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VESTIBULAR DE VERÃO 2009/2010 Comunicação e Expressão 28/11/2009 - 1 PRODUÇÃO DE TEXTO TEMA I O aviso antes das avaliações é sempre contundente: “Não é permitido o uso de qualquer tipo de consulta durante a realização da prova”. Mas o alerta em muitas ocasiões não é respeitado. Que professor, afinal, nunca teve problemas com a chamada “cola” em suas provas? Essa desagradável, mas constante presença nas salas de aula no fundo guarda espaço para uma discussão que vai muito além de desculpa de aluno preguiçoso; se os alunos colam, o problema não estaria nos métodos atuais de avaliação e ensino? Foi constatado que adolescentes entre 14 e 17 anos são os que mais colam. Em todas as faixas etárias, a maioria dos alunos encara a cola como “um fato normal” e sem maiores consequências dentro do cotidiano escolar. Entre os mestres, a cola não é vista com tanta naturalidade: 63% dos professores entendem que quem cola é perigoso para a sociedade. Ainda assim, 74% admitem que a cola possa ser consequência do tipo de avaliação. 68% dos professores entendem que não existe relação direta entre o sucesso profissional e as boas médias escolares e 55% não concordam que exista relação entre nota e inteligência. [...] (Revista Língua Portuguesa nº 15) O assunto e os questionamentos desse texto dão o tom da sua redação. Escreva um texto expondo seu ponto de vista sobre o fenômeno da “Cola” nas escolas brasileiras. TEMA II Ser otimista é acreditar que o futuro reserva boas perspectivas e que é sempre possível encontrar uma solução para as adversidades. Tudo é uma questão de ponto de vista. O fato é que encarar a vida de maneira positiva e enxergar as dificuldades como desafios garante mais saúde e longevidade, segundo novas evidências científicas. Ser pessimista é encarar tudo pelo lado negativo. Há quem acredite que uma pitada desse pensamento serviria como defesa contra frustrações. (Revista Saúde!, outubro/2009) Com base na figura e nas ideias desse trecho, redija um texto acerca do TEMA: é possível ser otimista sem tirar os pés do chão. CH ZIO

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VESTIBULAR DE VERÃO 2009/2010 — Comunicação e Expressão — 28/11/2009 - 1

PRODUÇÃO DE TEXTO

TEMA I

O aviso antes das avaliações é sempre contundente: “Não é permitido o uso de qualquer tipo de consulta durante a realização da prova”. Mas o alerta em muitas ocasiões não é respeitado. Que professor, afinal, nunca teve problemas com a chamada “cola” em suas provas? Essa desagradável, mas constante presença nas salas de aula no fundo guarda espaço para uma discussão que vai muito além de desculpa de aluno preguiçoso; se os alunos colam, o problema não estaria nos métodos atuais de avaliação e ensino? Foi constatado que adolescentes entre 14 e 17 anos são os que mais colam. Em todas as faixas etárias, a maioria dos alunos encara a colacomo “um fato normal” e sem maiores consequênciasdentro do cotidiano escolar.

Entre os mestres, a cola não é vista com tanta naturalidade: 63% dos professores entendem que quemcola é perigoso para a sociedade. Ainda assim, 74%admitem que a cola possa ser consequência do tipo deavaliação. 68% dos professores entendem que nãoexiste relação direta entre o sucesso profissional e asboas médias escolares e 55% não concordam queexista relação entre nota e inteligência. [...] (Revista Língua Portuguesa nº 15)

O assunto e os questionamentos desse texto dão o tom da sua redação. Escreva um texto expondo seu ponto de vista sobre o fenômeno da “Cola” nas escolas brasileiras.

TEMA II

Ser otimista é acreditar que o futuro reserva boas perspectivas e que é sempre possível encontrar uma solução para as adversidades.

Tudo é uma questão de ponto de vista. O fato é que encarar a vida de maneira positiva e enxergar as

dificuldades como desafios garante mais saúde e longevidade, segundo novas evidências científicas. Ser pessimista é encarar tudo pelo lado negativo. Há quem acredite que uma pitada desse pensamento serviria como defesa contra frustrações.

(Revista Saúde!, outubro/2009)

Com base na figura e nas ideias desse trecho, redija um texto acerca do TEMA: é possível ser otimista sem tirar os pés do chão.

