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DIEGO LAZAI SILVA PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SHOPPING CENTERS São Paulo 2015

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DIEGO LAZAI SILVA

PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM

SHOPPING CENTERS

São Paulo

2015

DIEGO LAZAI SILVA

PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM

SHOPPING CENTERS

Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de MBA em Gerenciamento de Facilidades.

São Paulo 2015

DIEGO LAZAI SILVA

PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM

SHOPPING CENTERS

Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de MBA em Gerenciamento de Facilidades.

Área de Concentração: Gerenciamento de Facilidades

Orientador: Prof. M. Eng. Humberto

Farina

São Paulo 2015

Silva, Diego Lazai

Procedimento para Diagnóstico de Eficiência Energética em Shopping Centers / Diego Lazai Silva – São Paulo, 2015.

Monografia (MBA em Gerenciamento de Facilidades) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Programa de Educação Continuada em Engenharia.

1. Eficiência energética 2.Shopping center 3.Conservação de energia 4.Critérios de avaliações de consumo de energia 5.Gerenciamento de energia.

FICHA CATALOGRÁFICA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔN ICO, PARA

FINS DE TRABALHO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FON TE.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

Aos meus pais, Ivan de Almeida Silva e Nádia Lazai Silva pelo amor

incondicional e por nunca me deixarem desistir de meus objetivos, me estimulando

por toda a vida e permitindo que eu enfrente todos meus desafios.

Ao meu amor, Ana Carolina Bernardo pelo apoio fundamental em cada

momento vivido ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu sogro e minha sogra, José Bernardo e Carolina Rosa Bernardo , que

acompanharam toda esta árdua jornada no desenvolvimento desta monografia.

AGRADECIMENOS

À Deus por estar sempre presente em nossas vidas e em cada pensamento de

desistência, fazendo com que tenhamos nossas forças renovadas para seguir em

frente, encorajando-nos em nossa árdua caminhada.

Ao meu orientador, prof. M. Eng. Humberto Farina, por toda a sua paciência,

incentivo e dedicação no empenho em me orientar na elaboração e principalmente

na conclusão desde trabalho.

À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo por disponibilizar aos

alunos a possibilidade de crescimento pessoal e profissional, assim como o

aperfeiçoamento de seus conhecimentos.

À todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

À todas as pessoas que contribuem de alguma forma com a Eficiência

Energética, levando o país a ter um futuro promissor.

E, aos amigos que participaram de toda a esta jornada, passando muitas vezes

por diversas dificuldades, mas superando cada uma delas com destreza e garra.

EPÍGRAFE

(ROMANOS 8: 19-22). A natureza criada aguarda,

com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam

revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua

própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a

sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada

será libertada da escravidão da decadência em que se

encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de

Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora,

como em dores de parto.

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo

começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo

fim.” (Francisco Cândido Xavier)

RESUMO

No gerenciamento de facilidades de shopping centers, o controle preciso do

comportamento do consumo de energia é fundamental, para que se possa entender

as características do empreendimento e propor melhorias em relação a sua

eficiência energética.

Apresenta um procedimento para realizar um diagnóstico de eficiência energética

nos principais sistemas que consomem energia elétrica em shopping centers, sendo

possível identificar por meio do percentual de consumo de energia nas despesas

operacionais, assim como quais são os sistemas que mais consomem energia.

Propõe-se uma ferramenta para o desenvolvimento de projetos relacionados a

eficiência energética em shopping centers.

Palavras-chave: eficiência energética, diagnóstico energético, energia elétrica,

shopping center, conservação de energia, desenvolvimento sustentável.

ABSTRACT

In the shopping mall facilities management, precise control of the behavior of the

power consumption is critical in order to understand the characteristics of the project

and propose improvements in relation to their energy efficiency.

Presents a procedure to perform a diagnosis of energy efficiency in the major energy-

consuming systems in shopping malls, being possible to identify through the

percentage of energy consumption in operating expenses, as well as what are the

systems that consume energy.

It is proposed a tool for the development of projects related to energy efficiency in

shopping malls.

Key words: energy efficiency, energy diagnosis, electricity, shopping mall, energy

conservation, sustainable development.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ranking da Eficiência das Usinas Hidrelétricas Brasileiras ...................... 24

Figura 2 – Obras da Usina de Belo Monte. ............................................................... 25

Figura 3 – Sistema Cantareira. .................................................................................. 26

Figura 4 – Tabela Bandeira Tarifária. ........................................................................ 27

Figura 5 – Modelo do Sistema Elétrico Nacional ....................................................... 32

Figura 6 – Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações .................................... 35

Figura 7 – Shopping Iguatemi SP .............................................................................. 49

Figura 8 – Shopping Randall Park Abandonado ....................................................... 57

Figura 9 – Ciclo de Vida dos Edifícios ....................................................................... 67

Figura 10 – Analisador de Qualidade de Energia ...................................................... 84

Figura 11 – Aspecto Construtivo de Motores de Indução Trifásicos ....................... 103

Figura 12 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106

Figura 13 – Medidor de Potência AC Tipo Alicate - Modelo 3286-20 ...................... 106

Figura 14 – Alicate Wattímetro Digital - Modelo HA-4000 ....................................... 107

Figura 15 – Tacômetro Digital sem Contato - Modelo HTA-2234B ......................... 107

Figura 16 – Analisador de Qualidade de Energia - Modelo 435 Série II .................. 108

Figura 17 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106

Figura 18 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106

Figura 19 – Termômetro Infravermelho – Modelo Tiv 6500 .................................... 113

Figura 20 – Termômetro Bimetálico ........................................................................ 114

Figura 21 – Manômetro Bourdon ............................................................................. 114

Figura 22 – Anemômetro – Modelo MDA-20 ........................................................... 115

Figura 23 – Medidor de Vazão Ultra-Sônico – Modelo G-PDFM5 ........................... 115

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Matriz Elétrica Brasileira 2014 ................................................................ 21

Gráfico 2 – Histórico do Nível dos Reservatórios ...................................................... 23

Gráfico 3 – Economia de Energia nos Últimos Cinco Anos (bilhões de kWh). .......... 38

Gráfico 4 – Evolução da ABL em milhões de m² em Shopping Centers ................... 54

Gráfico 5 – Evolução do N.º de Empregos em Shopping Centers ............................ 55

Gráfico 6 – Evolução do Faturamento em Bilhões de Reais em Shopping Centers.. 55

Gráfico 7 – Estrutura do Consumo de Eletricidade, por Classe (%) .......................... 79

Gráfico 8 – Perfil Mínimo de Desempenho para Certificação AQUA ......................... 95

Gráfico 9 – Diagrama de Moller – Cálculo do COP ................................................. 111

Gráfico 10 – Diagrama de Moller – Cálculo do EER ............................................... 112

Gráfico 11 – Participação dos Campi no Dispêndio com Eletricidade ..................... 136

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Surgimento de Grandes Lojas de Departamento .................................... 49

Tabela 2 – Classificação de Shopping Centers no Brasil .......................................... 50

Tabela 3 – Números do Setor de Shopping Centers no Brasil (Nov/15) ................... 53

Tabela 4 – Evolução do Setor de Shopping Centers nos Últimos Anos .................... 54

Tabela 5 – Consumo de Energia Elétrica (ar condicionado) ..................................... 72

Tabela 6 – Consumo de Energia Elétrica (iluminação) ............................................. 74

Tabela 7 – Consumo de Energia Elétrica (iluminação + ar condicionado) ................ 75

Tabela 8 – Projetos de Eficiência Energética ............................................................ 77

Tabela 9 – Índices de Desempenho .......................................................................... 90

Tabela 10 – Categorias de Desempenho - GBTOOL ................................................ 94

Tabela 11 – Categorias de Avaliação do Green Globes ........................................... 94

Tabela 12 – Categorias do Sistema AQUA ............................................................... 95

Tabela 13 – Classificação dos Sistemas de Certificação .......................................... 96

Tabela 14 – Categorias para Análise Comparativa de Sistemas de Certificação...... 97

Tabela 15 – Classificação Energética para Valores de EER e COP ....................... 113

Tabela 16 – Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL)

para o nível de eficiência pretendido – Método da Área do Edifício ........................ 121

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABESCO Associação Brasileira de Serviços de Conservação de Energia

ABL Área Bruta Locável

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRASCE Associação Brasileira de Shopping Centers

ABRAFAC Associação Brasileira de Facilities

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo

AQUA Alta Qualidade Ambiental

ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating, and Air-Conditioning

Engineers

BEN Balanço Energético Nacional

BEPAC Building Environmental Performance Assessment Criteria

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BREEAM Building Research Establishment Environmental Assessment

Method

CASBEE Comprehensive Assessment System for Building Environmental

Efficiency

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CICE Comissão Interna de Conservação de Energia

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ESCO Empresas de Serviços de Conservação de Energia

GBC Green Building Challenge

GBTOOL Green Building Tool

GD Geração Distribuída

GF Gerente de Facilidades

GLD Gerenciamento pelo Lado da Demanda

GW Gigawatt

GWh Gigawatt-hora

IAB Instituto de Arquitetos do Brasil

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICSC International Council of Shopping Centers

IEA International Energy Agency

IFMA International Facility Management Association

INEE Instituto Nacional de Eficiência Energética

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

ISO International Organization for Standardization

kW Kilowatt

kWh Kilowatt-hora

LED Light Emitting Diode

LEED Leadership in Energy and Environmental Design

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério de Minas e Energia

MW Megawatt

MWh Megawatt-hora

NABERS National Australian Building Environmental Rating Scheme

NAESCO National Association of Energy Services Companies

NASA National Aeronautics and Space Administration

NBR Norma Brasileira

O&M Operação e Manutenção

OHSAS Occupational Health and Safety Assessments Services

ONG Organização Não Governamental

ONS Operador Nacional do Sistema

PBE Plano Brasileiro de Etiquetagem

PCH Pequena Central Hidrelétrica

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PEE Programa de Eficiência Energética

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

ProGD Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia

Elétrica

SIN Sistema Interligado Nacional

TWh Terawatt-hora

USGBC US Green Building Council

USP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 18

2. CRISE ENERGÉTICA NO BRASIL .................................................................................. 20

2.1 Entidades e Programas Nacionais em Prol da Conservação de Energia .............. 28

2.2 Objetivo ................................................................................................................ 43

3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 44

3.1 Estruturação do Documento ................................................................................. 45

4. SHOPPING CENTERS .................................................................................................... 47

5. GERENCIAMENTO DE SHOPPING CENTERS .............................................................. 61

6. CONSUMO DE ENERGIA EM SHOPPING CENTERS ................................................... 68

6.1 Shopping A ........................................................................................................... 69

6.2 Shopping B ........................................................................................................... 70

6.3 Shopping C ........................................................................................................... 70

6.4 Shopping D ........................................................................................................... 70

6.5 Shopping E ........................................................................................................... 70

6.6 Shopping F ........................................................................................................... 71

6.7 Shopping G ........................................................................................................... 71

6.8 Shopping H ........................................................................................................... 71

6.9 Shopping I ............................................................................................................ 71

6.10 Shopping J .......................................................................................................... 72

7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ............ 82

8. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO ..................................................................................... 100

8.1 Ar Condicionado ................................................................................................. 103

8.2 Iluminação .......................................................................................................... 116

9. APLICAÇÃO DE PROJETOS EM SHOPPING CENTERS ............................................. 125

9.1 Shopping Rio Mar / PE ....................................................................................... 125

9.2 Santana Parque Shopping / SP .......................................................................... 125

9.3 Shopping Plaza Sul / SP ..................................................................................... 126

9.4 Shopping ABC / SP............................................................................................. 126

9.5 Casa Shopping / RJ ............................................................................................ 127

9.6 Park São Caetano / SP ....................................................................................... 127

9.7 Madureira Shopping / RJ .................................................................................... 128

9.8 Barra Shopping / RJ ............................................................................................ 128

9.9 New York City Center / RJ .................................................................................. 129

9.10 Shopping Jardins / SE ...................................................................................... 129

9.11 Uberlândia Shopping / MG ................................................................................ 130

9.12 Shopping Center Uberaba / MG ........................................................................ 131

9.13 Shopping Oiapoque / MG .................................................................................. 131

9.14 Shopping Iguatemi Campinas / SP ................................................................... 132

9.15 Shopping Guararapes / PE ............................................................................... 134

9.16 Shopping Interlagos / SP .................................................................................. 135

9.17 USP – Universidade de São Paulo / SP ............................................................ 135

10. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 139

11. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 143

12. ANEXOS ...................................................................................................................... 151

18

1. INTRODUÇÃO

Vivencia-se um período de crise econômica, impulsionada também por

discussões políticas, manifestações e inflação, o que acaba por provocar a

limitação de grandes investimentos por parte das empresas e investidores

internacionais, prejudicando a implantação de diversas tecnologias no país.

Além da questão econômica, o Brasil enfrenta um momento de crise

energética, qual tende a desestabilizar econômica e socialmente a população,

porém tornando possível o surgimento de novas tecnologias para implantação de

projetos de eficiência energética em shopping centers e demais edificações.

O que pode caracterizar evidentemente está crise e o enfraquecimento dos

investimentos nos Brasil, trata-se da classificação do grau de investimento realizado

pelas agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch Ratings.

Conforme Standard & Poor's (2015), a avaliação do grau de investimento no

país foi rebaixada. A avaliação negativa indica à investidores de todo o mundo o

grau de segurança que terão ao efetuar investimentos no país. Com esta nova

classificação do Brasil, diversos investimentos estrangeiros, deixaram de ser

realizados.

Segundo Sina (2005), em chinês e nos negócios, crise e oportunidade são

uma palavra só. A autora baseia-se na antiga sabedoria chinesa a título de

exemplificar que toda crise traz em si uma oportunidade.

Significa que ao se enfrentar uma crise como esta qual o Brasil se encontra,

recebe-se uma oportunidade de superação e de desenvolvimento de soluções para

que problemas sejam corrigidos.

Com a crise energética mais evidente no decorrer dos anos, as nações e

principais líderes políticos de diversos países se veem na posição de buscar

soluções de eficiência energética, e de um desenvolvimento sustentável em virtude

da necessidade de maior oferta de energia e a escassez de fontes convencionais e

recursos naturais não renováveis.

Inicialmente o termo desenvolvimento estava ligado somente a parâmetros

econômicos, como economia de mercado, PIB, etc... A partir de 1960 iniciou-se a

19

discussão sobre o que era desenvolvimento, gerando o marco das preocupações

do homem moderno com o meio ambiente e sendo assim, havendo a incorporação

de questões sociais, ambientais além de econômicas juntamente com o uso

racional dos recursos (SANTOS, 2004).

O consumo crescente de energia elétrica no Brasil, aliado ao baixo nível de

investimentos no setor e a escassez de chuvas nos últimos meses - abaixo da

média esperada, diminui a distância entre a demanda e a oferta, deixando o custo

da energia cada vez mais cara em detrimento da utilização crescente da geração de

energia elétrica através de usinas termoelétricas em um país que a geração de

energia é essencialmente realizada a partir de usinas hidrelétricas.

Com o cenário atual de indefinição em relação a investimentos e o aumento do

custo da energia elétrica, se faz necessário rever o consumo de energia dos

shopping centers, visto que são considerados grandes centros comerciais quais

demandam de elevado consumo de energia, entretanto, possuem grande potencial

para implantação de projetos de eficiência energética e conservação de energia.

A mudança imediata de hábitos e até mesmo da cultura da população

brasileira é imprescindível para que seja possível transpor esta crise.

Mais recentemente, a busca pela eficiência energética ganhou nova

motivação. Em adição à perspectiva de custos mais elevados da energia de origem

fóssil, a preocupação com a questão das mudanças climáticas decorrentes do

aquecimento global do planeta, aquecimento este atribuído, em grande medida, à

produção e ao consumo de energia, trouxe argumentos novos e definitivos que

justificam destacar a eficiência energética quando se analisa em perspectiva a

oferta e o consumo de energia.

20

2. CRISE ENERGÉTICA NO BRASIL

Neste capítulo pretende-se apresentar que o Brasil apresenta-se em crise,

apesar de sua matriz diversificada e sua estrutura de entidades e normas.

Em países industrializados, o modelo energético adotado se baseia na

utilização de recursos não renováveis e poluentes. Devido a escassez destes

recursos, o cenário energético visualizado mundialmente é bastante crítico.

Segundo FERREIRA, J., et FERREIRA, T. (1994), eficiência energética é um

conceito generalizado que se refere às medidas a serem implementadas ou já

implementadas, bem como os resultados alcançados decorrentes da melhor

utilização da energia.

No intuito de se manter o abastecimento contínuo de energia sem prejudicar o

meio ambiente, buscam-se novas tecnologias e alternativas com utilização de

recursos renováveis para dirimir uma sociedade através de um desenvolvimento

sustentável.

A matriz energética de um país compreende diversas fontes de energia

disponíveis, sendo um grande desafio, a utilização de fontes de energia limpas,

renováveis e de baixo custo.

Inicialmente, em grande abundância e baixos preços, os combustíveis fosseis

permitiram o desenvolvimento mundial, no entanto, com a crescente demanda

destes recursos, as reservas destes combustíveis vêm se esgotando.

Além de prejudicar o meio ambiente, pesquisas revelam que a larga utilização

de energias fosseis em todo o mundo pode fazer com que este recurso se esgote

totalmente.

A alteração do modelo de geração de energia atual, qual possui alto consumo

de combustíveis fosseis para um modelo que se utilize de combustíveis renováveis

ainda é demasiadamente lenta, visto que muitos recursos renováveis são caros e

em alguns casos, impraticáveis em larga escala. Com o aperfeiçoamento de

tecnologias no campo da eficiência energética, disseminação da necessidade de se

construir um desenvolvimento sustentável, não destruindo o meio ambiente,

21

elaboração de novas políticas ambientais, entre outras ações, em longo prazo, será

possível identificarmos uma nova realidade.

O sistema elétrico brasileiro foi elaborado essencialmente para se utilizar da

vazão dos rios para gerar energia elétrica, ou seja, quando os reservatórios estão

cheios, estes suprem a maior parte da demanda do país, no entanto quando os

níveis dos reservatórios baixam devido a estiagem das chuvas, a geração de

energia através das hidrelétricas fica prejudicada, sendo necessário a utilização de

usinas termoelétricas para complementar a geração de energia e assim suprir a

demanda do país.

Nos processos convencionais de transformação do combustível em energia

elétrica realizado pelas centrais termoelétricas, grande parte da energia é

transformada em calor, liberado na exaustão ou na condensação do vapor. Assim

sendo, a eficiência energética das unidades térmicas é baixa, limitando-se a faixa

de 30% a 40% (LORA; NASCIMENTO, 2004).

Isto caracteriza que a geração de energia a partir das usinas termoelétricas,

além de produzir energia de alto custo e baixa eficiência, ainda é extremamente

nociva ao meio ambiente.

Gráfico 1: Matriz Elétrica Brasileira 2014 Fonte: EPE – BEN 2014 (2015)

22

Com base no gráfico 1, fica evidente que a utilização de outras fontes para

geração de energia elétrica ainda são bastante tímidas se comparadas a geração

de energia através das hidrelétricas.

Existe um risco na geração de energia brasileira por se tratar de um sistema

dependente do nível dos reservatórios de água e consequentemente das chuvas,

portanto o país mantém um método de geração reserva de energia através das

termoelétricas. No entanto, devido a geografia e um sistema hídrico privilegiado, o

Brasil possui sua maior parte de produção de energia elétrica realizada a partir de

recursos renováveis, mas se vê em um momento de desenvolvimento de novos

métodos de gerenciamento de energia eficientes e formas alternativas de

conservação de energia.

De acordo com Horta (2007), os investimentos necessários para as ações de

eficiência energética são menores do que aqueles necessários à expansão da

oferta de energia elétrica, ou seja, investimentos nas redes de transmissão de

energia e hidrelétricas ou outra fonte de geração elétrica por exemplo.

Para que o fornecimento de energia seja garantido e para suprir a demanda de

energia em períodos secos, é crucial a gestão de estoques de água existentes nos

reservatórios. Existem modelos computacionais que são utilizados pelo ONS para

representar o sistema elétrico e hídrico e simular o que pode ocorrer em cada

período do ano.

Em 2012 ficou evidente que estes modelos computacionais já não

representavam fielmente o sistema elétrico e hídrico do país, pois o nível dos

reservatórios no início do ano apresentaram um armazenamento de água elevado,

com níveis superiores a 70%, mas ao fim deste mesmo ano apresentou níveis

bastante baixos, cerca de 32%, bem abaixo do volume verificado neste período nos

anos anteriores.

A grande reserva de água nos reservatórios no início de 2012 ocorreu devido

ao alto volume de chuvas no fim de 2011 e o baixo nível ao fim do ano, se deu

devido ao atraso das chuvas e em menor volume quais normalmente se iniciam no

mês de outubro de cada ano.

23

Os modelos atuais indicam os níveis dos reservatórios maiores do que

realmente vem acontecendo e ainda não consideram a baixa eficiência de geração

de energia pelas hidrelétricas com reservatórios praticamente vazios. Quanto menor

o nível dos reservatórios, é necessário um volume de água maior para gerar o

mesmo MWh de energia se comparado a geração de energia com o nível dos

reservatórios alto.

Dados do ONS (2015) mostram que, atualmente, os reservatórios do sistema

Sudeste e Centro-Oeste estão no nível mais baixo nos últimos dez anos. No início

de 2013, os reservatórios dessas regiões operavam com cerca de 30% de sua

capacidade.

Gráfico 2: Histórico do Nível dos Reservatórios Fonte: ONS (2015)

Conforme Braga (2015), os reservatórios das hidrelétricas chegaram a níveis

menores que 10% da capacidade máxima e o país poderá ter problemas graves.

Ainda segundo o mesmo, o país enfrenta atualmente uma situação

hidrológica pior do que a verificada em 2001, quando foi decretado um

racionamento de energia no país.

Atrasos em obras de infraestrutura agravam ainda mais a situação. A usina

hidroelétrica de Belo Monte, por exemplo, já deveria estar em pleno funcionamento

desde o início de 2015, no entanto a previsão é de que comece a gerar energia

apenas em 2016.

24

Segundo a Aneel (2015), Belo Monte será a terceira maior do mundo, atrás da

chinesa Três Gargantas, com potência de 22,5 mil MW, e da binacional Itaipu de

propriedade brasileira e paraguaia, com potência de 14 mil MW. Será a segunda

maior do país.

A capacidade total instalada da usina será de 11.2 mil MW. A usina vai operar

a fio d'água o que significa que a geração de energia vai variar de acordo com a

quantidade de água do Rio Xingu a cada período do ano, ou seja, a usina vai gerar

mais energia nas épocas de cheia e menos nos períodos de estiagem (ANEEL,

2015).

Figura 1: Ranking da Eficiência das Usinas Hidrelétricas Brasileiras

Fonte: A Batalha de Belo Monte (2013)

A usina de Belo Monte vai integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN) e

assim contribuir para expansão da oferta em todo o país.

Durante os períodos de maior frequência de chuvas e cheia do Rio Xingu, será

possível gerar maior quantidade de energia, promovendo a acumulação de água

nos reservatórios das usinas de outras regiões, tirando proveito da sazonalidade

hidrológica decorrente das dimensões continentais do país.

Em períodos de estiagem e seca do Rio Xingu, as demais usinas com

reservatórios com maior armazenamento de água poderão servir de apoio para

suprir a diferença de geração de energia de Belo Monte.

Os estudos sobre o aproveitamento hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu foram

iniciados ainda na década de 70, pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil

25

(ELETRONORTE), porém somente agora em 2015 se encontra em fase de

conclusão das obras.

Atualmente, a usina de Belo Monte pode ser considerada uma das maiores

obras e com maior investimento em questão de infraestrutura para aumento de

oferta de energia elétrica no país.

Conforme a Aneel (2015), os estudos de viabilidade técnica e econômica

informam um investimento global, nos termos do Orçamento Padrão Eletrobrás

(OPE), de R$ 17, 3 bilhões. Esse valor estava cotado a preços de dezembro de

2008, sem juros durante a construção e sem incluir custos do sistema de

transmissão. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) definiu, em março de 2010,

o custo das obras em R$ 19 bilhões, valor ratificado pelo Tribunal de Contas da

União (TCU).

Após diversos atrasos nas obras e processos de licenciamento, em

novembro/2015 o IBAMA concedeu a licença de operação para a usina de Belo

Monte.

Figura 2: Obras da Usina de Belo Monte Fonte: A Batalha de Belo Monte (2013)

Apesar das dimensões e benefícios que deverá trazer ao país, a usina de Belo

Monte, se vê em meio a diversas discussões a respeito do impacto ambiental

causado, qual pode comprometer uma das regiões com maior biodiversidade do

Brasil.

26

Outra consequência resultante da construção da usina de Belo Monte tem sido

o impacto social causado nas cidades vizinhas. Com o emprego de milhares de

trabalhadores na construção da usina, as cidades mais próximas tiveram um grande

aumento populacional nos últimos anos, o que vem a causar um aumento no

número de assassinatos e acidentes de trânsito, superlotação de hospitais, crise de

moradia, aumento do custo de vida, etc...

Quanto a crise energética, na região Sudeste do país, fica ainda mais evidente

com a verificação da redução drástica do nível dos reservatórios do Cantareira,

chegando a atingir o chamado volume morto.

O volume morto ou reserva técnica, se trata da reserva de água situada abaixo

das comportas das represas do sistema Cantareira.

Figura 3: Sistema Cantareira Fonte: GGN (2014)

Na crise energética de 2001, um dos principais vilões foi considerado os

chuveiros elétricos, já em 2015, com a falta de chuvas e tempo quente e seco, o

vilão está sendo considerado os equipamentos de ar condicionado instalados

principalmente em residências, escritórios e centros comerciais.

Lamberts et al. (2010) complementam ainda que a crise energética brasileira

de 2001 demonstrou o descompasso entre o grande crescimento no consumo e o

pequeno crescimento na capacidade instalada, deixando claro que o Brasil

necessita com urgência investir em novas fontes de energia.

Vargas Júnior (2006) observa que o racionamento de energia elétrica ocorrido

em 2001 fez com que os consumidores brasileiros se vissem obrigados a aumentar

a eficiência energética de suas residências trocando equipamentos como

geladeiras, ar condicionado e lâmpadas incandescentes de baixa eficiência por

27

lâmpadas fluorescentes mais eficientes para cumprirem suas metas de redução de

consumo de eletricidade.

Em 2001 quando os níveis de armazenamento dos reservatórios atingiram um

volume crítico o então presidente Fernando Henrique Cardoso submeteu a

população a um drástico racionamento de energia, impondo multas altas àquele

que efetuasse um consumo considerado abusivo de energia elétrica.

