uma historia dos povos arabes (pp.350-458)

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ALBERT I10URAL"I , UMA HISTORIA , DOS POVOS ARABES Traduftio Marco."i Santarrita ~ (OMPAN H lAD£- BOLSO

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Page 1: Uma Historia Dos Povos Arabes (Pp.350-458)

ALBERT I10URAL"I

,UMA HISTORIA,DOS POVOS ARABES

TraduftioMarco."i Santarrita

~(OMPAN H lAD£- BOLSO

Page 2: Uma Historia Dos Povos Arabes (Pp.350-458)

16. PODER EUROPEUE GOVERNOS REFORMADORES( 1800-1860)

A EXPANSAO DA EUROPA

As primeiras tcntativ~s para recupcrar a for~a do governoimperial g:mhar:nn urgcncia com as gucrras entre a Fran\:J. daRevolm;ao, e dcpois de Napolcao, e as outra,!; potcncias curo.peias, que convulsionaram a Emopa de 1792 a HilS, e foramtravadas 011 lIe qucr que cxercitos CllfOpeUSplldessem mareharau marinhas navcgar. Excrcitos franccses, rHSSOSC:l.llstrfacos emdifcrcntcs epocas ocuparam partes das provincias cilropcias dosultan. Pel:!.primcira vez, 0 poderio naval britanico c francesmostrou-se no Mcditerranco Oriental. A certa altura, mna fTO-

ta hritanica tenton cnttar no estrcito que leva a Istambul. Em1798, UlTla fOf!;a cxpcdicion~ria francesa comandada por Nap<>'leao oeupou 0 Egito, COIIIOum incidcllte na bTUerracom a Ingla-terra; os franceses dominuam a Egilo durante tres anos, e ten-taram passar de H para a Siria, mas foram obrigados a recuar porinlcrvelll;ao hril311ica c otomana, apos a primeira alian~a militarformal entre o.~otomanos e eslados nao lnupJimanos.

Fai lim epis6dio hreve, e sua import31lcia tem sido contes.tada par alguns historiadores; outms 0 considcram como a aha-lura de uma nova era no Oriente Mtdio. Foi a primeira gr;lndeinCllfsao de uma potcneia cumpcia llUIUpais central do mundomu~ulmana, e 0 primeiro contata de sellS habilantes com urn,novo tiro d~ poder miJilar c as rivali{hdcs dos grandcs cstados'etiropclIs. 0 historiadar isl3mica al-JaLarti vivia no Cairo naepoca e registrou extensamente e com vfvidos dClalhcs 0 im- ..pacta causado pelns invasores, e a incompelenda Jos gover-'nantes do Egito para ellfrentar 0 desafio. Quando chegou :lOSchefes dos mamelucos no Cairo a notfcia do dc.~cmbarque fnn-ces em Alexandria, conla-nos al-Jab:lrti, des nao acharam nada

dcmais: "Confiando em sua forl;a, e na 3legal;ao de (lue, mesmaque viesscm lodos os fr<lncus, n:ao po(leri:lln resistir-Ihes, c sc-riam esmagados sob os cascos de Se\lS cavalos".' Isso foi segui-do par dnrota, panico c tentativas de rcvoha. Mist11rada com aoposir;iio de al-Jabarti <lOSnovos govern<lntcs, porcm, havia cer-t~ :J.dlI1ira~aopdos salJios e cicntislas (lue vicram com des:

sc alguln dos lll\ll;ulmanos os prOClU:lva p:'lTadar lima olha-da, des nao 0 impediam de entr:1r em seus mais caros luga-res f ... J e se dcscobrissclll nelc algum apetitc on descjo deconhecimento, lllostrav:'lll1-lhe sua 3mizade c amnr par c1c,c traziam tOllos os ripos de ilustral;ocs e mapas, C anima is,passaros e plantas, e historias dos antigos e de n3~6es, c his-torias dos profetas [...1 Fui a des mllitas vczes, e me mostra-ram tmlo isso.!

Esses acontecimentos pcrturbaram :J.vida das tcrras ntollla-nas e ar3bes. Os excrcitos frallcc.~es no Meditcrf3nco compra-vam grans da Argelia, e 0 eJl:crcito bril:inico na Espanha COnt-prava-os do Egito. Navios mercantcs britanicos e franceses naopodiam sc movimentar com facilid:J.dc no Mcditerraneo Orien-tal, c isso proporcionoll llma abcrtura p3ra mcrc3dores c anna-dores gregos. A crial;JO dc rcpliblicas pclns franccses em partesdos Ba:lcas nan passou despercehida aos gregos e servios; algunsecos da rCtariC3 da Rcvolul;aO Francesa foram captados par Sll-ditos cristJOS do SHltaO, cmbora nao em gnu significativo pormllr,:\llmanos turcos au arabes.

Assim que acabaram 3Sguerns napolconicas, a poder c a 1Il-nuclIcia curopci3 cspalharalll-sc 3inda tnais. A adol;3:o de Ilovastcenicas de mallufalura c novos lIlCtodos de organil,Jl;ao da in~dlistria tinham rccebido um impulso com as neccssidadcs e ener-gias que as gucrras libcram. Agora que as gucrras tinham acaba-do e mercadores c bens podiam se mover Iivrelllcnte, 0 Illllll{iocstava 3berto 30 algodao, aos tecido5 de 13:e aos produtos de me-la! IJaralOS£eilOs, primeiro c principalmentc, na Jnglatcrra, mast~mbcm na Fran~a, HClgica, SUI~a e AlelTl~nha Ocidenla!' Nas

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inlCio urna revolw;ao nos transpor- .•deL'"3das de 1830 e 1840, tcve d '."ad:as de ferro. Antes, 0

d dos vaporcs e as .•." Ites, com 0 a vento tot"" Iento c arnsclI o.h mda ••.•.)T terra, era cos ~', _transporte, so rc , ,.. e di no de confi;.m~, e a proporpoAgora tornava-se rapldo gl d b"ns era meOOT; tonlOU-SC

do pre,o tola os •.. . Ique representava b d I '0 ,nas bens vo mnosos~ soo Jetos C UA, .possivcl transportar naD \ ,do'St3.ncias. IlameRs e no-d rcado em onga. b

Para mu gran c me r rapidc1. e isso pos.<;11_b' d locav;uTI com malO. •• I

llcias tam em se cs d de camblO mternaClOn<l .. tdcummcrcao dInou 0 surglmen (J d I I s a libra estcrlma. Os lucros 0banens, bolsas, moe as'r Ig~( 0 fa gerar' novas 3liVldadcs pro-comerclo podia,'" seT ap Ica~0: ~ddo marinhclfO est:lva 0 podcrdutiv:l.S. POT tras do merC;l 0 As 1T3Sn:lpoleonlC<\s haVlam .

d d taJos curopeus. guearma ° os es d d dies nao tanto em armas, pOlS asmostrado a supenon a e Ie., ilnar iriall1 chegar um pollCOgranJcs Illudanps na tecno ogla m , .

- usa do~ cxcrcltos. .tarde, ms na organrl.a~~o e s estav2- 0 cre.<;(;unento continuo da"

Llgado a. essas mu anfS50 pop\lla~ao da Gra-Breunhapopula';3o. Entre 1800 e i/ ilhOcs e a da Europ:l como'aumentou de 16 milhocs ~ar~ ;;:.s tor~ou.se :l malOr cidadcurn todo em cerca de so I' _ I~ 2 S mllhoes de hahlt:mtesem /.. .do mundo, com un~a pop~~o ~ce'ram c surgiu mn novo tlIJO';:18S0; outras C1pn~ls tam m cr r cs;norlus e fahrieas. Emde cidade mJusm31 d~mdmada POI d, pOllUlal,;aO(fa InglatelT1

I ' I mals a met:l{ C -d ~,meados (0 seell 0, _ 'dades fornccia mao e-{Jurl.b r, - onccntr31,;<10nas Cl

era ur ana. ~sa c er""ccnte mcrcado pan osI . cxcreltos, e um ,......,

para a ml ustrJ~ e.os i u e ossihihtou, ao mesmo tan.produtos das fabncas.ls.so ex gt ? dlret:unente l1a vida da s-:;po, govem~ que lflam 1Il:cc:':I:~:;;njn3~aO da 3lfaberizac;ao.CcieJadc. Snlluh3neament '_ d °d' geradas pcla Revolurwao

o d "palls3o e I elas b" 0dos lornals :aJu ava a d !fuca que tentava mo Iu-. ~ um novo tllJO e po ,

Frances3, e cna . tlYOa um governo ou em opo'zar a 0plmao ptiblica em a(1olo :l

sir-ao :l cle. _ Ie "nerma e poJer ell".v - d a vasta expansao ( •.. tJ. il1\5 rcpercussoe." ess t do mundo. Entre:.ls lie'

o d m outras par es 0

ropeu for3m senll ::tSe \' h lares de vaporcs ligavam 01c:ldas de 1830 c 1860, In as regu

portus do Mcditcrraneo Sui e Oriental a Londres c Liverpool,M:!rsclha c Trieste, e tcxteis e produtos de Illct:!1 encontraramurn vasto e crescente merc::tdo. As export.a~oes britanic.as para ospaise.••c10 Meditcrrineo Oriental aumentaram 800% em v.alorentre I8H e 1850; a e."sa altura, bedulnos no descrto da Siri:!usavam C3mis.as feitas dc algodao de L:ancashirc. Ao meslllotempo, .aneccs.••idade europei.a de m.aterias-prim.as p:ln ::tsfabri-c.ase :tlimentos p.ara a popula~ao quc nel.as trabalhav:! cstimul.a-va:t produ~ao de s:lfras para venda e exporta~ao: a cxport:l~ao degrios continuou, em!Jora se tomasse menos imporunle quandoaUlllenlaum as exporta~Oes de gtaos russos; cstavam em de-manda :luite de oliv::t tunisia no para :a f::tbrica~ao de s:abao, sed:!lib:!ncs3 para as fabricas de Lyon, Mlbrellldo alg()(lio egfpciopna as ffibricas de Lancashire. Em 1810, lUn engenhciro fnll-cis, Louis Jume!, iniciara 0 cultivo de um algodao de fibra lon-.ga plIJpria para textcis de alta classe, que encontUT:il num jardimegipcio. Dess:! eJloca em di:lnte, 11mvolullle cada vel. maior d::ttm:l cultivavel do Egito (oi destinad:l a produ~ao de :algodiio,quasc tooo par::t exportar;io rna a Inglaterra. Nos (juarenta ::tnosapOsa iniciativa de Jumel, 0 valor d:ls exponar;ocs de algodiiorgfpcio ':lUlllentou de quase nada para 1,5 milh:io de libns egip-cias em 1861. (A libr:l egipcia equivali:l mais Oll menos a lihraestrrlina.)

Dilnte dcss3 explosa? de encq~ia clITopCia, os paises antICS,COmoa m:lior parte da A~ia e da Africa, n:io podi:lm gerar 11111poder contrabalanpntc proprio. A poplIlar;:io nau mudou mui-to durante a primeiu IIIctade do scculo XIX. A peste (oi sendoaospoIICOScontrol.ad3, pelo menos nas eida(lcs costciras, a me~dida (Iue se introduz.i:llll sistemas de (llla.rentcn:l soh supervisaoeuropeia, mas a colera aind3 vlnh:a da India. Os palses arabcs~indanao tinh:llll entradu na era da estrada de ferro, a nao serpor pcquenos come~os 110Egito e na Argclia; :IScOlllllnica~Ocsih(ernas ("ram ruins c ::tlllda podia omrrer fame. Enquanto a po~pular;iiodo Egito aUmcntav3, passando de 4 milhoes em 1800para 5,5 milhoes ell1 1860, na lIlaioria (los outros paiscs penna-hCO:Uestaciollaria, e na ArgeJia. por IlIntivus espcciais, C:lillCOIl-

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as PlUMOROlOS DO IMPERIO EUROPEU

de IIlIl E:mdo servia aul(lllomo em 1830. Em 1821, aconlcceualgo (ie illlport~nciam •.•is gcral: tim levantc entre os gregos, quehavia muito mantinham Ulna posi.-;ao rclativamcntc favorecidaentre os povos sUditos, e cllja riquCl.:l e colllaras com a Enrop::!vinlulJI sc expand indo. Em parte foi lima seric de IcvalltCS con-tra govcrnalHcs locais, em parte tim movimcnto rdigioso contra

domin<lcao mlll;uimana, mas era umbem mmlido pdo novo cs-irito de Il:lcionaiismo. A iocia de qnc :I(IIte1cs que falavam alcsma lingua e putilh:lvam as mcsmas Illcmorias colctivas de-':1mvivcr juntos nU1lJasocied •.•de politica indcpcmlcnlc fura dis-mina(la pela Rcvolw;ao Fnncesa, c entre os grcgos estav;l. liga-a a lima rcvivesccncia do interesse pela Grecia antiga. 'El.lnhcllllui 0 rcs\lltado roi :I inlervem;ao eurol'Cia, milita.- e diplumati-,e a cria,~o de um Reino independentc em 1833.

Em alguns lugue.'i, os estaoos curopeus pudcram illlpor sell

Por tr:ls <los mercadorcs e armaoores dOlEuropa est1V:II11os oprio l\ol11lnio lliretn. Isso se deu nao n<ls partes centrais doemhaixadores e consules das grandes I'0tenci:ls, apoiados elll ul- . mlo ot0ll13nO, mas n:ls margens, onl!e 11111E.'itado europentima ilHta.ncia pdo poder armallo Ill' sellS governos. Durante a: ,<lia :lgir SCIlldcferenci:l aos interesses de outros. No CaUC:lSO,primcira metadc do scculo XIX, c1('_"puJenm trabalhar de \l1n ,ilR{lssia se expandiu para 0 sui em terras largamente h"hitadasmodo que antes nao h"via sido possivel, adquirindo inOuenci3 ~ lll\l,ulmanos, e dominou atravCs de dinastias que tinh:un vi-junto a governos e funcion~rios, e usando-a pu" promover ~ MOdentro da esfen de inlluencia otomana. Na peninsula Ar3~interesses comerciais de seus cidadaos, e os grandes interesSCS . \b, 0 porto de Aden foi oCllpado pdos brit~nicos d:l India empoliticos de seils paises, e t:!lll!Jem para estender ajuda e protc~ '.,1" ~l9, e se tanuria pnrto de cscala na rota de vapores para a,ao a cOlllunidades el1m as quais seus governos tinham vinculos -.tia. no golfo Persico, hOllve unu prc.'icn~" britanica crcsccn-cspeeiais. A Fran,a nnha Ulna rela~ao especial, que remontaV1 ' It,baseaJa no pollerio naval c corporificada em alglms Jugare:>ao scculo XVlI, com os lllliatas crist:los, com as partes das 19rc. Qn'acordos formais com os pequenns govcrmmtes Jos portos,jas onenuis que aceitavam 0 primal\o do papa e, rna is eSI)Ccifi- ptlosfluals ell'S se ohrigavam a manter trcglJas \Ins com os 011-eamente, com os maronitas nO Liuano; no fim do seculo XV1n,a lrosno mar (,101; 0 nome pelo qual alguns cram conhecidos, "F.s-Russia apresentava \1111:10rcivindica(,':ao scmelhante para proteger !adosTnlCiais"; entre e!es, Ahu Dhabi, Dubai e Sharja).as 19rejas ortodoxas oricntais. 0 que aconleceu no Magreh foi aind:! mais importante. Em

Com sell novo pOIler, nao apenas a Fran,a e a Russia, m3Sos IInO, lUll excrcito franccs des('mharcoti na costa argelina e OCII-cstados europeus till gcnl comee;aram a intervir agora colctiVll-', (lOu Argd. Tinha havido v~rias expctii,Oes mva;s europeias paramente nas rdae;()C." entre OS sll1l6es c sellS s{iditos cristaos. Em ~:;, conter mn rcnascimenlo ,101 pirataria durante e arbs "s gtlerrasI HOS, os seroos no que era ate hcm pouco tempo a IugosLivia f(: .; 'I' n3pole6mcas, Ill:!S c.'iSCseria \Jill acontccimcnto Ill' um tipo di-voltaram~se contra 0 governo otomano local, C0 resuhado, apOs' ~: feteme.Originava-se, elllll<1rtC, na politica interna cia Frane;a sohllluitas vici:.~itl1dcs, foi 0 estauelceimcl\lo, com ajuda europCi~, a ~i ~monarqu;a res1:luraJa, em parle 11aouscllTa qUCSl.10das divi-

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sidcravclmente, pa."s"IlJo de 3 milhocs em 1830 para 2,5 mi-Ihoes em 1860. A1~ms dos porlos da costa aumcnt:lr:Jtn de ta-manho, sohretudo Alcxandri", principal porto de exporta,ao dealgodao egipcio, qlle movimentava to mil toncladas em 1800 cpas5011 para 100 mil em 1850. A maioria oas ciclades, porem,continUOll mais ou menos do me.~mo r"man!lo que allies, e n:iosllrgiram aquelas eidades especificamcllte modcrnas que gcra~yam 0 pnocr <los estados mo{lcrnos. Tirando as ~reas que pro-dU7.iam safras pan exportae;ao, a produ,:io agricola pcrm"ne-CCIIno !live! da suhsistcncia, e nao pode levar ao acumulo decapital par:l 0 investimcnlo produtivo.

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<lassurgidal'i do abastceimento de graos 3 Frall,a durante as gtler-ras, porem mais profllndamente no novo dina[nismo expansivocriado reiD ercscimento econ6mieo: os mcreadores de Marsclhaqucri;lln \\Ina fane posi~:io lIe comcrcio na cosu argelina. UlnaVel. instaLados em Argcl, e pOlleD Ilepois em algumas citl.uleseosteiras, os franecses nao souhcram a principia 0 que faur. Di-ficilmcnle poderiam retirar-se, porque nao se podia cntregar le-vianamcnte lima pO!'ii~o (Ie for,a, e porquc haviam desrnOnlaJoa administra1OaOOlOmana local. Logo foram levados illexoravcl-mente a expandir-se pelo interior. Funcionarios e mereadoresviraltl perspectivas de ganho atraves da aquisi\ao de terras; 05militares descjavam torn:lf sua posi~o rnais segura e protegcr 0ahastccimenlo de alilllentos c 0 comercio rom 0 interior; e 0afal'itamento do governo otomano local enfraquecera 0 sistematradicional de rdaeiOlumento entre as autoridades l0C3is.0 go-verno do dry estivera no o1picedesse sistema, rcgul:mdo ate ondepodia a medida em qne cada autoridade local podia estender seupoder; assim quc foi afastallo, os varios cheres locais tiveram deencontrar seu proprio elJuilihrio nns com O!'imuros, e is.<;olevoua uma !Ina por suprcmada. 0 contest:mte mais hCIll-s\lcedillofoi 'AI.xIai-Qadir (1808-8}) na rcgiao ocitlcntal. Extraindo pres~ogio do fato de pertencer a Ulna familia de posi\ao rc1igios:l, liga-Ja a ordem qadirita. tornou-se 0 ponlo em torno do qnal for\aslocais po<liam reunir-se. Durante algulll tempo, cle govcrnouum E.staJo praticamente independcnte, com 0 ecntro no inte.rior, e cstenciemlo-se do oeste Jl;)ra :l pane orient;)\ do p:lis.1ssoinevitavclmente.o pos em conOito com 0 pOiler frances que secxpamli;to a partir da costa. Os simhalos de. sua resistcncia aOSfr:Ulccses cram tradicionais - sua guerra cra uma jihad, cle jus."tificav3 su:! alllori(lade pcb escolh:l das ulemas e 0 respeito ~(haria _ mas havia aspectos modernos de sua organi7..2iOaOdegoverno. i

'Abd aI-Qadir acahou scndo derrotado e mandado l);Ira0exilio cm 1847; pasSOIl scus iiltimos anos em Damasco, milito,respeiudo pcla popula,ao e em bons termos com as reprcscll~tantes cia Fran,;) e de ()utras potcncias curopeias. Para derrot~.

,

[0, 0 domimo frances fora se estcndendo la1100 alto pl:malto atl~a I . I f:l 0 Sill, ;Hravcssall~lllaq~clll ( 0 Saara Iloa hmgrantes franccscs e o. 'h ' e mUi ara ric nature-I I ros "vlam con I IOlnar .a terra "'_",' I' . _ lc,alo a c legar e a1_ _ ' '.' •• ( ISpoS1iOaoI fiuens do F.stado e de (Jutras fa ;;r con Iseo, pc/a venda deno eOIllt:iOolla tamar 11 . . rnus. :l dccada dc 1840.0 gover-

1alSslstcmatlcamcnteellC:lnva como ter I' d. ullIa parte do (Ioera co eUva e aldelas I" I" •gnntcs (cQ/om). E..'isarer . . ra co omUIl;ao por emi-ra la elll grande I IC:lpllall'af:l ellluva-Ia, IIsando cam lar ~ ~ara as que t1nhalllEspallha ou halia au Il,'.d I l':'ll("ses U"'grantes VllJdos Ila

b,.0 C-olra:lrabe S h

so rava sena SllfiClenle para :l . d. uplln a-se <jue0 (IIICrllVlsaona vefllaile destnuu an: neces~~ ades dos aldeOcs, mas al de . . _ j gas m("IOS de U50 da , " IstltuliOao l e l"quellO I I . crra e CVOll

bs avr;)( orc.<; (I"e

au Ita alhatlores scm tel rI ,s~ lorna ram llleelrOSEm 1860 I ~fa as novas propnedades.

"' ' :l 1'01'11aiOaocuropeia da A T1111pes.<;():lS,entre IItna I _ rge [a era dc quase 100rm/hoes (menos j popu apo mll~ullllalla de lerca de I 5

(lie antes, por causa If d " 'guerra de conquista cl,id £' as per as so(ndas na

) A ,Cll\laS e lOme nos I"t~s. rgel e outns cld I '. anos I e mas eolhcl~d 3ees costclras tmham Ie parte euro"cias e, co, _ se rorna( 0 elll gran-

I. . , Oru7~"l\30agdc I ,

su • :l/e/ll da planicle cosle . 0 a se cspa hara para 0• . Ira. e nos altos pi,' A"'nOllllca passara a ser d I Ila tOl'i. VI<a cco-Ollllll:l( a por ullla I I"entre aUlOndadcs os P'o' a lanc;a ( c lIlteresses. ,pnetanos de te. .

pratlcar a agncllltllra co I tta com capital paramercIa e negoclantvamas trocas entre a A "I es quc controla_,. rgc la e a Frallc;a al d I

a guns Judeus nativos r,'. ' guns e es eurol'cus. a:..••se processo eA. 'tncllsao politica a a • ," .conolllloo teve ul1Ia di-

o IIl1lcnto ( a eoI011l7..:1" "gel1Claa IllIcstao do quc a F ao l'iIlSCltoUCOIUur-tmas inteiramentc conqlll;~~lra dev~a fucr /la ArgeJia. as IIIS-foram assimilados no sIster I o,s ~ mtcll.S:llllente colonizadosd 1840 . 113ae mllllstrativo (r A de , er<lm govcrnados I . anee.••na ceada

I( Irctamente "or f . ..

a governo ocal nas maos da 0 l I _. unnOll:ltlOS, comnatlvos, que havlam ante' 'IP ',lla,ao Inllgranre, c OS1I0tavcis

.• llac 0 COlllOIn! I "govemo e ;) p"lmla,'o , I r ermc( latlos entre 0d f . IllIl;Umana lOr I 'de unclonarios subah A" 01111rc( lIZI os.a IK)SI~ao

_. ernos. s <lrcas onde I. ~estava.tao ariJalllada pernuneceran b d • a co .o.n17~1\30nao

1so DImillOIlulnar. /Il<lS<'.stc

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'I.

. h 'l1lcdida (lue a coloni1..u;ao se ex-foi dimimumlo de tam;1n ~ a <;" situarao clll1tinu3SSC, e

" t nucn:nllnue C~... ''r .Pandia. Os ImlgTaIl CS., . "I r .'. "Nan ha lIlalS um, , inteJralllcntc ranees.'luC 0 pals se torn3SSC f I a Hngu:\ difcrente dol nos.

, h'l mens !Jlle a am mn II)OVU~rauc. a 10", r '''S em numera, c )cm re-fiClcntcmclltc or ••.sa". "rornavam-sc su I .' f es para formar 11m l.:orpolacionados com os pohtlCOS ranees ,

efctivo. ohlem3 0 dOl furon popl1la~aoEssa polltica colocava um pr .. .' I-:td~cada de I R60 ()

1 b cbere c 110 InICIO (. fmur;ulm;ma, :in )e c c. ' 1 N'I')oleao III comer;on a 3-

I 1,' "3 0 unl)er:u or , .govcrnantc (a ran.... . . ,_ .., A rgdi:l era 11m fClOOI' . I' III sua opmlao, .• "

vorccer Dutra po IUca. • ,. "'ca"'ll;1mcnlo frances; efal~. eurol'lCla C 1Il11•• • .•

arabe, \IIna co oma I' , t S' do F..slado frances, u()S'I' • intcresscs { Istln 0" _llreciso conCl I:lr trcs ,. I' ._11.,'." enCOl1trOI1exprcssao.' ulmana '~~salut: ••(%m c da malOti a nl\l~ ' It) nue estabeleceu que

I 1863 (0 Jcnnt1tJ cornu 'ILJ, -, ImUll clecre~o ( e ) I" , I',,,',dir tcrtas de aldcias, recon Ie-'''lloIUCaUe(. ,_se devla encena I c fortaleccr a posll;:ao SO"

d" I lavradores ( a terra .cer os Ireltos ( os " '-los para apolar a auto-

, I 1 ch"fes locais a fil1l de conqlllsta '(Ia(os'- ,ril!a{le francesa.

GOVFRNOS REFORMADORr:.s ,' - A • 0 europcu aproximava-sc 1Il31So poder poHticn e economiC 1 - be vinelo de v:irin

, , d (10 mll~\1 mann ara , ddos centros VitalS 0 ~nlln ainda havia algulIl:I Iibenlade edirc~('les, mas naquelas terra~ "S em conOilO dos estatlos

nue os mleress.... , drea~ao, em parte por., , h deles fosse demasl:l 0- mitinam que lien um .

"uwpeus nao per " gov"'rnos nallvOS ten-'- - I que varlOs ", dlonge. Era portanto posslve 6 ' ,\enlro da qual a Europa e.

, estrutura I)r pna, I' ' , etassem eflar lima ',ntenren~~o ll111tau:l,. mas com 1I111a , ,fendesse sells Interesses, ': Imanos igualillente, contt-'

"',t~ mur-ulmanos e nao-m\ll;u Ios suu ",', •., ss," governos. 1 nIluassem a aceHar e , 'I •• Sclim 111(eralll el. .r las hesltantes ( '- 9) ,Dcpnis tIlie as mCI II, 1 W Mahmud n (IS03-2 ,

..I' ..I I 1820 outro S\l tao, 1 'nada, s6 na {(ccau;t ( e r' irios convenci(los ( a nc-,

rupo de altos 'lliClon ,e um pequeno g j'

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eessiclade dc mud;tnp tiveram for!,':;)sufidente jMra elllprccndcrUlJla;l~io deeisiva, Slla nOYapolitica ellYolyia;l dissolll~ao do ve-lho exercilo e a criac;ao de Ulll 1I0VO,formado por servil,'o llIili-Ur obrigal6rio e treinaJo por instnuores curopeu.~, COlli esseextreilo, era POSSIVe!eSlabelccer ;aos pOIICo.~('onlrole tlireto so-hre algumas das provincias na Europa e Analillia, Ir.uluc e Siria,e Trfpoli 113Africa. Mas 0 plano de reforma ia lIlais alem. A in-tenc;ao era nao apenas restaur;ar a forfa do governo, mas orga~ni7.a-la de \Jill 110\'0 mo.1o, Essa inten~ao foi procJamada numdecreta real (0 Hart-i serif (Ic Giilhanc), clI1itidn elll I S29, POll-co elepois da mone de MaIl/nUll;

10do 0 nUlmlo salle que, !les(le os primciros elias do Esl<ldoOIOmall(), os altos principi()S do Corao e as leis lIa ,hariascm pre foram pcrfeitamclHc prcservados. Nos..~o podcrosoSuhanato alcanpJlI 0 lIlais alto grau de forc;a e potlcr, e 1()4llos os SClISsl'iditns dc cOIII()(lidadc e prospcridade. Mas nosl'iltillloS 150 anos, dcvi(]o a Ullla suecssao de eausas tlificcis cdiversas, a sagraJa (hllr;iI nao (oi obcdedd.a ncm as bCllcfi-cas rcgras seguidas; conscqiicl1telllentc, sua alllig:l for~.a ~prosperidade lransformara1l14se em fraqucl.2o e jXlhrel..a. Eevidente (IUCos paf.~cs nao govermulos pela ,ba,.;" nio po-dCIII sobreviver [... J Cheios de confiall~a na ajuda do Altls-simo, c certos do apoio de nos.~o Profeta, julgamos necessa-ria e importante introdu7.ir de agora em diante IIl1la novalegisla"io pam {'ollseguir a(!aninislra";to e(etiva tin govt:flI0c pruvincias mm;llllUanas.'

Os fllllciOidrios deviamlivr;ar4se do lncdo de eXCCll"30arhilr;l-ria e nlllfisco de hens; e governar de acordo COlli fC'gras Ira"a-das por ;lhas autori(latles reulli(!as elll consclho, Os slidilOS de~viam 'liver sob leis dcrivada,~ de prindplOS de jllslip, e que Ihespcrmili,<;selll bllscar livrellwille seus inlcresscs economiros; asleis nia dcvi,un reconhcn:r IJluhJ11Cr difcrenp entre otolllan(lSmw;ullllanos, crisl30s e jUtlells. Novas leis comcrciai,~ possihili_luiarn aos estrangeiros cOtllerciar e viajar livrementc. (A rcor-

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gal1iz;l~:io flue se scguiu a esse decreta ficou conhccilla comoTaIl7.im:lt, da pal:lVr:?o arabe e IUTGI para nrtl~lIl.)

Controlc (~cnlral, burnCT:lcia conciliar, governo da lei, igual-dade: pOT tr-as dessas llieias mcstns havia 11m3 O\ltra, a da ~~Il-ropa como cxcll1plo lie CiVi1i7.;u;iio moderna e do Imperio Ow-mallO como sell parcciro, Quando os reform adores cmitir:lll1 ()dccrcto de Giilh,me, cle foi COIllI111icadoaos embaix:Hlores das

potr.neias :unigas.Em (Iuas lias provincias arabcs, politicas lII:lis ou menos ~c.

mclh:mtes foram inieiadas por <lois govcrn:lntcs otolll:1lI0S. NoCairo, a pcrturb;u;ao do equilihrio de poder local provoodapcla invasiio frallccsa lcvou a tornad:l do poder pOTMuhammad'Ali (1805-48), \1m {urC(} da Macedoni;) que chcg:lra an Egitoco11\ as fon;as ot()l1l3naS cnviad3s contra os fnmccses; cle arregi~mcntal! apoio entre a popul:l\-:io urb:llla, foi rnais esperto quesellS rivais, e pratiCalllcnte ill1p6s~se no governo otolllal\O comogovcrn:ldor. Em IOrTlOde si, fnnnou seu proprio grupo gover~nantc olomano de hlrcos e m:llnclucos, 11mcxercito Illoderno elima clile de fnllcionarios cdIlC~l\los, e \IS0\l~OSpua impor seucontrole na ad111inistr:l\ao da coleta de impastos (Ie tado 0 pais, 'e para expandi~lo alem, nO Sudan, Slria c Arahia. 0 dOlllfnioeglpeio na S{ria e Adhia nao duron muitoj foi obrigado a reli-rar-sc por 11111csfon;o conj\lntn das poriefcs europeus, que nio ,n

qucrbm vcr um K~tado cgipeio pr:ltic:lIllcnte indcpendente cn~fraqucccndo 0 tins otOlI\:1I10S.Em troca da rctiral\a, M\lhamnJ ,'Ali obtevc cm 11'41 0 rcconhecil1lCllto do dircito lie SII:1famniaa governar 0 Egito soh slIscrania \l1Omal\;] (0 titulo especial qu~seus succssores :ldot:mllll foi 0 de qucdiV3). 0 dOl1linio egipci<'l,conlinlloll, )lorctll, no SUlI~f), que pcb prillleira ve7, C(lllstiIUi~Illn:l unidade politica individual. .

Sob c('rlOS aspectos, 0 qllC Mllh:lmm:lII'Ali tenlOlI fa7.erfoi'mais simples do que os estadistas cmlslambul eslaV:l1ll tcntan'do. N;lo havia ideia explfcita de cidadallia 011mudan<;:a na ha~'mor;ll do govcrno. Em QuIros aspcl:IOS, porcm, as llllldarW

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introdu7.idols no F.gito iam alem das do r.esto do Imperio, t'~p:lrtir dess;I epoca (I p;lls ia scgnir \1111;]linha scparada lie {Ie.~en',

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0'••.U~.Ill;:- .>

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sana para as leis, e 0 hei compromctia-sc a govemar denlto eloslimites (Ida.

Alcm das fwnteiras do hnpCrio, na peninsula Arabica, 0 1J<reler europeu mal (oi sentido. Na Arabia Central, 0 Estaelo wah-hahita foi elc..,;trufdopor algulIl tempo pela CJlpanSaOdo r(}(l~regfpcio, mas logo rcvivcu, em menor escal~; em Oma, a famihareinantc que sc cst;l;bcleceu. em Masqat pode cstcl1(ler sell dO'"ntlnio ate Zanzibar e a cosu. oriental africana. No Marrocos,houve lIlIlaexpan~io do cOll1ercioenrO(lCU,ahriram-se consula-(los e iniciaram-se servi\os regulares de vapor. 0 poder do go-verno continuoll scnilo demasiado limit ado para controlar cssasmlldan\as.O rultio '1\1)(1ai-Rahman (1822-59) tentoll criar urnmonop6lio (Ie import:l\(}Cs e eX(lOrta~6es,mas sob pressao es-trangeira 0 pafs foi aberto ao livre comcrcio. .

Mesmo 110melhor dos casos, os govemos natlvos que tcn-taram adotar 1l0VOSIIIctoclos de governo e prcscrvar sua inde-p(':uclcnciaso podiam agir dcntro de cstreitos limites. Esses Ii-mites cram impostos acima ele tuelo reins estados CUropeIlS.Fos.••em (Iuais fossem:ls rivaliclades de.'ites,eles tinham certos in-tercs.'ies comuns e podiam unir-se para prolllove-ios. l'reocupa-valll-se, primeiro que tmla, em ampliar 0 campo ~m tlue S:CIL"comerciantcs pmliam trahalhar. "lo<losse opunham as.tc~tatl;asdos soheranos dc manter monopOlios sobre 0 comcrclO. 1oruma seric de acordos comcrciais, provocarant lima mUllan~ ~2S

leis alfandegarias: no Imperio Otomano, (l primeiro desses fOJ0aconlo anglo-otom:lI1o de 1838; no Marrocos, fe:z-scUin se.l~e-Ihante cm 1856. Ohtiveram 0 direito closcomcrclantes lie VI~Jare ncgaciar livrcmente, manter contatas di.retos CO.II~prod~tores,e dccidir elisputas comcrciais em tribunalS C"••pcclals, e n~o nosislamicos, soh a Ici isl~mica. Devido a innucncia dos emba.'X<l11o-res e consulcs as C:apittlla,6cs se transformaram nUIll sistemapdo qual os n;oradorcs estrangeiros ficavam pratic:.ll11cntefoN'do :.lkance da lei.

Alcm \lisso, as pOh~ncias prcocupavam-se corn a situa~odos slldilos cristios do sultan. Nus anos seguintes ao decrctodeGiilhane, eles intervieram colctivamcnte mais de uma vez pm

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as.scgurar que os compromissos dele com os n:io-nllu;ulmallos(o5..'icmclllllpridos. Contra essc senso do "Concerto da ElIro-p~", portm, iam os esfor\os das varias potcncias para asseguraruma inOucncia dominante. Em 1853, isso levou a Guerra daCrimci:l, em que os atomanos receber:un ajmb da lnglaterra e0:.1 Fran~a contra a Rlissia; mas terminou nUIIl:.lreafinna\ao do~Conccrto da Europa", 0 Trat.ulo de Paris, em 1856, induiulilais 11111;1dedara~ao do sultao reafirmando silas garantias aossliditos. Num certo selHielo,assim, 0 relaeionamcnto de govcr.nante e governado foi Jlosto sob os cuidados ofi(~iaisda Euro-pa. A partir dcss:l cpoca, 0 sultio foi tratado formalmcllte comourn membro da comunidade lle lIIonarcas curopells, lIIas comn13ti7£sde ell.vida: Cm)llanto a Inglaterra e a Fnnp aclJavamque seria (lOssfvel0 Imperio 010l11a110tomar-se 11mEsfatlomoderno nas Imhas curopeias, a Rlissia tinha lIlais duvidas c:lcteclit:lvaquc 0 fnturo estaria na concessao ele al11ploautogo-verno as provillcias da Europa. Nenhuma potellcia, cOlltmjo,Ilcse;avacncorajar alivamelltc a deslllontagcm do Imperio, comsilasconselliicllcias para a paz:da Europa; ainda estavam vivasas lellllJrall\as das gtlcrras naIW)leonicas.

Meslllo demro dos lil1litc..••impostos pela Europ;l;, as refor-nus so pllder:lm ler 11msuccs.••o limitado. Eram alos de sohera-nosinliividnais, com pC<llIct1OSgnJllOSde cOllselheiros, c.'itil1ll1la-oos por alguns dos cmbaixadores e consulcs estrangeiros. Umamudan\a de governantes, lima muelan\a no equilibrio lie potierentre difcrentc.••grupos de hlllciol\;irios, as idcias e os interes.'iCS{,(lIlnitantescle estallos curopeus, po{1JalJlprnvocar lima 1Il1ld.m-~ na oricl1t3\30 da politica. Em Istambul, a elite lie altos fUll-cionariO'i('ra slificicntclllente forte e c"'it;ivel,e dediculJo aos in-terCS,'iCSdo Impeno, para aS5egurar ulIla cena continuidade n;!polltica,Illas no Cairo, Tunis e l\1art{l(.'ostlldo ,Iependia do so-berano;quando Muhammad 'Ali morrell, algumas Iinhas (1;1Ik)-

Jiticaforam revcrtidas pclo seu Succ.'isor,'Ahlus I (IH49-54),lllasrlcpoisreslauradas pdo sohcrallo seh'uinle, Sa'if! (1854-63).

