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Governo do Estado do Pará Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Mestrado Luciane Shirley Silva Lisboa PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER NA PROVA TUBERCULÍNICA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Belém-PA 2014

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Governo do Estado do Pará Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado

Luciane Shirley Silva Lisboa

PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER NA PROVA TUBERCULÍNICA EM PESSOAS VIVENDO

COM HIV/AIDS

Belém-PA 2014

LUCIANE SHIRLEY SILVA LISBOA

PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER NA PROVA TUBERCULÍNICA EM PESSOAS VIVENDO

COM HIV/AIDS

Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Enfermagem apresentada ao Curso de Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM na linha de pesquisa: Enfermagem em Saúde Pública e Epidemiologia das Doenças na Amazônia, sob a orientação da Drª Antônia Margareth Moita Sá.

Belém-PA 2014

Dados Internacionais de Catalogação na publicação

Biblioteca do Curso de Enfermagem da UEPA – Belém - Pa

L769p Lisboa, Luciane Shirley Silva

Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com

HIV/AIDS. / Luciane Shirley Silva Lisboa; Orientador: Antônia Margareth Moita Sá -

Belém, 2014.

99 f. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Pará, Belém,

2014.

1. Tuberculose - Diagnóstico. 2. AIDS (Doença) - Pacientes. 3. HIV (Vírus). 4.

Enfermagem. I. Sá, Antônia Margareth Moita (Orient.). II. Título.

CDD: 21 ed. 616.995

LUCIANE SHIRLEY SILVA LISBOA

PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER NA PROVA TUBERCULÍNICA EM PESSOAS VIVENDO

COM HIV/AIDS

Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Enfermagem apresentada ao Curso de Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM na linha de pesquisa: Enfermagem em Saúde Pública e Epidemiologia das Doenças na Amazônia, sob a orientação da Drª Antônia Margareth Moita Sá.

Data de aprovação: 27/01/2014 Banca Examinadora ________________________________________________ - Orientadora Profª Drª Antônia Margareth Moita Sá Profª da Universidade do Estado do Pará – UEPA

________________________________________________ - Membro Interno Profª Drª Laura Maria Vidal Nogueira Profª da Universidade do Estado do Pará – UEPA

________________________________________________ - Membro Externo Profª Drª Jacira Nunes Carvalho Profª da Universidade Federal do Pará – UFPA

________________________________________________ - Membro Suplente Profª Drª Ângela Maria Rodrigues Ferreira Profª da Universidade do Estado do Pará – UEPA

DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista aos meus pais, Cristóvam

e Maria, por todo carinho, amor, dedicação, incentivo

e oportunidades que me ofereceram. A vocês sou

imensamente grata.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todos os momentos de minha vida, por todas as

oportunidades concedidas e por todos àqueles que colocastes em meu caminho e

que de alguma forma foram essenciais para ajudar na conclusão deste trabalho.

A meu esposo e filhos pela paciência nos meus momentos de impaciência,

pela compreensão quando estive ausente, pela força prestada, pelo equilíbrio que

me conduziu a persistir nesta grande jornada.

À Drª Profª Antônia Margareth Moita Sá, minha orientadora, que se dispôs a

fazer parte desta conquista com toda sua paciência, dedicação, conhecimento e

competência.

A todos os professores do Curso de Mestrado da UEPA que foram

essenciais para o meu amadurecimento e que, com seus conhecimentos, trouxeram

durante todo curso grandes contribuições para que chagasse até aqui.

À Enfermeira Jane Neres Durans, diretora da UREDIPE, pela compreensão

e autorização para a realização desta pesquisa na unidade.

À Drª Profª Fátima Carrera pelo apoio para a realização deste trabalho, bem

como, pela compreensão quando estive ausente.

A todos os funcionários da UREDIPE que contribuíram direta ou

indiretamente na realização desta pesquisa, que se mostraram solícitos em minhas

buscas e na torcida por esta vitória.

A todos os funcionários do CSE- Marco, pelo incentivo e compreensão em

minhas ausências na unidade.

Às colegas de turma do mestrado, pelo companheirismo, pelo incentivo, pelo

aprendizado.

Às alunas da 1ª turma do mestrado associado em enfermagem

UEPA/UFAM, que estiveram entre os grandes incentivadores para que eu

mergulhasse nesta jornada.

E por fim, mas não menos importante. A todas as pessoas que vivem com

HIV e aids que se dispuseram a participar deste estudo, sem as quais, a realização

deste trabalho não seria possível. Meus sinceros agradecimentos.

Ninguém ignora tudo

Ninguém sabe tudo

Todos nós sabemos alguma coisa

Todos nós ignoramos alguma coisa

Por isso aprendemos sempre

Paulo Freire

RESUMO

LISBOA, L. S. S. Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids. 2014. 99f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem), Escola de Enfermagem Magalhães Barata, Universidade do Estado do Pará, Belém, 2014. Introdução: Esta pesquisa teve como objeto a prevalência do efeito booster na prova tuberculínica (PT) em Pessoas Vivendo com HIV/aids (PVHA). A PT é um teste auxiliar para o diagnóstico da tuberculose (TB), segunda doença oportunista que mais afeta PVHA e a primeira causa de óbito entre os coinfectados TB e HIV. O diagnóstico da infecção latente tuberculosa (ILTB) e o seu tratamento são importantes estratégias para o controle da TB em PVHA. O efeito booster se caracteriza quando uma segunda PT, cujo resultado é positivo, é realizada em curto espaço de tempo em pacientes infectados pelo bacilo da TB e negativos à primeira PT. Objetivos: Estimar a prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em PVHA, avaliar o perfil imunológico e identificar as características clínicas apresentadas pelo grupo, além de descrever possíveis associações entre as variáveis do estudo para a prevalência do efeito booster. Método: Estudo do tipo transversal, prospectivo, de natureza descritiva e analítica com 73 participantes. As PVHA que realizaram a prova tuberculínica pela primeira vez na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais, em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013, cujo resultado foi não reator neste exame, foram convidadas a repetir a prova tuberculínica entre uma a três semanas após para a verificação do efeito booster. Os dados foram analisados através dos programas SPSS 20.0 e STATISTICA 8.0. Utilizou-se a taxa de prevalência pontual para identificar a prevalência do efeito booster, o teste do qui-quadrado para avaliar a associação entre as variáveis categóricas, o teste t de Student para as variáveis contínuas e a análise de correspondência para analisar simultaneamente variáveis categóricas. Foi utilizado 5% como nível de significância. Resultados: Detectou-se um caso de efeito booster em paciente do sexo masculino, 25 anos de idade, profissional de saúde, assintomático para aids e contagem de células TCD4 igual a 596 cel/mm³ com uma prevalência de 1,37%. Dos 73 participantes da pesquisa, 67,12% eram do sexo masculino, a faixa etária predominante foi entre 20 a 29 anos de idade (34,25%). Em relação ao perfil imunológico, os níveis de contagem de células TCD4 mais frequentes foram acima de 500 cel/mm3 e abaixo de 200 cel/mm3 com 35,21% e 28,17%, respectivamente. Os sinais, sintomas e outros agravos mais frequentes como: a candidose oral (p-valor: 0,001); candidose do esôfago (p-valor: 0,046); a diarreia (p-valor: 0,001) e a astenia (p-valor: 0,001) por tempo superior a 01 mês; a anemia (p-valor: 0,001) e a caquexia (p-valor: 0,003) foram estatisticamente significantes no perfil imunológico inferior a 200 cel/mm3. Conclusão: Com base na prevalência de efeito booster encontrada neste estudo, a realização da prova tuberculínica em duas etapas não é viável para o diagnóstico da ILTB em PVHA.

Palavras-chave: tuberculose, aids, prova tuberculínica, enfermagem

ABSTRACT

LISBOA, L. S. S. Prevalence of tuberculin skin test booster effect in people

living with HIV/AIDS. 2014. 99f. Dissertation (Master's in Nursing), School of

Nursing Magalhães Barata, University of Pará, Belém, 2014.

Introduction: This research had as its object the prevalence of booster effect on the tuberculin skin test (TST) for People Living with HIV/AIDS (PLHA). TST is a helper for the diagnosis of tuberculosis (TB), second opportunistic disease that affects PLHA and the leading cause of death among TB and HIV coinfection testing. The diagnosis of tuberculosis latent infection (LTBI) and its treatment are important strategies for the control of TB in PLHA. The booster effect is characterized as a second PT, the result is positive, it is performed in a short period of time in patients infected with the TB bacillus and negative at first PT. Objectives: To estimate the prevalence of tuberculin skin test booster effect on PLHA, evaluate the immunological profile and identify the clinical characteristics presented by the group, and describe possible associations between the study variables for the prevalence of booster effect. Method: Study of transversal, prospective kind of descriptive and analytical nature with 73 participants. PLHA who underwent tuberculin skin test for the first time in Specialized Reference Unit Special Infectious and Parasitic Diseases, in Belém - Pa, in the period January-November 2013, the result was not reactive in this test were invited to take the test tuberculin between one to three weeks for the verification of booster effect. Data were analyzed using SPSS 20.0 and STATISTICA 8.0 programs. We used a point prevalence rate to identify the prevalence of booster effect, the chi -square test to evaluate the association between categorical variables, Student's t test for continuous variables and correspondence analysis to analyze categorical variables simultaneously. 5 % was used as the significance level. Results: There was a case of booster effect on male patient, 25 years of age, health professional, asymptomatic for AIDS and CD4 cell counts equal to 596 cells/mm³ with a prevalence of 1.37%. Of the 73 participants, 67.12% were male, the predominant age range was 20 to 29 years old (34.25%). Regarding the immunological profile, levels of CD4 count cells were more frequently above 500 and below 200 cells/mm3 cells/mm3 with 35.21% and 28.17%, respectively. Signs, symptoms and more frequent diseases such as oral candidiasis (p-value: 0.001), esophageal candidiasis (p - value: 0.046), diarrhea (p-value: 0.001) and asthenia (p-value: 0.001) for more than 01 months time, anemia (p-value: 0.001) and cachexia (p-value: 0.003) were statistically significant at less than 200 cells/mm3 immunological profile. Conclusion: Based on the prevalence of booster effect found in this study, the performance of tuberculin skin test in two steps is not feasible for the diagnosis of LTBI in PLHA. Keywords: tuberculosis, AIDS, tuberculin test, nursing

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Taxa de incidência da tuberculose, Brasil e grandes regiões, 1990 -

2012. .................................................................................................... 17

FIGURA 2: Provas tuberculínicas realizadas em PVHA em uma unidade de

referência em aids, em Belém-Pa no período de janeiro a novembro

de 2013.. .............................................................................................. 57

FIGURA 3: Boxplot da média de células TCD4/mm3 de pessoas vivendo com

HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no

período de janeiro a novembro de 2013. .............................................. 61

FIGURA 4: Ranking dos oito sinais e sintomas apresentados em pessoas vivendo

com HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no

período de janeiro a novembro de 2013. ............................................... 62

FIGURA 5: Ranking dos principais agravos associados em pessoas vivendo com

HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no

período de janeiro a novembro de 2013. ............................................... 64

FIGURA 6: Mapa perceptual da aplicação da análise de correspondência às

variáveis perfil imunológico e sinais e sintomas de pessoas vivendo

com HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no

período de janeiro a novembro de 2013. .............................................. 66

FIGURA 7: Mapa perceptual da aplicação da análise de correspondência às

variáveis perfil imunológico e candidose do esôfago em pessoas

vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em

Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013. ....................... 67

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Série histórica da taxa de incidência de tuberculose. Brasil, regiões e UF

de residência por ano de diagnóstico (1990-2012) ................................ 18

TABELA 2: Taxa de detecção (por 100.000 hab.) de casos de aids notificados no

SINAN, declarados no SIM e registrados no SISCEL/SICLOM, segundo

unidade federativa e região de residência por ano de diagnóstico. Brasil,

2001-2012 .............................................................................................. 21

TABELA 3: Casos de aids notificados no SINAN, declarados no SIM e registrados no

SISCEL/SICLOM, segundo unidade federativa e região de residência por

ano de diagnóstico. Brasil, 1980-2013 .................................................. 22

TABELA 4: Características sociodemográficas das pessoas vivendo com HIV ou aids

que realizaram prova tuberculínica inicial em 02 etapas em uma unidade

de referência em aids, em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro

de 2013. ................................................................................................. 59

TABELA 5: Resultado da prova tuberculínica em duas etapas das pessoas vivendo

com HIV/aids em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no

período de janeiro a novembro de 2013 ................................................. 60

TABELA 6: Caracterização do perfil imunológico das pessoas vivendo com HIV/aids

no período da prova tuberculínica em uma unidade de referência em

aids, em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013............ 61

TABELA 7: Distribuição dos principais sinais e sintomas apresentados em pessoas

vivendo com HIV/aids, de acordo com o perfil imunológico em uma

unidade de referência em aids, em Belém-Pa, no período de janeiro a

novembro de 2013 ................................................................................. 63

TABELA 8: Distribuição dos principais agravos associados em pessoas vivendo com

HIV/aids, em relação à contagem de células TCD4, em uma unidade de

referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de

2013 ....................................................................................................... 65

TABELA 9: Probabilidade de associação entre o perfil imunológico e os sintomas de

uma pessoa vivendo com HIV/aids, em uma unidade de referência em

aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013............. 66

TABELA 10: Probabilidade de associação entre o perfil imunológico e as doenças

associadas em pessoas vivendo com HIV/aids, em uma unidade de

referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de

2013 ..................................................................................................... 67

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS

ADT

AIDS

BAAR

BCG

BK

CDC

CTA

H

HD

HIV

HSH

IGRA

ILTB

M.TB

MS

OMS

PNCT

PPD

PT

PVHA

SAE

SBI

SBPT

SBR

SICLOM

SINAN

SIM

SISCEL

TARV

TB

Agente Comunitário de Saúde

Assistência Domiciliar Terapêutica

Adquired Imunodeficiency Syndrome

Bacilo álcool ácido resistente

Bacilo calmette Guerin

Bacilo de Koch

Centers for Disease Control and Prevention

Centro de Testagem e Aconselhamento

Isoniazida ou hidrazida

Hospital-Dia

Vírus da Imunodeficiência Humana ( Human Imunodeficiency Vírus)

Homens que fazem sexo com homens

Interferon Gama Release Assay

Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis

Mycobacterium tuberculosis

Ministério da Saúde

Organização Mundial da Saúde

Programa Nacional de Controle da Tuberculose

Derivado Proteico Purificado (purified protein derivative)

Prova Tuberculínica

Pessoas Vivendo com HIV e aids

Serviço Ambulatorial Especializado

Sociedade Brasileira de Infectologia

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Sociedade Brasileira de Reumatologia

Sistema de Controle Logístico de Medicamento

Sistema Nacional de Agravos de Notificação

Sistema de Informação de Mortalidade

Sistema de Controle de Exames Laboratoriais

Terapia/ Tratamento antirretroviral

Tuberculose

TDO

UNAIDS

UREDIPE

WHO

Tratamento Diretamente Observado

Joint United Nations Program on HIV/AIDS

Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e

Parasitárias Especiais

World Health Organization

S U M Á R I O

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .................................................................................. 16

1.1 O PROBLEMA .................................................................................................... 16

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 24

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 28

1.3.1 Geral ............................................................................................................... 28

1.3.2 Específicos .................................................................................................... 28

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................ 29

2.1 TUBERCULOSE ................................................................................................ 29

2.1.1 Etiologia e transmissão da tuberculose ....................................................... 29

2.1.2 Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis .................................. 30

2.1.2.1 Diagnóstico da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis .............. 31

2.1.2.2 Tratamento da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis ............... 32

2.1.3 Tuberculose doença....................................................................................... 33

2.1.3.1 Manifestações clínicas da tuberculose .......................................................... 33

2.1.3.2 Diagnóstico da Tuberculose ......................................................................... 33

2.1.3.3 Tratamento da tuberculose ............................................................................ 35

2.2 INFECÇÃO PELO HIV E SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA .. 36

2.2.1 Diagnóstico da infecção pelo HIV ................................................................ 37

2.2.2 Critérios de definição de casos de AIDS ...................................................... 38

2.2.3 Tratamento da aids ........................................................................................ 39

2.3 COINFECÇÃO TB/HIV ........................................................................................ 40

2.3.1 Epidemiologia da coinfecção ........................................................................ 41

2.3.2 Diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis em

pessoas vivendo com HIV ou aids ......................................................................... 41

2.3.3 Quimioprofilaxia da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis em

pessoas vivendo com HIV ou aids ......................................................................... 42

2.4 A PROVA TUBERCULÍNICA .............................................................................. 42

2.5 O EFEITO BOOSTER ........................................................................................ 44

2.6 A ENFERMAGEM NO CONTROLE DA TUBERCULOSE ................................. 46

CAPÍTULO 3: MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 48

3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................. 48

3.2 LOCAL DA PESQUISA ...................................................................................... 48

3.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO ............................................................................... 50

3.4 AMOSTRA .......................................................................................................... 50

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................... 51

3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................. 51

3.7 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 51

3.8 VARIÁVEIS ........................................................................................................ 53

3.9 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 54

3.10 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ............................................................... 55

CAPÍTULO 4: RESULTADOS .................................................................................. 56

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA ....................................................................................... 58

4.1.1 Análise sociodemográfica das pessoas vivendo com HIV/aids ................. 58

4.1.2 Análise das variáveis referentes à prova tuberculínica .............................. 60

4.1.3 Análise do perfil imunológico e clínico das pessoas vivendo com HIV/aids

.................................................................................................................................. 60

4.2 ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA .................................................................. 65

CAPÍTULO 5: DISCUSSÃO ...................................................................................... 68

5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO ........................................................................ 68

5.2 PERFIL IMUNOLÓGICO ..................................................................................... 71

5.3 SINAIS, SINTOMAS E DOENÇAS ASSOCIADAS .............................................. 73

5.4 PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER............................................................. 75

CONCLUSÕES ......................................................................................................... 79

RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 80

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81

APÊNDICES ............................................................................................................ 88

ANEXOS .................................................................................................................. 95

16

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA

Esta pesquisa teve como objeto a prevalência do efeito booster na Prova

Tuberculínica (PT) em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). A PT é utilizada em

adultos e crianças para o diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium

tuberculosis (ILTB) segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011a). O M.

tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK) é o agente causador da tuberculose (TB),

doença infectocontagiosa que atinge qualquer órgão do corpo humano, mas

acomete principalmente os pulmões (WHO, 2005).

A TB é um importante problema de saúde pública e permanece como a

maior causa de morbidade e mortalidade entre as doenças infectocontagiosas em

todo o mundo; torna-se ainda mais preocupante quando associada à infecção pelo

Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (BRASIL, 2011a). Segundo estimativas da

Organização Mundial de Saúde (OMS), 100 milhões de pessoas são infectadas pelo

M. tuberculosis (M.TB) a cada ano, com uma incidência de 8,6 milhões de casos de

TB em 2012 no mundo, destes, 1,1 milhão (13%) dos casos foi em pessoas vivendo

com o HIV (WHO, 2013).

Observa-se que 20% dos infectados pelo M.TB encontram-se nos países

desenvolvidos, e 80% estão nos países pobres e em desenvolvimento. Em relação

aos casos novos, 5% estão nos países mais avançados e 95% nos países em

desenvolvimento. Países pobres apresentam coeficientes de incidência de 171 por

100 mil habitantes e de mortalidade 60 por 100 mil habitantes contra 23 e 2 por 100

mil habitantes, respectivamente, nos países ricos. A diferença existente quanto ao

número de óbitos que ocorrem a cada ano é ainda mais preocupante, pois 99%

destes óbitos ocorrem nos países pobres (MELO, 2011).

Segundo o Ministério da Saúde, em seu último boletim epidemiológico de

tuberculose, o Brasil é um dos 22 países que concentram 82% da carga mundial de

TB. Em 2012 foram notificados 70.047 casos novos de TB com taxa de incidência de

36,1 casos por 100 mil habitantes-ano e a mortalidade foi de 2,4 mortes por 100 mil

habitantes no ano de 2010. Esses números colocam o Brasil na 17ª posição em

17

relação ao número de casos de TB e na 111ª quanto ao coeficiente ou taxa de

incidência (BRASIL, 2013a).

