primeira edição

12
Jornal Egbé a voz da comunidade Itanhaém Junho de 2016 Edição 01 Ano 01 www.jornalegbe.wix.com/home [email protected] jornalegbe Jornal de distribuição gratuita CAPA 6 ACADEMIA ITANHAENSE DE LETRAS (Página 7) Conheça mais um patrimônio cultural da cidade SOCIEDADE 9 DAS CORTES PARA AS RUAS: A DEMOCRATIZAÇÃO DO BALÉ “Meu objetivo é muito maior que apenas dar formação na vida do balé. É realizar a inclusão social” diz a professora e bailarina Lenisa Rocha, formada pelo Teatro Municipal de São Paulo Quando a menstruação torna-se problema Informações de Itanhaém sobre como a sociedade tem tratado (ou não) do assunto com suas filhas. Página 5 Política: onde começa e onde termina? Confira o início da série de reportagens que procuram fazer um raio-x da teoria política. Página 2 Por onde piso? Conheça o homem que dá nome a uma das avenidas mais conhecidas da cidade. Página 10

Upload: jornal-egbe

Post on 01-Aug-2016

221 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Primeira Edição

Jornal Egbé a voz da comunidadeItanhaémJunho de 2016Edição 01 Ano 01

www.jornalegbe.wix.com/home [email protected] jornalegbe

Jornal de distribuição gratuita

CAPA 6ACADEMIA

ITANHAENSE DE LETRAS

(Página 7)Conheça mais um patrimônio

cultural da cidade

SOCIEDADE 9

DAS CORTES PARA AS RUAS: A DEMOCRATIZAÇÃO DO BALÉ “Meu objetivo é muito maior que apenas dar formação na vida do balé. É realizar a inclusão social” diz a professora e bailarina Lenisa Rocha, formada pelo Teatro Municipal de São Paulo

Quando a menstruação torna-se problemaInformações de Itanhaém sobre como a sociedade tem tratado (ou não) do assunto com suas filhas. Página 5

Política: onde começa e onde termina?Confira o início da série de reportagens que procuram fazer um raio-x da teoria política. Página 2

Por onde piso?Conheça o homem que dá nome a uma das avenidas mais conhecidas da cidade. Página 10

Page 2: Primeira Edição

EXPEDIENTE

É com imensa alegria que inaugu-ramos esta edição de número 1 da-quele que pretende veicular a voz da comunidade Itanhaense.

Acreditamos que o acesso à leitu-ra e à informação é um direito de to-dos, inclusive garantido pela nossa Constituição, mas, devido a diver-sos fatores, isso não acontece. Com dados do canal de comunicação da Presidência da República, Portal Bra-sil, apenas 21% da população leem jornal semanalmente. Assim preten-demos fazer com que aqueles que têm menos acesso a esses meios pos-sam de maneira gratuita ler um jor-nal que traga informação e cultura, garantindo seu direito como cidadão informado.

O conceito de Egbé, palavra de ori-gem africana que significa Comuni-

dade, exemplifica bem nosso inten-to, pois o grande objetivo do jornal é dar voz a todos, fazendo com que o bem (informação) seja comum.

Para isso pretendemos estimular a conversa, o debate e a reflexão em diver-sos âmbitos, principalmente cultural, so-cial, político e econômico, abordando as-suntos que visem a uma sociedade mais justa e igualitária, que cobre os órgãos públicos, auxilie e divulgue o comércio, dê voz àqueles setores que de uma forma ou de outra sofrem preconceitos, seja ra-cial, de gênero, religioso e, principalmen-te, social.

Nossa linha editorial trará sempre as-suntos de interesse geral, dando sempre uma breve abordagem inicial do tema e que concomitantemente se relacionará com a cidade de Itanhaém.

Nesta primeira edição apresentamos

o trabalho feito pela Academia Itanha-ense de letras, que valoriza e divulga a cultura na cidade. Falaremos também so-bre a rapidez das informações na era da informação, além das oficinas de dança e o Balé realizados pela prefeitura e que funcionam como uma grande inclusão social.

Na editoria de economia temos dicas de empreendedorismo com Marcelo Za-nirato, presidente da Associação Comer-cial, Agrícola e Industrial (ACAI), além de texto do professor doutor João Luiz Carneiro sobre a educação na cidade.

Esperamos que o leitor e a leitora gostem e nos auxiliem participando com sugestões, reclamações, críticas, enfim, contribuindo assim para uma Itanhaém melhor.

Awdrey Sasahara

jornalegbe

E

Jornal EgbéA Voz da ComunidadeCel. (13) 99682-7120

Editor-chefeAwdrey Sasahara

MTB:42944

Diretor de ArteAntônio Luz

Diretora comercial

Andréia Cerqueira

Diretor de mídias sociaisRodrigo Garcia

RevisãoAR. Textos & Contextos

[email protected]

jornalegbe.wix.com/home

facebook.com/jornalegbe

Tiragem: 5.000 exemplares

②Jornal Egbé EDITORIAL

BOAS-VINDAS!

O Brasil é um país com pouco mais de 145 milhões de eleitores, segundo dados de fevereiro deste ano, de acor-do com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aqui no município de Itanhaém, os números passam de 72 mil votantes, distribuídos por apro-ximadamente 25 zonas eleitorais. Como este é um ano de eleição, que no caso será para prefeito e vereador, O Jornal Egbé inaugura uma série de reportagens com o intuito de auxiliar o eleitor a entender melhor como fun-ciona o sistema político brasileiro, não como um promotor ideológico partidário, e sim como uma instru-mentalização do poder de voto.

A linguagem política que opera na mídia hoje é inacessível à maioria da população, pois há dificuldades para compreender a nomenclatura básica do assunto. Para o professor universitário e cientista político Edil-son Montrose, o Brasil ainda é uma democracia-liberal jovem, conside-rando como o fim da ditadura o perí-odo a partir do qual se tem uma nova Constituição (1988), eleição (1989) e posse de um presidente eleito (Collor em 1990): “27 anos de exercício do voto para todos os cargos eletivos sem cerceamento, é pouco tempo, as pessoas ainda fazem experimentos, criam expectativas, se desiludem,

rebaixam alguns atores políticos, al-çam outros”, destaca.

No livro Reforma política: lições da história recente, o cientista políti-co Alberto Carlos Almeida, da Fac-uldade Getulio Vargas (FGV), revela que 71% dos eleitores esqueceram em quem votaram para deputado federal quatro anos antes, sendo 53% dessas pessoas com nível superior. Já para Diego Pudo, da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), o desinteresse por qualquer assunto que envolva políticos e política deve-se ao pensamento relacionado à cor-rupção, com a qual o país sofre há anos, gerando a sensação do “todo político é igual”, sempre para o lado negativo.

