBRAEDL; MALKIN, 2001).

Desenvolvida em 1915, a retificação sem centro ganhou destaque entre os

processos de retificação (FRIEDRICH, 2005), pois confere à peça características

dimensionais com alta precisão, além de manter tolerâncias diametrais mínimas sob

circunstâncias de uma produção seriada elevada.

Empregada para retificação de peças cilíndricas, a retificação sem centro de

passagem apresenta versatilidade, possibilitando usinar uma variedade de materiais.

Nessa lista de materiais, incluem-se diversas ligas de aço, os tipos mais comuns de

metais ferrosos, além de diversos materiais não metálicos, como cerâmica, cortiça,

vidros, plásticos, porcelana, borracha e madeira (SCHMIDT, 1989).

A complexidade desse processo exige dos profissionais responsáveis,

durante a sua utilização, alto grau de conhecimento para garantir o desempenho

esperado. Esse processo é, de fato, reconhecido como complexo em função da

dificuldade de entendimento dos fenômenos que ocorrem durante a usinagem por

abrasão, que vão desde a formação do cavaco até seus efeitos na qualidade final do

produto. Tudo isso sob influência de uma multiplicidade de fatores e parâmetros que

envolvem o processo (KLOCKE et al., 2004).

O processo de retificação requer uma quantidade considerável de energia por

unidade de volume para remover o material. Durante o processo, essa energia é

transformada em calor, o qual se concentra na região do corte. As altas

temperaturas podem causar vários tipos de danos térmicos à peça. A queima

superficial e modificações microestruturais e da superfície são alguns exemplos

desses danos. Esse aquecimento pode acarretar a têmpera superficial e a

retêmpera de alguns materiais (em usinagem de aço temperado). Pode-se também

formar a martensita não amolecida, que, neste caso, geraria indesejáveis tensões

residuais de tração e redução da resistência à fadiga. Dessa forma, tem-se que,

quanto maior for a temperatura, maiores serão o impacto sobre a peça e o rebolo

utilizado na retirada do material.

Os óleos de corte/refrigeração empregados nos processos de usinagem têm

influência importante no processo de retificação. Eles exercem a função de redução

da temperatura na zona de retificação e lubrificação dos componentes envolvidos

durante o processo de retificação. Além disso, possuem outras funções secundárias

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3

exigidas deles, como: transporte de cavaco e da borra de retificação, limpeza da

ferramenta e do equipamento, bem como proteção das partes metálicas contra

corrosão.

Um dos principais objetivos do fluido refrigerante no processo de retificação é

a redução da temperatura na zona de retificação. Não controlar a expansão e

contração térmica da peça durante a retificação é assumir a possibilidade de

ocorrerem erros na dimensão e forma do componente final, levando principalmente a

erros de circularidade. Somada a esse objetivo, pode-se ressaltar a função de

lubrificação de todos os componentes envolvidos no processo de retificação. Essa

lubrificação reduz o desgaste por atrito do rebolo na peça, bem como o desgaste da

régua de apoio.

Há mais de 100 anos, Mallock escreveu que a finalidade do fluido refrigerante

era simplesmente diminuir o atrito entre as peças e a superfície de corte frente à

grande dificuldade da aplicação da refrigeração em um processo de retificação

(TASDELEN; THORDENBERG; OLOFSSON, 2007).

Com o intuito de evitar danos térmicos às peças, podendo comprometer a

qualidade destas e gerando perdas substanciais no processo, muitas empresas

utilizam o fluido refrigerante em emulsão (em abundância). No entanto, toda essa

vantagem alcançada vem sendo questionada. Alguns aspectos negativos, como os

aspectos ambientais, os relativos à saúde dos operadores envolvidos no processo e,

principalmente, os econômicos têm sido evidenciados. Comprova-se, em muitos

casos, que o custo com o fluido de refrigeração é superior ao custo de ferramentas

utilizadas no processo, além dos desafios ambientais mencionados anteriormente.

Atualmente, encontram-se novos estudos avaliando a aplicação de óleos no

processo de retificação ou no processo de corte com o objetivo de aperfeiçoar a sua

aplicação. Encontram-se, por exemplo, estudos voltados para a aplicação da

usinagem a seco, ou semisseco, também conhecida como Mínima Quantidade de

Lubrificação (MQL).

A lubrificação por quantidade mínima é um método que permite reduzir a

quantidade de fluidos de corte com a aplicação deste na forma de gotículas ou

spray. Sabe-se que a sua aplicação proporciona redução significativa no volume

consumido do fluido refrigerante e mantém a eficiência do processo, atendendo às

legislações ambientais e garantindo, principalmente, a qualidade final da peça.

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O uso da MQL torna-se uma alternativa promissora às aplicações de

refrigeração seca e com fluidos convencionais. Nas últimas décadas, algumas

investigações quanto à influência dos parâmetros MQL sobre os resultados do

processo, tais como a taxa de fluxo de óleo, pressão do ar, posição do bico de MQL

e distância da zona de contato peça-rebolo, têm sido estudadas.

Alguns estudos mostraram que o local de posicionamento dos bicos de

refrigeração é um fator importante para a aplicação eficaz do fluido. Resultados bons

em processos de retificação plana têm sido obtidos quando os bicos foram

posicionados na região de contato peça-rebolo.

Embora o MQL apresente resultado satisfatório em outros processos de

usinagem, percebe-se que não são encontrados muitos estudos no processo de

retificação, principalmente em processos de retificação de passagem do tipo sem

centro.

Portanto, este trabalho tem como objetivo principal apresentar um estudo de

monitoramento e otimização aplicando um método alternativo à refrigeração

convencional no processo de retificação sem centro. Utilizando o sistema MQL com

bicos direcionadores, foi feita uma comparação com o método de lubrificação em

emulsão (abundância), mensurando possível ganho na redução do consumo de

fluido lubri-refrigerante.

Pôde-se comprovar o efeito individual e combinado de cada variável (causa)

em função dos resultados da rugosidade medida nas peças (efeito). Os resultados

mostraram que é possível conseguir redução significativa no consumo do fluido lubri-

refrigerante através da otimização da sua aplicação. O sistema de aplicação do

lubrificante, associado à quantidade de bicos e à localização deste, é um fator

fundamental na aplicação eficaz do fluido lubri-refrigerante, gerando resultados

significativos.

O estudo mostrou que existe grande potencial de aplicação de MQL no

processo de retificação sem centro. Dessa forma, esse aprofundamento, nessa

aplicação, contribuiu diretamente.

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CAPÍTULO 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O processo de retificação

O processo de retificação é considerado, dentre os principais processos de

manufatura, o processo de acabamento mais utilizado na fabricação de

componentes mecânicos de precisão embora ainda seja um processo com pouco

domínio tecnológico.

Agostinho (2004a) cita que o acabamento superficial da peça retificada é o

melhor que se pode conseguir dentre os principais processos de usinagem. Bianchi

(2004a) acrescenta que a retificação é um dos processos de usinagem mais

complexos devido ao fato de ele envolver uma gama de parâmetros e variáveis que

podem facilmente influenciar no controle do processo.

Trata-se, portanto, de um processo que normalmente é empregado em etapas

nas quais o valor agregado ao material tornou-se muito elevado devido aos outros

processos que o antecedem (SOARES; OLIVEIRA, 2002).

A retificação caracteriza-se por ser um processo de usinagem por abrasão,

constituído por alto número de arestas de corte provenientes do grão abrasivo e

presente na ferramenta denominada rebolo de corte (RC). Esses grãos, que se

desgastam, quebram ou são arrancados de forma não uniforme, definem esse

importante processo de transformação metal-mecânica como não estacionário, ou

seja, as características desse processo se alteram ao longo do tempo.

Dessa forma, pode-se dizer que o bom desempenho de um processo de

retificação não será alcançado mediante o ajuste ou alteração de apenas uma

variável, mas por uma combinação adequada de todos os parâmetros envolvidos

simultaneamente. Se os parâmetros aplicados forem adequados, os resultados

serão satisfatórios, comprovando a eficácia do processo (BIANCHI, 1996).

Conforme Boettler (1978), o processo de retificação se caracteriza por meio

das suas grandezas, como força de corte, desgaste do rebolo, tempo e temperatura.

De acordo com o resultado na retificação, deve-se considerar o processo tanto sobre

o aspecto tecnológico como econômico. O aspecto tecnológico diz respeito à

qualidade da peça retificada e a questões como desgaste do rebolo e fluido

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refrigerante. O aspecto econômico considera o tempo de processo (tempo ideal de

processamento) ou o custo de fabricação (custo ideal de fabricação).

A Figura 1 complementa, por meio de uma estrutura sistemática, a relação

entre os dados de entrada e os resultados, o que possibilita classificar as diferentes

grandezas que envolvem o processo de retificação (BOETTLER, 1978).

Figura 1. Relação entre dados de entrada e resultados no processo de

retificação

Fonte: Boettler, 1978.

O processo de retificação pode ser classificado em quatro tipos específicos:

periférico plano, periférico cilíndrico, entre pontas e sem centros, e ainda podem ser

de mergulho, longitudinal ou de passagem, face plano e face cilíndrico.

Conforme Oliveira (1988), a forma geométrica das superfícies obtidas é

subdividida em cilíndrica externa, cilíndrica interna, plana e plana rotativa. De acordo

com o tipo de fixação da peça, a retificação cilíndrica externa pode ser classificada

em retificação entre pontas ou sem centros (sem centro).

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Neste estudo, foi utilizada a retificação cilíndrica externa tangencial de

passagem sem centros, também conhecida como retificação sem centro de

passagem.

2.1.1 Mecanismo de formação do cavaco

A retificação consiste na remoção do material superficial da peça mediante a

utilização de ferramentas abrasivas (rebolos). Portanto, a abrasão é um fator

fundamental na retirada do cavaco (AGOSTINHO, 2004b). O rebolo de corte é uma

ferramenta de múltiplas arestas de corte, formadas pelas partes salientes dos grãos,

distribuídas de forma aleatória. Cada aresta de corte, ao entrar em contato com a

peça, gera a formação de um pequeno cavaco. Dessa forma, é praticamente

impossível definir uma forma geométrica segura e definitiva para a ferramenta

(DINIZ, 2004b).

Quando uma aresta interage com o material da peça seguindo a trajetória do

movimento do rebolo, três regiões podem ser definidas, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2. Formação de cavaco na retificação

Fonte: König e Klocke, 1997.

hcu eff hcu

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Na Região I, devido ao escorregamento do grão abrasivo sobre a peça,

ocorre o que se chama de deformação elástica, ou seja, aquela em que, removidos

os esforços atuando sobre o material, este volta à sua forma original. A energia é

gasta em deformação e atrito da face de folga da aresta com o material da peça.

Na Região II, a aresta do grão aumenta a interação com a peça. Nessa etapa,

ocorrem tanto a deformação elástica como plástica. Entende-se por deformação

plástica aquela que ocorre quando, removidos os esforços, não há recuperação da

forma original. Ainda não há formação do cavaco e uma parcela a mais de energia é

aplicada.

Na Região III, aumenta a deformação do material, atingindo uma pressão

crítica de corte. A pressão está mínima para ocorrer o arrancamento do material. A

partir desse ponto, tem-se a formação do cavaco, ocorrendo simultaneamente os

fenômenos de escoamento e cisalhamento do material. Em função da parcela de

deformação elastoplástica, apenas parte da profundidade prevista de penetração

“hcu” é realmente cortada, sendo esta denominada espessura efetiva de corte

“hcuef”.

Todo este processo de atrito, deformação elástica e plástica, que ocorre na

peça durante a retificação, é acompanhado por fenômenos relacionados ao rebolo,

tais como: fratura do ligante e desgaste ou quebra do grão abrasivo.

De acordo com König e Klocke (1997), a alta força normal “Fn”, seguida pelo

seu escoamento lateral do material, é responsável pela deformação elástica.

Posteriormente, tem-se a formação do cavaco pelo aumento da força tangencial “Ft”,

que cisalha o material, conforme Figura 2. As propriedades de escoamento do

material, a velocidade de corte e as condições de atrito da interface têm influência

significativa na formação do cavaco (KOPAC; KRAJNIR, 2006).

2.1.2 Distribuição da energia no processo de retificação

Na retificação, a energia mecânica, que é introduzida no processo, é

parcialmente usada para gerar a deformação na superfície da peça, o cisalhamento

do cavaco e o atrito, conforme Figura 3. Em função dos gumes afiados, grande parte

da energia se transforma em energia térmica, pelo atrito no flanco dos gumes, e em

deformação plástica na região superficial da peça. Durante a remoção do cavaco,

tem-se a transformação de energia em calor nas faces do grão. Além disso, vale

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ressaltar que uma parte da energia, principalmente quando se trata de rebolos

ligados, é transformada em calor em decorrência do atrito do ligante sobre a

superfície da peça (KÖNIG; KLOCKE, 1997).

Figura 3. Distribuição de energia térmica na retificação

Fonte: adaptado de König e Klocke, 1997.

As principais fontes de calor se encontram abaixo do grão, e essa energia flui

principalmente para dentro da peça. Em função do tempo de exposição e da ordem

de grandeza, esse fluxo de calor pode aumentar significativamente a temperatura na

superfície da peça, gerando queima superficial, modificações microestruturais e

fenômenos de oxidação. Desse modo, quanto maior for a temperatura, maior será o

impacto sobre a peça e o rebolo utilizado na retirada do material. É possível reduzir

o tempo de atuação do calor e a magnitude do aumento de temperatura por meio da

utilização de fluidos de corte (será referenciado posteriormente em um tópico

específico).

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2.2 O processo de retificação sem centro de passagem

Dentro do processo de retificação, pode-se destacar o processo de retificação

sem centro longitudinal ou de passagem.

Este processo é empregado para retificação de peças cilíndricas, longas e

finas, que, se fossem manufaturadas e centradas por dois “contrapontos” em uma

retificadora normal cilíndrica, com certeza, iriam fletir devido à pressão exercida

pelos rebolos durante o processo.

Este processo caracteriza-se por ser o único método em que a peça é

retificada sem o emprego de qualquer meio de fixação. As peças são usinadas,

sendo suportadas apenas pelo rebolo de corte, régua de apoio e rebolo de arraste,

conforme mostrado na Figura 4.

Figura 4. Esquema de uma retificadora sem centro

Fonte: Garitoanandia, Fernandes e Albizuri, 2008.

Com essa configuração, permitem-se, de forma simples e fácil, a alimentação

e a retirada de peças, gerando alta flexibilidade, alta produtividade e excelente

tolerância dimensional das peças retificadas (GARITOANANDIA et al., 2008),

condições que tornam esse processo largamente utilizado em indústrias de

autopeças.

Mesa inferior

Mesa superior

Base

Fusos de esferas

Régua de apoio

Barramento

Peça

Mancal do rebolo de corte Mancal do rebolo de arraste

Rebolo de corte Rebolo de arraste

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Como no processo de retificação sem centro de passagem as peças

permanecem rigidamente apoiadas durante todo o tempo de retificação, é possível

utilizar elevadas velocidades de corte e altas taxas de remoção, retificando peças de

forma continuada e em grande escala. Como também não existem forças de corte

no sentido axial da peça, peças com pequenos diâmetros podem ser retificadas sem

provocar a flambagem destas.

Pelo desenvolvimento do processo de retificação sem centro, foi possível

ampliar a aplicação de retificação para peças com características complexas,

obtendo-se tolerâncias mais precisas e baixa rugosidade.

Aparentemente, o processo de retificação sem centro possui forma

construtiva simples. No entanto, ao se analisar detalhadamente, pode-se concluir

que, em função do alto número de parâmetros utilizados neste processo, torna-se

difícil predizer o seu comportamento, tornando-o complexo. Pode-se perceber essa

alta complexidade e as variáveis envolvidas ao se observar a Figura 5.

Figura 5. Grandezas do processo de retificação sem centro de passagem

Fonte: Gonçalves e Miranda, 2007.

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Neste processo, durante todo o período em que a peça está sendo retificada,

ela permanece sustentada sobre uma régua de apoio, localizada entre os rebolos de

corte e de arraste, conforme Figura 6.

Figura 6. Posicionamento da peça sobre a régua de apoio

Fonte: Gonçalves e Miranda, 2007.

De acordo com (KLOCK et al., 2004), Klocke e König (2005) e Slonimsky

(1956), na retificação sem centro de passagem, a peça é conduzida passando por

meio dos rebolos de corte (RC) e de arraste (RA). O processo de usinagem ocorre

quando a peça percorre o vão de retificação, de um lado para o outro, sendo

conduzida pelo rebolo de arraste e retificada pelo rebolo de corte. Na Figura 7, pode-

se perceber a trajetória da peça no vão de retificação.

Figura 7. Representação esquemática de uma retifica sem centro de passagem

Fonte: Gonçalves e Miranda, 2007.

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Denomina-se vão de retificação a configuração formada pela peça, rebolo de

corte, rebolo de arraste e régua de apoio, conforme mostrado na Figura 8.

