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um pouco sobre as origens do brasil

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  • LEVANTAMENTO E ANLISE DE INFORMAES SOBRE O

    DESENVOLVIMENTO DA TEMTICA HISTRIA E CULTURA INDGENA NOS

    CURSOS DE LICENCIATURA DE INSTITUIES PBLICAS E PRIVADAS

    MINISTRIO DE EDUCAO

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO

    PROJETO CNE/UNESCO 914BRA1136.3

    CONTRATO n SA-3193/2012

    RELATRIO INTERMEDIRIO DE CONSULTORIA

    CONSULTORA: Beatriz Carretta Corra da Silva

    Novembro/2012

  • 1. Antecedentes

    A publicao da Lei n 11.645, em maro de 2008, alterou o Art. 26-A da Lei 9.394 de 20 de

    dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, ao introduzir a

    obrigatoriedade da insero da temtica Historia e Cultura Indgena nos currculos oficiais das

    escolas pblicas e privadas do ensino fundamental e mdio.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional j havia sido modificada pela publicao da

    Lei n 10.639, de janeiro de 2003, que estabelecia o ensino da Histria da frica e da Cultura

    Afro-Brasileira. Ambas as leis so instrumentos de orientao para o combate discriminao

    e, ao mesmo tempo, aes afirmativas, no sentido de que reconhecem a escola como lugar da

    formao de cidados e destaca sua importncia para promover a necessria valorizao das

    matrizes culturais que fizeram do Brasil o pas rico, mltiplo e plural que .

    Essas duas leis, associadas ao Parecer do CNE/CP 03/2004, que aprovou as Diretrizes

    Curriculares Nacionais para Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de Histria

    e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas, e Resoluo CNE/CP 01/2004, que detalha os direitos

    e as obrigaes dos entes federados ante a implementao da lei, compem um conjunto de

    dispositivos legais indutores de uma poltica educacional voltada para a afirmao da

    diversidade cultural e da concretizao de uma educao das relaes tnico-raciais nas escolas.

    Tambm o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das Relaes

    tnico-Raciais e para o Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana, elaborado pelo

    Ministrio da Educao e aprovado em 2009, surge nesse mesmo contexto para orientar os

    sistemas de ensino na aplicao da legislao educacional.

    A sano dessa nova legislao significa uma mudana nas prticas e nas polticas educacionais,

    mas tambm e sobretudo no imaginrio pedaggico e na sua relao com o diverso, o

    diferente. Embora essa determinao tenha impulsionado a reviso de currculos dos cursos de

    licenciaturas e impelido programas de ps-graduao a abrirem linhas de estudos e pesquisas

    direcionados a essa temtica, em especial no que tange histria e cultura afro-brasileira, faz-

    se necessrio, ainda, como se ver adiante, orientar as Instituies de Ensino Superior na

  • aplicao da legislao educacional relativa temtica da histria e da cultura dos povos

    indgenas.

    Este Relatrio Intermedirio apresenta o progresso do estudo ora realizado e contm

    levantamento relativo ao desenvolvimento da temtica histria e cultura dos povos indgenas

    em cursos de licenciatura de instituies de ensino superior, tanto pblicas como privadas, e

    pretende servir de subsdio ao Conselho Nacional de Educao na formulao de normas e

    orientaes s instituies de ensino superior, quanto incorporao da temtica em seus

    currculos.

    2. Introduo

    Este relatrio intermedirio sobre o desenvolvimento da temtica da histria e da cultura dos

    povos indgenas nos cursos de licenciatura de instituies pblicas e privadas de ensino superior

    consta dos seguintes componentes:

    (1) Levantamento, sistematizao e anlise das informaes relativas ao desenvolvimento da

    temtica histria e cultura dos povos indgenas, nos cursos de licenciatura oferecidos por

    instituies de ensino superior, pblicas e privadas; e

    (2) Levantamento, sistematizao e anlise dos documentos, publicaes, entre outros materiais,

    impressos e digitais, produzidos por instituies de ensino superior e organizaes no

    governamentais que tratem da incluso da temtica histria e cultura dos povos indgenas no

    currculo oficial dos sistemas de ensino.

    Embora o tempo curto para a realizao desta fase da pesquisa e a falta de resposta de algumas

    instituies de ensino superior, associadas evidente impossibilidade de visitar pessoalmente as

    inmeras instituies em todo o pas, tenham delimitado o escopo do trabalho que no um

    levantamento exaustivo o universo das consultas realizadas e dos dados apresentados so

    amplamente representativos, constituindo-se este relatrio em guia aprofundado das

    informaes referentes ao tratamento dado temtica da histria e cultura indgena nos cursos

  • de licenciatura em todo o pas e mapeamento diagnstico que dimensiona com clareza as

    questes em tela.

    3. Escopo da Pesquisa

    Esta pesquisa parte do pressuposto de que a Lei 11.645/08 nasceu no bojo de uma poltica

    pblica de ao afirmativa direcionada, principalmente e em primeira instncia, populao

    negra brasileira. Longe da lgica assistencialista, tal poltica antidiscriminatria resultado de

    longas luta e resistncia contra o racismo, desenvolvidas historicamente pelas prprias

    populaes discriminadas. A defasagem de cinco anos entre a primeira lei (10.639/03), que

    determinava a incluso obrigatria da histria e da cultura africana e afro-brasileira no currculo

    escolar, e a segunda (11.645/08), que determina a obrigatoriedade da temtica da histria e

    cultura indgena, por si s demonstrao cabal do alto grau de invisibilidade a que foram

    relegadas as populaes indgenas, habitantes originrios do que veio, em passado histrico

    muito recente, a ser conhecido como Brasil.

    A data de publicao da lei em tela torna evidente que at o final da primeira dcada do sculo

    XXI os povos indgenas brasileiros vivenciaram cinco sculos de negligncia, de agresso a sua

    cultura, identidade e memria, de negao no apenas de seus direitos civis e polticos, mas

    tambm dos socioeconmicos e culturais, e de sua diversidade. Foram ainda privados do

    reconhecimento de suas etnias como construtoras do povo brasileiro e da prpria histria do

    pas.

    Entende-se que, no que tange ao campo educacional, formas de interveno como as leis em

    questo no so meras aes afirmativas e, portanto, polticas temporrias para saneamento de

    dvidas histricas , mas so verdadeiras polticas pblicas de incluso social, pois so

    instrumentos efetivos para problematizar a existncia do racismo e da discriminao nas

    relaes interpessoais no mbito escolar/acadmico e na sociedade como um todo, o que as

    torna, portanto, capazes de fomentar, a partir do conhecimento da diversidade, da histria e da

    cultura indgenas, a valorizao e reconhecimento dessas populaes como alteridade.

  • , pois, com base no entendimento de que a outridade a capacidade de apreender o outro na

    plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, principalmente e sobretudo, da sua diferena,

    que o presente estudo toma a noo de outro como diferena como constituinte da vida social

    e consequentemente fundamental no apenas para os estudos histricos, mas tambm refletida

    em concepes do eu como autor, nas artes e na literatura, em contraposio ao eu que

    surge na obra, e ainda nas relaes do homem com a natureza, como categoria fundamental de

    uma cada dia mais necessria tica ambiental.

    Nesse sentido, o recorte privilegiado neste estudo considerou especificamente os cursos de

    Graduao em Geografia, Histria, Artes Visuais, Pedagogia e Letras/Portugus, por considerar

    que essas reas so portas de acesso ao outro e de compreenso de seu universo cultural, alm

    de promoverem, pelo (re)conhecimento de formas distintas de ver e fazer, uma viso nova e

    diferenciada sobre realidades culturalmente naturalizadas.

    4. Identificao das Instituies de Ensino Superior

    Embora a Lei 11.645/08, em seu Art. 1 2, ao determinar que o contedo referente temtica

    em foco deve ser ministrado no mbito de todo o currculo escolar, faa meno especial s

    reas de educao artstica e de literatura e histria brasileiras, foram considerados para os fins

    desta pesquisa, conforme o exposto acima, os cursos de licenciatura em Geografia, Histria,

    Artes Visuais, Pedagogia e Letras/Portugus. Dentro desse universo, foi identificada uma

    grande quantidade de cursos em atividade credenciados junto ao Ministrio de Educao, na

    modalidade presencial, em todo o territrio nacional:

    Licenciatura em Geografia: 372 cursos

    Licenciatura em Histria: 511 cursos

    Licenciatura em Artes (Artes Visuais, Artes Plsticas, Belas Artes): 159 cursos

    Licenciatura em Pedagogia: 1.901 cursos

    Licenciatura em Letras/Portugus: 775 cursos

    Os cursos credenciados junto ao Ministrio da Educao na modalidade distncia, muitos dos

    quais com alcance nacional, so:

  • Licenciatura em Geografia: 29 cursos

    Licenciatura em Histria: 30 cursos

    Licenciatura em Artes (Artes Visuais, Artes Plsticas, Belas Artes): 28 cursos

    Licenciatura em Pedagogia: 121 cursos

    Licenciatura em Letras/Portugus: 52 cursos

    Deve-se ressaltar, contudo, que o nmero de cursos no equivale necessariamente ao nmero de

    Instituies de Ensino Superior, dado que muitas instituies oferecem mais de um curso, por

    exemplo, um noturno e um diurno ou, como ocorre com frequncia nas Universidades

    Estaduais, cursos em diferentes unidades da instituio disseminadas no interior dos estados.