Já em 2015, no governo da presidente Dilma Rousseff, foi implantado a

bandeira tarifária que conta com as cores verde, amarela e vermelha. Estas cores

indicam as condições de geração de energia no país, sinalizando o custo de

geração de energia ao consumidor. Com a estiagem de chuvas e uso maior das

usinas termoelétricas, o custo de geração é elevado, deixando a conta de energia

do consumidor mais alta.

Figura 4: Tabela Bandeira Tarifária

Fonte: CPFL (2015)

Apesar da criação desta bandeira tarifária, o governo negou a necessidade de

racionamento de energia.

A cobrança em tempo real dos custos praticados com a geração das

termoelétricas vem atrelada também a um aumento na conta de energia para suprir

as perdas das concessionárias e empresas do setor dos últimos anos.

Em alguns estados os reajustes de energia chegam a 60% de aumento no

período de 12 meses, segundo dados de março/2015 do IPCA (IBGE, 2015).

Segundo Pires (2015), o Brasil passa em 2015 pela pior crise energética de

sua história.

Não é possível imputar a crise energética apenas a estiagem das chuvas. O

crescimento populacional e o consumo desenfreado e irracional da energia elétrica

evidencia a fragilidade do sistema energético do país e demonstra a falta de

planejamento e investimentos neste setor.

28

A aplicação de políticas de conservação de energia é uma ação de suma

importância e que deve ser priorizada. O planejamento de investimentos,

conscientização e aplicação de formas eficientes de consumo de energia devem ser

pensadas não só para o momento atual, mas também para futuro.

Só a construção de novas usinas hidrelétricas não será o suficiente, são

necessários projetos de energia renovável que atualmente ainda possuem um alto

custo de implantação em larga escala mas podem suprir a necessidade de

demanda de cidades mais afastadas das usinas devido ao alto custo da construção

das linhas de transmissão de energia elétrica.

De acordo com a ABESCO (2014), o Brasil possui um potencial de economia

de energia elétrica da ordem de 46 TWh ao ano. Este valor é equivalente à metade

da produção anual da usina hidrelétrica de Itaipu.

Isto significa que a implantação de medidas de eficiência energética é mais

vantajosa economicamente ao ter que investir na construção de novas usinas, mas

não significa que o Brasil não necessite de novos investimento na produção de

energia elétrica.

Países no mundo inteiro preocupados com a questão energética estão

aplicando políticas efetivas para redução de consumo de energia, pois conforme

diversas pesquisas, a cada KW economizado, significa um KW a menos a ser

gerado ou um KW a menos na necessidade de crescimento do polo de geração

energético do país.

Não somente no Brasil, mas como em todo o mundo, a destruição do meio

ambiente e a utilização de forma irracional dos recursos não renováveis traz a tona

uma questão quanto ao progresso da humanidade.

2.1 Entidades e Programas Nacionais em Prol da Cons ervação de Energia

Apesar do cenário de crise, o Brasil apresenta-se com um conjunto de

entidades e programas que buscam desenvolver as questões de eficiência

energética.

Segundo o PNE 2050, em termos dos setores de uso da energia, pode-se

destacar o aumento de participação do setor comercial, refletindo também sua

29

crescente participação na economia no longo prazo. A projeção da demanda de

energia elétrica elaborada neste estudo contemplou ganhos de eficiência

energética, ao longo do período 2013-2050, que montam a 15% do consumo total

de eletricidade no ano horizonte. Esse ganho adicional de eficiência no consumo

final de eletricidade representa uma redução no requisito de geração (carga de

energia) em torno de 45 GWmédio, isto é, aproximadamente igual a cinco vezes a

garantia física da usina de Itaipu.

Assim como em outros países, diversas entidades são criadas no Brasil

voltadas para a conservação da energia, as quais têm como objetivos:

- promover o uso eficiente de todas as formas de energia e em todos os

setores de atividade;

- desenvolver atividades nas áreas de eficiência energética.

- realizar campanhas de conscientização e de difusão de informações, e a

realização de estudos de planejamento e de serviços de assessoria e consultoria;

- desenvolver ações de eficiência energética para promover a prosperidade

econômica e a proteção ambiental;

- coordenar e promover ações para o aproveitamento eficiente dos recursos

energéticos renováveis e não renováveis;

- promover a fabricação e a compra de produtos e serviços eficientes;

- atuar de forma a produzir mudanças voluntárias de comportamento na

população, de tal forma que as estratégias governamentais, relacionadas à

eficiência energética e conservação de energia, tanto no setor público como privado,

sejam implementadas;

- reduzir os impactos ambientais;

- planejar e gerenciar programas nacionais de pesquisa, de desenvolvimento,

demonstração ou disseminação da eficiência energética e energias renováveis;

- colaborar no desenvolvimento de políticas nas áreas de eficiência energética,

de diversificação das fontes de energia (elétrica, gás natural, carvão e fontes

30

renováveis) e atuar de forma a incluir os aspectos de proteção ao meio ambiente

nas políticas energéticas;

- contribuir para a redução das mudanças climáticas, desenvolvendo a

eficiência energética;

- facilitar o intercâmbio e difusão de informação técnica, legal e administrativa

entre as instituições e profissionais interessados;

- promover pesquisas sobre energia.

- desenvolver e promover a ciência da simulação da performance das

edificações a fim de melhorar o design, a construção, operação e manutenção de

edifícios novos ou já construídos;

- desenvolver conhecimento e formas de utilização da energia por meio de

estudos de metodologias e procedimentos aplicados à análise e solução de

problemas relativos à transformação de materiais e uso racional de energia;

- reunir profissionais e companhias de geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica para promover o debate e buscar soluções para questões comuns.

Vale destacar as entidades brasileiras e seus objetivos:

- Agência Nacional do Petróleo (ANP): Autarquia da administração pública

federal vinculada ao MME. Tem por finalidade promover a regulação, contratação e

fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo. Na lei

de criação da Agência, entre suas obrigações encontra-se a proteção do meio

ambiente e promoção da conservação de energia. Para isso desenvolve o

"Programa de Uso Eficiente e Combate ao Desperdício de Derivados de Petróleo e

Gás Natural". Entre as linhas de ação deste Programa inclui-se estimular, de forma

pró-ativa, o uso eficiente da energia que favoreça o desenvolvimento sustentável e

a preservação do meio ambiente;

- Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(INMETRO): Autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior. Tem por objetivo fortalecer as empresas nacionais,

aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à

31

melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é promover a qualidade

de vida do cidadão e a competitividade da economia através da metrologia e da

qualidade;

- Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): Autarquia especial vinculada

ao MME. Tem como atribuições regular e fiscalizar a geração, transmissão,

distribuição e comercialização de energia elétrica, atendendo às reclamações dos

agentes e consumidores, mediando conflitos de interesses entre os agentes do

setor elétrico e entre estes e os consumidores, concedendo, permitindo e

autorizando instalações e serviços de energia, garantindo tarifas justas, zelando

pela qualidade do serviço, exigindo investimentos, estimulando a competição entre

os operadores e assegurando a universalização dos serviços;

- Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): possui como objetivos a

proposição da política energética nacional ao Presidente da República, em

articulação com as demais políticas públicas; a proposição da licitação individual de

projetos especiais do Setor Elétrico, recomendados pelo MME; e a proposição do

critério de garantia estrutural de suprimento;

- Ministério de Minas e Energia (MME): suas funções são a formulação e

implementação de políticas para o Setor Energético, de acordo com as diretrizes do

CNPE; o exercício da função de planejamento setorial; o exercício do Poder

Concedente; o monitoramento da segurança de suprimento do Setor Elétrico, por

intermédio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE); e a definição de

ações preventivas para restauração da segurança de suprimento no caso de

desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda, tais como gestão da demanda

e/ou contratação de reserva conjuntural de energia do sistema interligado;

- Empresa de Pesquisa Energética (EPE): instituição técnica especializada

vinculada ao MME que tem como responsabilidade realizar os estudos do

planejamento energético nacional, associados às definições da composição da

Matriz Energética Nacional, do BEN, com o aproveitamento ótimo dos recursos

hídricos, e, por fim, do planejamento da expansão da geração e transmissão de

energia elétrica de médio e longo prazos;

- Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE): tem como finalidade

assegurar a continuidade e a segurança do suprimento de energia no país, através

32

do monitoramento do cronograma de construção dos empreendimentos (de geração

e transmissão), de condições hidrológicas excepcionalmente adversas e do

aumento imprevisto do consumo;

- Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE): instituição

especializada com os objetivos de administrar a contratação de compra e venda de

energia dos concessionários do serviço público de distribuição; realizar leilões para

compra de energia para os distribuidores, desde que autorizados pela ANEEL; e

executar a contabilização e liquidação do mercado, nos ambientes de contratação

regulado e livre;

- Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): É uma associação civil cujos

integrantes são as empresas de geração, transmissão, distribuição, importadores e

exportadores de energia elétrica e os consumidores livres. É responsável pela

coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de

energia elétrica nos sistemas interligados brasileiros.

Figura 5: Modelo do Sistema Elétrico Nacional

Fonte: MME (2010)

Para entender melhor o cenário energético brasileiro, foi realizado alguns

estudos pela EPE/MME. Em 2007 foi lançado o Plano Nacional 2030 (PNE 2030),

uma importante contribuição no âmbito da retomada do planejamento energético

nacional. Foi o primeiro estudo na esfera de governo com a visão de planejamento

integrado de energia.

33

A importância do PNE 2030 pode ser medida pelo impacto que causou após

sua publicação como, o seu uso nas diversas esferas ministeriais como referência

de cenário econômico-energético de longo prazo do governo federal, e seu uso

como referência para estudo sobre energia por parte de diversos públicos

interessados no setor energético.

Para o segundo estudo - Plano Nacional 2050 (PNE 2050), em um horizonte

tão longo, a estimativa da demanda de energia se depara com grande número de

incertezas das mais variadas naturezas, incluindo configuração de infraestrutura da

economia, padrões de mobilidade urbana, competitividade tecnológica e de

matérias-primas, além do padrão de consumo de energia pelos consumidores, pois

em 2050, o mundo que vivenciaremos possivelmente nos apresentará uma

realidade bastante distinta da que atualmente conhecemos, em todos os campos,

seja ele social, econômico, energético e ambiental, entre outros.

Para balizarmos esta ideia, basta recuarmos trinta anos atrás para

constatarmos o quanto se evoluiu do ponto de vista tecnológico, e concluirmos que

muitas transformações poderão ocorrer até 2050.

Alguns programas públicos foram desenvolvidos com o intuito de reduzir

perdas e eliminar desperdícios na produção e uso de energia e também adotar

tecnologias de maior eficiência energética, contribuindo com a postergação de

investimentos em novas usinas hidrelétricas ou refinarias de petróleo.

Dentre estes programas, destacam-se:

- O PROÁLCOOL: Programa Nacional do Álcool, desenvolvido em 1975 para

evitar o aumento da dependência externa de divisas quando da crise do petróleo;

- O CONSERVE: Lançado em 1981 pelo governo federal e tinha como objetivo

estimular a substituição do óleo combustível consumido na indústria. Este programa

porém não tinha como objetivo especifico a conservação de energia e teve sua

duração somente até 1985;

- O PROCEL: Programa de governo que, desde 1985, desenvolve uma série

de atividades de combate ao desperdício de energia elétrica;

34

- O CONPET: Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados de

Petróleo e do Gás Natural, que foi criado em 1991 com a finalidade de desenvolver

e integrar as ações que visam à racionalização do uso de derivados de petróleo e

do gás natural;

Para reforçar a questão do uso eficiente da energia, em 1992 foi criado o

Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), uma organização não

governamental sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover a transformação

e o uso final eficiente de todas as formas de energia.

Além do INEE, desde 1997 a ABESCO, uma entidade sem fins lucrativos que

representa oficialmente o segmento de eficiência energética brasileiro, promove

ações e projetos para o desenvolvimento do mercado de eficiência energética.

Entretanto, mesmo após a criação destes programas e de algumas entidades

que visam um desenvolvimento sustentável e a eficiência energética, estas

questões ainda se mantinham em segundo plano, às margens dos demais planos

políticos do país. Mas, com a crise energética vivenciada em 2001, ações mais

claras e efetivas começaram a ser adotadas. Esta crise pode ser vista como um

marco para o início do gerenciamento de energia e de programas mais agressivos

quanto a sustentabilidade do Brasil.

Segundo Felizzola (2010), durante muito tempo, no Brasil, a energia não era

cara e, por isso, não havia um estímulo para ações de uso consciente dela.

Começou a haver uma consciência maior a partir do apagão, de 2001. Em função

daquilo, muitos que não se preocupavam com a energia começaram a se

preocupar.

O racionamento foi provocado pelo déficit de geração de energia em relação a

demanda. Em março de 2001, o governo federal admitiu a possibilidade de haver

uma crise no abastecimento, o MME cogitou a possibilidade de interrupções

temporárias e regionais no fornecimento e a ANEEL apresentou um projeto que

multava quem consumisse mais energia do que a meta de redução do consumo.

Esta economia compulsória de energia por parte dos consumidores foi iniciada em

1º de junho de 2001 e terminou em 1º de março, de 2002.

35

Devido a esta crise energética brasileira de 2001, foi estabelecida a Lei Nº.

10.295 que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de

Energia, também conhecida como lei de Eficiência Energética. Esta lei foi

regulamentada pelo Decreto Nº. 4.059 de 19 de dezembro de 2001 que

estabeleceu algumas diretrizes para que parâmetros de referência à eficiência

energética em edificações fossem criados, com o objetivo de verificar e entender os

níveis de eficiência energética do país.

Entre o período de 1985 a 2007, a ELETROBRÁS estima que, por iniciativa do

PROCEL, foi economizado 28,5 milhões de MWh no país. Este número é

equivalente a cerca do consumo de 16,3 milhões de residências e à energia gerada

por uma hidrelétrica de capacidade instalada de 6.841 MW, com um custo

aproximado de R$ 19,9 bilhões.

Por iniciativa deste programa, em 1993 foi criado o selo PROCEL. Este selo

tem como objetivo indicar ao consumidor o nível de eficiência de cada equipamento,

tendo relativa importância sobre o desenvolvimento tecnológico das empresas que

se viram em meio a necessidade de desenvolver equipamentos mais eficientes.

Figura 6: Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações Fonte: INMETRO (2009)

A partir de então o consumidor passou a ter uma forma de identificar os

equipamentos que consomem mais ou menos energia e ter o início de um

36

entendimento em relação a preservação do meio ambiente e preocupação com um

desenvolvimento sustentável.

Entre outros subprogramas do PROCEL, também foram criados o PROCEL

INFO e o PROCEL EDIFICA.

O PROCEL INFO é um subprograma do PROCEL, implementado em

novembro de 2006, cuja criação foi motivada pela necessidade deste Programa em

difundir o conceito de uso eficiente de energia de forma sistemática, com vistas a

atender à demanda crescente por treinamento e informação sobre esse tema no

Brasil. Esse subprograma foi implementado no âmbito do Programa de Eficiência

Energética (PEE), desenvolvido pela Eletrobrás/PROCEL. O PEE contou com

metade dos recursos financeiros repassados pelo Global Environment Facility,

através do Banco Mundial e a outra metade provida pela Eletrobrás/PROCEL. O

objetivo era implementar no Brasil uma carteira de projetos na área de conservação

de energia, entre os quais constava a criação de um centro de informação sobre

eficiência energética (LEPETITGALAND, 2007).

A implantação do PROCEL INFO teve como primeira etapa o planejamento,

realizado juntamente com uma consultoria especializada, com experiência na área

de eficiência energética, em projetos na área de informação e em países em

desenvolvimento. Essas eram exigências do Banco Internacional para

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para o desenvolvimento do projeto, com

vistas a estimular a troca de conhecimento entre os países mais desenvolvidos e os

países em desenvolvimento. Foi contratada então, por meio de uma licitação

internacional, a consultoria americana P.A. Consulting (PROCEL, 2006).

Já quanto ao PROCEL EDIFICA, este possui como objetivo definir padrões

para racionalizar o consumo de energia em edifícios por todo o país. Para este foco,

foi desenvolvida a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) e suas

subcategorias.

A ENCE pode ser obtida através da avaliação dos requisitos contidos no

Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios

Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) para o edifício usando o método

descrito no Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência

Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C).

37

Pode ser fornecida uma etiqueta para o edifício completo ou para parte deste.

Ela é dita parcial quando referente à envoltória ou combinando a envoltória com um

dos outros dois sistemas – iluminação ou condicionamento de ar (INMETRO, 2009).

Dentre os principais projetos e atividades implementados pelo PROCEL,

desde sua criação até o ano 2007, vale ressaltar (PROCEL, 2006):

- inserção de cláusula contratual determinando que os concessionários do

serviço público de energia elétrica devem investir 1% de suas receitas operacionais

líquidas em ações de eficiência energética, posteriormente contemplada pela Lei

9.991/00, na qual foram incluídos, entre outros dispositivos, a rubrica pesquisa e

desenvolvimento;

- promoção do “Efficientia 98”, maior seminário mundial no tema eficiência

energética com a participação de 2.300 interessados, sendo 150 de outros países;

- contribuição técnica e institucional para a elaboração da versão inicial do

projeto de lei, que se transformou na atual Lei 10.295/01, conhecida como “Lei de

Eficiência Energética”;

- apoio à criação das ESCOs;

- outorga do selo de Economia de Energia para os equipamentos mais

eficientes, em parceria com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO;

- concessão do Prêmio PROCEL para diversas classes de consumidores, bem

como profissionais que se destacassem no uso eficiente e racional da energia;

- inclusão do tema, em pauta, em todos os níveis da educação formal do país,

incluindo cursos de extensão universitária, por meio do PROCEL EDUCAÇÃO;

- realização de pesquisas de campo nas principais classes consumidoras, para

nortear as ações do Programa (PPH);

- criação dos subprogramas RELUZ e SANEAR, para a melhoria da eficiência

energética na iluminação pública e nas empresas de saneamento básico;

- campanhas de mídia bem sucedidas visando, notadamente, à redução do

consumo no horário de ponta do sistema elétrico;

38

- capacitação de vinte e dois laboratórios e centros de pesquisa para dar

suporte à Lei de Eficiência Energética e às ações do PROCEL;

- publicação de um expressivo acervo técnico, voltado para processos

industriais;

- realização de cursos de capacitação e treinamento para agentes,

multiplicadores e técnicos que operam nas indústrias, comércio e órgãos públicos;

- lançamento do Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética –

PROCEL INFO, que pretende ser reconhecido como referência em informação

qualificada em eficiência energética.

Desde sua criação, o PROCEL tem obtido ótimos resultados com a atuação

direto no consumo de energia dos brasileiros.

Gráfico 3: Economia de Energia nos Últimos Cinco Anos (bilhões de kWh)

Fonte: PROCEL INFO (2015)

Enfim, com todas as ações do PROCEL supracitadas, este é um dos principais

programas voltado especificamente para o uso racional de energia e busca de

novas tecnologias relacionadas a eficiência energética e conservação de energia.

As ações do PROCEL contribuem para o aumento da eficiência dos bens e

serviços, para o desenvolvimento de hábitos e conhecimentos sobre o consumo

eficiente da energia e, além disso, postergam os investimentos no setor elétrico,

mitigando assim, os impactos ambientais e colaborando para um Brasil mais

sustentável. Nesse contexto, o PROCEL promove ações de eficiência energética

39

em diversos segmentos da economia, que ajudam o país a economizar energia

elétrica e que geram benefícios para toda a sociedade (PROCEL INFO, 2015).

Pode-se dizer que na inexistência deste Programa, a crise pela qual o Brasil

passa em 2015, já teria ocorrido há anos atrás e com consequências

consideravelmente mais severas.

Atualmente os estímulos estão voltados para a geração distribuída de energia,

ação que muitos países desenvolvidos já implementaram para a redução de

emissões e usos eficientes de energia.

No Brasil, a ANEEL através da Portaria Nᵒ. 538/2015, resolve criar o Programa

de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), qual

possui os seguintes objetivos:

- promover a ampliação da Geração Distribuída (GD) de energia elétrica, com

base em fontes renováveis e cogeração;

- incentivar a implantação de geração distribuída em:

a) edificações públicas, tais como escolas, universidades e hospitais; e

b) edificações comerciais (shopping centers por exemplo), industriais e

residenciais.

A GD é uma expressão utilizada para designar a geração de energia elétrica

realizada junto ou próxima dos consumidores, independentemente da potência,

tecnologia e fonte de energia.

Segundo o INEE (2015), as tecnologias de GD têm evoluído para incluir

potências cada vez menores. A GD inclui:

- co-geradores;

- geradores que usam como fonte de energia resíduos combustíveis de

processo;

- geradores de emergência;

- geradores para operação no horário de ponta;

40

- painéis fotovoltaicos;

- pequenas centrais hidrelétricas (PCH's).

Grande parte dos shopping centers, como grandes centros comerciais e que

desta forma, a energia elétrica é fundamental para garantir a continuidade da

operação dos negócios, possuem grupo geradores quais são utilizados, seja na

forma de operação em emergência, quando ocorre a interrupção do fornecimento

de energia elétrica por parte da concessionária de energia, seja em operação em

horários de pico no sentido de reduzir os gastos com energia elétrica nestes

horários.

Com o ProGD, estes geradores podem ter seu perfil de funcionamento

alterado, de forma que produzam energia a ser injetada novamente na rede elétrica

de distribuição energia.

A criação do ProGD, elenca vantagens sobre a geração de energia no país,

pois economiza investimentos em linhas de transmissão e em novas usinas de

geração elétrica, baixo impacto ambiental, diversificação da matriz energética e

consequentemente garante maior estabilidade no fornecimento de energia elétrica.

No contexto de identificação de alternativas quanto a expansão e

diversificação da matriz energética brasileira, se encontram as pequenas centrais

geradoras.

A micro e a minigeração distribuída consistem na geração de energia elétrica a

partir de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes renováveis como a

energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, interligadas à

rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.

Dentre estas unidades consumidoras, se encontram os shopping centers.

A micro e minigeração distribuída são diferenciadas de acordo com sua

potência instalada. A microgeração distribuída se classifica como uma central

geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual a 100 kW; Já a

minigeração distribuída se classifica como uma central geradora de energia elétrica

com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW.

41

A Resolução Normativa Nº. 482/2012, qual se refere ao Sistema de

Compensação de Energia Elétrica, permite que a energia excedente gerada pelo

shopping center ou por qualquer outra unidade consumidora como micro ou

minigeração seja injetada na rede da distribuidora, qual funcionará como uma

bateria, armazenando esse excedente até o momento em que a unidade

consumidora necessite de energia proveniente da distribuidora.

Explicitando, a energia elétrica excedente é cedida à distribuidora local, sendo

posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica dessa mesma

unidade consumidora ou até mesmo por outra unidade consumidora de mesma

titularidade da geradora

Isto significa que o consumo de energia elétrica a ser faturado corresponde à

diferença entre a energia consumida e a injetada na rede elétrica da distribuidora.

E, havendo excedente de energia elétrica injetada na rede na distribuidora, o

excedente poderá ficar como saldo positivo para o faturamento do mês seguinte ou

ser consumida por outras unidades consumidoras do mesmo titular da geradora.

A iniciativa de instalação de micro ou minigeração distribuída é do consumidor.

A ANEEL não estabelece o custo dos geradores nem eventuais condições de

financiamento.

Entretanto, cabe ao consumidor realizar a análise da relação de

custo/benefício para instalação de geradores.

Há várias circunstâncias a serem consideradas nessa projeção: tipo da fonte

de energia (painéis solares, turbinas eólicas, geradores a biomassa, etc..),

tecnologia dos equipamentos de geração, porte da unidade consumidora e da

central geradora, localização (rural ou urbana), tarifa à qual a unidade consumidora

está submetida, condições de pagamento/financiamento do projeto e existência de

outras unidades consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema de

compensação de energia elétrica (ANEEL, 2014).

A ANEEL vem contribuindo com o desenvolvimento de políticas energéticas

em detrimento da preocupação mundial a respeito da redução de impactos

ambientais e escassez de recursos naturais para a geração de energia elétrica.

42

Essa preocupação se justifica mesmo em um país como o Brasil, que

apresenta uma matriz energética em que quase metade está associada a energias

renováveis. Conforme estudos da IEA (2013) estima-se que a eficiência energética

pode contribuir com quase 50% da mitigação de emissão de gases de efeito estufa

(PNE 2050, 2014).

O consumidor final de energia é um importante componente na equação da

expansão do setor energético.

No intuito de consolidar os direitos e deveres dos consumidores de energia

elétrica, a ANEEL estabeleceu a Resolução Nº. 414/2010, que trata das Condições

Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica, em substituição à Resolução Nº.

456/2000.

De fato, a estratégia de atendimento à demanda futura de energia deve

considerar ações sob o ponto de vista tanto da expansão da oferta quanto da

redução da demanda específica de energia para a realização de serviços

energéticos, necessários para a produção de bens e serviços, para obtenção de

produtos finais ou para proporcionar mobilidade e/ou conforto aos consumidores

finais (PNE 2050, 2014).

Com o intuito de reduzir o consumo de energia em empreendimentos de

grande porte e que mais consomem energia elétrica, busca-se a implantação de

projetos de eficiência energética e conservação de energia.

Mundialmente, as edificações respondem por aproximadamente 32% da

demanda global de energia e várias iniciativas para reduzir o consumo de energia

nestes consumidores tem sido conduzidas, incluindo o estabelecimento de padrões

mínimos de desempenho para edificações e o estabelecimento sistemas de

certificação voluntária (IEA, 2012).

Sob o ponto de vista da eficiência energética, o impacto de ações neste

campo resulta do uso de equipamentos mais eficientes, como também a partir dos

hábitos de uso das tecnologias disponíveis.

Dentre as edificações, se encontram os shopping centers, tipologia explorada

nessa pesquisa como contribuição à área de Gerenciamento de Facilidades para a

gestão dessas edificações de grande consumo energético nos centros urbanos.

43

2.2 Objetivo

O aumento crescente da demanda por energia elétrica e consequentemente

maior necessidade de produção de energia elétrica trazem grandes impactos

ambientais devido a necessidade de construção de novas usinas de geração de

energia elétrica e pela utilização cada vez mais frequente das usinas termoelétricas.

Neste contexto, a questão da economia energética se torna um dos principais

tópicos da atualidade, comum a todos os setores sociais e econômicos do país,

explicitando a necessidade sobre o desenvolvimento sustentável e de meios

racionais e eficientes para o desenvolvimento das atividades do país.

Diante desta demanda, será desenvolvido procedimentos para o diagnóstico

energético de sistemas identificados como maiores consumidores de energia

elétrica em shopping centers, proporcionando a redução de custos operacionais

através da economia de energia elétrica.

Para exemplificar os benefícios da eficiência energética, serão apresentados

casos de sucessos de projetos de eficiência energética aplicados em shopping

centers.

44

3. METODOLOGIA

Mediante o objetivo deste trabalho, buscou-se uma delimitação específica no

intuito de melhor direcionar o desenvolvimento desta monografia.