A posição da peça no vão de retificação é determinada por três pontos

definidos no contato do rebolo de arraste, rebolo de corte e régua de apoio. A

ligação entre as linhas de centro dos rebolos define a linha de referência, a qual

define a altura entre centros “hw”, ou seja, o centro da peça em relação à linha de

referência, conforme Figura 8. Os pontos de tangência entre peça e rebolos formam

o ângulo de tangência “γ”, que governa a altura da peça “hw” em relação ao centro

do rebolo de corte (KLOCKE; KÖNIG, 2005; LINDENAU, 2006).

Figura 8. Vão de retificação

Fonte: Lindenau, 2006.

Em função do ângulo de tangência “γ”, do diâmetro da peça e dos diâmetros

dos rebolos de corte e arraste, pode-se calcular a altura da peça “hw” a partir da

seguinte equação:

sendo:

γR ângulo de tangência do rebolo de arraste

γS ângulo de tangência do rebolo de corte

β ângulo de topo da régua de apoio

Um dos parâmetros mais importantes na ajustagem de uma retificadora sem

centro é o ângulo de tangência “γ”, pois este influencia diretamente no erro de

circularidade da peça.

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2.2.1 Vantagens do processo de retificação sem centro

O processo de retificação sem centro apresenta várias vantagens, que

permitem, com eficiência e economia, a retificação de altos volumes de produção

com alto grau de precisão, tornando-o um processo viável.

Conforme Slonimski (1956) e Schmidt (1989), algumas das principais

vantagens são:

2.2.1.1 não existem forças de corte no sentido axial da peça, possibilitando retificar

peças com pequenos diâmetros e sem provocar flexão;

2.2.1.2 as peças permanecem rigidamente apoiadas durante todo o tempo de

retificação, o que possibilita elevadas velocidades de corte e altas taxas de remoção

de material durante a retificação;

2.2.1.3 por meio do baixo tempo para alimentação do equipamento, pode-se retificar

continuamente e em grandes quantidades;

2.2.1.4 a possibilidade de erros durante a dressagem e compensação devido ao

desgaste do rebolo de corte é reduzida pela metade, pois o sobrematerial é medido

em relação ao diâmetro, e não ao raio;

2.2.1.5 por meio de modernos sistemas para medição automática do diâmetro da

peça e correção da variação de medida, é possível operar uma quantidade maior de

máquinas.

2.2.2 Elementos de uma retificadora sem centro de passagem

Para uma perfeita operacionalização do processo de retificação sem centro,

capaz de atender às exigências de qualidade e produtividade, são importantes

alguns elementos da máquina retificadora. Será descrito a seguir cada um desses

elementos, bem como a influência de cada um deles no processo. De forma

ilustrativa, são indicados na Figura 9.

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Figura 9. Elementos de uma retificadora sem centro de passagem

Fonte: Mikrosa, 2005.

2.2.2.1 Régua de apoio

Sendo uma das partes da retificadora responsável pelo posicionamento da

peça no vão de retificação, a régua de apoio desempenha papel importantíssimo no

processo de retificação.

Dentre as funções da régua, conforme Slonimski (1956) pode-se citar:

a) corrigir o posicionamento da peça entre os rebolos de corte e arraste para

obterem-se o diâmetro e a circularidade especificados;

b) corrigir o posicionamento do ponto de contato entre a peça e o rebolo de

corte para guiar a peça de forma precisa durante a retificação;

c) manter a peça constantemente em contato com o rebolo de arraste.

Geralmente, o ângulo da régua com superfície de apoio inclinada varia de 0 a

45º, dependendo principalmente do diâmetro da peça, do peso da peça e do ângulo

de tangência dos rebolos. O aumento do ângulo da régua de apoio representa

aumento significativo na pressão da peça no rebolo de arraste. Ao alterar ou

aumentar o ângulo da régua, projeta-se a peça contra o rebolo de arraste.

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A definição dos materiais a serem utilizados na construção da régua de apoio

depende diretamente do material a ser retificado. O metal duro e materiais

semelhantes são utilizados na confecção do apoio da régua na retificação de peças

em aços temperados. Já réguas em aço rápido são utilizadas para não metais e

régua em bronze duro ou ferro fundido para usinagem de peças de aço doce

(MARINESCU; UHLMANN; DOY,2006).

A forma da régua pode ser com a superfície de topo plana (I), inclinada (II),

inclinada com cavidade de apoio (III) ou na forma prismática (IV), conforme Figura

10.

Figura 10. Formas das réguas de apoio

Fonte: Slonimski, 1956.

A largura da régua normalmente é menor que o diâmetro da peça, evitando-

se, assim, o contato da régua com os rebolos no vão de retificação. A superfície de

topo plana formada pelo ângulo “β” permite o apoio da peça no vão de retificação.

Esse ângulo contribui para a definição da altura do centro da peça em relação aos

rebolos de corte e de arraste, e é definido considerando-se o diâmetro da peça a ser

retificada.

A correta definição do ângulo “β” possibilita a utilização de vários diâmetros

de peças sem necessidade de trocar a régua. Dessa forma, tem-se que a regulagem

do vão de retificação, devido à alteração do diâmetro da peça, poderá ser feita

simplesmente mediante o afastamento ou o recuo da mesa do rebolo de arraste em

relação à mesa da régua de apoio.

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2.2.2.2 Rebolo de arraste

No processo de retificação sem centro de passagem, o rebolo de arraste

possui três funções básicas: controlar o diâmetro e a rotação da peça, gerar a

velocidade de passagem no vão de retificação e manter a peça estável no vão de

retificação.

No processo de retificação sem centro de passagem, o rebolo de arraste é o

responsável por transferir a rotação e o movimento de translação às peças no vão

de retificação. Esse movimento é obtido mediante a inclinação do rebolo de arraste e

do seu formato hiperbólico. Meis (1980) considera o movimento de passagem da

peça entre os rebolos fator importante neste processo, pois a passagem axial da

peça em relação ao rebolo de corte possui influência direta sobre a forma e o

acabamento superficial desta.

Com o objetivo de corrigir a forma e as condições superficiais do rebolo de

arraste, é realizada periodicamente a dressagem deste.

A dressagem do rebolo de arraste consiste em deslocar a ferramenta de

dressagem (diamante) pela mesma linha de contato que será seguida pela peça. O

procedimento da dressagem do rebolo de arraste difere-se do empregado para o

rebolo de corte, pois o rebolo de arraste trabalha sob um ângulo de inclinação para

retificação da peça, garantindo uma trajetória retilínea para a peça que será

retificada.

Durante a dressagem do rebolo de arraste, o diamante primeiro toca o centro

da sua superfície; e como os passes subsequentes são contínuos, a superfície do

rebolo acaba ficando ligeiramente hiperbólica (LINDENAU, 2006; MEIS, 1980).

Para obter uma trajetória da peça paralela ao eixo do rebolo de corte, pode-se

girar a mesa do rebolo de arraste. Isso é possível por meio da ajustagem do ângulo

de giro do rebolo de arraste “δr”, conforme Figura 11.

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Figura 11. Formato hiperbólico do rebolo de arraste após dressagem

Fonte: Klocke e König, 2005.

Dressando o rebolo com essa inclinação, obtém-se um rebolo com formato

hiperbólico. A cada diferença no valor da largura “br” do rebolo de arraste, têm-se

outro diâmetro e, consequentemente, outro perímetro e velocidade de passagem.

Isso conduz a diferentes escorregamentos da peça e força de corte. No

processamento de peças longas, pode-se produzir diferentes oscilações de torção

(LINDENAU, 2006).

2.2.2.3 Rebolo de corte

A remoção do material durante o processo de retificação é realizada mediante

a utilização de ferramentas abrasivas, chamada rebolo de corte.

Define-se por material abrasivo aquele que possui características de corte,

raspagem ou desgaste de outros materiais ou substâncias. Ao longo de um bom

tempo, os materiais abrasivos eram apenas os que normalmente encontravam-se na

natureza. O recente desenvolvimento destes permitiu que os processos abrasivos

conferissem melhor exatidão aos processos de manufatura (DE GARMO; BLACK;

KOHSER, 1984).

Constituídos de grãos cortantes, os rebolos de corte removem cavacos

pequenos de material, motivo pelo qual se tem acabamento melhor do que os

demais processos de usinagem. Conforme Lindsay (1999), a remoção depende da

habilidade dos grãos abrasivos de penetrar o material, os quais devem sempre ser

mais duros do que a peça. A remoção de cavacos durante o processo gera forças de

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corte e produz calor, que pode influenciar no refrigerante, na qualidade da peça ou

nos grãos abrasivos.

Os rebolos são especificados segundo a norma DIN 69100 (1988) e

caracterizados na sua composição, considerando-se algumas especificações. A

seguir, têm-se as principais características técnicas de um rebolo de corte:

a) Tipo do grão abrasivo: podem ser classificados em convencionais, em que

se destacam o óxido de alumínio Al2O3 e o carboneto de silício SiC, e os

superabrasivos (diamante e o cBN). Essa classificação baseia-se na dureza dos

materiais. Enquanto os grãos convencionais situam-se em uma faixa de dureza

próxima de 2000 kgf/mm², os grãos superabrasivos apresentam durezas superiores

a 4500 kgf/mm² (SHAW, 1996). Efetua-se a escolha do grão abrasivo sob aspecto

da dureza e da tenacidade, e na capacidade de reagir quimicamente.

b) Granulometria: deve ser determinada em função da rugosidade desejada,

do sobremetal da peça e da operação executada (BOETTLER, 1978). Os grãos

abrasivos maiores são normalmente utilizados em operações de desbaste com alta

remoção de cavaco e sem preocupação com o acabamento. Já os grãos mais finos,

indicados por um código com números maiores, são utilizados onde tolerâncias e

acabamentos são importantes (KING; HANH, 1986). Conforme Shaw (1996), os

grãos abrasivos variam de 8 (muito grosso) até 600 (muito fino).

c) Liga: de acordo com Boettler (1978), não existem recomendações exatas

na literatura apesar de que são dadas algumas recomendações como: liga cerâmica

para retificação de precisão e liga resinoide para retificação de desbaste. Conforme

a norma DIN 69100 (1988), as ligas dos rebolos são representadas por letras.

Existem seis tipos de aglomerantes para rebolos convencionais: shellac,

oxicloridos, silicatos, borracha, vitrificados e resinoides. A escolha do aglomerante

deve considerar as condições de manufatura, a vida, o tipo e o tamanho do rebolo,

bem como os custos associados aos aglomerantes mais elaborados (JACKSON;

MILLS, 2000).

O aglomerante resinoide, por exemplo, é aplicado em operações de

retificação pesada que necessite de alta resistência ao impacto. Outra aplicação

importante do aglomerante resinoide está relacionada com grãos superabrasivos,

sendo estes de diamante ou cBN para retificação de aços.

d) Grau de dureza: a dureza do rebolo e sua estrutura são fixadas pela liga

granulometria dos grãos abrasivos e da porosidade do rebolo, indicando o grau de

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coesão entre aglomerante e grão. A dureza dos rebolos, conforme norma DIN 69100

(1988), é representada qualitativamente por letras que vão de “A” a “Z”.

Normalmente, utilizam-se rebolos com durezas intermediárias. Pode-se também

acrescentar, como regra geral, que se utilizam rebolos duros na retificação de peças

com durezas menores e rebolos moles na retificação de peças tratadas

termicamente.

e) Estrutura: está relacionada ainda à porosidade, pois, quanto menores

forem os poros, mais fechada é a estrutura, com maior concentração de grãos e,

consequentemente, maior dureza. Todavia, é essencial a existência de porosidades

no rebolo, as quais servem de alojamento para os cavacos removidos durante o

processo de usinagem, evitando, dessa forma, empastamentos.

O processo de fabricação dos rebolos consiste, basicamente, em: mistura,

prensagem, secagem, queima, acabamento, balanceamento, testes, controles e

expedição.

A identificação dos rebolos é feita a partir de um código alfanumérico

normalizado (ANSI B74.13-1977 e ISO 525-1975E). A Figura 12 demonstra a

identificação de um rebolo convencional.

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21

Figura 12. Identificação de rebolos convencionais

PREFIXOTIPO DO

ABRASIVOGRANULOMETRIA DUREZA ESTRUTURA LIGANTE FABRICANTE

51 A 36 L 5 B 23

IDENTIFICAÇÃO DE UM REBOLO CONVENCIONAL

SIMBOLO DO FABRICANTE INDICANDO O TIPO EXATO DE ABRASIVO(OPCIONAL)

A - ÓXIDO DE ALUMÍNIOC - CARBONETO DE SILÍCIO

GROSSO: 8 - 24MÉDIO: 30 - 60FINO: 70 - 180MUITOFINO: 220 - 600

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z EXTRA MUITO MACIO MÉDIO DURO MUITO EXTRAMACIO MACIO DURO DURO

1 FECHADA234567891011 1213141516 ABERTA

B - RESINÓIDEBF - RESINOIDE REFORÇADO POR FIBRASE - SHELLACO - OXICLORIDOR - BORRACHARF - BORRACHA REFORÇADA POR FIBRASS - SILICATOV - VITRIFICADO

MARCA DO FABRICANTEIDENTIFICANDO O REBOLO(OPCIONAL)

Fonte: adaptado de Malkin, 2008.

Como o processo de retificação sem centro é uma operação de precisão para

produção de peças em série, esse tipo de retificação baseia-se na aplicação de

grandes pressões de trabalho. Dessa forma, como consequência, os rebolos são

submetidos a grandes esforços tanto tangenciais como radiais. Esse é o motivo

pelos quais muitas vezes se indicam rebolos duros, com estrutura fechada e grãos

abrasivos tenazes que possam resistir a altas pressões de trabalho. Quanto menor

for o diâmetro das peças, mais duro deverá ser o rebolo (NORTON, 1994).

Como os rebolos se desgastam de forma desigual devido à orientação

aleatória dos grãos abrasivos, esforços de corte heterogêneos, necessidades

diferentes de remoção de material e correção da forma por vezes se fazem

necessários. Naturalmente, após determinado tempo de operação, pode-se perceber

um desgaste das várias arestas de corte do grão abrasivo. Esse desgaste

impossibilita que o processo de remoção do material por abrasão seja feito,

comprometendo o rendimento ótimo do rebolo. Além disso, o preenchimento dos

espaços vazios entre os grãos por cavacos aumenta o atrito entre a peça e o rebolo

de corte, comprometendo a rugosidade das peças que estão sendo produzidas e

gerando a necessidade de dressagem, conforme Figura 13.

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Figura 13. Desgaste do grão abrasivo

Fonte: Winterthur Technology Group, 2005.

Somadas a todos esses efeitos relatados anteriormente, surgem, durante o

processo de retificação, a necessidade de remoção dos cavacos empastados e a

exposição de novas arestas. Os grãos abrasivos desgastados aumentam os

esforços, a temperatura de corte e o atrito, podendo danificar termicamente a peça.

Comumente conhecida por dressagem, a operação de afiação dos rebolos

tem como objetivo restabelecer a capacidade de remoção de material da ferramenta.

Além de também restabelecer a circularidade, a cilindricidade e a coaxialidade do

rebolo, em algumas operações, é importante também restabelecer a forma da

superfície do rebolo. Após a dressagem, o grão abrasivo recupera o poder de corte,

conforme Figura 14, e o processo é reiniciado.

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Figura 14. Grão abrasivo após dressagem

Fonte: Winterthur Technology Group, 2005.

A dressagem pode ser efetuada de várias maneiras, dependendo do tipo do

dressador (DINIZ, 2004b).

A definição do processo de dressagem, ferramentas, características estáticas

e dinâmicas do sistema (rebolo/dressador) depende da topografia do rebolo. Isso

significa que o processo de retificação e os resultados são função do processo de

dressagem (BOETTLER, 1978).

2.2.2.4 Sistema de refrigeração

O processo de retificação requer quantidade considerável de energia por

unidade de volume para remover o material. Essa energia é transformada em calor

concentrado na região de corte. O aumento desse calor fora de parâmetros

aceitáveis ou no mínimo controláveis pode gerar danos superficiais irreversíveis às

peças, comprometendo a qualidade requerida no processo.

Como o processo de retificação sem centro de passagem tem o objetivo

principal de produzir acabamento superficial muito bom e garantir a integridade

superficial dos componentes usinados, danos superficiais do tratamento térmico,

devido à modificação da estrutura superficial da peça, são indesejáveis.

A queima superficial e as modificações microestruturais e da superfície são

alguns exemplos desses danos. Esse aquecimento pode acarretar a têmpera

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superficial e a retêmpera de alguns materiais (em usinagem de aço temperado).

Pode-se formar a martensita não amolecida, que, neste caso, geraria indesejáveis

tensões residuais de tração e redução da resistência à fadiga final. Pode-se, então,

dizer que, quanto maior for esse aquecimento, maiores são as chances de se gerar

impacto sobre a peça.