CH

ZIO

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TEXTO para as questões de número 01 a 11

Dei-me conta de que estava velho cerca de 25 anos atrás. Era uma tarde, em São Paulo. Tomei um metrô. Estava cheio. Segurei-me num balaústre sem problemas. Comecei a fazer algo que me dá prazer: ler o rosto das pessoas. Os rostos são objetos oníricos. Muitas crônicas já foram escritas provocadas por um rosto. Estava eu entregue a esse exercício literário quando, ao passar de um livro para outro, defrontei-me com uma jovem assentada que estava fazendo comigo aquilo que eu estava fazendo com os outros. Ela me olhava com um rosto calmo e não desviou o olhar quando os seus olhos se encontraram com os meus. Sorri para ela, ela sorriu para mim... Logo o sonho sugeriu uma crônica: “Professor da Unicamp se encontra, num vagão de metrô, com uma jovem que seria o amor de sua vida...”

Foi então que ela me fez um gesto amoroso: ela se levantou e me ofereceu o seu lugar... Maldita delicadeza! O seu gesto amoroso me humilhou e perfurou o meu coração... Como rejeitar gesto tão delicado! Sim, sim, ela me achara bonito. Tão bonito quanto o seu avô... Aconteceu há mais ou menos dois meses. Era a festa de aniversário de minha nora. Muitos amigos – amigos velhos e velhos amigos – e casais jovens. Eu estava assentado numa cadeira num jardim observando de longe. Nesse momento, a mulher jovem e bonita de um casal amigo veio em minha direção para me cumprimentar. Fiz um gesto de levantar-me. Mas ela, delicadíssima, me disse: “Não, fique assentadinho aí...” Se ela me tivesse dito simplesmente “Não é preciso levantar”, eu não teria me perturbado. Mas o fio da navalha estava precisamente naquele diminutivo. Se eu fosse moço, ela não teria dito isso. Foi justamente esse gesto que me obrigou a levantar para provar que era ainda capaz. Não entendo por que “velho” é politicamente incorreto. “Idoso” é palavra de fila de banco e de supermercado; “velho”, ao contrário, pertence ao universo da poesia. Já imaginou se o Hemingway tivesse dado ao seu livro clássico o nome de “O idoso e o mar”? Já imaginaram um casal de cabelos brancos, o marido chamando a mulher de “minha idosa querida”? O alto-falante nos aeroportos convoca as crianças, as gestantes, as pessoas com dificuldades de locomoção e a “melhor idade”. Alguém acredita nisso? Os velhos não acreditam. Então essa expressão “melhor idade” só pode ser gozação.

(Rubem Alves – Folha de São Paulo, maio de 2008, com adaptações)

01. Esse texto é uma crônica, tipo de relato a respeito de fatos correntes e marcantes do dia a dia. Marque a opção em que a característica, citada abaixo, não pode ser comprovada no texto.

a) Predomínio de história leve, divertida, de ritmo rápido e de final inesperado.b) Presença de fatos geradores que levam a uma reflexão.c) Uso de linguagem coloquial.d) Elaboração em primeira pessoa.e) Visão objetiva e impessoal do fato.

02. Pelo contexto, percebe-se que há uma palavra usada no sentido conotativo na alternativaa) Professor da Unicamp se encontra com uma jovem que seria o amor de sua vida. (linha 8)b) Estava eu entregue a esse exercício literário... (linha 4)c) Ela me olhava com um rosto calmo. (linha 6)d) O seu gesto amoroso perfurou meu coração. (linha 11)e) Como rejeitar gesto tão delicado. (linha 11)

03. De acordo com o texto, entendemos que o autora) fez uma verdadeira autocrítica.b) portava vários livros de leitura.c) estava sonhando e não viajando num trem.d) foi deselegante com a educada moça do metrô.

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e) criticou o tratamento aos idosos com humor e certa ironia.04. A única dedução que não encontra sustentação no texto é a da alternativa

a) O autor tem, hoje, mais de 70 anos.b) O autor é pai.c) O autor é professor universitário.d) O autor conheceu a esposa num vagão de metrô.e) O autor considera mais romântico o uso da palavra velho.