Desta forma, espera-se apresentar como um material de estudo e referência

para conservação de energia e projetos sustentáveis.

Como metodologia utilizada para desenvolver este trabalhou, buscou-se

utilizar as seguintes premissas:

- demonstrar o panorama qual o Brasil vem desenvolvendo em relação a

políticas e programas de eficiência energética;

- contribuir para a consolidação de um referencial teórico referente a eficiência

energética e conservação de energia em shopping centers;

- identificar as tecnologias existentes referentes às formas de geração de

energia elétrica;

- propor sugestões de projetos de eficiência energética;

- demonstrar as premissas da crise energética brasileira de 2015, retratando a

necessidade de atenção ao meio ambiente e projetos de eficiência energética em

todo o mundo;

- caracterizar a indústria crescente do mercado de shopping centers e seu

potencial de desenvolvimento sustentável;

- mapear em shopping centers, os sistemas que mais consomem energia

elétrica;

- definir formulários de apoio para o levantamento de dados e propor

recomendações que possam subsidiar uma melhora no desempenho energético de

shopping centers;

- evidenciar através de alguns cases aplicados a shopping centers, que a

prática a respeito de eficiência energética pode trazer benefícios ao

empreendimento e ao meio ambiente.

45

3.1 Estruturação do Documento

Esta monografia se encontra organizada em 9 capítulos, cujo conteúdo

descreve-se a seguir.

No Capítulo 1 o autor desenvolve o contexto referente a introdução desta

monografia.

No capítulo 2, o autor demonstra a crise energética brasileira em 2015, assim

como as questões que contribuíram para este acontecimento. Neste capítulo

também é abordado o tema do desenvolvimento energético e programas de

eficiência energética desenvolvidos no Brasil, assim como as crises energéticas

enfrentadas pelo país e oportunidades desenvolvidas como Soluções aos

problemas encontrados.

No Capítulo 3 o autor descreve a respeito da metodologia qual se utilizou para

o desenvolvimento desta monografia e a forma de estruturação do documento.

Quanto ao capitulo 4, se trata da definição e do crescimento contínuo dos

shopping centers, números atuais quanto a quantidade de shopping centers, fluxo

de pessoas e resultados econômicos.

No capítulo 5, é realizado pelo autor, um breve resumo a respeito de

gerenciamento de facilidades e de como é empregado em shopping centers.

Para o capítulo 6, o autor buscou expor dados referentes ao consumo de

energia em shopping centers, levantados através de verificação das medições de

consumo de energia de alguns shopping centers, demonstrando sucintamente as

característica de cada um destes empreendimentos, sua localidade e quanto

representa o consumo de energia nas contas ordinárias do condomínio.

No capítulo 7, o autor desenvolveu a respeito dos métodos de avaliação e

indicadores de eficiência energética de edifícios que podem ser utilizados no setor

de shopping centers.

Foi apresentado no capítulo 8, os procedimentos para realização do

diagnóstico energético dos sistemas que mais consomem energia em um shopping

center.

46

Para o capítulo 9, foram apresentados alguns cases de sucesso em eficiência

energética aplicados a shopping centers.

E, concluindo o trabalho, no capítulo 10, o autor realiza as considerações

finais a respeito da monografia apresentada, retomando as questões e os objetivos

apresentados no capítulo 1.

47

4. SHOPPING CENTERS

As origens do comércio remontam à troca de produtos. Tais trocas tinham

como objetivo prover produtos necessários à sobrevivência. Dessa forma, alimentos

eram produzidos para abastecimento e para serem trocados por outros alimentos

ou vestuário. Esse processo é fruto da gradual reestruturação social dos povos

nômades, que através da divisão do trabalho, possibilitou a permanência num

mesmo local e a produção de excedentes para a troca (ROLL, 1962).

Ao longo do tempo a troca (comércio) foi ganhando maior importância como

atividade econômica. Do Egito e Mesopotâmia, passando pelo Império Romano, a

importância do comércio está calcada em seu caráter de Solução de abastecimento

e produção, divisão do trabalho, bem como de atividade lucrativa (para os

produtores e para os cobradores de impostos) (VARGAS, 1992 apud Garrefa,

2005).

Com o avanço do Mercantilismo, a partir do século XV, a atividade comercial

passa a ser entendida como necessária ao crescimento das economias nacionais,

sendo a fonte original de acumulação de metais preciosos (ouro e prata), medida de

riqueza de uma nação (GARREFA, 2005).

Entre as grandes alterações ocorridas nas metrópoles europeias do século

XIX, o surgimento das galerias (passagens comerciais acessíveis aos pedestres),

iniciaram uma revolução nos espaços de compra, contribuindo para o surgimento

de espaços que posteriormente ganhariam a forma dos shopping centers no século

XX (GARREFA, 2005).

As inovações propostas pelas lojas de departamento foram muito

significativas. Podem-se destacar a alocação de espaço dentro da loja segmentada

por departamentos, o foco no atendimento às mulheres como principais clientes,

disponibilizando inclusive berçário e sala de leitura, bem como a fixação do preço

do produto junto à mercadoria (SENNET, 1998 apud GARREFA, 2005).

A idéia de fixar o preço junto ao produto foi uma grande evolução, por dois

aspectos principais. Primeiro por evitar o comportamento de negociação de preços;

o preço estava fixado. Decorrência disso possibilitou que os proprietários dessas

48

lojas criassem redes de loja, uma vez que a presença física do proprietário

necessária para a negociação, não se fizesse mais fundamental (GARREFA, 2005).

Nesse contexto surgem os primeiros centros comerciais chamados de

shopping center nos EUA.

Em 1956 foi inaugurado o primeiro shopping regional do mundo. O Southdale

Center foi implantado contendo dois pavimentos, uma área comum bastante

confortável e contendo duas lojas de departamento como lojas âncoras (MELLO

JÚNIOR, 2005).

Eppli et al (1994) considera a construção do Southdale Mall como um ponto de

mudança na história da indústria do varejo, afirmando que o modelo implantado

nesse shopping é o mesmo que liderou o crescimento da indústria de shopping

center nos EUA, qual seja, a idéia de unir lojas pequenas (satélites) e lojas grandes

(âncoras) num espaço compartilhado de varejo, com o intuito de elevar a venda

para todos os lojistas presentes nesse novo “sistema” varejista.

Segundo Richter (1954, apud Garrefa, 2005), entre os fatores determinantes

para o crescimento do número de shopping center nos EUA se destacam o rápido

crescimento urbano, a necessidade de mais segurança e maior conforto no

momento de compra, além de questões climáticas.

Os shoppings tornaram-se grandes propulsores do crescimento urbano,

valorização imobiliária e geração de empregos (JUNIOR, NETO, PEREIRA,

COIMBRA, 2009).

São empreendimentos que reúnem inúmeros estabelecimentos comerciais,

lanchonetes, restaurantes, salas de cinema, playground, parques de diversões e

estacionamento, centralizados arquitetônica e administrativamente, normalmente

constituindo um condomínio.

Já no Brasil, conforme Giuliani (2003), o varejo inicia-se na metade do século

XIX, com estabelecimentos comerciais visando atender à aristocracia com produtos

importados e que se tornariam grandes lojas de departamento e referência no

varejo.

49

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS ANO

Casa Masson 1871 Casas Pernambucanas 1906

Mesbla 1912 Mappin Stores 1913

Lojas Americanas 1929 Sears 1949

Tabela 1: Surgimento de Grandes Lojas de Departamento Fonte: Giuliani (2003)

Tais práticas gerenciais baseavam-se nos modelos de lojas já existentes nos

EUA e Europa, chegando ao país principalmente com capital estrangeiro e sempre

com significativo atraso (JUNIOR; NETO; PEREIRA; COIMBRA, 2009).

O primeiro shopping center inaugurado no Brasil, foi o Shopping Iguatemi SP,

localizado na cidade de São Paulo que teve sua inauguração em 1966. Cerca de

cinco anos após sua inauguração, começaram a surgir outros shopping centers.

O Shopping Iguatemi SP foi inaugurado em 28/11/1966, possui 46.134 m² de

ABL distribuídos em 3 pavimentos de lojas e se encontra em funcionamento até

hoje.

Figura 7: Shopping Iguatemi SP Fonte: Shopping Iguatemi SP (2015)

O Conjunto Nacional de Brasília, inaugurado em 1975, no entanto, é

considerado o primeiro shopping center no Brasil a seguir os conceitos e padrões

internacionais, como aluguel dos espaços aos lojistas, administração centralizada e

convenção de condomínio, uma vez que uma parcela da lojas do Shopping

Iguatemi SP, foi vendida aos lojistas (CASTELLO BRANCO et al, 2007).

50

Em 1976, foi criada a Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE),

qual representa a indústria de shopping centers no Brasil com o objetivo de

fortalecer e colaborar com o desenvolvimento deste segmento no país.

A ABRASCE é uma entidade de classe de âmbito nacional, constituída como

associação, na forma dos artigos 53 e seguintes do Código Civil, com duração

indeterminada e finalidade de representar e defender os interesses dos

empreendedores, investidores e gestores de shopping centers (ABRASCE, 2009).

De acordo com os critérios adotados pela ABRASCE, apresenta-se na tabela

2, a classificação onde sua aplicação é recomendada aos shopping centers em

geral, como instrumento de aferição, estatística e apoio gerencial.

Tabela 2: Classificação de Shopping Centers no Brasil Fonte: ABRASCE (2015)

O mercado brasileiro de shopping center apresentou significativo crescimento

nos últimos anos. De um total de 292 centros de compra existentes no país até

dezembro de 2002, esse mercado foi acrescido de 204 novas unidades até

dezembro de 2013 (ABRASCE, 2014).

51

Diversos fatores contribuíram para a expansão desse mercado no período

supracitado. De acordo com Castello Branco et. al (2009), a melhora das condições

macroeconômicas do mercado brasileiro de consumo explicam grande parte dessa

forte elevação no número de novos empreendimentos.

As lojas estabelecidas no interior de shopping centers, possuem alguns custos

aos proprietários/investidores como:

- aluguel;

Segundo Pinto (2001), aluguel é uma relação onde uma das partes se obriga a

realizar pagamento mediante ao uso e gozo de um bem móvel ou imóvel.

- aluguel mínimo;

Definido de acordo com a localização (ponto) e área da loja.

Segundo ICSC (1997), o aluguel mínimo é aquela quantia específica em

moeda corrente, paga pelo lojista, estipulado como uma quantia anual, sendo

dividido em doze prestações mensais devidas e pagáveis em datas a serem

combinadas de forma contratual.

Para Alexander (1994), o aluguel mínimo é o valor estipulado para cada metro

quadrado alugado a um lojista, por meio contratual, sendo gerador de uma

obrigação mensal a ser paga em data acordada.

- aluguel percentual ou variável;

Aluguel cobrado conforme desempenho das vendas da loja.

Segundo ICSC (1997), a escala dos aluguéis percentuais pode ter uma grande

variação, dependendo do tipo de varejista que se instala no shopping.

- condomínio;

Se trata de todas as despesas referentes as áreas comuns do

empreendimento como: segurança, limpeza, manutenção, água, energia, insumos e

demais despesas necessárias a operação do shopping center.

52

De acordo com Moura (2005), pode-se definir condomínio como uma

propriedade pertencente ao mesmo tempo a mais de uma pessoa, cabendo a cada

uma delas direitos e deveres iguais sobre o todo e cada uma das partes.

- fundo de reserva;

Destinado a utilização de despesas não previstas em orçamento de

condomínio.

- fundo de promoção;

Destinado aos eventos e propagandas efetuadas pelo shopping para

divulgação do empreendimento e atratividade de novos clientes.

O fundo de promoção corresponde ao valor pago pelo varejista destinado a

custear as despesas de promoção e publicidade dos shopping centers (JUNIOR;

NETO; PEREIRA; COIMBRA, 2009).

Em sua maioria, esse fundo é pago por todos os varejistas que compõem a

estrutura do shopping center, assim como a própria administração, com o propósito

de tornar o empreendimento sinônimo de sucesso e reconhecimento (BRMALLS,

2009).

A administração de um shopping center tem como pilares centrais de suas

receitas perante os lojistas, o aluguel, o condomínio e o fundo de promoções, que

capitalizam a administração do shopping para a manutenção de todas e quaisquer

atividades organizacionais e promocionais (JUNIOR; NETO; PEREIRA; COIMBRA,

2009).

Além das despesas citadas acima, o lojista deve arcar não tão somente com

suas despesas de materiais, insumos, funcionários, etc..., mas com as despesas de

área privativa, específica de acordo com o ramo de atividade de cada loja, como:

- custos referente a água gelada para equipamentos de ar condicionado;

- energia elétrica;

- água;

- gás;

53

- IPTU;

- controle de pragas;

- auditoria sanitária.

O setor de shopping centers no Brasil revela números significativos de

crescimento, demonstrando pluralidade de possibilidades e boas perspectivas

(JUNIOR, NETO, PEREIRA, COIMBRA, 2009).

Segundo a ABRASCE (2015), atualmente no Brasil, o setor de shopping

centers conta com 534 empreendimentos e 14.637 milhões de m² em ABL.

Tabela 3: Números do Setor de Shopping Centers no Brasil (Nov/15)

Fonte: ABRASCE (2015)

Em 2014, o faturamento deste setor atingiu 142,3 bilhões de reais com um

fluxo médio de 431 milhões de pessoas por mês.

A proposta dos shopping centers em oferecer segurança e a facilidade de

encontrar tudo no mesmo lugar, aliada à ideia de modernidade e progresso, foram

os maiores atrativos para os brasileiros elegerem esses empreendimentos como

lugar privilegiado para compras e lazer (ABRASCE, 2009).

54

O crescimento econômico representa um dos fatores essenciais para o

desenvolvimento de uma nação, cidade ou até mesmo de uma determinada região,

o que propicia melhorias na qualidade de vida e na sociedade, entretanto, promover

condições para o desenvolvimento está diretamente relacionado à alterações do

meio ambiente que, atualmente, em sua grande maioria, se resume a um impacto

negativo.

A seguir, evidencia-se a evolução dos shopping centers brasileiros.

Tabela 4: Evolução do Setor de Shopping Centers nos Últimos Anos Fonte: ABRASCE (2015)

Gráfico 4: Evolução da ABL em milhões de m² em Shopping Centers Fonte: ABRASCE (2015)

55

Gráfico 5: Evolução do N.º de Empregos em Shopping Centers Fonte: ABRASCE (2015)

Gráfico 6: Evolução do Faturamento em Bilhões de Reais em Shopping Centers

Fonte: ABRASCE (2015)

Mesmo com diversas dificuldades econômicas enfrentadas no ano de 2014,

Humai (2015), divulgou que os shopping centers brasileiros por mais uma vez,

apresentaram um crescimento econômico acima do comércio varejista e da

inflação.

56

O melhor modelo estratégico para um shopping altamente produtivo está

baseado em uma experiência de compra que dá aos clientes o que eles querem.

Embora isso seja óbvio, não é sempre praticado nos shoppings tradicionais

(WILLIAMS, 2008).

A tendência do universo dos shoppings é de deixarem de ser somente templos

de consumo e passarem a ser verdadeiras áreas de convivência, com estilo cada

vez mais voltado ao tradicional e, sendo priorizado, o uso de espaços abertos e um

cuidado cada vez mais voltado ao planejamento arquitetônico (ARAUJO, 2007).

Entretanto com as crises econômicas pelas quais o Brasil vivencia, o mercado

de shopping center pode se estagnar.

Inúmeros são os riscos a este tipo de segmento em relação a crises

energéticas e econômicas.

Adicionalmente, a concorrência no mercado brasileiro de shopping centers

está aumentando. A concorrência com novos shopping centers pode implicar em

mais investimentos do que aqueles que normalmente seriam necessários.

O lucro proveniente dos aluguéis, por meio de contratos de locação, é a

principal fonte de receitas dos empreendedores, onde a falta de pagamento,

alteração nos preços de locação devido a ações de renovação ou aumento no

número de lojas vagas nos shopping centers, incluindo a decisão dos locatários de

desocuparem as lojas antes do término do contrato de locação, resultará na

redução das receitas, o que afetará adversamente o empreendimento.

Segundo ICSC (1997), os ganhos de um shopping center advêm da locação e,

qualquer que seja o tamanho do shopping, o mesmo sobrevive dos aluguéis.

Entre as tipologias de empreendimento imobiliário do Real Estate, shopping

center é classificado como um empreendimento de base imobiliária, uma vez que a

receita obtida por tal empreendimento decorre do aluguel de espaços às empresas

varejistas, que em contrapartida, pagam aluguel aos empreendedores do centro de

compras (LIMA JR, 2011).

Os empreendedores sem a arrecadação dos aluguéis advindos das lojas

podem tomar a decisão de encerrar as atividades do empreendimento.

57

Um exemplo claro deste risco é o Shopping Randall Park. Foi o maior

shopping center do mundo, mas hoje é um edifício gigante abandonado. Fechou

suas portas em 2009 após a recessão americana. Em sua inauguração, em 1976,

no estado de Ohio, o shopping empregava mais de 5 mil pessoas numa cidade de

pouco mais de 1500 pessoas.

Figura 8: Shopping Randall Park Abandonado Fonte: Seph Lawless (2014)

Dependendo da região de localização de cada shopping center, pode haver

diferentes níveis de ocupação e a capacidade de alugar as áreas disponíveis, bem

como as vendas dos locatários.

No mercado de shopping centers é importante que os custos de manutenção

sejam baixos, a fim de que os custos de ocupação dos lojistas, incluindo o aluguel

das lojas pagos aos proprietários destes empreendimentos não ultrapassem um

percentual em torno de 15% de suas vendas. Como a energia elétrica em alguns

casos podem atingir até 30% do valor das despesas condominiais, a forma de

modificar essa realidade seria estabelecer projetos de eficiência energética e

conservação de energia.

Os fatores a seguir, entre outros, podem afetar adversamente o desempenho

operacional dos shopping centers:

- redução no nível de ocupação dos shopping centers e/ou aumento na

inadimplência por parte dos locatários poderia reduzir as receitas de aluguéis;

58

- reduções nas receitas devido a recessões econômicas ou desaquecimento

da economia brasileira;

- aumento nas despesas relativas a manutenções, renovações, reparos e

renovação do aluguel das propriedades;

- falta de cumprimento ou violações por parte dos locatários acerca das

obrigações contratuais;

- aumento dos impostos sobre o negócio ou nos negócios dos locatários;

- aumento nas despesas gerais e administrativas e nos custos operacionais;

- alterações regulatórias que afetam o mercado de shopping centers, incluindo

as normas de zoneamento;

- concorrência de outros tipos de lojas e canais de varejo, como e-commerce.

A redução no fluxo de consumidores devido à concorrência, crise econômica,

ou o aluguel de áreas para locatários por concorrentes em termos mais favoráveis,

pode dificultar as renovações dos aluguéis das lojas, o que, por sua vez, pode

aumentar a vacância nos shopping centers.

Crises ou políticas econômicas de outros países podem reduzir o interesse

dos investidores no mercado imobiliários brasileiro, inclusive nas ações ordinárias

dos empreendedores brasileiros.

A redução da liquidez e das linhas de crédito, em conjunto com os prejuízos

significativos nos mercados acionários mundiais, inclusive no Brasil, podem

instaurar uma recessão ou desaquecimento econômico mundial. O desaquecimento

prolongado das atividades econômicas no Brasil podem reduzir a demanda por

parte do consumidor e consequentemente, afetar adversamente os resultados

operacionais dos shopping centers.

Os negócios, a situação financeira e os resultados operacionais podem ser

afetados por mudanças nas políticas ou nos regulamentos que envolvem ou afetam

certos fatores, tais como:

- inflação;

59

- políticas cambiais e monetárias;

- instabilidade social;

- redução da liquidez dos mercados de capitais e crédito domésticos;

- elevação das taxas de juros;

- políticas fiscais e alterações na legislação fiscal;

- mudanças nas políticas e normas trabalhistas;

- racionamentos de energia elétrica;

- outros acontecimentos políticos, sociais e econômicos que venham a ocorrer

no Brasil ou que o afetem.

As medidas adotadas pelo governo brasileiro ou especulações sobre as

medidas governamentais futuras poderiam resultar em incertezas acerca da

economia brasileira e aumentar a volatilidade nos mercados de capitais domésticos,

o que poderia afetar adversamente o negócio, a condição financeira e os resultados

operacionais dos shopping centers.

Com a crise econômica, a desvalorização da moeda brasileira em relação ao

dólar podem criar pressões inflacionárias adicionais no Brasil e acarretar em

aumentos das taxas de juros, podendo afetar de modo negativo a economia

brasileira como um todo, incluindo o nível de consumo e, em particular, os

resultados operacionais e o preço de mercado das ações ordinárias dos

investidores.

Os serviços públicos, especialmente água e eletricidade, são essenciais para

a operação contínua e segura dos shopping centers. Qualquer interrupção

significativa desses serviços e aumento imprevisto nas taxas de tais serviços como

vem ocorrendo em 2015, pode resultar em um aumento dos custos aos locatários e

desestabilizar o mercado de shopping centers.

Para que os shopping centers não tenham que enfrentar uma crise devido a

instabilidade econômica do país, devem possuir a presença de um gerente de

facilidades no intuito de realizar a administração e gestão do empreendimento.

60

Administrar um shopping center, certamente caracteriza-se como uma das

tarefas mais fascinantes e complexas do varejo de produtos e da prestação de

serviços pela total incerteza do cenário socioeconômico cada vez mais globalizado,

pela busca intensa da harmonia do relacionamento empreendedores-varejistas,

pela busca do diferencial competitivo e da satisfação e lucratividade de investidores,

parceiros, acionistas e, principalmente, pela grande diversificação e expectativas

dos clientes internos e externos diante de suas necessidades (JUNIOR, NETO,

PEREIRA, COIMBRA, 2009).

A princípio, tornar um shopping center mais eficiente energeticamente pode

soar um objetivo bem claro, louvável, realizável e até rentável, mas, na prática,

muitas barreiras tendem a se colocar no caminho da implantação dos projetos

necessários.

Algumas delas são pontuadas por Vargas Júnior (2006), conforme segue:

- falta de conhecimento sobre o assunto, que pode levar à desconsideração de

certos conceitos sobre conservação de energia elétrica;

- compras baseadas no menor custo em detrimento da melhor eficiência dos

equipamentos;

- falta de especificações técnicas adequadas;

- falta de incentivo das concessionárias, uma vez que estas passariam a lucrar

menos devido ao menor consumo energético;

- falta de interesse de fabricantes, que necessitariam disponibilizar maiores

investimentos em pesquisa e modernização em sua linha de produção;

- falta de recursos financeiros dos consumidores para adquirir produtos mais

eficientes, os quais são costumeiramente mais caros.

Ornstein; Romero (1992) complementam ainda que no Brasil, os próprios

agentes produtores e usuários das edificações podem criar barreiras à sua

avaliação, como mecanismo de autodefesa, pois esta área de atuação (a avaliação)

é compreensivelmente entendida como sinônimo de repressão.

61

5. GERENCIAMENTO DE SHOPPING CENTERS

O aumento da complexidade dos sistemas prediais e de seu grau de interação,

bem como das necessidades de uso racional de insumos naturais e energéticos e

administração de questões ambientais, impõe o gerenciamento do edifício e de

seus sistemas à especialistas, impulsionando progressivamente a importância e o

interesse pelo Gerenciamento de Facilidades (ANTONIOLI, 2003).

Os países desenvolvidos, de cultura anglo-saxônica, começaram a se

interessar pelo gerenciamento efetivo do edifício e seus sistemas nos anos oitenta.

Esta atividade é conhecida nestes países pelo nome de Facilities Management

(ANTONIOLI, 2003).

Dentre as diversas tipologias de edificações existentes a serem gerenciadas,

os shopping centers podem ser considerados como uma das mais completas

devido a quantidade e diversidade de equipamentos e procedimentos operacionais.

No Rio de Janeiro, o IAB-RJ e conjunto com o PROCEL EDIFICA e a

ELETROBRÁS, depois de extensa pesquisa publicaram em 2005 o Caderno de

Boas Práticas - Eficiência Energética em Edificações Brasileiras: Shopping Centers,

em decorrência da necessidade de implantação de eficiência energética nestes

empreendimentos.

Segundo a publicação da Revista ESPECIALIZE em julho/2013, esta pesquisa

afirma que os shoppings podem ser considerados como um dos ramos do setor

comércio/serviços mais intensivos em consumo de energia, com indicadores de

consumo mensal por ABL - ou seja, a área efetivamente dedicada às lojas - entre

30 kWh/m² e 70 kWh/m².

Aplicando o gerenciamento em diversos serviços presentes sob a gestão do

gerente de facilidades de um shopping center, serão identificadas mudanças que

necessitam ser realizadas para sustentar adequadamente o consumo de energia

consciente e empregar a menor quantidade de energia necessária para a execução

destes serviços.

De modo geral, o gerenciamento de facilidades abrange áreas de

conhecimento da engenharia, arquitetura e administração. Seu propósito é otimizar

62

o uso dos recursos disponíveis e aperfeiçoar o desempenho dos edifícios e seus

sistemas, contribuindo para a eficiência do ambiente construído (DEGANI, 2010).

Através do gerenciamento de facilidades, procura-se administrar a operação

de edificações objetivando otimizar a utilização de recursos e a funcionalidade

oferecida no mais amplo sentido, de maneira a torná-las instrumentos de

alavancagem dos negócios desenvolvidos no ambiente construído (ANTONIOLI,

2003).

Dentre os serviços e infraestruturas a serem administrados, está a questão do

consumo energético do empreendimento.

Segundo Casado (2015), a maior preocupação dos shopping centers é o

consumo de energia.

Os gerentes de facilidades de shopping centers tem papel significativo e

decisivo para a redução de consumo de energia, já que é este profissional que

tende a conhecer todos os serviços e equipamentos do empreendimento, assim

como deve ter o conhecimento de novas tecnologias e contato direto com a

superintendência e investidores a fim de apresentar projetos de eficiência

energética para aprovação e implantação.

O emprego destes projetos deverá refletir não só em uma redução de

consumo de energia e consequentemente a redução do valor da conta de energia,

mas também na minimização de custos operacionais, onde a tendência será de se

utilizar menos energia e/ou realizar por menos vezes algum serviço ou

procedimento, poupando também o meio ambiente e seus recursos naturais.

Analisando as questões levantadas, acredita-se que existem muitos

obstáculos para se alcançar um status mais sustentável do cenário energético, que

no Brasil residem na figura de empresários, gestores e executivos responsáveis

pelo processo decisório (MANO, 2014).

Em edificações institucionais e comerciais, tais como hospitais, universidades,

shopping centers, escritórios e outros, a forma pela qual o edifício e seus sistemas

são operados e mantidos, influencia diretamente tanto os custos de bens e serviços

ali produzidos quanto a qualidade do ambiente interno, com reflexos importantes

63

sobre a saúde e a produtividade das pessoas usuárias do edifício (ANTONIOLI,

2003).

