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PREPARO PARA APOSENTADORIA E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA Janeiro 2017

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PREPARO PARA APOSENTADORIA E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Janeiro 2017

INTRODUÇÃO

Brasileiro reconhece a importância de pensar sobre aposentadoria, mas quatro em cada dez não se preparam. Maioria desaprova mudanças propostas na Reforma da Previdência

O Brasil está diante de um desafio de enormes proporções. De acordo com o Ministério da Fazenda, o déficit do INSS em 2016 será de R$ 149,2 bilhões, podendo ultrapassar os R$ 180 bilhões em 2017. Nesse ritmo, não será nenhuma surpresa verificar o colapso do sistema previdenciário em um horizonte não tão longo de tempo, ainda mais considerando as mudanças no perfil demográfico do país, já que a população brasileira está envelhecendo. Dados do IBGE mostram que a expectativa de vida vem crescendo ano a ano, e passou de 62,5 anos em 1980, para 69,8 no ano 2000 e, agora, 75,5 anos segundo a última publicação do órgão, relativa a 2015. A estimativa é de que em 2030 haja 41,5 milhões de idosos no país, correspondendo a algo em torno de um em cada cinco brasileiros. Dessa forma, cada vez mais pessoas tem dependido da União para se sustentar quando chega a hora de parar de trabalhar, e isso deve continuar acontecendo nos anos futuros. Independente de opiniões contrárias ou favoráveis à Reforma da Previdência, o fato é que a sociedade civil, as instituições e as lideranças políticas sabem ser imprescindível discutir a questão, que diz respeito a todos os brasileiros: jovens, adultos e idosos.

A pesquisa de opinião dos brasileiros sobre “O Preparo para a Aposentadoria e a Reforma da Previdência”, conduzida pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, volta as atenções para este tema, buscando compreender a percepção dos entrevistados sobre as atitudes tomadas, ou não, para aposentar-se, além da percepção sobe a reforma da Previdência. São investigadas as motivações para a aposentadoria, os mecanismos mais frequentemente adotados, as razões alegadas por aqueles que não se preparam e o grau de aprovação ou desaprovação em relação à Reforma, dentre outras questões.

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PREPARO PARA A APOSENTADORIA

38% não se preparam. Dentre os que se preparam, INSS pago pela empresa é a maneira mais comum

Se planejar para o futuro é fundamental para assegurar a manutenção de um padrão de vida compatível com aquele que a pessoa tem hoje, quando ela não puder ou não quiser mais trabalhar. Seja por meio do INSS, constituindo uma reserva financeira ou recorrendo à previdência privada, todos precisam, mais dia, menos dia, refletir sobre a aposentadoria.

No entanto, muitos brasileiros estão deixando o assunto de lado. A pesquisa revela que a forma mais comum de preparo para a aposentadoria é o pagamento do INSS pela empresa (34,6%). Quando desconsideramos os entrevistados que se preparam apenas dessa forma, 52,2% admitem não se preparar para esse momento da vida, principalmente as mulheres (58,9%) e os pertencentes à Classe C/D/E (56,7%). Por outro lado, 47,8% garantem se preparar, aumentando para 55,3% entre os homens, 65,1% entre os consumidores das classes A/B e 78,8% entre aqueles com mais de 55 anos. Dentre esses, a forma mais comum é o INSS pago de maneira autônoma (17,5%, aumentando para 46,0% entre os mais velhos), seguido pela aplicação em poupança (14,8%) e previdência privada (11,5%, aumentando para 25,6% na Classe A/B).

Vale notar que o INSS pago pela empresa é uma providência que não exige a intervenção direta do trabalhador. Por outro lado, quando a iniciativa depende dele, como no caso do INSS pago de forma autônoma, por exemplo, os percentuais são significativamente menores. Assim, percebe-se que poucos se preocupam em constituir uma reserva complementar e, geralmente, as pessoas preferem confiar nas ações da empresa onde trabalham.

VOCÊ SE PREPARA PARA A APOSENTADORIA?

RESPOSTAS GERAL

Sim, me preparo de alguma forma 47,8%

Sim, pago INSS de maneira autônoma 17,5%

Sim, aplicação em poupança 14,8%

Sim, pago previdência privada 11,5%

Sim, investimento em imóveis 6,7%

Sim, aplicação em investimentos 6,1%

Sim, investimento em tesouro direto 3,3%

Sim, outro 3,2%

Não me preparo 52,2%

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Para aqueles que admitem não se preparar, a principal justificativa é o fato de que nunca sobrar dinheiro (34,3%), seguida dos que alegam ser muito cedo para pensar nisso (20,2%, aumentando para 27,1% entre os homens) e dos que dizem não saber como fazer (16,2%).

