guia afretamento 2013

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GUIA PARA AFRETAMENTO DE EMBARCAÇÕES MARCOS MACHADO DA SILVEIRA

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Page 1: Guia Afretamento 2013

GUIA PARA AFRETAMENTO

DE EMBARCAÇÕES

MARCOS MACHADO DA SILVEIRA

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Guia Para Afretamento de Embarcações

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MARCOS MACHADO DA SILVEIRA

GUIA PARA AFRETAMENTO DE EMBARCAÇÕES

1ª edição

Niterói/RJ Edição do Autor

2013

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Guia Para Afretamento de Embarcações

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©2013 Marcos Machado da Silveira Direitos reservados ao Autor. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou qualquer meio, eletrônico ou mecânico, sem a permissão por escrito do Autor. Texto: Marcos Machado da Silveira Projeto Gráfico e Capa: Marcos Machado da Silveira Formatação e Diagramação: Marcos Machado da Silveira Revisão: Cláudia Regina. M. Baptista

Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

911492 Silveira, Marcos Machado da: Guia Para Afretamento de Embarcações.

1º ed. – Niterói/RJ: Edição do Autor, 2013. 49 p.; A4

ISBN: 978-85-911492-1-6 (PDF)

1. Guia para Afretamento de Embarcações. I. Silveira, Marcos Machado da (Brasil).

CDD 600

Marcos Machado da Silveira Niterói/RJ

[email protected]

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Guia Para Afretamento de Embarcações

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ÍNDICE DEFINIÇÕES .................................................................................................................................................5 FAQ’s ............................................................................................................................................................9 LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................................. 18

Constituição Federal ................................................................................................................................ 18 Lei nº 9.432 de 8 de janeiro de 1997 ....................................................................................................... 18 Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001 ...................................................................................................... 19 Resoluções da ANTAQ ............................................................................................................................ 19

OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................... 27 Geral ........................................................................................................................................................ 27 Cabotagem e Longo Curso ...................................................................................................................... 27 Apoio Marítimo ......................................................................................................................................... 27

TRIPULAÇÃO ............................................................................................................................................. 28 Embarcação Brasileira ............................................................................................................................. 28 Embarcação Estrangeira (RN 72, MTE/CGI) ........................................................................................... 28

REPETRO .................................................................................................................................................... 32 Introdução ................................................................................................................................................ 32 Noções Gerais ......................................................................................................................................... 35 Modalidades ............................................................................................................................................ 36

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 49

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DEFINIÇÕES Águas Jurisdicionais Brasileiras – AJB: São águas jurisdicionais brasileiras (AJB): a) as águas marítimas abrangidas por uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil, e que constituem o Mar Territorial (MT); b) as águas marítimas abrangidas por uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o Mar Territorial, que constituem a Zona Econômica Exclusiva (ZEE); c) as águas sobrejacentes à Plataforma Continental quando esta ultrapassar os limites da Zona Econômica Exclusiva; e d) as águas interiores, compostas das hidrovias interiores, assim consideradas rios, lagos, canais, lagoas, baías, angras e áreas marítimas consideradas abrigadas. Afretamento a Casco Nu (Bareboat Charter Party): Contrato em virtude do qual o afretador tem a posse, o uso e o controle da embarcação, por tempo determinado, incluindo o direito de designar o comandante e a tripulação. Afretamento por Tempo (Time Charter Party): Contrato em virtude do qual o afretador recebe a embarcação armada e tripulada, ou parte dela, para operá-la por tempo determinado. Afretamento por Viagem (Voyage Charter Party): Contrato em virtude do qual o fretador se obriga a colocar o todo ou parte de uma embarcação, com tripulação, à disposição do afretador para efetuar transporte em uma ou mais viagens. ANTAQ: Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Possui as atribuições de regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária, harmonizando os interesses do usuário com os das empresas prestadoras de serviço, preservando o interesse público. Área do Porto Organizado: A área compreendida pelas instalações portuárias, quais sejam, ancoradouros, docas, cais, pontes e píeres de atracação e acostagem, terrenos, armazéns, edificações e vias de circulação interna, bem como pela infraestrutura de proteção e acesso aquaviário ao porto, tais como guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de fundeio que devam ser mantidas pela Administração do Porto. Armador Brasileiro: pessoa física residente e domiciliada no Brasil que, em seu nome ou sob sua responsabilidade, apresta a embarcação para sua exploração comercial:

As embarcações adquiridas com financiamento, total ou parcial, de estabelecimento oficial de crédito e também com financiamento externo concedido a órgãos da administração pública federal, direta ou indireta;

As importadas com quaisquer favores governamentais (benefícios de ordem fiscal, cambial ou financeiro concedidos pelo Governo Federal); e

As importadas por qualquer órgão da administração pública federal, estadual e municipal, direta ou indireta, inclusive empresas públicas e sociedades de economia mista.

Autorização de Afretamento: Ato pelo qual a ANTAQ autoriza a empresa brasileira de navegação a afretar embarcação estrangeira para operar na navegação correspondente à sua outorga, e/ou com direito a transportar a carga prescrita.

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Carga Prescrita: A carga de importação proveniente de países que pratiquem, diretamente ou por intermédio de qualquer benefício, subsídio, favor governamental ou prescrição de carga em favor de embarcação de sua bandeira, cujo transporte seja reservado a embarcações de bandeira brasileira. Certificado de Autorização de Afretamento – CAA: Documento emitido pela ANTAQ que autoriza o afretamento de embarcação estrangeira para operar na navegação prevista na outorga da empresa brasileira de navegação afretadora. Certificado de Liberação de Carga Prescrita – CLCP: Documento emitido pela ANTAQ que formaliza a liberação do transporte de carga prescrita por empresa de navegação estrangeira. Certificado de Liberação de Embarcação – CLE: Documento emitido pela ANTAQ que formaliza a liberação de embarcação estrangeira, afretada por empresa brasileira de navegação operando em serviço regular, para o transporte de carga prescrita. Circularização: Procedimento para consulta formulada por empresa brasileira de navegação que pretenda a autorização de afretamento por viagem de embarcação estrangeira, ou utilizar embarcação afretada por tempo ou a casco nu no transporte de carga prescrita e/ou para operação no tipo de navegação definido na sua outorga. Conhecimento de Transporte (Bill of Lading): Formaliza o contrato de transporte aquaviário de carga. Conselho da Autoridade Portuária – CAP: Atua, juntamente com as Autoridades Portuárias, nas questões de desenvolvimento da atividade, promoção da competição, proteção do meio ambiente e de formação dos preços dos serviços portuários e seu desempenho. Conservação: Manutenção rotineira da embarcação que envolva o conjunto de atividades destinadas a mantê-la, e a seus equipamentos, dentro de suas especificações técnicas. Construção: Execução de projeto de embarcação desde o início das obras até o recebimento do termo de entrega pelo estaleiro. Conversão: Mudanças estruturais e de sistemas, na embarcação, que modifiquem suas características básicas, podendo alterar o seu emprego. Embarcação Brasileira: A que tem o direito de arvorar a bandeira brasileira. Embarcação de Bandeira Brasileira: A embarcação inscrita em órgão do Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário (SSTA) da Marinha do Brasil e, registrada no Registro de Propriedade Marítima, de propriedade de pessoa física residente e domiciliada no País ou de pessoa jurídica brasileira, ou sob contrato de afretamento a casco nu, neste caso inscrita no Registro Especial Brasileiro – REB, por empresa brasileira de navegação condicionado à suspensão provisória de bandeira no país de origem. Empresa Brasileira de Navegação Interior: Pessoa jurídica, constituída segundo as leis brasileiras, com sede no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário, autorizada pela ANTAQ a explorar o serviço de transporte exclusivamente de carga na navegação interior de percurso longitudinal. Empresa Brasileira de Navegação – EBN: Pessoa jurídica constituída segundo as leis brasileiras, com sede no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário, autorizada a operar pelo órgão competente.

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Empresa de Navegação de Longo Curso: A empresa brasileira de navegação autorizada pela ANTAQ a explorar serviços de transporte de carga no longo curso. Empresa de Transporte de Navegação Interior: Pessoa física que exerce profissionalmente a atividade econômica organizada de exploração do serviço de transporte de carga na navegação interior de percurso longitudinal, inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis, autorizado pela ANTAQ a explorar o serviço de transporte exclusivamente de carga na navegação interior de percurso longitudinal. Estaleiro Brasileiro: Pessoa jurídica constituída segundo as leis brasileiras, com sede no País, que tenha por objeto a indústria de construção e reparo navais. Frete Aquaviário: Mercadoria invisível do intercâmbio comercial, produzida por embarcação. Granel: É a mercadoria embarcada, sem embalagem ou acondicionamento de qualquer espécie, diretamente nos compartimentos de armazenamento. Hora Útil: A compreendida no período entre 08:00 e 18:00 h, de segunda-feira a sexta-feira, excetuados os dias em que não haja expediente nas repartições públicas federais. Instalação Portuária de Uso Privativo: A explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação e/ou armazenagem de mercadorias destinadas ou provenientes de transporte aquaviário. Modernização: Alteração de vulto que vise a aprimorar o desempenho da embarcação, de equipamentos e sistemas, sem modificar as características básicas e de seu emprego. Navegação de Apoio Marítimo: A realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona Econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos. Navegação de Apoio Portuário: A realizada exclusivamente nos portos e terminais aquaviário, para atendimento a embarcações e instalações portuárias. Navegação de Cabotagem: A realizada entre portos brasileiros, utilizando exclusivamente a via marítima ou a via marítima e as interiores. Navegação de Longo Curso: A realizada entre portos brasileiros e portos estrangeiros, sejam marítimos, fluviais ou lacustres. Navegação Fluvial e Lacustre: A realizada entre portos brasileiros, utilizando exclusivamente as vias interiores. Navegação Interior: A realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional. NVOCC (Non-Vessel Operating Common Carrier): É um Operador de Transporte, não Armador, que emite conhecimento de embarque próprio e que trabalha na exportação para um país, atendendo aos embarcadores de pequenos volumes. Para que o NVOCC estrangeiro possa operar no Brasil, na importação, é necessário que ele nomeie um Agente Desconsolidador de carga marítima como seu representante no país. Para obter o registro de NVOCC e de seu respectivo Agente Desconsolidador, deve-se efetuar o cadastramento no Departamento de Marinha Mercante – DMM.

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Operação Portuária: A de movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por operadores portuários. Operador Portuário: Pessoa jurídica pré-qualificada para a execução de operação portuária na área do porto organizado. Porto: Atracadouro, terminal, fundeadouro ou qualquer outro local que possibilite o carregamento e o descarregamento de carga. Porto Organizado: O construído e aparelhado para atender as necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de autoridade portuária. Pré-Registro no REB: Registro provisório de embarcação com contrato de construção, com estaleiro nacional, visando ao benefício dos incentivos do REB. Registro Especial Brasileiro – REB: O Registro Especial Brasileiro – REB foi instituído para o registro de embarcações brasileiras, operadas por empresas brasileiras de navegação. Reparo ou reparação: É a atividade necessária à restauração das especificações técnicas do material de bordo e que se revista de caráter predominantemente eventual. REPETRO: Regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens destinados à exploração e/ou produção de petróleo e/ou gás natural. No Regulamento Aduaneiro brasileiro, o regime de admissão temporária ou REPETRO, foi estabelecido na IN SRF nº 285/2003. Rota: Trajeto que inclui os portos e terminais de embarque e desembarque de carga, atendido por um serviço autorizado. Serviço Regular: Serviço prestado em regime de linha, com escalas predeterminadas e periódicas, para transporte de carga. Suspensão Provisória de Bandeira: Ato pelo qual o proprietário da embarcação suspende temporariamente o uso da bandeira de origem, a fim de que a embarcação seja inscrita em registro de outro país. Terminal de Uso Privativo – TUP: É a instalação construída ou a ser implantada por instituições privadas ou públicas, não integrante do patrimônio do Porto Público, para a movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ao transporte aquaviário ou provenientes dele. Somente será admitida à implantação de terminal dentro da área do porto organizado quando o interessado possuir domínio útil do terreno. Tripulante: Trabalhador aquaviário, com vínculo empregatício, que exerça funções, embarcado, na operação da embarcação.

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FAQ’s 1. Quais são as principais normas da ANTAQ que regem a navegação marítima brasileira?

A navegação marítima no Brasil é regulada por meio de leis, decretos e resoluções, tais como a Lei 9.432/97, que ordena o transporte aquaviário; a Resolução 2.510-ANTAQ, que revoga as Resoluções 843 e 879 e que normatiza a outorga para operar nos diversos tipos de navegação; e, as Resoluções 493, 494, 495 e 496- ANTAQ, que tratam do afretamento de embarcações.

2. É preciso obter autorização para operar na navegação marítima brasileira?

Se a empresa pretende operar nas navegações de longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário será necessário solicitar e obter autorização da ANTAQ para este fim. Para maiores informações, devem ser consultadas as Resoluções 2.510 e 1.766 da ANTAQ.

3. Como uma empresa obtém uma autorização para operar na navegação marítima no Brasil?

A autorização para operar nos quatro tipos de navegação será concedida à pessoa jurídica constituída nos termos da legislação brasileira, com sede e administração no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário, e que atenda aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos na Resolução 2.510-ANTAQ. Além disso, deverá formalizar o pedido de autorização, em requerimento dirigido ao Diretor-Geral da ANTAQ, apresentando documentos exigidos pela Agência, tais como: contrato ou estatuto social, documentos de propriedade de embarcações, balanço patrimonial, certificado de segurança da navegação, certidões negativas fiscais, dentre outros. Esta documentação poderá ser apresentada em original, em cópia autenticada em cartório ou pela ANTAQ, ou como cópia de publicação em órgão da imprensa oficial. A autorização terá vigência a partir da data de publicação no Diário Oficial da União. Mais detalhes sobre o processo de outorga podem ser consultados no texto integral da Resolução 2.510-ANTAQ e seus respectivos anexos.