É necessário, portanto, desenvolver novas abordagens que permitam lidar

adequadamente com os modernos e complexos sistemas prediais, atendendo

corretamente as também complexas Solicitações de seus usuários (ANTONIOLI,

2003).

Conforme a definição do International Facility Management Association

(IFMA), o papel do gerente de facilidades é realizar a gestão de facilidades

integrando múltiplas disciplinas, para assegurar a funcionalidade do ambiente

construído, por meio da integração de pessoas, locais, processos e tecnologia.

No entanto, cada empreendimento, ou seja, cada shopping center, possui

suas características específicas, cada um com seu nível de complexidade e com

grande variedade de serviços e processos envolvidos.

O gerenciamento de todas estas atividades exige um grau elevado de

experiência e atenção focando não somente na parte operacional do

empreendimento, mas também direcionando ações estratégicas.

Segundo ICSC (1997), o administrador de shopping center pode ser o próprio

empreendedor, um funcionário do empreendedor ou um prestador de serviços, isto

é, um administrador ou empresa administradora que opera o shopping mediante um

contrato com o empreendedor.

Sua maior responsabilidade é aumentar o valor da propriedade – o shopping

center. Para fazê-lo, os administradores devem estar totalmente familiarizados com

as condições básicas da instalação do seu centro – como é a edificação onde está

instalado, como funciona, como está operando e quais são os resultados, além de

conhecer as estimativas dos relatórios financeiros (JUNIOR, NETO, PEREIRA,

COIMBRA, 2009).

Os shopping centers possuem uma característica que se assemelha a locais

públicos, mas por outro lado possuem características bem diferentes de indústrias,

empresas e edifícios corporativos, no que diz respeito ao acesso e fluxo de

pessoas.

64

Em geral, shopping centers não possuem controle de acesso ao

empreendimento, de quantas pessoas visitarão o local por dia, qual sua índole, grau

de instrução, etc... Existe uma população fixa composta de funcionários da

administração, lojistas e prestadores de serviços que circulam pelo shopping

diariamente, mas existe uma gama de pessoas muito maior que frequentam estes

empreendimentos todos os dias, que se utilizam do mesmo e que consomem dos

bens e serviços disponíveis no local.

Esta questão se torna importante no tocante de divulgação das ações que o

gerente de facilidades, sua equipe e demais membros da administração junto com

lojistas veem tomando no empreendimento para que haja um consumo racional e

eficiente de energia e em contrapartida contribua com o meio ambiente. Não só

divulgar os projetos implementados é interessante, como a conscientização através

de eventos de marketing, divulgação da política de conservação de energia através

de folhetos, faixas, cartazes, promoções, campanhas e etc...

O gerenciamento de um empreendimento deve-se iniciar desde as fases

iniciais de projetos e sua concepção até as demais fases envolvidas em seu ciclo

de vida, porém nem sempre existe um gerente de facilidades envolvido desde estas

fases iniciais, fazendo com que projetos de eficiência energética tenham um

trabalho um pouco mais árduo e complexo, e geralmente com custos mais elevados

para que possam ser implementados.

Ainda no ano de 2015, após a evolução de diversas áreas e novas

tecnologias, são raros os cursos quanto ao desenvolvimento de profissionais nesta

área e/ou que sejam moldados por empresas para que tenham um perfil bem

definido acerca das atribuições de um gerente de facilidades.

Pearson (2009) no artigo sobre eficiência energética relata que, não somente

quanto ao consumo de energia, mas também quanto aos demais aspectos de

sustentabilidade, “os programas mais bem planejados não irão funcionar a menos

que responsabilidade por resultados comprovados seja atribuída a alguém.”

Entretanto, até hoje, a carência de capacitação é um obstáculo em debate em

workshops e congressos de gerentes de facilidades.

Dando continuidade ao histórico do gerenciamento de facilidades no Brasil, em

2003 é criado o curso de especialização em MBA de Gerenciamento de Facilidades

65

da Universidade de São Paulo. Em seguida, também surgem as capacitações do

SENAI e, em 2004, é criada a ABRAFAC, num cenário de avanços tecnológicos e

quebra de paradigmas no segmento (DEGANI, 2010).

O uso de técnicas e ferramentas utilizadas em todo o mundo agrega valor ao

empreendimento se utilizadas adequadamente. Um cronograma de todas as

atividades deve ser realizado e acompanhado de forma eficaz, priorizando a análise

de melhorias em todos os processos e evitando desperdícios de mão de obra,

equipamentos, materiais, investimentos e de utilidades como água, energia e gás.

A energia utilizada hoje está intimamente ligada ao padrão de vida da

população. Ela faz parte da luta do homem pela sobrevivência e está presente em

todas as atividades humanas (SILVA, 2006).

Logo, os projetos de automação na área de energia são de fundamental

importância para garantir o aumento da eficiência no uso da eletricidade,

proporcionando um grande número de benefícios, pois o acréscimo da eficiência

significa diminuir custos, aumentando assim a competitividade dos produtos.

(SILVA, 2006).

As empresas no geral assim como shopping centers tendem a trabalhar com

equipes menos robustas, ou seja, um bom gerenciamento deve ter definido

claramente as funções e responsabilidades de cada funcionário.

Para um gerenciamento sistêmico, deve-se prever uma abrangência total das

operações e dos fatores que o envolve, integrando escopo, prazos, custos, recursos

humanos e a qualidade de todas as atividades, analisando o histórico do passado,

situação presente e projetar o que deverá ser realizado no futuro, minimizando

riscos e incertezas.

Em muitos empreendimentos, o gerente de facilidades atua praticamente

apenas em um gerenciamento tático, porém o gerenciamento estratégico deve ser

integrado às rotinas cotidianas.

Uma das principais ações estratégicas é o controle do consumo energético do

empreendimento, entendendo claramente como o edifício se comporta e quais as

variações que afetam o consumo de energia.

66

Sampaio (2009) relata economia de 25% dos custos mensais em edifícios

brasileiros por meio da realização de auditorias técnicas, alterações contratuais,

instalação de sistemas e equipamentos mais eficientes e implementação de um

programa de metas de consumo diário, ajustado com a produção.

Para desenvolvimento de um sistema de gerenciamento energético integrado

e definição de políticas ambientais e estabelecimento de procedimentos de controle,

o gerenciamento de facilidades deverá atender normas para desempenho

energético, como o Environmental Code of Practice, da Building Services Research

and Information Association’s. Este código traz uma matriz de conservação de

energia, retratada no anexo A, que define cinco níveis de classificação de

importância dada pela organização ao gerenciamento energético, designando

requisitos de atuação do gerenciamento para estabelecimento de política

energética, funções gerenciais, relação com usuários, sistemas de informação,

divulgação e investimentos. Estes critérios permitem ao gerenciamento de

facilidades, não só em nível de planejamento estratégico mas também de atuação e

controle, encontrar efetividade no consumo de energia pelo edifício (ANTONIOLI,

2003).

Com o aumento do custo de energia, escassez cada vez maior de recursos

não renováveis e o apelo crescente à preservação do meio ambiente faz com que

seja imprescindível a tomada de ações de otimização de consumo de energia e um

gerenciamento energético adequado.

Conforme o relatório do BNDES (2007) é apontado a sustentabilidade

ambiental relacionada a economia de custos como uma das tendências do setor

para os anos seguintes. A partir deste ano, as principais empresas de shopping

centers começaram a demonstrar uma maior preocupação com assuntos

relacionados ao meio ambiente, visível pelo crescente o número de projetos

relacionados a redução de impacto ambiental em seus empreendimentos (MANO,

2014).

É importante ressaltar que a abordagem da sustentabilidade no ambiente

construído deve considerar todas as etapas do ciclo de vida dos edifícios, como

ilustrado na figura 9 (DEGANI, 2010).

67

Figura 9: Ciclo de Vida dos Edifícios Fonte: Degani (2010)

68

6. CONSUMO DE ENERGIA EM SHOPPING CENTERS

Em qualquer projeto ou realização no shopping center, é necessário montar

uma programação, um plano para aprimoramento das ações pretendidas. É

recomendado a interação com os profissionais dos setores alvo (ICSC,1997).

Atuando também em apoio do meio ambiente, a ABRASCE acredita na

adoção de práticas sustentáveis em shopping centers, por meio de hábitos que

podem ser incorporados ao cotidiano dos empreendimentos e iniciativas inovadoras

na gestão de recursos. A responsabilidade ambiental já é uma prática comum no

setor e é reconhecida pelo Prêmio Newton Rique de Sustentabilidade, concedido

pela Associação à shoppings associados que investem em ações conectadas ao

desenvolvimento sustentável (ABRASCE, 2015).

O prêmio Newton Rique de Sustentabilidade tem por objetivo, reconhecer e

incentivar os shopping centers que se propõem a pensar a responsabilidade social,

a engenharia, a arquitetura e o processo em uma perspectiva sustentável e gerar

conhecimento sobre o tema, difundindo essas novas ideias junto à comunidade e à

sociedade em geral.

Os projetos elaborados no Brasil ou no restante do mundo visam benefícios

ambientais, sociais e econômicos. Devem estar relacionados a eficiência

energética, conservação de energia e sustentabilidade, entretanto, além de serem

voltados a valores socioambientais, devem manter o desempenho econômico.

A crise energética aliada aos elevados custos de energia e preocupação com

o meio ambiente vem fazendo com que diversos gerentes de facilidades e

administradores de shopping centers se mobilizem para contribuir com o

desenvolvimento do planeta, acelerando a adoção de práticas sustentáveis e ações

de gerenciamento energético.

Com o mercado de shopping centers em constante expansão, se destacam

quanto ao crescimento econômico do país e como grandes consumidores de

energia elétrica, é necessário que os responsáveis pelo gerenciamento destes,

consigam identificar os sistemas existentes que consomem energia elétrica nestes

empreendimentos.

Os mais comuns consumidores de energia elétrica dos shopping centers são:

69

- iluminação;

- ar condicionado (chillers, bombas de água gelada, fan&coils, etc...);

- sistemas de exaustão e ventilação;

- transportes verticais (escadas rolantes e elevadores);

- bombas de incêndio;

- transformadores de energia;

- bombas de água potável;

- bombas de recalque de água de lençol freático e águas pluviais;

- equipamentos de informática;

- portas automáticas;

- sistema de alarmes e monitoramento;

- equipamentos eletrônicos de automação e gerenciamento.

A fim de identificar os sistemas e equipamentos de maior consumo de energia

em shopping centers e quanto os gastos com energia elétrica em relação as

despesas gerais do empreendimento, buscou-se informações em 10 shopping

centers localizados em diferentes regiões do Brasil.

Abaixo seguem um breve descritivo de cada um destes empreendimentos,

quais foram utilizados como base de estudo.

6.1 Shopping A

- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Sorocaba,

inaugurado em novembro/2013. Foi construído sobre a estrutura de uma antiga

fábrica de tecelagem no centro da cidade de Sorocaba em uma das principais

avenidas da cidade, que possui fluxo médio de 22 mil veículos por dia, e ao lado do

terminal metropolitano, onde diariamente circulam 94 mil pessoas. Abrange um

terreno de 43.000m² e possui 27.000m² de ABL divididos em 207 lojas, sendo 07

70

lojas ancoras, 12 mega lojas e 188 lojas satélites e dispõe ainda de 1240 vagas de

estacionamento.

6.2 Shopping B

- Shopping localizado no estado de Minas Gerais na região de Betim,

inaugurado em abril/2014. Possui ótima localização e 172.000m² de área

construída. O shopping possui 31.000m² de ABL divididos em 178 lojas, sendo 07

lojas ancoras, 07 mega lojas e 164 lojas satélites e dispõe ainda de 1900 vagas de

estacionamento.

6.3 Shopping C

- Shopping localizado no estado de Roraima na região de Boa Vista,

inaugurado em novembro/2014. Com projeto arquitetônico arrojado e localizado no

vetor de crescimento da cidade, o shopping tornou-se o novo ponto de encontro de

Boa Vista. Está construído em um terreno de 112.000m² e área construída de

38.000m², possui 31.000m² de ABL divididos em 154 lojas e dispõe ainda de 1300

vagas de estacionamento.

6.4 Shopping D

- Shopping localizado no estado de Alagoas na região de Maceió, inaugurado

em novembro/2009. É considerado o maior centro de compras da parte alta da

cidade. Este shopping possui 41.000m² de ABL divididos em 160 lojas, sendo 12

lojas âncoras, 10 mega lojas e 138 lojas satélites e dispõe ainda de 1978 vagas de

estacionamento.

6.5 Shopping E

- Shopping localizado no estado do Rio de Janeiro na região do Rio de

Janeiro, inaugurado em outubro/1982. O shopping se consagrou como referência

em moda, gastronomia e cultura, por reunir as mais conceituadas grifes nacionais e

internacionais; qualidade e variedade gastronômica; salas de teatro e cinema, além

de uma arquitetura que valoriza a iluminação natural e o paisagismo. Ainda é

considerado referência do luxo carioca contemporâneo, com exclusividade nas

71

operações, serviços, e no atendimento aos clientes. Este shopping possui 15.000m²

de ABL divididos em 120 lojas e dispõe ainda de 740 vagas de estacionamento.

6.6 Shopping F

- Shopping localizado no estado do Rio de Janeiro na região do Rio de

Janeiro, inaugurado em novembro/2011. Com uma localização privilegiada, um

belíssimo projeto arquitetônico e 1,2 milhão de habitantes em sua área de

influência, o empreendimento se torna um importante catalisador da revitalização da

região. Este shopping possui 41.000m² de ABL divididos em 220 lojas e dispõe

ainda de 1443 vagas de estacionamento.

6.7 Shopping G

- Shopping localizado no estado do Amazonas na região de Manaus,

inaugurado em novembro/2014. Está situado na região norte, para onde apontam

todos os vetores de crescimento da cidade. Um lugar escolhido estrategicamente,

devido ao enorme potencial econômico da região.

Foi construído em um terreno de 565.000m², possui 90.000m² de área

construída e 48.000m² de ABL divididos em 175 lojas e dispõe ainda de 2484 vagas

de estacionamento.

6.8 Shopping H

- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Campinas,

inaugurado em novembro/2014. Shopping de pequeno porte construído em um

terreno de 15.000m². Possui 10.500m² de ABL divididos em 70 lojas e dispõe ainda

de 370 vagas de estacionamento.

6.9 Shopping I

- Shopping localizado no estado de Minas Gerais na região de Pouso Alegre,

inaugurado em abril/2013. É o maior shopping do Sul de Minas, contribuindo

fortemente para o desenvolvimento da cidade de Pouso Alegre e toda a região.

Possui 24.000m² de ABL divididos em 143 lojas e dispõe ainda de 1650 vagas de

estacionamento.

72

Shopping ABL (m²)Valor do

Condomínio/m²

Orçamento

médio mensal

(realizado de

jan a out/15)

Valor gasto

com consumo

de energia de

jan a out/15

% do custo de

energia x valor

realizado do

orçamento

condominial

Valor gasto

com energia

referente ao

sistema de ar

condicionado

% do custo de

energia do

sistema de ar

condicionado x

custo total de

energia

A 27000 R$ 112,33 R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% R$ 109.693,21 47,26%

B 31000 R$ 82,09 R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% R$ 102.947,34 48,55%

C 31000 R$ 70,76 R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% R$ 105.058,92 60,20%

D 41000 R$ 62,84 R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% R$ 119.098,48 63,57%

E 15000 R$ 122,45 R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% R$ 93.450,99 39,93%

F 41000 R$ 105,23 R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% R$ 137.846,72 49,50%

G 48000 R$ 24,98 R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% R$ 159.295,43 52,32%

H 10500 R$ 90,43 R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% R$ 14.081,23 26,09%

I 24000 R$ 76,22 R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% R$ 20.451,64 19,16%

J 17000 R$ 121,66 R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% R$ 65.732,11 49,67%

6.10 Shopping J

- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Osasco,

inaugurado em outubro/2005. Atualmente é um dos principais centros comerciais da

cidade atendendo a cerca de 600.000 consumidores por mês vindos de Osasco e

outras regiões metropolitanas de São Paulo. Possui 17.000m² de ABL divididos em

152 lojas e dispõe ainda de 2800 vagas de estacionamento.

Com os dados obtidos através dos Gerentes de Operações, responsáveis por

tais shopping centers, foi possível relacionar dois grandes consumidores de energia

elétrica conforme segue.

Tabela 5: Consumo de Energia Elétrica (ar condicionado) Fonte: Próprio autor (2015)

Apesar de cada shopping center possuir sua particularidade e de cada

shopping center referência de estudo se encontrar em regiões distintas do Brasil,

pode-se observar que em média 21% dos custos que compõe o orçamento

condominial destes empreendimentos são referentes ao consumo de energia.

Ainda em relação a tabela 5, é válido ressaltar que entre os maiores

consumidores de energia de shopping centers estão os sistemas de ar

condicionado, que nos shopping centers utilizados como estudo representam uma

consumo em média de 45,62% do valor total da conta de energia de tais

empreendimentos.

73

Por representar grande parte do consumo de energia elétrica, os

equipamentos de refrigeração e ar condicionado são importantes no processo de

gestão da energia elétrica (MORALES, 2007).

Existem algumas particularidades como os shopping centers C e D que

apresentaram um percentual de consumo de ar condicionado superior a média dos

demais shopping centers, especificamente devido se encontrarem localizados em

regiões extremamente quentes do país, o que demanda maior utilização dos

equipamentos de ar condicionado.

Com relação aos shopping centers E, H e I, estes também apresentam

particularidades que ao contrário dos shopping centers C e D apresentaram um

consumo de energia elétrica referente ao sistema de ar condicionado, abaixo da

média dos demais shopping centers.

Com relação ao shopping center E, este apesar de estar localizado também

em uma região de bastante insolação, o mesmo possui grande parte do mall aberto,

ou seja, com pouca influência do ar condicionado e com grande influência da

ventilação externa do meio ambiente.

O shopping center H possui um pé direito elevado e poucas áreas climatizadas

artificialmente. Não só sob esta questão da arquitetura do empreendimento, mas

também em relação a baixa taxa de ocupação e baixo fluxo de clientes dos últimos

meses, a carga térmica no interior do shopping center ficou reduzida, o que também

contribuiu para a utilização dos equipamentos de ar condicionado com operação

reduzida.

Já quanto ao shopping center I, o mesmo se encontra localizado em uma

região alta, de grande fluxo de ventos e com temperaturas amenas. Mesmo com o

empreendimento possuindo diversas máquinas de ar condicionado, a grande

maioria destas são mantidas desligadas por não haver necessidade de climatização

artificial.

Se excluirmos todas as particularidades supracitadas, observaremos que os

sistemas de ar condicionado representam cerca de 49,46% do valor total gasto com

o consumo de energia elétrica nestes shopping centers.

74

Shopping ABL (m²)Valor do

Condomínio/m²

Orçamento

médio mensal

(realizado de

jan a out/15)

Valor gasto

com consumo

de energia de

jan a out/15

% do custo de

energia x valor

realizado do

orçamento

condominial

Valor gasto

com energia

referente ao

sistema de

iluminação

% do custo de

energia do

sistema de

iluminação x

custo total de

energia

A 27000 R$ 112,33 R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% R$ 91.116,88 39,25%

B 31000 R$ 82,09 R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% R$ 68.092,32 32,11%

C 31000 R$ 70,76 R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% R$ 48.098,22 27,56%

D 41000 R$ 62,84 R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% R$ 48.098,22 25,67%

E 15000 R$ 122,45 R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% R$ 115.089,17 49,18%

F 41000 R$ 105,23 R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% R$ 98.347,15 35,31%

G 48000 R$ 24,98 R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% R$ 111.074,84 36,48%

H 10500 R$ 90,43 R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% R$ 31.712,08 58,76%

I 24000 R$ 76,22 R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% R$ 60.617,88 56,80%

J 17000 R$ 121,66 R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% R$ 41.032,44 31,00%

Todos os shopping centers em estudo possuíam sistemas de medição de

energia elétrica nos sistemas de ar condicionado e nos sistemas de iluminação,

entretanto, pouco deles possuíam sistemas de medição de energia em outros

sistemas do empreendimento como por exemplo a medição de energia elétrica de

portas automáticas, elevadores e escadas rolantes.

No intuito de balizarmos os comparativos entre os shopping centers, foram

efetuadas verificações na medição de energia apenas dos sistemas de ar

condicionado e iluminação.

Ainda assim, utilizando como estudo apenas estes dois sistemas de energia

foi possível identificar que outro grande consumidor de energia elétrica nos

shopping centers se trata dos sistemas de iluminação.

.

Tabela 6: Consumo de Energia Elétrica (iluminação) Fonte: Próprio autor (2015)

Com os dados verificados na tabela 6, fica evidente que o sistema de

iluminação dos shopping centers são, assim como os sistemas de ar condicionados,

um dos maiores consumidores de energia elétrica.

Resguardada a particularidade de cada empreendimento, o sistema de

iluminação representou cerca de 39,21% do consumo total de energia elétrica.

A iluminação com uso da energia elétrica está presente em praticamente todas

as unidades consumidoras. “É responsável por, aproximadamente, 23% do

75

Shopping

Orçamento

médio mensal

(realizado de

jan a out/15)

Valor gasto

com consumo

de energia de

jan a out/15

% do custo de

energia x valor

realizado do

orçamento

condominial

% do consumo

de energia do

sistema de ar

condicionado +

sistema de

iluminação

Valor gasto com energia

referente aos demais

equipamentos (elevadores,

escadas rolantes, bombas de

águas, portas automáticas,

etc...)

% do custo de

energia dos

demais

sistemas do

shopping

center

Custo Total de

Energia/m² de

Mall

A R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% 86,51% R$ 31.314,24 13,49% R$ 25,07

B R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% 80,66% R$ 41.019,67 19,34% R$ 18,33

C R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% 87,76% R$ 21.363,95 12,24% R$ 16,15

D R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% 89,24% R$ 20.151,62 10,76% R$ 12,78

E R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% 89,11% R$ 25.484,39 10,89% R$ 32,22

F R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% 84,81% R$ 42.302,26 15,19% R$ 16,93

G R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% 88,81% R$ 34.073,04 11,19% R$ 17,89

H R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% 84,84% R$ 8.179,91 15,16% R$ 13,61

I R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% 75,96% R$ 25.659,39 24,04% R$ 11,45

J R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% 80,67% R$ 25.584,48 19,33% R$ 17,82

consumo de energia elétrica no setor residencial, 44% no setor comercial e serviços

públicos e 1% no setor industrial.”, (ELETROBRÁS/PROCEL, 2001).

Os dois sistemas juntos representaram cerca de 84% do consumo total de

energia elétrica destes shopping centers, enquanto todos os demais equipamentos

juntos representam apenas cerca de 16% do consumo total de energia elétrica do

empreendimento.

Dados semelhantes foram encontrados para edifícios públicos: 48% pelo

condicionamento de ar, 23% pela iluminação, 15% de equipamentos de escritório e

14% devido a demais cargas, como bombas e elevadores (CORREIA, 2007).

Tal informação pode evidenciar a necessidade de implantação de projetos de

eficiência energética direcionados principalmente para os sistemas de ar

condicionado e de iluminação, porém não se resume apenas a estes, visto que em

toda e qualquer oportunidade de melhoria de eficiência, irá gerar uma economia de

energia a curto, médio ou longo prazo e também contribuirá com menor impacto ao

meio ambiente.

Atualmente já existe uma extensa gama de tecnologias relacionadas a estes

sistemas de iluminação e de ar condicionamento quais podem ser utilizados para a

melhoria da eficiência energética nos shopping centers.

Tabela 7: Consumo de Energia Elétrica (iluminação + ar condicionado)

Fonte: Próprio autor (2015)

Neste contexto, cabe ressaltar a importância da medição de energia elétrica

que possui entre suas finalidades, o levantamento do consumo de energia elétrica

76

por períodos pré-definidos do empreendimento e também o levantamento dos

níveis de eficiência energética atuais e posterior a aplicação de métodos mais

eficientes na operação e/ou projetos de eficiência energética.

Na última coluna da tabela 7 acima apresentada, foi exposto um indicador de

eficiência energética como exemplo aos diversos indicadores que podem ser

adotados para estudo e análise de situações antes e após a implantação de

projetos de eficiência energética.

Não apenas o indicador de Custo Total de Energia/m² de Mall pode ser

utilizado, mas dependendo da análise que se queira realizar, outros indicadores

podem ser adotados como:

- Custo Total de Energia/m² de Área Construída; Custo Total de Energia/m² de

Terreno; Custo Total de Energia/Fluxo de Pessoas; etc...

Durante o estudo nos shopping centers, os gerentes de operações destes

empreendimentos foram questionados quanto a existência de práticas de eficiência

energética nos empreendimentos.

Foi possível evidenciar que nestes shopping centers há uma cultura por parte

dos gerentes de operações quanto a implantação de projetos de eficiência

energética, seja por necessidade econômica do empreendimento ou em busca de

valorizar o empreendimento e reduzir os impactos ao meio ambiente.

Entretanto, tais decisões estão sendo realizadas aleatoriamente, sem estudos

específicos e aprofundados em cada um dos sistemas existentes, ou seja, toda

implantação de tais projetos está sendo realizada de forma operacional e não de

forma estratégica.

Direcionados pela crise econômica e energética pela qual o país enfrenta, a

implantação destes projetos, conforme evidenciados na tabela 8, pode perder

eficiência ou não sofrerem os resultados esperados, muitas vezes pela falta de um

estudo assertivo ou simplesmente pela utilização de dados incoerentes em relação

ao estado inicial e quanto ao estado futuro desejado.

77

Shopping

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

Instalação de sensores de presença em escadas rolantes de menor fluxo; Instalação de cortinas de ar sob as portas

automáticas evitando a perda de carga térmica dos sistema de ar condicionado; Alteração de procedimentos operacionais

de limpeza e conservação do empreendimento

Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Perfuração de poço artesiano

Alteração de procedimentos operacionais em relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado; Instalação de

sistema de captação de águas pluviais

Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Alteração de procedimentos operacionais em

relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado

Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Substituição de torneiras manuais por torneiras

com sistema automático de fechamento; Instalação de sistema de resfriamento dos Chillers, melhorando a eficiência dos

mesmos; Instalação de sensores de interruptores em áreas técnicas

Projetos em Estudo/Implantação

Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Instalação de sistema de captação de águas

pluviais e de lençol freático; Instalação de sensores de presença em áreas técnicas e escadas de emergência; Alteração de

procedimentos de iluminação noturna, iluminação de estacionamentos e de procedimentos operacionais de limpeza

econservação do empreendimento

Perfuração de poço artesiano; Substituição de válvulas de descarga convencionais de vasos sanitários por sistema tipo

"dual flush"

Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Instalação de filme refletivo nos vidros de clara-

bóias reduzindo a temperatura interna ambiente

Alteração de procedimentos operacionais em relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado

Instalação de arejadores nas torneiras de sanitários e vestiários; Instalação de relês fotoelétricos para controle da

iluminação externa

Tabela 8: Projetos de Eficiência Energética Fonte: Próprio autor (2015)

Em relação aos shopping centers utilizados como base de estudo serem de

uma única Administradora, os projetos de eficiência energética deveriam ser

implantados de forma estratégica e até mesmo em maior escala se analisados os

shoppings como um todo e com a integração da diretoria e superintendência.

