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FFI0210 Acústica Física Sistema auditivo Prof. Dr. José Pedro Donoso Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos - IFSC

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FFI0210 Acústica Física

Sistema auditivo

Prof. Dr. José Pedro Donoso

Universidade de São Paulo

Instituto de Física de São Carlos - IFSC

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Agradescimentos

Os docentes da disciplina gostariam de expressar o seu

agradecimento as editoras LTC (Livros Tecnicos e Científicos),

Cengage Learning e E. Blucher pelo acesso às figuras dos livros

textos: ” Fisica ” de Tipler & Mosca e “ Fundamentos de Física ” de

Halliday, Resnick e Walker (LTC), “ Principios de Física ” de Serway

& Jewett (Cengage Learning) e “ Acústica Aplicada ao Controle do

Ruído ” (Blucher).

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Anatomia da ouvido humano

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Som e Audição - Biblioteca Cientifica Life (Livraria J. Olympio, 1982)

Ouvido externo

O processo da audição começa quando as ondas sonoras

entram no conduto do ouvido externo. Este conduto condensa

as ondas a as leva ao tímpano.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Ouvido externo

O canal auditivo tem um diâmetro médio de 7 mm e comprimento em torno de 30

mm. Se trata essencialmente, de um duto, fechado na extremidade pelo tímpano. A

frequência de ressonância para este duto é da ordem de 3400 Hz.

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Tipler & Mosca, Física (LTC, 2009), Serway & Jewett, Princípios de Física (Cengage, 2004)

Cálculo da frequência de ressonância do canal auditivo

Consideramos o canal auditivo como uma

coluna de ar aberta em uma extremidade e

fechada na outra, de comprimento L

As frequências de ressonância na faixa

audível são três: f1 = 3400 Hz, f3 = 10.1 kHz

e f5 = 16.9 kHz

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Função de transferência

O som que chega ao tímpano é afetado pela função de transferência na

entrada do canal auditivo e pela função de transferência do conduto auditivo

externo. A primeira ressonância do canal auditivo explica a maior sensibilidade

do ouvido entre 3 e 5 kHz.

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Som e Audição - Biblioteca Cientifica Life (Livraria J. Olympio, 1982)

Ouvido médio

Os ossículos (martelo, bigorna e estribo) formam uma ponte

conduzindo as vibrações do tímpano até o ouvido interno. As

ondas chegam sob a forma de energia mecânica amplificada.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Ouvido médio

O ouvido médio consiste no tímpano e em

tres ossículos: martelo, bigorna e estribo.

Ele transfere, através dos ossículos, o

movimento vibratório do tímpano para a

janela oval da cóclea.

Na ausência dele, apenas 0.8% da

energia sonora incidente seria transmitida

para a cóclea. A função do ouvido médio é

então cassar as impedâncias e amplificar

a amplitude do som

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Urone, Physics with health science applications (Wiley 1986)

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Rossing, The Sience of Sound (Addison Wesley 1990)

Amplificação da pressão sonora

Se concentramos toda a força

que o som exerce no tímpano

sobre uma área menor, a

pressão sonora P aumentará

proporcionalmente.

Area do tímpano: 55 mm2

Area da janela oval: 3.2 mm2.

⇒ P aumenta num fator 17

Os ossículos formam um sistema de alavancas que

aumentam ainda mais a pressão (num fator de aprox. 1.4).

No total, os dois mecanismos provocam um aumento da

pressão sonora de aprox. 24 vezes

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Função de transferência do ouvido médio

A função de transferência foi obtida medindo-se a pressão sonora imediatamente

atrás da janela oval, dentro da cóclea, aplicando pressões sonoras constantes no

tímpano. O casamento de impedâncias proporcionado pelo ouvido médio resulta

numa perfeita transmissão para a cóclea, da energia sonora incidente no tímpano.

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Som e Audição - Biblioteca Cientifica Life (Livraria J. Olympio, 1982)

Ouvido interno

A força exercida pelo estribo sobre a janela oval se converte dentro do ouvido

interno cheio de líquido, em ondas de preessão. Fluindo sobre a membrana

basilar, criam ondulações que estimulam os sensíveis orgãos de Corti.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Ouvido interno

O ouvido interno consiste no laberinto ósseo (cavidades e canais dentro do osso

temporal) e no laberinto membranáceo, composto de dutos e da cóclea .

O nervo vestibular transmite para o cérebro os sinais elétricos gerados pelo sistema

vestibular (responsável pelo equilíbrio) e o nervo coclear transmite os sinais elétricos

gerados pela cóclea (responsável pela codificação das informações sonoras)

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Bistafa, Acústica aplicada aocontrole do ruído (Blucher, 2011)

A cóclea

O movimento vibratório do tímpano é transmitido

para a cóclea através dos ossículos. A janela oval é

a região de conexão do estribo com a cóclea. O

movimento vibratório gerado pelo estribo na janela

provoca ondas de pressão na perlinfa, um líquido

semelhante ao fluido cérebro-espinal.

