programa de fiscalização em entes federativos v03º ciclo · quanto ao serviço de reforma de...
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Secretaria Federal de Controle Interno
Programa de Fiscalização
em Entes Federativos – V03º
Ciclo
Número do Relatório: 201602530
Sumário Executivo
Altamira do Maranhão/MA
Introdução
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados no município de Altamira do
Maranhão/MA, em decorrência da execução dos trabalhos de fiscalização referente ao 3º
Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos de que trata a Portaria CGU no
2.008, de 2015, relativas ao período fiscalizado indicado individualmente, tendo sido os
trabalhos de campo executados no período de 29 de agosto a 2 de setembro de 2016, que
teve como escopo as ações de governo a seguir destacadas:
a) Área de Educação: 8744 - Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica
(PNAE); 0969 - Apoio ao Transporte Escolar na Educação Básica (PNATE); e 0E36
- complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB;
b) Área de Saúde: 12L5 - Construção e Ampliação de Unidades Básicas de Saúde –
UBS; 20AL - Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para a
Vigilância em Saúde, com foco no combate ao mosquito Aedes Aegypti; e 20AD -
Piso de Atenção Básica Variável - Saúde da Família.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de
questionários.
As situações evidenciadas nos trabalhos de campo foram segmentadas de acordo com a
competência de monitoramento a ser realizado pela Controladoria-Geral da União.
A primeira parte, destinada aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal -
gestores federais dos programas de execução descentralizada - apresentará situações
evidenciadas que, a princípio, demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas
desses gestores, visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração
da competente tomada de contas especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-
Geral da União.
Na segunda parte são apresentadas as situações evidenciadas decorrentes de levantamentos
necessários à adequada contextualização das constatações relatadas na primeira parte. Dessa
forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos
federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de suas
competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
Indicadores Socioeconômicos do Ente Fiscalizado
População: 11063
Índice de Pobreza: 54,06
PIB per Capita: 4.005,35
Eleitores: 5464
Área: 669 Fonte: Sítio do IBGE.
Informações sobre a Execução da Fiscalização
Ações de controle realizadas nos programas fiscalizados:
Ministério Programa Fiscalizado Qt. Montante Fiscalizado
por Programa
MINISTERIO DA
EDUCACAO
Educação Básica 3 14.613.133,15
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA EDUCACAO 3 14.613.133,15
MINISTERIO DA
SAUDE
Aperfeiçoamento do Sistema
Único de Saúde (SUS)
1 Não se Aplica
Execução Financeira da Atenção
Básica
1 1.928.960,06
Fortalecimento do Sistema Único
de Saúde (SUS)
1 Não se Aplica
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA SAUDE 3 1.928.960,06
TOTALIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO 6 16.542.093,21
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
tendo se manifestado em 26 de outubro de 2016, cabendo ao Ministério supervisor, nos
casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas
públicas, bem como à apuração das responsabilidades.
Consolidação de Resultados
No âmbito da Educação Básica, verificou-se que os procedimentos licitatórios para a
aquisição dos alimentos ocorreram de forma regular, contudo, no tocante à execução das
despesas, constatou-se irregularidades no processo licitatório para aquisição de merenda
escolar; irregularidades na realização de Chamada Pública para aquisição de produtos da
agricultura familiar; aquisição de produtos que não se enquadram como da agricultura
familiar dentro do percentual de 30% repassados; aquisição de produtos em desacordo com a
pauta de compras/cardápio elaborada pelo profissional de nutrição; baixa qualidade da
merenda escolar ofertada em desrespeito à política de alimentação saudável do Pnae;
produtos alimentícios comprados com preços unitários divergentes e acima do valor da
proposta inicial, produtos recebidos diferentes da proposta original e notas fiscais sem
especificação de marca; inexistência de controle de estoques para o armazenamento dos
alimentos no depósito central e não apresentação de documentos de distribuição dos
alimentos às escolas; inexistência de controle de estoques nas escolas e de cronograma de
recebimento de alimentos; falhas na composição do Conselho de Alimentação Escolar;
falhas na atuação do Conselho de Alimentação Escolar no acompanhamento da execução do
Pnae; falta de fiscalização do contrato por parte do fiscal nomeado e condições de estocagem
precárias na sede da cooperativa fornecedora da merenda escolar.
No tocante à execução do Pnate, constatou-se ausência de critérios adequados no edital para
estabelecimento da qualificação técnica necessária ao cumprimento do objeto; ausência de
controle do itinerário dos veículos contratados; ausência de comprovação de que os
condutores contratados realizaram curso especializado em transporte escolar; falta de
comprovação da efetiva utilização das peças adquiridas com recursos do Pnate para
manutenção dos veículos; ausência de identificação dos veículos nas notas fiscais; e falta de
atuação no Conselho do Fundeb no acompanhamento da execução do Pnate.
No âmbito do Fundeb, verificou-se uma incapacidade técnica operacional da rede de
ensino básica do município de suportar a quantidade de 3.189 alunos declarados no Censo
Escolar pela Secretaria de Educação. A quantidade de alunos declarada em quase todas as
escolas é maior que a capacidade dessas. Notou-se, erros grosseiros cometidos pela
Secretaria de Educação no tocante ao superdimensionamento da quantidade de alunos no
censo escolar do Município, tendo sido mensurado uma variação no censo escolar de, no
mínimo, 25,90% para maior que a capacidade técnica operacional das escolas, que suporta
apenas 2.363 alunos, considerando a estrutura física existente das mesmas.
Desse modo, o montante de recursos repassados ao Município na conta do FUNDEB está
superdimensionado, no mínimo, considerando um valor médio constante transferido por
aluno, em um total de R$ 2.300.753,27, que foram transferidos em 2015 para utilização na
educação básica sem a devida comprovação e capacidade de suporte ao aluno na rede de
ensino do município.
Ainda, verificou-se que a quantidade de profissionais presentes na relação da folha de
pagamento é incompatível, com a quantidade de profissionais que trabalham nas escolas.
Sendo a quantidade de profissionais superior a necessária demandada para a manutenção
da rede de ensino básica. Dessa forma, esses profissionais encontrados a mais estão
ociosos e não possuem nenhuma necessidade de atuação na rede de ensino básica do
município. Sendo, no mínimo, um desperdício de recursos com mão de obra não atuante na
educação básica no montante de R$ 1.750.000,00.
Quanto ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social – CACS do FUNDEB,
verificou-se falhas na sua constituição/composição e capacidade insuficiente de membros
em desacordo com a Lei nº 11.494/2007. Também, verificou-se uma insuficiente
capacitação de seus membros, imparcialidade dos integrantes do CACS devido ao fato de
que quase a sua totalidade possuírem vinculo remunerado com o Poder Executivo
Municipal. E, ainda, uma não efetiva atuação de suas reponsabilidades.
Em relação a execução com os demais recursos do FUNDEB utilizados para a manutenção
da educação básica. Verificou-se que houve a formalização de 11 contratos no exercício de
2015 e 10 contratos no ano de 2016.
Na aquisição de combustível para o transporte de alunos da rede de ensino básica do
município, verificou-se a ausência de memória de cálculo que justificasse a quantidade
contratada, a ausência de controles associados ao abastecimento e consumo da gasolina
pelos veículos e ainda, um superfaturamento de R$ 197.160,50 no ano de 2015 e um
superfaturamento de R$ 169.074,97 em 2016, totalizando R$ 366.235,46 em recursos do
FUNDEB, que deveriam ser utilizados na manutenção e desenvolvimento do ensino, em
danos ao Erário.
Na aquisição de carteiras escolares tipo universitária, de acordo com a descrição do edital,
verificou-se que há uma grande discrepância entre a quantidade de carteiras contratadas
nos anos de 2015 e 2016, daquela quantidade realmente contida nas escolas da rede de
ensino. Com uma quantidade de três vezes mais carteiras contratadas do que aquelas
presentes nas escolas. Sendo um total de 2142 carteiras escolares adquiridas pelo gestor,
porém, não encontradas. Caracterizando um total de R$ 199.893,00 de danos por compra
de matérias não existentes.
Quanto ao serviço de reforma de carteiras, verificou-se que a Prefeitura de Altamira do
Maranhão/MA realizou processos licitatórios nos anos de 2015 e 2016 para o serviço de
reforma de carteiras escolares tipo universitária. No entanto, apesar de haver a emissão de
nota fiscal pela empresa contratada em 2015 e o recebimento por parte da prefeitura, não
foi verificado a realização desse serviço para as 2412 carteiras dadas como reformadas.
Assim, verifica-se um dano de R$ 85.620,00 por pagamento de serviços inexistentes com
recursos do FUNDEB.
No serviço de locação de veículos para o transporte da coordenação pedagógica da
Secretaria de Educação, verificou-se a subcontratação total indevida desse serviço e o
superfaturamento no serviço no valor de R$ 58.771,20 nos anos de 2015 e até 30 junho de
2016. Destaca-se que as empresas contratadas não possuíam nenhum veículo registrado no
banco de dados do DENATRAN.
No o evento de capacitação e formação dos docentes da rede de ensino do município,
verificou-se que este foi realizado previamente a formalização do contrato, desse modo
sem a devida cobertura contratual, e houve um superdimensionamento na quantidade de
material necessários para os profissionais participantes, resultando em um
superfaturamento de R$ 44.808,34.
Por fim, verificou-se, por meio da Fiscalização in loco das escolas do município de
Altamira do Maranhão/MA, irregularidades na prestação do serviço de ampliação e
reforma das escolas da rede de ensino básica que resultaram em danos de R$ 350.982,50
dos recursos utilizadas da conta do FUNDEB.
Desse modo, ao todo tem-se um total de R$ 1.106.310,50 em danos por malversação de
recursos público, serviços não prestados, materiais dados como comprados, mas não
encontrados na rede de ensino. E ainda, um total de R$ 1.750.000,00 pagos a profissionais
que não atuam na educação básica da rede de ensino do município.
No âmbito do Bloco de Atenção Básica, verificou-se ocorrência de desvio de objeto na
aplicação de recursos destinados à Atenção Básica, no montante de R$ 13.910,90;
alteração no quantitativo de itens previstos em contrato sem justificativa e sem respaldo
contratual, se caracterizando em realização de compras sem processo licitatório; realização
de despesas com pessoal sem registro no CNES, no valor total de R$ 316.148,44, ou com
pessoal não pertencente à área de Atenção Básica, na monta de R$ 505.209,41; a conta
bancária do Bloco de Atenção Básica não foi gerida exclusivamente pelo Secretário
Municipal de Saúde. Quanto aos procedimentos licitatórios foram verificadas várias
impropriedades e irregularidades, resultando em direcionamento na realização da licitação.
Ainda em relação às ações desse bloco, no tocante ao Programa Saúde da Família, os
exames demonstraram que existem divergências entre os dados registrados no CNES e a
situação real verificada pela CGU/MA, com relação aos profissionais que integram as
Equipes de Saúde; que as Unidades Básicas de Saúde não possuem condições mínimas de
infraestrutura; que os profissionais integrantes das Equipes de Saúde da Família não
cumprem com a jornada de trabalho de quarenta horas semanais constantes em contrato; não
disponibilização de documentos de contratação de profissionais e de ACS; ausência de
fornecimento de informações sobre a quantidade de famílias atendidas pelas equipes, além
de que existe deficiência nos atendimentos realizados pelas Equipes, considerando que
62,50% das famílias entrevistadas informaram que deixaram de receber atendimento devido
ao fato de que, quando procuraram as Unidades Básicas de Saúde existentes em suas
regiões, não havia Médico do Programa Saúde da Família.
No tocante às em ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, verificou-se a baixa
frequência ou ausência de visitas por parte ACEs; ausência de planejamento, de Metas e de
Relatório Gerencial, além da falta de capacitação continuada dos Agentes Comunitários de
Endemias (ACEs).
.
Ordem de Serviço: 201601969
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 387.004,00
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29 de agosto a 02 de setembro de
2016 sobre a aplicação dos recursos federais do Programa 2030 - Educação Básica / 8744 -
Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica (Pnae) no município de Altamira do
Maranhão/MA.
A Ação fiscalizada destina-se a efetivar o repasse suplementar de recursos financeiros para
oferta de alimentação escolar aos estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades
da educação básica das redes públicas e de entidades qualificadas como filantrópicas ou por
elas mantidas, com o objetivo de atender às necessidades nutricionais dos estudantes durante
sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento
biopsicossocial, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes.
Os exames tiveram como objetivo avaliar a regularidade da aplicação dos recursos federais
repassados ao Município no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae),
de forma a fiscalizar a execução das despesas de maior relevância, com ênfase na análise dos
preços praticados e das situações que venham a restringir a competitividade dos processos
licitatórios, na entrega efetiva dos bens adquiridos e na prestação dos serviços contratados e
na utilização dos recursos exclusivamente na Alimentação Escolar, verificar a atuação do
Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e das escolas quanto a armazenagem de alimentos,
preparo e fornecimento aos alunos da merenda escolar, referente ao período de janeiro de
2015 a junho de 2016, envolvendo um montante de R$ 387.004,00.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Número de nutricionistas contratados abaixo dos parâmetros legais previstos
pelo CFN.
Fato
Verificou-se que foram contratadas duas nutricionistas para atuarem no âmbito do Pnae em
Altamira do Maranhão nos exercícios de 2015 e 2016. O contrato de trabalho de cada uma
das profissionais prevê uma carga de trabalho de 8 horas semanais, totalizando 16 horas de
trabalho de profissionais de nutrição, no Município, por semana.
De acordo com o Censo Escolar, a quantidade de alunos do município, em 2015, era de
3.529 estudantes e, em 2016, é de 3.140. Ressalte-se que o Art. 10 da Resolução CFN nº
465/2010, de 23/08/2010, prevê, para municípios entre 2.501 a 5.000 alunos, a contratação
de, no mínimo, 4 nutricionistas (sendo 1 responsável técnico), todos com carga horária
mínima semanal de 30 horas, totalizando 120 horas de trabalhos nutricionais por semana.
Dessa forma, conclui-se que o Município alcança apenas 13,33% da carga horária mínima
semanal recomendada pela legislação.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de Altamira
do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a seguinte
manifestação:
“O município acata a constatação da Auditoria e afirma que já está modificando a estrutura
das nutricionistas para atender os ditames da Resolução nº. 465/2010 – inclusive tendo
contratado uma terceira nutricionista cujo contrato já encontra-se condizente com a
quantidade de 30 horas semanais, conforme documentos em anexo.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese o gestor ter contratado um nutricionista a mais com carga horária semanal de
30 horas, somando 3 nutricionistas contratados, a tomada de providência não é capaz de
sanar a constatação, tendo em vista que são necessários 4 nutricionistas para suprir a
demanda do município como carga horária de 30 horas.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.2. Existência de produtos vencidos e deteriorados no estoque.
Fato
Em visita às escolas de Curralinho e de Gonçalves Dias, verificou-se a existência de
produtos deteriorados (margarina) e com prazo de validade expirado (biscoito Maria e
colorífico) nos estoques, conforme a seguir indicado nas fotos a seguir:
Foto 13: Produto deteriorado no estoque, Altamira do Maranhão, 31 de
agosto de 2016
Foto 14: Produtos com prazo de validade expirado, Altamira do Maranhão, 31 de agosto de 2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“A constatação feita ocorreu em virtude de falha humana por parte das merendeiras e, após
a visita da CGU, iniciou-se uma apuração juntamente com a diretoria das escolas para
investigar o ocorrido e punir os responsáveis.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Frisa-se que a falta de controle de estoques nas escolas causa as falhas aqui apresentadas.
Tal controle poderia evitar as falhas humanas citadas pelo gestor.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.3. Falta de merenda escolar para alunos do período noturno
Fato
De acordo com relatos de moradores vizinhos e confirmação por visitas locais, as seguintes
escolas, que supostamente deveriam funcionar em período noturno, encontravam-se
fechadas e sem atividades, nos anos de 2015 e 2016:
U. E. Beronice de carvalho Moreira – Sede
Castelo Branco – Pov. São Raimundo
E. M. São Francisco – Pov. São Francisco
E. M. Nossa Senhora da Conceição – Pov. Centro Clemente
E. M. Centro do Davi – Pov. Centro do Davi
As escolas G. E. Gonçalves Dias, localizada no povoado Aldeia, e G. E. Rui Barbosa,
situado no povoado Caldeira, estavam abertas e funcionando no período noturno. Porém,
não havia preparo de merenda e, segundo relatos dos alunos, raramente havia merenda no
período noturno.
Portanto, em que pese a Prefeitura afirmar que há alunos matriculados no período noturno e
que há professores e merendeiras também contratados para este período, o funcionamento
das escolas e a oferta de merenda para este turno não é regular, contrariando a política de
alimentação escolar do Pnae. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“No que tange a ausência de atividades noturnas nas escolas indicadas nesse
ponto, estranhamente o auditor informou que as informações foram obtidas junto a
vizinhos, muito embora foram os próprios diretores e a secretaria de Educação que
apresentaram a questão aos representantes da CGU.
Infelizmente, o contexto foi omitido no relatório final.
Para fins de esclarecimento, informa-se, novamente, que as aulas noturnas eram
exclusivas para os alunos da EJA.
As aulas iniciaram e se estenderam normalmente até junho/2016, porém, o
município teve uma taxa de evasão tão alta no programa de Educação de Jovens e Adultos
que as turmas tiveram que ser encerradas pouco antes do início do segundo semestre por
falta de alunos.
Naturalmente, os professores, AOSDs e merendeiras que atendiam as turmas
noturnas foram incorporados ao período matutino e vespertino. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Ressalta-se que o repasse de recursos federais para merenda escolar inclui alunos de EJA,
não se justificando a ausência de merenda escolar no período noturno nas duas escolas
visitadas e em funcionamento.
Quanto à análise do controle interno para as justificativas para fechamento das escolas no
período noturno, considera-se que esta resta prejudicada neste procedimento pela
necessidade de verificações e tomadas de providência adicionais.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Irregularidades no processo licitatório para aquisição de merenda escolar.
Fato
Em análise aos processos licitatórios analisados para compra dos 70% da merenda escolar de
2015 (Pregão 42/2014), e de 2016 (Pregão 05/2016), verificou-se que apenas uma empresa
de São Luís/MA concorreu e ganhou os dois certames. Em ambos os certames, não houve,
na prática, qualquer tipo de disputa. Verificou-se, ainda, que a sistemática de compra
adotada não se dedica a fomentar o comércio local. Dentre os problemas encontrados,
destacam-se os enumerados nas alíneas “a”, “b” e “c” a seguir detalhadas:
a) Pesquisa de preços deficiente:
As cotações de preços ocorreram somente em empresas localizadas em São Luís, que se
localiza a 354 km de distância, cerca de 5 horas de viagem de automóvel. Neste percurso, há
diversos outros polos com comércio desenvolvido e localizados mais próximos ao
município, o que acarretaria ganhos com frete.
Ressalta-se, ainda, que uma das pesquisas de preços para fornecimento de alimentos para o
exercício de 2015 (Pregão nº 42/2014) foi feita na empresa M. I. Alves & Cia. Ltda.
(Anthares Distribuidora), de CNPJ: 06.183.170/0001-35, que consta como empresa do ramo
de papelaria. Tentou-se fazer circularização a essa empresa, mas, no endereço que consta do
cadastro da referida empresa, há uma residência que se encontra fechada já a algum tempo,
segundo informações de vizinhos, conforme se verifica nas fotos a seguir:
Foto 01: Fachada da empresa M.I. Alves (Distribuidora
Anthares). São Luís/MA, 16/09/2016.
Foto 02: Fachada da empresa M.I. Alves
(Distr. Anthares). São Luís/MA,
16/09/2016.
Outra empresa que teria enviado cotação de preços à Prefeitura, em vista do Pregão 42/2014,
foi a empresa Santos Comércio Ltda. (Comercial Santos), de CNPJ 18.862.998/0001-07. Em
visita à sede dessa empresa, verificou-se que no local relativo ao endereço constante do
cadastro da referida empresa funciona é uma loja de roupas, conforme se demonstra a foto a
seguir:
Foto 03: Fachada da empresa Santos Comércio
Ltda. São Luís/MA, 06/09/2016.
Foto 04: Fachada da empresa Santos Comércio
Ltda. São Luís/MA, 06/09/2016
Para formação do orçamento do Pregão 05/2016, relativamente ao fornecimento de
alimentos para o exercício de 2016, teria sido realizada pesquisa de preços (cotação de
preços) na empresa J. Cariny L. Carvalho – ME, de CNPJ: 06.290.693/0001-80. Contudo,
em visita ao local onde deveria ser a sua sede, conforme endereço que consta do cadastro da
mencionada empresa, também não foi encontrada evidência de funcionamento de
distribuidora de alimentos.
Em 2009, em trabalhos de Auditoria Anual de Contas em um Órgão Federal, houve a
constatação de que essa empresa funciona no mesmo endereço de outra (L. C. Licar-CNPJ:
23.613.821/0001-07). À época, a auditoria constatou que a empresa J. Cariny L. Carvalho
(CNPJ: 06.290.693/0001-80) não tem estrutura empresarial compatível com o fornecimento
de tão variados produtos, pois não possui identificação visual, sua área de
exposição/estocagem de produtos não passa de 15m2 e, além disso, funciona no mesmo local
que funcionaria outra empresa citada, ou seja, duas empresas dividindo um espaço
minúsculo que seriam fornecedoras de uma gama enorme de variedade de produtos. A
seguir, relatório fotográfico com os dois endereços citados (o que consta do cadastro e
aquele onde funciona juntamente com outra empresa):
Foto05 : Fachada da empresa J. Cariny L. Carvalho, no
endereço constante do cadastro. São Luís, 06/09/2016.
Foto 06: Local onde a J.Cariny L. Carvalho
funciona com outra. São Luís, 06/09/2016.
A empresa A. da C. Muniz Neto (Distribuidora Muniz), de CNPJ: 04.863.976/0001-49,
apresentou cotação de preços para os dois certames retrocitados, para fornecimento de
alimentos para os exercícios de 2015 e 2016, tendo se sagrado vencedora nos dois certames.
Procedeu-se a visita à sede dessa empresa e constatou-se que ela realmente funciona lá, mas
não foram encontradas evidências de que a empresa seja distribuidora de alimentos, tendo
em vista não se ter visto depósito ou espaço para tal, constando apenas um amplo
estacionamento com dois caminhões baús e algumas salas que funcionam como escritórios.
A seguir, relatório fotográfico da fachada da empresa:
Foto 07: Fachada da empresa A. da C. Muniz Neto
(Distribuidora Muniz). São Luís, 13/09/2016.
Foto 08: Fachada da empresa A. da C. Muniz
Neto (Distribuidora Muniz). São Luís,
13/09/2016.
b) Ausência de divulgação do certame localmente:
De acordo com a Lei 10.120 /2002, art. 4º, a fase externa do pregão será iniciada com a
convocação dos interessados por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo
ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local. No caso em questão, a
publicação foi feita no jornal Atos e Fatos de circulação restrita a São Luís o que prejudicou
a divulgação do certame aos comerciantes locais ou de cidades mais próximas.
c) Aquisição por lotes e não por item, em desacordo com o artigo 15, inciso IV, da
Lei 8.666/93, e Súmula TCU nº 247.
Os dois processos licitatórios analisados foram realizados na modalidade Pregão, em sua
forma Presencial, e utilizou o tipo menor preço global e não por itens, como supostamente
deveria ter sido, pela natureza do serviço e a divisibilidade do seu objeto, nos moldes do art.
23, §§1º e 2º da Lei nº 8.666/93 e Súmula nº 247/2004 do TCU. Sem justificativas que
demonstrassem a viabilidade econômica, foi adotado para os pregões de 2015 e 2016 o tipo
de licitação “Menor Preço por Lote”, e não “Menor Preço por Item”, que, a princípio, seria
mais adequado à natureza divisível do objeto licitado. De tal maneira a aproveitar a
participação de empresas menores, uma vez que as quantidades volumosas definidas para
alguns lotes podem eventualmente ter afastado essas empresas em razão de superar a
capacidade de fornecimento delas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
a) Pesquisa de Preços deficientes:
O relatório inicia com uma crítica infundada referente a cotação de preços.
Como sabido a cotação de preços tem por fim a identificação precisa dos valores
praticados no mercado para objeto similar ao pretendido pela Administração, ou seja, o
fato do município ter feito cotação em empresas da capital NÃO vincula a gestão a
contratá-las.
O fator definidor da contratação, como bem sabido pelo auditor, é a análise da
melhor proposta, logo, independente da empresa localizar-se na sede ou no interior, se esta
apresenta uma proposta mais vantajosa resta óbvio que o município não sofreu prejuízo.
Ademais, não há nada de estranho a participação nos processos licitatórios de
empresas situadas em locais distantes, visto que no mundo globalizado e de grande
competitividade em que se vive, é requisito para a sobrevivência de uma empresa a
expansão de sua rede de negócios e clientes para além de sua circunscrição territorial.
Já no que tange à localização das empresas, cabe informar que, apesar da CGU
afirmar não ter encontrado o endereço de algumas das referidas empresas, informa-se
oportunamente que todas elas funcionam no endereço indicado no registro do CNPJ –
conforme documentos em anexo.
Cabe frisar que especialmente, no caso da A. da C. Muniz (Distribuidora
Muniz), o auditor diz que a empresa não possui “evidências de que a empresa seja
distribuidora de alimentos”, porém, a empresa mandou relatório fotográfico de sua
estrutura demonstrando a existência de depósito para estocagem.
b) Ausência de divulgação do certame localmente:
Primeiramente, cabe esclarecer que o Município de Altamira NÃO possui jornal
de circulação local, logo, a Comissão de Licitação teve que encontrar alternativas para
garantir a publicidade da Licitação por meio de publicação no mural da prefeitura,
divulgação em Diário Oficial e divulgação no Jornal Atos e Fatos que, ao contrário do que
foi informado no relatório, NÃO possui circulação restrita à capital.
Pelo contrário, o periódico possui tiragem média de cinco mil exemplares e
circula em 70 municípios nos principais centros habitacionais do Estado do Maranhão,
inclusive na região de Pindaré-Mirim – conforme documento anexo.
c) Aquisição por lotes e não por item.
Pela leitura dos termos convocatórios, pode-se concluir que a Administração,
por intermédio do Pregoeiro, buscou confeccionar um edital com base no processo
elaborado pela CPL, o qual definiu de maneira precisa o que realmente contempla o
interesse público e de conformidade com os ditames legais, buscando a proposta mais
vantajosa e evitando a redução do universo de participantes do procedimento licitatório,
preservado, portanto, o referido interesse público.
Ocorre que, se por um lado, a Administração Pública, não pode restringir em
demasia o objeto do contrato sob pena de frustrar a competitividade, por outro, ela não
pode definir o objeto de forma excessivamente ampla, haja vista que, nesse caso, os
critérios para julgamento das propostas falecem, em virtude da própria administração
admitir propostas díspares, inclusive as que não satisfazem ao interesse público.
Portanto, a definição do objeto da licitação pública e as suas especificidades
são eminentemente discricionárias, a qual compete ao agente administrativo avaliar o que o
interesse público demanda obter mediante a aquisição.
Cumpre ponderar que, ao decidir pelo procedimento do julgamento das
propostas em licitações, cujos objetos constituem-se bens divisíveis, que podem ser
apartados em categorias ou grupos denominados comumente de “itens”, bem como se
diversos itens podem ser agrupados num único lote, a Administração lançando-se do poder
discricionário que tem, permitiu que para o certame objetivado houvesse um vencedor para
o lote, contendo os itens agrupados, não descurando do interesse público, que demanda ser
otimizado.
A rigor, o agrupamento de vários itens num mesmo lote não compromete a
competitividade do certame, desde que várias empresas, que atuam no mercado, apresentem
condições e aptidão para cotar todos os itens, principalmente levando-se em consideração a
modalidade adotada resultando em considerável ampliação da competitividade, gerando,
consequentemente, inúmeras repercussões positivas num processo de licitação pública,
dentre estas, a de aumentar a probabilidade de a Administração Pública firmar contrato
mais vantajoso, haja vista que ela recebe mais propostas, beneficiando a eficiência em
contratos administrativos.
Na licitação ora em comento, a Administração optou por realizar a licitação por
lote único após realizar ampla pesquisa de mercado e baseado em justificativas concretas,
conforme constam no procedimento licitatório. A gestão, com essa decisão justificada em
tal procedimento administrativo, visou aumentar o desconto oferecido pelas empresas
licitantes devido ao ganho de escala no fornecimento de todos os produtos licitados.
Ademais, na pesquisa de mercado, a Administração verificou que não haveria
restrição à competitividade, uma vez que tanto as empresas que responderam à pesquisa de
preços quanto inúmeras outras, comercializavam os produtos licitados, sendo, portanto,
prática comum do mercado comercializar os itens da licitação, como se observa nas
referidas pesquisas de mercado.
Sobre o tema, vale citar a obra “Temas Polêmicos sobre Licitações e
Contratos”, vários autores, da editora Malheiros, na página 74, o seguinte trecho:
“(...) em geral, a economia de escala é instrumento fundamental
para diminuição de custos. Quanto maior a quantidade a ser
negociada, menor o custo unitário, que em decorrência do
barateamento do custo da produção (economia de escala na
indústria), quer porque há diminuição da margem de lucro
(economia de escala geralmente encontrada no comércio)”. (grifo
nosso)
Corroborando o entendimento supramencionado, em julgado recente, o
Tribunal de Contas da União decidiu pelo indeferimento de pedido divisão do objeto
licitado em itens, por considerar que a reunião do objeto em um único item, desde que
devidamente justificada pela área demandante ou pelo pregoeiro, afasta a possibilidade de
restrição indevida à competitividade.(Acórdão 1.167/2012 – TC 000.431/2012-5 – TCU –
Plenário – Relator: José Jorge).
Essa mesma Corte se pronunciou ainda através do Acórdão nº 732/2008, no
seguinte sentido:
"... a questão da viabilidade do fracionamento deve ser decidida
com base em cada caso, pois cada obra tem as suas especificidades,
devendo o gestor decidir analisando qual a solução mais adequada
no caso concreto".
Dessa forma, verifica-se que o entendimento do Tribunal de Contas tem sido o
de que a divisão do objeto em itens distintos deve ser auferida sempre no caso concreto,
devendo ser aplicada a opção mais vantajosa para a Administração Pública, desde que não
haja restrição à competitividade.
Assim, é que, dentro da competência discricionária que é assegurada à
Administração optou-se por adotar um critério de julgamento e divisão dos lotes que se
reputa mais ajustado às necessidades e eficiência administrativas.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Quanto aos esclarecimentos do gestor, entende-se o que segue:
a) Pesquisa de preços deficiente:
Ao contrário do entendimento do gestor, de que a análise da proposta de contratação mais
vantajosa independe de sua localização, a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, art. 13
estabelece que a aquisição dos gêneros alimentícios, no âmbito do PNAE, deverá ser
realizada, sempre que possível, no mesmo ente federativo em que se localizam as escolas.
Em que pese o gestor informar que não há objeções em cotar preços em locais distantes ao
local de fornecimento, ressalta-se que esta não foi a única problemática apontada, tendo sido
ainda mais grave a inexistência física das empresas que forneceram cotações de preços ou
impossibilidade das mesmas em fornecerem bens alimentícios, concluindo-se que não foram
feitas cotações de preços confiáveis nos processos licitatórios.
Quanto à cotação de preços realizada com a Santos Comércio Ltda. (Comercial Santos), de
CNPJ 18.862.998/0001-07, em resposta ao Comunicado nº 035/2016 da prefeitura de
Altamira do MA, a empresa informou que enviou proposta de preços, mas a mesma
esclareceu que funciona como restaurante, não sendo, portanto, atuante no ramo de comércio
varejista de produtos alimentícios. As informações prestadas pelo gestor em sua justificativa
quanto às empresas – MI Alves e J. CAriny L. Carvalho - não apresentaram fatos novos à
análise.
b) Ausência de divulgação do certame localmente:
Uma das formas de divulgação local seria a própria pesquisa de preços, a qual o gestor
eximiu-se de fazer localmente. Apesar de o gestor justificar que o jornal atinge diversos
município, inclusive Pindaré-Mirim, tal informação não consta no documento encaminhado.
Portanto, entende-se que a divulgação local do certame por meio do citado jornal é limitada
por não atingir o município de Altamira do Maranhão.
c) Aquisição por lotes e não por item.
O gestor justifica de que o agrupamento de vários itens em um lote não compromete a
competitividade do certame desde que várias empresas que atuem no mercado apresentem
condições e aptidão para cotar todos os itens. No entanto, nas duas licitações em questão
houve apenas um concorrente, o que demonstra que a modalidade escolhida não ampliou a
competitividade do certame.
Ressalta-se que a opção escolhida, não foi realizada após ampla pesquisa de mercado, como
justifica o gestor. Afinal, não houve qualquer pesquisa de mercado no ente federativo da
licitação. Ainda, a pesquisa foi realizada com empresas que não são do ramo varejista de
alimentos.
Dessa forma, a licitação em lote único não foi capaz de aumentar o desconto oferecido pela
empresa licitante devido ao ganho de escala, mas tão somente restringiu a competitividade
do certame a apenas uma empresa que não possui atuação local.
Como já observado anteriormente, a pesquisa de mercado foi deficiente, tendo sido realizada
em empresa do ramo de papelaria, do ramo de restaurante e em outras empresas não
encontradas. Nesse sentido, nem mesmo as empresas que responderam às pesquisas de
preços poderiam ser possíveis fornecedores da totalidade dos produtos agrupados no lote.
Tanto é assim que nenhuma delas efetivamente participou do certame, apenas a concorrente
vencedora.
Por fim, esta Controladoria manifesta concordância com o entendimento do Tribunal de
Contas de que a divisão do objeto em itens distintos deva ser auferida sempre no caso
concreto, concluindo-se que especificamente no caso analisado de compra de gêneros
alimentícios para merenda escolar do município de Altamira do Maranhão a opção mais
vantajosa para a Administração Pública seria a aquisição dos produtos por itens e não por
lotes, visando aumentar a competitividade do certame.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Irregularidades na realização de Chamada Pública para aquisição de produtos
da agricultura familiar.
Fato
Em análise aos processos licitatórios para compra dos 30% da merenda escolar de 2015 e
2016 – Chamadas Públicas 01/2015 e de 01/2016, verificou-se que apenas uma cooperativa
concorreu e ganhou os dois certames. A cooperativa com a qual foi firmado o projeto de
compra e venda, foi criada em 02 de setembro de 2014, (Cadastro Nacional da Pessoa
Física) sendo que a Chamada Pública 001/2015 foi publicada já em 21 de janeiro de 2015.
Outra problemática foi o fato de que não houve fomento da agricultura familiar local já que
a cooperativa vencedora não se localiza na sede do município, mas em Pindaré Mirim,
localizada a 93 km, cerca de 2 horas de viagem da sede do município fiscalizado. Nesse
sentido, o processo de compra da agricultura familiar não respeitou o que determina o
“Manual de aquisição de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar” e o
“Manual de instruções operacionais para nutricionistas PNAE” de que a aquisição de
gêneros alimentícios deverá ser realizada, sempre que possível, no mesmo município onde
se localizam as escolas. Quando o fornecimento não puder ser feito localmente, as escolas
poderão complementar a demanda entre agricultores da região, território rural, estado e país,
nesta ordem de prioridade. Assevere-se, conforme melhor detalhado adiante, que existem
nos municípios entidade que representa os agricultores familiares a qual afirmou existirem
condições locais de oferta desses produtos no Município.
Em análise aos processos, verificou-se diversas irregularidades no certame, que resultou na
contratação da cooperativa do município vizinho. Dessa forma, o Pnae no município não
cumpriu um dos seus papeis fundamentais de promover o desenvolvimento rural local,
manter o produtor e sua família no campo e ofertar alimentos mais saudáveis e
diversificados aos escolares.
a) Irregularidades na pesquisa de preços:
Nos dois exercícios, a pesquisa de preços foi feita com as mesmas três cooperativas de
Pindaré Mirim/MA, tendo sido uma delas a vencedora do certame - Cooperativa dos
agricultores e agricultoras rurais, pescadores e pescadores artesanais e aquicultores -
Coarpas. As outras duas cooperativas que apresentaram cotação de preços têm como
atividade principal a defesa de direitos social e não a produção de alimentos. Além disso, o
presidente da cooperativa (CPF ***.077.833-**), “Associação comunitária dos pequenos
lavradores rurais” (CNPJ 05.824.726/0001-62) consta como diretor da Coarpas. Ainda, o
presidente, da cooperativa (CPF ***019.653-**) -Associação dos pescadores artesanais do
Rio Pindaré do povoado de Santa Helena (CNPJ 06.209.922/0001-90), também consta como
diretora da Coarpas. Portanto, na prática não houve pesquisa em três mercados diferentes.
Além disso, a pesquisa não foi local, mas estadual.
De acordo com o “Manual de aquisição de produtos da Agricultura familiar” a pesquisa de
preços deve ser realizada prioritariamente na feira do produtor familiar local. No entanto,
verificou-se que nas duas chamadas públicas tal pesquisa não foi feita neste local, apesar de
o município contar com feira do produtor toda sexta-feira. Ainda, o município de Pindaré
Mirim, onde foram realizadas as compras, também possui feira do produtor todos os dias,
que não foi pesquisada. Em questionamentos aos sindicatos dos trabalhadores rurais dos dois
municípios, notou-se que Altamira do Maranhão e Pindaré Mirim têm a mesma vocação
produtiva, o que não justifica a pesquisa dos produtos no município vizinho.
De acordo com a Resolução FNDE nº 26 de 17 de junho de 2013, a pesquisa em mercados
territoriais, estaduais e nacionais deve ser realizadas apenas quando não houver mercado
local para produtos específicos. No entanto, em questionamento ao sindicado dos
produtores de Altamira do Maranhão/MA, são produzidos localmente abóbora, banana-
prata, macaxeira, cheiro-verde, limão, quiabo, vinagreira, batata-doce, manga, laranja,
melancia, farinha, arroz, feijão, tapioca, milho e mamão.
Nesse sentido, conclui-se que a metodologia utilizada para pesquisa de preços não é
suficiente para o bom e regular funcionamento do programa.
b) Falta de mapeamento da produção familiar local e pauta de compras
desalinhada à produção local.
De acordo com o “Manual de aquisição de produtos da Agricultura familiar”, a entidade
executora e o CAE devem contar com parceiros como organizações da agricultura familiar,
entidades de assistência técnica e outros. Em questionamento aos Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais dos municípios de Pindaré Mirim e de Altamira do Maranhão,
verificou-se que não houve qualquer interlocução da entidade executora com essas
organizações para investigação da vocação produtiva local.
De acordo com o “Manual de instruções operacionais para nutricionistas vinculados ao
PNAE” uma das atividades técnicas obrigatórias destes profissionais é “Interagir com os
agricultores familiares e empreendedores familiares rurais e suas organizações” e
“Participar do processo de licitação e da compra direta da agricultura familiar para
aquisição e gêneros alimentícios”, no entanto, não há qualquer evidência de que tal trabalho
tenha sido realizado, o que foi confirmado pela entrevista com a nutricionista responsável
técnica. O trabalho do nutricionista deveria resultar em mapeamento contendo, no mínimo, a
discriminação dos produtos locais, a quantidade de produção e a época de colheita
(calendário agrícola).
Devido à falta de mapeamento, a pauta de compra de produtos da agricultura familiar foi
composta de produtos que não são produzidos na região, tal como frango (envolto em
embalagem com data de fabricação e prazo de validade), carne bovina (envolto em
embalagem transparente, livre de produtos químicos) e polpa de fruta ( acondicionada em
embalagem de polipropileno transparente, sem conservantes, devendo apresentar na
embalagem a composição básica, as informações nutricionais, a data de envase e o prazo de
validade). Em inspeção à embalagem desses produtos entregues às escolas constatou-se que,
na realidade, foram comprados de grandes produtores não familiares, sendo que tais
produtos representaram 55% dos gastos com produtos que deveriam ser da agricultura
familiar. Assim, a cooperativa contratada tornou-se apenas um intermediário da compra.
c) Chamada pública sem definição prévia de preços e adjudicação global
De acordo com o “Manual de aquisição de produtos da Agricultura familiar” os preços de
cada produto devem ser estabelecidos previamente e publicados no edital da Chamada
Pública. No entanto, os editais de 2015 e 2016 não seguiram tal orientação, publicando
apenas os produtos, a quantidade e o valor global estimado. A composição final dos preços
deve levar em consideração o preço médio pesquisado por, no mínimo, três mercados em
âmbito local, acrescido dos insumos exigidos no edital de chamada pública, tais como
despesas com frete, embalagem, encargos e quaisquer outros necessários para o
fornecimento do produto. Ainda, a aquisição de gêneros alimentícios deverá ser realizada,
sempre que possível no mesmo município das escolas. Quando o fornecimento não puder ser
feito localmente, as escolas poderão complementar a demanda entre agricultores da região,
território rural, estado e país, nesta ordem de prioridade.
A ausência de preço unitário e a falta de interlocução com atores locais não deixou claro que
a adjudicação das propostas poderia ser por produto, incentivando assim a participação de
produtores individualmente ou em grupo.
A ideia de que a adjudicação da Chamada pública deveria ser global, incentivou a
apresentação de proposta irreal pela cooperativa vencedora, já que se propôs a fornecer
produtos que não são produzidos pela agricultura familiar de Pindaré Mirim, conforme
citado anteriormente.
Portanto, a falta de chamada pública com preços unitários de produtos, a falta de
interlocução com produtores locais e as irregularidades na pesquisa de preços fez com que
apenas uma cooperativa ganhasse a Chamada pública, por meio da apresentação de proposta
técnica irregular, não fomentando a agricultura local.
d) Falta de divulgação da Chamada pública aos pequenos produtores
Em entrevista realizada no Sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de Altamira do
Maranhão, foi declarado que os mesmos não tomaram conhecimento da chamada pública
para fornecimento de produtos para a merenda escolar do município. Ressalta-se que a
divulgação do certame deve ocorrer desde a fase de pesquisa de preços, quando tais
produtores deveriam ter sido contatados. Foi declarado ainda que o munícipio é
autossuficiente na produção de abóbora, banana-prata, macaxeira, cheiro-verde, limão,
quiabo, vinagreira, batata-doce, manga, laranja, melancia, farinha, arroz, feijão, tapioca,
milho e mamão.
Nota-se ainda que o sindicato dos pequenos produtores de Pindaré Mirim também declarou
não ter tomado conhecimento do certame. O sindicato tem interlocução com diversas
cooperativas de pequenos produtores do município e poderia também ter apoiado tal
divulgação. O sindicato ainda declarou que a cooperativa vencedora – Coarpas- não está
ligada àquele sindicato de pequenos produtores.
De acordo com o “Manual de aquisição de produtos da agricultura familiar” a chamada
pública deve ser divulgada para organizações locais da agricultura familiar (como sindicatos
rurais, cooperativas, associações, movimentos sociais e demais entidades da agricultura
familiar) e para entidades de assistência técnica e extensão rural do município ou do estado.
A publicação poderá ser feita também em outros locais com potencial de divulgação das
Chamadas, como rádios comunitárias locais e jornais de circulação regional, estadual ou
nacional.
Conclui-se que a divulgação da Chamada pública não foi suficiente para alcançar o público-
alvo do programa, que por suas características peculiares, necessita de tratamento
diferenciado, que incentive sua participação.
e) Contratação de cooperativa que não é de agricultura familiar dentro do
percentual de 30%.
A cooperativa com a qual foi firmado projeto de venda, foi criada em 02 de setembro de
2014, (Cadastro Nacional da Pessoa Física) sendo que a Chamada Pública foi publicada já
em 21 de janeiro de 2015. Neste exercício, a cooperativa não possuía extrato de Declaração
de Aptidão ao Pronaf - DAP jurídica, não se enquadrando como de agricultura familiar. A
DAP jurídica da cooperativa só foi emitida em 15 de fevereiro de 2016.
f) Irregularidades na composição e prestação de serviços da cooperativa
contratada
Em análise à composição da cooperativa, verificou-se que é composta de 40 sócios, no
entanto, apenas 4 enquadram-se como agricultores familiares, sendo os outros 35 pescadores
ou pescadoras e 1 extrativista. Ressalta-se que a pauta de compras da agricultura familiar de
Altamira do Maranhão não possui nenhum peixe.
Outra distorção são os produtos carne, polpa e frango que não são produzidos na região, os
quais, de acordo com o projeto de venda, seriam produzidos pelos seguintes produtores:
Quadro 01 – Produtos não produzidos na região, mas informados que sim na prestação de contas.
2015 2016
Agricultor Produtos Valor Produtos Valor
***.217.833-** carne e frango 12.300
2015 2016
Agricultor Produtos Valor Produtos Valor
***.544.863-** polpa de acerola, cajú,
abacaxi e goiaba 19.190 ovo, frango 3.900
***.620.992-** carne e ovos 14.100 polpa caju, cupuaçu,
acerola, cajá e goiaba 15.880
***.223.423-** carne e frango 12.300
***.005.613-** frango, polpa de acerola,
de caju e abacaxi e pão 17.576
***.077.833-**
carne moída 19.500
***.067513-**
frango 19.500
TOTAL
75.466
58.780
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir das Prestações de Contas do Pnae.
No Quadro 01 acima, estão listados os produtores que supostamente forneceriam carne,
frango e polpa em 2015 e 2016. Contudo, nota-se que foi declarado em 2015 que agricultor
***.544.863-** produzia polpas, já em 2016 produzia ovo e frango. Já o agricultor
***.620.992-** produzia carne e ovos e 2015 passou a produzir polpas variadas em 2016. A
mesma alteração ocorreu nos casos abaixo.
Quadro 02 – Variação dos produtos fornecidos por um mesmo produtor nas propostas de 2015 e 2016.
Agricultor 2015 2016
***.668733-** Abóbora, macaxeira, quiabo, alface,
pimenta de cheiro e alho
Banana, batata-doce, batata inglesa,
cebola e alho
***.977.883-** Banana, manga, maxixe, quiabo e
pimentão
Alface, cebola, abóbora, tomate e
maxixe
***.163.073-** Repolho, alho, macaxeira, beterraba e
banana prata Melancia, milho, repolho e banana
***.126.833-** Cenoura, maxixe, limão, quiabo e
repolho Tapioca e pão
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir das Prestações de Contas do Pnae.
Foram realizadas visitas na propriedade de alguns produtores relacionados no projeto de
venda. O produtor ***.131.673-** apesar de estar relacionado no projeto de venda, não está
filiado à cooperativa. Outras distorções entre a proposta de venda e a produção observada
nas propriedades estão listadas abaixo. Os agricultores aglutinados no mesmo quadro são
casados e compartilham a mesma produção, em que pese a proposta de venda ter listado
produtos distintos.
Quadro 03 – Produção declarada na proposta de preços e produção real observada em visita local.
