previsÃo de taxas de afretamento por perÍodo...

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PREVISÃO DE TAXAS DE AFRETAMENTO POR PERÍODO PARA NAVIOS PETROLEIROS ATRAVÉS DE REDES NEURAIS Luciano Natale Junkes Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Jr. Rio de Janeiro Junho de 2011

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PREVISÃO DE TAXAS DE AFRETAMENTO POR PERÍODO PARA NAVIOS

PETROLEIROS ATRAVÉS DE REDES NEURAIS

Luciano Natale Junkes

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Oceânica.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Jr.

Rio de Janeiro

Junho de 2011

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PREVISÃO DE TAXAS DE AFRETAMENTO POR PERÍODO PARA NAVIOS

PETROLEIROS ATRAVÉS DE REDES NEURAIS

Luciano Natale Junkes

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA DA

(COPPE) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Floriano Carlos Martins Pires Junior, D. Sc.

________________________________________________

Prof. Claudio Luiz Baraúna Vieira, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Marcio de Almeida D‟Agosto, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JUNHO DE 2011

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III

Junkes, Luciano Natale

Previsão de Taxas de Afretamento por Período para

Navios Petroleiros através de Redes Neurais / Luciano

Natale Junkes. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.

XIII, 73 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Jr.

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Oceânica, 2011.

Referências Bibliográficas: p. 55-61.

1. Previsão de série temporal. 2. Redes Neurais. 3.

Transporte Marítimo. 4. Navios Petroleiros. I. Pires Jr.,

Floriano Carlos Martins. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica.

III. Título.

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IV

A Deus.

“... em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e

a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo,

todas essas coisas. Portanto, não se preocupem

com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá

suas próprias preocupações.”

Mt 6:33-34

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V

Agradecimentos

A Deus, por tudo que alcancei até hoje.

A minha amada esposa, sol e alegria dos meus dias.

A minha família, em especial, aos meus queridos pais, pelo amor incondicional que

sempre dedicaram a mim.

Ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica, particularmente, nas figuras do

Prof. Claudio Luiz Baraúna Vieira, Prof. Luiz Felipe Assis, Prof. Raad Yahya Qassim,

Sra. Maria Elza da Conceição Medeiros e, em especial, do meu caro orientador Prof.

Floriano Carlos Martins Pires Jr.

A Petrobras, em especial, aos estimados colegas Dalmo Monteiro Silva e Eduardo

Autran de Almeida Jr. pelo suporte na viabilização desta oportunidade de crescimento

profissional.

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VI

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

PREVISÃO DE TAXAS DE AFRETAMENTO POR PERÍODO PARA NAVIOS

PETROLEIROS ATRAVÉS DE REDES NEURAIS

Luciano Natale Junkes

Junho/2011

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Jr.

Programa: Engenharia Oceânica

O transporte marítimo de petróleo é responsável por cerca de 45% do comércio

externo de petróleo – o qual continua a ser a principal fonte de energia primária no

mundo moderno. Este trabalho se foca na aplicação da ferramenta de Redes Neurais

Artificiais (RNAs) para previsões de taxas de aluguel para afretamento por período de

navios petroleiros do tipo Very Large Crude Carriers (VLCC). Os resultados

produzidos para as séries temporais de taxas de aluguel para contratos com período de 1

e 3 anos por duas modelagens distintas de RNAs (perceptron multi-camadas e função

de base radial) são avaliados comparativamente utilizando-se como benchmark

elementar os resultados providos por um modelo auto-regressivo integrado de média

móvel (ARIMA). As modelagens de RNAs apresentaram resultados encorajadores,

suplantando o benchmark estabelecido (ARIMA), em especial a modelagem de função

de base radial.

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VII

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

TANKER TIME CHARTER RATES FORECASTING

BASED ON NEURAL NETWORKS

Luciano Natale Junkes

June/2011

Advisor: Floriano Carlos Martins Pires Jr.

Department: Ocean Engineering

Seaborne crude oil represents close to 45% of all internationally traded crude oil

– which remains as the main modern world primary source of energy. This dissertation

focus on applying Artificial Neural Networks (ANN) to Very Large Crude Carrier

(VLCC) tanker time charter rates forecasting. The performance achieved for 1 and 3

years charter party period rates time series by two different ANN models (multi-layer

perceptron and radial basis function) is benchmarked against a more elemental

performance delivered by an Auto Regressive Integrated Moving Average (ARIMA)

model. ANN modeling delivered encouraging end results outperforming the benchmark

model (ARIMA). Among all models ANN using radial basis function delivered the best

performance.

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VIII

Sumário

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... X

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. XI

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... XII

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................. XIII

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 1 1.1.1. Consumo de energia global e os fluxos de petróleo e derivados .......................................... 1 1.1.2. Transporte marítimo mercante ............................................................................................. 3 1.1.3. Os mercados de contratação de navios petroleiros .............................................................. 9 1.1.3.1. Integração dos mercados e o conceito de time charter equivalent (TCE) ..................... 10

1.2. RELEVÂNCIA DA PESQUISA ....................................................................................................... 11 1.3. PROBLEMA DE PESQUISA .......................................................................................................... 11 1.4. OBJETIVO DA PESQUISA ............................................................................................................ 12 1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA ..................................................................................... 12 1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................................. 13

2. MODELAGEM DO MERCADO DE TRANSPORTE MARÍTIMO ............. 14

2.1. MERCADO DE TRANSPORTE MARÍTIMO ................................................................................... 14 2.2. MODELAGEM MERCADO DE TRANSPORTE MARÍTIMO ............................................................. 14

2.2.1. Modelagem econométrica: aplicações iniciais ................................................................... 14 2.2.2. Modelagem econométrica: achados sobre a demanda ....................................................... 15 2.2.3. Modelagem de Estrutura a Termo ...................................................................................... 15 2.2.4. Modelo de Strandenes para taxas de time charter ............................................................. 16 2.2.1. Modelos econométricos integrados/estruturais .................................................................. 17 2.2.2. Modelos Auto-regressivos .................................................................................................. 18 2.2.3. Modelagem baseada em Redes Neurais Artificias .............................................................. 19 2.2.4. Modelagens diversas .......................................................................................................... 21

3. MODELOS DE PREVISÃO DE SÉRIES TEMPORAIS ................................ 23

3.1. REDES NEURAIS ARTIFICIAIS .................................................................................................... 23 3.1.1. Apredizagem das Redes Neurais Artificiais ........................................................................ 26 3.1.2. Topologia de Redes Neurais Artificiais .............................................................................. 27 3.1.3. Redes Neurais perceptron multi-camadas .......................................................................... 28 3.1.4. Redes Neurais de Função de Base Radial .......................................................................... 30 3.1.5. Previsão de séries temporais através de redes neurais artificiais ...................................... 34

3.2. MODELAGEM DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS VERSUS MODELAGEM ESTATÍSTICA ................... 35 3.3. MODELO LINEAR ...................................................................................................................... 36

3.3.1. Séries temporais (estacionariedade) .................................................................................. 36 3.3.2. Modelagem auto-regressiva (AR), média móvel (MA) e auto-regressiva integrada de

média móvel (ARIMA) ....................................................................................................................... 37 3.4. AVALIAÇÃO DE PERFORMANCE ................................................................................................ 38

4. IMPLEMENTAÇÃO E RESULTADOS ........................................................... 41

4.1. SÉRIES TEMPORAIS A SEREM ESTIMADAS ................................................................................. 41

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IX

4.2. SÉRIES MULTIVARIADAS .......................................................................................................... 42 4.3. MODELAGEM DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS ........................................................................ 45 4.4. MODELAGEM AUTO-REGRESSIVA INTEGRADA DE MÉDIA MÓVEL (ARIMA) .......................... 46 4.5. TREINAMENTO E VALIDAÇÃO .................................................................................................. 47 4.6. RESULTADOS ............................................................................................................................ 47

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 52

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 55

APÊNDICE A - ESTACIONARIDADE DAS SÉRIES TEMPORAIS .................. 62

APÊNDICE B – GRÁFICOS DAS PREVISÕES PRODUZIDAS .......................... 64

B.1 GRÁFICOS PARA PREVISÕES DE PERÍODOS M+1 ................................................................................ 64 B.2 GRÁFICOS PARA PREVISÕES DE PERÍODOS M+2 ................................................................................ 66 B.3 GRÁFICOS PARA PREVISÕES DE PERÍODOS M+3 ................................................................................ 68 B.4 GRÁFICOS PARA PREVISÕES DE PERÍODOS M+6 ................................................................................ 70

ANEXO A – COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO ................................................. 73

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X

Lista de Figuras

Figura 1.1 Principais fluxos comerciais de petróleo e derivados em 2009 (BRITISH

PETROLEUM P.L.C., 2010). .......................................................................................... 3

Figura 1.2 Tamanho médio dos navios petroleiros de 1900-1997, Stopford (1997) ........ 5

Figura 1.3 Evolução das taxas de frete no mercado spot para navios VLCC na rota

Golfo Árabe-Japão. ........................................................................................................... 9

Figura 1.4 Evolução das taxas de aluguel para contratos com período de 1 e 3 anos de

navios VLCC. ................................................................................................................. 10

Figura 3.1 Neurônio artificial. ........................................................................................ 24

Figura 3.2 Gráfico de função de ativação linear ............................................................. 25

Figura 3.3 Gráfico de função de ativação sigmoidal ...................................................... 26

Figura 3.4 RNA perceptron multi-camadas ................................................................... 28

Figura 4.1 Gráficos das séries TC1YR e TC3YR. ......................................................... 42

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XI

Lista de Tabelas

Tabela 1.1 Distribuição do consumo mundial de energia por fonte primária em 2009 ... 1

Tabela 1.2 comerciais de petróleo e derivados no mundo em 2009 (British Petroleum

p.l.c., 2010). ...................................................................................................................... 2

Tabela 1.3 Classe de navios de acordo com o porte bruto. Adaptado de Saraceni (2006).

.......................................................................................................................................... 7

Tabela 1.4 Perfil da frota atual de petroleiros de casco duplo de acordo com a classe. ... 7

Tabela 1.5 Quantidades de petróleo importadas globalmente. ......................................... 8

Tabela 2.1 Dez principais variáveis do modelo de transporte marítimo. ....................... 14

Tabela 2.2 Análise de sensibilidade das taxas de TCP em função das expectativa das

taxas de TCE de curto e longo prazo. ............................................................................. 17

Tabela 3.1 Funções de modelagem nas RNAs NARX. .................................................. 35

Tabela 4.1 Possíveis variáveis explicativas consideradas .............................................. 43

Tabela 4.2 Variáveis explicativas utilizadas para a análise multivariada da série TC1YR.

........................................................................................................................................ 45

Tabela 4.3 Variáveis explicativas utilizadas para a análise multivariada da série TC3YR.

........................................................................................................................................ 45

Tabela 4.4 Teste estatístico Ljung-Box (LB) ................................................................. 47

Tabela 4.5 Resultados dos modelos preditivos para instante m+1. ................................ 48

Tabela 4.6 Resultados dos modelos preditivos para instante m+2. ................................ 49

Tabela 4.7 Resultados dos modelos preditivos para instante m+3. ................................ 50

Tabela 4.8 Resultados dos modelos preditivos para mês m+6. ...................................... 50

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XII

Lista de Siglas

AG - Arabian Gulf

ARIMA - Auto-Regressive Integrate Moving Average

AR - Auto-Regressivo

BCP - Bare Boat Charter Party

bpd - barris por dia

COA - Contract Of Affreightment

EUA - Estados Unidos da Ámerica

LB - Ljung-Box

MA - Moving Average

MAPE - Mean Average Percentual Error

NARX - Non-Linear Auto-Regressive with Exogenous Inputs

OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo

SPR - Strategic Petroleum Reserve

RMSE - Root Mean Square Error

RNA - Rede Neural Artificial

RNA-MLP - Rede Neural Artificial Multi-Layer Perceptron

RNA-RBF - Rede Neural Artificial Radial Basis Function

VLCC - Very Large Crude Carrier

TCE - Time Charter Equivalent

TCP - Time Charter Party

TLFN -Time Lagged Feedforward Networks

tpb - tonelagem de porte bruto

VAR - Vetor Auto-Regressivo

VCP - voyage charter party

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XIII

Lista de Abreviaturas

ton - tonelada métrica

U-Theil - Índice de Desigualdade de Theil

TC1YR - Série mensal entre Outubro/1994 e Setembro/2010 (192 observações)

de valores de aluguel (US$/dia) de navios petroleiros do tipo VLCC para

contratos TCP com duração de 1 ano

TC1YR - Série mensal entre Outubro/1994 e Setembro/2010 (192 observações)

de valores de aluguel (US$/dia) de navios petroleiros do tipo VLCC para

contratos TCP com duração de 3 ano

WS - Worldscale

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização e motivação da pesquisa

1.1.1. Consumo de energia mundial e os fluxos globais de petróleo e derivados

A vida cotidiana desde os primórdios depende de energia, seja da energia solar

irradiada à terra da qual a vida humana por si só é fundamentalmente dependente, seja

da energia liberada através queima de material combustível para produção de calor com

finalidade de aquecimento.

O processo evolutivo da humanidade só fez multiplicar os requerimentos por

energia (transporte mecanizado, manufatura, iluminação, cocção etc) alavancando a

necessidade de produção de energia em uma escala industrial.

O mundo moderno - a despeito dos impactos causados e recentes movimentos pró-

eficiência energética - consome uma quantidade brutal de energia. O consumo mundial

de energia “manufaturada”, ou seja, produzida industrialmente1 foi de cerca de 11,16

bilhões de toneladas de petróleo equivalente no ano de 2009 (BP p.l.c., 2010). A

distribuição do consumo por fonte primária de energia se encontra na tabela 1.1.

Tabela 1.1 Distribuição do consumo mundial de energia por fonte primária em 20092

Fonte Qtde

(*106 ton)

3

Qtde

(%)

Petróleo 3.882,1 34,8%

Gás Natural 2.653,1 23,8%

Carvão 3.278,3 29,4%

Energia Nuclear 610,5 5,5%

Energia Hidro-elétrica 740,3 6,6%

Total 11.164,3 100%

1 Excluem-se energia obtida através da queima de madeira, turfa, gordura animal etc. 2 Dados extraídos de British Petroleum p.l.c. ( 2010) 3 Consumo de petróleo mensurado em milhões de tonelada; outros combustíveis mensurados em milhões

de tonelada de petróleo equivalente.