Além dos danos térmicos, essas altas temperaturas na região de corte

aceleram o processo de desgaste do rebolo. Quando a queima superficial da peça

se inicia, existe tendência do crescimento da adesão de partículas metálicas nos

grãos abrasivos do rebolo. Como consequência, têm-se: o aumento das forças de

retificação e a deterioração da qualidade superficial da peça, podendo levar ao

aumento da perda diametral do rebolo e fazendo com que seu desgaste volumétrico

aumente. Essas questões somam-se às demais que justificam a aplicação do fluido

de refrigeração.

Existem vários tipos de fluidos de usinagem que podem ser usados para

realizar a tarefa de refrigerar a região de corte (ABDALLA; PATEL, 2006). Os fluidos

de corte são normalmente classificados em três grupos principais: (i) os óleos de

corte puros, (ii) os gases e (iii) os óleos solúveis em água. Os óleos solúveis em

água podem ser classificados como óleos emulsionáveis (óleos solúveis), fluidos

químicos (sintéticos) ou semiquímicos (semissintéticos).

Dentro dessas classes, os fluidos estão disponíveis para o desempenho de

serviços leves, médios e pesados (EL BARADIE, 1996).

Historicamente, tem-se que, há mais de 100 anos, a água era utilizada como

o fluido, principalmente como um refrigerante, devido à sua alta capacidade térmica

de remoção de calor e disponibilidade Porém, a presença de corrosão nas peças e

nos equipamentos, e as lubrificações ineficientes eram alguns dos inconvenientes de

tal aplicação. Com o passar do tempo, os óleos minerais começaram a ser

utilizados. Apesar de possuírem maior capacidade de lubrificação, estes

apresentavam baixa capacidade de arrefecimento e elevados custos,

comprometendo as aplicações no corte e restringindo a sua aplicação.

Há mais de 100 anos, Mallock escreveu: “Lubrificantes parecem agir

diminuindo a fricção entre a superfície da ferramenta e o cavaco, e a dificuldade é

ver como o lubrificante se comporta nesta região” (TASDELEN et al., 2007, p. 222).

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Alguns estudos, como o de Krahenbuhl (2005) sugerem as aplicações de

óleos vegetais como alternativa focada em questões como desempenho, custo,

saúde, segurança, além das questões ambientais.

Mais tarde, foi descoberto que o óleo adicionado à água (com um

emulsificante apropriado) daria boas propriedades de lubrificação com bons efeitos

de arrefecimento. Eles ficaram conhecidos como óleos solúveis. Os óleos solúveis,

além da função de serem bons lubrificantes e ainda terem a função de

arrefecimento, atuam também diretamente na região da zona de retificação.

Pela utilização do fluido de corte, é possível reduzir o tempo de atuação do

calor e a magnitude do aumento de temperatura.

Como relatado, o fluido refrigerante desempenha funções importantes no

processo de retificação. Essas funções podem ser classificadas em primárias e

secundárias. Como funções primárias, têm-se:

a) reduzir o atrito entre o grão abrasivo e a peça através da formação de uma

película permanente de lubrificante. Essa lubrificação reduz o desgaste por atrito do

rebolo na peça, bem como o desgaste da régua de apoio;

b) manter o rebolo e a peça a uma temperatura adequada por meio da

absorção e transporte de calor. Não controlar a expansão e a contração térmica da

peça durante a retificação é assumir a possibilidade que erros na dimensão e forma

do componente final irão acontecer, levando, principalmente, a erros de

circularidade.

Calor excessivo durante a operação de retificação faz com que os cavacos

aquecidos adiram com mais facilidade à face do rebolo do que quando estão a uma

temperatura mais baixa, causando entupimento dos poros, comumente conhecido

como “empastamento” do rebolo.

Como funções secundárias, têm-se:

a) transportar os cavacos, provenientes do arrancamento de material na peça

sendo usinada, para os locais destinados à separação (central de regeneração do

fluido) e promover a limpeza do rebolo e peça por meio de bicos distribuídos na

periferia do rebolo;

b) possuir características anticorrosivas para impedir a oxidação da máquina

e da peça que está sendo retificada;

c) influenciar na forma do cavaco obtido, pois diminui o efeito da ductilidade

do metal que está sendo retificado.

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A Figura 15 apresenta a tribologia do processo de usinagem.

Figura 15. Tribologia do processo de usinagem

Fonte: Brinksmeier, Heinzel e Wittmann, 1999.

Por meio da Figura 15, é possível deduzir as exigências das propriedades do

fluido refrigerante, como, por exemplo, combinação favorável da condutibilidade

térmica e calor específico, assim como boas propriedades lubrificantes. Fora isso,

evitar a formação de espuma e vapores, possuir boa estabilidade e evitar o efeito

toxicológico.

Segundo König e Klocke (1997), o fluido de corte contribui diretamente para a

redução do atrito, reduzindo, assim, a geração de calor. Além disso, a troca de calor

entre o fluido e a peça realiza uma remoção rápida dessa energia, evitando o

Desgaste

Ferramenta

Tribologia do

sistema

“Usinagem”

Força e

Energia

Demandada

Qualidade da

peça

Lubrificação

efeito do

refrigerante

Redução

do Atrito

Redução da

força e

energia

demandada

Redução do

calor gerado

Redução da

Temperatura

critica da

peça e da

ferramenta

Redução do

calor gerado

Resfriamento

efeito do

refrigerante

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aquecimento excessivo da superfície da peça. A lubrificação traz ainda a vantagem

da redução do desgaste do grão abrasivo.

Klocke e König, em 2005, escreveram que os diferentes tipos de fluidos

refrigerantes diferenciam-se levando em consideração suas propriedades. Para

emulsões e soluções, o calor específico é cerca de duas vezes maior e a

condutibilidade térmica até cinco vezes a mais que os óleos. Porém, os óleos

possuem como vantagens melhor oleosidade e pouca geração de calor,

compensando a baixa condutibilidade térmica (KLOCKE; KÖNIG, 2005).

Os fluidos apresentam importância muito grande no processo. Porém, devido

às suas vantagens, o consumo vem aumentando exponencialmente nas indústrias.

Conforme relatos, a União Europeia sozinha consome aproximadamente 320.000

toneladas por ano, a partir das quais, pelo menos, dois terços necessitam ser

eliminados (ABDALLA et al., 2007). Apesar do uso generalizado, percebe-se risco

significativo para a saúde e riscos ambientais ao longo do seu ciclo de vida.

Aproximadamente 80% de todas as doenças ocupacionais dos operadores foram

devido ao contato da pele com esses fluidos (HSE, 2000).

Uma estimativa mostra que só nos EUA cerca de 700.000 a um milhão de

trabalhadores estão expostos aos mesmos riscos. Como esses fluidos são

complexos na sua composição, podem causar irritação ou alergia (SOKOVIĆ;

MIJANOVIĆ, 2001). Toxinas microbianas também são geradas por bactérias e

fungos presentes, particularmente nos fluidos solúveis em água, sendo eles muito

prejudiciais aos operadores.

De encontro com esses questionamentos, tem-se, conforme Silva et al.

(2006), que, na última década, o objetivo de muitas pesquisas tem sido limitar

fortemente o uso do resfriamento por fluidos lubrificantes no processo de

transformação metal-mecânico. A redução ou eliminação do fluido de corte de

maneira coerente implicaria incentivo econômico expressivo, considerando os altos

custos associados à sua utilização. Nesse contexto, o processo de usinagem a seco,

ou com mínima quantidade de lubrificante (MQL), chama a atenção de

pesquisadores e técnicos.

Por essas razões, a aplicação de processos semissecos ou secos vem

ganhando notoriedade. Na verdade, eles já desempenham papel significativo em um

número prático de aplicações (SUDA, 2001).

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Embora seja desejável essa redução drástica, até mesmo a completa

eliminação desse líquido pode elevar a temperatura na região de corte em nível

acima do ideal. Em condição na qual é necessária essa redução drástica, conforme

(KLOCKE; EISENBLÄTTER, 1997; MALKIN; GUO, 2008; MARINESCU et al., 2007;

EBBRELL et al., 2000), acarretaria danos térmicos e modificações microestruturais,

afetando a integridade da superfície da peça e a precisão geométrica, e gerando

desgaste excessivo do rebolo de corte e entupimentos.

Faz-se necessário ressaltar que a qualidade do componente retificado não

está relacionada apenas ao seu acabamento superficial ou à sua precisão

dimensional, mas também à integridade da sua superfície. Deve-se considerar que,

se o calor produzido durante o processo não pode ser eficazmente removido do

componente, a integridade da superfície pode ser afetada negativamente. Isso

acarretaria: transformações metalúrgicas, oxidação, aparecimento de tensões

residuais e redução na vida útil do componente.

Medidas eficazes para a redução do calor gerado durante a retificação são

amplamente aplicadas, tendo em vista que medir a temperatura durante o processo

de retificação é uma tarefa muito difícil.

Nos trabalhos de pesquisa de Davies et al. (2007) e Batako, Rowen e Morgan

(2005), pode-se encontrar uma revisão completa de diferentes técnicas disponíveis

para medição de temperatura.

Peklenik (1958) foi o primeiro a realizar um experimento usando termopar

para medição da temperatura. Porém, devido à alta impedância da retificação, são

produzidas distorções nas medições que acabam desqualificando-as.

Brandão e Coelho (2007) realizaram a medição da temperatura em um

processo de roscamento com a utilização de termopares. Estes possibilitaram avaliar

o desempenho da aplicação do fluido em abundância, utilizando MQL e

comparando-a com o processo a seco.

Medições utilizando a termografia infravermelho também são aplicadas,

porém apresentam limitações, pois os valores de emissividade do material

dependem de aspectos, tais como rugosidade da superfície e temperatura da peça.

Embora apresente essa restrição, Brandão, Lauro e Ribeiro Filho (2013)

mediram a temperatura no processo de furação aplicando a técnica da termografia.

Segundo os autores, nesse processo, ela trouxe flexibilidade e facilitou a aquisição

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dos dados. Estes proporcionaram rápidas tomadas de decisão durante a supervisão

devido à possibilidade do acompanhamento dos dados.

No entanto, a aplicação de retificação a seco, em função dessas restrições

apresentadas, referentes à medição de temperatura, está fora das condições atuais

nas indústrias.

Nesse cenário, aparece a aplicação da Mínima Quantidade de Lubrificante

(MQL), por vezes referida como lubrificação seca por proximidade (KLOCKE,

EISENNBLATTER, 1997) ou micro-lubrificação (MCCLURE; ADAMS; GUGGER,

2007).

Pode-se considerar que, recentemente, um progresso significativo no

processo de lubrificação semisseca em retificação tem ocorrido. Todavia, para que

seja sugerido qualquer tipo de melhoria, por exemplo, uma melhoria econômica, faz-

se necessário primeiro compreender os mecanismos envolvidos na operação, mas

alguns bons resultados vêm sendo alcançados. Tonshoff e Spinting (1994) e Dhar

et al. (2004) usaram a técnica de MQL para otimizar processos e concluíram que,

em alguns casos, essa técnica tem apresentado resultados muito melhores do que a

aplicação convencional de lubri-refrigeração.

Atualmente, encontram-se novos estudos avaliando a aplicação de óleos no

processo de retificação ou no processo de corte. Com o objetivo de aperfeiçoar a

sua aplicação, existem estudos voltados para a aplicação da usinagem a seco, ou

semisseco, também conhecida como MQL.

A MQL é um método que permite reduzir a quantidade de fluidos de corte.

Consiste em uma mistura de microgotículas de óleo sob pressão, aplicada

diretamente na interface entre a ferramenta e o cavaco. No entanto, a questão como

os lubrificantes podem diminuir o atrito sob altas temperaturas e cargas elevadas

ainda não foi respondida. A adição de extrema pressão no fluido de refrigeração

também não assegura uma ação eficaz do líquido na interface entre a ferramenta de

corte e o cavaco, assegurando, assim, perfeita lubrificação e resfriamento (CASSIN;

BOOTHROYED, 1965). Entretanto, a aplicação do fluido em alta pressão, aplicado

de maneira eficaz na interface entre a peça e a ferramenta de corte/rebolo, pode

reduzir a temperatura de corte e melhorar muito a vida da ferramenta, além de

melhorar a qualidade da superfície usinada/retificada (ALEXANDER;

VARADARAJAN; PHILIP, 1998).

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Sendo assim, a aplicação de MQL corresponde a uma mistura de óleo e ar

pressurizado, que são direcionados diretamente para a zona de retificação

(KLOCKE et al., 2000). Essa mistura atinge diretamente a zona de contato entre o

rebolo (grãos abrasivos) e a peça, melhorando a lubrificação na zona de contato.

Como resultado da aplicação de MQL, têm-se prolongamento da vida do

rebolo e melhor qualidade na superfície retificada.

Em função desse direcionamento eficaz, é possível alcançar redução

significativa do consumo do fluido. Como esse direcionamento é otimizado na sua

aplicação, isso acarreta menor circulação; consequentemente, redução no

desperdício dele em função de vazamentos ou até mesmo perdas por evaporação.

Além disso, redução significativa no volume a ser armazenado, e consequentemente

na área de armazenamento, é alcançada. Tawakoli (2000) e Hafenbraedl e Malkin

(2001) relataram melhorias no processo e redução nos custos relacionados ao

processo com a aplicação de MQL, em que reduziram drasticamente os custos e o

espaço necessário para o sistema de filtragem.

Sabe-se que a sua aplicação proporciona redução significativa na utilização

do fluido refrigerante e mantém a eficiência do processo, atendendo às legislações

ambientais e garantindo, principalmente, a qualidade final da peça.

No entanto, para a aplicação de MQL, um ponto que merece atenção são as

características secundárias do fluido de refrigeração. A biodegradabilidade, a

estabilidade à oxidação e a estabilidade no armazenamento, que, no caso da

aplicação do fluido convencional, aparentemente não seriam tão relevantes, no caso

da aplicação de MQL, passam a ser variáveis importantes. Elas precisam ser

compatíveis com o meio de aplicação e quimicamente estáveis durante a longa

utilização, pois, com MQL, o consumo do fluido passa a ser bem reduzido.

Em função de tudo o que foi apresentado e considerando os

desenvolvimentos nos últimos anos e as vantagens apresentadas quanto à

utilização de MQL, pode-se definir que essa tecnologia precisa ser considerada no

desenvolvimento de novos equipamentos e de novos estudos que certifiquem

significativamente a sua aplicação. A aplicação de MQL encontra-se aliada às

tendências de futuro, como mostrado na Figura 16, trazendo avanços significativos

na tecnologia de usinagem, redução de custos, conformidade com os padrões

ambientais exigidos e ganhos de produtividade. Brevemente, as ações em curso

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resultarão em expansão dessa tecnologia para fabricantes de pequenas e médias

empresas.

Figura 16. Desenvolvimento atual e futuro da aplicação de fluidos nos processos

Fonte: Weinert et al., 2004.

2.2.2.5 Bicos de refrigeração

A eficiência da aplicação do fluido refrigerante no processo de retificação não

é determinada somente por meio das propriedades físicas e químicas, mas também

em função da aplicação correta do fluido na região de corte, interface peça-rebolo.

Segundo Klocke e König (2005), a aplicação correta está relacionada tanto à vazão

e pressão, assim como ao posicionamento e construção dos bicos de refrigeração.

Os bicos de refrigeração têm por finalidade transformar a energia de um

líquido em energia cinética. A energia cinética é utilizada para quebrar o líquido em

pequenas partículas e para dispersá-las uniformemente de acordo com o padrão

desejado. Em alguns casos, a energia cinética é usada para dar maior força de

penetração ao jato. O bico também permite a obtenção de capacidades

preestabelecidas de acordo com a pressão.

Conforme o desempenho esperado, em função da característica de operação

para os bicos de refrigeração, uma gama de variedades poderá ser utilizada. Além

do desempenho, outro fator que deve ser considerado é o local exato onde os bicos

Sistema Equipamento Usinagem

Fluído Refrigeração

circuito fechado

Fluído Refrigeração

circuito fechado e MQL

MQL e usinagem a seco

Estado da arte

Demanda do usuário

Futuro

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devem ser inseridos no ambiente de operação. Essa localização influi diretamente

no resultado da refrigeração.

Pode-se utilizar, no processo de retificação, diferentes bicos com geometrias

distintas de acordo com cada finalidade. Esses bicos conferirão ao fluido diferenças

significativas no resultado da aplicação e, consequentemente, da refrigeração do

material em processo.

Tem-se a tradicional forma construtiva do bico tipo jato livre ou comumente

conhecida como calha de refrigeração. Atualmente, não é muito adequada devido ao

crescimento na utilização de fluidos à base de água. Eles passam por grande

dispersão e se perdem na região de corte devido à barreira de ar gerada pelo rebolo

por causa da sua rotação. Normalmente, a barreira de ar é vencida quando a

velocidade de saída do jato se iguala à velocidade periférica do rebolo. Para que

aconteça essa equivalência, devido à forma construtiva do bico, é preciso aumentar

a pressão da bomba, o que gera aumento da pressão da dispersão do jato,

diminuindo a eficiência deste, conforme Figura 17a. Esse tipo de bico é

extremamente turbulento e utilizado para baixas pressões de aplicação do fluido na

região de corte, o que dificulta a coerência do jato (CATAI, 2004; KLOCKE; KÖNIG,

2005).