Proposta técnica 2016 Produção real
***.131.673-**
batata doce, batata inglesa,
cenoura, chuchu, vinagreira e
macaxeira
feijão, vinagreira, macaxeira e cheiro-verde
***.254.183-** banana, limão, cheiro-verde
vinagreira, quiabo, maxixe, macaxeira e
feijão ***.387.133-**
abobora, batata-doce, batata
inglesa, beterraba, laranja e tomate
***.163.073-** melancia, milho, repolho e banana
cheiro verde, maxixe, cebola e vinagreira
Proposta técnica 2016 Produção real
***.977.883-** banana, manga, maxixe, quiabo e
pimentão
***.396.443-** alface, couve, pimenta de cheiro,
batata doce e batata inglesa cheiro verde, maxixe, cebola e vinagreira
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir das Prestações de Contas do Pnae em comparação com
os resultados obtidos na visita in loco às propriedades vistoriadas.
Como foi observado nas propriedades visitadas e conforme declarações dos agricultores
visitados, a produção do povoado de Santa Helena, onde moram os agricultores
fornecedores, de acordo com a proposta de venda, não apresenta cultivo de banana, limão,
caju, manga, melancia, laranja, tomate, batata doce, batata inglesa, repolho, milho e
beterraba. Portanto, os agricultores declarados na proposta de venda não foram os reais
fornecedores da merenda escolar do município de Altamira do Maranhão.
Em visita à sede da cooperativa vencedora do certame, foi entrevistado o diretor da
cooperativa, ***.077.833-** que estava no local. Ele informou que é responsável apenas
pelos serviços gerais do local. Disse que não tem e nunca teve acesso à documentação de
filiação dos membros, estatutos da cooperativa, projetos de venda ou quaisquer outros
documentos relacionados à cooperativa. Em questionamento aos moradores da região, foi
informado que o entrevistado não é agricultor, em que pese ele estar relacionado no projeto
de venda de 2016 como fornecedor de carne moída.
Neste sentido, conclui-se que a cooperativa contratada, que é representada pelo presidente
***.656.373-**, que não é agricultor familiar, atuou apenas como intermediária na compra
de produtos para a merenda escolar do munícipio não tendo sido beneficiada com o Pnae
nem mesmo a agricultura familiar do município de Pindaré-Mirim.
g) Compra de produtos sem inspeção sanitária
De acordo com a legislação sanitária, os produtos de origem animal fornecidos para merenda
escolar devem ser objeto de avaliação sanitária. Como a proposta de preços da cooperativa
foi fictícia, não foi possível rastrear o real fornecedor de ovo para a merenda do município,
assim, não se verificou também o cumprimento da legislação em relação ao ovo comprado.
Ressalta-se que esta problemática deveria ter sido observada por meio da solicitação de
amostra dos produtos a serem fornecidos para a merenda escolar conforme prevê §5º, art. 33
da Resolução FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Nesta fase também deveria ter sido
elaborado cronograma de entrega dos produtos levando em consideração a sazonalidade da
produção.
Outras distorções observadas nesta constatação como a compra de produtos que não se
enquadram como de agricultura familiar poderiam ter sido corrigidas nesta fase de amostra
para controle de qualidade.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de Altamira
do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a seguinte
manifestação:
a) Irregularidades na pesquisa de preço.
O auditor aponta que duas cooperativas que apresentaram cotação de preços
tem como atividade principal a defesa de direitos social, todavia, basta consultar o CNPJ
para constatar que a descrição das atividades econômicas indica a produção de alimentos.
Nega-se a alegação de que a pesquisa de mercado foi feita em caráter estadual,
pois Altamira é vizinha da cidade de Pindaré-mirim, ambas fazendo parte da mesma região
do Estado. Logo, na ausência de fornecedores municipais aptos a produzir os produtos
agrícolas constantes no Edital, a CPL passou a fazer uma pesquisa no mercado regional.
Não se sabe o que levou o auditor a afirmar que o Município de Altamira do
Maranhão tenha uma “feira do produtor local”. Saiba que a “feira” municipal resume-se
ao comércio de roupas, brinquedos, CDs e utensílios domésticos não havendo a presença de
agricultores comercializando frutas ou legumes – mesmo porque a cultura da região é a
pecuária de corte e a pouca produção agropecuária tem finalidade de consumo próprio.
Também não é verídico que a feira do produtor de Pindaré não tenha sido
consultada, o que ocorre é que os feirantes de Pindaré consultados pela CPL afirmaram
adquirir seus produtos no Mateus Mix de Santa Inês o que desvirtuaria o propósito da
Chamada Pública.
Por fim, cabe destacar que a informação apresentada pelo Sindicato dos
Produtores de Altamira do Maranhão é FALSA, pois, como já dito, a cultura local é
exclusivamente pecuarista.
Ademais, o presidente do sindicato local é conhecido opositor político da atual
gestão e apresentou tal informação com o único propósito de prejudicar esta Administração
– tanto que se questiona qual elemento probatório foi apresentado ao Auditor para
corroborar tal alegação.
Por fim, cabe frisar que o referido Sindicato não participou da Chamada
Pública, uma vez que não possui DAP jurídico - como se prova pelo printscreen da tela de
extrato da DAP do Ministério do desenvolvimento agrário.
b) Falta de mapeamento da produção familiar local e pauta de compras
desalinhada à produção local.
O tópico é pautado em omissão no relatório da auditora, pois, em entrevista
com a nutricionista, foi esclarecido que é impossível realizar mapeamento de uma produção
local que não existe – reitere-se que o presidente do sindicato local é inimigo político
declarado desta gestão não sendo fonte digna de confiança.
Como explanado à Auditora, Altamira não possui produção agrícola local,
exceto uma parca produção voltada para o consumo familiar, e que a cultura da região é
totalmente voltada para a Pecuária – fato confirmado em entrevista com populares e
omitido na ordem de serviço.
Ademais, os documentos em anexo, deixam claro que a carne, frango e polpa de
fruta representam valores que, somados, perfazem apenas 30% dos gastos com aquisição da
agricultura familiar.
c) Chamada Pública sem definição prévia de preços e adjudicação global.
A auditora põe em dúvida a lisura do processo de Chamada Pública focando-se
em especial na ausência de preço unitário de produtos, além de fazer eco às questões já
pontuadas nos itens anteriores.
Ora, a crítica não tem fundamento, pois todo o processo de Chamada Pública
foi pautado na Resolução 04/2015 – inclusive o modelo de proposta de preços e do Edital
de Chamada pública adotados são aqueles constantes como anexos à dita Resolução.
Ressalte-se que o art. 29, §1º e §2º da dita Resolução atesta sem margens para
interpretações que o preço de aquisição será o preço da média da pesquisa por, no mínimo
3 mercados, em âmbito local e, subsidiariamente, regional – não se especificando em
nenhum momento que a pesquisa deve ser feita por item.
Dessa forma, se a Chamada Pública supostamente não atende algum ponto
estabelecido pelo “Manual de Aquisição” mencionado na ordem de serviço, ainda assim
não se pode questionar sua validade, pois, inteiramente pautado na legislação vigente.
d) Falta de divulgação da Chamada Pública aos pequenos produtores.
Cabe informar que o Município de Altamira NÃO possui jornal de circulação
local, logo, a Comissão de Licitação teve que encontrar alternativas para garantir a
publicidade da Chamada Pública por meio de publicação no mural da prefeitura,
divulgação no Jornal Atos e Fatos que possui distribuição na região de Pindaré-Mirim, e,
por fim, em Diário Oficial.
Reitera-se que as informações apresentadas pelo Presidente do Sindicato dos
Produtores de Altamira são falsas e pautadas unicamente em motivação política.
Estranha-se que o Sindicato dos Produtores de Pindaré Mirim declare não ter
tido conhecimento, visto que outras Cooperativas da região tomaram conhecimento pela
imprensa. (doc. em anexo)
e) Contratação de cooperativa que não é de agricultura familiar dentro do
percentual de 30%.
A alegação se pauta unicamente no fato de que a Cooperativa não possuía DAP
jurídica à época da chamada pública, todavia, a dita declaração é emitida anualmente,
logo, o fiscal pautou sua observação na última DAP da Cooperativa.
Faz-se a juntada das DAPs Jurídicas de 2014 e 2015, demonstrando que a
Cooperativa estava apta a participar da Chamada Pública.
f) Aprovação do Projeto Fictício
Dentre as ditas “distorções” apontadas pelo Auditor, está a mudança de alguns
dos itens fornecidos pelos agricultores no projeto de venda dos anos de 2015 e 2016 da
cooperativa vencedora.
Sobre a questão, a prefeitura informa que não cabe a ela fiscalizar ou impor as
culturas produzidas por cada membro da Cooperativa vencedora do certame desde que esta
cumpra as obrigações assumidas contratualmente e garanta o fornecimento constantes dos
itens da merenda escolar.
h) Compra de produtos sem inspeção sanitária.
As ditas “distorções” apontadas são pautadas na Resolução FNDE nº. 26, de 17/06/2013,
no entanto, como deveria ser de conhecimento do Auditor, esta foi revogada pela Resolução
nº. 04/2015.
Basta a leitura da Resolução nº. 04/2015 para constatar que a legislação NÃO exige
solicitação de amostra, como apontado.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
a) Irregularidades na pesquisa de preço.
As irregularidades na pesquisa de preço vão muito além da descrição das atividades no
CNPJ, trata-se principalmente da participação dos mesmos membros das cooperativas que
apresentaram propostas de preços na cooperativa vencedora. Nesse sentido, demonstrou-se
que todas as propostas de preços foram feitas por membros da própria cooperativa
vencedora. Assim, não houve efetivamente propostas de preços de três distintos possíveis
fornecedores.
A alegação de que Pindaré Mirim seja da mesma região do estado não possui qualquer
fundamentação teórica ou legal. Ainda, a pesquisa de preços neste município não se justifica
já que não foi apresentada qualquer comprovação de pesquisa no mercado local de Altamira
do Maranhão. Ressalta-se ainda, que tal pesquisa de mercado não é atribuição da CPL mas
do responsável nutricionista.
Na feira do produtor local realizada toda sexta-feira no município, inclusive quando a
equipe estava no município, é realizada a venda de algumas frutas e legumes. Sendo estas as
mesmas variedades que são produzidos pelos supostos fornecedores da cooperativa que
também foram visitados pela equipe de auditoria.
Em consulta ao sindicato de pequenos produtores de Pindaré Mirim e em visita à feira do
município verificou-se que vários feirantes são também produtores ou compradores de
produtores locais. Em que pese a justificativa do gestor de que os feirantes adquirem
produtos no Mates Mix de Santa Inês, tal afirmação não tem qualquer respaldo
comprobatório. Ainda, não houve evidência de efetivo funcionamento e possibilidade de
fornecimento dos gêneros pelas cooperativas que foram pesquisadas pelo gestor no
levantamento de preços. Tanto é assim que as mesmas não participaram efetivamente da
chamada pública.
Quanto à participação do sindicato na Chamada pública, pela ausência de CNPJ, cabe
destacar que esta participação poderia ser como parceiro na divulgação aos produtores da
região ou na realização da pesquisa de preços na região, sendo que para tanto, não é exigido
CNPJ.
Por fim, não cabe a esta Controladoria discutir divergências políticas entre os atores da
região, entendendo-se que não há qualquer comprovação de pesquisa de preços local ou
mapeamento e fomento da produção local a partir da análise dos autos dos processos
analisados e das verificações feitas localmente. Ainda, não há comprovação de interlocução
com quaisquer outros atores representantes de pequenos produtores da região na elaboração
e divulgação das chamadas públicas.
b) Falta de mapeamento da produção familiar local e pauta de compras
desalinhada à produção local.
Ressalta-se que tal mapeamento não foi realizado pela nutricionista nem localmente nem
estadualmente. Não foi apenas o sindicato de Altamira do Maranhão que não foi pesquisado
pela nutricionista, mas também o sindicato de pequenos produtores de Pindaré-Mirim que se
relaciona com os pequenos produtores deste outro município.
Mesmo que não existisse produção local, deveria haver então o mapeamento de outras
regiões próximas. Não há qualquer respaldo de estudos técnicos para as aquisições serem
realizadas no município de Pindaré Mirim.
Tal falta de estudo da produção local e estadual resultou em compra de produtos que não são
produzidos pela agricultura familiar dentro do percentual destinado a este público-alvo,
como polpa de frutas e carnes.
c) Chamada Pública sem definição prévia de preços e adjudicação global.
Ressalta-se que tendo em vista as diversas irregularidades do processo de aquisição de
alimentos da agricultura familiar, como falta de interlocução com atores locais e regionais,
falta de mapeamento da produção local ou regional, contratação de projeto de venda fictício,
compra de produtos sem rastreamento dos efetivos produtores, compra de produtos que não
são da agricultura familiar dentro do percentual de 30%, entende-se que seja essencial o
estudo pela prefeitura do Manual de Aquisição de produtos da agricultura familiar, que por
ser mais didático esclarece os preceitos da legislação em vigor e visa a ampliação da
competitividade.
Ressalta-se que o entendimento do gestor quanto à Resolução FNDE 4/2015 é divergente da
interpretação do FNEDE explicitado no manual citado acima de que é necessária a definição
de preços por itens na chamada pública. Nesse sentido, entende-se que a falta de definição
prévia de preços dos itens e adjudicação global dos itens prejudica a competitividade do
certame.
d) Falta de divulgação da Chamada Pública aos pequenos produtores.
Ressalta-se que a agricultura familiar é um grupo que por sua especificidade não é atingido
pela publicação do edital no mural da prefeitura ou pela publicação no jornal atos e fatos,
neste sentido a prefeitura deve contar com parceiros na divulgação deste edital, o que não
ocorreu no caso em questão, possivelmente devido às divergências políticas com
responsáveis que atuam no sindicato na região, o que prejudicou os pequenos produtores
locais.
Ao contrário do que afirma o gestor, não há comprovação de que outras cooperativas da
região de Pindaré-Mirim tenham tomado conhecimento do edital da licitação, já que houve
apenas um concorrente nas duas Chamadas públicas analisadas.
e) Contratação de cooperativa que não é de agricultura familiar dentro do
percentual de 30%.
Ao contrário da afirmação do gestor de que a DAP é anual, esclarece-se que sua validade é
de 3 anos a partir da emissão.
No processo analisado da Chamada pública de 2015 não há qualquer documento quanto à
DAP da cooperativa válida naquele exercício. Os documentos apresentados na justificativa
posterior não são válidos por não estarem acompanhados dos extratos da DAP que devem
ser extraídos do sítio HTTP//DAP.MDA.GOV.BR, conforme esclarecimento contido no
próprio documento apresentado.
Portanto, conclui-se que em 2015 a cooperativa contratada não possuía DAP válida.
f) Aprovação do Projeto Fictício
Ao contrário do entendimento da prefeitura, cabe sim a ela fiscalizar o devido fornecimento
dos produtos pelos membros da cooperativa, a fim de garantir que os produtos sejam
produzidos por produtores familiares e que os objetivos do programa de fomentar a
agricultura familiar sejam atingidos.
A apresentação de projetos de venda fictício poderia ser verificada pela disponibilização de
produtos que notadamente não são da agricultura familiar como polpas de frutas, carnes e
frangos, que evidenciaram o descumprimento contratual.
g) Compra de produtos sem inspeção sanitária.
Ao contrário da justificativa do gestor de que a Resolução FNDE nº. 26, de 17 de junho de
2013 tenha sido revogada pela Resolução nº. 04/2015, esclarece-se que esta segunda
resolução alterou apenas a redação dos artigos 25 a 32 da primeira resolução citada,
portanto, o artigo 33 da Resolução de 2013 quanto à exigência de amostra para inspeção
sanitária permanece válido.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Aquisição de produtos que não se enquadram como da agricultura familiar
dentro do percentual de 30% repassados.
Fato
A Lei nº 11.947, 16 de junho de 2009, estabelece, em seu artigo 14, que, do total dos
recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do Pnae, no mínimo 30% deverão ser
utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do
empreendedor familiar rural ou de suas organizações.
De acordo com o constante da prestação de contas da entidade executora enviada ao FNDE
em 2015, tal percentual é cumprido no município. No entanto, em verificação ao estoque do
armazém central e das escolas, verificou-se que certos produtos incluídos na pauta de
compras da agricultura familiar - polpas de frutas, carne moída e frango - não foram
adquiridos da agricultura familiar, conforme fotos abaixo:
Foto 09: Frango congelado industrializado.
Altamira do Maranhão, 31 de agosto de 2016.
Foto 10: Carne moída industrializada. Altamira do
Maranhão, 31 de agosto 2016.
Foto 11: Polpa de fruta industrializada. Altamira Foto 12: Diversos produtos industrializados.
do Maranhão, 31 de agosto de 2016. Altamira do Maranhão, 31 de agosto de 2016.
Fonte: Elaborado pela Equipe a partir de situação constatada em visita in loco ao armazém central.
Na verdade, os produtos são produzidos por grandes empresas/produtores com
reconhecimento nacional, conforme detalhado a seguir: polpa de frutas (Açaimar Indústria e
Comercio de polpa de frutas Ltda., CNPJ 08.666.518/0001-70, em São Luís/MA); frango de
uma das maiores indústrias de produtoras de frango do estado de Minas Gerais (frango
Cogran – Cooperativa dos Granjeiros do Oeste de Minas LTDA, CNPJ: 21.483.359/0003-
07) outra marca de frango (Santa Izabel Alimentos – Frango Americano, CNPJ:
03.779.994/0001-84, Santa Izabel do Pará/PA) e carne moída (Mafripar CNPJ:
83.318.790/001-85, Belém/PA).
Em 2016, considerando que o valor desses produtos na proposta inicial de preços era R$
57.880,00 e a proposta total somava 105.000,00, calcula-se que estes representaram 55% do
total de compras que deveriam ser da agricultura familiar. Em 2015, em análise à prestação
de contas ao FNDE, verificou-se que a compra desses produtos representou 54% das
compras que deveriam ser da agricultura familiar.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de Altamira
do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a seguinte
manifestação:
O auditor aponta suposto descumprimento ao artigo 14 da Lei 11.947/2009 pela aquisição
de produtos industrializados dentro do percentual da agricultura familiar, que, como se
verá, não se sustenta.
Antes de tudo, cabe citar o resto do texto do referido artigo, qual seja:
Art.14:
(...)
§ 2o A observância do percentual previsto no caput será
disciplinada pelo FNDE e poderá ser dispensada quando presente
uma das seguintes circunstâncias:
(...)
II - inviabilidade de fornecimento regular e constante dos gêneros
alimentícios;
Em uma região sem tradição agropecuária, os fornecedores não podem se
comprometer a realizar uma entrega constante de produtos orgânicos, sendo razoável
esperar que um percentual dos itens necessitados sejam complementados com congelados,
porém de origem natural (frango, carne e polpas).
Reitere-se, por fim, conforme documentos em anexo, que os valores gastos com
os itens acima destacados atingem, no máximo, 30% dos valores utilizados.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O contrato firmado com a Cooperativa Coarpas foi celebrado a partir de Chamada Pública.
O contrato tem respaldo no projeto de venda apresentado pela cooperativa que previa o
fornecimento dos produtos citados – polpa de frutas, carnes e frango – por agricultores
familiares.
No entanto, os produtos foram comprados de grandes empresas fornecedoras de gêneros
alimentícios em descumprimento artigo 14 da Lei 11.947/2009, que prevê que 30% dos
produtos devem ser adquiridos da agricultura familiar, com dispensa de procedimento
licitatório.
Em nenhum momento durante a realização da chamada pública, da contratação ou da
prestação de contas, foi alegado pelo gestor a “inviabilidade de fornecimento regular e
constante dos gêneros alimentícios”, conforme a prefeitura alega em sua justificativa.
Pelo contrário, os produtos foram comprados por meio do contrato firmado com a
cooperativa por dispensa de licitação. Ressalta-se que para a compra de produtos que não
são provenientes da agricultura familiar, a licitação não pode ser dispensada.
Conclui-se que houve descumprimento contratual da Clausula Segunda do contrato firmado
com a cooperativa, pela qual o contratado se comprometia a fornecer os gêneros alimentícios
da agricultura familiar ao contratante conforme projeto de venda de gêneros alimentícios da
agricultura familiar anexa ao contrato.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Aquisição de produtos em desacordo com a pauta de compras/cardápio
elaborada pelo profissional de nutrição.
Fato
No edital do Pregão Presencial nº 05/2016 e da Chamada Pública 01/2016, verificou-se que
os seguintes alimentos compunham a pauta de compras, mas não estavam presentes em
nenhum dos cardápios elaborados: arroz à grega com frango, café em pó, farinha de
mandioca, flocão de arroz, mingau de aveia c/ coco, proteína vegetal texturizada de soja,
sardinha em conserva, ovo, tapioca e pão.
A pauta de compras também foi composta de preparações industrializadas prontas, tais como
risoto de carne, risoto de frango, sopa de carne com legumes e sopa de macarrão com frango
que também se mostrou desnecessária já que nas compras da agricultura familiar havia
diversos legumes, carne e frango que poderiam compor essas preparações de forma mais
saudável.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Todos os cardápios avaliados são compostos de alimentos pertinentes ao da pauta de
compra, porém, só foram avaliados os cardápios do semestre em vigor, fazendo-se assim
necessário a avaliação dos cardápios do semestre anterior, onde se encontram as outras
preparações.
Segue em anexo os cardápios que foram utilizados nos anos letivos de 2015 e
2016.
Os alimentos industrializados citados fazem-se necessário para garantir o
aporte nutricional durante o período de escassez dos alimentos provenientes da agricultura
familiar (é de conhecimento de todos que existe o período de sazonalidade) fazendo-se
necessário a complementação da merenda escolar com produtos industrializados.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O cardápio para alimentação escolar deve ser parte integrante dos processos licitatórios para
compra de alimentos. Portanto, deve ser feito previamente à elaboração da pauta de
compras.
Nos processos analisados só havia um cardápio por ano letivo. Ainda, por meio da
solicitação de fiscalização nº 201601969/01 foram pedidos todos os cardápios elaborados
para os exercícios de 2015 e 2016 com os aportes nutricionais das composições, sendo que
nesta oportunidade também foram disponibilizados apenas um cardápio para cada exercício.
Nas visitas às escolas, realizada no segundo semestre de 2016, foram verificados os
cardápios afixados nos murais, sendo que correspondiam aos mesmos integrantes dos editais
do pregão e chamada pública de 2016.
Sendo assim, entende-se que os cardápios semestrais disponibilizados pela prefeitura em
justificativa a esta constatação foram elaborados posteriormente aos planejamentos de
compra da unidade. Por isso, não são capazes de sanar a constatação de que o planejamento
da pauta de compras não está de acordo com os cardápios elaborados.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Baixa qualidade da merenda escolar oferecida em desrespeito à política de
alimentação saudável do Pnae.
Fato
Foi analisado o cardápio de alimentação escolar para os exercícios de 2015 e 2016.
Verificou-se que foi elaborado apenas um cardápio padrão para todas as escolas do
município, com previsão de merenda para 1 refeição durante 20 dias letivos. Nas escolas
visitadas, o cardápio estava afixado no mural das escolas, sendo o mesmo cardápio para
todas as escolas, de todas as faixas etárias e de todos os turnos. Mesmo para as escolas que
deviam oferecer dois tipos de refeição por dia, como as creches, não havia cardápio
diferenciado composto de duas refeições.
Nesse sentido, o cardápio não leva em consideração algumas exigências do art. 14 da
Resolução CD/FNDE nº 26/2013, segundo o qual deve ser definido o horário da refeição e o
tipo de alimento adequado a cada tipo de refeição, deve haver diferenciação da porção
conforme a faixa etária dos alunos e que devem ser atendidos os alunos com necessidades
nutricionais específicas. Ressalta-se que a prática de cardápio único para todos os meses do
ano, desconsidera variações na sazonalidade dos produtos e nas necessidades de
diversificação na alimentação escolar. O mesmo artigo ainda estabelece que os cardápios
devem oferecer, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana (200g/por
aluno/semana) nas refeições ofertadas, sendo que as bebidas à base de frutas não substituem
a obrigatoriedade da oferta de frutas in natura. Em 2016, o cardápio previa a oferta de
apenas 1 fruta in natura por semana e a oferta de salada 1 vez a cada duas semanas,
quantidade abaixo do mínimo estabelecido.
Ressalta-se, ainda, que não havia nem frutas nem verduras no estoque de nenhuma escola
visitada tampouco estocadas no armazém central. Em questionamentos aos alunos quanto à
oferta de frutas na merenda, os mesmos informaram serem muito raras. Os alunos das
escolas visitadas também reclamaram da pouca diversificação da merenda, afirmando que
ela se restringe a biscoitos, bolachas e leite com achocolatado.
Observou-se, também, que a pauta de compras de 2016 foi composta de diversas
preparações prontas como arroz à grega com frango, risoto de carne, risoto de frango, sopa
de carne com legumes e sopa de macarrão com frango. Portanto, o cardápio não respeita a
política de restrição à oferta de alimentos industrializados. A compra de tais alimentos
prontos torna-se ainda mais injustificada já que produtos naturais compõem a pauta de
compras da agricultura familiar, tais como legumes, carne e frango.
A oferta desses alimentos aos alunos contraria as diretrizes da alimentação escolar
estabelecidas pelo artigo 2º da Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, principalmente no que
diz respeito à alimentação saudável e adequada (uso de alimentos variados, seguros, que
respeitem a cultura, tradições e hábitos alimentares saudáveis e que contribuam para o
crescimento/desenvolvimento e para a melhoria do rendimento escolar dos alunos) e ao
desenvolvimento sustentável (compra de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em
âmbito local). Tal deficiência deve-se provavelmente à falta de estudo da produção familiar
local e falhas na chamada pública para compra desses alimentos que resultaram em restrição
ao processo competitivo e consequente compra desses alimentos em outro município.
Outras falhas nas atividades dos nutricionistas do Município que podem acarretar prejuízos à
qualidade da merenda escolar foram: falta de mapeamento dos produtos da agricultura
familiar local previamente à elaboração dos cardápios, falta de elaboração e implementação
do Manual de Boas Práticas para serviço de alimentação de fabricação e controle para UAN,
não elaboração do plano anual de trabalho do Pnae e falta de interlocução e assessoramento
do CAE.
Conclui-se que diversas outras constatações apontadas em outros pontos deste Relatório (tais
como falhas na chamada pública e no processo licitatório, fragilidade da fiscalização por
parte do CAE, inexistência de fiscalização por parte do fiscal, número de nutricionistas
contratados abaixo do quantitativo exigido, falta de controle de estoque e falta de
cronograma de distribuição de alimentos) contribuem para a problemática aqui apontada de
baixa qualidade da merenda escolar ofertada aos alunos.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de Altamira
do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a seguinte
manifestação:
“Novamente o auditor ignora a existência dos cardápios semestrais – sendo o do último
semestre aquele que estava fixado nas escolas. Quanto a observação feita sob as creches,
cabe informar que as creches do município não são integrais, logo, é natural que o
cardápio não possua duas refeições diárias.
Assim, nega-se a existência de um cardápio único apontada pelo Auditor, além
do alegação de que a merenda limita-se a biscoitos, bolacha e leite com nescau.
Os cardápios elaborados visam atender todos os requisitos do FNDE, a cada
semestre é apresentado um novo cardápio levando em consideração o turno, e a faixa etária
dos alunos atendidos, diferenciando-se entre as escolas do ensino fundamental e creche.
No mesmo período, os manipuladores de alimentos passam por treinamentos
teóricos e práticos (sobre boas práticas de manipulação, tipos de alimentos a serem
manipulados, tipos de preparações e porcionamento), tendo em vista que são os próprios
manipuladores os responsáveis por preparar e porcionar os alimentos.
Em relação ao quantitativo de frutas e verduras existentes no cardápio foram
consideradas as frutas regionais e a capacidade da agricultura familiar em fornece-las,
sabendo de sua pericividade, das dificuldades de transporte, na qual os mesmos são usados
de imediato, não ficando estocados.
Por fim, frisa-se que o Manual de Boas Práticas de Manipulação foi elaborado
e implantado no primeiro semestre de 2016, ficando disponível para o responsável de cada
escola na Secretária de Educação.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Como já foi colocado anteriormente, em visita às escolas no segundo semestre de 2016,
constatou-se que os cardápios afixados nos murais das escolas correspondiam ao mesmo
cardápio anual dos editais do pregão e da Chamada pública de 2016, sendo o mesmo para
todas as escolas e creches visitados.
Ainda, por meio da solicitação de fiscalização 201601969/01, foi solicitada a
disponibilização de todos os cardápios utilizados nos exercícios de 2015 e 2016, tendo sido
disponibilizados somente os cardápios anuais anteriormente apresentados.
Portanto, os cardápios agora disponibilizados como justificativa não compunham nenhum
dos processos disponibilizados à época da realização da auditoria.
De qualquer forma, mesmo nesta segunda oportunidade, os cardápios apresentados não se
distinguem por tipo de escola, faixa etária e turno de aula.
Ressalta-se por fim, de acordo com a Resolução CFN n⁰ 465/2010 mesmo as creches de
período parcial devem oferecer aos alunos 2 refeições diárias.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. Produtos alimentícios comprados com preços unitários divergentes e acima do
valor da proposta inicial, produtos recebidos diferentes da proposta original e notas
fiscais sem especificação de marca.
Fato
Em 23 de fevereiro de 2015, foi emitida pela Coarpas a Nota Fiscal Avulsa nº 1510017846,
de 23 de fevereiro de 2016, relativa à compra de polpa de abacaxi. Foram compradas 12
unidades a R$ 72,50 cada, totalizando R$ 870,00. Ainda, no dia 23 de fevereiro de 2015, foi
emitida pela mesma cooperativa a Nota Fiscal Avulsa nº 1510017851, também relativa à
compra de polpa de abacaxi, sendo, dessa vez, 12 unidades a R$ 56,00 cada, totalizando R$
672,00. Contudo, na proposta de preços, esse produto estava cotado a R$ 12,00 a unidade. O
valor pago a maior, considerando as duas notas fiscais, totaliza R$ 1.254,00.
Ainda, constatou-se que as notas fiscais emitidas pelo fornecedor dos gêneros alimentícios,
relativamente à parcela de 70% da merenda escolar, no período de 1º de janeiro de 2015 a
junho de 2016, não trazem as marcas dos produtos que estão sendo faturados e entregues.
Verificou-se, tanto no depósito central quanto nas escolas, a existência de alimentos de
marcas diferentes daquelas originalmente ofertadas nas licitações. Como exemplo, abaixo
retrata-se a nota fiscal nº 2851 emitida pela A. da C. Muniz Neto (Distribuidora Muniz), em
20 de julho de 2015.
Figura 01 – Nota Fiscal sem as marcas dos produtos fornecidos.
Fonte: Prestação de contas da parcela de 70% dos recursos do Pnae.
Uma vez que os editais dos certames exigiam que os licitantes deveriam colocar as marcas
dos alimentos em suas propostas, as trocas de marcas dos produtos não poderiam ter sido
aceitas, uma vez que os licitantes não podem desvincular-se de suas propostas. As seguintes
distorções entre as marcas da proposta vencedora e as marcas dos produtos em estoque nas
escolas e no armazém central foram constatadas.
Quadro 04 – Distorções entre as marcas dos produtos listadas nas propostas de preços e nas notas fiscais.
DESCRIÇÃO DO
PRODUTO
MARCA OFERTADA NA
LICITAÇÃO
MARCAS DOS PRODUTOS
ENTREGUES PELA EMPRESA
Biscoito água e sal tipo
cream cracker ESTRELA PILAR
Leite em pó integral PIRACANJUBA ITALAC
Margarina PRIMOR DELICATA, PURO SABOR E
PRIMOR
Arroz branco BOM DE GOSTO PRÍNCIPE, RICO PRATA
Achocolatado em pó PRATIVITA MARATÁ
Óleo de soja ABC CONCÓRDIA, SOYA, SINHÁ
Macarrão tipo espaguete BONSABOR, ESTRELA E
TRIGOLINO
Extrato de tomate QUERO BONARE, QUERO E ARISCO
Flocão de milho MARATÁ SINHÁ
Vinagre GOTA REGINA, FIGUEIRA
Colorífico SINHÁ MARATÁ
Fonte: Prestação de contas da parcela de 70% dos recursos do Pnae.
Seguem fotos que evidenciam a falta de padronização das marcas de produtos entregues nas
escolas:
Fotos 15 a 17: alimentos de marcas diversas no estoque da escola de Curralinho em 31
de agosto de 2016.
Ressalta-se que a frágil fiscalização do contrato por parte do CAE e a inexistência de
fiscalização por parte do fiscal do contrato resultam na problemática ora apontada de
divergências entre preço/marca das mercadorias da proposta técnica e dos alimentos
efetivamente recebidos e notas fiscais emitidas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
No que tange ao superfaturamento apontado pela auditora cabe registrar que
não houve prejuízo ao erário. Explica-se.
Houve erro no preenchimento das notas fiscais avulsas nº. 1510017846 e nº.
1510017851, ambas de 23/02/2015, uma vez que o valor unitário cotado de
R$12,00/unidade foi erroneamente digitado no campo “Quantidade”; já o peso em quilos
foi digitado no campo “valor unitário” – em uma constando compra de 56 kls de polpa e
outra compra de 72,5 kls de polpa.
Todavia, como já apontado, em uma multiplicação a ordem dos fatores não
altera o produto, logo, o valor da nota fiscal não se altera com a inversão dos dados
erroneamente preenchidos, não havendo excesso no pagamento ou prejuízo ao erário.
No que tange as supostas irregularidades das notas fiscais emitidas pelo
fornecedor do gênero alimentícios, cabe informar que estas não existem, pois foram
pautadas em análise da DANFE (?!?), não da nota fiscal – basta olhar o documento para
constatar que a figura 01 do item é uma imagem do DANFE.
O fato é estranho, pois o auditor teve acesso tanto ao DANFE, como à nota
fiscal nº. 2851.
Quanto as distorções de marcas, cabe informar que este fato é questão pontual e que
se só ocorrem em situações em que os produtos licitados não se encontram no mercado,
porém, estes são substituídos por marcas de preços e qualidades equivalentes não causando
prejuízo ao erário e, tampouco, implicando em diminuição da qualidade da merenda
ofertada. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Não se acata a justificativa da unidade quanto ao erro de preenchimento da nota fiscal. Caso
existisse tal erro, o mesmo deveria ter sido corrigido anteriormente ao pagamento das
parcelas correspondentes.
Quanto à justificativa de invalidade da análise da DANFE, ressalta-se que a descrição dos
produtos constantes da DANFE e da nota fiscal são as mesmas. Sendo assim, frisa-se
novamente que nas notas fiscais emitidas pelo fornecedor não constam a descrição das
marcas dos produtos.
Fonte: Prestação de contas da parcela de 70% dos recursos do PNAE.
]
Fonte: Prestação de contas da parcela de 70% dos recursos do Pnae.
Ressalta-se por fim, o entendimento desta Controladoria, quanto à necessidade de
cumprimento das cláusulas contratuais quanto às marcas dos produtos adquiridos. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.7. Inexistência de controle de estoques para o armazenamento dos alimentos no
depósito central e não apresentação de documentos de distribuição dos alimentos às
escolas
Fato
Em 29 de agosto de 2016, realizou-se a inspeção física do depósito central da prefeitura de
Altamira do Maranhão/MA, local onde são estocados os alimentos destinados à merenda
escolar antes de serem distribuídos às escolas. Constatou-se que este depósito não conta com
balança para conferência dos produtos recebidos e distribuídos às escolas.
Não existe qualquer controle de estoque dos gêneros alimentícios armazenados no depósito.
Dessa maneira, não há como apurar as quantidades dos alimentos estocados e nem conhecer
as entradas e saídas de cada um dos produtos.
Conforme informações obtidas da responsável pelo depósito dos alimentos destinados à
merenda escolar, uma vez que a prefeitura de Altamira do Maranhão/MA não apresentou os
controles de distribuição dos gêneros alimentícios às escolas para o período de 1º de janeiro
de 2015 a 30 de junho de 2016, o controle inicial da remessa dos produtos é feito pelo
documento da foto 18, em seguida as informações são repassadas pela prefeitura para o
documento da foto 19.
Foto 18: Documento de controle inicial da
remessa dos produtos. Altamira do Maranhão, 29
de agosto de 2016.
Foto 19: Documento que repassa à Prefeitura as
informações sobre remessa dos produtos.
Altamira do Maranhão, 29 de agosto de 2016.
Em entrevista ao diretor da escola U. I. Profª. Ireni Alves Pereira, foi informado que o
responsável da escola assina tal formulário a cada recebimento, mas informou também que a
escola não tem cópia de tal documento. Por meio das solicitações de fiscalização nº
201601969/01 e 02 a prefeitura negou-se a apresentar tais documentos, justificando que não
os possuía, ao contrário de outras informações obtidas no depósito central e nessa escola.
Embora também solicitado pela Solicitação de Fiscalização nº 201601969/01, a prefeitura
não apresentou o cronograma de distribuição de alimentos às escolas nem os controles de
distribuição de gêneros alimentícios às escolas. Nenhuma das escolas visitadas possuía
balanças para controle dos alimentos recebidos.
Devido às deficiências apontadas acima, a fiscalização desta Controladoria não pôde aferir
se os alimentos recebidos pela prefeitura e entregues às escolas, no que diz respeito à
quantidade e à qualidade, correspondem efetivamente àqueles pagos ao fornecedor. Isto se
agrava devido ao fato de que os fornecedores não discriminam as marcas dos produtos, nem
nas cotações nem nas notas fiscais, o que pode ensejar a entrega de produtos de baixa
qualidade e com preços acima do praticado no mercado.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Todos os vícios apontados já foram saneados (controle de estoque, controle de
distribuição, etc) ou estão em via de serem saneados (aquisição de balanças).
O controle rudimentar feito pela funcionária responsável no depósito central da
prefeitura (foto 18) foi abandonado em setembro/2016, quando passou-se a adotar um
formulário de controle estoque padrão mostrado na foto 19.
O mesmo se pode dizer do controle de distribuição. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor acata as falhas apontadas, sendo necessário o acompanhamento da efetiva tomada
de providências.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.8. Inexistência de controle de estoques nas escolas e de cronograma de
recebimento de alimentos.
Fato
Em que pese as escolas entrevistadas terem informado que assinam ficha de recebimento dos
produtos, nenhuma delas apresentou esse controle. Outra evidência da falta de controle da
qualidade da merenda ofertada nas escolas, foi a existência de produtos deteriorados,
conforme detalhado em outro ponto deste relatório.
A nutricionista informou que, nos casos de falta de algum item do cardápio da merenda
escolar, são realizadas alterações no cardápio. Tais faltas são ocasionadas pela falta de
cronograma de distribuição de alimentos às escolas e de cronograma de aquisição de
produtos com os fornecedores. As escolas informaram que, nos casos de falta de merenda,
contatam a nutricionista para que a demanda seja suprida. Em questionamento às atividades
da nutricionista, ela informou que não faz qualquer formalização de suas atividades,
especificando qualidades e variedades demandadas pelas escolas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Conforme já informado, o sistema de controle era feito em cadernos que ficavam em posse
dos responsáveis pelos estoques, todavia, desde setembro o sistema de controle foi
reestruturado e todos os estoques são controlados mediante formulários padronizados (foto
19).
A auditora pauta suas conclusão em clara especulação (Exemplo: Tais faltas
“devem ser” ocasionadas...) e ignora as informações apresentadas pela nutricionista e
pelas diretoras das escolas.
Reitera-se que as nutricionistas são responsáveis por acompanhar a entrega dos
itens da merenda e, com base nas solicitações feitas pelas diretoras e merendeiras que
indicam quais itens estão em falta no estoque, elabora a pauta de compra.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor acata as falhas apontadas, sendo necessário o acompanhamento da efetiva tomada
de providências.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.9. Falhas na composição do Conselho de Alimentação Escolar.
Fato
Em entrevista realizada com os membros do Conselho de Alimentação Escolar – CAE,
verificou-se que, para a composição do referido Conselho, foi realizada reunião conjunta
para escolha de todos os membros no centro comunitário do Município. Portanto, a escolha
não foi feita pelos respectivos órgãos de classe em assembleias específicas para tal fim, em
desacordo com o que estabelece o art. 34 da Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013.
Outra problemática na composição dos conselhos é a falta de membros representantes da
Sociedade Civil Organizada, já que a conselheira (***.949.723-**) e o conselheiro
(***.959.233-**) são, na verdade, professores e não participantes de alguma entidade da
sociedade civil organizada. Ainda, a conselheira (***.865.483-**) representante dos pais de
alunos é também diretora de escola.
Conclui-se que as falhas na composição do CAE podem ser uma das causas da problemática
relatada noutro ponto deste relatório, quanto à fragilidade da capacidade fiscalizatória do
conselho.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Após a visita da CGU, houve a exoneração dos membros apontados no
relatório e novos conselheiros foram apontado – conforme demonstram os documentos em
anexo que compõem-se de portarias e exoneração.
Ademais, cabe frisar que o Conselho já está em processo de eleição para
escolha dos novos membros.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Além da problemática da falha da composição do conselho, outra problemática ora apontada
foi a distorção na forma de escolha dos membros por meio de eleição em reunião conjunta.
Portanto, ressalta-se que a nova escolha de membros deve seguir o padrão exigido pela
legislação.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.10. Falhas na atuação do Conselho de Alimentação Escolar no acompanhamento da
execução do Pnae
Fato
A partir de reunião realizada com membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) do
município de Altamira do Maranhão/MA, constatou-se que é frágil a atuação do mesmo na
fiscalização dos recursos repassados ao Município. Os conselheiros relataram que jamais
tiveram acesso às faturas, notas fiscais, recibos, extratos da conta específica ou às licitações
realizadas no âmbito do Pnae dos exercícios de 2015 e 2016.
Dessa forma, afirmaram não ter conhecimento dos valores dos contratos da prefeitura, da
duração dos contratos, das empresas vencedoras na licitação e das quantidades/ qualidades
(marcas) que constam nas propostas contratadas. Assim, não cumprem também uma das
funções do conselho de divulgar à população os valores repassados para merenda escolar no
município.
Em que pese os membros afirmarem que fazem visitas regulares às escolas e ao depósito
central, como eles não têm conhecimento dos valores/quantidades/marcas que foram
licitados e comprados pela prefeitura, tais visitas não são suficientes para comprovar a
regular aplicação dos recursos.
Indagados na reunião a respeito da forma de apreciação das contas do município no
exercício de 2015, os membros afirmaram que o fizeram a partir dos dados do sistema de
prestação de contas do programa ao FNDE que foram apresentados pela prefeitura. Ressalta-
se que este sistema não contém os documentos relatados acima.
Tal fragilidade da atuação do conselho pode resultar da falta de capacitação dos membros,
do pouco conhecimento do seu regimento interno e da falta de plano de ação anual. Há
apenas plano de ação quadrienal, sendo que este é genérico e não informa a estratégia de
ação (como fazer), o cronograma (quando fazer), os responsáveis (quem irá fazer), os
recursos necessários (o que seria preciso fazer) e a situação (se a atividade foi realizada ou
está pendente).
Não foi apresentada evidência (nas atas de reunião) de relação entre os membros do
conselho e as nutricionistas. Assim, não há evidência de participação do conselho na
apreciação dos cardápios escolares. Os membros do conselho afirmaram ainda que o
cardápio ofertado nas escolas se altera a cada mês. No entanto, foi apresentado pela
prefeitura apenas cardápio único para todos os meses do ano, o que demostra a falta de
conhecimento do conselho quanto à elaboração do cardápio.
Diante do exposto, não foram identificadas evidências da atuação do CAE no tocante a:
processo de aquisição dos alimentos, definição do cardápio básico, verificação de que a
qualidade e quantidade dos alimentos que chegam ao estoque e às escolas corresponde às da
proposta técnica e divulgação dos recursos financeiros do Pnae recebidos pela Entidade
Executora.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Em sua entrevista com o presidente do Conselho, ele disse que os únicos
documentos a que não teve acesso foram as licitações – ao contrário do registrado pelo
auditor que também acresceu notas, faturas e extratos bancários à lista.
Afirma-se que as licitações, assim como qualquer outro documento dos arquivos
públicos, sempre estiveram à disposição do Conselho e só não foram apresentados porque
seus membros nunca os solicitaram.
O conselho também tem acesso aos contratos, seja através da Prefeitura, seja
através de sistema de prestação de contas ao FNDE – o auditor indica que o sistema não
possui tais documentos, porém, conforme as telas do sistema ora apresentadas, resta claro
que o sistema possui TODOS os documentos.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em análise às telas do sistema apresentados verificou-se que é possível acessar notas fiscais
e editais. No entanto, extratos bancários e contratos somente mediante solicitação à
prefeitura.
Como o próprio gestor afirma, os membros do conselho nunca tiveram interesse em solicitar
os demais documentos –faturas e contratos.
Ainda, em entrevista aos membros do conselho, os mesmos demonstraram falta de
conhecimento quanto à forma de execução da função fiscalizatória do órgão.
Portanto, sugere-se que a prefeitura capacite os membros do conselho para um
acompanhamento mais consistente do programa.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.11. Falta de fiscalização do contrato por parte do fiscal nomeado.
Fato
Em que pese ter sido apresentada a Portaria nº 45, de 02 de janeiro de 2013, de nomeação de
fiscal para os contratos do Pnae a partir de 2013, verificou-se que tal fiscalização é fictícia,
já que em entrevista com a suposta fiscal, a mesma declarou que sua função se limita a
cuidar dos serviços gerais do estoque central.
Na entrevista, ela afirmou que jamais teve acesso aos documentos relacionados à compra de
alimentos, tais como edital do pregão, edital da chamada pública, proposta técnica da
contratada, contratos e registro de ocorrências. Ela informou ainda que não sabe o nome dos
fornecedores nem nunca estabeleceu qualquer contato com os mesmos. Ela afirmou, por fim,
não saber nem mesmo a duração e o valor dos contratos de compra de merenda escolar,
quantidades e variedades adquiridas.
Conclui-se que a entidade executora não cumpre os termos do art. 67 da Lei. 8.666/93.
Assim, não garante a fiel execução do contrato conforme os termos ajustados.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Cabe esclarecer que a fiscal do contrato é lotada no estoque central justamente
porque é nesse local que os fornecedores entregam os itens objeto dos contratos de merenda
escolar.
Dificilmente, a servidora não saberia o nome dos fornecedores que fazem
entregas semanais há mais de um ano para a prefeitura.
Por fim, cabe frisar que a fiscal tem pleno acesso aos processos licitatórios,
porém, normalmente, faz uso das notas fiscais e da ficha de controle de estoque como
principais instrumentos de fiscalização da execução do contrato.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em entrevista à suposta fiscal, a mesma demonstrou que não tinha conhecimento das
funções fiscalizatórias que deveriam ter sido exercidas. Ela ressaltou que era responsável
apenas pelos serviços gerais do estoque central, sendo que durante o recebimento de
mercadorias era acompanhada por responsável da prefeitura.
