programa de pÓs-graduaÇÃo em educaÇÃo ppge...

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PPGE PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO E PRÁTICAS EDUCACIONAIS PROGEPE ANAIS DO X COLÓQUIO DE PESQUISA SOBRE INSTITUIÇÕES ESCOLARES PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS. 28, 29 E 30 DE OUTUBRO DE 2015 LOCAL: São Paulo, Centro de Pós-Graduação e Unidade Memorial da UNINOVE. Avenida Francisco Matarazzo, 612 - Bairro: Água Branca - São Paulo / SP ISSN 1981 9056 2015

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  • PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO

    PPGE

    PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTO E PRTICAS

    EDUCACIONAIS

    PROGEPE

    ANAIS DO X COLQUIO DE PESQUISA SOBRE INSTITUIES

    ESCOLARES

    PLANO NACIONAL DE EDUCAO: DESAFIOS E

    PERSPECTIVAS.

    28, 29 E 30 DE OUTUBRO DE 2015

    LOCAL: So Paulo, Centro de Ps-Graduao e Unidade Memorial da

    UNINOVE. Avenida Francisco Matarazzo, 612 - Bairro: gua Branca - So

    Paulo / SP

    ISSN 1981 9056

    2015

  • COMISSO ORGANIZADORA

    PROF. DR. ADRIANO SALMAR NOGUEIRA E TAVEIRA

    PROF. DRA. AMLIA SILVEIRA

    PROFA. DRA. ANA MARIA HADDAD BAPTISTA

    PROF. DR. ANTNIO NEVES DUARTE TEODORO

    PROF. DR. ANTONIO JOAQUIM SEVERINO

    PROF. DR. CARLOS BAUER

    PROF. DR. CELSO CARVALHO

    PROFA. DRA. CLEIDE RITA SILVRIO DE ALMEIDA

    PROFA. DRA. ELAINE TERESINHA DAL MAS DIAS

    PROF. DRA. FRANCISCA ELEODORA SANTOS SEVERINO

    PROF. DR. GUSTAVO GONALVES UNGARO

    PROF. DR. JASON MAFRA

    PROF. DR. JOS EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS

    PROF. DR. JOS EUSTQUIO ROMO

    PROF. DR. LEONEL CEZAR RODRIGUES

    PROF. DRA. LGIA DE CARVALHO ABES VERCELLI

    PROF. DR. MANUEL TAVARES GOMES

    PROF. DR. MARCOS ANTONIO LORIERI

    PROF. DR. MAURCIO PEDRO DA SILVA

    PROF. DR. PAOLO NOSELLA

    PROF. DRA. PATRCIA APARECIDA BIOTO-CAVALCANTI

    PROF. DRA. ROBERTA STANGHERLIM

    PROF. DRA. ROSEMARY ROGGERO

    PROF. DRA. ROSILEY APARECIDA TEIXEIRA

    PROF. DRA. SOFIA LERCHE VIEIRA

  • SUMRIO

    PROCESSO DE CONSTRUO DO PLANO MUNICIPAL DA EDUCAO

    DA CIDADE DE JANDIRA-SP: EIXO EDUCAO INFANTIL 09

    AGUIAR, Alessandra Aparecida Dias

    PLANO NACIONAL DE EDUCAO E ENSINO MDIO NO BRASIL:

    LEGISLAO DISSONANTE DA REALIDADE 20

    GAIDARGI, Alessandra Maria Martins

    LIMA, Karla Eleutria Cavalcanti Silva de

    NOSELLA, Paolo

    LDICO: CRIANA E PROFESSOR DA EDUCAO BSICA 33

    SILVA, A. R.

    GONALVES, C. F.

    O CENTRO INTEGRADO DE EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS COMO

    AMPLIAO DE OPORTUNIDADE EDUCACIONAL PARA O

    ADOLESCENTE EXCLUDO DA ESCOLA REGULAR. 44

    TOLEDO, Ana L.B. S.de

    TAVARES, Manuel

    AULAS LABORATORIAIS: UM INCENTIVO PARA A APRENDIZAGEM DE

    CINCIAS 52

    PERARO, Carolina Sierra Lopes

    SILVA, Rafael Carlos

    SOUZA, Ligia Ramo de

    INTERESSES ANTAGNICOS NO PNE 2014-2024: O TCNICO-

    ADMINISTRATIVO DA EDUCAO PROFISSIONAL 64

    MAGALHES, Caroline Stphanie C. Arimateia

    MAGALHES, Ricardo Rodrigues

    MOURA, Dante Henrique

    TAVARES, Andrezza Maria Batista do Nascimento

    EDUCAO PROIBIDA X CURCULO 75

    PEREIRA, Daniel de Aguiar

    BELLI, Rafael Wilson

    HISTRIA DA EDUCAO PROFISSIONAL: OS MARCOS LEGAIS, O

    PLANO NACIONAL DE EDUCAO E AS IMPLICAES PARA ESSA

    MODALIDADE NA VIRADA DO SCULO XX 87

    MEDEIROS, Dayvyd Lavaniery Marques de

    TAVARES, Andrezza Maria Batista N.

    ARRUDA, Eloisa Varela Cardoso de

  • O PLANO NACIONAL DE EDUCAO E A EDUCAO FSICA,

    REFLEXO E COMPLEXIDADE 104

    PEREIRA, Dimitri Wuo

    SEVERINO, Antonio Joaquim

    CURRICULO POS-CRITICO E O NEOLIBERALISMO 114

    SOUZA, merson Francisco

    CARVALHO, Celso.

    .

    A POLTICA DE COTAS TNICO-RACIAIS NA UNIVERSIDADE FEDERAL

    DO SUL DA BAHIA-UFSB: DESAFIOS SOB A LUZ PNE (2014-2024). 129

    NBREGA, Evangelita Carvalho da

    COSTA, Valdeney Lima da

    GESTO ESCOLAR E DEMOCRACIA: AS FORMAS DE LEGITIMAO DO

    PODER NO COTIDIANO ESCOLAR 143

    ALVES, Fernanda Batista

    VOZES E CONTRA-VOZES: O PNE E O CASO DA UNILAB 164

    LIMA, Francisca Mnica Rodrigues de

    NBREGA, Evangelita Carvalho da

    SILVA, Maurcio

    A FORMAO CONTINUADA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS

    (EJA) SOB A TICA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAO 177

    LEANDRO, Francisco de Assis Alves

    ALVES, Rosilda Maria

    ANLISE DA PRODUO DE CONHECIMENTO NA POLTICA DE

    ASSISTNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA PARA

    PERMANNCIA ESCOLAR 195

    CARLOS, Frankileide

    TAVARES, Andrezza Maria B. do N.

    NASCIMENTO, Jos Mateus do

    SILVA, Lenina Lopes Soares

    FRUM DE INICIAO CIENTFICA NO ENSINO MDIO: UMA

    ALTERNATIVA PEDAGGICA A SER COLOCADA EM PRTICA 214

    GONALVES, C. F.

    SILVA, A. R.

    UNGARO, G. G.

    FORMAO INICIAL DE PROFESSORES: A RELAO ENTRE TEORIA E

    PRTICA 230

    OLIVEIRA, Izabel Lcia dos Santos

    NEVES, Edmar Souza das

  • ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL: uma anlise da disciplina eletiva cultura

    brasileira e as influncias dos povos indgenas, afro-brasileiros, portugueses e

    outros 243

    GUARDADO, Janete Minari

    RESSIGNIFICAR O ATO DE EDUCAR 247

    OLIVEIRA, Jorge Alves

    O QUE PENSAM OS DIRETORES DE ESCOLA SOBRE A GESTO

    DEMOCRTICA 260

    SILVEIRA, J. S.

    A GESTO DEMOCRTICA ESCOLAR NOS PLANOS NACIONAIS DE

    EDUCAO (2001 E 2014): permanncias e perspectivas 275

    AMORIM, Kacianna Patrcia de Jesus Barbosa e.

    LUZ, Rita Aparecida Nunes de Souza da.

    SILVEIRA, Amlia.

    A CONTRIBUIO DA PSICOLOGIA DA EDUCAO NA FORMAO DO

    PROFESSOR DE EDUCAO FSICA 284

    GARCIA, Karine Amado

    A DIMENSO AFETIVA NA PRTICA PEDAGGICA DE PROFESSORES

    DA EDUCAO INFANTIL SOB A PERSPECTIVA FREIRIANA 299

    VERCELLI, Ligia de Carvalho Abes

    O CURRCULO DE CNT E OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM COM

    QUALIDADE PARA O NOVO DECNIO (2014-2024). 314

    VICENTE, Luciane da Silva

    PNE: DESAFIO PARA LEGITIMAR A GESTO DEMOCRTICA NA

    ESCOLA PBLICA: um dos princpios mediadores para a construo de uma

    educao em, para e pela cidadania. 325

    ARAJO, Vanda A.

    TAVARES, Manuel

    EDUCAO DISTNCIA NO PLANO NACIONAL DE EDUCAO:

    ANLISE E DISCUSSO 335

    BOCCIA, Margarete Bertolo

    SOUZA, Andria Cristina Leite

    TROVA, Andreza Gessi

    O PNE E A FORMAO DE PROFESSORES PARA AS RELAES

  • TNICO-RACIAIS 349

    SILVA, Maria Lcia da

    OLIVEIRA, Cludia Cristina de

    AVALIAO INSTITUCIONAL NO NOVO PLANO NACIONAL DE

    EDUCAO (PNE) E NA LITERATURA CIENTIFICA 361

    SELARIN, Vnia Cristina

    SILVA, Maria Tereza Fonseca da

    SILVEIRA, Amlia

    TICA E GESTO ESCOLAR: NOVOS PARADIGMAS PARA UMA

    EDUCAO DEMOCRTICA 374

    NATAL, Mariene do Nascimento

    SEVERINO, Francisca Eleodora Santos

    PLANO NACIONAL DA EDUCAO: A ERRADICAO DAS FORMAS DE

    DISCRIMINAO E ESTIGMA 389

    TEIXEIRA, Rosiley Ap.

    FERREIRA, Nayane O.

    MORADORES DE RUAS EM SO PAULO: uma vida marginal 404

    PAULA, Fernando Leonel Henrique Simes de

    SILVA, Neide Cristina

    O TRABALHO COMO PRINCPIO EDUCATIVO NA ORGANIZAO

    CURRICULAR 421

    DAGOSTINI, Raquel Viegas Pose

    SEVERINO, Antnio Joaquim

    A GESTO DEMOCRTICA NA EDUCAO PROFISSIONAL NO PNE

    (2014-2024): DA COMPATIBILIDADE ACOMODAO 427

    MAGALHES, Ricardo Rodrigues

    MAGALHES, Caroline Stphanie Campos Arimateia

    TAVARES, Andrezza Maria Batista do Nascimento

    FORMAO DE PROFESSORES DA EDUCAO BSICA: anlise das metas

    15 e 16 do plano nacional de educao (2014-2024). 438

    ALVES, Rosilda Maria.

    CARVALHO, Francisco de Assis Silva de.