O desprezo pela política se acentua com a politicagem corrupta do eleito sem compromisso com a coletividade que o elegeu. Corrupção e escândalos causam repulsa. Alguns agem com má-fé, se apropriam de recursos pú-blicos, governam em causa própria. Apesar de termos o poder do voto, a população fica muito distante das decisões. Mas a grande pergunta é: onde começa e onde termina a políti-ca? Dentro de casa? Nas conversas de bar? No trabalho? Na família? Na es-cola? Na mídia?

Convidamos o leitor a uma re-

flexão e para que possamos usar este espaço para discutir e informar como funciona o sistema político brasileiro. Suas origens, desde a República Vel-ha até o Estado atual, como surgiram os partidos políticos, o que é o poder legislativo, executivo e judiciário, o que faz um vereador, um deputado, um senador, onde eles trabalham e tantos outros assuntos que são tão importantes, mas que ainda geram muitas dúvidas.

Até a próxima edição!

Awdrey Sasahara

ONDE COMEÇA E ONDE TERMINA A POLÍTICA?Série de reportagens sobre as origens e o funcionamento do sistema político brasileiro

POLÍTICA

Voz da comunidade Teremos um espaço reservado

para todos os leitores e leitoras do Jornal Egbé manifestarem suas opiniões, críticas, sugestões e elogios sobre as matérias veiculadas.

O envio das mensagens pode ser realizado por nossos canais de contato:

E-mail: [email protected]: jornalegbe.wix.com/homeFacebook: facebook.com/jornalegbe

(13) 99682-7120

Page 3: Primeira Edição

OPINIÃO Jornal Egbé3

A INDOLÊNCIA POLÍTICA TEM ÁLIBI

Outro dia, refletindo sobre comportamen-tos humanos e pensando em quanto algu-mas pessoas trabalham para não trabalhar, fiz uma descoberta sem nenhuma base cien-tífica: não acreditar em nada é o caminho para deixar de fazer tudo. Não é que eu vá me pautar pela fórmula que “descobri”, mas o ceticismo ajuda – e muito – quem decidiu entregar o destino à sorte da própria vida...

Atualmente, experimentamos um quadro político que considero aterrador: a conspi-ração conseguiu fixar seu partido único. A servidão, em outras épocas voluntária, hoje é imposta por meio de um sistema jurídico--político que favorece os mais habilidosos no consenso de ocasião, alicerçado no fisio-logismo.

Nunca antes na história deste país se viu a política nacional encenando verdadeira ópera-bufa, alimentando a máxima, de ingê-nuos e maliciosos, de que “políticos são to-dos iguais” ou que “todo mundo que está lá é corrupto”. Refletir com profundidade exi-ge o trabalho de acompanhar os problemas, de estudá-los para, aí sim, projetar soluções. Não é fácil, eu sei. Mas, afinal, vale a pena? Não é melhor deixar tudo para lá, uma vez que nada muda nem vai mudar?

O Estado é uma instituição política – e penso que quanto a isso não há dúvida. Como tudo que é fruto do engenho huma-no, é falho, o que não o desqualifica como instituição nem como produto eficiente e eficaz do sofisticado pensamento político. Aperfeiçoar nosso modelo de distribuição e exercício de poder não depende só do traba-lho e da vontade daqueles que estão, tran-sitoriamente (é bom não nos esquecermos disto), com mandato. Nenhum dos Estados que, por aqui, chamamos de “desenvolvi-dos”, aconteceu sem o esforço de todos. Para melhorar é preciso ir ao sol – embora a som-bra, num país tropical, sempre pareça mais convidativa.

Resolvi escrever este artigo porque ando bastante incomodado com o despre-zo que tenho observado para com a ativi-dade político-partidária. O fato de o PT es-tar passando pelas dificuldades que hoje enfrenta por irresponsabilidade de sua

cúpula, e não por falta de base ideológica da militância partidária, talvez tenha con-tribuído de maneira decisiva, neste mundo tão instantaneamente midiático, para o des-crédito na firmeza das legendas partidárias. Hoje, muita gente me diz que vota em pes-soas e não em partidos, já que partido “não quer dizer nada”. O engraçado ou paradoxal, no entanto, é que essas mesmas pessoas ge-ralmente não se recordam em quem foi que votaram para deputado estadual na eleição passada – quando não votaram nulo ou em branco...

Aqui, para deixar claro, não estou fazen-do análise quanto à qualidade do voto ou so-bre o porquê e como votar. Proponho uma reflexão acerca do que cada um de nós tem o dever de realizar politicamente para que tenhamos uma realidade melhor. Cada um, no seu fazer diário, é parte fundamental e ativa no processo de transformação do que somos para o que queremos ser. Rejeitar a política e os políticos em virtude do frágil argumento de que ninguém tem compro-misso público é optar pela indolência e, des-se modo, trabalhar pelo nada.

A depuração da política depende da força da convicção e do engenho dos que desejam – verdadeira e desinteressadamente – que as coisas melhorem. Propalar que está tudo ruim, ocupar-se de comentários desairosos e sem qualquer substância em perfis de re-des sociais, aplaudir com alegria a espeta-cularização de um processo de ruptura de um mandato presidencial numa democracia frágil como é a nossa, entre outras bizarri-ces que só são possíveis aos que trabalham para não trabalhar, é um excelente caminho para que o país não chegue a lugar algum. Ou melhor, é a fórmula para que tudo fique exatamente como está.

Minha família me diz que ando na contra-mão do pensamento da “massa” – seja lá o que isto for ou signifique. Hoje, porém, de-pois de descobrir – sozinho! – que não acre-ditar em nada é a fórmula para deixar de fa-zer tudo, compreendi a razão de tanta gente dizer que “não acredita em mais nada” e que, por isso, “não participa de nada”: a indolên-cia política precisava de um álibi. Neste Bra-

sil governado por alguém “em exercício”, os indolentes políticos não podem responder pela desesperança. Assim, estão tranquilos e engrossando a “massa” daqueles muitos de percepção política indolente, míope e agora protegida pelo álibi da desesperança, que vão continuar sem participar de nada, deixando que os outros façam e respondam por tudo neste país de tantas aspas, que de-seja um ponto final na politicalha.

Rutinaldo BastosAdvogado, professor universitário Presidente da 83ª Subseção da OAB/SP

"Existem duas formas de inconformismo: um ativo, o outro indolente e melancólico"

Platão

Page 4: Primeira Edição

desemprego, aposentadoria por invalidez etc.” Por que se formalizar?• Gratuidade da inscrição na

obtenção de CNPJ

• Enquadramento no Simples Nacional

• Isenção de pagamento de tri-butos federais

• Pode se formalizar como MEI quem fature até R$ 60 mil por ano, o equivalente a R$ 5 mil por mês.