4. Qual é o passo a passo para a obtenção de autorização para operar na navegação marítima e

de apoio? 1 - A empresa interessada deverá protocolar o pedido de autorização conforme o modelo disposto no Anexo A da Resolução nº 2.510-ANTAQ, de 19 de junho de 2012, juntamente com os documentos relacionados no Anexo B da referida norma na sede da ANTAQ ou em qualquer uma das 14 (quatorze) Unidades Administrativas Regionais; 2 - A documentação, que poderá ser original, autenticada em cartório ou pela ANTAQ, é verificada pelas Unidades Regionais Administrativas Regionais ou pela Gerência de Outorga da Navegação Marítima de Apoio quando o pedido for protocolado na cidade do Rio de Janeiro; 3 - As Unidades Administrativas Regionais enviam para a Gerência de Outorga da Navegação Marítima de Apoio à documentação para análise e emissão de nota técnica; 4 - Caso a empresa não apresente algum documento ou necessite apresentar documentação complementar para análise do requerimento, a solicitação da ANTAQ deverá ser atendida em até 15 (quinze) dias úteis, findo o qual o processo poderá ser arquivado; 5 - Havendo aprovação o processo é enviado para o Superintendente de Navegação Marítima e de Apoio que o encaminhará para a Procuradoria da ANTAQ no Rio de Janeiro que verificará os aspectos

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legais, emitindo parecer opinativo e remetendo o processo para a Procuradoria Geral da ANTAQ em Brasília; 6 - Após análise da Procuradoria Geral da ANTAQ o processo é encaminhado ao Diretor Relator, escolhido por sorteio automático, que emitirá um relatório com voto; 7 - Não havendo nenhuma pendência, o processo é encaminhado para ser incluído na pauta da reunião da Diretoria Colegiada da ANTAQ; e 8 - Com a aprovação da Diretoria Colegiada sobre o requerimento, é publicado no Diário Oficial da União, em cerca de 3 (três) dias, o Termo de Autorização e a Resolução. De maneira geral, quando a empresa apresenta todos os documentos elencados na Resolução nº 2.510-ANTAQ, da data do protocolo até a publicação no DOU, o prazo é de cerca de 45 (quarenta e cinco) a 60 (sessenta) dias para que a mesma obtenha a autorização. Maiores detalhes sobre o processo de outorga podem ser consultados no texto integral da Resolução 2.510-ANTAQ, de 194 de junho de 2012 e nos seus respectivos anexos.

5. Uma empresa de navegação estrangeira pode operar no Brasil? A Lei 9.432/97 não contempla a possibilidade de empresa estrangeira obter autorização para operar na navegação marítima brasileira. Esta outorga somente poderá ser concedida à pessoa jurídica constituída nos termos da legislação brasileira, com sede e administração no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário, ou seja, a uma Empresa Brasileira de Navegação. Por outro lado, a empresa de navegação estrangeira poderá atuar no longo curso, independente de ser outorgada pela ANTAQ, pois esta é aberta aos armadores, às empresas de navegação e às embarcações de todos os países, observados os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.

6. As embarcações de bandeira estrangeira podem operar nas navegações de cabotagem e interior de percurso natural? Sim, desde que afretadas por uma Empresa Brasileira de Navegação (EBN), atendido o disposto nos arts. 9º e 10 da Lei 9.432/97, que dispõe sobre a ordenação do transporte aquaviário. Para maiores informações sobre os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação por EBN na navegação de cabotagem, deve ser consultada a norma aprovada pela Resolução 193-ANTAQ, alterada pela Resolução 496-ANTAQ. No caso da navegação interior, acesse a norma aprovada pela Resolução 1.864-ANTAQ, modificada pela Resolução 2.160-ANTAQ.

7. É preciso autorização da ANTAQ para afretar embarcações para operar no Brasil? A Empresa Brasileira de Navegação (EBN), devidamente autorizada pela ANTAQ, poderá afretar embarcações (brasileiras e estrangeiras) por viagem, por tempo e a casco nu. De acordo com o art. 9º da Lei 9.432/97, estão condicionados à autorização da ANTAQ os seguintes tipos de afretamento: I. Embarcação estrangeira por viagem ou por tempo: para as navegações de cabotagem, apoio

marítimo, apoio portuário e interior de percurso nacional; II. Embarcação estrangeira a casco nu: para apoio portuário;

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III. Embarcação estrangeira para o transporte de carga prescrita: para as navegações de longo curso e interior de percurso internacional.

Nas duas primeiras situações, os afretamentos só poderão ocorrer quando: a) Inexistir ou estiver indisponível embarcação de bandeira brasileira do tipo e porte adequados para

a navegação pretendida; b) Verificado interesse público, devidamente justificado; c) Em substituição a embarcações em construção no País, em estaleiro brasileiro, com contrato em

eficácia, enquanto durar a construção, por período máximo de trinta e seis meses, até o limite da tonelagem de porte bruto contratada, para embarcações de carga; e, da arqueação bruta contratada, para embarcações destinadas ao apoio.

8. Em quais situações o afretamento independe de autorização da ANTAQ?

A Lei 9.432/97, que ordena o transporte aquaviário, determina que o afretamento de embarcações independe de autorização da ANTAQ em três situações: I. Embarcação de bandeira brasileira: para todos os tipos de navegação;

II. Embarcação estrangeira: para as navegações de longo curso e interior de percurso internacional,

quando não se tratar de transporte de carga prescrita; III. Embarcação estrangeira a casco nu com suspensão de bandeira: nas navegações de cabotagem,

apoio marítimo e interior de percurso nacional. Neste caso, a limitação do que se pode afretar é calculada pelo somatório do dobro da TPB das embarcações em construção de tipo semelhante (estaleiro brasileiro), adicionado da metade da TPB da frota própria brasileira da empresa. Quando a EBN possui apenas uma embarcação própria, é permitido à mesma afretar uma embarcação de porte equivalente.

Ressalta-se que, apesar de independerem de autorização, todos os afretamentos citados deverão ser informados à ANTAQ para registro.

9. Com quais países o Brasil mantém acordos bilaterais no transporte marítimo?

O Brasil, atualmente, possui acordos bilaterais com treze países: Alemanha, Argélia, Argentina, Bulgária, Chile, China, Estados Unidos, França, Polônia, Portugal, Romênia, Rússia e Uruguai. Tais acordos abordam questões como fretes, transporte de petróleo e seus derivados líquidos, embarcações afretadas, tripulação e obrigatoriedade do transporte em navios de bandeira nacional das partes contratantes.

10. O que é o REB? O REB é a sigla para Registro Especial Brasileiro, instituído para o registro de embarcações brasileiras, operados por empresas brasileiras de navegação. Poderão ser registradas no REB, em caráter facultativo, as embarcações brasileiras, operadas por empresas brasileiras de navegação, nos termos da Lei nº 9.432, de 1997.

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As embarcações estrangeiras afretadas a casco nu, com suspensão de bandeira, poderão ser registradas no REB, nas seguintes condições: a) Para a navegação de longo curso e interior de percurso internacional, até o dobro da tonelagem

de porte bruto das embarcações de tipo semelhante, encomendadas a estaleiros brasileiros instalados no País, pela empresa afretadora, com contrato de construção em eficácia, adicionado da tonelagem de porte bruto das embarcações brasileiras de tipo semelhante de sua propriedade;

b) Para a navegação de cabotagem, navegação interior de percurso nacional e navegação de apoio

marítimo, na forma prevista no inciso III do art. 10 da Lei nº 9.432, de 1997. O pré-registro no REB será feito em atendimento a requerimento formulado pela empresa brasileira de navegação registrada no Tribunal Marítimo, ao qual serão anexados os seguintes documentos: a) Contrato social ou estatuto da empresa e últimas alterações, devidamente registrados na junta

comercial; b) Contrato de construção da embarcação; c) Termo de compromisso de que a embarcação será empregada sob bandeira brasileira. Para as embarcações estrangeiras afretadas a casco nu, com suspensão provisória de bandeira, o registro no REB estará condicionado à apresentação ao Tribunal Marítimo dos seguintes documentos: a) Inscrição no registro dominial do país de origem; b) Cópia do contrato de afretamento; c) Comprovação da suspensão provisória de bandeira do país de origem; d) Registro da empresa brasileira de navegação afretadora junto ao Tribunal Marítimo; e) Certificado de segurança da navegação expedido pelo Ministério da Marinha; f) Relatório favorável de vistoria de condições nas situações estabelecidas pelo Ministério da

Marinha e realizado por sociedade classificadora; g) Apresentação dos certificados internacionais relativos à segurança marítima, prevenção da

poluição por embarcações e responsabilidade civil; h) As Certidões referidas na alínea “d” do § 2º; i) Registro atualizado de classificação expedido por sociedade classificadora credenciada pelo

Governo brasileiro; j) Atestado do Ministério dos Transportes de enquadramento da embarcação nas condições do art.

2º, parágrafo único, deste Decreto. Os documentos de que trata o parágrafo anterior que estiverem em língua estrangeira deverão, quando exigido, ser acompanhados de tradução juramentada, de acordo com o que preceitua a lei. O financiamento oficial à empresa brasileira de navegação, para construção, conversão, modernização e reparação de embarcação pré-registrada no REB, contará com taxa de juros semelhante à da embarcação para exportação, a ser equalizada pelo Fundo da Marinha Mercante. É assegurada às empresas brasileiras de navegação a contratação, no mercado internacional, da cobertura de seguro e resseguro de cascos, máquinas e responsabilidade civil para suas embarcações registradas no REB, desde que o mercado interno não ofereça tais coberturas ou preços compatíveis com o mercado internacional. Nas embarcações registradas no REB serão necessariamente brasileiros apenas o comandante e o chefe de máquinas.

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As embarcações inscritas no REB são isentas do recolhimento de taxa para manutenção do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo. A construção, a conservação, a modernização e o reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no REB serão, para todos os efeitos legais e fiscais, equiparadas à operação de exportação. As empresas brasileiras de navegação, com subsidiárias integrais proprietárias de embarcações construídas no Brasil, transferidas de sua matriz brasileira, são autorizadas a restabelecer o registro brasileiro como de propriedade da mesma empresa nacional, de origem, sem incidência de impostos ou taxas. A inscrição no REB será feita no Tribunal Marítimo e não suprime, sendo complementar, o registro de propriedade marítima, conforme dispõe a Lei nº 7.652, de 3 de fevereiro de 1988. São extensivos às embarcações que operam na navegação de cabotagem e nas navegações de apoio portuário e marítimo os preços de combustível cobrados às embarcações de longo curso. Caberá ao Ministério dos Transportes informar ao Tribunal Marítimo as empresas brasileiras de navegação que, por força de alienação de embarcação própria ou cancelamento de construção, estejam excedendo sua capacidade de inscrição no REB de embarcações afretadas a casco nu com suspensão provisória de bandeira, para fins de cancelamento do registro no REB. A receita de frete decorrente da importação e exportação de mercadorias, realizadas por embarcações registradas no REB, será excluída das bases de cálculo das contribuições para o PIS e para o Financiamento da Seguridade Social-COFINS, de acordo com o disposto no § 3º do art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997. As embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior poderão retornar ao registro brasileiro, como propriedade da mesma empresa nacional de origem, desde que aprovadas em vistoria de condições pelo Ministério da Marinha.

11. Qual a quantidade de tripulantes brasileiros que devem estar embarcados em uma embarcação estrangeira na navegação de apoio marítimo operando em AJB? Quando embarcações ou plataformas estrangeiras operarem em águas jurisdicionais brasileiras por prazo superior a noventa dias contínuos, deverão ser admitidos marítimos e outros profissionais brasileiros, nas mesmas proporções, observadas as seguintes condições: I. Para embarcações utilizadas na navegação de apoio marítimo, assim definida aquela realizada

para o apoio logístico a embarcações e instalações, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos:

a) A partir de noventa dias de operação, deverá contar com um terço de brasileiros do total de

profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo;

b) A partir de cento e oitenta dias de operação, deverá contar com um meio de brasileiros do total de profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo; e

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c) A partir de trezentos e sessenta dias de operação, deverá contar com dois terços de brasileiros do total de profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo.

II. Para embarcações de exploração ou prospecção, assim como plataformas, definidas as

instalações ou estruturas, fixas ou flutuantes, destinadas às atividades direta ou indiretamente relacionadas com a pesquisa, exploração e explotação dos recursos oriundos do leito das águas interiores e seu subsolo ou do mar, inclusive da plataforma continental e seu subsolo:

a) A partir de cento e oitenta dias de operação, deverá contar com um quinto de brasileiros do

total de profissionais existentes a bordo; b) A partir de trezentos e sessenta dias de operação, deverá contar com um terço de

brasileiros do total de profissionais existentes a bordo; e c) A partir de setecentos e vinte dias de operação, deverá contar com dois terços de

brasileiros do total de profissionais existentes a bordo. 12. Quais as vantagens e desvantagens entre o REB e o REPETRO para uma embarcação

estrangeira na navegação de apoio marítimo operando em AJB?

Segue tabela com comparativo entre a adoção do REB para uma embarcação estrangeira de uma Empresa Estrangeira de Navegação (EEN) e manutenção da bandeira de origem usando o REPETRO.

Fator REB EEN

RECEITA FEDERAL

Mesmo optando por registrar no REB, a embarcação continua sendo propriedade de uma empresa estrangeira, obrigada ainda a pagar os impostos relacionados à Admissão Temporária da Embarcação.

A EEN deve pagar os impostos relacionados à Admissão Temporária da Embarcação.

REPETRO A 7ª SRF não aceita que as embarcações que possuem REB possuam REPETRO, pois considera duplo benefício fiscal para importação de peças e sobressalentes. Demais SRF’s não estendem desta forma.

Consegue obter REPETRO, apesar da 7ª SRF complicar em muito sua obtenção, demais SRF’s levam em média 30 dias para a concessão.

ANTAQ

Não necessita de circularização, apenas de solicitação junto à ANTAQ para utilização da tonelagem disponível. Podendo, após autorizado, ser inscrita no REB (Tribunal Marítimo) e ser considerada como bandeira brasileira, podendo bloquear outras embarcações estrangeiras.

Necessário passar pelo processo de circularização. Se não for bloqueada, receberá dentro do prazo da norma o Certificado de Autorização de Afretamento (CAA).

Tripulação Se a embarcação estiver inscrita no REB, deverá possuir CMT e CFM brasileiros e pode possuir 2/3 de tripulação brasileira (com certificados endossados pela MB).

Deverá atender à NR72 do MTE, para a proporcionalidade da exigência de colocação de tripulação brasileira. Hoje existe a possibilidade de extensão dos prazos da norma em até 06 meses.

SMS / ISM CODE

Deverá adotar os procedimentos dos sistemas da EBN que afretou a embarcação a casco nu.

Mantém o seu sistema de operação e inclui alguns dos procedimentos da operadora brasileira e da Contratante;

Certificados de Classe, Estatutário e Seguro

Terá que trocar todos os certificados para refletir a situação de troca de bandeira;

Terá que obter novos seguros de Casco e Máquinas e P&I;

Mantém os seguros existentes da EEN e acrescenta o DEPEM e algum outro seguro ou cláusula a pedido da Contratante. Ex.: Blue Card.