    A FORMAO DE PROFESSORES SEGUNDO O NOVO PNE 2014-2024:

    UTOPIA E ESQUIZOFRENIA 452

    MONTEIRO, Rui Anderson Costa

  • FREITAS, Tatiana Pereira de

    ROCHA, Paloma Tavares Ferreira

    FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES E O PAPEL DO

    PROFESSOR COORDENADOR PEDAGGICO FRENTE A PROPOSTA DO

    LER E ESCREVER 467

    SOARES, Selma

    A EQUIDADE UM HORIZONTE, O SISTEMA UM CAMINHO E A

    ATITUDE TICO-POLTICA NOSSO APRESTO DE TRABALHO 481

    SOARES, Marisa

    BENEDICTO, Erika Aparecida Barbosa

    SEVERINO, Antonio Joaquim

    METODOLOGIA DE ENSINO EM AUDIOVISUAL NAS ARTES: perspectiva de

    implantao curricular na educao bsica 498

    STEFANELLI, Ricardo.

    PNE E A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:

    UMA BUSCA PELA QUALIDADE DA EDUCAO BSICA 509

    GIMENES, Tatiane Affonso.

    FREITAS, Tatiana Pereira

    MONTEIRO, Rui Anderson Costa

    CONSOLIDAO DA GESTO DEMOCRTICA: POSSIBILIDADES DE

    IMPLEMENTAO SEGUNDO O PNE 524

    BARBOSA, Vitor Neves

    DIAS, Mnica Roberta Devai

    SEVERINO, Francisca Eleodora Santos

    DENUNCIAS E ANUNCIOS NO TOCANTE ESCOLA PBLICA DO

    ESTADO DE SO PAULO 536

    Walter Martins de Oliveira

    EDUCAO SUPERIOR NO PLANO NACIONAL DE EDUCAO - 2014-

    2024: LIMITES E POSSIBILIDADES 546

    ROCHA, Aline Sarmento Coura

    FERNANDES, Carmen Monteiro

  • A APLICAO DA POLTICA DE PRODUTIVIDADE NA REDE DE

    EDUCAO PROFISSIONAL E TECNOLGICA E SUA PRESENA NO PNE

    (2014-2024). 561

    FERNANDES, Carmen Monteiro

    PERCEPO DO RACISMO APS A PROMULGAO DA LEI 10.639/03

    575

    PIMENTA, Joseilma Santos.

    FORMAO CONTINUADA E A ALFABETIZAO: O PNAIC E AS

    PRTICAS DE PROFESSORAS DOS ANOS INICIAS DO ENSINO

    FUNDAMENTAL 593

    JULIOTI, Sueli

    VERCELLI, Ligia Carvalho Abes

    DESAFIOS PARA UMA EDUCAO INTERCULTURAL NA ESCOLA

    PBLICA: racismo contra negros numa perspectiva freieana. 607

    COSTA, Thiago B.

    SILVA, Maurcio P.

    A GESTO DEMOCRTICA NO PLANO NACIONAL DE EDUCAO (PNE):

    ESTUDO COMPARADO 619

    COSTA, Elaine Aparecida

    MIRABETE, Sandra Regina Vivanco

    FORMAO DE PROFESSORES NO BRASIL: perspectivas histricas 631

    BRESCI, Melissa Salaro

    FORMAO INICIAL DE PROFESSORES: A RELAO ENTRE TEORIA E

    PRTICA. 643

    OLIVEIRA, Izabel Lcia dos Santos

    NEVES, Edmar Souza das

    SISTEMA E PLANO NACIONAL DE EDUCAO NOS TRAOS

    HISTRICOS DE UMA CULTURA POLTICA 655

    Eduardo Santos

    EDUCAO INFANTIL: ANLISE DO LIVRO DIDTICO 677

    FERNANDES, Eunice Ramos de Carvalho

  • PROCESSO DE CONSTRUO DO PLANO MUNICIPAL DA EDUCAO

    DA CIDADE DE JANDIRA-SP: EIXO EDUCAO INFANTIL

    AGUIAR, Alessandra Aparecida Dias

    Mestrado em Gesto e Prticas Educacionais, SMEJ.

    [email protected]

    Resumo

    Este texto elucida o processo de construo do Plano Municipal da Educao da cidade

    de Jandira-SP, que foi resultado de uma ao coletiva, o qual envolveu todos os

    segmentos educacionais e de forma paralela com vrios representantes da sociedade civil

    da cidade, considerando os atores envolvidos nos diferentes momentos do processo, os

    discursos afirmados e os negados, ideologias e vises de mundo. Os dados empricos

    foram confrontados com algumas referncias bibliogrficas e os resultados indicam que

    a gesto democrtica, com suas diversas formas e mecanismos para a participao

    popular, podem contribuir para a formao de cidados crticos e compromissados com a

    transformao social e educacional.

    Palavras-chave: Plano Municipal da Educao, Educao Infantil, Plano Nacional de

    Educao.

    INTRODUO

    Antes de iniciarmos a conversa sobre a construo do plano municipal de

    educao da cidade de Jandira-SP: eixo educao infantil, faz necessrio falarmos do

    Plano Nacional de Educao (PNE) 2014-2024, que foi construdo com base na Emenda

    Constitucional n 59, de 2009 no seu Art. 214. A lei estabelece o plano nacional de

    educao, de durao decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educao

    em regime de colaborao e define diretrizes, objetivos, metas e estratgias de

    implementao para assegurar a manuteno e desenvolvimento do ensino em seus

    diversos nveis, etapas e modalidades por meio de aes integradas dos poderes pblicos

    das diferentes esferas federativas que conduzam a:

    I - erradicao do analfabetismo;

    mailto:[email protected]

  • II - universalizao do atendimento escolar;

    III - melhoria da qualidade do ensino;

    IV - formao para o trabalho;

    V - promoo humanstica, cientfica e tecnolgica do Pas;

    VI - estabelecimento de meta de aplicao de recursos pblicos em educao

    como proporo do produto interno bruto. (Includo pela Emenda Constitucional n 59,

    de 2009).

    O PNE atual, pactua metas que buscam garantir o direito educao de todos os

    brasileiros, sem esquecer da qualidade e da equidade. O plano aponta caminhos para

    superar as desigualdades regionais, ofertar uma educao que vise o desenvolvimento

    integral do indivduo e expandir o acesso da educao infantil ao ensino superior,

    definindo tambm como deve se dar a gesto nas escolas e o financiamento da educao.

    No entanto, para que os preceitos e as metas do PNE se tornem realidade imprescindvel

    que os estados e municpios criem seus prprios planos, em consonncia entre eles e com

    as diretrizes do nacional visando uma gesto democrtica.

    A elaborao do Plano Municipal de Educao (PME) deve

    observar o princpio constitucional de Gesto Democrtica do

    Ensino Pblico (Constituio Federal, art.206, inciso VI) e

    atender o esprito e as normas definidas no Plano Nacional de

    Educao Lei N 10.172/01. Esta perspectiva dar ao PME um

    carter democrtico e indicar o caminho para se construir um

    plano de educao para o municpio, que responda aos anseios da

    comunidade local e que assuma compromissos com o bem

    comum. (BRASIL, 2005, p. 80)

    Com base no Documento Norteador para Elaborao de Plano Municipal de

    Educao PME, a cidade de Jandira-SP, construiu o seu PME com o envolvimento de

    vrios profissionais da educao e os diferentes segmentos e setores da sociedade ligados

    educao e aos movimentos sociais organizados.

    A cidade de Jandira fica situada na Regio Metropolitana do Estado de So Paulo

    a oeste da capital paulista. A sua populao estimada em 2013 segundo dados do SEADE

    era de 114.431 habitantes, contm uma rea de 17,2km, o que resulta numa densidade

    demogrfica de 6.466,42 habitantes por quilmetro quadrado. E est dividido em 97

    bairros, sendo na sua totalidade urbana, seus limites so as cidades de Barueri a norte e

  • nordeste; Carapicuba a leste; Cotia a sul; e Itapevi a oeste. Jandira conseguiu sua

    emancipao no dia 8 de dezembro de 1963, anteriormente era uma vila pertencente

    Cotia (cidade vizinha).

    Visto que, nos anos 1930, foi constituda a primeira instituio pblica de ensino:

    a "Escolhinha Mista da parada Jandira". Na dcada de 1950, Jandira ganha mais 2 escolas,

    sendo a ltima um galpo de madeira localizada na praa Nilo de Andrade Amaral (hoje

    praa Anielo Gragnano). Essa escola era a mais importante do distrito, recebendo o nome

    de "Grupo Escolar Professor Vicente Themudo Lessa". Em 1966, a demanda escolar j

    estava saturado, sendo necessria a construo de um anexo no Jardim das Palmeiras, at

    a construo do Centro Educacional de Jandira (atual EE Professor Vicente Themudo

    Lessa) em 12 de novembro de 1972.

    Atualmente, Jandira conta com 18 escolas estaduais sendo uma tcnica, 39

    escolas municipais, um polo da Universidade Aberta do Brasil. Na Rede Privada de

    Ensino so 28 estabelecimentos, que atendem a Educao Infantil, o Ensino Fundamental,

    o Ensino Mdio, a Educao Profissional e Tecnolgica e o Ensino Superior e uma

    unidade do Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

    Por conseguinte, e aps situar o leitor do contexto do PNE e do local onde foi

    realizada esta pesquisa, o presente trabalho tem como objetivo elucidar e detalhar o

    processo de construo do eixo da educao infantil no Plano Municipal da Educao e

    seus resultados.

    PROCESSO DE CONSTRUO DO EIXO DA EDUCAO INFANTIL

    Em 2013, o municpio participou da organizao municipal da Conferncia

    Nacional da Educao (CONAE), onde foram reunidas vrias pessoas dos municpios

    vizinhos da regio oeste, para discutir os setes eixos: 1 Papel do Estado na garantia do

    direito educao de qualidade: organizao e regimento da educao nacional; 2

    Qualidade da educao, gesto democrtica e avaliao; 3 Democratizao do acesso,

    permanncia e sucesso escolar; 4 Formao e valorizao dos profissionais da educao;

    5 Financiamento da educao e controle social; 6 Justia social, educao e trabalho:

    incluso, diversidade e igualdade. Eixos estes, descritos no documento referncia

  • (CONAE 2010). Aps as conferencias municipais, houve as estaduais e finalmente a

    nacional, no qual resultou na aprovao do Plano Nacional da Educao 2014-2014.

    A elaborao do documento da Educao Infantil foi construdo em articulao

    com o Plano Nacional de Educao 2014-2024, especificamente de acordo com a Meta

    1: Universalizar, at 2016, a educao infantil na pr-escola para as crianas de 4 (quatro)

    a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educao infantil em creches com no

    mnimo 50% (cinquenta por cento) das crianas de at 3 (trs) anos at o final da vigncia

    do Plano Nacional de Educao.

