preparação e caracterização de filmes finos de nb obtidos pelo processo … · preparação e...

67
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE FÍSICA DE SÃO CARLOS INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS ÉDER CÍCERO ADÃO SIMÊNCIO Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2 O 5 :Zr obtidos pelo processo sol-gel São Carlos São Paulo 2009

Upload: buixuyen

Post on 09-Feb-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE FÍSICA DE SÃO CARLOS

INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

ÉDER CÍCERO ADÃO SIMÊNCIO

Preparação e caracterização de filmes finos de Nb2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel

São Carlos −−−− São Paulo

2009

Page 2: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

2

Page 3: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

ÉDER CÍCERO ADÃO SIMÊNCIO Preparação e caracterização de filmes finos de Nb2O5:Zr

obtidos pelo processo sol-gel

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação Interunidades em Ciência e Engenharia de Materiais, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências e Engenharia de Materiais. Área de Concentração: Desenvolvimento, Caracterização e Aplicação de Materiais. Orientador: Profa. Dra. Agnieszka Joanna Pawlicka Maule

São Carlos −−−− São Paulo

2009

Page 4: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço de Biblioteca e Informação IFSC/USP

Simêncio, Éder Cicero Adão.

Preparação e caracterização de filmes deNb2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel / Éder Cícero Adão Simêncio; orientador Agnieszka Joanna Pawlicka Maule.-- São Carlos, 2009.

67 p.

Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Interunidades Ciência e Engenharia de Materiais. Área de Concentração:Desenvolvimento, Caracterização e Aplicação de Materiais) – Escola de Engenharia de São Carlos,Instituto de Física de São Carlos, Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo.

1. Sol-gel. 2. Filmes de Nb2O5:Zr . 3. Propriedades eletroquímicas. I. Título.

Page 5: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Este exemplar foi revisado e alterado em relação a versão original, sob a exclusiva responsabilidade do autor. São Carlos, 31 de Agosto de 2009. Éder Cícero Adão Simêncio

Page 6: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São
Page 7: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Dedico este trabalho a minha mãe

Bernadina e as minhas irmãs pelo

apoio que sempre me deram.

Page 8: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Agradecimentos

À Profa. Dra. Agnieszka Joanna Pawlicka Maule pela orientação, compreensão em

momentos adversos, disposição, incentivo, amizade e exemplo de conduta.

Aos Profs. Drs. Janete Harumi Yariwake, Salete Linhares Queiroz e Wagner Luiz

Polito, pelas conversas, disponibilidade e exemplos de ótimos professores.

À amiga Franciani Cássia Sentanin por sempre estar disposta a ajudar.

Ao amigo Felipe Silva de Miranda por toda colaboração na realização deste

trabalho.

Aos amigos do Grupo de Físico-Química Orgânica do IQSC em especial Lucas

Ponez da Mota (pela nossa jornada), Ritamara I. Mattos e Ellen Raphael.

À amiga Patrícia Brajato, pela convivência, horas de estudos e pela grande

amizade iniciada ainda na graduação.

Às amigas Érica Bortholin, Tatiana O. Lira e Maria Luiza Zeraik, pela amizade.

Ao amigo Alexsandro Nascimento por todo apoio, incentivo e amizade.

Às minhas irmãs Rosa e Eliete por serem exemplos de dignidade e acima de tudo

por todo amor.

À minha mãe Bernardina por ser um exemplo de vida, de mulher forte, batalhadora

e que sempre está ao meu lado em todos os momentos.

Aos meus sobrinhos Vanessa e Matheus.

Aos meus amigos da Academia Vibração, em especial: Márcio Daniel, Kellyn

Barbano, Lívia Gruli e Natália Domingues.

Ao serviço de Biblioteca e Informação do Instituto de Física de São Carlos, em

especial a Neusa, pelo carinho, pelas horas disponíveis, pela atenção e valiosas

correções.

À Fernanda Chiozzi por toda disposição e ajuda.

Ao CNPq pela bolsa concedida.

À Deus por estar sempre ao meu lado me dando força e saúde para alcançar meus

objetivos.

Page 9: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São
Page 10: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São
Page 11: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São
Page 12: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Resumo

Este trabalho apresenta resultados da preparação e caracterização de filmes

finos de pentóxido de nióbio [(Nb2O5) dopados com 0,5 e 1,0% em mol de

isopropóxido de zircônio (IV) Zr[O(CH2)2CH3]4], obtidos via processo sol-gel. A

adição do precursor dopante teve como finalidade melhorar as propriedades e o

desempenho eletroquímico destes filmes quando comparados a filmes de Nb2O5

puros. Os sóis destinados à deposição destes filmes foram preparados a partir da

mistura de pentacloreto de nióbio (NbCl5 anidro), n-butanol e ácido acético e sua

submissão à ação de irradiação ultrasônica. A obtenção das camadas delgadas de

Nb2O5:Zr, com diferentes espessuras (1 a 6 camadas), sobre um substrato de vidro

recoberto com camada condutora eletrônica (ITO – óxido de estanho dopado com

índio), fez-se pelo processo sol-gel juntamente com a técnica de imersão vertical

(“dip-coating”). Os filmes foram submetidos a um tratamento térmico entre 450ºC e

560ºC, em atmosfera de ar, por 5 e 10 minutos. O estudo efetuado revelou que estes

filmes finos de Nb2O5:Zr, apresentaram influência de concentração de zircônio,

número de camadas e tempo de tratamento térmico nas propriedades

eletroquímicas. As medidas de voltametria cíclica demonstraram que o processo de

inserção/extração é reversível, enquanto medidas cronoamperométricas,

demonstraram que o processo de intercalação atinge o seu valor máximo (35

mC/cm2) em 30s à -1,8V, para filmes dopados numa razão molar de 0,5% e com 5

camadas e tratamento térmico de 450°C por 10 minutos. Estes filmes também

apresentaram nas análises microscópicas por MEV uma morfologia muito uniforme,

lisa e sem rachaduras. Além disso, foi comprovada por análises EDX a presença de

zircônio nos filmes. Todos estes resultados mostraram que os filmes de Nb2O5:Zr

são promissores candidatos à substituir filmes de WO3 em aplicações

eletroquímicas.

Palavras-chaves: sol-gel; filmes de Nb2O5:Zr, propriedades eletroquímicas

Abstract

Page 13: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

This work consists on the preparation and characterization of niobium (V) oxide films

[(Nb2O5) doped with 0,5 and 1,0% in molar ratio zirconium (IV) isopropoxide

Zr[O(CH2)2CH3]4], obtained by sol-gel process. The main objective of dopant addition

was to improve the properties and electrochemical performance of these films when

compared with pure Nb2O5 films.. The sols used to deposition of these films were

prepared from the mixture of niobium (V) (NbCl5), butanol and acetic acid by

ultrasonic radiation action. The obtaining of the thin layers of Nb2O5:Zr with different

thick (from 1 to 6 layers), on a glass substrate recovered with conductor layer ( ITO –

tin-doped indium oxide) was carried out by sol - gel process and dip-coating

technique. The films were subjected to a thermal treatment between 450ºC and

560ºC, during some minutes in air atmosphere for 5 and 10 minutes. The study

performed showed that these thin films of Nb2O5:Zr, presented influence of zirconium

concentration, numbers of layers and time of thermal treatment on the

electrochemical properties. Measurements of cyclic voltammetry showed that the

process of insertion and extraction is reversible whereas the chronoamperometry

measurements showed the intercalation process has maximum values (35mC/cm2) in

30s at -1,8V for doped films in a molar ratio of 0,5% and with 5 layers and thermal

treatment of 450oC for 10 minutes. These films also presented in microscopic

analysis by SEM a morphology very consistent, smooth and without cracks. Besides,

it was proved by analysis by EDX the zirconium presence in these films. All these

results showed that the films of Nb2O5:Zr are promising application to replace films of

WO3 in electrochemical application.

Keywords: sol-gel; Nb2O5:Zr films; electrochromic properties.

Page 14: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Lista de Figuras

Figura 1 − Esquema ilustrativo do processo de gelatinização para sistemas coloidais.............................................................................................

19

Figura 2 − Esquema ilustrativo do processo de gelatinização para sistemas poliméricos.........................................................................................

20

Figura 3 − Fluxograma para preparação de filmes finos pelo processo sol-gel..

24

Figura 4 − Formação das ligações químicas entre o substrato e o filme............

24

Figura 5 − Etapas da técnica “dip-coating...........................................................

25

Figura 6 − Esquema de uma janela eletrocrômica..............................................

28

Figura 7 − Fluxograma da preparação dos sóis de nióbio dopados com Zr[O(CH2)2CH3]4 por meio do método sonocatalítico.........................

35

Figura 8 − Espectro no infravermelho do sol de pentóxido de nióbio puro (Nb2O5) e dopado com 1,0% em mol.................................................

42

Figura 9 − Evolução das estruturas cristalinas do composto Nb2O5 em função da temperatura...................................................................................

43

Figura 10 - Difratogramas de raio X para precipitados de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV).........................................

44

Figura 11 − Micrografia obtida por MEV do filme de Nb2O5:Zr com 5 camadas, submetido ao tratamento térmico de 450°C por 10 minutos – áreas distintas, (A) e (B); ampliação 5000x (A) e 10000x (B)...........

46

Figura 12 − Micrografia obtida por MEV do filme de Nb2O5:Zr com 5 camadas, tratamento térmico de 560°C por 10 minutos – áreas distintas, (A) e (B); ampliação 5000x (A) e 10000x (B)...........................................

47

Figura 13 − Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5 dopados a 0,5%, em mol de isopropóxido de zircônio (IV), com 2 camadas e calcinados à temperatura de 450ºC por 5 minutos, em atmosfera de ar...............

48

Figura 14 − Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5 dopados a 0,5%, em mol, de isopropóxido de zircônio (IV), com 5 camadas e calcinados à temperatura de 450ºC por 10 minutos, em atmosfera de ar..............

48

Page 15: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

Figura 15 − Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5 dopados a 1,0%, em mol, de isopropóxido de zircônio (IV), com 4 camadas e calcinados à temperatura de 560ºC por 10 minutos, em atmosfera de ar..............

49

Figura 16 − Voltamograma cíclico de filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 4 camadas depositadas no substrato (vidro re ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min.; eletrólito 0.1M LiClO4/PC (carbonato de propileno), velocidade de varredura de 100mV/s; intervalo de potenciais de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).........................................................

50

Figura 17 − Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas depositadas no substrato (vidro recoberto por camada condutora eletrônica de ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min.; eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag)............................................

52

Figura 18 − Densidades de cargas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV); -1,8V e +1,5V, 30s/30s com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos.........................................................

53

Figura 19 − Densidades de carga inserida e carga extraída de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV), entre os potenciais -1,8V e +1,5V (30s/30s) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos..............................................................................................

54

Figura 20 − Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas depositadas no substrato (vidro ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag)..

55

Figura 21 − Densidades de cargas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV), intervalo de 30 segundos entre os potenciais -1,8V e +1,5V com 1, 2, 3, 4,5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos...............................................................................................

56

Figura 22 − Densidades de carga inseridas e carga extraídas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV), entre os potenciais -1,8V e +1,5V (30s/30s) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6

Page 16: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

camadas, tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos...............................................................................................

57

Figura 23 − Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) e 5 camadas depositadas no substrato, com tratamento térmico inicial de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 e 10 min. Seguido de tratamento térmico final de 560ºC em atmosfera de ar por 5 e 10 min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag)..