A Figura 17b apresenta bico ejetor com elementos condutores. Esse tipo de

bico usa diferentes elementos condutores, associados com a velocidade de corte e

vazão do fluido, e influenciam as condições desfavoráveis de fluxo. No entanto, para

a obtenção de um processo ideal para esses bicos, faz-se necessária uma

combinação adequada da velocidade de corte com a vazão do fluido. Além disso,

faz-se imprescindível a utilização da forma correta de disposição dos elementos

condutores no interior do bico, para se evitar a separação do fluxo (BRINKSMEIER

et al., 2001).

Outro tipo de bico utilizado é o tipo sapata, conforme Figura 17c. Esse bico

possui a possibilidade de combinar um elemento raspador como barreira à camada

de ar a uma alimentação de fluido com velocidade de saída próxima à velocidade do

rebolo. Dessa forma, a camada de ar se desvia nesse raspador e o rebolo ao entrar

em contato com a câmara repleta de fluido no interior da sapata. Esta funciona como

uma bomba centrifuga que acelera e direciona o fluido para a região de corte

(WEINGAERTNER, 2007).

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Outro conceito de aplicação do fluido refrigerante é por meio da utilização de

tubos ejetores de refrigeração. O fluido é aplicado na zona de contato peça-rebolo

por meio de vários tubos condutores. Os tubos podem ter formas distintas de acordo

com a geometria do rebolo de corte. Esse novo conceito de sistema de alimentação

de fluido refrigerante apresenta fluxo de refrigeração laminar. Esse tipo de fluxo

propicia a redução da quantidade necessária de fluido, além da redução de danos

térmicos na peça e nas ferramentas. Apresentam resultados otimizados,

principalmente para processos que requerem altas taxas de remoção de material e

com materiais à base de níquel e titânio (FRIEDRICH, 2006; KLOCKE; KÖNIG,

2005).

Figura 17. Bicos ejetores de fluido refrigerante

Fonte: adaptado de Klocke e König, 2005.

De acordo com a geometria do bico, pode-se ter diferentes formatos da

aplicação de um fluido na peça. A Figura 18 apresenta alguns desses formatos.

a b

c d

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34

Figura 18. Exemplos dos formatos da aplicação de um fluido em função da geometria

do bico

Fonte: Euspray, 2013.

Esses formatos conferem ao processo de refrigeração diferenças na

cobertura do fluido no vão de retificação (região compreendida por: peça, rebolo de

corte, rebolo de arraste e régua de apoio).

Tipo A - Formato cone oco: as partículas de líquidos são distribuídas de modo

uniforme, formando a fachada exterior de um cone oco. A área coberta cai

perpendicularmente ao jato. Neste caso, forma-se uma circunferência, cujo diâmetro

é relativo à distância e ao ângulo do bico.

Tipo B - Cone completo: a parte interna do cone também é preenchida com

partículas de líquido uniformemente. A área coberta cai perpendicularmente ao jato.

Durante a aplicação, um círculo, cujo diâmetro é relativo à distância e ao ângulo do

bico, é formado sobre o material aplicado.

Tipo C - Jato plano (tipo leque): a área coberta pelo jato cai

perpendicularmente de forma elíptica alongada. A dimensão do eixo lateral é em

relação à distância entre o bico e a área a ser aplicada. A dimensão do eixo

longitudinal é relativa para a distância a partir do bico e do ângulo deste.

Tipo D - Atomização do bocal: nestes bicos, o ar comprimido é misturado com

o líquido para proporcionar fina aplicação.

Além da questão da escolha do bico, outro item importante a ser avaliado é o

ângulo de cobertura. Esse ângulo é geralmente medido perto do orifício do bico por

onde passa o fluido refrigerante.

Outro fator a ser avaliado no processo de refrigeração é o ângulo de

cobertura do jato. Em função do aumento da distância de aplicação, compreendida

entre a distância do bico e o vão de retificação, tem-se alteração na medida da

largura do jato. Essa alteração pode torná-lo menos exato devido ao efeito da

gravidade e das condições ambientais. Deve ser considerado que o aumento da

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viscosidade do líquido a ser aplicado também reduz o ângulo de cobertura. Na

Figura 19, pode-se perceber um esquema do ângulo de cobertura.

Figura 19. Ângulo de cobertura

Fonte: adaptado de Euspray, 2013.

Ângulo de

cobertura

Ângulo aspersão

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CAPÍTULO 3

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção, serão apresentados todos os experimentos que foram

realizados com o objetivo de substituir a refrigeração convencional durante o

processo de retificação sem centro de passagem. Os efeitos da aplicação da técnica

da Mínima Quantidade de Líquido Lubri-refrigerante (MQL) no processo de

retificação sem centro de passagem foram avaliados em peças cilíndricas de aço

carbono. O comportamento da rugosidade das peças durante a retificação sem

centro foi rigorosamente monitorado ao longo de todas as fases experimentais.

Foram realizados 15 experimentos. A viabilidade da aplicação da técnica de

MQL no processo de retificação sem centro foi avaliada a partir de dados obtidos da

variável de saída: rugosidade de profundidade média (Rz).

3.1 Equipamentos utilizados

3.1.1 Retificadora

Todos os experimentos foram realizados utilizando a retificadora de

passagem modelo TWIN GRIP 350-20 RK, com 50 HP de potência, conforme Figura

20. Fabricada pela empresa CINCINNATI Milacron, esse equipamento é o

responsável pelo acabamento da peça (último passe de retificação). Esse modelo

tem como configuração uma rotação máxima do rebolo de arraste de 70 RPM e de

1500 RPM para o rebolo de corte. A retificadora pertence a uma empresa de

autopeças com alto volume de produção, na qual é utilizada no acabamento da

haste de amortecedores para automóveis.

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Figura 20. Retificadora Centerless de passagem CINCINNATI RK 350-20

Fonte: autoria própria.

Essa retificadora faz parte de uma linha de produção com um sistema para

tratamento térmico anterior à retificação de passagem de peças cilíndricas. O

processo de produção é composto por quatro etapas:

3.1.1.1 Têmpera: por indução na peça cilíndrica posicionada horizontalmente, sendo

responsável por gerar uma camada superficial endurecida;

3.1.1.2 Desempeno: tem a função de corrigir a retilineidade das peças por meio de

dois rolos de desempeno;

3.1.1.3 Retificação de desbaste (1° passe): primeiro arrancamento superficial de

material e tem como objetivo gerar a dimensão diametral inicial das peças;

3.1.1.4 Retificação de acabamento (último passe de retificação): responsável pelo

diâmetro final e rugosidade da peça (acabamento superficial).

3.1.2 Aplicador de MQL

Para aplicação direcionada do óleo LB-1000, pressurizado na zona de

retificação, utilizou-se o equipamento Accu-Lube modelo 04AD-STD. Apropriado

para tal aplicação, cada dispositivo foi constituído de quatro mangueiras contendo

um bico aplicador.

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Para cobrir toda a extensão do rebolo, foram utilizados dois dispositivos

aplicadores, ambos com bomba de pressão.

Cada dispositivo dosador era constituído por: 1) reservatório de óleo, 2)

válvula, 3) manômetro e filtro separador de partículas de ar, 4) gerador de pulsos, 5)

bomba pneumática, 6) ajuste de taxa de lubrificante, 7) caixa contendora, 8)

dispositivo para fixação do aplicador, 9) engate rápido e 10) mangueiras, conforme

Figura 21.

Figura 21. Dispositivo aplicador de MQL

Fonte: Accu-Lube, 2013.

3.2 Ferramentas utilizadas

As ferramentas descritas a seguir foram utilizadas durante os experimentos.

Integradas à retificadora, são importantes para o perfeito acabamento das peças

durante a retificação dos corpos de prova. As ferramentas são as mesmas

empregadas no processo de produção diário da empresa.

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3.2.1 Rebolos de corte e de arraste

Foram utilizados no experimento um rebolo de corte e um rebolo de arraste

do fabricante Saint-Gobain, marca Norton, conforme características contidas na

Tabela 1.

Tabela 1. Características técnicas do rebolo de corte e arraste

Rebolo Tipo Codificação

Dimensões iniciais

Diâmetro

externo (mm)

Comprimento

(mm)

Diâmetro

interno (mm)

Corte Anel Resinoide* ART AA220 609,6 508,0 304,8

Arraste Anel Resinoide UL A80RR 355,0 508,0 152,0

*constituído de abrasivos de óxido de alumínio

Fonte: Norton, 2014.

3.2.2 Dressadores

Utilizou-se um dressador do tipo conglomerado com dimensões 10 x 4 x 10

mm para o rebolo de corte. Para o rebolo de arraste, foi utilizado um dressador

natural de ponta única de diamante 11,0 x 33,0 mm. As operações de dressagem

de ambos os rebolos mantiveram-se dentro do padrão empregado pela empresa

durante todos os ensaios.

3.2.3 Régua de apoio

A régua de apoio, Figura 22, utilizada no processo de retificação sem centro

de passagem, tem a função de apoiar os corpos de prova durante a passagem por

entre os rebolos. Ela é composta por uma pastilha de metal duro com ângulo β=15°

na região de contato com a peça.

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Figura 22. Régua de apoio

Fonte: adaptado de Gonçalves Neto,2008.

3.3 Fluido Lubri-refrigerante

Foram utilizados dois tipos diferentes de óleos lubri-refrigerantes nos

experimentos. Durante a utilização do aplicador MQL, utilizou-se o óleo LB-1000.

Quando foi aplicado o fluido lubri-refrigerante utilizando o dispositivo direcionador de

fluido (DDS-MQL), foi usado o óleo ECOCOOL P 1978. Ambos os óleos seguiram

recomendação dos fabricantes.

3.3.1 Óleo LB-1000

Em todos os ensaios experimentais com o aplicador de MQL, utilizou-se o

óleo Accu-Lube, LB 1000. De acordo com o fabricante, esse óleo é o mais indicado

para operação de MQL em retificação.

As especificações técnicas do óleo estão descritas na Tabela 2.

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Tabela 2. Especificações técnicas do óleo LB-1000

Característica Especificação

Aparência óleo viscoso azul escuro

Densidade específica 0.94 g/ml

Viscosidade 32 a 39 cSt

Conteúdo de Enxofre Ativo 0,0%

Total de Cloro 3,0%

Silicones 0,0%

Nível de COV (Carbono Orgânico Volátil) 0,0%

Ponto de Fulgor 279°C (535°F)

Ponto de Fluidez - 15°C (+5°F)

Fonte: ITW, 2014.

Disponível em: <www.itwchem.com.br>. Acesso em: 6 jul. 2014.

3.3.2 Fluido solúvel ECOCOOL P 1978

O óleo solúvel em água ECOCOOL P 1978, que foi utilizado no segundo e

terceiro planejamentos experimentais, apresenta fator de refração de 1,7.

Esse óleo é isento de óleo mineral e possui aditivos especiais que conferem

ação de lubricidade, extrema pressão (EP) e excelente ação anticorrosiva.

O fluido de corte solúvel é uma mistura de água, aditivos e óleo, na qual a

água torna-se responsável pela refrigeração, e os aditivos com o óleo são os

responsáveis pela lubrificação das peças retificadas.

As especificações técnicas do óleo estão descritas na Tabela 3.

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Tabela 3. Especificações técnicas do óleo ECOCOOL P-1978

Característica Código Especificação

Aspecto da emulsão a 3% em água* MR 079 Límpido, incolor

Densidade a 20°C, g/cm3 ASTM D 1298 1,050

pH da emulsão a 3% em água* MR 125 9,60

Teste Bosch, GG 25, emulsão a 3% em água* DIN 51 360-2 0

Estabilidade da emulsão 2% em água (mín. 15 h)* MR 015 Estável

Estabilidade do produto a 40/4°C (mín. 15 h) MR 017 Estável

Fator de refração MR 044 1,70

* Emulsão feita com água de torneira com pH próximo de 7 e dureza ca. de 3°d ( 54

mg/l CaCO3). Os testes são realizados em concentrações menores que as

recomendadas, pois são adotadas condições mais severas.

Fonte: Fuchs, 2014.

O óleo foi aplicado em toda a extensão do vão de retificação e sua

concentração foi ajustada em uma faixa de 6 a 8%.

A reposição de óleo de refrigeração na solução foi efetuada automaticamente

através de um dosador pneumático.

3.4 Bicos de refrigeração

Como forma de aperfeiçoar a limpeza do rebolo durante a fase experimental,

foi utilizado o bico reto tipo jato laminar. Este produz um fluxo contínuo de

pulverização laminar desde a saída do bico, conforme observado no Quadro 1.

Foram utilizados também bicos com jato em leque. Devido à sua diversidade

de utilização, produzem um jorro plano à saída do bico, formando um ângulo

característico em forma de um leque. Esses bicos apresentam concentração maior

de líquido na parte central do jorro, mas com boa uniformidade de distribuição do

líquido em função da sobreposição apropriada, conforme pode ser observado na

Figura 23 e no Quadro 1.

Esses bicos possibilitaram a distribuição de gotas médias do fluido lubri-

refrigerante em um padrão fino e retangular, foram usados na região de topo e

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conferiram distribuição homogênea de uma extremidade à outra das peças de

acordo com o ângulo de cobertura, conforme Figura 23.

Figura 23. Cobertura teórica do jato tipo leque

Fonte: Spraying Systems Co., 2014.

Os bicos de refrigeração com jato em leque foram projetados, de acordo com

as dimensões geométricas descritas na Figura 24, como forma de apresentar uma

distribuição satisfatória do líquido lubri-refrigerante na região de contato peça-rebolo.

distância do Jato Ângulo Jato

Cobertura teórica

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Figura 24. Geometria dos bicos jato em leque direcionador do fluido sistema MQL

Fonte: autoria própria

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Quadro 1. Características técnicas dos bicos de refrigeração

Bicos de

refrigeração

Formato

do jato Geometria Imagem Fluxo Fluido

Imagem Laser

Formato do jato

Reto Laminar

Spraying Systems Co.,

2014

Spraying Systems Co.,

2014

Leque Leque

Spraying Systems Co.,

2014

Spraying Systems Co.,

2014

Fonte: autoria própria.

Ângulo de alcance do

jato - 0º

Ângulo de alcance do

jato - 25º a 65º

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3.5 Dispositivo simulador do vão de retificação

A região de trabalho na retificadora foi simulada utilizando-se um Dispositivo

Simulador de Vão de Retificação (DSVR) manufaturado especificamente para essa

função. O DSVR foi concebido como forma de evitar a parada da retificadora, visto

que os experimentos foram realizados em uma empresa de autopeças com alta

escala de produção. Por meio dele, foi possível realizar todos os ajustes sem a

necessidade de parar o equipamento, o que comprometeria a produção ou atrasaria

a execução dos experimentos.

Este dispositivo, inicialmente, tinha finalidade de suportar todas as análises

necessárias referentes à montagem do aplicador MQL. Projetado e confeccionado

nas dependências da empresa de autopeças, o DSVR foi composto por uma base,

uma trave superior e uma cabeceira.

A base, Figura 25, possuía uma escala graduada nas duas torres laterais.

Mediante essa graduação, fez-se o ajuste ideal da altura dos bicos aplicadores de

MQL. Essa precisão no ajuste foi importante, pois, pela reprodução na bancada

utilizando o DSVR, a montagem final no equipamento foi facilitada.

Figura 25. Base do dispositivo simulador do vão de retificação (DSVR)

Fonte: autoria própria.

Torres

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A trave superior, Figura 26, foi projetada com o comprimento equivalente às

dimensões dos suportes da calha de refrigeração, encaixando-se precisamente

neles. Os fixadores laterais possuem dois furos utilizados para fixação da trave no

equipamento. Essa calha de refrigeração é utilizada somente como direcionador do

fluido no método de refrigeração convencional da retificadora. Dessa forma, o DSVR

manufaturado conferiu versatilidade à montagem dos diferentes experimentos. Foi

possível montar o aplicador MQL e o dispositivo direcionador do sistema MQL (DDS-

MQL) alinhados à régua de apoio.

Figura 26. Trave superior do DSVR

Fonte: autoria própria.

A cabeceira, Figura 27, foi projetada possuindo uma chapa metálica na região

posterior e dimensões equivalentes às da trave. Essa chapa metálica possibilitou a

montagem das mangueiras do aplicador MQL, que são fixadas por intermédio de um

imã.

Fixador

Furos

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Figura 27. Cabeceira do DSVR

Fonte: autoria própria.