    Seguindo-se uma tendncia nacional, o municpio de Jandira vem registrando um

    crescimento da faixa etria de 0 a 5 anos. Segundo a projeo de julho de 2014 do SEADE

    a populao de Jandira tem em torno de 114.431 moradores na cidade, desse nmero

    10.096 esto na faixa de 0 a 5 anos, e conforme o estabelecido pela Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao Nacional (LDB), Lei Federal n 9394/96. Essa primeira etapa da

    Educao Bsica de responsabilidade do municpio e recentemente (4 de abril de 2013)

    essa Lei foi alterada, prevendo que a educao infantil ter uma carga horria mnima

    anual de 800 horas e controle de frequncia nas pr-escolas com mnimo de 60% do total

    de horas. A emenda estabelece que os municpios tenham at 2016, que oferecer vagas s

    crianas na faixa etria de 4 e 5 anos. Antes da mudana, o ensino fundamental era a nica

    fase escolar obrigatria no Brasil.

    importante ressaltar, que as questes acima apontadas fez surgir s primeiras

    preocupaes na elaborao do documento, primeiramente por no haver na cidade

    escolas suficientes para atender a demanda de alunos na educao infantil, conforme a

    meta 1 do PNE e de acordo com a LDB. Porm, mesmo com estas preocupaes,

    realizamos oito reunies com integrantes do grupo da educao infantil, para organizar e

    sistematizar a realizao do trabalho. Outra preocupao foi em relao adequao da

    infraestrutura tanto fsica, quanto material nas escolas municipais de educao infantil.

    Falar sobre infraestrutura fsica instalaes, edificaes, materiais indispensvel

    para garantir as condies que precisam ser asseguradas para o aprendizado.

    Segundo Lima (2014), a infraestrutura pode demonstrar a situao histrica da

    educao e sua transformao, pois grande parte das escolas de todo o pas foram

    construdas h muito tempo e no momento de suas construes, no consideravam

    espaos que hoje so considerados essenciais para o melhor aprendizado dos alunos.

  • Uma pesquisa realizada em 20131, em todo o pas, resultou num mapeamento de

    infraestrutura escolar, no qual, identificou que o percentual de escolas no nvel adequado

    no chega a 30% em todas as regies do pas, o que significa que algumas escolas esto

    sem bibliotecas, sem laboratrios de informtica, sem sanitrios adequados, quadras,

    parques, internet, acessibilidade e etc..

    As boas condies das instalaes bem como dos equipamentos e materiais

    didticos e de apoio das unidades escolares, so itens bsicos para a garantia da qualidade

    do atendimento. Dessa forma, realizamos uma pesquisa2 na cidade e utilizamos um

    questionrio como instrumento metodolgico, no qual haviam vrias perguntas divididas

    por sete dimenses (Prdio Escolar, Dependncias, Mobilirio, Equipamentos, Materiais

    Didticos e Pedaggicos, Materiais de Apoio Diversos e Servios). Estas dimenses

    apontadas foram respondidas de acordo com as caractersticas (bsico, necessrio,

    desejado e otimizado), de acordo como se observa no quadro 1.

    Quadro 1: Caracterstica dos nveis de infraestrutura

    DESCRIO DOS NVEIS DE INFRAESTRUTURA

    Bsica Escolas que contam apenas com a infraestrutura mnima necessria para

    o seu funcionamento, como gs, sanitrio, energia, esgoto e cozinha.

    Necessrio Instituio que j apresentam infraestrutura tpica de unidades escolares,

    como sala de diretoria e equipamentos como TV, DVD, computadores e

    impressora.

    Desejado Possuem ambientes mais propcios para o ensino e a aprendizagem, com

    espaos como sala de professores, bibliotecas, laboratrio de informtica

    e sanitrio para educao infantil, alm de quadras esportivas e parques.

    Conta com recursos como copiadora e acesso a internet.

    Otimizado Apresentam estrutura escolar mais robusta e prxima do ideal, com

    laboratrio de cincias e dependncias que atendem alunos com

    deficincias.

    Diante das respostas dos gestores, foi possvel fazer uma apreciao geral de como

    estava situao da estrutura e dos materiais pedaggicos das escolas pblica do

    1 Apoena Pinheiro/UnB Agncia, 2013. 2 Essa pesquisa foi realizada no ano de 2014.

  • municpio. No qual, percebemos que apenas 8% destas escolas de educao infantil

    apresentavam uma estrutura mais prxima do ideal (otimizado). Esta pesquisa nos

    chamou a ateno para questes necessrias ao ensino e aprendizado na educao infantil

    que a primeira etapa da Educao Bsica atendendo as crianas de 0 a 5 anos de idades

    e que estabelece as bases da personalidade humana, da inteligncia, da vida emocional e

    da socializao.

    Os Referenciais Curriculares para Educao Infantil (RCNEI) tem como base uma

    educao integral da criana, relacionado o educar, cuidar, brincar e que sejam garantidos

    o espao fsico e os recursos materiais para um bom desenvolvimento dos alunos.

    A estruturao do espao, a forma como os materiais esto

    organizados, a qualidade e adequao dos mesmos so elementos

    essenciais de um projeto educativo. Espaos fsicos, materiais,

    brinquedos, instrumentos sonoros e mobilirios no devem ser

    vistos como elementos passivos do processo educacional que

    refletem a concepo de educao assumida pela instituio.

    (BRASIL, 1998 p. 68)

    As primeiras experincias da vida so as que marcam mais profundamente a

    pessoa, quando positivas, tendem a reforar, ao longo da vida, as atitudes de

    autoconfiana, de cooperao, solidariedade e de responsabilidade. E de acordo com a

    Constituio Federal, nos artigos 206 e 211, e a LDB (lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional), em seus artigos 3 e 4 a Unio precisa atuar no sentido de equalizar

    as oportunidades educacionais, mediante um esforo de repasse de recursos aos Estados,

    ao Distrito Federal e aos Municpios e de forma semelhante, a LDB no artigo 4, inciso

    IX, especfica os insumos necessrios para garantir padres mnimos de qualidade.

    Sendo assim, aps os estudos das leis (LDB, Constituio), do RCNEI e das

    condies estruturais das escolas municipais realizamos mais cinco reunies com grupo

    de estudos e decidimos organizar as estratgias em pedaggicas e estruturais para uma

    melhor organizao do Plano Municipal. Foram convidados professores, monitores, pais

    e todo a sociedade civil para discutirmos com base na meta 1 do Plano Nacional de

    Educao, as estratgias que usaramos no Plano Municipal de Educao e assim foram

    realizadas mais seis encontros no qual conseguimos organizar melhor o documento.

    No artigo 12, da LDB, alm dos cinco primeiros incisos, que referem ao

    planejamento e racionalizao das atividades no interior da escola, traz, sem seus incisos

  • VI e VII, determinaes que tendem a produzir importantes reflexos sobre a gesto

    democrtica da escola pblica.

    Cada vez mais se afirma a participao da comunidade

    (especialmente dos pais), no apenas como um direito de controle

    democrtico sobre os servios do Estado, mas tambm como uma

    necessidade do prprio empreendimento pedaggico que levado

    a efeito na escola, mas que supe seu enraizamento e

    continuidade com todo processo de formao do cidado que se

    d na sociedade (PARO, 2001, p. 81)

    A participao dos pais e comunidade importante, porque, interam-se mais

    efetivamente dos problemas da escola, tendo mais condies para exercer reivindicar do

    Estado providncias e solues e, desta forma, exerce plenamente o direito e dever de

    controle democrtico do estado.

    Com o intuito de ampliar as discusses e democratizar a participao de todos, foi

    realizado no dia 31 de maio de 2014, a Conferncia Municipal para discusso do PME

    (conforme as figuras 1 e 2) momento este, com o envolvimento dos diversos segmentos.

    S no eixo da educao infantil tivemos a participao de mais de 135 pessoas, lemos o

    PME e houve sugestes para acrescentar algumas estratgias e mudana no prazo de

    execuo.

    Figuras: 1 e 2: Conferncia Municipal do PME

    Fonte: Fotos registradas pela pesquisadora (2014).

  • Depois de vrias discusses e sugestes no eixo da educao infantil do PME, o

    texto final ficou organizado com 24 Estratgias Pedaggicas e 15 Estratgias Estruturais3,

    como seguem algumas como exemplo abaixo:

    1. Garantir que o municpio no prazo de 1 (um) ano, mantenha as polticas da

    Educao Infantil com base na diretriz e referencial curricular nacional e municipal.

    2. Garantir que todas as instituies de Educao Infantil, no prazo de 1 (um) ano

    tenham formulado, com a participao dos profissionais de educao neles envolvidos,

    seus projetos poltico pedaggico.

    3. Criar um frum municipal de polticas pblicas para fomentar e acompanhar

    discusso sobre a Educao Infantil a cada dois anos no municpio. A partir da aprovao

    desse PME.

    4. Prever a construo e ou a ampliao de escolas municipais (pr-escola) at

    2016 para atender a toda demanda.

    5. Garantir a ampliao das creches municipais no prazo de 3 (trs) anos,

    priorizando os seguintes bairros: Vila Eunice, Jardim Gabriela e Parque Santa Thereza.

    6. Implantar, adequar e garantir, em at 5 (cinco) anos, uma brinquedoteca com

    jogos pedaggicos destinadas a faixa etria da Educao Infantil, em cada uma das

    Unidades Escolares.

    Diante disso, o PME foi construdo como uma poltica de Estado, englobando os

    nveis (educao bsica e superior), as etapas e modalidades da educao em consonncia

    com os marcos legais e ordenamentos jurdicos, tais como, a Constituio Federal de

    1988, a E/C 59/09 e da Lei n 13005/2014 dentre outros, reafirmando a necessidade do

    trabalho a ser realizado com foco na efetivao do direito educao com qualidade para

    todos.

    O documento final foi submetido a duas audincias pblicas na Cmara

    Municipal, onde tivemos a participao de vrios religiosos, que questionaram no PME

    as palavras identidade de gnero, com a justificativa que ideologicamente essas

    palavras poderiam incentivar a desconstruo da famlia crist (Pai, me e filhos).

    Porm, aps vrias discusses e tenses nas ausncias pblicas, o texto do PME

    foi alterado, onde se lia identidade de gnero l-se agora quaisquer tipos de

    3 Obs. Todas as estratgias (pedaggicas/ estruturais) sero executadas mediante o levantamento da Lei

    oramentria municipal no ano de vigncia da implantao de cada estratgia.

  • preconceitos. Sendo assim, no dia 24/06/15, o Plano Municipal foi aprovado- Lei N

    2106/2015. Mesmo com a alterao no texto do PME, importante salientar que no

    mbito escolar, necessrio estabelecer estratgias para que a igualdade de gnero possa

    estar presente no currculo e no planejamento pedaggico da unidade educacional. A

    igualdade de gnero deve ser discutida no mbito dos direitos humanos, abordando o

    respeito entre as pessoas e garantindo a sua identidade de gnero, racial e de

    pertencimento religioso.

    O que se v deste trabalho, que apesar das dificuldades, tenses, preocupaes

    e parafraseando Paulo Freire, temos a esperana de uma educao emancipatria,

    dialgica, participativa e democrtica com um desejo de liberdade, tica, justia e

    autonomia, de maneira com que homens e mulheres interpretem o mundo e agem sobre

    ele para transforma-lo, visando a melhoria das condies das populaes oprimidas.