Ainda, não possuía qualquer conhecimento sobre as cláusulas contratuais – duração do
contrato, fornecedores e valores. Nesse sentido, conclui-se que a função fiscalizatória não
foi exercida nos contratos de compra de merenda escolar do município.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.12. Condições de estocagem precárias na sede da cooperativa fornecedora da
merenda escolar
Fato
Como a cooperativa vencedora do certame se localiza a 2 horas de viagem de Altamira do
Maranhão, em sua sede ficam armazenados os produtos da merenda por certo tempo até a
efetiva entrega. Em inspeção à sede da cooperativa, foram observadas condições precárias, a
seguir descritas:
a) péssimas condições de higiene do chão, teto, azulejos, armários e freezers;
b) armários e freezers enferrujados;
c) azulejos descascados;
d) parede com pintura descascada;
e) caixas de isopor velhas e sujas;
f) restos de carro e porta de armário estocados no local;
g) presença de insetos e
h) teto com infiltração.
Foto 20: Caixas de isopor sujas
e velhas. Altamira do
Maranhão, 30 de agosto de
2016.
Foto 21: Resto de carro e porta de
armário no local. Altamira do
Maranhão, 30 de agosto de 2016.
Foto 22: Azulejos descascados e
teto com infiltração. Altamira do
Maranhão, 30 de agosto de 2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016 de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão, por meio de advogados regularmente constituídos apresentou a
seguinte manifestação:
“Após a inspeção feita, foi-se solicitado o saneamento dos vícios apontados, o que foi
cumprido conforme demonstram as fotos em anexo.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Entende-se que a unidade deve exercer controle fiscalizatório mais rígido sobre os
fornecedores para sanar esta e outras constatações deste relatório. ##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que foram encontradas as seguintes situações
que demandem providências de regularização por parte dos gestores federais: número de
nutricionistas contratados abaixo dos parâmetros legais previstos pelo CFN existência de
produtos vencidos e deteriorados no estoque e falta de merenda escolar para alunos do
período noturno. Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos
impactos sobre a efetividade do Programa/Ação fiscalizado no âmbito dos gestores
municipais: irregularidades no processo licitatório para aquisição de merenda escolar;
irregularidades na realização de Chamada Pública para aquisição de produtos da
agricultura familiar; aquisição de produtos que não se enquadram como da agricultura
familiar dentro do percentual de 30% repassados; aquisição de produtos em desacordo com
a pauta de compras/cardápio elaborada pelo profissional de nutrição; baixa qualidade da
merenda escolar ofertada em desrespeito à política de alimentação saudável do Pnae;
produtos alimentícios comprados com preços unitários divergentes e acima do valor da
proposta inicial, produtos recebidos diferentes da proposta original e notas fiscais sem
especificação de marca; inexistência de controle de estoques para o armazenamento dos
alimentos no depósito central e não apresentação de documentos de distribuição dos
alimentos às escolas; inexistência de controle de estoques nas escolas e de cronograma de
recebimento de alimentos; falhas na composição do Conselho de Alimentação Escolar;
falhas na atuação do Conselho de Alimentação Escolar no acompanhamento da execução
do Pnae; falta de fiscalização do contrato por parte do fiscal nomeado e condições de
estocagem precárias na sede da cooperativa fornecedora da merenda escolar.
Ordem de Serviço: 201602028
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 105.787,11
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29 de agosto a 02 de setembro de
2016 sobre a aplicação dos recursos federais repassados no âmbito do Programa 2030 -
Educação Básica, Ação 0969 - Apoio ao Transporte Escolar na Educação Básica (Pnate) no
município de Altamira do Maranhão/MA.
A Ação fiscalizada destina-se a garantir a oferta do transporte escolar aos alunos do ensino
básico público, residentes em área rural, por meio de assistência financeira, em caráter
suplementar, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, de modo a garantir-lhes o
acesso e a permanência na escola.
Os exames tiveram como objetivo avaliar a aplicação dos recursos financeiros transferidos
para custeio das ações governamentais do Programa Nacional de Transporte Escolar (Pnate),
de forma a fiscalizar a execução das despesas de maior relevância, com ênfase na análise dos
preços praticados e das situações que venham a restringir a competitividade dos processos
licitatórios, na entrega efetiva dos bens adquiridos e na prestação dos serviços contratados e
na utilização dos recursos do Pnate, referente ao período de janeiro de 2014 a junho de 2016,
envolvendo um montante de R$ 105.787,11.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Ausência de critérios adequados no edital para estabelecimento da qualificação
técnica necessária ao cumprimento do objeto.
Fato
O art. 30, inciso II, da Lei nº 8.666/93 aduz que, como prova de qualificação técnica, a
empresa licitante deve apresentar “comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação,
e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e
disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um
dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos”.
No entanto, durante a análise das licitações cujo objeto foi a aquisição de peças de reposição
para veículos da Secretaria de Educação com recursos do Pnate, ou seja, o Pregão Presencial
034/2014, o Pregão Presencial 008/2015 e o Pregão Presencial 009/2016, verificou-se que,
na documentação referente à qualificação técnica, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão/MA restringiu-se a solicitar das empresas apenas um atestado, fornecido por
pessoa jurídica de direito público ou privado, comprovando aptidão da licitante para
desempenho de atividade compatível com o objeto desta licitação, em características,
quantidades e prazos.
Ressalte-se que a falta de critérios adequados no edital sobre a devida qualificação técnica
impediu que a Administração avaliasse as condições da empresa contratada de cumprir
satisfatoriamente o objeto do contrato.
A condução dos processos licitatórios, incluindo as análises de documentos de habilitação
dos licitantes vencedores de lotes, foi feita pelo Pregoeiro (CPF: ***.505.503-**) e sua
Equipe de Apoio (CPF: ***.431.083-**; CPF: ***.122.113-**; e CPF: ***.873.614-**), os
quais também assinaram o Termo de Adjudicação dos objetos aos vencedores. Antes da
homologação, o processo foi submetido ao crivo prévio da análise do Procurador Jurídico
(CPF: ***.876.733-**). Após isso tudo, foi homologado pelo Prefeito Municipal (CPF:
***.614.904-**). ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A exigência de apresentação de atestados para fins de qualificação técnica em licitação é
legalmente prevista no art. 30, § 1º da Lei nº 8.666/93, e tem como finalidade verificar se o
licitante possui condições técnicas necessárias e suficientes para, em se sagrando vencedor
do certame, cumprir o objeto de forma satisfatória.
Os atestados revelam a experiência anterior do licitante na execução de objetos similares ao
licitado, em características, quantidades e prazos. A lógica que baseia a qualificação técnica
envolve uma presunção de capacidade. Segundo as diretrizes legais, se reconhece que o
sujeito que comprovar já ter realizado um objeto equivalente ao licitado será presumido
‘apto’ para desenvolver o objeto da licitação, razão pela qual haverá de ser habilitado.
Nesse sentido é o entendimento do TCU, cuja jurisprudência pacífica considera, inclusive,
ser possível o somatório de atestados independentemente de previsão editalícia (TCU:
Acórdão nº 1.983/2014-Plenário; Acórdão nº 1.231/2012-Plenário e; Acórdão nº
1.890/2006-Plenário).
Assim, uma vez que o atestado é elemento de comprovação de capacidade técnica
legalmente previsto, não cabe ao fiscal restringir onde o legislador não o fez, visto que o
rigor exagerado na fixação das exigências pode restringir a competitividade do certame, pois
quanto mais exigências, menor o número de pessoas aptas a cumpri-las.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Nos editais dos três certames que tiveram como objeto a aquisição de peças de reposição
para veículos da Secretaria de Educação com recursos do PNATE, ou seja, o Pregão
Presencial 034/2014, o Pregão Presencial 008/2015 e o Pregão Presencial 009/2016, a
previsão de exigência de qualificação técnica foi feita no subitem 7.5.3.1, com a seguinte
redação: “A qualificação técnica será comprovada mediante a apresentação de no mínimo
um atestado, fornecido por pessoa jurídica de direito público ou privado, que comprove
aptidão da licitante para desempenho de atividade compatível com o objeto desta licitação,
em características, quantidades e prazos.” (grifo nosso).
O que se verificou nos processos licitatórios citados, relativamente aos documentos de
habilitação, foi que a licitante que compareceu ao Pregão Presencial nº 034/2014 não
apresentou nenhum atestado de capacidade técnica, descumprindo, pois, a prescrição
editalícia acima transcrita. Já quanto aos Pregões Presenciais 008/2015 e 009/2016, as
licitantes que compareceram apresentaram, cada uma, um atestado de capacidade técnica.
Contudo, os atestados apresentados não atendem às exigências contidas nos Editais,
notadamente no tocante ao trecho que grifamos acima, tendo em vista que referidos
atestados não mencionam nada sobre a capacidade das licitantes em terem tido desempenhos
anteriores compatíveis com os objetos das licitações em quantidades e prazos, já que são
omissos nesses pontos. Apenas mencionam que as empresas são fornecedoras de produtos
no ramo dos objetos das licitações e que as mesmas cumpriram os compromissos.
Isso se pode observar a partir das Figuras 01 e 02 a seguir, relativas aos atestados de
capacidade técnica integrantes dos Pregões Presenciais 008/2015 e 009/2016:
Figura 01 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante do Pregão Presencial
nº 008/2015.
.Fonte: Processo Licitatório do Pregão Presencial nº 008/2015, Fls. 127.
Figura 02 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante do Pregão Presencial
nº 009/2016.
Fonte: Processo Licitatório do Pregão Presencial nº 009/2016, Fls. 154.
Conforme se observa, nos casos em que houve apresentação de atestados de capacidade
técnica, os mesmos não serviram para efetivamente comprovar a aptidão anterior das
licitantes de bem desempenhar o objeto similares ao licitado, em características, quantidades
e prazos, já que esses requisitos faltaram aos atestados apresentados. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Ausência de controle do itinerário dos veículos contratados
Fato
A Prefeitura Municipal de Altamira do Maranhão/MA não apresentou documentação que
comprovasse o controle do itinerário efetuado pelos veículos destinados ao transporte
escolar dos alunos do ensino público fundamental residentes em área rural. Ressalta-se,
ainda, que inexiste controle do número de alunos que são transportados pelos veículos que
fazem o transporte escolar.
A partir de informações colhidas com o chefe dos transportes e com os motoristas dos
ônibus, informações estas que foram confirmadas após as vistorias in loco feitas seguindo-se
os ônibus quando estes realizavam os percursos de condução dos alunos às escolas,
conseguiu-se traçar as seguintes rotas para os dois ônibus do transporte escolar municipal:
Figura 1 – Rota do Ônibus 1 em cada turno.
Fonte:
Exames efetuados pela CGU, em 01 de setembro de 2016.
Figura 2 – Rota do Ônibus 2 em cada turno.
Fonte: Exames efetuados pela CGU, em 01 de setembro de 2016.
As solicitações de documentos e informações não atendidas foram destinadas ao Prefeito
Municipal (CPF: ***.614.904-**) e à Secretária Municipal de Educação (CPF:
***.938.013-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O auditor aponta a inexistência de documentação que comprovasse a quantidade de alunos
transportados e o itinerário efetuado pelos veículos, todavia, tais documentos estavam
disponíveis e, se não foram apresentados, isto se deu porque eles não foram solicitados.
Segue em anexo, cópia dos documentos.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Primeiramente, há que se esclarecer que houve duas Solicitações de Auditoria requerendo
tais informações (Solicitação de Auditoria 201602028/01, de 16/08/2016, e a Solicitação de
Auditoria 201602028/02, de 30/08/2016), conforme demonstrado nas figuras XX e YY a
seguir:
Figura XX – Solicitação de Auditoria 201602028/01, de 16/08/2016
Fonte: Sistema SEI, Processo nº 00209.100230/2016-15, I.
Figura XX – Solicitação de Auditoria 201602028/01, de 16/08/2016
Fonte: Sistema SEI, Processo nº 00209.100230/2016-15, II.
Dessa forma, não prospera a alegação dos gestores de que não houve solicitação dos
documentos e informações acerca do assunto.
Ademais, mesmo indicando que estavam sendo enviados anexos documentos contendo as
informações solicitadas, esses documentos não vieram anexos às justificativas. Assim, uma
vez mais as informações acerca dos itinerários dos veículos e quantidade de alunos
transportados não foi encaminhada. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Documentação irregular dos condutores utilizados para o transporte de alunos.
Fato
Foram analisados os documentos de habilitação dos condutores dos veículos inspecionados
utilizados no transporte escolar dos alunos da educação básica pública durante os exercícios
2014 e 2015, fornecidos pela Prefeitura, evidenciados no quadro abaixo:
Quadro 01 – Veículos de Transporte Escolar Municipal, seus Condutores e Proprietários. Modelo/Placa/Ano Fabricação Condutor Proprietário
Marcopolo Volare V8L/OJQ-5604/2014/2014 J.B.S.F. Prefeitura
VW/15.190 EOD E. HD ore/OJH-3279/2012/2013 J.S.S. Prefeitura
Fonte: Exames efetuados pela CGU, em 31 de agosto de 2016.
Apesar de ter sido demandada mediante Solicitação de Fiscalização, a Prefeitura não
apresentou comprovação de que os condutores anteriormente citados tenham realizado o
curso especializado em transporte escolar exigido no Código de Trânsito Brasileiro, Art.
138, Inciso V:
“Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução de escolares deve satisfazer
os seguintes requisitos:
(...)
V - ser aprovado em curso especializado, nos termos da regulamentação do
CONTRAN.”
A responsabilidade por não se exigir a devida qualificação dos condutores dos veículos recai
sobre o Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-**) e a Secretária Municipal de Educação
(CPF: ***.938.013-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“[...]
Cabe informar que o município fará concurso público no ano vindouro onde serão ofertadas
vagas para motoristas onde será exigido o curso especializado, conforme legislação anexa
autorizando a realização do concurso.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Conforme se observa, os gestores reconhecem a falha, mas informam que planejam superar
essa deficiência somente a partir do exercício social de 2017, o que não elide a falha.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Falta de comprovação da efetiva utilização das peças adquiridas com recursos
do Pnate para manutenção dos veículos.
Fato
Constatou-se a falta de um local de armazenamento das peças de reposição para os veículos
do transporte escolar, adquiridas no período de 2014 a 2015, bem como comprovantes que
evidenciem a utilização das mesmas, uma vez que não existem controles adequados, nem há
referências nos documentos fiscais apresentados, identificando os veículos que estão sendo
beneficiados. Dessa forma, não há possibilidade de confirmar se os produtos foram
recebidos, e, caso positivo, se foram efetivamente utilizados em serviços de manutenção nos
veículos destinados ao Pnate.
Assevere-se que as licitações para compra de peças seguem um padrão anual sem qualquer
laudo técnico de vistoria nos veículos que justifiquem a necessidade de aquisição dessas
peças sempre na mesma quantidade. No Quadro 02, a seguir, listamos alguns itens que se
repetiram nas três licitações realizadas em 2015 e 2016:
Quadro 02 – Amostra de Peças de Reposição dos Ônibus Escolares Adquiridas Anualmente
Especificação
Quantidade
Adquirida
(2015)
Valor Total
do Item
Adquirido
(2015)
Quantidade
Adquirida
(2016)
Valor Total
do Item
Adquirido
(2016)
Pneu 275/80 R22.5TL 12 34.800,00 12 25.724,52
Câmara de Ar 12 4.200,00 12 2.566,56
Bateria de 135Ah 3 3.600,00 3 4.364,40
Bico Injetor 5 9.000,00 5 9.766,25
Bomba de alta pressão da injeção 5 20.750,00 5 39.412,80
Tambor de freio a ar 10 4.500,00 10 11.791,90
Mola mestra dianteira 6 2.520,00 6 6.252,72
Mola mestra traseira 6 2.520,00 6 5.007,72
Cachorro do tambor da caixa de marcha 10 5.200,00 10 3.025,50
Filtro de combustível 10 9.000,00 10 2.778,70
Filtro de ar 10 8.900,00 10 3.005,40
Transmissão (eixo cardan) para ônibus 10 35.000,00 10 7.129,10
Escape completo 6 9.000,00 6 25.483,86
TOTAL 148.990,00 TOTAL 146.309,43
Fonte: Elaborado a partir das propostas de preços constantes dos Pregões Presenciais 08/2015 e 09/2016.
A título de ilustração, os valores totais das aquisições de todas as peças (e não apenas as
constantes da amostra do quadro acima) em 2015 e 2016 foram, respectivamente, R$
186.710,00 e R$ 171.440,56.
A condução dos processos licitatórios, incluindo as análises de documentos de habilitação
dos licitantes vencedores de lotes, foi feita pelo Pregoeiro (CPF: ***.505.503-**) e sua
Equipe de Apoio (CPF: ***.431.083-**; CPF: ***.122.113-**; e CPF: ***.873.614-**), os
quais também assinaram o Termo de Adjudicação dos objetos aos vencedores. Antes da
homologação, o processo foi submetido ao crivo prévio da análise do Procurador Jurídico
(CPF: ***.876.733-**). Após isso tudo, foi homologado pelo Prefeito Municipal (CPF:
***.614.904-**). As requisições dos materiais necessários a serem utilizados é feita pela
Secretária Municipal de Educação (CPF: ***.938.013-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O município realiza licitações para aquisição de peças pautando-se na quantidade de
consertos/manutenções periódicas realizados com os carros da prefeitura ao longo do ano
anterior.
O relatório adota as propostas de preços das licitações PP 08/2015 e 09/2016 para atestar
que o município gastou R$ 146.309,43 em peças, todavia, esta informação não procede.
Conforme os documentos ora anexos, resta claro que as despesas realmente ficaram na casa
de 50 mil reais.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os critérios que os gestores informaram em sua manifestação dando conta de que se pautam
em quantidades de consertos/manutenções periódicas realizados no ano anterior, não
constam em nenhuma peça dos processos licitatórios. Se esses critérios fossem efetivamente
utilizados para balizar as aquisições, a licitação para 2016 não teria passado de R$
40.000,00, já que o montante das aquisições efetivamente feitas em 2015 ficou em torno de
R$ 38.000,00.
Assevere-se que os valores das licitações chegam próximo a 200 mil reais por ano e as
aquisições efetivamente ocorridas, conforme documentos de despesas enviados anexos à
manifestação, nos dois anos, não chegam a 60 mil reais, indicando ainda falta de
planejamento.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Ausência de identificação dos veículos nas notas fiscais.
Fato
Na verificação das despesas realizadas com recursos do Pnate constatamos que as notas
fiscais não apresentavam a identificação dos veículos para os quais as peças foram
adquiridas ou os serviços foram realizados, o que impossibilita confirmar se foram atendidos
efetivamente os veículos do Programa.
A responsabilidade por não se exigir a devida identificação dos veículos nas notas fiscais
recai sobre o Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-**) e a Secretária Municipal de
Educação (CPF: ***.938.013-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O auditor atesta ser impossível apurar se as peças adquiridas pelas licitações indicadas
acima foram utilizadas apenas nos veículos do PNATE dado que as notas fiscais não
apresentam a identificação dos veículos.
Tal alegação não se sustenta considerando que, se todas as peças adquiridas são próprias de
ônibus, naturalmente, elas foram utilizadas na manutenção dos ônibus escolares.
Para corroborar, seguem as notas fiscais.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
As notas fiscais encaminhadas corroboram a falha constatada, tendo em vista que não traz a
informação sobre o modelo dos ônibus, a placa dos mesmos e a quilometragem que tinham
rodado na época da manutenção. Tais informações são essenciais para um efetivo
mecanismo de controles internos administrativos que promovam e demonstrem a boa e
regular aplicação dos recursos públicos.
A seguir, na Figura 07, ilustra-se uma nota fiscal que demonstra essa falta de informação de
controle:
Figura 07 – Notas fiscais de fornecimento de peças para ônibus de transporte escolar sem
informações mínimas de identificação do veículo que recebeu a manutenção.
Fonte: Anexo à manifestação dos gestores.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. O Conselho do Fundeb não atua no acompanhamento da execução do Pnate.
Fato
Não foi identificada a existência de evidências de acompanhamento da execução do Pnate
por parte do Conselho do Fundeb, exceto pela presença de registros nas atas de reuniões de
menções à aprovação da prestação de contas da execução do referido Programa, referentes
aos exercícios de 2014 e 2015. Não há evidência, nessas mesmas atas, de que tenha havido
fiscalização da aplicação dos recursos financeiros por meio de auditorias, fiscalizações e
inspeções, conforme previsto no art. 19 da Resolução/CD/FNDE nº 12, de 17 de março de
2011.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A acusação é infundada.
A prefeitura disponibiliza todas as informações ao Conselho, dá pleno acesso aos arquivos
públicos e coloca seu contador à disposição dos membros para tirar dúvidas e esclarecer a
gestão dos recursos, além de estimular visitas às escolas para constatar o regular uso dos
veículos, logo, não se tem conhecimento de nada que justifique a observação feita pelo
auditor.
Mesmo que houvesse omissão pelo Conselho, não é justo responsabilizar esta gestão pelos
atos de um órgão que lhe é independente.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os gestores se limitaram a informar de que o Conselho do Fundeb atua, não apresentando
elementos comprobatórios de que essa atuação efetivamente ocorre, como ela funciona,
sobre que aspectos atua no acompanhamento do transporte escolar e em que periodicidade
ocorre.
Ademais, em nenhum momento se quis imputar ao gestor a responsabilidade pela falta de
atuação dos membros do conselho no que diz respeito ao acompanhamento das ações do
Pnate. O que foi feito foi simplesmente apontar a falha de atuação do Conselho, em função
da falta de evidências de que essa atuação exista.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo da Fiscalização, não
foram encontradas situações que demandem providências de regularização por parte dos
gestores federais. Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos
impactos sobre a efetividade do Programa/Ação fiscalizado: ausência de critérios
adequados no edital para estabelecimento da qualificação técnica necessária ao
cumprimento do objeto; ausência de controle do itinerário dos veículos contratados;
ausência de comprovação de que os condutores contratados realizaram curso especializado
em transporte escolar; falta de comprovação da efetiva utilização das peças adquiridas com
recursos do Pnate para manutenção dos veículos; ausência de identificação dos veículos
nas notas fiscais; e falta de atuação no Conselho do Fundeb no acompanhamento da
execução do Pnate.
Ordem de Serviço: 201602209
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 14.120.342,04
1. Introdução
Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida no âmbito do Programa
de Fiscalização de Entes Federativos, em seu 3º ciclo, relativamente à Fiscalização
realizada no município de Altamira do Maranhão/MA. Referido trabalho teve como
objetivo analisar a regularidade da aplicação dos recursos federais repassados ao município
no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
A fiscalização destinou-se a verificar a conformidade da atuação do ente federativo
responsável pela execução dos recursos do FUNDEB, envolvendo a transferência de
recursos do período de 1º de janeiro de 2015 a 30 de junho de 2016, que totalizam R$
14.120.342,04.
Os exames foram realizados no período de 28 de agosto a 30 de setembro de 2016, com a
realização de trabalho de campo de 29 de agosto a 02 de setembro, na sede do município,
em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal,
tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos,
análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários.
Como amostra, das 17 escolas municipais, foram selecionadas aleatoriamente, de forma
não estatística, 16 escolas para realização de inspeções físicas durante os trabalhos de
campo, a saber: G. E Rui Barbosa, G. E Gonçalves Dias, E. M Curralinho, Colégio
Governador Nunes Freire, Creche Casulo Almerinda Luiza S. Silva, U. I Professora Ireni
Alves Pereira, Jardim de Infância Eliane Moreira, G.E Castelo Branco, U. E. Beronice de
carvalho Moreira, E. M. São Francisco, E. M. Nossa Senhora da Conceição e E. M. Centro
do Davi.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Informações gerais acerca dos recursos do FUNDEB no Município de Altamira
do Maranhão/MA.
Fato
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação – FUNDEB é um fundo especial, formado, na quase totalidade,
por recursos provenientes dos impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e
Municípios, vinculados à educação, por força do disposto no art. 212 da Constituição
Federal. Ao todo, o Fundo conta com receitas provenientes de 9 tipos de fontes. Além
desses recursos, ainda compõe o referido Fundo, a título de complementação, uma parcela
de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado ou Município, seu valor por
aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
Os recursos do FUNDEB são distribuídos de forma automática (sem necessidade de
autorização ou convênios para esse fim) e periódica, mediante crédito em conta específica
de cada governo estadual e municipal. Os municípios recebem os recursos do citado Fundo
com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental, de acordo
com dados do último Censo Escolar.
O Município de Altamira/MA, segundo informações presentes no site do FNDE, no
endereço eletrônico http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/fundeb-dados-
estatisticos, possuía um total de 3.379 alunos matriculados no ano de 2015 na Rede de
Educação Básica. Já no ano de 2016 o total de alunos é de 3.069, como se observa no
Quadro 01 a seguir:
Quadro 01 – Total de matriculas da Rede de Educação Básica do Município de Altamira do Maranhão/MA.
An
o
Educação
Infantil Educação Fundamental
Educ.
Especi
al
EJA
(*) Total
Crech
e
Parci
al
Pré-
Escol
a
Parcia
l
Séries
Iniciai
s
Urban
a
Séries
Iniciai
s
Rural
Séries
Finais
Urbana
Série
s
Finai
s
Rura
l
Tempo
Integra
l
20
15 306 238 390 380 349 349 48 5
1.31
4
3.37
9
20
16 160 298 127 199 326 245 560 3
1.15
1
3.06
9
(*) EJA – Educação de Jovens e Adultos
Fonte: http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/fundeb-dados-estatisticos.
Como o total de recursos repassados ao Município depende do Censo Escolar do ano
anterior, verificou-se que o total de recursos, por fonte de receita, no endereço eletrônico
do Tesouro Nacional, para o exercício de 2015, foi de R$ 9.203.013,08, e para o exercício
de 2016, até o dia 30 de junho, um montante de R$ 4.917.329,04.
No Quadro 02, a seguir, tem-se a distribuição dos recursos do FUNDEB por tipo de fonte.
Destaca-se que os valores transferidos a título de complementação pela União, representam
52,51% dos recursos totais em 2015 e 55,08% dos recursos em 2016. Desse modo, os
valores a título de complementação pela União são aqueles que apresentam maior peso nos
recursos da conta FUNDEB do Município.
Quadro 02 – Recursos do FUNDEB por fonte.
ANO FUNDEB/
COUN
FUNDEB /
FPE
FUNDEB /
FPM
FUNDEB /
ICMS
FUNDEB /
IPI-EXP
2015 4.832.422 1.712.599 1.030.176 1.482.767 11.913
2016 2.602.607 888.335 534.485 791.977 8.095
TOTAL 7.671.014 2.601.070 1.564.742 2.274.865 20.010
ANO FUNDEB /
IPVA
FUNDEB /
ITCMD
FUNDEB /
ITR
FUNDEB /
LC 87
TOTAL
FUNDEB
2015 116.695 4.866 1.407 10.169 9.203.013
2016 85.167 1.619 181 4.860 4.917.329
TOTAL 201.875 6.485 1.588 15.030 14.120.342
Complementação da União - COUN
Fundo de Participação dos Estados – FPE.
Fundo de Participação dos Municípios – FPM.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS.
Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações– IPI-EXP.
Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA.
Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD.
Imposto Territorial Rural - ITR
Desoneração das Exportações (LC nº 87/96).
Fonte: http://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2600:1::::::
Desse montante de recursos, pelo menos 60% dos recursos anuais totais do Fundo têm que
ser destinados ao pagamento da remuneração dos profissionais do magistério da Educação
Básica em efetivo exercício na rede pública. O restante dos recursos deve ser aplicado em
despesas com vistas a consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais. O
Art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, elenca quais as despesas consideradas
elegíveis como manutenção e desenvolvimento do ensino.
No mais, o acompanhamento e o controle social sobre a repartição, a transferência e a
aplicação dos recursos do FUNDEB são exercidos, junto aos respectivos governos federal,
dos Estados, do DF e dos Municípios, por conselhos instituídos para esse fim em cada
âmbito governamental por meio de legislação específica de cada ente. Segundo a legislação
vigente, o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB deve ser composto
por, no mínimo, nove membros, com a presença de representantes da administração pública,
dos professores, de pais de alunos e de alunos matriculados na rede de ensino.
##/Fato##
2.2.2. Falhas na constituição/composição do Conselho de Acompanhamento Social do
FUNDEB e capacitação insuficiente de seus membros
Fato
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação – FUNDEB é regulamentado pela Lei nº 11.494/2007, a qual,
dentre outras disposições, prevê a criação de Conselhos de Acompanhamento e Controle
Social – CACS, cuja função principal é proceder ao acompanhamento e controle social sobre
a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, no âmbito de cada esfera
Municipal, Estadual e do Distrito Federal. Os Conselhos não são unidades administrativas
do Governo, mas representam o controle direto da sociedade, uma vez que é aberta a
possibilidade a estes colegiados de apontar, às demais instâncias de controle, falhas ou
irregularidades eventualmente cometidas na gestão de recursos públicos, para que as
autoridades constituídas, no uso de suas prerrogativas legais, adotem as providências que
cada caso venha a exigir.
É importante destacar que o trabalho do Conselho do FUNDEB soma-se ao das tradicionais
instâncias de controle e fiscalização da gestão pública. Entretanto, o Conselho do FUNDEB
não é uma nova instância de controle, mas sim de representação social, não devendo, por
conseguinte, ser confundido com o controle interno, executado pelo próprio Poder
Executivo, nem com o controle externo, executado pelo Tribunal de Contas na qualidade de
órgão auxiliar do poder legislativo, a quem compete a apreciação das contas do Poder
Executivo. Desta forma, sua ação deve ser independente e, ao mesmo tempo, harmônica
com os órgãos da Administração Pública, conforme apontamentos apresentados no sítio
eletrônico do FNDE.
No âmbito do município de Altamira do Maranhão/MA, verificou-se a instituição do CACS
por meio de Lei Municipal, a elaboração formal de seu regimento interno, a disponibilização
de apoio material e logístico para a atuação do Conselho, a realização de reuniões periódicas
devidamente formalizadas em atas, e a análise da prestação de contas de programas de
governo executados com recursos do FUNDEB. Nestes quesitos foi observada a
consonância com a Lei nº 11.494/2007.
No que tange à composição do CACS na esfera municipal, devem fazer parte deste conselho
no mínimo 9 membros, sendo: 2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal, dos
quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional
equivalente; 1 (um) representante dos professores da educação básica pública; 1 (um)
representante dos diretores dessas escolas; 1 (um) representante dos servidores técnico-
administrativos; 2 (dois) representantes dos pais de alunos; 2 (dois) representantes dos
alunos da educação básica pública, um dos quais indicado pela entidade de estudantes
secundaristas. A cada membro do conselho deve haver um suplente. Podem ainda compor o
Conselho do FUNDEB, 1 (um) membro do Conselho Tutelar.
No que tange à composição do CACS no Município de Altamira do Maranhão, foram
verificadas as seguintes falhas, conforme apresentado no Quadro 03 a seguir:
Quadro 03: Inconsistências verificadas na composição do CACS no âmbito do Município fiscalizado.
CPF do membro
do CACS
Segmento representado Inconsistência
verificada 848.***.***-72 Pais de Alunos da Educação Básica
Pública
Professor da Educação
Básica Pública
630.***.***-00 Pais de Alunos da Educação Básica
Pública
Professor da Educação
Básica Pública
216.***.***-04 Pais de Alunos da Educação Básica
Pública (Suplente)
Professor da Educação
Básica Pública
056.***.***-10 Estudantes da Educação Básica Pública Professor da Educação
Básica Pública
611.***.***-16 Estudantes da Educação Básica Pública
(Suplente)
Não estuda mais no
Município
966.***.***-87 Professores da Educação Básica Pública Diretor de Escola Básica
Pública
896.***.***-00 Servidores Técnico-Administrativos das
Escolas Básicas Públicas
Professor da Educação
Básica Pública
832.***.***-15 Servidores Técnico-Administrativos das
Escolas Básicas Públicas
Diretor de Escola Básica
Pública
609.***.***-01 Estudantes da Educação Básica Pública –
Indicado pela Entidade de Estudantes
Secundaristas
Diretor de Escola Básica
Pública
449..***.***-87 Membros do Conselho Tutelar Não é membro do
Conselho Tutelar
407.***.***-00 Membros do Conselho Tutelar (Suplente) Não é membro do
Conselho Tutelar
Fonte: Cadastro de conselheiros do CACS no site do FNDE e relação de servidores disponibilizada pela
Prefeitura Municipal de Altamira do Maranhão/MA.
Além do fato de membros do CACS representarem simultaneamente mais de um
segmento, conforme exposto no Quadro 03, foi verificado que o Conselho Tutelar não
possui representantes no CACS, uma vez que os membros que representam este segmento
tiveram seus mandatos como conselheiros tutelares expirados em dezembro de 2015 e não
foram reeleitos.
De acordo com informações apresentadas em reunião com integrantes do CACS, foi
possível verificar a capacitação insuficiente de seus membros, tendo em vista afirmarem
desconhecer a necessidade de acompanhamento da elaboração da Lei Orçamentária Anual
e do Censo Escolar. Também foi informado que a análise da prestação de contas do
FUNDEB ocorreu a partir de explanações da Secretária de Educação do Município durante
reunião do CACS, não havendo a efetiva análise de documentação comprobatória da
gestão dos recursos repassados.
Tendo em vista que a maior parte dos integrantes do CACS no mandato vigente possui
vínculo remunerado com o poder executivo municipal, é evidente o comprometimento da
imparcialidade da atuação deste Conselho, uma vez o apontamento de irregularidades é
desestimulado pelo possível rompimento do vínculo empregatício dos membros do CACS
com o poder público.
Diante do exposto, verifica-se a necessidade de recomposição do CACS no Município de
Altamira do Maranhão com a substituição dos membros em situação irregular, conforme
apresentado no Quadro 03, com a notificação aos representantes os segmentos sociais que
devem compor este Conselho para a indicação de novos membros, conforme determinado
pelo Art. 24, § 2º e §3º da Lei nº 11.494/2007.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A gestão acata a sugestão de necessidade de recomposição do CACS no
Município de Altamira do Maranhão com a exoneração dos membros
apontados no relatório e a nomeação de novos conselheiros – conforme
demonstram os documentos em anexo que compõem-se de portarias e
exoneração.
Informa-se que já foram iniciados as eleições dos novos membros.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os gestores encaminharam a Portaria nº 060, de 12 de setembro de 2016, que dispõe sobre
a exoneração de alguns membros do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle
Social do FUNDEB em Altamira do Maranhão/MA, sendo:
a) Um titular e um suplente da representação dos servidores técnicos-administrativos
das escolas básicas públicas;
b) Dois titulares e um suplente da representação de pais de alunos da Educação Básica
Pública;
c) Um titular e um suplente da representação de Estudantes da Educação Básica
Pública;
d) Um titular e um suplente da representação de Estudantes da Educação Básica
Pública – Indicados pela Entidade de Estudantes Secundaristas;
e) Um titular e um suplente da representação do Conselho Tutelar.
Dos membros irregulares listados no Quadro 03 acima, não veio a exoneração do diretor de
escola que está como representante dos professores da Educação Básica Pública.
Além disso, com base em consulta feita ao site do FNDE, no endereço
“https://www.fnde.gov.br/cacs/index.php/lista_conselheiros/listagem”, nota-se que os
membros que teriam sido exonerados, ainda, consta como conselheiros, mostrando que
nada mudou em relação à situação irregular citada outrora.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Incapacidade técnica operacional da rede de ensino suportar a quantidade de
alunos declarados no censo escolar pela Secretária de Educação do Município de
Altamira do Maranhão/MA.
Fato
Nas visitas às escolas do município de Altamira do Maranhão/MA, notaram-se
incoerências entre a quantidade de alunos declarada pela Prefeitura em resposta a
Solicitação de Fiscalização e a capacidade técnico-operacional a partir da estrutura física
existente das escolas de suportarem tal quantitativo de alunos. Para chegar a essa
conclusão, procedeu-se a uma contagem física da quantidade de salas e de carteiras
escolares presentes em cada escola (capacidade de abrigar alunos) e fez a comparação com
a quantidade de alunos declarada pela Secretaria de Educação do referido Município.
Mister se faz frisar que foram visitadas 16 escolas de um total de 17 que compõem a rede
de educação básica do Município. A única escola que não foi visitada, o G. E. de JEJU,
possui poucos alunos e um peso pequeno em toda a amostra coletada, sendo considerados
como reais, para esta escola, os números declarados pela Secretaria de Educação. A seguir,
no Quadro 04, detalham-se as divergências constatadas:
Quadro 04 – Informações sobre a capacidade técnica operacional das escolas do município de Altamira do
Maranhão/MA.
ESCOLA QUANT.
DE
SALAS
TURNO
S
QUANT.
CARTEIRAS
NA ESCOLA
QUANT. DE
ALUNOS
DECLARAD
A
CAPACIDADE
TECNICA
OPERACIONAL
DA ESCOLA
ESCOLA QUANT.
DE
SALAS
TURNO
S
QUANT.
CARTEIRAS
NA ESCOLA
QUANT. DE
ALUNOS
DECLARAD
A
CAPACIDADE
TECNICA
OPERACIONAL
DA ESCOLA
Gov. Nunes Freire
(Sede) 6
3 (Mat/
Vesp/
Not)
155 515 465
G. E. Rui Barbosa
(Pov. Caldeirão) 7
3 (Mat/
Vesp/
Not)
133 642 399
Casulo
(Sede) 5
1
(Mat) 99 145 99
U. E. Beronice de
Carvalho Moreira
(Sede)
5
2*
(Mat/
Vesp)
88 461 264
E. M. Centro de Davi
(Pov. Centro de Davi) 2
2* (Mat/
Vesp) 31 88 93
E. M. N. Sra. da
Conceição
(Pov. Centro dos
Clementes)
3
2*
(Mat/
Vesp)
34 91 102
Jardim de Infância
Príncipe Encantado
(Pov. Caldeirão)
3
2
(Mat/
Vesp)
56 103 112
G. E. Castelo Branco
(Pov. São Raimundo) 2
2*
(Mat/
Vesp)
36 149 108
E. M. São Francisco
(Pov. São Francisco) 2 1* (Mat) 18 49 36
G. E. Ernesto Giesel
(Pov. Olho D’Água do
Escondido)
2
3 (Mat/
Vesp/
Not)
31 175 93
U. I. Prof. Ireni Alves
Pereira
(Sede)
3 2* (Mat/
Vesp) 75 259 225
G. E. Gonçalves Dias
(Pov. Aldeia) 4
3 (Mat/
Vesp/
Not)
127 308 207
E. M. Curralinho
(Pov. Curralinho) 1
2 (Mat/
Vesp) 23 33 46
E. M. de Mangueira 1 1 (Mat) 7 8 7
Jardim de Infância
Eliane Moreira
(Sede)
3 1 (Mat) 44 37 44
E. M. Renovadora do
Brasil
(Pov. Marmorana)
2 1* (Mat) 28 119 56
G. E. de Jeju 1 1* (Mat) 7 7 7
TOTAL 992 3.189 2.363
*Essas escolas possuíam o horário noturno declarado como em funcionamento pela Secretária de
Educação. Porém, em visita técnica no período da noite a essas escolas, verificou-se que essas se
encontravam fechadas e não possuíam funcionamento no período noturno. Dessa forma, não foi
ESCOLA QUANT.
DE
SALAS
TURNO
S
QUANT.
CARTEIRAS
NA ESCOLA
QUANT. DE
ALUNOS
DECLARAD
A
CAPACIDADE
TECNICA
OPERACIONAL
DA ESCOLA
considerado esse período para o cálculo da capacidade técnica operacional da escola.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir do resultado da vistoria in loco realizada nas escolas.
Para o cálculo da capacidade técnico-operacional de cada escola, considerou-se o número
de turnos em funcionamento e a quantidade de carteiras por escola. Esse resultado
representa o número máximo de alunos que a escola pode suportar em condições mínimas
de conforto.
No entanto, ressalta-se que em nenhuma escola observou-se turmas em sala de aula que
ocupassem a quantidade máxima de carteiras escolares presentes. Ao contrário, verificou-
se na fiscalização às escolas que carteiras vazias em salas de aulas era a regra. Desse modo,
o resultado de 2.363 é o número máximo de alunos que a rede de educação básica do
Município suporta e, possivelmente, o número efetivo de alunos em sala de aula deve ser
menor que a capacidade encontrada. Assim, mesmo que se considerasse as escolas em
funcionamento no período noturno, como declaradas pela Secretaria, a quantidade de
alunos no Censo seria maior que a capacidade técnico-operacional das escolas.
Com isso, verifica-se que a quantidade declarada pela Secretaria de Educação, 3.189,
representa um total de 826 alunos a maior que a capacidade técnico-operacional das
escolas, ou seja, a quantidade informada está 25,90% superdimensionada.
Importante frisar que o número de alunos declarados no Censo Escolar é base para os
repasses de recursos federais aos Estados e Municípios e define o valor a ser recebido para o
Fundeb. ##/Fato##
2.2.4. Quantidade de profissionais presentes na relação de pagamento superior a
necessária demandada para a manutenção da rede de ensino básica do município.
Fato
Na fiscalização realizada nas escolas da rede de educação básica do município de Altamira
do Maranhão/MA, verificou-se que a quantidade de profissionais presentes na relação da
folha de pagamento é incompatível com a quantidade de profissionais que trabalham nas
escolas, tendo em vista que a quantidade de profissionais constante das folhas de
pagamento é superior à quantidade necessária em função da demanda suficiente para a
manutenção da rede de ensino do Município.
Ao todo, verificou-se nas escolas um total de 235 profissionais do magistério, sendo 197
professores, 12 coordenadores e 15 diretores. Em relação aos profissionais de apoio,
verificou-se um total de 119, sendo 40 merendeiras, 46 profissionais para a limpeza e 33
profissionais de apoio, como vigia, zelador, entre outros, conforme demonstrado no
Quadro 05 a seguir:
Quadro 05 – Quantidade de profissionais em cada escola da rede de ensino do município.
ESCOLA Quan
t.
Salas
Turn
os Diretor Coordenador Professor Merendeira
Limpez
a Apoio
Gov. Nunes
Freire (Sede) 6
3
(Mat/
Vesp/ Not)
1 2 45 5 9 3
ESCOLA Quan
t.
Salas
Turn
os Diretor Coordenador Professor Merendeira
Limpez
a Apoio
G. E. Rui
Barbosa
(Pov.
Caldeirão)
7
3
(Mat/ Vesp/
Not)
1 2
26 5 3 2
Casulo
(Sede) 5
1 (Mat)
1 1 12 2 2 2
U. E. Beronice
de Carvalho
Moreira (Sede)
5 2*
(Mat/
Vesp) 1 2 26 4 4 2
E. M. Centro
de Davi (Pov.
Centro de
Davi)
2 2*
(Mat/
Vesp) 1 - 6 1 1 2
E. M. N. Sra.
da Conceição
(Pov. Centro
dos Clementes)
3 2*
(Mat/
Vesp) 1 1 5 2 2 1
Jardim de
Infância
Príncipe
Encantado
(Pov.
Caldeirão)
3 2
(Mat/
Vesp) 1 1 10 3 3 3
G. E. Castelo
Branco
(Pov. São
Raimundo)
2 2*
(Mat/ Vesp)
1 - 6 2 2 2
E. M. São
Francisco (Pov.
São Francisco)
2 1*
(Mat) 1 1 5 2 2 1
G. E. Ernesto
Giesel
(Pov. Olho
D’Água do
Escondido)
2
3
(Mat/ Vesp/
Not)
1 - 7 3 2 3
U. I. Prof. Ireni
Alves Pereira
(Sede)
3 2*
(Mat/
Vesp) 1 1 10 3 4 2
G. E.
Gonçalves Dias
(Pov. Aldeia)
4
3
(Mat/ Vesp/
Not)
1 1 21 2 6 6
E. M.
Curralinho
(Pov.
Curralinho)
1 2
(Mat/
Vesp) 1 1 3 1 1 1
E. M. de
Mangueira 1
1
(Mat) - - 1 - - -
Jardim de
Infância Eliane
Moreira
(Sede)
3 1
(Mat) 1 2 6 2 2 1
ESCOLA Quan
t.
Salas
Turn
os Diretor Coordenador Professor Merendeira
Limpez
a Apoio
E. M.
Renovadora do
Brasil
(Pov.
Marmorana)
2 1*
(Mat) 1 1 6 2 2 1
G. E. de Jeju 1 1*
(Mat) - 2 1 1 1
Total 15 20 197 40 46 33
Total Fundeb 60% 235 Total Fundeb 60% 119
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir do resultado das visitas in loco nas escolas municipais
Registre-se que a quantidade de profissionais do Quadro 05 acima foi adquirida
questionando-se diretamente os Diretores das escolas visitadas, tendo em vista que não
houve manifestação por parte dos gestores à demanda contida na Solicitação de
Fiscalização nº 201602209/05, de 01 de setembro de 2016, que solicitava informações à
Secretaria de Educação sobre a quantidade de profissionais que exercia função em cada
escola da rede de ensino do município.
Ainda, houve uma análise, por parte da Equipe de Fiscalização, das quantidades declaradas
pelos Diretores, verificando se as informações repassadas são compatíveis com as
condições das escolas, chegando-se a conclusão que a quantidade dos professores
informada por escola é suficiente para suportar a carga horaria demandada, de acordo com
a quantidade de salas e turnos de funcionamento de cada escola, existindo, inclusive, uma
margem de folga, para suprir as demandas de substituição e/ou faltas de professores.
Quanto aos demais servidores, verifica-se que as quantidades estão de acordo com a
demanda e a capacidade das escolas.
Como a folha de pagamento dos profissionais que atuam na rede de ensino varia ao longo
do exercício, com um grande aumento no número de profissionais ao início do ano letivo, e
é dividida de acordo com a natureza da despesa, se profissional do magistério (Fundeb
60%) ou se profissional auxiliar (Fundeb 40%), tem-se a seguinte comparação no Quadro
06 a seguir:
Quadro 06 – Quantidade de profissionais presentes na folha de pagamento do mês de agosto de 2015.
Cargo
Quantidade
na folha de
pagamento
Quantidade
efetiva na
rede de
ensino
Diferença no
número de
profissionais
Remuneração
mínima do
profissional
(R$)
Valor (R$)
Coordenador
Pedagógico
(Fundeb 60%)
36 17 19 1.800,00 34.200,00
Diretores,
Professores,
Supervisores
(Fundeb 60%)
297 220 77 958,89 73.834,53
AOSD,
Nutricionista, Sec.
Educação e Sec.
Adjunto
(Fundeb 40%)
205 119 86 788,00 67.768,00
Total 538 356 182 - 175.802,53
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir da comparação entre a folha de pagamento dos
profissionais do FUNDEB e o resultado da vistoria in loco nas escolas.
A nível de comparação, tomado como base o mês de agosto de 2015, verifica-se que a
quantidade de profissionais presente na folha de pagamento com recursos do FUNDEB, ou
seja, 538 ao todo, é maior que a quantidade de profissionais que atuam na rede de ensino
básica do município, isto é, 356.
