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Presidente da ANPC Tenente-General Manuel Mateus Couto em entrevista “Estou bem impressionado com a resposta que tem sido dada pelos bombeiros portugueses” SUPLEMENTO DO JORNAL ALTO RISCO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS (instituição de utilidade pública) N.º46 | 6ª Série | Setembro 2013

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Presidente da ANPC Tenente-General Manuel Mateus Couto em entrevista

“Estou bem impressionado com a resposta que tem sido dada pelos bombeiros portugueses”

SUPLEMENTO DO JORNAL ALTO RISCO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS

(instituição de utilidade pública)

N.º46 | 6ª Série | Setembro 2013

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6 ALTO RISCO Setembro 2013 Setembro 2013 ALTO RISCO 7

6 Entrevista

12

Destaques

40Simulacro Chiado

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Reportagem Vigiar a floresta a partir do céu

Raul Miguel de Castro

Fotoreportagem

Entrevista Tenente-General Manuel Couto Presidente da ANPC

Presidente C.M. Leiria

Fernando CurtoPresidente da Associação Nacional

de Bombeiros Profissionais

Editorial

DiretorFilomena Barros

Diretor-AdjuntoSérgio Carvalho

RedaçãoCátia Godinho

Miguel Marques

GrafismoJoão B. Gonçalves

PaginaçãoJoão B. Gonçalves

FotografiaGab. Aud. ANBP

PublicidadePaulo Bandarra

PropriedadeAssociação Nacional

de Bombeiros Profissionais

Av. D. Carlos I, 89, r/c 1200 Lisboa

Tel.: 21 394 20 80

Tiragem20 000 exemplares

Registo n.117 011Dep. Legal n. 68

848/93

ImpressãoMX3

O Dia Nacional do Bom-beiro Profissional vai este ano rea l izar-se em Leir ia , a 11 de setembro, organiza-do pela Associação Nacional de Bombei-

ros Profissionais. É uma oportunidade para homenagear todos os bombeiros profissionais, numa data muito simbó-lica para esta classe profissional. Nesta edição temos uma entrevista com o pre-sidente da Câmara Municipal de Leiria, Raúl de Castro, onde fala da importân-cia do evento para a cidade.

O presidente da Autoridade Nacio-nal de Proteção Civi l , tenente-general Manuel Couto, faz o ponto da situação dos incêndios f loresta is em entrevis-ta , abordando as pr inc ipa is pr ior ida-des da ANPC para 2014. Fala ainda da relação com as autarquias ao nível da

proteção civi l .Os 25 anos do incêndio do Chiado

foram assinalados com a rea l ização de um simulacro, que contou com a part icipação do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa e da maioria das corporações de bombeiros envolvidas no combate ao incêndio. Este exercício serv iu para demonstrar a capacidade de reação das corporações de bombei-ros numa s i tuação real . Nesta edição da Alto Risco apresentamos uma foto-reportagem desenvolv ida sobre este simulacro.

Na Alto Risco deste mês visitámos a Base Aérea do Montijo, onde está sedia-da a esquadr i lha da aeronave C-295 que este ano, pela primeira vez, está a colaborar na vigilância e prevenção dos incêndios f lorestais e ajuda as forças no terreno a planear melhor as forças no terreno.

Chiado25 anos depois

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8 ALTO RISCO Setembro 2013 Setembro 2013 ALTO RISCO 9

Entrevista

“O Município de Leiria deve garantir uma resposta rápida e eficaz na prestação do socorro”O Dia Nacional do Bombeiro Profissional, assinalado a 11 de setembro, vai realizar-se este ano em Leiria. O presidente da Câmara Municipal de Leiria, Raul Castro, sublinha a impor-tância da realização desta cerimónia, aborda os apoios financeiros facultados pelo município aos bombeiros de Leiria e a política de proteção civil aplicada no concelho.

PerfilRaul Miguel de Castro

nasceu em 19 de Outubro de 1948. É Licenciado em Ciên-cias do Estado e Mestrando

em Administração Pública. É Presidente da Câmara Muni-

cipal de Leiria desde 27 de Outubro de 2009.

Qual a importânc ia para o Conce-lho de Leir ia, com a real ização do Dia Nac iona l dos Bombe i ros Pro f i ss io -nais, a 11 de setembro?

É uma cer imónia que honra todos os leirienses, pela celebração e distin-ção do valoroso trabalho dos soldados da paz, que diariamente resgatam pes-soas e bens, sacr i f i cando a sua pró-pria vida, como recentemente ocorreu em Miranda do Douro.

Este dia é por isso de extrema rele-vância , para prestarmos homenagem e d i ze rmos obr igado ao t r aba lho de mu lhe res e homens , em todo o t e r-r i t ó r io nac iona l , que com denodo e galhardia, lutam diariamente pelo nos-so bem-estar.

Qua is os apo ios que a Câmara de

Leiria dá aos Bombeiros do Concelho?O orçamento da C.M. Leir ia para o

ano de 2013 para a Div isão de Prote-ção Civi l e Bombeiros e englobando o apoio às Associações Humanitár ias é

de € 1 584 908,74. Qua is são as pr inc ipa is l inhas da

po l í t i ca de p ro teção c i v i l do vosso concelho?

As principais l inhas da polít ica do serviço municipal de proteção civi l do

concelho de Leir ia v isam, fundamen-talmente, prevenir e atenuar os riscos co le t i vos e a ocorrênc ia de ac idente grave ou catástrofe e ainda l imitar os seus efeitos.

O Mun ic íp io de Le i r i a , no âmbi to das suas competências próprias e em consonânc ia com a po l í t i ca nac iona l de pro teção c iv i l , deve garant i r uma resposta rápida e ef icaz na prestação do socorro e do aumento do sentimen-to de segurança das populações.

A au ta rqu ia de Le i r i a , a t ravés da D iv i são de Pro teção C iv i l e Bombe i -ros, é responsável por elaborar Planos de Emergênc ia e Defesa da F lores ta , exe rc í c ios e s imu lac ros de t es te do d ispos i t i vo e P lanos de Emergênc ia , ações de sensibi l ização, coordenação de ações de comba te , r ea l i z ação de ações de prevenção e gestão de com-bus t í ve i s , bem como pe lo l i cenc i a -mento de mobil izações de solo.

A a t i v idade exe rc ida pe lo Se r v i -ço Munic ipa l de Proteção C iv i l com-

“Com a implemen-tação do sistema

informático de apoio às operações do

CMOS, foi possível garantir uma melhor coordenação e con-trolo dos recursos

dos Corpos de Bom-beiros”

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preende o levantamento , a prev isão , a ava l i ação e prevenção de r iscos , a aná l i se pe rmanen te das vu lne rab i l i -dades , i n fo rmação e sens ib i l i z ação das populações. Efetua o planeamen-to de soluções de emergência , tendo em vista ações de busca, salvamento, prestação de socorro e de assistência, bem como, a evacuação , a lo j amen -to e abas tec imento das popu lações . Como ações con t ínuas des tacam-se a inventar iação dos recursos e meios d isponíve is , ass im como, o estudo e d i vu lgação de fo rmas adequadas de proteção.

Que inves t imen tos fo ram fe i tos nes ta á rea nos ú l t imos anos e qua is são os que estão previstos?

Os p r inc ipa i s i nves t imen tos do Município de Leir ia na área de Prote-ção Civi l nos últ imos anos, foram rea-l i zados na implementação do Cent ro Mun ic ipa l de Operações de Socor ro (CMOS) , na aqu is i ção de v i a tu ras e equ ipamento de proteção ind iv idua l , e em ações de prevenção e defesa da f loresta contra incêndios.

A implementação do CMOS assenta fundamenta lmen te na ges tão de um S is tema de In formação In tegrado de Atendimento e Despacho, que permite

a l igação em rede da sua Sala de Ope-rações às cent ra is de comunicações dos quatro corpos de bombeiros, que, através de uma solução informática de gestão de ocorrências e meios huma-nos e mate r i a i s , pe rmi te me lhorar a coordenação e o contro lo das opera-ções de socorro e emergência, obten-do-se uma maior eficácia e a melhoria da qual idade do serviço público pres-tado.

