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Casos Concretos de Afretamento e Casos Concretos de Afretamento e Transporte Marítimo para Discussão Transporte Marítimo para Discussão Luiz Leonardo Goulart Luiz Leonardo Goulart UNISANTOS / OAB - SANTOS UNISANTOS / OAB - SANTOS Subseção Santos

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Page 1: Casos Concretos de Afretamento e Transporte Marítimo para Discussão Luiz Leonardo Goulart UNISANTOS / OAB - SANTOS Subseção Santos

Casos Concretos de Afretamento e Casos Concretos de Afretamento e

Transporte Marítimo para Discussão Transporte Marítimo para Discussão

Luiz Leonardo GoulartLuiz Leonardo Goulart

UNISANTOS / OAB - SANTOS UNISANTOS / OAB - SANTOS

Subseção

Santos

Page 2: Casos Concretos de Afretamento e Transporte Marítimo para Discussão Luiz Leonardo Goulart UNISANTOS / OAB - SANTOS Subseção Santos

CASO 1CASO 1

Tema:Tema:

Cobrança de sobrestadia (Cobrança de sobrestadia (demurragedemurrage) de container) de container

  

Page 3: Casos Concretos de Afretamento e Transporte Marítimo para Discussão Luiz Leonardo Goulart UNISANTOS / OAB - SANTOS Subseção Santos

Container descarregado em Santos de navio de linha Container descarregado em Santos de navio de linha regular, desovado nas dependências do consignatário em São regular, desovado nas dependências do consignatário em São Paulo, e devolvido aos agentes do transportador um mês depois. Paulo, e devolvido aos agentes do transportador um mês depois. Container devolvido ao navio por ocasião de nova escala em Container devolvido ao navio por ocasião de nova escala em Santos, em viagem Santos, em viagem northboundnorthbound, dez dias após entrega aos , dez dias após entrega aos agentes.agentes.  

Os armadores cobraram sobrestadia ( Os armadores cobraram sobrestadia ( demurragedemurrage ) pelo ) pelo período em que o container ficou retido em seu depósito.período em que o container ficou retido em seu depósito.  

O consignatário recusou-se a pagar a sobrestadia, sob o O consignatário recusou-se a pagar a sobrestadia, sob o argumento de que o container era acessório do navio e sua argumento de que o container era acessório do navio e sua responsabilidade se limitava ao frete já pago.responsabilidade se limitava ao frete já pago.  

Os armadores alegaram que o conhecimento marítimo Os armadores alegaram que o conhecimento marítimo previa essa cobrança.previa essa cobrança.  

Quem tem razão ?Quem tem razão ?

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  CASO 2CASO 2

Tema:Tema:

Cobrança de sobrestadia de navio em afretamento por Cobrança de sobrestadia de navio em afretamento por viagem (voyage charterparty): paralisações por chuvaviagem (voyage charterparty): paralisações por chuva

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Navio afretado por uma viagem carregou açúcar no porto de Santos, destinadoNavio afretado por uma viagem carregou açúcar no porto de Santos, destinado

a Hamburgo, Alemanha, contendo a carta de fretamento ( ou carta-partida ) a a Hamburgo, Alemanha, contendo a carta de fretamento ( ou carta-partida ) a

cláusula cláusula Weather working days of Weather working days of 24-24-consecutive hoursconsecutive hours..  

A operação de carga foi paralisada por períodos que variaram de 15 minutos aA operação de carga foi paralisada por períodos que variaram de 15 minutos a

1h30m, devido a intermitente as chuvas em Santos, num total de 14 horas e 251h30m, devido a intermitente as chuvas em Santos, num total de 14 horas e 25

minutos.minutos.

  

O navio incorreu em sobrestadias ( O navio incorreu em sobrestadias ( demurragedemurrage ), mas o afretador impugnou a ), mas o afretador impugnou a

fatura recebida, reivindicando a dedução das 14h25m, à razão de US$ 100.00 porfatura recebida, reivindicando a dedução das 14h25m, à razão de US$ 100.00 por

hora, uma vez que a cláusula hora, uma vez que a cláusula weather working days weather working days ( dias úteis em condições de( dias úteis em condições de

tempo ) lhe permitia reduzir as paralisações por chuva.tempo ) lhe permitia reduzir as paralisações por chuva.