58

Figura 24 − Densidades de cargas de filmes finos Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) e 5 camadas depositadas no substrato, com tratamento térmico inicial de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 e 10 min. Seguido de tratamento térmico final de 560ºC em atmosfera de ar por 5 e 10 min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag)..

59

Figura 25 − Densidade de cargas do 1° ao 300° ciclos para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V.....................................................................

60

Figura 26 − Densidade de cargas para ciclos voltamétricos de 1° a 300°; para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V.....................................................................

60

Figura 27 − Velocidades de varredura para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 10 à 500mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V..........

61

Sumário

Page 17: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO. .................................................................................18

1.1 Processo sol-gel. .................................................................................................18 1.1.1 Breve histórico. .................................................................................................18 1.1.2 Géis poliméricos e coloidais. ............................................................................19 1.1.3 Descrição química do processo sol-gel. ...........................................................20 1.1.4 Filmes finos obtidos pelo processo sol-gel. ......................................................23 1.1.5 Técnica para obtenção de filmes “dip-coating”. ................................................24 1.2 O Método sonoquímico. ......................................................................................26 1.3 Eletrocromismo. ...................................................................................................27 1.3.1 Dispositivos eletrocrômicos. .............................................................................27 1.3.2 Materiais eletrocrômicos. ..................................................................................29 1.3.3 O Óxido de Nióbio (V). .....................................................................................30 CAPÍTULO 2. OBJETIVOS. ......................................................................................33 CAPÍTULO 3. PARTE EXPERIMENTAL. .................................................................34 3.1 Metodologia utilizada. ..........................................................................................34 3.2 Preparação dos sóis. ...........................................................................................34 3.3 Preparação dos filmes. ........................................................................................35 3.4 Métodos de caracterização dos sóis. ..................................................................36 3.4.1 Espectroscopia no infravermelho. ....................................................................36 3.4.2 Difração de raio X. ...........................................................................................37 3.5 Métodos de caracterização dos filmes. ...............................................................38 3.5.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva de raio X (EDX). .......................................................................................38 3.5.2 Voltametria cíclica e cronoamperometria. .......................................................40 CAPÍTULO 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES. .....................................................41 4.1 Caracterização dos sóis. .....................................................................................41 4.1.1 Espectroscopia no infravermelho. ...................................................................41 4.1.2 Análise por difração de raio X..........................................................................43 4.2. Caracterização dos filmes. .................................................................................45 4.2.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV). ...................................................45 4.2.2 Espectroscopia de energia dispersiva de raio X (EDX.....................................47 4.2.3 Voltametria cíclica e cronoamperometria. .......................................................49 4.2.3.1 Evolução dos processos de oxi-redução. .....................................................49 4.2.3.2 Influência do número de camadas. ..............................................................51 4.2.3.3 Influência do tempo e da temperatura de tratamento térmico. .....................57 4.2.3.4 Estabilidade eletroquímica. ..........................................................................59 4.2.3.5 Voltametria cíclica a diferentes velocidades. .................................................61 CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES. .................................................................................62 REFERÊNCIAS. ........................................................................................................63

Page 18: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São
Page 19: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

19

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1 Processo sol-gel

1.1.1 Breve histórico

O processo sol-gel (PSG) é um processo de obtenção de materiais

inorgânicos ou híbridos orgânico-inorgânicos na qual ocorrem as reações de

hidrólise e condensação do precursor para a formação de partículas de tamanho

coloidal (sol) na sequência da rede tridimensional (gel) (1). É um processo cada vez

mais utilizado na preparação de novos materiais.

As primeiras menções do uso deste processo deram-se com os trabalhos de

Ebelmen (2) e Graham (3) sobre géis a base de sílica, estes observaram que a

hidrólise do tetraetoxisilano (TEOS, Si(OC2H5)4), em meio ácido, produzia SiO2 na

forma de um material vítreo. No entanto, o interesse da comunidade científica da

época foi pequeno e o método praticamente esquecido.

Na década de 30, Kistler (4), em seu trabalho, mostrou que a estrutura do gel

não é destruída quando a secagem é efetuada em condições supercríticas. Isto

permitiu demonstrar a existência do esqueleto estrutural sólido no interior dos géis e,

conseqüentemente, preparar corpos com porosidade superior a 95%. Esta estrutura

porosa se relaciona intimamente com a facilidade na difusão de íons em filmes finos

obtidos pelo processo em evidência (5).

No final dos anos 60, Dislich (6) apresentou a viabilidade de se preparar vidros

multicomponentes controlando-se a taxa das reações de hidrólise e condensação de

alcóxidos, durante a transição sol-gel. Desde então, verificou-se uma expansão na

utilização do PSG nas mais diversas áreas da tecnologia, como por exemplo, na

preparação de materiais eletrocrômicos aplicados em tetos solares e automóveis (7).

Page 20: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

20

Atualmente, têm-se disponíveis inúmeros trabalhos que utilizam este

processo (7-9), livros textos (10-12) e artigos de revisão (13-16) devido à sua importância

tecnológica.

1.1.2 Géis poliméricos e coloidais

O termo sol refere-se a uma dispersão de partículas coloidais estável em um

fluido (17).

Por outro lado, o termo gel pode designar o sistema formado pela estrutura

rígida de partículas coloidais (gel coloidal) ou de cadeias poliméricas (gel polimérico)

que imobiliza a fase líquida nos seus interstícios (17).

Assim, os géis coloidais resultam da agregação linear de partículas primárias

(fig.1), que só ocorre pela alteração apropriada das condições físico-químicas da

suspensão.

Figura 1 - Esquema ilustrativo do processo de gelatinização para sistemas coloidais.

Já os géis poliméricos são preparados a partir de soluções que promovem as

reações de polimerização ou simplesmente devido ao entrosamento das cadeias

poliméricas. Neste caso, a gelatinização ocorre pela interação entre as longas

cadeias poliméricas lineares (fig. 2).

Page 21: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

21

Figura 2 - Esquema ilustrativo do processo de gelatinização para sistemas poliméricos.

Portanto, a expressão processo sol-gel é um fenômeno no qual há formação

de uma fase sólida amorfa, o gel, a partir de um líquido homogêneo, uma dispersão

molecular ou uma suspensão coloidal (17).

Finalmente, é válido ressaltar que a transição sol-gel é bastante diferente da

solidificação clássica de um líquido. Na realidade, após a transição, a estrutura

sólida permanece extremamente aberta e impregnada pela fase líquida (17).

1.1.3 Descrição química do processo sol-gel

A química do processo sol-gel está baseada em reações de polimerização

inorgânica. Os precursores empregados são, usualmente, soluções aquosas de sais

inorgânicos ou, mais comumente, alcóxidos dissolvidos em solventes orgânicos (18,19).

Os alcóxidos metálicos são membros da família dos compostos

metalorgânicos, onde grupos orgânicos encontram-se ligados a átomos de metais

através de oxigênio. A facilidade de reação entre os alcóxidos metálicos e a água, é

a propriedade química mais notável destes compostos (20) e de interesse direto no

processo sol-gel, uma vez que, a condução dos reagentes (precursores) aos

produtos finais (sóis), inicia-se por reações de hidrólise (18).

Após as reações de hidrólise, seguem reações de condensação, que

viabilizam a formação de partículas coloidais ou de cadeias poliméricas lineares.

Page 22: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

22

1 – Reações de hidrólise:

A hidrólise de alcóxidos metálicos (precursores inorgânicos) do tipo M(OR)z

onde (M=Ti, V, Nb, W, etc. e OR é um grupo alcóxi do tipo OCnH2n+1) é realizada

pela presença de água, havendo a formação de ligações do tipo M-OH (21).

Para centros metálicos com a esfera de coordenação saturada, a reação de

hidrólise se baseia no mecanismo de substituição nucleofílica, onde primeiramente

ocorre a adição nucleofílica de uma molécula de água através do átomo de oxigênio,

ao centro metálico da molécula do alcóxido (17). Posteriormente, ocorre à

transferência de um átomo de hidrogênio proveniente da molécula atacante (H2O)

para o ligante alcóxi (-OR). Desta forma segue a eliminação de uma molécula de

álcool (ROH), conforme a equação da reação (1):

M (OR)n + H2O →→→→ HO M (OR)n-1 + ROH (1)

2 – Reações de condensação:

Devido à alta reatividade dos grupos hidroxila, começam então proceder às

reações de condensação, que podem se processar por olação ou por oxolação:

Olação:

A condensação via olação tem como produto, a formação de pontes hidroxo

entre centros metálicos. O mecanismo envolvido na reação é o de um ataque

nucleofílico pelo átomo de oxigênio do nucleófilo (M-OH) ao centro metálico da outra

molécula, que contém os ligantes (-H2O+ ou –RO+H) (18). Portanto, acontece à

remoção destes ligantes da esfera de coordenação, resultando na formação de

pontes hidroxo entre centros metálicos; como indicadas nas equações de reação (2)

e (3):

Page 23: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

23

Oxolação:

A condensação via oxolação tem como produto a formação de pontes de

oxigênio entre centros metálicos. Quando a esfera de coordenação do metal não

está saturada, esta reação pode seguir por adição nucleofílica (17). Neste caso, os

ligantes não são removidos e a espécie condensada é formada rapidamente.

Quando uma esfera de coordenação do metal está completamente saturada,

pode ocorrer a substituição nucleofílica. Em uma primeira etapa, há a adição do

átomo de oxigênio do nucleófilo (M-OH) ao centro metálico da outra molécula (M-OH

ou M-OR) com formação de pontes OH instáveis. Em seguida vem a eliminação do

grupo de saída (H2O ou ROH), formando pontes de oxigênio entre os dois centros

metálicos (17) como pode ser observado pelas reações (4) e (5):

M OH + M OH →→→→ M O M + H2O (4)

M OH + M OR →→→→ M O M + ROH (5)

As reações de hidrólise e condensação se processam de tal maneira que ao

alcançar dimensões macroscópicas se estendem através da solução e há a

formação do gel (18).

Cabe ressaltar, que a elevada reatividade dos alcóxidos com a água torna-se

indesejável quando não controlada, logo, a fim de que as soluções utilizadas

mantenham estabilidade, são adicionados compostos orgânicos hábeis de se

comportarem como quelatos e, por conseguinte, capazes de controlar a taxa de

hidrólise ao incorporarem-se no centro metálico do alcóxido (22). Os grupos acetato

(-OAc) comportam-se como quelatos (ligantes bidentados) e não são removidos

imediatamente pela hidrólise ou condensação (23).

Page 24: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

24

Assim, a reatividade de um composto do tipo M(OR)2(OAc)2 é menor quando

comparada a de um composto do tipo M(OR)4 (22). Quanto maior a quantidade de

grupos acetato ao redor do metal, menor será a reatividade do alcóxido, portanto

menor será a taxa de gelatinização.

1.1.4 Filmes finos obtidos pelo processo sol-gel

O processo sol-gel combinado à técnica de deposição “dip-coating”,

apresenta muitas vantagens sobre outros métodos de obtenção de filmes finos. Alto

grau de homogeneidade e pureza, propriedades bem definidas e controladas e,

principalmente, o baixo custo da metodologia atrelada à simplicidade do processo de

“dip-coating” (24).