Nota-se que há uma diferença de 182 profissionais que estão presentes na folha de
pagamento dos profissionais, mas que, se existentes de fato, estão ociosos e não possuem
nenhuma necessidade de atuação na rede de educação básica do Município. Tal fato
constitui, no mínimo, um desperdício de recursos com mão de obra não atuante na
educação básica. Ao todo, considerando a remuneração mínima para os profissionais
atuantes em cada área, verifica-se um gasto de R$ 175.802,53, apenas no mês de agosto de
2015, a mais com os profissionais que não atuam na rede de ensino básica do município.
Como os gastos de janeiro e fevereiro de 2015 praticamente só contém os profissionais que
possuem vinculo por concurso, sendo os gastos com profissionais contratados bem
inferiores do que aqueles quando se inicia o ano letivo, esses meses não serão utilizados na
base de comparação. No entanto, de março de 2015 a dezembro de 2015 se mantém de
forma uniforme, com variações de menos de 5%, verifica-se que nesses 10 meses tem um
gasto próximo a R$ 1.750.000,00 com profissionais não necessários a manutenção da
educação básica na folha de pagamento do FUNDEB.
Registra-se que devido ao período de Fiscalização in loco ser reduzido, a Equipe de
Fiscalização não dispôs de tempo hábil necessário para verificar se os profissionais
contidos na folha de pagamento da rede de ensino básica do município de fato existiam e
estavam atuando devidamente em seus postos de trabalho.
Porém, ressalta-se que em pesquisa a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do
Ministério do Trabalho, verificou-se que há profissionais presentes na folha de pagamento
do município de Altamira do Maranhão que não estão sendo declarados na base de dados e
ainda estão inscritos em Programas Sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família.
Por fim, se compararmos essa situação com aquela relacionada ao superdimensionamento
da quantidade de alunos da rede de ensino municipal, com o consequente aumento da
quantidade de recursos repassados ao Município, discorrido noutro ponto deste Relatório,
verifica-se que a quantidade gasta com profissionais que não possuem espaço para atuação
na rede de ensino do município é proporcional ao aumento de recursos envolvidos com o
superdimensionamento de alunos assistidos pela rede de ensino básica.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“Como já dito, houve, de fato, a redução do número de alunos no ano de 2016,
em virtude da alta taxa de evasão escolar do Projeto de Educação de Jovens e
Adultos, todavia, esta realidade somente se consolidou no mês de Julho de 2016,
quando se decidiu fechar as turmas de EJA nas Escolas Beronice de Carvalho
Moreira, Castelo Branco, São Francisco, Nossa Senhora da Conceição e Centro
do Davi por ausência de alunos.
Ocorre que a Lei 9.504/1997 veda a demissão de contratados nos três meses que
antecedem as eleições até a posse dos agentes eleitos, conforme previsão legal
do art. 73, V.
Assim, passado o pleito eleitoral, o quantitativo de servidores da Secretaria de
Educação será reajustado para atender a nova realidade com a rescisão dos
contratos dos servidores originalmente direcionados para atender as turmas
noturnas de EJA das escolas supra indicadas.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Mais uma vez, se verifica a falha de planejamento das ações da Prefeitura. Tendo em vista
que, se a evasão escolar estava sendo verificada em 2016 e cientes de ser ano eleitoral, os
gestores municipais deveriam ter se precavido com antecedência para reduzir os contratados
da área de educação ao final de junho, antes de se adentrar no período proibitivo da
legislação eleitoral. Essa falta de decisão tempestiva, apesar de ter evitado o desgaste
eleitoral, custou um preço razoável para os cofres públicos, que têm que custear por 6 meses
profissionais que não mais necessitam de seus trabalhos, já que não têm demanda para isso.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Informação sobre as contratações realizadas com recursos do FUNDEB no
Município de Altamira do Maranhão/MA.
Fato
Os recursos do FUNDEB, inclusive aqueles oriundos de complementação da União, serão
obrigatoriamente utilizados pelos Estados, pelo DF e pelos Municípios, no exercício
financeiro em que forem creditados, em ações consideradas como de manutenção e
desenvolvimento do ensino para a educação básica pública relacionadas no art. 70 da Lei
9.394/1996, quais sejam:
- Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da
educação;
- Aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos
necessários ao ensino;
- Uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
- Levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao
aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;
- Realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de
ensino;
- Amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender às despesas
elecandas acima;
- Aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte
escolar.
Como no mínimo 60% dos recursos do Fundo devem ser aplicados em remuneração do
corpo docente da rede de ensino básica do município, os recursos restantes, menos de 40%,
devem ser aplicados na manutenção e ampliação dessa rede de ensino.
No município de Altamira do Maranhão/MA foram realizadas, com recursos do FUNDEB,
onze contratações no exercício de 2015, no valor total de R$ 2.698.922,46, como
observado no Quadro 07, a seguir. Esse montante representa 29,33% dos recursos totais
disponíveis do fundo, dentro do limite de máximo 40% estabelecido na legislação.
Quadro 07 – contratos firmados com recursos do FUNDEB no ano de 2015.
Objeto dos
Contratos
Processo
Licitatório Contratado CNPJ Valor Total
Aquisição de
Combustíveis
Pregão
Presencial nº
40/2014
Veronica Ferreira Costa
- EPP (Auto Posto
Firmeza)
07.612.057/0001-
90 184.690,00
Locação de
Veículos
Pregão
Presencial nº
41/2015
P M Construtora e
Serviços Ltda.
19.397.361/0001-
41 206.352,00
Reforma das
Escolas
Tomada de
Preços nº
19/2014
JSL Construções e
Serviços Ltda. - ME
19.792.881/0001-
59 971.827,10
Material de
Limpeza (lt
12)
Pregão
Presencial nº
37/2014
J. A. Comercio de
Gêneros Alimentícios
10.379.349/0001-
30 303.580,87
Utensílios
Cozinha (lt
15)
Pregão
Presencial nº
37/2014
J W Comercio e
Serviços
(Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38 100.788,78
Material
Didático (lt
6)
Pregão
Presencial nº
37/2014
J W Comercio e
Serviços
(Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38 300.813,20
Material
Desportivo
Pregão
Presencial nº
37/2014
J W Comercio e
Serviços
(Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38 5.035,50
Material
Gráfico
Pregão
Presencial nº
39/2014
N C C Leite Gomes
(gráfica manchete)
00.748.189/0001-
03 134.625,00
Capacitação
Professores
Pregão
Presencial nº
04/2015
M I Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora)
06.183.170/0001-
35 92.460,01
Reforma de
carteiras
escolares
Pregão
Presencial nº
05/2015
M I Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora)
06.183.170/0001-
35 124.250,00
Aquisição de
carteiras
escolares
Pregão
Presencial nº
06/2015
M I Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora)
06.183.170/0001-
35 274.500,00
TOTAL 2.698.922,46
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir da Resposta à SF nº 201602209/01.
No exercício de 2016, foram realizados até o período de escopo da Fiscalização, 10
contratações, no valor total de R$ 2.150.843,96, como se pode observar no Quadro 08 a
seguir. Esse montante representa 25,17% dos recursos previstos para o FUNDEB no
exercício, por enquanto, dentro do limite estabelecido na legislação (máximo 40%).
Quadro 08 – contratos firmados com recursos do FUNDEB no ano de 2016.
Objeto dos
Contratos
Processo
Licitatório Contratado CNPJ Valor Total
Locação de
veículos
Pregão
Presencial nº
12/2015
Contrex Construções e
Serviços EIRELE – ME
08.665.710/0001-
42
122.400,00
Aquisição de
Combustível
Pregão
Presencial nº
10/2016
José Rodrigues Vascon-
celos Filho (Posto
Ellison)
17.943.287/0001-
96
179.998,00
Aquisição de
Material
Didático (Lt 1)
Pregão
Presencial nº
19/2015
M I Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora)
06.183.170/0001-
35
320.279,64
Material de
Limpeza (Lt 2)
Pregão
Presencial nº
19/2015
J W Comercio e
Serviços
(Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38
133.272,24
Utensílios
Cozinha (Lt 5)
Pregão
Presencial nº
19/2015
B. V. Q. de Menezes
comercio – ME
23.164.475/0001-
19
47.635,68
Material
Desportivo
(Lote 6)
Pregão
Presencial nº
19/2015
M I Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora)
06.183.170/0001-
35
14.118,90
Material
Gráfico
Pregão
Presencial nº
13/2015
R. de J. v. Furtado
(Artgráfica DNA)
09.627.295/0001-
03
300.200,00
Aquisição de
carteiras
escolares
Pregão
Presencial nº
07/2016
J W Comercio e
Serviços
(Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38
196.000,00
Reforma de
carteiras
escolares
Pregão
Presencial nº
08/2016
J W Comercio e
Serviços (Piaza & Cia.)
13.753.301/0001-
38
52.920,00
Reforma de
escola
Tomada de
Preços nº
19/2015
Contrex Construções e
Serviços EIRELE – ME 08.665.710;001-42
784.019,50
TOTAL 2.150.843,96
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir da Resposta à SF nº 201602209/01.
##/Fato##
2.2.6. Superfaturamento no volume de gasolina contratado com recursos do FUNDEB
para a manutenção do programa de transporte escolar do município que geraram
danos de R$ 366.235,46.
Fato
Verificou-se, por meio da análise das rotas percorridas pelos ônibus utilizados para realizar
o transporte escolar dos alunos da rede de educação básica do município de Altamira do
Maranhão/MA, superfaturamento na quantidade combustível contratada e paga com
recursos do FUNDEB para essa despesa, gerando danos ao Erário de R$ 366.235,46, sobre
o qual se discorre a seguir de forma pormenorizada.
No exercício de 2015, por meio do Pregão Presencial nº 40/2014 foi firmado contrato com
a empresa Verônica Ferreira Costa – EPP (Auto Posto Firmesa), de CNPJ nº
07.612.057/0001-90, com vistas ao fornecimento de 73.000 litros de óleo diesel comum, ao
valor unitário de R$ 2,53 por litro, o que totalizou um contrato anual de R$ 184.690,00.
Acresce-se que, não obstante esse valor contratado, verificou-se que o valor efetivamente
gasto no exercício de 2015 com combustível, de acordo com os documentos de despesa
apresentados, foi de R$ 206.341,35, aproximadamente 12% superior ao valor contratado.
Assevere-se que não foi verificado nenhum aditivo ao contrato que desse respaldo a esse
aumento do quantitativo inicialmente contratado.
No exercício de 2016, por meio do Pregão Presencial nº 10/2016 foi firmado contrato com
a empresa José Rodrigues Vasconcelos Filho (Posto Ellison), de CNPJ nº
17.943.287/0001-96, com vistas ao fornecimento de 59.800 litros de óleo diesel comum, ao
valor unitário de R$ 3,01 por litro, totalizando um contrato anual de R$ 179.998,00. Desse
valor, até 30 de junho de 2016, já houve pagamento de R$ 52.234,01, relativos ao gasto
com combustíveis para o transporte escolar, de acordo com os documentos de despesa
apresentados.
Ressalte-se que nos processos licitatórios não se constatou nenhum tipo de memória de
cálculo ou demonstrativo de necessidade que justificasse a quantidade de combustível
contratado em ambos os anos.
Em relação ao procedimento licitatório, verificou-se apenas uma empresa participante do
pregão presencial, em ambos os anos, não havendo nenhum outro concorrente. No mais,
em visita ao endereço indicado pela empresa Verônica Ferreira Costa – EPP (Auto Posto
Firmesa), de CNPJ nº 07.612.057/0001-90, não se encontrou nenhum posto de gasolina,
apenas há casas residenciais, conforme se verifica nas fotos 01 e 02, a seguir:
Foto 01: Residência existente no endereço
constante dos documentos do Posto Firmesa.
Vitorino Freire, 02/09/2016.
Foto 02: Destaque para o número da casa, no
endereço que consta como sendo do citado
Posto.
Vitorino Freire, 02/09/2016
Quanto aos controles associados ao abastecimento e consumo dos veículos que fazem o
transporte dos alunos da rede de ensino municipal, questionou-se à prefeitura de qual
forma esse controle é realizado e quais os responsáveis pelo abastecimento, dentre outras
informações. Em resposta, a prefeitura informou que não possui controle de combustível.
Dessa forma, verifica-se uma grande fragilidade na aplicação dos recursos da educação
básica do município pela ausência de controles associados ao abastecimento e consumo de
combustíveis pelos veículos do município, que geram grandes riscos de malversação dos
recursos públicos.
Assim, diante do volume de combustível e de recursos envolvidos e pela ausência de
controles associados ao uso desses recursos, verificou-se como era realizado, no município,
o transporte dos alunos da rede de educação básica.
Na Fiscalização, verificou-se que o município dispõe de dois ônibus próprios para realizar
o transporte dos alunos, sendo que um deles é oriundo de doação pelo Estado do Maranhão
e o outro adquirido pelo Município. Cada ônibus possui sua própria rota, que nos
exercícios de 2015 e 2016 foram as seguintes.
a) Ônibus 1, do modelo Marcopoloo/Volare V8L 4X4, o qual realiza a rota demostrada na
Figura 1 a seguir, com 2 paradas no turno da tarde e 3 paradas no turno da noite.
Figura 01 – Rota do Ônibus 1 em cada turno.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
Com essas informações reunidas, verificou-se que o total da distância percorrida pelo
Ônibus 1 em sua rota diária equivale a 72,8 km. Dessa forma, ao todo, durante o ano letivo,
que consta como sendo de 200 dias, o total percorrido na rota do Ônibus 1 seria de 14.560
Km como demonstrado no Quadro 09 a seguir. Registre-se que as distâncias informadas
pela Prefeitura se encontram um pouco diferentes das distâncias auferidas pela Equipe de
Fiscalização, tendo em vista que a distância percorrida na rota desse ônibus, informada
pela Prefeitura, seria de 80 km por dia.
Quadro 09 – Distâncias percorridas na rota pelo Ônibus 1.
TARDE
TOTAL Parada 1 Parada 2 Parada 3
Ida 5,6 5,6 - 11,2 (a)
Retorno 5,6 5,6 - 11,2 (b)
NOITE
Parada 1 Parada 2 Parada 3
Ida 7,5 5,1 12,6 25,2 (c)
Retorno 12,6 5,1 7,5 25,2 (d)
Total da rota percorrida diariamente pelo Ônibus 1 (em km):
[e = a+b+c+d] 72,8 (e)
Total da rota percorrida pelo Ônibus 1 no ano letivo (200 dias) (em km):
[f = e*200] 14.560 (f)
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
De acordo com o manual do proprietário disponibilizado pelo fabricante, o Ônibus 1 possui
as seguintes características demonstradas no Quadro 10 a seguir. Registre-se que o
consumo médio do veículo foi informado pelo motorista e o dado é semelhante a dados
levantados em outros Relatórios de Auditoria da CGU que envolveram veículos de mesmo
modelo.
Quadro 10 – Informações técnicas do Ônibus 1.
ONIBUS 1
Consumo Médio (km/l) 7
Capacidade Tanque (l) 150
Autonomia (km) 1.050
Necessidade de abastecer 2 vezes por mês
Fonte: Manual Técnico do ônibus modelo Marcopoloo/Volare V8L 4X4.
Para a necessidade de abastecer levou-se em conta a autonomia do veículo e o total
percorrido diariamente na rota, e, ainda, estabelecendo uma faixa de segurança para o
veículo não ficar sem combustível. Como o veículo se encontra a uma distância média do
posto de abastecimento de 30 km, levou-se em conta também essa distância de
abastecimento para calcular a distância total percorrida pelo ônibus escolar em serviço à
Prefeitura para se chegar ao consumo, em litros de diesel, no total do ano letivo.
Quadro 11 – Distância Total percorrida pelo Ônibus 1 e o consumo total do veículo por ano.
Total da distância percorrida em sua rota por ano letivo (200 dias) (em km): 14.560 (a)
Total percorrido para abastecer o veículo (durante o ano letivo) (em km): 600 (b)
Distância total percorrida pelo Ônibus 1 por ano [c = a+b] 15.160 (c)
Consumo Total por ano (em litros) [d = c/7] 2.165,71 (d)
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
Dessa forma, chegou-se a um consumo de 2.165,71 litros de diesel comum ao longo de um
ano letivo para a rota realizada pelo Ônibus 1.
b) Ônibus 2, do Modelo VW/15.190 EOD E. HD ORE, o qual realiza, como demonstrado
na Figura 2 a seguir, a mesma rota nos turnos da tarde e noite, com 3 paradas.
Figura 02 – Rota do Ônibus 2 em cada turno.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
Com essas informações reunidas, verificou-se que o total da distância percorrida pelo
Ônibus 2 em sua rota diária equivale a 34,4 km. Dessa forma, ao todo, durante o ano letivo,
que consta como sendo de 200 dias, o total percorrido na rota do Ônibus 2 seria de 6.880
Km como demonstrado no Quadro 12 a seguir.
Quadro 12 – Distâncias percorridas na rota pelo Ônibus 2.
TARDE E NOITE TOTAL
Parada 1 Parada 2 Parada 3
Ida 8,6 2,3 6,3 17,2 (a)
Retorno 6,3 2,3 8,6 17,2 (b)
Total da rota percorrida diariamente pelo Ônibus 2 (em km):
[c = a+b] 34,4 (c)
Total da rota percorrida pelo Ônibus 2 no ano letivo (200 dias) (em
km):
[d = c*200]
6.880 (d)
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
De acordo com o manual do proprietário disponibilizado pelo fabricante o Ônibus 2 possui
as seguintes características demonstradas no Quadro 13 a seguir. Registre-se que o
consumo médio do veículo foi informado pelo motorista e o dado é semelhante a dados
levantados em outros Relatórios de Auditoria da CGU que envolveram veículos de mesmo
modelo.
Quadro 13 – Informações técnicas do Ônibus 2 ONIBUS 2
Consumo Médio (km/l) 5
Capacidade Tanque (l) 275
Autonomia (km) 1375
Necessidade de Abastecer 1 vez por mês
Fonte: Manual técnico do ônibus modelo VW/15.190 EOD E. HD ore.
Para a necessidade de abastecer levou-se em conta a autonomia do veículo e o total
percorrido diariamente na rota, e, ainda, estabelecendo uma faixa de segurança para o
veículo não ficar sem combustível. Como o veículo se encontra a uma distância média do
posto de abastecimento de 30 km, levou-se em conta também essa distância de
abastecimento para calcular a distância total percorrida pelo ônibus escolar em serviço à
Prefeitura para se chegar ao consumo, em litros de diesel, no total do ano letivo.
Quadro 14 – Distância Total percorrida pelo Ônibus 2 e o consumo total do veículo por ano.
Total da distância percorrida em sua rota por ano letivo (200 dias) (em km): 6.880 (a)
Total percorrido para abastecer o veículo (durante o ano letivo) (em km): 436 (b)
Distância total percorrida pelo Ônibus 2 por ano [c = a+b] 7.316 (c)
Consumo Total por ano (em litros) [d = c/7] 1.463,20 (d) Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de informações obtidas na Prefeitura.
Dessa forma, chegou-se a um consumo de 1.463,20 litros de diesel comum ao longo de um
ano letivo para a rota realizada pelo Ônibus 2.
Assim, o consumo de diesel comum dos dois ônibus que fazem o transporte de alunos às
escolas, durante o ano letivo de 2015, de acordo com as rotas verificadas, ficou em
3.628,91 litros (2.165,71+1.463,20). Esse valor representa uma necessidade de combustível
20 vezes inferior aos 73.000 litros contratados no ano de 2015 e 16,5 vezes inferior aos
59.800 litros contratado no ano de 2016.
O valor total real do gasto com combustíveis para o transporte escolar no ano de 2015
deveria ter sido de R$ 9.181,15 (3.628,91 litros x R$ 2,53 o litro), e no ano de 2016 deveria
ser de R$ 10.923,03 (3.628,91 litros x R$ 3,01 o litro). Como o total gasto com
combustíveis no ano de 2015 foi de R$ 206.341,65, isso equivale a um superfaturamento
na monta de R$ 197.160,50 ou 95,55% do que foi realmente contratado. Para o ano de
2016, verifica-se um superfaturamento no montante de R$ 169.074,97 ou 93,93%, pois o
valor total real é de R$ 10.923,03 (3.628,91 litros x R$ 3,01 o litro).
Registra-se, ainda, que, com o total de combustível contratado no ano de 2015 pela
Prefeitura para os dois ônibus que fazem as rotas de transporte de alunos para as escolas do
Município, daria para percorrer 464.149,25 km.
Desse modo, verifica-se no dispêndio dos recursos do FUNDEB para a aquisição de
combustível para o transporte de alunos da rede de educação básica do Município a ausência
de memória de cálculo que justificasse a quantidade contratada, a ausência de controles
associados ao abastecimento e consumo dos veículos e ainda, um superfaturamento de R$
197.160,50 no ano de 2015 e um superfaturamento de R$ 169.074,97, totalizando R$
366.235,46 em recursos do FUNDEB, que deveriam ser utilizados na manutenção e
desenvolvimento do ensino, em danos ao Erário. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O relatório questiona a elevação dos gastos com três itens de consumo
custeados com verba do FUNDEB em descompasso com o número de
alunos/estabelecimentos, frotas e rotas de veículos.
Todavia, a narrativa do referido relatório acaba se mostrando contraditória e
em descompasso com a realidade do município.
Primeiramente, informa-se que não houve superfaturamento no que tange ao
pagamento de R$ 206.341,35, visto que, quando notou-se que a quantidade de
combustível seria insuficiente, a Secretaria promoveu a celebração de aditivo,
como se demonstra pela cópia do termo.
O auditor aponta que os processos licitatórios não possuem uma memória de
cálculo ou demonstrativo de necessidade. Cabe informar que os secretários
municipais adotam como parâmetro o consumo do ano predecessor mais um
acréscimo de 5% para estabelecer uma média.
Em outro momento, indica que realizou visita ao endereço indicado como sendo
do Posto de Gasolina Firmeza, ganhador das licitações para fornecimento de
combustível, e deparou-se com uma residência, no entanto, os auditores devem
ter se equivocado, pois o posto existe como comprovam as fotos, declaração da
Prefeitura e alvará de funcionamento dos anos 2014-2016, em anexo.
Quanto ao cálculo do combustível consumidor, antes de mais nada, a CGU falha
em perceber que o número de alunos transportados está incompleto, visto que
foi considerado apenas o número de alunos da rede municipal, sem considerar
que a Prefeitura também é responsável por prover o transporte dos alunos
da rede estadual.
Outro ponto que cabe ser destacado é o fato de que os Quadros 10-15, bem como
diversas outras figuras apresentadas ao longo do relatório, pautam-se em
informação errônea, visto que a quilometragem não computa a viagem de volta
para reabastecimento, desconsidera as diversas viagens culturais para
apresentação de bumba meu boi, participação em eventos esportivos e
deslocamento para encontros e visitas pedagógicas; além de conter erros nas
informações técnicas no item de consumo médio dos veículos o que altera
significativamente os resultados deste item1.
Logo, o Município não consegue vislumbrar qual o descompasso entre a
realidade das escolas e os gastos realizados, podendo, no máximo, reconhecer a
existência de eventuais distorções, porém estas são pontuais e nunca em
volume capaz de caracterizar ingerência.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A constatação dos auditores quando fala em superfaturamento quis significar que a
quantidade de combustível adquirida e, portanto, faturada, foi superior ao necessário para
que os dois veículos (ônibus) que fazem o transporte escolar no Município percorressem as
1 Por exemplo, o Manual técnico do ônibus Marcopolo/Volare V8L 4x4 indica que seu consumo médio é de
4 km/l e não de 7 km/l como apontado no relatório.
distâncias de seus trajetos de forma satisfatória. O fato de ter se celebrado aditivo ao
contrato não quer dizer que a conclusão está equivocada. Os gestores deveriam demonstrar
de que forma foi usada tão grande quantidade de combustível, já que, de acordo com as rotas
e trajetos percorridos pelos ônibus, na forma informada por ocasião da fiscalização na
Prefeitura e verificadas pela equipe de auditoria, essa quantidade se mostra imensamente
superior à necessária, 20 vezes mais no ano de 2015.
De fato, os processos de aquisição de combustível pela Prefeitura não possuem memória de
cálculo. Essa informação extemporânea, por ocasião da manifestação ao Relatório
Preliminar em nada acrescenta à falha, já que deveria ser feita era a demonstração de
quantos veículos são abastecidos, a média de quilômetros rodados e a rodar, o consumo
médio dos mesmos e, só depois, se acrescentar uma margem de, como foi dito, 5% a mais
para suprir a possibilidade da margem de erro.
As fotos enviadas são do Posto Ellison que possui endereço diferente, CNPJ diferente,
Razão Social diferente do Posto Firmesa. Note-se, o Posto Ellison (das fotos) possuiu razão
social José Rodrigues Vasconcelos Filho, CNPJ nº 17.943.287/0001-96 e está sediado à rua
15 de Novembro, nº 05, Centro, Vitorino Freire. Este foi encontrado pelos auditores. Já o
Posto Firmesa possui razão social “Verônica Ferreira Costa-ME”, CNPJ nº
07.612.057/0001-90 e estaria sediado à rua 15 de Novembro, nº 15, Centro, Vitorino
Freire/MA. Mesmo sendo a mesma rua, o número do imóvel é diferente. Nesse número 15
há uma residência, como mostraram as fotos. Em consulta ao cadastro do SINTEGRA/MA,
constatou-se que há uma empresa de mesma razão social (apenas mudou de ME para EPP) e
mesmo CNPJ na cidade de Lago da Pedra/MA e não em Vitorino Freire/MA como consta
dos documentos do processo licitatório e documentos de pagamento das despesas com
combustíveis. Segue o print da consulta ao SINTEGRA:
Quando demandados, por ocasião da fiscalização, os gestores informaram que apenas dois
ônibus fariam o transporte escolar dos alunos da rede municipal. Agora, em sua
manifestação, informam que fazem transporte de alunos da rede estadual. Contudo, mesmo
agora não especifica que veículos utiliza para isso, quais os itinerários, quantos quilômetros
diários são percorridos, quantos alunos estaduais são transportados, enfim, não envia
elementos para que se possa refazer os cálculos inicialmente traçados com os dados
disponíveis à época. Não importa informações soltas sem documentos comprovantes ou
elementos de prova com a robustez que se exige para demonstrar que tais informações são
confiáveis.
Diferentemente de como afirmam os gestores, os cálculos feitos levaram em conta sim as
viagens de abastecimento dos veículos, já que se sabia que o posto de combustível se situava
na cidade de Vitorino Freire/MA, vizinha a Altamira do Maranhão/MA.
Quanto às viagens culturais, eventos esportivos e deslocamentos para encontros e visitas
técnicas e pedagógicas, os gestores demonstraram quantas ocorreram, mas não
especificaram qual foi a quilometragem rodada por esses veículos nesses trechos,
provavelmente devido à falta de controles de abastecimento e de consumo de combustíveis.
Ainda, esses eventos representam parcela pequena no peso do consumo total de
combustíveis por parte dos veículos, e não justificam o gasto a mais na compra de
combustível pela Prefeitura.
Por fim, se considerarmos que esteja equivocada a autonomia de combustível do veículo
Volare, não sendo de 7 km/l mas de apenas 4 km/l, se chegaria à quantidade de 5.253,20
litros, ainda bastante inferior aos 73 mil litros de 2015 e aos 59,8 mil litros de 2016. Em
termos financeiros, a diferença também seria mínima, senão, vejamos: o valor total do gasto
com combustíveis para o transporte escolar no ano de 2015 deveria ter sido de R$ 13.290,60
(5.253,2 litros x R$ 2,53 o litro), e no ano de 2016 deveria ser de R$ 15.812,13 (5.253,2
litros x R$ 3,01 o litro). Assim, recalculando o valor do superfaturamento em 2015, chega-se
a R$ 193.051,05 e, em 2016, de R$ 164.185,87. Valores não muito diferente dos calculados
inicialmente e ainda, assim, discrepantes em relação aos informados como consumo pela
Prefeitura.
Frise-se que não foram encaminhados documentos e elementos capazes de se refazer, com
uma margem boa de segurança e credibilidade, os cálculos feitos inicialmente sobre
consumo de combustível, exceto esse feito no parágrafo precedente. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.7. Subcontratação total indevida de serviço de locação de veículos para a
Secretaria de Educação com recursos do FUNDEB e superfaturamento no serviço no
valor de R$ 58.771,20.
Fato
Em análise ao serviço de locação de veículos para o transporte da coordenação pedagógica
da Secretaria de Educação do Município de Altamira do Maranhão/MA, verificou-se a
subcontratação total indevida desse serviço e o superfaturamento no serviço no valor de R$
58.771,20 no ano de 2015 e de 1º de janeiro até 30 junho de 2016.
Para o ano de 2015, por meio do Pregão Presencial nº 41/2014, houve a contratação do
serviço de locação de veículos para a Secretaria de Educação com vistas ao transporte da
equipe de coordenação pedagógica em atividades relativas à manutenção da educação
básica com recursos do FUNDEB, como afirma o Termo de Referência. Registre-se que
esse Pregão contou com outros lotes no certame para atender a demanda de outras
Secretarias do Município.
A Empresa P. M. Construtora e Serviços Ltda., de CNPJ nº 19.397.361/0001-41, foi a
única participante do certame e arrematou todos os lotes. Ressalte-se que, apesar de tratar
de locação de automóveis, não houve pesquisa de preço em nenhuma locadora de carros,
sendo que pesquisa de preço que consta do processo licitatório foi feita a partir de cotações
obtidas em construtoras de São Luís/MA. A seguir, se encontra a descrição dos veículos
locados no exercício.
Quadro 15 – Informações sobre os veículos locados no ano de 2015.
Lote I - Loc. Veículos Sec. Educação (FUNDEB)
Item Descrição Quant. de
Veículos
Quant.
de
meses
Valor
Unit/Mês
Valor
Total/Mês
1
Veículo tipo caminhonete
completa, em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sem
condutor
1 12 6.300,00 6.300,00
2
Veículo tipo passeio, pequeno
porte, em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sem
condutor
2 12 2.938,80 5.877,60
3
Veículo tipo VAN, em perfeito
estado de conservação e
funcionamento, sem condutor
1 12 5.018,40 5.018,40
Valor mensal 17.196,00
Valor Total (12 meses) 206.352,00
Fonte: Processo Licitatório relativo ao Pregão Presencial nº 41/2014.
Como verificado no Quadro 15 acima, nota-se uma insuficiência na descrição dos veículos
locados, como a ausência da especificação da motorização, quantidade de passageiros,
itens básicos, condições do veículo, requisição de seguro do veículo e dos passageiros,
entre outros. Além disso, não foi encontrada a motivação que justificasse a contratação dos
veículos descritos e nem o tipo de demanda que justifique a quantidade de veículos
contratados.
Verificou-se que o item 3 - Veículo tipo VAN, apesar de ter sido contratado, não prestou o
serviço para a prefeitura, mas também foi retirado das notas de pagamento, não tento o
serviço pago por esse item.
No mais, verificou-se, por meio de análise das notas de empenho de 2015, que houve o
pagamento de 12 notas fiscais para o serviço, no valor de R$ 12.177,60 cada, o que
corresponde ao pagamento por um veículo tipo caminhonete completa e dois veículos
tipo passeio, totalizando R$ 146.131,20.
Em questionamento à Prefeitura, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201602209/01,
requisitou-se a relação dos veículos que prestam serviço de transporte escolar com recursos
do FUNDEB. A prefeitura disponibilizou um quadro com os modelos, o proprietário do
veículo e o valor mensal da locação.
Quadro 16 – Relação de veículos terceirizados da Secretaria de Educação 2015.
Marca/Modelo/Ano Finalidade Proprietário do Veículo Valor mensal
da locação
Chevrolet Sonic LTZ
2013/2014
Transporte de
Coordenadores L. R. G. (Pessoa Física) 2.400,00
MCC/L 200 triton GLX -
Caminhonete 2013/2014
Transporte de
Coordenadores C. V. M. (Pessoa Física) 5.100,00
Chevrolet Classic 2011/2012 Transporte de
Coordenadores F. P. S. (Pessoa Física) 2.400,00
TOTAL 9.900,00
Fonte: Elaborado a partir de resposta a Solicitação de Fiscalização nº 201602209/01.
Verifica-se que os veículos que prestam o serviço para a Prefeitura são particulares,
pertencentes a pessoas física, e não possuem nenhum tipo de vínculo com a empresa
contratada. Tal fato caracteriza a subcontratação total do objeto do contrato, onde a
empresa contratada apenas serve de figura para a emissão de nota fiscal e não presta o
serviço, sendo este prestado por um terceiro. Como elemento que reforça ainda mais esse
ponto, em pesquisa a base de cadastros de veículos do DENATRAN, verificou-se que a
empresa P. M. Construtora e Serviços LTDA, de CNPJ nº 19.397.361/0001-41, não possui
nenhum veículo registrado.
Tal situação verificada, subcontratação total do objeto, além de não estar prevista no
contrato, é vedada pela Lei de Licitações, constituindo-se motivo para rescisão contratual
e, em entendimento mais recente da Corte de Contas, Acórdão nº 2089/2014 – Segunda
Câmara, é situação ensejadora de débito ao gestor e à empresa contratada.
Ainda, verifica-se no quadro acima que o valor mensal pago na subcontratação, ou seja, R$
9.900,00 corresponde a parcela de R$ 2.277,60 a menor do que aquele valor pago para a
empresa contratada. Isso representa um superfaturamento de R$ 27.331,20 ao longo do ano
pelo serviço. No entanto, ainda assim, o valor pago mensal para a locação de veículo de
passeio se encontra em valor bem superior aos preços ofertados pelas empresas de locação
de veículos.
Em cotação de preço de mercado, apresentada abaixo, para os veículos similares aos que
prestam o serviço à Prefeitura, verificou-se que esse valor é menor ainda que o valor
mensal pago para os terceirizados. A pesquisa foi realizada para locação mensal dos
veículos com prazo de um ano para a localidade de São Luís/MA e ainda com cobertura de
seguro.
Quadro 17 – Cotação de preço de mercado de aluguel de veículos similares aos que prestam serviço à
Prefeitura.
QTDE Grupos Valores/Franquia
mensal de 3.000 km
2 Grupo B – Econômico 1.0 com ar e direção (Ford KA, HB20
ou similares) R$ 1.340
1 Grupo J – Camionete 4x4 (Amarok, Frontier ou similares) R$ 5.550
Total R$ 8.230
Fonte: Empresa Unidas.
Dessa forma, o superfaturamento da contratação a preço de mercado é de R$ 3.947,60 ao
mês, equivalente ao montante de R$ 47.371,20 no ano de 2015.
Para o ano de 2016, por meio do Pregão Presencial nº 12/2015, houve a contratação do
serviço de locação de veículos para a Secretaria de Educação com vistas ao transporte da
equipe de coordenação pedagógica em atividades relativas à manutenção da educação
básica com recursos do FUNDEB. A Empresa Contrex Construções e Serviços EIRELE -
ME, CNPJ: 08.665.710/0001-42 foi a única participante do certame e arrematou todos os
lotes.
Ressalte-se que, apesar de tratar de locação de automóveis, não houve pesquisa de preço
em nenhuma locadora de carros, sendo que pesquisa de preço que consta do processo
licitatório foi feita a partir de cotações obtidas em construtoras de São Luís/MA. A seguir
se encontra a descrição dos veículos locados no exercício.
Quadro 18 – Informações sobre os veículos locados no ano de 2016.
Item Descrição QTDE
Veículos
QTDE
meses
Valor
Unit/Mês
Valor
Total/Mês
1 Veículo tipo caminhonete completa,
em perfeito estado de conservação e 1 12 4.800,00 4.800,00
funcionamento, sem condutor
2
Veículo tipo passeio, pequeno porte,
em perfeito estado de conservação e
funcionamento, sem condutor
2 12 2.700,00 5.400,00
Valor mensal 10.200,00
Valor Total (12 meses) 122.400,00
Fonte: Processo Licitatório relativo ao Pregão Presencial nº 12/2015.
Novamente, nota-se uma insuficiência na descrição dos veículos locados, como a ausência
da especificação da motorização, quantidade de passageiros, itens básicos, condições do
veículo, requisição de seguro do veículo e dos passageiros, entre outros. Ademais, não foi
encontrada a motivação que justificasse a contratação dos veículos descritos e nem o tipo
de demanda que justifique a quantidade de veículos contratados.
Em relação aos veículos que prestam o serviço, a Prefeitura informou, como observado no
Quadro 19 a seguir, que os carros de 2016 são os mesmos de 2015. E os proprietários dos
carros, mais uma vez apesar da mudança de empresa, são Pessoas Físicas. Além disso, a
nova empresa prestadora do serviço, assim como a antiga, não possui nenhum veículo
registrado em sua posse, como verificado na pesquisa a base de dados do DENATRAN.
Quadro 19 – Relação de veículos terceirizados da Secretaria de Educação 2015
Marca/Modelo/Ano Finalidade Proprietário do
Veículo
Valor
mensal da
locação
Chevrolet Sonic LTZ
2013/2014
Transporte de
Coordenadores
L. R. G. (pessoa
física) 2.200,00
MCC/L 200 triton GLX
- Caminhonete
2013/2014
Transporte de
Coordenadores
C. V. M. (Pessoa
física) 3.900,00
Chevrolet Classic
2011/2012
Transporte de
Coordenadores
F. P. S. (pessoa
física) 2.200,00
Total 8.300,00 Fonte: Elaborado a partir de resposta a Solicitação de Fiscalização nº 201602209/01.
Nota-se, assim, que, repetidamente, deu-se a subcontratação total do objeto do contrato,
onde a empresa contratada apenas serve de figura para a emissão de nota fiscal e não presta
o serviço, sendo este prestado por um terceiro. Como, posto anteriormente, essa situação é
vedada pela Lei de Licitações.
Observa-se um valor de R$ 1.900,00 a maior pago a empresa em relação aos prestadores
de serviço. Indicando um superfaturamento anual de R$ 22.800,00 por essa diferença.
Registra-se que, até a data de 30 de junho de 2016, houve a liquidação e o pagamento de
seis notas fiscais, totalizando R$ 61.200,00, resultando em um dano de R$ 11.400,00 até a
data citada. Ressalta-se que o valor pago para os terceirizados para o veículo tipo passeio,
ainda, se encontra bem superior ao praticado no mercado.
Dessa forma, verifica-se que, no exercício de 2015 até 30 de junho de 2016, período do
escopo da Fiscalização, há uma subcontratação total indevida do serviço de locação de
veículo para o uso da Secretaria de Educação do município com recursos do FUNDEB que
geraram danos ao Erário no montante de R$ 58.771,20.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“Primeiro, é interessante apontar que os mesmos carros que foram apontados
em pelo menos dois itens da Ordem de Serviço nº. 201601969 como sendo
carros de transporte escolar pagos com recurso do PNATE, agora são
corretamente reconhecidos como carros locados com recursos do FUNDEB
para transporte da coordenação pedagógica.
A seguir, o auditor aponta que a pesquisa de preços foi feita com empresas que
eram construtoras, todavia, o relatório oficial falha em constatar que todas as
empresas consultadas tem locação de veículos em seu CNPJ.
Aponta ainda, a caracterização insuficiente do objeto no PP nº. 41/2014, porém,
a CGU se excede em sua avaliação e exige a caracterização do objeto do
certame em um grau de detalhamento que, aos olhos do Município, não é
exigido pela Lei 8.666 e ainda implicaria em restrição da competitividade da
Licitação.
Ora, em fls. 27, o fiscal requer que se especifique no objeto o “tipo e modelo dos
veículos”, porém tal providência vai de encontro ao texto da própria Lei 8.666
que veda o direcionamento da Licitação.
Na verdade, a própria “capacidade de passageiros” também caracteriza
restrição porque, implicitamente, pré-estabelece o tipo de modelos dos veículos
que as licitantes deveriam disponibilizar para a execução do contrato.
O relatório da CGU indica a ausência de justificativa dos veículos descritos e a
quantidade solicitada, porém, o pedido do secretário contém a justificativa
pautada na quantidade de escolas no interior.
A CGU supostamente apurou por meio de documentos e entrevistas com
motoristas e proprietários das empresas vencedoras dos certames que houve
subcontratação integral do contrato.
Em que pese o respeitável posicionamento da CGU, este Município discorda
que tenha ocorrido a subcontratação ilegal do contrato.
Ora, é sabido que a Sublocação corresponde à realização de um novo contrato
com terceiros estranhos à licitação, na qual a empresa vencedora do certame
repassa parte ou a totalidade das obrigações contraídas junto ao ente público.
Por esse prisma, vê-se de forma cristalina que as empresas vencedoras NÃO
sublocaram o contrato, pois, meramente contratou os serviços de motoristas da
cidade e entorno, porém, em nenhum momento, repassou a eles a gerência do
contrato e as responsabilidades deles oriundas.
Fazendo uso de uma comparação grosseira, seria como se a CGU estivesse
responsabilizando uma construtora por contratar mestres de obra ou pedreiros
pelo fato do soldo dessas pessoas incluir o aluguel de maquinários ou
ferramentas.
Reitera-se. O que houve foi sublocação dos veículos, não do contrato –
devidamente respaldado no contrato com o município.
No que tange ao alegado superfaturamento, a CGU supostamente apurou por
meio de comparativo do valor dos contratos licitados com os valores de
sublocação no período 2015-2016, a existência de Superfaturamento na casa de
R$58.771,20.
O fiscal adota o critério de congelamento de preços – muito embora, não o
prove, pautando-se em entrevistas com donos de veículos – e invariabilidade do
número de veículos para justificar a sua conclusão.
Na verdade, a distorção na abordagem adotada pelo fiscal o leva a confundir
lucro com superfaturamento, visto que, em sua concepção, qualquer diferença a
maior entre o preço do contrato e a “média” do mercado será vista como tal.
De fato, se o contrato traz lucro ou prejuízo ao particular, é fato que foge da
alçada da gestão pública, todavia, estabelecer isso como regra nos contratos
públicos, levará apenas à restrição da competitividade, pois ninguém irá querer
participar de licitação se desconfiar que o contrato não lhe trará lucro.
Causa consternação, o fato do relatório passar a adotar suas próprias
conjecturas como fatos suficientes para embasar as acusações trazidas –
principalmente, quando se considera que o Edital é pautado na locação de
veículos a quilometragem livre e a CGU faz cotação de preços com locação
limitada a 3 mil quilômetros.
Contesta-se, desse modo, a alegação da existência de superfaturamento, visto
que os valores refletem as necessidades da Secretaria de Educação nos
respectivos anos, tanto que, após a aquisição de um terceiro ônibus escolar, o
contrato de locação do ano de 2016 foi rescindido por perda de objeto.
Todavia, ainda que se admitisse a existência de vício na execução, não se pode
escusar o fato do que o objeto da licitação foi cumprido, de modo que o erário
não sofre prejuízos.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Na verdade, a Ordem de Serviço que tratou desses carros foi a 201602028, que tinha por
objeto a fiscalização sobre o PNATE (a Ordem de Serviço 201601969 trata é do PNAE).
Além disso, após a manifestação do gestor, aceitou-se que esses veículos não fazem
transporte escolar e retificou-se o Relatório naquele ponto específico.
Quanto à pesquisa de preços, o que se quis enfatizar foi a razão que levou a Prefeitura a
fazer cotação em empresas, cujo objeto principal de atuação seja a construção civil (ainda
que as mesmas tenham como CNAE Secundário os serviços de locação de veículos, fato
mais comum hoje em dia no mundo empresarial em que as empresas registram vários
ramos de atuação, mesmo não tendo estrutura para tanto) em detrimento de empresas que
têm como ramo principal de atuação a locação de veículos, que seriam as locadoras de
veículos.
O que se esperaria de um processo natural e regular seria que empresas que têm como
ramo principal, tenham o know-how gabaritado, experiência no assunto, já que se dedicam
ordinária e diuturnamente a locação de veículos, fossem as consultadas para enviar cotação
de preços, já que se imagina que elas têm muito mais conhecimento do setor e dos preços
nele praticados do que outras empresas que, esporadicamente, acessoriamente,
complementarmente, executam esse tipo de atividade, já que seu principal negócio é a
construção civil e não a locação de veículos.
O que a legislação exige é que a descrição do objeto da licitação seja o mínimo necessário
para que os interessados do ramo possam elaborar suas propostas. Como uma empresa de
locação de veículos pode formar seu preço se ela não souber por quais terrenos seus
veículos irão transitar, quantos quilômetros irão percorrer por mês, qual o nível de desgaste
seus veículos sofrerão. Isso precisa ser do conhecimento do licitante, a fim de ele poder
estimar seus custos com combustíveis e manutenção, por exemplo. Dependendo do terreno
a ser superado, precisa-se da especificação da motorização; por questões de conforto e
segurança, necessita-se saber a quantidade de passageiros, os itens básicos, as condições do
veículo; dependendo das condições de tráfego ou de terreno irregular, pode haver demanda
por seguro dos veículos e dos passageiros, a fim de garantir a integridade pessoal de quem
está sendo transportado e a proteção do patrimônio do locador. Tudo isso precisa ser
levado em conta na hora da formação do preço da proposta.
Ora, a Lei nº 8.666/1993 trata de Projeto Básico, quando trata de como deve ser detalhado
o objeto das licitações. Como estamos trabalhando com Pregão, esse conceito não atende o
verificado. Assim, tem-se que recorrer ao Decreto nº 5.450/2005, que trouxe o conceito de
Termo de Referência e afirma, em seu Art. 9º, Inciso I, que “Na fase preparatória do
pregão [...] será observado o seguinte: [...] elaboração de termo de referência pelo órgão
requisitante, com indicação do objeto de forma precisa, suficiente e clara [...]”. Adiante,
no § 2º desse mesmo Art. 9º, esse Decreto indica: “O termo de referência [...] deverá
conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela administração diante de
orçamento detalhado [...] valor estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado
[...]”.
Verifica-se que a legislação exige um mínimo de especificação do objeto da licitação de
forma a se chegar a um orçamento viável e propiciar a elaboração das propostas de preços
pelos interessados em participar da licitação.
No tocante à sublocação, essa se deu de forma dissimulada. Os gestores afirmam que esta
não ocorreu porque não houve subcontratação de outras empresas. Mas, as empresas
contratadas não firmaram contratos com os motoristas, não da forma que entendem os
gestores para caracterizar a sublocação. Além disso, não foi simplesmente contratação de
motoristas, já que os veículos utilizados pertencem a esses motoristas, pois a empresa
contratada não possui veículos em seu acervo. Assim, na hora que contratou um motorista
e seu veículo, ainda que verbalmente, fez a sublocação, mesmo sem ter assinado um
contrato formalmente. Sabe-se que na vigência do Código Civil, entre particulares, vale o
acordo de vontades, a essência sobre a forma, a intenção das partes. Então, mesmo não
tendo um documento assinado, se a empresa contratada teve a livre vontade de sublocar
um veículo de terceiro com motorista, que aceitou de forma livre também, firmou-se um
negócio jurídico entre eles, um contrato de sublocação.
