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mais fino dos produtos. Há ainda, a co- lheita no nível máximo de qualidade, sem nenhuma alteração artificial no sabor e na aparência", relata. "." PRODUÇAO DE HORTALiÇAS GOURMETS EM HIDROPONIA A linha de hortaliças gourmets tem alto valor agregado, composta por produtos diferenciados pelo sabor e formato; logo, sua produção em sistema hidropônico garante melhor qualidade da produção N ão há um padrão que caracteri- ze uma verdura ou um legume gourmet. O que é certo (ou pro- curado como sendo gourmet) é um vege- tal diferenciado em formato/tamanho, cor, sabor ou aparência. Também se pode ca- racterizar um produto gourmet por ser in- comum no mercado, como alguns vegetais que não fazem parte da dieta normal ou que não sejam facilmente encontrados nos mercados regionais ou nacionais. Para Carlos Reisser Júnior, doutor e pesquisador do laboratório de Agrome- teorologia da Embrapa Clima Temperado, o termo gourmet está relacionado à má- xima qualidade do produto, com vistas a ser utilizado na culinária fina ou de qualida- de diferenciada. "Da categoria 'produtos agrícolas gourmets', fazem parte os legu- mes, as hortaliças e as frutas. A qualidade desses produtos é relacionada a uma eli- te de produtores, da qual é selecionado o Qualidade em primeiro plano Desde que as tecnologias de produ- ção em hidroponia (ou fora do solo e, por consequência, em estufas plásticas) apare- ceram, sempre se objetivou melhorar a qualidade dos produtos produzidos, tan- to dentro como fora da estação adequa- da ao plantio. Esse objetivo, dentre outros, avalia Carlos Reisser Júnior, foi pontuado no sen- tido de que, para maiores investimentos, exigidos por essas técnicas, é necessário maior retomo econômico. "Esse retomo era buscado no aumento de produtivida- de (mais quilos por metro quadrado) ou do preço (produtos diferenciados por es- pécie ou qualidade)", ilustra. Adriano Edson Trevizan Delazeri, fun- dador e consultor da Hidroponic (empre- sa brasileira de pesquisa e consultoria de hidroponia), concorda com Carlos. "Não teremos nenhum tipo de vegetal gourmet, por mais fantástico que seja sua aparên- cia, se não tivermos qualidade. Vale salien- tar que todo vegetal que tiver um nível de qualidade superior pode ser chamado de gourmet" , alega. Mas, afinal, o que é qualidade superior? Esta é a pergunta inicial que todo o pro- dutor que deseja ingressar nesse mercado deve se fazer. De acordo com o consultor, qualidade superior se refere a atender vá- rios quesitos, como aparência, uniformida- de, sabor, maciez, cor, aroma, crocância, formato e tamanho. "O produtor não pre- cisa sair se aventurando em um produto fora de sua produção normal, inicialmen- te. Deve, sim, ver (e rever) seus conceitos de produção e tentar avançar na melhoria das condições citadas" , ensina. Qualidade superior diz respeito, ain- da, à segurança alimentar. Isso quer dizer a não utilização de defensivos ou a produ-

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mais fino dos produtos. Há ainda, a co-lheita no nível máximo de qualidade, semnenhuma alteração artificial no sabor e naaparência", relata.

"."

PRODUÇAO DE HORTALiÇASGOURMETS EM HIDROPONIA

A linha de hortaliças gourmets tem alto valor agregado,composta por produtos diferenciados pelo sabor e

formato; logo, sua produção em sistema hidropônicogarante melhor qualidade da produção

Não há um padrão que caracteri-ze uma verdura ou um legumegourmet. O que é certo (ou pro-

curado como sendo gourmet) é um vege-tal diferenciado em formato/tamanho, cor,sabor ou aparência. Também se pode ca-racterizar um produto gourmet por ser in-comum no mercado, como alguns vegetaisque não fazem parte da dieta normal ouque não sejam facilmente encontrados nosmercados regionais ou nacionais.

Para Carlos Reisser Júnior, doutor epesquisador do laboratório de Agrome-teorologia da Embrapa Clima Temperado,o termo gourmet está relacionado à má-xima qualidade do produto, com vistas aser utilizado na culinária fina ou de qualida-de diferenciada. "Da categoria 'produtosagrícolas gourmets', fazem parte os legu-mes, as hortaliças e as frutas. A qualidadedesses produtos é relacionada a uma eli-te de produtores, da qual é selecionado o

Qualidade em primeiro plano

Desde que as tecnologias de produ-ção em hidroponia (ou fora do solo e, porconsequência, em estufas plásticas) apare-ceram, sempre se objetivou melhorar aqualidade dos produtos produzidos, tan-to dentro como fora da estação adequa-da ao plantio.