    Ademais, algumas instituies possuem filiais em diferentes estados. O nmero de Instituies

    de Ensino Superior que oferecem cursos de licenciatura presencial nas reas aqui consideradas

    em todo o pas :

    Licenciatura em Geografia: 241 IES

    Licenciatura em Histria: 317 IES

    Licenciatura em Artes (Artes Visuais, Artes Plsticas, Belas Artes): 122 IES

    Licenciatura em Pedagogia: 990 IES

    Licenciatura em Letras/Portugus: 514 IES

    Uma vez que o site do Ministrio da Educao (e-MEC) no permite cruzar os dados dos

    diferentes estados da federao, torna-se extremamente difcil identificar quais as Instituies de

    Ensino Superior que atuam em mais de um estado.

    A distribuio por regio de cada um dos cursos de licenciatura considerados d-se da seguinte

    forma:

    Regio Norte Regio Nordeste

    Geografia: 38 Geografia: 97

    Histria: 34 Histria: 156

    Artes: 12 Artes: 32

    Pedagogia: 121 Pedagogia: 446

  • Letras/Portugus: 79 Letras/Portugus: 258

    Regio Centro-Oeste Regio Sudeste

    Geografia: 43 Geografia: 137

    Histria: 43 Histria: 199

    Artes: 9 Artes: 56

    Pedagogia: 208 Pedagogia: 833

    Letras/Portugus: 62 Letras/Portugus: 282

    Regio Sul

    Geografia: 57

    Histria: 79

    Artes: 50

    Pedagogia: 293

    Letras/Portugus: 94

    E a distribuio das Instituies de Ensino Superior por regio como segue:

    Regio Norte Regio Nordeste

    Geografia: 21 Geografia: 44

    Histria: 24 Histria: 60

    Artes: 11 Artes: 13

    Pedagogia: 65 Pedagogia: 172

    Letras/Portugus: 38 Letras/Portugus: 93

    Regio Centro-Oeste Regio Sudeste

    Geografia: 18 Geografia: 112

    Histria: 26 Histria: 150

    Artes: 08 Artes: 52

    Pedagogia: 116 Pedagogia: 490

    Letras/Portugus: 57 Letras/Portugus: 250

  • Regio Sul

    Geografia: 46

    Histria: 57

    Artes: 36

    Pedagogia: 157

    Letras/Portugus: 76

    Grfico 1: Distribuio regional dos cursos de licenciatura em Geografia, Histria, Artes,

    Pedagogia e Letras/Portugus

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    GeografiaHistria

    ArtesPedagogia

    Letras

    Norte

    Nordeste

    Centro-Oeste

    Sudeste

    Sul

  • Grfico 2: Distribuio regional das Instituies de Ensino Superior por regio e por

    curso de licenciatura em Geografia, Histria, Artes, Pedagogia e Letras/Portugus

    A literatura referente s aplicaes das metodologias quantitativas tem apontado que uma

    amostra aleatria simples representativa deve abranger uma porcentagem fixa do corpus a ser

    analisado, de cerca de 10% a 20%, dependendo do tamanho do corpus, e que esta porcentagem

    deve representar pelo menos de 30 a 40 elementos. Um aumento no tamanho amostral

    conduzir a um aumento na preciso das estimativas1. A amostragem considerada nesta fase da

    pesquisa ultrapassa largamente essa porcentagem e compreende 84 instituies que oferecem

    curso de Licenciatura em Geografia (35%), 108 que oferecem curso de Licenciatura em Histria

    (34%), 55 IES que ministram cursos de Licenciatura em Artes Visuais (45%), 328 instituies

    que oferecem curso de Licenciatura em Pedagogia (33%), e 175 (34%) instituies que

    ministram cursos de Licenciatura em Letras/Portugus em todo o pas.

    1 Oliveira & Gracio. 2005. Anlise a respeito do tamanho de amostras aleatrias simples: uma aplicao na rea de

    Cincia da Informao. DataGramaZero - Revista de Cincia da Informao, v.6, n.3, jun/05.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    GeografiaHistria

    ArtesPedagogia

    Letras

    Norte

    Nordeste

    Centro-Oeste

    Sudeste

    Sul

  • 5. Cursos de Graduao em Geografia Licenciatura

    A Geografia estuda a relao recproca do homem com o meio ambiente; seu objeto central

    pode ser considerado a relao homem/natureza e, portanto, a forma como as foras naturais

    moldam o espao geogrfico e como o homem pode modificar essas foras pelo uso de

    tecnologia. De uma forma geral, a nfase atual em diversos cursos de Graduao em Geografia

    Licenciatura, de acordo os projetos poltico-pedaggicos que os orientam e organizam, est

    centrada na anlise, interpretao e reflexo sobre questes que permitem entender o lugar e o

    mundo como totalidades indissociveis.

    A Geografia encontrou seu objeto prprio atravs do estudo das paisagens; objeto esse que

    relaciona as cincias naturais, humanas, econmicas e sociais. O foco da geografia a relao

    do homem com a natureza, considerando a totalidade dos elementos, processos e caractersticas

    dessa relao. Nesse contexto, sejam quais forem os eixos norteadores dos cursos de Geografia,

    de uma maneira geral, a ambio dos diferentes cursos formar professores com habilidades

    crticas e reflexivas, capazes de compreender seu real papel na construo de uma sociedade

    brasileira mais justa e menos desigual. De uma forma ou de outra, os cursos de Geografia

    devem introduzir no debate a questo do territrio, da vida social e coletiva, da comunidade

    como sujeito da transformao social.

    Embora a grande maioria dos cursos de Geografia oferea disciplinas como Geografia Cultural,

    especialmente como optativas, em que so abordadas questes referentes especificidade

    cultural do processo evolutivo humano, a conceituao de cultura e prticas culturais

    relacionadas a espaos geogrficos especficos, bem como a relao entre cultura e apropriao

    do espao, no h, a no ser por iniciativa privativa do professor, a incluso de abordagens que

    contemplem a relao dos povos indgenas brasileiros com a natureza ou o reconhecimento de

    que o meio ambiente e seus diversos ecossistemas so fator gerador do processo cultural das

    sociedades indgenas, na medida em que essas populaes e suas organizaes sociais tiveram

    que desenvolver estratgias de adaptao a cada um dos diferentes ecossistemas que habitam, na

    busca dos meios necessrios sua sobrevivncia.

  • Com efeito, importante salientar que grande parte dos cursos de Geografia no promoveu

    ainda mudanas ou revises curriculares em decorrncia da Lei 10.639/03 ou do Parecer

    CPE/CP 3/2004, que configura as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das

    Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana, e da

    Resoluo CNE/CP 1/2004. A Lei 11.645/08 no parece ter sido considerada pelos cursos em

    apreo, talvez por desconhecerem ou desconsiderarem a utilidade ou necessidade da incluso da

    temtica indgena no contexto da geografia.

    Algumas Instituies de Ensino Superior, contudo, introduziram disciplinas como Educao e

    Relaes tnico-Raciais ou Educao para a Diversidade Cultural e de Gnero nos cursos de

    Licenciatura em Geografia, demonstrando sensibilidade para o papel do professor gegrafo na

    conformao de uma sociedade mais justa e menos desigual. Contudo, no corpus analisado,

    apenas a Universidade Comunitria da Regio de Chapec, em Santa Catarina, introduziu a

    disciplina Antropologia das Sociedades Indgenas e Afrodescendentes, que tem como objetivo

    conhecer a diversidade das sociedades indgenas e afrodescendentes no Brasil, enfocando

    aspectos histricos, demogrficos, lingusticos, ideolgicos e culturais, demonstrando

    adequao legislao atual.

    Merecem destaque, igualmente, as iniciativas da Universidade de Santo Amaro, que oferece a

    disciplina Cultura Afro-Indgena Brasileira, paralelamente disciplina Cultura Brasileira. Esta

    universidade tambm tem promovido cursos de extenso universitria, como o curso Cultura

    Afro-Indgena Brasileira, com o intuito de dar subsdios a professores das redes pblica e

    privada e fomentar a formao de conscincia crtica em relao importncia e preservao de

    testemunhos materiais. O curso de 30 horas oferecido na modalidade presencial para

    graduados dos cursos de Histria, Geografia, Pedagogia e Turismo.

    Este mesmo curso j foi ofertado anteriormente com outro formato mais enxuto, com 20 horas

    de durao, com o intuito de capacitar graduados de Letras, Histria, Geografia e Pedagogia

    para a discusso dos contedos relacionados cultura afro-indgena brasileira no ensino bsico.

    Dentre os cursos de extenso universitria que j foram oferecidos em outros momentos por

    essa Universidade, so de especial interesse para o tema tratado os cursos: Histria e Culturas

  • Indgenas na Sala de Aula, de 24 horas, aberto a professores e graduandos de qualquer curso de

    licenciatura e cincias humanas, cujo objetivo central foi refletir sobre relaes de identidade e

    alteridade na sociedade brasileira, focalizando a construo da etnicidade e a atuao de grupos

    indgenas no convvio com outros grupos tnicos e sociedades, em diferentes momentos

    histricos, a partir da anlise de linguagens e mdias utilizadas como recurso pedaggico em

    diversos nveis de escolarizao, da educao bsica ao ensino superior; e Relaes tnico-

    Raciais, de 16 horas, destinado ao pblico em geral e que visava discutir e problematizar o

    papel dos ndios, dos europeus e dos escravos negros na formao da populao brasileira.

    Deve-se salientar, ademais, que estados mais sensveis questo indgena, seja pela presena

    atual de grupos indgenas ou pelo reconhecimento histrico da presena indgena, tm sido mais

    ativos nas reformas e adaptaes curriculares. Enquanto estados com forte presena de

    imigrantes europeus ou asiticos e pouco ou nenhum reconhecimento da presena histrica e

    atual das populaes indgenas, como o Rio Grande do Sul, pouco fizeram para acrescentar esse

    contedo aos cursos de licenciatura em Geografia; estados como o Acre contemplam a temtica

    indgena em disciplinas como Geografia Cultural e complementam com disciplinas como

    Histria da Amaznia. No obstante, essas disciplinas so optativas e no foram

    necessariamente reformuladas para acomodar o carter dinmico das relaes intertnicas

    anteriores e posteriores ao contato ou o carter histrico dos processos sociais de formao dos

    territrios.