Entretanto, há diferenças regionais na incidência da doença (FIGURA 1),

estando as regiões Norte e Sudeste com taxas acima da média do Brasil. Alguns

Estados também apresentam incidências acima da média nacional (BRASIL, 2013a).

Observam-se níveis mais elevados em Estados com maior prevalência de infecção

pelo HIV e em Estados com pouco acesso aos serviços de saúde (BRASIL, 2011b).

Figura 1: Taxa de incidência da tuberculose. Brasil e grandes Regiões, 1990 – 2012.

Fonte: Brasil, Ministério da Saúde (2013).

De acordo com dados preliminares do Ministério da Saúde, atualizados até

maio de 2013, (BRASIL, 2013b), os Estados do Amazonas e Rio de Janeiro

apresentaram as maiores taxas de incidência do país, no ano de 2012, 67,3 e 67,0

respectivamente, enquanto Tocantins e o Distrito Federal apresentaram as menores

taxas, 13,5 cada. No período de 2001 a 2012 a região Norte apresentou as maiores

taxas de incidência em todos os anos analisados, embora a região Sudeste

concentre o maior número de casos de tuberculose. O Pará ocupou o segundo lugar

em taxa de incidência de tuberculose (47,7) no ano de 2011 e o terceiro lugar no ano

de 2012 com uma taxa de 45,1 por 100 mil habitantes, estando o Acre em segundo

lugar e uma taxa de incidência de 45,5 (TABELA 1).

18

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(201

3b)

Nota

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1 –

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1990

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012

)

19

Em 2010, o município de Belém apresentou taxa de incidência de 93,7 casos

por 100 mil habitantes e taxa de mortalidade de 4,5 por 100 mil habitantes, em 2009

(BRASIL, 2011b). A Nota Técnica n° 15 de 2011, emitida pelo Ministério da Saúde,

definiu os critérios para priorização de municípios no controle da TB no Brasil; entre

os municípios do Estado do Pará, sete são considerados prioritários para o

Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT): Abaetetuba, Ananindeua,

Belém, Bragança, Castanhal, Marituba e Santarém (BRASIL, 2011c).

Algumas populações são mais vulneráveis para a tuberculose e, nestes

grupos, a doença se torna mais concentrada. O PNCT definiu as seguintes

populações prioritárias para o controle da TB: população em situação de rua;

população privada de liberdade; população indígena e as pessoas que vivem com

HIV/aids (BRASIL, 2012a).

O advento da epidemia do HIV/aids nos países endêmicos para tuberculose

acarretou um aumento significativo de casos de tuberculose pulmonar com

baciloscopia negativa e formas extrapulmonares da doença (BRASIL, 2011a). Em

2012, cerca de 9,7% dos casos novos de tuberculose notificados no Sistema

Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) apresentavam coinfecção TB/HIV

(BRASIL, 2013a).

O conhecimento da infecção pelo HIV na população é realizado através de

estimativas, a partir de estudos em grupos específicos. No Brasil, segundo

estimativas do Departamento de DST, aids e hepatites virais, aproximadamente 718

mil pessoas vivem com HIV/aids (BRASIL, 2013c). A vigilância epidemiológica da

aids é realizada tomando-se como referência a notificação universal dos casos de

aids, a partir de critérios pré-estabelecidos para definição dos casos (BRASIL, 2004).

Porém, em virtude das subnotificações existentes no País, outras fontes para

captação dos casos de aids são utilizadas: Sistema de Informação de Mortalidade

(SIM), Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e Sistema de

Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM).

De 1980 a junho de 2013, foram registrados 686.478 casos de aids, com

taxa de incidência de 20,2 por 100 mil habitantes no ano de 2012. Estes registros

incluem os casos notificados no SINAN, declarados no SIM e registrados no SISCEL

e SICLOM. Até o ano de 2012 foram declarados no SIM 265.698 óbitos por aids. A

maior concentração de casos de aids encontra-se na região Sudeste com 379.045

casos registrados, no entanto, a região Sul apresenta maior taxa de incidência com

20

30,9 por 100 mil habitantes no ano de 2012. A região norte registrou incidência de

21,0 por 100 mil habitantes em 2012, contabiliza um total de 35.100 casos e 9.993

óbitos por aids (BRASIL, 2013c). As tabelas 2 e 3 mostram as taxas de incidência e

os casos de aids no Brasil, respectivamente.

No Pará, desde 1985 até junho de 2013, identificou-se no SINAN, SIM e

SISCEL/SICLOM um total de 15.226 casos de aids. Em 2012, a taxa de incidência

do Estado foi de 19,0 por 100 mil habitantes e a taxa de mortalidade foi de 6,7 por

100 mil habitantes. Marituba, Belém, Castanhal, Ananindeua e Redenção foram os

cinco municípios do Estado do Pará que apresentaram maior taxa de detecção de

aids no ano de 2012 (BRASIL, 2013c).

O HIV infecta as células TCD4+, ocasionando um importante e progressivo

declínio no número destes linfócitos (SABINO; BARRETO; SANABANI, 2009). Uma

pessoa infectada pelo HIV pode ficar assintomática por 10 anos ou mais, sendo este

período mais curto nas crianças (WHO, 2005). A taxa de progressão da doença

depende das características dos vírus e do hospedeiro. Com a progressão da

infecção pelo HIV e o declínio da imunidade, os doentes tornam-se mais suscetíveis

às infecções (SABINO; BARRETO; SANABANI, 2009).

O aparecimento de infecções oportunistas e de algumas neoplasias é

definidor de um caso de aids. Dentre as infecções oportunistas destacam-se:

pneumonia por Pneumocystis jirovecii, toxoplasmose do sistema nervoso central,

meningite criptocócica, retinite por citomegalovírus, tuberculose pulmonar atípica ou

disseminada (BRASIL, 2008a).

As formas atípicas de apresentação clínica da tuberculose atrasam o

diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Manifestações mais graves,

disseminadas, aumentam o tempo de hospitalização. Estes pacientes têm maior

mortalidade, menor tolerância aos tuberculostáticos, menor adesão ao tratamento e

contribuem para o aumento de casos de multidroga resistência (SABINO;

BARRETO; SANABANI, 2009). No Brasil, dos casos de aids notificados ao Ministério

da Saúde (MS), 20% está coinfectado com a tuberculose (MELO et al., 2009).

21

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1980

- 2

013

23

Segundo Jamal e Moherdaui (2007), estudos comprovam que na coinfecção,

uma enfermidade leva à progressão da outra, sendo a TB, a segunda doença

oportunista que mais afeta PVHA e a primeira causa de óbito entre os coinfectados.

Os pacientes infectados pelo vírus HIV têm um risco maior de adoecimento tanto

pela progressão da infecção latente de TB para a doença ativa quanto pela infecção

exógena, e este risco aumenta à medida que piora o grau de imunossupressão. O

diagnóstico de TB em pacientes infectados pelo HIV é uma condição definidora de

aids (LEMOS, 2011).

O risco de desenvolvimento de TB ativa em PVHA com infecção latente pelo

M.TB é de 10% ao ano, comparado a 10% ao longo da vida nos imunocompetentes

(MELO et al., 2009). O diagnóstico e o tratamento da ILTB são importantes

estratégias para o controle da TB em PVHA e quanto mais precoce o diagnóstico,

melhores as chances de sobrevida das pessoas com HIV (JAMAL, 2007).

Para avaliar a ILTB existem testes capazes de identificar se a pessoa está

ou não infectada pelo M.TB, como o Quantiferon-TB Gold, o T-STOP.TB, chamados

de interferon gama release assay (IGRA) e a Prova tuberculínica. O IGRA não está

disponível na rotina dos serviços de saúde no Brasil (BRASIL, 2011d).

A prova tuberculínica, também conhecida como teste tuberculínico (TT) ou

reação de Mantoux consiste na inoculação intradérmica de tuberculina no terço

médio da face anterior do antebraço esquerdo da pessoa a ser avaliada. No Brasil, a

tuberculina utilizada é a Purified Protein Derivative (PPD) RT 23, na dose de 0,1ml

(BRASIL, 2011d). A prova tuberculínica positiva, definida pela demonstração de

hipersensibilidade cutânea no local da aplicação, associada à exclusão do

diagnóstico da doença ativa e pela ausência de sintomas clínicos estabelece o

diagnóstico da ILTB (PINHEIRO; MACHADO JÚNIOR, 2011).

Pacientes com infecção pelo M.TB podem apresentar redução de sua

hipersensibilidade com o passar dos anos a ponto de não apresentarem resposta à

PT. A repetição de testes em curto espaço de tempo pode aumentar as reações em

testes subsequentes em indivíduos que tinham uma reação discreta ao PPD. O

segundo teste positivo não significa conversão da resposta, mas sim um estímulo ao

retorno da hipersensibilidade provocado pela realização do primeiro teste,

caracterizando o fenômeno ou efeito booster (MELO et al., 2009)

24

1.2 JUSTIFICATIVA

A abordagem inicial de um paciente infectado pelo HIV deve incluir a

realização da PT. Neste grupo, enduração cutânea igual ou maior a 5 mm significa

um resultado positivo ou reator e sugere infecção pelo M.TB (BRASIL, 2008a). O

valor da PT em um paciente com aids depende do estágio da imunossupressão em

que o mesmo se encontra, uma PT negativa neste paciente não afasta o diagnóstico

de TB, em razão da alta prevalência de falso-negativos nesta fase da doença

(LEMOS, 2011).

Estudo realizado por Souza et al. (2006), detectou que grande parte dos

indivíduos infectados pelo HIV não respondem à PT e que a intensidade da resposta

não tem relação com a contagem de linfócitos TCD4+. Para Melo et al (2009), em

pessoas submetidas à prova tuberculínica de forma sequencial, ou seja, repetição

da PT entre uma a duas semanas após a primeira, pode haver o chamado fenômeno

ou efeito booster, uma reativação das células de memória que resulta numa

aparente conversão à PT.

Segundo o Ministério da saúde (BRASIL, 2011d), a prova tuberculínica pode

apresentar-se com reação reduzida ou mesmo ausente em pacientes infectados

pelo M.TB; este resultado considerado falso negativo pode se dar por diversos

fatores: tuberculina mal conservada, contaminação com fungos, diluição errada,

manutenção em frascos inadequados, injeção profunda ou quantidade insuficiente,

uso de seringas e agulhas inadequadas, administração tardia em relação à

aspiração na seringa, leitor inexperiente ou com viés, tuberculose grave ou

disseminada, outras doenças infecciosas agudas virais, fúngicas ou bacterianas,

imunodepressão avançada (aids, uso de corticóides, outros imunossupressores e

quimioterápicos), vacinação com vírus vivos, neoplasias, desnutrição, diabetes

mellitus, insuficiência renal, gravidez, crianças com menos de três meses de vida,

idosos (maiores de 65 anos), febre durante o período da feitura da PT e nas horas

que o sucedem, linfogranulomatose benigna ou maligna e desidratação acentuada.

Devido à maior frequência de formas extrapulmonares e disseminadas em

PVHA, deve-se investigar cuidadosamente a existência de TB ativa para início do

tratamento adequado (LEMOS, 2011). Pacientes com resultado positivo para a PT e

diagnóstico de TB ativa afastado têm indicação para tratamento da TB latente. Em

pacientes, cujo resultado da prova tuberculínica é inferior a 5 mm de enduração, ou

25

seja, resultado não reator ou negativo, a PT deverá ser repetida anualmente ou tão

logo seja evidenciada a reconstituição imune (BRASIL, 2008a).

Desde 2005 faço parte da equipe de profissionais da Unidade de Referência

em Doenças infecciosas e Parasitárias Especiais (UREDIPE), unidade de referência

no Estado Pará às PVHA. Dentre os vários serviços oferecidos pela instituição para

o acompanhamento dos pacientes com aids e suas coinfecções, há o programa de

controle da tuberculose. Neste, o enfermeiro é um profissional de suma importância

para o controle das duas doenças.

Uma das atividades realizadas pelo enfermeiro no Programa de Controle da

TB no ambulatório de aids é a aplicação e interpretação da prova tuberculínica, a fim

de diagnosticar precocemente a infecção tuberculosa, assegurar que os pacientes

reatores sejam encaminhados para investigação da TB doença e início do

tratamento adequado ou da quimioprofilaxia nos pacientes sem tuberculose ativa.

A experiência em realizar a PT nos pacientes da UREDIPE me fez constatar

que PVHA apresentam, na maioria das vezes, uma ou mais condições que levariam

a uma reação diminuída ou ausente ao PPD. Isto dificulta o diagnóstico precoce e a

intervenção adequada para o controle da tuberculose neste grupo. Observei a

possibilidade de pacientes com TB ativa ou com ILTB apresentarem resultados

falso-negativos e em outros pacientes, mesmo com níveis de CD4+ inferiores a

200cel/mm, pode haver uma excelente resposta ao PPD, com resultados acima de 5

mm e as vezes superiores a 10mm de enduração.

Segundo Melo et al. (2009), pacientes com infecção pelo M.TB podem

apresentar uma redução de sua hipersensibilidade com o passar dos anos a ponto

de não apresentarem resposta à PT e que a repetição da prova tuberculínica em um

curto espaço de tempo pode aumentar a reação posterior, caracterizando o efeito ou

fenômeno booster.

Ao realizar o estado da arte sobre o efeito booster na prova tuberculínica em

PVHA, detectou-se a inexistência de pesquisas realizadas sobre o tema em âmbito

nacional e a escassez deste tipo de estudo mundialmente. A busca bibliográfica foi

feita nas bases de dados da Literatura Latino Americana e do Caribe na Área da

Saúde - LILACS, Medical Literature Analyses and Retrieval System Online -

MEDLINE, Scientific Eletronic Library Online - SCIELO e Base de Dados de

Enfermagem - BDENF restringindo-se ao período de 1981 a 2012. O ano de 1981 foi

selecionado em função da ocorrência dos primeiros casos de aids no mundo. A

26

estratégia de busca se deu com a utilização das palavras-chave: teste tuberculínico

or prova tuberculínica, efeito booster or fenômeno booster, PPD; possibilitando a

localização de 44 artigos (39- MEDLINE, 03- LILACS, 02-BDENF,00- SCIELO).

Foram incluídos artigos em português, inglês e espanhol. Foram excluídos

os artigos em outros idiomas e aqueles que não descreveram como objetivo a

prevalência da PT ou do efeito booster. Ao utilizar os critérios de exclusão ficaram

disponíveis 24 artigos. Destes, 14 artigos tiveram como objetivo estimar a

prevalência do efeito booster, 09 artigos estimaram a prevalência da PT e 01 a

prevalência da PT com uso de medicação. Estes dez trabalhos que estimaram a

prevalência da PT realizaram o teste em dois tempos com a finalidade de aumentar

a taxa dos verdadeiros positivos e minimizar a interferência do feito booster em

futuras retestagens. Quanto aos grupos em que foram realizados os estudos, 12

foram em profissionais de saúde, 02 foram em pacientes HIV positivos ou com aids ,

04 em pacientes com outros problemas de saúde e 08 em outros grupos saudáveis.

Os estudos que tiveram como grupo de pesquisa os pacientes HIV positivos ou com

aids foram encontrados na base de dados MEDLINE, 01 estudo foi publicado em

1996 e avaliou a PT em usuários de drogas HIV positivos e a diferença entre os

usuários de drogas HIV negativos, 01 estudo foi publicado em 1995 e estimou a

ocorrência do efeito booster na população infectada pelo HIV.

De modo geral, percebeu-se nestes estudos que a prevalência da PT

positiva aumentou nas pesquisas em que foi realizada a investigação do efeito

booster em pacientes inicialmente negativos, mesmo nos estudos que avaliavam

indivíduos com algum tipo de imunossupressão, o que possibilitou a diminuição do

número de pacientes com resultado falso-negativo, favorecendo um reconhecimento

mais próximo do real dos infectados pelo bacilo da tuberculose.

O interesse em realizar a pesquisa surgiu porque não é rotina nos serviços

que atendem PVHA a repetição da PT, em pacientes não reatores, em curto espaço

de tempo com a finalidade de identificar o efeito booster, para detectar se há

reativação das células de memória, identificar os verdadeiros positivos e iniciar em

tempo oportuno o tratamento da ILTB, quando TB descartada. O efeito booster é

geralmente investigado em profissionais de saúde, pois quando se tem a certeza de

infecção recente pelo M. tuberculosis, estes profissionais devem ter acesso à

quimioprofilaxia (BRASIL, 2011d). Estudos demonstram, neste grupo, uma

prevalência do efeito booster em torno de 07% a 09%. (OLIVEIRA et al., 2008).

27

O estudo torna-se relevante para a saúde pública, principalmente no que

tange à coinfecção TB/HIV, pois o conhecimento da prevalência do efeito booster

em indivíduos infectados pelo HIV poderá otimizar a PT na abordagem inicial

destes pacientes, através da implementação da aplicação do PPD em dois

momentos. Reconhece-se a necessidade de ampliar a quimioprofilaxia da

tuberculose em PVHA, quando indicado, para melhorar a qualidade de vida desta

população, mas, para isso precisa-se tentar detectar precocemente os infectados

pelo M.TB através do teste diagnóstico que no momento temos disponíveis nos

serviços de saúde, que é a execução da PT.

Diante do exposto, levantaram-se as seguintes questões de pesquisa:

Qual a prevalência do efeito booster da prova tuberculínica em PVHA?

Quais os fatores que interferem na resposta do efeito booster da prova

tuberculínica em PVHA?

Então, propõem-se as hipóteses nulas (H0) e alternativas (H1) abaixo:

● H0: Características sociodemográficas, clínicas e imunológicas das PVHA

não interferem na obtenção do efeito booster.

H1: Características sociodemográficas, clínicas e imunológicas das PVHA

interferem na obtenção do efeito booster.

● H0: Não existem diferenças no perfil sociodemográfico entre os grupos,

feminino e masculino das PVHA.

H1: Existem diferenças no perfil sociodemográfico entre os grupos,

feminino e masculino das PVHA.

● H0: Não existe relação entre o perfil imunológico das PVHA e a presença

de sinais e sintomas.

H1: Existe relação entre o perfil imunológico das PVHA e a presença de

sinais e sintomas.

● H0: Não existe relação entre o perfil imunológico das PVHA e a presença

de infecções oportunistas.

H1: Existe relação entre o perfil imunológico das PVHA e a presença de

infecções oportunistas.

28

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Estimar a prevalência do efeito booster da prova tuberculínica em pessoas

vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa.

1.3.2 Específicos

a - Analisar o perfil imunológico das pessoas vivendo com HIV/aids no

período da realização da prova tuberculínica.

b - Identificar as manifestações clínicas características da aids presentes no

período da realização da prova tuberculínica, de acordo com os critérios de definição

da doença.

c - Analisar a relação entre sinais, sintomas, infecções oportunistas e o perfil

imunológico das PVHA.

d - Descrever a associação entre as variáveis estudadas para a prevalência

do efeito booster

29

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta a revisão da literatura a partir do levantamento nas

bases de dados, dissertações, teses, manuais e livros que trazem informações

atualizadas sobre o tema em estudo. Para isso, se fez busca de artigos publicados

na LILACS, MEDLINE, SCIELO e BDENF, bem como de documentos normativos

publicados pelo MS e WHO.

2.1 TUBERCULOSE

2.1.1 Etiologia e transmissão da Tuberculose

O agente etiológico da TB é o Mycobacterium tuberculosis e foi descoberto

em 1882 por Robert Koch (MELO et al., 2009). O M tuberculosis é um bacilo com

dimensões que variam entre 0,2µ e 0,6µ por 1µ e 10µ, imóveis e não formadores de

esporos ou cápsulas. O crescimento pode ser rápido (cerca de 3 h), ou lento (em

torno de 18h a 20h), resistente à descoloração por solução contendo álcool e ácido,

característica que se deve ao alto teor de lipídios na sua cápsula e que se evidencia

na baciloscopia pelo método de Ziehl-Neelsen (MELO; RODRIGUES; OLIVEIRA,

2011).

Quando se examina ao microscópio a expectoração contendo o bacilo, este

aparece corado de vermelho e é chamado de bacilo álcool ácido resistente (BAAR)

(WHO, 2005). O bacilo é aeróbio, se duplica em 18 a 48 horas, dependendo da

quantidade de oxigênio, do ph do meio e acesso aos nutrientes (MELO et al., 2009).

É facilmente destruído por agentes físicos, como o calor, raios ultravioleta da luz

solar e radiações ionizantes (MELO; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2011).

