processo administrativo

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PROCESSO ADMINISTRATIVO 1. Conceito e espécies de processos. 2. Alcance da Lei 9.784/99. 3. Sistemas processuais. 4. Princípios do processo administrativo. 5. Espécies de processos administrativos. 6. Direitos e deveres dos administrados. 7. Interessados. 8. Impedimento e suspeição. 9. Tempo, forma e lugar dos atos processuais. 10. Comunicação dos atos processuais. 11. Prazos. 12. Fases do processo administrativo. 12.1 Instauração. 12.2 Instrução. 12.3 Defesa. 12.4 Relatório. 12.5 Julgamento. 12.6 Recurso. 13. Processo de revisão. 14. Processos disciplinados na Lei 8.112/90. 14.1 Processos ampliativos. 14.2 Processos punitivos. 14.2.1 Sindicância. 14.2.2 Processo administrativo disciplinar. 1. Conceito e espécies de processos Procedimento é um conjunto de atos realizados em uma sequência determinada com o objetivo de produzir um último ato. Processo é uma espécie de procedimento cuja finalidade é produzir uma decisão a respeito de determinada questão. Primeiramente, os processos podem classificados em estatais e não-estatais. Os processos estatais são conduzidos e decididos por agentes públicos, enquanto os não-estatais são realizados por particulares, sendo a arbitragem 1 (regulada pela Lei 9.307/96) o mais importante. Os processos estatais têm dois objetivos fundamentais: produzir as leis (normas que podem criar, primariamente, direitos e obrigações) – objeto do processo legislativo; e aplicar, no caso concreto, as leis já produzidas – objeto dos processos judicial e administrativo. Conceito de processo Procedimento cujo último ato é a decisão a respeito de uma controvérsia. Espécies Não-estatais e estatais 1 É controversa a utilização da arbitragem para a resolução de questões envolvendo a administração pública e os interessados. Porém, já existe previsão específica para os serviços públicos e para as parcerias público-privadas.

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processo 9784

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Processo administrativo (Lei 9

PROCESSO ADMINISTRATIVO

1. Conceito e espcies de processos. 2. Alcance da Lei 9.784/99. 3. Sistemas processuais. 4. Princpios do processo administrativo. 5. Espcies de processos administrativos. 6. Direitos e deveres dos administrados. 7. Interessados. 8. Impedimento e suspeio. 9. Tempo, forma e lugar dos atos processuais. 10. Comunicao dos atos processuais. 11. Prazos. 12. Fases do processo administrativo. 12.1 Instaurao. 12.2 Instruo. 12.3 Defesa. 12.4 Relatrio. 12.5 Julgamento. 12.6 Recurso. 13. Processo de reviso. 14. Processos disciplinados na Lei 8.112/90. 14.1 Processos ampliativos. 14.2 Processos punitivos. 14.2.1 Sindicncia. 14.2.2 Processo administrativo disciplinar.

1. Conceito e espcies de processos

Procedimento um conjunto de atos realizados em uma sequncia determinada com o objetivo de produzir um ltimo ato. Processo uma espcie de procedimento cuja finalidade produzir uma deciso a respeito de determinada questo.

Primeiramente, os processos podem classificados em estatais e no-estatais. Os processos estatais so conduzidos e decididos por agentes pblicos, enquanto os no-estatais so realizados por particulares, sendo a arbitragem[footnoteRef:1] (regulada pela Lei 9.307/96) o mais importante. Os processos estatais tm dois objetivos fundamentais: produzir as leis (normas que podem criar, primariamente, direitos e obrigaes) objeto do processo legislativo; e aplicar, no caso concreto, as leis j produzidas objeto dos processos judicial e administrativo. [1: controversa a utilizao da arbitragem para a resoluo de questes envolvendo a administrao pblica e os interessados. Porm, j existe previso especfica para os servios pblicos e para as parcerias pblico-privadas.]

Conceito de processoProcedimento cujo ltimo ato a deciso a respeito de uma controvrsia.

EspciesNo-estatais e estatais (legislativo, judicial e administrativo)

2. Alcance da Lei 9.784/99

A lei federal, ou seja, destina-se somente Unio e s entidades da administrao indireta federal[footnoteRef:2]. Sua aplicao inclui os Poderes Legislativo e Judicirio, mas apenas quando exercerem funes administrativas. [2: No Distrito Federal, a Lei 9.784/99 foi integralmente recepcionada pela Lei Distrital 2.834/2001.]

A lei geral, ou seja, destina-se a todas as espcies de processos administrativos. Se houver lei especfica para determinado tipo de processo, a aplicao da Lei 9.784/99 ser analgica[footnoteRef:3] e subsidiria, ou seja, somente em caso de omisso da lei prpria. Ex.: essa lei somente ser usada no processo administrativo disciplinar federal nas situaes em que a Lei 8.112/90 for omissa. [3: 2. Vivel o recurso analogia quando a inexistncia de norma jurdica vlida fixando prazo razovel para a concluso de processo administrativo impede a concretizao do princpio da eficincia administrativa, com reflexos inarredveis na livre disponibilidade do patrimnio.3. A fixao de prazo razovel para a concluso de processo administrativo fiscal no implica em ofensa ao princpio da separao dos Poderes, pois no est o Poder Judicirio apreciando o mrito administrativo, nem criando direito novo, apenas interpretando sistematicamente o ordenamento jurdico. (STJ, REsp 1091042 / SC)]

Porm, a lei deve prevalecer sempre que o processo especfico for regulado por norma infralegal, ou seja, ato administrativo. Ex.: o processo administrativo punitivo no mbito do Banco Central regulado pela Resoluo 1.065/85, editada pelo Conselho Monetrio Nacional. Como a resoluo de hierarquia inferior lei, esta prevalece em caso de divergncia.

Abrangncia da Lei 9.784/99

Lei federalAplicvel apenas s entidades federais de Direito Pblico. Recepcionada no Distrito Federal.

Lei geral do processo administrativoAplicvel a todos os processos administrativos. Quando houver lei especfica, sua utilizao subsidiria.

3. Sistemas processuais

Existem dois grandes sistemas no Ocidente que disciplinam a relao entre os processos realizados pela administrao pblica e aqueles realizados pelo Poder Judicirio: o ingls e o francs.

O sistema ingls, ou da jurisdio nica, determina que cabe apenas ao Poder Judicirio emitir decises que possam tornar-se definitivas. Assim, a coisa julgada (atributo das decises que no podem ser mais modificadas) somente pode ocorrer em consequncia de sentenas judiciais. As decises administrativas sempre podem ser revistas pelo Poder Judicirio. Esse o sistema adotado no Brasil (CF, art. 5, XXXV a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito).

O sistema francs, ou do contencioso administrativo, determina que algumas matrias somente podem ser julgadas pela administrao pblica, enquanto outras so de competncia exclusiva do Poder Judicirio. Assim, nas matrias de sua competncia, a administrao pblica pode proferir decises com fora de coisa julgada e, que, portanto, no podem ser revistas pelo Poder Judicirio.