05. Depreende-se do texto quea) os jovens ridicularizam a terceira idade.b) os velhos não acreditam nas gentilezas dos jovens.c) o desejo dos velhos é serem tratados com naturalidade e sem afetação.d) o autor tinha o hábito de assediar as jovens e belas mulheres.e) as palavras velho e idoso possuem exatamente o mesmo significado.

06. No segundo fato narrado pelo autor, o que desencadeou a reflexão foia) o gesto de levantar.b) a palavra “assentadinho”.c) o superlativo “delicadíssima”.d) a expressão “fio da navalha”.e) a presença da mulher jovem e bonita.

07. Assinale a opção em que o segmento do texto, indicado abaixo, não pode ser substituído pela forma alternativa, porque ela apresenta inadequação gramatical.

a) linha 1 - cerca de 25 anos atrás — há cerca de 25 anos.b) linha 2 - fazer algo que me dá prazer — fazer algo prazeroso.c) linha 13 - há mais ou menos dois meses — fazem mais ou menos dois meses.d) linha 17 - Se ela me tivesse dito — Caso ela tivesse dito.e) linha 19 - ela não teria dito isso — ela não diria isso.

08. Autores como Bühler, Mattoso Câmara, Herculano de Carvalho e Roman Jakobson enfatizam a coesistência de várias funções de linguagem na mesma mensagem. Nesse texto, porém, dadas

suas características, chegamos à conclusão de que uma é predominante. Assinale-a.a) Emotiva ou expressiva.b) Conativa ou apelativa.c) Metalinguística.d) Referencial.e) Poética.

09. Esse texto foi extraído do Jornal Folha de S. Paulo, portanto é um texto jornalístico. Pelas características apresentadas, podemos afirmar que sua intenção principal é

a) a informação.b) a persuasão.c) a aprendizagem.d) o lazer.e) a pesquisa.

10. Sobre os termos e as expressões seguintes, só não está correto o que se declara na alternativaa) Em “que me obrigou a levantar” (linha 20), a ênclise (obrigou-me) também é correta.b) O plural de alto-falante é alto-falantes.c) O título do famoso livro de Hemingway é “O Velho e o Mar”.d) No texto, “passar de um livro para o outro” (linha 5) é “passar de um rosto para o outro”.

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e) Observe a mudança de posição do adjetivo “velhos”. (linha14) Com esse recurso expressivo, o autor confere valores semânticos diferentes ao substantivo amigos.

11. “Metáfora é a figura de linguagem que consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu”. Nesse texto, o autor faz uso dessa linguagem figurada quando

a) sugere que o rosto é um livro.b) afirma que rostos inspiram cronistas.c) pensa que a jovem o achava bonito.d) diz que “melhor idade” é gozação.e) não entende por que “velho” é politicamente incorreto.

TEXTO para as questões 12 e 13

Brasília (ABr) – A partir de hoje, as escolas públicas e particulares de ensino fundamental terão que executar o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana. A lei com a obrigação foi sancionada pelo presidente em exercício, José Alencar, que recebeu alta médica no sábado passado. Neste ano, a letra do hino, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada, completou 100 anos. [...] (O Estado do Paraná, 22/09/2009)

12. Pela leitura dessa notícia, levando-se em consideração o aspecto semântico de certas palavras, deduz-se que

a) essa lei é provisória, criada com o intuito de homenagear os 100 anos da letra do Hino.b) a lei só entrará em vigor, oficialmente, se for assinada pelo titular do poder executivo.c) os estudantes não cantavam o Hino Nacional, porque não havia uma lei específica.

d) a lei entra em vigor, pois foi votada pelo poder legislativo e confirmada pelo executivo.e) crianças e jovens não se importavam com o verdadeiro patriotismo.

13. “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante.” Segundo a gramática da língua portuguesa, Sujeito é o termo do qual se afirma alguma coisa. Portanto, o Sujeito da afirmação acima, que inicia o Hino Nacional, é

a) Ouviram.b) do Ipiranga.c) as margens plácidas.d) um povo heroico.e) o brado retumbante.

14. “Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher. É _________que o velho gosta é __________que o velho quer”.