A principal porta de entrada para o M.TB é a via aérea facilitada pela

aglomeração humana e infecta principalmente os pulmões. A presença do oxigênio

favorece sua multiplicação, e a ligação com o meio externo facilita a sua

transmissão. Os bacilos são eliminados pela tosse. As partículas maiores se

depositam no chão e se misturam com a poeira, partículas menores ficam

suspensas no ar. Essas partículas alcançam os alvéolos, onde os bacilos se

implantam (MELO; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2011). O tempo de exposição

necessário para que ocorra uma infecção foi calculado entre 100h e 200h,

30

dependendo das características do foco de transmissão e da intensidade do contato.

Quanto mais demorada a convivência, maior a possibilidade de transmissão (MELO

et al., 2009). Os bacilos podem permanecer dormentes e persistirem por muitos

anos nos tecidos (WHO, 2005).

2.1.2 Infecção latente pelo Mycobacteirum tuberculosis

Infecção latente pelo Mycobacteirum tuberculosis (ILTB) ou infecção

tuberculosa significa que uma pessoa possui os bacilos da tuberculose, mas as

bactérias encontram-se dormentes. Estas bactérias dormentes são mantidas sob

controle pelas defesas do organismo e não causam doença (WHO, 2005). Para

Pinheiro e Machado Júnior (2011), a ILTB é definida como o período compreendido

entre a entrada do bacilo no organismo do indivíduo e o aparecimento da doença

ativa da tuberculose.

Cerca de 30% a 50% dos indivíduos expostos ao M.TB não se infectam.

Entre os indivíduos que se infectam, uma pequena proporção evoluirá para TB

doença ativa (PINHEIRO; MACHADO JÙNIOR, 2011). Uma pessoa infectada pelo

M. tuberculosis provavelmente ficará infectada por toda a vida, pois

aproximadamente 90% dos indivíduos sem infecção pelo HIV e infectados pelo M.TB

não desenvolvem a TB doença (WHO, 2005).

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a

Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia

(SBR) (2010), indivíduos em contato com pacientes com TB de vias aéreas ou TB

pulmonar apresentam maiores chances de se infectarem pelo M.TB. Os contatos

que residem na mesma residência de um paciente com TB pulmonar, profissionais

de saúde, prisioneiros, usuários de drogas injetáveis, moradores de abrigos ou

asilos apresentam maior risco de ILTB.

O número estimado de infectados no Brasil pelo M.TB é de 50 milhões de

pessoas, o que representa um grande desafio para o controle da TB no país. O

maior risco de progressão da ILTB para TB doença está nos indivíduos com infecção

recente pelo M.TB, especificamente nos dois primeiros anos de infecção e entre

aqueles que já se encontram infectados e apresentam alguma condição clínica que

favoreça o desenvolvimento da tuberculose, tais como: imunossupressão,

31

desnutrição, diabetes mellitus, tabagismo, doença renal crônica, neoplasia maligna,

silicose (PINHEIRO; MACHADO JÙNIOR, 2011).

A coinfecção pelo HIV é a principal condição clínica considerada como fator

de risco para a progressão da ILTB para TB ativa (SBPT; SBI; SBR, 2010). Para

Nogueira et al (2009), indivíduos infectados pelo HIV e pelo M.TB apresentam um

risco anual de desenvolver tuberculose em torno de 5% a 10%; enquanto que nos

indivíduos infectados pelo M.TB e soronegativos para HIV, este risco é de 5% a 10%

ao longo da vida. Jamal e Moherdaui (2007), também citam o risco de 10% ao ano

de uma pessoa soropositiva para HIV com ILTB evoluir para TB ativa e 10% durante

toda a vida para um indivíduo imunocompetente.

2.1.2.1 Diagnóstico da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis

A PT e o IGRA são os testes utilizados no diagnóstico da infecção latente

pelo M.TB através da identificação da existência de uma resposta imunológica de

memória contra os antígenos micobacterianos (DUARTE, 2009). Existem dois testes

IGRA disponíveis internacionalmente: QuantiFERON-TB Gold e o T-stop.TB, porém

estes testes não estão disponíveis na rotina dos serviços de saúde no Brasil (SBPT;

SBI; SBR, 2010).

No Brasil, o diagnóstico da infecção tuberculosa é realizado por meio da

reação cutânea positiva à prova tuberculínica, associada à exclusão do diagnóstico

da doença ativa pelo exame radiológico do tórax e ausência de sintomas clínicos

(PINHEIRO; MACHADO JÚNIOR, 2011).

Identificar o ponto de corte da prova tuberculínica e em que população está

indicado o tratamento da ILTB é um desafio na interpretação da PT, pois nem todos

os indivíduos com ILTB desenvolverão a doença ativa ao longo da vida (SBPT; SBI;

SBR, 2010). A tendência atual é que o resultado seja considerado negativo ou

positivo em função do contexto epidemiológico do indivíduo (PINHEIRO; MACHADO

JÚNIOR, 2011). Para Duarte (2009), a possibilidade de um resultado falso-negativo é a

grande fraqueza da PT, além da possibilidade de resultado falso-positivo associado com

infecção por outras micobactérias não tuberculosas e com a vacinação pelo bacilo de

Calmette Guerin (BCG).

Estudos realizados para identificar a ILTB comparando a PT e o uso do

IGRA demonstraram que os testes IGRA apresentam elevada especificidade e

32

sensibilidade mais limitada (SBPT; SBI; SBR, 2010). Vários autores sugerem a

utilização dos dois testes. O IGRA, por ser mais específico, poderia ser utilizado na

confirmação da positividade da PT (DUARTE, 2009).

2.1.2.2 Tratamento da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis

O tratamento da ILTB é realizado com a isoniazida (H) na dose de 5 a 10

mg/kg de peso, na dose máxima de 300mg/dia durante 6 meses (PINHEIRO;

MACHADO JÙNIOR, 2011; BRASIL, 2011a).

Segundo Brasil, Ministério da saúde (2011a), o tratamento da infecção

tuberculosa está indicado nas seguintes situações:

Viragem tuberculínica: contatos recentes de TB bacilífera, trabalhadores

de sistema prisional, profissionais de laboratórios de micobactérias, profissionais de

saúde, trabalhadores de instituições de longa permanência.

Considera-se viragem tuberculínica ou conversão, o incremento de 10 mm

na reação cutânea da segunda PT em relação à primeira PT.

PT maior ou igual a 5 mm: infectados pelo HIV ou doentes de aids,

contatos adultos de TB bacilífera, contatos menores de 10 anos vacinados com a

BCG há mais de dois anos ou não vacinados, indivíduos com lesões sequelares na

radiografia de tórax sugestivas de TB, pacientes em uso de inibidores do TNF-α;

transplantados em terapia imunossupressora, uso de corticosteróides (prednisona ≥

15 mg/dia por tempo superior a 1 mês).

O tratamento da ILTB está indicado nos Indivíduos HIV positivo com história

de contato com TB pulmonar bacilífera ou que apresentem imagem radiográfica de

sequela de TB pulmonar sem história prévia de tratamento para TB, independente

do valor da PT (BRASIL, 2008a).

PT maior ou igual a 10 mm: silicose, contatos com menos de 10 anos

vacinados com a BCG há 2 anos ou menos, neoplasias de cabeça e pescoço,

insuficiência renal em diálise, diabetes mellitus, baixo peso, tabagistas, calcificação

isolada na radiografia.

33

2.1.3 Tuberculose doença

Pessoas infectadas pelo M.TB têm a possibilidade de desenvolver a

tuberculose propriamente dita ou TB ativa em qualquer idade. Esta possibilidade é

maior no início da infecção e vai diminuindo ao longo dos anos (WHO, 2005).

Segundo Melo et al. (2009), cerca de 5% a 10% dos infectados pelo bacilo da

tuberculose irá adoecer em algum momento da vida.

A tuberculose ativa é uma doença que pode acometer qualquer órgão do

corpo, mas ocorre principalmente nos pulmões. Quando os sintomas se manifestam

no início da infecção, ocorre a tuberculose primária que é mais comum em crianças

e adolescentes. Quando a doença se manifesta tardiamente, ocorre a tuberculose

pós-primária, ou tuberculose de reativação ou tuberculose secundária (MELLO;

SOUZA; MARINHO, 2011) que pode se manifestar após um período latente de

meses ou anos após a infecção primária (WHO, 2005).

Para Melo et al. (2009), a tuberculose primária geralmente acontece antes

que se estabeleça a maturidade das defesas imunológicas e a forma pós-primária

pode acontecer independente da existência da imunidade devido uma reativação do

foco primário ou por reinfecção de novos bacilos.

2.1.3.1 Manifestações clínicas da tuberculose

Os sintomas da tuberculose dependem do tempo da doença e da forma de

apresentação. As manifestações incluem sintomas respiratórios quando se trata de

tuberculose pulmonar, como: tosse, hemoptise, dispnéia e dor torácica. A rouquidão

está presente quando associado à forma pulmonar há o comprometimento da

laringe. Outros sintomas característicos podem ser descritos independente da forma

clínica: sudorese, hipertermia, perda ponderal, comprometimento do estado geral

(MELO et al., 2009).

2.1.3.2 Diagnóstico da tuberculose

Para o diagnóstico da tuberculose deve-se levar em consideração a idade do

paciente suspeito de estar com a doença e a possível apresentação clínica

manifestada. Desta forma, a abordagem clínico-epidemiológica tem importância

34

fundamental para o diagnóstico da tuberculose pulmonar nos adultos, da tuberculose

pulmonar em crianças e nas formas extrapulmonares. Para todos os casos suspeitos

de tuberculose deve ser oferecido o exame bacteriológico da expectoração, pois a

grande prioridade para o controle da doença é a identificação e a cura dos casos

com baciloscopia positiva (WHO, 2005).

Para o diagnóstico laboratorial da TB, além da baciloscopia da

expectoração, têm-se disponível a cultura de qualquer material suspeito (escarro,

urina, material de lesões abertas, aspirados, espécimes obtidos de biópsias). A

cultura é mais sensível e específica do que a baciloscopia, no entanto, exige maior

cuidado e recursos técnicos para a sua execução, o que dificulta o seu uso de forma

disseminada (MELO et al., 2009).

Exames por imagem também são úteis no diagnóstico da TB, entre eles:

radiografia convencional, tomografia computadorizada, ultrassonografia (MELO et

al., 2009). A radiografia do tórax torna-se necessária em pacientes com baciloscopia

positiva quando há suspeita de complicações e por permitir a exclusão de doença

pulmonar associada que necessite de tratamento concomitante. Em pacientes com

baciloscopia negativa e suspeita clínica de TB, a radiografia deve ser oferecida, e se

apresentar imagem sugestiva de tuberculose recomenda-se a cultura para

micobactérias e afastar a possibilidade de outras doenças. Em pacientes HIV/aids

ou com outras causas de imunodepressão, a radiografia do tórax é útil por identificar

padrões radiológicos atípicos e ajudar na diferenciação com outras pneumopatias

comuns nestas situações (BRASIL, 2011a; WHO, 2005).

O diagnóstico histopatológico é empregado durante a investigação de casos

extrapulmonares e em casos pulmonares com suspeita de doença disseminada,

como na TB miliar. Porém, todo material coletado deve ser encaminhado para

realização de cultura em meio específico, pois esta, seguida da identificação da

espécie M.TB é o único método diagnóstico de certeza para a tuberculose (BRASIL,

2011a).

A prova tuberculínica ou reação de mantoux é um teste que, utilizado

isoladamente, não define o diagnóstico da TB doença, sendo um método de

diagnóstico auxiliar para a TB, no entanto, é empregada para a investigação da

infecção latente (BRASIL, 2011d). Utiliza-se para a prova tuberculínica a injeção

intradérmica de um antígeno do M. tuberculosis na face ventral do antebraço

esquerdo. O antígeno utilizado atualmente é o PPD (MELO et al., 2009).

35

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a), a partir do segundo

semestre de 2014, será implantado na rede pública de saúde o teste rápido para o

diagnóstico da tuberculose, que utilizará técnicas de biologia molecular (PCR em

tempo real) para identificar o DNA do M.TB. Pretende-se substituir a baciloscopia de

escarro pelo teste rápido, permitindo o diagnóstico da TB em apenas duas horas.

2.1.3.3 Tratamento da tuberculose

A TB é uma doença que se tiver seu tratamento conduzido de forma

adequada, com respeito a seus princípios básicos (associação adequada dos

medicamentos, dose correta, uso por tempo suficiente) e a utilização da estratégia

do Tratamento Diretamente Observado (TDO), é curável em todos os casos novos

que sejam sensíveis às drogas anti-TB (BRASIL, 2011d).

O tratamento da TB passou por sucessivas mudanças desde a descoberta

da estreptomicina em 1944. O Brasil foi o primeiro País no mundo a adotar um

esquema de tratamento de curta duração, ou seja, um esquema de 06 meses, mas

que previa o uso de um esquema de reserva para tratar os pacientes que

fracassavam como esquema de curta duração (GERHARDT; ROSEMBERG, 2011).

Desde 1979, o tratamento da TB no Brasil passou a ser composto por 04

esquemas: esquema para tratamento de casos novos, chamado de esquema I;

esquema para retratamentos, chamado de esquema I reforçado; esquema para

tratamento da forma meningoencefálica, chamado de esquema II e esquema III para

tratamento dos casos de falência a quaisquer dos esquemas anteriores. Fazia parte

do esquema básico a associação de três drogas na fase intensiva do tratamento:

rifampicina, isoniazida e pirazinamida. (BRASIL, 2011a)

A partir do ano de 2009, com base no II inquérito nacional de resistência aos

medicamentos anti-TB que detectou um aumento nas taxas de resistência à

isoniazida e à rifampicina, houve algumas mudanças no tratamento da TB no Brasil.

Dentre as mudanças ocorridas estão as alterações na apresentação farmacológica

do esquema básico com a introdução de um quarto fármaco em um único

comprimido na fase intensiva deste esquema (etambutol), extinção do esquema I

reforçado e do esquema III. Tais mudanças são válidas para indivíduos a partir de

10 anos de idade. Para menores de 10 anos permanece o tratamento que contem

03 medicamentos associados no esquema básico (CONDE; RABAHI, 2011).

36

2.2 INFECÇÃO PELO HIV E SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA

A síndrome da imunodeficiência adquirida ou Adquired Imunodeficiency

Syndrome (aids), foi descrita pela primeira vez em 1981 em homossexuais

masculinos nos Estados Unidos. Em 1983 foi isolado um vírus que foi denominado

de HIV-1 no ano de1986; neste mesmo ano foi isolado outro vírus denominado de

HIV-2. Ambos causam a aids, mas o HIV-1 é predominante mundialmente. O HIV é

um retrovírus que necessita integrar-se no genoma da célula hospedeira para sua

replicação, se reproduz atacando principalmente as células do sistema imunológico

linfócitos TCD4+. A molécula CD4+ presente na membrana celular permite a entrada

do vírus na célula iniciando a infecção pelo HIV e a replicação viral (SABINO;

BARRETO; SANABANI, 2009).

O HIV impede o sistema imunológico de exercer a função de defesa do

organismo. A progressão para aids e a avaliação para indicação do início da terapia

anti-retroviral é acompanhada pela contagem de linfócitos TCD4+ e pela

quantificação plasmática da carga viral do HIV (BRASIL, 2008b). A diminuição dos

linfócitos TCD4+ torna o portador do HIV suscetível a infecções oportunistas e

cânceres. Este processo se inicia após um longo período de latência, durante o qual

a função imune encontra-se preservada (MARQUES; MASUR, 2009).

A infecção pelo HIV pode apresentar uma variedade de apresentações

clínicas, desde a fase aguda da doença até a fase avançada, com o aparecimento

de manifestações definidoras da aids. O tempo médio para o desenvolvimento da

aids é estimado em dez anos para os indivíduos não tratados (BRASIL, 2008a). Em

média, são identificados 35 mil casos novos de aids por ano (BRASIL, 2010a).

As relações sexuais são a via mais frequente de transmissão do HIV no

mundo. A transmissão pelo sangue pode ocorrer através de transfusões, seringas e

agulhas contaminadas, materiais perfurocortantes não esterilizados. A transmissão

vertical, de mãe para filho, ocorre durante a gestação, parto e aleitamento materno

(WHO, 2005).

No Brasil, a aids foi identificada no início da década de 1980, com

predominância entre gays adultos, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos.

Dados do último boletim epidemiológico de aids (BRASIL, 2013c) mostram que

populações de maior risco e vulnerabilidade apresentam maior prevalência de

infecção quando comparadas com a população geral.

37

Entre 2008 e 2009, a taxa de prevalência do HIV estimada em estudos

realizados em dez municípios brasileiros foi de 5,9% em usuários de drogas ilícitas,

10,5% entre homens que fazem sexo com homens (HSH), e 4,9% entre mulheres

profissionais do sexo. Em relação à categoria de exposição, em 2012, 52,7% dos

casos de aids em maiores de treze anos, ocorreram entre os heterossexuais, mas

observa-se aumento de 22% na proporção de casos em HSH (homossexuais e

bissexuais) nos últimos 10 anos (BRASIL, 2013c).

2.2.1 Diagnóstico da infecção pelo HIV

O diagnóstico da infecção pelo HIV está associado a uma forte suspeita

clínica e ao uso correto de testes diagnósticos laboratoriais específicos (MARQUES;

MASUR, 2009). O diagnóstico clínico da infecção aguda, geralmente, passa

despercebido por seu caráter inespecífico ou pela ausência de sintomas. È

necessário avaliar não só os dados do exame físico e as queixas, mas incluir a

história de possível exposição de risco ao vírus HIV, como: relações sexuais

desprotegidas, utilização de drogas endovenosas e acidentes com material biológico

(BRASIL, 2008a).

O diagnóstico sorológico da infecção pelo HIV se baseia no desenvolvimento

de anticorpos anti-HIV que começam a ser produzidos após o contágio. No entanto,

o tempo para o aparecimento destes anticorpos específicos depende de vários

fatores. Chama-se de janela imunológica o período entre a exposição ao vírus e a

detecção de anticorpos, dura em média 29 dias. O MS recomenda que o teste anti-

HIV seja realizado 60 dias após uma possível infecção (BRASIL, 2008a).

De acordo com a portaria nº 151, de 14 de outubro de 2009, o diagnóstico

sorológico da infecção pelo HIV deve ser realizado em indivíduos acima de 18

meses de idade. Esta mesma portaria aprova as etapas sequenciais e o fluxograma

mínimo para o diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV, obrigatório nas

instituições de saúde públicas e privadas, e determina o uso dos testes rápidos para

o diagnóstico em situações especiais, as quais estão bem definidas na portaria

(BRASIL, 2009a).

Os testes rápidos para diagnóstico da infecção pelo HIV deverão ser

realizados por profissionais da saúde de nível superior, devidamente capacitados

38

para realização da metodologia, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/MS (BRASIL, 2012b).

2.2.2 Critérios de definição de casos de AIDS

A definição de caso de aids compreende um conjunto de critérios aos quais

um indivíduo deve se enquadrar para que seja considerado um caso de uma doença

ou agravo sob investigação. A primeira definição de caso de aids no mundo foi

estabelecida em setembro de 1982 pelo Center for Disease Control and Prevention

(CDC), nos Estados Unidos, baseada exclusivamente na presença de infecções

oportunistas, quando ainda não existia um teste que identificasse a presença do HIV

(RIBEIRO; VERAS; GUERRA, 2009).

A partir de 1985, o teste para identificar a presença do HIV passa a ser um

item fundamental na definição do caso de aids. Em 1993, o CDC incluiu na definição

as pessoas infectadas pelo HIV com contagem de células TCD4+ inferior a 200

cel/mm3 de sangue e ampliou a lista das doenças definidoras de aids. A definição de

caso de aids elaborada pelo CDC foi adotada e modificada por vários outros países;

entre eles o Brasil que procurou adequar os critérios de acordo com as condições

laboratoriais de diagnóstico e o perfil de morbidade do País (RIBEIRO; VERAS;

GUERRA, 2009).

A primeira definição de caso de aids adotada pelo MS no Brasil foi em 1987.