No Brasil, os processos judiciais e os administrativos so independentes entre si. possvel, portanto, que um seja instaurado sem a prvia instaurao do outro.[footnoteRef:4] O servidor pblico, por exemplo, pode demandar judicialmente contra sua entidade, mesmo que no tenha realizado anteriormente um requerimento administrativo. Porm, existem trs situaes, previstas na Constituio Federal[footnoteRef:5], nas quais a utilizao da instncia administrativa condio para a instaurao do processo judicial: [4: A propositura de ao objetivando a percepo de benefcio previdencirio independe de prvio requerimento administrativo do segurado perante a Autarquia. Precedentes. (STJ, AgRg no REsp 1172176 / PR)] [5: JUDICIRIO - ACESSO - FASE ADMINISTRATIVA - CRIAO POR LEI ORDINRIA - IMPROPRIEDADE. Ao contrrio da Constituio Federal de 1967, a atual esgota as situaes concretas que condicionam o ingresso em juzo fase administrativa, no estando alcanados os conflitos subjetivos de interesse. (STF, ADI 2160 MC / DF)]

a) habeas data: na petio em que o autor requer, ao juiz, o acesso ou a retificao de informaes, deve ser demonstrada a existncia de requerimento administrativo[footnoteRef:6], no mesmo sentido, com o respectivo indeferimento ou com a prova de que no houve resposta da administrao no prazo de dez dias (no caso de recusa de acesso s informaes) ou de quinze dias (no caso de recusa em retificar ou complementar a informao). Nessa situao, portanto, no h necessidade de esgotamento da instncia administrativa (o habeas data pode ser utilizado enquanto o processo administrativo ainda est em andamento); [6: A ausncia de requerimento, na via administrativa, das informaes pretendidas com a impetrao do writ, atrai a incidncia do enunciado contido na Smula 2/STJ: No cabe o habeas data (CF, art. 5., LXXII, letra 'a') se no houve recusa de informaes por parte da autoridade administrativa.(STJ, AgRg na Pet 5428 / RS)]

b) aes relativas disciplina e competies esportivas: a Constituio Federal exige que sejam esgotadas todas as instncias da Justia Desportiva para que o Poder Judicirio possa ser acionado. Essa hiptese no abrange os casos relativos e questes trabalhistas de atletas; ec) reclamao contra o descumprimento de smula vinculante pela administrao pblica: a smula vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal e de obedincia obrigatria pelo Poder Judicirio e pela administrao pblica. Em caso de desobedincia, deve ser interposta reclamao judicial ao STF. Contra omisso ou ato da administrao pblica, o uso da reclamao s ser admitido aps esgotamento das vias administrativas.

Casos em que o processo administrativo requisito do judicial

Habeas dataNo preciso esgotar o processo administrativo.

Disciplina e competies esportivas preciso esgotar o processo administrativo.

Reclamao contra o descumprimento de smula vinculante preciso esgotar o processo administrativo.

4. Princpios do processo administrativo

O processo administrativo, por ser uma interseo entre o Direito Processual e o Direito Administrativo, deve obedincia tanto aos princpios do Direito Administrativo (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficincia, razoabilidade, proporcionalidade, motivao, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica e interesse pblico, etc.) quanto aos princpios do Direito Processual que lhe sejam aplicveis (devido processo legal, isonomia, contraditrio, ampla defesa, juiz natural, publicidade, motivao, duplo grau de jurisdio, vedao das provas ilcitas, lealdade processual, economia processual, celeridade, etc.).

Especificamente, so aplicveis os seguintes princpios ao processo administrativo:a) legalidade objetiva: a finalidade do processo administrativo aplicar a lei ao caso concreto e somente pode ser instaurado e conduzido com base na lei;b) oficialidade ou impulso: o processo administrativo pode ser iniciado de ofcio e toda sua tramitao depende da administrao pblica. Mesmo que o interessado deixe de agir, o processo deve continuar, pois sua finalidade o interesse pblico. Assim, se o recurso for interposto depois do prazo fixado, ainda assim, a autoridade pode rever a questo de ofcio;c) informalismo: as formas dos atos no processo administrativo no tm a rigidez e o detalhamento que existem no processo judicial. Formatos especficos somente podem ser exigidos se houver expressa previso legal. O ato processual contrrio forma legal, ainda assim, pode ser considerado vlido, se no causar prejuzos aos interessados ou ao prprio interesse pblico. Porm, esse informalismo no pode prejudicar o direito ao devido processo legal[footnoteRef:7]; [7: ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO DISCIPLINAR. OMISSO DOS FATOS IMPUTADOS AO ACUSADO. NULIDADE. PROVIMENTO.1. A portaria inaugural e o mandado de citao, no processo administrativo, devem explicitar os atos ilcitos atribudos ao acusado. Precedentes.2. O servidor no pode defender-se de forma eficaz se lhe falta o conhecimento pleno e cabal das acusaes que lhe so imputadas.3. Embora dotado de informalismo, o processo administrativo deve obedecer s regras do devido processo legal, em virtude do princpio da legalidade, ao qual a Administrao se encontra submetida, por expressa determinao constitucional.(STJ, MS 10756 / DF)]

d) verdade material (verdade real ou liberdade nas provas): a administrao pode, de ofcio, requisitar a produo de quaisquer provas, exceto aquelas obtidas por meios ilcitos. Permite-se, inclusive, a utilizao de provas emprestadas de outros processos, administrativos ou judiciais[footnoteRef:8]. O superior hierrquico tem ampla liberdade para rever as decises de seus subordinados, mesmo que sua deciso piore a situao daquele que recorreu (permisso da reformatio in pejus); [8: 15. que "(...) no processo administrativo, que se orienta sobretudo no sentido da verdade material, no h razo para dificultar o uso de prova emprestada, desde que, de qualquer maneira, se abra possibilidade ao interessado para question-la, pois, em princpio, a parte tem o direito de acompanhar a produo da prova." (Srgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, in Processo Administrativo - 2 edio- Editora Malheiros - pgina 172)16. Sob esse enfoque assentou o Tribunal a quo: "(...) Conquanto o sigilo externo, no procedimento para a decretao da perda do cargo de magistrado (art. 27, LC n 35/79), seja resguardado em ateno no somente intimidade do agente poltico, mas tambm credibilidade da Instituio (art. 40, LC n 35/79) releva considerar que tal aspecto no inviabiliza a utilizao dos elementos cognitivos no mesmo produzidos, a ttulo de prova emprestada, em processos administrativo-disciplinares outros, referentes ao exerccio de quaisquer outras funes pblicas, a exemplo do munus pblico da advocacia, a teor do art. 133 do Texto Bsico, o que no impede a OAB, portanto, de se utilizar destas provas na aferio da idoneidade moral daquele que postula inscrio em seus quadros, desde que, por bvio, colhida em observncia ao contraditrio (STF-RE /MG 328138, rel. Min. Seplveda Pertence, DJ17.10.2003). (STJ, REsp 930596 / ES)]

e) contraditrio e ampla defesa: o interessado tem o direito de conhecer todos os atos do processo e de pronunciar-se a seu respeito, podendo requerer a produo das provas que considerar necessrias;f) gratuidade: no podem ser cobradas taxas ou custas dos interessados, salvo se houver previso legal nesse sentido;g) motivao: em todas as decises no processo administrativo, deve haver a exposio clara e congruente de seus fundamentos jurdicos.