Num adulto, a membrana basilar tem cerca de 34

mm de comprimento. Por causa da variação

gradual da largura e da espessura, há um

decrécimo de 10 mil vezes na sua rigidez, desde a

base até o ápice, o que dá a ela a sua função

fundamental de análise de frequências.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Corte de uma seção transversal dos dutos da cóclea em que se observa o

chamado orgão de Corti (em homenagem ao médico italiano Alfonso Corti,

1822-1876), assentado sobre a membrana basilar.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

A rigidez determina a frequência de ressonância de uma estrutura. Como a rigidez

da membrana basilar varia entre suas extremidades, as diferentes frequências de

som excitam diferentes regiões dela: as altas freq. excitam a extremidade basal e

as baixas a extremidade apical. A excitação sempre tem início na base. A medida

que a onda se propaga, a sua amplitude chega ao maximo numa certa região.

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Corpo Humano - Biblioteca Ciência & Natureza Life Life (Abril Livros, 1995)

A cóclea registra tons de alta frequência (1500 a 20.000 Hz) em

sua base, e de baixa frequência (20 a 500 Hz) na ponta

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Bistafa, Acústica aplicada aocontrole do ruído (Blucher, 2011)

Regiões da membrana basilar que são

excitadas por tons puros de baixa (200 Hz),

média (1500 Hz) e alta frequência (8000 Hz).

Esta característica é conhecida como

codificação localizada

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

No caso de sons complexos, cada componente espectral

excita a membrana basilar no mesmo local que o faia um tom

puro. A figura mostra a codificação da membrana para um som

com picos nas frequências de 2500, 1500 e 700 Hz.

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

O orgão de Corti

Essa estrutura se assenta na membrana basilar. Basicamente ele é um

transdutor eletromecânico : transforma o movimento vibratorio da membrana

basilar em sinais elétricos. Ele é composto por 4 mil células ciliadas internas e

16 mil externas, dispostas em fileiras. Elas captam os movimentos da

membrana e passam os sinais as células nervosas (neurônios).

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Codificação do som pelos neurônios

Codificação localizada: refere-se a regîão da membrana basilar que é excitada

Codificação da intensidade: associada a taxa de descarga de sinais elétricos gerados

pelos neurônios

Codificação temporal: as células ciliadas podem, coletivamente, responder a cada ciclo

de estímulo. O processo é conhecido como chaveamento de fase (phase locking)

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Informações do som são captados,

processados e codificados pelo

ouvido, e enviadas ao cérebro pelas

fibras nervosas auditivas. No nível

psíquico, o cérebro interpreta as

informações recebidas e determina

seu significado.

O som é caracterizado por grandezas

físicas enquanto as sensações são

caracterizadas por grandezas

psicoacústicas

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Um grupo de ouvintes foi solicitado a julgar quando um tom puro se tornava audível

e desconfortável. O resultado mostra que a sensação subjetiva de intensidade

depende da frequência do som. Um tom puro de 100 Hz será subjetivamente

percebido com menor intensidade do que um tom puro de 1000 Hz

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

A fim de medir a intensidade subjetiva dos sons, foi criada uma

grandeza psicoacústica chamada nível de audibilidade , cuja referência

é o nível sonoro de um tom puro em 1000 Hz, e a unidade é o fone .

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Bistafa, Acústica aplicada ao controle do ruído (Blucher, 2011)

Para sons que competem pelas células ciliadas de uma mesma banda, o limiar

diferencial do nível de audibilidade é de aprox. 3 fones. Para medir a variação

subjetiva de intensidade ao se variar o nível de audibilidade de um tom puro, foi

criada uma grandeza: a audibilidade , cuja unidade é o sone .

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A especialização nos hemisférios cerebrais

Esquerdo: governa a linguagem e a fala (significado das palavras), a especifidade das

imagens, o ritmo e as sequências de sons melódicos

Direito: controla as funções sensoriais (entonação da fala e seu conteúdo emocional, a

altura, timbre, tonalidade e harmonia) e texto cantado

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Roederer, Introdução a Fisica e Psicofísica da Música (Edusp, 1998)

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Referências bibliográficas

• Acústica aplicada ao controle de ruído, Sylvio Bistafa (Ed. Blucher, 2011)

• A acustica musical. Flo Menezes (Atelié editorial, 2004)

• Physics and the sound of music, J.S. Rigden, 2nd edition (Wiley 1985)

• Introdução a física e psicofísica da música. J.G. Roederer (Edusp, 1998)

• Physics with health science applications. P. Urone (Wiley, 1986)

•The Science of Sound, Thomas Rossing (Addison Wesley, 1990)