Se o contrato de afretamento não for firmado com uma empresa estrangeira controladora da EBN, por exemplo: Maersk / DESS / BRAM, que operam seus próprios barcos, não faz muito sentido que uma empresa estrangeira opte por colocar a embarcação no REB. Comercialmente haverá uma elevação da taxa diária da embarcação “nacionalizada”.

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Atualmente, muito se discute acerca da possibilidade de uma embarcação estrangeira afretada por empresa brasileira, inscrita no Registro Especial Brasileiro (REB), se beneficiar do Regime Aduaneiro Especial de Exportação e de Importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural (REPETRO). Neste sentido, analisaremos a seguir os principais aspectos do REB e do REPETRO, demonstrando que inexiste incompatibilidade entre os mesmos. O REB foi instituído pela Lei nº 9.432/97 e foi regulamentado pelo Decreto n°. 2.256/97. O principal objetivo deste registro especial foi incentivar os armadores brasileiros a usarem em seus navios a bandeira Brasileira em substituição às bandeiras de conveniência. Analisando a legislação que trata do REB, verifica-se que não se trata de regime tributário, mas sim de uma espécie de registro diferenciado para as embarcações. Vale destacar que o registro de embarcação no REB é opcional e complementar ao tradicional Registro de Propriedade Marítima, uma vez que aquele foi criado como um segundo registro doméstico/local que propicia aos armadores brasileiros determinados benefícios comerciais e regulatórios. Nesta esteira, cabe observar que a legislação brasileira impõe dois requisitos básicos para que uma embarcação estrangeira seja inscrita no REB: (i) suspensão da bandeira original; e (ii) a empresa brasileira de navegação deve ter a tonelagem necessária, nos termos do artigo 10, III da Lei 9.432/97. Ademais, importa ainda ressaltar que são autorizados a arvorar bandeira brasileira aqueles navios: (i) inscritos no Registro de Propriedade Marítima, que pertencem à empresa brasileira ou (ii) sob contrato de afretamento por empresa brasileira de navegação, condicionado à suspensão provisória da bandeira no país de origem e registrado no REB. Cabe enfatizar que, atualmente, a maioria das embarcações que foram construídas no Brasil está inscrita no REB. Ao contrário, do total das embarcações de origem estrangeiras em operação no país, tão somente uma pequena parcela decidiu pela sua inscrição neste registro especial, o que demonstra ainda mais que não se trata de benefício fiscal para embarcações não-Brasileiras. O REB prevê alguns benefícios fiscais, tais como, isenção de Imposto de Importação – II e de Imposto de Produtos Industrializados – IPI, redução de alíquota a zero das contribuições ao PIS-Importação e à COFINS-Importação, nas aquisições feitas por estaleiros navais brasileiros de partes, peças e componentes destinados à conservação, modernização, reparo e conversão de embarcações registradas no REB. Note-se que o legislador ao conceder os referidos benefícios estabeleceu como condicionante que estas se aplicam tão somente às aquisições feitas por estaleiros navais brasileiros (e não armadores) e aplicáveis às embarcações que serão construídas no Brasil para posteriormente serem registradas no REB. O referido registro do contrato de construção ou do casco é chamado de PRÉ-REB. Neste particular, cabe ressaltar que não é permitido ao armador que está construindo embarcação em estaleiro brasileiro se beneficiar dos incentivos do REB quando da compra de material no exterior. Ou seja, somente o estaleiro tem a legitimidade para reivindicar tais benefícios fiscais quando importa os equipamentos e materiais para construção da embarcação.

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Podemos concluir que, em última análise, os benefícios fiscais concedidos para embarcações registradas no REB são apenas para aquisições realizadas pelos estaleiros brasileiros, para que esses possam concorrer com estaleiros estrangeiros, gerando mais empregos e desenvolvendo a tecnologia nacional. Vale esclarecer que o benefício concedido aos navios inscritos no REB – por exemplo: bandeira brasileira – já existia para os navios com bandeira estrangeira, que através do regime de drawback possuíam os seus impostos suspensos, sempre que utilizavam os estaleiros brasileiros. Portanto, na realidade o REB veio dar um tratamento aos navios de bandeira brasileira igual àquele já previsto para os navios de bandeira estrangeira. Não fazia sentido que os brasileiros arcassem com uma carga tributária mais elevada do que os estrangeiros quando utilizassem os estaleiros brasileiros. Por outro lado, o REPETRO, atualmente regulamentado pela IN SRF n° 844/2008, foi criado com o objetivo de viabilizar às concessionárias e autorizadas exercerem as atividades de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás. Para tanto, o REPETRO contemplou os seguintes tratamentos aduaneiros: (i) importação com suspensão de tributos pela utilização do regime especial drawback, modalidade de suspensão para a indústria nacional exportadora; (ii) exportação com saída ficta destinada à mesma indústria brasileira; e (iii) admissão temporária (com suspensão dos tributos federais) de bens ou ativos aplicados na exploração e produção petrolífera, atendendo às necessidades dos mercados nacional e estrangeiro. Constata-se, portanto, que o REPETRO reduz o custo tributário das operações de comércio exterior incentivando os investimentos na área de Exploração & Produção, aumentando a produção nacional de petróleo e gás. Contudo, atualmente, verificam-se alguns entraves para a sua utilização, como, por exemplo, a possibilidade de embarcações estrangeiras registradas no REB obterem o benefício. Alega-se, equivocadamente, que a cumulação de benefícios fiscais dos dois institutos contraria as disposições da Lei nº 9.432/97 e da IN SRF nº 844/2008. Este entendimento constitui ônus excessivo, uma vez que ao requererem o benefício os armadores demonstram ter preenchido todos os requisitos exigidos pela legislação específica. Além desse aspecto, é certo que o não deferimento do REPETRO causa um forte impacto negativo na indústria naval do País, que deixará de se estruturar e modernizar para competir em patamares internacionais. Primeiramente, porque a suspensão da bandeira não faz do ativo estrangeiro um ativo brasileiro já que não há importação definitiva, mas sim uma admissão temporária. Segundo, porque o benefício fiscal da suspensão da exigibilidade dos tributos federais na importação de partes e peças em substituição já existe no REPETRO. Logo, é difícil identificar a legalidade na restrição ao armador, que arvora a bandeira brasileira em sua embarcação, ter o seu pedido de habilitação ao REPETRO deferido. Tal posicionamento reporta-se ilegal e, ainda por cima é contrário ao esforço que está sendo realizado no sentido de fortalecer a indústria e os armadores nacionais, principalmente se considerarmos que os referidos diplomas legais possuem objetivos distintos. Vale lembrar que o REPETRO destina-se a estimular o desenvolvimento da indústria de petróleo e o REB a incrementar as atividades da indústria naval brasileira, o REPETRO é concedido à empresa contratada pela concessionária para prestação de serviços nas atividades relacionadas à pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e de gás natural e no caso do REB o beneficio fiscal é para os estaleiros navais brasileiros para promover à importação de partes, peças e componentes destinados à conservação, modernização, reparo e conversão de embarcações.

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O armador quando afreta uma embarcação estrangeira para operar no Brasil pode escolher entre utilizar a bandeira brasileira (a estrangeira ficaria suspensa) ou a estrangeira. Neste aspecto, a opção para que seja arvorada a bandeira brasileira traz outros benefícios para o País, tais como: aumento do número de tripulantes brasileiros e do conteúdo nacional. Assim, fica a questão: Qual seria a vantagem para o País em excluir dos navios estrangeiros que foram importados temporariamente sob o regime do REPETRO a possibilidade de arvorar a bandeira brasileira e, consequentemente, inscrevê-los no REB? Tal interpretação conflita com toda a política vigente de incentivo ao conteúdo local e de incremento da bandeira brasileira. Trata-se, no fundo, de uma manobra que restringe de forma indireta e sem base legal o benefício estabelecido pelo art. 10 da lei 9.432/97, que permite às empresas brasileiras de navegação afretarem embarcação estrangeira e inscrevê-las no REB. Isto porque, sem o benefício fiscal do REPETRO, nos parece que nenhum armador brasileiro nesta situação desejaria utilizar o art. 10 da referida Lei para inscrever a embarcação no REB.

13. O que a ANTAQ entende como 10% realizados da construção de uma embarcação?

De acordo com a Resolução nº 2.510-ANTAQ, de 19 de junho de 2012, a EBN deverá realizar a construção de embarcação de sua propriedade e de bandeira brasileira, adequada à navegação pretendida, em estaleiro brasileiro, bem como comprovar que, no caso da construção, pelo menos, 10% (dez por cento) do peso leve líquido da embarcação ou o somatório dos pesos leves líquidos das embarcações, no caso de construção seriada, seja composto por blocos prontos e com aprovação estrutural da Sociedade Classificadora para serem edificados em estaleiro brasileiro, em sua área de lançamento, sem prejuízo da apresentação de declaração assumindo o compromisso de encaminhar à ANTAQ, trimestralmente, relatório firmado pelo representante legal da requerente, informando a evolução da construção, bem como o andamento da execução financeira. A EBN deverá apresentar os seguintes documentos, quando couber:

I. Licença de construção emitida pela Autoridade Marítima Brasileira; II. Arranjo geral da embarcação e plano de capacidade; III. Quadro de usos e fontes; IV. Contrato de construção devidamente assinado entre as partes, acompanhado de relatório,

firmado pelo representante legal da requerente, informando a evolução da construção e o andamento da execução financeira;

V. Contrato de financiamento com o Agente Financeiro do Fundo da Marinha Mercante - FMM. O atraso superior a 20% (vinte por cento) do prazo de construção previsto no cronograma estabelecido no inciso III do caput do artigo 5º desta Resolução, limitado este prazo a 36 (trinta e seis meses), sujeitará a empresa à penalidade prevista, e a consequente interrupção da operação das embarcações afretadas, salvo motivo de força maior ou caso fortuito, devidamente comprovado.

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LEGISLAÇÃO Constituição Federal O Artigo 178, alterado pela Emenda Constitucional nº 7, publicada no DOU de 18 de junho de 1995.

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. Parágrafo Único: Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e navegação interior poderá ser feito por embarcações estrangeiras.

Lei nº 9.432 de 8 de janeiro de 1997

Art. 7º. Estabelece que as embarcações estrangeiras somente poderão participar do transporte de mercadorias nas navegações de cabotagem, apoio marítimo e portuário, quando afretadas por empresas brasileiras de navegação. Art. 9º. Estabelece que o afretamento de embarcação estrangeira por viagem, por tempo ou a casco nu nas navegações de cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário, só poderá ocorrer nos seguintes casos:

Inexistência ou indisponibilidade de embarcação de bandeira brasileira do tipo e porte adequados para o transporte ou apoio pretendido;

Interesse público, devidamente justificado; e Em substituição a embarcações em construção no País, em estaleiro brasileiro, com

contrato em eficácia, enquanto durar a construção, por período máximo de 36 (trinta e seis) meses, até o limite:

a) da tonelagem de porte bruto (tpb), para embarcações de carga; b) da arqueação bruta (AB) contratada, para embarcações destinadas ao apoio.

Art. 10º. Independe de autorização o afretamento de embarcação:

De bandeira brasileira; De bandeira estrangeira afretada por viagem, por tempo ou a casco nu, para o transporte

exclusivamente de cargas não reservadas à bandeira brasileira; e De bandeira estrangeira afretada a casco nu, com suspensão de bandeira, limitada ao

dobro da tonelagem de porte bruto das embarcações de tipo semelhante, encomendadas a estaleiro brasileiro instalado no País, com contrato de construção em eficácia adicionado de metade da tonelagem de porte bruto das embarcações brasileira de sua propriedade, ressalvado o afretamento de pelo menos uma embarcação de porte equivalente, para as navegações de Cabotagem, Longo Curso e Apoio Marítimo. Obs: A ANTAQ, como órgão competente, informará o cumprimento da Legislação ao Tribunal Marítimo, que emitirá o Certificado de Registro Especial Brasileiro – REB (Decreto nº 2.256/97).

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Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001

Art. 27. Caberá à ANTAQ, em sua esfera de atuação: Inciso XXIV. Autorizar as empresas brasileiras de navegação de longo curso, de cabotagem, de apoio marítimo e de apoio portuário, o afretamento de embarcações estrangeiras, conforme disposto na Lei nº 9.423/97.

Resoluções da ANTAQ

Resolução nº 191/2004, alterada pela Resolução nº 494/2005

Estabelece os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação estrangeira por empresas brasileiras de navegação. Independe de Autorização:

Afretamento de embarcação bandeira brasileira. Depende de Autorização:

Afretamento de embarcação estrangeira por tempo ou a casco nu.

Condições para Autorização de Afretamento: A EBN poderá obter autorização para afretar embarcação estrangeira, nas seguintes condições:

Quando constatada a inexistência ou a indisponibilidade de embarcação de bandeira brasileira, limitado ao dobro da soma de TPB de frota própria, pelo prazo de 12 (doze) meses;

Quando verificado que as ofertas para o apoio pretendido não atendem aos prazos consultados; e

Em substituição à embarcação em construção no País, enquanto durar a construção, limitado a 36 (trinta e seis) meses.

Da Circularização da Consulta:

A EBN postulante da autorização de afretamento deverá formular simultaneamente consulta às EBN's de Apoio Portuário, com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis a contar da data do início do afretamentos, contendo as seguintes informações:

A modalidade do afretamento; Tipo de embarcação, TPB, BHP, TTE, AB e outras características da embarcação que

atendem ao tipo de apoio pretendido; Período de afretamento da embarcação; Porto de recebimento da embarcação.

Do Bloqueio e da Oferta de Embarcação:

Uma EBN poderá bloquear o pedido de afretamento mediante manifestação, junto a EBN consulente, com cópia para ANTAQ, dentro do prazo de 06 (seis) horas úteis informando:

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Nome, tipo, TPB, faixa TTE, AB e ouras características da embarcação que atendam o tipo de serviço a ser prestado;

Período e porto de recebimento e aluguel diário da embarcação; Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Da Solicitação de Autorização de Afretamento: A EBN, quando da solicitação, deverá informar à ANTAQ, o seguinte:

Nome, tipo, TPB, AB, HP, TTE nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador;

Aluguel diário da embarcação; Se haverá remessa cambial; e Velocidade de serviço da embarcação e consumo diário de combustível em velocidade de

serviço.

Nota:

Após a empresa afretadora comunicar à ANTAQ o recebimento da embarcação, será emitido o Certificado de Autorização de Afretamento – CAA;

A empresa afretadora deverá comunicar à ANTAQ, no prazo 30 (trinta) dias da data da ocorrência o local da efetivava devolução da embarcação.