Princpios do processo administrativo

Legalidade objetivaFinalidade do processo: aplicar a lei ao caso concreto.

Oficialidade (impulso)O processo pode iniciar-se por iniciativa de um interessado, mas sempre se desenvolve por impulso da Administrao.

InformalismoO ato processual valido se alcanar seu objetivo, mesmo que a forma legal no seja obedecida.

Verdade materialA Administrao tem ampla liberdade na busca de provas, estando vedadas apenas as obtidas por meios ilcitos.

Contraditrio e ampla defesaO interessado tem o direito cincia dos atos processuais e de pronunciar-se a respeito deles.

GratuidadeEm regra, no so cobradas taxas dos interessados.

MotivaoObrigatria em todas as decises tomadas durante o processo.

5. Espcies de processos administrativos

De acordo com Hely Lopes Meirelles[footnoteRef:9], existem quatro espcies de processos administrativos: [9: Direito Administrativo Brasileiro, p. 693 695.]

a) processo de expediente: denominao genrica que se refere a toda tramitao interna de papis, por iniciativa da administrao ou do interessado. Ex.: expedio de certides. informal, sem procedimento pr-estabelecido, e no vincula o interessado;b) processo de outorga: aquele em que um interessado pleiteia algum direito perante a administrao pblica. No tem contraditrio, exceto quando houver impugnao de um terceiro ou da administrao. Suas decises so irretratveis, pois geram direitos adquiridos para o interessado (exceo: atos precrios, que podem ser modificados a qualquer tempo). Ex.: licenciamento de edificao;c) processo de controle, de determinao ou de declarao: apenas fiscalizam a conduta do interessado ou do servidor, declarando sua legalidade ou ilegalidade. Ex.: prestao de contas; ed) processo punitivo: promovido pela administrao como requisito para a imposio de penalidades a servidores, contratados e todos aqueles que estiverem em uma relao de sujeio especial com a administrao (militares, estudantes de escolas pblicas, etc.). utilizado tambm pelo Banco Central e pelas agncias reguladoras para investigar infraes cometidas em suas reas de atuao. Utiliza, subsidiariamente, as normas do processo penal.

6. Direitos e deveres dos administrados

Os interessados tm os seguintes direitos no processo administrativo:a) tratamento respeitoso pelas autoridades (agentes com poder de deciso) e pelos servidores, devendo ser facilitado ao mximo o exerccio dos direitos e o cumprimento das obrigaes uma decorrncia do princpio da eficincia;b) cincia de todos os atos do processo, com a possibilidade de obter cpias e certides. Esse conhecimento possibilita o efetivo exerccio dos direitos ao contraditrio e ampla defesa;c) formular alegaes e apresentar documentos, que devero ser analisados pela autoridade. Trata-se do efetivo exerccio dos direitos ao contraditrio e ampla defesa. A autoridade no tem o dever de prover o pedido, mas de julg-lo. A efetiva considerao dos argumentos dos interessados demonstrada por meio da motivao;d) representao por advogado, que facultativa, salvo quando a lei a declarar obrigatria;[footnoteRef:10] [10: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. SERVIDORA FEDERAL. DEMISSO. FALTA DE DEFENSOR QUALIFICADO NA FASE INSTRUTRIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRNCIA.1. A Lei de regncia do processo disciplinar - Lei n. 8.112/1990 - no obriga - apenas faculta - a assistncia por advogado (art. 156).Na mesma direo est o Estatuto do Processo Administrativo (Lei n. 9.784/1999), como se extrai do teor do seu art. 3.2. Esta Terceira Seo vem decidindo, na linha da Smula Vinculante n. 5 do STF, que "a falta de defesa tcnica por advogado no processo administrativo no ofende a Constituio". Precedentes.(STJ, MS 12953 / DF)]

e) razovel durao do processo, conforme o art. 5, LXXVIII, da Constituio, acrescentado pela Emenda 45/2004.

Tambm so previstos os seguintes deveres para os interessados:a) veracidade: somente podem ser relatados fatos que tm correspondncia com a realidade;b) lealdade e boa-f: agir com sinceridade e honestidade;c) urbanidade: agir com civilidade e cortesia;d) informao e colaborao com a administrao pblica no esclarecimento dos fatos;e) proibio de temeridade: vedada a utilizao, em proveito prprio, de erros e de omisses alheias.

O descumprimento a qualquer um dos deveres implica a imposio de sanes pela administrao.

DireitosDeveres

Tratamento respeitosoVeracidade

Cincia dos atos do processoLealdade e boa-f

Formular alegaes e apresentar documentosUrbanidade

Representao por advogadoColaborao com a administrao pblica

Razovel durao do processoProibio de temeridade

7. Interessados

Ao contrrio do processo judicial, que conta necessariamente com trs sujeitos essenciais (autor, juiz e ru), o processo administrativo conta com apenas dois sujeitos: a administrao e o particular que possa ter um direito ou interesse[footnoteRef:11] a ser afetado pela deciso administrativa. [11: Enquanto o direito de algum sempre requer o dever de outra pessoa, o interesse no tem essa equivalncia. Por exemplo: existe o direito do servidor a 30 dias de frias anuais e, portanto, a administrao tem o dever de marcar essas frias. Porm, h apenas o interesse do servidor em gozar as frias em determinado ms e no h dever da administrao de satisfazer esse interesse.]

Esse sujeito, denominado de interessado, , normalmente, pessoa fsica ou jurdica que age para defender direito ou interesse prprio, inclusive aquelas que ingressam no processo depois de seu incio. Os interessados tambm podem ser:a) rgos e entidades que representam direitos e interesses coletivos (que tm titulares determinveis, como moradores de um condomnio); oub) rgos e entidades que defendem direitos e interesses difusos (que tm titulares indeterminveis, como no caso do direito ao meio ambiente equilibrado).

Recentemente, a Lei 12.008/2009, estipulou tramitao preferencial de processos administrativos caso algum dos interessados seja idoso (maior de 60 anos); deficiente fsico ou mental; e portador de determinadas doenas, mesmo que tenham sido contradas depois do incio do processo.

Interessados

Pessoas fsicas ou jurdicasQue iniciem o processo como titulares ou representantes de direitos ou interesses.

Aqueles Que no iniciaram o processo, mas tm direitos ou interesses que possam ser afetados pela deciso.

Organizaes e associaes representativasNo tocante a direitos ou interesses coletivos.

Pessoas ou associaes legalmente constitudasQuanto a direitos ou interesses difusos.

8. Impedimento e suspeio

Os servidores que atuarem no processo administrativo devem ser imparciais, ou seja, no podem ter nenhuma vinculao ao caso discutido ou a qualquer um dos interessados. A parcialidade do servidor implica seu afastamento do processo e sua responsabilizao administrativa e, eventualmente, penal, pelo crime de advocacia administrativa[footnoteRef:12]. Existem duas formas de parcialidade do servidor: o impedimento e a suspeio. [12: Crime previsto no art. 321do Cdigo Penal: Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao pblica, valendo-se da qualidade de funcionrio.]