A utilização do DSVR permitiu a definição da distribuição ideal da distância

entre os bicos aplicadores de MQL e a altura destes em relação ao corpo de prova,

conferindo precisão ao sistema. Além disso, o DSVR permitiu estudo prévio do

esquema de distribuição do fluido, para a aplicação do MQL na retificadora. Dessa

forma, foi possível obter e validar a distribuição ideal do bico aplicador do dispositivo

MQL.

A montagem do conjunto, trave e cabeceira do dispositivo simulador, Figura

28, suportou a montagem das mangueiras dos bicos aplicadores de MQL. Além

disso, uma vez acoplado à retificadora, o conjunto permitiu a validação da

regulagem da altura dos bicos aplicadores de MQL e dos bicos do sistema MQL em

relação aos corpos de prova, conforme previamente definido em bancada.

Chapa metálica

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Figura 28. Dispositivo simulador de vão de retificação (DSVR)

Fonte: autoria própria.

3.6 Dispositivo direcionador do sistema MQL

Existe uma tendência (GONÇALVES NETO, 2008) de melhorar a aplicação

do fluido refrigerante quando os bicos estão posicionados na região de contato peça-

rebolo. Por esse motivo, para a realização dos experimentos, foi desenvolvido um

Dispositivo Direcionador do Sistema MQL (DDS-MQL)

O DDS-MQL foi projetado com o objetivo de otimizar o posicionamento dos

bicos aplicadores do fluido lubri-refrigerante em emulsão, conforme Figura 29.

Figura 29. Conjunto direcionador do fluido no sistema MQL (DDS-MQL)

Fonte: autoria própria.

Trave

Cabeceira

84 mm

Furos roscados

Fixadores

Conexão (entrada do fluído)

84

mm

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O DDS-MQL tinha furos roscados, na superfície frontal do dispositivo, de

acordo com a quantidade de bicos, sendo 10 ou 19 furos, conforme Tabela 4 e

Figura 29. Nesses furos, foram rosqueados os bicos de refrigeração.

As dimensões do DDS-MQL eram equivalentes ao comprimento dos rebolos.

Esse dispositivo proporcionou distribuição homogênea do fluido por toda a extensão

do vão de retificação.

Os dois dispositivos foram projetados contendo dois fixadores. Estes foram

utilizados na montagem do dispositivo no equipamento durante a fase experimental.

Uma vez montado na trave e na cabeceira do DSVR, proporcionou direcionamento

preciso do fluido no sistema MQL.

No início do terceiro Planejamento de Experimento, fez-se necessária uma

nova montagem do DDS-MQL, pois este foi montado anteriormente com o bico reto

(jato laminar), conforme a Figura 30a. Porém, ele foi substituído pelo bico do tipo jato

em leque, como é apresentada na Figura 30b. O objetivo principal dessa alteração

foi melhorar o direcionamento do fluido refrigerante no vão de retificação e assegurar

a melhor limpeza dos componentes envolvidos no processo.

O direcionamento preciso do fluido na região de contato peça-rebolo permitiu

uma aplicação precisa do lubri-refrigerante e lavagem do rebolo. Além disso, o

dispositivo direcionador possibilitou a aplicação de fluido sobre pressão, resultando

aumento da velocidade na aplicação do fluido.

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Tabela 4. DDS-MQL utilizado nos experimentos

Número

bicos Tipo de bico

Dimensão

total

Distanciamento

entre bicos Vazão Função Fluido utilizado

10 Reto

(jato laminar) 550 mm 50 mm

Não

mensurada

Lavagem do

rebolo

Direcionamento

fluido

Água

Fluido solúvel em emulsão

(ECOCOOL P1978)

10 Leque

(Jato tipo leque) 550 mm 50 mm 16,86 l/min

Direcionamento

fluido

Fluido solúvel em emulsão

(ECOCOOL P1978)

19 Leque

(Jato tipo leque) 550 mm 23,7 mm 19,11 l/min

Direcionamento

fluido

Fluido solúvel em emulsão

(ECOCOOL P1978)

Fonte: autoria própria.

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Figura 30. Tipos de DDS-MQL

Nota: a) contendo 10 bicos reto jato laminar; b) contendo 10 bicos jato em leque; c)

contendo 19 bicos jato em leque.

Fonte: autoria própria.

a)

b)

c)

Fixadores

Bicos de refrigeração

lamilar

Entrada do fluido

Fixadores

Entrada do fluido Bicos de refrigeração

leque

Bicos de refrigeração

leque

Entrada do fluido

Fixadores

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3.7 Material dos corpos de prova

Foram utilizadas corpos de prova no formato de hastes cilíndricas, conforme é

exibido na Figura 31. Essa haste é um dos componentes utilizados na montagem do

amortecedor. O amortecedor é utilizado na suspensão de veículos com a finalidade

de absorver os impactos na tração e na compressão.

A haste é um dos principais componentes do amortecedor. Em função do

movimento axial constante, com o veículo em condições de rodagem, a rugosidade

da haste é uma das características mais importantes para esse componente.

O material dos corpos de prova é aço carbono ABNT 1025 / NBR 11527

(1990) com diâmetro de 15,8 mm e comprimento de 220 mm+/-0,5, proveniente de

barras de aço trefiladas, conforme Figura 31. A composição química básica dos

corpos de prova era: C=0,2320%, Mn=0,5450%, P=0,0177% e S=0,0154%.

De acordo com a linha de fabricação, os corpos de prova foram submetidos a

um processo de tratamento térmico superficial realizado através de têmpera por

indução. Após o tratamento térmico, os corpos de prova apresentavam dureza de 72

HRA e profundidade efetiva da região temperada variando de 0,5 a 1,0 mm.

Figura 31. Haste do amortecedor

Fonte: autoria própria.

3.8 Instrumentos de medição

3.8.1 Provetas

No experimento, foram utilizadas quatro provetas, com uma capacidade de

armazenamento de 250 ml e fundo de escala de 2 ml.

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Elas foram empregadas para auxiliarem na calibração da vazão de óleo LB-

1000 em cada bico aplicador de MQL mediante a medição do volume aplicado pelo

tempo medido.

3.8.2 Refratômetro

A importância em manter a concentração da solução está relacionada à

função de cada componente da solução no processo de retificação. Para o

monitoramento desse parâmetro, visto que grande quantidade de fluido se perde,

seja por evaporação ou por pequenos vazamentos, periodicamente era efetuada a

leitura da concentração por meio de um refratômetro da marca Atago, modelo N1-E

Brix 0~32%, conforme Figura 32.

Figura 32. Refratômetro ATAGO

Fonte: autoria própria.

3.8.3 Rugosímetro

Para acabamento adequado à superfície, faz-se necessário determinar o nível

de rugosidade das peças. A superfície de peças retificadas apresenta diferentes

perfis compostos de picos e vales (rugosidade). Deve-se, então, adotar um

parâmetro de rugosidade que possibilite avaliação.

Os parâmetros normais de rugosidade são: Ry – rugosidade máxima, Ra –

rugosidade média, Rz – rugosidade de profundidade média e Rt – rugosidade total.

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Como os corpos de prova avaliados apresentam característica de atrito

constante e fazem parte do sistema de vedação do amortecedor, a rugosidade deve

ser avaliada usando os parâmetros Rz.

De acordo com a ISO/DIN 4287 (1997), o parâmetro de rugosidade Rz,

rugosidade de profundidade é a distância vertical entre o pico mais alto e o vale mais

profundo dentro de uma amostragem de comprimento. Portanto, foi determinado,

para a avaliação da rugosidade de profundidade média nos corpos de prova, o

parâmetro Rz, pois, com este, tem-se a possibilidade de verificar os picos e vales do

perfil analisado.

Para obtenção dos valores de rugosidade dos corpos de prova, após a

regulagem do equipamento e no início de cada fase experimental, foram medidas

por amostragem cinco peças utilizando-se um rugosímetro digital MAHR

PERTHOMETER, modelo Mahr-GmbH-GottingencTYP-M2 WERK, com resolução

de 0,01 µm e um cut-off 4.8 mm/0.8 mm, conforme a Figura 33.

Figura 33. Rugosímetro MAHR

Fonte: autoria própria.

Apalpador

Corpo de

prova

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3.8.4 Termômetro digital

Após a regulagem da máquina e início do experimento, foram feitas medições

da temperatura com o auxílio de um Termômetro Digital Infravermelho MT-350, LCH

– 067. Essa medição de temperatura tinha como objetivo avaliar o aumento da

temperatura dos corpos de prova e do fluido ao longo do processo de retificação.

No processo normal de produção, as peças, depois de retificadas, devem

apresentar temperatura inferior a 25º C.

3.9 Montagem experimental

Para a perfeita realização dos experimentos e consequentemente

confiabilidade nos resultados alcançados, foi de grande importância a qualidade nas

montagens realizadas.

Todos os arranjos necessários para a execução dos experimentos são

descritos nos tópicos a seguir.

3.9.1 Montagem do aplicador de MQL na bancada

Preliminarmente, foi feita a montagem do dispositivo aplicador MQL na

bancada experimental.

Para a montagem dos dispositivos aplicadores de MQL, foram utilizadas a

base e a cabeceira do DSVR, conforme Figura 34.

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Figura 34. Montagem do aplicador MQL na bancada experimental

Fonte: autoria própria.

Previamente ao início dos estudos na retificadora, foi realizado um estudo

preliminar objetivando a posição ideal de instalação dos bicos aplicadores de MQL

na retificadora. Para esse estudo, montou-se o aplicador de MQL no DSVR. Dessa

forma, foi analisado e validado o melhor posicionamento, altura e distanciamento

entre bicos do dispositivo aplicador de MQL, conforme Figura 35. A altura de 30 mm

de cada bico em relação ao corpo de prova e o distanciamento de 62,5 mm foram

padronizados.

Base do DSVR

Cabeceira do

DSVR Dispositivo

aplicador MQL

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Figura 35. Calibração do aplicador MQL

Fonte: autoria própria.

Em seguida, para a calibração dos bicos aplicadores, montaram-se o conjunto

cabeceira e a base do DSVR, o dispositivo aplicador de MQL e as provetas, na

bancada experimental, conforme Figura 36.

paquímetro

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Figura 36. Montagem do aplicador MQL (calibração da vazão)

Fonte: autoria própria.

3.9.2 Montagens dos dispositivos na retificadora

Foram realizadas sete montagens na retificadora de acordo com as fases

experimentais. Cada arranjo possibilitou uma configuração diferente. Essas

configurações e alterações nas variáveis de entrada em cada experimento

possibilitaram, pela medição dos resultados da variável de saída rugosidade, avaliar

a relevância de cada variável de entrada.

Na sequência, apresenta-se um descritivo de cada configuração,

proporcionando a percepção das alterações realizadas.

3.9.2.1 Montagem dos bicos aplicadores de MQL na retificadora

Utilizando o conjunto trave e cabeceira do DSVR, foi feita a montagem dos

dois dispositivos aplicadores de MQL sobre o vão de retificação na retificadora. Os

Base do DSVR

Provetas

Dispositivo

aplicador MQL

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oito bicos foram fixados na chapa metálica da cabeceira do DSVR com o auxílio do

ímã, presente na tubulação dos bicos aplicadores, conforme Figura 37. Foram

mantidas a altura e a distância entre os bicos, conforme preliminarmente havia sido

definido na bancada experimental. Esta montagem foi utilizada no primeiro

experimento (piloto).

3.9.2.2 1ª Montagem do DDS-MQL com bico jato de laminar na retificadora

Por intermédio dos fixadores, foi posicionado o DDS-MQL contendo 10 bicos

retos com jato laminar na parte posterior do rebolo de corte. Ele foi montado

tangenciando o rebolo. Dessa forma, o fluxo de óleo entrava em contato com o

rebolo na tangente posterior. Esta montagem, conforme Figura 38, foi utilizada no 2º

experimento da segunda fase experimental.

3.9.2.3 2ª Montagem do DDS-MQL com bico de jato laminar na retificadora

Foi realizada a segunda montagem DDS-MQL com 10 bicos de jato laminar,

porém posicionando-o sobre o vão de retificação. Dessa forma, ele direcionava o

fluido sobre o corpo de prova posicionado sobre a régua de passagem, conforme

Figura 39. Esta configuração foi utilizada no 4º experimento da segunda fase

experimental.

3.9.2.4 Montagem do DDS-MQL com bico de jato em leque na retificadora

Para a montagem do DDS-MQL, foi utilizado novamente o conjunto cabeceira

e trave do DSVR. Montado acima do vão de retificação, esse dispositivo, contendo

os bicos de jato em leque, possibilitou o direcionamento preciso do fluido no vão de

retificação na região de contato entre a peça e o rebolo, conforme Figura 40. A

montagem do DDS-MQL contendo 10 bicos de jato em leque foi utilizada no 5º e no

6º experimentos da terceira fase experimental. No entanto, a montagem do DDS-

MQL contendo 19 bicos também foi utilizada no 7º e no 8º experimentos da terceira

fase experimental.

Outra configuração, que foi adicionada à montagem do DDS-MQL no vão de

retificação no 5º, no 6º, no 7º e no 8º experimentos da terceira fase experimental, foi

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61

a mudança da distância (altura) dos bicos em relação aos corpos de prova. No 5º e

no 7º experimentos, foi utilizada uma distância de 100 mm e, no 6º e no 8º

experimentos, foi empregada uma distância de 150 mm entre os bicos e os corpos

de prova.

3.9.2.5 Montagem do DDS-MQL com bico de jato laminar e aplicador de MQL na

retificadora

Foi necessária, de acordo com as fases do experimento, a montagem do

dispositivo DDS-MQL contendo 10 bicos de jato laminar em conjunto com o

aplicador de MQL. Utilizando o conjunto cabeceira e trave do DSVR, foram fixados

os bicos aplicadores de MQL e, sobre a tampa do rebolo de arraste, fez-se a fixação

do DDS-MQL, conforme Figura 41. Esta montagem foi utilizada no 5º e no 6º

experimentos da segunda fase experimental.

3.9.2.6 Montagem do DDS-MQL com bico de jato em leque e aplicador de MQL

na retificadora

Um novo arranjo composto pelo DDS-MQL com bico de jato em leque e o

aplicador de MQL foi montado utilizando o conjunto cabeceira e trave do DSVR.

Ambos foram montados sobre o vão de retificação, conforme Figura 42. Para o 1º e

o 2º experimentos da terceira fase experimental, utilizou-se o DDS-MQL com 10

bicos de jato em leque. Para o 3º e o 4º experimentos da terceira fase experimental,

a montagem do DDS-MQL foi feita com 19 bicos.

Adicionalmente à montagem do DDS-MQL no vão de retificação nesses

experimentos mencionados, foi modificada a distância (altura) entre os bicos e os

corpos de prova. No 1º e no 3º experimentos, foi utilizada a distância de 100 mm e,

no 2º e no 4º experimentos, a distância de 150 mm.

3.9.2.7 Montagem do DDS-MQL com bico de jato laminar e aplicador de MQL na

retificadora

Uma nova montagem do DDS-MQL com bico de jato laminar foi ajustada com

o aplicador de MQL, porém alterando o posicionamento dos aplicadores. Com o

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62

DDS-MQL posicionado tangencialmente ao rebolo de corte, o fluido direcionado por

ele entrava em contato com o rebolo de corte na tangente posterior paralela ao vão

de retificação. O aplicador de MQL foi montado no vão de retificação respeitando as

dimensões de altura e distanciamento dos bicos, conforme definido na bancada

experimental. Os oito bicos aplicadores por toda a extensão do vão de retificação

direcionavam o fluido pressurizado sobre os corpos de prova, conforme Figura 43.

Este arranjo foi utilizado no 1º e no 3º experimentos da segunda fase experimental.

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63

Figura 37. 1ª Montagem do aplicador MQL (piloto) Fonte: autoria própria

Figura 39. 1ª Montagem DDS-MQL (jato laminar)

Fonte: autoria própria.

Conjunto trave e

cabeceira Bico aplicador MQL

Régua

de apoio

Rebolo de

arraste

Rebolo de

corte

Rebolo

de corte

DDS-MQL bico

laminar

2) 1)

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64

Figura 38. 2ª Montagem DDS-MQL (jato laminar)

Fonte: autoria própria.

Figura 40. 1ª Montagem DDS-MQL (jato em leque)

Fonte: autoria própria.

Rebolo de

corte

Rebolo de

arraste

DDS-MQL

bico laminar DDS-MQL bico

em leque

Conjunto trave e

cabeceira

Rebolo de

arraste Rebolo de

corte

Corpo de

prova

3) 4)

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Figura 41. 1ª Montagem DDS-MQL (jato laminar)+ aplicador

MQL

Fonte: autoria própria.

Figura 42. 1ª Montagem DDS-MQL (jato em leque )+ aplicador

MQL)

Fonte: autoria própria.

Conjunto trave e

cabeceira

Rebolo de

arraste Rebolo de

corte

DDS-MQL bico

em leque

Corpo de

prova

Aplicador

de MQL

DDS-MQL

bico laminar

Rebolo de

corte

5) 6)

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Figura 43. 2ª Montagem DDS-MQL (jato laminar) + aplicador de

MQL)

Fonte: autoria própria.