Resolução nº 192/2004, alterada pela Resolução nº 496/2005 (Apoio Marítimo)

Estabelece os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação estrangeira por empresas brasileiras de navegação. Independe de Autorização:

Afretamento de embarcação bandeira brasileira; Afretamento de embarcação estrangeira a casco nu, com suspensão de bandeira, neste

caso limitado ao dobro de TPB das embarcações de tipo semelhante, encomendadas à estaleiro brasileiro, com contrato em eficácia, adicionado de metade da TPB de frota própria, ressalvado o afretamento de pelo menos uma embarcação de porte equivalente.

Depende de Autorização:

Afretamento de embarcação estrangeira por viagem, por tempo ou a casco nu.

Condições para Autorização de Afretamento: A EBN poderá obter autorização para afretar embarcação estrangeira, nas seguintes condições: Por Viagem, por Tempo e a Casco Nu:

Quando constatada a inexistência ou a indisponibilidade de embarcação de bandeira brasileira;

Quando verificado que as ofertas para o apoio pretendido não atendem aos prazos consultados;

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Em substituição à embarcação em construção no País, enquanto durar a construção, limitado a 36 (trinta e seis) meses.

Da Circularização da Consulta:

A EBN postulante da autorização de afretamento deverá formular simultaneamente consulta às EBN's de apoio marítimo, contendo as seguintes informações:

A modalidade do afretamento; Tipo de embarcação, bandeira, faixa de AB, faixa de TPB, faixa TTE, velocidade de

serviço, autonomia, capacidade de carga, dimensões de convés, equipamento de posicionamento e demais equipamentos necessários para o atendimento à operação, no que se aplicar;

Período de afretamento da embarcação; Porto de recebimento da embarcação; Descrição do serviços a ser desempenhado; e Prazo de Mobilização: período compreendido entre a data da circularização da consulta e

a data prevista para o início da operação da embarcação, não poderá ser inferior a sessenta dias corridos, podendo o início de sua operação ser antecipado, caso não haja embarcação de bandeira brasileira apta a atender ao apoio pretendido ou a EBN declinar do prazo.

Do Bloqueio e da Oferta de Embarcação:

Uma EBN poderá bloquear o pedido de afretamento mediante manifestação, junto a EBN consulente, com cópia para ANTAQ, dentro do prazo de 07 (sete) dias corridos informando:

Nome, tipo, faixa de AB, faixa de TPB, faixa TTE, velocidade de serviço, autonomia, capacidade de carga, dimensões de convés, equipamento de posicionamento e demais equipamentos necessários para o atendimento à operação, no que se aplicar;

Período e local de recebimento e aluguel diário da embarcação, quando se tratar de afretamento por tempo ou a casco nu;

Duração da viagem e taxa de afretamento, quando se tratar de afretamento por viagem; e Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Da Solicitação de Autorização de Afretamento: A EBN, quando da solicitação, deverá informar à ANTAQ, o seguinte:

Nome, TPB, AB, HP, TTE nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador; Aluguel diário da embarcação, quando se tratar de afretamento por tempo ou a casco nu; Taxa de afretamento, quando se tratar de afretamento por viagem; Se haverá remessa cambial; e Velocidade de serviço da embarcação e consumo diário de combustível em velocidade de

serviço.

Nota:

Após a empresa afretadora comunicar à ANTAQ o recebimento da embarcação, será emitido o Certificado de Autorização de Afretamento – CAA;

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A empresa afretadora deverá comunicar à ANTAQ, no prazo 30 (trinta) dias da data da ocorrência o local da efetivava devolução da embarcação.

Resolução nº 193/2004, alterada pela Resolução nº 496/2005 (Cabotagem)

Estabelece os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação estrangeira por empresas brasileiras de navegação. Independe de Autorização (obrigatório o registro):

Afretamento de embarcação bandeira brasileira; Afretamento de embarcação estrangeira a casco nu, com suspensão de bandeira, neste

caso limitado ao dobro de TPB das embarcações de tipo semelhante, encomendadas à estaleiro brasileiro, com contrato em eficácia, adicionado de metade da TPB de frota própria, ressalvado o afretamento de pelo menos uma embarcação de porte equivalente.

Depende de Autorização:

Afretamento por viagem, por tempo ou a casco nu.

Condições para Autorização de Afretamento: A EBN poderá obter autorização para afretar embarcação estrangeira, nas seguintes condições: Modalidade por Viagem:

Quando constatada a inexistência ou a indisponibilidade de embarcação de bandeira brasileira;

Quando verificado que as ofertas para o transporte pretendido não atendem aos prazos consultados ou que as condições de frete não sejam compatíveis com o mercado;

Em substituição à embarcação em construção no País, enquanto durar a construção, até o limite de TPB contratado, limitado a 36 (trinta e seis) meses.

Modalidade por Tempo ou a Casco Nu:

Em substituição à embarcação em construção no País, enquanto durar a construção, até o limite de TPB contratado, limitado a 36 (trinta e seis) meses.

Excepcionalmente, para fim específico de transporte de petróleo e seus derivados, enquanto reconhecer a insuficiência da frota nacional, pelo prazo de 12 (doze) meses.

Da Circularização da Consulta:

A EBN postulante da autorização de afretamento deverá formular simultaneamente consulta às EBN's de Longo Curso e de Cabotagem, com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis a contar da data do início do carregamento, para afretamentos por viagem, ou do recebimento da embarcação, para afretamentos por tempo ou casco nu, contendo as seguintes informações: Por Viagem:

Tipo, TPB, capacidade de carga e principais características da embarcação; Tipo de carga, especificando o peso, volume e demais informações;

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Período de início do carregamento no primeiro porto; Portos de carregamento e descarregamento; e Duração da viagem

Por Tempo ou a Casco Nu:

Tipo, faixa de TPB, capacidade de carga e principais características da embarcação; Tipo de carga a ser transportada; Período e porto de recebimento da embarcação: e Duração do afretamento.

Do Bloqueio e da Oferta de Embarcação: Uma EBN poderá bloquear o pedido de afretamento mediante manifestação, junto a EBN consulente, com cópia para a ANTAQ, dentro do prazo de 06 (seis) horas úteis informando: Por Viagem:

Nome, tipo, TPB, AB e principais características; Período de início do carregamento da embarcação no primeiro porto; Valor da taxa de afretamento; Datas previstas das escalas nos portos pretendidos; e Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Por Tempo ou a Casco Nu:

Nome, tipo, TPB, AB e principais características; Porto de recebimento da embarcação; Valor do aluguel da embarcação; Datas previstas das escalas nos portos pretendidos; e Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Da Solicitação de Autorização de Afretamento: A EBN, quando da solicitação, deverá informar à ANTAQ, o seguinte:

Por Viagem:

Nome, tipo, TPB, AB, nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador; Porto(s) e datas de embarque e a carga a ser transportada; Valor da taxa de afretamento e se haverá remessa cambial; Duração da viagem; e Portos de descarregamento.

Por Tempo ou a Casco Nu:

Nome, tipo, TPB, AB, nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador; Porto e datas de recebimento da embarcação Valor do aluguel da embarcação e se haverá remessa cambial; Duração do afretamento.

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Nota:

Após a empresa afretadora comunicar à ANTAQ do início do carregamento/recebimento da embarcação, será emitido o Certificado de Autorização de Afretamento – CAA;

A empresa afretadora deverá comunicar à ANTAQ, no prazo 30 (trinta) dias da data da ocorrência: a) Local e data da efetiva devolução da embarcação, no caso de afretamento por tempo

ou a casco nu; b) Local e data do último desembarque da carga, no caso de afretamento por viagem.

Resolução nº 195/2004, alterada pela Resolução nº 493/2005 (Longo Curso) Estabelece os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação por empresas brasileiras de navegação para o transporte de carga no tráfego de longo curso e para a liberação do transporte de carga prescrita á bandeira brasileira por empresa de navegação estrangeira. Independe de Autorização (obrigado o registro):

Afretamento de embarcação bandeira brasileira; Afretamento de embarcação estrangeira por viagem, por tempo ou a casco nu,

exclusivamente para o transporte de carga não prescrita à bandeira brasileira.

Depende de Autorização:

Afretamento por viagem, por tempo ou a casco nu, para o transporte de carga prescrita à bandeira brasileira.

Condições para Autorização de Afretamento: A EBN poderá obter autorização para afretar embarcação estrangeira, para o transporte de carga prescrita, nas seguintes condições: Por Viagem:

Para o transporte de carga prescrita; Por Tempo ou a Casco Nu:

Para ser utilizado em Serviço Regular, limitado ao dobro de TPB de frota própria, pelo período de no máximo 12 (doze) meses;

Em substituição à embarcação em construção no País, enquanto durar a construção, até o limite de TPB contratado, limitado a 36 (trinta e seis) meses;

Excepcionalmente, para fim específico de transporte de petróleo e seus derivados, enquanto reconhecer a insuficiência da frota nacional, pelo prazo de 12 (doze) meses.

Da Circularização da Consulta: A EBN postulante da autorização de afretamento deverá formular simultaneamente consulta às EBN's de Longo Curso e de Cabotagem, com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis a contar

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da data do início do carregamento, para afretamentos por viagem, ou da data do início do Serviço Regular pretendido, contendo as seguintes informações: Por Viagem:

Tipo, faixa de TPB, capacidade de carga e principais características da embarcação; Tipo de carga, especificando o peso, volume e demais informações; Período de início do carregamento no primeiro porto; Portos de carregamento e descarregamento; e Duração da viagem.

Por Tempo ou a Casco Nu:

Tipo, faixa de TPB, capacidade de carga e principais características da embarcação; Tipo de carga a ser transportada; Período e porto de recebimento da embarcação; Duração do afretamento; e Especificação do Serviço em que será empregada (somente para Serviço Regular).

Do Bloqueio e da Oferta de Embarcação: Uma EBN poderá bloquear o pedido de afretamento mediante manifestação, junto a EBN consulente, com cópia para ANTAQ, dentro do prazo de 06 (seis) horas úteis informando: Por Viagem:

Nome, tipo, porte bruto e principais características; Período de início do carregamento da embarcação no primeiro porto; Valor da taxa de afretamento; Datas previstas das escalas nos portos pretendidos; e Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Por Tempo ou a Casco Nu:

Nome, tipo, porte bruto e principais características; Porto de recebimento da embarcação Valor do aluguel da embarcação; Datas previstas das escalas nos portos pretendidos; e Declaração de que a embarcação encontra-se em situação regular.

Da Solicitação de Autorização de Afretamento: A EBN, quando da solicitação, deverá informar à ANTAQ, o seguinte: Por Viagem:

Nome, tipo, TPB, nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador; Porto(s) e datas de embarque e a carga a ser transportada; Valor da taxa de afretamento e se haverá remessa cambial; Duração da viagem; e

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Portos de descarregamento; Por Tempo ou a Casco Nu:

Nome, tipo, TPB, nº IMO, IRIN, bandeira, ano de construção e nome do fretador; Porto e datas de recebimento da embarcação; Valor do aluguel da embarcação e se haverá remessa cambial; Duração do afretamento.

Nota:

Após a empresa afretadora comunicar à ANTAQ do início do carregamento/recebimento da embarcação, será emitido o Certificado de Autorização de Afretamento – CAA ou o Certificado de Liberação de Embarcação – CLE;

A empresa afretadora deverá comunicar à ANTAQ, no prazo 30 (trinta) dias da data da ocorrência: a) Local e data da efetiva devolução da embarcação, no caso de afretamento por tempo

ou a casco nu; b) Local e data do último desembarque da carga, no caso de afretamento por viagem; e c) Local e data de encerramento do Serviço Regular, no caso de liberação de

embarcação.

Resolução nº 2.510/2012, que revoga as Resoluções 843 e 879 (Outorga) Estabelece a norma para a outorga de autorização à pessoa jurídica que tenha por objeto o transporte aquaviário, constituída nos termos da legislação brasileira e com sede e administração no país, para operar nas navegações de longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário.

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OBSERVAÇÕES Geral O subafretamento de embarcação estrangeira que esteja com contrato de afretamento e CAA em vigor obedecerá, no que couber, os critérios e procedimentos estabelecidos nas Normas de afretamento e só poderá ser autorizado pela ANTAQ se no contrato de afretamento constar cláusula que permita ou o fretador venha concordar expressamente com o subafretamento. O descumprimento de qualquer disposição legal, regulamentar ou dos termos e condições expressas ou decorrentes do Certificado de Autorização de Afretamento – CAA implicará na aplicação de penalidades, observado o disposto na Norma sobre a Fiscalização e Processo Administrativo relativa à Prestação de Serviços de Transporte Aquaviário, editada pela ANTAQ. Cabotagem e Longo Curso A tonelagem de registro brasileiro, das embarcações de propriedade de uma EBN, afretadas a casco nu a outras EBN’s, poderá ser considerada como tonelagem própria da empresa afretadora para fins de determinação do limite de afretamento de embarcações estrangeiras, deixando de fazer parte da base de tonelagem própria da empresa proprietária, para as navegações de Cabotagem e Longo Curso. A ANTAQ reconhecerá a existência de oferta de embarcação brasileira disponível e, concluída a troca de informações entre as empresas envolvidas, decidirá sobre a matéria (arbitragem). Quando da solicitação da embarcação, a empresa afretadora deverá apresentar:

a) Declaração de conformidade com as certificações exigidas para participação da embarcação e tripulação no serviço pretendido; e

b) Declaração de que foram feitas consultas a todas as empresas de navegação de apoio marítimo. Apoio Marítimo Excepcionalmente, a ANTAQ poderá prorrogar a autorização de afretamento de embarcação estrangeira, na navegação de Apoio Marítimo, que já estiver em AJB, por um prazo máximo de 60 (sessenta) dias corridos, desde que devidamente justificada.

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TRIPULAÇÃO Embarcação Brasileira Devem ser brasileiros os seguintes tripulantes:

Comandante; Chefe de Máquinas; e 2/3 da tripulação.

Embarcação Estrangeira (RN 72, MTE/CGI) A Resolução Normativa nº 72, emitida pela Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, disciplina a chamada de profissionais estrangeiros para trabalho a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira. Art. 1º. Ao estrangeiro que venha exercer atividades profissionais, de caráter contínuo, a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira que venha a operar ou em operação nas águas jurisdicionais brasileiras, sem vínculo empregatício no Brasil, observado o interesse do trabalhador nacional, poderá ser concedido visto temporário previsto no inciso V, art. 13, da Lei nº 6.815, de 1980, pelo prazo de até dois anos.