O impedimento pode ocorrer nos casos em que o servidor:a) tenha interesse direto ou indireto na matria interesse direto a vinculao imediata do servidor ao fato discutido, ou seja, ele um interessado. J o interesse indireto no diz respeito ao fato analisado naquele processo, mas a fato semelhante, referente mesma matria, que ou ser discutido em outro processo;b) participe ou venha a participar do processo como testemunha, perito ou representante (do interessado). O servidor tambm impedido quando essas situaes ocorrem quanto ao cnjuge, ao companheiro ou ao parente e afins at o terceiro grau;c) esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado, seu cnjuge ou seu companheiro.

A autoridade ou o servidor impedido deve informar essa qualidade e abster-se de atuar no processo, sob pena de responder por infrao grave, para efeitos disciplinares.

A suspeio uma espcie de parcialidade de menor gravidade, na qual no h obrigao de o servidor ou de a autoridade declararem-se suspeitos. Caso a alegao de suspeio seja indeferida, o recurso tem apenas efeito devolutivo, ou seja, o servidor ou a autoridade no podem ser retirados do processo durante sua tramitao. Ocorre somente se houver amizade ntima ou inimizade notria com algum dos interessados ou com os respectivos cnjuges, companheiros, parentes e afins at o terceiro grau (Lei 9.784/99).[footnoteRef:13] [13: Respeitados todos os aspectos processuais relativos suspeio e impedimento dos membros da Comisso Processante previstos pelas Leis 8.112/90 e 9.784/99, no h qualquer impedimento ou prejuzo material na convocao dos mesmos servidores que anteriormente tenham integrado Comisso Processante, cujo relatrio conclusivo foi posteriormente anulado (por cerceamento de defesa), para compor a segunda Comisso de Inqurito. (STJ, MS 13986 / DF)]

Casos de impedimentoCasos de suspeio

Interesse direto ou indireto na matria

Participao do servidor ou de seu cnjuge, companheiro ou parente de at terceiro grau como perito, testemunha ou representante.Amizade ntima ou inimizade notria com o interessado ou seu cnjuge, companheiro ou parente at o terceiro grau.

Litigncia judicial ou administrativa com o interessado ou seu cnjuge ou companheiro.

9. Tempo, forma e lugar dos atos processuais

Como visto, o processo administrativo obedece ao princpio do informalismo. Disso decorre que: os seus atos somente devem ter forma determinada se houver exigncia legal; o reconhecimento de firma somente necessrio apenas quando houver dvida quanto autenticidade, salvo imposio legal; e a autenticao de documentos pode ser feita pelo prprio rgo administrativo onde tramita o processo.

Exige-se somente que os atos processuais sejam feitos por escrito, em vernculo (lngua portuguesa), com local e data da realizao e com a assinatura da autoridade competente. Alm disso, o processo deve ser autuado, com as pginas numeradas em seqncia e rubricadas.

Os atos do processo devem ser realizados em dias teis, dentro do horrio normal de funcionamento da repartio. Porm, possvel concluso do ato depois do fim do expediente, se o adiamento puder prejudicar o curso regular do processo ou causar dano administrao ou aos interessados. Quando no houver prazo expressamente previsto em lei para a prtica do ato, este deve ser realizado em cinco dias. possvel que o prazo seja dilatado at o dobro, ou seja, at dez dias, se houver motivo devidamente comprovado.

O local dos atos processuais a sede da repartio onde se realiza o processo. possvel a determinao de outro local, sendo necessria, nesse caso, a cientificao dos interessados a respeito do novo endereo.

FormaDeterminada apenas quando a lei expressamente exigir.

TempoEm dias teis e horrio normal de funcionamento da repartio.

LugarPreferencialmente, na sede do rgo.

10. Comunicao dos atos processuais

No processo judicial, so utilizados trs meios de comunicao processual: a) citao informa ao ru a existncia de um processo contra ele e concede prazo para responder acusao; b) intimao enviada para qualquer pessoa no decorrer do processo, informa fatos que j aconteceram; e c) notificao tambm enviada para qualquer um dos sujeitos processuais no decorrer do processo, cientifica a ocorrncia de fatos futuros, como a audincia de julgamento.

No processo administrativo, prevista apenas a intimao, que deve ser feita ao interessado para cincia de deciso ou para efetivao de diligncias. O interessado deve ser intimado de qualquer ato que possa afetar sua situao, o que inclui imposio de deveres, nus, sanes ou restrio ao exerccio de direitos e atividades (art. 28).[footnoteRef:14] [14: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. TAXA DE OCUPAO. ATUALIZAO. POSSIBILIDADE. NOVA AVALIAO DO VALOR DO DOMNIO PLENO DO TERRENO PBLICO. INTIMAO DO OCUPANTE. DESNECESSIDADE.1. A atualizao da taxa de ocupao dos terrenos de marinha decorre da verificao, anual, do valor do domnio pleno do imvel.2. dispensvel a instaurao de procedimento administrativo prvio com participao dos administrados interessados, tendo em vista que a atualizao do valor da taxa de ocupao no configura imposio de nus ou deveres ao administrado, mas, sim, recomposio de patrimnio.(STJ, AgRg no REsp 1171755 / SC)]

Os requisitos formais da intimao esto previstos no art. 26, 1, da lei: identificao do intimado e nome do rgo ou entidade administrativa, finalidade da intimao, data, hora e local em que deve comparecer.

A intimao deve ser feita com antecedncia mnima de trs dias teis da realizao do ato, possibilitando que o interessado prepare-se adequadamente ( uma decorrncia dos princpios do contraditrio e da ampla defesa).

A intimao no tem um formato obrigatrio, sendo preciso apenas a utilizao de um meio que assegure a certeza da cincia do interessado. A intimao por edital apenas pode ser feita se for impossvel encontr-lo pessoalmente.[footnoteRef:15] A ausncia de intimao ou sua irregularidade pode ser suprida por meio do comparecimento do interessado. [15: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC. NO-OCORRNCIA. ART. 23 DO DECRETO 70.235/72. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. FRUSTRAO DA INTIMAO POSTAL REALIZADA NO ENDEREO DO CONTRIBUINTE. REALIZAO DE INTIMAO POR EDITAL. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ, REsp 959833 / SC)]

Caso o interessado no comparea ao ato processual para o qual foi intimado, o processo continua normalmente sem a sua presena. Porm, o desatendimento intimao no gera a confisso ficta, ou seja, o reconhecimento tcito de fatos contrrios aos seus interesses. A inrcia do interessado tambm no gera renncia a direitos, a qual deve ser sempre expressa.

Intimao

ObjetoCincia de deciso ou efetivao de diligncias.

Contedo Identificao do intimado e da entidade administrativa; finalidade; data e local de comparecimento; possibilidade ou no de representao; informao da continuidade do processo sem a presena do intimado; e indicao dos fundamentos de fato e de Direito.

