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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO INTRODUÇÃO A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 114, reza que o Poder Judiciário Trabalhista também deve julgar “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”, como se verifica abaixo: Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Faz, portanto, subsidiariamente, uso do Código Processual Civil. Por isso, ver-se-á neste trabalho, uma série de citações do referido diploma legal, no que diz respeito à ação rescisória, ação de consignação em pagamento, mandado de segurança, inquérito para apuração de falta grave e ação civil pública, que são institutos alvos de estudo e apresentação deste, muito embora não sejam os únicos do tema, são os mais comuns. AÇÃO RESCISÓRIA 1

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Page 1: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 114, reza que o Poder

Judiciário Trabalhista também deve julgar “outras controvérsias decorrentes da

relação de trabalho”, como se verifica abaixo:

Art. 114 - Compete à Justiça do

Trabalho processar e julgar:

IX - outras controvérsias decorrentes

da relação de trabalho, na forma da lei.

Faz, portanto, subsidiariamente, uso do Código Processual Civil. Por

isso, ver-se-á neste trabalho, uma série de citações do referido diploma legal,

no que diz respeito à ação rescisória, ação de consignação em pagamento,

mandado de segurança, inquérito para apuração de falta grave e ação civil

pública, que são institutos alvos de estudo e apresentação deste, muito embora

não sejam os únicos do tema, são os mais comuns.

AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória conceitua-se como uma ação de conhecimento, com

natureza constitutivo – negativa, que visa a desconstituição ou anulação da

coisa julgada. É uma ação autônoma, por sua vez, que visa desconstituir ou

anular sentença judicial transitada em julgado (ou acórdão), em função de

vícios insanáveis. Valendo-se da definição de Barbosa Moreira, citado por

Humberto Theodoro Júnior (curso de direito processual civil, vol. 1, pg 593):

“Chama-se rescisória a ação por meio da qual se pede a desconstituição de

sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da

matéria nela julgada”.

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A ação rescisória tem como fundamento a ofensa à ordem pública e não,

meramente, a justiça. Ela, amplamente falando, cria certa insegurança jurídica

em nome de direitos maiores. E, por esse motivo, é cabível em hipóteses

raríssimas. Não se trata de um recurso simplesmente. O artigo 485 do CPC

traz uma lista exaustiva, e de interpretação restritiva, diga-se.

Existem alguns requisitos que são básicos para possibilidade de ação

rescisória. A saber, pressupõe sentença ou acórdão, não cabendo de

despacho interlocutório, evidentemente, sentença de mérito, pois do contrário

caberia nova ação, e trânsito em julgado. O artigo 836 da CLT, abaixo

transcrito, traz ainda o depósito de 20% do valor da condenação como

requisito, excetuado os casos de miserabilidade:

Art. 836. É vedado aos órgãos da

Justiça do Trabalho conhecer de

questões já decididas, excetuados os

casos expressamente previstos neste

Título e a ação rescisória, que será

admitida na forma do disposto no

Capítulo IV do Título IX da Lei no

5.869, de 11 de janeiro de 1973 –

Código de Processo Civil, sujeita ao

depósito prévio de 20% (vinte por

cento) do valor da causa, salvo

prova de miserabilidade jurídica do

autor. (g. n.)

Os casos em que cabe ação rescisória seguem a regra do art. 485 do

CPC, infracitado:

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Page 3: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

Art. 485 - A sentença de mérito,

transitada em julgado, pode ser

rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por

prevaricação, concussão ou corrupção

do juiz;

II - proferida por juiz impedido ou

absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte

vencedora em detrimento da parte

vencida, ou de colusão entre as

partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar literal disposição de lei;

VI - se fundar em prova, cuja falsidade

tenha sido apurada em processo

criminal ou seja provada na própria

ação rescisória;

VII - depois da sentença, o autor

obtiver documento novo, cuja

existência ignorava, ou de que não

pôde fazer uso, capaz, por si só, de

lhe assegurar pronunciamento

favorável;

VIII - houver fundamento para invalidar

confissão, desistência ou transação,

em que se baseou a sentença;

IX - fundada em erro de fato,

resultante de atos ou de documentos

da causa.

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Page 4: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

A ação em comento tem o prazo decadencial de 2 anos, contados do

trânsito em julgado da decisão transitada em julgado. A decisão procedente na

ação rescisória tem dupla característica: rescindir ou desconstituir a decisão

rescindenda e proferir nova decisão a respeito do tema.