Após a deposição do sol sobre o substrato, com o uso de equipamentos

apropriados, expõe-se o sistema ao ar com umidade controlada. Inicia-se então o

fenômeno de transição sol-gel, no qual uma suspensão coloidal (sol) transforma-se

em gel pelo estabelecimento de ligações entre partículas (gel coloidal) ou entre

espécies moleculares (gel polimérico). Após a exposição ao ar por alguns minutos,

no caso de géis coloidas ocorre à formação de uma rede sólida tridimensional

mediante sucessivas reações de hidrólise e condensação, conseqüentemente, o

sistema inicialmente viscoso adquire um caráter elástico (17,18).

Com a sinterização (densificação) a uma temperatura apropriada, os

solventes orgânicos e moléculas de água são eliminados, permitindo a formação do

óxido. Então, o filme é submetido a um tratamento térmico final, com a finalidade de

que se tenha um controle da estrutura, amorfa ou cristalina, desejada (24). A

formação de filmes finos obtidos via processo sol-gel, é ilustrada esquematicamente

na figura 3 abaixo:

Page 25: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

25

Figura 3 - Fluxograma para preparação de filmes finos pelo processo sol-gel.

A formação de filmes com boa aderência ao substrato dá-se por ligações do

tipo M’-O-M; onde M’ é o metal presente no substrato e M o metal presente no gel

(fig.4):

Figura 4 - Formação das ligações químicas entre o substrato e o filme (24).

1.1.5 Técnica para obtenção de filmes: “dip-coating”

Existem várias técnicas para a deposição de camadas de filmes finos a partir

de soluções, i.e., usando precursores em fase líquida, como por exemplo: imersão

vertical (“dip-coating”), rotação (“spin coating”) e “spray coating”.

O “dip-coating” é uma das técnicas utilizadas para a preparação de filmes

finos a partir de precursores em fase líquida. Esta técnica consiste em: (a) imersão,

(b) emersão, (c) drenagem, (d) evaporação (fig.5).

DEPOSIÇÃO SOBRE O SUBSTRATO

TRATAMENTO TÉRMICO

PRECURSORES

SOL

FILME DE ÓXIDO

FILME GEL

Page 26: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

26

Figura 5 - Etapas da técnica “dip-coating (24).

Faz-se a imersão e a retirada do substrato no sol, com velocidade constante,

temperatura ambiente e controle de umidade, sendo que essas etapas ocorrem

seqüencialmente. A evaporação ocorre simultaneamente à drenagem.

A hidrólise procede à medida que o filme fica exposto ao ar. Logo após sua

imersão, o filme encontra-se em um estado de gel úmido. A eliminação dos produtos

orgânicos, bem como a maior aderência ao substrato é realizada através da

sinterização (densificação) do sistema (substrato recoberto por filme), em

temperaturas que podem variar de 100ºC a 400ºC. Temperaturas mais elevadas

permitem o controle da porosidade do filme e conduzem a obtenção de materiais

cristalinos (25).

Trata-se de um método que permite a deposição de camadas de filmes nos

dois lados do substrato, além de envolver simplicidade e baixo custo de instalação.

Ele apresenta também a vantagem de obtenção de filmes com grandes dimensões,

de até aproximadamente 10 - 12m2 (26), alto grau de homogeneidade, pureza dos

filmes, propriedades bem definidas e controladas e, principalmente simplicidade do

processo.

1.2 O Método sonoquímico

Page 27: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

27

As características físico-químicas de uma dispersão coloidal (sol) influência

na obtenção de géis com os mais diversos tipos de estruturação. As reações

químicas como hidrólise e condensação no processo sol-gel são importantes para

sinterizar estas diferentes microestruturas de géis (27).

Vários métodos têm sido utilizados para controlar o processo de obtenção de

géis, um deles consiste em submeter à amostra sob irradiação ultra-sônica, o que é

chamado de método sonoquímico (27).

Os comprimentos de onda acústicos do ultra-som são muito maiores que as

dimensões das moléculas, assim, seu efeito não surge da direta interação do campo

acústico com as espécies químicas (28).

No processo sol-gel, o efeito do ultra-som nas reações químicas, é devido

principalmente à cavitação acústica, a qual inclui três estágios: nucleação,

crescimento de cavidades e, sob condições apropriadas, colapso implosivo (28).

A nucleação consiste na formação de cavitações no líquido tais como fendas

cheias de gás. Este gás pode ser o próprio vapor do líquido ou algum gás disperso

na solução (28).

O crescimento das cavidades em um campo acústico tem sido estudado

através de equações matemáticas que descrevem seus movimentos (28,29). Após o

seu crescimento, ocorre então, um colapso cavitacional (desmoronamento das

bolhas) através de uma rápida compressão do gás conduzindo a um aquecimento

adiabático devido ao lento transporte térmico, formando com isso, uma área de calor

no líquido. Esta área de calor cavitacional provoca quebra de ligações ou rearranjos,

seguida por recombinação atômica e radicalar, aquecimento e rápido esfriamento

químico (29).

Um dos principais motivos do uso do ultra-som na obtenção dos sóis no

processo sol-gel pode ser atribuído à otimização do tempo de síntese. No caso da

síntese de butóxido de nióbio via rota tradicional conhecida como método dos

alcóxidos, o tempo de reação é de aproximadamente vinte e quatro horas (25,29).

No método sonoquímico os reagentes são adicionados e levados ao ultra-

som por aproximadamente cinco minutos onde se obtém a suspensão coloidal do

alcóxido (25,29). Outra vantagem apresentada por este método é o fato destes filmes

Page 28: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

28

demonstrarem a coloração eletrocrômica mais suave que nos métodos tradicionais.

Estes filmes também, quando utilizados em janelas eletrocrômicas, têm chances de

serem mais aceitos para aplicações arquitetônicas (29).

1.3 Eletrocromismo

1.3.1 Dispositivos eletrocrômicos

Atualmente, várias pesquisas são direcionadas para o desenvolvimento de

dispositivos eletrocrômicos, como por exemplo, estudos relativos às janelas

eletrocrômicas ou janelas inteligentes (30,31).

Os dispositivos eletrocrômicos permitem regular a reflexão ou transmissão da

luz quando uma pequena voltagem é aplicada nos seus condutores eletrônicos.

Assim, as janelas inteligentes possibilitam o controle da luminosidade e do calor em

ambientes fechados, diminuindo o consumo de energia gasta por lâmpadas e

aparelhos de ar condicionado (29).

Janelas eletrocrômicas são formadas por camadas de filmes finos, onde no

meio do dispositivo existe um condutor iônico (eletrólito), que pode ser líquido, gel,

filme ou um material polimérico laminado, o qual deve ser um bom condutor de

pequenos íons, tais como H+ ou Li+ (fig.6).

Page 29: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

29

Figura 6 - Esquema de uma janela eletrocrômica (30).

O eletrólito deve estar em contato com o filme eletrocrômico (neste caso, um

filme fino de Nb2O5) e com o contra eletrodo (armazenador de íons). Esta

configuração deve estar posicionada entre os filmes condutores eletrônicos ITO

(óxido de estanho dopado com índio) ou FTO (óxido de estanho dopado com flúor),

onde ambos são depositados sobre vidro, a fim de promover transporte de cargas e

gerar um campo elétrico (5).

Quando um pequeno potencial é aplicado, ocorre um deslocamento de íons

do contra eletrodo, os quais difundem através do eletrólito, até a camada do filme

eletrocrômico (29).

Para manter a neutralidade de cargas, elétrons provenientes do circuito

externo são inseridos na camada eletrocrômica através do filme condutor eletrônico

transparente, alterando as propriedades óticas do dispositivo (29).

A função de um dispositivo eletrocrômico pode ser associada ao tipo do

condutor eletrônico presente. Nas janelas eletrocrômicas, por exemplo, os dois

condutores eletrônicos podem ser transparentes, o que permite uma mudança na

transmissão óptica do dispositivo, decorrente da incidência da luz sobre a camada

eletrocrômica. Assim, apenas comprimentos de onda desejáveis são transmitidos ao

ambiente fechado (29).

1.3.2 Materiais eletrocrômicos

Os materiais eletrocrômicos podem ser classificados como: classe dos óxidos

de metais de transição, a dos materiais orgânicos e a dos materiais dopados (5).

Como exemplo de óxidos que apresentam propriedades eletrocrômicas, cita-

se: Nb2O5, WO3, TiO2, NiO2, Fe2O3, MoO3, V2O5 assim como, os compostos mistos

ou dopados: WO3-TiO2, V2O5-TiO2 etc. (24). As características básicas da

microestrutura destes materiais têm decisiva importância nas suas propriedades

Page 30: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

30

eletrocrômicas (32). As microestruturas, muitas vezes, mostram consideráveis

variações na estequiometria, o que pode gerar defeitos de estruturas como

vacâncias que, muito freqüentemente, estão relacionados com as intensas

colorações apresentadas por estes materiais (33).

Em seu trabalho Deb (33), descreveu o eletrocromismo para filmes amorfos de

WO3, obtidos por evaporação térmica. Os filmes foram crescidos sobre quartzo com

dois eletrodos de ouro nas bordas, e um campo elétrico intenso foi criado por uma

diferença de potencial sobre estes eletrodos. Sob estas condições, observou-se que

o efeito de mudança de coloração era mais pronunciado em filmes amorfos que em

cristalinos. Ele atribuiu esta mudança de coloração no material, à criação de centros

de cor, provavelmente devido a elétrons em vacâncias de oxigênio. Os elétrons

foram fornecidos pelo cátodo e o balanço de carga no interior das amostras foi

conseguido mediante reação com a água da atmosfera, que permitiu incorporação

de prótons na rede. A mobilidade do próton é anormalmente alta em WO3 o que

torna sua coloração suficientemente rápida, mesmo à temperatura ambiente (5).

Os óxidos eletrocrômicos podem ser divididos dentro de três grandes grupos

dependendo da estrutura cristalina: como perovskita, rutila e estruturas em camadas

e blocos (33). O WO3, por exemplo, possui estrutura do tipo perovskita e dependendo

da temperatura a qual for submetido pode apresentar várias simetrias: tetragonal,

ortorrômbica, monoclínica ou triclínica que apresentam vários arranjos octaédricos

de WO6. Este material usualmente transparente se torna azul por inserção catódica

de íons como H+ ou Li+ (33).

Quando ocorre coloração por inserção de íons (cátions), esta é chamada de

coloração catódica, neste caso o material que apresenta a propriedade

eletrocrômica é chamado de espécie eletrocrômica catódica. Por outro lado, quando

a coloração ocorre após a inserção de ânions, esta é chamada coloração anódica e

a espécie é chamada de espécie eletrocrômica anódica (5).

O processo de coloração e descoloração no eletrocromismo está associado

com o processo de inserção e extração de íons que pode ser representado pela

equação da reação (6):

Page 31: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

31

onde: M é um metal, I+ é um íon pequeno como H+ ou Li+, e- é um elétron e n depende do tipo do

óxido. Como exemplo, n é 3 para defeitos de perovskita (33).

O WO3 foi o primeiro material óxido eletrocrômico descoberto e ainda hoje

permanece como uma das mais viáveis opções para dispositivos eletrocrômicos.

Atualmente, existem várias alternativas de materiais destinados a aplicações eletro-

ópticas e, uma delas, é a utilização do pentóxido de nióbio (Nb2O5), que mostra

resultados promissores em trabalhos reportados na literatura (21,24,25,34 e 35).