Ate oncle as rcformas se rcali7.avam, po(iiam ter rc.'iultadosincsperados. Ocorreram alJ;IIlIl<lslIIt1tlall!;asnos IIIclUdos pelos

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quais as govcrno.'i trabalhavam: orgallizaram-se as dClJartJmcn- ", so ao CP; 1", rl bC;'! • ..( 1 o~ ~)S ancas. Outros cram c' -. .tos de novas form;ls, C ('spcrava..,.~eque os funcion~rios agisscllI gregos CJnoemos crista ". .rJstaos e Jt1d~us loc31s'j ., 't' I 1 . J...•••.•' £1 1 'as Slnos Judeusd••B d' T' . '( e acoruo corn nov;ls regras; eml lral11-SCa gumas novas CIS; cs con lc('jam as mercad I'. '- ag a, tllllS c Fez.cxercitos Coram treinados de modo difcrente, e [armadas pot ,4 para ahTJr como inter,n-d' ,o~ oC:IlS e cst:lVam em boa posirao

. '1' L' " h . . ',.;, - '- lanos com as' lSCrvl~:OInl naT 0 ngatono; SUpUl1J-se que as IInpo.stos senam ,'" :.1"". ros. Ern meados do 'I - . CO/llerclantes cstrallgei_1 d d- 'r . d'd d . . 1 seen 0 XIX mUltos I I L'co eta os Irctatncnte. Jals me I as cstlllavaln-SC a proporC1O- estrangeiras aprendid ' ( C cs con eClam linguas

. c .. . . f d " I', b ' as em escobs de urn' .nar maJOr 10rl)::1e lustll):a, mas na pnmclra asc ten cram tam- ~!!. lam 611 tiuharn n;lcioll;llidad . ~ llOVOtlPO, e algunsbem a enfraql,ecer 0 relaciol1;llllento entre governos e sociccla-:~"l' ~('. exlens:io do direito d- L" jProleo;:ao estrangeiras, par Uilla., 0 'd I' d f'" '-,'1}, . '- em alXa(as e consul Iues. 05 novos meto os e po ltlC:I.S,executa as por unClOnanos 'Ill 'Q Cf'no l1lJ.lllero de slidi,o' , . 0 ,a( os a nOlllcaT Ull1, d d 1 ' . ;:]" . , J ocars como ;lge't'-' 1lonna as e urn novo ll1m 0, cram menos comprecnSlvcls para I gUllS tlIlurn estabeJcc'd ,. '-" OUtr:H UtoTes' al-

'_I' -' 1 ' . 1 'fi I ,;', I 0 seils IJropnoc " . 'os suultOS, e nao tm lam ralzcs nurn sistema mora santI leal 0 \ j, l e ncgocios euro/Jells M ,I ."esentarros [Ill centros1 '- l' L' b '1 . j" , anClcsteTouM Ih Epar onga acclta~ao. am em pertur aram urn antigo re aClOna- 'i.'~' gaTes, grupos de mcrcadore arse a. ',m alguns 111-

mento entre govcrnos c certos elementos na socicdade. , I., eidas pm/cram f;ner _smu~uhllanos havia llluito cstabcle_Q I '" E 'd ' b a passagem para 0 .uem ucrou com as novas lonllas ue govemo. .VI cnte- '\ \' ara cs do suI da Ad!., . 1l0vo ttpo de eornereio'

f". 1 fn . " M' 'i~, I laerarnatlVosllOS' ',. .mente, as amlllas remantes e SellS:l tos neWllanos. alor sc- ~~.';!" (orcs lnw;ulmanos d D '11{ cstc aSlatteo' rnerea_d'o . _I _I '1 l' 'M "e arnaseo e Fez I' .'gur;uwa CVI a c propneuaue tornava pOSSlve acumu at nque- ;"I :lllchcster ern 1860. I J laVlalll sc rnstalado elll'I d' <. 'I' E" d' . . . ) , a guns lllu~1l11[]an .za e passa- a a Jante na l<JlTIlla. xercltos e a mJnlstTa,;oes matS . ale SC"tornado protrgr.r de J I os manoqulllos tinharn

fortes po.~sibi1itavam~lhes ampliar 0 poJcr {10governo sohre a POI' outro ':ldo, g~lpO~~l(~:1I ~~~:s(~stran~eiros.terra. No Egito e na l1mfsia, i.~solevoll a fonnal)::io de g-randes nos,_e com as quais seils illteres;es Iii epcnularn ar~tcs os gover-propricdadcs por melllhros clas familias reinantes ou a c1as che- se VlJrn cm grande parte ex l'j ~ham est<lrio iJgados, agoraga<!os. Nos P<lISescenlrais otomanos, teve Ingar urn processo ulem;is que tinham controla~ UH o~ e, lima (alia de potier. Osan;ilogo. AnoYa administra~ao e 0 novo excrcito precisavam ser dos pela cria~ao de novos cod~ ~Sls,cl,lla le~al fo~am COlltesla_mantidos, lllas ainda nao estavam Lastallte fortes para coletar de not;Jveis nas eidade ~ IS legalS e tnhun:us. As famfJias. d' II' 1 f 'fi'" .~,que 1m lam alllario .lmpostos ue(;ll11ente; 0 ve 10 sIstema (e :l!,-enuas IscalS contl- nas entre governo c pop 1 - b como l/ltcrmeJi;i.

f d. d" f d u apo ur 'Ina . IT1l1l0U,Cos azen elros de impostos po Jam IJrar sua atia 0 ex- saparecer. Mesmo que os 0"1' VItam sua lU uCllcia de-cedente rural. SCI' que rerm lam a posse da t I' n, em a gUlls lugares tel' ll1eros I' < etta pur ('~~-

A1em lias clites rcinantes, as nov"s politicas favorccialll aos e exportal):ao, sua posi,':io c 'dCli t,lv,ando safras para venda. 11 " EO' . scUomllllOsobr I,negoclantcs empen 1:1.(os no comerclO com a 'llropa. comer- cram ameal):ados pelas atividades em _ e os avra( orcs

cio de import:ll):ao e exportal):ao cresci a, e as negociantes quc ~ dos ponos. Indus",', h' 0 cxpansao dos cOlllerciantes1 . S aVla mUlto I b J 'Iele se dedicavam dcscmpenhavam urn papel cada vcz rn-aior n:1'o 3gcm na Siria 0 retln d ' es a e eCil as, l'OIllO a tece-

, . . - d j ,. ". b ' 0 e al):Ucar no Egito fl'apenas no comerclO, mas na organlZ:li;ao ,a prOt u<;ao, aulantan- ,ur ante rba.slJ;vo lIa '11 ,. r . ' e a a )nC;lf;:io dod . I . ,. d 1 I d 'd" d J UnJSla, SOlnalll Call' ".o capIta para os propnetanos c terra Oll avra( orcs, eCl m- 'I": pro UlOSeuropeus emb 1 1 a COllcorrenCla dosd 1 d. I' d d d ", , 0' oraemagulJscaso .00 (Jue e es eVlaln prot UZlr, compran 0, prorc.ssall 0 - es. ::; '_3 tolr-seas novas condi<;iies c t' -.' s COlI.Scgmsscm ajus_caro<;ando algonao c enro!amlo sena - e depois expoTtando. Os',, ,<; colldjr;iio da pOfmbl)::io mr Ja e exp~llr1Jr-se. POllCO sc sabe dagram-Ies comerciantes era.lll europcus, que levavam. uma Illtida" -fit : '!~', em algtills lugarcs /lode te a , ,mas Il1ao parccc tcr rneJhor:ldo, c

1 j h '" I ' rplOra(o ApTQ{h - d ,.vantagelll, parque can lCClalll 0 merC:l1 a europeu e tln aJll aees-:. '~i,l.rOvavcInelltc allmentOl! em ' l' , 1:;10 e a l111elltos36'" 'l~, ge" , p""m m" ",lit"",c co-

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municar;oes deficientes aimla eausavam fome, emhora com me-nos freqiifnc:ia fIlie anu_<;.Ern dois aspecto.s a eonJir;io dcssa po-pular;ao pode ter pioraclo: 0 scrvir;o militar obrigatorio Ievavalima proporr;:io de sells jovcns para os exereitos; as imposloseram mais pcsados e colctados com mais eficicncia.

o deslocamento da economia, a pcrd<l de poder c influcn-cia, a sensar;ao dc que 0 muntlo pulftico do Isla era amear;ado defora: tudo isso se expressoll, em meados do SeC\l(o, em variosmovimentos violentos contra as novas poHricas, contra a cres-cente influencia da Europa, em alguns Illgares contra os eristaoslocais que lucravam com ela. Na Siria, LUdoisso atingiu 0 augecm 1860. Nos vales montanhescs do Libano, havia uma amigaSllnbiose entre as principals comunIdades religiosas, os cristaosmaronitas e os drusos. Urn membro de uma familia local, a deShihab, fora rcconheddo pelos Olomanos como principal fazen-deiro de impostos, e os Shihab tinh:un se tornado na vcrdAneprfncipes hereditarios da mont:mha, c chefes dc uma hier:lfquiade familias proprietarias de terra, cristas e drusas, entre as quaishavia interesses comuns., alial1l;as e relacionamentos formais. Dadecada de 1830 em diame, porcm, a simbiose se rompeu, porcausa de rnlldanr;as na popular;ao e no potier local, do descon-tentamento dos camponeses com scus senhores, de tentativasotomanas de introJuzir eon troles diretos c das interferenclashritanica e francc..•a. Em 1860 houve uma guerra civil no Liha~no, e isso provocou urn massacre de crista os em Damasco, umamanifcstar;ao de oposir;ao as reforma.s otomanas e aos intcres.'iCSeuropeus a e1as ligados, Hum momento de depressao comen:ial.Isso por sua vez levou a intervcnr;ao de potencias estrangeiras, ea cria~:'io de lun regime cspecial para 0 monte Llbano.

Na Tunisia, em 1864, num periodo de mas colhcitas e epi-demia, hOl1veurna revolta violenta contra 0 governo do bei casclasses que lllcravam com cle, os mamclucos e comcrciantes es-trangeiros, e contra 0 aUIllento de impastos necessario para pa-gar as reformas. Comepndo entre as tribas, e.spalhou-se para ascioades da planicie costeira de planta~oes de oliveiras, 0 Sahel;os rebel des exigiam uma redur;:io dos impostos, 0 fim 00 domi"

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Ilio manH:hlCOe justir;a de a dc.Hevc arne~".ado po.r lim '" cor 0 com a {harin. () poder do bei

OIIlCnto mas a .d I I .entre governo C COlnun,' I d ' Ufll a( e (e Illteresscs• (a es cstran .pade esperar ate que a alia. 1 gelTas sc mantcvc, e eJesuprillliu_a. i1r;a( e rcbelde.s.se desfizesse e depois

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17, IMPERIOS EUROPEUSE ELUES DOMINANTES(1860-1914)

os LlMITF..5 DA INDEPENUENCIA ., .

O Ii t do de Paris de 1856 criou lima espcci.e de cql1llalm~c.aa u e os do:; rupos nall':os govcrna.n

entre as mlcr~sses curope sd d- J ga reforma. As pOrenCl;)SI n eno Otomano, e lea os I 1"

res, no I p 1 h "r....onhccendo 0 a to va or. trata{ 0 em ora .".... . dque assmaram °1 'I - ometiam re.~pcitar a III c-do decretD de reforma ( 0 su tao, pc , _ podiam evitar

" I ,. Na venlade, pacem, nao .',pendcncl:l do mpcflo. . d:"vido a discrepanm \'- assuntos mternos, •.. •a mtervcm;ao em sellS . odD como V3.-.. I c as otoman05 aD m

de podcfJO 11lI1Jrar entre ~ aSb d~ nas emhalXadas, ~sd f . llanos llscavam aJu

tins grupos c unclO d ~ van3S comunid:Hlcs ens.. I d r 'n("s csta os com a., .rdar-oes (OS l ere •.. ,. FOI a m-y - mum com a paz. europel3

t:is, e a :'iua prcocllpa~ao co d Ubano alms a guerr~- I I trouxe urn aeor 0 no

lcrvcw;ao teas que d' dnas Ilrovincias rornenas' I 1 1860 Poucos anos epms, as N d'.

elV1 {e . t indepcndentcs. a ese unJr:lm e tornar:lm-se pratlGl.mCdll e isc "orIental" moSlrou ;0/.,

rem lima arrasta a cr .cada S~gul~t~, po ~ d fata A agita~30 £las provinCI;tS eu- ~.os bm1tes a mtcrven~~() f' I '0 ~evera reprcss:io' os go.' lJ' d I . 1 fOJ en rentat a co .>

ropelas 0 mper 0 fi Imcnte a R(lssia declarou avernos europeus protc,sta.ram, e na ",rOll sobre Istambul, e OS'

1877 0 exerelto russo av .• . ,guerra em. d I que dava aulonomu asotomanos assinaram lim ~r~t3 0 t ef~I:l:isto como indlcat;aO deregloes blligaras do ImpcTl~. Is50 .:io de influencia, e prO"que a Rlis..sla pretemha ampha,r ~ua PpOSI~,lgum tempo pareceu

~ -0 hfltamca or ,vocou ullla ortc rea~a, ~ I,otencias acabaram as-

I a europela maS:l" .passive uma guerr I' (1878) sob eujos termos dOlSsmando 0 Tratado dc Ber lin b a~ d1ferenles graus dc au. .distritos blligaros scpara(los rece cr ( II mclhorar as condJt;Oes

o otomann promc e ~~tonnffi]a, 0 govern d 1 r.;oesCrIstas cas potenclas pr~ '~p.nas provinCIas de gr:m es popu a, "

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metcram mais Ulna vez n:to i'ntervir nos assuntos imernos doImperio.

Era claro que nenhurn Estado europcu deix:lTi;tOIltrO ocup:uIslamblll e 0 c.streito, e nenhllln deles desejav;t arriscar a explo-sao Cj11Cresultaria de I1rna tentativa de desmom;tr 0 Imperio. aproccsso pelo qual as regi6es de h-onteira se separavam na vcr~d;t{lccontinuol1. As duas provlllcias bulgaras uniram-se num Es-tado autonomo em 1885; a jlha de Creta recebcu <Iutonomi;t em1898 e foi incorporad;t a Greeia em 1913. Na(lucle ano, aposIIm;t guerra corn os est;tdos baldinicos crianos por antigos slirli-los, 0 Imperio perucll a maior pute de seilS territ6rios curopeusrestantes. Por Olltro lado, a medida que as rivalidades europeiasse torn;tV:l1ll Illais intens;ts e a ascensao a potencia d;t Arem;mh;tacrcscentava mais lim c1emeJlto ao equillbrio europell, 0 gover-no otomano conseguiu um POIICOmais de liberdade de a~ao emSIlasregiocs cenlrais. Isso sc rnostroll na decad;t de 1890, quan_do partidos nacionaltstas em outra eOl1ltmid;tde crista, a anne-nia, comer.;aram a trabalhar aliv;tlllente pela indepcndencia; osot0111anospuderam snprimJr 0 rnovil11cnto com gr;tndcs pcrdasde vida, e sem ao,:aoefetiva cllfopcia, emhora 0 l1;tcionalislllo ar~mcnio contil1uasse forte sob a superffcie.

A perda d;t maior pute das provfndas europCias lIIudon anaturez.a do Imperio. Mais aind;t qne antes, pareda a SCIIScit!a-d:ios mUl;ulm;tllos, turcos all arabes, a ultima manifestal)30 deindependcnci;t de IIl1l llltJOdo mUl)ulrnano sitiado por inimigos.Era mais urgcnte que nunca execut;tr ;tSpolfticas de rcforma. Aburocracia e 0 exercito (oram l1l:lis mfl{!erniz;auos: oficiais e fun-eionarios eram trein;Jdos em e5cobs mililarcs e dvis. Mclhorescomunical)OeS possibilitar;tm ;t alllplJac;:io do controlc direlo.COIIl0 advenlo rlos vaporcs, guarnit;ocs otOlllanas podiam serreforpdas rapi(brnellle em regii)cs peTto dos lllares Medilerrii-oeo e Vennelho. a telegr:lfo, \lin c;tnal esscllcial de controle, [oicstendido por lodo 0 Imperio nas dccadas (Ie 1850 (' 1860. Nofim do secu!o XIX estr~l,(bs de ferro tinham sido cOllslrufdas n;tAnaO!ia e na Siria. Nos prirneJrOS arlOSdo sec\llo xx, ;t estrallade ferro do Iledjn foi estendida de Dalllasm a Medina; isso

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l'0ssibilit:l.V3 0 transporte de pcrcgrinos para ~s eidadcs santas, Ctambern tornou IXJs.o;fvcl30 govcrno otom:ll1o rer mais comrolesobre os xarifes dc Meca. TambCm po{le restaurar sua prescm;afiilet<! no lernen. Na Arabia Ccntui, uma dinastia stlstenta(!3pclos otomanos. a de Ibn Rashid, pode pur algmn tempo sUllri-mir 0 ESlado saudit:!, que foi clepois rcvivido par 11m jovClll e vi~goroso mcmbro cia famfli:!, '1\1)(1ai-Ariz., e em 1914 estav;I (lc-safiando 0 puder de Ibn Rashid. Na Ar.ibi ••Oriental, porcm, suaexpans~o en limit:ula pcb politica britinica. Para prevenie acrcsccntc inf1l1encia de QuiroS csudo.o;, Russia, !'raop e Alcma-nha, 0 govcrno brit,anico daV3 mais exprcssao form;!! a suas rc-la~ocs com os govcrnantcs do golfo Persico; l'i7.cnlm-se acordospclos quais os govcm:mtes de Bahrain, Oma, os Estados TnlCiaise 0 Kuwait colocavam SilASrel;l\oes com 0 mundo externo nasmans do governo britiinico. Esses ;lIcou1os tiveram 0 efeito deimpedir a exp;lIllsiio otomana, emhora os otomanos l1lantjves.~emUlna pretensio de sobenmia sabre 0 Kuwait .

Meslllo denlfo lIe Silas frOllteiras mais estreit<ls, 0 poder liebtambliiniio era tao firme qU;lnto pol.1eTia parecer. A coalidode for\:l.s dcntro da elite dominanle, lIue tarnara possivel arc.forma, dcsllloronava. I1aVj;l lima divisao entre os (l"e acredita-vam em govcrno por fllm:ion;\rios em consclho. guiados porsuas conscicncias e principios de justi~a, e os que acreditavamem governo represematjvo, responsavc1 pcrante a VOnla(!e dopovo expressa atraves de e1cic;oes; muitos <los funcionarios maisvelhos :lchavam isso pcrigoso num Estadu sellllllll pl,hlico cdu-cado, e onde lIifercntes grllpos n<lcionais on rcligiosos podiamusaf suas libenlades politicas para trabalhar por independen-ri7.;lr-Se do Imperio. Em 1876, no :luge lIa "crise oriental", au'torgon-se \lma Conslitui~30 e degen-se e renniu-se urn Par-!amenta, mas roi suspenso pela novo sultao, Ablliill13mid II(1876-1909), assim que este se sentiu suficientell1ente forte. Ap:lrtir de entao, ahriu~se 1Ima (~isao mais profund;a. 0 I)(Jdcrpassou dOlelite de altos funcion:hios paT;!,0 sII1tio c seu rntf1ll-

rug', e isso enfr:lq\leccu a Iigac;ao cntre a dinastia C 0 elclllcntolureo do qU:lIl!cpcndia, elll ultima :ln~lisc. n Impcrio.

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Ern 1908, um;a revollll;ao apoi~(la PO' ()arte do ex;:,-,',t3l1mu a C .. - ...•.. 0 rcs-onstJtlHc;ao. (A Romcni;a e ;lIn, I ' ' ,sc dis d . I g-ana apTovcltaTam •. so para edarar SU;l mdcl,elldcllcia fon,,'I) A (' r'par. •• . )rllle PIO

era e;e~,~ n~lltlos que eSS:lrevolllC;~Oseria 0 ini.cio de \llIla nov~. e l}Cr a( e e c()opcra~io enlre os I",vrn ,10 In, " U

ml~~i .. . . peno III. onano alllencano que havia lIIuito morava em nei~lI;e

("reveu que J rev( I - . cs.. ) IIpO era vl~ta como lima transic;ao

(Ie Um governo irT' 'I d 'r d esponsave. c pax;ls,faminlos e <lceitado~cs e suborno, para \1111l'ariJlllento de reJlrescntanles d

to~';lS as partes do hn~rio. deito I'or pC5.••oas de tod~s a~selta~, Illtl~lIll11anOS,CllSlaos e judcus! TodD 0 I,np' 'pi I "1'1 . ellO ex-R ()(1~Uem JlI Jl 0 unIVea;al. A illljlren.s;a dis~e 0 que I'ellsava.

Col17..aram.se ;l5.'>Clllh1clas,cidadc..<;c vilas cnfeitaram-se vi~Tarn-se lllll\-'Ilrnanm abra~alilio julleus e crislaos.' .,

'

Nos PlollcOSanos scgllintcs, porclll, () poder sobr~ 0 governo foiomalo por 1111l"nl(l() de fi" f ' ", 'I ._!> ' 0 IClalSe unclonanos turcos (0 C:o-

nllte (e UllIao c I'r "J. , . J~ I ' . ogrc5.<;o, ou ovens lurcos"), -que lentouorta ,eeer 0 Impeno aUlllent:llldo 0 controle central

de d;I:1L~Jra.0 ~?vcrll() otOlllJ.no lJudesse preservar ~ua liberda-. ~~o politlca, outro tipo de IIltervcn~ao clIm 'ia lornou.

sc malS Importantc. J)a dcc;lda de 1850 d' pct CIIl lante, 0 govcrnoo OI~al~op:assou ~ ~)fecisar de eada vcz mais lIinheiro lara )a aro cxerclto. a admllllSlraC;ao e algumas ohras Iluhli I I gra lima ~ d .. ' . cas. e eliCOlllra_menlo Ino.v~ .ont.c c dmhclTO na Europa, onde 0 desenvolvi-

. I (a 111ustna e 110colllcreio Icvar;l a IIIna aOllllulaC;ao de~~lla que era call;ali~do, a.travCs de 11m novo lipo de institui-c;a , os b:lllcos. para IIIveStlltlclltos em 101100 mundo "1854 e 1879 . ~lItre

I' 0 ~ovcrnf) otomano romoll emprestimos em lar a

rs<:aa, c em lermos dcsfavod ' d ' g256 '11- I I ' velS; e ulIla qU<lIllla 1l01ll1ll;l1de11.11lOCSI C ibras tureas (a Iihra ,"urea equiv;llia a 0,9 dOllibra

:c~lIlal8;~cd~u apen"s .139 milhl3cs, 0 rCSlo sendo desconu-.. 111 , nao eOJ~s('g\lla arear wm 0 fardo dos jurQli e paga-

:e~;7' e em 1881 CCJou-se UlIla Administrac;ao d:a D.vida 1'llbli., I rcscllt;H1do os credorc.<; estTangciros. d.•"", II I.••••• - leocolltroe

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de granlle parte d~s ecccius (Jtoman~s, e Jessa forma e1~ tjnll", I , ol •••• I,rc os alas do gavcmo na area financeln.VlrtU3 con r ••.JV •

A PARTILIIA lJA AFRICA: EGITO E MAGREB

Um procC5S0 scmdhante se deu no Egito e na Tunisia,. nustermim){J de 1110do difereme. na imposir;ao do c?~trole dl.reto"lOTlim EsuJOj os dois cram P;1ISCSo~1(le, poT v:1fI0~.m~t~vos,

I .. EstaJo lJOdia IIltervir dcclslvamcnte. Na t 11l1lS13,011mIlIllca ,mc.••moaUl11cnto do endlvidamcnto com ban;os ~11r~i>eusteve (. . ~rc.sultado imediato q\lC no Imperio: a cwu;ao de uma COI~llssdao

, 1869 S i -se olltn lent,Hlva efinanccira intcrnaClOnal em .• cgu u . _reformat as finall(;as, rcorganizar a jusljp e estcndcr a cdllca~ao

' " b" mprcsa estrangclr:lmorlerna. QuantI) flUlS 0 palS se a na a c ., 'porcltl malS alrala 0 intercsse de governus estrmKClfos, el.ll par., 1 ' d, '''"nr, l.a instal:ldo do outro 131(10da fronlclra, naIICll:lr0 r .•.' . '1' .'

A 'I' Em 18tH mn exercito frances OCllpOIl a III11Sla,emrge 131. , nto dearte r rnoes financeiras, em parle para omter 0 aur:ne

~ma j~lIell~ia rival, a (1'1It:Hia, e em parte p;ara g~r3l1tlr 3 fr~~,"ira argelina. Dois anos depois, fC7.-se \lIll aco~ 0 com 0~ , , d fiCial e se respolI-pdo qual 3 Franl;3 assumma um proletora 00 .

sabili'l.ari3 pela administral;iio e ;ISf1nanl;:ls. r iraT:lmbcm no Egitoas ;lbertlltas para a emprcsa estr3nge

tcram maiorcs incentivos a intcrvcl1I;:ao. Sob as sucessores de'M 1 d 'AI,. C sobretudo sob 15ma'il (1862-79), prossegUiu1I13l1lma , . d I lernaa tentativa de eriar as instituil;oes de ulIla sOCJC a( c n~~ F:'o Egito tornou-sc praticamcllIc indcpcndentc d? Impe~I~.a ~~

d I c3"iio abriram.se algllmas fabnc3s, aell1ten cu-se a e( u .•. , I lIalo ais sc tomoutmlo levou-sc mais longe 0 processo pc ~ q. I" P A gnerra ci.\llUa llantal;3o de algodiio para 0 mero 0 mg .es. :II 0-

' I, d 1861-65 que cortou 0 abastccul1ento (Ie gvlI americana c , .,. _ d _ I 0dao Ilor algumtelllpo, foi tim incentlvo a mawr PIO .1I~ao. _sse

' d \'Dlveu gastos com Irtlgal;aocontinuoll depOls a gllerr;a, c en . d d fcrro. -. 0 EuitQ cntrou ccdo In era da estra:l e ,comUl1lcal;OCS, l)" • d ohu

da decada dc 1850 cm diante. Rral1:WlI-se outra gran e

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I

publica: 0 canal de SIIC7" romtruido basieamellle rom capitalfrance:'! e egfpcio e corn Illao~de-obra cgipeia, foi alieno em1869. Sua inallgllral;iio (oi 1I1llad;as gr;alldes ocasiocs do !>eculo.o (lllcaiva !Sma'il ;aprovciloU a oportunidade para lIlostrar quc 0Egito niio fazia Illai!>parte da Africa, nus pcrtencia au JIlundo ci-vilizado da Europa. Entre os convidaaos cstavalll 0 imperadord;a Austria, a illlpcrarriz Ellgeni;a, csposa de Napoleao III d;aFr:l/l~:l, 0 principc herdciro d;a .Pnissia, cscritorcs c artistasfranccscs - Theophilc Gautier, Emile Zola, Eugene Fromcn_tin -, Henrik Ibsen, c cicnlisl;ls e nl1isico.~ f;alllosos. As ccri-monias foralll oficiadas por religiusos lTlul;ulmanos e erisliios, ea impe •.••lriz, no i;ltc imperial, ;abriu 0 primciro desfile de na-vios pclo novo c3l1al; quasc ao llleSlno tempo, a Oper;a no C;ai-ro era inallgllrada com \IIna calHata cm honra de Isma'il e tlmaaprcsclltal;ifo do R'go/ttto, de Verdi. A aberlllra do canal alr;aiuinevitavelmcnte a atel1l;iio ,Ia Grii~nretanha, com :'ieu cOlllerciomarftimo COlIl a Asia CSCIIimjJerio indiano para dc(el1,lcr.

A expurt;al;iio e 0 processamellto de algodiio cram Iner:nivospara os financist;as curopcu.~, e famhcm 0 cram 0 canal C outra!>ohns ptibJicas. Entre 1862 e 1873, a Egito tomoH emprcslados68 Illilll(ies de hbr;as, ma.~ rcceheu arenas dois ter~os, 0 restoscn,lo descontado. Apcsar dos esfor~os para a\IIllClllar seils rc-Cllrsos, indllindo ;avcnda de Sll;asal;ocs llO canal ao govcrnn bri-t~nico, em 1876 nao podia pagar silas oorihTaI;OCS,c POIICOSanosdcpois impos-sc 0 contmle fillanceiro anglo-frances. 0 aUlI1cn~to c1;ainflucncia cstral1gcira, ;) cre.~CClltCcarga dc impostos parasatisfncr ~s exigcncias de crcdores cslrangciros C outras: cau'<;:JSJevuam a lim movimcl1to para limilar 0 IX)(lcr do llucdiva, comm<Hizeslie nacionaIismo, c tcndo Ulll oncial do cxerc.itu, Ahmad'Urahi (IR39-1911), como potla-voz; cmiliu-se ullla lei cri;Uldouma C.all1ara de Deplllados elll 1881, e (lual1do a Camara scteunin, tcntoll afinn;ar slla indepcndencia de al;ifo. A pccspccti_

.va de 11mgoverno lIlenos malcavel a interesscs e.'ttrangciros le-VUu por sua vez a illtervclll;ao curopeia, prilllciro dJplonJ:1licaPela Gra-Brctanll:l e pela Fran,;a jlllll";lS,dqiois militar pela Gra-Brcl;anha s'Ol.inlu, em 18R2. 0 pretexto para ;alllva.~iio britanica

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------ •.•,--""""-'"S"'-(oi a alega~ao ele que 0 governo e~tava em revoha cOlltra a a\l~torid:ule legftima, e que a ordem 5e tic,"imcgnn; a lIlaioria da~tcstcltlunhas conlcmporancas nao confirnu is.~o. 0 vcrJadciroItlotivo fni aqude inSllllto pan 0 ImJcr que tem os e.••tados nUlnperlo<.!o de cxpans:io. rcforpdo pelos l'IOrta-vozes dos interessesfilUllcciros eurollellS. Um bornbardcjo britinico lie Alexandria,scguido pelo de..••elllbuque (II" tropas na l.on<l do canal, desper-tou scntimcntos mais rcligiosos que Iucion<lis. mas a opiniioplibliea egillCia eSlava polarit.ada entre 0 qllcdiva e 0 govcrno, eo ext'rcilo egipcio nao ))Ode ofcrecer resi5tcncia efctiva, 0 excr-cito britiinicu Ol.:upou 0 pals. e liaj cm diantc a Gra~nreL1nhavirtualmcnte governoo 0 Egito, embora 0 dominin britinicon:io fossc expresso em tcrmos forma is. devido a complexid;l.eledc inlcresscs estnngeiros; 56 em 1904 a Fnn~ rcconheceu aposit;ao predominante dOlInglatern ali.

A ocupat;ao dOl-nmfsia e do Egito foi om pa••so iml'0rtantcno processo pdo qual as potencias euro~ias deliniram suas res-pertivas esfcras de interessc na Africa, como uma altemativa paraa lut:l cntrc 5i, e c..-.scpasso abriu caminho para olliros. 0 domi-nio hritinico cstcndcu.se para 0 sui, pelo vale do Nilo, ate 0 Su.d:1n. 0 11I0tivo 2prescntado p2ra isso (oi 0 surgimcnto de umIllovimento religioso, 0 dc Mllh~lIlmall Ahmad (1844~85),vi~topor seilS sCglJidorcs como 0 mahJ" com 0 ohjetivo de rest:luraro dominio dOljustit;a i~limiea. 0 dominio egipeio no pafs trrmi.nou em 1884, c crioll-se:l forl1l:l isHimica de govecno. mas n~ofoi Unto 0 receio de sua exp~llsao COIllO0 da entrada. de ffiltroSgovcrnos curopeus que levou :l \11113ocupac;ao anglo~egipcia,destnJin(\o 0 E.stado islamico e eSlahclecendo, cm 1899, umnovo sistema de governo, formailllellte UIll "condominio" anglo--egipcio, mas na verdade com uma administra~io hasicmcntehrit:inicA. I

POllCOdcpois, 0 cre...amcnto dOlinl1l1cllci•• inglcs:l 110Reinndo Mnrocos alingiu \111101(.ondusiio scmdh:llJle. A5 tentatiwsl16sultao de m~ntcr 0 pais livre (Ie interven~o pratiC2l1lcnte aeabj.ram em 1860. quando a Espanha inv:ldiu 0 pais, em parle paraestcnd("r Sll:l inOucJlcia :llem dns dois 11Ortosde (".cIlU e Mdill ;

",

q"e estavalll cm 111;;0.'1espanholas h . _ IOpor-se 11dissefllHlJt;ao da influcncj:~:i S~C~Ios, e. CIIl '!atte para1I111lltralado pclo (IIIJI 0 M ' h tanlC3. A lIlvasao aca hot!~ao linanceira alem Ilc suas arrocos 1

0111a de p~gar Ullla illdcnil.;J~

-' . posses, s e."(or("05, ' I~cor(los cOlllerci<lis (eitos C .• )au paga~ a e os. '-' mn os eSI:HIm; ctlrol~' 1UIlI raplu() :llIIIlCIltO de ativ' I I " ' .lS cvanrn <I

(.1873-94), 0 gm.'erno telH01~1:;"eiicuropcl:l, So~ o. su.ltio ,Hasanlr7.ada.~em Outros raises ~ 7.ar reformas llJentlcas :ISrea~qU:l1se pm/e .••..••e conle~ <I;l~~;:r: ;recer 1I~ csfluClIla dcntro doluna administra~:io rdorrnad t; 0 e1J~opcl~; llln novo cxercilo,r usar receita$ A nt,I,'"'", , :I: ~rn meto mOIlSelicaz de Icvantar

., I.' ••. eve 0110 an.. r'",verno nio puo;sula controle sulirici r_n~s lIlll(a~ 0. J<I(jUC0 go-passivel. Os SeJ1JlOr"~m,,' Ite so Ire 0 palS para tOO1;i.la

. . •..•• IS, com SU:l IJO . ~ . Idanedadcs religf-., 'I' ,~It;~oenr:l17.•H <Iem soli-

•..•..••.•011tn )alS cram' .tes. e flOsuI seo "~ >., ' pratlcamcnte Indepcnden_JUlh. aUIllClltava. nas .d Idr tribllt<l("ao e <ldm,'n"'tr ~ t:' Cl al e.", a,.;novas meliitl<l:"l.• at;"o Cnltaquece "dosol>erano Chef,., I' h I ram a alltOrll ;ade moral

. • '" oc:IlS csta e erer I - drepre.o;entantcs cstrangclr05 am re .l.;'OCS Itetas COlliprote~:io deles p", b .• e os rncrc:ldores se pu,.;cram soh a

. so revIver 0 gOYpres-limos a bancos eu'"'.... ..' crllo COIllC~OUa tornar em.. ,,-us, ISSOallmcllto .~Iro.s, e a conelusa" In'g,'. u os Illterc5.SCSestral1~

• C:I VelO em 1904 de a Eslunha, dU:ls da$ tres •. . ,(Illan 0 a Ing/aterravoivid"s, rCCllfllleccu;n 0 in,;o,enclas I~al.s ~Jto(tIJl(lamcllle ell-Funr;a (<IGr:i-Ilretanha em t:~~$~p~el 0I71~ante da terceita,:I

IO~a ~~allha por IIIn.aI)arte no con~o~c"IC:~:n~I:'c a~~ no Egi.Jlf!IlClp.USCSL1floseuropells collnJrda ~,1907. osbnco-espanh()1 da administrafio C ;~~~ COm~ v~rtllal co~Hr~lcocup<lf:lmpanes do p,i, , r. I ps. s \las pot('ncus

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" , , c..~p:ln1:1110norte Ffa:lltantlca e /la fr(lllleir<l argelina II e a r~~~:1 n3 ('os~SlIIt:iO,que Se CO!OCOIIsob I ~ fOIlVf'.Ulna rebcllao contra ()poder ff:lnn~s ~ntinu()f1, e ~:~ ~~al~ 1::I~lcesa.mas ~ c¥,,~nsio dnacordo aceit:lndo 0 Jlrotetnrado fran •. novo ~ui.t:lo a5."1II0011111C2utlilhn:"l(10 sl1l 1",,1 _ . CCS,0 malS lInpnl"lan!e dos

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~ a al I1lllllSlraua pel Fl. '.O~ltro dos illtere~se:r; CS1TJl1gejr~s Ii. . a h-~pal11<1;~ I :I.nger,lI:IcIon:lle.spc('"ial. ' carta ~ III1lregllne mtcr-

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A ALIAN~A DE INTERESSE.S DOMINANI'F_'\

Ao cstourar a Prlmeira Guerra MlIndi~l. mal se viam ~s im-plica~oes do comrole italiano 11<1Llbia e do (rances e espanholno Marrocos. m:ls a dominio frances deixua sua lTlarca na Ar.gelia c na 1ullisia. e 0 britiinico no Egito e no Surlaa, Em algunsaspectos, isso assinalOIl tim rompimcnto com 0 passado e com 0que aCOllfecia no Imperio Otomano: predominavam 0." grandesinteresses estratcgicos C ccollomicos de um unico £Stado euro-peu, e emboca no Egito. na Tunisia e no Marrocos existissemgovernos nativos nomina is. eles (oram aos POllCns perdelllia pu-der. a medida que se expandia 0 dominio de autoridades curo-peias, e nao possufam sequer 0 espa~o limitado de a~ao indepen.dente ()lIe permitia ao govcrno de Istambul jogar um:l potenciacontra Dutra e buscar 0 que encarava como interes,se nacional.