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2

Os 87,9% de energia obtida através de fonte primária fóssil (petróleo, gás natural e

carvão) são notórios na matriz energética mundial. Em especial, destaca-se o petróleo

contribuindo como fonte de mais de um terço da energia mundial.

Tomando-se em conta, ainda, a utilização do petróleo em outras aplicações da vida

moderna - tal qual como matéria-prima para os onipresentes polímeros sintéticos – e os

esforços na busca e implementação por fontes alternativas, o fato é que a dependência

atual do mesmo aparentemente estará presente por décadas à frente. Previsões dão conta

de um incremento gradual do consumo chegando a 15 milhões de barris de petróleo por

dia a mais em 20354, sobre os 84 milhões de barris de petróleo já consumidos

diariamente em 2009 (IEA, 2010).

A tabela 1.2 apresenta os movimentos de petróleo e derivados entre regiões do

globo em 2009, representados através da média anual da movimentação de barris por

dia (bpd).

Tabela 1.2 Fluxos comerciais de petróleo e derivados no mundo em 2009 (BRITISH PETROLEUM

P.L.C., 2010).

A figura 1.1 representa graficamente os principais fluxos comerciais de petróleo e

derivados no mundo em 2009, representados pela quantidade total de toneladas

movimentadas no ano.

4 Ressalta-se que tais previsões já consideram que serão efetivados os recentes compromissos – firmados

por diversas nações junto a organismos multilaterais – em diminuir emissões de gases com efeito estufa e

reduzir os subsídios à utilização de combustíveis fosseis.

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3

Figura 1.1 Principais fluxos comerciais de petróleo e derivados em 2009 (BRITISH PETROLEUM

P.L.C., 2010).

1.1.2. Transporte marítimo mercante

A demanda por transporte em geral é uma demanda derivada, ou seja, sem que

atividades demandantes ocorram na origem e destino o transporte perde seu propósito e

passa a não acontecer (Bamford, 2001). O transporte marítimo como tal, segue esta

condição.

Ballou (2006) afirma que o transporte é atividade relevante. Sob o aspecto macro-

econômico a afirmação é de que basta comparar uma nação “desenvolvida” com uma

“em desenvolvimento” para verificar a proeminência dos transportes na geração de um

alto nível de atividade econômica. Sob o aspecto empresarial, o mesmo denota que a

movimentação de cargas representa geralmente de um a dois terços dos custos logísticos

totais de um negócio.

A efetividade do transporte perpassa pela movimentação do produto atendendo

requisitos de qualidade no serviço (prazos de entrega, integridade do produto, segurança

etc.), a contraponto, eficiência econômica é almejada através da redução no custo da

atividade. Sob este aspecto, o transporte marítimo se destaca por oferecer fretes a níveis

extremamente competitivos em função dos ganhos econômicos de escala

proporcionados pelas características intrínsecas do modal.

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4

Há evidências de que desde 1500 A.C. embarcações marítimas a vela

transportavam mercadorias com finalidade comercial através do Mar Mediterrâneo

(Beenstock e Vergottis, 1993). Desde então, a tecnologia voltada ao transporte marítimo

mercante evoluiu timidamente até o início do século XIX – aproveitando-se

basicamente dos desenvolvimentos de áreas correlatas da indústria marítima

(principalmente a militar). Durante este ínterim, as embarcações mercantes limitavam-

se a navios de carga geral que se serviam ao transporte de praticamente todos os tipos de

produto.

O primeiro navio mercante a abandonar por completo os velames surgiu em 18525,

utilizando tecnologia a vapor. Já o primeiro navio oceânico a utilizar tecnologia de

motor à combustão somente surgiu em 19126.

O transporte marítimo mercante per se sofreu duas marcantes revoluções (Stopford,

1997):

(a) a evolução e adaptação dos sistemas logísticos (embarcações, sistemas de

armazenagens e manuseio) para movimentação de produtos a granel em

quantidades industriais, a qual iniciou-se na segunda metade do século XIX – a

reboque da Revolução Industrial;

(b) e, durante a década de 1960, o início da tecnologia de unitização de produtos

para o transporte, traduzido através da utilização de containers padrões,

viabilizando, por conseguinte, a indústria de linhas mercantes marítimas

regulares (utilizando os chamados navios porta-containers ou liners).

Atualmente, o transporte marítimo mercante disponibiliza comercialmente

embarcações dedicadas ao transporte de produtos específicos. Pode-se citar os navios

graneleiros (cargas sólidas a granel) e petroleiros (petróleo e derivados a granel), navios

conteneiros (carga unitizada), navios “roll-on, roll-off” (cargas com capacidade rodante)

etc.

O primeiro carregamento de petróleo em navio mercante de que se tem registro

aconteceu em 1861 da costa Atlântica dos Estados Unidos para a Europa. À época, o

carregamento foi feito em uma embarcação de carga geral onde barris de petróleo foram

5 Navio John Bowes de 500 toneladas de porte bruto (tpb). 6 Navio Selandia de 7.400 tbp

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5

acomodados. Obviamente este não era um método eficiente, tanto sob o aspecto

logístico de carregamento/descarregamento, quanto de estiva do produto.

Exemplificando o citado anteriormente, já em 18867 o primeiro petroleiro, ou navio

tanque, foi construído com o propósito único de transportar petróleo a granel (à época já

utilizando tecnologia a vapor associado a velames). Sequencialmente, a indústria de

transporte de petróleo se desenvolveu baseada na força motriz de motores a combustão,

incrementando a capacidade de carga das embarcações até se construir e operar navios

com mais de 500.000 tpb, conforme se pode observar na trajetória histórica representada

na figura 1.2.

Figura 1.2 Tamanho médio dos navios petroleiros de 1900-1997 (STOPFORD, 1997)

A evolução tecnológica no setor, no entanto, desde a introdução dos motores a

combustão e da construção de navios de grande porte ( 320.000 tpb) não trouxe

repercussões significativas na indústria sob o aspecto mercadológico.

7 Navio SS Gluchauf de 3.030 tpb

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6

Os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes – em grande parte oriundos da

pressão por tecnologias mais eficientes em termos energéticos, econômicos e ambientais

–, direciona a indústria de transporte marítimo de petróleo e derivados ao remonte,

ironicamente, da utilização de força obtida eolicamente, um dos recursos primitivos

abandonado para fins mercantes quase que por completamente a cerca de um século8.

A utilização da força eólica conjugada com motores a combustão já é uma realidade

implementada comercialmente em navios roll-on, roll off9, carga geral

10 (Luttmer,

2008) e já há intenção firme de implementação em navios graneleiros (Eason, 2011).

Para navios petroleiros a intenção de utilização parece figurar nos planos de armadores.

Ilustrativamente, pode-se citar o projeto do armador sueco Stena Bulk denominado

Stena EMAX-air (Stena Bulk, 2011). Todavia, o impacto de tais tecnologias ainda

carece de implementação mais ampla para apropriado dimensionamento de seus

impactos em termos mercadológicos.

Conforme já mencionado e, ademais, evidenciado pela evolução histórica

constatada no porte dos navios petroleiros, este tipo de transporte se beneficia de

economia de escala. Muito embora já se tenha construído navios petroleiros de mais de

500.000 tpb, a maior classe de navio petroleiro atualmente utilizada – gozando de

flexibilidade operacional suficiente para geração de um mercado líquido de contratação

de frete e/ou aluguel – é o Very Large Crude Carrier (VLCC), classe que compreende

navios entre 200.000 e 319.999 tpb.

Entretanto, devido às restrições logísticas, o ganho de escala proporcionado pela

classe VLCC não pode ser facultado a todas as movimentações demandadas através do

globo. Por conseguinte, existem diversas outras classes de navios tanques para

transporte de petróleo e derivados que possuem mercados de contratação de frete e/o

aluguel líquidos. De acordo com Saraceni (2006), as classes de navios de acordo com

sua tonelagem de porte bruto podem ser classificadas conforme descrito na tabela 1.3.

8 Nota-se, entretanto, que a tecnologia básica de rotores Flettner de força eólica já tinha sido patenteada

pela empresa alemã Flettner em 1922, sendo inclusive implementada em 1924 na embarcação batizada de

Buckau, porém sem maiores repercussões até 2010 (vide nota de rodapé 9 deste capitulo). 9 O mercado de navios “roll-on, roll-off” recebeu em Agosto de 2010 o “E Ship 1”, primeiro navio do tipo

comercialmente empregado que utiliza rotores Flettner de força eólica para navegação. 10 A embarcação de carga geral Beluga Skysail realizou seu primeiro carregamento em 2008 utilizando

tecnologia da empresa alemã Skysail.

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7

Tabela 1.3 Classe de navios de acordo com o porte bruto. Adaptado de Saraceni (2006).

Classe Tonelagem de Porte Bruto

ULCC – Ultra Large Crude Carriers tpb ≥ 320.000

VLCC – Very Large Crude Carriers. 200.000 ≤ tpb < 320.000

Suezmax 120.000 ≤ tpb < 200.000

Aframax 80.000 ≤ tpb < 120.000

Panamax11

60.000 ≤ tpb < 80.000

Handysize tpb < 60.000

Por razões logísticas e mercadológicas da indústria, os navios do tipo VLCC e

Suezmax são basicamente empregados no transporte de óleo cru. Os navios das classes

Aframaxes, Panamax e Handysize são comumente empregados tanto para transporte de

petróleo quanto de derivados. O perfil da frota mundial de petroleiros de casco duplo é

apresentado na tabela 1.4.

Tabela 1.4 Perfil da frota atual de petroleiros de casco duplo de acordo com a classe12.

Classe Nº Navios

(unidade)

Nº Navios

(%)

tpb total

(*106 ton)

tpb total

(%)

VLCC 499 9,9% 151,5 35,6%

Suezmax 409 8,1% 62,9 14,8%

Aframax 858 17% 91,1 21,4%

Panamax 385 7,6% 27,7 6,5%

Handysize13

2897 57,4% 92,9 21,8%

Total 5048 100% 426,1 100%

11 Saraceni (2006) também classifica navios do tipo “Post Panamax” como sendo navios do mesmo porte

em tpb de um Panamax, porém que não podem transitar através do Canal do Panamá por restrição de

dimensão física. 12 Dados extraídos de Clarkson Research Services (2011). 13 Desconsiderados navios de 10.000 < TPB.

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8

Observa-se que embora a classe VLCC represente aproximadamente 10% da frota

mundial em número de petroleiros, sua capacidade de carga é maior do que um terço em

termos de tpb. O fato per se demonstra a relevância da classe nesta indústria.

Da média de 84 milhões de barris por dia consumidos mundialmente no ano de

2009, 38 milhões foram importados pelos países consumidores através de via marítima

(Clarkson, 2011), ou seja, cerca de 45,2%. Entretanto, nota-se que este número não

computa transporte de petróleo por cabotagem (ao longo da costa de um mesmo país), o

que certamente geraria incremento na estatística14

. A tabela 1.5 relaciona a quantidade

importada globalmente e a quantidade importada através de navios petroleiros em 2009.

Tabela 1.5 Quantidades de petróleo importadas globalmente.

Qtde importada total

(*106 bpd)

Qtde importada total por via marítima

(*106 bpd)

38,00515

38,016

Através do exposto na tabela 1.5 é possível realizar que em termos práticos todo o

comércio externo de petróleo passa em algum momento da cadeia de transporte pelo

modal marítimo. Por conseguinte, não é precipitado afirmar que a indústria de

transporte marítimo mercante, em específico a de transporte de petróleo desempenha

papel vital na economia mundial. De mesma sorte, ressalta-se que o VLCC,

considerando sua representatividade no tpb total da frota, ocupa lugar proeminente na

logística mundial do petróleo e, por conseguinte, tem sua relevância ao mecanismo

econômico mundial.

14 A exemplo do Brasil que de sua média de produção de 2.042,9 milhões bpd registrada no 1ºtri/2011,

89,4% (PETROBRAS, 2011) era offshore, sendo parcela considerável da produção cabotada até terminais

através de navios tanques. Não obstante, em geral o alívio deste tipo de produção é realizado por navios

tanque não convencionais (navios com capacidade de posicionamento dinâmico. 15 Informação extraída de BP p.l.c. (2010). 16 Informação extraída de Clarkson Research Services (2011).

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9

1.1.3. Os mercados de contratação de navios petroleiros

O mercado de transporte para navios petroleiros vale-se basicamente de dois

mecanismos distintos para os agentes interessados em comprar e vender transporte17

.

É possível contratar frete para uma viagem isolada, onde a contratação se dá para

uma movimentação específica de um ponto A a um ponto B. Neste tipo de contrato

tanto a gestão náutica como comercial da embarcação estão sob a responsabilidade do

armador do navio. Normalmente, o frete acordado cobre todas as despesas relacionadas

com o transporte do produto. Este tipo de contrato é denominado Voyage Charter Party

(VCP). Este mercado é ainda conhecido como mercado de frete spot.

A Figura 1.3 representa a evolução das taxas de frete em Worldscale18

(WS) para

navios VLCC.

Figura 1.3 Evolução das taxas de frete no mercado spot para navios VLCC na rota Golfo Árabe-Japão19.

Alternativamente, é possível contratar capacidade de transporte através da

modalidade de contrato denominada Time Charter Party (TCP). Neste tipo de acordo o

armador disponibiliza ao afretador o controle comercial do navio mediante o pagamento

de uma taxa de aluguel diário. Ficam por conta do afretador os custos de abastecimento

17 Além da contratação em VCP e TCP a serem detalhadas a seguir, também é comum contratar

capacidade de transporte através de: Contract of Affreightment (COA), sendo uma derivação da

contratação em VCP; e Bare Boat Charter (BCP), sendo o afretador responsável por armar o navio e

deixá-lo operacional. 18 O frete de petroleiros é usualmente negociado utilizando unidade de valoração própria deste mercado,

denominada worldscale. Estas unidades são convertidas em valor monetário através de metodologia

inequívoca e de amplo conhecimento. 19 Dados oriundos de Clarkson Research Service (2010)

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10

e as despesas portuárias incorridas, uma vez que o afretador é quem instrui o transporte

a ser realizado pela embarcação seguindo seus interesses comerciais. Ao armador recai

sobre todos os aspectos o custo de manter o navio operacional (tripulado, com

manutenção apropriada etc.). Interessante ressalvar que embora o controle comercial da

embarcação esteja com o afretador, tanto propriedade quanto posse do navio permanece

com o armador.