    Por outro lado, vale registrar a incluso no curso de Licenciatura em Geografia da Universidade

    Estadual do Alagoas da disciplina Geografia das Sociedades Indgenas, que busca discutir as

    relaes dos povos indgenas no Brasil e a nossa sociedade de no ndios, enfocando

    prioritariamente o Nordeste e particularmente o estado do Alagoas, a partir de uma perspectiva

    histrico-dialtica que aponta para o entendimento da Geografia como uma modalidade de

    abordagem histrica.

    6. Cursos de Graduao em Histria Licenciatura

    Ainda que possa ser definida como a cincia que estuda o homem e sua ao no tempo e no

    espao, alm dos processos e eventos ocorridos, o campo e o conceito de Histria tm mudado

  • continuamente. De acordo com os projetos poltico-pedaggicos dos cursos de Licenciatura em

    Histria, de maneira geral, o ideal almejado pelos cursos um profissional capaz de atuar como

    agente de transformao e construo da sociedade baseada em valores de integridade e

    compromisso com o bem comum, capaz de preservar o conhecimento historicamente

    acumulado e de construir novos conhecimentos por meio da pesquisa e da prtica reflexiva.

    essa constante redefinio do entendimento histrico, dos seus objetos e da produo

    bibliogrfica na rea que determina a necessidade de que o historiador seja ao mesmo tempo

    professor e pesquisador, para alm do contedo histrico/historiogrfico obrigatrio. Os cursos

    de Licenciatura em Histria tm em comum a busca do conhecimento por duas vias: o primeiro

    relativo ao estudo crtico-reflexivo do conhecimento terico-emprico j produzido, e o segundo

    aberto ao novo e ao desconhecido, revelado somente atravs da prtica da pesquisa ao visitar

    arquivos, monumentos, museus, ler a carta que resistiu ao tempo, ouvir lembranas, e lanar um

    olhar curioso para a rua, com o intuito de reconstruir a Histria a partir do seu lugar social de

    atuao profissional e atravs da prtica de ensino ao repensar o conhecimento adquirido e

    pesquisado, entender o processo de assimilao do conhecimento, analisar o material didtico

    produzido, conhecer o universo escolar, elaborar material de apoio.

    evidente que o curso de Histria o lugar por excelncia para a incluso da temtica indgena

    e, naturalmente, foram esses os cursos que responderam mais rapidamente mudana da

    legislao. A aceitao da incluso da histria e da cultura indgena nos contedos

    programticos das licenciaturas em Histria no foi, contudo, nem pacfica nem automtica. E

    tem gerado muitas dvidas e discusses.

    Em primeiro lugar, no se pode deixar de mencionar que a disciplina de Histria da frica

    tradicional em boa parte dos cursos de Licenciatura em Histria, embora alguns cursos

    apresentem variaes de difcil definio, como Histria Afro-Asitica ou Cultura Afro-

    Asitica. No que tange, portanto, incluso da histria africana, muitos cursos consideram o

    tema resolvido na prpria tradio acadmica e pouco esforo foi feito no sentido de incluir a

    vertente afro-brasileira desses estudos africanistas. Merece registro o fato de que, por exemplo,

    o Centro de Ensino Superior de Macei ministra a disciplina Histria do Escravismo no Brasil,

    embora no contemple as sociedades indgenas com nenhuma disciplina especfica.

  • Por outro lado, frequente a ideia em muitos cursos de Histria de que as disciplinas Histria

    do Brasil e/ou Histria da Amrica j contemplam o contedo referido pela Lei 11.645/08, ou, o

    que ainda mais grave, que todo professor habilitado ao ensino de Histria do Brasil est

    automaticamente habilitado a dissertar sobre Histria Indgena. Observe-se que tal postura

    refora a situao de invisibilidade e discriminao das sociedades indgenas, visto que essas

    disciplinas so estruturadas nos termos da histria cannica, isto , a histria tem incio com a

    descoberta do Brasil/Amrica pelos europeus e narrada nos termos da histria europeia,

    portanto, do ponto de vista do colonizador.

    Alguns cursos tambm oferecem a disciplina Histria da Amrica Pr-Colombiana ou Amrica

    Indgena Pr-Colombiana, ou outra variao no ttulo, que tampouco responde exigncia da

    Lei 11.645/08, uma vez que aborda de maneira panormica as sociedades indgenas do

    continente americano como um todo a partir do povoamento das Amricas, a distribuio das

    populaes e stios pr-histricos e, normalmente, detm-se sobre as chamadas altas culturas

    andinas e mesoamericanas. Note-se que mesmo os livros didticos e manuais escolares, ao

    tratarem da Amrica pr-hispnica, alongam-se ao discorrerem sobre os imprios Inca, Maia e

    Asteca, pois so os que mais se aproximam da noo europeia de civilizao por apresentarem

    estado centralizado, hierarquia social, obras arquitetnicas e urbanas, etc.

    Embora todas essas disciplinas sejam importantes para a formao do professor de histria, elas

    cumprem outro papel que no se relaciona minimamente com o reconhecimento da alteridade

    indgena no pas e a necessidade de multiplicar ideais antidiscriminatrios a partir do

    reconhecimento de seu protagonismo histrico e na formao do pas. De fato, tais posturas no

    contribuem para abalar a prevalncia de personagens europeus na construo da Amrica e,

    ainda, reforam a ideia de que os povos indgenas brasileiros so (ou devem ser) relquias vivas

    congeladas numa pr-histria imutvel. Assim, ao optarem por no criar uma disciplina

    especfica de Histria Indgena, preferindo diluir esse contedo nas disciplinas de Histria do

    Brasil ou da Amrica, os cursos de Licenciatura em Histria no apenas no cumprem a Lei

    11.645/08, como ainda posicionam-se incontestavelmente contra ela, reforando um

    conhecimento informado por uma historiografia eurocntrica e mantendo a ideia folclorizada de

    um ndio prstino e autntico que contrasta dramaticamente com o ndio real.

  • Outros cursos alegam falta de informao e de clareza da lei. Isso, no entanto, no impediu que

    grande nmero de cursos de Licenciatura em Histria decidisse pela incluso da temtica em

    seus currculos e h exemplos em todo o pas de criao de disciplinas, tais como: Histria das

    Sociedades Indgenas, disciplina optativa de 40 horas introduzida pela Universidade Estadual do

    Alagoas com o intuito de abordar os aspectos histricos da populao indgena: do povoamento

    e desenvolvimento econmico, social e poltico at os nossos dias; Cultura Indgena no Brasil,

    disciplina complementar de 60 horas introduzida pela Universidade do Sul de Santa Catarina;

    Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena, disciplina modular de 60 horas introduzida pela

    Universidade do Estado do Amazonas; ou Histria dos Povos Indgenas e Afrodescendentes,

    disciplina de 44 horas introduzida pela Universidade Estcio de S; ou Laboratrio de Ensino de

    Histria Indgena, disciplina optativa de 60 horas que aborda a representao do ndio na

    sociedade brasileira, o ensino da temtica na educao bsica e, ainda, estimula os alunos a

    desenvolver pesquisa e produzir material didtico para o ensino da histria indgena.

    Outras Instituies de Ensino Superior, contudo, optaram por enriquecer o currculo de seus

    cursos de Graduao em Histria e diversificaram a oferta de disciplinas especficas, como o

    caso da Universidade Federal de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, onde foram criadas duas

    disciplinas: Histria e Cultura Indgena e Fontes para Histria Indgena e Quilombola. J a

    Universidade Federal do Par e a Universidade Federal da Bahia incluram a disciplina optativa

    de Histria Indgena e do Indigenismo, de carter historiogrfico, voltada para a considerao

    das anlises sobre as sociedades indgenas, sobre as polticas indigenistas e sua relao com as

    questes ambientais no passado e no presente.

    interessante notar que na Regio Nordeste, houve alguma movimentao no sentido de tornar

    a temtica indgena questo de grande relevncia nos cursos de Histria e diversos so os

    exemplos de criao de disciplinas: o Centro de Ensino Superior do Vale do So Francisco

    introduziu a disciplina Histria e Historiografia dos Povos Indgenas do Nordeste, privilegiando

    a temtica indgena obrigatria no mbito dos estudos regionalizados; a Faculdade de Belo

    Jardim introduziu a disciplina Histria Indgena, ao passo que a Faculdade de Filosofia de

    Caruaru ministra a disciplina Etnias Nativas e Diversidade Sociocultural no Brasil; tambm a

    Universidade Estadual de Santa Cruz oferece a disciplina Histria Indgena.

  • H ainda instituies que instituram uma trama de disciplinas interligadas e complementares,

    fomentando a coeso dos currculos no que diz respeito temtica em tela, como o caso da

    Universidade da Amaznia, que introduziu o par de disciplinas Histria e Cultura Indgena e

    Histria e Cultura Africana, ambas obrigatrias e de 60 horas, articuladas em

    complementariedade com a disciplina Projeto Interdisciplinar: Histria e Cultura Afro-

    Brasileira e Indgena, em mdulo posterior de aprofundamento com 40 horas, tambm

    obrigatria. Nesse mesmo esprito, porm priorizando o componente da educao com reflexos

    diretos na prtica docente, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul introduziu as

    disciplinas Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Educao das Relaes

    tnico-Raciais e, por fim, Histria Indgena.