• Aposentadoria e benefícios como auxílio-doença e auxí-lio-maternidade.

Quem não trabalha ou conhe-ce alguém que preste serviços ou faça vendas de porta em por-ta, sem se preocupar com abrir empresa, pagar impostos, en-fim, formalizar-se? No entanto, muitas vezes esse trabalho in-formal pode ser formalizado de um modo simples, sem muitas complicações e sem exigir co-nhecimentos especializados de contribuição tributária. Trata-se da opção de formalização como MEI. Assim, é possível que uma pessoa tenha CNPJ, nome fanta-sia e razão social. Além disso, o MEI não é obrigado a emitir nota fiscal. Só há uma taxa de impos-to mensal e quem se formaliza pode contar com aposentadoria e benefícios como auxílio-doença. Francisco Garzon, da Contabili-dade Itanhaém, é quem nos ex-plica melhor o assunto:

“Microempreendedor Indivi-dual (MEI) é a pessoa que tra-balha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresá-rio. Para ser um microempreen-dedor individual, é necessário faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. O MEI pode ter um em-

descansar, mas sua mente pre-cisa estar sempre ativa. Férias e folgas são importantes, mas o profissional deve ficar atento porque, normalmente, são nes-ses momentos que surgem as ideias, as estratégias e as solu-ções mais criativas. Descansos devem ser fontes de inspiração.

SEJA REALISTA COM AS FINANÇASO empreendedor deve ter cui-

dado com as despesas, princi-palmente no início de qualquer negócio. É preciso saber o quan-to pode investir e quanto tempo pode aguentar antes de ter um retorno.

O empreendedor precisa de “fôlego” até começar a ter o retorno. O dinheiro não pode acabar.

ALIMENTE O ESPÍRITOEMPREENDEDOR

Um empreendedor precisa estar rodeado de pessoas em-preendedoras, literatura empre-endedora e passeios. A rotina de um empreendedor deve ser baseada no princípio de querer sempre aprender mais.

Marcelo Zanirato de CamargoPresidente da Associação Co-mercial, Agrícola e Industrial de Itanhaém - ACAI

Algumas dicas com relação ao mercado de trabalho e ao empre-endedorismo não mudam. Inde-pendentemente da carreira que es-colher, quem quer empreender vai precisar seguir algumas regrinhas para alcançar o sucesso nos negó-cios. Se você deseja tornar-se um empreendedor ou se aperfeiçoar, estão aí algumas dicas:

ESTEJA PREPARADO PARA FALHARJovens empreendedores precisam

ser humildes e saber que vão fa-lhar. As pessoas nunca estão pre-paradas para o fracasso, mas ele sempre vai existir porque é assim que se adquire o aprendizado, es-pecialmente na vida de um empre-endedor. Os fracassos não preci-sam ser graves para abalar. Pode ser um telefonema não atendido ou uma reunião que não foi proveito-

sa. Eles devem ser analisados para não serem repetidos.

CONSERTE RÁPIDO AS FALHASUm empreendedor deve conser-

tar o erro com agilidade. Quanto antes ele cometer erros, no início dos projetos, mais rapidamente aprenderá e descobrirá soluções.

FAÇA PARCERIASTenha cuidado, mas faça parce-

rias. Faça parcerias com empresas que tenham o mesmo perfil que a sua. Seu projeto precisa ser a prio-ridade do seu parceiro. Por exem-plo, uma parceria efetiva com uma empresa de contabilidade que real-mente lhe apresente resultados é de suma importância para o sucesso.

MANTENHA A MENTE ATIVAO empreendedor pode e deve

4Jornal Egbé ECONOMIA

QUER SER UM EMPREENDEDOR ?DICAS ESSENCIAIS PARA UMA TRAJETÓRIA DE APRENDIZADO E SUCESSO

TRABALHO (IN)FORMAL?ENTENDA O MEI (MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL)

pregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. São mais de 350 ati-vidades que se enquadram no MEI, que podem ser verificadas no Anexo XIII da Resolução CGSN nº 94, de novembro de 2011 (a lista completa pode ser acessada em PDF no link http://www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao/resolucoes/ar-quivos/ANEXO_XIII.pdf).

Em 2015, foram abertas 2 milhões de empresas no Bra-sil – um aumento de 5% com relação a 2014, puxado princi-palmente pelos novos micro-empreendedores individuais. O setor que mais apresentou cres-cimento foi o de serviços (61%), seguido pelo comércio (30,5%). Para 2016 estima-se um cresci-mento ainda maior do número de microempreendedores em razão dos altos índices de de-semprego verificados em todas as regiões do país.

A Lei Complementar nº 128/2008 criou condições espe-ciais para que o trabalhador conhecido como informal possa se tornar um MEI legalizado. Entre as vantagens oferecidas por esta lei estão a gratuida-de da inscrição e o registro no

Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, obtenção de empréstimos e emissão de notas fiscais.

Além disso, o MEI será en-quadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos fe-derais, como o Imposto de Ren-da, PIS, COFINS, IPI e CSLL. Pagará apenas o valor fixo mensal de R$ 45 (comércio ou indústria), R$ 49 (prestação de serviços) ou R$ 50 (comércio e serviços), que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Esses valores serão atualizados anualmente, de acordo com o salário mínimo, e o MEI terá acesso a benefícios como auxílio-maternidade, au-xílio-doença, aposentadoria, entre outros.

Recomenda-se que os interes-sados em se formalizar como MEI procurem a ajuda de um profissional ou do SEBRAE, tendo em vista algumas pecu-liaridades do sistema, como os cuidados com a legislação de cada prefeitura no que se refere à Lei de Zoneamento, se a pessoa interessada recebe al-gum benefício previdenciário, como auxílio-doença, seguro-

Francisco Garzon foi secretário de Desenvolvimento Econômico na gestão anterior e secretário da Saúde na gestão atual. É também responsável pela Contabilidade e Imobiliária Itanhaém.

Page 5: Primeira Edição

SAÚDE Jornal Egbé5

VAMOS FALAR SOBRE MENSTRUAÇÃO?Como um processo natural pode ser um problema

A menstruação é um marco na vida da mulher. Inicia a manutenção da espécie hu-mana, pois é a partir daí que as mulheres se tornam férteis. Menarca é o nome da pri-meira menstruação. É um rito de passagem. Em algumas culturas indígenas, as meninas ficam reclusas numa casa construída por seus pais justamente para essa finalidade. Lá a menina deverá permanecer de um a três meses, e no fim desse período uma grande festa será feita e os convidados de outras aldeias virão para retirá-la da reclu-são. É quando as meninas viram mulheres.