  

O armador-fretador negou o pleito, alegando que a mesma cláusula previaO armador-fretador negou o pleito, alegando que a mesma cláusula previa

períodos de 24 horas consecutivas, e só a partir desse período de paralisaçãoperíodos de 24 horas consecutivas, e só a partir desse período de paralisação

poderia cogitar de conceder a redução nas sobrestadias.poderia cogitar de conceder a redução nas sobrestadias.  

Quem tem razão ?Quem tem razão ?

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Chaves para solução do Caso 2Chaves para solução do Caso 2

  -- Aplicação da lei inglesaAplicação da lei inglesa

  -- Jurisprudência ( Jurisprudência ( leading cases leading cases ):):

   Branckelow SS.S. Co. v. Lamport @ Holt Branckelow SS.S. Co. v. Lamport @ Holt [ 1897 ] 1 K.B. 570[ 1897 ] 1 K.B. 570

Bennets v. Brown Bennets v. Brown [ 1908 ] 1 K.B. 490.[ 1908 ] 1 K.B. 490.

Alvion S.S. Corp. v. Galvan Lobo Trading CoAlvion S.S. Corp. v. Galvan Lobo Trading Co. [ 1955 ] 1 Ll.L (decisão divergente). [ 1955 ] 1 Ll.L (decisão divergente)

Reardon Smith Line v. Ministry of Food Reardon Smith Line v. Ministry of Food [ 1963 ] 1 Ll.L.R. 12 )[ 1963 ] 1 Ll.L.R. 12 )

Pyman v. 100 Tons of Kainit Pyman v. 100 Tons of Kainit ( Ga. 1908 ) 164 F. 364( Ga. 1908 ) 164 F. 364

Hansa 1959, 2366, the Verband Deutscher ReederHansa 1959, 2366, the Verband Deutscher Reeder  

- O dia útil putativo ( O dia útil putativo ( notional working day notional working day ):):

   Forest S.S. Co v. Iberian Ore CoForest S.S. Co v. Iberian Ore Co..( 1899 ) 81 L.T. 563..( 1899 ) 81 L.T. 563

Reardon Smith Line v. Ministry of Food Reardon Smith Line v. Ministry of Food [ 1963 ] 1 Ll.L.R. 12 )[ 1963 ] 1 Ll.L.R. 12 )  

Duas horas de um dia útil putativo de 12 horas = 1/6 de dia útilDuas horas de um dia útil putativo de 12 horas = 1/6 de dia útil

Deduz-se 1/6 de 24 horas para efeito de pagamento de sobrestadiaDeduz-se 1/6 de 24 horas para efeito de pagamento de sobrestadia

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Caso 3Caso 3

  

Tema: Tema:

Desvio de rota e descarga em outro portoDesvio de rota e descarga em outro porto

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Em dezembro de 2006, navio de bandeira de conveniência carregou carne em Rio Em dezembro de 2006, navio de bandeira de conveniência carregou carne em Rio

Grande e Santos, em containers, destinada ao porto russo de São Petersburgo, com data Grande e Santos, em containers, destinada ao porto russo de São Petersburgo, com data

estimada de chegada naquele porto em meados de janeiro de 2007.estimada de chegada naquele porto em meados de janeiro de 2007.  

Contudo, o navio rumou para Antuérpia, onde transbordou a carga para outra Contudo, o navio rumou para Antuérpia, onde transbordou a carga para outra

embarcação, que a levou para Helsinque, onde descarregou.embarcação, que a levou para Helsinque, onde descarregou.  

Os embarcadores brasileiros só souberam que a carga não chegara em março, Os embarcadores brasileiros só souberam que a carga não chegara em março,

quando os consignatários e importadores recusaram a compra das mercadorias e seu quando os consignatários e importadores recusaram a compra das mercadorias e seu

pagamento, em razão de sua falta de entrega no destino, alegando que não poderiam esperar pagamento, em razão de sua falta de entrega no destino, alegando que não poderiam esperar

em razão da queda do preço no mercado e porque parte da carga de carne já perdera a em razão da queda do preço no mercado e porque parte da carga de carne já perdera a

validade.validade.  

Os transportadores responderam à reclamação dos embarcadores, alegando que a Os transportadores responderam à reclamação dos embarcadores, alegando que a

alteração da rota fora legítima em face de cláusula do conhecimento marítimo, e porque o porto alteração da rota fora legítima em face de cláusula do conhecimento marítimo, e porque o porto

de São Petersburgo estava congestionado, em razão do gelo. E ainda exigiram que os de São Petersburgo estava congestionado, em razão do gelo. E ainda exigiram que os

embarcadores enviassem novos certificados sanitários e pagassem despesas portuárias e de embarcadores enviassem novos certificados sanitários e pagassem despesas portuárias e de

reembarque em Helsinque para outro navio.reembarque em Helsinque para outro navio.