Antecedncia mnimaTrs dias antes da data do comparecimento.

Modo de realizaoQualquer um que assegure a certeza da cincia do interessado. Publicao de edital apenas quando os interessados forem indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido.

Ausncia de observncia das prescries legaisTorna nula a intimao, mas o comparecimento do intimado convalida o ato.

Desatendimento da intimaoO processo continua sem o intimado, mas no h confisso ficta.

ObrigatoriedadeSempre que o ato puder afetar direito ou interesse de algum.

11. Prazos

Prazo o perodo de tempo que pode ser utilizado pela administrao ou pelo interessado para a prtica de determinado ato processual.

A contagem do prazo tem como marco o dia da cincia oficial do fato, iniciando-se no dia seguinte a ela. Assim, se o interessado intimado para manifestar em dez dias e a intimao deu-se no primeiro dia do ms, o prazo comea a ser contado no segundo dia e estar esgotado no dcimo primeiro dia.

O incio da contagem do prazo deve ser prorrogado para o primeiro dia til seguinte se, no dia imediato cientificao, no houver expediente na repartio ou este for encerrado antes do horrio normal. Assim, se algum intimado na sexta-feira, o prazo comea a ser contado na segunda-feira.

O mesmo raciocnio vale para o fim do prazo. Se, no dia do vencimento, no houver expediente ou ele for encerrado antes do horrio normal, prorroga-se o prazo para o primeiro dia til seguinte. Assim, se algum intimado para se manifestar em dez dias e a intimao feita na tera-feira, o dcimo dia da contagem sbado, sendo o fim do prazo prorrogado para segunda-feira.

Os prazos expressos em dias so contados de modo contnuo, ou seja, sem interrupes nem suspenses. No influenciam, no prazo, os feriados e fins de semana que ocorrerem no meio de sua contagem. Porm, possvel suspender a contagem do prazo por motivo de fora maior devidamente comprovado.

Os prazos expressos em meses ou em anos so contados data a data, no importando o nmero de dias transcorridos. Assim, se a intimao feita no dia 1 de fevereiro, a contagem inicia-se no dia 2 de fevereiro e termina nessa mesma data, no ano seguinte.

Prazo

Termo inicialPrimeiro dia til aps a cincia

Termo finalltimo dia da contagem do prazo ou o dia til imediato.

Prazos expressos em diasContam-se de modo contnuo.

Prazos fixados em meses ou anosContam-se data a data.

Suspenso do prazoApenas por motivo de fora maior.

12. Fases do processo administrativo

12.1 Instaurao

O processo administrativo pode ser iniciado por meio de um requerimento de um interessado ou mesmo de ofcio pela administrao, em decorrncia do princpio da autotutela. Se no for definida competncia legal especfica, o processo administrativo dever ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierrquico para decidir (art. 17).

O requerimento deve ser formulado por escrito, exceto nas situaes em que a lei o permita oralmente. So dados indispensveis nesse requerimento: a) o rgo ou autoridade a que dirigido;b) a qualificao do interessado ou de seu representante, se aquele for incapaz;c) o local para o recebimento das intimaes (normalmente, endereo do domiclio);d) o pedido de alguma providncia a ser adotada pela administrao. Devem estar presentes tambm os fundamentos de fato e de direito do pedido;e) a data (para comprovar a tempestividade do requerimento) e a assinatura (para comprovar sua autenticidade) do requerente ou de seu representante.

A ausncia ou a deficincia de qualquer um desses dados no tornam o ato nulo nem permite que a administrao o recuse. Em nome do princpio do informalismo, o interessado deve ser instrudo sobre a maneira correta de realizar o requerimento.

Para facilitar a apresentao de requerimentos, a administrao pode adotar formulrios ou padres a serem utilizados em casos semelhantes. Tambm possvel a vrios interessados, que tenham pedidos com contedos e fundamentos idnticos, utilizarem o mesmo requerimento, exceto se houver vedao legal.

12.2 Instruo

Instruo a fase do processo na qual a administrao coleta as provas necessrias ao convencimento da autoridade que deve decidir a questo.

A instruo realizada, normalmente, de ofcio pela administrao. O interessado pode solicitar a produo de provas, que somente devem ser recusadas quando forem ilcitas, impertinentes, desnecessrias ou protelatrias.

A lei prev duas formas de participao popular no processo administrativo:a) consulta pblica: nos casos de interesse geral as manifestaes de terceiros, feitas na consulta, devem ser respondidas pela administrao;b) audincia pblica: determinada pela autoridade, antes de decidir a questo, se consider-la relevante.

Essas hipteses so meramente exemplificativas, pois a lei permite a utilizao de quaisquer outras formas de participao popular. O requisito para isso a relevncia pblica da matria. Os administrados podem atuar diretamente ou por meio de entidades legalmente reconhecidas.

O nus da prova de um fato cabe a quem o alega, mas isso no isenta a administrao de seu dever de buscar a verdade. Alm disso, compete a ela fornecer documentos, pertinentes causa, que estejam em qualquer repartio pblica. Se os documentos estiverem em posse de terceiros, deve ser feita a intimao para que estes o forneam. Se esses documentos estiverem em posse do interessado e no houver a entrega no prazo fixado pela administrao, o processo deve ser arquivado, podendo ser desarquivado se, dentro do prazo prescricional, eles forem apresentados.

No decorrer da instruo, podem ser apresentados pareceres de rgos consultivos, como procuradorias jurdicas. Salvo disposio legal, esses pareceres so facultativos. Caso a lei determine sua obrigatoriedade e no haja a expedio no prazo fixado, podem ocorrer duas situaes:a) o parecer, alm de obrigatrio, vinculante: o processo no tem seguimento at a respectiva apresentao;[footnoteRef:16] [16: A ausncia de parecer do Ministrio Pblico com atuao junto Corregedoria Geral da Polcia Militar do Estado de Pernambuco, pelo carter no vinculante, no obsta a marcha regular do processo administrativo disciplinar, nem lhe traz nulidade.(STJ, RMS 28887 / PE)]

b) o parecer obrigatrio, mas no vinculante: o processo pode ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa.

Nas duas situaes, o agente que se omitiu no atendimento deve ser responsabilizado.

12.3 Defesa

A ampla defesa e o contraditrio so direitos, garantidos constitucionalmente, que podem ser exercidos em qualquer etapa do processo administrativo. Alm disso, h uma fase especfica para o exerccio da defesa, pois encerrada a instruo, o interessado ter o direito de manifestar-se no prazo mximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado (art. 45). Essa manifestao da defesa deve referir-se s provas colhidas na fase de instruo.

12.4 Relatrio

Normalmente, os servidores pblicos que conduzem a instruo do processo no so autoridades, no sentido de que no tm poder para decidir a questo discutida no processo. Nesses casos, deve ser elaborado relatrio indicando o pedido inicial, o contedo das fases do procedimento e formular proposta de deciso, objetivamente justificada, encaminhando o processo autoridade competente (art. 47).