Ao operador da sala de operações que recebe a chamada , o s i s t ema informát ico, face à caracter ização da ocorrência e da sua local ização, apre-senta uma sugestão de despacho que

tem como pr inc íp io a prox imidade e d i spon ib i l i dade dos me ios , ou se j a , rea l i za de forma automát ica a a fe ta -ção dos meios do Corpo de Bombeiros que se encontra mais próximo e com meios disponíveis para realizar a ope-ração de socorro.

A ap l icação está associada a uma plataforma de Sistemas de Informação Geográfica que permite que os opera-dores v isua l i zem no seu moni tor, de fo rma au tomát ica , a loca l i zação dos Corpos de Bombe i ros , os loca is das ocor rênc ias e a des locação dos ve í -cu los de socor ro que es tão equ ipa -dos com um disposit ivo de localização

baseado em GPRS, o qua l comun ica com a aplicação informática.

Os Corpos de Bombe i ros t êm conhec imen to do ac ionamento dos me ios a t r avés de uma comun icação

te lefónica IP e da apl icação WEB nas respet ivas centra is de comunicação, bem como a not i f icação v ia SMS das respet ivas ocorrências. Poderão tam-bém fazer o acompanhamento em tem-po rea l , na mesma apl icação, do sta-tus das ocorrênc ias e da des locação dos veículos de socorro.

Com a implementação do s is tema in fo rmát i co de apo io às operações do CMOS, fo i poss í ve l ga ran t i r uma me lhor coordenação e con t ro lo dos recursos dos Corpos de Bombe i ros e , desta forma, uma maior economia na sua u t i l i z ação , ma io r e f i các i a na gestão das ocorrênc ias e o t imização

“Os principais riscos identificados no con-celho de Leiria (…)

são os incêndios flo-restais, as cheias e

inundações”

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da capac idade de despacho. O s is te-ma pe rmi t iu uma me lhor i a ao n í ve l da capac idade de ca rac te r i zação de ocor rênc i as , r eg i s to da in fo rmação operacional, capacidade de gerar rela-tór ios e estat íst icas, disponibi l ização de dados para um melhor planeamento de emergência e acompanhamento em tempo real da situação operacional de qualquer lugar com acesso à internet.

Para além deste investimento con-vém acrescentar o apoio na aquisição de v ia tu ras para os Corpos de Bom-be i ros do Conce lho , nomeadamente , Ve ícu lo L ige i ro de Combate a Incên-dios, Veículo de Socorro e Assistência Especial e Veículo Urbano de Combate a Incêndios. No invest imento real iza -do nas ações de prevenção e defesa da f lo res ta cont ra incênd ios (DFCI ) , destacam-se as construções e benefi-ciações de Pontos de Água e a execu-ção dos Mosaicos de Parcelas de Ges-tão de Combust íve is , ações apoiadas no âmbito do Programa de Desenvol-v imento Rural . Com vista a aumentar as condições de segurança dos Bom-be i ros fo ram adqu i r idos duran te os ú l t imos anos d iversos equipamentos de proteção individual.

Quais são os principais riscos exis-ten tes no vosso conce lho no âmbi to da Proteção Civi l?

Os pr inc ipa is r iscos ident i f icados no concelho de Le ir ia e indicados no P lano Mun ic ipa l de Emergênc ia de Pro teção C iv i l são os incênd ios f lo -res ta is , as che ias e inundações , que se ver i f icam com maior f requênc ia e cons ide ráve l seve r idade . Pa ra a l ém destes, estão identif icados os seguin-tes r iscos natura is : ondas de ca lor e frio, secas, geadas, ventos fortes, gal-gamentos oceânicos, nevoei ros, ins-tabi l idade de vertentes, erosão hídr i -

ca do solo, erosão costeira e sismos. Os r iscos tecnológicos ex istentes no concelho são os acidentes industriais, transporte e armazenamento de maté-r ias perigosas, acidentes aéreos, aci-dentes ferroviár ios e acidentes rodo-viários.

Qua l a f ina l idade do P lano Mun i -c ipa l de De fesa da F lo res ta Con t ra Incêndios de Leiria?

A final idade do Plano Municipal de Defesa da F lores ta de Le i r i a (PMDF) assen ta , ao n í ve l da p revenção , no aumento da res i l i ênc i a do t e r r i tó r io aos incênd ios f lores ta is , ao n íve l da v ig i l ânc i a , na r edução do número e d imensão dos incêndios. Ao n íve l do combate estão def inidas l inhas orien-tadoras do modo a melhorar a eficácia do ataque e da gestão dos incêndios e na área da mi t igação estão def in idas es t ra t ég i as com v i s t a a r ecupera r e reabil i tar as áreas ardidas.

Os ob je t i vos p r inc ipa is do PMDF passam por de f in i r á reas com v i s t a à p ro teção das zonas de in t e r f ace u rbano / f lo res ta l , ass im como ações prioritárias (com maior vulnerabi l ida-de) de cr iação e manutenção de rede

“A melhoria das ações de DFCI deve passar pela adoção

de uma estrutura orgânica funcional e eficaz que garanta o

apoio técnico e logístico”

Pub

www.hostelleiria.com

Grupo www.casadanora.com

Rua Dr. Correia Mateus 302400-127 Leiria - Portugal

(Coração da Cidade a 50mt do Posto Turismo)+351 244 812 802

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de fa ixas e mosa icos de parce las de ges tão de combust íve is . Es tão iden-t i f i cados grupos a lvo , em função do comportamento de r isco, e indicadas as ações de sens ib i l i z ação e educa-ção das populações, sendo def in idos locais pr ior i tár ios de f iscal ização. De modo a contr ibuir para a melhoria da e f i các ia do combate , o PMDF de f ine como pr io r idade a a r t i cu l ação dos s istemas de v ig i lância e deteção com os me ios de pr ime i ra in te r venção , a estruturação de um sistema integrado e melhor ia dos meios de p laneamen-to, previsão e apoio à decisão. É a in-da ind icada a necess idade de garan-t i r uma corre ta e e f icaz execução do resca ldo e v ig i l ânc i a pós- incênd io . São de f in idas or ien tações com v is ta à aval iação e mit igação dos impactes causados pe los incênd ios , de modo a implementar estratégias de reabi l i -t ação , pa ra ev i t a r a degradação dos recursos e infraestruturas. A melhoria das ações de DFCI deve passar pe la adoção de uma es t ru tu ra o rgân ica funcional e eficaz que garanta o apoio

técnico e logístico.

Qua is são os pro je tos fu turos da câmara em re l ação aos bombe i ros municipais?

Apesar das l im i t ações f i nance i -ras que o país atravessa, bem como a Autarquia , temos v indo a rea l izar um esforço s ign i f ica t ivo , para cont inuar a ser uma das autarquias, que a nível nacional, possui um Corpo de Bombei-ros Municipal.

Gos ta r i a a inda de rea l ça r o bom desempenho operacional dos bombei-

ros, apesar das dif iculdades sentidas, e o bom re lac ionamento que ex is te com os Bombeiros Voluntários, reflexo do excelente espirito de missão e com-promisso, a bem do serviço público.

Será dada cont inuidade à estraté-g ia de aposta em invest imentos para a melhor ia das condições de h ig iene e segurança no trabalho dos bombei-ros , nomeadamente a aqu is i ção de equipamentos de proteção individual , r emode lação das ins ta l ações , equ i -pamento in fo rmát i co e equ ipamento operacional.

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Reportagem

É na Base Aérea do Montijo que está esta-cionada a esquadrilha das aeronaves C-295, que este ano, além das missões normais, tem uma incumbência especial: fazer a vigi-lância e monitorização da floresta.

