produÇÃo da alface crespa e umidade do solo ......e também em hidroponia. com a utilização de...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
PRODUÇÃO DA ALFACE CRESPA E UMIDADE DO
SOLO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE
MATÉRIA ORGÂNICA E COBERTURA DO SOLO
CARLOS ALLAN PEREIRA DOS SANTOS
2011
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
CARLOS ALLAN PEREIRA DOS SANTOS
PRODUÇÃO DA ALFACE CRESPA E UMIDADE DO
SOLO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE
MATÉRIA ORGÂNICA E COBERTURA DO SOLO
Orientadora
Profª. Drª. Maria Aparecida Moreira
SÃO CRISTÓVÃO
SERGIPE – BRASIL
2011
CARLOS ALLAN PEREIRA DOS SANTOS
PRODUÇÃO DA ALFACE CRESPA E UMIDADE DO
SOLO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE
MATÉRIA ORGÂNICA E COBERTURA DO SOLO
APROVADO em 24 de fevereiro de 2011 Prof. Dr. Pedro Roberto Almeida Viégas NEREN/UFS Prof. Dr. Ariovaldo Antonio Tadeu Lucas DEA/UFS
Profª. Drª. Maria Aparecida Moreira NEREN/UFS (Orientadora)
SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE - BRASIL
2011
Ao meu querido avô José Pereira por tudo Saudades
Dedico
AGRADECIMENTOS
À Deus, por caminhar sempre comigo protegendo meu caminho, principalmente nos momentos em que pensava não superar os obstáculos. À Professora Doutora Maria Aparecida Moreira, por ter aceitado me orientar, pelos ensinamentos e por ter acreditado em mim muitas vezes quando até eu desacreditava. Ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas – NEREN, pela oportunidade de realizar este curso. Aos professores Pedro e Tadeu pelas sugestões que contribuíram para a condução desse trabalho. À professora Glaucia e a todos que fazem parte do Projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor em especial Seu João, Davi e Edivaldo por todo o apoio logístico. Aos amigos Flávio, Igor, Susi, Itamara e Natália pelo apoio e paciência na execução dos experimentos . Ao amigo quase irmão Thiago Lima por todo apoio e pela paciência durante todo o curso. À toda minha família, em especial, a minha mãe Enilde, por todo amor e dedicação, meu pai Carlos, pelo apoio. Aos companheiros do NEREN, Wagner, Francielli e Luely, pela parceria que espero que seja para vida toda. Enfim, a todos que participaram direta e indiretamente desta fase importante da minha vida , a qual fiz o possível para realiza-la da melhor maneira.
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................i
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................ii
RESUMO .....................................................................................................................................iii
ABSTRACT .................................................................................................................................iv
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................5
1. Introdução Geral ........................................................................................................................5
2. Referencial Teórico....................................................................................................................6
2.1. A cultura da Alface.................................................................................................................6
2.2. Cobertura do Solo....................................................................................................................7
2.3. Adubação ................................................................................................................................8
2.3.1. Aspectos Gerais da Adubação Orgânica..............................................................................8
2.3.2. Fontes de Matéria Orgânica..................................................................................................9
2.4. Aspectos Hídricos para Cultura da Alface............................................................................11
3. Referências Bibliográficas .......................................................................................................13
CAPÍTULO 2. Produção da alface crespa (Lactuca sativa L) em função de fontes diferentes
de matéria orgânica e cobertura do solo..................................................................................17
1. Resumo ....................................................................................................................................17
2. Abstract ....................................................................................................................................18
3. Introdução ................................................................................................................................19
4. Material e Métodos ..................................................................................................................21
4.1. Cultivar e Produção de Mudas..............................................................................................21
4.2. Delineamento Experimental..................................................................................................22
4.3. Coleta e Análise do Solo.......................................................................................................23
4.4. Tratos Culturais.....................................................................................................................24
4.5. Características Avaliadas.......................................................................................................25
4.6. Temperatura do Solo............................................................................................................25
5. Resultados e Discussões...........................................................................................................26
6. Conclusões................................................................................................................................33
7. Referências Bibliográficas........................................................................................................34
CAPÍTULO 3. Umidade do solo em função da matéria orgânica e cobertura do solo no
cultivo daalface crespa (Lactuca sativa L) em Itabaiana-SE.................................................36
1. Resumo ....................................................................................................................................36
2. Abstract ....................................................................................................................................37
3. Introdução ................................................................................................................................38
4. Material e Métodos ..................................................................................................................40
4.1. Cultivar e Produção de Mudas..............................................................................................40
4.2. Características do Solo..........................................................................................................40
4.3. Delineamento Experimental..................................................................................................41
4.4. Monitoramento da Umidade do Solo....................................................................................41
4.5. Coleta dos Dados Climáticos.................................................................................................44
5. Resultados e Discussões...........................................................................................................45
6. Conclusões................................................................................................................................50
7. Referências Bibliográficas........................................................................................................51
i
LISTA DE FIGURAS
Número Título Página
FIGURA 1. Estufa utilizada para a produção das mudas, Itabaiana-SE.............. 22
FIGURA 2 Muda de alface pronta para o transplantio, Itabaiana-SE................. 22
FIGURA 3
FIGURA 4
Distribuição dos tratamentos na área experimental, Itabaiana-SE...
Detalhe da medição do diâmetro da planta.......................................
24
25
FIGURA 5 Leitura da temperatura, Itabaiana-SE............................................... 26
FIGURA 6 Númento de folhas da alface nos diferentes tratamentos.................. 28
FIGURA 7 Massa fresca da alface em função dos diferentes tratamentos.......... 29
FIGURA 8 Massa seca da raiz de alface cultivada em diferentes tipos de
adubação orgânica solo.....................................................................
30
FIGURA 9 Comparação entre as temperaturas médias dos tratamentos sem
cobertura (SC) e com cobertura (CC) com a temperatura média do
ar, Itabaiana-SE.................................................................................
32
FIGURA 10 Detalhe do tensiômetro no canteiro, Itabaiana-SE............................ 42
FIGURA 11 Detalhe do tensímetro digital no momento da leitura, Itabaiana-
SE..................................................................................................
42
FIGURA 12 Detalhe do coletor de Uhland e cápsula com amostra indeformada,
Itabaiana-SE.............................................................................
44
FIGURA 13 Variação da tensão da água no solo nos tratamentos sem
cobertura (SC) e com cobertura (CC) do solo .................................
46
FIGURA 14 Curva de retenção de água no solo na profundidade de 0 a 15 cm,
município de Itabaiana-SE................................................................
47
FIGURA 15 Umidade do solo nos diversos tratamentos....................................... 48
ii
LISTA DE TABELAS
Número Título Página
TABELA 1 Análise química do solo da área experimental. Itabaiana-SE. 23
TABELA 2 Resumo da análise de variância para diâmetro da alface (D),
número de folhas (N.F.), matéria fresca de parte aérea (MFA),
matéria fresca de raiz (MFR), matéria seca de parte aérea (MSA) e
matéria seca de raiz (MSR)...............................................................
26
TABELA 3 Médias do diâmetro e número de folhas de alface em função da
matéria orgânica e cobertura do solo................................................
27
TABELA 4 Médias de massa fresca e seca de parte aérea e raiz......................... 30
TABELA 5 Análise física do solo da área experimental. Itabaiana-SE, 2010..... 41
TABELA 6 Precipitação, temperatura e umidade do ar no período de avaliação, Itabaiana-SE, 2010...........................................................
44
iii
1RESUMO
O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento da alface (Lactuca sativa L.) sob diferentes fontes de adubos orgânicos e os objetivos específicos foram verificar a influência de várias fontes de matéria orgânica na adubação da alface, verificar a amplitude térmica em função da cobertura do solo e adubação orgânica e verificar a influência da cobertura do solo e da matéria orgânica na retenção de água no solo. O trabalho foi realizado na área experimental do Projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor do Instituto Gbarbosa em parceria com a Universidade Federal de Sergipe situada no município de Itabaiana localizada a 56 quilômetros da Capital, Aracaju. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos compostos de cinco fontes de matéria orgânica (composto orgânico, esterco de aves, esterco bovino, esterco ovino e torta de mamona) e uma testemunha sem adubação todos com e sem cobertura morta totalizando 12 tratamentos. Foram avaliadas as características de diâmetro da planta, altura de planta, matéria fresca e seca de raiz e parte aérea, tensão de água do solo e temperatura do solo. Para determinação da tensão de água foram instalados tensiômetros no solo e as temperaturas foram medidas com a utilização de termômetro digital. O tratamento que teve como fonte de matéria orgânica o esterco de aves apresentou o melhor resultado quando associado à cobertura morta do solo. Quando não existir a possibilidade do uso da cobertura do solo é recomendada a utilização do composto orgânico como fonte de adubo orgânico. Quando utilizou-se a cobertura do solo obteve-se menores valores de tensão de água no solo. Houve tendência de menores temperaturas quando se utilizou cobertura do solo e maiores temperaturas quando se utilizou torta de mamona. Palavras-chave: Lactuca sativa L., fontes de matéria orgânica, umidade do solo
1 Comitê Orientador: Maria Aparecida Moreira - UFS (Orientadora), Pedro Roberto Almeida Viégas – UFS e Ariovaldo Antonio Tadeu Lucas – UFS.
iv
2ABSTRACT
The general objective of this work was to evaluate the development of the lettuce (Lactuca sativa L.) under different organic seasoning sources and the specific objectives had been to verify the influence of some sources of organic substance in the fertilization of the lettuce, to verify the thermal amplitude in function of the covering of the ground and organic fertilization and to verify the influence of the covering of the ground and the organic substance in the water retention in the ground. The work was carried through in the experimental area of the Pequeno Produtor Grande Empreendedor of the Gbarbosa Institute in partnership with the Federal University of situated Sergipe in the city of located Itabaiana the 56 kilometers of the Capital, Aracaju. The used delineation was of blocks casualizados with four repetitions, being the treatments composites of five sources of organic substance (compost, chicken manure, cattle manure, sheep manure and castor bean) and a witness without fertilization all with and without covering deceased totalizing 12 treatments. The characteristics of diameter of the plant, height of plant, cool and dry substance of root and aerial part had been evaluated, water tension of the ground and temperature of the ground. For determination of the water tension they had been installed tensiometers in the ground and the temperatures had been measured with the use of digital thermometer. The treatment that had as source of organic substance chicken manure presented optimum resulted when associated to the covering deceased of the ground. When not to exist the possibility of the use of the covering of the ground is recommended the use of the organic composition as organic seasoning source. When it was used covering of the ground got lesser values of water tension in the ground. It had trend of lesser temperatures when covering of the ground was used and greaters temperatures when castor bean was used. Keywords: Lactuca sativa L., organic matter, soil moisture, mulch
2 Guidance Committee: Maria Aparecida Moreira - UFS (Orientadora), Pedro Roberto Almeida Viégas – UFS e Ariovaldo Antonio Tadeu Lucas – UFS.