A Competência de tal ação é dos tribunais, conforme se verifica na

Súmula 192-TST. Senão, vejamos:

TST Enunciado nº 192 - Res.

14/1983, DJ 09.11.1983 - Nova

redação - Res. 121/2003, DJ

21.11.2003 - Incorporadas as

Orientações Jurisprudenciais nºs 48,

105 e 133 da SBDI-2 - Res. 137/2005,

DJ 22, 23 e 24.08.2005

Recurso de Revista e Embargos não

Conhecidos - Competência - Ação

Rescisória

I - Se não houver o conhecimento de

recurso de revista ou de embargos, a

competência para julgar ação que vise

a rescindir a decisão de mérito é do

Tribunal Regional do Trabalho,

ressalvado o disposto no item II. (ex-

Súmula nº 192 - alterada pela Res.

121/03, DJ 21.11.03)

II - Acórdão rescindendo do Tribunal

Superior do Trabalho que não conhece

de recurso de embargos ou de revista,

analisando argüição de violação de

dispositivo de lei material ou decidindo

em consonância com súmula de direito

material ou com iterativa, notória e

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Page 5: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

atual jurisprudência de direito material

da Seção de Dissídios Individuais

(Súmula nº 333), examina o mérito da

causa, cabendo ação rescisória da

competência do Tribunal Superior do

Trabalho. (ex-Súmula nº 192 - alterada

pela Res. 121/03, DJ 21.11.03)

III - Em face do disposto no art. 512 do

CPC, é juridicamente impossível o

pedido explícito de desconstituição de

sentença quando substituída por

acórdão Regional. (ex-OJ nº 48 da

SBDI-2 - inserida em 20.09.00);

IV - É manifesta a impossibilidade

jurídica do pedido de rescisão de

julgado proferido em agravo de

instrumento que, limitando-se a aferir o

eventual desacerto do juízo negativo

de admissibilidade do recurso de

revista, não substitui o acórdão

regional, na forma do art. 512 do CPC.

(ex-OJ nº 105 da SBDI-2 - DJ

29.04.03)

V - A decisão proferida pela SBDI, em

sede de agravo regimental, calcada na

Súmula nº 333, substitui acórdão de

Turma do TST, porque emite juízo de

mérito, comportando, em tese, o corte

rescisório. (ex-OJ nº 133 da SBDI-2 -

DJ 04.05.04)

A legitimidade fica por conta do art. 487 do CPC c/c Súm 407 do TST:

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Art. 487 - Tem legitimidade para

propor a ação:

I - quem foi parte no processo ou o seu

sucessor a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente

interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo, em

que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a sentença é o efeito de

colusão das partes, a fim de fraudar a

lei.

Súmula nº 407 - TST - Res. 137/05 -

DJ 22, 23 e 24.08.2005 - Conversão

da Orientação Jurisprudencial nº 83 da

SDI-II

Ação Rescisória - Ministério Público

- Legitimidade "Ad Causam"

   A legitimidade "ad causam" do

Ministério Público para propor ação

rescisória, ainda que não tenha sido

parte no processo que deu origem à

decisão rescindenda, não está limitada

às alíneas "a" e "b" do inciso III do art.

487 do CPC, uma vez que traduzem

hipóteses meramente exemplificativas.

(ex-OJ nº 83 - inserida em 13.03.02)

Quanto ao procedimento da ação rescisória inicia-se com a primeira

peça, a petição Inicial, a qual deve atender os requisitos do art. 282, CPC,

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cumulando o autor dois pedidos: pedido de rescisão do julgado + novo

julgamento da causa; E, como já dito acima, com depósito prévio de 20% do

valor da causa, salvo miserabilidade jurídica do autor (836, CLT);

No que tange ao processamento, primeiramente é distribuída a petição

inicial da ação rescisória, em que poderá o juiz relator, de forma monocrática,

indeferi-la, com base no art. 295 do CPC, decisão esta sujeita ao recurso de

Agravo Regimental; É o que predispõe art. 489, CPC, a Súm. 405-TST, a OJ

76 SDI-II-TST e a OJ 131 SDI-II-TST;

Em segundo lugar, é recebida regularmente a petição inicial da AR, o

relator determinará a citação do réu a fim de que no prazo fixado (entre 15 e 30

dias), apresente resposta, ressalvado o disposto no art. 188, CPC; Obs.: Súm.