Vigiar a floresta a partir do céu

Nesta missão de vigilân-cia e apoio aos meios de combate aos incêndios florestais, o C-295 está equipado com “meios de vigilância através de

reconhecimento fotográfico que, permite, mais tarde, fazer a cobertura aérea nacio-nal para verificar a área ardida”, subli-nha o tenente-coronel Pedro Bernardino, comandante da esquadrilha

“Os sofisticados equipamentos de vigilância que equipam o C-295 são a

cobertura de 360º e uma cobertura que atinge quase os 400 quilómetros e permi-te fazer um varrimento através da pixeli-zação. Se no próximo varrimento houver um pixel que sai do sítio quer dizer que há ali movimento. Isto permite saber onde é que estão os meios em terra, para que lhes possa dar apoio se eles precisarem, por exemplo, de fazer uma saída de emer-gência e escolher um caminho que está livre.

Esta aeronave permite ainda enviar imagens em tempo real para o comando

grande mais-valia da aeronave”, seja no caso desta missão de apoio aos incêndios florestais ou nas múltiplas missões de vigilância em Portugal ou nas missões internacionais.

Na missão de vigilância às florestas, o C-295 “tem dois sensores que são pri-mordiais para a missão”, sublinha Pedro Bernardino. O primeiro é um sensor ele-tro-ótico, com um alcance de 50 quiló-metros, que permite exibir numa carta a localização do que está a ocorrer no terreno. Depois temos o radar com uma

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e, desta forma, podem ver o “que está a acontecer no terreno e fazer uma previsão em incêndios de grandes dimensões, para que possam distribuir as forças que estão no terreno”. Ou seja, “com este tipo de informação in loco, e de forma rápida”, o comando “pode decidir se e onde deve recolocar as forças de bombeiros no ter-reno”, sublinha este responsável.

dio. Repetimos a mesma missão à noite”, sublinha o comandante da esquadrilha.

“A nossa missão engloba sempre ope-racionais da ANPC no avião para que eles digam que resultados é que pretendem. O objetivo é marcar tudo aquilo que é per-tinente para a ANPC, como os pontos de água, zonas críticas, de fogo intenso e toda a orla de fogo”, afirma Pedro Bernardino.

Numa missão de vigilância à floresta,

Como atua o C-295?Antes de apresentar à ANPC as capa-

cidades de vigilância da aeronave, a Força Aérea testou as suas capacidades num cenário de real. “Fomos observar o incên-dio de 2012 em Tavira. Saímos da Base Aérea do Montijo, observamos um outro incêndio na margem direita do Guadia-na e ainda nos deslocamos a Bragança, onde também estava a ocorrer um incên-

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a aeronave começa por voar a três quiló-metros de altitude, para além da orla do fogo. “Marcamos os pontos de reabaste-cimento que estão mais perto de quem está no terreno. Depois verif ica-se as zonas críticas, consoante os parâmetros da ANPC, desde os postos de alta tensão até às habitações”.

É feita a caraterização do incêndio pelo nível de importância, progressão e vento à superfície. Através do sensor eletro-ótico consegue-se perceber qual a direção do vento e para onde é que está a caminhar o incêndio”.

Numa segunda fase “descemos para os dois quilómetros de altitude, para identif icar os caminhos de acesso de entrada e saída, escolher pontos de água mais próximos para coordenar comba-

tes em simultâneo e a gestão eficaz dos meios aéreos e terrestres”.

Quando chegam a um incêndio a pri-meira coisa a fazer é ver qual a dimensão do incêndio e perceber em que direção segue. “Também durante a noite podemos dar apoio, porque temos a capacidade para ver onde estão os meios”.

“Demoramos 35 minutos a chegar ao Douro e 30 minutos até ao Algarve, des-de que descolamos até que chegamos e, depois, podemos estar oito horas na zona de operações”, afirma este oficial da For-ça Aérea. “A experiência indica que em menos de uma hora conseguimos cara-terizar todo o fogo e obter toda a infor-mação pertinente para que se possam desenvolver todas as ações necessárias ao comando”.

CARACTERÍSTICAS DA AERONAVEA esquadrilha do C-295 é composta

por 12 aeronaves, das quais cinco têm capacidade para serem configuradas para vigilância. Mas todas as aeronaves são táticas.

O C-295 é uma aeronave de última geração. Está preparada para aterragens em pistas não preparadas e pode voar de dia ou de noite. Está preparado para reali-

dois computadores em rede, operados por um coordenador tático e um operador auxiliar, onde visualiza todos os sensores da aeronave

No início de 2007 o Governo portu-guês assinou a compra de 12 aeronaves C-295 para substituir os aparelhos C-212 Aviocar, então sediados na Base Aérea n.º 1, em Sintra.

zar 12 tipos de missões diferentes. Atinge os 490 km/hora, com autono-

mia até 10 horas. Numa das suas versões, na configuração de passageiros, podem ir até 66 passageiros mais a tripulação de cabine, um peso máximo de 23 toneladas.

O equipamento de vigilância no inte-rior dos aviões é composto por paletes, que têm as consolas de operação. São

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Entrevista

“Este dispositivo tem sido posto à prova diariamente”Num Verão que tem ficado marcado por grandes incêndios em Portugal, a Revista Alto Risco falou com o presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Tenente-General Manuel Mateus Couto sobre as operações no terreno e a forma como tem decorrido o trabalho das várias forças envolvidas no combate aos incêndios.

Que balanço faz do seu mandato à frente da ANPC?

Acredito que só faz sentido balanços no final dos mandatos, pelo que nes-ta fase poderei realçar que o primeiro semestre de 2013 traduziu-se na conso-lidação de algumas alterações estrutu-rantes no sector da proteção civil que nos permitirão planear e delinear estratégias consistentes para o futuro.

Desde logo, destaco a publicação do novo modelo de organização operacio-nal do Sistema Integrado de Operações de Socorro (SIOPS) que veio melhorar a capacidade de coordenação e resposta operacional, sendo já visível, em plena

ao longo dos últimos três anos afinaram posições e definiram estratégias no senti-do de alcançar este resultado.

O que queria também destacar é que os resultados do mandato de um Presi-dente não se deve a ele exclusivamen-te, mas sim à capacidade de trabalho e concretização de todos os colaboradores e agentes de proteção civil que concor-rem para a missão da ANPC, naturalmen-te tendo também em conta a capacidade de l iderança de toda uma organização, função por mim assumida com enorme entusiamo e sentido de entrega, fruto de uma missão altamente estimulante e desafiante, sempre em torno da prote-ção de pessoas e bens, a salvaguarda do ambiente e do património, perante situa-ções de acidente grave e catástrofe.

Quais as principais prioridades da ANPC?

Até ao final do ano iremos concluir o processo de organização interna da ANPC com vista a promover uma gestão mais eficiente dos serviços prestados.

A partir de 2014, pretendemos apostar numa atividade de proteção civil inscrita num sistema de proteção e socorro cada vez mais integrado, com elevada capaci-

época DECIF, os bons resultados que o Dispositivo tem alcançado no combate aos incêndios florestais.

A publicação da Lei Orgânica da ANPC veio dotar esta Autoridade de um mode-lo de estrutura hierarquizada, com duas novas Direções Nacionais, permitindo uma melhoria na organização interna dos serviços e uma mais equilibrada distribui-ção das atribuições decorrentes da Lei.

Da mesma forma, é importante salientar a revisão do Plano Nacional de Emergência, que no passado mês de Maio mereceu parecer positivo em sede de Comissão Nacional de Proteção Civil, após um trabalho intenso de uma equipa multidisciplinar que envolveu 177 entida-des, incluindo agentes de proteção civil, organismos e entidades de apoio, que

“É de lamentar os bombeiros que perderam

a vida de forma totalmente abnegada

e altruísta”

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dade técnica e operacional, mais próximo das populações e de acordo com as áreas de risco, que se pretendem cada vez mais estudadas e analisadas, suportado por um planeamento de emergência atualiza-do, ajustado às diferentes realidades em termos geográficos e de acordo com as vulnerabilidades identificadas.