5
CAPÍTULO 1
1. Introdução Geral
A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças folhosas de maior importância
comercial e de maior consumo em todo o mundo. No Brasil, figura entre as principais
hortaliças, no que se refere à produção, à comercialização e ao valor nutricional. É consumida,
tanto em forma de saladas, e também como acompanhamento de sanduíches; por essa razão, é
de considerável importância o estudo de técnicas como as que otimizem a produção desta
olerícola e que garantam a sustentabilidade ambiental na agricultura.
O cultivo dessa espécie tem sido feito de maneira convencional, em ambientes protegidos
e também em hidroponia.
Com a utilização de diferentes ambientes de cultivo e cobertura do solo, torna-se
necessário avaliar o desempenho produtivo nos sistemas de cultivo com a finalidade de auxiliar
os produtores nas tomadas de decisões.
A alface geralmente apresenta boa resposta à adubação orgânica, no entanto, ela varia de
acordo com a cultivar e a fonte de adubo utilizada, sendo observado que esta adubação satisfaz
as necessidades da planta.
O cultivo do solo resulta, na maior parte das vezes, em um marcante declínio dos níveis
de matéria orgânica. Com isso, a utilização de adubos orgânicos e minerais, juntamente com a
adoção de práticas de cultivo que visem o aumento do aporte de matéria orgânica, nos sistemas
agrícolas, é de grande importância por melhorar a fertilidade dos solos.
Os adubos orgânicos contêm vários nutrientes minerais, especialmente nitrogênio, fósforo
, potássio e micronutrientes, embora sua concentração seja considerada baixa, deve-se levar em
conta, também, o efeito condicionador que exercem sobre o solo. A adubação orgânica melhora
as condições físicas do solo, diminui incidência de nematóides, fornece nutrientes as plantas de
maneira gradual e constante. Algumas observações devem ser feitas nesse tipo de adubação
visto que alguns fertilizantes orgânicos podem infestar o solo com plantas invasoras e podem,
também carregar resíduos e outros produtos, como sais, causando problemas ao solo.
A irrigação é uma prática essencial para a manutenção da produtividade da cultura
explorada, mas para que seja eficiente deve ser levado em consideração algumas variáveis tais
como tipo de solo, capacidade deste em reter água e a evapotranspiração da cultura. Trabalhos
já executados com níveis de irrigação em alface apresentam respostas as mais variadas
possíveis, dependendo das condições edafoclimáticas da região considerada, de tal forma que os
6
mesmos não podem ser extrapolados indistintamente para outras regiões. Dessa maneira é
importante determinar a influência que tratos culturais podem ter na retenção de água do solo.
O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento da alface (Lactuca
sativa L.) sob diferentes fontes de adubos orgânicos e os objetivos específicos foram verificar a
influência de várias fontes de matéria orgânica na adubação da alface, verificar a amplitude
térmica em função da cobertura do solo e adubação orgânica e verificar a influência da
cobertura do solo e da matéria orgânica na retenção de água no solo.
2.Referencial Teórico
2.1 Cultura da alface
As hortaliças são, por excelência, fontes de vitaminas e sais minerais, substâncias
essenciais ao bom funcionamento do organismo humano. Auxiliam a digestão e o
funcionamento dos diversos órgãos sendo, por isso, consideradas alimentos protetores da saúde
(MACEDO, 2006). Apresenta elevado teor de pró-vitamina A nas folhas verdes, alcançando até
4.000 UI.100 g-1 (FILGUEIRA, 2003). É rica em sais de cálcio e de ferro e apresenta
quantidades razoáveis das vitaminas B1, B2, B6, C e a pró-vitamina A. Possui baixo valor
calórico, sendo aconselhável nas dietas por ser de fácil digestão (KATAYAMA, 1993).
É a hortaliça folhosa mais consumida no país e no mundo (SANTOS et al., 2001). A fácil
aquisição do produto, sabor, qualidade nutritiva e baixo custo são características que favorecem
o consumo (COMETTI et al., 2004). O consumidor tem se tornado mais exigente, havendo
necessidade de produzir a alface em quantidade e com qualidade, bem como manter o seu
fornecimento o ano todo (OHSE et al., 2001). Contudo, o brasileiro consome em média 1,2 kg
de alface por ano, o que é pouco de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A alface (Lactuca sativa L.) originou-se de espécies silvestres, ainda atualmente
encontradas em regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental. Pertence à
família Asteraceae. É uma planta herbácea, muito delicada, com caule diminuto, não
ramificado, ao qual se inserem as folhas que são grandes, lisas ou crespas, fechando-se ou não
na forma de cabeça. Sua coloração varia do verde amarelado até o verde escuro sendo algumas
cultivares de cor arroxeada. As raízes são do tipo pivotante, quando semeadas diretamente nos
canteiros, podendo atingir até 60cm de profundidade, porém quando conduzidas em sistema de
transplantio, apresentam ramificações delicadas, finas e curtas, explorando apenas os primeiros
7
25cm de solo (FIGUEIRA, 2003), sendo a maior concentração encontrada na profundidade de
0-20cm, tornando-se uma faixa de importância quando se estuda irrigação e adubação.
Por se tratar de uma hortaliça de inverno, o cultivo da alface em outras estações do ano
favorece a incidência de doenças e a ocorrência de desequilíbrios nutricionais, principalmente
sob condições chuvosas e de elevadas temperaturas. O maior desafio está em selecionar
cultivares que apresentem precocidade de colheita, altas produtividades sob condições
climáticas adversas, que sejam resistentes ao pendoamento precoce, além de possuírem boa
qualidade comercial (YURI et al., 2004). Em regiões de temperaturas elevadas o crescimento e
desenvolvimento podem ser comprometidos impedindo que a cultura expresse todo o seu
potencial genético, podendo reduzir o ciclo da cultura que compromete sua produção devido a
aceleração do metabolismo da planta e, consequentemente, antecipação da fase reprodutiva
(SETUBAL & SILVA, 1992)
É uma planta muito tolerante às doenças e pode ser produzida sem maiores problemas
durante quase todo o ano. Muitos agricultores preferem cultivá-la em ambientes protegidos e
usando a alface para fazer rotação com outras espécies (FURLAN, 2001).
A cultura da alface pode ser iniciada com a semeadura em bandeja de poliestireno e
posterior transplantio para o canteiro, quando as mudas apresentarem quatro folhas definitivas.
A semeadura direta é pouco utilizada por aumentar as chances de ocorrerem falhas na
germinação e por conseqüência, desuniformidade na produção (FILGUEIRA, 2003).
A técnica da cobertura do solo, também conhecida como “mulching”, associada à
proteção de plantas com polipropileno, pode ser uma alternativa viável para melhorar a
produtividade e a qualidade da alface (REGHIN et al,. 2002).
2.2. Cobertura do solo
Para minimizar as perdas de solo, é muito importante que o mesmo esteja protegido,
pois há redução do impacto da gota de chuva ou da irrigação e, consequentemente, do
selamento superficial, minimizando o arraste de solo (PRUSKI et al., 2003).
A cobertura de solo “mulching” é um sistema de proteção, que utiliza materiais propícios
para cobrir o solo, buscando oferecer melhores condições à planta protegida. As coberturas mais
tradicionais são de materiais orgânicos vegetais: capim, palha, bagaço, casca e outros que
estejam disponíveis. No entanto, são utilizadas também cobertura com plástico, devido a sua
diversidade na composição, disponibilidade no mercado, facilidade no manejo e custo acessível.
(MARTINS, 2003).
8
Os tratos culturais são fatores relevantes para o êxito da cultura e a utilização de
cobertura de solo vem se destacando, principalmente, depois do surgimento dos filmes
plásticos, que têm encontrado aceitação cada vez maior, devido a sua praticidade
de aplicação e, sobretudo pelas evidentes vantagens que trazem aos cultivos (SGANZELA,
1995). Tanto a cobertura de plástico, como restos vegetais têm sido explorados com vários
objetivos, dentre os quais, reduzir a evaporação de água na superfície do solo; e diminuir as
oscilações de temperatura do solo (ARAÚJO et al., 1993), permitir o controle de
plantas invasoras; oferecer proteção aos frutos, evitando seu contato direto com o
solo; maior precocidade da colheita e capacidade de influir diretamente sobre a incidência de
pragas e doenças (CASTELLANE, 1995), reduzir a lixiviação dos nutrientes e a compactação
do solo. A película de polietileno, dadas as suas características de impermeabilidade, mantém a
umidade do solo mais elevada nos intervalos entre as irrigações, e proporciona a maior
mineralização da matéria orgânica e menores perdas de N por desnitrificação, reduz a lixiviação
de Ca e Mg no solo (SAMPAIO et al., 1999).
Aumentos na precocidade e no rendimento de várias culturas têm sido relatados quando
filmes plásticos e outros materiais foram usados como mulching (STRECK et al., 1994).