12.5 Julgamento

Aps receber o relatrio, a autoridade deve decidir a questo no prazo de 30 dias, renovveis por igual perodo, em caso de comprovada necessidade.[footnoteRef:17] Esse prazo imprprio, pois sua desobedincia no implica em impedimento de proferir a deciso. Porm, caso seja comprovada a negligncia da autoridade, podero incidir sobre ela as responsabilidades civis, penais e administrativas. [17: ADMINISTRATIVO. CANCELAMENTO DE INCENTIVOS FISCAIS CONCEDIDOS PELO FINAM (FUNDO DE INVESTIMENTO DA AMAZNIA). INTERPOSIO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. AUSNCIA DE APRECIAO. OMISSO CONFIGURADA. APLICAO SUBSIDIRIA DA LEI 9.784/99. DEVER DA ADMINISTRAO DE JULGAR O RECURSO INTERPOSTO. ORDEM CONCEDIDA, PARA QUE A AUTORIDADE IMPETRADA APRECIE O RECURSO NO PRAZO DE TRINTA DIAS.(STJ, MS 13305 / DF)]

A deciso deve ser adequadamente motivada, sob pena de nulidade. Por meio do julgamento, podem ser aplicadas sanes, que tero natureza pecuniria ou consistiro em obrigao de fazer ou de no fazer (art. 68). Trata-se da forma normal de encerramento do processo, que pode, no entanto, prosseguir se houver recurso do interessado que se sentiu prejudicado com a deciso.

Existem, tambm, formas anmalas de extino do processo, por iniciativa:a) do interessado, por meio de desistncia do pedido ou de renncia ao direito pleiteado. Mesmo assim, o processo pode continuar, se a administrao consider-lo conveniente ao interesse pblico;b) do rgo competente, que pode extinguir o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da deciso se tornar impossvel, intil ou prejudicado por fato superveniente (art. 52).

12.6 Recurso administrativo

Se o interessado sucumbir, ou seja, se a deciso da autoridade administrativa prejudic-lo de alguma forma, possvel interpor recurso administrativo para alter-la nos aspectos da legalidade e do mrito. possvel, porm, norma impeditiva de recurso, pois a jurisprudncia j reconheceu que no h direito constitucional ao duplo grau de jurisdio.[footnoteRef:18] [18: Outrossim, resta assentada pela jurisprudncia a inexistncia de direito ao duplo grau em sede de jurisdio administrativa, quanto mais na hiptese, em que o Dec. n. 1.775/1996, disciplinador do especfico procedimento para a aludida demarcao, no prev recurso hierrquico. (STJ, RMS 16.902-RJ)]

Esse instrumento disposio do interessado denomina-se recurso hierrquico e pode ser de duas espcies: a) recurso hierrquico prprio dirigido autoridade hierarquicamente superior quela que proferiu a deciso ( uma decorrncia do poder hierrquico); e b) recurso hierrquico imprprio dirigido a autoridade que no hierarquicamente superior que decidiu (trata-se de um meio de controle interno da administrao, que no tem relao com o poder hierrquico). Somente possvel se previsto expressamente em lei ou no regulamento da entidade.[footnoteRef:19] [19: RECURSO ORDINRIO - MANDADO DE SEGURANA - CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RECURSO HIERRQUICO - SECRETRIO DE ESTADO DA FAZENDA DO ESTADO - EXPRESSA PREVISO LEGAL - LEGALIDADE - PRECEDENTES.A previso de recurso hierrquico para o Secretrio de Estado da Fazenda quando a deciso do Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro for prejudicial ao ente pblico no fere os princpios constitucionais da isonomia processual, da ampla defesa e do devido processo legal, porque estabelecida por lei e, ao possibilitar a reviso de deciso desfavorvel Fazenda, consagra a supremacia do interesse pblico, mantido o contraditrio.Nesse sentido, assevera Hely Lopes Meirelles que os recursos hierrquicos imprprios "so perfeitamente admissveis, desde que estabelecidos em lei ou no regulamento da instituio, uma vez que tramitam sempre no mbito do Executivo que cria e controla essa atividades. O que no se permite o recurso de um Poder a outro, porque isto confundiria as funes e comprometeria a independncia que a Constituio da Repblica quer preservar".Alm disso, o contribuinte vencido na esfera administrativa sempre poder recorrer ao Poder Judicirio para que seja reexaminada a deciso administrativa. J a Fazenda Pblica no poder se insurgir caso seu recurso hierrquico no prospere, uma vez que no possvel a Administrao propor ao contra ato de um de seus rgos.(STJ, RMS 12386 / RJ)]

O recurso deve ser interposto no prazo de dez dias da divulgao da deciso e remetido para a autoridade que proferiu a deciso. Essa autoridade pode retratar-se no prazo de cinco dias[footnoteRef:20]. Caso no o faa, deve remeter o recurso autoridade superior. [20: Nas Leis 8.112/90 e 8.666/93, existe um recurso denominado pedido de reconsiderao, que instrumento no previsto na Lei 9.784/99. Nesta, a reconsiderao apenas um possvel efeito do recurso hierrquico.]

Caso, no recurso, o interessado alegue que a administrao descumpriu smula vinculante, a autoridade recorrida, se no reconsider-lo, deve explicitar as razes da aplicabilidade ou da inaplicabilidade de smula, para depois remeter o recurso autoridade superior. O prazo para a autoridade superior decidir o recurso de trinta dias, podendo ser prorrogado por igual perodo, ante justificativa explcita. A interposio do recurso no impede a imediata execuo da parte incontroversa.[footnoteRef:21] [21: 3. No h bice legal a que a autoridade coatora d prosseguimento ao processo de reparao econmica em relao parcela incontroversa, quando a prpria parte beneficiada interpe recurso visando majorao do quantum previamente aprovado pela Comisso de Anistia. Como se trata de parcela indiscutivelmente devida, haja vista que dela sequer cabe modificao por parte da Administrao, a sua execuo no implica qualquer risco ao executado. 4. A pendncia de Recurso Administrativo, objetivando majorar o valor j estabelecido, no retira a definitividade da execuo do montante aprovado pela Comisso de Anistia, uma vez que o resduo eventualmente controvertido no pode infirmar os valores devidos. (STJ, MS 13908 / DF)]

Exceto por imposio legal, no necessrio o pagamento de cauo (garantia pecuniria) para a interposio do recurso.

A questo objeto do processo administrativo pode ser discutida em at trs instncias, ou seja, por at trs autoridades, sucessivamente. A ausncia de interposio de recurso e a deciso em ltima instncia formam a coisa julgada administrativa[footnoteRef:22]. Assim, a questo no pode mais ser discutida naquele processo e, salvo a excepcional hiptese de processo de reviso, torna-se imutvel apenas para a administrao pblica, pois, como visto, adota-se o sistema da jurisdio nica, que permite ao Poder Judicirio rever todas as decises administrativas. [22: (...) o resultado do julgamento do recurso administrativo interposto foi publicado no Dirio do Judicirio do Estado de Minas Gerais, e, na impossibilidade de oferecimento de novo recurso administrativo, de se presumir com certa facilidade a ocorrncia da coisa julgada administrativa.(STJ, RMS 19309 / MG)]

So legitimados para a interposio de recursos: a) aqueles que participaram como interessados no processo; b) os afetados indiretamente pela deciso administrativa (terceiros que devem demonstrar o efeito gravoso proveniente da deciso administrativa); c) os rgos e as entidades que representam direitos coletivos; e d) os rgos e as entidades que defendem direitos difusos.