1.3.3 O óxido de nióbio (V)

Os óxidos puros ou dopados de nióbio (V) são materiais eletrocrômicos

catódicos promissores (25). Seu desempenho ótico-eletroquímico depende fortemente

de sua morfologia estrutural (35). Reichman et al. (36), observou o efeito da coloração

no Nb2O5 sob a inserção de íons pequenos como H+ e Li+. Desde então, muitos

trabalhos tem sido publicados sobre o comportamento eletrocrômico destes

materiais. Gomes et al. (37) descreveu uma coloração azul opaca em Nb2O5 crescido

termicamente a aproximadamente 500ºC em um disco metálico de nióbio. Alves (38)

confirmou a possibilidade de inserção de íons lítio em uma cerâmica de Nb2O5

preparada de um pó comercial sinterizado a 800ºC.

A primeira preparação de filmes de Nb2O5 para propósitos eletrocrômicos foi

reportada por Lee et al. (39), utilizando um sol preparado a partir de uma mistura de

NbCl5 dissolvido em etanol. Avellaneda et al. (34,40,41) utilizando um sol preparado

com pentacloreto de nióbio via processo de sódio metálico, obteve filmes

homogêneos sem rachaduras com boas propriedades eletrocrômicas. Filmes de

Nb2O5 foram também preparados pelo método sonocatalítico, por Pawlicka et al. (42);

Ohtani et al. (43) e Ozer et al. (44) que utilizaram um sol preparado a partir do etóxido

de nióbio para as deposições de filmes finos.

Page 32: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

32

Para melhorar o desempenho tanto eletroquímico como ótico destes filmes,

os sóis para deposição dos filmes podem ser preparados a partir de dois ou mais

componentes.

A adição do sal de lítio relaciona-se com o melhoramento da cinética do

processo de extração de cargas, ou seja, há um aumento na velocidade de

descoloração dos filmes. Os íons lítio presentes na estrutura dos filmes provocam

um aumento da condutividade iônica e elétrica dos mesmos, o que facilita a saída

das cargas quando um potencial anódico é aplicado (29,45).

O pentóxido de nióbio é um material eletrocrômico catódico, logo, este

apresenta certa coloração, através da inserção de cargas em sua estrutura, quando

potenciais catódicos (negativos) são aplicados.

Neste trabalho, foi utilizado como eletrólito, uma solução de LiClO4 dissolvido

em carbonato de propileno para todas as medidas eletroquímicas. Assim, quando

potenciais catódicos são aplicados, íons lítio presentes na solução são incorporados

na estrutura dos filmes finos transparentes de Nb2O5, promovendo sua coloração

para o azul (29).

Quando íons lítio (Li+) são incorporados por substituição intersticial na

estrutura do óxido, ocorre ao mesmo tempo a inserção de elétrons do circuito

externo, a chamada dupla inserção. Sendo assim, Nb+5 são reduzidos a Nb+4,

formando um composto ternário do tipo LixNb2O5 (29). Neste tipo de composto os

átomos de nióbio reduzidos continuam ligados aos átomos de oxigênio por uma

ligação dupla, e os íons lítio ficam fracamente ligados aos átomos de oxigênio (Nb+4

=O....Li+). Isto produz uma desordem no arranjo estrutural dos átomos de nióbio e

oxigênio. Um rearranjo é obtido, através do processo reverso, ou seja, quando

potenciais anódicos (positivos) são aplicados, acontece a descoloração do material (29,46).

A inserção de elétrons na estrutura do Nb2O5 provoca um aumento no caráter

da dupla ligação existente em Nb=O à qual é menos pronunciado para filmes

amorfos do que em cristalinos. Este fato indica que filmes cristalinos de Nb2O5

apresentam maior capacidade em manter as ligações entre os átomos, na forma

(Nb+4 =O....Li+). Portanto, estes apresentam melhores propriedades eletrocrômicas

do que filmes amorfos (45), o que também já foi observado em trabalhos anteriores do

grupo onde a reversibilidade eletroquímica dos filmes amorfos foi inferior aos filmes

cristalinos (42).

Page 33: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

33

Neste trabalho foram evidenciados fatos relativos à evolução dos processos

de oxi-redução dos filmes finos de Nb2O5 dopados junto com visualizações das

superfícies das amostras e sua análise por EDX.

CAPÍTULO 2. OBJETIVOS

Os principais objetivos deste trabalho consistiram em:

a) Obter um conhecimento sólido acerca do processo sol-gel, assim como

uma elucidação detalhada da química envolvida neste processo;

b) Preparar sóis de pentóxido de nióbio dopados com zircônio (Nb2O5:Zr);

c) Preparar filmes finos de Nb2O5:Zr;

Page 34: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

34

d) Caracterizar os filmes finos de Nb2O5:Zr através de métodos eletroquímicos

com ênfase no efeito causado pela adição da espécie dopante (Zr), a fim de que se

obtenha um parecer no que cerne à aplicação destes filmes em dispositivos ópto-

eletrônicos;

e) Estudar o efeito de tempo e temperatura capazes de influenciar as

propriedades eletroquímicas de filmes finos de Nb2O5:Zr

CAPÍTULO 3. PARTE EXPERIMENTAL

3. Parte experimental

3.1 Metodologia utilizada

Os sóis foram preparados pelo processo sol-gel (por meio do método

sonocatalítico) e os filmes depositados pela técnica “dip-coating”. Para as

caracterizações, foram utilizadas técnicas: espectroscopia no infravermelho, difração

de raio X, microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia de energia

Page 35: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

35

dispersiva de raios X (EDX) e análises eletroquímicas (voltametria cíclica e

cronoamperometria).

3.2 Preparação dos sóis

Os sóis de pentóxido de nióbio dopados (Nb2O5:Zr) com 0,5 e 1,0%, em mol,

de isopropóxido de zircônio (IV), foram preparados usando pentacloreto de nióbio

(NbCl5 anidro; CBMM) (1,3g 0,005mol) e isopropóxido de zircônio (IV)

[Zr(OCH2CH2CH3)4; Aldrich] (ambos pesados em uma câmara em atmosfera de

nitrogênio super seco).

Adicionou-se o solvente n-butanol (15mL 0,16mol) e ácido acético glacial

(3mL 0,05mol), este último utilizado a fim de manter a estabilidade do sol.

Submeteu-se esta mistura à irradiação ultra-sônica à potência de 95W (Sonicator

W385 Heat System-Ultrasonic, Inc, a 20kHz), por aproximadamente 5 minutos. O

procedimento está visualizado na figura 7:

Figura 7 - Fluxograma da preparação dos sóis de nióbio dopados com Zr[O(CH2)2CH3]4 por meio do método sonocatalítico.

3.3 Preparação dos filmes

NbCl5 + Zr[O(CH2)2CH3]4 + N-butanol + Ácido Acético Glacial

Irradiação Ultrasônica

SOL

Page 36: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

36

Os filmes foram depositados à temperatura ambiente sobre vidro recoberto

com uma camada condutora eletrônica de ITO (Delta Technologies). As lâminas de

ITO, antes de serem utilizadas, foram limpas com detergente, enxaguadas com água

bidestilada e etanol e finalmente secas à temperatura de 50ºC. Depois de secas, as

lâminas foram mergulhadas e retiradas verticalmente no sol (técnica “dip-coating”)

com velocidade constante de 12cm/min.

Os filmes obtidos foram hidrolisados ao ar durante poucos minutos e

sinterizados (densificados) a temperatura de 300°C.

Este procedimento foi realizado no máximo seis vezes para obtenção de

lâminas com uma a seis camadas de filmes. Os filmes foram submetidos a um

tratamento térmico final de 450ºC e 560ºC durante, 5 e 10 minutos, em atmosfera de

ar.

3.4 Métodos de caracterização dos sóis

3.4.1 Espectroscopia no infravermelho

A chamada radiação infravermelha (IR) corresponde à parte do espectro

situada entre as regiões do visível e das microondas (47).

Embora o espectro de infravermelho seja característico da molécula orgânica

como um todo, alguns grupos de átomos dão origem a bandas que ocorrem mais ou

menos na mesma freqüência, independentemente da estrutura da molécula. É

justamente a presença destas bandas características dos grupos, que permite a

obtenção de informações estruturais úteis, e é neste fato que se baseia a

identificação de estruturas (47).

Page 37: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

37

As bandas de vibração-rotação, particularmente as que ocorrem entre 4.000 e

400cm-1, são as mais utilizadas. A freqüência ou o comprimento de onda de uma

absorção depende das massas relativas e da geometria dos átomos, e das

constantes de força das ligações (47).

Existem dois tipos de vibrações moleculares: estiramento (ν) e as

deformações angulares (δ). A vibração de estiramento é um movimento rítmico ao

longo do eixo da ligação, de forma que a distância interatômica aumenta e diminui

alternadamente, de forma semelhante ao comportamento de um sistema massa-

mola. As vibrações de deformação angular correspondem a variações de ângulos de

ligação, seja internamente em um conjunto de átomos, ou deste grupo de átomos

em relação à molécula como um todo (47).

As vibrações que resultam em uma alteração rítmica do momento dipolar da

molécula são observadas no infravermelho (47).

As medidas de espectroscopia de infravermelho foram realizadas para sóis

Nb2O5 puros e dopados utilizando-se o equipamento BOMEN-MB 102.

3.4.2 Difração de raio X

O método de difração de raio X é muito importante em análises

microestruturais. Através deste, é possível obter informações a respeito de

organizações/arranjos atômicos e moleculares em sólidos. Pela análise de um

difratograma é possível fazer uma análise qualitativa e quantitativa (mais difícil) das

fases cristalinas presentes no material, determinar a orientação dos cristais,

parâmetros da cela unitária, bem como detalhes a respeito da perfeição dos cristais.

Raio X são radiações eletromagnéticas de alta energia e baixo comprimento de

onda.

Se um feixe de raio X com uma determinada freqüência (ou comprimento de

onda) incidir sobre um átomo isolado, elétrons deste átomo serão excitados e

Page 38: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

38

vibrarão com a mesma freqüência do feixe incidente emitindo raios X em todas

direções (48).

No entanto, quando os átomos estão regularmente espaçados em um

reticulado cristalino e a radiação incidente tem comprimento de onda da ordem deste

espaçamento, ocorrerá interferência construtiva para certos ângulos de incidência e

interferência destrutiva para outros (48). Para que ocorra interferência construtiva a lei

de Bragg deve ser cumprida, equação (7):

nλ= 2dsenθ (7)

Onde: λ = comprimento de onda;

d = distância entre os planos atômicos;

θ = ângulo de Bragg;

n = número inteiro, chamado de ordem de reflexão.

Com a finalidade de se obter as estruturas cristalinas dos precipitados de

Nb2O5 puro e dopados, utilizou-se a técnica de difração de raios-X, valendo-se de

um difratômetro Universal, modelo URD6, marca VEB-Carl Zeiss Jena, com radiação

CuKα (λ = 1,5405Å) monocromatizada com um filtro de níquel. As amostras foram

previamente tratadas termicamente em atmosfera de ar, à temperatura de 450 e

560ºC por 5 e 10 minutos, com a finalidade de se estudar o efeito da temperatura na

estrutura do óxido formado.

3.5 Métodos de caracterização dos filmes

3.5.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia

dispersiva de raio X (EDX)

O desenvolvimento da microscopia eletrônica teve como principal desafio

ultrapassar a barreira de resolução imposta pela luz visível. Em 1942 foi

Page 39: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

39

desenvolvido o primeiro microscópio eletrônico de varredura. Imagens com contraste

topográfico foram geradas a partir da detecção de elétrons secundários.