Conhecido também como mercado de contratação por período, os acordos em TCP

têm duração usual variando de meses até anos. De toda sorte, é interessante ressalvar

que nesta forma não há frete envolvido, mas sim aluguel.

A Figura 1.4 representa a evolução das taxas de aluguel para navios do tipo VLCC

no mercado de contratação por período.

Figura 1.4 Evolução das taxas de aluguel para contratos com período de 1 e 3 anos de navios VLCC20.

1.1.3.1. Integração dos mercados e o conceito de time charter

equivalent (TCE)

As embarcações petroleiras comumente estão ora contratadas no mercado spot, ora

no mercado de período. Conforme descrito no item 1.1.3.1, a receita para o armador do

primeiro se materializa através do montante financeiro acordado no frete. Já no segundo

caso aufere-se receita através de taxa diária fixa.

Como existe relação óbvia entre esses mercados, pois seus agentes (afretadores e

armadores) usualmente estão expostos a eles simultaneamente e as embarcações podem

facilmente mover-se de um para o outro, fez-se necessário a criação de base de

20 Dados oriundos de Clarkson Research Service (2010)

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11

comparação entre ambos denominada Time Charter Equivalent (TCE). Esta comparação

é realizada convertendo a receita estipulada em uma contratação VCP em uma receita

diária através da qual esta seja facilmente comparada ao auferido no mercado de

contratação por período. A formulação desta relação está descrita na equação 1.1.

)(º

($)($)($))$(

diasviagemdeN

PortuáriasDesplCombustíveCustoFretediaTCE

(Equação 1.1)

1.2. Relevância da pesquisa

A importância econômica do transporte marítimo de petróleo, seguindo o discorrido

no item 1.1, motivou a pesquisa. De mesma sorte, o entendimento e estudo dos

mecanismos de funcionamento deste mercado são relevantes pelos aspectos macro e

micro econômicos do tema e seus impactos em áreas correlatas. Em decorrência, o

interesse pelo conhecimento detalhado deste mercado é presumidamente compartilhado

por agentes do próprio mercado, pelas entidades governamentais nacionais e supra-

nacionais e pela comunidade acadêmica. De acordo com Stopford (1997) entre as

entidades que demandam extensivamente previsões no mercado de transporte marítimo

estão bancos e companhias de navegação, servidores de entidades públicas e consultores

encarregados de elaboração de estudos sobre o setor.

Em específico, para os agentes participantes diretamente deste mercado, o melhor

entendimento do mesmo oferece vantagem competitiva. A volatilidade dos mercados de

contratação de transporte de petroleiros é considerável e a possibilidade de antecipação

a tendências no mercado é de extremo interesse aos agentes, uma vez que agrega valor

ao processo de tomada de decisão em negociações.

1.3. Problema de pesquisa

A literatura discorrendo sobre modelagem do mercado de transporte marítimo

direcionou esforços para o seu melhor entendimento valendo-se de ferramentas

econométricas, macro-econômicas, de redes neurais artificiais, dentre outras – as quais

serão examinadas em detalhe no Capítulo 2 – não obstante a área parece ainda ser

terreno fértil para novos estudos.

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12

Em específico, atenção relativamente limitada foi dedicada à previsão de taxas de

frete e previsão de aluguéis por período no mercado de transporte marítimo, sendo que

os esforços existentes foram predominantemente direcionados ao mercado spot.

No tocante ao mercado por período, trabalhos trataram escassamente em previsão

de facto de taxas de alugueis. A teorização inicial de Zannetos (1966), suplementada por

Glen et al. (1981) e Hale e Vanags (1989), que, no seu conjunto, ofereceram

balizamento para compreensão das relações entre os mercados spot e por período

merecem destaque, porém limitam-se a achados teóricos. O trabalho de Strandenes

(1984), tratando da influência das expectativas do mercado de frete spot sobre o

mercado de time charter também pode ser destacado, porém apresentando modelagem

de pouco aplicabilidade prática em termos de previsão. O trabalho de Beenstock e

Vergottis (1989, 1993), em seu modelo econométrico estrutural, merece destaque pelos

resultados objetivos de previsões anuais para fretes e aluguéis, tanto para petroleiros

quanto para graneleiros.

A aplicabilidade e contribuição da ferramenta de Redes Neurais Artificiais (RNAs),

já amplamente testada e utilizada em outras áreas, na previsão de fretes para navios

petroleiros ainda merece maiores esforços. O emprego da ferramenta visando à previsão

de alugueis de petroleiros, mais ainda, é uma lacuna a ser preenchida. Este trabalho

envida esforços na tentativa de contribuir neste sentido.

Não obstante, como não se tem ambição neste trabalho de tomar por completo o

mercado de transporte marítimo de petróleo e, considerando o proeminente papel da

classe de petroleiro VLCC na movimentação de petróleo através do globo, a mesma foi

escolhida como foco do trabalho.

1.4. Objetivo da pesquisa

O objetivo principal deste trabalho é verificar o desempenho de redes neurais

artificiais em previsões fora-de-amostra de séries temporais de valor de aluguel em

contratos no mercado por período de navios petroleiros do tipo VLCC.

1.5. Objetivos específicos da pesquisa

Especificamente, este trabalho visa:

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13

(i) verificar o desempenho de RNAs do tipo Perceptron Multi-Layer

(RNAs-MLP) como ferramenta de previsão para séries temporais de

valor de aluguel em contratos de 1 e 3 anos de extensão no mercado por

período de navios petroleiros do tipo VLCC;

(ii) verificar o desempenho de RNAs do tipo Radial Basis Function (RNAs-

RBF) como ferramenta de previsão para séries temporais de valor de

aluguel em contratos de 1 e 3 anos de extensão no mercado por período

de navios petroleiros do tipo VLCC;

(iii) realizar aferição comparativa do desempenho das RNAs-MLP e RNAs-

RBF entre si e, também, utilizando como benchmark elementar a

previsão gerada por um modelo estatístico auto-regressivo integrado de

média móvel (ARIMA).

1.6. Estrutura da dissertação

Este trabalho está organizado com o Capítulo 2 discorrendo sobre os esforços

apresentados pela literatura acadêmica sobre modelagem do mercado de transporte

marítimo.

No capítulo 3 apresentam-se teorização e fundamentos das Redes Neurais

Artificiais. Neste mesmo capítulo arrazoam-se os parâmetros a serem utilizados na

aferição do desempenho das predições deste trabalho.

No capítulo 4 está discutida a implementação e estão apresentados os respectivos

resultados dos modelos de previsão para as séries temporais propostas.

O capítulo 5 conclui o trabalho, trazendo considerações sobre as contribuições do

mesmo e comentários adicionais sobre os resultados obtidos quando comparados aos

disponíveis na literatura.

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14

2. MODELAGEM DO MERCADO DE

TRANSPORTE MARÍTIMO

2.1. Mercado de Transporte Marítimo

O mercado de transporte marítimo, especialmente o de transporte de commodities,

é usualmente considerado um bom exemplo de mercado com condição próxima ao de

competição perfeita, onde o controle sobre oferta e/ou demanda por transporte está

pulverizado entre um razoável número de agentes. Ainda mais, não há barreiras

consideráveis a entrada e/ou saída do mercado.

A economia da atividade de transporte marítimo é imensamente complexa. Não

obstante, a modelagem do transporte marítimo pode ser realizada através de modelos de

oferta e demanda. Na tabela 2.1, elencam-se as cinco principais variáveis do lado da

oferta e, de mesma sorte, as cinco variáveis do lado da demanda que

predominantemente influenciariam o modelo (Stopford, 1997).

Tabela 2.1 Dez principais variáveis do modelo de transporte marítimo1.

Demanda Oferta

1. A economia mundial 1. Frota mundial

2. Comércio mundial de commodities

transportado por via marítima

2. Produtividade da frota

3. Distância média de transporte 3. Produção da construção naval

4. Ocorrências políticas 4. Demolição e perdas da frota

5. Custos de transporte 5. Taxas de frete

2.2. Modelagem do mercado de transporte marítimo

2.2.1. Modelagem: aplicações iniciais

1 Adaptado de Stopford (1997).

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15

O mercado de fretes de transporte marítimo foi uma das primeiras searas

exploradas pela área de econometria aplicada. Motivado, principalmente, pelo interesse

holandês no mercado de transporte marítimo, os primeiros esforços surgiram já na

década iniciada no ano de 1930.

Tinbergen (1934) elaborou sobre a sensibilidade das taxas de frete perante

alterações nos patamares de demanda e oferta, considerando ainda alterações em sub-

fatores da oferta (ex.: preço de combustível). O conjunto econométrico legado por

Tinbergen influenciou muitos dos outros modelos que viriam a ser propostos,

principalmente no tocante a incorporação de relações que modelem o comportamento

cíclico observado no mercado de fretes.

Em trabalho similar, porém com viés mais analítico e avaliando a fundo os

aspectos microeconômicos das curvas de oferta e demanda no mercado de frete para

navios petroleiros, Koopman (1939) contribuiu para a teorização sobre a elasticidade da

oferta. Notoriamente, o seu principal aporte foi a demonstração de que a curva de oferta

é bastante elástica quando a frota opera com ociosidade evidente (i.e.: navios operando

com velocidade reduzida proposital ou em lay-up), porém passando a inelástica quando

a frota opera próxima a capacidade nominal.

2.2.2. Modelagem: achados sobre a demanda

A literatura supriu relativa lacuna, então, no entendimento sobre a curva de

demanda através dos resultados demonstrados por Eriksen (1977), Wergeland (1981) e

Norman e Wergeland (1981), onde estes apresentam que embora exista relação

inversamente proporcional entre taxas de frete e os níveis de demanda pelo transporte,

esta relação é desprezível.

Por conseguinte, concluiu-se que a demanda por frete é praticamente inelástica.

Esta afirmativa é ainda mais enfática no caso dos navios-tanque, dado o fato de que a

demanda por petróleo também é inelástica (pelo menos em curto prazo) e pelo fato de o

frete representar um percentual menor na composição do preço final do petróleo

entregue.

2.2.3. Modelagem de Estrutura a Termo

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16

As teorias que suportam a relação entre taxas no mercado de frete spot e a taxas

do mercado de aluguel por período (time charter) são conhecidas como Hipótese das

Expectativas e da relação de Estrutura a Termo. Estas teorias foram desenvolvidas

inicialmente em estudos sobre curva de juros e títulos no mercado financeiro.

A Hipótese das Expectativas propõe que as taxas de longo prazo são determinadas

pelas expectativas do mercado para as taxas de curto prazo, adicionadas de um prêmio

de risco constante. Esta teoria deriva da Teoria Pura das Expectativas (Fisher, 1896),

onde se estabeleceu que um investidor que possui um título por longo prazo recebe um

rendimento que seria uma média das taxas oscilantes daqueles que especularam nesse

período.

Zannetos (1966) foi um dos primeiros a identificar a relação de Estrutura a Termo

no mercado de transporte marítimo. Glen et al. (1981) e Hale e Vanags (1989) em um

estágio posterior suplementaram este achado.

A teoria da relação de Estrutura a Termo – como complementação da Hipótese

das Expectativas – baseia-se no argumento da não-arbitragem. Aplicada à modelagem

no transporte marítimo, a teoria de relação Estrutura a Termo determina que os agentes,

sejam afretadores ou armadores, deveriam ser indiferentes sobre entrar no mercado em

contratos por período ou por uma série de contratos spot (por período equivalente a um

contrato de longo prazo). Sendo assim, sob o aspecto macroeconômico, entende-se que

o mercado de frete é eficiente e os agentes não poderiam obter lucros excessivos ao

escolher por operar decididamente em um ou outro tipo de contrato/mercado.

2.2.4. Modelo de Strandenes para taxas de time charter

Seguindo a teoria de mercados eficientes (Fama, 1970), o valor presente de um

contrato de afretamento time charter seria igual à expectativa do valor presente do

mercado spot para a duração do contrato (em termos de TCE) após considerações sobre

os riscos envolvidos.

O modelo de Strandenes (1984), baseado na teoria de mercados eficientes, teve

como um de seus objetivos determinar a real relevância das expectativas de curto e

longo prazo para o mercado spot sobre os níveis das taxas de time charter de curto e

longo prazo. Para tal, construiu a seguinte afirmativa

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17

]~~)[( L

ttttt baH , (Equação 2.1)

sendo

tH a taxa de time charter para um contrato de anos realizado no tempo t;

t~ o TCE curto prazo;

L

t~ o TCE esperado no longo prazo;

)( representa um prêmio pelo risco (que pode variar de acordo com a duração

do contrato ).

Valendo-se do modelo descrito, Strandenes chega à conclusão sumariada na tabela

2.2, tendo sido esta baseada em dados obtidos para navios-tanque de tamanho mediano

(porém afirmando que esta também é representativa para outros setores).

Tabela 2.2 Análise de sensibilidade das taxas de TCP em função das expectativa das taxas de TCE de

curto e longo prazo2.

Duração

do contrato TCP

Efeito estimado em H com o

aumento de:

0-12 meses 13-36 meses + de 36 meses

$1 no TCE de curto prazo $0,60 $0,47 $0,26

$1 no TCE de longo prazo $0,44 $0,51 $0,70

$1 no TCE de curto e longo prazo $1,04 $0,98 $0,96

Considerando os resultados próximos ao valor $1, quando do incremento de $1 no

TCE de curto e longo prazo, é razoável inferir-se que o prêmio de risco cobrado para

contratos de time charter é pequeno, e mais ainda, deduzir-se que o mesmo é

decrescentes em função da duração do contrato.