Quem tem razão ?Quem tem razão ?

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Chaves para solução do Caso 3:Chaves para solução do Caso 3:

   Código Comercial:Código Comercial:  

-- Art. 509 e 539Art. 509 e 539  

-- Cotejo dos arts. 575 e 567 nº 8Cotejo dos arts. 575 e 567 nº 8  

-- Art. 576Art. 576  

-- Art. 711 nº 1Art. 711 nº 1  

-- Art. 741 nºs 1 a 3Art. 741 nºs 1 a 3  

-- Art. 1º do Decreto 19.473/30Art. 1º do Decreto 19.473/30

-- Art. 16-I a V da Lei 9.611/98Art. 16-I a V da Lei 9.611/98

  

Código Civil:Código Civil:  

-- Art. 642Art. 642  

-- Art. 751Art. 751

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Caso 4Caso 4

  

Tema: Tema:

Perda de mercadorias não pagas pelo consignatárioPerda de mercadorias não pagas pelo consignatário

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Carga vendida FOB a importador brasileiro e transportada em navio de Carga vendida FOB a importador brasileiro e transportada em navio de bandeira inglesa de Liverpool para Santos. Incêndio em porão do navio bandeira inglesa de Liverpool para Santos. Incêndio em porão do navio durante a viagem destruiu o carregamento. O importador já segurara a carga durante a viagem destruiu o carregamento. O importador já segurara a carga no Brasil antes do embarque, mas, em face da perda da carga, não pagou o no Brasil antes do embarque, mas, em face da perda da carga, não pagou o preço da mercadoria ao banco que processou o crédito documentário.preço da mercadoria ao banco que processou o crédito documentário.  

Não obstante, o importador e consignatário reclamou ressarcimento Não obstante, o importador e consignatário reclamou ressarcimento pela perda total da carga tanto do transportador quanto do segurador. Nesse pela perda total da carga tanto do transportador quanto do segurador. Nesse ínterim, o exportador e embarcador apresentou a mesma reclamação ao ínterim, o exportador e embarcador apresentou a mesma reclamação ao transportador e ao segurador brasileiro, sob o fundamento de não ter sido transportador e ao segurador brasileiro, sob o fundamento de não ter sido pago.pago.  

O transportador negou o pleito do embarcador/exportador alegando O transportador negou o pleito do embarcador/exportador alegando que a que a Paramount ClauseParamount Clause contida no conhecimento o isentava de indenização contida no conhecimento o isentava de indenização por incêndio, além do fato de não deter mais o exportador legitimidade ativa por incêndio, além do fato de não deter mais o exportador legitimidade ativa numa venda FOB. Negou também o pleito do importador e consignatário, numa venda FOB. Negou também o pleito do importador e consignatário, invocando a mesma invocando a mesma Paramount Clause Paramount Clause e porque ele não seria o proprietário da e porque ele não seria o proprietário da carga, por não haver pago o preço.carga, por não haver pago o preço.  

O segurador negou ambos os pleitos. Ao exportador por não ser o O segurador negou ambos os pleitos. Ao exportador por não ser o segurado nem beneficiário do seguro e ao importador por não ser o segurado nem beneficiário do seguro e ao importador por não ser o proprietário da carga.proprietário da carga.  

Quem tem razão ? Quem tem razão ?

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Explicações para o Caso 4:Explicações para o Caso 4:  

  - - Paramount ClauseParamount Clause: :

  Regras de Haia: Convenção sobre certas regras relativas a Regras de Haia: Convenção sobre certas regras relativas a

conhecimentos de embarque, Bruxelas, 1924conhecimentos de embarque, Bruxelas, 1924  

Regras de Regras de Haia-VisbyHaia-Visby: Protocolo de Bruxelas, 1968: Protocolo de Bruxelas, 1968  

- Regras 5 e 6 de Oxford Varsóvia 1932- Regras 5 e 6 de Oxford Varsóvia 1932  

- Art. 676 do Código Comercial- Art. 676 do Código Comercial

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Caso 5Caso 5

  

Tema: Tema:

Contribuição de avaria grossa em acidente por culpa do armaContribuição de avaria grossa em acidente por culpa do armadordor