Muitos avanços foram conseguidos com o desenvolvimento de

instrumentação específica para detecção de sinais, sistemas à vácuo e a introdução

de registro digitalizado (49).

A microscopia eletrônica fornece informações morfológicas e topográficas

necessárias para se analisar a superfície do sólido (49).

As várias técnicas de microscopia eletrônica são hoje as principais

ferramentas disponíveis para o estudo da estrutura fina e da morfologia de materiais.

Suas principais versões são: microscopia eletrônica de transmissão (TEM), de

varredura (MEV) e de transmissão com varredura (STEM) (49).

Diferentemente do microscópio óptico (OM), que usa luz para formação de

imagem, os microscópios eletrônicos utilizam elétrons. Várias são as vantagens em

se utilizar o microscópio eletrônico em relação ao óptico. A principal delas é a

resolução, definida como a menor distância entre dois pontos da amostra que

podem ser visualizados como dois pontos distintos na imagem (49).

O tamanho da estrutura a ser analisada geralmente determina o tipo de

instrumento a ser utilizado. A técnica de microscopia é baseada nos sinais

produzidos pela interação dos elétrons com a amostra, pois os elétrons primários

emitidos pela fonte atingem a amostra e os mesmos elétrons, ou diferentes,

escapam para formar a imagem (49).

Para se obter uma imagem por MEV, a superfície de uma amostra sólida é

varrida com um padrão de rastreamento com um feixe de elétrons finamente

focalizado ou com uma sonda apropriada. O rastreamento é um padrão de varredura

no qual um feixe de elétrons é deslocado sobre a superfície em linha reta (direção

x); depois retorna à posição inicial e finalmente é deslocado para baixo (direção y)

com um incremento padrão. Esse processo é repetido até que uma área desejada

da superfície tenha sido varrida. Durante o processo de varredura, um sinal é

recebido acima da superfície (direção z), é armazenado num computador e

convertido em imagem (50).

Page 40: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

40

As análises por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia

dispersiva de raios-X (EDX) acoplada ao MEV foram efetuadas, para filmes de

Nb2O5:Zr.

As medidas de MEV foram realizadas com o intuito de verificar a

homogeneidade e textura superficial dos filmes. Para as medidas foram utilizados

filmes tratados à temperatura de 450 e 560ºC durante, respectivamente, 5 e 10

minutos, em atmosfera de ar.

As medidas de EDX foram realizadas com a finalidade de se identificar quais

elementos estariam presentes nos filmes. Esta medida também foi realizada para o

substrato utilizado para deposição dos filmes (vidro recoberto com filme de ITO),

servindo como referência para picos de elementos não esperados. Como condições

de tratamento térmico final dos filmes, foram utilizadas temperaturas entre 450 e

560ºC por 5 e 10 minutos, em atmosfera de ar.

Para as medidas de MEV e EDX utilizou-se um microscópio eletrônico de

varredura-LEO-440 com um sistema de EDX – Oxford acoplado. Foi utilizado um

aumento de 5000 e 10000 vezes para as medidas de MEV e 1000 vezes para as

medidas de EDX.

3.5.2 Voltametria cíclica e cronoamperometria

A voltametria cíclica é uma técnica eletroquímica que consiste em aplicar um

potencial (E) no eletrodo de trabalho (neste trabalho o filme Nb2O5 depositado no

substrato), onde a resposta da corrente é dada em função do potencial aplicado.

Geralmente é utilizada uma célula eletroquímica composta por três eletrodos:

o de trabalho, contra eletrodo ou auxiliar e o de referência. Como resposta

eletroquímica, ocorre no eletrodo de trabalho uma reação de oxi- redução

evidenciada através de picos ou aumentos nas correntes catódicas ou anódicas. É

importante destacar que a altura do pico em um voltamograma cíclico depende de

vários fatores, tais como velocidade de varredura, espessura do filme e coeficiente

de difusão das espécies iônicas presentes no filme (24).

Page 41: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

41

A técnica eletroquímica de cronoamperometria consiste em aplicar no

eletrodo de trabalho potenciais em saltos (onda quadrada), onde a resposta da

corrente é dada em função do tempo.

As medidas eletroquímicas de voltametria cíclica e cronoamperometria foram

realizadas utilizando como fonte elétrica a interface eletroquímica Autolab 302N com

módulo FRA2. Utilizou-se uma célula convencional de três eletrodos. Como contra

eletrodo utilizou-se uma lâmina de platina de 1cm2 de superfície, e como eletrodo de

pseudo-referência, um fio de prata. Como solução eletroquímica foi utilizada uma

solução 0,1M de LiClO4 em carbonato de propileno (PC).

CAPÍTULO 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caracterizações dos sóis e precipitados

Os sóis para obtenção de pentóxido de nióbio puro e dopado com zircônio

foram caracterizados através de espectroscopia no infravermelho para confirmar a

sua formação e os precipitados foram investigados por difração de raios-X para

identificar a estrutura cristalina. Os espectros de IR estão apresentados abaixo com

a atribuição das bandas características detectadas. Na sequência estão

apresentados e discutidos os resultados das análises dos precipitados.

Page 42: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

42

4.1.1 Espectroscopia no infravermelho

A figura 8 apresenta os espectros no infravermelho do sol de nióbio puro e

dopado com 1,0% em razão molar de isopropóxido de zircônio (IV).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itân

cia

(u.

a.)

Número de onda (cm-1)

Nb2O

5

Nb2O

5:Zr

Figura 8 - Espectro no infravermelho do sol de pentóxido de nióbio puro (Nb2O5) e dopado com 1,0 mol% (em razão molar de isopropóxido de zircônio), (Nb2O5:Zr).

A larga banda, (característica de grupos de estabelecerem ligações de

hidrogênio), que aparece em 3400cm-1 corresponde às vibrações do grupo -OH do

butanol e ácido acético. Bandas localizadas na faixa entre 2860cm-1 e 2970cm-1

correspondem às vibrações de estiramento (simétrico ou anti-simétrico) dos grupos

–CH2 e –CH3 dos grupos alquil dos ligantes butóxi e as bandas entre 1380 a

1470cm-1 correspondem às vibrações de deformação angular das mesmas espécies.

A banda localizada em 1750cm-1 corresponde às vibrações do grupo carbonila

(C=O), do ácido acético. Bandas entre 1000 e 1100cm-1 são atribuídas às vibrações

de estiramento dos grupos –OC4H9 dos ligantes butóxi ligados aos átomos de nióbio.

As bandas características dos compostos inorgânicos estão localizadas na

faixa espectral entre 1000 e 300cm-1. Essas bandas são bastante largas e

Page 43: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

43

sobrepostas dificultando em muitos casos suas distinções (24). A banda que aparece

em 800cm-1 juntamente com outras bandas difusas entre 600 e 950cm-1, é atribuída

às vibrações de estiramento das espécies de nióbio do tipo Nb-O (35).

4.1.2 Análise por difração de raio X

O pentóxido de nióbio (Nb2O5) cristaliza-se, mas não apresenta uma única

fase em sua estrutura, ou seja, cristaliza-se polimorficamente. As fases cristalinas

presentes neste composto dependem das condições experimentais utilizadas como

temperatura e pressão (51).

Pelo menos uma dúzia de estruturas de Nb2O5 já foi identificada (52). As

formas estruturais mais freqüentemente observadas (TT, T, M, e H) em função da

temperatura de tratamento térmico estão mostradas na figura 9:

Figura 9 - Evolução das estruturas cristalinas do composto Nb2O5 em função da temperatura (53).

Segundo Weissman (58) as fases T e TT são denominadas do alemão tief e

tief-tief que significam baixo e muito baixo. De acordo com a figura 9, em 400ºC

observa-se o início de cristalização. As temperaturas para a formação das fases

cristalinas de Nb2O5 à baixa temperatura ocorrem na faixa de 400 à 600ºC para a

fase TT e em torno de 600 a 800ºC à fase T. As fases M e H aparecem em

temperaturas mais altas (29).

Amorfo TT T

M

H

400-600°C 600-800°C

850-950°C 900°C

850°C

Page 44: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

44

A primeira cristalização da fase TT-Nb2O5 ocorre aproximadamente à 400ºC a

partir do Nb2O5 amorfo, enquanto que a fase T-Nb2O5 surge a temperaturas pouco

maiores.

A fase TT nem sempre aparece como um componente puro, isto sugere, que

esta fase, seja comumente uma forma menos cristalina da fase T, estabilizada por

impurezas. Portanto, a fase TT não é estritamente o pentóxido de nióbio, já que

alguns átomos de oxigênio podem ser substituídos por espécies monovalentes tais

como OH-, F-, Cl- ou vacâncias, consideradas “impurezas”. A melhor notação para a

fase TT seria Nb16O38X4 ou Nb2(OX)5+n onde n é aproximadamente 0,25 e X as

“impurezas” (52,54).

A fim de elucidar a estrutura dos filmes finos estudados neste trabalho foram

feitas as análises da cristalinidade dos precipitados de Nb2O5:Zr (0,5% em mol),

através das medidas de difração de raios X. Os precipitados foram submetidos aos

tratamentos térmicos em atmosfera de ar a 400, 450 e 560°C durante 10 minutos do

modo similar aos filmes. Os resultados destas análises estão mostrados na figura

10, abaixo.

10 20 30 40 50 60 700

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

400oC

0,1

66n

m

0,1

80

nm

0,1

96nm

0,24

5nm

0,3

14n

m0,3

93n

m

Inte

nsi

dad

e (

u.a

)

560oC

450oC

2Θ (grau)

Figura 10. Difratogramas de raio X para precipitados de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de

isopropóxido de zircônio (IV) após tratamento térmico em atmosfera de ar a 400 (),450 () e 560°C

() durante 10 minutos.

Page 45: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

45

Analisando os difratogramas acima observa-se que os precipitados do sol de

Nb2O5:Zr (0,5% em mol) tratados a 400oC apresentam uma estrutura amorfa e que a

cristalização inicia-se em 450°C, onde picos correspondentes a estrutura cristalina

de Nb2O5 começam a se formar. A intesidade destes picos aumenta com a

temperatura até 560ºC deixando os mais definidos, o que demonstra uma maior

cristalização e conseqüentemente um melhor arranjo da rede cristalina. Além disso,

suas posições são compatíveis com as fases cristalinas do Nb2O5 correspondentes

às estruturas muito parecidas de TT e T e determinadas por KO e Weissman (52,54).

Considerando que a diferença entre estas fases é a temperatura de tratamento,

sendo que abaixo de 600ºC é a fase TT, a análise dos valores das intensidades das

distâncias interplanares obtidas (0,393, 0,314, 0,245, 0,196, 0,180 e 0,166nm) e as

intensidades dos picos pode-se concluir que os precipitados analisados apresentam

a estrutura cristalina pseudohexagonal de Nb2O5, i.e. do tipo TT (52,54) com

provavelmente fase amorfa do óxido de zircônio.

4.2. Caracterização dos filmes finos

Os filmes finos de pentóxido de niobio dopado com zircônio foram

depositados dos sóis, conforme descrito no capítulo 3. Estes filmes se diferenciaram

entre si em espessura, temperaturas de tratamento (450 e 560ºC) e tempo de

sinterização (5 e 10 min). Inicialmente a superfície destes filmes foi visualizada

através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) e depois submetida às

análises por EDX. Os resultados destes ensaios estão apresentados e discutidos a

seguir.