2.2.1. Modelos econométricos integrados/estruturais

2 Adaptado de Strandenes (1984).

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18

Esforços diversos também foram direcionados de modo a modelar de maneira

abrangente o mercado de transporte marítimo, ou seja, buscando contemplar

conjuntamente na modelagem os mercados relevantes e inerentes ao transporte

marítimo: (i) frete, (ii) compra e venda de navios existentes, (iii) construção de

embarcações novas e (iv) demolição de existentes (Stopford, 1997).

Integrando o mercado de frete, o mercado de construção de navios e o mercado de

demolição, Hawdon (1978) desenvolve um modelo para determinação de taxas de frete

para petroleiros, tanto para curto quanto longo prazo. De modo semelhante Charemza e

Gronicki (1981), desenvolvem um modelo aplicável tanto ao mercado de navios-tanque

quanto ao de navios graneleiros. Rander (1984), considerando a mesma integração de

mercados, modela o mercado de transporte marítimo para petroleiros, porém

destacadamente introduz na modelagem do mercado de frete a condição de navios

operando no mercado spot e navios operando em contratos time charter.

Baseando-se nos esforços de Wergeland (1981), Norman e Wergeland (1981) e

Strandenes (1984), Strandenes (1986) evolui ainda para um modelo integrado que

contemplavam de maneira única os quatro mercados inerentes ao transporte marítimo.

De mesma sorte, Beenstock e Vergottis (1989, 1993) estabeleceram modelo

integrando os quatro mercados derivando o mesmo, explicitamente, das premissas

estabelecidas pela teoria macroeconômica da Hipótese das Expectativas Racionais dos

agentes econômicos (que por sua vez deriva da Hipótese das Expectativas mencionada

no item anterior). Neste estudo apresentam-se previsões baseadas no modelo para

diversas variáveis, incluindo taxas de frete do mercado spot e de alugueis do mercado

por período.

2.2.2. Modelos Auto-regressivos

Através de modelagem por vetores auto-regressivos (VAR), tomando em conta o

mercado de fretes spot e por período, Veenstra (1999) apresenta resultados para três

classes de navios graneleiros e petroleiros que sustentariam a validade da teoria de

Estrutura a Termo para o mercado de transporte marítimo. Glen e Martin (2006)

revalidam o estudo de Veenstra (1999) com dados atualizados, reiterando as conclusões

do modelo proposto pelo autor original. Neste mesmo trabalho, Glen e Martin, ainda

utilizando a metodologia VAR, propõem a consideração da relação de spread entre

taxas de frete e as taxas de aluguel (de graneleiros e petroleiros) com fim de

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19

complementar a modelagem sugerida inicialmente para as taxas de frete spot. Os

resultados encontrados indicam que esta agregação gerou pouca efetividade na previsão

quando comparada a previsão oferecida por um modelo de previsão naive.

Wright (2003) demonstra, também utilizando modelagem por VAR, que a

Hipótese das Expectativas Racionais é aceitável como relação de longo prazo no

mercado de transporte marítimo.

Kavussanos em seus trabalhos utilizando modelos de heteroscedasticidade

condicional auto-regressiva (ARCH e GARCH) que relaxam o pressuposto clássico de

volatilidade constante (usualmente representado por parcela de erro normalmente

distribuído com variância constante no tempo) analisa o comportamento das médias e da

volatilidade das taxas de frete e de aluguel de três classes de navios graneleiros,

discorrendo sobre a estacionariedade das séries e sua respectiva co-integração

(Kavussanos 1996a). Trantando sobre a volatilidade de preços de navios petroleiros (das

classes VLCC, Suezmax e Aframax) aponta que o preço do petróleo afeta a variância

dos preços dos navios petroleiros (Kavussanos, 1996b). Ainda sobre o preços de navios,

porém graneleiros, Kavussanos (1997) indica que as taxas de aluguel de contratos por

período auxiliam a explicar o comportamento dos preços de navios existentes (second

hand prices).

Pavlidis et al. (2005), em estudo buscando modelar o mercado de fretes e de

alugueis de petroleiros, utilizam metodologia auto-regressivo integrada de média móvel

(ARIMA) aplicada a series temporais mensais. Os resultados não são amplamente

expostos (não são evidenciados resultados para o mercado de alugueis), muito embora

em suas conclusões os autores mencionem que a modelagem realizada ofereceu

resultados razoáveis para predições de curto prazo (2 períodos a frente).

Batchelor et al. (2007) valem-se de métodos auto-regressivos para avaliar a co-

integração entre o mercado spot e o mercado de contratos futuros de frete para

petroleiros. Em efetivo, a relação de co-integração é afirmada pelo trabalho indicando

que a curva futura auxilia na previsão das taxas do mercado spot, o que estaria

consistente com a teoria de que esse mercado é eficiente.

2.2.3. Modelagem baseada em Redes Neurais Artificias

Na década de 1990 a aplicação de modelagem através de Redes Neurais

Artificiais (RNAs) consolidou-se em diversas áreas, em especial pode-se citar a

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20

utilização da técnica visando modelos preditivos. Na área financeira, à época, estes

modelos encontraram terreno fértil (Lehr e Widrow, 1993).

Em compilação sobre os estudos publicados utilizando RNAs em aplicações de

transporte, Dougherty (1995) registrou apenas dois trabalhos na área de transporte

marítimo de um total de cinquenta e dois. Mesmo assim, esses se dedicavam ao campo

de tecnologia de navegação. Ademais, é interessante mencionar que desses cinqüenta e

dois estudos de RNAs aplicadas a transporte mencionados haviam: quatro com foco em

previsões, porém de tráfego; e dois sobre política e economia do transporte (mas desses

nenhum tratando de aspectos mercadológicos).

Um dos esforços iniciais na aplicação desta modelagem no mercado de transporte

marítimo foi apresentada por Li e Parson (1997). Em seu estudo, considerando séries

históricas de 1980 a 1995 de três variáveis (com 190 observações cada): índice de

demanda, índice de oferta e taxa de frete no mercado spot, propuseram-se a prever a

última variável mencionada, tanto com redes univariadas quanto multivariadas. A

variável de taxa de frete considerada se refere especificamente a navios petroleiros de

70 000 a 100 000 toneladas de porte bruto utilizados em rotas através do mar

Mediterrâneo. O estudo apresenta previsões (mensais) de 1 a 24 meses à frente

utilizando RNAs perceptron multi-camadas. De forma a criar base de comparação, Li e

Parson ainda estimam as mesmas séries utilizando modelo auto-regressivo integrado de

média móvel. Os resultados do estudo apontam que a RNA-MLP suplantou de maneira

consistente o modelo alternativo, especialmente, para previsões de longo prazo.

Em sequência, Lyridis et al. (2004), também através do uso das RNA-MLP,

investigou a eficiência das redes neurais para modelagem do mercado de frete spot para

navios petroleiros VLCC, de cerca de 300.000 toneladas de porte bruto, na rota do

Golfo Pérsico para a Europa. Considerando dados mensais de 1979 a 2002 o estudo

propôs-se a antever as taxas de curto e médio prazo para a rota mencionada.

Ainda explorando a aplicabilidade das RNA-MLP no mercado de transporte

marítimo, valendo-se de dados de 1985 a 2006, Voudris (2006) buscou modelar o

mercado spot para navios do tipo graneleiro Capesize, com porte bruto em torno de

145.000 toneladas, no transporte de minério de ferro na rota Brasil-Holanda. De mesma

sorte, a aplicação apresentou resultados para curto e médio prazo.

Mehrara et al. (2010) tomando em conta o mercado de frete para navios

petroleiros do tipo VLCC na rota do Irã para o Japão de 2004 a 2007, utilizou-se de

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21

RNAs-MLP e RNAs do tipo GMDH (“Group Method of Data Handling”) para modelar

de maneira univariada e semanal tal mercado.

2.2.4. Modelagens diversas

Berg-Andreassen (1997) explorou cinco hipóteses alternativas para modelar a

formação de expectativas para o mercado de time charter, porém a comunidade

científica, embora valorize a questão colocada, não recebe bem os apontamentos do

estudo, indicando falhas metodológicas na sua implementação (Veenstra, 1999).

Tratando sobre séries temporais no mercado spot e no mercado de período para

contratos de um ano de três classes de navios petroleiros (30.000 tpb, 130.000 tpb e

250.000 tpb), Wright (1999) confirma através das técnicas de co-integração para séries

temporais que estes mercados são altamente integrados.

Em estudo não focado diretamente em taxas de frete no mercado transporte

marítimo, mas tratando de prever os ciclos globais de tal mercado, Tsolakis et al. (2002)

apresenta um comparação entre as abordagens de modelagem econométrica estrutural e

de modelagem de vetor auto-regressivo, sendo o primeiro a fazê-lo. Os resultados,

porém, apresentam-se como pouco conclusivos.

Tvedt (2003) contestando um dos pressupostos sobre o qual se calcam as

modelagens auto-regressivas mencionadas anteriormente, afirma que a maioria das

séries temporais no mercado de transporte marítimo – antes consideradas estacionárias

somente através e sua primeira diferença – são estacionárias diretamente se considerada

a conversão da mesma de dólares americanos para yens japoneses. Não obstante, o

trabalho carece de discussão sobre a estacionariedade da série temporal do cambio dólar

para yen. Adland e Cullinane (2006) além de discorrer sobre a estacionariedade das

séries temporais de frete spot para navios petroleiros, sugere que a dinâmica destas

séries é melhor descrita por modelos estocásticos não-lineares.

Göluke e Randers (2007) utilizando Hipótese Dinâmica afirmam ter modelado o

mercado de petroleiros de forma a apontar pontos de inflexão do mercado de

petroleiros, isto baseado no fato de que esse mercado possui ciclos de duração de cerca

de 4 anos e ondas de ajuste de capacidade a cada 20 anos (adicionadas de ruído).

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22

Thalassinos et al. (2009) testou a aplicabilidade e performance obtida pela

utilização da Teoria do Caos na previsão de série temporal3 valorando cotações de

mercado para navios do tipo Aframax. A ferramenta específica utilizada foi a False

Nearest Neighbours (FNN) e os resultados apresentados identificaram fortes

características caóticas na série mencionada.

3 Os autores não foram assertivos na especificação da série temporal (frete ou aluguel) utilizada.

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23

3. Modelos de previsão de séries temporais

3.1. Redes neurais artificiais

As redes neurais artificiais (RNAs) podem ser conceituadas como estruturas

computacionais projetadas para apropriar-se de forma elementar da maneira pela qual o

cérebro humano desempenha uma tarefa específica (Haykin, 2001).

A interação entre neurônios biológicos é um processo químico denominado

sinapse e é caracterizada pela liberação de substâncias transmissoras sobre a junção

sináptica dos neurônios. Essa liberação causa aumento ou queda no potencial elétrico do

neurônio receptor. Em suma, a sinapse é a conexão entre neurônios que implica em

excitação ou inibição do neurônio receptor. Uma RNA tenta reproduzir este mesmo tipo

de interação em sua rede.

Ainda segundo Haykin (2001), as RNAs simulam o funcionamento do cérebro

humano em dois aspectos fundamentais:

(i) a experiência é a fonte de aquisição de conhecimento;

(ii) a armazenagem do conhecimento é realizado nas sinapses.

Sistemas de RNAs têm merecido considerável atenção nos últimos anos fruto de

sua capacidade em realizar aprendizagem, sendo utilizadas em um bom número de

situações e podendo apresentar desempenho superior às abordagens convencionais. As

RNAs podem suplantar a formulação teórica usual, em virtude de sua propriedade

indutiva, inferindo entre as observações de uma série temporal relações não-lineares

intricadas. As RNAs têm satisfatório desempenho quando poucas decisões têm que ser

tomadas a partir de grande quantidade de dados e situações onde um complexo

mapeamento não-linear deve ser aprendido (Portugal e Fernandes, 1995). A capacidade

de aprender campos específicos de conhecimento, através de um treinamento particular,

é a característica mais notável de uma RNA.

Um modelo genérico de neurônio artificial, proposto inicialmente por McCullogh

e Pitts (1943), é descrito na figura 3.1. Os valores x1, x2 e x3 são os de entrada e Yk

corresponde ao valor de saída do neurônio. Os valores de entrada são multiplicados

pelos pesos wk1, wk2 e wk3, respectivamente, e os produtos obtidos são somados,

resultando no potencial de ativação, representado por uk. O valor de uk é, então,

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24

submetido à função de ativação, resultando em Yk, sendo este o valor de saída do

neurônio. Um elemento externo denominado bias (ou polarização) pode aumentar ou

diminuir a entrada da função de ativação. Como se pode deduzir, tal qual no cérebro

humano, as RNAs são constituídas por um conjunto de unidades de processamento

conectadas entre si denominadas de neurônios artificiais.

Trançando-se, novamente, paralelo com os neurônios biológicos, as sinapses da

RNA na figura 3.1 são representadas pelas entradas e pesos sinápticos, somatório e

função de ativação. A sinapse inicial é caracterizada por estímulos de entrada – de

inibição ou excitação a um neurônio artificial – que é multiplicada pelo seu peso

sináptico respectivo. Depois desta multiplicação, cada estímulo ou sinal de entrada é

somado e o resultado é então, aplicado a uma função de ativação que restringe a saída

do neurônio a um intervalo normalizado de amplitude, caracteristicamente, representado

como um intervalo fechado – simulando, então, a liberação das substâncias químicas

que estimularão o(s) neurônio(s) conectado(s) a ele dentro da rede.

Figura 3.1 Neurônio artificial1.

Representada na figura 3.1 por φ(.), a função de ativação tem como finalidade

restringir a amplitude do sinal de saída dentro de uma escala de valores.

1 Adaptado de McCullogh e Pitts (1943).

x1

x2

xm

(.)

Yk

uk

wk1

wk2

wkm

Entradas

Função de Ativação

Saída

Junção aditiva

b

(Bias)

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25

O modelo descrito na figura 3.1 pode ser equacionado como segue:

i

n

i

kik xwu 1

e buY kk )(

bxwY i

n

i

kik

)(1

(Equação 3.1)

Existem diversos tipos possíveis de funções de ativação φ(.): degrau unitário,

tangente hiberpólica, „piecewise’ (ou saturação), linear, sigmoidal etc.