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O AMAZONIA trazia carregamento para o Brasil dos portos do Canadá e da Costa Leste O AMAZONIA trazia carregamento para o Brasil dos portos do Canadá e da Costa Leste americana para Rio de Janeiro e Santos. Na altura do cabo Hatteras ( EUA ) enfrentou ventos de força 12 da americana para Rio de Janeiro e Santos. Na altura do cabo Hatteras ( EUA ) enfrentou ventos de força 12 da Escala Beaufort ( furacão ) e, por arfar e balançar violentamente, não conseguiu a tripulação evitar a Escala Beaufort ( furacão ) e, por arfar e balançar violentamente, não conseguiu a tripulação evitar a entrada de água nos porões, que danificou parte considerável da carga. A pique de naufragar, firmou entrada de água nos porões, que danificou parte considerável da carga. A pique de naufragar, firmou contrato com empresa de salvamento, que o rebocou até Hamilton, Bermudas, onde arribou, não sem antes contrato com empresa de salvamento, que o rebocou até Hamilton, Bermudas, onde arribou, não sem antes alijar parte da carga remanescente, para que a embarcação fosse aliviada.alijar parte da carga remanescente, para que a embarcação fosse aliviada.  

Ali, no curso de reparos de emergência uma solda elétrica provocou incêndio em um dos Ali, no curso de reparos de emergência uma solda elétrica provocou incêndio em um dos porões, apagado pela brigada de bombeiros do porto, cuja água danificou outra parte da carga porões, apagado pela brigada de bombeiros do porto, cuja água danificou outra parte da carga remanescente. Por haver realizado sacrifícios ( alijamento e danos à carga pela água das mangueiras ) e remanescente. Por haver realizado sacrifícios ( alijamento e danos à carga pela água das mangueiras ) e haver incorrido em despesas para salvamento da embarcação, o armador declarou avaria grossa, com o haver incorrido em despesas para salvamento da embarcação, o armador declarou avaria grossa, com o objetivo de ratear aqueles prejuízos com os interessados na carga, na proporção de seus respectivos objetivo de ratear aqueles prejuízos com os interessados na carga, na proporção de seus respectivos valores sãos, nos termos das Regras de York e Antuérpia ( então de 1974 ), como previsto em cláusula dos valores sãos, nos termos das Regras de York e Antuérpia ( então de 1974 ), como previsto em cláusula dos conhecimentos marítimos. conhecimentos marítimos.    Com o prosseguimento da viagem e antes da chegada do navio ao Rio de Janeiro, os seguradores das Com o prosseguimento da viagem e antes da chegada do navio ao Rio de Janeiro, os seguradores das cargas apresentaram cartas de garantia ( cargas apresentaram cartas de garantia ( Lloyd´s Average Guarantee Lloyd´s Average Guarantee ) com compromisso de contribuição ) com compromisso de contribuição na avaria grossa, para liberá-las na chegada, e indenizaram a seus proprietários pelos danos sofridos.na avaria grossa, para liberá-las na chegada, e indenizaram a seus proprietários pelos danos sofridos.  

No entanto, um dos seguradores recusou a apresentação da garantia em relação a seu No entanto, um dos seguradores recusou a apresentação da garantia em relação a seu segurado consignatário, cuja carga chegou intacta, ao constatar que a cobertura fora averbada – no âmbito segurado consignatário, cuja carga chegou intacta, ao constatar que a cobertura fora averbada – no âmbito de uma apólice aberta -, depois da ocorrência do sinistro, ao largo do Cabo Hatteras, reputando o seguro de uma apólice aberta -, depois da ocorrência do sinistro, ao largo do Cabo Hatteras, reputando o seguro nulo. O segurado alegou que desconhecia o acidente quando celebrou o seguro. nulo. O segurado alegou que desconhecia o acidente quando celebrou o seguro.   

Foi-lhe exigido então pelos armadores um depósito de contribuição (Foi-lhe exigido então pelos armadores um depósito de contribuição (Lloyd´s Average DepositLloyd´s Average Deposit), ), que o consignatário se negou a efetuar, alegando culpa do capitão e da tripulação pelo acidente.que o consignatário se negou a efetuar, alegando culpa do capitão e da tripulação pelo acidente.  

Por sua vez, os seguradores reclamaram dos armadores o ressarcimento de todos os prejuízos Por sua vez, os seguradores reclamaram dos armadores o ressarcimento de todos os prejuízos indenizados e em que se sub-rogaram, o que foi negado.indenizados e em que se sub-rogaram, o que foi negado.  

Quem razão ?Quem razão ?