    CONSIDERAES FINAIS

    A gesto democrtica, com suas diversas formas e mecanismos para a participao

    popular, contribui para a formao de cidados crticos e compromissados com a

    transformao social, sendo a educao um processo de construo coletiva. O PME foi

    construindo coletivamente, com intuito de promover o direito do aluno formao

    integral com qualidade; o reconhecimento e valorizao diversidade; as adequaes

    necessrias de infraestrutura; garantia de qualificao dos profissionais da educao; a

    educao inclusiva; gesto democrtica e com a colaborao financeira com a Unio.

    Todas as estratgias previstas no plano precisam efetivamente ser cumpridas,

    porquanto, a Secretaria da Educao est organizando uma comisso de acompanhamento

    e monitoramento das metas do plano, com a representao da sociedade civil e os tcnicos

    da secretaria da educao. Essa comisso dever elaborar conferncias peridicas no

    municpio para discutir os caminhos e avanos da educao da cidade. Esta construo

    significa um grande avano para educao, por se tratar de um plano de Estado e no

    somente um plano de governo.

    Por conseguinte, no horizonte dos dez anos deste PME e com a contnua

    participao democrtica, a demanda de Educao Infantil poder ser atendida com boa

    qualidade, beneficiando a toda criana que necessite e cuja famlia queira ter seus filhos

  • frequentando uma instituio educacional municipal. Para tanto, necessrio que haja

    orientaes pedaggicas e medidas administrativas condizentes a melhoria da qualidade

    dos servios oferecidos, medidas de natureza poltica, tais como decises e compromissos

    polticos dos governantes em relao s crianas, medidas econmicas relativas aos

    recursos financeiros necessrios e medidas administrativas para articulao dos setores

    da poltica e social envolvidos no atendimento dos direitos e das necessidades das

    crianas.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Plano Nacional de Educao. 2014/2024. Lei 13.005 de 25 de junho de 2014.

    Aprova o Plano Nacional de Educao - PNE e d outras providncias. Dirio Oficial da

    Unio. Braslia: Senado, 2014.

    _____________. Conferncia Nacional de Educao (CONAE), 2010, Braslia, DF.

    Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educao: o Plano Nacional de Educao,

    diretrizes e estratgias; Documento Final. Braslia, DF: MEC, 2010.

    _____________. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Lei federal de 5 de

    outubro de 1988. Braslia: Senado Federal, 2008.

    _____________. Parmetros Nacionais de Qualidade para a Educao Infantil.

    Braslia: MEC/SEB/DPE/COEDI, 2006.

    _____________. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Bsica. Documento

    norteador para elaborao de Plano Municipal de Educao PME / elaborao

    Clodoaldo Jos de Almeida Souza. Braslia: Secretaria de Educao Bsica, 2005.

    _____________. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB). Lei federal

    n. 9.394/96 de 26 de dezembro de 1996. Braslia: 1996.

    _____________. Ministrio da Educao e do Desporto, Secretaria de Educao

    Fundamental. Referencial curricular nacional para a educao infantil: documento

    introdutrio. Braslia: MEC/SEF, 1998.

    _____________. Estatuto da Criana e do Adolescente. Lei federal n. 8069 de 13 de

    julho de 1990. Braslia: 1990.

    FREIRE, Paulo. Educao como prtica da liberdade. 25. ed. So Paulo: Paz e Terra,

    2001. 158 p.

  • JANDIRA. Plano Municipal de Educao 2015-2025. Lei Municipal de Jandira-SP N

    2106/2015 de 04/06 de 2015, que estabelece o plano municipal de educao. Jandira-SP.

    Cmara dos vereadores, 2015.

    LIMA, Jos Fernandes de (organizao). Educao municipal de qualidade: princpios

    de gesto estratgica para secretrios e equipes. 1 Ed. So Paulo: Moderna, 2014.

    PARO, Victor Henrique. O princpio da gesto escolar democrtica no contexto da

    LDB. In: Gesto Financiamento e Direito Educao. Csar Augusto Minto; Romualdo

    Portela de Oliveira; Theresa Adrio (orgs.)- So Paulo: Xam, 2001.

  • PLANO NACIONAL DE EDUCAO E ENSINO MDIO NO BRASIL:

    LEGISLAO DISSONANTE DA REALIDADE

    Ms. Alessandra Maria Martins Gaidargi

    Doutoranda em Educao Universidade Nove de Julho /SP

    [email protected]

    Karla Eleutria Cavalcanti Silva de Lima

    Mestranda em Educao Universidade Nove de Julho/SP

    [email protected]

    Prof. Dr. Paolo Nosella

    Programa de Ps-Graduao em Educao Universidade Nove de Julho/SP

    [email protected]

    RESUMO

    O Plano Nacional de Educao promulgado em 2014 traz diretrizes e metas para a

    educao brasileira a serem implementadas no prximo decnio. Todas as etapas de

    ensino esto contempladas no documento, que traz metas especficas para que haja um

    desenvolvimento adequado em todas as etapas da educao. Este artigo faz meno s

    metas propostas para a educao bsica no tocante ao Ensino Mdio, traando paralelos

    entre o que se almeja e o quadro atual que se encontra nas escolas, e trazendo observaes

    quanto viabilidade e possveis consequncias do cumprimento das metas propostas.

    Com foco particular nas metas 10 e 11, que se dirigem ao ensino tcnico e formao

    profissional, este estudo pretende apresentar ao leitor uma viso de

    educadores/pesquisadores envolvidos diretamente com as questes do Ensino Mdio a

    respeito das mudanas que se anunciam no PNE, de sua eventual distncia da realidade

    presente e de seus possveis resultados a longo prazo.

    Palavras-chave: Plano Nacional de Educao, Ensino Mdio; Ensino Tcnico.

    ABSTRACT

    The National Education Plan enacted in 2014 provides guidelines and goals for Brazilian

    education to be implemented in the next decade. All educational stages are contained in

    the document, which provides specific targets to attain adequate development at all stages

  • of education. This article mentions the proposed targets for basic education regarding the

    high school, drawing parallels between what we crave and what is the current situation

    that we can find in high schools, and bringing comment on the feasibility and possible

    consequences of compliance with the proposed targets. With particular focus on targets

    10 and 11 that attend the technical education and vocational training, this study aims to

    present the reader a vision of educators / researchers directly involved with the High

    School of questions about the changes that are announced in the NEP, how it sometimes

    get away from reality and its possible long-term results.

    Keywords: National Plan for Education, High School; Technical Education.

    INTRODUO

    O Ensino Mdio a etapa da educao bsica brasileira que mais sofre com a

    ausncia de investimento e de efetiva preocupao com seus princpios pedaggicos. Esta

    situao decorre de um descaso histrico dos governos com este momento de passagem

    entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior, que tratado na maioria das vezes

    apenas como uma escada de acesso s universidades ou ao mercado de trabalho, e no

    como um momento da educao marcado de caractersticas prprias e com sujeitos em

    formao moral que necessitam de educao acadmica estrita e de cultural geral.

    O Plano Nacional de Educao (PNE), aprovado em 2014 e com vigncia at

    2024, traz luz mais uma vez o descaso com o Ensino Mdio, com metas que envolvem

    a melhoria dos nmeros nacionais da educao secundria, e notadamente o aumento da

    mo-de-obra qualificada para o trabalho, mas no demonstram preocupao com o cerne

    da questo mais atual desta etapa de ensino: a qualidade da educao geral e cultural

    oferecida nas escolas de Ensino Mdio.

    No Brasil so adotados Diretrizes e Parmetros Curriculares Nacionais para cada

    etapa de ensino, especificamente, a fim de tornar a educao oferecida em todo o pas, e

    em todas as instituies de ensino, relativamente prxima. Consideramos relativamente

    porque a adoo destas guias para que todos os estudantes de um mesmo nvel de ensino

    tenham, ao menos, os mesmos contedos mnimos curriculares ofertados, est muito

  • distante do ideal de uma escola unitria acenado por Antonio Gramsci. Em salvaguarda

    de uma escola desinteressada, disposta a formar integralmente o indivduo, e no

    interesseira, comprometida apenas com o aumento da fora de trabalho, Gramsci (2001)

    defende o conceito de escola unitria, sobre o qual esclarece que:

    [...] demanda que o Estado possa assumir as despesas que hoje

    esto a cargo da famlia para a manuteno dos estudantes, o que

    transforma completamente o oramento da educao nacional,

    ampliando-o enormemente e tornando-o mais complexo: a inteira

    funo de educar e formar as novas geraes deixa de ser privada

    e torna-se pblica porque apenas assim ela pode envolver todas

    as geraes, sem divises de grupos ou castas. (GRAMSCI, 2001,

    p. 1534)

    Ainda que, no Brasil, o ensino tcnico seja o ponto de debate crucial na questo

    do Ensino Mdio, na recorrente discusso da escola para a cultura ou da escola para o

    emprego, o que se busca um formato de educao profissional que no deixe de lado os

    aspectos fundamentais da educao clssica:

    Deveria ter essa linha: escola nica inicial de cultura geral,

    humanista, com o justo equilbrio do desenvolvimento da

    capacidade de trabalhar manualmente (tecnicamente,

    industrialmente) e da capacidade de pensar, de trabalhar

    intelectualmente. Desse tipo de escola nica, atravs da

    orientao profissional, se passar a uma das escolas

    especializadas profissionais (no sentido amplo) etc. (GRAMSCI,

    2001, p. 483)

    Entretanto, mesmo com a adoo de medidas para regulao do ensino oferecido,

    a diferena entre escolas mdias privadas e pblicas cresce diariamente no Brasil, estando

    as primeiras cada vez mais interessadas com a qualidade do ensino oferecido do que as

    segundas. Esta situao, atualssima, reflete cada dia mais o modelo liberal exposto por

    Adam Smith (1777) no clssico A Riqueza das Naes, em que a escola privada

    voltada queles destinados a deter o poder, portanto mais qualificada, enquanto caberia

    ao governo um investimento mnimo na escola para a populao de menor renda, que no

    poderia financiar os prprios estudos, mas que tambm no destinada a posies de

    destaque social.