2.3 Adubação
2.3.1 Aspectos Gerais da Adubação Orgânica
A nutrição de plantas é fundamental, em qualquer sistema de produção agrícola, para que
se tenha uma planta equilibrada, resistente ao ataque de pragas e doenças e que forneçam
produtos de boa qualidade. É reconhecida a importância e a necessidade da adubação em
hortaliças, estando o sucesso da produção totalmente ligado a nutrição das plantas. Entretanto o
uso de adubos orgânicos principalmente nas hortaliças folhosas como na cultura da alface, visa
compensar as perdas de nutrientes ocorridas durante seu cultivo (KIMOTO, 1993).
As altas produtividades obtidas com uso intensivo de capital, de fertilizantes inorgânicos
e de agrotóxicos têm sido questionadas não só por suas contradições econômicas e ecológicas,
mas também por desprezar aspectos qualitativos importantes da produção vegetal (SANTOS et
al., 1994). O emprego de fertilizantes minerais na cultura da alface é uma prática agrícola que
traz resultados satisfatórios em termos de produtividade, mas deve-se considerar a saúde dos
consumidores, o custo de produção e a qualidade do produto final. Atualmente, adubos
orgânicos de várias origens são empregados no cultivo dessa hortaliça que, além de
9
proporcionar melhoria das propriedades físicas e químicas do solo (KIEHL, 1985), reduz a
necessidade de uso de adubos minerais. Vidigal et al. (1995), afirmam que a matéria orgânica
adicionada ao solo na forma de adubos orgânicos, de acordo com o grau de decomposição dos
resíduos, pode ter efeito imediato no solo e/ou efeito residual, por meio de um processo mais
lento de decomposição.
A adubação orgânica , utilizada como melhorador da fertilidade do solo também resulta
em incremento da matéria orgânica e atividade biológica do solo (BULLUCK et al. 2002).
Para Ricci et al. (1995) a adubação orgânica, especialmente o esterco animal, é altamente
benéfica a cultura da alface que possui raízes delicadas e exigente ao aspecto físico do solo, mas
a resposta dessa espécie varia de acordo com a cultivar e a fonte de adubo utilizada.
A adoção de adubação orgânica no cultivo de hortaliças tem crescido nos últimos anos e
vários estudos têm sido realizados, em virtude das inúmeras vantagens da adubação orgânica no
cultivo de hortaliças, ao elevado custo dos adubos minerais solúveis e ao marketing realizado
em torno da produção orgânica de alimentos (SANTOS et al., 2001).
2.3.2 Fontes de matéria orgânica
Os componentes dos materiais orgânicos incorporados ao solo possuem resistências
diferentes a decomposição. Várias fontes podem ser utilizadas como matéria orgânica a
exemplos de esterco bovino, esterco de aves, tortas, lodo de esgoto e de origem vegetal como
gramíneas, leguminosas etc. Para se ter noção da quantidade de nutrientes as ser incorporado
ao solo é importante conhecer a relação entre qualidade dos resíduos vegetais e a taxa de
decomposição e liberação de nutrientes (MONTEIRO et al., 2002).
A composição química dos estrumes varia com a espécie animal, o regime e a natureza
das camas empregadas. Em 100 quilos de excrementos sólidos de carneiro encontram-se: 65,7
kg de água; 0,550 kg de N; 0,310 kg de P2O5; 0,150 kg de K2O e 0,460 kg de CaO. Em 100
quilos de excrementos sólidos de vaca leiteira há, em media, 80,35 kg de água; 0,360 kg de N;
0,050 kg de P2O5 e 0,250 kg de K2O (MALAVOLTA et al., 2002).
Um dos adubos orgânicos mais utilizados na agricultura nordestina é o esterco,
principalmente caprino, ovino e bovino, porém sua eficiência depende do grau de
decomposição, da origem do material, da dosagem empregada e até da forma de colocação do
adubo (SILVA et al., 2005). Algumas recomendações são indicadas em função do tipo de
material: esterco bovino (30t/ha), ovelha (20t/ha), esterco de galinha puro (10t/ha), húmus de
minhoca (20t/ha) (NUNES, 1999).
10
Os estercos animais, em função da sua grande disponibilidade e resposta no crescimento
das plantas e no aumento da produção, são considerados como importantes fontes de adubos
orgânicos (TEIXEIRA et al., 2002). No entanto, a reduzida disponibilidade de esterco nas
propriedades leva grande parte dos agricultores a importá-lo de regiões circunvizinhas, o que
eleva os custos de produção (MENEZES et al., 2002).
O esterco também pode ser utilizado em mistura com outros componentes no preparo de
substrato para mudas. A utilização de esterco bem curtido contribui muito para a melhoria da
qualidade do substrato, pois aumenta a capacidade de retenção de água, a porosidade e
agregação do substrato, além de fornecer nutrientes essenciais às mudas. Assim, o esterco
curtido pode ser uma alternativa viável para misturas com outros substratos (WENDLING &
GATTO, 2002).
O esterco de cabra conceitua-se como um dos adubos mais ativos e concentrados,
(Alves & Pinheiro, 2008) em experimentos observaram que 250 kg de esterco de cabra,
incorporados ao solo, produzem o mesmo efeito que 500 kg de esterco de vaca.
As aves produzem um esterco mais rico em nitrogênio que alguns ruminantes ou suínos,
podendo variar sua composição de acordo com a espécie e o tipo de alimentação. As aves
poedeiras alimentadas com ração fornecem um esterco rico em nutrientes, especialmente
nitrogênio e fósforo, porém pobres em matéria orgânica. Se deixado curtir, sua decomposição é
rápida, liberando-se em poucos dias a maior parte dos nutrientes. Por esta razão, o esterco de
aves não deve ser guardado puro. Deve ser misturado aos materiais de relação C/N (proporção
da porcentagem de carbono orgânico para de nitrogênio total) elevada e materiais coloidais; de
reação ácida, como o solo, formando o processo de compostagem (PENTEADO, 2003).
O húmus de minhoca é um composto orgânico, de decomposição avançada, portanto de
rápida liberação de nutrientes. Provoca o melhoramento natural do solo, através da aeração e
absorção de água. Compreende uma mistura de enzimas, vitaminas, micronutrientes
quelatizados, macronutrientes (N, P, K, Ca e Mg) e pequenas quantidades de resíduos e ovos de
minhoca (PENTEADO, 2003).
A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua em
substancias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes
do material que lhe deu origem (KIEHL, 1985). É um processo rápido e eficiente; é favorecida
por materiais que, depois de misturados, resultem em uma relação C/N entre 26 e 35 (ARAÚJO
et al., 2008).
A torta de mamona é uma fonte orgânica que tem sido muito utilizada e trata-se do
principal subproduto da cadeia produtiva da mamona, produzida a partir da extração do óleo das
11
sementes desta oleaginosa. Este subproduto apresenta-se como excelente fonte de nitrogênio,
cuja liberação não é tão rápida quanto à de fertilizantes químicos, e nem tão lenta quanto à de
esterco animal (OLIVEIRA FILHO et al., 2010).
2.4 Aspectos hídricos para cultura da alface
A retenção de água no solo é característica específica de cada solo sendo resultado da
ação conjunta e complexa de vários fatores como o teor e mineralogia da fração argila
(FERREIRA et al., 1999); teor de matéria orgânica, estrutura (REICHARDT, 1988), densidade
do solo (BEUTLER et al., 2002) dentre outros.
A matéria orgânica aumenta a capacidade de infiltração de água no solo e a sua
capacidade de armazenamento devido à melhoria das condições físicas dos horizontes
superficiais, principalmente em relação a sua estrutura. Este aumento da infiltração de água no
solo reduz a formação de enxurradas e as perdas por erosão (MEEK et al. (1982)
A matéria orgânica é fortemente higrófila em função de suas cargas negativas e da alta
superfície específica. Conseqüentemente, o seu poder de retenção de água é alto, podendo reter
de 4 a 6 vezes o seu peso; porém em alguns casos se verifica que esta maior capacidade de
retenção pode não implicar em maior quantidade de água disponível (BRADY, 1989). Segundo
Fageria et al.(1999) um dos principais efeitos da adição de matéria orgânica é a mudança nas
características de retenção de água do solo e que esta se deve aos seguintes fatores: decréscimo
da densidade e aumento da porosidade total, mudança na distribuição do tamanho dos agregados
e aumento da capacidade de adsorção do solo e a mineralogia do solo. Para Emerson &
McGarry. (2003) a porosidade aumenta com aplicação de matéria orgânica e esta, aumenta as
cargas negativas do solo e incrementa a capacidade de retenção de água dos solos,
principalmente nos solos arenosos.
A água é um dos principais insumos que limita, mais freqüentemente, o rendimento da
cultura da alface, reduzindo, assim, a eficiência do sistema de produção agrícola. Torna-se
necessária então, a realização de um manejo adequado da irrigação para atender às necessidades
da cultura e obter maior retorno econômico (AZEVEDO et al., 2005).
A irrigação justifica-se como recurso tecnológico indispensável ao aumento da
produtividade das culturas em regiões onde a insuficiência ou a má distribuição das chuvas
inviabiliza a exploração agrícola (MARQUES & FRIZZONE, 2005).
12
A irrigação não deve ser considerada isoladamente, mas sim como parte de um conjunto
de técnicas utilizadas para garantir a produção econômica de determinada cultura com
adequados manejos dos recursos naturais (MANTOVANI et al., 2006).
O manejo otimizado da irrigação requer uma estimativa sistemática do estado energético
de água no solo para determinar as quantidades apropriadas e o tempo de irrigação. O conteúdo
de água do solo deve ser mantido entre certos limites específicos acima e abaixo, onde a água
disponível para a planta não é limitada, enquanto a lixiviação é prevenida (MORGAN et al.,
2001).