    De outra parte, muitas Instituies de Ensino Superior em todas as regies do pas apostaram na

    formao continuada de professores e passaram a oferecer cursos de especializao em nvel de

    Ps-Graduao em Histria Afro-Brasileira e Indgena (UFPA Camet), ou Histria e Cultura

    Afro-Brasileira e Indgena (CESVASF), ou A Nova Histria Indgena (UNISINOS), ou em

    Histria do Brasil (FAFICA), abordando questes como a histria da frica e afrodescendncia

    no Brasil e a colonizao do pas do ponto de vista da dominao e resistncia dos povos

    autctones, ou ainda em Histria dos Povos Indgenas e do Indigenismo na Amaznia (FIBRA).

    Cursos como esses merecem destaque por no serem meras respostas a uma necessidade de

    capacitao e adequao do profissional da rea da educao para a abordagem crtica da

    matria em sala de aula. Estes cursos vo alm ao introduzirem o aluno no mundo da Etnologia

    Indgena, apresentando seus pressupostos tericos e metodolgicos, e abordando o dilogo entre

    a Antropologia e a Histria e suas possibilidades interdisciplinares. Cursos com essas

    caractersticas alm de contriburem para a formao do cidado/professor com relao s

    diferenas tnicas e raciais, que servir como agente multiplicador da tolerncia e do respeito

    alteridade, so cruciais, ademais, para o reconhecimento da enorme diversidade tnica, cultural

    e lingustica do pas e promovem o conhecimento da fundamental contribuio dos povos

    indgenas para a histria e cultura brasileira em todos os seus aspectos.

    Deve-se ressaltar, contudo, que a maior parte desses cursos de formao continuada ou

    atualizao, seja como cursos de especializao ou de extenso, oferecida por Instituies de

  • Ensino Superior privadas, o que os torna inacessveis ou de difcil acesso a boa parte dos

    professores do ensino bsico, em especial da rede pblica, devido aos baixos salrios da

    categoria. Por evidente, no cabe aos docentes em atividade o nus pela obrigatoriedade da lei.

    7. Cursos de Graduao em Artes Visuais Licenciatura

    No contexto da legislao atual, a arte concebida como linguagem, o que no apenas valoriza

    seus processos cognitivos, desvinculando-a da concepo de dom, mas tambm a reconhece

    como rea do conhecimento especfico. Com o intuito de superar a noo polivalente (msica,

    dana, artes cnicas, artes plsticas, etc.), os cursos estruturam-se hoje em torno de uma

    formao especfica.

    De acordo com os projetos poltico-pedaggicos que organizam e definem os diversos cursos de

    Graduao em Artes Visuais, a Arte constitui-se em estratgia de entendimento do mundo.

    Nesta perspectiva, as atividades artsticas so importantes no s porque possibilitam a

    ampliao do tempo e do espao de contato com a produo cultural, mas, porque permitem aos

    diferentes sujeitos experienciar a produo artstica no apenas como objeto de museu, exposta

    a uma curiosidade indiferente, mas como via de apropriao da realidade humano-social.

    Em vista disso, alm das disciplinas que fundamentam o ensino/aprendizagem na esfera

    especfica das Artes, de uma maneira geral, os diversos cursos articulam tambm as

    contribuies resultantes das diferentes reas do saber como, por exemplo, as teorias da arte, a

    filosofia, a histria, a sociologia, a antropologia, psicologia, entre outras, integradas formao

    com base na pesquisa, na experimentao de novas prticas artsticas e no ensino.

    Ainda assim, e apesar da clareza do texto da lei que determina a abordagem da temtica em

    apreo em especial na rea da educao artstica, apenas dois cursos de Graduao em Artes

    Visuais, no mbito da amostra considerada, introduziram o tema. Deve-se registrar que muitos

    dos cursos avaliados apresentam projetos poltico-pedaggicos aprovados em 2009 ou 2010, e,

    portanto, aps a vigncia da lei, mas no fazem meno sequer introduo de educao para a

    diversidade, ou para as relaes tnico-raciais, ou consideram o aporte da cultura e arte africana

  • ou afro-brasileira em seus currculos , todos itens referentes legislao anterior, vigente desde

    2003 e 2004.

    No entanto, dentre os cursos mais novos, reconhecidos no ano de 2011, o curso de Artes Visuais

    oferecido pelo Centro Universitrio Claretiano introduziu as disciplinas Histria e Cultura Afro-

    Brasileira, Africana e Indgena I e II, ambas com horria de 30 horas. Esta Instituio possui

    programa de formao de professor na modalidade de ensino distncia. Vale notar, contudo,

    que apesar de ter tido seus cursos de formao de professor reconhecidos no ano de 2011 em

    quatro das cinco reas abrangidas por este estudo (o curso de Graduao em Letras foi

    reconhecido em 2008), apenas o curso de Graduao em Artes Visuais introduziu as disciplinas

    mencionadas.

    Tambm a Escola de Msica e Belas Artes do Paran, ao renovar o reconhecimento em 2010,

    introduziu em seu currculo de Licenciatura em Artes Visuais, vigente a partir de 2011, a

    disciplina Histria da frica e Cultura Afro-Brasileira e Indgena, de 68 horas. Ressalte-se que

    essa mesma disciplina faz parte do currculo do curso de Licenciatura em Msica desta mesma

    Instituio.

    Alm dessas duas Instituies de Ensino Superior, no contexto da amostragem realizada, apenas

    a Universidade Luterana do Brasil introduziu, em seu novo currculo vigente a partir de 2011, a

    disciplina Histria e Cultura Afro-Brasileira, de 68 horas. Embora a disciplina tenha uma

    ementa instigante e ampla, ao abordar a histria e a cultura da frica Atlntica, do trfico

    negreiro e dos africanos e seus descendentes no Brasil, desde o sculo XVI at a sociedade

    contempornea e considerar a resistncia negra ao regime escravista, as relaes tnico-raciais

    no Brasil, particularmente os conceitos de racismo brasileira, branqueamento e democracia

    racial, a reproduo e o combate ao racismo desde a ps-abolio at os dias de hoje, no h

    qualquer meno histria e cultura indgena.

    V-se, pois, que mesmo Instituies que tiveram seus currculos de graduao renovados muito

    recentemente, desconsideraram por inteiro a Lei 11.645/08 e esqueceram-se de fazer meno

    aos povos indgenas brasileiros e sua histria e cultura. No apenas perdem a oportunidade de

    propiciar a seus alunos uma viso mais completa da complexa realidade multicultural,

  • multitnica e multilngue do pas, promovendo a compreenso e o reconhecimento da

    resistncia indgena, de sua relao com a alteridade, sua luta contra o regime escravista e

    atitude frente a polticas de branqueamento e assimilao ou extino pura e simples, como

    ainda abrem mo de oferecer aos alunos o conhecimento da rica e pujante arte indgena de

    outrora e da atualidade em suas distintas modalidades: arte plumria, tranado, tecelagem,

    cermica, pintura corporal.

    Para alm de meras consideraes carregadas de significado poltico, ignorar o fazer artstico

    dos povos indgenas brasileiros deixar escapar uma oportunidade de pensar a arte

    corriqueiramente chamada de primitiva a partir de outra perspectiva, aproximando-a da arte

    contempornea a partir de linguagens e conceitos de produo da arte e relacionando-a arte

    conceitual e performance. Explorar a ideia de contemporaneidade da arte indgena tambm

    uma forma de cumprir com as exigncias da lei ao mesmo tempo em que se enriquece a

    formao do futuro professor de artes ao faz-lo experienciar a apropriao da realidade

    humano-social conforme plasmado em alguns projetos poltico-pedaggicos ao dirigir o

    interesse s prticas artsticas de sociedades indgenas por seu carter integrado nos diversos

    domnios da vida social e sua natureza mltipla, ativa, participante e coletiva2.

    8. Cursos de Graduao em Pedagogia Licenciatura

    Com base na leitura dos projetos poltico-pedaggicos de diversos cursos de Graduao em

    Pedagogia, entende-se que a formao do pedagogo vai alm da soma das especializaes

    tcnicas alternativas feitas como opes excludentes no decorrer da graduao, e por isso deve

    ser resultante de um curso voltado para a investigao e compreenso dos problemas gerais das

    instituies escolares e no escolares e de seus agentes. Nesse sentido, os cursos de Pedagogia,

    de maneira geral, propem-se oferecer uma iniciao atividade investigativa e crtica das

    prticas, da cultura e do saber escolar, como forma de preparar o profissional para enfrentar os

    desafios de uma sociedade com demandas educacionais complexas e cambiantes.

    , pois, com o objetivo de formar um profissional empenhado na transformao da realidade

    educacional e capaz de compreenso crtica das polticas e projetos educacionais, que os

    2 MULLER, Regina Polo. 2008. A arte dos ndios e a arte contempornea. Cincia e Cultura, v. 60, n. 4, So Paulo.

  • diferentes cursos organizam-se com vista a desenvolver no graduando atitudes que demonstrem

    o compromisso com a construo de um projeto educacional que priorize e expresse uma

    educao efetivamente democrtica e socialmente referenciada.

    Nesse contexto, e acompanhando a legislao, muitos cursos de Graduao em Pedagogia

    modificaram seus currculos para incluir disciplinas que contemplem, em especial, a Educao

    para as Relaes tnico-Raciais ou as Relaes tnico-Raciais na Educao que, de maneira

    geral, introduzem o conceito de alteridade e abordam questes de identidade e etnia, o direito

    diferena, como o caso do Centro Universitrio da Grande Dourados, ou ainda disciplinas

    mais amplas, como Estudos das Relaes tnico-Raciais para o Ensino de Histria e Cultura

    Afro-brasileira e Africana e Indgena, do Centro Universitrio UNINTER.