Sob outros aspecto ••••as politicas se{,'uidas pela Inglaterra epela Fran~a podiam ser encaradas. nUIll certo selltido. como con-tlnua~oc.". de lUll IllQllo mais cfetivo, (!as t10$ refonnadores nati-vas, Por baixo da fachada de governos autOctones. inlrooll1.iam-scmais :l.utoridades cstnngeiras. que :lOSponcO$ forarn adquirinlloUlll V:Jstocontrole; mudo\! 0 e(luilibrio entre clas e:ls autoridaclesnatlvas, (No Sudao, nau havia e~ fdchada, mas administr:i~ao di-rcta do tipo colonial, com quase lodos os altos pOSh)S em mansbrit:inicas. e os egipcios e OIums em postos subalternos.) Os go-vemos trabalhavam com rnais eficicncia. mas tamlltlll mais dis-tantes. Sold.~dos estrangelfos, ou soldados nativos sob cornandoestrangeiro, e IIfIla ()()licia disciplin:l<1a possihilitavam quc 0 con-trole do governo se expandisse mais para 0 interior, Melhoresco-m\lnica~Ocs aproximavam mais as provincias da capital: estradasde ferro tanto na 1i.mlsia (Illamo no F.gito. na Tunisia estracl:l.sderodagelll tamhcm, Criaram-sc 011cstendcram-se tribunais seoda-res. administrando Cll<ligo."de estilo europeu, Severo comrole fi-.nancciro e coleta de impmaos mais eficiellte Icvaram a IIl1lamlu-(,:30lbs divi(las externas, dcixando-as em proi'~:>r(,:ocscontrolaveis.Finant;as mais viv:a."e acesso ao capital estr::angeiro em (enr)OSmais favOr3VclSpossibilitaram a cxecucao de algumas obras (luhli-

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CIS:em particular, obras de irrigar;ao no vale do Nilo. cullllinan-no na barragelll dc A"'''lIan, alraves da qual se intrm!uziu irrigac;iipcrcne no :lllo .Egilo, F.stabcleceu-se um nUlllero lirnitado de es~colas, ou mantJVeram-se outras do pcrfodo anterior: 0 suficiclllepara fo~mar funcionarios e tccnieos no nlve! para 0 (1"al se julga-va possJVcl ernpreg.a-Ios. mas nao 0 bastante para prnduzir umagrande das."e de inlclectuais descnntcntcs,

Nas ar.eas governadas a partir de Istambul. Cairo, Tunis eArgcJ. a ahant;a de interesses em lOrno dos novas tipos de go-verno estendeu-se e fortaleceu-se na seb'1.mda Illetade do scculoXIX.AJem dos fU~c1on:irios. dois OIUros gmpos foram particu-la~me~te favorecJ(l~s l?c1as,pollticas das governos. 0 primeirnfOJ0 IIgO'I(Ioao COlllerCIOe as finan~as. 0 crescimento da '",')H-i, - d"" E5ao e a JIle USlfla na 'uropa, a rnelhoria de portos, a COllSlnl_foIode estradas de ferro c (no Llbano. Argelia e TunIsia) de ro.dagem, tudo levOl~a mna exp:ms;io do cOlllcrcio com a Europa,bcm como COlli dlferentes partc." do Oriente Medio clio Ma-greb, ap~sar de perlo<!os de dcpressao. Qllase sempre, foi nasm~sn~as Imhas de :Inles: exponac;:ao de matcrias-primas (algo(l:ioegJpclo~ scda hbanesa, l;'i c courns do Magreh, fosfatos tunisla-nos), alllnclltos (1aranjas cia Palcs6na e vinho cia fugClia az .,d I. d T " , :CI eeo JVa a IIlllsla] par~ a Europa; importa~:io de tCJ:tds. pro-

dutos d~ n~etal. cha, c~fe e ar;iJcar. Em geral. havia mna balan(,:ade COlllerClOdesfavor~vcl com a Europa; isso era compells:llioem grande parte pela 1I11porta~30 de capital para ohras plibJicas~. elll alguns Ingares. ICllles."as feitas pelns que haviam emigra-o para ~ Nov~Mundo e ? f1.lIxopara fora de Durn c prata,

A f~tla major clo come.rcm cstava ern ma()S de empresas ecomcrClantes europeus. haslcamcnte britallieos e francc.<;cs,COIllum~ pa,rte .crescente para 0." alcmiics, ;) medida que a p()plila~i'ioe,a mdustn.a da Alcmanha se expandiam, Mas grupos de <:olller-Clantcs ~at~v~s tarnbC!ll desempenhavam urn papel imponantcno .cOIJlercJo ~lllerll:IClOnal. e dominante no COlliercio local: noO~lentc Me(lIo, cristaos sirins e Jibaneses, judeus slrins c ira-qUlanos e. Coptas cgfpcios no comcrcio do Nilo; no Magreb, ju-dellSlocalS c tambclll algum olltros com longa tf;jdi.,:~o de co-

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Imperio, a Lei dOl'Jerra de 185R defll1la as varias c:ttegoi"i;u deterr:t. A terra 3grfcol.a lIlais cuhivada era clIc-'lr-'lda, de acordnco," IU("pio de 10llg-'l lI~u, como pcnenCCJI[e ao Est;ulo, IIlaSWique ~ cultivav:lIIl, ou preteIHli31tl fa7.e~lo, podi:lIn obter um tf.tulo (jue Ihes possilJilit-'lv-'I desfrutu do uso pleno e incomesta_do (ld-'l, vellde.l:I ou tUllsmiti_la a sells herdeitos. Urn do

sob--

jetivos da lei parcce ter .'lido estimlliar -'Ipro<luC;.aoe fort-'lleccr -'Ipo.si~.a()<los C1lhivadores de (ato. Em alguns lugares. pode tertido essc=result-'ldo; cm PUtes dOlAnat6lia, e no Ubano, olldeaumentuam OSpequenos tUtos de terra produtora de seda, CIIl~rte por CatL~-'Idas remCSSas (cius por emigrantes p:lra silas (a.ml1ias. Na maiotia dos lug:lres, porem, os resuhados fo

nm(Ii.

reremes. Em regi6es pr6.irn-'ls ~s cid-'ldes, empcnhad-'ls 11:1pro-dw;.ao de -'llimemos e In-'lterias-prinus pau as cid:ldc.s 011 paraaponar, a tern tendia a cair em mans de (:I1l1l1i;asurh-'lna_~.Elaspodiam fazer melhor u.w da maquinui-'l admini.~trativa para re.si~trar titulo.sj estav;,(m em meJhor posiC;io que os C"-'lrnponesespara ohler empr6timos de b:lncus comerciolis Oil empres-'ls dehipoteCl, ou do b.lnco :lgricola do governo; podiam adi.anr-'lr di-nheiro aos c-'lrnponeses, para possihilitar.lnes pagar os impastosau financiar sua.~ opcrac;Ocs; em areas (jue prodllziam pan eJ:-poru~io, os comerciantes urh:mos que tinham Iiga~Ocs com 0$rnerados e.ternos pO<Ji-'lmControlar -'IproduC;.ao, d~idJlldo 0que devi-'l ser cllhiv:ldo, adiantando 0 dinneiro para isso e cOIn_prando;,( pro<llIl;ao. Alguns desrrut-'lvam de monopOlios: a com.pra de sed:l e tabaco em I{)(io 0 Imperio cra lIIonop6lio de elll.Jlresas COllcession.irias Com c-'lpital estrangeiro. Dessa forma,olou-se Illiia cla~ de propriedrios amcntcs, essellcialmeme mo--fldores d-'lcid:lde, em po<;iC;iode -'lpdar ao governo !'<lra apoiarsuas ptelell.siks a Ulna fatla dOlprodu~iio; os cuupone..<;("Sque aOlltiV:lv;ulInam rrabalhadores scm terra Oil JIleeiros, fic<lInJotom 0 b-'lstame dol prodl1~ao para sohreviver. Dc."Sas propricd-'l_despriV:ldas, t-'llvez as ll1<l1iores,e elltre as lUals bern <lIdmimstra.d:u, eUm as do proprio sultan Abdlilh:lmid.

No campu rnais distante, alern do commIe efctivo das ci-dades,surgiu ourro til)O de grande propricrario de terras. Gran •

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CONll{QLE DA TERRA

. d05 no. . tesses se as."OC1avamaosOs OUlJOSgnipos CUJOS1ll.le . d "I:..nlo no corr!1:1 pnednos (" tcrras."" govcrnos cram ( os pro E"ilo a hase leg~.e' Otoll1:l.no .11Ianto no t> ,

principal do 1m} no . d I le;:u}.,s do seculo XIX,."i"~~•• de tcrt-as fOl 11111;II a em 11paraa po~

I ", Ie Ml.:lIbn3. . d d Sus no MUfOCOS, { 0 UJSI. (merCIO,mcrc~ ores c. Jar 0 d<1costa lunisj"'Il;a.Argcha. e d<1llh:. de J2fb~ 30 g ru i:llll ••Iem Jos comcrci3is.

Os intctcsses fillan~~lros ,europe sioram 1105cmprcsumos :a.. nmtles IIIv('stllnt"ntos .

Os pnmclros g bdecimcnto do cOlllrolc finance.-overnO$ que lev;1ram ao c.~ta 1 d pot go-- ; .

~o; rlepois dis..~oO\ltr~ cllnpr6Iillllos~7;:~I:e~::;:s::i1ilollle.existenCI" (e contra e r. .

vernus, mas iii antes 0 invcst!lIlcnlo

:;::'~~:e~~;:~;~~~~::~~::::~;~:;~~~:;e~~":;~~~,:;:"::ptihlicos para os quais <1.0; emprcsd;ls ronccss3es em v;irias

- A' can:ll rill"; Sue~ cralll-se " dccssocs. pos 0 ho d ~ ;is drlncid<lde e, acun:l e.- ponos n es OIgu:l,g , ,

:~~~e~t~:~:sdefe;ro.Em~Jrnp:ln~a(~c~nsiSI)s;~~o~:e~;:' rlOlhllf:l com eJ:ce~ao ;t

II1ve.<;umcnto na 3g 'I cl nd3 (Ie «rtos produ.Amelia, untie 11111;1gnnde e regu :tjr em, ,. O'uantiam um re-••.•6 I'.. sobcontroceurope t>

tos e 11111:1;I( mlnlstn~ao.I' I.l. houve 1)0\1(:0investimento n,nde e .seguro. am hemtorno gra . d' .a (Ie hens dc consumo em pt •. J' . n;io ser por In ustn s . ". (I'In lL"tna, a I e tralj':3o (Ie 1l1lnenUS O!Iquen2 eSC2ta, e nuns POIIC05 ug~res J:

1i ". pt'lr6leo no Eglto). nUSbtos ".a UOlS12'b C05 e emprC"52Sinteiramente cutopcll5,

Nao apenas an.. I l:lmhul C2ito e outns p:ilnes;:llgull..' agon esubclccld05 em ~ d investimcnto. 00-como 0 B:lnco Otoll1ano. p:uuclpaV:lm 0 de p.rte europeu,

b 1000is porem, en em gnn ,pit:ll Jesses ;mcos , . . t nio el":ll11mantidos nOS.. d I Cf05 com mvestlmen 0 I .e mUltos os u " ,"quCl.a e capiu n~I fim de gent mal ,palses intetessa{ os, a 'I. para inchat sua n,n:tl, mas exportado pat:t os p:lIses I e ongem,queu e capiul.

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(Je partt' eta lerr;l, sobrCludo CIll areas de p;lsl;lgcm, scm pre foracncafada, lalllo pcla govemo como por ;lqudes que dela vivi:lIl1,COUlD pcncnccndo colcti ••.arncnte a lima tribo; agora IllUilas

dclas cram registradas pela famfli •• prillcil~al da triha elll seu!lOllle. Se a area era grande, por6n, 0 commie e(cliva tla lerrapodia nao fiear com 0 chefe tribal, ma.~ com urn grupo inlcf

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/llcJiario de agcntes, mais proxilllos da terra e do proCCSS() decultivo do que podia estar liln proprierario Olfal ciA citl;Hlc 01111m grande xcque tribal.

Esses novos pr0l'rict;lrios rurais inclulalll IIlcrcadores eprcstamistas cristans e jlllicus, I1MSalguns esttolligeiros Ila /llOlin[parle do [mpcrio :linda governavam de ISlarnhul. A principalexcet;iio era a '\l!cstin:l, nnde d:l dccada de 1880 em di:mfehOllVCuma crescenre COllllll1idade de \1m novo tipo de jur/cus:nao os jlldeus oricntais havia lnuito estabelecidos, ma.~ judeus d~Enrop •• Ccntral e Orienlal, e nao vindos a )enl.~ ••lcm para cstu-dar, rez ••r e morrer, m••s de .aconlo com \1111•• nova visao de 11111.1na\ao judi;! restaurad •• com rafzes I\a terra. Em 1897, e5sa :lsJli-n~ao foi eJlpressa Ila resolu\ao do primeiro Congre.~so Sionisfa,quc pedta a criar;ao pua 0 povo judeu lIe \1111Jar na Palcstill:l,garalltido por lei publica. Apesar da opmi\ao do govcrno 010.mano e da crescente ansiedade entre p.arte d.a pOPIlI.a\30 anilelocal, em 1914 a popul:lI;ao judia da Palestin:l tinha aUlIlellfaJopara aproximadamcnte 85 mil, ou 11% do total. Cerc.1 de umquarto delcs a.~s('.JHara.se 11:1terra, parte dela comprad.a par umrundo nacion:ll e dedarada propriedade inalienavcl do povo ju.Ilell, cm que nao se podiam elllpregar nao-judeus. Alguns viviamem assemarnemos agrfcobs de um novo tipo (0 hllUtz), com con-trolt: colctivo lia produ~iio e vida comullal.

No Egito, 0 processo pelo qual a ferra passou das m50s dogovernantc para lllaOS particulares, iniciado nos uhil1los a!lOStieMuhanuTI:ld 'Ali, teve continuidadc entre 185H e 18BOpor um2serie de leis e decrelos que acahou levando a pmpriedadc privad~complefa, sCJOas limitat;OeS que a lei otomana rctinha. T:ulIhemnesse processo, a illlen~3o talvez nao fosse eriar lima clas.~edegrandes proprietarios n!fais, mas n:l vcnlade foi is.m 0 quc acon-

leeCH, dcvillo a varios pro(:essos imcr-rc!acionados. Ale a oeu-pal.:ao brilanica em JSR1, grande parte dOl terra era cntregllcpdo quediva CIIICOl1CCSS<)~sa memhras de Sua f:llllilia on a altosfuncionarios a SCIIservi~o; grande parte (icava nas maos delcmesll10, corno dotllinio privado; illl(lortantes famflias aldcas talll_belli pmlcram estclHicr silas terras a Illcdida quc alllllcntava ademand;l do :llgod:ln. Apos a ocupar;ao, a terra quc cra elllrcgllepelo governanlc para pagar 0 servi~'o da divida eJllerna e a lerrarecCrn-posta em produt;ao cafram lias maos de grandes proprie-drios on de empresas dc terra e hipnrcca. Pequenos propric.r:irios endividav:un_sc com prestamislas urb:lllos c peflli:lIll sualerra; mesmo lJuando a refinham, nao OlJtillharn acesso :10l"fcdi •.10 para financiar melhorias; a.~leis de hcranr;a levavam a frag-menrar;ao de posses a UIl1ponto CIJI que nao podiam mais sus-fen tar lIlIla f:ulli/ia. Na cpoca da Prilllcira Guerra Mundial, maisde 40% cia tcrra cultivada esiavalilllas m;'ios de grandes propric-fario.~(os (Ille 1)(Js.~ui;lInlIIais dc cirlliticnia ftddarn), e ccrCa dc10% ciivi<iiam-se Clll propriedallcs dc mcnDS de cinco frddnn.r.(Um ftdd"" igual:l-se aproxirnadamcnte a 11111acre ou 0,4 hcc-tare.) Cerca de \lin quilllo I!:JSgrandcs proprieda(les pencil cia aindividllos au cmprcsas cstrangciras, sobrcludo no none. 0 pa-dr;io normal passara a scr 0 do grande proprietario CUj;1Icrra eraeullivaJa por c:lInponescs, que entravaln COIn a mao-dc-obra epodiam alugar Oil cultivar 11111pedal,."ode ferra para si lIleSllIO$;ahaixo deles h.lvia mna cresccnte poplll:l\ao dc tra!Jalh:ldoresscm terra, cerca de urn quinto da popular;ao trabalhadora.

Na Tunisia, a apropriacii'l dc terra por Jonos e.strangeirosfoi levada :linda mais adiante.)a havia IIllla g-rande conumi,/;uJefrantesa e italiana lIa epoca da nCllpa~ao francesa. J)nr:IIlIC osprillleiro.~ dez anns, mais Oll menos, do protctorado, as mcdidastomadas pelo goverllo cram CIII favor de grandes imcrcsscsque descjav:ulI comprar terra: as Ijucstocs de terra t1cveriam Setresolvidas par ltibllllais espcciai.s com 11mcnmponemc curoP(,Il;os que arrendavam terra dc waoz{podi:lllJ COlllpr:i-la. A panir de1891, adolou-sc Ullla nova politica, dc encorajar a illligra~iil) c~ssentarnenfO, em pUfe soh prcssao nos mlons, CIII parte para

-I UNiFES.P 18 J Il'aiOTECA CMIPIJSGUNWI:lS I

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<lumenur 0 clcmcnto fnlld~s entre cles. UIll<lgundc qU<lmid<ldede terra foi posta it vcnda; terus de 71J(1q/. propriedadc.'i doE.'itado, teru coletiva das tribos onde sc adot.an a mesma politi-ca seguida na ArgClia, de espremcr os habitante.'i Ilurna mellorpropor~ao dela~ Aos compradores, ofereL;am-se termos favora-veis; credito rural, cql1ipamcnto, estradas. As rondi\-Ocs econo-micas tambem cram favoraveis: continuava a demanda de graos,e a de vinho e azcite (Ie oliva aumentou. Assim, a quantidade deterra em maos el1ropeias aumentoll, sobreruclo nas areas de cul-t..ivo de graos do norte e da regiao de cuhivo de olivciras doSahel; em 1915, os colons possuiam cerea de um quinto da terracultivada. Rel.ativamcnte poucos dele.'i cram pequenos proprie-cirios; a padriio tipico era 0 do grande proprictario rural culti-vando com a ajuda de trab.alhadorcs sicilianos, italianos do sui aut1.misianos, ou cobrando alugucl de Clmponeses nmisianos. Ha-via uma abundante ofert<l de miio-de-obra, porque 0 processo deexpropriar a terra piorara a sihla~ao dos camponeses; des fOldmprivados de acesso ao capital, e da prote.;ao que Ihes (Iavam osproprietarios nativos. A Jnudan\-a economica trouxe consigo umamudan~ no poder politico. OS (O/OTIS exigiam mna parte maiorna dctenninapo da politica; queriarn que 0 governo se enCl-minhasse para ancxar 0 palS it Fran\-a, dominando a popula\-30nativa pela for\-a, e man tendo-a dentro de uma cultura e de \1m

estilo de vida tradicionajs que a impcdisscm de partilhar efetiva-mente do exerclcio do poder. Tiveram cerlO exito nisso; gr~ndeparte dos funcionarios do governo era francesa; a conferenQ2consuhiva pan questoes de fin:m~s e ea)flomja consistia basiOl-mente de colom. Par outro 1ado, 0 govcmo em Paris e os 21t05funcionarjos de hi.enviados desejav;un manter 0 protetoraclo n~base da coopcra\-ao entre franceses e tunisianos.

A polltica francesa na Tunisia em 1914 atingir2 um est:igiosemelhallle ao da Argelia na dccada de 1860, mas enquanto i55O,na Argelia, as coisas tinham mudado. A derrota da Fran\-a n~Guerra Fr;Hlco-Prussiana de 1870-71 e a qued.a de Napoleiio rn'havlam enfraqueciJo a .aiUoridade do govcmo em Arge!. Os(owm tomaram 0 poder por 11m momento, mas no leste do pais

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ocorrell lima coisa dilerentc - lllll:l gcnentllzada rcvolta cntrear:lbe.'i e berbcres, com lllllitas clUsas; da parte cla nobrel.a, adescjo de recllperar sua I-)()Sil;aopolltica e social, enfnqllccida ~ .mcdida que sc ampliava a adrnmistra\-iio direta; cl;. parte dosaldefies, oposi\-ao it perda de sua terra e ao crescente poder dosro/lJnJ, e a pohreza apOs urn periodo de epidemia e mas colheitas;entre a popul:i\-iio cm geral, 0 desejo de indcpendencia, aindanao ellpresso em termos nacionaiist;ls, porem mais de rehgiao, crecebcndo jj(leran\-a c orienta~iio de uma das ordens sufitas. OsIcvantes foram suprimidos, com graves resultados para os mu--;ulmanos argclinos. Impuseram-se multas e confiscos de terf:/;coletivos como puni.;ao; cstimoll-se que os distritos envolvidosna rebdiao pcrderam 70% de seu e;apita!.

as resultados a longo pra7.0 foram ainda mais graves. Adestrui~ao da lideran~2 local e a rnudan\-3 de regime em Parisafastaram as barreiras contra a dissemina~o da propriedade deterra europeia. Por venda 011 concessao de terras do Estado ouconfiscadas, pela tomada de terras coletiv<\s e subtermgios le-Vis, grandes tratos de terra passara.m para as maos de (oWns. Em1914, ellropeus possuiam aproximaclamente urn ter\-o da terracultivada, e era a terra rna is proclutiva, d.ando graos como aJlles,ou entao vinhos, pais 0vinho argclino agora encontrava urn gran-de mercado na Franp. Grande parte do cult..ivo cm terra pro-dutora de vinho era feita por imigrantes europeuS, espanh6is eitalianos, alem de franceses, mas pertencia sohrenu-(o a .proprie-tarios relativarnente ricos com acesso ao capital. Omfinados a:ireas menores de terra nao favorecida, scm capital, e com min-guados recursos de gado, os pequenos proprielarios argelinostendiam a tornar-se mceiros au trabalhadores bra.;ais em pro-priedadcs europeias. embora em algumas partes passas,.'ie a ex;..••...tir uma nova das,.'ic de propriet:irios rurais mm;ulmanos.

Em parte por causa das novas oporrun..idades em rela.-;ao itterra, a popula\-ao europiia da Argclia aumentou rapic!amenre,de 100 mil em 1860 JY<lraaproximadamente 750 mil em 1911;est~ ultima cifra inclui os judells argelinos que haviam recebiclonaeionalidade francesa. A popul.a.-;ao ll;ltiv<lSllhird agor;a par;l 4,74

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milhoCSj os eumpclIS SOlmVam Ill.Jrtallto 13% ria popul;u;;"io to-tal. Nas grandes cidadcs, des er:un um c1emenro :linda malar:cm 1914, tres quartos dos habitantcs de Argcl cram europclIs.

I<:'~sacrescente populal)ao europeia praticamente colltmlavao governo local em 1914. A cs..,a altura, linham represemantcs110 Pulamcllto frances c fOflll:lV3m import;lOte carro politicoem Puis. Aas polleDS, il. medina qne aUIIlC/ltaV;l lima nova genl-r;:io mscida na Argelia, e imigrantes de outrw; pafsc.~ adotdvamcidadania francesa, des desenvolverarn urn:! identidade scpara-dOl cum interesse scpararlo que (J wbby podia promover: assimi-Iu :l Argclia 0 lIlixill10 passivel il.Franr;a, 1I13SCOlltrolar a arlml-nistrar;iio francesa local. "All gcral, cOllseguiralTl. A vasta maioriada.'>autoridades locais era francesa, e qllase todos as quc oeupa.V<lmos altos postos. AtHllClltaram as areas adlllinistradas poreonselhas IllUnieipais locai.~ com llIaioria francesa, c nessas areasas l1Jll~ullUanos nia tinhal1l vinualmente poder algum. Paga.vam impostos diretos muito mais altm \jllC as c%m, mas as rc-ceitas cram usaclas sourctuda em bcnefkio das europem; c.~tavamsujeitos a U1l1e6digo penal especial Jdll1inistrado par magislta-das franeeses; pOlleo se gas!ava com sua ed\lca~iio. No fim doseculo, 0 governo cm Paris tOlllava consciencia do "problemaarabe": dOlimportaneia de <lSsc!,'lJrarque a adminislra~io per-lllanceesse indcpendcnte de pressao dos co/qns e pliOesse US<lrseupoder p:lra "salvaguardar a dignidade dos derrotados".' Agorafazia-se alguma coisa pela cduca~:io mll~ulll1ana em nlvel pri-marro, mas em 1914 0 mimero de argelinos com educar;ao se-cundaria ou superior sc Contava em Jezcnas ou centcnas, naoem milh<lres.

A CONDIcAo DO POVO

Nas partes do Oriente MC:dia e do Magreb onde 0 controlcdo governo se tamara mais efetivo, (oram feitas obras )lliblicas,novas leis fllndi:lr-ias garantiam direitos de propriedade assegu-rados, hancos ou empresas de hipoteca ofereeiam :lcesso ao c~-

pital e os prodlltos encontravam lIlercado no mundo indmtri;t_lil.:ldo, a ;lrc:l de cuhivo crcsceu e allTnCntou a produr;ao nosJIlOSentre 1860 c 1914. Est:i claro, apc.~:lr d:l pobrer.<l (fe estatls-rica, que isso sc dell na Argclia ella 'TunIsia, oncle dobrou a ;ireJcultivada. No Egito, as condir;5es eram particlJlarmeme f;tvo-raveis. A essa alt'lIra, 0 COntrole (10 governo nii" era COllle.~tadollClIl no aho Egito, 0 mcrcado de algodiio cxpandiJ-sc, apesardas fJutuar;oes a \jllC cstava sujcito, e as grandcs obras. de Ir-rigar;iio tomaram ross/vel Jlllnelltar:l produtividade da terraj a;irea de plantin :mmcntoll em JprOXillladamellte Ulll tcr~o entrea de-cada de 1870 c 1914. E.~se aUIIlCllto nao dcixoll de tcr seIlSriscos: a hlcratividade do cult iva de :llgodao para exporta"iio eratio grande que se dedicava a de cada vez lIl;llS terra, e por voltade 1900 0 Egito tOtnara-se um vislvel importador de alimciltos,alCm de prodlltos manufaturados.

Para Sfria, Palcstina c Iraque, as estatistica.s sao mai.S in-rompletas, mas cristem indicar;6es no Illesrno senlido. Na Sfriac na Palc.~rina, as e:ll1lponcses (las aldeias montJnhesas pwlcralllestender sua area de cultivo il.splanicies, e produzit gtans e ou-tns colheitas l}lle tinham Illercado no 1t1llndo externo: :ll.Cite deoliva, selllentes de gergelilll, !aranjas (to distrito de Ja fa. No Ll-bana, cspalhou-se a cultivo dOlseda. No Iraquc, 0 fator impor_tante niio foi llel11:l cxtensao do poder do Estado Ilelll a mclllO-ria da irriga~iio; a primcira obn em grande escab, a reprcsa deIfindiyya lIO Eufrates, s6 foi inaub"llrada em 1913. Foi mais aforma como fUllcionaralll as leis fundiari:lsj qU;llldo os chefestribais registraram terra em sell nome, foram induzidos a passatsuas tril}()s do l};Istoreio para a agricultur-a assentad:l, produzin-do graDS Oil, no sui, talllaras para export:lr;iio.

Essa ll1udanr;a no cquilJ1)rio entre a ;lgricultllr:l ;Is.~elltada ca pastor-cio IlOIll;ldc ocorreu seJnpre qnc cocxistiram dais (a-tore.s.0 primeiro (oi a cxpansao na area de COIltrore relo govcr-no, que SClllpre preferi;l call1poncscs assel1t:ldos, que podiam sertaxaJos e reCnlt;ldos, :llHimades que vivram fora dOlcOl1lunid;ldepolitica e podi;llu constituir \lI1l perigo para a ordclll. E.ssa cx-pansiio oeorria sempre que os governos eram forte.<;c as COlllll-

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torno.dc_ 40% entre 1860 t: 1914, pass;:llllio de 2,5 milhiies para3,5 ~llhoes; por antra !a.Jo, houve Illillargo fluxo de emigrar,:<'lodo LI1Jallo para as Amencas do Norte e do SuI, e em 1914 diz;-sc que parlirarn cerca de 300 mil lib:mcses. 0 aUlllcnto noI~aque pode ter sido em escala semclhantc, Podc-se estimar porclln;) que a populac,:iio dos rafses :irabcs como um lodo aumell-tOll de cerca de 18-20 milh()cs em 1800 para tins 35-40 milh6csem 1914.

Era alllda U1llapOpUL1<;iiohasic;:llllcnte rural. Algumas cida-des cresccr:llll rapldarnente, em particular portos cspecializa-do~ no cOlUcrcio C?1ll a Europa: as cidadcs costeiras argclina.~,Belnlt; e ~lex3ndfla (que em 1914 era a segllnda Ill;:lior capitaldos I~al.~.c~arabes). Outras, em particular as c;:lpitais naciollais eproVinCIalS, cresceram 1I131Sou menos na proporc,:ao do cresci"mcnto da popllla<;iio total. 0 Cairo, por excmpio, dobrau mais?ll ll1cnos dc laman!lO, c continuoll sen do a maior d:IS cidadcsarabes, mas a popllla~ao do I~gito eOlno urn tooo tamhcm crcs-C.eui0 .grau de urbani1-a<;ao perm;'!neCClI mais Oll meno.~ 0 quetl.nha sHlo, e In;'!l come~ara ° fluxo de ellligrantes rurais para :ISC1dades., .0 aumento d:l pop\lla~ao resultoll de v:irios fatores. No

Eglto, pocle ter se rclacionado com a dissemina<;ao do cultivo dealgodiio; as crianc,:as peqllenas podiam ajlldar 110Scampos desdcced~,. por isso l,la~ia UIIlJ indll~ao a casar cedo e ler grandesfa~lhas. Na malOna rlos paises, rcsuhml do Ilccllnio Ila forc,:adedOts.fatores que 110passado haviam Iimitado a populac,:iio: cpi-dell1lae [orne. Melhores Illedidas de qllarentena, sob ° comm!cd 'd'he ,.ne lCO~ellrOpC\IS e co~n 0 .apoio de govcrnos estrangciros,:IV1alllmalS 0\1 Illenos extlllgmclo a pcste !lOSpalses meditcrra-

n~os elll 1914, cera Iimitada a illcidcneia d;l coler;'!. Vitia COIll-bma<;ao de malor prodw;ao dc ali1l1entos e mclhores cOfllllni-car;6es possibilitou' compcllsar fracassos locais de colheita, queem tempo.s p;lssados teriam callsa(lo fome. Em alguns palses _Ar~eha, Tunisia e Sud;'io - 0 :lllmellto, afcm de elcvar a pOp1l-br;ao a novos cumes scm pr('ccdclltcs, cOInpenSO\l um acentua-do rieclfnio anlerior. Na Argelia, a guerra (Ie conql1ista e as

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niC<lr;ocsIllclhor:lv<lm. Na Arge1ia, 0 cxcreito frances deslocou-se para () sui. do alto plan;l\to para os oasis do Sa:1ra c as terrasoude viviam as tuaregues. Na Sirja, a constnu;ao de cstradas deferro tamo\] possfve1 avan<;ar a fronteira do cuhiva par,a a .c~te-pc. ToJa estacao de cstrad" de ferro, com sells ~unCionartm,gU:lrnir;ao e mercado, tornall-se \JIll centro :I parur do qual seespalhar:nll a Jgricultura C 0 comercio. Certns elementos daPOPl1hll;:iiofOra11111Sadospar~ manter (}ca,mpo ~m ordem: re~n.I-taram-se rcgimcntos cllrdos no norte; ctrcasstanos que ~laVI;llndeixado seus lares no C:illC3.~O quando os nISSOS (} conqUlstaramforam asscntados numa linn a cle aldeias no Sill Ja Sida.

o segundo fa tor foi nma demand •• c1ccr,cscente dos princi-pais prodlltos da estepe, ou os lucros llllIJbTl.lados dele: elllcomparac,:ao com safras produzidas para venda c exportapo. 0mcrcado tie camelos comec,:ou a rcduzir-se com a chegada dasmodernas cOlmllllcac,:oes (mas a mudall~'a dceisiva, a ehegadado carro motori7,ado, mal eomec,:ara). A demand a de carneiroscOIJtinuoll, c podc teT :mmeulado COIll 0 aU,menlO d<t popul~-c,:ao,mas 0 capital era mais lllcrativamente lIlvcswlo no ~ult~-vo de s;'![ras, e a pOllca evidenCla existentc sug:ere <JIICdllnll~I~"ram as eifras do gado em proporc,:io a popula~io: na Arge.ha,havia 2,85 carneiros prr capita elll 1885, e lrinla anos dcpois acifra ene01hera para 1,65.

Em geral, essc [oi um periodo dc pOVllla~io crescell~c, comtrlxas que variavam muito de \1m pais para outro. 05 raises emque as estatisticas 530 mais dignas d_cconfian5~' c ollde ~e pod~vcr mais chramcnte 0 aumento, sao a Argeha c 0 Egno. NArgelia, a populac,:ao rnw;lllmana duplicoll em cinqiienta anos,passando de 2 milhocs em 1861 para 4,5 milhoes em 1914. Na'T'unlsia 0 allmento foi da mesma ordem, de 1 milhi'io pan 2 ~l'\" , 'ad 1lr'milhocs. No Egito, 0 crcscimcnto fora COlltlnt:O dllr3nte tOO ~,<.

scculo XIX:de 4 milh6es em 1ROOp3r;:l 5,5 1l1llh6es em 1860.e' "\~i£12 milhocs em 11J14. No Sudao,;) popula ••ao pareee ter cresCI- 'tN' .~;do cOllstantementc desde 0 inicio da ocupa ••ao h~itallica, No _.~ ! 1tjCrescentc Fcrtil, ainda esumos no Ilerfodo do palplte. A popu-' ,Jac,:aoda Sfria IlO mais lata sensa pode ter crcscido em algo em

-,"F

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rcvoltas, epi(ielllia e fOlllehavi:lll1dllninllido cOllsideravclmcntea popul:u,:aonos ;ll\OSmedios do scculo XIX;na Tunisia, houvera\1m dccrcscimo gradual num lonJ;"opcrfmlo; no Sudao, as per-t11fba~'(kscausadas pelo lI1ovilllelltomahdisla, seguid:ls por ulIlasucess~o (Ie mis colheitas, tinh:lIn levado :Imil serio declinio naMead:t de 1890.

Um :H1ll1entolia l'IOpulalj:tollao impliea, nccesSarialllellte,que os p:IlJrficsde vida eSlejam se c1ev:mdo, e (lode significar 0contrario. Apcsar disso, h;i motivns par:l pensar que em algunslugares os padrOcs se e1evavalll, Foi ccrt:llllcnte 0 c:.aso,las 0-

lIIa(l:IsSI1PCriorCSd:.apopul2~ao IIrbana, as <1uecst2vam liga,lasaos novos governos 011 aos setores em expansao da economia;tin ham ganhos mais :&lt05,rnclhor hahila~ao e assislencia medi-ca, e uma gama mais vasta de prodmos pna comprar. No (';Im-

po, a maior prodll~ao de alillleillos c as lIlelhores cOIl1t1nic:u;oesmclhoraram a l1utri~:'io,pelo menos em alguns lugarcs: nao nosp:lfsesde coloni7~1ljaOeuropeia onde os camponcses tinhalll per-dido as melhores terras, mas no Egito c partes da S!ri;l, undehavia \1m equilibrio entre produ~ao e poplJla~lo. (No Egito,contudo, a mclhora na satide devido :1mclhor nUlri~ao foi con.trabal:tnc;:ula peb disscmin:u;:ao de lima infecljao dehilitante, aesquistos.romose, tram.mitida pcb :igtl:le que aumentava com aexp:msao da irriga~ao.)

Mesmo !lilScircunstancias mais favoraveis, porem, :I ~lOSSihi-lidade de mclhora na vitl:t dos cultivadorcs foi limitad.1,"ao :lpe-n;ls ~Io cre.<;eimentoCOllllnuoda popula~io, mas rela nUlllanc;ano c'Iuilfbrio de poder social em favor dos que possubm au con.trolavam de outro modo a terra. Eles tinlum 0 I){J(ierda lei e dogoverno para apoiar Silas exigcllcias; linham :lcesso ao c:lpitaI,sem 0 qua.!a produc;ao nio podia ser e.<;llmuladanem ° produlolevado ao mercado. Em sua !lUror parte, nao tinham de trabalharcom as hmitlljOcs de 11mlaljOmoral entre des e os <1uetralla.Ituvam para des: 0 t%~~n,0 prest:unista urbano, 0 xeque tribaltrans(ormados em propriet:lirios mnis nao tinham 0 mesmo rela.cionamento com os que trahalhavam para e1e.<;que haviam tidoalguns de sells alltccessores, E.m lais circunstancias, (ahava aos

m

camponc.<;C's0 poder de ohler ciaprml!ll,:ionLralmais que 0 lIllni-mO_l1cr:cs.<;ariopara .'Iliasuosistcncia, c faltava-Ihes tamhcllI a pro-tepo dos poderosos em tempos de opressao ou miserl:l.

A SOCIEDADE DUPLA

Em 1914, os palses ar:lbes do Imperio Ololl1ano e do M:I-greb mostravam, em variados gralls, um novo tipo de estratifi-caC;:io:grupos comerciais e financeiros eUTOpeus,e cm algunslugucs comllnid:ldes de colonos, protegido.<;pela influcncia efavorecidos pdo poJer de seus govcrnos; mercadores e c1as.<;estcrrarcnentes nativos C11jOSinteresses cram em certa mediJaassimi.ladosa?s ~as comunidades estrangeiras, mas que em algu-mascnulIlstanClas po(!iam estar em rivalidade com clas; e tuJl:!crescente populac;io rural e uma popula~.ao pobre nas cid,uk<;,com limitado acesso ao poder, e exdufdas elll grande parte dosbeneficios da mudan~a administr:ltiv:l, leg:ll e economica.