A exigência de água de uma dada cultura é representada pela sua evapotranstiração
(ETc), basicamente definida como a taxa de transferência de vapor de água da planta e do solo
para a superfície da atmosfera. Este é um elemento-chave para a implementação de estratégias
de manejo de irrigação para a produção vegetal, tanto exploração e os níveis de irrigação e para
o estudo da lixiviação de agrotóxicos para as águas subterrâneas (OLIVEIRA et al., 2005).
3. Referências Bibliográficas
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17
CAPÍTULO 2
Produção da alface crespa (Lactuca sativa L) em função de diferentes fontes de matéria orgânica e cobertura do solo SANTOS, Carlos Allan Pereira dos. Produção da alface crespa (Lactuca sativa L) em função de fontes diferentes de matéria orgânica e cobertura do solo. In: Produção da alface crespa e umidade do solo em função de diferentes fontes de matéria orgânica e cobertura do solo. 2011. Cap. II. Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.
1. Resumo
A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais produzidas pelos agricultores de Itabaiana e região, sendo assim é importante que se estude formas de manejo sustentáveis para a cultura. O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento da alface crespa, em função de diferentes fontes de matéria orgânica e cobertura do solo. Para tanto foi escolhida a cultivar Veronica. O experimento foi conduzido em área experimental do Projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor situado no município de Itabaiana-SE, no ano de 2010. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos compostos de cinco fontes de matéria orgânica (composto orgânico, esterco de aves, esterco bovino, esterco ovino e torta de mamona) e uma testemunha sem adubação todos com e sem cobertura morta totalizando 12 tratamentos. Foram avaliadas as características de diâmetro da planta, altura de planta, matéria fresca e seca de raiz e parte aérea e a variação da temperatura do solo. Todas as características avaliadas mostraram interação significativa entre o tipo de adubo e a cobertura morta. Quando utilizou-se a cobertura morta do solo, a melhor fonte de matéria orgânica para o cultivo da alface foi o esterco de aves e na impossibidade de uso de cobertura, recomenda-se a utilização do composto orgânico como fonte de matéria orgânica, visto que este apresentou os melhores resultados na ausência da cobertura. Com a cobertura do solo obteve-se melhores resultados em relação a temperatura do solo, havendo tendência de menores temperaturas quando se utilizou cobertura do solo e maiores temperaturas quando se utilizou torta de mamona.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., matéria orgânica, cobertura do solo.
18
Production of lettuce (Lactuca sativa L) according to different sources of organic matter and soil cover
SANTOS, Carlos Pereira dos Allan. Production of lettuce (Lactuca sativa L) according to different sources of organic matter and soil cover. In: Production of lettuce and soil moisture for different sources of organic matter and soil cover. 2011. Chapter II. Dissertation in Agroecosystems - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.
2. Abstract
The lettuce (Lactuca sativa L.) is one of the vegetable more produced by the agriculturists of Itabaiana and region, being thus is important that if it studies sustainable forms of handling for the culture. The objective of the work was to evaluate the behavior of the lettuce, in function of different sources of organic substance and covering of the ground. For in such a way it was chosen to cultivate Veronica. The experiment was lead in experimental area of the Project Pequeno Produtor Grande Empreendedor in the Itabaiana city, in the year of 2010. The used delineation was of blocks casualizados with four repetitions, being the treatments composites of five sources of organic substance (compost, chicken manure, cattle manure, sheep manure and castor bean) and a witness without fertilization all with and without covering deceased totalizing 12 treatments. The characteristics of diameter of the plant, height of plant, cool and dry substance of root and aerial part had been evaluated and the variation of the temperature of the ground. All the evaluated characteristics had shown significant interaction enter the type of seasoning and the covering deceased. When it was used covering deceased of the ground, the best source of organic substance for the culture of the lettuce was chicken manure and in the impossibility of covering use, use of the organic composition sends regards to it as source of organic substance, since this presented the best ones resulted in the absence of the covering. With the covering of the ground it was gotten better resulted in relation the temperature of the ground, having trend of lesser temperatures when it used covering of the ground and greaters temperatures when used castor bean.
Keywords: Lactuca sativa L., organic matter, soil cover.
19
3. Introdução
A alface crespa é uma planta da família Asteraceae, que é produzida em grande escala
pelos produtores de Itabaiana e região, devido à sua grande aceitação pelos consumidores. Em
razão dessa grande demanda, que se faz necessário o estudo e o desenvolvimento de técnicas
que facilitem o seu manejo e, por consequência, que diminuam seu custo de produção.
A cada dia aumenta a preocupação com a ingestão de alimentos que receberam doses
excessivas de insumos químicos, pois sabe-se que algumas destas moléculas quando
consumidas fora dos limites prudenciais causam doenças a curto e longo prazo, e fato da alface
ser uma hortaliça consumida in natura, aumenta cada vez mais a preocupação dos
consumidores com a origem desta, e paralelamente a esse fato cresce também a procura por
produtos de origem orgânica.
O emprego de fertilizantes minerais na cultura da alface é uma prática agrícola que traz
resultados satisfatórios em termos de produtividade, mas deve-se considerar a saúde dos
consumidores, o custo de produção e a qualidade do produto final. Atualmente, adubos
orgânicos de várias origens são empregados no cultivo dessa hortaliça que, além de
proporcionar melhoria das propriedades físicas e químicas do solo (KIEHL, 1985), reduz a
necessidade de uso de adubos minerais. Vidigal et al. (1995), afirmam que a matéria orgânica
adicionada ao solo na forma de adubos orgânicos, de acordo com o grau de decomposição dos
resíduos, pode ter efeito imediato no solo e/ou efeito residual, por meio de um processo mais
lento de decomposição.
Rodrigues e Casali (1999), avaliando a aplicação de adubos orgânicos em alface,
observou aumentos na produção e nos teores de nutrientes nas plantas. Santos et al. (1994),
avaliando cinco doses de composto orgânico (0; 22,8; 45,6; 68,4 e 91,2 t ha-1), observaram que
os teores de matéria seca e açúcares solúveis decresceram com o aumento das doses de
composto orgânico, enquanto a produção de matéria fresca foi aumentada.
É sabido que as hortaliças folhosas respondem muito bem à adubação orgânica. Oliveira
et, al. (2010) em função dos resultados conseguidos em experimento utilizando rúcula e alface,
concluíram que a mineralização da matéria orgânica ocorreu em tempo hábil para o
fornecimento de nutrientes para as plantas, considerando-se que a área é mantida para o sistema
orgânico há cinco anos. Vidigal et al. (1997), estudando o efeito de diferentes compostos
orgânicos, atribuíram as menores produtividades de alface, cv. Carolina, a compostos orgânicos
não suficientemente mineralizados para nutrir as plantas.
20
Nakagawa et al. (1992), cultivando alface cultivar Brasil-48, concluíram que a
utilização de 150 g de composto orgânico por vaso de diferentes resíduos agrícolas não
produziu diferença significativa para biomassa fresca de folhas e caules.
Villas Bôas et al. (2004), avaliando o efeito de três doses (30, 60 e 120 t ha-1) de
composto orgânico de três composições distintas, observaram que o composto de palhada de
feijão aumentou a biomassa fresca da parte aérea e a quantidade de N, K, Ca, Mg, B, Cu, Fe e
Zn nas plantas de alface.
A adoção de técnicas como a cobertura do solo traz benefícios não só às características
físicas, químicas e biológicas do mesmo, mas também atua como barreira que diminui o
crescimento e o desenvolvimento de plantas daninhas, pois ao cobrir o solo, impede a passagem
de luz, o que dificulta a germinação de sementes das invasoras que estejam presentes no solo.
Além disso, a cobertura do solo retém a água no solo mantendo-o mais tempo úmido e, assim, é
possível aumentar os intervalos entre irrigações.
Atua, também, como agente isolante, impedindo oscilações bruscas da temperatura do
solo e contribuindo para a menor evaporação da água armazenada com melhor aproveitamento
do conteúdo de água no solo pelas plantas (BIZARI et al., 2009), além de proporcionar maior
aeração e menor compactação do solo (ARAUJO et al., 1993)
A utilização da cobertura de solo no cultivo da alface tem se mostrado fator
determinante no aumento da produção e na qualidade do produto. No entanto, para que a
utilização da cobertura seja viável é preciso que novas alternativas de cobertura, disponíveis na
região de cultivo, sejam avaliadas. Por exemplo, Andrade Junior (2005), trabalhando com
coberturas de canteiro para cultura de alface, em Minas Gerais, concluiu que a cobertura com
casca de café superou o material sintético plástico preto em todas as características avaliadas.
Esse resultado é importante, principalmente para a região do sul de Minas, pois nesta área existe
grande disponibilidade de casca de café.
Rodrigues et al. , (2009) concluíram que as coberturas de solo com capim e cobertura de
solo com polietileno dupla face proporcionaram as maiores produções em massa de matéria
fresca, diâmetro e número de folhas; porém, recomenda-se a utilização de um material vegetal
como cobertura de solo nas épocas de altas temperaturas e o uso de polietileno nas épocas de
baixas temperaturas. Os restos vegetais contribuem ainda como reserva considerável de
nutrientes (ROSOLEM et al., 2003).
Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003) avaliaram a influência de vários tipos de
cobertura de solo sobre a produtividade da alface e verificaram que as coberturas com bagaço de
cana e palha de arroz proporcionaram maiores ganhos de peso das plantas, 710,0 e 669,5
21
gramas, respectivamente, quando comparada ao tratamento terra nua sem capina (355,6 g) e ao
tratamento em que se utilizou plástico transparente (280,4 g). Carvalho et al (2005) observaram
que as coberturas proporcionaram maiores médias no número de folhas e de matéria fresca,
quando comparadas com a testemunha (solo nu).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento da alface crespa,
cultivar Verônica, em função de diferentes fontes de matéria orgânica e cobertura do solo.