De particular interesse é a função linear, conforme descrita na equação 3.2 e

representada graficamente na figura 3.2.

kk uu )( (Equação 3.2)

Figura 3.2 Gráfico de função de ativação linear

Também é de interesse a função sigmoidal, descrita na equação 3.3 e na figura

3.3. Sendo esta a mais comumente utilizada como função de ativação na montagem de

RNAs (Haykin, 2001).

)exp(1

1)(

k

ku

u

(Equação 3.3)

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26

Figura 3.3 Gráfico de função de ativação sigmoidal

3.1.1. Apredizagem das Redes Neurais Artificiais

A capacidade de aprendizado de uma rede neural é a sua mais importante

propriedade. Embora não haja definição aceita integralmente de “aprendizado”, Haykin

(2001) define aprendizado, no tocante as RNAs, como sendo um processo através do

qual os parâmetros em aberto de uma rede neural são adaptados mediante a estímulos

provenientes do ambiente na qual a rede está inserida.

Por conseguinte, o aprendizado em uma rede neural sintetiza-se em localizar, via

um processo iterativo, um conjunto de parâmetros livres que produza o desempenho

desejado. Ou seja, busca-se determinar o ajuste dos pesos sinápticos wki e do nível de

bias que resultem no menor nível de erro entre a resposta almejada e a resposta

estimada pela rede, no caso de uma série temporal, ou, a melhor decisão entre padrões

presentes em um conjunto de dados. Em virtude desta habilidade de aprendizado sobre o

ambiente no qual está inserida, surge a aptidão de uma RNA em prover previsões sobre

uma série temporal ou reconhecer padrões em um conjunto de dado.

Fundamentalmente, as formas de aprendizagem de uma RNA podem ser: (i)

aprendizado supervisionada; (ii) aprendizado não-supervisionado; (iii) aprendizado

híbrido; e (iv) aprendizado por reforço.

No aprendizado supervisionado impõe-se a RNA um conjunto de dados de treino

retirado do ambiente e o resultado ótimo que a rede deveria apresentar é fornecido por

um supervisor externo. Ou ainda, para cada vetor de entrada fornecida à rede é oferecida

também a saída esperada até que uma ligação apropriada entre o conjunto de entrada e

de saída seja estipulada.

Particularmente, neste trabalho há interesse pelo aprendizado supervisionado. Este

tipo de aprendizado é diferenciado pela existência de um acompanhamento externo.

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27

Durante o processo de aprendizado este acompanhamento fornece à rede neural a

resposta desejada a um específico estímulo enviado pelo ambiente. Considerando como

sinal de erro a diferença entre a saída desejada e a observada, os parâmetros da rede são,

então, assentados de acordo com este sinal.

Caracteriza-se o aprendizado não-supervisionado pelo fato de ser responsabilidade

do sistema discernir sozinho padrões específicos do conjunto de dados de entrada,

baseado tão somente neste próprio conjunto. Segundo de Castro e de Castro (2001) a

rede incorpora, por meio de identificação de regularidades estatísticas nos vetores de

entrada, a capacidade de acomodar os pesos de suas conexões de modo a reunir os

padrões de entrada de acordo com características similares.

O aprendizado híbrido é determinado justamente por partes das conexões da RNA

serem tratadas de modo não-supervisionado, ao passo que a parte remanescente é

ajustada de modo supervisionado.

O aprendizado por reforço pode ser classificado como caso particular do

aprendizado supervisionado. No aprendizado por reforço a única informação de

treinamento fornecida à rede é se determinada saída está correta ou não, de forma

digital. Já no aprendizado supervisionado o exame de desempenho da rede fundamenta-

se em um nível mínimo de erro pré-estabelecido,

Usualmente, RNAs são compostas por camadas, sendo que cada camada apresenta

um ou mais neurônios e, ao menos, tem-se uma camada de entrada e uma de saída. A

rede pode trazer ainda mais de uma camada intermediária, o que faculta que a saída da

rede seja determinada por uma função não-linear e contínua das entradas. A camada de

entrada coleta os dados externos e a de saída mantêm o resultado final da rede.

3.1.2. Arquitetura de Redes Neurais Artificiais

A arquitetura de uma RNA é estabelecida de acordo com: número de camadas da

rede; número de neurônios em uma camada; tipo de conexão entre os neurônios; e

topologia da rede.

No tocante a tipos de conexão entre os neurônios, pode-se classificar as RNAs

como recorrentes e não-recorrentes. Uma RNA é recorrente (feedback) no caso desta

possuir um laço de realimentação, já uma RNA não-recorrente (feedfoward) não possui

tal realimentação, ou seja, seus neurônios recebem sinais somente das camadas

anteriores.

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28

As RNAs não-recorrentes são redes sem memória, pois suas saída é função apenas

da entrada e dos valores dos pesos (Haykin,1994)

3.1.3. Redes Neurais perceptron multi-camadas

A RNA perceptron é organizada fundamentalmente por um neurônio com pesos

sinápticos ajustáveis e um nível de polarização (bias). Proposto, originalmente, por

Rosenblatt (1958) o modelo possui restrições na sua utilidade, sendo a principal a

resolução de problemas linearmente separáveis apenas (Minsky e Papert, 1988). Não

obstante, essa continua a ser a forma mais simples de RNA empregada para

classificação de tais problemas (Haykin, 2001).

A rede neural multi-layer perceptron (RNA-MLP) – ou perceptron multi-camadas

– vale-se de aprendizado supervisionado e possui uma camada de entrada, uma ou mais

camadas ocultas e uma camada de saída. Todas as camadas são constituídas de

neurônios, exceto a camada de entrada. Nota-se que para a RNA-MLP, com (pelo

menos) uma camada escondida, a restrição a problemas linearmente separáveis deixa de

existir. Uma representação da rede perceptron multicamadas é disposta na figura 3.4

abaixo. Observa-se que a RNA perceptron é uma rede do tipo feedfoward.

Figura 3.4 RNA perceptron multi-camadas

camada de entrada*

1ª camada oculta **

n-ésima camada oculta**

camada de saída**

yk

x1

x2

xk

(**) neurônios com função de ativação (*) neurônios sem processamento

saída(s) entradas

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29

A capacidade de generalizar (para novas entradas impostas) no aprendizado de

uma RNA-MLP é estabelecida pelo número de neurônios em cada camada oculta. No

entanto, ao passo que se aumenta o número de neurônios em tais camadas, a RNA

torna-se mais especializada, sendo simultaneamente compensada por uma capacidade de

generalização diminuída (Guerra e Coelho 2002). Sendo assim, a rede fica especializada

nos dados apresentados durante o treinamento e, eventualmente, vem a perder a

capacidade proposta de fazer deduções coerentes sobre novos dados colocados. Não

obstante, vale denotar que não há norma para especificação do número de neurônios em

cada camada e, nem tão pouco, para o número de camadas conforme observado por

Castro e Castro (2001).

Mais além, é de interesse notar que o aprendizado da RNA-MLP sobre os dados

aos quais ela foi exposta, demonstrado pelos valores encontrados para os pesos

sinápticos, não pode ser extraído da composição da rede. Mais detalhadamente, a

complexidade de conexões deste tipo de RNA não viabiliza a extração inteligível da

maneira como a RNA chegou ao resultado.

A determinação dos pesos sinápticos que ligam os neurônios nas diferentes

camadas da rede para este tipo de RNA-MLP, usualmente, vale-se de treinamento

supervisionado através de algoritmo conhecido como retropropagação do erro, ou

simplesmente retroprogação (backpropagation). Em linhas gerais, este algoritmo

caracteriza-se por uma etapa de processamento direto e outra etapa reversa.

Inicialmente, impõem-se uma entrada à rede, provocando a difusão natural desta entrada

às demais camadas. Nesta fase os pesos sinápticos permanecem inalterados. No

próximo processamento (reverso), um sinal de erro estabelecido através da saída da rede

é propagado reversamente entre as camadas e, na seqüencia, os pesos são acomodados

de forma a diminuir o erro encontrado. O processo é repetido até que se tenha a

convergência do sinal de erro para um valor especificado como aceitável.

O processo de retropropagação apresenta, no entanto, algumas ineficiências

(Krose e van der Smagt, 1996): (i) possibilidade de se convergir para um mínimo local

(não o global) da função de erro durante o processo, ocorrendo, principalmente, quando

a função erro demonstra uma conduta muita complexa durante o treinamento; (ii)

elevado custo computacional do algoritmo, fruto da reduzida velocidade de

aprendizado.

A retropropagação é classificada como método de primeira ordem, pois utiliza

apenas a informação do gradiente da função de erro para acomodar os pesos sinápticos

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30

da rede. Métodos de primeira ordem são reconhecidos pela ineficiência na resolução de

problemas com volume de dados consideráveis (Bazaraa et al., 1992), pois, em regiões

próximas a mínimos locais, possuem taxas de convergência baixas (conforme indicado

no parágrafo anterior). Como opção ao algoritmo de retropropagação, tem-se o

algoritmo de segunda ordem de Levenberg-Marquardt (Levenberg, 1944; Marquardt,

1943), o qual não utiliza somente o gradiente (primeira derivada) da superfície, mas

também se vale da segunda derivada, a qual indica a taxa de variação da curvatura da

superfície, abreviando o tempo de treinamento.

Relevante, também, é notar aspecto possivelmente gerado durante a aprendizagem

deste tipo de RNA. A rede pode se especializar nos padrões de treinamento e, por

conseguinte, ter sua capacidade de generalização prejudicada (Freitas e Souza, 2003).

Esta característica é conhecida como overfitting.

Para evitar o problema de overfitting podem-se utilizar duas técnicas (Braga et al.,

1998): (i) aplicar o “encerramento antecipado”, ou seja, treinar a rede com uma amostra

de dados (grupo de treinamento), e autenticar o desempenho da rede valendo-se de outra

amostra de dados (grupo de validação). Interrompe-se o treinamento caso os resultados

provenientes do grupo de validação estejam dentro do considerado aceitável. (ii) aplicar

a poda (prunning), onde após o treinamento os pesos e neurônios considerados

irrelevantes são descartados.

3.1.4. Redes Neurais de Função de Base Radial

As RNAs de função de base radial (radial basis function), ou RNA-RBF, têm

como distinção principal o emprego de funções de base radial nas funções de ativação

dos neurônios da camada oculta (Haykin, 1994). Assim sendo, estas RNAs não utilizam

função de ativação do tipo sigmoidal. Outra característica associada a estas redes é a

não utilização do algoritmo de retropropagação durante seu treinamento.

Este tipo de RNA surgiu na década de 80, visando evoluir-se em algumas

limitações intrínsecas das RNA-MLP, tais quais: complexidade no processo de

treinamento, relativa ineficiência computacional e de aproximação das funções (Powell,

1985).

A RNA-RBF pode ser tomada como uma RNA para um problema de ajuste de

curva em um espaço multidimensional, de tal sorte que aprender seria análogo a

encontrar a hiper-superfície que melhor ajuste os dados de treinamento. Por

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31

conseguinte, a capacidade de generalização da RNA seria a habilidade de utilizar esta

superfície para interpolar pontos outros que estejam em sua proximidade, mas que não

estejam inclusos nos dados de treinamento (Zhang e Rong, 1996).

As funções de base radial em geral são funções não-lineares e monótonas, ou seja,

respondem diminuindo ou aumentando (preservando a relação de ordem de maneira

monótona) à medida que a distância de um ponto central aumenta ou diminui,

respectivamente. Convenciona-se denominar esse ponto como “centro” de uma função

de base radial (Girosi e Pongio, 1991). Cada “centro” de função encontra-se em uma

coordenada específica da superfície multidimensional formado pelo espaço definido

pelos dados de entrada.

Intuitivamente, baseado na afirmação Euclidiana de que quanto mais próximos

dois vetores estiverem, mais similares eles serão (pois a distância euclidiana entre eles

será menor), podemos entender que ativação em uma RNA-RBF é apontada por uma

relação não-linear entre o vetor de entrada e o vetor de referência.

A utilização de funções de base radial, no tocante a aproximação de funções, tem

sua própria origem na interpolação multivariada. Um problema de interpolação pode ser

descrito da seguinte maneira: sendo um conjunto de N pontos diferentes {di

| i =

1,2,..., N} e um conjunto correspondente de N números reais {di | i = 1,2,..., N}

determinar uma função F:

que satisfaça a condição de interpolação F(xi) di, i

1,2,, N.

Por conseguinte, a superfície de interpolação – a ser gerada a partir de F(xi) –

determina que esta superfície passe por todos os pontos do conjunto N (que no caso de

uma RNA poderia ser o conjunto de dados de treinamento). A metodologia de função de

base radial consiste em determinar tal função F que siga a seguinte formatação:

i

N

i

i xxwxF

0

(Equação 3.4)

onde Nixx i ,...2,1/ é o conjunto de N funções conhecidas como funções de

base radial, tomadas através de operador Euclidiano. Mais ainda, sendo os pontos de

dados de {xi

| i = 1,2,..., N} os centros das funções de base radial, conforme

mencionado.

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32

Com vistas a satisfazer o estabelecido no problema de interpolação (ou seja, F(xi))

e a função de base radial (conforme descrita na equação 3.4), pode-se determinar

matricialmente, sendo os coeficientes wi incógnitos:

NNNNNN r

r

r

w

w

w

2

1

2

1

11

232221

131211

...

...

...

...

(Equação 3.5)

Onde

Nijxx ijji ,...2,1),(, (Equação 3.6)

Tomando-se que

TNrrrr ,...,, 21 (Equação 3.7)

e

TNwwww ,...,, 21 (Equação 3.8)

Pode-se, então, reescrever de forma simplificada a equação 3.5 como rw ,

onde representa uma matriz N-por-N com elementos ji . No entanto, para que a

equação mencionada tenha solução é necessário que a matriz de interpolação ( ) seja

não singular, ou seja, que a mesma possua matriz inversa. Este obstáculo é contornado

através do teorema de Micchelli (Micchelli, 1986) que demonstra que sob determinadas

condições para determinadas funções de base radial pode-se garantir que a matriz de

interpolação será não singular (Haykin, 2001).