A altcrada rcla~ao de fO~:ls sociais exprcssava-sc n:lS mll-dan~.1sqlle comc!;3ram " ocorrer na vida urban.1 Ila segundarnetade ,10 seculo XIX.A atividade economio e 0 poder pas-suam d:ls grandes cidades do interior para os portos marftimos,em puticular os da costa mediterranea. Estes tomaram-se naoa~n~s I~gares de embarque e desembarque de produtos, mas ospnn~lp:lIs centros de comercio e fin:ln~as, onde os produloscum rcunidos do intcrior, as imponaljoes cram distribuldas, eonde0 neg6cio de import:l~ao e exporta~ao, e em gr:lllde pUled:Jprodu~.:'ioagricola, era organiz.ado e fin:tnciado. Alguns dosJlOnoscram antigas cidades que assumiram nova dimcnsao eimpordnda; Reinlie substituinJo Sayda e Acre como 0 prind-pa,lporto do norte da Siria; AleJlandria tomando 0 lugar de Da-mlerae Rosela no comercio maritimo do Egilo, a medida quc~umentava0 comcrcio com a Europa e declinava 0 com a Ana-loliae a costa sfriaj Basra, principal ponto de cxponar;:io detimara.<;e ,l;raos iraqtliallos; Jeda, principal poTlo do I h"dJ:ll.,eacsccJl(!orle irnponancia a mc::didaque a Arabia Ocidenlal pas-

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~"'d d .'<'1dll.l:'>ICClOa(ICpr0l1utos e,~lr~llgcir(Js m,IlS por Il1H quepor C3rav:lJ1as vindas da Siria; Ttillis e os partos da Argcli~.Qutros ('r,IJlI praticamcntc novas cria~ocs como ccntros de co-mercio intcrnaeiona!: Port S:lid, no extrcmQ none do canal dcSuez; Aden, como porto clc escala e abastecim,clllo l!c carv:iopua ll;1vios na rOla de vapores da Europa para a India a[ravcs docanal; Casablanca, Ila CO."itaatl51l1ica do Marroeo."i,

Os centros dos portos cram dOlliinados por ann;lzens, ballCOS,cscrilorios de cll1presas dc l1avegao;iio,constnlfJo.s lIOe."itiloltloml-mental do Sillda Europa; rillham bairros residcnoais corn mallsOcscercada .••por j,lrdins; Ctalll planej,](lm COIlljarJuls publicos, pra\3S,hotci .••, rc.~talir:mles C eaft>-s,rojas e trauos. Sua.s rnas principaiscram largas 0 suficicnrc para pCnJlitir a passagem de bolides, Clr.ruagells c, ('1111914, dos primciros carros a motor. As cidades doilllerior tamhcln /TIudavaln de aparenci,l Olais Oll menos do mcslllojeito. A prilldpio, fi".cram-sc lcntativas dc in.serir novas nlas e prc.dim no cor,l(;iio da.svelhas cidadc.~; Ulm brga avcnida foi aberta (Ieumlado a OUlro 110Cairo ale 0 pc da Cida(lela; b,ll.;trc.'Oforam ali-nhado:-; C :1largados elll Damasco para fazcrcm 0 Suq Ilamidiyya eo Suq Midhat Jla:<:1.A longo pram, POrelTl, as IlOVOShairros sur-girarn fora d:1."iIlluralhas (se ainda existiam) das vclhas cid:ldes, emlern n;io obstmfda por prcdios e direitos dc prnpriedade, e qmassim podiam ."icrdescnvo!vi(los segundo um plano. A nova Da-Illas<'o expandiu.se P:U":1leste da vclha, subindo as ClICoSlas doJahal Qasiyun; 0 novo Cairo foi comtmfdo primeirn para 0 norteda cida(le vclha, depois para ocsle, em rerra que se estendia atc 0Niln, antes p:mtalJ(J.~a lllas agora drell~da e preparada para l"Ol1S-tmr;:io: a nova Tiinis surgiu em p,lrtC em terra recuperada do bgo(IUCfica a oe.~tc dela; Cartlllll, a capital do Smtio soh os egfpcios edepois sob 0 Condomfnio, roi tlllla criao;:io nova, com mas sime-tricamente lra,adas, pcno dn pOllto onde 0 Nilo Awl sc enconlracom 0 Nilo Branco. No filll do pcrfodo, mudano;as semclhantesocorriam no Marroc(Js: a capital do protetorado e principal rcsi-JCllcia do ,"ultao ficava na parte: nova de Rabat, no liloral; projeta-va-se urna nova Fe7~ fora das mur31has lIa cidade veJha c e\'itandocui<bdfJSamclltc qU:llqucr illlrusau !lela.

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._Iil ••.•••_tq ••••••..._~ ~_

1\..<;novas cid,Hles forOllll ;.I()SpOUCOSdrcnando a vid~l ~b.s ve-Il E• I',' e os hancos e e11lprCsas lillham sellS ~sCfltOflOS, ela.~, ra a I qu . N CaITO os novos

surgiam palacios e reparti~5es do govcrno, 0 SIC o~ c{ms\l!es. . " foram cOllstnlldos llOS halHos {Io oc , '

1I111llS1cnOS '1"' 0 quediva 1l1\J(ln\l~se. Ii tinhalll StlaS reSlt cnClas, e~I:'~:~~~;:~~~;ara 11mnovo '\;a!acio c(ll~.~trllido el11cst\o Q:~~l~I!I~o cxercito britiinko controlava 0 CaITO do quarlc {C .,Nil n'ls l1\drgens do Nilu. l '

'G~allJe Ilute Iia popul:Jo;iio das novas ci~ladcs el

Jaln(J~ era, ,. - I.s COlllcrcuntc.'O )anquc!fos,estrano-eira: funclOllarlos, COllSUC:, . . I I' 1 A,'gelia

~ "1 . N lOra as maJOres Ci( ,1.(CS( a •prolisslolla~s I~JeralS. ~e, e ~ir~ 19% (Ia popllbo;ao era es-tinl1:l111lllalOnaS e\lrOpClas, no C. . I . I. I. e

' AI I' 25% Flcs IcvavalTl lima VIIa ISOat ,1trangelr:l em exall( f1a . ~ h ,. I .privilcgia'da com suas proprias cscolas, igrejas, 0Tltal~ e ()Cal~de recreaf;ii~, sens procesms le~ais julgados p(~ t~l )\I11alSCOIil~~~SI U n"',,o, ~CtlSilltcrc.<;ses eCOllomlCOSprotcg .es europclls 0 ,'"at , . em l:lISC.~sob controle CllroJlcu, 0 governo.pclos consllladnslc, I, '. ','Ios de vida tambclIl challl:lvamA ~ do I)()( er c novas es I . . _

att<lf;ao , j d. 011lerclanles locais _ sohrctmlo cnstaos epata:lS 1l0VaSCHa cs c . I I . 1.1jUlb~~- empenhados no COlllcrcio illlc.rnaciona , ~ a ~~'{~'~~~l::

10 dc Ifole ao eSlnmgeira e prauc:l1l1ente a )SO , .gOlanl, I 0; ciras E.m1914 faml1i;lslllll)lllmanas(lc(Ill~-COlllUllUfadesestrang. .. .,.' I rn cOllle,avam ~ del.. ,. d 'oveflHl ou prOpfletaflos I e Ie I

CIOnatlOS 0 g .' i lades vcllus pclas Olmcnidadcs ( osur seus hrcs ancestralS nas c ( .

balrros novos. . I vi 1::1diferellte um re-Nas novas cidalles, surgla \l1ll tlllO {e (. I;modus

I E Il::1 Ilomcns e mulhcres vestlOlIll-se ( .flex() do (a \If( I. . 'r, ,,'vo das refonnas llloderl\l7.antesI'e Urn aSjleeto Slglll lca IIllercllIes. '. . I do trajc formal. 0 Sll _(b cpoca de M ••hmud II fora a 111m:mo;a .' n I _

. . b 1 \:lralll as tUlllcas lIutuantes c arlao c sellS fUIlCIIJll:Jnos a. am.ol )Cla'casaca formal da Europagos tllrba.ntcs (Ie SCliS~lllteccIs~~rc.~Ie' 011'tnrlruJh vermclho nlln

a nova cohertllr:l dc ea )e\a, 0 e7, .e ullll I '11reta Sold ados dos HOVOSexcrcitos, ntOll1anos, ewp-UllI:l JOr a... 'C rmes tic cstilo curopell. As vlOl-cios e tlllllSlal10S, usavam Olll 0 " as c:-;colas acos-

. an de tllorat!ores estral1gclros e nov.. "gens, a VIS. r....s liberais e Silas falilfhas itstumarall1 {:omcrClalltcs c prOllssloll;l1 .

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novas roupas; judeus e cristios adotaram-nas urn POllCOantes dosmur;ulmanos. No 6m do seculo, algum;ls de suas esposas e filiustaml>em cstaV<lm usando £Oupas de estilo frances all italiano, co-piaclas de publicap3es ilustradas, nas lojas das novas ciclacles, via-gens e cscolas; ern 1914, porem, PUUClS mlJ{ulmanas salam semalgum tipo lie cobcrtura na cabe,,~a.ou pela menos no rosto.

Tamhem as casas cram expressoes visiveis dos novos estilo$de vida. Os predios dos bairros novos, de corneroD ou resiclen-cia, cram em grande parte projetados por arquitetos francesesau italianos, au no estilo deles: consu-uidos em pedra, estuquc,riC:llnente decorados com ferro laVTaclo. Os predios publicosaprc.."cntavam fachadas imponentes ao munclo externa, e algunsddes cxprcssavam novas visnes da vida em sociedade: no Cairo,a Opera, 0 museu, a Hiblioteca Khedivial. As C3.'iastambem re-flctiam ullla \'isao difercllIe da vida familiar. A separa~o de sa-las de estar no andu rerreo e os quartos em ama era dificil deconciliar com as velhas e rigidas divisacs entre os salaes em queos homens dOlfamilia recebiam visitantes e 0 harem onde se vi-via a vida dOlfamHia. Mudanps na vida economica e nos costu-mes sociais, alem de at;oes otomanas, egipcias e britanicas oon~tra 0 tr:ifico de e:.cravos, tinh:llll posta mais ou menos um filll 11escravidJo dome..'itica em 1914, c diantc de alguns palacios a cu.nuco negro, guardiao dOlsantidadc do harem, j.i quase dcsilparc-cera. Cadeiras e mesas, fcitas em imitat;ao de moveis franccsesdo scculo XVIll, implicavam urn modo diferellte de rcceber con-vidados e comer juntos. As casas eram ccrcadas par jardins, n:iacOllstmidas em torno de patios internos; as janelas davam panas ruas - era possivel alhar para fora C outros olharem pandenteD. Nas ruas mais largas, ou nos uredores da eidade, o1u-Iheres de boa familia podiam tomar ar em carruagcns puxadaspor cavalos. Os teatros proporeion3vam novos mooos de vcr,quando nao - para as mulheres - de ser ,...isto; em 1914, se-nhoras aristocdtieas do Cairo podiam assistir a apresent3\Ocsde companhias excursionantcs de tealro c1a.ssico fr:mccs au ope-ra itali:ma, discretamente escondidas por tds de anteparos degaze nos camarotes dOlgrandiosa terceira fila na Opera.

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18.A CULTURA DO IMPERIAL/SMOEDAREFORMA

A CUL11.JRA DO IMPERIALTSMO

Nas novas cidades, c so!Jrctu(io na:5 terras sob ocupa,;~ao eu-ropeia, europelL'i e arabes agora confrontavam-se de urn novomodo, mudando as opinioes que tinham uns dos outros. No sc-rulo XVIII, a curiosidade dOlmente curopeia cxpandira-se, sob 0

impacto das viagcns e do comercio, c induira 0 mundo todo.No seculo XIX, a curiosidade foi aprofundada, e tinha mOlis doque se alimentar, a medida que a colllcrcio, a resideneia e a guer-ra traziam crescent~s numeros de ellropeus e amcrJcanos 010

Oriente Medio e a Africa do None; 0 turislIlO organizado co-me~ou em IIlcados do scculo, com percgrinac;ocs a Tcrra Santae eXCUTSaesno Nilo.

A curiosioade universal manifcstava-se num novo tipo deeru(!ir;jo, que tentava compreender a naUireza e historia das 50-

ciedades da Asia, atraves de mn estl.ldo do que c1as h:lIViam dei-Jlado de registros escritos Oil anefatos. A primeira tradut;iio doCorio remont.a a l11uito mais atras, 010 seculo XII, mas esse pri-meJTOesfort;o pouco deuou atras de si, e a tentativa sistematicade entender as te.xtos basicos da crcnp nm\Ulmana comc.-;a noseculo XVII, com a criat;ao de cadeiras (ie :ira be nas universida-des de Paris e Leiden, Oxford e Cambridge, a coleta dc ma-nu~ritos para as grandes bibliotecas, e as primciras edit;oes etrarluc;Ocs clliJados:ls dcles. Na epoc.a em que Edward Gibboncscreveu SCliVu/fmo t qUtJa do ImpErio R071uI1l0 (1776-88), tinhaurn considcr3Vcl conjunto de fontes cobras eruditas para usar.

o estudo e 0 ensino urg.anizado d.as coisas arabcs e islami-CIS e a cria.-;Jo de instituil;oes pel as qU:lis os resultados podiamser trallsmitiJos de uma geraC;ao para outra comcpram maistarde. No novo lerrilorio britinico de Bengala, sir \\!iJliam Jo-

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nes (1746-94) estahclcceu a Sociedade Asiatica p<lfa estudo dacuhura mu-;ullllana, alem cia hindu, na [.lidia, a primeira de mui-tas dessas sociedaJcs emditas. Em Paris, a e.'itudiosu frances Sil-vestre de Sacy (J758-1838) iniciau uma I..inhagem de prafessores .e pcsquisadores que se e.'itendeu, por uma espeCle de succssaaapost{)lica, a outras gerar;oes e paiscs. Papel especial na surgi-mento dcssa tradi~io fai clesempenhada pur e.'irudiosu'i de lin-gua alema, na Alemanha e no Imperio Jas Habslmrgo, que Vlama religiao e a cultura du h)a com memes fonnadas pclas gran-des disciplinas culturais da CpOC;;J:historia da cultura, estuda dacontinuidade do dc.'ienvolvimemo humano de IIlna cpoca e povupara outroSj filolugia eomparativa, que tentava estahcleeer a his-toria natural e as rclar;6es de famJ1ia das Ifnguas, e de cultuT:l.s epersonalidades coletivas expressas atraves dclas; a aplicar;ao demctodos criticos aos tcxtos sagrados, para revelar 0 dcscnvol-vimento inicial de tradir;oes religlosas. 0 reglstro e a interpre-tayi:o da "ida, costumes e crenr;as dos povos da Asia e cia AfriC3,agora postos ao alcance da viagem e domlnio europeus, deramorigem a ciencia da antropologia. No fim do seculo, outro tipode clencia "iera lanr;ar lu7. sobre 0 cstudo dus textos; a arqueo-logia, tentativa de descobrir e interpretar as rcllquias dos as:sen-tamentos humanos. Dessa forma, 0 conhecimento da historia depaises onde os arabes viviam, sobretndo Egito e Iraqne, foi ie-vado a antes do surgimento do Isla.

A imagina~o romantica, 0 O1lto do pass3do, distante e es.tmnho, trabalh3nda sobre 0 conhecimento ou meio conheci-mento oriundo de viagens e cstudos, produziu uma visao doOriente mis(erioso, que atrala e ameac;ava, herr;o de maravilhasc historias da carochinha, que fenili:wu as artes. Tradur;5cs dasMil t uma noius tomaram-se parte da heranr;a ocidental. Ima.gens delas e de OUlroS livros fomeeeram tenus subordinados naliteratura europeia; Goethe escreveu poemas suhre temas isli.micos,o Wmiistliehe Div.um; sir Walter Scott fez de S;IIOlJino umepitome dOlcavalaria medieval em 0 ra/im,ii. A inl1ucncia nas ar-tes visuais foi ainda m;!lOr. Tcmas islamicos apareceram no de-senho e na decora~ao de alguns predios. Um estilo "'orientalis-

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ta" de pimura foi praticado por grandes pintores, Ingres e Dcla-croix, e tambem por outros menorcs. Algumas illlagens sempreretornavam !las obc-Asdelc.'i; 0 cavaleiro arabe como urn hcroiselvagem, a sedur;ao das heldades do harem, 0 encanto do ba7.ar,o pnrhoJ dOlVIda a continuar entre minas de grande7..<lantiga.

Entrdar;ado COIll 0 desejo de saber e a evocar;iio imagina-tiva de 1I1ll;!at.fOlC;aomistcriosa, havia outro tema. A derrotacala mais funclo na alma humana que a vitoria. Estar em poderric outro e uma experiencia conspicua que provoca duvidas so-bre a ordena~ao do Umverso, enquanto os que tem poder po-rlem csquece-Io, 0\1 supor que fn parte da ordcm natural clascoisas c inventar ou ado(:Ir idei;ls que jusrifiquem a sua posse.Varios tipos de justificar;ao foram apresenudos na Europa doseculo XIX, e sobretudo na Gra-8retanha e na Franr;a, ja quecram os dois paises principalmente envolvidos no dominio 50-

bre os arabes. Alguns eram expressoes em lingu:lgem mais se-cular de atitudes que os crisraos ocidentais mantinham em re-lar;ao aos lllur;ulmanos desde que se depararam pela primeiravez COIll0 poder deles; 0 Islii en vista como um perigo, moulc militarmente, a ser enfrentado. Traduzido em termos secub.re.~,isso afereeia tanto uma justificar;iio para 0 domlnio quan-to uma ;;Jdvertcncia; 0 temor de uma "revolu do Isla", de urnmovimenta subito entre os povos dcsconhccidos que dornina-vam, estav3 prcsente na mente de govemantes britanicos e fran-ceses. Do mesmo modo, lembranr;as das Cruz.adas podiam seruS:ldas para justificar a expansafl.

O\ltras ic.Jeia..'iforam colhidas d3 atmosfera intclectual da cpo-ca. Vistos na pcrspectiva da filosofia da historia de Hegel, os ara-bes pcrtenciam a urn momento passado no descnvolvimento doespirito humano; tinham cumprido sua mi~o de preservar 0

pcnsamento grego, e passado;). tocha da civilizac;ao a outrus. Vis-tos lIa da filologia comparativa, os que VIviarn atravCs lias linguassemiricas cram julgados incapazes da raciOllalidade c dvi1il.a~Osuperior que se abriam aos arianos. Urna cert;). imerpretar;ao ciatcoria da evoluc;ao de Darwin podia ser usada para sustentar aafinnal;ao de (Iue os que tinham sohrevivido na luta pela existen-

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cia cram sl1pcriores, c portanto Ijnilam 0 dircilO de dominar. Pormum lada, 0 podcr Jlodia sef cncarado romo lru.cndo cOllsigoobriga(,:oes. A cxpress30 "0 fardo do Lranco" m:mifesuva \linideal que, de UIll:l mallein au de OIltra, inspirou alltorida~e..'i,medicos e missionarios, ou mesmo ,lIludC." que li;llll sollre a Asi;le a Africa de longc. 0 senso de r~Jl()nsaLJilidade mundial cnCOll-trOll exprcssao 110Sprim6rdios da :IJuda a vllilllas de tragcdiasj 0dinheiro ,Ioada na Europa C 113America pua as vftinus da gtler-

ra civil Jibancsa de 1860, e dislrihufdo por consulc.'i, o(creccII urndolOprilllciros exemplos ,Ic caridadc internacional organi~da.

A ideia ria idcntidade e igualdade humanas, por baixo de 10-

das as difcrcnps, as vezcs vinha :. tona. No inicio do sCCllla XIX,

Goethe I'roclamava que "Oriente e Ocidentc nao Imis pOllclIlser st'parados";' mas no fim do sec-ulo a voz dominante era a deKipling, :lfirmanJo que "Oriel1te e Oriente e Ocidcntc e Oci-dente"l (cmbora talvl'.z nao tenha qucrido dizer exatamentc 0que outros Icram em suas palavras).

A ASCENSAO DA lN1EWGF:NTSlA

E,ssas disOJssoes "aO se lravavam sobre IUn corpo que llaO pu-dessc cntreouvi-Ias. Na ultima parte (10 seculo XIX,a coll.'iCienciada fo~a da Europa quc ja eJlistia na elite dominante otomana tor-nara-se b'"Cl1cnlil.:lda.Surgira IIJ1lanova c1assc educada que se viaa si mc'sllla e ao l1lundo com 011105agu~ados por profcssorcs 00-denrais, e comunicava 0 que via dc novas formJ.s.

'lirando 1111lJ.Spoucas excc,ocs, cssa dasse formara-se numnovo tipo de escola. A.s mais inf1ucmcs for-ull as cstabclecidaspor governos reformadores pan seus proprios fins. Em prin-dpio, cram eseolas espceiali7.<1das para formar funcionarios, ofi-cia is, medicos e cl1gcnhciras, elll humbul, Cairo e Tlll1is. Nolim do seculo, porem, os sistemas oficiais haviam crescido. £SCo-la) primarias C scculldarias existiam em cidades lias provinciasotoll13nas, e a melhoria (tas cOlllunieat,:Ocs tarnou po~ivcl os me-ninos passarcl1l del:.s para as eseolas supenores em Istamlml, e (Ie

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la serem :uraidos p:lfa 0 servi,o imperial; eln Ist:lI11(ml, talllbclIlse estahcleccu lIl1Ia univcrsidade. No Egito, o:orrcram algunsfatos fora da rede oficial; 0 Cairo tinha \11m faeuldadc de dircitofr~llccsa, (Ille formava advoga(los para trabalhar nos triblll1ai.~IlIlStoS, c a elllpresa privada fundara a primeira lInivefsid;ulc. NoSudao, IIll1a c.'icDla do govemo, 0 C'..ordon College, edueava ra~p;lzes para fllll\(leS lIlellores na administra\io unde des cram nc-cC5sarios. Na.T~lIisia, do .mesmo mOllo, 0 clleorajamcnto pdogoverno era 11I11Itado:havla algullUs escolas primarias "francn-arahcs", algumas e.~c~las ~uperiores para profcssorcs; a Sadiqiyya,ulIla escola seeundana cnada no Illoldcs de um/ycir, foi rcf()rllla~da e controlada pelos francescs. Na Argelia, eseo/as dcmelltarcsforam aos IX>ucos alllpliada.~ a partir cia dceada de 1890, mas Jell~tamente e 1l~1Ilnivd baixo, e COlllra a vontade dos colu1/.J, (Itie niocstaval1~ anslosos por vcrelll os Illll(;ulmanos argclinos adquirirconheclmcnto do frances c das idcias l1c1eCJlpressas; (res t/fndra_Sll!, ensinando l1Iateria.~ modernas c tradicionais em nivel seeun.clario, foram mantidas; pOlleos argelinos entrav3m elll escolas sc-cunc!:irias francesas, 011 nas faculcl:.de_s de (!treito, me<!ieina oulet:as da .UIl.iversidade de Argcl, elll parte porque pOlleos eOIlSC-gUlam atlnglr 0 I1lvel descjado, em p:lne porque os argelinos re-lutavam em mandar os mhos para cscolas franeesas.

Ao bdo das C'scoh .••do governo, havia UIlI pC(llIcno IlIlme-co de outras cstabclecidas por organislllos locais, c Hill Illimeromaior mantillo por /lli.~soes europcias e americanas. No Liha_no, Siria e.Egito, :.lgmnas clas cOlll1l1lidades cristas tinlum suasp~6l)rias escolas, em particular os maronitas, com sua longa tra-dl~ao de eduea,ao superior; Ulllas pOlleas escolas modernastamlJCIU foram eSlabeiccidas por organi7.<1\oes volllnt~rias 11111-\Url~lallas. A.~.escolas das missocs eatolicas cXl'andiram_sc, romarOlo financclra do governo frances e soh sua protl.."\io. Em 1875~ jesultas fUIl,!aralll sua Universite St-Joseph em Hcirnte, c ;faC"uldade de Medicina Franccsa foi aerescent ••da a elOlcm ISB}.. Foi tambem a iniciativa francesa que Icvoll a crial;aO (I;. Al-

lIance Israeljt~, u~lIa organiZ;l~iio judi a que fundou cscolas luracolllllludadcs Ju(iJas do Marroeo.~ ao luque. A partir (10 i"icio

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do seCIIla, a obr;} Jas mis.••.;ics C<lt6licas foi colllplemenl3da deceria forma, c c1esafiada de omra, pela d;1.••missocs protestalltes,sobrctudo amerinmas, que criaram 11111;1 pcqucna comunidadcprotest;mrc, mas ofercciam educa~o a Quiros cristios c clepoisa alguns mu~ulm;lI1os l.ambclll; no apiee Jc suas escoLu cstava 0Colegio Protcstante Sirio em Bcirurc, fundado em 1866, c quedepais 5C tornaria a UnivcrsidaJc Americana de Beinlle. A Im-perial Sociedade Ortodoxa Russa da PalcSlina tambcm fundol!cscolas p:lra mcmhros da 19rcja Orlodoxa Oriental. .

Em todo. ••esscs sistemas, havia escolas pa ••• mOlO3S, que :lin-

da n:'io <llcan~valD 11111padrao tao e1cvado qu:mto as dos rapa-us, 0135 (!isscmin;lvam a alfabetiza~ao e produz..iam mulhcre. ••que po<liam ganllaf a vida em algumas profis.<;6es: C0ll10 profcs-soras primoirias ou enfermeiras, c mais rar.uncntc jorn~li~tas aucscritoras. Algumas cram cscolas do govcrno, mas a malona per-Icnda a missocs; as cscolas de freiras catoIicas cram prcferidaspor pais mWju!manos, por darem a suas fiIhas a lingua francesa,bons modos, qualificac;i>cs femininas e prote{ao.

Surgiu uma nova gcra{30 acostmnada a leimra. Muitos de-les Ii,lIn em IillgllaS eSlr:mgeiras. Em llIcados do s&:lIlo XIX, 0frances substitulra 0 ilaiiano como I"'lgtUI francd do comcrdo e!las cid<ldes; 0 conhecimento do ingIes mal existla 110h-hgreb eera menos disscminado Clue0 do frances mais para lestc. Era co.mum () bilingtiislIlo, c em algllluas famflias, sobretudo no Cai-rn, Alexandria c Bcirutc, 0 frances Oll 0 inglCs suhstitula 0 ara.be na f;]lIliJia. Para os <Iue tin ham sidn cducados mUll alto nivclem arabe, prodllzia-sc lima nova Iitcrarura.. A imprensa em ar~-he lIlal existja alllt'S do seculo XIX,mas cspalholl-sc durante 0 sc-culo, sobrctudo no Cairo e em Bcinltc, que iriam continuar sen-do os principais centros editoriais: escolas do governo no Cairoe de mis.soes em Reinlte haviam prodllz.ido urn publico lei tor re-lativamente grande. Com exceljao de tcxtos cscolares, os livroscram menos importantcs ncssc periodo quc os jornais e pcri6-<liens, que cOlllcpram a dcsempcnh;lr um ~rande papel nas de.cadas dc 1860 e 1870. Entre os peri6dicos dc idCias, ahrinc10 ja-nebs para a cultura, ciencia e lecnologia do Ocidcnte, cslavarn

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dais prodllz.ido.s par cristaos libancses no Cairo; 0 al-Muqr.alaf,por Ya'qub Sarmf(1852-1927) c Faris Nimr (1855-1951), e 0a/-Ibla!, por ]urji Zaydan (1861- 1914). Empreendimcnlo scme-Ihante foi uma cl1ciclopcdia pllblicada cm fascfculos e proouzi-da pnr Blltnls Bustani (1819.83) e sua f.unllia, um compcndiode conhecimento modcrno que mostra 0 que sc $<lbia e cnten-dia em lIeirute e no Cairo no liitimo quartel do seculo XIX.Seusanigos sobre ciencia c tecnologia modernas sao prccisos e ex-pressos com dareza; arligm sobre historia, mitologia c literaill.ra gregas Lun muilo alcm do que se conhecia <la AllIigtiidadec!;issica lla cuhura islamica nUllla epoca 3nterior; ohra edilada cescrita hasieamente por cristaos arabcs, fala <Ie t",mas isLimicosnum tom nao vclado por rescrva 011receio. Os primeiros jornalsforam os publicados sob patrocinio ofkial em lslamlJllI, Cairo eTllllis, contcndo tcxtos e explica~(>es de leis e decretos. 0 jornalde opiniao nao oficial surgiu depois, (Iuamio lima nova gerapode leitorcs desejava saber 0 que se passava 110Illundo, e 0 tcle-grafo tomou pu.sslvc1 satisf31.cr a sua curiosi<lade. 0 talllanho <10publico lei tor e 0 maior gr:H1de libenbde intclcctual lorna ramo Cairu 0 CCllIro da imprcnsa di:iria, e mais 111113VC7. os prilllci-ros jornalislas iJem-sllcedidos foram imigrantes ,10 Lihano; al-Ahrmn, fun<lado pela familia 'Uqla cm 1875, iria depois tornar-sc 0 principal jomal do 1Il1llHIo:iral>e.

A CULTURA DA REFORMA

Livros, peri6dicos e jornais eram callais pclos quais chcga-va aos arabes 0 conhecimento do novo II1111HlodOl F.uropa e JaAmerica. Muito do que I'ublicavam era traduzido 011a<lapt<l<lodo frances ml inglis; 0 1Il0VimCnio de tradl1~a(J COme{OIl sohMuhammad 'Ali, que prt'cisava de m:umais para sells funciona-rios e oficiai.s, e Iivrus c1idaticos para as cscobs. Alguns dos IIIICse haviam formalio na Europa e ;Jprcmlido france. ••011oulra lin-gua cscreviam dcscri~'(>es do llue tillhal11 vista c ollvido. Assilll,Rifa'a aJ-Tahtawi (lHOJ-73), cnvia<lo por Muhammad 'Ali cum

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Os parisienses distingucill-se entre 0 POV()da crist;mdauc pelaagudeza de intdecto, :l prccisiio uo entcndil11enlO e a ill1crsaod:l mente em questaes profundas I...J niio sao prisiofleirns datradi\1io, lIlas adoram .~clllpre saber a origem das c(lisas e asprnvas debs. i\1esmo;l genIc 1:011111111sahe ler e escrever, c en-tra como outros el11quest(ies illlport:JlItes, GII.!.1tim segundo.~tlacap;lcid;lde [...) E da natllTez.a dos (r:llH~csc.sserclll curio~lSe cntusi.lsticos com 0 (Ille C novo, e adorarn a Illudanp e alte-rat;aO Il:lS cois;]s, particularnU'nte !las rmlpas [...J Mudant;a ee:lpricito silo t;llnbe.l11(Ie sua llatllrC7~'ljpassam itnediatamcnlcda alcgria ~ triSlC7.:l,Ol! lIa sericdade p:lra a brincadcira Oilvice-versa, de modo que num dia um hOlllcm fa? 10110ripodecoisas contradit6rias. M:lS rudo isso em cois,IS scm importan-cia; lias gT:llldes coisas, suas opiniaes sobre a poHtica nilo lilli-damj todos pcrm:lIlccem em suas crell\as e opiniilcs [n.] E,<;taomais proximos da avarcz.1 qlle Ja gencrosid:ule 1... 1 Neg':lJn o.~l1libgre.~, e acreditam quc nao c passIve! infringir as leis natll-r:lis, e que as religioes vicraJll indicar :lOShOlllcns as boas ollras(...}m<ls entre sllas nent;as {1c.~ah'Ta&ivcisId essa de qlle 0 in-teJecto e a virtllde de SClISsabins sao maiores (Jill' a illle1igcn-cia dos profetas.1

Com 0 passar do tempo, porcltl, surgiu um novo tipo (Ie Ii-lcratura, CIll que cscritorcs :irahcs tenIa ram cxprcssar em arabea cOllscicneia que tinh:lttl de si Illcsmos e de seu lugar no IOlIn-do modcrno. Uma das principais prCOC\lp;lt;OCSda nova litera-tma era a propria llngua :ir:lbe. as que h.1viam sido crlal!osdcntro da esfera de radia~'ao da nova cuhma e litcratllra (Ia Eu-ropa comer;aralll a olh:!r sell proprio passado de lima formaIlova. 'li:xtos de obras dhsica<; hailes cram imprcssos 1;l.lItonoCairo (juanto na Europ:l. Antigos gcncros Iitcrarios (oram re-vivido.~; 0 princip:ll escritor lihancs da cpoca, Nasir al.Yaziji(l800-71), cscreveu \lllla ollra no cstilo do 7lIaqamlft, \IIna serie

IIlTI<lmissao educadollal a Paris, escreveu uma descri\ao da ci-Jauc C SCll.Shauilantt:::;:

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de historias e ancdotas sobre Ull1her6i eheio de recursos, n<lr-rada em c1abor3da prosa rimada. Outros dispuscram-se a 3dap~I:lr a lingua para expressar idci3S novas e novas formas {Ie scn-sibilidade artistica. Butrus Bustani e os que aprcndcram comele IIsaralll 11m novo tiro de prosa expositoria, scm sc afastarnas regras b;\sicas da grall\;\tica arabc, mas com mOtlos maissimples de exprcssao e novas palayras c cllfrc5.'i~s idiom:iticlIs,desenvolviclas de dcntro dos recursos {Ia Imglla arllbc 011adap-tad:!.s do ingles 011frances. Houvc tambcl11l1ln renasc!lllel1t? dapoesia atabe, ainda lisa lido 0 sistema cI:issico de mctrlca e nma,mas pas..'iamlo aos POIICOSa ellprimir novas idCias e sentimcntos.Ahmad Shawqi (1868.1932) pode ser encarado COIllOtim poe-ta cLissico tardio, usando linguagem devada para COlllellloraracontecimentos Pllblicos 0\1 expressar scntimentos nacionais,011em 10llvor de soheranosi cle vinha da elite turco-egipcia rell-nina em tnrnn {la corte egipd<l. Entre seils t:ontempor:ineos,ptlfcm, Khalil Mutran (1872-1949) escrcveu poesia el~l que for-mas e lingua gem tradicionais cram usadas nao por Sl mesmas,mas para dar precisa exprcss:io a lima realidatle, foss~ 110mun-do cxterno 011nos semirnentos {to autor. lIafiz Jbrahllll (1871-1912) cxprcssou as idCias politicas e socialS dos eglpcio~ de suacpoca com um toque ll1<lisCOlllum, e COlli um apc10 mals gcne.raliwdo que ShawC)i. Tipos inleiramente novos (Ie Iltcratuntambcl11 comc~aral11 a surgir: 0 tealro, 0 couto, 0 romance. 0primciro romance importante, Z,Y"llb, de lIusayn Haykal, pu-blicado em 1914, cllprcssava urn novo modo dc ollur 0 call1(K/,a vida humana como ~nrai7.ada na natureza, e as rc1a~oes clc ho-mens e lIIulheres.

o oulro interesse principal da nova literatllr.!. era COlli0 po-;cler social e intclectual em cxpansao da Europa, vista nao apenu..como adv~rsari3, mas como 11m cie.'iafio, c sob certos aSJlcctn'ialr<lente. 0 poder e a grandeza da EUfOlJa, a moderna cicnda c •tecnologi<l, as instiltli\Ocs politicas dos estat..!oseuropeus e Oil~o-ralidade social das sociedades modernas cram temas favontoS..I~s;l hteratura levantou um problema fundamental: como po-diam os mlU;ulmanos :irabcs, e () ES{;ltlo otomano, adqllirir J

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for\a necessaria para enfrentar a Europa e tomar-se parle domundo lIIoderno?

As primeiras tentativas clans de rcsposla a e.••.'iOIpergunta apa-recelll I10Sle.tto.~de funeion:irios Iig3dos 3 reforma de meados dosCculo CIIl lstamhul. ('..;Iiro e Ttinis. Alguns foralll e.'it"fitos em fur-m, mas uns poucos 0 foram em :irahe, em particular l1llla obra deKhayr ai-Din (m. I N89). qlle foj 0 !fder da liltilTla tcntativ3 de rc-fonn:!r 0 governo nmisiano antes da ocllpariio franccsa. Na illtf{}-dlll;ao dcsse Iivro. I<hayr al.[)in explk":tva SCIIobjetivo:

Prillleiro, exortar os zc/osos e decididos entre os eSladistase hOlllcns de rc1igiao a :l.dOl<lr,ale mule pOSS3m, 0 que querque condu7.a ao IJcm-estar da cOllluni{lade is/~mica e ao de-sellvolvimento de 5U;)civiliz;u;ao, COlllOa expamao liaS fmn-Iciras da cicllda e {ia cuhura e a prep;)ra~ao {los caminhos(Ille levam ;\ ric/lleza [...J e a base de lUdo isso c 11mbUill go-verno. Segundo, advcnir aos incfiferentes elll re a generalida-{Iedos mm;ulmanos contra a pcrsistcllcia CIll feelur os olhooall que c.d.igno de IOllynr e ~Ieacordo com 1I0.••.~;1lei rc!igio-sa na pratlca de adeplos tic ontras rcligioes, Silllplcslllellfepor terelll 11;1;mente a illCi:l.fixa de <jue todos os atos e instj.tui\Oc.s d05 (IUCIlao sao llIt1~ulm:l.nos develll ser evita(lo.~.'

Na opiniao dcs.'ies 3ulores, 0 lmpcrio Olulllano devia ad-quirir :l. for'ta de um E.~tado Inodctno por ll1eio cle lnudaJl\.'asnasleis, IUctodos de adminisfra\~;'io e orKaniza\.'ao militar; a rc-11POde sultao e stidito devia nllldar para a dl.' govcrno e cid.a.d:io lllOdernos, e a lealdade a lIlTla famfli:l. reiname devia sertransulUtada no senso de pertellcer a uma nac;ao, a nac;;lo oto-mana, que devia inc!uir mlll;nlm.anos e nao-ml1l;llllllanos, t\lr.~ ~ nao-t\lrcos. Tuno isso, se cotretarnente elllcndid{). se po_dIa ~J7.ersem deslealdade ao 1s1.i0113S tradi\oes do lml.crio.