    Algumas Instituies de Ensino Superior mais sensveis questo indgena foram mais criativas

    e introduziram disciplinas como Sociedades Indgenas e Educao, na Universidade do Estado

    do Amazonas, ou Antropologia e Relaes tnico-Sociais na Educao, na Escola Superior

    Batista do Amazonas. A Universidade Estcio de S introduziu nos cursos de licenciatura em

    Letras, Histria e Pedagogia a disciplina Histria dos Povos Indgenas e Afrodescendentes, ao

    passo que a Universidade de Santo Amaro acrescentou nos currculos das licenciaturas em

    Histria, Geografia, Letras e Pedagogia a disciplina Cultura Afro-Indgena Brasileira.

    Note-se que, assim como os cursos de Graduao em Histria, as licenciaturas em Pedagogia

    responderam mais prontamente s demandas da lei do que outras licenciaturas, mas a adaptao

    dos currculos para abrigar a temtica indgena tem sido tambm lenta e secundria em relao

    s exigncias relativas histria e cultura afro-brasileira, de forma que a maior parte dos cursos

    que optou por inovar o currculo o fez acrescentando contedos referentes aos povos indgenas a

    disciplinas que contemplam de alguma forma a diversidade, a diferena e a incluso.

    Deve-se observar que muitos cursos de Pedagogia, em especial em Instituies em estados com

    forte presena indgena, oferecem disciplinas referentes Educao Indgena. Contudo, a

    disciplina Educao Indgena, e suas variaes, como Prtica Pedaggica em Educao

    Indgena, no devem ser entendidas como uma reao Lei 11.645/08, dado que fazem

    referncia educao escolar indgena, que direito social fundamental das comunidades

  • indgenas, conforme o texto constitucional, que prev educao escolar diferenciada, especfica,

    intercultural e bilngue, fazendo uso das lnguas maternas e de processos prprios de

    aprendizagem que valorizam os conhecimentos e prticas tradicionais dos povos indgenas.

    Para atender, pois, aos preceitos da diferena e da especificidade da educao indgena o

    prprio Ministrio da Educao publicou, em 1998, o Referencial Curricular Nacional para as

    Escolas Indgenas, que deve ser o documento norteador dos contedos programticos dessas

    disciplinas, oferecendo ao futuro pedagogo conhecimento sobre saberes e fazeres tradicionais e

    realidade da educao escolar indgena no contexto regional e local. Entende-se, destarte, que a

    disciplina Educao Indgena responde s exigncias dos Artigos 215 e 216 da Constituio

    Federal de 1988 e atende ao Referencial Curricular determinado pelo MEC, no tendo relao

    nenhuma com a obrigatoriedade do ensino da temtica da histria e cultura indgena na escola

    no indgena, nas redes de ensino pblica e privada no seio da sociedade dominante.

    Cabe salientar que algumas Instituies de Ensino Superior optaram por oferecer cursos de

    Formao de Professores em Histria e Cultura Indgena, como o caso da Fundao

    Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em seu campus de Navira, onde conta com

    cursos de Graduao em Pedagogia e Cincias Sociais. A proposta do curso de extenso de

    atender a demanda regional por professores com conhecimentos nesta rea e transform-los em

    multiplicadores deste conhecimento. O curso foi oferecido neste segundo semestre de 2012.

    Tambm a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ofereceu curso de extenso em

    Formao Continuada na Lei 11.645/08 - Educao Indgena, por meio do Museu Universitrio

    e do Departamento de Educao e Desenvolvimento Social. Ao passo que outras instituies

    optaram por desenvolver oficinas curtas de um dia ou dois para oferecer subsdios para o ensino

    da histria e cultura indgena na escola, como a Faculdade de Educao da Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro, que abriu suas portas para professores da rede pblica ou privada e

    para alunos dos cursos de licenciatura.

    Vale registrar a existncia do curso de Graduao em Pedagogia Intercultural na Universidade

    do Estado do Amazonas que, tendo iniciado como Licenciatura Intercultural Indgena, em 2009,

    destinada a professores de escolas indgenas do ensino fundamental, preferencialmente

  • indgenas, foi reestruturado para Pedagogia Intercultural que, ainda que oferecido em condies

    especiais, tendo em vista a populao indgena participante, no cria uma habilitao para

    atividade profissional especfica e diferenciada.

    interessante observar que a mudana ocorrida nesse curso de Pedagogia deveu-se falta de

    candidatos indgenas aptos a matricular-se, tendo a previso original de 70% das vagas para

    professores indgenas ou de escolas indgenas e 30% para no indgenas sido invertida pela

    inscrio de 72% de no ndios e 28% de candidatos indgenas. Dessa forma, com a nova

    configurao, o curso de Pedagogia Intercultural passou a formar professores para atuarem nas

    redes pblica e privada da educao bsica, conforme as Diretrizes Curriculares para o curso de

    Pedagogia regulamentadas pela Resoluo CNE/CP 01/2006, mas tambm, devido ao desenho

    distinto em relao aos povos indgenas, profissionais para o atendimento Lei 11.645/08. Este

    talvez seja o nico curso de Graduao em Pedagogia no pas projetado para capacitar mo-de-

    obra especfica e especializada nos diferentes aspectos relativos s culturas indgenas, africanas

    e africanizadas para atuar no contexto da escola pblica ou privada no diferenciada.

    Cabe salientar que foi realizado levantamento do universo scio-lingustico-cultural dos alunos

    do curso e foi constatado que faziam parte dos 2.500 acadmicos: indgenas, quilombolas,

    ribeirinhos, pescadores, alm de pessoas que tinham origem nos antigos seringais. Isto , toda a

    diversidade de povos e comunidades tradicionais da Amaznia que no tinham sido

    originalmente pensadas como pblico para o curso. Esta constatao provocou uma mudana

    importante no enfoque do curso, que primeiramente contemplava a temtica indgena sem

    garantir questes referentes s especificidades dos povos indgenas presentes no curso. Alm da

    adaptao do curso realidade regional, o maior conhecimento do pblico especfico do curso

    permitiu a previso de bolsas para alunos intrpretes, espcie de tradutores culturais escolhidos

    por seus grupos de pertencimento cultural e lingustico.

    Atualmente, dentre os 2.044 alunos que cursaro a etapa final do curso ministrado

    simultaneamente em 52 municpios , nos meses de janeiro e fevereiro de 2013, 586 so

    indgenas pertencentes aos povos: Apurin, Arara, Baniwa, Bar, Dessana, Hexkariana,

    Jamamadi, Kaixana, Kambeba, Katukina, Kokama, Kulina, Macuxi, Marubo, Mayoruna,

  • Miranha, Munduruku, Mura, Parintintin, Piratapuia, Satere-Maw, Tariano, Tukano, Tenharin,

    Tikuna, Tor, Tuyuka, Wanano, Yanomami.

    9. Cursos de Graduao em Letras/Portugus Licenciatura

    O curso de Licenciatura em Letras tem por objetivo formar professores habilitados a lecionar

    lngua e literatura em todos os nveis de ensino, buscam ampliar as possibilidades de leitura e

    interpretao dos seus objetos de estudo e conhecimento: a linguagem, a lngua portuguesa e as

    diferentes expresses literrias em lngua portuguesa. A ambio generalizada dos cursos de

    Licenciatura em Letras/Portugus desenvolver um suporte terico e metodolgico que

    possibilitem transformaes no mbito da educao na sociedade brasileira.

    Apesar da ambio de transformao registrada em projetos poltico-pedaggicos e descries

    de cursos, no h, de um modo geral, o entendimento por parte dos cursos de Graduao em

    Letras de que a introduo de contedo referente temtica indgena tenha alguma relao com

    seus objetos de estudo lngua e literatura. De fato, os cursos procurados diretamente por

    correspondncia mostraram-se surpresos com a demanda, ainda que a Lei 11.645/08 mencione

    direta e especificamente a literatura brasileira como uma das reas por excelncia para a

    introduo da temtica da histria e cultura indgena.

    Note-se que muitos cursos de Letras, em especial em Instituies de Ensino Superior de grande

    porte e significativa infraestrutura, oferecem a disciplina Literaturas Africanas de Expresso

    Portuguesa ou Literatura Africana em Lngua Portuguesa. Essas disciplinas, no entanto, so to

    tradicionais quanto a de Histria da frica para os cursos de Histria e j faziam parte do

    currculo de Letras muito antes da vigncia da lei em questo.

    Deve-se salientar, no entanto, que tais disciplinas oferecem um lcus privilegiado para discutir a

    negritude, a africanidade, a chamada literatura de raiz africana e o que ela significa em termos

    de confronto, de resistncia, de rebelio e de revoluo literria, lingustica e ideolgica ,

    alm de estabelecer dilogos com a literatura brasileira em especial com a literatura

    regionalista da dcada de 30 e propiciar o (re)conhecimento de nossa matriz africana, de

    forma a promover a quebra de preconceitos de todo tipo. Embora no tenha relao direta com a

  • temtica indgena, tais disciplinas tm papel importante a desempenhar nos cursos de

    Graduao em Letras, onde deveriam ser obrigatrias e no optativas, como forma de promover

    o contato com autores africanos e a compreenso dos estreitos laos entre Brasil, Angola,

    Moambique, Cabo Verde e outros pases que sofreram semelhante processo de construo3.

