presidenciáveis condicionam novo pacto federativo à volta do ... · guilherme afif domingues, do...

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A reportagem da Coluna Pelo Estado ouviu todos os pré-candidatos à presidência da República que estiveram em Santa Catarina, na semana passada, a convite da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), para participarem do Congresso de Prefeitos e Prefeitas. Talvez tenha sido a primeira vez que o estado recebeu, em um só dia, tantos presidenciáveis. Faltaram nomes que a mídia ajudou a conso- lidar, como o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro, do PSL-RJ, e a senadora acreana Marina Silva, da Rede. O senador parana- ense Álvaro Dias, do Podemos, tinha confirmado presença, mas optou por permanecer em Brasília por conta da pauta de votações. E o ex-ministro Guilherme Afif Domingues, do PSD-SP, que chegou a ser anunciado como participante, não compareceu. Mas quem veio deu seu recado para um público formado por cerca de 2,3 mil gestores públicos, das mais diferentes áreas. Nos textos abaixo, um pouco do que eles pensam. Presidenciáveis condicionam novo pacto federativo à volta do crescimento econômico ProjetoEleições2018 Por Andréa Leonora Fotos: Flickr Fecam [email protected] Geraldo Alckmin, PSDB Flávio Rocha, PRB Henrique Meirelles, MDB Aldo Rebelo, SD Emídio Souza, PT (Lula) João Amoêdo, Novo João Goulart Fº, PPL Ciro Gomes, PDT Eficiência “O extremis- mo não é o caminho, mas o descami- nho. Não é à bala que nós vamos melho- rar a Saúde, fazer creches ou fazer conquistar mercados no mundo. O caminho é o da desburocratização, da eficiência do Estado, que é grande demais e se consome em si.” Reforma política - “Eu defendo o voto distrital ou distrital misto. E ter menos partidos. Até a semana passada eram 19 os pré-candidatos à presidên- cia da República e estamos com 35 partidos registrados. A reforma políti- ca é necessária.” PSDB-SC - “Sou homem da federação. Delego autonomia. Os companheiros de Santa Catarina vão ver o melhor caminho para construir uma boa aliança para servir ao povo. Precisamos resgatar a boa política!” Modelo “Santa Catarina também tem proble- mas, mas os enfrenta de forma muito peculiar, positiva- mente e exemplarmente para o Brasil. É o único estado que não concentrou sua população em uma cidade só, é o único estado em que a maior cidade não é a capital, o que vale também para a lógica de desconcentração do poder econômico. Com diversificou a propriedade rural e permite um associativismo com adensa- mento tecnológico e acesso ao mercado que só aqui se vê.” Vice – “Do mercado financeiro é que não vem!” Fenômeno Bolsonaro - “Quando a popu- lação conhecê-lo bem, ficará claro que só restará para ele o fascismo. E o fascismo é um câncer que a humanidade tem que combater com grande intransigência.” Entreguismo “Vivemos em um país que está sendo entregue aos grandes oli- gopólios, às grandes mul- tinacionais. Estamos perdendo nossa soberania na extração e refino do nosso petróleo, nos minérios estratégicos, e até na esperança do povo brasileiro. Temos que reconquistar esses sonhos e devolver o país a quem ele real- mente pertence: a todos os brasileiros e não apenas ao mercado financeiro.” Diferenças – “Foi criado um Fundo Elei- toral de R$ 1,7 bilhão ao qual os partidos ideológicos sem representação parlamen- tar não têm acesso para financiar suas campanhas. É uma luta de Davi contra Golias.” Malas de dinheiro – “Nós temos patrimô- nio. E nosso patrimônio não são malas ro- lando pelas ruas cheias de dinheiro. Nosso patrimônio é histórico e de resistência.” Reforma “A nova previdência será mais justa. Hoje, os 20% mais pobres não conseguem completar 35 anos de contribuição e só se aposentam aos 65. Os que se aposentam mais jovens são os que ganham mais, que conseguem contribuir os 35 anos com carteira assinada, como autônomo ou como empresário.” Municípios – “A força municipalista está relacionada com o espírito das pessoas de Santa Catarina, estado de gente traba- lhadora e de empreendedores. As autori- dades municipais estão mais próximas da população. Antes de pertencer a um país as pessoas pertencem a uma cidade.” Economia – “Um país é como o corpo humano. E a economia é o coração. Se o coração não vai bem, o sangue não chega. Se a economia não vai bem, faltam recur- sos para saúde, educação, segurança...” Desigualdade “Milhares de escolas pú- blicas do país não têm água ou energia elétrica, e são multiclasse. Enquanto tem escola privada de excepcional qualidade. O que estamos prometendo de democracia?” Brasil não mudou – “Teve um momento que o Brasil viveu quatro guerras civis simultâneas, no Rio Grande do Sul, na Bahia, no Maranhão e no Pará. Nós con- tornamos esta situação, chegamos à Re- pública, passamos por 1930, passamos por 1964. A democracia brasileira é submetida a provas muito duras. Se sobreviver signi- fica que é uma democracia forte.” Congresso – “Podem se preparar: vai ser a mais baixa renovação da história recente do Congresso. Vai ficar em torno de 20%. Mas, como dizia Teotônio Vilela, o barro é esse. Quem quiser governar com um Congresso da Suíça, que vá pra lá!” Momento “O país não pode conti- nuar apenas no rumo dos cortes de investimentos e políticas sociais que estão des- truindo nosso presente e nosso futuro.” Santa Catarina – “Eu sei que vocês têm uma economia forte e diversificada, com indústria, agropecuária e turismo. Uma história menos marcada pela desigualdade e pelo analfabetismo que outros estados. Eu sei que o desemprego é o mais baixo do Brasil. Mas sabemos que vocês não estão isolados da crise que afeta o país.” Reitor da UFSC – “A morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo não foi suicídio, foi um assassinato. Mataram sua reputação, sua história, sua dedicação de décadas à universidade pública. Ele não resistiu a esse linchamento da mídia, de acusações falsas contra sua honra.” Estado “Governo tem que atuar em Saúde, Edu- cação, Segu- rança e ponto. Não tem que administrar posto de gasolina, ins- tituição financeira, correspondência. Tem que buscar gestão eficiente, com menos burocracia, mais tecnologia e pessoas de boa qualidade.” Princípios do Novo – “Acreditamos na renovação. O Novo é o único partido do Brasil que não usa dinheiro público. Estamos focados no corte de privilégios. Não faremos coligação por tempo de TV. Só assim teremos uma política nova.” Dever do cidadão – “É preciso alertar o cidadão que o Congresso é eleito por nós. Se nós queremos mudanças, devemos participar mais ativamente do sistema. É fundamental promover uma renovação com pessoas que pensem diferente das que estão lá.” Traição “O consti- tuinte de 1988 foi traído. A Constituição é municipa- lista. Mas houve um golpe contra o município e, consequentemente, contra o cidadão. Vamos redesenhar esse pacto federativo fazendo com que haja mais musculatura no atendimento direto ao cidadão e menos peso morto em Brasília, que é como um membro com gangrena que se apropria de quase 70% do povo tributário.” Capital e trabalho – “Não existe esse con- flito, hoje. O conflito é entre quem produz e que parasita. Quem produz são os tra- balhadores, empreendedores e municípios. Na conjuntura atual, o carrapato ficou maior do que o boi.” Herança de Temer – “Um Estado des- gastado. Se as reformas tivessem sido aprovadas o cenário seria outro.”