Esse objetivo, dentre outros, avaliaCarlos Reisser Júnior, foi pontuado no sen-tido de que, para maiores investimentos,exigidos por essas técnicas, é necessáriomaior retomo econômico. "Esse retomoera buscado no aumento de produtivida-de (mais quilos por metro quadrado) oudo preço (produtos diferenciados por es-pécie ou qualidade)", ilustra.

Adriano Edson Trevizan Delazeri, fun-dador e consultor da Hidroponic (empre-sa brasileira de pesquisa e consultoria dehidroponia), concorda com Carlos. "Nãoteremos nenhum tipo de vegetal gourmet,por mais fantástico que seja sua aparên-cia, se não tivermos qualidade. Vale salien-tar que todo vegetal que tiver um nível dequalidade superior pode ser chamado degourmet" , alega.

Mas, afinal, o que é qualidade superior?Esta é a pergunta inicial que todo o pro-dutor que deseja ingressar nesse mercadodeve se fazer. De acordo com o consultor,qualidade superior se refere a atender vá-rios quesitos, como aparência, uniformida-de, sabor, maciez, cor, aroma, crocância,formato e tamanho. "O produtor não pre-cisa sair se aventurando em um produtofora de sua produção normal, inicialmen-te. Deve, sim, ver (e rever) seus conceitosde produção e tentar avançar na melhoriadas condições citadas" , ensina.

Qualidade superior diz respeito, ain-da, à segurança alimentar. Isso quer dizera não utilização de defensivos ou a produ-

As mini-hortaliças fazem partedo nicho de gourmets

ção sem resíduos tóxicos. "Como cativaro público com um produto diferenciadoque tenha defensivos? É preciso produzirsem defensivos e continuamente, o quedepende do treinamento de mão de co-laboradores e da revisão permanente dosprocessos de produção", ressalta Adria-no Delazeri.

fora do solo, em que a planta é cul-tivada com uma solução nutriti-

va que contém todos os•••• - nutrientes necessários.

Esse cultivo pode aconte-cer com asraízesnuasdo ve-

getal, imersas na solução nu-tritiva, ou em vasos,como casca

de arroz, fibra de coco ou perlita, re-gados com a solução nutritiva.

Por ser um sistema longe do solo epelo fato de a planta receber todos os nu-trientes de forma equilibrada, Adriano De-lazeri informa que a produção pode serconduzida sem a utilização de defensivosou com uma substancial redução de apli-cação destes; resulta-se, assim, em umaplanta mais forte e sadia, com qualidadenutricional e sabor equivalentes aos pro-duzidos nas melhores práticas de cultivo.Como vantagens, há a higiene e, depen-dendo do manejo, o não uso de todo tipo

A hidroponia nocontexto gourmet

A hidroponia é uma forma de cultivo

de defensivo, mesmo daqueles emprega-dos na agricultura orgânica.

Nota-se que, independentemente dosistema de cultivo, os nutrientes de que aplanta precisa para seu desenvolvimentosão os mesmos. O que diferencia um pro-duto de qualidade de outro é a utilização,ou não, de defensivos, e o tipo emprega-do. "No entanto, na hidroponia podemoscontrolar facilmente essasquestões", ga-rante o consultor.

Ainda segundo ele, se no meio em quea planta cresce houver um desequilíbriode nutrientes, sua produção será limita-da. Além disso, a nutrição desequilibradacausadiminuição na qualidade nutricionaldos vegetais. Por outro lado, num sistemaque recebe nutrição equilibrada, asplantassão pouco atrativas aos insetos; por isso,a produção de vegetais gourmets em hi-droponia é a melhor solução.

Opções gourmet

Todas as espécies de hortaliças e fru-tas podem ser consideradas como gour-

Conheça nossa linha de especialidades.

Sabor que faz a diferença.

Ca(tJp<&;Negocios NOVEMBRO 2013 ~

met, sendo que aquelas maisexóticas sãoas que chamam a atenção. Tomates cere-ja, pimentões coloridos, temperos, aro-máticas, folhosasdiversas e morangos sãoas mais cultivadas,para Carlos ReisserJú-nior,mas sempre com qualidade máxima."Essasespécies podem ser cultivadastan-to em condições a campo como em hi-droponia", diz.