    No que diz respeito temtica indgena, a Universidade Estcio de S introduziu a disciplina

    Histria dos Povos Indgenas e Afrodescendentes, no apenas na Letras, mas tambm em outras

    licenciaturas; a Universidade da Amaznia introduziu a disciplina Histria e Cultura Afro-

    Brasileira e Indgena nos cursos de Licenciatura em Letras e em Pedagogia; e a Universidade de

    Santo Amaro, a disciplina Cultura Afro-Indgena Brasileira, tambm em diversos cursos de

    licenciatura, alm de oferec-la como curso de extenso universitria para dar subsdios a

    professores das redes pblica e privada. Aspecto importante deste curso da UNISA que a

    questo do negro e do ndio tratada sob a mesma perspectiva, abordando concomitantemente a

    escravido e a catequese, a religiosidade e a musicalidade, e a complexidade da situao atual

    de excluso, discriminao e polticas compensatrias para as diversas etnias, sejam elas

    originrias ou no. A prpria discrepncia das datas de promulgao das leis 10.639/03 e

    11.645/08 j indicativa da necessidade de pensar a discriminao de forma ampla, da

    perspectiva de etnias passveis de serem escravizadas/dominadas/discriminadas muito mais do

    que de raa conceito sem fundamento antropolgico e relevante somente na medida em que se

    quer tornar a questo indgena invisvel.

    Por outro lado, a Universidade do Estado do Amap introduziu a disciplina Estudos Culturais e

    Lingusticos Afrodescendentes e Indgenas no Brasil, demonstrando que possvel encontrar

    reflexos na cultura brasileira das manifestaes artstico-literrias de afrodescendentes (lendas,

    letras de cano, ritos, etc.), assim como da literatura oral indgena (lendas e mitos). Enquanto a

    Faculdade Integrada Brasil Amaznia introduziu no currculo de Letras duas disciplinas:

    Literatura de Expresso Afro-Brasileira e Literatura de Expresso Amaznica, ampliando o

    leque de possibilidades de abordar ambas as temticas indgena e negra. H tambm o caso da

    Faculdade Cenecista de Osrio, no Rio Grande do Sul, que optou por reunir ambas temticas na

    disciplina Estudos tnico-Culturais Brasileiros.

    3 Rolon, Renata Beatriz Brandespin. 2011. O ensino de literaturas africanas de lngua portuguesa no ensino escolar

    brasileiro: algumas consideraes. Revista Ecos, n 11, p. 131-139.

  • 10. Consideraes Gerais

    Os cursos de Licenciatura das diferentes reas do conhecimento considerados neste Relatrio

    Intermedirio apresentaram inmeras variaes nas respostas das Instituies de Ensino

    Superior s demandas da Lei 11.645/08. Contudo, se poucas IES introduziram adaptaes ou

    modificaes em seus currculos em funo da promulgao da Lei 10.639/03, nmero ainda

    menor considerou as exigncias da lei que introduz a temtica indgena no currculo obrigatrio

    da educao bsica.

    Algumas Instituies alegam falta de clareza do texto da lei, que no especifica a

    obrigatoriedade do ensino de tais contedos nos cursos de Graduao, atendo-se apenas

    educao bsica. Outras questionam a falta de comunicao com o movimento indgena ou de

    discusso com as comunidades indgenas previamente promulgao da lei, o que seria uma

    espcie de pecado original do texto legal, que no teria, no que tange temtica indgena,

    respaldo das comunidades.

    H ainda questionamentos com relao forma de implementao de tais exigncias legais no

    mbito das Instituies de Ensino Superior, se haver contratao de pessoal especializado em

    histria indgena e cultura indgena para ministrar as disciplinas a serem criadas ou se as

    Instituies devem fazer algum tipo de arranjo com a informao e o pessoal disponveis.

    Com efeito, o principal entrave para a implementao de novas disciplinas que incluam a

    temtica indgena no mbito do ensino superior parece ser o desconhecimento do tema mesmo

    no contexto de Institutos ou Faculdades de Cincias Humanas ou Sociais ou de Faculdades ou

    Cursos de Histria, haja vista a quantidade rarefeita de Instituies em que existem reas de

    pesquisa e/ou especialistas em reas como (Nova) Histria Indgena, Indigenismo, Etnologia

    Indgena ou Etno-Histria.

    Outra preocupao pertinente a fora do movimento negro que se mobiliza com agilidade pela

    implementao do contedo referente histria da frica e afro-brasileira em oposio falta

    quase total de mobilizao das comunidades indgenas, que j no participaram do projeto de

    elaborao da lei, em decorrncia da inexistncia de um movimento indgena forte organizado

  • nacionalmente. Disso decorre, uma vez mais, a invisibilidade da temtica indgena nos

    currculos seja do ensino bsico ou superior frente predominncia da temtica negra.

    Outra questo relevante a ser considerada a alegada falta de orientao das Instituies de

    Ensino Superior, que se confessam sem entender se as duas leis 10.630/03 e 11.645/08 esto

    vigentes ou se esta ltima anulou a primeira ou, ainda, se h uma hierarquia entre as leis e qual

    das duas teria prevalncia. Aparentemente, um dos entraves para desenvolver aes que

    respondam s exigncias da lei a falta de entendimento das tecnicalidades do sistema jurdico

    nacional.

    Por ltimo, h que se considerar o problema da folclorizao do tema no apenas na mdia,

    mas tambm na literatura, no cinema e nos livros didticos; perspectiva reforada por um

    calendrio de festas nacionais historicamente descontextualizadas. Mesmo os compndios e

    manuais de histria do Brasil utilizados nos cursos de nvel superior oferecem pouco espao aos

    diferentes povos e culturas indgenas, privilegiando abordagens a um s tempo folclorizadas e

    estereotipadas de um ndio genrico cuja nica possibilidade seria a extino/assimilao. Muito

    raros so os cursos que adotam uma abordagem etno-histrica, seja pelo vis da Antropologia

    Histrica, seja da perspectiva da Nova Histria Indgena.

    11. Documentos e Publicaes

    No que diz respeito a documentos, publicaes e outros materiais, impressos e digitais que

    tratem especificamente da incluso da temtica histria e cultura dos povos indgenas no

    currculo oficial dos sistemas de ensino, as informaes so bastante rarefeitas, embora nos

    ltimos anos a temtica em tela tenha ganhado espao nos meios de comunicao de todos os

    tipos.

    A Lei 11.645/08 no foi, contudo, a nica responsvel pelo aumento da produo bibliogrfica

    na rea da histria indgena, que teve grande impulso nas ltimas dcadas a partir da tendncia

    de trocas e dilogos interdisciplinares, sobretudo entre a Histria e a Antropologia. preciso

    considerar, no entanto, que a maior parte da produo acadmica referente histria e cultura

    indgenas brasileiras produzida no contexto de pesquisas cientficas desenvolvidas em

  • Instituies de Ensino Superior e, portanto, relacionam-se mais diretamente ao contedo da

    prxima fase desta pesquisa.

    Ser apresentada aqui apenas uma lista das publicaes, dos documentos e materiais referentes

    incluso da temtica indgena no sistema educacional, sem fazer referncia contextualizao

    terico-metodolgica que os inspiraram ou outras consideraes em relao s pesquisas e

    experincias acadmicas em que foram desenvolvidos. Tampouco ser tratada aqui a produo

    dos projetos de pesquisa em Histria Indgena, como, por exemplo, dos projetos desenvolvidos

    no mbito do Ncleo de Pesquisa em Histria Indgena e do Indigenismo da Universidade de

    So Paulo, uma vez que, embora produzam conhecimento na rea, no se dedicam formao

    de professores ou incluso do tema na educao bsica.

    Naturalmente, tambm no que tange formao de professores e educao bsica, j existiam

    interesses acadmicos e pesquisas anteriores promulgao da Lei 11.645/08 que deram origem

    a uma bibliografia bsica restrita, porm de grande importncia, a respeito da temtica indgena

    na escola no diferenciada, que ser apresentada em conjunto com a produo decorrente da

    preocupao especfica de incluso da temtica indgena em resposta lei em tela.

    As reas do conhecimento identificadas com a pesquisa acadmica sobre a temtica indgena

    so especialmente a Antropologia, sobretudo pesquisadores envolvidos com educao indgena

    que voltaram seu interesse para os contedos desenvolvidos na escola no indgena, e a

    Pedagogia, tanto pesquisadores que trabalham com educao indgena quanto com educao

    fundamental. Alm dessas, tambm na Histria so desenvolvidas pesquisas que envolvem a

    presena do ndio no livro didtico de histria e a formao do professor. Nesse contexto, dentre

    as publicaes produzidas antes da promulgao da Lei 11.645/08, destacam-se as seguintes

    obras:

    ABREU, Martha & SOIHET, Rachel (orgs.). 2003. Ensino de Histria: conceitos, temticas e

    metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra.

    BONIN, Iara Tatiana. 2006. Problematizando narrativas sobre os povos indgenas: um olhar

    sobre o descobrimento, o encontro harmonioso e outras histrias contadas na escola. Cincias Humanas em Revista, So Lus, v. 4, n. 1, junho, p. 61-72.

  • COELHO, Mauro Cezar. 2007. As populaes indgenas no livro didtico, ou a construo de

    um agente histrico ausente. Reunio da Associao Nacional de Ps-Graduao e

    Pesquisa em Educao, Caxambu, GT: Educao Fundamental, 9 pginas.

    FREIRE, Jos Ribamar Bessa; GRUPIONI, Lus Donisete; KAHN, Marina e AZEVEDO,

    Marta. 2004. Educao escolar em Terra Brasilis, tempo de novo descobrimento. Rio de

    Janeiro: IBASE.

    GRUPIONI, Luis Donisete Benzi. 1996. Imagens Contraditrias e fragmentadas: sobre o lugar

    dos ndios nos Livros Didticos. In: Revista Brasileira de Estudos Pedaggicos. Braslia,

    v.77, n.l86, p. 409-437, maio/ago.

    GUIMARES, Tereza Martha. 1989. O ndio nos livros didticos. In: JUREMA, Ana L. (org.).

    Anais do Seminrio Livro Didtico: discriminao em questo. Recife: Secretaria de

    Educao, p. 47-54.

    LOPES DA SILVA, Aracy (org.). 1987. A questo indgena na sala de aula: subsdios para

    professores de 1 e 2 graus. So Paulo: Brasiliense. 253 p.