Page 46: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

46

4.2.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A figura 11 apresenta a estrutura morfológica de duas áreas distintas (A) e (B)

do filme de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol isopropóxido de zircônio (IV), com 5

camadas depositadas sobre substrato de vidro recoberto com camada condutora

eletrônica (óxido de estanho dopado com índio, ITO), tratados a temperatura de

450 ºC por 10 minutos.

Figura 11 - Micrografia obtida por MEV do filme de Nb2O5:Zr com 5 camadas, submetido ao tratamento térmico de 450°C por 10 minutos – áreas distintas, (A) e (B); ampliação 5000x (A) e 10000x (B).

As duas regiões distintas do filme, independente do grau de ampliação

apresentam-se bastante uniformes e sem rachaduras indicando que para estas

condições de temperatura e tempo de tratamento foi obtida uma boa

homogeneidade dos filmes. A figura 12 apresenta as micrografias de duas áreas

distintas, (A) e (B) do filme de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol isopropóxido de

zircônio (IV), com 5 camadas depositadas sobre substrato de vidro recoberto com

ITO, tratados a temperatura de 560 ºC por 10 minutos.

(A) (B)

Page 47: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

47

Figura 12 - Micrografia obtida por MEV do filme de Nb2O5:Zr com 5 camadas, tratamento térmico de

560°C por 10 minutos – áreas distintas, (A) e (B); ampliação 5000x (A) e 10000x (B).

Neste caso observa-se que o filme apresenta irregularidades e rachaduras ao

longo de sua estrutura, este fato pode estar diretamente relacionado com a

temperatura e quantidade de camadas depositadas como também a presença de

zircônia. Em estudos anteriores foi observado que as temperaturas de 560º C para

filmes de Nb2O5 obtidos tanto pelo método via síntese química e sonoquímico as

melhores propriedades eletroquímicas foram obtidas com filmes de 3 camadas e

tratamentos em 560ºC (35,42,40,55).

Ao comparar as micrografias das figuras 11 e 12 pode-se afirmar que a

temperatura de 450°C é ideal para o tratamento dos filmes já que estes apresentam

boa homogeneidade.

4.2.2 Espectroscopia de energia dispersiva de raio X (EDX)

As figuras 13, 14 e 15 correspondem aos resultados obtidos no que cerne à

composição dos filmes finos Nb2O5:Zr com 0,5 e 1,0% em mol isopropóxido de

(A) (B)

Page 48: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

48

zircônio (IV). A espectroscopia de energia dispersiva de raio X (EDX), mostrou-se

eficaz na comprovação da presença no filme da espécie dopante (Zr).

Nas figuras abaixo além dos picos relativos ao filme depositado, também são

observados outros picos, identificados como sendo Na, Ca, Si e In. A presença

desses picos se deve, provavelmente, ao substrato sobre o qual foram depositados

os filmes (vidro recoberto com camada condutora eletrônica de ITO), como também

já foi observado em estudos anteriores (35,42,40). Também não há diferenças entre os

resultados para filmes com diferentes números de camadas e diferentes

temperaturas de tratamento o que significa que este tipo de análise somente serve

para a comprovação da deposição efetiva do filmes de Nb2O5:Zr.

Figura 13 - Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5

dopados a 0,5%, em mol de isopropóxido de zircônio (IV), com 2 camadas e calcinados à temperatura de 450ºC por 5 minutos, em atmosfera de ar.

Figura 14 - Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5 dopados a 0,5%, em mol, de isopropóxido de zircônio (IV), com 5 camadas e calcinados à temperatura de 450ºC por 10 minutos, em atmosfera de ar.

0 2 4 6 8 10Energy (keV)

0

500

1000

1500

2000

Counts

Ca

O

Na

Si

ZrNb

Zr

Nb

Zr Nb

In

In

In

Ca Ca

In

0 2 4 6 8 10 Energy (keV)

0

500

1000

1500

2000

2500

Counts

Ca

O

Na Si Zr Nb Zr

Nb

ZrNb

In In

In Ca

Ca In

Page 49: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

49

Figura 15 - Resultados das análises por EDX, com um aumento de 1000 vezes, para filmes de Nb2O5 dopados a 1,0%, em mol, de isopropóxido de zircônio (IV), com 4 camadas e calcinados à temperatura de 560ºC por 10 minutos, em atmosfera de ar.

4.2.3 Voltametria cíclica e cronoamperometria

Os filmes de Nb2O5:Zr foram submetidos as análises eletroquímicas

colocando-os numa célula eletroquímica com 3 eletrodos, sendo que o filme em

análise foi o eletrodo de trabalho. Este ensaio foi feito com intuito de investigar as

propriedades de oxi-redução dos diferentes filmes visando obter informações acerca

de melhores quantidades de cargas inseridas/extraidas e melhor estabilidade. Estas

análises foram feitas através de voltametrias cíclicas, cronoamperometrias e

densidades de cargas inseridas e extraidas. Os resultados destas análises estão

apresentados e discutidos a seguir.

4.2.3.1 Evolução dos processos de oxi-redução

0 2 4 6 8 Energy (keV)

0

1000

2000

3000

Counts

Ca

O

Na Si ZrNb

Zr

Nb

ZrNb

InIn

In

Ca Ca

In

Page 50: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

50

A figura 16 apresenta um voltamograma típico para os filmes finos Nb2O5:Zr

possibilitando a discussão de aspectos relativos à evolução dos processos de oxi-

redução envolvidos. De acordo com a literatura (24,25,42,43,45), este material apresenta

coloração azul máxima, quando o potencial -1,8V, em relação ao eletrodo de

pseudo-referência de fio de prata, é aplicado. Após a aplicação do potencial reverso

variando de +1,0 e 2,0V a transparência pode ser restabelecida. Para esta medida

utilizou-se a velocidade de varredura de 100mV/s e uma faixa de potencial entre -1,8

a +1,5V.

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

Estado Colorido: Azul

Estado Transparente

I(m

A/c

m2)

E (V) vs Ag

Figura 16 - Voltamograma cíclico de filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 4 camadas depositadas no substrato (vidro re ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min.; eletrólito 0.1M LiClO4/PC (carbonato de propileno), velocidade de varredura de 100mV/s; intervalo de potenciais de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).

Durante o processo de redução, observa-se que próximo à -1,0V há um

aumento da corrente catódica associada à redução do Nb2O5. Esta redução ocorre

devido à inserção dos cátions de Li+ do eletrólito, e elétrons do circuito externo nos

sítios ativos da camada do filme. Assim, aparece coloração máxima azul em -1,8V

(valor máximo do potencial catódico aplicado) representada por um aumento

máximo da corrente catódica.

Por outro lado, os potenciais reversos ou anódicos estão relacionados com a

extração de cargas do filme. Neste caso, verifica-se uma oxidação,

conseqüentemente observa-se a descoloração do filme. Um aumento da corrente

anódica inicia-se em aproximadamente -1,5V devido ao processo de oxidação ou

extração dos cátions, seguidas por um pico anódico, bem definido em

Page 51: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

51

aproximadamente -1,2V onde se observa o valor máximo desta corrente. A extração

máxima de cargas (Li+) acontece em +1,5V (valor máximo do potencial anódico

aplicado).

A ausência do pico catódico no voltamograma apresentado é justificada

devido a picos catódicos terem sua ocorrência restrita a potenciais menores que

-2,0V (29). Todavia, potenciais desta magnitude, conduzem a um aumento repentino

da corrente catódica, o que, conseqüentemente, pode implicar em processos

indesejados, como: o escurecimento do substrato (decorrente da redução da

camada de ITO) e a degradação do eletrólito utilizado. Por estes motivos, utilizam-se

potenciais catódicos de no máximo -1,8V em relação ao eletrodo de pseudo-

referência, um fio de prata (Ag).

Segundo Avellaneda (25) em velocidades de varreduras inferiores a 10mV/s,

os voltamogramas são complexos e podem ser explicados por dois fenômenos de

inserção. Estes fenômenos são a inserção de cargas na camada do óxido de nióbio

bem como na camada do filme condutor ITO, presente no substrato. Neste caso,

após a inserção de cargas, a camada apresenta coloração azul e após a extração de

cargas o filme ainda apresenta-se suavemente colorido, mostrando a

irreversibilidade do processo. Já os filmes estudados a velocidades maiores que

10mV/s o processo é mais reversível e os voltamogramas apresentam o mesmo

comportamento da curva da figura 16. Neste caso, o processo de inserção é devido

apenas à inserção de cargas na camada do óxido de nióbio.

Neste trabalho utilizou-se velocidade de varredura igual a 100mV/s devido a

um melhor desempenho eletroquímico e ao sistema apresentar uma boa

reversibilidade no processo oxi-redução.

4.2.3.2 Influência do número de camadas

A espessura dos filmes eletrocrômicos pode ter implicações diretas em suas

performances eletroquímicas. Já que, se a espessura for pequena, pode haver

inserção de cargas na camada do filme condutor (ITO, presente no substrato vidro)

Page 52: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

52

quando o potencial externo for aplicado. Isto compromete a performance

eletroquímica (e eletrocrômica) do filme, devido à necessidade de tempos maiores

destinados à inserção das cargas na estrutura do óxido. Ou seja, haverá um

comprometimento na mudança perceptível da absorbância do material (57). Como as

cargas podem ficar inseridas na estrutura do filme condutor (ITO), o desempenho

eletroquímico torna-se prejudicado e o filme não descolore. Este fato pode ser

observado na diminuição dos valores das correntes catódicas e anódicas.

A figura 17 apresenta voltamogramas cíclicos para filmes dopados com 0,5%

mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas, numa varredura

de potenciais de -1,8 a +1,5V e velocidade de varredura de 100mV/s.

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

1Camada 2Camadas 3Camadas 4Camadas 5Camadas 6Camadas

I(m

A/c

m2)

E(V) vs Ag

Figura 17 - Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas depositadas no substrato (vidro recoberto por camada condutora eletrônica de ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min.; eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).

De acordo com a figura 17 todos os filmes apresentam voltametrias cíclicas

reversíveis. Entretanto, é possível constatar que o filme com 6 camadas é espesso

demais, conseqüentemente, torna-se mais resistente e a quantidade de cargas

inseridas diminui (fig.18).Os filmes com 1, 2, 3 e 4 camadas não apresentam uma

boa reversibilidade, isto é, a quantidade de cargas inseridas e extraídas tendem a

decrescer. Este fato pode estar relacionado com a possível inserção de cargas na

Page 53: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

53

estrutura do filme condutor (ITO), uma vez que a aplicação de potenciais catódicos

foi acompanhada por uma coloração azul acinzentada (25).

A proposta de dopagem dos sóis a base de nióbio para a obtenção de filmes

finos de Nb2O5:Zr foi proposta para investigar, entre outros, a possibilidade de

mudança nos valores de correntes catódicas e anódicas, em relação aos filmes de

nióbio puro. No entanto, os voltamogramas da figura 17 revelam valores de

densidades de correntes catódicas e anódicas para filmes com número de camadas

de 1 a 4 e 6 menores quando comparadas com os filmes puros (42). Estas

observações têm suporte nos valores das densidades de carga inseridas e

extraídas, obtidas das medidas de densidade de cargas versus tempo e mostradas

na figura 18:

0 5 10 15 20 25 30

-20

-15

-10

-5

0

1Camada 2Camadas 3Camadas 4Camadas 5Camadas 6Camadas

Q(m

C/c

m2)

t(s)

Figura 18 - Densidades de cargas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV); -1,8V e +1,5V, 30s/30s com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos.