Denominado de Critério CDC modificado, baseava-se na evidência laboratorial de

infecção pelo HIV e no diagnóstico presuntivo ou definitivo de doenças indicativas de

imunodeficiência; se restringia aos indivíduos com idade igual ou maior a quinze

anos. Em 1992 foi introduzido no Brasil o critério Rio de Janeiro/Caracas proposto

em reunião de especialistas organizada pela Organização Pan-americana de Saúde

na cidade de Caracas, Venezuela, em 1989. Este critério foi baseado na somatória

de pontos estabelecidos para sinais, sintomas e doenças características da aids de

acordo com as experiências de alguns serviços de saúde do Rio de Janeiro

(BRASIL, 2004; RIBEIRO; VERAS; GUERRA, 2009).

Ainda na revisão de 1992 foi adotado o critério excepcional CDC, que incluía

pacientes sem evidência laboratorial de infecção pelo HIV, mas com diagnóstico

definitivo de determinadas doenças que indicavam a imunodeficiência; desde que

após a investigação epidemiológica não fossem atribuídas outras causas para a

39

imunodeficiência. Alguns casos da doença não se enquadravam nos critérios até

então vigentes, sendo incluídos dois novos critérios no ano 1996: o critério

excepcional óbito abrangendo casos com menção à aids na declaração de óbito e

investigação epidemiológica inconclusiva; o critério excepcional ARC + óbito que

incluía pessoas sabidamente HIV positivas e que evoluíam a óbito com

manifestações clínicas do complexo relacionado à aids, por causa não externa

(BRASIL, 2004; RIBEIRO; VERAS; GUERRA, 2009).

A definição dos casos de aids foi novamente revisada em 1998 e resultou na

inclusão do câncer cervical invasivo na lista de doenças indicativas de aids e na

inclusão de uma marcador laboratorial de imunossupressão, baseado na contagem

de linfócitos TCD4+ menor do que 350 cel/mm3 de sangue que passa a ser suficiente

como critério de definição de aids (RIBEIRO; VERAS; GUERRA, 2009).

A atual revisão foi estabelecida em 2003 e está em vigor desde 2004. Os

critérios excepcionais CDC e ARC + óbito foram excluídos, permanecendo o critério

Rio de Janeiro/Caracas (definido pelo alcance de dez ou mais pontos na somatória

dos pontos pré-estabelecidos para sinais, sintomas e doenças). O critério CDC

modificado passou a se chamar de critério CDC adaptado (definido pela evidência

da imunodeficiência laboratorial e/ou clínica com pelo menos uma doença indicativa

de aids). O critério excepcional óbito permaneceu com ampliação da definição

anterior com a incorporação da menção à infecção pelo HIV na declaração de óbito

contando ainda com o registro de doenças associadas à infecção pelo HIV (BRASIL,

2004).

A notificação sistemática dos casos de aids é útil para monitorizar a

pandemia do HIV e planejar as ações em saúde pública (WHO, 2005). No Brasil, a

vigilância epidemiológica da aids tem como referência a notificação universal dos

casos de aids incluída na relação de agravos de notificação em 22 de dezembro de

1986 (BRASIL, 2004).

2.2.3 Tratamento da aids

A resposta brasileira para o combate à aids contou com organização de uma

rede de assistência de referência; além da estruturação de um programa de acesso

universal ao tratamento ou terapia antirretroviral (TARV) com um papel fundamental

40

no manejo clínico da infecção pelo HIV, ocasionando um grande impacto na

sobrevida dos pacientes (BRASIL, 2012c).

O Brasil foi o primeiro País entre os países em desenvolvimento a adotar

uma política de acesso universal à TARV. O manejo das PVHA é orientado por

protocolos clínicos elaborados por comitês de especialistas e fundamentados com

base em evidências. Os medicamentos estão disponíveis gratuitamente desde 1996

na rede pública, a qual se responsabiliza também pelos pacientes da rede privada.

Em 2010, 200.000 indivíduos HIV positivos estavam em tratamento na rede de

saúde brasileira (BRASIL, 2012c).

De acordo com BRASIL (2012c), atualmente existem 38 apresentações de

antirretrovirais para adultos e crianças disponíveis nacionalmente, compostos por 19

princípios ativos (ANEXO A). As últimas drogas que passaram a fazer parte do

elenco de drogas antirretrovirais foram: enfuvirtida (2005), darunavir (2008),

raltegravir (2009), etravirina (2010) e o tipranavir (2011 - de uso exclusivo em

crianças e adolescentes).

Anualmente as recomendações para início da TARV são revisadas. Em

2012 incluiu-se na recomendação para início da terapia antirretroviral a contagem de

linfócitos TCD4+ menor que 500 cel/mm3, mesmo em indivíduos assintomáticos

(BRASIL, 2013d). Mais recentemente, desde dezembro de 2013, todas as PVHA

passaram a ter acesso à TARV independente da contagem de linfócitos TCD4+.

Estas devem ser estimuladas a iniciar ARV o mais precocemente possível na

perspectiva de reduzir a transmissibilidade do HIV (BRASIL, 2013e).

2.3 COINFECÇÃO TB/HIV

A aids é um fator determinante nas mudanças epidemiológicas da

tuberculose, modificando o caráter da doença, podendo inclusive levar o indivíduo à

óbito em poucas semanas. Entre as consequências da coinfecção está a capacidade

do HIV tornar o paciente com tuberculose resistente a múltiplas drogas. O impacto

da epidemia da aids sobre a evolução e tendência da tuberculose se deve ao fato da

infecção pelo HIV comprometer o sistema imunológico, o que favorece a

multiplicação do M.TB e o surgimento da doença pela reativação da infecção latente,

ou pela exposição primária e/ou secundária ao bacilo (SANTOS; BECK, 2009).

41

2.3.1 Epidemiologia da coinfecção

Nas PVHA, a incidência de TB ativa chega a ser 21 a 34 vezes maior que na

população em geral, com frequência das formas extrapulmonares (WHO, 2011a). O

número de casos de coinfectados é proporcionalmente maior nas regiões

geográficas mais afetadas pela tuberculose (SANTOS; BECK, 2009). Em 2012, 8,6

milhões de pessoas foram diagnosticadas com tuberculose no mundo, destas, 13%

estavam coinfectadas pelo HIV (WHO, 2013). A infecção pelo HIV é o maior fator de

risco para o desenvolvimento da TB doença em pacientes infectados pelo M.TB,

sendo a TB responsável por mais de um quarto das mortes que ocorrem em PVHA

(WHO, 2011b).

No Brasil, 9,7% dos casos novos de tuberculose notificados no SINAN no

ano de 2012 também apresentavam a infecção pelo HIV. Pacientes coinfectados

têm maior probabilidade de apresentar um desfecho desfavorável ao tratamento da

tuberculose, que continua sendo a primeira causa de óbito em pacientes com aids

em nosso país (BRASIL, 2013a).

2.3.2 Diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis em

pessoas vivendo com HIV ou aids

Todos os pacientes com diagnóstico de infecção pelo HIV devem ser

investigados quanto a ILTB ou TB ativa. O diagnóstico da ILTB pode ser feito

através da realização da prova tuberculínica ou dos testes IGRAs (CDC, 2009).

O diagnóstico da TB ativa em PVHA é uma condição definidora para o

diagnóstico da aids. As manifestações clínicas são influenciadas pelo grau de

comprometimento do sistema imunológico. Nestes pacientes imunocomprometidos é

mais frequente a TB extrapulmonar e a TB disseminada. A baciloscopia direta e a

cultura para M.TB no escarro de forma repetida são os mais importantes testes

diagnósticos. É importante que os serviços que acompanham PVHA realizem a

cultura de escarro, de forma rotineira e intensiva, a fim de aumentar o diagnóstico da

TB (LEMOS, 2011).

A avaliação de um caso suspeito de TB ativa em PVHA deve incluir a

radiografia do tórax, independente de outra localização da doença; no entanto, uma

radiografia normal não exclui a possibilidade de TB pulmonar em atividade.

42

Aproximadamente um quarto de pacientes HIV positivos com TB doença apresenta

resultados falso-negativos aos IGRAs e PT (CDC, 2009), esta possibilidade de

resultados negativos ocorre porque o HIV destrói o sistema celular T e a imunidade

ao M.TB (ROSEMBERG, 2001).

2.3.3 Quimioprofilaxia da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis em

pessoas vivendo com HIV ou aids

A terapia preventiva ou quimioprofilaxia com isoniazida é uma das

intervenções recomendadas pela OMS e UNAIDS desde 1998 para a redução da

morbidade e mortalidade por tuberculose em PVHA. A implementação desta

estratégia tem sido baixa, pois encontra algumas barreiras como a possibilidade de

desenvolvimento de resistência à droga. Até o final de 2009, somente 85000 PVHA

tiveram acesso à prevenção com isoniazida (WHO, 2011a).

A isoniazida também chamada de hidrazida (H) na dose 300mg por dia

continua sendo a droga de escolha para a prevenção da tuberculose em PVHA e

deve ser oferecida por pelo menos seis meses a adultos e adolescentes que

apresentem PT positiva e que estejam susceptíveis a desenvolver TB ativa,

independentemente do grau de imunossupressão. Estudos comprovam uma

redução do risco de desenvolver TB ativa em PVHA reatores à tuberculina

submetidos à quimioprofilaxia de até 64% (WHO, 2011b).

2.4 A PROVA TUBERCULÍNICA

A PT também conhecida como reação de mantoux é um método auxiliar

para o diagnóstico da TB baseado na reação do organismo às proteínas do bacilo da

tuberculose após a inoculação do PPD ou tuberculina por via intradérmica. No Brasil,

o PPD é padronizado e distribuído pelo MS. Tem procedência dinamarquesa e traz

no rótulo a sigla RT referente às iniciais das palavras “Resent Tuberkulin” que

significa tuberculina purificada, e o número 23 referente ao seguimento das

tuberculinas produzidas anteriormente (BRASIL, 2009b).

O PPD é utilizado na dose de 2 unidades de tuberculina em 0,1 ml de

diluente estabilizante contendo Tween 80 que impede a adsorção rápida da

tuberculina na parede dos recipientes (MORRIS, 2008), deve ser mantido em

43

condições adequadas de temperatura e de luminosidade pois a tuberculina perde a

potência quando exposta à luz solar ou raios ultravioleta, portanto, deve ser

conservada em temperatura inferior a 20o C não podendo ser congelada. A

conservação ideal está entre +2o C e +8o C (BRASIL, 2009b). O frasco de PPD após

abertura tem duração média de 30 dias, e de aproximadamente três anos, se

mantido fechado (ver as orientações do fabricante).

O mecanismo da reação à tuberculina envolve o reconhecimento do

antígeno pelo linfócito T, proliferação e diferenciação dessas células com sítios de

ligação específicos para o antígeno, e reação das células com o antígeno

provocando a sua rejeição. A resposta local é uma reação inflamatória tardia nos

indivíduos sensibilizados que se inicia de seis a oito horas após a administração da

tuberculina, chegando ao máximo em torno de 48 a 72 horas. Ocorre vasodilatação

capilar com acúmulo de linfócitos, basófilos, monócitos e neutrófilos no local da

reação que se manifesta com eritema e enduração. Esta sensibilidade pode ser

evidenciada anos após a infecção pelo M.TB, porém tende a decair com a idade

(MORRIS, 2008).

A técnica de aplicação da PT, de leitura e o material utilizado são

padronizados pela OMS. O PPD deve ser aplicado na dose de 0,1ml no terço médio

do antebraço esquerdo com a utilização de agulha de bisel curto (13x3,8 ou

similares) e seringas do tipo tuberculina com 1ml de capacidade e bem calibradas. A

leitura é realizada com a utilização de régua milimitrada, 48 a 72 horas após a

aplicação, podendo ser feita até 96 horas. Mede-se a maior enduração palpável no

maior diâmetro transverso e registra-se o resultado em milímetros. Não está mais

recomendada a classificação do resultado da PT em não reator, reator fraco e reator

forte. A interpretação da PT e seus valores de corte variam de acordo com a

população e o risco de adoecimento (BRASIL, 2011a). A reatividade ao PPD não

diferencia pacientes com TB latente de pacientes com TB doença (MENZIES, 2008).

A PT não tem 100% de sensibilidade e de especificidade. A sensibilidade

refere-se à porcentagem de indivíduos doentes com teste positivo e a especificidade

é a porcentagem de indivíduos sadios com resultado negativo. Aproximadamente

10% a 25% de pacientes com TB ativa não reagem ao PPD (TEIXEIRA; ABRAMO;

MUNK, 2007). A sensibilidade da PT em indivíduos com ILTB não pode ser

determinada com certeza, mas se aproxima da sensibilidade de um indivíduo com

TB ativa após o início do tratamento, 95% (DUARTE, 2009).

44

Uma PT negativa em indivíduos infectados pelo M.TB, caracteriza um

resultado falso-negativo, que pode ocorrer em função de fatores técnicos, como a

falta de utilização de técnica previamente estabelecida, leitor inexperiente,

tuberculina mal conservada; ou fatores biológicos, como: vacinação com vírus vivos,

infecções virais, TB ativa em estágio avançado, imunodepressão, idade mais

avançada (MENZIES, 2008), a desnutrição, stress (MORRIS, 2008).

A infecção pelo HIV é a causa mais importante de resultados falso-negativos

na PT. Esta possibilidade aumenta com o declínio da contagem de células TCD4+

(MENZIES, 2008). Estudo realizado por Borges et al. (2009) detectou que níveis

baixos de células TCD4+ desestimulam a solicitação da PT na abordagem inicial dos

pacientes pelo reconhecimento da baixa reatividade ao PPD.

Resultados falso-positivos à tuberculina também podem ocorrer. Acredita-se

que existam poucos resultados falso-positivos e geralmente estão associados à

vacinação com BCG ou por contato ambiental com outras micobactérias (DUARTE,

2009).

A PT é um teste de hipersensibilidade cutânea de leitura tardia, cujos

resultados servem de parâmetro para a indicação da terapia preventiva ou

quimioprofilaxia com isoniazida em indivíduos positivos para HIV. No Brasil, tem sido

recomendada pelo MS, desde 1999, a utilização do PPD na avaliação inicial de

PVHA, devendo ser repetido anualmente nos indivíduos não reatores, e a cada 06

meses após início da TARV, pela possibilidade de reconstituição imune. A PT é dita

reatora quando ocorre enduração igual ou superior a 5 mm de diâmetro e não

reatora quando ocorre enduração inferior a 5 mm ou ausência de resposta (BRASIL,

2008a).

2.5 O EFEITO BOOSTER

Efeito ou fenômeno booster é definido como um aumento na reação à

tuberculina de pelo menos 6 mm em uma PT repetida em um curto espaço de tempo

(MENZIES, 2008b), e não pode ser confundido com a viragem ou conversão à PT

que ocasiona um aumento de 10 mm ou mais de enduração em relação a um teste

realizado entre 2 semanas e 2 anos antes, sugerindo fortemente a ocorrência de

infecção recente pelo M.TB (PINHEIRO; MACHADO JÙNIOR, 2011).

45

Este fenômeno ocorre quando a resposta imunológica mediada por células

diminui, resultando em uma resposta à tuberculina negativa inicialmente. A

realização da primeira PT estimula a recuperação da memória imunológica e um

segundo teste realizado uma semana a um ano depois provoca uma resposta maior

não relacionada com nova infecção por micobactérias (MENZIES, 2008b).

Segundo Menzies (2008b), o efeito booster foi descrito pela primeira vez

quando provas tuberculínicas foram repetidas com intervalo de um ano, porém,

outros estudos demonstraram que a resposta do fenômeno booster foi maior quando

os dois testes foram realizados com intervalo de uma a quatro semanas e menos

comum quando o intervalo foi menor a 7 dias.

Em profissionais de saúde submetidos a inquéritos tuberculínicos ou que

ingressarem em serviços que apresentem risco de infecção ocupacional ao

Mycobacterium tuberculosis, que nunca se submeteram à PT, o efeito ou fenômeno

booster deve ser investigado para evitar a falsa impressão de conversão ao teste em

PT subsequentes. Os indivíduos que apresentarem resultado negativo na primeira

PT deverão ser submetidos a uma segunda PT entre uma a duas semanas após o

primeiro teste. Se o segundo teste apresentar resultado positivo, este é devido ao

efeito booster, ou seja, uma restauração da sensibilidade às micobactérias

dormentes ou latentes ocasionada pelo estímulo antigênico do teste inicial. Se o

segundo teste apresentar-se negativo, o indivíduo pode não estar infectado pelo

bacilo ou ser anérgico (BRASIL, 2009b).

O efeito booster é comum em muitas populações e alguns fatores estão

mais frequentemente associados com a ocorrência do mesmo, como: pacientes

idosos, a vacinação com BCG, principalmente quando é realizada em uma idade

mais avançada, tiver nascido em uma região com alta prevalência de tuberculose,

sensibilidade a micobactérias não tuberculosas (MENZIES, 2008b).

A segunda aplicação da PT deve ser utilizada em indivíduos que serão

testados de forma seriada para excluir, no futuro, uma falsa conversão. Pacientes

infectados pelo HIV, profissionais dos serviços de saúde durante a admissão ou nos

exames ocupacionais periódicos e demissionais, e contatos de caso índice bacilífero

têm indicação da PT seriada (BRASIL, 2011d).

Estudo realizado por Oliveira et al. (2008) em trabalhadores da saúde,

identificou taxa de efeito booster de 7,8%, o que aumentou a prevalência da infecção

tuberculosa para 38,7% com a segunda PT em relação a 33,5% de reatores na

46

primeira testagem. Teixeira et al. (2008) identificou prevalência de 8,4% de efeito

booster em estudo realizado com estudantes de medicina. Prevalência de 6,45% foi

detectada entre estudantes de enfermagem em pesquisa realizada por Moreira,

Nápole e Silva (2007).

Portu et al. (1996) realizou um estudo para avaliar a diferença da resposta

tuberculínica em usuários de drogas intravenosas entre os indivíduos HIV positivos e

os HIV negativos. Os indivíduos com resposta negativa foram submetidos a uma

segunda PT 7 dias após a primeira com detecção de 8,9% de efeito booster nos

pacientes HIV positivos. Devido à diminuição da sensibilidade do teste tuberculínico

nos pacientes infectados pelo HIV, o estudo recomenda neste grupo a repetição do

teste em curto intervalo de tempo. Em contatos de tuberculose pulmonar positiva,

Salles (2007) identificou prevalência de 6% de efeito booster.

2.6 A ENFERMAGEM NO CONTROLE DA TUBERCULOSE

O envolvimento de todos os profissionais de saúde é fundamental para que

a descentralização das ações do controle da tuberculose possa avançar. O trabalho

em equipe e com foco no usuário é primordial para o alcance das metas

estabelecidas e superação dos desafios existentes. A enfermagem é uma categoria

essencial para o desenvolvimento das atividades de saúde pública no País e

principalmente no controle da tuberculose (BRASIL, 2011a).

As normas e manuais técnicos da vigilância em saúde (BRASIL, 2008b)

descrevem claramente as atribuições específicas dos profissionais na atenção

básica para o controle da tuberculose. Dentre as atribuições descritas para o

enfermeiro encontra-se a realização da prova tuberculínica, desde que o profissional

tenha capacitação para a execução do exame.

Algumas atribuições são comuns a outros profissionais. Para Magalhães

(2010), o enfermeiro inserido na equipe saúde da família é responsável por inúmeras

atribuições, tornando-se fundamental no processo de organização do trabalho na

atenção primária. Ainda para esta autora, a atuação do enfermeiro em saúde pública

é um grande desafio e as atribuições melhor definidas favorecem a qualidade na

prática diária deste profissional.

A PT pode ser realizada por enfermeiros ou técnicos de enfermagem desde

que capacitados para a realização deste procedimento. A responsabilidade do

47

treinamento em PT seja para pesquisas, para capacitação em serviço ou para leitor

de referência é do profissional enfermeiro (BRASIL, 2011d). Em 2010, o Conselho

Regional de Enfermagem - DF emitiu o parecer nº 24 reforçando o respaldo legal e

ético do enfermeiro para fazer aconselhamento pré-teste, realizar o TT ou PT,

aconselhamento pós-teste e emissão de laudo do PPD para subsidiar diagnóstico.

Para Carneiro e Andrade (2008), uma estratégia fundamental para o controle

de qualquer doença e principalmente da TB é a educação voltada para a saúde. O

papel de educador e promotor da saúde desempenhado por vários profissionais de

saúde, entre eles, o enfermeiro, visa oferecer à população condições favoráveis de

prestação de serviços e orientações básicas sobre o combate e a possível

erradicação das doenças (CARNEIRO; ANDRADE, 2008).