Uma coisa seria a empresa contratada, de posse de seus veículos próprios, contratasse
meramente a mão de obra local para conduzir esses veículos e pagasse-lhes salários. Outra
coisa bem diferente é recrutar pessoas com veículos na cidade e contratá-los para
conduzirem seus veículos no objeto do contrato e pagar-lhes pelo uso do veículo, consumo
de combustível e, obviamente, o valor do serviço prestado como condutor. Isso é, de forma
cristalina, sublocação, ou seja, a subcontratação não permitida em Lei.
Apenas a título de ilustração, como os gestores fizeram, nenhuma construtora que se preze
contrata pedreiros e mestres de obras com a condição essencial que eles, para serem
contratados, tenham para alugar máquinas e equipamentos. A construtora precisa ter
maquinário, equipamentos e pessoas suficientes para dar cabo da obra a que se
comprometeu contratualmente em realizar.
O superfaturamento decorre exatamente da sublocação. A empresa contratada assina o
contrato por um valor X, neste já incluído a margem de lucro, obviamente. Daí, ela subloca
o contrato por um valor menor, digamos X-y. Nesse caso, a diferença “y” não pode ser
confundida com o lucro do contrato, pois ele já estava embutido em “X”. Então, chega-se à
conclusão, sem grandes dificuldades, que, na verdade, o serviço poderia ser executado por
“X-y”, estando aí incluído o lucro, já que o sublocado também aufere lucros, pois ele não
entraria no negócio sem ganhar tal rendimento.
O grande problema aqui decorre da falta de detalhamento do objeto no termo de referência
da licitação, que não oferece meios transparentes de se enxergar o que sejam os custos do
serviço, despesas administrativas decorrentes da execução do contrato e lucro da empresa.
Percebe-se que, desde o início, a licitação foi projetada para culminar nessa indefinição de
valores, dados e não se conseguir, de forma regular e unânime, singular, sem destoantes ou
controvérsias, determinar o real valor do serviço e quanto está de excedente.
A regra da locação para “quilometragem livre” é um valor fixo de diária. Já que não se
cobra por quilômetro rodado, estabelece-se um valor por dia de utilização do veículo, que
cubra um “quantum” médio de rodagem e que possa suprir custos, despesas e lucros. Ora,
o termo de referência da licitação não traz nenhuma dessas possibilidades, isto é, nem a
cobrança por km rodado nem a fixação de valor por diária. A administração pública deve
realizar estudos, durante a fase preparatória da licitação, a fim de chegar à conclusão de
qual metodologia é mais vantajosa em função de suas necessidades e peculiaridades na
utilização do serviço de locação do veículo. O uso da locação limitada a 3 mil km foi um
parâmetro usado pelos auditores para poder fixar um parâmetro de balizamento, já que a
contratação não oferecia tal base.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.8. Aquisição de 2142 unidades de carteiras escolares por parte da Prefeitura de
altamira do Maranhão/MA sem o devido recebimento e utilização na rede de educação
básica, gerando danos de R$ 199.893,00.
Fato
Verificou-se que a Prefeitura de Altamira do Maranhão/MA realizou processos licitatórios
nos anos de 2015 e 2016 para a aquisição de carteiras escolares tipo universitária. No
entanto, apesar de haver a emissão de nota fiscal pelas empresas contratadas e o
recebimento por parte da prefeitura, do total que teria sido adquirido, não foram
encontradas nas escolas da rede de ensino básica do município, conforme verificado in
loco. Assim, a aquisição de 2.142 carteiras, resultou em um dano de R$ 199.893,00.
No ano de 2015, por meio do Pregão Presencial nº 06/2015 teriam sido adquiridas 3.000
unidades de cadeiras escolares tipo universitária, como descrito no Quadro abaixo, ao
preço unitário de R$ 91,50, totalizando R$ 274.500,00. A empresa M. I. Alves Ltda.
(Anthares Distribuidora), de CNPJ nº 06.183.170/001-35, foi a única participante do
pregão e teve sua proposta aceita.
Em 2016, houve a contratação, por meio do Pregão Presencial nº 07/2016, para a aquisição
de 2.000 unidades de cadeira escolar tipo universitária, ao preço unitário de R$ 98,00,
totalizando R$ 196.000,00. A Empresa J. W. Comércio e Serviços EIRELI – ME, de CNPJ
nº 13.753.301/0001-38, foi a única participante do pregão e teve sua proposta aceita.
Quadro 20 – Informações sobre a aquisição de cadeiras escolares anos 2015 e 2016.
Ano Quant. Especificação Empresa CNPJ Preço
Unitário
Valor
Total
2015 3.000
Aquisição de cadeira
escolar confeccionada em
fórmica tipo
universitário, banco com
porta lápis, com fino
acabamento, tratamento
de cupincida e fungicida,
com verniz natural,
pranchetas com suporte
de cantoneiras de ferro
tratadas com
antiferrugem e suporte
inferior para porta livros.
M. I. Alves
Ltda. (Anthares
Distribuidora)
06.183.170/0001-
35 91,50 274.500,00
2016 2.000
J. W. Comércio
e Serviços
EIRELI – ME
13.753.301/0001-
38 98,00 196.000,00
Fonte: Processos Licitatórios relativos aos Pregões Presenciais nº 06/2015 e nº 07/2016.
Registra-se que não há nos processos de contratações para a aquisição das cadeiras
escolares nenhuma memória de cálculo que justifique as quantidades contratadas, as quais,
como será demonstrado adiante, se mostram incompatíveis com a quantidade de alunos e a
capacidade física das escolas. Ainda, verifica-se uma insuficiência na descrição do objeto
contratado, com a ausência das dimensões desejadas, entre outros detalhes.
Nas visitas às escolas, realizadas ao longo do período de campo da Fiscalização no
município, contabilizou-se a quantidade de carteiras escolares presentes em cada sala de
aula de cada escola. Foram visitadas 16 das 17 escolas da rede básica de ensino do
município. A única escola não visitada, por seu reduzido número de alunos não impacta os
resultados apresentados.
Quadro 21 – Informações sobre a quantidade de carteiras escolares por escola e suas condições.
ESCOLA
QUANT.
DE
SALAS
QUANT. DE
CARTEIRAS
NA ESCOLA
CONDIÇÕES DAS CARTEIRAS (**)
CASULO
(Sede) 5 99
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
GOV. NUNES
FREIRE (Sede) 6 155
Carteiras com mais de 2 ou 3 anos de uso, mas
em bom estado de conservação. Todas as
carteiras escolares da escola são do tipo mesa
de tamanho médio.
G E RUI BARBOSA
(Pov. Caldeirão) 7 133
Carteira do tipo Universitária na cor azul, em
todas as salas, todas em bom estado de
conservação e com pouco tempo de uso.
U E BERONICE DE
CARVALHO
MOREIRA
(Sede)
5 88
Carteiras com mais de 2 ou 3 anos de uso, mas
em bom estado de conservação. Algumas com
elevado desgaste da pintura de proteção da
estrutura. Todas as carteiras escolares da
escola são do tipo mesa de tamanho médio.
G E CASTELO
BRANCO
(Pov. São Raimundo)
2 36
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E. M. SÃO
FRANCISCO
(Pov. São Francisco)
2 18
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
Jd. de Infância
Príncipe Encantado 3 56
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
ESCOLA
QUANT.
DE
SALAS
QUANT. DE
CARTEIRAS
NA ESCOLA
CONDIÇÕES DAS CARTEIRAS (**)
(Pov. Caldeirão) carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E. M. Nossa Senhora
da Conceição (Pov.
Centro dos Clementes)
3 34
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E. M. CENTRO DE
DAVI
(Pov. Centro de Davi)
2 31
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
G. E. Ernesto Geisel
(Pov. Olho D’Água do
Escondido)
2 31
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
U I PROF IRENI
ALVES PEREIRA
(Sede)
3 75
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
G E GONÇALVES
DIAS
(Pov. Aldeia)
4 127
80 carteiras tipo Universitárias bem
conservadas com pouco desgaste e aparência
de menos de um ano de uso. As demais são
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E M CURRALINHO 1 23
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E M DE
MANGUEIRA 1 7
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
Jd. de Infância Eliane
Moreira
(Sede)
3 44
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
E M RENOVADORA
DO BRASIL
(Pov. Marmorana)
2 28
Carteiras com no mínimo 2 ou 3 anos de uso,
mas em bom estado de conservação. Só há
carteiras do tipo mesa pequena para alunos de
séries iniciais.
G E DE JEJU* 1 7
OBS: essa foi a única escola que não foi
visitada pela equipe de auditoria. O número de
carteiras considerada é igual ao número de
alunos informado pela Secretaria de Educação.
TOTAL 992
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir das visitas in loco às escolas do Município.
De acordo com o resultado da verificação in loco nas escolas da rede de ensino básico do
Município, contatou-se que ao todo há 992 unidades de carteiras escolares. Desse total,
constatou-se que apenas 213 são do tipo universitária e as demais 779 são carteiras do tipo
mesa. Mais informações sobre as carteiras e suas condições podem ser visualizadas no
Relatório Fotográfico a seguir:
Foto 03: Carteiras escolares da Creche Casulo
Almerinda Luiza dos Santos Silva. Altamira do
Maranhão, 31/08/2016.
Foto 04: Carteiras escolares do Colégio Gov. Nunes
Freire. Altamira do Maranhão, 31/08/2016.
Foto 05: Carteiras escolares do Grupo Escolar Rui
Barbosa. Altamira do Maranhão, 31/08/2016.
Foto 06: Carteiras escolares do G. E. Castelo
Branco. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 07: Carteiras escolares da E. M. São Francisco.
Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 08: Carteiras escolares do Jardim de Infância
Príncipe Encantado. Altamira do Maranhão,
01/09/2016.
Foto 09: Carteiras escolares da E. M. N. Sª. da
Conceição. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 10: Carteiras escolares do G. E. Ernesto
Geisel. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 11: Carteiras escolares da U. I. Profª. Ireni
Alves Pereira. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 12: Carteiras escolares do G. E. Gonçalves
Dias. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
Foto 13: Carteiras escolares da Escola Municipal
Curralinho. Altamira do Maranhão, 02/09/2016.
Foto 14: Carteiras escolares da E. M. de
Mangueira. Altamira do Maranhão, 02/09/2016.
Foto 15: Carteiras escolares do Jardim de Infância
Eliane Moreira. Altamira do Maranhão, 02/09/2016.
Foto 16: Carteiras escolares da Escola Municipal
Renovadora do Brasil. Altamira do Maranhão,
02/09/2016.
Dessa forma, verifica-se que há uma grande discrepância entre a quantidade de carteiras
que teriam sido adquiridas, recebidas e pagas nos anos de 2015 e 2016 (2.355 carteiras,
adiante explicitado), daquela quantidade realmente existente nas escolas da rede de ensino
(992 carteiras), chegando-se a uma quantidade de quase de três vezes mais carteiras
supostamente adquiridas do que aquelas que existem efetivamente nas escolas no ano de
2015. E essa proporção aumenta ainda mais ao se comparar somente com as carteiras tipo
universitárias (apenas 213 carteiras), que se assemelham com a especificação das carteiras
que teriam sido adquiridas. Nesse caso, a proporção chega a mais de 10 vezes mais
carteiras adquiridas em relação àquelas efetivamente encontradas nas escolas.
Chegou-se à comparação feita acima, quando se procedeu à análise da execução das
despesas nos anos de 2015 e 2016. No primeiro ano houve a liquidação e pagamento de R$
160.582,50 em aquisição de carteiras escolares, o que equivale a 1.755 carteiras novas,
levando em consideração o valor unitário de cada carteira, que foi contratado a R$ 91,50.
No corrente ano, até a data limite de escopo da auditoria (30 de junho), houve a liquidação
e pagamento de R$ 58.800,00, equivalentes a 600 carteiras novas, levando em
consideração o valor unitário de cada carteira, ora contratado a R$ 98,00.
Portanto, no ano de 2015 e até junho de 2016, a Prefeitura de Altamira do Maranhão/MA
registrou ter gasto R$ 219.382,50 na aquisição de 2.355 unidades de carteiras escolares
para a manutenção da educação básica. No entanto, como verificado há apenas 213
carteiras em toda a rede de ensino do município que são compatíveis com a descrição das
carteiras contratadas. Dessa forma, verifica-se um total de 2.142 carteiras escolares
adquiridas pelo gestor que não foram localizadas durante a fiscalização. Tal fato
caracteriza, dessa forma, um superfaturamento no montante de R$ 199.893,00,
ocasionando dano ao Erário por compra de materiais não existentes nas escolas ou em
depósito (almoxarifado) no Município. Mister se faz necessário registrar que houve a
emissão de notas fiscais por parte das empresas contratadas e a declaração de recebimento
pela Prefeitura no processo de pagamento das carteiras dadas como entregues.
Quanto às empresas contratadas, a empresa M. I. Alves Ltda., de CNPJ nº 06.183.170/001-
35, com nome de fantasia ANTHARES DISTRIBUIDORA, é localizada em uma área
residencial e na visita a empresa, verificou-se que essa empresa se encontrava fechada. Em
entrevista a moradores vizinhos, questionou-se sobre o tempo em que a empresa não
funcionava, mas estes não souberam precisar o período. Um ponto importante a se destacar
é que essa empresa ainda possui dois contratos no ano de 2016 como o município de
Altamira do Maranhão/MA, para o fornecimento de material didático e material esportivo,
e que em maio/2016 a empresa emitiu nota fiscal para o serviço prestado. A seguir, fotos
da fachada dessa empresa:
Foto 17: Fachada da empresa M.I. Alves (Distribuidora
Anthares), São Luís/MA, 16/09/2016.
Foto 18: Fachada da empresa M.I. Alves
(Distr. Anthares), São Luís/MA,
16/09/2016.
A empresa J. W. Comércio e Serviços EIRELI – ME, de CNPJ nº 13.753.301/0001-38,
possui nome de fantasia PIAZZA & CIA. Em visita a essa empresa, verificou-se que a
empresa é localizada em um galpão vazio e não possui nenhum tipo de material em seu
estoque. Ressalta-se que a empresa, em 2015, possuía contratos com o município para o
fornecimento, com recursos do FUNDEB, de utensílios de cozinha, material didático e
material desportivo. Já em 2016, a empresa possui contratos firmados para o fornecimento
de carteiras escolares, reforma de carteiras escolares e material de limpeza. Destaca-se que
não foi encontrado, na sede da empresa, em estoque, nenhum tipo de material relaciona
com os contratos firmados com prefeitura. A seguir, fotos da fachada da empresa:
Foto 19: Fachada da empresa J. W. Comércio e
Serviços EIRELI-ME (Piaza & Cia.), 06/09/2016.
Foto 20: Detalhe do endereço na fachada da
empresa J. W. Comércio e Serviços, 06/09/2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A CGU desconsidera o fato de que essa gestão estabeleceu como meta a
renovação das carteiras escolares dado o estado em que recebeu o município
das gestões anteriores – conforme registro fotográfico das escolas municipais,
logo após a posse desta gestão.
Naturalmente, quando se computou o quantitativo das carteiras, calculou-se o
número considerando um número extra para reposição futura dada a
necessidade constante de substituição das cadeiras – que não foram computadas
pelos representantes da CGU, uma vez que eles não visitaram o depósito de
carteiras.
Como prova, seguem fotos do depósito com as carteiras universitárias
adquiridas guardadas para substituição, bem como o depósito com as carteiras
quebradas - o que demonstra o cumprimento dos objetos das licitações.
Perceba que os processos licitatórios de reformas tinham razão de ser enquanto
não era concluída a entrega das cadeiras adquiridas no PP nº. 06/2015 – tanto
que, apesar de realizada, a licitação para reforma das carteiras para o
exercício de 2016 não ensejou o pagamento de nenhum valor.
No que tange às empresas, não é responsabilidade da prefeitura fiscalizar
mudança de placa, de layout, de pintura de fachada, ampliação ou subdivisão
ou mesmo mudança de endereço da sede, mas sim a execução do objeto.
Note-se que a prefeitura já chegou a exigir em alguns editais, o comprovante de
endereço atualizado como forma de ter um maior controle sobre a participação
das ditas empresas de fachada, todavia, quando o fez, o Ministério Público lhe
criticou afirmando que o “endurecimento” do edital implica em restrição à
competição.
A CGU diz que as empresas não possuem “estrutura” ou materiais em depósito
vinculados aos contratos. Convidadas a se manifestar, as empresas mandaram
os documentos em anexo comprovando o exercício de suas atividades.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Considerando que, nos dois anos (2015 e 2016) a Prefeitura adquiriu 5.000 carteiras
quantidade essa totalmente desproporcional a capacidade operacional das escolas. Além
disso, somente 213 foram localizadas nas escolas, do total de 2.355 unidades de carteiras
escolares realmente adquiridas, sendo assim, isso significaria que ou o depósito se encontra
abarrotado de carteiras ou que o grau de estrago das mesmas é muito grande, sendo que este
último fato não se mostrou como factível, em função do bom estado das carteiras tipo
universitário vistoriadas nas escolas.
Pelo registro fotográfico feito das carteiras guardadas no depósito, não há nem 100 carteiras,
o que ainda fica distante entre a quantidade adquirida e as localizadas nas escolas e essas do
depósito. Falta comprovar, ainda, muita quantidade de carteiras, sem se falar daquelas que
supostamente foram reformadas, que trataremos no próximo item. No mais, no mínimo
mostra-se um descaso com recursos públicos a forma em que as carteiras escolares se
encontram armazenadas no deposito, demonstrando nenhum zelo com o patrimônio público
adquirido com recursos do FUNDEB.
Obviamente, não é função da prefeitura fiscalizar as empresas. Contudo, a Lei de Licitações
e Contratos, no § 2º do Art. 43, possibilita à administração promover, em qualquer fase da
licitação, diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo.
Assim, o Pregoeiro e sua Equipe de Apoio poderiam sim conhecer as empresas com quem
contrata regularmente, já que normalmente são as mesmas empresas que contratam com a
Prefeitura, sejam quais forem os objetos dos contratos. Ainda que o Ministério Público não
concordasse com a inclusão de cláusula que julgou como restritiva à competição, o
Pregoeiro poderia ter feito as diligências já mencionadas.
Nos casos de empresas contratadas pelo Município, há casos em que a mesma empresa
prestou serviços de locação de veículos, forneceu material de consumo e prestou serviço de
capacitação de servidores. Assim, parece bem provável que a administração de Altamira do
Maranhão/MA tenha conhecimento da estrutura das empresas com que hodiernamente
celebra contratos.
Muitos dos documentos enviados pelas empresas são os mesmos usados para cumprimento
dos requisitos de habilitação nas licitações. Uma delas enviou fotos de um depósito de
alimentos que, além de não se ter como comprovar pertencer a mesma, não condiz com o
objeto da licitação em comento, ou seja, carteiras escolares.
Dessa forma, não resta claro qual o paradeiro das 2142 adquiridas pela Prefeitura e não
encontradas nas escolas. Destaca-se que essa quantidade é mais do que suficiente para
renovar, em cada um dos dois anos considerados, as carteiras de todas as escolas da rede de
ensino do município. No mais, registra-se que a Prefeitura não apresentou nenhum dado
substancial que se elucida o fato constatado. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.9. Pagamento de serviço de reforma de carteira escolar não realizado que gerou
danos de R$ 85.620,00.
Fato
Verificou-se que a Prefeitura de Altamira do Maranhão/MA realizou processos licitatórios
nos anos de 2015 e 2016 para o serviço de reforma de carteiras escolares tipo universitária.
No entanto, apesar de haver a emissão de nota fiscal pela empresa contratada em 2015 e o
recebimento por parte da prefeitura, não foi verificada a realização desse serviço para as
2.412 carteiras dadas como reformadas. Assim, verifica-se um dano de R$ 85.620,00 por
pagamento de serviços inexistentes com recursos do FUNDEB.
No ano de 2015, por meio do Pregão Presencial nº 05/2015 foi contratada empresa para
proceder a reforma de 3.500 unidades de carteiras escolares tipo universitária (como
descrito no Quadro 24 a seguir), ao preço unitário de R$ 35,50, totalizando a contratação
em R$ 124.250,00. A empresa M. I. Alves Ltda., de CNPJ nº 06.183.170/001-35, foi a
única participante do pregão e teve sua proposta aceita.
Em 2016, por meio do Pregão Presencial nº 08/2016, houve a contratação de empresa para
providenciar a reforma de 1.800 unidades de carteiras escolares tipo universitária ao preço
unitário de R$ 29,40, totalizando a contratação em R$ 52.920,00. A Empresa J. W.
Comércio e Serviços EIRELI - ME, de CNPJ nº 13.753.301/0001-38, foi a única
participante do pregão e teve sua proposta aceita.
Registra-se que as duas empresas vencedoras desses certames relativos ao objeto “reforma
das carteiras escolares” são as mesmas fornecedoras de carteiras novas, em cada ano
respectivo.
Quadro 22 – Informações sobre a aquisição de cadeiras escolares anos 2015 e 2016.
Quant. Especificação Empresa CNPJ Preço
Unitário
Valor
Total
3.500
Reforma de carteira
escolar confeccionada
em fórmica tipo
universitária, banco
com porta lápis, com
fino acabamento,
tratamento de cupincida
e fungicida, com verniz
natural, pranchetas com
suportes de cantoneiras
de ferro tratada com
anti-ferrugem e suporte
inferior para porta
livros.
M. I. Alves Ltda. 06.183.170/0001-
35 35,50 124.250,00
1.800
J W Comércio e
Serviços EIRELI
– ME
13.753.301/0001-
38 29,40 52.920,00
Fonte: Processos Licitatórios relativos aos Pregões Presenciais nº 06/2015 e nº 07/2016.
Como observado, mais uma vez, a quantidade contratada para a reforma de carteiras
escolares supera em número significativo a quantidade de carteiras contidas nas escolas da
rede de ensino básica do Município, como demonstrado no Quadro 08 deste Relatório, no
qual está explicitado que foi verificado in loco um total de 992 carteiras.
Em relação a execução das despesas com reforma de carteiras escolares, verificou-se que
no exercício de 2015 houve a liquidação e pagamento de R$ 85.620,00, o que equivale à
reforma de 2.412 carteiras. No ano de 2016, até 30 junho, não houve liquidação de
nenhuma nota fiscal referente ao serviço de reforma de carteiras escolares.
Como observado a quantidade de carteiras tipo universitária encontradas no município era
de apenas 213 unidades. Isso significa que o serviço de reforma de carteiras escolares, no
ano de 2015, teria sido realizado mais de dez vezes para cada carteira da rede de ensino.
Fato, este, dissonante e irreal. O que se configura, até pelo bom estado encontrado das
carteiras tipo universitárias, que o serviço não foi prestado. E apenas foi contratado como
uma fonte de justificar despesas realizadas com recursos do FUNDEB. Dessa forma,
verifica-se que houve pagamento, por parte do gestor, de serviço de reforma de carteira
escolar tipo universitária não realizado no total de R$ 85.620,00.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A CGU desconsidera o fato de que essa gestão estabeleceu como meta a
renovação das carteiras escolares dado o estado em que recebeu o município
das gestões anteriores – conforme registro fotográfico das escolas municipais,
logo após a posse desta gestão.
[...]
Como prova, seguem fotos do depósito com as carteiras universitárias
adquiridas guardadas para substituição, bem como o depósito com as carteiras
quebradas - o que demonstra o cumprimento dos objetos das licitações.
Perceba que os processos licitatórios de reformas tinham razão de ser
enquanto não era concluída a entrega das cadeiras adquiridas no PP nº.
06/2015 – tanto que, apesar de realizada, a licitação para reforma das
carteiras para o exercício de 2016 não ensejou o pagamento de nenhum valor.
[...]”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os gestores enviam fotos de um amontoado de carteiras quebradas, conforme registro
fotográfico que reproduzimos a seguir:
Foto 21 – Cadeiras quebradas. Enviada anexa à manifestação dos gestores, 26/10/2016.
Foto 22 – Cadeiras quebradas. Enviada anexa à manifestação dos gestores, 26/10/2016.
Esse registro fotográfico apenas indica que havia carteira escolares a serem reformadas.
Contudo, mesmo tendo sido pago o equivalente a 2.412 carteiras que haviam sido
reformadas, não se encontrou nenhuma carteira desse tipo nas escolas, já que as carteiras
tipo universitária lá localizadas são de plástico com ferro e não em madeira, como essas
que constam nas fotos acima.
Ainda que se considerasse que essas carteiras tenham sido reformadas em 2015 e estragadas
até a data da vistoria feita pelos auditores da CGU-R/MA, levando-se a capacidade das
escolas de comportarem essas carteiras, teria havido reforma pelo menos três vezes na
totalidade das carteiras e, ainda sim, voltaram a serem danificadas, o que provavelmente não
tenha ocorrido. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.10. Irregularidades na prestação do serviço de ampliação e reforma das escolas do
município de Altamira do Maranhão/MA que resultaram em danos de R$ 350.982,50.
Fato
Verificou-se, por meio de vistoria in loco nas escolas do município de Altamira do
Maranhão/MA, irregularidades na prestação do serviço de ampliação e/ou reforma das
escolas municipais, que resultaram em danos ao Erário no valor de R$ 250.982,50 a partir
da aplicação dos recursos do FUNDEB.
Para o ano de 2015, por meio da Tomada de Preços nº 19/2014, a empresa J. S. L.
Construções e Serviços Ltda. - ME, de CNPJ nº 19.792.881/0001-59, foi a única
participante do certame e teve sua proposta aceita pelo valor de R$ 971.827,10, para a
consecução do objeto de ampliação e reforma de 11 escolas da rede de ensino do citado
município.
Para o ano de 2016, por meio da Tomada de Preço nº 19/2015, foi a empresa Contrex
Construções e Serviços EIRELE - ME, de CNPJ nº 08.665.710/0001-42, foi a única
participante do certame e teve sua proposta aceita no valor de R$ 784.019,50, para a
consecução do objeto de ampliação e reforma de 15 escolas da rede municipal de ensino.
Registra-se que a empresa J. S. L. Construções e Serviços Ltda – ME e a empresa Contrex
Construções e Serviços EIRELE – ME possuem o mesmo contador e ambas operam em
pequenas salas comerciais, onde as instalações possuem apenas uma mesa e um
computador. Condições, estas, não condizentes com uma empresa de construção civil.
Ainda, a empresa JSL Construções e Serviços Ltda – ME não possui nenhum empregado
registrado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho. Já
a empresa Contrex Construções e Serviços EIRELE – ME não possuía nenhum empregado
nos anos de 2013 e 2014, e apenas um empregado registrado no ano de 2015. A seguir,
fotos 23 a 27 das citadas empresas:
Foto 23: Fachada do prédio onde funciona, no
subsolo, a empresa Contrex. São Luís,
19/09/2016.
Fotos 24 e 25: Detalhes do endereço e da sala
onde funciona a empresa Contrex. São Luís,
19/09/2016.
Foto 26: Sala onde funciona a empresa J. S. L.
Construções e Serviços Ltda. São Luís,
19/09/2016.
Foto 27: Sala onde funciona a empresa J. S. L.
Construções e Serviços Ltda. São Luís,
19/09/2016.
Ao todo, nos dois anos, o serviço de reforma e ampliação das escolas envolveram um total
de R$ 1.755.846,59 em recursos do FUNDEB de Altamira do Maranhão/MA. Os serviços
contratados variaram de escola para escola, do mesmo modo, o valor de cada intervenção.
Mas, no geral, os trabalhos envolviam serviços iniciais, alvenaria, recuperação de
esquadrias, revisão de cobertura, revestimento de paredes, renovação de pisos, revisão de
instalações sanitárias, hidráulicas e elétricas, pintura e forro, além de construção de muro
de arrimo. O Quadro 23, a seguiu, demonstra quais as escolas da rede de ensino sofreram
as intervenções citadas e os respectivos valores.
Quadro 23 – Valor do serviço de reforma e ampliação nas escolas da rede de ensino básica do município.
ESCOLA
Reforma/
Ampliação
em 2015
VALOR
(R$)
Reforma/
Ampliação
em 2016
VALOR
(R$)
VALOR
TOTAL
(R$)
GOV. NUNES FREIRE X 147.900,00 X 123.954,30 271.854,30
G E RUI BARBOSA X 135.600,00 X 103.374,65 238.974,65
U E BERONICE DE
CARVALHO
MOREIRA
X 112.000,00 X 61.530,28 173.530,28
E M CENTRO DO
DAVI X 97.300,00 X 73.292,80 170.592,80
CRECHE CASULO
ALMERINDA LUIZA X 94.500,00 X 61.300,17 155.800,17
G E ERNESTO
GEISEL X 95.600,00 X 53.859,74 149.459,74
G E GONÇALVES
DIAS X 65.216,58 X 45.791,85 111.008,43
EM CURRALlNHO X 38.731,00 X 57.779,66 96.510,66
E M NOSSA
SENHORA DA
CONCEICAO
X 59.871,00 X 28.187,84 88.058,84
JARDIM DE
INFANCIA PRINCIPE
ENCANTADO
X 39.188,41 X 47.988,87 87.177,28
JARDIM DE
INFANCIA ELIANE
MOREIRA
X 85.920,10 - - 85.920,10
UI PROF IRENI
ALVES - - X 38.909,00 38.909,00
G E CASTELO
BRANCO - - X 28.377,57 28.377,57
E M RENOVADORA
DO BRASIL - - X 24.251,34 24.251,34
E M SÃO FRANCISCO
X 20.560,38 20.560,38
G E DE JEJUM - - X 14.861,05 14.861,05
E M DE MANGUEIRA - - - - -
Total 971.827,09 - 784.019,50 1.755.846,59
Fonte: Processos Tomada de Preços nº 19/2014 e nº 19/2015.
Nas vistorias in loco feitas nas escolas do Município, constataram-se diversas
irregularidades nos serviços presentes nos projetos e nas planilhas orçamentárias. As
irregularidades observadas envolvem serviços inexistentes, como os serviços que
envolvem a construção de muro de arrimo em algumas escolas nas quais não foram
observadas essas intervenções. Além disso, foram constatados serviços indicados nos
documentos como tendo sido realizados nos anos de 2015 ou 2016, porém, o elevado
desgaste que os materiais apresentavam não condizem com o recente período em que
teriam sido realizadas as intervenções.
Dessa forma, chegou-se em um valor de R$ 350.982,50 em serviços não condizentes com
as especificações ou não realizados/inexistentes. O Quadro 24, a seguir demonstra as
irregularidades encontradas por escola com observações sobre as condições desse serviço.
Destaque-se que a equipe de auditoria focou os trabalhos nos itens de maior relevância da
planilha orçamentária dos serviços de reforma em cada escola e aqueles também passiveis
de verificação, desse modo, nem todos os serviços descritos nos projetos e presentes nas
planilhas orçamentárias foram verificados.
Quadro 24 – Irregularidades observadas no serviço de reforma e ampliação das escolas da rede de ensino
do município.
ESCOLA Serviço Valor
(R$) Observação sobre o Serviço
CASULO -
SEDE
Ano 2015 - item 5.0 -
Pisos (retirada de piso
existe e colocação de
novo)
30.877,75
O piso apresenta médio desgaste com
tempo de uso superior a 2 anos,
caracterizando que o serviço de troca de
piso não foi executado no período da
reforma do início do ano de 2015.
GOV. NUNES
FREIRE - SEDE
Ano 2015 - item 6.0 -
Revestimento
(paredes)
46.062,29
O revestimento cerâmico das paredes é
antigo, com tempo de utilização maior do
que 3 anos.
G E RUI
BARBOSA -
POV.
CALDEIRÃO
Ano 2015 - item 4.0 -
Cobertura (revisão) 31.711,87
Grande número de telhas com desgaste
elevado, quebradas ou ausentes, sendo
que a estrutura de suporte de madeira do
telhado se encontra também com elevado
grau de deterioração, evidenciando que
não houve serviço de recuperação da
cobertura nos últimos anos
Ano 2015 - item 5.0 -
Revestimento
(paredes)
21.608,27 O material apresenta médio desgaste – na
parede da dispensa – e excessivo desgaste
– nas paredes dos banheiros.
Ano 2015 - item 9.0 -
Construção Muro de
Arrimo
41.052,10
Serviço não se enquadra como sendo a
construção de um muro de arrimo, pois os
fundos e a lateral esquerda da escola se
encontram acima do maciço de terra
vizinho à escola. E o serviço foi realizado
anterior ao exercício de 2015.
U E BERONICE
DE CARVALHO
MOREIRA -
SEDE
Ano 2015 - item 4.0 -
Cobertura (revisão) 53.848,09
Elevado número de telhas com desgaste
elevado, quebradas ou ausentes e a
estrutura de suporte de madeira do telhado
se encontra também com elevado grau de
deterioração evidenciando que não houve
serviço de recuperação da cobertura nos
últimos anos.
E M NOSSA
SENHORA DA
CONCEIÇÃO -
POV. CENTRO
DOS
CLEMENTES
Ano 2015 - item 4.0 -
Cobertura (revisão) 12.455,64
Grande número de telhas com desgaste
elevado, quebradas ou ausentes e a
estrutura de suporte de madeira do telhado
se encontra também com elevado grau de
deterioração evidenciando que não houve
serviço de recuperação da cobertura nos
últimos anos.
Ano 2015 - item 5.0 -
Pisos (retirada de piso
existe e colocação de
novo)
14.774,03
O piso se encontra com elevado desgaste,
evidenciando que não houve a prestação
do serviço.
ESCOLA Serviço Valor
(R$) Observação sobre o Serviço
E M CENTRO
DE DAVI -
CENTRO DE
DAVI
Ano 2015 - item 2.0 -
Infraestrutura e
Superestrutura -
MURO (alicerce e
baldrame em pedra
argamassa, bloco de
concreto, pilar em
concreto armado.)
29.759,44
Não foi encontrado, in loco, serviço que
correspondesse ao descrito na planilha
orçamentária. O serviço é inexistente.
Ano 2015 - item 7.0 -
Revestimento
(Parede)
21.483,29 Não foi encontrado, in loco, serviço que
correspondesse ao descrito na planilha
orçamentária. O serviço é inexistente.
Ano 2016 - item 3.0 -
Infraestrutura e
Superestrutura -
(alicerce e baldrame
em pedra argamassa,
bloco de concreto,
pilar em concreto
armado.)
13.354,19
Não foi encontrado, in loco, serviço que
correspondesse ao descrito na planilha
orçamentária. O serviço é inexistente.
Além de possuir a mesma descrição de
serviço que deveria ter sido realizado no
ano anterior.
G E ERNESTO
GEISEL - POV.
OLHO DAGUA
ESCONDIDO
Ano 2015 - item 2.0 -
Infraestrutura e
Superestrutura -
MURO (alicerce e
baldrame em pedra
argamassa, bloco de
concreto, pilar em
concreto armado.)
24.548,58
Não foi encontrado, in loco, serviço que
correspondesse ao descrito na planilha
orçamentária. O serviço é inexistente.
G E
GONÇALVES
DIAS - POV.
ALDEIA
Ano 2015 - item 2.0 -
Infraestrutura e
Superestrutura -
MURO (alicerce e
baldrame em pedra
argamassa, bloco de
concreto, pilar em
concreto armado.)
9.446,96
Não foi encontrado, in loco, serviço que
correspondesse ao descrito na planilha
orçamentária. O serviço é inexistente.
Total 350.982,50 Fonte: Fiscalização pela equipe de auditoria nas escolas do município de Altamira do Maranhão/MA.
Assim, verifica-se que houve um total de R$ 350.982,50 em danos por irregularidades nos
serviços de reforma e ampliação das escolas da rede de ensino básica do município de
Altamira do Maranhão/MA. O relatório fotográfico a seguir evidencia uma amostra do que
foi demonstrado no Quadro 28 acima:
Foto 28: Ausência do muro de arrimo no G. E.
Rui Barbosa. Altamira do Maranhão, 31/08/2016.
Foto 29: Madeira do telhado desgastada no G. E.
Rui Barbosa. Altamira do Maranhão, 31/08/2016.
Foto 30: Telhado desgastado na U.E. Beronice de Carvalho Moreira. Altamira do Maranhão, 31/08/2016.
Foto 31: Telhado e estrutura de suporte
desgastados na E.M. N. Sª. da Conceição.
Altamira do Maranhão, 1º de setembro de 2016.
Foto 32: Ripa de suporte desgastada na E.M. N. Sª.
da Conceição. Altamira do Maranhão, 1º de
setembro de 2016.
Foto 33: Muro da escola municipal Centro do
Davi, construído antes do ano de 2015. Altamira
do Maranhão, 1º de setembro de 2016.
Foto 34: Muro de alvenaria frontal do Grupo
Escolar Ernesto Geisel. Altamira do Maranhão, 1º
de setembro de 2016.
Foto 35: Muro de alvenaria frontal do G. E. Gonçalves Dias não compatível com a descrição do serviço
“INFRAESTRUTURA E SUPERESTRUTURA – MURO”. Altamira do Maranhão, 01/09/2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“Antes de tudo, cabe frisar que não é responsabilidade da prefeitura fiscalizar
mudança de placa, de layout, de pintura de fachada, ampliação ou subdivisão
ou mesmo estrutura da sede dos licitantes, mas sim a execução do objeto.
Logo, não pode opinar sobre a estrutura da sede das empresas, uma vez que
nunca as visitou.
Note-se que a prefeitura chegou a exigir em alguns editais o comprovante de
endereço atualizado como forma de ter um maior controle sobre a participação
das ditas empresas de fachada – todavia, quando o fez, o MPE o criticou
afirmando que o “endurecimento” do edital implica em restrição à competição.
Cabe frisar que o auditor menciona que as empresas possuem o mesmo
contador, além desse fato não constituir ilegalidade, ainda se afirma que a
informação é inverídica como se percebe da documentação em anexo.
Já no que tange a inexistência de funcionários ou equipe muito pequena para
executar os projetos dessa magnitude, sempre é bom relembrar que não se pode
fazer exigência não prevista pela Lei de Licitações e esta prevê como critério de
capacidade técnica (art. 30, §1º, Lei 8.666/93) apenas a presença de um
funcionário no quadro da empresa.
Logo, o fato da empresa ter quadro de funcionários composto em sua maioria
de pessoas contratadas não é elemento suficiente para se caracterizar nulidade
do certame e, tampouco, como indício de fraude.
Nesse sentido, segue manifestação do próprio TCU:
Acórdão nº 141/2008 – TCU - Plenário Voto do Ministro Relator
(...)
7. No tocante à não-aceitação de contratos de prestação de serviços como
comprovação da existência de profissional no quadro funcional da licitante,
também acolho as conclusões da Secex/PI. A compreensão mais adequada de
quadro permanente, mencionado no art. 30, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/93,
deve ser a do conjunto de profissionais disponíveis para prestar os serviços
de modo permanente, durante a execução do objeto licitado, conforme
jurisprudência e doutrina citadas pela unidade técnica.
8. Nesse sentido, não há necessidade de que os profissionais mantenham
vínculo de emprego ou societário para que se caracterize o compromisso de
realizar o serviço ao longo da execução do contrato. Tal exigência viria,
apenas, impor ônus desnecessário às empresas, uma vez que se veriam
obrigadas a manter entre seus empregados, ao longo dos anos, um número
muito maior de profissionais ociosos.
(...)
11. Portanto, a compreensão é no sentido de que, tanto na data da entrega da
proposta quanto ao longo da execução do contrato, a contratada deve contar
com profissional qualificado, vinculado à empresa por meio de contrato de
prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, ou
que tenha vínculo trabalhista ou societário com a empresa.
12. Assim entendido, a exigência em comento também restringiu o caráter
competitivo do certame licitatório, podendo ter afastado, inclusive, potenciais
interessados em participar do certame. (...).
No que tange aos itens referentes à suposta má execução nos serviços de engenheira,
apresentamos relatório técnico do setor de obras da prefeitura que irá aclarar os pontos
levantados pela Auditoria.”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A Lei de Licitações e Contratos, no § 2º do Art. 43, possibilita à administração promover,
em qualquer fase da licitação, diligência destinada a esclarecer ou a complementar a
instrução do processo. Assim, o Pregoeiro e sua Equipe de Apoio poderiam sim conhecer as
empresas com quem contrata regularmente, já que normalmente são as mesmas empresas
que contratam com a Prefeitura, sejam quais forem os objetos dos contratos. Ainda que o
Ministério Público não concordasse com a inclusão de cláusula que julgou como restritiva à
competição, o Pregoeiro poderia ter feito as diligências já mencionadas.
Nos casos de empresas contratadas pelo Município, há casos em que a mesma empresa
prestou serviços de locação de veículos, forneceu material de consumo e prestou serviço de
capacitação de servidores. Assim, seria no mínimo razoável que a administração de Altamira
do Maranhão/MA tenha conhecimento da estrutura das empresas com quem hodiernamente
celebra contratos.
Muitos dos documentos enviados pelas empresas são os mesmos usados para cumprimento
dos requisitos de habilitação nas licitações. Uma delas enviou fotos de um depósito de
alimentos que, além de não se ter como comprovar pertencer a mesma, não condiz com o
objeto da licitação em comento.
O fato de as empresas terem o mesmo contador não constitui ilegalidade, mas pode indicar
que haja algum tipo de vínculo entre as empresas, já que o contador normalmente assessora
as empresas que representam na elaboração de propostas de preços para fins de licitação.
Com certeza a lei exige apenas a demonstração da existência dos responsáveis técnicos, não
necessariamente apenas uma pessoa. Contudo, é notório que uma empresa não pode executar
uma obra, por menor que seja, apenas com o engenheiro responsável técnico, necessita-se de
outros profissionais, os quais, podem ser contratados temporariamente. Contudo, ao se
consultar as empresas, constata-se que as mesmas não têm histórico de declarar a existências
de empregado na RAIS, nem mesmo durante a fase de execução da obra. O que se
mencionou foi exatamente isso: uma empresa sem maquinário, sem equipamentos, sem
empregados, enfim, sem a menor estrutura necessária para realizar uma obra.
A jurisprudência do TCU citada trata do profissional responsável técnico que a licitante
apresenta como prova de capacidade técnico-profissional, para o qual o TCU indica que não
precisa ser um funcionário/empregado com vínculo duradouro, podendo ser o próprio
proprietário ou sócio da empresa ou um profissional liberal com contrato de prestação de
serviço com a licitante. Tal jurisprudência não trata da estrutura mínima de pessoal, material
e maquinário que deva ter a contratada para a execução do contrato. Portanto, tal
jurisprudência não se aplica ao caso apontado pelos auditores.
Quanto à qualidade dos serviços, nenhum laudo elaborado por quaisquer técnicos, por mais
especializados que sejam, supera as condições físicas verificadas durante a vistoria nas
escolas e sobre os quais se fez registro fotográfico, o qual consta do corpo deste Relatório
acima.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.11. Realização de evento prévio a formalização do contrato e superfaturamento de
R$ 44.808,34 em itens contratados.
Fato
Verificou-se que o evento de capacitação e formação dos docentes da rede de ensino do
município de Altamira do Maranhão foi realizado previamente a formalização do contrato,
desse modo sem a devida cobertura contratual, e houve um superdimensionamento na
quantidade de material necessário para os profissionais participantes, resultando em um
superfaturamento de R$ 44.808,34.
Em 2015, por meio do Pregão Presencial nº 04/2015, de 17 de abril de 2015, a Prefeitura
formalizou a contratação da Empresa M. I. Alves Ltda., de CNPJ nº 06.183.170/001-35,
para a prestação do serviço de realização de evento de capacitação e formação dos
docentes do referido Município. Contudo, mais uma vez, a empresa foi a única participante
do Pregão e teve sua proposta aceita, sendo o Contrato nº 44/2015 assinado em 27 de abril
de 2015, no valor total de R$ 92.460,01. O Quadro 25 a seguir tem a descrição dos
serviços e matérias necessários para a realização do evento.
Quadro 25 – Informações sobre o evento de capacitação do município.
Item Quant. Unidade Descrição Valor
Unitário Valor Total
1 6 UND Locação Data show 254,96 1.529,76
2 6 UND Locação caixa de som com microfone 149,99 899,94
3 15 UND Profissionais para as formações 889,95 13.349,25
4 8 UND Coordenadores de trabalhos 1.139,89 9.119,12
5 4 UND Palestrantes 1.889,81 7.559,24
6 894 UND Material para os participantes (pasta,
folder, bloco de anotações, crachá, 66,58 59.522,52
apostila, material para as oficinas,
certificados.)
7 6 UND Banner com as logomarcas das
prefeituras e secretaria de educação 80,03 480,18
VALOR TOTAL 92.460,01
Fonte: Processo Licitatório relativo ao Pregão Presencial nº 04/2015
De acordo com o Termo de Referência da contratação, o evento deveria ser realizado nos
dias 11, 12, 13 de maio de 2015, abrangendo um total de 221 profissionais da rede de
ensino do município, entre professores, diretores e coordenadores. No entanto, o que se
observou foi que o evento foi realizado no período de 20 a 24 de abril de 2015, como
observado no certificado emitido pela Secretaria de Educação, período em que ainda nem
havia a assinatura do contrato (o contrato somente foi assinado em 27 de abril de 2015,
como já informado). Referido evento contou com a presença de 187 profissionais da rede
de ensino, como demonstra a lista de presentes no evento de capacitação.
Dessa forma, o que se nota é que houve a realização de despesa sem a devida cobertura
contratual, já que o contrato assinado após a data do evento realizado. O que é
expressamente vedado pela pelo artigo 60 da Lei de Licitações, 8.666/93. Além disso,
verifica-se que a quantidade de 894 unidades do item 6 (Material para os participantes) se
encontra superdimensionada em relação a quantidade de profissionais prevista para
participarem no evento (221 profissionais), e em relação a quantidade daqueles
efetivamente presentes que participaram do evento (187 profissionais). Dessa forma,
verifica-se um superfaturamento em 673 unidades do item 6 na contratação, o que
representa um valor de R$ R$ 44.808,34.
Ainda, em questionamento a Secretaria de Educação em relação aos profissionais
contratados envolvidos no evento e os materiais empregados para sua realização não se
obteve resposta, não podendo, assim, verificar se a quantidade de palestrante,
coordenadores de trabalho e profissionais para as formações contratados trabalharam no
evento.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O relatório chama a atenção para a um evento realizado em momento anterior à
assinatura do contrato da PP 04/2015, todavia, isto não passa de um equívoco.
Explica-se.
O evento de capacitação realmente aconteceu nos dias de 23 a 27 de maio de
2015 – pois, não o local reservado para o evento não pôde recepciona-lo no
período originalmente programado e que consta no Termo de Referência de
Contrato-, no entanto, o fiscal foi induzido a engano por erro de digitação nos
certificados do curso que, por ter sido realizado pela mesma empresa, acabou
reproduzindo os dados de outro curso de formação realizado no início de abril.