    A respeito da educao dos jovens de familiares ou tutores mais privilegiados,

    decerto privada e orientada pelas correntes mais influentes da sociedade, Smith considera:

  • A educao das pessoas comuns talvez exija, em uma sociedade

    civilizada e comercial, mais ateno por parte do Estado que a de

    pessoas de alguma posio e fortuna. Estas ltimas costumam

    completar dezoito ou dezenove anos antes de iniciar-se nos

    negcios, profisso ou atividade especfica com a qual pretendem

    distinguir-se no mundo. At ento, tem todo o tempo necessrio

    para adquirir ou, ao menos, para preparar-se para adquirir mais

    tarde tudo o que possa recomend-los estima pblica ou torna-

    los dignos dela. Seus pais ou tutores costumam preocupar-se

    suficientemente para que isto ocorra e, na maioria dos casos, esto

    devidamente dispostos a despender a soma necessria para tal

    fim. Se nem sempre so bem formados, raramente isso acontece

    por se ter gasto pouco em sua educao. (SMITH, 1777, p.215)

    Quanto educao voltada para os mais pobres (pessoas comuns), esta sim a cargo

    dos governos, Smith (1777, p.215) salienta que no necessrio que seja to aprimorada,

    at porque tais pessoas dispem de pouco tempo para dedicar educao. Ele

    complementa ainda que:

    Embora, porm, as pessoas comuns no possam, em uma

    sociedade civilizada, ser to bem instrudas como as pessoas de

    alguma posio e fortuna, podem aprender as matrias mais

    essenciais da educao ler, escrever e calcular em idade to

    jovem, que a maior parte, mesmo daqueles que precisam ser

    formados para as ocupaes mais humildes, tem tempo para

    aprend-las antes de empregar-se em tais ocupaes. Com gastos

    muito pequenos, o Estado pode facilitar, encorajar, e at mesmo

    impor a quase toda a populao a necessidade de aprender os

    pontos mais essenciais da educao. (SMITH, 1777, p.215)

    Ainda que em nossa sociedade o discurso liberalista de Smith, da escola boa para

    poucos e o razovel para muitos, no seja visto com bons olhos, nos parece que a

    legislao caminha mais em sua trilha do que na de uma escola boa para todos ou

    preocupada com o desenvolvimento de todos.

    A despeito do atual PNE ter sido proposto e promulgado por um governo popular,

    que adota a mxima de Brasil, Ptria Educadora, o que se v no dia-a-dia da educao

    brasileira, no interior dos estados e tambm nos grandes centros urbanos, distante das

    propostas governamentais de ensino de qualidade para todos, com nfase nos valores

    morais e ticos que fundamentam a sociedade, e de superao das desigualdades

    educacionais4. Esta divergncia entre um discurso oficial de escola mdia excelente para

    4 Diretrizes do PNE (Artigo 2)

  • todos os jovens e o que as polticas pblicas trazem versado especificamente para o

    Ensino Mdio, fica evidenciada no PNE, especialmente em dois pontos: Meta 10 e Meta

    11.

    EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS INTEGRADA AO ENSINO

    PROFISSIONAL: UMA RECEITA PARA O FRACASSO DA FORMAO

    BSICA

    Meta 10: oferecer, no mnimo, 25% (vinte e cinco por cento) das

    matrculas de educao de jovens e adultos, nos ensinos

    fundamental e mdio, na forma integrada educao profissional.

    Estratgias:

    10.1) manter programa nacional de educao de jovens e adultos

    voltado concluso do ensino fundamental e formao

    profissional inicial, de forma a estimular a concluso da educao

    bsica;

    10.2) expandir as matrculas na educao de jovens e adultos, de

    modo a articular a formao inicial e continuada de trabalhadores

    com a educao profissional, objetivando a elevao do nvel de

    escolaridade do trabalhador e da trabalhadora;

    10.3) fomentar a integrao da educao de jovens e adultos com

    a educao profissional, em cursos planejados, de acordo com as

    caractersticas do pblico da educao de jovens e adultos e

    considerando as especificidades das populaes itinerantes e do

    campo e das comunidades indgenas e quilombolas, inclusive na

    modalidade de educao a distncia;

    10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e adultos

    com deficincia e baixo nvel de escolaridade, por meio do acesso

    educao de jovens e adultos articulada educao profissional;

    10.5) implantar programa nacional de reestruturao e aquisio

    de equipamentos voltados expanso e melhoria da rede fsica

    de escolas pblicas que atuam na educao de jovens e adultos

    integrada educao profissional, garantindo acessibilidade

    pessoa com deficincia;

    10.6) estimular a diversificao curricular da educao de jovens

    e adultos, articulando a formao bsica e a preparao para o

    mundo do trabalho e estabelecendo inter-relaes entre teoria e

    prtica, nos eixos da cincia, do trabalho, da tecnologia e da

    cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espao

    pedaggicos adequados s caractersticas desses alunos e alunas;

    10.7) fomentar a produo de material didtico, o

    desenvolvimento de currculos e metodologias especficas, os

    instrumentos de avaliao, o acesso a equipamentos e laboratrios

    e a formao continuada de docentes das redes pblicas que

    atuam na educao de jovens e adultos articulada educao

    profissional;

  • 10.8) fomentar a oferta pblica de formao inicial e continuada

    para trabalhadores e trabalhadoras articulada educao de

    jovens e adultos, em regime de colaborao e com apoio de

    entidades privadas de formao profissional vinculadas ao

    sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos de atendimento

    pessoa com deficincia, com atuao exclusiva na modalidade;

    10.9) institucionalizar programa nacional de assistncia ao

    estudante, compreendendo aes de assistncia social, financeira

    e de apoio psicopedaggico que contribuam para garantir o

    acesso, a permanncia, a aprendizagem e a concluso com xito

    da educao de jovens e adultos articulada educao

    profissional;

    10.10) orientar a expanso da oferta de educao de jovens e

    adultos articulada educao profissional, de modo a atender s

    pessoas privadas de liberdade nos estabelecimentos penais,

    assegurando-se formao especfica dos professores e das

    professoras e implementao de diretrizes nacionais em regime

    de colaborao;

    10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de saberes

    dos jovens e adultos trabalhadores, a serem considerados na

    articulao curricular dos cursos de formao inicial e continuada

    e dos cursos tcnicos de nvel mdio. (BRASIL, 2014, PNE)

    A Meta 10 do PNE para a prxima dcada se constri em torno das questes da

    articulao e da integrao dos cursos de Educao de Jovens e Adultos (EJA) e de

    Educao Profissional, entretanto no deixa claro o que pretende integrar ao que, e nem

    de que forma. Alm disto, ao no fazer nenhuma distino entre a EJA oferecida a jovens

    em idade muito prxima a dos alunos do Ensino Mdio regular, que por quaisquer

    motivos no o cursaram em turmas regulares, e da EJA proposta a adultos j inseridos no

    mercado de trabalho h algum tempo, que precisam apenas de uma complementao

    acadmica seja para promoo de carreira ou ingresso na etapa posterior de ensino, a

    proposta de unificar EJA e Educao Profissional se torna confusa.

    Ao inserir em cursos de carga horria reduzida uma grande parcela de matrias

    tcnicas seria esta proposta uma forma de integrao ou uma forma de disputa entre o

    tempo-escola e o tempo-cadastro do jovem?

    Nos parece ser este o prenncio do fim da preocupao com a o ensino bsico

    oferecido concomitantemente educao para o trabalho. A partir da proposta

    governamental situaes de educao profissional estariam associadas formao na

  • modalidade Educao de Jovens e Adultos, que substituiu os difamados cursos de

    Suplncia, mas representam na maior parte dos casos papel semelhante perante a

    sociedade: auxiliar queles que foram excludos do sistema escolar ou abandonaram

    espontaneamente a escola a se tornarem aptos ao ingresso na etapa de ensino subsequente,

    visivelmente no Ensino Superior.

    O grande gargalo da Educao de Jovens e Adultos, assim como j o era o dos

    cursos supletivos, o curto tempo para que grande quantidade de contedos sejam

    visitados, quem dir aprofundados. H que se considerar aqui, ainda, a diversidade de

    alunos que se encontram nestas turmas que, diferentemente das de ensino regular,

    apresentam uma variao muito grande de faixa etria e situao socioeconmica entre

    os colegas de classe. Esta uma caracterstica enriquecedora do EJA, mas ao mesmo

    tempo exige adaptao de recursos para que atenda a todos:

    Essas diferenas podem ser uma riqueza para o fazer educativo.

    [...]. Os jovens e adultos carregam as condies de pensar sua

    educao como dilogo. Se toda educao exige uma deferncia

    pelos interlocutores, mestres e alunos (as), quando esses

    interlocutores so jovens e adultos carregados de tensas

    vivncias, essa deferncia dever ter um significado educativo

    especial. (ARROYO, 2006, p. 35)

    Considerando que a EJA pode tambm ser oferecido distncia, estas dificuldades

    se potencializam, tornando o vnculo entre aluno e escola extremamente frgil.

    Entretanto, inclusive para os optantes pelo ensino distncia, o PNE prope o ensino

    profissional integrado.

    A educao bsica pblica brasileira tem passado, nas ltimas dcadas, por severas

    crticas, que deram origem a reformulaes a fim de apresentar melhoria nos ndices de

    aprendizagem sem sucesso notvel. Avaliaes peridicas demonstram que a qualidade

    do ensino est aqum do esperado e que o sistema escolar precisa ser revisto na busca por

    uma escola que forme para o exerccio crtico da cidadania.

    O prprio crescimento dos sistemas de Educao de Jovens e Adultos, presenciais

    e distncia, so prova das tentativas governamentais de, ao menos, inserir a todos no

    sistema escolar, ainda que de forma diferenciada. Entretanto, ainda uma grande

  • dificuldade para nosso pas prover uma educao bsica, com os mnimos curriculares

    necessrios, especfica para o atendimento deste segmento.

    Superar a concepo compensatria de educao de pessoas

    adultas no implica, porm, negar que h desigualdades

    educativas a serem enfrentadas. [...]. Isso no significa que a

    educao bsica de jovens e adultos deva reproduzir as formas de

    organizao, currculos, mtodos e materiais da educao bsica

    infanto-juvenil. (PIERRO, 2001, p.263)

    Como, neste contexto, se pode propor um ensino de suplncia (no sentido de suprir

    uma falta, ou lacuna, no histrico escolar deste aluno) de forma associada educao

    profissional? Se o aluno em questo, sujeito diretamente impactado por esta poltica, por

    quaisquer motivos no acompanhou o curso regular de estudos e est tendo acesso aos

    contedos mnimos em tempo reduzido e de forma muitas vezes abreviada, , para sermos

    simplistas, inadequado que a estes contedos se somem outros de educao profissional.

    A partir desta reflexo levantamos outra questo fundamental envolvida nesta

    proposta: no seria o formato do EJA associado ao ensino profissional, destacadamente

    na modalidade distncia, a negao da importncia da educao geral e cultural na

    formao bsica escolar? E, ainda, no seria esta uma forma de criar exrcitos de

    trabalhadores inconscientes, ao modelo do fordismo, dado a preocupao com a formao

    de mo-de-obra para o trabalho estar, nitidamente, suplantando a preocupao com a

    formao destes alunos como cidados crticos?

    EXPANSO DO ENSINO PROFISSIONAL, SEM QUE SE PENSE OS

    PROBLEMAS QUE O ENISNO MDIO TCNICO J ENFRENTA

    Meta 11: triplicar as matrculas da educao profissional tcnica

    de nvel mdio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos

    50% (cinquenta por cento) da expanso no segmento pblico.