§1º. No caso de plataformas marítimas de perfuração e embarcações de levantamento geofísico que tenham contratos válidos por até seis meses, e que, em sequência, venham a ser afretadas por outras empresas concessionárias para novo período de atividades nas águas jurisdicionais brasileiras, poderá ser concedida autorização de trabalho pelo prazo de até dois anos a cada tripulante estrangeiro embarcado, observado o disposto no § 2º deste artigo.

§2º. Quinze dias antes do término de cada contrato de afretamento, a empresa requerente deverá

providenciar a juntada dos documentos elencados no art. 4º desta Resolução Normativa, sob pena de cancelamento das autorizações de trabalho concedidas.

Art. 2º. Não será exigido visto, bastando a apresentação de carteira internacional de identidade de marítimo ou documento equivalente, conforme o previsto em Convenção da Organização Internacional do Trabalho em vigor no Brasil, nos seguintes casos:

I. Ao estrangeiro tripulante de embarcação que ingresse no País sob viagem de longo curso, assim definida aquela realizada entre portos estrangeiros e portos brasileiros;

II. Pelo prazo máximo de trinta dias, ao estrangeiro tripulante de embarcação autorizada pelo órgão competente para afretamento em navegação de cabotagem, assim definida aquela realizada entre portos ou pontos do território brasileiro.

Art. 3º. Quando embarcações ou plataformas estrangeiras operarem em águas jurisdicionais brasileiras por prazo superior a noventa dias contínuos, deverão ser admitidos marítimos e outros profissionais brasileiros, nas mesmas proporções, observadas as seguintes condições:

I. Para embarcações utilizadas na navegação de apoio marítimo, assim definida aquela realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos:

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a) a partir de noventa dias de operação, deverá contar com um terço de brasileiros do total de profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo;

b) a partir de cento e oitenta dias de operação, deverá contar com um meio de brasileiros do total de profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo; e

c) a partir de trezentos e sessenta dias de operação, deverá contar com dois terços de brasileiros do total de profissionais existentes a bordo, em todos os níveis técnicos e em todas as atividades, de caráter contínuo.

II. Para embarcações de exploração ou prospecção, assim como plataformas,definidas as

instalações ou estruturas, fixas ou flutuantes, destinadas às atividades direta ou indiretamente relacionadas com a pesquisa, exploração e explotação dos recursos oriundos do leito das águas interiores e seu subsolo ou do mar, inclusive da plataforma continental e seu subsolo:

a) a partir de cento e oitenta dias de operação, deverá contar com um quinto de

brasileiros do total de profissionais existentes a bordo; b) a partir de trezentos e sessenta dias de operação, deverá contar com um terço de

brasileiros do total de profissionais existentes a bordo; e c) a partir de setecentos e vinte dias de operação, deverá contar com dois terços de

brasileiros do total de profissionais existentes a bordo.

III. Para embarcações utilizadas na navegação de cabotagem, definida como aquela realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores:

a) a partir de noventa dias de operação, deverá contar com um quinto de marítimos

brasileiros, arredondando-se para o inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que cinco décimos, em cada nível técnico (oficiais, graduados e nãograduados) e em cada ramo de atividade (convés e máquinas) de caráter contínuo; e

b) a partir de cento e oitenta dias de operação, deverá contar com um terço de marítimos brasileiros, arredondando-se para o inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que cinco décimos, em cada nível técnico (oficiais, graduados e nãograduados) e em cada ramo de atividade (convés e máquinas) de caráter contínuo.

Parágrafo Único. O Ministério do Trabalho e Emprego regulamentará procedimento para análise de solicitação justificada de prorrogação dos prazos previstos neste artigo, incluída consulta ao sindicato representativo da categoria.

Art. 4º. A solicitação de autorização de trabalho para concessão de visto temporário será formulada junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, acompanhada dos seguintes documentos, além daqueles previstos em Resoluções do Conselho Nacional de Imigração:

I. Cópia do contrato de afretamento celebrado com empresa brasileira ou do contrato de prestação de serviços, ou do contrato de risco, celebrado com empresa brasileira, ou da Portaria de Concessão editada pela Agência Nacional do Petróleo;

II. Relação com o nome de todas as embarcações e plataformas afretadas ou contratadas pela empresa requerente, informando a quantidade de brasileiros e estrangeiros em cada uma delas; e

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III. Declaração da empresa requerente, assumindo inteira responsabilidade pelo estrangeiro, para todos os fins, inclusive pela repatriação e pelas despesas médicas durante sua estada no Brasil.

Art. 5º. O Ministério do Trabalho e Emprego comunicará as autorizações concedidas ao Ministério das Relações Exteriores para emissão dos respectivos vistos, nos quais constarão referências expressas à presente Resolução Normativa.

§1º. Os vistos poderão ser retirados em nome dos tripulantes, por um procurador do armador ou da empresa afretadora ou contratante, desde que sejam apresentados documentos de viagem válidos para o Brasil.

§2º. Excepcionalmente, a critério da Secretaria de Estado das Relações Exteriores, o visto poderá

ser concedido no Brasil, conforme previsto no art. 2º da Resolução Normativa nº 09, de 10 de novembro de 1997.

Art. 6º. Na aplicação da presente Resolução Normativa deverá ser observado o disposto no art. 30 da Lei nº 6.815/80.

Parágrafo único. As Cédulas de Identidade de Estrangeiro emitidas poderão ser retiradas por procurador do armador ou da empresa afretadora ou contratante, mediante autorização expressa do estrangeiro registrado e assinatura de compromisso de responsabilidade.

Art. 7º. O visto temporário poderá ser prorrogado pelo Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho e Emprego, vedada sua transformação em permanente. Art. 8º. O Ministério do Trabalho e Emprego comunicará eventual cancelamento da Autorização de Trabalho ao Ministério da Justiça, para as devidas providências. Art. 9º. A transferência do tripulante para outra embarcação da mesma empresa contratada será comunicada ao Ministério do Trabalho e Emprego pela empresa contratante. Art. 10. Em caso de mudança de empregador deverá ser solicitada a autorização ao Ministério da Justiça, pela empresa afretadora ou contratante nos termos da legislação em vigor. Os parâmetros dos critérios para as proporções que os fiscais do CNI utilizam são os seguintes:

Marítimos x Outros Profissionais; Brasileiros x Estrangeiros; Tempo x Tipo de Navegação/Estrutura; Armador x Empresas Terceirizadas; Atividades e Nível Profissional a Bordo; Atividades Contínuas; Regra de Arredondamento.

Exemplos: Embarcação em navegação de apoio marítimo há 120 dias em AJB. Tripulação: 22.

Marítimos x Outros Profissionais: Não Aplicável; Brasileiros x Estrangeiros: 1/3;

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Tempo x Tipo de Navegação/Estrutura: Apoio Marítimo, 120 dias; Atividades e Nível Profissional a Bordo: Todos os níveis e atividades; Atividades Contínuas: Sim; Regra de Arredondamento: 1/3 x 22 = 7,33 => 7 Brasileiros.

Plataforma há 200 dias em AJB. Pessoas a Bordo: 132, sendo 12 Marítimos.

Marítimos x Outros Profissionais: 9,1% de Marítimos; Brasileiros x Estrangeiros: 1/5; Tempo x Tipo de Navegação/Estrutura: Plataforma, 200 dias; Atividades e Nível Profissional a Bordo: Marítimos e outras atividades; Atividades Contínuas: Não; Regra de Arredondamento: 1/5 x 132 = 26,4 => 26 Brasileiros, sendo 2 Marítimos (9,1% x 26 =

2,4). Embarcação em navegação de cabotagem há 300 dias em AJB. Tripulação: 17.

Marítimos x Outros Profissionais: Não Aplicável; Brasileiros x Estrangeiros: 1/3; Tempo x Tipo de Navegação/Estrutura: Cobotagem, 300 dias; Atividades e Nível Profissional a Bordo: Oficiais, Graduados e Não-Graduados – Convés e

Máquinas; Atividades Contínuas: Sim; Regra de Arredondamento: 1/3 x 17 = 5,7 => 6 Brasileiros.

Dispensa de visto para marítimos estrangeiros que possuam carteira internacional de marítimo emitidas com base nas Convenções 108 ou 185 da OIT e sejam:

Tripulante a bordo de embarcação em viagem de longo curso; Tripulante a bordo de embarcação, por até 30 dias, autorizada pela ANTAQ para a navegação de

cabotagem Nota:

Início da contagem do prazo: data da chegada ao primeiro porto ou ponto brasileiro; Aplica-se exclusivamente aos tripulantes que chegam a bordo da embarcação.

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REPETRO Introdução Indiscutivelmente os anos 90 foram marcantes para a indústria do petróleo nacional em virtude diversas mudanças que ocorreram no plano institucional e macroeconômico, que tiveram consideráveis desdobramentos para os setores de infraestrutura. Esses setores eram dominados por grandes empresas estatais que, a partir de sua posição na compra de equipamentos e, sob influência do poder público, haviam montado políticas de capacitação de fornecedores locais de equipamentos, as quais incluíam, além do domínio tecnológico da produção de equipamentos complexos, a absorção de tecnologias geradas pelos centros de pesquisa das estatais. Essas políticas foram impulsionadas nas décadas de 70 e 80 em razão das crises energéticas e do endividamento externo, porque serviram de instrumento para reduzir a vulnerabilidade externa da economia brasileira. A partir dos anos 90, as mudanças ocorridas, em primeiro lugar, no plano macroeconômico, com a abertura externa da economia brasileira, e no plano institucional, com a quebra de monopólios e privatizações, interromperam os antigos elos que existiam entre as empresas estatais prestadoras de serviços públicos e os fornecedores nacionais de equipamentos e serviços. Com a finalidade de descaracterizar os monopólios naturais, e findando aumentar a concorrência nesses setores, as empresas estatais foram privatizadas. Essas novas empresas, buscando melhorar suas tecnologias e modernizar sua produção, tiveram que se relacionar diretamente com os fornecedores estrangeiros. Essa abertura no intercâmbio comercial e tecnológico trouxe, em seu bojo, a supervalorização das taxas de câmbio e favoreceram a importação de tecnologias incorporada e desincorporada. Em razão disto, houve uma regressão dos fornecedores e da produção local. A indústria petrolífera no Brasil, embora não tenha incorrido pelo mesmo processo de privatização e desmembramento dos setores elétricos e de telecomunicações, acompanhou a mesma tendência de mudança da relação usuário-fornecedor dos demais. A mudança institucional da quebra do monopólio do petróleo promovida pela Lei nº 9.478 de 1997, “Lei do Petróleo”, e a maior abertura comercial da economia brasileira, trouxeram importantes consequências para essa indústria brasileira de petróleo. O setor petrolífero compõe-se basicamente de dois tipos de atores: as companhias de petróleo, chamadas de operadoras, e os fornecedores de bens e serviços, denominados de indústria satélite. Ela apresentava, antes da mudança institucional, uma organização verticalizada centrada na empresa líder: a Petrobrás. Por apresentar um impacto muito negativo na Balança Comercial, a estatal foi induzida pelo poder público a buscar a autossuficiência do país na produção de bruto e a reduzir o seu impacto nas importações de bens de capital. Por essa razão, e também por ser a mais antiga dos setores de infraestrutura, ela desenvolveu uma política pioneira e bastante bem sucedida de capacitação e qualificação dos fornecedores nacionais. A abertura comercial, no início da década de 1990, alterou a estratégia da Petrobrás de aumentar cada vez mais o índice de nacionalização dos insumos e equipamentos adquiridos. Os fornecedores locais de equipamentos, principalmente o segmento da construção naval, que era muito ligado aos investimentos realizados pela Petrobrás no transporte naval e, desde a década de 1980, na

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produção em alto-mar (offshore) da Bacia de Campos, foram muito afetados pelo refluxo desses investimentos no início da década de 1990. Os aumentos nos investimentos só se normalizaram quando, a partir de meados dessa década, o governo aumentou preços internos dos derivados de petróleo. Em decorrência, a Petrobrás pode recobrar rentabilidade interna, tornando viável a exploração do enorme potencial produtivo, descoberto na Bacia de Campos, em águas profundas. Esse impulso na indústria petrolífera nacional que ocorre atualmente só foi possível em virtude do avanço tecnológico que alcançou êxito a partir dos programas tecnológicos desenvolvidos, como por exemplo, o Procap 1000 e 2000. No entanto, o aumento dos investimentos da Petrobrás, não repercutiu, em função da abertura, tão favoravelmente nas compras internas de materiais e equipamentos da empresa. Neste aspecto, a mudança institucional comprometeu ainda mais os encadeamentos internos dos investimentos da Petrobrás. A Lei 9.478 de 1997 surge como a norma que quebra o monopólio exercido pela Petrobrás sobre as atividades de exploração, produção, refino e transporte de petróleo, derivados e gás natural, possibilitando que empresas operadoras e prestadoras de serviços, sejam elas nacionais ou estrangeiras, venham competir com a empresa estatal em todos esses segmentos de atividades. Neste cenário de transição, surgiu a agência reguladora, com o fim de exercer a fiscalização, controle e, sobretudo o poder normativo sobre os serviços inerentes à indústria do petróleo, que foi justamente a ANP – Agência Nacional do Petróleo, para justamente adequar o funcionamento dessa indústria em bases competitivas. Para a indústria de fornecedores, cria-se também um novo ator, a ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) com a finalidade de organizar essa indústria para torná-la competitiva frente aos fornecedores externos. O principal motivo da mudança institucional no setor do petróleo e do gás natural não foi a necessidade de consolidar a política industrial, senão a oportunidade de ampliar o volume de investimentos para atender ao consumidor final e valorizar os potencias recursos do país. Nesse sentido, a mudança institucional apresenta importantes oportunidades para indústria de fornecedores. A quebra do monopólio permite a entrada de novas empresas operadoras, tanto no upstream (segmentos da exploração e produção) como no downstream (segmentos do transporte, refino e distribuição) da indústria de petróleo. Essas empresas representam novos clientes para os fornecedores de equipamentos locais. Esse aspecto, potencialmente positivo, foi encoberto por uma mudança ainda mais significativa do regime tributário da indústria. A indústria do petróleo, por ser de propriedade pública e porque o país carecia ainda de produção de bruto em nível suficiente para atender ao mercado interno, possuía uma carga fiscal que recaía fundamentalmente sobre o consumo de derivados. A produção era praticamente desonerada de impostos, com a justificativa de incentivar a descoberta e o desenvolvimento de novos campos. Com a Lei do Petróleo de 1997, o país adotou um novo regime que passou a tributar fortemente a produção. Os royalties passaram de 5 para 10%, dependendo da margem obtida pela operadora. Os campos mais rentáveis tiveram que pagar participações especiais sobre o lucro. Uma mudança um pouco anterior fez com que a Petrobrás começasse a pagar imposto de renda. As