A medicia C)1If'0 seculo avallpva, e COlli() surgimento d;) novac1asseedllc:l.da IUS dCCldas de 1860 e 1870, :l.parecctl tulia Ilivi.~~ cntre os que apoiayam as reform;ls. Foi Illila divisao de opi-0110$Obre :IS ba.~cs da autoridade: se devia ficar com hlllclona_

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riDs rcsponsiivcis perante sen proprio .senso de justil;3 e os inte-resses do Imperio, au com urn governo rcpresentativo Ievado aopoder por dci.;oes.

A cis:io entre as gCf1U;oes era mais profunda, porcm. A se-gundJ. gcra~o, em todos os tres paises, tinh<t conscienaa de \1m

problema implfcito nas llIudam;:as que ocorriam. A reforma dasinstituj~oes seria arriscada, se nao enraiuda em algum tipo desoLidanedade moral; que seria isso, e ateondc podia dCriV<1f d2cloutrina do Isla? Essa questao turnou-sc mais prcmente a mc-dida que a nova escola cameroon ;I produzir Ulna gerapo naofunclada na dOllcrina isla-mica tr3dicional, e exposta aos venlOsde doutrina que sopravam do Ociclente.

o problema, evidcntemente, nao se apresentou para 05 cris-taos de lingua arabe do Uhano e da Sieia, que desempenh:m~mum grande papel na vida intelecrual da epoca. Para a maioria de-les, a clviliz.a~ao do Oeidente nao parccia inteirameme c"'itranhajpudiam pass:r.r para e1a sem qualqucr senso de ser infieis a Slmeslllos. Mas tinham seu proprio equlvalcnte do problema. apuder das hierarquias das Igrejas, reconhccidas e apoiadas peloEstado, podia ser lIm obst:iculo para seu pensamento e a que seexpressassem como quisessem. Alguns deles passaram para 0sccularismo, ou 0 protestantismo, que era 0 mais proximo quepodiam chegar do secularismo nurna sociedade cm que a idcn-tidade se expressava em tennos de pertencer a urna comunida-de religiosa.

Para os mm;ulmanos, porem, 0 problema era inescapavel. 0Isla era 0 que havia de mals profundo ndes. Se a vida no mun-do moderno cxigia mudam;as cm suas maneiras de org;miz.ar asociedade, tinham de tentar faze-las pennanecendo fieis a simeslllos; e isso so scria posslvel se 0 Isla fosse interpretado paratorna-Io cOlllpativel com a sobrevivcncia, forp e progresso nomundo. E.sse era 0 ponto de partida (los que podem ser chama~dos de "modernistas isHimicos". Eles acrcditavam que 0 Isla era ..nao apenas compativel com a ral-ao, 0 progresso e a solidarieda.de social, as bases da civ:iliz.a~ao modema; se propriamcnte in-tcrpretado, positivamente os orde.nava. Essas ideias foram pro-

.0.

postas porJamal ai-Din ai-Afghani (1839-97) '. .textos cram obs .. A. ' urn Iramano CUJOSvel. Elas foram .'~lU~OS,t3S cUllamfluencl3. pc..ssoal foi consider:i.-t ' . als p ena e c aramente dcsenvolvidas nos cscri-~ de urn egJpclO, Muhammad 'Aixluh (1849-1905) .

lnam ter uma grande e dundollra inlluA. ,CUJos textosmUplhnano. 0 objetivo da vida s"'gundenclla em todo 0 IIlUlldo,... oee,cra:

libenr 0 pc.ns.~mento dos grilhOes da imit:ll;ao [ta Ii e cn-~cnder a rcbgJa.o como (oi cntcndida pela comuniJa~ antes

e a.parccer a dls.sens~o; voltar, na aquisil;;lo de sabcr reli '0-

'

so, as suas fontes prnneiras, e pcsa-Ias na balanra da r!P_lUmana que 0 . .•. az.ao

_ ' .. _eus cnou para prevenir cxcessos ou adult _ra.~ao ~ldarc!lg1ao, para que a sabcdoria de Deus possa c~•.

cumpn a e a ord'm d I h "". c 0 mUJl( 0 umallO prc-'iervada' e

~~I~::~11~:'~~~~~n:~:~~e~:~d: ~C~~~I~~:eaV~~::~i~; c~.:;gr~dos ~a eXlstenci.a, intimando-o a respeitar as ve~ad~: ;:=ta e1cCldas e a apmar-sc nclas em sua vida c condut:l moral .•

Em Sua obra 1Ia urn d. . -Isl- • . a lstlllpo entre as doutrinas essenciais do:Ie sells ensmamentos e leis socia,', L d . ,. 'd .•. l"l:'; outnnas lOraIn tra

mIll :IS por uma linhagem central d d " ns-pios" (a/-safar a/-snUh) d . e I.'ensa ores, os ancestnisd 'j , ;1.1 0 nome munas vczes dado .e (lCnsa.mento (sa/affiyya). Sao sim les _ cr a essc tlJXJ

re:e1aC;ao atraves da Iinhagcm de p~ofetas q enp ehln DeuMs,name na h'I'd ue aea a em ao-.' responsa I • ade e julgamcnto morais _ '" podt1culad d f; d.d . ... em ser ar-

Olllro.I:~ e ~ en 1,.as ~ela ra~ao. A I;i e a moralidade social, por. 0, sao ap lcaC;OCSa clrcunstancias pa . I I

~nndpjos gerais comidos n~ Corao e accilav;~;a;;~ r~:..ac~~~~ana. Quando mudam as clrcunstancias tambem cI d

no mundo m d . f ' as nm anI'cionar lei OJ erno, e t.are ados pensadores muc;ulmanos rcla~ler isso .;poe co:ltuml~s I.nutames a principios ilTlUlavcis, e 30 fa-

r~ ~t:smmes c uma dire~ao.Urna tal VlsaO do Isla iria tornar-se parte dos a

nlente de Illuitos lnw;ulmanos ;lrabes cd d d prestos dano> . I . d uca os, c e mU~lllma.

multo a em (J Illundo ;lube. Mas podia d I -escnv(J ver-se ao

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Ion '0 de mai~dc uma linha. 0 l1lais dcstacado sq,~id.or de 'Ah-dll~ 0 slria Rashid Rida (1865-1935), em sell pe~IO(hcoal-A-:a~nr •tentou pcnnaneccr fid aos dais !ados do cnsm:une~lto{cs-

n. _ Ao -'cfender as doutrinas imutavcis do Isb C()IlI~asa qucstao. II • h b I. ,1 "'ques iria chegar !lefto da Journna an alia, e ma~.

to( os os, " -l fi trazer as leistude do wahhabismo; !lUlU:!. sene ue ntwas, lentoll d Iadcquadas ao muntlo llloderno pan dentro do C'Jua ro ( e umachana revisada.

o SURGIMENTO DO NACIONALISMO

Tanto 'Abduh quanta Rid:! cr:1I11 u~em:is de cduc3lOao tradi.. I I reocnpaclos nao apenas em justlf1car a 1I111(1am;a,mas emClona, ) 1 1 s po_

im r-lhe Iimitesj para os educados em eseQ 35 mOl ern.a ,,PO -.1 '5:"000 Isla de 'Abduh era que os llbcravarem, a atra\ao ua VI a I '

. . I' . 10 Qci(!cnte moderno sem nen 1lI111aStn-para accltar as 1<Clas ( , . . al-salfao de trair SCli proprio passado. Ul11a sene (Ie escntores,mlnS dos (Iuais aleg3vam aliallf;a a c1e, cOlllClfOUa aprcsell.tar no-O' • I J Estado deVIant setvas ideias sobre a forma COlllOa SOCle(;I( e eo. . r-or 'anizadns. Foi ncssa gcralj:ao que sc tarnou eXI.)!Jcna,entre tuco; ar::lbes egipcios e tunisianos, a idCia do nac~onaltslllo. Ilou-

'I '.. 1- "Itoconscicncia nacionalisl:a antes, e porvera a "runs SlllalS ( •. '.. . I c'tras deles haYia alguma coisa nUIS a.nllga e mal~ forte, 0 ( ~d~de socicdaoes havia muilO estabclccHlas de contlnuar ~u:asVIscm interruplfiio, Illas como lima id~ia articulMla, a anlln~r .m~. t 01'.'.'00' cia sO sc tornou nnp0rlante nas (Illas uluma.v\lncnosp ,'._ .

decadas antes da Primeira Guerra ~lIndl~1. a di~Os varios Illovimentos nacion:a\s surglram em resp.?st~

. . I" ~. a rea~",o a con-ferelltes desafins. 0 113CJOl1:l15mo tlIrco 01 urn d"o I dt1nua e crescente press:'i? da Europa e :'10colaps~ _0 I l"lm~

A d.d que os I)()VOSCTlSlaOS(0nacionalismo Olomano. me I a . '.' 0 foi ad.'perio se separav:lI11 1II11a um: ~ n:,cl~llahsmo otOl~an sob Abo

lIirindo uma co10ra\ao malS Islal1l1c:a,.mas qu~n 0,. ca se3iilhamid, a alian\a entre 0 trono c a eilte dO~~I.~allte l~l~i1.Crrompeu, surgiu a it!t'ia de lima l1alfao turca: a 1 Cia, que ,

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de (I"e 0 Imperio so prnleri<l sohreviver com base na solidarie-dade de UIlU nar;ao \lnida por lima lingua COlIllllll.

Como ;1essa alnlT3 0 Imperio sc lorn:ara em grande parteum Estadu turco-arabe, qualquer Icntaliv:a de accntllar a pre<!o-lIlillancia do c1CIllCIIIOlureo teria de perturbar 0 e(l"i!J11rio en-tre des e D.'iarabes. e por rca\:lo 0 nacionalisllIo aral)C (oi ;lOSpoucos SC lornando explfeito. Na primeira fase, Coi lim 1Il0vi-mClllo de selllimenlos entre alguns Illlll;ulmanos educ;ulos daSfria, sohreludo eln Dalnasco, c de uns POllCOSescritores cris-taos sfrios e libancses. As ral7.es estavam 113 revive.'icencia daconscicncia do passado arabe nas novas cs('o!as, e a cnf:ase postapor refonnadores islimicos 110primeiro pcrfodo lie historia is-lamic:a,o perfodo CII1<JUC os arabcs cram predominantes. S6 setarnou uilla (O(l;:apolitica importante depois que a rcvohl\io de1908 enfraqucceu a posi\io do sultao, 0 Ir:ulicion:al foco de leal~dadcs, e terminou levando a tomad3 do poocr pclos "Jovens'lurcos". Como a polilic:a deles era de fortalecer 0 COllirole cen-tral e dar enCase a unidade natiollal do Imperio, pot implic<l\iioessa polftica tendia na dirclf30 do naciollalisl11o turco. Algunsoficiais c llllH;ionarios arahes. sobrctudo sirios ,Ie DamascIJ, quepor varios 1l10livos sc opunham a c..~scgrupo, eOlllcpram a apre-semar a exigencia, nao ainda de 11111E..••tado arabe independcme,mas (Ie IIl1la l1Ie1hor posilf30 para as provincias ar:lbes denlro doImperio, ullla dcscentralizalf30 que chegava :ate a autonomia.DCnlro d:a area de lingua arabe, alguns cristaos libanescs COllle-\:Iram a esper:ar 11111gran maior de autonollIia libanes;I soL. aprotec;ao de IIlna pOIcncia europeia.

o nacionalislllo tureo e arabe nesse estoigio nao sc (lirigi;) pri-rnariamelHe tanto conlra as illlnisOes de poder europcu (lualllop:lN prohlemas de idcmiJade e a org;:lI1i7~l;a()polltica do Impe-rio. Quais cram as eondi\OeS n;ls quais a eOlllllni,fade lIlu~lIll11a-na otolll<ln<lpodia continuar ;I existir? i.':tls po(ham, elll prind-pio, estender-sc alem do I,"perin, ;I tndus quc f.1Ias.~clIIlurco ou":irabe. Os nacionalislllos cgipcio. tunisiano e argdino difcriafll,contudo: 10<105os tres viam-se diante de problem;)s c..••pcdficosde dominio curopen, c todos se prcocupavalll com cs.••cs proble-

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A CONTJNUJDADE DA TRADly\O ISLAMlCA

Otomanislllo, reformismo islamico • n,-,'on I''d" d' •. •. a lsmo cram"Ila~ e lima Illtnoriil lIrbilna educad:1o, expressando tim novore aClOnamellto c E dd ' om 0, sta 0 e 0 mundo elterno em tcrmost nov~s ,c~neeuos, Alem dessa minoria, bern pode ter h;wido<1guns ImClOSde pensament .de . '," 0 e sentlmento que numa gera\Jio,pOlS Illam ~rl1ctllar-se' em forma nacionalist<1 c dar ;lOS1Il0~

Vlltle'ntos n.:.lclOualisus ullla 1I0va for<, m" n, ,I I- , ' . m;llor parte 0~ <1,como concebnlo tndicionalmente Olinda forn 'tlVO I' ,eCla os mo~

s que pot lam exortar os homens a <1<'0 • O' ",' 1 1, ,... "" m )0 os elneuJo~ termos des the d<1vam se'ntido 0 nue".h ." d'~.. , ~ ' ., ~ •.. al11;1 I£;l 1-'i'<I~' ~orem, nOlolIludavaj seguia seu proprio caminho

. propno pa.sso. • em sell

, ~Q velho, sistenu de escolas perdera algum.:.l coisa de' sua _sl'i'ao na socle'dad~, Estudar nessas escola<; nao m:l.is Icv.:.lvaa.r:;~:o.s C<1t~O~no setvl~oy~hlico; a rnedida que se-intr()(lul.iam no-os meto os _d~ admmlstn'i':lO, tornava-se necessario um 1I0VO

hpo (II~especlallZ.:.Ir;io, e quase inJispens:ivel 0 cunhecimento deu.ma m~~. e~ropeia. Seu.'i diplomados nio mais controlavillll ()~Istema JlI IClal. Novos ~igos criminais e col11erciais, moJela~r' ,nos da ~urol,la, OCldental, Iimitavam 0 ambito efetivo dac ana; 0 c61llgo cIvil do Imperio Olomano, emhora ainda reti-ves..'iCSua hase na cbnrla, 1:lluocm foi remodel,do Co1-' " ' m<1snova<;elS vleram novos tribunalS; trilmnais mist"" 0" .,' 'I '-"~"-"nngelros

~ra casas e~:o vellJo eSlrangciros, tribunais de 11111novo tipoe na Argcll.:.l tTlbun:lls franeeses _ P'" , "II d _'. • malona (OS casos

eovo ven 0 sudltos IOC<1IS.0 trilmnal do "d' C 'I' , d~ I •..•..I '01 unlta 0 aquestoes (e staUl.I pessoal. F.r::un neces<;~riQ<;,porl3nlo jufzes e<1c1vog••(los de \l1Il novo tipo, e des er.:.lm fonnadas de 'man' N E - ' Ulna nova

~Ira, 0 ~glto e na Argdia, fez-se uma tentativa de dar aDsestu( antes gracluados aD modo tradicional uma ,du',' I... ~ao so Ire

IUS;ellS !ideres, ~o Ill,cio dos ulcm:is urhanos, e seIlS sfrnbolosorm<1StradlClonals de pellsamcnto islamieo,

m<lSdentro de \\Ill P<lIScbrarnenle t1e1imitallo, 0 I~gito e a Tu~nlsia tinham sido pratic<ltl1cnte entidades plJlitic:a.~~cpuadas ha~via muito tempo, primciro soh SIlas pr6prias dlnastias, depoissob dominio hritanlco 0\1 ftilnccsj t:nnbcm a Argelia tinha Sillourn terril6rio Olom<lnO sep<lrado e a cssa a1t'lr1I j~fora prallca-mente integrada ~ Franr;a,

A.o;sim,quando surgiu, 0 nacionalisl1lo egipcio foi Ulna len-Lativa de encerrar a OC\lpa'i'ao britinica, e tinha mn conteildo es-pecificamente egipcio, m:1oisqlle an~, mu~lm;.mo 011otoma-no. A rcsistenda 11ocuPJ'i'Jio briranica d(: 1882 ;~ tinha tido 11mc1emento nacionalista, rn:lS :linda nau estava plcnamente articu-1:l.(la,(: s6 nos pruneiros anos do novo seculo St tornou uma for~'i'a politica efetiva, e IIIlla for'i'a npaz. de servir como (oeo paranutras ideias sohre a fonna como a socied:ule dcvia ser org2ni-7.:Ida, Nao era lima for~ unida: havia uma divisao entre os qlleexigiam.:.l retirada hritanic.:.l e os que, sob :I.inf1u';nci:l. (!as i,lei2.'ide mooernismo isl3.micas, achava.m que •• primein nccessid ••deera de desenvolvimento social e intcleetual, e 0 Egito ••ssim p0-dia bencficiar-se da pr(:sem;" brit3.nic:l.. Do mt:SI11Qmodo, emTt'inis havia \lma nuance lie sentimenlo nacionalisu. na resisten-cia a invasao france's:l. em 1881, lIIas 0 primeiro grupo naciona-lista c1ar:amente distilltn, os "Jovens 'li.misianos", UlII pe'quenogrupo de homens com edm:;u,:ao franeesa, ap.areceu por volt:l. de1907. "Ellnbcm.:.lli 0 sentimcnto prcdominante era n~o tanto emfavor de \lma ime(liata retirad.a fr.ancesa como de um.a mlld.an~IU polilica francesa, (Iue daria .aos tunisianos ma.ior aces.so a edu-ca~o franCc.'i3 e maiores oportunidades no Servi'i'O do gove'moe na agricultura; era uma politic.a .a que se oJlunham os coltm1.Tambem na Argelia, na superffcie da profunda e continuad<1 n:-sistencia a col(}ni1.:l~0 frances;), ainda expressa em IcnllOS so-hrelmlo tradicioll<1is, sllrgiu urn pequeno muvimenlo de "JovensArgclinos" com <1mc.'ill1a base de idci<1S"lIlodernistas", e (I mes-1110tipo de exiKcncia de C'du(,,<1~oem frances, rcformas fin ••ncei.ra e juridica, c Jireitos politicos Ul<1isamplos (klliro do esque.ma existente, No Marrocos, porem, a oposi\io aD proletoradofrances. gcnerali:r.ada na cidade e no campo, ainda encontr3\')

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. UlJraJas II:!. Argdia e a Dar al.'Ulum no:tSSlIl1tOSlIlooernos. arsII rI' • • cminentes contmlo, cumF."ito. Os fi\hos de 3111111:tSnC3S c. d .' I

'r:> • dis :J urn novo upo c eseo a.cada vez m~~ ma~s :~I~l;lSescolas continuaul11 a existir. e 0 mc.~.

Apesar ISSO, du ao de ohras de enldilWao sobre t~o-mo aconteecu coml:l prod' ~ s cmllulativ:ls d:l cultura isliilmca.logia e lei dentro (as tra l~()e d' 50S cOllle~avam ;I m;ll1ifest:ltOs mais alertas entre seus csnl 10. I . Ii Como cscrc.d~ceplWao com 0 tipo de ensino que rcce )lam a .

, I" a vida do estlldante era deVC\I urn uc ,

. . - ue de nao cncontraV;I uada de novoince.~santc rCllCU~;\O,em q I I durante tOOOSos seus cstUtloslIn come~o ao fim do ann .... d u.• n:io Ihc tocavam 0

. I discUfSOSrellen os q •..ouvlra pa 3"Tas e . . the alimenta-wrar;ao nem ihc dcspcrtavam (l apetlte, lIem I 1'-

, nle nem acrcscenlaval11 nada :to que e e sa )Ia.v:t11la me ,

. rcfoflna-Ias, em partiClI.Fizeram-se algumas tcntat1VaS I)ara '. cessO' . 'f1' ia de 'Abduh, mas scm 11111110'<;11 .

lar a Azha~ sob ~ In uenc )m\er na sociedadc, como eanaisMas cbs auula tlllh:Ull gramle

dl r ,. n"'"" rohres IlOdi11l1. rtos e anlluas d •

pelns quaIs gan~tor esrc

m\1lando e artieul:mdo uma especie deencontr:tr seulllve ,e or . ,nos reforlllistas t~n-," I' I) )r esse mot1VO, govc .conscicncla co etlva. ( . . I"e clas. No Jim do

Hole mals estrelro so .t~ram excrecr mn con d" d' A7.har maior autonOIllU'I . h se dado ~o lretor d •

seell 0 XIX, tin ~ I ,d"ltes mas ele I)elr Sll1Is rrofcssorcs e es \ d, .

do que antes so Ire 0 I : ", ,10 'Iucdiva: ~s aulotl.1 tro e iIlalS estn 0vez fora posto SO) 0 COli. . \ ter a Zaytuna :to seu

dades franccsas na TuniSia tentavam Sll IIT1C'

C()IlHOic. . . ., 1 a infiucncia das onleosAimla nao ~\:vi;l.d:~:\~~:l:~::I:v;la~ tinha llouca influenei~

snli13s. A OPOSI\30 do. I" I"' criticav;ull 0 (IIICcon-I f..' C 1 AI"uns mOl eTIlIS"

fora ( a 1\.<;13 entra. r: _ a ;mtoridade exercida por mC5-'sideravam ahmlY' do Sll.lsl,no 3 cren a em milagrc. ••operaJostrcs sufitas so~rc sCt~ dl~CIPU~O:'J)CIL<;":...- mas a flu-ioria <lchaV1por interccs.."ao dos 1allllg~s ,. urn sufismo pllrific3do, pan 3po;sivedl, c na ve~dda~: ~~~c;~::II~:llna gramle parte da popula~osaune a COl1lUill a. ••

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COillinuava a ter algllma filia\:io junto a lima 0\1 olltn das ordens.A~ mais anriga.~, como 3 shadhiliyya Ca (Iadiriyya, conrinllavam adar origem a subordens; as que davam enfase 3 observancia da(horin, como a nal}.~hb<lluliyya e 1 tijaniyya, continuaram c.~pa-Ihalllio-sc; surgiram algumas novas de tipo semelhante, COIIIOas3nusiyya, cstlbclccida na Cirenaica na decalla de 1840 pur UIII:ugclino que tinha cst\ldado em Fez e Meca.

Novos lIletodos de manutelll;.io da ordclIl urbana, pur IlIciode funeionarios, policia e gnarni,;()cs (cslrmgeiros 110Egito CnoMagreb), Jimilaram a inl1ucncia das (miens nas cida(lcs, e naverd<lde de todas as for\as que podiam instigar Oil eXJlrcssar in-satisfa-;iio popular. 0 fim do seculo XIX foi 11111periOllo quasesem desordclil urbana, ap6s os grandes Icvantcs d:ls I1ccaJ:ls (ie1860 e IB70 e os disltirbios Ila epnea das ocupap:lCS cSlrallgei.ras. No campo, porcln, mcstres que linham algllllla prclens:io <IaUloridatle espiritual ainda cxerciam (I 1lIe.'iInOpoder que :llltes.N3 era (Ie expans:io imlK:ria!, os Ilf>rt.a-vozes e Ifdcrcs dOlresis-tencia rural vinham em grande parle <los homens de rc1igiao.Na Argelia, a posi\:io de 'AIJ(I ai-Qadir na ordem qadirita localdera-lhe 11mpOlitO de partida (10qual cxpandir sell poder; na re-volta posterior de 1871, :I ordcm rahmaniyya de.<;cmpenhou 11111p1pel importante. Do mc.'iIllO modo, 110Egito, na 1111lisia e noMarrne(Js, a resislencia ao aumcnto cia inl1ucncia europcia eramobili7.ada pcln uso de sfmholos isl:imicos, e a Icntativa italianade con<Juistar a Llbia iri:t cncontrar sua principal oposi\:io nasanusiyya, flue na elJ()C:ttinha 1I1ll;lre(lc de eenlros iOClis 1105oa-sis do deserto cirenaico. Nem toll as as ordcns sufitas, porelll, to-muam 0 caminho da tc.'iiSlcncia: na Argdia, a lijaniyya fei: a P:l1.COllios francescs; no Egito, a maioria ,las onlens £i('OIldo 1:Idodo quedIV3 na crise de 18B!.

o exemplo mais imprcssion3nte do poder polilico de tim 1.-der religioso foi dado IlClo Sud;'io no movilllelllO quc enccrrouo domfnio cgipcio na decada lle I BBO.Essc 1II0villlt:ll\n extraiupUle de sua for~a da Ollf}si',ao aos governadorcs C5trangciros,mas linha nb:es lnllito mais profullllas. j\1uharnmad Ahmad,que 0 fulltlvu, lirotl inspirac;ao tI<Iformac;ao sllfita, cera vistu

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por seus seguidon~s como 0 Tndbdi, 0 guiado poc D~us par:l rt:S-taurar 0 reino de justit,;ano mundo. Seu movimento cspalhou-sc rapidamente. num pais em que 0 controle do governo en li-mirada, as cidadcs pcqucnas e 0 Isla dos ulemas demasiado fracopara contrab;ll;m~ar a inAllcncia de urn professor nlnl. Ap6s en-ccrrar 0 dominio egipcio. de pode eriar um £Stado basc:a(lonosensin.lInenlos do Isla, !iCgunclo sua imerpretat,;ao, e lIlodclou-oconscientemente na comunidade ideal do Prafer:! e sellS Com-panhciros. Esse Estaclo (oi levaclo adiante. poc sell Ollih :Ip6s asua morte, mas a octlpa~ao anglo-egipcia cncerrou-o no fim doscculo.

T2is mOvlmentOS :llimentav2m 0 medo d:t "revoh;/, do 1s1:i"que scnriam os gO\rernos rdormadores e estrangciros, e levau atenutivas de opor-se a cles, ou pelo menos cantcola-Ios. NoEgito, a partir d••epoea cle Muhammad 'Ali, houv~u relo m~.nos urna tentativ ••de controlu ••~orclens sufit:ls pel••nome:l~jodo ch~fe d~ urna familia associado a urna delas. a bakriY}'2.parachcfiar toJas as outraSj S~\I.'jpotIer •.•s ~ fun~6es foram formal.mcnt~ definidos mais tarde, no mesmo seculo. A chefia de umaordcm IOrnava-sc um cargo formalmcnt •.•rcconhecido relo go-verno, e atraves dos chefes podia-se canter alguns Jos exceSS05da pdtica popular, que cornepvam a softer critiC:1cresc~nl~.N:1 Argelia, :1pOSa revolt:!. de 1871, as ordcns cram ennuda.scom suspeiu pelos franceses, e fez-se UIIl:!.tentativa de reprimiras que p:lTeciam hosus e conquisur os chefes de outus conce-dendo-Ihes favores,

No Imperio Otomano, 0 sultao estaVllem posi~.io de canOl-liur 0 senUmento religioso popular pUll sellS pr6prios interes.ses, De meados do serulo XIXem diante, houve urn esfor-;oconstante do governo p:1raenf:1tizar0 papel do suhiio, como de.fensor do Estado que era praticameme a ultinu reliquia do pa-der e indcpendenci:l polltica do Islasunita, A prelensao do sui-tjo a ser califa nao fora aprescnrafla ate ent30 com muita enf.ls~,a nao ser no sentido de que qualquer governanle mllplllluliOpoderoso podia ser chalH:ldode nlifa. A partir de meados do si-culo XlX,parem, isso come~ou a ser for.yado mais sistematica-

mente, tanto como urn grito de convocario ,_ II ,. ~ T OJ'> mU~ll manos nompeno e ora para que se reuniss~m em tomo do trona mu\-'UI_

n:a~o qua.nto como lima advertencia :lOSesradrn; europeus quetm am mJlh5es de suditos lIlu~ulmanos, 0 sultao Alxliilh' 'J!lSOUconsu!tores e prot "I r. . amI_ Ii., eg~(rn;sllntas para enfatlz..arsilas pret('ll-~ re glOsas, a construpo da estrada de ferro do J-ied"u eomcapital m~l~lllmanoe a finalidade de levar peregrinos ":I;d:ladcs5.;Intas,fOlurn••.e:xpressaoda n I'r. ., lesma po Itlca. Os modcrnistas is-~mlcos cn.tlcara~l a politica, com b;l:seem quc 0 tipo d~ I~/;ique

c e encora)ava nOlOera 0 verdadeiro Isla' tambem rvv/'testar _ 'I'~' lam con-. sua pretensao ••ser cali& e espeur.1 volta do Cal"" Iarabes Ap d. 1". Jr3(0 :lOSd ' esar Jsso, a po ItJQ despenou sentimentos e lealda.~.no mundo do lsl.i, :irabe, turro e alcm: na india oncle 0 1m

peno Mughal fon finalmente atinto ann.: 0 -'1 t', I d' ;d 1857 C:i " y~~ J> 0 lin n lanad;r ru ,no 1~<::ISOe n.aAsia Central, onde a e:cpansio do po-orol b~Adc:stnlla as a~ltlgasmon;nqu!.1s, e nas regi6es sob con-

e ntamco e frances no none da Mrica,

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I!

19.0 AUGE 1)0 PODER EUROPEU(1914-1939)

A SUPRr~1ACIA DE GRA-BRETANHA E FRAN<;A

Em 1914, as rivalirl:Hlcs lias potcncias clIropcias com pi am oslimitcs imposto:'> pela sensa (Ie dcstino <,olllum e pclas lemlmm-t;as (las gucrras napole6nicas, e 0 Imperio Otomann era 0 pon-to (lnde clas se mostraVdlTll11ais ag\lUaS, pot causa de Slia fraque-1.:1c da importincia dos interesses ali CIll causa. Em ;llgulII:lsp;ntc.~, a alocat.;ao de COllCCSSOCS ferroviolrias havia criado divisaoelll csfcras de interesse, lllas em otltra.s - pOlrtcs dos Balds, Ts-tambul C0 estreito do_~Danlarelos c a PalcstinJ - as inleress!:Sdas POlcllcias se, chocav:lm dirctarncntc lltlS com os Qutros. Foia rivalid;ule da Austria com a J{(lssia 110S IJaldis a GillS:! illl('(li<l-

ta da <'cl0530 da Primcira Guerra Mundial em 1914, e quando 0

Imperio Otoman? cntCOll na guerra em novcmbro, do Lido &aAlemanha c da All5uia, c contra Inglaterra, FrOlm;a e RU5.~iJ,SU3Stcrras tornar:mi-se um campo de batalha. 0 excrcito oUr

mano, refon;ado por sellS aliados, tcve de llltar contra a RU5.~iaem StU frontcira norcicsle, e contra lIIna forr;a hasicamenle bri-tanica em suas provincias arabes. Aprindpio 0 excrcito oloma.no amear;ou a posir;:io brilanica no Egito, mas dcpois um excr-cilo britanico e aliado avanr;OIl na Palestimt, e no fim da guerraoCl1pava toda a Siria. Ncssc meio tempo, oul(a forr;a britanica eindiana Ilcscmb;ucara no IC<lque,no alto {lo golfo Persico, e quan~do a guerra <lcahOIltinha todo 0 Iraque.

Em 1918,0 controle militar da Gra-Bretanha c Franr;a noOriente Medio e 110!vlagreh era m:lis forle que nnnea, e, 0 queera mais il11portanle, 0 gramle govcrno imperial sob 0 qllal amaioria tios lJAISCSarabes tinha vivido durante seculos, e (Illeservir:l COtliOmna ('specie de proter;ao contra 0 domfnio curo-peu, fora cclipsado e logo desapareccria. 0 Imperio OlOlI1ano

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perder:1 $lIas provlncias arabcs c estava rellnzido 3 Anat6lia e amll:l pequena parle da Europa; 0 sult:io cstava soh 0 contmle delllarinhas c reprcsentantes dos Aliados em Sll3 c<lpit3l, e foi obri-gado a 3ssinar um tratado de paz. desfavodvel (0 'Ii-atado de Se-vrcs, 1920), imponllo uma virtu:ll hltda estrangeira ao sell g-o-Vl':1Il0, lllas IIIIl l1lovimento {Ie rejeir;ao (I:l poplIlal,'ilo turca ciaAnat61ia, chefiado por orieiais do excrcito e fona/eritlo pelo es.tinllllo dos AliaJos a que os grcgos ocupasscm parte d:l Anato-lia Ocidclll;ll, resultnn na criar;ao de Ulna rcpltblica Imca c naaholil,'iio do S\1ltanato. E.ssas !nudanr;as foralll aceitas pdos Alia~tlos 110Tratado de Lalls:lnne (1923), que pode SCI"vista como 0instnllnelHo que cneenOH formallllcllte 0 Imperio OtOluano.

A estrutl.lra politica denlro cia qual a rnaioria dos arahes ti-nha vivido durante IPJatru secul{ls se ,Iesimegrara; a capital 110novo ESlado tureo nilo cr:l Istarnbul, llIas A/lcara, IUS terras al-tas da AII<lhllia, c :l grande ci&Hle tltlC fora a sede de Jloder I'0rlanto lempo perder<l sua fon;a de atrar;iio; a dinastia que, fos.~elllsilas pretensoes 30 Califado aeeius ou nilo, tinha sicio el1caradacomo guardi;i do 1)lle restara do podcr e independcncia {Io Islasun ita, desaparecera na historia. E.~sas1Illldan~s tiveram lUll efei-to rna is profunda no modo como os arahes polilicamente COII.~-cieilies pCllsavalll em si 11IeSlllOSc lelHavam definir sua idclllida-oe p<llitica. Esta colocava quesl6cs sobre 0 modo cumo deviamvivcr juntos Clll cofllllnid:lde polilica. As gllerras sao catalisado-res, tral,cndo 11conscicnci3 sentjrnelltos ale entilo inartindadose cri:llldo clIpcetativas de lI1\1(bnr;a. A ideia dc mn lIlundn:l serrcfeito com hase na autodetcrmina.,ao dc (,l1tid:ldes Il;lciollaisfora estil11ula{la por dedarar;ocs fcita.~ por \Voodrow Wilsoll,president!." dos F.st.ulos Unidos, e por OUlros !iclcres aliados, e osaconlecirnentos {Ia CPOC:lda gl.lCff<lh;lviam despcrtado lim de-sejo, entrc <lIb'"lunas camad:lS de detcrminados povos ar:lbcs, dcmlluanps em seu status politico. No Magreb, sol{lados :lrgcli~nos e tllnisianos, ll1uitos dcles volllnt:irios, tinh31ll (:olllhatido IlHellercito frances na frentl." ori{lcnlal, e podiam espcrar 1111ltlal11,'as(11lCreconhccessem 0 que tlnh:1tll feito. Os egfpcios, elllbora naodirel3mel11e el1volvidos C0ll10 cornhalentl's n:l ~Ilerra, tinhalll

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sofrido difieuldades: trabalho fon;ado, altos prcljos e esC3ss:~~:

alimentoS, as hUl!lill1ar;oes de se~em oc~~~~~se~ ~:~:no, a

exc~ei~oae~::~~g~:~1°ti~a~i~:;:::r~~1:S1916, Jusayn, 0 xarife de

~~r:: Ja hmilia hachemjra (1908-24), revohou-se contra dOs;:~~ ."Iilo ~Ul;:ulmano, c uma for,;:a aube, recrutada. c.In p~rte : de-

'h. O' d nt;ll c em pane de pnslOnelros 0duinos d~ A~ I~rioc~~oma~o, lutou ao 13do ~as for,;:as aliadasserrores 0 P . d S,. Esse mOVlmento cOlller;oUao da Palestma e a Ina. .na ,oeupa,;: d ndcncia entre os britimcos e Husayn,apos a troca e corrcspo s nacionalistas arabcs, na qU:ll os'gindo em eont:lto com grupo d "d deneia

. . d as esperam;as e III epenbriunicos haVlam e~eo.rap 0 11 1915-16). Villaaubes (eorrespondcncla McMahon- usayn,_ b.'. c ex-

. ,. I OU:l essa a~o ntameasslvellinha de raclOOIUOque ev r d~eada pelo homem CHjOnome e mais frcqucntemente 19a 0 a

e1a,T. E. Lawrence:

Viamos que lim novo £ator era necessario no Le;:ite, algumb. tureos em numero, em

poder Oll rar;a. q~le so repuJ~ss~ ~st6ria .nao nos dava ne-Produ.-;ao e :ltIvldade menta. I"d d", pu'

. har que essas qua I anhum encoraJamento para :lC I E { 1 Alguns dedcssem ser oferecidas prontas .pe a mopa ... de so-nos julgavamos que h:lvia SUfiCICIllCpoder btendte, ~ '"0

'rabes (0 maior eomponellte 0 npenbra, nos povos a , . ande em pen-lurco), uma prolifica aglomer:l~ao semltI~, gr .\

I.. raroavclmente industnasa, mercantI ,po-samento re (gIOSO, I ' t I

lilica, porcm de carMer mais solvente que {omman e.

-prio I"pel ele afir.De urn modo que talvez exagerassc 0 sen pro 'in-f na~ao rest:lurar umamava. "Eu pretemlia azer uma nOV:l , 'd e sc

fI A '. dida" 1 Se algoma coisa foi de fato promctl .a, ,~eneJ3 ~er .revolta do xarife desempenhou parte IInpor~

fOJ, 0 que, c se a _ m dis uta mas 0 que esutante na vaoria 3.1iJda,.sao assun~?s ~e . d~ qu~ os que falavamclaro c que pela primclra vcz ~ eXlg~ncla m Estado fan emafJbe cOllstituissem I1ma na.-;ao c t]Vesse~ u.certa medida aceita por \lma grande palencia.