398-TST.

Em terceiro lugar, com a resposta, caso os fatos alegados dependam de

prova, o relator delegará a competência ao juiz da Vara do Trabalho na

localidade onde deva ser produzida, fixando prazo de 45 a 90 dias para

devolução dos autos (492, CPC).

Por fim, o relator determinará que se dê abertura de prazo sucessivo de

10 dias para autor e réu ofertarem razões finais, quando, finalmente serão os

autos submetidos a julgamento pelo tribunal respectivo.

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

A consignação em pagamento é uma ação proposta pelo devedor em

face de um ou mais credores para extinguir certa obrigação de entregar

determinada quantia ou coisa. Prevista nos arts. 890 a 900 do CPC deve-se

fundar em recusa do credor ou dúvida quanto a quem deve receber. Na Justiça

do Trabalho, quando o empregado se recusa a receber rescisórias, por

exemplo. Ou Utilizada nos casos em que o empregado nega-se a receber sua

quitação.

A ação de consignação em pagamento pode ser utilizada para restituir

coisa devida: consignação de chaves, consignação de ferramenta de trabalho,

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carro, equipamentos. Cabe, ainda, em caso de mais de um sindicato

postulando o pagamento de contribuição sindical obrigatória.

Pode ser tida como forma de extinção de obrigação, conforme os Arts.

334 a 345 do CC. O seu objetivo principal no processo do trabalho é exonerar o

empregador da mora do pagamento no pagamento de determinadas verbas.

É composta de duas fases: até o pagamento ou, não aceito, contesta-se o

pagamento. Há omissão na CLT, por isso usa-se subsidiariamente o CPC.

O seu cabimento pressupõe verbas rescisórias (art. 477). O empregado

não quis receber. Cabe do empregado ao empregador quanto às verbas a

mais, assim como de coisas: uniformes, materiais de serviço. Cabe, por fim,

extrajudicialmente. A competência é do local da prestação de serviços. Na

inicial tem que requerer o depósito em 5 dias. Se o juiz não se manifestar,

deposita-se até o quinto dia.

A defesa fundamenta-se quando não houve recusa, se foi justa a recusa,

se o depósito não foi efetuado no lugar do pagamento, ou se o depósito não é

integral. Não comparecendo o autor na audiência arquiva-se a ação. Se o réu

não comparecer dá-se revelia e confissão. Se há insuficiência de depósito

levanta-se a parte disponível e discute o resto. É cabível reconvenção.

MANDADO DE SEGURANÇA

O Mandado de segurança regia-se pela antiga lei 1.533 de 1951. Porém,

atualmente rege-se pela lei 12.016/10. Trata-se de um direito fundamental do

cidadão, com previsão no art. 5º, LXIX da CF.

Alguns requisitos precisam ser preenchidos em sede de mandado de

segurança. São eles: proteger direito líquido e certo; não ser caso de habeas

corpus ou habeas data; e ser responsável pela ilegalidade uma autoridade

pública ou agente de pessoa jurídica no exercício do Poder Público.

Dos próprios requisitos temos o conceito de Mandado de Segurança,

qual seja, um tipo de remédio constitucional que visa a proteção de direito

líquido e certo, quando não amparado por habeas corpus ou habeas data, em

face de lesão ou ameaça de lesão a direito, por ato de autoridade praticado

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Page 9: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

com abuso de poder. É uma ação, portanto, de conhecimento, com objeto

mandamental, em que o juiz determina à autoridade coatora o cumprimento

imediato da ordem.

O Mandado de Segurança tem natureza jurídica de ação. Seu cabimento

no processo do trabalho não está previsto na CLT sobre suas regras, por isso

utiliza-se a lei 12.016/10. Dos que podem ser a autoridade coatora na justiça do

trabalho está o juiz, diretor de secretaria, auditor fiscal do trabalho, etc.

A competência para Mandado de Segurança é originária do TRT. Art.

678, I, b, 3, conforme segue:

Art. 678. Aos Tribunais Regionais,

quando divididos em Turmas,

compete:

I - ao Tribunal Pleno, especialmente:

b) processar e julgar originariamente:

3) os mandados de segurança;

Quanto às hipóteses de cabimento, são elas – acórdão, sentença,

despacho, salvo se houver recurso previsto. Faz mister lembrar o que dispõe a

Súmula 267 do STF:

STF Súmula nº 267 - 13/12/1963 -

Súmula da Jurisprudência

Predominante do Supremo Tribunal

Federal - Anexo ao Regimento Interno.