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empresas que concorreram às licitações de bloco da ANP, inclusive a Petrobrás, tiveram que pagar bônus e aluguel de área. Essas mudanças aumentaram substancialmente a carga tributária sobre as atividades do upstream. Elas seguem o padrão de regime tributário de países exportadores de petróleo ou de grandes produtores como Estados-Unidos e a Grã-Bretanha. Em face à sua imprevisibilidade geológica, que acarreta maiores riscos e custos de desenvolvimento, o Brasil era menos atrativo do que países dotados de abundantes recursos a baixos custos. Isto exigiu uma alteração da carga tributária que recai sobre as importações de equipamentos para a exploração e o desenvolvimento de campos marítimos no Brasil. O novo regime tributário implantado em 1999, através do Decreto nº 3.161, denominado de Repetro (Regime Aduaneiro Especial para a Indústria do Petróleo), possibilitou que a importação de equipamentos fosse franqueada de qualquer tributação. Os equipamentos permanecem por um tempo determinado em solo nacional (durante o contrato de concessão) sem ter que pagar impostos federais (Imposto de Importação, PIS, COFINS e IPI) e estaduais (ICMS). Esse regime, que é adotado internacionalmente, conduziu a sérias distorções para a indústria de fornecedores quando foi aplicado no Brasil. A produção nacional acabou sendo desfavorecida porque não logrou ser completamente desonerada de impostos através do sistema de "exportação ficta", o qual foi criado pelo Governo Federal para compensar os fornecedores locais da concorrência desigual dos produtos importados. A produção local, mesmo quando desonerada de impostos federais, não logrou livrar-se dos impostos estaduais. Preocupada com o destino da indústria de fornecedores, a ANP passou a incorporar nos critérios para seleção dos leilões de áreas índices de nacionalização. Esses índices ficaram, entretanto, muito aquém do que fora alcançado anteriormente (abaixo de 40%). O Repetro não é a única causa das operadoras se desinteressarem pelos fornecedores nacionais. Estes estavam defasados tecnologicamente e careciam de mecanismos de financiamento adequados. A indústria de fornecedores não entrou completamente em declínio porque a Petrobrás sob pressão do Governo do Estado do Rio tem aumentado consideravelmente suas encomendas aos estaleiros navais. Essa indústria está hoje emergindo novamente após uma depressão profunda que quase a levou à sua extinção. Em suma, as mudanças institucionais da década de 1990 alteraram profundamente os sistemas industriais e de inovação setoriais, centrados anteriormente nas estatais. A lógica empresarial, que passou a dominar as estratégias das empresas líderes, aliada à abertura da economia nacional, induziu esses atores a buscar fornecedores externos. No caso da indústria do petróleo, a abertura à concorrência no upstream, feita com o propósito de aumentar o volume de investimentos nessa atividade, contribuiu para criar um regime tributário que desestimula a produção local. Embora essas mudanças tenham conduzido à busca de eficiência e a uma maior concorrência entre empresas, elas não foram suficientes para reforçar os elos entre os atores dos sistemas setoriais de produção e inovação. Pelo contrário, em alguns aspectos essas mudanças enfraqueceram esses elos porque deram maior margem de manobra a atores-chaves, como a Petrobrás. Além de, em certos casos, beneficiarem a importação ao invés da produção local. Como o sistema produtivo dos fornecedores locais padece de

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séria defasagem tecnológica em relação aos concorrentes internacionais, e como ocorrem muitas "falhas de mercado" no Brasil - por exemplo: taxas de juros altas, infraestrutura deficiente, etc., é necessário que haja um órgão de política industrial que atue no sentido de corrigi-las. É justamente esse ator que esteve ausente das mudanças institucionais e das políticas da década de 1990 na indústria do petróleo. Noções Gerais Diante da grandeza das negociações procedentes das atividades da indústria do petróleo, é visível o enorme volume de bens que circulam em virtude destas atividades. Por esta razão, a fim de facilitar e aumentar a circulação desses bens, foi editado no Regulamento Aduaneiro pátrio, o regime de admissão temporário, ou Repetro, conforme regulamenta o IN SRF n° 285/03. O regime de admissão temporária é o mecanismo que permite que bens provenientes do exterior permaneçam em território nacional por tempo determinado e para fins específicos, sendo estes beneficiados pela suspensão do pagamento de impostos incidentes na importação ou com o pagamento do imposto, proporcional ao tempo de permanência do bem no país. A aplicação deste regime é concebível em casos genéricos, sendo especificados ainda quando os bens admitidos serão utilizados no desempenho de atividades na indústria de petróleo e gás natural, havendo neste caso a incidência do recolhimento dos impostos cabíveis na importação, tendo como base de cálculo o respectivo tempo de permanência do bem em território nacional. Tratando-se de regime de admissão temporário, a limitação temporária da incidência dos impostos de importação é de competência do Poder Executivo, alcançando desta forma os bens que tem por objetivo sua utilização em determinadas atividades econômicas. Em virtude desta limitação, que tinha seu fundamento no artigo 79, parágrafo único da Lei nº 9.430/96, foi publicado o Decreto nº 3.161/99, que três anos mais tarde foi revogado pelo Decreto nº 4.543/02, que veio a extinguir o regime aduaneiro tradicional, e deu origem ao regime aduaneiro especial, conhecido como Repetro, e que, veio a alterar a sua atuação, pois, foi suspenso de maneira integral os impostos referentes à admissão temporária dos bens que seriam utilizados em atividades econômicas e a competência que antes era do Poder Executivo para estabelecer que bens seriam beneficiados pelo regime foi transferida à Secretaria da Receita Federal, que através de sua norma IN SRF nº 04/01, os arrolou. Quanto ao prazo de validade do regime, este foi concedido até o dia 31.12.2020, sendo este o termo para a postulação do requerimento visando obter a aplicação do regime. Quanto aos bens, pode-se observar que o regime de admissão temporária é aplicável aos produtos importados em caráter temporário, devendo esta condição ser comprovada mediante qualquer julgado idôneo, e desde que seja sem cobertura cambial, aos bens que forem adequados à finalidade para a qual foram importados e finalmente aos bens utilizáveis em conformidade com o prazo de permanência e a finalidade constantes do ato concessivo. Especialmente, tratando-se de Repetro, pode-se dizer que, sua finalidade maior é permitir a entrada de bens a serem utilizados na pesquisa e lavra de petróleo ou gás natural, sendo estes beneficiados pela suspensão da cobrança de impostos.

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Modalidades Quanto às suas modalidades, o regime poderá ser de duas formas: por meio da admissão temporária e por meio do Repetro. 1. Admissão Temporária

Primeiramente vale destacar que em razão de seu caráter genérico e de sua aplicabilidade em diversas situações, quer seja de interesses particulares, comerciais, econômicos ou não, este se encontra previsto na IN 4/01 e é normatizado pela IN SRF nº 285/03, que prevê em seu artigo 4º as situações em que são admissíveis a suspensão total de tributos, mesmo que estas não se refiram a atividades econômicas e sim a usufrutuários do regime. Tratando-se dos bens importados para a prestação de serviços ou para a produção de outros bens alheios a indústria do petróleo, estes não são beneficiados pela suspensão total do pagamento dos impostos incidentes pela importação, neste caso, o que ocorre é a pactuação contratual entre o proprietário estrangeiro dos bens em questão e do beneficiário do regime de admissão temporária, a fim de que os impostos incidentes sejam pagos de forma proporcional ao tempo em que permaneceram no país, conforme preceitua o artigo 6º do regulamento da Secretaria da Receita Federal. Tratando-se de bens ainda, segundo o artigo 5º do mesmo regulamento supracitado, tem-se ainda a possibilidade de haver a admissão temporária automática de alguns bens, que em situações específicas, necessitam de prévio requerimento para que sejam concedidos os benefícios da suspensão da cobrança dos impostos de importação. Quanto ao tempo de permanência destes bens em território nacional, deverão ser respeitados os prazos estabelecidos no contrato de concessão, autorização ou de prestação de serviço que habilitou o importador ao Repetro; bem como nos contratos de locação ou empréstimo e contrato de arrendamento. E, finalmente tratando-se de embarcação, o prazo será determinado pela Marinha. Segundo o artigo 19 da IN SRF 04/2001: Art. 19. O prazo de permanência no País, no regime de admissão temporária, dos bens constantes do anexo único a esta Instrução Normativa será aquele fixado no contrato de concessão, autorização ou de prestação de serviços, conforme o caso. § 1º Quando os bens importados forem objeto de contrato de arrendamento operacional, aluguel ou empréstimo, o prazo de vigência do regime não poderá superar aquele estabelecido nesse contrato. § 2º Na hipótese de admissão temporária de embarcação cuja permanência no mar territorial brasileiro dependa de autorização do órgão competente da Marinha, o prazo de vigência do regime não poderá ultrapassar, ainda, aquele constante dessa autorização. § 3º Tratando-se de admissão temporária dos bens referidos no § 1º do art. 2º o prazo de permanência será igual àquele estabelecido para os bens a que se vinculem, sendo considerado automaticamente prorrogado na mesma medida em que prorrogado o prazo de permanência destes.

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2. REPETRO Noções Gerais O regime de admissão de bens que é tratado neste tópico é o da admissão temporária obrigatória, sendo que, este pode se aproveitar de instrumentos como saída ficta, regime de drawback e o regime de concessão. Regulado pela Lei nº 9.826/99, a exportação com saída ficta do território nacional é aquela em que embora o bem não saia do território nacional, o produto negociado é pago em moeda estrangeira à empresa com sede no exterior, sendo desta forma, considerado exportado para os fins fiscais. Fazendo-se importante observar ainda que, o bem em negociação tem como destinação o seu uso exclusivo em atividades de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás natural, nos moldes da Lei nº 9.478/97. Em suma, o que ocorre é uma ficção, a qual o bem em questão não precisa sair do país, bastando que seja entregue em território nacional sob controle aduaneiro ao comprador estrangeiro ou locatário para execução das atividades de pesquisa ou produção de petróleo ou gás natural. Dentre as modalidades de suspensão de impostos, pode-se deparar ainda com o drawback, que é a espécie em que há o afastamento da incidência dos impostos sobre matéria-prima, produtos semi-elaborados e acabados; inclusive partes e peças de equipamentos a serem produzidos no país, a fim de serem exportados e remetidos à sua aplicação nos diversos segmentos da indústria de exploração e produção de petróleo e gás natural. Neste regime, pode-se perceber que, na prática o fabricante importa fisicamente as peças dos equipamentos a serem produzidos sem que haja incidência dos impostos e estes montam em território nacional tais equipamentos que logo após serão exportados de maneira ficta. Na legislação aduaneira, que regulamenta o Repetro e a Admissão Temporária, é possível encontrar outra modalidade de admissão, que e o regime especial mediante concessão, que é aquele que alcança os bens estrangeiros ou desnacionalizados que advenham do exterior ou que tenham sido exportados de forma ficta. Segundo o artigo 411 do Regulamento Aduaneiro: Art. 411. O regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro), previstas na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, é o que permite, conforme o caso, a aplicação dos seguintes tratamentos aduaneiros: I - exportação, com saída ficta do território aduaneiro e posterior aplicação do regime de admissão temporária, no caso de bem a que se refere o § 1°, de fabricação nacional, vendido a pessoa sediada no exterior; II - exportação, com saída ficta do território aduaneiro, de partes e peças de reposição destinadas aos bens referidos nos §§ 1o e 2°, já admitidos no regime aduaneiro especial de admissão temporária; e III - importação, sob o regime de drawback, na modalidade de suspensão, de matérias primas, produtos semi-elaborados ou acabados e de partes ou peças, utilizados na fabricação dos bens referidos nos §§ 1º e 2º, e posterior comprovação do adimplemento das obrigações decorrentes da aplicação desse regime mediante a exportação referida nos incisos I ou II.

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§ 1º Os bens de que trata o caput são os constantes de relação elaborada pela Secretaria da Receita Federal. § 2º O regime poderá ser aplicado, ainda, às máquinas e aos equipamentos sobressalentes, às ferramentas e aos aparelhos e a outras partes e peças destinados a garantir a operacionalidade dos bens referidos no § 1º. § 3° Quando se tratar de bem referido nos §§ 1º e 2º, procedente do exterior, será aplicado, também, o regime de admissão temporária. § 4º As partes e peças de reposição referidas no inciso II também serão admitidas no regime de admissão temporária, pelo mesmo prazo concedido aos bens a que se destinem. Da Aplicabilidade Fundado na IN SRF nº 04/2001, que regulamenta o Repetro, há duas possibilidades para que haja a admissão um bem nesse regime. Para isto, é indispensável que estes estejam atendendo as condições essenciais para concessão do regime de admissão temporária, ou seja: deve o bem ser classificado e atender perfeitamente à respectiva descrição a que corresponde um dos códigos NCMs listados no anexo único da Instrução Normativa, em conformidade com o caput de seu artigo 2°, a qual o denomina de bem principal; e o bem, apesar de não se enquadrar em uma das modalidades do anexo supracitado, inclusive na categoria de máquinas e equipamentos, ferramentas, aparelhos e outras partes e peças destinadas a garantir a operacionalidade, na atividade-fim, de um bem principal, ou seja, de outro bem que se classifica em uma das posições relacionadas no mesmo anexo. Caso os bens não se enquadrem nestas condições, não serão admitidos no Repetro, e deverão ser tentadas sua inclusão em um dentre dois outros procedimentos que são: a admissão temporária, baseada no artigo 6º da IN SRF nº 285/03 c/c a IN SRF nº 162/98, sendo aplicado o recolhimento proporcional de impostos na importação, onde se incluem os bens de capital em que sua vida útil é relacionada no anexo da IN SRF nº 162/98, ou, caso contrário, é fixada em 10 (dez) anos, tratando-se de instalações, conforme previsto no anexo II da IN SRF nº 162/98. A outra opção para habilitar a inclusão de um bem no Repetro dá-se pela importação comum, com a devida nacionalização das mercadorias, seguindo a legislação de regência dos impostos incidentes sobre a importação; com o recolhimento integral dos tributos aplicáveis, onde incluem-se os bens destinados ao consumo. Dos Bens No que tange aos bens passíveis de admissão, em cada uma das três modalidades de admissão temporária genérica, antes descritas, no que abrange a indústria do petróleo e gás natural, pode-se citar especificamente que: dentre os bens submetidos ao Regime de Admissão Temporária, com suspensão de impostos de importação, inclui-se as mercadorias destinadas a reposição e conserto de embarcações, aeronaves e outros veículos estrangeiros estacionados no território nacional, em trânsito ou em regime de admissão temporária; e os outros bens estrangeiros; dentre os casos em que o bem pode ser considerado automaticamente admitido no Regime de Admissão Temporária com suspensão de impostos, incluem-se as embarcações, aeronaves destinados a realização de atividades de pesquisa e investigação científica, na plataforma continental e em águas sob jurisdição brasileira. Já no caso do bem encontrar-se amparado por contrato com a finalidade de prestar serviço ou produzir bens, poderá ser admitido temporariamente, a critério do interessado, sujeitando-se ao pagamento dos impostos federais exigidos na importação, proporcionalmente ao tempo de sua permanência em território nacional.