Com diversos equipamentos que dependem da energia elétrica para manter a

operação e conforto dos shopping centers, após todos eles serem relacionados,

deve-se partir para uma etapa seguinte qual consiste no levantamento e avaliação

de consumo de cada um, a fim de identificar os projetos que possam ser aplicados

naqueles que são considerados como maiores consumidores de energia e que

possam ter um retorno econômico e sustentável a um menor prazo e com maior

eficiência.

Conforme informações da ABRASCE, empresas do setor de shopping centers

já analisavam em 2012, formas de reduzir o consumo de energia, indicando uma

crescente preocupação com o tema.

Para Maran (2013), o sucesso do gerente de facilidades está em não ser

apenas um mero contratador de serviços, mas propor soluções e para isto o

78

profissional deve se manter atualizado, buscar novos conhecimentos, participar de

grupos relacionados ao tema de sua atuação buscando experiência e, encontrar e

propor soluções aos problemas que surgem.

Dentre estas soluções de melhoria, se encontram os projetos de eficiência

energética e conservação de energia.

Por definição podemos considerar que, conservação de energia é o

gerenciamento de processos destinados a reduzir o consumo de energia. Desta

forma os princípios para conservação de energia são:

- reduzir o consumo de energia, gerenciando os processos de forma que

procedimentos, serviços e operações que necessitem de energia sejam realizados;

- com a eficiência energética realizar a mesma quantidade de serviços e

operações, porém empregando menos energia.

A eficiência energética de edifícios tem vindo à frente dos debates políticos

devido aos altos preços da energia e preocupações com as alterações climáticas.

Melhorar a eficiência energética nas novas construções é uma das opções mais

fáceis e de menor custo para diminuir o seu uso de energia, custos operacionais e

emissões de carbono (KNEIFEL, 2010).

A energia afeta a vida das pessoas, as economias de governos e de todo o

mundo. Sua distribuição e a busca de novas fontes afetam as relações entre os

países, como as guerras provocadas por poços de petróleo durante os anos. A

continuidade de crescimento do consumo desse insumo de forma não sustentável,

segundo estudos de especialistas, pode ser trágico para o mundo, causando danos

ao meio ambiente, como mudanças climáticas e escassez de recursos, e

aprofundamento da desigualdade e das tensões entre as nações, provocando

guerras e ações terroristas (GELLER, 2003).

Para se atingir a sustentabilidade é necessário conservar o meio ambiente,

controlar o crescimento populacional, diminuir o consumismo, transformar os

paradigmas econômicos (lucro individual e prejuízo coletivo) e os culturais

(supervalorização do consumismo) (FERNANDEZ, 2005).

79

Com o conceito de conservação de energia, eficiência energética e a

crescente busca por utilização de recursos renováveis e racionalização de recursos

não renováveis, diversas instituições estão criando e implantando projetos de

eficiência energética.

Porém, segundo Sarkar e Singh (2010) em seu estudo sobre o financiamento

da eficiência energética em países em desenvolvimento, é notória a dificuldade

encontrada em países como Brasil, China, Índia, Turquia e outros para conseguir

investimentos suficientes para a implementação de projetos desta natureza.

Dentre elas, figuram altos custos dos projetos e a falta de capacidade ou

vontade de pagar por esses custos, riscos inerentes às tecnologias utilizadas, além

de razões relacionadas a cultura e informação, como vieses de comportamento, a

falta de informação sobre o que é eficiência energética e ainda a crença de que

economia de energia não é um benefício tangível (MANO, 2014).

A conservação de energia na maioria das vezes é vista apenas como uma

forma ecologicamente correta de utilização de energia e sustentabilidade, mas é a

partir desta, que muitos custos do país podem ser reduzidos, visto que a energia

pode se encontrar em praticamente todas as atividades de nosso cotidiano.

Na figura a seguir pode-se notar a evolução da estrutura de consumo de

energia elétrica no Brasil nos últimos anos e a projeção para o ano de 2023.

Gráfico 7: Estrutura do Consumo de Eletricidade, por Classe (%) Fonte: Plano Decenal de Expansão de Energia 2023 (2014)

80

Para a sustentabilidade energética dos shopping centers, destacam-se a

implementação de políticas sustentáveis, que se referem também à redução no uso

de energia, a identificação de possíveis fontes alternativas de energia a serem

empregadas em seus processos e softwares que auxiliam na eficiência de

equipamentos, assim como na pré avaliação de projetos a serem implantados na

busca de redução de custos operacionais e também na redução do impacto ao

meio ambiente.

Alguns softwares como os simuladores computacionais, possuem um extenso

banco de dados com diversas informações que podem reunir grupos de

especificação técnica de equipamentos e como estes se comportam em

determinadas regiões ou condições especificas.

A simulação energética consiste na realização de estudos em eficiência

energética buscando avaliar o perfil de consumo de um shopping center por

exemplo, visando identificar o consumo e propor alternativas para elevar o

desempenho energético do mesmo.

O uso de tais ferramentas computacionais que simulam situações de

processos ou equipamentos podem suprir algumas necessidades do projeto ou

auxiliar na tomada de decisão para implantação de algum projeto de eficiência

energética.

Apesar de seus benefícios, a utilização de softwares de simulação na

aplicação de projetos de eficiência energética ainda é pouco disseminada e

explorada, principalmente no Brasil.

Malkawi e Augenbroe (2004) afirmam que a simulação é responsável por

acelerar o processo de concepção do projeto ao permitir análise de diferentes

soluções.

Embora seu uso por projetistas deva ser incentivado, Waltz (1999) alerta para

necessidade de conhecimento da ferramenta de simulação e do edifício a ser

modelado e de análise crítica dos resultados. Outra observação importante é que a

simulação não é capaz de prever os dados finais de desempenho energético do

edifício, mas indicar diferenças entre cenários distintos. Quando possível comparar

resultados da simulação com dados medidos, recomenda observar os seguintes

81

parâmetros para avaliar resultados: 5% de precisão no consumo anual de energia

do edifício; perfil de consumo de energia para doze meses do ano; padrões de uso

e ocupação de um dia útil; consumo de energia por uso final.

O exposto por Waltz, salienta a necessidade de não só utilizar as diversas

ferramentas disponíveis para orientação de projetos de eficiência energética, mas

também destaca, que é crucial o conhecimento das estruturas físicas e as

particularidades de consumo de energia elétrica do shopping center em análise a

fim de mitigar possíveis erros não considerados pelo software de simulação.

Suas aplicações podem ser identificadas em diversos setores e são

extremamente úteis para efetuar a análise de desempenho energético de shopping

centers através do apoio de simulações computacionais que visam atender os

requisitos de eficiência energética e conforto ambiental das principais certificações

ambientais brasileiras e internacionais.

Além dos softwares de simulação energética, a automação cada vez mais

frequente dos edifícios contribui para um melhor aproveitamento dos recursos

disponíveis e de forma eficiente.

Os edifícios automatizados, via de regra, oferecem elevados níveis de

gerenciamento energético, através de programas de computador denominados

Energy Management Control Systems (EMCS), que operam integrados a sensores,

atuadores e dispositivos de controle digital, que permitem adequar o consumo de

energia ao perfil horário e calendário de Solicitação, através do controle de

sistemas e equipamentos, de acordo com a demanda contratada com as

concessionárias deste serviço público (ANTONIOLI, 2003).

82

7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Analisando o setor elétrico, quanto mais racional e eficiente é a utilização da

energia elétrica, se diminui a necessidade de investimentos e aumento das cargas

de energia a serem geradas pelas usinas.

A demanda por energia elétrica cresce constantemente. Em média, 5% ao

ano. Até 2021, o Brasil investirá milhões de reais em desenvolvimento de pequenas

centrais hidrelétricas, usinas de biomassa e eólicas, termoelétricas, mas em

contrapartida deve-se trabalhar na diminuição da demanda e atuar com eficiência

na eliminação de desperdícios de energia que afeta o país e o mundo não apenas

economicamente mas também em relação a sustentabilidade (STAROSTA, 2015).

Na literatura há diversas opções de metodologias para a avaliação de

impactos de programas de eficiência energética, economia de energia em

equipamentos e redução de demanda na ponta, sendo importante observar qual

delas apresenta resultados mais consistentes, com menor incerteza e com menores

custos de elaboração e execução (VOSGUERITCHIAN, 2006).

Uma revisão detalhada e abrangente dessas metodologias consta do Manual

para Avaliação (Vol.1), do IEA/DSM (Programa de Avaliação das Medidas para a

Eficiência Energética e Gerência da Demanda), desenvolvido pela IEA e com

estudos de casos na Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, França, Holanda,

Itália e Suécia (VOSGUERITCHIAN, 2006).

Podem ser avaliados edifícios comerciais ou residências, indústrias, shopping

centers, etc...

Como procedimento fundamental, está a avaliação e monitoramento das

medidas de conservação de energia ou de projetos de eficiência energética para

avaliação dos resultados.

Deve ser definida uma linha base inicial com o sistema atual definindo o

consumo de energia através de medições e posteriormente explorar os resultados

após a implementação das medidas de eficiência energética.

Kallas (2003) considera que a medição de desempenho é uma técnica usada

para quantificar a eficiência e a eficácia das atividades de negócio. A eficiência vai

83

tratar da relação de utilização econômica dos recursos, considerando um

determinado nível de satisfação. Por sua vez, a eficácia avalia o resultado de um

processo cujas expectativas dos diversos clientes são ou não atendidas.

Para Nauri (1999), a medição do desempenho permite saber: como as coisas

estão sendo feitas; se as metas estão sendo atingidas; se os clientes estão

satisfeitos; se os processos estão sob controle e onde o processo de melhoria é

necessário.

A etapa de coleta de dados se trata de uma das principais etapas para que se

possa obter o diagnóstico do estado atual das instalações e/ou equipamentos.

Neste primeiro momento, todas as informações devem ser verificadas

criteriosamente, pois são a partir destas informações que será possível tomar a

decisão pela implementação de um ou outro projeto.

Em primeira instância, os dados obtidos através da análise da conta de

energia elétrica fornecida pela concessionária, podem fornecer informações a

respeito do consumo mensal de energia, valor da tarifa de energia, demanda, fator

de potência, consumo na ponta e fora de ponta e multas geradas pela

ultrapassagem da demanda contratada ou baixo fator de potência.

É importante ressaltar que as contas de energia das concessionárias auxiliam

apenas no balizamento para entendimento da situação do empreendimento mês a

mês, pois não possibilitam verificar quais são os equipamentos que estão gerando

maior consumo, em qual horário e também não fornecem outros tipos de

informações desagregadas para o entendimento de intercorrências diárias ou

situações pontuais que possam levar a uma distorção dos valores finais.

Podemos definir a medição direta de energia elétrica como um dos principais

métodos de avaliação energética de um shopping center.

O procedimento de medição direta consiste na monitoração das cabinas

primárias da instalação com o objetivo de determinar precisamente informações

sobre as características de consumo diárias que não estão disponíveis nas contas

de energia elétrica (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).

Ainda segundo os autores acima, a medição direta pode ser realizada por um

equipamento eletrônico microprocessado denominado analisador de energia, capaz

84

de medir continuamente as grandezas elétricas de interesse, fornecendo registros a

cada intervalo de tempo específico, programável pelo usuário.

Figura 10: Analisador de Qualidade de Energia Fonte: Kyoritsu (2015)

Para toda e qualquer análise deve ser adotado um período de obtenção de

dados que pode variar de acordo com a necessidade do projeto. Este período pode

ser anual, mensal, quinzenal, semanal, diário ou até em períodos mais curtos como

de hora em hora ou minuto a minuto.

Se houver muitas variações nas operações do empreendimento, deve ser

adotado um período o quanto mais longo possível a fim de que tais variações sejam

enquadradas nas análises não incorrendo em erros ou distorções no momento de

tomada de decisão, entretanto o intervalor de tempo de medições deverá ser

sempre, em qualquer situação, o quanto mais curto possível.

Com este tipo de medição é possível implementar rotinas operacionais que

possam reduzir o consumo de energia ou realizar alterações contratuais com as

concessionárias de energia que apesar de não produzir um efeito de redução de

consumo de energia elétrica, trará o benefício de redução de custos quais poderão

ser revertidos em programas de conservação de energia e projetos de eficiência

energética.

Para a realização destas medições de energia elétrica podem ser utilizados

equipamentos de medição totalizadores de consumo, que possuem a função de

registrar a diferença de consumo de um mês e outro.

85

Idealmente as medições devem ser realizadas por meio de equipamentos com

sistema de gerenciamentos de energia que realizam medições constantes e

apresentam toda e qualquer variação na qualidade de energia fornecida pela

concessionária de energia, fator de potência e variações de consumo a cada

momento.

A metodologia utilizada para determinar o potencial de conservação de

energia elétrica é distinta para cada um dos usos finais presentes na instalação. Os

procedimentos de cálculo geralmente fornecem valores percentuais do potencial de

conservação do uso final. Para determinar o potencial de conservação em termos

de energia (kWh) ou de custos (R$), é necessário conhecer o consumo individual

de cada uso final. Dessa forma, a desagregação do consumo global nos diversos

usos finais facilita a determinação precisa do potencial de conservação de energia

elétrica total da instalação (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).

Seguindo a metodologia exposta pelos autores supracitados, a medição direta

de circuitos elétricos de equipamentos podem fornecer de forma clara a aplicação e

utilização de cada equipamento de forma bastante precisa. Embora, em grande

parte das instalações não possuírem circuitos específicos para cada equipamento,

é possível identificar um grupo de equipamentos ou para maior controle das

informações pode-se verificar as características de cada equipamento em relação a

potência, tensão, corrente e estimando sua média de operação mensal, calcular o

consumo de energia dos mesmos.

O indicador por uso final pode ser obtido a partir da razão da energia

consumida no uso final específico (iluminação, climatização de ambientes e outros)

em um determinado período, pelo produto de uma variável específica (área útil,

usuários, produção e outros) e o período analisado. (MORALES, 2007).

De maneira análoga aos demais indicadores, os indicadores por uso final

servem para estabelecer padrões de consumo de energia de determinados

equipamentos e auxiliar os gestores dos shopping centers na decisão sobre qual

equipamento deve passar por um retrofit, ser substituído ou abranger uma

prioridade na implantação de projetos de eficiência energética.

Outro método de obtenção de dados é através da inspeção.

86

O levantamento de dados por inspeção corresponde ao procedimento de

aquisição de informações sobre as características físicas e os hábitos de uso da

instalação, complementando as informações obtidas via medição direta e análise de

contas de energia elétrica, todas necessárias para a caracterização do consumo de

energia elétrica da instalação (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).

Durante esta etapa, os responsáveis pela coleta de dados devem se atentar

às características físicas do empreendimento, temperatura ambiente, sazonalidades

específicas, tipos de ocupação, características de sistemas e equipamentos

instalados e toda informação relevante que se faça necessária.

Após o levantamento de todas as informações, será necessária avaliá-las com

cautela.

A partir da análise de dados, pode-se observar variações em picos de energia

causados por certo tipos de equipamentos ou por maior fluxo de pessoas

(consumo) e definir tendências.

É importante observar que os resultados obtidos por medição direta são

intrinsecamente mais precisos do que as estimativas baseadas em potências

médias e períodos de operação. Por outro lado, a estimativa do consumo global

realizada a partir de dados obtidos via inspeção de ambientes já apresenta valores

desagregados em usos finais. Para o caso da medição direta, dependendo da

instalação, o cálculo do consumo desagregado em usos finais é um pouco mais

complexo (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).

Para promover o uso racional e eficiente de energia elétrica nos shopping

centers, as ações de eficiência energética devem ser implementadas, porém sem

comprometer o desempenho dos mesmos.

A economia pode chegar a 30% para edificações já existentes, se estas

passarem por uma intervenção tipo retrofit (reforma e/ou atualização). Nas novas

edificações, ao se utilizar tecnologias energeticamente eficientes desde a

concepção inicial do projeto, a economia pode superar 50% do consumo,

comparada com uma edificação concebida sem uso dessas tecnologias (PROCEL,

2011).

87

O ponto fundamental para o gerente de facilidades dos shopping centers é

medir e conhecer claramente qual é o consumo de energia do prédio sob sua

gestão e de que forma esta energia é consumida.

Após este mapeamento, o gerente de facilities pode se apoiar nas ESCOS

para realizar um diagnóstico energético, que irá levantar como a energia está sendo

consumida, quais projetos podem ser implantados, o custo para aplicação e

desenvolvimento do projeto e o “pay back” do investimento.

Com o conhecimento detalhado dos processos, traça-se um plano de ação,

define-se um responsável, prazo e um cronograma para implantação de projetos

que podem envolver ações como:

- substituição de lâmpadas de baixa eficiência por LED;

- substituição de reatores eletromagnéticos por reatores eletrônicos;

- limpeza de vidros e refletores de luminárias;

- utilização de sensores de presença em locais de baixo fluxo de pessoas,

como corredores técnicos e escadas de emergência;

- automação de iluminação setorizando áreas que não necessitam

permanecerem acesas em determinados horários;

- utilização de sensores de dimerização em iluminação próxima a áreas

envidraçadas;

- priorização de projetos que privilegiam iluminação e ventilação natural;

- aplicação de películas reflexivas em vidros evitando o aumento de

temperatura interna, reduzindo assim a necessidade de utilização de ar

condicionado;

- retrofit de equipamentos de ar condicionado, utilizando equipamentos mais

eficientes;

- manutenção preventiva dos equipamentos de ar condicionado, envolvendo

troca de filtros, ajuste de correias, limpeza de serpentinas, limpeza de bandejas e

dutos de insulflamento de ar;

88

- utilização de sensor de velocidade em escadas rolantes;

- utilização de sistema de freios regenerativos em elevadores;

- implantação de sistema de controle de chamadas em elevadores;

- utilização de rejeitos térmicos para cogeração de energia;

- gerenciamento eficiente dos processos do shopping center;

- utilização de vidros autolimpantes, reduzindo a frequência das necessidades

de limpeza e gastos com água e energia;

- utilização de tanques de termo acumulação de água gelada;

- substituição de motores convencionais por motores de alto rendimento

- compensação do fator de potência;

- implementação de sistema de gestão de energia;

- avaliação do sistema de iluminação e ar condicionado de cada loja,

propondo, dentro do projeto arquitetônico de cada loja e seu respectivo nicho de

vendas, Soluções para melhoria do consumo energético e redução dos gastos com

energia elétrica;

- utilização da tecnologia conhecida como “roda entálpica” em sistemas de

climatização;

- estruturação de formulários de pesquisas com funcionários, lojistas e clientes

a fim de entender de como estas pessoas veem a questão de eficiência energética.

Existem ainda diversas empresas que atuam diretamente em eficiência

energética e financiam a aplicação de grandes projetos e/ou projetos de alto custo,

recebendo do contratante de acordo com a performance do projeto, ou seja, o

investimento do projeto é ressarcido às empresas de acordo com a economia

obtida.

Para garantir o sucesso do gerenciamento de um empreendimento, é

necessário prever e abordar os riscos inerentes, aplicar metodologias adequadas

de gerenciamento de energia e criar controles que assegurem a obtenção dos

89

resultados futuros a serem comparados com a situação atual. A implantação de

uma ou mais ações no empreendimento não deve ser tratada como definitiva e sim

como um processo de melhoria contínua, associada a um objetivo estratégico de

negócio.

No Brasil, atualmente, um ponto que necessita de atenção dos programas de

eficiência energética, especialmente os desenvolvidos com recursos públicos, é a

avaliação de resultados realizada por meio de metodologias consistentes e

indicadores apropriados (LEPETITGALAND, 2007).

Há duas questões chave na análise da eficiência de uma edificação. Qual

indicador utilizar e como realizar a avaliação. O conjunto de características que a

edificação possui define a eficiência, e em geral utiliza-se o consumo de eletricidade

pela área como indicador da eficiência relativa ao consumo de eletricidade de outra

edificação. Esta segunda edificação deve apresentar diversas características em

comum com a primeira a fim de possibilitar a comparação. Como as atividades

comerciais tendem a uniformizar alguns parâmetros relacionados ao consumo,

como cargas internas ou horas de uso, a avaliação comparativa através de

edificações comerciais ou institucionais de mesma atividade é comum em diversos

países. Dados consolidados destas edificações formam sistemas de avaliação com

marcos referenciais de consumo, chamados benchmarkings (CARLO, 2008).

Os indicadores de consumo ou indicadores energéticos são os resultados do

cruzamento de informações físicas ou administrativas, com as grandezas elétricas

medidas/registradas ou custos/gastos da energia de determinado país, região, ramo

de atividade, unidade ou usos finais (MORALES, 2007).

De acordo com Carlo (2008), para a administração de facilidades, seria surreal

dizer que existe administração sem analisar os indicadores de desempenho da

área, pois as demandas são entendidas se mensuradas e acompanhadas

rotineiramente.

Os indicadores de eficiência energética são importantes ferramentas para a

realização de diagnósticos energéticos. Através de informações obtidas na fase de

levantamento de dados, é possível determinar um conjunto de indicadores que

retratam o perfil de consumo da instalação em análise.

90

Permitem um estudo das características de consumo da instalação,

possibilitando a determinação do potencial de conservação de energia elétrica

através de comparações com valores típicos obtidos para instalações com

características semelhantes.

Também podem ser utilizados no acompanhamento dos resultados das

medidas de uso racional e eficiência energética implementadas, permitindo estudar

a evolução da instalação no que diz respeito à sua eficiência.

Índices de desempenho são indicadores de performance cuja utilização indica

eficiência e efetividade de processos expondo oportunidades e necessidades de

melhorias (ANTONIOLI, 2003).

Os indicadores podem ser efetuados de acordo com a necessidade de cada

projeto ou sistema a ser analisado conforme os itens da tabela 9 a seguir por

exemplo.

Objetivo do Índice Numerador Denominador Unidade

Eficiência da manutenção preventiva

Horas gastas com serviços de emergência

Total de horas gastas com todos os serviços de manutenção

porcentagem

Eficiência da programação de serviços

Total de horas de trabalho não programadas Total de horas trabalhadas porcentagem

Eficiência de estoque de peças e materiais

Ordens de serviço suspensas por falta de pecas

Total de ordens de serviço

porcentagem

Confiabilidade de um equipamento Horas de interrupção Horas em operação porcentagem

Eficiência da manutenção Número de falhas repetidas Número total de falhas porcentagem Efetividade da manutenção

Número de falhas cujas origens não foram analisadas

Número total de falhas

porcentagem

Eficiência energética Consumo de energia em período de tempo

Número de usuários atendidos kWh / usuário

Eficiência de consumo de água

Consumo de água por período de tempo

Número de usuários atendidos litros / usuário / dia

Eficiência do equipamento de refrigeração do sistema de conforto ambiental

Consumo de energia por período de tempo

Capacidade térmica por período de tempo

kWh / Tonelada de Refrigeração

Eficácia do sistema de conforto ambiental

Número de usuários insatisfeitos com o conforto ambiental oferecido

Número total de usuários pesquisados

porcentagem

Eficácia do sistema de transporte vertical

Número de usuários insatisfeitos com o sistema de transporte vertical

Número total de usuários pesquisados

porcentagem

Efetividade da operação e manutenção

Recursos empregados em O&M e uso por unidade de tempo

Área útil efetiva de ambiente de trabalho

R$ /m²

Efetividade do GF Custos anuais do GF Custos anuais previstos para o GF

porcentagem

Eficácia do GF

Número de usuários insatisfeitos com o GF em pesquisas de satisfação

Número total de usuários consultados

porcentagem

Tabela 9: Índices de Desempenho Fonte: Wireman (1998)

91

Dessa forma, é possível planejar ações futuras e corrigir as ações em

andamento, minimizando custos e maximizando resultados.

Os indicadores baseados no consumo da energia elétrica nas unidades

consumidoras ainda não são amplamente utilizados nos processos de gestão dos

recursos destinados a energia. No entanto, diversos trabalhos foram realizados no

intuito de encontrar os indicadores que auxiliassem no controle e acompanhamento

do consumo, porém, devido à dificuldade no levantamento das informações

necessárias, a quantidade de equipamentos utilizados em uma única unidade e as

particularidades da utilização, geralmente os indicadores figuram em segundo plano

nos processos de gestão da energia (MORALES, 2007).

Em 2000, uma equipe brasileira integrou-se ao Green Building Council. A

estratégia para desenvolver e implementar uma metodologia brasileira para a

avaliação do desempenho ambiental de edifícios centraliza-se no Programa

Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios (BRAiE), coordenado

pela UNICAMP. Este programa coordena várias pesquisas, inicialmente

desenvolvidas no estado de São Paulo, cujos objetivos são identificar as prioridades

brasileiras e definir os indicadores também específicos para o Brasil (DEGANI,

2003).

Segundo Silva (2003), há duas categorias destes indicadores: os criados com

orientação para o mercado, de forma a serem absorvidos pelos projetistas, como o

LEED; e os orientados para a pesquisa, centrados no desenvolvimento

metodológico e fundamentação científica, como o BREEAM.

Há uma quantidade vasta de sistema de avaliação e indicadores de eficiência

energética. Alguns são específicos para avaliação de um certo sistema e outros

abrangem diversos sistemas prediais.

Certificações como BREEAM, GBTOOL e LEED têm sido usadas para avaliar

e certificar edifícios em grandes cidades do Brasil, por exemplo, onde seus critérios

de avaliação e parâmetros avaliativos demonstram-se muitas vezes inadequados

(PATRICIO; GOUVINHAS, 2004).

Leis obrigatórias em eficiência energética geralmente visam estabelecer uma

eficiência mínima acima da qual, qualquer edificação é aprovada atendido o seu

92

caráter prescritivo, como limites de desempenho através de indicadores. Já a

certificação é um mecanismo de mercado que visa promover a eficiência energética

de uma edificação de elevado desempenho ao compará-la ao mínimo obrigatório

(CASALS, 2006).

Paralelamente, a despeito da utilização quase nula para edifícios brasileiros e

do pequeno destaque internacional, ferramentas de avaliação como o NABERS

(RAIA, 2003), BEQUEST (BEQUEST, 2001) e GREEN GLOBES (GREEN

GLOBES, 2004), também merecem destaque e atenção pela busca de identificação

de critérios de sensibilidade às características regionalizadas existentes em cada

um desses sistemas (BUENO, 2010).