De acordo com o educador financeiro do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, o equívoco maior daqueles que não tomam nenhuma atitude é imaginar que se trata de algo inacessível, restrito apenas aos que têm um bom salário: “Preparar-se para a aposentadoria requer disciplina e foco no futuro, para fazer os depósitos mensalmente. Se a pessoa ganha pouco, então começará o preparo guardando uma pequena quantia, compatível com sua realidade financeira. A longo prazo, esta reserva terá quantias mais substanciais, e aos poucos, à medida que a renda crescer, ela poderá aumentar esse valor. E para os que dizem não saber como fazer, é preciso lembrar que a internet está cheia de bons sites e blogs ensinando o passo a passo, explicando conceitos básicos e fornecendo dicas sobre o tema”.

Para os que disseram se preparar por conta própria, a principal motivação é o fato de sempre ter sido uma pessoa precavida (21,0%). Outros 19,8% dizem ter visto o exemplo próximo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria (aumentando para 27,0% entre os homens), enquanto 16,8% garantem ter feito a preparação de forma intuitiva, e não tiveram orientação ou buscaram informações.

Em média, aqueles que se preparam o fazem há 7,7 anos, sendo que 16,1% da amostra admitem menos de um ano de preparação, principalmente os mais jovens (39,8%). Outros 25,8% se preparam por um período que vai de 01 a 05 anos, enquanto 14,4% mencionam 05 a 10 anos.

Mais da metade dos entrevistados que se preparam garante fazer reservas ou investimentos para a aposentadoria todos os meses (55,0%, aumentando para 60,2% na Classe C/D/E), ao passo em que 14,8% o fazem geralmente a cada dois ou três meses (aumentando para 19,3% entre os homens). Já a média anual é de 10,1 meses.

55% dos que se preparam

garantem fazer reservas ou investimentos

para a aposentadoria todos os meses

De modo geral, nove entre dez pessoas ouvidas na pesquisa acreditam que os brasileiros devem pensar na aposentadoria (95,3%, chegando a 100% entre os mais velhos e 99,2% na Classe A/B). Dentre esses, o argumento mais mencionado é o fato de que se as pessoas não se preocuparem, poderão depender de terceiros na velhice (32,5%, aumentando para 39,1% entre as mulheres e 34,8% na Classe C/D/E). Outros 21,8% argumentam que o teto da Previdência Social não é alto, então é preciso pensar em como complementar a renda (aumentando para 31,0% na Classe A/B), enquanto 21,5% acreditam que caso não pensem, podem ter um padrão de vida inferior na aposentadoria quando comparado ao padrão atual (aumentando para 28,9% entre os homens, 29,2% entre os mais velhos e 30,4% na Classe A/B).

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NÃO

Mais da metade dos brasileiros que têm ciência da Reforma Previdenciária a desaprovam; mesmo com as propostas em discussão, 60% não mudaram sua forma de agir em relação à aposentadoria

Considerando a Reforma da Previdência, a pesquisa mostra que 55,9% dos entrevistados têm acompanhado de alguma maneira a discussão sobre as propostas, sobretudo os homens (63,3%), os mais velhos (79,9%) e os que pertencem à Classe A/B (77,5%). Apenas 19,0% garantem estar acompanhado tudo (aumentando para 31,4% entre os mais velhos). Em contrapartida, 38,5% admitem que não estão acompanhando as discussões sobre a Reforma da Previdência, sobretudo as mulheres (44,4%), os mais jovens (51,9%) e os pertencentes à Classe C/D/E (43,3%).

TEM ACOMPANHADO A DISCUSSÃO SOBRE AS PROPOSTAS PARA REFORMA DA PREVIDÊNCIA?