Pode-se dizer que as mulheres menstru-am aproximadamente 400 vezes ao longo da vida, dos 12 ou 13 anos até mais ou menos os 50, quando atingem a última, chamada menopausa. De acordo com Ciro Gomes de Camargo, professor universitário e gineco-logista há mais de 40 anos, “o sangue usado pelo organismo durante a menstruação é uma preparação do útero para uma possível gestação. Na ausência de gravidez, ele é ex-pelido naturalmente”, explica o professor.

Fisiologicamente, a menstruação vem acompanhada de modificações no corpo da menina, chamadas de características sexu-ais secundárias, e que gradualmente a vão transformando num corpo de mulher. Esse fenômeno é conhecido como puberdade. Psicologicamente existem modificações im-portantes no pensar, no sentir e no compor-tamento das meninas. Essa fase é chamada adolescência e, literalmente, é quando a menina perde o interesse pela boneca e ou-tras brincadeiras da infância. Entretanto, o que deveria ser tratado com naturalidade e responsabilidade ainda é parte de muita desinformação perante nossa sociedade. Para Bruno Barbosa, ginecologista, obstetra e orientador sexual atuante na rede de saú-de pública e privada em Jundiaí (SP), mui-tos pais têm dificuldades em abordar essas questões com os filhos, carregando-os de tabus e preconceitos que futuramente vão trazer diversos problemas na idade adul-ta, tanto na esfera social como na sexual. “Muitos sociopatas que cometem atrocida-des mostradas pela mídia diariamente têm origem numa infância e adolescência mal acompanhada ou vivenciada pelos pais ou responsáveis”, argumenta o especialista.

Infelizmente, alguns pais e mães não conversam com suas filhas. Elas acabam descobrindo a menstruação sozinhas, na prática. “O papel dos pais nessa fase é de-cisivo, pois a adolescente carece de infor-

mações sobre o que está acontecendo com seu corpo e, principalmente, sobre os con-flitos emocionais e sociais que ela começa a vivenciar. É fundamental que os pais ou responsáveis e professores orientem essas jovens sobre o início dessa nova fase da vida e sobre a normalidade dessas modifi-cações tanto corporais como emocionais. E tudo deve ser falado com muita natura-lidade, principalmente na questão sexual, pois nessa etapa da vida a sexualidade se mostra muito presente”, completa Barbosa.

Camila (pseudônimo), 15 anos, estudan-te da rede municipal de Itanhaém, passou por um processo traumático nesse perío-do. Filha única e de pais separados, Camila sempre teve orientação e muitas conversas com sua mãe, porém no dia de sua primei-ra menstruação estava na casa do pai em outra cidade. “Estava de férias passean-

do com meu pai num shopping quando aconteceu. Ele não sabia o que fazer e ti-vemos que recorrer a uma farmácia. Uma das funcionárias me ajudou, mas foi cons-trangedor”, relata a estudante. Entretan-to há casos em que o processo se mostra muito confuso. Diversas mães entrevista-das dizem frequentemente dialogar com suas filhas. Porém, questionadas sobre o assunto, a resposta das filhas foi sempre a mesma. “Minha mãe não conversa comigo sobre isso”, relatam em uníssono. Uilson Aparecido Machado, ginecologista de uma tradicional clínica em Itanhaém, defende que a qualidade da conversa entre mães e filhas deveria ser melhor aprofundada.

Infelizmente, em pleno século XXI, a

desinformação é mais comum do que se possa imaginar, tornando o problema algo estrutural. Isso ocorre principalmente em áreas periféricas e de baixa renda. Em algumas escolas da rede pública é rotina meninas descobrirem a menstruação dentro da escola. “No local onde trabalho isso é muito frequente e nós mesmas socorremos e explicamos às meninas”, diz uma professora de uma escola da rede municipal de Itanhaém. “Normalmente, as alunas ficam recolhidas, tímidas e constrangidas em algum canto. Outro dia mesmo encontramos mais uma menina nestas condições. Estava com medo de levar uma bronca da mãe, pois, como estava sangrando, achava que havia se machucado. Fomos até ela e pela experiência percebemos o que havia acontecido. Isso ocorre direto”, relata a professora.

Para Helena Feitosa, diretora da escola municipal Pedrina Pompeu Bastos, a estrutura familiar resolveria parte deste problema, mas há outros fatores que precisam ser revistos. “Acredito que as conversas entre avós, mães, tias, irmãs mais velhas, seria um pontapé inicial, porém há todo um contexto psicológico de sociedade. O assunto diz respeito a todos, sem exceção. Quanto mais informação tivermos, melhor”, completa.

Nas escolas da rede privada, o discurso é bem diferente. Para Rita Romeo, auxiliar de coordenação do Colégio particular Albert Einstein, o respaldo familiar é fundamental e decisivo neste contexto. “Quando aconte-ce na escola, as meninas já vêm preparadas, pois são bem orientadas pelos pais e pelas in-formações que as cercam. Como é a primei-ra vez da menina, temos que dar um auxí-lio, mas é relativamente tranquilo”, explica.

Na cidade de Itanhaém há projetos que capacitam professores e outros profissio-nais que lidam com adolescentes, quali-ficando-os para orientar as adolescentes principalmente em questões como sexu-alidade, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras. Também nas unidades básicas de saúde essas adoles-centes podem encontrar profissionais ca-pacitados para orientá-las. Há ainda pedia-tras especializados no acompanhamento de adolescentes necessitadas de cuidados não só do corpo, mas principalmente emo-cional. “Entretanto não podemos esque-cer que a atenção inicial começa e con-tinua dentro de casa”, finaliza o obstetra.

Page 6: Primeira Edição

Uma das definições de literatura é: a arte ou capacidade de utilizar as palavras, a habilidade de escrever bem. Envolve inúmeros fatores, como estudo, talento, criatividade. Relaciona-se com a gramática, com a retórica e a poesia. Na história brasileira sempre tivemos grandes autores que expressaram seu talento com as letras. Jorge Amado, Aluísio Azevedo, Guimarães Rosa, José de Alencar, Monteiro Lobato, Machado de Assis, entre outros tantos num universo sem fim.