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A reportagem da Coluna Pelo Estado ouviu todos os pré-candidatos à presidência da República que estiveram em Santa Catarina, na semana passada, a convite da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), para participarem do Congresso de Prefeitos e Prefeitas. Talvez tenha sido a primeira vez que o estado recebeu, em um só dia, tantos presidenciáveis. Faltaram nomes que a mídia ajudou a conso-

lidar, como o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro, do PSL-RJ, e a senadora acreana Marina Silva, da Rede. O senador parana-ense Álvaro Dias, do Podemos, tinha confirmado presença, mas optou por permanecer em Brasília por conta da pauta de votações. E o ex-ministro Guilherme Afif Domingues, do PSD-SP, que chegou a ser anunciado como participante, não compareceu. Mas quem veio deu seu recado para um público formado por cerca de 2,3 mil gestores públicos, das mais diferentes áreas. Nos textos abaixo, um pouco do que eles pensam.

Presidenciáveis condicionam novo pacto federativo à volta do crescimento econômico

ProjetoEleições2018

Por Andréa LeonoraFotos: Flickr [email protected]

Geraldo Alckmin, PSDB

Flávio Rocha, PRBHenrique Meirelles, MDB

Aldo Rebelo, SDEmídio Souza, PT (Lula)João Amoêdo, Novo

João Goulart Fº, PPL Ciro Gomes, PDT

Eficiência“O extremis-mo não é o caminho, mas o descami-nho. Não é à bala que nós vamos melho-rar a Saúde, fazer creches ou fazer conquistar mercados no mundo . O caminho é o da desburocratização, da eficiência do Estado, que é grande demais e se consome em si.”

Reforma política - “Eu defendo o voto distrital ou distrital misto. E ter menos partidos. Até a semana passada eram 19 os pré-candidatos à presidên-cia da República e estamos com 35 partidos registrados. A reforma políti-ca é necessária.”

PSDB-SC - “Sou homem da federação. Delego autonomia. Os companheiros de Santa Catarina vão ver o melhor caminho para construir uma boa aliança para servir ao povo. Precisamos resgatar a boa política!”

Modelo“Santa Catarina também tem proble-mas, mas os enfrenta de forma muito peculiar, positiva-mente e exemplarmente para o Brasil. É o único estado que não concentrou sua população em uma cidade só, é o único estado em que a maior cidade não é a capital, o que vale também para a lógica de desconcentração do poder econômico. Com diversificou a propriedade rural e permite um associativismo com adensa-mento tecnológico e acesso ao mercado que só aqui se vê.”