Respeitando a regência dos verbos gostar e querer, as lacunas do refrão acima, da música do Gaúcho da Fronteira, devem ser preenchidas correta e respectivamente por

a) nisso / istob) disso / issoc) isto / distod) disso / dissoe) isso / isso

Nas questões de números 15 e 16, identifique o item em destaque que apresenta falha gramatical ou de grafia. Em seguida, marque a letra correspondente.

15. A cidade que, a (a) três semanas, encantou a (b) todos com uma emocionante, correta e

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vitoriosa candidatura para sediar (c) a Olimpíada de dois mil e dezesseis (d) voltou às (e) manchetes do noticiário internacional. (Veja, 28/10/2009 – com adaptações)

16. Afinal, o Rio de Janeiro conseguiu a indicação desbancando, entre outras, Madri, cidade longe da perfeição, mas (a) onde (b) os criminosos da capital espanhola não dispõe (c) de baterias antiaéreas (d) para abater helicópteros da polícia. Os olhos dos cinco continentes vão espiar (e) o progresso da organização dos jogos. (Veja, 28/10/2009 – com adaptações)

TEXTO para as questões de números 17 a 19

A despeito do pânico no fim do ano e do temor de que o drama do desemprego crescente voltasse a atingir a economia, o Brasil agora já está em plena recuperação. Aqui a crise chegou tarde e foi embora cedo. Isso só pôde acontecer por causa dos avanços obtidos nos últimos quinze anos e também por causa da ação eficaz do governo, especialmente do Banco Central, em meio à turbulência. “Chegamos a receber críticas por supostamente termos agido tardiamente”, afirma o presidente do BC. “Agora, no entanto, fica evidente que fizemos o diagnóstico correto e soubemos agir para eliminar os focos de contágio da crise no país, com menor custo para a economia.” (Veja, 16 de setembro de 2009)

17. Segundo o texto,a) as críticas ao Banco Central fizeram-no diagnosticar corretamente a crise.b) a crise, aqui no Brasil, atingiu apenas o setor de Recursos Humanos.c) a superação da crise deveu-se à eficiência do governo e a conquistas do passado.d) a crise do sistema financeiro mundial não contagiou nossa economia.e) a superação da crise deveu-se, unicamente, à atuação do presidente do Banco Central.

18. Anote a alternativa em que ocorre paráfrase do 1º período do texto.a) O Brasil, hoje, já está em total superação, não obstante o pânico no final do ano e o medo

de que o drama do emprego crescesse e atingisse a economia.b) Agora, o Brasil está em plena recuperação no que diz respeito ao drama crescente do

desemprego e o pânico do fim de ano.c) Apesar do medo de que a crise do desemprego voltasse a atingir a economia, o Brasil está,

hoje, plenamente recuperado.d) Hoje, o nosso país já está em plena recuperação, apesar do pânico no fim do ano e do

medo de que o drama crescente do desemprego voltasse a atingir a economia.e) A respeito do pânico no final do ano e do medo de que o drama do desemprego voltasse a

atingir a economia na plena recuperação do nosso país.

19. Acerca dos termos e expressões, destacadas no texto, só não é verdadeiro o que se afirma ema) Na linha 3, o uso de pode (sem acento) mantém o mesmo sentido.b) “chegou tarde e foi embora cedo” equivale a “durou pouco”.c) A troca da expressão “no entanto” pela conjunção “portanto” altera o sentido do trecho.d) No lugar de “o presidente do BC”, podemos escrever Henrique Meirelles.e) O Advérbio de lugar “aqui” tem como referente o Brasil.

20. Com a leitura do romance “Capitães de Areia”, pode-se afirmar que o autor Jorge Amado(,)a) foi recorrente acerca do tema, pois escreveu sobre cacau, coronéis e jagunços.b) abordou um tema não simpático às autoridades, mas restrito à Bahia, sua terra natal. c) apresenta-se como narrador onisciente, mas limita-se a denunciar o mau tratamento dado

aos menores que vivem à margem das convenções sociais num Reformatório de Salvador. d) deixando transparecer as suas preocupações sociais, apresenta-nos um verdadeiro

documentário sobre a vida de um grupo de menores abandonados nas ruas de Salvador.

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e) escreveu sobre a prostituição infantil, cujo tema não perdeu a atualidade. No caso específico desse livro, a narrativa é ambientada no cais do porto de Salvador.