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3.10 Procedimento experimental

Os testes experimentais foram realizados com o objetivo de avaliar o

desempenho da Mínima Quantidade de Líquido Lubrificante (MQL), comparando-a

com a refrigeração convencional em abundância. Para isso, uma metodologia

adequada foi empregada para analisar a quantidade de fluido de corte aplicado no

processo e suas consequências.

Como forma de aferição do aplicador, este foi montado na bancada

experimental com o auxílio do DSVR, utilizando-se a base e a cabeceira.

Com o dispositivo aplicador de MQL em funcionamento, utilizando-se um

papelão, foi avaliado o esquema de distribuição do fluido, conforme Figura 44. Por

meio da geometria formada pela aplicação do fluido, pôde-se também validar o bico

aplicador de MQL. Utilizando o bico em formato de leque (bico 2), fabricado em um

material plástico resistente, foi possível uma distribuição do fluido ideal à aplicação

na retificadora.

Figura 44. Esquema de distribuição do fluido MQL x geometria do bico

Fonte: autoria própria.

Bico 1 Bico 3 Bico 4

Bico 2

1

2

3 4

Geometria da aplicação óleo

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Após a definição da geometria do bico, foi realizado o estudo sobre a

repetibilidade da vazão dos bicos de refrigeração. O objetivo foi verificar se estes

apresentavam características técnicas similares de vazão. Foram montados os dois

dispositivos aplicadores de MQL no conjunto base e cabeceira, conforme Figura 36.

Assim, durante 20 segundos, foi acompanhada a quantidade de gotas, que foram

coletadas em provetas, definindo o volume do líquido dosado de cada um dos oito

bicos aplicadores de MQL.

A uniformidade da distribuição volumétrica do líquido foi determinada para

cada bico. Para calibração, foi girado o regulador de ajuste da taxa de lubrificante,

Figura 45, abrindo-o ou fechando-o, de acordo com a necessidade, até que os bicos

apresentassem a vazão uniforme de 2,5 ml/min.

Figura 45. Regulador de ajuste da taxa de lubrificante e gerador de pulsos do

aplicador de MQL

Fonte: autoria própria.

Como forma de simular o formato da aplicação do fluido, foram utilizados um

dos bicos aplicadores e um papelão. Por duas vezes, movimentou-os, com o auxílio

das mãos, no sentido lateral (da direita para esquerda), a uma velocidade de

passagem similar à do corpo de prova no vão de retificação.

Regulador de ajuste

da taxa de lubrificante

Gerador de

Pulsos

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Como forma de simular a velocidade de avanço do papelão similar à da peça

no vão de retificação, mediu-se na retificadora o tempo de deslocamento da peça

entre dois pontos. Similarmente, utilizando-se o DSVR e um dos bicos do aplicador

de MQL, fez-se o movimento do papelão em conjunto com a aplicação do fluido.

Deslocando-o manualmente, foi possível analisar o comportamento da

aplicação do fluido, conforme Figura 46.

Figura 46. Esquema de distribuição do fluido MQL (bico jato leque)

Fonte: autoria própria.

Após a regulagem da vazão, a definição da altura e o distanciamento ideal

dos bicos, partiu-se para a análise dos parâmetros da retificadora.

Por se tratar de uma retificadora de produção seriada, esta já se encontrava

devidamente inicializada. Foram verificados os parâmetros de rotação do rebolo de

corte que se encontrava em 1300 RPM, a rotação do rebolo de arraste em 45 RPM e

a velocidade de passagem em 4,5 m/minuto. Todos os parâmetros estavam

adequados para a execução dos experimentos.

Posteriormente a essa verificação das regulagens dos parâmetros da

máquina, foi feita a dressagem do rebolo de corte e de arraste.

Bico formato

leque

papelão Distribuição do fluido

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Após a dressagem, foi realizada a montagem dos dispositivos aplicadores de

MQL na retificadora sem centro de passagem, conforme a montagem na seção

montagem experimental, item 3.9.2.1.

Após todos os ajustes no equipamento, partiu-se para a execução do

experimento piloto.

Iniciaram-se os dispositivos aplicadores de MQL, quando foi mantida

constante a vazão de cada bico aplicador, em 2,5 ml/min, como anteriormente

padronizado. A pressão do ar comprimido foi regulada em 6 kgf/cm2, e o gerador de

pulsos do dispositivo aplicador de MQL foi regulado na demarcação 1/15, conforme

Figura 47.

A avaliação técnica na retificação usando o processo de MQL consistia em

analisar visualmente a integridade da superfície e medir a variável de saída:

Rugosidade Rz. Dessa forma, foram retificadas cinco peças e realizadas as

verificações iniciais da rugosidade e temperatura.

Após as verificações, foram produzidas, initerruptamente, 20 peças.

Imediatamente após a saída das peças da retificadora, mediu-se, no centro da peça

(aproximadamente 110 mm da extremidade da espiga), a temperatura das cinco

primeiras peças. As peças deveriam apresentar temperatura inferior a 27º C.

Posteriormente, cada corpo de prova foi codificado. Todas as peças foram enviadas,

para medição da rugosidade no laboratório de metrologia, sem identificação do teste

que tinha sido realizado.

Em função dos resultados apresentados, decidiu-se, ainda utilizando o

conceito MQL, delinear outro experimento.

A segunda fase experimental foi delineada conforme dados contidos na

Tabela 2.

Estabelecido sobre duas variáveis, foi feita a lubri-refrigeração utilizando o

aplicador de MQL e o sistema MQL, variando a localização da aplicação e o fluido

utilizado. Objetivando a melhoria na limpeza do rebolo de corte, foi feita

adicionalmente a aplicação de água através do DDS-MQL.

Após todas as montagens, foram produzidas initerruptamente 10 peças de

cada experimento.

Da mesma forma, como no experimento anterior, após a saída das peças da

retificadora, mediu-se a temperatura das cinco primeiras peças. Enumerou-se cada

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71

corpo de prova, sendo eles separados, para medição da rugosidade no laboratório

de metrologia.

Em função dos resultados alcançados e utilizando o conceito de MQL, porém

objetivando melhor aplicação direcionada do fluido, delineou-se outro experimento.

Nessa fase experimental, conforme pode ser observado no Quadro 2, os

experimentos foram delineados sobre três variáveis de entrada: Sistema de

refrigeração, Número de Bicos e a Distância, variando-as em dois níveis.

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72

Quadro 2. Características dos ensaios experimentais realizados na retificadora

Fase

experim

ental

Experim

ento

Sistema de

refrigeração

Tipo Bico

utilizado /

Qtde. de

Bicos

Fluido

utilizado

Local da

Aplicação do

fluido

Altura da

aplicação Vazão

Quantidade

de peças

produzidas

Piloto 1 Aplicador MQL Leque* / 8 LB 1000 Vão retificação N/A 20 ml/min 20

2º 1º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

LB 1000 +

Água

Vão retificação

+ Atrás

rebolo**

N/A 20 ml/min

+ N/A 10

2º 2º DDS-MQL Reto

(laminar) / 10 ECOCOOL Atrás rebolo**

N/A N/A 10

2º 3º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

LB 1000 +

ECOCOOL

Vão retificação

+ Atrás

rebolo**

N/A 20 ml/min

+ N/A 10

2º 4º DDS-MQL Reto

(laminar) / 10 ECOCOOL Vão retificação

N/A N/A 10

2º 5º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

LB 1000 +

ECOCOOL Vão retificação

N/A 20 ml/min

+ N/A 10

2º 6º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

LB 1000 +

Água Vão retificação

N/A 20 ml/min

+ N/A 10

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3º 1º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

10

LB 1000 +

ECOCOOL Vão retificação 100 mm

16,86

l/min 15

3º 2º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

10

LB 1000 +

ECOCOOL Vão retificação 150 mm

16,86

l/min 15

3º 3º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

19

LB 1000 +

ECOCOOL Vão retificação 100 mm

19,11

l/min 15

3º 4º Aplicador MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

19

LB 1000 +

ECOCOOL Vão retificação 150 mm

19,11

l/min 15

3º 5º DDS-MQL Jato Leque /

10 ECOCOOL Vão retificação 100 mm

16,86

l/min 25

3º 6º DDS-MQL Jato Leque /

10 ECOCOOL Vão retificação 150 mm

16,86

l/min 15

3º 7º DDS-MQL Jato Leque /

19 ECOCOOL Vão retificação 100 mm

19,11

l/min 25

3º 8º DDS-MQL Jato Leque /

19 ECOCOOL Vão retificação 150 mm

19,11

l/min 15

*Bico leque plástico validado para utilização no aplicador de MQL

** Atrás do rebolo = Tangenciando a parte posterior do rebolo

Fonte: autoria própria.

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74

A escolha dessas variáveis foi uma evolução do estudo por meio dos

resultados obtidos no 5º experimento da segunda fase experimental.

Os dados iniciais das variáveis de entrada e seus respectivos níveis,

conforme Quadro 3, foram inseridos no programa estatístico Minitab versão 15.

Dessa forma, este auxiliou no delineamento prático dos experimentos, ou seja, na

definição dos parâmetros a serem utilizados em cada experimento/amostra.

Quadro 3. Terceiro Planejamento de Experimento

Parâmetros de entrada Níveis

-1 +1

Número de bicos (tipo leque) 10 19

Sistema de refrigeração Sem aplicação MQL

(óleo LB1000)

Com aplicação MQL

(óleo LB1000)

Distância dos bicos (mm) 100 150

Fonte: autoria própria.

Ao caracterizar o planejamento de experimento, utilizando a nomenclatura de

cada variável e os respectivos níveis, conforme Quadro 4, teve-se o direcionamento

de todas as configurações de montagem do sistema de refrigeração na retificadora.

Quadro 4. Planejamento de Experimento completo com as variáveis e seus níveis

Aplicação MQL nº Bicos Distância (mm) Rugosidade (Rz)

# 1 com 10 100

# 2 com 10 150

# 3 com 19 100

# 4 com 19 150

# 5 sem 10 100

# 6 sem 10 150

# 7 sem 19 100

# 8 sem 19 150

Fonte: autoria própria.

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75

Cada experimento foi repetido por 10 vezes. Portanto, foram separados para

medição 80 corpos de prova. Os demais corpos de prova produzidos foram

utilizados para as medições preliminares a cada alteração da configuração do

experimento ou para casos de contraprova caso fosse necessário. No caso do 5º e

do 7º experimentos, decidiu-se segregar mais peças em função dos resultados das

medições preliminarmente realizadas, bem como do comportamento do acabamento

superficial percebido durante a execução do experimento.

Após a finalização dos ensaios, foi efetuada a medição dos corpos de prova,

conforme Figura 47. Utilizaram-se a seleção de comprimento de amostragem (cut-

off) de 0,8 mm e o percurso de medição cinco vezes o valor de cut-off (4,0 mm).

Todas as peças foram medidas no centro.

Todas as amostras foram limpas com o uso de um algodão e álcool, antes de

cada medição, para evitar que pequenas partículas abrasivas influenciassem na

medição dessa variável.

Figura 47. Região de medição da rugosidade nos corpos de prova

Fonte: autoria própria.

Corpo de

prova

Apalpador

rugosímetro

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76

CAPÍTULO 4

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, serão apresentados os resultados obtidos nos experimentos

através da aplicação da técnica de Mínima Quantidade de Lubrificação (MQL). As

análises e os resultados relevantes, referentes aos ajustes e regulagens feitos nos

dispositivos e equipamentos durante a preparação para os experimentos, também

serão abordados.

Serão apresentados os resultados referentes às medições de rugosidade

realizadas nos corpos de prova, pois estas possibilitaram a definição dos parâmetros

ideais que propiciaram a otimização do método de aplicação de MQL no processo

de retificação sem centro de passagem.

Foi realizada a medição da rugosidade em 80 corpos de prova, que foram

numerados e separados para posterior medição. Por meio do resultado, utilizando o

programa MINITAB versão 15, pôde-se determinar o efeito e a relevância de cada

uma das variáveis de entrada e suas interações na variável de saída rugosidade

aplicando a técnica de MQL.

A análise de resultados foi dividida em três subseções, em que, na primeira

etapa, serão demonstrados os resultados encontrados na fase dos ajustes e

regulagens feitas nos dispositivos e equipamentos utilizados. A segunda etapa

contém os resultados observados nos elementos constituintes da retificadora. Na

terceira etapa, serão apresentados os relatórios e gráficos obtidos no estudo

estatístico mediante a análise do efeito das variáveis de entrada e suas interações

na rugosidade utilizando a técnica de MQL.

4.1 Fase de ajustes e regulagens dos dispositivos e equipamentos

Antes de serem realizados todos os experimentos, foi avaliada a vazão de

cada bico aplicador de MQL. Em função dos resultados, foi necessária a regulagem

com ajustes finos antes da montagem dos dispositivos no equipamento.

Inicialmente, foi avaliada a vazão e percebeu-se que os bicos apresentavam

comparativamente vazões distintas entre si. O Quadro 5 mostra os resultados

encontrados nos dois dispositivos aplicadores. A medição da vazão foi feita em

intervalos de 20 segundos.

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Quadro 5. Resultados da vazão individualizada de cada bico aplicador

Aparelho 1 Aparelho 2

Bico

Medições em 20

segundos

Tempo

para

Volume

de 10ml

(min)

Bico

Medições em 20

segundos

Tempo

para

Volume

de

10ml

(min) vazão Total de

gotas vazão

Total de

gotas

1 0,30 ml 10 10:16 1 3,1 ml 72 1:06

2 0,65 ml 13 5:06 2 3,0 ml 66 1:07

3 2,5 ml 52 1:21 3 2,3 ml 50 1:26

4 0,75 ml 12 4:50 4 1,0 ml 20 3:41

Fonte: autoria própria.

Com esses resultados, pode-se perceber que o aparelho encontrava-se

descalibrado. Iniciou-se, então, a regulagem de todos os bicos através do regulador

de ajuste da vazão. Após a regulagem, todos os bicos apresentaram vazões

similares. A vazão foi calibrada em 2,5ml/seg.

Outra questão também observada foi referente à perda da calibração após

cada período de inatividade do aparelho de MQL. Antes do início de cada execução

de um novo experimento usando o dispositivo aplicador, todo o procedimento de

ajuste era necessário para avaliar novamente a vazão de cada bico aplicador.

Percebeu-se que em todas as vezes que foi montado o dispositivo o óleo que

anteriormente estava presente no tubo capilar de cada bico dosador era descartado.

Dessa forma, após o armazenamento do dispositivo por um determinado período de

inatividade, era necessário colocar o dispositivo em operação, medir a vazão

individualizada de cada bico e, quando necessária, a regulagem deles era realizada

novamente.

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78

4.2 Monitoramento dos elementos da retificadora

Durante todo o período experimental, foi monitorado também o desempenho

dos elementos constituintes do processo de retificação, que são partes da retificadora

que formam o vão de retificação. Os elementos, como: régua de apoio, rebolos de

corte e de arraste, e a atmosfera envolvente fluido de corte, foram monitorados

constantemente durante todo o período de testes.

Os resultados descritos, no Quadro 6, permitiram, mediante sua análise, a

comprovação preliminar dos efeitos da aplicação da técnica de MQL no processo de

retificação sem centro de passagem.