4. Material e Métodos
O trabalho foi realizado na área experimental do Projeto Pequeno Produtor Grande
Empreendedor do Instituto GBarbosa em parceria com a Universidade Federal de Sergipe,
situada no município de Itabaiana, localizada na latitude 10º 41’ 11” e Longitude 37º 25’ 37, a
56 quilômetros de Aracaju, com clima de transição entre o semi-árido e semi-úmido, com
temperatura média anual de 24,7ºC e pluviosidade média de 858,5 mm.
4.1 Cultivar e produção de mudas
Para o experimento foi utilizada a cultivar Verônica do grupo crespa. As mudas foram
produzidas em estufa (Figura 1) onde foram utilizadas bandejas plásticas com 162 células e
substrato comercial, mantendo as bandejas em ambiente protegido, o sistema de irrigação
utilizado foi por microaspersão, até que apresentassem quatro folhas definitivas (Figura 2),
quando foram transplantadas para os canteiros.
22
FIGURA 1: Estufa utilizada para a produção das mudas de alface, Itabaiana-SE.
FIGURA 2: Muda de alface pronta para o transplante, Itabaiana-SE.
4.2 Delineamento Experimental
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com fatorial 6 x 2,
sendo doze tratamentos e quatro repetições num total de 48 parcelas (Figura 3) constituídos
23
pelos diferentes tipos de matéria orgânica utilizada: esterco bovino, esterco ovino/caprino,
esterco de aves, composto orgânico, torta de mamona e testemunha (sem adição de matéria
orgânica) e cobertura do solo.
Para cobertura foi utilizada palha de capim elefante (Pennisetum purpureum
Schumach.)
Para todas as fontes de adubação orgânica foram utilizadas doses de 30 t/ha, cujo
volume correspondeu, em baldes de 10 L: um balde e meio de esterco bovino, caprino/ovino e
composto; um balde de torta de mamona e dois baldes de composto/parcela.
Os tratamentos foram: T 1: adubação com esterco bovino – sem cobertura; T 2 -
adubação com esterco bovino – com cobertura; T3 - adubação com esterco ovino/caprino – sem
cobertura; T4 - adubação com esterco ovino/caprino – com cobertura ; T 5 - adubação com
esterco de aves – sem cobertura; T 6 - adubação com esterco de aves – com cobertura; T 7 -
adubação com composto – sem cobertura; T 8 - adubação com composto – com cobertura; T 9 -
adubação com torta de mamona – sem cobertura; T 10 - adubação com torta de mamona – com
cobertura; T 11 - testemunha – sem cobertura; T 12 - testemunha – com cobertura.
4.3 Coleta e Análises do Solo
Foram feitas coletas de solo utilizando um trado na profundidade 0-20 cm para a
realização de análises químicas e físicas do solo antes da instalação do experimento. As análises
foram feitas no Laboratório de Análise de solo do Departamento de Ciência do Solo na
Universidade Federal de Lavras (Tabela1).
TABELA 1: Análise química do solo da área experimental. Itabaiana-SE.
Prof. pH M.O. P K Ca Mg Al H+Al CTC V
(cm) H2O Dag/kg Mg/dm3 Mg/dm3 cmolc/dm3 %
0-20 7,7 0,6 87,3 50 1,9 2,9 0,0 0,7 5,6 87,8
24
FIGURA 3: Distribuição dos tratamentos na área experimental. Itabaiana-SE.
BLOCO 2 BLOCO 1 BLOCO 3 BLOCO 4
Tratamento 6
Tratamento 11
Tratamento 9
Tratamento 4
Tratamento 7 Tratamento 2 Tratamento 4 Tratamento 5
Tratamento 12 Tratamento 12 Tratamento 12 Tratamento 11
Tratamento 5 Tratamento 10 Tratamento 11 Tratamento 10
Tratamento 9 Tratamento 9 Tratamento 7 Tratamento 8
Tratamento 1 Tratamento 5 Tratamento 2 Tratamento 2
Tratamento 8 Tratamento 3 Tratamento 1 Tratamento 12
Tratamento 2 Tratamento 7 Tratamento 5 Tratamento 6
Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 10 Tratamento 3
Tratamento 11 Tratamento 6 Tratamento 8 Tratamento 7
Tratamento 10 Tratamento 8 Tratamento 3 Tratamento 9
Tratamento 4 Tratamento 1 Tratamento 6 Tratamento 1
4.4 Tratos Culturais
A adubação utilizada foi exclusivamente orgânica de acordo com os tratamentos.
Durante o ciclo da cultura foram realizadas duas capinas, sendo a primeira aos 15 dias e
a segunda aos 30 dias após o transplantio.
A irrigação foi feita diariamente em dois períodos, no início da manhã e final da tarde
utilizando o sistema de microaspersão.
25
4.5 Características Avaliadas
As avaliações foram feitas 43 dias após o transplantio, esse tempo foi determinado em
função do tratamento com esterco de aves que mostrou início de pendoamento.
As plantas foram colhidas e, no mesmo dia, foram realizadas as avaliações das seguintes
características: massa fresca de parte aérea e raiz, número de folhas, diâmetro da cabeça (Figura
4). Para a medição destas características foi adotada como parcela útil 5 plantas da linha central
de cada parcela, descartando, assim, as bordas. Após a realização destas medidas, as plantas
foram colocadas em sacos de papel, separando parte aérea e raiz, e levadas à estufa de
circulação forçada a 60ºC por 6 dias e, em seguida, retiradas para a pesagem de matéria seca.
FIGURA 4: Detalhe da medição do diâmetro da planta
4.6 Temperatura do solo
Para a realização das leituras da temperatura do solo foi utilizado um termômetro digital.
As leituras foram realizadas semanalmente sempre em um ponto central da parcela útil (Figura
5).
26
FIGURA 5: Leitura da temperatura, Itabaiana-SE.
5. Resultados e Discussões
Para todas as características avaliadas houve interação significativa para os dois fatores
(Tabela 2), com exceção da massa seca de raiz, onde apenas o fator adubação orgânica foi
significativa.
TABELA 2: Resumo da análise de variância para diâmetro da alface (D), número de folhas (N.F.), matéria fresca de parte aérea (MFA), matéria fresca de raiz (MFR), matéria seca de parte aérea (MSA) e matéria seca de raiz (MSR). FV GL D NF MFA MFR MSA MSR
QUADRADOS MÉDIOS
Org 5 46,0024* 104,7117* 35,4438* 1,0847* 1,4066* 0,2543 *
Cob 1 11,2520 NS 60,7500* 53,3380* 0,6593 NS 1,0308 NS 0,1752 NS
Org*Cob 5 49,2969* 90,2076* 32,3516* 1,3905* 2,0954* 0,2210 NS
Erro 36 10,4227 12,3355 4,0914 0,3920 0,4184 0,1017
CV(%) 13,03 22,73 21,72 11,63 16,64 23,15
FV – Fontes de variação; Org – Fontes de matéria orgânica; Cob – Cobertura do solo; D – Diâmetro da cabeça de alface (cm); NF – Número de folhas; MFA – Massa fresca de parte aérea (g); MFR – Massa fresca de raiz (g); MAS – Massa seca de parte aérea (g); MSR – Massa seca de raiz (g). *Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F. Todas as variáveis foram ajustadas pela equação √푥 + 0,5 com exceção do diâmetro e número de folhas.
27
Em relação ao diâmetro da cabeça de alface, quando utilizada a cobertura do solo
observou-se que as fontes de adubo orgânico tiveram comportamentos distintos sendo o esterco
de aves superior com média de 31,65 cm, seguido dos tratamentos com composto orgânico
(27,03 cm) e esterco de ovinos (26,32 cm). O esterco bovino e a torta de mamona apresentaram
os piores desempenhos apresentando médias de 20,82 cm e 23,50 cm respectivamente, sendo
estatisticamente iguais à testemunha (Tabela 3). Neto et al., (1990) em trabalho avaliando o
efeito de diferentes resíduos orgânicos na produtividade da alface observaram que a utilização
do esterco de aves aliada a adubação química resultou num aumento do diâmetro da alface,
constatando também que a utilização do dobro da dose recomendada de esterco de galinha
substitui satisfatoriamente a mesma dose de fertilizante mineral.
Outro fator observado foi a elevada temperatura do solo quando utilizou-se a torta de
mamona, o que pode ter contribuído para a baixa média de diâmetro da cabeça de alface.
Pimentel et al. (2008) observaram resposta positiva à utilização de doses crescentes de
composto orgânico para a cultura da alface sobre o diâmetro das cabeças, apresentando essas
maiores e mais pesadas nas parcelas onde o composto foi incorporado.
Os estercos de aves e ovinos tiveram melhoria significativa quando foi utilizada a
cobertura. Os demais tratamentos não diferiram estatisticamente para essa variável.
TABELA 3: Médias do diâmetro e número de folhas de alface em função da matéria orgânica e
cobertura do solo.
Tratamento Diâmetro (cm) Número de Folhas
Cobertura Sem Com Sem Com
E. A. 24,54 aB 31,65 aA 12,62 bB 26,12 aA E. B. 25,30aA 20,82 cA 16,60 aA 11,24 cB C. O. 28,08 aA 27,03 bA 20,51 aA 20,71 bA T. M. 24,16 aA 23,50 cA 13,68 bA 13,68 cA E. O. 19,15 bB 26,32 bA 10,02 bB 16,57 cA S. A. 24,50 aA 22,22 cA 12,50 bA 11,10 cA CV (%) 13,03 22,73 Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Scott-Knott a 5%. E. A: esterco de aves; E B: esterco bovino; C O: composto orgânico; T M: torta de mamona; E O: esterco de ovinos; S A: sem adubação (testemunha). Em relação ao número de folhas (Figura 6) quando utilizada a cobertura do solo o
tratamento com esterco de aves apresentou comportamento distinto dos demais, sendo o
esterco de aves apresentando o melhor resultado seguido pelo tratamento onde se utilizou o
composto orgânico. Os tratamentos onde se utilizou esterco bovino, torta de mamona e esterco
ovino foram estatisticamente iguais a testemunha. E também para essa característica a cobertura
28
favoreceu o tratamento com esterco de aves. Freitas et al. (2009) em trabalho utilizando esterco
de aves, composto orgânico e adubação mineral não encontram interação significativa entre os
tratamentos e época de plantio para número de folhas.