O erro foi apontado à empresa e já foram expedidos os certificados com os
dados retificados, conforme os documentos em anexo.
É necessário frisar ainda que não houve superdimensionamento do quantitativo
de materiais para os participantes, pois, pela natureza do curso, a cada dia era
distribuído nova apostila aos participantes conforme o treinamento fosse
avançando, além de se adotarem novos materiais de oficina de acordo com as
atividades discutidas – brinquedoteca, pintura, confecção de jogos pedagógicos,
etc.
Por fim, é inverídica a alegação de que a Secretaria de Educação negou o pedido de acesso
ao material dos cursos – tanto que o auditor teve contato com os certificados do curso -,
todavia, como prova de transparência dessa gestão, seguem cópias das folhas de frequência,
fotos do curso e material do curso.”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Um equívoco desses seria muito fácil de ser notado e retificado em tempo. Primeiramente,
uma empresa séria, que ministra um curso a outra instituição não pode errar, de forma
grosseira, na emissão do certificado em relação ao período de realização do mesmo. Ainda
que o fizesse, a contratada ou algum participante teria percebido tal erro tempestivamente,
ou seja, alguém teria percebido o erro a tempo e isso já teria sido corrigido. As fotos, ao
menos, indicam que o evento ocorreu, mesmo sem se poder precisar em que data isso tenha
efetivamente ocorrido.
Quanto ao material a ser distribuído, foi informado que as apostilas e os materiais das
oficinas teriam sido distribuídos mais de uma vez por participante. Dessa forma, esses itens
deveriam ter figurado em itens específicos do termo de referência, e não juntamente com
pasta, folders, crachás, bloco de anotações, certificados, que apenas são distribuídos uma
vez. Pelo que está lá exposto, foram distribuídos 894 de cada um. Pelo que os gestores
disseram, apenas as apostilas e os materiais para as oficinas é que foram distribuídos mais de
um por participante, já que os demais materiais necessitaram ser distribuídos apenas uma
vez. De qualquer forma, houve superfaturamento desse item, já que o preço unitário cotado
era para o conjunto dos materiais descritos no item 6 do termo de referência.
O questionamento feito à Secretaria de Educação e que não houve atendimento foi em
relação aos profissionais contratados envolvidos no evento e os materiais empregados para
sua realização, o que impossibilitou de se verificar a quantidade de palestrantes,
coordenadores de trabalho e profissionais contratados. Não se falou que não foram
encaminhados os certificados dos cursos, tanto que se detectou a discrepância entre a data do
evento e a data da licitação. ##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Da análise da execução dos recursos provenientes do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB pelo Município de Altamira do Maranhão/MA foi verificado diversas
irregularidades, malversação dos recursos públicos e ausência de controles associados para
mitigar os riscos de ineficiência da gestão desses recursos.
Verificou-se que entre o início do ano de 2015 e até 30 de junho de 2016 houve a
transferência de R$ 14.120.342,04 em recursos a conta do FUNDEB do Município. Desses
recursos, a legislação do Fundo exige um gasto mínimo de 60% com profissionais do
magistério, fato que o município de Altamira do Maranhão/MA cumpriu no ano de 2015.
No mais, verificou-se uma incapacidade técnica operacional da rede de ensino básica do
município de suportar a quantidade de 3.189 alunos declarados no Censo Escolar pela
Secretaria de Educação. A quantidade de alunos declarada em quase todas as escolas é
maior que a capacidade dessas. Notou-se, erros grosseiros cometidos pela Secretaria de
Educação no tocante ao superdimensionamento da quantidade de alunos no censo escolar
do Município, tendo sido mensurado uma variação no censo escolar de, no mínimo,
25,90% para maior que a capacidade técnica operacional das escolas, que suporta apenas
2.363 alunos, considerando a estrutura física existente das mesmas.
Desse modo, o montante de recursos repassados ao Município na conta do FUNDEB está
superdimensionado, no mínimo, considerando um valor médio constante transferido por
aluno, em um total de R$ 2.300.753,27, que foram transferidos em 2015 para utilização na
educação básica sem a devida comprovação e capacidade de suporte ao aluno na rede de
ensino do município.
Ainda, verificou-se que a quantidade de profissionais presentes na relação da folha de
pagamento é incompatível, com a quantidade de profissionais que trabalham nas escolas.
Sendo a quantidade de profissionais superior a necessária demandada para a manutenção
da rede de ensino básica. Dessa forma, esses profissionais encontrados a mais estão
ociosos e não possuem nenhuma necessidade de atuação na rede de ensino básica do
município. Sendo, no mínimo, um desperdício de recursos com mão de obra não atuante na
educação básica no montante de R$ 1.750.000,00.
Quanto ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social – CACS do FUNDEB,
verificou-se falhas na sua constituição/composição e capacidade insuficiente de membros
em desacordo com a Lei nº 11.494/2007. Também, verificou-se uma insuficiente
capacitação de seus membros, imparcialidade dos integrantes do CACS devido ao fato de
que quase a sua totalidade possuírem vinculo remunerado com o Poder Executivo
Municipal. E, ainda, uma não efetiva atuação de suas reponsabilidades.
Em relação a execução com os demais recursos do FUNDEB utilizados para a manutenção
da educação básica. Verificou-se que houve a formalização de 11 contratos no exercício de
2015 e 10 contratos no ano de 2016.
Na aquisição de combustível para o transporte de alunos da rede de ensino básica do
município, verificou-se a ausência de memória de cálculo que justificasse a quantidade
contratada, a ausência de controles associados ao abastecimento e consumo da gasolina
pelos veículos e ainda, um superfaturamento de R$ 197.160,50 no ano de 2015 e um
superfaturamento de R$ 169.074,97 em 2016, totalizando R$ 366.235,46 em recursos do
FUNDEB, que deveriam ser utilizados na manutenção e desenvolvimento do ensino, em
danos ao Erário.
Na aquisição de carteiras escolares tipo universitária, de acordo com a descrição do edital,
verificou-se que há uma grande discrepância entre a quantidade de carteiras contratadas
nos anos de 2015 e 2016, daquela quantidade realmente contida nas escolas da rede de
ensino. Com uma quantidade de três vezes mais carteiras contratadas do que aquelas
presentes nas escolas. Sendo um total de 2142 carteiras escolares adquiridas pelo gestor,
porém, não encontradas. Caracterizando um total de R$ 199.893,00 de danos por compra
de matérias não existentes.
Quanto ao serviço de reforma de carteiras, verificou-se que a Prefeitura de Altamira do
Maranhão/MA realizou processos licitatórios nos anos de 2015 e 2016 para o serviço de
reforma de carteiras escolares tipo universitária. No entanto, apesar de haver a emissão de
nota fiscal pela empresa contratada em 2015 e o recebimento por parte da prefeitura, não
foi verificado a realização desse serviço para as 2412 carteiras dadas como reformadas.
Assim, verifica-se um dano de R$ 85.620,00 por pagamento de serviços inexistentes com
recursos do FUNDEB.
No serviço de locação de veículos para o transporte da coordenação pedagógica da
Secretaria de Educação, verificou-se a subcontratação total indevida desse serviço e o
superfaturamento no serviço no valor de R$ 58.771,20 nos anos de 2015 e até 30 junho de
2016. Destaca-se que as empresas contratadas não possuíam nenhum veículo registrado no
banco de dados do DENATRAN.
No o evento de capacitação e formação dos docentes da rede de ensino do município,
verificou-se que este foi realizado previamente a formalização do contrato, desse modo
sem a devida cobertura contratual, e houve um superdimensionamento na quantidade de
material necessários para os profissionais participantes, resultando em um
superfaturamento de R$ 44.808,34.
Por fim, verificou-se, por meio da Fiscalização in loco das escolas do município de
Altamira do Maranhão/MA, irregularidades na prestação do serviço de ampliação e
reforma das escolas da rede de ensino básica que resultaram em danos de R$ 350.982,50
dos recursos utilizadas da conta do FUNDEB.
Desse modo, ao todo tem-se um total de R$ 1.106.310,50 em danos por malversação de
recursos público, serviços não prestados, materiais dados como comprados, mas não
encontrados na rede de ensino. E ainda, um total de R$ 1.750.000,00 pagos a profissionais
que não atuam na educação básica da rede de ensino do município.
Ordem de Serviço: 201602376
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: Não se aplica.
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29 de agosto a 02 de setembro de
2016 sobre a aplicação dos recursos do Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema Único
de Saúde (SUS)/Ação 20AL - Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e
Municípios para a Vigilância em Saúde no município de Aldeias Altas/MA.
A Ação fiscalizada destina-se a promover ações de notificação, investigação, vigilância
ambiental, controle de doenças, imunizações, sistemas de informação, supervisão, educação
em saúde, comunicação e mobilização social na área de vigilância em saúde, por intermédio
de repasse de recursos financeiros do Fundo Nacional de Saúde para os fundos de saúde
municipais, estaduais e do Distrito Federal.
Os exames tiveram como objetivo verificar, quanto à legalidade, economicidade e eficácia, a
gestão dos recursos e insumos federais descentralizados aos municípios, aplicados em ações
de combate ao mosquito Aedes Aegypti, referente ao período de janeiro de 2015 a junho de
2016, envolvendo um montante de R$ 175.708,33.
Houve restrição ao escopo, considerando que por meio da Solicitação de Fiscalização – SF
nº 201602376, de 16/08/2016, foi solicitado ao Gestor Municipal a disponibilização do
extrato bancário mensal da conta específica e das aplicações financeiras destinada ao
recebimento e à movimentação dos recursos federais relativos ao Bloco Vigilância em
Saúde, referente ao período de 01/01/2015 a 30/06/2016, não tendo sido encaminhado os
extratos de aplicação financeira do exercício de 2015, impossibilitando assim manifestação
quanto a correta aplicação dos recursos no citado exercício.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Deficiência de Pessoal nas ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti.
Fato
Por meio de entrevistas realizadas com a população dos povoados Aldeia, Olho d’água do
Escondido e Caldeirão, foi constatado que não há atuação das Agentes de Combate a
Endemias (ACE) nas referidas localidades. Pelos relatos dos entrevistados, parte dos
trabalhos que deveriam ser realizados por aqueles profissionais são executados pelos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de cada localidade acima indicada, se limitando a
orientação ao combate as doenças transmitidas pelo mosquito, sem verificação mais
adequada quanto a existência de larvas e/ou aplicação de larvicidas/praguicidas, quando
necessário.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Ressalta-se que o programa de combate a Dengue, nos seus primórdios, iniciou-se com um
enfoque em áreas urbanas, haja vista que o mosquito, em suma, se localizava em áreas com
uma maior produção de lixo e por consequência, uma maior quantidade de reservatórios
passiveis de procriação e desenvolvimento.
Ao passo de que neste último ano, houve vários casos de pessoas com suspeitas de
infecção pelo mosquito Aedes Aegypti nas localidades da zona rural, a Secretaria de Saúde
entrou com contato com a Unidade Regional de Saúde de Bacabal, para provocar um debate
sobrea expansão do Programa de Combate a Dengue às áreas rurais.
A Secretaria foi prontamente atendida e ficou acordado que para a programação do
ano de 2017 as localidades de zona rural seriam zoneadas e a partir daí seriam desenvolvidas
as atividades de tratamento com praguicida.
Ademais, para melhor desenvolver o Programa de Combate a Dengue, o município
irá realizar concurso público no ano vindouro para aumentar o número de Agentes de
Combate a Endemia – conforme os documentos em anexo.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A justificativa apresentada pelo Gestor Municipal confirma o que fora relatado na
constatação, ou seja, não há atuação de agentes de combate a endemias nos povoados do
município, sendo que as funções dos mesmos são parcialmente desenvolvidas pelos agentes
comunitários de saúde, motivo pelo qual a impropriedade permanece.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Deficiência no monitoramento das atividades executadas pelos Agentes de
Combate às Endemias (ACE), contratados com recursos públicos federais.
Fato
Por meio da Solicitação de Fiscalização - SF nº 201602376-02, de 01/09/2016, foi solicitado
à administração municipal que informasse quem faz o trabalho de supervisão das atividades
operacionais de campo realizadas pelos Agentes de Combate às Endemias – ACE, de que
forma era realizado o planejamento das atividades e que fosse apresentado, caso existisse, o
relatório gerencial de avaliação das atividades realizadas.
O Secretário Municipal de Saúde encaminhou o Ofício 029/2016/SESP, de 05/09/2016,
contendo as seguintes informações:
“... O planejamento das atividades é realizado a partir do número de
imóveis a ser visitado mês a mês em cada ciclo, como estamos utilizando o
plano emergencial de enfrentamento da dengue, cada ciclo dura um mês,
sendo assim é dividida a quantidade de imóveis e pela quantidade de dias
trabalhados no ciclo e assim temos a quantidade de casas a serem
trabalhadas no dia. Lembrando que o planejamento também é baseado na
quantidade de quarteirões que cada micro-área possui. Quanto ao
relatório gerencial de avaliação das atividades realizadas, foi
apresentado na auditoria uma planilha que mostra quantas casas foram
trabalhadas mês a mês no período da auditoria, com isso se faz um
comparativo entre a quantidade de visitas planejadas e a quantidade
visitas realizadas, nos possibilitando avaliar se foi atingida a meta...”.
Conforme se observa, não foi apresentado documentalmente o planejamento das atividades e
metas previstas para os exercícios sob análise, bem como relatório gerencial comparativo
entre o que foi planejado e o que foi efetivamente executado.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“No tocante a não apresentação do planejamento das atividades e por consequência uma
deficiência no monitoramento das atividades executadas pelos Agentes de Combate às
Endemias, não é que ela não existe, o que aconteceu foi que o Brasil no final de 2015 foi
acometido por um elevado número de agravos ocasionados pelo mosquito Aedes Aegypti,
em virtude disso, fomos orientados a abandonar o planejamento municipal e aderir ao Plano
Emergencial de Enfrentamento ás doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti – conforme é
apresentado na seguinte fonte:
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/21589-maranhao-
lanca-plano-estadual-de-combate-ao-aedes-aegypti.
Acrescenta-se que este plano não foi apresentado de forma fechada, ou seja, a
orientações durante o ano foram apresentadas ao passo da crescente do número de casos de
agravos, para exemplificar, podemos citar que durante todo o período do plano foram
realizadas atividades de tratamento e orientação em todos os domicílios, apenas.
Não sendo realizado nenhum serviço de análise de larvas e por consequência não foi
repassado a esta Secretaria nenhum dado de infestação predial.
Vale enfatizar, que foi entregue a esta Controladoria o Plano de Contingência que
serve como documento de planejamento, uma vez que o mesmo foi apresentado a nível de
Conselho Municipal e encaminhado a Secretaria Estadual de Saúde.
Ratifico ainda, que, por ocasião da visita da CGU, lhe foi entregue relatório onde
constava, mês a mês, o número de visitas residenciais planejadas e aquelas efetivamente
realizadas, sendo este documento suficiente para critérios de avaliação do Ministério da
Saúde e, consequentemente, sendo suficiente para comprovar “o que foi planejado e o que
foi efetivamente executado”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os documentos e informações apresentados pela Gestor Municipal, em tese, serviriam de
subsídio para a elaboração do planejamento anual, bem como do relatório gerencial de
execução e de avaliação das metas, possibilitando o comparativo entre o que foi planejado e
efetivamente realizado, contudo tais dados de forma isolada não propiciam uma correta e
eficaz avaliação acerca da execução do programa, não cabendo ao órgão fiscalizador a
consolidação e análise dos mesmos.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Ausência de capacitação para os Agentes de Combate às Endemias (ACE) em
exercício.
Fato
Foi solicitado à administração municipal, por meio da Solicitação de Fiscalização – SF nº
201602376-01, de 16/08/2016, que apresentasse comprovante, caso tenha tido, do curso
introdutório de formação inicial e continuada, bem como de treinamentos oferecidos aos
Agentes Comunitários de Endemias. Em resposta, foram encaminhados, pela Secretaria
Municipal de Saúde, Certificados de Capacitação do Curso Introdutório de Formação Inicial,
datados apenas de 15/03/2016.
Outrossim, não foram encaminhados quaisquer documentos que comprovassem a realização
de capacitação contínua por parte do município com referidos profissionais, sequer os
agentes comunitários de endemias entrevistados souberam informar especificamente quais
treinamentos teriam recebido, demonstrando assim que não é uma prática adotada pela
administração municipal a realização de capacitação continuada.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Os Agentes de Combate às Endemias são regularmente capacitados e recebem treinamento
técnico pela Unidade Regional de Saúde de Bacabal, conforme pode ser constatado caso
Vossa Excelência oficie o referido órgão.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese as justificativas apresentadas pelo Gestor Municipal, se verifica que não restou
comprovado documentalmente a realização de capacitação de forma continuada para os
agentes comunitários de endemias, além do que não cabe a este Órgão de Controle buscar
provas da realização de tais treinamentos, incumbência essa que é da administração
municipal.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que os recursos financeiros transferidos pela
União ao município de Aldeias Altas/MA, no período de 1º de janeiro de 2015 a 31 de
julho de 2016, para utilização em ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, têm sido
aplicados, de forma tempestiva e seguindo o princípio da legalidade, contudo, as ações de
gestão de combate ao mosquito Aedes Aegypti foram prejudicadas, em decorrência da
baixa frequência ou ausência de visitas por parte ACEs; ausência de planejamento, de
Metas e de Relatório Gerencial, além da falta de capacitação continuada dos Agentes
Comunitários de Endemias (ACEs).
Ordem de Serviço: 201602152
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.928.960,06
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29 de agosto a 02 de setembro de
2016 sobre a aplicação dos recursos federais do Programa 2015 – Aperfeiçoamento do
Sistema Único de Saúde (SUS), Ação 0106 – Execução Financeira da Atenção Básica,
Bloco da Atenção Básica, no município de Altamira do Maranhão/MA.
A Ação fiscalizada destina-se a realização de gastos voltados à Atenção Básica em Saúde,
mediante a efetivação da política de atenção básica resolutiva, de qualidade, integral e
humanizada.
Os exames tiveram como objetivo avaliar a aplicação dos recursos financeiros transferidos
para custeio das ações governamentais componentes do Bloco da Atenção Básica em Saúde,
de forma a fiscalizar a execução das despesas de maior relevância, com ênfase na análise dos
preços praticados e das situações que venham a restringir a competitividade dos processos
licitatórios, na entrega efetiva dos bens adquiridos e na prestação dos serviços contratados e
na utilização dos recursos exclusivamente na Atenção Básica em Saúde, referente ao período
de janeiro de 2015 a junho de 2016, envolvendo um montante de R$ 1.928.960,06.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Desvio de finalidade na aplicação de recursos destinados à atenção básica no
montante de R$ 13.910,90.
Fato
Considerando o período escolhido para compreender o escopo dos exames, ou seja, de 1º de
janeiro de 2015 até 30 de junho de 2016, o Fundo Municipal de Saúde de Altamira do
Maranhão/MA recebeu o montante de R$ 1.973.474,57 (um milhão novecentos e setenta e
três mil quatrocentos e setenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos), relativo ao Bloco
da Atenção Básica. Desse total, foi selecionada a seguinte amostra sobre a qual foi analisada
a regularidade da execução financeira desses recursos repassados ao citado município para
as Ações de Atenção Básica em Saúde:
Quadro 01 – Amostra analisada de recursos recebidos para a Atenção Básica.
Ação/Serviço/Estratégia 2015 2016 Total
PAB Fixo 318.668,04 159.334,02 478.002,06
Saúde da Família – SF 389.985,00 200.340,00 590.325,00
Saúde Bucal - SB 80.280,00 40.140,00 120.420,00
Agentes Comunitários de Saúde – ACS 355.914,00 164.268,00 520.182,00
Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF 144.000,00 72.000,00 216.000,00
TOTAL 1.290.862,04 638.098,02 1.928.960,06
Fonte: http://www.fns.saude.gov.br/visao/consultarPagamento/pesquisaDetalhadaAcao.jsf
Da análise procedida da amostra acima, compreendendo as entradas e saídas de recursos do
extrato da conta bancária específica do Piso da Atenção Básica - PAB, aberta pelo Fundo
Municipal de Saúde de Altamira do Maranhão/MA, para movimentação dos recursos
destinados à Atenção Básica, e dos documentos de despesas apresentados à conta desses
recursos (notas de empenho, ordens de pagamento, notas fiscais e recibos, folhas de
pagamento e comprovantes de transferências bancárias), constatou-se o desvio de finalidade
na aplicação de recursos destinados à atenção básica no montante de R$ 13.910,90 (treze mil
novecentos e dez reais e noventa centavos), conforme detalhamentos feitos nos Quadros 2 a
4, a seguir:
Quadro 02 - Débitos decorrentes de tarifas bancárias.
Data Valor (R$) Documentos de Despesa Referência
12/01/2015 198,30 NE 404, sem data (RaP)
OP 00006, de 12/01/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 23.807,46) e o líquido da folha de
pagamento dos ACS - Dez/2014 (R$
23.609,16)
13/01/2015 398,90 NE 405, sem data (RaP)
OP 00009, de 13/01/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 103.301,80) e o líquido da folha de
pagamento do PAB - Dez/2014 (R$
102.902,90)
03/02/2015 198,30 NE 09, de 30/01/2015
OP 00226, de 03/02/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 23.807,46) e o líquido da folha de
pagamento dos ACS - Jan/2015 (R$
23.609,16)
10/02/2015 1.413,74 NE 098, de 30/01/2015
OP 00026, de 11/02/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 107.761,89) e o líquido da folha de
pagamento do PAB - Jan/2015 (R$
106.348,15)
13/02/2015 130,30 NE 10, de 30/01/2015
OP 00032, de 13/02/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 2.223,95) e o líquido da folha de
pagamento de 1/3 de férias/2015 do PAB
(R$ 2.093,65)
10/07/2015 1.004,28 NE 234, de 30/06/2015
OP 01018, de 10/07/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 80.708,29) e o líquido da folha de
pagamento de Sec. de Saúde - Jun/2015
(R$ 79.704,01)
18/12/2015 2.958,44 NE 363, de 18/12/2015
OP 01158, de 18/12/2015
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 11.354,36) e o líquido da folha de
Data Valor (R$) Documentos de Despesa Referência
pagamento de 1/3 de férias/2015 do PAB
(R8.395,92)
11/02/2016 1.500,00 - Segundo informações do Sec. Municipal
de Saúde, refere-se a tarifas bancárias 16/03/2016 1.000,00 -
08/04/2016 1.578,06 NE 054, de 31/03/2016
OP 00272, de 08/04/2016
Diferença entre a saída da conta do PAB
(R$ 116.429,42) e o líquido da folha de
pagamento de Sec. de Saúde - Mar/2016
(R$ 114.851,36)
TOTAL 10.380,32
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir dos documentos analisados.
Quadro 03 – Pagamento de inscrição em Congresso de Secretarias Municipais de Saúde.
Data Valor
(R$) Objeto da Despesa Documentos de Despesa
13/05/2015 746,00
Inscrição no 3º Congresso Norte
Nordeste de Secretarias
Municipais de Saúde
NE 208 e OP 806, ambas de 13/05/2015
TOTAL 746,00
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir dos documentos analisados.
Quadro 04 – Pagamento de Despesa com Internet Banda Larga.
Data Valor
(R$) Objeto da Despesa Documentos de Despesa
08/07/2015 579,76 Internet: Fatura de Fev/2015 NE 246, OP1007
08/07/2015 568,36 Internet: Fatura de Mar/2015 NE 247, OP1008
08/07/2015 538,77 Internet: Fatura de Abr/2015 NE 248, OP1009
08/07/2015 567,99 Internet: Fatura de Mai/2015 NE 249, OP1010
08/07/2015 529,70 Internet: Fatura de Jun/2015 NE 250, OP1011
TOTAL 2.784,58
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir dos documentos analisados.
Cabe ressaltar que as Notas de Empenhos e Ordens de Pagamento emitidas, no âmbito da
Secretaria Municipal de Saúde, são assinadas pelo Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-
**) e pela Tesoureira do Município (CPF: ***.866.393-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“Em anexo, estamos encaminhando os documentos comprobatórios para sanar as
inconsistências apontadas no anexo I da referida solicitação acima.
Observa-se no extrato bancário as movimentações financeiras entre as contas de n° 16.824-6
e n° 19.411-5
No dia 12 de janeiro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para conta
nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 23.807,46, desse foi pago a Folha dos ACS no valor de
R$ 23.609,16, portanto, restando um saldo de R$ 198,30.
A este saldo, foi somado um outro valor resgatado da aplicação financeira BB CP Admin
Supremo – Fundo 70, o valor de R$ 194,51 para completar o pagamento dos valores de R$
91,80, R$ 51,68, R$ 23,80, R$ 12,53, R$ 106,50 e R$ 106,50, que somados perfazem o
valor total de R$ 392,81, debitados pelo banco na mesma conta corrente nº 19.411-5, no dia
12/01/2015, que correspondem ao pagamento de tarifas de serviços bancários; e
No dia 13 de janeiro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para conta
nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 103.301,80, para pagamento da Folha de Pessoal do PAB
no valor de R$ 102.902,90, restando um saldo de R$ 398,90, que foi debitado na mesma
conta corrente nº 19.411-5, no dia 13/01/2015, correspondendo a aplicação financeira BB
CP Admin Supremo – Fundo 70.
DATA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VALOR R$
12/jan/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 23.807,46 C
12/jan/2015 Pagamento dos ACS, relativo a Dez/2014: NE 404 (sem
data) e OP 06, de 12/JAN/2015, no valor de 23.609,16 D
12/jan/2015 Resgate BB CP Admin Supremo – Fundo 70 194,51 C
12/jan/2015 Pagamento de Tarifas Bancarias 392,81 D
13/jan/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 103.301,80 C
13/jan/2015 Pagamento Pessoal do PAB, relativo a Dez/2014: NE
405 (sem data) e OP 09, de 13/jan/2015, no valor de 102.902,90 D
13/Jan/2015 Aplicação BB CP Admin Supremo – Fundo 70 398,90 D
SALDO 0,00 C Informação: conforme extrato bancário.
No dia 03 de fevereiro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 23.807,46 foi pago a Folha dos ACS no valor de
R$ 23.609,16, restando um saldo de R$ 198,30 que foi aplicado no BB CP Admin Supremo
– Fundo 70;
No dia 10 de fevereiro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG, o valor de R$ 107.761,89. No mesmo dia, foi pago os valores de
R$ 205,80, R$ 91,80, R$ 23,60, R$ 106,50, R$ 106,50 e R$ 106,50, que somados perfazem
o valor total de R$ 1.072,11, referente a tarifas de serviços bancários e o saldo de R$
106.689,78 foi aplicado no BB CP Admin Supremo – Fundo 70;
No dia 11 de fevereiro de 2015, foi resgatado da aplicação financeira BB CP Admin
Supremo – Fundo 70 da conta nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 106.348,15 e foi pago a
Folha de Pagamento de Pessoal do PAB no mesmo valor de R$ 106.348,15.
Logo, o Auditor se equivoca ao atestar que houve débito no valor de R$ 1.413,74, no
período de 10 a 11 de fevereiro de 2015, visto que, como dito, houveram pagamentos de
tarifas no dia 10/02 que, somados, perfazem o total de R$ 1.072,11, porém, o saldo restante
de R$ 341,63 NÃO corresponde a débito, mas sim ao valor que permaneceu aplicado no BB
CP Admin Supremo – Fundo 70, após aplicação realizada no dia 10/02.
No dia 13 de fevereiro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 2.223,95 para o pagamento da Folha de 1/3 de
Férias do Pessoal do PAB no valor de R$ 2.093,65, restando um saldo de R$ 130,30 que foi
aplicado no BB CP Admin Supremo – Fundo 70.
DATA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VALOR R$
03/fev/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 23.807,46 C
03/fev/2015 Pagamento dos ACS, relativo a Jan/2015: NE 09, de
30/jan/2015 e OP 226, de 03/fev/2015, no valor de 23.609,16 D
03/fev/2015 Aplicação BB CP Admin Supremo – Fundo 70 198,30 D
10/fev/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 107.761,89 C
10/fev/2015 Pagamento de Tarifas Bancarias 1.072,11 D
10/fev/2015 Aplicação BB CP Admin Supremo – Fundo 70 106.689,78 D
11/fev/2015 Resgate BB CP Admin Supremo – Fundo 70 106.348,15 C
11/fev/2015 Pagamento Pessoal do PAB, relativo a Jan/2015: NE 08, de
30/jan/2015 e OP 26, de 11/fev/2015, no valor de 106.348,15 D
13/fev/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 2.223,95 C
13/fev/2015 Pagamento de 1/3 de Férias do Pessoal do PAB: NE 10, de
30/Jan/2015, OP 32 de 13/fev/2015, no valor de 2.093,65 D
13/fev/2015 Aplicação BB CP Admin Supremo – Fundo 70 130,30 D
SALDO 0,00 C Informação: conforme extrato bancário.
No dia 10 de julho de 2015, foram transferidos da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG os valores de R$ 80.708,29, R$ 33.065,73 e 22.000,39, para
pagamento da Folha dos ACS no valor de R$ 22.000,39, da Folha de Pagamento de Pessoal
da Secretaria de Saúde no valor de R$ 79.704,01 e da Folha de Pagamento de Pessoal do
FMS no valor de R$ 33.065,73; e
Os valores de R$ 10,49, R$ 299,20, R$ 44,00, R$ 210,70, R$ 91,80, R$ 295,80, R$ 44,00 e
R$ 8,29, que somados perfazem o valor total de R$ 1.004,28, que correspondem ao
pagamento de tarifas de serviços bancários.
DATA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VALOR
R$
10/jul/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 80.708,29 C
10/jul/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 33.065,73 C
10/jul/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 22.000,39 C
10/jul/2015 Pagamento dos ACS, relativo a junho/2015: NE 232 de 30
de Jun/2015 e OP 1016, de 10/Jul/2015, no valor de 22.000,39 D
10/jul/2015 Pagamento Pessoal da Src. Saúde, relativo a Jun/2015: NE
234 de 30/Jun/2015, e OP 1018, de 10/Jul/2015, no valor de 79.704,01 D
10/jul/2015 Pagamento Pessoal do FMS, relativo a Jun/2015: NE 233 de
30 de Jun/2015 e OP 1017, de 10/Jul/2015, no valor de 33.065,73 D
10/jul/2015 Pagamento de Tarifas Bancarias 1.004,28 D
SALDO 0,00 C Informação: conforme extrato bancário.
No dia 10 de dezembro de 2015, foram transferidos da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG os valores de R$ 111.945,54 e R$ 22.000,39, desses foram pagas
as Folhas dos ACS no valor de R$ 22.000,39 e de Pessoal do FMS no valor de R$
111.945,54;
No dia 18 de dezembro de 2015, foram transferidos da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG os valores de R$ 11.354,36 e R$ 6.917,71, para pagamento das
Folhas de Pessoal do FMS referente ao 13⁰ Salário no valor de R$ 6.917,71 e dos ACS
referente ao 1/3 de férias no valor de R$ 8.395,92, restando um saldo de R$ 2.958,44, que
foi para o pagamento de tarifas de serviços bancários; e
No dia 22 de dezembro de 2015, foi transferido da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG o valor de R$ 25.715,52, para pagamento da Folha dos ACS
referente ao 13⁰ Salário no valor de R$ 25.715,52.
DATA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VALOR R$
10/Dez/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 111.945,54 C
10/Dez/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 22.000,39 C
10/Dez/2015
Pagamento dos ACS, relativo a novembro/2015: NE 334
de 30 de Nov/2015 e OP 1153, de 10/Dez/2015, no
valor de
22.000,39 D
10/Dez/2015
Pagamento Pessoal do FMS, relativo a Nov/2015: NE
333 de 30 de Nov/2015 e OP 1152, de 10/Dez/2015, no
valor de
111.945,54 D
18/Dez/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 11.354,36 C
18/Dez/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 6.917,71 C
18/Dez/2015
Pagamento Pessoal do FMS, relativo ao 13° Sal/2015:
NE 364 de 18/Dez/2015, e OP 1160, de 18/Dez/2015,
no valor de
6.917,71 D
18/Dez/2015 Pagamento de 1/3 de férias dos ACS: NE 363 de 18 de
Dez/2015 e OP 1159, de 18/Dez/2015, no valor de 8.395,92 D
18/Dez/2015 Pagamento de Tarifas Bancarias 2.958,44 D
22/Dez/2015 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 25.715,52 C
22/Dez/2015
Pagamento dos ACS, relativo ao 13° Sálario/2015: NE
370 de 22 de Dez/2015 e OP 11566 de 22/Dez/2015, no
valor de
25.715,52 D
SALDO 0,00 C Informação: conforme extrato bancário.
Aproveita-se o ensejo para retificar a informação anteriormente repassada ao Auditor e
informar que as transferências feitas entre as contas correntes de n° 16.824-6 e n° 19.411-5:
no valor de R$ 1.500,00, no dia 11/02/2016, e de R$ 1.000,00, no dia 16/03/2016, foram
feitas para complementação de pagamentos de folhas de Pessoal e de tarifas bancarias
(conforme extratos bancários anexos).
No dia 08 de abril de 2016, foram transferidos da conta corrente 16.824-6 do PAB para
conta nº 19.411-5 FOPAG, os valores de R$ 116.429,42 e R$ 22.000,39, para pagamento
das Folhas dos ACS, no valor de R$ 22.000,39, e de Pessoal do FMS, no valor de R$
114.851,36, restando um saldo de R$ 1.578,06, que foi aplicado no BB CP Admin Supremo
– Fundo 70.
Logo, o saldo de R$ 1.578,06 não sofreu desvio de função, mas sim foi aplicado conforme
determina a legislação federal.
DATA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VALOR R$
08/Abr/2016 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 116.429,42 C
08/Abr/2016 Transferência da Conta 16.824-6 para Conta 19.411-5 22.000,39 C
08/Abr/2016 Pagamento dos ACS, relativo a março/2016: NE 63 de 31
de Mar/2016 e OP 679, de 08/Abr/2016, no valor de 22.000,39 D
08/Abr/2016
Pagamento Pessoal do FMS, relativo a Março/2016: NE
62 de 31 de Mar/2016 e OP 678, de 08/Abr/2016, no
valor de
114.851,36 D
08/Abr/2016 Aplicação BB CP Admin Supremo – Fundo 70 1.578,06 D
SALDO 0,00 C Informação: conforme extrato bancário.
Já no que tange aos quadros 03 e 04, apresentam-se os seguintes comentários.
A Portaria GM/MS n. 204, de 29 de janeiro de 2007, regulamentou o financiamento e a
transferência dos recursos federais para as ações e serviços de saúde, com o respectivo
monitoramento e controle. Os recursos federais destinados às ações e serviços de saúde
passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de Financiamento.
São seis os Blocos de Financiamento:
1 - Atenção Básica;
2 - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar;
3 - Vigilância em Saúde;
4 - Assistência Farmacêutica;
5 - Gestão do SUS;
6 - Investimentos na Rede de Serviços de Saúde.
Os blocos de financiamento são constituídos por componentes, de acordo com as
especificidades de suas ações e os serviços de saúde pactuados. Os recursos federais que
compõem cada bloco de financiamento são transferidos aos estados, Distrito Federal e
municípios, fundo a fundo, em conta única e específica para cada bloco de financiamento,
observados os atos normativos específicos.
Altamira do Maranhão é um município de nível de Atenção Básica, sendo assim o bloco da
Atenção Básica é constituído por dois componentes:
I- Componente Piso da Atenção Básica - PAB Fixo;
II-Componente Piso da Atenção Básica - PAB Variável.
O Componente Piso da Atenção Básica - PAB Fixo refere-se ao financiamento de ações de
atenção básica à saúde, cujos recursos são transferidos mensalmente, de forma regular e
automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos
municípios.
O Componente Piso da Atenção Básica - PAB Variável é constituído por recursos
financeiros destinados ao financiamento de estratégias realizadas no âmbito da atenção
básica em saúde.
Os recursos do Componente PAB Variável são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos
Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos municípios, mediante adesão e implementação
das ações a que se destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde.
Partindo do que são dispostos, os recursos recebidos no componente PAB Fixo nos é
permitido o pagamento de despesas relacionadas a Congressos e outras atividades
diretamente ligadas a Educação Permanente de pessoal da Secretaria– sendo a Educação
permanente um dos pilares da Atenção Básica, respaldada na Portaria 2488, de 21 de
outubro de 2011 e Portaria nº 278, de 27 de fevereiro de 2014.
Nos é permitido também, o pagamento via PAB Fixo, de serviços de terceiros: agua, luz,
telefone, internet, correios e outros, conforme pode constatado em leituras recomendadas
pela Fundo Nacional de Saúde.
Sendo assim, não se caracteriza o uso do PAB Fixo como desvio de finalidade para os casos
citados acima, bem como para pagamento de taxas oriundo de despesas com pessoal lotado
na Secretaria de Saúde, conforme pode se interpretar do Manual Básico da Gestão
Financeira do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde, publicado em 2003.
Restando esclarecidas as despesas constantes nos quadros 03 e 04 do tópico 01 da ordem de
serviço 201602152, passamos a justificar as movimentações financeiras que compõem o
quadro 02 através dos documentos em anexo e do resumo do extrato de movimentações
financeiras entres as contas nº.16.824-6 e nº. 19.411-5 reproduzido a seguir.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
No tocante ao pagamento indevido de tarifas bancárias com recursos da Atenção Básica em
Saúde, os esclarecimentos encaminhados pelos gestores corroboram e ratificam as
conclusões feitas pela Equipe de Fiscalização, quando afirmam que os valores transferidos
da conta do PAB para a conta de Folha de Pagamento da Prefeitura são superiores ao valor
da despesa, mesmo que transitando temporariamente pela conta de aplicação financeira,
serviram para complementar o pagamento de tarifas bancárias cobradas pelo serviço de
processamento da folha de pagamento de salários da prefeitura.
Ressalte-se que tais tarifas bancárias, ainda que de forma justa sejam cobradas pelos bancos,
tal despesa deve ser suportada tão somente pela Prefeitura com recursos próprios, já que a
legislação que rege a aplicação de recursos oriundos da Atenção Básica em Saúde não
permite esse tipo de gasto, já que não tem nenhuma relação com o Programa. Se a prefeitura,
por questões gerenciais ou outras irrelevantes para o caso, decidiu contratar tal serviço de
processamento de folhas de pagamento, deve arcar com seu ônus sem recorrer aos recursos
da Atenção Básica, ainda que na forma de contrapartida municipal. Isso sem falar que essa
conta de folha de pagamento serve para fazer pagamentos de todos os servidores do
Município, e não apenas da Atenção Básica, o que reforça ainda mais a inelegibilidade desse
tipo de despesa.
Ademais, os gestores informaram resumidamente sobre os recursos repassados pelo
Governo Federal para Estados, Distrito Federal e Municípios para a área da Saúde. Contudo,
ao final, para justificar a aplicação de recursos nas despesas indevidas, faz um relato
equivocado, tendo em vista que os recursos recebidos para o componente “Piso da Atenção
Básica - PAB Fixo” tem uma gama variada de possibilidades de aplicação, desde que o
objeto dessa aplicação seja exclusivo da Atenção Básica em Saúde. Assim sendo, as
despesas com congressos, seminários e outros assemelhados, e as despesas com energia
elétrica, água e saneamento, telefonia fixa, móvel e internet tão somente são elegíveis se
comprovadamente tiverem sido consumidas pelas unidades de saúde que atendem apenas
procedimentos de Atenção Básica em Saúde.
No caso descrito nesse ponto, observa-se que o congresso de secretarias municipais de
saúde, assim como também a despesa com a internet fornecida pela empresa VIVO, que
atende a Secretaria de Saúde como um todo, não têm exclusividade com a Atenção Básica
em Saúde e, portanto, não são elegíveis para serem custeados com recursos do Componente
Piso da Atenção Básica – PAB Fixo.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.2. Pagamentos no montante de R$ 316.148,44 para os profissionais da Atenção
Básica por serviços não prestados ao município.
Fato
Da análise comparativa entre os dados inseridos no CNES (Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde) e as folhas de pagamento relativamente aos profissionais da
Atenção Básica lotados nas Unidades de Saúde do Município de Altamira do Maranhão,
notadamente os médicos, odontólogos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas,
nutricionistas e psicólogos, constataram-se divergências entre as informações referentes aos
períodos de trabalho/contratos constantes do CNES e dos meses de salários pagos
relacionados nas folhas de pagamento, conforme demonstrado no Quadro 07, a seguir:
Quadro 07 – Divergências entre CNES e FOPAG relativamente aos períodos de trabalho/contratos dos
profissionais da Saúde.
PROFISSIONAL CARGO PERÍODO NO CNES PERÍODO NA FOLHA
DE PAGAMENTO
***.898.603-** Médico Abr/2016 a Jun/2016 Jan/2015 a Mai/2016
***.653.933-** Odontólogo Abr/2015 a Jan/2016 Mai/2015 a Mar/2016
***.513.363-** Odontólogo Jan/2015 a Mar/2015 Jan/2015 a Abr/2015
***.396.143-** Farmacêutico Jan/2015 a Jan/2016 Jan/2015 a Mai/2016
***.794.593-** Farmacêutico Jan/2015 a Mar/2016 Jan/2015 a Mai/2016
***.644.563-** Fisioterapeuta Jan/2015 a Jan/2016 Jan/2015 a Mai/2016
***.745.663-** Médico
Jan/2015 a Mar/2015 Jan/2015 a Jun/2015
e
Nov/2015 a Jan/2016
Abr/2015 e Mai/2015
Jul/2015 a Dez/2015
***.188.513-** Enfermeiro Fev/2015 a Jul/2015 Jan/2015 a Mai/2016
***.008.403-** Enfermeiro Fev/2015 a Jun/2016 Jan/2015 a Mai/2016
***.823.587-** Médico Abr/2016 a Jun/2016
Jan/2015 a Abr/2015
***.823.587-** Médico Mai/2015 a Mai/2016
***.765.283-** Fisioterapeuta Jan/2015 a Mai/2015 Jan/2015 a Jul/2015
***.473.986-** Médico Jan/2015 a Abr/2016 Nenhuma FOPAG
***.339.053-** Odontólogo Mar/2016 a Jun/2016 Abr/2016 e Mai/2016
***.626.973-** Médico Mar/2016 e Abr/2016 Nenhuma FOPAG
***.197.771-** Médico Jun/2016 Nenhuma FOPAG
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de dados constantes do CNES e Folha de Pagamento.
Essas divergências impactam diretamente na execução financeira dos recursos do Bloco da
Atenção Básica em Saúde do Município, já que houve pagamentos a profissionais quando os
mesmos não constavam do CNES como integrantes das Equipes de Saúde de Altamira do
Maranhão/MA e, portanto, não trabalhavam ou prestavam serviços para o Município. Essas
discrepâncias financeiras que provocaram gastos indevidos com recursos do PAB estão
detalhadas no Quadro 08 a seguir:
Quadro 08 – Gastos Indevidos de Recursos do PAB por pagamentos a profissionais da Saúde em períodos nos
quais os mesmos não estavam cadastrados no CNES.
PROFISSIONAL PROVENTOS
(R$)
Nº Meses
FOPAG
Nº Meses sem
CNES
Valor da Glosa
(R$)
***.898.603-** 11.757,20 17 15 176.358,00
***.653.933-** 2.723,00 10 2 5.446,00
***.513.363-** 2.723,00 4 1 2.723,00
***.396.143-** 1.600,00 17 4 6.400,00
***.794.593-** 1.600,00 17 2 3.200,00
***.644.563-** 1.600,00 17 4 6.400,00
***.745.663-** 4.884,28 9 1 4.884,28
***.823.587-** 4.884,29 4 4 19.537,16
***.823.587-** 8.000,00 13 11 88.000,00
***.765.283-** 1.600,00 7 2 3.200,00
TOTAL 316.148,44
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de dados constantes do CNES e Folha de Pagamento.
A partir do Quadro 08 acima, chega-se ao valor de R$ 316.148,44 de despesas com
profissionais da Saúde, pagos com recursos do PAB, sem que os mesmos integrassem o
quando de funcionários/contratados da Prefeitura, considerando-se o período dos exames
compreendido entre 1º janeiro de 2015 a 30 de junho de 2016.
Cabe ressaltar que as Notas de Empenhos e Ordens de Pagamento emitidas, no âmbito da
Secretaria Municipal de Saúde, são assinadas pelo Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-
**) pela Tesoureira do Município (CPF: ***.866.393-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“Cabe informar que a folha dos trabalhadores sempre é paga com recursos próprios do
município e que todos os funcionários indicados nos relatórios encontram-se devidamente
cadastrados no CNES.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Convém reforçar que todas as Folhas de Pagamento que constaram da análise que gerou a
constatação foram selecionadas a partir do valor que se originou da conta específica da
Atenção Básica. Assim, não procede a informação de que “a folha dos trabalhadores
sempre é paga com recursos próprios do município”, como mencionaram os gestores em
sua manifestação. A título de ilustração, o Quadro a seguir traz informações sobre a saída
dos recursos da conta do PAB e seus correspondentes objetos de aplicação na forma de
documentos de despesa, apenas referentes aos pagamentos dos meses de janeiro, junho e
dezembro de 2015 e fevereiro e maio de 2016:
Quadro 09 – Exemplos de valores retirados da conta do PAB e aplicados em pagamento de pessoal da área da
Saúde do Município de Altamira do Maranhão/MA
DADOS DO EXTRATO DA CONTA:
Ag. 2782-0 - C/C: 16.824-6 – FNS-BLATB DOCUMENTOS DE DESPESA
DATA VALOR (R$) NE OP FOPAG* VALOR
10/fev/2015 107.761,89 008 0026 Jan/2015 106.348,15
10/jul/2015 80.708,29 234 1018 Jun/2015 79.704,01
14/jan/2016 88.076,08 376 0017 Dez/2015 88.076,08
10/mar/2016 114.640,88 029 0171 Fev/2016 114.640,88
10/jun/2016 119.060,67 095 0773 Mai/2016 119.060,67
Fonte: Extratos bancários e documentos de despesas (notas de empenho, ordens de pagamentos e folhas de
pagamentos) relativos à Atenção Básica em Saúde.
*FOPAG – Folha de Pagamento
Quanto a ausência de cadastro no CNES de profissionais que constavam de folhas de
pagamento custeadas com recursos da Atenção Básica, a partir de consulta ao histórico dos
profissionais citados, constante da base do referido cadastro, confirma-se que os mesmos
apenas estiveram inscritos nos períodos citados acima.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.3. Desvio de objeto na aplicação de recursos destinados à Atenção Básica, no
montante de R$ 505.209,41.
Fato
Da análise das folhas de pagamento que foram custeadas com recursos repassados pelo
Governo Federal para o Bloco da Atenção Básica no Município de Altamira do Maranhão,
constataram-se pagamentos indevidos a profissionais que não são exclusivos da Atenção
Básica, não sendo, portanto, tais gastos elegíveis para o Programa, conforme demonstrado
no Quadro 10, a seguir:
Quadro 10 – Pagamentos Indevidos a Pessoal não exclusivo da Atenção Básica (Despesa Inelegível para o
Programa).