O BREEAM é um método de avaliação de edifícios criado pelo Reino Unido

em 1990, que se tornou base para o desenvolvimento de muitos dos sistemas

posteriores (VOSGUERITCHIAN, 2006).

São premiados créditos em cada área de acordo com o desempenho de cada

item. Um sistema de pesos ambientais habilita os créditos a serem somados para

produzirem uma única contagem global. O edifício é então avaliado e tem um

resultado que varia de APROVADO a BOM, MUITO BOM ou EXCELENTE, e é

emitido um certificado que pode ser usado para a promoção do mesmo

(VOSGUERITCHIAN, 2006).

O GBTOOL é um esforço de colaboração internacional iniciado pelo Canadá

em 1996, com o intuito de desenvolver uma ferramenta de avaliação ambiental

comum aos países cooperantes, respeitando a diversidade regional de cada país

participante e permitindo uma flexibilidade para que estes selecionem idéias para

incorporarem ou modificarem suas ferramentas (VOSGUERITCHIAN, 2006).

Cada área possui diversos itens a serem avaliados e pontuados de acordo

com uma escala de graduação de desempenho que varia de -2 a +5. O zero

corresponde à referência (benchmark) e os valores negativos apontam a

possibilidade de um decréscimo na pontuação devido a um baixo desempenho.

O LEED é um programa iniciado em 1994 pelo US Green Building Council

(USGBC), instituição financiada pelo National Institute of Standards and Technology

(NIST), com o intuito de desenvolver um sistema de avaliação e classificação de

93

desempenho ambiental de edifícios orientado para o mercado, de forma a estimulá-

lo, acelerar o alcance de metas ou mesmo superá-las (VOSGUERITCHIAN, 2006).

Os sistemas de avaliação “voluntários” anteriores ao LEED como o BREEAM,

do Reino Unido e o BEPAC, do Canadá, demonstraram que a identificação e a

comunicação da eficiência e desempenho ambiental de edifícios elevaram a

conscientização e o critério de seleção dos consumidores e estimularam os

esforços de proprietários e construtores a produzirem edifícios ambientalmente

mais corretos (SILVA, 2003).

A primeira versão do sistema LEED foi desenvolvida pelo USGBC em 1998, a

Versão 1.0, conhecida como “Projeto Piloto”. Em 2000 foi lançada a Versão 2.0

(LEED 2.0 Reference Guide). E em 2002, foi apresentada a Versão 2.1, seguida

pela versão 2.2, e finalmente no início de 2009, entrou em vigor a versão 3, com

significativas mudanças no sistema de pontuação e ponderação (BUENO, 2010).

O LEED versão 3 de 2009 não é uma reconstrução total da versão anterior,

mas sim uma reorganização dos atuais sistemas de classificação para edifícios

comerciais e institucionais, juntamente com os principais avanços atuais na área. O

LEED 2009 inclui três grandes modificações para o sistema de classificação:

harmonização, ponderação de créditos e regionalização (USGBC, 2009).

Os créditos passam a ter diferentes ponderações em função da sua

capacidade de impacto ambiental e de diferentes preocupações com a saúde

humana. Com a ponderação de créditos revista, o LEED agora oferece mais pontos

a estratégias que terão maior impacto positivo sobre os fatores considerados de

maior importância: eficiência energética e reduções de CO2. Os impactos das

categorias foram priorizados e aos créditos foram atribuídos valores baseados no

modo como cada um contribuiu para atenuar o impacto. Como resultado, o LEED

2009 passou operar em uma escala de 100 pontos (USGBC, 2009).

As diversas metodologias existentes para avaliação de desempenho ambiental

de edifícios podem ser separadas em grupos, de acordo com algumas de suas

especificidades. As metodologias LEED e BREEAM, classificam-se em um mesmo

grupo, visto que foram concebidas para contextos nacionais específicos, sendo, por

isso, apenas aplicáveis a essas condições locais (CEPINHA & RODRIGUEZ, 2003).

94

O GBTOOL enquadra-se em um segundo grupo, apresentando uma estrutura

que inclui as diferenças entre os vários países e mesmo no interior de cada um

deles, permitindo, a valorização das peculiaridades e fatores típicos, numa dada

região, além do ajuste dos pesos em vários parâmetros (CEPINHA & RODRIGUES,

2003).

Tabela 10: Categorias de Desempenho - GBTOOL Fonte: Patrício; Gouvinhas (2004)

O Green Globes torna-se representativo para estudo exatamente por ter sido

criado como uma ferramenta de auto-avaliação online, ou seja, está disponível para

que qualquer usuário possa avaliar o seu próprio edifício através do preenchimento

de questionários pela internet (BUENO, 2010).

Tabela 11: Categorias de Avaliação do Green Globes Fonte: Green Globes (2004)

O sistema de certificação AQUA pode ser considerado isoladamente por se

tratar de uma metodologia adaptada especificamente para o contexto regional

Categorias de Avaliação Questões Consideradas

Consumo de Recursos Energia/ Terra/ Água / Novos Materiais/ Reutilização do Edifício

Cargas Ambientais Gases com Efeito de Estufa / Substâncias que afetam a Camada de Ozônio, Gases Acidificantes, Gases Foto-Oxidantes, Resíduos Sólidos, Efluentes Líquidos, Impactos Locais

Qualidade Ambiental Interna Qualidade do Ar/ Conforto Térmico/ Iluminação Ruído e Acústica/ Campos Eletromagnéticos

Qualidade do Serviço Adaptabilidade, Controlabilidade, Manutenção do Desempenho, Visibilidades, Comodidades, Impactos

Economia Ênfase no Ciclo de Vida

Manutenção e Operações Prévias

Medidas de Controle na Construção, Desempenho, Planejamento das Operações

Transportes Diários Transporte

Categorias de Avalia ção Questões Consideradas

Emissões Emissão no ar, destruição camada de ozônio, efluentes Líquidos, materiais venenosos,

Qualidade Ambiental Interna Qualidade do ar, iluminação e ruído

Gestão Ambiental Prevenção (emergência), política

Recursos Redução e re-uso da Água, localização

Água Eficiência da água

Energia

Consumo de energia, aspectos de energia, gerenciamento de energia, transporte

95

brasileiro, a partir de um sistema de certificação francês preexistente (BUENO,

2010).

A certificação AQUA é a primeira iniciativa de adaptação de um sistema de

certificação para o contexto específico brasileiro. Contém os requisitos para o

Sistema de Gestão do Empreendimento e os critérios de desempenho nas

categorias da Qualidade Ambiental do Edifício.

Eco-constru ção

Categoria n°1 Relação do edifício com o seu entorno

Categoria n°2 Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos

Categoria n°3 Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

Gestão

Categoria n°4 Gestão da energia

Categoria n°5 Gestão da água

Categoria n°6 Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício

Categoria n°7 Manutenção – Permanência do desempenho ambiental

Conforto

Categoria n°8 Conforto higrotérmico

Categoria n°9 Conforto acústico

Categoria n°10 Conforto visual

Categoria n°11 Conforto olfativo

Saúde

Categoria n°12 Qualidade sanitária dos ambientes

Categoria n°13 Qualidade sanitária do ar

Categoria n°14 Qualidade sanitária da água Tabela 12: Categorias do Sistema AQUA

Fonte: Fundação Carlos Alberto Vanzolini (2008)

Gráfico 8: Perfil Mínimo de Desempenho para Certificação AQUA Fonte: Fundação Carlos Alberto Vanzolini (2015)

96

As tabelas abaixo mostram as principais características e diferenças dos

sistemas de avaliação LEED, GBTOOL, Green Globes e AQUA.

LEED for Homes GBTOOL Green Globes AQUA

Critérios de Sítios Utilização de Poluição; Eco-construção; avaliação Sustentáveis; Recursos; Energia; Gestão;

Eficiência de Cargas Água; Conforto; Água; Ambientais; Qualidade Saúde. Energia e Qualidade Ambiental Interna; Atmosfera; Ambiental Interna; Gerenciamento do Materiais e Qualidade dos Meio Ambiente; Recursos; serviços; Recursos. Qualidade do Ar; Aspectos Interno; Econômicos; Inovação em Gestão; Projeto; Transporte. Prioridade Regional;

Contexto de Desenvolvido para Pode ser aplicado Desenvolvido para Adaptado para criação aplicação no em qualquer local, aplicação no aplicação no

contexto norte- devido à contexto contexto americano. flexibilidade de canadense. brasileiro. critérios e ponderações.

Metodologia Avaliação dos Comparação do A inscrição é feita A avaliação da de avaliação edifícios através edifício avaliado pela internet e o dá-se de maneira

de uma lista de com edifício edifício a ser evolutiva ao pré-requisitos considerado avaliado é longo da (checklist) aos referência quanto conduzido ao estrutura em quais são às práticas AUDIT on-line. É árvore composta atribuídos créditos ambientais locais. preenchido um de Categorias, baseados em uma A avaliação é questionário sobre Subcategorias e lista de objetivos estruturada em 04 as categorias e Preocupações, preexistente. A níveis hierárquicos sub-categorias. O às quais se avalia classificação final de desempenho: resultado é um pelos conceitos é obtida pela soma questões, relatório com a Bom, Superior ou dos pontos categorias, avaliação final. Excelente. atingidos nas critérios e sub- categorias. critérios.

Complexidade Aplicação simples, Aplicação Aplicação simples, Aplicação na de aplicação no formato complexa, no formato de forma de

checklist, de fácil comparativa, mais questionário, de questionário, preenchimento. indicada para fácil aplicado por pesquisas preenchimento. equipe científicas. consultora.

Sistema de Certificado; Insatisfatório; Um relatório das Bom; classificação Prata; Mínimo Aceitável; questões que Superior;

Ouro; Intermediário; precisam de Excelente. Platina. Excelente. melhorias é enviado aos usuários.

Tabela 13: Classificação dos Sistemas de Certificação Fonte: Bueno (2010)

97

Categorias de Avaliação

Categorias a serem comparadas por Sistema de Certificação GBTOOL Green Globes AQUA LEED for Homes

Processo de Projeto

- Gestão de projeto

- Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos

- Inovação e Processo de Projeto

Conexões - Transportes Diários

- Relação do edifício com o seu entorno

- Localização e Ligações

Implantação - Terreno - Sítios Sustentáveis

Consumo de Recursos

- Consumo de Recursos

- Energia - Água - Recursos

- Gestão de energia - Gestão da água - Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos

- Eficiência de Água - Materiais e Recursos

- Energia e Atmosfera

Emissões - Cargas Ambientais

- Emissões, efluentes e outros impactos

- Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício

- Energia e Atmosfera

Conforto e Qualidade Ambiental

- Qualidade Ambiental Interna

- Ambiente interno

- Conforto higrotérmico

- Conforto acústico - Conforto visual - Conforto olfativo - Qualidade sanitária

dos ambientes, do ar e da água

- Qualidade do Ambiente Interno

Serviços - Qualidade do Serviço

Aspectos Econômicos

- Economia

Planejamento de operação

- Gerenciamento - Canteiro de obras com baixo impacto ambiental - Manutenção – Permanência do desempenho ambiental

- Conscientização e Educação

Tabela 14: Categorias para Análise Comparativa de Sistemas de Certificação

Fonte: Bueno (2010)

Todos estes indicadores, entretanto, podem ser utilizados para avaliações

comparativas dentre o mesmo modelo de edifício, e podem ser adequados para a

avaliação da eficiência de acordo com a análise a ser efetuada (CARLO, 2008).

98

Ainda segundo o autor supracitado, atualmente, EUA, Canadá, México,

Portugal, Espanha, Austrália, Hong Kong, dentre outros países, possuem algum tipo

de norma ou lei em eficiência energética de edificações. Diversos destes países

revisaram ou estão em processo de revisão de suas leis a fim de atender ao

Protocolo de Quioto, de 1997. O Protocolo é o documento final da Convenção das

Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que regula a emissão de gases na

atmosfera, responsáveis pelo efeito estufa.

Botswana, Irã, Paraguai, Costa Rica, dentre outros, não possuem qualquer

tipo de norma em eficiência energética em edificações (JANDA & BUSH, 1994).

Acredita-se que a popularização das práticas verdes pode ser alcançada

através dos benefícios comerciais acarretados, de forma que a valorização de

mercado de residências ambientalmente certificadas pretende levar a aceitação e

aplicação cada vez mais comuns dos princípios do desempenho ambiental de

edificações (USGBC, 2008).

Nota-se a crescente preocupação do mercado no desenvolvimento de projetos

mais “verdes”. Segundo o balanço de 2013 do Green Building Council, órgão que

no Brasil é responsável pela avaliação e fornecimento do selo LEED de construção

sustentável, o número de pedidos aumentou 27% de 2012 para 2013, enquanto o

número de certificações saltou 83 para 126 (MANO, 2014).

Isto significa que cada vez mais, o setor de construção civil e investidores

passam a perceber os benefícios de uma construção sustentável e que tais

investimentos trazem retorno de médio a longo prazo.

Neste contexto, o estudo focado no mercado de shopping centers, torna-se

relevante por analisar como a orientação de mercado de empresas do setor

provoca alterações na tomada de decisão de indivíduos em posição gerencial, e

como isso pode alterar o resultado de investimento em eficiência energética

(MANO, 2014).

Para que haja o melhor aproveitamento possível do potencial de conservação

de energia e auxílio quanto a identificação das características do shopping center,

no anexo B segue disposto, uma lista de verificação com o intuito de prover suporte

ao levantamento dos dados.

99

No anexo C e anexos D1 a D4 são apresentadas listas de verificação para

caracterização do shopping center.

Estas listas objetivam o levantamento preliminar dos dados do

empreendimento para posteriormente possibilitar a identificação de sistema com

potencial de redução de custos e implantação de projetos de eficiência energética.

Através destas listas será possível identificar e avaliar os desperdícios

causados pela inadequação dos equipamentos instalados nos shopping centers

e/ou condições de operação e manutenção inapropriadas, bem como os hábitos de

consumo de energia, de sua população fixa, ou flutuante.

Este levantamento proporcionará ao gerente de facilidades do shopping center

identificar algumas oportunidades de conservação de energia com mudanças de

hábitos de consumo; alterações em horários de trabalho de equipamentos e

funcionário; manutenção correta e programada dos equipamentos instalados, e

outras providências, a um baixo custo.

São sugestões para um levantamento preliminar que orientará os gerentes de

facilidades dos shopping centers sobre a necessidade ou não, de providenciar um

diagnóstico energético completo, visando a identificar demais desperdícios, propor

soluções técnicas, operacionais e de manutenção quando for o caso, além de

avaliação técnica, econômica e de payback para determinação dos custos e

benefícios dos projetos propostos.

A partir do levantamento dos dados, avalia-se a projeção dos resultados do

projeto sobre a economia de energia, redução da demanda e custos frente a

situação atual.

100

O8. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

Através de alguns procedimentos, será possível obter a eficiência energética

dos sistemas que compõem os shopping centers. O que significa utilizar os

equipamentos que os integram de forma eficiente, reduzindo o desperdício no

consumo de energia elétrica, sem que isso prejudique a qualidade de tais sistemas.

Processos de transformação e uso de energia tem como consequência algum

tipo de perda energética para o ambiente. Assim, para todo e qualquer equipamento

que utilize energia elétrica para seu funcionamento, quanto maior for a perda,

menor será a sua eficiência energética.

A ABNT NBR ISO 50001:2011 especifica os requisitos para que as

organizações estabeleçam, implementem, mantenham e melhorem o sistema de

gestão da energia, o que possibilita as organizações realizarem uma abordagem

sistemática a fim de atingir a melhoria contínua de seu desempenho energético,

além de conservação da energia.

A implementação desta norma em um shopping center trará benefícios

referentes a redução dos gastos com energia elétrica, bem como outros impactos

ambientais, por meio da gestão sistemática da energia necessária a sua operação.

Tal norma referente a gestão de energia, teve sua publicação em junho de

2011 e seus requisitos básicos incluem:

- compromisso com a melhoria contínua da eficiência energética, seguindo um

ciclo PDCA;

- designação de um profissional para realização da gestão da energia;

- desenvolvimento de um plano de gestão da energia;

- avaliar os maiores consumidores de energia elétrica para desenvolver uma

linha de base e estabelecer metas de eficiência energética;

- seleção de indicadores de desempenho energético.

101

Os resultados dos projetos implementados referentes a eficiência energética e

conservação de energia devem ser regularmente avaliados e comunicados a todos

os funcionários.

Muitos gerentes de facilidades de shopping centers ainda possuem

atualmente, níveis de conhecimento limitado quanto ao desenvolvimento de

projetos que visem uma redução de consumo de energia.

A NBR 50001:2011 aplicada a shopping centers poderá orientar os gerentes

de facilidades destes empreendimentos quanto a estão da energia, para que

possam desenvolver e implementar uma cultura referente ao consumo racional de

energia e definir metas quanto a implementação de projetos de eficiência

energética.

Se devidamente implementada, a NBR 50001:2011 poderá proporcionar:

- um planejamento estratégico que requer medição, gerenciamento e

documentação para a melhoria contínua da eficiência energética;

- o desenvolvimento de um manual energético para o shopping center;

- a identificação de indicadores-chave de desempenho, exclusivos a

particularidade do shopping center e de acordo com as metas estipuladas.

Através da análise realizada em alguns shopping centers, conforme tabelas 5

e 6, identificou-se que os sistemas que possuem o maior consumo de energia

elétrica, são os sistemas de iluminação e de ar condicionado. A NBR 50001:2011

poderá ser utilizada para que se tenham as diretrizes quanto a eficiência energética

destes sistemas e direcionamento quanto aos projetos a serem implementados.

Com base nestas informações, serão apresentados a seguir os procedimentos

básicos para realização do diagnóstico energético nos sistemas de iluminação e de

ar condicionado, porém salienta-se que toda e qualquer ação referente a eficiência

energética isoladamente ou em conjunto com tais sistemas trará benefícios ao

shopping center e ao meio ambiente.

Sendo assim, o intuito é propor um método de diagnóstico para que estas

perdas sejam reduzidas.

102

Para realização do diagnóstico se faz necessário o conhecimento de alguns

conceitos como:

- corrente elétrica: definida como o fluxo ordenado de

partículas portadoras de carga elétrica, ou seja, se trata do deslocamento de cargas

dentro de um condutor elétrico, quando existe uma diferença de potencial elétrico

entre as extremidades;

- tensão elétrica: também denominada diferença de potencial, é a diferença

de potencial elétrico entre dois pontos ou a diferença em energia elétrica

potencial por unidade de carga elétrica entre dois pontos;

- consumo de energia: determinado pela potência consumida multiplicada pelo

tempo;

- demanda: toda potência que está sendo requerida instantaneamente da

rede. Trata-se da soma das potências dos equipamentos, que estão ligados na rede

elétrica consumindo energia, independentemente da quantidade de tempo que

permaneçam ligadas;

- potência: é a quantidade de energia que passa por um condutor elétrico

durante um período de tempo. Definida pelo produto da diferença de potencial entre

os terminais e a corrente que passa através de um dispositivo;

- fator de potência: é um índice que indica qual é a relação entre as potências

aparente, ativa e reativa, que os equipamentos elétricos consomem e varia de zero

a um e constitui um número adimensional;

- potência ativa: é a potência que foi consumida realizando trabalho;

- potência reativa: é parte da potência consumida que foi transformada em

magnetização;

- potência aparente: é a soma vetorial das potências ativa e reativa.

De conhecimento das definições acima, será possível ingressar quanto ao

diagnóstico energético de shopping centers.

103

8.1 Ar Condicionado

O sistema de ar condicionado é responsável pelo controle das condições

climáticas de certos ambientes. Esse controle abrange a monitoração e o ajuste da

temperatura, umidade, pureza e fluxo do ar insuflado. Geralmente, o sistema de ar

condicionado é utilizado para proporcionar conforto aos usuários da instalação,

podendo, também, ser usado para manter alguns tipos de ambiente sob rigorosas

características climáticas, como, por exemplo, hospitais e centros de computação

(AGÊNCIA PARA APLICAÇÃO DE ENERGIA, 1997).

Primeiramente, antes mesmo de se realizar o diagnóstico de um equipamento

de ar condicionado, é extremamente interessante e trará resultados positivos ao

diagnóstico energético, analisar os motores que compõe tal sistema, sendo este,

um dos equipamentos que podem gerar grandes perdas energéticas no sistema

como um todo.

Todas as perdas e maus dimensionamentos mecânicos se transformarão em

deficiências e perdas elétricas, por conveniência podemos obtê-las nos motores

elétricos quando medimos a corrente, tensão, fator de potência e velocidade.

Figura 11: Aspecto Construtivo de Motores de Indução Trifásicos Fonte: ELETROBRÁS/PROCEL (2006)

Antes de se realizar os levantamentos nos motores elétricos, será necessário

verificar os sistemas motrizes por eles acionados, pois as deficiências nesses

sistemas serão refletidas nos motores, gerando parâmetros que podem confundir e

indicar equivocadamente quais são e onde estão as causas da ineficiência

energética.

104

Esta análise pode envolver o motor de qualquer sistema diverso ao sistema de

ar condicionado, como por exemplo, os motores dos sistemas de:

- elevadores;

- escadas rolantes;

- água potável / reuso / drenagem de lençol freático;

- incêndio

- portas automáticas.

Para o sistema de ar condicionado, além da verificação de que se os motores

foram adequadamente especificados, deve ser verificado também:

- se as bombas de água gelada foram projetadas adequadamente;

- quanto a carga, vazão e altura do sistema;

- se existe um plano de manutenção preventiva / preditiva e se este plano está

sendo realizado.

Todos estes fatores podem gerar a ineficiência dos motores elétricos, caso

não estejam sendo monitorados corretamente.

Quanto aos compressores do sistema de ar condicionado, é necessário

verificar se:

- estão instalados em locais limpos;

- estão sendo corretamente ventilados;

- estão instalados próximos aos locais de utilização;

- as partes móveis estão devidamente lubrificadas;

- as correias estão devidamente esticadas;

- existe um plano de manutenção preventiva / preditiva e se este plano está

sendo realizado.

105

Atualmente existem dispositivos de acionamentos de motores elétricos mais

eficientes que, com os equipamentos de acionamento eletrônico, podem-se obter

menores correntes de partida e maior controle de velocidade, resultando em mais

economia de energia elétrica.

Para melhor análise dos motores elétricos do sistema de ar condicionado dos

shopping centers, é imprescindível a realização de algumas verificações em campo.

Apesar de ser um método um tanto quanto demorado e demande um

conhecimento técnico básico a respeito dos motores elétricos e de alguns

instrumentos de medição, trará melhores resultados através da obtenção de dados

mais precisos para um completo diagnóstico energético. Portanto, colaborará com o

auxílio da decisão mais assertiva acerca de investimentos em projetos de eficiência

energética relacionados a este sistema.

Os principais dados a serem coletados e verificados em campo são:

- dados construtivos;

- dados provenientes de medições elétricas e mecânicas;

- dados de placa;

- dados da carga acionada;

- horas de funcionamento;

- período de funcionamento;

- potência fornecida pelo motor.

Para a obtenção de dados que reflitam a realidade, as medições devem ser

realizadas quando os motores estiverem operando em sua capacidade máxima.

Os seguintes dados devem ser obtidos:

- corrente de cada fase (Ia, Ib, e Ic). Valores obtidos em ampér (A);

- tensão entre fases (Vab, Vbc, e Vca). Valores obtidos em tensão (V);

- potência ativa de entrada. Valores obtidos em potência (W ou kW);

106

- fator de potência (fp). Obtido através de um número adimensional;

- velocidade de rotação. Valores obtidos em rotações por minuto (rpm).

A medição correta, fornecerá uma visão de como está sendo utilizada a

energia elétrica pelo equipamento que está sendo monitorado.

Para realizar estas medições, será necessário o uso de instrumentos de

medição conforme os apresentados nas figuras 12 a 16.

Figura 12: Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 Fonte: Hikari Ferramentas (2015)

O amperímetro do tipo alicate será utilizado para realizar medições

instantâneas de tensão e cor rente.

Figura 13: Medidor de Potência AC Tipo Alicate - Modelo 3286-20 Fonte: Hioki (2015)

107

Através de um medidor de potência será possível realizar medições para

determinação de carga, distribuição e/ou fator de potência. Nas faturas de energia

elétrica, emitidas pelas concessionárias de energia, é possível verificar o valor do

fator de potência geral do shopping center.

Figura 14: Alicate Wattímetro Digital - Modelo HA-4000 Fonte: Hikari Ferramentas (2015)

O wattímetro é um medidor de potência que permitirá medições completas de

potência dos motores elétricos.

Figura 15: Tacômetro Digital sem Contato - Modelo HTA-2234B Fonte: Homis (2015)

O tacômetro sem contato permitirá a realização da medição velocidade do

motor, auxiliando na estimativa de percentual de cargas.

Para cargas constantes, a utilização dos equipamentos listados acima será

suficiente para um correto levantamento de dados, porém caso as cargas dos

108

motores sejam variáveis, será necessário a utilização de um instrumento mais

complexo conhecido como analisador de energia.

Figura 16: Analisador de Qualidade de Energia - Modelo 435 Série II Fonte: Fluke (2015)

Além da obtenção dos dados dos motores através das medições, faz-se

necessário o conhecimento das características construtivas destes equipamentos.

Conforme a norma NBR 7094/1996, motores elétricos de indução devem

conter informações relativas às suas características de operação e de fabricação.

Na norma NBR 5383/2002 pode ser identificado o rendimento para os motores

elétricos.

Para os estudos de eficiência energética, algumas informações devem ser

coletadas a partir das placas dos motores elétricos, como:

- nome e/ou marca do fabricante;

- modelo;

- potência nominal;

- tensões nominais;

- correntes nominais;

- velocidade de rotação nominal;

- fator de potência nominal;

- rendimento nominal;

- corrente de partida;

109

- número de fases;

- frequência nominal;

- diagrama de ligações;

- temperatura ambiente máxima.

Para conclusão do estudo referente aos motores elétricos que compõe o

sistema de ar condicionado, basta identificar as horas de operação dos mesmos.

A informação exata a respeito das horas de funcionamento somente será

obtida através de horímetros ou algum outro tipo de dispositivo contador, no

entanto, grande parte dos shopping centers não possuem estes tipos de

equipamentos realizando as medições por equipamento ou mesmo por sistemas.

Apesar desta deficiência em relação ao levantamento de horas de

funcionamento dos motores elétricos ou da operação de qualquer sistema presente

nos estudos de eficiência energética dos shopping centers, algumas medidas

podem ser adotadas para a identificação de informações mais próximas da

realidade como:

- informação da equipe de operação e manutenção;

- monitores dos sistemas através de softwares específicos.

Com a análise de todas as medições e das informações obtidas junto a equipe

de operação e manutenção, será possível identificar se os motores foram

adequadamente especificados e/ou se possuem algum tipo de deficiência que

possa causar um maior consumo de energia elétrica ou um desgaste prematura

destes equipamentos.