Edição: Imprensa Nacional, 1964, p.

123.

Cabimento - Mandado de Segurança

Contra Ato Judicial Passível de

Recurso ou Correição

Não cabe mandado de segurança

contra ato judicial passível de recurso

ou correição.

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A petição inicial segue a regra do disposto no artigo 282 do CPC e, deve

ser feito em duas vias: toda a documentação. A autoridade coatora presta

informações, o que para tal tem o prazo de 10 dias. A prova documental já

constituída, por se tratar de direito líquido e certo. As provas devem vir com a

petição inicial. Pode haver concessão de liminar. Mas não se admite fase

probatória.

Comumente pode o impetrante requerer sejam requisitados documentos

em poder da repartição pública. O prazo para ajuizamento é de 120 dias. Do

processamento, após as informações prestadas será ouvido o Ministério

Público, após este, ao magistrado cabe proferir sentença em 5 dias. O Recurso

é ordinário. Prazo 8 dias. Contrarrazões: 8 dias.

INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

O inquérito para apuração de falta traz como objetivo a rescisão do

contrato de trabalho de empregado estável que incorreu em justa causa. Sua

origem no Brasil deve-se à Lei Eloy Chaves, que é decreto 4.682 de 1923.

A CLT adotou o inquérito nos artigos 853 e 855 da CLT e o inquérito

deixou de ser administrativo para ser judicial. Empregados estáveis não podem

ser demitidos sem a instauração do inquérito, conforme pré-relata o art. 494 da

CLT. Assim como o empregado sindicalizado – art. 543, §3º da CLT. A Súmula

379 do TST, fala sobre Dirigente sindical – necessidade de inquérito, nos

seguintes termos:

Súmula nº 379 - TST - Res. 129/2005

- DJ 20, 22 e 25.04.2005 - Conversão

da Orientação Jurisprudencial nº 114

da SDI-1

Dirigente Sindical - Despedida -

Falta Grave - Inquérito Judicial -

Necessidade

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Page 11: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

O dirigente sindical somente poderá

ser dispensado por falta grave

mediante a apuração em inquérito

judicial, inteligência dos arts. 494 e

543, §3º, da CLT. (ex-OJ nº 114 -

Inserida em 20.11.1997)

Pode fluir de tal direito, também, o empregado eleito para o cargo de

diretor em sociedade cooperativa, conforme regra do art. 543, CLT. No caso da

empregada gestante não há necessidade.

Há previsão do 853 da CLT – empregador contra empregado. Vejamos:

Art. 853. Para a instauração do

inquérito para apuração de falta grave

contra empregado garantido com

estabilidade, o empregador

apresentará reclamação por escrito à

Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30

(trinta) dias, contados da data da

suspensão do empregado.

A ação em comento é por escrito, não se admitindo verbal. O número de

testemunhas obedece ao disposto no art. 821 da CLT, qual seja, de até seis.

Sobre as custas, menciona-se ser de 2% sobre o valor do pedido.

Segundo o entendimento do art. 494 da CLT, não há obrigatoriedade de

suspensão do empregado. Novas faltas não há aditamento no inquérito, mas

sim novos inquéritos. O prazo é de 30 dias da suspensão. Não proposto em 30

dias após a suspensão o obreiro pode requerer a reintegração no emprego.

Súmula 403 do STF: decadência nos 30 dias. Vejamos:

STF Súmula nº 403 - 03/04/1964 - DJ

de 8/5/1964, p. 1239; DJ de 11/5/1964,

p. 1255; DJ de 12/5/1964, p. 1279.

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Page 12: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

Decadência - Prazo para

Instauração do Inquérito Judicial -

Contegem - Suspensão, por Falta

Grave, de Empregado Estável

É de decadência o prazo de trinta dias

para instauração do inquérito judicial, a

contar da suspensão, por falta grave,

de empregado estável.

No caso de o trabalhador não ser suspenso, e passados os 30 dias em

que o empregado poderia ter sido suspenso, o inquérito deve ser ajuizado o

mais rápido possível pelo empregador, ocasião em que se pode entender que

houve perdão tácito da empresa em relação à falta praticada.