    LOPES DA SILVA, Aracy; GRUPIONI, Lus Donizete Benzi (Orgs). 1995. A temtica

    indgena na escola: Novos subsdios para professores de 1 e 2 graus. Braslia:

    MEC/MARI/UNESCO.

    LOPES DA SILVA, Aracy; FERREIRA, Mariana Kawall Leal. (orgs.) 2001. Antropologia,

    Histria e Educao: a questo indgena e a escola. So Paulo: Fapesp/Global/Mari.

    OLIVEIRA, Teresinha Silva de. 2003. Olhares que fazem a Diferena: o ndio em livros didticos e outros artefatos culturais. Revista Brasileira de Educao, Anped, n. 22. Jan/

    Fev/ Mar/ Abr, p. 25-34.

    RAMOS, Antonio Dari, et al. 2006. Dilogos interculturais: identidades indgenas na escola

    no indgena. Campinas, SP: Curt Nimuendaj.

    RODRIGUES, Isabel Cristina. 2005. A temtica indgena nos livros didticos de Histria do

    Brasil para o ensino fundamental. In: ARIAS NETO, Jos Miguel (org.). Dez anos de

    pesquisas em ensino de Histria. Londrina: AtritoArt, p. 287-296.

    VALENTE, Ana Lcia. 1999. Educao e diversidade cultural: um desafio da atualidade. So

    Paulo: Moderna.

    VILLALTA, Luis Carlos. 1996. O Cotidiano das Populaes Coloniais da Amrica Latina nos

    Livros Didticos. In: BITTENCOURT, Circe M. F.; IOKOI, Zilda Mrcia Gricoli,

    Educao na Amrica Latina. Rio de Janeiro/So Paulo: Expresso e Cultura/EDUSP, p.

    219-235.

    H tambm trabalhos de concluso de curso de Pedagogia, Antropologia, Cincias Sociais ou

    Histria, dissertaes de mestrado e teses de doutorado sobre a temtica indgena na escola ou a

    presena do ndio no livro didtico, que no sero, no entanto, abordados nessa fase da

    pesquisa.

  • Deve-se salientar, ademais, que documentos oficiais, como Cultura e Identidade, publicado

    pelo Fundo das Naes Unidas pela Infncia UNICEF para servir de guia metodolgico para

    orientar os municpios no fortalecimento da educao para a igualdade tnico-racial, e

    documentos elaborados pelo Ministrio da Educao, por meio das Secretarias Estaduais de

    Educao ou com parcerias universitrias para a formao continuada de professores so

    tambm fontes para o desenvolvimento da temtica indgena no contexto escolar, embora parte

    desse material seja anterior lei em apreo:

    GUELFI, W.P. (coord.); FUCKNER, C.M.; FERNANDES, M.J.. 2005. Avaliao Escolar e

    Educao Indgena. (Avaliao da Aprendizagem no Ensino Fundamental de 1 a 4 srie).

    Curitiba: MEC/UFPR.

    MARANGON, Maristela & GUELFI, Wanirley Pedroso. 2006. A avaliao e temtica indgena

    no ensino fundamental. (Avaliao da Aprendizagem no Ensino Fundamental de 5 a 8

    srie). Curitiba: MEC/UFPR.

    UNICEF. 2011. Cultura e Identidade: Comunicao para a Igualdade tnico-racial. Guia de

    Orientao para os Municpios da Amaznia. Selo UNICEF Municpio Aprovado Edio

    2009-2012

    Dentre os documentos elaborados pelo Ministrio de Educao, os livros publicados como Srie

    Via dos Saberes, pela Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao, Diversidade e

    Incluso, constituem-se em fonte de inegvel importncia do conhecimento indispensvel para

    tornar, como queriam seus idealizadores, mais complexo o conhecimento dos formadores sobre

    a realidade indgena e sobre as relaes que se estabelecem no convvio com as diferenas

    culturais, e so comumente citados tambm em artigos cientficos elaborados por pesquisadores

    em educao indgena ou ensino de histria:

    LUCIANO, Gersem dos Santos. 2006. O ndio Brasileiro: o que voc precisa saber sobre os

    povos indgenas no Brasil de hoje. Coleo Educao para Todos, 12. LACED/Museu

    Nacional, Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Continuada,

    Alfabetizao e Diversidade. 232 p.

    OLIVEIRA, Joo Pacheco de e Carlos Augusto da Rocha Freire. 2006. A Presena Indgena na

    Formao do Brasil. Coleo Educao para Todos, 13. LACED/Museu Nacional,

    Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e

    Diversidade. 268 p.

    ARAJO, Ana Valria et alii. 2006. Povos Indgenas e a Lei dos Brancos: o direito diferena. Coleo Educao para Todos, 14. LACED/Museu Nacional, Braslia:

    Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade.

    208 p.

  • MAIA, Marcus. 2006. Manual de Lingustica: subsdios para a formao de professores

    indgenas na rea de linguagem. Coleo Educao para Todos, 15. LACED/Museu

    Nacional, Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Continuada,

    Alfabetizao e Diversidade. 268 p.

    De outra parte, deve-se salientar que alguns cursos, como o caso do curso de Pedagogia

    Intercultural da Universidade Estadual do Amazonas, alm de utilizarem como bibliografia

    bsica o material do MEC citado, tambm produzem seus prprios materiais didticos e

    documentos no decorrer do curso, conforme informao recebida por correspondncia da

    Coordenao do curso, embora no tenha sido precisado o contedo ou o tipo do material

    produzido:

    A cada mdulo do curso publicado material didtico - livros sobre contedos a serem desenvolvidos nas disciplinas ministradas. Estando agora na 8 edio. Os

    contedos do enfoque a componentes curriculares bsicos das disciplinas com

    recortes e exemplos sobre a diversidade amaznica, especificamente sobre os povos

    indgenas.

    Quanto produo decorrente das exigncias legais vigentes, h documentos de diversos tipos e

    em diferentes meios, por exemplo, matrias publicadas em portais educacionais, como o site

    Educar para Crescer, da Editora Abril, (http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-

    publica/cultura-indigena-624847.shtml), que disponibilizou de forma livre, com direito a

    republicao, a matria 10 passos para o ensino da histria indgena, na seo Educao >

    Poltica Pblica > Cultura, em que esclarece tanto aos professores quanto aos pais sobre o

    tratamento que deve ser ao dado ao tema em sala de aula, incluindo exemplos de atividades a

    serem desenvolvidas tambm fora da escola, como passeios e visitas a museus e centros

    culturais.

    Esse mesmo site publicou tambm a matria Como a escola de seu filho aborda a nossa origem

    indgena?, com um teste elaborado pelo Prof. Jos Ribamar Bessa Freire, da Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro, para avaliar o desenvolvimento da temtica em sala de aula, na seo

    Educao > Aprendizagem > Anlise

    (http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/testes/como-a-escola-do-seu-filho-aborda-

    a-nossa-origem-indigena.shtml). Tambm o portal educacional Mundo Educao publicou

    matria sobre Os benefcios da cultura indgena no currculo escolar

  • (http://www.mundoeducacao.com.br/educacao/os-beneficios-cultura-indigena-no-curriculo-

    escolar.htm).

    Da mesma forma, o site Artigonal Diretrio de Artigos Gratuitos publicou artigos sobre a

    introduo da temtica indgena na escola, como o caso do artigo intitulado A cultura

    indgena a partir do livro didtico no ensino de histria, de autoria de Ana Paula Delgado

    (http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a-cultura-indigena-a-partir-dos-livros-

    didaticos-no-ensino-de-historia-4581589.html), alm de um Ensaio crtico sobre o artigo

    aplicao da Lei 11.645/08 e as matrizes curriculares de literatura e cultura afro-brasileira na

    educao tecnolgica, de Bruno Santos Teodoro. Da mesma forma, o site da Fundao

    Oswaldo Cruz publicou artigo sobre a Histria e cultura africana e indgena nas escolas, por

    Raquel Jnia (http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=385&Destaques=1),

    em que a autora aborda a necessidade de incluso desses temas nos cursos de licenciatura em

    Letras, Geografia e Histria, entre outros.

    Outros sites e revistas online publicaram entrevistas com especialistas, como o Prof. Jos

    Ribamar de Bessa Freire, entrevistado pela Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/carta-

    fundamental/o-indio-fora-do-foco-da-historia/), e Viviane Farias, da Secretaria de Educao

    Continuada, Alfabetizao, Diversidade e Incluso do MEC, entrevistada pelo site Nova Escola,

    da Editora Abril, sobre a promulgao da Lei 11.645/08, a incluso da temtica indgena na

    escola e a necessria incluso do tema nos cursos universitrios de licenciatura

    (http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/preciso-valorizar-diversidade-sociocultural-

    dentro-sistemas-ensino-643786.shtml). H ainda sites especficos sobre a rea da Histria que

    abordam o tema, como Caf Histria (http://cafehistoria.ning.com/), ou blogs criados por

    professores de Histria para suas disciplinas, como o site da disciplina Laboratrio de Ensino de

    Histria Indgena, da UnB (http://americaindigena.cliomatica.com/ai/?cat=36).

    Encontram-se tambm grande quantidade de sites de ativistas do movimento indgena, de

    escritores de diversas etnias, de alunos e professores de cursos de Licenciatura Intercultural

    Indgena que abordam o tema e as repercusses da Lei 11.645/08, e onde so publicadas

    resenhas de livros, indicaes de leitura, contedos a serem abordados em sala de aula, como o

    Raz Cultura (http://raizculturablog.wordpress.com/), o IFBA Indgena

  • (http://raizculturablog.wordpress.com/), ou o site Mundurankando do escritor e Doutor em

    Educao Daniel Mundurk (http://raizculturablog.wordpress.com/).