O superdimensionamento ou o subdimensionamento dos motores elétricos

podem trazer um maior consumo de energia elétrica, prejudicando a eficiência

energética de todo o sistema onde operam.

O superdimensionamento de motores elétricos é uma das causas que mais

contribuem para a sua ineficiência. Ele ocorre quando a potência nominal de um

motor elétrico é bem maior do que a carga mecânica requer (PROCEL, 2009).

110

Com a realização das medições das correntes elétricas nas três fases do

motor, será possível identificar se há um superdimensionamento do mesmo.

Para obter valores de corrente média, utiliza-se a média aritmética das três

correntes medidas nas fases do motor. Com este valor médio de corrente

identificado, deve-se comparar com o gráfico das curvas características do motor

em análise, disponibilizados pelo fabricante.

Normalmente, se o nível de carregamento do motor estiver abaixo de 75%,

provavelmente o motor apresenta sinais de superdimensionamento.

Nos casos em que o carregamento do motor estiver abaixo de 50%, este

poderá ser substituído por outro de capacidade compatível com a carga acionada

(PROCEL, 2009).

De acordo com PROCEL (2009), quando ocorre o superdimensionamento de

motores elétricos, várias situações desfavoráveis podem ocorrer:

- utilização de motores mais caros, volumosos e pesados;

- diminuição do fator de potência, provocando a necessidade de instalação de

bancos de capacitores para a sua correção;

- diminuição do rendimento do motor, embora muitos motores apresentem seu

rendimento máximo a aproximadamente 75% da sua carga nominal;

- aumento da corrente de partida, o que acarreta maior custo na proteção do

motor.

Geralmente, para cargas entre 75% e 100% da nominal, o motor pode ser

considerado bem dimensionado.

Não só o superdimensionamento traz consequências indesejadas, mas o

subdimensionamento também apresenta problemas similares ao de uma operação

em sobrecarga, podendo acarretar em um superaquecimento do motor e

consequentemente provocando a redução de sua vida útil.

Quanto a eficiência energética do próprio equipamento de ar condicionado,

pode-se utilizar dois índices.

111

O nível de consumo energético depende da relação entre a quantidade de frio

ou calor obtido e a energia elétrica consumida.

Um dos índices a ser utilizado é o COP (Coefficient Of Performance) que se

trata do coeficiente de performance, sendo o valor da potência do equipamento em

aquecimento dividida pela potência elétrica que o equipamento necessita para a

execução do trabalho, ou seja, relaciona a capacidade de remoção de calor de um

equipamento (energia útil ou efeito frigorífico) à potência requerida pelo compressor

(energia consumida).

É um índice maior que 1, sendo dado pela expressão:

O gráfico 9 apresenta os pontos envolvidos neste conceito.

Gráfico 9: Diagrama de Moller – Cálculo do COP Fonte: PROCEL Sistemas de Ar Condicionado (2011)

Outro índice a ser utilizado é o EER (Energy Efficiency Ratio) que se trata do

índice de eficiência de energia, sendo o valor da potência do equipamento em

arrefecimento dividida pela potência elétrica que o equipamento necessita para a

execução do trabalho, ou seja, relaciona o Efeito Frigorífico (EF) produzido e o

Trabalho de Compressão (w) dispendido.

O gráfico 10 apresenta os pontos envolvidos neste conceito.

112

Gráfico 10: Diagrama de Moller – Cálculo do EER Fonte: PROCEL Sistemas de Ar Condicionado (2011)

Para os grandes empreendimentos como os shopping centers por exemplo, o

mais usual é a utilização da relação kW/TR para indicação de eficiência energética

dos equipamentos de ar condicionado, mais comumente os chillers.

O TR (Tonelada de Refrigeração) é equivalente a 12.000 BTU/h (British

Thermal Unit/hora), que se trata de uma unidade térmica britânica.

Esta relação seria entre o trabalho de compressão em kW e o efeito frigorífico

em TR’s.

A correlação entre o índice EER e a eficiência em kW/TR é obtida por:

Em resumo, os dois índices são obtidas com o quociente do valor da

capacidade (kW) de arrefecimento para o EER, ou de aquecimento para o COP,

pelo consumo elétrico nominal (kW).

À semelhança do EER, quanto maior for o COP, mais eficiente será o sistema.

A relação entre COP e EER é: COP = 0,29 * EER.

Para avaliar a eficiência do equipamento de ar condicionado, após a

verificação dos índices obtidos através das expressões acima citadas, basta

correlacionar com a tabela 15 apresentada a seguir.

A letra A indica o índice mais eficiente e a letra G indica o índice menos

eficiente.

113

Tabela 15: Classificação Energética para Valores de EER e COP Fonte: Web ArCondicionado (2015)

Para a verificação completa do sistema, caso a ineficiência do equipamento de

ar condicionado seja identificada, alguns instrumentos de medição serão

necessários como:

- medir com o auxílio de um termômetro infravermelho, a temperatura do ar de

descarga dos fan&coils e do ar insulflado nos difusores e grelhas de ar

condicionado. A temperatura elevada pode indicar problemas no equipamento de ar

condicionado (chiller), filtros sujos, correias dos fan&coils frouxas, dutos de

insulflamento obstruídos, rolamentos dos fan&coils sem lubrificação ou

desbalanceados;

Figura 19: Termômetro Infravermelho – Modelo Tiv 6500 Fonte: Vonder (2015)

114

- medir com o auxílio de um termômetro bimetálico, a temperatura da água

gelada das tubulações do sistema de ar condicionado. A temperatura elevada pode

indicar problemas no equipamento de ar condicionado (chiller), filtros da tubulação

sujos ou incrustação das mesmas;

Figura 20: Termômetro Bimetálico Fonte: Wika (2015)

- medir com o auxílio de um manômetro do tipo “bourdon”, a pressão em

tubulações de água gelada do sistema de ar condicionado. Esta medição possibilita

a verificação das perdas de carga em trocadores de calor. A baixa pressão pode

indicar problemas no equipamento de ar condicionado (chiller), problemas nas

bombas e/ou motores, filtros da tubulação sujos ou incrustação das mesmas;

Figura 21: Manômetro Bourdon

Fonte: Wika (2015)

- medir com o auxílio de um anemômetro, a velocidade e vazão do ar nos

dutos e grelhas de insulflamento. A baixa vazão do ar pode indicar filtros de

fan&coils sujos, correias dos fan&coils frouxas, dutos de insulflamento obstruídos,

rolamentos dos fan&coils sem lubrificação ou desbalanceados;

115

Figura 22: Anemômetro – Modelo MDA-20 Fonte: Minipa (2015)

- medir com o auxílio de um medidor por ultra-som, a vazão da água gelada

das tubulações do sistema de ar condicionado. A baixa vazão pode indicar um

desbalanceamento do sistema de distribuição de água, problemas no equipamento

de ar condicionado (chiller), problemas nas bombas e/ou motores, filtros da

tubulação sujos ou incrustação das mesmas;

Figura 23: Medidor de Vazão Ultra-Sônico – Modelo G-PDFM5 Fonte: Conar (2015)

- medir os parâmetros dos motores elétricos e verificar as cargas por estes

acionadas conforme metodologia já apresentada neste trabalho.

- medir a exemplo dos motores elétricos, as correntes elétricas entre fases,

potências, tensão entre fases e fator de potência do chiller. Para o diagnóstico

energético, estas medições permitem avaliar o consumo do equipamento de ar

condicionado e verificar sua performance e eficiência.

Todos os valores obtidos através das medições realizadas devem ser

correlacionados com os valores descritos nos projetos referentes ao sistema de ar

condicionado, assim como com os dados de placa do fabricante do chiller.

116

8.2 Iluminação

No meio do século passado, os sistemas de iluminação apresentavam uma

série de limitações, pois além de não serem duráveis, as lâmpadas não

apresentavam o nível de iluminação necessário (PROCEL, 2009).

Os principais objetivos da iluminação se tratam da obtenção de boas

condições de visão associadas à visibilidade, segurança e orientação dentro de um

determinado ambiente e da utilização da luz como principal instrumento de

ambientação do espaço como por exemplo, na criação de efeitos especiais com a

própria luz, no destaque de objetos e superfícies ou do próprio espaço.

Para a realização do diagnóstico energético de um sistema de iluminação, é

necessário o conhecimento de alguns conceitos e grandezas como:

- luz: modalidade da energia radiante que um observador constata pela

sensação visual de claridade determinada pelo estímulo da retina sob a ação da

radiação, no processo de percepção sensorial visual;

- fluxo luminoso (ᵠ): quantidade de luz produzida por uma fonte (lâmpada por

exemplo), medida em lúmen (lm). Também conhecido como “pacote de luz”. O

equipamento utilizado para medir o fluxo luminoso de uma lâmpada é chamado de

esfera de Ulbricht, onde a fonte luminosa a ser medida é colocada em seu interior;

- iluminância (E): é o quociente do fluxo luminoso incidente num elemento da

superfície pela área deste elemento. É medida em lux (lm/m²) e também conhecida

como iluminamento ou nível de iluminação. O equipamento utilizado para medir o

nível de iluminância é chamado luxímetro, qual consiste numa célula fotoelétrica,

sobre a qual se faz incidir o fluxo luminoso, gerando uma corrente elétrica que

aumenta em função do fluxo incidente. Essa corrente mede-se com um

miliamperímetro, de forma analógica ou digital, calibrado diretamente em lux;

- eficiência luminosa (EL): é o quociente do fluxo luminoso total emitido por

uma fonte de luz em lumens e a potência por ela consumida em Watts;

- intensidade luminosa (IL): é o quociente de fluxo luminoso saindo de uma

fonte puntiforme e se propagando numa dada direção. Medida em candela (cd);

117

- luminância (L): a luminância de uma superfície é uma medida da

luminosidade que um observador percebe refletido desta superfície, ou seja, é a

intensidade luminosa que emana de uma superfície, pela sua superfície aparente, É

medida em candela por metro quadrado (cd/m²). A luminância é uma grandeza

fundamental para a visão, dado que é a luminância dos objetos que nos dá a

sensação visual. A medida da luminância realiza-se por meio de um aparelho

chamado luminâncimetro;

- contraste: avaliação subjetiva da diferença em aparência de duas partes de

um campo de visão, vistas simultaneamente ou sucessivamente;

- desempenho visual: termo usado para descrever tanto a velocidade com que

os olhos funcionam, como a precisão com que uma tarefa visual poderá ser

realizada. O grau de desempenho visual para a percepção de um objeto cresce até

um determinado nível com o aumento da iluminância ou até a um certo grau de

luminância. Outros fatores que influenciam no desempenho visual são o tamanho

da tarefa visual e sua distância até o olho, os contrastes de cor, luminância e o

ofuscamento;

- conforto visual: grau de satisfação visual produzido pelo ambiente iluminado;

- índice de reprodução de cor (IRC): o IRC, no sistema internacional de

medidas, é um número de 0 a 100 que classifica a qualidade relativa de reprodução

de cor de uma fonte, quando comparada com uma fonte padrão de referência da

mesma temperatura de cor. O IRC identifica a aparência como as cores dos objetos

e pessoas serão percebidas quando iluminados pela fonte de luz em questão.

Quanto maior o IRC, melhor será o equilíbrio entre as cores. É estabelecido em

função da luz natural que tem reprodução fidedigna, ou seja, 100;

- temperatura de cor correlata (TCC): é um termo usado para descrever a cor

de uma fonte de luz. A TCC é medida em Kelvin, variando de 1500 K, cuja

aparência é laranja/vermelho até 9000 K, cuja aparência é azul. As lâmpadas com

TCC maior do que 4000 K são conhecidas como de aparência “fria”, as lâmpadas

com TCC menores do que 3100 K são conhecidas como de aparência “quente” e as

lâmpadas com TCC entre 3100 e 4000 K são conhecidas como de aparência

“neutra”;

118

- fator de manutenção (Fm): é a razão da iluminância média no plano de

trabalho após um certo período de uso, pela iluminância média obtida sob as

mesmas condições da instalação nova;

- eficiência da luminária: é a razão entre os lumens emitidos por uma luminária

divididos pelos lumens emitidos pela lâmpada ou lâmpadas, em uso da luminária;

- eficiência luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso emitido e a energia

elétrica consumida por unidade de tempo (potência) por uma fonte de luz. Quanto

maior a eficiência luminosa de uma lâmpada e equipamentos, menor seu consumo

de energia. É medida em lm/W;

- fator de fluxo luminoso ou fator do reator: é um fator que determina qual será

o fluxo luminoso emitido pela lâmpada, dependendo do tipo do reator utilizado

(quando aplicado). Como exemplo, se o fator de reator for de 85% significa que

uma lâmpada que se utilizar deste reator, irá emitir apenas 85% do seu fluxo

luminoso, ou seja, quanto maior o fator de reator, maior será o fluxo luminoso

gerado pela lâmpada.

A luz é um elemento importante e indispensável em nossas vidas. Por isto, é

encarada de maneira tão natural e familiar, fazendo com que os seres humanos

ignorem a real necessidade de conhecê-la e compreendê-la. A luz natural sempre

foi a principal fonte de iluminação na arquitetura. Entretanto, após a descoberta da

eletricidade e a invenção da lâmpada, a iluminação artificial se tornou cada vez

mais indispensável na edificação. A luz artificial permite ao homem utilizar as

edificações à noite para dar continuidade as suas atividades ou se divertir. É

importante ressaltar, no entanto, que não é simples empregar a luz artificial de

forma eficiente (RODRIGUES, 2002).

Segundo Portugal (2007), o estilo arquitetônico adotado nos shopping

centers não considera o bioclimatismo, o que onera consideravelmente os gastos

com energia elétrica. No negócio shopping center é importante que os custos de

manutenção sejam baixos, a fim de que os custos de ocupação dos lojistas

incluindo o aluguel das lojas pagos aos proprietários dos shopping centers não

ultrapassem 15% de suas vendas. Como a energia elétrica em alguns casos

representa até 30% do preço do condomínio, a forma de modificar essa realidade

seria fazer melhor uso dos recursos de iluminação e ventilação naturais.

119

Como o clima das diferentes regiões do mundo é bastante diversificado, surgiu

a necessidade de classificação dos mesmos, quais são classificados em unidade

graus/dia de aquecimento e resfriamento.

A norma ASHRAE Standard 90.1 além de classificar o clima de cidades

americanas, também classifica o clima de oito cidades brasileiras.

A American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers

(ASHRAE), fundada em 1894, se trata de uma associação internacional que

implantou a sua primeira norma de eficiência energética para projetos e

construções de novas edificações em 1975, a ASHRAE Standard 90.

Já em 1989, implantou a ASHRAE Standard 90.1 qual considera a envoltória

das edificações, sistemas de ar condicionamento, sistemas de iluminação artificial e

aquecimento de água, incluindo também equipamentos.

Para a realização do diagnóstico energético de sistemas de iluminação dos

shopping centers, os procedimentos para o levantamento de dados normalmente

são obtidos mais facilmente do que para os sistemas de ar condicionado como foi

apresentado anteriormente.

Esta facilidade ocorre, pois nos projetos luminotécnicos destes

empreendimentos, muitas vezes os projetistas se utilizam de um mesmo tipo de

lâmpada para iluminação de um ambiente, ou seja, a grande quantidade de

lâmpadas possui a mesma característica em um ambiente de mall ou de uma praça

de alimentação por exemplo.

O levantamento de dados sobre o sistema de iluminação pode ser realizado

com relação a:

- potência consumida: em cada ambiente do shopping center deve ser

coletado a potência referente ao conjunto existente em cada luminária, ou seja, a

soma da potência consumida pelo número de lâmpadas existentes em cada

luminária, somando a potência consumida pelo reator quando existente, em caso

lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor de mercúrio ou vapor de sódio);

- horas de funcionamento: identificar a quantidade de horas durante as quais

as lâmpadas permanecem acesas, onde normalmente para um ambiente de mall de

120

shopping centers não é inferior a 12 horas por dia. Com este dado será possível

determinar a contribuição das lâmpadas no consumo de energia do shopping

center;

- período de funcionamento: com a identificação deste dado será possível

determinar a contribuição das lâmpadas na demanda global do shopping center;

- área: campo limitado onde se deseja realizar o diagnóstico energético.

Conhecendo as definições acima, o método a ser utilizado para o diagnóstico

energético do sistema de iluminação baseia-se em um dos métodos já definidos

pela norma ASHRAE Standard 90.

O método é denominado Método da Área do Edifício. Tal método baseia-se na

comparação entre a densidade de potência instalada (DPI), dada em W/m², no

shopping center e a densidade de potência limite para o mesmo. Este método

avalia de forma conjunta todos os ambientes do edifício e atribui um único valor

limite para a avaliação do sistema de iluminação.

Para um ambiente comercial destinado a instalação de escritórios por

exemplo, a norma ASHRAE Standard 90.1 determina que este espaço deve ser

iluminado com uma densidade de potência de iluminação igual à 11 W/m².

O Método da Área do Edifício se restringe a edifícios com até três atividades

principais, ou para atividades que ocupem mais de 30% da área do edifício.

Os procedimentos para realização da avaliação devem seguir conforme as

diretrizes abaixo:

- inicialmente identificar a atividade principal do edifício de acordo com a

tabela 16, e em seguida verificar a Densidade de Potência de Iluminação Limite

(DPIL) para cada nível de eficiência. Para edifícios com atividades não listadas

deve-se escolher uma atividade equivalente. Como a atividade específica de

shopping centers não consta na tabela, a atividade que mais se assemelha se

refere ao comércio;

- determinar a área iluminada do shopping center;

121

- multiplicar pela DPIL, a área iluminada e assim determinar a potência limite

do shopping center;

- caso o ambiente do shopping center possua até três atividades principais

distintas, deve-se determinar a DPIL para cada uma destas atividades e

consequentemente, determinar a área iluminada para cada uma delas. A potência

limite para o edifício será a soma das potências limites para cada atividade, pois a

verificação do nível de eficiência será feita através da potência total instalada no

shopping center e não por atividade;

- comparar a potência total instalada no shopping center e a potência limite

para determinar o nível de eficiência do sistema de iluminação;

- após identificar o nível de eficiência do sistema de iluminação do

empreendimento, deve-se verificar o atendimento dos pré-requisitos em todos os

ambientes.

Obs: Caso existam ambientes que não atendam aos pré-requisitos, o

equivalente numérico deverá ser corrigido. Deve ser realizada a ponderação entre

os níveis de eficiência, a potência instalada dos ambientes que não atenderam aos

pré-requisitos e a densidade de potência de iluminação limite encontrado para o

sistema de iluminação.

Função do Edifício

Densidade de Potência de Iluminação

limite W/m2 (Nível A)

Densidade de Potência de Iluminação

limite W/m2 (Nível B)

Densidade de Potência de Iluminação

limite W/m2 (Nível C)

Densidade de Potência de Iluminação

limite W/m2 (Nível D)

Academia 9,5 10,9 12,4 13,8 Armazém 7,1 8,2 9,2 10,3 Biblioteca 12,7 14,6 16,5 18,4 Bombeiros 7,6 8,7 9,9 11,0 Centro de Convenções 11,6 13,3 15,1 16,8 Cinema 8,9 10,2 11,6 12,9 Comércio 15,1 17,4 19,6 21,9 Correios 9,4 10,8 12,2 13,6 Venda e Locação de Veículos

8,8 10,1 11,4 12,8

Escola/Universidade 10,7 12,3 13,9 15,5 Escritório 9,7 11,2 12,6 14,1 Estádio de esportes 8,4 9,7 10,9 12,2 Garagem – Ed. Garagem 2,7 3,1 3,5 3,9

122

Ginásio 10,8 12,4 14,0 15,7 Hospedagem, Dormitório 6,6 7,6 8,6 9,6 Hospital 13,0 15,0 16,9 18,9 Hotel 10,8 12,4 14,0 15,7 Igreja/Templo 11,3 13,0 14,7 16,4 Restaurante 9,6 11,0 12,5 13,9 Restaurante: Bar/Lazer 10,7 12,3 13,9 15,5 Restaurante: Fast-food 9,7 11,2 12,6 14,1 Museu 11,4 13,1 14,8 16,5 Oficina 12,9 14,8 16,8 18,7 Penitenciária 10,4 12,0 13,5 15,1 Posto de Saúde/Clínica 9,4 10,8 12,2 13,6 Posto Policial 10,3 11,8 13,4 14,9 Prefeitura – Inst. Gov. 9,9 11,4 12,9 14,4 Teatro 15,0 17,3 19,5 21,8 Transportes 8,3 9,5 10,8 12,0 Tribunal 11,3 13,0 14,7 16,4

Tabela 16: Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL) para o nível de eficiência pretendido – Método da

Área do Edifício Fonte: INMETRO (2010)

Com o intuito de identificar o valor ideal para o diagnóstico energético, devem

ser excluídos do cálculo da potência instalada da iluminação os sistemas que forem

complementares à iluminação geral do shopping center como:

- iluminação de destaque que seja parte essencial de um evento como

iluminação de destaque de um veículo a ser sorteado em promoções de dia dos

pais, dia das mães, natal, etc...

- iluminação contida ou parte integrante de equipamentos ou instrumentos;

- iluminação em ambientes especificamente projetados para uso de deficientes

visuais;

- iluminação totalmente voltada à propaganda ou à sinalização;

- sinais indicando saída e luzes de emergência;

- iluminação à venda ou sistemas de iluminação para demonstração com

propósitos educacionais;

- iluminação para fins teatrais, incluindo apresentações ao vivo e produções de

filmes e vídeos;

123

- iluminação de circulação externa;

- iluminação de tarefa ligada diretamente em tomadas.

Para o método apresentado, a soma total das potências do sistema de

iluminação deve incluir os valores de todo o conjunto luminotécnico (luminária,

lâmpada e reator).

Executar medidas de conservação de energia e eficiência energética em

sistemas de iluminação dos shopping centers, contribui com a redução de carga

térmica dos ambientes, gerada pela dissipação de calor das lâmpadas e reatores,

obtendo-se também a redução do consumo de energia elétrica com o sistema de ar

condicionado.

Os sistemas de iluminação de shopping centers mais antigos tendem a

apresentarem níveis de iluminação maiores do que o necessário. Idealmente seria

necessário realizar-se um novo projeto luminotécnico seguindo as diretrizes das

normas vigentes e realizando um retrofit em todo o sistema de iluminação, no

entanto, quando isto não é possível, deve-se analisar o sistema de iluminação,

considerando:

- por quantas horas as lâmpadas ficam acesas;

- a potência de cada conjunto de luminária;

- o nível da iluminação necessária para a atividade que está sendo

desenvolvida no ambiente.

Esta análise possibilita a identificação da DPI existente e auxilia na tomada de

decisão quanto a medidas de eficientização.

A substituição de uma tecnologia de iluminação obsoleta por uma mais

moderna e eficiente, tem como principal objetivo aumentar a eficiência do sistema

de iluminação, diminuindo sua potência instalada e mantendo seu nível de

iluminamento.

Isto significa que a eficiência energética de um determinado sistema de

iluminação já instalado pode ser avaliada quando comparada com outro sistema de

iluminação que apresente um mesmo nível médio de iluminância e menor DPI.

124

Os valores relativos a iluminância foram tabelados por atividade. No Brasil eles

se encontram na NBR 5413.

Na realização de projetos do sistema de iluminação de shopping centers, a

adoção de níveis de iluminação maiores que os recomendados pela NBR 5413

influenciará diretamente nos níveis de eficiência energética destes

empreendimentos.

Visto que normalmente é mais caro substituir um sistema de iluminação já

existente do que instalar um novo sistema de iluminação em um shopping center

em construção, deve-se prever desde as primeiras premissas do projeto

luminotécnico, os custos relacionados com o consumo de energia elétrica, a

substituição e a manutenção destes equipamentos.

É importante observar que os valores recomendados do nível de iluminamento

presentes em normas técnicas, manuais de fabricantes de equipamentos de

iluminação e publicações especializadas variam muito entre si. Consequentemente,

a especificação do nível de iluminamento acaba ficando sob inteira

responsabilidade do projetista, que deve escolher um valor dentro da faixa

recomendada. Essa arbitrariedade do projetista às vezes resulta em projetos mal

dimensionados, onde o nível de iluminamento final não corresponde às reais

necessidades do ambiente. Sistemas com nível de iluminamento fora da faixa

recomendada podem reduzir drasticamente o desempenho do usuário e, em alguns

casos, comprometer sua saúde. Além disso, no caso de superdimensionamento,

ainda existe um acréscimo desnecessário do consumo de energia elétrica, seja por

excesso de iluminação, seja por aumento do ciclo de trabalho do sistema de ar

condicionado (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).

125

9. APLICAÇÃO DE PROJETOS EM SHOPPING CENTERS

Segundo estudo divulgado pela ABRASCE, a conta de energia pode chegar a

45% dos gastos condominiais de um shopping center

Aliada a esta informação e a escassez de recursos naturais, e

consequentemente preocupados com a continuidade da operação dos shopping

centers, os gestores e investidores deste tipo de empreendimento vem

desenvolvendo ações e projetos de eficiência energética.

A seguir destaca-se alguns exemplos de sucesso de projetos de eficiência

energética aplicados em shopping centers:

9.1 Shopping Rio Mar / PE

Se trata do primeiro shopping center da América Latina a certificar-se com o

selo AQUA. Neste empreendimento foi utilizado apenas madeira de reflorestamento

e seu projeto foi valorizado com a utilização de domus de vidro privilegiando a

iluminação natural.

Para integrar o item acima, foi instalado um sistema de climatização que

detecta automaticamente a necessidade de manter a temperatura ou esfriá-la, sem

interferência humana. Este mesmo sistema de climatização reaproveita a água da

chuva nas torres de resfriamento.

Segundo informações divulgadas pelo gerente de facilidades do próprio

shopping center, os benefícios com as ações supracitadas atingem uma redução de

cerca de 35% de economia de energia ao ano. Esta redução de custos é repassada

aos lojistas no intuito de favorecer novas negociações e fidelizar os lojistas

existentes.

9.2 Santana Parque Shopping / SP

Neste shopping center localizado na zona norte de São Paulo, houve

investimentos em projetos arquitetônicos com a utilização de claraboias e áreas

envidraçadas. Segundo informações divulgadas pelo gerente de facilidades, a

utilização de claraboias reduziu o consumo de energia em torno de 20%.

126

Ainda pensando em sustentabilidade e redução de custos, realizou-se a

instalação de elevadores com comando de variação de velocidade e frequência,

diminuindo em 40% o consumo de energia dos equipamentos.

Integrando-se aos demais projetos, a iluminação do shopping realizada com

lâmpadas fluorescentes e incandescentes foi substituída por LED, promovendo 10%

de redução de custos na conta de energia elétrica.