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É importante atentar para a entrada no território aduaneiro de bens objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras domiciliadas no exterior, já que não se confunde com o regime de admissão temporária e sujeita-se às normas gerais que regem o regime comum de importação, estando, portanto vedada a sua admissão temporária pelo Repetro. No que se refere a admissão do bem no Repetro, sendo sua procedência do exterior, deverão ser de propriedade de pessoa cuja sede seja no exterior e o bem deverá ser importado sem que haja cobertura cambial pelo contratante dos serviços de pesquisa e produção de petróleo e de gás natural, ou por terceiro contratado ou subcontratado. Na hipótese dos bens serem exportados fictamente, estes deverão ser produzidos no país e adquiridos por pessoa cuja sede seja no exterior, com pagamento em moeda estrangeira de livre conversibilidade, pro meio de cláusula de entrega, no território nacional. São admitidas também pelo Repetro, as partes e peças de reposição. Segundo o anexo único da IN SRF n° 04/01, os bens admissíveis no regime são:

Árvore de natal molhada; Embarcações destinadas a apoio às atividades de pesquisa, exploração, perfuração, produção e

estocagem de petróleo ou gás natural; Embarcações destinadas a atividades de pesquisa e aquisição de dados geológicos, geofísicos e

geodésicos relacionados com a exploração de petróleo ou gás natural; Equipamentos para aquisição de dados geológicos, geofísicos e geodésicos relacionados à

pesquisa de petróleo ou gás natural; Equipamentos para serviços auxiliares na perfuração e produção de poços de petróleo; Guindastes flutuantes utilizados em instalações de plataformas marítimas de perfuração ou

produção de petróleo; Rebocadores para embarcações e para equipamentos de apoio às atividades de pesquisa,

exploração, perfuração, produção e estocagem de petróleo ou gás natural; “Riser” de perfuração e produção de petróleo; Unidades fixas de exploração, perfuração ou produção de petróleo; Unidades flutuantes de produção ou estocagem de petróleo ou de gás natural; Unidades de perfuração ou exploração de petróleo, flutuantes ou semi-submersíveis; Veículos submarinos de operação remota, para utilização na exploração, perfuração ou produção

de petróleo (robôs). É imprescindível que haja a correta classificação da mercadoria que será ingressada no Repetro, pois assim, será possível que os bens acessórios e principais ingressem no mesmo regime. Em relação às máquinas, equipamentos, ferramentas, aparelhos e outras partes e peças destinadas a garantir a operacionalidade de um bem, deve ser observado o seu conceito, levando-se em consideração sua “atividade-fim”, pois sua complexidade reduz as opções de bens admissíveis no Repetro, além de proporcionar a possibilidade de diversas interpretações, tanto no âmbito da fiscalização, quanto pela dificuldade criada para o entendimento dos interessados. Em razão disso, a questão da nomenclatura dos bens é o aspecto mais discutível, tratando-se de Repetro, visto que a denominação dos bens gera incertezas, e graves consequências, pois o enquadramento equivocado de um bem quanto a sua finalidade, poderá causar custos desnecessários nos despachos de importação. Na teoria, esta “atividade-fim” refere-se às atividades de extração de petróleo e gás, por meio de poços. Destarte, a conclusão majoritária quanto a este ponto é a que somente os bens essenciais que participem diretamente deste processo, são admissíveis no Repetro, e desta forma, caso haja sua ausência no

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momento da operação não haja o enquadramento do bem, estes bens terão sua admissão no regime negados. Procedimentos no REPETRO Quanto aos procedimentos para admissão no Repetro, faz-se importante esclarecer que este pode ser para permitir a habilitação do beneficiário do Repetro ou para que haja sua concessão. No primeiro procedimento a empresa candidata a beneficiária do regime deve apresentar um perfil específico, e deve ainda atender uma série de requisitos para que sua habilitação para utilização do regime seja conferida pela Secretaria da Receita Federal. Para que uma pessoa jurídica se habilitem, por exemplo, esta deverá ser detentora de concessão ou autorização para que exerça a atividade de exploração e produção de petróleo e gás natural no país; e é exigido que esta pessoa possua controle contábil informatizado, que possibilite o acesso à situação de suas atividades e o acompanhamento da movimentação do estoque dos bens sujeitos ao Repetro, para que desta forma haja um controle efetivo dos bens, e se estes estão sendo aplicados para os fins as quais foram importados. Na hipótese da pessoa jurídica contratada não possuir sede no país, poderá ser habilitada a empresa por ela contratada para importar bens, desde que possua sua sede em território nacional. Sendo outorgada a habilitação, a pessoa jurídica assume obrigações, como por exemplo, o dever de permitir o acesso da Secretaria da Receita Federal ao seu sistema informatizado e às documentações técnicas, para que este Órgão monitore as finalidades e aplicações dos bens admitidos. Vale citar ainda que, esta outorga é atribuída através de Ato Declaratório Executivo do Superintendente da Receita Federal e não é definitiva, podendo ser suspensa ou cancelada a qualquer tempo. A habilitação poderá ser suspensa quando houver a obstrução do acesso, pela Secretaria da Receita Federal ao sistema de controle informatizado, quando houver contradições entre os dados apresentados pelo sistema, e àqueles fornecidos pelas declarações referentes as importações e exportações, e em última hipótese em virtude da inexistência do controle informatizado. Já o cancelamento da habilitação, que é formalizado por Ato Declaratório Executivo do Superintendente da Receita Federal, poderá ocorrer em virtude do cancelamento da concessão, autorização ou do contrato de prestação de serviço, que serviu de fundamento para a habilitação, com a comprovação da prática de ilícito na esfera tributária ou aduaneira e finalmente, se a suspensão da habilitação, em algum dos casos anteriormente citados for superior ao prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Identificado o vício nos procedimentos da habilitação, a pessoa jurídica é notificada para que no prazo de 10 (dez) dias, solucione o solicitado, ou na hipótese da suspensão pelo prazo de 30 (trinta) dias, superado este período, será formalizada a suspensão, ficando a pessoa jurídica impossibilitada de utilizar o Repetro, até que sane os vícios. Na segunda modalidade de procedimento, que se configura pela concessão do regime aos bens que atendam às condições estabelecidas para a utilização nas atividades de pesquisa ou produção de petróleo e gás natural.

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Em relação a essas condições, deverão os bens pertencerem a pessoa sediada no exterior, ser importado sem cobertura cambial e que o bem seja proveniente ou tenha sido objeto de despacho aduaneiro de exportação como saída ficta. Para que haja a concessão a solicitação deverá ser apresentada pelo Requerimento de Concessão do Regime (RCR) à Secretaria da Receita Federal, onde ocorrerá o despacho de importação. Na hipótese do objeto da exportação ser proveniente de saída ficta, o RCR há de ser apresentado à Secretaria da Receita Federal, que é o responsável pelo despacho aduaneiro de exportação. Este requerimento, diga-se de passagem, deverá ser instruído com documentos comprobatórios da sua habilitação ao Repetro, e que os requisitos sejam atendidos, ou seja, que sejam pertencentes à pessoa domiciliada no exterior, que seja importado sem cobertura cambial e que sua procedência seja do exterior, ou que tenha sido objeto de exportação ficta. O deferimento do RCR ocorrerá após o registro da Declaração de Importação e da formalização do Termo de Responsabilidade. Caso haja indeferimento da concessão, é cabível recurso voluntário, no prazo de 30 (trinta) dias, endereçado em última instância, à autoridade superior àquela que proferiu a decisão denegatória da concessão. Licenciamento de Importação Com exceção das importações de amostras cujo valor ultrapasse a U$ 1.000,00 (mil dólares) e das operações realizadas em moeda nacional, a Portaria Secex nº 14/04 dispensa o licenciamento daquelas de regime de admissão temporária, incluindo bens a serem protegidos pelo Repetro, sujeitando ao licenciamento não automático as importações de bens usados. Declaração de Importação A pessoa jurídica beneficiária do regime deverá registrar a Declaração de Importação (DI) no Siscomex contendo documentos como: conhecimento de carga, nos casos de bens provenientes de forma direta do exterior; fatura pró-forma; cópia do RCR deferido pela fiscalização; TR das obrigações fiscais suspensas pelo regime; comprovante da garantia a ser prestada e de exportação. A análise do RCR ocorre antes do registro da DI, mas o seu deferimento só se dá após o mesmo e da apresentação do Termo de Responsabilidade. No regime da IN n° 285/03 somente há exigência do TR e do contrato de prestação de serviço, logo, pode ocorrer o deferimento do RCR antes da chegada da carga. Após a data de 05 de maio de 2003, com a notícia Siscomex nº 28, as Declarações de Importação sob o Regime da IN SRF nº 285/03, e do Repetro devem ser do tipo “consumo e admissão temporária”, sendo permitido àquele a mudança de alíquota. Prorrogação do Regime Em caso de interesse na prorrogação do prazo do Repetro, deve ser feito um Requerimento de Prorrogação do Regime (RPR), atendendo ao modelo do Anexo III da IN SRF nº 285/03 e apresentado pelo requerente antes que se esgote o prazo já concedido, salvo para admissão de bens acessórios onde o prazo é automática, prorrogado de acordo com o prazo de permanência do bem principal, caso em que o Requerimento de Prorrogação do Regime deve ser instruído com o Termo de Responsabilidade

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correspondente ao crédito tributário suspenso e, dependendo da situação, acompanhado do comprovante da prestação da garantia. Depois de o novo TR ser formalizado, dá-se baixa no anterior. O prazo é prorrogado após a comprovação do atendimento aos requisitos estabelecidos. Há também a prorrogação por concessão do titular da unidade da Secretaria da Receita Federal com jurisdição local dos bens, caso em que informará à autoridade aduaneira seu ato para fins de controle. Em se tratando do regime da IN SRF nº 285/03, a prorrogação pode ser concedida por quaisquer das unidades aduaneiras da Secretaria da Receita Federal, devendo haver o recolhimento proporcional de tributos. Não será concedida a prorrogação quando a solicitação é efetuada após o prazo estabelecido para a permanência dos bens no país, devendo o interessado requerer a concessão de novo regime sem que os bens saiam do território nacional e atendendo as condições previstas (multa, formalidades ...). Sendo indeferido o pedido de prorrogação, é cabível recurso voluntário em até 30 (trinta) dias, em última instância, à autoridade superior àquela que proferiu a decisão. Extinção do Regime Ocorre a sua extinção quando o beneficiário, no prazo de permanência do bem no território procede a reexportação ou a saída definitiva do bem do país (ficta), destruição às expensas do beneficiário, entrega à Fazenda Nacional com a concordância da autoridade aduaneira em receber; com a mudança para outro regime especial e com o despacho para o consumo. Ocorre a extinção também nas seguintes hipóteses: quando o beneficiário é substituído, quando novo regime é concedido e quando o sinistro não é pelo beneficiário. Em havendo extinção do regime de admissão temporária, o Termo de Responsabilidade é baixado e a garantia prestada é liberada. A extinção é de competência exclusiva de onde a providência foi tomada, não cabendo análise de mérito pela unidade da Secretaria da Receita Federal que concedeu o regime, conforme o artigo 319, § 12º do RA. Formas de Extinção do Regime O artigo 15 da IN SRF nº 285/2003, arrola as formas de extinção do regime. Art. 15. O regime de admissão temporária se extingue com a adoção de uma das seguintes providências, pelo beneficiário, dentro do prazo fixado para a permanência do bem no País: I - reexportação; II - entrega à Fazenda Nacional, livre de quaisquer despesas, desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-lo; III - destruição, às expensas do beneficiário;

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IV - transferência para outro regime aduaneiro, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 121, de 11 de janeiro de 2002; ou V - despacho para consumo. § 1º A adoção das providências para extinção da aplicação do regime será requerida pelo interessado ao titular da unidade que jurisdiciona o local onde se encontrem os bens, mediante a apresentação destes, dentro do prazo de vigência do regime. § 2º A unidade aduaneira onde for processada a extinção deverá comunicar o fato à que concedeu o regime, para fins de baixa do TR. § 3º Na hipótese de despacho aduaneiro de reexportação processado em unidade da SRF que não jurisdicione porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado, a movimentação do bem até o ponto de saída do território aduaneiro será realizada em regime de trânsito aduaneiro. § 4º O despacho aduaneiro de reexportação de bens importados na forma do inciso X do art. 4º deverá ser instruído com cópia do contrato de prestação de serviços que serviu de base à concessão do regime, bem assim do relatório detalhado do processo industrial realizado, apresentado por ocasião da concessão do regime. § 5º A reexportação realizada fora do prazo estabelecido somente será autorizada após o pagamento da multa prevista no art. 106, inciso II, alínea "b", do Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966. § 6º Nos casos de extinção referidos nos incisos II e III do caput deste artigo: I - as providências poderão ser requeridas fora do prazo de vigência do regime, desde que antes de iniciada a execução do TR e mediante o pagamento da multa referida no § 5º; II - não caberá o pagamento dos impostos suspensos por força da aplicação do regime. § 7º O eventual resíduo da destruição, se economicamente utilizável, deverá ser despachado para consumo como se tivesse sido importado no estado em que se encontre, sem cobertura cambial e com base em DSI. § 8º Quando não houver recinto alfandegado na unidade da SRF que jurisdiciona o local onde se encontram os bens a que se refere o § 7º, estes poderão ser despachados com base no formulário previsto no art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 155/99, de 22 de dezembro de 1999. (Revogado pela IN SRF nº 676, de 18/09/2006). § 9º O despacho para consumo, como modalidade de extinção do regime, far-se-á com observância das exigências legais e regulamentares que regem as importações, vigentes à data do registro da correspondente declaração de importação. § 10º No caso de despacho para consumo, tem-se por tempestiva a providência para extinção do regime, na data do pedido da licença de importação, desde que este seja formalizado dentro do prazo de vigência do regime, e a licença seja deferida. § 11º O despacho para consumo poderá ocorrer após o término do prazo de vigência do regime, observadas as condições estabelecidas no inciso I do § 6º.