416

Esperan~as, queixas e a bllsca de idcntidadc juntaram-se con-tra 0 poder e as politicas rla Inglatcrra e da FranlOanos anos ap6sa guerra. Na Argelia, algumas lIludanps foram de fato feitaspelo govemo frances, e os mu\Ulmanos itiam daCem diante pa-gar os mesmos impastos que os colonos estf3ngeiros, c ter maisrcpresentantes nas asselllbleias locaisj mas urn movimento lide-rado por urn dcscclldente de 'Abd ai-Qadir, e cxigindo que asmu~ulmanos fossem representados 110Parlamento frances semrer de abandonar as leis islamicas de Jtarm pesso:ll, foi sllfoc:ulo.No Marrocos, urn movimento armado de resistcncia ao domi-nia frances e cspanhol, chefiado por 'Abd ai-Karim al-Khatta-bi, lim ex-juiz na rona esp:lnhola do norte do Marroeos (lfl82-1963), nas mOnJ;lllhas H.ifno norte, foi derrotado em 1926, e aconquista francesa de todo 0 pais estava pratiGlluente concluidano fim da Ileeada de 1920; do mesmo modo, 0 (lominio italianose estcndera da costa lfbia 'lara 0 deserto em 1934. No E.gito,uma dcclaralOao britanica pusera filll a sobcrania otomana em1914 e coloeara 0 P:lISsob protetorado britinico; 0 quediva to-mara 0 titulo de sultao. Em 1919, a recusa do governo britani-co a deixu que urn governo egipcio apresentasse slla dcfc..'iadaindependenci:l na conferencia de paz. detonoll urn gcneralizadolevante nacional, com organiza.-;ao ccntralizada e apoio popular.Embora tenha sido suprirnido, levou :t eriar;iio de urn partidolUcionalista, 0 Wafd, tendo Sa'd Zaghlul (1875-1917) como Hder,edepois :t emissao relos britinicos em 1922 de uma "declara,;:aode independencia", que lhes rcservava 0 eontrole de intercssesestf3tcgicos e eeonomicos, depcndcndo de urn acordo entre osdois paiscs. A deelara~ao possihilitou a promulgar;ao de umaConstitui~ao cglpciaj 0 sultao mudou seu titulo mais uma vez etornou-se rei. Ao sui, 110 Sud:io, um movimento de oposi.-;ao nt)exercito foi destruido, e sold ados e funcionarios eglpcios, quehaviam partilhado COllios btitinicos 0 eontrole do pais sob 0acordo de condominio, foram expulsos.

Nas outras provincias arabes do ImpCTio Otnm:lno, a situa-cao era mais complicaJa. Um acordo anglo-frances, emooraaceitando 0 prindpio da independencia arabe estabclccido na

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corn~""flondencia com 0 xarife lIus;tyn. dividiu a area em '1.01\25

de inl1uencia perm;mcnte (0 Acorrlo Sykes-Picot, de maio de1916); C Un! documcmo hritinico de 1917, a Dcdara\'iio Bal~four, cstabeleccu que 0 goverllo vi:locom bons 01h05 0 csuhde.cimcnto de um Jar nacional judeu na Palestin2, cont:mto queisso nia prejudicasse 05 dircitos civis c religiosos dos outraslubitantes do p11s. DCJlois qm: :IIguerra aC:lbou, 0 Tratado deVersalhes estahcle~'CtI que os JY<llses kabes :lilIes sob dominiaotom:mo podiam seT provisoriamcnte reconhccidos como inde-pcmlcnlcs, sujeitos a prcsta~ao de assistencia c aronselhamentopor 1111\Est3(lo encurcgado do "mandalo" para des. Foram Co"-

ses doculllc:ntos, e os interesses ndes rcOetidos, que dctermina-ram 0 destino politico dos parses. De acordo com os tennos dO!mandatos, fonnalmcntc conccdidos pela Liga d;ls Na\Oc:s em1922, a Gri.Brctanha sefia responsive! pdo Iraque e pela I'a-leslina, e a Fran\a peh Siria c pelo Lwano. Na Siria, umJ. ten-tativa de seguidores da rcvolta de Ilusayn - COlll IIl1l ccHOapoio temporirio dos britanicos - para criar \1m F•.~tado inde-pendente soh 0 filho de Husayn, Fa)"5al, foi suprimida pelosfranccses, e estabeleeerJ.m-se dllJ.s cntidades politieas: 0 EstJ.doda Sfri3 C 0 do Uhano, Ulna amplia\:lo da rcgiao privilegi3dllcriadJ em 1861. Em 1925, lIInJ. combinac;io de qucixas especi.ficas contra a adminisu01\i'io francesJ na rcgiao drusa dOlSiriacom oposi\2oo nacionalisu a pre.••enc;a francesa levoll a uma rc-volta, que so foi suprimida com dificu!dade. An sui da area domJ.nclato frances, na Palestina e na terra :I. Icste dela, a Gri-Bre.tanh:a mantcvc 0 mandato. Devido 11obrigaC;:lo as.'tumid3 n3 De-c1arac;i'ioBalfour e repetida no mandato, de facilitar a criac;ao (Ie11mlar naciona! judell, os britanicns govcrnavarn a Palestin:a di-retamcnte; mas a lestc del", estabe!cceu-se lIlli I'rincipado daTransjonl3niJ, governado por outro lilho de II\lsayn, 'AIJ(!ullah(1921-5 I), sob mandata britanico mas sem obrigac;ao em rda\ioa cri;u;ao do I<lrnacional jmieu. Na lerccira area, luque, uma re.vol~ tribal em 1920 contTa a ocllpJ'i";io militar hri:tanic:l., com ma-tizes de nJ(:ionaiisltlo, foi seguida por uma tentativ:t de cstabele-cer institllic;oes dc :mtogoverno sob conlrole brit3nico. Fays:al,

que tinh:a sido cxpulso da Siri.a pc10s fr.ance5cs, tornou.se rei doIU(IUC (1921.3}), soh !'iupervis3io hritinica e dentro do esclucmado mandata; as elausulas 110mandatn (oram corporificadas mlllltralarlo anglo-iraquiano.

I)c todos.os raises .arabes, $() partes da penin!'iula Adbica pcr-mancceram IIvres de domfruo europeu. 0 lemcn, assim quc <lca-bou a. oCllpac;io 010ln.an3, tomou.se urn F.sla(lo illdcpclUlcnle~ob Ollila IIos z.aydit3s, Yahya. No Hedjn, 0 xarife lIu~ayn pro-dJlllou-se rei e governO\l por alglln~ anos, IlUS lIa dccad<l de192.0 seu governo, Indien e privado Ileapoio brilanico, foi neu-trallzarla I~r uma expansio rIe poder do govcrnanlc saudiu,Abd al-'AzlZ (1902-53), (Ia Arabia Cenlral; tornnu-se parte donovo Reina I!a Arabia Sau(lita, que se eslendia do golfo Persicoao mar Vermdho. Tamb~f11 aqui, no elltanto, foi con(rontadono 5\11e lesle pdo po(lcr britanico. 0 protctorado !'inbre os pe-quenos est:ados do golfo P~rsico cnlltinnou .;I cxisliri 1111101 arearIe I'role\2oo brilania foi ampliada para lcste, a partir de Aden;e no canto sUtlocste ria peninsula, com apoio britanico, 0 poc.lerdo sultiio de Oma em Maskat foi estendido ao interior, 2 C\lSIado im•• ibddita.

Sem rccursos Hmhecidos, lendo pOllcns lac;os com 0 lIIun-do externa, c cercados de 100Ios os 1:'I(lospelo podcr britanko, 0lemcn e a Arahia Saudll;aso po(!lam scr independentes rIentro{Ie certos limites. Nos antigos territ6rios Olomanos, 0 linicoEstado real mente indepcndente que emergiu dJ guerra foi 3Turquia. Constrllid;1 em lorno (Ia e~trllhlra cia ddministral;iio edo exercilo ofoman os, c Ilominada ate a moTtc dele por lUll II.der nutavel, MustaU Kcmal (Alatiirk, 1881.1938), a .n'Tlluiaemharcou nllm caminho Iinc a a(asloll (Ie seu passado, e das paf-ses .irabc:'l com os (1lIdlSseu pAssado (ora lao inlimamellle Ij~a-do; 0 de rccriar lima socieda(fc 11;1hase d;l solic!arie(lade nacio~nOll,IIll1d rigid'l separac;ao de E."tado e rcligiao, e 1I1llatelllativaoelibcrada de dar as costas ao Oriente Medio e tomar~~e pane~~ E\lroPA_ a antigo lal;o entre turC(JS e ~rahcs roi di."so!vido,em circul1stoincias que dcixaram ressentimcnlos Je ambos os la-dos, cxacerbados durante al~lIl tempo por di_~plltas ~(Jhre (rotl-

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tciras com 0 Iraquc e a Sfri~. Apesar nisso, (l exemplo do Au:turk, qlle dcsaflar:l a Europa com Sllcessoe eSlal~deccra seu Jla~snum novo caminho, iria ter um profunda cfcJto sobre movI-menlos naeionais em todo a munclo :\rahe.

o PRIMAlJO OOS INTERE."iSESRRrrANlCOS E FRANCESE5

A.ssim que os movimcnlos de oposir;ao da (lccada de 1920foram contidos, a Gra-Brel:mha e a Franr;a 1130enfrentaram de~safio,~internos scrio.~a seu poder no Oriente Medio e 110Ma-greh, e por alguns anos nao houve desafios.CX1~r~l(JStampuuco.Os OUlrOSgrandes cstatlos curopeus - os Impcnos Russo,.Alc-mao e Austro-J Iungaro - havi~m dcsllloronaclo au sc retlr.~dopara Slmcsrnos no fim da gucrra, c isso significo\! que 0 One~-tc Medio, que por lIluito tcmpo linha sido \l1ll campo de ~~aocOl1lum Otl rivalidade para cinco lias scis potencias enropclas,cra agora dmninio da Gra-Brcunha e dOlFranr;a, e mOlis ~a ~ra-Brctanha que da Fralll;a, que emergira forlllalmcnte vlto:losamas llIuito enfraqllecida da guerraj no Magreb, porem, a han-r;acalltillllOU a seTa potencia suprema. , .

Para a Gra-Rretanha e a Franr;a, 0 eontrole dos palses 3r3-bes era importanle nao s6 por causa de SCIlSinteresses na pr6-pria regi:io, mas porque isso fortalec.ia sua po.si.;aon~ n~"Jl(I~.AGra-llrelanha tinha grandes interesses no Onente Medin: a pro-c11l.;aode algotliio para as foibricas(Ie Lancashire, de pelr61eo nolri'i e depois no rraque, inveslimentos no Egito e ~m outras p~r-tes mcrcados p:lr;l produtos m;mllfat1lranos, os mtcresscs !nO-rai~que sllrgiram em lOrna dll ohrigar;iio de ajlld~r na c~ia.;aodolar naclOn:ll judeu. I Iavia tamb6n interesses mals gcnus: a pre-scnp da Gra-Bretanha no Oricnte Media ajmlava a manter ~~aposir;iio cO,mo.poten.ei:l mcditer,raneae lllunrliai. A rota I~l:lntl-.rna p:lra a India eo EXlrclllo Oflcnle passava pdo callal dc Suet.As rotas :le.reaspelo Oriente .\1edio tamhcm es~avamse~{~ode:senvolvidasnas decad:ls (Ie 1920 c 1930j urna la pdo EgIIOao

). ,

h'~qtlc e a india, ollira alravc.s do Egito p:lra () suI cl:lAfrica. Es-ses interesse<;eram protcgidos par llllla scrie de ba5es que refor-~aV:lIl1outra.s na b:lci~ do Mediterraneo ClIO oceano illllico, ceram refon;adas por cbs: 0 porto de Alex<lntiria,e outros portosque podiam scr usa(ios, bases milil:lres no Egito 'e na Paleslina,campos de avia~1ionaqudcs p"lses, no lraqlle e no golfo Pc.rsico.

Do meslllo modo, 0 Magreb era import;]flfe para a Fran~~;lnao s6 por si meSIllO,mas por seu lugar no sistema imperialfrance.s.Fornecia forr;a humalla para 0 cxercito, minerios e 011.lros maleriais para a indll.~triajera campo de vasto invcstimen-to, e lar de mais de 1 milhao de ciclad30s francc~cs. As rotas porlerra, mar e ar par~ as posscssi"lcsfrances::tsl1aAfrica Ocidcntalc Central Jl~ss:lvampor cle. Esses illteres..••es cram prolegidospclo exereito frances espalhado de till] lado a outro do Magrch,e pela marinha cm Bi7.crta,Ca5ahlallc~ e, depois, Mers cl.Kebir.Comparado com isso, as interesses no Oriente Medio (~ralllli-milados, mas ainda ,lssim consider:'ivcis: inveslimellfos no Egitoe no Lfhanoj 0 petr61eo do iraque, que em 1929 fornecia Illela-de do quc a Fralll;a precisavaj 1Itl1ccrlo grail {Ic cOlllpromis.soU10ralCOIllos crbtao.s da area do territorio soh Illandato. A[fmdi.~so,:Ipresellr;a militar frances;! lla Sfria e no Lfhano fortaleciaaposit;aoda Fran.;a como potencia medilerranea e mllll(Ii~ljsellexercito podia usar sua terra. a marinha seus port os, ~ lIIlla rotaacreamilitar ia dOlFranr;a, alraves do LllJano. par:! a Indochill3.

Ate 0 final da dec:!da de 1930, e5sas posir;oes permanecerampralkamcnte inlocadas. a primciro de:;afio serio - e e dincddiu:r ate onoe scria serio - veio da Idlia. Em 191H,a halla j:ihaviase estahclecido no arqllipcl~go Dodccancso (Iolllalio dormperio Olomano em 1912) e lla costa tihia, c em 1939 OUII)()UtIXlaa Lihia, ~ Alhfinia no Medilerranco, e a Eli6pia na AfricaOriental; podia assim arnca.;ar a po.sir;:iofrancesa na .limisia,allllenmitos dos tnor:Hlores europeus eram de origem italiana,e a lia Gra-Brelanha no Egito, SIl(I:ioe Palcstina. A It:ili<le)lcr-CtUccrta influcllcia ~ohrc 1ll0vimcnlos :iralies de oposir;ao aodnmfniobrilanico Oil fr~nci~s,e 0 Illesmo fez, em 1939, a Ale-manha,cll1bora ainda nao hU\lVeSM~Sill~isdaTOSde 1II11desafio

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Nos paises pna onde os europeus haviam imigrado em gran-de csc.ala, eles controlav<lm nao so as finan~as, a indUstria e 0 co-mercio estrangeiro, mas, em grande parte, a terra. Os colom daArgelia jii estavam bem estabeJecidos em 1914 mas nos anosa~ a guerra 0 governo frances tentou encoraja; maior imigra-~iOe assentamenro na terra na Tunisi:l c no hlarrocos. A medi-ciaque 0 Marrocos era "lOS poucos trazido para 0 commIe fran-ces, na deeada de 1920, as propriedades do Es13do e terrasmantidas:l titulo coletivo cram ahertas aos colonos. E.'>Sesesfor-'tOS riveram b:ito, no scntido de que levaram a uma considera-velim~gra~iio, e a.uma cxtensao da area rllitivad:l e da produ~:lo,mu nao consegmf:llll manter a maiori:l dos imigrantes na terra.De 1929 em dianre, 0 Magreb foi envolvido n<lcrise da econo~mi:l lIlundial que fez cair os pre~os dos alimenros. Os Rovernosdos tres paises, c bancos franceses, deram urn jeito de estendcro credito ~os.p.ropriel<'irios rurais, mas OJ.verd:lde eram os grall-d~ propneunos que podiam fner lL"Odisso. Em 1939,0 pa-drao de asscntamento era de grandes propriedJ.Jcs, usando 'ra~

litica: ~om 0 porler britanieo sustentando, em ultima instancia,a posll;ao d;lSempres.:ls; as eoncessocs sob as quais ebs operavamdava~n-Ihes controle da exploraIY:lo,rcfino e e.xport:l~O, em gran-~es.areas e por loogos perlodos, sujeit:ls a pagamento de royaltiuhmu2dos aos paises anfitrioes c ao fornecimenro de limitadasqU:lntidades de pett61eo para uso <Ides.

Com cssa exce~ao, os palses ar:lbe ••ainda dependiam ria Eu-r?pa .para a maioria dos produlos manufaturados; nao arenastextels, mas tambem combustiveis, metais e maquinaria_ A im-p?rta~ao e a exporta~:lo cram fcitas sobretndo por navios brit:i-Oleos e franceses. 0 Egito garantiu maior commie de SU:lSla-rifas, porem, c no Marroeos:l Fran~a estava at:lda por acordofeito pclos estados europelL~ em 1909 para manter uma "portaabcrta".

lMIGRANTES E A TERRA

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:lIemao direlo :lOSimere.'ises britinicos e f•.mceses :Iii. A Russiatambelll pouco fizera par:l afinnar sua pre5enc;a desde a Re:ol~- .~~ao de 1917, embor:i auloridade.~ britinicas e francesas se mc1J-nassem :I ,Hribuir seus prohlemas 11.influcneia comunista.

Finnemenle colocadas em suas posi~oes de potcncia, a Grii-Breranha e a Fqop puderam, no periodo 1918-39, expandir seucontrole sobre 0 comercio e:l prorlu~ao d:l regiao. 0 mundo ara-be :linda era h:lsicamenle importante para :I Enrop:l como fonlede m:ltcrias-primas, e um:l grande propor~o de investimcntohritanico e frances er:l dedic ••d••a criar as condi~oes PU2 exual-las e expon:i-Ias. Foi urn periodo de escassez de capitll para osdois palses, mas 0 capitll france.••entrou no M:lgreh p:lfa melha-rar a infra-estnnur<l d:l vida eeonomica - irriga~ao, estradas defcrro, cstradas de rodagem, ger~ll;io de e1ctrieidade (de iiguaoode cristia, ou de pctr61co au carvao importados) - e pan eJ-plorar os rerursos mmcr:lis, em p:lfticul:ir fosfatos e m~nganes,dos quais os paises do J\hgreh vieram a fiear entrc os ?l3Iores CJ-portadores. 0 inveslimento britanico estendcu 0 culnvo de ••l~dao para exporta~o no Egito e em partes do Sudao entre 0 NI-10 Azul e 0 Nilo Branco; na Palestioa, dcseovolveu 0 porto deHaifa, e houve urna grande jmporta~o de capital por institui-~oes judias interessadas em construir 0 lar nacional judeu. .

Comparado com 0 investimeoto de eapitll europeu em agn-cullUra e minera~o, aqucle efe1uado na industria era pequeno,e na maior parte restrito a maleriais de constnJ~ao, proc~a-mento de alimentos e texteis. A principal exee~ao a isso era a In-d,istria do petr6leo. Ja em 19140 pctr61co estava sendo extr:l.l-do no Ira, c em pequena e.<;calano Egito. Em 1939, tambem eraprodu7.ido em grandes quantidades no Iraque, e exportado para ,palses europcus -sobrctndo a FranIYa- atrav.is d: um oleod~- . ,to com dois bra~os que chegavanl .a costa medlterranea em Tn- ,poli no Liliano e Ihifa na Paieslina; tambe-m era produ7j~(J empeqncna cscala na Aribia Sandita e Bahr:llfl. As emp~esas tmhampropfletiirios, sohretudo britanicos, franeeses, amencanos.e ho-landeses, e seus aeordos com os paises produtorcs reflctJam 0

equilJbrio desigual nao so de for'Yafinanceira, mas tambCm po-

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torcs c tccnicas atllali7.adas, emprcg:Jmlo mao-oc-ohra cspanho-b, berhere ou anhc, e pro{lu;r.indo ccrcais e vinho para (J lller-cado frances. Emhora 0 que 11111escrilor dUlIlou de "0 sll11holocia casa de f:lunda com Idhado vermelho"l ainda descmpenhas-se um papel imponante 11aallto-imagcm da popula~ao curopcia,o imigrame tipico nao cu 0 pcqueno (ultivac!or, mas 0 fllncio-nario plih1ico, 0 emprcgatlo de llIna empresa, lojista 011mecani.(0. Os europells comlituiam menDs de 10% d:l popubl;ao total(m:lis ou menos 1,5 rnilhao em 17 milhi'ies), mas dorninavam asgrandes cidades: Argel e Ora tinham lIl:liorias curopcias, e eu-ropcus eram met:llle da populal;ao de Tunis c {Iuase mctalle d:ltIe Casablanca.

Em dois pai.<;cs, a aprnpri:u;ao da terra pOI" imigrames foiimporunte durante () pcriodo 1918-39. Em Cirenaica, a parteoriental lia Libia, nouve CoIOllizal;:lO ofidal em terras para i,o;.<;oexpropriaJas, c COlli fundos fornecidos pelo governo itali.lllo."Euuhclt1 ali, lIO enlamo, repetill-se a elpcricneiOl de oulras pn-tes do Magreh, c elll 1939 so uns IZ% da popllla~ao iuliana de110 mil vivia lIa terra; 0 italiano tfpico cia LflJia era lllorador de'IHpoli 0\\ de alguma outra cidade cosleira.

Na Paieslina, a aquisil;iio de terra Pdf:!. imigrantes judcuscuropeus, quc cOlllepra durante fins do scenla XIX, continuoudenlro do novo sistcJnOlde a<hninislralj:ao eSlahclccido pela Gra~Brctanha como governo mandatario. A imigralj::lo judia foi ~n.cor:ljada, dcntro de limitcs dcterminados em parte pela estima.tiva governamcmal do numero de imigrantes {jue 0 pals podiaahsorver !llIm dado momenta, e em parle pdo volume de pres-sao quc os sionistas 0\1 arahes podiam :lplicar sohre 0 governoem Londres. A C5tmtura da populalj::lo do pais mul!ou muitonesse pcrfodo. Em 191Z, os judcIIs contavam cerea de 11% de111\1:1populalj:ao total de tres quartos de milhiio, sendo () restnsnhret11l1o 1ll\l~UIIl13110Se cristaos lie Hngua :irahc; CIIl 1949,fOTm'lVam lIlais de 30% rle um'l populal,:'ao q"e dllplicar:.l. Ae5sa altura, houvera comidcravel investimel1to, tanto de ;udcusindividuais quanto de iustituilj:oes formadas para ajudar na cria-l;ao do lar nacional. Grande parte dele fora p:lca :ISnecessidadcs

ARABIA SAUDITA(dnadll 1932>

ORA

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(ia de colonos: a elite superior podia pertencer social e cuhnral-~ente a Franp ~netropolitana, mas a ma.~s;l dc prtits blnnCJ eradlferenle. De on~em mista italian;l, eSJlanhola c francesa, emg~al1de parl,e nasculos no Magreb, falantlo 11m frances proprio,nOlOmulto a vontade na Frall'Ja, COI1SCiClllesde 111111l111udocs-trang.eiTa e ho.stiJ a sua volta, que au meslno tempo o.~ atTaia erepelJa, voltavam-se para a Franr;a para quc dOlprotegcs.~e o.~in.tercs.scs ddes, que !x)diam ser difercme..'i dos illtcress('~~ lIl;lioresrl~IOl.Do l.llCSlllOmodo, surgia na Palest ina \11113nova nar;ao ill-dla, COJ1SClcntelllente dlferCllfc daqucla a que dera as ("OSI:lSeOI11:/i.cmigrar;ao, vivendo atraves d:t lingua hehraica, que fora revi-VidaC01l1~Ulna Ifngua do dia-a-dia, sCJl:trada cia popula~iio :ira-he Jl{~rdl(crenca.~ de c\lltnra e rostulllCS soda is, pela aspira'Jaode cnar OlIgototahnente judeu, e pela cre..'iccnte ansicdade COmo dcstino dos jude,~s da Europa, e voltando.sc para a TngJaterrapara defender se.lIs ll11ercsscs ate poder mantcr-se por si mcsllu.

Os grandes lIlteressc.~, C0l110as press(;cs dos rolono.'>, (orta-leceram a dcdsao tic Inglatcrra c Fr:mr;a de peTlllancccr no con.trol~, mas por OIltm. lado essa decisao era afetada par diJvidas,se nao sobre a morahdade do domfnio impcri;ll, pelo menos .~o-bre 0 sen custo. Entre os (f;l.ncc"~eshouvc dcsde 0 COlT1e\'o\hivi.'lI.assohre a IlIcl'ativi(lade do l1land~to sfrio, mas poueos deles tc-flam pcns~do em algulU tipo de retirad<l (In Magreb; mesilla osCOlllunistas franecscs teriam pensado mOlis em tcrmo.s de lllllaa1l.';orr;3:0mais comp!eta e il.-'llallIa ArgClia em O\llro lipo de Fran-ca, embora pudessern cspcrar lim relacionamento difcrentc CUlllOSmU'J\llm;l,llos Cel1lprc..~tar sell peso a protcsto.~ contra alOs cs-pedfieos (Ie injmtir;a. Na Inglaterra, havia \lllla eresccllte tCI1-dcncia a q~lcstionar a jmtir;a do domll1io impcrial e a arg-UlllCI1-~arque os IIlterCSSc.~essenciais brit:inicos IXldia111ser protcgidnse mltro lTIOl.lo,par ;l,cordo com os elemcntos nos povo.~ gover-

nados que c.~rivesselll dispostos a estabcleeer urn compcomissocom 0 dominador imperial.

o estfl1lulo para \1lna llHltl:tnr;a no rcla('ionamcnto era tan-to r~aior porque parecia haver pcs.~oas (10 outro lado (jl1e a tor-nanam po.~~fvcl: mCl1lhros da nova elite qlle, por interesse 0\1

o SURGIMENrO DE UMA ELrm NATIVA

Para ;l,Sc01l1unid;l,dcs de eolonos, e para os govern()~ eufO-peus, 0 \ISOde .sell podcr cm clefesa dc SCIISinteresses era funda-mental, mas {)poder nao e comodo se ltaO p~de tOfl1ar-s~ allto-ri(lade legitima, e a ideia dc que estavam all para ClllTlpnr 111mmissao civiliUHlora cra forte entre os curopeus que govcrnavam011 faz.iam sens neg6cios em paises anlles, qller sc cJ(prcssa~sccomo ideia dl" uma ch'iJi7A1lj'aos\lperior tr:nendo uma inferior, :"011morihunda para 0 sell nfvcl, quer de eria'J3o de ;usti'Ja, ordeml "e prospcridade, {juer da cOll1unicar;ao de 11111a1fngua e 11<1CUltll~.T ,ra neb expressa. 'T.1is idCi:ls, cuja condus;lo logica era a absor~ r'Jao ultima dos ar:lbcs .cm nfvd (Ie igualdade !HUll mundo novo, t~'Ilnific:!do, cram conlrariada~ por outras: \1111.senso (Ie intrallsptl'"' . ~nfvel difercnr;a, de inata supcrioridade que conferia 0 direito dedominar, e, entre as grupos de colon os, mais algllma eoi~a. NoJ\1agreh, .surgira 0 que era a c.'isaaltura quase \IIna nar;ao sepan.

imcdiatas da imigrat;ao. :llgumas para projctos industria is: de-trifica~iio (para a qnall1lll:l cmpres:l jndia recchcu conCC5.sao ex-clusiva), materialS de consmll;:ao, process<lmcllto de alimclllos.Muito u.mhern fOIpan a compn de terra c projetos ap;ricolas.No inicio da dceada lie 1940, as juelcus possufam talvcz 20% lhterra cultivada, C 11111;1grande parte disso pcrlencia an FUlIdoN:leional judcu, que a linll;1 como propric(bJe inalicn:l.vel do1l0VOjudclI, na <]Ilal ncnhum niio-;lHicll podia seT clllpregado.Como no Magrcb, a terra mamida e cultivada pdos imigrantcsinc!lIfa HIll:'!grande p;lrtc das :i.teas ll1ai.~prOtlutivasj mas, talll-hem COlTlllllOM:lgrcb, a popnlaf;ao imigralltc tornu;l-SC sohre-tudo urbana. Em 1939, so 10% da popula~ao jndia vivia 11;1, let.ta, porque a imigralj'ao a ess:! altura era grande demais para serahsorvicla na agricultura. 0 jllJCll palestino tipico era moradorurbano, vivendo nlltm <las tres gr:mrles cidadcs,)crusalelll, lIai~fa 0\1 'lCi Aviv; mas 0 lavrador que vivia n\lm assenUmellto co-lctivo, 0 kibutz., era um sfmholo il1lportantc.

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formar;iio mental, estavam compromcridos com 0 tipo de orga-nizar;ao politic:! e social tida como necessaria para a vida no mun-do modemo, C flue puderia salvaguardar as interesse:> e.'>5cnclaisdas patencias imperialS.

Na dccada de 1920, hav!a na maiaria dos paises arabes urnac1asse de proprictarios nITa is cujos illlcres:;cs estavam Iigados :iprodur;3o de m:llerias-primas para c.:lportar;ao, ou a manu~ello;;iodo domfnio imperial. AJguns dos scnhorcs do ompo nnhampoJido fazer a transir;ao para tornar~se moderno$ proprictirios,as VC1.CS com a ajuda de govcrnalHes cstrangeiros, que a des rc-cornam em busca de .:Ipoio. No j\larrocos, 0 modo como 0 con-trole frances se cstendCli ao interior, e a natureza do campo,tOfn3vam convenientc chegar a urn acordo com alguns dos po-- .~derosos senhorcs do Aha Atbs, em particular Ibami al~Glawi, f,urn caudilho berberc que controlava a ;irea de montanha a Ic.••tcde Marrake.sh. No Iraque, 0 proce.sso pelo qual a terra tribalfora registrada como propriedadc das principais famllias da$ tri-bos, iniciado no secula XIX, fai Icvado adiante pdo governomandata rio britanieo; no Sudii.o, 0 governo seguiu durante v:t- .f,

rios anos um;1 politica de. "governo indireto", eontrolc do campopor mcio de ehefes tribais, cujo pooer foi a~terado e au~en~a.dopar apoin ofieial. Em outros lugares, porem, os prop-?etanosrurais perteneiam em grande parte a uma nova dasse cnada pe*las novas eondi~oes de agricuhura comercial. Os faundciros dealgod:io do Egito foram a pnmcira c1asse desse cipo, e ~ontilll.la-ram sendo os mais ricos, maiores e mais influentes na VIda naoo-nal. Grupos semelhantes existiam na Siria c.no Iraque, e mesmonos raises dc assentamento europcu no Magreb surgia u~a novac1asse de proprietario.'i mrais nativos: tunisianos que culttva~moliveiras no Sahd e argelinos que compT:lvam terras de co/um departida para as cidades,.e dcscnvolvcndo aspira~ocs scmelhantcsas deles.

o comercio internacional pennanccell em grande pane nasmaos de europcus ou de membros das comunidades cristis e)u<dias estrcitamente ligadas a des, mas houve algumas cxccr;ocs,Alguns propriet;irios rurais cgipcios dedicavam-sc a expona~:io

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de algodiio; as mercallores de Fez, alguns delcs agora 1nstaladosem ~asabJanca, ainda importavam texteis da Jnglatcrra:. 'Hmbemhavla: _algumas exccltocs a regra geral de que a: industria estavaem maos rlc europcus. A mai ••importame era no Egito, onde em1920 se estahcleceu 11m banco com a finaHd ••dc de fornccer 6_nancial.ncn~o a cmprcendimentos industria is; 0 capit;oIi do Ban-(lue Mlsr vmh~ sob~ctudo de ~randes propriet;irios rurais quebus~avam urn mVestlmemo malS lucratlVo do quc a agriL-ultur;lpodia ago~;J proporciollar, enos POliCOSanos seguintes f01 Ilsa-do para cnar mil grupo de empresas, em particular para embar-qucs,fazer filmes, e fiar e tecer algodiio. 0 fato de ter sido esta-bel~c,do era Uln sinal ?e var~as nllJdan\=as: 0 aCllJIIulo de capitalnaclOn,al em. busea de JIlVestlmento, a decn:scente prooutivida_de ~o I~Vcstnnento na terra, 0 desejo de fon;:a e independcncianacl~nals. As novas condi~Oes eram prcdrias, porem, e ern finsda decada de 19300 grupn Misr ellfrentou dificuldades e so fois.alvo por intervenr;ao do governo. '

. U~ outro tipo de elite nio era menus importante; as que li-llhal~ tldo Uma e~u~altiio ~o tiro europell. A ~cola nesse pcrio-do a'~da se rcstrltlgta baslcillnente aos que podiam raga-la, oup.ossmam ~lgumaoll~ra .vantagem; mesmo dentro dessc grupo,amda p()(lJa ser: restnngtda pela relutancia da saeiedade a man_~~r scu~ lI1:nillos (e rna is ainda SUas meninas) para escolas quclflam aliena-los dc suas familias c tradi\=oes, Oil a relutancia degover~antcs estn~gcir~s a caucar uma c1asse que nio podia ser.a~sorvlda no .servlr;o publico, c portanto podia ir para a oposi-r;ao.Apesar dISSO,a educa\=ao CJl:pandiu-se, em ritmos difercmesnos diferclltes paises.

.N~ Marro:~s, as escolas modcrnas apcnas cOlllet;avalIl, COllia cnat;ao de varlas escol.as secllndarias "franco-rnlll.'llhnanas" ealgu.mas institui~Ocs superiorcs em Rabat. N.a Argclia, em 19_~9,o nUlllcro de detentores de diplomas secundarios ainda estavana:cas.a das centenas, e os diplom ••dos universitirios er.am ainda~ais raros; a Universidade de Argel, uma d.as principais escolas

allcesas, era sobretudo para curopeus, mas um mimero eadavez m••ior de lllw;ulmanos conseguia chegar a Paris, Tunis ou

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Cairo. 'lambcm na Tunisia crescia a mlmero das que iam :I/yciesdo tipo frances, e um gmpo que mais tarde seria de lfderes deseu pais ia para a Franra com bolsas de estudo, para fazer cur-sos slIpcriores. No Egito, 0 nvmcro de estud:lnleS em cscolassecundarias aumcntOlJ de mCI~os de 10 mil em 1913-14 p;lramais dc 60 mil trinta :lIlOSdcpois; a pe(picna universidadc par4ticular fund ada nos primciros anos do seculo foi ahsorvida em1925 numa Universidade I<:gipciamaior, finaneiada "elo gover-110, com faculdades de artcs e cicncias, direito, medicina, cngc4nharia e comercio. Quando as muoal)(;as politicas deram ao g04verno cgfpeio maior controle sobre a polftica educacional, ascscolas opandiram-sc rapidamcnte em todos os niveis. a mes-:mo acontcceu no Iraquc, cmbora 0 processo comepsse de urnnlvel mais baixo.

Grande parte da educar~o de nlve! sccumiario e superior noEgito est"ava nas maos de missoes religiosas ou L'liturais euro-peias ou :lrnericanas. Isso tarnbem acontecia na Sfria, Lfhano ePalestina. llavia uma peqllena nniversidadc do governa em Da-masco, e uma faculdade para formar professores em Jerusalem,mas as principais universidaaes cram de propriedade privada:cm Beirute, a Univcrsitc St4Joseph, oos jesultas, ~poiada pelogovcrno frances, e a Univcrsidaae Americana; e em Jerusalema Univcrsidadc Hebraica, que era sobretlldo UIll centro para acriao;iio de uma nova cultUf3 nacional expressa cm hcbraico, edificilmcnte atnliria algll;n estudante arahc em qualqucr epnca.Nesses pahes, tam bern a educa~~o secund<ida estava em grandeparte em maos estrangciras, que no Lwano eram b~sicamentefraneesas.

a fato de tantas das instituir;6cs supedores sercm estran-geiras teve varias implicao;6es. Urn rapaz ou moo;a arahe estll+aar nutna delas era em si um :Ito de deslocarnento social c psi-co16gico; cnvolvia estl.ldar segundo urn metoda e mn currlculoalheios as tradio;oes da socicdade aa qual vinha 0 jovem, e fa7..c-10 ~traves do veiculo de llI11alingua cstrangeira, que se torna"aa primcira au ulvcz unlea lfflg11:lem que podia pensar sobrecenos temas e praticar cerlas vocao;ocs. Villa Dutra implicao;iio

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era qne 0 1l11merode tIlo~as que recebiam cducao;ao secund:iriaOil superior era maior do que seria sc as llllicas esco1as fossem :l.~do Estado. Poucas moc;as iam a ('~~colasdo Estado aeima do nf-vel c1ement:lr, muitas delas mantidas por freiras ea161icas fran4cesas 01.1 professoras protestantcs americanas. No Magrcb, ondcas cseolas de missoes cram em menor qu;lIltidade e estreitamen-te ligadas 11populac;iio imigrante, a ed\Jcao;ao das Illor;as alcm donivel elementar apenas cOlTleo;ava.No teste arabe, mais Illuc;ascrist~s e juaias que rIlnc;ulmanas iam as cscolas estrangclrJSj ebstendlam a seI"m:lIs plcnamente ah~orvid:Js Ila cultllra estrangei_ra, e alicnadas das tradir;ocs de sua sociedade.

Os diplomados das novas escolas achavam certos papeis aserem prcenchidos em suas sociedades Illntantes. A~ mill heresainda mal podiam encontrar nlll papel plihlico, alCrn do de pro-fcssora primaria au enfcfllIcira, lIlas os horn ens podiam tor-nar4se advogados e medicos, embora nao houvessc mnitos en-gcnhcirus Oil tecnicosj a educar;ao cientifica c tecnologiea enatrasada, e lambem, num nlvel inferior, a forma.;ao de fazcll-deiras e artesaos. Acima de h.Jdo, des podiam csperar tornar-se funcionarios publicos, em niveis que variav:lm dc acordocom 0 grau e a natureza do controle estrangeiro dOlsoeiedade:sobretndo no Egito e no Jraque, e menus na Palestilla e no Su-dao, unde por diferemes motivos os altos cargos eram man li-dos nas maos aos britanicos, e IlO Magrcb, onde funcior,arinsVilUlos (Ia Frano;a mantinham as posir;6cs tie controle, c as ill-termedi:irias c inferiores eram em grande parte ocupadas poreuropeus locais.

Os proprietarios llJrais e cOlllercialHes locais prccisavam COlI-trolar a rnaquina do governo em seus prbprios interesscs; jovenscdl1cauos desejavam tornar-se f\lllCiOlJ<irimptihlicos. Essas aspi-rao;oesdcram forra c direran aos lllovimcntos de opmirao nacio-llal ao dominio estrangeiro que assina!aram essc periOlln, masmisturado a elas havia outros falorcs: () (!esejo e a lleccssid;HIc de"iver difcrclltemcnte em sociedade.