Exemplos de funções que satisfaçam a condição de Micchelli e, que de mesmo

modo, atenda o sistema de equações das incógnitas wi resultando em solução única,

seriam:

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33

i) Multiquadrática

22)( ixxx (Equação 3.9)

ii) Multiquadrática inversa

22

1)(

ixxx (Equação 3.10)

iii) Gaussiana

2

2

2

)(

)(

ixx

ex

(Equação 3.11)

Na prática a função do tipo gaussiana é a mais utilizada, sendo o parâmetro

corresponde ao desvio padrão da função gaussiana. O parâmetro das funções de base

radial introduz um fator de atenuação na velocidade de queda (aproximação ao valor

zero) do valor da função de base radial na medida que x se distancia do centro xi. Vale

ressaltar que as funções descritas pelas equações 3.9, 3.10 e 3.11 são definidas dentro do

escopo deste trabalho para >0.

A RNA-RBF é uma rede do tipo feedfoward formada tipicamente por três

camadas: entrada, oculta e saída. A primeira camada não executa processamento, apenas

propaga as entradas. A camada oculta processa a transformação não-linear através de

funções de base radial (geralmente, em espaços de alta dimensionalidade). A última

camada é formada por um único neurônio linear, ou seja, sua função é somar de maneira

ponderada (wi) a saída de cada função de ativação. Ressalta-se, ainda, que a camada

oculta nas RNA-RBF é única.

A combinação linear mencionada no parágrafo anterior realizada pela última

camada da RNA resulta na saída r da rede que pode ser representada conforme a

equação 3.12 abaixo.

i

i

iiii xxwr0

2,, (Equação 3.12)

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34

Conforme se pode inferir através da equação 3.12, notadamente por seus

parâmetros livres, o ajuste de uma RNA-RBF passa pela geração, através de processo de

aprendizagem, de valores apropriados para: wi. (pesos sinápticos), xi (centros) e

2

i (variância no caso de função Gausiana). Existem diversos possíveis algoritmos a

serem utilizados para o ajuste dos parâmetros livres de um RNA-RBF.

Frequentemente, utiliza-se o algoritmo k-médias (k-means clustering algorithm)

conjugado ao algoritmo de mínimos quadrados (Haykin, 2001) para o

treinamento/aprendizagem da rede. O algoritmo k-médias é aplicado para determinação

dos pontos de referência nos dados de entrada (clustering dos dados), já o algoritmo de

mínimos quadrados é utilizado para otimização dos parâmetros da função de base radial.

Alternativamente ao método dos mínimos quadrados, a Evolução Diferencial

(Price e Storn, 1997), método heurístico para minimização de funções contínuas, não-

lineares e não-diferenciáveis, têm sido aplicado na otimização de redes neurais não-

recorrentes (feedfoward) podendo apresentar algumas vantagens perante o primeiro

(Ilonen et al., 2003)

3.1.5. Previsão de séries temporais através de redes neurais artificiais

Tem-se distintas possibilidades metodológicas para aplicação de modelos auto-

regressivos baseados em redes feedfoward. Não obstante, na modelagem de RNAs para

previsão de séries temporais é freqüente a utilização de TLFN (Time Lagged

Feedforward Networks) (Haykin, 1994), ou ainda denominada NARX (Non-linear auto-

regressive with exogenous inputs) (Sjoberg et al., 1994), quando usada a nomenclatura

proveniente da modelagem estatística não-linear.

Lin (1998) demontra que o aprendizado da RNA sobre dependências temporais de

longo prazo com as técnicas de gradiente descendente é mais efetiva com a metodologia

NARX do que com as modelagens alternativas de Elman e Jordan.

Sistemas não lineares dinâmicos na forma discretizada, geralmente, são descritos

matematicamente por

))(),1(()( tutrhtr (Equação 3.13)

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35

sendo u(t) e r(t), respectivamente, a entrada e a saída do sistema. A modelagem

NARX para sistema não lineares de Leontaritis e Billings (1985) e Chen e Billings

(1989), aplicado as RNAs neste trabalho, pode ser notada por

)1())1(),...,(),1(),...,((ˆ)1(ˆ tntutuntrtrhtr ur (Equação 3.14)

sendo r a saída da função não-linear h que modela o comportamento do sistema.

As variáveis rn e un

denotam as defasagens de saída e entrada, respectivamente, e t

refere-se à parcela adicional de ruído branco.

Na aplicação deste trabalho, h é a função de ativação das RNAs utilizadas

conforme tabela 3.1.

Tabela 3.1 Funções de modelagem nas RNAs NARX.

Tipo de RNA Função h

RNA-MLP

Sigmoidal

RNA-RBF Gaussiana

3.2. Modelagem de redes neurais artificiais versus modelagem estatística

As metodologias desenvolvidas tanto para modelagem estatística quanto para

modelagem através RNAs possuem em grande parte arcabouço teórico compartilhado.

Em fim de curso, existe grande parte de ambas as áreas partilhando ferramentas, muito

embora utilizando terminologias e métodos diversos.

Há basicamente dois aspectos relevantes e pragmáticos para qualquer problema

nesta seara (Cheng e Titteriongton, 1996),

(i) a especificação da arquitetura de uma RNA adequada;

(ii) e o treinamento da RNA para boa performance baseada em um conjunto

de dados de treino.

Comparativamente, para os estatísticos isto corresponde

(i) à especificação do modelo de regressão;

(ii) e a estimação dos parâmetros do modelo baseado em um conjunto de

dados.

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36

As diferenças entre as abordagens recaem sobre a maneira que os aspectos acima

são tratados. Enquanto o projetista de um RNA para resolução construirá uma rede com

ligações e nós específicos a partir da qual uma função de regressão será determinada,

um estatístico possivelmente obteria a função de regressão através de um modelo de

probabilidade condicional.

Defensores das RNAs colocam como vantagens da mesma, quando comparada aos

métodos estatísticos padrão, sua capacidade de automaticamente permitir relações não-

lineares arbitrarias entre as variáveis dependentes e independentes Além disso, nas

RNAs todas as relações de interação entre as variáveis dependentes são permitidas e

nenhum pressuposto de distribução probabilístico explicito das variáveis é requerido. As

metodologias estatísticas padrão necessitam de modelagem adicional mais complexa

para permitir tais flexibilidades.

Não obstante, RNAs impossibilitam o usuário de acompanhar o processamento da

informação, o que é conhecido como característica de “caixa preta”. Ao passo que

métodos estatísticos facultam testes de hipóteses e, no caso de modelos de regressão, a

eliminação seqüencial de possíveis variáveis explanatórias que não contribuem para o

modelo.

Tratando, especificamente, de modelagem de séries temporais, a literatura indica

conveniência na utilização de RNAs. As redes neurais artificiais já foram

matematicamente demonstradas como funções de aproximação universal (Hornik et al.,

1989). Essas também são boas estimadoras de funções não-lineares (White, 1992: White

e Stinchcombe, 1992). De Gooijer e Kumar (1994) argumentam que se a base a ser

modelada é não linear, as redes neurais oferecem melhores modelos preditivos.

Ademais, para séries temporais com dados mensais e trimestrais, os resultados sugerem

que as redes neurais superaram os métodos tradicionais, além de serem mais eficientes

para séries temporais descontínuas (Hill et al. 1996).

3.3. Modelo linear

3.3.1. Séries temporais (estacionariedade)

Uma série temporal é considerada estacionária quando sua média, variância e

auto-covariância (para quaisquer defasagens) se mantém estáveis independente dos

períodos de tempo em que forem tomadas.

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37

Muitas séries temporais são não-estacionárias, ou também conhecidas como

séries integradas. Não obstante, em alguns casos, uma determinada série temporal,

embora seja integrada, se for diferenciada se tranformará em estacionária.

Para assegurar a condição de estacionariedade de um conjunto de dados é

possível utilizar-se de diversas ferramentas estatísticas, tais quais a Estatística Q de

Box-Pierce, Estatística de Ljung-Box e o teste Aumentado de Dick-Fuller (ADF). Este

último é de particular interesse para este trabalho, e está no Apêndice A.

3.3.2. Modelagem auto-regressiva integrada de média móvel (ARIMA)

Um processo auto-regressivo com p-ésima ordem, ou AR(p), pode ser definido de

acordo com Gujarati (2000) como sendo

tptpttt uYYYY )(...)()()( 2211 , (Equação 3.15)

Sendo que é a média de Y, p é proporção determinada de ptY na estimação de tY e

tu refere-se a parcela de erro aleatório não-correlacionado com média zero e variância

constante, ou seja, ruído branco.

Ainda segundo Gujarati (2000), um processo de média móvel com q-ésima

ordem, ou MA(q) pode ser descrito matematicamente por

qtqtttt uuuuY ...22110 , (Equação 3.16)

onde é uma constante, tu refere-se ao termo de ruído branco e q é proporção

determinada de ptu na estimação de tu .

Por conseguinte, um processo auto-regressivo de média móvel, exemplificado com

um modelo ARMA (1,1), pode ser representando por

11011 tttt uuYY , (Equação 3.17)

sendo uma constante.

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38

É importante notar que a aplicação dos modelos AR, MA e ARMA está

condicionado a estacionariedade dos dados de entrada. Advém desta demanda o modelo

ARIMA, onde se utiliza integração/diferenciação da série original até que a mesma

atinja a condição de estacionariedade e, então, seja possível aplicação do modelo.

De acordo com Pokorny (1987, apud Gujarati, 2000, pg. 744):

“Se esse modelo estimado será usado para previsão, devemos

supor que as características desse modelo são constantes no

tempo, e particularmente no futuro. Assim, a razão simples de

se necessitar de dados estacionários é que qualquer modelo é

inferido a partir desses dados pode ser interpretado como

estacionário ou estável, fornecendo assim uma base válida

para a previsão.”

Se uma série é diferenciada d vezes para se tornar estacionária utiliza-se a

notação I(d). O que por sua vez origina a representação do modelo ARIMA (p,d,q)

A especificação de um modelo ARIMA usualmente segue a metodologia de

Box-Jenkins (1976) que se propõem a identificar p, d e q – e posterior estimação dos

mesmo parâmetros e . Esta metodologia utiliza como ferramentas principais a

Função de Autocorrelação (FAC), a Função de Correlograma Parcial (FACP) e os

Correlogramas (representações gráfica) das mesmas para especificação e estimação dos

parâmetros dos modelo ARIMA.

Uma vez concluída esta etapa, a verificação do ajuste apropriado do modelo aos

dados da série pode ser comprovada checando se os resíduos gerados pelo modelo se

apresentam como ruído branco.

3.4. Avaliação de performance

Comumemente, utilizam-se como parâmetro de avaliação de performance de

modelos preditivos cálculos de médias e/ou médias quadrática dos erros da previsão.

Neste trabalho, estabeleceram-se parâmetros de avaliação que se valem de médias

percentuais dos erros e que utilizam a raiz quadrada da média quadrática dos erros.

Considerando as limitações na avaliação de previsões realizadas unicamente através de

parâmentros calculados por médias (Clements e Hendry, 2003), também se utilizará de

um parâmetro de avaliação que indica o grau de ajuste entre a série estimada e a

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39

original, buscando assim, obter maior robustez na avaliação final. Os parâmetros

mencionados estão definidos em sequência.

Estabelecido como Média Percentual Absoluta do Erro, ou Mean Absolute

Percent Error (MAPE), este parâmetro de avaliação indica percentualmente a média

absoluta do erro de previsão. Ou seja, tão quanto maior o valor do MAPE, maior o erro

de previsão do modelo. O cálculo do MAPE é estabelecido através da formulação

seguinte

100..1

1

^

n

k k

kk

y

yy

nMAPE (Equação 3.18)

sendo ky^

o valor estimado pelo modelo para o instante k e n é o tamanho da amostra.

O parâmetro definido como Raiz Quadrada da Média Quadrática dos Erros, ou

ainda, Root Mean Squared Error (RMSE), também busca indicar o tamanho do erro de

previsão. De mesma sorte, quanto maior o valor do RMSE, maior o erro da previsão

oferecida. Calcula-se o MAPE através da equação

n

e

RMSE

n

k

k 1

2

, (Equação 3.19)

tendo e como o erro da previsão para o instante k e n é o número de observações da

amostra.

O Índice de Desigualdade de Theil (U de Theil ou U-Theil) é o parâmetro

utilizado neste trabalho que busca valorar o ajuste da série estimada à série original. A

série prevista terá tanto ajuste à original quanto este parâmetro se aproximar de zero.

Por conseguinte, quanto mais próximo a zero o indicador melhor o desempenho do

modelo preditivo. O índice U de Theil é definido por

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40

n

y

n

y

n

yy

TheildeUnk

Kk

k

nK

Kk

k

nK

Kk

kk

1

2

1

2

1

2

ˆ

ˆ

, (Equação 3.20)

sendo ky previsão para o instante k, ky o valor da série original e n tamanho da

amostra.

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41

4. Implementação e Resultados

4.1. Séries temporais a serem estimadas

No escopo deste trabalho foram utilizadas duas séries temporais para

implementação dos modelos de previsão:

(i) Série mensal entre Outubro/1994 e Setembro/2010 (192 observações) de

valores de aluguel (US$/dia) de navios petroleiros do tipo VLCC para

contratos TCP com duração de 1 ano (TC1YR);

(ii) Série mensal entre Outubro/1994 e Setembro/2010 (192 observações) de

valores de aluguel (US$/dia) de navios petroleiros do tipo VLCC para

contratos TCP com duração de 3 anos (TC3YR).

Ambas as séries acima mencionadas foram extraídas do banco de dados Shipping

Intelligence Network do shipbroker Clarkson, com sede em Londres e considerado

referência neste mercado.

É importante mencionar, no entanto, que na estimação utilizando RNAs este

trabalho utiliza análise multivariada, a qual está especificada no item 4.2.

A representação gráfica das séries univariadas TC1YR e TC3YR de valores de

aluguel encontram-se abaixo na figura 4.1 (a) e 4.1 (b). Na figura 4.1 (c) encontram-se

as mesmas séries sobrepostas.

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1997 1999 2001 2003 2005 2007 200920

30

40

50

60

70

80

90

TC1YR

(a)

1997 1999 2001 2003 2005 2007 200920

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

TC3YR

(b)

1997 1999 2001 2003 2005 2007 200920

30

40

50

60

70

80

90

TC1YR

TC3YR

(c)

Figura 4.1 Gráficos das séries TC1YR e TC3YR.