Por volta do final do século XIX, apesar de algumas correntes oficiosas defenderem a hipótese de que escritores e intelectuais estavam enjoados de se reunir em livrarias e precisavam de um outro local para jogar conversa fora, a oficial é que tiveram a ideia de criar uma academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa de Letras, com o objetivo de cultivar e propagar a cultura da língua e literatura  nacional. Seu estatuto previa um número de 40 membros efetivos e vitalícios (cadeiras) que seriam substituídos após seu falecimento numa nova eleição. Além deles, vinte sócios também integravam esse grupo, todos membros estrangeiros.

Sua sede foi adquirida por uma doação do governo francês, num prédio edificado para o pavilhão francês na Exposição do Centenário da Independência do Brasil,

e que era uma réplica do Petit Trianon de Versalhes. A obra foi idealizada pelo arquiteto  Ange-Jacques Gabriel, entre  1762  e  1768. Posteriormente, suas instalações seriam tombadas pelo  Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

Para ser membro era um requisito ter publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário. Depois de eleitos, tomavam posse em sessão solene, nas quais usavam o Fardão, vestimenta de cor verde-escuro com bordados de ouro que representam os louros, complementado por chapéu de veludo preto com plumas brancas. Era também feito um discurso, no qual tradicionalmente se evoca o seu antecessor e os demais ocupantes da cadeira para a qual foi eleito. Logo em seguida assina o livro de posse e recebe das mãos de dois outros membros o colar e o diploma, além da  espada  que é entregue pelo decano, o acadêmico mais antigo. A cerimônia segue com um discurso de boas-vindas, proferido por um padrinho, referindo os méritos do novo membro. Esse rito permanece até os dias de hoje.

Ao longo deste mais de um século de fundação da Academia Brasileira de Letras, além de aclamados representantes da literatura, como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Jorge Amado e José Lins do Rego, houve ex--presidentes, Getulio Vargas, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, em-presários da comunicação, Assis Chateaubriand e Roberto Marinho, além do inventor Santos Dumont e o médico Ivo Pitanguy. Estes últimos foram alvos de diversas críticas por não estarem propriamente voltados à produ-ção literária. Mais informações e a lista completa de membros podem ser encontradas no site da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br).

6Jornal Egbé CAPA

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Academia Francesa de Letras Fonte: Wikipedia

Page 7: Primeira Edição

CAPA Jornal Egbé⑦

ACADEMIA ITANHAENSE DE LETRAS: UM PATRIMÔNIO CULTURAL DA CIDADEKATYA REGINA

Aqui em Itanhaém também há pessoas que se preocupam com a cultura e as artes literárias. Fundada em 19 de julho de 1997, a Academia Itanhaense

de Letras (AIL) surge com o objetivo de divulgar a vida e obra dos escritores da região, buscando também o aprimoramento da língua portuguesa, além de preservar as tradições culturais locais. De acordo com a atual presidente, Elizabeth Cury Bechir, hoje a academia conta com 29 membros efetivos, 23 acadêmicos correspondentes, além de 1 membro honorário. “Estamos completando 19 anos de fundação e, apesar das dificuldades, me sinto feliz e muito orgulhosa pelo trabalho realizado”, destaca a acadêmica. Carinhosamente chamada Betty, ela está na academia desde 2006, quando assumiu a diretoria social e, posteriormente, a presidência. “Ano passado fui reeleita compondo a 10ª diretoria executiva, que vai até o ano que vem, compondo meu segundo biênio”, completa.

O trabalho desenvolvido pela AIL é composto por diversas atividades: oficinas e saraus, visitas às escolas para incentivo à leitura, trabalhos de inserção social em clínicas de reabilitação de dependentes químicos, feiras com trocas de livros, além de uma Semana Literária que produz uma

extensa programação com lançamentos de livros, exposição com trabalhos literários de acadêmicos, exposição de fotógrafos da cidade, oficinas de crônicas e de haicais, além do Cine Cultura.

O foco na educação e incentivo aos mais novos rendeu bons frutos, pois jovens de Itanhaém foram premiados em concursos literários envolvendo outras cidades. Betty ressalta a importância da conquista, porque a concorrência que os livros têm com a disseminação de tablets e smartphones é enorme. Para ela, a influência da mídia também atrapalha, sendo de vital importância o direcionamento dos pais e da família. “Fico profundamente feliz quando crianças são premiadas em concursos literários, como tem acontecido com certa frequência em nossa cidade. Os jovens lidam de diferentes maneiras com a cultura. Acredito que a influência familiar ajuda muito no direcionamento das participações em atividades culturais. A tecnologia é uma rica ferramenta, que muitas vezes é utilizada de maneira errada, aí ela se torna obstáculo. Com a internet viaja-se e se tem notícias do mundo, sem sairmos do lugar. Em compensação, ao escrever um e-mail, erra-se muito. Por que não escrever corretamente? Vivem de abreviações desnecessárias. Os programas de edição de textos têm ferramentas de correção automática, que acaba com o hábito de recorrer ao dicionário. Consultá-lo faz a gente crescer. É ótimo você ter certeza do significado do que você está escrevendo”, explica.

Mesmo lutando e trabalhado pela cultura da cidade, a AIL também enfrenta algumas dificuldades. Depois de anos pleiteando uma sede, conseguiu somente agora no atual governo municipal. A falta de um CNPJ também dificulta angariar recursos para manutenção das atividades. “Nossos recursos são oriundos das mensalidades recebidas dos acadêmicos. O Dr. Rutinaldo Bastos, que é presidente da OAB de Itanhaém

e também membro da AIL, está lutando para conseguir. Além disso, o Centro de Convenções (prédio do Antigo Iate Clube) abrigará nossa sede, que foi cedida pelo Prefeito Marco Aurélio, assim que forem concluídas as reformas necessárias. Estamos nos reunindo provisoriamente na sala de Leitura Harry Forssell, todo terceiro sábado do mês”, conclui a presidente.

Para quem quiser conhecer melhor o trabalho da AIL, Betty faz um convite: “A cultura é importante para o nosso convívio e desenvolvimento, pois envolve hábitos, costumes diferentes e crenças. A herança de cada lugar traz conhecimentos, sabedoria e respeito à nossa vida. Para se juntar a nós é preciso inicialmente participar dos eventos e exposições promovidos pela Academia Itanhaense de Letras. Já para fazer parte da AIL é preciso ter editada ou publicada alguma obra literária e ser apresentado por um acadêmico”, finaliza.

Marcos Rogério Meneghessi

Page 8: Primeira Edição

8Jornal Egbé TECNOLOGIA

por unidade de tempo. Sua unidade é watt (W). Exemplos de potências elétricas: lâmpada Led de 9 watts (9 W), lâmpada fluorescente compacta de 15 watts (15 W), ar-condicionado de janela pequeno de 750 watts (750 W), ferro elétrico de 1200 watts (1200 W), chuveiro elétrico popular de 5500 watts (5500 W).