Estudo realizado por Oblitas et al. (2010) reforça que o profissional da

enfermagem deve assumir o papel de protagonista na prevenção e controle da

tuberculose, planejando intervenções integrais a partir do âmbito local até o

internacional.

Com o conhecimento sobre a incidência e prevalência da TB doença, das

características sociodemográficas de uma comunidade, o enfermeiro pode identificar

quais são os indivíduos que estão mais predispostos a se infectar pelo M.TB e com

maior risco de adoecimento. Assim, poderá planejar intervenções para o controle da

tuberculose. É importante que o enfermeiro saiba administrar, ler e interpretar a PT,

e garanta o tratamento adequado para os indivíduos identificados como reatores ao

PPD (GALANOWSKY, 2008).

48

CAPÍTULO 3: MATERIAL E MÉTODOS

3.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo realizado é do tipo epidemiológico, observacional, transversal,

prospectivo com abordagem descritiva e analítica. Segundo Rouquayrol e Filho

(2003), a pesquisa epidemiológica é aquela desenvolvida com o intuito de investigar

os processos saúde-doença-cuidado em populações humanas. O estudo

observacional implica em um posicionamento passivo do pesquisador sem que haja

interferência no processo em estudo (ROUQUAYROL; FILHO, 2003), embora,

segundo Fontelles (2010), o pesquisador possa realizar medições, análises e outros

procedimentos para a coleta de dados.

O termo transversal se refere à classificação quanto a temporalidade do

estudo, neste caso, a produção dos dados é realizada em um único momento no

tempo. Para Fontelles (2010), os estudos de corte transversal são também

chamados de estudos de prevalência porque quando realizados em populações bem

definidas, permitem a aquisição de medidas de prevalência de fatores de risco e a

frequência de casos prevalentes de doenças. São indicados para medir e descrever

a frequência e a distribuição das doenças em uma população.

A pesquisa quantitativa trabalha com variáveis expressas sob a forma de

dados numéricos e emprega rígidos recursos e técnicas estatísticas para classificá-

las e analisá-las. O seu resultado é passível de generalização, portanto, é mais

indicada para o planejamento de ações coletivas. Na pesquisa quantitativa

descritiva, o objetivo do estudo é descrever o fenômeno observado. Os dados não

são utilizados para teste de hipóteses, mas permitem que estas sejam formuladas

posteriormente, enquanto que na pesquisa analítica, tenta-se explicar o fenômeno

observado, utilizando-se testes de hipótese mediante aplicação de testes de

significância estatística, para aceitar ou rejeitar as hipóteses (FONTELLES, 2010).

3.2 LOCAL DA PESQUISA

O estudo foi realizado na Unidade de Referência em Doenças Infecto

Parasitárias Especiais (URE-DIPE), situada na Passagem Izabel s/n entre Travessa

Magno de Araújo e Avenida Djalma Dutra, bairro do Telégrafo em Belém – PA. A

49

URE-DIPE foi fundada em 15 de setembro de 1987, e é uma referência estadual ao

diagnóstico, acompanhamento e tratamento de pessoas vivendo com HIV/aids e

suas coinfecções.

A UREDIPE tem como missão garantir a acessibilidade no âmbito da

Prevenção, Diagnóstico e Tratamento aos portadores do HIV/AIDS, cumprindo

também a função social de promover a atenção à saúde, com educação permanente

e continuada, com atendimento humanizado e holístico, contribuindo para a melhoria

da qualidade de vida da população assistida. Dispõe dos seguintes serviços:

▪ Hospital – Dia (HD): possui oito leitos, dos quais, cinco leitos são para o

público masculino e três para o público feminino. Destina-se à internação temporária

de pacientes debilitados que necessitam restabelecer seu bom estado geral, fazer

reposições hídricas, hemotransfusões, ou outras terapêuticas medicamentosas até

internação convencional em hospitais de referência para HIV/aids.

▪ Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA): destina-se ao diagnóstico

da infecção pelo HIV através de testes rápidos ou outros exames de triagem e

confirmatórios conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, realiza também

atividades educativas na UREDIPE e na comunidade, bem como a distribuição de

preservativos masculinos e femininos.

▪ Serviço de Assistência Especializada (SAE): reservado para o

acompanhamento e tratamento ambulatorial dos casos diagnosticados de infecção

pelo HIV e doentes de aids, bem como de suas coinfecções, entre elas a

tuberculose.

▪ Assistência Domiciliar Terapêutica (ADT): destina-se ao acompanhamento

em domicílio de pacientes com dificuldade motora de se deslocar à UREDIPE para

assistência adequada. A dificuldade ou impossibilidade motora pode ser ocasionada

por qualquer agravo relacionado à aids, mas percebe-se a predominância de

seqüelas ocasionadas pela neurotoxoplasmose.

A clientela da UREDIPE é de pessoas maiores de 13 anos de idade,

oriundos de vários municípios do Estado do Pará. Em média recebe 50 casos

recém-diagnosticados para HIV/aids por mês. A instituição dispõe de equipe

multiprofissional como assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos,

fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos infectologistas, nutricionistas, psicólogos,

terapeutas ocupacionais, técnicos de enfermagem, outros. Em cada serviço

oferecido pela UREDIPE há a atuação de pelo menos um profissional enfermeiro.

50

3.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO

A população do presente estudo foi constituída de pessoas vivendo com

HIV/aids. Pacientes matriculados na Unidade de Referência em Doenças Infecciosas

e Parasitárias Especiais-UREDIPE, na cidade de Belém – Pa, foram selecionados e

convidados para participar desta pesquisa .

3.4 AMOSTRA

Participaram deste estudo 73 (setenta e três) PVHA matriculadas na

UREDIPE. O tamanho da amostra foi calculado utilizando-se fórmula adequada para

o estudo do tipo descritivo, no qual, a estimação de parâmetros é o objetivo

principal. Optou-se por utilizar a seguinte fórmula: n= zα2.p.q/d2 que corresponde à

determinação do tamanho da amostra com base na estimativa da proporção

populacional; onde n é o número de indivíduos na amostra, α é o valor que

corresponde ao nível de significância desejado, p é proporção populacional de

indivíduos pertencentes à categoria de interesse para o estudo, neste caso, a

proporção populacional de indivíduos que apresentam o fenômeno booster; q é a

proporção populacional não pertencente à categoria de interesse neste estudo e d

corresponde à diferença entre a proporção amostral e a verdadeira proporção

populacional.

Através de estudos anteriores realizados fora do Brasil, observou-se que

não há consenso sobre a prevalência do efeito booster em pacientes HIV positivos,

e que esta prevalência depende das características do grupo, mas considerando-se

que esta seja menor em relação à prevalência conhecida para a população em geral

que é de 7 a 9%, estimada em vários estudos realizados, optou-se por utilizar uma

prevalência de 5% de efeito booster para PVHA, com nível de significância (α) de

5% e erro máximo de estimativa igual a 5%. Sendo α igual a 5%, zα corresponde a

1.96; se p corresponde a 5%, então q corresponde a 95%.

Logo: n = zα².p.q/d2 = (1.96)2 . 5 .95/52 = 3,84 . 475/ 25 = 1824/25= 72,96

Para atingir a amostra necessária a este estudo, foi feita a seleção

consecutiva de PVHA que se submeteram à PT na UREDIPE e que se enquadraram

nos critérios de inclusão pré-definidos.

51

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Pacientes maiores de 13 anos de idade, estar se submetendo à PT pela

primeira vez independente do ano de diagnóstico do HIV; apresentar resultado

inferior a 05 mm na primeira aplicação da PT e leitura da prova tuberculínica inicial

ter sido realizada pela pesquisadora.

3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Gestantes; pacientes com diagnóstico passado ou em tratamento atual para

tuberculose; pacientes privados de liberdade e pacientes muito debilitados

aguardando internação hospitalar.

3.7 COLETA DE DADOS

A pesquisa de campo ocorreu no período de janeiro a novembro de 2013.

Para coleta dos dados foi utilizado um formulário de entrevistas (APÊNDICE A) e a

realização da PT em duas etapas. O formulário constou de informações sobre as

variáveis que permitiram traçar o perfil sociodemográfico dos participantes da

pesquisa, variáveis que contemplaram o objetivo geral e as variáveis que

contemplaram os objetivos específicos.

A construção do formulário para o alcance dos objetivos específicos se

baseou na ficha de investigação epidemiológica de aids para maiores de 13 anos

(ANEXO B). Este foi complementado com dados registrados no prontuário do

paciente, 01 (um) mês após a realização da PT, com as informações que não

estavam disponíveis no momento da entrevista, como: valores da contagem de

células TCD4+ e resultado de hemograma para avaliar presença de anemia.

As PTs foram realizadas na sala de PPD da UREDIPE, preferencialmente

pela própria pesquisadora, habilitada pelo MS para aplicação, leitura e interpretação

da prova tuberculínica. Pacientes cuja aplicação do PPD tenha sido realizada por

outro profissional, mas que a leitura e interpretação tenham sido realizadas

exclusivamente pela pesquisadora, foram considerados elegíveis a participar do

estudo. Os pacientes que se enquadraram nos critérios de inclusão e aceitaram

participar da pesquisa foram agendados para a segunda aplicação da prova

52

tuberculínica. Os participantes não reatores na primeira etapa, ou seja, com

endurado cutâneo menor que 5 (cinco) mm, foram agendados para uma segunda

prova tuberculínica entre uma a três semanas após aplicação da PT inicial para

avaliação do fenômeno ou efeito booster.

A tuberculina utilizada foi o PPD-RT23, aplicado por via intradérmica, no

terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1 ml. A leitura da

prova tuberculínica foi realizada preferencialmente 72 horas após a aplicação,

admitindo-se leituras realizadas 96 horas após, pela impossibilidade de

comparecimento do paciente à leitura na data agendada. O maior diâmetro

transverso da área do endurado palpável foi medido com régua milimetrada

transparente e o resultado, registrado em milímetros. Devido a possibilidade de

reações menores ao PPD pelos pacientes HIV positivos e do ponto de corte para

considerar um resultado reator ser de 5 (cinco) mm, considerou-se como fenômeno

booster, todos os resultados superiores a 5 mm na segunda aplicação.

A coleta de dados foi realizada com muita dificuldade, por vários fatores:

falta de adesão do paciente em comparecer para realização da PT como rotina em

triagem inicial, pois se observou que o quantitativo de pacientes admitidos por mês

na unidade de referência é superior ao número de PT realizadas em pacientes

recém-admitidos, mesmo havendo solicitação do exame por parte dos profissionais

de saúde; períodos chuvosos no turno da tarde e dificuldade da pesquisadora estar

presente na UREDIPE em dois turnos nos dias de realização da PT, acarretando em

leituras realizadas por outros profissionais enfermeiros no turno da manhã,

principalmente nos primeiros quatro meses de pesquisa de campo; pela

característica do estudo com necessidade de comparecimento por quatro vezes na

unidade para concluir a prova tuberculínica em 02 etapas; bem como, o número

significativo de PVHA matriculados na unidade não residentes na região

metropolitana de Belém, dificultando o aceite e o comparecimento do paciente nos

dias agendados.

Na tentativa de aumentar a demanda para realização da prova tuberculínica,

adotaram-se algumas estratégias, como: palestra em sala de espera sobre a

coinfecção TB/HIV e importância da prova tuberculínica; distribuição de panfletos

sobre a prova tuberculínica e dias de realização do exame, afixação de avisos na

UREDIPE convidando os usuários que nunca se submeteram à PT para a realização

53

do mesmo. A coleta de dados se encerrou no momento em que se atingiu a amostra

mínima necessária ao estudo.

As PVHA reatoras à PT foram orientadas sobre o significado do resultado,

submetidas ao RX-tórax, à baciloscopia de escarro (em caso de sintomáticos

respiratórios) e encaminhadas para avaliação médica para intervenção adequada ao

caso. Os não reatores a segunda PT foram orientados sobre os possíveis

significados de um resultado negativo, quanto à importância da realização do exame

periodicamente, e agendados para nova prova tuberculínica seis meses após início

da TARV (se CD4 menor que 200 cel/mm³) ou um ano após o exame inicial (se CD4

maior que 200 cel/mm³).

3.8 VARIÁVEIS

As variáveis utilizadas neste estudo foram selecionadas a partir dos

objetivos pretendidos com a pesquisa, considerando-se as seguintes variáveis:

1- Para avaliar presença do efeito booster: resultado da segunda prova

tuberculínica caracterizada por resultado maior ou igual a 5 mm de enduração.

2- Para análise do perfil sociodemográfico foram: sexo: masculino e feminino;

idade: a partir de 13 anos; escolaridade: analfabeto, ensino fundamental incompleto,

ensino fundamental completo, ensino médio incompleto, ensino médio completo,

educação superior incompleta e educação superior completa; raça/cor

autodeclarada: branca, parda e preta; estado civil: casado, concubinato, separado,

solteiro e viúvo; ocupação e município de residência.

3- Para avaliação do perfil imunológico: resultado da contagem de células

TCD4/mm3.

4- Para identificação das características clínicas da aids: sinais e sintomas

estabelecidos pelo critério de Caracas e as doenças ou agravos estabelecidos pelo

critério CDC adaptado para definição de 01 caso de aids.

54

3.9 ANÁLISE DOS DADOS

Para a elaboração dos resultados, foi realizada uma analise descritiva a qual

tem como objetivo fazer a descrição dos dados através de tabelas, gráficos, medidas

de variabilidade e tendência central, visando relatar as características do estudo de

uma amostra de 73 pessoas vivendo com HIV/aids.

Utilizou-se o teste 2-Quadrado para avaliar as associações entre as

variáveis categóricas com nível de significância de 5%. Em seguida foi realizado o

teste t de student para variáveis contínuas, o qual deve ser utilizado para duas

populações independentes, sendo que este teste exige duas condições: que as

populações sejam normais e de variâncias iguais (CALEGRI, 2003).

Buscou-se saber a prevalência do efeito booster em pessoas vivendo com

HIV/aids. Para isso utilizou-se a taxa de prevalência pontual, calculada como o

número de casos reatores ao PPD na 2ª aplicação da prova tuberculínica sobre o

tamanho da amostra estudada no período do estudo (RIPSA, 2008).

As Associações entre as variáveis são determinadas através do calculo da

distância do qui-quadrado entre as diferentes categorias das variáveis e entre os

indivíduos. Essas associações são percebidas graficamente, facilitando a

representação das estruturas dos dados.

Por fim, realizou-se uma Análise de Correspondência (AC) com o objetivo de

analisar simultaneamente um conjunto de variáveis categóricas. A Análise de

Correspondência permite analisar o padrão de relações de variáveis dependentes

categóricas (MINGOTI, 2005).

Para aplicação da AC foram construídos mapas perceptuais das relações

entre a variável perfil imunológico, sinais e sintomas e doenças apresentadas,

podendo assim traçar o perfil imunológico de pessoas vivendo com HIV/aids.

Para o desenvolvimento deste trabalho, fez-se o uso do software SPSS 20.0

(Statistical Package for the Social Sciences) para a formação do banco de dados,

para realização dos testes qui-quadrado, teste t de Student e realização da AC foi

utilizado o software STATISTICA 8.0 e o Excel para a formação e formalização das

tabelas e elaboração de gráficos.

55

3.10 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Esta pesquisa seguiu o preconizado pela Resolução n° 196/96 de 16 de

outubro, do Conselho Nacional de Saúde, que normatiza a pesquisa que envolve

seres humanos. Os indivíduos que se enquadraram nos critérios de inclusão foram

informados sobre o estudo de forma clara e convidados a consentir sua participação.

Foi assegurado o anonimato e o direito de deixar o grupo no momento em que

desejar. O consentimento de participação no estudo foi respaldado através da

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B),

assinado em duas vias, uma fica com o participante e a outra com a pesquisadora.

A participação de menores de 18 anos está condicionada à assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido pelo seu responsável legal. A pesquisa foi

submetida à análise do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará com parecer favorável

em 12/12/2012 sob CAAE: 07798212.2.0000.5174 (ANEXO C). Foi garantido aos

participantes da pesquisa, reatores à prova tuberculínica, o encaminhamento para

investigação da TB doença, através da realização de Rx de tórax, baciloscopia de

escarro (em caso de sintomáticos respiratórios) e avaliação médica, a fim de instituir

o tratamento necessário conforme o diagnóstico da tuberculose ou infecção latente

pelo M. tuberculosis.

56

CAPÍTULO 4: RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos com a pesquisa de

campo, descreve-se as características sociodemográficas das PVHA que

participaram do estudo, resultados da PT realizada em 02 tempos, principais sinais e

sintomas, bem como, principais doenças presentes no período da realização da

prova tuberculínica, perfil imunológico e definição dos casos de aids conforme

critérios pré-estabelecidos pelo MS.

Foram realizadas 705 provas tuberculínicas durante a pesquisa de campo.

Destas, 138 foram realizadas em pacientes não matriculados na UREDIPE que

correspondem a usuários soronegativos contatos de TB pulmonar oriundos da rede

básica para a realização da PT, pacientes HIV positivos oriundos da rede particular e

alguns são funcionários da UREDIPE.

Em pacientes soropositivos para HIV, matriculados na instituição, foram

realizadas 577 PTs, como mostra a figura 2. Destes, 174 PVHA estavam se

submetendo à PT como controle e 403 estavam se submetendo a primeira PT.

Dentre as PVHA que estavam se submetendo à PT pela primeira vez, 77 não

compareceram para leitura; 60 foram reatores à primeira leitura, ou seja,

apresentaram enduração maior ou igual a 5 mm; 266 foram não reatores, ou seja,

não apresentaram enduração, ou a enduração foi menor que 5 mm.

Dentre as PVHA que obtiveram resultado não reator, 93 pacientes

compareceram para leitura com outro profissional enfermeiro e 173 compareceram

para leitura com o enfermeiro pesquisador, das quais, 138 se enquadravam nos

demais critérios de inclusão. Aceitaram participar da pesquisa 108 pacientes, porém,

73 compareceram para segunda administração e segunda leitura da prova

tuberculínica, constituindo a amostra necessária para a pesquisa.

57

Figura 2: Provas tuberculínicas realizadas em PVHA em uma unidade de referência em aids, em Belém-Pa no período de janeiro a novembro de 2013.

Fonte: livro de registro de PPD-UREDIPE/2013

PVHA reatores na 1ª leitura (PPD ≥ 5 mm)

N= 60

Provas tuberculínicas realizadas em PVHA N= 577

N

PVHA que realizaram prova tuberculínica pela 1ª vez.

N= 403

N

PVHA em controle periódico da prova tuberculínica.

N= 174

PVHA que não compareceram para leitura da PT

N= 77

N

PVHA com resultado não reator na 1ª leitura (PPD < 5 mm)

N= 266

N

PVHA que compareceram para leitura da PT com outro profissional

N= 93

PVHA que compareceram para leitura da PT com a pesquisadora

N= 173

N

PVHA que não aceitaram realizar 2ª PT.

N= 30

PVHA excluídos N= 35

PVHA que aceitaram realizar 2ª PT.

N= 108

N

PVHA que não compareceram para 2ª

aplicação da PT N= 35

PVHA que compareceram para aplicação da 2ª PT.

N= 73

N

PVHA que compareceram para leitura da 2ª PT N=73 (AMOSTRA)

58

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA 4.1.1 Análise sociodemográfica das pessoas vivendo com HIV/aids

A tabela 4 apresenta as características sociodemográficas de pessoas

vivendo com HIV/aids que realizaram PT em 02 etapas em uma unidade de

referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013. Nela

pode-se observar que do total de 73 pessoas incluídas no estudo, 49 (67,12%) são

do sexo masculino e 24 (32,88%) são do sexo feminino. Observa-se que a maioria

dos pacientes apresentou faixa etária mais frequente de 20 a 29 anos, ou seja, 25

(34,25%) do total. Para esta variável observou-se um intervalo de confiança [Média ±

DP: 36 ± 12,49] onde a idade mínima foi de 18 anos e a máxima de 69 anos.