Observa-se na figura 18 que não ocorre à extração total de cargas inseridas

ao final dos 30 segundos entre os potenciais -1,8V e +1,5V. Ou seja, há uma

reversibilidade pouco pronunciada na evolução dos processos de oxi-redução. A

relação entre cargas inseridas (cargas catódicas) e cargas extraídas (cargas

anódicas), para os filmes finos em questão, é melhor visualizada na figura 19:

Page 54: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

54

1 2 3 4 5 6

5

10

15

20

Carga Inserida Carga extraida

Q(m

C/c

m2 )

Numero de Camadas

Figura 19 - Densidades de carga inserida e carga extraída de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV), entre os potenciais -1,8V e +1,5V (30s/30s) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos.

Para as condições estudadas (tratamento térmico 450°C em atmosfera de ar

durante 5 minutos) e análise dos voltamogramas o filme de 5 camadas de Nb2O5

dopado com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) possui os maiores valores de

densidade de cargas inseridas e extraídas.

A figura 20 apresenta voltamogramas cíclicos para filmes dopados com 1,0%

mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas, numa varredura

de potenciais de -1,8 a +1,5V e velocidade de varredura de 100mV/s.

Page 55: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

55

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

-3

-2

-1

0

1

1Camada 2Camadas 3Camadas 4Camadas 5Camadas 6Camadas

I(m

A/c

m2 )

E(V) vs Ag

Figura 20 - Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas depositadas no substrato (vidro ITO), com tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar por 5min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).

Como se observa na figura 20, os filmes com 1,0% em mol de isopropóxido

de zircônio apresentam melhor desempenho eletroquímico, é possível identificar o

pico anódico e um valor máximo da corrente catódica, mais intensos quando

comparados aos voltamogramas dos filmes dopados com 0,5% de Zr. Isto indica que

há maior inserção e extração de cargas da estrutura do filme como também é

comprovado através das medidas de densidade de cargas inseridas e extraídas,

como mostra a figura 21:

Page 56: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

56

0 5 10 15 20 25 30

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

1Camada 2Camadas 3Camadas 4Camadas 5Camadas 6Camadas

Q(m

C/c

m2)

t(s)

Figura 21 - Densidades de cargas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV), intervalo de 30 segundos entre os potenciais -1,8V e +1,5V com 1, 2, 3, 4,5 e 6 camadas e tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos.

É evidente ao analisar a figura 21 que ocorre maior inserção de cargas e que

o processo não é totalmente reversível. Este fato fica mais claro ao se observar a

figura 22, a qual mostra os resultados da comparação de filmes com diferentes

camadas em função de densidades de cargas inseridas e extraidas. Esta figura

também mostra, como no caso anterior (fig.19), que os valores de cargas inseridas

não se sobrepõem com os valores de cargas extraidas o que significa que uma parte

dessas cargas após a inserção permanece no filme.

Page 57: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

57

1 2 3 4 5 65

10

15

20

25

30

35

40

Carga Inserida Carga extraida

Q(m

Q/c

m2 )

Número de Camadas

Figura 22 - Densidades de carga inseridas e carga extraídas de filmes finos de Nb2O5 dopados com 1,0% mol de isopropóxido de zircônio (IV), entre os potenciais -1,8V e +1,5V (30s/30s) com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 camadas, tratamento térmico de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 minutos.

Como se observa a extração de cargas não é completa. Em vista do

desempenho eletroquímico dos filmes de Nb2O5 dopados com 0,5 e 1,0% em mol de

isopropóxido de zircônio (IV), fez-se necessário analisar o efeito da temperatura e do

tempo de tratamento térmico na intercalação de íons Li+.

4.2.3.3 Influência do tempo e da temperatura de tratamento térmico

O tempo e a temperatura nas quais os filmes finos de Nb2O5 são tratados têm

influência direta em suas propriedades eletroquímicas (e eletrocrômicas), já que

estes fatores podem refletir numa maior cristalinidade dos filmes finos que,

porventura, implica numa maior difusão iônica na sua estrutura (21,25,).

A elucidação a respeito da estrutura amorfa ou cristalina do Nb2O5 é dada na

caracterização estrutural por difração de raio X. A fim de investigar o comportamento

eletroquímico, em função da temperatura e do tempo de tratamento térmico final, de

filmes de Nb2O5 dopados, em mol, com 0,5 % de isopropóxido de zircônio (IV); foram

tomados filmes com 5 camadas tratados inicialmente a 450ºC durante 5 e 10

Page 58: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

58

minutos e posteriormente a 560°C. Os voltamogramas, assim como as medidas

relativas às densidades de cargas expostos nas figuras 23 e 24 respectivamente,

confirmam aquilo que foi postulado no primeiro parágrafo desta seção. Ou seja, o

tempo e a temperatura interferem diretamente na desenvoltura eletroquímica dos

filmes finos, como se observa pelo marcante incremento nas densidades de corrente

e densidades de cargas. Das duas medidas observa-se que o filme composto por 5

camadas e tratado termicamente em 450º C por 10 minutos apresenta maiores

valores de correntes catódicas e anódicas quando submetido as medidas de

voltametria cíclica e quando comparado com outros filmes submetidos para o

mesmo tipo de medida. nas mesmas condições. Também a figura 24 comprova os

resultados das medidas voltamétricas, sendo que os maiores valores de densidades

de carga inserida e extraída são obtidos para o filme de 5 camadas, densificado em

450º C por 10 minutos.

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

I(m

A/c

m2 )

E(V) vs Ag

450°C - 5min. 450°C - 10min. 560°C - 5min. 560°C - 10min.

Figura 23 - Voltamogramas cíclicos de filmes finos de Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) e 5 camadas depositadas no substrato, com tratamento térmico inicial de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 e 10 min. Seguido de tratamento térmico final de 560ºC em atmosfera de ar por 5 e 10 min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).

Page 59: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

59

0 5 10 15 20 25 30

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Q(m

C/c

m2 )

t(s)

450°C - 5min. 450°C - 10min. 560°C - 5min. 560°C - 10min.

Figura 24 - Densidades de cargas de filmes finos Nb2O5 dopados com 0,5% mol de isopropóxido de zircônio (IV) e 5 camadas depositadas no substrato,com tratamento térmico inicial de 450ºC em atmosfera de ar, por 5 e 10 min. Seguido de tratamento térmico final de 560ºC em atmosfera de ar por 5 e 10 min., eletrólito 0.1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s de –1,8 a +1,5V em relação ao eletrodo de pseudo-referência, um fio de prata (Ag).

4.2.3.4 Estabilidade eletroquímica

Para verificar a estabilidade eletroquímica dos filmes de Nb2O5:Zr foram

escolhidos filmes de Nb2O5 com 5 camadas (os quais apresentam melhor

desempenho eletroquímico), dopados com isopropóxido de zircônio (IV) com 0,5%

em razão molar de zircônio, tratamento térmico de 450°C por 10 minutos, foram

submetidos de 1 a 300 ciclos, a fim de que suas estabilidades eletroquímicas

pudessem ser avaliadas.

As densidades de cargas apresentadas na figura 25 indicam que o aumento

de número de ciclos voltamétricos promove a diminuição dos valores de densidades

de cargas inseridas. Contudo analisando estes dados, segundo a figura 26 observa-

se que a partir do ciclo 200 há certa estabilização no valor de densidade de carga

inserida que oscila em torno de 18 mC/cm2 até ciclo 300. Desta maneira confirma-se

que a estrutura do filme sofre mudanças e/ou acomodação de cargas inseridas e

isso ocorre durante os primeiros 200 ciclos. Depois disso, os processos oxi-redução

Page 60: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

60

continuam reversíveis e os valores de cargas inseridas/extraídas atingem

18 mC/cm2.

0 5 10 15 20 25 30

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Q(m

C/c

m2 )

t(s)

Números de Ciclos 1 50 100 150 200 250 300

Figura 25 - Densidade de cargas do 1° ao 300° ciclos para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V.

0 50 100 150 200 250 30016

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Q (

mC

/cm

2 )

No de ciclos voltamétricos

Figura 26 - Densidade de cargas para ciclos voltamétricos de 1° a 300°; para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 100mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V.

Page 61: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

61

4.2.3.5 Voltametria cíclica a diferentes velocidades

A figura 27 apresenta as voltametrias cíclicas obtidas com diferentes

velocidades de varredura de 10 à 500 mV/s entre -1,8 e +1,5V para o filme de Nb2O5

com 5 camadas dopado com isopropóxido de zircônio (IV) com 0,5% em razão molar

de isopropóxido de zircônio (IV), tratamento térmico de 450°C por 10 minutos.

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

I(m

A/c

m2 )

E/V vs Ag

Ciclos: 30Velocidades de Varredura (mV/s)

10 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

Figura 27 - Velocidades de varredura para o filme fino de Nb2O5 dopado com 0,5% em mol de isopropóxido de zircônio (IV) com 5 camadas sobre o substrato ITO, tratamento térmico de 450°C em atmosfera de ar por 10 minutos, eletrólito 0,1M LiClO4/PC, velocidade de varredura de 10 à 500mV/s entre os potenciais –1,8 e +1,5V.

Para a mesma faixa de potenciais de +1,5V e –1,8V observa-se dois regimes

diferentes, a baixas velocidades de 10 e a 50 mV/s, picos catódico e anódico são

observados sendo localizadas nos potencias de -1,5 V e –1,2V respectivamente, a

velocidades maiores de 100 a 500 mV/s os voltamogramas apresentam

comportamentos distintos, isto é, picos catódico e anódico localizados na faixa de

potencias -0,8V a -1,0V, ou seja, para velocidades menores o pico de inserção

desloca-se para potenciais mais catódicos, e os picos de extração podem ser

observados para todas as velocidades de varredura.

Page 62: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

62

CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES

No presente trabalho demonstrou-se que o processo sol-gel destinado à

obtenção de filmes finos de Nb2O5:Zr é eficaz e apresentou resultados satisfatórios

em relação as propriedades oxi-redução destes filmes .

O método sonocatalítico, utilizado para obtenção dos sóis de nióbio, permitiu

a obtenção de sóis estáveis, homogêneos e de fácil preparação.

A espectroscopia no infravermelho mostrou evidências acerca da formação do

pentóxido de nióbio, uma vez que bandas bem definidas características dos grupos

de moléculas presentes no alcóxido de nióbio foram identificadas. A espectroscopia

de energia dispersiva de raio X (EDX) permitiu a identificação da espécie dopante,

bem como as análises por microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostraram

excelente homogeneidade e textura para filmes tratados a temperatura de 450°C,

enquanto filmes tratados a temperatura de 560°C apresentaram rachaduras.

Os filmes finos de Nb2O5:Zr, apresentaram grande dependência entre

propriedades eletroquímicas e meios de preparação, como previsto pela literatura (25). As medidas de voltametria cíclica demonstraram que o processo de

inserção/extração é reversível, enquanto medidas cronoamperométricas,

demonstraram que o processo de intercalação atinge o seu valor máximo

(35mC/cm2) em 30s à -1,8V, para filmes dopados numa razão molar de 0,5% e com

5 camadas e tratamento térmico de 450°C por 10 minutos. As mesmas medidas

mencionadas sugerem uma relação direta entre a estrutura do óxido (amorfa ou

cristalina) e os valores de densidade de carga.

Todos estes resultados mostraram que os filmes de Nb2O5:Zr são

promissores em aplicações eletroquímicas.