Sendo que para isso, concorrem alguns objetivos permanentes que des-taco:

1. Consolidação do SIOPS com vista a melhorar a capacidade de resposta a situações de emergência;

2. Modernização e melhoria das infra-estruturas e equipamentos na área da proteção e socorro;

3. Desenvolvimento de um Sistema Nacional de Alerta e Aviso;

4. Aquisição de equipamentos com

portugueses.

Qual a relação com as autarquias ao nível da proteção civil?

A articulação que temos com as autar-quias é permanente e já vem de longa data. Aliás, importa recordar que a pró-pria Lei de Bases da Proteção Civil con-sagra o patamar municipal como basilar para o sistema de proteção civil, sendo que a legislação prevê também a existên-cia de serviços municipais de proteção civil, de comissões municipais de prote-ção civil e de comandantes operacionais municipais.

Permito-me destacar três aspetos, muitas vezes não visíveis para o grande público, no qual o patamar municipal é fundamental: o planeamento de emergên-cia, o ordenamento do território, a for-

vista a complementar a reserva nacional de emergência para dar resposta a situa-ções de emergência;

5. Promoção do voluntariado de pro-teção civil e bombeiros;

6. Revisão dos principais documen-tos legislativos na área dos bombeiros e apresentação de novas propostas regula-mentares.

7. Integração plena das competên-cias resultantes da extinção do Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emer-gências;

8. Acompanhamento e concretização dos projetos enquadrados ao nível do QREN, em colaboração com as Comuni-dades Intermunicipais e Áreas Metropo-litanas e que irão garantir apostar nome-adamente na melhoria do Equipamento de Proteção Individual dos bombeiros

mação profissional, bem como a compo-nente do envolvimento das populações e comunidades no que toca à sensibilização e educação para o risco, apostando em ações de prevenção e mitigação do risco.

Como classifica a ação da Força Espe-cial de Bombeiros?

São bombeiros organizados numa força profissional, na dependência da ANPC, com uma preparação, pronti-dão e equipamento que permitem o seu emprego rápido em qualquer teatro de operações (TO), constituindo um recurso muitíssimo válido em termos nacionais. O seu emprego está nesta fase vocacio-nado essencialmente para o ataque inicial embora este ano tenha havido a consti-tuição de 2 grupos de reforço de ataque ampliado - GRUATAS - no quadro da FEB.

Este ano existe uma novidade no dispositivo: os GRUATA. Quantas vezes foram chamados a intervir? Que mais--valias trouxeram no combate aos incên-dios? Que papel têm no teatro de opera-ções, por exemplo no incêndio do Crato?

Os GRUATAS formam empenhados 64 vezes. Como referi anteriormente, as suas competências e autonomia para 5 dias, assim como a sua rápida prontidão, per-mitem um reforço oportuno e prolongado nos TO.

No incêndio do Crato, foi empregue o GRUATA da FEB, tendo-lhe sido atribuída a missão de extinguir a frente que dava maiores preocupações, tendo sido resol-vida com sucesso, após o que lhe foi atri-buída uma outra missão logo de seguida, de conter uma reativação no sector C que igualmente foi resolvido com sucesso.

Que ocorrência leva ao empenho de maior número de meios?

O incêndio de Alfandega da Fé, foi aquele a onde até ao momento foram empregues mais meios. Falamos de 1560 operacionais, 497 viaturas, com o empre-go de 35 missões aéreas. Destaco ainda o emprego de dois Canadairs oriundos de Espanha.

A nova organização da proteção civil veio melhorar a operacionalidade? Que mais-valia trouxe?

A nova estrutura operacional da ANPC veio naturalmente melhorar a sua capaci-dade de comando e controlo. Tendo sido implementada há relativamente pouco tempo, é prematuro tirar grandes con-clusões, no entanto, mostrava a anterior estrutura a necessidade de um escalão intermédio entre os níveis Nacional e Distrital, tendo sido criados os CADIS, que coordenam o emprego operacional nos respetivos Distritos, fundamental no balanceamento de meios e recursos ao longo do território, uma de várias ino-vações desta mudança organizacional recente.

O Dispositivo montado para a fase Charlie tem-se revelado eficiente?

O Disposit ivo é montado para um cenário previsível, de avaliação comple-xa, e a sua dinâmica está sempre muito dependente das condições meteoroló-gicas. Tendo presente esta premissa, o

Qual o balanço que a ANPC faz da época de fogos florestais até ao final de julho?

Como referi anteriormente, há momentos próprios para se proceder aos balanços e às avaliações, remetendo esse momento para o final do ano, altura em que prevemos naturalmente fazer a análise do ano em curso e do desempe-nho do DECIF 2013. O que posso afirmar é que este Dispositivo, na forma como está pensado e planeado tem sido posto à prova diariamente, sujeito a um esfor-ço muito exigente em termos de empe-nhamento de homens e meios, num mês de agosto que não têm dado tréguas, em que as diferentes forças e serviços que o compõem vão respondendo e atuando de forma que considero notável, face às condições difíceis e continuadas que se tem verificado, não se prevendo aliás que abrandem nos próximos dias.

Quantos incêndios florestais foram declarados desde o início da fase Charlie?

Até ao dia 28 de Agosto de 2013, des-de o início do ano, tivemos 13 387 ocor-rências, onde foram empenhados 256 974 operacionais, 67 828 viaturas com 4039 missões envolvendo meios aéreos.

Qual o balanço da utilização do dispo-sitivo GRUATA?

Ainda é prematura esta avaliação, no entanto, estes grupos têm tido até ao momento uma resposta de grande pronti-dão, permitindo chegar aos diferentes TO num tempo muito aceitável, confirmando uma proficiência e eficácia na resolução de situações mais complexas. É impor-tante salientar a constituição destes

GRUATAS, que tem na sua base pessoal e equipamento com competências pré--definido, assim como uma autonomia de 5 dias garantida nomeadamente através da rotação de pessoal devidamente pre-vista e enquadrada.

“A prevenção é fundamental no

evitar dos incêndios”

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dispositivo foi constituído com os meios considerados adequados. Como refe-r i anteriormente, a resposta tem sido boa, notável mesmo, face às exigências prolongadas a que tem sido sujeitos os bombeiros portugueses em particu-lar, não só em termos de prontidão na chegada aos TO, como na qualidade da resposta às situações concretas, indo de encontro às necessidades das comu-nidades afetadas, com reações muito positivas das populações que de perto apreciam positivamente o trabalho des-tes operacionais.

De lamentar sempre e a perda dos bombeiros que perderam a vida de forma totalmente abnegada e altruísta, e a preo-cupação que também temos com os seus colegas que se encontram feridos, alguns deles com significativa gravidade.

Qual a importância da FEB no Disposi-tivo da proteção civil?

A FEB tem um importante trabalho como foi referido nos diferentes TO, com competências e valências diversas, pro-fissional, e como tal, com elevados níveis de exigência em termos de preparação e envolvimento na ação, sendo que na fase do DECIF, são empregues essencialmen-

dios Florestais, e naturalmente todos os dias vamos analisando necessidades de ajustamentos e melhorias e seremos os primeiros interessados em introduzir todas essas melhorias que concorram para obter os melhores resultados em termos de resposta operacional à proble-mática dos incêndios florestais.

Mas há naturalmente um momento destinado a essa avaliação mais profunda, envolvendo todos os agentes de proteção civil e entidades cooperantes, os orga-nismos representativos dos 3 pilares da defesa da floresta contra incêndios (ICNF, GNR e ANPC), bem como as organizações representativas do setor, num trabalho sistemático e rigoroso que fundamente todo o planeamento e afetação de recur-sos no Dispositivo do próximo ano.