4.2. Séries multivariadas

A estimação realizada através de RNAs neste trabalho é multivariada, ou seja,

recorre-se a adição de variáveis explicativas para a construção do modelo preditivo. A

opção por esta adição decorre da complexidade do mercado de transporte marítimo,

sendo realizada na expectativa de que a adição de variáveis agregue informações extras

ao modelo não capturadas por um modelo puramente univariado.

O conjunto de possíveis variáveis explicativas exploradas neste trabalho está

descrito abaixo na tabela 4.1.

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43

Tabela 4.1 Possíveis variáveis explicativas consideradas

Correlações

Séries Temporais1

Unidade Aluguel

VLCC para

TC 1 ano

Aluguel

VLCC para

TC 3 anos

Aluguel VLCC para TCP 1 ano US$/dia - 0,956

Aluguel VLCC para TCP 3 anos US$/dia 0,956 -

Frete mercado na rota AG2 – Japão WS 0,683 0,562

Frete mercado na rota AG – EUA WS 0,640 0,520

Valor venda do navio p/ demolição (sucata) US$ 0,826 0,815

VLCCs potencialmente no AG em 4 semanas Unidades -0,040 0,075

VLCCs potencialmente no AG em 8 semanas Unidades 0,440 0,480

Estoques Petróleo EUA 3 Barris -0,010 0,090

Importação de Derivados Mundial Barris/dia 0,757 0,674

Importação de Derivados EUA Barris/dia 0,765 0,681

Importação de Derivados Japão Barris/dia -0,194 -0,256

Importação de Petróleo Mundial Barris/dia 0,650 0,537

Importação de Petróleo EUA Barris/dia 0,685 0,588

Importação de Petróleo Japão Barris/dia -0,186 -0,166

Produção de Petróleo Mundial Barris/dia 0,857 0,794

Produção “comunista” de Petróleo 4 Barris/dia 0,696 0,577

Produção OPEP5 de Petróleo Barris/dia 0,904 0,911

Preço do Petróleo tipo Árabe Leve US$/barril 0,815 0,822

Valor do Bunker6 US$/ton 0,781 0,788

Entrega de novos navios por estaleiros Unidades 0,117 0,083

Navios retirados da frota (demolição ou perda) Unidades -0,491 -0,516

1 Todas as séries relacionadas foram extraídas do Clarkson Research Services (2010), a exceção da série

“Estoque petróleo EUA” (U.S. Energy Information Agency, 2011). 2 Arabian Gulf 3 Exclusa a Strategic Petroleum Reserve (SPR)

4 Contempla produção dos países da ex-USSR e Rússia

5 Organização dos Países Exportadores de Petróleo 6 Denominação do combustível para navios

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44

Para seleção das variáveis independentes a serem utilizadas pelo modelo

multivariado utilizaram-se basicamente os seguintes critérios:

(i) Correlação (R) entre as variáveis dependentes e as possíveis variáveis

independentes, observada através do coeficiente de correlação7;

(ii) Multi-colinearidade entre as possíveis variáveis independentes observada

pelo coeficiente de correlação entre as mesmas;

(iii) Avaliação crítica da influência e relação de causalidade das possíveis

variáveis independentes na varíavel dependente.

O critério de seleção relativo à correlação entre as séries temporais das variáveis

dependentes e séries temporais das possíveis variáveis independentes visa incluir no

modelo apenas aquelas que possuem maior relação linear com a variável dependente.

Assim sendo, quanto maior o coeficiente de correlação, mais favorável a indicação para

utilização da variável como integrante do sistema.

A avaliação da multi-colinearidade busca assegurar que duas possíveis variáveis

independentes a serem incluídas no modelo não tenham alto grau de correlação, o que

indicaria que as ambas agregam praticamente a mesma informação ao sistema, podendo,

por conseguinte, permanecer-se apenas com uma delas.

A avaliação crítica da influência das variáveis independentes sobre a variável

dependente, para inclusão das mesmas no modelo, calca-se no objetivo de se contemplar

também relações não-lineares entre as variáveis – uma vez que a correlação linear não

as considera. Esta também vale para exclusão de variáveis que embora apresentem

correlação, não tem relação de causalidade aparente com as séries a serem explicadas

(ex.: “Preço Petróleo tipo Árabe Leve” e “Valor do bunker”). Não obstante, as mesmas

foram testadas e não agregaram qualidade preditiva aos modelos.

Com base nos critérios acima mencionados selecionaram-se as variáveis

explicativas descritas na tabela 4.3 para a análise multivariada da série TC1YR.

7 Vide Anexo A deste trabalho.

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Tabela 4.2 Variáveis explicativas utilizadas para a análise multivariada da série TC1YR.

Séries Temporais

(Variáveis Explicativas)

Unidade

Aluguel VLCC para TCP 3 anos (TC3YR) US$/dia

Frete mercado na rota AG – Japão WS

Valor venda do navio p/ demolição (sucata) US$

Produção de Petróleo Mundial Barris/dia

Entrega de novos navios por estaleiros Unidades

Navios retirados da frota (demolição ou perda) Unidades

De mesma sorte, selecionaram-se as variáveis explicativas descritas na tabela 4.4

para a análise multivariada da série TC3YR.

Tabela 4.3 Variáveis explicativas utilizadas para a análise multivariada da série TC3YR.

Séries Temporais

(Variáveis Explicativas)

Unidade

Aluguel VLCC para TCP 1 ano (TC1YR) US$/dia

Frete mercado na rota AG – Japão WS

Valor venda do navio p/ demolição (sucata) US$

Produção de Petróleo Mundial Barris/dia

Entrega de novos navios por estaleiros Unidades

Navios retirados da frota (demolição ou perda) Unidades

4.3. Modelagem de Redes Neurais Artificiais

A implementação das redes neurais, utilizando representações matemáticas do tipo

NARX, deu-se através de testes iterativos sobre os parâmetros livres de cada modelo até

que fosse encontrado o resultado mais ajustado. Especificamente, variou-se para:

(i) RNAs-MLP, o número de camadas ocultas e o número de neurônios das

camadas ocultas;

(ii) RNAs-RBF, o número de centros de cada função de base radial.

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As RNAs-MLP foram treinadas utilizando o algoritmo de segunda ordem

Leverbeng-Marquardt (Leverbeng, 1944; Marquardt, 1963). Estas foram estimadas

considerando uma camada de entrada (neurônios sem funções de ativação), uma cada

oculta (neurônio(s) com função(ões) de ativação do tipo sigmóide) e uma camada de

saída (um neurônio com função de ativação linear).

Já as redes neurais de função de base radial (RBF) foram estimadas considerando

uma camada de entrada (neurônios sem funções de ativação), uma cada oculta

(neurônio(s) com função(ões) de base radial do tipo gaussiana) e uma camada de saída

(um neurônio que faz a estimativa dos pesos da RNA). Para o treinamento deste tipo de

RNA utilizou-se o algoritmo k-médias e o método de Evolução Diferencial.

4.4. Modelagem Auto-Regressiva Integrada de Média Móvel (ARIMA)

Por definição, o modelo linear ARIMA é univariado, ou seja, vale-se somente da

própria série temporal para realização de sua previsão.

Para a estimação do modelo ARIMA (p, d, q) mais apropriado, tomaram-se as

séries univariadas estacionárias. Notar que, seguindo a metologia, neste estágio estamos

tratando de um modelo ARIMA (p, 1, q), pois a condição de estacionariedade das séries

foi alcançada através de uma diferenciação8.

Em sequência, para determinação completa do modelo a ser utilizado tomaram-se

os correlogramas das séries (FAC e FACP). Esta metodologia indicou o modelo

ARIMA (1, 1, 0) como o mais ajustado a ambas as séries univariadas.

De forma a assegurar-se que o ajuste resultante da aplicação da metodologia é

apropriado, aplicou-se o teste de Ljung-Box para defasagem 25 com vistas a checar se

os resíduos gerados por tal modelo seriam do tipo ruído branco (conforme discutido no

item 3.3.2). Para a defasagem estipulada, o teste assegura, no caso de aceitação da

hipótese nula (H0 = 0), que a soma das 25 autocorrelações ao quadrado dos resíduos não

é estatisticamente significativa. Os resultados para um nível de significância de 5%

estão demonstrados na tabela 4.4.

8 Vide Apêndice A deste trabalho.

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Tabela 4.4 Teste estatístico Ljung-Box (LB)

LB Valor Crítico (LB) H0

Série: TC1YR‟ 28,65 37,65 0

Série: TC3YR‟ 21,74 37,65 0

Notar que a hipótese nula é rejeitada quando

Estatística LB > Valor Crítico (LB) (Equação 4.1)

4.5. Treinamento e Validação

O treinamento, ou também estimativa no caso do método linear ARIMA, dos

modelos apresentados neste trabalho foi realizado utilizando a metade inicial dos pontos

disponíveis em cada série (ou seja, 96 observações). Para realização de previsão e,

subsequente validação com dados fora da amostra utilizada no treinamento, valeu-se dos

50% remanescentes dos dados.

Considerando um instante de previsão m fora da amostra de estimação, a validação

e a avaliação de desempenho dos modelos foram realizadas considerando os seguintes

horizontes de previsões:

(i) Para o período imediatamente seguinte ao instante de previsão m, ou seja,

para o mês seguinte: m+1;

(ii) Para o segundo período subseqüente ao instante da previsão m, ou seja,

para o mês m+2;

(iii) Para o terceiro período subseqüente ao instante da previsão m, ou seja, para

o mês m+3;

(iv) Para o sexto período subseqüente ao instante da previsão m, ou seja, para

os mês m+6.

4.6. Resultados

Os resultados provenientes das previsões para períodos imediatamente posteriores

ao instante de previsão m estão apresentados na tabela 4.5. Em ambas as séries

analisadas, o modelo preditivo RNA-RBF, demonstrou-se mais apurado em todos os

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48

critérios estabelecidos para avaliação de desempenho. O modelo RNA-MLP suplantou o

modelo ARIMA de mesmo modo.

A predição da série TC3YR demonstrou boa aderência com a série original

conforme indicação do índice de desigualdade de Theil (0,0278). Mais ainda, o erro

médio percentual (MAPE) indicou um valor 4,568% para a mesma série.

Tabela 4.5 Resultados dos modelos preditivos para instante m+1.

SÉRIE MODELOS

RMSE MAPE U-THEIL

Previsão: m+1

TC1YR

ARIMA (1,1,0) 11,176 17,384 0,1382

RNA-MLP 11,003 15,019 0,1075

RNA-RBF 5,414 7,278 0,0508

Previsão: m+1

TC3YR

ARIMA (1,1,0) 9,407 17,084 0,1254

RNA-MLP 8,428 13,583 0,1002

RNA-RBF 2,487 4,568 0,0278

A tabela 4.6 demonstra os resultados das previsões para dois períodos (m+2)

subseqüentes ao instante de previsão. Observa-se que há uma redução no desempenho

das previsões oferecidas por todos os modelos, o que se pode notar através de todos os

critérios de desempenho utilizados. Não obstante, infere-se que tais reduções,

naturalmente, advêm muito mais de um maior distanciamento entre o instante de

realização da previsão e o instante previsto do que em função da modelagem –

reforçado ainda pelo fato de que todos os modelos tiveram decréscimo de performance

neste caso.

Mais ainda, assim como no desempenho aferido para período subseqüente (m+1),

através do desempenho das predições para o período m+2, demonstrados na tabela 4.6

abaixo, é possível perceber que as previsões para a série TC3YR são mais acuradas do

que para a série TC1YR, fato apontado por todos os critérios de avaliação. A maior

volatilidade da série TC1YR, possivelmente, é um dos principais fatores contribuintes

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49

para o fato. Não obstante, o desempenho resultante para a série TC1YR, em especial na

modelagem RNA-RBF, continua a estar em níveis bastante razoáveis.

Tabela 4.6 Resultados dos modelos preditivos para instante m+2.

SÉRIE MODELOS

RMSE MAPE U-THEIL

Previsão: m+2

TC1YR

ARIMA (1,1,0) 15,975 28,281 0,2328

RNA-MLP 11,912 18,387 0,1257

RNA-RBF 10,078 12,867 0,0967

Previsão: m+2

TC3YR

ARIMA (1,1,0) 14,308 27,522 0,2076

RNA-MLP 8,905 14,081 0,1047

RNA-RBF 4,127 7,116 0,0467

Para as predições envolvendo três (m+3) e seis (m+6) períodos subseqüentes ao

instante de previsão os resultados estão apresentados nas tabelas 4.9 e 4.10,

respectivamente. Novamente, a redução no desempenho das previsões tão quanto maior

é o distanciamento entre o instante de realização da previsão e o ponto previsto continua

sendo evidente.

Para os períodos de previsão m+3 e m+6, as análises mencionadas nos parágrafos

anteriores se aplicam perfeitamente, ou seja, a modelagem RNA-RBF supera em

desempenho a modelagem RNA-MLP, que por sua vez é melhor que o desempenho

apresentado pelo ARIMA. Mais ainda, têm-se, sistematicamente, todos os modelos

apresentando melhor desempenho na predição da série TC3YR. Vale notar que a

conclusão acima descrita de que a RNA-MLP suplanta o modelo ARIMA é semelhante

ao resultado da previsão de mercado de fretes spot obtido através RNA-MLP no

trabalho de Li e Parson (1997).

A única exceção ao descrito no parágrafo anterior registra-se no critério de

desempenho RMSE para previsão de m+6 na série TC1YR. Este aponta o modelo

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ARIMA superando o RNA-MLP. No entanto, nota-se que os outros dois critérios de

desempenho mantêm a indicação das análises anteriormente descritas.

Tabela 4.7 Resultados dos modelos preditivos para instante m+3.

SÉRIE MODELOS

RMSE MAPE U-THEIL

Previsão: m+3

TC1YR

ARIMA (1,1,0) 12,212 24,726 0,2004

RNA-MLP 11,905 21,131 0,1076

RNA-RBF 10,331 14,481 0,0980

Previsão: m+3

TC3YR

ARIMA (1,1,0) 13,914 27,583 0,2094

RNA-MLP 9,049 14,843 0,1070

RNA-RBF 5,505 9,913 0,0619

Tabela 4.8 Resultados dos modelos preditivos para instante m+6.