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§ 12º Na hipótese de indeferimento do pedido de prorrogação de prazo ou dos requerimentos a que se referem os incisos II a V do caput, o beneficiário deverá iniciar o despacho de reexportação dos bens em trinta dias da data da ciência da decisão, salvo se superior o período restante fixado para a sua permanência no País. § 13º Aos bens cuja reexportação tenha sido autorizada ou para os quais estejam atendidos os requisitos para a extinção do regime mediante a adoção dessa providência poderá ser concedido novo regime de admissão temporária, inclusive para cumprimento de finalidade diversa daquela que servira de base para a concessão inicial. § 14º Na hipótese do § 11º: § 14º Na hipótese do § 13º: (redação dada pela IN 317/03) § 14º Na hipótese do § 13º: (redação dada pela IN SRF nº 470/04) I - o pedido deverá ser apresentado antes de iniciada a execução do TR; I - o pedido deverá ser apresentado antes de iniciada a execução do TR, dispensada a apresentação dos bens; II - será exigido o pagamento da multa referida no § 5º, caso o pedido seja apresentado fora do prazo de vigência do regime; III - tratando-se de bens destinados à prestação de serviços ou à produção de outros bens, de que trata o art. 6º, o cálculo e a cobrança dos impostos serão realizados de conformidade com as regras estabelecidas para a prorrogação da permanência de bens no País; e IV - o regime será considerado extinto após o cumprimento das exigências e formalidades para a concessão do novo regime, ficando dispensada a exigência da saída física e posterior retorno do bem ao território nacional. § 15º A extinção do regime, na hipótese a que se refere o inciso V do caput, será processada por meio do formulário de que trata o art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 155/99, de 22 de dezembro de 1999, no caso de unidade da Secretaria da Receita Federal que não jurisdicione recinto alfandegado. (incluído pela IN SRF no 357/03) (Revogado pela IN SRF nº 676, de 18/09/2006). § 16º Não será exigida a apresentação do conhecimento de carga no despacho para consumo das unidades de carga estrangeiras, seus equipamentos e acessórios, admitidos no regime com base no inciso V do art. 5º. (NR) (incluído pela IN SRF no 550/05). O artigo 72, I da Lei nº 10.833/03 prevê que a reexportação ou a saída definitiva do bem do território nacional, fora do prazo, é sujeito a incidência de multa de 10% sobre o valor aduaneiro do bem constante da Declaração de Importação. No caso de embarcações, a IN SRF nº 285/03 prevê, em seu artigo 5º que havendo autorização da Marinha para a permanência do bem em território nacional, após a extinção do regime, ela passará a ser considerada em admissão temporária. Nessa situação, a embarcação não poderá exercer atividade alguma, o beneficiário deverá atender às exigências estabelecidas para fins de controle aduaneiro, entre elas, a apresentação da cópia da autorização dada pela Marinha do Brasil; há a dispensa da saída da embarcação do mar territorial brasileiro no caso de despacho de reexportação, entre outros.

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Na hipótese da transferência para outro regime especial, torna-se desnecessário o pagamento dos impostos anteriormente suspensos pela aplicação do regime, sem prejuízo da exigência da multa prevista, caso as medidas exigidas sejam requeridas fora do prazo de vigência do regime e antes de iniciada a execução do Termo de Responsabilidade. O despacho para consumo, como forma de extinção de regime se dá com a devida observação das exigências legais, apresentadas pelo regulamento das importações, sendo abrangidas os pagamentos dos impostos incidentes, que sem encontram em vigência na data do registro da respectiva declaração de importação. Caso haja a destruição do bem, não recairá sobre este a necessidade do pagamento dos impostos suspenso pela aplicação do regime, no entanto, tal isenção não se estende às multas previstas pelo artigo 72. Mesmo após a destruição, caso seja economicamente viável, este bem deverá ser despachado como se fosse proveniente de exportação, apesar do estado em que se encontre, sem cobertura cambial. Outra forma de extinção do regime se dá pela entrega à Fazenda Pública, neste caso, assim como nas modalidades anteriormente apresentadas não é exigível o pagamento dos impostos suspensos, no entanto há responsabilidade pelo pagamento das multas previstas. Situações Excepcionais Nova Concessão Tratando-se ainda dos contratos de concessão de bens submetidos ao regime é importante frisar que nos casos de celebração de novo contrato entre as partes cujo objeto concedido seja o mesmo, torna-se desnecessária a interrupção das atividades operacionais desta, bastando apenas que a Declaração de Importação do bem seja registrada sob a Fundamentação Legal 70, optando pela descrição de “entrada ficta”, pois desta forma, será evitada a vinculação de um NIC à DI, já que inexiste carga armazenada em recinto alfandegário de zona primária, mas sim em uso pelo beneficiário na operação. Quanto ao valor do bem na nova concessão, é importante salientar que este pode ser reduzido, posto que, considerando que o regime é regido pelas normas vigentes no momento da ocorrência do fato gerador, dever-se-á considerar a data da entrada do bem no país (artigo 73 do RA). “Artigo 144 do CTN – O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Substituição do Beneficiário É possível ainda neste regime de admissão a autorização da substituição do beneficiário do bem já submetido ao regime. Esta autorização é concedida em duas hipóteses: se forem atendidos pelo novo beneficiário os requisitos para a aplicação do regime; e mediante o cumprimento de todas as formalidades exigidas para a concessão do regime. No ato do preenchimento da Declaração de Importação são informados os valores do bem, do frete e do seguro constantes na declaração que serviu para a concessão originária do regime. A data do registro da DI pelo novo beneficiário marca o início do novo regime.

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Ressaltando que, tratando-se de bens acessórios, o prazo de vigência do regime é vinculado ao prazo de permanência do bem principal. Prorrogação do REPETRO O Repetro foi estendido até 2020. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o Decreto nº 5138, ampliando o prazo de vigor do regime e estendendo-o ao setor de aviação. O Regime era válido somente até 2007, o que estava causando preocupação entre as empresas de petróleo, que teriam um impacto financeiro em seus investimentos. De acordo com o Repetro, as companhias de petróleo conseguem trazer equipamentos para o Brasil com isenção de impostos, ficando livres do pagamento de II, IPI e ICMS. Já a indústria nacional pode se beneficiar do regime através de um conceito chamado exportação ficta, que prevê a saída fictícia do bem e seu retorno ao Brasil pelo regime de admissão temporária. Através deste mecanismo, os equipamentos também ficam isentos, igualando as condições de fornecimento da indústria nacional à estrangeira. O decreto mantém na íntegra o texto original do Repetro, que é válido para uma lista de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), se a extensão não fosse aprovada, as empresas passariam a ter um acréscimo de custo em suas atividades de 25% a 30% a partir de 2007, o que poderia desestimular novos investimentos. Às vésperas da Sexta Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a medida foi muito bem recebida pelo mercado. Segundo Álvaro Teixeira, secretário executivo do IBP, a decisão sinaliza que o Governo Federal quer apoiar investimentos no setor de petróleo e tornar o Brasil competitivo. Se o Repetro acabasse, as empresas teriam um impacto muito grande desses impostos em seus investimentos. O problema é que o impacto é alto sobre a rentabilidade e a recuperação só se dá tempos depois, na produção. Isso poderia desestimular empresas a apostarem no Brasil - explicou Teixeira. Para o diretor geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eloi Fernandes y Fernandes, a medida traz tranqüilidade aos investidores, o que é extremamente positivo, principalmente no momento atual, em função da proximidade do leilão da ANP. O Repetro é bom para quem já está aqui e para quem pretende investir na atividade de exploração brasileira. Com o Repetro, as empresas podem ter a garantia de que podem fazer investimentos sem ter que pagar impostos durante a operação. A manutenção é positiva tanto para as empresas de petróleo quanto para a indústria fornecedora, porque garante isonomia em relação aos concorrentes estrangeiros - disse ele. Considerando que a maior dos projetos estão concentrados no Rio de Janeiro, o Repetro só ainda não é totalmente aplicável em função da Lei Valentim, que cobra 19% de todos os bens importados que entram no país por admissão temporária, tornando nulo os efeitos do Repetro. As empresas de petróleo sugeriram ao Procurador Geral da República que pedisse uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), que está em tramitação.

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Vantagens e Desvantagens do Regime Apesar da tentativa de proporcionar o desenvolvimento das indústrias e consequentemente do setor petrolífero no país, o Repetro ainda apresenta algumas desvantagens aos fornecedores, principalmente no tocante a cobrança do ICMS pelos Estados. A possibilidade da realização da exportação ficta como forma de estímulo às indústrias, esbarra nos altos custos operacionais; além disto, a desigualdade no tratamento tributário dado pelos Estados (posto que cada Estado possui autonomia para determinar a alíquota do ICMS), faz com que a competitividade dos fornecedores nacionais seja comprometida, provocando com isso, efeito oposto ao pretendido pelo regime. Em suma, o mercado de fornecedores de bens para o setor petrolífero vivencia hoje a seguinte situação: insegurança quando à cobrança de ICMS dos bens produzidos no Brasil, abrangidos pelo Repetro, além de sofrerem a concorrência de fornecedores estrangeiros cujos produtos não são tributados; o governo federal, por sua vez, deparando-se com uma distorção grave de sua política de atração de novos investidores nas atividades de exploração e produção de petróleo no país; e os governos estaduais que, provavelmente, não contarão com aumento significativo da receita tributária, pois a oneração dos produtos locais pelo ICMS tenderá a deslocar para o exterior, encomendas que poderiam ser supridas por empresas brasileiras, resultando tanto na não arrecadação do imposto, quanto em possíveis prejuízos adicionais decorrentes da perda de mercado, tais como desemprego e desinvestimentos. O REPETRO e o ICMS no Estado do Rio de Janeiro Vistas as desvantagens apontadas, vale citar o modelo do Rio de Janeiro, no que tange ao tratamento dado ao regime. Focado nos altos lucros apresentados pela produção petrolífera, o governo do Estado do Rio de Janeiro buscou aumentar o recolhimento de suas receitas publicando em 17 de junho de 2002, a Lei Estadual nº 3.851, denominada de “Lei Valentim” de autoria do Deputado Estadual Edmilson Valentim, de acordo com este diploma legal, a partir de 30 de junho de 2003 o ICMS incidiria na importação, seja sob admissão temporária ou não, de bens a serem utilizados na produção de petróleo no litoral do Estado. Ainda, na tentativa de conquistar ainda mais investidores para o Estado fluminense, em 17 de fevereiro de 2004, a então Governadora Rosinha Garotinho assinou o Decreto nº 34.811, regulamentando assim a Lei Valentim, isentando as empresas do pagamento de ICMS sobre a atividade de exploração e taxando em 18% todas as aquisições de equipamentos direcionados a produção de petróleo, acrescidos ainda da alíquota de 1%, a ser destinada para um fundo de erradicação da pobreza. Apesar do sensível argumento de estar proporcionando a isonomia entre as empresas brasileiras e estrangeiras, torna-se explícita a insensatez da medida, ao deslocar a cobrança do importo da atividade de exploração para as aquisições de equipamentos. Diante destes dispositivos legais, tanto as empresas do setor quanto a Procuradoria Geral da República; a pedido do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) ajuizaram Ações Diretas de Inconstitucionalidade no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e no Supremo Tribunal Federal, sob os argumentos de violação do Convênio nº 58/99 celebrado no Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ); a qual segundo a Lei Complementar nº 24/75 estabelece que quaisquer benefícios ou incentivos fiscais relativos ao ICMS, dentre as quais engloba-se a isenção e a redução da base de cálculo só poderão ser concedidos ou revogados por convênios firmados pelo CONFAZ; e incompetência legislativa estadual sobre a matéria, posto que segundo o artigo 22, VIII da Constituição Federal, compete

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privativamente a União legislar sobre comércio exterior e interestadual; desta forma, somente a União é competente para conceituar e definir os institutos do comércio exterior. Quanto às Adins, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro decidiu em 09 de maio de 2005 pela procedência da ação, pois a Lei Valentim contraria o que determinou um acordo firmado entre os Estados e a Federação em 1999 (Convênio nº 58), pelo acerto, por meio do Repetro, a União isentava essas operações de tributos federais, enquanto os signatários abriam mão da cobrança do ICMS sobre uma relação de itens. No Estado do Rio, após a criação da Lei Valentim, a tributação do ICMS vinha sendo negociada caso a caso. Conclusão O Repetro – regime fiscal criado em 1999 para garantir isenção de ICMS para equipamentos utilizados na indústria de petróleo – é mais um ponto de muita discussão. Os produtores de bens e serviços para o setor de óleo e gás querem isonomia tributária, em comparação com as estrangeiras, com efetiva operacionalização do Repetro, para atingir pelo menos 40% de participação no mercado brasileiro. Segundo José Augusto Marques, presidente da Abdib. “As autoridades precisam dar uma luz para a indústria nacional do petróleo”. O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, disse que o órgão deverá emitir uma Instrução Normativa atendendo a pedidos da indústria nacional de bens e serviços. Para Maciel, não deve existir ICMS sobre a chamada exportação ficta de equipamentos – quando há transferência de propriedade do equipamento para uma empresa sediada no exterior, mesmo que não haja saída física do bem. “Minha idéia é criar uma Instrução Normativa, que trate de todas as hipóteses, e uma norma, de natureza declaratória, que esclareça isso”. Para João Carlos de Luca, além dos ajustes no Repetro, também é necessário flexibilizar os royalties pagos a Estados e Municípios quando for descoberto óleo de baixo custo; criar incentivos para a exploração de bacias terrestres e marítimas; incentivar o desempenho de pequenas e médias empresas; criar novo modelo de licenciamento ambiental; e incentivar a implantação de câmaras técnicas no Ibama. Pelo exposto, pode-se perceber que o Repetro, foi criado com o intuito de fortalecer a indústria petrolífera nacional, e para permitir que os órgãos competentes possam manter grande controle acerca dos bens que entram no país, e que com isso possam estabelecer que bens devem ou não ser beneficiados pela imunidade tributária, aspecto este, que é bastante discutido pelos Estados quanto a competência para a cobrança e o quantum a ser exigido na seara tributária, e de que forma essa receita advinda desses bens devem ser aplicadas. Enquanto as discussões persistem, tanto o país quanto o setor permanecem predestinados ao atraso, pois tais impasses emperram o desenvolvimento econômico, prejudicam a produção de petróleo e derivados, e o pior, condenam o povo, pois no final das contas o maior prejudicado é a sociedade brasileira que continuará sofrendo as consequências pela falta de consenso e pelos interesses políticos de seus governantes.

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BIBLIOGRAFIA - Site da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (www.antaq.gov.br).