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  Chaves para solução do caso 5:Chaves para solução do caso 5:  

Código Comercial:Código Comercial:  

- Art. 677 nº 9- Art. 677 nº 9  

- Art. 762 em cotejo com o art. 575- Art. 762 em cotejo com o art. 575  

- Art. 765- Art. 765

  Código Civil:Código Civil:

  

- Art. 393 e parágrafo único, cotejo com antigo 112 e 113 do - Art. 393 e parágrafo único, cotejo com antigo 112 e 113 do Código ComercialCódigo Comercial  

- - Regra De York e Antuérpia ( atual de 2004 ) e cotejo c/ art. 764 Regra De York e Antuérpia ( atual de 2004 ) e cotejo c/ art. 764 do Código Comercialdo Código Comercial

  - - Escala BeaufortEscala Beaufort

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Caso 6Caso 6

Tema:Tema:

Ação contra transportador em navio de bandeira de Ação contra transportador em navio de bandeira de

conveniência e execução contra o armador-proprietárioconveniência e execução contra o armador-proprietário

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Navio de proprietários gregos, operadores alemães e afretadores Navio de proprietários gregos, operadores alemães e afretadores ingleses registrado no Panamá, com a bandeira daquele país. Os proprietários ingleses registrado no Panamá, com a bandeira daquele país. Os proprietários possuíam outras 28 embarcações, cada uma delas registrada em países e possuíam outras 28 embarcações, cada uma delas registrada em países e bandeiras diferentes, em nome de empresas de nomes fictícios. bandeiras diferentes, em nome de empresas de nomes fictícios.   

Em mau estado de conservação, o navio trazia carga a granel para Em mau estado de conservação, o navio trazia carga a granel para Paranaguá, que se perdeu em virtude das más condições de aeração dos Paranaguá, que se perdeu em virtude das más condições de aeração dos porões. Após a descarga, o navio zarpou rapidamente para destino ignoradoporões. Após a descarga, o navio zarpou rapidamente para destino ignorado. .   

Os seguradores sub-rogados da carga moveram ação judicial de Os seguradores sub-rogados da carga moveram ação judicial de ressarcimento, obtendo sentença condenatória à revelia. Contudo, como a ressarcimento, obtendo sentença condenatória à revelia. Contudo, como a embarcação jamais tivesse retornado ao Brasil, pelo menos com o mesmo embarcação jamais tivesse retornado ao Brasil, pelo menos com o mesmo nome, e inexistindo a empresa de navegação registrada na Capitania dos Portos nome, e inexistindo a empresa de navegação registrada na Capitania dos Portos de Paranaguá como sua armadora, não lograram os seguradores o cumprimento de Paranaguá como sua armadora, não lograram os seguradores o cumprimento da sentença ( então execução judicial ).da sentença ( então execução judicial ).  

Posteriormente, descobriram no Posteriormente, descobriram no Lloyd´s Maritime Directory Lloyd´s Maritime Directory o nome o nome dos proprietários e operadores do referido navio e das 28 embarcações irmãs dos proprietários e operadores do referido navio e das 28 embarcações irmãs ((sister shipssister ships). Iniciado o procedimento de arresto de uma delas, atracada em ). Iniciado o procedimento de arresto de uma delas, atracada em Recife, após pedido de ofício à Diretoria de Portos e Costas para sua detenção, Recife, após pedido de ofício à Diretoria de Portos e Costas para sua detenção, foi ele impugnado pelos armadores, sob o fundamento de inexistência de prévio foi ele impugnado pelos armadores, sob o fundamento de inexistência de prévio processo de conhecimento contra eles, não se aplicando por isso o art. 466 do processo de conhecimento contra eles, não se aplicando por isso o art. 466 do Código de Processo Civil.Código de Processo Civil.  

Quem tem razão ?Quem tem razão ?

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Chaves para solução do caso 6:Chaves para solução do caso 6:

  - - Art. 470 nº 9 do Código Comercial em cotejo com art. 466 do CPCArt. 470 nº 9 do Código Comercial em cotejo com art. 466 do CPC  - - O princípio da O princípio da actio in remactio in rem  - - A solução argentina em cotejo com o art. 494 do Código A solução argentina em cotejo com o art. 494 do Código Comercial e art. 282-II do CPC.Comercial e art. 282-II do CPC.