O recurso hierrquico tem apenas efeito devolutivo. Assim, no suspende a eficcia da deciso recorrida. Porm, a autoridade que proferiu a deciso ou mesmo a superior pode conferir efeito suspensivo ao recurso caso haja justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente da execuo.

Em nome dos princpios da ampla defesa e do contraditrio, os outros interessados devem ser intimados da interposio do recurso para manifestarem-se no prazo de cinco dias teis.

Para que sejam analisados os argumentos utilizados no recurso, indispensvel o preenchimento dos requisitos de admissibilidade. Assim, preciso, primeiro, conhecer do recurso, para, depois, julg-lo. O recurso pode no ser conhecido, pelos seguintes motivos: a) intempestividade (interposio do recurso fora do prazo de dez dias);b) incompetncia (remessa para autoridade que no tem atribuio para julg-lo). Nesse caso, mantm-se o direito de recorrer, devendo ser indicada, ao recorrente, a autoridade competente para decidir o recurso;c) ilegitimidade (o recorrente no tem permisso legal para utiliz-lo);d) exaurimento da via administrativa (julgamento da questo em todas as instncias administrativas).

Mesmo nesses casos, a administrao pode rever de ofcio o ato, quanto legalidade ou ao mrito, exceto se j tiver ocorrido a precluso administrativa, ou seja, a coisa julgada administrativa.

A autoridade competente para decidir o recurso pode confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida. permitida a reformatio in pejus, ou seja, a autoridade que decidir o recurso pode piorar a situao do recorrente. Se, no caso concreto, houver essa possibilidade, o recorrente deve ser intimado para apresentar alegaes finais.

Fases do processo administrativo

InstauraoO processo iniciado pela administrao, de ofcio ou mediante requerimento de um interessado.

InstruoBusca de provas, participao popular e pareceres tcnicos.

DefesaManifestao do interessado no prazo de dez dias aps o trmino da instruo.

RelatrioFormulado pelos servidores responsveis pela instruo e dirigido autoridade competente para julgar.

JulgamentoDeve ser proferida deciso motivada no prazo de trinta dias, prorrogveis por igual perodo.

Recurso Hierrquico prprio ou imprprio, interposto no prazo de dez dias perante a autoridade recorrida, que tem cinco dias para se retratar.

13. Processo de reviso

Caso o processo resulte na aplicao de sanes, possvel sua reviso, dentro do prazo decadencial de cinco anos, desde que surjam fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada. O processo de reviso pode ser iniciado a pedido ou de ofcio, cabendo ao condenado o nus de provar sua inocncia ou a pertinncia de uma pena menos grave.[footnoteRef:23] Ao contrrio da deciso do recurso hierrquico, o processo de reviso no pode resultar em piora da situao do condenado, ou seja, em agravamento da sano. [23: MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. SERVIDOR PBLICO CIVIL. DEMISSO. PEDIDO DE REVISO. IMPROCEDNCIA. PROVA. RECORRENTE. NUS.I - No processo revisional, o nus da prova cabe ao requerente (art. 175, Lei n 8.112/90.II - Na espcie, o impetrante, no processo revisional, no se desincumbiu do nus de demonstrar a ocorrncia de fatos novos ou de circunstncias suscetveis de justificar a sua inocncia ou a inadequao da pena aplicada, nos termos do art. 174 da Lei n 8.112/90.(STJ, MS 12173 / DF)]

14. Processos disciplinados na Lei 8.112/90

14.1 Processos ampliativos

Processos ampliativos so aqueles em que algum requer administrao que satisfaa um direito ou um interesse. Podem ser internos, movidos por servidores, ou externos, movidos por particulares. O processo ampliativo interno no mbito da administrao pblica federal regido pelos artigos 104 a 115 da Lei 8.112/90, que tambm contm regras gerais pertinentes aos processos disciplinares.

Todo servidor tem o direito de petio, ou seja, de fazer requerimentos administrao. Esses requerimentos devem ser encaminhados (no prazo de cinco dias), por meio do chefe imediato do servidor, autoridade competente para decidi-los, que tem 30 dias para julg-lo.

Caso o pedido seja negado, possvel a interposio, por uma nica vez, de um pedido de reconsiderao autoridade que proferiu a deciso. Tambm possvel a interposio de recurso hierrquico.[footnoteRef:24] O servidor tem 30 dias, a partir da data da cincia da deciso, para fazer o pedido ou interpor o recurso. [24: DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANA. SERVIDOR PBLICO. PEDIDO DE RECONSIDERAO. CONTAGEM DO PRAZO. CINCIA DO ATO IMPUGNADO. CONCESSO DE EFEITO SUSPENSIVO. PRERROGATIVA DA ADMINISTRAO. SEGURANA CONCEDIDA EM PARTE.1. O servidor pblico federal tem o prazo de 30 (trinta) dias para interpor pedido de reconsiderao ou recurso do ato que lhe seja desfavorvel, de acordo com o art. 108 da Lei 8.112/90.(...)3. Constitui prerrogativa discricionria da autoridade competente o recebimento do pedido de reconsiderao ou do recurso no efeito suspensivo, consoante inteligncia dos arts. 106 e 109 da Lei 8.112/90. Em conseqncia, no cabe ao Poder Judicirio usurpar competncia atribuda por lei Administrao.4. O pedido de reconsiderao no se confunde com o recurso hierrquico. O primeiro julgado pela prpria autoridade que proferiu o ato impugnado. O segundo, pela autoridade hierarquicamente superior. No caso, cuida-se de pedido de reconsiderao, razo pela qual incabvel a determinao para que o Ministro de Estado da Educao o encaminhe para o Presidente da Repblica.5. Segurana concedida em parte.(STJ, MS 12621 / DF)]

O requerimento do servidor deve ser realizado dentro dos seguintes prazos prescricionais: a) 5 anos quanto aos atos de demisso, cassao de aposentadoria e disponibilidade; ou que afetem interesses patrimoniais ou refiram-se a crditos trabalhistas dos servidores; b) 120 dias, nos demais casos, salvo prazo especfico previsto em lei. O prazo prescricional interrompido no apenas pelo requerimento, mas tambm pelo pedido de reconsiderao e o recurso hierrquico.

Regras gerais de processo administrativo na Lei 8.112/90

RequerimentoEnviado, por meio do chefe imediato, autoridade competente para decidir.

Pedido de reconsideraoDirigido mesma autoridade que proferiu a deciso.

RecursoCabvel contra o indeferimento do pedido de reconsiderao e contra decises denegatrias de outros recursos.

Prazo para o pedido e o recurso30 dias, a partir da data em que o ato atacado for publicado ou o interessado tiver cincia dele.

Prazo prescricional5 anos (demisso, cassao e atos com efeitos patrimoniais ou trabalhistas); e 120 dias, nos outros casos.