TEXTO para as questões de números 21 a 23

E surgia na Bahia o anacoreta* sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos... É desconhecida a sua existência durante tão largo período. Um velho caboclo, preso em Canudos nos últimos dias da campanha, disse-me algo a respeito, mas vagamente, sem precisar datas, sem pormenores característicos. Conhecera-o nos sertões de Pernambuco, um ou dois anos depois da partida do Crato. [...]

(Euclides da Cunha – Os Sertões)• anacoreta = religioso ou penitente que vive na solidão, em vida contemplativa.

21. Acerca do texto acima e da obra “Os Sertões”, todas as alternativas são verdadeiras, excetoa) Esse texto é descritivo e apresenta características do líder religioso Antônio Conselheiro. b) Foi no estado de Pernambuco que uma multidão de sertanejos, seguidores do fanático

Antônio Maciel, fundou a Vila de Canudos, tema de Os Sertões.c) A palavra campanha, no texto, refere-se aos episódios bélicos desenrolados em Canudos.d) Em ...disse-me algo a respeito..., o pronome me refere-se ao narrador de Os Sertões.e) O Exército Nacional foi convocado para debelar Canudos, pois acreditava-se que os

fanáticos seguidores de Antônio Conselheiro tinham-se insurgido contra a República.

22. Sobre o escritor Euclides da Cunha, de quem se comemora, neste ano, o centenário de morte, só não é verdadeiro o que se afirma em

a) Foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo na Guerra de Canudos.b) Apesar de sua formação militar, sucumbiu em meio à luta sangrenta de Canudos.c) Com base nas reportagens e material colhido durante a Guerra de Canudos, escreveu Os

Sertões, dividindo-o em três partes distintas: A Terra, O Homem, A Luta. d) Na segunda parte, ao descrever o homem do sertão, criou a famosa frase: O sertanejo é,

antes de tudo, um forte.e) Foi membro da Academia Brasileira de Letras.

23. O verbo conhecer da frase: “Conhecera-o nos sertões de Pernambuco...”, observando tempo verbal e contexto, expressa ideia de ação

a) que não ocorreu ainda.b) que acontece durante a campanha de Canudos.c) ocorrida posteriormente à campanha de Canudos.d) anterior à partida do velho caboclo do Crato.e) ocorrida no passado, anterior à campanha de Canudos.

24. As frases seguintes foram extraídas, com adaptações, de reportagens sobre o centenário da morte de Euclides da Cunha, do jornal o Estado de S. Paulo de 23/08/09 e da revista Veja de 04/11/09. Uma apresenta incorreção em relação às normas de concordância. Assinale-a.

a) Os Sertões chegou às livrarias em 02/12/1902 e, até hoje, espanta as novas gerações.b) Os Sertões é obra pioneira no diagnóstico do descompasso entre o país urbano e o agreste.c) Euclides está na categoria de autores como Padre Vieira, Machado de Assis e Eça de Queirós. O gigantismo do autor contrasta com as circunstâncias vulgares de sua morte.

d) Os Sertões cumpriu sua missão: erigir um monumento literário à memória dos canudenses,

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imolados no altar da modernização trazida pela República que se abateram sobre eles.e) Os Sertões foi o primeiro livro que trouxe à consciência do país uma imagem do nordeste.

TEXTO para as questões de números 25 a 27)

Algum tempo hesitei se deveria abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte... Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

25. O texto acima foi extraído de um dos mais importantes livros de Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas. Acerca dessa obra, só não é verdadeiro o que se declara em a) Entre os temas centrais da obra estão o adultério, a pátria, a sociedade burguesa e uma

concepção pessimista da própria humanidade. b) Aos 64 anos, a personagem principal resolve lançar no mercado o famoso emplastro

“Brás Cubas”, que curou todos os seus males e livrou-a da própria morte. c) O autor vale-se de um processo narrativo mais preocupado com a análise das

personagens do que com as ações ou cenários, uma das características do realismo. d) Brás Cubas é o nome do narrador- personagem que declara ser um defunto autor. Em

suas memórias destaca os amores com Marcela e Virgília. e) Publicado em 1881, esse romance é considerado o marco do Realismo no Brasil.