Que melhorias se podem fazer na rela-ção entre quem faz a prevenção e os res-ponsáveis pelas operações no terreno?

Entre as diferentes entidades há uma articulação próxima. Existe um plano de defesa da floresta que define três pilares fundamentais da defesa da floresta contra incêndios e que são a prevenção, a vigi-lância e o combate, e todos são, diria eu, igualmente importantes. A prevenção é

te no ataque inicial com meios aéreos e com os seus dois GRUATAS em ataque ampliado.

Na análise feita até ao momento para o combate aos fogos florestais, existem situações que precisem de ser melhora-das?

Há sempre situações a melhorar sen-do que neste momento estamos concen-

trados na gestão operacional das muitas dezenas de ocorrências que acontecem diariamente. Estamos na fase de imple-mentar o que foi plasmado na Diretiva Operacional Nacional Nª2 que planeia o Dispositivo Especial de Combate a Incên-

“Estou muito bem impressionado com a resposta que tem

sido dada, nomeadamente pelos bombeiros

portugueses”.

fundamental da prevenção dos incêndios e o que for feito a esse nível vai poupar o esforço do combate. O que parece reunir consenso é a necessidade de desenvolver uma prevenção estrutural de caráter de limpeza e de abertura de faixas de con-tenção, no sentido de evitar acumulação de combustível, ou mesmo criando aces-sos que facil item o combate, evitando nomeadamente a propagação rápida dos incêndios.

Tendo em conta que houve uma parce-ria entre Ministério da Defesa e o Minis-tério da Administração Interna (MAI), não deveria haver uma parceria entre o Minis-tério da Agricultura e do MAI em matéria de prevenção?

Diria que cada Ministério tem as suas competências e que naturalmente existem áreas de intervenção em que o trabalho conjunto e coordenado se justifica de for-ma mais premente. O que nos interessa aqui é que haja prevenção e políticas de ordenamento que evitem situações tão complexas de incêndios florestais, evi-

vilegiada.

Como avalia a forma como têm sido combatidos os incêndios?

Estou muito bem impressionado com a resposta que tem sido dada, nomea-damente pelos bombeiros portugueses. Tem sido um trabalho notável; a resposta pronta com que têm chegado aos teatros de operações é exemplo disso mesmo, havendo naturalmente a lamentar a morte dos bombeiros e vários feridos, alguns dos quais graves.

A forma como atuam é bem demons-trativa da preparação e formação que têm, como também da sua vontade e dis-ponibilidade, arriscando a própria vida em benefício do auxíl io e socorro que prestam às nossas populações e comu-nidades.

Como tem sido a relação estabelecida com a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais?

Tem sido uma relação normal e insti-tucional que tem funcionado bem.

tando também um esforço tão intenso em termos de combate.

Ao nível da proteção civil, não seria de encarar que os agentes da proteção civil e bombeiros, se envolvessem na pre-venção antes da época alta dos incêndios florestais?

Considero que sim, mas é uma maté-ria que não nos compete propriamente dinamizar e promover, reconhecendo que haverá espaço para essa discussão e análise. Gostaríamos que estivesse tudo tratado, tudo limpo, uma boa prevenção estrutural, para que quando o combate tivesse que avançar estivesse tudo em condições, facto que não se verifica. Mas não nos cabe a nós definir propriamente a componente da prevenção em termos de incêndios em área florestal. A nós, ANPC, compete o combate. A vigilância é feita pela Guarda Nacional Republicana e a componente da prevenção está com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, organismos com quem temos, aliás, uma relação estreita e pri-

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Bombeiros destruíram 35 ninhos de vespa asiática

Curiosidades

Bombeiros do Sardoal em foto de calendário internacional

Uma fotografia dos Bombeiros Muni-cipais do Sardoal foi uma das 11 vence-doras de um concurso internacional e vai ser incluída num calendário de 2014 que vai ser distribuído por corporações e enti-dades de Proteção Civil à escala mundial.

Numa nota enviada à comunicação social, os bombeiros do Sardoal desta-

bombeiros, tendo em fundo cenários de referência histórica/cultural ou paisagís-tica de cada país.

As 11 fotos vencedoras vão ilustrar o calendário, cabendo o mês de Dezembro à própria Holmatro. A foto portuguesa consta em primeiro lugar na lista divulga-da pela empresa.

cam que a fotografia, do fotógrafo Pau-lo Sousa, foi tirada em Junho, junto aos Moinhos de Vento da aldeia de Entrevi-nhas.

O concurso - promovido pela Holma-tro Rescue World, uma empresa de pma-terial de desencarceramento - pretende mostrar os equipamentos de socorro dos

A proteção civil informou que já foram destruídos no Alto Minho, desde o início do ano, 35 ninhos de vespa asiática, uma espécie predadora, dos quais cerca de uma dezena só em Julho.

“Este ano, em termos de casos que nos foram participados, já destruímos 35 ninhos. Mas trata-se de um número que

bém como asiática e que ameaça a produ-ção de mel -, foram 24 ninhos destruídos pelos bombeiros no concelho de Viana do Castelo.

Há ainda registo de cinco ninhos destruí-dos igualmente nos primeiros sete meses do ano no concelho de Monção, quatro em Ponte de Lima e dois em Caminha.

está de acordo com o que era expectável e que corresponde à evolução desta espécie”, explicou à agência Lusa, Robalo Simões, 2.º Comandante Operacional Distrital Ope-racional de Operações de Socorro de Viana do Castelo.

Deste total, acrescentou, o grosso dos ninhos de vespa velutina - conhecida tam-

Dossier Chiado

IncêndioChiado

25 anos

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Simulacro recorda Incêndio no ChiadoA cidade de Lisboa assistiu a 25 de agosto de 2013 à recriação do incêndio do Chiado, a 25 de agosto de 1988. 25 anos depois, a capital reviveu um dos piores episódios da sua história.

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Na sequência da memória dos 25 anos sobre o incêndio no Chia-do, foi inaugurado no dia 26 de agosto a exposição de fotogra-fias “o grande incêndio no Chiado”, no Museu do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa. As fotografias são da autoria dos fotógrafos Alfredo Cunha, Fernando Ricardo, José Carlos Pratas Henriques e Rui Ochoa.Foi ainda editado um livro com o mesmo nome, con-

tando a sua apresentação com a presença do presidente da autarquia, António Costa.Foi ainda editado um livro com o mesmo nome, contando a sua apre-sentação com a presença do presidente da autarquia, António Costa.

Livro

“O Grande Incêndio do Chiado” A

exposição – “Chiado em detalhe. Álvaro Siza Vieira, pormenorização técnica do Plano de Recuperação” foi inaugurado a 25 de agosto no Espaço Chiado 8. Até ao dia 27 de setembro vão estar expostas várias peças do Plano Pormenor para a recuperação da zona sinistrada do Chiado, que permitem conhecer alguns aspetos menos divulgados sobre aquele plano, da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira.

A exposição é composta por diversos documentos técnicos que integram um livro com o mesmo título, lançado também nesse dia, numa parceria da Câmara Munici-pal de Lisboa com a Babel.,

Exposição Chiado

“Chiado em detalhe. Álvaro Siza Vieira, pormenorização técnica do Plano de Recuperação”

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Entrevista

Licenciatura de proteção civil na universidade dos Açores

Qual a razão da criação deste curso na Universidade dos Açores?

As áreas da proteção civil e dos riscos naturais são particularmente importantes na Região Autónoma dos Açores, fazendo as catástrofes parte da história do arquipé-lago e das suas gentes. A experiência vivida fundamenta a sensibilidade de um povo para estas questões e justifica que a sua Universi-dade seja a instituição de referência nacional para a formação em proteção civil. Acresce

tório natural para o estudo desta matéria?A localização dos Açores em pleno Oce-

ano Atlântico e numa zona de grande ati-vidade geodinâmica faz com que a Região seja frequentemente afetada por fenómenos meteorológicos extremos, sismos, erupções vulcânicas e movimentos de vertente, entre outros perigos naturais. Os Açores são, pois, um laboratório natural de excelência para estudar e adquirir competências na área da proteção civil e da gestão de riscos.