Verificou-se que 63 participantes (86,30%) declararam ter a raça/cor parda e

36 participantes (49,32%) declararam ter estado civil solteiro seguido de 21

participantes (28,77%) que declararam viver em concubinato. Já em relação à

escolaridade, 24 participantes (32,88%) declararam ter como escolaridade o ensino

fundamental incompleto. Observa-se que 50 PVHA (68,49%) declararam exercer

alguma atividade remunerada, sendo que no sexo feminino, 13/24 (54,17%) estão

fora do mercado de trabalho e destas 10/13 (41,67%) declararam ser donas de casa.

Verifica-se ainda que 41 participantes do estudo (56,16%) são procedentes do

município de Belém.

Assim ao nível de 5% de significância pode-se observar que as variáveis:

estado civil, escolaridade e procedência não exerceram influência estatisticamente

significante entre os grupos. Apenas as variáveis: faixa etária, raça/cor e ocupação

foram significativas ao nível de 5%.

59

Tabela 4 - Características sociodemográficas de pessoas vivendo com HIV/AIDS que realizaram PT inicial em duas etapas em uma unidade de referência em AIDS em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

VARIÁVEIS

SOCIODEMOGRÁFICAS

SEXO Total

73 (100,00%) p-valor Feminino

n=24 (32,88%)

Masculino

n=49 (67,12%)

Idade (Média±DP) 39±13,15 35±12,06 36±12,49 0,008*

Faixa etária

Menor que 20 anos - 3 (6,12%) 3 (4,11%)

0.001

20 a 29 anos 6 (25,00%) 19 (38,78%) 25 (34,25%)

30 a 39 anos 8 (33,33%) 9 (18,37%) 17 (23,29%)

40 a 49 anos 4 (16,67%) 13 (26,53%) 17 (23,29%)

50 a 59 anos 4 (16,67%) 5 (10,20%) 9 (12,33%)

maior igual a 60 anos 2 (8,33%) - 2 (2,74%)

Raça/cor

Branca - 8 (16,33%) 8 (10,96%)

0.017 Parda 22 (91,67%) 41 (83,67%) 63 (86,30%)

Preta 2 (8,33%) - 2 (2,74%)

Estado civil

0.094

Casado 3 (12,50%) 7 (14,29%) 10 (13,70%)

Concubinato 6 (25,00%) 15 (30,61%) 21 (28,77%)

Separado 3 (12,50%) 1 (2,04%) 4 (5,48%)

Solteiro 10 (41,67%) 26 (53,06%) 36 (49,32%)

Viúvo 2 (8,33%) - 2 (2,74%)

Escolaridade

Analfabeto 1 (4,17%) - 1 (1,37%)

0.493

Ens. Fund. incompleto 10 (41,67%) 14 (28,57%) 24 (32,88%)

Ens. Fund. completo 2 (8,33%) 4 (8,16%) 6 (8,22%)

Ens. médio completo 7 (29,16%) 14 (28,57%) 21 (28,77%)

Ens. médio incompleto 3 (12,50%) 9 (18,37%) 12 (16,44%)

Educação sup. incompleta - 3 (6,12%) 3 (4,11%)

Educação sup. completa 1 (4,17%) 5 (10,20%) 6 (8,22%)

Ocupação

Atividade Não Remunerada 13 (54,17%) 10 (20,41%) 23 (31,51%)

0,010

Dona de casa 10 (41,67%) - 10 (13,70%)

Estudante 2 (8,33%) 7 (14,29%) 9 (12,33%)

Aposentado (a) 1 (4,17%) 3 (6,12%) 4 (5,48%)

Atividade Remunerada 11 (45,83%) 39 (79,59%) 50 (68,49%)

Autônomo (a) 1 (4,17%) 6 (12,24%) 7 (9,59%)

Professor (a) 1 (4,17%) 4 (8,16%) 5 (6,85%)

Pedreiro - 3 (6,12%) 3 (4,11%)

Vigilante - 3 (6,12%) 3 (4,11%)

Domestica 2 (8,33%) - 2 (2,74%)

Outras 7 (29,16%) 23 (46,94%) 30 (41,09%)

Procedência

Ananindeua 2 (8,33%) 8 (16,33%) 10 (13,70%)

0.619

Belém 13 (54,17%) 28 (57,14%) 41 (56,16%)

Benevides 2 (8,33%) 1 (2,04%) 3 (4,11%)

Marituba 3 (12,50%) 4 (8,16%) 7 (9,59%)

Outros 4 (16,67%) 8 (16,33%) 12 (16,44%)

FONTE: Protocolo de Pesquisa, dezembro/2013.

Nível de Significância (p-valor < 0,05) *Teste T de Studente; teste qui-quadrado.

60

4.1.2 Análise das variáveis referentes à prova tuberculínica

Observa-se na tabela 5 que do total de pacientes incluídos no estudo, 72

(98,63%) apresentaram resultado não reator (menor que 5 mm) nas duas etapas da

prova tuberculínica e 1 paciente (1,37%) apresentou resultado não reator (menor

que 5 mm) na primeira etapa e reator (maior ou igual a 5 mm) na segunda etapa,

configurando um caso de efeito booster. Verificou-se que a prevalência do efeito

booster no conjunto da amostra foi de 1,37 % mostrando que a cada 100 pessoas

que vivem com HIV/aids, cerca de 1,37 apresentam o efeito booster na realização da

prova tuberculínica em duas etapas.

Tabela 5 - Resultado da prova tuberculínica em duas etapas das pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

1ª prova tuberculínica 2ª prova tuberculínica

TOTAL 00 mm 1 a 4 mm ≥ 5 mm

00 mm 68 (95,81%) 2 (2,82%) 1 (1,37%)* 71 (100,00%)

1 a 4 mm 1 (50,00%) 1 (50,00%) - 2 (100,00%)

TOTAL 69 (94,52%) 3 (4,11%) 1 (1,37%) 73(100,00%)

FONTE: Protocolo de Pesquisa *Efeito booster

4.1.3 Análise do perfil imunológico e clínico de pessoas vivendo com HIV/aids

Das 73 PVHA que participaram do estudo, 02 não realizaram o exame de

contagem de células TCD4+ para a avaliação do perfil imunológico. A tabela 6

apresenta a caracterização do perfil imunológico das pessoas vivendo com HIV/aids

no período da prova tuberculínica em uma unidade de referência em aids em Belém-

Pa, no período de janeiro a novembro de 2013. Nesta, pode-se observar que do total

de 71 pessoas que realizaram o exame de contagem de células TCD4+ no período

de realização da prova tuberculínica em 02 etapas, 25 PVHA (35,21%)

apresentaram perfil imunológico maior ou igual a 500 cel/mm3 sendo que destes, 18

(38,30%) são do sexo masculino e 7 (29,17%) são do sexo feminino. Percebe-se

também um número significativo de 20 PVHA (28,17%) com contagem de células

TCD4+ abaixo de 200 cel/mm3, sendo 15 (31,91%) do sexo masculino e 5 (20,83%)

do sexo feminino. Para esta variável observou-se um intervalo de confiança [Média

61

± DP: 401 ± 309,24] onde o numero mínimo de células TCD4+ foi de 7cel/mm3 e o

número máximo de células TCD4+ foi de 1.596 cel/mm3.

Tabela 6 - Caracterização do perfil imunológico das pessoas vivendo com HIV/aids no período da prova tuberculínica em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

PERFIL IMUNOLÓGICO (células TCD4+)

SEXO

TOTAL % Feminino Masculino

Quantidade % Quantidade %

< 200 cel/mm3 5 20,83 15 31,91 20 28,17

200 a 349 cel/mm3 6 25,00 8 17,02 14 19,72

350 a 500 cel/mm3 6 25,00 6 12,77 12 16,90

> 500 cel/mm3 7 29,17 18 38,30 25 35,21

TOTAL 24 100,00 47 100,00 71 100,00

FONTE: Protocolo de Pesquisa, dezembro/2013.

A figura 3 apresenta o boxplot da média de células TCD4+/mm3 de pessoas

vivendo com HIV/aids, onde se observa que a contagem de células TCD4+/mm3 de

homens e mulheres em média diferem entre si, apresentando um p-valor igual a

(0,021).

*Teste t de Student.

Figura 3: Boxplot da média de células TCD4+/mm

3 de pessoas vivendo com HIV/aids em uma

unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

Genêro

dia

de

lula

s T

CD

4/m

MasculinoFeminino

1800

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200

0

*p-valor =0,021

62

A figura 4 mostra o ranking dos oito sinais e sintomas apresentados em

pessoas vivendo com HIV/aids durante a pesquisa, na qual os mais frequentes

foram anemia/linfopenia ou trombocitopenia (23,94%) seguido de astenia maior ou

igual a 01 mês (16,90%).

Figura 4: Ranking dos oito sinais e sintomas apresentados em pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em AIDS em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013. FONTE: Protocolo de Pesquisa

A tabela 7 apresenta a distribuição dos principais sinais e sintomas

apresentados em pessoas vivendo com HIV/aids. Nesta, pode-se observar que

100% de PVHA que apresentaram os sinais e sintomas de tuberculose pulmonar,

cavitária ou não especificada (2); candidíase oral ou leucoplasia pilosa (6); caquexia

ou perda de peso maior que 10% (5) se encontravam no perfil imunológico < 200

cel/mm3 de células TCD4+. Ainda neste limite de perfil imunológico com contagem de

células TCD4+ inferior a 200 cel/mm3 os sinais e sintomas de diarreia maior ou igual

a 1 mês, astenia maior ou igual a 1 mês, febre maior ou igual a 38oC por um tempo

maior ou igual a mês, tosse persistente ou qualquer pneumonia, e a

anemia/linfopenia/ ou trombocitopenia foram mais frequentes com 88,89% (8/9);

83,33% (10/12); 75% (3/4); 60% (3/5); e 58,82% (10/17) dos casos,

respectivamente.

63

Ao nível de 5% de significância pode-se observar que as variáveis

Candidíase oral ou leucoplasia pilosa, diarreia igual ou maior a 01 mês, astenia

maior ou igual a 01 mês, caquexia maior ou igual a 10% e anemia/linfopenia ou

trombocitopenia exerceram influência estatisticamente significante entre os grupos.

Tabela 7 - Distribuição dos principais sinais e sintomas apresentados em pessoas vivendo com HIV/aids, de acordo com o perfil imunológico, em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

SINAIS E SINTOMAS PERFIL IMUNOLÓGICO (CÈLULAS TCD4+)

TOTAL p-valor < 200

cel/mm3

200 a 349

cel/mm3

350 a 500

cel/mm3

> 500

cel/mm3

Tuberculose pulmonar

cavitária ou não

especificada

1 (100,00%) - - - 1 (100,00%) 0,155

Candidíase oral ou

leucoplasia pilosa

6 (100,00%) - - - 6 (100,00%) 0,001

Herpes zoster em

indivíduo menor ou igual

a 60 anos

- - -

1 (100,00%)

1 (100,00%) 0,601

Diarréia igual ou maior a

01 mês

8 (88,89%)

1 (11,11%)

-

-

9 (100,00%) 0,001

Febre maior ou igual a

38°c por um tempo

maior ou igual a 01 mês

3 (75,00%)

-

-

1 (25,00%)

4 (100,00%) 0,173

Caquexia ou perda de

peso maior que 10%

5 (100,00%)

-

-

-

5 (100,00%) 0,003

Astenia maior ou igual a

01 mês

10 (83,33%)

1 (8,33%)

1 (8,33%)

-

12 (100,00%) 0,001

Dermatite persistente

4 (50,00%)

-

1 (12,50%)

3 (37,50%)

8 (100,00%) 0,492

Anemia/linfopenia ou

trombocitopenia

10 (58,82%)

5 (29,41%)

1 (5,88%)

1 (5,88%)

17 (100,00%) 0,001

Tosse persistente ou

qualquer pneumonia

3 (60,00%)

1 (20,0%)

-

1 (20,00%)

5 (100,00%) 0,362

Fonte: Protocolo de Pesquisa, dezembro/2013.

Nível de Significância (p-valor < 0,05) *Teste qui-quadrado.

64

A figura 5 mostra o ranking das principais doenças ou agravos associados

em pessoas vivendo com HIV/aids. Verifica-se que o agravo mais frequente de

acordo com o critério CDC para o diagnóstico de aids nesta amostra foi a contagem

de linfócitos TCD4+ menor ou igual a 350 cel/mm3, com 47,89% dos casos.

Figura 5: Ranking dos principais agravos associados em pessoas vivendo com HIV/aids, no período da realização da prova tuberculínica, em uma unidade de referência em AIDS em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013. FONTE: Protocolo de Pesquisa

A tabela 8 apresenta a distribuição dos principais agravos associados em

pessoas vivendo com HIV/aids. Nesta, pode-se observar que dentre as 71 pessoas

que realizaram o exame de contagem de células TCD4+, 3 (4,23%) apresentaram

candidose do esôfago, 2 (2,82%) apresentaram toxoplasmose cerebral e 1 (1,41%)

apresentou pneumonia por P.jiroveci no perfil imunológico < 200 cel/mm3 de células

TCD4+.

Pode-se observar que somente a variável candidose do esôfago exerceu

influência estatisticamente significante entre os grupos, ou seja, foi significativa ao

nível de 5%.

65

Tabela 8 - Distribuição dos principais agravos associados em pessoas vivendo com HIV/aids, em relação à contagem de células TCD4, em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

DOENÇAS

ASSOCIADAS

PERFIL IMUNOLOGICO (células TCD4+) TOTAL p-valor < 200

cel/mm3 200 a 349 cel/mm3

350 a 500 cel/mm3

>500

cel/mm3

Candidose do esôfago

3 (100,00%) - - - 3 (100,00%) 0,046

Pneumonia por

P.jerovessi

1 (100,00%) - - - 1 (100,00%) 0,155

Toxoplasmose cerebral

2 (100,00%) - - - 2 (100,00%) 0,155

FONTE: Protocolo de Pesquisa, dezembro/2013. Nível de Significância (p-valor < 0,05) *Teste qui-quadrado.

4.2 ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA

Para verificar se houve associação entre o perfil imunológico e os sintomas

apresentados em pessoas vivendo com HIV/aids, aplicou-se a técnica estatística

análise de correspondência (AC), em que o nível de significância (p<0,001) da

estatística χ2 mostrou que as variáveis perfil imunológico e os sintomas

apresentados em pacientes com HIV/aids são dependentes, satisfazendo condição

necessária para a aplicação da técnica. Desta forma, a tabela 9 mostra que pessoas

no perfil imunológico com contagem de células TCD4+<200 cel/mm3 apresentam

maior chance de desenvolver sintomas, com probabilidade de 99,49%, enquanto

que pessoas que apresentam perfil imunológico com células TCD4+ > 500 cel/mm3

mostram uma probabilidade de 88,50% de não apresentar nenhum sinal e sintoma.

Tal situação pode ser vista na figura 6 que mostra o mapa perceptual da análise de

correspondência.

66

Tabela 9 - Probabilidade de associação entre o perfil imunológico e os sintomas de pessoas vivendo com HIV/AIDS em uma unidade de referência em AIDS em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

Perfil imunológico (células TCD4+)

Sintomático

Sim Não

< 200 cel/mm3 (99.49) (0.00)

200 a 349 cel/mm3 (28.03) (0.00)

350 a 500 cel/mm3 (0.00) (78.72)

>500 cel/mm3 (0.00) (88.50)

*Significativo p <0,05.

Figura 6: Mapa perceptual da aplicação da análise de correspondência às variáveis perfil imunológico e sinais e sintomas de pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

Para verificar se houve associação entre o perfil imunológico e a doença

candidose do esôfago apresentados em pessoas vivendo com HIV/aids, aplicou-se a

técnica estatística análise de correspondência, em que o nível de significância

(p=0,046) da estatística χ2 mostrou que as variáveis perfil imunológico e a doença

candidose do esôfago apresentados em pacientes com HIV/aids são dependentes,

satisfazendo condição necessária para a aplicação da técnica. Dessa forma, a

tabela 10 mostra que pessoas com perfil imunológico com contagem de células

TCD4+ < 200 cel/mm3 apresentam maior chance de desenvolver a doença

< 200 cel/mm3

350 a 500 cel/mm3

200 a 349 cel/mm3

= 500 cel/mm3

Sim

Não

Row Coordinates Column Coordinates-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Valo

r d

a C

oordenada

< 200 cel/mm3

350 a 500 cel/mm3

200 a 349 cel/mm3

= 500 cel/mm3

Sim

Não

67

candidose do esôfago com probabilidade de 98,09%, enquanto que pessoas que

apresentam perfil imunológico >500 cel/mm3 de CD4+ têm uma probabilidade de

87,09% de não desenvolver a doença candidose do esôfago. Tal situação pode ser

percebida na figura 7 que mostra o mapa perceptual da análise de correspondência.

Tabela 10 - Probabilidade de associação entre o perfil imunológico e as doenças associadas em pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

Perfil de imunológico (células TCD4+)

Candidose do esôfago

Sim Não

< 200 cel/mm3 (98.09) (0.00)

200 a 349 cel/mm3 (52.83) (0.00)

350 a 500 cel/mm3 (0.00) (59.45)

>500 cel/mm3 (0.00) (87.09)

*Signɩficatɩvo p <0,05.

Figura 7: Mapa perceptual da aplicação da análise de correspondência ás variáveis perfil imunológico e candidose do esôfago em pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade de referência em aids em Belém-Pa, no período de janeiro a novembro de 2013.

< 200 cel/mm3

350 a 500 cel/mm3

200 a 349 cel/mm3

Maior igual 500 cel/mm3

não

sim

Row Coordinates Column Coordinates-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

Va

lor

Co

ord

ena

da

< 200 cel/mm3

350 a 500 cel/mm3

200 a 349 cel/mm3

Maior igual 500 cel/mm3

não

sim

68

CAPÍTULO 5: DISCUSSÃO

5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

O perfil sociodemográfico das PVHA passou por várias mudanças desde o

conhecimento dos primeiros casos de aids na década de 80, que foram sendo

identificadas e descritas de acordo com as características mais prevalentes no

decorrer da disseminação da epidemia. Tais características continuam em

acompanhamento e são de fundamental importância para o entendimento de como a

doença se comporta e para a definição de políticas públicas voltadas para os grupos

definidos como prioritários.

A faixa etária entre as PVHA do estudo variou entre 18 e 69 anos de idade,

sendo que houve predominância da faixa etária entre 20 a 29 anos (34,25%),

seguida da faixa etária entre 30 a 39 anos e 40 a 49 anos (23,29% cada). Segundo o

Ministério da Saúde, a faixa etária com maior incidência de PVHA encontra-se entre

30 a 44 anos de idade e aponta um aumento de incidência entre 15 a 24 anos, 50 a

59 anos e com 60 anos de idade a mais; principalmente na região Norte, que

apresentou aumento na taxa de incidência de 95% em jovens no período de 2002 a

2011 (BRASIL, 2013c).

Este estudo vem confirmar a atual tendência da epidemia do HIV que revela

um número cada vez maior de infectados entre os jovens e deixa evidente a

vulnerabilidade deste grupo bem como a pouca utilização de medidas de prevenção

das doenças sexualmente transmissíveis.

Com relação a variável sexo, constatou-se o predomínio do sexo masculino

com 67,12% dos casos, e uma razão de 2,04 homens para cada mulher infectada.

Os dados apresentados pelo Ministério da Saúde, em seu último boletim

epidemiológico, mostram atualmente uma razão de 1,6 homens para cada caso em

mulheres em 2011, que vem aumentando desde 2005, após ter experimentado uma

inversão de 2001 a 2004 com uma razão entre os sexos de 0,9 caso em homens

para cada caso em mulheres (BRASIL, 2013c).

A proporção de casos entre homens e mulheres, nesta pesquisa, maior em

relação à proporção nacional pode se justificar pelo fato de ter sido encontrada uma

predominância de casos na faixa etária entre 20 a 29 anos de idade, pois conforme

os dados do Ministério da Saúde, o aumento da taxa de incidência de infecção pelo

69

HIV entre os jovens está entre os homossexuais do sexo masculino (BRASIL,

2013c).

A raça/cor autodeclarada neste estudo foi predominantemente a parda, com

86,30% dos participantes. Dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013c) mostram

que em 2011 49,7% dos casos de aids no Brasil ocorreram em brancos e 38,8% em

pardos; apontam aumento de proporção nos últimos 10 anos de 42% em pardos e

60% na raça/cor indígena. Fry et al.(2007) descrevem com preocupação a nova

tendência da aids relacionada à racialização ou enegrecimento da epidemia, devido

ao aumento do número de casos entre os negros ( associando os casos registrados

como pardos ou pretos) e diminuição do número de casos registrados na raça/cor

branca.