Energia: por definição é a capacidade de a corrente elétrica realizar trabalho, ou a potência nominal do equipamen-to pelo tempo em que o equipamento realiza trabalho. Uma simples equação define esse conceito: Eel = P . ∆t, onde Eel é a energia consumida em watt-ho-ra, P é a potência do equipamento em Watt e ∆t o tempo em horas do equipa-mento ligado.

Para a energia não ficar com números altos, geralmente os valores das potências dos equipamentos é dividido por mil, transformando o watt-hora por quilowatt-hora (kWh), como podemos ver na conta ao lado. O consumo na conta do cliente se dá pela diferença de leitura do registro atual menos a leitura do registro do

Com o fortalecimento da classe média nos últimos dez anos no Brasil, grande parte dos consumidores resi-denciais teve um aumento significati-vo no seu poder aquisitivo, possibili-tando a compra de diversos produtos eletroeletrônicos para sua residência. Mesmo com a evolução da eletrônica e com a redução das potências dos equipamentos, ocorreu aumento do consumo, pois, em vez de o consumi-dor possuir uma televisão, hoje possui, em média, três. O refrigerador segue a mesma tendência, já que, além da co-zinha, hoje em dia há presença de fre-ezers e adegas para vinhos, por exem-plo. O ar-condicionado substituiu o antigo ventilador, e assim por diante.

Mas como entender o consumo re-gistrado na conta? Em primeiro lugar, o leitor deverá entender dois concei-tos: potência e energia.

Potência: é a capacidade de uma fonte de tensão elétrica realizar um trabalho

ENTENDENDO A CONTA DE ENERGIA

CONSUMO EM QUILOWATTS-HORA (kWh)

mês anterior.O consumo pode variar dependen-

do do uso dos equipamentos (maior ou menor tempo ou maior ou menor potência), número de dias da leitura do medidor (período de 29, 30 ou 31 dias), estado da rede elétrica da residência do cliente (fiação antiga, emendas mal feitas, falta de manuten-ção) e ruídos eletromagnéticos pre-sentes na rede.

Mas como saber, por exemplo, quan-to custa 20 minutos de banho em um chuveiro convencional? Quanto custa deixar o carregador do celular ligado vinte e quatro horas na parede? Como reduzir o consumo da residência? Va-mos abordar esses e outros temas nas próximas edições. Envie-nos também suas dúvidas por e-mail.

Vagner CostaCEO da empresa TecnoResolveCREA: 2003100864

MEDIDA 3014 (MAIO) - 2748 (ABRIL) EM KWHCONSUMO = 266 KWH

faturaram mais de R$ 40 bilhões somente ano passado.

A cidade de Itanhaém também reflete os números. Somente no site da prefeitura são realizadas 5 mil visitas por mês. De acordo com o secretário de comunicação, Thiago Zanotto, os meios digitais são uma ferramenta de longo al-cance na difusão de informações. “Colocamos no ar 5 matérias to-dos os dias. Nosso Facebook contabiliza mais de 2 milhões de acessos mensais. Utilizamos a in-ternet para divulgação das 17 se-cretarias e todas as atividades re-alizadas pela prefeitura”, destaca.

No comércio, o uso de movi-mentações virtuais também ca-minha a passos largos. De acordo com pesquisas no Brasil e no mun-do, até 2030 o dinheiro em papel tende a ser extinto, pois o uso de máquinas de cartão já é superior. Outro órgão que organizou e sis-tematizou suas atividades foi a Receita Federal. “As informações das máquinas de cartão de crédi-to estão todas integradas com o governo, ou seja, os bancos pas-sam direto para a Receita os nú-meros da movimentação, com o

Todo marketing de qualquer instituição, seja ela governamen-tal, comercial, filantrópica ou re-ligiosa, dá grande importância aos canais midiáticos. Esse re-lacionamento permite divulgar suas atividades atingindo seu pú-blico-alvo com maior alcance.

Nesse contexto, o mundo atual e a tecnologia da informação ca-minham numa velocidade cada vez mais rápida. Vivemos numa sociedade cada vez mais comple-xa e organizada, sendo que as in-formações chegam na velocidade de um clique, ou melhor, milhões deles. De acordo com a 27ª Pesqui-sa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Funda-ção Getulio Vargas de São Paulo (FGV), o número de smartphones em uso no Brasil chega a quase 170 milhões de unidades. Somando esse número ao de computadores, divididos em notebooks, tablets e desktops, temos aproximadamen-te 330 milhões de aparelhos. As redes sociais são as campeãs. O comércio eletrônico também tem crescido anualmente. Estima-se que as empresas de e-commerce

intuito de diminuir a sonega-ção de impostos” afirma Fran-cisco Garzon, ex-secretário de desenvolvimento econômico e contador de um tradicional es-critório na cidade.

Além desses, outros setores também se utilizam de tec-nologia em tempo real, como a meteorologia, a segurança

com câmeras de vigilância, vi-deoconferências em empresas e na educação com cursos a distância (EAD), entre outros.

Não se vive no mundo de hoje sem o uso da tecnologia. As consequências tanto posi-tivas como negativas existem, mas deixaremos isso para uma próxima edição.

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO DIGITAL

Page 9: Primeira Edição

promoção e certificado de conclusão. Para inscre-ver-se é necessário passar por uma entrevista e, após iniciar o curso, o estudo deverá ser contínuo. Para Eliana Santos, mãe de Anna Clara Santos, o balé trouxe disciplina, postura e condicionamento físico para sua filha: “Eu a matriculei inicialmente como uma atividade extracurricular e sua dedica-ção foi além do esperado”. Anna Clara chegou a fazer uma audição para o Teatro Bolshoi no Brasil. “Infelizmente, ela não passou, mas não vamos de-sistir”, exclama a mãe.

O balé também rendeu frutos para Elidriane Aparecida Almeida, 16, que desde os 4 anos de idade se dedica à dança: “Era muito tímida, fiz um teste e fiquei até hoje. Descobri um novo mundo. Também me ajudou na escola, pois, decorando a sequência de movimentos, minha memória se desenvolveu bastante”, diz a bailarina, que agora é estagiária e auxiliar no curso.

Entretanto, a dança não é exclusividade das meninas. Matheus Queiroz dos Santos, 20, morador do bairro Laranjeiras, pratica o balé há 3 anos: “Um dia passei pela porta, resolvi me inscrever e deu certo”. Para ele não é apenas um

curso de dança: “Aqui eu posso ser eu mesmo. Desde pequeno gosto de dançar. Sei que há um preconceito com rapazes bailarinos, mas resolvi tomar coragem e me sinto bem. Não preciso fingir ser outra pessoa”, argumenta o rapaz.