SÉRIE MODELOS

RMSE MAPE U-THEIL

Previsão: m+6

TC1YR

ARIMA (1,1,0) 12,311 25,740 0,2043

RNA-MLP 15,695 22,297 0,1563

RNA-RBF 11,957 18,148 0,1215

Previsão: m+6

TC3YR

ARIMA (1,1,0) 14,019 29,611 0,2237

RNA-MLP 10,008 16,759 0,1173

RNA-RBF 8,766 16,582 0,0997

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51

No horizonte imposto aos modelos (de 1 a 6 períodos a frente), a qualidade

preditiva da RNA-RBF avaliada através dos parâmetros de performance estabelecido

foi inversamente proporcional a quantidade de períodos da previsão a frente. Sob o

mesmo aspecto, a RNA-MLP nas previsões da série TC3YR obteve o exato mesmo

desempenho (também indicado por todos os parâmetros de avaliação). Já para as

previsões realizadas para a série TC1YR, o indicativo do mesmo comportamento é

transparecido, porém na estimação específica do período m+3, em dois dos três

parâmetros há uma aparente inconsistência com a mencionada conclusão. No entanto,

como essas inconsistências não são denotadas por alterações demasiadas nos

parâmetros, a interpretação mais razoável é a de que a consideração deste

comportamento seja consistente.

O modelo ARIMA também aparenta o mesmo comportamento, porém o número

de inconsistências semelhantes às citadas para o modelo RBN-MLP na série TC1YR é

bem maior.

Em suma, os resultados preditivos oriundos das RNAs são bastante razoáveis. Em

especial os resultados da RNA-RBF são encorajadores. O modelo RNA-RBF alcançou

sua melhor performance na predição de instantes m+1, provendo um MAPE de 4,568%

e boa aderência a curva da série original TC3YR com um U-Theil de 0,0278. A mesma

modelagem ainda rendeu a melhor perfomance para o mesmo instante de predição com

MAPE de 7,278% e U-Theil de 0,0508 para a série TC1YR. A RNA-MLP performou

sensivelmente melhor do que o modelo AR(1,1,0), porém não obteve a mesma

qualidade de predição da RNA-RBF.

A representação gráfica das previsões para os períodos m+1, m+2, m+3 e m+6

com a representação gráfica dos respectivos resíduos das previsões constam dos

apêndices B.1, B.2, B.3 e B.4, respectivamente.

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5. Conclusão

A questão energética permanece latente do ponto de vista ambiental e sócio-

econômico em âmbito mundial. A voracidade com que o mundo moderno demanda

energia implica na produção da mesma em uma escala industrial ainda rampante.

Apesar dos recentes compromissos adotados por diversos países visando reduzir o

consumo de energia de origem fóssil globalmente – e, por conseqüência, seus

respectivos impactos –, se antevê um incremento de quase 18% até 2035 (IEA, 2010)

no consumo mundial de petróleo, já contabilizado o cumprimento futuro destes

compromissos.

O comércio externo de petróleo utilizando o modal marítimo é responsável por

movimentar mais de 45% do volume de petróleo consumido diariamente no mundo. A

classe de navios petroleiros com maior representatividade na frota mundial em termos

de tpb é o VLCC, respondendo por 35,2% da tonelagem disponível (Clarkson Research

Service, 2010). É patente, por conseguinte, a importância do papel desempenhado pela

classe no cenário econômico mundial.

A modelagem do mercado de transporte marítimo parece terreno fértil para novos

estudos. Perante a discutida significância sócio-econômica da atividade este

direcionamento parece ganhar ainda mais motivação. Os trabalhos já dedicados ao

campo deixaram contribuições significativas, porém há espaço para discussão de pontos

que permanecem controversos (ou simplesmente inexplorados).

As controvérsias ficam evidentes, por exemplo, em: (i) discussões sobre

estacionariedade das séries temporais deste mercado – pré-requisito sobre o qual estão

lastrados estudos utilizando metodologias auto-regressivas (Veenstra, 1999; Wright,

2003) –, alcançado normalmente através da primeira diferença, resultado que é

contraposto pelo trabalho de Tvedt (2003); (ii) diversos trabalhos optam pela

modelagem do mercado através de métodos econométricos (vide item 2.1.2, 2.1.3 e

2.1.4), ao passo que trabalhos indicam a presença de não-linearidades significantes nas

séries temporais deste mercado (Adland e Cullinane, 2006; Thalassinos et al., 2009).

No tocante a modelagens objetivando em específico previsão no mercado de

transporte marítimo (tanto para graneleiros como petroleiros), os razoavelmente

esparsos trabalhos deram foco maior as previsões de frete no mercado spot (vide

capítulo 2). A modelagem aspirando previsão no mercado de alugueis é mais restrita.

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Além dos esforços para o entendimento da formação das taxas de aluguel de Strandenes

(1984) e Berg-Andreassen (1997) – sobre esse último ainda pairam questionamentos

metodológicos (conforme discutido no item 2.1.8) –, os trabalhos de que se tem registro

que pragmaticamente tenham envidado esforços para oferecer previsão de taxas de

aluguel foram os de Beenstock e Vergottis (1989, 1993). Muito embora, sobre

Beenstock e Vergottis (1989, 1993) – bem como sobre a modelagem econométrica do

mercado de transporte marítimo –, permanece a questão da representatividade dos

mesmos perante os indícios de presença de não-linearidades significantes nas séries

temporais. Justamente, com vistas a contribuir na discussão sobre o assunto, este

trabalho se coloca. O emprego de RNAs na modelagem de taxas de aluguel de

petroleiros – propósito que até o momento não tem sido contemplado pela literatura

disponível – objetivado neste trabalho tenta contribuir no preenchimento deste espaço

específico.

De mesma sorte, por conta das RNAs apresentarem resultados interessantes em

séries temporais com relações não-lineares (White, 1992; White e Stinchcombe 1992;

De Gooijer e Kumar, 1994; Portugal e Fernandes, 1995), conjugado com o fato dessas

já terem sido amplamente testadas e aplicadas em outros campos, entende-se como

apropriada a iniciativa do trabalho. Ademais, a não implementação da aplicação de

RNAs-RBF na modelagem de transporte marítimo, até onde se dá conta pela literatura,

também é motivadora.

Os resultados obtidos demonstram que a RNA-RBF ofereceu previsões de melhor

qualidade em todos aspectos contemplados neste trabalho. A RNA-MLP ofereceu

consistentemente melhores previsões que o modelo elementar ARIMA, fato consistente

com os achados de Li e Parson (1997) em estudo que, no entanto, considera o mercado

spot de frete de petroleiros. Vale ainda mencionar que sistematicamente – tanto RNAs

quanto ARIMA – obtiveram melhor desempenho preditivo na série de taxa de aluguel

para contratos com período de 3 anos. Possivelmente, este fato deve ser oriundo da

menor volatilidade da mesma quando comparada a série temporal de taxa de aluguel

para contratos com duração de 1 ano.

Os resultados alcançados apontam para um desempenho preditivo bastante

satisfatório das RNAs, em especial da RNA-RBF. Para o horizonte ao qual os modelos

foram solicitados a fornecer previsões (de 1 a 6 períodos a frente), a qualidade preditiva

da RNAs foi inversamente proporcional a quantidade de períodos da previsão a frente –

como evidenciada pelos parâmetros de performance.

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54

Dos estudos utilizando RNAs para previsão do mercado spot de fretes já

mencionados (Li e Parson, 1997; Lyridis et al. 2004) que oferecem resultados de

modelo alternativo como base comparativa (a saber: ARIMA e modelo naive,

respectivamente) indicam que o RNAs suplantaram os modelos alternativos mais

destacadamente para o caso de previsões de longo termo. Embora tratarem-se de

estudos que consideraram séries temporais não referentes ao mercado de aluguéis para

petroleiros, entende-se que o paralelo é de interesse em função da integração entre os

mercados (Wright, 1999; Batchelor et al.2007). De toda sorte, vale notar que os

resultados encontrados neste trabalho demonstram que as RNAs tiveram melhor

desempenho para quaisquer dos períodos considerados, não apenas no caso de

previsões de mais longo termo.

Este trabalho restringiu-se a aplicação de RNAs a classe de petroleiros VLCC.

Embora esta seja a classe da frota com maior representatividade em termos de

tonelagem de porte bruto (mais de um terço do total), seria interessante a aplicação da

modelagem para as demais classes de navios petroleiros visando aferir o desempenho

da mesma e obtendo-se, assim, maior validação para o mercado de petroleiros. Mais

adiante, o aproveitamento do mesmo para mercado de navios graneleiros – em vista das

similaridades com o mercado de petroleiros – possivelmente pode render resultados de

interesse.

Dado o desempenho demonstrado pelas RNAs-RBF neste trabalho, a utilização

do mesmo para modelagem preditiva do mercado de frete spot parece atraente,

adicionada do fato da metodologia de RNAs-RBF ter sido pouco explorada neste

campo específico pela literatura. No caso de eventual aplicação ao mercado spot

sugere-se explorar a contribuição do mercado futuro de fretes na elaboração de

predições em vista da evidências de co-integração entre as séries de frete físico e futuro

(Batchelor et al.,2007).

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62

Apêndice A - Estacionaridade das séries

temporais

Conforme discutido no item 3.3.1, com vistas a assegurar-se que as séries

temporais em questão são do tipo estacionária, tem-se abaixo na tabela A.1 os

resultados do teste estatístico Aumentado de Dick-Fuller (ADF), que se serve a este

propósito. A hipótese nula (H0) implicada neste teste estatístico determina a

estacionaridade da série caso esta seja rejeitada (ou seja, H0=1).

A hipótese nula é rejeitada quando

Estatística ADF > Valor Crítico (ADF)

Tabela A.1 Teste estatístico Aumentado de Dickey-Fuller

ADF Valor Crítico (ADF) H0

Série: TC1YR -0,5108 1,9424 0

Série: TC3YR -0,2450 1,9424 0

Considerando o resultado acima, de modo a buscar uma transformação que

tornasse a série estacionária aplicou-se a função logarítmica

yt‟ = ln(yt),

e, sequencialmente, aplicou-se a primeira diferença,

y‟ = (yt‟ - yt-1‟)

sobre os dados de cada série. A aplicação destas transformações sobre a série

original tem o intuito de transformar tendências exponenciais da série em lineares e

amortizar instabilidades das variâncias (Gujarati, 2000).

Os resultados do teste estatístico Aumentado de Dick-Fuller (ADF) para as

mesmas séries transformadas está descrito na tabela A.2, indicando a estacionaridade

destas.

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63

Tabela A.1 Teste estatístico Aumentado de Dickey-Fuller

ADF Valor Crítico (ADF) H0

Série: TC1YR‟ -3,7067 1,9424 1

Série: TC3YR‟ -4,2489 1,9424 1

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64

Apêndice B – Gráficos das previsões

produzidas

B.1 Gráficos para previsões de períodos m+1

(a) (b)

Figura B.1 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-RBF para m+1; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-20

-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.2 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-RBF para m+1; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

10 12

Residuals

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 25

30

35

40

45

50

55

60

65

70 real and forecasted series

Previsão Real

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65

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10Residuals

(b)

Figura B.3 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-MLP para m+1; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20Residuals

(b)

Figura B.4 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-MLP para m+1; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.5 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão AR(1,1,0) para m+1; (b) respectivos resíduos.

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66

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.6 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão AR(1,1,0) para m+1; (b) respectivos resíduos.

B.2 Gráficos para previsões de períodos m+2

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-15

-10

-5

0

5

10Residuals

(b)

Figura B.7 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-RBF para m+2; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-40

-30

-20

-10

0

10

20Residuals

(b)

Figura B.8 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-RBF para m+2; (b) respectivos resíduos.

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67

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.9 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-MLP para m+2; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.10 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-MLP para m+2; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

25

30

35

40

45

50

55

60

65real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.11 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão AR(1,1,0) para m+2; (b) respectivos resíduos.

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68

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.12 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão AR(1,1,0) para m+2; (b) respectivos resíduos.

B.3 Gráficos para previsões de períodos m+3

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.13 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-RBF para m+3; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-40

-30

-20

-10

0

10

20Residuals

(b)

Figura B.14 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-RBF para m+3; (b) respectivos resíduos.

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69

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.15 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-MLP para m+3; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-30

-20

-10

0

10

20

30Residuals

(b)

Figura B.16 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-MLP para m+3; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

25

30

35

40

45

50

55

60

65real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.17 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão AR(1,1,0) para m+3; (b) respectivos resíduos.

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70

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201015

20

25

30

35

40

45

50

55

60real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.18 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão AR(1,1,0) para m+3; (b) respectivos resíduos.

B.4 Gráficos para previsões de períodos m+6

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25Residuals

(b)

Figura B.19 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-RBF para m+6; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Previsão

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-40

-30

-20

-10

0

10

20Residuals

(b)

Figura B.20 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-RBF para m+6; (b) respectivos resíduos.

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71

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201025

30

35

40

45

50

55

60

65

70real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15Residuals

(b)

Figura B.21 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão RNA-MLP para m+6; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

30

40

50

60

70

80

90real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30Residuals

(b)

Figura B.22 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão RNA-MLP para m+6; (b) respectivos resíduos.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201020

25

30

35

40

45

50

55

60real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5Residuals

(b)

Figura B.23 (a) Gráficos da série TC3YR versus previsão AR(1,1,0) para m+6; (b) respectivos resíduos.

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72

2004 2005 2006 2007 2008 2009 201015

20

25

30

35

40

45

50

55

60real and forecasted series

Predicted

Real

(a)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10Residuals

(b)

Figura B.24 (a) Gráficos da série TC1YR versus previsão AR(1,1,0) para m+6; (b) respectivos resíduos.

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73

Anexo A – Coeficiente de Correlação

Considerando-se A e B duas variáveis aleatórias, o coeficiente de correlação entre

as mesmas é dado por

yx

n

i

yixi yx

R

.

)()(1

,

Onde, x e y são médias de variáveis aleatórias x e y, respectivamente; e x e

y são desvios padrão das mesmas variáveis aleatórias.