Quais as principais características deste

curso, ou seja, que disciplinas fazem parte do curso? A quem se destina preferencial-mente?

O curso integra disciplinas de carácter geral, para a aquisição de conhecimentos de básicos, e disciplinas específicas nas áreas dos riscos naturais e tecnológicos, da prote-ção civil, do ambiente, da perceção e gestão do risco, da saúde pública, da educação e do

que a Universidade dos Açores integra o úni-co centro de investigação de excelência do país na área das Ciências da Terra, o Cen-tro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos, que apoia o desenvolvimento do curso através da lecionação e da dispo-nibilização de laboratórios tecnologicamente avançados na área da monitorização e da resposta a situações de emergência.

Porque considera os Açores um labora-

A licenciatura em Proteção Civil e Gestão de Riscos da Universidade dos Açores, a única existente nas universi-dades públicas, dispõe de laboratórios tecnologicamente avançados na área da monitorização e de resposta a situações de emergência. O diretor do curso, João Luís Gaspar, considera que o arquipélago pelas catástrofes naturais que já sofreu, é um “laboratório natural” para estudar estas matérias.

jornalismo, entre outras. Em termos gerais destina--se a todos os que queiram adquirir competências nestas matérias, sendo as provas de ingresso numa das seguintes áreas disciplinares: biologia e geologia, geografia ou matemática.

Que importância prática tem este curso ?As catástrofes naturais e tecnológicas têm aumen-

tado em todo o mundo nas últimas décadas, muito por força de políticas erradas de ordenamento de território e pela inexistência de um planeamento de emergência adequado. Por outro lado, o conhecimento científi-co e tecnológico tem aumentado significativamente nos últimos anos e os domínios da prevenção e da previsão vão tendo novas respostas para a mitigação dos riscos. Tal como se encontra definido, o ciclo de estudos de Proteção Civil e Gestão de Riscos pretende promover a Sociedade do Conhecimento para poten-ciar a capacidade das organizações, das entidades públicas e privadas e dos cidadãos, a nível internacio-nal, nacional, regional, municipal e local, no que res-peita à avaliação dos riscos naturais e tecnológicos, à definição de medidas mitigadoras, à implementação, desenvolvimento e/ou consolidação de estruturas, procedimentos e mecanismos de proteção civil, à adoção de comportamentos coletivos e individuais adequados à resposta a situações de crise iminente ou de emergência e às exigências dos processos de recuperação cultural, social, económica e financei-ra subsequentes à ocorrência de eventos graves ou catastróficos.

O curso tem componente prática? Qual?O curso tem uma forte componente prática ao

nível das disciplinas que o integram. Adicionalmente, o facto do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Ris-cos Geológicos estar envolvido no curso permite aos alunos acompanharem as atividades desta unidade de investigação no que se refere à assessoria perma-nente às autoridades de proteção civil. Este ano, por exemplo, foi aberto um concurso para possibilitar aos melhores alunos integrar as equipas de vigilância sismo-vulcânica durante o período de férias letivas, beneficiando, assim, de um estágio de formação com-plementar remunerado.

Quais as saídas profissionais dos licenciados? A

nível internacional existe procura destes especialis-tas?

O curso permite formar profissionais para a pro-teção civil, agências de segurança, planeamento e ordenamento do território, ambiente e recursos natu-rais, educação, investigação científica e desenvolvi-mento tecnológico, indústria e comércio de produtos de segurança, jornalismo, companhias de seguros, prestação de serviços de consultoria e assessoria, turismo, entre outras.

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Notícia

A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) sublinha que a falta de experiência e autoconfiança explicam riscos. Como os quatro estudantes universitários, com ida-des entre os 22 e 23 anos, que morreram no início de agosto no IP1, perto da Aldeia de Palheiros, num choque frontal com um outro carro em que seguiam três outras pessoas – duas morreram e outra continua em estado grave no Hospital de Beja.

Aqueles cinco jovens entraram nes-se início de tarde de sábado para a lista de estatísticas das mortes nas estradas nacionais: a de que são os jovens na faixa etária entre os 20 e os 29 anos as princi-pais vítimas de acidentes rodoviários. Ou seja, são uma em cada cinco vítimas de sinistros na estrada, de acordo com uma análise efetuada pelo Diário de Notícias aos dados do relatório anual do Obser-vatório de Segurança Rodoviária (OSR) de 2012.

O acidente dos jovens que regressa-vam a casa depois de uns dias de férias, trouxe à memória um outro acidente ocorrido em agosto de 2004 junto ao par-que de campismo de Montargil (Ponte de Sor). Nessa altura morreram sete jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos.

Segundo o OSR, os 29.867 acidentes

-se que 33% têm carta há menos de cinco anos.

Segundo o presidente da PRP, a maior incidência de acidentes graves ocorre ao fim de semana, ou à noite, e quando os jovens viajam em grupo. Para isso con-tribui também a falta de experiência de quem conduz há pouco tempo e se depara com situações novas para as quais “não criou automatismos” ao volante.

“Quando esses jovens vão mais d is t ra ídos , a maior ve loc idade, mais autoconf iantes , maior é a asne i ra na resposta , o que leva a um aumento signif icat ivo dos acidentes”, diz José Manue l Tr igoso, reve lando ex is t i rem propostas em vários países que vão no sentido de proibir os jovens de condu-zir na companhia de outros, da mesma idade, durante os primeiros anos após terem carta de condução.

O relatório da OSR aponta a “falta de experiência em meio rodoviário, a influ-ência de comportamentos de pares e respetivas representações socioculturais associadas ao perigo e abuso de substân-cias, bem como uma precoce maturação dos processos cognitivos de tomada de decisão” como “fatores determinantes” da segurança rodoviária entre os mais jovens.

registados pela GNR e pela PSP em 2012 originaram um total de 38 823 vítimas (incluindo 573 mortos), 7.684 das quais de jovens na faixa etária dos 20 anos.

Os dados sobre Portugal são seme-lhantes aos registados noutros países, diz à agência Lusa, o presidente da PRP, José Manuel Trigoso, considerando que estes números podem ser explicados por “razões comportamentais”.

Viajar em grupo aumenta risco“É uma faixa etária em que se alia o

correr mais riscos com a falta de experi-ência. Esses dois fatores originam mais acidentes e uma taxa de sinistralidade muito superior à média de toda a Euro-pa”, acrescenta José Manuel Trigoso.

A situação é ainda de maior risco quando os jovens viajam em grupo: “Nor-malmente os condutores mais velhos têm menos acidentes quando viajam acom-panhados. No caso dos jovens passa- se precisamente o contrário, têm compor-tamentos de muito maior risco quando viajam acompanhados.”

Observando apenas para o número de mortos, é acima dos 65 anos que se registam mais vítimas: 138. Mas se a aná-lise incidir sobre os condutores interve-nientes em acidentes de viação, conclui-

Mais de 20% das vítimas de acidentes de viação está na faixa etária entre os 20 e os 29 anos. Segundo o Observatório de Segurança Rodoviária, das 38.823 vítimas (incluindo 573 mortos) em 2012, 7.684 eram jovens.

Jovens são principais vítimas dos acidentes

O novo centro substitui e amplia o Centro de Informação e Monitorização como centro operacional e de coordenação dos recursos dos diferentes Estados, denominado Meca-nismo de Proteção Civil Europeu, que, nos últimos três verões, foi ativado 18 vezes para responder a incêndios florestais dentro e fora da UE.

O CRE organiza vídeoconferências semanais com os países com maiores riscos de incêndios florestais e cujas capacidades nacionais podem vir a revelar-se insuficien-tes, como a Espanha, Croácia, Portugal, Grécia, Itália e França.