Além das aulas, as bailarinas aspirantes apresentam-se em festivais em outras cidades e também em comemorações locais, como festa de fim de ano e, recentemente, no aniversário da cidade. “Procuro sempre levar minhas alunas com o objetivo de

enriquecer sua formação”, diz Lenisa.Dentro do processo de inclusão social, com uma

arte que nasce de um movimento aristocrático e hoje abarca na mesma sala a filha de políticos, de pedreiros e de empresários, sejam negras, brancas ou mestiças, Elidriane resume com emoção: “Quero seguir carreira e chegar até onde eu puder. Lenisa faz o possível e o impossível para nos ajudar. Passa do horário e ajuda a angariar recursos para viajar para festivais em outras cidades. Meu

sonho é ser igual a ela”, conclui a jovem.Serviço: segunda a sexta-feira, das 8h

às 17h, no Complexo Harry Forssell, na Avenida Rui Barbosa s/n. Tel.: 3421-1600.

No processo de construção e desenvolvimento cultural humano, a dança existe desde os primórdios. Algumas religiões, como as orientais e as africanas, por exemplo, veem o movimento e o ritmo, que são propriedades da matéria na Física, como algo sagrado, uma manifestação divina, da alma e do espírito.

No mundo contemporâneo, mais especifica-mente na Europa, surge uma clássica e tradi-cional dança que iria se desenvolver e perdurar até os dias de hoje. Nascida entre o fim do século XV e início do século XVI, o balé aparece como uma derivação das artes cênicas. Seu início mar-ca as grandes festas produzidas pelos nobres italianos que entretinham seus ilustres visitan-tes com espetáculos de poesia, música, mímica e dança.

Pode-se dizer que o grande marco que iria popularizar o balé pelo resto da Europa foi o casamento da italiana Catarina de Médici com o rei Henrique II, tornando-a rainha da França. Com graciosos movimentos de cabeça, braços e tronco e pequenos e delicados movimentos de pernas e pés, o espetáculo fez sucesso na corte francesa, agradando a toda a nobreza.

A dança tornou-se mais que um passatempo da corte e alcançou status profissional, de modo que os espetáculos de balé foram transferidos dos salões para os grandes teatros. Surgiram assim vários professores que viajavam por diversos lugares ensinando o ofício, que nesse momento já era realizado em outras ocasiões, como casamentos, vitórias em guerra, alianças políticas, entre outras. Mais tarde a Rússia se destaca pela grande quantidade de academias e formação de bailarinos virtuosos, inclusive pelo famoso teatro Bolshoi, que é uma das principais companhias de balé e ópera do mundo e também considerado patrimônio cultural da humanidade pela ONU e UNESCO.

No Brasil, firma-se definitivamente no início do século XX com a vinda de famosas companhias internacionais, culminando com a fundação da Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal, pela bailarina russa Maria Olenewa, que se tornou o principal centro de formação de bailarinos no país.

Na cidade de Itanhaém, o balé também ocupa a vida de muitas famílias. Desde 2006, a bailarina

DAS CORTES PARA AS RUAS: A DEMOCRATIZAÇÃO DO BALÉ Como o balé saiu das cortes europeias e deixou de ser forma artística aristocrática

SOCIEDADE Jornal Egbé ⑨

Lenisa Rocha, formada pelo Teatro Municipal de São Paulo, coordena e dá aulas na Oficina de Balé e Dança Contemporânea realizada pela secretaria de Educação, Cultura e Esportes.

“Meu objetivo é muito maior que apenas dar formação na vida do Balé.

É uma inclusão social.”

Atualmente instrui aproximadamente 300 alu-nos, entre meninos e meninas de 4 e 14 anos. O curso possui um processo de formação em 9 anos com direito a avaliações periódicas, exames de

Page 10: Primeira Edição

POR ONDE PISO?CONHECENDO MAIS SOBRE RUI BARBOSA

Há uma avenida que começa por ali entre a esquina dos Correios e a praça Carlos Botelho (conhecida também como praça da Igreja Matriz ou do Mosteiro), no centro de nossa cidade. Em seu caminho, farmácias, imobiliárias, escolas, bancos e casas, até se transformar, após cruzar com a Rua Guilherme L. de Oliveira, em Avenida do Telégrafo e, após cerca de dez quadras, em Rua Rogê Ferreira, que por sua vez morre na Rua Américo Landuci, entre o Suarão e o Campos Elíseos.

É um trajeto de fôlego e que percorre, cruza e encontra outros tantos nomes históricos que veremos em próximas edições, como é o caso da Avenida Condessa de Vimieiros. Agora, essa Avenida Rui Barbosa, possivelmente uma das mais conhecidas e movimentadas da cidade, traz o nome de personagem de renome na história, não somente de Itanhaém, mas do país.

Nascido em Salvador aos 5 de novembro de 1849, o baiano Rui Barbosa de Oliveira foi eminente político e diplomata, além de advogado e ensaísta, tendo se destacado ainda como orador. Formou-se em Direito em São Paulo, onde trabalhou e travou contato com Castro Alves e Joaquim Nabuco. Foi abolicionista, entrou para o governo no início da República como Ministro da Fazenda e tornou-se senador, reeleito várias vezes, tendo chegado a concorrer à Presidência da República. No entanto, sagrou-se reconhecidamente como “Águia de Haia”, quando, na Segunda Conferência da Paz (que ocorreu em Haia, na Holanda), teve seu nome elencado entre os “Sete Sábios de Haia”, por defender o princípio da igualdade jurídica entre as nações. Seus discursos e ensaios tornaram-no célebre, como a Oração aos moços e as Cartas de Inglaterra. Rui Barbosa foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.

Faleceu em 10 de março de 1923, porém inscreveu seu nome na história do país, e muitas cidades do Brasil ostentam ruas e monumentos com seu nome. Nesta primeira edição do Jornal Egbé, escolhemos de sua obra intitulada A imprensa e o dever da verdade dois curtos trechos em que demonstra sua grande preocupação pela honestidade e pela responsabilidade que devem nortear a imprensa como, em suas palavras, os olhos, de modo que “Um país de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país miasmado, um país de ideias falsas e sentimentos pervertidos, um país, que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições.” E mais: Rui Barbosa compara o papel da imprensa com os pulmões em virtude de sua capacidade de filtrar, oxigenar e manter a vida: “Nos indivíduos, ou nos povos, o mundo espiritual também tem a sua atmosfera, donde eles absorvem o ar respirável, e para onde exalam o ar respirado. Cada um dos entes que se utilizam desse ambiente incorpóreo desenvolve, na sua existência, graças às permutas que com esse ambiente entretém, uma circulação, uma atividade sanguínea, condição primordial de toda a sua vida, que dele depende. Não há vida possível, se esse meio, onde todos respiram, lhes não elabora o ar respirável, ou se lhes deixa viciar pelo ar respirado.”