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TENTA'llVAS DE ACORDO POLmCO

Homens c mulheres educados queriam mais cspa~o no ser-vi-;:opublico e "as profis...ocs liberais, ~ pr?prict:'irios mra.is, e co-merciantes precisavam controlar a maquma do governo, as ve-zes e1es conseguiam mohilizar apoio entre as m:lssas urbanas,quando podiam apelar as queixas pdticas del~s, Ol~ao seu sel~sode comunidade em pcrigo. Esse tipo de nacl0nahs~~ tambempodia ofcrccer aos governantes e~trangei.ros a posslbJlI.d~de deum compromisso, e mobilizar apOlO suficlcnte para ubnga-Ios apensar nisso. . _ . . _

Na maioria dos palses, 0 nivel de orgalll7..apo p~l~tlC3 nao "era alto, fosse porque as potencias impcriais nao pcnmt1al~ ~maamea~a demasiado seria a sua posi~ao, fosse porque pcrSlsuampad roes tradicionais de cOlllportam~nto polftico. No Marroens,urn grupo de jovclIs educados, onundos em grande parte daburgucsia-de Fez., tra~OlI um "plano de reforma" :m 1934, e ~~s-sou a cXlgir uma mudall~a 110protetorado frances. Na Argeha,alguns membros da c1asse profissionalliberal educada em f~:l~-ces comet;aram a apresentar reivindicat;Oes de melhor posl~aodenteo da Argelia francesa e de preserva~ao de sua cultuu, a ~n-dependcncia ainda como esperan~a distante; as comemora~o:'publicas, em 1930, do cente~:irio da ocupa~ao f~a.nccs:l do. paisderam nova urgeneia ao mOVlmento deles. Na Sma, Palcsuna eIraque, antigos funeion:irios e oficiais do servi~o,ot?mano, al-guns deles pertencentes a anrigas f;unilias de not:lVelS urb~n?S,outros tendo ascendido no excrcito otolllano, fon;avam relVln-dicat;oes de maior gnu de ~H1togoverno; sua posi~ao en [:Intomais diffcil de aceitar, por tercm sido tao recentemente mem-bras de uma elite domimnte. No Sudao, urn pequeno gnJP~ ~ediplomados de escolas superiores comc~av:l em 19]0 a eJ:lgJruma parcela maior na administn~ao. .

Em dois palses, porem, IIderes tambcm pude~alll eTla~ 'pa~*tidos politicos mais 3h:amente organL7..ados;.l1o ~gltO e n:l IUlll-sia onde havia uma longa tradi~ao de domma\"ao de uma gr~n~de' cidade sabre um c:ampo assentado. Na lulIlsia, 0 Parndo

Destul", que era 0 me.mlO tipo de frollxo agrup:llnemo de Ifde-res que exisli:a em mUras palses, foi substitufdo nil decada de19]0 por urn de OUlro tipo, 0 Nco-Destur; hmdado por Bahi"Burguiba (n. 1902), eT3liderado por jovens tunisianos de eduC3-\""30superior francesa, mas tam bern conseguiu deirar ralzes liascid;uIcs provinciais e aldeias da plankie costeira onde se cultiva-V:lm oliveiras, 0 Sahel. 0 mesmo se deu no Egito, onde 0 Par-tido Ward, formOlJo na luta contra a poHtic<I:britanica apOs 0 timd:l guerra, crioll Ulna ol"g:miza~ao pennanente em todo 0 paiS.TInha apoio da elite de profis.~ionais Jibenis e de outros setoresda burguesia, de alguns, mas nao todos, selores da dasse terT3-tencnte, e elll lnmnentos de crise da popula~ao como um todo;o carisma de Zaghlul sobreviveu a sua morte em 1927, de nuxloque, apcsar das cisoes entre a li(leran~a, 0 Wafd :linda podia elll1939 pretender falar pela na~3o.

Quaisqucr que fossem as ~peT3nt;as ultimas desses grupose partido:'>, seu objetivo imediato era conseguir urn maior grailde autogoverno clemro de sistemas imperiais que nio podiame.~perar derrubar. Na Grii-Bret:anha, urn tanto mais que na Fran-~, :aopiniiio politica e oficial n:l epoca roi mudando aos poucosno sentido de tent<lr proteger os interesscs briranieos median

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Ie acordos com csscs grupos, de modo que 0 controle iiltimopem13necesse em miio:s britinica"i, mas a responsabilidade pdogoverno local e 11m Iimitado grail de a~iio internacional inde-pendente fossem clados a govemos que repre..<;clltasscm a opiniaonacionalista.

Essa polhica foi seguida no Iraquc e no Egito. No Ir:'l(juc, 0

controle mandat:irio britfinico tinha, quase deSllc 0 principio,sido exercido por intermedio do rei Faysal e seu governo; 0 am-bito de a~iio do governo foj e.."itendido em 1930 por mn 'IbtadoAnglo-lra(jlliano, pelo qual 0 Jraqlle recebia independcneia for-mal em troca de um acordo para coordcnar sua politica cxternacom a da Grii-Bret:lllha, c conceder aos britanicos dllas o;lsesacreas e 0 usa das comunica~oes em epoca de necessidade; o Ira-que foi aceito COIIIOmembro da Liga das Nac;ocs, um simbolode igualdade e admissio na cornunid;lde internaciollal. No Egi-

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to, a cxistcncia, de urn 13do, de lim partido nacionalista ~cn~ ~r-gani7,ado, tendo por tr;i~uma poderosa clas~e de propnetanosrurais c uma burgucsia em cllpansao nao al151O.'>aspot uma mu-danp violenta, e, de O\ltro, dos remotes britanicos quanto asambj~oes itaiianas, tomoll passive! urn compromis:o ~cm.elhan~te pelo Tratado Anglo-E~•.•pcio de 1936. ~ ocllp;ll;ao n~dltardoEgilO fai declarOl.da cncerrada, mas a Gra-Brctanha amda po-deria m:lOter forps armadas numa zona em torno do canal deSuez; logo dcpois, 3S Capitula~oes foram abolidas por acord.ointcrnacional, C 0 Egito entrou na Liga das Na~ocs. Nos dOISpaises, 0 equilibria asstm conseguido era fragil: a Gr.a-~rctanh.acstava disposta a conceder autogoverno dentr,o dc Illnltes mal.'>cstrcitos que as que as nacionalistas act:ltanam per.rnal~ell1e-mente; no Iraque, 0 gfllpo dominante era pequeno ': mstav~I,.cnao tioha bascs s61idas de poder social em que se apOlar; no Egl-to, rhegaria uma hora, na dceaua de 1940, em que 0 Wafd naopoderia controlar c lidcrar pcrmanentememc todas a.~fon;:as po-Iiticas do pais. . .

Nos paises soh dominiu frances, ;a harmoma tlos mtercss.esque se via nao era de modo a _torna~ possivel mesmo.a eonqUl5-ta de urn equilibrio tao fr:igil. A Fran~a estava malS fraea nomundo que a Gra-Bretanha. Mcsmo com 0 eontrale relaxadono Inl}uc Cno Egito, des aiml ••continmlvam ee~ea~os i~do po-der militar c finaneciro britanieo. Sua vida eeonO/mea amda sc-ria dominada pela City de Londrcs e os fabrieantcs de al~od:i,o(Ie Lancashire. A Fran~a, por outro lado, com uma moeda msta-"el uma ceonomia estagnante e as fort;as armadas concentradas

, I'na frontcira oriental, nao podia tcr certeza (e manter os palsesindependcntcs clentro de sua esfcra. Seus intcresse~ ~senciaisno Magrcb cram Jifcrcntes dos da Gra"Brct311ha no 1'.gltO.A po-pulat;ao europcia tinha direitos sobre 0 governo fr.a~ccs, e e~t.a-va em posic;:ao de fazer valer csses direitos: n~ Argcha e TUniSia,05 grandes romereiantcs c proprierarios m~als europcus contro-lavam os conselhos locais que asscssoravam as governos sobreaSSUl1tosorc;:ament:irios e outros financeirosj em Paris, os repre-senrantes dos francc.~es da ArgClia 110 Parlamento, e os grandes

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interesses financeiros que controlavarn as haneos, indiistrias eempre.~as comerciais do .Magreb, forlllaram urn poderoso lobbye()J~tr.a0 l]ual os fracos governos francescs da epoca nao podiamr~sJstlr. Isso foi mostra(lo dararncnte quando 0 governo dOlFr~ntc Popular dc 1936 tentoll fazcr concessoesi propOs (jIlC 11m

e1cltorado lnllltado de muc;:ulmanos argelinos fosse rcprCsentOl_do no Parlamcnto, e iniciou COllversas com IIderes nacionaJistasna '[hnisia e no Marrocosj mas a oposic;:ao do 10bl'1 impcdiu arml(hnr;a, c a epuea terrninou com Jesordcns e repressao partodo 0 Magrcb.

. A influe~cia de IQbbiu podcrosos contdrios :i mnclanc;:a lam-bem cra sclltlda nos terfit6rios sob mandata Ila Siria c do 1.11,'1-no. Em 1936, 0 govcrno dJ Frcillc Popular negociou traradoscom eles selllelhamcs 'lOS da Gra-Brctanha com 0 Jraquc: iamtomar-se independentes, mas a Franc;:a teria a !lSO de duas basesacreas na Sfria por 25 anos, c de instala~Ocs militares no Ubano.As condir;6es foram aceitas pela alian~a Ilominante de lfdcrcsnacionalistas na Sfria, c pcla elite sobrctudo crista no Liliana,mas ;amais [oram ratifieadas pda Franr;a, <lesde que a govcrnoda Frente Popular se desfcz c as fracas coalizOcs que se scglli-ram cedcram a pressao de varias lobbirs em Paris.

A mesilla ;mscneia de 11mequilibria viave! de intercsscs cxis-tl•••na l'alcstina. Desdc 0 infdo dOladministrac;:ao do rmmdatobritanico, tornou~sc claro que seria diffeil criar qual'luer tiro deestmtura de governo local que acomodassc os interesscs dos h:J-bitantes :irabes nativos e os d,)s sionistas. Para os liltimos, 0 illl-portante era manter as portas abert:ls a jmigra~:io, e isso envol-via manter 0 contTolc britanico direto ate a comunidade judiatomar-se sllficientemente grande e eonquistar controle suficien-te tlos recursos economleos ,10 pals para poder euidar de seus in~teresses. Para os :irahes, 0 esscncial era impedir a irnigrn\ao JudianUllla esc;t[a que pnscsse em perigo 0 dcscnvolvimento econ6-mieo e a autodcterminar;iio ultima, e Illcsmo a existcncia, da co-m~lI~idade araUe. Colhida entre cssas duas "re.s.~oes, a politicabntanlca era de reter 0 eontrole direto e, de vel. CIll quando, as-~egurar 'lOS :irabcs que estes leriam sua independencia mantida.

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Ess:l politic:! en lnais do intereS5e dus sionis12S que dos anbcs,ja I)ue, indepcndelllemente d;ts garantias (Ille se des.••elll,.o cre~.drnento da cOlnunidade judia :lproum:lva catla Vel. l11alS0 dl:l.em que cia podia tOlnn as retleas na mao.

Em me:!dos da dccada de 1930, tornJov;l-se mais difieil paraa Gra-Brel:lnh:l man let 0 equilibrio. A chegada ao Jlotler (losnaz.istas 11;1Alemmha aUlnentou a pressao d:l cOlllunidade judiae sellS dcfcnsores n:llngl:uerra para permitir maior imigra~ao; ca illligra\ao, por sua vez., mudav:l 0 e(juili1Jrio da popula~iio c dopoder na 1)3Iestin3. Em 1936,:1 oposi~ao (los arahcs COlllC';Ollatonur a forma de insurrei\ao armada. A lideranp politica estavacom uma associa\ao de notaveis urbanos, tendo Amim al-lIu-sayni, mufti de Jerusalem, COlllOfiguta dominante, ffi:lSC0Il1C\3-va a sllrgir tlll1a 1ideran~a militar, e 0 movimento tinha repcrcus-SOCSem paises arahes vi7.inhos, n\lm momcnto em que a all1ea~aa interesscs hritanicos, peb hali:l e a Alcmanha, tornava deseja-vel que a Gra-Hrctanha tives."e boas rcla~oes com os e.••tados a~-hes. Diante (lessa situa~iio, 0 governo britanieo fez. duas (ematl-V:lSde resolve-Ia. Jo':1Il1937, apresentou.se um plano para dividir:I P,llc....•tin<l elll esudos arabe e judeu, ap6s ulIla investiga\ao pelaComissao Real (Comissao Ped); isso era aceit<ivel para os sio-llistas em prindpio, mas nao para os arahes. Em 1939, um Do-cumellto Branco determin:!va 0 estahcleeimento Ilhimo de umgoverno de maioria arabe, e limiu\Oes it imjgra~ao e a comprade terra pclos jmlells. Isso leria sido accit<ivel para as :irabes com.algumas l1lodifica~oes, mas a COlllunidacle judia nao ,quis .con:cordar com uma sohl\ao que (echaria as portas da I alestma amaioria dos imigranJes e impediria 0 sllrgimento de tun Estadojudeu. A ft.'sistcncia armada judia come\ava a sc faz.er nOlar, qu~~-do a ec1us.io dc urn:! nova guerra ellropeia encerroll toll ••.atlVl-dade politica formal.

20. MUDAN(:A DE ESTILOSDE VIDA E DE PENSAMENTO(19 I4-1939)

A POPULAcAO E 0 C..M1PO

Meslllo em seu ponto lluis forte e bem-sllccdiffo, os cntClI-dimelltos entre as poteneias imperiais e n;u:ionalislas locais 1('-rjam expr('ssado :lpcn:ls ulIla Iilllitada connucncia de illleresses,c na deeada de 19JO ocorriam mlld;ln~as nas socied:l(les arabesquc iriam acabar a!teran<!o a natureza do proeesso politico.

Sempre que e Jlossivel estirna-Ia, houve \l1ll r:ipido aumentode l)()pula\ao. Fai talvez lIuior, e mais (aci! de estimar de modoconfiavel, no Egito, onde a pop\lla~ao aUlllentoll de 12,7 mi-lhoes em 1917 par;, 15,9 milhoes em 1937: UIII :lUll1ento 3nllalde 1,2%. NIIII1 cilculo por cjllla, a popula~ao total dos paiscsaral>cs era de 55-60 milhocs em 1939; em 1914, fora de 35-40lI~ilhoes. Villa parte pCI]uena ~() crcscimemo dcvia-se a imigra.po; europetls no M;&rrocos e lIa Libia, jmlclIs na Palestina, refu-giados armenios da Turquia dut:lnte e depois da Primeira Guer-ra Mundi:!1 na Siria e no Lll)ano. lsso (oi contubal;&n~ado pela~migra~io: SlriOS e libaneses indo para a Africa Ocidemal e aAmerica Latina (mas n::io mais pua os Jo:••tados Vnidos em gran-des numeros, COIllOtinham ido anlcs de 1914, par caUsa d:ls 110-

v:asleis de imiKf:l\3o .mtericanas); trabalhadorc.'l argelillos indoIcmporariamenle para a Fral1~a. Aias 0 maior cr~scimento (oinatural. A taxa de I);&scimentos nau par('(~e t~r decrescido, a naoser lalvez. e/ll SClores Ih burgucsia que praticaV;&lll controle denalalidade e linham espcran~s dc 11m padtao de vida asccnllcn-Ie. Para a maioria lIa.'! pe.'>Soas, ter filhos, e filhos hmnens el1lparticular, era tanto ill~\'itavcl_ j:i que 0." l1Icio.sde nllliroic danal:l.li{l:lde efetivos nan cram elll geral conheci(los _ quantomotJVOde orgullJoj e 0 orgulhn m;mifcstava UIIl imeres. ••c, poisos filhos podiam Irahalhar nos campos desde pequenos, e ter

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muitos filhos era IIrna garantia, 111110:1socicdade em qne a expec-utiva de vida era bai.xa e nao havia sistema naciollal de prcvi-dencia, de que alguns deles soilreviveriam para cuidar dos paisn:l velhice. Foi acima de tuda mil dcdfnio na taxa lie mortalilla-dc, dcvido ao comrole de epidemias e melhor assistcncia medi-ca, 0 grande responsavc! pdo crcscilllento 113JloJlula\ao. Isso cverdade em rcla\ao a todas a.~putes da sociedade, llla.~de par.ticular significado nas cidadcs, nnde pela primeira vez as epi,le-mi:ls nan descmpennaram scu p:lpd historico de dev;lstar as lllas-,~asurbanas (Ie tempos CIll tempos.

Em parle COIllOresll1tado dn crescimcmo Ila p0l'ulalfaO, mastambem por outros Inotivos, 0 cqllilihrio entTe diferentes setorcs 'cia sm:ic(lolde nmdOIl igllalmente. As dcca(!as de 1920 e 1930 fo-ram as cpocas cm I]ue os p<lstores nOllla,lcs praticmllcntc dcsapa-receram como \1m fator impnrtantc na socicli:lllc arabe. A clle-gaela da estrada de ferro e do C3rro a Illotor atingiu :I atividade da'lual dependia a ccollOlni;l, pasloril de longas distanci;t5: a cria,.:iode camclos p;ua tr:l1lspone. Meslilo nas areas em que a pastagel11Olindaera a mclhor all a ullico IlS0 para a vegcta\ao esparsa e ~agua escassa, a libenlade de mOvilllCllto do bcdufno era ainda re.~-tringida pelo 1150de for\a.~ annadas rccrutatlas dos proprios 110-made.~. 0 ITIt'fC;t(!ode carnciros ainda existia, mas nos distrilos decri:u,:iio llas ellenstas {I;I,5Illont:mhas, Oil nas l11argell.~cia estepe, a<lmplialfao do controlc govcrnamental c as lllm!anr;as na deman-da urbana faziam com que gmpos sohretuclo nbn1:ldes c pastorismais e Illais se tornas~clll culuvadores scl!emarios; isso acolltecia,por excmplo, no distrito dc.j:17jra, entre os rios ligrc e Eufrate.~.

Foi nesse pcrfodo que, talvez pela liltim3 velo, Se 1I50Ua for-r;a arlllad:l dos noma des no jlf(lCeSSOpolftieo. Quando 0 xarifeIlusayn se rcvoltoll contra os lurco~, MUS primeiras for,.as £0.ram extrafdas dos bedufuos da Arabia Ociticlltal, mas qllalquera\iio militar efetiva nas ultimas ctapas do Illovimento veio deoficiai.~ ou soldados (IUChaviam servido no excrcito otOll1allO.A~forlf;l,scom que 'Abel al-'Aziz ibn Sa'ud conqllistoll a maim par-te ,Ia Arabi;] tambcm cram oriuJl(la.~ tic bedufnos anilllados porlima eloutrilla rdigiosa, lIlas a hmucm que os condurju penen.

-----.-- •••••, -, "M"'.'t.S.,.-

~~: :o~:~:n;:~l~~a I;~r~)a.na,c ulJIa partc essencial de slla polfticato elltre ( 1Il~1~).~a a5Selltar-sc. No If:lljlle, 1111\cOl1fli.

• I gnlpos de PO!ttlCOSurbanos lIa decal" ,Ie 1930 ' I1X1les t 1" '. alll(acr rava( 0 IIlcltando-se tribos no vale do Euli",., Itarelll-se 11 ~ I es ~ revo -de,'o ' ' us 0 gov,crno POl e usar 0 I\OVOmetoda do bOlllhar_aereo contra e es. .

No campo as.~entado, as llludal1~as nao se d"'';a,"tecell n'. . ...•, ,como acon.N

a.~~rl1'~sP;lstOfl.~,a lUll enfraljllecill1ellto da base . ~ .ca. a lila/una Ilos la" . . Cl:OIIOUII_del" M - 1 lses,.a arc:! de Cll"lVO:!lllllelltou' elll al'm",.-..••- arrocoseAr'1 r. 'l'> .se a irri a ~o N .... ge, la, ~gJto e Sudao, e lr<lquc - alllplioll~

. g ~ : 0 Eguo, e venlade, a terra /llais {crtil '01t' 1 . II~JStaelll cuhwo, e a expansao {oi ClIltcrra lllais lIlar.1 Jll la ~l.(0!lao aCOIuecclI f1a m:liori 1 ' glllal, lIUS ISSO

, a ( os OUlr05 P:lISC.",e onele havi . Iera pOS.'ilvelaumclltar 2 Jlf(xlutividade da terra M <IC:~I~Jfa:~1~;~~~~cJ:V'i:~d~~ nao ll1<1ispodi:l sustenta; a '~::J71~a~~~a~I~~~

'ne", 'I " . ao apenas a pOpllla,.ao aU/IlClltaV3lH'lr crcsa_() natura mas a terr . I' ' .-_ ,. a 1Il:1J,~pr()( \lllYa nao lIlai51'" Itama m;to-dc-ohra 0 I . ,. eCIS<lva( e

rOCUf'SUSI 'I' 5,grail( es propnctanos mrai.~ pI)(lialll ohler'. Ie capIta C \l5;1-lospara a lIlccanir.;l 30 cis: . 'fi.

nCCc.'isl(~adede.menos mao-de-obra. Em algtl~s ill a';;; ~~l lcavae Pdalc.'llll1;1),a lJllpona\3o de capital estava ii""da ~o ,<e_ ,rracosto e trab,JI , . r>- .•.•...11 amCI1-. lal orcs C'slra0R"clfosIl:l terra

Em varios a. .aDno C . P J.~es,portanto, OCorreullln pnX'esso de poJariz.a_

;crtil . al~II)().De IlIll I~do, havia grandes propriedallcs de terra'I e lrr~g:Jd:l, Pf{)(hl7.lndo pan eXllOrtOl\ao (al"lxlan' .

vm 10, :I7.cllede oliva I '. •. ' ,crrealS elir.:lutes I .'aranJa.~ e tamaras), lIsando tratores C {erti~r;:I,I", "(OIll ~ apropnatlos, e cllhivada.~ por trahalhadllres ass:lb~

. . a lllela toruava~~c a . . ' ..ande _ . gora ~"l\0lcor.~a menos COllllllll)' Ullla

~llgeir~::O~)(I~~7 t~I:~sprrtCI1CI:l a CllIpresas OIJ indivfdll:IS es-a ma()--(l ~' ~a ;] estma, ~ em mellor grail no Magreh, tamllClllfi c (Jhra era proporclonacla por irnigTarne,••.Do OIUm la 10Icavam as PCIIUCIl:lSI" 'd I ' ,I. . 0pne al e5 nil terra COlllllllal de I

:l~~a~eg~;(;I~~~~;I''''~>c0,',",crtile lIlenos belli' :lgnada, IUStjU;]iSI:::~;~I;c~, scm recur'iOS ( e C -f I

:~(~~:~;lProlh.lZialll cerc;]is, {nltas 'OI~vcrd:~~5;],x~rs~:~t~~~:'i~Il:~l;ados, Oil par;I COI1SlllllOou para lIlll Iilercado I,>c , N

a. es-

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se sctor, 0 aumcnto da populat;ao causava. um dcclinio na propor-~o de terra. para miio-de ..obra e na renda P" wpit4. A situa.~;'ioclc.'iscs agricultures era agn.vada pelo sistema de hcran('l, quefragmentava as pequcnas propriedacles em Illcnures ainda. Na de-cada de 1930, umhern foi prejudicada pela crise economica mun ..dial, qut: levon a unu queda de prec;us dos pn:xhltos agricolas. Issoafctou todos os cultivadores, mas os que j:i cstavam em posit;aofraca foram os mais atingidos; governos ou bancos intcrvierampar3 salvar os grandes propriet:irios rurais que tin ham influencia.politica ou cuja. prodm;ao cst3va ligada a C(."OJlOmi:Jinternaeional.

a excedente de popula.c;:aodo campo mudou-se para as cida-des. Is.so sempre acontecera, mas agora se dava num riuno rnaisdpido, em maior esc31a e com difcrentes resultados. Em c(Xx:asanteriorcs, a mlldall~a das aldeias para as cidadcs havia reabaste-cido uma popula~ao urbana devastada por epidemias. Agora osimigralltcs rurais vinham inchar uma popula,ao urb:ma que jacrescia. devido ;;p, mclhorias na saudc p,iblica. As cidadc.'i, c ernparticular aquclas oncle a possibilidadc dc cmprcgo era mais e1e-vada, cresecram mais rapidamcnte Ilue 0 campo como 11m todo;a propor~ao da popula.-;ao ••.;venclo cm cidades grandes ern maiordo que fora. a Cairo creseeu de uma cidadc de 800 mil habit:ln.tes em 1917 par3 uma de 1,3 milhao cm 1937. Em 1900, menosde 15% da (X)pula~iio total do Egiw vivia em cidadcs dc mais de20 mil habit3ntes; em 1937, a citra era de mais de 25%. Do mes.mo modo, na Palcstina a popula~ao arabc das cinco grandcs d-clades mais que dobrou em viOle ano~. Nas cidadcs mistas doMagreb, umb€m, 0 c1emcnlo arabe aUlIlentou rapidameme.

A VJl)A NAS ClDADF..S

a resultado foi \1m2 mudan~a Ila naturua c form2 da.seida-des. Certa.s. mudanps que ha••.iam come~a.do antes de 1914 pros-seguiram ap{K a gllerr3. Fora da 1/uditll/, snrgiram novos bairnlS'hurgncses, nao apcnas de mansoes para os ricos, mas de pridiosde apanamentlK para a crescente dassc medi:l, funcionarios pu.

,- blicos, proussionais liberais e nota' .do ompo:Em alguo I - c VCISru~als que sc mndavam

. s ugares, lOraIn p!ancI,dgJram aD a(".3SOa ell'" d d '.. . os, em outros sur .." .• a a estnllf;aodoa ( a I .10 m:lls cuidadoso roi no Marr n tgo. ~ anCj3mcn-frances de bum gost I ocos, onde IIIll resldelllc-gcralI" A , 0, ~yautey, colocol! a no F I

(lstaUCla da antiga cidadc m d 5 b" V;l ez a ;l gumavida da cidade velha I ura a.boeu 0 ,etJvo era preservar a

, llas 0 que aa II acont d - .1:lIl1ente0 que e!e planejara. F;lmilias de' ecen 0 ~a~ fOlexa-c;aram a lIludar-se de 'u, II nqucza e pOSIC;30come-s vc las casas na d"conveniencia dos 00" I' ',11ft /110 para 3 maior

•• yOS Jalrroseo ug dl c.los imigrantes rur,,', b" ar e as 101tom ado pe-

. '" e os po res' daf I In daparellcia (isica c na v,'d. d d' I a certa cgrada~ao na~ a 11Ir ttt".

NCIll tollos os imigrantes encolltra b .Havia tambem I'U"O' b ' 1 ram a rlgo na 11frditln.

y., auros popu ar A '. dinstalaram neles era de ,-, b es. malona os que seh'. ,a es,OU no Magrcb b bOlIVIaoutros tambem: pttits hlnncr :1a Ar '" ,.er eres, lHas

que nao tinham ca"ital p d ,ge!Ja, fugmdo da lerrad

ara C,'ienvover ref . d A •

a Turquia em Beinnc e Al ..' ~gla os armemosna. Alguns desses bair ep~, umgrantes Judells Ila P;llesti ..oude oficinas ~ ["",'o,ros ~urgl.ralJl nos arredores das cidadcs,

, ....s OIereClam cmp' N C"pansao dos bairros burgueses para 0 NI.~g(). 0 alfO,, a cx-contrabalall~ada r uma e ~ 1.0 a oeste e a em foio norte, onde vivraomais d xpansao d~s balrros mais pobres paraCasablanca, os bairros PO~):~: ler~~ a popnla~ao em 1937; emdade mas sobretud s~rglralll em toda a volta da ci-

, 0 Has zonas mdustriais Numbcm cm outras sur 'am hid, _ '. cssas partes, masjunco ou I:uas (hiJ~1le,"'" [ ~nV'~tr, :Ildelas de casas feitas de

rances al a.ong d )quer ,que .houvessc 11mespa.-;o ab~rto. em 0 nome, onde

Em cldadcs com lima gnndc}O I ~ .ros el!ropcus e nau"u' I d" I P" a~ao estrangclra, os bair-

• " en Jalll a ser SCI d Iscm fiar proximos Em C bl ,lara os, em JOra pudcs-de Ulna eidaJe7jnh~ porn ,a~a anC;l, qu~ ncs~e periodo passonem torn d . . l3.[la para a malor cJ(lade do Ma ebnova cid:J: ::~:~l~aa;~a llllU cidade eur?p.eia, c alem dela~m;

'" COIllas caracten<;Uas d d'SU<]r,IIlcsquitas 1I1n1):lI3:c,' ,c IIllla mr mil:b ,. 0 para 0 governallte -urguesia e Illoradas popubrcs. N;I cid d -d'.man~cs para a

a c me 10-orIental a se..

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parat;an cra tllCI1()5complcta, particlilanl~el1lC na Sida e ':0 Lf~llallo nude a hurguesia era soiJrctllllo nanol1al e a popula~a() es-tr:lll~cir:l pcqucnaj Ill:lS na Palcstina lima linha nftida ~livi.dia_?shabcs dos bairrus jm!cus, e lima cidalle il11eiramente J\lcIJa, leIAviv, surgiu 010 1;l(lo da ~r;J1IcJafa. . .

Os migrante.~ rurais tCll(liam a il1stalar~.~centre scu PT.opnopovo, c, pclo menus na prilileira fase, a preservar sell c.stlln devida. Para COlllc~ar, deixavalll as Ell11fli:L~atds Ila aldcl:!, e, scprospcrav3m ° suficiente par:! trazc~las, s~la vida ll~ dd:ldc era\lma colltinuat;ao ou reconstnu;:ao da que tmhalJ1 delXado. Lev:!-ram a vi(la do delta (10 Nilo para 0 Cairo, do vale (10Tigre paraB;lgda, <las I110lltanhas Kahyle para Argcl, d;l.~Sh:!wiya c Anti~Atlas para Casa\l!anGI. .

No fim, porcm, acabav<lltl sendo atraldos para \lin estllo devida difcfcnte n50 s6 do d:l aldcia, /l1;1.~do da 1fIedina. Ir as lojasnao era exatamcutc a mcsllla coisa que ir ao mq, (,1II1IoraaimbhOllVCSSCuma prcferenda pelas loj:ls !,equcllas, nas quais erapossfvcl lI1na rcla~iio pessoal; rcstaurantcs, cafes c cinemas ofere-ciam 1l0Vo.~tiros de rccre~~ao e novos Ingares lie cncontro; as1l1ulhcrcs Jlodiam sair mais livrcllIcntc, c a nova gcra\a~ de mlJ-~\llm~nas ed\lC~das comcr;OI1 a s~ir S~lIl 0 VC~I,~l\l mUlto le'.'c-mcnte cobertas. A~ ;lt1lcnidadcs d:l vida domestlca cram mal()-rcs. ,\1odcrnos sistema.~ de agua e esgoto, c1ctriei(lade e telcfOl~escspalharam-sc na dccada ,Ie 1920; 0 g:'is chegara :Illtes. as melDSde tran.~porte mudaralll. Um<l empresa helga pusera lJolH~esemalgulllas das ckl:ldes costeiras no fim clo scculo XIX,e depo~s ap~-rccell 0 carro a motor; 0 primciro foi visto IUS mas do Catro crn1903 l1a maioria c1as O\llr~s cil!:Hles mais tarde. Na decada dc'19)(): carro.~ particulares, onilllls c taxis eram comuns, e a car-,rl1:lgem pl1xada a cavalos pralic:ll11cnte des:I'pa~ecera el~ trn!as ascitbdes, COIllcxcer;ao d;\.~mcnores nas prnvlllC1.1s.0 Irafcgo rno~torizado exigiu mclhores cstradas c pontes, e estas por SIl3vctpossibilitar:lI11 alargar a area das cid:](lcs~ Bagda eSI~ndeu-sc por.quill/\I1ctros ao longa clas margens do 1lgre; () Cam) csralhol1~"se para as ,Iuas ilhas llO Ni1o, Rawda e (;nira, e para 0 outrobdo, Il:! margCl1l ocidcntal dn rio.

Esscs lI1eios de tr~nsporte integrararn :I popul.u,:ao urban:lele novos modos. IlolTlens e ll1ulhcrcs n:lo mais vivi:Ull inteir;l~mel~t~ dentro de IIlIlI);Jirro. Podiam morar !ongc do Irallalho; af~1llrlla ampliada podia e:;p:!lh:lr~sc de tllll ladn a outro de \lIllanclacle; pesso<lS dc IIllla lIleSlTla origem ctniea ou cOJ11ullidadcrc!igiosa pod~alll viver nos ll1e.mlOSbairros que as de outra.~; a~al1la de op~~oes d(~caSillllcnto est('ndeu-se. Mas ainda <'xistialllllllha:; i.llVislvcis de divisao; 0 casall1ento que C1"m.avalinlJ;is deCOll1~ll.ldadcs rcli~iosas c()lltil1llava diffcil c raro; em cidades sohdOllllll1O.e~tral1~(,lro,. as barrciras eram criad.IS nao s6 por dife-rell:a r.e!Jglosa e naclOnal, Illas pela conseicllcia de poder (' illl-potencla. Sob ccr.to.~ a,~p:ctos, as b:lrrciras cram ll1ais altas qllealltcs; qlla.II~I~lIlal.~ cresClaUI ~s cOlllunidades cllropCia.~, maiorera a po,~sdlllld:lllc de levarclIl IIllla vida sep,wIIla, st'lIlclhallte ado pars natal; se mais arabes falav:lllJ frallces 011 ingles, mCllOS('l1fOI."":~I.~~()llhcci~J11ara!Jc Oil tinllam algllln interesse pcla c1Jl~tura Is!:llllica. Munos estuclantes ~rabes (Ille voltavam do exte.rior tra7.~al1lconsigo esposas cst rangciras, IJ\ICIlClll SI'Jl1pre era tnIWll1acellas pelas d\las cOll1unidades.

A~sill1 como C.lhurgucs nao pred.~:tva 'liver delItro de sellpr6prio hairro, tallljlollCo estava lll'li.~litllilado a sua cidadc COllloant('s. A<; 1111ldanr;asno tran,~jlorte ligav:lIn \lIlla cilladc a OlHra

' I 'lllll palS a Olltro, (e novas fonnas. A rede de estradas de ferroq.lleja existia ('III 19 I 4, foi :11\1plia(laClll alguns Jlafses; na lI1aio~n~ de.lcs~h(~as estradas de roda,gcll1 ligavalll pel:l pri1llcira vcz aspnllclpals cHlades. A 1I11l(ianr;a/lIais cspctac\llar [()i a conquistado dc.~~rto pelo carro a motor. Na decatla de 1920, <lois inniios311strallanos (Jlle os :l7.ares da guerra haviam levallo an OrienteMcdio ahriram 11111~ervi,;o (Ie ,hi regl.llar, e dcpnis de onilJlls,da Costa do Mediterraneo a Bagda, p.lss:ll1do pOl" f),l[llaS("(J 011jemsalcm; :! viag-em do Iraqlle a Sfria, quc lev~va 11mI11CSalliesda gl1erra, agora podia ser [eila ell1 Illellos (/c IIrn dia. Um ('SIU

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~al1tedo norte do Iraque, 'IIIC no inicio da dcc~c1a de 1920 via-J~vap:lra a Ullivcrsid~de American:! dc !leinlte via llol11hairn,agora podi:1 ehegar 1;1pOl' terra. Do lIIcsmo lI1odo camin!l.f)cs collihll~podiam ;llravessar 0 S:lara villdocla l'o~ta 1;lcditerdll~a.

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des, comer a mesa, rccel)Cr arnigos; diferellles modos de vc.~tir-se,sohreruJo para as mulheres, cujas modas reflctiarn as de Paris .Jl3via divcrsocs difcrentcs: as gralules cid:ldcs tinham corridas decavalos, e num ceno sentido isso era um novo lll{)(lo de dcsfrutar11ma~tig-o esporte, lIlas 0 tenis, urn CSportc burgues, e 0 fmehol,aprcCla.do par tooos c jogado par tnuitos, cram novid:Hie.

~ cx~mp~o ria Europa e dos novas mcios de comuniea~aotambem lmpheou muJanps n:l expressao <lrtlstiea. A~ ancs vi-sU<liscomo 11m lodo estaV<lrn nmna fase intermedi,iri:l entre avelho e 0 novo. I Iouve um dedinio nos p:ldroes do artcsanato,tanto par causa ,-1<1concorrencia de hens estrangeiros proouz.i-Jos em massa quanto por motivos internos: 0 \ISOde matcri<I.~_prim~s illlport<lcl<ls e a ncces.~idade de :llender a novos gostos,mclulndo os dos turistas. Alguns pintores e escuhores Cotlle~a~~<lma trabalhar nllm estilo oeidental, lllas scm produzir muitol~teressc para 0 rnundo externo; pratieamcnte nao havia g:Jle-ria.';de arte para formar gostos, e as Iivros de arte n:l:o er:lm taocomuns quanto se totn<lriam dcpois. A~ grarllles encomendasa.flluitetonieas de predios do governo cram entregues na maio-na a arquitetos britinicos e franeeses, alguns dos quais (sobrc-~do as franeeses no Magrcb) trab:llhavam nUIIl pastiche de es-1110"oriental" que podi<l ser agr;)clavc1. Alguns arquitetos arabesformados no exterior lambclIl corncpram a cOllstnlir JIIansi)esde estilo mcditerrineo, art nouvrau na Cid<lde Jardim no Cairoe os primeiros predios do que era cnlao a escola "modern<l". '

as primeiros discos de gramofone de Illiiska arahe foramfcitos no Egilo logo 110ini"cio do sewlo e:lS cxigencias do r:1-I '10e dos filmes musicais foram aos POllCOSlruendo Illud<lw;asnas .col1ven~~cs musicais: da aprcscnta~ao improvisada para ae~rJta c en~al:lda, do anista que sc impira com <lplatcia :tplau-dmdo e estlOlUlando para a silencio do estiitiio. as cantores~prcscntavam_se acomp;lIlhados de orqucstras que eombin<lvamI~~trumentos ocidentais e Ifadlcionaisj algumas das cornposi-~o~~que C:lntavam h:lviam se aproximarlo, na dceada de 1930,Itta!sd<lmusica de cafe italiana ou francesa que d<l traditional.Mas os estilos mais anligos eominuar:lln cxistindo: fi7-crarn-sc

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AS Ctmtatos eram nao apenas mais amplos do quc tin hamsido, mas poJiam fa7,er~se nUIn llfvel mais profundo. Novos ve~~culos de cxpressao criavam urn universo de discllrso que umaarabes educados mais plenamente do que poderiam faz.er a .pe~regrina~ao e as viagcns de erudito~ em busca.de cultura. 0;<; J.or~nais multiplicaram-sc, c os do CaIro eram hdos fora do Eg1to,os antigos pcri6dicos culturais do Egiro cOIl~inuaraIn, ~ novossurgiram, em particular literarios como nJ~RlJala e al-7'haqa(a,que publicavam obms depoetas e criticos. As edltoras do C::alroe de Beirtlte proouz.iarn livros didaricos para 0 crescente ~~m~~ro de estudantes, e tambcrn pocsia, romances cobras de ClCna:lpopular c h.ist6ria, que circulavam o~de se lcsse arabe. .