    Estratgias:

    11.1) expandir as matrculas de educao profissional tcnica de

    nvel mdio na Rede Federal de Educao Profissional, Cientfica

    e Tecnolgica, levando em considerao a responsabilidade dos

    Institutos na ordenao territorial, sua vinculao com arranjos

    produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a

    interiorizao da educao profissional;

    11.2) fomentar a expanso da oferta de educao profissional

    tcnica de nvel mdio nas redes pblicas estaduais de ensino;

  • 11.3) fomentar a expanso da oferta de educao profissional

    tcnica de nvel mdio na modalidade de educao a distncia,

    com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o acesso

    educao profissional pblica e gratuita, assegurado padro de

    qualidade;

    11.4) estimular a expanso do estgio na educao profissional

    tcnica de nvel mdio e do ensino mdio regular, preservando-se

    seu carter pedaggico integrado ao itinerrio formativo do aluno,

    visando formao de qualificaes prprias da atividade

    profissional, contextualizao curricular e ao desenvolvimento

    da juventude;

    11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de saberes

    para fins de certificao profissional em nvel tcnico;

    11.6) ampliar a oferta de matrculas gratuitas de educao

    profissional tcnica de nvel mdio pelas entidades privadas de

    formao profissional vinculadas ao sistema sindical e entidades

    sem fins lucrativos de atendimento pessoa com deficincia, com

    atuao exclusiva na modalidade;

    11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil educao

    profissional tcnica de nvel mdio oferecida em instituies

    privadas de educao superior;

    11.8) institucionalizar sistema de avaliao da qualidade da

    educao profissional tcnica de nvel mdio das redes escolares

    pblicas e privadas;

    11.9) expandir o atendimento do ensino mdio gratuito integrado

    formao profissional para as populaes do campo e para as

    comunidades indgenas e quilombolas, de acordo com os seus

    interesses e necessidades;

    11.10) expandir a oferta de educao profissional tcnica de nvel

    mdio para as pessoas com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao;

    11.11) elevar gradualmente a taxa de concluso mdia dos cursos

    tcnicos de nvel mdio na Rede Federal de Educao

    Profissional, Cientfica e Tecnolgica para 90% (noventa por

    cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relao de alunos (as)

    por professor para 20 (vinte);

    11.12) elevar gradualmente o investimento em programas de

    assistncia estudantil e mecanismos de mobilidade acadmica,

    visando a garantir as condies necessrias permanncia dos

    (as) estudantes e concluso dos cursos tcnicos de nvel mdio;

    11.13) reduzir as desigualdades tnico-raciais e regionais no

    acesso e permanncia na educao profissional tcnica de nvel

    mdio, inclusive mediante a adoo de polticas afirmativas, na

    forma da lei;

    11.14) estruturar sistema nacional de informao profissional,

    articulando a oferta de formao das instituies especializadas

    em educao profissional aos dados do mercado de trabalho e a

  • consultas promovidas em entidades empresariais e de

    trabalhadores. (BRASIL, 2014, PNE)

    A Meta 11 do PNE apresenta proposta de expanso do Ensino Mdio Tcnico sem

    a expresso concreta de preocupao com a melhoria desta etapa de ensino. Com o uso

    da expresso em nvel mdio, o texto se desvia em parte da questo primordial da

    educao bsica, deixando novamente em aberto o que seria integrado ao que, e de que

    forma esta integrao deveria acontecer.

    A exemplo do assunto tratado anteriormente, esta meta traz uma proposta que

    desconsidera a situao atual do Ensino Mdio no Brasil, tirando do foco sua

    originalidade e autonomia.

    O Ensino Mdio Tcnico alvo de discusses e polmicas em todo o mundo, visto

    que no h um consenso mundial sobre a concomitncia entre educao bsica e tcnica,

    considerando que sempre uma das partes ficar prejudicada em tempo e ateno. Todavia,

    esta a modalidade de escola mdia que mais recebe ateno nas polticas pblicas,

    porque ainda que tenha seus percalos e no prepare os jovens para a concorrncia nos

    grandes vestibulares, traz aos alunos uma oportunidade de ingresso precoce no mercado

    de trabalho.

    O ensino mdio no Brasil vem sendo historicamente objeto de

    conflito no campo educacional, tendncia que adquiriu diferentes

    propores em cada contexto em que invariavelmente se

    expressavam, sob distintos matizes, traos da dicotomia estrutural

    da sociedade cindida em classes e atravessada por sucessivos

    estgios de desenvolvimento, nos ltimos duzentos anos, rumo

    consolidao e hegemonia do modo de produo capitalista.

    (MELO et DUARTE, 2011, p.232)

    A grande questo a se considerar nesta proposta de expanso, que mescla o

    aumento de oferta em instituies pblicas e privadas, a partir de convnios ou

    financiamentos, que se trata de ampliar algo que j vem apresentando notados

    problemas, sem que estes problemas sejam considerados. Em 2011, quando o PNE ainda

    era alinhavado, Melo e Duarte (2011, p.249) j assinalavam que em termos de

    perspectiva de respostas aos desafios colocados ao ensino mdio[...] o Projeto de Lei em

  • discusso apresenta metas e estratgias restritas e frgeis, seno incuas para

    enfrentamento do desafio de sua universalizao e qualidade social.

    Ao sinalizar uma expanso de 50% de oferta em cursos tcnicos o Governo deixa

    clara sua inteno de aumentar a formao de mo-de-obra e fomentar o mercado de

    trabalho, e tambm evidencia a falta de preocupao com a melhoria de qualidade do

    ensino oferecido at porque a meta destaca a manuteno da qualidade, que j hoje

    considerada ruim na maioria das instituies que no so consideradas padro como

    Centros Paula Souza, Escolas Federais etc.

    Em suma, a proposta de aumento de oferta sem se considerar o conserto das

    fissuras j existentes nesta modalidade de ensino, ou seja, o crescimento de um problema

    e no o incio de uma soluo. Fica o questionamento: se todos os dias acompanhamos

    nas mdias jovens egressos do Ensino Mdio Tcnico colocando sua dificuldade em

    encontrar trabalho na rea de formao sem que tenham Ensino Superior, e a escola mdia

    profissional no forma adequadamente os jovens para o ingresso em universidades de

    qualidade, no estaramos dando um passo para trs ao propor uma intensa expanso do

    ensino tcnico em detrimento a uma tentativa de fortalecimento dos contedos de ncleo

    geral e cultura no currculo do Ensino Mdio regular e tcnico?

    CONSIDERAES FINAIS

    O Plano Nacional de Educao, em vigor desde 2014, se mostra uma pea abstrata,

    uma vez que apresenta objetivos e metas em desacordo com a realidade brasileira E, em

    ocasio de sua aprovao e divulgao, meses antes da ltima eleio presidencial, se faz

    pea poltica, de carter partidrio, que parece ter sido proposta para ingls ver, apenas

    para que houvesse um aspecto de preocupao com os grandes abismos da educao

    brasileira em vsperas eleitorais.

    No nos enganemos, no amor Escola do Trabalho. um

    movimento poltico para uns de acomodao social e para outros

    de explorao de mo de obra jovem. No mago dessa

    movimentao poltica, muitos confessam dvidas injustas e

    discriminatrias como: todos precisam ir para a universidade? Por

    que no priorizar um ensino mdio tcnico que oferea um

  • diploma profissional com o qual os filhos de trabalhadores

    possam ingressar imediatamente no emprego? Alis, para muitos,

    a ideia de oferecer cursos rpidos, prticos, que atendam ao

    mercado e "acomode" muitos jovens se apresenta como

    democrtica. Consequentemente, dizem, isso ir fortalecer

    tambm o tradicional ensino mdio "abstrato", "demorado",

    embasado numa cultura geral "desinteressada" ou "intil".

    (NOSELLA, 2011, p.1053)

    A utilizao do PNE como pea poltica, entretanto, no prerrogativa do governo

    que aprovou o Plano atual, mas tem se tornado uma tradio perversa no Brasil. O uso da

    educao como marionete, com propostas de polticas que quase sempre se tornam no-

    efetivas porm so enaltecidas em momentos-chave para o poder executivo, infelizmente

    uma realidade brasileira que perpassa geraes. A proposio da erradicao do

    analfabetismo um bom exemplo, que se repete a cada nova poltica pblica da educao

    nacional, mas raramente recebe investimento e esforo necessrio para que se cumpra. E

    volta a figurar, novamente na legislao seguinte.

    A busca por uma escola mdia unitria no Brasil antiga, mas pouco divulgada,

    em especial por no trazer benefcios imediatos aos alunos como a educao profissional,

    e nem oferecer oportunidade de propaganda governamental como outras medidas. Mas a

    longo prazo, a escola de Ensino Mdio unitria seria um celeiro de jovens com excelente

    formao, que ainda que no escolhessem na adolescncia uma profisso tcnica

    poderiam cursar a universidade na rea que preferissem, pois teriam condies de disputar

    vagas em vestibulares de universidades pblicas em situao de igualdade.

    E, evidentemente, esta proposta no abandona de todo a educao tcnica,

    contanto que seja de fato oferecida de forma separada e sem nenhum prejuzo educao

    geral. A profissionalizao no uma caracterstica ruim aos jovens estudantes de Ensino

    Mdio, uma vez que as sociedades demandam trabalhadores, mas necessrio que estes

    estudantes tenham tambm a viso do todo, caso optem pela continuidade de estudos em

    nvel superior ou por outras reas de atuao. Como bem enfatiza Manacorda (2007), em

    referncia marxista, h que se buscar uma instruo intelectual, fsica e tecnolgica para

    todos.

    Partindo do fato inquestionvel que o mundo atual mudou e se

    enriqueceu extremamente, e que a escola deve atualizar-se nas

    coisas deste mundo, no se pode levar em considerao uma

  • diviso, como se fez tradicionalmente e ainda hoje se faz, entre

    uma escola profissional para preparar os quadros do trabalho,

    industrial, mas tambm tecnolgico, informtico etc., e uma

    escola "desinteressada" para os dirigentes. (MANACORDA,

    DVD, livreto, 2007, p.13).

    A escola unitria de Ensino Mdio pode, tambm, ter espao para o ensino

    tcnico-profissional, contanto que respeitada a necessidade da formao geral/cultural do

    jovem estudante, no apenas os contedos mnimos exigidos numa forma de aligeirar o

    processo de formao intelectual do jovem na escola mdia como acontece hoje.

    REFERNCIAS

    ARROYO, M. Educao de Jovens e Adultos: um campo de direitos e de

    responsabilidade pblica. In: GIOVANETTI, M.A., GOMES, N.L. e SOARES, L.

    (Orgs.). Dilogos na Educao de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autntica, 2006.

    BRASIL. Plano Nacional de Educao. Lei:13.005. Braslia: MEC, 2014.

    GRAMSCI, A. Quaderni del carcere. Torino: Einaudi, 2001.

    MANACORDA, M. Entrevista concedida a Paolo Nosella. DVD, 2007.

    MELO, S.D.G. & DUARTE, A.. Polticas para o Ensino Mdio no Brasil: Perspectivas

    para a universalizao. Cadernos CEDES. Campinas: v. 31, n. 84, 2011

    NOSELLA, P. Ensino Mdio: em busca do princpio pedaggico. Educao e

    Sociedade. Campinas. v. 32, n. 117, 2011.

    PIERRO, M. C.; JOIA, O. & RIBEIRO, V. M. Vises da Educao de Jovens e Adultos

    no Brasil. Cadernos CEDES. Campinas: v.21; n.55, 2001.

    SMITH, A. A Riqueza das Naes. So Paulo: Abril Cultural, 1983.

  • LDICO: CRIANA E PROFESSOR DA EDUCAO BSICA

    SILVA, A. R.