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Caso 7Caso 7

Tema:Tema:

Prescrição e prova da culpa do transportador: Tribunal MarítimoPrescrição e prova da culpa do transportador: Tribunal Marítimo

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Navio "gearbulk" ( com fechamento automático de escotilhas ) Navio "gearbulk" ( com fechamento automático de escotilhas ) carregava celulose em Portocel, Espírito Santo. Em virtude de chuva carregava celulose em Portocel, Espírito Santo. Em virtude de chuva repentina, o fechamento automático foi acionado, mas não funcionou. Toda repentina, o fechamento automático foi acionado, mas não funcionou. Toda a carga, ensopada de água, se perdeu, com vultoso prejuízo.a carga, ensopada de água, se perdeu, com vultoso prejuízo.  

A Capitania dos Portos instaurou inquérito sobre as causas e a A Capitania dos Portos instaurou inquérito sobre as causas e a extensão do fato da navegação e o enviou ao Tribunal Marítimo, onde extensão do fato da navegação e o enviou ao Tribunal Marítimo, onde aguardou julgamento por três anos. Por fim, por unanimidade, aquela corte aguardou julgamento por três anos. Por fim, por unanimidade, aquela corte administrativa concluiu pela ocorrência de caso fortuito, e a consequente administrativa concluiu pela ocorrência de caso fortuito, e a consequente irresponsabilidade do transportador.irresponsabilidade do transportador.  

Imediatamente após a publicação do acórdão, os seguradores sub-Imediatamente após a publicação do acórdão, os seguradores sub-rogados na carga apresentaram pedido de ressarcimento aos armadores, rogados na carga apresentaram pedido de ressarcimento aos armadores, juntando um laudo técnico conjunto, firmado por peritos navais juntando um laudo técnico conjunto, firmado por peritos navais representando o navio e carga, atestando manutenção inadequada do representando o navio e carga, atestando manutenção inadequada do sistema elétrico de fechamento das escotilhas, com rompimento de fiação, sistema elétrico de fechamento das escotilhas, com rompimento de fiação, como causa da pane.como causa da pane.  

O transportador recusou o pedido de indenização alegando decurso O transportador recusou o pedido de indenização alegando decurso da prescrição ânua e invocando o acórdão do Tribunal Marítimo, que da prescrição ânua e invocando o acórdão do Tribunal Marítimo, que declarou o incidente fortuito.declarou o incidente fortuito.  

Quem tem razão ? Quem tem razão ?

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Caso 8Caso 8

Tema:Tema:

Prescrição e Código de Defesa do Consumidor no Transporte MarítimoPrescrição e Código de Defesa do Consumidor no Transporte Marítimo

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Navio brasileiro emitiu conhecimento atestando o recebimento a Navio brasileiro emitiu conhecimento atestando o recebimento a bordo de uma carga de castanhas, destinada ao Rio de Janeiro, para bordo de uma carga de castanhas, destinada ao Rio de Janeiro, para consumo no período natalino. As mercadorias só chegaram ao porto de consumo no período natalino. As mercadorias só chegaram ao porto de destino dois meses depois, quando foram descarregadas sem avarias, mas já destino dois meses depois, quando foram descarregadas sem avarias, mas já na época do Carnaval.na época do Carnaval.  

Descobriu-se que na data da emissão do conhecimento o navio Descobriu-se que na data da emissão do conhecimento o navio estava no Rio de Janeiro para iniciar sua viagem à Europa, enquanto as estava no Rio de Janeiro para iniciar sua viagem à Europa, enquanto as mercadorias só foram efetivamente embarcadas na viagem de retorno, quase mercadorias só foram efetivamente embarcadas na viagem de retorno, quase dois meses depois.dois meses depois.  

Dois anos após a descarga, o consignatário, com fundamento no Dois anos após a descarga, o consignatário, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor, reclamou indenização por perda de Código de Defesa do Consumidor, reclamou indenização por perda de mercado por defeito na execução do contrato de transporte, com a não mercado por defeito na execução do contrato de transporte, com a não entrega da carga no momento adequado.entrega da carga no momento adequado.  

O transportador recusou a reclamação, alegando não ser responsável O transportador recusou a reclamação, alegando não ser responsável por atraso nos termos do conhecimento marítimo, além de arguir a por atraso nos termos do conhecimento marítimo, além de arguir a prescrição, sob o fundamento de o reclamante não estar acobertado pelo prescrição, sob o fundamento de o reclamante não estar acobertado pelo CDC, por não ser o consumidor final, não se aplicando por isso a prescrição CDC, por não ser o consumidor final, não se aplicando por isso a prescrição quinquenal.quinquenal.  

Quem tem razão ?Quem tem razão ?