Atualmente, continua Adriano Dela-zeri, podem ser encontradas no merca-do alface e rúcula em formatos mínimos,chamados de baby leaf,alfacesfrizziee decores variadas, tomatinhos muito doces ecom cores diferentes, pimentões diversose em formatos diversos, physallis,mirtilo,cenouras e beterrabas mini, milhos mini,

Ao comparar a alface convencional, queé vendida por R$ 1,50 a R$ 3,00 o qui-lo, com a alface baby leaf,comercializadapor até R$4,60 a bandeja de 200 g, há di-ferença de mais de 2.000%. Para produ-tos exóticos, os resultados podem ser ain-da maiores, dependendo da comparaçãocom produtos similares. O mesmo acon-tece com tomates e legumes, com tama-nhos, cores e formatos diferentes", com-para Adriano Delazeri.

Todo o diferencial de valor está liga-do à qualidade e à apresentação. Mas oconsultor lembra que esses produtos sãocomercializados em embalagens especí-ficas, para fixar sua marca na lembrançado consumidor.

couves de bruxelas,pimentas de bicoe ou-tras exóticas, berinjelas de cores diversas,hortaliças exóticas, micropepinos e tem-peros para a cozinha gourmet.

"O diferencial dessas hortaliças é re-sultado de tudo que foiexposto. Claro quea aparência e o formato diferenciados sãomais importantes inicialmente, mas as ca-racterísticas organolépticas (sabor, cro-cância e perfume) tornarão o consumi-dor fiel", considera o consultor.

Agregado de valor

O agregado de valor é o mais moti-vador dos produtos gourmets. "O retor-no financeiro pode chegar a até 2.000%.

G!) NOVEMBRO2013 C ~~CiO.!.""

A linha de hortaliças gourmetstem alto valor agregado, compostapor produtos diferenciados pelosabor e formato

Custo produtivo

Na produção de vegetais gourmets,em hidroponia, há um custo extra, emalguns casos, com sementes especiais,assistência técnica e mão de obra quali-ficada, tudo para obter maior produtivi-dade. Isso, para Adriano Delazeri, trazretornos surpreendentes.

Entretanto, ele alerta para uma li-mitação: "O mercado não é tão grandecomo o do produto convencional, e, por-tanto, o produtor deve conduzir sua pro-

dução de forma equilibrada entre os con-vencionais e os gourmets", aconselha.

O consultor já presenciou vários in-vestimentos como esses se pagarem logona primeira safra; de fato, o resultadoé, normalmente, imediato, dependendoapenas do volume comercializado, poisa aceitação é certa. "Para o produtor hi-dropônico, este é o passo normal: de-pois de consolidado no mercado, agregarprodutos gourmet. Para quem vai iniciar,o melhor é começar pela hidroponia, edepois caminhar nessa direção, sempretendo como guia a qualidade. Convémsalientar que até mesmo os produtos hi-dropônicos relativamente comuns, comqualidade diferenciada, já alcançam resul-tados econômicos expressivamente su-periores", conclui.

Na prática

Waldomiro Jorge de Borba cultivatodos os tipos de hortaliças em hidro-ponia, num total de 18 mil metros qua-drados. Sua produção acontece no inte-rior de São Paulo, no sítio Santo Antônio."Produzimos alface roxa para atenderum mercado delimitado, e ainda alfacemimosa, que não tem grande saída, masapresenta público para tal", garante.

O produtor abastece o mercadodo interior de São Paulo, e as hortaliçasgourmets são para um público bem res-trito, segundo ele. A embalagem é dife-renciada e segue com a marca "Verduraé Saúde", as especificações do produtoe o código de barra.

Waldomiro afirma que o manejo deprodução das hortaliças gourmets é exa-tamente igualao de outros cultivos, poisa hidroponia abrange todas as culturas.A diferença das alfaces gourmets, segun-do o produtor, está na cor, pois a roxatem coloração mais intensa, mas ambassão macias.

'Abastecemos diariamente em tornode 100 lojas, que sempre pedem hortali-ças diferenciadas. Como isso ocorre diaapós dia, precisamos ter um leque gran-de de mercadorias. Tenho ainda coen-tro, salsa e cheiro-verde hidropônicos,embalados juntos para atender a clien-tela", conta.

O carro-chefe da produção de Wal-domiro ainda é a alface crespa, seguidade rúcula.·