    Graduao em Pedagogia e estudante do mestrado profissional (PROGEPE Mestrado

    em Gesto e Prticas Educacionais), UNINOVE Universidade Nove de Julho,

    [email protected]

    GONALVES, C. F.

    Graduao em Pedagogia e estudante do mestrado profissional (PROGEPE Mestrado

    em Gesto e Prticas Educacionais), UNINOVE Universidade Nove de Julho,

    [email protected]

    RESUMO

    O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI, 1998) e Pesquisas

    voltadas a rea do desenvolvimento, apontam que o brincar uma atividade de grande

    relevncia para muitos aspectos, tais como: motor, cognitivo, emocional e social, e a partir

    de ento a criana consegue representar a realidade em que vive, constri pensamentos e

    hipteses, adquire habilidades como respeitar regras e aos poucos desenvolve conceitos

    de grupos e de socializao. O profissional da educao bsica ao direcionar a atividade

    ldica, sem interferir nas preferncias e na imaginao de seus alunos, levar o mesmo a

    superar os seus limites, respeitar o prximo, enfrentar situaes problemas, criar possveis

    sadas com suas prprias resolues nos conflitos e adaptar-se a novas situaes. A

    criana se apropria da cultura, de valores e de princpios por intermdio da imitao e dos

    estmulos que os cercam, que por vezes so entendidos somente como um aparente gasto

    de energia e distrao. Grande parte das crianas naturalmente esto envolvidas no mundo

    tecnolgico e consumista, no desmerecendo tal atividade, justamente pela

    contemporaneidade, mas o ambiente educacional tem por dever oferece-las novas

    experincias significativas que possam usufruir da liberdade espontnea para as

    aprendizagens em sua essncia. Torna-se ento imprescindveis os conhecimentos do

    professor da educao bsica no que diz respeito ao ldico como uma das chaves para

    desenvolvimento integral de um sujeito em formao, que requer e necessita de subsdios

    para que realmente seja efetivo seu aprendizado.

    Palavras-chave: Ldico. Professor. Educao bsica.

    mailto:[email protected]

  • 1. INTRODUO

    As brincadeiras e os jogos possuem uma grande relevncia social, pois os auxiliam

    no desenvolvimento em diversos aspectos, que refletir no dia-a-dia e no futuro dos

    mesmos, tornando se cidados com maior raciocnio logico, autonomia, confivel,

    capazes de lidar e resolver situaes-problemas que surgiro em seu cotidiano.

    Mas para que o ldico tenha significado e seja contemplado como um recurso que

    necessita de um direcionamento que requer conhecimentos especficos, os professores da

    educao infantil precisam entender o que o ldico em sua totalidade, para ter cincia

    de como aplicar, reavaliar suas aulas, e de acompanhar o processo de desenvolvimento

    de seus alunos.

    O sentido real, verdadeiro, funcional da educao ldica estar

    garantindo se o educador estiver preparado para realiz-lo. Nada

    ser feito se ele no tiver um profundo conhecimento sobre os

    fundamentos essenciais da educao ldica, condies suficientes

    para socializar o conhecimento e predisposio para levar isso

    adiante (ALMEIDA, 2000, p.63).

    O profissional da educao infantil, ciente de suas responsabilidades e com uma

    viso apurada levando em considerao o futuro dos seus alunos, que ainda esto em

    processo de desenvolvimento, e o impacto de seu papel na vida dos mesmos, entender

    minunciosamente que seus conhecimentos fundamentados em conceitos epistemolgicos

    diversos, inclusive no ldico, e a predisposio para levar a prtica mesmo com as

    dificuldades intrnsecas e extrnsecas da instituio, se beneficiar com um prazer que s

    este profissional pode sentir ao ver o progresso de seus alunados. De acordo com

    Fernando Savater (2012, P. 12) Considero professores e professoras o grupo mais

    necessrio, mais esforado e generoso, mais civilizador dentre todos.

    Segundo Rubem Alves (Boa Esperana, 15 de setembro de 1933) psicanalista,

    educador, telogo e escritor brasileiro, em uma entrevista com a revista digital, expe sua

    ideia sobre O papel do professor, e em uma de suas falas diz que o aprendizado aquilo

    que fica depois do esquecimento ter passado, e que para o mesmo o objeto da educao

    o criar a alegria de pensar. Com o grupo mais necessrio para se atender as demandas de

    um Estado democrtico, atrelado ao profissional consciente de sua funo, que cria

  • possibilidades para aguar a criatividade e o interesse pelo aprendizado, certamente seria

    o iderio e estaramos satisfeitos em relao educao infantil brasileira.

    2. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAO

    INFANTIL

    O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI, 1998),

    apresenta a importncia do brincar e demonstra como os educadores podem desenvolver

    essa atividade em sala de aula, para alcanar diversos objetivos e desenvolver habilidades.

    O RCNEI menciona a importncia do professor em proporcionar momentos

    ldicos, mas que respeite as caractersticas e individualidades de cada criana.

    O desenvolvimento da capacidade de se relacionar depende, entre

    outras coisas, de oportunidades de interao com crianas da

    mesma idade ou de idades diferentes em situaes diversas. Cabe

    ao professor propor atividades individuais ou em grupo,

    respeitando as diferenas e estimulando a troca entre as crianas.

    (RCNEI, vol. II, p. 32).

    O profissional da educao infantil ao propor atividades direcionadas, em grupos

    ou individualmente, estimula o desenvolvimento integral dos mesmos. A interao no

    se limita em simplesmente levar as crianas ao parque ou jogar bolas e elas por si

    brincarem, dentre outros exemplos que visualizamos nas instituies de ensino infantil,

    mas sim o professor fazer uma interveno significativa para que haja um propsito

    especfico e imprescindvel na vida da criana.

    3. AS CRIANAS E O LDICO

    O ldico para a criana uma forma de transmitir seus sentimentos, seus aprendizados, e

    as vivncias do seu cotidiano familiar e escolar, atravs do brincar a criana comea a

    socializar e a respeitar regras, tendo a sua autonomia de escolha.

    O brincar responsvel pela interao e um meio onde o mesmo consegue

    reconhecer seus limites e os dos colegas, alm de promover o relacionamento com adultos

  • e o controle das emoes, expressando seus sentimentos e comportamentos que no so

    expressas pela fala, atrelado ao que j sabemos sobre o brincar, que enfatiza o interesse

    das crianas, ou seja, um ato de distrao, relaxamento, descontrao e um meio para

    gastar energia das crianas.

    4. A ESCOLA E O LDICO

    As escolas deveriam incorporar as brincadeiras em projetos e planejamentos a fim

    de promover a garantia de que o ldico seja desenvolvido e acompanhado pelos

    coordenadores pedaggicos, com espaos prprios e materiais adequados para que os

    professores possam elaborar e proporcionar atividades direcionadas e interessantes

    produzindo momentos de aprendizagens e lazer, onde as crianas possam ter liberdade

    espontnea para aprender em sua essncia.

    Por meio do ldico possvel avaliar se a criana desenvolve a socializao e a

    afetividade tanto individual e coletiva dos alunos. Vygotsky (1984) e Piaget (1975),

    compartilham da mesma linha de pensamento ao se referir que o desenvolvimento no

    linear, mas evolutivo, ou seja, as aprendizagens so verdicas a partir da apropriao e

    formao de conceitos e o brincar se resume a isso.

    Por essa razo e outras especficas e peculiares, que as instituies de educao

    bsica devem desenvolver a ludicidade, pois segundo Piaget (1975) a brincadeira a

    primeira forma com que a criana apresenta suas atividades cognitivas, e assegurado por

    lei, no Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990), e na

    Constituio Republica Federal do Brasil (1988, artigo 227), dever da famlia e do

    Estado isso inclui as escolas, para garantir o bem-estar das crianas nos aspectos

    psicolgico, fsico, emocional, social e de sade.

    5. PROFESSOR E O LDICO

    O professor de educao infantil tem o papel de proporcionar um ambiente ldico,

    para o desenvolvimento cognitivo e social de uma criana, e em seus planejamentos

    devem levam em considerao os benefcios que tal prtica pode agregar para dentro do

  • ambiente escolar, relevante para o perodo da infncia tanto no individual quanto no

    coletivo, garantido por lei.

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo n205,

    A Educao um direito de todos e dever do Estado [...]. Sendo um dever do Estado

    ele deve garantir que os professores tanto da rede pblica ou privada desenvolvam o

    brincar dentro do ambiente escolar, os preparando para lidar com as crianas e

    proporcionar um ambiente saudvel e de aprendizado. O ldico no pode algo imposto

    ou sem atrativos, ou seja, ele deve ser chamativo e ser agradvel, pois ao contrario ser

    uma mera atividade sem significado.

    Infelizmente, no generalizando, mas grande massa desses profissionais no aplica

    tais recursos, por falta de conhecimento sobre o tema, e de habilidade, outros por sua vez

    no utilizam por que acreditam que os jogos e as brincadeiras proporcionam somente

    momentos de recreao ou como passatempo, e no descarto os professores que j esto

    acomodados principalmente os da rede pblica. Nesse sentido NEGRINE (1994. p. 69):

    Um dos aspectos mais conflitivos entre a prtica e a teoria que

    Lapierre entende que o espao de jogo onde ocorre a prtica

    psicomotriz um espao de jogo simblico, isto , um espao

    da fantasia que se encontra no jogo da criana, jogo simblico que

    Aucouturier no nega que ocorra com muita frequncia no jogo

    que a criana realiza, mas que ele no potencia. Prefere potenciar

    o jogo de pulso, ou seja, o jogo sensrio-motor. (NEGRINE,

    1994. p. 69)

    Assim por sua vez, alguns professores superficialmente utilizam desde saber, mas

    no senso comum que possuem sobre este tema no o tornando atrativo nem para escola e

    nem para o alunado, sendo considerado insignificante para ser desenvolvido e sem sentido

    para ser incluso no planejamento semanal, semestral e/ou anual conforme a rotina das

    instituies, excluindo uma das possibilidades de aprendizado e prazer para as crianas.

    Como diz Kishimoto (1996), [...] os jogos colaboram para a emergncia do papel

    comunicativo da linguagem, a aprendizagem das convenes sociais e a aquisio das

    habilidades sociais. A brincadeira um dos acessos criana nos seus primeiros contatos

    sociais e afetivos, desenvolvendo sua autonomia, pois ao partir dessa ao se constitui

    como indivduo e se diferencia dos demais que esto ao seu redor, assume papeis diversos

  • fazendo uma assimilao do eu e do outro. A criana inicia o processo de

    desenvolvimento do afetivo e do controle de suas emoes muitas vezes as revivendo

    atravs do brincar.

    Fernando Savater (2012, p. 26) descreve que A criana passa por duas gestaes

    a primeira no tero materno, e posteriormente a matriz social, ou seja, a apropriao de

    sua cultura, valores, princpios, obtidos por intermdio da imitao e dos estmulos a qual

    os cercam.

    Para Wajskop (1995, p. 92, 62-69), o brincar se fixa como [...] papel fundamental

    na infncia, numa concepo sociocultural, a brincadeira mostra como a criana interpreta

    e assimila o mundo, os objetos, a cultura, as relaes e afetos das pessoas [...], incentiv-

    las e estimul-las neste processo imprescindvel.