SIM 55,9%

36,9%

19,0%

30,7%

7,8%

38,5%

Sim, estou acompanhando em parte

Não estou acompanhando, mas já ouvi falar

Sim, estou acompanhando tudo

Não sabia, fiquei sabendo agora

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Mais da metade das pessoas ouvidas na pesquisa, que têm ciência da Reforma da Previdenciária, a desaprovam (53,8%), principalmente as mulheres (60,1%), os entrevistados na faixa etária de 35 a 54 anos (63,2%) e os pertencentes à Classe C/D/E (58,9%). Outros 19,6% afirmam aprovar a Reforma, com percentuais maiores entre os homens (27,0%), os mais velhos (35,9%) e os que pertencem à Classe A/B (39,8%). Vale destacar que 26,6% disseram não saber/preferiram não responder (aumentando para 34,5% entre os mais jovens).

Para aqueles que aprovam a Reforma, o principal argumento é o número de pessoas mais velhas crescendo e o de jovens diminuindo a cada ano e, se estas medidas não forem realizadas, a previdência não conseguirá se sustentar a longo prazo, prejudicando quem se aposentará futuramente (50,0%). Ao mesmo tempo, outros 17,6% dizem que a reforma tornará o sistema mais justo, eliminando as diferenças entre funcionários da iniciativa privada e públicos, enquanto 12,8% pensam que as pessoas estão vivendo mais tempo e com mais saúde, conseguindo trabalhar e ser produtivas por mais tempo.

Entre os que desaprovam a Reforma, 28,3% argumentam que depois de tantos anos trabalhando, a pessoa merece aposentar cedo para ter um tempo de descanso – aumentando para 33,8% entre as mulheres. Além desses, outros 25,4% acreditam que a Reforma vai acabar com o fator previdenciário, que prejudica quem trabalhou mais do que 30 ou 35 anos, enquanto 16,5% afirmam que os impostos arrecadados são suficientes para garantir a sustentabilidade da Previdência Social (aumentando para 22,7% entre os homens).

APROVAM DESAPROVAM

REFORMA DA PREVIDÊNCIA*

MOTIVOS

O número de pessoas mais velhas está crescendo e o de jovens diminuindo a

cada ano e, se estas medidas não forem realizadas, a previdência não conseguirá se sustentar a longo prazo, prejudicando

quem se aposentará futuramente

A reforma tornará o sistema mais justo, eliminando as

diferenças entre funcionários da iniciativa privada

e públicos

As pessoas estão vivendo mais tempo e com mais

saúde, conseguindo trabalhar e ser produtivas

por mais tempo

Depois de tantos anos trabalhando, a pessoa merece aposentar cedo para ter um tempo de descanso

A reforma vai acabar com o fator previdenciário, que prejudica quem trabalhou mais do que 30 ou 35 anos

Os impostos arrecadados são suficientes para garantir a sustentabilidade da Previdência Social

50,0%

19,6% 53,8%

28,3%

17,6% 25,4%

12,8% 16,5%

*Entre aqueles que já ouviram falar da reforma da previdência

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Considerando as propostas de reforma que estão sendo discutidas atualmente, seis em cada dez pessoas ouvidas (60,4%) garantem que não modificaram sua forma de agir com relação a seu preparo para a aposentadoria, sobretudo por que ainda não refletiram a respeito (27,5%). Por outro lado, 39,6% afirmam ter mudado a forma de agir. Neste caso, a maior parte reforçou a importância que já dava para o planejamento da aposentadoria (20,2%, aumentando para 26,8% na Classe A/B).

Finalmente, de acordo com os entrevistados, a média de idade considerada adequada para aposentar-se é aos 57,5 anos, com resultados maiores observados entre os homens (58,0), os mais velhos (60,2) e os que pertencem à Classe A/B (59,3).

A reforma da previdência é um tema polêmico, mas que não pode ser tratado como tabu. O aumento da expectativa de vida resulta em um número cada vez maior de beneficiários recebendo recursos, e por mais tempo, o que faz com que os custos com o benefício se tornem onerosos, elevando-se muito acima das arrecadações. Em linhas gerais, a proposta em discussão pública fixa uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria a valer para homens e mulheres, tanto da iniciativa privada quanto do setor público. Trabalhadores com idade acima de 50 anos seriam submetidos a um regime de transição. A proposta ainda não foi formalizada pelo governo e poderá sofrer alterações até que passe pelo crivo do Congresso. A evolução da situação demográfica brasileira e o orçamento deficitário público agravado nos últimos anos já influenciam a opinião pública de que o Brasil terá de fazer mudanças profundas. Tornar o sistema previdenciário do país sustentável, equilibrando o déficit entre as despesas e a arrecadação, é essencial para sua manutenção no longo prazo.