Este organismo realizou reuniões com todos os Esta-dos que participam no Mecanismo de Proteção Civil da EU, para a troca de informações sobre o estado de prepa-ração antes da época de incêndios florestais.

O CRE monitoriza ativamente o risco de incêndio flo-restal e do impacto em toda a Europa. Utiliza os serviços de monitorização nacionais e as ferramentas SEIIF (Siste-ma Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais). Desta forma permite ter uma visão geral sobre a situação dos incêndios florestais nos Estados-membros.

Solidariedade europeiaEsta ajuda é prestada pelos diferentes países da UE,

com o envio de aviões bombardeiros, helicópteros, equi-pamentos de combate a fogos florestais e bombeiros.

O Mecanismo de Proteção Civil da UE facilita a coo-peração na resposta a desastres entre os 32 países euro-peus (Estados-Membros da UE, Islândia, Liechtenstein e Noruega). Os países participantes juntam os recursos que podem ser disponibilizados aos países sinistrados em todo o mundo.

Segundo dados do executivo comunitário, durante a época de incêndios florestais de 2012, registaram-se

O novo Centro de Resposta a Emergências (CRE) da União Europeia já está a monitorizar os riscos de incêndios florestais na Europa e em contacto regular com os países com maiores probabilidades de precisa-rem de apoio, como Portugal.

Centro de Emergência da UE pronto para ajudar países do sul a combater fogos

Notícia

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nove pedidos de assistência, tendo Portugal e seis outros países solicitado meios aéreos. O Mecanismo de Proteção Civil reagiu a mais de uma centena de desastres em todo o mundo desde 2001, entre eles o furacão Katrina nos EUA (2005), o terramoto no Haiti (2010), o terramoto / tsunami no Japão (2011) e da crise síria (2012/2013).

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Artigo

Uma vez que após um incêndio a erosão por ação da água das chuvas pode levar a perdas de cerca de 50 toneladas de solo, a técnica em estudo pela Universidade de

Aveiro pode reduzir a escorrência de águas nos terrenos ardidos em mais 40 por cento e, com isso, diminuir a erosão do solo em 90 por cento.

O método inovador que a UA quer intro-duzir em Portugal, e que em tradução livre se pode designar por ‘acolchoado’, consis-te na distribuição pelos solos consumidos pelo fogo de uma camada de restos flores-tais triturados.

O problema da erosão aumenta, por exemplo, quando esta afeta o normal fun-cionamento de barragens e centrais hidroe-létricas. “Com a acumulação das toneladas de sedimentos levados pela chuva até aos rios, e destes até às albufeiras das barra-gens, estas podem perder o volume útil para armazenar a água, o que leva à neces-sidade do seu desassoreamento e limpeza para poder acumular mais água”, explica Sérgio Alegre.

Ainda que em Portugal o desapareci-mento do solo por erosão após incêndio não esteja muito bem estudado, Sérgio Alegre aponta países que têm uma longa tradição nesses estudos”, nomeadamente nos EUA, onde as perdas podem atingir até 65 toneladas por hectare ardido durante o primeiro ano após o incêndio. Aqui bem perto, na Galiza, já se quantificaram perdas de 10 a 35 toneladas por hectare durante um ano. “No caso de Portugal, só agora começamos a ter algumas estimativas, mas são medições pontuais em pequenas parce-las de erosão, pelo que é preciso continuar

“Com a vegetação e a manta morta da superfície dos terrenos transformados em cinzas o solo fica extremamente vulnerável à ação da erosão”, aponta Sérgio Alegre à agência Lusa. O investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, e responsável pelos primeiros estu-dos em Portugal da utilização do mulching, refere que há terrenos que chegam a perder várias dezenas de toneladas de solo por hectare durante o primeiro ano depois de um incêndio.

“As implicações negativas que este cenário acarreta vão desde a perda de ferti-lidade e produtividade dos solos até à des-truição dos ecossistemas e bens a jusante das áreas afetadas como é o caso de cami-nhos, pontes, praias fluviais ou proprieda-des”, diz o investigador.

Uma investigação do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar Universidade de Aveiro estuda técnica inédita no país, designa-da por “mulching”, e que pretende ser um mecanismo contra a erosão depois dos incêndios florestais.

“Mulching” reduz consequências dos incêndios

a investigar para conhecer os efeitos dos incêndios a escalas maiores”, refere.

Máterias-primas abundantes“Depois de um incêndio é preciso avaliar as

zonas onde há risco de erosão. É claro que não pode-mos tratar toda a superfície ardida com o mulching porque seria inútil aplicá-lo nalgumas áreas que não precisam”, aponta Sérgio Alegre. É o caso das áreas sem declive ou áreas ardidas com uma baixa intensi-dade do fogo onde as árvores ainda possuem folhas nas copas que, depois de caírem, fornecem de uma proteção natural ao solo. No caso dos pinhais, “a caruma funciona como um mulching natural tão efe-tivo como os restos florestais triturados”.

Matérias-primas para triturar a pensar no ‘acol-choamento’ não faltam em Portugal. “Pode-se aplicar as toneladas e toneladas de cascas de madeira que não são utilizadas pelas fábricas de pasta de papel. É um material muito bom pois tem fibras longas que se adaptam ao solo formando uma espécie de rede que retém água e sedimentos”, explica o investigador do CESAM.

O mulching pode igualmente fazer uso do que sobra das podas e de “restos derivados das lim-pezas dos matos, dos jardins ou das bermas das estradas que, na maioria dos casos, são enviados para lixeiras”.

Técnicas actuais ineficazesAplicado à mão ou com recurso a meios aéreos

sobre os terrenos mais expostos a fenómenos de erosão, o mulching pretende substituir as “inefica-zes” mas muito usadas barreiras de madeira crava-das nos solos ardidos para reterem águas e sedimen-tos. Sérgio Alegre aponta que “ em comparação com o mulching, essas barreiras não cumprem a função de reter as águas e de mitigar a perda de sedimentos dos terrenos expostos à erosão”.

Pelo contrário, o investigador do CESAM, garante que o mulch, numa primeira fase, reduz as perdas de solo e, posteriormente, através da própria decompo-sição dos restos florestais, acaba por se incorporar no ecossistema florestal. “Como é um material que pode reter água por absorção ou por retenção nas micro-barreiras que as fibras formam, este método reduz a quantidade de água que flui para os rios até 40 ou 50 por cento”, explica Sérgio Alegre.

O processo, que “dá o mesmo trabalho que a colocação das barreiras”, pode evitar despe-sas maiores. O investigador não tem dúvidas: “Se com esta técnica se evitar que a perda do solo, um recurso não renovável à escala humana, leve à alteração dos ecossistemas aquáticos a jusante da área ardida, ou que, por exemplo, uma barragem fique cheia, então os gastos estão mais do que justificados”.

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Cerca de 1300 quilómetros da rede ferroviária de pas-sageiros portuguesa têm um sistema de segurança superior ao ASFA espa-nhol, instalado no troço

onde ocorreu o acidente a 24 de julho na Galiza, refere o jornal Público. No entanto 630 quilómetros da rede são manipulados exclusivamente por meios humanos, num sistema não muito diferente ao que existia no séc. XIX e no qual só se substituiu o telégrafo pelo telefone.

É remota a possibilidade de ocorrer um

Segundo informação pública, que cons-ta da página da internet da Rede Ferroviária Nacional, o sistema é «partilhado entre os operadores e a REFER e permite assegu-rar elevadíssimos níveis de segurança de circulação, garantindo o cumprimento da sinalização e da velocidade autorizada de circulação pelos comboios», cita a Lusa.

O equipamento consiste na colocação de balizas (emissores) na via-férrea, que transmitem informação ao comboio, no qual estão instaladas antenas que leem a informação das balizas e a transmitem a um microprocessador.

Depois, o microprocessador passa a informação recolhida para um painel situ-ado na cabina de condução e faz atuar o sistema de travagem, se necessário.