9.3 Shopping Plaza Sul / SP

O Shopping Plaza Sul foi inaugurado em 1994 e em 2005 recebeu a

certificação segundo a norma ISO 14001 do seu Sistema de Gestão Ambiental e,

em 2008, certificou seu Sistema de Segurança e Saúde segundo a norma OHSAS

18001.

Prezando pelo meio ambiente e perante a crise hídrica que se iniciou em

2014, executou a perfuração de dois poços artesianos e implantou um sistema de

reuso de água através de uma estação de tratamento de esgoto. Com este sistema,

é reaproveitado mais de 50% do esgoto, proporcionando a economia de cerca de

35% do consumo de água potável

Com a perfuração dos poços artesianos e o sistema de tratamento de esgoto o

shopping se tornou autossuficiente quanto a utilização de água, mantendo o

contrato com a concessionária apenas como um backup para ser utilizada em

alguma situação emergencial.

9.4 Shopping ABC / SP

O Shopping ABC deu início ao Programa Consumo Consciente de Energia,

que tem por objetivo diminuir o custo condominial através da maior eficiência

energética.

Com este Programa, todas as lojas que reduzem em 5% o consumo

energético no trimestre versus o mesmo trimestre do ano anterior, ganham um selo

de reconhecimento. Como incentivo, o Programa prevê semestralmente às lojas

que mais reduziram o consumo energético no período com prêmios como mídia no

shopping e vale-compras para os funcionários.

127

No intuito de auxiliar os lojistas quanto a redução do consumo energético, o

shopping desenvolveu uma cartilha de boas práticas e com dicas de economia de

energia.

9.5 Casa Shopping / RJ

O Casa Shopping investiu em projetos de eficiência energética para redução

de seus custos operacionais. Efetuou a substituição de lâmpadas de baixa

eficiência por iluminação LED e instalou um sistema de aquecimento de água

através de painéis Solares.

Com parceria junto a algumas empresas, o Shopping investiu na iluminação

LED e sensores de presença em áreas comuns, proporcionando uma redução de

R$6.000,00 por mês na conta de energia elétrica.

Ainda com a parceria das mesmas empresas, foi instalado o sistema de

aquecimento solar para a água utilizada nos vestiários do empreendimento. Este

projeto proporcionou uma economia de mais R$2.000,00 na conta de energia

elétrica.

9.6 Park São Caetano / SP

Este shopping center foi projetado já levando em consideração soluções de

eficiência energética. No projeto arquitetônico foi previsto a utilização de diversas

claraboias privilegiando a iluminação natural.

Além das áreas com claraboias, foram utilizados equipamentos elétricos

eficientes no sistema de ar condicionado e para completar o sistema foi previsto um

tanque de termoacumulação para acumular quase 3 milhões de litros de água

gelada.

Para completar o projeto do shopping foram instaladas escadas rolantes com

sensores para funcionarem apenas sob demanda, ou seja, quando houver fluxo de

pessoas.

128

9.7 Madureira Shopping / RJ

O shopping localizado na zona norte do Rio de Janeiro, inaugurado em 1989

possuía até 2010 um problema em relação a baixa eficiência dos equipamentos de

ar condicionado e temperatura elevada no interior do empreendimento causando

extremo desconforto aos lojistas, prestadores de serviços e clientes.

Em 2011, realizou um contrato com uma empresa francesa para realizar-se

um retrofit no sistema de climatização do Shopping, porém com os custos de

investimentos a serem pagos com a redução do consumo de energia elétrica.

Após um diagnóstico geral realizado pela empresa contratada, foi apresentado

um projeto para substituição dos chillers antigos e da implantação de um sistema de

automação para as bombas de água.

No período de 8 meses para a execução deste projeto, não houve

interferência na operação do mesmo qual permaneceu com sua rotina normal de

funcionamento.

Os investimentos foram da ordem de R$ 2,5 milhões porém a economia anual

com energia elétrica atinge mais R$ 480.000,00, ou seja, todo o projeto possui um

pay back de cerca de 6 anos que além de proporcionar uma economia de energia,

resolveu o problema de climatização do shopping.

Este projeto, devido ao seu reconhecimento e sucesso, recebeu o Prêmio

Destaque ABESCO, durante o 9º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética e

ExpoEficiência.

9.8 Barra Shopping / RJ

O Barra Shopping foi inaugurado em 1981 porém com o desenvolvimento de

ações de eficiência energética, foi implantado um sistema de automação predial

que contribui para uma economia de cerca de R$ 500.000,00 ao ano com o

consumo de energia elétrica.

Outro projeto visando a economia de energia foi a instalação de vidros do tipo

low-e de alta eficiência que bloqueiam a entrada de calor nos ambientes, evitando a

sobrecarga dos equipamentos do sistema de ar condicionado.

129

9.9 New York City Center / RJ

O New York City Center é um centro de compras integrado ao complexo Barra

Shopping desde 2003.

Em seu projeto arquitetônico foram utilizados artifícios e técnicas que

privilegiam a ventilação natural e entrada de luz, dispensando a utilização de ar

condicionado.

O empreendimento possui um pé direito de 35 metros e uma cobertura de lona

branca de 5.400 m². Segundo os gestores deste empreendimento, estes

diferenciais promovem uma economia de cerca de 20% nos custos de energia

elétrica em relação a um shopping center de arquitetura tradicional do Rio de

Janeiro.

9.10 Shopping Jardins / SE

O Shopping Jardins inaugurado em 1997 está localizado em Aracajú/SE e já

passou por três expansões

Este empreendimento conta com diversas ações de eficiência energética,

dentre elas:

- a utilização de domus (claraboia) em vidro, para iluminação natural que

permite a economia de energia;

- um sistema de ar-condicionado de alta eficiência que permite a redução de

energia;

- o recolhimento da água de condensação do sistema de climatização e

reutilização nas torres de resfriamento com economia da água consumida;

- utilização de sensores nas torneiras dos sanitários que garantem a economia

de água;

- o monitoramento dos níveis internos de CO2 para controlar o volume de ar

externo de renovação em função da ocupação do shopping.

130

Além de todas as ações citadas acima, o shopping utiliza os rejeitos térmicos

de dois grupos moto-geradores para alimentar um chiller. Com este sistema de co-

geração, além de gerar economia de energia, produzindo água gelada sem custos

para o Shopping, também oferece a segurança de ter um back up de sua carga total

através de gás natural que alimentam os geradores.

O Shopping também conta com tanques de termoacumulação que são

utilizados neste empreendimento apenas para complementar a carga térmica que

exceder a carga térmica produzida pelos chillers.

9.11 Uberlândia Shopping / MG

O Uberlândia Shopping seguindo a tendência das grandes construções e as

preocupações ambientais foi construído sob requisitos de sustentabilidade, visando

a uma maior eficiência no consumo de energia elétrica e de água

A proprietária e administradora do empreendimento, já tem experiência na

construção de shoppings que atendem a esses requisitos. A preocupação com o

assunto resultou em um sistema próprio, o Environmental Standards for Retail

Development (ESRD), composto por requisitos estabelecidos com base em

certificações internacionais, como LEED (americana), BREEAM (britânica),

CASBEE (japonesa) e GB TOOL (canadense), que são aplicáveis a projetos de

shopping centers, nas áreas de eficiência energética e do consumo de água,

qualidade do ar interior, entre outras.

O objetivo do ESRD, segundo a empresa, é ser uma diretriz para definição de

novos projetos capaz de orientar engenheiros, arquitetos e projetistas a escolherem

melhores alternativas para que o shopping, ao entrar em operação, seja mais eco

eficiente.

O Uberlândia Shopping teve certificação simultânea na ISO 14001:2004 e

OHSAS 18001.

A sustentabilidade deste empreendimento foi pensado desde sua fase de

obras, quando foram aplicadas medidas para gestão e destinação adequadas dos

resíduos, controle de poluição e de resíduos perigosos, controle e redução do

131

consumo de água e de energia e a conscientização dos operários e de todos os

funcionários.

Para sua operação, foram priorizados o aproveitamento da luz natural, por

meio do uso de vidros de alto desempenho e a iluminação com consumo reduzido e

controle setorizado.

O projeto também contou com o uso de coletores solares para aquecimento da

água dos vestiários com equipamentos que conseguem manter a temperatura

adequada para o controle da legionella, uma bactéria que, para ser eliminada, é

necessário que a água esteja acima de uma determinada temperatura.

A questão energética também foi contemplada pela aquisição de

equipamentos mais eficientes, como secadores de mão com baixo consumo de

energia e aparelhos de ar-condicionado de alto desempenho energético.

9.12 Shopping Center Uberaba / MG

O Shopping Center Uberaba foi inaugurado em 1999 e passou por uma

expansão em 2005.

O projeto deste empreendimento foi motivo de destaque na Cartilha

PROCEL/IAB, devido suas características de Eficiência Energética. O projeto

privilegiou a utilização de técnicas para o aproveitamento de ventos e

direcionamento Solar para quanto ao sistema de conforto térmico.

No desenvolvimento do projeto e execução levou-se em consideração a

utilização de métodos passivos, onde foi previsto aberturas em locais apropriados

do prédio, localização de vegetação, proporcionalidade de construção, obtendo uma

economia de cerca de R$ 60.000,00 por ano com energia elétrica.

9.13 Shopping Oiapoque / MG

Também em Minas Gerais, o Shopping Oiapoque foi concebido sobre as

antigas estruturas de um prédio construído nas primeiras décadas do século XX,

qual inicialmente abrigou a Cervejaria Rhenânia. Devido a importância desta

132

edificação no contexto arquitetônico da cidade de Belo Horizonte, em 1990 foi

promovido se tombamento como patrimônio histórico.

Neste empreendimento adotou-se um projeto luminotécnico de eficiência

energética e fez com que o mesmo ingressasse no portfólio de empresas

sustentáveis.

Em parceria com a empresas do seguimento de iluminação, o Shopping

eliminou a necessidade de construção de uma subestação através da substituição

de equipamentos de iluminação e ventilação.

Este projeto foi viabilizado após a análise dos equipamentos do

empreendimento onde foi detectada a baixa eficiência de equipamentos do sistema

de iluminação e de ar condicionado. Com a substituição destes equipamentos, por

outros mais modernos e eficientes, os ganhos energéticos proporcionaram um

economia superior a 50% de energia elétrica.

Para compor os novos equipamentos de ar condicionado, foram instalados na

cobertura do shopping, exaustores eólicos e exaustores fotovoltaicos. Os

exaustores eólicos são acionados por meio do ar quente que sobe e pressiona os

exaustores para que funcionem e os exaustores fotovoltaicos utilizam o Sol como

fonte de energia elétrica para movimentar um pequeno motor que succiona o ar

quente de dentro do ambiente para fora.

A partir desta economia de energia e consequentemente redução de gastos

com este insumo, possibilitou-se o investimento em outros projetos de eficiência

energética.

9.14 Shopping Iguatemi Campinas / SP

O Shopping Iguatemi Campinas foi inaugurado em 1980 na região de

Campinas/SP.

Este empreendimento com a implementação de recursos de automação

atingiu uma redução de 14% no consumo de energia elétrica.

Em parceria com as empresas do seguimento de ar condicionado, realizou a

automatização da Central de Água Gelada (CAG).

133

A equipe de instalação e integração teve o cuidado de desenvolver uma lógica

de controle dos sistemas de ar condicionado e também de iluminação, de forma a

obter a melhor performance dos equipamentos que compõem estes sistemas.

Foi implantado um software, que tem como função tornar os prédios mais

inteligentes por meio de controle integrado dos sistemas de conforto, iluminação e

segurança. No caso da CAG, o software foi programado para que o acionamento,

funcionamento e desligamento de equipamentos e do sistema de ar condicionado

sejam feitos de forma adequada. Outro passo do projeto de eficiência energética no

Shopping foi a instalação de um chiller de 1000 TR`s com tecnologia de velocidade

variável no compressor centrífugo.

E para completar o projeto, o sistema de automação passou a monitorar a

performance energética e térmica dos chillers e a monitorar tendências climáticas

por meio de uma estação meteorológica integrada ao Building Management System

(BMS) – Sistema de Gerenciamento Predial.

Toda lógica de programação foi baseada:

- na identificação do correto setpoint de saída de água gelada automático;

- na vazão variável no sistema de água gelada;

- no controle de temperatura de água de condensação através do sistema de

seis torres equipadas com variadores de frequência;

- no sistema de iluminação com acionamento por nível de iluminação e por

ordem de importância e necessidade do local a ser iluminado.

O retorno do investimento com a economia de energia foi estimada pelos

gestores deste empreendimento em dois anos.

O Grupo Iguatemi tem implementado soluções para aumentar a economia de

água, reduzir o consumo de energia e incrementar a reciclagem de resíduos em

todos os seus empreendimentos.

Algumas das medidas que estão sendo adotadas são:

- gestão de resíduos;

134

- instalação de sensores e automação do sistema de ar-condicionado;

- eficiência energética aplicada ao sistema de bombeamento de água gelada;

- utilização de chillers com frequência variável, o que aumenta a eficiência dos

mesmos em baixas cargas;

- controle do consumo de água potável e da geração de esgotos, por meio de

torneiras econômicas com sensores, vasos eficientes, aferição de hidrômetros e

“caça-vazamentos”;

- reaproveitamento de água de chuva;

- resfriamento automático de parte do telhado com água do sistema de

reaproveitamento de água instalado no shopping;

- redução das emissões de carbono e resíduos;

- instalação de escadas rolantes com velocidade variável, ou seja, a

velocidade diminui automaticamente quando não há utilização da mesma e

aumenta na presença de pessoas.

9.15 Shopping Guararapes / PE

O Shopping Guararapes foi inaugurado em 1993 e já passou por 5 etapas de

ampliação.

Desde 2005, este empreendimento produz sua própria energia nos horários de

pico utilizando um gerador.

Devido a seu projeto arquitetônico, é possível também o aproveitamento da luz

natural para iluminação do mall durante o dia, já que 70% da parte coberta é de

vidro. Esse diferencial possibilita uma economia de 30% no consumo.de energia

elétrica.

O Shopping recebeu por duas vezes, nos anos de 2010 e 2015, o Prêmio

Newton Rique de Sustentabilidade, concedido pela ABRASCE.

135

9.16 Shopping Interlagos / SP

Este shopping foi inaugurado em 1988, possui uma área total de 192.000m²,

300 lojas e estacionamento capaz de comportar quase 5.000 veículos. Além disso,

o Shopping recebe, em média, 100 mil consumidores por dia, fazendo com que o

fluxo mensal seja de, aproximadamente, 3 milhões de visitantes.

Visto a necessidade de economizar energia durante o horário de ponta e da

necessidade da implantação de um sistema para climatização do ambiente, após

um estudo detalhado realizado por uma empresa contratada, concluiu-se que a

melhor solução seria a instalação de um sistema de cogeração de energia.

A cogeração é a produção simultânea de dois tipos de energia, em geral

elétrica e térmica, a partir de uma única fonte de combustível.

Quanto ao Shopping Interlagos, o mesmo possui o gás natural como

combustível para alimentação dos geradores, eliminando o uso de outros

combustíveis de maior impacto ao meio ambiente.

O calor gerado pelos gases de escape e pela água do sistema de

arrefecimento dos geradores de energia elétrica são aproveitados num ciclo de

refrigeração, propiciando a produção de água gelada, que, posteriormente, é

utilizada para o funcionamento do ar condicionado. Desta forma, é possível gerar

energia para o empreendimento e climatizar áreas de forma econômica e

sustentável.

Aliado a este benefício, o fornecimento de energia em horário de ponta

propicia uma economia de até 30% nas tarifas de energia.

9.17 USP – Universidade de São Paulo / SP

Não apenas em shopping centers, mas em diversos outros empreendimentos,

proprietários, investidores e gestores estão se preocupando cada vez mais com um

desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir a utilização de recursos não

renováveis. Um exemplo de sucesso, é o projeto PURE-USP (Programa

Permanente para o Uso Eficiente da Energia Elétrica na USP), criado em 1997, qual

avaliou o consumo de energia elétrica do campus Armando de Sales Oliveira,

136

identificando um potencial de redução deste consumo através da implantação de

ações de eficiência energética.

Conforme Morales (2007), em 2004, dentre todas as unidades, a Cidade

Universitária Armando de Sales Oliveira (CUASO), localizada na capital, é a maior

do ponto de vista de consumo de energia, contribuindo com aproximadamente 58%

do consumo total da USP, com demanda máxima superior a 16 MW e um total de

mais de 55% dos custos com a energia, conforme gráfico 12 a seguir:

Gráfico 11: Participação dos Campi no Dispêndio com Eletricidade Fonte: Saidel (2005)

O PURE-USP possui ações direcionadas por três itens principais: gestão,

comportamento e eficiência energética.

Gestão:

Uma das primeiras ações do Programa concentrou-se na análise das faturas

de energia elétrica. Havia na Universidade incertezas com relação ao número de

faturas existentes e verifica-se a ocorrência de multas por atraso de pagamentos,

por ultrapassagem de demanda e excesso de reativos (KURAHASSI, 2006).

Tais problemas previamente analisados foram tratados, adequando a data de

pagamento das faturas de acordo com o fluxo de caixa da Universidade e efetuando

o enquadramento das diversas faturas de acordo com a necessidade específica de

cada unidade.

Segundo Saidel (2005), as multas que representavam, em 1997, 6,2% dos

dispêndios de energia, diminuíram para 1,7% em 2004.

137

Dentro desta questão de gestão, a análise de consumo mensal, fator de

potência e verificação dos maiores consumidores de energia foi fundamental.

Algumas ferramentas de apoio são necessárias para que os gestores das

unidades conheçam o comportamento e hábitos de uso da energia. Dentre as

ferramentas podem-se citar as ferramentas de gestão de faturas e monitoramento

do consumo, que criam um histórico das unidades e fundamentam as decisões e

estimativas dos responsáveis pela gestão. Outra ferramenta importante são os

indicadores de consumo, que podem ser estabelecidos através de dados históricos

ou a partir da classificação da unidade e seus usos finais (MORALES, 2007).

Integrando a tecnologia de informação ao PURE-USP, foi criado o sistema

ContaluzWeb.

A USP possui 326 contas de eletricidade, distribuídas por 20 cidades do

estado de São Paulo e é atendida por 6 concessionárias de energia elétrica. A

diversidade e o elevado número de faturas de energia elétrica levaram a USP a

criar o sistema ContaluzWeb (KURAHASSI, 2006).

Este sistema é responsável por armazenar em um banco de dados, as

informações a respeito do consumo de energia e demais informações quais são

encontradas nas faturas emitidas pelas concessionárias de energia, garantindo

assim um monitoramento constante da evolução de consumo de energia na

Universidade.

Segundo Saidel (2005) a utilização do ContaluzWeb na Universidade permitiu

a contestação de 97 faturas perante as concessionárias de energia, no período de

maio de 2003 a junho de 2005. Estas contestações resultaram em um desembolso

evitado de R$ 4.979.354,78.

Comportamento:

Outra questão extremamente relevante para este Programa se trata da

divulgação permanente de conceitos a respeito de uso consciente de energia e

realização de campanhas objetivando a eficiência energética da Universidade a

todos que circulam por suas unidades.

138

Estas campanhas puderam comprovar ótimos resultados no ano de 2001,

período em que o Brasil enfrentava uma de suas piores crises energéticas.

Os resultados do Programa permitiram comprovar as expectativas que

existiam de economia e que poderia ser obtido nas instalações da USP. O consumo

de eletricidade em 2001 foi 9,5% inferior ao consumo do ano 2000 (SAIDEL, 2005).

Eficiência energética:

Uma das maneiras de reduzir o consumo de eletricidade na Universidade é

realizar intervenções nas instalações promovendo substituições de equipamentos

elétricos por modelos mais eficientes e melhorias nas edificações que propiciem

menor consumo de eletricidade (KURAHASSI, 2006).

A substituição de equipamentos iniciou-se no período do racionamento,

quando o Programa de Economia de Energia previa que uma parte dos recursos

gerados através da economia de energia poderia ser investida na compra de

equipamentos eficientes (SAIDEL, 2005).

Para a implantação de projetos de eficiência energética, foi necessário realizar

a análise detalhada dos sistemas consumidores de energia elétrica e identificar

então os pontos com maiores potenciais de redução de consumo de energia e

viabilidade econômica.

Assim como nos shopping centers que foram analisados neste trabalho,

identificou-se também um maior potencial de economia na implantação de projetos

de eficiência energética nos sistema de ar condicionado e iluminação.

139

10. CONCLUSÃO

Segundo Degani (2010), a sustentabilidade das facilidades construídas é

premissa para o desenvolvimento sustentável global.

Com a emblemática situação de tornar os empreendimentos brasileiros mais

sustentáveis, desde a fase de projeto a sua fase de operação, surgem as

prioridades de implantação de projetos de eficiência energética nos grandes

empreendimentos como universidades, hotéis, hospitais e shopping centers.

Com a elaboração deste trabalho, evidenciou a necessidade de aplicação de

boas práticas para o desenvolvimento sustentável dos shopping centers, assim

como a evolução das normas, legislação e métodos de avaliação de edifícios e

demais construções.

Fica explícito que os gestores dos empreendimentos estão gradativamente

mais orientados quanto a eficiência energética dos empreendimentos sob sua

responsabilidade e buscando soluções sustentáveis.

Com os diversos custos inerentes a operação dos shopping centers, a

implantação dos projetos de eficiência energética e métodos de conservação de

energia contribuem com uma redução dos custos condominiais e

consequentemente na garantia de continuidade da operação, mantendo os lojistas

atuais e proporcionando maior atratividade a novos lojistas.

Analisando este trabalho é possível verificar a importância do diagnóstico

energético como uma ferramenta da conservação de energia e redução de custos

quanto a energia elétrica do empreendimento.

Um obstáculo à implementação dos programas de conservação de energia é a

obtenção de recursos financeiros. Aconselha-se quando possível, que as medidas

de baixo custo e as que não necessitem de investimentos sejam as primeiras a

serem implementadas, de modo que os recursos financeiros provenientes da

economia de energia elétrica possam ser utilizados nas demais sugestões.

Quanto ao crescente mercado de shopping centers, pôde-se demonstrar que

inúmeros shoppings já em operação estão preocupados com os recursos naturais e

engajados quanto a eficiência energética e os nonos empreendimentos estão sendo

140

construídos com um pensamento sustentável, com projetos arquitetônicos que

visam a economia de energia e utilização desnecessária de recursos naturais,

implantação de equipamentos eficientes e práticas sustentáveis desde o período de

obras. Entretanto, esta quantidade de shopping centers é bastante tímida em

relação a quantidade de shoppings existentes e em desenvolvimento ou ampliação.

Os shopping centers mais antigos podem ser vistos como empreendimentos

com grande potencial para aplicação de projetos de eficiência energética, revisão

de projetos de iluminação, retrofits de equipamentos de ar condicionado e

otimização de processos operacionais.

Em alguns casos, ações de baixo custo como campanhas de conscientização

com prestadores de serviços, lojistas e clientes podem revelar bons resultados

quanto a economia energética.

É importante ressaltar que com todas as práticas e projetos adotados, o cliente

final não seja afetado, ou seja, o ambiente não deve sofrer alterações que incorram

em desconforto, insatisfação ou perda de atratividade aos consumidores.

A partir de visitas a alguns shopping centers foi possível identificar os sistemas

elétricos que possuem medição de energia e classificar os principais consumidores

de energia elétrica deste tipo de empreendimento. Também foi possível visualizar

que existem práticas aplicadas em busca de melhor eficiência energética do

empreendimento.

Através de materiais de apoio e livros, foram esclarecidas algumas formas de

economizar energia e melhorar a eficiência de equipamentos e evidenciar algumas

potenciais aplicações de gestão de energia e eficiência energética.

O assunto não está esgotado, podendo servir de base para o aprofundamento

de outras pesquisas, ou seja, as considerações realizadas neste trabalho não estão

esgotadas, mas podem servir de base para demais trabalhos futuros.

Existem algumas diretrizes aqui englobadas que poderão ser aprofundadas e

utilizadas para agregar novas experiências contribuindo assim com a disseminação

de conceitos e práticas de conservação de energia e na evolução de novas

tecnologias e projetos de eficiência energética, garantindo a continuidade da

humanidade e sua evolução a partir de um desenvolvimento sustentável.

141

Foi evidenciado que existem diversos sistemas de avaliação e indicadores de

eficiência energética para edifícios, entretanto foi possível identificar que não há

nenhum sistema completo no Brasil ou ao redor do mundo, sendo interessante o

desenvolvimento de um novo sistema de avaliação de eficiência energética que

envolva um mix de todos os sistemas apresentados, de forma a obter-se um

sistema de certificação o mais completo possível.

Cabe ainda afirmar que para analisar todos os benefícios associados a um

projeto de eficiência energética, não basta um estudo totalmente quantitativo - como

valor presente líquido, taxa interna de retorno - uma vez que estes em geral não

contabilizam ativos intangíveis trazidos por iniciativas de tal natureza (MANO,

2014).

Diante do exposto em todo o trabalho, vale destacar:

- a necessidade da mitigação e controle do desenvolvimento econômico, frente

aos impactos ambientais;

- a crescente demanda por energia elétrica;

- os elevados custos quanto aos investimentos em projetos de eficiência

energética, porém que vêm reduzindo gradativamente a medida que novas

tecnologias são desenvolvidas e de que a demanda por tais tecnologias ganham

destaque nos empreendimentos, visto às necessidades de redução de custos e

procura por um edifício com um diferencial ambiental;

- os benefícios da implantação de programas de conservação de energia;

- o elevado consumo energético frente aos sistemas de ar condicionado e

iluminação artificial;

- a mudança lenta mas gradativa da cultura brasileira quanto a necessidade de

redução dos impactos ambientais.

Como sugestão para trabalhos futuros, a fim de dar continuidade ao tema

abordado:

- desenvolvimento de um novo modelo de certificação de eficiência energética;

142

- estudo comparativo mesmas tecnologias de eficiência energética aplicados

em shopping centers localizados em regiões distintas;

- levantamento de dados de equipamentos consumidores de energia em

shopping centers

- importância da medição de energia elétrica por equipamento ou grupo de

equipamentos em shopping centers

- custos operacionais de shopping centers em relação ao orçamento

condominial

- energia alternativa empregada a shopping centers

- gerenciamento energético de shopping centers

- construção sustentável para shopping centers

- desenvolvimento de métodos de certificação de eficiência energética

especifica para shopping centers

- energia elétrica e seu impacto ambiental

- práticas sustentáveis em shopping centers

- gestão ambiental de shopping centers

- shopping verdes: construções sustentáveis

Este trabalho reconhece sua singela contribuição dentre a vasta dimensão

deste assunto inerente a sustentabilidade e eficiência energética, porém espera-se

que tenha sido assertivo e possa ser útil no desenvolvimento de outros trabalhos

e/ou projetos e que a partir deste, decorram mudanças comportamentais positivas

para o meio ambiente mesmo que diminutas.

143

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