    Registra-se tambm a publicao de livro paradidtico, resultado do trabalho da equipe do

    Programa de Estudos dos Povos Indgenas da Faculdade de Educao, da Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro, com o intuito de reconhecer e valorizar a pluralidade do patrimnio

    sociocultural brasileiro, alm de desenvolver contedos relacionados s culturas indgenas:

    FREIRE, Jos Ribamar Bessa & MALHEIROS, Mrcia Fernanda. 2010. Aldeamentos

    Indgenas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. UERJ.

    Tambm o Laboratrio de Histria Indgena da Universidade Federal de Santa Catarina oferece

    sua contribuio para a incluso da temtica indgena na escola com a publicao da coleo:

    NTZOLD, Ana Lcia Vulfe & ROSA, Helena Alpini (orgs.). 2011. Histria, Cultura e

    Educao Escolar Indgena em Santa Catarina. Florianpolis, SC: Padiom.

    1. Histria e Cultura Guaran: Escola Indgena de Educao Bsica Wher Tup Poty Dj

    2. Histria e cultura Kaingng: Escola Indgena de Educao Bsica Cacique Vanhkr

    3. Histria e Cultural Xoklng: Escola Indgena de Educao Bsica Lakln

    Composta pelos trs livros acima, a coleo resultado de projeto de pesquisa desenvolvido em

    conjunto com o Observatrio da Educao Escolar Indgena e pretende ser um suporte para a

    implementao da Lei 11.645/08. Tambm nesse caso, a contribuio incluso da temtica

    indgena na escola no diferenciada vem de pesquisadores que desenvolveram projetos de

    pesquisa em educao indgena, indicando, uma vez mais, que todo o trabalho desenvolvido

    nessa rea, alm das Diretrizes Curriculares elaboradas pelo MEC, deve servir de base para a

    introduo da histria e da cultura indgenas brasileiras na educao bsica.

    Algumas Instituies de Ensino Superior, como a Universidade Federal do Pampa, no Rio

    Grande do Sul, optaram por desenvolver com recursos prprios material de apoio, por meio da

  • implantao de uma Comisso Especial, para a implementao das leis que tratam da incluso

    da temtica indgena no ensino e para orientar os professores dos cursos de licenciatura:

    UNIPAMPA. S.d. Comisso Especial de Estudos sobre Histria e Cultura Afro-Brasileira e

    Indgena. Material de Apoio. Bag, RS: UNIPAMPA.

    Como recurso auxiliar na formao de professores da educao bsica, a Universidade do

    Estado da Bahia produziu DVDs para serem utilizados em Seminrios Temticos desenvolvidos

    pela Universidade com o intuito de promover a incluso da temtica indgena nos cursos de

    licenciatura. Os Seminrios Temticos so componentes curriculares dos cursos de licenciatura

    que visam abordar de forma mais ampla as variveis culturais, polticas e sociais, oriundas da

    comunidade e no contempladas no currculo do curso. O contedo desenvolvido por meio de

    vdeo aulas e cada mdulo consta de 15 horas aula. O mdulo de Histria e Cultura Afro-

    Brasileira e Indgena consta dos seguintes DVDs:

    MESSEDER, Marcos Luciano Lopes. Histria e Cultura Indgenas na Escola: Subsdios

    Socioantropolgicos para Professores da Educao Bsica. ASPES/PROGRAD, Programa

    Rede UNEB.

    GUIMARES, Francisco Alfredo Morais. Histria e Cultura Indgena: Diferentes Formas de

    Ver, Diferentes Maneiras de Pensar. ASPES/PROGRAD, Programa Rede UNEB.

    Ambos os DVDs utilizados nas vdeo aulas dos Seminrios Temticos so resultados de

    projetos de pesquisa desenvolvidos pelos professores, cuja produo bibliogrfica disponvel

    est listada abaixo. O projeto do Prof. Messeder ser tratado na segunda parte deste estudo,

    juntamente com outros projetos de pesquisa relativos indgena em andamento.

    Por fim, h pequena coletnea de artigos cientficos apresentados no mbito de encontros,

    simpsios ou congressos relacionados educao ou ensino da histria, que representa

    resultados de projetos de pesquisa desenvolvidos por alunos e professores de cursos de ps-

    graduao em Histria, Pedagogia ou Antropologia, ou trabalhos discutidos em grupos de

    trabalhos ou grupos temticos de associaes de ps-graduao e pesquisa nessas reas.

    Esses trabalhos, em geral, apresentam reflexes sobre a prtica da educao intercultural, a

    construo de contedos, discutem polticas pblicas e a presena do tema no livro didtico e

  • destinam-se reflexo acadmica sobre prticas pedaggicas reais e ideais; apenas muito

    raramente apresentam-se como subsdios para os professores que atuam na educao bsica e

    necessitam abordar a temtica em sala de aula. A lista a seguir no exaustiva e este tipo de

    produo bibliogrfica ser tratado em mais detalhe no Relatrio Final deste estudo:

    BARROSO, Vera Lucia Maciel; PEREIRA, Nilton Mullet; BERGAMASCHI, Maria

    Aparecida; GEDOZ, Sirlei Teresinha; PADRS, Enrique Serra (Orgs.). 2010. Ensino de

    Histria: desafios contemporneos. Porto Alegre.

    BERGAMASCHI, Maria Aparecida (org). 2008. Povos Indgenas e Educao. Porto Alegre:

    Mediao.

    BERGAMASCHI, M. A ; GOMES, L. B. 2012. A Temtica Indgena na Escola: ensaios de

    educao intercultural. Currculo sem Fronteiras, v. 12, p. 53-69

    BERGAMASCHI, Maria Aparecida. 2011. A temtica indgena no Ensino de Histria:

    possibilidades para dilogos interculturais? In: FONSECA, Selva Guimares; GATTI

    JNIOR, Dcio (Orgs.), Perspectivas do Ensino de Histria: Ensino, Cidadania e

    Conscincia Histrica. Uberlndia: Edufu, p. 295-304.

    BONIN, Iara Tatiana. 2008. Com quais palavras se narra a vida indgena na literatura infanto-

    juvenil que chega s escolas? In: SILVEIRA, Rosa Hessel (Org.). Estudos culturais para

    professores. Canoas: Editora da Ulbra.

    BONIN, Iara Tatiana. 2010. Povos indgenas na rede das temticas escolares: o que isso nos

    ensina sobre identidades, diferenas e diversidade? Currculo sem Fronteiras, v. 10, n. 1,

    pp.133-146, jan/jun.

    BORGES, Elisabeth Maria de Ftica. 2010. A Incluso da Histria e da Cultura Afro-brasileira

    e Indgena nos Currculos da Educao Bsica. Revista do Mestrado em Histria,

    Vassouras: Universidade Severino Sombra, v. 12, n. 1, p. 71-84, jan./jun.

    BRITO, Edson Machado. 2009. O ensino de histria como lugar privilegiado para o

    estabelecimento de um novo dilogo com a cultura indgena nas escolas brasileiras de

    nvel bsico. Fronteiras. Dourados, MS, v. 11, n. 20, p. 59-72, jul./dez.

    FUNARI, Pedro Paulo & Pin, Ana. 2011. A Temtica Indgena na Escola: Subsdios para os

    Professores. So Paulo: Contexto.

    GOBBI, Izabel. 2010. Desafios do ensino sobre indgenas nas escolas: uma reflexo a partir dos

    livros didticos de Histria. Cadernos do LEME, Campina Grande, vol. 2, n 2, p. 41 57. jul./dez.

    GUILHO, Aline M.; SANTOS, Marcli M.; MONSU, Michelle Z.; CARVALHO, Naira G.C.;

    PEREZ, Nicole F. 2011. Histria e cultura indgena nas prticas pedaggicas da educao

    infantil. XVII Jornada de Ensino de Histria e Educao, Jaguaro: UNIPAMPA.

    GUIMARES, Francisco Alfredo Morais. 2009. Histria e cultura indgena: diferentes formas

    de ver, diferentes maneiras de pensar. Universidade do Estado da Bahia UNEB. [ms]

    NOBRE, Domingos. S.d. Lei n 11.645 - Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena no

    Currculo - Como Trabalhar? [ms]

  • NOBRE, Domingos. 2009. Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena no Currculo Escolar:

    Como Atender Lei 11.645? Trabalho apresentado no 17 COLE - Congresso de Leitura

    do Brasil.

    OLIVEIRA, Emerson C.; PINIAWE, Simeo P.; BRACCIALI, Mrcia R. P.; FERRAZ, Maria Cristina C. s.d. Cultura Indgena na Educao Escolar. Programa de Educao Tutorial

    (PET) Saberes Indgenas, UFSCar.

    OLIVEIRA, Susane Rodrigues de. 2011. A Amrica indgena antes de 1492: saberes histricos

    e representaes nos manuais didticos escolares. Texto completo publicado nos anais

    eletrnicos do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de Histria (IX

    ENPEH), Florianpolis: UFSC,

    OLIVEIRA, Susane Rodrigues de. 2011. Representaes das sociedades indgenas nas fontes

    histricas coloniais: propostas para o ensino de histria. Anos 90, Porto Alegre, v. 18, n.

    34, p. 187-212, dez.

    PTARO, Ricardo F. & PTARO, Cristina S.O. 2012. Ensino de histria e cultura indgena:

    reflexes a partir da estratgia de projetos em uma perspectiva transversal. IX ANPED

    SUL, Universidade de Caxias do Sul.

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    questo: discutindo polticas pblicas para a efetivao da lei 11.645/08. IV Encontro de

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    TASSINARI, Antonella M. I.; GOBBI, Izabel. 2009. Polticas Pblicas e Educao Para

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