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79

Quadro 6. Comportamento dos experimentos

Fase

exper

iment

al

Exper

iment

o

Sistema de

refrigeraçã

o

Tipo de Bico

utilizado /

Qtde. de

Bicos

Altura

da

aplicaç

ão

Local da

Aplicação

do fluido

Rugosidade

µm

(amostrage

m)

Comportamento

Desem-

penho Régua

/ peça rebolos

Temp.

peças fluido atmosfera

Piloto 1 Aplicador

MQL Leque* / 8 N/A

Vão

retificação

3,95 / 4,35

/ 4,86 /

3,89 / 3,50

Muito

suja Empastado 31º C

Fluxo

reduzido

Aspersã

o

significativ

a

Insati

sfatóri

o

2º 1º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

N/A

Vão

retificação

+ Atrás

rebolo**

2,42 / 1,98

/ 2,24 /

1,88 / 2,35

Muito

suja

Empastado

(entrada) 25º C

Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

(externo)

Insati

sfatóri

o

2º 2º DDS-MQL Reto

(laminar) / 10 N/A

Atrás

rebolo**

1,87 / 2,03

/ 1,53 /

2,76 / 1,94

suja Ligeiramente

empastado 26º C

Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

(externo)

Insati

sfatóri

o

2º 3º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

N/A

Vão

retificação

+ Atrás

rebolo**

2,74 / 4,29

/ 3,9 / 1,58

/ 1,8

Limpa Ligeiramente

empastado 26º C

Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

(externo)

Insati

sfatóri

o

2º 4º DDS-MQL Reto

(laminar) / 10 N/A

Vão

retificação

2,22 / 1,58

/ 1,52 / Limpa

Ligeiramente

empastado 24º C

Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

Insati

sfatóri

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80

2,14 / 2,74

/ 2,01

(externo) o

2º 5º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

N/A Vão

retificação

1,48 / 1,85

/ 1,45 /

1,53 / 1,43

Limpa Ligeiramente

empastado 23º C

Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

(externo)

satisf

atório

2º 6º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Leque / 8 +

Reto

(laminar) / 10

N/A Vão

retificação

3,53 / 3,23

/ 3,63 /

5,31 / 3,53

Limpa Empastado 25º C Fluxo

reduzido

Névoas

aspersão

(externo)

Insati

sfatóri

o

3º 1º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

10

100

mm

Vão

retificação

1,33 / 1,28

/ 0,67 /

0,73 / 0,82

Limpa Normal 24º C Fluxo

reduzido

Poucas

névoas

(externo)

insatisf

atório

3º 2º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

10

150

mm

Vão

retificação

1,13 / 0,83

/ 0,9 / 1,88

/ 0,95 /

Limpa Normal 25º C Fluxo

reduzido

Poucas

névoas

(externo)

insatisf

atório

3º 3º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

19

100

mm

Vão

retificação

0,62 / 0,51

/ 0,66 /

0,62 / 0,52

Limpa Normal 23º C Fluxo

reduzido

Poucas

névoas

(externo)

insatisf

atório

3º 4º

Aplicador

MQL +

DDS-MQL

Jato Leque /

19

150

mm

Vão

retificação

0,84 / 0,84

/ 0,85 /

0,95 / 0,99

Limpa Normal 25º C Fluxo

reduzido

Poucas

névoas

(externo)

insatisf

atório

3º 5º DDS-MQL Jato Leque /

10

100

mm

Vão

retificação

0,66 / 0,75

/ 0,63 /

0,53 / 0,76

Limpa Normal 24º C Fluxo

reduzido

Satisfatório

(isento

nevoas

externas)

satisfat

ório

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81

3º 6º DDS-MQL Jato Leque /

10

150

mm

Vão

retificação

0,95 /0,89

/ 1,0 / 0,89

/ 0,88

Limpa Normal 25º C Fluxo

reduzido

Satisfatório

(isento

nevoas

externas)

satisfat

ório

3º 7º DDS-MQL Jato Leque /

19

100

mm

Vão

retificação

0,5 / 0,37 /

0,41 / 0,41

/ 0,53

Limpa Normal 22º C Fluxo

reduzido

Satisfatório

(isento

nevoas

externas)

excelen

te

3º 8º DDS-MQL Jato Leque /

19

150

mm

Vão

retificação

0,82 / 0,88

/ 0,57 /

0,56 / 0,8

Limpa Normal 25º C Fluxo

reduzido

Satisfatório

(isento

nevoas

externas)

satisfat

ório

* Bico leque plástico validado para utilização no aplicador de MQL

**Atrás do rebolo = Tangenciando a parte posterior do rebolo

Fonte: autoria própria.

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82

4.2.1 Comportamento da régua de apoio

Durante a execução de todos os experimentos, foi analisado o controle da

régua de apoio considerando o seu nível de limpeza. Qualquer sujidade, depositada

entre a régua e a peça, poderia alterar a altura da peça retificada em relação aos

centros dos rebolos de corte e de arraste. Essa alteração comprometeria o

posicionamento da peça no vão de retificação, podendo acarretar danos no

acabamento superficial.

Durante a execução do experimento piloto, do 1º, do 2º e do 3º experimentos

da segunda fase experimental (segundo planejamento de experimento), percebeu-se

acúmulo de cavaco entre a régua de apoio e as peças, conforme Figura 48. Esse

comportamento se deve ao fato de ter sido reduzida significativamente a quantidade

de fluido lubri-refrigerante aplicado ou até mesmo à sua ausência no vão de

retificação.

Figura 48. Presença de borra de retificação por toda extensão da régua de apoio

Fonte: autoria própria.

Cavaco (Borra de retificação)

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83

No processo de retificação sem centro de passagem, a deficiência na

aplicação de fluido refrigerante, que também tem a função de conduzir o cavaco

para fora do vão de retificação, pode acarretar o acúmulo de cavacos alterando toda

dinâmica do processo. Foi observado que esse acúmulo acarretou alteração no

posicionamento da peça no vão de retificação devido à borra depositada. Por causa

dessa alteração do posicionamento, percebeu-se aumento de aproximadamente

50% no valor da rugosidade.

Entretanto, como nos demais experimentos, realizados posteriormente, que

foram desenvolvidos aplicando-se a refrigeração centralizada e com níveis

satisfatórios de fluido refrigerante no vão de retificação, percebeu-se melhora

significativa e satisfatória nos níveis de limpeza da régua.

4.2.2 Comportamento dos rebolos durante os testes

Inicialmente, foi feita a dressagem dos rebolos de corte e de arraste. Durante

o período experimental, ao término de cada experimento, os rebolos foram

monitorados e, quando era necessário, eram dressados antes do início dos próximos

experimentos. Aspectos visuais e a possível perda das arestas de corte, por meio do

sinal de “empastamento” dos rebolos, acarretariam a perda da função de corte do

rebolo. Esse comportamento pode acontecer devido à falha na lavagem dos rebolos

e da peça durante o processo de retificação. Essa falha pode ser gerada em função

de quantidade insuficiente de fluido ou mau direcionamento deste durante o

processo. O acabamento superficial e, principalmente, a rugosidade poderiam ser

comprometidos em função dessa falha.

Na execução do experimento piloto, do 1º, do 2º e do 3º experimentos da

segunda fase experimental (segundo planejamento de experimento), não foi

aplicada quantidade satisfatória de fluido responsável pela limpeza/arraste do

cavaco. Essa quantidade insuficiente acarretou acúmulo de cavaco (borra metálica)

no rebolo de corte. Esse acúmulo ocorreu, devido à aplicação insuficiente de fluido

refrigerante. Esse preenchimento dos espaços vazios entre os grãos por cavacos

gerou o empastamento do rebolo e aumentou o atrito entre a peça e o rebolo de

corte, comprometendo a rugosidade das peças. Os grãos abrasivos perderam as

arestas cortantes, devido ao empastamento do rebolo de corte, conforme observado

na Figura 49. Segundo Tawakoli, Hadad e Sadeghi (2010), esse aumento dos

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84

esforços de corte, devido à perda de afiação dos grãos, eleva a temperatura de corte

e o atrito, acarretando a elevação na temperatura da peça na saída da retificadora.

Figura 49. Condição rebolo de corte após experimento piloto

Fonte: autoria própria.

Nos demais experimentos, foi aplicada quantidade de fluido satisfatória

suficientemente capaz de realizar a lubrificação e limpeza do conjunto peça-rebolo

no vão de retificação. Essa aplicação garantiu ao processo uma condição satisfatória

nos níveis de limpeza dos rebolos. Essa condição permitiu também eliminar a

necessidade da dressagem dos rebolos.

4.2.3 Comportamento das peças na saída do processo de retificação

A primeira característica monitorada foi a temperatura dos corpos de prova,

que foram medidos com o uso de um Termômetro Digital Infravermelho na saída do

vão de retificação. Essa temperatura foi medida preliminarmente, durante todo o

experimento, para verificar o comportamento das peças após retificação.

Conforme Malkin e Guo (2008), a total eliminação do fluido poderia se

assemelhar à redução do fluido fora dos limites toleráveis e acarretaria

sobreaquecimento das peças e, consequentemente, danos superficiais.

Rebolo de

corte

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85

Assim, como referência para validação da temperatura em um processo de

retificação com a aplicação de fluido no sistema convencional em abundância, usou-

se a temperatura abaixo de 25º C nas peças que eram monitoradas na saída do vão

de retificação.

No primeiro experimento realizado no equipamento, definido como

experimento piloto, percebeu-se elevação significativa na temperatura das peças

retificadas. Nesse experimento, perceberam-se faixas de temperatura superiores a

31º C. Esse resultado foi considerado alto e atribuído à redução e à forma de

aplicação dos níveis de fluido lubri-refrigerante aplicado.

Nos demais experimentos, a faixa da temperatura manteve-se dentro do

padrão esperado, ou seja, com temperaturas na faixa de 25º C, não sendo percebido

nenhum comportamento anormal.

Com o auxílio de um rugosímetro, que é normalmente utilizado pelos

operadores de máquina como forma de liberação do processo, mediu-se também a

rugosidade das cinco primeiras peças.

Outra característica importante foi o nível de limpeza da peça após o

processo de retificação. Além das questões dimensionais, as peças retificadas

precisariam estar isentas de sujeiras superficiais em forma de incrustações de borra

de retificação. Essas incrustações poderiam acarretar falhas na deposição de cromo,

que é um processo posterior ao da retificação de acabamento. A redução do fluido

fora dos limites toleráveis poderia acarretar má lavagem das peças e,

consequentemente, deposição de borra na peça. Assim, foram monitoradas todas as

peças. No experimento piloto e no 1º experimento da segunda fase experimental,

foram detectadas sujeiras superficiais devido à deficiência no processo de lavagem.

As peças analisadas dos demais experimentos apresentaram resultado

satisfatório se comparado com os níveis aceitáveis de acordo com a especificação e

o processo utilizando lubri-refrigeração em abundância. Isso ocorreu porque em

todas as peças percebeu-se a deposição da camada protetiva do fluido sobre a peça

retificada. Essa camada evita a oxidação prematura das peças devido à ação do

oxigênio da atmosfera.

Posteriormente à retificação, é realizado um processo de galvanoplastia

(também denominado cromação dura). A não deposição desse filme protetivo

deixaria a superfície exposta à oxidação constantemente. Foi percebido resultado

satisfatório. Porém, nas peças em que, além do óleo, percebeu-se a presença de

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86

borra, essa situação acarretou início de oxidação nas peças após determinado

período de tempo de exposição.

4.2.4 Comportamento do fluido durante os testes

Foi monitorado, visualmente, durante o período experimental, o

comportamento do fluido lubrificante, conforme Figuras 50 e 51. Mediu-se a vazão

antes do uso do sistema de MQL e com o uso tradicional de emulsão no

equipamento com a aplicação do fluido em abundância, sendo encontrado o

resultado de 190 l/min. A vazão do dispositivo com 10 bicos apresentou resultado de

16,9 l/min. Já no dispositivo com 19 bicos, a vazão encontrada foi de 19,1 l/min.

Essa redução significativa na vazão é resultado alcançado em função da própria

concepção/projeto do DDS-MQL.

Figura 50. Volume de fluido utilizando Figura 51. Volume de fluido utilizando

calha (processo convencional) dispositivo direcionador (19 bicos)

Fonte: autoria própria.

Fonte: autoria própria.

A diminuição no volume do fluido foi monitorada durante todo o período

experimental, pois a diminuição drástica, abaixo do limite tolerável, comprometeria a

condução do cavaco (borra).

Fluido de corte em

abundância

Fluido de corte

(dispositivo direcionador)

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87

Nos experimentos pilotos, 1º, 2º e 3º da segunda fase experimental,

percebeu-se maior concentração de cavaco (borra). Posteriormente à execução dos

experimentos, fez-se necessária a lavagem do equipamento. Percebeu-se

concentração maior de cavacos no fluido, conforme Figura 52.

Figura 52. Condições do fluido ao lavar o equipamento

Fonte: autoria própria.

Essa condição deve-se à diminuição significativa de fluido e/ou ao mau

direcionamento deste. Se a quantidade de fluido aplicado e o direcionamento do

mesmo não acontecerem de forma satisfatória, poderia ocorrer a presença de

cavaco (borra) acumulada em função dessas variáveis.

Nos demais experimentos, como essa redução foi conduzida juntamente com

o melhor direcionamento do fluido, percebeu-se uma correta condução da borra. O

DDS-MQL aplicou o fluido exatamente na região de arrancamento do material por

abrasão conduzindo-os para os dutos de saída e realizando a lavagem dos

componentes envolvidos no processo.

Com a aplicação direcionada do fluido, mesmo com a diminuição na vazão,

este apresentou fluxo normal de escoamento para os dutos de saída.

Fluido contendo uma maior concentração

cavacos (após lavagem do equipamento)

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88

4.2.5 Comportamento da atmosfera envolvente ao processo de retificação

Durante o período experimental, monitorou-se visualmente o comportamento

da atmosfera envolvente ao processo de retificação. A rotação do rebolo de corte

com a aplicação de fluido em abundância gera turbulência interna à carenagem do

equipamento. O projeto da carenagem possibilita a passagem de névoa de óleo em

aspersão, para o ambiente, por não ser fechado de forma hermética. Essa névoa,

quando aspirada pelo operador, poderá acarretar danos futuros à sua saúde.

Essas névoas são responsáveis por muitas queimas de componentes

eletrônicos devido à névoa condensada, que se deposita sobre eles. Além disso, a

deposição de névoa condensada sobre o piso gera condição insegura com

possibilidade de acidentes.

Devido à densidade dessa névoa, tem-se dificuldade muito grande na

aquisição de um sistema de exaustão eficiente que possa realizar essa sucção de

forma satisfatória.

Nos experimentos pilotos, e em todos os experimentos da segunda fase

experimental, percebeu-se a presença de névoas na atmosfera envolvente.

Percebeu-se ainda que, mesmo o rebolo de corte estando desligado, o que evitaria a

turbulência e, consequentemente, a aspersão da névoa, o próprio dispositivo

aplicador de MQL gera essa aspersão. Isso se deve ao ar comprimido, que é

utilizado para aplicação do fluido. Outros fatores relevantes são justamente o início

de funcionamento do rebolo de corte e a energia cinética gerada que produz

turbulência capaz de dispersar o fluido, criando essa névoa extremamente danosa à

saúde e à segurança do operador.

Ao ser direcionado o fluido com o uso do DDS-MQL na terceira fase

experimental, percebeu-se melhora significativa desses efeitos. Embora os quatro

primeiros experimentos tenham apresentado um pouco de névoa, nos demais

experimentos foi percebido resultado extremamente satisfatório. Essa condição

proporcionou a possibilidade de trabalhar com o equipamento aberto, não sendo

necessária a montagem da carenagem superior, protetora contra essa névoa em

aspersão, conforme Figura 53.

Com a aplicação direcionada do fluido e a redução da vazão, obteve-se

redução significativa da turbulência interna gerada. Essa redução acarretou baixa

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89

geração de névoa, possibilitando a abertura da carenagem, conforme Figura 53, em

algumas fases do período experimental.

Figura 53. Atmosfera envolvente ao processo de retificação

Fonte: autoria própria.

4.3 Análise dos resultados da rugosidade para variáveis de entrada

Neste estudo, todos os resultados foram checados usando-se uma análise

fatorial completa. Todas as medições de rugosidade realizadas no laboratório de

metrologia foram realizadas nas 80 peças do período experimental e foram lançadas

no software de análises estatísticas Minitab versão 15.

Mediante o uso desse software, foi possível avaliar a melhor condição

otimizada do sistema de lubri-refrigeração, que será apresentado na sequência.

Como forma de interpretação dos dados estatísticos por meio das análises

realizadas, utilizou-se o valor do “P-valor” como referência para várias análises que

serão apresentadas. Esse valor é utilizado como forma de medida de quanto,

provavelmente, os resultados da amostra são verdadeiros, assumindo a hipótese

nula. Os valores de “P” variam entre 0 e 1.

Atmosfera envolvente

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90

Nas Figuras 54 e 55, são demonstrados os gráficos da normalidade e da

dispersão. Analisando esses gráficos, pode-se concluir que as amostras

apresentaram distribuição normal. Como o gráfico da normalidade apresentou

distribuição próxima de formato de uma reta, esse resultado permite interpretar que

a amostra utilizada apresentou distribuição normal. Isso pode ser observado para o

gráfico da dispersão. Como este apresentou distribuição aleatória em ambos os

lados da reta, estatisticamente pode-se confirmar que houve distribuição normal

apresentada no gráfico da normalidade.

Figura 54. Gráfico de normalidade

Fonte: autoria própria.

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91

Figura 55. Gráfico de dispersão

1,00,90,80,70,60,5

1,00

0,75

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

Valores rugosidade

Resid

ual

Gráfico de dispersão(variável saída: Rugosidade-Rz)

Fonte: autoria própria.

Posteriormente, foi feita uma análise do relatório dos dados da variância e

parametrizado o valor de significância de 5%. Dessa forma, serão apresentados os

dados e relatórios com índice de confiabilidade de 95%. Utilizando esse valor, todas

as vezes que se obtiverem valores de “P-valor” inferiores a 0,05, pode-se dizer que a

variável determinada possui relevância no efeito analisado.

Ao realizar-se o teste “F”, tem-se a análise da variância (ANOVA) para a

variável de saída, conforme descrito na Tabela 5. Assim, encontram-se valores do

“P-valor” inferiores a 0,05 para os efeitos principais e para as interações. Esse

resultado demonstra que existe relevância nas variáveis de entrada. Por meio do

resultado do “P-valor” entre 0,000 e 0,05, pode-se afirmar, com 95% de

confiabilidade, que existe influência da variável de entrada sobre a resposta

rugosidade. Além disso, tem-se relevância na interação entre duas e três variáveis

de entrada, respectivamente, “P-valor”=0,019 e 0,022.