14.2 Processos punitivos

14.2.1 Sindicncia

Sindicncia um processo sumrio cuja finalidade investigar a ocorrncia de uma infrao administrativa e, eventualmente, aplicar a sano ao servidor culpado. Seu prazo mximo de 30 dias, podendo ser prorrogada por igual perodo.

Trs consequncias so possveis da sindicncia:a) instaurao do processo administrativo disciplinar (PAD) caso sejam encontradas provas contra determinado servidor. Neste caso, a sindicncia chamada de inquisitorial e dispensa o exerccio do direito ampla defesa, que ser realizado durante o PAD;b) aplicao das penas de advertncia ou de suspenso por at 30 dias. Neste caso, a sindicncia chamada de autnoma, uma vez que no d origem ao PAD, sendo obrigatrio o exerccio da ampla defesa. o nico caso em que o incio da sindicncia interrompe a contagem do prazo prescricional[footnoteRef:25]. Tanto neste caso quanto no anterior, o Ministrio Pblico deve ser comunicado de infrao administrativa tambm capitulada como infrao penal. [25: cabvel a interrupo da prescrio, em face da instaurao de sindicncia, somente quando este procedimento sumrio tiver carter punitivo e no meramente investigatrio ou preparatrio de um processo disciplinar, pois, neste caso, dar-se- a interrupo somente com a instaurao do processo administrativo disciplinar, apto a culminar na aplicao de uma penalidade ao servidor.(STJ, MS 13703 / DF)]

c) arquivamento do processo, seno forem encontradas provas contra determinado servidor. Caso surjam novas provas, a sindicncia pode ser reaberta, dentro do prazo prescricional previsto para a infrao.

Sindicncia

FinalidadeInvestigar infraes administrativas e, eventualmente, puni-las.

Prazo30 dias, renovveis por igual perodo.

Decorrncias Instaurao do PAD; aplicao das penas de advertncia ou de suspenso de at 30 dias; ou arquivamento.

14.2.2 Processo administrativo disciplinar

O PAD o processo, ordinrio ou sumrio, obrigatrio para a apurao, defesa e eventual punio de servidor acusado de cometer infrao grave punvel com suspenso por mais de 30 dias; demisso; cassao de aposentadoria ou de disponibilidade; e destituio de cargo ou de funo comissionada.

O PAD pode ser:a) ordinrio: utilizado na maioria dos casos tem durao de at 60 dias, prorrogveis por igual perodo;b) sumrio: utilizado apenas nos casos de abandono de cargo (faltas injustificadas por mais de 30 dias), inassiduidade habitual (60 dias de faltas intercaladas, durante um perodo de 12 meses) e acumulao ilegal de cargos, empregos ou funes pblicas tem durao de at 30 dias, prorrogveis por igual perodo.

A desobedincia a esses prazos no anula o processo administrativo.[footnoteRef:26] [26: A extrapolao do prazo para concluso do processo administrativo disciplinar no acarreta a sua nulidade, se, em razo disso, no houver qualquer prejuzo para a defesa do acusado. Aplicao do princpio pas de nullit sans grief. Precedentes.(STJ, RMS 28968 / MT)]

So previstas trs fases para o PAD ordinrio:a) instaurao, com a publicao do ato que nomear a comisso de inqurito, formada por trs servidores estveis. Esse ato interrompe a contagem do prazo prescricional, exceto se, posteriormente, for declarado nulo[footnoteRef:27]; [27: A Terceira Seo desta Corte tem entendimento no sentido de que o anterior processo administrativo disciplinar declarado nulo, por importar em sua excluso do mundo jurdico e consequente perda de eficcia de todos os seus atos, no tem o condo de interromper o prazo prescricional da pretenso punitiva estatal, que dever ter como termo inicial, portanto, a data em a Administrao tomou cincia dos fatos.(STJ, MS 13703 / DF)]

b) inqurito, dirigido pela comisso e composto por trs subfases:I) instruo: busca das provas necessrias para provar a culpa ou inocncia do servidor. Devem ser tomados, primeiro, o depoimento das testemunhas e, depois, feito interrogatrio do servidor. Tipificada a infrao, o servidor ser indiciado;II) defesa: apresentada pelo servidor no prazo de 10 dias depois da sua citao. Havendo dois ou mais indiciados, o prazo de 20 dias. No caso de indiciado em local incerto, deve ser publicado edital, com prazo de 15 dias para apresentar defesa. Se o indiciado no apresentar defesa dentro desses prazos, deve ser nomeado outro servidor, que exercer a funo de defensor dativo e apresentar a defesa[footnoteRef:28]; [28: No se verifica, de plano, a ocorrncia de prejuzo defesa dos impetrantes que pudesse supedanear a concesso de medida emergencial, j que o Processo Administrativo Disciplinar que culminou com a demisso dos mesmos respeitou, em princpio, o direito de defesa, exercido inclusive por Defensores Dativos.(STJ, AgRg no MS 14916 / DF)]

III) relatrio: enumerao de todas as provas obtidas durante o processo com a subsequente sugesto de julgamento a ser proferido condenao ou absolvio;c) julgamento: a deciso deve ser proferida pela autoridade competente no prazo de 20 dias do recebimento do relatrio. Deve ser acatado o relatrio da comisso, salvo quando contrrio s provas dos autos (art. 168).

Contra a deciso proferida no julgamento, possvel a interposio de pedido de reconsiderao e de recurso hierrquico, nos termos previstos nos art. 104 a 115 da lei.[footnoteRef:29] [29: Consoante jurisprudncia da Terceira Seo, muito embora a Lei n 8.112/90 no traga regramento especfico de cabimento de recurso hierrquico no captulo referente ao processo administrativo disciplinar, tal recurso no pode ser afastado nos casos de pena de suspenso, porquanto, alm de independer de previso legal, seu cabimento se d em nome do contraditrio e da ampla defesa.(STJ, MS 10224 / DF)]

Durante o PAD, poder ser decretado o afastamento preventivo do servidor pelo prazo de at 60 dias, prorrogado por igual perodo. Trata-se de medida cautelar, aplicada com o objetivo de evitar que o servidor venha a interferir na apurao da irregularidade. possvel que o afastamento ultrapasse esse prazo, se houver demora processual imputvel apenas defesa.[footnoteRef:30] [30: Tambm no enseja a nulidade do processo administrativo disciplinar a extrapolao do prazo de afastamento preventivo do indiciado, considerando-se, ademais, que o art. 6, pargrafo nico, da Resoluo n. 30/2007 do Conselho Nacional de Justia - CNJ, autoriza a prorrogao nas hipteses de delonga decorrente do exerccio do direito de defesa.(STJ, RMS 28968 / MT)]

Processo administrativo disciplinar

DefinioInstrumento destinado a apurar responsabilidades do servidor por infrao administrativa.

EspciesOrdinrio (prazo de 60 dias) e sumrio (prazo de 30 dias). Em ambos casos, possvel a prorrogao por igual perodo.

FasesInstaurao; inqurito (formado por instruo, defesa e relatrio) e julgamento.