Em condições de cultivo orgânico, OLIVEIRA et al.,(2010) avaliando o
comportamento da alface destacaram que o rendimento de folhas da alface pode estar
relacionado às funções que os adubos orgânicos exercem sobre as propriedades físicas, químicas
e biológicas do solo, uma vez que eles apresentam efeitos condicionadores e aumentam a
capacidade do solo em armazenar nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas.
PORTO et al.,(1999) observaram que o número de folhas menor pode ser causado pela
temperatura e luminosidade elevadas no período em que realizaram o experimento , o que
resultou também em menor ciclo vegetativo.
FIGURA 6: Número de folhas da alface entre os tratamentos
EA= esterco de aves, EB= Esterco bovino, CO= composto, TM= torta de mamona, EO= esterco ovino, AS= sem adubação orgânica
A utilização de esterco de aves associada à cobertura do solo proporcionou a melhor
produção de massa fresca (Figura 7) estatisticamente igual ao composto, com médias de 254,3
g e 178,86 g respectivamente, as demais fontes de matéria orgânica não apresentam diferença
significativa em relação a utilização de cobertura do solo. Utilizando fontes de matéria orgânica
para produção de alface, Porto et al., (1999), verificaram um incremento na matéria fresca ao
utilizar a cama de frango como fonte de adubação.
A esses resultados seguiram-se os tratamentos onde utilizou-se esterco ovino e torta de
mamona. Para essa característica o esterco bovino obteve o mesmo comportamento da
12,62
16,60
20,51
13,68
10,0212,50
26,12
11,24
20,71
13,6816,57
11,10
0
5
10
15
20
25
30
E. A. E. B. C. O. T. M. E. O. S. A.
Sem cobertura
Com cobertura
29
testemunha, o que pode ser explicado pela origem do esterco e segundo Vidigal (1995) pode ter
efeito imediato ou residual de acordo com o grau de decomposição dos resíduos.
O efeito da cobertura teve diferenças significativas para os tratamentos com esterco de
aves e ovinos onde a cobertura proporcionou aumento considerável para essa característica.
FIGURA 7: Massa fresca da alface em função dos diferentes tratamentos.
EA= esterco de aves, EB= Esterco bovino, CO= composto, TM= torta de mamona, EO= esterco ovino, AS= sem adubação orgânica
Para massa fresca de raiz o composto orgânico e o esterco de aves foram superiores
quando se utilizou cobertura morta e, para massa seca da parte aérea, o esterco de aves foi
isoladamente superior aos demais. Sem cobertura todos os tratamentos foram estatisticamente
iguais para essas duas características (Tabela 4). Roel et al., (2007) não observaram diferenças
significativas para matéria seca, obtendo valores semelhantes aos da testemunha em trabalho
que avaliou a produção de alface utilizando fertilizantes orgânicos. Segundo Oliveira et al.,
2010.
RODRIGUES et al., (2009) encontraram resultados semelhantes ao avaliar a produção
de alface em sistema orgânico com a utilização de cobertura do solo, onde a produção de
matéria fresca obteve um incremento ao utilizar o capim como cobertura dos canteiros.
55,08
103,32
134,43
49,9335,52
67,18
254,3
58,74
178,86
97,1892,62
42,00
0
50
100
150
200
250
300
E. A. E. B. C. O. T. M. E. O. S. A.
Sem cobertura
Com cobertura
30
TABELA 4: Médias de massa fresca e seca de parte aérea e raiz.
Tratamento MFA (g) MFR (g) MSA (g) Cobertura
Sem Com Sem Com Sem Com E. A. 55,08 bB 254,30 aA 3,93 aB 12,20 bA 5,01aB 18,46 aA E. B. 103,32 aA 58,74 cA 8,33 aB 3,58 cA 8,50 aA 4,44 bA C. O. 134,43 aA 178,86 aA 9,13 aA 11,68 bA 10,50 aA 9,76 bA T. M. 49,93 bA 97,18 bA 5,62 aA 5,50 cA 5,53 aA 7,70 bA E. O. 35,52 bB 92,62 bA 3,37 aA 7,52 cA 3,46 aA 7,12 bA S. A. 67,18 bA 42,00 cA 4,81 aA 3,92 cA 5,50 aA 3,68 bA CV (%) 21,72 24,43 23,98
Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Scott-Knott a 5%. E. A: esterco de aves; E B: esterco bovino; C O: composto orgânico; T M: torta de mamona; E O: esterco de ovinos; S A: sem adubação (testemunha).
Para massa seca de raiz não houve interação significativa entre os fatores estudados.
Apenas o fator fonte de matéria orgânica foi significativo onde o esterco de aves e o composto
apresentaram os melhores resultados (Figura 8).
FIGURA 8: Massa seca da raiz de alface cultivada em diferentes tipos de adubação orgânica solo.
EA= esterco de aves, EB= Esterco bovino, CO= composto, TM= torta de mamona, EO= esterco ovino, AS= sem adubação orgânica
Quanto a temperatura, observa-se pela Figura 9 que houve uma tendência de aumento
de temperatura nos tratamentos sem cobertura. Moura Filho et al., 2010 observaram que a
temperatura foi influenciada pelos tipos de cobertura e a mesma também influenciou na
quantidade de plantas daninhas existentes.
O tratamento onde se utilizou a torta de mamona apresentou as maiores temperaturas.
Observou-se que quando utilizada a cobertura do solo as temperaturas médias do solo
tenderam a abaixar e o tratamento com torta de mamona apresentou as maiores temperaturas em
relação aos demais, mesmo quando utilizado a cobertura morta. Gasparim et al., 2005
31
verificaram que a temperatura do solo quando cultivado sem cobertura apresenta tendência a
aumentar.
Na Figura 9 são mostradas as temperaturas do ar nos dias da coleta. Em todos os
tratamentos a temperatura do solo se manteve mais alta que a temperatura do ar. Em trabalhos
com cobertura de solo, utilizando cobertura morta e plásticos, Ziza et al. (2002), relatam que os
resultados obtidos podem estar associados às ocorrências de maiores temperaturas do solo
provocadas pela cobertura com estes plásticos em relação aos demais tipos de cobertura e
observaram que a temperatura média do solo coberto com casca de arroz foi igual a do solo sem
cobertura, 23,9C, concordando com resultados semelhantes encontrados por Chaves et al.
(2003) os quais relataram o efeito do plástico em aumentar a temperatura do solo a níveis de
afetar o metabolismo da planta, interferindo no seu crescimento e desenvolvimento.
32
FIGURA 9: Comparação entre as temperaturas médias dos tratamentos sem cobertura (SC) e com cobertura (CC) com a temperatura média do ar, Itabaiana-SE. A= esterco de aves, EB= Esterco bovino, CO= composto, TM= torta de mamona, EO= esterco ovino, AS= sem adubação orgânica.
20,0
25,0
30,0
E B / S C E B / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
20,0
25,0
30,0
E O / S C E O / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
20,0
25,0
30,0
E A / S C E A / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
20,0
25,0
30,0
C O / S C C O / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
20,0
25,0
30,0
T M / S C T M / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
20,0
25,0
30,0
S A / S C S A / C C T. AR
21/dez 28/dez 30/dez
06/jan 07/jan
33
6. Conclusões
Quando utilizada a cobertura do solo o esterco de aves mostrou-se como a melhor fonte
de matéria orgânica para o cultivo de alface.
Para temperatura do solo a cobertura morta se mostrou eficaz no seu controle.
34
7. Referências Bibliográficas
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35
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36
CAPÍTULO 3
Umidade do solo em função da matéria orgânica e cobertura do solo no cultivo da alface crespa (Lactuca sativa L) em Itabaiana-SE. SANTOS, Carlos Allan Pereira dos. Umidade do solo e temperatura em função da matéria orgânica e cobertura do solo no cultivo da alface crespa (Lactuca sativa L) em Itabaiana-SE. In: Produção da alface crespa e umidade do solo em função de diferentes fontes de matéria orgânica e cobertura do solo. Cap. III. Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE.
1. RESUMO A alface é uma das hortaliças mais exigentes em água, sendo seu déficit um fator limitante para a produção desta olerícola. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes fontes matéria orgânica e da cobertura do solo na tensão de água no solo e monitoramento da temperatura na cultura da alface. Para tanto foi escolhida a cultivar Veronica. O experimento foi conduzido em área experimental do Projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor situado no município de Itabaiana-SE, no ano de 2010. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos compostos de cinco fontes de matéria orgânica (composto orgânico, esterco de aves, esterco bovino, esterco ovino e torta de mamona) e uma testemunha sem adubação todos com e sem cobertura morta totalizando 12 tratamentos. Foram instalados tensiômetros para a realização da avaliação da tensão de água no solo. Quando utilizou-se a cobertura do solo obteve-se melhores resultados em relação a tensão de água. Em todos os tratamentos a umidade do solo ficou acima da capacidade de campo.
Palavras-Chave: tensão de água, matéria orgânica, tensiômetro
37
SANTOS, Carlos Pereira dos Allan. Tension of soil water as a function of organic matter and soil cover in the cultivation of lettuce (Lactuca sativa L) in Itabaiana -SE. In: Production of lettuce and soil moisture for different sources of organic matter and soil cover. Chapter III. Dissertation in Agroecosystems - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE
2. ABSTRACT
The lettuce is one of the vegetables most demanding in water, being its deficit a limiting factor for the production of this vegetable crop. The objective of this work was to evaluate the influence of different sources organic substance and the covering of the ground in the water tension in the ground and monitoring of the temperature in the culture of the lettuce. For in such a way it was chosen to cultivate Veronica. The experiment was lead in experimental area of the Project Pequeno Produtor Grande Empreendedor in the Itabaiana city, in the year of 2010. The used delineation was of blocks casualizados with four repetitions, being the treatments composites of five sources of organic substance (compost, chicken manure, cattle manure, sheep manure and castor bean) and a witness without fertilization all with and without covering deceased totalizing 12 treatments. They had been installed tensiometers for the accomplishment of the evaluation of the water tension in the ground. When it was used covering of the ground was gotten better resulted in relation the water tension. In all the treatments the humidity of the ground was above of the field capacity.