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92

Tabela 5. Teste “F” – análise de variância

Variáveis Grau de

liberdade

Soma dos

quadrados

Quadrados

médios Fcalc Pvalor

Efeitos principais 3 2,2064 2,2064

0,3007

0,1549

25,86 0,000

Interação entre dois efeitos 3 0,3007 3,52 0,019

Interação entre três efeitos 1 0,1549 5,45 0,022

Erro residual 72 2,0478 2,0478

Fonte: autoria própria.

Por meio da análise do teste “F”, não foi possível ter a informação de qual

variável e qual interação foram relevantes. Assim, realizou-se o Teste “T”, pois o

principal objetivo era identificar quais variáveis de entrada, individualmente, eram

relevantes e também quais as interações relevantes de cada uma dessas variáveis.

A Tabela 6 apresenta o relatório com os dados do “P-valor”, sendo utilizadas as

abreviações para as variáveis de entrada: A=utilização do aplicador MQL,

B=Número de Bicos e C=Distância entre os bicos e a peça.

Tabela 6. Teste “T” – análise de variância

Variável efeito Coeficiente Tcalc “P-valor”

CONSTANTE 0,7770 41,21 0,000

A 0,1500 0,0750 3,98 0,000

B -0,2140 -0,1070 -5,67 0,000

C 0,2050 0,1025 5,44 0,000

AB -0,0600 -0,0300 -1,59 0,116

AC -0,0510 -0,0255 -1,35 0,180

BC 0,0940 -0,0470 2,49 0,015

ABC 0,0880 0,0440 2,33 0,022

R2 56,52%

Fonte: autoria própria.

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93

Por meio dos resultados do relatório apresentado na Tabela 6, analisando o

valor do “P-valor”, pode-se dizer, com 95% de confiabilidade, que as variáveis A, B,

C e a interação entre número de bicos e a distância (BC) e a interação entre MQL,

número de bicos e a distância (ABC), apresentaram-se significantes para a condição

de melhor resultado da rugosidade.

Foram analisados também os dados gerados de forma representativa em um

diagrama de Pareto, conforme Figura 56. O posicionamento de cada barra no gráfico

de Pareto de cada variável e/ou interação sobre a linha vermelha demonstra os

fatores que têm mais relevância.

O teste de Pareto demonstrou, mediante resultado estatístico, qual a variável

de maior e menor relevância. O número de bicos (B) apresentou a maior relevância,

seguido pela variável C, A, BC até a interação de ABC, que apresentou menor

relevância. As interações das variáveis MQL mais o número de bicos (AB) e MQL

mais distância (AC) apresentaram relevância baixa para o resultado da rugosidade

por estarem abaixo da linha vermelha.

Figura 56. Pareto dos efeitos para rugosidade

AC

AB

ABC

BC

A

C

B

6543210

Variáve

is e

inte

rações

Relevância

1,993

A A plicacção MQ L

B Nº Bicos

C Distância

Factor Name

Pareto dos efeitos para rugosidade(variável saída: Rugosidade - Rz, = 0,05)

Fonte: autoria própria.

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94

No gráfico de probabilidade normal apresentado na Figura 57, avaliou-se a

significância de cada uma das variáveis de entrada. Nesse gráfico, tem-se que os

itens destacados de vermelho são os que se apresentaram mais significantes e os

pontos em preto se apresentaram com a menor significância. Quanto mais longe o

ponto estiver da linha traçada, maior é a sua relevância.

Figura 57. Gráfico de probabilidade normal

Fonte: autoria própria.

Em função do relatório apresentando, para o teste “F” e “T”, o gráfico de

Pareto e de probabilidade normal, sabem-se quais são as variáveis relevantes e

suas interações.

Com o objetivo de analisar individualmente o comportamento de cada variável

de entrada e analisando o impacto dela, foi elaborado o gráfico dos principais efeitos

na rugosidade. Por meio deste, graficamente através da inclinação da reta e dos

valores no eixo das abscissas e do nível de cada variável no eixo das coordenadas,

foi possível avaliar a intensidade da relevância e o nível para o melhor resultado da

rugosidade, conforme demonstrado na Figura 58. Se seccionar-se cada um dos

gráficos apresentados, tem-se:

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95

Figura 58a – Existe relevância na variável MQL. Essa variável contribuiu

diretamente para a melhoria no resultado da rugosidade. Pode-se afirmar que o uso

da MQL tem a mesma capacidade da emulsão em produzir rugosidades dentro dos

parâmetros especificados.

O uso do DDS-MQL com bicos direcionadores sem a utilização do aplicador

MQL demonstrou que essa é a melhor combinação da variável para melhoria da

rugosidade. Apesar de o sistema de MQL ter demonstrado boa eficiência na

lubrificação durante o processo de retificação sem centro, o uso do DDS-MQL

empregado sem MQL apresentou limpeza mais eficiente da régua e melhor remoção

da borra de retificação do vão de retificação. O bico em leque do aplicador de MQL

deve ser montado o mais próximo possível da peça, pois permite lubrificação mais

eficiente, considerando o sentido do comprimento das peças retificadas. Porém,

quando se usa em conjunto com o aplicador MQL, este, devido ao fato de usar ar

comprimido para pulverização do óleo MQL, expulsa o fluido direcionado na região

peça-rebolo. Essa condição pode ter comprometido a lubrificação e,

consequentemente, a rugosidade.

Figura 58b – Nota-se a relevância na variável número de bicos. O aumento no

número de bicos direcionadores contribui diretamente para a melhoria da

rugosidade. O número de bicos igual a 19 demonstrou que esse é o melhor nível da

variável para a melhoria da rugosidade. Com a utilização de 19 bicos, teve-se

aumento de 13% na vazão do fluido se comparado com o de 10 bicos. Esse

aumento acarretou melhoria na lubrificação da peça, melhorando o resultado da

rugosidade. O estudo foi realizado com 10 e 19 bicos, porém a utilização de 19 bicos

mostrou-se mais eficiente na redução da rugosidade. Pode-se afirmar que a

otimização desse tipo de sistema de refrigeração pode estar situada abaixo de 19

bicos, ou seja, maiores economias de fluido refrigerante podem ser conseguidas

com um estudo específico focado no número de bicos.

Figura 58c – Percebeu-se grande relevância na distância dos bicos até a

peça. A distância de 100 mm demonstrou que esse é o melhor nível para a melhoria

da rugosidade. Com o uso da distância de 100 mm, houve melhor aplicação do

fluido em todo o comprimento da peça. A distância de posicionamento está

relacionada com a velocidade de saída do fluido. Quanto mais perto, maior será a

eficiência no direcionamento, tendo-se limpeza total da peça e do vão de retificação,

mantendo uma camada de lubrificante sobre a peça. Ao contrário, distâncias

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maiores podem diminuir a eficiência da lubri-refrigeração devido à abertura do leque

do fluido devido à sua trajetória e ao contato com a atmosfera.

Figura 58. Relevância individualizada dos níveis da variável de entrada

a) Relevância da aplicação de MQL

b) Relevância da variação nos números de bicos

(b)

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c) Relevância da variação da distância

Fonte: autoria própria.

Como nos resultados apresentados para valores de “F” e “T”, informações do

gráfico de Pareto e probabilidade normal, ocorreu também relevância na interação

entre as variáveis. Buscou-se, por meio do gráfico da interação entre as variáveis e

seus níveis, analisar e entender detalhadamente essas interações.

A Figura 59 representa graficamente a interação entre dois efeitos das três

variáveis de entrada. Ao se analisar individualmente cada seção da Figura 59, tem-

se:

A Figura 59a representa a interação entre MQL e o número de bicos. O valor

da menor rugosidade é conseguido pela não aplicação de MQL e utilização do

dispositivo DDS-MQL contendo 19 bicos. Se não for utilizado o dispositivo aplicador

de MQL, não se terá a presença do ar comprimido na zona de retificação. Esse ar

comprimido, que é utilizado no dispositivo aplicador ao sair dos bicos, expulsa o

fluido lubri-refrigerante da região de contato peça-rebolo, aumentando a rugosidade.

Ao se utilizar o DDS-MQL com 19 bicos de refrigeração, tem-se melhor distribuição

de fluido por toda a extensão da peça. Dessa forma, tem-se melhor lubrificação e

refrigeração da peça durante o processo e, consequentemente, melhoria no

resultado da rugosidade.

A Figura 59b representa a interação entre o sistema de MQL e a distância dos

bicos na peça. A não aplicação de MQL e a menor distância apresentam a menor

rugosidade. A proximidade dos bicos, sem aplicação de MQL, garante a perfeita

lubrificação das peças, gerando decréscimo no valor da rugosidade. Conforme

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comentado anteriormente, o sistema de MQL apresenta-se como bom sistema para

lubri-refrigeração das peças.

A Figura 59c representa a interação entre o número de bicos e a distância do

dispositivo. O valor da menor rugosidade é conseguido pelo maior número de bicos

e a menor distância. Maior número e a menor proximidade dos bicos na peça

melhoram a lubrificação e, consequentemente, o resultado da rugosidade. Isso pode

ser explicado devido ao fato de que uma distância muito maior não permite a

focalização do jato de fluido, ocorrendo dispersão maior deste. Paralelamente, maior

número de bicos provoca, evidentemente, melhor lubrificação da região de corte nas

peças e, consequentemente, redução do atrito entre os grãos e as peças com

aumento do efeito do corte. Além disso, apesar de ser usado em quantidades

mínimas com vazão de 19,1 l/min, o fluido também evita a elevação da temperatura

na região de corte, constatada com a medição da temperatura na saída do vão de

retificação. Esse fato evita a queima do grão durante o processo de retificação,

aumentando sua eficiência no processo de corte.

Figura 59. Gráfico da interação entre as variáveis de entrada

Fonte: autoria própria.

(a)

(c)

(b)

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O gráfico de superfície de resposta para as variáveis de entrada, sem uso do

sistema de MQL, conforme Figura 60, demonstra que o melhor resultado para a

variável de saída rugosidade é alcançado com o maior número de bicos e a menor

distância. Esse resultado confirma o que foi exposto anteriormente no gráfico da

interação entre as variáveis e seus níveis. Observa-se que o modelo linear

apresenta aumento proporcional da rugosidade com a diminuição dos bicos e o

aumento da distância destes em relação às peças usinadas.

Figura 60. Gráfico de superfície (sem aplicação de MQL)

Fonte: autoria própria.

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No gráfico de contorno na Figura 61, observa-se que a melhor condição para

se conseguir o valor da rugosidade abaixo de Rz = 0,5 µm é na condição de maior

número de bicos no DDS-MQL utilizando a menor distância. Quando se analisa essa

configuração, tem-se que, com a aplicação direcionada do fluido no ponto de

arrancamento de material com maior número de bicos e proximidade menor dos

bicos, será proporcionada à peça uma aplicação de fluido lubri-refrigerante em toda

a dimensão do corpo de prova. Essa distribuição gerará lubrificação e refrigeração

satisfatórias no processo. Mediante essa lubrificação, ocorrerá diminuição do atrito

rebolo-peça, proporcionando perfeita remoção do material. Uma boa distribuição do

fluido também proporciona melhor controle da temperatura, além da limpeza e

condução dos cavacos mantendo a ferramenta sempre limpa, auxiliando, assim, a

vida da ferramenta e garantindo acabamento superficial dentro da especificação.

Pode-se perceber, por meio do gráfico, que, de acordo com as alterações que

podem ser feitas no número de bicos e na distância, as faixas de rugosidade

aumentam, em que a pior condição para a rugosidade Rz > 0,9 µm seria a 150 mm

de distância e DDS-MQL contendo 10 bicos.

Figura 61. Gráfico de contorno (sem aplicação de MQL)

Fonte: autoria própria.

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O gráfico de cubo Figura 62 demonstra, em todos os vértices do cubo, as

interações entre as três variáveis e seus efeitos no valor da rugosidade. À medida

que se alteram as variáveis de entrada e os seus respectivos níveis, observa-se

claramente o impacto no valor da rugosidade. Como melhor resultado na aplicação

do fluido lubri-refrigerante, tem-se o vértice da menor distância (100 mm), com o

maior número de bicos no DDS-MQL (19), sem uso do sistema de MQL. Aplicar o

fluido lubri-refrigerante de forma direcionada no vão de retificação, exatamente no

ponto da abrasão, ou seja, arrancamento do material utilizando o DDS-MQL, a uma

distância de 100 mm e de forma homogênea por toda a extensão da peça, sendo o

perímetro coberto pelos 19 bicos a uma vazão reduzida, proporcionou otimização da

aplicação de fluido de corte se comparado ao método tradicional.

Figura 62. Gráfico de cubo

150

100

19

10

comsem

Distância

Nº Bicos

Aplicacção MQL

0,883

0,9750,904

0,756

0,547

1,0030,654

0,494

Gráfico de cubo (dados dos efeitos) para rugosidade

Fonte: autoria própria.

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CAPÍTULO 5

5 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos durante a fase experimental, as análises estatísticas, as

observações e o estudo das referências bibliográficas possibilitaram a análise

comparativa da refrigeração convencional versus a refrigeração, utilizando o

aplicador MQL, e o método, utilizando o sistema MQL com bicos direcionadores.

Para expor essa base comparativa, este capitulo, utiliza, como critério de

apresentação, a divisão dos resultados em dois tópicos principais: utilização do

aplicador MQL e utilização do sistema MQL com bicos direcionadores, destacando

as vantagens e desvantagens de cada um.

Comportamento do processo através da utilização do aplicador MQL

como única forma de lubri-refrigeração no processo de retificação sem

centro:

- não é eficiente como nos demais processos de retificação ou até mesmo

nos processos de usinagem. Não permite limpeza satisfatória, acumulando

cavaco metálico entre a régua de apoio e a peça, e resultando na alteração

do posicionamento da peça no vão de retificação;

- compromete o acabamento superficial da peça, resultante da ação conjunta

da deficiência na limpeza dos componentes no vão de retificação e da perda

das arestas de corte em função do empastamento do rebolo;

- temperatura da peça retificada 50% acima do especificado em função da

pouca lubri-refrigeração inerente ao processo do aplicador MQL;

- rugosidade da peça, em média, 35% acima do especificado;

- acúmulo de sujeiras na estrutura do equipamento;

- aumento em 60 vezes dos ciclos de dressagem do rebolo de corte.

Comportamento do processo através da utilização do sistema MQL,

utilizando dispositivo direcionador, contendo 19 bicos com jato tipo

leque, a uma distância de 100 mm, como única forma de lubri-

refrigeração no processo de retificação sem centro:

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- eficiência satisfatória se comparada com o processo convencional de lubri-

refrigeração;

- redução significativa de aproximandamente 90% da vazão do fluido lubri-

refrigerante no processo de retificação sem centro;

- limpeza satisfatória do vão de retificação e do equipamento, resultante do

direcionamento do fluido no ponto de processo – região da remoção de

material;

- condução de todos os cavacos metálicos para os dutos direcionadores do

sistema de regeneração;

- rugosidade e temperatura das peças retificadas, atendendo aos limites

restritos de especificação estabelecidos no processo, em decorrência do

perfeito direcionamento do fluido lubri-refrigerante sob pressão, e

aumentando a velocidade de aplicação;

- nível apropriado de limpeza dos rebolos de corte e arraste. Arestas de corte

em perfeitas condições após fase experimental;

- partes metálicas do equipamento protegidas, prevenindo o início de

oxidação nas partes metálicas;

- fluido lubri-refrigerante visualmente apresentando maior concentração de

particulados metálicos na saída do processo em função da diminuição da

vazão do fluido;

- melhoria significativa na qualidade da atmosfera envolvente no processo de

retificação. Eliminação da névoa em aspersão fora da carenagem do

equipamento.

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CAPÍTULO 6

6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS

Mediante das informações que foram obtidas neste trabalho, têm-se algumas

oportunidades que precisam ser exploradas.

A seguir, são sugeridos alguns possíveis trabalhos que poderão ser

realizados.

Estudar a possibilidade de serem inseridos novos bicos direcionadores de

fluido (água) para serem utilizados na lavagem do equipamento minimizando a

aplicação do fluido lubri-refrigerante.

Em função da aplicação direcionada do fluido, estudar a possibilidade de

redução da concentração do óleo utilizado na emulsão.

Realizar estudo aprofundado na atmosfera envolvente utilizando a

configuração otimizada e a técnica de MQL na aplicação do fluido lubri-refrigerante,

objetivando a eliminação dos exaustores no processo.

Estudar a relação de dressagem dos rebolos com a utilização do DDS-

MQL.

Avaliar o desgaste da régua em função do melhor direcionamento do

fluido lubri-refrigerante utilizando o DDS-MQL.

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CAPÍTULO 7

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