Sabemos com esse breve texto ter feito nada mais que breve rascunho do que foi Rui Barbosa, porém aproveitamos essas suas palavras para manifestar, na alvissareira primeira edição do Jornal Egbé, nosso compromisso com a qualidade e a veracidade de nosso papel para contribuir com o ar que respiramos.Rodrigo Garcia Manoel

10Jornal Egbé CULTURA

O meu amigo tinha sete anos e ouviu da mãe:– Hoje você vai sair da barra da minha saia.No mesmo dia começou trabalhar numa fazenda carregando lenha que outros mais velhos cortavam. Era o ano de 1949.Somente cinco anos mais tarde tornaria a ver a mãe que pretendera tão precocemente emancipá-lo.Contou-me isto com um sorriso no rosto e um ar pensativo de quem procura detalhes numa titubeante memória.À minha pergunta sobre o Primeiro de Maio respondeu perguntando:– Primeiro de maio?Engoliu seco, sorriu amarelo e tornou responder:– Vou trabalhar. Graças a Deus.Os passos arrastados de um sorveteiro na praia fria perguntaram-me a mesma coisa com seu cansado arrastar de pés.Ficou-me na memória, sobretudo, o sorriso amarelo, o olhar perdido, de quem procura algo que não posso decifrar.A quem representa este dia prenhe de significados?O menino antigo, carregador de lenha, trabalhador de porto de areia não tem olhos para este dia. Terá algum significado para os que catam latinhas ou limpam a sujeira no dia seguinte ao feriado?O Tempo trará a resposta ou um invencível silêncio.Assim transcorre o Primeiro de Maio, frio (chegada do inverno), carente de brilho (não vai dar praia), amarelo como o sorriso do menino antigo.O calor do planalto nos deixa como legado um feriado incógnito, indecifrável. Haverá no futuro muitos meninos envelhecidos, como o meu amigo, a responder à minha pergunta da mesma forma: – Primeiro de maio? Como a pedir um esclarecimento, uma explicação.Vão longe os dias de multidões reunidas a comemorar tão importante data. Multidões altivas e ativas.Isto talvez explique por que motivo o Primeiro de Maio é a data em que todo o mundo comemora o dia do trabalhador e o Brasil comemora o dia do trabalho.Hilário Bispo

CRÔNICAO menino trabalhador

Rui Barbosa

Page 11: Primeira Edição

11AGENDA CULTURAL/CLASSIFICADOS/SERVIÇOS Jornal Egbé 11

ANUNCIE AQUI(13) 99682-7120

ANUNCIE AQUI(13) 99682-7120

ANUNCIE AQUI(13) 99682-7120

ANUNCIE AQUI(13) 99682-7120

Page 12: Primeira Edição

⑫ Jornal Egbé ARTIGO

Segundo o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), o índice de desenvolvimento humano (IDH) é uma forma de medir três dimensões do desenvolvimento humano: o quanto conseguimos viver, o quanto estamos instruídos e o quanto temos de renda familiar. Esse índice segue uma escala de “0” a “1”: quanto mais próximzo do 1, melhor!

Como está Itanhaém nesse índice? A última medição (de 2010) aponta para 0,745 de IDH. É considerado um índice alto, muito bom. Entretanto, está abaixo da capital, São Paulo, que aponta para 0,805, e um pouco abaixo que o de cidades vizinhas, como Mongaguá (0,754), Peruíbe (0,749) e Praia Grande (0,754), porém maior em relação a Pedro de Toledo (0,696) e Itariri (0,677). A cidade do país com maior IDH é São Caetano do Sul (SP), com 0,862, ao passo que Melgaço, no Pará, ocupa a última posição (em

5565º lugar), com 0,418O que fazer para melhorarmos esse índice e

alcançarmos o patamar de países como Noruega (0,944), Suíça (0,930) ou mesmo Cingapura (0,912)? Existem questões importantes de ordem federal, estadual e municipal. Em todas elas urge melhorar condições de saúde (mais longevidade), instrução escolar (melhor educação) e renda familiar (mais qualidade de vida). Vamos tratar neste breve diálogo mais sobre o painel de Itanhaém, especificamente sobre educação formal.

Itanhaém possui em sua região, atualmente, 40 escolas municipais, 8 escolas estaduais e 1 escola técnica. Não possui instituição de ensino superior pública. A única faculdade existente com cursos abertos às cidadãs e cidadãos chama-se “Faculdade de Itanhaém” (FAITA) e está estabelecida na região há vários anos.

A educação é central, no que pese não ser o único fator, para propiciar um crescimento sus-tentável no indivíduo e em sua família. A rede pública de ensino é uma importante porta de en-trada. Precisamos melhorar o que está bom e pro-curar corrigir o que está errado. Mas todos nós, alunos, pais, professores, diretores, bem como a comunidade geral, temos um compromisso com a educação universal. Algo que só o ensino públi-co e de qualidade pode providenciar.

Especialmente sobre educação universitária na região, portanto privada, os momentos de crise financeira nos estimulam a não investir na formação acadêmica. Ocorre que, se no passado ter diploma era sinônimo de

conseguir um bom emprego, hoje – e cada vez mais – ter uma formação acadêmica é condição obrigatória para concorrer a uma vaga no mercado de trabalho.

Interessante lembrar que, diferentemente do ensino básico, as faculdades possuem – geralmente – um ciclo semestral. Com isso, é possível fazer vestibular (processo seletivo da universidade) tanto no início, quanto na metade do ano. Algo para se pensar, pois uma boa educação tem impacto direto na renda familiar e ambas promovem uma vida longa. É isso que desejo a você, cara leitora e caro leitor!

João Luiz Carneiro

Um carioca que tem Itanhaém como residência e em seu coração. Trabalha como professor e pesquisador dou-tor na Faculdade de Itanhaém (FAITA). Escreveu alguns li-vros, entre eles Ética como extensão do diálogo, pela edito-ra Arché. Entre em contato com o autor pelo e-mail: [email protected]

São Paulo(Capital)28° lugar

PraiaGrande

467° lugar

Mongaguá467° lugar

Itanhaém648° lugar

Peruíbe562° lugar

0,805

0,754 0,749 0,745 0,749

IDH - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO Dados de 2010

VIDA LONGA, ESCOLA E DINHEIRO NO BOLSO!