26. O texto refere-se a uma diferença radical entre o narrador e Moisés. Isso deve-se ao fato de quea) o narrador escreveu somente um livro e Moisés, cinco.b) o livro do narrador é autobiográfico e o de Moisés, bíblico.c) o livro do narrador é moderno e o de Moisés é do Velho Testamento.d) o narrador inicia suas memórias pelo nascimento; Moisés, pela morte.e) o narrador fala de sua morte no início do livro, e Moisés, no fim.

27. Nas linhas 2 e 6 desse texto, aparece o verbo pôr no futuro do pretérito e no pretérito perfeito respectivamente. Assinale a alternativa em que esse verbo não foi usado adequadamente.

a) Numa situação normal, nós pomos, em primeiro lugar, o nascimento.b) Os mestres esperam que ponhamos as obras de Machado de Assis no seu devido lugar.

c) Eu também não pus muita fé nas promessas oníricas daquele candidato.d) Se o governo pôr a educação em primeiro plano, o Brasil dará um salto em qualidade.

e) Os alunos punham todas suas esperanças no Enem para o ingresso no ensino superior.

TEXTO para a questão nº 28

Tão me devendo colégio, namorada, aparelho de som, respeito, sanduíche de mortadela na rua Vieira Fazenda, sorvete, bola de futebol. Eu não pago mais nada,

cansei de pagar! Gritei para ele, agora eu só cobro.”

28. Sobre esse trecho e o livro “O Cobrador”, só não é verdadeiro o que se declara ema) O trecho faz parte do 1º conto “O Cobrador”, que dá nome ao livro de Rubem Fonseca.b) O livro “O Cobrador” é uma coletânea de contos centrada no tema violência.c) Esse trecho do conto mostra que o narrador é personagem e conta a história em 1ª pessoa.d) O narrador-personagem do conto “O Cobrador” não tem nome e é um assassino em série que comete seus crimes por acreditar que a sociedade lhe deve algo.

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e) Nos 10 contos, a linguagem é agressiva, cheia de palavrões, a personagem principal é a mesma e vive no submundo do crime da cidade do Rio de Janeiro na década de 70.

TEXTO para as questões de números 29 e 30)

A virgem dos lábios de mel tornou-se símbolo do Ceará, e o filho Moacir – nascido de seus amores com o invasor holandês Martim – representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças. Baseando-se em fatos históricos da época da colonização, Alencar imaginou o amor entre Iracema, a virgem tabajara consagrada a Tupã, e Martim, guerreiro branco inimigo dos tabajaras. Por esse amor, ela abandona sua tribo e vai viver com o inimigo de seu povo. Quando, mais tarde, percebe que Martim sente saudades de sua terra natal e talvez de uma outra mulher, começa a sofrer. Tem um filho, enquanto Martim está lutando em outras regiões. Quando ele regressa, Iracema está muito fraca. Ela morre e Martim parte com o filho.

29. Esse pequeno texto pode ser considerado o resumo do enredo do romance IRACEMA, de José de Alencar. Há, porém, nele, uma correção a fazer. Assinale-a.

a) Iracema sofre muito ao dar à luz o filho Moacir, mas não morre.b) Martim não parte com o filho, mas passa a viver entre os índios.c) Martim era colonizador português e, não, invasor holandês.d) O nome do filho de Iracema era Poti e, não, Moacir.e) Martim não podia sentir saudades, pois já vivia na sua terra natal, o Ceará.

30. Acerca do romance Iracema e seu autor, José de Alencar, é correto afirmar que(,)a) além de obras indianistas, o autor escreveu romances urbanos, regionalistas e históricos. b) sofreu forte influência do escritor realista Machado de Assis, com o qual conviveu.c) José de Alencar usou a linguagem poética no romance Iracema para registrar o cruel tratamento dado aos índios pelos colonizadores europeus.d) na poesia de Gonçalves Dias, o índio era idealizado, bem ao gosto dos românticos. Já nos romances indianistas de Alencar, o nativo brasileiro aparece subjugado à cultura europeia.e) no romance Iracema, Alencar preocupou-se em demasia com a narrativa em detrimento

da descrição de personagens e do cenário formado pela selvagem e exuberante natureza.