Considerando as propostas de reforma

que estão sendo discutidas atualmente,

60,4% garantem que não modificaram sua

forma de agir com relação a seu preparo para a aposentadoria

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CONCLUSÕES

»» 38,3% admitem não se preparar para a aposentadoria. Entre os mais velhos, o número cai para 17,9%.

»» 61,7% garantem se preparar. Dentre esses, a forma mais comum é o INSS pago pela empresa (34,6%), seguido pelo INSS pago de maneira autônoma (12,8%), pela aplicação em poupança (10,9%) e previdência privada (8,4%).

»» Para os que disseram se preparar por conta própria, a principal motivação é o fato de sempre ter sido uma pessoa precavida (21,0%). Outros 19,8% dizem ter visto o exemplo próximo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria, enquanto 16,8% garantem ter feito a preparação de forma intuitiva, e portanto não tiveram orientação ou buscaram informações.

»» Em média, aqueles que se preparam o fazem há 7,7 anos, sendo que 16,1% da amostra admitem menos de um ano de preparação.

»» 25,8% se preparam por um período que vai de 01 a 05 anos, enquanto 14,4% mencionam 05 a 10 anos.

»» 55,0% dos que se preparam garante fazer reservas ou investimentos para a aposentadoria todos os meses; 14,8% o fazem geralmente a cada dois ou três meses. A média anual é de 10,1 meses.

»» Para aqueles que admitem não se preparar, a principal justificativa é o fato de nunca sobrar dinheiro (34,3%), seguida dos que alegam ser cedo para pensar nisso (20,2%) e dos que dizem não saber como fazer (16,2%).

»» Considerando a Reforma da Previdência, a pesquisa mostra que 55,9% dos entrevistados têm acompanhado a discussão sobre as propostas. Dentre esses, apenas 19,0% garantem estar acompanhado tudo

»» 38,5% admitem que não estão acompanhando as discussões sobre a Reforma da Previdência.

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»» 53,8% desaprovam a Reforma da Previdência. Outros 19,6% afirmam aprovar a Reforma; 26,6% disseram não saber/preferiram não responder.

»» Para aqueles que aprovam a Reforma, o principal argumento é o número de pessoas mais velhas crescendo e o de jovens diminuindo a cada ano e, se estas medidas não forem realizadas, a previdência não conseguirá se sustentar a longo prazo, prejudicando quem se aposentará futuramente (50,0%); 17,6% dizem que a reforma tornará o sistema mais justo, eliminando as diferenças entre funcionários da iniciativa privada e públicos; 12,8% pensam que as pessoas estão vivendo mais tempo e com mais saúde, conseguindo trabalhar e ser produtivas por mais tempo.

»» Entre os que desaprovam a Reforma, 28,3% argumentam que depois de tantos anos trabalhando, a pessoa merece aposentar cedo para ter um tempo de descanso; 25,4% acreditam que a Reforma vai acabar com o fator previdenciário, que prejudica quem trabalhou mais do que 30 ou 35 anos, enquanto 16,5% afirmam que os impostos arrecadados são suficientes para garantir a sustentabilidade da Previdência Social.

»» Considerando as propostas de reforma que estão sendo discutidas atualmente, 60,4% garantem que não modificaram sua forma de agir, sobretudo por que ainda não refletiram a respeito (27,5%).

»» 39,6% afirmam ter mudado a forma de agir. Neste caso, a maior parte reforçou a importância que dava para o planejamento da aposentadoria (20,2%).

»» 95,3% acreditam que os brasileiros devem pensar na aposentadoria. Dentre esses, o argumento mais mencionado é o fato de que se as pessoas não se preocuparem, poderão depender de terceiros na velhice (32,5%). Outros 21,8% argumentam que o teto da Previdência Social não é alto, então é preciso pensar em como complementar a renda, enquanto 21,5% acreditam que caso não pensem, podem ter um padrão de vida inferior na aposentadoria quando comparado ao padrão atual.

»» A média de idade considerada adequada para aposentar-se é aos 57,5 anos.

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METODOLOGIA

Público-alvo: residentes em todas as capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, ambos os sexos e todas as classes sociais.

Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada considerando sexo, idade, escolaridade, classe e região do país.

Tamanho amostral da pesquisa: 606 casos, gerando margem de erro no geral de 4,0 p.p para um intervalo de confiança a 95%.

Data de coleta dos dados: 16 a 23 de novembro de 2016.

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