PROFISSIONAL CARGO PROVENTOS (R$)
Nº Meses
Folha de
Pagamento
Valor da Glosa (R$) Glosa Total
(R$)
2015 2016 2015 2016 2015 2016
***.498.043-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.231.553-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.461.248-** Assessor
Nível I 945,60 - 11 0 10.401,60 - 10.401,60
***.899.153-** Assessor 1.350,00 1.370,00 12 5 16.200,00 6.850,00 23.050,00
PROFISSIONAL CARGO PROVENTOS (R$)
Nº Meses
Folha de
Pagamento
Valor da Glosa (R$) Glosa Total
(R$)
2015 2016 2015 2016 2015 2016
Nível III
***.434.008-** Assessor
Nível III 1.576,00 1.576,00 5 5 7.880,00 7.880,00 15.760,00
***.155.473-** Visitador
Sanitário 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.937.633-** Agente de
Endemias 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.975.473-** Assessor
Nível IV 1.576,00 1.800,00 6 5 9.456,00 9.000,00 18.456,00
***.092.793-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.188.513-** Assessor
Nível IV 1.315,00 1.315,00 12 5 15.780,00 6.575,00 22.355,00
***.068.356-** Assessor
Nível I 1.103,20 - 11 0 12.135,20 - 12.135,20
***994.703-** Agente de
Endemias 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.008.403-** Diretor de
UBS 3.640,00 3.640,00 12 5 43.680,00 18.200,00 61.880,00
***.758.051-** Assessor
Nível I 945,60 - 12 0 11.347,20 - 11.347,20
***.318.443-** Assessor
Nível I 788,00 - 12 0 9.456,00 - 9.456,00
***.410.583-** Professor
Nível I - 1.064,89 0 4 - 4.259,56 4.259,56
***.739.793-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.396.433-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.436.163-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.106.013-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.114.943-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.614.993-** Sec. Meio
Ambiente - 1.600,00 0 4 - 6.400,00 6.400,00
***.597.733-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.509.943-** Assessor
Nível I 788,00 - 4 0 3.152,00 - 3.152,00
***.392.429-** Assessor
Nível III 1.576,00 1.576,00 12 5 18.912,00 7.880,00 26.792,00
R. de A. M.
(Matrícula 506-1)
Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.511.683-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.406.783-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
S. R. L.
(Matrícula 512-1)
Assessor
Nível I 788,00 - 12 0 9.456,00 - 9.456,00
PROFISSIONAL CARGO PROVENTOS (R$)
Nº Meses
Folha de
Pagamento
Valor da Glosa (R$) Glosa Total
(R$)
2015 2016 2015 2016 2015 2016
***.238.373-** Diretor
Adjunto - 1.171,37 0 5 - 5.856,85 5.856,85
***.078.953-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
***.026.203-** Assessor
Nível III 1.700,00 1.700,00 12 5 20.400,00 8.500,00 28.900,00
***.261.093-** Assessor
Nível I 788,00 880,00 12 5 9.456,00 4.400,00 13.856,00
TOTAL 33.502,40 33.789,26 TOTAL 351.023,00 158.217,41 505.209,41
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização a partir de dados constantes das folhas de pagamento do PAB
A partir do Quadro acima, chega ao valor de R$ 505.209,41 de despesas com pessoal
inelegíveis para o PAB, considerando-se o período dos exames compreendido entre janeiro
de 2015 e junho de 2016.
Cabe ressaltar que as Notas de Empenhos e Ordens de Pagamento emitidas, no âmbito da
Secretaria Municipal de Saúde, são assinadas pelo Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-
**) pela Tesoureira do Município (CPF: ***.866.393-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O Município refuta tal alegação, pois, conforme os registros e extratos bancários em anexo,
todas as pessoas listadas pelo auditor foram pagas com recursos próprios de Altamira do
Maranhão, pois, como demonstram os documentos juntados só em 2015, o Município
investiu o valor de R$ 508.894,57, e, em 2016, investiu o valor de R$ 239.200,10, no
pagamento da folha.
Os recursos federais mencionados no tópico foram destinados para outros fins como
combustível, material médico-hospitalar para UBS, etc.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Ressalta-se que as Folhas de Pagamento analisadas que culminaram com a constatação
acima foram selecionadas a partir dos valores que se originaram da conta específica da
Atenção Básica. Assim, não procede a informação de que “todas as pessoas listadas pelo
auditor foram pagas com recursos próprios de Altamira do Maranhão”, como mencionaram
os gestores em sua manifestação.
A título de ilustração, o Quadro a seguir traz informações sobre a saída dos recursos da
conta do PAB e seus correspondentes objetos de aplicação na forma de documentos de
despesa, apenas referentes aos pagamentos dos meses de março, agosto e novembro de 2015
e janeiro e abril de 2016:
Quadro 11 – Exemplos de valores retirados da conta do PAB e aplicados em pagamento de pessoal da área da
Saúde do Município de Altamira do Maranhão/MA
DADOS DO EXTRATO DA CONTA:
Ag. 2782-0 - C/C: 16.824-6 – FNS-BLATB DOCUMENTOS DE DESPESA
DATA VALOR (R$) NE OP FOPAG* VALOR
(R$)
10/abr/2015 108.593,24 044 0730 Mar/2015 108.593,24
10/set/2015 108.156,49 274 1065 Ago/2015 108.156,49
10/dez/2016 111.954,54 333 1152 Nov/2015 111.954,54
10/fev/2016 121.996,80 004 0082 Jan/2016 121.996,80
10/mai/2016 124.070,45 070 0444 Abr/2016 124.070,45
Fonte: Extratos bancários e documentos de despesas (notas de empenho, ordens de pagamentos e folhas de
pagamentos) relativos à Atenção Básica em Saúde.
*FOPAG – Folha de Pagamento
##/AnaliseControleInterno##
2.1.4. Os recursos da conta do Bloco da Atenção Básica não estão sendo geridos
exclusivamente pela Secretaria Municipal de Saúde.
Fato
Em resposta a Solicitação de Fiscalização n° 201602152-01, item 02, o Secretário Municipal
de Saúde de Altamira do Maranhão (CPF: ***.687.003-**) emitiu declaração afirmando que
os ordenadores de despesas do Fundo Municipal de Saúde de Altamira do Maranhão (MA),
no período sob exame, eram o próprio Secretário Municipal de Saúde (CPF: ***.687.003-
**) e o Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-**).
Contudo, a partir da análise dos documentos de despesas custeadas à conta do referido
fundo, incluindo o Bloco da Atenção Básica (notas de empenho e ordens de pagamento),
constatou-se que quem efetivamente ordena despesa e movimenta as contas do Fundo
Municipal de Saúde são o Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-**) e a Tesoureira do
Município (CPF: ***.866.393-**).
Dessa forma, restou evidenciado que os recursos movimentados nas contas do Fundo
Municipal de Saúde, especialmente aqueles relativos ao Bloco da Atenção Básica, não estão
sendo geridos exclusivamente pela Secretaria Municipal de Saúde, em desacordo ao que
prescreve o Art. 9º, Inciso III, da Lei nº 8.080/1990.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“A constatação não procede visto que a gestão dos recursos da saúde são feitos
exclusivamente pelo Prefeito Municipal e pelo Secretário de Saúde – que possui poderes de
ordenador de despesas, conforme portaria em anexo.
Para esclarecer a confusão feita envolvendo a figura da Tesoureira do Município, é forçoso
explicar o processo de pagamento das notas com recursos da Atenção Básica.
Após as expedições das notas fiscais pelos fornecedores, estas são encaminhadas para a
Tesouraria do Município para serem empenhadas, liquidadas e, ao final, serem expedidas as
ordens de pagamentos, todavia, estas etapas são meras preparações para o efetivo pagamento
pelos ordenadores de despesas que se inicia com o pagamento pelo prefeito com assinatura
digital e termina com a confirmação da operação pelo secretário de Saúde.
Vê-se que as únicas pessoas com acesso ao sistema que permite o controle e o efetivo uso
dos recursos são o Prefeito e o Secretário de Saúde, atuando a Tesoureira em uma etapa
preliminar, porém não determinante para o uso dos recursos.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A Lei Federal n° 8.080/1990 confere ao Secretário Municipal de Saúde a exclusividade da
gestão do Fundo Municipal de Saúde, não havendo concessão para que outros, mesmo o
Prefeito Municipal, se avoque ou compartilhe tal competência. Essa Lei afirma ser a direção
do Fundo única (e, portanto, exclusiva) do Secretário Municipal de Saúde ou órgão
equivalente. Entenda-se aqui como órgão equivalente aquela unidade municipal que exerce
as funções de uma secretaria de saúde, nas municipalidades onde não existem tal secretaria
em sua estrutura administrativa, o que não é o caso de Altamira do Maranhão/MA. Além do
mais, não se vislumbra em nenhuma legislação a possibilidade de exclusão do Secretário de
Saúde e a inclusão de outros gestores, como no caso a Tesoureira do Município.
Os gestores afirmam que o Secretário Municipal de Saúde é gestor do Fundo Municipal de
Saúde, possuindo, inclusive, poderes de ordenador de despesa. Contudo, todos os
documentos de despesas analisados, relativos ao período de janeiro a dezembro de 2015 e de
janeiro a junho de 2016, incluindo as notas de empenho, ordens de pagamentos, autorizações
bancárias, dentre outros, possuíam apenas as assinaturas autorizativas das despesas do
Prefeito Municipal e da Tesoureira do Município.
Dessa forma, ainda que exista uma portaria concedendo poderes de ordenador de despesa ao
Secretário Municipal de Saúde, tal documento se mostrou inócuo em sua efetividade, já que
o referido Secretário não exerce essas funções de ordenar e autorizar despesas.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Pagamento por quantidades de itens acima do contratado e por itens não
constantes do Contrato.
Fato
Foram analisados os documentos de despesas custeadas com recursos do PAB (notas de
empenho, ordens de pagamento, notas fiscais e comprovantes de transferências bancárias
aos fornecedores) aplicadas em material de consumo, relativos às aquisições feitas no
período de 1º de janeiro de 2015 a 30 de junho de 2016 (período de escopo dos exames),
oriundas do Pregão Presencial nº 37/2014 e Contrato nº 109/2014, firmado com a empresa J.
W. Comércio e Serviços Ltda. – EPP (Piaza & Cia), CNPJ nº 13.753.301/0001-38.
A partir dessa análise, constataram-se pagamentos sem respaldo contratual, relativamente à
contratação de itens em quantidades superiores ao estabelecido no contrato original e por
itens que não constavam da contratação, conforme discriminados nos quadros 05 e 06 a
seguir:
Quadro 05 – Itens constantes do contrato original e acrescidos posteriormente.
DESCRIÇÃO DO
MATERIAL
PROPOSTA DE PREÇOS/
CONTRATO
PAGAMENTOS/
DANFEs DIFERENÇA
DANFE -
CONTRATO QTD VALOR
UNIT.
VALOR
TOTAL QTD
VALOR
TOTAL
Álcool 92,8 INPM 1.000ml 50 6,30 315,00 70 441,00 126,00
Almofada para carimbo, material
almofada esponja absorvente
revestida de tecido, tamanho
médio
75 5,60 420,00 90 504,00 84,00
Apontador de lápis com depósito
c/ 02 furos, cores sortidas, cx. c/
12 unidades
25 5,52 138,00 211 1.164,72 1.026,72
Bandeja para papel, dupla, em
acrílico, estrutura fixa, cores
variadas, dimensões 260x350mm
20 11,80 236,00 35 413,00 177,00
Bloco auto-adesivo p/ recado, c/
100 folhas, dimensões
aproximadas 76x102mm
100 4,80 480,00 101 484,80 4,80
Bloco para anotação, branco c/
100 folhas, medindo 15x21 cm 100 2,00 200,00 101 202,00 2,00
Borracha ponteira branca cx com
50 und 50 9,00 450,00 205 1.845,00 1.395,00
Borracha bicolor tinta/lápis
VM/AZ cx com 40 und 100 18,00 1.800,00 132 2.376,00 576,00
Caderno capa dura 12 matérias 50 10,50 525,00 100 1.050,00 525,00
DESCRIÇÃO DO
MATERIAL
PROPOSTA DE PREÇOS/
CONTRATO
PAGAMENTOS/
DANFEs DIFERENÇA
DANFE -
CONTRATO QTD VALOR
UNIT.
VALOR
TOTAL QTD
VALOR
TOTAL
Caixa para arquivo tipo arquivo
morto, material plástico,
dimensões 135x250x360mm
50 4,35 217,50 500 2.175,00 1.957,50
Calculadora de mesa visor com
12 dígitos memoria 25 19,92 498,00 70 1.394,40 896,40
Carbono cor azul caixa com 100
unidades 20 20,00 400,00 104 2.080,00 1.680,00
Cola gliter, cx com 06 50 11,55 577,50 157 1.813,35 1.235,85
Corretivo liquido material base
d´água caixa com 12 unidades 20 10,50 210,00 180 1.890,00 1.680,00
Elástico tipo látex de alta
resistência (liga) caixa com 25g 150 2,50 375,00 180 450,00 75,00
Envelope para CD/DVD, no
formato 126x126mm, pacote
com 100 unidades
10 8,00 80,00 40 320,00 240,00
Envelope saco amarelo, formato
330x230mm 150 0,68 102,00 300 204,00 102,00
Envelope saco branco, formato
24x34 150 0,32 48,00 200 64,00 16,00
Envelope saco branco, formato
26x36 150 0,45 67,50 200 90,00 22,50
Envelope saco branco, formato
31x41 150 0,56 84,00 200 112,00 28,00
Estilete, desenho, material corpo
plástico resistente, largura 18
mm
125 3,10 387,50 152 471,20 83,70
Fita adesiva transparente 45x45
mm 50 4,00 200,00 110 440,00 240,00
Grampeador médio de mesa
metálico, em pintura epóxi
(líquida), com capacidade para
grampear até 25 folhas
50 18,00 900,00 54 972,00 72,00
Grampo para grampeador 26/6
cx c/5000 unidades 50 4,90 245,00 72 352,80 107,80
Lapiseira grafite 0,7mm, corpo
em metal cx c/12 5 23,20 116,00 8 185,60 69,60
DESCRIÇÃO DO
MATERIAL
PROPOSTA DE PREÇOS/
CONTRATO
PAGAMENTOS/
DANFEs DIFERENÇA
DANFE -
CONTRATO QTD VALOR
UNIT.
VALOR
TOTAL QTD
VALOR
TOTAL
Lapiseira grafite 0,9mm, corpo
em metal cx c/12 5 23,20 116,00 8 185,60 69,60
Livro de ponto 50 10,00 500,00 91 910,00 410,00
Marca texto, material plástico,
tipo ponta macia chanfrada cores
fluorescentes variadas cx c/
12und
20 14,40 288,00 30 432,00 144,00
Molha-dedo, que não mancha,
com base e tampa em plástico,
carga massa/creme atóxico, sem
glicerina emb. 12g
25 3,00 75,00 31 93,00 18,00
Pasta aba 1 2 ofício transparente 160 1,79 286,40 170 304,30 17,90
Pasta catálogo, com capa plástica
preta reforçada contendo porta
etiqueta e 50 envelopes
75 7,00 525,00 140 980,00 455,00
Pasta classificador com elástico 25 2,00 50,00 140 280,00 230,00
Pasta documentos, material
cartolina plastificada, gramatura
180g/m2, medindo 240x345mm
75 2,30 172,50 205 471,50 299,00
Pincel atômico azul 20 25,00 500,00 47 1.175,00 675,00
Pincel atômico preto 20 25,00 500,00 37 925,00 425,00
Pincel atômico vermelho 20 25,00 500,00 35 875,00 375,00
Pistola p/ cola quente grande 10 20,80 208,00 20 416,00 208,00
Porta caneta de mesa em acrílico,
com 03 divisórias, caneta, clips e
lembrete
20 12,50 250,00 40 500,00 250,00
Prancheta em plástico
transparente com prendedor de
metal tamanho A4 com régua na
lateral
10 14,00 140,00 141 1.974,00 1.834,00
Quadro de aviso de cortiça, dupla
face, medindo 80 x 100 cm, com
moldura de madeira
5 68,00 340,00 9 612,00 272,00
Recarga de pincel atômico 37ml,
cor azul, cx com 12 und 10 34,00 340,00 21 714,00 374,00
DESCRIÇÃO DO
MATERIAL
PROPOSTA DE PREÇOS/
CONTRATO
PAGAMENTOS/
DANFEs DIFERENÇA
DANFE -
CONTRATO QTD VALOR
UNIT.
VALOR
TOTAL QTD
VALOR
TOTAL
Recarga de pincel atômico 37ml,
cor preto, cx com 12 und 10 34,00 340,00 21 714,00 374,00
Registrador A-Z ofício em
plástico resistente, com lombo
estreito, com ferragem de
pressão, cores variadas
100 9,20 920,00 160 1.472,00 552,00
Registrador A-Z ofício em
plástico resistente, com lombo
estreito, com ferragem de
pressão, cores variadas
100 9,20 920,00 120 1.104,00 184,00
Régua cristal 30cm 50 0,47 23,50 420 197,40 173,90
Tesoura, medindo aprox. 13 cm,
espessura da lâmina: 1,5 mm 60 1,60 96,00 201 321,60 225,60
Tinta para almofada de carimbo,
frasco com 30ml, caixa com 12
unidades, nas cores azul e preta
10 30,00 300,00 37 1.110,00 810,00
TOTAIS 16.462,40 37.261,27 20.798,87
Fonte: Elaborado pela Equipe a partir dos dados constantes da proposta de preços da vencedora da licitação e
das notas fiscais de fornecimento dos materiais.
A partir do exposto, nota-se um pagamento a maior, no período citado, de R$ 20.798,87, o
qual, se comparado com o valor total da contratação para esses materiais de expediente, ou
seja, R$ 106.896,12, chega-se a um percentual de aproximadamente 20%. Esse percentual
aumenta, se levarmos em conta os itens que foram pagos sem constar da contratação, os
quais estão sendo detalhado no Quadro 06 a seguir:
Quadro 06 – Itens não constantes da contratação original e acrescidos posteriormente.
DESCRIÇÃO DO MATERIAL
PAGAMENTOS/ DANFEs
QTD VALOR
UNITÁRIO
VALOR
TOTAL
Apagador de lousa simples para giz em MDF 19,5 x 7 x 5,5cm 10 7,88 78,80
Cadernos de Pauta Verde 50 4,20 210,00
Cadernos de Quadro Grande 10 4,20 42,00
Fantoche em espuma com 18cm de altura 15 43,00 645,00
Fls de EVA tamanho 600x400 2mm cor amarelo 47 1,99 93,53
Fls de EVA tamanho 600x400 2mm cor azul 50 1,99 99,50
Fls de EVA tamanho 600x400 2mm cor branco 50 1,99 99,50
Fls de EVA tamanho 600x400 2mm cor laranja 50 1,99 99,50
Fls de EVA tamanho 600x400 2mm cor lilás 50 1,99 99,50
DESCRIÇÃO DO MATERIAL
PAGAMENTOS/ DANFEs
QTD VALOR
UNITÁRIO
VALOR
TOTAL
Giz branco antialergico cx com 64 palitos contendo 40
caixinhas 20 57,00 1.140,00
Giz colorido antialergico cx com 64 palitos contendo 40
caixinhas 20 67,00 1.340,00
Lapis de cor cx com 12(longo) pct com 10 cx 26 35,00 910,00
Corretivo liquido material base d´água, secagem rápida,
volume 18ml, caixa com 12 unidades 15 20,00 300,00
Balões saco c/ 50 und 40 5,10 204,00
Giz de cera, gizão cx com 12 cores, pct com 10 cx 5 36,00 180,00
Massa de modelar atóxica cx com 12 bastões 50 3,90 195,00
TOTAL 5.911,33
Fonte: Elaborado pela Equipe a partir dos dados constantes da proposta de preços da vencedora da licitação e
das notas fiscais de fornecimento dos materiais.
Somando-se esse valor de R$ 5.911,33 aos R$ 20.798,87, obtido no Quadro 05 anterior,
totalizando R$ 26.710,20, aumenta-se o percentual para 25% do valor do contrato pago
indevidamente.
Esse fato aliado à falta de controle dos materiais recebidos, armazenados no estoque e
distribuídos às Unidades, não permite a atestação de que tais bens tenham sido efetivamente
entregues e consumidos.
Cabe ressaltar que as requisições de compra e pedidos de fornecimentos são assinados pelo
Secretário Municipal de Saúde (CPF: ***.687.003-**). Já as Notas de Empenhos e Ordens
de Pagamento emitidas, no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde, são assinadas pelo
Prefeito Municipal (CPF: ***.614.904-**) pela Tesoureira do Município (CPF:
***.866.393-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O fiscal aponta que houve superfaturamento em virtude de divergências no quantitativo
constante no contrato licitado e aquelas constantes da DANFE, todavia falha em constatar
que as diferenças foram pagas respaldadas em aditivo celebrado após constatar-se que as
quantidades constantes do termo de referência e do contrato celebrado eram insuficientes
para atender as demandas da Secretaria de Saúde – especialmente se considerarmos as
reformas em 3 dos postos de saúde do município que ampliaram sua estrutura e,
consequentemente, aumentou o número de pacientes atendidos e demanda por materiais de
saúde e de escritório.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os gestores encaminharam o Primeiro Termo Aditivo ao Contrato nº 109/2014, celebrado
em 31 de julho de 2015, o qual reajusta o valor do contrato em R$ 25.842,10, aumento esse
referente ao Lote 5 da Licitação, que corresponde ao material de consumo para a área da
Saúde do Município. Há que se mencionar que o valor total majorado, de acordo com o
levantamento da Equipe de Fiscalização, foi de R$ 26.710,20 (somatório dos Quadros 05 e
06 acima).
Além disso, não houve no processo justificativas para execução de itens em quantitativo
maior que o celebrado em contrato. A partir dos exames verificou-se que o aditivo contratual
apenas menciona a necessidade de aumentar o quantitativo contratado para atender a
demanda da Secretaria de Saúde. Entretanto, não houve especificação de quais itens do
contrato tiveram suas quantidades reduzidas e quais tiveram suas quantidades aumentadas.
Essa especificação é necessária para se saber precisamente o que vai ser efetivamente
adquirido, além do fato de que deve ser respeitado os 25% de acréscimos e supressões
individualmente em cada item e no total do contrato, conforme jurisprudência do Tribunal
de Contas da União exarada no Acórdão nº 2.059/2013 - Plenário.
Ademais, em relação ao quantitativo de 5% do contrato que foi majorado com itens que não
constavam do contrato original (Quadro 06 acima), tem-se que os citados itens não
constavam do lote inicialmente licitado e contratado, não podendo ser adquiridos, se
consubstanciando a referida contratação em despesas realizadas sem a realização do
processo regular de licitação pública.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Impropriedades em processos licitatórios realizados para a execução das ações
da Atenção Básica em Saúde.
Fato
Considerando o período escolhido para compreender o escopo dos exames, ou seja, 1º de
janeiro de 2015 a 30 de junho de 2016, o Fundo Municipal de Saúde de Altamira do
Maranhão/MA recebeu o montante de R$ 1.973.474,57 (um milhão novecentos e setenta e
três mil quatrocentos e setenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos), relativos ao Bloco
da Atenção Básica. Para aplicação de parte desse valor, foram celebrados contratos oriundos
de dois processos licitatórios formalizados no ano de 2014, quais sejam:
a) Pregão Presencial nº 037/2014, para aquisição de Material de Consumo (material
de limpeza, material de expediente e gêneros alimentícios) para as Unidades Básicas de
Saúde, no valor de R$ 788.066,00 (setecentos e oitenta e oito mil e sessenta e seis reais); e
b) Pregão Presencial nº 039/2014, para confecção de Material Gráfico para as
Unidades Básicas de Saúde, no valor de R$ 129.260,00 (cento e vinte e nove mil duzentos e
sessenta reais).
Convém ressaltar que houve ainda, em 2015, a realização do Pregão Presencial nº 018/2015,
cujos contratos foram assinados em janeiro de 2016. Contudo, não foram constatados
pagamentos relativos a essas contratações até o final do período do escopo dos exames, ou
seja, até 30 de junho de 2016.
Da análise procedida na amostra de processos licitatórios acima, constataram-se falhas de
natureza formal, no tocante a formalização dos processos, confecção dos Editais e Termos
de Referência e elaboração dos contratos firmados, sobre as quais discorremos a seguir:
1) Falhas na formalização dos processos licitatórios:
1.a) Em ambos os processos licitatórios analisados (Pregões Presenciais nºs 037/2014 e
039/2014), o Termo de Referência não traz preços estimados unitário e total de cada item,
tampouco o valor estimado global da licitação;
1.b) No processo relativo ao Pregão nº 037/2014, a cotação de preços foi feita em 03
(três) empresas. Contudo, não foi fixado o critério para definir o preço de referência da
licitação (como por exemplo, usando a média aritmética dos preços das cotações), indicando
um valor global de R$ 2.620.000,00 sem base alguma, já que as cotações individuais foram
de R$ 7.210.526,00, R$ 7.153.894,19 e R$ 4.642.513,60, o que dá uma média aritmética de
R$ 6.335.644,60;
1.c) No processo referente ao Pregão nº 039/2014, a cotação de preços foi feita em 03
(três) empresas. A equipe técnica fez a média de preços para chegar ao preço de referência
da licitação, chegando ao valor médio global. Contudo, a licitação foi definida para ser por
lote, tendo em vista os diferentes solicitantes da contratação, que seriam os destinatários dos
materiais a serem adquiridos, mas a média de preços não foi feita de cada lote
individualmente, não se tendo definição, portanto, do preço de referência de cada um dos
lotes;
1.d) Em ambos os processos licitatórios citados, a informação sobre disponibilidade
orçamentária apenas indica a classificação funcional, estrutura programática e naturezas de
despesa, sem especificar o valor da dotação orçamentária suficiente (ou não) para se efetivar
a contratação; e
1.e) Não há a justificativa para realização da licitação em nenhum dos dois processos
analisados, em desacordo com o Art. 3º, Inciso I, da Lei nº 10.520/2002.
2) Falhas na confecção dos Editais dos Pregões Presenciais:
2.a) Em nenhum dos Editais dos dois processos licitatórios analisados constaram os
seguintes requisitos exigidos na Lei nº 8.666/1996, Art. 40, Incisos II, IV e VIII:
(i) a possibilidade de meios de comunicação à distância (telefone ou e-mail) por meio
dos quais pudessem ser fornecidos elementos, informações e esclarecimentos relativos à
licitação. Havia apenas a possibilidade pela via presencial na sede da Prefeitura;
(ii) a previsão e indicação aos licitantes de local onde pudesse ser examinado e
adquirido o Edital e Termo de Referência;
(iii) as condições para execução dos contratos a eles relacionados;
(iv) as condições e critérios de alteração contratual;
2.b) No processo relativo ao Pregão nº 037/2014, o Alvará de Funcionamento, que
deveria ser requisito de qualificação técnica, foi incluído como exigência de regularidade
fiscal, no subitem 7.5.2.3;
2.c) Em nenhum dos processos analisados foi previsto como anexo ao Edital a
Declaração de Superveniência de Fato Impeditivo de Habilitação, exigida no § 2º do Art. 32
da Lei nº 8.666/1993.
3) Falhas na confecção dos Termos de Referência das licitações:
3.1) Nenhum dos dois processos auditados continha:
a) Justificativa adequada para evidenciar a necessidade da contratação;
b) Local de execução do serviço ou entrega do bem, assim como os horários
disponíveis para tal;
c) Possibilidade ou não de formalização do Contrato ou apenas de Autorização de
Fornecimento;
d) Estimativa de Custo de cada item e lote, detalhando como se chegou ao valor global
da licitação;
e) Dotação orçamentária necessária para a contratação;
f) Sanções por infrações administrativas na licitação e durante a execução do contrato;
g) Data da elaboração, sendo que no Pregão nº 037/2014 também não consta a
assinatura de quem elaborou o Termo de Referência.
4) Falhas na elaboração dos contratos firmados com os vencedores das licitações:
No processo relativo ao Pregão nº 037/2014 foram assinados três contratos, e no Pregão nº
039/2014 foi assinado apenas um contrato. Em todos esses quatro contratos foram
constatadas as mesmas falhas, ou seja, foram identificadas ausências das seguintes cláusulas
essenciais exigidas no Art. 55 da Lei nº 8.666/1993:
a) O reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão
administrativa motivada por inexecução total ou parcial do contrato;
b) A legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos.
Os Editais dos Pregões Presenciais, incluindo as minutas dos Contratos, abordados neste
ponto, foram todos assinados pelo Pregoeiro (CPF: ***.505.503-**) e Equipe de Apoio
(CPFs: ***.431.083-**; ***.122.113-**; ***.873.614-**), os Termos de Referência foram
assinados pelos Secretários Municipais, incluindo o Secretário Municipal de Saúde (CPF:
***.687.003-**). Toda essa documentação passou pelo crivo prévio da análise do
Procurador Jurídico (CPF: ***.876.733-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“4.1 Falhas na formalização dos processos licitatórios
Tratam-se de vícios sanáveis e não passíveis de anular os processos licitatórios visto que a
ausência de formalização tem por finalidade principal evitar a ocorrência de fraudes ou
manipulação de documentos, o que não é o caso, já que é possível identificar uma ordenação
lógica nos atos administrativos e sequenciais dos processos em análise – o que garante a
lisura do procedimento e sua fiscalização pelos órgãos competentes.
Diante da ausência de prejuízos, cabe frisar que o TCU limita-se a recomendar o saneamento
dos vícios nas licitações futuras:
Entendeu o relator, ainda, embora tenham sido observadas
deficiências na composição dos lotes, não ser o caso de aplicar multa
aos responsáveis, sendo a determinação à prefeitura o bastante para a
correção das falhas na próxima licitação, apresentando voto nesse
sentido, que foi acolhido pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão
no3891/2011do Plenário. (Acórdão n.º 2077/2011-Plenário, TC-
004.835/2011-5, rel. Min.-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti,
10.08.2011)
1.a) Vício no Termo de Referência – de fato, o vício constatado existe, todavia a CPL
adotou como parâmetro para julgar as propostas o Termo de Média de Preço produzido com
os dados obtidos mediante pesquisas de preços em três empresas.
Atesta-se, portanto, que não houve prejuízo à licitação visto que a média de preços permitiu
a avaliação do custo dos contratos pela Administração para pautar o processo licitatório.
1.b) Ausência de critério para definir o preço de referência da PP 37/2014.
Antes de tudo, cabe informar que as cotações servem como parâmetro, mas não vinculam a
decisão do pregoeiro.
Ademais, considerando que o valor efetivamente pago não atingiu nem mesmo o valor dos
contratos (R$ 1.134.569,54, R$ 1.172.059,25 e R$ 306.566,40), resta óbvio que o município
obteve uma economia de mais de três milhões – considerando-se a diferença da menor
cotação individual e o valor do menor contrato celebrado.
1.c) Ausência de valor médio dos lotes – Informa-se que o pregoeiro pautou-se no valor
médio global, bem como apurou a média de cada lote pautando-se nas cotações de preços,
no momento da análise e julgamento das propostas.
Doravante, a equipe técnica terá o cuidado de realizar a média preço tanto global, quanto por
lote.
1.d) Ausência de informações no termo sobre disponibilidade orçamentária – Discorda-se
que exista vício no documento apontado, uma vez que a informação de disponibilidade é um
documento produzido em resposta ao ofício do Chefe do Executivo, onde já consta o valor
da despesa.
Assim, se no ofício que provoca a análise de disponibilidade já se indica o valor necessário
para realizar a contratação, não é necessário repetir novamente este valor na resposta, uma
vez que a análise é vinculada ao pedido do prefeito.
1.e) Ausência de Justificativa – Discorda-se da análise, pois, tanto na solicitação dos
secretários, quanto no termo de referência existe explanação das razões para realização dos
certames, como se demonstra na cópia dos documentos ora anexos.
4.2 Falhas na confecção dos Editais dos Pregões Presenciais.
4.2.a - Passa-se a justificar pontualmente os vícios apontados:
(i) – A CPL não possui telefone e e-mails próprios, todavia, futuramente será adotado um
correio eletrônico para facilitar o contato com os interessados;
(ii) – O Extrato do Edital aponta em ambos os casos que os licitantes devem se dirigir à sala
da CPL para tratar do pregão, todavia, nos próximos certames iremos frisar que a referida
sala é o local próprio tanto para retirada do Edital, quanto para a realização do certame.
(iii) – Ao contrário do alegado, em ambos os editais existem instruções claras sobre as
condições do contrato e o que se espera da empresa vencedora licitante (Item 10 – Da
Contratação);
(iv) – Informa-se que o contrato prevê no item 10, cláusula 18ª e 21ª as condições em que se
permitem as alterações do contrato.
4.3 Falhas na Confecção dos Termos de Referência das licitações:
Alguns dos pontos – como a ausência de justificativa – não se sustentem, todavia, esta
gestão irá acatar os pontos como base para a elaboração dos Termos de Referência dos
futuros processos licitatórios.
4.4 Falhas na Confecção dos Contratos firmados com os vencedores das licitações:
As alegações não procedem, pois, no tópico IX – Da Rescisão, Cláusula Décima Sétima
existe previsão expressa da possibilidade de rescisão do contrato em caso de inexecução
parcial ou total do objeto.
O mesmo se diz do segundo item, pois, o contrato especifica por diversas vezes que se pauta
na Lei 8.666. Ademais, cabe apontar que o art. 56 da referida Lei utilizado como base do
questionamento ora respondido trata de garantias e não de cláusula contratuais.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A partir da manifestação da Unidade, realizou-se análise referente a cada item citado pelo
gestor, como segue:
Falhas na formalização dos processos licitatórios
As falhas, ainda que formais, maculam o processo licitatório e podem causar prejuízos
irreparáveis à administração pública. O fato de ser considerada de natureza formal não reduz
necessariamente o seu potencial de dano. A ausência de definição de valor de referência da
licitação acarreta o risco de gerar uma contratação com sobrepreço ou a ausência de uma
cláusula contratual pode gerar inexecução ou execução inadequada do objeto do contrato.
Ratificamos a posição de que a informação sobre disponibilidade orçamentária está
insuficiente, tendo em vista que a Lei de Licitações e Contratos (Lei 8.666/93), em seu Art.
14, afirma que: “Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e
indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento...”. Dessa forma, essa
informação sobre existência de recursos previstos suficientes deve indicar o montante da
dotação disponível para assegurar o cumprimento das obrigações que serão assumidas.
Ademais, nos processos referentes ao Pregão Presencial nº 037/2014 e Pregão Presencial n°
039/2014, assim como no Termo de Referência deste último, não constam justificativas para
a referida contratação. Quanto ao Termo de Referência do Pregão Presencial nº 037/2014, o
item denominado “JUSTIFICATIVA”, limita-se a informar que a licitação será realizada em
função das necessidades das secretarias, o que não pode ser considerada justificativa de uma
contratação, sem expor demandas por atividades e ações desenvolvidas, quantidade de
Unidades de Saúde (ou escolas) a serem atendidas, a demanda populacional pelos serviços
de saúde, educação, assistência social e o funcionamento da máquina administrativa.
Além disso, observa-se que as falhas formais citadas, aliadas com falhas de natureza grave
citadas no item 2.2.3 deste relatório, culminam com a detecção de irregularidades no
processo licitatório. Nesse caso, a análise não pode ser feita isolada, mas essas falhas
formais devem ser analisadas conjuntamente com as falhas graves que também foram
verificadas nos processos licitatórios analisados.
Falhas na confecção dos Editais dos Pregões Presenciais
Em relação aos meios de comunicação, não há a necessidade de que haja um telefone ou e-
mail específico da CPL, podendo ser usado outro meio de comunicação da prefeitura ou de
qualquer secretaria interessada na licitação ou mesmo do pregoeiro ou de qualquer membro
da Equipe de Apoio.
Quanto ao local de retirada, tanto o Edital do Pregão Presencial nº 037/2014 quanto o Edital
do Pregão Presencial nº 039/2014, cada um no item 4.1, há uma indicação de que o “Edital e
seus anexos poderão ser examinados gratuitamente pelos interessados em afluir a este
certame, ou obtidos mediante o recolhimento da quantia de R$50,00 (cinquenta reais)...”,
nestes termos, sem mencionar o local onde isso pudesse ser feito.
Em relação às condições para execução e alteração contratual, no item 10, subitens 10.1 e
10.2, dos Editais dos Pregões Presenciais nºs 037/2014 e 039/2014, as instruções referem-se
a nota de empenho e não ao contrato. Nesse sentido, a Lei nº 8.666/1993 faculta a
possibilidade de substituição de contrato por nota de empenho. Contudo, nas licitações sob
comento foram assinados contratos, ou seja, não se fez uso da faculdade que a Lei permite
para assinar ou não contrato. Reforça-se que esse item 10 se refere somente a nota de
empenho e não a contrato. Ademais, aqui também se aplica a falha de ausência de
disposição para alterações contratuais.
Falhas na confecção dos Termos de Referência das licitações
Relativamente a esse ponto, os gestores basicamente teceram comentários sobre a ausência
de justificativa nos termos de referência. Conforme já comentado acima, o Termo de
Referência do Pregão Presencial nº 039/2014 não traz justificativa para a contratação. Já
para o Termo de Referência do Pregão Presencial nº 037/2014, o item denominado
“JUSTIFICATIVA”, limita-se a informar que a licitação será realizada em função das
necessidades das secretarias, o que se mostra insuficiente, como já explicitado acima.
Falhas na confecção dos Contratos firmados com os vencedores das licitações
Nos contratos do Pregão Presencial nº 037/2014, no Tópico IX – Da Rescisão, a Cláusula
Décima Sétima trata efetivamente de rescisão. Contudo, conforme indicado acima, na
descrição da falha, não se vislumbra o reconhecimento dos direitos da Administração,
apenas há a previsão da rescisão unilateral por inexecução contratual. Já no contrato do
Pregão Presencial nº 039/2014, o item que trata de rescisão unilateral é a Cláusula Décima
Terceira. Entretanto, da mesma forma que no outro contrato, limita-se apenas a prever esse
tipo de rescisão. Frise-se que a falha apontada diz respeito a não constar das cláusulas
essenciais dos contratos o reconhecimento dos direitos da Administração em caso de
rescisão administrativa motivada por inexecução total ou parcial do contrato.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Irregularidades em processos licitatórios realizados para a execução das ações
da Atenção Básica em Saúde.
Fato
Da análise procedida nos dois processos licitatórios que culminaram em despesas com
recursos do Programa de Atenção Básica em Saúde – PAB (Pregões Presenciais nºs
037/2014 e 039/2014), constataram-se falhas no tocante a descumprimentos de exigências
do Edital pelas licitantes, referentes a não comprovação de requisitos de credenciamento e
de habilitação, notadamente quanto a documentação de prova de regularidade fiscal,
qualificação técnica e qualificação econômico-financeira, que deveriam culminar na
inabilitação de empresas participantes do certame, o que não ocorreu, resultando na
contratação com empresas não regulares com todas as exigências legais para firmar contrato
com a administração pública. A seguir detalham-se as falhas apontadas:
1. Processo Licitatório nº 037/2014 – Objeto: Fornecimento de Material de Consumo:
1.1) Licitante: J. W. Comércio e Serviços Ltda. – CNPJ: 13.753.301/0001-38:
a) Nos termos do subitem 7.5.4.3.1 do Edital, o Balanço Patrimonial e as Demonstrações
Contábeis deveriam conter, obrigatoriamente, Termo de Abertura e de Encerramento, além
do comprovante de Registro dessas Demonstrações Contábeis na Junta Comercial. Contudo,
a referida licitante apresentou seus demonstrativos contábeis sem nenhum desses requisitos
de exigências editalícias;
b) Não consta do processo a Certidão Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias
(CND-INSS), em descumprimento ao subitem 7.5.2.4 do Edital, contrariando a proibição,
insculpida no § 3º do Art. 195 da Constituição Federal, de se contratar de empresas
inadimplentes ou não regulares com o sistema de seguridade social;
c) O Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante não indica itens e quantidades
fornecidas, tampouco os prazos de fornecimento (apenas menciona que a licitante forneceu e
é fornecedora de material de consumo, gêneros alimentícios, material de limpeza e
expediente), em desacordo ao que prescreve o subitem 7.5.3.1, o qual exige atestado que
comprove/ateste a aptidão da licitante para desempenho de atividade compatível com o
objeto da licitação, em características, quantidades e prazos. A seguir, o referido Atestado,
ilustrado na Figura 01:
Figura 01 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a empresa J. W. Comércio e Serviços Ltda.
d) A fim de se confirmar a existência e funcionamento da citada licitante, além da efetiva
contratação e do fornecimento dos materiais, realizou-se visita ao local onde funciona a sede
empresa, em que se verificou que a mesma é localizada em um galpão vazio e não possui
nenhum tipo de material em seu estoque. Ressalta-se que a empresa, em 2015, possuía
contratos com o município para o fornecimento, com recursos do FUNDEB, de utensílios de
cozinha, material didático e material desportivo. Já em 2016, a empresa possui contratos
firmados para o fornecimento de carteiras escolares, reforma de carteiras escolares e
material de limpeza. Destaca-se que não foi encontrado, na sede da empresa, em estoque,
nenhum tipo de material relacionado com os contratos firmados com prefeitura. A seguir,
fotos da fachada da empresa:
Foto 01: Fachada da empresa J. W. Comércio e
Serviços EIRELI-ME (Piaza & Cia.), 06/09/2016.
Foto 02: Detalhe do endereço na fachada da
empresa J. W. Comércio e Serviços, 06/09/2016.
1.2) Licitante: M. I. Alves & Cia. Ltda. – CNPJ: 06.183.170/0001-35:
a) Nos termos do subitem 7.5.4.3.1 do Edital, o Balanço Patrimonial e as Demonstrações
Contábeis deveriam conter, obrigatoriamente, Termo de Abertura e de Encerramento, além
do comprovante de Registro dessas Demonstrações Contábeis na Junta Comercial. Contudo,
a citada licitante apresentou seus demonstrativos contábeis sem nenhum desses requisitos de
exigências editalícias;
b) No tocante à Certidão Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias (CND-INSS)
apresentada e apensa ao processo (CND nº 001452013-09001170, que teria sido emitida em
27/06/2014, com validade até 28/12/2014), constatou-se que a mesma não é autêntica, tendo
em vista que, a partir de consulta ao site da Receita Federal, a referida certidão 001452013-
09001170 foi emitida em 14/01/2014, com validade até 13/07/2014, e não como consta do
corpo da certidão apresentada. Esse fato se consubstancia em descumprimento ao subitem
7.5.2.4 do Edital, contrariando a proibição, insculpida no § 3º do Art. 195 da Constituição
Federal, de se contratar de empresas inadimplentes ou não regulares com o sistema de
seguridade social.
A consulta ao site da Receita Federal citada demonstra o histórico de CND-INSS emitidas
para essa licitante, onde se verifica que não há certidões emitidas para essa empresa em
períodos posteriores a 13/07/2014, conforme se demonstra na figura 02, a seguir:
Figura 02 – Histórico de Certidões Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias emitidas pela
Receita Federal para a empresa M. I. Alves & Cia. Ltda.
c) Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante não indica itens e quantidades
fornecidas, tampouco os prazos de fornecimento (apenas menciona que a licitante é
fornecedora de material de limpeza, copa, cozinha, permanente, expediente, escolar,
informática e kits escolares), em desacordo ao que prescreve o subitem 7.5.3.1 do Edital, o
qual exige atestado que comprove/ateste a aptidão da licitante para desempenho de atividade
compatível com o objeto da licitação, em características, quantidades e prazos. A seguir, o
referido Atestado, ilustrado na Figura 03:
Figura 03 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a empresa M. I. Alves & Cia. Ltda. – ME.
d) A fim de se confirmar a existência e funcionamento da referida licitante, além da efetiva
contratação e do fornecimento dos materiais, realizou-se visita ao local onde funcionaria a
sede da empresa, que possui nome de fantasia ANTHARES DISTRIBUIDORA,
observando-se que ela está localizada em uma área residencial e, no momento da visita, se
encontrava fechada. Em entrevista a moradores vizinhos, questionou-se sobre o tempo em
que a empresa não funcionava, mas estes não souberam precisar o período. Um ponto
importante a se destacar é que essa empresa ainda possui dois contratos no ano de 2016
como o município de Altamira do Maranhão/MA, para o fornecimento de material didático e
material esportivo, e que em maio/2016 a empresa emitiu nota fiscal para o serviço prestado.
A seguir, fotos da fachada dessa empresa:
Foto 03: Fachada da empresa M.I. Alves (Distribuidora
Anthares), São Luís/MA, 16/09/2016.
Foto 04: Fachada da empresa M.I. Alves
(Distr. Anthares), São Luís/MA,
16/09/2016.
1.3) Licitante: J. A. Comércio de Gêneros Alimentícios Ltda. – ME – CNPJ:
10.379.349/0001-30:
a) Não consta do processo a Certidão Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias
(CND-INSS), em descumprimento ao subitem 7.5.2.4 do Edital, contrariando a proibição,
insculpida no § 3º do Art. 195 da Constituição Federal, de se contratar de empresas
inadimplentes ou não regulares com o sistema de seguridade social;
b) Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante não indica itens e quantidades
fornecidas, tampouco os prazos de fornecimento (apenas menciona que a licitante forneceu
gêneros alimentícios e materiais de expediente e limpeza), em desacordo ao que prescreve o
subitem 7.5.3.1, o qual exige atestado que comprove/ateste a aptidão da licitante para
desempenho de atividade compatível com o objeto da licitação, em características,
quantidades e prazos. A seguir, o referido atestado, ilustrado na Figura 04:
Figura 04 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a empresa J. A. Comércio de Gêneros Alimentícios
Ltda.
c) A fim de se confirmar a existência e funcionamento da citada licitante, além da efetiva
contratação e do fornecimento dos materiais, realizou-se visita ao local onde deveria
funcionar a sede da empresa, sendo constatado que não existe o número 42 na rua Primeiro
de Junho, no bairro Coreia, na cidade de São Luís/MA. Ademais, os moradores das casas 41
e 43 nunca ouviram falar de tal empresa. A seguir fotos obtidas no local das duas casas entre
as quais deveria existir o nº 42:
Foto 05: Fachada da casa 41, da rua Primeiro de
Junho, bairro Coreia. São Luís/MA, 05/09/2016. Foto 06: Fachada da casa 43, da rua Primeiro de
Junho, bairro Coreia. São Luís/MA, 05/09/2016.