Keywords: tension of water, organic matter, tensiometer.
38
3. Introdução
A alface é uma hortaliça que tem seu desenvolvimento influenciado pela umidade do solo,
sendo a deficiência de água uma limitação para seu crescimento pleno e por consequência para
uma produtividade elevada. Mesmo sendo uma das hortaliças mais exigentes em água, responde
com maior intensidade aos efeitos oriundos da aplicação ou não desse fator.
Os processos fisiológicos envolvidos na produção vegetal têm uma relação muito estreita
com a maior ou menor disponibilidade de água no solo para as plantas (AGUIAR, 2005).
Quanto à necessidade hídrica da cultura da alface, distintas abordagens são feitas e diferentes
parâmetros são estudados. Alguns autores relatam o efeito do nível de umidade do solo com o
crescimento e o rendimento da cultura, bem como o excesso de umidade, como relata Fhecha
(2004), que a produtividade relativa da cultura da alface apresenta correlações lineares negativas
com estresse devido ao excesso de água no solo, podendo esse efeito ser identificado pela
redução da altura da planta, do diâmetro e do peso da parte aérea, além da redução do diâmetro
do caule, sendo a variável peso da parte aérea a que apresentou maior sensibilidade. Muitas
variáveis influenciam nas metodologias empregadas para se obter o uso racional da água.
Porém, a estimativa de consumo de água pelas culturas assume grande destaque, na medida em
que se busca maximizar a produção e minimizar custos (MEDEIROS, 2002).
Para o manejo da água de irrigação, se faz necessário a realização do monitoramento diário
da umidade do solo e/ou da evapotranspiração, durante todo o ciclo de desenvolvimento da
cultura. Para esta tarefa é importante o conhecimento de parâmetros relacionados às plantas e ao
clima, para que assim seja possível indicar o momento e a quantidade de água a ser aplicada
(MAROUELLI et al., 1996).
A curva de retenção de água é um instrumento de grande importância em estudos de
qualidade do solo com vistas a nortear as práticas de uso e o manejo sustentável dos sistemas de
produção agrícola (MACHADO et al.,2008).
O conhecimento detalhado da dinâmica da água durante o desenvolvimento de uma cultura
fornece elementos essenciais ao estabelecimento ou aprimoramento de práticas de manejo
agrícola que visam à otimização da produtividade (CRUZ et al., 2005).
O acompanhamento do nível de umidade no solo, na zona de maior atividade das raízes, tem
sido recomendado com uma das formas pertinentes para verificação da efetividade das
irrigações. Esse acompanhamento pode ser realizado, indiretamente, por meio de medidas de
tensão em que a água se encontra retida no solo. Com essas medidas, tanto superficiais quanto
em profundidade, é possível identificar se o solo está suficientemente seco para o reinício das
39
irrigações ou suficientemente úmido para interromper sua aplicação. Essas medidas podem ser
conseguidas, facilmente, utilizando o tensiômetro (AZEVEDO & SILVA, 1999).
Vários trabalhos demonstram que a tensão de água no solo pode ser indicada para
determinar o momento de irrigar e a quantidade de água a ser aplicada. O funcionamento do
tensiômetro ocorre em função da tensão da água no solo ou potencial matricial que, por sua vez,
está relacionado com as forças de capilaridade e as cargas elétricas da superfície das partículas.
Desta forma, quando ocorre aumento da tensão da água no solo, ou seja, o solo está mais seco,
dá-se a passagem de água do interior do tubo do tensiômetro através da cápsula para o solo,
formando-se vácuo parcial dentro do aparelho, que é registrado pelo vacuômetro metálico ou de
mercúrio ou por tensímetro. Quando ocorrem chuvas ou irrigação, a água se movimenta no
sentido inverso (do solo para o tensiômetro), diminuindo o vácuo existente e,
conseqüentemente, a leitura de tensão de água no solo (FARIA & COSTA, 1987). Depois de
estabelecido o equilíbrio, o potencial da água dentro da cápsula é igual ao potencial no solo em
torno dela, e quando isto acontece o fluxo de água cessa (REICHARDT, 2004).
Segundo Faria e Costa (1987), o tensiômetro opera na faixa de 0 a 80 kPa. Leituras de
tensão próximas a zero, indicam que o solo está saturado e que as plantas sofreriam com falta de
oxigênio. Por outro lado, leituras acima de 25 kPa indicam deficiência hídrica em plantas
sensíveis, com sistema radicular mais superficial.
Stone et al. (1988), em trabalhos com feijoeiro determinaram a não significância da
interação entre as profundidades de instalação de tensiômetros e as tensões estudadas. Para a
cultura da alface Santos (2002) determinou uma tensão de 15 kPa a uma profundidade de 15cm
para obtenção de maiores produtividades, sendo que a produtividade, altura de plantas, número
de folhas internas, massa fresca da parte comercial e diâmetro do caule da cultura reduz
linearmente em função do aumento da tensão da água no solo no intervalo de 15 e 89 kPa.
Aguiar et al. (2007) avaliando diferentes equipamentos na medição de umidade no perfil de
solo, no Platô de Neopólis-SE, concluíram que o tensiômetro proporcionou desempenho
satisfatório para baixas tensões ocorridas nas camadas superficiais até 0,30m de profundidade e
insatisfatório para as altas tensões ocorridas a partir de 0,60m de profundidade.
Esses valores de kPa podem se alterar em função da evapotranspiração, do período crítico
de déficit e do tipo de sistema de irrigação. Silva & Marouelli (1998) afirmam que para
obtenção de produtividade máxima da alface a tensão deve estar entre 40 e 60 kPa, sendo que o
valor de 40 kPa corresponde a locais de evapotranspiração alta (maior que 5mm.dia-1).
A cobertura morta na superfície do solo previne a evaporação reduzindo assim a taxa de
evapotranspiração das culturas e propicia aumento de intervalo entre as irrigações (STONE &
40
MOREIRA, 2000). Essa cobertura representa uma fonte substancial de matéria orgânica
melhorando a estrutura do mesmo. Mas devido a decomposição acelerada o resíduo pode não
ser suficiente para formação de cobertura efetiva (OLIVEIRA E SOUZA, 2003).
A textura é fator determinante da retenção de água, por atuar diretamente na área de contato
entre as partículas sólidas e a água. Alguns valores de tensão tem sido determinados em função
da textura do solo. A capacidade de retenção de água na zona radicular de uma determinada
cultura depende, basicamente, da textura e da estrutura do solo, da profundidade efetiva deste
sistema e da profundidade da camada de solo (Bernardo et al., 2006). Carrijo et al., (1999)
determinaram que para solos de textura média (franco argiloso ou franco arenoso), deve-se
irrigar quando o tensiômetro indicar 10-15 kPa, para solos de textura fina (argiloso) entre 15-20
kPa e para solos de textura grossa (arenosos) entre 5-10 kPa.
O trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes fontes matéria orgânica e da
cobertura do solo na tensão de água no solo.
4. Material e Métodos
O trabalho foi realizado na área experimental do Projeto Pequeno Produtor Grande
Empreendedor do Instituto Gbarbosa em parceria com a Universidade Federal de Sergipe
situada no município de Itabaiana localizada na latitude 10º 41’ 11” e Longitude 37º 25’ 37, a
56 quilômetros da Capital, Aracaju, com clima de transição entre o semi-árido e semi-úmido,
com temperatura média anual de 24,7ºC e pluviosidade média de 858,5 mm.
4.1 Cultivar e produção de mudas
Para o experimento foi utilizada a cultivar Verônica pertencente ao grupo crespa. As
mudas foram produzidas em estufa utilizando-se bandejas plásticas com 162 células e substrato
comercial, as bandejas foram mantidas em ambiente protegido, utilizando irrigação por
microaspersão até que apresentassem quatro folhas definitivas, quando foram transplantadas
para os canteiros.
4.2 Características do solo
41
Foram feitas coletas de solo com trado holandês na profundidade 0-20 cm para a
realização de análises químicas e físicas do solo antes da instalação do experimento. As mesmas
foram feitas no Laboratório de Análise de solo do Departamento de Ciência do Solo na
Universidade Federal de Lavras (Tabela 5).
TABELA 5: Análise física do solo da área experimental. Itabaiana-SE, 2010.
4.3 Delineamento Experimental
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com fatorial 6 x 2,
sendo doze tratamentos e quatro repetições num total de 48 parcelas sendo doze tratamentos
constituídos pelos diferentes tipos de matéria orgânica utilizada: esterco bovino, esterco
ovino/caprino, esterco de aves, composto orgânico, torta de mamona e testemunha (sem adição
de matéria orgânica) e cobertura do solo. Para cobertura foi utilizada palha de capim elefante
(Pennisetum purpureum Schumach.)
4.4 Monitoramento da umidade do solo
Na área do projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor a irrigação é realizada na
parte da manhã e a tarde. Para realização desse trabalho foi utilizada a mesma irrigação.
A umidade do solo foi monitorada com 12 tensiômetros (Figura 10) colocados em cada
tratamento, na profundidade de 20 cm. Para medição do potencial matricial da água, foi
utilizado um tensímetro digital marca SondaTerra (Figura 11).
Após o preparo dos canteiros e transplantio das mudas foram instalados os tensiômetros,
os quais são constituídos por tubos plásticos com um tampão de borracha siliconizada na
extremidade superior e uma cápsula de cerâmica porosa instalada na extremidade inferior. Para
as leituras foi utilizado um tensímetro digital. As leituras foram realizadas diariamente no
período da manhã, antes da primeira irrigação.