    Propor atividades que as levem ao desenvolvimento fsico, cognitivo, afetivo,

    social, cultural, emocional, atento ao ritmo e potencialidade, ansiedades, e quando houver

    necessidade, adequ-las e adapta-las, em prol do indivduo em processo de aprendizagem.

    Uma viso abordada no intuito que o professor seja ou se torne um observador reflexivo

    e crtico sobre o momento do brincar, e sua aplicao, considerando a possvel atribuio

    de novos conceitos.

    Nesse sentido:

    [...]o brinquedo no a materializao de um jogo, mas uma

    imagem que evoca um aspecto da realidade e que o jogador pode

    manipular conforme sua vontade. Os jogos enquanto materiais ao

    contrrio implicam de maneira explcita um uso ldico que

    assume frequentemente a forma de uma regra (jogos de

    sociedade) ou de uma restrio interna ao material (jogo de

    habilidade, jogo de construo) que constituem uma estrutura

    preexistente ao material. [...]O vocbulo brinquedo no pode

    absolutamente permitir a reduo da polissemia de jogo, mas

    nele destaca uma esfera especfica e, em parte, autnoma.

    (BROUGRES, 1998, p.15).

    Realizar intervenes solenes durante este momento, proporciona um espao de

    diversificadas possibilidades para apropriao de conhecimentos, aflorando o imaginrio,

    e o iniciar da socializao, em consequncia do divertimento e seus atributos, ambiente

    de crescimento e desenvolvimento.

  • Vigotsky, diz que a criana aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela

    faz apenas para distrair-se e gastar energia na verdade uma importante ferramenta para

    seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social e psicolgico (1979, p.45). A criana

    ao brincar amplia seu entendimento global, extrnsecos e intrnsecos, em ambientes

    especficos de formao como escolas e instituies ou em ambientes de diferentes grupos

    sociais.

    O ldico atrelado ao crescimento integral da criana em seus determinados

    aspectos, garantido por lei como descrito anteriormente, atribudo de outras

    peculiaridades (higiene, conversas, exemplos, atividades manuais e etc.), incluso e

    elaborado em projetos e planos de aulas, absorvidos pela gesto e professores, tendo por

    fim significado na vida das crianas, refletir em cidados completos.

    O ldico tem como recurso privilegiar suas aes tambm nos contextos escolares,

    pois desenvolve diferentes habilidades, inteligncias, imaginao, criatividade,

    confiana, autoestima, cooperao, respeito e o autoconhecimento. Brougre (1997), diz

    que o brincar exige aprendizagem, sendo assim, atrai-las e inseri-las na brincadeira, e

    criar espao para interagir com os mesmos indispensvel.

    Por essa razo somente o senso comum criar lacunas no processo ensino-

    aprendizagem, e o encargo de aprimorar os conhecimentos sobre o ldico, buscar

    informaes e recursos para utiliz-lo com excelncia se faz essencial, para no se basear

    unicamente no observar, mas sim no intervir quando necessrio e interagir, assim a

    criana ter a possibilidade assimilar tornando o brincar em conhecimento e aprendizado.

    Ao aprimorar os conhecimentos sobre o ldico, propiciar a reciclar concepes e

    estratgias, basear-se em projetos devidamente elaborados para aperfeioar as aulas

    prticas, correspondente s faixas etrias com adaptaes para os alunos que precisam de

    determinados auxlios, respeitando os limites de cada criana, e esses mesmos

    conhecimentos compartilhados com os demais profissionais da rea da educao, e com

    os pais para interao nesse processo seu resultado ser favorvel a formao cada

    indivduo envolvido.

    Na infncia o brincar de extrema importncia para o desenvolvimento social e

    emocional da criana, nessa fase ela somente tem contato com seus familiares sejam elas

    sanguneas ou no, e ao entrarem em uma instituio infantil comea a relacionar com

  • pessoas que no fazem parte de seu convvio habitual, e com essa nova relao aprender

    como lidar com outro, respeitar regras e limites prprios e do prximo.

    O ldico no desenvolvimento social tem o papel de criar um relacionamento entre

    as crianas e os adultos que os cercam durante o perodo que passam na escola, atravs

    do ldico os mesmos selecionam as pessoas que faro parte do seu grupo social, nas

    primeiras brincadeiras, as crianas expem seus sentimentos, preferencias at mesmo

    determinam inconscientemente a liderana desse grupo.

    O social e o emocional caminham paralelamente, para Winnicott (1975, p.35), a

    criana brinca para buscar prazer, para controlar a ansiedade, para estabelecer contatos

    sociais, para realizar integrao da personalidade, e por fim para comunicar-se com as

    pessoas.

    Nesse artigo est explicito que o momento de diverso e distrao na infncia,

    atravs do ldico, eminente no desenvolver da personalidade, e controle das emoes,

    ressaltando a exposio e expresso de tudo o que se passa em seu cotidiano, transmitindo

    realidade para o brincar, que desde os tempos mais remotos, tem uma enorme funo no

    desenvolvimento na vida da criana e que poder interferir quando a mesma se torna um

    adulto.

    Segundo Carvalho [...] respeitar a sua capacidade de criar na brincadeira; isso no

    significa deixar de compartilhar dessa brincadeira, que vem a enriquec-la e no se

    constitua na imposio do nosso brincar sobre aquele da criana (CARVALHO, 2005,

    p.47).

    Direcionar a atividade ldica, sem interferir nas preferencias e na imaginao das

    crianas, leva o aluno a desafios, a superar os limites, a respeitar o prximo, entender o

    que so regras e segui-las, enfrentar situaes problemas, criar possveis sadas para

    resolver conflitos tendo suas prprias resolues, adaptar-se a novas situaes, socializar-

    se, adquirir raciocnio logico, assim como o social, intelectual e o emocional.

    Para ALMEIDA (2000):

    Seja estimulada com jogos ldicos que enriquecem os esquemas

    perceptivos em vrios fatores (visuais, auditivos e sinestsicos),

    operativos (a memria, imaginao, lateralidade, representao,

    analise) psicomotores (p, 48).

  • A cada nova etapa possvel acompanhar os nveis de desenvolvimento de cada

    criana e os estgios que elas se encontram, elas recorrem ao ldico para refletir e analisar

    os conhecimentos que vo adquirindo, e fazem um paralelo com o mundo imaginrio com

    o real. Para Piaget ao manifestar a conduta ldica, a criana demonstra o nvel de seus

    estgios cognitivos e constri conhecimentos (Kiskimoto 2000, p.32).

    Atento ao momento de espontaneidade da criana durante o brincar o professor

    deve registrar, para que possa auxiliar a criana a ampliar seus conhecimentos e desafi-

    la que posso adquirir outros novos e desenvolver novas habilidades sociais, fsicas,

    intelectuais, sociais e emocionais.

    O ldico um recurso que deve estar sempre presente no cotidiano escolar e na

    infncia das crianas, atravs desse momento em que elas so capazes de demonstrar

    seus sentimentos, suas habilidades, seus comportamentos, o que aprenderam e como

    lidam com a sociedade e com situaes de conflitos.

    Estar atento a esse direito da criana e utilizar esse recurso para ensinar de forma

    divertida, e significativa, mergulhando com a criana no mundo imaginrio delas e as

    direcionando para que faam um paralelo entre o imaginrio e o real.

    As escolas de educao infantil ao garantir esse direito a cada criana, e o professor

    em sala se apropriar desse meio e utiliza-lo em seus projetos, planejamentos e sequencias

    de aulas para alcanar bom rendimento das crianas no perodo escolar, que trar

    resultados nos anos seguintes conforme as fases vivenciadas, registrando e idealizando,

    novos desafios para que possam superar e desenvolver-se como um ser reflexivo, social

    e crtico, com habilidades sociais, emocionais e intelectuais.

    CONSIDERAES FINAIS

    A partir desse levantamento de conceitos epistemolgicos possvel entender a

    suma importncia do ldico nas escolas de educao infantil, como recurso estimulador

    do desenvolvimento integral dos determinados aspectos, sendo eles o motor, cognitivo,

    emocional e social.

  • Assegurado por lei como um direito que est em nossa Constituio e em outros

    documentos oficiais nacionais como LDB, e faz parte de rgos que direcionam a

    educao como RCNS.

    Para a criana est amplo o campo da apropriao de habilidades, levando em

    considerao a construo do saber e a noo do seu corpo, tendo cincia da diferenciao

    do eu e o outro, a respeitar a si mesmo e ao seu semelhante, a ter limites, e respeitar regras

    dentre outros fatores atrelados.

    As escolas de educao infantil ao incorporarem em seus projetos polticos

    pedaggicos os professores em seus planejamentos como um recurso que tem significado

    no processo ensino-aprendizagem, atravs das atividades que requerem dos envolvidos

    nesse processo a ateno, concentrao, raciocnio lgico, situao problema,

    imaginao, respeito s regras, socializao, criatividade, expor e expressar ideias, correr,

    saltar, jogar e etc., necessariamente engloba em todos os aspectos o desenvolvimento e o

    progresso de cada aluno.

    A construo do conhecimento est baseada na ao e reflexo, onde as ideias, a

    troca de informaes entre eles ocorre por meio de intervenes significativas, ou seja, o

    professor fazer a mediao e no se basear somente na transmisso, colocando-se como

    o detentor do conhecimento, mas sim aproveitar do ldico para a induo do interesse da

    participao das crianas como facilitador das aprendizagens.

    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Paulo Nunes. Educao Ldica, Tcnicas e Jogos Pedaggicos. So Paulo:

    Loyola, 1995.

    BRASIL. Constituio da Republica Federal 1988.

    BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil. RCNEI, vol. II,

    p. 32, 1998.

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    ______________. Jogo e educao; trad. Ramos, Patrcia Porto Alegre: Ed. Artes

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    CARVALHO, A. Brincar. Belo horizonte: UFMG, 2005.

    KISHIMOTO, T. Jogo, Brinquedo, e a Educao. So Paulo: Cortez, 2000.

    ______________. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e Educao. So Paulo: Cortez 1997.

    NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil: Perspectivas

    Psicopedaggicas. Porto Alegre: Prodil, 1994.

    PIAGET, JEAN. A Psicologia da Criana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. A

    Formao do Smbolo na Criana: Imitao, Sonho e Jogo. Rio de Janeiro: Zanar, 1975.

    Rubem Alves - O papel do professor. Disponvel em:

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    SAVATER, Fernando. O valor de educar. So Paulo: Planeta do Brasil, 2012.

    VIGOSTSKY. A Formao Social da Mente. So Paulo: Martins Fontes, 1979.

    WAJSKOP, G. O Brincar na Educao Infantil. Cadernos de Pesquisas, 92, 62-69,

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    WINNICOTT. D.W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro, Imago, 1975.

    http://www.youtube.com/watch?v=_OsYdePR1IU

  • O CENTRO INTEGRADO DE EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS COMO

    AMPLIAO DE OPORTUNIDADE EDUCACIONAL PARA O

    ADOLESCENTE EXCLU