Na audiência o requerido tem 20 minutos para contestar oralmente ou

por escrito. Apresentam testemunhas, até seis, como dito anteriormente. As

Razões finais serão feitas em 10 minutos. O juiz renova conciliação e

sentencia.

Após sentença, desta surgem os efeitos, qual sejam, se acolhe a

pretensão extingue o contrato de trabalho a partir da propositura do inquérito.

Se houver rejeição da pretensão, não provada a falta, o empregado estável

terá o prosseguimento normal de seu contrato de trabalho, na hipótese de não

ter sido suspenso. E suspenso, será reintegrado ao emprego.

A conversão da reintegração em indenização é faculdade do juiz e não

das partes. Ocorre quando o juiz acreditar que não há mais compatibilidade

para o retorno.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Um bom conceito de ação civil pública diz que tal é o instrumento

processual constitucionalmente assegurado para a defesa judicial dos

interesses ou direitos metaindividuais, quais sejam, interesses ou direito

difusos, coletivos e individuais homogêneos.

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Page 13: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

Direitos difusos são entendidos como direitos transindividuais, de

natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas

pó circunstâncias de fato. Já os direitos coletivos: são os direitos

transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou

classe de pessoas ligadas entre si ou com parte contrária por uma relação

jurídica base. E, por fim, direitos individuais homogêneos são direitos

decorrentes de origem comum, divisíveis, cujos titulares são perfeitamente

identificáveis e individualizáveis. Cada titular pode perfeitamente buscar a

devida reparação.

A competência material da Justiça do Trabalho para conhece e julgar a

ação civil pública decorre do disposto no art. 114 da CF/88, da Lei n.º 7.347/85

(LACP), da Lei n.º 8.078/90 (CDC) e da LC 75/93 (LOMPU, art. 83, III).

Observado a OJ 130 SDI-II-TST.

Tem Legitimidade o MPT para defesa do interesse individual homogêneo

dos trabalhadores e do interesse difuso ou coletivo, em face dos dispositivos

constitucionais e normas previstas no ordenamento jurídico pátrio.

No caso de Litisconsórcio reza o art. 5º, §2º, Lei n.º 7.347/85, abaixo

transcrito, que faculta ao Poder Público e a outras associações legitimadas a

habilitarem-se como litisconsortes de qualquer das partes:

Art. 5o  Têm legitimidade para propor a

ação principal e a ação cautelar:

(...)

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e

a outras associações legitimadas nos

termos deste artigo habilitar-se como

litisconsortes de qualquer das partes.

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Page 14: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO.doc

No que se refere ao objeto, prevalece a regra do art. 3º, Lei n.º 7.347/85

que coloca a condenação em dinheiro, ou o cumprimento de obrigação de fazer

ou não fazer. Podendo, inclusive, haver cumulação de pedidos, se compatíveis

entre si.

Sobre a tutela preventiva fundamentada nos arts. 4 e 12 da Lei n.º

7.347/85, sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado

receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela

liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

Relativamente aos casos de prescrição e decadência, se houver

interesses e direitos difusos e coletivos não haverá prescrição ou decadência.

Porém, se houver interesses e direitos individuais homogêneos aplica-se a

prescrição comum prevista no art. 7º, XXIX, CF/88

Em sede de coisa julgada e litispendência, a coisa Julgada Material é a

eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso

ordinário ou extraordinário (467, CPC). Se se trata de interesses difusos o

efeito é erga omnes, se coletivos, ultra partes e, se Individuais Homogêneos,

erga omnes. As ações coletivas não induzem litispendência para as ações

individuais.

CONCLUSÃO

O presente trabalho tem finalidade cognitiva, à pedido da professora de

Direito Processual do Trabalho. Foi muito importante esta pesquisa e registro

de informações porque possibilitou um aprofundamento maior no tema, vez que

demandou um bom tempo de leitura para compreensão e apresentação do

tema. O conteúdo foi exposto de forma bem sucinta e linguagem jurídica

simples, porém, acertada, creio, favorecendo assim um melhor entendimento

sobre o assunto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas,

2007.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Processo do Trabalho. São

Paulo: Saraiva, 2011.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São

Paulo. LTr, 2007.

TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Ação Rescisória no Processo do Trabalho.

São Paulo, LTr, 2010.

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