É importante salientar que o aumento do número de casos de aids está na

categoria parda, como o encontrado nesta pesquisa. Devem-se levar em

consideração as características presentes nas regiões onde ocorre a disseminação

da doença e que possivelmente justifiquem o aumento de casos na raça/cor parda.

Estudo realizado por Gonçalves e Vital (2009) identificou associação entre a raça/cor

e a ocorrência de aids nas regiões metropolitanas do Brasil com tendência de

aumento para a categoria parda.

Os dados referentes ao estado civil mostram que 49,32% se declararam

solteiros. Este fato pode estar relacionado ao predomínio da população jovem neste

estudo. De modo geral, há maior risco de contaminação para o HIV neste grupo,

pois este tem maior possibilidade de parcerias eventuais, como também sugere

maior probabilidade de transmissão de doenças sexuais entre aqueles que não são

adeptos ao uso do preservativo.

No que se refere à escolaridade houve predomínio do ensino fundamental

incompleto, com 32,88% dos casos. Porém, ao analisarmos dentre os 73

participantes da pesquisa, quantos ingressaram no ensino médio, percebe-se que

45,21% das PVHA possuem o ensino médio incompleto ou completo e 41,1%

possuem até o ensino fundamental incompleto ou completo. Segundo dados do

Ministério da Saúde (BRASIL, 2013c), em 2011, dos casos notificados no SINAN,

cuja escolaridade era conhecida, 41,2% tinham até o ensino fundamental completo

ou incompleto. No início da epidemia, a maior concentração do número de casos de

aids encontrava-se entre pessoas de nível superior e posteriormente em pessoas

com menor grau de instrução. O grau de instrução pode favorecer tanto o

70

conhecimento das medidas de prevenção das doenças, como a sua compreensão e

colaboração para o sucesso do tratamento.

Quanto à variável ocupação, 68,49% das PVHA que repetiram a PT,

relataram exercer alguma atividade remunerada. Este achado demonstra que estas

PVHA se encontram na fase produtiva para o mercado de trabalho, como inclusive

pode também ser evidenciado pela faixa etária predominante. Entre as PVHA que

não exercem atividade remunerada, incluiu-se 5,48% das PVHA que estão fora do

mercado de trabalho devido aposentadoria ou benefício; 13,70% que se

identificaram como donas de casa, e 12,33% que estão na condição de estudantes.

No presente estudo evidenciou-se o predomínio de PVHA residentes no

município de Belém (56,16%). No entanto, apesar dos números informados pelo

Ministério da Saúde, apontarem Belém como a cidade com taxa de incidência de

HIV mais elevada no Estado do Pará, a predominância neste estudo pode também

estar relacionada à maior facilidade de acesso destes usuários à unidade de

referência para a realização da prova tuberculínica em duas etapas. Por outro lado,

a participação de 16,44% de usuários residentes em municípios não pertencentes à

região metropolitana de Belém, entre eles: Portel, São Miguel do Pará, Santa Maria

do Pará, Capitão Poço, Barcarena, Mãe do Rio, Cametá, Irituia, Muaná e Gurupá;

mesmo com as dificuldades de acesso ao serviço, representa o avanço do número

de casos da doença para o interior do Estado.

Dentre as 73 PVHA pertencentes a amostra, 72,6% (53/73) receberam o

diagnóstico de infecção pelo HIV em 2013, que se relaciona à própria característica

do estudo, o qual exigia que os participantes estivessem se submetendo à PT pela

primeira vez, situação facilmente encontrada em pessoas recém-diagnosticadas. As

pessoas que receberam o diagnóstico da infecção pelo HIV em anos anteriores a

2013, correspondente a 27,4% (variando de 1997 a 2012) da amostra, nos indica um

dado preocupante no que diz respeito a ineficiência do serviço em oferecer ou

executar a PT na triagem inicial destes usuários para o diagnóstico precoce da

infecção pelo bacilo da tuberculose.

Estudo realizado por Moura et al. (2011) identificou que 52,5% das PVHA

com indicação de se submeter a PT não realizam o teste, demonstrando que a

cobertura para a realização da PT em PVHA no Brasil ainda é baixa, apesar da

recomendação deste teste pelas autoridades de saúde.

71

5.2 PERFIL IMUNOLÓGICO

O perfil imunológico de um paciente com HIV ou aids é avaliado pela

contagem de linfócitos TCD4+, a qual fornece parâmetros importantes para avaliar a

evolução da doença e o risco de desenvolvimento de doenças oportunistas de

acordo com o grau de imunodeficiência. O exame deve ser realizado na triagem

inicial e a cada 03 ou 06 meses como seguimento, podendo ser realizado a cada 06

meses em pacientes com estabilidade imunológica (BRASIL, 2013e).

Neste estudo, de 73 PVHA, 02 não se submeteram ao exame de contagem

de células TCD4+ por terem se ausentado da UREDIPE logo após a realização da

PT. Dentre os 71 pacientes que se submeteram ao exame de contagem de células

TCD4+, 47,89% deste total e 54,72% das PVHA com diagnóstico em 2013 (29/53)

apresentaram resultado abaixo de 350 cel/mm3, caracterizando imunodeficiência e

definindo diagnóstico de aids independente da presença de sinais e sintomas ou de

doenças indicativas desta doença. Resultado semelhante encontrou Tibúrcio (2010)

em estudo realizado no ano de 2009 no Serviço de Assistência Especializada (SAE)

em Porto Velho/RO, o qual detectou 54,1% dos pacientes recém-diagnosticados

para HIV, com contagem de células TCD4+ abaixo de 350 cel/mm3.

Na amostra, 28,17% (20/71) dos participantes encontrava-se com valores de

células TCD4+ abaixo de 200 cel/mm3, portanto, além de iniciar a terapia

antiretroviral necessitavam também iniciar quimioprofilaxia para determinadas

infecções oportunistas, uma vez que valores de células TCD4+ abaixo deste limiar

aumentam significativamente o risco do paciente desenvolver uma doença

oportunista definidora de aids (BRASIL, 2010c).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013c) aproximadamente 29% dos

indivíduos infectados pelo HIV ainda chegam ao serviço de saúde com CD4+ inferior

a 200 cel/mm3. Dependendo do valor de células de TCD4+ (< 50; 50 -100; 100 –

200), algumas doenças oportunistas ocorrem com maior frequência, como:

toxoplasmose, pneumocistose, citomegalovirose, micobacteriose não tuberculosa,

criptococose, histoplasmose (BRASIL, 2008a).

Pacientes com níveis de células TCD4+ abaixo de 200 células têm maior

probabilidade de manifestar a tuberculose, principalmente a forma disseminada da

doença. Porém, sua profilaxia está condicionada a outros fatores, entre eles o PPD

reator, independente do valor de células TCD4+. A não realização da profilaxia em

72

uma PVHA reatora à PT pode aumentar de sete a oitenta vezes o risco de

desenvolver a tuberculose (BRASIL, 2008a).

Estudo realizado por Silveira et al. (2006) no serviço especializado em aids

do Rio Grande do Sul, mostrou associações significativas entre o desenvolvimento

da TB e a contagem de células TCD4+, com manifestação das formas

extrapulmonares em pacientes com contagem de CD4+ inferior a dos pacientes com

TB pulmonar.

Borges (2013) identificou em seu estudo com pacientes portadores do vírus

HIV do serviço ambulatorial, na cidade de Belém/Pa, que a tuberculose pulmonar foi

mais frequente em pacientes com contagem de linfócitos TCD4+ abaixo de 200

células, porém próximo deste valor. A tuberculose extrapulmonar foi mais frequente

em pacientes com contagem de linfócitos TCD4+ abaixo de 150 células. Outro

estudo também na cidade de Belém/Pa realizado por Monterio et al. (2007) em um

hospital de referência, identificou dentre as PVHA internadas que 30,37%

apresentavam tuberculose pulmonar e 19,26% apresentavam tuberculose

extrapulmonar, porém não fez associação com níveis de células TCD4+.

Estes dados vêm mais uma vez reforçar o atraso no diagnóstico da infecção

pelo HIV e identifica que a maioria dos pacientes recém-diagnosticados está em

nível de imunodepressão, no qual o risco de adoecimento por tuberculose é grande,

necessitando mais ainda de intervenção para o diagnóstico precoce da TB e

tratamento imediato.

Verificou-se também que 19,72% (14/71) dos participantes encontravam-se

na faixa de 200 a 349 células de TCD4+. Nesta faixa o risco de desenvolvimento de

doenças oportunistas é menor, mas ainda é grande o risco de evolução para

imunodeficiência avançada e morte, sendo necessária, portanto, a introdução da

terapia antiretroviral.

Dentre os participantes, 52,11% do total de PVHA que se submeteram ao

exame de contagem de células TCD4+ (37/71) e 45,28% das PVHA recém-

diagnosticadas para HIV (24/53) apresentavam contagem de células TCD4+ acima

de 350 cel/mm3. De acordo com os critérios para início do tratamento com

antiretroviral vigentes no momento da pesquisa desde o ano de 2012, aqueles que

se encontraram entre 350 a 500 cel/mm3 de células TCD4+ (16,90% - 12/71), mesmo

que estivessem assintomáticos, já tinham indicação de iniciar TARV apesar de não

se enquadrarem na definição de um caso de aids.

73

Neste estudo, 35,21% dos participantes (25/71) encontrava-se com

contagem de células TCD4+ acima de 500 cel/mm3, valor considerado aceitável

como estabilidade imunológica, sem necessidade de TARV, de acordo com as

recomendações vigentes até o momento da pesquisa para início da terapia

antiretroviral, exceto as PVHA com diagnóstico anterior ao ano de 2013 que já

faziam uso da medicação.

Vale ressaltar que os pacientes com diagnóstico para HIV em 2013 que não

necessitavam de TARV ou quimioprofilaxia para qualquer infecção oportunista

totalizavam 32,08% dos casos, ou seja, 67,92% dos casos recém-diagnosticados

são admitidos no serviço especializado em uma fase onde é extremamente

importante a adoção de medidas que retardem a progressão da doença ou que

recupere seu estado imunológico.

Observou-se também neste estudo que a média da contagem de linfócitos

TCD4+ difere entre homens e mulheres, com um p-valor de 0,021. A média de

células TCD4+ em mulheres se aproximou da mediana e a média de células TCD4+

nos homens se afastou da mediana para mais, como pode ser observado na figura

3. No entanto, tem-se a ocorrência de indivíduos outlier no sexo masculino, com

valores acima de 1200 cel/mm3 em pacientes com diagnóstico de infecção pelo HIV

há mais de 08 anos, que já faziam uso de TARV de forma regular e haviam atingido

estabilidade imunológica.

5.3 SINAIS, SINTOMAS E DOENÇAS ASSOCIADAS.

A definição de um caso de aids no Brasil segue critérios bem estabelecidos

que levam em consideração a sorologia positiva para o vírus HIV associada à

presença de um conjunto de sinais e sintomas e/ou evidência de imunodeficiência

caracterizada pela presença de pelo menos uma doença oportunista indicativa de

aids ou contagem de linfócitos TCD4+ menor ou igual a 350 cel/mm3 (BRASIL, 2004).

No período de realização da prova tuberculínica em duas etapas, 42,47%

(31/73) dos participantes desta pesquisa apresentavam algum sintoma ou doença

indicativa de aids, destes 77,42% (24/31) apresentavam contagem de linfócitos

TCD4 abaixo de 350 cel/mm3. Dentre os 57,53% (42/73) de PVHA assintomáticas,

23,81% (10/42) apresentavam contagem de linfócitos TCD4+ abaixo de 350 cel/mm3,

74

o que já era um indicativo de imunodeficiência mesmo na ausência de sintomas da

doença.

Os sinas e sintomas mais frequentes na amostra estudada foram a anemia,

a astenia, diarréia maior ou igual a 01 mês, dermatite persistente, candidíase oral,

perda de peso maior que 10% do peso corporal e febre maior ou igual a 01 mês.

Porém, estes sintomas isoladamente não definem o diagnóstico de aids. De acordo

com Daminelli, Trittnger e Spada (2010), a anemia é a manifestação hematológica

mais freqüente na infecção pelo HIV e na aids.

Dentre as doenças oportunistas, identificou-se nesta amostra a candidíase

(oral e/ou esofágica) como a mais frequente (12,33%). Outras doenças associadas

ao HIV presentes neste estudo foram a toxoplasmose cerebral, pneumonia por P.

jiroveci tuberculose pulmonar e herpes zoster. Vários estudos descrevem a

candidíase como uma das doenças oportunistas mais importantes no paciente com

HIV ou aids ao lado da tuberculose.

Segundo Brasil (2013d), a presença da candidíase oral é um marcador

importante precoce para identificar a imunodepressão grave, assim como a diarreia

crônica e a febre de origem indeterminada sinalizam a progressão da infecção pelo

HIV para aids.

Na amostra estudada, 46,58% (34/73) das PVHA se enquadravam no

diagnóstico de aids, destes, 14,7% (5/34) além de apresentar uma doença indicativa

de aids ou CD4+ abaixo de 350 cel/mm3, tiveram o diagnóstico definido também pelo

conjunto de sinais e sintomas apresentados durante a pesquisa, os quais somavam

10 pontos ou mais de acordo com o critério de Caracas para a definição da doença.

Estudo realizado em São Paulo por Gabriel, Barbosa e Viana (2005) fez uma

análise do perfil epidemiológico de 1837 pacientes com HIV, referente ao período de

1993 a 2001, identificando 54,7% tuberculose e 21,2% de candidíase. O estudo de

Borges (2013) realizado na cidade de Belém, cujo levantamento foi em 154

pacientes matriculados no ano de 2000 no serviço de referência, identificou as

manifestações dermatológicas como as mais frequentes (14,4%), seguidas da

candidíase com 12,5%, a tuberculose apareceu com uma prevalência de 5,1%.

Nesta investigação houve 01 caso de tuberculose diagnosticada no decorrer

do estudo. Vale ressaltar que um dos critérios de exclusão deste estudo foi o

conhecimento prévio do diagnóstico da tuberculose. Este critério colaborou para que

a TB não aparecesse com mais frequência, uma vez que durante o período de

75

coleta de dados, houve vários diagnósticos recentes de infecção pelo HIV em

pacientes que tinham diagnóstico de TB e que automaticamente ficaram excluídos

do estudo.

Estas características clínicas encontradas no estudo nos revelam que o

diagnóstico da infecção pelo HIV está sendo realizado em estágio moderado ou

avançado da aids, e não precocemente como o desejado pelo programa nacional e

mundial, pois percebeu-se, que dentre as pessoas com este diagnóstico no ano de

2013, mais da metade dos casos (54,72% - 29/53) já chegou em estado de

imunodeficiência.

5.4 PREVALÊNCIA DO EFEITO BOOSTER

A prevalência de efeito booster neste estudo foi de 1,37%, ou seja, 01 caso

entre os 73 componentes da amostra, em paciente do sexo masculino, profissional

de saúde, 25 anos de idade, com contagem de células TCD4+ acima de 500 cel/mm3

e assintomático para aids. Deste modo, não foi possível atingir o objetivo de fazer

possíveis associações entre as variáveis independentes e a variável desfecho deste

estudo.

Como a ocorrência do efeito booster em PVHA, nesta pesquisa, foi um

evento com uma frequência muito baixa, seria necessário incluir um número maior

de pessoas para que fossem detectados outros casos de efeito booster e possibilitar

estabelecer relações entre o efeito booster, perfil sociodemográfico, clínico e

imunológico das PVHA. Portanto, as hipóteses referentes ao efeito booster não

foram testadas. Estudos anteriores, realizados fora do Brasil, envolvendo a pesquisa

do efeito booster entre PVHA obtiveram resultados variando entre 0% a 29% de

prevalência.

Menzies et al. (1991) realizou um estudo no Canadá entre 28 pacientes

positivos para HIV e com sintomas de aids ou com contagem de células TCD4+

abaixo de 200 cel/mm3, no qual, nenhum paciente apresentou reação ao PPD no

primeiro ou no segundo teste. Este estudo concluiu o baixo valor da realização do

teste tuberculínico em duas etapas neste grupo.

Nos Estados Unidos, pesquisa realizada por Huebner et al. (1994) em 479

pacientes HIV positivos para avaliar anergia e hipersensibilidade tardia, realizou

76

segundo teste tuberculínico em 103 pacientes negativos no primeiro teste, dos

quais, sete ( 6,79%) apresentaram enduração maior ou igual a 5mm na segunda

aplicação do PPD. Destes pacientes que apresentaram o fenômeno booster,

somente 01 foi paciente anérgico no primeiro PPD. Este estudo além de associar o

efeito booster a pacientes que não sejam anérgicos, também encontrou forte relação

entre contagem de células TCD4+ e anergia, sugerindo que quanto menor o valor de

CD4+, maior a possibilidade de o paciente ser anérgico, ou seja, não haveria reação

cutânea em sucessivos contatos com o antígeno mesmo o paciente estando

infectado pelo M. tuberculosis.

Porém, estudo realizado em Manhattan por Goldstein, Perlman e Salomon

(1994) com 37 pacientes HIV positivos e repetição da prova tuberculínica em 8

pacientes, detectou 12,5% (1 caso) de efeito booster em paciente não anérgico, mas

com contagem de células TCD4+ igual a 6 cel/mm3.

No Brasil, este foi o primeiro estudo que investigou a prevalência do efeito

booster no grupo de PVHA, não foi feita a avaliação de anergia. Portanto, não há

como saber se os participantes não foram reatores à PT nas duas etapas por serem

verdadeiros negativos (não infectados pelo bacilo da tuberculose), ou se estão

infectados pelo bacilo, mas não conseguiram reagir em virtude da anergia ou em

função de imunossupressão, ocasionando resultados falso-negativos ao PPD.

Outro estudo realizado em nove cidades dos Estados Unidos em pacientes

HIV positivos de 13 clínicas do Terry Beirn Community Programs for Clinical

Research on AIDS (CPCRA) identificou 2,7% de efeito booster (18/671). A presença

de um ou mais fatores de risco para a tuberculose foi a única característica

associada ao efeito booster, como: ter nascido fora dos Estados Unidos, residir em

áreas com alto risco de tuberculose, uso excessivo de álcool, estar desempregado

há mais que um ano, viver por longo tempo em unidades de cuidado, viver em

instituições prisionais (WEBSTER et al., 1995).

Portu et al.(1996) ao estudarem a PT em infectados pelo HIV usuários de

drogas intravenosas na Espanha detectaram 8,9% de efeito booster, os quais

recomendam a realização da PT em duas etapas. Ao analisar a influência das

células TCD4+ para a resposta de impulso, o estudo identificou que em indivíduos

HIV positivos com células TCD4+ ao nível de 500 cel/mm3, a porcentagem de

positividade se igualou à porcentagem dos pacientes HIV negativos e a partir de 300

cel/mm3 de CD4+, não se detectou nenhum efeito booster.

77

Hecker et al. (1997) realizaram um estudo com 58 pacientes portadores de

HIV, em Uganda, a fim de determinar o valor da PT em duas etapas neste grupo.

Apesar da pequena amostra, a pesquisa identificou 29% (17/58) de sujeitos com o

efeito booster. A alta porcentagem de resposta ao segundo teste, segundo os

pesquisadores, provavelmente reflete a alta prevalência de infecção pelo M.

tuberculosis na região. No ano de 2012, a região africana, segundo a WHO (2013),

foi responsável por 75% do número estimado de incidência de casos de TB em HIV

positivos no mundo.

No estudo de Hecker et al. (1997), o efeito booster foi detectado em PVHA,

cuja contagem de células TCD4+ estava acima de 200 cel/mm3 e esteve

significativamente associado com valores entre 200 e 500 cel/mm3. Segundo os

autores, pessoas com contagem de CD4+ acima de 500 cel/mm3 quando estão

infectadas pelo bacilo da tuberculose, têm mais condições de responder na primeira

aplicação da prova tuberculínica por se encontrarem com a resposta imune mediada

por células praticamente intacta, enquanto que pessoas com contagem de células

TCD4+ abaixo de 200 cel/mm3 seriam incapazes de responder a uma segunda prova

tuberculínica, mesmo que infectados pelo MTB, por apresentarem grande

comprometimento da resposta imune mediada por células.

