profª karem jureidini dias e argos simões_aula 03_12.05.2016_pré-aula

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    PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

    MÓDULO IMPOSTOS MUNICIPAIS, CONTRIBUIÇÕES E PROCESSOTRIBUTÁRIO

    Professor: Karem Jureidini Dias e Argos Simões

    1.  Material pré-aula

    a.  Tema

    Processo administrativo tributário e seu regime jurídico

    b. Noções Gerais

    O processo tributário é o instrumento que visa dirimir os conflitos deuma relação jurídico-tributária.

    Dessa forma, tem-se que o processo administrativo se inicia nomomento em que há o lançamento impugnado pelo sujeito passivo.Caso contrário não há que se falar em processo. 

    Nota-se, portanto, que deve haver o conflito entre as partes, demodo que se o Fisco efetuar o lançamento e o sujeito passivo pagar,não houve qualquer conflito, não se instaurando o processo.

    Destaque-se, inclusive, que o processo administrativo é um direitoconstitucionalmente garantido ao contribuinte, assegurando-se ocontraditório e a ampla defesa:

     Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

    qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

    estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

    vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

    nos termos seguintes:

    (…) 

     XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do

     pagamento de taxas:

    a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de

    direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

    (…) 

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    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e

    aos acusados em geral são assegurados o contraditório e

    ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

    (…) 

    (…) 

    LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são

    assegurados a razoável duração do processo e os meios que

    garantam a celeridade de sua tramitação.

    Logo, caso o contribuinte não concorde com o lançamento, poderáimpugna-lo administrativamente para anulá-lo ou revisá-lo,instaurando-se o processo administrativo.

    Neste ponto, vale ressaltar que, ao contrário do que ocorre noprocesso judicial, o julgamento do processo administrativo se dá pelopróprio Poder Executivo, o qual realizou o lançamento.

    Ou seja, o próprio Executivo irá avaliar o procedimento adotado e julgará o processo administrativo.

    Contudo, existem órgãos distintos dentro do Executivo que cuidam dolançamento, da análise da impugnação e dos recursos

    administrativos.

    COSTA (2015) destaca que “No processo administrativo, o Estadotambém aplica a lei para dirimir conflito, mas, diversamente do que

    ocorre no processo judicial, o aplicador da lei é, ao mesmo tempo,

     parte e juiz. Em outras palavras, no processo administrativo o juiz é

     parcial, vale dizer, o julgador é, simultaneamente, parte no

     processo.”  

    Em decorrência desta parcialidade, justifica-se a gratuidade doprocesso administrativo, uma vez que a própria Administração Públicaque efetuará o julgamento é parte interessada.

    E, ainda, segundo COSTA (2015), não há a ocorrência da coisa julgada no processo administrativo em face do contribuinte que, emcaso de derrota na esfera administrativa, poderá se utilizar da esfera judicial.

    Com relação ao objeto do processo administrativo, esse pode serqualquer relação jurídica tributária – obrigação principal, acessória ousancionatória.

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      Fases do Processo Administrativo Tributário

    O processo administrativo possui 4 fases distintas que garantem aocontribuinte, o contraditório e a ampla defesa: 1) instauração; 2)preparação e instrução; 3) julgamento; e 4) recurso.

    A instauração do processo somente se dá a partir do litígio. Ou seja,após a impugnação ao lançamento.

    Em seguida, tem-se a preparação e instrução que, segundo COSTA(2014), tem “caráter probatório complementar, pois a provadocumental já deve ter sido apresentada pelo contribuinte na etapa

    instauratória, por ocasião da impugnação, juntamente com a

    indicação das demais provas que pretende sejam produzidas.”  

    Após analisar o processo instaurado, haverá o julgamento que, emregra, se dá em decisão monocrática.

    Em seguida, abre-se o prazo para a apresentação de recurso,garantindo a ampla defesa e o duplo grau de cognição aocontribuinte.