Em 1914, j:i havia (:inemas no Cauo e em algumas outras c~-dades; em 1925, fe7.-se 0 primeiro fi1Jne egfpeio autCntic~, e. mUl-to apropriadamcntc baseava-se no primeiro roma~ee eglJX:lO~ll-

tentico, Zlynab. Em 1932, foi prodtnido no Egno 0 pnmclfOfilme "falado" e em 1939 filmes egipcios cram exibidos em todoo lIlundo arabe. A essa altura, tambem, esta~oes de radio locaistransmitiam enrrevistas, miisica e notfcia.o;, e alguns paises euro-peus faziam transmissoes par:l 0 ltlllndo arabe, eoncorrendo 11l1Scom os outros.

Viagcrn, cJuca~ao e os novos melos de co.m~~nica~ao a~uda-vam a eriar um mundo partilhado de gosto e lde13s. 0 fenome-no 00 bilingiiismo era comum, pelo menos nos paises da com, '~mediterrane3; usavam-se 0 frances C0 ingles nos ncgocios e emcasa; entre as mulberes eoucaJas em escol:ls de conventos fran-cescs, 0 frances pratieamcnte substitufa 0 arabe C<JI~Oh~lguamaterna. Ao; noticias do tllundo eram recolhidas de )OrnaiS oup;ogramas de radio estrangeiros; os intclcetuais e ~s cicntista..~tinh:ul1 de ler mais elll ingles 011 frances (Jue em arahcj espa-lhou-se 0 habito de if passar ferias de vefao n;) EUroP;l, sobre-tudo entre eglpcios rieos que podiam fiear varios mcscs l:i; argc- .linos, cgfpcios e palestinos acostumaram-se aver e conheccr .f

turistas europens. i'.:sscs movimentos e contatos Icvaram. a mu-.,danr;as de gostos e atitlldes, nem sempre faceis de (lefimr: 100- ~:Mdos diferetlles de mohilial' uma sal:l, pCllclurar qu:nlros nas pare- :

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tcntativas de estuda-Ios no Cairo, Tlmis e Ibgdaj Ulllm Kul-L1mm \lllla grande cantara no cstilu traclicional, cnto;\V;\ 0 Co-rao e'eanlaV-.I poemas escritos pm Shawqi c outre;-' poetas, e osnovas meios de com\1niea~ao a tornaram conheclda dc um el-trcmo a o\ltro do mundo :'irabe.

1\ CUI..:TURA DO NACIONALISMO

Foi na liter:ttllra q\le se deu a mais bem-sllccdida f\~sao d,eelementos ocidentais e nat ivos. J ornais, radios c lilm.es ~Is.sellll-nuam ul1la versao modern;1 e simplifie;1da de arahe !lleran:) p.ortodo 0 mundo arahe; gr;1\'as a c!es, vo'[.t'S e cl1ton;\I;ocs. eglpclastornarall1-SC famili<lrcs por toda parte. Fundar;;am-se tres aeadc-mia.~, em Bagda, Damaseo e Cairo, para velar pela heral1~a ~alinglla. Corn umas pO\leas excq:ocs, nao houve desafio ao pn-mado dOl1fnb'lla litcdria, mas as cscntore~ a usa~m dc fonnanova. Uma cscola de poeta.~ cgipcios nasCidos C.1llOil.por voltada dccada de 1890,0 grulX) "Apolo", usaV:l mctrlca C b.nguagemtradicionais, mas tclllava cxprcssar scntimcntos pesso:ll.s de IImgforma g"c llava IIniclade a totlo \1m poema; entr~?s m:us cOIII~c.ci(los eslava Zaki Abu Shadi (IH92-1955). Pmila-sc vcr a]n-fl\l<:Jlcia da poesia inglesa e da francesa JUS obras ddes e n:l 0.0b'T\lPOda ger;u;1io sCb~inte: fOm:1ntic:,s, achando quc " P:'CSI:ltlcvia ser a cxprC5sao Sllleera da emocao, tla[l(l~ lI~na atcn~ao aomunJo nat mal que nao era tradicionalna poeSJa aralle, e l}u.csctorllou nostalgia de um !nunda perdido na obra de pocus hba-

. A - i.~,-,sdo Nortc 0\1 do SuI.ncscs que cllllgraram para as lull •.., •.. _ ..Tamhcm cram romanticos em sua visao do poeta como 0 VISIQ-!lario que (lava voz a vcrdadcs rcccbi,las por illspira~ii_o de fon.A revolta contra 0 passado podia chegar a total re)cIcao e~~rcs-a na litcratura de \1m do.~ mais originais entre des, Ol\lnlSlano

~IJ\l 'l-Qasllll al-Shahbi (1909-34): "'Iltdo quc a mentc aratJe pro-dU7.iUem tullos os pcrfodos de slla hist6ria C monol0110 cair.;o-Illtalllcnte dcsprovido de in.'ipiral.,-aopoetica".'

o rompilllcnto COIll0 passado lalllbcm sc mostrava no de-

sClwolvimemo de ceTtas fOrlnas litcdrias praticameotc desco-nhcciJas 11;1literatura cUssica. Ilavialll sido escritas pc.;as no se-cillo XIX, e nesse pcrfodo escrcvcram-sc algumas, mas as tealrospara apresenta-Ias ainda cram rarm, a/em (10 aparecimcnto noEgilO (10 teatro dc Najib Rihani, de 11IllllOrfslico COll1elltario so-cial, e slla cria~iio ,Ic "Kish Kisn Hei". Mais il1lportallle foi 0 de-5cnvolvimento (10 romance e do conto, de.~taca,lalllente no Egi-.to, mule v:lrios escritorcs nascidos na ultima dccada ,10 sccnloXIXe na prillleira ,10 XXcriaram 11mnovo vcfculo para a atdhsee crltica da socic(l:lde e do indivfduo; cm silas hist6rias, dc.scrc-viam a mi.'icria c a "press:io tlos pobrcs na aldei~ c na cidadc, asIllIas do individllo para ser cle mesillo nUln;1 societlade que tC1l4tava confina-Io, () conf1ito <las gera\iics, os efcitos pcnllrb~t1o_res crus estilos dc vid~ e valores oci(lemais. Enlre e/es cstavalllMahl11ud 1aymur (1894-1973) e Yahya Ilaqqi (n. 1909).

o cscritor que me/hor expressou as problcmas c ao;cspcran4\as de sua ger:l~iio foi () cgipeio Taha lIusayn (1889-1973). Foinao So 0 lIlais rcprc."iClllalivo, mas l:ul1bclIl talvez 0 mais origi-n:ll (icles, e alltor dc um dos livros corn mais probabilida.dc desobrcviver C0ll10 parte da literatura Illundial: sua alltobrografia,a/-AYYfl11l, lima narrativa de COIIIO11111gamto cego tom:!. consticn-cia de si Illestll{) e do muntlo. SClISlex los inclueln romanccs, en-saios, "bras de historia e critic:l lilerhia, e lima ohra il1lpurtan-Ie, MUJtflqbil nl-rbaqnfn ft MiST (0 futuro lia cullun no I':gito).Moslram, ncsse pcrfodo, 1I11l:ltentativa constallte dc malller cmeqltllihrio Ires elementos esscnciais, em slla opiniao, fb culturaegipcia dislinta: 0 c1elllento ;iralJe, e acillla de Indo a Ifnb'lla ara-be c1~ssiea; os e1emcntos tTa7.itlos de fora el11difcTCl1tes cpocas,Cacima de tlldo 0 t<lcionalislllo grego; e 0 clemen to cgfpcio ha-5im, flue "crsisle por toJa a hist6ria:

Tres elelllcntos forma ram 0 cspfrrw litcr:irio tin Egiw des-(Ie I)lle foi arabil.ado. 0 primciro ,Ides C 0 c1elllcnto pnra-mcnte cgipcio, 'Ille herdOlmos dos antigos cgipcios (... 1 e'lucIcmos cxlrai(!o pcrpClllamcntc tIa lerra c tlo CCll do Egilo,de SCIINilo e scu descrto [...J 0 segundo c1elllcnlo C0 c[c-

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Fala! c talvez teu diseurso nos b'1lie. Infonll:1-nOS, c talvcz 0que nos (ligas nos console, Nao vistc 0 fara6 Cll! SCll pnder,dizendo-sc descendclltc do Sol e da Lila, dando sombra i\civiIi7~1,iio de nossos illlcestrais, os altos ediffcios, as gralldesrclfqui:ls? [... J Viste Cesar em sua liranla sobre n6s, fa7.en_do-nos escravno;, seils IlOlllcns lange/ldo~nos a frelile comosc tangem jumcmos, e depois dercotado por llln pequenohantlo de nobrcs cOlltjuistadores I...] [a Esfinge fala:j Pre-servei p;lra vas llIna coisa que vos fortalcced, pois nada J1rc~snva a dOl,:llra como a pcdra [... J A lIlanh;i da cspcran.-;a vaf-rc a Ireva do desespero, agoril velll 0 ;ullanhcccr Id l1l11itocspcratio. J

os lfderes polfticos, a desellvolver \lin l1lovimcnto naciollal sepa-rado Clll cada llm dclt's, e IlIlla idcologia p ••ra jllstifid-Io, lsso seaplieava sobretudo ao Egito, que tinha lido sell proprio dcstinopo!ftico desdc 0 tClllpo dc Muhammad 'Ali. Em algulls ca.s(),~,IIl1la existcncia srparada era legilimiladil por 1I111atnlria da his~t()ria, as 1Il0villlClitos lIacionalistas cralll revoltas cOlltra 0 pre~sente e 0 passado il11ediato, e podiam apclar para a mcmoria de\1m pa.~s:l(lo mais distamc, prc~isl~mico, 010 qual as dcscohcrtasdos arqucl}logos e ;.labertura de llHlSellS dav:Jm lllna realidadevi.~fvel.A descouena do tlirnulo de Tutandmon eUl 1922 des-penoll granrlc interessc e cncorajoll os cgfpcios a enfatj'l.,1r :1contilluidade llil vida egipd" desdc 0 tempo 11m farilos.

Ahmad Shawqi, que fora () POCtil cia corte cgfpcia, clllcrg-illna dccada de 1920 como porta-vOl. de lun nacionalislJ1o egfpcio(jlle extra I,] inspirariio c c.~pcranp dos 1Il0nUIl1cntos do p;lssadoillJernorial do Egito. NUlll {Ie scu.~ poel1las, escrito p:lra a inau~gura,io de urn tIJOlllllllcnlo lHllll jardim plibtico do Cairo, clerelrata a I':'~finge corno olhando do alto, itnlltavel, totla a 11isto~ria eg-fpcia:

~ Pro~1Jndilll1Cnte cnrail.ado nesses 1!10villlCIlIOS,elp!fcito ounao, havla 1111\c1emcnto ~rabe. Como 0 objctivo tios 1ll0Villlen_tos nacionalislas era criar Ullla sociedadc modcrna norcsccntc a

SIJ:1afirma,iio de quc u Egiw era parte do muntlo cultural for/11a-do pela pcnsamento grego chamuu llmit~ atcn~ii~l na epocil, u~astalvcz a lllais d\lC:1doura c()l1triht1i~ao csteJa no c1l1dado com a lm-gua arabc, C l1a dClllonstrat;ao de que e1a po~l~ ~er \lsada para ex-prcssar todas as nU:lnces da mente e da scnslblltd:1de llmdernas.,

Etc talllbcm escrcvcu sobre 0 Isla, llIas pelo lIIenos ms de-c:1das de 1920 e 1930 0 que cscrcvclI foi em forma lie lIm,a rc-cria~ao imaginativa (1:1vida do Profeta, de I~m tipo q.ll~pO.I~lasa~tisfncr ;IS emOl;oes da gcntc comum. Mal,S ta.r~le !CI.acscrevcuuma veia diferclltc, mas no momenta 0 pnudplO IIIllfiC3.I\ord,esell pensamcnto nao cra tanto 0 Isla qUilntn a ide.ntid~(!e coletl.va {Ia n:lI;ao cgipcia. Dc Illna forma ou de olltra, ISSOIna ser ca- ~racterfstico dos arabes educados de Slla gera~ilo, 0 tema centralera 0 da na\"iio; 1150s6 como podia tocnar-se independente, ma~{'umo podcria ler a for~a c a satide neccssari~s par.a prosJlcrar notlllmdo mot/eeno. A defini~;jo de na~ao po{iJa vanar: como lodopals arabe enfrentava lIIIl problema dife:el~le em rc1a,iio a seus l I

dOlllinadorcs CUroPCIlS,havia uma tendCllcla, pclo 111CIIOSentre "J~;"., ,~i

443 :~f ifill:

menlO arabc, quc nos veio atraves de sua Ifnglla, religi1io cciviliza,;io. 0 qllC qllcr que fa,alllos,. n~o I~odcrc~nos ~sc~.par dde, nem cnfral}uccc-Io, nelll {lllmnUlf sua .lllflUellOaern nossa vida, porquc est.i misl\lTauo com e~sa vida l~e 11mmodo que a formoll c l!lodclou sua pCfsollahdade; Nao (~I_gam 'llle C um clcmcllto cstrangeiro [.. ,] A lfngua :l.Cah~flaoe lima lingua cstrangcira Cnlre Jl(lS, C nOSJ4lfn~ua, e 11~11~c.i'.es mais proxima de n6s que a lingua (los alltlgm eglpc~os[ ... J Quamo ao tereeiro elcmcnto, C 0 elcrncmo ~strangelroque scmpre inf1ucncioll a vida egipcia, c scmpre mfluClloa-d. I::0 {Juc chcgoll ao Egito alraves de seus conlalOS com ospOVOe; civili7.ados no Orienle e no Ociden.le l ..,} Gregos erOlllallOS, jude\l.~ e fenfnos 1I0S tempos anllgos, ,a~abes, tur-cos c cruzados na ldade Mc(!ia, Europa c Amcrlca na erall10ticrna [... J Eu gostaria que a edllca~ilo cgipda sc bascas.se firmemclltc mllna certa harmonia entre csses tres de-mentos.l

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revivesccncia da lingua arahe como \1m "dculo de eJ(prc.'isaomo-derml e lim la~ de unidade era IIlUtema central.

Pdo Jne5mo morivo, havia inevitavdmente urn e1ementoisl:imico no nacionalismo. lendia a estar implicito e suhmersoentre as cbsses educadas nessa epoca, tanto porquc a separa.-;.ioentre religiao e vida polfrica puecia sn lIllla condipo de vidanacional hem-sucedida no mundo mooerno quanto porqlle emalguns dos palses a•••.bes orientais - Siria, Palestina, Egito -rnu'0Jlmanos e cristaos vivi:un juntos, e a enfase era portanto e.mseus ia••."Osnacionais comuns. (0 Libano era uma exce.-;aoparciala isso. 0 grande Libano criado pelns franceses inclufa mais .m~-.-;ulmanos que 0 privilegiado distrito otomano antcs. A m~lOnados mu.-;ulmallos assim incorporados achava que e1e dev,~ s~rabsorvido numa entidade a •.•.be ou siria maior; para a m:uonados cristaos, era essencialmente urn E.stado cristao. Sii em finsda dccada de 1930 come.-;ou a ganhar fQr.-;aa ideia de urn Es-tado haseado em acordo entre as varias comunidades cristas emu.-;ulmanas.) .

A idiia de {lue 11mgrupo de pcssoas fonna uma ~a,ao, e deque uma na.-;aodeve ser inde~endente, C.simpl:s, sImples d~- "mais pua poder oferecer por 51 mcsma onenta,<lo para 0 canu-nllO no qual se deve organizar a vida social. Nesse period~, .~-rem, serviu como foco para um aglomcrado de outras Idela~.Em geTaI,0 nacionalismo dc.'iseperiodo era se~ularista, acreel!.tando num la~ que podia abarc3r pessoas de dlferenles c.'iCo~as Jau fes, e \lma polftica haseada nos interesses de F..stadoe socle-dade e era consritucionalista, afirmando que a vontade da na-.-;aodevia ser exprcssa por urn gaverno delto rcspolls.avd pe-rante asscmhlcias eleitas. Dava grande enfase a necessldade d.ecducat;ao p01Jular, que podia capacitar a na.-;aoa particip~r ma1Splenamentc de sua vida colcriva ..Defen~j~ 0 ~esenvol~lmellti;lde industrias nacionais, ja que a Illdustnahz;a~o parecl;! .afon.te da [or,a.

A ideia da Europa eomo exemplo de civihz.a<;aom(~erna,que animara os governos refon~ado.res do. secIIIa antenor, enpodcrosa ncs...'>e.'imovimentos naCionalS.Ser mdependente en ser,

a~eito pclos estados europeus cm pe de igualdade, abolir as C:l-pltul.a~ocs, os privilcgios le,:;-aisdos cidadaos c'ilrangeiros, sera.d.lmtl~on.aLiga das Na.-;ocs.Scr moderno era ter uma vida po--I.tlca C SOCialsemdhantc ados palses da Europa Ocidental.

Outra componente desse aglomerado (Ie ideias lIlercce maisque uma s~mples atcn<;aopassagcira. 0 nacionalisl1lo deu ilnpe-to ao mOV1mentopela emancipa<;io das mulhercs. A abertura dec.~colasP:IT~mo.-;as,par governos e missiles esttangeiras, dcra-~he urn esumuJo na segunda mct.ade do sCClIIaXIX;viagens, a~mprensa europeia eo exemplo de lIlulheres cm;opCias encora-Ja~am-n~; e e1e encontrou justiflca.-;aonos tatos (ie alguns cs-cntores hgados ao movimento de reforma islamico (mas de modoalgum lodos des).

A aUlobiogralia de \IIna integranle de wna dcslaca&1 familiamlll;ulm.anasunifa de Beirute dii uma ideia do fennento de mu-dam;a.Nascida nos ultimos ;lUOSdo seculo XIX,educada nas c:ili-d;asseguran<;asde uma vida de familia lradicional e usando 0 veu

. em piiblico ate os vinte anos, 'Anbara Salam recebera lUnaedllc;l-<;aomodema campleta. A mae c a avo eram aifabcti7.adase li:lmlivrosde religiao e historia, e ela propria fora mandada para a cs~cola:por algum tempo para lima escola cato]jca, da qual guaTdoliuma duradoura Iembran.-;ada hllmildade e d(J.-;"uradas freiras de-pais para outra e..stabelecidapar uma associapo beneficente'l11u-~lmana. Tambem tamara li<;6esde arabe com UJIldus principaismtcleetuals da .epoca. U~n.a.visitaao Cairo em 1912 revelou algu-masdas maravdhas da CJV11J1.a.-;aomodern;a: lures cletricas eiCV:I.-dorcs, ;autom6vcis,0 cinema, tealros com lugares especiais 'p;lra asmulheres. Antes de enttar lIa cas;ados vinte anos, ela come<;araae;crcver lIa imprensa, a falar em reuniOcs femininas, cater ulllanova ideia de independencia pcssoal: recu.'iOIl~SCa ficar nOlva deum parente ainda Jovcm e dccidiu que n30 podia casar-se com al-guem a quem j;i nao conhecesse. Quando se caSOll,foi com momemhro de uma destacada familia de Jerusalem, Ahmad Samihal-Khali.di,um II~er na promo<;aoda educa<;aoiirabc, com quemelapamlhou a Vida e os infortllnios dos arabcs palestinos, en-quanta desempenhava sen pape! na emancipapo fefllmina.'

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o ISLA DA E.LfI'E E AS MASSAS

A~ llolmla~6es havia muito estalJelccidas nas ddadcs~.dc ~ll1adl., .. I' d pcla expcncncl:l 0r nfvcl de rcmla unh:1l11 51(0 lorm;l as

que '. b 0 item:! dc ('ostmnes, avivcr '\lnto em cOlllllnJ(bdc 111'an:l. SS . . '1 man-

po",II''''ill'''l~ d, CO;"' t;",~com,:'~~';:~;;; :~,t;~i::;:loj;'.lido juntas; notavclS C bUq.,>'"\lCS1:l,V1VCIl<( ,no seils llrote- '

d - lela .••C ;llll;lvam co . .ta.o;, controbv:lm a pro w;ao (. 1 ra difcrindo tinhalares. A rcligi:io da cida(ic c ,10campo, em JO" R I~'••••da '

• . 1:1 prece 0 :lIn,1I "" .....~ido li~ada .pela"o~i:c::~~~l~:I:\;:~g:rcscon;ulls de dcvo~:io.Apcrcgrtn:l\:lo, e

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tnaioria dos ufcmas urhano •• pertcncia ,I 11111;)011 ollira das OT-clcl1.~snfit:! ..••, l:ujas rallljfica~iJcs sc cspalhavarn pOT todo 0 cun-po; l1lesmo que os aldcocs vivesscm sCb'l.mdo () Costllmc, dcsrespcitavam ;I charia CIll princfpio, c podiam IIsar suas forJl1;1spara exprcss:!r importantes acordos c (,lIIprcclhlilllClIfOS comUllS,Agora, porcllI, os dais 1l11111dosde pCIlS3111entoe pdtica tOnla_varn-se mais distante.~ urn do OUlm. Nas cidadcs do novo tipo, asep,lfa,;:io ffsica er;l sinal de Inll divorcio rnais proflllldo dc ,Hi~tudes, gosto.~, h;ibitos e fe.

Na dccada de 1930, grande parte da ditc cducada n:io lJ1aisvivia dentro dos Jilllites da charia. Na nova Rerlllhlica tun-:a, ciafoi formalmente abolida e slllJ.~tilllfda por leis positivas, dcriva_das de mOlIc/os curopells. Nenhlllll pafs ~rabc, e llenhUIll podcreuropcu que dOlninava arabes, chegou a tal cxtrcmo, llIas nospafses afetados pelas rcform:ls do seculo XIX, inlrodll7.idas porantocratas reform adores Oil govcrnantcs cstrangciros, :lchava-seagora oem estabclecida tllIla dualidade de sistcmas legais. Casoscriminais, civis e cOlllcrciais cram dccididos 'de acordo com ('0-digos c proccdimcntos eurO/lI'IlS, e a :!lItoridatle d<lcbl1rin, e dosjUf7.CSIJUCa dispensav<llll, Iilllirava+se 3 qllcsllics de Jlotu..r pcs-soal. A principal cxcc,;iio era a penfnsula Adbica: na Arabia Sau-dita, a vCl"siiohanb<llita da charia era 3 ullica lei rcconhecida doE.~tado, c as ohrig<l~6es rc/igiosas, as d<lprece e do jejlllll, cramrigorosamcnte impostas por autoridades do Estalio. Ern pafsesnndc 0 tillno lIa 1l1l1dan~aera 1I1;lior, llleSIllO as prcscri~6es rcli-giosa.~da charia cram mcnos alllplarnclltc ohservada.~ quc anlcs.Ainda governavart1 os grandes mOl11cnto.~da vid<lhuman;} _ ca~,\arncnto e circlJllcisiio, 0 COntra to dc c;lsamcllfo, monc c her311-~a-, lIlas nos IlOVos bairros burg1.rc.~es0 ritual da.~rinco preccsdr~rias, <lnunciadas pc/o c:harnado do minarcte, cra lIlenos i1ll~portanfc como mcdida do tcmpo e da vidaj talvc7. 0 Ramadanfosse mcnos ohservado 'jUC antes, quando a vida era livre d;l.~pres.~ocssociai.~ da ",r(/i"a, uncle wdns ohscrvavarn os vi7.inhos

jo 11,~Odc bcbid;l.~ alcoOlicas era mais disst'lIlillac!o. AUlllCntOlJ IlnUll1crodaqllcles p<lra os IJuais 0 IsH era lll;Jjs \Hila cnltura hcr-dada qlH':IIlna 1l0rl1l;l dc vida.

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Aqudes, entre a dite educ.ada, para os g\lais a Isla ainda erauma fe viva inc!inavam-se a interpret:i.-Io de uma forma nova. Aposi~ao dos ulem~s na alta socied:lde urhana mudara. Elc$ naomais ocupavam posi~oes no sistcma de govcrnOj nao des, masIfdcrcs de partidos politicos cram agora as porta-vozes das aspi-ra~oes da burguesia. A educa~ao que ofereciam nao er:l mais t~oatraente para as jovens e amhiciosos que tinham possibili(larlede cscolhaj nio 1l.-vavaa promo~ii.ono servi.;o publico, e nao pa-recia ofcrccer qualquer ajnda no entendilllcnto on domlnio dornundo moderno. Na Siria, Palcstina e Liliano, no Egito c mTunisia, 0 jovem (e, em certa medida, a jovem) de boa famflia iaa uma escob secllnd:iria moderna, oficial ou estrangeira, as uni-versidades no Cairo ou Beirute, au para a Fnn~a, Inglaterra auESlados Ullidos. Mesma no Marrocus, que fora mais lento namudam;a, a nova escola estabelecida pelos franccses em Fez, 0

College Moulay ldris, tirava esmdantcs do Qanwiyyin.o Isla dos educ:ldos a nova moda naa era mais 0 de Amar

0\1 Zaytuna, mas 0 dos rcformaJores da cseol:l de 'Abduh. Osqlle imerpretavam 0 pensamento dele no sentido de uma sepa-ra.;ao de facto entre as esferas de rdigiao e vida social encontta-ram lilll novo torico de discussao na dccada de 1920: a abolio:;:io ' ••'do Califado otoma.no pela nova Republica turca den origem aidcias sobre a naturel..:1da autoridade polftica, e urn dos segui-dares de 'Abduh, 'Ali 'hhd al-Rniq (1886-1966), escreveu umlivro famosa, al-Jslmn WQ u.mJ al-bukm (0 Isla e as bases da au-toridade politica), em que argllmentava que 0 Califado nao ende origem divina., e que 0 Profeta nao tillha sido enviado panfundar um £Stado, e na verdade nao 0 fizera:

Na rea(idade, a re1igiao do Isla c inocente daquele Califa-do que os rnu.;ulmanos vieram a conhecer (...] Nao e umainstituj~ao rc1igiosa, como naoe 0 cargo.de juiz nem qual-quer Jos cargos do £Stada [...J Estes sao cargos puramentepolfticos. A religiiio nada tem a vcr com des; nem os reco-nhece nem as nega, nem os ordena nem proibe, deixou-05a nos, para consu!tarmos em relao:;:aoa des princfpios de

rnao, :I experienCia das nao:;:oesc as leis da eOOlhl.;iiodoEstado.'

A~idcias dele foram mal recebidas pelas conservadores rc1igio-sos, mas .~uasimplica.;6cs, de que a Califado nao devia ser res-taura{lo, tiveram aceita.;ao genl.

A autra linha de pcnsamellto derivada de 'Abduh era a quecnfatizava a necessidadc de vol tar as bases da fe e extrair ddas,mediante 0 raciocima respons~vcl, nma Illoralidade social quefossc aceitavel ern tempos modern os. Esse tipo de refarmismocome~ou a ter gr:lnde inflllcnda no Magreh, umainf1ucnciaque no fim tamaria forma politica. Na Argelia, UlIlaAssocia-t;aOde Ulemas Argc1inos foi £Undadaem 1931 por MuhammadBen BaJis, com 0 ohjctivo de restaurar a supremacia moral doIsla, e com cla a da lingua ar3be, no seio de urn povo ao qualum seculo de dominar;ao francesa tinha arrancado de Sllas ral-LeS. Procnrava fazer isso "prescntando \1m3 interprctat;aO doIsla baseada no Corao e no H:ldith, e tendendo a dermbar bar-reiras entre diferentes seitas e escolas legais, criando escolasnio governamentais de ensino em arabe e trabalhan!lo para aliberta.;ao das Illstitlli~oes isl:imicas do controle do E.••t:ldo. Seutrab3lho cJlplorava a hostilidade dos chefes sufitas e a (Iescon-fianp do gaverno frances, e em 1939 envolvera-se inteiramcn-te na vida politica, c identificava-se com a cxigcncia naciona-lista de que as mu~ulmanos tivessem direitos iguais dentro dosistema frances, sem ter de ahrir m:io de suas leis distint~s c damoralidade social.

Tambem no Marn)Cos, doutrinas rcformistas deitaram rai-7-CS na dccada de 1920, com resultados seme1hantes. Tentar ex-purgar 0 hla marroquino das cornlp.;6es dos tiltimos temposera, pur implica~ao, atacar a posi.;ao que os lfderes das o.-denssllfitas haviam Illantido na sociedade marroquinaj e pedir 11m3

socieJ:lde e 11m £Stado base:ldos nU11l3(haria reformada eraopor-se ao govern a dos ocupalltes estr:lngeiros (10 paiS. Essasdolltrinas aporllavam 0 c;:Iminhoda a~ao politica, e quando s\lr-giu um mavimento nacionalista, era Iiderado por um disdpulo

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<iosrcfonmdores, 'Allal al-Fasi (1910-74). 0 momento da a~aochcgou em 1930, quando 0 que se julgava fosse lima tentativ3dos fnmceses de substituir 3 (haria I'd", lei do costumc nos dis-tritos ocrberc..<;foi interpretado pelns naeionalist:ts como umaIrntativa de separar os hcrberes dos arabes, e ofereeeu um3 (lues-tao em dma d:!.qual des puderam lnohiliur a opiniao urbana.

Esses eram movimemos entre a dite educ3da, Illas as mas-sas (bs cidades e a popul:u;ao mral que 3Sinchava ainda se ape-gavam a meios traclicioluis de cren~as e conduta. A prece, 0 je-jmn e a percgrina~ao ainda dav'llmforma ao nuxo oe (lias e anos;o que pregava na mc..o;;quitaas sextas-feiras e 0 mestre sufila queguaniava 0 ttimulo-de HIllsanto ainda cram os que formavam cexpressavam a opiniao puhlica em qucstDCSdo momento. As or-dens sufitas continuavam (lisseminadas entre as massas da cida-de c do campo, mas sua natureu e SClIpapel c.<;tavamIl\udamlo.Sob a influcncia do reformismo e do wahhabismo, poucos Jusulem3s c da c1asseeducada juntanm-se a elas, c 0 pell5amentoe a pdtica sufitas nao mais se mantinham (lcntro dos IimitC5d3cultura urbana. QU3ndo 0 govemo COlltrolml fitmemente 0

campo, °papd politico do !ider sufita foi mais Iimitado que an-tes, mas onde es..<;ecomrole era fraco ou ausente ele ainda podi3tomar-se 0 chcfe de urn movimento politico. Durante :lIcon-quist:l itali;lIIada Libia, a rcsistencia na regiao oriental, Ciremi-ca, foi condllzida e dirigida pdos chcfes oa ordem salllL<;ita,

Meslllo dentro do mundo do Isla popular, difundia-se a vcr-sao mais .aliviSt3,politica. Entre os oper:irios argclinos, na Fun-••a e na propria Argclia, espalhou-se um movimento na Mu-da de 1930: .a l::toile Nord-Afric.aine, lideuJ.a por Messalial~H.ajj, mais abert.arnente n.acionalista que os movimentos d3elite educad.a em frances, e apelando m.ais para 0 sentimentoislamico. De signific.ado mais geral foi urn movimento no £gitOque iria scevir de prot6tipo p3ta grup()!; semclhantes em ou-tras paises lI\u~ulmanos: a Sociedade dos lrmaos Mu-;ulma-nos. Fundada em 1928 por lim professor de escola primari3,I Iasan al-Banna (1906-49), nao era espedfica nem exdusiva-mente politit.-a:

\'

\lc.)~~nao sao lima socicdadc lJencficellle .POllhCO,IlCIlluma org.ani:z.1~iolocal d fi ne~.1u.m partIdoCOlltr:irio,sao uma /lOV' I ~ illS ullIt::ufos,Aod II

a lila no cora-;ao d t -ar- \e vid.a atraves do Co ~ es :I napo, pan

rem p.ara 0 rao [...J Quando Illes pergunta-que convocalll, rc.<;polld:un u {o

mells.agelll de Maomc I. ,_ . q e . pan 0 Isla, a, a re Iglao (Itle COllt' Igoverno, e tem como III . . .em (.entro de siberdade. Se lhes d,' ml <Iesuas p~mclpals olJtlga\-oes a li-

sserelTl que voces - I' 'dam que 0 Isla nao "I, " ,.. sao po HICOS,tespoll~m e ess.a(Istm..-a S r-de revolucionarios d,'g '"S o. e orem acusados., am.. omos vozes f d I' ,e da paz em que acreditamos . a avor .0 (Ircltogulhamos Se v()c'::, ,_ I caramente, e dos quais !lOSor-. •.. •.. evantarelll C) t' '110 caminho de nossa III• _(n ra nos Uti ficarelllDeus para defender-no clIsagem, ent~~ tel~lospermissao de

s contra sua JnJustl~a".&

Os (rmaos h1t1\~ullll;lnoscome ar:un c .pcl3 reforma da rnoral,'d d ' " 'I' I orno urn I1l()Vllllento]. a e 1Il(IVI{lIa e soc' I I dlse do que havia de er, d 'I la, );t_~ca0 na ana-Ih

a 0 nas SOCIC(ades ,ante e em parte d••,,' 'd . mueu manas, selne-•.. val 0 () OlOVllllent I I fitavam que 0 Isla d I. O(Ossa a lyya.ACl'cdi_

.. crlna~~ra~dalnd ' •.esPltlto de cega imita{ao e a che ada I e OOlmanClade 11mesteshavia se acresccntado 'n g. .( os excessos do sufismo; ad' amliellcladoO'je5U<lSvlI"tmlcssociais troux I CIIellie, que, ape.~ar3tividademis.~ionar,',.'d . era.va.ores ~stranhos. imorali<lade

•. onllna~ao Imp" I 0' .' I 'os rnuptlmanos reI la. ImCJ()( a cura era. omarem ao verdadei I 1- Iterpretado por iitibad alll~nl" ro 5 a, 0 ( 0 Corao, in-

:I ,cos e tC!lUrem. .mentos em tOllas as ••"'~.. d ~I _. seg~llr seils cn5ma-1:_' . ....~h..ras a VI{a. () l'gJt d .""-,,tadoIslalllico has"a I I '. ~ 0 eVla tornu-se UIIl,. •• (0 nUJUa(~nnllre~ d' '

Plca~ocsem cada asp""'O d 'd' orma a. 550 lena illl-•..•.. esuavi a )c. .,mulhen:s se educas..<;ellle trabalhas.<;' vla-se 'pcfIlutlr (lue asgum til'" de d _. . . em, lIlas devla-se manter al-

. ISlanClasOCJalentre clas e I<levuba.<;ear-sena religiao' ta b' os )f).mens;.a educa..-aomada~ luz..(ie principios d~dtlm'd,m 'I CCCOn~lIl1adevJa ser refor-

Es .. 7;1 O"i C() orao.sa dourrma tmha implica Des 1" .

os Inn.ios nao afirmas..<;", . \ , .po Itlcas tambent. Emhnra•..n a prmclplo que el .governar,s6 reconheceria es meSlllos devlam

. m COntogovernantes Icgitilllos O"i line

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agissem de acorclo com •.•charia c sc opnsessem a domina ••ao cs-trangcira que amea••ava a ,haria c •.•cornuniJade de crelUes.Preocupav:un-se basicamcnte com (J Egilo, Illas sua visao c.~-tcndia-se sobre lodo 0 mundo mupJim:mn, e sell primeiro en-volvimcnlo alivo em polflica vein com a revolta lios aubes Ila-lestino$ em fins da dccada de 1930. No lim da dccada, cumuma for••a polflica a ser levada cm conta, c cspalhavam-se napopula ••iio urbana - nem entrc os pobrcs nem os muitos edll-cados, mas entre os de posi~o intermediaria: artesaos, peque-lias cOlllerciantes, profcsson::s e profis..~iollaisIibeuis que fica.vam fora do drclIlo encantado da elite dominanle, tinham sidoeducados mais em arabe que em inglcs ou frances, e Ham as cs-crihlras de 11m modo simples e literal.

A cren~a de movimentos C0l110os Jrmaos Mu'Oulmanos emque as dOUlrinas e as leis do Isla pudiam proporcionar as basesda sociedade no IllUlH!O modcrno foi encorajada pela cri:u;ao deurn ESI•.•do que tinha essa base: a Arabia Saudita. A<; tcntativasdo rei 'Ahd al-'A7.iz e seIlS seguidores wahhauilas (le manter aprcdominancia da (haria em SlI:Iforma h:mbalita, contr21(}cos-tume tribal, de 11m 1:1(10, e as inov:l"ocs do Ocidente, <IeOIllro,iriam tcr uma maior influcncia m:li$tarde, quan(lo 0 Reino veioa ocupar IIm:l posi••ao lIlais import:lnte no mundo, mas mesillanesse pcrlodo tcvc m1\acerta ressonancia; por maio;pohre e aln.sada que fosse, a Arahia S:ludita continha as cid:ldes santas doIsla.

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Parte V

A ERA DAS NA(:OES-ESTADODEPOIS DE 1939