Nas linhas ferroviárias portuguesas existem vários locais onde, num curto

acidente semelhante ao de Espanha. A pri-meira razão é porque a CP não dispõe de muitos comboios que circulem a 190 km/hora, só os Alfa Pendulares e os Intercida-des é que circulam a essa velocidade. Uma outra razão deve-se a existência do siste-ma Convel (Controlo de Velocidade, que monitoriza o andamento da composição, impedindo-a de circular a uma velocidade superior à permitida em cada momento.

A REFER especificou que a Linha do Norte - que liga Lisboa ao Porto - é uma das que está equipada com o Controlo Automático de Velocidade.

A maior parte do sistema de segurança das linhas ferroviárias portugueses está ao nível do melhor que existe no mundo, refe-rem os responsáveis e especialistas. Mas, ao mesmo tempo, tem também um dos mais obsoletos.

Rede ferroviária portuguesa é segura?

Técnico espaço de tempo, o maquinista também é obrigado a reduzir a velocidade de 200 para 80 km/hora. Na linha do Norte, que não foi totalmente modernizada, alterna troços que são ideais em modernidade da via com outros mais desgastados, em que se tem de circular mais devagar. Numa viagem entre Lisboa e o Porto há pontos em que se cir-cula abaixo dos 100 km/hora e outros onde a velocidade é de 220 km/hora.

Convel substitui maquinistaAo contrário do ASFA espanhol, o

Convel português “seguro” o comboio e obriga-o a respeitar a curva de frenagem, se o maquinista se distrair. Em situações de emergência o Convel substitui-se ao maquinista e faz parar a composição em plena via numa frenagem de emergência, se este não reduzir a velocidade por forma a entrar na secção seguinte de acordo com o limite estabelecido.

O sistema português é considerado um dos melhores em termos de segurança no tráfego rodoviário a nível mundial. Tal deve-se ao facto de Portugal só ter come-çado a modernizar as suas linhas nos anos 90, adquirindo a tecnologia mais impor-tante da época e que ainda hoje é mais avançado do que o sistema alemão, inglês, espanhol ou suíço.

Por exemplo, o choque frontal entre dois comboios na Suíça que ocorreu na semana passada não teria sido possível naquelas condições em Portugal, porque o Convel não deixaria que um dos comboios saísse da estação sem o outro chegar.

Mas ainda existe uma parte da rede ferroviária que ainda não foi modernizada e cuja exploração continua dependente do cantonamento telefónico - um sistema no qual o chefe da estação telefona para a esta-ção seguinte a pedir o avanço do comboio.

Neste caso, a circulação ferroviária está inteiramente dependente de meios humanos. A segurança é reforçada com um conjunto de procedimentos redundan-tes que os agentes da Refer têm de cum-prir e que se destinam a evitar erros. Há ainda a supervisão de um posto regulador em Lisboa ou no Porto.

Na história recente, só dois acidentes ferroviários foram provocados por uma falha humana - Alcafache, em 1985, e Lou-sã, em 2002 -, em que duas composições chocaram de frente em via única.

Ainda permanecem por modernizar as

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linhas do Minho, do Douro, do Oeste e par-te das do Algarve e do Alentejo. A Refer tenciona concorrer a fundos comunitários para eletrificar e colocar sinalização auto-mática nalgumas delas.

Causa do acidente levanta dúvidasNuma altura em que vai ganhando for-

ça a hipótese de excesso de velocidade, como causa deste acidente, Jesus Garcia, presidente do sindicato ferroviário espa-nhol, disse à rádio espanhola Cadena Ser que se o sistema de segurança tivesse funcionado, o comboio, mesmo que fosse depressa de mais, tinha sido travado.

Um dos maquinistas do comboio que descarrilou perto de Santiago de Compos-tela é o primeiro suspeito da investigação judicial que está a decorrer. Em defesa do maquinista saiu, entretanto, o Colégio de Engenheiros Ferroviários que veio dizer que está quase descartada a hipótese de erro humano uma vez que foram ativados os mecanismos de segurança, que fazem parte dos comboios de alta velocidade.

Também o presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), António Medeiros adiantou que Espanha é um país «muito avançado no transporte ferroviá-rio», pelo que admitiu ter dúvidas de «que a velocidade, só por si, tenha provocado o descarrilamento» do comboio em Santia-

tência deste sistema naquela via “ajudou” à tragédia, pois se estivesse em funciona-mento não permitiria aumentar a velocida-de da composição.

Segundo informação disponibilizada na página oficial da Adif - empresa públi-ca espanhola responsável pela gestão da infraestrutura ferroviária -, e consultada pela agência Lusa, o Sistema Europeu de Gestão de Tráfego (ERTMS) já está insta-lado em 1.786 quilómetros de linha férrea em Espanha.

A linha de alta velocidade entre Madrid--Saragoça-Barcelona, com 621 quilóme-tros de extensão, segundo a Adif, é a de “maior longitude” em todo o mundo que funciona com o sistema ERTMS.

Na Galiza, os 87 quilómetros de alta velocidade estão equipados com este sis-tema de segurança. No entanto, o acidente de Santiago de Compostela deu-se num troço misto, operado também pelo serviço convencional e que não estava equipado com o ERTMS.

go de Compostela.«Houve mais alguma coisa que falhou

e deve haver outras causas ou anomalias que, todas em conjunto, provocaram este acidente», salientou à Lusa o presidente do sindicato dos maquinistas portugueses.

Faltava sistema automáticoA inexistência de um sistema automá-

tico de limitação de velocidade ferroviária em Santiago de Compostela terá contribuí-do para a tragédia que vitimou 80 pessoas, adianta o jornal “La Voz de Galicia”.

Acrescentam que se o sistema de segurança ERTMS - que controla de for-ma automática a velocidade em zonas com limitação - estivesse em funcional-mente naquele local, como acontece em outros troços ferroviários de Espanha, mesmo que o maquinista pretendesse ultrapassar a velocidade máxima não o conseguiria fazer.

Por isso, as mesmas fontes citadas pelo jornal galego admitem que a inexis-

A 32ª Concentração Internacional de Motos em Faro 2013, que decorreu no final de julho na zona de Vale das Almas, juntou 15 mil participantes, menos 5000 em comparação com 2012.

Durante os quatro dias de concentração de motos, a GNR registou 24 acidentes, dos quais resultaram a morte por despiste de dois homens, de 36 e 37 anos, e o feri-mento grave por colisão de três motociclistas. Os 153 autos foram passados pelas autoridades por excesso de álcool, falta de capacete protetor, ausência de seguro, manobras perigo-sas e irregularidade das matrículas.

A GNR teve um dispositivo para a regularização do trânsi-to e a manutenção da segurança junto à ilha de Faro. A ação incidiu sobre o uso de capacetes de proteção, manobras peri-gosas e excesso de álcool.

Mais de mil voluntários estiveram envolvidos no apoio à organização do evento organizado pelo Moto Clube de Faro. O hospital de campanha contou com 42 médicos, 55 enfermei-ros e cem socorristas, a maioria pertencem à Cruz Vermelha portuguesa. Os clínicos envolvidos abrangeram várias espe-cialidades, como cirurgia, medicina interna, gastroenterolo-gia, pneumologia e nefrologia.

Quatro ambulâncias, duas das quais destacadas no recinto onde se real izou o evento e as outras no Hospital de Faro, encontravam-se de prevenção. A essas viaturas juntou-se uma moto 4 de intervenção rápida no terreno com todo o equipa-mento de suporte básico de vida.

Notícia

Dois mortos na concentração motard em Faro

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Zé Baril

O Zé Baril, Mestre da Proteção Civil, vol-tou pela segunda vez à Golegã, para mais uma iniciati-va junto dos mais pequenos. Desta feita, a mascote da

Associação Nacional de Bombeiros Pro-fissionais esteve no campo de férias da Câmara Municipal da Golegã, no dias 2 de agosto.

Zé Baril na Golegã

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