Outro fator associado à prevalência do efeito booster no estudo de Hecker

et al. foi o índice de massa corporal. Os autores relatam que a realização da prova

tuberculínica em duas etapas não tem utilidade em pessoas infectadas pelo HIV que

estejam desnutridas.

Sabe-se que pacientes infectados pelo vírus HIV têm progressiva depleção

de linfócitos TCD4+, além de fatores como a desidratação, desnutrição e outras

doenças associadas causadoras de imunodepressão, os quais prejudicam o

rendimento da prova tuberculínica (ROSEMBERG, 2001).

Não há consenso entre a relação do número de linfócitos TCD4+/mm3 e a

resposta cutânea ao PPD, porém vários estudos, como o de Souza (2006), mostram

que grande parte dos indivíduos infectados pelo HIV não reagem ao teste cutâneo

com o PPD, além de não existir relação entre a intensidade da resposta ao teste e a

contagem de células TCD4+. Moura et al. (2011) detectaram em seu estudo que

pacientes HIV positivos com contagem de TCD4+ acima 200 cel/mm3 tem mais que

duas vezes e meia mais probabilidade de reagir a PT do que pacientes com

contagem de TCD4+ abaixo de 200 cel/mm3.

78

Levando-se em consideração os fatores associados encontrados em

estudos anteriores para a prevalência do efeito booster, a baixa prevalência

encontrada neste estudo pode estar relacionada principalmente com as

características imunológicas do grupo pesquisado. A tabela 6 mostra que 63,38

(45/71) dos pacientes que realizaram o exame de contagem de células TCD4+

estariam fora das possibilidades de reagir a PT na segunda aplicação, 28,17% por

se encontrarem com CD4+ abaixo de 200 cel/mm3, prejudicando a resposta cutânea

mesmo na presença de uma infecção pelo MTB e 35,21% por se encontrarem com

níveis de CD4+ acima de 500 cel/mm3, ou seja, em condições de terem respondido

na primeira aplicação da PT, caso estivessem infectados pelo bacilo da tuberculose.

Apesar disto, neste estudo, o caso de efeito booster foi verificado em pessoa com

células TCD4+ acima de 500 cel/mm3.

Entre as limitações deste estudo está o fato das aplicações da prova

tuberculínica terem sido realizadas por mais de um profissional, pois se sabe que a

técnica adequada nas administrações intradérmicas interfere na qualidade da pápula

formada após a administração do PPD, bem como no tamanho da reação em caso

de sensibilidade à tuberculina.

Ter adotado como critério de exclusão os pacientes com diagnóstico

passado de tuberculose ou com diagnóstico atual, mesmo sem nunca ter se

submetido à prova tuberculínica, pode também ter reduzido a probabilidade de

detectar casos de efeito booster, pois seriam casos sabidamente infectados pelo M.

tuberculosis, que poderiam ou não apresentar resposta ao primeiro teste e que em

caso de ausência de reação, talvez tivessem sido estimulados a responder ao

segundo teste.

79

6 CONCLUSÕES

Esta pesquisa investigou a prevalência do efeito booster na prova

tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids na tentativa de otimizar o exame,

neste grupo, para o diagnóstico e indicação de tratamento da ILTB, haja vista que

portadores do HIV tendem progressivamente ao comprometimento do sistema

imunológico e por conseguinte à diminuição do rendimento da prova tuberculínica.

Identificou-se neste estudo uma prevalência de 1,37% (1/73) de efeito

booster nas PVHA. Portanto, a execução da prova tuberculínica em duas etapas,

com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, não se mostrou viável para a

detecção de pacientes infectados pelo bacilo da tuberculose falso negativos à

tuberculina. Não foi possível estabelecer relações entre as variáveis deste estudo e

a prevalência do efeito booster.

Na análise do perfil sociodemográfico das PVHA, identificou-se diferença

estatisticamente significante na faixa etária, raça e ocupação entre os grupos

feminino e masculino. Em relação aos sinais e sintomas com o perfil imunológico,

identificou-se diferença estatisticamente significante entre candidíase oral, diarreia

igual ou superior a 01 mês, caquexia maior ou igual a 10%, e a anemia no perfil

imunológico inferior a 200 cel/mm3 de CD4+. Para a ocorrência de infecções

oportunistas e o perfil imunológico, identificou-se neste estudo diferença

estatisticamente significante na ocorrência da toxoplasmose cerebral no perfil

imunológico inferior a 200cel/mm3 de CD4+.

O presente trabalho representou um esforço válido no emprego da prova

tuberculínica em saúde pública para as PVHA, haja vista as dificuldades de

diagnóstico da infecção latente ou da TB nos coinfectados TB/HIV, bem como

reforça a necessidade de envolvimento dos profissionais de saúde na investigação

da tuberculose em PVHA, principalmente dos profissionais de enfermagem, a fim de

compreenderem melhor a dinâmica epidemiológica das duas doenças associadas e

sua interferência na prova tuberculínica, pois estes profissionais têm papel

fundamental na implementação de estratégias para o controle da aids e da

tuberculose.

80

7 RECOMENDAÇÕES

Adequação da rotina dos serviços de referência em aids, no que diz respeito

ao diagnóstico da infecção latente, conforme recomendado pelos programas

nacionais de tuberculose e aids, com oferta e execução da prova tuberculínica para

todos os usuários matriculados no serviço e repetição periódica para as PVHA não

reatoras na triagem inicial.

Intensificação da repetição da prova tuberculínica em pacientes não reatores

cujos valores de células TCD4+ estejam em níveis avançados de imunossupressão,

assim que estes atingirem níveis superiores a 200 cel/mm3.

Favorecimento da quimioprofilaxia para TB a todas as PVHA reatoras à

prova tuberculínica e com ausência da doença em atividade, bem como

fortalecimento do acompanhamento dos casos por parte dos enfermeiros.

81

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TEIXEIRA, H. C; ABRAMO, C; MUNK, M. E. Diagnóstico imunológico da tuberculose: problemas e estratégias para o sucesso. J Bras Pneumol; v. 33, n. 3, p. 323-34, 2007. TEIXEIRA, E. G. et al. Two step tuberculin skin test and booster phenomenon prevalence among Brazilian medical students. Int J Tuberc Lung Dis; v. 12, n. 12, p. 1407-13, 2008. TIBÚRCIO, A. S. Avaliação imunovirológica inicial de pacientes com HIV/Aids em um serviço de assistência especializada. J bras doenças sex transm, v.22, n.1, p. 7-9, 2010. WEBSTER, C. T. et al. Two-stage tuberculin skin testing in individuals with human immunodeficiency vírus infection. Am J Respir Crit Care Med, v.151, p. 805-8, 1995. WORLD HEALTH ORGANIZATION. TB/HIV: Manual clínico. Geneva: WHO, 2005. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int. Acesso em: 19 abr.2011.

87

____________________________. The Global plan to stopTB 2011-2015: transforming the fight towards elimination of tuberculosis. Geneva: WHO, 2011a. ____________________________. Guidelines for intensified tuberculosis case-finding and isoniazid preventive therapy for people living with HIV in resource-constrained settings. Geneva: WHO, 2011b. ____________________________. Global tuberculosis report 2013. Geneva: WHO, 2013.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

Nº: _____________

1 – Identificação a) Iniciais: __________________ b) Município de residência: _________________ c) Prontuário: _______________ d) Idade: _____________ e) Sexo ( ) 1 - masculino ( ) 2 – feminino 2 – Estado Civil ( ) 1- casado ( ) 2 - solteiro ( ) 3 – concubinato ( ) 4 – separado ( ) 5- viúvo 3 – Escolaridade ( ) 1- Analfabeto ( ) 2- ensino fundamental incompleto ( ) 3- ensino fundamental completo ( ) 4- ensino médio incompleto ( ) 5- ensino médio completo ( ) 6- educação superior incompleta ( ) 7- educação superior completa 4 – Ocupação: _________________ 5 – Raça/Cor ( ) 1- Branca ( ) 2 - Preta ( ) 3 - Parda ( ) 4 - lndígena ( ) 5 – Amarela 6 – Data do teste anti-HIV : ____/____/ ____ 7 – Dados referentes à realização do primeiro teste tuberculínico 7.1- Data da aplicação: ____/____/____ 7.2- Data da leitura:____/____/____ 7.3- Resultado: ________(mm) 8 – Dados referentes à realização do segundo teste tuberculínico, para verificação do efeito booster 8.1- Data da aplicação: ____/____/____ 8.2- Data da leitura: ____/____/____ 8.3- Resultado: _______(mm) 9 – Principais sinais e sintomas, de acordo com o critério de definição de casos de aids Rio de Janeiro/Caracas, no período da realização da prova tuberculínica. ( ) 1 - sarcorma de kaposi (10) ( ) 2 - tuberculose disseminada/extrapulmonar/não cavitária (10) ( ) 3 - tuberculose pulmonar cavitária ou não especificada (5) ( ) 4 - candidíase oral ou leucoplasia pilosa (5) ( ) 5 - herpes zoster em indivíduo menor ou igual a 60 anos (5) ( ) 6 - disfunção do sistema nervoso central (5) ( ) 7 - diarréia igual ou maior a 01 mês (2)

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( ) 8 - febre maior ou igual a 38°c por um tempo maior ou igual a 01 mês (2)* ( ) 9 - caquexia ou perda de peso maior que 10% (2)* ( ) 10 - astenia maior ou igual a 01 mês (2)* ( ) 11 - dermatite persistente (2) ( ) 12 - anemia/linfopenia ou trombocitopenia (2) ( ) 13 - tosse persistente ou qualquer pneumonia (2) ( ) 14 - linfadenopatia maior ou igual a 1cm, maior ou igual a 02 sítios extra-inguinais e por tempo maior ou igual a 01 mês (2)* excluída a tuberculose como causa Obs: somatória dos pontos: ___________ 10 – Principais doenças associadas no período da realização da PT, de acordo com o critério de definição de casos de aids CDC adaptado: ( ) 1 - câncer cervical invasivo ( ) 2 - candidose do esôfago ( ) 3 - candidose da traquéia, brônquios ou pulmão ( ) 4 - citomegalovirose (exceto, figado, baço ou linfonodos) ( ) 5 - criptococose extrapulmonar ( ) 6 - criptosporidiose intestinal crônica maior a 01 mês ( ) 7 - herpes simple mucocutâneo maior a 01 mês ( ) 8 - histoplasmose disseminada ( ) 9 - isosporidiose intestinal crônica maior a 01 mês ( ) 10 - leucoencefalopatia multifocal progressiva ( ) 11 - linfoma não hodgkin e outros linfomas ( ) 12 - linfoma primário do cérebro ( ) 13 - micobacteriose disseminada exceto tuberculose e hanseníase ( ) 14 - pneumonia por P.jirovecii ( ) 15 - reativação da doença de chagas (meningoencefalite ou miocardite) ( ) 16 - salmonelose (sepse recorrente não tifóide) ( ) 17 - toxoplasmose cerebral ( ) 18 - CD4+ menor ou igual a 350 cel/mm3 11 – Avaliação do perfil imunológico 11.1- Valor de contagem de linfócitos TCD4+: ________cel/mm3 11.1.1 - Data da coleta: ____/____/____ 12 – Caso definido de aids: ( ) 1 – sim. Critério ( ) a- Caracas ( ) b- CDC ( ) c- Caracas e CDC ( ) 2 – não

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APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA MENORES DE 18 ANOS

TÍTULO: Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids.

ORIENTADORA: Profª Drª Antônia Margareth Moita Sá

MESTRANDA: Luciane Shirley Silva Lisboa

O presente estudo tem como objetivo principal estimar a prevalência do efeito

booster da prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade

de referência em aids em Belém-Pa. Usuários matriculados na unidade de referência

em doenças infecciosas e parasitárias especiais foram os selecionados para a

pesquisa. Convido o adolescente, pelo qual você é o responsável legal, a participar

desta pesquisa e, para isto, solicito a sua autorização. A participação do

adolescente sob a sua responsabilidade é muito importante neste estudo, e é

absolutamente voluntária. Mediante a aceitação do menor e a sua autorização,

solicito que forneça os dados para o preenchimento do formulário de pesquisa que

poderá ser complementado com as informações registradas em prontuário, bem

como, compareça acompanhando o menor nos dias e horários marcados pelo

pesquisador responsável para a realização da prova tuberculínica que será realizada

em duas etapas: a primeira etapa será realizada como procedimento de rotina por

ocasião de admissão na unidade de referência, a segunda etapa será realizada

entre uma a duas semanas após a realização da primeira prova tuberculínica, caso

este resultado seja negativo. Para evitar a preocupação de que os dados sejam

divulgados, deixamos claro que as informações obtidas têm como única finalidade a

pesquisa e que os resultados obtidos serão descritos de forma codificada, não

sendo divulgada qualquer informação que possa levar à identificação do menor sob

a sua responsabilidade. Os resultados poderão ser divulgados em eventos

científicos e publicados em revistas. As informações coletadas serão armazenadas

por cinco anos e depois descartadas. Como benefício, os dados desta pesquisa

servirão para a aquisição de conhecimentos que permitirão otimizar a prova

tuberculínica na triagem de pacientes infectados pelo HIV para o diagnóstico

precoce da infecção pelo bacilo da tuberculose que oportunize o tratamento

adequado e minimize os problemas relacionados à coinfecção. Não há relatos na

literatura de danos causados ao organismo pela administração do teste

92

tuberculínico, no máximo, reação local maior que a comum. A qualquer momento

você poderá desistir da participação do adolescente neste estudo, sem que isso

cause qualquer prejuízo na assistência prestada. Não haverá despesas pessoais

nem pagamento pela participação do adolescente em qualquer fase da pesquisa.

Em caso de dano pessoal, diretamente provocado pelos procedimentos realizados

pelo pesquisador, os participantes terão direito a tratamento médico, com

acompanhamento do pesquisador responsável até a solução do problema, bem

como as indenizações legalmente estabelecidas. Você receberá uma cópia deste

termo, no qual consta o telefone e endereço da pesquisadora e do Comitê de Ètica

em pesquisa que analisou o projeto, podendo ser esclarecido suas dúvidas sobre a

pesquisa a qualquer momento.

Fone da Pesquisadora: (91) 91848616 End. Profissional: Av Senador Lemos s/n Telégrafo (UREDIPE) Comitê de ética: Rua Perebebui, 2623 Bairro do Marco. CEP: 66087-670. Tel: 32767200

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

__________________________________________________ RG: ___________ Nome completo do responsável legal

Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que tive oportunidade de esclarecer com a pesquisadora quaisquer dúvidas, e que me sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que por minha livre e espontânea vontade, autorizo o menor _____________________________________________ a participar da pesquisa “Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids”, cooperando com os procedimentos necessários para a realização do presente estudo. Belém,______de_______________ de 20___. ______________________________________________________

Assinatura do responsável legal ______________________________________________________

Assinatura da Pesquisadora COREN: 66510

93

APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA MAIORES DE 18 ANOS

TÍTULO: Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids.

ORIENTADORA: Profª Drª Antônia Margareth Moita Sá

MESTRANDA: Luciane Shirley Silva Lisboa

O presente estudo tem como objetivo principal estimar a prevalência do efeito

booster da prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids em uma unidade

de referência em aids em Belém-Pa. Usuários matriculados na unidade de referência

em doenças infecciosas e parasitárias especiais foram os selecionados para a

pesquisa. Convido você a participar desta pesquisa, sua participação é muito

importante, e é absolutamente voluntária. Mediante sua aceitação, solicito que

forneça os dados para o preenchimento do formulário de pesquisa que poderá ser

complementado com as informações registradas em prontuário, bem como,

compareça nos dias e horários marcados pelo pesquisador responsável para a

realização da prova tuberculínica que será realizada em duas etapas: a primeira

etapa será realizada como procedimento de rotina por ocasião de admissão na

unidade de referência, a segunda etapa será realizada entre uma a duas semanas

após a realização da primeira prova tuberculínica, caso este resultado seja negativo.

Para evitar a preocupação de que seus dados sejam divulgados, deixamos claro que

as informações obtidas têm como única finalidade a pesquisa e que os resultados

obtidos serão descritos de forma codificada, não sendo divulgada qualquer

informação que possa levar à sua identificação. Os resultados poderão ser

divulgados em eventos científicos e publicados em revistas. As informações

coletadas serão armazenadas por cinco anos e depois descartadas. Como

benefício, os dados desta pesquisa servirão para a aquisição de conhecimentos que

permitirão otimizar a prova tuberculínica na triagem de pacientes infectados pelo HIV

para o diagnóstico precoce da infecção pelo bacilo da tuberculose que oportunize o

tratamento adequado e minimize os problemas relacionados à coinfecção. Não há

relatos na literatura de danos causados ao organismo pela administração do teste

tuberculínico, no máximo, reação local maior que a comum. A qualquer momento

você poderá desistir de participar do estudo sem que isso lhe cause qualquer

prejuízo na assistência. Não haverá despesas pessoais para você nem pagamento

94

por sua participação em qualquer fase do estudo. Em caso de dano pessoal,

diretamente provocado pelos procedimentos realizados pelo pesquisador, os

participantes terão direito a tratamento médico, com acompanhamento do

pesquisador responsável até a solução do problema, bem como as indenizações

legalmente estabelecidas. Você receberá uma cópia deste termo, no qual consta o

telefone e endereço da pesquisadora e do Comitê de Ètica em pesquisa que

analisou o projeto, podendo ser esclarecido suas dúvidas sobre a pesquisa a

qualquer momento.

Fone da Pesquisadora: (91) 91848616 End. Profissional: Av Senador Lemos s/n Telégrafo (UREDIPE) Comitê de ética: Rua Perebebui, 2623 Bairro do Marco. CEP: 66087-670. Tel: 32767200

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

____________________________________________ RG: ___________ Nome completo do participante

Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que tive oportunidade de esclarecer com a pesquisadora quaisquer dúvidas, e que me sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que por minha livre e espontânea vontade, concordo em participar da pesquisa “Prevalência do efeito booster na prova tuberculínica em pessoas vivendo com HIV/aids”, cooperando com os procedimentos necessários para a realização do presente estudo. Belém,______de_______________ de 20___. ______________________________________________________

Assinatura do participante ______________________________________________________ Assinatura da Pesquisadora COREN: 66510

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ANEXOS

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ANEXO A – ANTIRRETROVIRAIS DISPONÍVEIS

MEDICAMENTOS ANTIRRETROVIRAIS (Brasil, 2012)

NACIONAIS IMPORTADOS

Didanosina (ddI) Pó para Solução Oral Efavirenz (EFZ) 600mg Estavudina (d4T) 30mg Estavudina (d4T) Pó para Solução Oral Indinavir (IDV) 400mg Lamivudina (3TC) 150mg Lamivudina (3TC) Solução Oral Nevirapina (NVP) 200mg Saquinavir (SQV) 200mg Zidovudina (AZT) 100mg Zidovudina (AZT) Solução Injetável Zidovudina (AZT) Solução Oral Zidovudina (AZT) 300mg + Lamivudina (3TC) 150mg (dose fixa combinada)

Abacavir (ABC) 300mg Abacavir (ABC) Solução Oral Atazanavir (ATV) 200mg Atazanavir (ATV) 300mg Darunavir (DRV) 300mg Didanosina (ddI) EC 250mg Didanosina (ddI) EC 400mg Efavirenz (EFZ) 200mg Efavirenz (EFZ) Solução Oral

Enfuvirtida (T‐20) (Kit)

Etravirina 100mg Fosamprenavir (FPV) 700mg Fosamprenavir (FPV) Solução Oral Lopinavir/ritonavir (LPV/r) Comprimido Lopinavir/ritonavir (LPV/r) Solução Oral Lopinavir/ritonavir (LPV/r) Solução Oral (Baby dose) Nevirapina (NVP) Suspensão Oral Raltegravir 400mg Ritonavir (RTV) 100mg Tenofovir (TDF) 300mg Tipranavir 250mg Tipranavir 100mg/ml sol oral

Fonte: Brasil, Ministério da Saúde (2012c).

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ANEXO B – FICHA DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA AIDS EM

MAIORES DE 13 ANOS

98

99

ANEXO C – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

100

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Graduação em Enfermagem

Escola de Enfermagem Magalhães Barata

Avenida José Bonifácio, n. 1298 – Guamá

Belém – Pará

WWW.uepa.br