Prof. M.O. Granulometria
- Areia
Granulometria
- Silte
Granulometria
- Agila
Classificação
textural
(cm) dag/kg %
0-20 0,6 80,0 13,0 7,0 Areia Franca
42
FIGURA 10: Detalhe do tensiômetro no canteiro, Itabaiana-SE.
FIGURA 11: Detalhe do tensímetro digital no momento da leitura, Itabaiana-SE.
Foram coletadas amostras indeformadas de solo, na mesma profundidade em que os
tensiômetros foram instalados, para isso foi utilizado o coletor de amostras indeformadas tipo
Uhland (figura 12), cada anel, com dimensões de 0,0599m de altura e 0,0537m de diâmetro.
43
Após retiradas, as amostras foram levadas ao laboratório de Física do Solo da Embrapa
Tabuleiros Costeiros para a determinação das características físicas do solo.
Para determinação da capacidade de retenção de água no solo foi confeccionada curva
característica de retenção de água no solo. O método se baseia na determinação da umidade
após dessorção (secamento) de amostras indeformadas quando submetidas a diferentes tensões,
simulando o potencial mátrico no solo.
Para as características de porosidade total, macro e microporosidade, as amostras foram
saturadas durante 24 h, pesadas e levadas à mesa de tensão sob uma tensão de 6 kpa
(macroporosidade). Após atingirem o equilíbrio na mesa de tensão, as amostras foram
novamente pesadas e levadas à estufa para secar a 105º C e pesadas (microporosidade). Para
determinação da densidade do solo a foi feita a relação entre a massa do solo seco à 105 ºC e o
volume do anel.
As amostras indeformadas também foram utilizadas para obtenção da curva de retenção
que relaciona o teor ou o conteúdo de água no solo com a força de (tensão) com que ela está
retida pelo mesmo. Para elaboração da curva de retenção utilizaram-se as tensões -1, -4, -6, -10,
-33, -100, -500 e -1500 kPa. Para tensões de -1 a -10 kPa foi utilizada mesa de tensão.
Câmaras de baixa tensão foram usadas para os pontos 33 e 100 kPa e de alta tensão para os
pontos 500 e 1500 kPa. As amostras foram mantidas tanto na mesa de tensão como nas câmaras
de pressão pelo tempo necessário para atingir o equilíbrio, ou seja, o momento em que não mais
houvesse drenagem de água. O ajuste das curvas de retenção da água no solo se deu com base
na equação de Van Genuchten (1980), utilizando o programa CURVARET versão 2.16
(Departamento de Agricultura – ESALQ), e plotados em função das tensões de sucção
aplicadas.
44
FIGURA 12: Detalhe do coletor de Uhland e cápsula com amostra indeformada, Itabaiana-SE.
4.5 Coleta dos dados climáticos
Os dados climáticos utilizados na condução do experimento foram obtidos por meio da
estação automática, localizada na área experimental do projeto pequeno produtor grande
empreendedor no município de Itabaiana-SE (Tabela 6).
TABELA 6: Precipitação, temperatura e umidade do ar no período de avaliação, Itabaiana-SE, 2010.
Data Precipitação Temperatura do Ar Umidade Relativa do
Ar [mm] [°C] [%]
Somatório Média Mínimo Máximo Média
24/12/2010 3,6 26,75 21,99 34,32 77 27/12/2010 5,4 25,75 21,15 32,51 76
28/12/2010 3,4 25,67 19,92 33,04 78 29/12/2010 4,4 26,27 20,73 33,71 76
30/12/2010 4,2 26,91 23,47 32,66 77 31/12/2010 1 26,35 22,79 32,53 76
03/01/2011 3,8 26,48 21,61 32,84 78 04/01/2011 2 26,5 22,38 32,91 79
05/01/2011 10,6 26,2 21,96 32,31 78 06/01/2011 2,6 25,65 21,72 31,51 77
07/01/2011 3 25,66 20,62 32,12 77
45
5. Resultados e Discussões
Em relação a tensão de água no solo houve variação em relação aos tratamentos
estudados (Figura 13), entretanto existiu uma tendência dos tratamentos com cobertura do solo
apresentarem leituras menores, havendo assim, uma influência da cobertura na tensão de água
no solo e por consequência na capacidade de reter água no solo.
Observando a figura 10 nota-se que ao utilizar cobertura do solo os tratamento com
composto orgânico e esterco de aves apresentaram as maiores tensões de água do solo. O
tratamento em que não foi utilizada nenhuma fonte de matéria orgânica apresentou os menores
valores de tensão de água no solo quando utilizada a cobertura morta, mostrando assim a
influencia da cobertura e da matéria orgânica na tensão de água no solo. Lima (2007) em
avaliando a influência da cobertura do solo na tensão do solo encontrou faixa de tensão de água
no tratamento sem utilização de cobertura morta em torno de 4 kPa. Oliveira e Souza (2003)
observaram que a o material utilizado como cobertura morta teve a sua decomposição acelerada
e assim o resíduo pode não ser suficiente para uma formação de cobertura efetiva.
Os valores de kPa encontrados estão dentro da faixa citada por Carrijo et al., (1999) que
determinaram que para um solo de textura arenosa deve-se irrigar quando os valores estiverem
entre 5 – 10 kPa.
Santos e Pereira (2004) observaram que para alface americana quanto menor a tensão de
água no solo maior foi a matéria fresca da parte comercial, destacando a importância do
fornecimento de água visto que a maior produtividade foi encontrada quando as irrigações
foram distribuídas com maior frequência ao longo do ciclo da cultura.
46
FIGURA 13: Variação da tensão da água no solo nos tratamentos sem cobertura (SC) e com cobertura (CC) do solo . EA= esterco de aves, EB= Esterco bovino, CO= composto, TM= torta de mamona, EO= esterco ovino, AS= sem adubação orgânica
Com as análises das amostras indeformadas determinou-se a densidade (1,53g.cm-3) e a
porosidade total de 0,386 kg.dm-3, sendo 0,210 e 0,176kg.dm-3 de macro e microporosidade
respectivamente, caracterizando um solo de textura arenosa. Nesse contexto, justifica-se o uso
de matéria orgânica que melhora a estrutura do solo, sendo por isso importante a manutenção
dos teores de matéria orgânica no solo, quer seja através da aplicação de adubos orgânicos, quer
seja através de outras práticas de manejo, tornando-se indiscutivelmente necessária à
recuperação e/ou manutenção de potencial produtivo de qualquer sistema agrícola.
47
A avaliação da curva de retenção (Figura 14) permite uma estimativa rápida da
disponibilidade de água no solo para as plantas, na profundidade de solo considerada. Assim,
pode-se determinar a quantidade máxima de armazenamento de água (capacidade de campo =
CC), o armazenamento mínimo (ponto de murchamento = PM) ou o armazenamento em
qualquer ponto da curva.
FIGURA 14: Curva de retenção de água no solo na profundidade de 0 a 15 cm, município de Itabaiana-SE. O manejo da irrigação de uma cultura deve ser feito de forma a promover produção
ótima do ponto de vista econômico. A irrigação deve repor, ao solo, a quantidade de água
retirada pela cultura e o momento de se irrigar é aquele no qual a disponibilidade de água no
solo assume valor mínimo, abaixo do qual a planta começa a sentir os efeitos da restrição de
água. A definição de quando irrigar pode ser feita por métodos que estabeleçam valores limites
para variáveis de solo ou de planta.
Em todos os tratamentos estudados a umidade do solo encontrada ficou entre os pontos
de capacidade de campo e saturação do solo com valores entre 0,2 a 0,35 m3.m3, mostrando
assim que a irrigação foi excessiva, porém, não tanto que chegasse a saturar o solo (Figura 15).
Oliveira et al., (2005) em trabalho com cobertura do solo determinaram que o solo sem
cobertura morta apresentou menores valores de umidade quando comparado ao solo coberto.
Sendo este fato se devendo à facilidade da perda de água devido à exposição da superfície do
solo.
Apesar dos valores de tensão de água no solo estar de acordo com outros trabalhos,
através da determinação da umidade do solo ficou evidente que a falta de um manejo da
irrigação ocasionou um excesso de aplicação de água. A produção de hortaliças no município de
48
Itabaiana – SE, necessita adotar práticas de produção mais sustentáveis, principalmente em
relação ao uso racional da água.
Figura 15: Umidade do solo nos diversos tratamentos “...continua...”
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez25
/dez
26/d
ez27
/dez
28/d
ez29
/dez
30/d
ez31
/dez
01/ja
n02
/jan
03/ja
n04
/jan
05/ja
n06
/jan
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T1Umidade do solo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T2Umidade do soloUmidade CC
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/j
an
03/j
an
05/j
an
07/j
an
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T3 Umidade do soloUmidade CC
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/j
an
03/j
an
05/j
an
07/j
an
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T4Umidade do soloUmidade CCUmidade saturação
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T5 Umidade dosolo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T6 Umidadedo solo
49
Figura 15: Umidade do solo nos diversos tratamentos
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T7 Umidade dosolo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
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ez
01/j
an
03/j
an
05/j
an
07/j
an
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T8 Umidade dosolo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T9 Umidadedo solo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/j
an
03/j
an
05/j
an
07/j
an
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T10 Umidadedo solo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/j
an
03/j
an
05/j
an
07/j
an
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T11 Umidadedo solo
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
24/d
ez
26/d
ez
28/d
ez
30/d
ez
01/ja
n
03/ja
n
05/ja
n
07/ja
n
Um
idad
e do
solo
(m3 .m
-3)
Data
T12 Umidadedo solo
50
5. Conclusões
Quando utilizou-se a cobertura do solo obteve-se melhores resultados em relação a
tensão de água.
Em todos os tratamentos a umidade do solo ficou acima da capacidade de campo.
51
7. Referências Bibliográficas
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