    Destaque-se que a apresentação de recurso administrativo implica nasuspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art.151, II, do CTN.

    Entretanto, caso a decisão administrativa seja desfavorável aocontribuinte, conforme destacado, este poderá se socorrer da via judicial, com base no art. 5º, XXXV, da CF.

    Por outro lado, se a decisão for favorável ao contribuinte, o Fisco nãopode ir ao Judiciário, pois a própria administração pública, com adecisão, extingue o crédito tributário, de modo que não há objetopara uma ação judicial.

    Assim, a decisão administrativa final faz coisa julgada apenas contraa Fazenda Pública. 

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    c. Legislação

    Constituição Federal – artigos 5º e 37

    d. Julgados/Informativos

    ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AMPLA DEFESA EMPROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. OBSTÁCULOSINJUSTIFICADOS À PARTE. RETIRADA DOS AUTOS DA REPARTIÇÃOFISCAL, PARA REPRODUÇÃO. DIREITO ASSEGURADO. DEVOLUÇÃODO PRAZO DE DEFESA. SEGURANÇA DEFERIDA. REMESSA OFICIALIMPROVIDA. 1. A Constituição assegura a ampla defesa em

    processos judiciais e administrativos. 2. Vai de encontro aessa garantia a vedação de retirada de autos da repartiçãofiscal, para efeito de reprodução com vistas ao exercício dadefesa, salvo se a Administração disponibiliza cópias sem ônusà parte ou por preço correspondente ao custo mínimo domercado. 3. Tal obstáculo, cujo prejuízo à defesa se presume, justifica restituição do respectivo prazo. 4. Além disso, a liminar é de03.06.2000 e a sentença, de 13.10.2000, portanto, já surtiram seusefeitos há mais de dois anos, a esta altura já devendo estarencerrado o processo administrativo fiscal em questão.

    ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AMPLA DEFESA EMPROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. OBSTÁCULOSINJUSTIFICADOS À PARTE. RETIRADA DOS AUTOS DA REPARTIÇÃOFISCAL, PARA REPRODUÇÃO. DIREITO ASSEGURADO. DEVOLUÇÃODO PRAZO DE DEFESA. SEGURANÇA DEFERIDA. REMESSA OFICIALIMPROVIDA. 1. A Constituição assegura a ampla defesa em processos judiciais e administrativos. 2. Vai de encontro a essa garantia avedação de retirada de autos da repartição fiscal, para efeito dereprodução com vistas ao exercício da defesa, salvo se aAdministração disponibiliza cópias sem ônus à parte ou por preçocorrespondente ao custo mínimo do mercado. 3. Tal obstáculo, cujoprejuízo à defesa se presume, justifica restituição do respectivoprazo. 4. Além disso, a liminar é de 03.06.2000 e a sentença, de13.10.2000, portanto, já surtiram seus efeitos há mais de dois anos,a esta altura já devendo estar encerrado o processo administrativofiscal em questão. (REO 2000.37.00.002372-5/MA, Rel.Desembargador Federal Joao Batista Moreira, Quinta Turma,DJ p.263de 14/11/2002)(TRF-1 - REO: 2372 MA 2000.37.00.002372-5, Relator:DESEMBARGADOR FEDERAL JOAO BATISTA MOREIRA, Data de

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    Julgamento: 25/10/2002, QUINTA TURMA, Data de Publicação:14/11/2002 DJ p.263)

    Ementa: TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR DEPESSOA JURÍDICA. VIOLAÇÃO DA LEI, DE ESTATUTO OU DECONTRATO SOCIAL. MERO INADIMPLEMENTO. FALÊNCIA.PROCESSUAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. AGRAVOREGIMENTAL. Os princípios do contraditório, da ampla defesa edo devido processo legal são plenamente aplicáveis ao atoadministrativo de constituição do crédito tributário, que éplenamente vinculado. Tal como posta a questão nestes autos,toda a discussão se resume ao exame do cabimento da exceção de

    pré-executividade para discussão da validade da atribuição deresponsabilidade tributária. Autos do processo administrativoausentes. Falta de prequestionamento e necessidade de reexame defatos e de provas e da interpretação da legislação infraconstitucional(Súmulas 279, 282 e 636/STF). Agravo regimental ao qual se negaprovimento.(STF - AI: 718320 MG , Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data deJulgamento: 28/08/2012, Segunda Turma, Data de Publicação:ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-183 DIVULG 17-09-2012 PUBLIC 18-09-2012)

    ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - CONSELHO DECONTRIBUINTES - DECISÃO IRRECORRIDA - RECURSOHIERÁRQUICO - CONTROLE MINISTERIAL - ERRO DEHERMENÊUTICA. I - A competência ministerial para controlar osatos da administração pressupõe a existência de algodescontrolado, não incide nas hipóteses em que o órgãocontrolado se conteve no âmbito de sua competência e dodevido processo legal. II - O controle do Ministro da Fazenda (Arts.19 e 20 do DL 200/67) sobre os acórdãos dos conselhos decontribuintes tem como escopo e limite o reparo de nulidades. Não élícito ao Ministro cassar tais decisões, sob o argumento de que ocolegiado errou na interpretação da Lei. III –  As decisões doconselho de contribuintes, quando não recorridas, tornam-sedefinitivas, cumprindo à Administração, de ofício, “exonerar osujeito passivo “dos gravames decorrentes do litígio”   (Dec.70.235/72, Art. 45). IV – Ao dar curso a apelo contra decisãodefinitiva de conselho de contribuintes, o Ministro da Fazendapõe em risco direito líquido e certo do beneficiário da decisãorecorrida. 

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    (STJ - MS: 8810 DF 2002/0170102-1, Relator: Ministro HUMBERTOGOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 13/08/2003, S1 -

    PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 06.10.2003 p. 197RDDTvol. 109 p. 180RDR vol. 27 p. 226RSTJ vol. 190 p. 51)

    e. Leitura sugerida

    - CAIS, Cleide Previtalli. O processo tributário. 7ª ed. São Paulo: RT,2011.

    - CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário - linguagem emétodo. Capítulo 5. São Paulo: Noeses.

    - CONRADO, Paulo. Processo Tributário. 3ª ed. São Paulo: QuartierLatin, 2012.

    - COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário – Constituição eCódigo Tributário Nacional. São Paulo: Saraiva, 2015.

    - DIAS, Karem Jureidini; MARTINS, Ives Gandra da Silva (coord.).Questões Controvertidas no Processo Administrativo Fiscal –  CARF .São Paulo: RT.

    - MELO, José Eduardo Soares.  Curso de Direito Tributário.  10ª ed.São Paulo: Dialética, 2012.

    f. Leitura complementar

    - AMARAL, Igor Rosado do. A garantia constitucional do contraditórioe da ampla defesa no processo administrativo tributário. Disponívelem: http://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributario 

    - CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional . SãoPaulo: Malheiros.

    - HARADA, Kyioshi. Impugnação ou recurso administrativointempestivo não suspende a prescrição. Disponível em:http://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElh  

    http://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/artigos/23932/impugnacao-ou-recurso-administrativo-intempestivo-nao-suspende-a-prescricao#ixzz3ajvFzElhhttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/imprimir/23693/a-garantia-constitucional-do-contraditorio-e-da-ampla-defesa-no-processo-administrativo-tributario

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    - _______________.  As intimações no processo administrativotributário. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/29434/as-

    intimacoes-no-processo-administrativo-tributario  

    - PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e CódigoTributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livrariado Advogado, 2013.

    http://jus.com.br/artigos/29434/as-intimacoes-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/artigos/29434/as-intimacoes-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/artigos/29434/as-intimacoes-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/artigos/29434/as-intimacoes-no-processo-administrativo-tributariohttp://jus.com.br/artigos/29434/as-intimacoes-no-processo-administrativo-tributario