Vice – “Do mercado financeiro é que não vem!”

Fenômeno Bolsonaro - “Quando a popu-lação conhecê-lo bem, ficará claro que só restará para ele o fascismo. E o fascismo é um câncer que a humanidade tem que combater com grande intransigência.”

Entreguismo“Vivemos em um país que está sendo entregue aos grandes oli-gopólios, às grandes mul-tinacionais. Estamos perdendo nossa soberania na extração e refino do nosso petróleo, nos minérios estratégicos, e até na esperança do povo brasileiro. Temos que reconquistar esses sonhos e devolver o país a quem ele real-mente pertence: a todos os brasileiros e não apenas ao mercado financeiro.”

Diferenças – “Foi criado um Fundo Elei-toral de R$ 1,7 bilhão ao qual os partidos ideológicos sem representação parlamen-tar não têm acesso para financiar suas campanhas. É uma luta de Davi contra Golias.”

Malas de dinheiro – “Nós temos patrimô-nio. E nosso patrimônio não são malas ro-lando pelas ruas cheias de dinheiro. Nosso patrimônio é histórico e de resistência.”

Reforma“A nova previdência será mais justa. Hoje, os 20% mais pobres não conseguem completar 35 anos de contribuição e só se aposentam aos 65. Os que se aposentam mais jovens são os que ganham mais, que conseguem contribuir os 35 anos com carteira assinada, como autônomo ou como empresário.”

Municípios – “A força municipalista está relacionada com o espírito das pessoas de Santa Catarina, estado de gente traba-lhadora e de empreendedores. As autori-dades municipais estão mais próximas da população. Antes de pertencer a um país as pessoas pertencem a uma cidade.”

Economia – “Um país é como o corpo humano. E a economia é o coração. Se o coração não vai bem, o sangue não chega. Se a economia não vai bem, faltam recur-sos para saúde, educação, segurança...”

Desigualdade“Milhares de escolas pú-blicas do país não têm água ou energia elétrica, e são multiclasse. Enquanto tem escola privada de excepcional qualidade. O que estamos prometendo de democracia?”

Brasil não mudou – “Teve um momento que o Brasil viveu quatro guerras civis simultâneas, no Rio Grande do Sul, na Bahia, no Maranhão e no Pará. Nós con-tornamos esta situação, chegamos à Re-pública, passamos por 1930, passamos por 1964. A democracia brasileira é submetida a provas muito duras. Se sobreviver signi-fica que é uma democracia forte.” Congresso – “Podem se preparar: vai ser a mais baixa renovação da história recente do Congresso. Vai ficar em torno de 20%. Mas, como dizia Teotônio Vilela, o barro é esse. Quem quiser governar com um Congresso da Suíça, que vá pra lá!”

Momento “O país não pode conti-nuar apenas no rumo dos cortes de investimentos e políticas sociais que estão des-truindo nosso presente e nosso futuro.”

Santa Catarina – “Eu sei que vocês têm uma economia forte e diversificada, com indústria, agropecuária e turismo. Uma história menos marcada pela desigualdade e pelo analfabetismo que outros estados. Eu sei que o desemprego é o mais baixo do Brasil. Mas sabemos que vocês não estão isolados da crise que afeta o país.”

Reitor da UFSC – “A morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo não foi suicídio, foi um assassinato. Mataram sua reputação, sua história, sua dedicação de décadas à universidade pública. Ele não resistiu a esse linchamento da mídia, de acusações falsas contra sua honra.”

Estado“Governo tem que atuar em Saúde, Edu-cação, Segu-rança e ponto. Não tem que administrar posto de gasolina, ins-tituição financeira, correspondência. Tem que buscar gestão eficiente, com menos burocracia, mais tecnologia e pessoas de boa qualidade.”

Princípios do Novo – “Acreditamos na renovação. O Novo é o único partido do Brasil que não usa dinheiro público. Estamos focados no corte de privilégios. Não faremos coligação por tempo de TV. Só assim teremos uma política nova.”

Dever do cidadão – “É preciso alertar o cidadão que o Congresso é eleito por nós. Se nós queremos mudanças, devemos participar mais ativamente do sistema. É fundamental promover uma renovação com pessoas que pensem diferente das que estão lá.”

Traição“O consti-tuinte de 1988 foi traído. A Constituição é municipa-lista. Mas houve um golpe contra o município e, consequentemente, contra o cidadão. Vamos redesenhar esse pacto federativo fazendo com que haja mais musculatura no atendimento direto ao cidadão e menos peso morto em Brasília, que é como um membro com gangrena que se apropria de quase 70% do povo tributário.”

Capital e trabalho – “Não existe esse con-flito, hoje. O conflito é entre quem produz e que parasita. Quem produz são os tra-balhadores, empreendedores e municípios. Na conjuntura atual, o carrapato ficou maior do que o boi.”

Herança de Temer – “Um Estado des-gastado. Se as reformas tivessem sido aprovadas o cenário seria outro.”