2. Processo Licitatório nº 039/2014 – Objeto: Confecção de Material Gráfico:
2.1) Licitante: N. C. C. Leite Gomes – CNPJ: 00.748.189/0001-03:
a) Nos termos do subitem 7.5.4.3.1 do Edital, o Balanço Patrimonial e as Demonstrações
Contábeis deveriam conter, obrigatoriamente, Termo de Abertura e de Encerramento, além
do comprovante de Registro dessas Demonstrações Contábeis na Junta Comercial. Contudo,
a referida licitante apresentou seus demonstrativos contábeis sem nenhum desses requisitos
de exigências editalícias;
b) Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante apresenta apenas 3 itens com
suas quantidades e prazos de entrega. Contudo, a licitação para a área da Saúde é composta
por 62 itens. Assim, esse Atestado foi apresentado em desacordo ao que prescreve o subitem
7.5.3.1, o qual exige atestado que comprove/ateste a aptidão da licitante para desempenho de
atividade compatível com o objeto da licitação, em características, quantidades e prazos. A
seguir, o atestado apresentado, ilustrado na Figura 05:
Figura 05 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a empresa N. C. C. Leite Gomes.
c) A fim de se confirmar a existência e funcionamento dessa licitante, além da efetiva
contratação e do fornecimento dos materiais, realizou-se visita ao local onde deveria
funcionar a sede da empresa, sendo constatado que não existe a referida empresa no
endereço indicado.
Foto 07: Residência que seria o nº 03 da rua 98 e
quadra 72 no bairro do Vinhais. São Luís/MA,
06/09/2016.
Foto 08: Residência nº 02 da rua 98 e quadra 72
no bairro do Vinhais que se situa ao lado da casa
nº 03. São Luís/MA, 06/09/2016.
2.2) Licitante: E. F. dos Santos Filho-ME – CNPJ: 63.583.512/0001-48:
a) Não consta do processo a Certidão Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias
(CND-INSS), em descumprimento ao subitem 7.5.2.4 do Edital e contrariando a proibição,
insculpida no § 3º do Art. 195 da Constituição Federal, de se contratar de empresas
inadimplentes ou não regulares com o sistema de seguridade social. Assevere-se que, à
época da licitação, a empresa não possuía uma CND-INSS emitida, já que a última CND
emitida teve seu prazo de validade expirado em 29/10/2014 e a sessão da licitação ocorreu
dia 26/12/2014, conforme consulta ao site da Receita Federal a seguir evidenciado na Figura
06:
Figura 06 – Histórico de Certidões Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias emitidas pela
Receita Federal para a empresa E. F. dos Santos Filho – ME.
b) Atestado de Capacidade Técnica emitido para a licitante não indica itens e quantidades
fornecidas, tampouco os prazos de fornecimento (apenas menciona que a licitante forneceu
gêneros alimentícios e materiais de expediente e limpeza), em desacordo ao que prescreve o
subitem 7.5.3.1, o qual exige atestado que comprove/ateste a aptidão da licitante para
desempenho de atividade compatível com o objeto da licitação, em características,
quantidades e prazos. A seguir o atestado, ilustrado na Figura 07:
Figura 07 – Atestado de Capacidade Técnica emitido para a empresa E. F. dos Santos Filho – ME.
c) Como essa empresa se situa na cidade de Bacabal/MA, não foi possível fazer visita a sua
sede. Contudo, enviou-se circularização via e-mail e correios. Em resposta, a empresa
enviou cópia dos contratos assinados com a Prefeitura de Altamira do Maranhão e da
proposta de preços com a qual teria participado do Pregão Presencial nº 39/2014.
A condução dos processos licitatórios, incluindo as análises de documentos de habilitação
dos licitantes vencedores de lotes, foi feita pelo Pregoeiro (CPF: ***.505.503-**) e sua
Equipe de Apoio (CPFs: ***.431.083-**; ***.122.113-**; ***.873.614-**), os quais
também assinaram o Termo de Adjudicação dos objetos aos vencedores. Antes da
homologação, o processo foi submetido ao crivo prévio da análise do Procurador Jurídico
(CPF: ***.876.733-**). Após isso tudo, foi homologado pelo Prefeito Municipal (CPF:
***.614.904-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“5.1 Processo Licitatório PP 37/2014 – Objeto: Fornecimento de Material de Consumo:
5.1.1. Licitante: J.W. Comércio e Serviços Ltda – CNPJ 13.753.301/0001-38
Sobre os itens apontados, cabe frisar que, após o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014
e Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 1751/2014, houve uma unificação da CND-INSS com a
CND da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Em resposta a solicitação desta gestão, a empresa encaminhou os documentos em anexo que
demonstram sua expertise, complementando o Atestado de Capacidade Técnico já
encaminhado à época da licitação.
No que tange à estrutura da empresa vencedora do certame, faz-se a juntada de relatório
fotográfico que demonstra sua capacidade de armazenamento de itens, bem como sua
vinculação ao comércio de bens equivalentes ao licitados.
Sobre os demais pontos, cabe apontar que os mesmos implicavam em vícios sanáveis que
não comprometem o resultado da licitação e, tampouco, causa dano ao erário.
5.1.2. Licitante: M.I. Alves & Cia Ltda – CNPJ 06.183.170/0001-35
Sobre os itens apontados, cabe frisar que, após o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014
e Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 1751/2014, houve uma unificação da CND-INSS com a
CND da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Uma vez que, a partir de Novembro de 2014, a CND-INSS não era mais exigível e a
empresa já havia juntada a certidão a conjunta, a CPL simplesmente ignorou o documento
que não tinha mais caráter eliminatório no certame por ser de exigência prescrita, deixando
de checá-lo no site da Receita Federal por considera-lo como excedente.
Em resposta a solicitação desta gestão, a empresa encaminhou os documentos em anexo que
demonstram sua expertise, complementando o Atestado de Capacidade Técnico já
encaminhado à época da licitação.
No que tange à estrutura da empresa vencedora do certame, faz-se a juntada de relatório
fotográfico que demonstra que a empresa está ativa, sua capacidade de armazenamento de
itens, bem como sua vinculação ao comércio de bens equivalentes ao licitados.
Sobre os demais pontos, cabe apontar que os mesmos implicavam em vícios sanáveis que
não comprometem o resultado da licitação e, tampouco, causa dano ao erário.
5.1.3. Licitante: J.A. Comércio de Gêneros Alimentícios Ltda – ME - CNPJ
10.379.349/0001-30.
Sobre os itens apontados, cabe frisar que, após o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014
e Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 1751/2014, houve uma unificação da CND-INSS com a
CND da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Em resposta a solicitação desta gestão, a empresa encaminhou os documentos em anexo que
demonstram sua expertise, complementando o Atestado de Capacidade Técnico já
encaminhado à época da licitação.
No que tange à estrutura da empresa vencedora do certame, faz-se a juntada de relatório
fotográfico que demonstra sua capacidade de armazenamento de itens, bem como sua
vinculação ao comércio de bens equivalentes ao licitados.
[...]
Sobre os demais pontos, cabe apontar que os mesmos implicavam em vícios sanáveis que
não comprometem o resultado da licitação e, tampouco, causa dano ao erário.
5.2. Processo Licitatório PP 039/2014 – Objeto: Confecção de Material Gráfico.
5.2.1. Licitante: N. C. C. Leite Gomes – ME - CNPJ 00.784.189/0001-03.
Sobre os itens apontados, cabe frisar que, após o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014
e Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 1751/2014, houve uma unificação da CND-INSS com a
CND da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Em resposta a solicitação desta gestão, a empresa encaminhou os documentos em anexo que
demonstram sua expertise, complementando o Atestado de Capacidade Técnico já
encaminhado à época da licitação.
[...]
No que tange à estrutura da empresa vencedora do certame, faz-se a juntada de relatório
fotográfico que demonstra sua localização mostrando as várias placas que demonstram como
chegar à sede da empresa, bem como sua estrutura e maquinário.
Sobre os demais pontos, cabe apontar que os mesmos implicavam em vícios sanáveis que
não comprometem o resultado da licitação e, tampouco, causa dano ao erário.
5.2.2. Licitante: E. F. dos Santos Gomes – ME - CNPJ 63.583.512/0001-48.
Sobre os itens apontados, cabe frisar que, após o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014
e Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 1751/2014, houve uma unificação da CND-INSS com a
CND da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Uma vez que, a partir de Novembro de 2014, a CND-INSS não era mais exigível e a
empresa já havia juntada a certidão a conjunta, a CPL simplesmente ignorou o documento
que não tinha mais caráter eliminatório no certame por ser de exigência prescrita, deixando
de checá-lo no site da Receita Federal por considera-lo como excedente.
Em resposta a solicitação desta gestão, a empresa encaminhou os documentos em anexo que
demonstram sua expertise, complementando o Atestado de Capacidade Técnico já
encaminhado à época da licitação.
[...]
No que tange à estrutura da empresa vencedora do certame, faz-se a juntada de relatório
fotográfico que demonstra a localização da sede da empresa – pois a CGU apresentou foto
dos fundos da empresa como se fosse de sua fachada-, bem como sua estrutura e
maquinário.
Sobre os demais pontos, cabe apontar que os mesmos implicavam em vícios sanáveis que
não comprometem o resultado da licitação e, tampouco, causa dano ao erário.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
No tocante à Certidão Negativa de Débitos e Contribuições Previdenciárias, é necessário que
a Prefeitura revise seus editais de licitação a fim de retirar de seus textos exigência de
comprovação de regularidade fiscal que não esteja mais em vigor, informando que essa
certidão, apesar de ainda constar do Inciso IV do Art. 29 da Lei 8.666/1993, é suprida pela
Certidão Conjunta SRF/PGFN (negativa ou positiva com efeitos de negativa).
Quanto aos atestados de capacidade técnica, convém ressaltar que a exigência do Edital e da
Lei de Licitações é que contratantes anteriores dos licitantes atestem que as empresas já
executaram obra, serviço ou forneceram bens e materiais em quantidades e nos prazos
compatíveis com a licitação de que estão participando. Sendo assim, não há validade no
fornecimento pela própria licitante de informação, prestada após a contratação e
fornecimento dos materiais, de que a mesma detém expertise e competência para cumprir o
contrato. Portanto, essas declarações prestadas pelas próprias empresas contratadas não
elidem a irregularidade cometida durante o processo licitatório.
No que se refere aos relatórios fotográficos encaminhados pelo gestor, ressalte-se que há
divergências entre o que foi verificado pela Equipe de Fiscalização nas visitas in loco à sede
das empresas e o registro apresentado pela Unidade.
Enfim, constata-se que a ausência de documentos exigidos no Edital não possibilitariam a
continuidade dos processos licitatórios sem que as licitantes vencedoras dos lotes e itens
regularizassem essas pendências, tendo em vista não haver possibilidade de comprovação da
existência, regularidade e capacidade de fornecimento dos bens contratados.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Direcionamento nos processos licitatórios realizados para a execução das ações
da Atenção Básica em Saúde.
Fato
Da análise procedida nos dois processos licitatórios, referentes ao Pregões Presenciais nºs
037/2014 e 039/2014, constatou-se direcionamento nos processos licitatórios para a
execução das ações da Atenção Básica em Saúde (PAB), com o fim de dar favorecimentos a
determinados fornecedores. Passemos a detalhar as evidências que embasaram a
constatação:
1) Os processos licitatórios trazem, em seu corpo, comprovantes de realização de pesquisa
de preços para balizar os orçamentos das licitações. Contudo, comparecem ao certame
apenas empresas consultadas e todas vencem parte da licitação. Nesse sentido, somente
compareceram os concorrentes que, de certa forma, sabiam previamente da possibilidade de
realização da licitação, tendo em vista a participação na cotação de preços.
2) Os valores das licitações, individualmente, se situaram em R$ 2.620.000,00 e R$
466.296,00, respectivamente em relação ao Pregão nº 037/2014 e ao Pregão nº 039/2014.
Ainda assim, houve pouco interesse de empresas em participar das licitações, comparecendo
sempre os mesmos fornecedores. Ademais, além dos valores expressivos das contratações, o
fato de a cidade de Altamira do Maranhão se situar próxima a grandes centros (Vitorino
Freire, Bacabal, Santa Inês, Santa Luzia) e ter seu acesso em boas condições rodoviárias, se
contrapõe ao fato de que as licitantes que compareceram aos certames serem sediadas em
São Luís/MA, as quais foram as consultadas durante a pesquisa de preços.
3) Um fato que reforça o mencionado no item 2 acima é o disposto nos editais de licitação,
indicando que “quaisquer esclarecimentos, consulta ou retirada do Edital e Anexos só
poderiam ser feitos pessoalmente na sede da Prefeitura, sem a possibilidade de serem feitos
via telefone, por e-mail ou disponíveis em portais da prefeitura na internet”. Essas
alternativas de comunicação aumentariam a possibilidade de competição e participação de
mais interessados.
4) Aliado ao citado no item 3 acima, a publicação dos editais de licitação em jornal de
circulação restrita a São Luís e de pouca circulação no interior do Estado reduz a divulgação
do certame, restringe a competitividade e diminui as chances de outras empresas terem
conhecimento da realização de licitação no município de Altamira do Maranhão/MA.
5) Ressalte-se, ainda, o teor dos pareceres jurídicos insertos nos processos. O conteúdo dos
mesmos é igual, havendo apenas a mudança do número do Pregão, de seu objeto e da data
de elaboração. Ademais, os pareceres não indicam as falhas nos processos licitatórios
relacionados à elaboração da minuta de Edital, do Termo de Referência e na formação do
preço da licitação a partir das cotações de preços apresentadas.
6) Na realização do Pregão n° 037/2014, compareceram à Sessão da Licitação apenas as três
empresas que, no início do processo, apresentaram cotações de preços para formação do
preço de referência do Pregão. Nessa etapa de cotação de preços, as três empresas
apresentaram seus preços para todos os itens de todos os dezoito lotes da licitação (levando
em conta todas as secretarias demandantes da aquisição). Contudo, na fase de apresentação
de propostas de preços para a disputa na fase de lances da Licitação, houve o que se pode
chamar de “loteamento” da licitação, ou seja, cada empresa enviou propostas de preços
apenas para lotes não coincidentes com os apresentados pelas outras concorrentes, da
seguinte forma:
a) A empresa M. I. Alves (CNPJ: 06.183.170/0001-35) enviou propostas apenas para os
lotes 13 e 14;
b) A empresa J. W. Comércio (CNPJ: 13.753.301/0001-38) enviou propostas para os lotes 1,
2, 3, 4, 5, 6, 15, 16, 17; e
c) A empresa J. A. Comércio (CNPJ: 10.379.349/0001-30) enviou propostas para os lotes 7,
8, 9, 10, 11, 12 e 18.
Além disso, não houve oferta de lances, tampouco alguma empresa aceitou negociar com o
Pregoeiro e reduzir seus preços inicialmente cotados, como consta da Ata da Sessão. A
seguir, excerto da Ata que demonstra a situação citada neste item, ilustrada na Figura 08:
Figura 08 – Excerto da Ata da Sessão do Pregão nº 037/2014.
A condução dos processos licitatórios, incluindo as análises de documentos de habilitação
dos licitantes vencedores de lotes, foi feita pelo Pregoeiro (CPF: ***.505.503-**) e sua
Equipe de Apoio (CPFs: ***.431.083-**; ***.122.113-**; ***.873.614-**), os quais
também assinaram o Termo de Adjudicação dos objetos aos vencedores. Antes da
homologação, o processo foi submetido ao crivo prévio da análise do Procurador Jurídico
(CPF: ***.876.733-**). Após isso tudo, foi homologado pelo Prefeito Municipal (CPF:
***.614.904-**).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Altamira do Maranhão/MA, por intermédio de advogados regularmente constituídos,
apresentou a seguinte manifestação:
“O auditor destaca uma série de situações que, supostamente, quando consideradas em
conjunto, apresentariam indícios de direcionamento dos processos licitatórios, aos quais se
responderá pontualmente:
3) Como já informado, o município acatou a sugestão feita por essa auditoria e irá abrir um
endereço eletrônico específico para a CPL tirar dúvidas dos interessados.
4) Ao contrário do que foi informado no relatório, o Jornal Atos e Fatos que NÃO possui
circulação restrita à capital.
Pelo contrário, o periódico possui tiragem média de cinco mil exemplares e circula em 70
municípios nos principais centros habitacionais do Estado do Maranhão, inclusive na região
de Pindaré-Mirim – conforme documento anexo.
5) A existência de pareceres de teor semelhantes para auxiliar a análise dos processos não
pode ser utilizado como “indício” de direcionamento das licitações. Ora, se as licitações
possuem mesma natureza, não há estranheza no conteúdo similar dos pareceres visto que o
causídico, mesmo com os objetos distintos, terá que analisar os mesmos aspectos legais.
6) Sobre a ausência de comprovante da regularidade, tal fato não se sustenta, pois, em
consonância com o Decreto 8302/2014, Portaria MF 358/2014 e Portaria Conjunta
PGFN/RFB nº. 1751/2014, a CPL passou a solicitar a unificação da CND-INSS com a CND
da dívida ativa da união e foi esse o documento juntado pela empresa – restando
comprovado que não possuía débitos com a seguridade social.
Uma vez que, a partir de novembro de 2014, a CND-INSS não era mais exigível, a CPL
simplesmente ignorou o documento que não tinha mais caráter eliminatório no certame por
considera-lo como excedente.
1); 2) e 7) O auditor faz uma interpretação arbitrária dos fatos, pautando suas conclusões
unicamente em suas próprias presunções.
Sobre a presença das mesmas três empresas que participaram das cotações de preços, cabe
frisar que o processo licitatório disponibilizado ao Auditor comprova a ampla publicidade do
certame garantido pela CPL em publicações em jornal de grande circulação no Estado do
Maranhão e em Diário Oficial, além de exibição no mural da prefeitura.
Não cabe ao município responder pelo comparecimento (ou não) de interessados aos
certames.
A atual gestão seguiu todas as exigências da Lei de Licitações e promoveu devidamente a
publicidade das Licitações, todavia, ainda que as empresas compareçam para retirar o Edital,
nada garante que elas irão retornar para apresentar propostas, sendo irresponsável a acusação
de um conluio entre as empresas patrocinado por esta gestão – especialmente quando nem o
Auditor consegue explicar como a Prefeitura impediria outros interessados de retirar o Edital
e participar da Tomada de Preços após a divulgação em jornal de circulação em âmbito
estadual e Diário Oficial.” (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O direcionamento da licitação e favorecimento de determinados fornecedores se
consubstanciam no fato de que as empresas que são chamadas para enviar cotações de
preços, para balizar o preço de referência dos pregões, são as mesmas que comparecem aos
certames, sendo que, não raro, as empresas que participam apresentam propostas apenas
para lotes diversos em relação aos lotes em que outra empresa apresentou proposta. Frise-se
que as empresas, na fase de cotação, ofertaram valores para todos os lotes da licitação,
significando que as mesmas atuam no ramo e podem, em tese, fornecer os produtos, mas não
o fazem de fato na fase que deveria ocorrer a efetiva competição.
Nesse sentido, considera-se que o conjunto de falhas formais verificadas nos processos
licitatórios analisados, Pregão Presencial n° 037/2014 e n° 039/2014, aliados às
irregularidades detectadas nos certames acarretaram prejuízos à Administração Pública,
tendo em vista que a ausência de competição e o favorecimento à fornecedores impediu que
a proposta mais vantajosa fosse vencedora da licitação. ##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais
recebidos à conta do Bloco de Atenção Básica não foi realizada de acordo com o
determinado pelos normativos referentes ao objeto fiscalizado, na medida em que se
verificou:
- ocorrência de desvio de objeto na aplicação de recursos destinados à Atenção Básica, no
montante de R$ 13.910,90;
- alteração no quantitativo de itens previstos em contrato sem justificativa e sem respaldo
contratual, se caracterizando em realização de compras sem processo licitatório;
- realização de despesas com pessoal sem registro no CNES, no valor total de R$
316.148,44, ou com pessoal não pertencente à área de Atenção Básica, na monta de R$
505.209,41;
- a conta bancária do Bloco de Atenção Básica não foi gerida exclusivamente pelo
Secretário Municipal de Saúde.
Quanto aos procedimentos licitatórios foram verificadas várias impropriedades e
irregularidades, resultando em direcionamento na realização da licitação.
Ordem de Serviço: 201602147
Município/UF: Altamira do Maranhão/MA
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: ALTAMIRA MARANHAO PREFEITURA GABINETE DO
PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: Não se aplica.
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29 de agosto a 02 de setembro de
2016 sobre a aplicação dos recursos do Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema Único
de Saúde (SUS)/Ação 20AD - Piso de Atenção Básica Variável - Saúde da Família no
município de Altamira do Maranhão/MA.
A Ação fiscalizada destina-se a promover ações de notificação, acompanhamento da
execução da Estratégia de Saúde da Família, enfatizando-se a atuação do Município e das
Equipes de Saúde da Família - ESF.
Os exames tiveram como objetivo avaliar a execução do Programa Saúde da Família (PSF)
no Município de Altamira do Maranhão/MA, no período de janeiro de 2015 a junho de
2016, contemplando: a) Cadastro de profissionais no Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (CNES); b) Infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde; c) Contratação e
cumprimento de carga horária pelos profissionais integrantes das equipes do PSF; d)
Processos de trabalho das equipes do PSF.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Deficiência nos atendimentos realizados pelas equipes do Programa Saúde da
Família - PSF.
Fato
Em entrevista realizada com moradores que são atendidos pelas Equipes de Saúde da
Família de Altamira (INE 0000041491), Olho D’Água do Escondido (INE 0001484680),
São Raimundo (INE 0000041483), Caldeirão (INE 0001484672) e Aldeia (INE
0000041505),do Município de Altamira do Maranhão/MA, foi relatado por 62,5% dos
entrevistados que os mesmos deixaram de receber atendimento devido ao fato de que,
quando procuraram as Unidades Básicas de Saúde existentes em suas regiões, quais sejam,
Unidade Básica de Saúde de Altamira do Maranhão (CNES 2309572), Unidade Básica de
Saúde de Olho D’Água do Escondido (CNES 7234422), Unidade Básica de Saúde de São
Raimundo (CNES 2309556), Unidade Básica de Saúde Antônio Alves de Assis (CNES
7234414) e Unidade Básica de Saúde de Aldeia (CNES 6790623), não havia Médico do
Programa Saúde da Família. Nesse sentido, foi relatado, especificamente para a Equipe de
Saúde da Família do Povoado Aldeia (INE 0000041505), que esta não possui médico há
pelo menos 06 (seis) meses. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação, editada apenas quanto ao nome de pessoas citadas, a fim de preservá-las:
“Conforme consta no CNES entregue a esta Controladoria, Altamira do Maranhão realmente
esteve sem médico da Estratégia Saúde da Família em algumas equipes, porém não em
todas, pois os médicos do Programa Mais Médicos oriundo do Ministério da Saúde
estiveram presentes nas equipes dos Povoados de Olho D’água do Escondido, Caldeirão e
São Raimundo até meados do fim do 1º semestre, onde os médicos cooperados JV e AP,
retornaram a Cuba e o médico MF pediu desligamento do Programa.
As únicas equipes que ficaram sem médico, sendo cadastradas no CNES como PACS
no 1º semestre, foi a equipe da sede do município, porém conta com o atendimento em
regime de plantão do médico A, às terças feiras, e JE, às sextas feiras.
Quanto a equipe do povoado Aldeia a mesma ficou sem médico neste período,
porém, vale ressaltar que no período em que estas equipes estiveram cadastradas como
PACS, elas não receberam incentivo oriundo da Estratégia Saúde da Família.
No entanto, faz-se necessário relatar que o problema já sanado, pois, atualmente o
município possui 3 equipes com atendimentos regulares com médicos do Programa Mais
Médicos, são elas: Altamira do Maranhão com o médico MDLF; Caldeirão com a médica
YP e Aldeia com o médico FDA; além de duas equipes em situação transitória
(Parametrizada), onde o médico RR atende 20hs semanais em cada, conforme regulamenta a
Portaria 2488, de 21 de outubro de 2011.
Sendo assim, todas as equipes de saúde de Altamira do Maranhão, atualmente,
contam hoje com atendimento médico regular.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A justificativa apresentada pelo Gestor Municipal confirma o que fora relatado na
constatação, ou seja, houve falta de médicos nas Equipes de Saúde da Família nos exercícios
objetos da análise.
Ademais o fato de existirem médicos cadastrados nas Equipes de Saúde da Família no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES, não quer dizer obrigatoriamente
que os mesmos tenham atuado no município, de acordo com as normas do Programa Saúde
da Família, o que efetivamente não ocorreu, de acordo com o relato de moradores que
deveriam ser atendidos pelas equipes.
Por outro lado, a afirmação de que a Equipe de Saúde da Família de Aldeia esteve
cadastrada como Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS e que por tal motivo
não teria recebido recursos oriundos da Estratégia de Saúde da Família não condiz com a
realidade, haja vista que em consulta ao sítio eletrônico www.fns.saúde.org.br se verifica
que o valor do repasse no exercício de 2015, bem como no exercício de 2016, referente ao
Programa Saúde da Família não sofreu qualquer alteração, tendo o município de Altamira do
Maranhão percebido mensalmente o valor de R$ 33.390,00 (trinta e três mil e trezentos e
noventa reais).. ##/AnaliseControleInterno##
2.1.2. Ausência de contrato formalizado dos profissionais do Programa Saúde da
Família - PSF com previsão da carga horária semanal a ser cumprida.
Fato
Em que pese o Município de Altamira do Maranhão possuir 05 (cinco) Equipes de Saúde de
Família, no que se refere aos médicos, somente foi encaminhado o contrato do profissional
de CPF nº ***.933.643-**, com atuação nas Unidades Básicas de Saúde - UBS de Olho
D’Água do Escondido (CNES 7234422) e São Raimundo (CNES 2309556) e, assim mesmo,
datado de 01/06/2016, não tendo sido comprovado qual(is) profissional(is) atuou(aram) em
referidas equipes no período anterior à vigência desse contrato apresentado.
No que se refere aos enfermeiros, o contrato do profissional de CPF nº ***.509.163-**,
apesar de encaminhado, não possui assinatura do contratante nem está rubricado em suas
páginas, o que o torna sem qualquer validade legal.
Quanto ao contrato dos dentistas, o do profissional de CPF nº ***.339.053-** se iniciou
somente em 01/03/2016, tendo a Equipe de Saúde da Família do Povoado Aldeia (INE
0000041505) ficado descoberto nos dois primeiros meses do exercício 2016. Ademais,
referido contrato especifica em sua cláusula segunda que o contrato terá duração de 12
(doze) meses, porém indica a vigência de 01/03 a 31/12/2016, havendo, portanto,
divergência quanto ao real prazo de duração do mesmo. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Antes de qualquer coisa, no período da auditoria desta Controladoria, Altamira do
Maranhão contava com 4 equipes de Saúde da Família e uma de Programa de Agente
Comunitários de Saúde – PACS.
Dentro destas equipes, há apenas um médico contratado, a partir de 01 de junho de
2016, o mesmo responde por duas equipes, conforme foi registrado no contrato; os demais
médicos das equipes são pagos pelo Ministério da Saúde, cabendo a nós apenas uma ajuda
de custo para alimentação e moradia – conforme já explanado, por ocasião da auditoria.
Quanto a não apresentação dos contratos de médicos em período anterior ao exposto
no relatório, é que realmente não houve contratação de médicos para a Estratégia Saúde da
Família no primeiro semestre, sendo assim as equipes estavam cadastradas como Programa
de Agente Comunitário de Saúde, equipe esta composta por enfermeiro, técnico de
enfermagem e agentes comunitários de saúde.
Todas estas informações constam na base de dados do Ministério da Saúde,
SCNES”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Conforme já dito anteriormente, em consulta ao sítio eletrônico www.fns.saúde.org.br se
verifica que o valor do repasse no exercício de 2015, bem como no exercício de 2016,
referente ao Programa Saúde da Família não sofreu qualquer alteração, tendo o município de
Altamira do Maranhão percebido mensalmente R$ 33.390,00 (trinta e três mil e trezentos e
noventa reais), valor esse referente às cinco Equipes de Saúde da Família, que estão
devidamente cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES, e
não quatro conforme afirmado na justificativa apresentada.
Por outro lado, em consulta ao sítio eletrônico do CNES, se verifica que a Unidade Básica
de Saúde de Aldeia esteve cadastrada como Equipe de Saúde da Família nos meses de
janeiro a maio do ano de 2016, ficando como equipe do PACS somente nos meses de junho
a agosto. No ano de 2015 somente no mês de junho tal situação ocorreu.
Assim se constata que não houve médicos efetivamente atuando na referida UBS nos
exercícios ora fiscalizados e, se houve, os devidos contratos não foram encaminhados para
análise.
No que se refere às impropriedades apontadas nos contratos dos profissionais de CPF nºs
***.509.163-** e ***.339.053-**, tem-se que no primeiro caso o mesmo não foi rubricado
pelo contratado e no segundo caso a impropriedade foi sanada com a apresentação de errata
publicada no Diário Oficial do Município.
Não houve manifestação quanto ao fato de a Unidade Básica de Saúde de Aldeia ter ficado
sem atuação de odontólogo nos dois primeiros meses do ano de 2016, permanecendo assim a
impropriedade apontada.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.3. Descumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga horária
semanal prevista para atendimento no Programa Saúde da Família - PSF.
Fato
Em entrevista realizada com moradores que são atendidos pelas Equipes de Saúde da
Família - ESF do Município de Altamira do Maranhão, foi relatado por 100% dos
entrevistados que não há médicos diariamente nas Unidades Básicas de Saúde - UBS de suas
localidades, sendo que no Povoado Aldeia (INE 0000041505) não houve atendimento
médico no corrente ano.
Tal situação também é verificada com relação aos dentistas nas Equipes de Saúde da Família
- ESF que contam com tais profissionais, quais sejam, Aldeia (INE 0000041505) e Sede do
Município (INE 0000041491).
Ademais, quando das visitas realizadas às Unidades Básicas de Saúde - UBS do Município,
não havia médicos da Equipe de Saúde da Família atendendo nos Povoados Aldeia (INE
0000041505) e São Raimundo (INE 0000041483) tampouco na Sede do município (INE
0000041491), bem como não havia dentistas nas equipes que dispõe de tal profissional,
citadas acima.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação, editada apenas quanto ao nome de pessoas citadas, a fim de preservá-las:
“Reitere-se que o problema já esta sanado, pois, atualmente o município possui 3 equipes
com atendimentos regulares com médicos do Programa Mais Médicos, são elas: Altamira do
Maranhão com o médico MDLF; Caldeirão com a médica YP e Aldeia com o médico FDA;
além de duas equipes em situação transitória (Parametrizada), onde o médico RR atende
20hs semanais em cada, conforme regulamenta a Portaria 2488, de 21 de outubro de 2011.
Conforme exposto anteriormente a UBS de Aldeia não possuía médico, porém a partir de
setembro de 2016, o Ministério da Saúde, nos enviou um médico do Programa Mais Médico
para Brasil. Vale ressaltar que a equipe estava cadastrada no Programa de Agentes
Comunitários de Saúde.
Em relação aos dentistas, vale ressaltar que temos três consultórios odontológicos,
porém apenas duas equipes de Saúde Bucal. A Equipe de Saúde Bucal do Povoado de
Caldeirão já foi aprovada, no entanto aguarda credenciamento do Ministério da Saúde, com
isso, os dois odontólogos fazem um rodizio nos três consultórios.
Quanto a não presença de médicos durante a visita na UBS São Raimundo e Sede, se
justifica pelo fato de que o médico que trabalha de São Raimundo atende 20hs semanais nela
e 20hs semanais na Equipe de Olho D’água do Escondido, sendo assim, no momento da
visita, o médico estava em atendimento na outra equipe, já que é de responsabilidade do
médico a elaboração do seu cronograma de atividade, quanto ao médico da sede, no
momento da pesquisa ele não estava porque ele cumpre 32hs semanais na equipe e 8hs
semanais ele é dispensado para atividades curriculares, conforme é determinado pelo
Programa a qual ele é vinculado.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
No que se refere aos médicos, as justificativas apresentadas pelo Gestor Municipal
confirmam os fatos relatados, ocorridos no período objeto dos exames.
Conforme já dito anteriormente, não condiz com a realidade a afirmação de que a Unidade
Básica de Saúde – UBS de Aldeia (CNES 6790623) estaria cadastrada apenas no Programa
de Agentes Comunitários de Saúde - PACS, situação essa que ocorreu somente nos meses de
junho a agosto do ano de 2016 e no mês de junho do ano de 2015, e ainda assim o município
recebeu nos dois anos objeto da análise o mesmo valor mensal, qual seja, R$ 33.390,00
(trinta e três mil e trezentos e noventa reais).
Ademais, a própria justificativa apresentada confirma o não cumprimento da carga horária
prevista no Programa Saúde da Família - PSF, tanto nas equipes transitórias, de 20 (vinte)
horas, como nas equipes regulares, de 40 (quarenta) horas semanais, por médicos e dentistas,
fato esse confirmado em entrevistas realizadas com moradores das localidades visitadas e
que são cobertas pelas Equipes de Saúde da Família - ESF. ##/AnaliseControleInterno##
2.1.4. Equipe de Saúde da Família com composição incompleta.
Fato
Foi constatado que a Equipe de Saúde da Família - ESF do Povoado Aldeia (INE
0000041505) não possui médico há pelos menos 06 (seis) meses, conforme informação
prestada por moradores da citada localidade, quando das entrevistas realizadas. Ademais, na
data de vistoria in loco realizada na Unidade Básica de Saúde - UBS de Aldeia (CNES
6790623), não havia médico atendendo a população.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Este item contém um equívoco, pois a equipe do Povoado de Aldeia, no período auditado,
não era equipe de Saúde da Família e sim da Equipe do Programa de Agentes Comunitários,
perfil esse que dispensa a presença do médico.
Enfatiza-se que por este motivo a equipe não recebia incentivo para o Saúde da
Família, apenas para o pagamento dos agentes comunitário de saúde, sendo a prefeitura a
responsável pelo pagamento do enfermeiro e técnico de enfermagem que compõem a
equipe.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em consulta ao sítio eletrônico do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde -
CNES, se verifica que a Unidade Básica de Saúde - UBS de Aldeia esteve cadastrada como
Equipe de Saúde da Família - ESF nos meses de janeiro a maio do ano de 2016, ficando
como equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS somente nos meses
de junho a agosto. No ano de 2015 somente no mês de junho tal situação ocorreu.
Ademais, em consulta ao sítio eletrônico www.fns.saúde.org.br se verifica que o valor do
repasse no exercício de 2015, bem como no exercício de 2016, referente ao Programa Saúde
da Família - PSF não sofreu qualquer alteração, tendo o município de Altamira do Maranhão
percebido mensalmente R$ 33.390,00 (trinta e três mil e trezentos e noventa reais), valor
esse referente às cinco Equipes de Saúde da Família - ESF, que estão devidamente
cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES, inclusive da
Unidade Básica de Saúde - UBS de Aldeia. ##/AnaliseControleInterno##
2.1.5. Unidades Básicas de Saúde não apresentam todas as condições de infraestrutura
exigidas pelo Manual de Estrutura Física das UBS.
Fato
Em inspeção realizada em 100% das Unidades Básicas de Saúde - UBS que integram o
Programa Saúde da Família - PSF no Município de Altamira do Maranhão, em que pese
deva ser ressaltado a boa infraestrutura de todas, se verificou a ausência dos itens abaixo
relacionados, exigidos pelo Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde -
UBS:
a) Unidade Básica de Saúde - UBS localizada na Sede do Município de Altamira do
Maranhão (CNES 2309572): não existe sala de procedimentos, sala de coleta, sala de
curativos, sanitário no consultório médico, sala multiprofissional de acolhimento à demanda
espontânea, sala de administração e gerência e sala de atividades coletivas para os
profissionais;
b) Unidade Básica de Saúde - UBS localizada no Povoado São Raimundo (CNES 2309556):
não contém sala de vacinas, sala de coleta, sala de curativos, sala de observação, banheiro
dentro dos consultórios médicos, sala multiprofissional de acolhimento à demanda
espontânea, sala de administração e gerência e sala de atividades coletivas para os
profissionais;
c) Unidade Básica de Saúde - UBS situada no Povoado Aldeia (CNES 6790623): inexiste
sala de procedimentos, sala de coleta, sala de observação, sala multiprofissional de
acolhimento à demanda espontânea, sala de administração e gerência, sala de atividades
coletivas para os profissionais e abrigo de resíduos sólidos;
d) Unidade Básica de Saúde - UBS que funciona no Povoado Olho d’Água do Escondido
(CNES 7234422): não dispõe de sala de procedimentos, sala de vacinas, sala de inalação
coletiva, sala de coleta, sala de observação, sanitários dentro dos consultórios médicos, sala
multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala de administração e gerência,
sala de atividades coletivas para os profissionais e abrigo de resíduos sólidos;
e) Unidade Básica de Saúde - UBS Antônio Alves de Assis situada no Povoado Caldeirão
(CNES 7234414): não possui sala de procedimentos, sala de coleta, sala de observação e
sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Em relação a infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde, gostaríamos de ratificar que as
UBSs da Sede, Aldeia e São Raimundo foram ampliadas e reformadas pelo programa
Requalifica SUS, para isso, elas tiveram suas plantas apreciadas e aprovadas pela vigilância
sanitária e Ministério da Saúde.
Acrescenta-se ainda, que todas as UBSs foram auditadas pelo DENASUS e o mesmo
não apontou a gama de inconformidades que esta Controladoria apresenta.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese as justificativas apresentadas, todos os itens relacionados como inexistentes nas
Unidades Básicas de Saúde - UBS inspecionadas são exigidos pelo Manual de Estrutura
Física das Unidades Básicas de Saúde - UBS, não tendo sido indicado pelo Gestor
Municipal solução para tais problemas, sequer contestada a ausência de tais itens, motivo
pelo qual a impropriedade permanece.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Não disponibilização de documentos referentes à execução do Programa Saúde
da Família - PSF
Fato
Em que pese ter sido solicitado ao Município, por meio da Solicitação de Fiscalização nº
201602147/01, a disponibilização da listagem ou ficha das famílias do Sistema de
Informações da Atenção Básica - SIAB abrangidas na área de atuação de cada Equipe de
Saúde da Família, com vistas inclusive a se verificar os dados de produção das Equipes de
Saúde da Família que lá atuam, foi informado pelo Secretário Municipal de Saúde, por meio
do Ofício nº 023/2016/SESP, de 22/08/2016, a impossibilidade de fornecer tais informações,
conforme segue:
“Diante da implantação do e-SUS AB. instituído pelo Sistema de Informação em Saúde para
a Atenção Básica - SISAB, Portaria n°1412 de 10 de julho de 2013, o município de Altamira
do Maranhão passou a informar sua produção mensal, em primeiro momento pelos dois
sistemas, SIAB e e-SUS AB, porém com a consolidação da estratégia e-SUS o município,
sob orientação do Ministério da Saúde, passou a informar somente pelo SISAB, sendo
assim, o banco de dados do SIAB tornou-se obsoleto e desatualizando, não condizendo com
o real perfil sócio epidemiológico do município. Há de se ressaltar que a estratégia e-SUS
ainda não disponibiliza as informações solicitadas pela equipe de auditoria no item citado
acima...”.. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“O Programa (SIAB) a qual esta controladoria se referiu foi extinto, com isso passou-se a
adotar outros meios para verificar cobertura populacional, bem como abrangência das
equipes. Os dados são tabulados via número do Cartão SUS, via E-SUS – que é o atual
sistema do Ministério.
Este sistema não emite relatório de número de famílias, desta forma, qualquer
relatório que a Secretaria de Saúde apresentasse, não teria uma fonte formal consolidada.
Faz-se necessário salientar, que a forma como é apresentada neste relatório, deixa-se
interpretar que esta Secretaria negligenciou na entrega, quando na verdade ela não forneceu
um dado que o próprio Ministério da Saúde não fornece mais, haja vista ter extinguido o
programa referido na auditoria.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese o sistema SIAB ter sido descontinuado, conforme consta da própria
justificativa apresentada pelo Gestor Municipal, foram adotados outros meios para se
verificar a cobertura populacional e a abrangência das equipes.
Note-se que foi solicitado ao Gestor Municipal a disponibilização da listagem ou fichas das
famílias abrangidas, dados esses primordiais para se averiguar a efetiva atuação das Equipes
de Saúde da Família, bem como o seu desempenho.
Tais dados deveriam estar devidamente catalogados e arquivados pelo município,
independentemente de serem ou não registrados em qualquer sistema que fosse, com ou sem
emissão de relatório. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Não disponibilização de documentos referentes à contratação de Agentes
Comunitários de Saúde.
Fato
Por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201602147/02, de 19/09/2016, foram solicitadas
à administração municipal informações e a disponibilização de documentos referentes à
forma de contratação dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS que atuam no município.
Em resposta, o Secretário Municipal de Saúde encaminhou Ofício n. º 038/2016/SESP, de
20/09/2016, informando que: “... os mesmos foram contratados via processo seletivo e
regulamentados pela Lei Municipal n 07/2007. Seguem em anexo as respectivas portarias
como comprovantes...”.
Em que pese a informação prestada, não foram apresentados documentos que comprovassem
a realização do processo seletivo alegado, além do que foi encaminhada a Portaria de
Nomeação nº 19/2008 de uma única Agente Comunitária de Saúde. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Cremos que por algum motivo, o arquivo com as demais portarias foram corrompidos,
porém segue em anexo as demais portarias faltantes.
No que tange a realização de processo seletivo cabe frisar que o mesmo foi realizado
em gestão anterior à atual, não existindo nos arquivos públicos outros documentos que
demonstrem a realizado do referido seletivo além da Lei municipal nº 07/2007 e as portarias,
ora anexas, que são atos administrativos que possuem fé pública.
Para corroborar o alegado, faz-se juntada de ofício encaminhado ao Ministério
Público por ocasião da pose do atual gestor onde se denunciava a dilapidação dos arquivos
públicos, prédios e bens da prefeitura e secretarias.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese terem sido apresentadas as portarias de nomeação dos Agentes Comunitários
de Saúde - ACS que integram as Equipes de Saúde da Família - ESF que atuam no
município de Altamira do Maranhão, conforme consta da própria justificativa apresentada
pelo Gestor Municipal, não foram apresentados documentos que comprovassem a realização
do processo seletivo alegado, restando impossibilitada a comprovação de sua efetiva
realização, bem como a legalidade dos procedimentos supostamente realizados.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Não disponibilização de documentos referentes à realização de curso
introdutório pelos Agentes Comunitários de Saúde.
Fato
Por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201602147/02, de 19/09/2016, foram solicitadas
à administração municipal informações e a disponibilização de documentos referentes à
realização de curso introdutório por parte dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS que
atuam no município.
Em resposta, o Secretário Municipal de Saúde encaminhou Ofício n. º 037/2016/SESP, de
20/09/2016, informando o seguinte:
“... os mesmos passaram por treinamento introdutório no ano de 2008, logo que o curso era
requisito para a efetivação da aprovação em processo seletivo. Ressalta-se que além do curso
introdutório, os agentes foram capacitados pela Escola Técnica do SUS, via Secretaria
Estadual de Saúde. Enfatiza-se que foram solicitados aos agentes comunitários de saúde os
comprovantes, porém eles alegaram não possuírem mais...”.
Em que pese afirmação de que houve a realização do curso introdutório, não foram
apresentados quaisquer documentos que comprovassem a realização do mesmo. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Entendemos que é responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde a realização do curso
introdutório, porém a gestão atual, ao passo da transição de governo, não recebeu nenhum
documento que comprovasse a realização do curso solicitado por esta auditoria.
No entanto, reforçamos o compromisso com a educação permanente e continuada
que vem sendo realizada de forma regular, com cursos ministrados pela Escola Técnica do
SUS, em parceria com esta secretaria, reuniões temáticas, capacitações e treinamentos
realizados pelos profissionais de saúde lotados na Secretaria.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Conforme consta da própria justificativa apresentada pelo Gestor Municipal, não foram
apresentados documentos que comprovassem a efetiva realização do curso introdutório pelos
Agentes Comunitários de Saúde que atuam no município, permanecendo assim a
impropriedade apontada. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Não disponibilização de informações quanto ao número de famílias atendidas
pelas equipes do Programa Saúde da Família - PSF.
Fato
Foi solicitada à administração municipal, por meio da Solicitação de Fiscalização nº
201602147/02, de 19/09/2016, informação acerca do quantitativo de famílias atendidas pelas
Equipes de Saúde da Família - ESF que atuam no município.
Em resposta, o Secretário Municipal de Saúde, por meio do Ofício nº 039/2016/SESP, de
20/09/2016, informou que:
“... desde a mudança do SIAB para o E-SUS, o sistema não forneceu mais informações de
quantitativos de famílias, fornecendo apenas dados tabulados de números de consultas,
procedimentos e outros. Sendo assim, o município não possui o quantitativo oficial de
famílias atendidas por equipe de saúde da família. Vale ressaltar, que toda a população
está cadastrada no sistema de informação E-SUS e que o município já cobrou junto ao
Ministério da Saúde uma forma de gerar relatório com número de famílias, indivíduos e
grupos de patologias, além de perfil epidemiológico, visto que essas informações são
alimentadas diariamente...”.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 34/2016, de 26/10/2016, a Prefeitura Municipal de Altamira do
Maranhão, por intermédio de advogados regularmente constituídos, apresentou a seguinte
manifestação:
“Este item se refere a mesma demanda do item 4. Onde foi evidenciada a extinção do SIAB
e implantação do e-SUS, sendo que este último sistema não disponibiliza informações de
quantidades de famílias.”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Em que pese o sistema Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB ter sido
descontinuado, conforme consta da própria justificativa apresentada pelo Gestor Municipal,
foram adotados outros meios para se verificar a cobertura populacional e a abrangência das
equipes.
Note-se que foi solicitado ao Gestor Municipal a disponibilização da listagem ou fichas das
famílias abrangidas, dados esses primordiais para se averiguar a efetiva atuação das Equipes
de Saúde da Família - ESF, bem como o seu desempenho.
Tais dados deveriam estar devidamente catalogados e arquivados pelo município,
independentemente de serem ou não registrados em qualquer sistema que fosse, com ou sem
emissão de relatório. ##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Os resultados dos exames demonstraram que existem divergências entre os dados
registrados no CNES e a situação real verificada pela CGU/MA, com relação aos
profissionais que integram as Equipes de Saúde; que as Unidades Básicas de Saúde não
possuem condições mínimas de infraestrutura; que os profissionais integrantes das Equipes
de Saúde da Família não cumprem com a jornada de trabalho de quarenta horas semanais
constantes em contrato; que não há disponibilização de documentos de contratação de
profissionais e de ACS; e que há ausência de fornecimento de informações sobre a
quantidade de famílias atendidas pelas equipes, além de que existe deficiência nos
atendimentos realizados pelas Equipes, considerando que 62,50% das famílias
entrevistadas informaram que deixaram de receber atendimento devido ao fato de que,
quando procuraram as Unidades Básicas de Saúde existentes em suas regiões, não havia
Médico do Programa Saúde da Família.