Page 63: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

63

REFERÊNCIAS

1 DISLICH, H., Sol-gel: Science, processes and products. Journal of Non-Crystalline Solids, v.80, n.1-3, p.115-121, 1986.

2 EBELMEN, M. Sur les combinaisons des acides borique et silicique avec les ethers, Annales de Chimie - Science des Materiaux, v.16, p.129, 1846.

3 GRAHAM, T. On the properties of silicic acid and other analogous colloidal substances, Journal of the Chemical Society, v.17, p.318-323, 1864.

4 KISTLER, S.S. Coherent expanded aerogels. Journal of Physical Chemistry, v.36, n. 1, p.52-64, 1932.

5 OLIVEIRA, S. C.; TORRESI, R. M. Uma visão das tendências e perspectivas em eletrocromismo: a busca de novos materiais e desenhos mais simples. Química Nova, v.23, n.1, p.79-87, 1999.

6 DISLICH, H. New routes to multicomponent oxide glasses. Angewandte Chemie, v.10, n.6, p.363-370, 1971.

7 MURALIDHARAN, G.; PURUSHOTHAMAN, K.K. The effect of annealing temperature on the electrochromic properties of nanostructures NiO films. Solar Energy Materials & Solar Cells, v.93, n.1, p.1195-1201, 2009.

8 ZURLINI, P.; LORENZI, A.; ALFIERI, I.; GNAPPI, G.; MONTENERO, A.; SENIN, N.; GROPPETTI, R.; FABBRI, P. Titanium and zirconium hard coatings on glass substrates prepared by the sol-gel method. Thin Solid Films, v.517, n.1, p. 5881-5887, 2009.

9 TIAN, J.; CHEN, L.; DAÍ, J.; WANG, X.; YIN, Y.; WU, P. Preparation and characterization of TIO2, ZnO, na TIO2/ZNO nanofilmes via sol-gel process. Ceramics International, v.35, n.1, p. 2261-2270, 2009.

10 BRADLEY, D. C.; MEHROTRA, R. C.; GAUR, D. P. Metal alkoxides. New York: Academic Press, 1978.

11 ILER, R.K. The chemistry of silica. New York: John Wiley, 1979.

12 ADLER, D.; FRITZSCHE, H.; OVSHINSKY, S.R. Physics of disordered materials. New York: Plenum Press, 1985.

Page 64: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

64

13 SAKKA, S.; KAMIYA, K. Glasses from metal alcoholates. Journal of Non-Crystalline Solids, v.42, n. 1-3, p.403-421, 1980.

14 MUKHERJEE, S.P. Sol-gel processes in glass science and technology. Journal of Non-Crystalline Solids, v.42, n. 1-3, p.477-488, 1980.

15 HENCH L. L.; WEST J. K., The sol-gel process. Chemical Reviews, v.90, n. 1, p.33-72, 1990.

16 UHLMANN, D. R.; SURATWALA T.; DAVIDSON K.; BOULTON J. M.; TEOWEE G. Sol-gel derived coatings on glass, Journal of Non-Crystalline Solids, v.218, n. 1-3, p.113-122, 1997.

17 HIRATSUKA, R. S.; SANTILLI, C. V.; PULCINELLI, S. C. O processo sol-gel: uma visão físico- química. Química Nova, v.18, n.2, p.171-180, 1995.

18 BRINKER, C. J.; SCHERER, G. W. Sol-gel science - the physics and chemistry of sol-gel processing. San Diego: Academic Press, 1990. 912p.

19 DISLICH, H. Glassy and crystalline systems from gels, chemical basis and technical application. Journal of Non-Crystalline Solids, v.63, n. 1-2, p.237-241, 1984.

20 CLAYDEN, J.; WARREN, S.; GREEVES, N.; WOTHERS, P. Organic Chemistry. Oxford University Press, Oxford, 2000. 1508p.

21 AVELLANEDA, C. A. O. Desenvolvimento de janelas eletrocrômicas preparadas pelo processo sol-gel. 1999. 102 f. Tese (Doutorado em Física) - Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1999.

22 YI, G.; SAYER, M. Sol-gel processing of complex oxide films. Ceramic Bulletin, v.70, n.7, p.1173, 1991.

23 JUDEINSTEIN, P.; SANCHEZ, C. Hybrid organic-inorganic materials: A land of multidisciplinarity. Journal of Materials Chemistry, v.6, n.4, p.511, 1996.

24 COSTA, E. Preparação e caracterização de filmes finos sol-gel de Nb2O5- TiO2. 1998. 83f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais)) - Escola de Engenharia de São Carlos, Instituto de Química de São Carlos, Instituto de Física São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1998.

25 AVELLANEDA, C. A. O. Preparação e caracterização de filmes finos sol-gel de Nb2O5. 1995. 88 f. Dissertação (Mestrado em Física), Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995.

Page 65: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

65

26 MACEDO, M. A. Preparação e caracterização de filmes finos sol-gel para dispositivos eletrocrômicos. 1994. 93 f. Tese (Doutorado em Física) - Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1994.

27 MORITA, K.; HU, YI; MACKENZIE, J. D. The effects of ultrasonic irradiation on the preparation and properties of ormosils. Journal of Sol-Gel Science and Technology, v.3, p.109-16, 1994.

28 SUSLICK, K. S.; DOKTYCZ, S. J.; FLINT, E. B. On the origin of sonoluminescence and sonochemistry. Ultrasonics, v.28, p.280-90, 1990.

29 MELO, L. O. Preparação e caracterização de filmes finos sol-gel de Nb2O5 dopados com Li+ visando possível aplicação em arquitetura. 2001. 81f. Dissertação (Mestrado em Ciencia e Engenharia de Materiais) – Escola de Engenharia de São Carlos, Instituto de Química de São Carlos, Instituto de Fisica São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2001.

30 MESSIAS, F. R. Uma contribuição para a caracterização elétrica e ótica de filmes finos de SnO2 preparados a partir de soluções coloidais. 1998. 78 f.. Dissertação (Mestrado em Ciências e Engenharia de Materiais) – Escola de Engenharia de São Carlos, Instituto de Química de São Carlos, Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1998.

31 LABAKI, L. C.; SICHIERI, E. P.; CARAM, R. M. Analysis of spectral transmission of solar radiation by window glasses. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON INDOOR AIR QUALITY AND CLIMATE, 7, 1996. Nagoya Proceedings… Nagoya, 1996. p. 731-37.

32 GRANQVIST, C. G. Electrochromic oxides: a bandstructure approach. Solar Energy Materials and Solar Cells, v.32, n.4, p.369-82, 1994.

33 DEB, S.K. Reminiscences on the discovery of electrochromic phenomena in transition metal oxides. Solar Energy Materials and Solar Cells, v.39, n. 2-4, p.191-201, 1995.

34 AVELLANEDA, C. O.; AEGERTER, M. A.; PAWLICKA, A. Caracterização de filmes finos de Nb2O5 com propriedades eletrocrômicas. Química Nova, v.21, n.3, p.365-67, 1998. 35 PAWLICKA, A.; ATIK, M.; AEGERTER, M. A. Synthesis of Nb2O5 thin films for electrochromic devices. Journal of Materials Science Letters, v.14, p.1568-70, 1995

Page 66: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

66

36 REICHMAN, B.; BARD, A. Electrochromism at niobium pentoxide electrodes in aqueous and acetonitrile solutions. Journal of Electrochemical Society, v.127, n. 1, p.241-2, 1980. 37 GOMES, M. A. B.; BULHÕES, L. O. S.; CASTRO, S. C.; DAMIÃO, A. J. The electrochromic process at Nb2O5 electrodes prepared by thermal oxidation of niobium. Journal of Electrochemical Society, v.137, n.9-10, p.3067-70, 1990.

38 ALVES, M. C. M.. Estudo da inserção de lítio em pentóxido de nióbio. 1989. 113 f. Tese (Doutorado em Química) - Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1989.

39 LEE, G.R., CRAYSTON, J.A. Electrochromic Nb2O5 and Nb2O5 silicone composite thin-films prepared by sol-gel processing. Journal of Materials Chemistry, v.1, n.3, p.381-386, 1991.

40 AVELLANEDA, C. O.; PAWLICKA, A.; AEGERTER, M. A. Two methods of obtaining sol-gel Nb2O5 thin films for electrochromic devices. Journal of Materials Science, v.33, p.2181-85, 1998.

41 AEGERTER, M. A.; AVELLANEDA, C. O.; PAWLICKA, A.; ATIK, M. Electrochromism in materials prepared by the sol-gel process. Journal of Sol-Gel Science Technology, v.8, n.1-3, p.689-96, 1997.

42 PAWLICKA, A.; ATIK, M.; AEGERTER, M. A. Synthesis of multicolor Nb2O5 coatings for electrochromic devices. Thin Solid Films, v.301, p.236-41, 1997.

43 OHTANI, B.; IWAI, K.; NISHIMOTO, S.; INUI, T. Electrochromism of niobium oxide thin films prepared by the sol-gel process. Journal of Electrochemical Society, v.141, n.9, p.2439-42, 1994.

44 OZER, N.; CHEN, D. G.; LAMPERT, C. M. Preparation and properties of spin-coated Nb2O5 films by the sol-gel process for electrochromic applications. Thin Solid Films, v.277, n.1-2, p.162-68, 1996

45 MACEK, M.; OREL, B.; KRASOVEC, U. O. The effect of lithiation on the electrochromism of sol-gel derived niobium oxide films. Journal of Electrochemical Society, v.144, n.9, p.3002-10, 1997.

46 KUMAGAI, N.; TANNO, K.. Structural changes of Nb2O5 and V2O5 as rechargeable cathodes for lithium battery. Electrochimica Acta, v.28, n.1, p.17-22, 1983.

Page 67: Preparação e caracterização de filmes finos de Nb obtidos pelo processo … · Preparação e caracterização de filmes finos de Nb 2O5:Zr obtidos pelo processo sol-gel São

67

47 SILVERSTEIN, R. M.; BASSLER, G. C.; MORRILL, T. C. Identificação espectrométrica de compostos orgânicos. 5.ed. Rio de Janeiro, Guanabara, 1994. 299p.

48 PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades. São Paulo, Hemus, 1997. 349p.

49 CANEVAROLO JR., S.V. Técnicas de caracterização de polímeros. 2.ed. São Paulo: Artliber Editora,2004.

50 SKOOG, D.A.; HOLLER, F.J. ; NIEMAN,T.A. Principles of instrumental analysis. 5.ed. New York: Saunders College Publishing, 1998. 849p.

51 CASTILHO, M. Desenvolvimento de sensores a metano, propano, e butano a partir dos óxidos de estanho e nióbio. 1997. 121 f. Dissertação (Mestrado em Química) - Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. 52 KO, E. I.; WEISSMAN, J. G. Structures of niobium pentoxide and their implications on chemical behavior. Catalysis Today, v.8, n.1, p.27-36, 1990.

53 AEGERTER, M. A. Sol-gel niobium pentoxide: A promising material for electrochromic coatings, batteries, nanocrystalline solar cells and catalysis. Solar Energy Materials and Solar Cells, v.68, n.3-4, p.401-422, 2001.

54 WEISSMAN, J. G.; KO, E. I.; Wynblatt, P. Study of the morphology and structure of niobia-silica surface oxide using model thin films. Journal of Catalysis, v.108, n.2, p.383-400, 1987.

55 SCHIMTT M., AEGERTER M. A., Electrochromic properties of pure and doped Nb2O5 coatings and devices. Electrochimica Acta, v.46, n.13-14, p.2105-11, 2001.